Nº 1. 2010 Revista Anual da Aberdeen

Transcrição

Nº 1. 2010 Revista Anual da Aberdeen
Nº 1. 2010 Revista Anual da Aberdeen-Angus Portugal
O Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus
foi aprovado a 27 de Novembro de 2007 e entregue a sua gestão à
Federação Agrícola dos Açores, sendo esta responsável por manter
e certificar a pureza da raça, assim como desenvolver acções que
promovam a melhoria e difusão de animais reprodutores.
Av. Álvaro Martins Homem, 31 9700 – 017 Angra do Heroísmo, Açores – Portugal
Tel/fax: +351 295 628 350 . [email protected] . www.faa.pt
2
magazine
Ficha Técnica
Director
Luís Machado
Colaboraram nesta edição
Artur Machado e Erica Baron, João
Silva, José Matos, Nigel Hammill,
Paulo Costa, Rita Villa Nova e
Robert Anderson
01.2010
Índice
Editorial
4
Criadores constituem “Associação de Criadores
da raça Aberdeen-Angus”
5
Funcionamento do Livro Genealógico Português
da Raça Bovina Aberdeen-Angus
6
Seguindo as pisadas dos famosos
8
Certified Aberdeen-Angus Beef
10
Angus FAQS
12
A raça Aberdeen Angus
15
A raça Aberdeen-Angus na Irlanda
24
Tecnologias reprodutivas nas manadas de carne
26
Canadian Angus Association
30
Angus na Austrália
32
Selecção assistida por marcadores moleculares
na gestão e melhoramento de gado de carne
34
A raça Angus na Argentina
37
Algo da história e evolução da raça Angus no Uruguai
39
Expansão da raça Aberdeen-Angus
42
A raça Aberdeen Angus na Alemanha
44
Mértola é referência da raça no continente
46
The Irish Angus Cattle Society
49
O caminho faz andando (I PARTE)
51
A Aberdeen Angus na Dinamarca
55
O caminho faz andando (II PARTE)
57
Red Angus na Austrália
60
Maneio Sanitário em explorações de carne
62
Redacção
Paulo Costa
Paginação
Cláudia Franco
Propriedade
Aberdeen-Angus Portugal - Associação de Criadores da Raça AberdeenAngus
Impressão e acabamento
Coingra
Tiragem de 1000 exemplares
Distribuição gratuita
Rua do Emigrante, 42
São Bartolomeu
9700-520 Angra do Heroísmo
3
Editorial
Caros associados e bovinicultores,
Neste tempo em que a conjuntura económica nacional
e internacional não é a melhor, nem se sabe, por exemplo
que futuro nos traz a Política Agrícola Comum (PAC) pós
2013, que decisões tomar a médio longo prazo devido à
constante mudança de interesses de uma produção agrícola cada vez mais globalizada, surge assim no nosso contexto e pela primeira vez na história do nosso pais a Associação de Criadores da Raça Aberdeen-Angus designada
por ABERDEEN-ANGUS PORTUGAL à qual presido com
muita honra.
Muito tem sido feito em prol da raça desde o ano 2005
aquando da primeira importação de animais reprodutores. De salientar a criação, através da Federação Agrícola dos Açores, do Livro Genealógico Português da Raça
Aberdeen-Angus, aprovado pela Direcção Geral de Veterinária – Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural
e Pescas a 27 de Novembro de 2007, a vários eventos relacionados com a mesma, ficando marcado também pela
fundação desta associação.
Independentemente dos dias negros em que vive a nossa agricultura é cada vez mais necessário que os agricultores consigam gerir as suas explorações ao cêntimo, pois
não se deve tanto medir o sucesso de uma exploração pelo
peso que um grupo de novilhos consegue ao abate, mas
pela capacidade que o efectivo reprodutor tem de contribuir a cada 365 dias.
A raça Angus aparece num cenário agrícola português
com um futuro promissor. Desde logo pela sua eficiência
na conversão de forragem (alimento pobre em energia)
em peso, pela sua, rusticidade/adaptabilidade a várias
condições edafo-climáticas, mas também pela elevada facilidade de parto e de maneio e pela capacidade de produzir carne de elevada qualidade com reputação mundial.
Aos produtores que estão no sector, aos que pensam criar
novas explorações e aos indecisos, digo-vos MUDEM, MUDEM!
Costumo dizer que não “inventámos a roda” pois ela já
o foi há muito. Basta analisarmos todos os mercados estrangeiros, onde por exemplo na Argentina 80% das manadas são Angus e/ou cruzados de Angus. Passando pela
forte implementação da raça no Brasil, Estados Unidos
4
da América (maior efectivo puro mundial), Canadá (raça
onde se espera o registo de mais de 60.000 animais puros
durante o ano de 2010), passando pelo Reino Unido onde
a raça tem o seu o berço, a restante Europa ou mesmo no
outro lado do mundo (i.e. Austrália e Nova Zelândia).
Onde a nível mundial todas as raças de gado de carne
baixaram os seus níveis populacionais, a Aberdeen-Angus
consegue manter-se e em alguns países até aumentar o registo dos seus efectivos, demonstrando a sua popularidade,
resultado da sua aceitação, credibilidade e excelência.
Embora sejamos um pequeno grupo de criadores, em
todos vejo a dedicação e onde recai a responsabilidade de
preservar, desenvolver, melhorar e promover o usa da raça
e que à semelhança de outras associações de criadores espalhadas pelos cinco continentes, possamos fazer história
e contribuir para a melhoria da produção e da qualidade
da carne produzida em Portugal.
Por último, agradecer a todos quanto contribuíram
para que fosse possível a circulação desta revista, de modo
especial às organizações internacionais que contribuíram
com a sua experiência e o acolhimento no Secretariado
Mundial da Raça Angus, pela qualidade dos artigos e pelos patrocinadores, esperando que esta publicação faça jus
ao V. esforço.
Esta Direcção, que presido, acredita que todos juntos
vamos ter certamente um futuro risonho, brilhante e longínquo, trabalhando em prol desta raça, que é uma das
mais antigas do mundo e que tantas alegrias nos têm dado,
a todos um bem-haja!
Luís Armando Pimentel Pereira da Costa Machado
magazine
01.2010
Criadores constituem
“Associação de Criadores da raça
Aberdeen-Angus”
A aprovação do Livro Genealógico Português da Raça
da raça e dos seus criadores.
Bovina Aberdeen-Angus em Portugal a 27 de Novembro
A associação pretende assumir responsabilidades em váde 2007 e a nomeação da Federação Agrícola dos Açores
rias áreas, das quais organizar concursos e exposições da
(FAA) como entidade gestora, veio incentivar a criação de raça, providenciar formação e informação aos seus memanimais em linha pura, pois efectuaram-se duas importações (Irlanda em 2008 e Reino Unido em 2009), o que
www.aberdeen-angus.pt
significou o incremento no número de criadores.
A necessidade de tornar acessível a inscrição de animais no Livro Genealógico (LG) em todo o território, um
grupo de criadores decidiu constituir uma associação de
carácter Nacional associando-se à Federação Agrícola dos
bros, de modo a que possam tirar o maior rendimento e
Açores, permitindo assim que qualquer criador, indepen- satisfação na selecção genética.
dentemente do assento de exploração, possa estar ligado à
A associação tem sede na ilha Terceira onde dará apoio
entidade gestora do Livro.
técnico e consultivo a todos os seus membros e criadores.
Assim, a 16 de Março de 2009 foi constituída a Aberdeen-Angus Portugal — associação de criadores da raça
Aberdeen-Angus. Os 11 sócios fundadores têm origem na
Região Autónoma dos Açores (Graciosa, Faial, Pico, S. Miguel e Terceira) e no Baixo Alentejo (Mértola).
Os membros Fundadores são: Carlos Silveira do Canto
Brum Emanuel Abel de Sousa Freitas, Emanuel da Silva
Araújo, Hildegard Grotzner Neves, João Luís Cavaco Guerreiro Silva, João Manuel Vasconcelos Mendonça, Luís Armando Pimentel Pereira da Costa Machado, Manuel Idalmiro da Silveira Rapinha, Maria Manuela Moniz Silveira,
Ricardo silva e Roland Winter.
A 8 de Abril de 2009 realizaram-se as primeiras eleições dos
corpos sociais no sentido de dar
corpo à organização, sendo a
Direcção, que terá o exercício
a até 2012, constituída por Luís
Machado, ilha Terceira; Carlos
Brum, ilha Graciosa e Roland
Winter, Mértola. Tendo sido imediatamente acolhida no seio da
Federação Agrícola dos Açores a
par das restantes organizações de
produtores associadas da Região.
Entre os vários objectivos da
Associação, destaca-se a necessária proximidade e maior interacção com a entidade gestora do LG
na divulgação e implementação
da raça em Portugal, assim como
a defesa dos interesses específicos
Fundadores presentes no acto da constituição, da esquerda para a direita: Luís Machado; Carlos Brum,
Emanuel Araújo, Roland Winter e Manuel Rapinha
5
Funcionamento do Livro
Genealógico Português da
Raça Bovina Aberdeen-Angus
Federação Agrícola dos Açores
O Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus (LGPRBA) aprovado a 27 de Novembro de
2007, pretende efectuar o registo de animais puros da raça
Aberdeen-Angus e certificar a ascendência, descendência,
promovendo assim a preservação e o melhoramento genético.
Os estatutos foram criados com base nos praticados
pela Aberdeen-Angus Cattle Society, dado que a base de
selecção é maioritariamente composta por reprodutores
com origem no Livro Genealógico do país berço da raça,
mas adaptado à nossa realidade.
O Livro Genealógico (LG) compreende duas Secções, a
Principal ou A onde se encontram registados os animais
comprovadamente puros da raça. Nesta Secção todos os
animais são inicialmente inscritos no Livro de Nascimentos até atingirem os 15 meses de idade. Nesta altura fêmeas e os machos são inspeccionados pelo Secretário Técnico, pelo que cumprindo com o estalão da raça, passam ao
Livro de Adultos como reprodutores.
A Secção Anexo ou B, reserva o registo de fêmeas cuja
ascendência não é conhecida e fêmeas do genótipo Angus
Alemão e onde, por cruzamento sistemático com um toiro
puro da raça Aberdeen-Angus registado ou reconhecido
como tal pelo LG, as bisnetas da fêmea base podem ser
inscritas na Secção A se aprovados pelo Secretário Técnico. Independentemente de serem registadas na Secção
Principal a letra (A) fará sempre parte do seu nome.
Todos os animais inscritos na Secção Principal devem
ter um nome que pode incluir ou não um prefixo de criação. Todavia o nome, incluindo o pefixo, não pode ultrapassar os 42 caracteres, incluindo os espaços entre as palavras. Independentemente do nome, todos animais terão
no final a letra correspondente ao ano de registo seguido
dos últimos 4 algarismos do brinco auricular de registo
no Sistema Nacional de Registo e Identificação Animal
e são estes os únicos admitidos na composição do nome.
Utilizam-se todas as letras do alfabeto com a excepção das
letras O e Q. O ano de início de registo no LG em Portugal é 2008 o que corresponde à letra A, assim até 31 de
Dezembro de 2010, todos os animais registados no Livro
de Nascimentos terão a letra C. Com isto não quer dizer
que seja obrigatório a escolha de nomes começados pela
letra de registo, embora esta seja uma prática comum noutros registo genealógicos. Como exemplo de um animal
nascido em Portugal, temos o primeiro registo efectuado
no LG. O animal é um macho chamado MARCELA AÇOR
A8314, onde Marcela corresponde ao prefixo de criação, e
6
terminação A8314, o ano de nascimento (2008) e os quatro últimos dígitos do brinco auricular. Para além da identificação oficial, todos os animais possuem um número de
registo no Livro. O primeiro animal nascido em 2010 tem
como registo o número 0001-10.
O LGPRBA regista animais de cor preta e vermelha. No
caso de serem animais da variedade vermelha essa característica é evidenciada no nome pela palavra “Red” (e.g. QT
RED CANELA C7002).
A admissão de animais importados implica que sejam
distinguidos dos nascidos após a instituição do LG. Nestes
casos adiciona-se ao nome a palavra IMP e são referenciados no número de identificação os países de origem. Os registados na União Europeia pelo código do país que figura
na identificação nacional (e.g. IE – Irlanda) ou no caso um
país terceiro no fim do respectivo número de registo no
LG de origem (e.g. US – Estados Unidos da América).
A utilização do recurso à inseminação artificial obriga
a uma distinção, uma vez que não existe qualquer toiro
reprodutor aprovado para o facto nascido em Portugal.
Neste caso para além de IMP é referido a sua utilização
através da abreviatura IA (eg. ROCKN D. AMBUSH 1531
(IMP) [IA]). Já o recurso à transferência embrionária,
prevista nos estatutos, implica que quer a dadora quer o
toiro tenha já o certificado ADN contra os ascendentes.
Nestes casos ambos os progenitores são referenciados no
LG como tendo sido utilizados na produção de embriões
adicionando-se a abreviatura TE.
Relativamente à performance animal, a entidade gestora já iniciou a programação de pesagens, assim como
o registo do tipo de nascimento ou de parto. O peso ao
nascimento deve ser efectuado nas primeiras 24h e ser registado no modelo oficial de nascimento. Como medida
de performance são registados os pesos ajustados aos 200,
400 e 600 dias para que o acervo destes dados possam no
futuro serem validados num sistema de estimativa do valor
genético da população (i.e. Estimated Breeding Value).
O trabalho que tem sido desenvolvido pela Federação
Agrícola dos Açores, neste curto espaço de tempo, reportase à organização dos criadores e da melhor aplicação dos
estatutos com vista à preservação da pureza da raça, assim
como constituir condições para avaliação do valor genético a ser implementada a médio prazo, já que os animais
importados já possuem o contributo dos seus ascendentes
e contemporâneos.
Seguindo as pisadas dos famosos
Following the footsteps of the famous
Ron McHattie, Chefe Executivo da Aberdeen-Angus Cattle Society,
Pedigree House 6 King’s Place, Perth
PH2 8AD – Scotland
Tel: +44 (0) 1738 622 477 . Fax: +44 (0) 1738 636 436
[email protected]
www.aberdeen-angus.co.uk
PT
História não é, geralmente, um assunto se que dispense
muita imaginação. Gostamos mais de empregar tempo a
planear o futuro mais do que a olhar para o nosso passado.
Há 150 anos os pioneiros na criação da raça AberdeenAngus reconheceram que existia algo de especial naquele
gado.
Existem registos destes animais desde o meio do século
18, mas apenas em 1862 foi criado o Livro Genealógico e
a Sociedade fundada em 1879. A criação da raça deve-se
inteiramente ao esforço e inovação de 3 criadores daquele
tempo.
Hugh Watson tornou-se rendeiro na propriedade Keilor
no condado de Angus em 1808. Reuniu animais de várias
explorações e criou exemplares de carácter e qualidade
excepcional.
William McCombie tomou posse da exploração
Tillyfour, no condado de Aberdeenshire, em 1824 e fundou um núcleo com predominância das linhas vindas de
Keillor. Pela via dos cruzamentos de animais da mesma
linha, produziu exemplares extraordinários que foram extensamente exibidos em Inglaterra e França. A reputação
da raça Aberdeen-Angus foi, sem dúvida, construída com
o esforço da família McCombie.
O Sir George Macpherson-Grant herdou uma propriedade em Ballindalloch, no coração das terras altas da Escócia em 1861. Estabeleceu-se e dedicou-se ao aperfeiçoando a raça, tendo sido a tarefa da sua vida, que durou
quase 50 anos.
Através da selecção de animais da mesma linhagem
para fixar o tipo de animal, estes pioneiros fundaram porventura a raça mais populosa do mundo.
A partir destas pequenas iniciativas, a raça AberdeenAngus foi criada e disseminou-se pelos principais países
produtores de carne do mundo. A eficiência na conversão de forragem de baixa qualidade em carne de elevada
qualidade, depressa a Angus alcançou excelente reputação, tanto para os produtores como para os consumidores,
assim a marca ABERDEEN-ANGUS nasceu.
Hoje a Aberdeen-Angus Cattle Society (i.e. Sociedade
Criadores do Gado Aberdeen-Angus) está de boa saúde.
Somos a segunda maior raça de carne no Reino Unido e
com fortes perspectivas de aumentar a quota de mercado.
Estamos a registar 13.000 vitelos/ano de 2.400 criadores
do Reino Unido, Irlanda e de alguns animais que foram
8
para Portugal.
Dos primórdios da criação, somos agora lideres na área
da selecção genética, procurando e apoiando o criador na
busca dos melhores animais que exista no mundo. Interessante verificar que também os criadores de top voltam ao
berço da raça à procura do nosso melhor gado.
O recurso à tecnologia de marcadores genéticos e o
programa de registo de performance estão a impulsionar
a Aberdeen-Angus para novos patamares, mantendo a
nossa vantagem competitiva.
Desejamos aos criadores pioneiros em Portugal, todo o
sucesso com o gado Aberdeen-Angus e esperamos que a
nossa história represente uma grande parte do vosso futuro.
EN
History it not a subject which captivates the imagination. We
are more likely to spend time planning for the future than looking
at where we have come from. Spare a thought if you would for
magazine
those pioneers of the Aberdeen-Angus breed who recognized that
there was something special about those cattle nearly 150 years
ago.
The earliest cattle can be traced back to the middle of the eighteenth century but it was much later that the Herd Book (1862)
and the Society (1879) were founded. The breed’s establishment
was entirely due to the efforts of three very progressive farmers of
that time.
Hugh Watson became tenant of Keillor Farm in Angus in 1808.
He gathered stock widely and produced cattle of outstanding quality and character.
William McCombie took the farm of Tillyfour in Aberdeenshire
in 1824 and founded a herd from predominantly Keillor bloodlines. His well documented close breeding produced outstanding
cattle that he showed widely in England and France. The reputation of the Aberdeen-Angus breed was founded on the efforts of the
McCombie family.
Sir George Macpherson-Grant returned to his inherited estate
at Ballindalloch, in the heart of the Scottish highlands in 1861
and took up the refining of the breed that was to be his life’s work
for almost 50 years.
By line breeding and selection for type, these early pioneers
established the foundation for what is arguably the greatest beef
breed in the world.
From those humble beginnings the Aberdeen-Angus breed was
established and went on to populate the major beef producing
countries of the world. Its ability to convert poor quality forage
into high quality beef quickly established the breed’s reputation
with both consumers and farmers alike. The Aberdeen-Angus
brand was born.
Today, the Aberdeen-angus Cattle Society is in good health. We
are now easily the second largest beef breed in the UK with clear
intentions of increasing our market share. We currently register
13,000 pedigree calves from some 2,400 members spread across
the UK and Ireland and also some in Portugal.
From those early days of close line breeding we are now leading
the field in genetic improvement with our breeders searching the
world for the best possible genetics and more recently many of the
world’s leading breeders
coming back to the home
of the breed for some of
our best cattle. Gene
marker technology and
highly developed performance recording programmes are driving
the
Aberdeen-Angus
breed to new heights
and maintaining our
competitive advantage.
May we wish those
pioneer breeders in the
Azores every success
with their AberdeenAngus cattle and hope
that our history plays a
large part in defining
their future.
01.2010
Notícias
Alunos finalistas do profij elegem a Aberdeen-Angus para visita
de estudo
Os alunos finalistas do curso de Agro-Pecuária
do PROFIJ - Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade (Ilha Terceira) - escolheram uma
criação de animais em linha pura para uma visita
de estudo no final do curso, a Quinta dos Talhões,
propriedade de Luís Machado, ilha Terceira, Açores.
Um grupo de 15 alunos, orientados pela Prof.
Luz Monjardino, teve a oportunidade de ter o primeiro contacto com a raça Aberdeen-Angus.
Desde logo destacaram o temperamento calmo
dos animais, pois nunca estivera um número tão
grande de pessoas misturadas no rebanho, facto
que até surpreendeu o criador.
Durante a visita os alunos colocaram várias
questões sobre quais as razões para a escolha da
raça, o maneio alimentar e sanitário e a genética
que Luís Machado selecciona. Foi um momento
interessante de troca de conhecimentos e de promoção da raça.
Foi curioso verificar que, mesmo face à conjuntura da actividade agro-pecuária actual que é
desencorajadora, estes alunos demonstram uma
grande paixão pelo sector pecuário, assim o futuro do sector agrícola está assegurado!!
9
Certified Aberdeen-Angus Beef
Certified Aberdeen-Angus Beef
Nigel Hammill – Tegsnose Angus
Macclesfield – Reino Unido
PT
O programa de certificação da carne da raça
Aberdeen-Angus (i.e. Certified Aberdeen-Angus) começou no Reino Unido em 1981, com o objectivo de criar um
preço diferenciado aos criadores.
A Aberdeen-Angus Cattle Society (i.e. Sociedade de
Criadores do Gado Aberdeen-Angus) garante a autenticidade do animal puro e/ou cruzado (o pai tem de estar
inscrito num Livro Genealógico e ter um perfil de DNA
registado) desde o nascimento, abate, até à venda ao consumidor.
Todos os matadouros, talhos, distribuidores e restaurantes devem ser licenciados pela Aberdeen-Angus Cattle
Society e serem controlados, anualmente, por um organismo independente de modo a ser verificado o cumprimento das especificações do produto.
Benefícios do programa:
a) Consumidores: garantia que estão a consumir carne
Angus;
b) Restaurantes: possuem uma vantagem no marketing
através de um produto Premium
com certificação, podendo fixar
um preço acrescentado (mais
lucro) e promover uma ementa
“única” que vai cativar o consumidor;
c) Distribuidor ou superfície
comercial: a rastreabilidade do
produto é assegurada e esse facto
origina um produto diferenciado
que transmite segurança e é uma
marca Premium;
d) PRODUTORES!!!: dado que
existe uma garantia de mercado,
o rendimento é superior vendendo animais Angus para abate com certificação por um
preço mais elevado que a carne indiferenciada. No Reino
Unido o preço da carne Angus ao produtor é 12% superior
à média do mercado.
Neste momento existem vários restaurantes, distribuidores e talhos a processar e comercializar, anualmente,
cerca de 20.000 carcaças Angus certificadas no Reino Uni-
10
do. São exemplos a empresa de distribuição “COSTCO”
que abate animais para certificação na unidade AKS em
Edimburgo e a “BURGER KING”que nos últimos 3 anos
comercializa a hamburger “Angus” na sua cadeia de restaurantes em mais de 800 pontos em todo o país, acrescendo valor comercial e aos produtores, utilizando as peças
dos dianteiros.
Por outro lado, a Sociedade de Criadores recebe um
valor por carcaça, pela cedência do uso da marca (i.e.
CERTIFIED ABERDEEN-ANGUS BEEF) e um valor pela
renovação anual da licencia a cada unidade. Desta forma
consegue-se capitalizar e investir no controlo e certificação do processo, assim como criar e apoiar campanhas de
marketing para promover o processo junto dos produtores
e sensibilizar os consumidores.
Julgo que agora pode ser o momento para criar um
programa “Carne Angus Certificada” em Portugal (Continente e Açores), enquanto o número de produtores ainda
é diminuto, pois é mais fácil a implementação e organização do processo. O registo da marca deve ser a prioridade,
assim como estabelecer as especificações do produto de
acordo com o mercado português (não esquecendo os turistas!).
No Reino Unido apenas se abatem novilhas ou castrados Angus (não há carne de machos inteiros) e cujo pai
tem de ser um toiro Aberdeen-Angus registado. O animal
não pode exceder os 30 meses ao abate, a conformação e
estado de gordura da carcaça de referência é R4- e o peso
entre 260 a 400kg.
Espero poder provar carne Angus Certificada Nacional
quando visitar Portugal em 2010!
magazine
EN
The “Certified Aberdeen-Angus” beef scheme was first launched
in the UK in 1981, to create a premium priced market for our
members` cattle, when slaughtered. The AA society would guarantee authenticity of pure or cross-bred Angus cattle (sired by a registered pedigree AA bull, which in the near future will have DNA
record on file ) from birth, through slaughter, to final consumer.
All participating abattoirs, wholesale and retail butchers, and
restaurants are licensed by the AA cattle society, and checked by
independent auditors each year to ensure compliance with the
scheme.
This benefits:
a) Consumers: they know they are buying genuine Angus beef
b) Restaurants: they have a marketing advantage over competitors, with a certified premium product, for which they can
command a higher price (so more profit), and advertise “unique”
menu items to attract extra customers.
c) Retail Butcher, or Supermarket: authenticity of product
is assured, so they can charge higher prices for a PREMIUM
BRAND
d) FARMERS!!!: because of a guaranteed market for their animals, they generate more profit by selling Angus beef cattle to a
Certified outlet, for a PREMIUM PRICE above alternative beef
animals (in UK 2009, approx 12%).
There are Restaurants,Caterers,Wholesale and Retail butchers
throughout the UK now processing tens of thousands of carcases
for Certified Angus beef each year.
Prominent examples are the wholesaler, “COSTCO” (see branded beef packs photo jpg 001 and 005) whose certified beef is slaughtered at AKS meats, Edinburgh, and in the last three years, the
“BURGER KING” restaurant chain (see attachments with copy licence, and packaging box), who sell the “ANGUS” burger in over
800 restaurants throughout UK.
The AA society receives a Royalty payment for each certified
carcase, and an annual licence fee from each participating outlet.
This is considerable income, which is spent on the audit checks, as
well as marketing and sponsorships to further improve consumer
and farmer awareness.
Now is a good time to establish a “Certified Angus Beef” product in Portugal and the Azores, while the number of Angus producers is still quite small, so communication is simple.The trade
mark should be registered as a priority, and a product specification should be defined, which is appropriate to the Portuguese
market (including the tourists!). In UK it is a heifer or steer (no
bull beef), sired by a registered Aberdeen-Angus bull. The animal
must be less than 30 months of age, conformation target R4L, carcase weight (dead) between 260 – 400 kg.
I hope to enjoy some Portuguese Certified Angus beef on our
next visit in 2010!
01.2010
Notícias
Carne Angus é um sucesso no Dia
do Agricultor na ilha Graciosa
No dia 30 de Julho de 2009, as Associações
Agrícolas da Ilha Graciosa e a Direcção Regional
do Desenvolvimento Agrário — SRAF, levaram a
efeito o Dia do Agricultor, espaço e tempo para
deixar, temporariamente, de lado os afazeres da
lavoura e aproveitar a “grelha e o molho” para
confraternizar em ambiente festivo.
Nesta edição, a Organização promoveu um
churrasco de degustação de carne de animais
cruzados das raças de carne utilizadas nos Açores
(i.e. Charolesa, Limousine, Simmental e Aberdeen-Angus).
O contributo da Angus ficou a cargo do criador
Carlos Brum (Vice-Presidente da Aberdeen-Agus
Portugal), (novilha cruzada Angus - mãe Simmental-Fleckvieh).
A qualidade da carne, que tanto se fala foi então testada, não tendo sido defraudadas as expectativas dos presentes. O resultado foi no geral
SURPREENDENTE pela tenrura e sabor que
apresentou, segundo as opiniões!
Para se exaltar a qualidade que uma carne tem,
não pode faltar quem a trate com primor antes e
durante o churrasco, tendo Eurico Picanço, “homem da grelha”, sido um dos “culpados” pelo sucesso e satisfação dos degustadores!
Os comentários foram muito positivos e interessantes, destacando-se o facto da qualidade da
carne ter sido comparada com a da Argentina,
dado que este país (maior consumidor de carne
per capita do mundo) assenta a sua produção no
sistema de extensivo e que cerca de 80% da composição genética dos animais é Angus.
Esta comparação é bem exemplo do potencial
que raça tem na Região e da forma como poderá
contribuir para o sector da carne em Portugal.
11
Angus FAQS
AMERICAN ANGUS ASSOCIATION
Associação Americana de Criadores Angus
3201 Frederick Ave. St. Joseph, MO 64506
Tel: 001 816 383 5100 . Fax: 001 816 233 9703
[email protected]
www.angus.org/default.aspx
PT
Perguntas frequentes sobre a raça de carne com maior
número de registos no mundo
1. Quando e onde foi visto o primeiro gado Angus nos
Estados Unidos?
George Grant importou quarto toiros Angus da Escócia
para Victoria, Kansas., em 1873. Os toiros pretos, provavelmente da criação de George Brown de Westertown, Fochabers, Escócia, deixaram, no entanto, um enorme legado
no sector da carne dos Estados Unidos da América. Hoje,
a raça constitui a maioria das vacadas, graças ao empenhamento dos criadores da American Angus Association e aos
produtores de carne. As suas histórias, as notícias Angus,
as actualizações, os vídeos e a cobertura dos vários eventos
na Associação podem ser vistas em: www.angus.org.
2. Quantos animais Angus foram registados no ano
passado?
Registaram-se 282.911 animais no fiscal de 2009, que
termina a 30 de Setembro.
3. Quais os Estados com mais Angus?
Os Estados top 10 em registos durante o ano fiscal de
2009 foram:
Montana
29,750
Texas
19,942
Oklahoma
19,695
Nebraska
19,017
Missouri
16,799
Dakota do Sul
16,764
Kansas 16,197
Iowa
9,435
Dakota do Norte
9,434
Kentucky
9,001
4. Como fazer parte da American Angus Association?
Existem cinco formas de se tornar associado: vitalício,
anual, junior, não residente ou filiado. Para se tornar sócio, peça informações na Associação através do site
www.angus.org ou utilize os nossos contactos.
5. Quais são os atributos da raça Angus que a torna
mais apetecida do que outras?
O gado Angus pode dar aos produtores vantagens sig-
12
nificativas através da genética; dos dados produtivos; dos
programas e serviços; assim como das pessoas ligadas à
raça.
• Genetica: contínuo o aumento da procura de genética
Angus representa um claro retorno para o criador. Resultados de leilões indicam que os animais Angus rendem
mais do que outras raças, graças à reputação de ter boa
eficiência alimentar e de carne de qualidade. É uma raça
com baixas necessidades de manutenção, conhecida por
ter facilidade de parto e boas características maternais.
O produtor poupa tempo e dinheiro com vitelos naturalmente mochos. Actualmente os Angus e os cruzados representam a maioria das vacadas nos Estados Unidos, com
mais de 60% das explorações a declararem ter Angus.
• Dados: Com mais de 16 milhões de dados validados a
base de registo da American Angus Association é a maior
do género. Os programas de registo de performance foram criados e equipados para servirem a criação em linha
pura, como animais para abate, disponibilizando um conjunto de ferramentas para avaliar as necessidades genéticas. A Associação utiliza tecnologia do ADN combinada
com o pedigree e dados de performance para gerar EPDs –
expected progeny diferences (diferenças esperadas na descendência) melhor apetrechados. Também são calculados
EPDs que possuem genoma analisados para as carcaças e
que são publicados semanalmente – uma capacidade que
não se encontra noutro lado. Estes EPDs são calculados
em função do registo de performance de quase 2 milhões
de animais. A Associação tem a capacidade de funcionar
24h através de um sistema que recebe movimentos electrónicos (i.e. registos, transferência ou registo de performance) dos seus criadores.
• Programas e Serviços: a Associação e as entidades a
ela ligadas possuem diversos programas e serviços para
contribuir para o sucesso dos produtores. No sentido de
acrescer valor ao uso da genética Angus, a Associação
criou em 1978 a marca mundialmente conhecida - Certified Angus Beef®. É uma marca líder de mercado, tendo
sido comercializadas 300.000t de produto no ano fiscal de
2009 (termina em Setembro). Através da AngusSource® e
da Gatway, a Associação oferece duas formas de encontrar,
concentrar e fornecer animais para o mercado. Adicionalmente, a Associação faz-se representar por 13 Directores
Regionais espalhados pelos diversos Estados, desenvolvendo com a American Angus Association várias acções
e eventos ligados à raça. A National Junior Angus Associa-
magazine
01.2010
tion continua a ser a maior do mundo, com mais de 6.000
membros activos. A Fundação Angus é uma das organizações sem fins lucrativos, mais activa na área da produção
animal. A Angus Productions Inc. (API) serve como um
meio de divulgação da raça e da selecção genética. A Angus Genetics Inc. (AGI) apoia a fileira da carne através da
avaliação genética dos vários caracteres produtivos.
• Pessoas: a Angus não é apenas uma raça de carne ou
um item no cardápio. Por de trás de um nome estão criadores e produtores que estão empenhados em produzir
qualidade, sempre com um espírito de contínuo progresso. A American Angus Association é construída pela diversidade e união dos seus membros, aliada a uma rede
de parceiros comerciais, engordadores, distribuidores e
tantos outros intervenientes.
EN
Frequently asked questions about the world’s largest beef breed
registry
1. When and where were Angus cattle first seen in the United
States?
George Grant imported four Angus bulls from Scotland to Victoria, Kan., in 1873. The black polled bulls, likely from the herd
of George Brown of Westertown, Fochabers, Scotland, made a lasting impression on the U.S. beef industry. Today, the breed forms
the majority of the U.S. cow herd thanks to the commitment of
American Angus Association breeders and their commercial customers. Their stories, Angus news, important updates, videos and
online event coverage is available at the Association’s comprehensive web site, www.angus.org.
2. How many Angus cattle were registered last year?
282,911 head of Angus cattle were registered in fiscal 2009,
which ended Sept. 30.
3. What states have the most Angus cattle?
The top ten states in registrations for the 2009 fiscal year were:
Montana
29,750
Texas
19,942
Oklahoma
19,695
Nebraska
19,017
Missouri
16,799
South Dakota
16,764
Kansas 16,197
Iowa
9,435
North Dakota
9,434
Kentucky
9,001
4. How do I join the American Angus Association?
There are five types of Association memberships available: life,
regular, junior, non-resident and affiliate. Membership applications can be accessed online at www.angus.org or by contacting
the Association.
5. What attributes make the Angus breed more desirable
than other breeds?
Angus cattle offer producers significant advantages through
superior genetics; data; programs and services; and people of the
breed.
• Genetics: U.S. studies show Angus animals bring more at
auctions than non-Angus contemporaries thanks in part to their
well-earned reputation for feed efficiency and superior beef. The
low-maintenance breed is known for calving ease and maternal
characteristics, and cattlemen save time and expense with naturally polled, black Angus calves. Today, Angus and Angus-cross
cattle represent the majority of the total U.S. cow herd, with more
than 60% of commercial cattle producers reporting their herds as
Angus.
• Data: With more than 18 million cattle records, the American Angus Association database is the largest of its kind
among beef breeds. Extensive performance programs are geared
toward both purebred and commercial producers, providing a wide range of selection tools to evaluate genetic needs.
The Association has incorporated DNA technology with pedigree
and performance data to create genomic-enhanced expected progeny differences (EPDs). Genomic-enhanced carcass EPDs are now
calculated and released to breeders on a weekly basis - a capability
unavailable elsewhere. These EPDs are provided across the entire
performance database, encompassing nearly 2 million animals.
The Association’s information management system allows the
organization to accept electronic data submissions from breeders
while providing 24-hour turnaround time on all registrations,
13
transfers, memberships and performance data.
• Programs and Services: The American Angus Association and its entities dedicate numerous supporting programs
and services toward the success of Angus ranchers and farmers.
Helping individuals capitalize on the value of Angus genetics, the Association formed the first branded beef program
in 1978. Today, the world-renowned Certified Angus Beef®
brand is the largest branded beef program, topping a recordsetting 663 million pounds of CAB product in FY 2009.
Through AngusSource® and Gateway, the Association offers two
of the most cost-competitive age- and source-verification programs
available. In addition, the Association provides extensive outreach
through13 regional managers stationed across the country, as well
as a progressive series of Angus activities, events and shows. The
National Junior Angus Association continues to be the largest
in the world, with more than 6,000 active members. The Angus
Foundation serves as one of the most active non-profit organizations in animal agriculture. Angus Productions Inc. (API) continues to offer award-winning publications, online services, and
advertising opportunities. And Angus Genetics Inc. (AGI) assists
the beef industry in the genetic evaluation of cattle traits.
• People : Angus isn’t just a breed of cattle or another menu item.
Behind the familiar name are the farmers and ranchers who remain committed to unprecedented quality and a progressive spirit.
The American Angus Association has been built by the diversity
and strength of its members and its network of commercial partners, feeders, retailers and others.
14
magazine
01.2010
A raça Aberdeen Angus
Um testemunho sobre a excelência da sua qualidade
José Estevam Matos
Departamento de Ciências Agrárias, Centro de Biotecnologia
Universidade dos Açores
Introdução
Contactei, pela primeira vez, com a raça Aberdeen Angus, na República da África do Sul.
Por lá, emigrado, à força, trabalhei então, como “farming manager”, para um grupo de fazendas de produção
de carne, de 2.000 vacas de ventre, cujo objectivo principal era o de produzir bezerros desmamados para abate;
cerca de 1.000 por ano. A maior parte das vacas eram das
raças Africânder e Brahaman, animais muito bem adaptados ao clima quente e árido, como era o caso, no Calaári,
junto às cidades de Kuruman e Vryburg. Estas vacas eram
cruzadas com toiros de raça europeia, das raças Aberdeen
Angus, Shorthorn (de carne), Hereford e Simentaler. Dessa minha experiência resultou a convicção da excelência
do Angus, da sua excelente adaptação a condições difíceis,
dando origem a animais que manifestavam grande vigor
híbrido; muito boa conformação, sendo muito procurados pelo mercado do “baby beef” pela excelência da sua
carne.
Já nos Açores, e mais recentemente, sugeri que se realizassem alguns cruzamentos AngusxHolstein, na Granja da Universidade dos Açores, com o principal objectivo
de se obterem vacas de amamentação, com a finalidade
comprovar a sua mais valia em cruzamentos com uma
terceira raça terminal. Infelizmente, porque nem sempre
conseguimos os financiamentos necessários para realizar
este tipo de trabalhos, não foi possível prosseguir com o
trabalho. Pudemos no entanto comprovar a mais valia da
raça Angus na cobrição das novilhas de leite, no que toca
à facilidade partos.
São muitos os aspectos, factores, ou caracteres, que po-
dem contribuir para o sucesso de uma raça na exploração
de carne:
No Período de Cria
• Fertilidade
• Longevidade
• Tamanho da Vaca
• Peso do Vitelo ao Nascimento
• Facilidade de Parto
• Habilidade materna
• Requerimento total de nutrientes/ingestão/eficiência
No Período de Recria e Engorda
• Índice de Crescimento
• Eficiência conversão alimentar
• Capacidade de ingestão
• Peso da carcaça
• Idade ao acabamento
• Classificação final da carcaça
No Retalhista/Consumidor
• Rendimento em peças nobres (de 1ª)
• Tenrura
• Sucosidade
• Marmoreado
• Textura
• Flavour (Gosto, sabor, cheiro)
• Cor da carne e da Gordura
Segundo Schiefelbein (1998), é maior o peso económico das características relacionadas com a 1ª fase, a de cria
15
magazine
Gráfico 1.
Importância relativa dos caracteres relevantes para a
produção de carne bovina, por fases
(Schiefelbein,1998)
(vaca/vitelo). Obviamente, este maior peso económico,
têm muito a haver com os custos de manutenção, especialmente das vacas, incluindo a sua cria até ao primeiro
parto, período seco e de lactação. (Gráfico 1)
Em alguns destes aspectos a raça Aberdeen-Angus destaca-se em relação a outras, nomeadamente relativamente
à eficiência biológica/económica, à longevidade, habilidade materna, eficiência, precocidade no acabamento, qualidade da carne (marmoreado, tenrura), aspectos corroborados pelos trabalhos de diversos investigadores.
Convicto de tudo disto, mas também do facto de que
não existe no Mundo uma única raça que seja superior em
todos os caracteres considerados importantes na produção de carne, tentarei aqui apresentar argumentos a favor
da vantagem de utilizar o Angus para a obtenção de uma
carne de excelência, quer em raça pura, quer em cruzamento, em sistemas de pastoreio, em particular no caso
01.2010
dos Açores, mas não só!
Eficiência Biológica/Económica
A investigação tem demonstrado que a eficiência biológica, embora muito importante, nem sempre é sinónimo de eficiência económica (lucro). Taylor (1994) refere
que o máximo de lucro é quase sempre obtido antes de se
atingir o máximo de eficiência biológica. Van Oijen et al.
(1993) num estudo de eficiência económica (valor de output por $100 de impute) comparou 3 grupos de vacas, do
mesmo tamanho e tipo, com três níveis de produção leiteira diferentes, baixo, médio e alto, alimentadas de acordo
com o seu nível de produção e chegaram à conclusão que
as mais rentáveis eram as de baixa, ou média, produção
leiteira; apesar de, obviamente, os vitelos filhos de vacas de
maior produção crescerem a ritmo superior. Notter (1984)
chegou também à conclusão que um nível de produção de
5,5 kg de leite/dia poderia ser considerado suficiente para
que o vitelo tivesse um nível aceitável de crescimento.
A eficiência biológica nas explorações de carne é principalmente reflectida pelo número de vitelos desmamados
por vaca exposta ao toiro. O peso dos vitelos desmamados
é geralmente de importância secundária na definição da
eficiência biológica de sistemas integrados, mas desempenha um papel importante na definição da eficiência económica para o produtor de vitelo em sistema de amamentação natural.
Várias medidas de eficiência de um rebanho, ou de
animais tomados individualmente, têm sido descritas na
literatura. Estas medidas, apesar de serem avaliadas por
diferentes metodologias de cálculo, procuram levar em
consideração as diferenças em peso (ou tamanho) e ou
requerimentos nutricionais dos animais. São utilizadas,
por exemplo, as relações entre os pesos dos bezerros ao
desmame, ou ao abate, com o peso vivo das vacas na altura
do parto, no início da época de reprodução, ou no mo-
17
mento de desmame dos bezerros, bem como com o consumo total, ou relativo, de energia, capacidade de ingestão,
eficiência alimentar (Kress et al., 1990; Maddock e Lamb
S/data).
Medidas de eficiência biológica
As medidas de eficiência biológica da produção de gado
bovino de carne até ao desmame, comummente utilizadas
em diversos estudos são:
• Kgs de vitelo desmamado por cada vaca em
reprodução;
• Kg de vitelo desmamado por kg de vaca em
reprodução;
• Kg de vitelo desmamado/(ou abatido) por cada vaca
em reprodução/por unidade de energia consumida;
• Kg de carcaça de vitelo, por cada vaca em
reprodução/por unidade de energia consumida;
• Kg de carne limpa, por cada vaca em
reprodução/por unidade de energia consumida.
São importantes os indicadores de eficiência alimentar tais como, como a Eficiência de Conversão Alimentar
(Feed Conversion Efficiency - FCE) e a Ingestão Alimentar Residual (Residual Feed Intake - RFI). Este último
indicador, o RFI, definido como sendo a diferença entre
a ingestão alimentar verificada e a predita com base nas
necessidades de produção e de manutenção, tem vindo a
tornar-se a medida de eleição para avaliar a eficiência alimentar do gado bovino de carne, uma vez que é independente do crescimento e do peso corporal. Este carácter é
moderamente herdável e é um bom candidato à selecção
genética com base em marcadores, dada a variabilidade
da sua expressão nas diferentes raças e entre indivíduos
da mesma raça (Crews, 2005; Moore et al. 2009).
O consumo de energia pelo conjunto vaca/vitelo na
18
fase de ciclo produtivo de cria representa 72% do consumo energético total nos sistemas de amamentação natural
e 70-75% da energia consumida pelo rebanho das vacas é
usado para a sua própria manutenção (Ferrell e Jenkins,
1982), sendo que as vacas de raças de elevada estatura/
peso, elevado nível de produção leiteira e massa corporal
mais magra, têm requisitos energéticos mais elevados por
unidade de peso corporal, do que as vacas de estatura média, níveis mais baixos de produção leiteira e com maior
quantidade de massa gorda corporal. Os níveis de ingestão, e as necessidades de energia e proteína são influenciados pelo tamanho corporal das vacas. Quando o tamanho
aumenta de 454 para 635 kgs de peso vivo, a ingestão, de
energia, e as necessidades proteicas aumentam 23%, 19%
e 13%, respectivamente.
Vacas maiores implicam maiores imputes, em parte porque têm um maior massa corporal para ser mantida. De
forma semelhante vacas com maior produção leiteira têm
custos adicionais, associados com as necessidades proteicas
e energéticas, que poderão não ser totalmente compensados por maiores níveis de crescimento dos vitelos. Para
além disso o status energético das vacas tem um grande
impacto a nível reprodutivo (Short e Adams, 1988) e, nos
sistemas de produção de carne, o sucesso reprodutivo é da
maior importância.
O tamanho óptimo do gado carne é um assunto muito debatido entre os especialistas na matéria. As raças de
gado de carne variam muito no seu tamanho e o tamanho
óptimo depende do sistema de produção, nomeadamente
dos níveis de ingestão de matéria seca que estes proporcionam, períodos de carência alimentar e de stress ambiental.
Uma explicação para os levados níveis de ineficiência
energética dos sistemas de produção de carne é os elevados
custos de manutenção dos rebanhos: 71% do dispêndio de
energia na produção de carne é usada para a manutenção
magazine
01.2010
QUADRO 1.
Energia metabolizável (EM) requeridas para a manutenção de vacas prenhes, não lactantes, de quatro tipos biológicos
Raça da vaca
Requisitos de manutenção
(quilo calorias de EM, por kg de peso metabólico, por dia)
Angus x Hereford
130
Charolês x Raça Inglesa
129
Jersey x Raça Inglesa
145
Simentaller x Raça Inglesa
160
Farrel e Jenkins, 1984 . J. Anim. Sci. 58:234.
dos animais, e 50% da energia dispendida na produção
de carne é usada para manter a vaca. No entanto a investigação tem comprovado haver diferenças genéticas entre
as raças (Farrell e Jenkins, 1984;1985). (Quadro 1) Sendo que as vacas de maior nível de produção leiteira, têm
maiores exigências de manutenção quando em lactação,
mas também quando secas e que, também, as raças com
maior potencial genético para maior produtividade, estão
em desvantagem num ambiente mais restritivo do ponto
de vista alimentar. Além disso o aumento de massa corporal em raças de elevado índice muscular resultaria em
elevado dispêndio energético, o que é demonstrado pelos
maiores níveis de dispêndio energético de manutenção de
um determinado peso de massa muscular quando comparado com igual peso de gordura (Pullar e Webster, 1977;
Thompson et al., 1983; DiConstanzo et al., 1990;1991).
Baseados nestes estudos podemos concluir que, vacas
com elevados níveis de exigências de manutenção se caracterizam por terem elevados níveis de produção leiteira,
elevado peso visceral, elevado peso corporal magro, baixo nível de gordura, elevado nível de output mas elevados
níveis de imputes. Pelo contrário as vacas com baixos níveis de exigências de manutenção têm, baixos níveis de
produção leiteira, baixo peso de vísceras, níveis baixos de
massa corporal magra e elevados níveis de gordura, baixos
outputs e baixos imputes.
É conhecido que num ambiente de abundância alimentar, em ambiente de conforto, não há diferenças consistentes em eficiência entre os vários tipos biológicos/raças,
mas há uma tendência para os tipos biológicos/raças de
maior tamanho/peso, com maiores produções leiteiras serem mais eficientes do que os tipos biológicos/raças mais
pequenas. Mas que em condições de restrição alimentar e/
ou em ambiente stressante, os tipos biológicos/raças de
tamanho moderado e produção de leite moderada tendem a estar melhor adaptadas e ultrapassam em eficiência
as raças/tipos de maior peso/tamanho e de maior produção leiteira.
Estas conclusões são confirmadas por um estudo extensivo, levado a cabo durante 5 anos, abrangendo 9 raças
puras, feito por Jenkins e Farrell (1994), em que estes autores compararam a eficiência biológica, determinada a 4
níveis de ingestão alimentar. O Quadro 2 mostra que, se a
ingestão de matéria seca aumentar de 3.500 para 7.000 Kg,
por vaca/ano, há uma mudança dramática na eficiência
das raças. A 3.500 Kg de ingestão de matéria seca as raças
mais eficientes foram a Red Poll e a Angus, mas a 7.000 Kg
de ingestão de matéria seca foram as raças de maior porte,
Charolês, Simmental, Gelbvieh, Braunvieh e a Limousin,
QUADRO 2.
Eficiência biológica de nove raças de carne a dois níveis de
ingestão de matéria seca
Raça
Ingestão de matéria seca, Kg/vaca/ano
3.500
7.000
Gramas de vitelo desmamado/Kg MS/
vaca exposta
Angus
39
17
Hereford
30
13
Red Poll
47
24
Charolês
27
45
Limousine
33
42
Simentaller
26
42
Gelbvieh
29
36
Braunvieh
33
42
Braunvieh
33
42
Adaptado de Jenkins e Farrell, 1994. J. Anim. Sci. 72:2787
QUADRO 3.
Diferenças relativas de apetite entre 9 raças de gado
(Regressão da ingestão da matéria seca sob o peso corporal, assumindo-se
que os níveis de ingestão são proporcionais ao peso adulto elevado a 0.73)
Angus
0.493
Charolês
0.480
Red Poll
0.465
Hereford
0.454
Gelbvieh
0.425
Braunvieh
0.423
Pinzgauer
0.412
Simmental
0.409
Limousine
0.367
lb MS/peso 0.73; Taylor et al., 1981
19
QUADRO 4.
Efeito da longevidade das vacas na eficiência económica do rebanho
Medida de eficiência
Idade máxima (anos)
de reforma das vacas
Biológica
(lb TDN/lb de peso abatido)
Económica
(custo $/cwt de peso abatido)
7
10.09
74.83
9
9.78
72.12
11
9.55
69.39
13
9.30
68.03
15
9.10
67.57
Adaptado de Kress et al., 1988. J. Anim. Sci. 66 (Suppl.1):175
QUADRO 5.
Eficiência pós-desmame em relação a vários pontos de acabamento a)
Ponto de Acabamento
Grupo/Raça
Tempo
207 d
Peso de carcaça
333 Kg
Produto retalho
210 Kg
Pontuação de
marmoreado
Gramas de ganho de peso vivo/Mcal de EM
Red Poll
49
48
47
51
Hereford
54
51
46
57
Angus
50
49
46
54
Limousin
54
54
57
47
Braunvieh
50
51
51
49
Pinzgauer
50
50
50
51
Gelbvieh
48
49
50
45
Simmental
51
52
54
49
52
53
55
49
1,9
2.0
2.4
1.9
Charolês
Diff (P<.05)
a)
b)
b
Adaptado de Gregory et al. 1994. JAS. 72:1138
A diferença (P<.05) é a diferença aproximada entre médias das raças para haver significância estatística
as mais eficientes.
Outro dos factores, nem sempre levado em consideração e que muito contribui para a eficiência alimentar das
vacas de carne, particularmente quando exploradas em
regime de pastoreio, é a sua capacidade de ingestão. Assumindo que os níveis de ingestão são proporcionais ao
peso adulto elevado a 0.73, Taylor et al. (1981) avaliou variação de apetite entre 9 raças, em animais em equilíbrio
de peso, alimentados ad libitum. Como se pode constatar
pelo Quadro 3 a raça Angus destaca-se pela positiva, com
uma constante de regressão de 0,493. Também se constatou que com níveis de restrição de ingestão da matéria
seca havia uma tendência das raças com maior apetite
20
quando alimentadas ad libitum exibirem um maior sucesso reprodutivo.
Longevidade e Fertilidade
Uma das características que muito influencia a eficiência
económica de um rebanho de carne é a longevidade das
vacas de cria e a longevidade está, obviamente, relacionada com o sucesso reprodutivo, pois é conhecido que a
principal causa de reforma prematura das vacas é a falha
reprodutiva.
A raça Angus é conhecida pela longevidade das suas vacas, fazendo mesmo parte da história da fundação da raça
o facto da vaca com o nome de “Old Grannie,” a vaca mais
magazine
famosa nos registos da Aberdeen Angus Society, ter vivido
36 anos e ter produzido 29 vitelos.
O Quadro 4 demonstra o efeito da longevidade das vacas na eficiência do rebanho (Kress et al., 1988). A medida
da eficiência económica neste estudo foi o custo $ por 100
lb de peso ao abate da descendência. Este estudo ilustra
a valia económica da longevidade das vacas, diminuindo
o custo de produção à medida que as vacas de cria ficam
01.2010
Idade/Ponto de Acabamento (Market End Point)
Gregory et al. (1994) avaliaram a eficiência de crescimento pós-desmame em novilhos castrados, de 9 raças
puras, quando alimentados para atingirem vários pontos
de acabamento para o mercado: idade = 207 dias; peso de
carcaça = 333 Kg; produto de retalho (peças comestíveis)
= 210 lb; ou grau de marmoreado (Quadro 5). A eficiência
48,4
47,1
46,9
Shorthom
Charolês
49,1
Santa Gertrudis
47,3
Limousin
47,4
Belmont Red
52,7
Brahman
38,1
Angus
60
50
40
30
20
10
0
Hereford
Gráfico 2.
Efeitos da raça na classificação mp4
Adaptado de : “Producing and Processing Quality Beef from Australian Cattle Herds”
ed. P Dundon, B Sundstrom e R Gaden (2000)
QUADRO 6.
Características da carcaça - médias de acordo com as raças1
1
2
Raça
Peso de carcaça, lb.
Espessura
gordura in
Área do long.
dorsi in2
Percentagem
de Peças de
talho %
Pontuação
Marmoreado2
% CLASSE
USDA CHOICE
Shorthorn
707
.49
11.1
67.0
566
74.7
HerefordAngus
707
.63
11.2
67.2
543
70.7
Simmental
695
.37
11.9
70.1
510
63.4
Charolês
747
.36
12.6
70.2
523
58.9
Maine Anjou
705
.38
12.3
70.1
501
49.5
Gelbvieh
686
.39
12.0
70.2
507
45.2
Salers
707
.41
12.0
70.0
515
44.5
Limousine
667
.39
12.3
71.5
477
43.8
Chianina
692
.32
12.4
71.9
448
27.5
Adaptado de Cundiff et al., 1993.
400 = Pouco marmoreado = Classificação Select; 500 = pouco marmoreado = Classificação Choice
mais anos no rebanho.
A eficiência produtiva em bovinos de corte, na fase de
cria, está directamente relacionada com o desempenho
reprodutivo das fêmeas, com a sua habilidade materna e
com o potencial de ganho de peso dos bezerros.
biológica foi expressa em gramas de peso vivo por megacaloria (Mcal) de energia metabolizável (EM) da dieta
consumida. Quando os animais foram alimentados para
serem abatidos num determinado “timing” (207 dias) não
houve uma tendência consistente mas no geral animais
21
22
de raças mais pequenas, com menos peso corporal para
ser mantido tenderam a ser mais eficientes; quando alimentados para atingirem um determinado peso de carcaça (333 kg), ou quando alimentadas para atingirem um
peso constante de produto de venda a retalho, produto
comestível (210 kg), as raças de maior tamanho, raças ditas continentais, com maiores índices de ganho de peso
corporal foram mais eficientes; mas quando alimentadas
para atingirem um mesmo índice de marmoreado (grau
de acabamento) as raças inglesas, de menor porte e menores índices de crescimento, mais precoces na deposição de
gordura/acabamento, foram as mais eficientes.
Qualidade da Carne
O termo qualidade, no contexto da carne, engloba uma
série de propriedades que a tornam, uma vez cozinhada,
num produto não só comestível, mas apelativo e apetecível, para além das propriedades nutricionais, mas também
funcionais, que são exigidas no processamento de produtos alimentares dela derivados (Klettner, 1995).
A capacidade dos tecidos para satisfazer todas estas propriedades depende da idade do animal, da sua alimentação, da genética e do seu estado de desenvolvimento, da
prepração dos animais pré-abate, bem como das transformações ocorridas post mortem (maturação da carne)
(Ingr, 1989).
O grau de tenrura é a característica organoléptica que
mais influencia a opinião do consumidor de carne de bovino. Esta é influenciada directamente pela quantidade de
tecido conjuntivo, particularmente o colagéneo presente
na carne, que aumenta com a idade do animal. Mas a tenrura também está relacionada com o método de confecção
culinária, com a peça de talho, com o grau de maturação
da carne, sexo e idade do animal, mas também com a sua
genética (raça e genótipo individual) (Heinze e Bruggemann., 1994; Shortose e Harris, 1990; Smith et al. 1987;
2007; Savell et al. 1989; Miller et al. 1995; Choat et al. 2006;
Maher et al. 2004).
Considerando os efeitos da raça na classificação da
qualidade organoléptica da carne (Classificação compósita, MQ4 = tenrura x 0.4 + flavour x 0.2 + sucosidade x 0.1
+ aceitação geralx 0.3.) Dundon et al. (2000) colocam a
raça Angus em primeiro lugar relativamente a esta classificação (Gráfico 2).
Para além da tenrura, a sucosidade - que está relacionada com o marmoreado - a textura, o flavour, a própria
cor e brilho da carne, são características susceptíveis de influenciar a preferência do consumidor. Bureš et al. (2006)
compararam a composição química, as características
sensoriais e o perfil de ácidos gordos de novilhos toiros
das raças Aberdeen Angus, Charolês, Simmental, e Hereford. Os novilhos da raça Angus receberam a maior pontuação para as diferentes características sensoriais (cheiro,
flavour, textura, e sucosidade) e a concentração em ácido
linolénico (C18:3-n3), um ácido gordo poli-insaturado, foi
também mais elevada na carne dos novilhos desta raça,
bem como o teor em lípidos intra-musculares.
Nos Estados Unidos da América, Cundiff et al., (1993),
22
compararam as médias de diferentes raças de carne relativamente às características de carcaça e colocaram as
raças inglesas Shorthorn, Angus e Hereford nos primeiros
lugares, no que diz respeito ao marmoreado (566 e 543
pontos respectivamente), atingindo estas raças uma maior
percentagem (74,7% e 70,7 %) na classificação de CHOICE (Quadro 6) (a classificação da carne de vaca nos EUA
inclui - baseada nos critérios do marmoreado da carne e
idade estimada - as categorias: Prime; Choice; Select; Standard; Commercial; Utility; Cutter; e Canner) (Menos de
4% por cento da carne de bovino classificada nos Estados
Unidos atinge a qualidade de excelência “Prime”).
Considerando estes atributos, não será por acaso que
a carne Angus tem vindo a ser comercializada, a nível
mundial, com recurso a marcas registadas que envolvem o
nome da própria raça, como são os exemplos da Certified
Angus Beef®; a AngusPride®; Premium Gold Angus®,
Certified Australian Angus Beef®, New Zealand AngusPure®, Angus Burger®, etc. o que faz dela uma caso único,
a nível Mundial, nesta relação entre raça e certificação de
qualidade, um aspecto cada vez mais importante na fidelização do consumidor.
Conclusões
A opção pela raça Aberdeen Angus é uma opção que se
justifica, no caso dos Açores e não só, principalmente para
a produção de carne a partir da erva, em raça pura ou em
cruzamentos, com acabamento precoce, vitelão (baby-beef), ou novilhos castrados, ou inteiros, acabados aos 16-18
meses na erva, ou com alguma suplementação de concentrados, ou, preferencialmente, silagem de milho. As vacas
cruzadas HolsteinxAngus, dada a sua boa produtividade
leiteira, poderiam mesmo ser utilizadas, nos Açores, em
sistemas de dupla amamentação, com o desmame de 4 bezerros por vaca.
Uma vez que se confirma uma vantagem competitiva
da raça Aberden Angus, em relação aos parâmetros de
qualidade organoléptica da carne, seria conveniente que
a sua comercialização se fizesse mais dirigida à restauração de qualidade, nomeadamente aos restaurantes que
se dedicam à confecção de rodízios; bifes; espetadas, etc;
procurando-se junto destas instituições e dos seus clientes,
um melhor reconhecimento desta qualidade reconhecidamente superior.
Bibliografia
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23
A Raça Aberdeen-Angus na Irlanda
Aberdeen-Angus In Ireland
Kathryn Bradshaw, Secretary of The Irish Aberdeen Angus-Association Main Street, Mohill, County Leitrim , Ireland
Telephone: + 353 719 632 099 . Fax: +353 719 632 140
[email protected]
www.irishaberdeenangus.com
PT
o futuro.
A Irlanda é famosa pelo seu gado, desde que começou
a exportar animais há cerca de 1.000 anos. Desde dessa
época que tem assumido um papel importante na constituição de núcleos puros em vários países do mundo, de
forma particular na Grã-Bretanha e nas Américas do Norte e Sul.
A raça Aberdeen-Angus foi introduzida na Irlanda em
1860.
Na Irlanda a maioria das explorações tem um número
reduzido de vacas, mas no entanto também existem outras possuem em meia 50 fêmeas reprodutoras. Contudo,
o baixo número de
animais é contrabalançado com elevada qualidade.
Os criadores são
muito dedicados e fazem a selecção do gado
com muito dedicação.
Ao longo dos anos têm
sido comprados toiros
de top na Escócia, EUA
e no Canadá, permitindo acompanhar sempre a novas tendências
do mercado. Ao mesmo tempo, nos últimos
20 anos, várias são as
fêmeas e machos, exportados, que têm influenciado a raça nas
ilhas Britânicas.
Alguns toiros têm mesmo ocupado lugares de honra
nos leilões de Perth - Escócia.
A Irish Aberdeen-Angus Association (i.e. Associação Irlandesa da Aberdeen-Angus) foi fundada em 1894, para
promover a raça na Irlanda, tendo actualmente mais de
800 associados na República da Irlanda e na Irlanda do
Norte. Os animais estão inscritos no Livro Genealógico da
Aberdeen-Angus Cattle Society em Perth.
A influência da raça Angus como cruzamento industrial em explorações de leite e carne tem aumentado recentemente, contribuindo já para 15% dos nascimentos no
país.
A Irish Aberdeen-Angus Association deseja aos membros da Aberdeen-Angus Portugal todo o sucesso para
EN
24
Ireland has been famous for its cattle since it first started exporting livestock almost 1.000 years ago. Since then Irish stock has
played a major role in the foundation of breeding herds throughout the world, particularly in Great Britain and both the North
and South American continents.
Aberdeen-Angus were first introduced into Ireland as far back as
1860. While Ireland has a large number of breeders with small
herds of breeding females other herds range to over 50 females.
However what is lacking in numbers is counterbalanced in quality.
Breeders are very dedicated and breed Aberdeen Angus with meticulous care. Down
the years top grade
bulls have been purchased in Scotland,
USA and Canada enabling breeders to keep
pace with modern demands. For the past
20 or more years Irish
bred bulls and females
have made a major
influence on the breed
throughout the British
Isles. Irish bred bulls
and their offspring
have taken major honours at Perth in the
past.
The Irish Aberdeen-Angus Association, established in 1894, promotes the breed in Ireland. The Association has currently over
800 member breeders in the Republic of Ireland and in Northern
Ireland who register their cattle with the Aberdeen-Angus Cattle
Society in Perth, Scotland.
The influence of Angus as a sire in Irish dairy and beef herds has
shown a gradual increase in recent years and now accounts for
15% of all calf births.
The Irish Aberdeen-Angus Association would like to wish the
members of “The Portuguese Angus Association” every success
in the future.
Tecnologias reprodutivas nas manadas
de carne
João Fernandes Fagundes da Silva
Médico Veterinário
Clínico de Espécies Pecuárias
Director do Subcentro de Inseminação Artificial da Unicol
Coordenador da Secção de Assistência Veterinária da Unicol
Situado no Atlântico Norte, a meio caminho entre a Europa e a América, o arquipélago dos Açores possui características edafo-climáticas propícias à exploração do gado
bovino.
Com chuvas frequentes e terrenos muito férteis, dada a
sua natureza vulcânica, as ilhas reúnem as condições que
tornam possível um grande desenvolvimento das pastagens que as cobrem e que fornecem alimento em abundância aos animais.
O arquipélago possui um clima temperado marítimo,
com temperaturas amenas e amplitudes térmicas, quer diárias quer anuais, muito pequenas. O clima permite manter os animais no exterior durante todo o ano, evitando-se
os problemas e os custos da estabulação.
Os Açores produzem cerca de um terço do leite português, pelo que o seu efectivo bovino é constituído principalmente por animais de raças leiteiras. Os animais preto- malhados da raça Holstein-Frísia são os mais comuns,
embora se possam encontrar também animais das raças
Jersey, Red Danish ou Brown Suisse.
A carne produzida nos Açores resulta do abate de animais dessas raças ou de produtos resultantes dos cruzamentos de raças de carne com fêmeas leiteiras.
Actualmente muitos produtores começaram a especializar-se na produção de carne recorrendo a animais de raças
puras, verificando-se uma melhoria acentuada na qualidade das
carcaças. As raças mais comuns
são a Limousine e a Charolesa.
Há muito que alguns técnicos
advogam que deviam ser outras a
raças utilizadas pela Região para
a produção de carne. As raças
Aberdeen-Angus e Hereford sempre foram as preferidas, pela sua
rusticidade, precocidade, qualidades maternais e qualidade da
carne.
Melhoramento animal
Por melhoramento animal
entende-se o apuramento das raças, para que o desempenho dos
indivíduos seja cada vez melhor,
de acordo com os critérios estabelecidos previamente como orien-
26
tadores desse melhoramento.
Nos animais leiteiros pretende-se principalmente o aumento da produção láctea (quantidade e componentes) e
a melhoria da conformação.
Nos animais de carne pretende-se melhorar as aptidões
maternais das fêmeas, a facilidade de parto e a fertilidade,
os ganhos médios diários, a conformação das carcaças e a
qualidade da carne.
Qualquer programa de melhoramento visa obter uma
animal altamente rentável para a exploração. Este melhoramento pode ser acelerado recorrendo-se às tecnologias
reprodutivas actualmente disponíveis.
Inseminação Artificial
A inseminação artificial, considerada isoladamente, é a
técnica mais importante que se desenvolveu para o melhoramento genético dos animais.
Esta técnica consiste na deposição do sémen, previamente colhido do macho, no interior do aparelho reprodutor da fêmea sem que se verifique a união macho-fêmea
ou cópula. Esta deposição é realizada por um técnico vulgarmente chamado inseminador.
Largamente difundida nas explorações de leite, a inseminação artificial tem baixa penetração nas explorações
de carne, por exigir maior conhecimentos dos criadores
Meios de contenção, como as mangas e os troncos, são essenciais para o maneio seguro dos animais.
magazine
01.2010
GRÁFICO 1.
e manejadores, disponibilidade de tempo para a detecção
de cios e movimentação das vacas e meios de condução e
contenção eficientes (mangas e troncos).
Hoje em dia, muitos criadores estão habilitados a realizar a inseminação artificial na sua manada. Para que a técnica seja bem sucedida é importante que o inseminador
tenha conhecimentos de anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor feminino, conhecimentos de conservação
e manipulação de sémen congelado e treino na execução
da técnica propriamente dita.
A inseminação artificial apresenta inúmeras vantagens
de natureza zootécnica, sanitária e económica sobre a cobrição natural:
- Acelera o melhoramento das manadas quando comparado com a cobrição natural;
- Permite o acesso à melhor genética disponível a nível
mundial;
- Facilidade de transporte e distribuição do sémen devido à congelação em azoto líquido e acondicionamento em
tanques facilmente manuseáveis;
- Uso de touros testados que oferecem muitas informações sobre o desempenho da descendência;
- Possibilidade de armazenamento do sémen indefinidamente;
- Elevada fertilidade do sémen usado em inseminação
artificial, porque todos os ejaculados são analisados após
a colheita, sendo rejeitados os que não apresentam a qualidade exigida;
- Garantia da qualidade sanitária do sémen porque os
touros são submetidos periodicamente a testes para avaliar o seu estado de saúde;
-Controle das doenças sexualmente transmissíveis, porque todo o material usado e que tem contacto com a vaca
é descartável;
- Torna desnecessária a importação de touros de raças
exóticas;
- Indispensável após a sincronização de cios em grandes
grupos de fêmeas.
As inúmeras vantagens da inseminação artificial, em especial, a possibilidade de usar os melhores reprodutores
do mundo para beneficiar as fêmeas da manada, tornam
indispensável a sua utilização nas explorações mais evoluídas e com maior potencial de valorizar o seu património
genético.
Sémen sexado
A sexagem do sémen é um processo que permite separar os espermatozóides portadores do cromossoma Y (machos) dos espermatozóides portadores do cromossoma X
(fêmeas).
Este processo é moroso, desperdiça grandes quantidades de sémen e resulta num produto de fertilidade baixa
e que deve ser manuseado respeitando todas as regras de
conservação e manipulação de sémen.
A sua utilização está aconselhada apenas em novilhas
virgens; neste escalão etário consegue-se uma taxa de concepção muito semelhante à conseguida com a utilização
de sémen convencional.
Actualmente estão disponíveis no mercado dois tipos de
sémen sexado:
Sémen sexado 90% - baixa fertilidade e garantia de 90%
de nascimentos de produtos do sexo escolhido;
27
QUADRO 1.
Apresentamos de seguida dois esquemas de tratamento básicos e muito comuns
Prostaglandinas (PGF 2 alfa)
Dias
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
PGF
11
12
PGF
13
14
Cios e IA
Este esquema consiste na administração de duas injecções de Prostaglandina F2 alfa com 11 dias de intervalo. Os cios ocorrem geralmente entre 48 e 72 horas após a última administração, podendo ser usada a inseminação com hora marcada às
56 horas (1 dose) ou às 48 e 72 horas (2 doses).
Progestagéneo (CIDR ou PRID) + Prostaglandina
Dias
0
1
2
3
4
5
6
7
PGF
8
9
10
11
12
13
14
Cios e IA
CIDR ou PRID
Este esquema utiliza um dispositivo intravaginal libertador de progesterona que é colocado na vagina da vaca por um
período de 7 a 9 dias. Na véspera da remoção do dispositivo é administrada uma injecção de Prostaglandina F2 alfa. No dia
da remoção é aconselhada a administração de PMSG às vacas aleitantes e às vacas acíclicas. Os cios ocorrem 48 a 72 horas
depois da remoção do dispositivo. Pode recorrer-se à inseminação artificial com hora marcada às 56 horas (1 dose) ou às 48
e 72 horas (2 doses).
Sémen sexado 75% - fertilidade mais elevada e garantia
de 75% de nascimentos de produtos do sexo escolhido.
glandinas e os progestagéneos ou uma associação dos dois.
(Quadro 1)
Sincronização de Cios
Consiste num tratamento hormonal aplicado a um grupo de fêmeas e que tem por objectivo, conseguir que uma
grande percentagem dos animais tratados entre em cio
ao mesmo tempo ou apenas com algumas horas de diferença.
Ter várias vacas em cio ao mesmo tempo tem muitas
vantagens:
- Reduz o tempo necessário para a observação dos cios;
- Exacerba o comportamento de cio;
- Facilita o uso da inseminação artificial e reduz o custo
com as visitas do inseminador;
- Facilita o uso da inseminação artificial em novilhas que
vão ser servidas pela primeira vez;
- Permite planear com antecedência o esquema reprodutivo da exploração – dias de inseminação, época de partos,
organização de grupos;
- Reduz o tempo de observação de partos permitindo
uma melhor assistência;
- A melhor assistência aos partos reduz a mortalidade
dos vitelos à nascença;
- O agrupamento dos partos facilita a obtenção de colostro para as crias das vacas que adoeceram ou morreram.
As fêmeas a sincronizar devem estar em boa condição
corporal. As novilhas virgens devem ter idade e peso para
iniciarem a sua vida reprodutiva e as vacas adultas devem
estar paridas há mais de 45 dias e não devem apresentar
sinais de metrite.
Para a sincronização de cios são utilizados vários esquemas terapêuticos, dependendo do tempo que se tem
para observação de cios, da ciclicidade das vacas e do orçamento disponível. Os fármacos utilizados são as prosta-
Sincronização da Ovulação
Tratamento hormonal que visa a sincronização do momento da ovulação, libertação do óvulo a partir do folículo ovárico, num grupo de fêmeas.
Este tratamento torna possível a inseminação artificial
a tempo fixo, com resultados de fertilidade satisfatórios.
Os animais podem ser inseminados mesmo sem detecção
de cios.
Podem ser usados diversos protocolos, recorrendo-se
à utilização de GnRH, PGF 2 alfa e/ou progestagéneos
(CIDR). O primeiro protocolo desenvolvido e que serve de
base aos restantes é conhecido por Ovsynch e é descrito
no Quadro 2.
28
Transferência de Embriões
É um método de maneio reprodutivo pelo qual os óvulos fecundados são recolhidos do tracto genital de uma
fêmea designada dadora e, são transferidos para o tracto
genital de uma ou mais fêmeas designadas de receptoras,
nas quais decorrerá a gestação até ao termo.
Pretende-se com este método potenciar o número de
descendentes de fêmeas de elevado valor genético.
Uma fêmea para ser recrutada como dadora de embriões deve:
- Possuir elevado valor genético;
Revelar boa fertilidade (não mais de duas inseminações
por concepção);
- Ser relativamente jovem (3 a 10 anos);
- Estar isenta de anomalias de conformação ou doenças
genéticas;
- Não ter registo de anomalias reprodutivas ou problemas nos partos;
magazine
01.2010
QUADRO 2.
Dias
0
GnRH
1
2
3
4
5
6
7
PGF 2
alfa
8
9
10
GnRH
IA – 8
a 20
horas
Este protocolo consiste na administração de duas injecções de GnRH, no dia 0 e dia 9. Dois dias antes da 2ª injecção de GnRH
é administrada uma injecção de Prostaglandina F2 alfa (dia 7). A inseminação é feita a todas as vacas 8 a 20 horas depois
da 2ª injecção de GnRH.
- Ter cumprido um mínimo de
50 dias pós-parto;
- Ter tido pelo menos dois ciclos
éstricos regulares antes do início
do programa;
- Apresentar boa condição corporal.
As dadoras são submetidas a
um tratamento hormonal – tratamento superovulatório – que estimula o desenvolvimento folicular
e permite que a vaca possa libertar
vários óvulos (ovulação múltipla)
durante o cio superovulatório. A
vaca pode produzir vários embriões (7 a 9 em média) que serão
recolhidos, por lavagem uterina,
Sessão de recolha de embriões em exploração leiteira terceirense
7 dias mais tarde e transferidos
para as receptoras ou congelados.
As receptoras dos embriões devem ser animais com fertilidade excepcional. Normalmen- de carne recorrem pouco às tecnologias reprodutivas
te são escolhidas novilhas virgens.
para melhoramento das manadas, no entanto, os produtoA congelação dos embriões permitiu dispensar os en- res mais avançados não podem dispensar a sua utilização.
cargos com a sincronização de receptoras, mas acima de Mais recentemente, motivados pela importação de animais
tudo, permitiu que pudessem ser comercializados a nível
seleccionados, a pontuação dos animais e a respectiva insmundial. Pode-se assim ter acesso a descendentes de vacas
crição nos livros genealógicos das raças, muitos criadores
e touros extraordinários, que irão contribuir para um me- começaram a recorrer à inseminação com touros de elite
lhoramento mais rápido da manada que os adquirir.
para beneficiação das suas vacas.
Este mercado de embriões é muito vasto e dinâmico,
Na ilha Terceira existe sémen de touros de elite das raora existindo embriões de um reprodutor, ora não existin- ças Limousine, Charolesa e Aberdeen-Angus que se destido. Os preços variam muito e estão directamente relacio- nam a ser utilizados em núcleos de raças puras. A impornados com o valor dos progenitores envolvidos.
tação de embriões Aberdeen-Angus também aconteceu
A sexagem de embriões vai permitir ao criador ocupar num passado recente e está a ser preparada a produção e
as receptoras disponíveis apenas com animais do sexo pre- recolha a partir de vacas residentes na ilha.
tendido (machos ou fêmeas). O grau de confiança é supePara que estas tecnologias se possam tornar rotineiras
rior a 90%.
é necessário que, as explorações sejam dotadas de condiA congelação e a manipulação dos embriões, como a bi- ções (mangas, meios de contenção) e que os criadores e
secção ou a sexagem, vão reduzir a sua viabilidade e deve- os seus empregados melhorem os seus conhecimentos nos
mos esperar uma redução na percentagem de gravidezes
diversos domínios, em especial, o da reprodução.
conseguidas.
Os Açores possuem condições ímpares para num futuro
próximo possuírem reprodutores, tanto de raças de carne
Nota Final
como de leite, de grande valor genético e com um estatuto
É um facto que as explorações dedicadas à produção
sanitário invejável. Basta continuar no bom caminho!
29
Canadian Angus Association
Canadian Angus Association
Doug Fee, Chief Executive Officer
Canadian Angus Association
142, 6715 – 8 Street NE Calgary, Alberta T2E 7H7 Canada
Phone: (403) 571-3580 . Fax: (403) 571-3599
Email: [email protected]
website: www.cdnangus.ca
PT
Os primeiros animais da raça Angus chegaram ao Canadá em 1860, importados a partir da Escócia. Seguiramse então outras importações que contribuíram para o desenvolvimento da raça.
Em 1905, os criadores juntaram-se para fundar a Canadian Angus Association (i.e. Associação Canadiana da
Angus). O Governo do Canadá reconheceu oficialmente
a Associação em 1906 e desde então que esta efectua o
registo de animais da raça Angus no país.
A Canadian Angus Association mantém o Livro Genealógico fechado, isto é apenas regista animais puros Angus.
São registados animais de pelagem preta e vermelha, sendo que estes últimos possuem a palavra RED (vermelho)
como prefixo do nome, para assim haver um distinção entre cor de pelagens.
A Canadian Angus Association representa 3.000 associados, com o intuito de inscrever animais, manter a pureza
e de disponibilizar serviços que permitam desenvolver e
promover a raça. A Associação também representa 15.000
produtores de carne que utilizam animais puros nas suas
explorações.
O Livro regista cerca de 150.000 vacas. Em 2008 registaram-se 62.283 vitelos puros e 24.933 declarados. A Canadian Angus Association transferiu, em 2008, 25.084
animais puros para explorações de carne. Estes dados
representam, mais de metade de todos os registos de animais puros no Canadá e a presença da raça em cerca de
60% das explorações de carne.
Os consumidores canadianos reconhecem a Angus
como uma raça de carne e é sinónimo de qualidade na
cabeça de muitos consumidores. A sua procura deve-se ao
seu sabor, à tenrura e ao marmoreiro que apresenta. Tendo em conta esta procura, a Canadian Angus Association
criou recentemente a Canadian Angus Rancher Endorsed,
como forma de promover programas relacionados com a
carne Angus. A Canadian Angus Rancher Endorsed exige
que o gado tenha um brinco com identificação por rádiofrequência.
Estes brincos são obrigatórios para a identificação do
gado no Canadá e a raça Angus tem uma identificação
restrita para os seus animais puros e para os cruzados que
tenham pelo menos um dos pais como puro Angus. Assim,
através deste sistema a Canadian Angus Association pode
garantir que o Canadian Angus Rancher Endorsed beef
30
usa genética Angus.
A Canadian Angus Association teve a honra de organizar o 10º World Angus Forum em Calgary, Alberta em
Julho de 2009. No ano de 2005, aquando da preparação
do evento, tivemos a ideia de sugerir às outras associações
de criadores do mundo, uma mostra de como a genética
com origem na Escócia tinha se espalhado e adaptado às
mais variadas zonas do planeta. Nove países responderam
ao nosso apelo e enviaram embriões para o Canadá onde
foram implantados em vacas receptoras na Remington
Cattle Company em 2007. Os animais nascidos em 2008
foram expostos durante o Fórum, constiuindo, como é natural, uma grande atracção pelo feito extraordinário de
concentrar animais da mesma raça que tendo uma origem
comum, o berço da raça, desenvolveram-se em condições
edafo-climáticas tão diversas, nasceram e foram criados
em condições semelhantes.
EN
Angus animals were first imported to Canada from Scotland in
1860. Several more importations contributed to the growth of the
breed and in 1905 breeders joined together to form the Canadian
Angus Association. The Government of Canada officially incorporated the Association in 1906 and since then has been the official
register of Angus cattle in Canada.
The Canadian Angus Association maintains a closed herd
book and registers only purebred Angus cattle with no breeding up
program. Both Red and Black Angus are included in the Registry.
There is a requirement that all Red animals have the word “Red”
magazine
included as a prefix to their name.
The Canadian Angus Association represents 3,000 members
across Canada for the purposes of registering and recording the
pedigrees of purebred Black and Red Angus cattle and promoting the breed. Its member-approved mandate is to maintain breed
registry, breed purity and provide services that enhance the growth
and position of the Angus breed. The Association also represents
an additional 15,000 commercial producers who use registered
breeding animals in their herds.
There are just over 150,000 registered breeding females in the
Canadian Angus database. In 2008, 62,283 purebred calves
from these females were registered and an additional 24,933 were
recorded. The Canadian Angus Association transferred 25,084
registered breeding animals to commercial producers in 2008.
These figures equal more than half of all purebred beef cattle registered in Canada and about 60% of the commercial herd.
Canadian consumers recognize the name Angus as a breed of
beef cattle. Angus is synonymous with quality in the minds of
many consumers, and they want Angus beef for its flavour, tenderness and marbling. With this in mind, the Canadian Angus
Association recently created Canadian Angus Rancher Endorsed,
a way for the Association to publicly endorse and promote Angus
beef programs in Canada that use Angus genetics. Canadian Angus Rancher Endorsed requires that the cattle use a Canadian
Angus radio-frequency identification (RFID) tag. RFID tags are
mandatory for cattle in Canada, and only the Angus breed has
a tag that is restricted to purebred Angus cattle and commercial
with at least one purebred Angus parent. Through the Angus tag
program, the Canadian Angus Association can guarantee that
Canadian Angus Rancher Endorsed beef has Angus genetics.
The Canadian Angus Association was proud to host the 10th
World Angus Forum in Calgary, Alberta in July 2009. In 2005,
a Canadian idea was suggested to other Angus associations to
showcase how Angus genetics have expanded from Scotland to the
world. Nine countries sent embryos to Canada which were all implanted in Canadian Angus recipient cows at Remington Cattle
Company in 2007. The resulting calves were born in 2008 and
were displayed at the Forum. It was an exciting and interesting
opportunity to see international genetics all raised in a common
environment and was one of the highlights at the Forum.
01.2010
Notícias
Feira Açores 2009 dedica atenção
à criação em linha pura das raças
de carne exploradas na região
A Secretaria Regional da Agricultura e Florestas organizou com a colaboração das Associações
Agrícolas da Ilha do Faial (AAIF e JAGRIFA) a
edição 2009 da Feira Agrícola Açores, evento Regional de exposição dos vários sectores da agropecuária.
Nesta edição, a bovinicultura de carne teve destaque, com um pavilhão coberto onde estiveram
representadas as raças de carne exploradas em
linha pura (Charolesa, Limousine e SimmentalFleckvieh) nos Açores, onde se incluiu a recente
raça Aberdeen-Angus.
A Aberdeen-Angus não foi a concurso, dado
não ter sido possível representar a maioria dos
criadores. Todavia repetiu-se o sucesso de 2008
durante a Feira Agroter, organizada pela Associação Agrícola da Ilha Terceira, com uma demonstração de animais da raça, comentada por Nigel
Hammill, antigo Presidente da Aberdeen-Angus
Cattle Society e detentor do rebanho Tegsnose
(Inglaterra) e da preparação e condução de bovinos em concurso, por Leo McEnroe, membro da
Irish Aberdeen-Angus Association e detentor do
rebanho Lisduff – Irlanda.
Este evento atraiu o interesse do público e dos
criadores, dado ser mais usual este tipo de intervenção em gado leiteiro. Todavia, revelador da necessidade de acções de formação para criadores
de raças de carne, para que também este sector
possa no futuro dignificar ainda mais os animais
a concurso e o espectáculo dos eventos.
Os criadores presentes na Feira foram: Emanuel Araújo e Hildegard Neves – ilha do Faial; Manuel Costa, Manuel Rapinha e Ricardo Silva – ilha
do Pico e Luís Machado – ilha Terceira.
31
Angus na Australia
Angus na Australia
Angus Society of Australia
86 Glen Innes Road, Armidale, NSW, 2350
Australia
Phone: +61 2 6772 3011 . Fax: +61 2 6772 3095
[email protected]
A Angus Society of Austrália (i.e. Sociedade de Angus da Austrália) foi fundada em 1919 e é actualmente a
maior associação de criadores do país. No início de 2010,
existiam 1.020 associados, 1.293 produtores associados e
301 jovens sócios registados. Em 2008, foram declarados
52.369 vitelos Angus, o que representou, aproximadamente 26% do efectivo bovino puro na Austrália.
A maioria dos vitelos inscritos pela Angus Australia estão integrados no programa de registo de performance
chamado Angus BREEDPLAN. Este sistema de avaliação
genética fornece valores estimados para a selecção genética (i.e. Estimated Breeding Values – EBVs) para 24 caracteres, que inclui a fertilidade, facilidade do parto, crescimento, dados de carcaça, eficiência alimentar e caracteres
estruturais.
Para mais informação sobre a raça Angus na Austrália,
consulte o nosso website
http://www.angusaustralia.com.au
EN
PT
O gado Angus foi introduzido na Austrália por volta de
1820 e desde então que é a raça que predomina na zona
temperada (i.e. sul) da Austrália. A raça Angus é também
utilizada em programas de cruzamento com outras raças
adaptadas a climas tropicais, que são exploradas na zona
norte.
Os animais Angus e as suas cruzas possuem uma grande procura e por isso têm um preço mais elevado e isso
deve-se à qualidade que a carne apresenta, tanto daqueles
acabados a pasto como os em feedlot.
A raça é reconhecida pela sua fertilidade, facilidade do
parto, fazendo por isso parte da maioria das vacadas da
região temperada da Austrália.
32
Angus cattle were originally introduced into Australia in the
1820s and have since become the predominant breed in temperate
(southern) Australia. Angus cattle are also used in crossbreeding
programs with other tropically adapted breeds in many parts of
northern Australia.
Angus and Angus-cross cattle command price premiums in
markets across Australia due to their strong demand for the production of high quality beef from both pasture and feedlot finishing systems. Angus are recognised as fertile and easy calving
cattle and now form the basis of the majority of beef cow herds in
temperate Australia.
The Angus Society of Australia (Angus Australia) was formed
in 1919 and is now the largest beef breed association in Australia.
At the commencement of 2010, there were 1,020 Full Members,
1,293 Commercial Members and 301 Junior Members enrolled in
the organisation. In 2008, members of Angus Australia recorded
52,369 straightbred Angus calves, which was approximately 26%
of the total number of registered seedstock in Australia.
The majority of calves registered by Angus Australia are comprehensively performance recorded through the Angus BREEDPLAN system. This genetic evaluation system provides Estimated
Breeding Values for up to 24 traits, including fertility, calving
ease, growth, carcase, feed efficiency and structural traits.
Further information on Angus cattle in Australia can be obtained from the Angus Australia website
http://www.angusaustralia.com.au
Selecção Assistida por Marcadores Moleculares na
Gestão e Melhoramento de Gado de Carne
Erica Baron
Artur da Câmara Machado ([email protected])
Centro de Biotecnologia dos Açores
Universidade dos Açores – Departamento de Ciências Agrárias
Terra-Chã, 9701-851 Angra do Heroísmo
Tel. 295 402 235 Fax. 295 402 205
A chegada à Região da raça Aberdeen-Angus é sem dú- início à Selecção Assistida por Marcadores Moleculares.
vida alguma um marco na produção de carne nos Açores,
Uma das metodologias que é hoje em dia utilizada para
não só pela excelente qualidade desta, mas principalmen- o estudo destas alterações é a análise de QTLs (do inglês
te pelas características específicas da raça. As suas dimen- “Quantitative Trait Loci”). Esta consiste na análise de regisões associadas à precocidade, à rusticidade, ao seu temperamento dócil, à elevada facilidade de parto assim como
ao excelente aproveitamento da pastagem levam a crer
António Araújo | DI
que foi criada para as nossas condições edafo-climáticas.
Apesar de ser uma das raças de carne mais antiga da
Europa a utilização entre nós de animais puros é recente,
devendo-se a sua introdução ao espírito empreendedor de
alguns particulares que ao reconhecerem a importância
desta contribuíram de uma forma substancial para a produção sustentável de carne na Região.
Um outro facto associado a esta iniciativa pioneira merecedor de especial relevo é o de que a gestão do Livro Genealógico da raça foi concedida à Federação Agrícola dos
Açores. A incumbência de gerir o livro genealógico é de
grande interesse, visto que é uma ferramenta crucial para
o melhoramento genético animal e é também a garantia
da pureza da raça. O reconhecimento da importância da
recolha de dados, de cada indivíduo, para uma futura
selecção genética levou a que em 1862 aparecesse o primeiro Livro Genealógico para o gado mocho, designado
por “Polled Cattle Herdbook”, posteriormente denominado “Aberdeen-Angus”. Este facto ocorreu ainda antes de
serem publicadas pela primeira vez por Gregor Mendel as
leis da Hereditariedade, o que vem demonstrar o cuidado
de outrora em elaborar registos detalhados dos animais e
a enorme sensibilidade dos fundadores da raça. Estes registos baseavam-se meramente em dados fenotípicos isto é
características morfológicas mensuráveis que são o resultado da interacção entre os genes e o meio ambiente.
A selecção fenotípica, bastante utilizada pelos produtores por ser a mais fácil de realizar, já que só é necessária
a observação e o conhecimento do que se deseja produzir,
não deverá necessariamente ser a única e a mais adequada,
pois nem sempre as características visíveis são expressas
num determinado ambiente ou são transmitidas aos des- ões específicas do cromossoma (microssatélites) de todos
cendentes. Para além disto, muitas destas características
os indivíduos de determinadas famílias de animais, geratêm origem num vasto número de genes e na sua comple- das por cruzamentos direccionados e com as característixa interacção.
cas que se pretende. Esses estudos permitem correlacionar
Com o avanço das tecnologias de ADN novas perspec- as frequências alélicas dos marcadores microssatélites com
tivas se abriram no melhoramento genético do gado de
as características que determinam o desempenho produticarne, tendo como base a detecção de mutações, ou seja
vo dos animais testados. Desta forma, pode-se rastrear os
pequenas alterações na molécula de ADN, dando assim cromossomas localizando os genes responsáveis por deter-
34
magazine
minada característica de produção (deposição de gordura,
marmoreado, suculência, tenrura da carne, produção de
leite, desenvolvimento corporal, resistência a doenças, fertilidade, entre outras). Uma determinada região de QTL
pode gerar por si só um marcador genético sem, necessariamente, identificar o gene ou os genes responsáveis pelo
fenótipo.
Na produção de bovinos de carne, o aumento da musculatura e por consequência o rendimento da carcaça,
tem sido um dos maiores desafios para os investigadores
e produtores, sendo uma das principais metas do desenvolvimento de programas de melhoramento assistido por
marcadores.
Hoje em dia, diversas raças bovinas apresentam o que
se chama de musculatura dupla. Esses animais são carac-
01.2010
terizados por extrema hipertrofia dos músculos especialmente na região do quarto traseiro. Quando comparados
com os animais normais, os bovinos de musculatura dupla
têm proporcionalmente menos osso, menos gordura, mais
músculo e maior rendimento de corte de carne com alto
valor no mercado, realizando em média 20% mais carne
por animal. No entanto essa característica aparece associada a problemas de fertilidade, alta incidência de partos
distócicos e baixa viabilidade dos bezerros, além do aumento à susceptibilidade e ao stress. Esses animais apesar
do bom rendimento de carcaça possuem baixa adaptabilidade às condições de maneio extensivo do rebanho de
bovinos normais. Alguns artigos indicam também a baixa
ingestão de alimentos, devido provavelmente ao menor
tamanho do tracto digestivo, que no entanto, quando ali-
35
mentados com rações ricas expressam todo o seu potencial
de crescimento e massa muscular. Ainda nesses animais,
as suas grandes dimensões associadas ao elevado peso
representam, por vezes, um problema acrescido quando
a base da alimentação é a pastagem, o que não acontece
com o Aberdeen-Angus devido ao seu médio porte.
O gene responsável pela elevada massa muscular é o
gene da miostatina que tem sido estudado em várias partes
do mundo. Daí conhecer-se a variabilidade genética existente neste gene e quais as mutações de maior interesse.
Ainda no âmbito da selecção assistida por marcadores
em programas de melhoramento genético, outro gene que
é muito estudado e economicamente importante para a
bovinicultura é o gene da leptina. Este gene é também
conhecido como gene da obesidade por ser o responsável pela produção da hormona leptina, que está envolvida
nos mecanismos que regulam a ingestão de alimentos, o
metabolismo energético, a fisiologia reprodutiva e o sistema imunológico. Desta forma o seu estudo proporciona
conhecimento que pode ser associado a características
de interesse económico, tais como deposição de gordura
na carcaça, precocidade sexual, percentagem de gordura
no leite, entre outras. Em bovinos de carne foram associados polimorfismos deste gene ao maior peso de carcaça e maior deposição de gordura na mesma, sendo assim
também um gene interessante a ser estudado do ponto de
vista económico, podendo direccionar produtores e investigadores para a obtenção de rebanhos com maior rendimento na produção.
Para além das características acima mencionadas, em
que é possível aplicar na selecção genética os marcadores
moleculares, estes são também a base da certificação das
genealogias. Hoje em dia o método de excelência para este
fim é sem dúvida alguma a genotipagem por marcadores
microssatélites, onde através de uma escolha adequada
dos mesmos, para além de garantirem a veracidade dos
pedigrees podem ser utilizados na selecção genética.
Por fim cabe-nos realçar a importância dos marcadores
moleculares no rastreio de produtos alimentares em que
se pretende proteger a origem dos mesmos, não só em produtos frescos mas também em produtos transformados.
Esperamos que esta modesta apresentação sobre o potencial da genética molecular no melhoramento genético
do gado de carne sirva de apoio ao dinamismo dos responsáveis pela presença da raça Aberdeen-Angus nos Açores
e à sua gestão.
36
magazine
01.2010
A raça Angus na Argentina
Angus in Argentina
Cerviño 4449 5° Piso, CP 1425 - Buenos Aires
Tel.: ( 54 11) 4774-0065 (Líneas rotativas) | Fax: ( 54 11) 4774-0554
[email protected]
PT
A Associação Argentina de criadores Angus (i.e. Asociacion deArgentina de Angus) foi fundada em 1920. Actualmente existem 1843 criadores. Devido ao crescente
interesse na raça Angus e nos programas e serviços desenvolvidos pela Associção, estes números aumentam ano
após ano.
Liderança
Alguns dados suportam a nossa convicção de que a Angus
é a raça líder na Argentina.
As amostras a mais de 350.000 cabeças permite afirmar
que mais de 50% desses animais são Angus puros e outros
20% são cruzados Angus.
Quando se trata da criação em linha pura (i.e. amostra
de 350.000 cabeças), verifica-se que metades dos criadores
escolheram a Angus o que é o dobro daqueles que escolheram outras raças. O número anual de registos para pedigree também mostra que a Angus está à frente: mais de
40% de todos os registos são Angus.
Carne Angus da Argentina
Desde 1994 que o programa Argentine Certified AnGus
fornece o melhor produto ao mercado interno, assim como
para exportação. Em 1999 o programa foi aprovado pela
USDA e mais recentmente aceite pela União Europeia, a
marca Angus para a carne importada da Argentina.
Programa de avaliação genética
De forma a apoiar a posição que a raça Angus assume na
Argentina, a nossa Associação desenvolve, desde 1989, um
programa que produz dados em EPDs para as principais
características produtivas (i.e. 12), assim como marcadores moleculares associados à tenrura da carne.
Todos os anos a Associação edita o Sumário de mais de
um milhar de Touros Angus considerados de valor genético elevado, tanto para o crescimento como para as qualidades organolépticas.
Reunião Técnica do Secretariado Mundial da Angus em
2011
A Asociacion Argentina de Angus está feliz e orgulhosa de
ter sido escolhida para organizar o World Angus Secretariat Meeting (Reunião do Secretariado Mundial da Raça
Angus) em Outbro de 2011. Já começamos a trabalhar no
sentido de oferecer aos visitantes um programa atractivo,
não apenas para os que participam na Reunião, mas também para todos os criadores e pessoas que queiram visitar
a Argentina.
Será uma honra receber a vossa visita.
EN
The Argentine AnGus Association was founded in 1920. At
present it has 1,843 members. Due to the increasing interest in the
AnGus breed and the Association’s work programs and services,
this number is growing year after year.
AnGus is the leading breed in Argentina
Some figures support our Association’s
conviction: AnGus is the leading breed
in Argentina.
Our Association’s samplings over
350,000 heads let us claim that more
than 50 percent of those heads are pureblood AnGus, and another 20 percent
are AnGus crosses.
When focusing on pedigree seedstock
breeders in Argentina, we’ll find that
half of them have chosen AnGus, nearly doubling those that have chosen the
other beef breeds. The number of annual
pedigree registrations also shows the An-
37
Gus leadership: more than 40 percent of all the registered heads
are AnGus.
Argentine AnGus Beef
Since 1994 the Argentine Certified AnGus Beef program provides
the best product to both, the domestic and export markets. On
1999 it was recognized as a USDA Verified Program, and has also
been recently recognized by the EU to label AnGus importations
from Argentina.
Genetic evaluation program
Supporting the firm AnGus breed position in Argentina, our Association carries on since 1989 a genetic evaluation program to
generate EPD data for the main commercial traits (12), as well as
four molecular markers associated to tenderness.
Every year the Argentine AnGus Association edits the AnGus
Sire Summary, with the EPD information for more than a thousand of the superior bulls genetically influencing the breed, both
for growing and quality beef traits.
World AnGus Secretariat Meeting in 2011
The Argentine AnGus Association is very happy and very proud
of having been elected to host the World AnGus Secretariat Meeting on October 2011. We have already begun working hard to offer
our visitors an attractive program not only to those attending the
38
Technical Meeting, but also their partners and every AnGus cattle
breeder interested in visiting Argentina.
We will be honoured receiving your visit to Argentina. Thank
you very much.
Algo da historia e evolução
da raça Angus no Uruguai
Something about the history and
development of the Angus breed in Uruguay
PT
A seleção de bovinos da raça Angus começou no Uruguai em 1888, quando D. Luís Mongrell importou o toiro “Bard
Naughton da Inglaterra.
Logo se sucederam 19 importações de animais e em 1912 faz-se a introdução de linhas Argentinas, pela aquisição de
“Tomi Ombú”, Grande Campeão e fêmeas das famílias Blondetta, Annabel, Ithaca e Acton, adquiridos no concurso de
Palermo. Em 1919, realiza-se a primeira importação dos EUA com “Bar Marshall 3º” e de seguida, de forma ininterrupta
numerosas a partir da Inglaterra, Argentina e EUA.
Em 1938, tendo em conta a difusão e a prosperidade da raça, um grupo pequeno de criadores fundou a Sociedad de Criadores de AberdeenAngus, dando pequenos passos, mas seguros, permitiu que no início
deste século a organização conte com 450 criadores das diversas regiões
do país e com o registo anual no Livro Genealógico da Asociación Rural
del Uruguay, de 6.000 vitelos puros e puros controlados.
Em 1917 a raça participa pela primeira vez na Expo Prado, principal
feira uruguaia, com um concurso que perdura até hoje, sendo a raça
com maior número de animais em exposição.
Com a difusão da raça e das suas cruzas, torna-se necessário um controlo de qualidade, por parte da Associação. Assim, em 1955 cria-se a
tatuagem do puro de origem “Selección Aberdeen-Angus” tanto para
machos como para fêmeas. Actualmente, inspecciona-se 18.000 animais/ano.
As várias Direcções da associação têm tido a preocupação de acompanhar as mais avançadas tecnologias na avaliação genética. Em 1973
realiza-se a primeira prova de performance. Os dados obtidos demonstraram o excelente trabalho dos criadores e a adaptação aos avanços
dos modelos estatísticos (modelo baseado no pai e posteriormente no
animal) permitem avaliar toda a população. A Sociedad de Criadores
de Aberdeen Angus capitaliza estes avanços e estabelece um protocolo
com a Faculdade de Agronomia – Departamento de Zootecnia e como
o INIA (Instituto Nacional de Investigaciones Agropecuarias) para dar
continuidade ao Serviço de Avaliação dos Reprodutores, constituindo a
primeira prova de descendência em gado de carne do Uruguai.
Em 1998 a Sociedade inicia, em parceria com as associações de criadores da Argentina, Brasil, Paraguai e Chile, o processo de criação da
Federación Angus del Mercosur y Chile, que vem a ser fundada em
1999.
Em 2004, a Associação e um grupo de criadores formam a “Carne Angus del Uruguay S.A.” com o objectivo de
preservar e promover a raça, valorizando o produto final
a “Carne Angus”. O fortalecimento do abastecimento da
carne Angus Certificada aos restaurantes nacionais (e.g.
o Hotel Conrad localizado no resort da Punta del Este)
e estrangeiros deve-se à elevada qualidade da carne (i.e.
tenrura, sabor e sucolência dos animais jovens); ao sistema
de produção extensivo, sem o uso de hormonas de crescimento nem proteínas de origem animal e ao sistema de
rastreabilidade que permite controlar todos os passos, do
prado ao prato do consumidor.
Angus no Uruguai, país 100% ganadeiro e da produção de carne no extensivo
O Uruguai, é um paraíso para a pecuária natural a céu
aberto, sem concentrados nem hormonas, mas com o recurso às pastagens de acordo com as condições climatéricas e localização geográfica, onde precipitação média
anual é de 1200 mm. No entanto, existem anos em que a
chuva é mal distribuída, verificando secas severas, ou então chuvas torrenciais que originam inundações. Os Invernos são longos e duros, embora sem neve, muitos dias as
temperaturas ficam abaixo do 0ºC.
É portanto neste contexto climatérico que se cria o
gado Angus no Uruguai, com um biótipo que tem de ser
adequado e eficiente face às condições de exploração.
As vacas são largas, muito profundas, de tamanho moderado, frame 4.5 a 5.5, parem um vitelo todos os anos
sem dificuldade e no final da sua vida produtora pesam
bem no matadouro (490 a 550 kg.). A vaca Angus do Uruguai, com maneio adequado e baixos custos providenciará
80% do alimento de um vitelo.
O vitelo nasce pequeno com um peso entre os 27 a 35
kg. Desenvolve-se muito rápido, é vigoroso, saudável e muito vivo, fácil de criar devido às boas características maternais das fêmeas e pelo temperamento.
A vaca, com mínimo de maneio, é coberta aos 24 meses. Devido às suas excepcionais condições de crescimento
(eficiência e conversão) e pela sua precocidade, está pronta
para a cobrição aos 15 meses. O novilho está acabado por
volta dos 24 meses, explorado em pastagens melhoradas,
demonstrando grande eficiência e velocidade de engorda,
obtendo-se um produto final de excelente qualidade (Angus é sinónimo de qualidade da carne). O bom rendimento de carcaça (acima dos 56%) é aliado a uma qualidade
das peças que corresponde aos mercados mais exigentes e
se fornece a carne mais tenra e marmoreada do mundo.
Para produzir tudo isto, o Uruguai cria os melhores toiros a campo. O protocolo com o INIA (Instituto de Investigaciones Agropecuarias) e a Faculdade de Agronomia,
permite a recolha de dados de performance e da qualidade da carcaça e transformando-os em EPD. Estes dados
são depois usados pelas explorações especializadas.
O criador uruguaio é um artesão na selecção e do
melhoramento genético. Com estas novas ferramentas,
o trabalho atrás referido transforma-se em ciência. Isso
verifica-se nos resultados que actualmente se obtêm com
reprodutores de qualidade excepcional.
Por tudo isto, afirmamos que o gado Angus do Uruguai,
40
é, hoje, o mais rústico, o mais fértil, com a melhor facilidade no parto, que produz o melhor vitelo, os animais mais
resistente às doenças e o toiro que serve mais vacas na época de cobrição. Como raça pura de carne, é do melhor.
Apresentando apenas vantagens, o seu uso no cruzamento
industrial é insubstituível.
EN
Angus was first introduced in Uruguay in 1888, when D.
Luís Mongrell imported a bull named “Bard Naughtom”, from
England.
19 imports of Aberdeen-Angus cattle followed, and in 1912 there was an introduction of Argentinean bloodlines, “Tomi Ombú”,
Grand Champion, and females from the families Blondetta, Annabel, Ithaca and Acton, purchased in the Palermo Show. In 1919,
the first US import takes place with “Bar Marshall 3º” included,
followed by several operations from England, Argentina and US.
Taking into account of the breed’s development and its solid
future prospects, a small group of breeders established the Sociedad
de Criadores de Aberdeen-Angus in 1938. Their slow but sure steps
resulted in today’s 450 members across the country, registering
6.000 calves annually at the Asociación Rural del Uruguay.
Back in 1917 the breed participated, for the very first time, in
the Expo Prado show, the main Uruguayan livestock event, presently having the largest number of show cattle.
The growth in number of purebred and cross cattle numbers,
called for a quality control scheme enhanced by the Society and
in 1955 the purebred tattoo, “Selección Aberdeen Angus”, was implemented for both males and females. At present, over 18.000
animals are inspected annually.
One of the chief objectives of the past boards was to track the
developments of genetic evaluations. Therefore in 1973 the first
performance assessment was conducted on beef cattle. The data
recorded revealed the finest breeding selection carried out by breeders and were adapted to become the “sire evaluation and animal
record data system”.
In order to capitalize these developments the Society established
a protocol with the Faculty of Agronomy and INIA (National
Agrarian Investigation Institute), so that the Sire Evaluation
Service would continue, being the first progeny evaluation to be
carried in beef cattle in Uruguay.
In 1998, the Breed Societies/Associations of Uruguay, Argentina, Brazil, Paraguay and Chile meet to establish the Federación
Angus del Mercosur y Chile.
“Carne Angus del Uruguay S.A.” is formed by the alliance of the
Society and its members in order to promote and add value to the
product – Angus beef. The high demand for Angus in national
restaurants (e.g. the Hotel in Punta del Este resort) and overseas,
is a natural outcome of its consistent eating quality (i.e. tenderness, flavour and juiciness), the extensive production system, no
growth promoters or animal protein in feed, and a “farm to fork”
traceability system.
Angus in Uruguay, 100% range producing country
Uruguay is a paradise for range production, no growth promoters, purely grass-based depending on climatic conditions and location, with a mean rainfall of 1200 mm. Nevertheless, extremes
may take place, drought or floods. Winters, although without
snow, are long and hard with temperatures below 0ºC.
It is in this context that Angus is bred, thus they must be
able to thrive under these conditions.
Cows are wide and deep bodied, moderate frame (i.e.
4,5-5,5), calving every year easily and in the end a good
slaughter weight (490-550kg). An average Angus cow in
Uruguay, with no particular management, no labour or
extra feeding costs will raise a calf with only 20% extra
feed.
Calves are small and have a low birth weight, 27 to35 kg.
They grow fast, are vigorous, healthy and willing to live,
easy to manage and nurse because of their temperament
and cow’s maternal ability.
A heifer, with low feeding management is served at 24
months. In animals with exceptional feed efficiency and
early maturing, the age is reduced to 15 months.
A steer is finished at 24 months on improved grasslands,
is efficient and matures early producing a superior quality
beef(Angus means quality). Good carcase dressing (over
56%) and retail yield meeting the most discerning markets by supplying superior eating quality, the world’s most
tender and marbled beef.
In order to ensure this feature, the best sires are range
reared. The protocol with INIA and the Agronomy Faculty
allows collecting performance and carcase data into EPDs.
These programs are then enhanced by breeders.
The Uruguayan breeder is a “handcrafter” on selection
and genetic improvement. With these innovative tools,
craft is turned to science. The output is the top quality
bulls we produce.
This is why we say that the Angus stock bull in Uruguay
is the hardiest, fertile, easy calving, produces the best calf
and serves more cows in the herd. There is no pure breed
like Angus. .
Expansão da raça Aberdeen-Angus
Expansion of Aberdeen-Angus throughout the world
Bob Anderson – antigo Secretário da Aberdeen-Angus Cattle Society
PT
Em primeiro lugar quero dar as felicitações à Aberdeen-Angus Portugal pela publicação da revista, decorridos
apenas 2 anos da sua constituição. A Aberdeen-Angus Cattle Society (Escócia) publicou a primeira em 1919, cerca de
40 anos após a sua fundação!
A Aberdeen-Angus Cattle Society foi fundada oficialmente em 1879, mas um grupo de entusiastas começou a
desenvolver e a melhorar
a raça 70 anos antes, seleccionando os melhores
exemplares, do gado mocho nativo do Nordeste
da Escócia, que inclui os
condados de Aberdeen e
de Angus.
O primeiro livro genealógico foi editado, de
forma privada, em 1862
e registados dados de 20
anos de cerca de 80 criadores. O primeiro Livro
Genealógico sob a responsabilidade da Sociedade
foi publicado em 1881
e continha detalhes de
1.200 registos. Estes ascendentes foram a base para
as centenas de milhar de
animais com registo que
se seguiram e mais tarde
dos milhões de puros e
cruzados Aberdeen-Angus que se encontram, hoje, em
toda a parte do mundo.
O início da criação sistemática e do uso das técnicas de
selecção genética, necessárias para criar uma raça, aconteceram mais tarde do que para outras raças importantes da
época, a Shorthorn e a Hereford. Os primeiros criadores
eram muito determinados e persistentes para alcançar o
reconhecimento público da sua raça favorita e conseguiram-no no melhor local, nas Exposições Internacionais de
Paris. Para já movimentar animais desde o Nordeste da
Escócia para a França não era tarefa fácil, mas uma proeza
para o gado e determinação para os criadores.
Em diversas ocasiões, começando em 1856, a raça foi
42
exposta com grande sucesso nestes certames, culminando
com o êxito na Paris Universal Exhibition de 1878, onde
foram expostos animais da raça Aberdeen-Angus, atraindo e agradando visitantes de todo o mundo. Ao todo participaram no certame, 1.314 animais de França e 370 “estrangeiros” (incluindo raças Portuguesas).
O prémio para o melhor grupo de animais foi decidido
por um painel de 31 juízes, ganhando a raça AberdeenAngus com 24 votos contra 7. Um membro do Conselho de
Agricultura do Estado de Illianois visitou a feira e voltou
para os Estados Unidos extremamente bem impressionado com as características da raça.
Estes resultados e tantos outros sucessos alcançados,
por exemplo nos concursos de Smithfield em Londres, reafirmaram os méritos da raça na produção de carne de
qualidade, e esse atributo proporcionou a sua internacionalização, espalhando a sua reputação nos principais países produtores do mundo.
No final do século 19 e início do século 20 a raça chega e desenvolve-se no Novo Mundo (América do Norte e
do Sul, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul) onde as
enormes extensões de pastagem natural foram ideais para
magazine
a sua disseminação e uso para produção de carne. Hoje, a
raça é o ponto de referência no que diz respeito à produção de carne de qualidade da carne.
Embora existam registos da exportação de AberdeenAngus para a Europa continental, aquando do início da selecção genética, o seu número era diminuto e com pouca
aceitação em países onde se procuravam animais de dupla
(i.e. leite e carne) ou mesmo tripla aptidão (i.e. trabalho).
Já na segunda metade do século 20 houve uma mudança gradual, maior especialização nas práticas agrícolas,
maior fluxo de pessoas a viajar e o facto de haver cada vez
mais consumidores exigentes na qualidade da carne que
consomem. Assim, houve um maior interesse em raças
especializadas na produção de carne e portanto também
na Aberdeen-Angus. É introduzida em primeiro lugar em
países Escandinavos e depois na zona Norte e Este da Europa. Todos estes países continuam a criar e aumentar o
efectivo da raça.
Mais recentemente, o Sul da Europa tem vindo a demonstrar interesse nas qualidades raciais: na sua capacidade de adaptação às mais variadas localizações geográficas
e sistemas de produção; ao fácil maneio e à possibilidade
de criar um nicho de mercado com base na qualidade da
sua carne.
Um dado que é frequente na extraordinária história da
expansão da raça Aberdeen-Angus a nível mundial, reside
na capacidade desta criar paixão a quem se envolve. É quase uma acção missionária na promoção e melhoramento
da raça independentemente das circunstâncias ou localização geográfica.
Tive o prazer de trabalhar com o Paulo Costa e considero, por tanto, que ele se enquadra perfeitamente naquilo
que foi descrito atrás. Dada a oportunidade de ter conhecido alguns criadores Portugueses, não tenho qualquer
dúvida em afirmar que o futuro da raça está em boas mãos
e estou confiante no progresso da Aberdeen-Angus Portugal, que agora se junta aos cerca de 50 países que fazem
parte do universo do gado ABERDEEN-ANGUS.
EN
Congratulations to Aberdeen-Angus Portugal Breeders Association on publishing a magazine within two years of their formation.
The Aberdeen-Angus Cattle Society published its first magazine in
1919, some 40 years after its formation!
The Aberdeen-Angus Cattle Society was officially formed in
1879; but a number of enthusiasts had been developing the breed
over the previous 70 years by selecting the best of, and breeding
from, the native hornless beef cattle of that area in the North-East
of Scotland which included the counties of Aberdeen and Angus.
The first herd book was produced privately in 1862 and registered details covering the previous 20 years from the breeding
records of around 80 owners. The first herd book for which the
Society was responsible was published in 1881 and contained the
details of around 1200 registrations. From these and their ancestors come the hundreds of thousands of registered and millions of
pure and cross bred Aberdeen-Angus found in all corners of the
world today.
01.2010
Embarking on the systematic selection and line breeding techniques required to create a breed type some years later than the
other great beef breeds of the time, the Shorthorn and Hereford, the
early breeders were determined to strive for wider recognition of
their favourite breed and the place to do so was the early International Exhibitions in France.
Considering the handicap of transporting cattle from the
North East of Scotland to Paris, one can only admire their enterprise. On a number of occasions beginning in 1856 the breed
was exhibited with great success culminating in the glories of the
1878 Paris Universal Exhibition where the display of AberdeenAngus attracted much attention and praise from visitors drawn
from many parts of the world. There were 1314 French cattle and
370 ‘foreign’ cattle (including Portuguese) representing 65 varieties. The prize for the best group of animals for beef producing
purposes was judged by a panel of 31 and the winners by 24 to
7 were ‘Aberdeen-Angus’. A member of the Illinois State Board of
Agriculture who attended the exhibition was full of praise on his
return to the USA.
These results, combined with similar successes at the Smithfield
shows in London revealed the merits of Aberdeen-Angus as efficient producers of quality beef and spread the reputation of the
breed in cattle-breeding nations around the world, from this time
onwards the Aberdeen-Angus began its international ascendancy.
In the latter part of the 19th century and the early part of the
20th century they found enthusiastic supporters in the New World
where the vast ranges were ideal for the production of beef. North
America, South America, Australia, New Zealand, South Africa.
Countries where a hundred years later the breed is the mainstay of
quality beef production.
While there are records of a few animals being exported to continental Europe in the early days, these were insignificant in number and little appreciated in countries where cattle were required to
be dual purpose (milk and beef) if not triple purpose (draught).
The second half of the 20th century saw a gradual change as
farming practices became more specialised, international travel
expanded and more consumers became aware of quality beef. Interest in specialised beef breeds and therefore in Aberdeen-Angus
was coming from the Scandinavian countries then countries in
Northern and Eastern Europe and continues to grow significantly
today.
More recently Southern European countries are appreciating
the merits of the breed. Its ability to adapt and survive in a variety of geographic and management conditions, to respond to good
husbandry and to obtain an assured market for the quality of its
beef.
A constant in the wonderful history of the expansion of Aberdeen-Angus throughout the world is its ability to create a passion for the breed in those who become involved. Creating an
almost missionary zeal in promoting and improving the breed
within their own circumstances and location.
Having had the pleasure of working with Paulo Costa he undoubtedly fits this portrait, and having met some of the breeders
I am in no doubt that the future of the breed is in capable hands
and confidently look forward to following the progress of AberdeenAngus Portugal as they join the other 50 or so countries in the
world of Aberdeen-Angus Cattle.
43
A Raça Aberdeen-Angus na Alemanha
Aberdeen-Angus in Germany
Bundesverband Deutscher Angushalter e.V.
BDAH e.V.
Hauptstraße 14
35279 Neustadt-Momberg
Tel.: 06692 - 202 89 24 . Fax: 06692 - 202 89 25
[email protected]
PT
A raça Aberdeen-Angus é seleccionada na Alemanha
desde o início do século passado.
Em 1955, uma mulher e nove homens fundaram a 30 de
Julho a Associação Deutsche Aberdeen-Angus-Herdbuch
e.V. e marcaram o início da sua criação sistemática, baseada no padrão seleccionado na Grã-Bretanha.
Desde 1956 que foram importados da Escócia animais
em grande número e hoje são a base da genética explorada no país. Nos primórdios, muitas explorações leiteiras
trocaram as vacas por animais Angus, a fim de reduzir o
trabalho e os custos de produção. Nos meados dos anos 60
do século passado, a introdução de raças tardias, como a
Charolesa e a Limousine, com maior potencial de crescimento e carcaças mais pesadas, tornaram-se concorrentes
directas da raça Angus que na altura era muito precoce,
com baixa estatura e levada deposição de gordura, sendo
economicamente menos viável em termos económicos.
O bovino Angus moderno volta a ter uma boa reputação no mercado pelos atributos da sua produção e
da qualidade da carne. Parte das explorações comercializam animais abatidos entre os 10 e os 11 meses de
idade, em que a carne é vendida a partir da própria
exploração. Os outros animais são acabados mais tarde com ganhos diários de 1.200-1.300 g, carcaças com
bom desenvolvimento muscular e carne com boa gordura intramuscular (i.e. marmoreado).
Encontram-se registados, oficialmente na Alemanha, cerca de 40.000 bovinos Angus, dos quais 9.000
em linha pura. A população de Angus ocupa hoje o 4º
lugar entre as raças de bovinos explorados no país.
Na Alemanha, a selecção de animais em linha pura
é da responsabilidade das associações de criadores em
cada Estado Federal.
A avaliação do potencial genético é efectuado nas
vacas reprodutoras, pela pontuação linear (escala de
9 pontos) do desenvolvimento muscular e esquelético
o qual se adiciona o peso aos nascimento, aos 200 e
300 dias de idade no sistema BLUP relacionado com
os parentes. De forma voluntária, muitos animais fazem testes genéticos para a tenrura e marmoreado (i.e.
marbling). Além disso, existem os futuros toiros reprodutores que são testados em 3 estações. Nestes centros
avaliam o ganho médio diário (GMD), a ingestão de
matéria seca (IMS) diária, o consumo de energia por
44
cada kg de crescimento
e o desenvolvimento muscular. Das raças testadas a
A ngus atingiu uma IMS de 9.6kg/
dia e
a área de lombo de 88 cm2. Um dos
centros efectua a testagem de vitelos desmamados entre os 9-10 meses
de idade sob um regime alimentar forrageiro (i.e. silagem)
com suplementação mineral durante um período de 150
dias, registando-se um GMD de 800-1.200g. Os melhores
novilhos em teste têm grande procura pelas explorações
nacionais mais também estrangeiras para o uso no regime
extensivo no sentido de reduzir os custos na produção de
carne.
Os progressos genéticos conseguidos na selecção de
animais Angus na Alemanha são notáveis e encorajadores
para um auspicioso futuro na comercialização da nossa
genética.
magazine
01.2010
EN
Aberdeen-Angus cattle have been
bred in Germany since the beginning of
the last century.
One woman and 9 men have founded on 30th July 1995 the Deutsche Aberdeen-Angus-Herdbuch e.V. based on
British standards.
Numbers of Scottish imported cattle,
since 1956, were the foundation of German stock. In early times many farms
changed milking production for beef using Angus, with less labour and production costs. In the 60s the increased use
of continental breeds, such as Charolais
and Limousins, bigger framed cattle
producing heavier carcases were more
competitive in the market than smaller
and fatter Angus animals.
The modern Angus is renowned in market for its eating quality attributes and many farms slaughter animals between 10-11
months old. Others are finished older with daily weight gains of
1.200-1.300g, with heavier muscle and good marbling condition.
Germany records, officially, nearly 40.000 Angus cattle,of which
9.000 are purebred. Today the Angus is placed 4th breed in Germany.
Each Federal state has a breeder’s association for pedigree registration and performance records, cows are scored (1 to 9 point
scale) for muscle and skeleton development. Added to this information, birth weight, 200
day and 300 day weight
are recorded through a
BLUP system included in
the Pedigree information.
Also marbling and tenderness gene tests are now
conducted on a voluntary
basis by breeders.
There are 3 bull test
stations to evaluate breeding value, regarding daily
weight gains, daily Dry
Matter Intake, energy
intake per kg of growth
and eye muscle area. The
Angus breed has reached
9,6kg of daily DMI and
88cm2 of eye muscle area.
Testing includes growth
potential after weaning
(9-10 months) where calves
are placed on a silage plus
mineral diet for a 150
day period. Performance
records a daily weight
gain of 800-1200gr. Top
performers are in high
demand for extensive production systems from local and foreign
herds.
Progress accomplished by German breeders gives fine future
prospects for the Angus breed as animals genetically suited to today’s market requirements.
45
Mértola é Referência da Raça
no Continente
Para quem pensa que a raça Aberdeen-Angus apenas se
cria em pastagens luxuriantes no Reino Unido, nos Pampas da Argentina ou nos cerrados dos Açores, terá dificuldade de imaginar a rusticidade destes animais suportando 43ºC no Verão e temperaturas negativas no Inverno do
Baixo Alentejo.
Na verdade é possível e com bons resultados, assim atesta Roland Winter
que possui uma
criação de Angus
desde 1998, no
Vale das Antas
em Mértola, sendo um autêntico
“embaixador da
raça” no Continente.
Numa
zona
onde a raça autóctone Mertolenga
tem o seu solar, a
Aberdeen-Angus
tem vindo a demonstrar o seu
valor e a razão do
seu sucesso nos 5
Continentes— a
excelente capacidade de adaptação.
Roland Winter, com nacionalidade Suíça,
instalou-se
em
Mértola em 1992,
criador de cavalos da raça Quarto-Milha, o uso de bovinos teve como primeira função o treino dos equídeos.
Experimentou várias raças, mas nenhuma é tão completa como a Angus. O temperamento, as baixas necessidades
de manutenção, a habilidade materna (facilidade de parto e produção de leite) a precocidade no acabamento e a
excelente qualidade da carne, foram determinantes para
a escolha.
O núcleo começou com a importação de animais da
Alemanha, dos quais uma fêmea prenha do conhecido
46
TORNADO que foi vendida a um produtor, mas que depois comprou a cria que hoje é o macho reprodutor de
referência, chamado ZÉ, que se mantém na exploração
como o “melhorador” da criação RW.
Quando escolheu a Angus para criação muitos o apelidaram de “suíço maluco”! Pois o uso de uma raça precoce
onde imperaram as tardias ia contra a corrente.
A exploração de 150 hectares é utilizada para a alimentação de um total de 102 bovinos, 38 inscritos na Secção
Principal (7 machos e 31 fêmeas) e 33 fêmeas na Secção
Anexo (em melhoramento) e ainda 11 machos filhos de fêmeas em Livro Anexo que tem como destino a venda para
cruzamento ou o abate.
Refere que a marcada sazonalidade na produção de
erva constitui o maior desafio na gestão da exploração,
pois o maneio das pastagens e o suplemento deve ser criterioso, são, de resto, as razões para utilizar a Aberdeen-
magazine
Angus. Animais com baixas necessidades de manutenção, boas
mães, com elevado potencial de
crescimento e baixo suplemento
alimentar.
Nas condições de Mértola,
tudo tem de se conjugar e é assim que Roland dirige a criação,
tenta que seja certo como “um relógio suíço”. Tende a concentrar
os partos entre Outubro e Maio,
evitando assim o Verão. A média
do peso ao nascimento é 36kg e
ao desmame, entre os 6 e 8 meses,
de 280kg, obtendo um intervalo
médio entre partos de 11 meses.
Refere ser indispensável um
bom maneio sanitário para que
os custos na alimentação sejam
racionais e o cálculo do suplemento sustentável, para que cada
classe etária atinja os ganhos médios diários desejados.
Na época de escassez, as fêmeas paridas recebem um
1kg de farinha/dia, as novilhas em crescimento 4kg/animal/dia e os machos em acabamento 6kg/animal/dia.
Os machos que se destinam ao abate saem da exploração entre os 14 e os 16 meses com um peso vivo médio de
600kg. O peso de carcaça médio é de 350kg e a classificação média R 2.
Roland refere que o melhor investimento que fez na exploração foi a balança. Permite fazer pesagens regulares, e
controlando deste modo a performance animal, ajustando
o maneio alimentar, avaliar a influência genética das mães
e dos toiros utilizados e a venda de animais para abate
com o acabamento correcto.
O objectivo da criação é desenvolver uma linha materna homogénea, fixando as características: facilidade de
parto, baixo peso ao nascimento, a capacidade aleitante e
performance adaptada às condições de produção, tornando mais fácil a rotação de toiros para produção de fêmeas
para reposição e a produção de machos para núcleos puros ou para cruzamento industrial.
Neste momento encontra-se a avaliar o comportamento
e performance das fêmeas que importou de Irlanda e da
Inglaterra, utilizando dois toiros em monta natural, o ZÉ e
BALLINWING VAIN ELIXIR F504 (Irlanda), filho do toiro americano Ankonian Elixir 100. Em inseminação artificial utiliza o toiro americano ROCKN D AMBUSH 1531.
Roland Winter tem vendido machos, ao longo dos anos,
para cruzamento industrial em diversas explorações de
carne na região do Alentejo, como por exemplo uma vacada da raça Mertolenga onde são utilizadas para cruzamento, as fêmeas que o criador entende não reunir condições
para inscrição o Livro Genealógico. Estamos a falar do Sr.
José Romana que utiliza um toiro Angus para cruzamento
nas primíparas e um toiro Charolês para as vacas. Os resultados preliminares são muito interessantes, no seu entender, uma vez que os produtos dos cruzamentos estão a
01.2010
apresentar ganhos médios diários semelhantes.
Roland Winter diz que procura de animais tem vindo a
aumentar, desde a oficialização da selecção em linha pura
em Portugal e que os critérios de quem demanda são: o
temperamento, a boa performance reprodutiva, a capacidade aleitante, a precocidade no acabamento e qualidade
da carne, que tornam a Aberdeen-Angus uma referência.
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48
magazine
01.2010
The Irish Angus Cattle Society
The Irish Angus Cattle Society
24 Hawthorn Crescent, Boyle Road, Carrick on Shannon, Co. Roscommon. Ireland
Tel: + 353 71 9620253/ 9620340
[email protected]
www.irishangus.ie
PT
A Irish Angus Cattle Society (Sociedade Irlandesa do
Gado Angus) foi fundada em 1967, tendo como objectivo
primeiro desenvolver e melhorar a raça na Irlanda.
Uma organização em constante progresso foi responsável pela introdução da inseminação artificial e de linhas
Canadianas que melhoraram a raça Angus no país.
É também a primeira associação de criadores na Irlanda a criar uma programa de qualidade para a carne com
base na raça, a “Certified Irish Angus Beef Scheme”.
O Livro Genealógico foi aprovado pela União Europeia
tendo assim um reconhecimento internacional.
A Sociedade tem um papel activo no Pedigree Cattle
Breeders Council of Ireland (i.e. Conselho Irlandês de
Criadores de Raças Bovinas) e é membro do World Angus
Form.
Associados
A Sociedade tem actualmente 1200 associados espalhados por toda a Irlanda e os números continuam a aumentar.
Efectivo
Embora existam explorações com grandes efectivos, a
media situa-se nas 4 a 5 vacas.
Registos de Vitelos
Em 2009 foram registados mais de 4.500 vitelos com
um peso médio à nascença de 35kg.
Os clubes de criadores de Munster e Leinster ajudam
à organização de eventos para a promoção da raça em várias zonas do país.
Vendas
As vendas de animais puros acontecem em Carrick on
Shannon, Kilkenny e Kilmallock. Informações sobre leilões e vendas de animais podem ser encontradas no nosso
website (www.irishangus.ie).
Exportações
A exportação de gado para os Estados Unidos da América tem acorrido há já vários anos, sendo possível encontrar
a influência da genética Irlandesa nas mais conhecidas explorações americanas.
Muitos países Europeus procuram genética Angus na
Irlanda. A Sociedade convida e disponibiliza a grupos de
criadores visitas a explorações de forma a promover a compra de reprodutores.
Irish Angus Producer Group
O agrupamento de produtores (Irish Angus Producer
Group) foi constituído em 1996 por criadores e produtores que utilizam a genética Angus, sendo o objectivo, desenvolver um mercado que
potencie a raça e assegure
um preço superior ao produtor.
A desmancha e embalamento começou com 40 carcaças/semana em 1996 para
mais de 600 no presente, sendo a comercialização em parceria com as empresas irlandesas Kepak Group e AIBP.
Esta parceria tem tido sucesso e actualmente a Certified Irish Angus Beef é comercializada não apenas na
Irlanda mas na maioria dos
mercados Europeus, como
um produto premium.
Temos o prazer de informar que o nosso produto é
em comercialização em Portugal através de uma conhe49
cida cadeia de supermercados. Esperamos que possa provar e aprovar a nossa carne.
EN
The Irish Angus Cattle Society was established in 1967 having
as its primary objective the development and improvement of the
breed in Ireland.
A progressive Society, it is responsible for introducing AI to the
breed and for acquiring Canadian bloodlines which radically improved the confirmation of the Angus breed.
It is also the first Breed Society in Ireland to introduce a breed
specific beef scheme, the “Certified Irish Angus Beef Scheme”
The Irish Angus Herd Book is approved by the European Union
and therefore has international standing.
The Society takes an active role in the Pedigree Cattle Breeders
Council of Ireland and is a member of the World Angus Form.
Membership
The Society now has a membership of 1200 members covering
all of Ireland, this membership continues to grow.
Herd Size
While there are a number of large herds in Ireland the average
herd consists of four to five cows.
Calf Registrations
With in excess of four thousand five hundred registrations in
2009 the percentage of male/female is about 50/50 with the average birth weight around 35kgs.
Breeders Clubs in both Munster and Leinster help to organise
the members and promote the breed in specific areas.
Sales
Irish Angus sales are held in Carrick on Shannon, Kilkenny,
and Kilmallock and for further information log on to www.irishangus.ie
Exports
Irish Angus cattle have been successfully exported to America
over the years and Irish bloodlines can be found in many of the
popular American herds.
Most of the EU Countries have benefited from Irish Angus imports and sales continue to grow. We invite groups or individual
breeders to contact the office regarding organised tours of Irish
Angus farms with a view to purchase males and females.
The Irish Angus Producer Group
The Producer Group was formed in 1996 by pedigree and commercial Angus breeders, whose main object is to build a marketing foundation to promote the Angus breed and to secure a price
premium for its producer’s.
Processing has increased from 40 cattle per week in 1996 to in
excess of 600 cattle per week at present
The Producer Group formed a processing and marketing alliance with the Kepak Group and AIBP in Ireland.
This alliance has proved very successful and to day Certified
Irish Angus Beef is marketed not only in Ireland but in most EU
50
beef markets as a premium product.
We are delighted to inform you that “Certified Irish Angus Beef”
is available in Portugal at a local Supermarket chain and we
hope you enjoy the experience.
magazine
01.2010
O Caminho faz andando
A raça Aberdeen-Angus e o seu Futuro em Portugal
Paulo Costa
Secretário Técnico do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus
I PARTE
O valor da raça
A introdução de uma raça de carne, para a selecção em linha pura,
deve ter como principal objectivo a
exploração das suas aptidões naturais, optimizando-as para a melhoria da produção e da qualidade da
carne - amplificar o mercado e/ou
criar um segmento diferenciador.
Neste artigo tentarei expor as
razões subjacentes à constituição
do Livro Genealógico Português da
Raça Bovina Aberdeen-Angus em
Portugal, com sede na Região AutóFoto: Cortesia da Rosemead Angus
noma dos Açores, que adiciona assim uma opção às demais raças exóticas exploradas no país, assim como contar um pouco do
A forma de sentirmos menos as alterações ocorridas a
percurso já percorrido e o caminho que deve ser seguido.
nível global, nomeadamente a instabilidade do preço dos
Desde a minha altura de estudante universitário que a
cereais, é na redução dos custos. Isso passa pelo correcraça Aberdeen-Angus me cativou pelas suas características, to maneio da pastagem e de forragem conservada, pela
em particular a famosa qualidade da sua carne, produzida melhoria da eficiência nutricional e reprodutiva dos nosprincipalmente à base de forragem. Não entendia portan- sos rebanhos e por fornecer carne de elevada qualidade,
to, porque razão o seu uso era sobretudo em cruzamento
adequando o tipo de animal que melhor possa preencher
industrial em gado leiteiro (i.e. Holstein-Friesian) com o
estes requisitos.
critério da elevada facilidade de parto.
Neste contexto a raça Aberdeen-Angus tem vindo a afirTalvez possa ser explicado por um lado, pela força das
mar-se cada vez mais como uma opção.
políticas de mercado da União Europeia que eram centradas no incentivo à intensificação da produção, conseguida
Maximizar o valor da vaca aleitante
pelo uso de raças tardias que se tornaram muito popuNormalmente o produtor de carne dá maior enfoque à
lares, também em território Nacional (e.g. Limousine), e produção (e.g. peso ao abate ou classificação da carcaça)
por outro, para satisfazer a procura de carne mais magra
e menos valor à rentabilidade da exploração. O chavão na
quando comparadas com as raças precoces ou ditas Bri- produção de carne é “produzir um vitelo saudável a cada
tânicas (e.g. Aberdeen-Angus). Outro factor poderá ser 365 dias”. Para isso a vaca aleitante deve cumprir a sua
de ordem histórica, uma vez que a disseminação da raça tarefa pois, os encargos para a sua manutenção são elevaaconteceu em primeiro lugar nas colónias Britânicas (e.g. dos.
Austrália) e só depois nos países do Norte da Europa e por
Muitas vezes a Aberdeen-Angus é apelidada como a
isso com pouca tradição no Sul.
“raça da vaca mãe” e constitui em linha pura ou em F1 (i.e.
No caso dos Açores, talvez por arrasto ou pelo facto AngusxHereford) a mais utilizada nos principais países
do mercado Açoriano se ter centrado, durante muitos
produtores do mundo, quer cruza com raças precoces
anos, na expedição massiva de gado vivo devido à falta (mercados que diferenciam a palatibilidade da carne) ou
de condições de abate que pudesse gerar comercialização
com raças tardias para potenciar o vigor híbrido.
em carcaça/peças em mercados exteriores. Assim, nunca
A fêmea Aberdeen-Angus tem uma estrutura média, é
houve espaço, ou melhor, incentivo para selecção de raças
rústica, tem precocidade sexual, boa capacidade aleitante
precoces.
e temperamento dócil. Vacas de médio porte têm menores
51
P.V.) permite que este tenha muito vigor e logo capacidade
de se “fazer à vida”.
Com a vaca Angus, a longevidade associada à fertilidade e à capacidade aleitante, representa, no final da sua
vida produtiva, mais vitelos por fêmea e maior produto
(i.e. kg de carne) por hectare.
RWAngus - Mértola
custos de manutenção e maior longevidade. O início da
reprodução dá-se por volta dos 15 meses para que o parto
ocorra aos 24 meses. Uma vez que o anestro após o parto
(i.e. período entre o parto e o novo cio) é curto e a taxa de
prenhez elevada, consegue-se facilmente cumprir o objectivo de criar um de 1 vitelo/ano/vaca.
Para além disso, a elevada facilidade de parto diminui
os custos de mão-de-obra e veterinários e aumenta a taxa
de sobrevivência do vitelo. A selecção genética da raça
sempre tem tido a preocupação de balancear a capacidade aleitante e o desenvolvimento muscular e é por isso a
razão de serem boas produtoras de leite. Adicionalmente,
o baixo peso do vitelo ao nascimento (peso médio de 35kg
Netherton - Escócia
52
Toiro Angus – maneio fácil e padronização da produção
A padronização e a regularidade da oferta de animais
para o abate, a tipificação das carcaças e da qualidade da
carne, são exigências correntes do mercado, quer para os
produtores, quer para os operadores comerciais. Nesta lógica, a preponderância das características da raça Aberdeen-Angus facilitam esta tarefa.
O gene mocho dominante e a docilidade de temperamento facilitam o maneio animal e a redução da mãode-obra. A sua precocidade (i.e. início da deposição de
gordura) permite o abate de animais jovens com pesos
de carcaça de maior valorização no mercado (i.e. 241 a
280kg) com adequado acabamento, sem contudo intensificar o uso de suplemento, permitindo ao produtor lotes
homogéneos e ao mercado a padronizarão da qualidade
das carcaças e, potencialmente, diminuir a variabilidade
da palatibilidade da carne.
Por último, isto por ser a primeira característica na sua
escolha, a facilidade de parto. Quem utiliza genética Angus (toiro de cobrição ou inseminação artificial) tem normalmente, um objectivo pessoal complementar: dormir
descansado na época de partos!
Os problemas na altura do parto não resultam apenas
na perda do vitelo e/ou da mãe, mas também das complicações resultantes que requerem mão-de-obra e cuidados
veterinários e que normalmente comprometem a performance reprodutiva e a capacidade aleitante, que no caso
das explorações leiteiras tem um impacto importante na
magazine
redução do rendimento.
Qualidade da Carne – denominador comum
A qualidade da carne Angus é, sem dúvida, a característica que mais lhe dá notoriedade. Mesmo um consumidor
dos meios urbanos que não tenha qualquer ligação à agropecuária relaciona a palavra ANGUS com QUALIDADE.
Este facto é um claro estímulo para quem está a jusante
do processo (i.e. produtores e operadores) e a principal
razão da multiplicidade de programas de certificação com
base na genética Angus existentes em todo o mundo. Por
exemplo, no Canadá 9 dos 17 programas de certificação
são com base nesta raça.
O programa Certified Angus Beef da American Angus
Association comercializou em 2009 mais de 300.000 toneladas de carne.
O Reino Unido e a Irlanda têm desenvolvido o seu mercado em torno da raça Aberdeen-Angus, nomeadamente
na optimização do cruzamento industrial, em particular
nas raças leiteiras, o que valoriza os F1 e incrementa a disponibilidade de animais para o abate. No caso da República da Irlanda a procura de novos mercados no exterior
veio encontrar consumo em Portugal, já existindo com regularidade carne Angus nas prateleiras de uma conhecida
cadeia Nacional.
Nos países da América do Sul, os principais concorrentes dos produtores Europeus, a raça Angus tem trazido,
pela sua eficiência no regime extensivo, mais valias ao sector, reiterando a capacidade iminentemente exportadora
do Mercosul. Na Argentina, 80% da genética de carne é
Angus e no Brasil no Estado do Rio Grande do Sul, pelo
seu clima temperado, é o ponto de referência da raça no
país.
Do outro lado do mundo, a Nova Zelândia e a Austrália possuem programas com vista, não só o abastecimento
doméstico, mas também os aliciantes mercados Coreano e
Japonês. No caso particular da Nova Zelândia, a selecção
01.2010
genética é baseada na capacidade de produzir carne de
elevada qualidade 100% à base de erva. É notável que o
programa de melhoramento consiga hoje, fornecer um índice genético para a produção de carne exclusivamente à
base de erva, para além dos habituais índices para o cruzamento industrial ou para a reposição do efectivo aleitante.
A carne Angus tem esta reputação imutável devido à
precocidade da raça, o que significa elevada deposição
de gordura subcutânea e intramuscular. Deste modo a infiltração de gordura na carne (i.e. marmoreado) resulta
numa maior satisfação no seu consumo, pelo sabor que
encerra e a sucolência que incita. A carne é tida como sendo muito tenra o que poderá dever-se a dois factores. O
primeiro, relacionado com a uniformidade e espessura de
gordura de cobertura das carcaças que tendo um efeito
isolante poderá levar a um arrefecimento gradual nas primeiras 24h após o abate e assim impedir ou reduzir o efeito do encurtamento da fibras musculares induzido pelo
frio. Em segundo lugar, providenciar uma melhor maturação da carne se a isso for sujeita a carcaça ou partes desta.
Antes de prosseguir, darei algumas notas sobre maturação da carne. Segundo os especialistas, todas as carcaças
de bovinos deveriam ser sujeitas a um período de maturação (ambiente com refrigeração e humidade controladas)
de forma a diminuir a variabilidade da tenrura da carne
e da palatibilidade no geral. Normalmente, a bibliografia
refere que o processo de maturação de carcaças de bovinos deve situar-se entre os 7 e os 14 dias. A maturação das
carcaças é um processo muito antigo que visa “deixar” a
carne se tornar mais tenra e desenvolver mais sabor/aroma.
Quando a carne é mantida num ambiente refrigerado
algunas enzimas têm a capacidade de serem activadas e
degradarem proteínas do músculo, tornando a fibras menos “densas” e assim a carne mais tenra. As duas enzimas
mais importantes são a calpaína; que torna a carne macia;
e a calpastatina que tem um efeito de inibição da primeira.
Deste modo, quanto menos activa a calpastatina maior a
tenrura da carne.
Diversos trabalhos realizados nos EUA, Austrália e Argentina sobre o genoma bovino, revelam que a raça Aberdeen-Angus apresenta uma boa frequência dos genes que
intervêm na síntese da calpaína quando comparada com
outras raças de carne. Deste modo, existindo um maior
estudo sobre indivíduos cuja repetibilidade dos genes seja
elevada, irá constituir mais uma ferramenta na selecção
de reprodutores e amplificar de forma decisiva o valor da
raça na produção de carne de elevada qualidade.
(continua na pag 57)
53
54
magazine
01.2010
A Aberdeen Angus na Dinamarca
Aberdeen Angus in Denmark
Udkærsvej 15
8200 Århus N
Tlf: 8740 5262 . og: 8740 5263
[email protected]
PT
Agradecemos a oportunidade
de falar sobre a raça AberdeenAngus na Dinamarca.
A Danish Angus Association celebra o seu 40º aniversário este ano.
Temos cerca de 175 membros, que
têm a oportunidade de participar
em diversos eventos e obter da Associação vários serviços, dos quais
o aconselhamento na escolha de
toiros para melhorar a manada. A
Associação também publica a revista “Angus Kontakt”, quarto vezes por ano.
Estão registados cerca de 6.000
Angus e 45.000 cruzados.
Os primeiros Angus que chegaram à Dinamarca, nos anos 50,
eram pequenos e compactos, muito conhecidos pela rusticidade e elevada facilidade do
parto. Actualmente, os animais são maiores muito pela influência das linhas Canadianas que foram posteriormente
introduzidas. Depois de muito debate entre os criadores,
agora existe uma orientação comum na selecção genética.
Um toiro adulto pesa em media entre 1.200 – 1.300 kg e
tem uma altura à garupa entre 145 -155cm. A vaca adulta
tem um peso médio entre 700 -850 kg e uma altura entre
135 - 145cm. Os animais possuem bom desenvolvimento
muscular e pouca deposição de gordura de cobertura, corpos compridos, linha dorsal e ventral paralelas, membros
fortes e uma cabeça triangular, característica da raça.
Os animais Angus são pouco exigentes e muito rústicos,
por isso muitas vezes não são necessárias construções para
abrigo durante o Inverno.
Finalmente a raça é famosa pelas suas características
maternais (e.g. facilidade do parto) e pela qualidade da
sua carne.
O peso médio dos machos ao nascimento é de 38 kg e
aos 365 dias de 545 kg;
O peso médio das fêmeas ao nascimento é de 36 kg e
aos 365 dias de 421 kg;
Na Dinamarca, os machos são avaliados na Estação Nacional de Testagem para o crescimento, a qualidade da
carcaça e a eficiência alimentar (i.e. forragem). Outros
testes podem incluir a condição sanitária ou dos cascos e a
avaliação do temperamento.
O Fórum Europeu da Angus (i.e. European Angus
Fórum) de 2010 realizar-se-á na Dinamarca de 1 a 5 de
Setembro por ocasião do 40º aniversário. Teremos muito
prazer em receber-vos na Dinamarca para a participação
no programa do evento.
Para mais informações sobre a Associação e o Fórum
visite-nos em: www.danskangus.dk
EN
The Danish Angus Association celebrates its 40th anniversary
this year. We are approximately 175 members. As a member of the
Danish Angus Association you have the opportunity to participate in several social occasions. The Association offers counselling
in choosing bulls and semen for the progress of your herd. “Angus Kontakt”, the Danish Angus magazine is published 4 times
a year.
There are nearly 6000 registered pure-bred Angus and approx.
45oo unregistered Angus crossbred heads.
The first Angus came to Denmark in the early fifties were small,
compact, known to be very strong and hardy and their calving
qualities were absolute top notch. Many Danish animals are today
much larger
55
than the original imported ones, especially due to the Canadian imports. After a great deal of
debate among the breeders of Angus, there is now consensus
about the breeding aim for the
breed.
An adult bull weighs 1200 – 1300 kg. He is 145 -155 high at
hips. The cow weighs 700 -850 kg, and is 135 - 145 cm at hips.
They have good muscle development and no visible fat deposit,
good exterior with long, wide straight back, parallel underline,
strong limps, fine bone quality and typically Angus touch with
a fine triangular head. The cow should have a good udder with
small teats. The temperament must be good.
Moreover Angus animals are undemanding and hardy, so the
need for cowsheds is a minimum. Finally the breed is still known
for its good mothering characteristics, easy calving and fine quality of meat production.
Average birth weight for bull calves are 38 kg. - 365 days
weight: 545 kg.
Average birth weight for heifer calves are 36 kg. - 365 days
weight: 421 kg.
In Denmark we have a unique individual trial run at the National Test Station, where young bulls are tested for expected breeding values: growth, slaughter quality and as something special,
fodder effectiveness. There is also a registration of health, hoof
and temper.
European Angus Forum 2010 is held in Denmark from 1st
– 5th of September, at the same occasion we celebrate our anniversary.
We will be pleased to welcome you in Denmark to these opportunities.
You will find more about Danish Aberdeen Angus and the Forum at www.danskangus.dk
56
magazine
01.2010
O Caminho faz andando
A raça Aberdeen-Angus e o seu Futuro em Portugal
Paulo Costa
Secretário Técnico do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus
II PARTE
A raça Aberdeen-Angus em Portugal – passado recente,
presente e o caminho do futuro
Segundo a referência do Dr. Victor Machado Faria e
Maia (1950) in Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, no período que decorre
entre 1842 e 1909, por orientação da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, foram importados para o
Distrito de Ponta Delgada, um grande número de reprodutores de raças exóticas, todos oriundos dos respectivos
países de origem, para as diversas aptidões produtivas,
leite, carne e trabalho (e.g. Jersey e Salers), onde se incluíram, sem se saber as datas exactas e número por raça, as
raças Britânicas Shorthorn, Galloway e Angus. Sobre a
história da raça em Portugal ainda muito para investigar,
constituindo um projecto interessante para desenvolver.
Em 2005, fui informado de uma importação de 12 animais (2 toiros e 10 novilhas) puros Angus da Alemanha
com destino à ilha Graciosa, exploração de Carlos Brum
e à ilha Terceira para a exploração de Luís Machado. Esse
foi o mote para que se estabelecesse um contacto com os
criadores, pois tinha uma enorme curiosidade para ver
“ao vivo e “em directo” animais da raça ANGUS.
Tendo estes criadores a ambição de fazer selecção em
linha pura, o facto de não ser oficialmente reconhecida
pelo Sistema Nacional de Identificação e Registo Animal
(SNIRA), constituía um entrave ao desenvolvimento da
mesma, já que todos os animais seriam registados como
“cruzados de carne” ou “raça indeterminada”.
Foi então colocada a hipótese de se proceder ao reconhecimento da raça em Portugal, o que obrigaria a justificação da sua implementação, a criação de um regulamento técnico para o registo e uma entidade gestora do Livro
Genealógico. Não obstante, os criadores entenderam que
esse feito seria importante e solicitaram o apoio técnico à
Federação Agrícola dos Açores. A Direcção da altura decidiu analisar o potencial do uso em Portugal, tarefa que
empreendi desde o início.
Desenvolveram-se, já no ano de 2005, inúmeros contactos com associações e criadores da raça na Europa (e.g.
Alemanha, Dinamarca, Luxemburgo) e de forma particular com a Aberdeen-Angus Cattle Society na Escócia.
Na altura era Secretário Técnico o Sr. Robert Anderson,
que desde logo se prontificou a enviar diversa informação
técnica e geral sobre a raça, desenvolvendo-se uma boa
relação de trabalho e de amizade, sendo a sua orientação
determinante para a realidade que vivemos hoje.
Quando se projectou a criação do Livro Genealógico,
deparamo-nos com a realidade de termos em Portugal reprodutores de dois genótipos Angus, facto que desconhecia. Os animais importados da Alemanha compreendiam
reprodutores da raça Aberdeen-Angus e da raça Angus
Alemão. Esta última criada, por absorção, com a introdução de toiros Aberdeen-Angus importados da Escócia nos
anos 50 e que foram sendo cruzados com raças locais para
aumentar o tamanho e reduzir a acumulação de gordura que a raça Britânica tinha na altura. Com este facto,
cria-se uma nova raça, a Angus Alemão, tem hoje as mesmas características raciais que aquela que lhe deu origem.
Todavia os Livros Genealógicos da raça Aberdeen-Angus
não aceitam a inscrição destes animais.
Outro desconhecimento era o facto do uso da raça sistemática já ter sido iniciado, pelo menos desde 1998 em
Portugal Continental por Roland Winter, suíço que se estabelecera em Mértola, Baixo Alentejo, criador fervoroso e
que pretendia também ver a sua genética certificada, mas
que tem como origem animais da Alemanha nas mesmas
condições.
Os criadores e a Federação Agrícola dos Açores decidiram projectar a raça a longo prazo e permitir que um dia
a comercialização de genética pudesse ser efectuada sem
qualquer restrição de registo. Embora fosse uma decisão
difícil de tomar, tendo em conta o efectivo da altura, admitiu-se registar as fêmeas Angus Alemão na Secção Anexa e
apenas os Aberdeen-Angus na Secção Principal.
Em Agosto de 2006 a Federação Agrícola dos Açores foi
convidada a participar no 5º Angus Forum Europa, que se
realizou na Alemanha, evento que foi determinante para
reiterar a institucionalização do Livro Genealógico e onde
houve a oportunidade de conhecer associações e criadores de diversos países europeus, contactos que perduram.
Foi assim possível criar os estatutos do futuro Livro Genealógico e propor como entidade gestora a Federação
Agrícola dos Açores, que contou com o apoio da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, junto da Direcção
Geral de Veterinária – Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
A 8 de Junho de 2007 celebrou-se o protocolo de colaboração para a implementação do Livro Genealógico
Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus, aquando da
Feira Açores realizada na ilha Terceira. Na altura contou
57
com a presença do então Director Geral, Dr. Carlos Agrela
Pinheiro em representação do Ministério da Agricultura,
o Sr. Secretário Regional da Agricultura e Florestas, Dr.
Noé Rodrigues, o Sr. Director Regional do Desenvolvimento Agrário, Eng.º Joaquim Pires e da Federação Agrícola
dos Açores, o então Vice-Presidente Dr. Mário Nogueira
de Castro.
Na altura, o protocolo reconhece os esforços desenvolvidos na Região Autónoma dos Açores e em particular a
capacidade da Federação Agrícola dos Açores em tornar-
contactos com a Aberdeen-Angus Cattle Society (AACS),
o antigo Presidente, Sr. Nigel Hammill e o Secretário-Geral, Sr. Ron McHattie deram seguimento ao nosso pedido
para que fossem importados animais do Reino Unido. A
Federação Agrícola dos Açores e a Cooperativa Agrícola
da Ilha Terceira (Associação Agrícola da Ilha Terceira)
organizam a importação, juntando os pedidos dos vários
criadores. Todavia, o alastramento do vírus da Língua
Azul na Europa e o aparecimento de um foco de febre aftosa no sul de Inglaterra impede a sua concretização.
A procura então derivou para a
República da Irlanda uma vez que
a Irish Aberdeen-Angus Association (IAAA) é filiada na AACS e
os animais são registados no mesmo Herd Book. A IAAA organizou
uma visita as várias explorações
cobrindo praticamente todos os
condados, estendendo-se à Irlanda do Norte. Foram seleccionados
57 animais (4 toiros e 53 fêmeas)
das explorações Strule; Crerogue;
Lavally; Lisduff; Broomstreet; Clooncorick; Drumcarbin; Dunlever;
Ballinwing; Ballinvoskig; Knockadrinan e Moogley, com destino às
explorações de Hildegard Neves
e Emanuel Araújo – ilha do Faial;
Maria Manuela Moniz, Manuel
Costa e Manuel Rapinha – ilha do
Pico; Carlos Brum e João Mendonça – ilha Graciosa, Stella Parreira
e Luís Machado – ilha Terceira;
Celebração do protocolo para a implementação da raça em Portugal – feira Açores 2007
Emanuel Freitas – ilha de S. Mise a gestora, por delegação de competências dos serviços
guel e Roland Winter – Mértola. Nesta importação incluíoficiais, do Livro Genealógico Português da Raça Bovina ram-se duas fêmeas da raça Limousine com destino a uma
Aberdeen-Angus.
exploração da ilha do Pico.
No documento justifica-se o apoio à implementação da
Com o aumento da procura de animais a Federação
raça por possuir características que a tornam adequada Agrícola dos Açores volta a apoiar, em 2009, os interessaao sistema de produção dos Açores baseado no recurso
dos e com a colaboração da Cooperativa União Agrícola
às pastagens, como seja: a precocidade, a rusticidade, a ( Associação Agrícola de S. Miguel) e organizou a imporfácil adaptabilidade às nossas condições edafo-climáticas, tação de animais vindos da Escócia e Inglaterra. Foram
a eficiência na utilização da pastagem para o crescimento
importados um total de 56 animais (4 toiros e 52 fêmeas).
e engorda, a aptidão para bons ganhos médios diários de Tal como em 2008 a organização respondeu também a pepeso em pastoreio, a brandura de temperamentos, a faci- didos para outras raças, o que incluiu a vinda de 7 animais
lidade de parto e a excelente capacidade das fêmeas para
da raça Simmental-Fleckvieh (3 toiros e 4 fêmeas) e uma
aleitantes. Este foi o passo necessário para que a 27 de
fêmea Charolesa.
Novembro do mesmo ano o Livro Genealógico fosse aproCom estas duas importações, onde se tentou selecciovado, a Federação Agrícola dos Açores indigitada como
nar animais que tivessem capacidade de adaptação, tamaentidade gestora e eu fosse nomeado Secretário Técnico, nho moderado e precocidade, constitui-se aquilo que será
função que assumo com muita honra e orgulho.
a base da selecção genética da raça Aberdeen-Angus em
Já em 2007 os criadores entenderam que afirmação Portugal, com animais onde os seus pedigrees figuram os
da raça passaria pela existência de reprodutores para o
melhores toiros e vacas utilizados no país de origem, com
aumento da população em Portugal. Através dos nossos
a influência também de linhas Americanas e Canadianas.
58
magazine
01.2010
cruzamento industrial, quer em raças de carne, quer em
particular nos Açores, no gado leiteiro. Haja visão e organização por parte da produção para que o retorno possa
dar um contributo a todo o sector da carne, que vê a nível
Nacional um espaço de mercado, dado que apenas produzimos 48% das nossas necessidades.
A selecção de animais, dadas as condições para a produção, deve centrar-se no padrão médio da raça, procurando manter o tamanho moderado, a facilidade de parto, o
baixo peso ao nascimento, a eficiência da produção à base
de pastagem e a precocidade no acabamento. Animais
com estas características terão um interesse multifuncional porque se ajustam a vários objectivos de mercado e o
seleccionador de bovinos Aberdeen-Angus deverá aproveitar a oportunidade de acrescer valor à genética que cria.
O único lugar onde “sucesso” vem antes de “trabalho” é no
dicionário.
Albert Einstein
Descarregamento em Lisboa dos animais provenientes da República da
Irlanda
Ainda em 2009 foi constituída a Aberdeen-Angus Portugal – associação de criadores, que sendo associada da
Federação Agrícola dos Açores, permite o registo de animais de explorações fora da Região Autónoma dos Açores,
reforçando o papel da entidade gestora no apoio a criação
a nível Nacional. O trabalho desenvolvido foi reconhecido
ao nível internacional com a admissão da associação/LG
no World Angus Secretariat (i.e. Secretariado Mundial da
Raça Angus)..
Com a crescente popularidade os criadores do presente
e aqueles que vieram no futuro terão muitos desafios pela
frente: a afirmação do uso da raça em Portugal, o melhoramento genético, a mais valia no cruzamento industrial
e a criação de valor acrescentado com base na raça Aberdeen-Angus. Este último desafio pode ter contexto tanto
para os Açores como para Portugal Continental.
O mercado Nacional começa a conhecer melhor a qualidade da carne Angus, por fruto da importação regular
que acontece actualmente; pelo crescente uso da raça em
59
Red Angus na Austrália
Red Angus in Australia
RED ANGUS SOCIETY OF AUSTRALIA
ABRI - UNE ARMIDALE NSW 2351
Executive Officer – Mr. Colin Rex
T: +61 2 6773 3022 . F: +61 2 6772 1943
[email protected]
www.redangus.org.au
President – Mr. Erle Dakin
[email protected]
PT
Na Austrália, assim como noutros países, alguns animais vermelhos, i.e. Red Angus, aparecem em núcleos de
animais pretos. Atribui-se a Baraon Beppo, Erison of Harviestoun, Grandeur of Fordhouse e a Benes of Gaidrew, as
principais fontes do gene vermelho na população Red Angus. Mas um estudo das genealogias dos primeiros animais
importados para a Austrália e Nova Zelândia, indicam que
muitos outros toiros também eram portadores desse gene.
Nos EUA, por volta de 1945, muitos animais vermelhos
eram criados principalmente por Waldo Forbes, criador
que encontrou no controlo de performance a ferramenta
para testar o efeito do maneio e da raça para a produção.
Exemplo foi o resultado de 18 fêmeas Red Angus que demonstaram vantagens sobre o seu núcleo de Hereford e
em 1954, com mais outros 8 entusiastas dos Angus vermelhos, formou a Red Angus Association of América, sendo
obrigatório o controlo de performance, tornando-se a primeira associação do género no EUA.
Antes da fundação da Red Angus Cattle Society na Austrália, existiam 7 criações de animais vermelhos a expandir-se no país. A Waroo em Queensland, a Weewalla em
NSW, a Blackwood em Penshurst - Victoria, a Bungaree,
Anama, Vivigani e Rosebank em SA, e a Emuvale na Tasmânia.
Normalmente os animais vermelhos não eram registados, mas a crescente procura de toiros para cruzamento
indicavam que os animais de pelagem vermelha teriam o
futuro garantido na Austrália.
O valor produtivo deste gado era medido, na altura,
pelo maior ou menor número de animais transacionados. No entanto, é interessante verificar que Sr. Ritchie
(Senior), que tinha a exploração de Blackwood em Victoria, comprava gado nos EUA e já em 1954 com o Sr. A.C.T
Hewitt do Departamento de Agricultura de Victoria fazia
controlos de performance e de fertilidade da descendência desses Red Angus.
Em 1969, algumas estações de testagem de toiros fizeram aproximações à Angus Society of Australia, para que
os Red Angus fossem admitidos numa Secção Anexa e
que depois do controlo a 3 gerações poderiam passar para
o Livro Genealógico. No entanto, esta proposta não foi
aceite e em Maio de 1970, reuniram-se em Melbourne um
grupo de pessoas interessadas na formação da Red Angus
Society.
60
O número de registos e criadores cresceu rapidamente.
Todos os animais foram inspecionados e em 1971, cerca
de 330 fêmeas e 75 machos estavam registados no Livro
Genealógico e na secção anexa.
Em 1974, o Sr. F. C. Pearson tornou-se Presidente e o
pimeiro Livro Genealógico foi editado. Na altura eram
43 membros acreditados e 25 ordinários. O interesse pela
criação de animais vermelhos continuava a crescer.
Desde 1974 que o pool genético tornou-se mais diversifivcado, fruto das importações a partir do Canadá e dos
EUA. Hoje os criadores Australianos criam animais de
elevado valor genético que estão adaptados às condições
ambientais da Austrália.
Toda esta história reflecte o estatuto que o Red Angus
assume neste país, pois a sua impelmentação permite que
esteja amplamente distribuído e com grande aceitação pelos produtores, devido à sua eficiência nas mais diversas
condições de produção. O trabalho meritório dos criadores é reconhecido no exterior pois têm havido exportações para a China, EUA e Vietname.
O número de criadores aumentou 40% nos útimos sete
anos, assim como o número de animais registados. A Red
Angus Society of Austrália utiliza o seguinte slogan: Red
Angus, Real Advantages (i.e. Red Angus, vantagens reais)
para destacar os pontos fortes da raça.
Membros – 244
Registos anuais – 2,748 (ano de 2008)
Peso médio ao nascimento – 34kg
EN
In Australia as overseas, some Red calves appeared in black
herds. It is generally acknowledged that Baraon Beppo and Erison
of Harviestoun, Grandeur of Fordhouse and Benes of Gaidrew
were the main source of the Red gene, but a study of the full pedigrees of early cattle coming to Australia and New Zealand, indicate that many other would also have carried the red gene.
In the USA, circa 1945, Reds were being gathered, particularly
by Waldo Forbes who recognised the many inefficiencies of cattle
raising and started measuring the outputs as affecting cattlemen
of the day. The output of 18 Red Angus heifers showed a great
advantage over his Herefords and in 1954 along with 8 other
enthusiasts he formed the
Red Angus Association of America which was a compulsory
performance tested society, this being the first such society in the
magazine
USA.
Prior to the formation of the Red Angus Cattle Society in Australia there were 7 well established herds of Red cattle together with
small herds slowly expanding. Waroo in Queensland, Weewalla
in NSW, Blackwood at Penshurst in Victoria, Bungaree, Anama,
Vivigani and Rosebank in SA, and Emuvale in Tasmania.
With few exceptions, all of the Reds in the early herds were unregistered cattle and the growing demand for bulls for crossbreeding purposes indicated that the Red-coated Angus cattle had a
sound commercial future in this country.
The commercial attributes of these cattle as assessed by the industry of the day were the impetus of sales made, but it is interesting to note that at the Blackwood herd in Victoria, Mr Ritchie
(Senior) purchased cattle scales from the USA in 1954 and together with Mr A.C.T Hewitt of the Victorian Dept. of Agriculture,
carried out progeny recording and fertility tests.
In early 1969, approaches were made to the Angus Society of
Australia by some Angus Studs for the re-introduction of an appendix system so that Red cattle known to be from registered herds
could be introduced into a herd book after 3 controlled generations
and with inspections at each step.
The proposed arrangement was not accepted, and in May 1970,
a meeting of persons interested in forming a Red Angus Society
was held in Melbourne.
Membership and cattle registrations grew rapidly. All cattle
for registration were inspected for faults and by the completion of
inspections in 1971 some 330 females and 75 males were in the
herd book and appendices.
Come 1974, Mr F. C. Pearson became President, and the first
Herd Book was produced. The full members then totalled 43 and
ordinary members 25. Interest and membership continued to grow
in the Red Angus.
Further imports of Red Angus from Canada and the United
States of America have seen the gene pool diversified since 1974.
Australian breeders have skillfully blended the best available ge-
01.2010
netics to produce Red Angus suited to our environmental requirements.
Red Angus cattle are now distributed across Australia with the
acceptance by commercial breeders of their productivity in a range
of environments. Australian Red Angus breeders have also exported their genetics to China, United States and Vietnam.
Red Angus are now well established and accepterd in Australia.
Membership with the Society has grown by 40% over the last seven
years with excellent increase in registrations being recorded. The
Society uses the slogan Red Angus, Real Advantages to highlight
the all round strengths of the breed.
Members – 244
Annual registrations – 2,748 (2008 data)
Birthweight Average – 34kg
61
Maneio sanitário
em explorações de carne
Rita Villa Nova
Médica Veterinária
As explorações pecuárias em geral e as de bovinos de
carne em particular têm cada vez mais que começar a ser
vistas como empresas que, para serem viáveis, têm que dar
lucro aos seus proprietários. Há já muitos anos que criadores de suínos e aves ou mesmo de vacas de leite “fazem
contas” enquanto que no mundo da carne, principalmente nas explorações no modo extensivo, poucos são aqueles
que sabem quanto custa produzir um kg de carne. Com
as margens de lucro cada vez mais pequenas torna-se indispensável ter em atenção todos os factores que possam
influenciar a produtividade de uma vacada no sentido
de maximizá-la. Nutrição, genética, maneio, reprodução
e sanidade são alguns dos mais importantes factores que
podem contribuir para o sucesso de uma exploração de
carne ou seja, para a obtenção de um bezerro por vaca
por ano.
É importante que os animais mantenham uma boa condição corporal, que tenham uma alimentação equilibrada
e que supra as suas necessidades durante as várias fases
produtivas, umas mais exigentes que outras. Em termos
genéticos pode-se trabalhar no sentido de aumentar a
eficiência alimentar, diminuir o risco e impacto de determinadas doenças ou seleccionar animais com bom temperamento, só para dar três exemplos. Á biosegurança e
higiene das explorações assim como ao bem-estar animal
(cada vez mais na ordem do dia!) são cada vez mais reconhecidos papéis determinantes na produtividade. Sem
conhecer, registar e interpretar os dados reprodutivos de
uma vacada (quer esta tenha época de partos ou não) não
é possível determinar índices de fertilidade e intervalos
entre partos e avaliar a performance reprodutiva do rebanho. Nenhum destes factores pode ser visto isoladamente
já que estes se encontram intimamente interligados: um
mau maneio nutricional pode ser causa de infertilidade
assim como o temperamento de alguns animais pode ser
causa de mau maneio nutricional de outros.
Tudo isto está no entanto dependente do estatuto sanitário da exploração e da ausência de doenças graves que
possam afectar o possível bom trabalho que esteja a ser
desenvolvido nas outras áreas.
Em primeiro lugar, quando falamos de estatuto sanitário, falamos de brucelose, tuberculose e leucose, doenças
de declaração obrigatória que são rastreadas pelo menos
uma vez por ano. Com pequenas diferenças de acordo
com a região do país onde a vacada se encontra este é um
procedimento que em termos gerais se mantém igual des-
62
de há vinte e poucos anos, altura em que se iniciou em
Portugal a tentativa de erradicação destas doenças.
Perante isto todas as explorações são iguais e todas têm
de cumprir pois trata-se de uma questão legal. Uma vez
adquirido o estatuto B4 T3 L4 a exploração é considerada
indemne destas doenças. A partir daqui é que a abordagem que é feita a cada exploração em termos sanitários começa a diferir de acordo com uma série de outros factores
que podem tornar mais propício o aparecimento de certas
doenças num lado e não noutro. Neles incluo obviamente
a localização geográfica com as suas especificidades climáticas, o tipo de solo e de culturas, a presença ou não
de água, a raça em causa, a presença de outras espécies, a
existência de outras explorações por perto, o maneio geral da exploração, entre outros.
A situação ideal será sempre prevenir e não ter que tratar pois há doenças que podem ser extremamente penalizadoras para os criadores por provocarem elevadas perdas.
O programa vacinal implantado será específico para cada
exploração de acordo com os riscos que esta corre e rectificado se entretanto dispusermos de dados laboratoriais
que nos confirmem a presença de um qualquer agente.
As alturas em que vacinamos as vacadas dependem do
objectivo que pretendemos obter. Se o objectivo é aumentar a protecção dos bezerros via colostro a melhor altura
será vacinar antes dos partos. Nestes casos podemos pensar em vacinas de Clostrideos ou vacinas que transmitam
imunidade contra as diarreias neonatais causadas por E.
Coli, Rota e Coronavírus. No caso de pretendermos obter
uma maior protecção da vaca prenhe a melhor altura será
vacinar antes da cobrição. Neste caso falaríamos de BVD,
IBR ou Leptospirose, por exemplo. É claro que tudo isto
se torna mais simples quando existe uma época de partos
e assim podemos facilmente fazer uma vacinação em que
sabemos que todas se encontram no último terço da gestação. Quando assim não é e temos partos dispersos ao
longo de todo o ano torna-se um pouco mais complicado
determinar alturas ideais para estas intervenções. Muitas
vezes assim o melhor é fazer duas vacinações por ano, uma
na Primavera e outra no Outono, na tentativa de proteger
o maior número de vacas possível.
Outra vantagem da época de partos é desmamar lotes
de bezerros homogéneos com os quais também é muito
mais fácil trabalhar em termos sanitários. Podem ser vacinados contra as principais patologias respiratórias e desparasitados à entrada da engorda, já que este é sempre
magazine
um momento de grande risco em que vão ser misturados
com outros animais e em que a densidade populacional é
muito elevada. Isto aplica-se ainda com mais razão de ser
quando são animais importados sujeitos a longas viagens
ou animais comprados em feiras e leilões pelas mesmas
razões e com a agravante do enorme stress que enfrentam
ao estarem constantemente a ser agrupados com animais
diferentes até chegarem ao destino final.
O mesmo se passa em relação às desparasitações. Para
lá da escolha do princípio activo ser dependente dos riscos
específicos de cada exploração as melhores alturas serão
antes do início da época de partos e no final da época
de cobrição. Mais uma vez, em vacadas com partos dispersos ao longo do ano podemos fazer duas intervenções
por ano também na Primavera e Outono. O ideal seria
fazer a desparasitação e de seguida mudar a vacada para
uma pastagem nova e não contaminada de modo a não
haver reinfestações. Na Primavera e Verão, com o aumento das temperaturas e da proliferação de mosquitos, é importante manter os animais imunes às suas picadas pois
estas podem transmitir importantes doenças. Refiro-me
concretamente à Língua Azul, doença que está presente
no continente desde 2004 e que tem causado bastantes
transtornos aos criadores, principalmente de ovinos, mas
também aos de bovinos pelas medidas impostas pela DGV,
01.2010
nomeadamente a vacinação de bezerros contra o serótipo
1 da doença. Apesar de alguns casos descritos, este serótipo não afecta significativamente os bovinos, preocupando
apenas por estes servirem de intermediário na transmissão aos ovinos. O mesmo não se passa com o serótipo 8
que existe em Espanha mas que felizmente nunca chegou
a entrar em Portugal porque este sim é capaz de provocar
sintomas nos bovinos podendo levar à morte dos animais
e à existência de graves problemas reprodutivos.
Para finalizar gostaria de salientar que de facto um programa vacinal adequado é uma ferramenta que não devemos dispensar no sentido de aumentar a produtividade
mas que, por si só e como ficou patente no início deste
artigo, não é suficiente e que todo o maneio da exploração
não deve nunca ser descurado.
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