Identeco kaj ĉeesto de Kamilo Kastelo Branko

Transcrição

Identeco kaj ĉeesto de Kamilo Kastelo Branko
C.C.B. em Do País Da Luz
1
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João José Santos
I den ti da de e pr esen ça de
Ca mi l o C a stel o Br an co
em Do País da Luz
ensaio espírita
edição bilingue esperanto-português
I den teco ka j ĉeesto de
Ka mil o Ka stel o Br an k o
en El la Lando de la Lumo
spiritisma eseo
dulingva eldono esperanta-portugala
2
João José Santos
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© 2011, João José Mendes Quitério dos Santos
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título: Identidade e presença de Camilo Castelo Branco
em Do país da luz (versão 1)
género: ensaio espírita
autor: João José Santos (Portugal)
tradução em esperanto: João José Santos (Portugal)
editora: o autor (La Karavelo)
composição, capa, contracapa, notas, índices, etc.: o autor
revisão da versão em português: Rosalina Xarepe (Portugal)
revisão da versão em esperanto: Paulo Sergio Viana (Brasil)
prefácio: Manuela Vasconcelos (Portugal)
línguas: bilingue - português e esperanto
ISBN: 978-989-96312-7-4
Depósito Legal: 334392/11
titolo: Identeco kaj ĉeesto de Kamilo Kastelo Branko
en El la lando de la lumo (versio 1)
ĝenro: spiritisma eseo
aŭtoro: João José Santos (Portugalio)
traduko en esperanto: João José Santos (Portugal)
eldonejo: la aŭtoro (La Karavelo)
kompostado, kovriloj, notoj, indeksoj, ktp.: la aŭtoro
revizio de la portugala versio: Rosalina Xarepe (Portugalio)
revizio de la esperanta versio: Paulo Sergio Viana (Brazilo)
prefaco: Manuela Vasconcelos (Portugalio)
lingvoj: dulingva - portugala kaj esperanto
ISBN: 978-989-96312-7-4
Leĝa Depono: 334392/11
C.C.B. em Do País Da Luz
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dankas la kunlaboron de ĉiuj iel
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4
João José Santos
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Camilo Castelo Branco
(1825-1890)
Fernando de Lacerda
(1865-1918)
Silva Pinto
(1848-1911)
C.C.B. em Do País Da Luz
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Yvonne do Amaral Pereira
(1900-1984)
Dediĉo
Dedicatória
Al Yvonne do Amaral Pereira,
princino de la spiritisma beletro,
kun mia korelverŝo
kaj eterna danko.
À Yvonne do Amaral Pereira,
princesa das letras espíritas,
com o meu afeto
e eterno agradecimento.
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João José Santos
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Enhavtabelo
Prefaco........................................................................... 8
Enkonduko..................................................................... 14
1. Kamilo Kastelo Branko kaj Silvo Pinto - historia fono.........22
2. La laboro de la supera spiritaro.....................................26
3. Diversaj pruvoj de identeco de Kamilo-spirito..................30
a) Honoro kaj opinio de la mediumo..............................32
b) Opinio de Silvo Pinto...............................................38
c) Opinio de aliaj tiutempaj gravuloj..............................40
d) Kamilo en El la lando de la lumo kaj en Memoroj de suicidinto.. 42
e) Pri la grafologia analizo de la mesaĝoj........................44
f) Personeco de Kamilo antaŭ kaj post la elkarniĝo...........46
4. Literatura analizo de la 1-a letero de Kamilo al Silvo Pinto...48
5. La aliaj leteroj de Kamilo..............................................88
Konkludo.....................................................................118
El la lando de la lumo - Indeksoj.....................................129
Indekso laŭorde de volumo.........................................129
Indekso aŭtora.........................................................143
Bibliografio (fundamenta)...............................................154
Eldonaĵoj La Karavelo....................................................156
La aŭtoro..................................................................... 158
C.C.B. em Do País Da Luz
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Índice
Prefácio.......................................................................... 9
Introdução..................................................................... 15
1. Camilo e Silva Pinto - contextualização histórica..............23
2. O trabalho da espiritualidade superior............................27
3. Provas variadas da identidade de Camilo-espírito.............31
a) Honorabilidade e opinião do médium..........................33
b) Opinião de Silva Pinto..............................................39
c) Opinião de outras individualidades da época................41
d) Camilo em Do país da luz e em Memórias de um suicida.. 43
e) Acerca da análise grafológica das mensagens..............45
f) Personalidade de Camilo antes e depois de desencarnar.. 47
4. Análise literária da 1.ª carta de Camilo a Silva Pinto.........49
5. As outras cartas de Camilo...........................................89
Conclusão.................................................................... 119
Do país da luz - Índices..................................................129
Índice por volume.....................................................129
Índice por autor........................................................143
Bibliografia (fundamental)..............................................155
Edições La Karavelo.......................................................157
O autor.......................................................................158
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Prefaco
I
Kvankam mi multe skribas por aliuloj, mi neniam skribis
prefacon, nur enkondukojn en miaj propraj libroj. Estas tre
malfacile por mi prefaci libron verkitan de iu multe pli kapabla ol
mi simpla skribanto. Mi ne havas beletrajn studojn egalajn nek
similajn al tiuj de la aŭtoro de ĉi tiu libreto. Mi atente ĝin legis,
ŝatante la analizon al la kuneca laboro de Fernando Lacerdo kun la
verkisto Kamilo Kastelo Branko.1
Post la verkado de mia libro, restis en mi granda kareso al la
portugala mediumo, kiu nuntempe, kiel spirito, min favoras per sia
ofta apero al mi, en la laboroj de Komunumo Spiritista Kristana de
Lisbono. Mi kredas, ke mia verko sukcesis, pli ol ion ajn alian,
ekhavigi al mi spiritan amikon, kiun mi plej estimas, kaj kiu ĉiam
estas helpema. Estis merito de la Alto, ne de mi, konigi lin al la
publiko. Se ne ekzistus intereso en la rivelado 2, mia esploro estus
senfrukta. Tial mi preferas rigardi min nur kiel instrumenton 3.
Ankoraŭ alia motivo min instigis: la fakto, ke Fernando estas
portugalo ne aprezata en sia propra lando, Portugalio, kiun li tiom
intense
amis!
Dume
ni
portugaloj
kvazaŭ
adoras
la
eksterlandanojn, kiuj nin vizitas...
Kiam mi ekesploris kaj demandadis pri Fernando Lacerdo, neniu
sciis respondi al mi. Poste, iu aludis al la simio-homo, sed sen
ĝusta klarigo pri la faktoj, sen pliaj informoj. Unuflanke mi estas
tre scivolema, aliflanke mi ŝatas, ke la justeco aplikiĝu tre
adekvate. Estis necese tiam ekkonigi Fernandon kaj restarigi la
justecon.
1 Oni transliteras la nomojn en la esperanta versio. Facile la leganto povas
trovi la originan nomon en la portugala versio, kiu kuŝas ĉi tie dekstre.
2 Ŝi aludas al la intereso de la bonaj spiritoj riveladi pri la verko de
Lacerdo.
3 Instrumento de laboro de la bonaj spiritoj. Tia devas esti la spiritistaj
mediumoj.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Prefácio
I
Embora escreva muito para ser lida por terceiros, nunca
escrevi um prefácio... intróitos, sim, nos meus próprios
livros. É-me difícil, muito difícil mesmo, prefaciar uma Obra
escrita por alguém muito mais capaz do que eu, que sou
apenas uma simples escrevente e não tenho habilitações
literárias nem iguais nem idênticas às de quem escreveu
este Opúsculo, que li atentamente, gostando da análise do
Autor ao trabalho conjunto de Fernando de Lacerda e do
escritor Camilo Castelo Branco.
Do meu livro, ficou-me um carinho muito grande pelo
médium português que, hoje em dia, como Espírito, faz o
favor de, por vezes, muitas vezes, estar presente nos
trabalhos da "Comunhão Espírita Cristã de Lisboa". Creio
que a minha Obra conseguiu, mais que qualquer outra
coisa, angariar-me um Amigo Espiritual, daqueles que
referimos com maiúscula e com quem sempre podemos
contar. Tê-lo dado a conhecer, foi uma oportunidade que
penso ser mérito do Alto, que não meu: se não houvesse
interesse em o revelar, a minha pesquisa teria sido
infrutífera; então, prefiro considerar-me, apenas, como
instrumento.
Houve, ainda, um outro motivo que, penso, me motivou:
o facto do Fernando ser português e não o ver reconhecido
no seu próprio País: o Portugal que ele tanto amou!,
enquanto quase que vamos "adorando" os estrangeiros que
nos visitam...
Na época em que comecei a pesquisa, e perguntei quem
tinha sido o Fernando de Lacerda, ninguém me soube
responder; depois, alguém me referiu o homem macaco,
mas sem explicar convenientemente os factos, e por aí se
ficou! E se eu sou muito curiosa, por um lado, por outro,
gosto muito de saber a justiça sempre bem aplicada!... E
com o Fernando, havia necessidade de o dar a conhecer e
de se lhe fazer justiça.
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João José Santos
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En la mesaĝoj, kiujn li diktas al la Tero, tiel kiel en lia
asistlaboro, ankoraŭ nuntempa, al niaj gefratoj suicidintaj, mi plu
vidas lin kiel filantropon, ĉiam zorgeman en “amado al sia
proksimulo kiel al si mem”.
Ĝoano4, mi, la legontoj, kie ajn ĉiu el ni estas, devas ĉiam sekvi
la ekzemplon de tiuj, kiuj antaŭis nin kaj nin gvidas, ankoraŭ
nuntempe, survoje al la Lumo!
II
Pri la laboro de Prof-ro Ĝoano Santo (kaj tio plej gravas ĉi tie),
mi opinias, ke ĝi estas tre grava, ĉar per ĝi oni decidas ĉu akcepti,
ĉu ne, la psikografion de la mediumo. Aliflanke, ĝi ankaŭ gravas,
precipe por la plej nekredemaj, por la akceptado, ke la Vivo
daŭras...
Ĉu ekzistas trompeco en ĉi tiuj mesaĝoj? Ne. Ilia aŭtoro 5 estas
tie, en ĉiu skribita frazo, kvankam, kiel asertas Ĝoano, mankas la
originaĵoj por pli adekvata komparado. Sed, kun aŭ sen tiu manko,
tiu, kiu konas la kamilan verkon 6, trovas la aŭtoron en la vortoj
transliveritaj per la mediumo7. Ĉi tiu ĉiam rifuzis, malgraŭ la
konsilo de diversaj personoj, agnoski la aŭtorecon de la mesaĝoj.
Konklude, la psikografio de Fernando Lacerdo plu diras, de
antaŭ unu jarcento, al ni ĉiuj, ke la vivo daŭras. Tio ne okazis nur
por veki la tiamajn legantojn, sed por veki la legantojn de ĉiuj
tempoj. Li nin instruas, ke en la alia flanko de la vivo, ni plu estos
tiom riĉaj, spirite kaj intelekte, kiom ni estis ĉi tie, en la loĝejo
donita de la Patro, por ke ni konstruu kaj pronfundigu nian
evoluon.
4 Aludo al la aŭtoro de ĉi tiu libro, kiu ankaŭ verkas la notojn. Mi
transliteras la portugalan nomon João al “Ĝoano”, tiel kiel la rusoj
transliteras la rusan nomon Ivan al “Ivano”. En ambaŭ lingvoj, tiu nomo
estas “Johano”.
5 Kamilo Kastelo Branko.
6 Aludo al la verkaro de Kamilo, kiun li verkis kiel homo.
7 Aludo al la mesaĝoj, kiujn Kamilo, kiel spirito, sendis al la Tero, per la
mediumeco de Lacerdo.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Nas mensagens que ele dita para a Terra, como na
maneira como continua, ainda hoje, a assistir aos nossos
irmãos suicidas, nós continuamos a encontrar nele o
filantropo sempre preocupado em "amar o seu próximo
como a si mesmo".
Pensamos que nós, o João, todos os que nos lerem, onde
quer que uns e outros se encontrem, o melhor que podemos
fazer será sempre seguir o exemplo dos que nos
precederam e nos orientam, ainda hoje, a caminho da Luz!
II
Referindo, agora, o trabalho do Prof. João Santos, que é
o que importa aqui, penso que ele é importantíssimo para o
aceitar-se, ou não, a psicografia do médium - por um lado;
por outro, o aceitar-se, também - principalmente os mais
descrentes - a Vida que continua...
Há mistificação nestas mensagens? Não. O seu autor
está lá, em cada frase grafada embora, como o João afirma,
fazerem falta os originais para um mais preciso termo de
comparação. Mas, faltando ou não, quem se debruce sobre
a Obra camiliana encontra o seu Autor nas palavras
transmitidas através do médium - que recusou sempre,
apesar de assim ter sido aconselhado por diversas pessoas,
a dizer-se o autor das mesmas.
Então, concluimos, a psicografia que Fernando de
Lacerda vem apresentando, há mais de um século, em
palavras e frases que não foram só para que "no momento
acordassem os leitores", mas que ficaram para a
posteridade, graças aos livros que as trouxeram até nós, as
palavras de Lacerda afirmam-nos, também, que a VIDA
CONTINUA e que continuamos, todos nós, "do outro lado",
tão ricos espiritual e intelectualmente como o somos
(fomos) aqui, nesta "morada da Casa do Pai" que o Senhor
nos concede para nela procurarmos construir e aprofundar a
nossa evolução.
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Dankon al Prof-ro Ĝoano Santo, mia amiko, pro la dediĉema
laboro, kiun li proponis al si mem, kaj kiun iam li povos konkludi,
mi certas, kiam B.S.F.8 decidos liveri al nia Federacio 9 la originaĵojn
de la tiamaj psikografioj.
Oni atendu, do.
Multan pacon por ĉiuj.
Kun kareso,
Manuela Vasconcelos10
8 Brazila Spiritisma Federacio - B.S.F.
(PT Federação Espírita Brasileira - F.E.B.)
9 Portugala Spiritisma Federacio- P.S.F.
(PT Federação Espírita Portuguesa - F.E.P.)
10 Manuela Vasconcelos estas la aŭtorino de la verko Fernando Lacerdo,
la portugala mediumo. Ĝi estas la plej profunda studo iam ajn farita pri
Lacerdo kaj pri lia kvar-voluma verko El la lando de la lumo. La honesta
studanto, kiu deziras bone kompreni la vivon kaj la verkon de Lacerdo,
tiel kiel la eĥon, kiun tiu mediuma verko kaŭzis en sia tempo, nepre
devas legi ĉi tiun livron de Manuela. Ĝi estas historia kaj biografia eseo
verkita kun granda respekto al la vero de la faktoj, kaj taŭge enkadrita
en la perspektivo de la spiritisma doktrino. Elkore ŝi akceptis mian
peton verki la prefacon. Ŝia amikeco min honoras kaj teneras.
La respekto al la tekstoj de aliaj aŭtoroj ĉiam devigas min ne korekti ion
ajn en tiuj tekstoj. Jen do la prefaco de Manuela, tiel kiel ŝi ĝin verkis,
sen ia ajn ŝanĝo, eĉ sen la adapto al la Nova ortografia akordo pri la
portugala lingvo.
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Agradecemos ao Prof. João Santos (e ao Amigo) o
trabalho dedicado que se propôs e que um dia, estamos
certa, poderá concluir quando a F.E.B. se resolver a
entregar à nossa Federação os originais das psicografias de
então.
Aguardemos, pois.
Muita paz para todos.
Com carinho,
Manuela Vasconcelos11
11 Manuela Vasconcelos é a autora da obra Fernando de Lacerda, o
médium português. Trata-se do estudo mais aprofundado que já foi
feito sobre Lacerda e a sua obra em quatro volumes Do país da luz. O
estudioso honesto, que queira compreender bem a vida e a obra de
Lacerda, tal como o eco que essa obra mediúnica teve à época, tem
que ler este livro da Manuela, que constitui um ensaio histórico e
biográfico, feito com um grande respeito pela verdade dos factos, e
devidamente enquadrado na perspetiva da doutrina espírita. Tê-la como
amiga que não se fez rogada em aceitar o meu convite de escrever o
prefácio deste opúsculo, honra-me e enternece-me.
O respeito aos textos de outros autores obriga-me sempre a não fazer
qualquer tipo de emendas. O prefácio da Manuela aqui fica, tal e qual
como ela o escreveu, sem qualquer alteração, sem ter sido sequer
atualizado segundo o Novo acordo ortográfico da língua portuguesa.
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João José Santos
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Enkonduko
Ĉi tiu libreto rezultis el la prelego prezentita en Seminario
Fernando Lacerdo, organizita de Unio Spiritisma de la Regiono de
Lisbono, okazinta en Aŭditorio de Fakultato de Dento-Medicino de
Lisbono, en la 27-a de marto 2011.
Post la prezento de la prelego, kelkaj homoj montris intereson
legi ĝin, kio kaŭzis ĝian aperon en libroformo. La prezento de
seriozaj laboroj en formo de libro plu estas la plej digna por ili. Eĉ
tiel, dezirante servi pli larĝan publikon, oni disponebligas la
neprinteblan PDF-version de ĉi tiu libro en
www.spiritistoj.weebly.com
Pro tio, ke ne ĉiuj legantoj havas beletran kulturon por
kompreni kelkajn teknikajn terminojn ĉi tie uzatajn, kaj aliajn ne
teknikajn sed ne tre oftajn, oni uzis piednotojn por ke la libreto
estiĝu pli komprenebla de pli granda nombro da homoj. Tiel, la
leganto havas la taskon faciligita, ĉar li ne bezonos tre ofte konsulti
la vortarojn.
Aldone oni asertu, ke la ofta konsulto al referencverkoj estas
treege bona kutimo, plenpova preventilo kontraŭ la malsano
Alzejmero, eble ne pruvita de iu ajn sciencisto, sed ne tial malpli
kredinda de la praktikantoj de tiu mensa sporto. Ne la tekstoj
devas aperi tro facilaj, malriĉiĝantaj kaj reduktiĝantaj ĝis nivelo de
produkto facile asimilebla de ĉiuj; sed la leganto devas gigantiĝi,
pliriĉiĝi kulture, por kapabli asimili la tekstojn.
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Introdução
Este opúsculo resultou da dissertação apresentada no
Seminário Fernando de Lacerda, realizado pela União
Espírita da Região de Lisboa, ocorrido no Auditório da
Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa, em 27 de março
de 2011.
Após a apresentação da dissertação, algumas pessoas
mostraram interesse em ter o trabalho escrito, razão pela
qual ele é editado. A apresentação de trabalhos sérios em
forma de livro continua a ser aquela que corresponde à
dignidade que eles merecem. Ainda assim, desejando servir
um público tanto quanto possível alargado, disponibiliza-se
a versão deste livro em PDF não imprimível, em
www.lakaravelo.net
Uma vez que nem todos os leitores dispõem de cultura
literária para entender alguns termos técnicos que são aqui
usados, e outros não técnicos mas pouco frequentes, foram
inseridas notas de rodapé para que o opúsculo se torne
acessível a um número maior de pessoas. O leitor tem
assim a tarefa facilitada pois recorrerá menos vezes aos
dicionários.
Diga-se de passagem que a consulta frequente de obras
de referência é um excelente hábito, poderoso preventivo
contra a doença de Alzheimer, eventualmente não
comprovado por nenhum cientista, mas nem por isso menos
acreditado pelos praticantes de tal desporto mental. Não
são os textos que se devem apequenar, empobrecendo-se e
reduzindo-se a um produto facilmente assimilável por
todos; é o leitor que se deve agigantar, enriquecendo-se
culturalmente, para poder entender os referidos textos.
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João José Santos
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La verkoj kun granda literatura kvalito kaj kun granda saĝeco,
kiel la unua letero de Kamilo al Silvo Pinto en la verko El la lando
de la lumo, estas manĝaĵoj tre nutraj, sed ĉiu homo kapablas
elpreni el ili nur la digesteblajn nutraĵojn. La celo de ĉi tiu laboro
estas helpi la leganton digesti kelkajn el tiuj nutraĵoj. Por tio, ĝi
konigas la cirkonstancojn kaj la historian fonon, en kiu la
intervenintoj troviĝis. Ĝi montras la rilatojn inter la aktoroj, por ke
la dramo estu komprenata en spirita dimensio pli profunda, ol tiu
havebla post ne pripensita legado de la teksto.
La portugala versio de ĉi tiu laboro estas verkita laŭ la Nova
ortografia akordo pri la portugala lingvo. Tamen, la citaĵoj el la
verko El la lando de la lumo restas kun la grafio de la konsultita
eldono. Eble iam, la originaĵoj de la verko de Lacerdo troviĝos laŭ
la dispono de la esploristoj, kiuj tiam povos fiksadi la tekston de tiu
verko. Manke de referenceldono, preferindas citi la konsultitan
eldonon sen ŝanĝoj.
Pro tio, ke la seminario, kiu rezultigis ĉi tiun laboron, okazis en
la portugala lingvo, kaj la tuta bibliografio rilatanta la aferon estis
origine verkita en la portugala, ankaŭ ĉi tiu verko estis verkata en
ĉi tiu lingvo, kaj nur poste tradukita esperanten far la aŭtoro mem.
Dum la tradukado, estis ofte necese aldoni tekston en esperanto,
kio devigis la aŭtoron reskribi la tekston en la portugala. Do, la
aŭtoro mem konsideras, ke ambaŭ versioj, la esperanta kaj la
portugala, estas originaj. Ja traduko farita de la propra aŭtoro
neniam estas traduko, sed kunverko en ambaŭ lingvoj.
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As obras de grande qualidade literária e de grande
sageza, como a primeira carta de Camilo a Silva Pinto na
obra Do país da luz, são alimentos muito nutritivos, mas
cada um só retira deles os nutrientes que consegue digerir.
O objetivo deste trabalho é auxiliar o leitor a digerir alguns
desses nutrientes, dando a conhecer as circunstâncias e o
pano de fundo histórico em que os intervenientes se
encontravam, estabelecendo relações entre os atores, a fim
de que o drama seja compreendido numa dimensão
espiritual mais aprofundada do que aquela que se obtém de
uma primeira leitura irrefletida do texto.
Este trabalho foi escrito segundo o Novo Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa. Contudo, as citações da
obra Do país da luz mantêm-se com a grafia da edição
consultada. Pode ser que um dia, os originais da obra de
Lacerda se encontrem à disposição dos estudiosos, que
poderão então proceder à fixação do texto. À falta de uma
edição de referência, é preferível citar a edição consultada
sem modificações.
Pelo facto do seminário, que deu origem a este trabalho,
ter ocorrido em língua portuguesa, e porque toda a
bibliografia relativa ao assunto foi escrita originalmente em
português, também esta obra foi escrita primeiramente
nesta língua, e só depois traduzida para o esperanto pelo
próprio autor. Durante o trabalho de tradução, houve a
necessidade frequente de se acrescentar texto em
esperanto, o que obrigou o autor a rescrever esses textos
em português. Então o autor considera que ambas as
versões, em esperanto e em português, são originais. De
facto, a tradução feita pelo próprio autor nunca é uma
tradução, mas a produção conjunta em ambas as línguas.
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João José Santos
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Oni publikas ĉi tiun verketon en dulingva eldono esperantaportugala, ĉar spiritismo ne estas propraĵo de la latinidaj popoloj,
sed doktrino kapabla porti ĉiujn popolojn de la Tero al la kompreno
de la nemortebla leciono de Jesuo Kristo. Esperanto ne estas nur
unu plia lingvo inter multaj aliaj. La servo, kiun esperanto povos
doni al spiritismo estas plurfaca, sed ĉi tiu ankoraŭ ne estas la
taŭga loko por plia disvolvo pri la afero. Oni asertu nur, ke
spiritismo konstante alvenadas al popoloj, kies lingvoj estas tre
distaj de la portugala, kiel la hungara kaj la japana, danke al la
laboro de esperanto-spiritistoj, kiuj uzas esperanton kiel pontolingvon inter la portugallingva originaĵo kaj siaj denaskaj lingvoj.
La verko El la lando de la lumo ankoraŭ ne estas tradukita en
esperanto, sed kredeble iam ankaŭ ĉi tiu verko estos tradukita en
esperanto, kaj el ĝi, ĝi tradukiĝos al multaj aliaj lingvoj. Oni
pripensu la frazon de Jesuo: “Kiam oni bruligas lampon, oni metas
ĝin ne sub grenmezurilon (...)” (Mateo 5.15.). Iam, esperanto
demetos la grenmezurilon, kaj la spiritisma lumo povos disradii tra
la tuta planedo, por ĉiuj koroj, kiuj estos pretaj ĝin absorbi.
Esperanto ne estas nur lingva kodo genie aranĝita. Ĝi estas
ankaŭ partoprenado kultura, respekto al ĉiuj popoloj kaj religioj,
maniero kunvivi kun ĉiuj teranoj sur grundo de toleremo. Nu, ĉu ĉi
tio estas la komuna denominatoro de ĉiuj religioj? La spiritistoj,
kiuj konscias, ke spiritismo bezonas esperanton por alveni al ĉiuj
popoloj, devas doni la ekzemplon, eldonante siajn verkojn en la
denaska lingvo kaj en esperanto, por ke la origina eldono povu
ĝentile donaci tuj la eblecon plutraduki la verkon al iu ajn alia
lingvo, per la rigoro, facileco kaj beleco, kiujn nur la lingvo de
Zamenhof povas doni.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Publica-se este opúsculo em edição bilingue portuguêsesperanto porque o espiritismo não é propriedade dos povos
latinos, mas uma doutrina capaz de levar todos os povos da
Terra à compreensão da lição imperecível de Jesus Cristo. O
esperanto não é apenas mais uma língua entre muitas
outras. O serviço que o esperanto pode vir a prestar ao
espiritismo é multifacetado, mas este não é ainda o espaço
próprio para um maior desenvolvimento do assunto. Diga-se
apenas que o espiritismo tem chegado a povos de línguas
muito diferentes da língua portuguesa, como o húngaro e o
japonês, graças ao trabalho de espíritas esperantistas que
usam o esperanto como língua-ponte entre o original
português e a sua língua natal. A obra Do país da luz ainda
não está traduzida para esperanto, mas acreditamos que
também essa obra um dia chegará ao mundo esperantista,
e daí ela poderá ser traduzida para muitas outras línguas.
Meditemos na frase de Jesus: “Nem se acende a candeia e
se coloca debaixo do alqueire (...)” (Mateus 5.15). Um dia,
o esperanto retirará o alqueire, e a luz espírita poderá
irradiar por todo o planeta, para todos os corações que
estejam prontos para a absorver.
O esperanto não é só um código linguístico concebido
com genialidade. Ele é também partilha de cultura, respeito
por todos os povos e religiões, uma forma de conviver com
todos os habitantes da Terra tendo por base a tolerância.
Ora, não é este o denominador comum de todas as
religiões? Os espíritas, conscientes de que o espiritismo
necessita do esperanto para chegar a todos os povos,
devem dar o exemplo, editando as obras na sua língua natal
e em esperanto, para que a edição original possa
gentilmente oferecer de imediato a possibilidade de verter a
obra para qualquer outra língua, com o rigor, facilidade e
beleza que só a língua de Zamenhof pode dar.
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João José Santos
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La prefacon mi dankas al Manuela Vasconcelos. Ŝi estas la
homo, kiu ĝis nun plej esploris pri la verko de Fernando Lacerdo.
Ŝia verko Fernando Lacerdo, la portugala mediumo estas ne nur
necesa, sed fundamenta por postaj studoj pri la afero. Ĉi tie kuŝas
miaj dankoj al Rozalino Ŝarepo kaj al Paulo Sérgio Viana pro ilia
laboro revizii la portugalan kaj la esperantan versiojn, respektive.
Mi dankas ankaŭ al Rui Marta, prezidanto de Unio Spiritisma de la
Regiono de Lisbono, kiu min invitis prezenti la prelegon en la
menciita Seminario Fernando Lacerdo.
Post precize 100 jaroj de la elkarniĝo de Antono Jozefo Silvo
Pinto (1848-1911), aperas ĉi tiu libro, sen la anticipa konscia
planado de la aŭtoro, elirinta el la prepara laboro por prelego. Dio
kaj la bonaj animoj volu, que ĝi estu almenaŭ tiom utila al la
legontoj, kiom ĝi jam estis al mi mem.
Ĝoano Santo
j o a o jo s e s a n t o s @g m a i l . c o m
C.C.B. em Do País Da Luz
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Agradeço o prefácio à Manuela Vasconcelos. Até hoje foi
ela quem mais investigou a obra de Fernando de Lacerda. A
sua obra Fernando de Lacerda, o médium português é não
só necessária, mas fundamental a estudos posteriores sobre
o assunto. Aqui ficam expressos os meus agradecimentos a
Rosalina Xarepe e a Paulo Sérgio Viana por terem revisto o
texto português e em esperanto, respetivamente. Agradeço
também a Rui Marta, presidente da União Espírita da Região
de Lisboa, que me convidou a apresentar a dissertação no
referido Seminário Fernando de Lacerda.
Precisamente 100 anos após o desencarne de António
José da Silva Pinto (1848-1911), surge este livro, sem que
o autor o tenha conscientemente planeado, tendo saído do
trabalho preparatório para uma palestra. Queira Deus e as
boas almas que ele seja pelo menos tão útil aos leitores,
quanto já me foi a mim mesmo.
João José Santos
jo ao jo se santo s@gm ail .co m
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João José Santos
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1. Kamilo Kastelo Branko kaj
Silvo Pinto - historia fono
Unue ni parolu pri la amikecrilato inter Kamilo Kastelo Branko
kaj Antono Jozefo Silvo Pinto, pro tio, ke la verko El la lando de la
lumo komenciĝas ĝuste per la klopodo de Kamilo savi la amikon
Silvo Pinto el la krifoj de indigno, de ribelo kaj de rankoro, kiuj
certe akriĝus ĝis la suicido.
En 1906, Fernando Lacerdo frapas la pordon de la portugala
verkisto Silvo Pinto, sin prezentas certe timida, pro la strangeco de
la situacio, kaj plenrespekte diras al la verkisto, ke li havas leteron
de amiko por li. La letero estis subskribata kun la nomo “Kamilo
Kastelo Branko”, unu el la plej eminentaj verkistoj de ĉiam, kaj
granda amiko de Silvo Pinto. La vicpolicestro Fernando Lacerdo
legas la leteron al Silvo Pinto, kiu emociiĝas. La letero estis skribita
de Kamilo Kastelo Branko en 1906, sed Kamilo estis mortinta en
1890. Ĝi estis spirita mesaĝo transsendita el la alia mondo,
adresita al amiko, por lin savi el suicido.
Kamilo kaj Silvo Pinto havis la kristanan koncepton pri Dio, kaj
diversfoje ili estis interparolintaj pri spiritaj aperoj. Ambaŭ havis
mediumajn spertojn, kiuj suspektigis al ili, ke io postrestas post la
morto de la fizika korpo. Malgraŭ tio, Kamilo suicidis en 1890, dek
ses jarojn antaŭe.
Kamilo kaj Silvo Pinto sin interkonis en literaturaj disputoj. Ili
estis verkistoj, kiuj facile sin envolvis en polemikoj pri stiloj, skoloj,
etiko, ktp., semante malamikecojn tra la vivo. Okazis ofte en tiu
tempo, ke la verkistoj sin konfrontis en senfinaj diskutoj.
Kamilo kaj Silvo Pinto glavumis argumentojn kaj poziciojn, sed
io nekutima estis okazonta: ili malkovris, ke ili estas en la sama
flanko de la barikado, kaj ili fariĝis bonaj amikoj. Do, ili ekluktis
kontraŭ komunaj literaturaj malamikoj.
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1. Camilo Castelo Branco e Silva
Pinto - contextualização
histórica
Comecemos por nos referir à relação de amizade entre
Camilo Castelo Branco e António José da Silva Pinto, uma
vez que a obra Do país da luz se inicia precisamente com o
esforço de Camilo em salvar o amigo Silva Pinto das garras
da indignação, da revolta e do rancor, que certamente
culminariam no suicídio.
Em 1906, Fernando de Lacerda bate à porta do escritor
português Silva Pinto, apresenta-se certamente acanhado
pelo facto da situação ser insólita e, com o devido respeito,
diz-lhe que tem uma carta de um amigo para ele. A carta
estava assinada com o nome “Camilo Castelo Branco”, um
dos mais notáveis escritores de todos os tempos, e grande
amigo de Silva Pinto. O subinspetor da polícia Fernando de
Lacerda lê a carta a Silva Pinto, que fica emocionado. A
carta havia sido escrita por Camilo Castelo Branco em 1906,
mas Camilo havia morrido em 1890. Tratava-se de uma
mensagem espiritual enviada do além, endereçada a um
amigo, para o salvar do suicídio.
Camilo e Silva Pinto acreditavam em Deus, e haviam
conversado várias vezes sobre aparições. Ambos tinham
tido experiências mediúnicas que os faziam suspeitar de que
algo havia após a morte do corpo físico. Apesar disso,
Camilo tinha-se suicidado em 1890, dezasseis anos antes.
Camilo e Silva Pinto conheceram-se em disputas
literárias. Eram escritores que se envolviam com facilidade
em polémicas sobre estilos, escolas, ética, etc., semeando
inimizades ao longo da vida. Era hábito na altura, que os
escritores se confrontassem em discussões sem fim.
Camilo e Silva Pinto esgrimiram argumentos e posições,
mas algo inusitado havia de acontecer: descobriram que
estavam do mesmo lado da barricada, e tornaram-se bons
amigos. Passaram então a lutar contra inimigos literários
comuns.
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Kamilo estis naskiĝinta en Lisbono, sed li vivis en Sanmigelo
Sejdo, en la nordo de la lando, kun la edzino, Ano Plasido, kaj kun
la filoj.
Silvo Pinto ankaŭ naskiĝis en Lisbono, kie li vivis plejparton de
la vivtempo. Li estis en Hispanio, kie li batalis por la respublikistoj
kontraŭ la karlistoj. Poste li vojaĝis al Brazilo, kie li restis dum du
jaroj, en vana provo riĉiĝi. Li revenis al Lisbono, kaj ĉi tie li restis
ĝis la fino de siaj tagoj. Li kaj Kamilo sin ofte intervizitis, kvankam
ili loĝis distaj unu de la alia. Ili interŝanĝis multajn leterojn, kiuj
estas publikitaj.
Silvo Pinto adoris la amikon, ĉar li vidis en Kamilo la geniecon,
kiun multaj nur kapablis agnoski multajn jarojn pli malfrue. Post la
morto de Kamilo, Silvo Pinto movis montarojn, por ke oni starigu
monumenton al la granda verkisto, kaj por ke oni helpu la nepojn
de Kamilo, kiuj bezonis monan helpon. Malmultaj estas la
portugaloj, kiuj ne konas la nomon de Kamilo Kastelo Branko, sed
same malmultaj estas la portugaloj, kiuj konas almenaŭ la nomon
de Silvo Pinto, kiu estis ĵurnalisto, dramverkisto kaj eseisto.
Oni ŝuldas al Silvo Pinto la publikadon de la ununura poemlibro
de unu el la plej bonaj portugalaj poetoj, Cezarjo Verdo, al kiu li
estis ankaŭ granda amiko. Krom la ĵurnalistaj kaj literaturaj
aktivaĵoj, Silvo Pinto estris la junuledukan korektejon Moniko. Li
verkis por multaj gazetoj, ĉiam envolviĝanta en literaturaj
polemikoj. Ĝentila al la amikoj kaj senindulga al la kontraŭantoj, li
kolektis malamikojn dum la tuta vivo. Post ĝuste 100 jaroj de la
morto de Silvo Pinto, apenaŭ oni parolas pri ĉi tiu portugala
verkisto, kaj kiam iu aludas al li, ofte estas por regurdi kelkajn el
la maljustaĵoj, pri kiuj li plendis.
Ĉi tiu laboro donas kelkajn informojn pri la verkisto Silvo Pinto,
ĉar li estas apenaŭ konata eĉ ĉe siaj kunpatrianoj. Pri la biografio
de Kamilo, ne indas diri multe pli. La enorma verkisto estas tre
konata, kaj facile haveblas detalaj informoj pri lia vivo kaj verkaro.
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Camilo tinha nascido em Lisboa, mas vivia em São Miguel
de Seide, no norte do país, com a mulher, Ana Plácido, e
com os filhos.
Silva Pinto era também de Lisboa, onde viveu a maior
parte do tempo. Esteve em Espanha, onde combateu pelos
republicanos contra os carlistas. Depois foi para o Brasil, por
dois anos, numa tentativa vã de enriquecimento. Voltou a
Lisboa, e por cá ficou até ao fim dos seus dias. Ele e Camilo
visitaram-se bastantes vezes, apesar de viverem longe um
do outro, e trocaram muitas cartas, que estão publicadas.
Silva Pinto venerava o amigo porque reconhecia em
Camilo a genialidade, que muitos só souberam reconhecer
muitos anos mais tarde. Após a morte de Camilo, foi Silva
Pinto quem moveu montanhas para que fizessem um
monumento ao grande escritor, e para que auxiliassem os
netos de Camilo, que necessitavam de ajuda económica.
Poucos são os portugueses que não conhecem o nome de
Camilo Castelo Branco, e igualmente poucos são os
portugueses que conhecem pelo menos o nome de Silva
Pinto, que foi jornalista, dramaturgo e ensaista.
Deve-se a Silva Pinto a publicação do único livro de
poemas de um dos grandes poetas portugueses, Cesário
Verde, de quem também foi grande amigo. Além das
atividades jornalísticas e literárias, Silva Pinto dirigia a casa
de correção de menores das Mónicas. Escreveu para muitos
jornais, sempre envolvido em polémicas literárias. Generoso
com os amigos e implacável com os adversários, colecionou
inimigos durante toda a vida. Passados precisamente 100
anos da morte de Silva Pinto, mal se fala deste escritor
português, e quando alguém o faz é para repetir algumas
das injustiças de que ele se queixava.
Este trabalho dá alguma informação sobre o escritor Silva
Pinto, uma vez que se trata de um quase desconhecido
mesmo para os seus compatriotas. Acerca da biografia de
Camilo não vale a pena dizer muito mais. O grande escritor
é muito conhecido, e com facilidade se obtém informação
detalhada sobre a sua vida e obra.
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João José Santos
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2. La laboro de la supera spiritaro
Kiel oni scias, per la verko de Ivono Perejro, Memoroj de
suicidinto12 13, kaj per la verko de Fernando Lacerdo, El la lando de
la lumo, Kamilo-spirito venas viziti la Teron, la duan fojon, dek ses
jarojn post sia suicido. Sen loko por tranokti, li memoras pri
Fernando Lacerdo, kiun li ekkonis en la spirita mondo, pro la
spiritaj vojaĝoj faritaj de la mediumo, dum la fizika korpo dormis.
Iun nokton, kiam Fernando Lacerdo jam estis preskaŭ en dormo,
Kamilo proksimiĝas al li kaj diras: «Estu bonvola. Leviĝu kaj ekskribu.»
Fernando Lacerdo leviĝis kaj skribis ĉion, kion la verkisto volis
dikti al li. La celo de Kamilo estis klara: li volis diri al sia amiko
Silvo Pinto, ke la vivo daŭras post la fizika morto, kaj ke la suicido
neniel estas digna kaj efika rimedo por la vivproblemoj, sed krimo
kun konsekvencoj milfoje pli dolorigaj ol la surteraj suferoj. Li
sentis responson pro la negativa influo, kiun li lasis en la spirito de
Silvo Pinto, kaj li neniel volis, ke la amiko suicidu. Kamilo bone
konis la amikon. Li konis lin tiel bone, ke li sciis krei en lian spiriton
la dubon, konvinkante lin pri la vereco de siaj leteroj. Aliflanke,
Silvo Pinto bone konis la stilon de Kamilo, kio malebligis ke li rifuzu
la leterojn senditajn de Kamilo per la mediumeco de Lacerdo.
Tiel, la supera spiritaro saĝe profitas la ekzistajn cirkonstancojn de
ĉi tiuj du spiritoj por, per la eksterordinara mediumeco de Lacerdo,
konstrui verkon en kvar volumoj, kie defilas galerio de famaj homoj,
plejparte elvenintaj el la beletra portugala mondo, kiuj havas la
komunan trajton deziri komuniki al la mondo, ke ili plu ekzistas, plu
amas kaj plu progresas, malgraŭ la perdo de la fizika korpo.
12 Legu ĝin en esperanto elŝutinte el: www.spiritistoj.weebly.com
13 En tiu traduko, Affonso Soares uzis la titolon “Memoraĵoj de
sinmortiginto”. Kvankam mi plene respektas tiun elekton, mi preferas la
tradukon al “Memoroj de suicidinto” (vidu “suicid-o” en NPIV). Ja
“memoroj”, ĉar, laŭ la principo de sufiĉo, oni facile memkomprenas, ke
temas pri “rememoraĵoj”. Pri “suicidinto”, la radiko “suicid-o” ebligas
vortkunmetojn pli elegantajn ol tiuj faritaj el “sinmortigi”. Komparu:
suicido/sinmortigo - suicidinto/sinmortiginto - suicidejo/sinmortigejo suicidigi/sinmortigigi (!!!). Alia tradukisto de spiritismaj libroj, Benedicto
Silva, uzis la vorton “memmortigintoj” en la titolo “La turmentego de la
memmortigintoj” (PT “O martírio dos suicidas”). Do, laŭ Silva estu
“mem-”, laŭ “Soares estu “sin-”. En la 14-a paĝo de ĉi tiu libro, Silva
skribas la frazon “(...) ŝi alvenis hejmen, eniris en unu ĉambron kaj tie
memmortigis.” Li devus esti skribinta “memmortigis sin” aŭ
“memmortiĝis”. Se oni ne estas blinda pro antaŭjuĝoj kontraŭ novaj
radikoj, oni devas agnoski la pravigon de la uzo de la vorto “suicid-o”,
kiu evitas konfuzojn kaj sennecesan variecon inter “iĝ” kaj “ig” kaj inter
“mem” kaj “sin”, en la uzo de la vorto.
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2. O trabalho da espiritualidade
superior
Como é sabido, a partir da obra de Yvonne Pereira,
Memórias de um suicida, e da obra de Fernando de Lacerda,
Do país da luz, Camilo-espírito vem visitar a Terra, pela
segunda vez, após dezasseis anos de se ter suicidado. Não
tendo onde pernoitar, lembra-se de Fernando de Lacerda
que havia conhecido no mundo espiritual, nas viagens
astrais que o médium fazia, enquanto o corpo físico dormia.
Uma noite, está Fernando de Lacerda já quase a dormir,
quando Camilo se aproxima dele e diz-lhe: «Tem paciência.
Levanta-te e vai escrever.»
Fernando de Lacerda levanta-se e escreve tudo o que o
escritor lhe quis ditar. O objetivo de Camilo era claro: ele
queria dizer ao seu amigo Silva Pinto que a vida continua
após a morte física, e que o suicídio não é, de modo algum,
um remédio digno e eficiente para os males da vida, mas
um crime com consequências mil vezes mais dolorosas do
que as penas sofridas na Terra. Ele sentia-se responsável
pela influência negativa que havia exercido no espírito de
Silva Pinto, e não queria, de modo nenhum, que o amigo se
suicidasse. Camilo conhecia bem Silva Pinto. Conhecia-o tão
bem, que soube criar-lhe a dúvida no espírito, conseguindo
convencê-lo da veracidade das suas cartas. Por outro lado,
Silva Pinto conhecia bem o estilo de Camilo, o que o
impossibilitava de refutar as cartas que este lhe enviava
pela mediunidade de Lacerda.
Deste modo, a espiritualidade superior aproveita
sabiamente as circunstâncias existenciais destes dois
espíritos, para, através da extraordinária mediunidade de
Lacerda, construir uma obra em quatro volumes, onde
desfila
uma
galeria
de
personagens
públicas,
maioritariamente oriundas do meio literário português, que
têm como traço comum o desejo de comunicar que
continuam a existir, a amar e a progredir, apesar de terem
perdido o corpo físico.
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João José Santos
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Oni ne havu minimuman dubon, ke tiel elstara verko ne
elmergiĝas el la hazardo, elveninta nur el la impulso de la
manifestiĝantaj spiritoj. La ecoj de tiuj mesaĝoj, la disponebleco
de la envolviĝantaj spiritoj, la spirita evoluo de la mediumo kaj liaj
mediumaj kapabloj, pensigas, ke en la kuliso estis spiritoj multe pli
kleraj ol tiuj kiuj komunikiĝis, organizante kaj estrante la tutan
proceson de mediuma komunikado, kaj protektante la
intervenantojn pro la eventula perturbado, kiu certe okazus, se la
tuta proceso ne estus superzorgata de la superaj entoj.
En 1908, la ĵurnalisto Jozefo Sarmento longe interparolis kun
Fernando Lacerdo, kaj publikis la intervjuon en la gazeto Portugala
Ilustraĵo. La intervjuo donas la impreson, ke la spiritoj prezentiĝas
laŭ la bontrovo de la mediumo, ĉar ili aperas al li lavange,
skribante laŭplaĉe, dum la mediumo interparolas trankvile kun la
ĵurnalisto pri aliaj aferoj. La skribmaniero de ĉiu komunikiĝanta
ento estas malsama ol tiu de la aliaj entoj, same kiel la stilo kaj la
subskribo. Tial la spirito facile rekoneblas.
Evidente temas pri mediuma laboro anticipe organizita de la
supera spiritaro, kiu ĝin kontrolas kaj protektas, kun la specifa celo
disradii la kredon pri la senmorteco de la animo.
Iu ajn studemulo pri spiritismo scias, ke la spiritoj ne estas sub
nia dispono, kiam plaĉas al ni babili kun ili, kaj ke tiaj mediumaj
laboroj ne fariĝas senzorge dum oni babilas kun ĵurnalisto. Tiaj
epizodoj de la historio de la spiritisma mediumeco, abunde troveblaj
ankaŭ ĉe Ŝiko Ŝavjero, devas esti rigardataj ne kiel sekvindaj
ekzemploj, sed kiel esceptaj situacioj. Kardeko kaj aliaj spiritismaj
pensuloj donis kompletan labormetodologion, kiun oni ne devas
pridubi, eĉ se la historio donas al ni kontraŭekzemplojn. Tiu
metodologio precipe celas protekti nin mem de la danĝeroj de
trokuraĝa rilatado kun la spirita mondo.
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Não tenhamos a menor dúvida de que uma obra desta
envergadura não surge do acaso, vindo apenas do impulso
dos espíritos manifestantes. As caraterísticas destas
comunicações, a disponibilidade dos espíritos envolvidos, a
evolução espiritual do médium e as potencialidades
mediúnicas deste, levam-nos a pensar que, nos bastidores,
estivessem espíritos muito mais esclarecidos do que os
comunicantes, organizando e gerindo todo o processo de
comunicação mediúnica, e protegendo os intervenientes da
eventual perturbação que decerto ocorreria, se todo o
processo não fosse supervisionado por entidades superiores.
Em 1908, o jornalista José Sarmento tem uma longa
conversa com Fernando de Lacerda, e publica a entrevista
no periódico Ilustração Portuguesa. A entrevista dá a
impressão de que os espíritos estão à disposição do
médium, pois aparecem-lhe em catadupa, escrevendo o que
desejam, enquanto o médium conversa tranquilamente com
o jornalista sobre outros assuntos. A grafia de cada entidade
comunicante é diferente das outras, tal como o estilo e a
assinatura, tornando o espírito facilmente reconhecível.
É evidente que se trata de um trabalho mediúnico
previamente organizado pela espiritualidade superior, que o
controla e protege, tendo o objetivo específico de difundir a
crença na imortalidade da alma.
Qualquer estudioso de espiritismo dispõe da noção básica
de que os espíritos não estão à nossa disposição quando
nos apetece conversar com eles, e que tais trabalhos
mediúnicos não se fazem displicentemente enquanto se
conversa com um jornalista. Tais episódios da história da
mediunidade espírita, que se encontram em abundância
também em Chico Xavier, devem ser vistos não como
exemplos a seguir, mas como situações de exceção. Kardec
e outros pensadores espíritas deram-nos toda uma
metodologia de trabalho que não deve ser questionada,
ainda que a história nos dê contra-exemplos. Essa
metodologia visa, em grande parte, proteger-nos a nós
mesmos dos perigos de um relacionamento temerário com o
mundo espiritual.
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3. Diversaj pruvoj de identeco de
Kamilo-spirito
Antaŭ ol priparoli pri la rekonado de identeco de spirito, oni uzu
analogion kun pli simpla situacio.
Kiel oni pruvas la identecon de persono? Oni petas identigan
karton kaj oni kontentas pri la pruvo de identeco. Tamen, la
identigaj kartoj ofte estas falsitaj. Do, la prezento de identiga karto
ne estas nedubebla pruvo de identeco de persono. Se la persono
estas konata, oni pensas, ke facile oni rekonas lin aŭ ŝin, ĉar oni
fidas la propran vidan kaj aŭdan memoron. Tamen, ankaŭ tiu
metodo ne estas certa, ĉar la memoro kelkfoje misas, la persono
eble havas ĝemelon, kaj ĉar ekzistas homoj tre similaj. Vere
sciencaj metodoj por rekoni la identigon de persono estas la
analizo de DNA, la analizo de la fingromarko kaj la studo de iriso.
Malgraŭe, ĉiuj moviĝas en la fizika mondo, plenaj de certecoj, ke
oni rekonas la personojn, sen la scienca pruvado pri ties identeco.
Kiel do oni farus por identigi personon, tiel ke tiu identigo estu
malmisa, sen testoj de DNA nek aliaj sciencaĵoj? La respondo estas
simpla. Anstataŭ kredi nur je unu el la prezentitaj metodoj, oni
uzus kombinon de metodoj. Se la persono kongruus kun nia mensa
bildo pri li, se tria persono asertus koni lin, kaj li ankaŭ montrus
identigan karton, oni povus havi neŝanceleblan certecon, ke la
individuo estas tiu kaj ne alia.
Por pruvi, ke la mesaĝoj subskribitaj de la nomo Kamilo Kastelo
Branko, en la verko El la lando de la lumo, estis efektive skribitaj
de la granda romanisto, oni povas uzi similan metodon, tio estas,
aron da metodoj, kiuj donos al ni tiom altan probablecon, ke la
mesaĝoj estas de Kamilo, ke neniu prudenta homo ilin
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3. Provas variadas da identidade
de Camilo-espírito
Antes de aludirmos diretamente ao reconhecimento da
identidade de um espírito, recorramos a uma analogia com
uma situação mais simples. De que modo provamos a
identidade de uma pessoa? Pedimos um cartão de
identificação e ficamos satisfeitos com a prova de
identidade. Contudo, os cartões de identificação são
frequentemente alvo de falsificação. Então, a apresentação
de um cartão de identificação não constitui uma prova
infalível da identidade da pessoa. Se se trata de alguém que
conhecemos, achamos que identificamos a pessoa com
facilidade porque confiamos na nossa memória visual e
auditiva. No entanto, esse também não é um método
infalível, pois a memória falha, o identificado pode ter um
irmão gémeo, e porque há pessoas muito parecidas.
Métodos verdadeiramente científicos de identificação de um
ser humano são a análise do ADN, a identificação da
impressão digital e o estudo da íris. No entanto, todos nós
nos movemos no mundo físico, cheios de certezas de que
conhecemos as pessoas, sem a comprovação científica da
identidade destas. Como faríamos então, se quiséssemos
identificar um ser humano, de modo a que essa
identificação fosse absolutamente infalível, sem recurso a
testes de ADN ou a outros testes científicos? A resposta é
simples. Em vez de confiarmos apenas num dos métodos
apresentados, usaríamos uma combinação de métodos. Se
o indivíduo a identificar correspondesse à imagem visual
que tivéssemos dele, se uma terceira pessoa nos dissesse
que “sim” que o conhecia, e ele ainda nos apresentasse um
cartão de identificação, poderíamos ter uma certeza
inabalável de que o indivíduo fosse aquele e não outro.
Para provar que as mensagens assinadas pelo nome
Camilo Castelo Branco, na obra Do país da luz, foram
efetivamente escritas pelo grande romancista, podemos
usar uma metodologia semelhante, ou seja, um conjunto de
métodos que nos dê uma probabilidade tão alta de que as
mensagens sejam de Camilo, que ninguém de bom senso as
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povas rifuzi. Finfine, tiu estas proksimume la metodo proponita de
Kardeko por validigi la asertojn de la mediumaj mesaĝoj.
Kvankam ne estas haveblaj ĉiuj necesaj elementoj por la
ellaborado de pli profunda studo, kiu povu konkludi la identecon de
la personeco, tamen estas haveblaj tre validaj elementoj, prenitaj el
la kvar volumoj de la verko El la lando de la lumo kaj el la detala
studo de Manuela Vasconcelos: Fernando Lacerdo, la portugala
mediumo.
a) Honoro kaj opinio de la mediumo
La personeco de Fernando Lacerdo, pruvita de historiaj
dokumentoj, ne postlasas dubojn. El lia biografio, reliefas ĉi tiuj
elementoj, inter multaj aliaj:
- jen homo, kiu, en la juneco, inter la 13-jaraĝo kaj la 18jaraĝo, luktas por respublikismaj idealoj:
- post kelkaj jaroj, li fondas kaj estras la Fajrobrigadejon de
Loŭreso14, kie li instruas legadon al fajrobrigadanoj;
- li demarŝas favore al malriĉa knabineto, kiu kundutis heroe en
incendio, por ke ŝi estu ekonomie protektata de la reĝo Don Karlo
kaj de la reĝino Don Ameljo;
- li zorgas pri knabineto kaj knabeto kvazaŭ ili estus liaj propraj
gefiloj, donante al ili edukon kaj patran amon;
- post kiam li estiĝas policisto, li pagas monpunojn el sia propra
poŝo pro kompato al la malobeintoj; ktp.
Kredeble, ne estas necese plu elvolvi la liston de emociaj agoj,
pro kompato kaj altruismo, elprenitaj el la vivo de Fernando
Lacerdo. Ĉu ĉi tiu homo, je propra volo, profitus el ia
eksterordinara lerteco por trompi la tutan socion, dirante, ke li
ricevis komunikadojn de spiritoj de famaj homoj!? Kion li gajnus?
Ĉu nenion!? Ĉi tiu ebleco ne estas minimume kredebla. Unue, ĉar
tia trompo ne kongruas kun la personeco altruisma de la mediumo.
14 PT Loures - urbo en la ĉirkaŭo de Lisbono, kie Lacerdo naskiĝis.
C.C.B. em Do País Da Luz
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possa rejeitar. De resto, este é, aproximadamente, o
método proposto por Kardec para a validação das
afirmações contidas nas mensagens mediúnicas.
Apesar de não dispormos de todos os elementos
necessários para a elaboração de um estudo exaustivo que
nos permita concluir a identidade da personagem, dispomos
de alguns elementos muito válidos, colhidos dos quatro
volumes da obra Do país da luz e do estudo minucioso de
Manuela Vasconcelos (ver bibliografia).
a) Honorabilidade e opinião do médium
A personalidade de Fernando de Lacerda, comprovada
por documentos históricos, não nos deixa dúvidas. Da sua
biografia, sobressaem estes elementos, entre muitos
outros:
- trata-se de um homem que, na adolescência, entre os
13 e os 18 anos, luta por ideais republicanos;
- poucos anos depois, funda e dirige os Bombeiros de
Loures, onde ensina bombeiros analfabetos a ler;
- move diligências para que uma menina pobre, que se
comportara de modo heróico num incêndio, seja protegida
economicamente pelo rei Dom Carlos e pela Rainha Dona
Amélia;
- cria uma menina e um menino como se fossem seus
filhos, dando-lhes educação e amor paternal;
- depois de se tornar polícia paga multas do seu bolso
por piedade para com os infratores; etc.
Não é necessário desenrolar mais o rol de atos
comoventes, pela piedade e altruismo, extraídos da vida de
Fernando de Lacerda. Este homem, por vontade própria,
aproveitar-se-ia de alguma habilidade extraordinária para
enganar
toda
a
sociedade
dizendo
que
recebia
comunicações de espíritos de pessoas célebres!? E faria isso
a troco de quê!? De nada!? Esta hipótese não é
minimamente credível. Primeiro, porque tal embuste não
corresponde à personalidade íntegra do médium.
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João José Santos
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Due, la lerteco imiti kaligrafiojn de multaj portugalaj verkistoj jam
elkarniĝintaj, kaj skribi pri kelkaj aferoj, dum samtempe oni
parolas pri aliaj aferoj, estus fenomenoj multe pli eksterordinaraj,
ol la simpla agnosko, ke estas eble interparoli kun la nomitaj
mortuloj, kiuj estas pli vivaj ol ni. Kaj trie, krimo devas alvenigi iun
avantaĝon por la krimulo. Lacerda gajnis nenion per la mesaĝoj.
Tial, la intenco trompi estas ekster la hipotezoj. Aldone oni menciu,
ke la unua volumo de la verko El la lando de la lumo estas dediĉata
de Lacerdo al la patrino kaj al la adoptitaj gefiloj. Tiel Lacerdo ligis
la verkon al la estuloj, kiujn li plej amis. Ne estas probable, ke la
psikiatrio kaj la krimologio konu historion de homo kun ĉi tiuj
kondutaj trajtoj, kiu sin dediĉus al tiom granda trompado.
Kiu estis la opinio de la mediumo mem? Kompreneble Lacerdo
ne havis ajnan dubon, ke tiuj komunikoj ne elvenis el lia menso,
sed el la menso de homoj, kiuj jam estis forlasintaj la fizikan
korpon en la Tero.
Oni ne pensu, tamen, ke Fernando Lacerdo estis tiel naiva,
senscia kaj sensperta, ke li kredis, sen pridubi, pri iu ajn
komuniko, kiu aperis antaŭ li.
Post la ricevo de la unua komuniko de Kamilo, Lacerdo restas ĉe
la tablo en interparolo kun la verkisto, kiel du kunlaborantoj kiuj,
post la farita laboro, restas kelkan tempon babilante. Diras Lacerdo
al Kamilo:
«Mi konfesas - kaj vi scias tion tre bone - malmulton mi konas el viaj verkoj; sed
el tio kion mi konas, mi havas la klaran impreson, ke vi estis multe pli bona ol tio,
kion vi volas ŝajnigi..»
Kamilo ne reagas al la akuzo de Lacerdo. La verkisto priparolas
alian aferon, sed Lacerdo ne rezignas, kaj reatakas la saman
demandon, asertante:
«Se estas Kamilo, tiu kiu skribas, vi certe povus, kun pli da facileco kaj brilo,
montri viajn ideojn...»
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Segundo, porque a habilidade em imitar caligrafias de
muitos escritores portugueses já desencarnados, e de
escrever sobre uns assuntos, enquanto em simultâneo fala
doutras
coisas,
seriam
fenómenos
muito
mais
extraordinários, do que o simples reconhecimento de que é
possível conversar com os chamados mortos, que estão
mais vivos do que nós. E em terceiro lugar, um crime tem
que ter algum benefício para o infrator. Lacerda não
ganhava nada com as mensagens. Assim, a intencionalidade
em ludibriar está posta fora de causa. Em aditamento, digase que o primeiro volume da obra Do país da luz é dedicado
por Lacerda à mãe e aos filhos adotivos, ligando a obra aos
seres que ele mais amava. É pouco provável que a
psiquiatria e a criminologia conheçam um caso em que,
uma pessoa com estes traços comportamentais se
dedicasse a tão grande trafulhice.
Qual era a opinião do próprio médium? É claro que o
próprio Lacerda não tinha a menor dúvida de que aquelas
comunicações não provinham da sua mente, mas da mente
de pessoas que já tinham deixado o corpo físico na Terra.
Não se fique, porém, com a impressão, de que Fernando
de Lacerda fosse tão ingénuo, desconhecedor e inexperiente
que acreditasse, sem questionar, em qualquer comunicação
que lhe surgisse à frente.
Após ter recebido a primeira comunicação de Camilo, ele
fica a conversar com o escritor, como dois colaboradores
que, após o trabalho realizado, ficam algum tempo à
conversa. Diz Lacerda a Camilo:
«Confesso - e sabe-o muito bem - pouco conheço das suas obras; mas
delas o que conheço dá-me a nítida impressão de que era bem melhor do
que aquilo por que se quer fazer passar.»
Camilo não reage à acusação de Lacerda. O escritor
refere-se a outro assunto, mas Lacerda não desiste, e volta
a atacar a mesma questão, dizendo:
«Sendo Camilo quem escreve, certamente poderia com mais facilidade e
brilho expor as suas ideias...»
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Verŝajne tio amuzis Kamilon. Oni ne permesus al li veni sur la
Teron sen antaŭa preparo por uzi bonegan mediuman
instrumenton. Li sincere simpatiis al Lacerdo, kun kiu li jam
interparolis en la spirita mondo. Sed Kamilo sciis, ke Lacerdo ne
povus memori pri tio. Li neniel ofendiĝis, kaj li komprenis, ke
Lacerdo zorge faras sian mediuman laboron. Li devas analizi,
pridubi, demandi. Kamilo evitis respondi al la dubo de Lacerdo, pri
lia identeco kiel Kamilo, sed nun, post la insisto, li devis respondi al
li. Kamilo pridubas pri la demandstilo de Lacerdo mem: «Ne tion vi
volis diri. Vi volis diri ke, se mi estas Kamilo, mi povus pritrakti pli kompetente iun
ajn aferon de alta kvalito. Ĉu ne?»
Tiel Kamilo reskribas la demandon de Lacerdo, por montri al li,
ke la demando povus esti redaktita pli elegante. La dubo de
Lacerdo ŝanceliĝas, kaj li diras: «Proksimume...»
Tiam Kamilo klarigas al Lacerdo la mediuman proceson mem,
dirante, ke li devas uzi la lingvan vortprovizon de la mediumo. Li
plu klarigas ke, por sin esprimi sen limigoj, Lacerdo devus esti en
“stato tute senkonscia”. Kamilo disvolvas klarigon pri mediumeco,
enkondukante en la tekston vorton ne konatan de Lacerdo, la
vorton “PT dextro” (dekstremulo), klerula sinonimo de la vorto “PT
destro” (dekstremulo)15. Lacerdo haltas, stariĝas, iras al la vortaro,
ĝin konsultas, kaj revenas al la tablo de mediumaj laboroj 16, por
reveni al la konversacio kun Kamilo. Ĉi tiu diras: «Ĉu vi komprenas? Se
vi estus en senkonscia stato, vi skribus tiun kaj ĉiujn vortojn, kiujn mi volus dikti.»
Lacerdo tiel estis konvinkata, ke li estis kunlaboranta kun
Kamilo Kastelo Branko. Kamilo ne finas la tekston sen transsendi al
li komfortajn vortojn, dirante, ke la scio de Lacerdo estis tiu vere
grava; certe pensante pri la boneco kaj saĝeco de la mediumo, kaj
pri lia konado pri la spirita vivo.
15 “PT destro” e “PT dextro”: “PT destro” elvenis, per popola evoluo, el
la latina adjektivo “LT dexter, dextra, dextrum” (dekstra). El la sama
etimo, sed per klera evoluo, elvenis la vorto “PT dextro”, kun la sama
signifo.
16 Lacerdo havis en sia hejmo ĉambreton destinitan nur al mediumaj
laboroj. Eĉ la geinfanoj sciis, ke tien ili ne rajtas eniri.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Camilo deve ter achado graça. Não o teriam deixado vir à
Terra usar um excelente instrumento mediúnico sem
preparação prévia. Ele tinha uma sincera simpatia por
Lacerda, com quem já conversara no mundo espiritual. Mas
Camilo sabia que Lacerda não se podia recordar de tal
coisa. Não fica minimamente ofendido e compreende que
Lacerda está a fazer cuidadosamente o seu trabalho
mediúnico. Ele tem que analisar, duvidar, questionar. Camilo
tinha evitado responder à dúvida de Lacerda de que ele
fosse mesmo Camilo, mas agora, após a insistência, tinha
que lhe responder. Camilo começa por questionar o estilo da
pergunta de Lacerda: «Não era isso que querias dizer. Querias dizer
que sendo eu Camilo poderia versar com mais competência qualquer
assunto de subida importância. Não era isso?»
Camilo reescreve assim a pergunta de Lacerda, para lhe
mostrar, que esta poderia ser redigida com mais elegância.
Lacerda vacila na sua dúvida, dizendo: «Aproximadamente...»
Então Camilo explica a Lacerda o próprio processo
mediúnico, dizendo-lhe que ele tem que usar o acervo
linguístico do médium, pois para se expressar sem
limitações,
Lacerda
deveria
estar
num
“estado
absolutamente
inconsciente”.
Camilo
desenvolve
a
explicação sobre a mediunidade, introduzindo no texto um
termo desconhecido de Lacerda, a palavra “dextro”,
sinónimo culto da palavra “destro”17. Lacerda para, levantase, vai ao dicionário, consulta-o, e regressa à mesa de
trabalho mediúnico18, para voltar à conversa com Camilo.
Diz-lhe este: «Vês? Se estivesses em estado inconsciente escreverias
essa e quantas outras palavras eu quizesse19 escrever.»
Lacerda ficou assim convencido de que estivera a
trabalhar com Camilo. Este não termina o texto sem lhe dar
palavras de conforto, ao dizer que o saber de Lacerda era o
que de facto importava, pensando na bondade e sageza do
médium, e no seu conhecimento da vida espiritual.
17 destro e dextro: “destro” veio, por via popular, a partir do adjetivo
latino “dexter, dextra, dextrum” (direito). Do mesmo étimo, mas por via
erudita, vem a palavra “dextro”, com o mesmo significado.
18 Lacerda tinha em sua casa um quartinho destinado só aos trabalhos
mediúnicos. Até as crianças sabiam, que ali não podiam entrar.
19 Tal como aparece no texto consultado, com “z”.
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Prie kaj aldone, la regado de la denaska lingvo, en kiu ĉiu sin
esprimas kaj pensas, ne estas lukso, kiun spiritisto povas malhavi.
La konceptoj enkorpiĝas en lingvan sistemon, kaj sen la regado de
tiu sistemo, ili eĉ ne povas esti lernataj.
b) Opinio de Silvo Pinto
Silvo Pinto estis unu el la homoj pli bone konantaj la kamilan
stilon, kiun li rigardis kiel majstran, kaj kiun li mem sekvis kiel
disĉiplo. Kiam Fernando Lacerdo montras al li la unuan leteron,
Silvo Pinto ŝanceliĝas. Post la legado de la letero, li informiĝis pri
Lacerdo, ne trovante, kompreneble, ion ajn, kiu pinĉus la senpekan
karakteron de la mediumo. Li sentas, ke Kamilo estas en tiuj
tekstoj. La stilo estas tiu de Kamilo. Tamen, strange! Kamilo
alparolas al li, en tiu teksto, laŭ maniero neformala! Kamilo diras al
li, en tiu teksto, ke la vivo daŭras! Kamilo parolas, en tiu teksto,
laŭ maniero tenera! Ja tiu estis Kamilo, sed li ne estis kamila!
Aliflanke, Kamilo diras al li, en tiu mesaĝo, ke li ne polemiku kun
literaturaj malamikoj! Li petis de li rezignacion! Sed tiu ne estis lia
Kamilo! Se li, Silvo Pinto, sekvus liajn konsilojn, li devus preterlasi
grandan parton de sia propra verko!
Iom post iom, Silvo Pinto fine akceptis, ke tiu estas fakte lia
amiko, precipe danke al la granda persvada kapablo de Kamilo kiu,
eĉ el la alia mondo, sukcesis gvidi la spiriton de Silvo Pinto al ia
konsciiĝo pri la spirita vivo. La tria volumo de la verko El la lando
de la lumo malfermiĝas per letero de Silvo Pinto, en kiu la verkisto
montras sian aniĝon al la spiritismaj ideoj.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Diga-se a propósito, que o domínio da língua natal, em
que nos expressamos e na qual pensamos, não é um luxo
de que o espírita possa prescindir. Os conceitos
corporificam-se num sistema linguístico, e sem o domínio
deste nem sequer podem ser apreendidos.
b) Opinião de Silva Pinto
Silva Pinto era uma das pessoas mais conhecedoras do
estilo camiliano, que ele via como magistral, e que ele
mesmo seguia, enquanto discípulo. Quando Fernando de
Lacerda lhe mostra a primeira carta, Silva Pinto vacila. Após
a leitura da carta, ele vai informar-se sobre Lacerda, não
encontrando, obviamente, nada que beliscasse o caráter
impoluto do médium. Ele sente que Camilo está naqueles
textos. O estilo é o de Camilo. Contudo, que estranho!
Camilo a tratá-lo por “tu”, quando ele sempre o tratara por
“você”! Camilo a dizer-lhe que a vida continua! Camilo a
tratá-lo de forma ternurenta! Era Camilo, mas não era
Camilo! Por outro lado, Camilo dizia-lhe naquela mensagem
para não polemizar com os inimigos literários! Dizia-lhe que
se resignasse! Mas esse não era o seu Camilo! Se ele, Silva
Pinto, lhe seguisse os conselhos, teria que menosprezar
grande parte da sua própria obra!
Pouco a pouco, Silva Pinto acabou por aceitar que aquele
era mesmo o seu amigo, devido sobretudo à grande
capacidade persuasiva de Camilo que, mesmo lá do outro
mundo, conseguiu conduzir o espírito de Silva Pinto a uma
certa consciencialização da espiritualidade. O 3.º volume da
obra Do país da luz abre com uma carta de Silva Pinto, na
qual o escritor mostra a sua adesão às ideias espíritas.
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Eĉ tiel, Silvo Pinto, post kelkaj jaroj, preparis suicidon, kiu ne
okazis nur pro dia interveno. Alia amiko, kiu neatendite aperas al li
veninta el Brazilo, donacas al li la necesan monon por pagi
grandan ŝuldon, kaj plus 50% de la kvanto por la bezonoj de Silvo
Pinto.
Pro maljustaĵoj sociaj, profesiaj kaj politikaj, kiuj trafis
Fernandon Lacerdon, li foriris al Brazilo en 1911, kie li elkarniĝis en
1918. Post kelkaj monatoj de lia alveno al Brazilo, Silvo Pinto
elkarniĝis en Lisbono, ankaŭ en 1911. Lacerdo, tamen, ne estis
informata pri la morto de la verkisto. Li estis ricevonta tiun
informon de Silvo Pinto mem, kiu elmergiĝis el la alia flanko de la
vivo, konscia pri sia elkarniĝo, sed ankoraŭ perturbita de la samaj
pensoj, kiujn li havis en la surtera vivo. Tiu estas la sesa mesaĝo
de la kvara volumo de El la lando de la lumo20.
c) Opinio de aliaj tiutempaj gravuloj
La mediumaj leteroj de Kamilo al Silvo Pinto kaŭzis diverstipajn
reagojn en tiu tempo. El la raporto de Manuela Vasconcelos, farita
el la konsultado de tiutempaj gazetoj, oni konkludas, ke la
ĵurnalistoj, kiuj rilatiĝis kun Fernando Lacerdo, surpriziĝis pro la
intelekta sendependeco de la mediumo en la psikografia proceso,
kiu estis meĥanika.
Granda parto el la ĵurnalistoj kaj el la legantoj ekrigardis
spiritismon, kaj la spiritajn manifestiĝojn, laŭ maniero scivolema
kaj tolerema. Kompreneble, ne ĉiuj akceptis la mesaĝojn kun
respekto kaj toleremo, sed eĉ Jesuo ne sukcesis esti plaĉa kaj
kredinda por ĉiuj, kiuj lin renkontis antaŭ 2000 jaroj.
20 Legu en “5. La aliaj leteroj de Kamilo - 2-a letero” la noton de Fernando
Lacerdo kaj la tutan sekvantan tekston organizitan en kvar punktoj.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Ainda assim, Silva Pinto, após alguns anos, preparou o
suicídio, que só não se consumou devido à intervenção
divina,
através
de
um
outro
amigo
dele
que,
inesperadamente, lhe aparece vindo do Brasil, oferecendolhe o dinheiro necessário para pagar uma grande dívida, e
ainda mais 50% da quantia para as necessidades de Silva
Pinto.
Devido a injustiças sociais, profissionais e políticas de
que foi alvo, Fernando de Lacerda foi para o Brasil em 1911,
onde viria a desencarnar em 1918. Meses depois de ter
chegado ao Brasil, Silva Pinto desencarna em Lisboa,
também em 1911. Lacerda, contudo, não estava informado
da morte do escritor. Havia de receber tal informação pelo
próprio, que lhe surge já do outro lado da vida, consciente
do desencarne, mas ainda perturbado pelos mesmos
pensamentos que tinha na vida terrestre. Essa é a sexta
mensagem do 4.º volume de Do país da luz.21
c) Opinião de outras individualidades
da época
As cartas mediúnicas de Camilo a Silva Pinto suscitaram
reações diversas na época. Do relato feito por Manuela
Vasconcelos, dado a partir da consulta de jornais coevos,
depreende-se que os jornalistas que estiveram em contacto
com Fernando de Lacerda ficaram surpreendidos pela
independência
cognitiva
do
médium
no
processo
psicográfico, que era mecânico.
Grande parte dos jornalistas e dos leitores passaram a
olhar para o espiritismo e para as manifestações espirituais
de modo curioso e tolerante. Naturalmente, nem todos
receberam as comunicações com respeito e tolerância, mas
nem Jesus conseguiu agradar e ser credível a todos os que
se cruzaram com ele há 2000 anos.
21 Ler em “5. As outras cartas de Camilo - 2.ª carta” a nota de Fernando
de Lacerda e todo o texto seguinte organizado em quatro pontos.
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João José Santos
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d) Kamilo-spirito en El la lando de la
lumo kaj en Memoroj de
suicidinto22.
Krucante informojn de la spirita vivo de Kamilo, rakontita de li
mem en Memoroj de suicidinto, kun tiuj induktitaj el la verko El la
lando de la lumo, oni trovas sufiĉan konverĝon.
La verko El la lando de la lumo estis skribita per la mediumeco
de la portugalo Fernando Lacerdo, kiu ĝin ekskribis en la 28-a de
oktobro 1906. La verko Memoroj de suicidinto ŝuldiĝas al la
mediumeco de la brazilanino Ivono Perejro. Ĉi tiu verko
ekorganiziĝis ĉirkaŭ la jaro 1946. Tiel, kiam la libro skribita per la
mediumeco de Ivono Perejro ekorganiziĝis, jam Fernando Lacerdo
estis elkarniĝinta antaŭ 28 jaroj. Tial, Lacerdo ne povis koni
datenojn pri la spirita vivo de Kamilo, kiuj estis rivelotaj en verko,
kiu aperis multajn jarojn post la verko de Lacerdo. Tamen, la
informoj pri la spirita vivo de Kamilo, prenitaj en ambaŭ verkoj,
estas konverĝaj.
Estas grave aludi al grava aspekto de la mediuma komunikado.
La supera spiritaro, ekde Kardeko ĝis la nuntempo, ne montras
grandan intereson informi la reenkarniĝintojn pri spuroj de la vivo
de la spiritoj kaj de la homoj, kio ebligus al ni esploran laboron de
historia rekonstruado. Kiam la vualo de la reenkarniĝo falas, falas
ankaŭ kun ĝi multaj el la surteraj zorgoj. En la spirita mondo, ĉiuj
zorgoj koncentriĝas sur la malpliigo de la doloroj aliulaj kaj
propraj, sur la helpo al la proksimulo, sur la sublimado de niaj
difektoj, kaj sur la rekonstrua laboro de la animo survoje al Dio.
Tial, la prihistoriaj zorgoj reduktiĝas kaj subordiĝas al la intereso
de evoluo de la animo. Ivono Perejro mem informas nin, en alia
verko, ke en la proceso de konstruado de la rakontado, la spiritoj
miksas veraĵojn kun fikcio, ŝanĝas la lokojn kie okazas la eventoj,
krucas personecojn kaj preterlasas datenojn. Ĉio tio okazas favore
al spirita pedagogio ĉar, laŭ ili, ni ne estas pekuloj, sed nur malpli
aĝaj gefratoj kiuj, kelkfoje, ankoraŭ ludas per la fajro.
22 Legu la 13-an noton.
C.C.B. em Do País Da Luz
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d) Camilo-espírito em Do país da luz e
Memórias de um suicida.
Cruzando informações da vida espiritual de Camilo,
contada pelo próprio em Memórias de um suicida, com as
que se depreendem da obra Do país da luz, encontra-se
bastante convergência.
A obra Do país da luz foi escrita pela mediunidade do
português Fernando de Lacerda, que a começou a escrever
em 28 de outubro de 1906. A obra Memórias de um suicida
deve-se à mediunidade da brasileira Yvonne Pereira. Esta
obra começou a ser compilada por volta de 1946. Assim,
quando a obra escrita pela mediunidade de Yvonne Pereira
começou a ser compilada, já Fernando de Lacerda havia
desencarnado há 28 anos. Por isso, Lacerda não poderia
conhecer dados da vida espiritual de Camilo, que haviam de
ser revelados numa obra que foi escrita muitos anos depois
da sua. No entanto, as informações sobre a vida espiritual
de Camilo, obtidas nestas duas obras, são convergentes.
É importante aludir a um aspeto importante da
comunicação mediúnica. A espiritualidade superior, desde
Kardec até aos nossos dias, não tem mostrado grande
interesse em deixar aos reencarnados pistas da vida dos
espíritos e dos homens, de modo a fazermos algum trabalho
de reconstituição histórica. Quando o véu da reencarnação
cai, também caem com ele muitas das preocupações
terrenas.
No
mundo
espiritual,
as
preocupações
concentram-se todas na minoração da dor alheia e própria,
na ajuda ao próximo, na sublimação dos nossos defeitos e
no trabalho reconstrutivo da alma em busca de Deus. Deste
modo, as preocupações de caráter histórico restringem-se e
subordinam-se ao interesse da evolução da alma. É a
própria Yvonne Pereira que, noutra obra, nos diz, que no
processo de construção das narrativas, os espíritos mesclam
verdade com ficção, alteram os lugares onde ocorrem as
histórias, cruzam personagens e omitem dados. Tudo em
prol da pedagogia espiritual porque, para eles, nós não
somos pecadores, mas apenas os irmãos mais novos que,
por vezes, ainda brincam com o fogo.
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João José Santos
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Tiel, la tasko de homo reenkarniĝinta, kiu serĉas konverĝojn
inter literaturaj verkoj, por alveni al historiaj konkludoj,
malfaciliĝas pro la ecoj mem de la mediuma komunikado kiu,
celante nur la spiritan klarigon de la kreito, detruas la spurojn, kiuj
estus necesaj por rekonstrui la spiritajn biografiojn.
En la kvara volumo de El la lando de la lumo legeblas ĉi tiuj
vortoj de Lacerdo-spirito:
«Liveru la libron tian, kia ĝi estas, al la presado. Nur demetu la datojn (...)».
Leginte ĉi tion, mi ne povis ne pensi: “Lacerdo, nun vi estas
spirito, kaj do vi jam estas konfuzanta nin preterlasante la datojn.”
Ni diras kun Fernando Pesoo:
«(...) Sube la vivo, duono
de nulo, mortas23.»
e) Pri la grafologia analizo de la
mesaĝoj
Per la verko Fernando Lacerdo, la portugala mediumo, oni scias,
ke Manuela Vasconcelos ne povis konsulti la originaĵojn de la verko
El la lando de la lumo. Pro nekonataj motivoj, Brazila Spiritisma
Federacio ne disponis ilin al ŝi.
La faksimiloj de la originaĵoj de ĉi tiu verko estas esencaj por ke
grafologia fakisto analizu ilin, komparante kun faksimiloj de la
verko de Kamilo Kastelo Branko.
Sen la fotokopioj de la originaĵoj ne eblas kompari la
kaligrafion, la ortografion kaj aliajn elementojn, inter Kamilospirito kaj Kamilo-homo. Tamen, eĉ tiel, oni povas indukti pri la
simileco inter ambaŭ kaligrafioj, per la reagoj de tiuj, kiuj, en tiu
tempo, havis la okazon vidi la originaĵojn montritajn de la
mediumo Lacerdo. Kelkaj ĵurnalistoj eĉ havis la okazon kontroli la
ortografion de la komunikiĝantaj spiritoj en la momento de la
mediuma produktado, kaj ili miris pro la simileco.
23 el PESOO, Fernando, Mesaĝo, “Uliso”. Legu la tutan poemon en La
Karavelo n-ro 001, okt. 2007 (www.lakaravelo.net), laŭ la traduko de
João José Santos.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Deste modo, a tarefa de quem, reencarnado, procura
convergências entre obras literárias para chegar a
conclusões
históricas,
é
dificultada
pelas
próprias
caraterísticas da comunicação mediúnica que, visando
apenas o esclarecimento espiritual da criatura, destrói as
pistas que nos seriam necessárias para reconstruir as
biografias espirituais.
No 4.º volume de O país da luz podem ler-se estas
palavras de Lacerda-espírito:
«Entrega o livro, como está, à impressão. Tira-lhe apenas as datas (...)».
Ao ler isto, não pude deixar de pensar: “Lacerda, agora
que és espírito já nos estás a trocar as voltas, omitindo as
datas.” Dizemos com Fernando Pessoa: «(...) Em baixo, a vida,
metade / de nada, morre.24»
e) Acerca da análise grafológica das
mensagens
Na obra Fernando de Lacerda, o médium português,
ficamos a saber que Manuela Vasconcelos não teve acesso
aos originais da obra Do país da luz que, por razões
desconhecidas, não lhe foram facultados pela Federação
Espírita Brasileira.
Os facsimiles dos originais desta obra são fundamentais
para que um especialista no assunto possa fazer uma
análise grafológica dos mesmos, comparando-os com
facsimiles da obra do escritor Camilo Castelo Branco.
Sem as fotocópias dos originais, não é possível comparar
a caligrafia, a ortografia e outros elementos, entre Camiloespírito e Camilo-homem. No entanto, ainda assim,
podemos inferir da semelhança entre as duas caligrafias
pelas reações daqueles que, à época, tiveram a
oportunidade de ver os originais mostrados pelo médium
Lacerda. Alguns jornalistas tiveram mesmo a oportunidade
de verificar as ortografias dos espíritos comunicantes no
momento da produção mediúnica, e ficaram admirados com
as semelhanças.
24 in PESSOA, Fernando, Mensagem, “Ulisses”.
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f) Personeco de Kamilo antaŭ kaj post
la elkarniĝo
Tiuj, kiuj bone konis Kamilon, kiel Silvo Pinto, surpriziĝis pro tio
ke Kamilo sin montris pli dolĉa kaj luma dek ses jarojn post sia
elkarniĝo. Malgraŭ tio, Silvo Pinto, eĉ en la momento de la unua
ekmiro, neniam diris findecide, ke tiu mesaĝo ne povus esti de lia
amiko Kamilo, malgraŭ la rimarkeblaj ŝanĝoj en la personeco de la
majstro. Silvo Pinto tuj rekonis la stilon kiel almenaŭ similan al tiu
de Kamilo.
Se iu homo povas ŝanĝi siajn opiniojn pro aliiĝoj okazintaj en
ties vivo, la fenomeno nomita morto povas igi la individuon ŝanĝi
substance la manieron rigardi la vivon kaj la eternecon. Laŭ ĉi tiu
prismo, la personecaj aliiĝoj de Kamilo-homo al Kamilo-spirito
refortigas la memkonvinkon, ke ĉi tiu estas fakte Kamilo Kastelo
Branko. Eĉ tiuj, kiuj ne estas spiritistoj, antaŭ la hipotezo ke la
vivo pludaŭras post la morto, komprenas ke klera spirito kiel
Kamilo plu lernas kaj do plu ŝanĝas vidpunktojn post la nova
sperto, la sperto morti. Aliflanke, se estus trompo, la trompulo
devus imiti Kamilon tiel bone kiel eble. Do li ne uzus neformalan
alparolon, li ne estus tiom emociema, kaj li ne montrus ŝanĝojn en
sia maniero vidi la vivon.
La analizo de la unua letero montras ke, se unuflanke Kamilo
ŝanĝas sian opinion pri tio, kio okazas post la fizika morto,
aliflanke li estas la sama Kamilo, kiu tie montriĝas plena de
energio, glavumante argumentojn al la personeco de Silvo Pinto,
uzante retorikajn rimedojn prilaboritajn de la verkisto en sia
estinteco, streĉante sian dialektikan kapablon, ne por ornami
novelon de Minjo25, sed por elaĉeti la amikon el la reto de intelekta
miso, kiu kondukus lin al la trista situacio de suicidinto. Kamilo tion
faris plensukcese, kiel oni esperas de majstro pri la portugala
lingvo.
25 Noveloj de Minjo (PT Novelas do Minho): titolo de kamila verko
enhavanta ok novelojn, kies surscenejo estas la plej norda portugala
regiono Minjo (PT Minho).
C.C.B. em Do País Da Luz
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f) Personalidade de Camilo antes e
depois de desencarnar.
Aqueles que conheciam bem Camilo Castelo Branco,
como Silva Pinto conhecia, ficaram atónitos por Camilo se
mostrar mais doce e luminoso dezasseis anos após a
desencarnação. Apesar disso, Silva Pinto, até mesmo no
momento do primeiro choque, nunca disse perentoriamente
que aquela mensagem não pudesse ser do seu amigo
Camilo, apesar das alterações visíveis na personalidade do
mestre. Silva Pinto identificou de imediato o estilo como
sendo, pelo menos, semelhante ao de Camilo.
Se uma pessoa pode mudar as suas opiniões, devido a
alterações ocorridas na sua vida, o fenómeno chamado
morte pode levar o indivíduo a mudar substancialmente o
modo de olhar para a vida e para a eternidade. Vendo por
este prisma, as alterações de personalidade verificadas de
Camilo-homem para Camilo-espírito reforçam a convicção
de que se trate mesmo de Camilo Castelo Branco. Mesmo
para quem não seja espírita, considerando a hipótese da
vida continuar após a morte do corpo físico, não seria
credível que um espírito iluminado como o de Camilo não
continuasse a aprender e, consequentemente, não alterasse
pontos de vista com a nova experiência, com a experiência
da morte. Por outro lado, se se tratasse de um embuste, o
embusteiro teria imitado Camilo tão bem quanto possível,
não tratando Silva Pinto por “tu”, não se tornando mais
afetuoso, nem alterando o seu modo de ver a vida.
A análise da primeira carta mostra que, se por um lado
Camilo muda de opinião face ao que se pode esperar após a
morte do corpo físico, por outro lado é o mesmo Camilo que
ali está cheio de pujança, esgrimindo argumentos
direcionados à personalidade de Silva Pinto, fazendo uso de
recursos retóricos trabalhados pelo escritor no passado,
puxando da sua capacidade dialética, não para ornamentar
uma novela do Minho, mas para resgatar o amigo das
malhas de um equívoco intelectual, que o conduziria à triste
condição de suicida. E fê-lo com sucesso, como se espera de
um mestre de língua portuguesa.
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João José Santos
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4. Literatura analizo de la unua
letero de Kamilo Kastelo
Branko al Silvo Pinto
En la nokto, en kiu Kamilo diktis la unuan leteron al Lacerdo, la
verkisto instruis al la mediumo, ke ĉi tiu devus esti en senkonscia
stato, por ke Kamilo povu libere uzi sian regadon de la portugala
lingvo, sen la devo subordiĝi al la vortprovizo, sintakso kaj stilo
trovitaj en la anima strukturo de la mediumo. Tiel, la lingvika
analizo de la spiritaj mesaĝoj fariĝus apriore sizifa26, frustra kaj tial
tempoperda, ĉar la spirito ne povas skribi kiel li scias kaj deziras,
pro la nesufiĉeco de la mediuma aparato.
Tamen, ekzistas filologia areo, sur kiu ni povas koncentriĝi:
temas pri la retorika konstruo de la teksto. Ni jam vidis kiel la
retorika lerteco de Kamilo-spirito sukcesis konvinki Lacerdon pri la
identeco de la verkisto. Ni kontrolu nun, kiujn argumentojn Kamilo
uzis por persvadi la amikon Silvo Pinto eniri la vojon de la
spiriteco, kiamaniere li enĉenigis tiujn argumentojn, kaj kiujn
stilajn rimedojn li uzis. Ĉi tiu estas la retorika areo, scieca branĉo
en kiu Kamilo scipovas naĝi, kiel fiŝo en akvo 27.
1. «Via amikeco, via saŭdado, via rememoro estas ĉeneroj, kiuj ankoraŭ katenas
min al la mondo. Tiuj estas la malmultaj, kiuj rememorigas min pri la raraj feliĉaj
momentoj sur la Tero; se sur la Tero ekzistas io nomata feliĉo.»
26 Sizifo: En la olda Helenio, Sizifo estis princo de Tesalio, filo de la reĝo
Eolo kaj de la reĝino Enareto. Sizifo estis la plej ruza inter la homoj.
Liaj trukoj estis tiel malicaj, ke la dioj sentis ilin ofendaj. Tiel, post la
morto, Sizifo estis kondamnata, en Hadeso, ruli grandan rokon
montosupren, kaj kiam la roko jam troviĝis proksima de la montopinto,
ĝi denove ruliĝis montomalsupren, kaj do la kompatindulo devis ripeti la
agon refoje senfine. Tiel oni komprenu, kio estas sizifa laboro. Povra
Sizifo! Feliĉe, kiel scias la spiritistoj, ne ekzistas eternaj punoj.
27 En la prelego prezentita en la Seminario, ne estis legata la tuta letero
de Kamilo al Silvo Pinto, pro manko de tempo kaj por ne tedi la
aŭskultantaron. En ĉi tiu libreto, tamen, oni prezentas la tutan leteron,
sen iu ajn tranĉo, kaj kun pli da komentoj.
C.C.B. em Do País Da Luz
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4. Análise literária da primeira
carta de Camilo a Silva Pinto
Na noite em que dita a primeira carta a Lacerda, Camilo
ensina ao médium, que este deveria estar num estado de
inconsciência para que Camilo pudesse usar livremente o
seu domínio de língua portuguesa, sem ter que se
subordinar ao vocabulário, sintaxe e estilística encontrados
na organização anímica do médium. Deste modo, a análise
linguística das mensagens espirituais tornar-se-ia, à partida,
um trabalho sisífico28, frustrante e, por isso, uma perda de
tempo, pois o espírito não pode escrever como sabe e
deseja, devido às insuficiências do aparelho mediúnico.
Há, porém, uma área filológica, sobre a qual nos
podemos debruçar: trata-se da construção retórica do texto.
Já vimos como a habilidade retórica de Camilo-espírito
conseguiu convencer Lacerda acerca da identidade do
escritor. Verifiquemos agora que argumentos Camilo usou
para persuadir o amigo Silva Pinto a entrar no caminho da
espiritualidade, de que maneira é que ele encadeou esses
argumentos, e que recursos estilísticos usou. É este o
domínio da retórica, área do saber em que Camilo sabe
nadar como peixe dentro de água29.
1. «A tua amizade, a tua saudade, a tua lembrança são elos que ainda me
prendem ao mundo. São dos poucos que me recordam raros momentos de
felicidade na terra, se na terra há coisa que se possa chamar felicidade.»
28 Sísifo: Na vetusta Grécia, Sísifo era um príncipe da Tessália, filho do rei
Éolo e da rainha Enarete. Sísifo era tido como o mais astuto dos
homens. Os seus truques eram tão maliciosos que os deuses se
sentiram ofendidos. Deste modo, após ter morrido, Sísifo foi
condenado, no Hades, a fazer rolar uma grande rocha monte acima, e
quando a rocha se encontrava perto do cume, ela voltava a rolar com
ele monte abaixo, devendo o desgraçado repetir a experiência vezes
sem conta. Compreenda-se assim o que é um trabalho sisífico. Pobre
Sísifo! Felizmente, como sabem os espíritas, não existem penas
eternas.
29 Na dissertação apresentada no Seminário não foi lida toda a carta de
Camilo a Silva Pinto, por falta de tempo e para não saturar o auditório.
Neste opúsculo, porém, reproduz-se toda a carta, sem qualquer corte, e
com mais comentários.
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Kamilo alparolas al Silvo Pinto laŭ neformala maniero, anstataŭ
la formaleco per kiu li kutime alparolis al la amiko, kiam li estis
reenkarniĝinta. Kamilo sciis, ke la amiko mirus, sed ankaŭ
teneriĝus. La teksto komenciĝas per la anaforo30 “via”, kiu ripetiĝas
trifoje, kaj intensiĝas pro la uzado de la asindeto 31. La unua alineo
estas kvazaŭ brakumo de saŭdado al la dista amiko, kaj la reaserto
de amikeco, kiun la fizika morto ne forviŝas.
2. «Mia vivo post la morto (kiel stranga herezo ĉi tio ŝajnos al vi!), estas la
kronado de la sufera kaj martira vivo, kiun mi trapasis en tiu mondo de koto kaj
puso!»
Du gravaj asertoj.
Unue, la vivo daŭras post la morto, kio estas evidenta, ĉar male
Kamilo ne estus skribanta al la amiko. La spirito montras, per la
interparenteza frazo, ke li scias perfekte la miron, kiun la situacio
kaŭzos al la amiko.
Due, la doloroj ne finiĝis post la detruado de la fizika korpo.
Tiel, la suicido ne servis la celojn de Kamilo: la forgeson, la finon
de la problemoj, la nuligon de la estulo en la nenion.
3. «Pro mia trapaso, mi sukcesis la certecon pri la tortura atendado, kiu tie regis
mian tutan ekziston: - Ĉu Dio ekzistas? - Ĉu la animo ekzistas? Mi suferis, aŭ plu
suferis, tiom kaj tiel intense, tiel kondense ke, kvankam mi ne povus dubi pri la
pluado de la vivo, mi preskaŭ malkredis pri la ekzisto de Dio.»
Post la suicido, li sentis sin vivanta, kaj do la spirito trovis la
respondojn por la duboj pri la ekzisto de Dio kaj de la animo. Li plu
suferis, do la plua ekzisto de la animo estis pruvata, ĉar li estis
detruinta la fizikan korpon per pafo de revolvero. Sed, antaŭ la
enormaj suferoj, li komencis sin demandi, ĉu Dio fakte ekzistas.
30 anafora: Tropo konsistanta en ripetado de unu aŭ pli da vortoj en la
komenco de diversaj versoj aŭ frazoj.
31 asindeto: Tropo konsistanta en la forigo de la konjunkcio “kaj” en
sinsekvo kie ordinare ĝi devus esti. Ĉiokaze, oni atendus: “Via amikeco,
via saŭdado kaj via rememoro (...)”, sed la aŭtoro, por doni pli da
esprimivo al la teksto, forigis la vorton “kaj”, anstataŭigante ĝin per
komo.
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Camilo começa por tratar Silva Pinto por “tu”, em vez da
forma “você” com que o tratava quando estava
reencarnado. Ele sabia que o amigo ficaria admirado, mas
também ficaria enternecido. O texto começa com a
anáfora32 “a tua”, que se repete três vezes, sendo
intensificada pela utilização do assíndeto33. O primeiro
parágrafo é como um abraço de saudade ao amigo distante,
e a reiteração de uma amizade que a morte física não
apaga.
2. «A minha vida depois da morte, (que estranha heresia te parecerá
isto!) tem sido a coroação da vida de sofrimento e de martírio que nesse
mundo de lama e pus levei!»
Duas afirmações importantes.
Primeiro, a vida continua após a morte, o que é evidente,
pois de contrário Camilo não estaria a escrever ao amigo. O
espírito mostra, pela frase entre parênteses, que sabe
perfeitamente a admiração que a situação provoca no
amigo.
Segundo, as dores não terminaram com a destruição do
corpo físico. Assim, o suicídio não serviu os seus propósitos:
o esquecimento, o fim dos problemas, a anulação do ser no
nada.
3. «Com a minha passagem consegui a certeza da torturante expectativa
que dominou toda a minha existência aí: - haveria Deus? existiria a alma?
Sofri ou continuei a sofrer tanto e tão intensa, tão condensadamente, que,
conquanto não pudesse duvidar da persistência da vida, cheguei a descrer da
existência de Deus.»
Vendo-se vivo após o suicídio, o espírito conseguiu as
respostas para as dúvidas acerca da existência de Deus e da
alma. Continuou a sofrer, logo a existência da alma estava
comprovada, pois ele havia destruído o corpo físico com um
tiro de revólver. Mas perante a enormidade dos sofrimentos,
começou a questionar se Deus existiria mesmo.
32 anáfora: Figura de estilo pela qual uma ou mais palavras são repetidas
no início de vários versos ou de várias frases.
33 assíndeto: Figura de estilo pela qual se suprime a conjunção “e” numa
enumeração onde normalmente ela existiria. Neste caso, esperar-se-ia:
“A tua amizade, a tua saudade e a tua lembrança (...)”, mas o autor,
para dar mais expressividade ao texto, retira a palavra “e”,
substituindo-a por vírgula.
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Kamilo montras al Silvo Pinto, per sia propra ekzemplo, kiel la
suicido estas kontraŭefika, horore doloriga kaj senefika kiel solvo
por io ajn.
4. «Faktoj, kies rakontado ne estas nun oportuna, portis al mi la konsolan
certecon, ke Li ekzistas, kaj ke Li ne malkonas mian torturan ekziston tiean kaj
ĉitiean; kaj tiam, mia oldulo, mia kara amiko, animo ĝemela de la mia en amareco,
mi havis la certecon, ke la vivo sur la Tero estus la antaŭĉambro de la feliĉo, se oni
scius profiti ĝin.»
Li emfazas, ke la spirita mondo donis al li la certecon pri la
ekzisto de Dio, kaj revokas la amikon en apostrofo 34: “mia oldulo,
mia kara amiko, animo ĝemela de la mia en amareco”. La
aliteracio35 en [m] intensigas la anaforon “mia”. La alineo finiĝas
per kurta aludo, sed reliefa, pri la graveco profiti la surteran vivon,
kiel garantio de spirita feliĉo.
5. «Tiel, kiel ni ĝin36 faras, ĝi estas io tiom neglektinda, ke ĝi eĉ ne meritas nian
neglekton.»
La plej grava ideo el la tuta letero, neglekti la ofendojn, iom
post iom estas enblovata.
6. «Vi uzadas vian tutan tempon kontestante kaj klaĉante...»
La sesa alineo estas ankoraŭ pli kurta. Kamilo komencas montri
al la amiko, ke la eraroj de li faritaj ne aŭguras bonan spiritan
estontecon. La alineo estas kurtega kaj finiĝas per tripunkto,
kvazaŭ Kamilo flustrus en lian orelon ion malagrablan, sed
esencan.
34 apostrofo: Tropo konsistanta en alvoko de iu aŭ de io. Ekzemplo: “mia
oldulo, mia kara amiko, animo ĝemela de la mia en amareco”. La
rekonado de ĉiuj tropoj en ĉi tiu letero estus teda laboro, kaj pli propra
de retorika laboro ol de spiritisma laboro. Tamen, jen ĉi tie kelkaj el ili,
kiuj servas la celon de ĉi tiu verko: montri, ke la spirito estas Kamilo
Kastelo Branko. Sciu la malplej spertaj en la literaturaj padoj, ke multaj
el la tropaj ekzemploj troveblaj en bonaj verkoj pri retoriko estas
elprenitaj el la miloj da paĝoj de la kamila verkaro. La utiligo de
retoriko estas io natura, ofta kaj fascina en Kamilo.
35 aliteracio: Sontropo konsistanta en ripeto de konsonantaj sonoj.
36 “ĝin” estas “la vivo”.
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Camilo mostra a Silva Pinto, pelo seu próprio exemplo,
como o suicídio é contraproducente, horrivelmente doloroso
e ineficaz como solução para o que quer que seja.
4. «Factos que não é oportuno narrar agora trouxeram-me a consoladora
certeza de que Ele existia, e de que não desconhecia a minha torturada
existência daí e daqui; e então, meu velho, meu querido amigo, alma gémea
da minha na amargura, tive a certeza de que a vida na terra seria a
antecâmara da felicidade se soubéssemos aproveitá-la.»
Ele enfatiza que o mundo espiritual lhe dera a certeza da
existência de Deus, e volta a evocar o amigo em
apóstrofe37: “meu velho, meu querido amigo, alma gémea
da minha na amargura”. A aliteração38 em “m” intensifica a
anáfora “meu”. O parágrafo termina com uma alusão curta,
mas importante, à gravidade que tem o aproveitamento da
vida terrena como garantia da felicidade espiritual.
5. «Assim, como a39 fazemos, é coisa tão desprezível que não merece o
nosso desprezo.»
A ideia mais importante de toda a carta, o desprezo pelas
ofensas, vai sendo insuflada aos poucos.
6. «Tu tens levado todo o teu tempo a protestar e a maldizer...»
O sexto parágrafo é ainda mais curto. Camilo vai
começar a mostrar ao amigo que os erros que ele tem
cometido não auguram um bom futuro espiritual. O
parágrafo é curtíssimo e termina em reticências, como se
Camilo lhe sussurrasse algo desagradável, mas essencial, ao
ouvido.
37 apóstrofe: Figura de estilo pela qual se chama ou evoca alguém ou
alguma coisa. Exemplo: “(...), meu velho, meu querido amigo, alma
gémea da minha na amargura, (...)”. A identificação de todas as figuras
de estilo nesta carta seria um trabalho fastidioso, e mais próprio de um
trabalho de retórica do que de um trabalho espírita. No entanto, aqui
ficam algumas, que servem o propósito desta obra: mostrar que o
espírito é Camilo Castelo Branco.
Saibam os menos experientes nas andanças literárias que muitos dos
exemplos estilísticos que se encontram em boas obras de retórica são
retirados dos milhares de páginas da obra camiliana. A utilização da
retórica é algo natural, frequente e fascinante em Camilo.
38 aliteração: Figura de estilo pela qual se repetem sons consonânticos.
39 “a” refere-se à “vida”.
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7. «Povra martiro, povra viktimo de la Doloro, kiu ne sukcesis pli ol bruligi vian
propran animon kaj veki la ridon de tiuj, kiuj ne komprenas vin!»
En ĉi tiu alineo, la spirito montras al Silvo Pinto, ke liaj teniĝoj
kaŭzas la ridon de la kontraŭantoj kaj bruligas la propran animon.
De la 7-a ĝis la 12-a alineo, ĉiu el ili estas pli granda ol la
antaŭa, kaj ĝi intensiĝas pli kaj pli, kreskante, kvazaŭ tio estus
komponaĵo de Betoveno, kiu komenciĝas malrapide gajnante
amplitudon pli vastan, pli kaj pli, ĝis kiam oni apertas al la animo
la fenestrojn tra kiuj ĝi povas vidi siajn proprajn ulcerojn kaj siajn
misojn, siajn difektojn. Ĉi tie oni ne misfamigas iun ajn, des pli
amatan amikon, sed oni ne povas kaŝi de la amiko la erarojn, en
kiuj li disipas la vivon. Aliflanke, oni ne laŭdas sen motivo, sed oni
montras al la amiko liajn moralajn konkerojn, kiuj estas
obskuriĝantaj far misa perspektivo pri la vivo.
8. «Mia amiko, mia frato, mia dolĉa kaj karesa frato: via sperto, strange troigita,
pri la aferoj, kiuj vin ĉirkaŭas, devas taŭgi nur por ke vi liberiĝu el ili.»
Kamilo reuzas la apostrofon, la anaforon kaj la aliteracion, kiel
maniero altiri la amikon al si. Kamilo scias, ke en la brusto de tiu
leono loĝas elbutera koro. Li aldonas subite, ke la sperto de Silvo
Pinto pri tio, kio ĉirkaŭas lin, nur taŭgas por ke li liberiĝu el tiuj
aferoj mem. Ĝenaj veroj...
9. «Vi devas ŝvebigi vian spiriton en la alto; kaj kiam vi tion faros, vi
komprenos, ke ĉio, kio vin lacigas kaj torturas, estas tiel senvalora, tiel sensignifa,
ke tio ne meritas, ke por ĝi vibru eĉ la plej kruda fibro de via koro!»
Nun Kamilo almontras la alton, la spiritan mondon, la superajn
konceptojn pri la vivo, kiel celon, kiel finon, kie la ordo de valoroj
estas alia, kie la katenaĵoj de Silvo Pinto sin montros senvaloraj.
Ŝvebi super la ekzistado, tia estas la konsilo de Kamilo.
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7. «Pobre mártir, pobre vítima da Dor, que não tens conseguido mais que
queimar a tua própria alma e despertar o riso daqueles que te não
compreendem!»
Neste parágrafo, o espírito mostra a Silva Pinto que as
atitudes deste provocam o riso nos adversários e queimam
a própria alma.
Do 7.º ao 12.º parágrafo, cada parágrafo é maior que o
anterior, e aumenta também de intensidade, num
crescendo, como se se tratasse de uma composição de
Beethoven, que começa devagarinho para ganhar uma
amplitude cada vez maior, até escancarar à alma as janelas
por onde esta pode ver as suas próprias chagas, os seus
aleijões, os seus defeitos. Não se trata aqui de denegrir
quem quer que seja, e muito menos um dileto amigo, mas
não se esconde do amigo os erros em que ele dissipa a
vida. Por outro lado, não se trata de elogiar gratuitamente,
mas não se deixa de mostrar ao amigo que as suas
conquistas morais estão a ser obscurecidas por uma
perspetiva errada da existência.
8. «Meu amigo, meu irmão, meu doce e carinhoso irmão: a experiência
que tens, estranhamente exagerada, das coisas que te cercam deve servir só
para te desprenderes delas.»
Camilo volta a recorrer à apóstrofe, à anáfora e à
aliteração, como forma de cativar Silva Pinto. Camilo sabe
que no peito daquele leão se aloja um coração de manteiga.
Ele acrescenta, de chofre, que a experiência de Silva Pinto
acerca do que o rodeia só lhe deve servir para se libertar
dessas mesmas coisas. Verdades duras...
9. «Deves librar40 o teu espírito ao alto; e quando o fizeres verás que
tudo que te afadiga e tortura é tão mesquinho, tão insignificante que não
merece que por ele vibre a mais grosseira fibra de teu coração!»
Agora Camilo aponta-lhe o alto, o mundo espiritual, os
conceitos superiores da vida, como objetivo, como fim, onde
a ordem de valores é outra, onde aquilo a que Silva Pinto se
prende, se mostrará isento de valor. Pairar acima da
existência, tal é o conselho de Camilo.
40 librar: suspender, pairar, flutuar no alto. Não confundir com a palavra
“liberar” (= libertar).
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10. « Aglo talenta, speciala spirito41, altiĝu super la marĉo, en kiu la fatalo aŭ la
fatala leĝo de la homa progreso vin metis dumtempe sur la Tero, kaj vi miros pri vi
mem, pro tio ke iam vi indignis kontraŭ la aferoj necesaj, kiujn vi ne komprenas!»
Montrinte al li la alton kiel celon, Kamilo asertas nun, ke Silvo
Pinto havas la flugilojn por tien alveni, alnomante lin “aglo talenta,
speciala spirito”. Sekve Kamilo diras, ke Silvo Pinto estas en
marĉo, sed ke tiu stato estas necesa kaj dumtempa. La lasta frazo
de Kamilo montras, ke la romanisto jam komprenas bone la leĝon
de karmo kaj la provadojn, ĉar “la aferoj necesaj”, tio estas, la
doloroj, la problemoj, la ĉagrenoj, estas tiuj necesaj al la animo
por ties evoluo. Kompreneble, la indigno kontraŭ tio, kio evoluigas
nin, ne havas sencon.
11. «Pro amo al mi, liberiĝu el la krudaj ideoj, kiujn la vivo materia enmetis en
vian privilegiitan42 cerbon, kaj lasu, ke la sankta filozofio de viaj blankaj haroj vidu,
sen acideco, sen rankoro, la mizerojn de viaj gefratoj, kaj tiel vi antaŭĝuos la
splendan ravecon de la kreaĵaro! Memoru, ke la plej bonaj marĉoj donas pli da pano;
ke la agroj pli sterkitaj per putraĵoj donas pli irisitajn kaj bonodorajn florojn kaj la
plej delicajn fruktojn.»
Kamilo petas, ke Silvo Pinto liberiĝu el la krudaj ideoj pro amo
al sia amiko Kamilo, kaj instigas lin uzi lian “privilegiitan”
inteligenton por sin liberigi de la “acideco” kaj de la “rankoro”.
Kamilo donas al li la bildon de la marĉo en putreco, kiel fetora sed
fekunda loko, kie kreskas la plej belaj floroj. Tia estas la homa
ekzistado.
12. «Pensu! Pripensu! Provu! Prenu planton kaj ĝin metu en vazon kun pura
tero, lavita, bonodora. Tiu planto, se iam ellanĉos radikojn, velkos kaj baldaŭ
mortos. Metu egalan planton en vazon kun putriĝinta tero, grasigita kun la plej naŭza
sterko, kaj jen ĝi vegetos pompe, ĝi altigos siajn branĉojn ĉielen en manifestiĝo de
feliĉa vivo, kaj eliĝos floroj de rara beleco, kun senegala velureco kaj kun vigleco
plenenergia.»
41 En la portugallingva teksto estas “espírito de eleição”, kio laŭvorte estas
“spirito de elektado”. Oni scias, ke en la universo ne ekzistas spiritoj
elektitaj aŭ specialaj. Oni vidu tiun esprimon de Kamilo en la senco
“spirito kiu jam atingis kelkajn rimarkinde bonajn ecojn”.
42 Oni faru la saman analizon klarigitan en la antaŭa noto. Supozeble ne
estas necese reveni al ĉi tiu klarigo.
C.C.B. em Do País Da Luz
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10. «Águia de talento, espírito de eleição 43, eleva-te acima do charco em
que a fatalidade ou a lei fatal do progresso humano te colocou
passageiramente na terra, e terás assombro de ti próprio por teres chegado a
indignar-te com as coisas necessárias que não compreendes!»
Logo após lhe apontar o alto como objetivo, Camilo
afirma agora que ele tem as asas para lá chegar, chamandolhe “águia de talento, espírito de eleição”. Diz-lhe, de
seguida, que ele está no charco, mas que esse estado é
necessário e transitório. A última frase de Camilo mostra
como o romancista já entende bem a lei do carma e das
provações, pois “as coisas necessárias”, isto é, as dores, os
problemas, os desgostos, são aquelas que a alma necessita
para evoluir. É claro que a indignação contra o que nos
ajuda a evoluir não faz sentido.
11. «Por amor de mim consegue libertar-te das ideias grosseiras que a
vida da matéria te pôde incutir no cérebro privilegiado 44 e deixa que a santa
filosofia dos teus cabelos brancos possa ver sem azedume, sem rancor, as
misérias dos teus irmãos, e ante-gozarás a maravilha esplendorosa da
criação! Lembra-te que os melhores lameiros são os que dão mais pão; que
os terrenos mais adubados com a podridão são os que dão as mais iriadas e
odoríferas flores e os mais deliciosos frutos.»
Camilo pede-lhe que se liberte das ideias grosseiras por
amor ao seu amigo Camilo, e incita-o a usar a inteligência
“privilegiada” para se libertar do “azedume” e do “rancor”.
Dá-lhe a imagem do lameiro em podridão, como lugar fétido
mas fértil, onde crescem as mais belas flores. Assim é a
existência humana.
12. «Pensa! Reflecte! Experimenta! Pega em uma planta e dispõem-na
em um vaso de terra limpa, lavada, odorífera, e essa planta, se chegar a
lançar raízes, estiolará e em breve morrerá. Dispõe planta igual em vaso de
terra apodrecida, engordurada com o excremento mais imundo e ela
vegetará luxuriantemente, elevará os seus ramos para o céu numa
manifestação de vida feliz, e desentranhar-se-á em flores de uma beleza
rara, de um aveludado inigualável e de um viço pujante.»
43 Por “espírito de eleição” deve entender-se “espírito que já atingiu
algumas boas qualidades assinaláveis”. No universo não existem
espíritos especiais, eleitos ou escolhidos.
44 Faça-se a mesma análise da nota anterior. Não será necessário voltar a
dar o mesmo esclarecimento.
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João José Santos
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Jen la 12-a alineo, la plej granda el ĉi tiu sesopo. Ĉi tiu
komenciĝas kun verboj en la imperativo, ĉar nun la majstro impete
instigas la disĉiplon al agado: “Pensu! Pripensu! Provu!”. Kamilo
disvolvas la ideon kreitan en la antaŭa alineo, montrante per
metaforoj45, ke el marĉo la animo sin levas al la ĉielo. Post la unua
legado, ŝajnas ke la imperativoj taŭgas por instigi Silvon Pinton fari
ĝardenan eksperimenton. Sed ne. Kamilo miksas ambaŭ planojn,
tiun de la ĝardenado kun tiu de la homa ekzistado. Li volas, ke la
amiko provu novan specon de anima vivosperto. Li volas, ke la
amiko komprenu, ke la malfacilaĵoj de la vivo kaj la ofendoj estas
la sterko, kiuj sterkas la spiritan kreskadon de la kreito.
13. «Kiel grandan lecionon Dio donas al vi per la vivo de tiuj du plantoj!
Pripensu! Enlasu, ke la lumo de via talento lumigu vian racion!»
Kamilo insistas, ke la amiko pripensu kaj uzu la fortikaĵojn jam
konkeritajn por ekvidi la vivon laŭ alia perspektivo.
14. «Kial vi devos pasigi viajn restantajn tagojn tie, en la kalkbrula akreco voli
korekti tion, kio estas tre bone farita?»
Finfine, la laŭŝajna neperfekteco estas la perfekteco kaj, se ĝi
estas la perfekteco, do ĝi ne bezonas esti korektata. Sekve, ne
bonsencas, ke Silvo Pinto sin konsumu provante korekti la
mondon. Estas necese sterki la planton por ke ĝi kresku. Ne
bonsencas, ke la planto indignu pro la fetoro elvenanta el la sterko.
15. «Se la homo povas modifi la sovaĝan planton per kulturo; se la bazo de la
kulturo estas la sterkado de la planto, kaj la sterka materio estas putreca; kiel vi
volas malpermesi Dion uzi similan proceson por mezuri la meriton de la plej
kompleksa verko de la kreaĵaro, kaj por kulturi la plej perfektan kaj strangan planton
el ĉiuj, kiujn li fabrikis?»
45 metaforo: Tropo. En la frazo “Kamilo estis kiel leono.” enestas tropo
nomita komparo. Sed se oni asertas: “Kamilo estis leono.” oni havas
metaforon. Tiel, laŭ maniero simpla kaj didaktika, metaforo estas
komparo sen la kompariga vorto (“kiel”, “kvazaŭ”, “ŝajnas”...). Per
metaforo, oni transpasas ecajn elementojn de ento (la leona forto) al la
subjekto (Kamilo). Aro da metaforoj kaj da komparoj nomiĝas imago.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Chegamos ao 12.º parágrafo, o maior desta série de seis.
Este começa com verbos no imperativo, pois agora o mestre
incita veementemente o discípulo a agir: “Pensa! Reflete!
Experimenta!” Camilo desenvolve a ideia criada no
parágrafo anterior, mostrando pelas metáforas 46, que é do
charco que a alma se eleva ao céu. Numa primeira leitura,
parece que os imperativos servem para incitarem Silva Pinto
a fazer uma experiência de jardinagem. Mas não. Camilo
mistura os dois planos, o da jardinagem com o da existência
humana. Ele quer que o amigo experiencie um novo tipo de
vivência anímica. Ele quer que o amigo compreenda que as
dificuldades da vida e as ofensas são o estrume que
adubam o crescimento espiritual da criatura.
13. «Que grande lição te dá Deus na vida dessas duas plantas! Medita!
Deixa que a luz do teu talento ilumine a tua razão!»
Camilo insiste para que o amigo reflita, e use os cabedais
já conquistados para começar a ver a vida noutra
perspetiva.
14. «Porque hás-de passar o resto dos teus dias, aí, na calcinante agrura
de querer emendar o que está optimamente feito?»
Afinal, a aparente imperfeição é a perfeição e, se é a
perfeição, não precisa de ser emendada. Logo, não faz
sentido que Silva Pinto se consuma a tentar emendar o
mundo. Há que adubar a planta para que ela cresça. Não
faz sentido que a planta se indigne pelo mau cheiro
proveniente do adubo.
15. «Pois se o homem pode modificar a planta selvagem pela cultura; se
a base da cultura é a adubação da planta, e a matéria do adubo é a podridão;
como queres impedir que Deus se sirva de processo semelhante para
aquilatar o mérito da mais complicada obra de toda a criação e para cultivar
a mais perfeita e estranha planta de todas que fabricou?»
46 metáfora: Figura de estilo. Na frase “Camilo era como um leão.”
temos uma figura de estilo à qual se chama comparação. Mas se se
afirmar: “Camilo era um leão.” passamos a ter uma metáfora. Assim,
de modo simples e didático, uma metáfora é uma comparação, à qual
se retirou a palavra comparativa (“como”, “parece”...). Pela metáfora
transpõem-se elementos qualitativos de uma entidade (a força do leão)
para o sujeito (Camilo). A um conjunto de metáforas e/ou de
comparações chama-se imagem.
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Kamilo kreas analogion, laŭ kiu Dio kultivas animojn, same kiel
Li kultivas plantojn. Li uzas ĉi tiun argumentadon laŭ intenca kaj
trafa maniero. Li scias, ke la amiko estis unu el la enkondukintoj
de la skolo realisma-naturalisma en Portugalion, kaj ke lia maniero
strukturigi la universon havas naturalisman bazon. Kamilo, tra ĉi
tiu mesaĝo, pluuzos naturalismajn metaforojn kaj imagojn, pro tio
ke li sciis, ke Silvo Pinto emis al tiu penslinio.
16. «Mia malbonŝanco estis, ke mi neniam havis la feliĉon vidi la vivon laŭ ĉi
tiu prismo!»
Jen korelverŝo kun didaktika funkcio, kiel la tuta mesaĝo. Tio
estas maniero diri al la amiko, ke li havas okazon korekti la vojon,
cele al spirita ekzistado sen la ĉagrenoj suferitaj de Kamilo, pro
nekonado pri la spirita vivo.
17. «Kiam mi tiel vidis ĝin 47... estis tro malfrue; tiam jen la nepriskribebla sufero
pro la perdita tempo kaj pro la malbono farita; tiam jen la timego pro tia vivo. Tion
vi eĉ ne imagas en viaj plej pezaj momentoj!»
Kamilo diras al Silvo Pinto, ke li havas okazon, kiun li mem
neniam havis, ĉar neniu venis el la alia mondo por montri al li la
vivon laŭ ĉi tiu perspektivo. Li aludas al la konsekvencoj de vivo
regata de erara filozofio, kiu finiĝis per suicido, kiel oni scias, kaj
kiu poste kaŭzis nepriskribeblajn suferojn en la spirita mondo. La
anafora ripeto “tiam jen (...) tiam jen” montras la daŭrecon kaj
variecon de damaĝoj, kiujn la suicido ne solvis kaj eĉ multe pli
multigis.
18. «En kelkaj homoj, la rezignacio estas neglekto al la proksimuloj; en aliaj
homoj, ĝi estas kompato al aliulaj misoj. Vi ne estas rezignaciema. Vi neniam estis
tia. Vi estas kompatema, sed via kompato ankoraŭ ne portis vin al rezignaciado! Estu
bonfarema, estu kompatema, kaj vi tie estos atinginta altecon, kiu permesos al vi, en
la lasta sekundo de la trapaso, ekflugi al la feliĉo.»
47 “ĝin” estas “la vivo”.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Camilo cria uma analogia, segundo a qual Deus cultiva as
almas de modo semelhante àquele pelo qual cultiva as
plantas. Ele usa esta argumentação de modo intencional e
certeiro. Ele sabe que o amigo tinha sido um dos
introdutores da escola realista-naturalista em Portugal, e
que a sua maneira de estruturar o universo é de base
naturalista. Camilo continuará, ao longo de toda esta
mensagem, a utilizar metáforas e imagens naturalistas por
saber que Silva Pinto é permeável a essa linha de
pensamento.
16. «O meu mal foi não ter tido nunca a felicidade de ver a vida por este
prisma!»
Um desabafo, mas com função didática, como toda esta
mensagem. É uma forma de dizer ao amigo que ele tem a
oportunidade de arrepiar caminho, para vir a ter uma
existência espiritual sem as dores por que ele passou por
desconhecer o que era a vida espiritual.
17. «Quando a48 vi assim... era tarde; e então o sofrimento intraduzível
pelo tempo perdido e pelo mal feito; e então o pavor de uma vida que nem
nos teus momentos mais esmagantes terás podido sonhar!»
Camilo diz a Silva Pinto que este tem uma oportunidade
que ele mesmo nunca tivera, pois ninguém veio do outro
mundo para lhe mostar a vida nesta perspetiva. Refere-se
às consequências de uma vida regida por uma filosofia
errada, que culminou no suicídio, como sabemos, e com um
cortejo de inenarráveis sofrimentos no mundo espiritual. A
repetição anafórica “e então (...) e então” mostra a
continuação e a variedade de desgraças que o suicídio não
resolveu, e que até aumentou em grande escala.
18. «A resignação em uns é o desprezo pelos outros; em outros é a
piedade pelas faltas alheias. Tu não és um resignado. Nunca o foste. Tens
piedade, mas a piedade ainda te não levou à resignação! Sê benévolo, sê
piedoso, e terás atingido aí uma culminância que te permitirá na hora
extrema da passagem desferir um voo para a felicidade.»
48 “a” é “a vida”.
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Unuafoje Kamilo uzas la vorton “rezignacio”. Li prezentas al
Silvo Pinto vojiradon, kiu startas ekde la analizo pri la personeco
de la amiko, por gvidi lin al la rezignacio kaj al la pardono de la
ofendoj. La tuta proceso ŝajnas doktrinado. Kamilo ne mensogas,
nek kaŝas verojn. Li agnoskas la animajn kvalitojn de la amiko, kaj
li uzas ilin por helpi al li liberiĝi el la retĉenoj, en kiuj la amiko
mem sin katenis.
Li sciis, ke Silvo Pinto ne estis rezignaciema homo, sed li ankaŭ
sciis, ke li jam estis kompatinda homo.
19. «Vi scias, la grandaj birdoj, la kondoroj, ekzemple, bezonas leviĝi tre alten
por kapabli flugi larĝe.
20. Vi estas kondoro de bonkoreco kaj de talento.»
Kamilo agnoskas du ecojn en la amiko: bonkorecon kaj
talenton. Li proponas al li uzi tiujn du flugilojn, kiel kondoro, por
kapabli vidi ĉion de la alto, laŭ alia perspektivo.
21. «Ne restu, ne persistu sur la kota ebenaĵo de la vivo etaĉa kaj materia. Mia
kara, mia karega amiko amata! En la adiaŭa horo, trafita de surprizo pro la ventego
de la morto, kiun la Kreinto blovos por alilokigi vin, vi ne havos tempon por ekflugi
al la larĝa kaj luma spaco. Vi restos, kiel mi, dum tempolongo nur sciata de Dio, en
kunvivado kun strigoj kaj korvoj. La alteco kien vi devas leviĝi estas la bono
purigita de la sufero, kiun homa lingvaĵo nomas rezignacio. Eduku vian ribeleman
spiriton. Se necese, via racio ĝin iluziu, cedante, konvinkante ĝin, ke nur pro
neglekto ĝi forlasos la rankoron, kiu fermentos la malamon, kiu kondukos ĝin nur al
despero.»
La plano konduki la amikon al rezignacio kaj pardoneco,
elaĉetante lin el reto de indigno, ribelo kaj spiteco, pluiras sian
vojon. Kamilo pluuzas la imagon kreitan ekde la metaforo, ke Silvo
Pinto estas granda birdo, aglo aŭ kondoro. Li insistas alnomi lin per
teneraj esprimoj. Kamilo avertas lin, ke post la elkarniĝo, li ne
havos tempon por sin levi al la alto, restante tiam katenita de la
difektoj, embarasita per la reto konstruita de li mem.
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Pela primeira vez Camilo usa a palavra “resignação”. Ele
apresenta a Silva Pinto um roteiro que parte da análise da
personalidade do amigo, para o levar a resignar-se e a
perdoar as ofensas. Todo o processo faz lembrar uma
doutrinação. Camilo não mente nem esconde verdades.
Reconhece as qualidades anímicas do amigo, e usa-as para
o ajudar a libertar-se das malhas em que ele mesmo se
emaranhou.
Ele sabia que Silva Pinto não era um homem resignado,
mas também sabia que ele já era um homem piedoso.
19. «Sabes que os grandes pássaros, os condores por exemplo, precisam
subir a eminências para poderem voar largo.
20. Tu és um condor de bondade e de talento.»
Camilo identifica duas caraterísticas do amigo: bondade e
talento. Propõe-lhe a utilização dessas asas para voar alto,
como um condor, para poder ver tudo de cima, de outra
perspetiva.
21. «Não fiques, não persistas na planície lamacenta da vida mesquinha
e material, porque, meu querido, meu queridíssimo amigo dilecto, na hora
da despedida, colhido de surpresa pela rajada da morte que o Criador
mandar para te fazer mudar de poiso, não terás tempo de formar voo para te
alçares ao espaço largo e luminoso; e ficarás, como eu, por sabe Deus
quanto tempo, no convívio das corujas e das gralhas. A eminência a que tens
que elevar-te é a bondade purificada pelo sofrimento que a linguagem
humana classifica de resignação. Educa o teu espírito de revolta. Se for
necessário, a tua razão que o iluda, transigindo, convencendo-o de que é por
desprezo que abandonará o rancor, a fermentação do ódio, que só conduz ao
desespero.»
O plano de trazer o amigo à resignação e ao perdão,
resgantando-o das malhas da indignação, da revolta e da
hostilidade, prossegue o seu curso. Camilo continua a usar
a imagem criada a partir da metáfora de que Silva Pinto é
uma grande ave, uma águia ou um condor. Insiste na
ternura do tratamento e adverte-o que após o desencarne,
ele não terá tempo para se alçar ao alto, ficando então
prisioneiro dos defeitos, emaranhado na teia que construiu.
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22. «Konvinku ĝin49, ke ĉio estas tiel malbona, ke ne indas ribelo de homo justa
kaj bona, kia vi estas. Tiel, iom post iom, senkonscie, vi estos akirinta la
nekompareblan feliĉon kompreni, ke la malbonuloj ne estas tiom malbonaj, kiom vi
pensas. Vi komprenos, ke ili estas pli mizeraj ol malbonaj, kaj do pli indaj je
bedaŭro ol je rankoro. Vi komprenos, ke la malbono estas necesa bono 50. Vi
komprenos, ke la dia justo, verŝajne skribante rekte per tordaj linioj, havas
grandecon kaj senpekecon nemezureblajn. Vi komprenos, ke nur pieco kaj
pardoneco proksimigas la homon al Dio!»
Ĉi tiu granda alineo resumas la argumentadon uzatan de Kamilo
ekde la komenco de ĉi tiu mesaĝo.
La olda verkisto, sperta pri la arto interparoli, sin montras nun
lerta doktrinanto. Li sugestas al la amiko manieron ekpraktiki
rezignacion. Pro tio ke Silvo Pinto ne kapablas rezignazii, ĉar li
indigniĝas kontraŭ la maljustaĵoj de la mondo, Kamilo sugestas al
li la penson, ke la malbonuloj ne meritas, ke li pensu pri ili. Temas
pri etika maniero pli akceptebla kiel reago al la maljustaĵoj.
Anstataŭigante indignon per indiferento, kaj ribelon per neglekto,
Kamilo helpas la amikon liberiĝi el la reto.
Poste, diras Kamilo, Silvo Pinto agnoskos, ke finfine la
malbonuloj estas nur mizeruloj, kiuj pli meritas kompaton kaj
pardonon ol rankoron kaj malamon.
23. «Sufiĉas, ke la homo uzu nigrajn lensojn por ĉion vidi nigre; flavajn por ĉion
vidi flave; rozajn por ĉion vidi roze. Kial do la vivo ne montru nur la flankon 51, kiun
ĉiu deziras vidi?»
49 Oni komprenu, ke “ĝi” estas la spirito de Silvo Pinto. Kamilo instigas lin,
ke la amiko konvinku sian propran animon, do sin mem. Sub la lumo de
la spiritisma doktrino, ĉiu homo estas reenkarniĝinta spirito. Ni ne estas
korpoj kun animoj, sed animoj reenkarniĝintaj en korpoj. Kamilo ne
diras aliaĵon. Tamen, por ke la neinformita leganto ne prenu alian
sencon, jen la apriora klarigo.
50 “La malbono estas necesa bono.” estas traduko de la kutime uzata frazo
en la portugala lingvo: “O mal é um bem necessário”. Oni tiel komprenu
la paradokson: la malbono estas kuracilo por la animaj malsanoj, do ĝi
estas bonaĵo malgraŭ la amareco.
51 La vorto “flanko”, ĉi tie kaj en postaj okazoj, estas vidata ne kiel unu el
la flankoj de la afero, sed kiel alia maniero percepti la aferon.
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22. «Procura convencê-lo52 de que é tudo tão mau que não merece a
consideração da revolta de um justo e um bom como és; e insensivelmente,
sem dares por isso, terás adquirido a incomparável felicidade de conheceres
que os maus não são tão maus como supões; que são mais desgraçados do
que maus, e mais dignos de lástima do que de rancor; que o mal é um bem
necessário53; que a justiça divina, escrevendo direito por linhas tortas, como
aos nossos olhos se afigura, é de uma grandeza e de uma impecabilidade
incomensuráveis, e de que a piedade e o perdão são as únicas coisas que
aproximam o homem da Divindade!»
Este grande parágrafo é o resumo da argumentação que
Camilo tem vindo a usar desde o princípio da mensagem.
O velho escritor, experiente na arte de conversar, mostrase agora um hábil doutrinador. Ele sugere ao amigo uma
maneira de começar a entrar na prática da resignação. Já
que Silva Pinto não se consegue resignar, por se indignar
contra as injustiças do mundo, Camilo sugere-lhe que ele
pense que os maus não merecem que ele se preocupe com
eles. É uma forma de tornar a primeira reação à injustiça
mais aceitável do ponto de vista ético. Substituindo a
indignação pela indiferença, e a revolta pelo desprezo,
Camilo está a ajudar o amigo a desenvencilhar-se da teia.
Depois, diz ele, Silva Pinto reconhecerá que afinal os
maus são apenas desgraçados, mais merecedores de
compaixão e de perdão do que de rancor ou ódio.
23. «Pois se basta que o homem ponha lunetas pretas para ver tudo
negro; amarelas para ver tudo dourado; rosadas para ver tudo cor de rosa;
porque é que a vida não há-de mostrar só a faceta 54 que cada um dela quer
ver?»
52 Entenda-se que “lo” (a ele) é o espírito de Silva Pinto. Camilo incita-o a
convencer a sua própria alma, isto é, a si mesmo. À luz da doutrina
espírita, cada ser humano é um espírito reencarnado. Não somos
corpos com almas, mas almas reencarnadas em corpos. Camilo não diz
outra coisa. Contudo, receando que o leitor menos informado pudesse
fazer outra leitura, aqui fica o esclarecimento prévio.
53 “O mal é um bem necessário”. Entenda-se assim o paradoxo: o mal é
um medicamento para as doenças da alma, portanto é um bem, apesar
de ser amargo.
54 A palavra “faceta”, aqui e noutros passos, é vista não como um dos
lados do assunto, mas como outra maneira de percecionar o assunto.
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Kamilo relativigas la aferojn, montrante ke ĉiu homo vidas la
vivon laŭ la dezirata flanko kun kiu li agordas.
24. «Se vi volos vidi la bonan flankon, vi ĝin vidos. Eĉ se vi insistos, vi ne vidos
alian flankon, eĉ se vi koncentros vian rigardon kaj analizon sur tre malbonaj
aferoj.»
La volforto estas reliefigita. Sufiĉas, ke oni volu, por ke la realo
prezentiĝu alimaniere.
25. «Se vi volos vidi la malbonan flankon, vi ĉion vidos malbona, eĉ se tio estas
sankta, bela kaj grandioza.»
Tiu, kiu deziras vidi ĉion nigra, uzu malhelajn okulvitrojn, ke eĉ
la Suno aperos al li obskurigita.
26. «Mi eluzis mian surteran vivon, vidante ĉion tra nigraj okulvitroj. Tiel nigre
mi vidis, ke Dio donis al mi la blindecan mallumon. Mia sankta amiko!, tia mallumo
horore akompanis min ĉi tie, kaj ankoraŭ malmultaj estas la lumstrioj, kiuj sukcesas
rompi ĝin!
27. Pripensu do. Provu.»
Kamilo profundigas la analizon de la problemo per alia
naturalisma imago. Li diras nun, ke eble la aferoj ne estas tiaj, kiaj
ili ŝajnas esti. Oni vidas ilin laŭ la koloro de nia agordo tra la vivo.
Li donas sian propran ekzemplon, montrante ke li tiom nigra vidis
la vivon, ke li alvenis al blindeca mallumo, kiu daŭris en la spirita
vivo.
Prie, en ĉi tiu dato, 28-an de oktobro 1906, Kamilo ankoraŭ ne
eksciis la precipan kaŭzon de sia blindeco, kies klarigo estis donota
en la verko Memoroj de suicidinto, de Ivono Perejro. Ĉi tiu verko
estis aranĝota ĉirkaŭ 40 jaroj post la nun studata mesaĝo.
28. «Proksimiĝu al bukedo el lilioj, blankaj kiel neĝo, puraj kiel la pureco kaj la
boneco de Dio. Rigardu al ili tra fumkolora vitro, kaj vi vidos ilin nigraj, malpuraj,
naŭzaj. Proksimiĝu poste al amaso da malpuraĵoj, al putriĝinta kadavro, verdeska,
disfalanta popece pro la malkomponado; io horora pensi, des pli vidi. Rigardu ĝin
per oranĝaj vitroj, kaj jen vi vidos ĉion kovrita de rava ora nimbo, kvazaŭ el tiu feĉo
elradius la suna lumo.»
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Camilo relativiza as coisas, mostrando que cada um vê
da vida a faceta que quer, e com a qual se sintoniza.
24. «Queiras ver a faceta boa e vê-la-ás. Por mais que faças não verás
outra, por pior que seja aquilo sobre que fixares a tua vista e a tua análise.»
A força da vontade é evidenciada. Basta querermos, para
que a realidade se apresente de outro modo.
25. «Se quizeres55 ver pela faceta má tudo verás mau, por mais santo,
por mais belo, por mais grandioso que seja.»
Quem quer ver tudo negro, ponha óculos escuros, que
até o Sol se apresentará obscurecido.
26. «Eu passei a minha vida terrena a ver tudo pelos óculos pretos; e tão
preto vi que Deus deu-me aí a escuridão da cegueira. E, meu santo amigo,
essa escuridão acompanhou-me horrorosamente aqui, e poucas são as
nesgas de luz que conseguem vir quebrá-la ainda!
27. Medita pois. Experimenta.»
Camilo aprofunda a análise do problema através de outra
imagem de tipo naturalista. Diz agora que talvez as coisas
não sejam como parecem ser. Vemo-las da cor com que nos
sintonizamos ao longo da vida. Dá o seu próprio exemplo,
mostrando que tanto viu a vida negra, que chegou à
escuridão da cegueira, e que essa se prolongou na vida
espiritual.
A propósito, diga-se que nesta data, 28 de outubro de
1906, Camilo ainda não sabia da causa principal da sua
cegueira, cuja explicação é dada na obra Memórias de um
suicida, de Yvonne Pereira. Esta obra havia de ser compilada
cerca de 40 anos após a mensagem agora em estudo.
28. «Acerca-te de um ramo de lírios brancos, alvos como a neve, puros
como a pureza e a bondade de Deus, olha-os através de um vidro fumado, e
vê-los-ás negros, sujos, repelentes; aproxima-te de um monte de impurezas,
de um cadáver putrefacto, esverdeado, caindo a pedaços pela decomposição,
coisa horrenda de pensar quanto mais de ver; olha-o por vidros alaranjados
e verás tudo coberto de um delicioso nimbo dourado, como se dessa
imundice irradiasse a luz solar.»
55 Tal como aparece no texto consultado, com “z”.
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Ĝi estas imago plena je metaforoj kaj komparoj. Ĝi estas forta
pentraĵo, kiu ekas el naturismo56, kiel didaktike konvenas ĉar Silvo
Pinto vidas la vivon laŭ naturisma perspektivo, kaj finiĝas
impresisme56, ĉar la realo estas prezentata laŭ subjektiva maniero.
29. «Kial vi ne faras la samon al la vivo?»
En la fino, jen retorika demando57, kiu sugestas al la disĉiplo la
transpason de la sama principo al la malfacilaj aferoj pri la homa
rilatado. Tio estas, Kamilo proponas al la disĉiplo, ke li rigardu la
malbonulojn kiel suferantojn.
30. «Ni imagu...
31. Ne. Ni ne imagu; mi iras al la amplekso de via obĵeto:»
Kamilo intencas disvolvi sian penson helpe de imago, sed subite
li montras al Silvo Pinto havi perfektan sciadon pri la obĵetoj, kiujn
la amiko kontraŭstarigos ĉe la legado de ĉi tiu letero. Ĉi tiu estas
ankaŭ valora elemento en la identigo de Kamilo.
32. «- Tamen, la vitroj ne ŝanĝas la ecojn de la objektoj. La lilioj
daŭras blankaj, eĉ kiam oni vidas ilin per nigraj lensoj, kaj la putriĝo daŭras naŭza,
eĉ se ĝi ŝajnas orkolora!
Verŝajnas ĉe la unua ekrigardo, aŭ ĉe nia rezono sen pripensado.»
La spirito vortumas la obĵeton pensotan de la amiko: la objektoj
plu estas tiaj, kiaj ili estas, eĉ se oni vidas ilin per aliaj lensoj.
Temas pri ontologia afero58, kiu certe ne eskapus al Silvo Pinto, kaj
kiun Kamilo devas analizi.
Kamilo plu uzas dialogan stilon, kvazaŭ li interparolus kun Silvo
Pinto. Oni memoru, ke li skribas per la mano de la mediumo
Fernando Lacerdo, sed la mesaĝocelato estas Silvo Pinto.
56 naturismo, impresismo: la aŭtoro kaj tradukisto ne vidas neceson uzi
la vortojn "naturalismo" kaj "impresionismo".
57 retorika demando: tropo konsistanta en demando, kiu ne celas
respondon, sed emfazon de la ideo.
58 ontologio: areo de la filozofio, kiu studas la estulon.
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Imagem cheia de metáforas e comparações. Uma pintura
forte que parte do naturalismo, como didaticamente
convém, já que Silva Pinto vê a vida numa perspetiva
naturalista, para um certo impressionismo, onde a realidade
é apresentada de modo subjetivo.
29. «Porque não fazes a mesma coisa à vida?»
No fim, a interrogação retórica 59 que sugere ao discípulo
a transferência do mesmo princípio para as questões difíceis
do relacionamento humano. Ou seja, Camilo propõe ao
discípulo que veja os maus como sofredores.
30. «Imaginemos...
31. Não, não imaginemos; vou ao alcance da tua objecção:»
Camilo tenciona desenvolver o seu pensamento com
recurso à imaginação, mas subitamente mostra a Silva Pinto
que sabe muito bem que tipo de objeções o amigo fará
quando ler esta carta. Este é também um elemento valioso
para a identificação de Camilo.
32. «- Mas os vidros não mudam a natureza das coisas; os lírios não
deixam de ser brancos por se verem por lentes negras, nem a podridão
deixou de ser ascorosa por parecer dourada!
É verdade, parecerá à primeira vista, ou à nossa razão desarmada da
reflexão.»
O espírito verbaliza a objeção que o amigo fará: as coisas
não deixam de ser como são, mesmo que sejam vista por
outros óculos. Trata-se de uma questão ontológica 60, que
certamente não escaparia a Silva Pinto, e que Camilo deve
analisar.
Camilo continua num estilo dialogante, como se
conversasse com Silva Pinto. Lembremo-nos que ele está a
escrever pela mão do médium Fernando de Lacerda, mas o
destinatário da mensagem é Silva Pinto.
59 interrogação retórica: figura de estilo que consiste numa pergunta,
que não tem como objetivo uma resposta, mas provocar a reflexão do
leitor ou do ouvinte.
60 ontologia: área da filosofia que estuda o ser.
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33. «Do, ni pripensu.
34. Kiuj estas la ecoj de la objektoj sur la Tero?
35. Ĉu ili estas tiaj, kiaj ni vidas ilin? Ĉu ili estas tiaj, kiaj ili ŝajnas al ni?
36. Ne. Ili estas tiaj, kiaj ili estas.»
La spirito ŝajnas konsenti kun la obĵeto, kiun li imagis ĉe la
menso de la amiko.
37. «Kaj kia estas ĝi en la donita ekzemplo?
38. La nepripensinta vido donas al la lilio la blankecon, kaj al la putriĝo la
naŭzon.
39. Tamen, la pripenso baldaŭ interŝanĝos la naŭzon por la lilio, kaj la ravon por
la putriĝo.»
Kamilo pluiras en sokrata stilo. Li ekas el la laŭŝajna akcepto de
la obĵeta valideco, alvokas la sperton de la malhelaj lensoj, kaj tuj
enkondukos alian elementon: la tempon.
40. «Baldaŭ la lilio putriĝos, naŭze. La kadavro, la putramaso, transformiĝos
bonvoleme en la gasojn, kiuj donas la vivon, kaj en la erojn, kiuj nutras la rozojn kaj
la tritikon.»
Tiel, Kamilo enkondukas la tempon, kiu estas fundamenta
elemento por ke la estulo estu komprenata laŭ la perspektivo de
estiĝado61. Kio okazas al la lilio? Ĝi estiĝas putriĝinta materio. Kio
okazas al la kadavro? Ĝi estiĝas nutraĵo por rozoj. Finfine, kiaj
estas la lilio kaj la kadavro? Ĉu oni povas diri, ke iu el ili estas pli
bela aŭ pli bona ol la alia?
41. «Ĉu la aferoj povus okazi alimaniere?»
61 (EO) "estiĝado" (PT) devir (EN) "becoming": filozofia koncepto,
kiu valorigas la aliiĝon aŭ la movon de la estulo. Per la aliiĝo aŭ la
movo, la estulo aliestiĝas, do la estulo estiĝas neestulo. Laŭ la tradicio,
la helena filozofo Heraklito skribis: "Neniu sin banas dufoje en la sama
rivero." La duan fojon, la rivero ne plu estas rigore la sama, ĉar la
unuaj akvoj jam forpasis. Tiel, ankaŭ la animo estas en konstanta
aliiĝo, ne plu egala al tio kio ĝi estis, ĉar ĝi evoluas. Ĝi postrestigas sian
individuecon, sed tiu individueco devas esti vidata kiel dinamika "mi",
en konstanta aliiĝo. Spiritistoj scias, ke tiu aliiĝo okazas en senco de la
morala kaj intelekta pliboniĝado.
La esperantan vorton "estiĝado" mi kunmetas ĉi tie, eble la unua, por
ĉi tiu koncepto. En la helena, la frazo atribuita al Heraklito estas (HE)
Τα Πάντα ῥεῖ. (Ta panta rhei - Ĉio fluas.). En tiu koncepto, esence
gravas tri elementoj, kiujn la vorto "estiĝado" (est+iĝ+ad) enhavas, tio
estas: ade iĝas la estulo io malsama de si, do neestulo.
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33. «Reflexionemos, porém.
34. Qual é a natureza das coisas na terra?
35. É a que vimos? É a que nos parece?
36. Não. É a que é.»
O espírito parece concordar com a objeção que imaginara
na mente do amigo.
37. «E qual é a que é no exemplo citado?
38. A vista irreflexiva dá ao lírio a alvura e à podridão o asco.
39. Entretanto a reflexão mudará em breve o asco para o lírio, a causa
admirativa para a podridão.»
Camilo continua en estilo socrático. Ele parte da aparente
aceitação da validade da objeção, evoca a experiência dos
óculos escuros e vai agora introduzir um outro elemento: o
tempo.
40. «O lírio será a curto trecho putrefacto, nauseante; e o cadáver, o
monturo, transformar-se-á, benévolamente nos gazes que dão a vida e nos
sais que alimentam as rosas e o trigo.»
Deste modo, Camilo introduz o tempo, elemento
fundamental para que o ser seja visto numa perspetiva de
devir62. Que acontece ao lírio? Transforma-se em matéria
putrefata. Que acontece ao cadáver? Transforma-se em
alimento para as rosas. Como são afinal o lírio e o cadáver?
Pode dizer-se que um é mais belo ou melhor que o outro?
41. «E quando assim não fosse?»
62 (PT) devir (EO) "estiĝado" (EN) "becoming": conceito filosófico
que valoriza a transformação ou o movimento do ser. O ser encaminhase, pela transformação ou pelo movimento, para deixar de ser o que
era, logo o ser transforma-se no não-ser. Segundo a tradição, escreveu
o filósofo grego Heraclito: “Ninguém se banha duas vezes no mesmo
rio.” Da segunda vez, o rio já não é rigorosamente o mesmo, pois as
primeiras águas já passaram. Assim, também a alma está em constante
mutação, deixando de ser o que era, pois evolui. Ela mantém a
identidade, mas essa identidade deve ser vista como um “eu dinâmico”
em constante mutação, não como algo estável. Sabemos, pelo
espiritismo, que essa mutação é no sentido do aprimoramento moral e
intelectual. Em grego antigo, a frase atribuida a Heraclito é (HE) Τα
Πάντα ῥεῖ. (Ta panta rhei - Tudo flui.). Usa-se aqui a forma "Heraclito",
em vez de "Heráclito", na esteira de eminentes classicistas
portugueses.
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En ĉi tiu tekstero, Kamilo alvokas la filozofian karakteron de
Silvo Pinto. Li bone konis lin, kaj li sciis, ke la amiko havas
enorman argumentkapablon. Do, li teksas siajn argumentojn,
imagas la kontraŭargumenton de Silvo Pinto kaj respondas al ĝi.
Ĉi tiu tekstero ŝajnas simpla, sed ĝi kaŝas profundan ontologian
kompleksecon, kiu tuŝas la teorion de estiĝado. Kiu estas mi? Ĉu
mi estas tiu estanta? Ĉu mi estas tiu estinta? Ĉu mi estas tiu
estonta? Ĉu mi estas ĉio tio? Ĉi tiu aludo taŭgas, ankoraŭfoje, por
montri kiel Kamilo bone konis Silvon Pinton. Se la komunikanta
ento ne estus Kamilo, li devus esti iu kiu konus Silvon Pinton tiel
bone kiel Kamilo. Aldone, li devus havi por Silvo Pinto fratecan
korinklinon tiel profundan kiel Kamilo havis. Malpli facilas ol ŝajnas.
Silvo Pinto estis tia viro kiun oni amis pro lia inteligento kaj
altruismo; aŭ oni malamis pro lia revoluciema karaktero, pro lia
indigno antaŭ la malboneco, kaj pro lia konstanta ribelo kontraŭ la
enmondaj maljustaĵoj kaj kontraŭ la malbonuloj de ĉi tiu mondo.
La plano de Kamilo estis saĝa. Nun li kondukas la amikon
pripensi, ĉu la malbonuloj estas fakte malbonaj, ĉu la bonuloj estas
fakte bonaj. Li relativigas la aferojn donante bazan nocion pri
spirita evoluo. Lia intenco estis, ke la amiko estiĝu pli tolerema al
la maljustuloj, por faciligi la vojon al la rezignacio. Oni jam vidis,
ke antaŭ ol ĉi tiu glora paŝo, la rezignacio, Silvo Pinto devos pasi
tra sperto de indiferento antaŭ la malboneco kaj la maljusteco. Ja
estas pli bone esti malvarma, indiferenta kaj neglektema al la
malamikoj, ol malamema al ili. Neniu sin levas al anĝela kondiĉo,
sen trapasi multfoje tra retorto de spirita alĥemio, en kiu oni
puriĝadas.
42. «La koloroj, laŭ la deziro, donis la impreson, ke tiaj estis la aferoj. Ĉio en la
vivo havas la sensaĵojn, kiuj kapablas impresi la homon. La amo al la hororaĵoj
ankaŭ estas amo, se oni amas ilin. La malamo al la belaĵoj ankaŭ estas malamo, se
oni malamas ilin.»
La amo ĉiam estas amo, jen ĝi celu la malbonaĵojn, jen la
bonaĵojn.
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Neste passo, Camilo apela ao caráter filosófico de Silva
Pinto. Ele conhecia-o bem, e sabia que o amigo tinha uma
elevada capacidade de argumentação. Então tece os seus
argumentos, imagina o contra-argumento de Silva Pinto e
responde-lhe.
Este trecho parece simples, mas esconde toda uma
complexidade ontológica que mexe com a teoria do devir.
Quem sou eu? Sou o que sou agora? Sou o que fui antes?
Sou o que serei no futuro? Serei tudo isto? Esta alusão
serve, mais uma vez, para mostrar como Camilo conhecia
bem Silva Pinto. Se a entidade comunicante não fosse o
próprio Camilo, teria que ser alguém que conhecesse Silva
Pinto tão bem quanto Camilo. Já agora, que tivesse por
Silva Pinto uma afeição tão fraternal e tão profunda quanto
Camilo. Pode parece fácil, mas não é. Silva Pinto é o tipo de
homem que, ou é amado pela sua inteligência e por ser
altruista, ou odiado pelo seu caráter revolucionário, pela sua
indignação face à maldade, e pela constante revolta que
tinha para com as injustiças e os maus do mundo.
O plano de Camilo é sagaz. Agora ele leva o amigo a
questionar se os maus são mesmo maus, e se os bons são
mesmo bons. É uma maneira de relativizar as coisas, de dar
uma noção básica de evolução espiritual, de tornar o amigo
mais tolerante perante os injustos, para facilitar o caminho
da resignação. Como já vimos, antes desse passo glorioso,
a resignação, Silva Pinto deverá passar pela experiência da
indiferença perante a maldade e a injustiça. Sempre é
melhor ser frio, indiferente e desprezar os inimigos, que
odiá-los. Ninguém se eleva à condição de anjo sem passar
muitas vezes pela retorta da alquimia espiritual, na qual se
vai purificando.
42. «As cores, obedecendo à nossa vontade, tinham-nos dado a sensação
de que era assim; e tudo na vida tem as sensações que conseguem
impressionar-nos. O amor às coisas horrorosas não deixa de ser amor se as
amamos; e o ódio às coisas belas não deixa de ser ódio se as detestamos.»
O amor é sempre amor, quer se direcione às coisas más
quer às coisas boas.
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43. «La nepasia kaj ekvilibra racio postulas, ke la aferoj ne tiel okazas. Sed kiu
povas arogi al si la justecon kaj ekvilibron kapabli ĉiam kompreni la aferojn tiajn,
kiaj ili fakte estas? Sen certeco pri la komprenkapablo, kiu povas aserti, ke ties
komprenmaniero estas la plej bona?»
Konsiderante la subjektivecon kaj la estiĝadon, kiu povas aserti,
ke li pravas, kaj ke la aliaj malpravas?
44. «Pripensu, Silvo Pinto, pripensu!»
Kamilo instruas al la amiko, ke la kapablo juĝi la homajn agojn
estas subjektiva. Do, estas pli bone pripensi, ke oni ne havas
sufiĉe vastan perspektivon pri la problemoj. Do, apriore oni estu pli
tolerema. Jen plus unu hakado sur la malbonan kutimon de Silvo
Pinto indigni kontraŭ la malbonaĵoj de la mondo.
La spirito plu insistas, por ke la amiko pripensu pri ĉi tiu nova
maniero rigardi la vivon.
45. «Pensu, ke viaj doloroj utilos al vi por pli ol trapasi la vivon malbenante
ilin!»
Kamilo montras la paradokson, ke la doloroj nur utilu por ke oni
malbenu ilin. Finfine, ili devas havi alian funkcion pli pozitivan en la
vivo.
46. «Malbona estus la sperto, kiu portus al ni la bonvolemon kaj la toleremon!»
La olda verkisto ne rezistas al la emo ironii 63, dirante ke estus
malbona la sperto, kiu portus al ni la bonvolemon kaj la toleremon.
63 ironio: tropo konsistanta en aserto de io kontraŭa al tio kion oni
deziras defendi por, kaŭzante la ridon, konduki la celaton al la defendita
vidpunkto.
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43. «Exige a razão ponderada e fria que assim não seja; mas quem pode
gabar-se de ser suficientemente justo e equilibrado que consiga ver as coisas
sempre como elas realmente são? E não podendo ter a certeza de que tem
essa justeza de vista, quem pode afirmar que a sua maneira de ver é a
melhor?»
Perante a subjetividade e o devir, quem pode afirmar que
a razão está consigo, e que os outros estão errados?
44. «Medita, Silva Pinto, medita!»
Camilo ensina ao amigo que a capacidade de cada um
em julgar as ações humanas é subjetiva. Logo, talvez seja
melhor pensarmos que poderemos não ter uma visão ampla
dos problemas e, à partida, é melhor ser tolerante. Mais
uma machadada no mau hábito de Silva Pinto em indignarse contra os males do mundo.
O espírito continua a insistir para que o amigo medite
nesta nova maneira de ver a vida.
45. «Pensa que as tuas dores te hão-de servir para mais do que para
atravessares a vida a maldizê-las!»
Camilo mostra como é paradoxal que as dores só sirvam
para que se fale mal delas. Ao fim e ao cabo, elas devem ter
outra função mais positiva na vida.
46. «Mal haja a experiência que nos traz a benevolência e a tolerância!»
O velho escritor não resiste à ironia 64, dizendo que seria
má a experiência que nos trouxesse benevolência e
tolerância.
64 ironia: figura de estilo pela qual se afirma o contrário do que se
pretende defender para, provocando o riso, trazer o recetor ao ponto de
vista defendido.
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47. «Vi bone scias, pli bone ol iu ajn, ke tie 65 mi neniam tiel pensis. Miaj noveloj
estas plenplenaj je galo, kiun la amareco distilis en mia vivo. Ve!, mi neniam havis
amikan buŝon kun aŭtoritato konsili min, devigi min pripensi senpasie pri la kaŭzoj
kaj pri la aferoj. Kelkfoje, la pieco kaj la kompato envolvis min, sed tiaj aliulaj
sentoj koleretis min, vundante mian fieron...»
66
La afero ne estas tia, majstro Kamilo! Viaj noveloj ne enhavas
tiom da galo, kaj multaj el ili povas esti vidataj kiel himnoj al la
pozitivaj valoroj de la vivo. Oni komprenu ĉi tiun aserton de Kamilo
kiel esprimon de sincera humilo de tiu, kiu nun scias, ke ekzistas
sekvenda vojo multe pli luma. Efektive multaj paĝoj de Kamilo eĉ
ŝajnas spiritismaj verkoj. Oni legu la romanon La bono kaj la
malbono, inter multaj aliaj, por pruvi tion.
Kamilo perfekte konscias, ke en sia lasta reenkarniĝo li ne
pensis sammaniere, kaj ke tia opiniŝanĝo mirigos la amikon.
65 Per "tie", la spirito aludas al sia lasta reenkarniĝo sur la Tero, en kiu li
estis Kamilo Kastelo Branko.
66 Ĉi tie oni uzas la nocion de "novelo", laŭ kiu ĝi estas malpli granda kaj
kompleksa ol romano, kaj pli granda kaj kompleksa ol rakonto. Kamilo
verkis romanojn, novelojn, rakontojn, dramojn, poemojn kaj
opiniartikolojn.
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47. «Sabes tu melhor do que ninguém que eu jamais pensei assim aí 67.
As minhas novelas68 estão cheias de fel que a amargura fazia destilar à
minha vida; e por mor desgraça não tive nunca boca amiga que tivesse
autoridade no conselho para me obrigar à reflexão desapaixonada sobre as
causas e as coisas. Quando muito, sentia-me envolvido na piedade e no dó;
e esses sentimentos alheios irritavam-me, feriam o meu orgulho...»
Não é bem assim, mestre Camilo! As tuas novelas não
têm assim tanto fel, e muitas delas podem ser vistas como
hinos aos valores positivos da vida. Tomemos esta
afirmação de Camilo como expressão de sincera humildade
de quem sabe agora que há um caminho muito mais
luminoso a seguir. De facto, muitas páginas de Camilo até
parecem obras espíritas. Leia-se o romance O bem e o mal,
entre muitos outros, para comprovar isto.
Camilo tem a perfeita consciência de que, na sua última
reencarnação, ele não pensava do mesmo modo, e que essa
mudança de opinião havia de provocar admiração no amigo.
67 Por "aí", o espírito refere-se à sua última reencarnação na Terra, na
qual ele foi Camilo Castelo Branco.
68 Noção de "novela", segundo a qual ela é menor e menos complexa que
o romance, e maior e mais complexa que o conto. Camilo escreveu
romances, novelas, contos, dramas, poemas e artigos de opinião.
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Kamilo aludas al sia propra sperto, informante pri siaj doloroj
en la spirita mondo, kaŭzitaj de siaj agoj en la surtera vivo. Temas
pri la universa leĝo de karmo, bone konata de la spiritistoj 69.
Kamilo ne celis informi la amikon pri sia spirita situacio. Li tion
faris, post tridek jaroj, per la mediumeco de Ivono Perejro, en la
verko Memoroj de suicidinto. En ĉi tiu mesaĝo lia celo estas alia.
Kamilo fokusiĝas sur la planon elaĉeti la amikon el suicido tutcerta,
se li ne estus interveninta. Do, aludante al sia vivekzemplo, Kamilo
konsciigas Silvon Pinton, dirante ke ĉi tiu havas la bonŝancon havi
spiritan amikon, kiu venas el la transtombo por averti lin, ke
ankoraŭ estas tempo eviti enorman tragedion.
Silvo Pinto estis tre multe helpata rekte de la spirita mondo, en
la fino de sia reenkarniĝo. Kamilo venis, per la mediumeco de
Fernando Lacerdo, konvinki lin pri la vivo post la fizika morto, kaj
averti lin pri la tragediaj konsekvencoj de malbona uzo de la
surtera vivo. Eĉ tiel, post kelkaj jaroj, Silvo Pinto preparis suicidon,
kiu ne efektiviĝis, ĉar lia malnova amiko Alfredo Anĝelo, grafo de
Fontalvo, venis riĉa el Brazilo kaj, neatendite, donacis al Silvo Pinto
la monon necesan por pagi la ŝuldojn kaj por vivteniĝi. Silvo Pinto
eĉ ne plu memoris lin. Temis pri infano kiu, laŭ la vortoj de Silvo
Pinto, infanaĝe ofte ludis ĉe la genuoj de Silvo Pinto 70. La verkisto
eĉ ne memoris pri tiu infano. Kiom da infanoj estis helpataj
diversmaniere de tiu leono kun sukerkoro? Neniu scias kaj eble
neniu scios. Eble eĉ Silvo Pinto ne plu memoras...
69 karmo: oni devas kompreni, ke ĉiuj agoj de la homo sin lanĉas antaŭen
en la tempon, kvazaŭ ili estus ondoj kreontaj la situacian reton en kiu
tiu homo vivos pli malfrue, en la mondo de la spiritoj aŭ en la mondo de
la homoj. Efektive, tio okazas ene de la anima strukturo de la spirito,
muldante la perispiriton (energia korpo de la spiritoj), kaj forte
influante la fizikajn kaj sociajn kondiĉojn, en kiuj tiu spirito vivos sur la
Tero kaj en la spirita mondo. Nepre, oni legu la plej bonajn spiritismajn
aŭtorojn, inter kiuj estas plej reliefaj Alano Kardeko, Ŝiko Ŝavjero kaj
Ivono Perejro, ĉar ili pritraktis kun scienca rigoro ĉi tiun kaj multajn
aliajn spiritismajn aferojn. Oni povas paroli pri bona karmo kaj malbona
karmo, sed ĝenerale la vorto estas uzata, en la spiritisma doktrino, kun
la senco "rezulto de malbonaj agoj". Oni uzas ankaŭ la esprimon "leĝo
de ago-reago" kiel sinonimon de "leĝo de karmo".
70 Vasconcelos, paĝoj 250-262.
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Camilo alude à sua experiência pessoal, informando sobre
as suas dores no mundo espiritual, causadas pelas suas ações
na vida terrena. Trata-se da lei universal do carma, bem
conhecida dos espíritas71. Camilo não tinha por objetivo
informar o amigo sobre a situação espiritual em que se
encontrava. Havia de o fazer, passados trinta anos, pela
mediunidade de Yvonne Pereira, na obra Memórias de um
suicida. Nesta mensagem o seu escopo é outro. Camilo
focaliza-se no plano de resgatar o amigo do suicídio que
estava certo, se ele não tivesse intervindo. Portanto, aludindo
ao seu exemplo de vida, Camilo consciencializa Silva Pinto,
dizendo que este tem a oportunidade de ter um amigo
espiritual, que vem do além túmulo para o avisar que ainda
há tempo para evitar uma tragédia enorme.
Silva Pinto foi muito auxiliado diretamente pelo mundo
espiritual no fim da sua reencarnação. Camilo veio, através da
mediunidade de Fernando de Lacerda, convencê-lo da vida
após a morte física, e avisá-lo das trágicas consequências do
mau uso da vida terrena. Mesmo assim, após alguns anos,
Silva Pinto preparou o suicídio, que não se efetivou porque o
seu velho amigo Alfredo dos Anjos, conde de Font' Alva, veio
do Brasil rico e, inesperadamente, oferece a Silva Pinto o
dinheiro necessário para o pagamento das dívidas e para
sobreviver. Silva Pinto já nem se lembrava dele. Tratava-se de
uma criança que, segundo as palavras de Silva Pinto, havia
brincado muitas vezes ao colo dele72. Quantas crianças foram
auxiliadas de modos diversos por aquele leão de coração de
manteiga? Ninguém sabe e é possível que ninguém venha a
saber. Talvez o próprio Silva Pinto já nem se lembre...
71 carma: deve entender-se que todas as ações de uma pessoa se
projetam no tempo, como se fossem ondas que virão a criar a rede de
situações em que essa pessoa viverá mais tarde, no mundo dos
espíritos ou no mundo dos homens. Efetivamente, isso acontece dentro
da estrutura anímica do espírito, moldando o perispírito (corpo
energético dos espíritos), e influenciando fortemente as condições
físicas e sociais nas quais o espírito viverá sobre a Terra e no mundo
espiritual. É fundamental que se leiam os melhores autores espíritas,
entre os quais têm o maior relevo Allan Kardec, Chico Xavier e Yvonne
Pereira, pois eles trataram com rigor científico este e muitos outros
assuntos espíritas. Pode falar-se de bom carma e de mau carma, mas
geralmente a palavra é usada, na doutrina espírita, com o sentido de
"resultado de más ações". Também se usa a expressão "lei de açãoreação" como sinónimo de "lei do carma".
72 Vasconcelos, páginas 250-262.
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Oni ne povas ne vidi la rektan influon de la spirita mondo en
tiuj okazoj. Spiritistoj scias, ke neniu homo estas pli grava ol aliaj
en la universo, kaj ke oni ricevas laŭ la agoj kaj meritoj. Oni povas
do konkludi, ke Silvo Pinto estis homo multe pli bonkora ol li
ŝajnis, kaj ke li kaŝis tian bonkorecon malantaŭ vualo teksita el
seriozeco, rigoro, indigno kaj ribelemo. Tamen, Dio ne dormas kaj
ĉion vidas, donante al ĉiu el ni laŭ niaj bezonoj, meritoj kaj
kapabloj, ĉiam celante nian evoluon kaj feliĉon.
48. «Fiero!!! Fatala kaj horora vorto! Plej pinta kaŭzo de mia, via, ĉies
malbonaĵoj!»
Agnosko de unu el la homaj difektoj, kiu malebligas la homon
pli rapide flugi pli alten.
49. «Origina fonto de mia martira vivo tie, kaj de la martiriĝo de mia vivo ĉi tie!
Fonto de ĉiuj doloroj, komenco de ĉiuj malbonigoj, kaŭzo de ĉiuj desperoj!!!
50. Kiajn perfidajn aferojn mi povus priparoli, elvokitaj de la memoro, kiun tiu
vorto portis al la pluma pinto!
51. Tamen, skribante al vi , ne tion mi intencis.
52. Mi ne volas distiĝi de tio, kio instigis min skribi al vi.»
Post la raciigo de la problemaro, en kiu Silvo Pinto estis
envolvita, restas io kio estas detruenda: la fiero. Tiu estas la celo
de la parolado de Kamilo kontraŭ la propra fiero. Li konas la
penson de Silvo Pinto kaj li scias ke, post ĉi tiu argumentado, nur
la fiero povas bari al Silvo Pinto la restrukturigon de lia maniero
pensi kaj vivi.
53. « Ekzistis sento en la mondo, kiu povus esti klariginta la nigrecon de mia
vivo: ĝi estis la religio de Kristo. Sed tiu sento estis tiam facile submetita de mia
tortura dubo, pro mia vivo ĉagrenita kaj pro la senmezura fiero de mia tuta esto
galnigra73 kaj ribelema.»
73 galnigra: la kunmetaĵo "galnigra" estas kreata laŭ paŭso de la
portugala "atrabiliário". "Galnigra" estas la homo, kies karaktero estas
nigra kiel galo, do temas pri iu kiu ne regas sian koleron.
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Não se pode deixar de ver a influência direta do mundo
espiritual nesses acontecimentos. Os espíritas sabem que
nenhuma pessoa é mais importante que as outras no
universo, e que se recebe segundo as ações e os méritos.
Pode então concluir-se que Silva Pinto era um homem de
bom coração, mais do que parecia, e que ele escondia a sua
generosidade por detrás de um véu de seriedade, rigor,
indignação e revolta. Contudo, Deus não dorme e tudo vê,
dando a cada um de nós segundo as necessidades, méritos
e capacidades, tendo por objetivo a nossa evolução e
felicidade.
48. «Orgulho!!! Fatal e hórrida palavra! Causa suprema do meu, do teu,
do mal de todos!»
Identificação de um dos aleijões humanos que impedem
o homem de voar mais alto e em menos tempo.
49. «Primacial origem da minha vida de mártir aí e do martírio da minha
vida aqui! Fonte de todas as dores; início de todas as maldades; causal de
todos os desesperos!!!
50. Que de coisas trêdas74 eu podia dizer, evocadas por a lembrança que
aquela palavra trouxe aos bicos de pena!
51. Não era esse o meu propósito, porém, ao escrever-te.
52. Não quero afastar-me do que me impeliu a dirigir-me a ti.»
Após a racionalização acerca da problemática em que
Silva Pinto está envolvido, fica algo que tem que ser
destruído: o orgulho. É essa a razão deste discurso de
Camilo contra o seu próprio orgulho. Ele conhece o
pensamento de Silva Pinto e sabe que, após toda esta
argumentação, só o orgulho pode impedir Silva Pinto de
reestruturar a sua maneira de pensar e de viver.
53. «Havia um sentimento no mundo que poderia ter iluminado a
negrura da minha vida: - era a religião do Cristo; - mas esse sentimento era
facilmente suplantado pela dúvida torturante da minha vida amargurada e
pelo orgulho desmesurado de todo o meu ser atrabiliário75 e revoltoso.»
74 tredo: traiçoeiro, traidor.
75 atrabiliário: Do latim “ater (negro) + bilis (bílis)”. Diz-se de quem tem
o carater negro como a bílis, ou seja, de alguém irascível, que não
domina a ira.
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Kamilo reasertas, ke li ne tiel pensis en sia lasta surtera ekzisto,
kaj ke se iu estus montrinta al li la ĝustan vojon, li ne estus irinta
tra la larĝa vojo. Tio estas maniero diri al Silvo Pinto, ke Dio donas
al li ŝancon, kiun li devas ekpreni.
Kristo estas vidata ĉi tie kiel la solvo por la fiero. Tio estas,
sekvante la kristan moralon, la homo liberiĝas el la fiero.
54. «Por vi... por vi...
55. Silvo Pinto. Estas tre strange kaj nekredeble, ke mi parolas al vi, skribante
per mano de homo preskaŭ nekonata de ni ambaŭ. Tamen, aferoj strangaj kaj
nekredeblaj ĉiam modifadis la mondon kaj la homon en lia progresa evoluo tra la
jarcentoj.»
Kamilo aludas al la metodo transsendi la mesaĝon kaj al la
elektita mesaĝulo.
56. «Ne haltu por pensi pri tio. Ne indas. Ne volu malkovri en unu momento
tion, kion aliaj ne kapablas per la ofero de sia tuta vivo.»
La spirito invitas al la akcepto, ke la spiritaj aferoj ne povas esti
komprenataj ĉiuj en unu nura momento, kaj ke do estas
kompreneble, ke Silvo Pinto ne trovas tujajn respondojn por ĉio.
57. «Rigardu, miajn diraĵojn pasigu tra la puriga fandvazo 76 de via analizo de
homo bona kaj bonkora.
58. Memoru, ke eĉ se ĉi tio estus dirita de la homo kiu skribas, la skribaĵo aperas
sub la ŝildo de mia nomo. Por tion skribi, li pensis pri mi, pri via amiko, la plej
granda, kiel vi nomas min. Tio devas esti respektinda por vi.»
Kamilo sugestas al la amiko, ke li koncentriĝu en la kerno de la
mesaĝo, ne en la mesaĝulo, nek en la proceso ĝin produkti.
76 fandvazo: ujo el netravarmiga
fandendajn metalojn.
materio,
kiu
taŭgas
por
ricevi
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Camilo reafirma que não pensava assim na sua última
existência terrena, e reitera a afirmação que, se tivesse tido
alguém a mostrar-lhe o caminho certo, não teria seguido
pelo caminho largo. É uma forma de dizer a Silva Pinto que
Deus lhe dá uma oportunidade e que ele a deve agarrar.
Cristo é apresentado como a solução para o orgulho. Ou
seja, seguindo a moral de Cristo, o homem liberta-se do
orgulho.
54. «Para ti... para ti...
55. Silva Pinto. É bem estranha e bem inacreditável coisa esta de eu te
estar a falar, escrevendo pela mão de um quase desconhecido para nós
ambos; mas bem estranhas e inacreditáveis coisas têm modificado o mundo
e o homem no seu evolucionar progressivo através dos séculos.»
Camilo aborda a questão do método de transmissão da
mensagem e do mensageiro escolhido.
56. «Não te detenhas a pensar nisso. Pouco vale. Não queiras descobrir
em um momento o que outros não conseguem com o sacrifício da sua vida
inteira.»
O espírito apela ao reconhecimento de que as questões
espirituais não podem ser apreendidas todas num
momento, e que é natural que Silva Pinto não encontre
respostas imediatas para tudo.
57. «Vê, passa pelo cadinho77 purificador da tua análise de bom e de
homem de coração o que deixo dito.
58. Lembra-te de que, quando mesmo seja dito pelo homem que escreve,
o que ele escreve está sob a égide do meu nome. Para o escrever pensou em
mim, no teu amigo, no teu companheiro, no maior de todos, como me
chamas. Isto deve ser para ti respeitável.»
Camilo sugere ao amigo que se concentre mais no teor
da mensagem, do que no mensageiro e no modo de
produção da própria mensagem.
77 cadinho: vaso de argila refratária, de ferro, de prata, de platina ou de
outra matéria, que serve para nele se fundirem metais ou outros
minerais.
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59. «Kiam vi volos reagi kontraŭ la kredo, ke estas mi, kiu vin konsilas, kiu vin
suplikas, kiu vin plorpetas, en granda anksio, ke vi devojigu viajn lacajn okulojn,
preskaŭ elĉerpiĝintajn, el la marĉo de la surteraj pasioj, ke vi levu viajn okulojn
alten, kie loĝas Dio, la Bono kaj la Belo. Pensu, komprenu, ke tiu homo abnegacie
diras al vi strangajn aferojn, sed li tion faras en mia nomo, asertante ke ili estas miaj.
60. Ĉu tiuj vortoj estas bonaj? Ĉu malbonaj?
61. Se ili estas bonaj, akceptu ilin pro mia memoro; se ili estas malbonaj, forĵetu
ilin, ĉar eĉ en mia nomo, tiaokaze ili ne portus bonaĵojn al vi.
62. Sed, laŭ la sperto farita el doloroj, mi diras al vi, ke ili estas bonaj. Se ilin vi
ne akceptos nek uzos, ve al vi!, mia kara frato en la torturo!, ve al vi!, ĉar tro
malfruos por ŝanĝi la vojon, kaj tro fruos por ke vi kontrolu vian eraron!»
Kamilo proponas al Silvo Pinto lian juĝon de bona homo, lian
analizan kapablon, lian vivosperton, dirante ke se liaj ideoj kaj
konceptoj elmontritaj en la mesaĝo estas bonaj, ke li ilin respektu
en nomo de sia amiko Kamilo.
63. «Mia kara amiko, mia sankta amiko! Vi, kiu estas ankoraŭ iom da mia
surtera sufero, verko de mia fiero, de mia egoismo, de mia amaro, aŭskultu min kaj
akceptu.
64. Mi ne scias, ĉu mi povos ankoraŭ paroli al vi alian fojon kaj akurate! Ne
estus la malplej granda doloro por mi, se mi devus agnoski, ke mi ne havis tiom da
persvada forto por fari al vi la bonon, kiom mi havis por fari al vi la malbonon!»
Finiĝas la unua letero. Kamilo ege suplikas, ke la amiko lin
aŭskultu, esprimante sian deziron esti sufiĉe persvada por elaĉeti
Silvon Pinton "akurate", tio estas, antaŭ ol la suicido.
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59. «Quando queiras reagir contra a crença de que sou eu que te
aconselha, quem te suplica, quem te implora numa grande ânsia de
obtenção, que desvies a tua vista cansada, quase gasta, quase a desaparecer,
do marnel78 das paixões terrenas e a eleves ao alto, onde reside Deus, a
Bondade e o Belo, pensa, vê, que esse que faz o abnegado serviço de te
dizer coisas estranhas e dedicadas o faz em meu nome e como se de mim
fossem.
60. São boas? São más?
61. Se são boas aceita-as em lembrança minha; se são más deita-as fora,
porque nem em meu nome te dão coisa boa.
62. Mas pela experiência feita de dores te digo que são boas; e se como
tais as não receberes e usares, ai de ti meu querido irmão na tortura, ai de ti,
que será sempre tarde de mais para arrepiares caminho, e cedo em demasia
para verificares o erro!»
Camilo propõe a Silva Pinto o seu julgamento de homem
bom, a sua capacidade analítica, a sua experiência de vida,
e diz-lhe que se as ideias e conselhos expostos na
mensagem são bons, então que os respeite em nome do
seu amigo Camilo.
63. «Meu querido amigo, meu santo amigo, tu, que és ainda um pouco
do meu sofrimento na terra, um pouco obra do meu orgulho, do meu
egoísmo, do meu amargor, ouve-me e atende-me.
64. Não sei se poderei ainda falar-te de novo e a tempo! E não será a
menor das dores para mim se tiver de reconhecer que não pude pôr a força
da persuasão bastante para fazer-te o bem quando tanta tive para te fazer o
mal!»
É o fim da primeira carta. Camilo faz um apelo pungente
para que o amigo o oiça, expressando o seu desejo de ter
sido suficientemente persuasivo para resgatar Silva Pinto "a
tempo", isto é, antes do suicídio.
78 marnel: terreno alagadiço e argiloso.
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João José Santos
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*
Kiel oni pruvis, ĉi tiu letero estas zorge konstruita. Ĝi uzas
retorikajn rimedojn por la teksta konstruo. Ĝi ludas per tropoj, kiuj
montras grandan scion pri la personeco de la celito, kaj ĝi lin
gvidas, el la embaraso en kiu li troviĝas por la liberiĝo. La retaj
nodoj malembarasiĝas zorgoplene, jen dismaŝigante iun, jen alian,
zorge, saĝe.
Se tiu ne estis Kamilo Kastelo Branko, kiu alia povus paroli tiel
al Silvo Pinto? Ĉu Fernando Lacerdo mem, kies scioj pri literaturo
kaj filozofio estis apenaŭaj?
C.C.B. em Do País Da Luz
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*
Como ficou demonstrado, trata-se de uma epístola
construída cuidadosamente, que usa recursos retóricos de
construção textual, que joga com figuras de estilo, que
mostra um grande conhecimento da personalidade do
destinatário, e que o orienta, do emaranhado em que ele se
encontra para a libertação. Os nós da teia são
desmanchados cautelosamente, ora aliviando um, ora
aliviando outro, desatando um e depois o outro,
cuidadosamente, sabiamente.
Se não era Camilo Castelo Branco, quem mais poderia
falar assim a Silva Pinto? Seria o próprio Fernando de
Lacerda cujos conhecimentos de literatura e de filosofia
eram escassos?
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João José Santos
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5. La aliaj leteroj de Kamilo
La unua letero de Kamilo al Silvo Pinto malfermis la verkon El la
lando de la lumo, kie komunikiĝis dekoj da spiritoj de famaj
homoj. Plejparto el ili estis portugalaj verkistoj, kiuj venis atesti,
ke la vivo daŭras plu, kaj ke la ununuraj titoloj akceptataj en la
spirita mondo estas la pura konscio, la elkora laboro favora al la
proksimulo kaj la honesta studo, kiu povas inici la animon en la
komprenadon pri la leĝoj de Dio.
Tra la kvar volumoj, kiuj konstituas la verkon El la lando de la
lumo, aperas dek unu komunikoj de Kamilo Kastelo Branko. Ĉi tiu
laboro ne pretendas detaligi ĉiujn komunikojn de Kamilo, des
malpli ĉiujn komunikojn de la verko. La detala analizo de la unua
komuniko de Kamilo celis montri, ke nur Kamilo povus esti
skribinta tiun leteron. Sen troa analizo, oni tuj donos kelkajn
informojn pri la aliaj dek leteroj skribitaj de Kamilo per la plumo de
la mediumo Fernando Lacerdo. Kompreneble, nenio dirata ĉi tie, aŭ
en iu ajn alia eseo, anstataŭas la kompletan legadon de la verko El
la lando de la lumo, kies legadon oni entuziasme rekomendas.
Konsultante la liston de la dek unu komunikoj de Kamilo,
prezentotan en la sekvanta paĝo, estas videble, ke la granda zorgo
de la eminenta verkisto estis savi la amikon Silvo Pinto, kiu tiel
iĝas la precipa temo de ses el la dek unu komunikoj. La partopreno
de Kamilo en la grandioza verko de Fernando Lacerdo fariĝas
malpli ofta, kiam lia misio alproksimiĝas al la fino: ses el la dek
unu leteroj aperas en la volumo 1-a, tri en la 2-a, unu en la 3-a
kaj unu en la 4-a. La komunikoj kies temo estas Silvo Pinto estas
la 1-a, la 2-a, la 5-a, la 6-a, la 9-a kaj la 11-a.
Silvo Pinto elkarniĝis en Lisbono, en novembro 1911, kaj
Lacerdo estis alveninta al Brazilo en julio 1911. Silvo Pinto, jam en
la spirita mondo, skribis kvin komunikojn per la mediumeco de
Lacerdo, kiuj estas en la lasta volumo, kiun la mediumo mem vidas
nur el la spirita mondo, kien li foriris en aŭgusto 1918. Jam estas
Lacerdo-spirito kiu prefacas la 4-an volumon.
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5. As outras cartas de Camilo
A primeira carta de Camilo a Silva Pinto abriu a obra Do
país da luz, onde se comunicaram dezenas de espíritos de
personagens célebres. Na sua maioria, eram escritores
portugueses que vinham testemunhar que a vida continua,
e que os únicos pergaminhos aceites no mundo espiritual
são a consciência limpa, o trabalho desinteressado a favor
do próximo e o honesto estudo que pode iniciar a alma no
entendimento das leis de Deus.
Ao longo dos quatro volumes que constituem a obra Do
país da luz, surgem onze comunicações de Camilo Castelo
Branco. Este trabalho não procura esmiuçar todas as
comunicações de Camilo, e muito menos todas as
comunicações que constituem a obra. A análise
pormenorizada da primeira comunicação de Camilo serviu
para mostrar que só Camilo poderia ter escrito aquela carta.
Sem grande pormenor, apresentar-se-á, de seguida, alguma
informação sobre as outras dez cartas que Camilo escreveu
pela pena do médium Fernando de Lacerda. É claro, que
nada do que se diga aqui ou em qualquer outro ensaio
substitui a leitura integral da obra Do país da luz, cuja
leitura se recomenda vivamente.
Pela simples consulta da lista das onze comunicações de
Camilo, que se apresenta na página seguinte, é visível que
a grande preocupação do insigne escritor era salvar o amigo
Silva Pinto, o qual se torna o assunto principal de seis
dessas onze comunicações. A participação de Camilo na
grande obra de Fernando de Lacerda torna-se menos
frequente, à medida que a sua missão atinge o fim: seis das
onze cartas apareceram no volume I, três no II, uma no III
e uma no IV. As comunicações cujo assunto é Silva Pinto
são a 1.ª, a 2.ª, a 5.ª, a 6.ª, a 9.ª e a 11.ª.
Silva Pinto desencarnou em Lisboa, em novembro de
1911, e Lacerda havia chegado ao Brasil em julho de 1911.
Silva Pinto, já no mundo espiritual, escreve cinco
comunicações pela mediunidade de Lacerda, que são
publicadas no último volume que o próprio médium já só vê
do mundo espiritual, para onde partiu em agosto de 1918. É
já Lacerda-espírito que prefacia o 4.º volume.
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João José Santos
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Listo de la leteroj de Kamilo en El la lando de la lumo
1-a letero - vol.1 p.64 - 1906-10-28
Temo: Silvo Pinto
2-a letero - vol.1 p.81 - 1906-11-18
Temo: Silvo Pinto
3-a letero - vol.1 p.90 - 1906-11-20
Temo: Juljo Diniso
4-a letero - vol.1 p.93 - 1906-11-20
Temo: La duboj pri la senmorteco
5-a letero - vol.1 p.102 - 1906-11-24
Temo: Silvo Pinto
6-a letero - vol.I p.132 - 1906-12-02
Temo: Silvo Pinto
7-a letero - vol.2 p.72
Temo: Identeco de Kamilo-spirito mem
8-a letero - vol.2 p.77
Temo: Identeco de Kamilo-spirito mem
9-a letero - vol.2 p.193
Temo: Silvo Pinto
10-a letero - vol.3 p.132
Temo: Etikaj pripensoj
11-a letero - vol.4 p.224
Temo: Silvo Pinto
Tiel, povolume:
En la volumo 1-a
- 6 leteroj
En la volumo 2-a
- 3 leteroj
En la volumo 3-a
- 1 letero
En la volumo 4-a
- 1 letero
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Lista das cartas de Camilo em Do país da luz
1.ª carta - vol.I p.64 - 1906-10-28
Assunto: Silva Pinto
2.ª carta - vol.I p.81 - 1906-11-18
Assunto: Silva Pinto
3.ª carta - vol.I p.90 - 1906-11-20
Assunto: Júlio Dinis
4.ª carta - vol.I p.93 - 1906-11-20
Assunto: Aa dúvidas sobre a imortalidade
5.ª carta - vol.I p.102 - 1906-11-24
Assunto: Silva Pinto
6.ª carta - vol.I p.132 - 1906-12-02
Assunto: Silva Pinto
7.ª carta - vol.II p.72
Assunto: A identidade do próprio Camilo-espírito
8.ª carta - vol.II p.77
Assunto: A identidade do próprio Camilo-espírito
9.ª carta - vol.II p.193
Assunto: Silva Pinto
10.ª carta - vol.III p.132
Assunto: Reflexões éticas
11.ª carta - vol.IV p.224
Assunto: Silva Pinto
Assim, por volume:
No volume I
- 6 cartas
No volume II
- 3 cartas
No volume III
- 1 carta
No volume IV
- 1 carta
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João José Santos
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1-a letero - vol.1 p.64 - 1906-10-28
Temo: Silvo Pinto
Ĝi estas la unua letero, jam analizita en ĉi tiu verketo, skribita
de Kamilo al Silvo Pinto por lin persvadi ŝanĝi la mensan teniĝon
antaŭ la vivo, kiel vidite.
2-a letero - vol.1 p.81 - 1906-11-18
Temo: Silvo Pinto
Kamilo alnomas la mediumon "mia kara mediumo" kaj informas
lin, ke li ĉeestis, kiam Lacerdo vizitis Silvon Pinton. Li asertas
dufoje, ke Lacerdo legis la leteron al Silvo Pinto. Li estis tie, kaj li
ne ĉeestis la viziton nur de ekstere. Kamilo legis la penson de Silvo
Pinto, analizis ĝin, sentis liajn dubojn kaj lian emocion. Li atribuas
la dubŝancelojn de la amiko al la "malbenita fiero", kontraŭ kiu la
"enorma talento de Silvo Pinto" kontraŭbatalis. Sin direktante al
Lacerdo, Kamilo diras: "(Silvo Pinto) bone komprenis, ke la
skribaĵo legita de vi al li, estis mia". Kamilo kontentis, ĉar li sciis,
ke li sukcesis semi la dubon en la koron de Silvo Pinto. Li klarigas
al Lacerdo sian planon, komparante sian laboron al tiu de homo
kiu, dezirante ruli enorman rokon, frapas per maleo sur etan feran
kojnon sur la ĝustan lokon por kaŭzi malekvilibron. Ĝi estas imago
plena je metaforoj, okupante preskaŭ tutan paĝon. Diras Kamilo al
Lacerdo: "Ni sentigu al li, ke ne ekzistas pli granda malfortaĵo ol la
priopinia." La granda verkisto havis planon perfekte elpensita. Tiu
estis lia enmomenta tasko, kaj li uzis sian tutan inteligenton por
savi Silvon Pinton. Li sin dediĉas. Li studas la amikon. Li montras
al Lacerdo sian planon kaj efektivigas ĝin iom post iom. Kamilo
estas aperta koro, travidebla kaj vera homo. Tiel facile kiel li
agnoskas, ke Silvo Pinto havas privilegiitan inteligenton kaj
grandan koron, same facile li diras, ke la fiero kaj la vanto
malebligas al Silvo Pinto prijuĝi sian vivon kaj sian literaturan
verkaron. Li argumentas ke, eĉ se la eterneco ne ekzistus, Silvo
Pinto certe preferus morti kun trankvila koro, ol kun "la malamo
disfulmanta el la okuloj".
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1.ª carta - vol.I p.64 - 1906-10-28
Assunto: Silva Pinto
Trata-se da carta analisada neste opúsculo, escrita por
Camilo a Silva Pinto para o persuadir a mudar a atitude
mental face à vida, como foi visto.
2.ª carta - vol.I p.81 - 1906-11-18
Assunto: Silva Pinto
Camilo dirige-se ao médium como “meu querido
médium” e comunica-lhe que ele estava presente, quando
Lacerda foi visitar Silva Pinto. Camilo afirma duas vezes que
Lacerda leu a carta a Silva Pinto. Ele estava lá e não se
limitou a presenciar a visita de fora. Camilo leu o
pensamento de Silva Pinto, perscrutou-o, sentiu as suas
dúvidas e a sua comoção. Atribui as vacilações de Silva
Pinto ao “orgulho maldito” contra o qual se debatia “o seu
talento enorme”. Dirigindo-se a Lacerda, Camilo diz: “(Silva
Pinto) via bem que o que lhe lias, era meu e bem meu”.
Camilo fica contente pois sabe que conseguira semear a
dúvida no coração de Silva Pinto, e explica a Lacerda o seu
plano, comparando o seu trabalho com o de alguém que,
querendo fazer rolar uma enorme pedra, bate com uma
marreta numa pequena cunha férrea no sítio certo para
provocar o desequilíbrio. É uma imagem cheia de
metáforas, que ocupa quase uma página. Diz Camilo a
Lacerda: “Façamos-lhe sentir que não há maior fraqueza do
que a fraqueza de opinião.” O grande escritor tem um plano
perfeitamente delineado. Aquela é a sua tarefa de
momento, e ele usa toda a sua inteligência para salvar Silva
Pinto. Empenha-se. Estuda o amigo. Mostra a Lacerda o seu
plano e executa-o pouco a pouco. Camilo é um coração
aberto, um homem franco e verdadeiro. Com a mesma
facilidade com que reconhece que Silva Pinto tem uma
inteligência privilegiada e um coração grande, diz que o
orgulho e a vaidade o impedem de questionar a sua vida e a
sua obra literária. Argumenta que, ainda que a eternidade
não existisse, Silva Pinto certamente prefere morrer de
coração sossegado do que com o “ódio a fulminar dos olhos”.
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Li finas la mesaĝon dirante:
«Amiko Silvo Pinto: (...) Estas mi, la granda Kamilo, kiel vi nomis min, kiu
eniris en la senmortecon (...). Retroiru! Retroiru! Savu vin! Savu vin! Ĉe viaj piedoj
estas la terura abismo (...)!»
La amiko krias al li el la transtombo, el la transkappafo, el la
transsuicido, por insiste petegi al li, ke li ne eraru sammaniere.
Ĉi tiu mesaĝo finiĝas per noto de Fernando Lacerdo, kiun oni
komplete reskribas:
«Mi legis al S-ro Silvo Pinto la dua leteron celitan al li. Tiam ĉi tiu granda animo
diris, tre emociiĝinta ke, se tiu estis Kamilo, kiel verŝajne estas ĉar li ne povis
akcepti ke alia homo krom Kamilo povus skribi tiun leteron, ke Kamilo diru al li,
kion li devas fari, kaj ke li konsilu lin, ĉar li ankoraŭ estis lia verko. Lia
pensmaniero, lia malfido, ankoraŭ estis produktoj de liaj lecionoj, ĉar li neniam
aŭskultis al li ion similan al ĉi tio nun dirata.
Li parolis pliajn diraĵojn sub pena kaj stranga impreso. Kamilo simple respondis:
- Mi respondos.
Post kelkaj tagoj, Kamilo skribis la komunikon aperantan en la 81-a paĝo 79.»
Ĉi tiu noto de Lacerdo tre gravas. El ĝi oni induktas la jenon:
1. Silvo Pinto, disĉiplo de Kamilo kiu tre bone konis la stilon de
la enorma romanisto, rekonis lin.
2. Jam videblas en Silvo Pinto, malantaŭ tiu aŭstera kaj
polemika homo, enorma koro kaj granda emo kompreni la spiritan
mondon;
3. Kamilo ne agas sen antaŭpensado. Li estas pripensonta, kaj
donos la respondon post du tagoj;
79 Ĝi devus esti la paĝnumero de la 1-a volumo de El la lando de la lumo,
kie komenciĝas la 5-a letero de Kamilo. Tamen, en la konsultita eldono,
tiu paĝnumero ne estas la ĝusta, ĉar la aludita mesaĝo de Kamilo estas
en la 102-a paĝo, ne en la 81-a. La 3-a kaj la 4-a leteroj pritraktas
aliajn aferojn. Konsultu la Bibliografion.
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Termina a mensagem dizendo:
«Amigo Silva Pinto: (...) Sou eu, o grande Camilo, como me chamavas,
que entrou na imortalidade (...). Recua! Recua! Salva-te! Salva-te! que a
teus pés está o abismo pavoroso (...)!»
O amigo grita-lhe do além-túmulo, do além tiro na
cabeça, do além suicídio, para lhe pedir veementemente
que não cometa a mesma asneira.
Esta mensagem termina com uma nota de Fernando de
Lacerda, que se reproduz na íntegra:
«Quando li ao Ex.mo Sr. Silva Pinto a segunda carta a ele dirigida, este
grande espírito, disse, profundamente comovido, que se era bem Camilo
que se lhe dirigia, como parecia ser, visto não poder admitir que houvesse
quem escrevesse aquela carta senão Camilo, lhe dissesse o que havia de
fazer; que o aconselhasse; porque ele era ainda obra sua; o seu modo de
pensar, a sua descrença, eram ainda produto das suas lições; porque nunca
lhe ouvira coisa que se parecesse com o que lhe dizia agora.
Outras coisas disse mais sob penosa e estranha impressão, a que Camilo
respondeu simplesmente:
- Responderei.
Dias depois escreveu a comunicação inserta na página 81.80»
Esta nota de Lacerda é de suma importância. Dela se
depreende o que se segue:
1. Silva Pinto, discípulo de Camilo, bom conhecedor do
estilo do insigne romancista, identificou-o.
2. Havia já em Silva Pinto, por detrás daquele homem
austero e polémico, uma inteligência brilhante, um coração
enorme e uma grande disponibilidade para compreender o
mundo espiritual;
3. Camilo não se precipita. Não responde de imediato a
Lacerda. Vai refletir, e dá a resposta passados dois dias.
80 Deveria ser o número da página
começa a 5.ª carta de Camilo.
número não está correto, pois a
na página 102, não na 81. A
assuntos. Consultar Bibliografia.
do 1.º volume de Do país da luz, onde
Contudo, na edição consultada, esse
referida mensagem de Camilo aparece
3.ª e a 4.ª carta tratam de outros
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João José Santos
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4. Pri la humileco kaj kuraĝo de la mediumo. Fernando estas tie
por servi, ĉiam disponebla, klopodante fari sian laborparton por ke
la plano de Kamilo alvenu al bona rezulto.
3-a letero - vol.1 p.90 - 1906-11-20
Temo: Juljo Diniso
La tria komuniko de Kamilo venas en la sama tago, en kiu la
verkisto Juljo Diniso81 sendas sian unuan komunikon al Fernando
Lacerdo. Estas videble ke, en tiu tempo, Kamilo umas tre proksime
de Lacerdo.
Oni konsideras Kamilon kaj Juljon Dinison interaj verkistoj 82,
inter la romantikismo kaj la realismo. Kvankam ili ricevas la saman
etikedon (interaj verkistoj), la stiloj kaj la zorgoj de ĉiu el ili estas
malsamaj. Kamilo priskribas la dolorojn, la ĉagrenojn, la perfidojn,
la mortojn, la krimojn, la mankon de etiko, la grandajn moralajn
ekzemplojn, el la intestaro, kun fervoro, doloro kaj amo, kun
larmoj kaj sango, kaj kelkfoje ankaŭ kun galo. En Juljo Diniso, la
mondo estas rozkolora kaj bebblua, ĉiam kun pulsa dolĉeco en la
analizo de la karakteroj kaj de la situacioj. Ĝuste tion Kamilo diras
en sia tria mesaĝo, sed laŭ la maniero aparte genia, kiun nur li
havas.
Kamilo ekas informante Lacerdon, ke la ĵusa komuniko estis
donita vere de Juljo Diniso. Eble li estis leginta dubon en la menso
de la mediumo, kaj do li volis trankviligi lin. Komparante la stilon
de siaj propraj komunikoj kun tiu de Juljo Diniso, diras Kamilo:
«Unu83 estas la lago, kie speguliĝas la blua ĉielo, kaj kie la rozoj de la lagbordo
sin klinas kaj sin revidas. La aliaj 83 estas la tumulto de la nebrideblaj ondoj, kiuj
reboligadas ŝlimon kaj feĉon, forĵetante kontraŭ malglataj kaj pinglokrutaj rokoj la
korpon dispecigitan kaj sangozan, pro malfeliĉa drono en la vivboato.»84
81 Pseŭdonomo de la portugala verkisto kaj kuracisto Ĝoakimo Giljermo
Gomo Koeljo (1839-1871).
82 Oni tradukas la portugallingvan literaturteknikan esprimon "escritor de
transição" (verkisto en transirado) al la esperanta "intera verkisto", ĉar
tiuj verkistoj estas inter du skoloj.
83 Per "unu" kaj "la aliaj", Kamilo aludas unue al la mesaĝo de Juljo Diniso
(unu), poste al siaj propraj mesaĝoj (la aliaj).
84 Kia vervo! Nur Kamilo!
C.C.B. em Do País Da Luz
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4. A humildade e coragem do médium. Fernando está ali
para servir, sempre pronto, esforçando-se por fazer a sua
parte para que o plano de Camilo chegue a bom termo.
3.ª carta - vol.I p.90 - 1906-11-20
Assunto: Júlio Dinis
A terceira comunicação de Camilo surge no mesmo dia
em que o escritor Júlio Dinis85 envia a sua primeira
comunicação a Fernando de Lacerda. É visível que, por essa
altura, Camilo anda bem por perto de Lacerda.
Camilo e Júlio Dinis são considerados escritores de
transição86 entre o romantismo e o realismo. Apesar de
serem rotulados do mesmo modo (“escritores de
transição”), o estilo e as preocupações de cada um são
distintos. Camilo descreve a dor, o desgosto, as traições, a
morte, os crimes, a falta de ética, os grandes exemplos
morais, a partir das entranhas, com fervor, dor e amor, com
lágrimas e sangue, e algumas vezes com bílis também. Em
Júlio Dinis o mundo é cor de rosa e azul bebé, havendo
sempre uma docilidade latente na análise dos carateres e
das situações. É isto mesmo que Camilo diz na sua terceira
mensagem, mas do modo genialmente que só ele tem.
Camilo começa por informar Lacerda de que a
comunicação anterior era mesmo de Júlio Dinis. Talvez
tenha lido a dúvida na mente do médium e quisera
descansá-lo. Comparando o estilo das suas próprias
comunicações com a de Júlio Dinis, diz Camilo:
«Uma87 é o lago onde se espelha o céu azul e onde as
rosas da margem se debruçam e remiram; as outras 87 são o
tumultuar das ondas indómitas, refervendo o lodo e a vasa,
arremessando contra as rochas escarpadas e arrendadas de
mil agulhas o corpo dilacerado e sanguento de um naufrágio
infeliz do batel da vida.»
85 Pseudónimo do escritor e médico português Joaquim Guilherme Gomes
Coelho (1839-1871).
86 A expressão "escritores de transição" assume caráter técnico em
literatura portuguesa.
87 Por "uma" e "as outras", Camilo refere-se primeiro à mensagem de
Júlio Dinis (uma), depois às suas próprias mensagens (as outras).
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João José Santos
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Poste li plu kreas aliajn imagojn, kiuj bildigas la stilan
diferencon inter la du romanistoj.
La tria komuniko de Kamilo finiĝas per ĉi tiu alineo de granda
profeta beleco:
«Dum ekzistos la portugala lingvo, oni legos kaj eble oni amos mian verkon.
Dum ekzistos bonkoreco kaj amo en la mondo, oni komprenos kaj estimos la verkon
de Juljo Diniso.»88
En la kompilado Neeldonitaj kaj disigitaj89, kiu enhavas leterojn
kaj aliajn tekstojn de Juljo Diniso kaj de aliaj homoj, kiuj rilatiĝis
kun li, enestas kvar aludoj al Kamilo Kastelo Branko: du skribitaj
de Juljo Diniso kaj aliaj du de leganto, kiu multe admiris kaj
Kamilon kaj Dinison.
Faŭsteno90 Ŝavjero Novajso, aŭtodidakto pri literaturo, en la
paĝoj 537 kaj 538 de la kompilado Neeldonitaj kaj disigitaj,
perletere teksas laŭdojn al Juljo Diniso, aldonante ke li estas
disĉiplo de la granda Kamilo kaj granda admiranto de Juljo Diniso.
Estas kurioze, ke la sama leganto kunigas niajn du interajn
verkistojn per siaj laŭdoj. Li eĉ asertas esti "fanatika" por Kamilo.
Tiu homo estis malriĉa portugalo, kiu vivis tiam en Rioĝanejro 91.
Lia ligo al la dista kaj saŭdada patrujo estis farata per legado de
niaj aŭtoroj.
En la paĝo 872 de la sama verko, Juljo Diniso mem, en letero
skribita al sia amiko Kustodjo Paso, en 1869, rakontas, ke iu
pridemandis al li kiajn rilatojn li havis kun Kamilo. Diniso respondis
kun "indiferento", ke tiuj rilatoj estis "malmultaj". La demando
ekaperis pro la koincido, ke ambaŭ verkistoj estis en tiuj tagoj en
la ĉefurbo, Lisbono. En la paĝo 873, en letero skribita al la sama
amiko Kustodjo Paso, Juljo Diniso asertas92:
88 Kamilo laŭdas la bonkorecon videblan en la verkoj de Diniso, dum li
atribuas al siaj propraj verkoj literaturajn kvalitojn, kiuj ĝuos la
eternecon de la portugala lingvo. Aliflanke, li ĉiam silentas pri la moralaj
kvalitoj de sia verkaro, kio estas trajto de humileco. Homo kiu ne konas
la kamilan verkaron povus pensi, ke en ĝi nur ekzistas ribelemo kaj
ĉagrenoj, sed tie legiĝas ankaŭ la plej altaj valoroj de la vivo.
89 Oni uzis la jenan eldonon: DINIS, Júlio, Obras de Júlio Dinis, Lello &
Irmão Editores (Porto), du volumoj en biblia papero. La aludoj al Kamilo
Kastelo Branko troviĝas en la paĝoj 537, 538, 872 kaj 873.
90 "Faŭsteno" estas la transliterado de la portugallingva vira homnomo
"Faustino". Mi ŝanĝis la finon "-ino" al "-eno", kun la intenco uzi la finon
"-ino" nur por inaj homnomoj, kiel "Johanino", "Ĵaklino", "Mariino,
"Manŭelino", kaj cetere.
91 La portugallingvan "Rio de Janeiro" mi transliteradas al "Rioĝanejro", el
kiu facile oni uzas la vorton "rioĝanejrano".
92 La tekstero estas tutece reskribita, kaj la kursivoj estas en la originaĵo.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Depois continua a criar outras imagens ilustrativas da
diferença estilística entre os dois romancistas.
A terceira comunicação de Camilo termina com este
parágrafo de grande beleza profética:
«Enquanto se ler português há-de ler-se, e talvez amar-se a minha obra;
enquanto houver bondade e amor no mundo há-de compreender-se e
estimar-se a obra de Júlio Dinis.»93
Na compilação Inéditos e esparsos94, que contém cartas e
outros textos de Júlio Dinis e de outras pessoas que com ele
se relacionaram, surgem quatro referências a Camilo
Castelo Branco: duas de Júlio Dinis e outras duas de um
leitor admirador de Camilo e de Júlio Dinis.
Faustino Xavier de Novais, autodidata em literatura, nas
páginas 537 e 538 da compilação Inéditos e esparsos, tece
elogios a Júlio Dinis, numa carta que lhe envia, dizendo-se
discípulo do grande Camilo e grande admirador de Júlio
Dinis. É curioso como o mesmo leitor junta nos seus elogios
os nossos dois escritores de transição. Ele chega mesmo a
afirmar-se “fanático” por Camilo. Trata-se de um português
pobre que vivia no Rio de Janeiro, cuja ligação à pátria
distante e saudosa era feita pela leitura dos nossos autores.
Na página 872 da mesma obra, é o próprio Júlio Dinis,
que numa carta escrita ao amigo Custódio Passos, em 1869,
conta que alguém lhe perguntara que relações tinha com
Camilo; ao que ele respondera com “indiferença”, que eram
“poucas”. A pergunta surgira devido à casualidade dos dois
escritores se encontrarem por esses dias na capital. Na
página 873, numa carta escrita passados oito dias ao
mesmo Custódio Passos, Júlio Dinis afirma95:
93 Camilo elogia a bondade visível nas obras de Dinis, enquanto atribui às
suas próprias obras qualidades literárias, que fruirão a eternidade da
língua portuguesa. Por outro lado, ele silencia-se sempre em relação às
qualidades morais da sua obra, o que é um traço de humildade. Alguém
que não conheça a obra camiliana poderia pensar que nela só existisse
a revolta e os desgostos, mas aí lêem-se também os mais altos valores
da vida.
94 Usou-se a seguinte edição: DINIS, Júlio, Obras de Júlio Dinis, Lello &
Irmão Editores (Porto), dois volumes em papel bíblia. As alusões a
Camilo Castelo Branco encontram-se nas páginas 537, 538, 872 e 873.
95 O excerto está citado na íntegra, e as palavras em cursivo são do
original.
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«Hieraŭ, subirante en Ŝjado 96, mi vizaĝe-al-vizaĝe koliziis kun la nesengrava
personeco Kamilo Kastelo Branko. Se tio okazus en Porto, ni salutus unu la alian tre
ceremonie kaj ni pasus. Ĉi tie97 io alia okazis. La afabla romanisto sin direktis al mi
kun tiel afablaj manieroj, ke eĉ ŝajnus, ke li sentas veran plezuron renkonti min.
Li detale plendis pri siaj fizikaj malbonaĵoj98, kiuj devigis lin veni al Lisbono. Li
ektimas pri supozebla malsano ĉe la spina medolo, kaj efektive li havas kelkajn
fundamentojn por tia supozo. Li lacas pro malsano de filo, kio devigis lin esti en
daŭra sendormeco dum tagoj. Li informiĝis pri miaj malsanoj, donis konsilojn al mi,
kaj sentis elkore, ke mia malsano ne permesas al mi verki. En la fino, li invitis min al
sia hejmo. Ni apartiĝis kvazaŭ ni estus grandaj amikoj, post kapapuda babilo dum
horkvarono.
La viro estas fakte dispeciĝinta. Li diras, ke li mortas sata, ĉar li sciis multe vivi
dum 42 jaroj.»
El ĉi tiu tekstero, oni induktas iom pri la estmaniero de Juljo
Diniso kaj de Kamilo. La brita indiferento de Juljo Diniso, kiu ne
kaŝas al la letercelito senestimon al la granda romanisto, preskaŭ
atingas la afablecon antaŭ la portugala sango de Kamilo.
Alveninte al ia evolua ŝtupo, la pordoj de la spiriteco apertas al
la okuloj de la animoj, kaj nature ili ŝanĝas konceptojn pri la
mondo kaj pri la vivo. Tamen, ni ne estiĝas tute aliaj homoj,
restigante multajn el la ecoj, kiuj konstituas nian personecon. Iu
studinta iom pri la vivo kaj verko de ĉi tiuj du verkistoj, facile
rekonas la samajn aktorojn, eĉ kiam ili paŝas sur alia scenejo.
96 PT "Chiado" EO "Ŝjado": nomo de ŝika lisbona kvartalo.
97 "Ĉi tie" signifas "en Lisbono".
98 Oni memoru, ke Diniso estis kuracisto krom verkisto.
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«Ontem descendo o Chiado, esbarrei cara a cara com não menor
personagem do que Camilo Castelo Branco. Se fosse no Porto, saudar-nosíamos muito cerimoniàticamente e passaríamos. Aqui foi outra coisa. O
amável romancista dirigiu-se-me com maneiras tão afáveis, que dir-se-ia
sentir um real prazer em me encontrar.
Queixou-se-me por miúdo dos seus males físicos, que o tinham obrigado
também a vir a Lisboa; das suas apreensões a respeito de uma suposta
doença de espinha medular (e alguns fundamentos tem para a suposição),
das canseiras que lhe tinha dado a doença de um filho, obrigando-o isso a
dias de continuada vigília; informou-se dos meus padecimentos, deu-me
conselhos, sentiu do coração que a minha doença me não deixasse escrever;
e terminou oferecendo-me a sua casa. Separámo-nos como grandes amigos,
depois de um tête-á-tête de um quarto de hora.
O homem está realmente muito escavacado. Ele diz que morre saciado porque soube viver muito em 42 anos.»
Deste excerto depreende-se um pouco da maneira de ser
de Júlio Dinis e de Camilo. A indiferença britânica de Júlio
Dinis, que não esconde ao destinatário da carta alguma
hostilidade para com o grande romancista, consegue tornarse comedidamente afável perante o sangue lusitano de
Camilo.
Chegando a determinado patamar evolutivo, as portas da
espiritualidade escancaram-se aos olhos das almas, e
naturalmente elas alteram conceitos sobre o mundo e a
vida. Contudo, não passamos a ser outras pessoas, e
mantemos muitas das caraterísticas que constituem a nossa
personalidade. Quem tenha estudado um pouco a vida e a
obra destes dois escritores, reconhece com facilidade os
mesmos atores, mesmo quando estão noutro palco.
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João José Santos
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4-a letero - vol.1 p.93 - 1906-11-20
Temo: La duboj pri la senmorteco
Troviĝis Lacerdo en interparolo kun la koloneloj M.S. kaj M.C.,
kaj kun d-ro M.F. La temo estis la mediumaj komunikoj, kiujn
Lacerdo montradis subskribitaj de publikaj personoj. Ili ne kredis.
Ili serĉis argumentojn, en kiuj la dubo povus ĝui. Ili pensis, ke la
inteligento de Lacerdo, en speciala stato, produktis tiujn
komunikojn. Lacerdo respondas, ke li subiĝos al eksperimento por
forigi la dubojn. Unu el ili tuj demandis: "Kiam?". Tiam, hazarde
rigardante aliflanken, Lacerdo vidis, ke Kamilo pozitive
kapsignalas, kaj Lacerdo respondas al la interparolanto: "Tuj.".
Tio, kio sekviĝis, estis miriga. La mediumo interparolis kun la
aliaj tri sinjoroj, kiuj entuziasme diskutis kun li pri la aferoj, dum la
mano de Lacerdo, en nekredebla rapideco, skribas unupaĝan
mesaĝon, sen unu korekteto. En la fino de la mesaĝo aperas la
subskribo de Kamilo Kastelo Branko. La temo de la komuniko estas
ĝuste tiu, kiu adekvatas al la konversacio kiun la kvar
reenkarniĝintoj ĝuis: la temo pritraktita de Kamilo estis la duboj
pri la senmorteco.
5-a letero - vol.1 p.102 - 1906-11-24
Temo: Silvo Pinto
“ Jen la momento, en kiu mi respondos al Silvo Pinto.”
Tiel komenciĝas ĉi tiu komuniko de Kamilo, kiu asertas preferi
persvadi la amikon ol ravi lin, kaj ke li preferas esti amata kaj
karesata ol admirata. Tial li direktis sin al Silvo Pinto alimaniere,
kiel pli maljuna frato, ne plu kiel majstro al disĉiplo.
Sed Silvo Pinto ne komprenis lin. Kamilo ŝatus, ke la amiko
konvinkiĝu pli rapide, sed tio ne okazis. Silvo Pinto nutras nun la
dubon laŭ neracia maniero: ĉar Kamilo ne estis tiel amema, kaj ĉar
Kamilo havis nun alian opinion pri la eterneco.
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4.ª carta - vol.I p.93 - 1906-11-20
Assunto: A dúvida sobre a imortalidade
Encontrava-se Lacerda em conversação com os coroneis
M.S. e M.C. e com o dr. M.F.. O tema eram as comunicações
mediúnicas que Lacerda apresentava assinadas por
personalidades públicas. Eles não acreditavam. Procuravam
argumentos em que a dúvida se pudesse comprazer.
Julgavam que seria a inteligência de Lacerda, que num
estado especial produzia as comunicações. Lacerda
responde que se sujeitaria a uma experiência a fim de que
as dúvidas fossem dissipadas, ao que um deles perguntou:
“Quando?”. Nesse momento, olhando por acaso para o lado,
Lacerda vê Camilo que lhe acena positivamente com a
cabeça, e responde ao interlocutor: “Já.”
O que se seguiu foi espantoso. O médium conversa com
os outros três cavalheiros que discutem animadamente os
assuntos com ele, enquanto a mão de Lacerda, a uma
velocidade incrível, escreve uma mensagem de uma página,
sem uma rasura. No fim da mensagem surge a assinatura
de Camilo Castelo Branco. O tema da comunicação é
precisamente o que se adequa à conversa em que os quatro
reencarnados se entretinham: o tema tratado por Camilo
tinha sido a dúvida sobre a imortalidade.
5.ª carta - vol.I p.102 - 1906-11-24
Assunto: Silva Pinto
“Chegou o momento de eu dar a resposta ao Silva Pinto.”
Assim começa esta comunicação de Camilo, que afirma
preferir persuadir o amigo do que maravilhá-lo, e que
prefere ser amado e acarinhado do que admirado. Esta é a
razão pela qual se dirigiu a Silva Pinto de outro modo, como
um irmão mais velho, não mais como o mestre ao discípulo.
Mas Silva Pinto não o entendeu. Camilo gostaria que o
amigo se convencesse mais depressa, mas não foi isso que
aconteceu. Silva Pinto alimenta agora a dúvida de modo
irracional: porque Camilo não era assim tão afetuoso, e
porque Camilo tinha agora outra opinião da eternidade.
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João José Santos
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Se Kamilo skribis al li post la detruo de la fizika korpo, logike
Kamilo malpravis, kaj vidinte sin viva, logike ŝanĝis siajn
konceptojn pri la vivo post la morto. Kion volis Silvo Pinto? Ĉu li
volis, ke Kamilo diru, ke la spirita vivo ne ekzistas? Tio estus
absurda! Silvo Pinto rifuĝas ankaŭ en la argumento, ke Kamilo ne
alnomis lin laŭ neformala maniero. Sed se li venus alnomi lin laŭ
formala maniero, ĉu tio konstituus pruvon, ke li estas Kamilo? La
brila inteligento de Silvo Pinto alvenis al senretroa punkto, kaj tie
restis, nelogike torturante sin mem, sen argumentoj, paralizita pro
la fiero kaj pro la timo. Nun, ne gravas argumenti, ĉirkaŭpensi aŭ
filozofii. Kamilo scias tion. La senmezura roko ekcedis.
La levilo nun uzata estas alia. Kamilo ripetas okfoje (!) la jenan
frazon:
«Lasu, ke via koro parolu.»
Venkita la nekredemo en la areo de la inteligento, la majstro
estiĝas pli aĝa frato, kiu parolas al li pri amo.
6-a letero - vol.1 p.132 - 1906-12-02
Temo: Silvo Pinto
Post ok tagoj de la lasta
komencante tiel la komunikon:
mesaĝo,
Kamilo
reavancas,
«Ankoraŭfoje Silvo Pinto.
Mi plenumis mian devon. Nun Dio kompatu lin.
Mi parolis al la koro, al la animo kaj al la racio. Mi ne scias al kiuj aliaj sentoj
oni povas konduki la veron per la emocio, per la logiko kaj per la racio.»
La cetero de la mesaĝo konsistas en daŭrigado de la ideoj
esprimitaj en la lasta mesaĝo, kun kelkaj pliaj datenoj. Asertas
Kamilo, kaj estas vere, ke ne ĉiam li aŭskultis de Silvo Pinto la
malkredon pri la vivo post la fizika morto. Ja Kamilo mem estis
rakontinta al li okazojn plej "timigajn".
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Se Camilo lhe escrevia após a destruição do corpo físico,
logicamente Camilo tinha estado errado e, vendo-se vivo,
teria logicamente alterado os seus conceitos sobre a vida
após a morte. Que queria Silva Pinto? Que Camilo lhe viesse
dizer que a vida espiritual não existia? Seria um absurdo!
Silva Pinto refugia-se também no argumento de que Camilo
não o tratava por “tu”. Mas se ele o viesse tratar por “você”,
esse facto constituiria alguma prova de que ele fosse
Camilo? A inteligência brilhante de Silva Pinto chegara a um
ponto sem retorno, e ficava ilogicamente a martirizar-se
sem argumentos, paralizada pelo orgulho e pelo medo.
Agora, de nada valeria argumentar, especular ou filosofar.
Camilo sabe disso. A rocha descomunal tinha começado a
ceder.
A alavanca usada é agora outra. Camilo repete oito vezes
(!) a seguinte frase:
«Deixa falar o teu coração.»
Vencida a incredulidade no domínio da inteligência, o
mestre dá lugar ao irmão mais velho, que lhe fala de amor.
6.ª carta - vol.I p.132 - 1906-12-02
Assunto: Silva Pinto
Passados oito dias da última mensagem, Camilo volta à
carga, começando assim a comunicação:
«Ainda mais uma vez Silva Pinto.
Cumpri o meu dever. Agora Deus tenha piedade dele.
Falei-lhe ao coração, à alma e à razão. Não sei a que outros sentimentos
se possa conduzir a verdade pelo afecto pela lógica e pelo raciocínio.»
O resto da mensagem é a continuação das ideias
expressas na última mensagem, com mais alguns dados.
Afirma Camilo, e é verdade, que nem sempre Silva Pinto o
ouvira descrer na vida após a morte, pois o próprio Camilo
lhe havia contado casos que o “estarreciam”.
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Nun Kamilo tristas sen elirejo. Tiu estas la momento halti, kaj
esperi ke la dia mizerikordo faru la ceteron. La granda romanisto
estas en tia momento, kiam oni sentas, ke la laboro estas devo de
la homo, sed la sukceso dependas de Dio. Kamilo korelverŝas:
«Por ke mi senkonteste estu lia Kamilo, mi devus direktiĝi al li en tia malnova
tono, kiun li konis en mi. Por tio, mi devus blasfemi pri ĉiuj kaj pri la vivo, kaj mi
devus sopiri al baldaŭa morto, kiel kutime mi faris, kiel lasta espero de mia ebla
trankviliĝo. Mi ne faris tion, do mi ne estis mi.»
Silvo Pinto demandis al Kamilo, per Lacerdo, kion li devas fari.
Tamen, li ne atendis la respondon. Inter akceptado de la solvo de
Kamilo, pri kiu li konsciis, kaj skeptikismo pri la identeco de
Kamilo-spirito, la fiero kaj la vanto de Silvo Pinto elektis la plej
facilan solvon: negi, ke tiu estas Kamilo. Okazis, ke la
argumentado de Kamilo estis tro trafa, kaŭzante timegon al Silvo
Pinto! Li vidis antaŭ si la frivolecon de siaj libroj, la frenezecon de
sia verko, la vanecon de sia vivo. Li vidis la nenion. Li vidis sin
seka. Tio estas doloriga. Silvo Pinto estis bona homo, kun granda
koro, kun brila inteligento, sed li pasigis sian vivon plendante pri la
malbonuloj kaj pri la maljustuloj, glavumante pro detalaĉoj,
permesante ke lia verko sin kontaĝu kaj absorbiĝu far literaturaj
kvereloj. Kelkaj nomis Silvon Pinton "la lasta granda polemikisto" 99.
Ne estas facile. Kamilo volas savi la amikon... sed kiom da kuraĝo
la amiko devas havi por permesi ke oni savu lin!? Estas tragedio la
konscio ke la tuta vivo valoris malmulte, ke la verkitaj libroj
malmulte valoras. Finfine, nuntempe oni scias, ke io tre pozitiva
restis el la verkaro de Silvo Pinto... nu... kelkaj scias... 100
99 En tiu tempo, en Portugalio, la polemiko estis rigardata kiel io simila al
literatura ĝenro.
100 Efektive, kvankam Silvo Pinto ne verkis libron speciale aprezatan, li
estis kunenkondukanto de la skolo realisma-naturisma en Portugalion, li
editis kaj eldonis la verkon de Cezarjo Verdo (unu el la portugalaj
grandaj poetoj - la plej granda el la realisma skolo) kaj multon oni ne
scias, ĉar malmultaj studis lian verkon.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Camilo está agora triste e sem saída. É o momento de
parar e esperar que a misericórdia divina faça o resto. Está
o grande romancista num daqueles momentos em que o ser
humano sente que o trabalho é do homem, mas o sucesso
pertence a Deus. Desabafa Camilo:
«Para ser incontestavelmente o seu Camilo tinha que me dirigir a ele
naquele velho tom amargo que me conhecia; havia de maldizer de todos e
da vida, e ansiar pela morte próxima, como habitualmente fazia, como
esperança derradeira do único sossego possível. Não fiz isso, logo não era
eu.»
Silva Pinto perguntara a Camilo, através de Lacerda, o
que havia de fazer. Contudo, não esperou pela resposta.
Entre aceitar a solução de Camilo, que ele sabia qual era, e
manter o ceticismo de que aquele fosse mesmo Camilo, o
orgulho e a vaidade de Silva Pinto optaram pela solução
mais fácil: negar que aquele fosse Camilo. É que a
argumentação de Camilo tinha sido demasiado certeira,
provocando o pânico em Silva Pinto! Ele viu à sua frente a
futilidade dos seus livros, a insanidade da sua obra, a
vacuidade da sua vida. Viu o nada. Viu-se vazio. É doloroso.
Silva Pinto era um bom homem, de grande coração, e de
uma inteligência brilhante, mas havia passado a vida a
queixar-se dos maus e dos injustos, esgrimindo sobre
ninharias, deixando que a sua obra se contaminasse e
deixasse absorver pelas querelas literárias. Houve quem
chamasse a Silva Pinto “o último grande polemista” 101. Não
é fácil. Camilo quer salvar o amigo... mas quanta coragem o
amigo tem que ter para se deixar salvar!? É uma tragédia
sentir que a vida toda valeu pouco, que os livros escritos
pouco valem. Enfim, sabemos hoje que algo de muito
positivo ficou da obra de Silva Pinto... Bem, sabem
alguns...102
101 Nesse tempo, em Portugal, a polémica era vista como algo semelhante
a um género literário.
102 Efetivamente, embora Silva Pinto não tivesse escrito nenhum livro
especialmente apreciado, ele foi cointrodutor da escola realistanaturalista em Portugal, ele foi organizador e editor da obra de Cesário
Verde (um dos grandes poetas portugueses - o maior da escola
realista) e muito não se sabe, porque poucos estudaram a obra dele.
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João José Santos
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7-a letero - vol.2 p.72
Temo: Identeco de Kamilo-spirito mem
Kamilo ekskuzas sin, ke antaŭ longe li ne vizitis la mediumon. Li
asertas esti kontenta tial, ke li inicis valoran laboron de informado
pri la spirita vivo, kaj ke tiu laboro estis sekvata de aliuloj. Li
anoncas al la mediumo, ke ankoraŭ aliaj spiritoj venos. Oni
induktas, ke Kamilo havas tiam ian informon pri la laborplano de la
supera spiritaro.
Post imagpentrado de plugisto, al kiu li sin mem komparas,
Kamilo montras zorgon, ke oni rekonu lin. Tio estas fundamenta
por la savo de Silvo Pinto, pri kiu li ne parolas en ĉi tiu mesaĝo.
Sed Kamilo havas ankoraŭ alian intencon. Sciante, ke lia nomo
famiĝis surtere, pro la grandanimeco de sia literatura verkaro,
Kamilo provas nun uzi sian respektindan nomon por kunlabori en la
spiritisma diskonigado de la ideo, ke ni ĉiuj estas senmortuloj.
Tamen, li luktas kontraŭ antaŭjuĝoj, fiero, timo, kontraŭ kiuj
ĝenerale luktas la spiritistoj. Finfine li rezignacie diras:
«Post la negado de Dio, ĉu gravas, ke oni negu min, kaj ke oni negu la veron de
ĉi tiu mia senmeminteresa agado?»
8-a letero - vol.2 p.77
Temo: Identeco de Kamilo-spirito mem
Kamilo daŭrigas sian klopodon montri, ke li pluvivis post la
morto de la fizika korpo.
Li skurĝas la stultajn argumentojn de siaj samtempuloj, kaj
ŝajnas, ke li decidis uzi stilon pli similan al tiu uzita dum la surtera
vivo, certe en sizifa provo malfermi la okulojn al tiuj, kiuj klopodas
ilin fermi. Li realudas al la malfacileco sin esprimi libere, ĉar li
devas uzi la lingvan provizon je sia dispono en la mediuma
aparato. Kamilo komparas la situacion kun laboro de tipografo, kiu
devas uzi la literskatolojn je sia dispono. Li tion eksplikas kun
kelka detalo, kaj fine li diras:
C.C.B. em Do País Da Luz
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7.ª carta - vol.II p.72
Assunto: A identidade do próprio Camilo-espírito
Camilo desculpa-se por não visitar o médium há muito
tempo, e afirma-se satisfeito por ter dado início a um
trabalho valioso de informação sobre a vida espiritual, que
foi continuado por outros, dizendo ao médium que ainda
outros virão. Dá a impressão que Camilo tem alguma
informação acerca do plano de trabalho da espiritualidade
superior.
Após a pintura da imagem de um lavrador a que ele
mesmo se compara, Camilo mostra que a sua preocupação
é que o identifiquem. Isso é fundamental para a salvação de
Silva Pinto, de que ele não fala nesta mensagem. Mas
Camilo tem também outra intenção. Sabendo que o seu
nome se tinha celebrizado na Terra, pela magnificência da
sua obra literária, Camilo procura usar esse nome
respeitável para colaborar no trabalho espiritual de
divulgação da ideia de que somos seres imortais. No
entanto, debate-se com os preconceitos, orgulho e medo
com que habitualmente os espíritas se debatem. Acaba por
dizer resignado:
«Depois de se negar Deus, que importa que me neguem e que neguem a
verdade desta minha acção desinteressada?»
8.ª carta - vol.II p.77
Assunto: A identidade do próprio Camilo-espírito
Camilo continua a esforçar-se em mostrar que sobreviveu
à morte do corpo físico.
Chicoteia os argumentos néscios dos coevos, e parece ter
decidido mesmo usar um estilo mais semelhante ao que
havia usado na vida terrena, certamente na tentativa sisífica
de abrir os olhos aos que se esforçam por cerrá-los. Volta a
referir-se à dificuldade em expressar-se livremente, uma
vez que deve usar o acervo linguístico à disposição no
aparelho mediúnico. Compara a situação com o trabalho do
tipógrafo que deve usar os caixotins que tem à sua
disposição. Dá a explicação com algum pormenor e termina
dizendo:
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João José Santos
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«Mi esprimas kion mi pensas kaj volas kun limoj, kun la flua facileco, kiun via
intelekto permesas al mi, kaj laŭ via preskaŭ absoluta senscio pri mia literatura
verkaro.»
Kamilo asertas, ke ekzistus unu maniero esti rekonata: tio estus
la skoldado de la fiuloj, kiel li faris antaŭe; sed ke li ne tion farus,
ĉar tiaj teniĝoj putriĝis kun la korpo en la Tero. La stilo estas nun
virusiga, akra, rememoriganta la oldan Kamilon, kiu disskoldis la
malbonulojn de la mondo, kaj ankaŭ tiujn, kiuj alfrontis al li.
Oni sentas ian animlacon tial, ĉar li ne povas pli efike uzi sian
propran bonan nomon lasitan en la mondo. Li baraktas,
argumentas, ŝanĝas sian nuntempan stilon, kiu estas afabla kaj
karesema, al alia spita, kun la espero iĝi rekonata. En la obstino, li
pluestas la sama Kamilo, kiu ne rezignas.
9-a letero - vol.2 p.193
Temo: Silvo Pinto
La lasta mesaĝo de la 2-a volumo rekaptas la temon, per kiu la
verko komenciĝis: Silvo Pinto.
Tio estas respondo al Silvo Pinto, kiu volis scii, ĉu li devus viziti
la domon de Kamilo, en Sankta Mikaelo de Sejdo, vilaĝo kie Silvo
Pinto diversfoje vizitis la amikon. Kelkaj datenoj eskapas al la
leganto. Ĉu Lacerdo transdiris tiun zorgon de Silvo Pinto al Kamilo?
Ĉu Kamilo mem legis la menson de la amiko? La leganto ne scias.
Kamilo nun estas kontenta. Li diras, ke "Silvo Pinto sin preparas por
bone morti". Kaj li aldonas al Lacerdo: "Jen la efiko de nia kojno. Ni krevigis,
ni diskrevigis la blokon de lia fiero, pri kiu li vantis!" Laŭ la granda
romanisto, nur mankis al Silvo Pinto agnoski laŭte al la mondo, kiel
li kapablis fari, sian kredon pri la senmorteco de la animo.
C.C.B. em Do País Da Luz
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«Limito-me a expôr o que penso e quero, com a correntia facilidade que
o teu intelecto me faculte e a tua quase absoluta ignorância da minha obra
literária me permita.»
Camilo afirma que havia um meio de se tornar
reconhecido: era zurzir nos canalhas, como dantes fazia;
mas que não o faria, pois tais atitudes tinham ficado com o
corpo a apodrecer na Terra. A linguagem é virulenta,
acrimoniosa, lembrando o velho Camilo que desancava nos
maus do mundo, ou simplesmente nos que lhe faziam
frente.
Sente-se algum desânimo por não poder usar de modo
mais eficiente o seu próprio bom nome deixado no mundo.
Ele debate-se, argumenta, muda o seu estilo atual, afável e
caridoso, para um mais belicoso, na esperança de ser
reconhecido. Na obstinação, continua o mesmo Camilo que
não desiste.
9.ª carta - vol.II p.193
Assunto: Silva Pinto
A última mensagem do 2.º volume repesca o tema com
que a obra começou: Silva Pinto.
É uma resposta ao Silva Pinto, que queria saber se ele
devia ir a São Miguel de Seide visitar a casa de Camilo, à
aldeia onde Silva Pinto havia várias vezes visitado o amigo.
Há elementos que escapam ao leitor. Será que Lacerda
transmitiu a Camilo essa preocupação de Silva Pinto? Será
que o próprio Camilo leu a mente do amigo? O leitor não
sabe.
Camilo está satisfeito. Diz ele que “Silva Pinto se prepara para
bem morrer”. E acrescenta a Lacerda: “Foi a nossa cunha. Partimos,
estilhaçamos o bloco do seu orgulho, de que se ufanava!” Segundo o
grande romancista só faltava a Silva Pinto assumir bem alto
para o mundo, como ele sabia fazer, a sua crença na
imortalidade da alma.
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João José Santos
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Ĉu li devas iri al Sankta Mikaelo de Sejdo? La respondo de
Kamilo estas klara:
«Ja, ke li iru al Sankta Mikaelo de Sejdo. Estas necese, ke li iru. Ne por mi, sed
por li. (...)
Ja, ke li iru. Tio bonos por lia farto. Li sentos sin bonfarta. (...)
Ja, ke li iru al Sankta Mikaelo de Sejdo. La kristanoj iradis al Jerusalemo
fortikigi la fidon; la islamanoj al Mekko. Iru Silvo Pinto al Sankta Mikaelo de
Sejdo.»
La lasta parto videble estas manifestiĝo de la bona humoro de
Kamilo-spirito.
10-a letero - vol.3 p.132
Temo: Etikaj pripensoj
La 3-a volumo malfermiĝas per prefaco de Silvo Pinto, en kiu la
verkisto agnoskas sian kredon je Dio kaj je la senmorteco de la
animo. Ĉu tio estis respondo al la deziro de Kamilo, esprimita en la
9-a mesaĝo, laŭ kiu nur mankis al Silvo Pinto krii laŭte sian novan
kredon? Mi havas tian konvinkon. La prefaco datas je la 1-a de
aprilo 1911, kaj Silvo Pinto estis elkarniĝonta en la 4-a de
novembro de la sama jaro, post preskaŭ ok monatoj. La misio de
Kamilo finpleniĝis.
Kamilo komencas ĉi tiun mesaĝon asertante ion surprizan:
«Profunda ŝanĝo okazis en mia tuta spirita esto, ekde mia lasta komuniko.»
Kaj iom poste:
«Nun mi volas direkti mian vizaĝon nur al la lumo, kiu venas al mi el la alto.»
Tuj poste venas pripensoj pri la vivo kaj pri la valoroj.
Oni scias, per la verko de Ivono Perejro, Memoroj de suicidinto,
ke Kamilo profunde studis diversajn aferojn en la spirita mondo,
inter kiuj li studis esperanton, la lingvon de la universala frateco.
Liaj studoj portis lin al grandaj pripensoj kaj al grandaj decidoj.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Se devia ir a São Miguel de Seide? A resposta de Camilo
é clara:
«Que vá a São Miguel. É preciso que vá. Não por mim, por ele. (...)
Que vá. Há-de fazer-lhe bem. Há-de sentir-se bem. (...)
Que vá a São Miguel. Os cristãos iam a Jerusalém robustecer a fé; os
maometanos a Meca. Vá o Silva Pinto a S. Miguel.»
A última parte é manifestamente uma manifestação de
bom humor da parte do espírito Camilo.
10.ª carta - vol.III p.132
Assunto: Reflexões éticas
O 3.º volume abre com um prefácio de Silva Pinto, no
qual o escritor assume a sua crença em Deus e na
imortalidade da alma. Terá sido uma resposta ao desejo de
Camilo, expresso na 9.ª mensagem, de que só faltava a
Silva Pinto gritar bem alto a sua nova crença? Estamos
convictos de que sim. O prefácio é de 1 de abril de 1911, e
Silva Pinto havia de desencarnar em 4 de novembro do
mesmo ano, passados quase oito meses. A missão de
Camilo estava consumada.
Camilo começa
surpreendente:
esta
mensagem
afirmando
algo
«Profunda alteração foi feita em todo o meu ser espiritual, desde a
minha última comunicação.»
E mais à frente:
«Quero pôr agora a minha face só voltada à luz, que me vem do alto.»
De seguida vêm reflexões sobre a vida e os valores.
Sabemos pela obra de Yvonne Pereira, Memórias de um
suicida, que Camilo estudou aprofundadamente várias
matérias no mundo espiritual, entre elas o esperanto, o
idioma da fraternidade universal. Os seus estudos levaramno a grandes reflexões e a grandes decisões.
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Ekde 1906, Kamilo venadis al la Tero, ne nur por viziti Lacerdon
kaj la amikon Silvon Pinton, sed ankaŭ por helpaj misioj al
enkarniĝintoj kaj elkarniĝintoj.
La legantoj malpli bone informitaj pri ĉi tiuj aferoj eble pensas,
ke la spirita mondo estas sonĝeca spaco, kie la animoj, en stato pli
malpli senkonscia, senagadas kaj pigras. Nenio pli erara. La spirita
mondo estas tiom reala por tiuj kiuj tie vivas, kiom reala estas la
fizika mondo por tiuj kiuj ĉi tie paŝas. En la alia flanko de la vivo,
la spiritoj pli konsciaj pri la verkado de Dio, aktivas en multecaj
agadoj, formante tre laboremajn sociojn, kiuj celas partopreni en
la dia verko per la helpo al la gefratoj. Movataj far la ameca
energio, la ununura fakte neelĉerpebla, ili tie trovas la feliĉon en
praktiko de karitato, kiu povas esti difinita kiel aganta amo. Ili
kontentas, ĉar ili malkovris la veran sencon de la vivo, kaj ili havas
la ununuran deziron esti fidelaj servistoj de la volo de Dio.
En la menciita verko de Ivono Perejro, la ĉapitro 4-a de la 3-a
parto, "Malnova homo", informas la leganton, ke Kamilo, en
proceso de memorretroiro, okazinta en la spirita urbo kie li loĝis,
ekkonis multon pri sia spirita estinteco. Nature, tiuj datenoj
profundigis lian konon pri li mem, rivelis al li kio fakte gravas en la
vivo, kaj igis lin preni gravajn decidojn pri lia nova celvojo.
Dirante en ĉi tiu mesaĝo: «Profunda ŝanĝo okazis en mia tuta spirita esto,
ekde mia lasta komuniko.»; ŝajnas evidente, ke Kamilo aludas al la
anima sperto en kiu li rememoris antaŭajn reenkarniĝojn. Tuj
poste, li resumas ĉiujn siajn celojn laŭ ĉi tiu maniero profunde
religia: «Nun mi volas direkti mian vizaĝon nur al la lumo, kiu venas al mi el la
alto.»
C.C.B. em Do País Da Luz
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Desde 1906 que Camilo vinha à Terra não só para visitar
Lacerda e o amigo Silva Pinto, mas também em missões
socorristas a encarnados e desencarnados.
Os leitores menos familiarizados com estes assuntos,
podem pensar que o mundo espiritual é um espaço onírico,
onde as almas em estado mais ou menos inconsciente se
encontram inativas e, portanto, ociosas. Nada mais errado.
O mundo espiritual é tão real para os que lá estão, quanto o
é o mundo físico para os que cá estão. Do lado de lá da
vida, os espíritos mais consciencializados da obra de Deus,
desdobram-se
em
atividades
múltiplas,
formando
sociedades muito diligentes que visam a participação na
obra divina através do auxílio aos seus irmãos. Movidos pela
energia do amor, a única energia inesgotável, eles
encontram a felicidade na prática da caridade, que pode ser
definida como o amor em ação. Estão contentes por terem
descoberto o verdadeiro sentido da vida, e têm como único
desejo serem servidores fieis da vontade de Deus.
Na obra citada de Yvonne Pereira, o capítulo IV da 3.ª
parte, “Homem velho”, informa-nos que Camilo, num
processo de regressão de memória, feito na cidade
espiritual onde vivia, tinha obtido muitas informações sobre
o seu passado espiritual. Naturalmente, tais dados
aprofundaram-lhe o conhecimento de si mesmo, revelaramlhe o que na realidade é importante na vida, e levaram-no a
tomar decisões importantes sobre o seu novo rumo.
Ao dizer nesta mensagem: “Profunda alteração foi feita
em todo o meu ser espiritual, desde a minha última
comunicação.”; parece-nos evidente que Camilo se refere à
experiência anímica de recordação das suas existências
anteriores. E de seguida, ele resume todos os seus objetivos
deste modo profundamente religioso: “Quero pôr agora a
minha face só voltada à luz, que me vem do alto.”
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11-a letero - vol.4 p.224
Temo: Silvo Pinto
Lasta mesaĝo de Kamilo en la verko El la lando de la lumo. La
pritraktenda afero estas Silvo Pinto, ankoraŭfoje, eĉ en la lasta
mesaĝo. Tiam Silvo Pinto jam estis elkarniĝinta. Kamilo asertas, ke
Silvo Pinto estis "la angulŝtono de nia verko" kaj ke ĉion eblan li faris por
la amiko.
Ĉi tiu mesaĝo aperas post la du unuaj mesaĝoj de la spirito
Silvo Pinto, en kiuj oni vidas, ke la turmentita verkisto ankoraŭ
estis perturbata.
Kamilo asertas, ke Silvo Pinto mortis, sed ke la torturo trudita
al li, far la surtera vivo, lasis profundajn markojn en lia perispirita
strukturo. Diras li pri la amiko:
«Li eniris ĉi tien en stato de serena miro. Kvazaŭ li estus ekvekiĝanta el
koŝmaro, aŭ kvazaŭ li elmergiĝus el marĉo.»
Kaj li daŭras, feliĉa, parolante pri la amata amiko:
«Nuntempe, li ankoraŭ ne estas en tia stato, kian mia amikeco al li deziras.
Tamen li estas tiel feliĉa kiel povas esti iu, kiu sur la Tero nur zorgis semi la bonon
rikoltante nur malbonaĵojn.
Li ne venis por elpusigi siajn kulpojn kaj mistrafojn. Tion li sufiĉe faris tie (...)»
Kaj pli poste, la feliĉaj vortoj:
«Nia verko atingis la deziritan finon. El ribelemulo ni bakis kredanton.»
Kamilo ĝuas nun la feliĉon de la laboristo konscia kaj
respektema pri la dia volo. Lia frateca amo al sia amiko Silvo Pinto
estas korpura, ĉar li nur volis la amikon savita kaj feliĉa, ne
dezirante ian ajn kompenson por si mem.
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11.ª carta - vol.IV p.224
Assunto: Silva Pinto
Última mensagem de Camilo na obra Do país da luz. O
assunto a tratar é Silva Pinto, mais uma vez, mesmo na sua
última mensagem. Neste momento, Silva Pinto já havia
desencarnado. Camilo afirma que Silva Pinto fora “a pedra
angular da nossa obra” e que tudo fizera por ele.
Esta mensagem surge depois das duas primeiras
mensagens do espírito Silva Pinto, em que se verifica que o
atormentado escritor se encontrava ainda perturbado.
Camilo afirma que Silva Pinto havia morrido, mas que a
tortura a que a vida terrena o tinha submetido lhe deixara
marcas profundas na organização perispiritual. Diz ele do
amigo:
«Entrou aqui num estado de sereno espanto. Foi como se acordasse de
um pesadelo, ou emergisse da superfície de um pântano.»
E continua, feliz, ao falar do amigo querido:
«Hoje, se não está como a minha amizade o apetecia, está, entretanto,
tão feliz quanto pode estar quem na Terra só cuidou semear o bem e só
conseguiu recolher o mal.
Não veio purgar culpas e desacertos. Assaz o fez aí (...)»
E mais à frente, as palavras felizes:
«A nossa obra conseguiu o fim almejado. Dum revoltado fizemos um
crente.»
Camilo goza agora do contentamento do trabalhador
consciente e respeitador da vontade divina. O seu amor
fraternal ao amigo Silva Pinto é genuíno, pois apenas quis
ver o amigo salvo e feliz, não desejando qualquer outra
recompensa.
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João José Santos
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Konkludo
Ĉu estas science pruvita la identenco de Kamilo en la verko El
la lando de la lumo? Kompreneble ne. Tamen, plejparto el la aferoj
je kiuj oni sendube kredas dum la vivo, ne estas science pruvitaj.
Laŭ simpla maniero, oni diru, ke la ento, kiu tiel esprimiĝas en El
la lando de la lumo povas esti nur Kamilo Kastelo Branko.
Kiu alia povus skribi tion? Kiel oni eksplikas la verkon de
Fernando Lacerdo? Ĉu ĝi estis malhonesta ago okazinta dum
dekdu jaroj (1906-1918) sen mona rekompenso? Kiucele Lacerdo
tiel trompus? Kaj kiel li farus tion? Kvankam li estis inteligenta
homo, tamen li ne havis en tiu reenkarniĝo la necesan kulturon por
verki tiajn tekstojn.
Ĉu eble tiu fenomeno estas eksplikebla per nebula teorio de
personeca divido de Lacerdo en dekojn da konataj aŭtoroj? Tiel
Lacerdo kaptus la personecon kaj la konojn de ĉiuj tiuj aŭtoroj. Ĉu
tiel, Lacerdo skribus laŭ unu aŭtoro, dum li interparolis kun aliaj
homoj pri aliaj aferoj? La kredo pri tiu ebleco estas ankoraŭ pli
eksterordinara ol la spiritisma doktrino de Alano Kardeko. Se tio
eblus, oni preskaŭ atingus la staton de superhomo. Tiel, ne estus
necese studi nek lerni por akiri bonajn rezultojn. Sufiĉus eniri en
specialan staton, la personeco disdividiĝus kaj, per magiaj artoj, ĝi
kaptus, el nenio!, la personecojn de homoj, kiuj jam mortis. Sed el
kie ni prenus la personecon de la mortinto? Ĉu el la ĉeloj de la
fizika korpo? Sed la ĉeloj, kiuj vivigis la kompatindan korpon de
Kamilo jam estis disiĝintaj en la teron. La akvaj molekuloj estas
nur molekuloj, kaj tiuj de karbono estas nur karbono. Ĝis nun, oni
ne agnoskis al la akvo nek al karbono la kapablon elokvente verki.
La defendantoj de tia teorio diros, ke ekzistas io vivanta, kio
postvivis, el tiu estulo kiun ni nomis Kamilo, kaj kiun ni amis. Kaj
mi respondas al ili: "Jes, ja, sinjoroj! Tio nomiĝas spirito kaj estas
nemortebla!"
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Conclusão
Está cientificamente provada a identidade de Camilo na
obra Do país da luz? Claro que não. Contudo, a maioria das
coisas em que acreditamos na vida, de modo inabalável,
não são comprovadas cientificamente. De modo simples,
digamos que a entidade que assim se expressa em Do país
da luz só pode ser Camilo Castelo Branco.
Quem mais poderia ser? Como se explica a obra de
Fernando de Lacerda? Por um ato desonesto cometido
durante doze anos (1906-1918) sem recompensa alguma?
Por que faria Lacerda tal intrujice? E como a faria, se ele
mesmo, se bem que fosse um homem inteligente, não
dispunha de cultura, nesta existência, para escrever tais
textos?
Será que este fenómeno é explicável por uma teoria
nebulosa de divisão da personalidade de Lacerda em
dezenas de autores conhecidos, captando a personalidade e
os conhecimentos de todos esses autores, que escreviam
pela mão de Lacerda enquanto este conversava com outras
pessoas sobre outros assuntos? A crença em tal
possibilidade é bem mais extraordinária do que a doutrina
espírita de Allan Kardec. Se tal fosse possível, estaríamos no
limiar do super-homem. Assim, não seria necessário estudar
nem aprender para obter bons resultados. Bastaria entrar
num estado especial, a personalidade dividir-se-ia, e por
artes mágicas captaria, do nada!, a personalidade de
pessoas que tivessem morrido. Mas onde iríamos buscar a
personalidade do morto? Às células do corpo físico? Mas as
células que animaram o pobre corpo do Camilo já se tinham
dissolvido na terra. As moléculas de água são apenas água,
e as de carbono são apenas carbono. Até hoje, não foi
reconhecida à água nem ao carbono a capacidade de
escrever com eloquência. Dirão os artífices de tal teoria,
que há algo vivo que terá ficado daquele ser a que
chamávamos Camilo, e a quem amávamos. E eu respondolhes: “Há, sim senhor! Chama-se espírito e é imortal!”
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João José Santos
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Oni ne kredu je mirakloj. Ĉio en la universo dependas de leĝoj,
kreitaj de ĝia Kreinto, kiel ŝajnas evidente. Nur tiuj, kiuj studis kaj
do lernis, en ĉi tiu reenkarniĝo aŭ en alia, disvolvis la inteligenton
ĝis rimarkinda nivelo. Oni ne kaptas el nenio ion ajn. Tio ja estas
kontraŭscienca. Tiaj teorioj ne estas pli ol kontraŭsciencaj
artfaraĵoj de tiuj, kiuj, svingante titolojn kaj diplomojn, parolas pri
tio kion ili ne konas, dezirante negi la evidentaĵojn pri la spirita
vivo, pri la spirita eterneco kaj pri la perfekteco de Dio. Ili sin
lanĉas en ĥimerajn flugojn, en absurdajn eksplikojn, kaj en
sistemikajn dubojn, kun rezonoj reliefantaj kompletan mankon de
antaŭpreparo en ĉi tiu studobjekto. Ili similas al astronomoj kiuj,
tute malsciantaj pri biologio, aldirektas la teleskopon al ĉelo kaj
diras aplombe: "La ĉeloj ne ekzistas, ĉar mi ne vidis ilin per mia
teleskopo." Ili serĉas la sciencan eksplikon, sed ili ne havas la
humilecon lerni kun tiuj, kiuj jam paŝis tiun vojon. La fiero kaj la
vanto tranĉas al ili la flugilojn, kiuj povus levi ilin en pli altajn
flugojn. La aplaŭdo de la mondo estas por ili multe pli grava ol la
scienca vero. Ili ne volas scii la veron. En multaj okazoj, ili eĉ ne
kredas, ke ekzistas vero sendependa de la konoj de la cirkonstanca
homo. Ili estas la novaj sofistoj. Sinjoroj de la vero submetita al la
konvenaĵoj. Sinjoroj de la vero vendita al la socia aprobo. Sinjoroj
de siaj veroj.
Spiritistoj kaj aliaj spiritualistoj 103 argumentas kaj argumentas,
klopodas eksplikadi kaj laboras por malfermi al ili la okulojn. Ĉu
valoras la peno? Eble. Plejcerte valoras la peno. Male, la plej
konsciaj spiritoj ne plu klopodus. Sed ni, simplaj lernantoj, ne
vidas la tutan planon, kaj do ni sentas, ke nia laboro valoris
malmulte aŭ nenion, vidante kiel la homa vanto plu obskurigas la
spiritojn, kiuj jam montras ian evoluon, sed kiuj preferas la
materian vivon ol la spiritan. Ili timas. Ili ŝajnas la rano, kiu volis
esti bovo. Do, tiuj homoj ŝvelas, ŝvelas, ŝvelas pro fiero.
Konsekvence, kiel en la fablo... ili krevas.
103 Spiritistoj faras ĉi tian distingon inter spiritismo kaj spiritualismo:
spiritualismo estas iu ajn doktrino kredanta pri io nemateria, tio estas,
pri Dio, animoj, spiritoj aŭ aliaj nefizikaj entoj; spiritismo estas unu el
la multaj spiritualistaj doktrinoj.
C.C.B. em Do País Da Luz
121
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Não acreditemos em milagres. Todo o universo está sujeito
a leis, criadas pelo seu Criador, como nos parece evidente. Só
quem estudou e aprendeu, nesta existência ou noutra, é que
tem conhecimentos e desenvolveu a inteligência de modo
notável. Não se capta do nada o que quer que seja. Isso sim,
é anticientífico. Tais teorias não são mais que artifícios
anticientíficos dos que, empunhando títulos e diplomas, falam
do que não conhecem, desejando negar a evidência da vida
espiritual, a eternidade do espírito e a perfeição de Deus.
Lançam-se em voos quiméricos, em explicações absurdas e
em dúvidas sistemáticas, com raciocínios que denotam
impreparação completa neste objeto de estudo. Assemelhamse a astrónomos que, desconhecendo completamente o que
seja a biologia, apontam o telescópio para a célula e dizem de
modo douto: “As células não existem, pois não as vi com o
meu telescópio.” Eles buscam a explicação científica, mas não
têm a humildade de aprenderem com quem já percorreu o
caminho. O orgulho e a vaidade cortam-lhes as asas que os
poderiam alçar a mais altos voos. O aplauso do mundo é para
eles muito mais importante que a verdade científica. Eles não
querem saber a verdade. Em muitos casos, eles não acreditam
sequer que exista uma verdade independente daquilo que o
homem circunstancial sabe. São os novos sofistas. Senhores
da verdade subjugada às conveniências. Senhores da verdade
vendida à aprovação social. Senhores da sua verdade.
Espíritas e outros espiritualistas104 argumentam e
argumentam, desdobrando-se em explicações e trabalhos
para lhes abrirem os olhos. Vale a pena? Talvez valha. Deve
valer, ou os espíritos esclarecidos não se continuariam a
esforçar. Mas nós, meros aprendizes, não vemos o plano
todo, e sentimos que o nosso trabalho valeu pouco ou nada,
ao vermos como a vaidade humana continua a obscurecer
espíritos que já denotam alguma evolução, mas que
continuam a preferir a vida material à espiritual. Eles têm
medo. Parecem a rã que queria ser boi, e por isso incham,
incham, incham de orgulho. Depois, como na fábula...
rebentam.
104 Os espíritas fazem este tipo de distinção entre espiritismo e
espiritualismo: espiritualismo é qualquer doutrina que creia em algo
não material, isto é, em Deus, almas, espíritos ou outras entidades não
físicas; o espiritismo é uma das muitas doutrinas espiritualistas.
122
João José Santos
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Rigardante antaŭ la eternecon de la vivo, ili estus sur nekonata
grundo, kiun ili ne regas. Eble ili devus repensi multajn konceptojn
por kiuj ili batalis dum la vivo. Eble ili devus agnoski, ke ili estis
eraraj. Eble ili eĉ devus agnoski, ke tiuj, kiujn ili konsideris etaj kaj
malmulte gravaj, finfine pravis kaj estas enormaj. "Finfine", ili
pensas, "se ekzistas pli da mondo trans la fizika vivo, tiam mi
ekscios en la momento, kiam la enkorpa vivo finiĝos." Kaj tiel, la
homa konscio sin iluzias, per fiero kaj per timo, kaj daŭre
prokrastas la horon de la vero, en kiu la estulo, en sia tuta
grandeco farita el inteligento, sciencoj, filozofioj kaj artoj, sin vidas
finfine kaŭranta antaŭ la senfineco de Dio, devante agnoski, ke lia
tuta scio proksimiĝas pli al la nulo ol al la infinito.
Dio kompatu ilin! Ĉiuj kiuj defias la leĝon de progreso estas
kompatindaj. Kiam la klopodoj de la supera spiritaro sin montros
senfruktaj en la klarigado, pro la obstino de la kreito stabili sur
nivelo de ŝtupo, kiu nepre ĝin kondukas al Dio, la doloro estos la
majstro, al kiu la animo ne povos fermi la okulojn, kaj kiu lin
devigos leviĝi iom pli en la ŝtuparo de la vivo.
Diras la portugala popolo: "Tiu kiu ne iras pro bono, iras pro
malbono." Pensos ili, ke Dio estas maljusta, aroganta kaj
perfortema, kiel asertas eĉ nobelpremiitoj. Kion ili volus? Ĉu Dio
lasu ilin paralizitaj sur la evolua ŝtupero, kie ili troviĝas? Ĉu Dio
eliminu la leĝon de progreso por kontentigi la kreitojn, kiuj ne
deziras plu evolui? La animo devas nepre senti kaj kompreni la
neceson de la progreso. Tamen, la animo havas sian liberecon, kiu
portas lin, kelkfoje, kaprice, spiti la leĝojn de la kosmo. Tiam, la
universo sentigas lin laŭ maniero pli intensa, ke jam estas tempo
plu evolui, eĉ se la animo ne tion deziras. Al la rezulto de tiu pli
intensa klopodo, la animo donas la nomon "doloro". Tio ne estas
venĝo de Dio, nek de la universo, sed estas leĝo al kiu la animo
mem sin submetis, kiam li provis devojiĝi de la evoluaj necesoj.
C.C.B. em Do País Da Luz
123
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Olhando de frente para a eternidade da vida, estariam
em terreno incerto, que não dominam. Talvez tivessem que
repensar muitos dos conceitos por que se bateram durante
a vida, talvez tivessem que reconhecer que estavam
errados, talvez tivessem até que reconhecer que aqueles
que eles consideram pequenos e pouco importantes
estavam afinal certos e são enormes. “Afinal”, pensam eles,
“se mais mundo houver para além da vida física, logo
saberei na altura, quando a vida do corpo se findar.” E
assim, a consciência do homem se vai iludindo, por orgulho
e por medo, e vai atrasando a hora da verdade, em que o
ser, em toda a sua magnitude feita de inteligência, ciências,
filosofias e artes, se vê finalmente acocorado perante a
infinitude de Deus, tendo que reconhecer que todo o seu
saber se aproxima mais do zero do que do infinito.
Deus tenha piedade deles! Todos os que desafiam a lei do
progresso são dignos de piedade. Quando os esforços da
espiritualidade superior se mostrarem infrutíferos no
esclarecimento, devido à obstinação da criatura em
estabilizar num patamar da escada que, necessariamente, a
conduz a Deus, a dor será o mestre a que a alma não
poderá fechar os olhos, e que a obrigará a subir mais um
pouco a escada da vida.
Diz o povo: “quem não vai a bem, vai a mal.” Dirão eles
que Deus é injusto, prepotente e violento, como afirmam
até laureados com o nobel da literatura. Que queriam eles?
Que Deus os deixasse ficar paralizados no patamar
evolutivo onde se encontram? Que Deus eliminasse a lei do
progresso para contentar as criaturas que não desejam
mais evoluir? A alma tem que sentir e compreender a
necessidade de progresso. Contudo, ela tem o seu livrearbítrio que a leva, algumas vezes, caprichosamente, a
questionar as leis do cosmo. Então, o universo fá-la sentir
de forma mais intensa de que está no momento de evoluir,
ainda que a alma não o deseje. Ao resultado desse esforço
mais intenso, dá a alma o nome de “dor”. Não se trata de
uma retaliação de Deus nem de uma vingança do universo,
trata-se apenas da lei a que a própria alma se sujeitou, ao
tentar desviar-se das necessidades evolutivas.
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João José Santos
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La homo ne povas trovi sciencajn eksplikojn por multaj el la
fenomenoj ĉirkaŭantaj lin, sed estus ankoraŭ malpli science negi la
ekziston de la propra fenomeno, kiam ĝi estas evidenta, universala
kaj ĉiamtempa. Ĝuste tio okazas rilate al la manifestiĝoj de la
spiritoj, kiuj venas diri al ni, ke ili pluvivas, eĉ post la morto de la
fizika korpo. La spiritaj manifestiĝoj ekzistas de ĉiam. Ĉiuj civilizoj
havis siajn perantojn, kiuj rolis kiel mesaĝistoj kaj interpretistoj
inter la spiritoj kaj la homoj. Oni negu kaj negu la fenomenojn,
sed, ke ili ĉiam ekzistis, tio estas pruvita de la historio mem.
Do, restas al ni la uzado de metodologio, kiu donu probablecan
certecon, bazitan sur la kono de la spiriteco, fundamentitan
precipe sur la spiritisma sistemigo, kaj disvolviĝinta en aŭtoroj kiel
Fernando Lacerdo, Ŝiko Ŝavjero, Ivono Perejro, Herkulano Piro,
Herminjo Mirando kaj multaj aliaj. Tia metodologio tiel eskapas al
la nespiritisto, kiel la metodologio uzata en la esplorado pri
kvantuma fiziko eskapas al tiuj, kiuj ne studis ĝin.
Por trankviligi nian frustron de bonintencaj mesaĝuloj, ĉar ni
ŝatus malfermi la okulojn al tiuj kiuj ankoraŭ trovalorigas la
materian mondon, ni memoru ke ĉiuj ni bezonis ian ŝoseon al
Damasko, aŭ amikon kiel Kamilon, por konsciiĝi, ke ni estas
senmortaj estuloj.
Kompreneble, multaj plu dubos, sed la spirita blindeco estas
rajto, kiun Dio donas al la kreitoj en iaj evoluniveloj. Kelkaj vidas
spiritojn kaj kuras al la psikiatro plendante pri halucinoj; sed aliaj
neniam vidis spiritojn, tamen neniam dubis pri ilia ekzisto.
Ne temas pri blinda kredo, sed pri disponebleco, pri
koraperteco, sen kulturaj antaŭjuĝoj kaŭzitaj de fiero, cele al
komprenado de io malsama, de alia aspekto de la naturo, de la
kosmo, kio ankoraŭ estas for de la pripensoj de plejparto de la
homaj estuloj. La instrumentoj por bone kompreni la spiritan
mondon estas precipe disponebla koro kaj menso aperta kaj racia.
C.C.B. em Do País Da Luz
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O homem não pode encontrar explicações científicas para
muitos dos fenómenos que o rodeiam, mas seria ainda
menos científico negar a existência do fenómeno quando ele
é evidente, universal e intemporal. É o que se passa com as
manifestações dos espíritos que nos vêm dizer que
continuam a viver, mesmo após a morte do corpo físico. As
manifestações espirituais existem desde sempre. Todas as
civilizações tiveram os seus intermediários entre os espíritos
e os homens. Pode negar-se e negar-se os fenómenos, mas
a sua comprovação científica está provada pela história.
Resta-nos assim a utilização de uma metodologia que
nos
dê
uma
certeza
probabilística,
baseada
no
conhecimento da espiritualidade, fundamentada sobretudo
na codificação espírita, e ampliada em autores como
Fernando de Lacerda, Chico Xavier, Yvonne Pereira,
Herculano Pires, Hermínio Miranda e muitos outros. Tal
metodologia escapa tanto ao não-espírita, quanto a
metodologia usada na investigação da física quântica escapa
a quem não a tenha estudado.
Para acalmar a nossa frustração de mensageiros bem
intencionados, pois gostaríamos de abrir os olhos aos que
ainda sobrevalorizam o mundo material, lembremo-nos que
todos nós precisamos de uma estrada de Damasco, ou de
um amigo como Camilo, para nos tornarmos conscientes de
que somos seres imortais.
Naturalmente, muitos continuarão a duvidar, mas a
cegueira espiritual é um direito que Deus dá às criaturas em
certos estádios de evolução. Há quem veja espíritos e corra
ao psiquiatra dizendo que sofre de alucinações, mas outros
nunca viram um espírito, e no entanto nunca duvidaram da
existência deles.
Não se trata de acreditar cegamente, mas de estar
disponível, de coração aberto, sem preconceitos culturais
motivados pelo orgulho, para compreender algo de
diferente, um outro aspeto da natureza, do cosmo, que
ainda se encontra fora das cogitações da maioria dos seres
humanos. Os instrumentos para se entender o mundo
espiritual são principalmente um coração disponível e uma
mente aberta e racional.
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João José Santos
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*
*
Kamilo! Ho granda Kamilo!
La eminenta portugala romanisto, komprenante nun pli racie la
etikan konstruon de la universo, hastas veni al la Tero savi la
amikon Silvo Pinto, disponebligante sian retorikan geniecon kaj
sian tutan brilan inteligenton por la amservo al la proksimulo, por
la volo de la saĝa spiritaro kaj por la leĝoj de Dio. Tiel, komenciĝis
la alkvalita verko de Fernando Lacerdo, kaj la supera spiritaro
malfermis vojon al aro da intelektuloj, tre malsamaj unu de la
aliaj, por ke ankaŭ ili venu atesti, ke la vivo daŭras post la morto
de la biologa korpo.
La verko El la lando de la lumo ĉiam estos legata kaj aprezata
de sinsekvaj generacioj de portugalaj spiritistoj. Tiuj, kiuj vidas en
la portugala lingvo sian patrujon, kiel Fernando Pesoo, deziros scii
kion diris kelkaj el la konstruintoj de tiu patrujo, post kiam ili
vojaĝis al la lando de la lumo.
C.C.B. em Do País Da Luz
127
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*
*
*
Camilo! Ó grande Camilo!
O eminente romancista português, compreendendo agora
de modo mais racional a construção ética do universo,
apressa-se em vir à Terra salvar o amigo Silva Pinto,
colocando a sua genialidade retórica e toda a sua brilhante
inteligência ao serviço do amor ao próximo, da vontade da
espiritualidade esclarecida e das leis de Deus. Deste modo,
começou a magnífica obra de Fernando de Lacerda, e a
espiritualidade superior abriu caminho a que uma plêiade de
intelectuais, muito diferentes uns dos outros, viessem
testemunhar que a vida continua após a morte do corpo
biológico.
A obra Do país da luz será sempre lida e apreciada por
gerações sucessivas de espíritas portugueses. Aqueles que
veem na língua portuguesa a sua pátria, como Fernando
Pessoa, desejarão saber o que disseram alguns dos
construtores dessa pátria, após terem viajado para o país
da luz.
C.C.B. em Do País Da Luz
129
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El la lando de la lumo - Indeksoj105
Do país da luz - Índices106
Indekso laŭorde de volumo
Índice por volume
Volumo 1
Volume 1
Ĉapitro
Capítulo
Paĝo
Pág.
Dediĉo de la eldonejo
Dedicatória da editora
5
Prezento
Apresentação
6
Malfermo - P.S.F.
Abertura - F.E.P.
9
Biografia noto pri Fernando Lacerdo
Nota biográfica de Fernando de Lacerda
11
Prologo
Prólogo
13
Biografia noto pri D-ro Sozo Koto
Nota biográfica do Dr. Sousa Couto
48
Necesaj vortoj
Palavras necessárias
49
Dediĉo: al mia patrino (de la aŭtoro)
Dedicatória: a minha mãe (do autor)
53
105 En ĉi tiuj indeksoj, oni transliteras esperanten la homnomojn, nur kiam
ili estas ene de teksto, eĉ se etaj, ne izolitaj.
106 Nestes índices, só se transliteram os antropónimos para esperanto,
quando se encontrarem em textos, ainda que pequenos, não quando os
nomes surgem isolados.
130
João José Santos
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Volumo 1
Volume 1
Ĉapitro
Capítulo
Paĝo
Pág.
Dediĉo: al miaj etuletoj (de la aŭtoro)
Dedicatória: aos meus pequeninos (do
autor)
54
El la lando de la lumo - Johano Deŭso (poemo)
O país da luz - João de Deus (poema)
56
1 Eça de Queirós
57
2 Camilo Castelo Branco
64
3 Heliodoro Salgado
71
4 Napoleão
76
5 Camilo Castelo Branco
81
6 Júlio Dinis
87
7 Camilo Castelo Branco
90
8 Camilo Castelo Branco
93
9 Alexandre Herculano
95
10 Camilo Castelo Branco
102
11 Eça de Queirós
109
12 João de Deus
113
13 Eça de Queirós
114
14 João de Deus
122
15 Émile Zola
125
16
Iu maristo
Um marinheiro
127
C.C.B. em Do País Da Luz
131
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Volumo 1
Volume 1
Ĉapitro
Capítulo
17
Diversaj - La almozo
Diversos - A esmola
Paĝo
Pág.
129
18 Camilo Castelo Branco
132
19 César Cantu
135
20 Visconde de Seabra
143
21 António Feliciano de Castilho
147
22 Victor Hugo
151
23 João de Deus
155
24 Eça de Queirós
159
25 Eça de Queirós
166
26 Fontes Pereira de Melo
170
27 Michelet
177
28 João de Deus
182
29 Eça de Queirós
183
30 Padre António Vieira
185
31 Júlio Dinis
189
32 Leão XIII
192
33 Manuel Pinheiro Chagas
194
34 Mousinho de Albuquerque
197
35 Eça de Queirós
203
36 Júlio Dinis
207
C.C.B. em Do País Da Luz
133
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Volumo 2
Volume 2
Ĉapitro
Capítulo
Paĝo
Pág.
Iu veraĵo... iu deziro... iu konsilo!
Uma verdade... um desejo... um conselho!
4
Al... (dediĉo)
A... (dedicatória)
7
Al D-ro Jozefo Alberto Sozo Koto
Ao Dr. José Alberto Sousa Couto
8
Prologo
Prólogo
9
Miaj vortoj
Palavras minhas
19
1 Eça de Queirós
23
2 Eça de Queirós
29
3 Carlos Lobo de Ávila
33
4 João de Deus
38
5 Latino Coelho
40
6 Eduardo Alves de Sá
44
7 Latino Coelho
49
8 Mendes Leal
52
9 Antero de Quental
56
10 Francisco Ferraz de Macedo
11
Iu levido
Um levita
64
67
12 Eça de Queirós
68
13 Camilo Castelo Branco
72
134
João José Santos
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Volumo 2
Volume 2
Ĉapitro
Capítulo
Paĝo
Pág.
14 Camilo Castelo Branco
77
15 Alexandre Herculano
81
Iu nekonato
Um desconhecido
86
16
17 Eça de Queirós
90
18 João de Deus
96
Iu maristo
Um marinheiro
99
20 Eça de Queirós
101
19
21
Iu nekonato
Um desconhecido
22 Alves Mendes
104
107
23
La spirita gvidanto de D-ro Sebastjano Lemo
O guia espiritual do Dr. Sebastião de Lemos
114
24
Alvo Mendo - La karitato
Alves Mendes - A caridade
120
25 Berthelot
125
26 Alves Mendes
133
27 Teresa de Ávila
138
28 Emile Littré
142
29 Allan Kardec
152
30 Frei Bartolomeu dos Mártires
156
31 José Elias Garcia
162
32 Júlio Dinis
168
C.C.B. em Do País Da Luz
135
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Ĉapitro
Capítulo
Volumo 2
Volume 2
Paĝo
Pág.
33 Frei Bartolomeu dos Mártires
174
34 Hintze Ribeiro
177
35 Hintze Ribeiro
184
36 Camilo Castelo Branco
193
C.C.B. em Do País Da Luz
137
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Volumo 3
Volume 3
Ĉapitro
Capítulo
Paĝo
Pág.
Dediĉo de la aŭtoro al la brazilaj kaj al la
portugalaj spiritistoj
Dedicatória do autor aos espíritas brasileiros
e portugueses
7
Dediĉo de la aŭtoro al S-ro Silvo Pinto
Dedicatória do autor ao Ex.mo Sr. Silva
Pinto
8
Letero de S-ro Silvo Pinto
Carta do Ex.mo Sr. Silva Pinto
9
Vortoj miaj
Palavras minhas
11
1 Eça de Queirós
14
2 Eça de Queirós
22
3 Eça de Queirós
34
4 Oliveira Martins
96
5 Júlio Dinis
6
Pastro Antono Viejro - La fido
Padre António Vieira - A fé
7 José Duro
104
110
123
8
Johano Deŭso - La rano kaj la bufo
João de Deus - A rã e o sapo
125
9
Jozefo Duro - Leviĝu la koroj
José Duro - Sursum corda
129
10 Camilo Castelo Branco
132
11 Alexandre Herculano
141
12 Alexandre Herculano
145
138
João José Santos
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Volumo 3
Volume 3
Ĉapitro
Capítulo
Paĝo
Pág.
13 João de Deus
148
14 Leão XIII
157
15
Viktoro Hugo - La homaro
Victor Hugo - A humanidade
163
16
Antero Kentalo - Al la morto
Antero de Quental - À morte
180
Antero Kentalo - Dio
Antero de Quental - Deus
182
C.C.B. em Do País Da Luz
139
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Volumo 4
Volume 4
Paĝo
Pág.
Prefaco de Fernando Lacerdo
(ricevita de la mediumo J.C.)
Prefácio de Fernando de Lacerda
(recebido pelo médium J. C.)
5
Iu ekspliko
Uma explicação
9
Eça de Queirós
11
Almeida Garrett
16
Antero Kentalo - Lumo
Antero de Quental - Luz
23
Eso Kejrozo - Ĉu Bonaj Festoj?
Eça de Queirós - Boas Festas?
24
Alves Mendes
29
Silva Pinto
36
Fialho de Almeida
50
Silva Pinto
57
Fialho de Almeida
67
Fialho de Almeida
73
Eça de Queirós
76
Eça de Queirós
80
Emygidio Júlio Navarro
85
José Basílio da Gama
89
Michelet
92
Carlos Lobo de Ávila
93
140
João José Santos
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Volumo 4
Volume 4
Paĝo
Pág.
Hintze Ribeiro
96
Padre António Vieira
99
Alexandre Herculano
108
Hintze Ribeiro
113
Alexandre Herculano
116
Eça de Queirós
120
Júlio Dinis
125
Victor Hugo
129
Manuel Moreira Feio
139
Fjaljo Almejdo - Hieraŭ kaj hodiaŭ
Fialho de Almeida - Ontem e hoje
141
Antero Kentalo - Rimorso
Antero de Quental - Remorso
150
Antero Kentalo - La vivo
Antero de Quental - A vida
153
Antero Kentalo - Lumo
Antero de Quental - Luz
154
Fialho de Almeida
155
Leão Tolstoi
167
Antero Kentalo - Scienco
Antero de Quental - Ciência
173
Antero Kentalo - Pli transen
Antero de Quental - Plus ultra
174
Eça de Queirós
175
C.C.B. em Do País Da Luz
141
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Volumo 4
Volume 4
Paĝo
Pág.
Silva Pinto
184
Silvo Pinto - De ĉi tie, de la eterneco
Silva Pinto - Daqui da eternidade
194
Johano Deŭso - Dio
João de Deus - Deus
201
Júlio Dinis
205
Eça de Queirós
208
Aleksandro Herkulano - La progreso
Alexandre Herculano - O progresso
212
Juljo Diniso - Nova Jaro!
Júlio Dinis - Ano Novo!
217
Camilo Castelo Branco
224
Artur Azevedo
230
Júlio César Machado
238
Fialho de Almeida
243
Alexandre Herculano
250
Eça de Queirós
256
Eça de Queirós
260
Silva Pinto
264
Teresa de Ávila
267
Dom Pedro de Alcântara
269
Juljo Diniso - La kristnaska nokto en Portugalio
Júlio Dinis - A noite de Natal em Portugal
274
Alexandre Herculano
279
142
João José Santos
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Volumo 4
Volume 4
Paĝo
Pág.
Alexandre Herculano
284
Visconde de Ouro Preto
289
Teresa de Ávila
293
Teresa de Ávila
294
Júlio Dinis
298
Júlio Dinis
299
C.C.B. em Do País Da Luz
143
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Indekso aŭtora
Índice por autor
Antaŭnoto
Oni prezentas ĉi tie laŭaŭtoran indekson de la verko El la lando
de la lumo, laŭorde de la portugallingvaj nomoj. Mankis al tiu
genia verko tia indekso, kiu faciligas al la leganto la konsulton
de la mesaĝoj de la sama spirita aŭtoro.
Nota prévia
Apresenta-se aqui um índice de autores da obra Do país da
luz, por ordem dos nomes em português. Faltava a esta
obra genial este tipo de índice, que facilita ao leitor a
consulta das mensagens do mesmo autor espiritual.
Aŭtoro
Autor
Vol. Paĝo
Vol. pág.
Alexandre Herculano
v.1
95
Alexandre Herculano
v.2
81
Alexandre Herculano
v.3
141
Alexandre Herculano
v.3
145
Alexandre Herculano
v.4
108
Alexandre Herculano
v.4
116
Aleksandro Herkulano - La progreso
Alexandre Herculano - O progresso
v.4
212
Alexandre Herculano
v.4
250
Alexandre Herculano
v.4
279
Alexandre Herculano
v.4
284
Allan Kardec
v.2
152
144
João José Santos
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Aŭtoro
Autor
Vol. Paĝo
Vol. pág.
Almeida Garrett
v.4
16
Alves Mendes
v.2
107
Alvo Mendo - La karitato
Alves Mendes - A caridade
v.2
120
Alves Mendes
v.2
133
Alves Mendes
v.4
29
v.1
11
v.1
48
Antero de Quental
v.2
56
Antero Kentalo - Al la morto
Antero de Quental - À morte
Antero Kentalo - Dio
Antero de Quental - Deus
Antero Kentalo - Lumo107
Antero de Quental - Luz108
Antero Kentalo - Rimorso
Antero de Quental - Remorso
Antero Kentalo - La vivo
Antero de Quental - A vida
Antero Kentalo - Lumo107
Antero de Quental - Luz108
Antero Kentalo - Scienco
Antero de Quental - Ciência
Antero Kentalo - Pli transen
Antero de Quental - Plus ultra
v.3
180
v.3
182
v.4
23
v.4
150
v.4
153
v.4
154
v.4
173
v.4
174
Anonimulo - Biografia noto: Kiu estis Fernando
Lacerdo?
Anónimo - Nota biográfica: Quem era Fernando
de Lacerda?
Anonimulo - Biografia noto: Kiu estis D-ro Sozo
Koto?
Anónimo - Nota biográfica: Quem era o Dr.
Sousa Couto
107 Ne estas la sama poemo, sed du samnomaj sonetoj.
108 Não se trata do mesmo poema, mas de dois sonetos homónimos.
C.C.B. em Do País Da Luz
145
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Aŭtoro
Vol. Paĝo
Autor
Vol. pág.
Antono Felicjano Kastiljo, Juljo Diniso, Eso
Kejrozo, Johano Deŭso, Kamilo Kastelo Branko La almozo
v.1
129
António Feliciano de Castilho, Júlio Dinis, Eça de
Queirós, João de Deus, Camilo Castelo Branco A esmola
António Feliciano de Castilho
v.1
147
Artur Azevedo
v.4
230
Berthelot
v.2
125
Camilo Castelo Branco
v.1
64
Camilo Castelo Branco
v.1
81
Camilo Castelo Branco
v.1
90
Camilo Castelo Branco
v.1
93
Camilo Castelo Branco
v.1
102
Kamilo Kastelo Branko, Antono Felicjano Kastiljo,
Juljo Diniso, Eso Kejrozo, Johano Deŭso La almozo
Camilo Castelo Branco, António Feliciano de
Castilho, Júlio Dinis, Eça de Queirós, João de
Deus - A esmola
v.1
129
Camilo Castelo Branco
v.1
132
Camilo Castelo Branco
v.2
72
Camilo Castelo Branco
v.2
77
Camilo Castelo Branco
v.2
193
Camilo Castelo Branco
v.3
132
Camilo Castelo Branco
v.4
224
146
João José Santos
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Aŭtoro
Autor
Vol. Paĝo
Vol. pág.
Carlos Lobo de Ávila
v.2
33
Carlos Lobo de Ávila
v.4
93
César Cantu
v.1
135
Dom Pedro de Alcântara
v.4
269
Eça de Queirós
v.1
57
Eça de Queirós
v.1
109
Eça de Queirós
v.1
114
Eso Kejrozo, Johano Deŭso, Kamilo Kastelo
Branko, Antono Felicjano Kastiljo, Juljo Diniso La almozo
Eça de Queirós, João de Deus, Camilo Castelo
Branco, António Feliciano de Castilho, Júlio
Dinis - A esmola
v.1
129
Eça de Queirós
v.1
159
Eça de Queirós
v.1
166
Eça de Queirós
v.1
183
Eça de Queirós
v.1
203
Eça de Queirós
v.2
23
Eça de Queirós
v.2
29
Eça de Queirós
v.2
68
Eça de Queirós
v.2
90
Eça de Queirós
v.2
101
Eça de Queirós
v.3
14
C.C.B. em Do País Da Luz
147
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Aŭtoro
Autor
Vol. Paĝo
Vol. pág.
Eça de Queirós
v.3
22
Eça de Queirós
v.3
34
Eça de Queirós
v.4
11
Eso Kejrozo - Ĉu Bonaj Festoj?
Eça de Queirós - Boas Festas?
v.4
24
Eça de Queirós
v.4
76
Eça de Queirós
v.4
80
Eça de Queirós
v.4
120
Eça de Queirós
v.4
175
Eça de Queirós
v.4
208
Eça de Queirós
v.4
256
Eça de Queirós
v.4
260
v.1
5
v.1
6
Eduardo Alves de Sá
v.2
44
Emídio Júlio Navarro
v.4
85
Emile Littré
v.2
142
Émile Zola
v.1
125
Fernando Lacerdo - Necesaj vortoj (prefaco)
Fernando de Lacerda - Palavras necessárias
(prefácio)
v.1
49
Eldonoj Lumo en la Vojo (Brago) Al la spiritaj mesaĝuloj (dediĉo)
Edições Luz no Caminho (Braga) Aos mensageiros espirituais (dedicatória)
Eldonoj Lumo en la Vojo (Brago) - Prezento
Edições Luz no Caminho (Braga) - Apresentação
148
João José Santos
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Aŭtoro
Autor
Fernando Lacerdo - Al mia patrino (dediĉo)
Fernando de Lacerda - A minha mãe
(dedicatória)
Fernando Lacerdo - Al miaj etuletoj (dediĉo)
Fernando de Lacerda - Aos meus pequeninos
(dedicatória)
Fernando Lacerdo - Al... (dediĉo)
Fernando de Lacerda - A... (dedicatória)
Fernando Lacerdo Al D-ro Jozefo Alberto Sozo Koto (danko)
Fernando de Lacerda - Ao Dr. José Alberto
Sousa Couto (agradecimento)
Fernando Lacerdo Miaj vortoj (prefaco)
Fernando de Lacerda Palavras minhas (prefácio)
Fernando Lacerdo - Al la brazilaj kaj al la
portugalaj spiritistoj (dediĉo)
Fernando de Lacerda - Aos espíritas brasileiros
e portugueses (dedicatória)
Fernando Lacerdo Al S-ro Silvo Pinto (dediĉo)
Fernando de Lacerda Ao Ex.mo Sr. Silva Pinto (dedicatória)
Fernando Lacerdo Miaj vortoj (prefaco)
Fernando de Lacerda Palavras minhas (prefácio)
Fernando Lacerdo (mediumo J. C.) Prefaco kaj Dediĉo
Fernando de Lacerda (médium J. C.) Prefácio e Dedicatória
Fernando Lacerdo - Iu ekspliko
Fernando de Lacerda - Uma explicação
Vol. Paĝo
Vol. pág.
v.1
53
v.1
54
v.2
7
v.2
8
v.2
19
v.3
7
v.3
8
v.3
11
v.4
5
v.4
9
Fialho de Almeida
v.4
50
Fialho de Almeida
v.4
67
C.C.B. em Do País Da Luz
149
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Aŭtoro
Autor
Vol. Paĝo
Vol. pág.
Fialho de Almeida
v.4
73
Fjaljo Almejdo - Hieraŭ kaj hodiaŭ
Fialho de Almeida - Ontem e hoje
v.4
141
Fialho de Almeida
v.4
155
Fialho de Almeida
v.4
243
Fontes Pereira de Melo
v.1
170
Francisco Ferraz de Macedo
v.2
64
Frei Bartolomeu dos Mártires
v.2
156
Frei Bartolomeu dos Mártires
v.2
174
Spirita gvidanto de D-ro Sebastjano Lemo
Guia Espiritual do Dr. Sebastião de Lemos
v.2
114
Heliodoro Salgado
v.1
71
Hernano Kastro Lopo Iu veraĵo... iu deziro... iu konsilo!
Hernâni Castro Lopo Uma verdade... um desejo... um conselho!
v.2
4
Hintze Ribeiro
v.2
177
Hintze Ribeiro
v.2
184
Hintze Ribeiro
v.4
96
Hintze Ribeiro
v.4
113
Johano Deŭso - La lando de la lumo (poemo)
João de Deus - O país da luz (poema)
v.1
56
João de Deus
v.1
113
João de Deus
v.1
122
150
João José Santos
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Aŭtoro
Vol. Paĝo
Autor
Vol. pág.
Johano Deŭso, Kamilo Kastelo Branko, Antono
Felicjano Kastiljo, Juljo Diniso, Eso Kejrozo La almozo
v.1
129
João de Deus, Camilo Castelo Branco, António
Feliciano de Castilho, Júlio Dinis, Eça de Queirós
- A esmola
João de Deus
v.1
155
João de Deus
v.1
182
João de Deus
v.2
38
João de Deus
v.2
96
Johano Deŭso - La rano kaj la bufo
João de Deus - A rã e o sapo
v.3
125
João de Deus
v.3
148
Johano Deŭso - Dio
João de Deus - Deus
v.4
201
José Basílio da Gama
v.4
89
José Duro
v.3
123
Jozefo Duro - Leviĝu la koroj
José Duro - Sursum corda
v.3
129
José Elias Garcia
v.2
162
Júlio César Machado
v.4
238
Júlio Dinis
v.1
87
Juljo Diniso, Eso Kejrozo, Johano Deŭso, Kamilo
Kastelo Branko, Antono Felicjano Kastiljo - La
almozo
Júlio Dinis, Eça de Queirós, João de Deus,
Camilo Castelo Branco, António Feliciano de
Castilho - A esmola
v.1
129
Júlio Dinis
v.1
189
C.C.B. em Do País Da Luz
151
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Aŭtoro
Autor
Vol. Paĝo
Vol. pág.
Júlio Dinis
v.1
207
Júlio Dinis
v.2
168
Júlio Dinis
v.3
104
Júlio Dinis
v.4
125
Júlio Dinis
v.4
205
Juljo Diniso - Nova Jaro!
Júlio Dinis - Ano Novo!
Juljo Diniso - La kristnaska nokto en Portugalio
Júlio Dinis - A noite de Natal em Portugal
v.4
217
v.4
274
Júlio Dinis
v.4
298
Júlio Dinis
v.4
299
Latino Coelho
v.2
40
Latino Coelho
v.2
49
Leão Tolstoi
v.4
167
Leão XIII
v.1
192
Leão XIII
v.3
157
Manuel Moreira Feio
v.4
139
Manuel Pinheiro Chagas
v.1
194
Mariino Rakelo Dŭarto Santo (P.S.F.) - Malfermo
Maria Raquel Duarte Santos (F.E.P.) - Abertura
v.1
9
Mendes Leal
v.2
52
Michelet
v.1
177
Michelet
v.4
92
152
João José Santos
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Aŭtoro
Autor
Vol. Paĝo
Vol. pág.
Mousinho de Albuquerque
v.1
197
Napoleão
v.1
76
Oliveira Martins
v.3
96
Padre António Vieira
v.1
185
Pastro Antono Viejro - La fido
Padre António Vieira - A fé
v.3
110
Padre António Vieira
v.4
99
Silvo Pinto - Letero de S-ro Silvo Pinto
Silva Pinto - Carta do Ex.mo Sr. Silva Pinto
v.3
9
Silva Pinto
v.4
36
Silva Pinto
v.4
57
Silva Pinto
v.4
184
Silvo Pinto - De ĉi tie, de la eterneco
Silva Pinto - Daqui da eternidade
v.4
194
Silva Pinto
v.4
264
Sozo Koto - Prologo
Sousa Couto - Prólogo
Sozo Koto - Prologo
Sousa Couto - Prólogo
v.1
13
v.2
9
Teresa de Ávila
v.2
138
Teresa de Ávila
v.4
267
Teresa de Ávila
v.4
293
Teresa de Ávila
v.4
294
Iu nekonato
Um desconhecido
Iu nekonato
Um desconhecido
v.2
86
v.2
104
C.C.B. em Do País Da Luz
153
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Aŭtoro
Autor
Vol. Paĝo
Vol. pág.
Iu levido
Um levita
Iu maristo
Um marinheiro
Iu maristo
Um marinheiro
v.2
67
v.1
127
v.2
99
Victor Hugo
v.1
151
Viktoro Hugo - La homaro
Victor Hugo - A humanidade
v.3
163
Victor Hugo
v.4
129
Visconde de Ouro Preto
v.4
289
Visconde de Seabra
v.1
143
154
João José Santos
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Bibliografio (fundamenta)
KARDEKO, Alano, Spiritisma sistemiĝo. - PT-EO.
LACERDO, Fernando, (diversaj spiritoj), El la lando de la
lumo, vol. 1, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1985, 212
paĝoj. PT.
LACERDO, Fernando, (diversaj spiritoj), El la lando de la
lumo, vol. 2, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1986, 200
paĝoj. PT.
LACERDO, Fernando, (diversaj spiritoj), El la lando de la
lumo, vol. 3, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1987, 184
paĝoj. PT.
LACERDO, Fernando, (diversaj spiritoj), El la lando de la
lumo, vol. 4, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1989, 304
paĝoj. PT.
MIRANDO, Herminio, BACELJO, Karlo,
Fernando Lacerdo, Eldonoj Lumo sur la Vojo, Brago, 1989,
64 paĝoj. PT.
PEREJRO, Ivono, (spirito de Kamilo Kastelo Branko),
Memoroj de suicidinto, BEF, 1980, 568 paĝoj. PT-EO.
VASKONCELO, Manŭelino, Fernando Lacerdo, la portugala
mediumo, Kuneco Spiritismo-Kristana de Lisbono, Lisbono,
1992, 352 paĝoj. PT.
Sp ir it isma j l ibr o j e n e spe ranto :
www.spir it isto j.w eebly.c o m
C.C.B. em Do País Da Luz
155
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Bibliografia (fundamental)
KARDEC, Allan, Codificação espírita. PT-EO
LACERDA, Fernando de, (vários espíritos), Do país da luz,
vol. 1, Edições Luz no Caminho, Braga, 1985, 212 pp. PT.
LACERDA, Fernando de, (vários espíritos), Do país da luz,
vol. 2, Edições Luz no Caminho, Braga, 1986, 200 pp. PT
LACERDA, Fernando de, (vários espíritos),
Do país da luz, vol. 3, Edições Luz no Caminho, Braga,
1987, 184 pp. PT.
LACERDA, Fernando de, (vários espíritos),
Do país da luz, vol. 4, Edições Luz no Caminho, Braga,
1989, 304 pp. PT.
MIRANDA, Hermínio, BACCELLI, Carlos,
Fernando de Lacerda, Edições Luz no Caminho, Braga,
1989, 64 pp. PT.
PEREIRA, Yvonne, (espírito de Camilo Castelo Branco),
Memórias de um suicida, FEB, 1980, 568 pp. PT-EO
VASCONCELOS, Manuela, Fernando de Lacerda, o médium
português, Comunhão Espírita Cristã de Lisboa, Lisboa,
1992, 352 pp. PT.
156
João José Santos
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Eldonaĵoj La Karavelo
REVUOJ
Magazino La Karavelo - Redaktas: João José Santos (PT)
Internacia kultura magazino en esperanto. 24 plene koloraj paĝoj, en
formato A4, en papero kuŝeo. Kunlaboras en ĝi ĉirkaŭ 15 verkistoj el
multaj landoj.
LERNOLIBROJ
Esperanto em 30 horas - Verkis: João José Santos (PT)
Lernolibro de esperanto por portugallingvaj e-komencantoj. 25 lecionoj,
Vortareto Esperanto-Portugala, Vortareto Portugala-Esperanto, Gramatika
Gvidilo, Aneksoj. 300 p., blankenigra.
O esperanto é fixe! - Verkis: João José Santos (PT)
Lernolibro de esperanto por portugallingvaj e-komencantoj. Por junuloj, 48
p., kolora, en papero kuŝeo.
DISKOJ
Zamenhof, um cidadão do mundo - Verkis: Djalma Pessata (BR)
DVD-dokumentario pri la vivo de Zamenhof, en la portugala. Proksimume
60 minutoj.
RAKONTOJ
Rakontoj por ĉiuj aĝoj - Verkis: Luiza Carol (IS)
Libro kun 26 rakontoj en facila esperanto. 146 p.
NOVELOJ
Liberaj tempoj - Verkis: Eduardo Novembro (PT)
Novelo pri unu tago en la vivo de manlaboristo. 124 p.
TEATRAĴOJ
La ĝenerala asembleo - Verkis: João José Santos (PT)
Komeditragedio pri du malsamaj konceptoj pri esperanto-asocioj. 48 p.
Aŭtodafeo - Verkis: João José Santos (PT) - Honora Mencio UEA 2011
Komeditragedio pri la diktatoreco. 48 p.
ESEO
Identeco kaj ĉeesto de Kamilo K. Branko en El la lando de la lumo Verkis kaj tradukis: João José Santos (PT)
Spiritisma eseo. Dulingva esperanta-portugala. 160 p.
C.C.B. em Do País Da Luz
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Edições La Karavelo
REVISTAS
Magazine La Karavelo - Redator: João José Santos (PT)
Magazine cultural internacional escrito em esperanto. 24 páginas A4
completamente a cores em papel couché. Colaboram cerca de 15 escritores
de muitos países.
MANUAIS
Esperanto em 30 horas - Autor: João José Santos (PT)
Manual de aprendizagem de esperanto para lusófonos principiantes. 25
lições, Vocabulário Esperanto-Português, Vocabulário Português-Esperanto,
Guia Gramatical, Anexos. 300 pp, preto e branco.
O esperanto é fixe! - Autor: João José Santos (PT)
Manual de aprendizagem de esperanto para jovens lusófonos, 48 pp,
completamente a cores em papel couché.
DISCOS
Zamenhof, um cidadão do mundo - Autor: Djalma Pessata (BR)
Documentário em DVD acerca da vida de Zamenhof, em português. Cerca
de 60 minutos.
CONTOS
Rakontoj por ĉiuj aĝoj - Autor: Luiza Carol (IS)
Livro com 26 contos num nível de esperanto fácil. 146 pp.
NOVELAS
Liberaj tempoj - Autor: Eduardo Novembro (PT)
Novela sobre um dia na vida de um trabalhador. 124 pp.
PEÇAS DE TEATRO
La ĝenerala asembleo - Autor: João José Santos (PT)
Tragicomédia sobre dois conceitos opostos de associações de esperanto. 48
pp.
Aŭtodafeo - Autor: João José Santos (PT) - Menção Honrosa UEA 2011
Tragicomédia sobre atitudes ditatoriais.
ENSAIO
Identidade e presença de Camilo Castelo Branco em Do país da luz Autor e tradutor: João José Santos (PT)
Ensaio espírita. Bilingue esperanto-português. 160 pp.
158
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La aŭtoro
João José Santos
(esperante: Ĝoano Santo)
naskiĝis en Lisbono,
Portugalio, en la 15-a de majo
1958. Licenciiĝis en klasika
kaj portugala filologioj
(portugala, latina, helena) en
la scienca kaj en la didaktika
branĉoj, en la Beletra Fakultato de Universitato de Lisbono.
Spiritisto ekde 1979. Esperantisto ekde 1985. Instruas
esperanton en Portugalio ekde 1986 kaj prelegas. Instruisto
pri la portugala, latina kaj helena lingvoj kaj literaturoj.
Verkas librojn en esperanto kaj en la portugala. Krom
spiritismo, esperanto, la latina, la helena kaj la portugala,
interesiĝas pri literaturo, lingviko, filozofio, historio,
komputiko, inter aliaj areoj.
O autor
João José Santos
nasceu em Lisboa, Portugal, em 15 de maio de 1958.
Licenciou-se em filologia clássica e portuguesa (português,
latim, grego antigo), no ramo científico e no ramo didático,
na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Espírita
desde 1979. Esperantista desde 1985. Ensina esperanto em
Portugal desde 1986 e faz conferências. Professor de línguas
e literaturas portuguesa, latina e grega. Escreve livros em
esperanto e em português. Além de espiritismo, esperanto,
latim, grego antigo e português, interessa-se por literatura,
linguística, filosofia, história, informática, entre outras
áreas.

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