OS ASSASSINATOS DA RUA MORGUE GRITOS NA NOITE

Transcrição

OS ASSASSINATOS DA RUA MORGUE GRITOS NA NOITE
Guia para o professor
Projeto de leitura
OS ASSASSINATOS DA RUA MORGUE
Edgar Allan Poe
GRITOS NA NOITE
Luís Dill
AS OBRAS
Indicação de leitura: leitor fluente (a partir dos 12 anos)
Resumo: este livro apresenta dois contos policiais: o primeiro, Os
Assassinatos da Rua Morgue, conta a história de dois brutais assassinatos de mulheres na Rua Morgue, em Paris. São casos que parecem
insolúveis até que o detetive C. Auguste Dupin assume a investigação e,
usando sua lúcida inteligência, desvenda o grande mistério. Esse detetive é considerado o precursor de Sherlock Holmes, personagem criado
pelo escocês Arthur Conan Doyle.
No segundo conto, Gritos na noite, Luís Dill se inspirou no conto original de
Poe, em evidente paródia. Dividido em duas partes, Gritos na noite apresenta Carlos Augusto Dupont, o detetive personagem que inicia uma investigação própria após a dedução falha da polícia. A história dá um “pulo” de
sessenta anos, quando surge Fernando, neto de Dupont, que se envolverá
nos acontecimentos nos quais o avô teve participação no passado.
Eixos temáticos: gêneros literários (conto: literatura policial), violência
(séculos XIX, XX e XXI), raciocínio dedutivo e intuitivo
Formato: 14 x 21 cm - 112 páginas
ISBN 978856173096-3
Interdisciplinaridade: Língua Portuguesa, Arte, Filosofia
POR QUE LER
A obra de Poe não é muito vasta, até porque o autor morreu muito jovem. Entretanto, seus contos se tornaram célebres e vários deles foram adaptados inúmeras vezes para o teatro, o cinema e a TV. Da mesma maneira, há muitas traduções e adaptações dos textos de
Poe. Mas a ideia de se oferecer uma adaptação do conto
e em seguida uma recriação inspirada no mesmo abre
também ao jovem leitor a oportunidade de perceber
que a literatura é uma arte rica, que permite reinvenções e novos trabalhos a partir de temas já bem explorados. A linguagem utilizada por Luís Dill é bem instigante
e dinâmica, o que agradará bastante aos adolescentes.
Estrutura da obra
O livro, com 112 páginas, divide-se em duas partes que mantêm estreito diálogo entre si. A primeira é
o conto de Poe. A segunda trata de assassinatos muito
alusivos à temática do autor americano, entretanto,
ambientados no Brasil. Esta última se divide temporalmente em dois momentos: 1953 e 2013.
Principais conceitos:
l
Justiça
l
Segurança
l
Liberdade de expressão
l
Mistério e dedução
CONECTE-SE
ANTES DE LER
Cinema
Diversas vezes o conto de Poe Os Assassinatos na
Rua Morgue foi adaptado para o cinema e para a
TV. Dentre essas versões, mencionamos duas que
podem ser apresentadas aos alunos de classes do
ensino médio:
Cada um fará a leitura em casa, com o objetivo de
destacar alguns aspectos relevantes do conto, especialmente sobre Alan Poe e sua obra. Exemplos de questões:
1)Apesar de várias características do período romântico (como a apresentação de um mundo sombrio
e subjetivo), o conto de Poe parece não estar ligado exclusivamente a essa estética ou movimento. Por quê?
2) Como o detetive Dupin é caracterizado por seu
narrador?
3) Quais seriam as formas de expressão da inteligência que o leitor percebe no conto?
Entretanto, professor, não deve tornar essas perguntas uma espécie de “questionário enfadonho”. Elas devem servir, antes, como uma indução roteirizada à leitura.
Assassinatos na Rua Morgue (Murders in the Rue
Morgue, Gordon Hessler, 1971)
O fantasma da Rua Morgue (Phantom of the Rue
Morgue, Roy Del Ruth, 1954)
Uma boa sugestão para leitores mais novos é:
Vincent (1982), um dos primeiros filmes dirigidos
por Tim Burton. Neste curta de animação, um garotinho sonha ser o ator Vincent Price e tem Edgar
Allan Poe como seu autor favorito. O filme se encontra disponível em vários sites da internet, dentre eles, www.youtube.com/watch?v=QkmKhd_
h3lk
Internet
Para a atividade em torno do suspense, o professor pode explorar estes links de vinhetas do seriado CSI, da Universal Channel. São rápidas e despertam a imaginação de quem as assiste:
1 (www.youtube.com/watch?v=NMvr-KzEqQs)
2 (www.youtube.com/watch?v=BkCGBxxcFJ0)
3 (www.youtube.com/watch?v=lW1MwxctPvU)
4 (www.youtube.com/watch?v=t4TI1Nba0-Y)
No site a seguir, o professor pode conhecer alguns
sons interessantes para as atividades da aula sobre suspense: www.soundsnap.com/browse. Ou
pode-se ainda utilizar algum site que permita o
download de sons de efeitos especiais, como o
Ares.
Este link oferece orientações para se trabalhar
narrativas policiais em sala de aula: revistaescola.
abril.com.br/ensino-medio/plano-aula-romance-policial-crime-investigacao-641389.shtml.
DURANTE A LEITURA
Quando o professor sentir que sua turma está suficientemente familiarizada com o autor norte-americano, explicará sobre o autor brasileiro Luís Dill e informará o tipo de trabalho que ele realizou nesta obra. Desta
forma, os alunos farão uma leitura da obra de Dill com
mais entusiasmo, já inteirados parcialmente do universo e do estilo de Poe e do autor nacional.
DEPOIS DE LER
O professor pode incentivar uma discussão em torno da obra de Poe e de Dill. Em que aspectos se assemelham? Como um autor contemporâneo se inspira em
uma obra de outro século e produz algo “novo”? Quais
características próprias de seu estilo o autor atribuiu ao
seu conto Gritos na noite, dividido em duas partes? O
professor deve fazer com que os estudantes comentem
também que a primeira parte do conto de Dill, intitulada “Assassinatos na Rua Morgado”, apresenta uma estrutura dupla e alternante: ora, diário do detetive Carlos
Augusto Dupont, ora, a narrativa em terceira pessoa.
Como ambas as estruturas se dialogam? Para que servem? É válido discutirem um pouco sobre os “diários”
como um tipo de recurso na ficção literária bastante
utilizado, sobretudo em nossos dias, na literatura infantojuvenil. Que tipo de “diálogo” o diário do detetive
mantém com o leitor do livro, e em que isso se difere
de uma narrativa mais comum, em terceira pessoa? Por
fim, pode-se chegar à segunda parte e discutirem o que
o neto de Dupont fez que o avô havia deixado em aberto, ou de que maneira ele seguiu (ou não) os passos de
seu antepassado.
ASSUNTO PUXA ASSUNTO
As atividades proporcionadas pelo livro são muito
variadas. As possibilidades que surgem de se trabalhar
um livro tão rico podem ser amplamente exploradas pelo
professor em projetos e subprojetos que podem durar, até
mesmo, um semestre inteiro.
O conto de Poe pode ser considerado uma espécie
de “conto indicial”, ou seja, ele oferece indícios – pistas –
ao leitor (às vezes, enganosas, levam a outras suposições).
O professor pode rapidamente abordar Sigmund Freud, o
pai da psicanálise, que foi um grande pesquisador. Foi ele
quem nos ensinou que muitos pormenores, muitas vezes
negligenciados e menosprezados, podem, no fundo, conter grandes “verdades” ou apresentar soluções a enigmas
que não pareciam ter soluções. Se a classe tiver aulas de
Filosofia, por exemplo, este é o momento para se apresentar brevemente a Psicanálise e trazer aos alunos as noções
de inconsciente, da interpretação de sonhos, e a importância de atos falhos e lapsos de linguagem. São todas formas
que nos permitem deduzir, intuir e interpretar o mundo e
nós mesmos.
Já para uma aula de Artes, o professor pode propor
uma experiência sensorial. Ao escurecer o máximo possí-
vel a sala e pedir aos alunos para se deitarem e permanecerem de olhos fechados em tatames ou colchonetes, ele
os induzirá a um rápido relaxamento. Então, sons diversos
serão reproduzidos por meio de um computador ou aparelho de som. A cada som, o professor perguntará o que
os alunos sentem e que palavras lhes vêm à mente, e eles
devem responder de forma breve, ainda com os olhos fechados. Os sons utilizados podem ser: acordes rápidos que
incitem suspense, ruídos de animais, barulhos sinistros,
gritos, passos, tempestade etc...
O professor pode ainda incitá-los a imaginar, em um
segundo momento, uma esfera narrativa: o que estaria
acontecendo, que personagens estariam interagindo, o
que acontecerá em seguida? Depois, com os alunos assentados e a sala mais clara, pode-se discutir sobre a experiência e quais características fariam parte de uma história que trouxesse o suspense e o mistério como pano
de fundo.
Para aulas de Redação, o professor pode desenvolver uma atividade que seria a leitura de um outro conto
de Poe e, em seguida, a recriação individual do mesmo, à
escolha do aluno. O texto de Poe pode ser adaptado aos
dias de hoje, modificado em sua estrutura básica, ter seu
final ampliado etc.
Sobre os escritores
Edgar Allan Poe (1809 - 1849) foi um autor, poeta, editor e crítico literário nascido nos Estados Unidos,
pertencente ao movimento romântico. Suas histórias ficaram conhecidas por envolver o misterioso e o
macabro. É considerado o criador da ficção policial. Sua carreira começou com a publicação de uma coleção
anônima de poemas, Tamerlane and Other Poems (1827). Em janeiro de 1845, publicou seu famoso poema O Corvo. Em 7 de outubro de 1849, aos 40 anos, Poe morreu em Baltimore. Suas obras influenciaram
a literatura nos Estados Unidos e ao redor do mundo, e seu trabalho aparece ao longo da cultura popular
na literatura, na música, em filmes e produções para a televisão. Dentre suas obras mais conhecidas, estão
contos como A Queda da Casa de Usher, O gato preto, Berenice, William Wilson, O poço e o pêndulo, Uma
descida ao Maeltrom e Os Assassinatos da Rua Morgue.
Luís Dill nasceu em Porto Alegre em 1965. Formou-se em Jornalismo pela PUC/RS e, como jornalista, atuou
em assessoria de imprensa, jornal, rádio, televisão e internet. Atualmente, é produtor executivo da Rádio
FM Cultura na capital gaúcha, onde reside. Como escritor estreou em 1990 com a novela policial juvenil A
Caverna dos Diamantes. Tem 34 livros publicados, além de participações em diversas coletâneas. É colaborador de jornais e de revistas. Já foi finalista de diversos prêmios literários, tendo recebido o Açorianos
na categoria “conto” pelo livro Tocata e Fuga, e na categoria “juvenil” com o livro De carona, com nitro.
Recebeu o prêmio Livro do Ano da Associação Gaúcha dos Escritores na categoria “poesia” com o livro
Estações da poesia. Também foi laureado com o terceiro lugar do prêmio Biblioteca Nacional na categoria
“juvenil” com o livro O estalo. Na sua atividade de escritor, participa de feiras do livro em todo o Rio Grande
do Sul e de variados tipos de encontros com leitores em escolas e universidades. O autor também ministra
oficinas literárias e tem o site www.luisdill.com.br.
ELABORADO POR ADRIANO MESSIAS – escritor de livros infantojuvenis, tradutor e adaptador, doutorando em
Comunicação e Semiótica, mestre em Comunicação e Sociabilidade, graduado em Jornalismo e em Letras. Email:
[email protected]. Blog: www.adrianomessiasescritor.blogspot.com.

Documentos relacionados

Versão Completa - Departamento de Letras da PUC-Rio

Versão Completa - Departamento de Letras da PUC-Rio percepção sensorial e emocional nos textos de suspense. Identificar estrutura linguístico-discursiva do gênero policial. Material: Contos: “A pata do macaco”, de W. W. Jacobs http://camaradostormen...

Leia mais