Biotécnicas da reprodução assistida em pequenos ruminantes

Transcrição

Biotécnicas da reprodução assistida em pequenos ruminantes
Biotécnicas da reprodução assistida em pequenos ruminantes1
2
Gustavo Ferrer Carneiro
1
Trabalho apresentado no 3º Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte - 3º SINCORTE, em João Pessoa, Paraíba, Brasil,
Novembro 2007
2
Caroata Genética – Eng. São João s/n – Várzea – CEP 50.741-520 – Recife/PE – Brasil e Instituto Caroatá – Caixa Postal 121 – CEP
55.641-970 – Gravatá/PE – Brasil. E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
A
caprino-ovinocultura
representa um grande
p o t e n c i a l p a r a
desenvolvimento econômico e vem
apresentando um ciclo de crescimento
mundial. Esse crescimento tem sido
intensificado, sobretudo nos países em
desenvolvimento, nos últimos anos,
que são detentores dos maiores
rebanhos (Fonseca, 2006). Para
acelerar o crescimento da
produtividade, aliada ao melhoramento
genético, pode-se vislumbrar a
utilização de biotécnicas da reprodução
como a sincronização do estro, a
inseminação artificial e a transferência
de embriões. O uso dessas técnicas
permite um avanço considerável no
progresso genético reduzindo assim o
intervalo de gerações chegando as
técnicas mais modernas de produção in
vitro a partir de animais pré-púberes ou
através da alteração do genoma animal
utilizando-se tecnologias de ultima
geração tais como a transgenia e
clonagem (Baldassare, 2007). Estas
técnicas possibilitam ainda uma
maximização reprodutiva da fêmea,
explorando todo seu potencial
biológico, extrapolando as
possibilidades naturais, e contribuindo
para a disseminação de animais
geneticamente superiores (Simplício et
al., 2007). Dentro dessa perspectiva, há
uma necessidade da aplicação de
técnicas de reprodução assistida com o
objetivo de aumentar a eficiência
reprodutiva e produtiva do rebanho
para que possa haver um
aproveitamento mais eficiente dos
genótipos utilizados.
As técnicas de reprodução assistida
como inseminação artificial (IA) e
transferência de embriões foram
introduzidas na indústria caprina e
ovina com os objetivos principais de
acelerar o ganho genético de animais
superiores e de superar alguns
obstáculos de eficiência reprodutiva
(Smith, 1986).
A produção in vitro nos pequenos
ruminantes tem uma importância
fundamental principalmente devido à
produção de material para pesquisa
básica a um baixo custo. Estes estudos
possibilitam a introdução comercial de
biotecnologias de ponta como
transferência nuclear e produção de
transgênicos (Cognié et al., 2003).
O objetivo deste trabalho foi realizar
uma revisão das diversas técnicas de
reprodução assistida avaliando as
perspectivas do uso da biotecnologia e
seu impacto na indústria como um todo.
SINCRONIZAÇÃO DO CIO E DA
OVULAÇÃO
A sincronização do cio constitui um
passo primordial para o êxito de todas
as técnicas de reprodução assistida. O
método mais difundido de
sincronização de cio é baseado no uso
de dispositivos a base de
progestágenos. Estes dispositivos
podem ter a forma de esponjas
in tr av ag in ais imp r eg n ad as em
progestágenos (Acetato de
Medroxiprogesterona, Acetato de
Fluogesterona); dispositivos
intravaginais de liberação controlada –
CIDR, impregnados com progesterona;
ou implantes subcutâneos de silicone
impregnados com o progestágeno
Norgestomet (Evans & Maxwell, 1987;
Freitas et al., 1997; Chemineau et al.,
1999). Em qualquer um dos casos o
protocolo básico consiste na colocação
do dispositivo por um período entre 911 dias associados a uma aplicação de
uma prostaglandina (ou análogo
sintético) entre 0 e 48 horas antes da
retirada do dispositivo, o que permite
assegurar que o animal não apresente
um corpo lúteo ativo no momento da
retirada do dispositivo. A utilização de
protocolos longos, quando dispositivos
são deixados por um espaço de 18-21
dias, também é descrito e nesse caso
não requer utilização de
prostaglandina. Tanto para o caso de IA
como para sincronização de receptoras
de embriões, se administra 250-500 UI
de gonadotrofina coriônica eqüina
(eCG) próximo ao momento da retirada
do dispositivo de sincronização. Nos
casos de IA, deve-se sempre tomar
cuidado com as dosagens em virtude do
efeito superovulatório e nascimento de
múltiplas crias que pode acarretar em
problemas durante o parto ou
dificuldade da mãe em criá-las. A dose
deve considerar diversos fatores tais
como raça, peso, idade, usos anteriores,
visto que se trata de droga de grande
peso molecular e alta reação
imunogênica (Roy et al., 1999; Drion et
al., 2001).
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL (IA)
O sucesso da IA se deve a sua
relativa simplicidade e sua capacidade
de aumentar significativamente a
produtividade da progênie quando se
utilizam reprodutores devidamente
selecionados a partir de testes de
progênie (Evans & Maxwell, 1987).
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.2, n.3, p.23-28, set. 2008
23
TRANSFERÊNCIA DE
EMBRIÕES (TE)
A transferência de embriões
possibilita a multiplicação de
indivíduos geneticamente superiores.
Permite também a redução do intervalo
entre gerações por possibilitar a
colheita de embriões de fêmeas jovens
e pré-púberes (Salles et al., 2000). Uma
das barreiras para a eficiência do
tratamento superovulatório diz respeito
à variabilidade individual da doadora
em relação à eficiência das
gonadotrofinas exógenas no
recrutamento, crescimento, maturação
e ovulação dos folículos (Cognié et al.,
2003).
A variabilidade de resposta aos
tratamentos hormonais ainda é uma
questão a ser analisada. A partir de
estudos com ultra-sonografia
(Gonzáles-Bulnes et al., 2002) e
endoscopia (Brebion et al., 1992)
observou-se que a variabilidade de
resposta está intimamente relacionada
com a presença de folículos antrais (2-3
mm) nos ovários e que os resultados
negativos no número de embriões
transferíveis é diretamente afetado pela
presença de grandes folículos (> 6 mm)
quando do início do tratamento
superovulatório (Cognié et al., 2003).
Cognié et al. (2003) destacam o uso de
agonistas e antagonistas do hormônio
liberador das gonadotrofinas (GnRH)
associado ao progestágenos com o
objetivo de suprimir a liberação
endógenas destas gonadotrofinas.
Dessa maneira, esse grupo testou um
pré-tratamento de 2 semanas com um
agonista (Buserelina, 40 µg/dia,
Receptal®) ou 10 dias com um
antagonista (Antarelix®, 0.5 mg/dia,
Te v e r e l i x ® ) . O s r e s u l t a d o s
demonstraram uma diminuição dos
folículos maiores, um aumento no
número dos folículos menores e um
conseqüente aumento na resposta do
FSH em até 50% (Brebion et al., 1992;
Cognié, 1999).
Um outro problema a ser transposto
diz respeito à formação de anticorpos
anti-FSH de origem suína após
sucessivas administrações destas
24
gonadotrofinas no protocolo de
superovulação com conseqüente
diminuição na resposta ovariana. Outro
desafio é com relação à variabilidade
individual entre as doadoras e a
incidência de regressão luteínica
precoce principalmente na espécie
caprina interferindo negativamente na
taxa de recuperação embrionária e na
qualidade e viabilidade dos embriões
(Simplício & Santos, 2000). Esta
regressão precoce dos corpos lúteos
pode ser prevenida com a utilização de
inibidores da síntese de prostaglandina
(Traldi et al., 1995; 1995; Salles et al.,
1996). A utilização dessas drogas no dia
da ovulação e no dia da recuperação
embrionária permite uma redução
considerável na regressão prematura de
CL (Battye et al., 1988) e um aumento
no número de embriões transferíveis
por fêmea tratada (Traldi, 1995).
PRODUÇÃO IN VITRO
?
A produção in vitro de embriões de
pequenos ruminantes tem despertado
um grande interesse científico em
virtude da disponibilidade de material
para pesquisa a um relativo baixo custo
além de estas espécies serem um
excelente modelo para aplicação da
transgênese. Os métodos de produção
in vitro de embriões envolvem:
?
Maturação de oócitos primários
provenientes de folículos antrais.
?
Fertilização de oócitos maturos com
espermatozóides capacitados.
?
Cultivo de embriões in vitro por até
uma semana atingindo o estágio de
blastocisto para posterior
transferência para receptoras
sincronizadas ou criopreservação
para uso posterior.
Maturação in vitro
Maturação in vitro (MIV) e fertilização
in vitro (FIV) têm sido rotineiramente
utilizada na espécie humana e em várias
outras espécies domésticas. Apesar da
produção in vitro ser documentada em
pequenos ruminantes (Chauan et al.,
1991; DeSmedt et al., 1992; Hanada,
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.2, n.3, p.23-28, set. 2008
1985; Keskintepe et al., 1994; Tervit et
al., 1972; Younis et al., 1991), os
resultados de cultivo in vitro
apresentam um avanço limitado e esta
técnica ainda não é utilizada como
rotina nessa espécie. O sistema de
maturação de oócitos mais utilizados
nos ruminantes domésticos trata-se de
meio de cultivo básico suplementado
com FSH, LH, estradiol e 10% de soro
fetal bovino. A adição de diferentes
suplementos aos meios de cultivo tem
sido largamente utilizada. Fluido
folicular foi utilizado com relativa
eficiência, com exceção de fluido
folicular proveniente de folículos
atrésicos. Os efeitos moleculares que
mediam a influência positiva destes
suplementos não estão completamente
esclarecidos, mas dados recentes
(Carneiro et al., 2003) suportaram o
possível envolvimento dos fatores de
crescimento influenciando na MIV.
Gonadotrofinas são reconhecidamente
reguladores da maturação nuclear de
oócitos em mamíferos.
Outros fatores além das
gonadotrofinas também estão
envolvidos no processo de
foliculogênese. Dentre estes, o insulinlike growth factor-I (IGF-I)
demonstrou importante papel na
maturação in vivo (Carneiro et al.,
2002) e efeito positivo na maturação
nuclear e citoplasmática in vitro em
diversas espécies (Carneiro et al.,
2001). Além disso, é reportado que o
IGF-I aumenta os índices de formação
de blastocisto obtidos através de FIV
em bovinos (Herrler et al., 1992;
Lorenzo et al., 1993) e em coelhos
(Herrler et al., 1998). Com base nesses
estudos desenvolvemos um trabalho
para estabelecer um sistema de
maturação in vitro testando a influência
da adição de IGF-I ao meio de cultivo.
Como resultados, observamos
diferença estatisticamente significativa
nas taxas de maturação nuclear em
concentrações superiores a 100 ng/mL.
Os resultados estão resumidos na
Tabela 1, os quais demonstram que O
IGF-I em concentração superior a 100
ng/mL influencia positivamente a
maturação in vitro de oócitos caprinos.
Tabela 1. Efeito de diferentes
concentrações de IGF-1 na maturação
nuclear de oócitos caprinos durante 28
horas.
Tratamento Número de
(ng/mL)
Oócitos
78
0
46
50
110
100
110
200
92
400
Metáfase - II
32 (41,02%) a
18 (39.13%) a
64 (58,18%) b
74 (67.27%) b
60 (65,21%) b
P < 0.05 para sobrescritos de letras diferentes
na mesma coluna.
Fertilização in vitro
Em 1984, Rao e colabores
documentaram os primeiros casos de
fertilização in vitro (FIV) em caprinos
usando espermatozóide capacitado e
fertilizado em oviduto de coelha, e
Hanado & Pao, também, em 1984,
conseguiram demonstrar fertilização
utilizando-se espermatozóide tratado
com cálcio ionóforo.
Como protocolo básico utilizado em
diversos laboratórios, após a
maturação, as células do cumulus são
removidas e espermatozóides
capacitados são incubados juntamente
com os oócitos maturos. O meio de
capacitação definido modificado
(Younis et al., 1991) tem sido
largamente utilizado com resultados
satisfatórios. Neste, os
espermatozóides com motilidade
superior a 70% são centrifugado a 200
g, e o pellet é suspenso em meio de
capacitação suficiente que atinja uma
concentração de 160 x 106
espermatozóide/mL. Um volume
semelhante de solução de 100 g/mL de
heparina (Sigma, H-3329) diluída em
meio de capacitacitação é adicionado a
solução contendo espermatozóide,
resultando em uma concentração final
de 80 x 106 sptz/mL e 50 g/mL de
heparina. A fertilização é realizada em
gotas de 50 L sob óleo mineral
preparado com meio TALP-fert
(Bavister & Yanagimachi, 1977)
modificado (Parrish et al., 1986),
suplementado com hypotaurina (1
g/mL, Sigma, H-1384). Oócitos
maturados in vitro por 26 horas são
selecionados, lavados com meio de
TALP-fert e transferidos para as gotas
de FIV. Uma alíquota de 5 L de
espermatozóides tratados com heparina
é adicionada aos oócitos em cada gota
dando uma concentração final de 3,5 a
6
4,0 x 10 sptz/mL (Izquierdo et al.,
1999). Após inseminação in vitro,
oócitos e espermatozóides são
encubados a 38,5 C em 5% de Co2.
Cultivo Embrionário
Após 24 horas de inseminação,
espermatozóides e células do cumulus
são removidos mecanicamente dos
oócitos. Supostos zigotos e embriões de
2-células são lavados por quatro vezes
em meio de cultivo e colocados em
microgotas de 100 L sob óleo mineral, e
cultivados a 38,5 C em 5% de CO2 por
sete dias (oito dias pós-inseminação).
Apesar de resultados positivos, após a
transferência para receptoras
sincronizadas a taxa de sobrevivência
dos embriões produzidos in vitro é
estatisticamente inferior aos
produzidos in vivo (47% vs. 71% Cognié et al., 2003).
Coleta em animais pré-púberes
Ovários obtidos de abatedouros são
fonte economicamente viável e
abundante de oócitos. Recuperação
oocitária in vivo é conseguida através
de laparotomia ou através da técnica de
laparoscopia guiada por ultra-som
LOPU (Tervit, 1996). Recuperação
oocitária após LOPU em cabras
(Kuhholzer et al., 1997, Baldassarre et
al., 2002) tem resultado em bons
números de oócitos por doadora (4-6
por sessão).
Progresso considerável tem sido
adquirido em produção de embriões de
animais jovens (5-9 semanas) após
recuperação de um número
considerável de oócitos e utilizado para
MIV (Aguilar et al., 2002, Baldassare
et al., 2002). O tratamento de indução
utilizado envolve uma aplicação de
FSH + eCG 36 horas antes da coleta,
sendo reportado ótimos resultados em
caprinos com menos de 3 meses de
idade (Baldassare et al., 2002). Apesar
dos resultados positivos, há diferenças
estatísticas de produção de blastocistos
quando comparados com oócitos
aspirados de animal adulto (19% vs.
65% - Baldassare et al., 2002)
sugerindo que oócitos provenientes de
animais pré-púberes não possuem um
potencial de desenvolvimento como
dos animais adultos havendo ainda
altos índices de polispermia como
possível conseqüência da dispersão dos
grânulos corticais. Maiores estudos são
necessários nessa área para propiciar
produção de embriões provenientes de
animais pré-púberes com um potencial
de redução do intervalo de gerações.
Mosaicos ou “Quimeras”
Indivíduos com populações de
células geneticamente distintas. As
quimeras de caprino/ovino foram
inicialmente produzidas a partir de
manipulação embrionária. Não foram
híbridos e sim uma composição de
células derivadas de caprinos e outras
derivadas de ovinos. Os primeiros
produtos foram realizados pelo
laboratório de Fehilly et al. (1984)
demonstrando características
fenotípicas de ambas espécies.
Posteriormente, o laboratório de Gary
Anderson na Universidade da
Califórnia em Davis repetiu o
experimento produzindo a quimera a
partir de introdução de células
embrionárias caprinas em oócitos
ovinos transferidos para uma receptora
ovina, evitando assim a rejeição desse
feto. Quimeras foram produzidas com o
objetivo de servir como modelo para
pesquisa na área de incompatibilidade
materno-fetal e desenvolvimento
celular. Mclaren et al.(1993) manipulou
22 embriões com células caprinas e
transferiu para 12 receptoras ovinas.
Nove ovelhas produziram um total de
13 filhotes (59% de sobrevivência
embrionária). Após cariotipagem, 10
foram qualificados como ovinos, um
como caprino e 2 como quimeras
interespecificas.
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.2, n.3, p.23-28, set. 2008
25
Clonagem
Produção de transgênicos
A clonagem do primeiro mamífero a
partir de uma célula somática retirada
de um animal adulto representa uma
das mais extraordinárias conquistas da
pesquisa na área de biologia do
desenvolvimento da última década
(Wilmut et al., 1997). Esta tecnologia
teve uma rápida expansão sendo
utilizada em diversos laboratórios para
as mais diversas espécies. Apesar disto,
a taxa de sucesso é muito baixa, na
maioria das vezes não superior a 1%
(Solter, 2000). A baixa viabilidade dos
embriões clonados é principalmente
expressa pela redução na taxa de
implantação, pelo aumento na taxa de
mortalidade fetal e perinatal, e pelas
diversas anomalias observadas nos
animais nascidos (Bordignon, 2003).
Em contraste com as diversas espécies
clonadas, na espécie caprina não foram
observados problemas relacionados
com placentação, peso ao nascer,
distúrbios cárdio-respiratórios, nem de
mortalidade perinatal, o que faz dessa
espécie um ótimo modelo para a
produção de animais transgênicos
assim como para tentarmos entender o
mecanismo destas síndromes nas
demais espécies clonadas (Bordignon,
2003).
O método original para produzir
animais transgênicos consiste na
microinjeção do gene isolado dentro do
pró-núcleo de embriões de uma célula.
Produção de proteínas de interesse
farmacêutico no leite de animais
transgênicos tem se tornado uma
alternativa atrativa para bioreatores de
células animais. O uso dos pequenos
ruminantes, particularmente os
caprinos de leite, possibilita uma
Transgenesis
Um animal transgênico é aquele que
adquiriu uma nova informação
genética como resultado de
manipulação do seu DNA e que o
transmita a seus descendentes (Nicolas
& Delouis, 1993). Trata-se de uma
tecnologia com importantes aplicações
como, por exemplo: (i) pesquisas no
desenvolvimento de modelos para o
estudo dos genes e seus mecanismos de
regulação ou para o desenvolvimento
de modelos animais para o estudo de
enfermidades humanas; (ii) na
indústria, através da incorporação de
genes que regulem parâmetros
produtivos de importância econômica
como incorporação de genes resistente
à mastite em gado de leite e finalmente
(iii) na biotecnologia, para a produção
de proteínas recombinantes de
interesse farmacológico.
26
excelente alternativa econômica para a
produção de animais transgênicos
(Freitas, 2003). Vários autores já
citaram a produção de caprinos
transgênicos (Ebert et al., 1991;
Denman et al., 1994; Gootwine et al.,
1997) bem como para produção de
larga escala para sua aplicação
industrial (Ebert et al., 1994 ; Edmunds
et al., 1998). A Tabela 2 apresenta as
proteínas de uso terapêutico produzidas
no leite de pequenos ruminantes com
suas respectivas utilidades.
Tabela 2. Proteínas de uso terapêutico produzido no leite de animais transgênicos.
Proteína
Antitrombina III
Fator VIII, Fator IX
CFTR
Alfa-1-antitripsina
Animal
Caprino
Caprino, Ovino
Ovino
Ovino
CONCLUSÕES
Muitas biotécnicas da reprodução se
encontram completamente dominadas.
Destas, a sincronização hormonal do
cio e a IA são as mais difundidas e que
tem o maior impacto econômico para o
produtor. Apesar desses avanços na
produção embrionária, as limitações
são grandes, principalmente devido ao
alto custo de equipamentos utilizados
que reflete diretamente no custo
benefício destas técnicas e na
Uso
Anticoagulante
Tratamento da hemofilia
Tratamento da fibrose cística
Tratamento da fibrose cística e enfisema
aplicabilidade. Quanto à produção de
transgênicos e da clonagem apesar de
aparecerem como uma perspectiva
futura muito atraente no que se refere à
produção de proteínas recombinantes
de interesse biotecnológico, a baixa
eficiência faz deste método um ponto
crítico, mesmo a cabra representando
um modelo bastante interessante em
virtude de sua eficiência como
produtora de leite e o baixo custo em
relação a vaca.
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Apresentado no 3º Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte,
em João Pessoa, Paraíba, Brasil, Novembro 2007
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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.2, n.3, p.23-28, set. 2008

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