Itinerário Catequético – Campo Grande – Clero

Transcrição

Itinerário Catequético – Campo Grande – Clero
Pe. Abimar Oliveira de Moraes
PUC-Rio/GREBICAT
A Evangelização atual
Encontramo-nos numa nova etapa evangelizadora que deve
estar marcada pela alegria e deve indicar caminhos novos
para a caminhada da Igreja (EG 1);
Nesta nova etapa é urgente a revisão de nosso processo de
transmissão da fé;
A Nova Evangelização interpela a todos, realizando-se
fundamentalmente em três âmbitos: da pastoral ordinária,
dos batizados que não o vivem e daqueles que não conhecem
(recusam) o Evangelho (EG 14);
A Nova Evangelização necessita de uma catequese
querigmática e mistagógica como caminho de formação e de
amadurecimento que implica tomar a sério cada pessoa e o
projeto que Deus tem para ela (EG 160).
Mas é possível iniciar à vida cristã?
Sentido teológico: não
Sentido eclesiológico: sim
A
IVC acontece sempre em sentido secundário e
instrumental, isto é, no âmbito das mediações humanas que
podem ajudar no processo do despertar e do crescimento da
fé;
Qualquer processo de IVC, portanto, deve estar consciente
dos seus limites: é uma mediação educativa puramente
instrumental e dispositiva, a serviço do encontro dos seres
humanos com a proposta interpeladora de Deus.
Elementos estruturais da VC
Doutrinais: suficiente conhecimento da mensagem cristã
em vista da opção pessoal por Cristo [conversão] (DNC 53a);
Litúrgicos: inserção e participação na experiência
celebrativo-ritual da fé cristã (DNC 53b);
Morais: educação à consciência cristã e ao agir cristão (DNC
53c);
Orantes: alimentação da vida de oração cristã (DNC 53d);
Comunitários: progressiva inserção numa comunidade
eclesial existente (DNC 53e);
Missionários: familiaridade com experiências caritativoapostólicas voltadas não somente à comunidade eclesial, mas
também à sociedade como um todo (DNC 53f.g).
A IVC
É uma mediação eclesial para colocar pessoas em sintonia
com a Palavra de Deus e favorecer o crescimento na fé;
É o conjunto de ações através do qual a comunidade cristã
ajuda as pessoas a “tornarem-se cristãs”;
Não deve ser entendida como preparação aos sacramentos do
Batismo, da Eucaristia, da Crisma (Confirmação) e da
Reconciliação (em alguns casos) e muito menos aos ritos
desses;
Mas como um itinerário de preparação que torna o
discípulo(a) capaz de ser existencialmente fiel (integração
entre o crer e o existir).
Introdução
Existiram
formas pré-conciliares de restauração do
Catecumenato, mas foi o Vaticano II que recomendou
oficialmente a restauração do mesmo (SC 64-65),
apresentando os seus traços característicos (AG 14);
Um momento significativo foi a publicação do Ordo
initiationis christianae adultorum (OICA/RICA), em 1972,
que reintroduz um itinerário de amadurecimento na fé e na
pertença eclesial muito próximo ao que existia na
antiguidade;
No período seguinte, as diversas instâncias magisteriais
continuariam insistindo na temática (EN 44; CT 43; DGC 8891; DAp 286-294).
Introdução
No Brasil, assistimos a um crescente movimento de
recuperação da catequese de adultos (CR 130);
Contudo, nos deparamos com o desafio de não poder aplicar
na íntegra o RICA, devido à grande diversidade pastoral que
temos em nossa experiência eclesial;
Os bispos decidiram, então, pelo aproveitamento dos
aspectos mais importantes do catecumenato tal como
previsto no RICA;
Em 2006, foi aprovado o Diretório Nacional de Catequese que
optou em motivar e afirmar a importância da catequese
inspirada no processo catecumenal (45-50).
Introdução
Em 2008, uma comissão foi nomeada para preparar um
esquema fundamental sobre o processo de inspiração
catecumenal;
Em 2009, os trabalhos da Comissão, foram publicados na
forma de estudo da CNBB (Estudos 97);
Isto revela o desejo de a Igreja no Brasil buscar novos
caminhos para a ação catequética e de reconhecer que a
inspiração catecumenal é uma exigência para a catequese
atual;
Tal catequese permitir-nos-á formar cristãos firmes, atuantes
e conscientes, na mudança de época em que, inclusive, a
opção religiosa é uma escolha pessoal e não simplesmente
uma tradição transmitida pelo núcleo familiar.
O Projeto
Em 2012, a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação
Bíblico-Catequética decide concretizar a perspectiva de ação
que havia sido prevista pelas DGAE 11-15;
Implica, para a melhor formação dos responsáveis
elaborar “um itinerário cateqúetico [...], assumido pela Igreja
Particular, com a ajuda da Conferência Episcopal, que não
se limite a uma formação doutrinal, mas integral, à vida
cristã” (DGAE 85);
Para tanto foi constituída a Equipe de elaboração do mesmo,
composta por: Dom Jacinto Bergmann, Pe. Décio Walker, Ir.
Marlene dos Santos, Ir. Marta Barbosa, Pe. Eduardo
Calandro, Pe. Jânison Sá e Pe. Abimar Moraes.
O Projeto
Além dessa equipe, participaram do processo de elaboração:
1) Os bispos referenciais;
2) O GREBICAT;
3) As Coordenações Regionais;
4) Alguns especialistas bíblico-catequéticos.
Tal participação foi solicitada em duas modalidades:
a) Apresentação de sugestões dos textos provisórios enviados
por email;
b) Reuniões de trabalho presenciais realizadas ao longo de
2013 e 2014.
O Projeto
A finalidade era que o Itinerário não fosse elaborado por uma
equipe de especialistas (modelo elitista), mas sim, com a
participação mais ampla possível e tendo em conta as
diferentes qualificações eclesiais (modelo comunional);
A equipe acolheu e avaliou todas as observações que foram
apresentadas, mas não incorporou todas;
A valorização da participação diferenciada foi muito rica e
imprescindível, contudo, acabou consumindo tempo à
preparação do Itinerário (três anos).
O Projeto
Nas primeiras reuniões de trabalho, a equipe assumiu alguns
desafios pastorais que a nortearam o Itinerário (DNC 14):
a) criar maior unidade e inspirar a pastoral da catequese das
igrejas locais;
b) fazer da Palavra de Deus o eixo principal;
c) fazer com que o princípio de interação fé e vida fosse
assumido;
d) valorizar a dimensão orante expressa tanto liturgia como
nas outras práticas cultuais individuais e/ou comunitárias.
O Projeto
e) valorizar o uso “autêntico” do RICA (Estudos 97 74-89);
f) valorizar a experiência com Jesus Cristo, na vida
comunitária;
g) resgatar a unidade dos sacramentos da IVC;
h) integrar aspectos das ciências da educação;
i) tornar efetiva a prioridade da catequese adulta e com
adultos.
O principal limite do Itinerário, desde o início, foi não
conseguir contemplar as “inúmeras, ricas e diferenciadas
realidades espalhadas no nosso imenso território brasileiro”;
Isso exige do “leitor ideal” um esforço semântico, capacidade
de adaptação e, até mesmo, caridade pastoral.
Objetivos gerais
O Itinerário objetiva:
1) Favorecer e despertar a conversão pastoral;
2) Promover e fortalecer as atitudes de fé;
3) Fazer conhecer “introdutoriamente” a mensagem
cristã;
4) Educar ao agir cristão;
Em síntese, ele quer suscitar a busca pela fé adulta
através “da ‘conscientização’ nos adultos, nos
adolescentes/jovens e nas crianças (cada um ao seu
modo e capacidade) da raiz batismal”.
Espírito e atitude de fundo
Exige as seguintes qualidades:
1) Simpatia e abertura de frente à cultura e o mundo de
hoje;
2) Inculturação e contextualização da fé na vida atual;
3) Evangelização como opção catequética prioritária;
4) Esforço para a renovação: em busca de uma fé pessoal,
madura, em função de um novo modelo de cristão, um
novo estilo de comunidade, um projeto renovado de
Igreja.
Estrutura do texto
A estrutura do texto foi sendo construída ao longo dos
três anos de trabalho e sofreu muitas reformulações;
Em linhas gerais, podemos afirmar que o esquema do
texto foi construído de “trás para frente” (parte III, II, I);
A primeira parte foi pensada, principalmente, para os
bispos e presbíteros, para que compreendam a beleza e a
urgência da proposta;
A segunda e a terceira partes têm um caráter mais
“prático” e visam auxiliar às igrejas locais no “como fazer”
uma catequese de inspiração catecumenal.
Introdução
A primeira parte intitula-se: Fundamentação bíblica,
teológica e pastoral;
Como dissemos, ela foi pensada, principalmente, para os
bispos e presbíteros, para que compreendam a beleza e a
urgência da proposta;
Apesar das DGAE preverem a elaboração de um
Itinerário e de confiarem às dioceses a preparação de
subsídios que estivessem mais próximo às ricas e
diferenciadas realidades pastorais brasileiras.
Introdução
Esta parte está dividida nas seguintes temáticas:
1) Fundamentação bíblico-cristológica;
2) Breve história do Catecumenato;
3) A catequese na mudança de época;
4) Catequese e anúncio do Evangelho;
5) Catequese a serviço da IVC;
6) A inspiração catecumenal;
7) A unidade dos sacramentos da IVC;
8) A formação de discípulos(as) missionários(as).
Bíblico-cristológica
Esta parte está sub-dividida em nove breves temáticas:
A intenção é apresentar como o catequista Jesus “instruiu
com a sua palavra mediante discursos, parábolas, ditos
sapienciais [...mas] ensinou também, com a sua original
atitude de acolhida, de compreensão e de valorização,
aos mais fragilizados” (p. 10);
Trata-se, portanto, de apresentar a catequese de Jesus
Cristo e sobre Jesus como essencial e integral, isto é,
como maturação e comunicação global da fé através do
anúncio de Jesus, da oração e ação sacramental da Igreja,
o serviço aos necessitados, a comunhão com Deus e as
irmãs e irmãos e o testemunho (p. 16).
Bíblico-cristológica
Destacamos a atenção que o texto dá ao complexo tema
da relação de Jesus com o pecado (p. 10-11) e os milagres
(p. 14-15). Ambos com grafia em itálico, proposital.
História do Catecumenato
Esta parte tem como objetivo fazer-nos perceber como as
diversas igrejas, nos primeiros séculos, compreenderam
e estruturaram a preparação à vida cristã;
O Catecumenato primitivo é apresentando como “um
aperfeiçoamento do propósito pessoal de conversão que
chegava ao seu ápice na experiência ritual da iniciação
cristã” (p. 17), na tríade ritual inseparável: banho
batismal, unção pós-batismal e participação à ceia (este
tema será recuperado);
O salto histórico é proposital (p. 19) e intenciona fazernos perceber como por “1500 anos estivemos vinculados a
um outro tipo de pastoral catequética”.
História do Catecumenato
A segunda parte, dedicada, ao catecumenato na
atualidade defende não a “reprodução literal” do RICA,
mas sim, da “inspiração catecumenal” como possível
caminho a ser seguido no atual contexto de “crise do
processo de socialização educativa, onde os mecanismos
de transmissão das crenças e dos valores tradicionais da
fé não funcionam” (p. 20).
Mudança de época
A terceira temática deixou-se guiar pela constatação
presente nas duas últimas DGAE’s e os estudos da 3ª
Semana Brasileira de Catequese;
Reconhecendo a complexidade de apresentar o novo
panorama da mudança de época (p. 21-22), recolhe
quatro traços principais (individualismo, hedonismo,
indiferentismo e cultura midiática);
Em meio a tantas incertezas e desafios, o texto termina
falando da catequese na mudança de época e não da
catequese da mudança de época;
Apontando na direção de uma “conversão pastoral” da
pastoral catequética em chave evangelizadora (p. 27-28).
Anúncio do Evangelho
Nos primeiros esquemas de trabalho, esta temática não
seria apresentada de forma destacada;
A principal motivação foi a publicação da EG, em
novembro de 2013;
A equipe decidiu por, partindo da convocação do
Concílio, indicar como a relação entre catequese e
anúncio do Evangelho está presente nas declarações dos
últimos pontífices;
“Na variedade das expressões, podemos falar de um
consenso na Igreja atual, no individuar a identidade da
catequese em torno de três polos essenciais de
referência: a Palavra de Deus, a fé e a Igreja” (p. 32).
Anúncio do Evangelho
As afirmações do Papa Francisco reforçam a urgência da
“conversão pastoral” e convidam a “‘repensar’ e executar
de maneira nova a atividade catequética em nossas
comunidades e igrejas locais” (p. 35);
Ao propor uma catequese querigmática e mistagógica
(EG 163-168), a exortação apostólica descortina a IVC
como tarefa fundamental de nossa atividade pastoral.
Serviço da IVC
“Dedicada à tarefa de Iniciação à Vida Cristã, a catequese
deverá procurar acentuar a centralidade da pessoa de
Jesus Cristo. Fazendo nascer naquele que está sendo
iniciado o desejo de viver como Jesus viveu, de mudar de
vida, de se integrar ao grupo catequético e à comunidade
eclesial, descobrindo gradativamente o plano divino da
salvação do Pai, no seu Cristo, realizado mediante a
Igreja para todo o gênero humano” (p. 36-37).
O principal objetivo desta catequese será a promoção da
“fé adulta” a partir das Escrituras e da experiência
comunitária no hoje de nossa história.
Serviço da IVC
É fundamental, para tanto, o envolvimento da
comunidade eclesial que se “materializa” no catequista,
no grupo de catequese, na família, nos demais membros
da comunidade de fé, etc.
Inspiração catecumenal
Esta temática visa fazer-nos perceber qual é o autêntico
papel do RICA no processo catequético;
“Assumir a inspiração catecumenal permite-nos um
retorno as origens, revalorizando uma lição catequética
histórica de valores tradicionais por longo tempo
esquecidos [...] recorda-nos que a opção cristã deve ser
feita com responsabilidade, empenho e avaliada pela
comunidade de fé com o devido rigor [...] exigindo
tempo, progressividade, atitudes e comportamentos” (p.
42).
Unidade sacramental
Esta parte destina-se a refletir sobre “um itinerário
catequético que promova a experiência sacramental
como uma progressiva conformação da vida do
catequizando a Cristo” (p. 43);
A fim de entendermos que o único e grande sacramento
é a Vida Cristã (Raiz batismal);
Convidando a uma catequese que beba da prática
sacramental e, ao mesmo tempo, alimente-a para além
do momento da IVC;
Segue-se (em subdivisão) uma breve reflexão sobre as
relações entre Batismo e Eucaristia (duas faces de uma
mesma moeda).
Unidade sacramental
E uma (um pouco mais longa)
sobre a
Crisma/Confirmação. Aqui a principal temática é a do
aperfeiçoamento mediante o dom do Espírito batismal;
“Batismo, Crisma/Confirmação e Eucaristia formam uma
grande unidade na pluralidade das experiências
sacramentais de Iniciação à Vida Cristã” (p. 46).
Discipulado missionário
Nota-se fortemente a influência da proposta de
Aparecida, nesta temática;
É um ponto de forte diálogo com o Concílio Vaticano II
(vejam-se as notas), que intenciona afirmar que a IVC
não é uma tentativa de “imposição pastoral” de
catequistas e especialistas, mas sim, é uma das estradas
que nos foram apontadas pelo Concílio;
Destaca-se: 1) a mudança de perspectiva quando o
candidato-tipo da catequese é definido como “a pessoa
capaz de professar uma fé adulta”; 2) como o discipulado
missionário é a “alma” de cada tempo da IVC (cf. p. 4849).
Discipulado missionário
Uma mudança de perspectiva encontra-se no terceiro
tempo não mais chamado de purificação/iluminação
(Estudos
97
84-85),
mas
sim,
de
iluminação/purificação;
Tal mudança foi pensada para acentuar a dimensão da
eleição como dom gratuito de Deus que se acolhe,
mediante a comunidade eclesial e não como fruto dos
“esforços purificantes” do catequizando/catecúmeno;
A IVC é uma luz divina terapêutica que irradia sobre o
eleito o purifica e o capacita paro discipulado
missionário (“fui eu que vos escolhi”...).
Alguns elementos
Intitula-se: Orientações para uma ação pedagógico-pastoral
no processo de IVC;
São apresentadas 4 grandes orientações que norteiam a
construção dos itinerários segundo as idades e que ajudam as
dioceses a planejar e agir:
1) Distinção entre “catequizandos” e “catecúmenos” e
necessidade das devidas adaptações (cf. Estudos 97 111-113);
2) Constituição da Comissão de IVC (diocesana, paroquial,
etc.). Atenção às responsabilidades (!!);
3) Os ministérios (destacamos: comunidade, bispo,
presbítero e equipe de celebrações);
4) Dimensão festiva (“cara de vinagre”...).
Introdução
Aqui estão os itinerários propriamente ditos, mas é,
principalmente, onde melhor se percebe a opção pela
catequese adulta (candidato-tipo);
Tal mudança de cenário, não é só quantitativa, mas
qualitativa, pois propõem não só uma catequese com os
adultos, mas uma catequese adulta.
Linhas estruturantes
Os itinerários tentam levar em conta as mudanças sócio-
culturais que foram apresentadas (mudança de época);
Levam em conta a dinamicidade acelerada, o aumento das
fontes de conhecimento, pluralismo cultural e ideológico,
mobilidade, dentre outras;
Tentam acentuar o caráter dinâmico e aberto da maturidade
humana que comporta a necessidade de uma contínua
formação e aprendizagem;
Não distinguem de maneira rígida os “sujeitos educandos”
dos “educados”;
Intencionam a promoção qualitativa, paciente e progressiva
de fiéis adultos e responsáveis na Igreja hoje.
Revisão da pastoral sacramental
O Documento de Aparecida afirma:
“Uma comunidade que assume a iniciação cristã renova sua
vida comunitária e desperta seu caráter missionário. Isso
requer novas atitudes pastorais por parte dos bispos,
presbíteros, diáconos, pessoas consagradas e agentes de
pastoral” (291);
E mais:
“Assumir essa iniciação cristã exige não só uma renovação de
modalidade catequética da paróquia. Propomos que o
processo catequético de [...] iniciação cristã seja assumido
[...] como a maneira ordinária e indispensável de introdução
na vida cristã e como a catequese básica e fundamental”
(294).
Revisão da pastoral sacramental
Partindo
dessas afirmações queremos olhar para os
Itinerários Catequéticos, apontando algumas pistas para a
revisão das práticas de pastoral sacramental à luz deles.
Estrutura geral
1) Acolhida pastoral: não burocrática, primeiro momento
de diálogo sobre a situação pessoal, suas motivações e sua
vida de fé;
2) Encontros pessoais: que aprofundem o diálogo sobre a
situação pessoal, suas motivações e a experiência
sacramental;
3) Encontros comunitários: de qualidade afetiva e
doutrinal, que aprofundem o conteúdo, a relação dialógica e
motivem à participação eclesial;
4) Discernimento: momento de revisão de atitudes, de
decisão pelo sacramento, de petição formal, de aceitação das
responsabilidades inerentes ao sacramento.
Estrutura geral
5) Preparação imediata: momento dedicado, sobretudo, a
catequese mistagógica, ao conhecimento dos símbolos do
sacramento, a preparação e participação na celebração
litúrgica, à oração que deriva da experiência sacramental;
6) Celebração comunitária: com atitude ativa e alegre,
agradecida a Deus e aberta à participação de toda a
comunidade eclesial;
7) Continuidade: que desemboque no seguimento pessoal
através das ajudas necessárias que a comunidade eclesial
oferece ao interlocutor (neófitos).
Estrutura geral
Como podemos notar, esta estrutura pastoral mantém as
sequências fundamentais do processo catequético de
inspiração catecumenal;
Podemos distinguir diversas etapas que possibilitam a
realização das diversas dimensões do processo:
a) Dimensão doutrinal: educação da fé por meio da
catequese;
b) Dimensão moral: mudança de atitude e de
comportamento;
c) Dimensão litúrgica: oração e celebração comunitária e
participada.
Estrutura geral
Tal
estrutura pastoral evita os diversos radicalismos
(sacramentos para todos – sacramentos para poucos),
optando por uma via média:
Nem celebração indiscriminada, nem negação radical, mas
sim, evangelização, catequese, preparação necessária,
em vista do despertar, do alimentar, do educar ou renovar a fé
dos interlocutores e da comunidade inteira, provocando a
autêntica celebração dos sacramentos.
A IVC com adultos
Este é o paradigma pastoral de toda IVC e, portanto, o
modelo de referência para o qual todas as outras iniciativas
devem olhar para discernir sobre seus alcances e limites;
Propomos algumas possibilidades de aplicação:
1) Catecúmenos: situação própria para o qual se destina o
RICA, onde adultos que se convertem, pedem para serem
iniciados na fé cristã;
2) Adultos já batizados: prevista no Capítulo IV do RICA,
onde as diversas etapas catecumenais são seguidas até
culminar nos sacramentos da confirmação e da eucaristia,
implicando, assim, uma renovação mesma do batismo.
A pastoral do batismo infantil
Não querendo negar a importância e o valor desta prática
secular,
é preciso considerá-la como princípio
desencadeador e que exige a continuidade iniciadora;
Ao integrá-la ao projeto de catequese de inspiração
catecumenal, é preciso pensa-la enquanto primeiro passo da
IVC e fundamento do edifício iniciático;
Para isto seriam necessários:
1) inserir tal pastoral dentro do “projeto” de IVC;
2) pensa-la como pastoral de preparação que promova um
“processo catecumenal” para os pais;
3) repensar a preparação dos agentes de pastoral do batismo
de maneira que sejam capazes de iniciar tal “processo”.
A pastoral do batismo infantil
Um dos grandes desafios parece ser que para muitos ele é,
ainda, o batismo de “referência fundamental”;
Daí resulta uma tensão desagradável entre uma espécie de
serviço de “administração pública” do sacramento e a atitude
de evangelização missionária;
Ver-se obrigado a celebrar é muito perigoso pois nos conduz à
insensibilidade e ao desânimo do “funcionário religioso” (EG
81-83);
A iniciação à vida eucarística
Este é um “espaço pastoral” que necessita de uma importante
revisão (festa familiar e social);
A revisão deve ir na direção da evangelização dos pais e da
família e das próprias crianças;
Sugerimos alguns meios que consideramos mais coerentes e
eficazes com o Itinerário Catequético:
1) Oferecer aos pais um “mini processo catecumenal”
(durante o tempo da eleição dos filhos?) adaptado às suas
realidades, com o objetivo de renovar a sua fé batismal
(Itinerário com adultos);
2) Envolver a família inteira no processo de catecumenal dos
filhos, provocando-os a assumirem com interesse a tarefa de
“igreja doméstica”.
A iniciação à vida eucarística
Com as crianças, sem pretender que façam um catecumenato
em sentido estrito, o Itinerário propõe uma caminhada
programada, ordenada, espaçada que visa suscitar neles a
experiência da fé e da comunidade;
Por isso, este Itinerário tem em conta os seguintes aspectos:
1) progressividade e etapas (ao menos x meses);
2) catequistas preparados e capazes de envolver os pais;
3) equilíbrio harmônico entre: catequese, símbolos e
celebrações, experiências de encontros comunitários, obras
de justiça, amor e verdade;
Tal Itinerário deve-se explicitar e significar numa espécie de
“caminhada simbólica”.
A iniciação à vida eucarística
Em linhas gerais o Itinerário com crianças intenciona a:
1) Iniciação à vida de oração em família;
2) Crescente familiaridade com a Palavra de Deus;
3) Primeira participação ativa na liturgia;
4) Progressiva experiência do perdão;
5) Renovação do batismo;
6) Iniciação à vida eucarística;
Tanto com os pais quanto com as crianças, é preciso fazer-
lhes compreender que a IVC é um processo que não termina
com a vivência eucarística;
Por isso, criar uma consciência de continuidade é um
elemento intrínseco a este Itinierário (em vista do seguinte).
Pastoral da Confirmação
O sacramento da Confirmação não é um acontecimento
isolado ou ato religioso pontual e transitório, mas sim, a
cristalização de uma realidade vital , sinal privilegiado de
um processo, momento importante de um dinamismo de
introdução na vida de Cristo e da comunidade adulta na fé;
Portanto, somente quando existe uma comunidade adulta na
qual a fé, o amor e a esperança se realizam, adquire sentido o
processo de complementum da VC iniciado desde a infância;
No Itinerário com adolescentes/jovens, a Confirmação
começa antes mesmo da celebração ritual, uma vez que o
interlocutor é motivado a preparar-se e está dinamicamente
orientado a este sacramento.
Pastoral da Confirmação
O Itinerário baseia-se no ensinamento do Magistério sobre o
“votum sacramenti”, isto é, o catequizando participa da graça
do sacramento de modo antecedente, ainda que não tenha
chegado, ainda, a celebra-lo diante da comunidade adulta;
O Itinerário com adolescentes/jovens supõe que a
comunidade se comprometa com eles, em função de uma
vivência eucarística da comunidade adulta;
O Itinerário visa, portanto, oferecer um percurso aonde a
assembleia cristã, que não negou a participação à eucaristia
dos seus membros pequenos, oferece-lhes agora uma
participação plena, no exercício dos seus direitos e deveres.
“Re-iniciação”
Finalmente, outra situação em que deve aplicar-se o processo
catequético de inspiração catecumenal é aquela de adultos já
batizados, confirmados e eucaristizados que, num momento
de sua vida, desejam renovar sua fé e seu batismo;
Neste caso, por “analogia catecumenal” podemos seguir o
processo catecumenal com todas as suas etapas e realizar a
maioria dos ritos que compõe o processo (excetuando os ritos
sacramentais).
“Re-iniciação”
Contudo, tais pessoas que querem recomeçar são diversas.
Tal diversidade não é um simples fato prático, mas tem um
valor teórico-pedagógico;
Elencamos como são as pessoas que querem recomeçar:
1)Não tem passado cristão e não tem nem mesmo uma base
sobre a qual construir a re-iniciação;
2) Tiveram ou tem um contencioso com Deus e, mais ainda,
com a Igreja;
3) Tem alguma experiência religiosa, conhecimentos,
recordações, atitudes cristãs.
“Re-iniciação”
4) Ignoram todas as crenças ou celebrações cristãs;
5) Recém convertidos que tem ardor por causa da nova
adesão;
6) Não sabem bem se creem e se interrogam sobre como
reconhecer a existência da fé;
7) Fascinados por Deus e por seu mistério, mas distante da
Igreja;
8) Crentes em Deus que desejam reconstruir as relações com
a instituição eclesial de uma outra forma;
Ainda que diversas, todas estas pessoas merecem nossa
aproximação, para propor um itinerário de re-iniciação.
A re-iniciação como teste à IVC
A distinção que podemos fazer entre quem começa e quem
recomeça tem um interesse teológico pastoral, pois nos faz
compreender melhor como está o itinerário iniciático nas
suas insuficiências próximas ou remotas;
A re-iniciação ajuda, portanto, a compreender e a realizar a
IVC, ao mesmo tempo, a experiência de IVC orienta o modo
de re-iniciar;
Por isso, a proposta feita aqueles que recomeçam é, mais ou
menos, a mesma que é feita aos não batizados (Itinerário com
catecúmenos adultos).
A originalidade da re-iniciação
A originalidade da re-iniciação pode ser encontrada em
quatro âmbitos diversos, mas complementares:
1) O passado vivido – muitos desses querem fugir dele, pois
foram feridos pela vida ou pela Igreja. Recomeçar a crer está
orientado verso o futuro, mas isto supõe o reconhecimento
do passado numa dimensão de reconciliação consigo mesmo,
com os outros, com Deus. Não raramente, os próprios textos
bíblicos ou certas questões ligadas ao mistério cristão
suscitam recordações negativas e sentimento de culpa. Um
acompanhamento lúcido deve ser promotor dessa
experiência de reconciliação.
A originalidade da re-iniciação
2) Respeito pelo recomeço – existe no passado uma
experiência infeliz. O processo de re-iniciação não deve ser
marcado pela obsessão pelo passado, mas pela busca do
futuro, a possibilidade de recomeçar. A evocação do passado é
indireta, fruto do desejo de abrir um novo espaço e um novo
caminho. Tal caminho vai de Deus a Jesus e por fim à Igreja.
Re-iniciar não significa reintegrar à Igreja, mas significa
explicar ou re-explicar o evangelho para que a fé evangélica se
faça, pouco a pouco, fé eclesial.
A originalidade da re-iniciação
3) A ritualidade – ainda que as celebrações da re-iniciação
sejam análogas à IVC, todavia, não se falará de ingresso na
Igreja (fazem já parte). Seria interessante uma comemoração
ou atualização da confirmação que permita a assimilação
mistagógica daquela pertença que não havia encontrado a
sua densidade. Evite-se a celebração imediata da
Reconciliação, pois, não é de “perdão” que o re-iniciado
precisa, mas sim, de fé, da Palavra de Deus que dê sentido à
sua vida.
A originalidade da re-iniciação
4) Duração limitada – assim como a IVC, a re-iniciação deve
ter um fim. Isto é essencial para que se configure que o
processo está encerrado e agora é preciso passar a um outro
regime de vida cristã. A limitação de tempo é uma das
condições para a intensidade do processo de re-iniciação.
Assim como deve existir um início claro, instituído, é preciso
uma conclusão de modo claro e, preferencialmente,
eclesialmente reconhecida que poderia ser uma profissão
pública e solene da fé, acompanhada da imposição das mãos
(confirmatio antiga) com retorno à mesa eucarística.
Urgências pastorais
1) Formação continuada para a comunidade, o clero e os
catequistas;
2) Compreensão da importância da catequese na ação
evangelizadora da Igreja;
3) Valorização da dimensão celebrativa no processo
catequético;
4) Promoção da inter-relação entre o grupo catequético e a
comunidade eclesial;
5) Promoção da unidade dos sacramentos de Iniciação à Vida
Cristã;
6) Articulação entre o processo catequético e a participação
na missão da comunidade eclesial.