Vander Morales
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Vander Morales
News A revista do Grupo LET Recursos Humanos N0 23 | Setembro / Outubro | 2010 | Ano 4 www.grupolet.com PERSONAGEM / CAPA Vander Morales (Presidente da Asserttem e Sindeprestem) explica porquê “vivemos o grande momento da Terceirização e do Trabalho Temporário” – Pág. 10 UMA EDIÇÃO INTERNACIONAL ! • Dave Nerz (CEO da NPA) e os desafios de R&S no planeta – Pág. 12 • Rogério Pirana (Katoen Natie do Brasil) e os "gargalos" de RH – Pág. 3 • Conheça o case de expatriados da Michelin – Pág. 6 institucional Foto: Army Agency / Renan Monteiro Editorial Papo com o leitor Expediente “Trabalho Temporário e Terceirização: agora é a hora!” Grupo LET Recursos Humanos Membro Oficial Caros leitores, C om a diversificação das formas de prestação de serviços e as velozes demandas do mercado por resultados cada vez mais qualitativos, o Trabalho Temporário e a Terceirização são dois segmentos que não apenas ganham importância, mas se firmam como uma tendência inexorável para o futuro. Com o foco incessante em informar mais e melhor aos nossos leitores buscamos em nossa matéria de capa esclarecer questões importantes deste tema com Vander Morales, Presidente da Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário) e do Sindeprestem (Sindicato das Empresas de Trabalho Temporário e Serviços Terceirizáveis). Vander nos dá excelentes indicativos e alertas sobre o que deve ser feito por prestadores e tomadores destes serviços no Brasil. Destaco também a intensa participação de Márcia Costantini, representante da Asserttem no Estado do Rio de Janeiro, em várias ações junto às empresas. Com um olhar sempre universal, conversamos também com o americano Dave Nerz, CEO da NPA (National Personnel Association Recruitment), rede mundial de recrutamento e seleção à qual o Grupo LET está associado. Ele nos revela desafios instigantes pelos quais o nosso segmento passa em todos os continentes. E os chamados “gargalos” de RH? Como dimensioná-los e enfrentá-los? Nossa entrevista da edição com o experimentado gestor de pessoas Rogério Pirana, atualmente em uma multinacional no interior de São Paulo, revela alguns caminhos ideais. E em NEWSLET candidato também tem voz. Leia aqui como eles avaliam nossos processos seletivos. Eles têm voz e vez; tanto que o Grupo LET acaba de inaugurar seu escritório no Centro do Rio de Janeiro, oferecendo a eles e aos clientes uma interessante alternativa para uma prestação de serviços geograficamente mais eficaz. E temos também nesta edição “aula especial” de Tai-Chi-Chuan, reportagem sobre Gestão de Expatriados com a Michelin e a consultora Andréa Fuks, além de conclusões instigantes sobre a edição 2010 do CONARH (Congresso Nacional sobre Gestão com Pessoas). Aqui você jamais perderá por folhear! Boa leitura! Joaquim Lauria Diretor Executivo do Grupo Let Recursos Humanos Escritório LET – Rio de Janeiro (RJ) – Centro - Avenida Rio Branco 120, grupo 607, sala 14, Centro, Rio de Janeiro (RJ) – tel.: (21) 2252-0780 Escritório São Paulo - Rua James Watt 84, 2º andar - Brooklin – Cep: 04576-050 São Paulo (SP) – Brasil Tels.: (11) 5506-4299/5505-2509 5506-0639 Escritório Curitiba - Avenida Winston Churchill 2.370 sala 406, 4º andar Pinheirinho Cep: 81150-0050 - Curitiba (PR) – Brasil - Tel.: (41) 3268-1007 Escritório Juiz de Fora (MG) – Rua Fernando Lobo 102, sala 804, Ed. Europa Central Tower, Centro - Juiz de Fora (MG) - Brasil – Cep: 36016-230, Tel.: (32) 3211-5025 Escritório Belo Horizonte (MG) Rua São Paulo 900, Salas 806 e 807, Centro, Belo Horizonte - Cep: 30170-131 Tel.: (31) 3213-2301 Diretor Executivo: Joaquim Lauria Diretor Adjunto: Kryssiam Lauria Dicas NewsLet - Livros “Construindo Relacionamentos Através de Dinâmicas de Grupo”, de Edson Andrade – Qualitymark Editora da Costa – Qualitymark Editora Qualitymark Editora Precisamos visualizar uma dinâmica de grupo como uma ferramenta que transforma os benefícios absorvidos por cada pessoa que participa de um grupo. Por meio de uma série de sugestões, com poesias, filmes, músicas, citações e textos, o autor propõe que a dinâmica em grupo é um meio mais do que aproveitável para a criação de laços relacionais que tornem nossas vidas melhores e muito mais produtivas. Afinal, em cada encontro que vivemos, levamos um pouco de cada pessoa e deixamos um pouco de nós. Em muitas empresas o índice de acidentes de trabalho dobra se não houver um grande trabalho educacional que envolva força de vontade e mudança cultural. Com ampla vivência na área de pesquisas em Segurança e Saúde no Trabalho, os autores defendem uma urgente sensibilização das lideranças com uma linguagem clara, ressaltando os aspectos técnicos relevantes e situações de risco encontradas no dia-a-dia de trabalho. Afinal, como dizia Peter Drucker: “a segurança e a saúde no trabalho convivem com a cultura intelectual (palavras e ideias) e a do gerente (pessoas e trabalho). Se você tem um excelente peixe, mas não sabe como vendê-lo, ninguém saberá o quanto ele é excelente e de nada valerá tal excelência. Diante de um mundo de incertezas e onde o risco é sempre a bola da vez, aqueles que conhecem e sabem se usar de um bom Marketing se estabelecem e progridem no mercado. Além de importantes dicas para lidar com esta tendência, o autor dá o imprescindível bê-a-bá de termos como “Mercado”, “Vendas”, “Produto”, “Consumidor”, “Preço”, “Negociação”, entre outros. entre “Pereira da Costa” e “Qualitymark Editora. 2 | Setembro / Outubro | 2010 Matriz Centro Empresarial Barra Shopping Av. das Américas 4.200, Bloco 09, salas 302-A, 309-A – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 3416-9190 - CEP – 22640-102 Site: http://www.grupolet.com “Segurança e Saúde no “Marketing para Trabalho – Cidadania, Empreendedores Competitividade e Pro- – Um Guia para dutividade”, de Marco Montar e Manter um Antonio F. da Costa e Negócio”, de Nelson Maria de Fátima Barrozo Pereira da Costa – Revista News Publicação bimestral Setembro / Outubro 2010 Ano 4 – Nº 23 Tiragem 1.500 exemplares Jornalista responsável (redação e edição): Alexandre Peconick (Comunicação Grupo LET) Mtb 17.889 / e-mail para [email protected] Diagramação e Arte: Murilo Lins ([email protected]) Foto da Capa: Bruno Leite Oportunidades: Cadastre seu currículo diretamente em nossas vagas clicando www.grupolet. com/vagas/candidato e boa sorte! Impressão: Walprint Gráfica e Editora Ltda. Endereço: Rua Frei Jaboatão 295, Bonsucesso – Rio de Janeiro – RJ E-mail: [email protected] Tel: (21) 2209-1717 entrevista ENTREVISTA especial Rogério Pirana Gerente Corporativo de RH da Katoen Natie do Brasil “Os Gargalos de RH” NEWSLET – Em 33 anos quais foram os maiores desafios vencidos por você no trabalho com pessoas? Rogério Pirana – Os maiores obstáculos de minha carreira estão ligados à constante necessidade de aprender, desaprender e se adaptar às mudanças. As relações com os empregados, sindicatos, acionistas e o poder público Foto: Divulgação Katoen Natie do Brasil E m 33 anos de carreira, Rogério Fernandes Pirana já viu e viveu um pouco de tudo em uma área que mais do que trocar de nome, trocou de foco muitas vezes. Natural de Campinas (SP), casado, com dois filhos, graduado em Administração de Empresas e pós-graduado em Economia pela PUCCampinas (SP) ele iniciou sua trajetória na Rhodia, em 1977, como Assistente de Administração de Pessoal. Aprendeu muito ao atuar em segmentos, como telecomunicações, automobilístico, químico, petróleo, logística e serviços; em empresas como: Nortel Networks, Toyota, Shell e Tim Celular. Sempre lendo muito – inclusive sobre temas com os quais não concorda – Rogério sugere uma reflexão sobre o que chama de “Geração I”, de “Infeliz”. “Há muita gente infeliz no mercado, por não estar sentindo satisfação em suas funções e sucumbir às pressões”, dispara ele, que desde junho de 2009 é o Gerente Corporativo de Recussos Humanos da Katoen Natie do Brasil, empresa multinacional belga com matriz em Antuérpia e operações em diversos estados do Brasil. De seu escritório, em Paulínia (SP), a 120 km da capital paulista, nos concedeu esta entrevista. no Brasil mudaram muito nas últimas décadas, porém as poucas mudanças na antiga legislação trabalhista tenderam ao retrocesso. Por outro lado, ocorreu nítida evolução do clima organizacional das empresas, fruto do trabalho árduo do RH em lidar com o paradoxo de uma estrutura trabalhista arcaica e estática, e a necessidade de mudança e melhoria contínua. NEWSLET – Que situações colocam os profissionais de RH sem ter o que fazer para poder exercer o seu trabalho? Rogério Pirana – RH fica de mãos atadas nas situações em que deixa de exercer o seu papel decisivo no processo de Gestão de Pessoas, em que se vê obrigado a focar em ações de curto prazo, deixando de acompanhar e se antecipar ao frenético dinamismo do mercado. É necessário pensar um passo à frente. As soluções de hoje se- rão os problemas de amanhã, como as soluções de ontem são os problemas de hoje. Considerando o vigoroso crescimento da economia brasileira para os próximos anos, os maiores gargalos de RH estarão concentrados na atração, desenvolvimento e retenção da mão-deobra. Isto irá ocorrer em todos os níveis de cargos da empresa, principalmente da metade da pirâmide organizacional para baixo onde está concentrada a maioria dos profissionais, com reflexos de forte pressão de alta nos custos de folha de pagamento, dos processos seletivos e de treinamento. NEWSLET – Por que há tamanha carência dessa “mão-de-obra operacional”? Rogério Pirana – O “apagão” é resultado da pouca atuação preventiva das empresas na preparação de contingentes adicionais de profissionais e de ações eficazes de parcerias com entidades, Setembro / Outubro | 2010 | 3 Entrevista instituições de ensino e poder público. O maior desafio já é a retenção de talentos nas empresas, porque as estratégias, políticas e instrumentos de RH desenvolvidas no passado não atendem mais o perfil dos novos e exigentes profissionais que estão entrando no mercado. É preciso o RH entender que a relação das pessoas com o emprego mudou muito! Vivemos um momento de “Você S.A.”, no qual as empresas buscam profissionais que tragam soluções e os profissionais buscam empresas que casem com os seus valores. des e sugestões, propondo parcerias. Mas isto demanda tempo e energia do RH que precisa parar de perder tempo demais no operacional e equilibrar melhor o seu foco entre o operacional, o estratégico e as ações práticas. NEWSLET – O quê está equivocado em muitos processos seletivos que comprovam não oferecer eficácia com relação à aderência de candidatos à cultura de uma empresa? tempo demais no Rogério Pirana – Normalmente a definição do perfil de uma vaga se concentra no conteúdo da tarefa que o funcionário irá realizar (o quê), esquecendo que as pessoas são demitidas ou não alcançam sucesso normalmente pela forma que elas realizam as tarefas (o como). A clareza da adequada atitude esperada do candidato é fator chave de sucesso de um processo seletivo e evita definição de perfis irreais desalinhados à necessidade e cultura da empresa. NEWSLET – Por outro lado, nas relações externas de RH, o que está faltando para harmonizar objetivos e visões entre a academia, o mercado e o poder público? Rogério Pirana – O momento é muito favorável para que isto aconteça. Percebo uma mudança positiva da postura do poder público e do meio acadêmico no sentido de aproximação com o mercado de trabalho. Falta às empresas fazerem a sua parte, compartilhando suas visões, endereçando necessida4 | Setembro / Outubro | 2010 NEWSLET – E quando o assunto é integração interna, que ajustes a área de RH deve aplicar em uma multinacional com colaboradores de diversas culturas? “RH perde operacional ao invés de equilibrar seu foco entre o operacional, o estratégico e as ações” Rogério Pirana - É necessário desenvolver uma cultura que reconheça de fato a diversidade como a maior riqueza. O caminho é habilitar os líderes a gerenciar os conflitos do dia-a-dia que a diversidade pode trazer. As empresas condicionaram seus líderes a serem extremamente pragmáticos e intolerantes, faltando uma visão humanista da relação de trabalho. É preciso incentivar e recompensar os líderes que desenvolvem um ambiente de resgate da alegria no ambiente de trabalho, hoje tão rara nas grandes organizações. De forma preocupante, hoje impera a “Geração I”, “de Infeliz”. NEWSLET – Uma gestão mais participativa e uma postura do RH como consultor não facilitaria soluções eficazes desses gargalos? Rogério Pirana – Não acredito que seja suficientemente eficaz apenas a mudança de postura do RH para mais consultor e menos executor. Equivaleria a uma evolução do papel de figurante para coadjuvante em um filme. O momento exige que o RH assuma papel de protagonista na remoção de obstáculos ao crescimento sustentável dos negócios da empresa, sendo visto por toda a organização como uma área que atua sempre na linha de frente, agregando valor em todas as suas intervenções e saindo da posição cômoda de sombra das lideranças que muitos RHs acabaram estacionando. NEWSLET – Dentro das perspectivas que estão se colocando para o Brasil em relação ao mundo, como você enxerga a evolução do RH? Rogério Pirana – Acredito que a maior competência de um profissional de RH seja a sua capacidade de resiliência frente às diversidades. Isso significa ser otimista e enxergar em cada problema uma oportunidade de evolução. Como a história segue sempre um movimento pendular, vislumbro um futuro promissor para a melhoria das relações de trabalho, cujo foco será a obtenção de resultados com qualidade de vida, da pressão psicológica para desafio e superação. Uma mudança dos funcionários atualmente com olhos marejados de lágrimas para olhos que brilham de entusiasmo. As empresas que conseguirem de fato fazer isto não terão problemas para atrair e reter talentos. Ilustração: Raquel Winter serviços let “Olha a VUVUZELA aí!” Fala candidato! Como foi o processo seletivo pelo qual você passou com o Grupo LET Recursos Humanos? “O ambiente no Grupo LET é muito organizado. Fui bem recebida e a entrevista correspondeu totalmente à minha expectativa. As informações foram extremamente claras e a sinceridade da entrevistadora me ajudou a ficar à vontade para mostrar o que de melhor eu sei e sou.” Aline Firmo, candidata ao cargo de Analista Financeiro. Entrevistada pelo Grupo LET no Rio de Janeiro. “O atendimento foi rápido, tranquilo e muito objetivo. Como tudo me foi esclarecido de forma simples, sem rodeios, pude ficar mais concentrado nas respostas e no que eu deveria fazer. Melhor do que isso, só o retorno da minha aprovação, se for o caso.” Leandro Sinatora, candidato ao cargo de Assistente Administrativo. Entrevistado pelo Grupo LET em São Paulo (SP). “A entrevista me deixou tranquila, o que é difícil de acontecer. Não esperei muito para ser atendida. E a Analista não se colocou com aquela postura tão formal. Foi mais uma conversa do que entrevista, o que me deixou à vontade para que eu me expressasse melhor.” Elaine do Nascimento, candidata ao cargo de Analista Financeiro. Entrevistada pelo Grupo LET no Rio de Janeiro. Fotos: Alexandre Peconick e Divulgação Grupo Let “Não esperava ser chamada tão cedo. Havia acabado de me cadastrar pela Internet. Além do excelente atendimento, adorei ouvir que teria uma rápida resposta mesmo não aprovada. Ligaram no dia seguinte e há mais de um mês estou trabalhando.” Leticia Carine Peixoto, candidata a uma vaga de Atendente Comercial. Entrevistada pelo ‘Grupo LET em Juiz de Fora (MG). “O processo seletivo pelo qual passei foi muito demorado e cansativo, mas fui muito bem informada em seu passo a passo pela profissional do Grupo LET. Gostei bastante do formato da entrevista que abriu espaço para que eu pudesse mostrar o meu melhor.” Bernadete Rodrigues, candidata a uma vaga de Orientadora Regional do Projeto Olá Turista. Entrevistada pelo Grupo LET em Belo Horizonte (MG). “O processo seletivo, independente se for aprovado ou não, me encantou. Senti um respeito, um atendimento personalizado. Em outros lugares já cheguei a deixar uma entrevista no meio pela falta de consideração. Quando existe respeito, nós até aprendemos um pouco com a entrevista.” Charles Pereira, candidato ao cargo de Diagramador. Entrevistado pelo Grupo LET no Rio de Janeiro. “Gostei muito de todo o processo seletivo desde o primeiro telefonema. Na entrevista, destaco a extrema atenção que todos tiveram comigo no Grupo LET, não apenas quem me entrevistou. Isso foi vital para que eu não ficasse nervosa.” Rubia Gonçalves, candidata a uma vaga confidencial. Entrevistada pelo Grupo LET em São Paulo (SP). “É interessante perceber a precisão com a qual o Grupo LET me direcionou para uma vaga no meu perfil. Fiz dois processos seletivos lá e no primeiro não fui aprovado por florear demais. Aprendi. Seis meses depois me chamaram novamente, me senti mais confiante e fui aprovado.” José Helio Condé, candidato a uma vaga de Consultor de Vendas. Entrevistado pelo Grupo LET em Juiz de Fora (MG). Setembro / Outubro | 2010 | 5 Fotos: Alexandre Peconick por dentro do rh Valor ao negócio O francês Benoit de la Bretèche (à esquerda) e o brasileiro Antônio Mello (à direita) usam diariamente todo o aprendizado que adquiriram fruto da convivência em países de idioma, cultura e hábitos distintos Expatriados: Q O Diferencial Competitivo uando uma organização decide internacionalizar o seu negócio, precisa trocar uma diversidade de conhecimentos. Situação ideal: ações desenvolvidas em um escritório da empresa são disseminadas a outros países e culturas. Resultado: a empresa ganha em competitividade. Alertas, RHs de médias e grandes empresas sabem que incluir em seu escopo de trabalho a Gestão de Expatriados é um caminho que só tende a ganhar novos contornos. Na prática, a “esticada de fronteiras” - vinda de estrangeiros ou ida de brasileiros ao exterior – tem trazido muito aprendizado, sucesso às cifras e ao ambiente organizacional. Mas é preciso cuidar de cada etapa. A Global Line, empresa com 15 anos de experiência em Diversidade Cultural já treinou mais de três mil profissionais 6 | Setembro / Outubro | 2010 expatriados, envolvendo mais de 40 nacionalidades. Mostramos também o exemplo da Michelin, multinacional francesa de pneus, que mantém hoje cerca de 50 expatriados no Brasil e outros 30 brasileiros no exterior em países como França, China, Tailândia, EUA e Japão, boa parte ocupando cargos de nível técnico e gerencial. Para a Michelin, que tem funcionários em 170 países, a expatriação faz parte do plano de carreira com foco claro no desenvolvimento de suas pessoas. Funcionários saem de sua origem, passam um tempo vivenciando experiências em outro país e ao retornar somam o que aprenderam aos seus pares e ao dia a dia de trabalho. “Expatriar é uma estratégia do negócio para abrir a mente das pessoas”, confirma Benoit de la Bretèche, Diretor de Recursos Humanos para a América do Sul da Michelin. Aos 55 anos, este francês atua há 30 na Michelin, tendo sido 25 fora da França. Já morou no Brasil entre 1990 e 1994, mais oito anos na Polônia, quatro na Inglaterra, quatro na Espanha e alguns meses na Nigéria. Voltou ao Brasil em junho de 2009 já para assumir o cargo atual. O caso do brasileiro Antônio Mello, 42 anos, casado e com duas filhas (uma delas nascida na França), comprova o quanto a expatriação pode representar uma guinada na carreira de um profissional que já imaginava ter chegado ao topo. Há 20 anos na empresa, o atual Diretor de Desenvolvimento para Distribuição da Michellin América do Sul ingressou como estagiário. Graduouse em Direito e por 16 anos passou por todos os cargos até atingir a Diretoria Jurídica aos 32, onde ficou por mais seis. Em 2006, em conversa com por dentro do rh gestores da Michelin, surgiu a ideia de expatriá-lo à França e transferi-lo para a área Comercial. Ele mudou-se com a esposa e a filha de três anos para a cidade de Clermont-Ferrand. “A transição e a adaptação à França foram muito fáceis; pois além do comitê de acolhimento e do suporte que a Michelin deu à minha família, havia uma comunidade de brasileiros da empresa que já moravam lá”, conta Antônio, que em terras francesas desenvolveu importantes competências das quais ainda não dispunha. Mais do que conforto, o aprendizado cultural para a família foi outro fator decisivo para que Antônio pudesse dar o melhor de si durante os quatro anos. A empresa pagou o colégio de sua filha, o que proporcionou à sua esposa conhecer e trocar experiências com as mulheres francesas e à filha o aprendizado do idioma local com fluência. “Reconheço que ela tem uma visão de mundo comum a pouquíssimas crianças em sua na idade (hoje, sete anos)”, afirma o Diretor da Michelin. Sobre o ganho pessoal da expatriação, Antônio não economiza benefícios: “Recebi uma aula de humildade ao mudar de segmento e de país; pois aprendi a lidar com áreas de desconforto e a desenvolver uma adaptabilidade mais flexível; isso não tem preço porque me permite enfrentar com naturalidade as situações imprevisíveis e entender que, por mais experiência que tenhamos, nunca saberemos tudo”. Mesmo tendo retornado ao Brasil há alguns meses, Antônio está aberto a novas experiências no exterior que não rompam seu vínculo verde-e-amarelo. Mas ele admite que, mesmo com uma boa receptividade lá fora, a saudade aperta no primeiro ano como expatriado. A segurança para ele e outros funcionários da multinacional francesa é que toda decisão sobre expatriação é tomada de forma compartilhada. “Regularmente perguntamos às pessoas se elas têm disponibilidade e interes- se profissional em mudar de país. Todos os detalhes, desde os aspectos legais, até os logísticos e psicológicos, são colocados de forma aberta”, revela Benoit de la Brechète. Em expatriações que duram em média de três a cinco anos, os funcionários multiplicam conhecimentos e ampliam consideravelmente sua rede de contatos, fatores fundamentais hoje para o alcance da alta performance. No caso do Diretor de RH da Michelin América do Sul a adaptação foi fácil, pois ele já havia passado pela “experiência brasileira”. “Só tive “Aprendi a lidar com áreas de desconforto e a desenvolver uma adaptabilidade mais flexível; isso não tem preço porque me permite enfrentar com naturalidade as situações imprevisíveis” Antônio Mello, Diretor da Michelin América do Sul um grande desafio em 1990, quando vim para cá pela primeira vez porque à época havia uma inflação de 1% ao dia e eu não sabia o que era isso na França”, lembra Benoit, que considera a simpatia brasileira um fator de aproximação com os franceses. Similaridades à parte, a adaptação é o calcanhar de aquiles de muitas expatriações. Andréa Fuks, sócia-fundadora da Global Line, tem ampla expertise em dar suporte no aspecto cultural e psicológico das expatriações aos RHs, que por motivos estratégicos muitas vezes só ficam com os enfoques técnicos. Por meio de treinamentos, ela informa que é preciso ganhar a confiança do expatriado. Dessa forma, ele se sente estimulado e absorve a nova metologia, que inclui a adoção de novas atitudes e o desenvolvimento de habilidades voltadas para o convívio com a diversidade e as novas formas de escuta. “Sugiro aos RHs agendar ações receptivas com o expatriado, como um café da manhã dele com os líderes; pessoas, em qualquer cultura, gostam de se sentir apoiadas e isso tem que ser de imediato”, entende Andréa, cujo trabalho tem acelerado em muito o processo de adaptação dos expatriados ao novo país. Mesmo um metódico trabalho não evita alguns problemas citados por estrangeiros que vêm morar a trabalho no Brasil como a segurança (que atinge em especial a família) e o alto grau de burocracia. “O principal desafio dependerá da origem do expatriado; alemães, suíços e suecos, por exemplo, bastante específicos na forma de comunicar, ficam confusos com a falta de clareza dos brasileiros”, informa a consultora da Global Line. Outro obstáculo é o da dificuldade de entender as gírias. “Uma boa saída para lidar com isso é aprimorarmos o senso de humor”, indica Andréa, que em 2009 realizou um extenso trabalho com profissionais de diversos países da América Latina. “Foi interessante ver como o bom humor facilitou o entendimento entre eles, pois a modalidade do espanhol que falam é distinta”, analisa. Andréa revela ainda um dado instigante das expatriações: muitos estrangeiros são enviados ao Brasil para aprender como ser “flexível e criativo”, o que, segundo eles, é um diferencial nosso. “Em um estudo caseiro com RHs de empresas estrangeiras constatei que no conselho dessas empresas havia pelo menos um ou dois alto executivos que havia passado pela experiência de morar no Brasil”, diz. Nas palavras de quem passou pela expatriação, de fato nada, muito menos a Internet, substitui o valor do aprendizado de uma convivência olho no olho. Setembro / Outubro | 2010 | 7 PARCEIROS LET / ABRH - Nacional 8 | Setembro / Outubro | 2010 Foto: Divulgação ABRH-Nacional R epresentatividade muito além de seu tempo e foco na “fórmula” RH + Educação = Resultados Positivos. Estas marcas diferenciais da gestão Leyla Nascimento à frente da Presidência da ABRH-Nacional ficaram nítidas para os participantes do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH 2010), realizado pela ABRH-Nacional no último mês de agosto. Entre inúmeras inovações, o CONARH 2010 mostrou a importância dos novos parceiros “além fronteiras” para desenvolver estudos e eventos: a APG (Associação Portuguesa dos Gestores e Técnicos de Recursos Humanos – www. apg.pt) de Portugal – que propiciou a criação da Federação das Associações de Língua Portuguesa - e a SHRM (Society for Human Resource Management – www.shrm.org) dos Estados Unidos. “Tivemos um CONARH com uma proposta diferenciada fruto do intenso trabalho do Comitê de Criação e de novos diretores, como Nelson Savioli e Marcos Felipe Magalhães”, enfatiza Leyla Nascimento. Entre as conferências de maior repercussão, destaque para a de Peter Felix, Presidente da AESC (Association of Executive Search). De acordo com o executivo, “O Brasil já é um dos mercados-chave e vai se tornar em breve uma das maiores economias do mundo; mas é preciso lidar com o desenvolvimento de líderes”, alertou. No caminho desta imensa responsabilidade para o RH, uma das ferramentas de apoio foi lançada durante o CONARH: a ABRH TV, projeto liderado por Marcos Felipe Magalhães, Diretor de Marketing da ABRH-Nacional em parceria com a empresa Affero. A ABRH TV (http:// www2.abrh.tv.br/), que veio para ficar, permitiu à muita gente acompanhar as atividades do CONARH em tempo real. E não foram apenas conferências. Durante o evento, a ABRH TV realizou entrevistas especiais (acesse o endereço e clique em Arquivo), como a de Luiz Edmundo Rosa, Diretor de Educação da Peter felix durante o CONARH 2010 Ecos do CONARH 2010 ABRH-Nacional e também do Comitê de Criação do CONARH 2010. Para Luiz Edmundo, a pequena evolução na infraestrutura educacional foi muito insuficiente para atender o tamanho da evolução da nossa economia. Dois hiatos dos mais graves nesta relação academia/mercado, segundo o Diretor, estão, primeiro na falta de disciplinas comportamentais na maioria dos cursos universitários (Engenharia, por exemplo) e, segundo, nas deficiências do ensino fundamental. Por isso, ele afirma que a Educação deve ser o tema central para que as organizações alcancem o sucesso. Não importa qual o negócio. Uma forma eficaz de estimular o futuro do negócio seria, segundo sugere Luiz Edmundo, o de a empresa adotar uma escola, o que significa influenciar a melhoria do ensino desse ambiente. “As empresas são centros muito avançados de conhecimento, com acesso às informações mais privilegiadas, então se você é um empresário faça a sua parte; pouco importa o tamanho do pote”, afirmou ele durante a entrevista à ABRH TV. Importa mesmo para o mercado é que os frutos deste CONARH já estão disseminados pelas 23 seccionais da ABRH-Nacional. Foto: Marden Matos ACONTECE / PREMIAÇÃO PETROBRAS - UN REDUC Da esquerda para a direita, Edna França e Vanessa de Paula no palco da premiação Valor reconhecido P lanejamento + qualidade + práticas eficazes = acidente zero e reconhecimento. No último dia 27 de agosto esta fórmula consagrou a área de Segurança no Trabalho do Grupo LET Recursos Humanos, que conquistou o Prêmio REDUC de SMS para Empresas Contratadas 2010 na categoria B - atendimento a funcionários que cumpriram de 25 mil a 250 mil horas anuais de exposição ao risco em área administrativa. Reconhecidas por se superarem nos rigorosos padrões de Segurança Industrial, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional em relação aos seus 25 funcionários prestadores de serviço do setor administrativo da Refinaria Duque de Caxias (Petrobras), Vanessa de Paula, Técnica de Segurança no Trabalho e Edna França, Auxiliar Administrativa, receberam o troféu da 1ª colocação das mãos de João Ricardo Barusso Lafraia, Gerente Geral da REDUC. Também estavam presentes à cerimônia realizada no auditório da Gerência Geral da REDUC, Sérgio Neviére Coimbra, Gerente de Suporte Operacional da UN/REDUC, Cândido Luiz de Queiroz, Gerente de SMS da UN/REDUC e mais 150 profissionais das demais empresas finalistas. Ainda na Categoria B, a empresa Steel ficou a 2ª colocação e a Três Amigos com a 3ª. “Ganhar este prêmio é um diferencial para o Grupo LET; significa que estamos bem acima dos rigorosos padrões solicitados e a Petrobras, sem dúvida, tem um alto nível de exigência em SMS”, comemora Vanessa de Paula, profissional que se dedica incansavelmente ao aprimoramento da qualidade dos treinamentos, sobretudo para a prevenção de acidentes de trabalho em uma área considerada de risco 4, valor máximo para os padrões de segurança. “Estar disponível e atender às necessidades do cliente foi fundamental para esta conquista; mas sabemos que temos que superar expectativas e estamos motivadas para isso”, ressalta Vanessa, que tem em Edna França seu “braço-direito” para este trabalho. Das 200 empresas prestadoras das mais diversas modalidades de serviços, apenas cerca de 50, segundo informação de Sérgio Neviére Coimbra, cumpriram os pré-requisitos para se qualificarem como concorrentes ao Prêmio REDUC de SMS para Empresas Contratadas, que é concedido anualmente desde 2002. Entre os principais pré-requisitos para se concorrer ao prêmio, a em- presa não pode ter processos judiciais trabalhistas ligados à Petrobras, além de ser imprescindível entregar um documento que evidencie estar cumprindo todos os requisitos de segurança, meio ambiente e saúde. “É bem complexo cumprir todos os itens do documento, entregue todos os meses, não podemos ter nota abaixo de 80%”, revela a Técnica de Segurança no Trabalho do Grupo LET, que em 2009 atingiu entre 90% e 100% de nota. Em quatro anos de contrato com a UN/REDUC o Grupo LET tem um índice baixíssimo de acidentes de trabalho. “Na verdade, em dois anos desde que atuo com eles não houve sequer um acidente”, assegura Vanessa de Paula que, com muito orgulho, entregou o troféu e o diploma a Joaquim Lauria e Kryssiam Lauria, Diretores Executivo e Adjunto, respectivamente do Grupo LET. De acordo com a Gerência Geral da UN/REDUC Petrobras este prêmio é um incentivo às empresas prestadoras de serviço para que continuem se aprimorando no cuidado à integridade física do trabalhador e ao patrimônio da Petrobras. Fotos: Alexandre Peconick Vanessa entrega o troféu aos diretores do Grupo LET Recursos Humanos Setembro / Outubro | 2010 | 9 PERSONAGEM / CAPA Foto: Bruno Leite Vander Morales – Presidente da Asserttem e do Sindeprestem “Precisamos de choque de investimentos e estratégia” O prazer do associativismo como “bandeira” está em cada ação deste empresário paulistano atuante no setor de serviços há quase três décadas. No ano em que a Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário) completa 40 anos, abrimos espaço para Vander Morales, seu Presidente, nos informar sobre como se encontram os segmentos de Terceirização e Trabalho Temporário no Brasil. Morales também preside o Sindeprestem (Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo), é membro da Câmara Brasileira de Serviços Terceirizáveis (CBST), da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e representante do Brasil na Confederação Latino Americana das Empresas de Trabalho Temporário e Terceirização (CLETT&A). Seu conhecimento sobre os dois setores 10 | Setembro / Outubro | 2010 tem sido muito requisitado em grandes eventos nacionais e internacionais de Gestão com Pessoas. NEWSLET – E sobre o Projeto de Lei 4.302/98 que regulamenta a Terceirização? NEWSLET – Há alguma novidade sobre a legislação do Trabalho Temporário? Vander Morales – O Brasil ainda não possui uma legislação adequada para a atividade, regulada, hoje, pelo Enunciado 331 do Tribunal Superior do Trabalho, considerado ultrapassado. O Projeto de Lei 4.302/98 deve ser votado em breve na Câmara dos Deputados e, se aprovado, dará à atividade a regulamentação jurídica necessária para que as empresas sérias e idôneas de Terceirização possam atuar. A nova legislação servirá de barreira para a ação de empresas inidôneas, impedindo que o direito dos trabalhadores seja burlado. Em várias ocasiões, estivemos reunidos em Brasília com parlamentares, em especial com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, argumentando sobre a urgência de uma regulamentação para o setor, um dos que mais cresce no Brasil, expandindo e criando vagas de trabalho formal. Vander Morales – O Trabalho Temporário é regulamentado pela Lei 6.019/74 e, em março deste ano, o Ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Carlos Lupi, assinou a portaria nº 550 que simplifica a prorrogação dos contratos. O processo, antes burocrático, passou a ser via internet pelo Sistema de Registro de Empresas de Trabalho Temporário (SIRETT), disponível no site do Ministério do Trabalho e Emprego. Uma aprovação, que demorava em média 45 dias, pode ser feita em até 72 horas. Por meio do sistema online, o MTE emite a liberação para que o contrato temporário continue por mais três meses e a empresa pode imprimir a autorização no local onde estiver. PERSONAGEM / CAPA NEWSLET - O que de mais efetivo as empresas e gestores podem fazer junto ao poder público para acelerar estas necessidades do mercado de trabalho? “Governos e mercado estão mais conscientes quanto à importância do emprego temporário”, Vander Morales – Estamos muito próximos de um consenso entre poder público, associações e empresas, que permita compatibilizar aspectos que ainda causam alguma polêmica, caso da diferenciação entre atividade meio e atividade fim da Terceirização e Trabalho Temporário. Outra questão superada é a da preservação dos direitos trabalhistas. Hoje, os trabalhadores terceirizados contam com tudo o que é previsto na Constituição e na CLT, tudo é tratado e acordado nas convenções coletivas entre os sindicatos laborais e patronais. O projeto de Lei 4.302/98 objetiva consolidar em lei o que as empresas sérias e idôneas do setor já praticam: garantir aos trabalhadores todos os seus direitos constitucionais. Vander Morales NEWSLET – O que foi feito pela Asserttem e pelo Sindeprestem durante a crise econômica pata promover uma transformação cultural nos setores resistentes a mudanças? Vander Morales – Durante e após a crise, incentivamos a modalidade de contratação de trabalhadores temporários: ferramenta fundamental para muitas empresas, que precisavam de agilidade para recuperar seus níveis de produção. Governos e mercado estão mais conscientes quanto à importância do emprego temporário, fruto do trabalho da Asserttem e do Sindeprestem, que comprovam ano a ano, por meio de suas pesquisas, a relevância destes setores para o desenvolvimento do país. Juntas, as duas entidades participam de fóruns de discussão, promovem debates e conquistam espaço e credibilidade junto à imprensa. NEWSLET – “Parceria” parece ser a grande palavra do final da primeira década do século 21. Como o Sr. vê esta palavra? Vander Morales – Em sua busca por otimização de resultados, as empresas têm encontrado nas prestadoras de serviços especializados fortes parceiros e facilitadores. Trabalhadores terceirizados e temporários passam a ser considerados imprescindíveis nas novas relações de trabalho que se estabelecem internacionalmente. No Brasil, perto de 75% das grandes empresas contratam a prestação de serviços especializados, percentual próximo de países asiáticos e europeus. NEWSLET – Entra governo, sai governo, nos debatemos com o fantasma da imensa carga tributária no Brasil - uma das maiores do planeta. Por que tem sido tão difícil se reduzir carga tributária no Brasil? Vander Morales – Para aumentar a arrecadação e ao mesmo tempo incentivar o empreendedorismo, é necessário reduzir impostos. Municípios paulistas que reduziram a alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS), por exemplo, tiveram sua arrecadação aumentada. Os tributos são vitais para o desenvolvimento, porém, a sua redução desencadeia um círculo virtuoso, pois beneficia contribuinte, governos e toda a sociedade. O grande problema é que, além da alta carga tributária, os cidadãos gastam duas vezes pelo mesmo motivo, pois a tributação não retorna à população em serviços de qualidade, como planos de saúde, escolas particulares, contrata- ção de segurança, entre outros. Há no Brasil eficiência para arrecadar e ineficiência para investir. Hoje, enquanto a união fica com 60% do que é arrecadado, os estados ficam com 25% e os municípios apenas com 15%, com a agravante que é nestas esferas, a estadual e a dos municípios, que a maioria dos problemas se apresenta. Por estas razões, a Reforma Tributária não pode mais ser ignorada pelo poder público, Executivo e Legislativo. NEWSLET – De que forma a Terceirização e o Trabalho Temporário serão decisivos para a demanda que será gerada pela Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016? Vander Morales – Este ano, com a Copa do Mundo na África do Sul, registramos no Brasil aumento na procura por produtos e, consequentemente, por trabalhadores temporários para suprir a demanda. Para o mundial de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016, certamente a disponibilidade de vagas em vários segmentos será muito maior, aquecendo a economia brasileira. Da mesma forma, a prestação de serviços especializados poderá ter um crescimento considerável em praticamente todas as áreas, sobretudo Lazer e Entretenimento. A África do Sul atenuou seus efeitos da crise sobre o emprego com a realização da Copa do Mundo. Somente durante os jogos no país, foram contratados 200 mil temporários. Mas para que a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 tenham a grandiosidade que merecem o Brasil precisa de um choque de investimentos e estratégia. Até lá, esperamos contar com a regulamentação da Terceirização, o que, certamente contribuiria para o desempenho ainda melhor do setor. Leia a entrevista de Vander Morales, na íntegra, acessando www.grupolet.com Setembro / Outubro | 2010 | 11 Foto: Site Sxc.hu Conexão internacional - npa Crescem os Recruta Seleção R ecrutar candidatos ideais para as vagas com os modernos perfis de capacitação exigidos pelo mercado tem sido um desafio cada vez mais cheio de obstáculos não apenas no Brasil, mas em todos os continentes. “Boa parte do mundo está vendo o balanço do pêndulo em favor do candidato que tem sido moeda mais valorizada do que a vaga oferecida”, afirma Dave Nerz, CEO da NPA (National Personel Association) – www.npaworldwide.com, a mais antiga rede mundial de recrutamento de pessoas, à qual o Grupo LET Recursos Humanos é a única filiada no Estado do Rio de Janeiro. Segundo Nerz a extrema escassez não é apenas de talentos, mas de pessoas qualificadas para cargos operacionais, fator acentuado após a Crise Econômica Global de 2008. Ele esclarece que os salários hiperinflados, por exemplo, dos Engenheiros e outros profissionais técnicos que ocorre no Brasil se repetem em todos os continentes, com mais força nos Estados Unidos e na Europa. “Ásia e Austrália estão se recuperando mais rapidamente desta balança que tem excesso 12 | Setembro / Outubro | 2010 de empregos para poucos candidatos”, revela o CEO da rede que conta com braços em praticamente todos os cantos e culturas do planeta. Os profissionais de TI (Tecnologia da Informação) também continuam, e serão cada vez mais, a “bola da vez”, segundo o CEO que tem a oportunidade diária de ampliar sua visão periférica acerca de recrutamento no globo terrestre. Ele informa que aos profissionais de TI graduados e até mesmo a estudantes desta área têm sido oferecidas grandes quantias em dinheiro e “pagamentos de bônus” para juntar-se a empresas de tecnologia sedentas por talentos. Os brasileiros estão entre os profissionais que representam a vanguarda deste segmento, segundo Nerz e devem, ainda, continuar a serem “importados” por países como México, Estados Unidos, Canadá e Alemanha, economias fortemente afetadas durante a crise. Algo semelhante, mas não tão exagerado se repetiu no setor de petróleo e gás nos anos de 2005 a 2008. “Nesta área é tal a carência de pessoas que se procura por qualquer profissional que tenha o curso, não precisa ter talento”, reconhece Nerz. O CEO da NPA enfatiza que em grande parte dos maiores mercados do planeta o desafio do recrutamento cresce em função dos profissionais mais especializados estarem se aposentando. Tem sido extremamente complexo, por exemplo, encontrar Engenheiros com a experiência prática e conhecimento dos quais dispõe um engenheiro com 35 anos de prática que se aposenta. “Parece que a liderança de Recursos Humanos tem sido míope em seu planejamento para as necessidades de futuros talentos”, dispara Nerz, se referindo, sobretudo ao fato de que quando as condições econômicas tornaram-se mais difíceis os empregadores cortaram pessoal e eliminaram estágios e programas de formação. Agora, como o mercado se recupera, ainda que lentamente, as empresas e os trabalhadores aposentados ou demitidos são recrutados para funções extras. O que é isso? Cresce no mercado a função do “Consultor de Negócios”, ou seja, profissionais com grande experiência auxiliam os mais jovens oferecendo como moeda de troca nada mais do que o seu CONHECIMENTO. Membros da NPA, como o Grupo LET Recursos Humanos, dispõem de Conexão internacional - npa desaf os de 10 AÇÕES VITAIS para RH nos próximos anos segundo a NPA... Foto: Divulgação NPA mento & no planeta Dave Nerz, CEO da NPA uma capacidade global de avaliar as situações, encontrar profissionais – com as qualificações exigidas – e colocá-los nas posições atendendo, inclusive, demandas de curto espaço de tempo. A alta expertise do trabalho em rede colaborativa explica esta viabilidade real. Índia, Brasil e China, por exemplo, estão produzindo a maioria dos engenheiros mais qualificados e representam, também em outros segmentos profissionais, segundo dados na NPA, grandes mercados de trabalhadores altamente qualificados que ainda estão sub-valorizados em relação ao Japão, América do Norte e Europa. Já na área de Saúde há uma preocupante escassez de profissionais em muitas especialidades da Medicina, o que vai continuar aumentando, segundo previsão pessimista do CEO da NPA. Já quase não são formados, por exemplo, Pediatras e Ortopedistas. Se a Saúde vai mal, a boa notícia é a de que a área do Varejo encontra-se em franca expansão. Nerz conta que há excesso de oferta de boa mão de obra varejista nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, América do Sul e, sobretudo, na Ásia. Não é suficiente o RH entender o quê acontece no mercado mundial. Do alto de sua larga experiência, Dave Nerz, enfatiza que os recrutadores de pessoas devem adquirir cada vez mais conhecimento sobre todas as culturas e tipos de negócio do planeta. “É sábio para os recrutadores diversificarem seus negócios, acrescentando pessoal adicional em áreas da empresa que não apresentam forte demanda naquele momento, pois está evidente que no mundo inteiro os chamados picos e vales de recrutamento estão ocorrendo com mais freqüência e com um ritmo acelerado”, explica Nerz, que acrescenta ser extremamente vantajoso para as empresas o envio • Desenvolver habilidades que serão perdidas quando os empregados se aposentarem ou forem recrutados para longe. • O talento deve ser desenvolvido e consolidado como uma parte fundamental da estratégia de negócios de longo prazo. • Envolver e motivar as novas gerações de trabalhadores que entram nos projetos. As novas gerações têm diferentes estilos e motivações do que aqueles que os precederam. • A globalização dos negócios da empresa terão forte impacto sobre a busca dos talentos do futuro. • Os empregadores terão de fazer mais marketing de suas organizações para tornar o emprego atraente e desejável aos candidatos talentosos. • Os empregadores terão de procurar talentos de fora do seu país para encontrar o talento que precisam. • Os empregadores terão de contratar e treinar para a construção do talento que eles precisam. • Os desafios exigidos pelo conhecimento de não somente uma, mas várias línguas estrangeiras, será um problema cada vez mais importante. • Os empregadores terão de ser mais criativos nas questões financeiras provenientes dos deslocamentos de candidatos entre países. Realocação, na verdade, se tornará tão importante quanto o salário em muitas negociações. • Empregadores podem precisar terceirizar ou contratar pessoas com habilidades específicas. de seus profissionais aos “mercados mais quentes” do planeta. “Isso cria um ponto de partida mais equilibrado para ações futuras”, defende ele. Finalmente, o CEO da NPA dá aos gestores de pessoas um aviso eloquente: “é evidente que as atribuições de mais curta duração e os projetos irão direcionar os negócios nos próximos anos; dessa forma se prepare para oferecer aos funcionários concessões nos seus contratos, vai ser necessário.” Setembro / Outubro | 2010 | 13 saúde Foto: Alexandre Peconick Tai-Chi-Chuan “Porque EQUILÍBRIO é fundamental” O Professor Márcio Lacerda é Representante da Associação International Yang Family Tai Chi Chuan, através de seu descendente mestre Yang Jun. 14 | Setembro / Outubro | 2010 porativo, é benéfico tanto antes de se iniciar o expediente (funciona como um armazenador de energia) como ao final do mesmo (o retorno ao normal, eliminando o estresse). “Os movimentos do corpo realizados no Tai-Chi-Chuan promovem um relaxamento gerado pela condução elétrica do cérebro por toda uma rede de veias e artérias no organismo que vai até a planta dos pés; a boa distriFoto: Site Sxc.hu A primorar a qualidade, força e intensidade da concentração, da ação inovadora, dos ossos e músculos, do sono e muitas outras atividades vitais diárias de um ser humano é possível sem tanto esforço, química, cirurgia ou qualquer processo artificial. Tudo isso pode ser alcançado por meio da realização de exercícios coordenados, produzindo movimentos que já realizávamos em nossa infância ou que eram rotina para nossos ancestrais, como engatinhar, tatear e andar. O Tai-Chi-Chuan, arte milenar chinesa com base no nosso sistema nervoso central que determina a tomada de decisões, tem esta exata capacidade. Em uma sessão que dura entre 40 e 60 minutos e inclui a realização de 13 movimentos em ritmo lento e meditativo, a pessoa que pratica o Tai-Chi-Chuan já poderá perceber seus sentidos mais aflorados. Pode ser praticado por gente de todas as idades e, no aspecto cor- O Tai-Chi-Chuan pode ser praticado a qualquer hora do dia e ao ar livre buição dessa energia ajusta o sistema nervoso central, desenvolve o tato, sensibiliza as extremidades, plantas dos pés e palmas das mãos e confere mais precisão para que a pessoa sinta melhor a relação de seu próprio corpo com o meio ambiente”, ensina o professor Márcio Lacerda, coordenador do Centro Brasileiro de Tai-ChiChuan e pesquisador e estudioso do tema há 40 anos. Foto: Alexandre Peconick saúde Alunos de Márcio Lacerda praticam Tai-Chi-Chuan no Espaço Bellini em Ipanema Segundo o professor, a continuidade dos movimentos que levam ao estado de meditação pode explicar a geração dos benefícios. Ele assegura que o TaiChi-Chuan nos proporciona atingir objetivos com menor desgaste físico e emocional. “Muitas pessoas não sabem lidar corretamente com seus níveis de energia; chegam a uma reunião de trabalho, por exemplo, como se estivessem em uma frente de batalha de uma guerra, se isso acontece, algo está errado e o Tai-Chi-Chuan serve para limpar esse reservatório de energia e disciplinar o ser humano para um uso eficaz dessa energia”, orienta Márcio, que esteve na China três vezes e já formou dezenas de professores de no Brasil. Ao reconstruir e promover uma limpeza na mente humana esta arte milenar que significa “a permanente transformação com base nas forças do Universo” – estimula o seu praticante a inovar e a aprender como trabalhar e se relacionar bem, mesmo sob pressão. “O Tai-Chi faz com que os sentidos sejam educados junto ao movimento e à respiração e abre espaço à intuição, elemento chave para qualquer tipo de inovação amplamente necessária à atividade profissional nos dia de hoje”, avalia o coordenador do Centro Brasileiro de Tai-Chi-Chuan. O empresário Lino Py, filho do Psicanalista Luiz Alberto Py, é aluno de Márcio e também fala sobre sua experiência positiva: “a prática do Tai-Chi me conduz a uma meditação em movimento e a um relaxamento que equilibra a minha mente; o fato de equilibrar a rede elétrica de energias do organismo também melhora muito a atividade cardiovascular; é de fato uma limpeza geral, tudo se renova”, conta Lino. Para o aproveitamento ser eficaz em uma aula de Tai-Chi-Chuan o aluno deve buscar estar 100% atento para realizar a postura do movimento adequada, observando a posição da cabeça, do tronco, da mão, da perna, do joelho e dos pés. Nas empresas onde o professor Márcio Lacerda aplicou programas de aulas de Tai-Chi-Chuan houve, segundo ele, grande diminuição do número de acidentes de trabalho devido ao aumento da capacidade de concentração das pessoas associado à melhoria das condições fisiológicas. Esta prática pode ainda evitar a ocorrência das chamadas doenças ocupacionais, como por exemplo, aquelas que acontecem por esforço repetitivo de alguma atividade. “A filosofia da aula e de condução do exercício no Tai-Chi-Chuan faz com que a pessoa adquira, após cerca de quatro meses, uma disciplina de colocar-se em estado de alerta no momento em que está empreendendo qualquer atividade”, justifica ele ao deixar claro que a prática da arte milenar não deixa ninguém perfeito, mas ajuda a reduzir o número de falhas humanas e o retrabalho nas organizações, que é o responsável por boa parte dos prejuízos nos negócios. E as aulas não precisam acontecer no ambiente das empresas. De acordo com o professor, um grupo de pessoas pode se reunir para a prática do Tai-Chi-Chuam em qualquer espaço físico razoável. Márcio já deu aulas em empresas como IBM, Xerox do Brasil e CEG (Companhia Estadual de Gás). “Além dos benefícios orgânicos há um ganho incomensurável em termos de integração entre as pessoas que praticam o Tai-Chi-Chuan; é o momento no qual cada um busca encontrar a sua paz interior e o seu equilíbrio de saúde”, acrescenta Lino Py, assíduo freqüentador das aulas realizadas nos bairros de Ipanema, Copacabana e Botafogo. Os exercícios realizados em uma prática de Tai-Chi-Chuan são todos direcionados à recuperação de uma memória corporal que trazemos conosco e que, aos nos tornarmos adultos, vamos substituindo. Segundo o professor Márcio, o adulto no processo de desenvolvimento inibe uma parcela de seus sentidos em virtude de um conjunto de regras sociais às quais se vê obrigado a seguir. Mestres chineses afirmam que a criança é “o puro Tai-Chi” porque ela tem os sentidos muito mais apurados ao não fazer uma exploração intelectual do movimento como fazemos. “O estado do ser humano mais concentrado e explorador de si mesmo, aconteceu quando ele era criança”, aponta Márcio. Por isso mesmo, o adulto é estimulado por meio do Tai-Chi-Chuan e reexecutar movimentos que fazia espontaneamente quando tinha dois ou três anos de idade. Aos profissionais que lidam com pessoas nas organizações e sabem que a capacidade de cada um aproveitar o melhor de si deve estar a cada dia mais precisa e assertiva vale considerar o Tai-Chi-Chuan como um aliado sem contra-indicação. Informações no site www.taichichuanbrasil.com.br Setembro / Outubro | 2010 | 15
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