Anestesia, Analgesia e Eutanásia na Experimentação

Transcrição

Anestesia, Analgesia e Eutanásia na Experimentação
II WORKSHOP UNIARARAS DE
PRINCÍPIOS ÉTICOS PARA EXPERIMENTAÇÃO
HUMANOS/ANIMAIS
30 de agosto de 2013
ANESTESIA, ANALGESIA E
EUTANÁSIA NA EXPERIMENTAÇÃO
ANIMAL
FCM
PROF. DR. STEPHEN HYSLOP
Departamento de Farmacologia
Faculdade de Ciências Médicas
UNICAMP
UNICAMP
HISTÓRICO GERAL
Claude Bernard (1813-1878)
Cruelty to Animals Act (1876)
[Animals (Scientific Procedures) Act 1986]
Legislação em outros países (1960 – presente)
Comitês de Ética na Experimentação Animal (1980-presente)
Transgênicos, clonagem, etc. (1980 - presente)
Alternativos (1980 – presente)
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Lei 11.794 de 08 de outubro de 2008
Decreto 6.899 de 15 de julho de 2009
CONCEA
CEUA
Pesquisadores
PONTOS POLÊMICOS
1. A questão da relação custo-benefício
2. A questão de quem decide
-
Quem decide o grau de dano?
O que é dano?
O que é um risco?
O que é justificável?
3. A questão do público e seus direitos
- Quanto tem o direito de participar e saber?
- Quanto pode interferir?
4. A questão do desenho experimental
5. A questão da dor e sofrimento
PONTOS POLÊMICOS
1. A questão da relação custo-benefício
2. A questão de quem decide
-
Quem decide o grau de dano?
O que é dano?
O que é um risco?
O que é justificável?
3. A questão do público e seus direitos
- Quanto tem o direito de participar e saber?
- Quanto pode interferir?
4. A questão do desenho experimental
5. A questão da dor e sofrimento
DOR E SOFRIMENTO
Dor: “uma experiência sensória e emocional desagradável
associada a dano tecidual atual ou potencial, ou descrita em
termos de tal dano.”
Dor – algo físico
Sofrimento – algo psicológico
DOR E SOFRIMENTO
Sinais de dor aguda
1. Atividade – hiperatividade, inatividade, isolamento social
2. Vocalização – aumenta ou diminui
3. Alimentação – uma redução na frequência e quantidade
4. Comportamento pessoal – alteração no padrão de exercício,
limpeza, ativ. sexual, sono,
alimentação, etc.
5. Comportamento social – agressão, defesa, automutilação,
canibalismo
6. Temperatura do corpo – tende a aumentar com a dor
DOR E SOFRIMENTO
Dificuldades
1. Variação interespécie e interindividual
2. Variação entre observadores
3. Vocalização não necessariamente corresponde à
dor sentida
4. Dificuldade em observar o animal sem que o mesmo
reaja ao observador
CLASSIFICAÇÃO DE EXPERIMENTOS (I)
Categoria A: Nenhum sofrimento
Experimentos com plantas, bactéria, protozoários e invertebrados
Categoria B: Nenhum sofrimento (= s/ class. ou ameno)
Experimentos com vertebrados que produzem pouco o nenhum
desconforto. Ex. Obtenção de sangue, contenção temp. Exptos sob
anestesia geral sem recuperação
Categoria C: Provavelmente nenhum sofrimento
(= moderado)
Experimentos que envolvem algum desconforto de curta duração
em vertebrados. Ex: Cateterização, cirurgia leve com recuperação,
estímulos nocivos com escape
CLASSIFICAÇÃO DE EXPERIMENTOS (II)
Categoria D: Sofrimento possivelmente desnecessário
(= severo)
Experimentos que envolvem estresse ou desconforto significativo
mas inevitável em vertebrados
Ex: Cirurgia em grande porte com recuperação
Estímulos nocivos sem escape
Deprivação/contenção crônica
Categoria E: Sofrimento anti-ético (= inaceitável)
Experimentos que envolvem dor severa em animais conscientes e
não-anestesiados
Ex: Cirurgia sem anestesia
Estímulos nocivos com dor para alterar comportamento
Uso de bloqueadores NM sem anestesia
COMO ALIVIAR A DOR?
Anestesia
Analgesia
MECANISMOS DE DOR (I)
Nocicepção: ativação de
fibras nervosas sensoriais
primárias (nociceptores)
por estímulos nocivos
MECANISMOS DE DOR (II)
Ativação dos nociceptores
Nocicepção: ativação de fibras nervosas sensoriais primárias
(nociceptores) por estímulos nocivos
MECANISMOS
DE DOR (III)
Analgesia
vs
anestesia
Analgesia: inibição de
vias específicas de dor
Anestesia: inibição
inespecífica das vias
sensoriais periféricas
(incluindo dor),
motoras e autônomas
ETAPAS EXPERIMENTAIS
Pré-operatório
Pré-anestesia
Anestesia
(Indução, anestesia, recuperação)
Pós-cirúrgico
PRÉ-OPERATÓRIO
1. Checar equipamento e instrumentos antes de iniciar!
2. Checar o estado do animal
3. Avaliar a ambientação/aclimatização do animal
- familiaridade com a espécie
- ter um perfil fisiológico do animal
- manuseio e contato prévio para acostumar
4. Privação de comida se for necessário
- no caso de recuperação, monitorar a alimentação,
ingestão de água, ganho de peso, etc.
ETAPAS EXPERIMENTAIS
Pré-operatório
Pré-anestesia
Anestesia
(indução, anestesia, recuperação)
Pós-cirúrgico
PRÉ-ANESTESIA
Por que pré-anestesia?
1. Para reduzir medo e apreensão, prover sedação e facilitar a
indução de anestesia sem estresse
2. Reduzir a quantidade de outros anestésicos para anestesia
geral, reduzindo os efeitos colaterais
3. Indução e recuperação de anestesia mais suaves
4. Reduzir o volume de saliva e as secreções brônquicas
5. Minimizar o efeito vago reflexo
6. Reduzir a dor pré-operatória e imediatamente pós-operatória
PRÉ-ANESTESIA
Quais são os agentes?
1. Drogas anticolinérgicos: e.g. atropina e glicopirrolato
- evita salivação, reflexo vago, secreções
(bloqueio dos receptores muscarínicos da ACh)
2. Tranquilizantes e sedativos:
a. Fenotiazinas: clorpromazina, cepromazina, promazina
(bloqueio dos receptores para dopamina)
b. Butirofenonas: droperidol, fluanisona, azaperona
(bloqueio dos receptores para dopamina)
c. Benzodiazepínicos: diazepam, midazolam
(potencializar o funcionamento dos receptores GABAA)
d. Agonistas α2: xilazina, medetomidina
3. Analgésicos narcóticos: morfina, petidina, buprenorfina, butorfanol,
nalbufina, pentazocina, metadona, fentanil, alfentanil, sufentanil,
etorfina
- atuam principalmente nos receptores opiódes mu (µ
µ) e/ou κ
PRÉ-ANESTESIA
Tabela 1. Volumes aceitáveis para injeção de drogas em animais de laboratório.
Espécie
Camundongo (25 g)
Subcutânea
________________
__
Intramuscular
________________
Intraperitoneal
________________
Intravenosa
________________
Agulha
(D.E.- mm)
Volume
máximo (ml)
Agulha
(D.E.- mm)
Volume
máximo
(ml)
Agulha
(D.E.- mm)
Volume
máximo
(ml)
Agulha
(D.E.- mm)
Volume
máximo
(ml)
<0,5
0,5
0,4-0,5
0,05
<0,6
2
<0,5
0,3
Cão
(10 kg)
0,9
50
0,8
1
0,8
100
0,6-0,9
10
Cobaia
(200 g)
<0,9
2-3
0,5
0,1
0,6
4-5
<0,4
0,5
Coelho
(4 kg)
0,9
20-30
0,6
0,5
0,8
50
0,8-0,9
10
Hamster
(100 g)
0,5
1
<0,5
0,1
<0,6
2-3
<0,5
0,3
Galinha
(1 kg)
0,6
0,5-1
0,6-0,8
0,5
0,8
10
0,6
1
Gato
(3 kg)
0,8
20
0,8
0,5
0,8
30
0,6-0,8
5
Porco
(25 kg)
0,8-1
10
0,9
2
0,9
250
0,6-0,8
20
0,5
0,1
0,6
4-5
0,4-0,5
0,5
Rato
D.E. =(200
Diâmetro
da agulha (máximo2aceitável).
g) externo
0,5-0,6
D.E. = Diâmetro externo da agulha (máximo aceitável).
ETAPAS EXPERIMENTAIS
Pré-operatório
Pré-anestesia
Anestesia
(Indução, anestesia, recuperação)
Pós-cirúrgico
POR QUE ANESTESIAR?
1. Para reduzir a percepção de estímulos externos
2. Para evitar dor durante cirurgia (analgesia)
3. Para imobilizar o animal (suprimir atividade reflexa)
4. Para abolir tônus muscular (relaxamento)
5. Para facilitar a recuperação
6. Para cumprir a legislação
O QUE CARACTERIZA UM BOM
ANESTÉSICO?
1. Perda de consciência de forma suave e rápida
2. Supressão de atividade reflexo
3. Analgesia
4. Relaxamento muscular
5. Recuperação rápida
6. Ampla margem de segurança e sem efeitos
adversos
USO DE ANESTÉSICOS:
ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS
• O tipo de procedimento determina o tipo de
anestesia
• Estado hipnótico vs. grau de anestesia
• Variação inter- e intraespécie : cuidado com
tabelas de doses
• Vários agentes podem ser melhores do que um só
• O animal em primeiro lugar
USO DE ANESTÉSICOS
Vias de administração
Injetáveis:
Inalatórios
Intravenosa (endovenosa) (i.v.)
Intramuscular (i.m.)
Intraperitoneal (i.p.)
Subcutânea (s.c.)
Câmara adaptada
Vaporizador/nebulizador
Importância das diluições: - reduz a possibilidade de overdose
- facilita absorção
- reduz a irritação
- aumenta a precisão na administração
ANESTÉSICOS: MODO DE AÇÃO
Vias excitatórias
Integração sináptica
K+/Na+
Receptores
nicotínicos
K+/Na+
Não-NMDA
K+/Na+/Ca2+
NMDA
Receptores
ionotrópicos
ACh
Receptores
metabotrópiccos
Glutamato
Vias inibitórias
Integração sináptica
GABA
Receptores
ionotrópicos
(GABAA)
Cl-
Glicina
Receptores
metabotrópiccos
(GABAB)
Receptores
ionotrópicos
K+
Cl-
CLASSIFICAÇÃO DE ANESTÉSICOS
ANESTÉSICOS
INJETÁVEIS
Locais
Bupivacaína
Dibucaína
Lidocaína
Procaína
Barbitúricos
Inactina
Metohexitona
Pentobarbital
Tiopental
Gerais
INALATÓRIOS
CO; Éter NO2 Halogenados
CO2
Enflurano, Halotano
Isofluorano, Sevofl.
Metóxifluorano
Esteroidais Dissociativos Neurolépticos
(Ciclohexaminas) (opióides + neurolépt.)
Alfaxalona
Alfentanil Acepromazina
Alfadolona Cetamina
(Ketamina)
Fentanil Fluanisona
Tiletamina
Etorfina Benzodiazep.
Outros
Hidrato de
cloral
Propofol
Uretana
α-Cloralose
Tribromometanol
ANESTÉSICOS: MODO DE AÇÃO
Injetáveis
1. Inibição de mecanismos excitatórios através de receptores NMDA
para glutamato (sítio para fenciclidina) com menor condução de
cátions (Ca2+/Na+/K+): cetamina
2. Ativação e potencialização de mecanismos inibitórios através dos
receptores GABAA: potenciação dos efeitos do GABA com maior
condução de cloreto: barbitúricos e esteroidais (ativadores),
benzodiazepínicos (moduladores)
3. Ação mista (Exemplos: etomidato, propofol):
(a) ativar/potenciar os efeitos do GABA em GABAA
(b) bloqueio da captação neuronal do GABA
(c) inibição dos receptores NMDA do glutamato
4. Atuação em receptores opióides µ, δ e κ : opióides
5. Hiperpolarizarção através da ativação de canais de K+
ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
ANESTÉSICOS: MODO DE AÇÃO
Inalatórios
A ausência de uma relação estrutura-atividade definida sugere que há
pouco envolvimento de receptores específicos
1. Teoria da expansão do volume onde a inserção do gás na membrana
neuronal leva à sua expansão, impedindo a abertura de canais iônicas
2. Teoria da ligação a regiões hidrofóbicas específicas de lipoproteínas
próxima ao canal iônico que impediria o funcionamento normal dos
canais iônicos
3. Teoria da alteração da fluidez da membrana, o que limitaria o
aumento da condutância iônica
4. Efeitos inespecíficos sobre canais iônicos
a) Aumento da condutância dos receptores GABAA (halogen.)
b) Inibição da ativação dos receptores NMDA (N2O)
c) Bloqueio dos receptores nicotínicos neuronais
d) Ativação dos receptores para glicina (vários)
e) Hiperpolarização através da ativação de canais de K+
ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
20% do débito
cardíaco:
Músculo
Pele
Tecido adiposo
50% do débito
cardíaco:
Cérebro
Coração
Fígado
Rins
Pulmão
Características importantes:
Solubilidade (substâncias menos solúveis são mais ativas)
Concentração de anestésico no ar inspirado
Ventilação pulmonar (frequência e profundidade)
- a hiperventilação aumenta a velocidade da indução de anestesia
- menos importante para substâncias menos solúveis
Fluxo sanguíneo pulmonar
- maior o fluxo, menor o aumento da tensão arterial
O gradiente de concentração arteriovenoso
ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
ESTÁGIOS DE ANESTESIA
• Estágio I - não-anestesiado
• Consciente mas “grogue”
• Resposta à dor diminuída
• Estágio II - não-anestesiado (excit.)
• Perda de consciência
• Sem resposta a estímulos não dolorosos
• Reflexos exagerados (tosse, engasgar)
• Vômitos, movimentos inconscientes
• Respiração irregular
• Imprevisível
ESTÁGIOS DE ANESTESIA
• Estágio III
Plano I
Plano II
Plano III
Plano IV
- anestesia leve
- anestesia moderada
- anestesia profunda
- overdose
- Animal calmo
- Respiração regular (e cada vez mais fraca)
- Tônus muscular desaparece
- Ainda há alguns reflexos
Perda de consciência
analgesia
relaxamento musc.
• Estágio IV - morrendo/morte
ESTÁGIOS DE ANESTESIA
Ataxia
Deita, mas levanta a cabeça
Perda do reflexo de “righting” : não consegue rolar
Relaxamento muscular
Ainda há resposta a estímulos dolorosos
Início da perda do reflexo de engolir
Perda do reflexo pedal
Anestesia leve/media: perda do reflexo do dedo/orelha (coelhos e
cobaias) e da cauda (camundongos, ratos)
Perda do reflexo ocular e palpebral
Perda do reflexo respiratório
Sem resposta a nenhum estímulo (anestesia cirúrgica)
COMPLICAÇÕES DURANTE A
ANESTESIA
• Depressão do sistema respiratória
• Depressão do sistema cardiovascular
• Depressão do SNC
• Queda na FR, FC; efeitos colaterais e morte
•
•
•
•
•
•
Arritmia e parada cardíaca
Hipotermia
Balanço hídrico (desidratação/hipovolemia)
Desequilíbrio eletrolítico
Vômitos/regurgitação
Super-dosagem
COMPLICAÇÕES DEVIDO AO
ANIMAL, ESPÉCIE E CEPA
• Variabilidade individual
– Sexo e idade : capacidade metabólica
– Diferenças de sensibilidade
• Estado nutricional e condição física geral
• História clínica (contato prévio)
– Indução enzimática (barbitúricos, fenotiazínicos)
• Importância do ciclo diurno
INFLUÊNCIA DE CEPA E SEXO
SOBRE A AÇÃO DE ANESTÉSICOS
F
M
TEMPO DE SONO VERSUS TEMPO
DE ANESTESIA
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA
AMBIENTAL SOBRE O TEMPO DE
SONO
EFEITO DE ANESTÉSICOS SOBRE
A PRESSÃO ARTERIAL
Cetamina
Xilazina
Acepromazina
Alfaxalona/alfadolona
Halotano
EFEITO DE ANESTÉSICOS SOBRE A
TEMPERATURA CORPORAL
ETAPAS EXPERIMENTAIS
Pré-operatório
Pré-anestesia
Anestesia
(Indução, anestesia, recuperação)
Pós-cirúrgico
ANALGESIA
ANALGESIA
Ativação dos nociceptores
Nocicepção: ativação de fibras nervosas sensoriais primárias
(nociceptores) por estímulos nocivos
MECANISMOS
DE DOR
Analgesia
vs
anestesia
Analgesia: inibição de
vias específicas de dor
Anestesia: inibição
inespecífica das vias
sensoriais periféricas
(incluindo dor),
motoras e autônomas
PRINCIPAIS ANALGÉSICOS
I. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINEs)
Atuam principalmente nas ciclooxigenases
Aspirina, indometacina, meloxicam, diclofenaco,
flurbiprofeno, ibuprofeno, piroxicam, carprofeno,
os “Coxibes”
Características dos AINEs
- dor leve (aspirina/paracetamol/ibuprofeno) e moderada
(flunixina, carprofeno, etc.)
- envolve muita variabilidade individual
- diversos efeitos colaterais
- problemas TGI (úlcera, hemorragia)
- hepatotoxicidade e nefrotoxicidade
- agregação plaquetária
- informação limitada sobre doses e frequência
- muita variação na potência analgésica
PRINCIPAIS ANALGÉSICOS
2. OPIÓIDES
Atuam principalmente nos receptores µ (mu)
Morfina, buprenorfina, butorfanol, fentanil,
codeína, etorfina, metadona, petidina, etc.
Características:
- Agonista µ: e.g., morfina
- Agonista parcial – ativa o receptor µ mas bloqueia o
agonista total neste receptor, e.g., buprenorfina
- Agonistas mistos (antagonista µ e agonista κ): e.g.,
nalbufina, butorfanol, pentazocina
- Antagonistas µ: e.g., naloxona, naltrexona
3. ANESTÉSICOS LOCAIS
Atuam principalmente nos canais de sódio dependentes
de voltagem: Cocaína, procaína, lidocaína, xilocaína,
benzocaína, bupivacaína,
PRINCIPAIS ANALGÉSICOS
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
1. A curta duração de muito analgésicos, especialmente os
opióides
- Usar uma infusão (opióides)?
- Usar uma combinação:
AINE + opióide – até 36 h
AINE – 36-72 h
2. A importância da boa técnica cirúrgica
3. A importância das condições pós-operatórias
EUTANÁSIA
EUTANÁSIA
• Definição: eu (=boa) + thanatos (=morte)
- É a execução do animal da forma mais rápida,
menos dolorosa e menos estressante possível
• Quando é praticada?
1. Para livrar o animal de dor ou sofrimento incontrolável
durante um experimento
2. Ao término de um experimento sem recuperação
(animal já sob anestesia)
3. Para obter tecidos/células para outros experimentos
EUTANÁSIA
Considerações:
1. Morte sem dor, ansiedade, sinais de medo, etc.
2. Tempo mínimo para perda de consciência
3. Confiabilidade, reprodutibilidade e facilidade
4. Irreversível
5. Compatibilidade com a espécie, com o número
de animais e com o estudo
6. Segurança para o animal e o executor
7. Efeito emocional sobre:
- outros animais: usar outra sala
- o executor: efeitos
psicológicos/emocionais
EUTANÁSIA
Classificação geral:
1. Métodos químicos:
a. Hipóxia: Anestésicos inalatórios, CO, CO2, N2
(evitar clorofórmio e éter)
b. Depressão dos neurônios vitais:
Anestésicos injetáveis (conc. 2-4x maior que
normal: barbitúricos)
2. Métodos físicos:
a. Traumatismo craniano
b. Deslocamento cervical: limite de peso <500 g
c. Decapitação por guilhotina
d. Outros: hipotermia, exsangüinação (c/anest.),
descompressão, nitrogênio líquido
EUTANÁSIA
Critérios para confirmar a morte:
1. Confirmação da cessação permanente
da circulação
2. Destruição do cérebro
3. Deslocamento do pescoço
4. Exsanguinação
5. Confirmação do início de rigor mortis
6. Destruição imediato do corpo por
maceração
EUTANÁSIA
Diretrizes da Prática de Eutanásia
do CONCEA (Brasília, 2013)
RECOMENDAÇÕES FINAIS
• O animal em primeiro lugar
• Familiarize-se com seu modelo experimental
• Conheça o anestésico que vai usar
• Saiba o que vai fazer e por que
Desenhe e planeje seu experimento antes de começar
• Em caso de dúvida: use o Princípio da
Precaução
Fontes de informação
A.G. dos Santos Feijó e cols (orgs.) (2010) Animais na
pesquisa e no ensino: aspectos éticos e técnicos.
EdiPUCRS, Porto Alegre, RS.
Departamento de Psicobiologia – UNIFESP (2004) Princípios
Éticos e Práticos do Uso de Animais de Experimentação.
UNIFESP/FAPESP/COBEA, São Paulo, SP.
A. Andrade e col. (orgs.) (2002) Animais de Laboratório:
Criação e Experimentação. FioCruz, Rio de Janeiro.
P. Flecknell. Laboratory
Academic Press, London.
Animal
Anesthesia.
3rd
ed.
FONTES DE INFORMAÇÃO
1. http://www.nih.gov
2. http://www.aphis.usda.gov/ (/reac/reachome.html and /grants/oppr/library) - this last one provides
entry to the 1996 Institute of Laboratory Animal Resources Guide for Care and Use of Laboratory
Animals and IACUC Guidebook by Arena (Applied Research Ethics National Association).
http://www2.nas.edu/ila-home/
3. http://www.open.gov.uk/home_off/abcu.htm/ or http://www.homeoffice.gov.uk/animact
4. http://www.aaalac.org AAALAC International (Association for Assessment and Accreditation of
Laboratory Animal Care)
5. http://netvet.wustl.edu/ NetVet
6. http://www.nas.edu/homepage/pus/pubs.html National Academy of Sciences
7. http://www/nap.edu/readingroom National Academy Press
8. http://www.users.dircon.co.uk/~ufaw3/index/htm/ UFAW
9. Am. J. Physiol. Education section: www.ajpadvan.physiology.org and
www.phy025.lubb.ttuhac.edu/Neely/ionchann.htm
Alternatives to Animal Testing (AltWeb) – Extensive site for info. http://altweb.jhsph/edu
ACLAM (American College of Laboratory Animal Medicine) http://www.aclam.org
Animal Welfare Institute http://www.animalwelfare.com/lab_animals/biblio/enrich/htm
ECVAM (European Center for the Validation of Alternative Methods)
FRAME News (Fund for the Replacement of Animals in Medical
http://www.frameuk.demon.co.uk
NORINA (Norwegian Inventory of Audiovisuals) http://oslovet.veths.no/NORINA
OECD (Organization for Economic and Commercial Development)
Experiments)
Obrigado pela atenção
ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
Anestesia dissociativa:
Ato anestésico capaz de produzir uma “dissociação” ou "desligamento" do
paciente do seu ambiente, sem perda dos reflexos protetores, porém com
analgesia e amnésia.
Anestesia neuroléptica:
Todo ato anestésico capaz de causar:
— sonolência, sem perda da consciência
— desligamento psicológico do ambiente que cerca o
indivíduo
— supressão da dor (analgesia intensa)
— amnésia.
Um estado de tranqüilização com analgesia intensa; a perda
da consciência depende da dose.
COMPARAÇÃO DE ANESTÉSICOS
Anestésico
Deprime sistema CV
Resp. FC PA TM
Analgesia
Barbitúricos
Esteroidais
Dissociativos
-/+
?
-/+
Neuroleptanalg.
++
Propofol
+
Tribromometanol
Hidrato de cloral
---
Alfa-cloralose
---
Uretana
++
Irritante Outro
++ (Tio) B. limiar
--Lib. hist.
Secreç.
Ind. enz.
Rev anta
µ-opióide;
usar BDZ
--Curta dur.
Lipémia; iv
--Solução
instável
B. limiar
Recup.
prolong.
Carcinog.
ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
BLOQUEADORES DA JUNÇÃO
NEUROMUSCULAR MUSCULAR
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES (BN)
Modo de ação:
Os BN produzem bloqueio da neurotransmissão a nível
da junção neuromuscular, levando à paralisia do animal e à
morte por asfixia devido à parada respiratória, caso não haja
ventilação mecânica.
Principais usos:
a) Abolir movimentos respiratórios voluntários para facilitar
ventilação mecânica
b) Abolir o tôno muscular durante a cirurgia, facilitando assim
acesso ao local da cirurgia e minimizar o dano ao tecido.
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES (BN)
Neurônio
Sinapse e
transmissor
Músculo
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES (BN)
Bloqueadores não-despolarizantes
- alcurônio, atacúrio, galamina,
pancurônio, tubocurarina
Bloqueadores despolarizantes
- decametônio, succinilcolina
Neurônio
Sinapse e
transmissor
Músculo
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES (BN)
RECOMENDAÇÕES QUANTO AO USO DE BN
1. Nunca devem ser usados em animais conscientes e nãoanestesiados.
2. Nunca devem ser usados como substituto para anestésicos
uma vez que não possuem ação no sistema nervoso central
(analgesia, efeito tranquilizante, sedação ou indução de
estado inconsciente), e portanto não podem evitar que o
animal sinta dor durante algum procedimento invasivo.
Deve-se lembrar sempre ao usar BN que o fato do animal
não responder a determinadas intervenções não significa
que ele não está sentido dor, estresse, etc. Doses altas de
BN requerem o uso de aparato para respiração (ventilação)
mecânica.
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES (BN)
3. Devem ser usados apenas com um anestésico de eficácia
comprovada e de dose adequada para a duração do
experimento. Deve-se lembrar ainda que na presença de BN, os
reflexos normais à dor e aos testes comumente usados para avaliar o
grau de anestesia não estarão funcionando devido ao bloqueio da
neurotransmissão. Portanto, é recomendável que se administre
primeiramente o anestésico para atingir o nível de anestesia necessário
e aplicar o BN somente depois de verificado a eficácia da anestesia.
Deve-se determinar ainda, em experimentos pilotos sem o BN, a
duração da anestesia e a frequência e dose de anestésico necessárias
para manter um estado de anestesia apropriado na vigência do BN. É
também possível avaliar a profundidade da anestesia durante o
experimento deixando o efeito do BN desaparecer o suficiente para
restaurar temporariamente o reflexo normal à dor.
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES (BN)
4. Deve-se zelar sempre para um bom monitoramento do nível de
anestesia no animal tratado com um BN.
O controle apropriado do nível de anestesia inclui:
a.
Monitoramento da freqüência cardíaca e/ou pressão arterial para avaliar a
profundidade da anestesia e a necessidade de mais anestésico. (Em geral, um
aumento marcante nestes dois parâmetros indica um nível inadequado de
anestesia).
b. Monitoramento do eletroencefalograma (EEG), levando em conta possíveis efeitos
da atropina (caso tenha sido usada na pré-anestesia) e de alterações nos níveis
circulantes de CO2.
c. Monitoramento e manutenção da temperatura corporal (pode haver hipotermia
devido a ausência de atividade muscular).
d. Monitoramento dos gases sangüíneos.
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES (BN)
e. Manutenção de uma veia canulada para administração rápida de um narcótico/
anestésico para evitar o retorno a um estado consciente.
f. O grau de bloqueio neuromuscular deve ser avaliado através de estimulação
elétrica de um nervo periférico.
g. Durante a recuperação, o bloqueio residual por BN não-despolarizantes pode ser
revertido administrando-se agentes como o edrofônio e a neostigmina
(anticolinesterásicos). Nestes casos, a função neuromuscular deve ser avaliada
antes do retorno do animal ao estado consciente. É possível que seja necessário a
administração de atropina com o uso de anticolinesterásicos para evitar ações
colinérgicas como a salivação, secreção bronquíca, e bradicardia. Caso tenha sido
usado um BN despolarizante, todo o efeito deva ter dissipado antes da
recuperação do estado consciente.
h. Antes de encerrar o monitoramento do animal ou retorná-lo à gaiola, deve-se
sempre verificar que o efeito do bloqueio neuromuscular realmente tenha cessado,
evitando assim uma “recaída” e o retorno inesperado do bloqueio.
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES (BN)
Sempre lembrar
O animal tratado com um BN poderá estar sentindo muita dor ou
estresse sem poder responder ou reagir, por isso, todo cuidado é
pouco no uso destas substâncias.

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