Palavras proferidas por Mons. Fouad Twal por ocasião da
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Palavras proferidas por Mons. Fouad Twal por ocasião da
Palavras proferidas por Mons. Fouad Twal por ocasião da inauguração do Memorial Lustinger em Abu Gosh a 23 de Outubro de 2013. Vossa Eminência o Cardeal Vingt-Trois, Caro Grande Rabino René-Samuel Sirat, Caros representantes dos Estados de Israel e França, Sua Excelência o Núncio Apostólico em Israel, Mons. Giuseppe Lazzarotto, Sua Excelência o Núncio Apostólico Mons. Antonnio Franco. Caro Padre, Abade de Abu Gosh, Charles Galichet, Caros Monges e Monjas, Caro Presidente Honorário do Crif, Gérad Pasquier, Caros Amigos do Criff, Caros Amigos da Abadia e da Terra Santa, A inauguração, hoje, do monumento em homenagem ao Cardeal Lustinger é um encontro importante para a França e para a Terra Santa, para os judeus e para os cristãos. Agradeço-vos vivamente por me associarem a este acontecimento e de me receberam, aqui, em Terra Francesa. Mas, permiti-me também que, em nome da Igreja Mãe, vos dê as boas-vindas, aqui, na nossa Diocese de Jerusalém, tendo em conta que esta Abadia está no coração do Patriarcado. Eis-nos reunidos neste pequeno anfiteatro com fontes em socalcos. Conhecíamos já, em Jerusalém, o Memorial do Cardeal Decourtray, antigo Arcebispo de Lyon muito implicado nas relações judeo-cristãs. Este novo memorial “Lustinger” é um belo símbolo que nos deve ajudar a lembrarmo-nos com respeito da figura do Cardeal de Paris e a compreender e a apreciar a sua herança. A história pessoal de Aron Jean-Marie Lustinger está intimamente ligada ao seu compromisso total, ao lado do papa João Paulo II e, em seguida, de Bento XVI, a favor da tolerância e do diálogo entre religiões. Com a sua ascendência judaica, com a sua bagagem de excepção, teve um papel pioneiro nas relações entre a Comunidade Judaica e a Igreja Católica. Filho do Vaticano II, o Cardeal Lustinger deu uma grande contribuição, organizando encontros entre o Congresso Judaico Mundial e Bispos Católicos. O Cardeal de Paris estava convencido dos frutos do diálogo entre judeus e católicos, que devia, segundo ele, trazer os “desafios morais da nossa civilização, país por país, cultura por cultura, tendo em conta as suas histórias particulares”. Intelectual e homem de fé reconhecido e ouvido na cena internacional, ele deixa a marca de um homem que não esqueceu os seus compromissos, em todas as frentes, em defesa da liberdade interior e religiosa dos homens, face ao totalitarismo dos Estados nas ideologias e nos conflitos. Trabalhará, sem descanso, para a paz no Médio-Oriente e para um melhor entendimento entre os povos. Gostaria de lembrar a força do seu apelo, no seguimento das ameaças de uma guerra no Iraque em 2003. Ele tinha sublinhado que para se obter a paz “há sempre uma possibilidade, não se deve nunca abandonar o terreno” e que “que é preciso um não frente à guerra mesmo nos piores momentos de loucura”. Este apelo, 10 anos mais tarde, continua sempre actual. Foi largamente repetido pelo Papa e pelos Cardeais do Oriente, hoje, face à crise síria e às “primaveras árabes”. Depois da guerra do Iraque, o Cardeal Lustinger emocionou-se com a trágica situação dos iraquianos e dos cristãos que emigram porque têm medo e sofrem. Ele tinha esta sensibilidade que hoje me faz acreditar que, do alto do seu céu, ele pode interceder pelo diálogo entre religiões e pela paz no Médio Oriente e por esta Terra Santa, esta Terra de Promessa, esta Terra de Salvação. Ele é uma ponte entre a Terra e o Céu, como foi uma ponte entre os universos aos quais, pela sua história pessoal lhe foi dado participar num momento ou outro da sua vida. Judeu por nascimento, cristão pelo baptismo, conheceu o sofrimento, a marginalização e a doença. A sua dupla pertença revindicada, foi, com certeza, para ele um orgulho e uma força, mas foi também por vezes causa de incompreensão e de sofrimento devido à complexidade da condição judaica e aos caminhos da história, ele pôde assim compreender, melhor que ninguém o emaranhado humanamente inextrincável dos conflitos, dos direitos, do bom e do mau e da nossa situação, aqui, entre judeus, cristãos e muçulmanos. É um mediador que graças a este memorial – continua vivo e as suas orações eficazes. Como ele que tinha como divisa “A Deus tudo é possível”, quero acreditar – como o Papa Francisco que “a lembrança das tragédias passadas deve levar cada um a trabalhar, com todas as suas forças, para o futuro que Deus nos prepara, e para o construir com e para os outros”. Este monumento é, ao mesmo tempo, um memorial e uma esperança. A nossa oração, hoje, eleva-se para estas duas asas. Obrigado pela vossa atenção + Fouad Twal, Patriarca
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