Identeco kaj ĉeesto de Kamilo Kastelo Branko
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Identeco kaj ĉeesto de Kamilo Kastelo Branko
C.C.B. em Do País Da Luz 1 _____________________________________________________ João José Santos I den ti da de e pr esen ça de Ca mi l o C a stel o Br an co em Do País da Luz ensaio espírita edição bilingue esperanto-português I den teco ka j ĉeesto de Ka mil o Ka stel o Br an k o en El la Lando de la Lumo spiritisma eseo dulingva eldono esperanta-portugala 2 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net © 2011, João José Mendes Quitério dos Santos Rua Damasceno Monteiro, 21-B, r/c dto. - 1170-109 Lisboa - Portugal Telem. (poŝtelefono): (+351) 960 131 515 Tel.: (+351) 218 127 801 [email protected] www.lakaravelo.net www.linguainternacional.weebly.com www.spiritistoj.weebly.com título: Identidade e presença de Camilo Castelo Branco em Do país da luz (versão 1) género: ensaio espírita autor: João José Santos (Portugal) tradução em esperanto: João José Santos (Portugal) editora: o autor (La Karavelo) composição, capa, contracapa, notas, índices, etc.: o autor revisão da versão em português: Rosalina Xarepe (Portugal) revisão da versão em esperanto: Paulo Sergio Viana (Brasil) prefácio: Manuela Vasconcelos (Portugal) línguas: bilingue - português e esperanto ISBN: 978-989-96312-7-4 Depósito Legal: 334392/11 titolo: Identeco kaj ĉeesto de Kamilo Kastelo Branko en El la lando de la lumo (versio 1) ĝenro: spiritisma eseo aŭtoro: João José Santos (Portugalio) traduko en esperanto: João José Santos (Portugal) eldonejo: la aŭtoro (La Karavelo) kompostado, kovriloj, notoj, indeksoj, ktp.: la aŭtoro revizio de la portugala versio: Rosalina Xarepe (Portugalio) revizio de la esperanta versio: Paulo Sergio Viana (Brazilo) prefaco: Manuela Vasconcelos (Portugalio) lingvoj: dulingva - portugala kaj esperanto ISBN: 978-989-96312-7-4 Leĝa Depono: 334392/11 C.C.B. em Do País Da Luz 3 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Atenton! Atenção! 1. Ĉi tiu libro estas eldonita por amikoj, kaj ĝi ne havas komercan profiton. La eldonejo kaj la aŭtoro dankas la kunlaboron de ĉiuj iel intervenintaj en ĝian ellaboradon, pro la ĝentileco disponigi sian laboron, sen mona kompenso, nur pro amo al kulturo. 1. Este livro é editado para amigos, e não tem lucros comerciais. A editora e o autor agradecem a colaboração de todos os que intervieram de algum modo na sua conceção, por terem disponibilizado gentilmente o seu trabalho, sem receberem compensação monetária, apenas por amor à cultura. 2. Neniun parton de ĉi tiu libro oni rajtas kopii per iu ajn proceso, sen skribita konsento de la aŭtorrajt-posedanto. La aŭtorrajtoj estas protektataj aŭtomate far la portugalaj kaj la eŭropuniaj leĝoj. Ilia malrespekto estas publika krimo, punenda laŭleĝe. 2. Nenhuma parte deste livro pode ser copiada por qualquer processo, sem o consentimento escrito do detentor dos direitos de autor. Os direitos de autor são protegidos automaticamente pelas leis portuguesas e da União Europeia. O seu desrespeito é crime público, punido por lei. 3. Ĉi tiu libro estas tute farita per libera kaj senpaga softvaro, precipe per OpenOffice. 3. Este livro foi todo concebido com software livre e gratuito, principalmente com o OpenOffice. 4. La aŭtoro dankas ĉiujn opiniojn kaj sugestojn. Mesaĝu al [email protected] 4. O autor agradece todas as opiniões e sugestões. Escreva para [email protected] 4 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo Castelo Branco (1825-1890) Fernando de Lacerda (1865-1918) Silva Pinto (1848-1911) C.C.B. em Do País Da Luz 5 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984) Dediĉo Dedicatória Al Yvonne do Amaral Pereira, princino de la spiritisma beletro, kun mia korelverŝo kaj eterna danko. À Yvonne do Amaral Pereira, princesa das letras espíritas, com o meu afeto e eterno agradecimento. 6 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Enhavtabelo Prefaco........................................................................... 8 Enkonduko..................................................................... 14 1. Kamilo Kastelo Branko kaj Silvo Pinto - historia fono.........22 2. La laboro de la supera spiritaro.....................................26 3. Diversaj pruvoj de identeco de Kamilo-spirito..................30 a) Honoro kaj opinio de la mediumo..............................32 b) Opinio de Silvo Pinto...............................................38 c) Opinio de aliaj tiutempaj gravuloj..............................40 d) Kamilo en El la lando de la lumo kaj en Memoroj de suicidinto.. 42 e) Pri la grafologia analizo de la mesaĝoj........................44 f) Personeco de Kamilo antaŭ kaj post la elkarniĝo...........46 4. Literatura analizo de la 1-a letero de Kamilo al Silvo Pinto...48 5. La aliaj leteroj de Kamilo..............................................88 Konkludo.....................................................................118 El la lando de la lumo - Indeksoj.....................................129 Indekso laŭorde de volumo.........................................129 Indekso aŭtora.........................................................143 Bibliografio (fundamenta)...............................................154 Eldonaĵoj La Karavelo....................................................156 La aŭtoro..................................................................... 158 C.C.B. em Do País Da Luz 7 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Índice Prefácio.......................................................................... 9 Introdução..................................................................... 15 1. Camilo e Silva Pinto - contextualização histórica..............23 2. O trabalho da espiritualidade superior............................27 3. Provas variadas da identidade de Camilo-espírito.............31 a) Honorabilidade e opinião do médium..........................33 b) Opinião de Silva Pinto..............................................39 c) Opinião de outras individualidades da época................41 d) Camilo em Do país da luz e em Memórias de um suicida.. 43 e) Acerca da análise grafológica das mensagens..............45 f) Personalidade de Camilo antes e depois de desencarnar.. 47 4. Análise literária da 1.ª carta de Camilo a Silva Pinto.........49 5. As outras cartas de Camilo...........................................89 Conclusão.................................................................... 119 Do país da luz - Índices..................................................129 Índice por volume.....................................................129 Índice por autor........................................................143 Bibliografia (fundamental)..............................................155 Edições La Karavelo.......................................................157 O autor.......................................................................158 8 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Prefaco I Kvankam mi multe skribas por aliuloj, mi neniam skribis prefacon, nur enkondukojn en miaj propraj libroj. Estas tre malfacile por mi prefaci libron verkitan de iu multe pli kapabla ol mi simpla skribanto. Mi ne havas beletrajn studojn egalajn nek similajn al tiuj de la aŭtoro de ĉi tiu libreto. Mi atente ĝin legis, ŝatante la analizon al la kuneca laboro de Fernando Lacerdo kun la verkisto Kamilo Kastelo Branko.1 Post la verkado de mia libro, restis en mi granda kareso al la portugala mediumo, kiu nuntempe, kiel spirito, min favoras per sia ofta apero al mi, en la laboroj de Komunumo Spiritista Kristana de Lisbono. Mi kredas, ke mia verko sukcesis, pli ol ion ajn alian, ekhavigi al mi spiritan amikon, kiun mi plej estimas, kaj kiu ĉiam estas helpema. Estis merito de la Alto, ne de mi, konigi lin al la publiko. Se ne ekzistus intereso en la rivelado 2, mia esploro estus senfrukta. Tial mi preferas rigardi min nur kiel instrumenton 3. Ankoraŭ alia motivo min instigis: la fakto, ke Fernando estas portugalo ne aprezata en sia propra lando, Portugalio, kiun li tiom intense amis! Dume ni portugaloj kvazaŭ adoras la eksterlandanojn, kiuj nin vizitas... Kiam mi ekesploris kaj demandadis pri Fernando Lacerdo, neniu sciis respondi al mi. Poste, iu aludis al la simio-homo, sed sen ĝusta klarigo pri la faktoj, sen pliaj informoj. Unuflanke mi estas tre scivolema, aliflanke mi ŝatas, ke la justeco aplikiĝu tre adekvate. Estis necese tiam ekkonigi Fernandon kaj restarigi la justecon. 1 Oni transliteras la nomojn en la esperanta versio. Facile la leganto povas trovi la originan nomon en la portugala versio, kiu kuŝas ĉi tie dekstre. 2 Ŝi aludas al la intereso de la bonaj spiritoj riveladi pri la verko de Lacerdo. 3 Instrumento de laboro de la bonaj spiritoj. Tia devas esti la spiritistaj mediumoj. C.C.B. em Do País Da Luz 9 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Prefácio I Embora escreva muito para ser lida por terceiros, nunca escrevi um prefácio... intróitos, sim, nos meus próprios livros. É-me difícil, muito difícil mesmo, prefaciar uma Obra escrita por alguém muito mais capaz do que eu, que sou apenas uma simples escrevente e não tenho habilitações literárias nem iguais nem idênticas às de quem escreveu este Opúsculo, que li atentamente, gostando da análise do Autor ao trabalho conjunto de Fernando de Lacerda e do escritor Camilo Castelo Branco. Do meu livro, ficou-me um carinho muito grande pelo médium português que, hoje em dia, como Espírito, faz o favor de, por vezes, muitas vezes, estar presente nos trabalhos da "Comunhão Espírita Cristã de Lisboa". Creio que a minha Obra conseguiu, mais que qualquer outra coisa, angariar-me um Amigo Espiritual, daqueles que referimos com maiúscula e com quem sempre podemos contar. Tê-lo dado a conhecer, foi uma oportunidade que penso ser mérito do Alto, que não meu: se não houvesse interesse em o revelar, a minha pesquisa teria sido infrutífera; então, prefiro considerar-me, apenas, como instrumento. Houve, ainda, um outro motivo que, penso, me motivou: o facto do Fernando ser português e não o ver reconhecido no seu próprio País: o Portugal que ele tanto amou!, enquanto quase que vamos "adorando" os estrangeiros que nos visitam... Na época em que comecei a pesquisa, e perguntei quem tinha sido o Fernando de Lacerda, ninguém me soube responder; depois, alguém me referiu o homem macaco, mas sem explicar convenientemente os factos, e por aí se ficou! E se eu sou muito curiosa, por um lado, por outro, gosto muito de saber a justiça sempre bem aplicada!... E com o Fernando, havia necessidade de o dar a conhecer e de se lhe fazer justiça. 10 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net En la mesaĝoj, kiujn li diktas al la Tero, tiel kiel en lia asistlaboro, ankoraŭ nuntempa, al niaj gefratoj suicidintaj, mi plu vidas lin kiel filantropon, ĉiam zorgeman en “amado al sia proksimulo kiel al si mem”. Ĝoano4, mi, la legontoj, kie ajn ĉiu el ni estas, devas ĉiam sekvi la ekzemplon de tiuj, kiuj antaŭis nin kaj nin gvidas, ankoraŭ nuntempe, survoje al la Lumo! II Pri la laboro de Prof-ro Ĝoano Santo (kaj tio plej gravas ĉi tie), mi opinias, ke ĝi estas tre grava, ĉar per ĝi oni decidas ĉu akcepti, ĉu ne, la psikografion de la mediumo. Aliflanke, ĝi ankaŭ gravas, precipe por la plej nekredemaj, por la akceptado, ke la Vivo daŭras... Ĉu ekzistas trompeco en ĉi tiuj mesaĝoj? Ne. Ilia aŭtoro 5 estas tie, en ĉiu skribita frazo, kvankam, kiel asertas Ĝoano, mankas la originaĵoj por pli adekvata komparado. Sed, kun aŭ sen tiu manko, tiu, kiu konas la kamilan verkon 6, trovas la aŭtoron en la vortoj transliveritaj per la mediumo7. Ĉi tiu ĉiam rifuzis, malgraŭ la konsilo de diversaj personoj, agnoski la aŭtorecon de la mesaĝoj. Konklude, la psikografio de Fernando Lacerdo plu diras, de antaŭ unu jarcento, al ni ĉiuj, ke la vivo daŭras. Tio ne okazis nur por veki la tiamajn legantojn, sed por veki la legantojn de ĉiuj tempoj. Li nin instruas, ke en la alia flanko de la vivo, ni plu estos tiom riĉaj, spirite kaj intelekte, kiom ni estis ĉi tie, en la loĝejo donita de la Patro, por ke ni konstruu kaj pronfundigu nian evoluon. 4 Aludo al la aŭtoro de ĉi tiu libro, kiu ankaŭ verkas la notojn. Mi transliteras la portugalan nomon João al “Ĝoano”, tiel kiel la rusoj transliteras la rusan nomon Ivan al “Ivano”. En ambaŭ lingvoj, tiu nomo estas “Johano”. 5 Kamilo Kastelo Branko. 6 Aludo al la verkaro de Kamilo, kiun li verkis kiel homo. 7 Aludo al la mesaĝoj, kiujn Kamilo, kiel spirito, sendis al la Tero, per la mediumeco de Lacerdo. C.C.B. em Do País Da Luz 11 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Nas mensagens que ele dita para a Terra, como na maneira como continua, ainda hoje, a assistir aos nossos irmãos suicidas, nós continuamos a encontrar nele o filantropo sempre preocupado em "amar o seu próximo como a si mesmo". Pensamos que nós, o João, todos os que nos lerem, onde quer que uns e outros se encontrem, o melhor que podemos fazer será sempre seguir o exemplo dos que nos precederam e nos orientam, ainda hoje, a caminho da Luz! II Referindo, agora, o trabalho do Prof. João Santos, que é o que importa aqui, penso que ele é importantíssimo para o aceitar-se, ou não, a psicografia do médium - por um lado; por outro, o aceitar-se, também - principalmente os mais descrentes - a Vida que continua... Há mistificação nestas mensagens? Não. O seu autor está lá, em cada frase grafada embora, como o João afirma, fazerem falta os originais para um mais preciso termo de comparação. Mas, faltando ou não, quem se debruce sobre a Obra camiliana encontra o seu Autor nas palavras transmitidas através do médium - que recusou sempre, apesar de assim ter sido aconselhado por diversas pessoas, a dizer-se o autor das mesmas. Então, concluimos, a psicografia que Fernando de Lacerda vem apresentando, há mais de um século, em palavras e frases que não foram só para que "no momento acordassem os leitores", mas que ficaram para a posteridade, graças aos livros que as trouxeram até nós, as palavras de Lacerda afirmam-nos, também, que a VIDA CONTINUA e que continuamos, todos nós, "do outro lado", tão ricos espiritual e intelectualmente como o somos (fomos) aqui, nesta "morada da Casa do Pai" que o Senhor nos concede para nela procurarmos construir e aprofundar a nossa evolução. 12 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Dankon al Prof-ro Ĝoano Santo, mia amiko, pro la dediĉema laboro, kiun li proponis al si mem, kaj kiun iam li povos konkludi, mi certas, kiam B.S.F.8 decidos liveri al nia Federacio 9 la originaĵojn de la tiamaj psikografioj. Oni atendu, do. Multan pacon por ĉiuj. Kun kareso, Manuela Vasconcelos10 8 Brazila Spiritisma Federacio - B.S.F. (PT Federação Espírita Brasileira - F.E.B.) 9 Portugala Spiritisma Federacio- P.S.F. (PT Federação Espírita Portuguesa - F.E.P.) 10 Manuela Vasconcelos estas la aŭtorino de la verko Fernando Lacerdo, la portugala mediumo. Ĝi estas la plej profunda studo iam ajn farita pri Lacerdo kaj pri lia kvar-voluma verko El la lando de la lumo. La honesta studanto, kiu deziras bone kompreni la vivon kaj la verkon de Lacerdo, tiel kiel la eĥon, kiun tiu mediuma verko kaŭzis en sia tempo, nepre devas legi ĉi tiun livron de Manuela. Ĝi estas historia kaj biografia eseo verkita kun granda respekto al la vero de la faktoj, kaj taŭge enkadrita en la perspektivo de la spiritisma doktrino. Elkore ŝi akceptis mian peton verki la prefacon. Ŝia amikeco min honoras kaj teneras. La respekto al la tekstoj de aliaj aŭtoroj ĉiam devigas min ne korekti ion ajn en tiuj tekstoj. Jen do la prefaco de Manuela, tiel kiel ŝi ĝin verkis, sen ia ajn ŝanĝo, eĉ sen la adapto al la Nova ortografia akordo pri la portugala lingvo. C.C.B. em Do País Da Luz 13 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Agradecemos ao Prof. João Santos (e ao Amigo) o trabalho dedicado que se propôs e que um dia, estamos certa, poderá concluir quando a F.E.B. se resolver a entregar à nossa Federação os originais das psicografias de então. Aguardemos, pois. Muita paz para todos. Com carinho, Manuela Vasconcelos11 11 Manuela Vasconcelos é a autora da obra Fernando de Lacerda, o médium português. Trata-se do estudo mais aprofundado que já foi feito sobre Lacerda e a sua obra em quatro volumes Do país da luz. O estudioso honesto, que queira compreender bem a vida e a obra de Lacerda, tal como o eco que essa obra mediúnica teve à época, tem que ler este livro da Manuela, que constitui um ensaio histórico e biográfico, feito com um grande respeito pela verdade dos factos, e devidamente enquadrado na perspetiva da doutrina espírita. Tê-la como amiga que não se fez rogada em aceitar o meu convite de escrever o prefácio deste opúsculo, honra-me e enternece-me. O respeito aos textos de outros autores obriga-me sempre a não fazer qualquer tipo de emendas. O prefácio da Manuela aqui fica, tal e qual como ela o escreveu, sem qualquer alteração, sem ter sido sequer atualizado segundo o Novo acordo ortográfico da língua portuguesa. 14 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Enkonduko Ĉi tiu libreto rezultis el la prelego prezentita en Seminario Fernando Lacerdo, organizita de Unio Spiritisma de la Regiono de Lisbono, okazinta en Aŭditorio de Fakultato de Dento-Medicino de Lisbono, en la 27-a de marto 2011. Post la prezento de la prelego, kelkaj homoj montris intereson legi ĝin, kio kaŭzis ĝian aperon en libroformo. La prezento de seriozaj laboroj en formo de libro plu estas la plej digna por ili. Eĉ tiel, dezirante servi pli larĝan publikon, oni disponebligas la neprinteblan PDF-version de ĉi tiu libro en www.spiritistoj.weebly.com Pro tio, ke ne ĉiuj legantoj havas beletran kulturon por kompreni kelkajn teknikajn terminojn ĉi tie uzatajn, kaj aliajn ne teknikajn sed ne tre oftajn, oni uzis piednotojn por ke la libreto estiĝu pli komprenebla de pli granda nombro da homoj. Tiel, la leganto havas la taskon faciligita, ĉar li ne bezonos tre ofte konsulti la vortarojn. Aldone oni asertu, ke la ofta konsulto al referencverkoj estas treege bona kutimo, plenpova preventilo kontraŭ la malsano Alzejmero, eble ne pruvita de iu ajn sciencisto, sed ne tial malpli kredinda de la praktikantoj de tiu mensa sporto. Ne la tekstoj devas aperi tro facilaj, malriĉiĝantaj kaj reduktiĝantaj ĝis nivelo de produkto facile asimilebla de ĉiuj; sed la leganto devas gigantiĝi, pliriĉiĝi kulture, por kapabli asimili la tekstojn. C.C.B. em Do País Da Luz 15 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Introdução Este opúsculo resultou da dissertação apresentada no Seminário Fernando de Lacerda, realizado pela União Espírita da Região de Lisboa, ocorrido no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa, em 27 de março de 2011. Após a apresentação da dissertação, algumas pessoas mostraram interesse em ter o trabalho escrito, razão pela qual ele é editado. A apresentação de trabalhos sérios em forma de livro continua a ser aquela que corresponde à dignidade que eles merecem. Ainda assim, desejando servir um público tanto quanto possível alargado, disponibiliza-se a versão deste livro em PDF não imprimível, em www.lakaravelo.net Uma vez que nem todos os leitores dispõem de cultura literária para entender alguns termos técnicos que são aqui usados, e outros não técnicos mas pouco frequentes, foram inseridas notas de rodapé para que o opúsculo se torne acessível a um número maior de pessoas. O leitor tem assim a tarefa facilitada pois recorrerá menos vezes aos dicionários. Diga-se de passagem que a consulta frequente de obras de referência é um excelente hábito, poderoso preventivo contra a doença de Alzheimer, eventualmente não comprovado por nenhum cientista, mas nem por isso menos acreditado pelos praticantes de tal desporto mental. Não são os textos que se devem apequenar, empobrecendo-se e reduzindo-se a um produto facilmente assimilável por todos; é o leitor que se deve agigantar, enriquecendo-se culturalmente, para poder entender os referidos textos. 16 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net La verkoj kun granda literatura kvalito kaj kun granda saĝeco, kiel la unua letero de Kamilo al Silvo Pinto en la verko El la lando de la lumo, estas manĝaĵoj tre nutraj, sed ĉiu homo kapablas elpreni el ili nur la digesteblajn nutraĵojn. La celo de ĉi tiu laboro estas helpi la leganton digesti kelkajn el tiuj nutraĵoj. Por tio, ĝi konigas la cirkonstancojn kaj la historian fonon, en kiu la intervenintoj troviĝis. Ĝi montras la rilatojn inter la aktoroj, por ke la dramo estu komprenata en spirita dimensio pli profunda, ol tiu havebla post ne pripensita legado de la teksto. La portugala versio de ĉi tiu laboro estas verkita laŭ la Nova ortografia akordo pri la portugala lingvo. Tamen, la citaĵoj el la verko El la lando de la lumo restas kun la grafio de la konsultita eldono. Eble iam, la originaĵoj de la verko de Lacerdo troviĝos laŭ la dispono de la esploristoj, kiuj tiam povos fiksadi la tekston de tiu verko. Manke de referenceldono, preferindas citi la konsultitan eldonon sen ŝanĝoj. Pro tio, ke la seminario, kiu rezultigis ĉi tiun laboron, okazis en la portugala lingvo, kaj la tuta bibliografio rilatanta la aferon estis origine verkita en la portugala, ankaŭ ĉi tiu verko estis verkata en ĉi tiu lingvo, kaj nur poste tradukita esperanten far la aŭtoro mem. Dum la tradukado, estis ofte necese aldoni tekston en esperanto, kio devigis la aŭtoron reskribi la tekston en la portugala. Do, la aŭtoro mem konsideras, ke ambaŭ versioj, la esperanta kaj la portugala, estas originaj. Ja traduko farita de la propra aŭtoro neniam estas traduko, sed kunverko en ambaŭ lingvoj. C.C.B. em Do País Da Luz 17 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net As obras de grande qualidade literária e de grande sageza, como a primeira carta de Camilo a Silva Pinto na obra Do país da luz, são alimentos muito nutritivos, mas cada um só retira deles os nutrientes que consegue digerir. O objetivo deste trabalho é auxiliar o leitor a digerir alguns desses nutrientes, dando a conhecer as circunstâncias e o pano de fundo histórico em que os intervenientes se encontravam, estabelecendo relações entre os atores, a fim de que o drama seja compreendido numa dimensão espiritual mais aprofundada do que aquela que se obtém de uma primeira leitura irrefletida do texto. Este trabalho foi escrito segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Contudo, as citações da obra Do país da luz mantêm-se com a grafia da edição consultada. Pode ser que um dia, os originais da obra de Lacerda se encontrem à disposição dos estudiosos, que poderão então proceder à fixação do texto. À falta de uma edição de referência, é preferível citar a edição consultada sem modificações. Pelo facto do seminário, que deu origem a este trabalho, ter ocorrido em língua portuguesa, e porque toda a bibliografia relativa ao assunto foi escrita originalmente em português, também esta obra foi escrita primeiramente nesta língua, e só depois traduzida para o esperanto pelo próprio autor. Durante o trabalho de tradução, houve a necessidade frequente de se acrescentar texto em esperanto, o que obrigou o autor a rescrever esses textos em português. Então o autor considera que ambas as versões, em esperanto e em português, são originais. De facto, a tradução feita pelo próprio autor nunca é uma tradução, mas a produção conjunta em ambas as línguas. 18 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Oni publikas ĉi tiun verketon en dulingva eldono esperantaportugala, ĉar spiritismo ne estas propraĵo de la latinidaj popoloj, sed doktrino kapabla porti ĉiujn popolojn de la Tero al la kompreno de la nemortebla leciono de Jesuo Kristo. Esperanto ne estas nur unu plia lingvo inter multaj aliaj. La servo, kiun esperanto povos doni al spiritismo estas plurfaca, sed ĉi tiu ankoraŭ ne estas la taŭga loko por plia disvolvo pri la afero. Oni asertu nur, ke spiritismo konstante alvenadas al popoloj, kies lingvoj estas tre distaj de la portugala, kiel la hungara kaj la japana, danke al la laboro de esperanto-spiritistoj, kiuj uzas esperanton kiel pontolingvon inter la portugallingva originaĵo kaj siaj denaskaj lingvoj. La verko El la lando de la lumo ankoraŭ ne estas tradukita en esperanto, sed kredeble iam ankaŭ ĉi tiu verko estos tradukita en esperanto, kaj el ĝi, ĝi tradukiĝos al multaj aliaj lingvoj. Oni pripensu la frazon de Jesuo: “Kiam oni bruligas lampon, oni metas ĝin ne sub grenmezurilon (...)” (Mateo 5.15.). Iam, esperanto demetos la grenmezurilon, kaj la spiritisma lumo povos disradii tra la tuta planedo, por ĉiuj koroj, kiuj estos pretaj ĝin absorbi. Esperanto ne estas nur lingva kodo genie aranĝita. Ĝi estas ankaŭ partoprenado kultura, respekto al ĉiuj popoloj kaj religioj, maniero kunvivi kun ĉiuj teranoj sur grundo de toleremo. Nu, ĉu ĉi tio estas la komuna denominatoro de ĉiuj religioj? La spiritistoj, kiuj konscias, ke spiritismo bezonas esperanton por alveni al ĉiuj popoloj, devas doni la ekzemplon, eldonante siajn verkojn en la denaska lingvo kaj en esperanto, por ke la origina eldono povu ĝentile donaci tuj la eblecon plutraduki la verkon al iu ajn alia lingvo, per la rigoro, facileco kaj beleco, kiujn nur la lingvo de Zamenhof povas doni. C.C.B. em Do País Da Luz 19 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Publica-se este opúsculo em edição bilingue portuguêsesperanto porque o espiritismo não é propriedade dos povos latinos, mas uma doutrina capaz de levar todos os povos da Terra à compreensão da lição imperecível de Jesus Cristo. O esperanto não é apenas mais uma língua entre muitas outras. O serviço que o esperanto pode vir a prestar ao espiritismo é multifacetado, mas este não é ainda o espaço próprio para um maior desenvolvimento do assunto. Diga-se apenas que o espiritismo tem chegado a povos de línguas muito diferentes da língua portuguesa, como o húngaro e o japonês, graças ao trabalho de espíritas esperantistas que usam o esperanto como língua-ponte entre o original português e a sua língua natal. A obra Do país da luz ainda não está traduzida para esperanto, mas acreditamos que também essa obra um dia chegará ao mundo esperantista, e daí ela poderá ser traduzida para muitas outras línguas. Meditemos na frase de Jesus: “Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire (...)” (Mateus 5.15). Um dia, o esperanto retirará o alqueire, e a luz espírita poderá irradiar por todo o planeta, para todos os corações que estejam prontos para a absorver. O esperanto não é só um código linguístico concebido com genialidade. Ele é também partilha de cultura, respeito por todos os povos e religiões, uma forma de conviver com todos os habitantes da Terra tendo por base a tolerância. Ora, não é este o denominador comum de todas as religiões? Os espíritas, conscientes de que o espiritismo necessita do esperanto para chegar a todos os povos, devem dar o exemplo, editando as obras na sua língua natal e em esperanto, para que a edição original possa gentilmente oferecer de imediato a possibilidade de verter a obra para qualquer outra língua, com o rigor, facilidade e beleza que só a língua de Zamenhof pode dar. 20 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net La prefacon mi dankas al Manuela Vasconcelos. Ŝi estas la homo, kiu ĝis nun plej esploris pri la verko de Fernando Lacerdo. Ŝia verko Fernando Lacerdo, la portugala mediumo estas ne nur necesa, sed fundamenta por postaj studoj pri la afero. Ĉi tie kuŝas miaj dankoj al Rozalino Ŝarepo kaj al Paulo Sérgio Viana pro ilia laboro revizii la portugalan kaj la esperantan versiojn, respektive. Mi dankas ankaŭ al Rui Marta, prezidanto de Unio Spiritisma de la Regiono de Lisbono, kiu min invitis prezenti la prelegon en la menciita Seminario Fernando Lacerdo. Post precize 100 jaroj de la elkarniĝo de Antono Jozefo Silvo Pinto (1848-1911), aperas ĉi tiu libro, sen la anticipa konscia planado de la aŭtoro, elirinta el la prepara laboro por prelego. Dio kaj la bonaj animoj volu, que ĝi estu almenaŭ tiom utila al la legontoj, kiom ĝi jam estis al mi mem. Ĝoano Santo j o a o jo s e s a n t o s @g m a i l . c o m C.C.B. em Do País Da Luz 21 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Agradeço o prefácio à Manuela Vasconcelos. Até hoje foi ela quem mais investigou a obra de Fernando de Lacerda. A sua obra Fernando de Lacerda, o médium português é não só necessária, mas fundamental a estudos posteriores sobre o assunto. Aqui ficam expressos os meus agradecimentos a Rosalina Xarepe e a Paulo Sérgio Viana por terem revisto o texto português e em esperanto, respetivamente. Agradeço também a Rui Marta, presidente da União Espírita da Região de Lisboa, que me convidou a apresentar a dissertação no referido Seminário Fernando de Lacerda. Precisamente 100 anos após o desencarne de António José da Silva Pinto (1848-1911), surge este livro, sem que o autor o tenha conscientemente planeado, tendo saído do trabalho preparatório para uma palestra. Queira Deus e as boas almas que ele seja pelo menos tão útil aos leitores, quanto já me foi a mim mesmo. João José Santos jo ao jo se santo s@gm ail .co m 22 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 1. Kamilo Kastelo Branko kaj Silvo Pinto - historia fono Unue ni parolu pri la amikecrilato inter Kamilo Kastelo Branko kaj Antono Jozefo Silvo Pinto, pro tio, ke la verko El la lando de la lumo komenciĝas ĝuste per la klopodo de Kamilo savi la amikon Silvo Pinto el la krifoj de indigno, de ribelo kaj de rankoro, kiuj certe akriĝus ĝis la suicido. En 1906, Fernando Lacerdo frapas la pordon de la portugala verkisto Silvo Pinto, sin prezentas certe timida, pro la strangeco de la situacio, kaj plenrespekte diras al la verkisto, ke li havas leteron de amiko por li. La letero estis subskribata kun la nomo “Kamilo Kastelo Branko”, unu el la plej eminentaj verkistoj de ĉiam, kaj granda amiko de Silvo Pinto. La vicpolicestro Fernando Lacerdo legas la leteron al Silvo Pinto, kiu emociiĝas. La letero estis skribita de Kamilo Kastelo Branko en 1906, sed Kamilo estis mortinta en 1890. Ĝi estis spirita mesaĝo transsendita el la alia mondo, adresita al amiko, por lin savi el suicido. Kamilo kaj Silvo Pinto havis la kristanan koncepton pri Dio, kaj diversfoje ili estis interparolintaj pri spiritaj aperoj. Ambaŭ havis mediumajn spertojn, kiuj suspektigis al ili, ke io postrestas post la morto de la fizika korpo. Malgraŭ tio, Kamilo suicidis en 1890, dek ses jarojn antaŭe. Kamilo kaj Silvo Pinto sin interkonis en literaturaj disputoj. Ili estis verkistoj, kiuj facile sin envolvis en polemikoj pri stiloj, skoloj, etiko, ktp., semante malamikecojn tra la vivo. Okazis ofte en tiu tempo, ke la verkistoj sin konfrontis en senfinaj diskutoj. Kamilo kaj Silvo Pinto glavumis argumentojn kaj poziciojn, sed io nekutima estis okazonta: ili malkovris, ke ili estas en la sama flanko de la barikado, kaj ili fariĝis bonaj amikoj. Do, ili ekluktis kontraŭ komunaj literaturaj malamikoj. C.C.B. em Do País Da Luz 23 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 1. Camilo Castelo Branco e Silva Pinto - contextualização histórica Comecemos por nos referir à relação de amizade entre Camilo Castelo Branco e António José da Silva Pinto, uma vez que a obra Do país da luz se inicia precisamente com o esforço de Camilo em salvar o amigo Silva Pinto das garras da indignação, da revolta e do rancor, que certamente culminariam no suicídio. Em 1906, Fernando de Lacerda bate à porta do escritor português Silva Pinto, apresenta-se certamente acanhado pelo facto da situação ser insólita e, com o devido respeito, diz-lhe que tem uma carta de um amigo para ele. A carta estava assinada com o nome “Camilo Castelo Branco”, um dos mais notáveis escritores de todos os tempos, e grande amigo de Silva Pinto. O subinspetor da polícia Fernando de Lacerda lê a carta a Silva Pinto, que fica emocionado. A carta havia sido escrita por Camilo Castelo Branco em 1906, mas Camilo havia morrido em 1890. Tratava-se de uma mensagem espiritual enviada do além, endereçada a um amigo, para o salvar do suicídio. Camilo e Silva Pinto acreditavam em Deus, e haviam conversado várias vezes sobre aparições. Ambos tinham tido experiências mediúnicas que os faziam suspeitar de que algo havia após a morte do corpo físico. Apesar disso, Camilo tinha-se suicidado em 1890, dezasseis anos antes. Camilo e Silva Pinto conheceram-se em disputas literárias. Eram escritores que se envolviam com facilidade em polémicas sobre estilos, escolas, ética, etc., semeando inimizades ao longo da vida. Era hábito na altura, que os escritores se confrontassem em discussões sem fim. Camilo e Silva Pinto esgrimiram argumentos e posições, mas algo inusitado havia de acontecer: descobriram que estavam do mesmo lado da barricada, e tornaram-se bons amigos. Passaram então a lutar contra inimigos literários comuns. 24 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Kamilo estis naskiĝinta en Lisbono, sed li vivis en Sanmigelo Sejdo, en la nordo de la lando, kun la edzino, Ano Plasido, kaj kun la filoj. Silvo Pinto ankaŭ naskiĝis en Lisbono, kie li vivis plejparton de la vivtempo. Li estis en Hispanio, kie li batalis por la respublikistoj kontraŭ la karlistoj. Poste li vojaĝis al Brazilo, kie li restis dum du jaroj, en vana provo riĉiĝi. Li revenis al Lisbono, kaj ĉi tie li restis ĝis la fino de siaj tagoj. Li kaj Kamilo sin ofte intervizitis, kvankam ili loĝis distaj unu de la alia. Ili interŝanĝis multajn leterojn, kiuj estas publikitaj. Silvo Pinto adoris la amikon, ĉar li vidis en Kamilo la geniecon, kiun multaj nur kapablis agnoski multajn jarojn pli malfrue. Post la morto de Kamilo, Silvo Pinto movis montarojn, por ke oni starigu monumenton al la granda verkisto, kaj por ke oni helpu la nepojn de Kamilo, kiuj bezonis monan helpon. Malmultaj estas la portugaloj, kiuj ne konas la nomon de Kamilo Kastelo Branko, sed same malmultaj estas la portugaloj, kiuj konas almenaŭ la nomon de Silvo Pinto, kiu estis ĵurnalisto, dramverkisto kaj eseisto. Oni ŝuldas al Silvo Pinto la publikadon de la ununura poemlibro de unu el la plej bonaj portugalaj poetoj, Cezarjo Verdo, al kiu li estis ankaŭ granda amiko. Krom la ĵurnalistaj kaj literaturaj aktivaĵoj, Silvo Pinto estris la junuledukan korektejon Moniko. Li verkis por multaj gazetoj, ĉiam envolviĝanta en literaturaj polemikoj. Ĝentila al la amikoj kaj senindulga al la kontraŭantoj, li kolektis malamikojn dum la tuta vivo. Post ĝuste 100 jaroj de la morto de Silvo Pinto, apenaŭ oni parolas pri ĉi tiu portugala verkisto, kaj kiam iu aludas al li, ofte estas por regurdi kelkajn el la maljustaĵoj, pri kiuj li plendis. Ĉi tiu laboro donas kelkajn informojn pri la verkisto Silvo Pinto, ĉar li estas apenaŭ konata eĉ ĉe siaj kunpatrianoj. Pri la biografio de Kamilo, ne indas diri multe pli. La enorma verkisto estas tre konata, kaj facile haveblas detalaj informoj pri lia vivo kaj verkaro. C.C.B. em Do País Da Luz 25 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo tinha nascido em Lisboa, mas vivia em São Miguel de Seide, no norte do país, com a mulher, Ana Plácido, e com os filhos. Silva Pinto era também de Lisboa, onde viveu a maior parte do tempo. Esteve em Espanha, onde combateu pelos republicanos contra os carlistas. Depois foi para o Brasil, por dois anos, numa tentativa vã de enriquecimento. Voltou a Lisboa, e por cá ficou até ao fim dos seus dias. Ele e Camilo visitaram-se bastantes vezes, apesar de viverem longe um do outro, e trocaram muitas cartas, que estão publicadas. Silva Pinto venerava o amigo porque reconhecia em Camilo a genialidade, que muitos só souberam reconhecer muitos anos mais tarde. Após a morte de Camilo, foi Silva Pinto quem moveu montanhas para que fizessem um monumento ao grande escritor, e para que auxiliassem os netos de Camilo, que necessitavam de ajuda económica. Poucos são os portugueses que não conhecem o nome de Camilo Castelo Branco, e igualmente poucos são os portugueses que conhecem pelo menos o nome de Silva Pinto, que foi jornalista, dramaturgo e ensaista. Deve-se a Silva Pinto a publicação do único livro de poemas de um dos grandes poetas portugueses, Cesário Verde, de quem também foi grande amigo. Além das atividades jornalísticas e literárias, Silva Pinto dirigia a casa de correção de menores das Mónicas. Escreveu para muitos jornais, sempre envolvido em polémicas literárias. Generoso com os amigos e implacável com os adversários, colecionou inimigos durante toda a vida. Passados precisamente 100 anos da morte de Silva Pinto, mal se fala deste escritor português, e quando alguém o faz é para repetir algumas das injustiças de que ele se queixava. Este trabalho dá alguma informação sobre o escritor Silva Pinto, uma vez que se trata de um quase desconhecido mesmo para os seus compatriotas. Acerca da biografia de Camilo não vale a pena dizer muito mais. O grande escritor é muito conhecido, e com facilidade se obtém informação detalhada sobre a sua vida e obra. 26 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 2. La laboro de la supera spiritaro Kiel oni scias, per la verko de Ivono Perejro, Memoroj de suicidinto12 13, kaj per la verko de Fernando Lacerdo, El la lando de la lumo, Kamilo-spirito venas viziti la Teron, la duan fojon, dek ses jarojn post sia suicido. Sen loko por tranokti, li memoras pri Fernando Lacerdo, kiun li ekkonis en la spirita mondo, pro la spiritaj vojaĝoj faritaj de la mediumo, dum la fizika korpo dormis. Iun nokton, kiam Fernando Lacerdo jam estis preskaŭ en dormo, Kamilo proksimiĝas al li kaj diras: «Estu bonvola. Leviĝu kaj ekskribu.» Fernando Lacerdo leviĝis kaj skribis ĉion, kion la verkisto volis dikti al li. La celo de Kamilo estis klara: li volis diri al sia amiko Silvo Pinto, ke la vivo daŭras post la fizika morto, kaj ke la suicido neniel estas digna kaj efika rimedo por la vivproblemoj, sed krimo kun konsekvencoj milfoje pli dolorigaj ol la surteraj suferoj. Li sentis responson pro la negativa influo, kiun li lasis en la spirito de Silvo Pinto, kaj li neniel volis, ke la amiko suicidu. Kamilo bone konis la amikon. Li konis lin tiel bone, ke li sciis krei en lian spiriton la dubon, konvinkante lin pri la vereco de siaj leteroj. Aliflanke, Silvo Pinto bone konis la stilon de Kamilo, kio malebligis ke li rifuzu la leterojn senditajn de Kamilo per la mediumeco de Lacerdo. Tiel, la supera spiritaro saĝe profitas la ekzistajn cirkonstancojn de ĉi tiuj du spiritoj por, per la eksterordinara mediumeco de Lacerdo, konstrui verkon en kvar volumoj, kie defilas galerio de famaj homoj, plejparte elvenintaj el la beletra portugala mondo, kiuj havas la komunan trajton deziri komuniki al la mondo, ke ili plu ekzistas, plu amas kaj plu progresas, malgraŭ la perdo de la fizika korpo. 12 Legu ĝin en esperanto elŝutinte el: www.spiritistoj.weebly.com 13 En tiu traduko, Affonso Soares uzis la titolon “Memoraĵoj de sinmortiginto”. Kvankam mi plene respektas tiun elekton, mi preferas la tradukon al “Memoroj de suicidinto” (vidu “suicid-o” en NPIV). Ja “memoroj”, ĉar, laŭ la principo de sufiĉo, oni facile memkomprenas, ke temas pri “rememoraĵoj”. Pri “suicidinto”, la radiko “suicid-o” ebligas vortkunmetojn pli elegantajn ol tiuj faritaj el “sinmortigi”. Komparu: suicido/sinmortigo - suicidinto/sinmortiginto - suicidejo/sinmortigejo suicidigi/sinmortigigi (!!!). Alia tradukisto de spiritismaj libroj, Benedicto Silva, uzis la vorton “memmortigintoj” en la titolo “La turmentego de la memmortigintoj” (PT “O martírio dos suicidas”). Do, laŭ Silva estu “mem-”, laŭ “Soares estu “sin-”. En la 14-a paĝo de ĉi tiu libro, Silva skribas la frazon “(...) ŝi alvenis hejmen, eniris en unu ĉambron kaj tie memmortigis.” Li devus esti skribinta “memmortigis sin” aŭ “memmortiĝis”. Se oni ne estas blinda pro antaŭjuĝoj kontraŭ novaj radikoj, oni devas agnoski la pravigon de la uzo de la vorto “suicid-o”, kiu evitas konfuzojn kaj sennecesan variecon inter “iĝ” kaj “ig” kaj inter “mem” kaj “sin”, en la uzo de la vorto. C.C.B. em Do País Da Luz 27 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 2. O trabalho da espiritualidade superior Como é sabido, a partir da obra de Yvonne Pereira, Memórias de um suicida, e da obra de Fernando de Lacerda, Do país da luz, Camilo-espírito vem visitar a Terra, pela segunda vez, após dezasseis anos de se ter suicidado. Não tendo onde pernoitar, lembra-se de Fernando de Lacerda que havia conhecido no mundo espiritual, nas viagens astrais que o médium fazia, enquanto o corpo físico dormia. Uma noite, está Fernando de Lacerda já quase a dormir, quando Camilo se aproxima dele e diz-lhe: «Tem paciência. Levanta-te e vai escrever.» Fernando de Lacerda levanta-se e escreve tudo o que o escritor lhe quis ditar. O objetivo de Camilo era claro: ele queria dizer ao seu amigo Silva Pinto que a vida continua após a morte física, e que o suicídio não é, de modo algum, um remédio digno e eficiente para os males da vida, mas um crime com consequências mil vezes mais dolorosas do que as penas sofridas na Terra. Ele sentia-se responsável pela influência negativa que havia exercido no espírito de Silva Pinto, e não queria, de modo nenhum, que o amigo se suicidasse. Camilo conhecia bem Silva Pinto. Conhecia-o tão bem, que soube criar-lhe a dúvida no espírito, conseguindo convencê-lo da veracidade das suas cartas. Por outro lado, Silva Pinto conhecia bem o estilo de Camilo, o que o impossibilitava de refutar as cartas que este lhe enviava pela mediunidade de Lacerda. Deste modo, a espiritualidade superior aproveita sabiamente as circunstâncias existenciais destes dois espíritos, para, através da extraordinária mediunidade de Lacerda, construir uma obra em quatro volumes, onde desfila uma galeria de personagens públicas, maioritariamente oriundas do meio literário português, que têm como traço comum o desejo de comunicar que continuam a existir, a amar e a progredir, apesar de terem perdido o corpo físico. 28 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Oni ne havu minimuman dubon, ke tiel elstara verko ne elmergiĝas el la hazardo, elveninta nur el la impulso de la manifestiĝantaj spiritoj. La ecoj de tiuj mesaĝoj, la disponebleco de la envolviĝantaj spiritoj, la spirita evoluo de la mediumo kaj liaj mediumaj kapabloj, pensigas, ke en la kuliso estis spiritoj multe pli kleraj ol tiuj kiuj komunikiĝis, organizante kaj estrante la tutan proceson de mediuma komunikado, kaj protektante la intervenantojn pro la eventula perturbado, kiu certe okazus, se la tuta proceso ne estus superzorgata de la superaj entoj. En 1908, la ĵurnalisto Jozefo Sarmento longe interparolis kun Fernando Lacerdo, kaj publikis la intervjuon en la gazeto Portugala Ilustraĵo. La intervjuo donas la impreson, ke la spiritoj prezentiĝas laŭ la bontrovo de la mediumo, ĉar ili aperas al li lavange, skribante laŭplaĉe, dum la mediumo interparolas trankvile kun la ĵurnalisto pri aliaj aferoj. La skribmaniero de ĉiu komunikiĝanta ento estas malsama ol tiu de la aliaj entoj, same kiel la stilo kaj la subskribo. Tial la spirito facile rekoneblas. Evidente temas pri mediuma laboro anticipe organizita de la supera spiritaro, kiu ĝin kontrolas kaj protektas, kun la specifa celo disradii la kredon pri la senmorteco de la animo. Iu ajn studemulo pri spiritismo scias, ke la spiritoj ne estas sub nia dispono, kiam plaĉas al ni babili kun ili, kaj ke tiaj mediumaj laboroj ne fariĝas senzorge dum oni babilas kun ĵurnalisto. Tiaj epizodoj de la historio de la spiritisma mediumeco, abunde troveblaj ankaŭ ĉe Ŝiko Ŝavjero, devas esti rigardataj ne kiel sekvindaj ekzemploj, sed kiel esceptaj situacioj. Kardeko kaj aliaj spiritismaj pensuloj donis kompletan labormetodologion, kiun oni ne devas pridubi, eĉ se la historio donas al ni kontraŭekzemplojn. Tiu metodologio precipe celas protekti nin mem de la danĝeroj de trokuraĝa rilatado kun la spirita mondo. C.C.B. em Do País Da Luz 29 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Não tenhamos a menor dúvida de que uma obra desta envergadura não surge do acaso, vindo apenas do impulso dos espíritos manifestantes. As caraterísticas destas comunicações, a disponibilidade dos espíritos envolvidos, a evolução espiritual do médium e as potencialidades mediúnicas deste, levam-nos a pensar que, nos bastidores, estivessem espíritos muito mais esclarecidos do que os comunicantes, organizando e gerindo todo o processo de comunicação mediúnica, e protegendo os intervenientes da eventual perturbação que decerto ocorreria, se todo o processo não fosse supervisionado por entidades superiores. Em 1908, o jornalista José Sarmento tem uma longa conversa com Fernando de Lacerda, e publica a entrevista no periódico Ilustração Portuguesa. A entrevista dá a impressão de que os espíritos estão à disposição do médium, pois aparecem-lhe em catadupa, escrevendo o que desejam, enquanto o médium conversa tranquilamente com o jornalista sobre outros assuntos. A grafia de cada entidade comunicante é diferente das outras, tal como o estilo e a assinatura, tornando o espírito facilmente reconhecível. É evidente que se trata de um trabalho mediúnico previamente organizado pela espiritualidade superior, que o controla e protege, tendo o objetivo específico de difundir a crença na imortalidade da alma. Qualquer estudioso de espiritismo dispõe da noção básica de que os espíritos não estão à nossa disposição quando nos apetece conversar com eles, e que tais trabalhos mediúnicos não se fazem displicentemente enquanto se conversa com um jornalista. Tais episódios da história da mediunidade espírita, que se encontram em abundância também em Chico Xavier, devem ser vistos não como exemplos a seguir, mas como situações de exceção. Kardec e outros pensadores espíritas deram-nos toda uma metodologia de trabalho que não deve ser questionada, ainda que a história nos dê contra-exemplos. Essa metodologia visa, em grande parte, proteger-nos a nós mesmos dos perigos de um relacionamento temerário com o mundo espiritual. 30 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 3. Diversaj pruvoj de identeco de Kamilo-spirito Antaŭ ol priparoli pri la rekonado de identeco de spirito, oni uzu analogion kun pli simpla situacio. Kiel oni pruvas la identecon de persono? Oni petas identigan karton kaj oni kontentas pri la pruvo de identeco. Tamen, la identigaj kartoj ofte estas falsitaj. Do, la prezento de identiga karto ne estas nedubebla pruvo de identeco de persono. Se la persono estas konata, oni pensas, ke facile oni rekonas lin aŭ ŝin, ĉar oni fidas la propran vidan kaj aŭdan memoron. Tamen, ankaŭ tiu metodo ne estas certa, ĉar la memoro kelkfoje misas, la persono eble havas ĝemelon, kaj ĉar ekzistas homoj tre similaj. Vere sciencaj metodoj por rekoni la identigon de persono estas la analizo de DNA, la analizo de la fingromarko kaj la studo de iriso. Malgraŭe, ĉiuj moviĝas en la fizika mondo, plenaj de certecoj, ke oni rekonas la personojn, sen la scienca pruvado pri ties identeco. Kiel do oni farus por identigi personon, tiel ke tiu identigo estu malmisa, sen testoj de DNA nek aliaj sciencaĵoj? La respondo estas simpla. Anstataŭ kredi nur je unu el la prezentitaj metodoj, oni uzus kombinon de metodoj. Se la persono kongruus kun nia mensa bildo pri li, se tria persono asertus koni lin, kaj li ankaŭ montrus identigan karton, oni povus havi neŝanceleblan certecon, ke la individuo estas tiu kaj ne alia. Por pruvi, ke la mesaĝoj subskribitaj de la nomo Kamilo Kastelo Branko, en la verko El la lando de la lumo, estis efektive skribitaj de la granda romanisto, oni povas uzi similan metodon, tio estas, aron da metodoj, kiuj donos al ni tiom altan probablecon, ke la mesaĝoj estas de Kamilo, ke neniu prudenta homo ilin C.C.B. em Do País Da Luz 31 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 3. Provas variadas da identidade de Camilo-espírito Antes de aludirmos diretamente ao reconhecimento da identidade de um espírito, recorramos a uma analogia com uma situação mais simples. De que modo provamos a identidade de uma pessoa? Pedimos um cartão de identificação e ficamos satisfeitos com a prova de identidade. Contudo, os cartões de identificação são frequentemente alvo de falsificação. Então, a apresentação de um cartão de identificação não constitui uma prova infalível da identidade da pessoa. Se se trata de alguém que conhecemos, achamos que identificamos a pessoa com facilidade porque confiamos na nossa memória visual e auditiva. No entanto, esse também não é um método infalível, pois a memória falha, o identificado pode ter um irmão gémeo, e porque há pessoas muito parecidas. Métodos verdadeiramente científicos de identificação de um ser humano são a análise do ADN, a identificação da impressão digital e o estudo da íris. No entanto, todos nós nos movemos no mundo físico, cheios de certezas de que conhecemos as pessoas, sem a comprovação científica da identidade destas. Como faríamos então, se quiséssemos identificar um ser humano, de modo a que essa identificação fosse absolutamente infalível, sem recurso a testes de ADN ou a outros testes científicos? A resposta é simples. Em vez de confiarmos apenas num dos métodos apresentados, usaríamos uma combinação de métodos. Se o indivíduo a identificar correspondesse à imagem visual que tivéssemos dele, se uma terceira pessoa nos dissesse que “sim” que o conhecia, e ele ainda nos apresentasse um cartão de identificação, poderíamos ter uma certeza inabalável de que o indivíduo fosse aquele e não outro. Para provar que as mensagens assinadas pelo nome Camilo Castelo Branco, na obra Do país da luz, foram efetivamente escritas pelo grande romancista, podemos usar uma metodologia semelhante, ou seja, um conjunto de métodos que nos dê uma probabilidade tão alta de que as mensagens sejam de Camilo, que ninguém de bom senso as 32 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net povas rifuzi. Finfine, tiu estas proksimume la metodo proponita de Kardeko por validigi la asertojn de la mediumaj mesaĝoj. Kvankam ne estas haveblaj ĉiuj necesaj elementoj por la ellaborado de pli profunda studo, kiu povu konkludi la identecon de la personeco, tamen estas haveblaj tre validaj elementoj, prenitaj el la kvar volumoj de la verko El la lando de la lumo kaj el la detala studo de Manuela Vasconcelos: Fernando Lacerdo, la portugala mediumo. a) Honoro kaj opinio de la mediumo La personeco de Fernando Lacerdo, pruvita de historiaj dokumentoj, ne postlasas dubojn. El lia biografio, reliefas ĉi tiuj elementoj, inter multaj aliaj: - jen homo, kiu, en la juneco, inter la 13-jaraĝo kaj la 18jaraĝo, luktas por respublikismaj idealoj: - post kelkaj jaroj, li fondas kaj estras la Fajrobrigadejon de Loŭreso14, kie li instruas legadon al fajrobrigadanoj; - li demarŝas favore al malriĉa knabineto, kiu kundutis heroe en incendio, por ke ŝi estu ekonomie protektata de la reĝo Don Karlo kaj de la reĝino Don Ameljo; - li zorgas pri knabineto kaj knabeto kvazaŭ ili estus liaj propraj gefiloj, donante al ili edukon kaj patran amon; - post kiam li estiĝas policisto, li pagas monpunojn el sia propra poŝo pro kompato al la malobeintoj; ktp. Kredeble, ne estas necese plu elvolvi la liston de emociaj agoj, pro kompato kaj altruismo, elprenitaj el la vivo de Fernando Lacerdo. Ĉu ĉi tiu homo, je propra volo, profitus el ia eksterordinara lerteco por trompi la tutan socion, dirante, ke li ricevis komunikadojn de spiritoj de famaj homoj!? Kion li gajnus? Ĉu nenion!? Ĉi tiu ebleco ne estas minimume kredebla. Unue, ĉar tia trompo ne kongruas kun la personeco altruisma de la mediumo. 14 PT Loures - urbo en la ĉirkaŭo de Lisbono, kie Lacerdo naskiĝis. C.C.B. em Do País Da Luz 33 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net possa rejeitar. De resto, este é, aproximadamente, o método proposto por Kardec para a validação das afirmações contidas nas mensagens mediúnicas. Apesar de não dispormos de todos os elementos necessários para a elaboração de um estudo exaustivo que nos permita concluir a identidade da personagem, dispomos de alguns elementos muito válidos, colhidos dos quatro volumes da obra Do país da luz e do estudo minucioso de Manuela Vasconcelos (ver bibliografia). a) Honorabilidade e opinião do médium A personalidade de Fernando de Lacerda, comprovada por documentos históricos, não nos deixa dúvidas. Da sua biografia, sobressaem estes elementos, entre muitos outros: - trata-se de um homem que, na adolescência, entre os 13 e os 18 anos, luta por ideais republicanos; - poucos anos depois, funda e dirige os Bombeiros de Loures, onde ensina bombeiros analfabetos a ler; - move diligências para que uma menina pobre, que se comportara de modo heróico num incêndio, seja protegida economicamente pelo rei Dom Carlos e pela Rainha Dona Amélia; - cria uma menina e um menino como se fossem seus filhos, dando-lhes educação e amor paternal; - depois de se tornar polícia paga multas do seu bolso por piedade para com os infratores; etc. Não é necessário desenrolar mais o rol de atos comoventes, pela piedade e altruismo, extraídos da vida de Fernando de Lacerda. Este homem, por vontade própria, aproveitar-se-ia de alguma habilidade extraordinária para enganar toda a sociedade dizendo que recebia comunicações de espíritos de pessoas célebres!? E faria isso a troco de quê!? De nada!? Esta hipótese não é minimamente credível. Primeiro, porque tal embuste não corresponde à personalidade íntegra do médium. 34 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Due, la lerteco imiti kaligrafiojn de multaj portugalaj verkistoj jam elkarniĝintaj, kaj skribi pri kelkaj aferoj, dum samtempe oni parolas pri aliaj aferoj, estus fenomenoj multe pli eksterordinaraj, ol la simpla agnosko, ke estas eble interparoli kun la nomitaj mortuloj, kiuj estas pli vivaj ol ni. Kaj trie, krimo devas alvenigi iun avantaĝon por la krimulo. Lacerda gajnis nenion per la mesaĝoj. Tial, la intenco trompi estas ekster la hipotezoj. Aldone oni menciu, ke la unua volumo de la verko El la lando de la lumo estas dediĉata de Lacerdo al la patrino kaj al la adoptitaj gefiloj. Tiel Lacerdo ligis la verkon al la estuloj, kiujn li plej amis. Ne estas probable, ke la psikiatrio kaj la krimologio konu historion de homo kun ĉi tiuj kondutaj trajtoj, kiu sin dediĉus al tiom granda trompado. Kiu estis la opinio de la mediumo mem? Kompreneble Lacerdo ne havis ajnan dubon, ke tiuj komunikoj ne elvenis el lia menso, sed el la menso de homoj, kiuj jam estis forlasintaj la fizikan korpon en la Tero. Oni ne pensu, tamen, ke Fernando Lacerdo estis tiel naiva, senscia kaj sensperta, ke li kredis, sen pridubi, pri iu ajn komuniko, kiu aperis antaŭ li. Post la ricevo de la unua komuniko de Kamilo, Lacerdo restas ĉe la tablo en interparolo kun la verkisto, kiel du kunlaborantoj kiuj, post la farita laboro, restas kelkan tempon babilante. Diras Lacerdo al Kamilo: «Mi konfesas - kaj vi scias tion tre bone - malmulton mi konas el viaj verkoj; sed el tio kion mi konas, mi havas la klaran impreson, ke vi estis multe pli bona ol tio, kion vi volas ŝajnigi..» Kamilo ne reagas al la akuzo de Lacerdo. La verkisto priparolas alian aferon, sed Lacerdo ne rezignas, kaj reatakas la saman demandon, asertante: «Se estas Kamilo, tiu kiu skribas, vi certe povus, kun pli da facileco kaj brilo, montri viajn ideojn...» C.C.B. em Do País Da Luz 35 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Segundo, porque a habilidade em imitar caligrafias de muitos escritores portugueses já desencarnados, e de escrever sobre uns assuntos, enquanto em simultâneo fala doutras coisas, seriam fenómenos muito mais extraordinários, do que o simples reconhecimento de que é possível conversar com os chamados mortos, que estão mais vivos do que nós. E em terceiro lugar, um crime tem que ter algum benefício para o infrator. Lacerda não ganhava nada com as mensagens. Assim, a intencionalidade em ludibriar está posta fora de causa. Em aditamento, digase que o primeiro volume da obra Do país da luz é dedicado por Lacerda à mãe e aos filhos adotivos, ligando a obra aos seres que ele mais amava. É pouco provável que a psiquiatria e a criminologia conheçam um caso em que, uma pessoa com estes traços comportamentais se dedicasse a tão grande trafulhice. Qual era a opinião do próprio médium? É claro que o próprio Lacerda não tinha a menor dúvida de que aquelas comunicações não provinham da sua mente, mas da mente de pessoas que já tinham deixado o corpo físico na Terra. Não se fique, porém, com a impressão, de que Fernando de Lacerda fosse tão ingénuo, desconhecedor e inexperiente que acreditasse, sem questionar, em qualquer comunicação que lhe surgisse à frente. Após ter recebido a primeira comunicação de Camilo, ele fica a conversar com o escritor, como dois colaboradores que, após o trabalho realizado, ficam algum tempo à conversa. Diz Lacerda a Camilo: «Confesso - e sabe-o muito bem - pouco conheço das suas obras; mas delas o que conheço dá-me a nítida impressão de que era bem melhor do que aquilo por que se quer fazer passar.» Camilo não reage à acusação de Lacerda. O escritor refere-se a outro assunto, mas Lacerda não desiste, e volta a atacar a mesma questão, dizendo: «Sendo Camilo quem escreve, certamente poderia com mais facilidade e brilho expor as suas ideias...» 36 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Verŝajne tio amuzis Kamilon. Oni ne permesus al li veni sur la Teron sen antaŭa preparo por uzi bonegan mediuman instrumenton. Li sincere simpatiis al Lacerdo, kun kiu li jam interparolis en la spirita mondo. Sed Kamilo sciis, ke Lacerdo ne povus memori pri tio. Li neniel ofendiĝis, kaj li komprenis, ke Lacerdo zorge faras sian mediuman laboron. Li devas analizi, pridubi, demandi. Kamilo evitis respondi al la dubo de Lacerdo, pri lia identeco kiel Kamilo, sed nun, post la insisto, li devis respondi al li. Kamilo pridubas pri la demandstilo de Lacerdo mem: «Ne tion vi volis diri. Vi volis diri ke, se mi estas Kamilo, mi povus pritrakti pli kompetente iun ajn aferon de alta kvalito. Ĉu ne?» Tiel Kamilo reskribas la demandon de Lacerdo, por montri al li, ke la demando povus esti redaktita pli elegante. La dubo de Lacerdo ŝanceliĝas, kaj li diras: «Proksimume...» Tiam Kamilo klarigas al Lacerdo la mediuman proceson mem, dirante, ke li devas uzi la lingvan vortprovizon de la mediumo. Li plu klarigas ke, por sin esprimi sen limigoj, Lacerdo devus esti en “stato tute senkonscia”. Kamilo disvolvas klarigon pri mediumeco, enkondukante en la tekston vorton ne konatan de Lacerdo, la vorton “PT dextro” (dekstremulo), klerula sinonimo de la vorto “PT destro” (dekstremulo)15. Lacerdo haltas, stariĝas, iras al la vortaro, ĝin konsultas, kaj revenas al la tablo de mediumaj laboroj 16, por reveni al la konversacio kun Kamilo. Ĉi tiu diras: «Ĉu vi komprenas? Se vi estus en senkonscia stato, vi skribus tiun kaj ĉiujn vortojn, kiujn mi volus dikti.» Lacerdo tiel estis konvinkata, ke li estis kunlaboranta kun Kamilo Kastelo Branko. Kamilo ne finas la tekston sen transsendi al li komfortajn vortojn, dirante, ke la scio de Lacerdo estis tiu vere grava; certe pensante pri la boneco kaj saĝeco de la mediumo, kaj pri lia konado pri la spirita vivo. 15 “PT destro” e “PT dextro”: “PT destro” elvenis, per popola evoluo, el la latina adjektivo “LT dexter, dextra, dextrum” (dekstra). El la sama etimo, sed per klera evoluo, elvenis la vorto “PT dextro”, kun la sama signifo. 16 Lacerdo havis en sia hejmo ĉambreton destinitan nur al mediumaj laboroj. Eĉ la geinfanoj sciis, ke tien ili ne rajtas eniri. C.C.B. em Do País Da Luz 37 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo deve ter achado graça. Não o teriam deixado vir à Terra usar um excelente instrumento mediúnico sem preparação prévia. Ele tinha uma sincera simpatia por Lacerda, com quem já conversara no mundo espiritual. Mas Camilo sabia que Lacerda não se podia recordar de tal coisa. Não fica minimamente ofendido e compreende que Lacerda está a fazer cuidadosamente o seu trabalho mediúnico. Ele tem que analisar, duvidar, questionar. Camilo tinha evitado responder à dúvida de Lacerda de que ele fosse mesmo Camilo, mas agora, após a insistência, tinha que lhe responder. Camilo começa por questionar o estilo da pergunta de Lacerda: «Não era isso que querias dizer. Querias dizer que sendo eu Camilo poderia versar com mais competência qualquer assunto de subida importância. Não era isso?» Camilo reescreve assim a pergunta de Lacerda, para lhe mostrar, que esta poderia ser redigida com mais elegância. Lacerda vacila na sua dúvida, dizendo: «Aproximadamente...» Então Camilo explica a Lacerda o próprio processo mediúnico, dizendo-lhe que ele tem que usar o acervo linguístico do médium, pois para se expressar sem limitações, Lacerda deveria estar num “estado absolutamente inconsciente”. Camilo desenvolve a explicação sobre a mediunidade, introduzindo no texto um termo desconhecido de Lacerda, a palavra “dextro”, sinónimo culto da palavra “destro”17. Lacerda para, levantase, vai ao dicionário, consulta-o, e regressa à mesa de trabalho mediúnico18, para voltar à conversa com Camilo. Diz-lhe este: «Vês? Se estivesses em estado inconsciente escreverias essa e quantas outras palavras eu quizesse19 escrever.» Lacerda ficou assim convencido de que estivera a trabalhar com Camilo. Este não termina o texto sem lhe dar palavras de conforto, ao dizer que o saber de Lacerda era o que de facto importava, pensando na bondade e sageza do médium, e no seu conhecimento da vida espiritual. 17 destro e dextro: “destro” veio, por via popular, a partir do adjetivo latino “dexter, dextra, dextrum” (direito). Do mesmo étimo, mas por via erudita, vem a palavra “dextro”, com o mesmo significado. 18 Lacerda tinha em sua casa um quartinho destinado só aos trabalhos mediúnicos. Até as crianças sabiam, que ali não podiam entrar. 19 Tal como aparece no texto consultado, com “z”. 38 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Prie kaj aldone, la regado de la denaska lingvo, en kiu ĉiu sin esprimas kaj pensas, ne estas lukso, kiun spiritisto povas malhavi. La konceptoj enkorpiĝas en lingvan sistemon, kaj sen la regado de tiu sistemo, ili eĉ ne povas esti lernataj. b) Opinio de Silvo Pinto Silvo Pinto estis unu el la homoj pli bone konantaj la kamilan stilon, kiun li rigardis kiel majstran, kaj kiun li mem sekvis kiel disĉiplo. Kiam Fernando Lacerdo montras al li la unuan leteron, Silvo Pinto ŝanceliĝas. Post la legado de la letero, li informiĝis pri Lacerdo, ne trovante, kompreneble, ion ajn, kiu pinĉus la senpekan karakteron de la mediumo. Li sentas, ke Kamilo estas en tiuj tekstoj. La stilo estas tiu de Kamilo. Tamen, strange! Kamilo alparolas al li, en tiu teksto, laŭ maniero neformala! Kamilo diras al li, en tiu teksto, ke la vivo daŭras! Kamilo parolas, en tiu teksto, laŭ maniero tenera! Ja tiu estis Kamilo, sed li ne estis kamila! Aliflanke, Kamilo diras al li, en tiu mesaĝo, ke li ne polemiku kun literaturaj malamikoj! Li petis de li rezignacion! Sed tiu ne estis lia Kamilo! Se li, Silvo Pinto, sekvus liajn konsilojn, li devus preterlasi grandan parton de sia propra verko! Iom post iom, Silvo Pinto fine akceptis, ke tiu estas fakte lia amiko, precipe danke al la granda persvada kapablo de Kamilo kiu, eĉ el la alia mondo, sukcesis gvidi la spiriton de Silvo Pinto al ia konsciiĝo pri la spirita vivo. La tria volumo de la verko El la lando de la lumo malfermiĝas per letero de Silvo Pinto, en kiu la verkisto montras sian aniĝon al la spiritismaj ideoj. C.C.B. em Do País Da Luz 39 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Diga-se a propósito, que o domínio da língua natal, em que nos expressamos e na qual pensamos, não é um luxo de que o espírita possa prescindir. Os conceitos corporificam-se num sistema linguístico, e sem o domínio deste nem sequer podem ser apreendidos. b) Opinião de Silva Pinto Silva Pinto era uma das pessoas mais conhecedoras do estilo camiliano, que ele via como magistral, e que ele mesmo seguia, enquanto discípulo. Quando Fernando de Lacerda lhe mostra a primeira carta, Silva Pinto vacila. Após a leitura da carta, ele vai informar-se sobre Lacerda, não encontrando, obviamente, nada que beliscasse o caráter impoluto do médium. Ele sente que Camilo está naqueles textos. O estilo é o de Camilo. Contudo, que estranho! Camilo a tratá-lo por “tu”, quando ele sempre o tratara por “você”! Camilo a dizer-lhe que a vida continua! Camilo a tratá-lo de forma ternurenta! Era Camilo, mas não era Camilo! Por outro lado, Camilo dizia-lhe naquela mensagem para não polemizar com os inimigos literários! Dizia-lhe que se resignasse! Mas esse não era o seu Camilo! Se ele, Silva Pinto, lhe seguisse os conselhos, teria que menosprezar grande parte da sua própria obra! Pouco a pouco, Silva Pinto acabou por aceitar que aquele era mesmo o seu amigo, devido sobretudo à grande capacidade persuasiva de Camilo que, mesmo lá do outro mundo, conseguiu conduzir o espírito de Silva Pinto a uma certa consciencialização da espiritualidade. O 3.º volume da obra Do país da luz abre com uma carta de Silva Pinto, na qual o escritor mostra a sua adesão às ideias espíritas. 40 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Eĉ tiel, Silvo Pinto, post kelkaj jaroj, preparis suicidon, kiu ne okazis nur pro dia interveno. Alia amiko, kiu neatendite aperas al li veninta el Brazilo, donacas al li la necesan monon por pagi grandan ŝuldon, kaj plus 50% de la kvanto por la bezonoj de Silvo Pinto. Pro maljustaĵoj sociaj, profesiaj kaj politikaj, kiuj trafis Fernandon Lacerdon, li foriris al Brazilo en 1911, kie li elkarniĝis en 1918. Post kelkaj monatoj de lia alveno al Brazilo, Silvo Pinto elkarniĝis en Lisbono, ankaŭ en 1911. Lacerdo, tamen, ne estis informata pri la morto de la verkisto. Li estis ricevonta tiun informon de Silvo Pinto mem, kiu elmergiĝis el la alia flanko de la vivo, konscia pri sia elkarniĝo, sed ankoraŭ perturbita de la samaj pensoj, kiujn li havis en la surtera vivo. Tiu estas la sesa mesaĝo de la kvara volumo de El la lando de la lumo20. c) Opinio de aliaj tiutempaj gravuloj La mediumaj leteroj de Kamilo al Silvo Pinto kaŭzis diverstipajn reagojn en tiu tempo. El la raporto de Manuela Vasconcelos, farita el la konsultado de tiutempaj gazetoj, oni konkludas, ke la ĵurnalistoj, kiuj rilatiĝis kun Fernando Lacerdo, surpriziĝis pro la intelekta sendependeco de la mediumo en la psikografia proceso, kiu estis meĥanika. Granda parto el la ĵurnalistoj kaj el la legantoj ekrigardis spiritismon, kaj la spiritajn manifestiĝojn, laŭ maniero scivolema kaj tolerema. Kompreneble, ne ĉiuj akceptis la mesaĝojn kun respekto kaj toleremo, sed eĉ Jesuo ne sukcesis esti plaĉa kaj kredinda por ĉiuj, kiuj lin renkontis antaŭ 2000 jaroj. 20 Legu en “5. La aliaj leteroj de Kamilo - 2-a letero” la noton de Fernando Lacerdo kaj la tutan sekvantan tekston organizitan en kvar punktoj. C.C.B. em Do País Da Luz 41 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Ainda assim, Silva Pinto, após alguns anos, preparou o suicídio, que só não se consumou devido à intervenção divina, através de um outro amigo dele que, inesperadamente, lhe aparece vindo do Brasil, oferecendolhe o dinheiro necessário para pagar uma grande dívida, e ainda mais 50% da quantia para as necessidades de Silva Pinto. Devido a injustiças sociais, profissionais e políticas de que foi alvo, Fernando de Lacerda foi para o Brasil em 1911, onde viria a desencarnar em 1918. Meses depois de ter chegado ao Brasil, Silva Pinto desencarna em Lisboa, também em 1911. Lacerda, contudo, não estava informado da morte do escritor. Havia de receber tal informação pelo próprio, que lhe surge já do outro lado da vida, consciente do desencarne, mas ainda perturbado pelos mesmos pensamentos que tinha na vida terrestre. Essa é a sexta mensagem do 4.º volume de Do país da luz.21 c) Opinião de outras individualidades da época As cartas mediúnicas de Camilo a Silva Pinto suscitaram reações diversas na época. Do relato feito por Manuela Vasconcelos, dado a partir da consulta de jornais coevos, depreende-se que os jornalistas que estiveram em contacto com Fernando de Lacerda ficaram surpreendidos pela independência cognitiva do médium no processo psicográfico, que era mecânico. Grande parte dos jornalistas e dos leitores passaram a olhar para o espiritismo e para as manifestações espirituais de modo curioso e tolerante. Naturalmente, nem todos receberam as comunicações com respeito e tolerância, mas nem Jesus conseguiu agradar e ser credível a todos os que se cruzaram com ele há 2000 anos. 21 Ler em “5. As outras cartas de Camilo - 2.ª carta” a nota de Fernando de Lacerda e todo o texto seguinte organizado em quatro pontos. 42 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net d) Kamilo-spirito en El la lando de la lumo kaj en Memoroj de suicidinto22. Krucante informojn de la spirita vivo de Kamilo, rakontita de li mem en Memoroj de suicidinto, kun tiuj induktitaj el la verko El la lando de la lumo, oni trovas sufiĉan konverĝon. La verko El la lando de la lumo estis skribita per la mediumeco de la portugalo Fernando Lacerdo, kiu ĝin ekskribis en la 28-a de oktobro 1906. La verko Memoroj de suicidinto ŝuldiĝas al la mediumeco de la brazilanino Ivono Perejro. Ĉi tiu verko ekorganiziĝis ĉirkaŭ la jaro 1946. Tiel, kiam la libro skribita per la mediumeco de Ivono Perejro ekorganiziĝis, jam Fernando Lacerdo estis elkarniĝinta antaŭ 28 jaroj. Tial, Lacerdo ne povis koni datenojn pri la spirita vivo de Kamilo, kiuj estis rivelotaj en verko, kiu aperis multajn jarojn post la verko de Lacerdo. Tamen, la informoj pri la spirita vivo de Kamilo, prenitaj en ambaŭ verkoj, estas konverĝaj. Estas grave aludi al grava aspekto de la mediuma komunikado. La supera spiritaro, ekde Kardeko ĝis la nuntempo, ne montras grandan intereson informi la reenkarniĝintojn pri spuroj de la vivo de la spiritoj kaj de la homoj, kio ebligus al ni esploran laboron de historia rekonstruado. Kiam la vualo de la reenkarniĝo falas, falas ankaŭ kun ĝi multaj el la surteraj zorgoj. En la spirita mondo, ĉiuj zorgoj koncentriĝas sur la malpliigo de la doloroj aliulaj kaj propraj, sur la helpo al la proksimulo, sur la sublimado de niaj difektoj, kaj sur la rekonstrua laboro de la animo survoje al Dio. Tial, la prihistoriaj zorgoj reduktiĝas kaj subordiĝas al la intereso de evoluo de la animo. Ivono Perejro mem informas nin, en alia verko, ke en la proceso de konstruado de la rakontado, la spiritoj miksas veraĵojn kun fikcio, ŝanĝas la lokojn kie okazas la eventoj, krucas personecojn kaj preterlasas datenojn. Ĉio tio okazas favore al spirita pedagogio ĉar, laŭ ili, ni ne estas pekuloj, sed nur malpli aĝaj gefratoj kiuj, kelkfoje, ankoraŭ ludas per la fajro. 22 Legu la 13-an noton. C.C.B. em Do País Da Luz 43 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net d) Camilo-espírito em Do país da luz e Memórias de um suicida. Cruzando informações da vida espiritual de Camilo, contada pelo próprio em Memórias de um suicida, com as que se depreendem da obra Do país da luz, encontra-se bastante convergência. A obra Do país da luz foi escrita pela mediunidade do português Fernando de Lacerda, que a começou a escrever em 28 de outubro de 1906. A obra Memórias de um suicida deve-se à mediunidade da brasileira Yvonne Pereira. Esta obra começou a ser compilada por volta de 1946. Assim, quando a obra escrita pela mediunidade de Yvonne Pereira começou a ser compilada, já Fernando de Lacerda havia desencarnado há 28 anos. Por isso, Lacerda não poderia conhecer dados da vida espiritual de Camilo, que haviam de ser revelados numa obra que foi escrita muitos anos depois da sua. No entanto, as informações sobre a vida espiritual de Camilo, obtidas nestas duas obras, são convergentes. É importante aludir a um aspeto importante da comunicação mediúnica. A espiritualidade superior, desde Kardec até aos nossos dias, não tem mostrado grande interesse em deixar aos reencarnados pistas da vida dos espíritos e dos homens, de modo a fazermos algum trabalho de reconstituição histórica. Quando o véu da reencarnação cai, também caem com ele muitas das preocupações terrenas. No mundo espiritual, as preocupações concentram-se todas na minoração da dor alheia e própria, na ajuda ao próximo, na sublimação dos nossos defeitos e no trabalho reconstrutivo da alma em busca de Deus. Deste modo, as preocupações de caráter histórico restringem-se e subordinam-se ao interesse da evolução da alma. É a própria Yvonne Pereira que, noutra obra, nos diz, que no processo de construção das narrativas, os espíritos mesclam verdade com ficção, alteram os lugares onde ocorrem as histórias, cruzam personagens e omitem dados. Tudo em prol da pedagogia espiritual porque, para eles, nós não somos pecadores, mas apenas os irmãos mais novos que, por vezes, ainda brincam com o fogo. 44 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Tiel, la tasko de homo reenkarniĝinta, kiu serĉas konverĝojn inter literaturaj verkoj, por alveni al historiaj konkludoj, malfaciliĝas pro la ecoj mem de la mediuma komunikado kiu, celante nur la spiritan klarigon de la kreito, detruas la spurojn, kiuj estus necesaj por rekonstrui la spiritajn biografiojn. En la kvara volumo de El la lando de la lumo legeblas ĉi tiuj vortoj de Lacerdo-spirito: «Liveru la libron tian, kia ĝi estas, al la presado. Nur demetu la datojn (...)». Leginte ĉi tion, mi ne povis ne pensi: “Lacerdo, nun vi estas spirito, kaj do vi jam estas konfuzanta nin preterlasante la datojn.” Ni diras kun Fernando Pesoo: «(...) Sube la vivo, duono de nulo, mortas23.» e) Pri la grafologia analizo de la mesaĝoj Per la verko Fernando Lacerdo, la portugala mediumo, oni scias, ke Manuela Vasconcelos ne povis konsulti la originaĵojn de la verko El la lando de la lumo. Pro nekonataj motivoj, Brazila Spiritisma Federacio ne disponis ilin al ŝi. La faksimiloj de la originaĵoj de ĉi tiu verko estas esencaj por ke grafologia fakisto analizu ilin, komparante kun faksimiloj de la verko de Kamilo Kastelo Branko. Sen la fotokopioj de la originaĵoj ne eblas kompari la kaligrafion, la ortografion kaj aliajn elementojn, inter Kamilospirito kaj Kamilo-homo. Tamen, eĉ tiel, oni povas indukti pri la simileco inter ambaŭ kaligrafioj, per la reagoj de tiuj, kiuj, en tiu tempo, havis la okazon vidi la originaĵojn montritajn de la mediumo Lacerdo. Kelkaj ĵurnalistoj eĉ havis la okazon kontroli la ortografion de la komunikiĝantaj spiritoj en la momento de la mediuma produktado, kaj ili miris pro la simileco. 23 el PESOO, Fernando, Mesaĝo, “Uliso”. Legu la tutan poemon en La Karavelo n-ro 001, okt. 2007 (www.lakaravelo.net), laŭ la traduko de João José Santos. C.C.B. em Do País Da Luz 45 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Deste modo, a tarefa de quem, reencarnado, procura convergências entre obras literárias para chegar a conclusões históricas, é dificultada pelas próprias caraterísticas da comunicação mediúnica que, visando apenas o esclarecimento espiritual da criatura, destrói as pistas que nos seriam necessárias para reconstruir as biografias espirituais. No 4.º volume de O país da luz podem ler-se estas palavras de Lacerda-espírito: «Entrega o livro, como está, à impressão. Tira-lhe apenas as datas (...)». Ao ler isto, não pude deixar de pensar: “Lacerda, agora que és espírito já nos estás a trocar as voltas, omitindo as datas.” Dizemos com Fernando Pessoa: «(...) Em baixo, a vida, metade / de nada, morre.24» e) Acerca da análise grafológica das mensagens Na obra Fernando de Lacerda, o médium português, ficamos a saber que Manuela Vasconcelos não teve acesso aos originais da obra Do país da luz que, por razões desconhecidas, não lhe foram facultados pela Federação Espírita Brasileira. Os facsimiles dos originais desta obra são fundamentais para que um especialista no assunto possa fazer uma análise grafológica dos mesmos, comparando-os com facsimiles da obra do escritor Camilo Castelo Branco. Sem as fotocópias dos originais, não é possível comparar a caligrafia, a ortografia e outros elementos, entre Camiloespírito e Camilo-homem. No entanto, ainda assim, podemos inferir da semelhança entre as duas caligrafias pelas reações daqueles que, à época, tiveram a oportunidade de ver os originais mostrados pelo médium Lacerda. Alguns jornalistas tiveram mesmo a oportunidade de verificar as ortografias dos espíritos comunicantes no momento da produção mediúnica, e ficaram admirados com as semelhanças. 24 in PESSOA, Fernando, Mensagem, “Ulisses”. 46 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net f) Personeco de Kamilo antaŭ kaj post la elkarniĝo Tiuj, kiuj bone konis Kamilon, kiel Silvo Pinto, surpriziĝis pro tio ke Kamilo sin montris pli dolĉa kaj luma dek ses jarojn post sia elkarniĝo. Malgraŭ tio, Silvo Pinto, eĉ en la momento de la unua ekmiro, neniam diris findecide, ke tiu mesaĝo ne povus esti de lia amiko Kamilo, malgraŭ la rimarkeblaj ŝanĝoj en la personeco de la majstro. Silvo Pinto tuj rekonis la stilon kiel almenaŭ similan al tiu de Kamilo. Se iu homo povas ŝanĝi siajn opiniojn pro aliiĝoj okazintaj en ties vivo, la fenomeno nomita morto povas igi la individuon ŝanĝi substance la manieron rigardi la vivon kaj la eternecon. Laŭ ĉi tiu prismo, la personecaj aliiĝoj de Kamilo-homo al Kamilo-spirito refortigas la memkonvinkon, ke ĉi tiu estas fakte Kamilo Kastelo Branko. Eĉ tiuj, kiuj ne estas spiritistoj, antaŭ la hipotezo ke la vivo pludaŭras post la morto, komprenas ke klera spirito kiel Kamilo plu lernas kaj do plu ŝanĝas vidpunktojn post la nova sperto, la sperto morti. Aliflanke, se estus trompo, la trompulo devus imiti Kamilon tiel bone kiel eble. Do li ne uzus neformalan alparolon, li ne estus tiom emociema, kaj li ne montrus ŝanĝojn en sia maniero vidi la vivon. La analizo de la unua letero montras ke, se unuflanke Kamilo ŝanĝas sian opinion pri tio, kio okazas post la fizika morto, aliflanke li estas la sama Kamilo, kiu tie montriĝas plena de energio, glavumante argumentojn al la personeco de Silvo Pinto, uzante retorikajn rimedojn prilaboritajn de la verkisto en sia estinteco, streĉante sian dialektikan kapablon, ne por ornami novelon de Minjo25, sed por elaĉeti la amikon el la reto de intelekta miso, kiu kondukus lin al la trista situacio de suicidinto. Kamilo tion faris plensukcese, kiel oni esperas de majstro pri la portugala lingvo. 25 Noveloj de Minjo (PT Novelas do Minho): titolo de kamila verko enhavanta ok novelojn, kies surscenejo estas la plej norda portugala regiono Minjo (PT Minho). C.C.B. em Do País Da Luz 47 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net f) Personalidade de Camilo antes e depois de desencarnar. Aqueles que conheciam bem Camilo Castelo Branco, como Silva Pinto conhecia, ficaram atónitos por Camilo se mostrar mais doce e luminoso dezasseis anos após a desencarnação. Apesar disso, Silva Pinto, até mesmo no momento do primeiro choque, nunca disse perentoriamente que aquela mensagem não pudesse ser do seu amigo Camilo, apesar das alterações visíveis na personalidade do mestre. Silva Pinto identificou de imediato o estilo como sendo, pelo menos, semelhante ao de Camilo. Se uma pessoa pode mudar as suas opiniões, devido a alterações ocorridas na sua vida, o fenómeno chamado morte pode levar o indivíduo a mudar substancialmente o modo de olhar para a vida e para a eternidade. Vendo por este prisma, as alterações de personalidade verificadas de Camilo-homem para Camilo-espírito reforçam a convicção de que se trate mesmo de Camilo Castelo Branco. Mesmo para quem não seja espírita, considerando a hipótese da vida continuar após a morte do corpo físico, não seria credível que um espírito iluminado como o de Camilo não continuasse a aprender e, consequentemente, não alterasse pontos de vista com a nova experiência, com a experiência da morte. Por outro lado, se se tratasse de um embuste, o embusteiro teria imitado Camilo tão bem quanto possível, não tratando Silva Pinto por “tu”, não se tornando mais afetuoso, nem alterando o seu modo de ver a vida. A análise da primeira carta mostra que, se por um lado Camilo muda de opinião face ao que se pode esperar após a morte do corpo físico, por outro lado é o mesmo Camilo que ali está cheio de pujança, esgrimindo argumentos direcionados à personalidade de Silva Pinto, fazendo uso de recursos retóricos trabalhados pelo escritor no passado, puxando da sua capacidade dialética, não para ornamentar uma novela do Minho, mas para resgatar o amigo das malhas de um equívoco intelectual, que o conduziria à triste condição de suicida. E fê-lo com sucesso, como se espera de um mestre de língua portuguesa. 48 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 4. Literatura analizo de la unua letero de Kamilo Kastelo Branko al Silvo Pinto En la nokto, en kiu Kamilo diktis la unuan leteron al Lacerdo, la verkisto instruis al la mediumo, ke ĉi tiu devus esti en senkonscia stato, por ke Kamilo povu libere uzi sian regadon de la portugala lingvo, sen la devo subordiĝi al la vortprovizo, sintakso kaj stilo trovitaj en la anima strukturo de la mediumo. Tiel, la lingvika analizo de la spiritaj mesaĝoj fariĝus apriore sizifa26, frustra kaj tial tempoperda, ĉar la spirito ne povas skribi kiel li scias kaj deziras, pro la nesufiĉeco de la mediuma aparato. Tamen, ekzistas filologia areo, sur kiu ni povas koncentriĝi: temas pri la retorika konstruo de la teksto. Ni jam vidis kiel la retorika lerteco de Kamilo-spirito sukcesis konvinki Lacerdon pri la identeco de la verkisto. Ni kontrolu nun, kiujn argumentojn Kamilo uzis por persvadi la amikon Silvo Pinto eniri la vojon de la spiriteco, kiamaniere li enĉenigis tiujn argumentojn, kaj kiujn stilajn rimedojn li uzis. Ĉi tiu estas la retorika areo, scieca branĉo en kiu Kamilo scipovas naĝi, kiel fiŝo en akvo 27. 1. «Via amikeco, via saŭdado, via rememoro estas ĉeneroj, kiuj ankoraŭ katenas min al la mondo. Tiuj estas la malmultaj, kiuj rememorigas min pri la raraj feliĉaj momentoj sur la Tero; se sur la Tero ekzistas io nomata feliĉo.» 26 Sizifo: En la olda Helenio, Sizifo estis princo de Tesalio, filo de la reĝo Eolo kaj de la reĝino Enareto. Sizifo estis la plej ruza inter la homoj. Liaj trukoj estis tiel malicaj, ke la dioj sentis ilin ofendaj. Tiel, post la morto, Sizifo estis kondamnata, en Hadeso, ruli grandan rokon montosupren, kaj kiam la roko jam troviĝis proksima de la montopinto, ĝi denove ruliĝis montomalsupren, kaj do la kompatindulo devis ripeti la agon refoje senfine. Tiel oni komprenu, kio estas sizifa laboro. Povra Sizifo! Feliĉe, kiel scias la spiritistoj, ne ekzistas eternaj punoj. 27 En la prelego prezentita en la Seminario, ne estis legata la tuta letero de Kamilo al Silvo Pinto, pro manko de tempo kaj por ne tedi la aŭskultantaron. En ĉi tiu libreto, tamen, oni prezentas la tutan leteron, sen iu ajn tranĉo, kaj kun pli da komentoj. C.C.B. em Do País Da Luz 49 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 4. Análise literária da primeira carta de Camilo a Silva Pinto Na noite em que dita a primeira carta a Lacerda, Camilo ensina ao médium, que este deveria estar num estado de inconsciência para que Camilo pudesse usar livremente o seu domínio de língua portuguesa, sem ter que se subordinar ao vocabulário, sintaxe e estilística encontrados na organização anímica do médium. Deste modo, a análise linguística das mensagens espirituais tornar-se-ia, à partida, um trabalho sisífico28, frustrante e, por isso, uma perda de tempo, pois o espírito não pode escrever como sabe e deseja, devido às insuficiências do aparelho mediúnico. Há, porém, uma área filológica, sobre a qual nos podemos debruçar: trata-se da construção retórica do texto. Já vimos como a habilidade retórica de Camilo-espírito conseguiu convencer Lacerda acerca da identidade do escritor. Verifiquemos agora que argumentos Camilo usou para persuadir o amigo Silva Pinto a entrar no caminho da espiritualidade, de que maneira é que ele encadeou esses argumentos, e que recursos estilísticos usou. É este o domínio da retórica, área do saber em que Camilo sabe nadar como peixe dentro de água29. 1. «A tua amizade, a tua saudade, a tua lembrança são elos que ainda me prendem ao mundo. São dos poucos que me recordam raros momentos de felicidade na terra, se na terra há coisa que se possa chamar felicidade.» 28 Sísifo: Na vetusta Grécia, Sísifo era um príncipe da Tessália, filho do rei Éolo e da rainha Enarete. Sísifo era tido como o mais astuto dos homens. Os seus truques eram tão maliciosos que os deuses se sentiram ofendidos. Deste modo, após ter morrido, Sísifo foi condenado, no Hades, a fazer rolar uma grande rocha monte acima, e quando a rocha se encontrava perto do cume, ela voltava a rolar com ele monte abaixo, devendo o desgraçado repetir a experiência vezes sem conta. Compreenda-se assim o que é um trabalho sisífico. Pobre Sísifo! Felizmente, como sabem os espíritas, não existem penas eternas. 29 Na dissertação apresentada no Seminário não foi lida toda a carta de Camilo a Silva Pinto, por falta de tempo e para não saturar o auditório. Neste opúsculo, porém, reproduz-se toda a carta, sem qualquer corte, e com mais comentários. 50 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Kamilo alparolas al Silvo Pinto laŭ neformala maniero, anstataŭ la formaleco per kiu li kutime alparolis al la amiko, kiam li estis reenkarniĝinta. Kamilo sciis, ke la amiko mirus, sed ankaŭ teneriĝus. La teksto komenciĝas per la anaforo30 “via”, kiu ripetiĝas trifoje, kaj intensiĝas pro la uzado de la asindeto 31. La unua alineo estas kvazaŭ brakumo de saŭdado al la dista amiko, kaj la reaserto de amikeco, kiun la fizika morto ne forviŝas. 2. «Mia vivo post la morto (kiel stranga herezo ĉi tio ŝajnos al vi!), estas la kronado de la sufera kaj martira vivo, kiun mi trapasis en tiu mondo de koto kaj puso!» Du gravaj asertoj. Unue, la vivo daŭras post la morto, kio estas evidenta, ĉar male Kamilo ne estus skribanta al la amiko. La spirito montras, per la interparenteza frazo, ke li scias perfekte la miron, kiun la situacio kaŭzos al la amiko. Due, la doloroj ne finiĝis post la detruado de la fizika korpo. Tiel, la suicido ne servis la celojn de Kamilo: la forgeson, la finon de la problemoj, la nuligon de la estulo en la nenion. 3. «Pro mia trapaso, mi sukcesis la certecon pri la tortura atendado, kiu tie regis mian tutan ekziston: - Ĉu Dio ekzistas? - Ĉu la animo ekzistas? Mi suferis, aŭ plu suferis, tiom kaj tiel intense, tiel kondense ke, kvankam mi ne povus dubi pri la pluado de la vivo, mi preskaŭ malkredis pri la ekzisto de Dio.» Post la suicido, li sentis sin vivanta, kaj do la spirito trovis la respondojn por la duboj pri la ekzisto de Dio kaj de la animo. Li plu suferis, do la plua ekzisto de la animo estis pruvata, ĉar li estis detruinta la fizikan korpon per pafo de revolvero. Sed, antaŭ la enormaj suferoj, li komencis sin demandi, ĉu Dio fakte ekzistas. 30 anafora: Tropo konsistanta en ripetado de unu aŭ pli da vortoj en la komenco de diversaj versoj aŭ frazoj. 31 asindeto: Tropo konsistanta en la forigo de la konjunkcio “kaj” en sinsekvo kie ordinare ĝi devus esti. Ĉiokaze, oni atendus: “Via amikeco, via saŭdado kaj via rememoro (...)”, sed la aŭtoro, por doni pli da esprimivo al la teksto, forigis la vorton “kaj”, anstataŭigante ĝin per komo. C.C.B. em Do País Da Luz 51 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo começa por tratar Silva Pinto por “tu”, em vez da forma “você” com que o tratava quando estava reencarnado. Ele sabia que o amigo ficaria admirado, mas também ficaria enternecido. O texto começa com a anáfora32 “a tua”, que se repete três vezes, sendo intensificada pela utilização do assíndeto33. O primeiro parágrafo é como um abraço de saudade ao amigo distante, e a reiteração de uma amizade que a morte física não apaga. 2. «A minha vida depois da morte, (que estranha heresia te parecerá isto!) tem sido a coroação da vida de sofrimento e de martírio que nesse mundo de lama e pus levei!» Duas afirmações importantes. Primeiro, a vida continua após a morte, o que é evidente, pois de contrário Camilo não estaria a escrever ao amigo. O espírito mostra, pela frase entre parênteses, que sabe perfeitamente a admiração que a situação provoca no amigo. Segundo, as dores não terminaram com a destruição do corpo físico. Assim, o suicídio não serviu os seus propósitos: o esquecimento, o fim dos problemas, a anulação do ser no nada. 3. «Com a minha passagem consegui a certeza da torturante expectativa que dominou toda a minha existência aí: - haveria Deus? existiria a alma? Sofri ou continuei a sofrer tanto e tão intensa, tão condensadamente, que, conquanto não pudesse duvidar da persistência da vida, cheguei a descrer da existência de Deus.» Vendo-se vivo após o suicídio, o espírito conseguiu as respostas para as dúvidas acerca da existência de Deus e da alma. Continuou a sofrer, logo a existência da alma estava comprovada, pois ele havia destruído o corpo físico com um tiro de revólver. Mas perante a enormidade dos sofrimentos, começou a questionar se Deus existiria mesmo. 32 anáfora: Figura de estilo pela qual uma ou mais palavras são repetidas no início de vários versos ou de várias frases. 33 assíndeto: Figura de estilo pela qual se suprime a conjunção “e” numa enumeração onde normalmente ela existiria. Neste caso, esperar-se-ia: “A tua amizade, a tua saudade e a tua lembrança (...)”, mas o autor, para dar mais expressividade ao texto, retira a palavra “e”, substituindo-a por vírgula. 52 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Kamilo montras al Silvo Pinto, per sia propra ekzemplo, kiel la suicido estas kontraŭefika, horore doloriga kaj senefika kiel solvo por io ajn. 4. «Faktoj, kies rakontado ne estas nun oportuna, portis al mi la konsolan certecon, ke Li ekzistas, kaj ke Li ne malkonas mian torturan ekziston tiean kaj ĉitiean; kaj tiam, mia oldulo, mia kara amiko, animo ĝemela de la mia en amareco, mi havis la certecon, ke la vivo sur la Tero estus la antaŭĉambro de la feliĉo, se oni scius profiti ĝin.» Li emfazas, ke la spirita mondo donis al li la certecon pri la ekzisto de Dio, kaj revokas la amikon en apostrofo 34: “mia oldulo, mia kara amiko, animo ĝemela de la mia en amareco”. La aliteracio35 en [m] intensigas la anaforon “mia”. La alineo finiĝas per kurta aludo, sed reliefa, pri la graveco profiti la surteran vivon, kiel garantio de spirita feliĉo. 5. «Tiel, kiel ni ĝin36 faras, ĝi estas io tiom neglektinda, ke ĝi eĉ ne meritas nian neglekton.» La plej grava ideo el la tuta letero, neglekti la ofendojn, iom post iom estas enblovata. 6. «Vi uzadas vian tutan tempon kontestante kaj klaĉante...» La sesa alineo estas ankoraŭ pli kurta. Kamilo komencas montri al la amiko, ke la eraroj de li faritaj ne aŭguras bonan spiritan estontecon. La alineo estas kurtega kaj finiĝas per tripunkto, kvazaŭ Kamilo flustrus en lian orelon ion malagrablan, sed esencan. 34 apostrofo: Tropo konsistanta en alvoko de iu aŭ de io. Ekzemplo: “mia oldulo, mia kara amiko, animo ĝemela de la mia en amareco”. La rekonado de ĉiuj tropoj en ĉi tiu letero estus teda laboro, kaj pli propra de retorika laboro ol de spiritisma laboro. Tamen, jen ĉi tie kelkaj el ili, kiuj servas la celon de ĉi tiu verko: montri, ke la spirito estas Kamilo Kastelo Branko. Sciu la malplej spertaj en la literaturaj padoj, ke multaj el la tropaj ekzemploj troveblaj en bonaj verkoj pri retoriko estas elprenitaj el la miloj da paĝoj de la kamila verkaro. La utiligo de retoriko estas io natura, ofta kaj fascina en Kamilo. 35 aliteracio: Sontropo konsistanta en ripeto de konsonantaj sonoj. 36 “ĝin” estas “la vivo”. C.C.B. em Do País Da Luz 53 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo mostra a Silva Pinto, pelo seu próprio exemplo, como o suicídio é contraproducente, horrivelmente doloroso e ineficaz como solução para o que quer que seja. 4. «Factos que não é oportuno narrar agora trouxeram-me a consoladora certeza de que Ele existia, e de que não desconhecia a minha torturada existência daí e daqui; e então, meu velho, meu querido amigo, alma gémea da minha na amargura, tive a certeza de que a vida na terra seria a antecâmara da felicidade se soubéssemos aproveitá-la.» Ele enfatiza que o mundo espiritual lhe dera a certeza da existência de Deus, e volta a evocar o amigo em apóstrofe37: “meu velho, meu querido amigo, alma gémea da minha na amargura”. A aliteração38 em “m” intensifica a anáfora “meu”. O parágrafo termina com uma alusão curta, mas importante, à gravidade que tem o aproveitamento da vida terrena como garantia da felicidade espiritual. 5. «Assim, como a39 fazemos, é coisa tão desprezível que não merece o nosso desprezo.» A ideia mais importante de toda a carta, o desprezo pelas ofensas, vai sendo insuflada aos poucos. 6. «Tu tens levado todo o teu tempo a protestar e a maldizer...» O sexto parágrafo é ainda mais curto. Camilo vai começar a mostrar ao amigo que os erros que ele tem cometido não auguram um bom futuro espiritual. O parágrafo é curtíssimo e termina em reticências, como se Camilo lhe sussurrasse algo desagradável, mas essencial, ao ouvido. 37 apóstrofe: Figura de estilo pela qual se chama ou evoca alguém ou alguma coisa. Exemplo: “(...), meu velho, meu querido amigo, alma gémea da minha na amargura, (...)”. A identificação de todas as figuras de estilo nesta carta seria um trabalho fastidioso, e mais próprio de um trabalho de retórica do que de um trabalho espírita. No entanto, aqui ficam algumas, que servem o propósito desta obra: mostrar que o espírito é Camilo Castelo Branco. Saibam os menos experientes nas andanças literárias que muitos dos exemplos estilísticos que se encontram em boas obras de retórica são retirados dos milhares de páginas da obra camiliana. A utilização da retórica é algo natural, frequente e fascinante em Camilo. 38 aliteração: Figura de estilo pela qual se repetem sons consonânticos. 39 “a” refere-se à “vida”. 54 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 7. «Povra martiro, povra viktimo de la Doloro, kiu ne sukcesis pli ol bruligi vian propran animon kaj veki la ridon de tiuj, kiuj ne komprenas vin!» En ĉi tiu alineo, la spirito montras al Silvo Pinto, ke liaj teniĝoj kaŭzas la ridon de la kontraŭantoj kaj bruligas la propran animon. De la 7-a ĝis la 12-a alineo, ĉiu el ili estas pli granda ol la antaŭa, kaj ĝi intensiĝas pli kaj pli, kreskante, kvazaŭ tio estus komponaĵo de Betoveno, kiu komenciĝas malrapide gajnante amplitudon pli vastan, pli kaj pli, ĝis kiam oni apertas al la animo la fenestrojn tra kiuj ĝi povas vidi siajn proprajn ulcerojn kaj siajn misojn, siajn difektojn. Ĉi tie oni ne misfamigas iun ajn, des pli amatan amikon, sed oni ne povas kaŝi de la amiko la erarojn, en kiuj li disipas la vivon. Aliflanke, oni ne laŭdas sen motivo, sed oni montras al la amiko liajn moralajn konkerojn, kiuj estas obskuriĝantaj far misa perspektivo pri la vivo. 8. «Mia amiko, mia frato, mia dolĉa kaj karesa frato: via sperto, strange troigita, pri la aferoj, kiuj vin ĉirkaŭas, devas taŭgi nur por ke vi liberiĝu el ili.» Kamilo reuzas la apostrofon, la anaforon kaj la aliteracion, kiel maniero altiri la amikon al si. Kamilo scias, ke en la brusto de tiu leono loĝas elbutera koro. Li aldonas subite, ke la sperto de Silvo Pinto pri tio, kio ĉirkaŭas lin, nur taŭgas por ke li liberiĝu el tiuj aferoj mem. Ĝenaj veroj... 9. «Vi devas ŝvebigi vian spiriton en la alto; kaj kiam vi tion faros, vi komprenos, ke ĉio, kio vin lacigas kaj torturas, estas tiel senvalora, tiel sensignifa, ke tio ne meritas, ke por ĝi vibru eĉ la plej kruda fibro de via koro!» Nun Kamilo almontras la alton, la spiritan mondon, la superajn konceptojn pri la vivo, kiel celon, kiel finon, kie la ordo de valoroj estas alia, kie la katenaĵoj de Silvo Pinto sin montros senvaloraj. Ŝvebi super la ekzistado, tia estas la konsilo de Kamilo. C.C.B. em Do País Da Luz 55 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 7. «Pobre mártir, pobre vítima da Dor, que não tens conseguido mais que queimar a tua própria alma e despertar o riso daqueles que te não compreendem!» Neste parágrafo, o espírito mostra a Silva Pinto que as atitudes deste provocam o riso nos adversários e queimam a própria alma. Do 7.º ao 12.º parágrafo, cada parágrafo é maior que o anterior, e aumenta também de intensidade, num crescendo, como se se tratasse de uma composição de Beethoven, que começa devagarinho para ganhar uma amplitude cada vez maior, até escancarar à alma as janelas por onde esta pode ver as suas próprias chagas, os seus aleijões, os seus defeitos. Não se trata aqui de denegrir quem quer que seja, e muito menos um dileto amigo, mas não se esconde do amigo os erros em que ele dissipa a vida. Por outro lado, não se trata de elogiar gratuitamente, mas não se deixa de mostrar ao amigo que as suas conquistas morais estão a ser obscurecidas por uma perspetiva errada da existência. 8. «Meu amigo, meu irmão, meu doce e carinhoso irmão: a experiência que tens, estranhamente exagerada, das coisas que te cercam deve servir só para te desprenderes delas.» Camilo volta a recorrer à apóstrofe, à anáfora e à aliteração, como forma de cativar Silva Pinto. Camilo sabe que no peito daquele leão se aloja um coração de manteiga. Ele acrescenta, de chofre, que a experiência de Silva Pinto acerca do que o rodeia só lhe deve servir para se libertar dessas mesmas coisas. Verdades duras... 9. «Deves librar40 o teu espírito ao alto; e quando o fizeres verás que tudo que te afadiga e tortura é tão mesquinho, tão insignificante que não merece que por ele vibre a mais grosseira fibra de teu coração!» Agora Camilo aponta-lhe o alto, o mundo espiritual, os conceitos superiores da vida, como objetivo, como fim, onde a ordem de valores é outra, onde aquilo a que Silva Pinto se prende, se mostrará isento de valor. Pairar acima da existência, tal é o conselho de Camilo. 40 librar: suspender, pairar, flutuar no alto. Não confundir com a palavra “liberar” (= libertar). 56 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 10. « Aglo talenta, speciala spirito41, altiĝu super la marĉo, en kiu la fatalo aŭ la fatala leĝo de la homa progreso vin metis dumtempe sur la Tero, kaj vi miros pri vi mem, pro tio ke iam vi indignis kontraŭ la aferoj necesaj, kiujn vi ne komprenas!» Montrinte al li la alton kiel celon, Kamilo asertas nun, ke Silvo Pinto havas la flugilojn por tien alveni, alnomante lin “aglo talenta, speciala spirito”. Sekve Kamilo diras, ke Silvo Pinto estas en marĉo, sed ke tiu stato estas necesa kaj dumtempa. La lasta frazo de Kamilo montras, ke la romanisto jam komprenas bone la leĝon de karmo kaj la provadojn, ĉar “la aferoj necesaj”, tio estas, la doloroj, la problemoj, la ĉagrenoj, estas tiuj necesaj al la animo por ties evoluo. Kompreneble, la indigno kontraŭ tio, kio evoluigas nin, ne havas sencon. 11. «Pro amo al mi, liberiĝu el la krudaj ideoj, kiujn la vivo materia enmetis en vian privilegiitan42 cerbon, kaj lasu, ke la sankta filozofio de viaj blankaj haroj vidu, sen acideco, sen rankoro, la mizerojn de viaj gefratoj, kaj tiel vi antaŭĝuos la splendan ravecon de la kreaĵaro! Memoru, ke la plej bonaj marĉoj donas pli da pano; ke la agroj pli sterkitaj per putraĵoj donas pli irisitajn kaj bonodorajn florojn kaj la plej delicajn fruktojn.» Kamilo petas, ke Silvo Pinto liberiĝu el la krudaj ideoj pro amo al sia amiko Kamilo, kaj instigas lin uzi lian “privilegiitan” inteligenton por sin liberigi de la “acideco” kaj de la “rankoro”. Kamilo donas al li la bildon de la marĉo en putreco, kiel fetora sed fekunda loko, kie kreskas la plej belaj floroj. Tia estas la homa ekzistado. 12. «Pensu! Pripensu! Provu! Prenu planton kaj ĝin metu en vazon kun pura tero, lavita, bonodora. Tiu planto, se iam ellanĉos radikojn, velkos kaj baldaŭ mortos. Metu egalan planton en vazon kun putriĝinta tero, grasigita kun la plej naŭza sterko, kaj jen ĝi vegetos pompe, ĝi altigos siajn branĉojn ĉielen en manifestiĝo de feliĉa vivo, kaj eliĝos floroj de rara beleco, kun senegala velureco kaj kun vigleco plenenergia.» 41 En la portugallingva teksto estas “espírito de eleição”, kio laŭvorte estas “spirito de elektado”. Oni scias, ke en la universo ne ekzistas spiritoj elektitaj aŭ specialaj. Oni vidu tiun esprimon de Kamilo en la senco “spirito kiu jam atingis kelkajn rimarkinde bonajn ecojn”. 42 Oni faru la saman analizon klarigitan en la antaŭa noto. Supozeble ne estas necese reveni al ĉi tiu klarigo. C.C.B. em Do País Da Luz 57 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 10. «Águia de talento, espírito de eleição 43, eleva-te acima do charco em que a fatalidade ou a lei fatal do progresso humano te colocou passageiramente na terra, e terás assombro de ti próprio por teres chegado a indignar-te com as coisas necessárias que não compreendes!» Logo após lhe apontar o alto como objetivo, Camilo afirma agora que ele tem as asas para lá chegar, chamandolhe “águia de talento, espírito de eleição”. Diz-lhe, de seguida, que ele está no charco, mas que esse estado é necessário e transitório. A última frase de Camilo mostra como o romancista já entende bem a lei do carma e das provações, pois “as coisas necessárias”, isto é, as dores, os problemas, os desgostos, são aquelas que a alma necessita para evoluir. É claro que a indignação contra o que nos ajuda a evoluir não faz sentido. 11. «Por amor de mim consegue libertar-te das ideias grosseiras que a vida da matéria te pôde incutir no cérebro privilegiado 44 e deixa que a santa filosofia dos teus cabelos brancos possa ver sem azedume, sem rancor, as misérias dos teus irmãos, e ante-gozarás a maravilha esplendorosa da criação! Lembra-te que os melhores lameiros são os que dão mais pão; que os terrenos mais adubados com a podridão são os que dão as mais iriadas e odoríferas flores e os mais deliciosos frutos.» Camilo pede-lhe que se liberte das ideias grosseiras por amor ao seu amigo Camilo, e incita-o a usar a inteligência “privilegiada” para se libertar do “azedume” e do “rancor”. Dá-lhe a imagem do lameiro em podridão, como lugar fétido mas fértil, onde crescem as mais belas flores. Assim é a existência humana. 12. «Pensa! Reflecte! Experimenta! Pega em uma planta e dispõem-na em um vaso de terra limpa, lavada, odorífera, e essa planta, se chegar a lançar raízes, estiolará e em breve morrerá. Dispõe planta igual em vaso de terra apodrecida, engordurada com o excremento mais imundo e ela vegetará luxuriantemente, elevará os seus ramos para o céu numa manifestação de vida feliz, e desentranhar-se-á em flores de uma beleza rara, de um aveludado inigualável e de um viço pujante.» 43 Por “espírito de eleição” deve entender-se “espírito que já atingiu algumas boas qualidades assinaláveis”. No universo não existem espíritos especiais, eleitos ou escolhidos. 44 Faça-se a mesma análise da nota anterior. Não será necessário voltar a dar o mesmo esclarecimento. 58 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Jen la 12-a alineo, la plej granda el ĉi tiu sesopo. Ĉi tiu komenciĝas kun verboj en la imperativo, ĉar nun la majstro impete instigas la disĉiplon al agado: “Pensu! Pripensu! Provu!”. Kamilo disvolvas la ideon kreitan en la antaŭa alineo, montrante per metaforoj45, ke el marĉo la animo sin levas al la ĉielo. Post la unua legado, ŝajnas ke la imperativoj taŭgas por instigi Silvon Pinton fari ĝardenan eksperimenton. Sed ne. Kamilo miksas ambaŭ planojn, tiun de la ĝardenado kun tiu de la homa ekzistado. Li volas, ke la amiko provu novan specon de anima vivosperto. Li volas, ke la amiko komprenu, ke la malfacilaĵoj de la vivo kaj la ofendoj estas la sterko, kiuj sterkas la spiritan kreskadon de la kreito. 13. «Kiel grandan lecionon Dio donas al vi per la vivo de tiuj du plantoj! Pripensu! Enlasu, ke la lumo de via talento lumigu vian racion!» Kamilo insistas, ke la amiko pripensu kaj uzu la fortikaĵojn jam konkeritajn por ekvidi la vivon laŭ alia perspektivo. 14. «Kial vi devos pasigi viajn restantajn tagojn tie, en la kalkbrula akreco voli korekti tion, kio estas tre bone farita?» Finfine, la laŭŝajna neperfekteco estas la perfekteco kaj, se ĝi estas la perfekteco, do ĝi ne bezonas esti korektata. Sekve, ne bonsencas, ke Silvo Pinto sin konsumu provante korekti la mondon. Estas necese sterki la planton por ke ĝi kresku. Ne bonsencas, ke la planto indignu pro la fetoro elvenanta el la sterko. 15. «Se la homo povas modifi la sovaĝan planton per kulturo; se la bazo de la kulturo estas la sterkado de la planto, kaj la sterka materio estas putreca; kiel vi volas malpermesi Dion uzi similan proceson por mezuri la meriton de la plej kompleksa verko de la kreaĵaro, kaj por kulturi la plej perfektan kaj strangan planton el ĉiuj, kiujn li fabrikis?» 45 metaforo: Tropo. En la frazo “Kamilo estis kiel leono.” enestas tropo nomita komparo. Sed se oni asertas: “Kamilo estis leono.” oni havas metaforon. Tiel, laŭ maniero simpla kaj didaktika, metaforo estas komparo sen la kompariga vorto (“kiel”, “kvazaŭ”, “ŝajnas”...). Per metaforo, oni transpasas ecajn elementojn de ento (la leona forto) al la subjekto (Kamilo). Aro da metaforoj kaj da komparoj nomiĝas imago. C.C.B. em Do País Da Luz 59 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Chegamos ao 12.º parágrafo, o maior desta série de seis. Este começa com verbos no imperativo, pois agora o mestre incita veementemente o discípulo a agir: “Pensa! Reflete! Experimenta!” Camilo desenvolve a ideia criada no parágrafo anterior, mostrando pelas metáforas 46, que é do charco que a alma se eleva ao céu. Numa primeira leitura, parece que os imperativos servem para incitarem Silva Pinto a fazer uma experiência de jardinagem. Mas não. Camilo mistura os dois planos, o da jardinagem com o da existência humana. Ele quer que o amigo experiencie um novo tipo de vivência anímica. Ele quer que o amigo compreenda que as dificuldades da vida e as ofensas são o estrume que adubam o crescimento espiritual da criatura. 13. «Que grande lição te dá Deus na vida dessas duas plantas! Medita! Deixa que a luz do teu talento ilumine a tua razão!» Camilo insiste para que o amigo reflita, e use os cabedais já conquistados para começar a ver a vida noutra perspetiva. 14. «Porque hás-de passar o resto dos teus dias, aí, na calcinante agrura de querer emendar o que está optimamente feito?» Afinal, a aparente imperfeição é a perfeição e, se é a perfeição, não precisa de ser emendada. Logo, não faz sentido que Silva Pinto se consuma a tentar emendar o mundo. Há que adubar a planta para que ela cresça. Não faz sentido que a planta se indigne pelo mau cheiro proveniente do adubo. 15. «Pois se o homem pode modificar a planta selvagem pela cultura; se a base da cultura é a adubação da planta, e a matéria do adubo é a podridão; como queres impedir que Deus se sirva de processo semelhante para aquilatar o mérito da mais complicada obra de toda a criação e para cultivar a mais perfeita e estranha planta de todas que fabricou?» 46 metáfora: Figura de estilo. Na frase “Camilo era como um leão.” temos uma figura de estilo à qual se chama comparação. Mas se se afirmar: “Camilo era um leão.” passamos a ter uma metáfora. Assim, de modo simples e didático, uma metáfora é uma comparação, à qual se retirou a palavra comparativa (“como”, “parece”...). Pela metáfora transpõem-se elementos qualitativos de uma entidade (a força do leão) para o sujeito (Camilo). A um conjunto de metáforas e/ou de comparações chama-se imagem. 60 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Kamilo kreas analogion, laŭ kiu Dio kultivas animojn, same kiel Li kultivas plantojn. Li uzas ĉi tiun argumentadon laŭ intenca kaj trafa maniero. Li scias, ke la amiko estis unu el la enkondukintoj de la skolo realisma-naturalisma en Portugalion, kaj ke lia maniero strukturigi la universon havas naturalisman bazon. Kamilo, tra ĉi tiu mesaĝo, pluuzos naturalismajn metaforojn kaj imagojn, pro tio ke li sciis, ke Silvo Pinto emis al tiu penslinio. 16. «Mia malbonŝanco estis, ke mi neniam havis la feliĉon vidi la vivon laŭ ĉi tiu prismo!» Jen korelverŝo kun didaktika funkcio, kiel la tuta mesaĝo. Tio estas maniero diri al la amiko, ke li havas okazon korekti la vojon, cele al spirita ekzistado sen la ĉagrenoj suferitaj de Kamilo, pro nekonado pri la spirita vivo. 17. «Kiam mi tiel vidis ĝin 47... estis tro malfrue; tiam jen la nepriskribebla sufero pro la perdita tempo kaj pro la malbono farita; tiam jen la timego pro tia vivo. Tion vi eĉ ne imagas en viaj plej pezaj momentoj!» Kamilo diras al Silvo Pinto, ke li havas okazon, kiun li mem neniam havis, ĉar neniu venis el la alia mondo por montri al li la vivon laŭ ĉi tiu perspektivo. Li aludas al la konsekvencoj de vivo regata de erara filozofio, kiu finiĝis per suicido, kiel oni scias, kaj kiu poste kaŭzis nepriskribeblajn suferojn en la spirita mondo. La anafora ripeto “tiam jen (...) tiam jen” montras la daŭrecon kaj variecon de damaĝoj, kiujn la suicido ne solvis kaj eĉ multe pli multigis. 18. «En kelkaj homoj, la rezignacio estas neglekto al la proksimuloj; en aliaj homoj, ĝi estas kompato al aliulaj misoj. Vi ne estas rezignaciema. Vi neniam estis tia. Vi estas kompatema, sed via kompato ankoraŭ ne portis vin al rezignaciado! Estu bonfarema, estu kompatema, kaj vi tie estos atinginta altecon, kiu permesos al vi, en la lasta sekundo de la trapaso, ekflugi al la feliĉo.» 47 “ĝin” estas “la vivo”. C.C.B. em Do País Da Luz 61 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo cria uma analogia, segundo a qual Deus cultiva as almas de modo semelhante àquele pelo qual cultiva as plantas. Ele usa esta argumentação de modo intencional e certeiro. Ele sabe que o amigo tinha sido um dos introdutores da escola realista-naturalista em Portugal, e que a sua maneira de estruturar o universo é de base naturalista. Camilo continuará, ao longo de toda esta mensagem, a utilizar metáforas e imagens naturalistas por saber que Silva Pinto é permeável a essa linha de pensamento. 16. «O meu mal foi não ter tido nunca a felicidade de ver a vida por este prisma!» Um desabafo, mas com função didática, como toda esta mensagem. É uma forma de dizer ao amigo que ele tem a oportunidade de arrepiar caminho, para vir a ter uma existência espiritual sem as dores por que ele passou por desconhecer o que era a vida espiritual. 17. «Quando a48 vi assim... era tarde; e então o sofrimento intraduzível pelo tempo perdido e pelo mal feito; e então o pavor de uma vida que nem nos teus momentos mais esmagantes terás podido sonhar!» Camilo diz a Silva Pinto que este tem uma oportunidade que ele mesmo nunca tivera, pois ninguém veio do outro mundo para lhe mostar a vida nesta perspetiva. Refere-se às consequências de uma vida regida por uma filosofia errada, que culminou no suicídio, como sabemos, e com um cortejo de inenarráveis sofrimentos no mundo espiritual. A repetição anafórica “e então (...) e então” mostra a continuação e a variedade de desgraças que o suicídio não resolveu, e que até aumentou em grande escala. 18. «A resignação em uns é o desprezo pelos outros; em outros é a piedade pelas faltas alheias. Tu não és um resignado. Nunca o foste. Tens piedade, mas a piedade ainda te não levou à resignação! Sê benévolo, sê piedoso, e terás atingido aí uma culminância que te permitirá na hora extrema da passagem desferir um voo para a felicidade.» 48 “a” é “a vida”. 62 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Unuafoje Kamilo uzas la vorton “rezignacio”. Li prezentas al Silvo Pinto vojiradon, kiu startas ekde la analizo pri la personeco de la amiko, por gvidi lin al la rezignacio kaj al la pardono de la ofendoj. La tuta proceso ŝajnas doktrinado. Kamilo ne mensogas, nek kaŝas verojn. Li agnoskas la animajn kvalitojn de la amiko, kaj li uzas ilin por helpi al li liberiĝi el la retĉenoj, en kiuj la amiko mem sin katenis. Li sciis, ke Silvo Pinto ne estis rezignaciema homo, sed li ankaŭ sciis, ke li jam estis kompatinda homo. 19. «Vi scias, la grandaj birdoj, la kondoroj, ekzemple, bezonas leviĝi tre alten por kapabli flugi larĝe. 20. Vi estas kondoro de bonkoreco kaj de talento.» Kamilo agnoskas du ecojn en la amiko: bonkorecon kaj talenton. Li proponas al li uzi tiujn du flugilojn, kiel kondoro, por kapabli vidi ĉion de la alto, laŭ alia perspektivo. 21. «Ne restu, ne persistu sur la kota ebenaĵo de la vivo etaĉa kaj materia. Mia kara, mia karega amiko amata! En la adiaŭa horo, trafita de surprizo pro la ventego de la morto, kiun la Kreinto blovos por alilokigi vin, vi ne havos tempon por ekflugi al la larĝa kaj luma spaco. Vi restos, kiel mi, dum tempolongo nur sciata de Dio, en kunvivado kun strigoj kaj korvoj. La alteco kien vi devas leviĝi estas la bono purigita de la sufero, kiun homa lingvaĵo nomas rezignacio. Eduku vian ribeleman spiriton. Se necese, via racio ĝin iluziu, cedante, konvinkante ĝin, ke nur pro neglekto ĝi forlasos la rankoron, kiu fermentos la malamon, kiu kondukos ĝin nur al despero.» La plano konduki la amikon al rezignacio kaj pardoneco, elaĉetante lin el reto de indigno, ribelo kaj spiteco, pluiras sian vojon. Kamilo pluuzas la imagon kreitan ekde la metaforo, ke Silvo Pinto estas granda birdo, aglo aŭ kondoro. Li insistas alnomi lin per teneraj esprimoj. Kamilo avertas lin, ke post la elkarniĝo, li ne havos tempon por sin levi al la alto, restante tiam katenita de la difektoj, embarasita per la reto konstruita de li mem. C.C.B. em Do País Da Luz 63 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Pela primeira vez Camilo usa a palavra “resignação”. Ele apresenta a Silva Pinto um roteiro que parte da análise da personalidade do amigo, para o levar a resignar-se e a perdoar as ofensas. Todo o processo faz lembrar uma doutrinação. Camilo não mente nem esconde verdades. Reconhece as qualidades anímicas do amigo, e usa-as para o ajudar a libertar-se das malhas em que ele mesmo se emaranhou. Ele sabia que Silva Pinto não era um homem resignado, mas também sabia que ele já era um homem piedoso. 19. «Sabes que os grandes pássaros, os condores por exemplo, precisam subir a eminências para poderem voar largo. 20. Tu és um condor de bondade e de talento.» Camilo identifica duas caraterísticas do amigo: bondade e talento. Propõe-lhe a utilização dessas asas para voar alto, como um condor, para poder ver tudo de cima, de outra perspetiva. 21. «Não fiques, não persistas na planície lamacenta da vida mesquinha e material, porque, meu querido, meu queridíssimo amigo dilecto, na hora da despedida, colhido de surpresa pela rajada da morte que o Criador mandar para te fazer mudar de poiso, não terás tempo de formar voo para te alçares ao espaço largo e luminoso; e ficarás, como eu, por sabe Deus quanto tempo, no convívio das corujas e das gralhas. A eminência a que tens que elevar-te é a bondade purificada pelo sofrimento que a linguagem humana classifica de resignação. Educa o teu espírito de revolta. Se for necessário, a tua razão que o iluda, transigindo, convencendo-o de que é por desprezo que abandonará o rancor, a fermentação do ódio, que só conduz ao desespero.» O plano de trazer o amigo à resignação e ao perdão, resgantando-o das malhas da indignação, da revolta e da hostilidade, prossegue o seu curso. Camilo continua a usar a imagem criada a partir da metáfora de que Silva Pinto é uma grande ave, uma águia ou um condor. Insiste na ternura do tratamento e adverte-o que após o desencarne, ele não terá tempo para se alçar ao alto, ficando então prisioneiro dos defeitos, emaranhado na teia que construiu. 64 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 22. «Konvinku ĝin49, ke ĉio estas tiel malbona, ke ne indas ribelo de homo justa kaj bona, kia vi estas. Tiel, iom post iom, senkonscie, vi estos akirinta la nekompareblan feliĉon kompreni, ke la malbonuloj ne estas tiom malbonaj, kiom vi pensas. Vi komprenos, ke ili estas pli mizeraj ol malbonaj, kaj do pli indaj je bedaŭro ol je rankoro. Vi komprenos, ke la malbono estas necesa bono 50. Vi komprenos, ke la dia justo, verŝajne skribante rekte per tordaj linioj, havas grandecon kaj senpekecon nemezureblajn. Vi komprenos, ke nur pieco kaj pardoneco proksimigas la homon al Dio!» Ĉi tiu granda alineo resumas la argumentadon uzatan de Kamilo ekde la komenco de ĉi tiu mesaĝo. La olda verkisto, sperta pri la arto interparoli, sin montras nun lerta doktrinanto. Li sugestas al la amiko manieron ekpraktiki rezignacion. Pro tio ke Silvo Pinto ne kapablas rezignazii, ĉar li indigniĝas kontraŭ la maljustaĵoj de la mondo, Kamilo sugestas al li la penson, ke la malbonuloj ne meritas, ke li pensu pri ili. Temas pri etika maniero pli akceptebla kiel reago al la maljustaĵoj. Anstataŭigante indignon per indiferento, kaj ribelon per neglekto, Kamilo helpas la amikon liberiĝi el la reto. Poste, diras Kamilo, Silvo Pinto agnoskos, ke finfine la malbonuloj estas nur mizeruloj, kiuj pli meritas kompaton kaj pardonon ol rankoron kaj malamon. 23. «Sufiĉas, ke la homo uzu nigrajn lensojn por ĉion vidi nigre; flavajn por ĉion vidi flave; rozajn por ĉion vidi roze. Kial do la vivo ne montru nur la flankon 51, kiun ĉiu deziras vidi?» 49 Oni komprenu, ke “ĝi” estas la spirito de Silvo Pinto. Kamilo instigas lin, ke la amiko konvinku sian propran animon, do sin mem. Sub la lumo de la spiritisma doktrino, ĉiu homo estas reenkarniĝinta spirito. Ni ne estas korpoj kun animoj, sed animoj reenkarniĝintaj en korpoj. Kamilo ne diras aliaĵon. Tamen, por ke la neinformita leganto ne prenu alian sencon, jen la apriora klarigo. 50 “La malbono estas necesa bono.” estas traduko de la kutime uzata frazo en la portugala lingvo: “O mal é um bem necessário”. Oni tiel komprenu la paradokson: la malbono estas kuracilo por la animaj malsanoj, do ĝi estas bonaĵo malgraŭ la amareco. 51 La vorto “flanko”, ĉi tie kaj en postaj okazoj, estas vidata ne kiel unu el la flankoj de la afero, sed kiel alia maniero percepti la aferon. C.C.B. em Do País Da Luz 65 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 22. «Procura convencê-lo52 de que é tudo tão mau que não merece a consideração da revolta de um justo e um bom como és; e insensivelmente, sem dares por isso, terás adquirido a incomparável felicidade de conheceres que os maus não são tão maus como supões; que são mais desgraçados do que maus, e mais dignos de lástima do que de rancor; que o mal é um bem necessário53; que a justiça divina, escrevendo direito por linhas tortas, como aos nossos olhos se afigura, é de uma grandeza e de uma impecabilidade incomensuráveis, e de que a piedade e o perdão são as únicas coisas que aproximam o homem da Divindade!» Este grande parágrafo é o resumo da argumentação que Camilo tem vindo a usar desde o princípio da mensagem. O velho escritor, experiente na arte de conversar, mostrase agora um hábil doutrinador. Ele sugere ao amigo uma maneira de começar a entrar na prática da resignação. Já que Silva Pinto não se consegue resignar, por se indignar contra as injustiças do mundo, Camilo sugere-lhe que ele pense que os maus não merecem que ele se preocupe com eles. É uma forma de tornar a primeira reação à injustiça mais aceitável do ponto de vista ético. Substituindo a indignação pela indiferença, e a revolta pelo desprezo, Camilo está a ajudar o amigo a desenvencilhar-se da teia. Depois, diz ele, Silva Pinto reconhecerá que afinal os maus são apenas desgraçados, mais merecedores de compaixão e de perdão do que de rancor ou ódio. 23. «Pois se basta que o homem ponha lunetas pretas para ver tudo negro; amarelas para ver tudo dourado; rosadas para ver tudo cor de rosa; porque é que a vida não há-de mostrar só a faceta 54 que cada um dela quer ver?» 52 Entenda-se que “lo” (a ele) é o espírito de Silva Pinto. Camilo incita-o a convencer a sua própria alma, isto é, a si mesmo. À luz da doutrina espírita, cada ser humano é um espírito reencarnado. Não somos corpos com almas, mas almas reencarnadas em corpos. Camilo não diz outra coisa. Contudo, receando que o leitor menos informado pudesse fazer outra leitura, aqui fica o esclarecimento prévio. 53 “O mal é um bem necessário”. Entenda-se assim o paradoxo: o mal é um medicamento para as doenças da alma, portanto é um bem, apesar de ser amargo. 54 A palavra “faceta”, aqui e noutros passos, é vista não como um dos lados do assunto, mas como outra maneira de percecionar o assunto. 66 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Kamilo relativigas la aferojn, montrante ke ĉiu homo vidas la vivon laŭ la dezirata flanko kun kiu li agordas. 24. «Se vi volos vidi la bonan flankon, vi ĝin vidos. Eĉ se vi insistos, vi ne vidos alian flankon, eĉ se vi koncentros vian rigardon kaj analizon sur tre malbonaj aferoj.» La volforto estas reliefigita. Sufiĉas, ke oni volu, por ke la realo prezentiĝu alimaniere. 25. «Se vi volos vidi la malbonan flankon, vi ĉion vidos malbona, eĉ se tio estas sankta, bela kaj grandioza.» Tiu, kiu deziras vidi ĉion nigra, uzu malhelajn okulvitrojn, ke eĉ la Suno aperos al li obskurigita. 26. «Mi eluzis mian surteran vivon, vidante ĉion tra nigraj okulvitroj. Tiel nigre mi vidis, ke Dio donis al mi la blindecan mallumon. Mia sankta amiko!, tia mallumo horore akompanis min ĉi tie, kaj ankoraŭ malmultaj estas la lumstrioj, kiuj sukcesas rompi ĝin! 27. Pripensu do. Provu.» Kamilo profundigas la analizon de la problemo per alia naturalisma imago. Li diras nun, ke eble la aferoj ne estas tiaj, kiaj ili ŝajnas esti. Oni vidas ilin laŭ la koloro de nia agordo tra la vivo. Li donas sian propran ekzemplon, montrante ke li tiom nigra vidis la vivon, ke li alvenis al blindeca mallumo, kiu daŭris en la spirita vivo. Prie, en ĉi tiu dato, 28-an de oktobro 1906, Kamilo ankoraŭ ne eksciis la precipan kaŭzon de sia blindeco, kies klarigo estis donota en la verko Memoroj de suicidinto, de Ivono Perejro. Ĉi tiu verko estis aranĝota ĉirkaŭ 40 jaroj post la nun studata mesaĝo. 28. «Proksimiĝu al bukedo el lilioj, blankaj kiel neĝo, puraj kiel la pureco kaj la boneco de Dio. Rigardu al ili tra fumkolora vitro, kaj vi vidos ilin nigraj, malpuraj, naŭzaj. Proksimiĝu poste al amaso da malpuraĵoj, al putriĝinta kadavro, verdeska, disfalanta popece pro la malkomponado; io horora pensi, des pli vidi. Rigardu ĝin per oranĝaj vitroj, kaj jen vi vidos ĉion kovrita de rava ora nimbo, kvazaŭ el tiu feĉo elradius la suna lumo.» C.C.B. em Do País Da Luz 67 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo relativiza as coisas, mostrando que cada um vê da vida a faceta que quer, e com a qual se sintoniza. 24. «Queiras ver a faceta boa e vê-la-ás. Por mais que faças não verás outra, por pior que seja aquilo sobre que fixares a tua vista e a tua análise.» A força da vontade é evidenciada. Basta querermos, para que a realidade se apresente de outro modo. 25. «Se quizeres55 ver pela faceta má tudo verás mau, por mais santo, por mais belo, por mais grandioso que seja.» Quem quer ver tudo negro, ponha óculos escuros, que até o Sol se apresentará obscurecido. 26. «Eu passei a minha vida terrena a ver tudo pelos óculos pretos; e tão preto vi que Deus deu-me aí a escuridão da cegueira. E, meu santo amigo, essa escuridão acompanhou-me horrorosamente aqui, e poucas são as nesgas de luz que conseguem vir quebrá-la ainda! 27. Medita pois. Experimenta.» Camilo aprofunda a análise do problema através de outra imagem de tipo naturalista. Diz agora que talvez as coisas não sejam como parecem ser. Vemo-las da cor com que nos sintonizamos ao longo da vida. Dá o seu próprio exemplo, mostrando que tanto viu a vida negra, que chegou à escuridão da cegueira, e que essa se prolongou na vida espiritual. A propósito, diga-se que nesta data, 28 de outubro de 1906, Camilo ainda não sabia da causa principal da sua cegueira, cuja explicação é dada na obra Memórias de um suicida, de Yvonne Pereira. Esta obra havia de ser compilada cerca de 40 anos após a mensagem agora em estudo. 28. «Acerca-te de um ramo de lírios brancos, alvos como a neve, puros como a pureza e a bondade de Deus, olha-os através de um vidro fumado, e vê-los-ás negros, sujos, repelentes; aproxima-te de um monte de impurezas, de um cadáver putrefacto, esverdeado, caindo a pedaços pela decomposição, coisa horrenda de pensar quanto mais de ver; olha-o por vidros alaranjados e verás tudo coberto de um delicioso nimbo dourado, como se dessa imundice irradiasse a luz solar.» 55 Tal como aparece no texto consultado, com “z”. 68 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Ĝi estas imago plena je metaforoj kaj komparoj. Ĝi estas forta pentraĵo, kiu ekas el naturismo56, kiel didaktike konvenas ĉar Silvo Pinto vidas la vivon laŭ naturisma perspektivo, kaj finiĝas impresisme56, ĉar la realo estas prezentata laŭ subjektiva maniero. 29. «Kial vi ne faras la samon al la vivo?» En la fino, jen retorika demando57, kiu sugestas al la disĉiplo la transpason de la sama principo al la malfacilaj aferoj pri la homa rilatado. Tio estas, Kamilo proponas al la disĉiplo, ke li rigardu la malbonulojn kiel suferantojn. 30. «Ni imagu... 31. Ne. Ni ne imagu; mi iras al la amplekso de via obĵeto:» Kamilo intencas disvolvi sian penson helpe de imago, sed subite li montras al Silvo Pinto havi perfektan sciadon pri la obĵetoj, kiujn la amiko kontraŭstarigos ĉe la legado de ĉi tiu letero. Ĉi tiu estas ankaŭ valora elemento en la identigo de Kamilo. 32. «- Tamen, la vitroj ne ŝanĝas la ecojn de la objektoj. La lilioj daŭras blankaj, eĉ kiam oni vidas ilin per nigraj lensoj, kaj la putriĝo daŭras naŭza, eĉ se ĝi ŝajnas orkolora! Verŝajnas ĉe la unua ekrigardo, aŭ ĉe nia rezono sen pripensado.» La spirito vortumas la obĵeton pensotan de la amiko: la objektoj plu estas tiaj, kiaj ili estas, eĉ se oni vidas ilin per aliaj lensoj. Temas pri ontologia afero58, kiu certe ne eskapus al Silvo Pinto, kaj kiun Kamilo devas analizi. Kamilo plu uzas dialogan stilon, kvazaŭ li interparolus kun Silvo Pinto. Oni memoru, ke li skribas per la mano de la mediumo Fernando Lacerdo, sed la mesaĝocelato estas Silvo Pinto. 56 naturismo, impresismo: la aŭtoro kaj tradukisto ne vidas neceson uzi la vortojn "naturalismo" kaj "impresionismo". 57 retorika demando: tropo konsistanta en demando, kiu ne celas respondon, sed emfazon de la ideo. 58 ontologio: areo de la filozofio, kiu studas la estulon. C.C.B. em Do País Da Luz 69 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Imagem cheia de metáforas e comparações. Uma pintura forte que parte do naturalismo, como didaticamente convém, já que Silva Pinto vê a vida numa perspetiva naturalista, para um certo impressionismo, onde a realidade é apresentada de modo subjetivo. 29. «Porque não fazes a mesma coisa à vida?» No fim, a interrogação retórica 59 que sugere ao discípulo a transferência do mesmo princípio para as questões difíceis do relacionamento humano. Ou seja, Camilo propõe ao discípulo que veja os maus como sofredores. 30. «Imaginemos... 31. Não, não imaginemos; vou ao alcance da tua objecção:» Camilo tenciona desenvolver o seu pensamento com recurso à imaginação, mas subitamente mostra a Silva Pinto que sabe muito bem que tipo de objeções o amigo fará quando ler esta carta. Este é também um elemento valioso para a identificação de Camilo. 32. «- Mas os vidros não mudam a natureza das coisas; os lírios não deixam de ser brancos por se verem por lentes negras, nem a podridão deixou de ser ascorosa por parecer dourada! É verdade, parecerá à primeira vista, ou à nossa razão desarmada da reflexão.» O espírito verbaliza a objeção que o amigo fará: as coisas não deixam de ser como são, mesmo que sejam vista por outros óculos. Trata-se de uma questão ontológica 60, que certamente não escaparia a Silva Pinto, e que Camilo deve analisar. Camilo continua num estilo dialogante, como se conversasse com Silva Pinto. Lembremo-nos que ele está a escrever pela mão do médium Fernando de Lacerda, mas o destinatário da mensagem é Silva Pinto. 59 interrogação retórica: figura de estilo que consiste numa pergunta, que não tem como objetivo uma resposta, mas provocar a reflexão do leitor ou do ouvinte. 60 ontologia: área da filosofia que estuda o ser. 70 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 33. «Do, ni pripensu. 34. Kiuj estas la ecoj de la objektoj sur la Tero? 35. Ĉu ili estas tiaj, kiaj ni vidas ilin? Ĉu ili estas tiaj, kiaj ili ŝajnas al ni? 36. Ne. Ili estas tiaj, kiaj ili estas.» La spirito ŝajnas konsenti kun la obĵeto, kiun li imagis ĉe la menso de la amiko. 37. «Kaj kia estas ĝi en la donita ekzemplo? 38. La nepripensinta vido donas al la lilio la blankecon, kaj al la putriĝo la naŭzon. 39. Tamen, la pripenso baldaŭ interŝanĝos la naŭzon por la lilio, kaj la ravon por la putriĝo.» Kamilo pluiras en sokrata stilo. Li ekas el la laŭŝajna akcepto de la obĵeta valideco, alvokas la sperton de la malhelaj lensoj, kaj tuj enkondukos alian elementon: la tempon. 40. «Baldaŭ la lilio putriĝos, naŭze. La kadavro, la putramaso, transformiĝos bonvoleme en la gasojn, kiuj donas la vivon, kaj en la erojn, kiuj nutras la rozojn kaj la tritikon.» Tiel, Kamilo enkondukas la tempon, kiu estas fundamenta elemento por ke la estulo estu komprenata laŭ la perspektivo de estiĝado61. Kio okazas al la lilio? Ĝi estiĝas putriĝinta materio. Kio okazas al la kadavro? Ĝi estiĝas nutraĵo por rozoj. Finfine, kiaj estas la lilio kaj la kadavro? Ĉu oni povas diri, ke iu el ili estas pli bela aŭ pli bona ol la alia? 41. «Ĉu la aferoj povus okazi alimaniere?» 61 (EO) "estiĝado" (PT) devir (EN) "becoming": filozofia koncepto, kiu valorigas la aliiĝon aŭ la movon de la estulo. Per la aliiĝo aŭ la movo, la estulo aliestiĝas, do la estulo estiĝas neestulo. Laŭ la tradicio, la helena filozofo Heraklito skribis: "Neniu sin banas dufoje en la sama rivero." La duan fojon, la rivero ne plu estas rigore la sama, ĉar la unuaj akvoj jam forpasis. Tiel, ankaŭ la animo estas en konstanta aliiĝo, ne plu egala al tio kio ĝi estis, ĉar ĝi evoluas. Ĝi postrestigas sian individuecon, sed tiu individueco devas esti vidata kiel dinamika "mi", en konstanta aliiĝo. Spiritistoj scias, ke tiu aliiĝo okazas en senco de la morala kaj intelekta pliboniĝado. La esperantan vorton "estiĝado" mi kunmetas ĉi tie, eble la unua, por ĉi tiu koncepto. En la helena, la frazo atribuita al Heraklito estas (HE) Τα Πάντα ῥεῖ. (Ta panta rhei - Ĉio fluas.). En tiu koncepto, esence gravas tri elementoj, kiujn la vorto "estiĝado" (est+iĝ+ad) enhavas, tio estas: ade iĝas la estulo io malsama de si, do neestulo. C.C.B. em Do País Da Luz 71 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 33. «Reflexionemos, porém. 34. Qual é a natureza das coisas na terra? 35. É a que vimos? É a que nos parece? 36. Não. É a que é.» O espírito parece concordar com a objeção que imaginara na mente do amigo. 37. «E qual é a que é no exemplo citado? 38. A vista irreflexiva dá ao lírio a alvura e à podridão o asco. 39. Entretanto a reflexão mudará em breve o asco para o lírio, a causa admirativa para a podridão.» Camilo continua en estilo socrático. Ele parte da aparente aceitação da validade da objeção, evoca a experiência dos óculos escuros e vai agora introduzir um outro elemento: o tempo. 40. «O lírio será a curto trecho putrefacto, nauseante; e o cadáver, o monturo, transformar-se-á, benévolamente nos gazes que dão a vida e nos sais que alimentam as rosas e o trigo.» Deste modo, Camilo introduz o tempo, elemento fundamental para que o ser seja visto numa perspetiva de devir62. Que acontece ao lírio? Transforma-se em matéria putrefata. Que acontece ao cadáver? Transforma-se em alimento para as rosas. Como são afinal o lírio e o cadáver? Pode dizer-se que um é mais belo ou melhor que o outro? 41. «E quando assim não fosse?» 62 (PT) devir (EO) "estiĝado" (EN) "becoming": conceito filosófico que valoriza a transformação ou o movimento do ser. O ser encaminhase, pela transformação ou pelo movimento, para deixar de ser o que era, logo o ser transforma-se no não-ser. Segundo a tradição, escreveu o filósofo grego Heraclito: “Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio.” Da segunda vez, o rio já não é rigorosamente o mesmo, pois as primeiras águas já passaram. Assim, também a alma está em constante mutação, deixando de ser o que era, pois evolui. Ela mantém a identidade, mas essa identidade deve ser vista como um “eu dinâmico” em constante mutação, não como algo estável. Sabemos, pelo espiritismo, que essa mutação é no sentido do aprimoramento moral e intelectual. Em grego antigo, a frase atribuida a Heraclito é (HE) Τα Πάντα ῥεῖ. (Ta panta rhei - Tudo flui.). Usa-se aqui a forma "Heraclito", em vez de "Heráclito", na esteira de eminentes classicistas portugueses. 72 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net En ĉi tiu tekstero, Kamilo alvokas la filozofian karakteron de Silvo Pinto. Li bone konis lin, kaj li sciis, ke la amiko havas enorman argumentkapablon. Do, li teksas siajn argumentojn, imagas la kontraŭargumenton de Silvo Pinto kaj respondas al ĝi. Ĉi tiu tekstero ŝajnas simpla, sed ĝi kaŝas profundan ontologian kompleksecon, kiu tuŝas la teorion de estiĝado. Kiu estas mi? Ĉu mi estas tiu estanta? Ĉu mi estas tiu estinta? Ĉu mi estas tiu estonta? Ĉu mi estas ĉio tio? Ĉi tiu aludo taŭgas, ankoraŭfoje, por montri kiel Kamilo bone konis Silvon Pinton. Se la komunikanta ento ne estus Kamilo, li devus esti iu kiu konus Silvon Pinton tiel bone kiel Kamilo. Aldone, li devus havi por Silvo Pinto fratecan korinklinon tiel profundan kiel Kamilo havis. Malpli facilas ol ŝajnas. Silvo Pinto estis tia viro kiun oni amis pro lia inteligento kaj altruismo; aŭ oni malamis pro lia revoluciema karaktero, pro lia indigno antaŭ la malboneco, kaj pro lia konstanta ribelo kontraŭ la enmondaj maljustaĵoj kaj kontraŭ la malbonuloj de ĉi tiu mondo. La plano de Kamilo estis saĝa. Nun li kondukas la amikon pripensi, ĉu la malbonuloj estas fakte malbonaj, ĉu la bonuloj estas fakte bonaj. Li relativigas la aferojn donante bazan nocion pri spirita evoluo. Lia intenco estis, ke la amiko estiĝu pli tolerema al la maljustuloj, por faciligi la vojon al la rezignacio. Oni jam vidis, ke antaŭ ol ĉi tiu glora paŝo, la rezignacio, Silvo Pinto devos pasi tra sperto de indiferento antaŭ la malboneco kaj la maljusteco. Ja estas pli bone esti malvarma, indiferenta kaj neglektema al la malamikoj, ol malamema al ili. Neniu sin levas al anĝela kondiĉo, sen trapasi multfoje tra retorto de spirita alĥemio, en kiu oni puriĝadas. 42. «La koloroj, laŭ la deziro, donis la impreson, ke tiaj estis la aferoj. Ĉio en la vivo havas la sensaĵojn, kiuj kapablas impresi la homon. La amo al la hororaĵoj ankaŭ estas amo, se oni amas ilin. La malamo al la belaĵoj ankaŭ estas malamo, se oni malamas ilin.» La amo ĉiam estas amo, jen ĝi celu la malbonaĵojn, jen la bonaĵojn. C.C.B. em Do País Da Luz 73 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Neste passo, Camilo apela ao caráter filosófico de Silva Pinto. Ele conhecia-o bem, e sabia que o amigo tinha uma elevada capacidade de argumentação. Então tece os seus argumentos, imagina o contra-argumento de Silva Pinto e responde-lhe. Este trecho parece simples, mas esconde toda uma complexidade ontológica que mexe com a teoria do devir. Quem sou eu? Sou o que sou agora? Sou o que fui antes? Sou o que serei no futuro? Serei tudo isto? Esta alusão serve, mais uma vez, para mostrar como Camilo conhecia bem Silva Pinto. Se a entidade comunicante não fosse o próprio Camilo, teria que ser alguém que conhecesse Silva Pinto tão bem quanto Camilo. Já agora, que tivesse por Silva Pinto uma afeição tão fraternal e tão profunda quanto Camilo. Pode parece fácil, mas não é. Silva Pinto é o tipo de homem que, ou é amado pela sua inteligência e por ser altruista, ou odiado pelo seu caráter revolucionário, pela sua indignação face à maldade, e pela constante revolta que tinha para com as injustiças e os maus do mundo. O plano de Camilo é sagaz. Agora ele leva o amigo a questionar se os maus são mesmo maus, e se os bons são mesmo bons. É uma maneira de relativizar as coisas, de dar uma noção básica de evolução espiritual, de tornar o amigo mais tolerante perante os injustos, para facilitar o caminho da resignação. Como já vimos, antes desse passo glorioso, a resignação, Silva Pinto deverá passar pela experiência da indiferença perante a maldade e a injustiça. Sempre é melhor ser frio, indiferente e desprezar os inimigos, que odiá-los. Ninguém se eleva à condição de anjo sem passar muitas vezes pela retorta da alquimia espiritual, na qual se vai purificando. 42. «As cores, obedecendo à nossa vontade, tinham-nos dado a sensação de que era assim; e tudo na vida tem as sensações que conseguem impressionar-nos. O amor às coisas horrorosas não deixa de ser amor se as amamos; e o ódio às coisas belas não deixa de ser ódio se as detestamos.» O amor é sempre amor, quer se direcione às coisas más quer às coisas boas. 74 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 43. «La nepasia kaj ekvilibra racio postulas, ke la aferoj ne tiel okazas. Sed kiu povas arogi al si la justecon kaj ekvilibron kapabli ĉiam kompreni la aferojn tiajn, kiaj ili fakte estas? Sen certeco pri la komprenkapablo, kiu povas aserti, ke ties komprenmaniero estas la plej bona?» Konsiderante la subjektivecon kaj la estiĝadon, kiu povas aserti, ke li pravas, kaj ke la aliaj malpravas? 44. «Pripensu, Silvo Pinto, pripensu!» Kamilo instruas al la amiko, ke la kapablo juĝi la homajn agojn estas subjektiva. Do, estas pli bone pripensi, ke oni ne havas sufiĉe vastan perspektivon pri la problemoj. Do, apriore oni estu pli tolerema. Jen plus unu hakado sur la malbonan kutimon de Silvo Pinto indigni kontraŭ la malbonaĵoj de la mondo. La spirito plu insistas, por ke la amiko pripensu pri ĉi tiu nova maniero rigardi la vivon. 45. «Pensu, ke viaj doloroj utilos al vi por pli ol trapasi la vivon malbenante ilin!» Kamilo montras la paradokson, ke la doloroj nur utilu por ke oni malbenu ilin. Finfine, ili devas havi alian funkcion pli pozitivan en la vivo. 46. «Malbona estus la sperto, kiu portus al ni la bonvolemon kaj la toleremon!» La olda verkisto ne rezistas al la emo ironii 63, dirante ke estus malbona la sperto, kiu portus al ni la bonvolemon kaj la toleremon. 63 ironio: tropo konsistanta en aserto de io kontraŭa al tio kion oni deziras defendi por, kaŭzante la ridon, konduki la celaton al la defendita vidpunkto. C.C.B. em Do País Da Luz 75 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 43. «Exige a razão ponderada e fria que assim não seja; mas quem pode gabar-se de ser suficientemente justo e equilibrado que consiga ver as coisas sempre como elas realmente são? E não podendo ter a certeza de que tem essa justeza de vista, quem pode afirmar que a sua maneira de ver é a melhor?» Perante a subjetividade e o devir, quem pode afirmar que a razão está consigo, e que os outros estão errados? 44. «Medita, Silva Pinto, medita!» Camilo ensina ao amigo que a capacidade de cada um em julgar as ações humanas é subjetiva. Logo, talvez seja melhor pensarmos que poderemos não ter uma visão ampla dos problemas e, à partida, é melhor ser tolerante. Mais uma machadada no mau hábito de Silva Pinto em indignarse contra os males do mundo. O espírito continua a insistir para que o amigo medite nesta nova maneira de ver a vida. 45. «Pensa que as tuas dores te hão-de servir para mais do que para atravessares a vida a maldizê-las!» Camilo mostra como é paradoxal que as dores só sirvam para que se fale mal delas. Ao fim e ao cabo, elas devem ter outra função mais positiva na vida. 46. «Mal haja a experiência que nos traz a benevolência e a tolerância!» O velho escritor não resiste à ironia 64, dizendo que seria má a experiência que nos trouxesse benevolência e tolerância. 64 ironia: figura de estilo pela qual se afirma o contrário do que se pretende defender para, provocando o riso, trazer o recetor ao ponto de vista defendido. 76 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 47. «Vi bone scias, pli bone ol iu ajn, ke tie 65 mi neniam tiel pensis. Miaj noveloj estas plenplenaj je galo, kiun la amareco distilis en mia vivo. Ve!, mi neniam havis amikan buŝon kun aŭtoritato konsili min, devigi min pripensi senpasie pri la kaŭzoj kaj pri la aferoj. Kelkfoje, la pieco kaj la kompato envolvis min, sed tiaj aliulaj sentoj koleretis min, vundante mian fieron...» 66 La afero ne estas tia, majstro Kamilo! Viaj noveloj ne enhavas tiom da galo, kaj multaj el ili povas esti vidataj kiel himnoj al la pozitivaj valoroj de la vivo. Oni komprenu ĉi tiun aserton de Kamilo kiel esprimon de sincera humilo de tiu, kiu nun scias, ke ekzistas sekvenda vojo multe pli luma. Efektive multaj paĝoj de Kamilo eĉ ŝajnas spiritismaj verkoj. Oni legu la romanon La bono kaj la malbono, inter multaj aliaj, por pruvi tion. Kamilo perfekte konscias, ke en sia lasta reenkarniĝo li ne pensis sammaniere, kaj ke tia opiniŝanĝo mirigos la amikon. 65 Per "tie", la spirito aludas al sia lasta reenkarniĝo sur la Tero, en kiu li estis Kamilo Kastelo Branko. 66 Ĉi tie oni uzas la nocion de "novelo", laŭ kiu ĝi estas malpli granda kaj kompleksa ol romano, kaj pli granda kaj kompleksa ol rakonto. Kamilo verkis romanojn, novelojn, rakontojn, dramojn, poemojn kaj opiniartikolojn. C.C.B. em Do País Da Luz 77 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 47. «Sabes tu melhor do que ninguém que eu jamais pensei assim aí 67. As minhas novelas68 estão cheias de fel que a amargura fazia destilar à minha vida; e por mor desgraça não tive nunca boca amiga que tivesse autoridade no conselho para me obrigar à reflexão desapaixonada sobre as causas e as coisas. Quando muito, sentia-me envolvido na piedade e no dó; e esses sentimentos alheios irritavam-me, feriam o meu orgulho...» Não é bem assim, mestre Camilo! As tuas novelas não têm assim tanto fel, e muitas delas podem ser vistas como hinos aos valores positivos da vida. Tomemos esta afirmação de Camilo como expressão de sincera humildade de quem sabe agora que há um caminho muito mais luminoso a seguir. De facto, muitas páginas de Camilo até parecem obras espíritas. Leia-se o romance O bem e o mal, entre muitos outros, para comprovar isto. Camilo tem a perfeita consciência de que, na sua última reencarnação, ele não pensava do mesmo modo, e que essa mudança de opinião havia de provocar admiração no amigo. 67 Por "aí", o espírito refere-se à sua última reencarnação na Terra, na qual ele foi Camilo Castelo Branco. 68 Noção de "novela", segundo a qual ela é menor e menos complexa que o romance, e maior e mais complexa que o conto. Camilo escreveu romances, novelas, contos, dramas, poemas e artigos de opinião. 78 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Kamilo aludas al sia propra sperto, informante pri siaj doloroj en la spirita mondo, kaŭzitaj de siaj agoj en la surtera vivo. Temas pri la universa leĝo de karmo, bone konata de la spiritistoj 69. Kamilo ne celis informi la amikon pri sia spirita situacio. Li tion faris, post tridek jaroj, per la mediumeco de Ivono Perejro, en la verko Memoroj de suicidinto. En ĉi tiu mesaĝo lia celo estas alia. Kamilo fokusiĝas sur la planon elaĉeti la amikon el suicido tutcerta, se li ne estus interveninta. Do, aludante al sia vivekzemplo, Kamilo konsciigas Silvon Pinton, dirante ke ĉi tiu havas la bonŝancon havi spiritan amikon, kiu venas el la transtombo por averti lin, ke ankoraŭ estas tempo eviti enorman tragedion. Silvo Pinto estis tre multe helpata rekte de la spirita mondo, en la fino de sia reenkarniĝo. Kamilo venis, per la mediumeco de Fernando Lacerdo, konvinki lin pri la vivo post la fizika morto, kaj averti lin pri la tragediaj konsekvencoj de malbona uzo de la surtera vivo. Eĉ tiel, post kelkaj jaroj, Silvo Pinto preparis suicidon, kiu ne efektiviĝis, ĉar lia malnova amiko Alfredo Anĝelo, grafo de Fontalvo, venis riĉa el Brazilo kaj, neatendite, donacis al Silvo Pinto la monon necesan por pagi la ŝuldojn kaj por vivteniĝi. Silvo Pinto eĉ ne plu memoris lin. Temis pri infano kiu, laŭ la vortoj de Silvo Pinto, infanaĝe ofte ludis ĉe la genuoj de Silvo Pinto 70. La verkisto eĉ ne memoris pri tiu infano. Kiom da infanoj estis helpataj diversmaniere de tiu leono kun sukerkoro? Neniu scias kaj eble neniu scios. Eble eĉ Silvo Pinto ne plu memoras... 69 karmo: oni devas kompreni, ke ĉiuj agoj de la homo sin lanĉas antaŭen en la tempon, kvazaŭ ili estus ondoj kreontaj la situacian reton en kiu tiu homo vivos pli malfrue, en la mondo de la spiritoj aŭ en la mondo de la homoj. Efektive, tio okazas ene de la anima strukturo de la spirito, muldante la perispiriton (energia korpo de la spiritoj), kaj forte influante la fizikajn kaj sociajn kondiĉojn, en kiuj tiu spirito vivos sur la Tero kaj en la spirita mondo. Nepre, oni legu la plej bonajn spiritismajn aŭtorojn, inter kiuj estas plej reliefaj Alano Kardeko, Ŝiko Ŝavjero kaj Ivono Perejro, ĉar ili pritraktis kun scienca rigoro ĉi tiun kaj multajn aliajn spiritismajn aferojn. Oni povas paroli pri bona karmo kaj malbona karmo, sed ĝenerale la vorto estas uzata, en la spiritisma doktrino, kun la senco "rezulto de malbonaj agoj". Oni uzas ankaŭ la esprimon "leĝo de ago-reago" kiel sinonimon de "leĝo de karmo". 70 Vasconcelos, paĝoj 250-262. C.C.B. em Do País Da Luz 79 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo alude à sua experiência pessoal, informando sobre as suas dores no mundo espiritual, causadas pelas suas ações na vida terrena. Trata-se da lei universal do carma, bem conhecida dos espíritas71. Camilo não tinha por objetivo informar o amigo sobre a situação espiritual em que se encontrava. Havia de o fazer, passados trinta anos, pela mediunidade de Yvonne Pereira, na obra Memórias de um suicida. Nesta mensagem o seu escopo é outro. Camilo focaliza-se no plano de resgatar o amigo do suicídio que estava certo, se ele não tivesse intervindo. Portanto, aludindo ao seu exemplo de vida, Camilo consciencializa Silva Pinto, dizendo que este tem a oportunidade de ter um amigo espiritual, que vem do além túmulo para o avisar que ainda há tempo para evitar uma tragédia enorme. Silva Pinto foi muito auxiliado diretamente pelo mundo espiritual no fim da sua reencarnação. Camilo veio, através da mediunidade de Fernando de Lacerda, convencê-lo da vida após a morte física, e avisá-lo das trágicas consequências do mau uso da vida terrena. Mesmo assim, após alguns anos, Silva Pinto preparou o suicídio, que não se efetivou porque o seu velho amigo Alfredo dos Anjos, conde de Font' Alva, veio do Brasil rico e, inesperadamente, oferece a Silva Pinto o dinheiro necessário para o pagamento das dívidas e para sobreviver. Silva Pinto já nem se lembrava dele. Tratava-se de uma criança que, segundo as palavras de Silva Pinto, havia brincado muitas vezes ao colo dele72. Quantas crianças foram auxiliadas de modos diversos por aquele leão de coração de manteiga? Ninguém sabe e é possível que ninguém venha a saber. Talvez o próprio Silva Pinto já nem se lembre... 71 carma: deve entender-se que todas as ações de uma pessoa se projetam no tempo, como se fossem ondas que virão a criar a rede de situações em que essa pessoa viverá mais tarde, no mundo dos espíritos ou no mundo dos homens. Efetivamente, isso acontece dentro da estrutura anímica do espírito, moldando o perispírito (corpo energético dos espíritos), e influenciando fortemente as condições físicas e sociais nas quais o espírito viverá sobre a Terra e no mundo espiritual. É fundamental que se leiam os melhores autores espíritas, entre os quais têm o maior relevo Allan Kardec, Chico Xavier e Yvonne Pereira, pois eles trataram com rigor científico este e muitos outros assuntos espíritas. Pode falar-se de bom carma e de mau carma, mas geralmente a palavra é usada, na doutrina espírita, com o sentido de "resultado de más ações". Também se usa a expressão "lei de açãoreação" como sinónimo de "lei do carma". 72 Vasconcelos, páginas 250-262. 80 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Oni ne povas ne vidi la rektan influon de la spirita mondo en tiuj okazoj. Spiritistoj scias, ke neniu homo estas pli grava ol aliaj en la universo, kaj ke oni ricevas laŭ la agoj kaj meritoj. Oni povas do konkludi, ke Silvo Pinto estis homo multe pli bonkora ol li ŝajnis, kaj ke li kaŝis tian bonkorecon malantaŭ vualo teksita el seriozeco, rigoro, indigno kaj ribelemo. Tamen, Dio ne dormas kaj ĉion vidas, donante al ĉiu el ni laŭ niaj bezonoj, meritoj kaj kapabloj, ĉiam celante nian evoluon kaj feliĉon. 48. «Fiero!!! Fatala kaj horora vorto! Plej pinta kaŭzo de mia, via, ĉies malbonaĵoj!» Agnosko de unu el la homaj difektoj, kiu malebligas la homon pli rapide flugi pli alten. 49. «Origina fonto de mia martira vivo tie, kaj de la martiriĝo de mia vivo ĉi tie! Fonto de ĉiuj doloroj, komenco de ĉiuj malbonigoj, kaŭzo de ĉiuj desperoj!!! 50. Kiajn perfidajn aferojn mi povus priparoli, elvokitaj de la memoro, kiun tiu vorto portis al la pluma pinto! 51. Tamen, skribante al vi , ne tion mi intencis. 52. Mi ne volas distiĝi de tio, kio instigis min skribi al vi.» Post la raciigo de la problemaro, en kiu Silvo Pinto estis envolvita, restas io kio estas detruenda: la fiero. Tiu estas la celo de la parolado de Kamilo kontraŭ la propra fiero. Li konas la penson de Silvo Pinto kaj li scias ke, post ĉi tiu argumentado, nur la fiero povas bari al Silvo Pinto la restrukturigon de lia maniero pensi kaj vivi. 53. « Ekzistis sento en la mondo, kiu povus esti klariginta la nigrecon de mia vivo: ĝi estis la religio de Kristo. Sed tiu sento estis tiam facile submetita de mia tortura dubo, pro mia vivo ĉagrenita kaj pro la senmezura fiero de mia tuta esto galnigra73 kaj ribelema.» 73 galnigra: la kunmetaĵo "galnigra" estas kreata laŭ paŭso de la portugala "atrabiliário". "Galnigra" estas la homo, kies karaktero estas nigra kiel galo, do temas pri iu kiu ne regas sian koleron. C.C.B. em Do País Da Luz 81 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Não se pode deixar de ver a influência direta do mundo espiritual nesses acontecimentos. Os espíritas sabem que nenhuma pessoa é mais importante que as outras no universo, e que se recebe segundo as ações e os méritos. Pode então concluir-se que Silva Pinto era um homem de bom coração, mais do que parecia, e que ele escondia a sua generosidade por detrás de um véu de seriedade, rigor, indignação e revolta. Contudo, Deus não dorme e tudo vê, dando a cada um de nós segundo as necessidades, méritos e capacidades, tendo por objetivo a nossa evolução e felicidade. 48. «Orgulho!!! Fatal e hórrida palavra! Causa suprema do meu, do teu, do mal de todos!» Identificação de um dos aleijões humanos que impedem o homem de voar mais alto e em menos tempo. 49. «Primacial origem da minha vida de mártir aí e do martírio da minha vida aqui! Fonte de todas as dores; início de todas as maldades; causal de todos os desesperos!!! 50. Que de coisas trêdas74 eu podia dizer, evocadas por a lembrança que aquela palavra trouxe aos bicos de pena! 51. Não era esse o meu propósito, porém, ao escrever-te. 52. Não quero afastar-me do que me impeliu a dirigir-me a ti.» Após a racionalização acerca da problemática em que Silva Pinto está envolvido, fica algo que tem que ser destruído: o orgulho. É essa a razão deste discurso de Camilo contra o seu próprio orgulho. Ele conhece o pensamento de Silva Pinto e sabe que, após toda esta argumentação, só o orgulho pode impedir Silva Pinto de reestruturar a sua maneira de pensar e de viver. 53. «Havia um sentimento no mundo que poderia ter iluminado a negrura da minha vida: - era a religião do Cristo; - mas esse sentimento era facilmente suplantado pela dúvida torturante da minha vida amargurada e pelo orgulho desmesurado de todo o meu ser atrabiliário75 e revoltoso.» 74 tredo: traiçoeiro, traidor. 75 atrabiliário: Do latim “ater (negro) + bilis (bílis)”. Diz-se de quem tem o carater negro como a bílis, ou seja, de alguém irascível, que não domina a ira. 82 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Kamilo reasertas, ke li ne tiel pensis en sia lasta surtera ekzisto, kaj ke se iu estus montrinta al li la ĝustan vojon, li ne estus irinta tra la larĝa vojo. Tio estas maniero diri al Silvo Pinto, ke Dio donas al li ŝancon, kiun li devas ekpreni. Kristo estas vidata ĉi tie kiel la solvo por la fiero. Tio estas, sekvante la kristan moralon, la homo liberiĝas el la fiero. 54. «Por vi... por vi... 55. Silvo Pinto. Estas tre strange kaj nekredeble, ke mi parolas al vi, skribante per mano de homo preskaŭ nekonata de ni ambaŭ. Tamen, aferoj strangaj kaj nekredeblaj ĉiam modifadis la mondon kaj la homon en lia progresa evoluo tra la jarcentoj.» Kamilo aludas al la metodo transsendi la mesaĝon kaj al la elektita mesaĝulo. 56. «Ne haltu por pensi pri tio. Ne indas. Ne volu malkovri en unu momento tion, kion aliaj ne kapablas per la ofero de sia tuta vivo.» La spirito invitas al la akcepto, ke la spiritaj aferoj ne povas esti komprenataj ĉiuj en unu nura momento, kaj ke do estas kompreneble, ke Silvo Pinto ne trovas tujajn respondojn por ĉio. 57. «Rigardu, miajn diraĵojn pasigu tra la puriga fandvazo 76 de via analizo de homo bona kaj bonkora. 58. Memoru, ke eĉ se ĉi tio estus dirita de la homo kiu skribas, la skribaĵo aperas sub la ŝildo de mia nomo. Por tion skribi, li pensis pri mi, pri via amiko, la plej granda, kiel vi nomas min. Tio devas esti respektinda por vi.» Kamilo sugestas al la amiko, ke li koncentriĝu en la kerno de la mesaĝo, ne en la mesaĝulo, nek en la proceso ĝin produkti. 76 fandvazo: ujo el netravarmiga fandendajn metalojn. materio, kiu taŭgas por ricevi C.C.B. em Do País Da Luz 83 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo reafirma que não pensava assim na sua última existência terrena, e reitera a afirmação que, se tivesse tido alguém a mostrar-lhe o caminho certo, não teria seguido pelo caminho largo. É uma forma de dizer a Silva Pinto que Deus lhe dá uma oportunidade e que ele a deve agarrar. Cristo é apresentado como a solução para o orgulho. Ou seja, seguindo a moral de Cristo, o homem liberta-se do orgulho. 54. «Para ti... para ti... 55. Silva Pinto. É bem estranha e bem inacreditável coisa esta de eu te estar a falar, escrevendo pela mão de um quase desconhecido para nós ambos; mas bem estranhas e inacreditáveis coisas têm modificado o mundo e o homem no seu evolucionar progressivo através dos séculos.» Camilo aborda a questão do método de transmissão da mensagem e do mensageiro escolhido. 56. «Não te detenhas a pensar nisso. Pouco vale. Não queiras descobrir em um momento o que outros não conseguem com o sacrifício da sua vida inteira.» O espírito apela ao reconhecimento de que as questões espirituais não podem ser apreendidas todas num momento, e que é natural que Silva Pinto não encontre respostas imediatas para tudo. 57. «Vê, passa pelo cadinho77 purificador da tua análise de bom e de homem de coração o que deixo dito. 58. Lembra-te de que, quando mesmo seja dito pelo homem que escreve, o que ele escreve está sob a égide do meu nome. Para o escrever pensou em mim, no teu amigo, no teu companheiro, no maior de todos, como me chamas. Isto deve ser para ti respeitável.» Camilo sugere ao amigo que se concentre mais no teor da mensagem, do que no mensageiro e no modo de produção da própria mensagem. 77 cadinho: vaso de argila refratária, de ferro, de prata, de platina ou de outra matéria, que serve para nele se fundirem metais ou outros minerais. 84 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 59. «Kiam vi volos reagi kontraŭ la kredo, ke estas mi, kiu vin konsilas, kiu vin suplikas, kiu vin plorpetas, en granda anksio, ke vi devojigu viajn lacajn okulojn, preskaŭ elĉerpiĝintajn, el la marĉo de la surteraj pasioj, ke vi levu viajn okulojn alten, kie loĝas Dio, la Bono kaj la Belo. Pensu, komprenu, ke tiu homo abnegacie diras al vi strangajn aferojn, sed li tion faras en mia nomo, asertante ke ili estas miaj. 60. Ĉu tiuj vortoj estas bonaj? Ĉu malbonaj? 61. Se ili estas bonaj, akceptu ilin pro mia memoro; se ili estas malbonaj, forĵetu ilin, ĉar eĉ en mia nomo, tiaokaze ili ne portus bonaĵojn al vi. 62. Sed, laŭ la sperto farita el doloroj, mi diras al vi, ke ili estas bonaj. Se ilin vi ne akceptos nek uzos, ve al vi!, mia kara frato en la torturo!, ve al vi!, ĉar tro malfruos por ŝanĝi la vojon, kaj tro fruos por ke vi kontrolu vian eraron!» Kamilo proponas al Silvo Pinto lian juĝon de bona homo, lian analizan kapablon, lian vivosperton, dirante ke se liaj ideoj kaj konceptoj elmontritaj en la mesaĝo estas bonaj, ke li ilin respektu en nomo de sia amiko Kamilo. 63. «Mia kara amiko, mia sankta amiko! Vi, kiu estas ankoraŭ iom da mia surtera sufero, verko de mia fiero, de mia egoismo, de mia amaro, aŭskultu min kaj akceptu. 64. Mi ne scias, ĉu mi povos ankoraŭ paroli al vi alian fojon kaj akurate! Ne estus la malplej granda doloro por mi, se mi devus agnoski, ke mi ne havis tiom da persvada forto por fari al vi la bonon, kiom mi havis por fari al vi la malbonon!» Finiĝas la unua letero. Kamilo ege suplikas, ke la amiko lin aŭskultu, esprimante sian deziron esti sufiĉe persvada por elaĉeti Silvon Pinton "akurate", tio estas, antaŭ ol la suicido. C.C.B. em Do País Da Luz 85 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 59. «Quando queiras reagir contra a crença de que sou eu que te aconselha, quem te suplica, quem te implora numa grande ânsia de obtenção, que desvies a tua vista cansada, quase gasta, quase a desaparecer, do marnel78 das paixões terrenas e a eleves ao alto, onde reside Deus, a Bondade e o Belo, pensa, vê, que esse que faz o abnegado serviço de te dizer coisas estranhas e dedicadas o faz em meu nome e como se de mim fossem. 60. São boas? São más? 61. Se são boas aceita-as em lembrança minha; se são más deita-as fora, porque nem em meu nome te dão coisa boa. 62. Mas pela experiência feita de dores te digo que são boas; e se como tais as não receberes e usares, ai de ti meu querido irmão na tortura, ai de ti, que será sempre tarde de mais para arrepiares caminho, e cedo em demasia para verificares o erro!» Camilo propõe a Silva Pinto o seu julgamento de homem bom, a sua capacidade analítica, a sua experiência de vida, e diz-lhe que se as ideias e conselhos expostos na mensagem são bons, então que os respeite em nome do seu amigo Camilo. 63. «Meu querido amigo, meu santo amigo, tu, que és ainda um pouco do meu sofrimento na terra, um pouco obra do meu orgulho, do meu egoísmo, do meu amargor, ouve-me e atende-me. 64. Não sei se poderei ainda falar-te de novo e a tempo! E não será a menor das dores para mim se tiver de reconhecer que não pude pôr a força da persuasão bastante para fazer-te o bem quando tanta tive para te fazer o mal!» É o fim da primeira carta. Camilo faz um apelo pungente para que o amigo o oiça, expressando o seu desejo de ter sido suficientemente persuasivo para resgatar Silva Pinto "a tempo", isto é, antes do suicídio. 78 marnel: terreno alagadiço e argiloso. 86 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net * * * Kiel oni pruvis, ĉi tiu letero estas zorge konstruita. Ĝi uzas retorikajn rimedojn por la teksta konstruo. Ĝi ludas per tropoj, kiuj montras grandan scion pri la personeco de la celito, kaj ĝi lin gvidas, el la embaraso en kiu li troviĝas por la liberiĝo. La retaj nodoj malembarasiĝas zorgoplene, jen dismaŝigante iun, jen alian, zorge, saĝe. Se tiu ne estis Kamilo Kastelo Branko, kiu alia povus paroli tiel al Silvo Pinto? Ĉu Fernando Lacerdo mem, kies scioj pri literaturo kaj filozofio estis apenaŭaj? C.C.B. em Do País Da Luz 87 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net * * * Como ficou demonstrado, trata-se de uma epístola construída cuidadosamente, que usa recursos retóricos de construção textual, que joga com figuras de estilo, que mostra um grande conhecimento da personalidade do destinatário, e que o orienta, do emaranhado em que ele se encontra para a libertação. Os nós da teia são desmanchados cautelosamente, ora aliviando um, ora aliviando outro, desatando um e depois o outro, cuidadosamente, sabiamente. Se não era Camilo Castelo Branco, quem mais poderia falar assim a Silva Pinto? Seria o próprio Fernando de Lacerda cujos conhecimentos de literatura e de filosofia eram escassos? 88 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 5. La aliaj leteroj de Kamilo La unua letero de Kamilo al Silvo Pinto malfermis la verkon El la lando de la lumo, kie komunikiĝis dekoj da spiritoj de famaj homoj. Plejparto el ili estis portugalaj verkistoj, kiuj venis atesti, ke la vivo daŭras plu, kaj ke la ununuraj titoloj akceptataj en la spirita mondo estas la pura konscio, la elkora laboro favora al la proksimulo kaj la honesta studo, kiu povas inici la animon en la komprenadon pri la leĝoj de Dio. Tra la kvar volumoj, kiuj konstituas la verkon El la lando de la lumo, aperas dek unu komunikoj de Kamilo Kastelo Branko. Ĉi tiu laboro ne pretendas detaligi ĉiujn komunikojn de Kamilo, des malpli ĉiujn komunikojn de la verko. La detala analizo de la unua komuniko de Kamilo celis montri, ke nur Kamilo povus esti skribinta tiun leteron. Sen troa analizo, oni tuj donos kelkajn informojn pri la aliaj dek leteroj skribitaj de Kamilo per la plumo de la mediumo Fernando Lacerdo. Kompreneble, nenio dirata ĉi tie, aŭ en iu ajn alia eseo, anstataŭas la kompletan legadon de la verko El la lando de la lumo, kies legadon oni entuziasme rekomendas. Konsultante la liston de la dek unu komunikoj de Kamilo, prezentotan en la sekvanta paĝo, estas videble, ke la granda zorgo de la eminenta verkisto estis savi la amikon Silvo Pinto, kiu tiel iĝas la precipa temo de ses el la dek unu komunikoj. La partopreno de Kamilo en la grandioza verko de Fernando Lacerdo fariĝas malpli ofta, kiam lia misio alproksimiĝas al la fino: ses el la dek unu leteroj aperas en la volumo 1-a, tri en la 2-a, unu en la 3-a kaj unu en la 4-a. La komunikoj kies temo estas Silvo Pinto estas la 1-a, la 2-a, la 5-a, la 6-a, la 9-a kaj la 11-a. Silvo Pinto elkarniĝis en Lisbono, en novembro 1911, kaj Lacerdo estis alveninta al Brazilo en julio 1911. Silvo Pinto, jam en la spirita mondo, skribis kvin komunikojn per la mediumeco de Lacerdo, kiuj estas en la lasta volumo, kiun la mediumo mem vidas nur el la spirita mondo, kien li foriris en aŭgusto 1918. Jam estas Lacerdo-spirito kiu prefacas la 4-an volumon. C.C.B. em Do País Da Luz 89 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 5. As outras cartas de Camilo A primeira carta de Camilo a Silva Pinto abriu a obra Do país da luz, onde se comunicaram dezenas de espíritos de personagens célebres. Na sua maioria, eram escritores portugueses que vinham testemunhar que a vida continua, e que os únicos pergaminhos aceites no mundo espiritual são a consciência limpa, o trabalho desinteressado a favor do próximo e o honesto estudo que pode iniciar a alma no entendimento das leis de Deus. Ao longo dos quatro volumes que constituem a obra Do país da luz, surgem onze comunicações de Camilo Castelo Branco. Este trabalho não procura esmiuçar todas as comunicações de Camilo, e muito menos todas as comunicações que constituem a obra. A análise pormenorizada da primeira comunicação de Camilo serviu para mostrar que só Camilo poderia ter escrito aquela carta. Sem grande pormenor, apresentar-se-á, de seguida, alguma informação sobre as outras dez cartas que Camilo escreveu pela pena do médium Fernando de Lacerda. É claro, que nada do que se diga aqui ou em qualquer outro ensaio substitui a leitura integral da obra Do país da luz, cuja leitura se recomenda vivamente. Pela simples consulta da lista das onze comunicações de Camilo, que se apresenta na página seguinte, é visível que a grande preocupação do insigne escritor era salvar o amigo Silva Pinto, o qual se torna o assunto principal de seis dessas onze comunicações. A participação de Camilo na grande obra de Fernando de Lacerda torna-se menos frequente, à medida que a sua missão atinge o fim: seis das onze cartas apareceram no volume I, três no II, uma no III e uma no IV. As comunicações cujo assunto é Silva Pinto são a 1.ª, a 2.ª, a 5.ª, a 6.ª, a 9.ª e a 11.ª. Silva Pinto desencarnou em Lisboa, em novembro de 1911, e Lacerda havia chegado ao Brasil em julho de 1911. Silva Pinto, já no mundo espiritual, escreve cinco comunicações pela mediunidade de Lacerda, que são publicadas no último volume que o próprio médium já só vê do mundo espiritual, para onde partiu em agosto de 1918. É já Lacerda-espírito que prefacia o 4.º volume. 90 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Listo de la leteroj de Kamilo en El la lando de la lumo 1-a letero - vol.1 p.64 - 1906-10-28 Temo: Silvo Pinto 2-a letero - vol.1 p.81 - 1906-11-18 Temo: Silvo Pinto 3-a letero - vol.1 p.90 - 1906-11-20 Temo: Juljo Diniso 4-a letero - vol.1 p.93 - 1906-11-20 Temo: La duboj pri la senmorteco 5-a letero - vol.1 p.102 - 1906-11-24 Temo: Silvo Pinto 6-a letero - vol.I p.132 - 1906-12-02 Temo: Silvo Pinto 7-a letero - vol.2 p.72 Temo: Identeco de Kamilo-spirito mem 8-a letero - vol.2 p.77 Temo: Identeco de Kamilo-spirito mem 9-a letero - vol.2 p.193 Temo: Silvo Pinto 10-a letero - vol.3 p.132 Temo: Etikaj pripensoj 11-a letero - vol.4 p.224 Temo: Silvo Pinto Tiel, povolume: En la volumo 1-a - 6 leteroj En la volumo 2-a - 3 leteroj En la volumo 3-a - 1 letero En la volumo 4-a - 1 letero C.C.B. em Do País Da Luz 91 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Lista das cartas de Camilo em Do país da luz 1.ª carta - vol.I p.64 - 1906-10-28 Assunto: Silva Pinto 2.ª carta - vol.I p.81 - 1906-11-18 Assunto: Silva Pinto 3.ª carta - vol.I p.90 - 1906-11-20 Assunto: Júlio Dinis 4.ª carta - vol.I p.93 - 1906-11-20 Assunto: Aa dúvidas sobre a imortalidade 5.ª carta - vol.I p.102 - 1906-11-24 Assunto: Silva Pinto 6.ª carta - vol.I p.132 - 1906-12-02 Assunto: Silva Pinto 7.ª carta - vol.II p.72 Assunto: A identidade do próprio Camilo-espírito 8.ª carta - vol.II p.77 Assunto: A identidade do próprio Camilo-espírito 9.ª carta - vol.II p.193 Assunto: Silva Pinto 10.ª carta - vol.III p.132 Assunto: Reflexões éticas 11.ª carta - vol.IV p.224 Assunto: Silva Pinto Assim, por volume: No volume I - 6 cartas No volume II - 3 cartas No volume III - 1 carta No volume IV - 1 carta 92 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 1-a letero - vol.1 p.64 - 1906-10-28 Temo: Silvo Pinto Ĝi estas la unua letero, jam analizita en ĉi tiu verketo, skribita de Kamilo al Silvo Pinto por lin persvadi ŝanĝi la mensan teniĝon antaŭ la vivo, kiel vidite. 2-a letero - vol.1 p.81 - 1906-11-18 Temo: Silvo Pinto Kamilo alnomas la mediumon "mia kara mediumo" kaj informas lin, ke li ĉeestis, kiam Lacerdo vizitis Silvon Pinton. Li asertas dufoje, ke Lacerdo legis la leteron al Silvo Pinto. Li estis tie, kaj li ne ĉeestis la viziton nur de ekstere. Kamilo legis la penson de Silvo Pinto, analizis ĝin, sentis liajn dubojn kaj lian emocion. Li atribuas la dubŝancelojn de la amiko al la "malbenita fiero", kontraŭ kiu la "enorma talento de Silvo Pinto" kontraŭbatalis. Sin direktante al Lacerdo, Kamilo diras: "(Silvo Pinto) bone komprenis, ke la skribaĵo legita de vi al li, estis mia". Kamilo kontentis, ĉar li sciis, ke li sukcesis semi la dubon en la koron de Silvo Pinto. Li klarigas al Lacerdo sian planon, komparante sian laboron al tiu de homo kiu, dezirante ruli enorman rokon, frapas per maleo sur etan feran kojnon sur la ĝustan lokon por kaŭzi malekvilibron. Ĝi estas imago plena je metaforoj, okupante preskaŭ tutan paĝon. Diras Kamilo al Lacerdo: "Ni sentigu al li, ke ne ekzistas pli granda malfortaĵo ol la priopinia." La granda verkisto havis planon perfekte elpensita. Tiu estis lia enmomenta tasko, kaj li uzis sian tutan inteligenton por savi Silvon Pinton. Li sin dediĉas. Li studas la amikon. Li montras al Lacerdo sian planon kaj efektivigas ĝin iom post iom. Kamilo estas aperta koro, travidebla kaj vera homo. Tiel facile kiel li agnoskas, ke Silvo Pinto havas privilegiitan inteligenton kaj grandan koron, same facile li diras, ke la fiero kaj la vanto malebligas al Silvo Pinto prijuĝi sian vivon kaj sian literaturan verkaron. Li argumentas ke, eĉ se la eterneco ne ekzistus, Silvo Pinto certe preferus morti kun trankvila koro, ol kun "la malamo disfulmanta el la okuloj". C.C.B. em Do País Da Luz 93 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 1.ª carta - vol.I p.64 - 1906-10-28 Assunto: Silva Pinto Trata-se da carta analisada neste opúsculo, escrita por Camilo a Silva Pinto para o persuadir a mudar a atitude mental face à vida, como foi visto. 2.ª carta - vol.I p.81 - 1906-11-18 Assunto: Silva Pinto Camilo dirige-se ao médium como “meu querido médium” e comunica-lhe que ele estava presente, quando Lacerda foi visitar Silva Pinto. Camilo afirma duas vezes que Lacerda leu a carta a Silva Pinto. Ele estava lá e não se limitou a presenciar a visita de fora. Camilo leu o pensamento de Silva Pinto, perscrutou-o, sentiu as suas dúvidas e a sua comoção. Atribui as vacilações de Silva Pinto ao “orgulho maldito” contra o qual se debatia “o seu talento enorme”. Dirigindo-se a Lacerda, Camilo diz: “(Silva Pinto) via bem que o que lhe lias, era meu e bem meu”. Camilo fica contente pois sabe que conseguira semear a dúvida no coração de Silva Pinto, e explica a Lacerda o seu plano, comparando o seu trabalho com o de alguém que, querendo fazer rolar uma enorme pedra, bate com uma marreta numa pequena cunha férrea no sítio certo para provocar o desequilíbrio. É uma imagem cheia de metáforas, que ocupa quase uma página. Diz Camilo a Lacerda: “Façamos-lhe sentir que não há maior fraqueza do que a fraqueza de opinião.” O grande escritor tem um plano perfeitamente delineado. Aquela é a sua tarefa de momento, e ele usa toda a sua inteligência para salvar Silva Pinto. Empenha-se. Estuda o amigo. Mostra a Lacerda o seu plano e executa-o pouco a pouco. Camilo é um coração aberto, um homem franco e verdadeiro. Com a mesma facilidade com que reconhece que Silva Pinto tem uma inteligência privilegiada e um coração grande, diz que o orgulho e a vaidade o impedem de questionar a sua vida e a sua obra literária. Argumenta que, ainda que a eternidade não existisse, Silva Pinto certamente prefere morrer de coração sossegado do que com o “ódio a fulminar dos olhos”. 94 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Li finas la mesaĝon dirante: «Amiko Silvo Pinto: (...) Estas mi, la granda Kamilo, kiel vi nomis min, kiu eniris en la senmortecon (...). Retroiru! Retroiru! Savu vin! Savu vin! Ĉe viaj piedoj estas la terura abismo (...)!» La amiko krias al li el la transtombo, el la transkappafo, el la transsuicido, por insiste petegi al li, ke li ne eraru sammaniere. Ĉi tiu mesaĝo finiĝas per noto de Fernando Lacerdo, kiun oni komplete reskribas: «Mi legis al S-ro Silvo Pinto la dua leteron celitan al li. Tiam ĉi tiu granda animo diris, tre emociiĝinta ke, se tiu estis Kamilo, kiel verŝajne estas ĉar li ne povis akcepti ke alia homo krom Kamilo povus skribi tiun leteron, ke Kamilo diru al li, kion li devas fari, kaj ke li konsilu lin, ĉar li ankoraŭ estis lia verko. Lia pensmaniero, lia malfido, ankoraŭ estis produktoj de liaj lecionoj, ĉar li neniam aŭskultis al li ion similan al ĉi tio nun dirata. Li parolis pliajn diraĵojn sub pena kaj stranga impreso. Kamilo simple respondis: - Mi respondos. Post kelkaj tagoj, Kamilo skribis la komunikon aperantan en la 81-a paĝo 79.» Ĉi tiu noto de Lacerdo tre gravas. El ĝi oni induktas la jenon: 1. Silvo Pinto, disĉiplo de Kamilo kiu tre bone konis la stilon de la enorma romanisto, rekonis lin. 2. Jam videblas en Silvo Pinto, malantaŭ tiu aŭstera kaj polemika homo, enorma koro kaj granda emo kompreni la spiritan mondon; 3. Kamilo ne agas sen antaŭpensado. Li estas pripensonta, kaj donos la respondon post du tagoj; 79 Ĝi devus esti la paĝnumero de la 1-a volumo de El la lando de la lumo, kie komenciĝas la 5-a letero de Kamilo. Tamen, en la konsultita eldono, tiu paĝnumero ne estas la ĝusta, ĉar la aludita mesaĝo de Kamilo estas en la 102-a paĝo, ne en la 81-a. La 3-a kaj la 4-a leteroj pritraktas aliajn aferojn. Konsultu la Bibliografion. C.C.B. em Do País Da Luz 95 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Termina a mensagem dizendo: «Amigo Silva Pinto: (...) Sou eu, o grande Camilo, como me chamavas, que entrou na imortalidade (...). Recua! Recua! Salva-te! Salva-te! que a teus pés está o abismo pavoroso (...)!» O amigo grita-lhe do além-túmulo, do além tiro na cabeça, do além suicídio, para lhe pedir veementemente que não cometa a mesma asneira. Esta mensagem termina com uma nota de Fernando de Lacerda, que se reproduz na íntegra: «Quando li ao Ex.mo Sr. Silva Pinto a segunda carta a ele dirigida, este grande espírito, disse, profundamente comovido, que se era bem Camilo que se lhe dirigia, como parecia ser, visto não poder admitir que houvesse quem escrevesse aquela carta senão Camilo, lhe dissesse o que havia de fazer; que o aconselhasse; porque ele era ainda obra sua; o seu modo de pensar, a sua descrença, eram ainda produto das suas lições; porque nunca lhe ouvira coisa que se parecesse com o que lhe dizia agora. Outras coisas disse mais sob penosa e estranha impressão, a que Camilo respondeu simplesmente: - Responderei. Dias depois escreveu a comunicação inserta na página 81.80» Esta nota de Lacerda é de suma importância. Dela se depreende o que se segue: 1. Silva Pinto, discípulo de Camilo, bom conhecedor do estilo do insigne romancista, identificou-o. 2. Havia já em Silva Pinto, por detrás daquele homem austero e polémico, uma inteligência brilhante, um coração enorme e uma grande disponibilidade para compreender o mundo espiritual; 3. Camilo não se precipita. Não responde de imediato a Lacerda. Vai refletir, e dá a resposta passados dois dias. 80 Deveria ser o número da página começa a 5.ª carta de Camilo. número não está correto, pois a na página 102, não na 81. A assuntos. Consultar Bibliografia. do 1.º volume de Do país da luz, onde Contudo, na edição consultada, esse referida mensagem de Camilo aparece 3.ª e a 4.ª carta tratam de outros 96 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 4. Pri la humileco kaj kuraĝo de la mediumo. Fernando estas tie por servi, ĉiam disponebla, klopodante fari sian laborparton por ke la plano de Kamilo alvenu al bona rezulto. 3-a letero - vol.1 p.90 - 1906-11-20 Temo: Juljo Diniso La tria komuniko de Kamilo venas en la sama tago, en kiu la verkisto Juljo Diniso81 sendas sian unuan komunikon al Fernando Lacerdo. Estas videble ke, en tiu tempo, Kamilo umas tre proksime de Lacerdo. Oni konsideras Kamilon kaj Juljon Dinison interaj verkistoj 82, inter la romantikismo kaj la realismo. Kvankam ili ricevas la saman etikedon (interaj verkistoj), la stiloj kaj la zorgoj de ĉiu el ili estas malsamaj. Kamilo priskribas la dolorojn, la ĉagrenojn, la perfidojn, la mortojn, la krimojn, la mankon de etiko, la grandajn moralajn ekzemplojn, el la intestaro, kun fervoro, doloro kaj amo, kun larmoj kaj sango, kaj kelkfoje ankaŭ kun galo. En Juljo Diniso, la mondo estas rozkolora kaj bebblua, ĉiam kun pulsa dolĉeco en la analizo de la karakteroj kaj de la situacioj. Ĝuste tion Kamilo diras en sia tria mesaĝo, sed laŭ la maniero aparte genia, kiun nur li havas. Kamilo ekas informante Lacerdon, ke la ĵusa komuniko estis donita vere de Juljo Diniso. Eble li estis leginta dubon en la menso de la mediumo, kaj do li volis trankviligi lin. Komparante la stilon de siaj propraj komunikoj kun tiu de Juljo Diniso, diras Kamilo: «Unu83 estas la lago, kie speguliĝas la blua ĉielo, kaj kie la rozoj de la lagbordo sin klinas kaj sin revidas. La aliaj 83 estas la tumulto de la nebrideblaj ondoj, kiuj reboligadas ŝlimon kaj feĉon, forĵetante kontraŭ malglataj kaj pinglokrutaj rokoj la korpon dispecigitan kaj sangozan, pro malfeliĉa drono en la vivboato.»84 81 Pseŭdonomo de la portugala verkisto kaj kuracisto Ĝoakimo Giljermo Gomo Koeljo (1839-1871). 82 Oni tradukas la portugallingvan literaturteknikan esprimon "escritor de transição" (verkisto en transirado) al la esperanta "intera verkisto", ĉar tiuj verkistoj estas inter du skoloj. 83 Per "unu" kaj "la aliaj", Kamilo aludas unue al la mesaĝo de Juljo Diniso (unu), poste al siaj propraj mesaĝoj (la aliaj). 84 Kia vervo! Nur Kamilo! C.C.B. em Do País Da Luz 97 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 4. A humildade e coragem do médium. Fernando está ali para servir, sempre pronto, esforçando-se por fazer a sua parte para que o plano de Camilo chegue a bom termo. 3.ª carta - vol.I p.90 - 1906-11-20 Assunto: Júlio Dinis A terceira comunicação de Camilo surge no mesmo dia em que o escritor Júlio Dinis85 envia a sua primeira comunicação a Fernando de Lacerda. É visível que, por essa altura, Camilo anda bem por perto de Lacerda. Camilo e Júlio Dinis são considerados escritores de transição86 entre o romantismo e o realismo. Apesar de serem rotulados do mesmo modo (“escritores de transição”), o estilo e as preocupações de cada um são distintos. Camilo descreve a dor, o desgosto, as traições, a morte, os crimes, a falta de ética, os grandes exemplos morais, a partir das entranhas, com fervor, dor e amor, com lágrimas e sangue, e algumas vezes com bílis também. Em Júlio Dinis o mundo é cor de rosa e azul bebé, havendo sempre uma docilidade latente na análise dos carateres e das situações. É isto mesmo que Camilo diz na sua terceira mensagem, mas do modo genialmente que só ele tem. Camilo começa por informar Lacerda de que a comunicação anterior era mesmo de Júlio Dinis. Talvez tenha lido a dúvida na mente do médium e quisera descansá-lo. Comparando o estilo das suas próprias comunicações com a de Júlio Dinis, diz Camilo: «Uma87 é o lago onde se espelha o céu azul e onde as rosas da margem se debruçam e remiram; as outras 87 são o tumultuar das ondas indómitas, refervendo o lodo e a vasa, arremessando contra as rochas escarpadas e arrendadas de mil agulhas o corpo dilacerado e sanguento de um naufrágio infeliz do batel da vida.» 85 Pseudónimo do escritor e médico português Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1839-1871). 86 A expressão "escritores de transição" assume caráter técnico em literatura portuguesa. 87 Por "uma" e "as outras", Camilo refere-se primeiro à mensagem de Júlio Dinis (uma), depois às suas próprias mensagens (as outras). 98 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Poste li plu kreas aliajn imagojn, kiuj bildigas la stilan diferencon inter la du romanistoj. La tria komuniko de Kamilo finiĝas per ĉi tiu alineo de granda profeta beleco: «Dum ekzistos la portugala lingvo, oni legos kaj eble oni amos mian verkon. Dum ekzistos bonkoreco kaj amo en la mondo, oni komprenos kaj estimos la verkon de Juljo Diniso.»88 En la kompilado Neeldonitaj kaj disigitaj89, kiu enhavas leterojn kaj aliajn tekstojn de Juljo Diniso kaj de aliaj homoj, kiuj rilatiĝis kun li, enestas kvar aludoj al Kamilo Kastelo Branko: du skribitaj de Juljo Diniso kaj aliaj du de leganto, kiu multe admiris kaj Kamilon kaj Dinison. Faŭsteno90 Ŝavjero Novajso, aŭtodidakto pri literaturo, en la paĝoj 537 kaj 538 de la kompilado Neeldonitaj kaj disigitaj, perletere teksas laŭdojn al Juljo Diniso, aldonante ke li estas disĉiplo de la granda Kamilo kaj granda admiranto de Juljo Diniso. Estas kurioze, ke la sama leganto kunigas niajn du interajn verkistojn per siaj laŭdoj. Li eĉ asertas esti "fanatika" por Kamilo. Tiu homo estis malriĉa portugalo, kiu vivis tiam en Rioĝanejro 91. Lia ligo al la dista kaj saŭdada patrujo estis farata per legado de niaj aŭtoroj. En la paĝo 872 de la sama verko, Juljo Diniso mem, en letero skribita al sia amiko Kustodjo Paso, en 1869, rakontas, ke iu pridemandis al li kiajn rilatojn li havis kun Kamilo. Diniso respondis kun "indiferento", ke tiuj rilatoj estis "malmultaj". La demando ekaperis pro la koincido, ke ambaŭ verkistoj estis en tiuj tagoj en la ĉefurbo, Lisbono. En la paĝo 873, en letero skribita al la sama amiko Kustodjo Paso, Juljo Diniso asertas92: 88 Kamilo laŭdas la bonkorecon videblan en la verkoj de Diniso, dum li atribuas al siaj propraj verkoj literaturajn kvalitojn, kiuj ĝuos la eternecon de la portugala lingvo. Aliflanke, li ĉiam silentas pri la moralaj kvalitoj de sia verkaro, kio estas trajto de humileco. Homo kiu ne konas la kamilan verkaron povus pensi, ke en ĝi nur ekzistas ribelemo kaj ĉagrenoj, sed tie legiĝas ankaŭ la plej altaj valoroj de la vivo. 89 Oni uzis la jenan eldonon: DINIS, Júlio, Obras de Júlio Dinis, Lello & Irmão Editores (Porto), du volumoj en biblia papero. La aludoj al Kamilo Kastelo Branko troviĝas en la paĝoj 537, 538, 872 kaj 873. 90 "Faŭsteno" estas la transliterado de la portugallingva vira homnomo "Faustino". Mi ŝanĝis la finon "-ino" al "-eno", kun la intenco uzi la finon "-ino" nur por inaj homnomoj, kiel "Johanino", "Ĵaklino", "Mariino, "Manŭelino", kaj cetere. 91 La portugallingvan "Rio de Janeiro" mi transliteradas al "Rioĝanejro", el kiu facile oni uzas la vorton "rioĝanejrano". 92 La tekstero estas tutece reskribita, kaj la kursivoj estas en la originaĵo. C.C.B. em Do País Da Luz 99 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Depois continua a criar outras imagens ilustrativas da diferença estilística entre os dois romancistas. A terceira comunicação de Camilo termina com este parágrafo de grande beleza profética: «Enquanto se ler português há-de ler-se, e talvez amar-se a minha obra; enquanto houver bondade e amor no mundo há-de compreender-se e estimar-se a obra de Júlio Dinis.»93 Na compilação Inéditos e esparsos94, que contém cartas e outros textos de Júlio Dinis e de outras pessoas que com ele se relacionaram, surgem quatro referências a Camilo Castelo Branco: duas de Júlio Dinis e outras duas de um leitor admirador de Camilo e de Júlio Dinis. Faustino Xavier de Novais, autodidata em literatura, nas páginas 537 e 538 da compilação Inéditos e esparsos, tece elogios a Júlio Dinis, numa carta que lhe envia, dizendo-se discípulo do grande Camilo e grande admirador de Júlio Dinis. É curioso como o mesmo leitor junta nos seus elogios os nossos dois escritores de transição. Ele chega mesmo a afirmar-se “fanático” por Camilo. Trata-se de um português pobre que vivia no Rio de Janeiro, cuja ligação à pátria distante e saudosa era feita pela leitura dos nossos autores. Na página 872 da mesma obra, é o próprio Júlio Dinis, que numa carta escrita ao amigo Custódio Passos, em 1869, conta que alguém lhe perguntara que relações tinha com Camilo; ao que ele respondera com “indiferença”, que eram “poucas”. A pergunta surgira devido à casualidade dos dois escritores se encontrarem por esses dias na capital. Na página 873, numa carta escrita passados oito dias ao mesmo Custódio Passos, Júlio Dinis afirma95: 93 Camilo elogia a bondade visível nas obras de Dinis, enquanto atribui às suas próprias obras qualidades literárias, que fruirão a eternidade da língua portuguesa. Por outro lado, ele silencia-se sempre em relação às qualidades morais da sua obra, o que é um traço de humildade. Alguém que não conheça a obra camiliana poderia pensar que nela só existisse a revolta e os desgostos, mas aí lêem-se também os mais altos valores da vida. 94 Usou-se a seguinte edição: DINIS, Júlio, Obras de Júlio Dinis, Lello & Irmão Editores (Porto), dois volumes em papel bíblia. As alusões a Camilo Castelo Branco encontram-se nas páginas 537, 538, 872 e 873. 95 O excerto está citado na íntegra, e as palavras em cursivo são do original. 100 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net «Hieraŭ, subirante en Ŝjado 96, mi vizaĝe-al-vizaĝe koliziis kun la nesengrava personeco Kamilo Kastelo Branko. Se tio okazus en Porto, ni salutus unu la alian tre ceremonie kaj ni pasus. Ĉi tie97 io alia okazis. La afabla romanisto sin direktis al mi kun tiel afablaj manieroj, ke eĉ ŝajnus, ke li sentas veran plezuron renkonti min. Li detale plendis pri siaj fizikaj malbonaĵoj98, kiuj devigis lin veni al Lisbono. Li ektimas pri supozebla malsano ĉe la spina medolo, kaj efektive li havas kelkajn fundamentojn por tia supozo. Li lacas pro malsano de filo, kio devigis lin esti en daŭra sendormeco dum tagoj. Li informiĝis pri miaj malsanoj, donis konsilojn al mi, kaj sentis elkore, ke mia malsano ne permesas al mi verki. En la fino, li invitis min al sia hejmo. Ni apartiĝis kvazaŭ ni estus grandaj amikoj, post kapapuda babilo dum horkvarono. La viro estas fakte dispeciĝinta. Li diras, ke li mortas sata, ĉar li sciis multe vivi dum 42 jaroj.» El ĉi tiu tekstero, oni induktas iom pri la estmaniero de Juljo Diniso kaj de Kamilo. La brita indiferento de Juljo Diniso, kiu ne kaŝas al la letercelito senestimon al la granda romanisto, preskaŭ atingas la afablecon antaŭ la portugala sango de Kamilo. Alveninte al ia evolua ŝtupo, la pordoj de la spiriteco apertas al la okuloj de la animoj, kaj nature ili ŝanĝas konceptojn pri la mondo kaj pri la vivo. Tamen, ni ne estiĝas tute aliaj homoj, restigante multajn el la ecoj, kiuj konstituas nian personecon. Iu studinta iom pri la vivo kaj verko de ĉi tiuj du verkistoj, facile rekonas la samajn aktorojn, eĉ kiam ili paŝas sur alia scenejo. 96 PT "Chiado" EO "Ŝjado": nomo de ŝika lisbona kvartalo. 97 "Ĉi tie" signifas "en Lisbono". 98 Oni memoru, ke Diniso estis kuracisto krom verkisto. C.C.B. em Do País Da Luz 101 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net «Ontem descendo o Chiado, esbarrei cara a cara com não menor personagem do que Camilo Castelo Branco. Se fosse no Porto, saudar-nosíamos muito cerimoniàticamente e passaríamos. Aqui foi outra coisa. O amável romancista dirigiu-se-me com maneiras tão afáveis, que dir-se-ia sentir um real prazer em me encontrar. Queixou-se-me por miúdo dos seus males físicos, que o tinham obrigado também a vir a Lisboa; das suas apreensões a respeito de uma suposta doença de espinha medular (e alguns fundamentos tem para a suposição), das canseiras que lhe tinha dado a doença de um filho, obrigando-o isso a dias de continuada vigília; informou-se dos meus padecimentos, deu-me conselhos, sentiu do coração que a minha doença me não deixasse escrever; e terminou oferecendo-me a sua casa. Separámo-nos como grandes amigos, depois de um tête-á-tête de um quarto de hora. O homem está realmente muito escavacado. Ele diz que morre saciado porque soube viver muito em 42 anos.» Deste excerto depreende-se um pouco da maneira de ser de Júlio Dinis e de Camilo. A indiferença britânica de Júlio Dinis, que não esconde ao destinatário da carta alguma hostilidade para com o grande romancista, consegue tornarse comedidamente afável perante o sangue lusitano de Camilo. Chegando a determinado patamar evolutivo, as portas da espiritualidade escancaram-se aos olhos das almas, e naturalmente elas alteram conceitos sobre o mundo e a vida. Contudo, não passamos a ser outras pessoas, e mantemos muitas das caraterísticas que constituem a nossa personalidade. Quem tenha estudado um pouco a vida e a obra destes dois escritores, reconhece com facilidade os mesmos atores, mesmo quando estão noutro palco. 102 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 4-a letero - vol.1 p.93 - 1906-11-20 Temo: La duboj pri la senmorteco Troviĝis Lacerdo en interparolo kun la koloneloj M.S. kaj M.C., kaj kun d-ro M.F. La temo estis la mediumaj komunikoj, kiujn Lacerdo montradis subskribitaj de publikaj personoj. Ili ne kredis. Ili serĉis argumentojn, en kiuj la dubo povus ĝui. Ili pensis, ke la inteligento de Lacerdo, en speciala stato, produktis tiujn komunikojn. Lacerdo respondas, ke li subiĝos al eksperimento por forigi la dubojn. Unu el ili tuj demandis: "Kiam?". Tiam, hazarde rigardante aliflanken, Lacerdo vidis, ke Kamilo pozitive kapsignalas, kaj Lacerdo respondas al la interparolanto: "Tuj.". Tio, kio sekviĝis, estis miriga. La mediumo interparolis kun la aliaj tri sinjoroj, kiuj entuziasme diskutis kun li pri la aferoj, dum la mano de Lacerdo, en nekredebla rapideco, skribas unupaĝan mesaĝon, sen unu korekteto. En la fino de la mesaĝo aperas la subskribo de Kamilo Kastelo Branko. La temo de la komuniko estas ĝuste tiu, kiu adekvatas al la konversacio kiun la kvar reenkarniĝintoj ĝuis: la temo pritraktita de Kamilo estis la duboj pri la senmorteco. 5-a letero - vol.1 p.102 - 1906-11-24 Temo: Silvo Pinto “ Jen la momento, en kiu mi respondos al Silvo Pinto.” Tiel komenciĝas ĉi tiu komuniko de Kamilo, kiu asertas preferi persvadi la amikon ol ravi lin, kaj ke li preferas esti amata kaj karesata ol admirata. Tial li direktis sin al Silvo Pinto alimaniere, kiel pli maljuna frato, ne plu kiel majstro al disĉiplo. Sed Silvo Pinto ne komprenis lin. Kamilo ŝatus, ke la amiko konvinkiĝu pli rapide, sed tio ne okazis. Silvo Pinto nutras nun la dubon laŭ neracia maniero: ĉar Kamilo ne estis tiel amema, kaj ĉar Kamilo havis nun alian opinion pri la eterneco. C.C.B. em Do País Da Luz 103 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 4.ª carta - vol.I p.93 - 1906-11-20 Assunto: A dúvida sobre a imortalidade Encontrava-se Lacerda em conversação com os coroneis M.S. e M.C. e com o dr. M.F.. O tema eram as comunicações mediúnicas que Lacerda apresentava assinadas por personalidades públicas. Eles não acreditavam. Procuravam argumentos em que a dúvida se pudesse comprazer. Julgavam que seria a inteligência de Lacerda, que num estado especial produzia as comunicações. Lacerda responde que se sujeitaria a uma experiência a fim de que as dúvidas fossem dissipadas, ao que um deles perguntou: “Quando?”. Nesse momento, olhando por acaso para o lado, Lacerda vê Camilo que lhe acena positivamente com a cabeça, e responde ao interlocutor: “Já.” O que se seguiu foi espantoso. O médium conversa com os outros três cavalheiros que discutem animadamente os assuntos com ele, enquanto a mão de Lacerda, a uma velocidade incrível, escreve uma mensagem de uma página, sem uma rasura. No fim da mensagem surge a assinatura de Camilo Castelo Branco. O tema da comunicação é precisamente o que se adequa à conversa em que os quatro reencarnados se entretinham: o tema tratado por Camilo tinha sido a dúvida sobre a imortalidade. 5.ª carta - vol.I p.102 - 1906-11-24 Assunto: Silva Pinto “Chegou o momento de eu dar a resposta ao Silva Pinto.” Assim começa esta comunicação de Camilo, que afirma preferir persuadir o amigo do que maravilhá-lo, e que prefere ser amado e acarinhado do que admirado. Esta é a razão pela qual se dirigiu a Silva Pinto de outro modo, como um irmão mais velho, não mais como o mestre ao discípulo. Mas Silva Pinto não o entendeu. Camilo gostaria que o amigo se convencesse mais depressa, mas não foi isso que aconteceu. Silva Pinto alimenta agora a dúvida de modo irracional: porque Camilo não era assim tão afetuoso, e porque Camilo tinha agora outra opinião da eternidade. 104 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Se Kamilo skribis al li post la detruo de la fizika korpo, logike Kamilo malpravis, kaj vidinte sin viva, logike ŝanĝis siajn konceptojn pri la vivo post la morto. Kion volis Silvo Pinto? Ĉu li volis, ke Kamilo diru, ke la spirita vivo ne ekzistas? Tio estus absurda! Silvo Pinto rifuĝas ankaŭ en la argumento, ke Kamilo ne alnomis lin laŭ neformala maniero. Sed se li venus alnomi lin laŭ formala maniero, ĉu tio konstituus pruvon, ke li estas Kamilo? La brila inteligento de Silvo Pinto alvenis al senretroa punkto, kaj tie restis, nelogike torturante sin mem, sen argumentoj, paralizita pro la fiero kaj pro la timo. Nun, ne gravas argumenti, ĉirkaŭpensi aŭ filozofii. Kamilo scias tion. La senmezura roko ekcedis. La levilo nun uzata estas alia. Kamilo ripetas okfoje (!) la jenan frazon: «Lasu, ke via koro parolu.» Venkita la nekredemo en la areo de la inteligento, la majstro estiĝas pli aĝa frato, kiu parolas al li pri amo. 6-a letero - vol.1 p.132 - 1906-12-02 Temo: Silvo Pinto Post ok tagoj de la lasta komencante tiel la komunikon: mesaĝo, Kamilo reavancas, «Ankoraŭfoje Silvo Pinto. Mi plenumis mian devon. Nun Dio kompatu lin. Mi parolis al la koro, al la animo kaj al la racio. Mi ne scias al kiuj aliaj sentoj oni povas konduki la veron per la emocio, per la logiko kaj per la racio.» La cetero de la mesaĝo konsistas en daŭrigado de la ideoj esprimitaj en la lasta mesaĝo, kun kelkaj pliaj datenoj. Asertas Kamilo, kaj estas vere, ke ne ĉiam li aŭskultis de Silvo Pinto la malkredon pri la vivo post la fizika morto. Ja Kamilo mem estis rakontinta al li okazojn plej "timigajn". C.C.B. em Do País Da Luz 105 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Se Camilo lhe escrevia após a destruição do corpo físico, logicamente Camilo tinha estado errado e, vendo-se vivo, teria logicamente alterado os seus conceitos sobre a vida após a morte. Que queria Silva Pinto? Que Camilo lhe viesse dizer que a vida espiritual não existia? Seria um absurdo! Silva Pinto refugia-se também no argumento de que Camilo não o tratava por “tu”. Mas se ele o viesse tratar por “você”, esse facto constituiria alguma prova de que ele fosse Camilo? A inteligência brilhante de Silva Pinto chegara a um ponto sem retorno, e ficava ilogicamente a martirizar-se sem argumentos, paralizada pelo orgulho e pelo medo. Agora, de nada valeria argumentar, especular ou filosofar. Camilo sabe disso. A rocha descomunal tinha começado a ceder. A alavanca usada é agora outra. Camilo repete oito vezes (!) a seguinte frase: «Deixa falar o teu coração.» Vencida a incredulidade no domínio da inteligência, o mestre dá lugar ao irmão mais velho, que lhe fala de amor. 6.ª carta - vol.I p.132 - 1906-12-02 Assunto: Silva Pinto Passados oito dias da última mensagem, Camilo volta à carga, começando assim a comunicação: «Ainda mais uma vez Silva Pinto. Cumpri o meu dever. Agora Deus tenha piedade dele. Falei-lhe ao coração, à alma e à razão. Não sei a que outros sentimentos se possa conduzir a verdade pelo afecto pela lógica e pelo raciocínio.» O resto da mensagem é a continuação das ideias expressas na última mensagem, com mais alguns dados. Afirma Camilo, e é verdade, que nem sempre Silva Pinto o ouvira descrer na vida após a morte, pois o próprio Camilo lhe havia contado casos que o “estarreciam”. 106 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Nun Kamilo tristas sen elirejo. Tiu estas la momento halti, kaj esperi ke la dia mizerikordo faru la ceteron. La granda romanisto estas en tia momento, kiam oni sentas, ke la laboro estas devo de la homo, sed la sukceso dependas de Dio. Kamilo korelverŝas: «Por ke mi senkonteste estu lia Kamilo, mi devus direktiĝi al li en tia malnova tono, kiun li konis en mi. Por tio, mi devus blasfemi pri ĉiuj kaj pri la vivo, kaj mi devus sopiri al baldaŭa morto, kiel kutime mi faris, kiel lasta espero de mia ebla trankviliĝo. Mi ne faris tion, do mi ne estis mi.» Silvo Pinto demandis al Kamilo, per Lacerdo, kion li devas fari. Tamen, li ne atendis la respondon. Inter akceptado de la solvo de Kamilo, pri kiu li konsciis, kaj skeptikismo pri la identeco de Kamilo-spirito, la fiero kaj la vanto de Silvo Pinto elektis la plej facilan solvon: negi, ke tiu estas Kamilo. Okazis, ke la argumentado de Kamilo estis tro trafa, kaŭzante timegon al Silvo Pinto! Li vidis antaŭ si la frivolecon de siaj libroj, la frenezecon de sia verko, la vanecon de sia vivo. Li vidis la nenion. Li vidis sin seka. Tio estas doloriga. Silvo Pinto estis bona homo, kun granda koro, kun brila inteligento, sed li pasigis sian vivon plendante pri la malbonuloj kaj pri la maljustuloj, glavumante pro detalaĉoj, permesante ke lia verko sin kontaĝu kaj absorbiĝu far literaturaj kvereloj. Kelkaj nomis Silvon Pinton "la lasta granda polemikisto" 99. Ne estas facile. Kamilo volas savi la amikon... sed kiom da kuraĝo la amiko devas havi por permesi ke oni savu lin!? Estas tragedio la konscio ke la tuta vivo valoris malmulte, ke la verkitaj libroj malmulte valoras. Finfine, nuntempe oni scias, ke io tre pozitiva restis el la verkaro de Silvo Pinto... nu... kelkaj scias... 100 99 En tiu tempo, en Portugalio, la polemiko estis rigardata kiel io simila al literatura ĝenro. 100 Efektive, kvankam Silvo Pinto ne verkis libron speciale aprezatan, li estis kunenkondukanto de la skolo realisma-naturisma en Portugalion, li editis kaj eldonis la verkon de Cezarjo Verdo (unu el la portugalaj grandaj poetoj - la plej granda el la realisma skolo) kaj multon oni ne scias, ĉar malmultaj studis lian verkon. C.C.B. em Do País Da Luz 107 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Camilo está agora triste e sem saída. É o momento de parar e esperar que a misericórdia divina faça o resto. Está o grande romancista num daqueles momentos em que o ser humano sente que o trabalho é do homem, mas o sucesso pertence a Deus. Desabafa Camilo: «Para ser incontestavelmente o seu Camilo tinha que me dirigir a ele naquele velho tom amargo que me conhecia; havia de maldizer de todos e da vida, e ansiar pela morte próxima, como habitualmente fazia, como esperança derradeira do único sossego possível. Não fiz isso, logo não era eu.» Silva Pinto perguntara a Camilo, através de Lacerda, o que havia de fazer. Contudo, não esperou pela resposta. Entre aceitar a solução de Camilo, que ele sabia qual era, e manter o ceticismo de que aquele fosse mesmo Camilo, o orgulho e a vaidade de Silva Pinto optaram pela solução mais fácil: negar que aquele fosse Camilo. É que a argumentação de Camilo tinha sido demasiado certeira, provocando o pânico em Silva Pinto! Ele viu à sua frente a futilidade dos seus livros, a insanidade da sua obra, a vacuidade da sua vida. Viu o nada. Viu-se vazio. É doloroso. Silva Pinto era um bom homem, de grande coração, e de uma inteligência brilhante, mas havia passado a vida a queixar-se dos maus e dos injustos, esgrimindo sobre ninharias, deixando que a sua obra se contaminasse e deixasse absorver pelas querelas literárias. Houve quem chamasse a Silva Pinto “o último grande polemista” 101. Não é fácil. Camilo quer salvar o amigo... mas quanta coragem o amigo tem que ter para se deixar salvar!? É uma tragédia sentir que a vida toda valeu pouco, que os livros escritos pouco valem. Enfim, sabemos hoje que algo de muito positivo ficou da obra de Silva Pinto... Bem, sabem alguns...102 101 Nesse tempo, em Portugal, a polémica era vista como algo semelhante a um género literário. 102 Efetivamente, embora Silva Pinto não tivesse escrito nenhum livro especialmente apreciado, ele foi cointrodutor da escola realistanaturalista em Portugal, ele foi organizador e editor da obra de Cesário Verde (um dos grandes poetas portugueses - o maior da escola realista) e muito não se sabe, porque poucos estudaram a obra dele. 108 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 7-a letero - vol.2 p.72 Temo: Identeco de Kamilo-spirito mem Kamilo ekskuzas sin, ke antaŭ longe li ne vizitis la mediumon. Li asertas esti kontenta tial, ke li inicis valoran laboron de informado pri la spirita vivo, kaj ke tiu laboro estis sekvata de aliuloj. Li anoncas al la mediumo, ke ankoraŭ aliaj spiritoj venos. Oni induktas, ke Kamilo havas tiam ian informon pri la laborplano de la supera spiritaro. Post imagpentrado de plugisto, al kiu li sin mem komparas, Kamilo montras zorgon, ke oni rekonu lin. Tio estas fundamenta por la savo de Silvo Pinto, pri kiu li ne parolas en ĉi tiu mesaĝo. Sed Kamilo havas ankoraŭ alian intencon. Sciante, ke lia nomo famiĝis surtere, pro la grandanimeco de sia literatura verkaro, Kamilo provas nun uzi sian respektindan nomon por kunlabori en la spiritisma diskonigado de la ideo, ke ni ĉiuj estas senmortuloj. Tamen, li luktas kontraŭ antaŭjuĝoj, fiero, timo, kontraŭ kiuj ĝenerale luktas la spiritistoj. Finfine li rezignacie diras: «Post la negado de Dio, ĉu gravas, ke oni negu min, kaj ke oni negu la veron de ĉi tiu mia senmeminteresa agado?» 8-a letero - vol.2 p.77 Temo: Identeco de Kamilo-spirito mem Kamilo daŭrigas sian klopodon montri, ke li pluvivis post la morto de la fizika korpo. Li skurĝas la stultajn argumentojn de siaj samtempuloj, kaj ŝajnas, ke li decidis uzi stilon pli similan al tiu uzita dum la surtera vivo, certe en sizifa provo malfermi la okulojn al tiuj, kiuj klopodas ilin fermi. Li realudas al la malfacileco sin esprimi libere, ĉar li devas uzi la lingvan provizon je sia dispono en la mediuma aparato. Kamilo komparas la situacion kun laboro de tipografo, kiu devas uzi la literskatolojn je sia dispono. Li tion eksplikas kun kelka detalo, kaj fine li diras: C.C.B. em Do País Da Luz 109 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 7.ª carta - vol.II p.72 Assunto: A identidade do próprio Camilo-espírito Camilo desculpa-se por não visitar o médium há muito tempo, e afirma-se satisfeito por ter dado início a um trabalho valioso de informação sobre a vida espiritual, que foi continuado por outros, dizendo ao médium que ainda outros virão. Dá a impressão que Camilo tem alguma informação acerca do plano de trabalho da espiritualidade superior. Após a pintura da imagem de um lavrador a que ele mesmo se compara, Camilo mostra que a sua preocupação é que o identifiquem. Isso é fundamental para a salvação de Silva Pinto, de que ele não fala nesta mensagem. Mas Camilo tem também outra intenção. Sabendo que o seu nome se tinha celebrizado na Terra, pela magnificência da sua obra literária, Camilo procura usar esse nome respeitável para colaborar no trabalho espiritual de divulgação da ideia de que somos seres imortais. No entanto, debate-se com os preconceitos, orgulho e medo com que habitualmente os espíritas se debatem. Acaba por dizer resignado: «Depois de se negar Deus, que importa que me neguem e que neguem a verdade desta minha acção desinteressada?» 8.ª carta - vol.II p.77 Assunto: A identidade do próprio Camilo-espírito Camilo continua a esforçar-se em mostrar que sobreviveu à morte do corpo físico. Chicoteia os argumentos néscios dos coevos, e parece ter decidido mesmo usar um estilo mais semelhante ao que havia usado na vida terrena, certamente na tentativa sisífica de abrir os olhos aos que se esforçam por cerrá-los. Volta a referir-se à dificuldade em expressar-se livremente, uma vez que deve usar o acervo linguístico à disposição no aparelho mediúnico. Compara a situação com o trabalho do tipógrafo que deve usar os caixotins que tem à sua disposição. Dá a explicação com algum pormenor e termina dizendo: 110 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net «Mi esprimas kion mi pensas kaj volas kun limoj, kun la flua facileco, kiun via intelekto permesas al mi, kaj laŭ via preskaŭ absoluta senscio pri mia literatura verkaro.» Kamilo asertas, ke ekzistus unu maniero esti rekonata: tio estus la skoldado de la fiuloj, kiel li faris antaŭe; sed ke li ne tion farus, ĉar tiaj teniĝoj putriĝis kun la korpo en la Tero. La stilo estas nun virusiga, akra, rememoriganta la oldan Kamilon, kiu disskoldis la malbonulojn de la mondo, kaj ankaŭ tiujn, kiuj alfrontis al li. Oni sentas ian animlacon tial, ĉar li ne povas pli efike uzi sian propran bonan nomon lasitan en la mondo. Li baraktas, argumentas, ŝanĝas sian nuntempan stilon, kiu estas afabla kaj karesema, al alia spita, kun la espero iĝi rekonata. En la obstino, li pluestas la sama Kamilo, kiu ne rezignas. 9-a letero - vol.2 p.193 Temo: Silvo Pinto La lasta mesaĝo de la 2-a volumo rekaptas la temon, per kiu la verko komenciĝis: Silvo Pinto. Tio estas respondo al Silvo Pinto, kiu volis scii, ĉu li devus viziti la domon de Kamilo, en Sankta Mikaelo de Sejdo, vilaĝo kie Silvo Pinto diversfoje vizitis la amikon. Kelkaj datenoj eskapas al la leganto. Ĉu Lacerdo transdiris tiun zorgon de Silvo Pinto al Kamilo? Ĉu Kamilo mem legis la menson de la amiko? La leganto ne scias. Kamilo nun estas kontenta. Li diras, ke "Silvo Pinto sin preparas por bone morti". Kaj li aldonas al Lacerdo: "Jen la efiko de nia kojno. Ni krevigis, ni diskrevigis la blokon de lia fiero, pri kiu li vantis!" Laŭ la granda romanisto, nur mankis al Silvo Pinto agnoski laŭte al la mondo, kiel li kapablis fari, sian kredon pri la senmorteco de la animo. C.C.B. em Do País Da Luz 111 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net «Limito-me a expôr o que penso e quero, com a correntia facilidade que o teu intelecto me faculte e a tua quase absoluta ignorância da minha obra literária me permita.» Camilo afirma que havia um meio de se tornar reconhecido: era zurzir nos canalhas, como dantes fazia; mas que não o faria, pois tais atitudes tinham ficado com o corpo a apodrecer na Terra. A linguagem é virulenta, acrimoniosa, lembrando o velho Camilo que desancava nos maus do mundo, ou simplesmente nos que lhe faziam frente. Sente-se algum desânimo por não poder usar de modo mais eficiente o seu próprio bom nome deixado no mundo. Ele debate-se, argumenta, muda o seu estilo atual, afável e caridoso, para um mais belicoso, na esperança de ser reconhecido. Na obstinação, continua o mesmo Camilo que não desiste. 9.ª carta - vol.II p.193 Assunto: Silva Pinto A última mensagem do 2.º volume repesca o tema com que a obra começou: Silva Pinto. É uma resposta ao Silva Pinto, que queria saber se ele devia ir a São Miguel de Seide visitar a casa de Camilo, à aldeia onde Silva Pinto havia várias vezes visitado o amigo. Há elementos que escapam ao leitor. Será que Lacerda transmitiu a Camilo essa preocupação de Silva Pinto? Será que o próprio Camilo leu a mente do amigo? O leitor não sabe. Camilo está satisfeito. Diz ele que “Silva Pinto se prepara para bem morrer”. E acrescenta a Lacerda: “Foi a nossa cunha. Partimos, estilhaçamos o bloco do seu orgulho, de que se ufanava!” Segundo o grande romancista só faltava a Silva Pinto assumir bem alto para o mundo, como ele sabia fazer, a sua crença na imortalidade da alma. 112 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Ĉu li devas iri al Sankta Mikaelo de Sejdo? La respondo de Kamilo estas klara: «Ja, ke li iru al Sankta Mikaelo de Sejdo. Estas necese, ke li iru. Ne por mi, sed por li. (...) Ja, ke li iru. Tio bonos por lia farto. Li sentos sin bonfarta. (...) Ja, ke li iru al Sankta Mikaelo de Sejdo. La kristanoj iradis al Jerusalemo fortikigi la fidon; la islamanoj al Mekko. Iru Silvo Pinto al Sankta Mikaelo de Sejdo.» La lasta parto videble estas manifestiĝo de la bona humoro de Kamilo-spirito. 10-a letero - vol.3 p.132 Temo: Etikaj pripensoj La 3-a volumo malfermiĝas per prefaco de Silvo Pinto, en kiu la verkisto agnoskas sian kredon je Dio kaj je la senmorteco de la animo. Ĉu tio estis respondo al la deziro de Kamilo, esprimita en la 9-a mesaĝo, laŭ kiu nur mankis al Silvo Pinto krii laŭte sian novan kredon? Mi havas tian konvinkon. La prefaco datas je la 1-a de aprilo 1911, kaj Silvo Pinto estis elkarniĝonta en la 4-a de novembro de la sama jaro, post preskaŭ ok monatoj. La misio de Kamilo finpleniĝis. Kamilo komencas ĉi tiun mesaĝon asertante ion surprizan: «Profunda ŝanĝo okazis en mia tuta spirita esto, ekde mia lasta komuniko.» Kaj iom poste: «Nun mi volas direkti mian vizaĝon nur al la lumo, kiu venas al mi el la alto.» Tuj poste venas pripensoj pri la vivo kaj pri la valoroj. Oni scias, per la verko de Ivono Perejro, Memoroj de suicidinto, ke Kamilo profunde studis diversajn aferojn en la spirita mondo, inter kiuj li studis esperanton, la lingvon de la universala frateco. Liaj studoj portis lin al grandaj pripensoj kaj al grandaj decidoj. C.C.B. em Do País Da Luz 113 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Se devia ir a São Miguel de Seide? A resposta de Camilo é clara: «Que vá a São Miguel. É preciso que vá. Não por mim, por ele. (...) Que vá. Há-de fazer-lhe bem. Há-de sentir-se bem. (...) Que vá a São Miguel. Os cristãos iam a Jerusalém robustecer a fé; os maometanos a Meca. Vá o Silva Pinto a S. Miguel.» A última parte é manifestamente uma manifestação de bom humor da parte do espírito Camilo. 10.ª carta - vol.III p.132 Assunto: Reflexões éticas O 3.º volume abre com um prefácio de Silva Pinto, no qual o escritor assume a sua crença em Deus e na imortalidade da alma. Terá sido uma resposta ao desejo de Camilo, expresso na 9.ª mensagem, de que só faltava a Silva Pinto gritar bem alto a sua nova crença? Estamos convictos de que sim. O prefácio é de 1 de abril de 1911, e Silva Pinto havia de desencarnar em 4 de novembro do mesmo ano, passados quase oito meses. A missão de Camilo estava consumada. Camilo começa surpreendente: esta mensagem afirmando algo «Profunda alteração foi feita em todo o meu ser espiritual, desde a minha última comunicação.» E mais à frente: «Quero pôr agora a minha face só voltada à luz, que me vem do alto.» De seguida vêm reflexões sobre a vida e os valores. Sabemos pela obra de Yvonne Pereira, Memórias de um suicida, que Camilo estudou aprofundadamente várias matérias no mundo espiritual, entre elas o esperanto, o idioma da fraternidade universal. Os seus estudos levaramno a grandes reflexões e a grandes decisões. 114 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Ekde 1906, Kamilo venadis al la Tero, ne nur por viziti Lacerdon kaj la amikon Silvon Pinton, sed ankaŭ por helpaj misioj al enkarniĝintoj kaj elkarniĝintoj. La legantoj malpli bone informitaj pri ĉi tiuj aferoj eble pensas, ke la spirita mondo estas sonĝeca spaco, kie la animoj, en stato pli malpli senkonscia, senagadas kaj pigras. Nenio pli erara. La spirita mondo estas tiom reala por tiuj kiuj tie vivas, kiom reala estas la fizika mondo por tiuj kiuj ĉi tie paŝas. En la alia flanko de la vivo, la spiritoj pli konsciaj pri la verkado de Dio, aktivas en multecaj agadoj, formante tre laboremajn sociojn, kiuj celas partopreni en la dia verko per la helpo al la gefratoj. Movataj far la ameca energio, la ununura fakte neelĉerpebla, ili tie trovas la feliĉon en praktiko de karitato, kiu povas esti difinita kiel aganta amo. Ili kontentas, ĉar ili malkovris la veran sencon de la vivo, kaj ili havas la ununuran deziron esti fidelaj servistoj de la volo de Dio. En la menciita verko de Ivono Perejro, la ĉapitro 4-a de la 3-a parto, "Malnova homo", informas la leganton, ke Kamilo, en proceso de memorretroiro, okazinta en la spirita urbo kie li loĝis, ekkonis multon pri sia spirita estinteco. Nature, tiuj datenoj profundigis lian konon pri li mem, rivelis al li kio fakte gravas en la vivo, kaj igis lin preni gravajn decidojn pri lia nova celvojo. Dirante en ĉi tiu mesaĝo: «Profunda ŝanĝo okazis en mia tuta spirita esto, ekde mia lasta komuniko.»; ŝajnas evidente, ke Kamilo aludas al la anima sperto en kiu li rememoris antaŭajn reenkarniĝojn. Tuj poste, li resumas ĉiujn siajn celojn laŭ ĉi tiu maniero profunde religia: «Nun mi volas direkti mian vizaĝon nur al la lumo, kiu venas al mi el la alto.» C.C.B. em Do País Da Luz 115 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Desde 1906 que Camilo vinha à Terra não só para visitar Lacerda e o amigo Silva Pinto, mas também em missões socorristas a encarnados e desencarnados. Os leitores menos familiarizados com estes assuntos, podem pensar que o mundo espiritual é um espaço onírico, onde as almas em estado mais ou menos inconsciente se encontram inativas e, portanto, ociosas. Nada mais errado. O mundo espiritual é tão real para os que lá estão, quanto o é o mundo físico para os que cá estão. Do lado de lá da vida, os espíritos mais consciencializados da obra de Deus, desdobram-se em atividades múltiplas, formando sociedades muito diligentes que visam a participação na obra divina através do auxílio aos seus irmãos. Movidos pela energia do amor, a única energia inesgotável, eles encontram a felicidade na prática da caridade, que pode ser definida como o amor em ação. Estão contentes por terem descoberto o verdadeiro sentido da vida, e têm como único desejo serem servidores fieis da vontade de Deus. Na obra citada de Yvonne Pereira, o capítulo IV da 3.ª parte, “Homem velho”, informa-nos que Camilo, num processo de regressão de memória, feito na cidade espiritual onde vivia, tinha obtido muitas informações sobre o seu passado espiritual. Naturalmente, tais dados aprofundaram-lhe o conhecimento de si mesmo, revelaramlhe o que na realidade é importante na vida, e levaram-no a tomar decisões importantes sobre o seu novo rumo. Ao dizer nesta mensagem: “Profunda alteração foi feita em todo o meu ser espiritual, desde a minha última comunicação.”; parece-nos evidente que Camilo se refere à experiência anímica de recordação das suas existências anteriores. E de seguida, ele resume todos os seus objetivos deste modo profundamente religioso: “Quero pôr agora a minha face só voltada à luz, que me vem do alto.” 116 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 11-a letero - vol.4 p.224 Temo: Silvo Pinto Lasta mesaĝo de Kamilo en la verko El la lando de la lumo. La pritraktenda afero estas Silvo Pinto, ankoraŭfoje, eĉ en la lasta mesaĝo. Tiam Silvo Pinto jam estis elkarniĝinta. Kamilo asertas, ke Silvo Pinto estis "la angulŝtono de nia verko" kaj ke ĉion eblan li faris por la amiko. Ĉi tiu mesaĝo aperas post la du unuaj mesaĝoj de la spirito Silvo Pinto, en kiuj oni vidas, ke la turmentita verkisto ankoraŭ estis perturbata. Kamilo asertas, ke Silvo Pinto mortis, sed ke la torturo trudita al li, far la surtera vivo, lasis profundajn markojn en lia perispirita strukturo. Diras li pri la amiko: «Li eniris ĉi tien en stato de serena miro. Kvazaŭ li estus ekvekiĝanta el koŝmaro, aŭ kvazaŭ li elmergiĝus el marĉo.» Kaj li daŭras, feliĉa, parolante pri la amata amiko: «Nuntempe, li ankoraŭ ne estas en tia stato, kian mia amikeco al li deziras. Tamen li estas tiel feliĉa kiel povas esti iu, kiu sur la Tero nur zorgis semi la bonon rikoltante nur malbonaĵojn. Li ne venis por elpusigi siajn kulpojn kaj mistrafojn. Tion li sufiĉe faris tie (...)» Kaj pli poste, la feliĉaj vortoj: «Nia verko atingis la deziritan finon. El ribelemulo ni bakis kredanton.» Kamilo ĝuas nun la feliĉon de la laboristo konscia kaj respektema pri la dia volo. Lia frateca amo al sia amiko Silvo Pinto estas korpura, ĉar li nur volis la amikon savita kaj feliĉa, ne dezirante ian ajn kompenson por si mem. C.C.B. em Do País Da Luz 117 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net 11.ª carta - vol.IV p.224 Assunto: Silva Pinto Última mensagem de Camilo na obra Do país da luz. O assunto a tratar é Silva Pinto, mais uma vez, mesmo na sua última mensagem. Neste momento, Silva Pinto já havia desencarnado. Camilo afirma que Silva Pinto fora “a pedra angular da nossa obra” e que tudo fizera por ele. Esta mensagem surge depois das duas primeiras mensagens do espírito Silva Pinto, em que se verifica que o atormentado escritor se encontrava ainda perturbado. Camilo afirma que Silva Pinto havia morrido, mas que a tortura a que a vida terrena o tinha submetido lhe deixara marcas profundas na organização perispiritual. Diz ele do amigo: «Entrou aqui num estado de sereno espanto. Foi como se acordasse de um pesadelo, ou emergisse da superfície de um pântano.» E continua, feliz, ao falar do amigo querido: «Hoje, se não está como a minha amizade o apetecia, está, entretanto, tão feliz quanto pode estar quem na Terra só cuidou semear o bem e só conseguiu recolher o mal. Não veio purgar culpas e desacertos. Assaz o fez aí (...)» E mais à frente, as palavras felizes: «A nossa obra conseguiu o fim almejado. Dum revoltado fizemos um crente.» Camilo goza agora do contentamento do trabalhador consciente e respeitador da vontade divina. O seu amor fraternal ao amigo Silva Pinto é genuíno, pois apenas quis ver o amigo salvo e feliz, não desejando qualquer outra recompensa. 118 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Konkludo Ĉu estas science pruvita la identenco de Kamilo en la verko El la lando de la lumo? Kompreneble ne. Tamen, plejparto el la aferoj je kiuj oni sendube kredas dum la vivo, ne estas science pruvitaj. Laŭ simpla maniero, oni diru, ke la ento, kiu tiel esprimiĝas en El la lando de la lumo povas esti nur Kamilo Kastelo Branko. Kiu alia povus skribi tion? Kiel oni eksplikas la verkon de Fernando Lacerdo? Ĉu ĝi estis malhonesta ago okazinta dum dekdu jaroj (1906-1918) sen mona rekompenso? Kiucele Lacerdo tiel trompus? Kaj kiel li farus tion? Kvankam li estis inteligenta homo, tamen li ne havis en tiu reenkarniĝo la necesan kulturon por verki tiajn tekstojn. Ĉu eble tiu fenomeno estas eksplikebla per nebula teorio de personeca divido de Lacerdo en dekojn da konataj aŭtoroj? Tiel Lacerdo kaptus la personecon kaj la konojn de ĉiuj tiuj aŭtoroj. Ĉu tiel, Lacerdo skribus laŭ unu aŭtoro, dum li interparolis kun aliaj homoj pri aliaj aferoj? La kredo pri tiu ebleco estas ankoraŭ pli eksterordinara ol la spiritisma doktrino de Alano Kardeko. Se tio eblus, oni preskaŭ atingus la staton de superhomo. Tiel, ne estus necese studi nek lerni por akiri bonajn rezultojn. Sufiĉus eniri en specialan staton, la personeco disdividiĝus kaj, per magiaj artoj, ĝi kaptus, el nenio!, la personecojn de homoj, kiuj jam mortis. Sed el kie ni prenus la personecon de la mortinto? Ĉu el la ĉeloj de la fizika korpo? Sed la ĉeloj, kiuj vivigis la kompatindan korpon de Kamilo jam estis disiĝintaj en la teron. La akvaj molekuloj estas nur molekuloj, kaj tiuj de karbono estas nur karbono. Ĝis nun, oni ne agnoskis al la akvo nek al karbono la kapablon elokvente verki. La defendantoj de tia teorio diros, ke ekzistas io vivanta, kio postvivis, el tiu estulo kiun ni nomis Kamilo, kaj kiun ni amis. Kaj mi respondas al ili: "Jes, ja, sinjoroj! Tio nomiĝas spirito kaj estas nemortebla!" C.C.B. em Do País Da Luz 119 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Conclusão Está cientificamente provada a identidade de Camilo na obra Do país da luz? Claro que não. Contudo, a maioria das coisas em que acreditamos na vida, de modo inabalável, não são comprovadas cientificamente. De modo simples, digamos que a entidade que assim se expressa em Do país da luz só pode ser Camilo Castelo Branco. Quem mais poderia ser? Como se explica a obra de Fernando de Lacerda? Por um ato desonesto cometido durante doze anos (1906-1918) sem recompensa alguma? Por que faria Lacerda tal intrujice? E como a faria, se ele mesmo, se bem que fosse um homem inteligente, não dispunha de cultura, nesta existência, para escrever tais textos? Será que este fenómeno é explicável por uma teoria nebulosa de divisão da personalidade de Lacerda em dezenas de autores conhecidos, captando a personalidade e os conhecimentos de todos esses autores, que escreviam pela mão de Lacerda enquanto este conversava com outras pessoas sobre outros assuntos? A crença em tal possibilidade é bem mais extraordinária do que a doutrina espírita de Allan Kardec. Se tal fosse possível, estaríamos no limiar do super-homem. Assim, não seria necessário estudar nem aprender para obter bons resultados. Bastaria entrar num estado especial, a personalidade dividir-se-ia, e por artes mágicas captaria, do nada!, a personalidade de pessoas que tivessem morrido. Mas onde iríamos buscar a personalidade do morto? Às células do corpo físico? Mas as células que animaram o pobre corpo do Camilo já se tinham dissolvido na terra. As moléculas de água são apenas água, e as de carbono são apenas carbono. Até hoje, não foi reconhecida à água nem ao carbono a capacidade de escrever com eloquência. Dirão os artífices de tal teoria, que há algo vivo que terá ficado daquele ser a que chamávamos Camilo, e a quem amávamos. E eu respondolhes: “Há, sim senhor! Chama-se espírito e é imortal!” 120 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Oni ne kredu je mirakloj. Ĉio en la universo dependas de leĝoj, kreitaj de ĝia Kreinto, kiel ŝajnas evidente. Nur tiuj, kiuj studis kaj do lernis, en ĉi tiu reenkarniĝo aŭ en alia, disvolvis la inteligenton ĝis rimarkinda nivelo. Oni ne kaptas el nenio ion ajn. Tio ja estas kontraŭscienca. Tiaj teorioj ne estas pli ol kontraŭsciencaj artfaraĵoj de tiuj, kiuj, svingante titolojn kaj diplomojn, parolas pri tio kion ili ne konas, dezirante negi la evidentaĵojn pri la spirita vivo, pri la spirita eterneco kaj pri la perfekteco de Dio. Ili sin lanĉas en ĥimerajn flugojn, en absurdajn eksplikojn, kaj en sistemikajn dubojn, kun rezonoj reliefantaj kompletan mankon de antaŭpreparo en ĉi tiu studobjekto. Ili similas al astronomoj kiuj, tute malsciantaj pri biologio, aldirektas la teleskopon al ĉelo kaj diras aplombe: "La ĉeloj ne ekzistas, ĉar mi ne vidis ilin per mia teleskopo." Ili serĉas la sciencan eksplikon, sed ili ne havas la humilecon lerni kun tiuj, kiuj jam paŝis tiun vojon. La fiero kaj la vanto tranĉas al ili la flugilojn, kiuj povus levi ilin en pli altajn flugojn. La aplaŭdo de la mondo estas por ili multe pli grava ol la scienca vero. Ili ne volas scii la veron. En multaj okazoj, ili eĉ ne kredas, ke ekzistas vero sendependa de la konoj de la cirkonstanca homo. Ili estas la novaj sofistoj. Sinjoroj de la vero submetita al la konvenaĵoj. Sinjoroj de la vero vendita al la socia aprobo. Sinjoroj de siaj veroj. Spiritistoj kaj aliaj spiritualistoj 103 argumentas kaj argumentas, klopodas eksplikadi kaj laboras por malfermi al ili la okulojn. Ĉu valoras la peno? Eble. Plejcerte valoras la peno. Male, la plej konsciaj spiritoj ne plu klopodus. Sed ni, simplaj lernantoj, ne vidas la tutan planon, kaj do ni sentas, ke nia laboro valoris malmulte aŭ nenion, vidante kiel la homa vanto plu obskurigas la spiritojn, kiuj jam montras ian evoluon, sed kiuj preferas la materian vivon ol la spiritan. Ili timas. Ili ŝajnas la rano, kiu volis esti bovo. Do, tiuj homoj ŝvelas, ŝvelas, ŝvelas pro fiero. Konsekvence, kiel en la fablo... ili krevas. 103 Spiritistoj faras ĉi tian distingon inter spiritismo kaj spiritualismo: spiritualismo estas iu ajn doktrino kredanta pri io nemateria, tio estas, pri Dio, animoj, spiritoj aŭ aliaj nefizikaj entoj; spiritismo estas unu el la multaj spiritualistaj doktrinoj. C.C.B. em Do País Da Luz 121 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Não acreditemos em milagres. Todo o universo está sujeito a leis, criadas pelo seu Criador, como nos parece evidente. Só quem estudou e aprendeu, nesta existência ou noutra, é que tem conhecimentos e desenvolveu a inteligência de modo notável. Não se capta do nada o que quer que seja. Isso sim, é anticientífico. Tais teorias não são mais que artifícios anticientíficos dos que, empunhando títulos e diplomas, falam do que não conhecem, desejando negar a evidência da vida espiritual, a eternidade do espírito e a perfeição de Deus. Lançam-se em voos quiméricos, em explicações absurdas e em dúvidas sistemáticas, com raciocínios que denotam impreparação completa neste objeto de estudo. Assemelhamse a astrónomos que, desconhecendo completamente o que seja a biologia, apontam o telescópio para a célula e dizem de modo douto: “As células não existem, pois não as vi com o meu telescópio.” Eles buscam a explicação científica, mas não têm a humildade de aprenderem com quem já percorreu o caminho. O orgulho e a vaidade cortam-lhes as asas que os poderiam alçar a mais altos voos. O aplauso do mundo é para eles muito mais importante que a verdade científica. Eles não querem saber a verdade. Em muitos casos, eles não acreditam sequer que exista uma verdade independente daquilo que o homem circunstancial sabe. São os novos sofistas. Senhores da verdade subjugada às conveniências. Senhores da verdade vendida à aprovação social. Senhores da sua verdade. Espíritas e outros espiritualistas104 argumentam e argumentam, desdobrando-se em explicações e trabalhos para lhes abrirem os olhos. Vale a pena? Talvez valha. Deve valer, ou os espíritos esclarecidos não se continuariam a esforçar. Mas nós, meros aprendizes, não vemos o plano todo, e sentimos que o nosso trabalho valeu pouco ou nada, ao vermos como a vaidade humana continua a obscurecer espíritos que já denotam alguma evolução, mas que continuam a preferir a vida material à espiritual. Eles têm medo. Parecem a rã que queria ser boi, e por isso incham, incham, incham de orgulho. Depois, como na fábula... rebentam. 104 Os espíritas fazem este tipo de distinção entre espiritismo e espiritualismo: espiritualismo é qualquer doutrina que creia em algo não material, isto é, em Deus, almas, espíritos ou outras entidades não físicas; o espiritismo é uma das muitas doutrinas espiritualistas. 122 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Rigardante antaŭ la eternecon de la vivo, ili estus sur nekonata grundo, kiun ili ne regas. Eble ili devus repensi multajn konceptojn por kiuj ili batalis dum la vivo. Eble ili devus agnoski, ke ili estis eraraj. Eble ili eĉ devus agnoski, ke tiuj, kiujn ili konsideris etaj kaj malmulte gravaj, finfine pravis kaj estas enormaj. "Finfine", ili pensas, "se ekzistas pli da mondo trans la fizika vivo, tiam mi ekscios en la momento, kiam la enkorpa vivo finiĝos." Kaj tiel, la homa konscio sin iluzias, per fiero kaj per timo, kaj daŭre prokrastas la horon de la vero, en kiu la estulo, en sia tuta grandeco farita el inteligento, sciencoj, filozofioj kaj artoj, sin vidas finfine kaŭranta antaŭ la senfineco de Dio, devante agnoski, ke lia tuta scio proksimiĝas pli al la nulo ol al la infinito. Dio kompatu ilin! Ĉiuj kiuj defias la leĝon de progreso estas kompatindaj. Kiam la klopodoj de la supera spiritaro sin montros senfruktaj en la klarigado, pro la obstino de la kreito stabili sur nivelo de ŝtupo, kiu nepre ĝin kondukas al Dio, la doloro estos la majstro, al kiu la animo ne povos fermi la okulojn, kaj kiu lin devigos leviĝi iom pli en la ŝtuparo de la vivo. Diras la portugala popolo: "Tiu kiu ne iras pro bono, iras pro malbono." Pensos ili, ke Dio estas maljusta, aroganta kaj perfortema, kiel asertas eĉ nobelpremiitoj. Kion ili volus? Ĉu Dio lasu ilin paralizitaj sur la evolua ŝtupero, kie ili troviĝas? Ĉu Dio eliminu la leĝon de progreso por kontentigi la kreitojn, kiuj ne deziras plu evolui? La animo devas nepre senti kaj kompreni la neceson de la progreso. Tamen, la animo havas sian liberecon, kiu portas lin, kelkfoje, kaprice, spiti la leĝojn de la kosmo. Tiam, la universo sentigas lin laŭ maniero pli intensa, ke jam estas tempo plu evolui, eĉ se la animo ne tion deziras. Al la rezulto de tiu pli intensa klopodo, la animo donas la nomon "doloro". Tio ne estas venĝo de Dio, nek de la universo, sed estas leĝo al kiu la animo mem sin submetis, kiam li provis devojiĝi de la evoluaj necesoj. C.C.B. em Do País Da Luz 123 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Olhando de frente para a eternidade da vida, estariam em terreno incerto, que não dominam. Talvez tivessem que repensar muitos dos conceitos por que se bateram durante a vida, talvez tivessem que reconhecer que estavam errados, talvez tivessem até que reconhecer que aqueles que eles consideram pequenos e pouco importantes estavam afinal certos e são enormes. “Afinal”, pensam eles, “se mais mundo houver para além da vida física, logo saberei na altura, quando a vida do corpo se findar.” E assim, a consciência do homem se vai iludindo, por orgulho e por medo, e vai atrasando a hora da verdade, em que o ser, em toda a sua magnitude feita de inteligência, ciências, filosofias e artes, se vê finalmente acocorado perante a infinitude de Deus, tendo que reconhecer que todo o seu saber se aproxima mais do zero do que do infinito. Deus tenha piedade deles! Todos os que desafiam a lei do progresso são dignos de piedade. Quando os esforços da espiritualidade superior se mostrarem infrutíferos no esclarecimento, devido à obstinação da criatura em estabilizar num patamar da escada que, necessariamente, a conduz a Deus, a dor será o mestre a que a alma não poderá fechar os olhos, e que a obrigará a subir mais um pouco a escada da vida. Diz o povo: “quem não vai a bem, vai a mal.” Dirão eles que Deus é injusto, prepotente e violento, como afirmam até laureados com o nobel da literatura. Que queriam eles? Que Deus os deixasse ficar paralizados no patamar evolutivo onde se encontram? Que Deus eliminasse a lei do progresso para contentar as criaturas que não desejam mais evoluir? A alma tem que sentir e compreender a necessidade de progresso. Contudo, ela tem o seu livrearbítrio que a leva, algumas vezes, caprichosamente, a questionar as leis do cosmo. Então, o universo fá-la sentir de forma mais intensa de que está no momento de evoluir, ainda que a alma não o deseje. Ao resultado desse esforço mais intenso, dá a alma o nome de “dor”. Não se trata de uma retaliação de Deus nem de uma vingança do universo, trata-se apenas da lei a que a própria alma se sujeitou, ao tentar desviar-se das necessidades evolutivas. 124 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net La homo ne povas trovi sciencajn eksplikojn por multaj el la fenomenoj ĉirkaŭantaj lin, sed estus ankoraŭ malpli science negi la ekziston de la propra fenomeno, kiam ĝi estas evidenta, universala kaj ĉiamtempa. Ĝuste tio okazas rilate al la manifestiĝoj de la spiritoj, kiuj venas diri al ni, ke ili pluvivas, eĉ post la morto de la fizika korpo. La spiritaj manifestiĝoj ekzistas de ĉiam. Ĉiuj civilizoj havis siajn perantojn, kiuj rolis kiel mesaĝistoj kaj interpretistoj inter la spiritoj kaj la homoj. Oni negu kaj negu la fenomenojn, sed, ke ili ĉiam ekzistis, tio estas pruvita de la historio mem. Do, restas al ni la uzado de metodologio, kiu donu probablecan certecon, bazitan sur la kono de la spiriteco, fundamentitan precipe sur la spiritisma sistemigo, kaj disvolviĝinta en aŭtoroj kiel Fernando Lacerdo, Ŝiko Ŝavjero, Ivono Perejro, Herkulano Piro, Herminjo Mirando kaj multaj aliaj. Tia metodologio tiel eskapas al la nespiritisto, kiel la metodologio uzata en la esplorado pri kvantuma fiziko eskapas al tiuj, kiuj ne studis ĝin. Por trankviligi nian frustron de bonintencaj mesaĝuloj, ĉar ni ŝatus malfermi la okulojn al tiuj kiuj ankoraŭ trovalorigas la materian mondon, ni memoru ke ĉiuj ni bezonis ian ŝoseon al Damasko, aŭ amikon kiel Kamilon, por konsciiĝi, ke ni estas senmortaj estuloj. Kompreneble, multaj plu dubos, sed la spirita blindeco estas rajto, kiun Dio donas al la kreitoj en iaj evoluniveloj. Kelkaj vidas spiritojn kaj kuras al la psikiatro plendante pri halucinoj; sed aliaj neniam vidis spiritojn, tamen neniam dubis pri ilia ekzisto. Ne temas pri blinda kredo, sed pri disponebleco, pri koraperteco, sen kulturaj antaŭjuĝoj kaŭzitaj de fiero, cele al komprenado de io malsama, de alia aspekto de la naturo, de la kosmo, kio ankoraŭ estas for de la pripensoj de plejparto de la homaj estuloj. La instrumentoj por bone kompreni la spiritan mondon estas precipe disponebla koro kaj menso aperta kaj racia. C.C.B. em Do País Da Luz 125 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net O homem não pode encontrar explicações científicas para muitos dos fenómenos que o rodeiam, mas seria ainda menos científico negar a existência do fenómeno quando ele é evidente, universal e intemporal. É o que se passa com as manifestações dos espíritos que nos vêm dizer que continuam a viver, mesmo após a morte do corpo físico. As manifestações espirituais existem desde sempre. Todas as civilizações tiveram os seus intermediários entre os espíritos e os homens. Pode negar-se e negar-se os fenómenos, mas a sua comprovação científica está provada pela história. Resta-nos assim a utilização de uma metodologia que nos dê uma certeza probabilística, baseada no conhecimento da espiritualidade, fundamentada sobretudo na codificação espírita, e ampliada em autores como Fernando de Lacerda, Chico Xavier, Yvonne Pereira, Herculano Pires, Hermínio Miranda e muitos outros. Tal metodologia escapa tanto ao não-espírita, quanto a metodologia usada na investigação da física quântica escapa a quem não a tenha estudado. Para acalmar a nossa frustração de mensageiros bem intencionados, pois gostaríamos de abrir os olhos aos que ainda sobrevalorizam o mundo material, lembremo-nos que todos nós precisamos de uma estrada de Damasco, ou de um amigo como Camilo, para nos tornarmos conscientes de que somos seres imortais. Naturalmente, muitos continuarão a duvidar, mas a cegueira espiritual é um direito que Deus dá às criaturas em certos estádios de evolução. Há quem veja espíritos e corra ao psiquiatra dizendo que sofre de alucinações, mas outros nunca viram um espírito, e no entanto nunca duvidaram da existência deles. Não se trata de acreditar cegamente, mas de estar disponível, de coração aberto, sem preconceitos culturais motivados pelo orgulho, para compreender algo de diferente, um outro aspeto da natureza, do cosmo, que ainda se encontra fora das cogitações da maioria dos seres humanos. Os instrumentos para se entender o mundo espiritual são principalmente um coração disponível e uma mente aberta e racional. 126 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net * * * Kamilo! Ho granda Kamilo! La eminenta portugala romanisto, komprenante nun pli racie la etikan konstruon de la universo, hastas veni al la Tero savi la amikon Silvo Pinto, disponebligante sian retorikan geniecon kaj sian tutan brilan inteligenton por la amservo al la proksimulo, por la volo de la saĝa spiritaro kaj por la leĝoj de Dio. Tiel, komenciĝis la alkvalita verko de Fernando Lacerdo, kaj la supera spiritaro malfermis vojon al aro da intelektuloj, tre malsamaj unu de la aliaj, por ke ankaŭ ili venu atesti, ke la vivo daŭras post la morto de la biologa korpo. La verko El la lando de la lumo ĉiam estos legata kaj aprezata de sinsekvaj generacioj de portugalaj spiritistoj. Tiuj, kiuj vidas en la portugala lingvo sian patrujon, kiel Fernando Pesoo, deziros scii kion diris kelkaj el la konstruintoj de tiu patrujo, post kiam ili vojaĝis al la lando de la lumo. C.C.B. em Do País Da Luz 127 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net * * * Camilo! Ó grande Camilo! O eminente romancista português, compreendendo agora de modo mais racional a construção ética do universo, apressa-se em vir à Terra salvar o amigo Silva Pinto, colocando a sua genialidade retórica e toda a sua brilhante inteligência ao serviço do amor ao próximo, da vontade da espiritualidade esclarecida e das leis de Deus. Deste modo, começou a magnífica obra de Fernando de Lacerda, e a espiritualidade superior abriu caminho a que uma plêiade de intelectuais, muito diferentes uns dos outros, viessem testemunhar que a vida continua após a morte do corpo biológico. A obra Do país da luz será sempre lida e apreciada por gerações sucessivas de espíritas portugueses. Aqueles que veem na língua portuguesa a sua pátria, como Fernando Pessoa, desejarão saber o que disseram alguns dos construtores dessa pátria, após terem viajado para o país da luz. C.C.B. em Do País Da Luz 129 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net El la lando de la lumo - Indeksoj105 Do país da luz - Índices106 Indekso laŭorde de volumo Índice por volume Volumo 1 Volume 1 Ĉapitro Capítulo Paĝo Pág. Dediĉo de la eldonejo Dedicatória da editora 5 Prezento Apresentação 6 Malfermo - P.S.F. Abertura - F.E.P. 9 Biografia noto pri Fernando Lacerdo Nota biográfica de Fernando de Lacerda 11 Prologo Prólogo 13 Biografia noto pri D-ro Sozo Koto Nota biográfica do Dr. Sousa Couto 48 Necesaj vortoj Palavras necessárias 49 Dediĉo: al mia patrino (de la aŭtoro) Dedicatória: a minha mãe (do autor) 53 105 En ĉi tiuj indeksoj, oni transliteras esperanten la homnomojn, nur kiam ili estas ene de teksto, eĉ se etaj, ne izolitaj. 106 Nestes índices, só se transliteram os antropónimos para esperanto, quando se encontrarem em textos, ainda que pequenos, não quando os nomes surgem isolados. 130 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 1 Volume 1 Ĉapitro Capítulo Paĝo Pág. Dediĉo: al miaj etuletoj (de la aŭtoro) Dedicatória: aos meus pequeninos (do autor) 54 El la lando de la lumo - Johano Deŭso (poemo) O país da luz - João de Deus (poema) 56 1 Eça de Queirós 57 2 Camilo Castelo Branco 64 3 Heliodoro Salgado 71 4 Napoleão 76 5 Camilo Castelo Branco 81 6 Júlio Dinis 87 7 Camilo Castelo Branco 90 8 Camilo Castelo Branco 93 9 Alexandre Herculano 95 10 Camilo Castelo Branco 102 11 Eça de Queirós 109 12 João de Deus 113 13 Eça de Queirós 114 14 João de Deus 122 15 Émile Zola 125 16 Iu maristo Um marinheiro 127 C.C.B. em Do País Da Luz 131 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 1 Volume 1 Ĉapitro Capítulo 17 Diversaj - La almozo Diversos - A esmola Paĝo Pág. 129 18 Camilo Castelo Branco 132 19 César Cantu 135 20 Visconde de Seabra 143 21 António Feliciano de Castilho 147 22 Victor Hugo 151 23 João de Deus 155 24 Eça de Queirós 159 25 Eça de Queirós 166 26 Fontes Pereira de Melo 170 27 Michelet 177 28 João de Deus 182 29 Eça de Queirós 183 30 Padre António Vieira 185 31 Júlio Dinis 189 32 Leão XIII 192 33 Manuel Pinheiro Chagas 194 34 Mousinho de Albuquerque 197 35 Eça de Queirós 203 36 Júlio Dinis 207 C.C.B. em Do País Da Luz 133 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 2 Volume 2 Ĉapitro Capítulo Paĝo Pág. Iu veraĵo... iu deziro... iu konsilo! Uma verdade... um desejo... um conselho! 4 Al... (dediĉo) A... (dedicatória) 7 Al D-ro Jozefo Alberto Sozo Koto Ao Dr. José Alberto Sousa Couto 8 Prologo Prólogo 9 Miaj vortoj Palavras minhas 19 1 Eça de Queirós 23 2 Eça de Queirós 29 3 Carlos Lobo de Ávila 33 4 João de Deus 38 5 Latino Coelho 40 6 Eduardo Alves de Sá 44 7 Latino Coelho 49 8 Mendes Leal 52 9 Antero de Quental 56 10 Francisco Ferraz de Macedo 11 Iu levido Um levita 64 67 12 Eça de Queirós 68 13 Camilo Castelo Branco 72 134 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 2 Volume 2 Ĉapitro Capítulo Paĝo Pág. 14 Camilo Castelo Branco 77 15 Alexandre Herculano 81 Iu nekonato Um desconhecido 86 16 17 Eça de Queirós 90 18 João de Deus 96 Iu maristo Um marinheiro 99 20 Eça de Queirós 101 19 21 Iu nekonato Um desconhecido 22 Alves Mendes 104 107 23 La spirita gvidanto de D-ro Sebastjano Lemo O guia espiritual do Dr. Sebastião de Lemos 114 24 Alvo Mendo - La karitato Alves Mendes - A caridade 120 25 Berthelot 125 26 Alves Mendes 133 27 Teresa de Ávila 138 28 Emile Littré 142 29 Allan Kardec 152 30 Frei Bartolomeu dos Mártires 156 31 José Elias Garcia 162 32 Júlio Dinis 168 C.C.B. em Do País Da Luz 135 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Ĉapitro Capítulo Volumo 2 Volume 2 Paĝo Pág. 33 Frei Bartolomeu dos Mártires 174 34 Hintze Ribeiro 177 35 Hintze Ribeiro 184 36 Camilo Castelo Branco 193 C.C.B. em Do País Da Luz 137 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 3 Volume 3 Ĉapitro Capítulo Paĝo Pág. Dediĉo de la aŭtoro al la brazilaj kaj al la portugalaj spiritistoj Dedicatória do autor aos espíritas brasileiros e portugueses 7 Dediĉo de la aŭtoro al S-ro Silvo Pinto Dedicatória do autor ao Ex.mo Sr. Silva Pinto 8 Letero de S-ro Silvo Pinto Carta do Ex.mo Sr. Silva Pinto 9 Vortoj miaj Palavras minhas 11 1 Eça de Queirós 14 2 Eça de Queirós 22 3 Eça de Queirós 34 4 Oliveira Martins 96 5 Júlio Dinis 6 Pastro Antono Viejro - La fido Padre António Vieira - A fé 7 José Duro 104 110 123 8 Johano Deŭso - La rano kaj la bufo João de Deus - A rã e o sapo 125 9 Jozefo Duro - Leviĝu la koroj José Duro - Sursum corda 129 10 Camilo Castelo Branco 132 11 Alexandre Herculano 141 12 Alexandre Herculano 145 138 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 3 Volume 3 Ĉapitro Capítulo Paĝo Pág. 13 João de Deus 148 14 Leão XIII 157 15 Viktoro Hugo - La homaro Victor Hugo - A humanidade 163 16 Antero Kentalo - Al la morto Antero de Quental - À morte 180 Antero Kentalo - Dio Antero de Quental - Deus 182 C.C.B. em Do País Da Luz 139 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 4 Volume 4 Paĝo Pág. Prefaco de Fernando Lacerdo (ricevita de la mediumo J.C.) Prefácio de Fernando de Lacerda (recebido pelo médium J. C.) 5 Iu ekspliko Uma explicação 9 Eça de Queirós 11 Almeida Garrett 16 Antero Kentalo - Lumo Antero de Quental - Luz 23 Eso Kejrozo - Ĉu Bonaj Festoj? Eça de Queirós - Boas Festas? 24 Alves Mendes 29 Silva Pinto 36 Fialho de Almeida 50 Silva Pinto 57 Fialho de Almeida 67 Fialho de Almeida 73 Eça de Queirós 76 Eça de Queirós 80 Emygidio Júlio Navarro 85 José Basílio da Gama 89 Michelet 92 Carlos Lobo de Ávila 93 140 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 4 Volume 4 Paĝo Pág. Hintze Ribeiro 96 Padre António Vieira 99 Alexandre Herculano 108 Hintze Ribeiro 113 Alexandre Herculano 116 Eça de Queirós 120 Júlio Dinis 125 Victor Hugo 129 Manuel Moreira Feio 139 Fjaljo Almejdo - Hieraŭ kaj hodiaŭ Fialho de Almeida - Ontem e hoje 141 Antero Kentalo - Rimorso Antero de Quental - Remorso 150 Antero Kentalo - La vivo Antero de Quental - A vida 153 Antero Kentalo - Lumo Antero de Quental - Luz 154 Fialho de Almeida 155 Leão Tolstoi 167 Antero Kentalo - Scienco Antero de Quental - Ciência 173 Antero Kentalo - Pli transen Antero de Quental - Plus ultra 174 Eça de Queirós 175 C.C.B. em Do País Da Luz 141 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 4 Volume 4 Paĝo Pág. Silva Pinto 184 Silvo Pinto - De ĉi tie, de la eterneco Silva Pinto - Daqui da eternidade 194 Johano Deŭso - Dio João de Deus - Deus 201 Júlio Dinis 205 Eça de Queirós 208 Aleksandro Herkulano - La progreso Alexandre Herculano - O progresso 212 Juljo Diniso - Nova Jaro! Júlio Dinis - Ano Novo! 217 Camilo Castelo Branco 224 Artur Azevedo 230 Júlio César Machado 238 Fialho de Almeida 243 Alexandre Herculano 250 Eça de Queirós 256 Eça de Queirós 260 Silva Pinto 264 Teresa de Ávila 267 Dom Pedro de Alcântara 269 Juljo Diniso - La kristnaska nokto en Portugalio Júlio Dinis - A noite de Natal em Portugal 274 Alexandre Herculano 279 142 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Volumo 4 Volume 4 Paĝo Pág. Alexandre Herculano 284 Visconde de Ouro Preto 289 Teresa de Ávila 293 Teresa de Ávila 294 Júlio Dinis 298 Júlio Dinis 299 C.C.B. em Do País Da Luz 143 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Indekso aŭtora Índice por autor Antaŭnoto Oni prezentas ĉi tie laŭaŭtoran indekson de la verko El la lando de la lumo, laŭorde de la portugallingvaj nomoj. Mankis al tiu genia verko tia indekso, kiu faciligas al la leganto la konsulton de la mesaĝoj de la sama spirita aŭtoro. Nota prévia Apresenta-se aqui um índice de autores da obra Do país da luz, por ordem dos nomes em português. Faltava a esta obra genial este tipo de índice, que facilita ao leitor a consulta das mensagens do mesmo autor espiritual. Aŭtoro Autor Vol. Paĝo Vol. pág. Alexandre Herculano v.1 95 Alexandre Herculano v.2 81 Alexandre Herculano v.3 141 Alexandre Herculano v.3 145 Alexandre Herculano v.4 108 Alexandre Herculano v.4 116 Aleksandro Herkulano - La progreso Alexandre Herculano - O progresso v.4 212 Alexandre Herculano v.4 250 Alexandre Herculano v.4 279 Alexandre Herculano v.4 284 Allan Kardec v.2 152 144 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Autor Vol. Paĝo Vol. pág. Almeida Garrett v.4 16 Alves Mendes v.2 107 Alvo Mendo - La karitato Alves Mendes - A caridade v.2 120 Alves Mendes v.2 133 Alves Mendes v.4 29 v.1 11 v.1 48 Antero de Quental v.2 56 Antero Kentalo - Al la morto Antero de Quental - À morte Antero Kentalo - Dio Antero de Quental - Deus Antero Kentalo - Lumo107 Antero de Quental - Luz108 Antero Kentalo - Rimorso Antero de Quental - Remorso Antero Kentalo - La vivo Antero de Quental - A vida Antero Kentalo - Lumo107 Antero de Quental - Luz108 Antero Kentalo - Scienco Antero de Quental - Ciência Antero Kentalo - Pli transen Antero de Quental - Plus ultra v.3 180 v.3 182 v.4 23 v.4 150 v.4 153 v.4 154 v.4 173 v.4 174 Anonimulo - Biografia noto: Kiu estis Fernando Lacerdo? Anónimo - Nota biográfica: Quem era Fernando de Lacerda? Anonimulo - Biografia noto: Kiu estis D-ro Sozo Koto? Anónimo - Nota biográfica: Quem era o Dr. Sousa Couto 107 Ne estas la sama poemo, sed du samnomaj sonetoj. 108 Não se trata do mesmo poema, mas de dois sonetos homónimos. C.C.B. em Do País Da Luz 145 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Vol. Paĝo Autor Vol. pág. Antono Felicjano Kastiljo, Juljo Diniso, Eso Kejrozo, Johano Deŭso, Kamilo Kastelo Branko La almozo v.1 129 António Feliciano de Castilho, Júlio Dinis, Eça de Queirós, João de Deus, Camilo Castelo Branco A esmola António Feliciano de Castilho v.1 147 Artur Azevedo v.4 230 Berthelot v.2 125 Camilo Castelo Branco v.1 64 Camilo Castelo Branco v.1 81 Camilo Castelo Branco v.1 90 Camilo Castelo Branco v.1 93 Camilo Castelo Branco v.1 102 Kamilo Kastelo Branko, Antono Felicjano Kastiljo, Juljo Diniso, Eso Kejrozo, Johano Deŭso La almozo Camilo Castelo Branco, António Feliciano de Castilho, Júlio Dinis, Eça de Queirós, João de Deus - A esmola v.1 129 Camilo Castelo Branco v.1 132 Camilo Castelo Branco v.2 72 Camilo Castelo Branco v.2 77 Camilo Castelo Branco v.2 193 Camilo Castelo Branco v.3 132 Camilo Castelo Branco v.4 224 146 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Autor Vol. Paĝo Vol. pág. Carlos Lobo de Ávila v.2 33 Carlos Lobo de Ávila v.4 93 César Cantu v.1 135 Dom Pedro de Alcântara v.4 269 Eça de Queirós v.1 57 Eça de Queirós v.1 109 Eça de Queirós v.1 114 Eso Kejrozo, Johano Deŭso, Kamilo Kastelo Branko, Antono Felicjano Kastiljo, Juljo Diniso La almozo Eça de Queirós, João de Deus, Camilo Castelo Branco, António Feliciano de Castilho, Júlio Dinis - A esmola v.1 129 Eça de Queirós v.1 159 Eça de Queirós v.1 166 Eça de Queirós v.1 183 Eça de Queirós v.1 203 Eça de Queirós v.2 23 Eça de Queirós v.2 29 Eça de Queirós v.2 68 Eça de Queirós v.2 90 Eça de Queirós v.2 101 Eça de Queirós v.3 14 C.C.B. em Do País Da Luz 147 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Autor Vol. Paĝo Vol. pág. Eça de Queirós v.3 22 Eça de Queirós v.3 34 Eça de Queirós v.4 11 Eso Kejrozo - Ĉu Bonaj Festoj? Eça de Queirós - Boas Festas? v.4 24 Eça de Queirós v.4 76 Eça de Queirós v.4 80 Eça de Queirós v.4 120 Eça de Queirós v.4 175 Eça de Queirós v.4 208 Eça de Queirós v.4 256 Eça de Queirós v.4 260 v.1 5 v.1 6 Eduardo Alves de Sá v.2 44 Emídio Júlio Navarro v.4 85 Emile Littré v.2 142 Émile Zola v.1 125 Fernando Lacerdo - Necesaj vortoj (prefaco) Fernando de Lacerda - Palavras necessárias (prefácio) v.1 49 Eldonoj Lumo en la Vojo (Brago) Al la spiritaj mesaĝuloj (dediĉo) Edições Luz no Caminho (Braga) Aos mensageiros espirituais (dedicatória) Eldonoj Lumo en la Vojo (Brago) - Prezento Edições Luz no Caminho (Braga) - Apresentação 148 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Autor Fernando Lacerdo - Al mia patrino (dediĉo) Fernando de Lacerda - A minha mãe (dedicatória) Fernando Lacerdo - Al miaj etuletoj (dediĉo) Fernando de Lacerda - Aos meus pequeninos (dedicatória) Fernando Lacerdo - Al... (dediĉo) Fernando de Lacerda - A... (dedicatória) Fernando Lacerdo Al D-ro Jozefo Alberto Sozo Koto (danko) Fernando de Lacerda - Ao Dr. José Alberto Sousa Couto (agradecimento) Fernando Lacerdo Miaj vortoj (prefaco) Fernando de Lacerda Palavras minhas (prefácio) Fernando Lacerdo - Al la brazilaj kaj al la portugalaj spiritistoj (dediĉo) Fernando de Lacerda - Aos espíritas brasileiros e portugueses (dedicatória) Fernando Lacerdo Al S-ro Silvo Pinto (dediĉo) Fernando de Lacerda Ao Ex.mo Sr. Silva Pinto (dedicatória) Fernando Lacerdo Miaj vortoj (prefaco) Fernando de Lacerda Palavras minhas (prefácio) Fernando Lacerdo (mediumo J. C.) Prefaco kaj Dediĉo Fernando de Lacerda (médium J. C.) Prefácio e Dedicatória Fernando Lacerdo - Iu ekspliko Fernando de Lacerda - Uma explicação Vol. Paĝo Vol. pág. v.1 53 v.1 54 v.2 7 v.2 8 v.2 19 v.3 7 v.3 8 v.3 11 v.4 5 v.4 9 Fialho de Almeida v.4 50 Fialho de Almeida v.4 67 C.C.B. em Do País Da Luz 149 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Autor Vol. Paĝo Vol. pág. Fialho de Almeida v.4 73 Fjaljo Almejdo - Hieraŭ kaj hodiaŭ Fialho de Almeida - Ontem e hoje v.4 141 Fialho de Almeida v.4 155 Fialho de Almeida v.4 243 Fontes Pereira de Melo v.1 170 Francisco Ferraz de Macedo v.2 64 Frei Bartolomeu dos Mártires v.2 156 Frei Bartolomeu dos Mártires v.2 174 Spirita gvidanto de D-ro Sebastjano Lemo Guia Espiritual do Dr. Sebastião de Lemos v.2 114 Heliodoro Salgado v.1 71 Hernano Kastro Lopo Iu veraĵo... iu deziro... iu konsilo! Hernâni Castro Lopo Uma verdade... um desejo... um conselho! v.2 4 Hintze Ribeiro v.2 177 Hintze Ribeiro v.2 184 Hintze Ribeiro v.4 96 Hintze Ribeiro v.4 113 Johano Deŭso - La lando de la lumo (poemo) João de Deus - O país da luz (poema) v.1 56 João de Deus v.1 113 João de Deus v.1 122 150 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Vol. Paĝo Autor Vol. pág. Johano Deŭso, Kamilo Kastelo Branko, Antono Felicjano Kastiljo, Juljo Diniso, Eso Kejrozo La almozo v.1 129 João de Deus, Camilo Castelo Branco, António Feliciano de Castilho, Júlio Dinis, Eça de Queirós - A esmola João de Deus v.1 155 João de Deus v.1 182 João de Deus v.2 38 João de Deus v.2 96 Johano Deŭso - La rano kaj la bufo João de Deus - A rã e o sapo v.3 125 João de Deus v.3 148 Johano Deŭso - Dio João de Deus - Deus v.4 201 José Basílio da Gama v.4 89 José Duro v.3 123 Jozefo Duro - Leviĝu la koroj José Duro - Sursum corda v.3 129 José Elias Garcia v.2 162 Júlio César Machado v.4 238 Júlio Dinis v.1 87 Juljo Diniso, Eso Kejrozo, Johano Deŭso, Kamilo Kastelo Branko, Antono Felicjano Kastiljo - La almozo Júlio Dinis, Eça de Queirós, João de Deus, Camilo Castelo Branco, António Feliciano de Castilho - A esmola v.1 129 Júlio Dinis v.1 189 C.C.B. em Do País Da Luz 151 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Autor Vol. Paĝo Vol. pág. Júlio Dinis v.1 207 Júlio Dinis v.2 168 Júlio Dinis v.3 104 Júlio Dinis v.4 125 Júlio Dinis v.4 205 Juljo Diniso - Nova Jaro! Júlio Dinis - Ano Novo! Juljo Diniso - La kristnaska nokto en Portugalio Júlio Dinis - A noite de Natal em Portugal v.4 217 v.4 274 Júlio Dinis v.4 298 Júlio Dinis v.4 299 Latino Coelho v.2 40 Latino Coelho v.2 49 Leão Tolstoi v.4 167 Leão XIII v.1 192 Leão XIII v.3 157 Manuel Moreira Feio v.4 139 Manuel Pinheiro Chagas v.1 194 Mariino Rakelo Dŭarto Santo (P.S.F.) - Malfermo Maria Raquel Duarte Santos (F.E.P.) - Abertura v.1 9 Mendes Leal v.2 52 Michelet v.1 177 Michelet v.4 92 152 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Autor Vol. Paĝo Vol. pág. Mousinho de Albuquerque v.1 197 Napoleão v.1 76 Oliveira Martins v.3 96 Padre António Vieira v.1 185 Pastro Antono Viejro - La fido Padre António Vieira - A fé v.3 110 Padre António Vieira v.4 99 Silvo Pinto - Letero de S-ro Silvo Pinto Silva Pinto - Carta do Ex.mo Sr. Silva Pinto v.3 9 Silva Pinto v.4 36 Silva Pinto v.4 57 Silva Pinto v.4 184 Silvo Pinto - De ĉi tie, de la eterneco Silva Pinto - Daqui da eternidade v.4 194 Silva Pinto v.4 264 Sozo Koto - Prologo Sousa Couto - Prólogo Sozo Koto - Prologo Sousa Couto - Prólogo v.1 13 v.2 9 Teresa de Ávila v.2 138 Teresa de Ávila v.4 267 Teresa de Ávila v.4 293 Teresa de Ávila v.4 294 Iu nekonato Um desconhecido Iu nekonato Um desconhecido v.2 86 v.2 104 C.C.B. em Do País Da Luz 153 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Aŭtoro Autor Vol. Paĝo Vol. pág. Iu levido Um levita Iu maristo Um marinheiro Iu maristo Um marinheiro v.2 67 v.1 127 v.2 99 Victor Hugo v.1 151 Viktoro Hugo - La homaro Victor Hugo - A humanidade v.3 163 Victor Hugo v.4 129 Visconde de Ouro Preto v.4 289 Visconde de Seabra v.1 143 154 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Bibliografio (fundamenta) KARDEKO, Alano, Spiritisma sistemiĝo. - PT-EO. LACERDO, Fernando, (diversaj spiritoj), El la lando de la lumo, vol. 1, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1985, 212 paĝoj. PT. LACERDO, Fernando, (diversaj spiritoj), El la lando de la lumo, vol. 2, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1986, 200 paĝoj. PT. LACERDO, Fernando, (diversaj spiritoj), El la lando de la lumo, vol. 3, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1987, 184 paĝoj. PT. LACERDO, Fernando, (diversaj spiritoj), El la lando de la lumo, vol. 4, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1989, 304 paĝoj. PT. MIRANDO, Herminio, BACELJO, Karlo, Fernando Lacerdo, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1989, 64 paĝoj. PT. PEREJRO, Ivono, (spirito de Kamilo Kastelo Branko), Memoroj de suicidinto, BEF, 1980, 568 paĝoj. PT-EO. VASKONCELO, Manŭelino, Fernando Lacerdo, la portugala mediumo, Kuneco Spiritismo-Kristana de Lisbono, Lisbono, 1992, 352 paĝoj. PT. Sp ir it isma j l ibr o j e n e spe ranto : www.spir it isto j.w eebly.c o m C.C.B. em Do País Da Luz 155 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Bibliografia (fundamental) KARDEC, Allan, Codificação espírita. PT-EO LACERDA, Fernando de, (vários espíritos), Do país da luz, vol. 1, Edições Luz no Caminho, Braga, 1985, 212 pp. PT. LACERDA, Fernando de, (vários espíritos), Do país da luz, vol. 2, Edições Luz no Caminho, Braga, 1986, 200 pp. PT LACERDA, Fernando de, (vários espíritos), Do país da luz, vol. 3, Edições Luz no Caminho, Braga, 1987, 184 pp. PT. LACERDA, Fernando de, (vários espíritos), Do país da luz, vol. 4, Edições Luz no Caminho, Braga, 1989, 304 pp. PT. MIRANDA, Hermínio, BACCELLI, Carlos, Fernando de Lacerda, Edições Luz no Caminho, Braga, 1989, 64 pp. PT. PEREIRA, Yvonne, (espírito de Camilo Castelo Branco), Memórias de um suicida, FEB, 1980, 568 pp. PT-EO VASCONCELOS, Manuela, Fernando de Lacerda, o médium português, Comunhão Espírita Cristã de Lisboa, Lisboa, 1992, 352 pp. PT. 156 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Eldonaĵoj La Karavelo REVUOJ Magazino La Karavelo - Redaktas: João José Santos (PT) Internacia kultura magazino en esperanto. 24 plene koloraj paĝoj, en formato A4, en papero kuŝeo. Kunlaboras en ĝi ĉirkaŭ 15 verkistoj el multaj landoj. LERNOLIBROJ Esperanto em 30 horas - Verkis: João José Santos (PT) Lernolibro de esperanto por portugallingvaj e-komencantoj. 25 lecionoj, Vortareto Esperanto-Portugala, Vortareto Portugala-Esperanto, Gramatika Gvidilo, Aneksoj. 300 p., blankenigra. O esperanto é fixe! - Verkis: João José Santos (PT) Lernolibro de esperanto por portugallingvaj e-komencantoj. Por junuloj, 48 p., kolora, en papero kuŝeo. DISKOJ Zamenhof, um cidadão do mundo - Verkis: Djalma Pessata (BR) DVD-dokumentario pri la vivo de Zamenhof, en la portugala. Proksimume 60 minutoj. RAKONTOJ Rakontoj por ĉiuj aĝoj - Verkis: Luiza Carol (IS) Libro kun 26 rakontoj en facila esperanto. 146 p. NOVELOJ Liberaj tempoj - Verkis: Eduardo Novembro (PT) Novelo pri unu tago en la vivo de manlaboristo. 124 p. TEATRAĴOJ La ĝenerala asembleo - Verkis: João José Santos (PT) Komeditragedio pri du malsamaj konceptoj pri esperanto-asocioj. 48 p. Aŭtodafeo - Verkis: João José Santos (PT) - Honora Mencio UEA 2011 Komeditragedio pri la diktatoreco. 48 p. ESEO Identeco kaj ĉeesto de Kamilo K. Branko en El la lando de la lumo Verkis kaj tradukis: João José Santos (PT) Spiritisma eseo. Dulingva esperanta-portugala. 160 p. C.C.B. em Do País Da Luz 157 _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net Edições La Karavelo REVISTAS Magazine La Karavelo - Redator: João José Santos (PT) Magazine cultural internacional escrito em esperanto. 24 páginas A4 completamente a cores em papel couché. Colaboram cerca de 15 escritores de muitos países. MANUAIS Esperanto em 30 horas - Autor: João José Santos (PT) Manual de aprendizagem de esperanto para lusófonos principiantes. 25 lições, Vocabulário Esperanto-Português, Vocabulário Português-Esperanto, Guia Gramatical, Anexos. 300 pp, preto e branco. O esperanto é fixe! - Autor: João José Santos (PT) Manual de aprendizagem de esperanto para jovens lusófonos, 48 pp, completamente a cores em papel couché. DISCOS Zamenhof, um cidadão do mundo - Autor: Djalma Pessata (BR) Documentário em DVD acerca da vida de Zamenhof, em português. Cerca de 60 minutos. CONTOS Rakontoj por ĉiuj aĝoj - Autor: Luiza Carol (IS) Livro com 26 contos num nível de esperanto fácil. 146 pp. NOVELAS Liberaj tempoj - Autor: Eduardo Novembro (PT) Novela sobre um dia na vida de um trabalhador. 124 pp. PEÇAS DE TEATRO La ĝenerala asembleo - Autor: João José Santos (PT) Tragicomédia sobre dois conceitos opostos de associações de esperanto. 48 pp. Aŭtodafeo - Autor: João José Santos (PT) - Menção Honrosa UEA 2011 Tragicomédia sobre atitudes ditatoriais. ENSAIO Identidade e presença de Camilo Castelo Branco em Do país da luz Autor e tradutor: João José Santos (PT) Ensaio espírita. Bilingue esperanto-português. 160 pp. 158 João José Santos _____________________________________________________ Acetu la libron en www.lakaravelo.net La aŭtoro João José Santos (esperante: Ĝoano Santo) naskiĝis en Lisbono, Portugalio, en la 15-a de majo 1958. Licenciiĝis en klasika kaj portugala filologioj (portugala, latina, helena) en la scienca kaj en la didaktika branĉoj, en la Beletra Fakultato de Universitato de Lisbono. Spiritisto ekde 1979. Esperantisto ekde 1985. Instruas esperanton en Portugalio ekde 1986 kaj prelegas. Instruisto pri la portugala, latina kaj helena lingvoj kaj literaturoj. Verkas librojn en esperanto kaj en la portugala. Krom spiritismo, esperanto, la latina, la helena kaj la portugala, interesiĝas pri literaturo, lingviko, filozofio, historio, komputiko, inter aliaj areoj. O autor João José Santos nasceu em Lisboa, Portugal, em 15 de maio de 1958. Licenciou-se em filologia clássica e portuguesa (português, latim, grego antigo), no ramo científico e no ramo didático, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Espírita desde 1979. Esperantista desde 1985. Ensina esperanto em Portugal desde 1986 e faz conferências. Professor de línguas e literaturas portuguesa, latina e grega. Escreve livros em esperanto e em português. Além de espiritismo, esperanto, latim, grego antigo e português, interessa-se por literatura, linguística, filosofia, história, informática, entre outras áreas.
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