Artigo Científico
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Artigo Científico
Artigo Científico Drs. João Batista Thomaz1 e Yanna C. Moreira Thomaz2 Professor Adjunto de Cirurgia Vascular da Universidade Federal Fluminense – Niterói, Rio de Janeiro. Titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular. Membro da Comissão Científica Latino Americana da Revista Flebologia e Linfologia Bonaerense – Buenos Aires – Argentina. Titular da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro. Fellow Pan American Trauma Society 1 Eco-Doplista do Grupo Labs – Rio de Janeiro. Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular. Ex-Interna do Instituto Virchow - Berlim -Alemanha 2 Importância da obesidade na cicatrização das úlceras venosas dos membros inferiores INTRODUÇÃO A OBESIDADE E COMORBIDADES obesidade tem se tornado uma epidemia na Nos últimos dez anos, o ocidente tem assistido a um época atual, especialmente no ocidente, não aumento global da obesidade, estando a mesma ligada poupando nenhuma faixa etária. Ainda que não praticamente a todas as fases etárias, especialmente à se tenha um conhecimento preciso do mecanismo in- juventude, no seu período de aprendizado, e aos adultos, trínseco responsável pela necessidade angustiante nos seus períodos laborativos. Dependendo do perfil ana- da ingesta alimentar além das necessidades biológi- lítico, tem-se caracterizado e definido a obesidade lançan- cas mantenedoras da vida, a sua discussão não tem do mãos do parâmetro utilizado pela “Metropolitan Life In- saído da pauta na época atual, já que a mesma en- surance Company”, a qual expressa o peso corporal e a sua volve qualidade de vida e a sobrevivência humana. A relação com a massa corporal do indivíduo, através do “ín- obesidade está associada com numerosas comorbi- dice de massa corporal” (IMC)17,19. Esse índice estabelece a dades, especialmente o infarto do miocárdio/ictos ce- “relação entre o peso corporal e a altura ao quadrado”. rebrais, diabetes tipo 2, hipertensão arterial sistêmica, alguma forma de câncer, doenças degenerativas IMC = peso (kg) /altura (m2) osteo-articulares e doenças venosas e suas sequelas [úlcera]1,2,3,4,5,6. Desta forma, essa condição mórbida No adulto, o excesso de peso tem sido definido como tem constituído um fator de risco independente para aquele indivíduo que apresenta um IMC entre 25,0-29,9 cardiopatias dilatadas e/ou isquêmica, fato esse liga- kg/m2 e o obeso aquele que venha extrapolar a casa de do tanto no adulto como na infância ou puberdade . 30,0 kg/m2 2,8,11,17,19. 10 Vem constituindo, como atestam várias pesquisas, A maioria dos critérios diagnósticos do obeso, nos condição capaz de levar a um aumento dos índices de últimos anos, tem incluído, como elemento expressivo, o letalidade como, da mesma maneira, a expectativa de aumento da circunferência abdominal. A distinção entre uma vida saudável a circunferência abdominal é uma consequência natural . 11,14,21,24,27,28,37,38,39,43 A obesidade tem tido um alto preço para os servi- do depósito do tecido adiposo subcutâneo e, só recen- ços de saúde - públicos e particulares - para os países temente, tem sido extrapolada essa possibilidade para ocidentais, já que tem íntima relação com uma gama de os depósitos intra-abdominais e seu papel no contexto condições clínicas que drasticamente levam o paciente da definição do que é obesidade. Sabe-se que a circunfe- a necessitar de atendimento médico-hospitalar, afora o rência abdominal e omental são responsáveis por 50% declínio dos seus encargos profissionais . -75% do depósito gorduroso do organismo na produção 43 28 Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular de ácidos graxos livres que são lançados diretamente na A despeito dos potenciais mecanismos responsá- circulação sistêmica, promovendo e espelhando as con- veis pelo excesso da distribuição do tecido adiposo em sequências laboratoriais e clínicas conhecidas na época nível do abdome (extra e/ou intra-abdominal), ainda se atual, de modo especial o colesterol, triglicerídeos, áci- questiona quais localizações teriam maiores influências do úrico, proteína C reativa entre outros . deletérias em precipitar/agravar condições clínicas an- 2,3 teriormente referidas e/ou quais localizações teriam TABELA 1. CONDIÇÕES CLÍNICAS QUE ESTÃO preponderância sobre a outra em relação à liberação LIGADAS A OBESIDADE de ácidos graxos livres pós prandial. “Calcula-se que o 1, 2, 3, 4, 5, 11, 21, 27, 31, 32, 37, 38, 42, 43 acúmulo de gordura demonstrada ectopicamente – ab- _________________________________________________ dome, glúteo e membros inferiores” correspondem - Úlcera venosa dos membros inferiores a em torno de 40% - 50% da gordura total orgânica, a - Varizes dos membros inferiores qual desempenha papel adverso em todo metabolismo - Edema crônico dos membros inferiores orgânico33,34,35,36. - Síndromes isquêmicas dos membros inferiores A obesidade tem se tornado um problema da mais - Diabetes do tipo 2 alta relevância em termos de saúde (doenças) no mundo -Hipertensão arterial sistêmica ocidental na época presente e as perspectivas não são -Dislipidemia alvissareiras para as décadas futuras. Tem sido estima- -Doença isquêmica coronariana do que em torno de 1 bilhão de pessoas da civilização -Isquemia cerebral (AVC) ocidental são obesos, e este número tende a crescer em -Cardiomiopatia progressão aritmética. O excesso de peso, que em épo- -Síndrome da obesidade-hipoventilação cas passadas era tradução de boa vitalidade, transfor- -Hipertensão pulmonar mou-se em doença na atualidade, já que a sua presença -Apnéia noturna do sono constitui num marcador de uma má qualidade de vida e -Litíase vesicular e renal elemento desfavorável abreviador/promotor de doen- -Esteatose hepático não alcoólico ças graves e de mortes prematuras. O “National Institu- -Incontinência urinária tes of Health”, dos Estados Unidos, chamou a atenção -Refluxo gastresofágico para o fato de que a obesidade está associada a uma -Osteartrites, especialmente de joelhos, colunas, articu- redução da expectativa de vida e condição de primeira lação do pé linha para exacerbar muitas doenças, especialmente -Dores lombares aquelas ligadas à circulação no seu amplo contexto3. -Infertilidade A maioria dos adultos nos Estados Unidos, Europa -Disfunção eréctil e América do Sul são obesos (IMC > 25,0). Traduzindo -Perda/diminuição da libido este fato: em torno de 20% da sua população é de po- -Hipogonadismo tenciais candidatos a serem portadores de doenças -Síndrome do ovário policístico cardiovasculares, diabetes melito, hipertensão arterial -Complicações obstétricas e suas consequências clínicas e elevadas morboletali -Anormalidades fetais dades2,3,4,5,9,15,17. A “World Heart Organization” chamou a - Depressão atenção para o fato de que, na Rússia, 54% dos adultos -Labilidade psico-emocional apresentam excesso de peso e/ou são obesos na sua -Aumento da incidência de câncer: próstata, mama, en- expressão máxima; no Brasil, 36%; na Malásia, 27%, e, na dométrio e intestino China, 29,5%8. -Hipertensão intracraniana Inquestionavelmente, a obesidade tem uma forte in- -Gota fluência genética e/ou intrauterina, ainda que seu fenóti- -Doenças da pela: hirsutismo, acne, acantose Nigris etc. po possa ter uma expressão ambiental. A sua incidência Março / Abril - 2011 29 Artigo Científico está diretamente relacionada com o estilo de vida que açúcar no ano de 2000 e essa cifra traduziu um aumento predomina nos países desenvolvidos ou nas classes pri- em mais de 20% do consumo desse adoçante nos últi- vilegiadas do mundo ocidental. Nos países subdesenvol- mos 14 anos, possivelmente através de doces, bolos, vidos, as classes menos favorecidas pelo establishment sorvetes, etc 9. Consome-se quantidade excessiva de consomem quantidade excessiva de alimento, julgando, calorias e gasta-as de maneira parcimoniosa... A função por certo, que diante da sua carência estarão preparados alimentar tem deixado de ser uma necessidade biológi- organicamente para vencer as agruras da sua ausência e ca para constituir-se em uma demonstração de poder do ao preceito de que o “aumento de peso/obesidade tra- indivíduo como, da mesma maneira, do seu status social. duz vitalidade e boa saúde”. Nos países desenvolvidos, A ingestão alimentar em nível além do necessário trans- a visão toma outra dimensão: consomem-se abundantes formou-se no aforismo atualmente utilizado: “comer calorias decorrentes do sedentarismo, do status social excessivamente (consumir) é poder”. elevado que se obtém com toda forma de excessos, es- A associação da obesidade com um gama de enfer- pecialmente de alimentos e bebidas alcoólicas ou mes- midades (tabela 1) tem sido cada vez mais conhecida, mo do “bloqueio do senso da moderação no ingesta ali- estreita e com tendência a sofrer acréscimo. Tem sido re- mentar” provenientes do uso imoderado dos “drinks” ou ferido que a relação entre a obesidade, hiperinsulinemia, bebidas com teor alcoólico elevado. O impulso alimentar a “cascata da inflamação”, glicemia pós-prandial, trigli- transformou-se num vício com similaridade ao tabaco e o ceridemia e a hipertensão arterial fazem parte de um seu consumo imposto por uma vontade anormal gera de- mesmo contexto patológico e marcadores de disfunção pendência similar a das conhecidas drogas - maconha, co- cardiocirculatória, incluindo a hipertensão venosa crôni- caína - capitaneadas, especialmente, pelas frituras, san- ca nos membros inferiores e suas sequelas1, 3, 4, 6, 7, 10, 21, 24, duíches, chocolate e doces e os derivados dos amidos. 25, 27, 30, 32, 67, 68, 69,70 . Ainda que não se tenham conhecimentos precisos da TABELA 2. VALORES ÉTNICOS DA CIRCUNFERÊNCIA época na qual foi pela primeira vez chamada a atenção MÉDIA ABDOMINAL para a questão da obesidade como uma doença epidê- _________________________________________________ mica, com grande margem de acerto pode-se referir que 1. AMERICANOS DO NORTE, SUL E, EUROPEUS sua origem remonta a 1994, quando o “National Center 9 MASCULINO ± 94 cm for Health Statistics” divulgou relatório abrangendo os ± 80 cm períodos de 1988-1994 e de 1999-2000. Esse relatório FEMININO _________________________________________________ fazia referência à prevalência do aumento de peso no 2. SUL ASIÁTICO adulto americano. Foi nessa época demonstrado que MASCULINO ± 90 cm tinha ocorrido aumento de 55,9% para 64,5% nos ameri- ± 80 cm canos que apresentavam sobrepeso e que, nesse mes- FEMININO _________________________________________________ mo período, a obesidade sofreu um acréscimo de 22,9% 3. CHINÊS para 30,5%4, 5, 7, 8, 9, 10,11. MASCULINO ± 90 cm A obesidade comumente está associada com uma ± 80 cm série de comorbidades, como doenças cardiovasculares, FEMININO _________________________________________________ especialmente a coronariana e cerebral, diabetes tipo 2, 4. NIPÔNICO hipertensão arterial sistêmica, certos tipos de câncer e MASCULINO ± 85 cm doenças arteriais, venosa e linfática dos membros infe- ± 90 cm riores. (Tabela 2). Engeland et al têm chamado a atenção FEMININO _________________________________________________ para o fato que, em 30% de todas as causas de mortalidade, não dependendo do sexo, havia relação direta com a O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos obesidade, especialmente quando o IMC estava restrito a referiu que foram consumidas, per capita, 152.4 libras de 85% - 95% do peso corporal19. Fontaine et al42, Olshansky 30 Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular et al43, Hu et al44 chamaram a atenção para o fato de que é conhecida pelo epônimo de “Cheyne-Stoks”. Estudos a obesidade é associada com um aumento de risco de posteriores, especialmente o levado por Smith em 1933, já morbidade e letalidade em ambos os sexos e influência chamavam a atenção para o acúmulo de gordura na região na expectativa de vida e na sua qualidade. epical e infiltração miocárdica, as quais geravam disfunção desse órgão46. Lugo, analisando essa condição, fez referên- TABELA 3. CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE SEGUNDO O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) 5, 7, 9, 11, 17,19, 20, 22 cia ao fato de que o acúmulo de gordura miocárdica não era uma decorrência direta de um processo infiltrativo, mas sim _________________________________________________ decorrente de um fenômeno de metaplasia. Esse quadro PESO representa uma substituição gradativa de um tipo celular ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (Kg/m ) 2 por outro decorrente de condições adversas, in loco como MAGRO < 18,5 sistêmica47. O acúmulo de gordura (ex.: similar ao que ocorre NORMAL 18,5-24,9 no fígado e pâncreas) gradativamente vai ocorrendo entre SOBREPESO 25,0-29,9 as fibras musculares, podendo gerar, de modo paulatino, sua degeneração e derradeira insuficiência cardíaca do tipo congestivo. Com o advento do estudo do estresse oxidativo OBESO GRAU I 30,0-34,9 e do apoptose, foi chamada a atenção para a lipotoxidade, GRAU II 35,0-39,9 que era induzida ao miocárdio em decorrência da ação dani- GRAU III > 40,0 nha dos ácidos graxos livres que, por sua vez, teriam influência na morte celular programada (apoptose). Os efeitos adversos no contexto hemodinâmico do portador de obesidade têm sido referidos e têm ofertado con- ADIPOSIDADE E SUA INFLUÊNCIA dições para justificar uma gama de condições cardiocircula- NA CIRCULAÇÃO VENOSA tórias que ocorrem nessa doença. Alpert chamou a atenção O tecido adiposo, sendo constituído por condições para o fato que a obesidade tende a produzir um aumento endócrinas, é envolvido por uma exuberante e volumosa absoluto do volume total sanguíneo e proporcionalmente circulação veno-linfo-arterial. Essas circulações, locali- no aumento do volume de ejeção cardíaca, em decorrência zadas nas imediações e intimamente ligadas às células do aumento da demanda metabólica que acompanha o ex- desse tecido, apresentam como característica funcio- cesso de peso corporal45. De modo proporcional, a curva nal alta permeabilidade e diminuta pressão hidrostática, de Frank-Starling é alterada em decorrência do aumento da o que faz com que haja uma alta difusão de componen- pressão e do enchimento do volume sanguíneo ventricular, tes bioquímicos e moléculas complexas do tecido adipo- o qual, por sua vez, predispõe a dilatação dessa câmara car- so para a circulação sistêmica. Larsen et al, na década díaca . As repercussões anatômico-funcionais cardíacas, de 60, já chamavam a atenção para o fato de que, em diante dessa condição, tornam-se patentes: ocorre aumen- período basal, a quantidade de sangue que flui através to da massa miocárdica, vindo a culminar com hipertrofia do tecido adiposo estava limitada entre 2-3 mil/mim por ventricular do tipo excêntrico. O átrio esquerdo não fica ile- 100 gramas de gordura e que poderia ocorrer um aumen- so ou indiferente a essas alterações. Ocorre sua dilatação, to nessa circulação após a ingestão alimentar34,35. 45 que vem culminar com o aumento correspondente da massa ventricular. Essa anormalidade, ligada à estrutura cardíaca, TECIDO ADIPOSO COMO GERADOR DE INFLAMAÇÃO possibilita condições favorecedoras de alterações fisiopa- Nos mamíferos, existem dois tipos de tecido adipo- tológicas, especialmente aquela ligada à fibrilação atrial ou so: o tecido adiposo marrom e o tecido adiposo branco. hipertrofia ventricular esquerda32. Esses tecidos têm capacidade de armazenar lipídeos, A cardiomiopatia que acompanha o obeso - conheci- metabolizá-los e funcionar como órgãos endócrinos, da como “adipositas cordis” - foi descrita por Cheyne em ainda que apresentem diferenças quanto às suas morfo- 1818, quando foi referida pela primeira vez a respiração que logias, expressão gênica e funções. Assim é que o tecido Março / Abril - 2011 31 Artigo Científico adiposo branco apresenta como característica armaze- TABELA 4. RECEPTORES PRESENTES NO nar energia sob a forma de gordura; o marrom, de modo TECIDO ADIPOSO 15 especial, é depositário energético que é ativado todas _________________________________________________ as vezes que o organismo necessita de calor acessório. 1. RECEPTORES DE MEMBRANAS HORMONAIS O tecido adiposo foi conhecido como sendo forma- Insulina do por um agrupamento de células inertes, unidas atra- Glucagon vés de ligações ou mesmos pseudópodes, que apresen- TSH tavam como características principais serem depósitos Angiotensina I e II de energia. Estudos posteriores vieram a demonstrar que o tecido adiposo, ao contrário das ideias dominan- 2. RECEPTORES NUCLEARES HORMONAIS tes, era constituído por células com graus diferenciados Tiroidiano de funções pleiotrópicas e capazes de expressar nume- Vitamina D rosos receptores, traduzindo e secretando uma gama de Andrógenos peptídeos, estando entre eles o fator alfa de necrose Estrógenos tumoral (TNF-α), adipocitoquinases, leptina, inibidor do Progesterona ativador do plasmimogênio entre outras48,49,50,52. Glicocorticosteróide Esses peptídeos atuam de maneiras diversas – autócrina/parácrina – ou mesmo sistêmica (endócrina), podendo 3. RECEPTORES DE CITOCINAS influenciar a regulação do metabolismo energético, na re- Leptina produção, na função de órgãos endócrinos, na atividade Adiponectina muscular, e nos fenômenos ligados a imunidade. Hotamis- TNF –α ligil et al chamam a atenção para o fato de que essa função tem implicações diretas com três condições humanas: 4. RECEPTORES DE CITOQUINAS 1. Com o jejum; 2. Com a ingestão alimentar e 3. Diante de β1, β2, β3. abundância de gordura orgânica 48. O indivíduo torna-se obeso quando seus adipócitos Dentre os elementos sanguíneos que têm sido es- aumentam tanto na sua quantidade quanto na sua di- tudados de modo mais preciso, situam-se os macrófa- mensão. Sendo um tecido extremamente dinâmico, o gos, já que os mesmos encontram-se aumentados nu- aumento desproporcional na sua quantidade reflete no mericamente nas células adiposas dos obesos, e sua metabolismo sistêmico pela ativação/potencialização função, nesses tecidos, tem sugerido ser além da fago- de uma gama de fatores que se encontram normalmente citar adipósitos em decomposição. Essas células san- em condições sub-clínicas ou mesmo ausentes no esta- guíneas têm responsabilidades na produção e ativação do eutrófico. Os ácidos graxos são os mais conhecidos, de muitas citocinas produzidas no tecido adiposo do já que intrinsecamente apresentam potencial de ativar paciente obeso51,52,53. Por certo, os macrófagos são res- a “cascata da inflamação”, como da mesma maneira in- ponsáveis pela expressão dos TNF-α produzidos pelo fluenciar a resistência à insulina, especialmente em nível tecido gorduroso (adipósito) dos obesos e pela inibição muscular. Uma causa ligada ao aumento desses ácidos das interleucinas -6 (IL-6) e indução da expressão das graxos atualmente em amplas frentes de estudos en- sintetases óxido nítrico53. Desta maneira, as evidências contra-se nas alterações ligadas à expressão das perili- têm sido da vez mais sugestivas de que o tecido adi- pinas. É conhecido que essas proteínas são encontradas poso tem responsabilidade tanto na pró-inflamação nas superfícies dos adipócitos, facilitando a liberação como na sua magnitude na maioria dos estágios liga- de ácidos graxos, já que apresentam o poder de ativar a dos às complicações ligadas ao paciente obeso, não “cascata enzimática” ligadas a hidrolização dos triacilcl se podendo excluir, absolutamente, as consequências icerois33,34,36,48,49,50,51,52. que essas condições representam na história natural da 32 Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular hipertensão venosa crônica nos membros inferiores e que presentemente não tenha sido claramente eluci- as suas dificuldades cicatriciais. dada, está intrinsecamente ligada ao excesso de peso (obesidade), à resistência à insulina e às manifestações TABELA 5. PROTEÍNAS DERIVADAS DOS ADIPÓSITOS clínicas que precedem e/ou estão intimamente ligadas à _________________________________________________ diabetes tipo 2. A TNF-α tem estreita relação com a lipóli- 1. PROTEÍNAS LIGADAS AS CITOCINAS se, e particularmente tem relação com a ação/efeito da Leptina liperilipina 49,50. Dentro desse contexto, a TNF-α tem po- TNF-α tencial de aumentar a resistência à insulina sistêmica e IL-6 facilitar a liberação dos ácidos graxos do tecido adiposo para a circulação sistêmica. Na expressão de Greenberg 2. PROTEÍNAS RELACIONADAS AO SISTEMA et al36, a TNF-α tem responsabilidade em promover a IMUNOLÓGICO resistência insulínica nos tecidos periféricos, especial- MCP-1 mente no muscular. As expressões das interleucinas, especialmente a 3. PROTEÍNAS LIGADAS AO SISTEMA FIBRINOLÍTICO seis encontra-se aumentada nos pacientes na qual a Fator tissular obesidade é um elemento clínico de importância signifi- PAI-1 cativa. De maneira similar, essas expressões estão acrescidas nos tecidos adiposos dos obesos e as mesmas 4. PROTEÍNAS LIGADAS AO COMPLEMENTO são de significativa importância clínica-patológica nos Adipsina portadores de sequelas da hipertensão venosa crônica, Fator B quer primária ou secundária, a trombose venosa profun- Adiponectina da dos membros inferiores. Fried et al chamam a atenção para o fato de que a expressão da interleucina-6 5. TRANSPORTADORES E LIGANTES AO METABOLISMO nos indivíduos obesos é 10 vezes mais relevante quando DOS LÍPIDES comparada com os indivíduos eutróficos, ainda que te- Lipoprotína lípase (LPL) nham o mesmo número de adipósitos50. CEPT (Cholesterol Ester Transfer Protein) A concentração plasmática de interleucina-6 é co- Apolipoproteína E mumente elevada nos portadores de obesidade e essa FFA condição tem influência marcante na hipertensão ve- AP-2 nosa crônica nos membros inferiores, no desencadeamento de processos de natureza trombótica e, espe- 6. ENZIMAS LIGADAS NO METABOLISMO ESTEROIDIANO cialmente, na fisiopatologia dos processos cicatriciais Citocromo p-450 das úlceras tróficas desses membros. Estudos atuais 17βHDS têm chamado a atenção para o fato de que a concen- 11βHSD-1 tração plasmática da interleucina-6 (Il-6) é elevada nos obesos; nesses pacientes, o tecido adiposo é o Uma série de fatores pró-inflamatórios da mais alta elemento de máxima expressão em produzir elevação expressão são produzidos e liberados nos tecidos gor- desse elemento (Il-6), o qual pode ser responsabiliza- durosos dos portadores de obesidade, sendo os mais do por mais de 30% da sua produção total orgânica50. comumentes estudados a TNF-α, a intelrceucina (IL-6), as Sabe-se que a Il-6, ainda que seja um elemento que ne- proteínas quimostáticas dos monócitos, fator de cresci- cessita de pesquisas mais abrangentes quanto à sua mento β1, inibidor do ativador do plasminogênio-1, fator função na homeostasia orgânico-sanguínea, tem influ- tissural e o fator VII. ência na lipólise e na oxidação das gorduras orgânico- A concentração de TNF-α no tecido adiposo, ainda sanguíneas e, especialmente, na resistência à insulina Março / Abril - 2011 33 Artigo Científico apresentada pelo paciente com sobrepeso ou mesmo croangiopatia venosa” o elemento capital e o apanágio obeso. Das suas funções mais conhecidas e terríveis, a dentro dessa questão. Sabe-se que: 1. Há ativação das interleucina-6 (Il-6) tem sido responsabilizada por ser células da linhagem branca sanguínea, que aderem ao en- um elemento que prediz efetivamente a possibilidade dotélio venoso, endotélio capilar e venular; 2. Há altera- do indivíduo em desenvolver diabetes tipo 2 ou mesmo ções morfológico-funcionais das células endoteliais mi- infarto do miocárdio . cro vasculares; 3. Há estase sanguínea nesse segmento, 53 Portanto, as medidas que visam influenciar a cica- o que vem facilitar a liberação de substâncias autofar- trização dos portadores de obesidade são complexas macológicas in situ; 4. Há formação de micro trombos, e passam, irremediavelmente, por condutas que visam especialmente nas vênulas e linfáticos; 5. Há significati- minimizar a quantidade da adiposidade apresentada por va deformidade dos elementos figurados sanguínea, es- esses pacientes, especialmente os omentais e/ou an- pecialmente hemática; 6. Há hipóxia endotelial e tissular dróides (extra-abdominais). regional1,67,68,. Linde et al chamou a atenção para a grande quantidade de líquido que normalmente é presente tanto no TABELA 6. BENEFÍCIOS DA REDUÇÃO PONDERAL DO tecido adiposo como no espaço intersticial, poden- PESO CORPORAL NO SISTEMA CARDIOVASCULAR32 do os mesmos ser responsáveis por ± 10% do peso _________________________________________________ corporal . Esse volume excessivo, ligado ao “terceiro . Diminuição do volume sanguíneo espaço” sob condições adversas sendo incorporado . Diminuição no volume de ejeção sanguíneo durante os 54 à circulação sistêmica, promoverá, por certo, uma so- batimentos cardíacos brecarga da mesma, podendo ter repercussões des- . Diminuição da pressão em nível capilar pulmonar favoráveis no coração e na própria microcirculação. . Melhora da disfunção diastólica ventricular esquerda Ainda que o aumento do volume de ejeção cardíaca . Melhora da disfunção sistólica ventricular esquerda seja acrescido no obeso, esse fato não promove um . Diminuição do consumo de oxigênio em repouso aumento absoluto na perfusão do tecido adiposo dos . Diminuição da pressão arterial sistêmica – sistólica obesos, já que, por definição, o tecido gorduroso é e diastólica menos vascularizado que outros tecidos. Ainda que . Diminuição na resistência arterial sistêmica o volume de ejeção, volume total cardíaco e a massa . Diminuição nos batimentos cardíacos em estado basal ventricular esquerda estejam comumente aumenta- . Diminuição no intervalo QTC dos nos obesos, esses aumentos têm sido respon- . Aumento na variabilidade da taxa cardíaca sabilizados mais por serem decorrentes de questões metabólicas que envolvem esses pacientes (ex.: au- A liberação enzimática e dos radicais livres que se- mento quantitativo dos ácidos graxos liberados pelo guem as modificações funcionais da microcirculação, tecido adiposo) que propriamente da massa gorduro- especialmente pela presença de células brancas san- sa apresentada pelo indivíduo. guíneas, apresenta similaridade com as lesões que A úlcera nos membros inferiores, especialmente ocorrem após surtos isquêmicos ou a própria isquemia as de origem venosa, têm cada vez mais apresentado crítica dos membros inferiores. Há décadas sabe-se que ligações com o paciente obeso, já que as alterações essas células possuem capacidade de liberar mediado- orgânicas que ocorrem na sua presença, de modo in- res inflamatórios, como citoquinases, fatores necróticos questionável, têm repercussões na circulação venosa, tumorais β e leucotrienos. Ocorrendo a liberação cons- especialmente na sua disfunção endotelial. tante e sucessiva dessas substâncias, as mesmas apre- Não importando a origem da hipertensão venosa sentam poder de danificar, de modo irreversível, toda crônica nos membros inferiores (ex.: essencial, pós- a estrutura microvascular e os tecidos circunvizinhos, flebítica fístula arteio-venosa), a sua história natural têm culminando com a formação de uma úlcera dérmica. A o seu clímax com a formação de úlceras, sendo a “mi- hipertensão venosa crônica tem o potencial de “danifi- 34 Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular car” a codificação gênica das células tegumentares, isto Um achado comum nos obesos é a presença de é, diminuindo a sua programação de sobrevida (apopto- edema distal nos membros inferiores, especialmen- se), facultando e ofertando condições favoráveis de se- te justa maleolar ou mesmo no dorso do(s) pé(s), cuja rem injuriadas e sofrerem necrose. Portanto, dois fenô- origem tem sido referida, de modo prioritário, como menos reguladores da vitalidade e sobrevida celulares sendo de origem cardíaca (ex.: elevada pressão de estão comprometidos e/ou implicados e fazem parte da enchimento e/ou elevação do seu esvaziamento) e, fase tardia da hipertensão venosa crônica: o apoptose de maneira insignificante, julgada ou responsabili- e a necrose. zada a circulação de retorno venoso/linfático do(s) Deste modo, as alterações presentes na macro/ membro(s) inferior(s). O sedentarismo ou dificuldade micro circulação afetam sensivelmente o fluir sanguí- de ativar os mecanismos responsáveis pelos retornos neo e linfático do membro inferior, esp ecialmente nas dessa(s) circulação(s) (“coração periférico”) podem suas p orções mais distais: capilares e vênulas. Essas influenciar sobremaneira a instalação, perpetuação modificações hemolinforreológicas geram influên- e transformação desses edemas, culminando com cias marcantes no comp ortamento fisiológico das cé- o fibroedema – clímax dessa condição. Resta pouca lulas endoteliais como, da mesma forma, na conduta dúvida de que esses fenômenos são extremamente e na função leucocitária. As células que constituem o dinâmicos, ainda que, paradoxalmente, o paciente arcabouço de sustentação e da funcionalidade des- tenha tendência a imobilismo e vêm a culminar com ses segmentos micro circulatórios são, da mesma a formação ulcerosa. Surgerman et al demonstraram maneira, influenciadas p ela estase sanguínea e p ela que derivação gástrica no sentido de regressão das forças que regulam as velocidades circulatórias nos obesidades mórbidas traz como efeito paralelo a me- setores compartimentais venosos, linfáticos e p elo lhora dos quadros de insuficiência venosa avançada “estresse oxidativo”. dos membros inferiores72. Tem sido matéria de estudos e especulação a identi- A obesidade e os estados metabólicos ligados a ficação das proteínas que teriam a expressão em inter- ela, especialmente a queda da função endotelial, têm mediar todos esses processos. As moléculas de adesão marcantes efeitos na circulação venosa periférica, – [VCAM-1], as β-integrinas, os linfócitos associados aos especialmente nos casos de úlcera decorrentes de antígenos 1 e 4, a prostaglandinas [PGF 2], e o fator de insuficiência venosa crônica. Deste modo, é possível crescimento fibroblástico α apresentam especiais atra- catalogar uma série de consequências adversas da ções para o endotélio microvascular (“microangiopatia obesidade nessa circulação, como sejam: 1. A insufi- venosa”), especialmente diante da presença de HVC. A ciência venosa crônica é mais severa e de maior dura- proximidade ou aderência das células da linhagem bran- ção nos obesos que nos indivíduos sem essa condição; ca a esse endotélio facilita a liberação de uma série de 2. As manifestações parestésias (ex.: dor, queimação, enzimas proteolíticas e radicais livres que predispõem câimbras, pruridos, inflamação crônica nos membros ao dano dessas células, aumentando e perpetuando a inferiores etc.) são maiores quanto à intensidade e estase sanguínea e as manifestações clínicas da HVC em duração e com maior frequência nos obesos; 3. A pre- todo o seu cortejo sintomático . sença de refluxo em nível de poplítea é mais comum 69 Portanto, a estase sanguínea venosa, inicialmente nos obesos; 4. 50% - 75% dos portadores de úlceras decorrente de alterações anatômico-funcionais valvares venosas nos membros inferiores são obesos; 5. Essas e posteriormente em nível micro circulatória, gera como úlceras são mais recalcitrantes ao tratamento clínico - consequência uma sucessão de eventos ou “cascatas” sistêmico e local - e à regressão e, portanto, de maior que danificam as estruturas celulares e desencadeiam morbidade nos obesos; 6. As recidivas ulcerosas são uma série de reações bioquímicas, vindo a culminar com mais frequentes nesses doentes1. o desenvolvimento clínico da insuficiência venosa crônica e do seu apanágio: úlcera de estase. Dentro da visão ora em tela, as medidas terapêuticas assentadas no sentido de levar à cicatrização das Março / Abril - 2011 35 Artigo Científico úlceras de origem venosa nos portadores de obesidade pró-trombótico, inflamatórios e nas sequelas da hiper- necessitam passar, irremediavelmente, como conduta tensão venosa em nível distal do(s) membro(s) inferior(s), paralela, pela regressão do peso corporal desses pa- especialmente as ulcerações. cientes. Essa questão, à luz dos conhecimentos atuais, é de importância significativa, já que os transtornos me- TABELA 7. MEDIDAS TERAPÊUTICAS QUE VISAM tabólicos sistêmicos e locais gerados pela obesidade A REDUÇÃO DE PESO NOS PORTADORES DE OBESIDA- minimizam a atuação de quaisquer modalidades de es- DE E ÚLCERA NO MEMBRO INFERIOR. forços terapêuticos que visam legar a regressão dessas _________________________________________________ distrofias. Portanto, medidas que visam modificar o mo- 1. PERDA DE PESO: dus vivendi do ulceroso obeso é uma questão peremptó- 1. Dieta hipocalórica, hiposódica ria e inegociável, de modo especial a perda ponderal de 2. Exercícios físicos programados peso, questão essa que deve ser sempre encorajada e 3. Orlistat que deve ser levada em estrita consideração. 4. Controle do estresse 5. Controle emocional CONDUTAS QUE LEVAM A REDUÇÃO PONDERAL 2. HIPERTENSÃO ARTERIAL: DO PESO CORPORAL Pela importância médico-social da obesidade e as 1. Inibidores da enzima de conversão suas consequências sócio-econômicas, a mesma tem da angiotensina (ECA) sido estudada com afinco e estratégia de tratamento 2. Betabloqueadores cardioseletivos tem sido estabelecida com resultados promissores (Ta- 3. Diuréticos tiazídicos bela 7). Fundamentalmente, o que se procura com essas medidas é minimizar as ações ou reflexos dos seus 3. DISLIPIDEMIAS: componentes na homeostasia orgânica, através de fár- 1. Inibidores da coenzima A (HMG Coa) (Estatinas) macos de vários teores e características, no sentido de 2. Fibratos minimizar os efeitos daninhos de condições como obesi- 3. Ácido nicotínico dade, hipertensão arterial, dislipidemias, uso do fumo e 4. Sequestradores de ácidos biliares hiperglicemia. A constatação da presença da obesidade, aliada à hipertensão venosa crônica e suas sequelas (úl- 4. RESISTÊNCIA À INSULINA: cera), são motivo suficientemente forte para encorajar 1. Cloridrato de metformina o paciente a modificar seu estilo de vida, especialmente 2. Sulfoniluréia com o combate ao imobilismo (sedentarismo), modifi- 3. Inibidor da α glicosidase cação alimentar - dieta hipocalórica - e manutenção sob 4. Tiazolidinedionas controle das condições que levem ao consumo excessivo alimentar. 5. ESTADOS PRÓTROMBÓTICOS: Eckel et al , Poirier et al chamam a atenção para o 8 32 1. Ácido acetil salicílico (AAS) fato de que a perda ponderal de peso melhora todos os aspectos ligados à obesidade, especialmente as causas Diante das evidências clínicas e laboratoriais, é ligadas à morbiletalidade cardiocirculatória. Diante de essencialmente necessário que o p ortador de úlcera grandes dificuldades em levar o paciente a perder peso, de estase venosa nos membros inferiores, que tenha a prática de exercício físico com auxílio de segundos (ex.: associada obesidade, seja analisado de maneira ho- fisioterapeuta, psicólogo, “personal training”, etc.) e de lística, valorizando as alterações orgânicas de “ris- uma dieta equilibrada, sob supervisão, têm efeito favo- co’, esp ecialmente hip ertensão arterial, hip erglice- rável na performance cardiocirculatória, na hipertensão mia, hip erlipidemias e os marcadores inflamatórios, arterial sistêmica, na resistência à insulina, nos estados como a proteína C reativa. A “monoterapia”, esp e- 36 Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular cialmente a que tem exclusividade em atuar no leito BIBLIOGRAFIA lesional, encontra-se na ép oca atual sob susp eita, a desp eito da sua influência favorável no fenôme- 1. Thomaz JB. Influência da síndrome metabólica na cica- no cicatricial. A dinâmica molecular que intimamen- trização das úlceras venosas dos membros inferiores. Rev te tem estado envolvida no processo de reparação Angiol Cirur Vasc RJ, 2007; 4: 7-19. tissural está subordinada a uma gama de condições 2. Grundy SM, Brewer HB, Cleeman JI, Smith SC Jr, Lenfant clínicas/laboratoriais que, de modo inquestionável, C.: American Heart Association: National Heart , Lung and têm resp onsabilidade e influência não atingida p elo Blood Institute. Definition of metabolic syndrome: report uso irrestrito de uma substância “padrão”. Portanto, of the National Heart, Lung, and Blood Institute/American quaisquer medidas terap êuticas que venham a entrar Heart Association conference on scientific issues related em confronto, ou ter ação inexpressiva na harmonia to definition. Circulation 2004; 109: 433-438. desses princípios, p or certo deixarão de ser favorá- 3. World Heart Organization. Obesity: preventing and mana- veis à cicatrização. ging the global epidemic. Genève: World Heart Organiza- Na última década, tem sido desenvolvido o axioma de que “a cicatrização da úlcera venosa tem sua subordinação a princípios que estão em consonância com o fenômeno que regem a reparação tissural”. Dentro desse contexto, um detalhe patológico e/ou terapêutico pode influenciar favorável/desfavoravelmente o processo cicatricial. Tem sido demonstrado que uma série de condições clínicas/laboratoriais comprovadamente têm responsabilidades na história evolutivo-regressiva dessas formas de lesões. Dentre esses elementos, a obesidade e suas consequências clínicas/metabólicas/humorais têm uma posição de destaque. Dentro desse contexto, a hipertensão arterial, dislipedemias, os pro/agregantes sanguíneos, inflamatórios, resistência à insulina, hiperinsulinemismo, tabagismo, obesidade, espoliação protéica, vitamínico, dos óligoelementos, e demais alterações metabólicas que seguem essas condições influenciam diretamente nas consequências que seguem o quadro de hipertensão venosa em nível dos membros inferiores e influenciam, de alguma forma, na gênese tion. 1998. 4. Vega GL. Obesity, the metabolic syndrome and cardiovascular disease. Am Heart J 2001; 142: 1108-1116. 5. Ford ES, Giles WH, Dietz WJ. Prevalence of the metabolic syndrome among U.S. adults: findings from the Third National Heart and Nutrition Examination Survey. JAMA 2002; 287: 356-359. 6. Pereira MA, Jacobs DR Jr, Van Horne L, Slattery ML, Kartashov AI, Ludwig DS. 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