06 Bivalvia

Transcrição

06 Bivalvia
6.2. IDENTIFICAÇÃO DE FÓSSEIS DE
BIVALVIA
Filo Mollusca
Classe Bivalvia
Ordem Taxodonta
Arca LINNAEUS, 1758
Fig. 6.1 - Arca
Fig. 6.1
Arca biangula Lamarck. Eocénico inferior. Valva esq. A - Vista dorsal;
B - Vista exterior; C - Vista interna. Extraído de COX (1960: est. 6).
Concha pequena a grande, trapezoidal, equivalve, muito
inequilateral, integripaleada. Charneira taxodonte, longa,
rectilínea. Área ligamentar externa ampla, ornada de
estrias em . Ornamentação constituída por costilhas
radiais finas. Extremo posterior da concha aliforme,
destacado por quilha radial. Bordo interno liso.
Apresenta forte hiato (fenda) bissal no bordo ventral,
marcado por forte depressão no contorno das valvas.
Paleoecologia: Organismos epibentónicos sésseis
bissados,
suspensívoros.
Ambientes
marinhos
bentónicos, pouco profundos (médiolitoral a infralitoral),
sobre substrato rochoso, de águas de temperatura
(sobretudo) subtropical a tropical, de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Triásico à actualidade.
Anadara GRAY, 1847
Fig. 6.2 - Anadara
Fig. 6.2
Anadara diluvii (Lamarck). Miocénico. A - Vista externa e charneira.
Extraído de MOORE et al. (1952: 413); B - Vista interna. PIVETEAU (1952:
269).
Aspectos gerais similares aos de Arca. Diferencia-se por
apresentar contorno ovalado a subtrapezoidal;
ornamentação constituída por fortes costilhas radiais;
bordo interno das valvas fortemente crenulado e por não
apresentar hiato (fenda) bissal ventral.
Paleoecologia: Endobentónicos cavícolas, suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco profundos
(médio a infralitoral), substrato móvel, de águas de
temperatura subtropical a tropical, de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Oligocénico à actualidade.
Glycymeris DA COSTA, 1778
Fig. 6.3
Glycymeris plumstediensis (J. Soweby). Eocénico inferior, Inglaterra.
A - Vista interna; B - Vista externa. Extraído de COX (1960: est. 5).
Castanhola. Concha média a grande, espessa,
subcircular a oval, equivalve, quase equilateral,
integripaleada.
Charneira
taxodonte,
arqueada,
interrompida. Área ligamentar externa bem patente,
ornada de estrias em . Concha lisa ou com leves
costilhas radiais. Bordo interno das valvas fortemente
crenulado. Cicatriz muscular anterior subtriangular,
alongada, normalmente maior que a posterior.
Paleoecologia: Endobentónicos superficiais, suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos pouco profundos
a profundos (infra a circalitoral), de substrato móvel,
águas de temperatura variável e salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Cretácico à actualidade.
Departamento de
GEOLOGIA
Fig. 6.3 - Glycymeris
BIVALVIA
Ordem Dysodonta
Fig. 6.4 - Mytilus
Mytilus LINNAEUS, 1758
Fig. 6.4
Mytilus edulis Linnaeus. De BONDARENKO & MIKHAILOVA (1984: 235).
“Mexilhão”. Concha pequena a média, fina, subtriangular alongada, equivalve, fortemente inequilateral,
integripaleada. Charneira disodonte. Concha lisa ou com
leves costilhas radiais. Linhas de crescimento qua-se
indistintas. Apresenta estreito hiato (fenda) bissal no
bordo ventral, sob a região do umbo. Bordo interno liso.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis bissados,
suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco
profundos (médio a infralitoral) a estuarinos, sobre
substrato rochoso (ou duro s.l.), de águas de
temperatura variável. Euri-halinos, suportam salinidade
reduzida (até 5‰).
Distribuição estratigráfica: Triásico à actualidade.
Arcomytilus AGASSIZ, 1840
Fig. 6.5
A. subpectinatus d’Orbigny. Jurássico superior, França. De PIVETEAU
(1952: 275).
Aspectos gerais da concha similares aos de Mytilus.
Diferencia-se por apresentar numerosas costilhas
radiais finas, bem patentes, e fortes linhas de
crescimento, muito bem marcadas.
Fig. 6.5 - Arcomytilus
Paleoecologia: Ver género Mytilus, acima.
Distribuição estratigráfica: Jurássico.
Fig. 6.6 - Ostrea
Ostrea LINNAEUS, 1758
Fig. 6.6
A - Ostrea edulis Linnaeus. Actual. Vista externa. B - O. digitata Dubois.
Miocénico. Face interna. BONDARENKO & MIKHAILOVA (1984: 231).
“Ostra”. Concha pequena a grande (até 20 cm),
espessa, com contorno muito variável, de arredondado
a oval alongado, algo aplanada, inequivalve, fortemente
ine-quilateral, integripaleada, monomiária. Charneira
disodonte. Valva esquerda (de fixação) côncava, com
costilhas radias desiguais e de topo arredondado,
apresentando linhas de crescimento lamelares. Valva
direita (superior) aplanada, com aspecto escamoso,
resultante das fortes linhas de crescimento lamelosas,
apresentando (internamente) denticulações marginais.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis cimentados,
suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco
profundos (médio a infralitoral) a estuarinos, sobre
substrato sólido, de águas de temperatura variável. Eurihalinos, suportam salinidade reduzida.
Distribuição estratigráfica: Cretácico à actualidade.
Crassostrea SACCO, 1897
Fig. 6.7
Crassostrea gryphoides (Schlotheim). Miocénico. RICHTER (1989: 168).
Concha grande (até 50 cm), muito espessa, com
contorno variável, normalmente alongado dorsoventralmente,
com
bordos
laterais
paralelos,
inequivalve, inequilateral, integripaleada, monomiária.
Charneira disodonte. Resilífer alongado dorsoventralmente, côncavo na valva esquerda, convexo na
direita. Ornamentação constituída por fortes linhas de
crescimento lamelares.
37
Fig. 6.7 - Crassostrea
BIVALVIA
Paleoecologia: Ver Ostrea, acima. Os bivalves do
género Crassostrea são típicos de águas quentes,
subtropicais a tropicais.
Distribuição estratigráfica: Cretácico à actualidade.
Exogyra SAY, 1820
Fig. 6.8
A - Exogyra sp. Extraído de TASCH (1973: 362); B - E. costata Say.
Cretácico superior. Extraído de MOORE et al. (1952: 433).
Concha pequena a grande (até 20 cm), espessa, com
contorno variável, normalmente oval alongado,
fortemente inequivalve, inequilateral, integripaleada,
monomiária. Apresenta umbos espiralados, dirigidos
posteriormente. Charneira disodonte. VE (de fixação)
grande, inflada, côncava, com linhas de crescimento
lamelares, foliáceas, podendo apresentar bordo ornado
por costilhas radiais e forte quilha marginal. Valva direita
pequena, aplanada, com aspecto escamoso, com fortes
linhas de crescimento lamelosas. Internamente, pode
apresentar denticulações marginais.
Paleoecologia: Ver Ostrea. Habitavam fundos móveis,
vasosos, cimentando-se a lito e a bioclastos isolados.
Fig. 6.8 - Exogyra
Distribuição estratigráfica: Cretácico.
Gryphaea LAMARCK, 1801
Fig. 6.9
Gryphaea arcuata Lamarck. Jurássico inf. A - Vista superior; B - Vista
lateral. Extraído de COX (1962, est. 11).
Concha média a grande (até 15 cm), espessa, com
contorno normalmente oval (em vista superior),
fortemente inequivalve, inequilateral, integripaleada e
monomiária. Umbo da VE central, espiralado
directamente sobre a charneira. Charneira disodonte.
VE (inferior) grande, inflada, convexa, com umbo
espiralado sobre a VD e com fortes linhas de
crescimento lamelares, escamosas, podendo apresentar
sulco radial bem marcado junto à margem posterior. VD
pequena, fina, aplanada a côncava, truncada no
extremo cardinal.
Paleoecologia: Epibentónicos livres, suspensívoros.
Ambientes marinhos bentónicos, pouco profundos
(médio a infralitoral) a estuarinos, substrato móvel, de
águas de temperatura variável. Euri-halinos.
Fig. 6.9 - Gryphaea
Distribuição estratigráfica: Triásico sup. a Jurássico.
Posidonia BRONN, 1828 [=Posidonomya]
Fig. 6.10
A - Posidonia becheri Bronn. Carbónico inferior. Extraído de COX (1964:
est. 53); B - P. bronni (Zieten). Adaptado de COX (1962: est. 13).
Concha pequena a média, muito fina, com contorno oval
a
rômbico,
quase
equivalve,
inequilateral,
integripaleada, monomiária. Umbos pequenos. Bordo
cardinal rectilíneo. Charneira disodonte. Área ligamentar
estreita, raramente observável. Ornamentação formada
por suaves costilhas (ondulações) concêntricas, também
expressas nos moldes internos.
Paleoecologia: Segundo alguns autores (e.g.,
CLARKSON, 1979: 186), os bivalves Posidonia teriam
modo de vida holoplanctónico, ou necto-planctónico, em
ambientes marinhos pelágicos neríticos a oceânicos, de
salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Carbónico a Jurássico.
38
Fig. 6.10 - Posidonia
BIVALVIA
Isognomon HUMPHREY, 1786
Fig. 6.11
Isognomon sandbergeri (Deshayes). Oligocénico médio. Extraído de
RICHTER (1989: 161).
Concha média a grande, espessa, com contorno
subquadrangular, fortemente inequilateral, integripaleada, monomiária. Umbo anterior, terminal. Bordo dorsal
rectilíneo. Charneira disodonte. Resilífer ostentando
fortes cristas e fossetas verticais paralelas. Valva direita
ostentando fenda bissal. Concha lisa, ostentando fortes
linhas de crescimento.
Fig. 6.11 - Isognomon
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis a semiendobentónicos, bissados, fixados a raízes de mangais
e litoclastos, suspensívoros. Vivem em ambientes
marinhos pouco profundos (médio a infralitoral),
tropicais, de substrato móvel e de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Triásico à actualidade.
Fig. 6.12 - Chlamys
Chlamys RÖDING, 1798
Fig. 6.12
Ch. varia (Linnaeus). Actual. De BONDARENKO & MIKHAILOVA (1984: 229).
Concha pequena a média (até 10 cm), fina, com
contorno ovalado a subcircular, quase equilateral, com
aurículas assimétricas evidentes, integripaleada,
monomiária. Umbo pequeno, central. Ambas as valvas
convexas. Bordo dorsal rectilíneo. Charneira disodonte.
Ostenta resilífer triangular. Apresenta, normalmente,
chanfro bissal com ctenólio sob a aurícula anterior da
VD. Concha ostentando costilhas radiais e bordo ventral
ondulado.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis, bissados, ou
epibentónicos
livres,
suspensívoros.
Ambientes
marinhos bentónicos, pouco profundos a profundos
(infra a circalitoral), de substrato móvel a rochoso e
salinidade normal.
Fig. 6.13 - Pecten
Distribuição estratigráfica: Triásico à actualidade.
Pecten MÜLLER, 1776
Fig. 6.13
Pecten jacobeus (L.). Actual. BONDARENKO & MIKHAILOVA (1984: 229).
“Vieira”. Concha média a grande (até 20 cm), com
contorno ovalado a subcircular, quase equilateral, com
aurículas simétricas, integripaleada, monomiária. Umbo
bem patente, central. VD convexa; VE aplanada. Bordo
dorsal rectilíneo. Charneira disodonte. Ostenta resilífer
triangular. Concha ostentando fortes costilhas radiais e
bordo ventral ondulado.
Paleoecologia: Normalmente epibentónicos livres,
suspensívoros. Os juvenis são epibentónicos sésseis
bissados. Algumas espécies têm capacidade natatória
momentânea. Ambientes: vide Chlamys, acima.
Distribuição estratigráfica: Eocénico à actualidade.
Ordem Isodonta
Spondylus LINNAEUS, 1758
Fig. 6.14
A - Spondylus regis Linnaeus. Actualidade, Pacífico. Adaptado de
MOORE et al. (1952: 422). B-C - Spondylus tenuispina Sandberger.
Detalhe da charneira. Adaptado de BONDARENKO & MIKHAILOVA (1984:
230).
Concha média a grande, subtriangular, espessa, inflada,
ostreiforme, inequivalve, monomiária e integripaleada,
Fig. 6.14 - Spondylus
39
BIVALVIA
com a VD - que se fixa ao substrato - mais espessa e
côncava que a VE. Cicatriz muscular grande. Umbo
central. Ornamentação constituída por fortes costilhas
radiais, por vezes muito espinhosas, entre as quais se
instalam costilhas de ordem inferior, escamosas. Linhas
de crescimento fortes. Charneira isodonte, com dois
fortes dentes e duas fossetas em cada valva. Possui
ligamento externo e interno. Área ligamentar externa (ou
cardinal) triangular, sob o umbo, com sulco mediano,
muito maior na VD que na VE. Resilífer subtriangular,
profundo, localizado imediatamente sob o umbo, entre
os dentes.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis cimentados,
suspensívoros.
Ambientes
marinhos
bentónicos
subtropicais a tropicais, pouco profundos (infralitoral), de
substrato duro e salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Jurássico à actualidade.
Ordem Schizodonta
Trigonia BRUGUIÉRE, 1789
Fig. 6.15
Trigonia costata Parkinson. Jurássico inferior. De COX (1962: est. 15).
Concha média a grande, com contorno subtriangular,
muito inequilateral, com o umbo colocado no extremo
anterior da valva e gancho opistogiro. Quilha ou carena
marginal bem desenvolvida, granulosa. Costilhas da
região ântero-ventral (flanco), fortes, subconcêntricas,
simples. Costilhas da região póstero-dorsal mais finas,
radiais, com aspecto reticulado, devido a intersecção
com as linhas de crescimento. Região postéro-dorsal
ostentando escudete bem diferenciado por carena
interna obtusa. Charneira esquizodonte. Cicatriz
muscular anterior ligeiramente maior que a posterior.
Fig. 6.15 - Trigonia
Paleoecologia: Endobentónicos cavícolas superficiais?,
suspensívoros. Ambientes: vide Myophorella, abaixo.
Distribuição estratigráfica: Jurássico ao Cretácico inf.
Myophorella BAYLE, 1878
Fig. 6.16
Myophorella clavellata (J. Sowerby). Jurássico superior. Extraído de COX
(1962: est. 23). A - Vista lateral; B - Vista dorsal.
Concha média a grande, com contorno subtriangular a
oval, muito inequilateral, com o umbo colocado quase
no extremo anterior da valva e gancho opistogiro. Quilha
ou carena marginal bem desenvolvida, mas pouco
proeminente, obtusa. Costilhas da região ântero-ventral
(flanco da valva), fortes, subconcêntricas, fortemente
tuberculadas (formadas por fiadas de tubérculos).
Ornamentação da região póstero-dorsal mais fina,
quase obsoleta. Região postéro-dorsal ostentando
escudete com ornamentação atenuada, diferenciado por
carena
interna
pouco
proeminente.
Charneira
esquizodonte. Dentes com cristas bem marcadas.
Paleoecologia: Endobentónicos cavícolas superficiais,
suspensívoros.
Ambientes
marinhos
bentónicos,
infralitorais, de substrato móvel e salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Jurássico ao Cretácico inf.
Fig. 6.16 - Myophorella
40
BIVALVIA
Ordem Heterodonta
Megacardita SACCO, 1899
Fig. 6.17
Megacardita jouanneti (Basterot). Miocénico, Cacela (Algarve). DOLLFUS,
COTTER & GOMES (1903-04: est. 20).
Concha média a grande, muito espessa, com contorno
oval, muito inequilateral, com o umbo colocado quase
no extremo anterior da valva. Integripaleada, isomiária.
Ornamentação constituída por costilhas radiais amplas,
de topo arredondado, não muito proeminentes. Margem
interna do bordo ventral fortemente crenulada.
Ligamento externo. Charneira heterodonte. VE com dois
dentes cardinais, muito oblíquos e alongados, e um
dente lateral anterior fraco.
Paleoecologia: Endobentónicos cavícolas superficiais,
suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco
profundos (infralitoral), de substrato móvel, salinidade
normal e águas quentes, subtropicais a tropicais.
Fig. 6.17 - Megacardita
Distribuição estratigráfica: ?Eocénico; Oligocénico ao
Plistocénico.
Fig. 6.18 - Cardium
Cardium LINNAEUS, 1758
Fig. 6.18
A - Cardium (Acanthocardia) tuberculatum Linnaeus. Exemplar actual.
Interior da valva. Adaptado de TEBBLE (1966: 100); B - C. (Parvicardium)
scabrum Philippi. Exemplar actual. TEBBLE (1966: 103); C - Cardium
(Cerastoderma) edule Linnaeus. Exemplar actual. TEBBLE (1966: 107);
D - Cardium sp. em posição de vida. Adaptado de TASCH (1973: 324).
“Berbigão”. Concha pequena a média, com contorno
arredondado a subtetragonal, inequilateral, com o umbo
subcentral, levemente inclinado para o extremo anterior
da valva. Integripaleada, isomiária a levemente
anisomiária. Ornamentação constituída por costilhas
radiais mais ou menos fortes, com ornamentação
secundária variada, por vezes ostentando espinhos ou
tubérculos, especialmente na região posterior. Margem
interna do bordo ventral crenulada. Ligamento externo.
Charneira heterodonte.
Paleoecologia: Endobentónicos cavícolas superficiais,
suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco
profundos (médio a infralitoral), de substrato móvel.
Euri-halinos, suportam salinidade normal a reduzida.
Distribuição estratigráfica: Subfamília Cardiinae s.l.,
Triásico sup. à actualidade.
Venus LINNAEUS, 1758
Fig. 6.19
Venus casina Linnaeus. Pliocénico, Inglaterra. COX (1960: est. 36).
“Amêijoa”. Concha pequena a média, com contorno
arredondado a elipsoidal, inequilateral, com o umbo
colocado mais próximo do extremo anterior da valva.
Senopaleada, isomiária a levemente anisomiária.
Ornamentação constituída por costilhas concêntricas
finas, mas bem marcadas, proeminentes, apresentando, frequentemente, aspecto varicoso na metade
posterior. Margem interna do bordo ventral finamente
crenulada. Ligamento externo. Lúnula bem definida;
escudete mal marcado. Charneira heterodonte.
Paleoecologia: Endobentónicos cavícolas, suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco profundos
(infralitoral), de substrato móvel e salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Oligocénico à actualidade.
41
Fig. 6.19 - Venus
BIVALVIA
Pelecyora DALL, 1902
Fig. 6.20
Pelecyora suborbicularis (Goldfuss). Eocénico-Oligocénico, Inglaterra.
COX (1960: est. 12). A - Vista externa; B - Vista interna.
Concha grande, espessa, com contorno oval a subtriangular, inequilateral, com o umbo colocado mais
próximo do extremo anterior da valva, isomiária a
levemente anisomiária. Seno palial bem marcado,
anguloso, ascendente. Concha lisa. Margem interna do
bordo ventral simples. Ligamento externo. Lúnula fraca
a ausente, escudete ausente. Charneira heterodonte.
Fig. 6.20 - Pelecyora
Paleoecologia: Endobentónicos cavícolas profundos,
suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco
profundos (infralitoral), de substrato móvel, salinidade
normal e águas quentes (tropicais a subtropicais).
Distribuição estratigráfica: Eocénico à actualidade.
Ordem Pachyodonta (=Rudista)
Família Diceratidae
Diceras LAMARCK, 1805
Fig. 6.21
Diceras arietinum Lamarck. Cretácico inf., França. MORET (1966: 397).
Concha robusta, lisa ou enrugada concentricamente.
Valvas subequivalves (VD>VE), infladas, apresentando
umbos parcialmente espiralados, projectando-se para
diante e para fora.
Fig. 6.21 - Diceras
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis, cimentados ao
substrato pela VD(=VF), suspensívoros. Ambientes
marinhos bentónicos, infralitorais, para-recifais, de
águas quentes e de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Jurássico sup. (Oxf sup.Kim inf.).
Família Requieniidae
Toucasia MUNIER-CHALMAS, 1873
Fig. 6.22 - Toucasia
Fig. 6.22
Toucasia carinata Matheron. Cretácico inf., França?. MELENDEZ (1970:
fig. 300, B).
Concha fina, fortemente inequivalve. VF, esquerda,
fortemente espiralada, carenada ou com forte quilha,
apresentando duas bandas sifonais superficiais no lado
posterior. VL opercular, aplanada.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis, cimentados ao
substrato pela VE(=VF), suspensívoros. Ambientes
marinhos bentónicos, infralitorais, de águas quentes e
de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Cretácico (Bar-Cen).
42
BIVALVIA
Família Caprinidae
Caprina C. D’ORBIGNY, 1822
Fig. 6.23
A - Caprina adversa Paquier. Cretácico sup., França. MORET (1966:
405). B - C. adversa Paquier. Secção VL, Cretácico sup., França. MOORE
(1969: N791).
Fig.Fig.
6.2320- Caprina
- Caprina
Concha fortemente inequivalve. Valva F cónica,
rectilínea, mais pequena que a VL. VL cónica,
fortemente espiralada. Parede da concha muito
espessa, alveolar. Parede da VL com uma ou duas
séries de canais paliais piriformes nas regiões anterior,
ventral e posterior.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis, cimentados ao
substrato pela VD(=VF), suspensívoros. Ambientes
marinhos bentónicos, infralitorais, para-recifais, de
águas quentes e de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Cretácico (Bar?, Apt-Cen).
Caprinula D’ORBIGNY, 1847
Fig. 6.24
Caprinula boissyi (d’Orbigny). A-B - Cretácico sup., França. Cortes oblíquos. MOORE (1969: N792).
Concha fortemente inequivalve, com forma geral similar
à de Caprina. Valva F cónica, rectilínea, maior que a VL.
VL cónica, levemente espiralada. Parede da concha
muito espessa, alveolar. Parede da VL com uma série
de canais paliais internos poligonais e uma série exterior
de canais piriformes. Os canais poligonais aumentam de
diâmetro em direcção ao interior da parede.
Fig. 6.24 - Caprinula
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis, cimentados ao
substrato pela VD(=VF), suspensívoros. Ambientes
marinhos bentónicos, infralitorais, para-recifais, de
águas quentes e de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Cretácico (Alb-Tur).
Família Hippuritidae
Hippurites LAMARCK, 1801
Fig. 6.25
A - H. gosaviensis (Douvillé). Cretácico sup., Áustria. BONDARENKO &
MIKHAILOVA (1984: 253). B - Hippurites sp. De MORET (1966: 405).
Concha fortemente inequivalve. VF cónica a
subcilíndrica, rectilínea, costilhada longitudinalmente, de
modo mais ou menos pronunciado, ostentando
internamente pilares Ep (pilar branquial) e Sp (pilar
sifonal) bem patentes, crista ligamentar L ausente ou
sob a forma de crista pontiaguda no interior da parede.
Sector L-Sp-Ep maior que ¼ da circunferência da valva.
VL operculiforme, rugosa, aplanada, com dois ósculos
ovais (correspondentes aos pilares) e poros simples,
lineares e bem separados.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis, cimentados ao
substrato pela VD(=VF), gregários, suspensívoros.
Ambientes marinhos bentónicos, infralitorais, recifais, de
águas quentes e de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Cretácico sup. (Tur-Maa).
43
Fig. 6.25 - Hippurites
BIVALVIA
Família Radiolitidae
Subfamília Radiolitinae: Parede da VF celuloprismática, composta por
células prismáticas rectangulares, em secção transversal.
Radiolites LAMARCK, 1801
Fig. 6.26
A - Radiolites mammillaris Matheron. Adaptado de MELENDEZ (1977:
395). B - R. peroni (Choffat) [=R. lusitanicus (Bayle)]. Cenomaniano,
Lisboa, col. MIGM. Adaptado de BERTHOU (1973: est. 56, fig. 3).
Concha fortemente inequivalve. Valva F cónica,
rectilínea, foliácea, apresentando-se ornada por fortes
pregas transversais, mais ou menos onduladas, que lhe
conferem forma de pilha de cones invertidos. Bandas
sifonais longitudinais estreitas. VL operculiforme,
convexa a aplanada.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis, cimentados ao
substrato pela VD(=VF), suspensívoros. Ambientes
marinhos bentónicos, infralitorais, para-recifais, de
águas quentes e de salinidade normal.
Fig. 6.26 - Radiolites
Distribuição estratigráfica: Cretácico (Alb méd.-Maa).
Subfamília Sauvagesiinae: Valva fixa celuloprismática, com células
prismáticas poligonais, em secção transversal.
Sauvagesia CHOFFAT, 1886 (ex BAYLE, MS)
Fig. 6.27
Sauvagesia sharpei (Bayle). Cenomaniano, Lisboa. A - BERTHOU (1973:
est. 53, fig. 2); B - Idem. BERTHOU (1973: est. 53, fig. 4).
Concha fortemente inequivalve. VF espessa, cónica a
cilindrocónica, rectilínea, ornamentada por costilhas
longitudinais. Bandas sifonais longitudinais largas, algo
aplanadas, finamente costilhadas, separadas por
interbanda com, geralmente, duas costilhas mais fortes.
VL operculiforme, aplanada, com pregas radiais.
Paleoecologia: Epibentónicos sésseis, cimentados ao
substrato pela VD(=VF), gregários, suspensívoros.
Ambientes marinhos bentónicos, infralitorais, recifais, de
águas quentes e de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Cretácico (Alb-Maa).
Fig. 6.27 - Sauvagesia
BIBLIOGRAFIA
BERTHOU, P.Y. 1973. Le Cénomanien de L’Estrémadure
Portugaise. Mem. Serv. Geol. Portugal, Lisboa, NS, 23: 1168.
BONDARENKO, O.B. & MIKHAILOVA, I.A. 1984. Kratkii Opredelitel’
Iskopaemykh Bespozvonotchnykh. Nedra, Moscovo, 2ª
edição, 536 pp.
COX, L.R. 1960. British Caenozoic Fossils. British Museum
(Natural History), Londres, 5ª edição, 1988, 132 pp.
COX, L.R. 1962. British Mesozoic Fossils. British Museum
(Natural History), Londres, 6ª edição, 1983, 209 pp.
COX, L.R. 1964. British Palaeozoic Fossils. British Museum
(Natural History), Londres, 4ª edição, 1983, 203 pp.
DOLLFUS, G.F.; COTTER, J.C.B. & GOMES, J.P. 1903-04.
Mollusques tertiaires du Portugal. Mem. Serv. Geol.
Portugal, Lisboa, 34: 6+46+65 pp.
MELENDEZ, B. 1970. Paleontología. Tomo 1. Paraninfo, Madrid,
714 pp.
44
Fig. 6.27 - Sauvagesia
BIVALVIA
MOORE, R.C.; LALICKER, C.G. & FISHER, A.G. 1952. Invertebrate
Fossils. McGraw-Hill Book Comp. Inc., New York, 766 pp.
MOORE, R.C. (Ed.) 1969. Treatise on Invertebrate Paleontology. Part N, vol 2 (of 3), Mollusca 6, Bivalvia. Geol. Soc. Am.
& Univ. Kansas, Lawrence, Kansas, pp. N491-N952.
MORET, L. 1966. Manuel de Paléontologie Animale. Mason et
Cia., Paris, 781 pp.
PIVETEAU, J. 1952. Traité de Paléontologie. Tome II. Masson et
comp., Paris, 790 pp.
RICHTER, A.E. 1989. Manual del coleccionista de fósiles.
Ediciones Omega, Barcelona, edição de 1989, 460 pp.
TEBBLE, N. 1966. British Bivalve Seashells. A handbook for
identification. The Royal Scotish Museum, Edinburgh, 2ª
edição, 1976, 212 pp.
 2015/16
NOTAS / OBSERVAÇÕES:
45
Reconstituição de Sauvagesia
em posição de vida

Documentos relacionados

09 Echinodermata

09 Echinodermata Collirites eliptica (Lamarck). Jurássico méd., França. A - Vista aboral; B - Vista oral; C - Vista lateral. Adaptado de BONDARENKO & MIKHAILOVA

Leia mais