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A geopolítica de Obama A China na mira do Pentágono F. William Engdahl* Desde o colapso da União Soviética e o fim nominal da Guerra Fria há uns 20 anos, longe de reduzir os gastos militares estadunidenses, o Congresso dos Estados Unidos e todos os seus presidentes expandiram enormemente os gastos militares estadunidenses, os gastos em novos sistemas de armamento. Têm incrementado o número de bases militares permanentes em todo o mundo e alargado a NATO, não só para os países do antigo Pacto de Varsóvia na periferia imediata da Rússia, mas também expandiram a presença militar da NATO e dos Estados Unidos para o interior da Ásia, nos limites da China, através da sua guerra no Afeganistão e campanhas relacionadas com este conflito. Parte I: o Pentágono aponta para a China Na base de simples desembolsos de dólares para gastos militares, e deixando de lado os enormes orçamentos das agências relacionadas com a defesa e a segurança nacional do governo dos Estados Unidos, como o Departamento de Defesa e da Segurança Nacional dos Estados Unidos, do Departamento de Energia e o Tesouro e outras agências, do Departamento de Defesa estadunidense, o orçamento combinado do Pentágono gastou cerca de 739 mil milhões em 2011 nas suas necessidades militares. O resto dos gastos ligados à defesa e à segurança nacional incluiu, de acordo com cálculos do Instituto Internacional para os Estudos Estratégicos, com sede em Londres, um gasto militar anula de mais de 1 bilião de dólares. É uma quantidade maior que os gastos totais dos 42 países, em conjunto, que se seguem aos EUA, e mais que o Produto Interno Bruto da maioria dos países. Oficialmente, a China gastou 10% do investimento dos EUA, na Defesa, uns 90 mil milhões de dólares ou, se incluirmos algumas importações de armas relacionadas com a defesa e outros custos, talvez 111 mil milhões por ano. E apesar das autoridades chinesas não publicarem dados completos sobre tais áreas sensíveis, é evidente que a China gasta apenas uma fracção do que gastam os EUA e parte de uma base tecnológica-militar bastante atrasada em relação aos Estados Unidos. Hoje em dia, devido ao seu dinâmico crescimento económico e à sua determinação em proteger os seus interesses nacionais, a China converteu-se, só pelo facto de existir, na nova «imagem do inimigo» do Pentágono, substituindo nesta categoria o Islão, que era a imagem utilizada desde Setembro de 2001 pela administração Bush-Cheney ou a do comunismo soviético durante a Guerra Fria, para justificar a procura do poder mundial pelo Pentágono. A decisão do Pentágono de intensificar a sua agressiva postura militar contra a China, deve-se apenas por esta se ter tornado, claramente, num polo independente na economia e geopolítica mundial. No mundo globalizado de Washington só há lugar para Estados vassalos. Na doutrina Obama: a China é a nova «imagem do inimigo» Depois de quase duas décadas a descuidar os seus interesses na Ásia Oriental, em 2011, a administração Obama anunciou que os Estados Unidos realizariam «uma alteração estratégica» da sua política externa, a fim de concentrar a sua atenção política e militar na região Ásia-Pacífico, particularmente no sudeste asiático, isto é, na China. O termo «alteração estratégica» é uma página do texto clássico do pai da geopolítica britânica, sir Halford Mackinder, que falou várias vezes da Rússia, e posteriormente da China, como «potências pivot», cuja posição geográfica e geopolítica implicava desafios extraordinários para os anglosaxões e, depois de 1945, para a hegemonia estadunidense. Durante os meses finais de 2011, a administração Obama definiu claramente uma nova doutrina pública de ameaça militar para a disponibilidade militar dos Estados Unidos, apesar dos seus fracassos militares no Iraque e no Afeganistão. Durante uma viagem presidencial ao Longínquo Oriente, quando se encontrava na Austrália, o presidente dos Estados Unidos revelou o que se define como Doutrina Obama [1]. Então, Obama disse aos australianos: «Com a maioria do poder nuclear e quase metade da humanidade, a Ásia definirá, em boa parte, se o século vindouro ficará marcado pelo conflito ou pela cooperação. (…) Portanto, como presidente, tomei uma pensada decisão estratégica – como nação do Pacífico, os Estados Unidos desempenharão um papel mais amplo e de longo prazo na definição desta região e do seu futuro. (…) Instruí a minha equipa de segurança nacional para fazer da nossa presença e missão na região da Ásia-Pacífico uma prioridade de alto nível. (…) Como planeamos e orçamentamos para o futuro, atribuiremos os recursos necessários para manter a nossa forte presença militar nesta região. Conservaremos a nossa capacidade extraordinária para projectar poder e dissuadir as ameaças à paz. (…) Os nossos interesses duradouros na região pedem a nossa presença duradoura na região». «Os Estados Unidos são uma potência do Pacífico, e estamos aqui para ficar. De facto, já estamos a modernizar a atitude de defesa dos Estados Unidos na região Ásia-Pacífico. Será mais amplamente desenvolvida, mantendo a nossa forte presença no Japão e na península da Coreia, reforçando simultaneamente a nossa presença no sudeste asiático. A nossa posição será mais flexível, com novas capacidades para garantir que as nossas forças podem operar livremente. Creio que podemos enfrentar desafios partilhados, tais como a proliferação e a segurança marítima, incluindo a cooperação no Mar do Sul da China» [2]. O eixo da visita de Obama foi o anúncio de que pelo menos 2.500 marines estadunidenses serão colocados em Darwin, no Território do Norte da Austrália. Além disso, numa série de significativos acordos paralelos, houve conversações com Washington para usar aviões estadunidenses não tripulados de vigilância de longo alcance provenientes das remotas Ilhas Cocos – um território australiano no Oceano Índico. Os Estados Unidos terão também acesso a uma maior utilização das bases da Força Aérea australiana e mais visitas de embarcações e submarinos ao Oceano Índico, através de uma base naval nos arredores de Perth, na costa Ocidental da Austrália. O alvo do Pentágono é a China Para deixar as coisas claras aos membros europeus da NATO, Phillipe Hammond, Secretário de Estado da Defesa do Reino Unido, em comentários feitos em Washington em Julho de 2012, referiu explicitamente que o novo rumo da defesa estadunidense para a região ÁsiaPacífico apontava para a China. Hammond disse que «a crescente importância estratégica da região Ásia-Pacífico exige que todos os países, mas sobretudo os Estados Unidos, reflitam na sua postura estratégica a emergência da China como uma potência global. Longe de se preocuparem com a ameaça à região Ásia-Pacífico, as potências europeias da NATO devem dar graças ao facto de os Estados Unidos desejarem meter-se neste novo desafio estratégico em representação da Aliança» [3]. Como com muitas das suas operações, os desenvolvimentos do Pentágono são muito mais profundos do que o que pode sugerir o número relativamente pequeno de 2.500 novos soldados estadunidenses. Em Agosto de 2011 o Pentágono apresentou o seu relatório anual sobre o exército chinês. Dizse que a China tinha fechado brechas tecnológicas fundamentais. O Secretário Adjunto de Defesa para a Ásia Oriental, Michel Schiffer, disse que o ritmo e o alcance dos investimentos militares tinham «permitido à China lutar por capacidades que consideramos potencialmente desestabilizadoras dos equilíbrios militares regionais, incrementar o risco de mal-entendidos e erros de cálculo que podem contribuir para tensões e preocupações “regionais”» [4]. Citou o restauro por parte da China de um porta-aviões da era soviética e o desenvolvimento do avião furtivo chinês de combate, o J20, como um indício da nova capacidade chinesa, que exige uma resposta mais activa dos Estados Unidos. Schiffer citou também as operações espaciais e cibernéticas da China, dizendo que estava «a desenvolver um programa multidimensional para melhorar as suas capacidades para limitar ou impedir o uso de activos espaciais por adversários em momentos de crise ou conflitos» [5]. Parte II: a «Batalha Ar-Mar do Pentágono A estratégia do Pentágono para derrotar a China numa guerra futura, estratégia cujos detalhes foram deixados cair para a imprensa estadunidense, é a chamada «batalha Ar-Mar». A estratégia apela a um agressivo ataque coordenado dos Estados Unidos. Os submarinos e os bombardeiros furtivos estadunidenses destruiriam os radares de vigilância de longo alcance e os sistemas de misseis de precisão da China no interior do país. Esta inicial «campanha para cegar» seria seguida de um assalto aéreo e naval mais amplo sobre a própria China [6]. Crucial para a estratégia avançada pelo Pentágono, cujo desenvolvimento começou discretamente, é a presença naval e aérea do exército dos Estados Unidos no Japão, em Taiwan, Filipinas, Vietname e todo o Mar do Sul da China e no Oceano Índico. O desenvolvimento naval e de tropas australianas tem como finalidade aceder ao estratégico Mar do Sul da China, tal como ao Oceano Índico. O motivo avançado é «defender a liberdade de navegação» no Estreito de Malaca e no Mar do Sul da China. Na realidade pretende-se cortar as rotas petrolíferas estratégicas da China no caso de conflito total. O objectivo da Batalha Ar-Mar é ajudar as forças estadunidenses a resistir a um assalto final chinês e a contra-atacar para destruir os sofisticados sistemas de radar e misseis chineses construidos para manter embarcações afastadas da costa chinesa [7]. A «Batalha Ar-Mar» EUA versus China Além do destacamento de marines estadunidenses no norte da Austrália, Washington planeia utilizar os seus aviões não tripulados de vigilância de longo alcance, provenientes das remotas Ilhas Cocos – um território australiano no estratégicamente vital Oceano Índico. Também terá aceso às bases da Força Aérea Australiana e haverá mais visitas de embarcações e submarinos ao Oceano Índico através da base naval nos arredores de Perth, na costa ocidental da Austrália [8]. O arquitecto da estratégia anti-China do Pentágono da batalha Ar-Mar é Andrew Marshall [N. do T.: Andrew Marshall, nascido em 1921, continua aos 91 anos como director do Office of Net Assessment do Departamento de Defesa dos EUA, para onde foi nomeado pela primeira vez, em 1973, por Richard Nixon!], o homem que delineou a estratégia de guerra avançada do Pentágono há mais de 40 anos, e de que Dick Cheney e Ronald Rumsfeld foram pupilos [9]. Desde os anos 80 do século passado, Marshall foi o promotor de uma ideia colocada pela primeira vez por Nikolai Ogarkov, então chefe dos generais soviéticos, conhecida pelo nome de «Revolução nos Assuntos Militares», RMA, na sua sigla em inglês. Marshall, actualmente com 91 anos, ainda despacha no seu escritório e, evidentemente, tem muita influência no Pentágono. A melhor definição da RMA foi a que foi dada pelo próprio Marshall: «Uma Revolução nos Assuntos Militares é um desafio de envergadura na natureza da guerra, provocada pela aplicação inovadora de novas tecnologias que, combinadas com alterações dramáticas da doutrina militar e nos conceitos operacionais e organizacionais, altera fundamentalmente o carácter e o comportamento das operações militares» [10]. Foi igualmente Andrew Marshall quem convenceu o Secretário de Defesa Donald Rumsfeld e o seu sucessor Robert Gates para o desenvolvimento do Escudo de «defesa» anti-missil na Polónia, na República Checa, Turquia e Japão como estratégia de redução de qualquer ameaça nuclear potencial proveniente da Rússia e, no caso da defesa de mísseis balísticos, qualquer ameaça nuclear potencial proveniente da China. Parte III: a estratégia do «Colar de Pérolas» do Pentágono. Em Janeiro de 2005, Andrew Marshall enviou ao Secretário de Defesa Donald Rumsfeld um relatório interno, classificado, intitulado «Futuros da energia na Ásia». O relatório Marshall, que foi deixado cair integralmente num jornal de Washington, batizou de estratégia do «Colar de Pérolas» a descrição do que chamou a crescente ameaça militar chinesa aos «interesses estratégicos dos EUA» no espaço asiático [11]. O relatório interno do Pentágono afirmava que «a China está a construir relações estratégicas ao longo das rotas marítimas desde o Médio Oriente até ao Mar do Sul da China de forma que sugere um comportamento ofensivo e defensivo para proteger os interesses energéticos da China, mas também para responder a largos objectivos de segurança». Naquele relatório de Andrew Marshall utilizou-se pela primeira vez o termo estratégia do «Colar de Pérolas» da China. É um termo do Pentágono e não um termo chinês. O relatório afirmava que a China estava a adoptar uma estratégia de «Colar de Pérolas» de bases e ligações diplomáticas desde o Médio Oriente até ao sul da China, estratégia que inclui uma nova base naval em construção no porto paquistanês de Gwadar. Assegurava que «Pequim estabeleceu postos de escuta electrónica ilegais em Gwadar, no extremo sudoeste do país, a parte mais próxima do Golfo Pérsico. O posto monitoreia o tráfico de embarcações através do Estreito de Ormuz e o Mar Arábico» [12]. No relatório interno, Marshall continuava a advertir sobre outras «pérolas» na estratégia de rotas marítimas da China: Bangladesh: a China está a fortalecer as suas ligações com o governo e a construir instalações portuárias para contentores em Chittagong. Os chineses estão «a procurar um acesso naval e comercial muito mais extenso» no Bangladesh. Birmânia: a China desenvolveu estreitas ligações com o regime militar de Rangum e converteu uma nação que não confiava na China num «satélite» de Pequim próximo do Estreito de Malaca, através do qual passa 80% do petróleo importado pela China. Este país está a construir bases navais na Birmânia e tem instalações de recolha de inteligência electrónica em ilhas da Baía de Bengala e próximas do Estreito de Malaca. Pequim também fornece à Birmânia «milhares de milhões de dólares de ajuda militar para apoiar, de facto, a aliança militar», afirma o relatório. Cambodja: a China assinou um acordo militar em Novembro de 2003 para proporcionar treino e equipamento. O Cambodja está a ajudar Pequim a construir vias férreas desde o sul da China até ao mar. Mar do Sul da China: As actividades chinesas na região tem menos que ver com reivindicações territoriais que com «a protecção ou denegação do trânsito de barcos cisternas através do Mar do Sul da China», afirmava o relatório. A China está a construir as suas forças militares na região para poder «projectar poder aéreo e marítimo» a partir do continente e da ilha Hainan. Recentemente, a China melhorou uma pista de aterragem militar na ilha de Woody e incrementou a sua presença através de plataformas de perfuração petrolífera e barcos oceanográficos. Tailândia: A China está a considerar o financiamento de 20 mil milhões de dólares para a construção de um canal através do istmo de Kra, o que permitiria aos barcos desviarem-se do Estreito de Malaca. O canal daria à China instalações portuárias, armazéns e outras infraestruturas na Tailândia com o objectivo de reforçar a influência chinesa na região, afirmava o relatório. O Comando Sul do exército dos Estados Unidos fez, no final dos anos 90, um relatório classificado semelhante, onde advertia que a China pretendia utilizar instalações portuárias comerciais em todo o mundo, para controlar «gargalos de garrafa» estratégicos [13]. Rebentar com o «Colar de Pérolas» Desde aquele relatório de 2005, as acções do Pentágono e dos Estados Unidos tiveram como objectivo contrariar as intenções da China ou defender a segurança energética através deste «Colar de Pérolas». As intervenções dos Estados Unidos desde 2007, na Birmânia/Myanmar tiveram duas fases. A primeira foi a chamada «Revolução açafrão», uma desestabilização apoiada em 2007 pelo Departamento de Estado e pela CIA para chamar a atenção internacional para a situação dos direitos humanos na ditadura militar de Myanmar. O objectivo era reforçar o isolamento internacional daquele país, estrategicamente situado, de todas as relações económicas para além da China. Os antecedentes das acções dos Estados Unidos eram a construção pela China de oleodutos provenientes de Kunming, no sudoeste da província chinesa de Yannan, pela velha Estrada da Birmânia através de Myanmar até à Baía de Bengala, e desde a Índia e o Bangladesh ao norte do Oceano Índico. Forçar os líderes militares da Birmânia a uma maior dependência da China foi um dos factores que provocaram a decisão dos militares de Myanmar a abrirem-se economicamente ao ocidente. Declararam que o recrudescimento das sanções económicas dos Estados Unidos tinham prejudicado seriamente o país, e o presidente Thein Sein fez a sua maior abertura de liberalização, tal como deu a liberdade à dissidente Aung San Suu Kyi, apoiada pelos Estados Unidos, para que ela pudesse disputar um cargo de eleição popular proposta pelo seu partido; como contrapartida, recebeu promessas da secretária de Estado, Hillary Clinton, de investimentos estadunidenses no país e o possível levantamento de sanções económicas [14]. As empresas estadunidenses que se relacionam com a Birmânia são cuidadosamente selecionadas em Washington para introduzir as mais destrutivas reformas de «mercado livre» que levaram a instabilidade a Myanmar. Os Estados unidos não permitiram investimentos em entidades que sejam propriedade das Forças Armadas de Myanmar ou do seu Ministério da Defesa. Também poderão impor sanções «aos que violem o processo de reformas aos envolvidos em abusos dos direitos humanos que tenham contribuído para conflitos étnicos ou participado em trocas militares com a Coreia do Norte». Os Estados Unidos impedirão que empresas ou pessoas façam transações com qualquer «cidadão ou empresa especialmente designado (s)» que não controlem – permitindo-se, por exemplo, parar a canalização de recursos económicos para grupos que «interrompam o processo de reforma». É a clássica política da «cenoura e do pau», onde a cenoura está representada nas fabulosas riquezas se a Birmânia abrir a sua economia às empresas estadunidenses, e castiga os que tentam resistirlhe à absorção dos principais activos do país. O petróleo e o gás, vitais para a China, serão um objectivo especial da intervenção estadunidense. As empresas e os cidadãos estadunidenses podem investir em empresas de petróleo e gás propriedade do Estado (Myanmar Oil and Gas Enterprise) [15]. Obama também criou uma nova força para que o governo imponha «sanções de bloqueio» a qualquer pessoa que ameace a paz em Myanmar. As empresas com mais de 500.000 dólares de investimento no país deverão apresentar um relatório anual ao Departamento de Estado, com detalhes sobre direitos laborais, aquisição de terras, e pagamentos a entidades governamentais, incluindo empresas estatais de Myanmar. As empresas e os cidadãos estadunidenses poderão investir na empresa Myanmar Oil and Gas enterprise, propriedade estatal, mas os investidores deverão informar o Departamento de Estado no prazo de 60 dias. Também as ONGs estadunidenses de «direitos humanos» muitas delas estreitamente associadas com as posições geopolíticos do Departamento de Estado, incluindo a Freedom House, Human Rights Watch, Institute for Asian Democracy (Instituto para a Democracia na Ásia), a Open Society Foundation, Physicians for Human Rights (Médicos pelos Direitos Humanos), U.S. Campaign for Burma (Campanha dos EUA para a Birmânia), United to End Genocide (Unidos para o fim do genocídio) poderão actuar na Birmânia, de acordo com uma decisão da Secretaria de Estado em Abril de 2012 [16]. A Tailândia, outra chave da estratégia defensiva do «Colar de Pérolas» da China, também foi submetida a um intensa desestabilização nestes anos. Agora com a irmã de um corrupto ex primeiro-ministro no poder, as relações EUA-Tailândia melhoraram significativamente. Depois de choques sangrentos, o multimilionário apoiado pelos Estados Unidos e ex primeiroministro tailandês Thaksin Shinawatra, conseguiu impor a sua irmã, Yingluck Shinawatra, como primeira-ministra e, ao que se diz, continua a mexer os pauzinhos a partir do estrangeiro. O próprio Thasksin desfrutava ainda de uma cómoda estadia nos Estados Unidos, no Verão de 2012. As relações de Estados Unidos com a irmã de Taksin, Yingluck Shinawatra, estão encaminhadas para satisfazer plenamente a «volta estratégica» de Obama centrada na «ameaça chinesa». Em Junho de 2012, o General Martin E. Dempsey, Chefe de Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, declarou no seu regresso de uma visita à Tailândia, Filipinas e Singapura: «Queremos associar-nos com nações e ter uma presença que nos permita construir capacidades comuns para interesses comuns». São precisamente estas, as contas principais do que o Pentágono define como o «Colar de Pérolas». O Pentágono está discretamente a negociar o regresso às bases abandonadas depois da guerra do Vietname. Está a negociar também com o governo tailandês a criação de um novo centro de «ajuda para desastres» no campo de aviação da Armada Real Tailandesa em UTapao, a 144 km ao sul de Banguecoque. O exército estadunidense construiu a pista de 3km de comprido, uma das mais compridas da Ásia, nos anos 60 do século passado, para servir de base principal de escala e reabastecimento de combustível durante a guerra do Vietname. O Pentágono está também a trabalhar para garantir mais direitos para visitas da marinha de guerra estadunidense a portos tailandeses, a fim de coordenar voos de vigilância e monitorar rotas comerciais e deslocações militares. E em breve terá Singapura como base para quatro dos seus mais recentes barcos de guerra – barcos de combate litoral – e estacioná-los-á periodicamente na Tailândia e noutros países do sudeste asiático. A Armada dos EUA pretende opções para realizar missões de voos de vigilância comandados a partir da Tailândia [17]. Além disso, o subsecretário de Defesa, Ashon Carter, visitou a Tailândia em Julho de 2012 e o governo tailandês convidou o secretário de Defesa, Leon Panetta, para uma reunião com o ministro tailandês da Defesa, durante uma conferência em Singapura em Junho [18]. Em 2014, a marinha de guerra estadunidense tem agendado o começo da deslocação de uma unidade de aviões anti-submarinos e de reconhecimento P-8A Poseidon no Pacífico para substituição dos aviões de vigilância P3C Orion. Também para essa altura, está a ser preparada a deslocação de aviões não tripulados de vigilância, de grande altitude, para essa região da ÁsiaPacífico [19]. Parte IV: A Defesa Índia-EUA «Política de olhar para Este O secretário da Defesa, Leon Panetta, esteve na Índia em Junho de 2012 [N. do T. recentemente, em plena campanha eleitoral norte-americana, houve novas conversações militares na Índia com membros da administração Obama]. Ali proclamou que a cooperação em matéria de defesa com a Índia é o eixo da estratégia estadunidense de segurança para a Ásia. Comprometeu-se a ajudar a desenvolver as capacidades militares da Índia e a colaborar na produção conjunta de «artigos» de defesa de alta tecnologia. Panetta foi quinto secretário do gabinete de Obama a visitar este ano a Índia. A mensagem que todos levaram é que, para os Estados Unidos, a Índia será a relação mais importante do século XXI. A razão é o surgimento da China [20]. Há alguns anos, durante a administração Bush, Washington deu um passo gigante ao assegurar a Índia como aliado militar dos Estados Unidos, face à crescente presença chinesa na Ásia. A Índia define este passo como a «Política de olhar para Este». Na realidade, apesar de todas as afirmações em contrário, é uma política militar de «olhar para a China». Em comentários de Agosto de 2012, o subsecretário da Defesa Ashton Carter declarou que «a Índia também é uma parte fundamental do nosso reequilíbrio na região Ásia-Pacífico, e acreditamos, para maior segurança e prosperidade no século XXI. As relações EUA-ÍNDIA têm um alcance mundial, como o aumento de influência de ambos os países [21]. Em 2011, o exército estadunidense realizou mais de 50 exercícios militares significativos com a Índia. Carter continuou a fazer observações depois da sua viagem a Nova Deli, os nossos interesses de segurança convergem: na segurança marítima em toda a região do Oceano Índico; no Afeganistão, onde a Índia fez muitíssimo pelo desenvolvimento económico e pelas forças de segurança afegãs; e em assuntos regionais mais amplos, onde partilhamos interesse de longo prazo. Estive na Índia a pedido do Secretário de Estado Panetta e com uma delegação de alto nível de quadros técnicos e políticos dos Estados Unidos [22]. Oceano Índico A estratégia do «Colar de Pérolas» do Pentágono contra a China não tem pérolas formosas, mas uma grossa corda de verdugo à volta da China, desenhada para isolar completamente a China do seu acesso a matérias-primas vitais, muito particularmente do petróleo proveniente do Golfo Pérsico e de África. O ex-conselheiro do Pentágono, Robert D. Kaplan, que agora trabalha com Stratfor, observou que o Oceano Índico se tornou um «centro de gravidade estratégico» mundial e que quem controlar esse centro, controlará a Eurásia, incluindo a China. Esse Oceano é um corredor marítimo vital para fluxos de energia e comércio entre os países do Médio e do Longínquo Oriente. Mais, estrategicamente é o coração de um eixo económico sul-sul em desenvolvimento entre a China, África e América Latina. Desde 1997, o comércio entre a China e África incrementou-se mais de 20 vezes e o comércio com a América Latina, incluindo o Brasil, aumentou 14 vezes em apenas 10 anos. A continuar com esta dinâmica pode acabar a eclipsar em menos de uma década a importância económica da União Europeia, bem como a decrescente economia industrial da América do Norte, algo que os grupos de poder em Washington e Wall Street estão dispostos a impedir, custe o que custar. Tratando de eludir o arco islâmico, que se estende desde a Somália até à Indonésia, passando pelos países do Golfo e da Ásia Central, a região que rodeia o Oceano Índico tornou-se definitivamente o centro de gravidade estratégico do mundo [23]. Nenhum bloco económico rival pode permitir-se desafiar a hegemonia estadunidense. O exconselheiro geopolítico de Obama, Zbigniew Brzezinski, um estudante da geopolítica de Mackinder e ainda hoje parceiro de Alfred Heinz (aliás Henry Kissinger), uma das pessoas mais influentes da elite política dos Estados Unidos, sintetizou a posição a partir de Washington no seu livro de 1997, O grande tabuleiro de xadrez: a superioridade estadunidense e os seus imperativos geo-estratégicos (The Grand Chessboard: American Primacy and It’s Geostrategic Imperatives): É imperativo que não surja nenhum adversário euro-asiático capaz de dominar a Eurásia e, assim, desafiar também os Estados Unidos. A formulação de uma geoestratégia euro-asiática global e integral é, portanto, o propósito deste livro [24]. Para os Estados Unidos, o prémio geopolítico mais importante é a Eurásia… A superioridade mundial dos Estados Unidos depende directamente de quanto e como se mantiver, de facto, a sua preponderância sobre o continente euro-asiático [25]. Nesse contexto é essencial como «administram» os Estados Unidos a Eurásia. Trata-se da maior zona do mundo e é geopoliticamente axial. A potência que domine a Eurásia controlará terceiras partes das regiões mais avançadas e economicamente mais produtivas do mundo. Uma vista de olhos pelo mapa sugere também que o controlo sobre a Eurásia quase implica a subordinação automática de África, tornando o hemisfério ocidental e a Oceânia geopoliticamente periféricos em relação ao continente central do mundo. Aproximadamente 75% da população mundial vive na Eurásia, a maior parte da riqueza física mundial é ali que também se encontra, tanto nas suas empresas como no seu subsolo. A Eurásia representa 60% do PIB mundial e aproximadamente três quartas partes dos recursos energéticos conhecidos a nível mundial [26]. O Oceano Índico está coroado pelo que alguns chamam um arco islâmico de países que vão da África Oriental à Indonésia, incluindo os países do Golfo Pérsico e da Ásia Central. O surgimento da China, e de outras potências asiáticas mais pequenas nas últimas décadas, desafiou a hegemonia dos Estados Unidos no Oceano Índico, pela primeira vez desde a Guerra Fria. Particularmente nos últimos anos, à medida que a influência estadunidense caía vertiginosamente e que a China aumentava de modo espectacular, o Pentágono começou a redesenhar a sua presença estratégica no Oceano Índico. A «viragem asiática» de Obama centra-se em assumir um controlo decisivo do Pentágono sobre as rotas marítimas do Oceano Índico e as águas do Mar do Sul da China. A base militar dos Estados Unidos em Okinawa, no Japão, está a ser recuperada como um centro essencial para projectar o exército estadunidense sobre a China. Em 2010 havia mais de 35.000 militares norte-americanos destacados no Japão, além de 5.500 civis estadunidenses ali empregados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A Sétima Esquadra dos Estados Unidos está baseada em Yokosuka. A 3ª Força Expedicionária da Marinha em Okinawa. São 130 aviões de combate da US Air Force os que estão destacados na base aérea de Misawa e na base aérea de Kadena. O governo japonês começou em 2011 um programa de armamento desenhado para contrapor ao que se interpreta como a crescente ameaça chinesa. O comando japonês instou os seus líderes a solicitar aos Estados Unidos a venda de aviões de combate F-22A Raptor, actualmente com a venda proibida pela legislação norte-americana. Os exércitos sul-coreano e estadunidense alargaram a sua aliança estratégica, e mais de 45.000 soldados norteamericanos foram agora destacados para a Coreia do Sul. Os sul-coreanos e os estadunidenses dizem que isso é devido à modernização do exército da Coreia do Sul. A China e a Coreia do Norte denunciam que se trata de uma medida desnecessariamente provocatória [27]. A pretexto da sua guerra contra o terrorismo, os Estados Unidos desenvolveram acordos militares de envergadura com as Filipinas e o exército indonésio. Situação estratégica da base militar Diego Garcia A base militar da ilha Diego Garcia é o eixo do controlo estadunidense no Oceano Índico. Em 1971, o exército dos Estados Unidos expulsou os habitantes de Diego Garcia para construir uma vasta instalação militar e lançar posteriormente missões contra o Iraque e o Afeganistão. A China tem dois tendões de Aquiles: o Estreito de Ormuz na entrada do Golfo Pérsico e o Estreito de Malaca, próximo de Singapura. Aproximadamente 20% do petróleo da China passa pelo Estreito de Ormuz. E cerca de 80% do petróleo chinês passa pelo Estreito de Malaca, tal como um relevante comércio de carga. Para impedir que a China surja como um concorrente económico de peso dos Estados Unidos a nível mundial, Washington lançou a chamada Primavera Árabe em finais de 2010. Ainda que as aspirações democráticas e de liberdade de milhões de cidadãos árabes na Tunísia, Líbia, Egipto e alguns países mais seja autêntica, na realidade, estes foram utilizados involuntariamente como carne para canhão, a fim de desencadear a estratégia estadunidense de caos, guerras e conflitos intra-islâmicos em todo o mundo islâmico rico em petróleo, desde a Líbia, no norte de África, até à Síria e em último caso ao Irão no Médio Oriente [28]. A estratégia norte-americana nos países do arco islâmico é exactamente como foi definida pelo analista estratégico Mohamed Hassan: «Os Estados Unidos pretendem controlar estes recursos para evitar que cheguem à China. Este era um objectivo principal das guerras do Iraque e do Afeganistão, mas estas transformaram-se em fracassos. Os Estados Unidos destruíram estes países para impor governos dóceis, mas fracassaram. A cereja no cimo do bolo são as novas ligações entre os governos iraquiano e afegão com a China! Portanto, Pequim não necessitou de gastar milhares de milhões de dólares numa guerra ilegal para ganhar influência no ouro negro do Iraque: as empresas chinesas, simplesmente, compraram concessões petrolíferas com toda a legalidade em leilão. A estratégia dos Estados Unidos fracassou de totalmente No entanto ainda há uma opção em aberto para os Estados Unidos: manter o caos para evitar que estes países consigam a estabilidade em benefício da China. Isto explica a continuação da guerra no Iraque, no Afeganistão e a sua extensão a países como o Irão, o Iémen ou a Somália [29]. Parte V: O Mar do Sul da China Em 2012, o culminar do cacete do verdugo chamado «Colar de Pérolas» do Pentágono à volta da China, como forma de a isolar da energia vital e de outras importações em caso de guerra, centra-se na crescente manipulação dos acontecimentos no Mar do Sul da China. O ministério dos Recursos Geológicos e Minas da República Popular da China calcula que o Mar do Sul da China pode conter 18 mil milhões de toneladas de crude (em comparação com os 13 mil milhões de toneladas do Kuwait). Um cálculo mais optimista sugere que os recursos petrolíferos potenciais (reservas não comprovadas) das ilhas Spratly e Paracelso, no Mar do Sul da China poderiam elevar-se a 105 mil milhões de barris de petróleo e que o total do Mar do Sul da China poderia chegar aos 213 mil milhões de barris [30]. Surpreendentemente, a existência na zona de tão vastas reservas de energia não se constituíram em segurança energética fundamental para a China. Nos últimos anos, Washington implementou uma intervenção calculada para sabotar os interesses chineses, recorrendo particularmente ao Vietname como cunha contra a exploração petrolífera chinesa. Em Julho de 2012,a Assembleia Nacional do Vietname aprovou uma lei que demarcava os limites marinhos vietnamitas, incluindo nele as ilhas Spratly e Paracelso. A influência estadunidense no Vietname tornou-se decisiva desde que aquele país se abriu à liberalização económica. Em 2011, o exército dos Estados Unidos começou uma cooperação com o Vietname, incluindo exercícios militares «pacíficos» conjuntos. Washington apoiou quer as Filipinas quer o Vietname nas suas reivindicações territoriais sobre os territórios reivindicados pela China no Mar do Sul da China, procurando que os referidos pequenos países não procurem uma solução diplomática [31]. Em 2010, as grandes empresas petrolíferas dos Estados Unidos e do Reino Unidos apresentaram a oferta para a exploração no mar do Sul da China. A oferta da Chevron e BP juntou-se á presença na região da Anadarko Petroleum Corporation, sediada nos Estados Unidos. Essa transação é essencial para proporcionar a Washington o pretexto da «defesa dos interesses petrolíferos estadunidenses» na região [32]. Em Abril de 2012, o barco de guerra filipino, Gregorio del Pilar, esteve envolvido numa altercação com dois barcos de vigilância chineses em Arrecife de Scarborough, uma área reivindicada por ambas as nações. A marinha de guerra filipina, inclusive, pretendeu prender pescadores chineses que, supostamente, estavam a capturar espécies marinhas na sua área protegida, mas as embarcações de patrulha impediram-nos. Em 14 de Abril de 2012, os Estados Unidos e as Filipinas realizaram os seus exercícios anuais em Palawan, Filipinas. Em 7 de Maio de 2012, o vice-ministro chinês das Relações Externas, Fu Ying, convocou uma reunião com Alex Chua, encarregado de negócios da embaixada filipina na China, para fazer uma grave reclamação sobre o incidente em Arrecife de Scarborough. Desde a Coreia do Sul até às Filipinas e o Vietname, o Pentágono e o Departamento de Estado incentivam a luta pelos direitos sobre o Mar do Sul da China, a fim de introduzir furtivamente a presença militar estadunidense na zona, com vista a «defender» os interesses vietnamitas, japonese, coreanos ou filipinos. O cacete do verdugo militar à volta da China vai-se estendendo, pouco a pouco. Ainda que o acesso da China a vastos recursos petrolíferos e de gás marítimos esteja a ser restringido, Washington pressionando para que a China explore massivamente os recursos de gás no seu território. Não por boa vontade dos Estados Unidos para com a China. Na verdade trata-se de outra arma poderosa na destruição da China: a guerra ambiental. Notas: [1] President Barack Obama, Remarks By President Obama to the Australian Parliament, 17 de Novembro de 2011. Ver em http://www.whitehouse.gov/the-press-office/2011/11/17/remarkspresident-obama-australian-parliament. [2] Ibid. [3] Otto Kreisher, UK Defense Chief to NATO: Pull Your Weight in Europe While US Handles China, 22 de Julho de 2012 Ver http://defense.aol.com/2012/07/19/uk-defense-chief-to-natopull-your-weight-in-europe-while-us-ha/?icid=related4 . [4] BBC, China military „closing key gaps‟, says Pentagon, 25 de Agosto de 2011. Ver em http://www.bbc.co.uk/news/world-asia-pacific-14661027 . [5] Ibid. [6] Greg Jaffe, “US Model for a Future War Fans Tensions with China and inside Pentagon”, Washington Post, 2 de Agosto de 2012. Ver em http://www.turkishweekly.net/news/139681/usmodel-for-a-future-war-fans-tensions-with-china-and-inside-pentagon.html. [7] Ibid. [8] Matt Siegel, “As Part of Pact, U.S. Marines Arrive in Australia, in China‟s Strategic Backyard”, The New York Times, 4 de Abril de 2012. Ver em http://www.nytimes.com/2012/04/05/world/asia/us-marines-arrive-darwin-australia.html. [9] Greg Jaffe, op. cit. [10] F. William Engdahl, Full Spectrum Dominance: Totallitarian democracy in the New World Order, Wiesbaden, 2009, edition.engdahl, p. 190. [11] The Washington Times, “China Builds up Strategic Sea Lanes”, 17 de Janeiro de 2005. Ver em http://www.washingtontimes.com/news/2005/jan/17/20050117-1155501929r/?page=all#pagebreak [12] Ibid. [13] Ibid. [14] “An Opening in Burma: The regime‟s tentative liberalization is worth testing for sincerity”, Wall Street Journal, 22 de Novembro de 2011. Ver em http://online.wsj.com/article/SB10001424052970204443404577049964259425018.html [15] Radio Free Asia, “US to Invest in Burma‟s Oil”, 7 de Novembro de 2011. Ver en http://www.rfa.org/english/news/burma/sanctions-07112012185817.html [16] Shaun Tandon, “US eases Myanmar restrictions for NGOs”, AFP, 17 de Abril de 2012. Ver em http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jmwmJ3e0yIjyD7N52GAFISnweAA?docId=CNG.a8c1c3e2edf92a30cc1b3c9bd5ed11c1.131 [17] Craig Whitlock, “U.S. eyes return to some Southeast Asia military bases”, Washington Post, 23 de Junho de 2012. Ver em http://www.washingtonpost.com/world/national-security/us-seeks-return-to-se-asianbases/2012/06/22/gJQAKP83vV_story.html [18] Ibid. [19] Ibid. [20] Premvir Das, “Taking US-India defence links to the next level”, 18 de Junho de 2012. Ver em http://www.rediff.com/news/slide-show/slide-show-1-taking-us-india-defence-links-to-the- next-level/20120618.htm [21] Zeenews, “US-India ties are global in scope: Pentagon”, Au 2 de Agosto de 2012. Ver en http://zeenews.india.com/news/world/us-india-ties-are-global-in-scope-pentagon_791212.html [22] Ibid. [23] Gregoire Lalieu, Michael Collon, “Is the Fate of the World Being Decided Today in the Indian Ocean?”, 3 de Novembro de 2010. Ver en http://www.michelcollon.info/Is-the-fate-of-theworld-being.html?lang=fr [24] Zbigniew Brzezinski, The Grand Chessboard: American Primacy And It’s Geostrategic Imperatives, 1997, Basic Books, p. xiv. [25] Ibid., p. 30. [26] Ibid., p. 31. [27] Cas Group, “Background on the South China Sea Crisis”. Ver en Ver en http://casgroup.fiu.edu/pages/docs/3907/1326143354_South_China_Sea_Guide.pdf [28] Gregoire Lalieu,, et al, op. cit. [29] Ibid. [30] GlobalSecurity.org, “South China Sea Oil and Natural Gas”. http://www.globalsecurity.org/military/world/war/spratly-oil.htm [31] AFP, “US, Vietnam Start Military Relationship”, 1º de agosto de 2011. Ver en http://www.defensenews.com/article/20110801/DEFSECT03/108010307/U-S-Vietnam-StartMilitary-Relationship [32] Zacks Equity Research, “Oil Majors Eye South China Sea”, 24 de Junho de 2010. Ver en http://www.zacks.com/stock/news/36056/Oil+Majors+Eye+South * F. William Engdahl, jornalista norte-americano especialista em energia e geopolítica. Este texto foi publicado em www.voltairenet.org/article175708.html Tradução de José Paulo Gascão