Sétima edição - Serviço Técnico de Caracterização de

Transcrição

Sétima edição - Serviço Técnico de Caracterização de
1
Curso de
Especialização em
Gestão Ambiental
e Negócios no
Setor Energético
Environmental Management
and Energy Sector Business
Specialization Course
Objetivo
Capacitar profissionais para analisar, avaliar, controlar, planejar,
estruturar e implementar projetos, de forma eficaz e eficiente, com
base nos modernos conceitos de gestão ambiental, a partir de
uma visão integrada das áreas de Energia e de Meio Ambiente,
em seus aspectos técnicos, legais, institucionais, comerciais e
organizacionais, face à crescente importância estratégica e
operacional dessas áreas.
Objective
Enable Professional to analyze, evaluate, control, plan, organize
and implement projects, efficiently and incisively, based on the
modern concepts of environmental management, with an integrated
view of the Energy and the Environmental areas, in its technical,
legal, institutional, commercial and organizational aspects, front to
the increscent strategic and operational importance of these areas.
Realização/Organizationn
Informações/Information
Tels.: (55 11) 3091-2649,
3091-2650 e 3091-2654
Fax: 3091-2653
[email protected]
www.iee.usp.br/latosensu
Inscrições/Registration
Até 19/12/2009
Until 12/19/2009
Sumário/Summary
Capa/Cover
O Brasil está na rota da energia do futuro
Brazil towards the energy of the future
Páginas 6 a 11
Pages 12 to 16
Fotos / Photos: NREL e Novozymes
Editorial................................................... 5
Entrevista/Interview
Marcos Jank, presidente da Unica: ‘Precisamos
de uma matriz energética bem-definida’.......... 37
Marcos Jank, Unica CEO: ‘We need a well
defined energy matrix’................................. 41
Meryellen Duarte
Empresas Modernas/Modern Companies
Novozymes: enzimas para a próxima geração
dos biocombustíveis.................................... 17
Novozymes: enzymes for the next biofuels
generation ................................................. 19
Projetos do Cenbio/Cenbio Projects
‘Workshop’ Bioenergia: desafios e
oportunidades de negócios .......................... 21
Workshop Bioenergy: challenges and business
opportunities ............................................ 31
Amorim Leite
Meio Ambiente/The Environment
Em discussão, o efeito indireto da mudança do
uso da terra ............................................. 27
Under discussion, the indirect effect of land use
change ...................................................... 29
Artigo/Article
Ésteres de ácidos graxos na Europa:
tendências de mercado e perspectivas
tecnológicas.............................................. 45
Fatty acid esters in Europe: market trends and
technological perspectives............................ 50
Agenda
Programe-se para os próximos eventos.......... 55
Include the next events in your schedule........ 55
3
Editora
Editor
Suani Teixeira Coelho
Universidade de São Paulo (USP)
Instituto de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo (IEE-USP)
Centro Nacional de Referência em
Biomassa (Cenbio)
Conselho Editorial
Editorial Board
José Goldemberg
Universidade de São Paulo (USP)
Instituto de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo (IEE-USP)
Daniel Pioch
Centro Internacional de Pesquisas
Agrícolas para o Desenvolvimento
(Cipad) - Montpellier/França
Eric D. Larson
Universidade de Princeton/USA
Fernando Rei
Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo (Cetesb)
Francisco Annuatti Neto
Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade (USP)
Frank Rossilo-Calle
King´s College London/Inglaterra
Helena Chum
National Renewable Energy
Laboratory/USA
José Roberto Moreira
Universidade de São Paulo (USP)
Biomass Users Network
Centro Nacional de
Referência em Biomassa
Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289
Cid. Universitária
CEP 05508-010, São Paulo, SP, Brasil
Tel. (11) 3091-2649
http://cenbio.iee.usp.br
Luiz Augusto Horta Nogueira
Universidade Federal de Itajubá (Unifei)
Luiz Gonzaga Bertelli
Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp)
Sérgio Peres
Universidade de Pernambuco (UPE)
Equipe de Produção Editorial
Publishing team of Production
Cristiane Lima Cortez
Fernando Saker (assistente)
Sandra Apolinario
Sílvia Maria González Velázquez
Jornalista Responsável
Journalist in Charge
Amorim Leite MTb 14.010-SP
Reportagem e Redação
Editing
Amorim Leite
Jane Dias
Victor Bianchin
Projeto Gráfico
Graphic Design
Carolina Amorim
Editoração Eletrônica
Art
Cristiane Martins Carratu
Preparação de Texto
Text Organization
Amorim Leite
Tradução para Inglês e Português
Translation from and into English
Mª Cristina V. Borba
Ministério de Minas e Energia
www.mme.gov.br
A Revista Brasileira de Bioenergia, ISSN 1677-3926, é uma publicação trimestral do
Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), patrocinada pelo Ministério de
Minas e Energia Projeto MME Projeto Fortalecimento n° 1406 - Convênio n° 07/
2005, e distribuída para ministros de estado, senadores, governadores, deputados federais, prefeitos, deputados estaduais, diretores de agências reguladoras, secretários
estaduais de meio ambiente e energia, cientistas, empresários e especialistas em meio
ambiente e energia. As opiniões emitidas nas entrevistas e artigos são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição de seus editores. É
permitida a reprodução parcial ou total das reportagens, desde que citada a fonte.
The Revista Brasileira de Bioenergia, ISSN 1677-3926, is a quarterly publication of the
Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio), sponsored by Ministério de Minas e
Energia Projeto MME Fortalecimento nº1406 – Convênio nº 07/2005, and is distributed
to federal government ministers, senators, deputies, federal legislators, mayors, state
legislators, heads of regulatory agencies, state environmental and energy secretaries,
scientists, businesspeople and specialists in energy and the environment. The opinions
expressed in the interviews and articles are those of their authors and do not necessarily
reflect the position of the editors. Partial and or total reproduction is permitted as long
as the source is cited.
Impresso por/Printed by
Arvato do Brasil
Tiragem/Press run
10.000 exemplares/10,000 copies
Editorial
UM PASSO
A STEP
A FRENTE
AHEAD
A
B
segunda geração dos biocombustíveis é o tema principal da
sétima edição da Revista Brasileira de Bioenergia. No Brasil, a
exemplo do que ocorre em todo o mundo, pesquisadores trabalham para aprimorar tecnologias e processos de produção que possam reduzir custos e tornar competitivos os novos combustíveis obtidos a partir
da celulose presente em resíduos como o bagaço e palha da cana-de-açúcar, entre outros. Com eles, será possível, por exemplo, aumentar significativamente a produção sem a necessidade de ampliar a área plantada.
Considerada uma revolução em termos de redução das emissões dos
gases de efeito estufa e da dependência do petróleo, a nova geração ainda
apresenta desafios. No caso brasileiro, que já tem matéria-prima disponível para o etanol de segunda geração, o desafio é aprender a desconstruir
a estrutura da celulose de maneira eficiente – e econômica – para obter os
açúcares fermentáveis que darão origem ao combustível. A hidrólise
enzimática, via mais pesquisada atualmente para a produção do nosso
biocombustível de segunda geração, utiliza enzimas, que ainda têm custo
elevado, para quebrar a estrutura da celulose em moléculas fermentáveis.
Mas o Brasil, que já domina o processo de obtenção do etanol tradicional, apresenta uma vantagem interessante: a possibilidade de integrar os
dois processos, como diz Franziska Müller-Langer, chefe do Departamento de Biocombustíveis do DBFZ, Centro Alemão de Pesquisa em Biomassa:
“Seria preciso um passo a mais: a hidrólise do material lignocelulósico. A
fermentação e a destilação poderiam ser feitas nos equipamentos que as
usinas já têm para o etanol tradicional, reduzindo custos”. Além disso, o
feedstock (bagaço) já está disponível na usina sem custos adicionais.
Pesquisadores e especialistas concordam que, quando se fala de etanol
de segunda geração, é importante pôr de lado a visão imediatista e pensar
a médio e longo prazos, pensar num petróleo cada vez mais caro, no fim
da crise econômica, na derrubada de barreiras protecionistas que prejudicam
as exportações brasileiras, e no suprimento energético das futuras gerações.
Em Araucária (PR), os pesquisadores da Novozymes buscam a melhor
enzima (ou mistura de enzimas), a melhor tecnologia, o melhor procedimento para a produção do etanol de bagaço de cana, considerando sempre
o custo-benefício (ver seção “Empresas Modernas”).
A presente edição da Revista Brasileira de Bioenergia também discute
os efeitos indiretos da mudança do uso da terra, tema que, segundo o
engenheiro agrônomo André Nassar, diretor-geral do Instituto de Estudos
do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), tornou-se supervalorizado ao ser incluído pelos Estados Unidos e União Europeia na legislação que trata de biocombustíveis e da redução de emissões de gases do
efeito estufa.
Outro tema para o qual chamo sua atenção, leitor, é o workshop
Bionergia: desafios e oportunidades de negócios. Organizado pelo Cenbio,
o evento contou com a presença e participação de nomes importantes da
área de bionergia do Brasil. Os detalhes de cada um dos seis painéis podem
ser conferidos a partir da pág. 21.
Boa leitura!
Suani Teixeira Coelho
Editora
Coordenadora do Centro Nacional
de Referência em Biomassa (Cenbio)
Instituto de Eletrotécnica e Energia
Universidade de São Paulo
iofuels’ second generation is the theme of the seventh issue
of the Revista Brasileira de Bioenergia. In Brazil, as an
example of what goes on in the world, researchers work to
enhance technologies and production processes that may reduce costs
and make competitive the new fuels obtained from the pulp found in
wastes such as sugar cane bagasse and straw, among others. With
them, it will be possible, for example, to significantly increase production without the need to expand the cultivated area.
Considered a revolution in terms of greenhouse gases emissions
reduction and of oil dependency, the new generation still poses some
challenges. In the Brazilian case, in which the feedstock is already
available for second-generation ethanol, the challenge is to learn
how to deconstruct the pulp structure efficiently – and economically –
to obtain the fermentable sugars which will originate the fuel. The
enzymatic hydrolysis, the most researched way for producing our
second-generation biofuel today, uses enzymes, which are still very
costly, to break the pulp structure down into fermentable molecules.
But Brazil, which already controls the process for obtaining
traditional ethanol, presents an interesting advantage: the possibility
of integrating the two processes, as says Franziska Müller-Langer,
head of the DBFZ Biofuels Department, German Biomass Research
Center: “A step ahead would be necessary: the hydrolysis of the
lignocellulosic material. Fermentation and distillation could be
conducted in the equipment the plants already use for traditional
ethanol, reducing costs”. Besides, the feedstock (bagasse) is already
available at the plant at no additional costs.
Researchers and specialists agree that, as far as second-generation
ethanol is concerned, it is important to set aside the immediatist view
and to think of the medium to long-term, to think of ever more costly
petroleum, of the end of the economic crisis, of pulling down protectionist barriers that hinder Brazilian exports, and of the energy supply
for future generations.
In Araucária (PR), the Novozymes researchers seek the best
enzyme (or enzymes mix), the best technology, the best procedure
for producing sugar cane bagasse ethanol, always considering the
cost-benefit ratio (see section “Modern Companies”).
The present issue of the Revista Brasileira de Bioenergia also
discusses the indirect effects of the changes in land use, a theme that,
according to agronomical engineer André Nassar, general director of
Icone (Institute for International Trade Negotiations), was overvalued
when included by the United States and the European Union in the
legislation concerned with biofuels and with greenhouse gases emissions
reduction.
Another theme I call your attention to, dear reader, is the workshop Bioenergy: challenges and business opportunities. Organized
by Cenbio, the event counted on the presence and participation of
important names in the bioenergy area in Brazil. The details on each
of the six panels can be verified as from page 31.
Enjoy your reading!
Suani Teixeira Coelho
Editor
Coordinator of the Brazilian Reference
Center on Biomass (Cenbio)
Institute of Electrotechnics and Energy
Universidade de São Paulo
5
Capa
O BRASIL ESTÁ NA ROTA DA
ENERGIA DO FUTURO
Pesquisadores trabalham para encontrar modelo econômico que torne viável a
utilização da celulose do bagaço e da palha da cana-de-açúcar para aumentar a
produção de etanol com menor expansão da área plantada e sem causar
impactos adicionais ao ambiente
Santelisa Vale
Evolução
tecnológica:
segunda geração de
biocombustíveis
pode reduzir
emissões de gases
do efeito estufa e
dependência do
petróleo
6
N
o futuro, será possível aumentar consideravelmente a produção de biocombustíveis sem plantar um único
hectare a mais, sem a necessidade de consumo
extra de insumos agrícolas como herbicidas e
adubos. Quando essa tecnologia estiver disponível comercialmente, o etanol não será mais
produzido de cana-de-açúcar ou de milho, por
exemplo, mas da celulose presente em resíduos
como o bagaço e a palha da cana, que hoje não
são utilizados para esse fim. Vem aí a segunda
geração dos biocombustíveis, considerada uma
evolução em termos de tecnologias mais eficientes para reduzir as emissões de gases do efeito
estufa e diminuir a dependência do petróleo.
Como em tudo que é inovador, os desafios
ainda existem. Em todo o mundo, pesquisadores trabalham para aprimorar tecnologias e processos de produção que possam reduzir custos e tornar os biocombustíveis de segunda
geração competitivos em relação aos tradicionais, como o etanol de primeira geração. O inte-
Agosto/August 2009
Capa
Fotos: Udop
resse não é menor no Brasil, apesar de o País já
contar com um biocombustível comprovadamente sustentável e dominar a tecnologia de
sua produção.
“Os biocombustíveis tradicionais têm sofrido críticas severas nos últimos anos, parte pela
falta de viabilidade econômica em países industrializados e parte pelos impactos negativos,
sociais e ambientais atribuídos a eles”, diz a engenheira mecânica Franziska Müller-Langer,
chefe do Departamento de Biocombustíveis do
DBFZ, Centro Alemão de Pesquisa em Biomassa. “A segunda geração, que carrega a expectativa de aumentar a provisão de energia sustentável a partir da biomassa para o setor de transportes, pode ser produzida a partir de uma variedade maior de matérias-primas, como grama,
lixo, estrume, palha, resíduos florestais e a planta
inteira. Nesse caso, aumentaria a disponibilidade de biomassa por hectare de terra que poderia ser convertida em biocombustível.” Na verdade, dentre os biocombustíveis tradicionais,
o etanol de cana é o que apresenta menos impactos ambientais na sua produção, mas certamente os de segunda geração serão mais eficientes.
A princípio, os impactos da produção de
biocombustíveis de segunda geração sobre o
ambiente serão menores. Estudos mostram que
as emissões de gases do efeito estufa, especialmente as relacionadas à produção da matériaprima, devem diminuir. No entanto, alerta
Franziska, no que é apoiada por vários outros
pesquisadores, ainda não existem plantas em
escala comercial em operação.
ríamos a 12 mil, 15 mil litros por
ha. Numa condição mais realista, já que toda nova tecnologia
passa por um processo de aperfeiçoamento, poderemos aumentar progressivamente a produtividade.”
O etanol não precisa, necessariamente, ser utilizado como
combustível, embora esse seja,
hoje, o principal uso do produto
no Brasil. “Cerca de 85% do nosso mercado de etanol é o doméstico de combustíveis. Do que
sobra, temos uma parcela que vai
para exportação e outra para aplicação industrial em cosméticos,
perfumes, tintas, solventes e
aditivos para alimentação, como o vinagre”,
enumera Szwarc. “E o uso de etanol para a produção de plásticos está apenas começando.”
Doutora em Engenharia Química, Patrícia
Matai, da Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo (USP), entende que as pesquisas
para a produção de biocombustíveis de segunda geração devem resultar também em produtos destinados à indústria petroquímica, dependente do petróleo. “Muita pesquisa ainda precisa ser feita, mas, se conseguirmos, por exemplo, produzir eteno a partir da gaseificação da
biomassa lignocelulósica, poderemos suprir um
gargalo”, diz. “O eteno é um gás precursor dos
plásticos. Ele tem larga utilização na indústria, é
muito importante na produção de PVC,
polietileno e PET”, explica.
AUMENTO DE PRODUTIVIDADE
VÁRIOS
O etanol de cana-de-açúcar é o principal
biocombustível de primeira geração. É competitivo e produzido de maneira sustentável. “Uma
etapa adicional seria aproveitar os resíduos que
hoje não são usados, como o bagaço e a palha,
para também produzir etanol, aí o de segunda
geração, e aumentar a produtividade”, diz o
engenheiro mecânico e ambiental Alfred Szwarc,
consultor de Emissões e Tecnologia da União
da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). Segundo Szwarc, se já existissem processos capazes
de fazer a conversão da celulose em açúcares
fermentáveis de forma econômica, seria possível praticamente dobrar a produção na mesma
área de terra. “Imaginando uma situação ideal,
se hoje 1 ha produz entre 80 e 90 t de cana e, a
partir daí, perto de 7 mil litros de etanol, chega-
As perspectivas são boas e existem várias
iniciativas, tanto no Brasil como no exterior, para
produzir etanol a partir de materiais celulósicos,
tais como bagaço e palha de cana, e também
por meio de lixo e resíduos domésticos. As pesquisas ocorrem no mundo inteiro, cada uma
segue um caminho próprio e até as matériasprimas são diferentes. “O processo de produção de etanol de segunda geração desenvolvido para a madeira, como está sendo pesquisado
no Canadá e na Suécia, não é necessariamente
o melhor para o bagaço”, exemplifica Szwarc.
“Esses processos são muito customizados, são
como ‘alfaiataria’, feitos quase sob medida, mas,
com certeza, com custos e produtividade diferenciados.”
Se o Brasil já possui os melhores produto-
Boas perspectivas:
no Brasil e no
exterior já há
iniciativas para se
produzir etanol a
partir de materiais
celulósicos, como
bagaço e palha de
cana
CAMINHOS
7
Capa
res de etanol sustentável do mundo e se estão
resolvidas todas as questões importantes de
logística, incluir o etanol de segunda geração
nas usinas já existentes é um passo lógico. Esse
é o argumento do engenheiro químico Jaime
Finguerut, gerente de Desenvolvimento Estratégico Industrial do Centro de Tecnologia
Canavieira (CTC), organização privada de pesquisa que se dedica à cadeia da cana-de-açúcar, do desenvolvimento de variedades mais
produtivas à produção nas usinas. “É uma opção muito melhor do que expandir para áreas
que tenham fertilidade menor, em que a logística
não está resolvida e própria cultura da cana não
está suficientemente desenvolvida”, diz. “É uma
questão de custo-benefício. Os resíduos que já
existem hoje serão aproveitados.”
VISÃO
Patrícia Matai, da
USP: “Pesquisas para
a produção de
biocombustíveis de
segunda geração
devem resultar
também em
produtos para a
indústria
petroquímica”
8
A LONGO PRAZO
O custo do novo processo é o ponto central nos debates. A produção em escala comercial está ligada não apenas à tecnologia para a
obtenção do etanol de segunda geração, mas,
principalmente, à demanda pelo produto. “Se
apenas o Estado americano da Califórnia, por
exemplo, que recentemente considerou o etanol
de cana a melhor opção em termos de
sustentabilidade e viabilidade para substituir a
gasolina, decidir comprar do Brasil, vamos ter
de dobrar, triplicar nossa produção”, diz Finguerut. “Com o etanol de segunda geração vamos ter condições para isso. Provavelmente,
vai ser a melhor opção possível. Não a única,
mas melhor do que fazer uma usina em Goiás ou
Mato Grosso, onde ainda temos espaço.”
O gerente do CTC diz que é preciso pensar
a médio e longo prazos, pensar num petróleo
cada vez mais caro – para ele, o do pré-sal “com
certeza será mais caro” –, pensar no fim da crise
econômica, quando a demanda mundial por
combustível, de preferência sustentável e não
poluente, voltará a crescer. “Acredito que o
etanol brasileiro vai ter reconhecimento e vai
ter procura. As barreiras protecionistas para o
etanol de milho americano e para a agricultura
na União Europeia não ajudam a população
desses países. Ao contrário, retiram do povo a
capacidade de usar seu dinheiro em coisas melhores. Essas barreiras não são lógicas e um dia
vão ter de cair com uma globalização mais racional.”
A visão de longo prazo inclui também garantir o suprimento energético das próximas
gerações, defende o químico Pedro Luiz Fer-
nandes, presidente da Novozymes Latin America, filial da multinacional dinamarquesa da área
de biotecnologia. “Sempre existem os céticos
que perguntam a razão de o Brasil precisar do
etanol de segunda geração se já produz bem o
tradicional, se com a camada de pré-sal vai sobrar petróleo, gasolina e óleo. Isso é um pensamento muito imediatista. Não é só para agora,
estamos falando de gerações”, argumenta. “O
petróleo está para a camada do pré-sal assim
como o biocombustível está para o bagaço da
cana. Esse é o nosso grande pré-sal: preparar o
País para essa tecnologia, uma vez que a nossa
frota é cada vez mais movida a bicombustível.”
A
QUESTÃO DO MERCADO
A partir do próximo ano, os biocombustíveis
de segunda geração serão obrigatórios nos
Estados Unidos, segundo a legislação americana para combustíveis renováveis, Renewable
Fuel Standard. No entanto, argumenta Szwarc,
da Unica, “não adianta a lei mandar, tem de haver demanda”. Nos Estados Unidos, o grande
consumo de etanol é na mistura com a gasolina,
explica o consultor: “Hoje, perto de 70% da gasolina que eles consomem é misturada com
etanol. A quantidade varia de Estado para Estado, mas, em geral, é de 10%. No entanto, esse
mercado está perto do ponto de saturação. Em
cerca de dois anos, toda a gasolina consumida
lá será misturada com etanol. E aí? Qual será o
passo seguinte?”.
“Os americanos têm uma frota de flexfuel
do tamanho da nossa, cerca de 8 milhões de
veículos. Começaram a produção em 1992, onze
anos antes do Brasil, porque o governo passou
a exigir que suas próprias frotas, entre outras,
consumissem combustíveis alternativos, e ofereceu incentivos às montadoras que produzissem veículos flex”, conta Szwarc. “Elas vendiam esses modelos atendendo a legislação e,
muitas vezes, quem comprava aquele carro nem
sabia que era flex. Não se fazia propaganda disso porque a infraestrutura de distribuição de
etanol lá é muito pequena, uns 2 mil postos no
país inteiro”, prossegue. “Então, não adianta
ter um processo para etanol de segunda geração que permita dobrar a produção se não houver mercado para o produto. Só vamos produzir
o que o mercado pode absorver ou estaremos
depreciando nosso produto.” O Brasil deve produzir este ano 27 bilhões de litros de etanol de
primeira geração, de acordo com o consultor da
Unica.
Agosto/August 2009
Capa
A decisão de produzir o etanol de segunda
geração e o mercado estão intimamente ligados. “Se a demanda por etanol brasileiro não
aumentar, talvez não precisemos do novo
etanol. Pelo contrário. Usinas que seriam postas em operação este ano podem ter o início das
atividades adiado para daqui a três anos – e
para produzir o etanol tradicional”, diz Jaime
Finguerut, do CTC. Szwarc, da Unica, acrescenta
que, hoje, estimativas apontam que o custo do
etanol de celulose seria pelo menos 50% superior ao de primeira geração. “Mas a perspectiva
é poder ir reduzindo isso com o tempo”, diz.
O Brasil, pelo menos, já tem uma questão
importante resolvida: a matéria-prima. Enquanto países como os Estados Unidos ainda procuram matérias-primas de onde possam extrair
a celulose e processos que sejam eficientes para
isso, aqui o bagaço da cana já está dentro da
unidade industrial. “Nos Estados Unidos, mesmo que se usem resíduos agrícolas para a produção do etanol de segunda geração, ainda é
preciso cultivar a matéria-prima, descobrir como
fazer a colheita de maneira econômica e transportar para a unidade de produção. Tudo isso
representa custo”, diz Szwarc. “Estamos à frente dos demais nesse aspecto.”
DESTINO DO BAGAÇO
Aproveitar o bagaço que sobra da produção do etanol tradicional para obter o de segunda geração parece uma opção lógica. No
entanto, as usinas no Brasil utilizam o bagaço
para gerar energia elétrica por meio da
cogeração. Seria preciso desviar a matéria-prima da produção de energia para a do etanol de
celulose? “Essa é uma decisão que a própria
economia, ou o dono do capital, vai fazer. Se
pensarmos na situação atual, não existe outra
tecnologia para usar o bagaço que não seja
queimar. Mas nós estamos, e as usinas sabem
muito bem disso, todo ano produzindo cada vez
mais cana e mais bagaço correspondente”, argumenta Finguerut, do CTC. “É uma relação
custo-benefício. De toda a forma, se produzirmos mais eletricidade, o Brasil vai precisar de
menos petróleo, de menos gás natural importado da Bolívia. Para nós, é simplesmente uma
questão de atratividade”, destaca, acrescentando que os produtores querem ter a opção de
produzir etanol, açúcar ou eletricidade. “A
racionalidade econômica é que vai decidir isso,
de forma sustentável, para o negócio poder
continuar. Para nós, a flexibilidade e o atendi-
mento de um mercado de médio e longo prazos
são os fatores mais importantes.”
Muitas usinas brasileiras, motivadas por
programas do governo que incentivam o uso
de fontes renováveis na geração de eletricidade, estão trocando caldeiras velhas, com vinte,
trinta, quarenta anos de uso, por outras mais
novas e eficientes. “Sistemas de queima de bagaço relativamente antigos estão sendo substituídos e as usinas precisam de menos bagaço
para produzir a mesma quantidade de energia.
Começa a sobrar bagaço”, diz Szwarc. E o que é
feito com o excedente? “O principal uso ainda é
o energético, as usinas vendem a energia extra.
Também há empresas de outros setores, próximas às usinas, que compram esse bagaço, antes um resíduo considerado sem valor, para utilizar como combustível no lugar do óleo.” O
consultor da Unica lembra que a palha também
já começa a ser usada como combustível.
“Estamos numa situação em que a queima da
palha está sendo gradualmente eliminada. Hoje,
a maior parte dessa palha permanece no campo,
ela é um condicionador do solo, mas não precisa ficar toda lá.”
A bioquímica Elba Pinto da Silva Bon, coordenadora do Laboratório de Tecnologia
Enzimática do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembra que,
quando o bagaço é utilizado para a produção
de etanol, sobra a lignina, que dá resistência à
fibra e protege a celulose da ação de micro-organismos. “É um excelente combustível sólido,
cuja queima não tem impacto na geração de
gases do efeito estufa porque a lignina também
Szwarc, da Unica:
“Maior parte da
palha permanece
no campo, para
condicionar o
solo, mas não
precisa ficar lá”
9
Capa
Amorim Leite
é derivada do processo de
fotossíntese.”
O DESAFIO DE DESCONSTRUIR
A CELULOSE
Questão resolvida:
enquanto outros
países procuram
matérias-primas
para extrair a
celulose, no Brasil o
bagaço de cana já
está dentro da
unidade industrial
10
No caso brasileiro, que já tem
matéria-prima disponível para o
etanol de segunda geração, o
desafio é aprender a
desconstruir a estrutura da celulose de maneira eficiente – e
econômica – para obter os açúcares fermentáveis que darão
origem ao combustível. “Durante bilhões de anos, a natureza
desenvolveu a fração fibrosa
das plantas para lhes dar resistência. Nós, recentemente, decidimos desconstruir essa estrutura, que foi feita
para ser extremamente estável. Precisamos
aprender a fazer isso, o que significa o emprego
de processos físicos, químicos e enzimáticos,
tudo isso junto”, diz Jaime Finguerut, do CTC.
“Basicamente, temos duas plataformas de lançamento de processos: a bioquímica, que inclui
a hidrólise e a fermentação, e a termoquímica.
As duas desconstroem a fibra – ou simplificam
aquilo que a natureza fez, que é a celulose – e
depois montam de novo na forma necessária
para um produto final ser combustível”, explica.
A hidrólise, que quebra a estrutura da celulose em partículas menores de modo a obter os
açúcares que depois passarão por um processo de fermentação, pode ser feita com a utilização de enzimas ou de ácidos. A via termoquímica,
explica Finguerut, exige uma série de processos, como a formação de gás de síntese. “Depois, esse gás passa por um leito de catalisadores, onde são montadas moléculas que podem ser de biogasolina, biodiesel ou uma mistura de frações que possam ser refinadas como
numa refinaria de petróleo.” A hidrólise enzimática para a produção de biocombustível de segunda geração é a que tem mais potencial a
curto e médio prazos, diz o gerente do CTC.
“Muitas pessoas no mundo já fizeram essa análise. A via termoquímica custa mais caro e envolve investimentos maiores. São equipamentos mais pesados e exigem altas pressões e altas temperaturas, esse é o grande problema. Não
fosse o custo, ela seria muito eficiente, tanto
que existe um grande volume de pesquisas também nessa plataforma.” Por seu lado, a hidrólise
ácida ainda precisa resolver questões de corrosão, resistência dos materiais e produção de
resíduos (inibidores), que atrapalham a fermentação.
CUSTO DA ENZIMA, AINDA UM OBSTÁCULO
Segundo a farmacêutica e bioquímica Maria
Filomena de Andrade Rodrigues, responsável
pelo Laboratório de Biotecnologia Industrial do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), no
momento a hidrólise enzimática é mesmo a preferida nas pesquisas para obter etanol de segunda geração. “Entende-se que, com a hidrólise enzimática, haverá menos inibidores e a fermentação será melhor e mais fácil. Mas essa é
uma via que ainda tem muitos desafios a serem
vencidos, como melhorar o rendimento e a produtividade, tanto do açúcar do bagaço quanto
do álcool do hidrolisado do bagaço”, diz. “O
inconveniente do processo é a colocação de
enzimas para liberar o açúcar. Isso, com certeza,
encarece a produção.”
Elba Bon é coordenadora científica do Projeto Bioetanol – que conta com a participação
de uma rede de mais de quinze instituições de
ensino e pesquisa (incluindo o Centro Nacional de Referência em Biomassa – Cenbio) e
apoio da Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep) – para o desenvolvimento de tecnologia
de produção de etanol de biomassa da canade-açúcar (bagaço e palha) por hidrólise
enzimática. “A produção do bioetanol não será
independente do processo tradicional, mas complementar”, explica a bioquímica. “O hidrolisado
do bagaço será misturado ao caldo da cana ou
ao melaço, inserindo-se no processo tradicional nas etapas subsequentes, de fermentação e
destilação do etanol. Essa tecnologia poderá
aumentar em até 12% a produção de etanol levando em conta apenas a utilização dos atuais
10% excedentes do bagaço”, diz Elba. Com isso,
torna-se fundamental a disponibilidade de
enzimas de baixo custo, eficientes e desenvolvidas para a biomassa da cana, uma das metas
do projeto.
“A enzima é cara porque ainda não se criou
um mercado”, pondera Finguerut, do CTC. “Assim como o álcool, por exemplo, teve uma curva
de aprendizado em que o custo de produção foi
reduzido para menos da metade do que era no
início do Proálcool, com a enzima vai acontecer
o mesmo. É só criar mercado, demanda, necessidade e concorrência.”
No Brasil, a Novozymes (ver seção “Em-
Agosto/August 2009
Capa
presas Modernas”) dedica-se a pesquisar e
desenvolver enzimas voltadas para o etanol de
segunda geração. O trabalho é fruto de um consórcio de cinco partes, com recursos da Cordis,
uma comissão europeia para pesquisa e desenvolvimento, formada pela matriz dinamarquesa,
a filial brasileira, a Universidade do Paraná, a
Universidade de Lund, na Suécia, e o CTC. O
objetivo é obter um modelo economicamente
viável de produção do biocombustível que deve
estar concluído até o primeiro trimestre de 2010.
Finguerut ressalta o desafio científico de fazer
álcool de segunda geração e a importância do
suporte financeiro para a continuidade do processo.
INVESTIR É FUNDAMENTAL
As pesquisas para a produção do etanol de
segunda geração ocorrem em todo o mundo,
mas em nenhum país o investimento é maior do
que nos Estados Unidos. “Não dá para competir com eles. Só para ter uma ideia, o orçamento
da Universidade da Califórnia é praticamente o
mesmo que o de toda Ciência e Tecnologia do
Brasil”, exemplifica Szwarc, da Unica. “Mas só
isso não garante o sucesso deles. Às vezes,
aqui, com menos dinheiro, inventamos mais.”
Segundo Finguerut, nos últimos anos, o
Departamento de Energia americano (DOE), investiu mais de US$ 1 bilhão em pesquisas sobre biocombustíveis. Na União Europeia, o programa-quadro para energias renováveis destina ao tema bilhões de euros. “O interesse em
obter o etanol de segunda geração é geral e os
mesmos grandes players do mundo olham também para o Brasil. Não investem mais aqui porque, no Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, não há uma política pública para o novo
etanol”, diz o gerente do CTC, lembrando que,
para os americanos, o etanol de segunda geração é a única opção de biocombustível com
potencial para ficar. “Eles estão fazendo o
‘Proálcool’ deles de segunda geração. Lá, o investimento fica mais atrativo e o governo garante uma série de benefícios que aqui não podemos garantir. É concorrência pura: quem é
melhor prevalece, quem não é melhor não consegue produzir. Então, nós temos de ser muito
bons no desenvolvimento da nossa tecnologia
e temos de ter parcerias e visão do risco, além
de pessoas empreendedoras.”
Levando em conta indicadores industriais
para avaliação de tecnologias, há diferenças
significativas entre os estágios de maturidade
em que se encontram os vários conceitos para a próxima geração de
biocombustíveis,
atesta Franziska, do
DBFZ. “Também é
preciso ressaltar
que nenhum deles
pode ser considerado tecnologia
comprovada, pronta para ser comprada da prateleira. Alguns são promissores, justificando
a construção de
uma planta de demonstração. Outros precisam
de mais desenvolvimento e de testes em escala
piloto.”
A
ÚLTIMA BARREIRA
“Sabemos que em laboratório muita coisa
funciona”, diz Szwarc. “O processo tecnológico
precisa ser bom e robusto, para continuar a dar
certo também na planta piloto, já em escala um
pouco maior, e na planta de demonstração, que
seria a fase pré-comercial, o primeiro passo para
chegar à produção comercial”, prossegue o
consultor de Emissões e Tecnologia da Unica.
A produção de etanol de segunda geração em
escala piloto é outro dos projetos de que Elba
Bon participa. “Envolve as etapas de produção
de enzimas, pré-tratamento da biomassa,
hidrólise enzimática e fermentação alcoólica, do
estágio atual de desenvolvimento em escala de
bancada, 1 litro, para escala piloto, 100 litros”,
conta a bioquímica. “Esse tem a participação
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a colaboração
da empresa Dedini.”
No Brasil, a primeira planta de demonstração – em que o processo para o etanol de segunda geração enfrentará condições de produção mais próximas da realidade, embora ainda
não em escala comercial – deve estar pronta
entre 2012 e 2013. “O projeto já existe. Depois,
virá a barreira mais difícil, construir a primeira
planta comercial”, diz Finguerut. “O governo
americano tem um programa específico para financiar primeiras plantas. É preciso explicar a
importância dessas plantas para as fontes de
financiamento brasileiras, não podemos deixar
essa decisão apenas para o mercado.”
Finguerut, do CTC:
“O interesse em
obter etanol de
segunda geração é
geral. Os grandes
‘players’ do mundo
não investem no
Brasil porque o País
não tem política
pública para o novo
etanol”
11
Cover
BRAZIL
TOWARDS THE ENERGY
OF THE FUTURE
Researchers work to find an economic model that allows the use of pulp from bagasse
and from sugar cane straw to increase ethanol production with a smaller expansion
in the cultivated area and without causing additional impacts on the environment
SantelisaVale
Technological
change: second
generation biofuels
could reduce
emissions of
greenhouse gases
and oil dependency
12
n a few years, it will be possible to considerably increase biofuels production without
planting a single additional hectare, without
the need to consume extra agricultural inputs,
such as herbicides and fertilizers. When this
technology is commercially available, ethanol will
no longer be produced from sugar cane or from corn,
for example, but from the pulp found in wastes such
as bagasse and cane straw, which are not used for
this end today. Second-generation biofuels are on
their way, an evolution in terms of more efficient
technologies to reduce greenhouse gases emissions
and to decrease the dependence on oil.
As with all innovations, the challenges are still
I
there. Over the world, researchers work to enhance
technologies and production processes that may
reduce costs and make second-generation biofuels
competitive in relation to traditional ones, such as
the first-generation ethanol. The interest is no smaller
in Brazil, although the country already counts on
provedly sustainable biofuel and dominates its
production technology.
“Traditional biofuels have suffered severe
criticism in the past years, partly due to the lack of
economic viability in industrialized countries and
partly due to the negative social and environmental
impacts attributed to them”, says mechanical engineer
Franziska Müller-Langer, head of the DBFZ Biofuels
Agosto/August 2009
Cover
Photos: Udop
Department, at the German Biomass Research Center.
“The second generation, which holds the expectation
of increasing sustainable energy supply as from
biomass for the transport sector, may be produced
from a wider variety of inputs, such as grass, garbage,
manure, straw, forest waste and a whole plant. In
this case, it would increase biomass availability per
hectare of land, which would then be converted into
biofuel.” Actually, among the traditional biofuels,
sugar cane ethanol is the one that poses less
environmental impacts in its production, yet the
second-generation ones will be more efficient.
At first, the impacts of second-generation
biofuels production on the environment will be
smaller. Studies show that greenhouse gases
emissions, especially those related to input
production, will decrease. However, warns
Franziska, supported by many other researchers,
there are not commercial-scale plants in operation,
yet.
INCREASE IN PRODUCTIVITY
Nowadays, sugar-cane ethanol is the main firstgeneration biofuel, competitive and sustainably
produced. “An additional stage would be to utilize
wastes that are not used today, such as bagasse and
straw, so as to also produce ethanol, but the secondgeneration one, and to increase productivity”, says
mechanical and environmental engineer Alfred Szwarc,
Emission and Technology consultant of the Brazilian
Sugar Cane Industry Association (Unica). As stated
by Szwarc, if there already were processes capable
of making the conversion of pulp into fermentable
sugars economically, it would be possible to practically double the production in the same area of
land. “Imagining an ideal situation, if now 1 ha
produces between 80 and 90 t of cane and, from this,
about 7 thousand liters of ethanol, 12 thousand, 15
thousand liters per ha could be attained. In a more
realistic condition, since every new technology
undergoes an enhancement process, productivity can
be steadily improved.”
Ethanol does not necessarily need to be used as
fuel, even though this is now its main use in Brazil.
“About 85% of our ethanol market is the domestic
fuel one. Of what is left, one parcel is exported and
the other goes into industrial application in cosmetics,
perfumes, paints, solvents and food additives, such
as vinegar”, lists Szwarc. “And the use of ethanol for
producing plastics has just only begun.”
Doctor in Chemical Engineering, Patrícia Matai,
from the Polytechnic School of the University of
São Paulo (USP), understands that the researches
for producing second-generation biofuels will also
result into products oriented to the petrochemical
industry, which is oil dependent. “Much research
still has to be conducted, but if we manage, for
example, to produce ethene from lignocellulosic
biomass gasification, we may
solve a bottleneck”, she says.
“Ethene is a plastic precursor
gas. It is widely used in industry
and it is very important for
producing PVC, polyethylene
and PET”, she explains.
SEVERAL WAYS
The perspectives are good
and there are several initiatives,
both in Brazil and abroad, to
produce ethanol from cellulosic
materials, such as bagasse and
sugar cane straw, and also by
means of garbage and household waste. Researches occur
all over the world, each following its own way and
even the inputs are different. “The second-generation
ethanol production process developed for wood, as
is being researched in Canada and in Sweden, is not
necessarily the best for bagasse”, exemplifies Szwarc.
“These processes are very customized; they are like
‘tailoring’, almost made to fit, but surely with differentiated costs and productivity.”
If Brazil already counts on the best sustainable
ethanol producers in the world and if all the important
logistic issues are solved, including second-generation
ethanol in the existing plants is a logical step. This is
chemical engineer Jaime Finguerut’s argument. He is
the Industrial Strategic Development manager of the
Sugar Cane Technology Center (CTC), a private
research organization dedicated to the sugar cane
chain, for developing more productive varieties for
production in plants. “It is a much better option than
expanding to less fertile areas, in which logistics is
not resolved, in which the very sugar cane cultivation
is not sufficiently developed”, he says. “It is a costbenefit issue. The already existing waste will be used.”
Good prospects:
in Brazil and
abroad there
are already
initiatives to
produce ethanol
from cellulosic
materials such
as bagasse and
cane straw
LONG-TERM VIEW
The cost of the new process is the central theme
in the debates. Commercial scale production depends
not only on technology for obtaining secondgeneration ethanol, but mainly on the demand for the
product. “If only the American State of California,
for example, which recently considered the sugar cane
ethanol a better option in terms of sustainability and
viability to replace gasoline, decides to buy it from
Brazil, we will have to double, treble our production”,
says Finguerut. “With the second-generation ethanol,
we will be able to do it. It will probably be the best
option possible. Not the only one, but better than
implementing a plant in Goiás or Mato Grosso, where
there is still room.”
The CTC manager says that it is necessary to
think of medium and long-term, think of ever more
expensive petroleum – for him, that of pre-salt “will
13
Cover
Patricia Matai,
USP: “Research for
the production of
second generation
biofuels should
also result in
products for the
petrochemical
industry”
Udop
14
certainly be more expensive” –, to think of the end of
the economic crisis, when the world demand for fuel,
preferably sustainable and non-pollutant, will grow
again. “I believe that the Brazilian ethanol will be
acknowledged and will be sought. Protectionist
barriers for the American corn ethanol and for the
European Union agriculture do not help the
populations in those countries. On the contrary, they
deprive the people of their capacity to use their
money in better things. These barriers are not logical
and will have to fall some day, with a more rational
globalization.”
The long-term view also includes ensuring energy
supply for the next generations, advocates chemist
Pedro Luiz Fernandes, CEO of the Novozymes Latin
America, a branch of the Danish multinational in the
biotechnology area. “There are always the skeptic
people who ask the reason for Brazil to pursue the
second-generation ethanol since it already produces
the traditional one well, once the pre-salt layer will
provide plenty of petroleum, gasoline, oil. This is a
very immediatist thought. It is not only for now, we
are talking about generations”, he argues. “Oil is for
the pre-salt layer, as biofuel is for the sugar cane
bagasse. This is our great pre-salt: preparing Brazil
for this technology, once our fleet runs more and
more on bifuel.”
are only going to produce what the market may absorb
or we will be depreciating our product.” Brazil shall
produce 27 billion liters of first-generation ethanol
this year, according the Unica consultant.
The decision of producing second-generation
ethanol and the market are closely related. “If the
demand for Brazilian ethanol does not increase, we
may not need the new ethanol. On the contrary.
Plants that would start operating this year may have
their activities postponed for three years – and would
produce traditional ethanol”, says Jaime Finguerut,
from CTC. Szwarc, from Unica, adds that, today,
estimations show that the cost of pulp ethanol would
be at least 50% higher than that of first-generation.
“Yet the perspective is to be able to reduce it over
time”, he says.
Brazil, at least, already has an important issue
solved: the input. While countries such as the United
States still seek raw materials they can extract pulp
from and efficient processes for this, here the sugar
cane bagasse is already inside the industrial plant.
“In the United States, even if agricultural waste is
used to produce second-generation ethanol, it is still
necessary to grow the input, discover how to conduct
the harvest economically and convey it to the production unit. All this represents a cost”, says Szwarc.
“We are ahead of the others in this aspect.”
THE MARKET ISSUE
DESTINATION OF BAGASSE
As from next year, second-generation biofuels
will be mandatory in the United States, according to
the Renewable Fuel Standard, the American
legislation for renewable fuels. However, argues
Szwarc, from Unica, “it is no use being provided by
the law, there must be a demand”. In the United
States, the major ethanol consumption lies in the
gasoline blend, explains the consultant: “Nowadays,
nearly 70% of the gasoline they consume is blended
with ethanol. The amount varies from State to State,
but it is generally 10%. However, this market is close
to the saturation point. In about two years, all the
gasoline consumed there will be blended with ethanol.
So what? What will the next step be?”
“The Americans have a flexfuel fleet as big as
ours, about 8 million vehicles. Their production was
started in 1992, eleven years before Brazil, because
the government started to require that its own fleet,
among others, consumed alternative fuels, and
provided incentives to the assemblers that produced
flex vehicles”, tells Szwarc. “They sold these models
abiding by the legislation and, many times, those
who bought that vehicle did not even know it was a
flex one. This was not advertised because the ethanol
distribution infrastructure there is very small, some
2 thousand filling stations in the whole country”, he
goes on. “Therefore, it is no use having a process for
second-generation ethanol that allows doubling
production if there is no market for the product. We
Using the bagasse left from the traditional ethanol
production to obtain the second-generation one seems
to be a logical option. However, plants in Brazil use
the bagasse to generate electric power by means of
cogeneration. Would it be necessary to divert the
input from power production to pulp ethanol? “This
is a decision that the economy itself, or the capital
owner, will make. If we think of the present situation,
there is no other technology for using the bagasse
other than burning. Yet we are, and the plants very
well know that, we are producing more and more
sugar cane and more corresponding bagasse every
year”, argues Finguerut, from CTC. “It is a costbenefit ratio. Anyway, if we produce more power,
Brazil will need less oil, less natural gas imported
from Bolivia. For us, it is simply an attractiveness
issue”, he points out, adding that producers want to
have the choice of producing ethanol, sugar or
electricity. “Economic rationality is what will decide
this, in a sustainable way, so that the business
proceeds. For us, flexibility and supplying a market
in the medium and long terms are the most important
factors.”
Many Brazilian plants, motivated by government
programs that stimulate the use of renewable sources
for power generation, are replacing old boilers, of
twenty, thirty, forty years of use, with newer and
more efficient ones. “Relatively old bagasse burning
systems are being replaced and the plants need less
Agosto/August 2009
Cover
Amorim Leite
bagasse to produce the same amount of power. Surplus
bagasse is beginning to occur”, says Szwarc. What is
made of the surplus? “The main use is still power,
the plants sell the surplus power. There are also
companies in other sectors, close to the plants, that
purchase this bagasse, formerly considered a valueless
waste, to be used as fuel instead of oil.” The Unica
consultant remarks that the straw is also beginning
to be used as fuel. “We are in a situation in which
straw burning is being gradually phased out. Now,
most of this straw remains in the field, as it is a soil
conditioner, but not all of it has to remain there.”
Biochemist Elba Pinto da Silva Bon, coordinator
of the Enzymatic Technology Laboratory of the
Institute of Chemistry of the Federal University of
Rio de Janeiro, observes that, when the bagasse is
used in ethanol production, lignin is left; it provides
fiber with strength and protects the pulp from microorganisms action. “It is an excellent solid fuel, the
burning of which has no impact on greenhouse gases
generation once lignin also derives from the
photosynthesis process.”
THE CHALLENGE OF DECONSTRUCTING PULP
In the case of Brazil, which already has available
input for second-generation ethanol, the challenge is
to learn to deconstruct the pulp structure efficiently
and economically so as to obtain the fermentable
sugars that will originate the fuel. “For billions of
years, nature has developed the fibrous fraction of
plants to provide them with strength. We recently
decided to deconstruct this structure, which was made
to be extremely stable. We have to learn how to do
that, which means employing physical, chemical and
enzymatic processes, all together”, states Jaime
Finguerut, from CTC. “Basically, we have two
process launching platforms: the biochemical one,
which includes hydrolysis and fermentation, and the
termochemical one. Both deconstruct the fiber – or
simplify what nature has made, which is the pulp –
and then reconstruct it, in the necessary way for a
final product to be fuel,” he explains.
Hydrolysis, which breaks the pulp structure into
smaller particles to obtain the sugars which will later
undergo a fermentation process, can be conducted
with the use of enzymes or of acids. The
termochemical way, explains Finguerut, requires a
series of processes, such as the formation of syngas.
“Later, this gas undergoes a catalyzer bed, where
molecules, which may be from biogasoline, biodiesel
or a blend of fractions are assembled, may be refined
as in an oil refinery.” Enzymatic hydrolysis for
second-generation biofuel production is the one with
more potential in the short and medium-term, says
the CTC manager. “Many people in the world have
made that analysis. The termochemical way costs
more and involves greater investments. They mean
heavier equipment, higher pressures and higher
temperatures are necessary, which
poses a great problem. If it were
not for the cost, it would be very
efficient, so much so that there are
a large number of researches also
working on this platform.” In turn,
acid hydrolysis still has to solve
corrosion, material strength and
waste production (inhibitors)
issues, which hinder fermentation.
ENZYME COST, STILL A
BARRIER
As stated by pharmacist and
biochemist Maria Filomena de
Andrade Rodrigues, responsible for
the Industrial Biotechnology
Laboratory of the Institute of
Technological Research (IPT), at
the moment, enzymatic hydrolysis
is really number one in researches
for obtaining second-generation
ethanol. “It is understood that, with
enzymatic hydrolysis, there will be
less inhibitors and fermentation will
be better and easier. Yet this is a
way with still many challenges to
be overcome, such as improving
yield and productivity, both of
bagasse sugar and of the bagasse
hydrolyzed alcohol”, she says. “The process
inconvenient is the use of enzymes to liberate the
sugar. This surely makes production more expensive.”
Elba Bon is the scientific coordinator of the
Bioethanol Project – which counts on the
participation of a network of more than fifteen
teaching and research institutions (including the
Brazilian Reference Center on Biomass – Cenbio) as
well as the support from the Studies and Projects
Funding Body (Finep) – for developing technology
on the production of sugar cane biomass (bagasse
and straw) ethanol by enzymatic hydrolysis.
“Bioethanol production will not be independent of
the traditional process, but complementary”, explains
the biochemist. “That hydrolyzed from bagasse will
be blended to the sugar cane juice or to the syrup,
being inserted in the traditional process in the
following ethanol fermentation and distillation stages.
This technology may increase ethanol production
by up to 12%, taking into account only the use of
the present 10% bagasse surplus”, says Elba. With
this, the availability of low-cost efficient enzymes,
developed for sugar cane biomass – one of the project
goals – is fundamental.
“The enzyme is expensive because a market has
not yet been created”, ponders Finguerut, from CTC.
“As with alcohol, for example, it had a learning curve
in which the production cost was reduced to less
Szwarc, Unica:
“Most of the
straw remains
on the field, to
condition the
soil, but do not
need to stay
there”
15
Cover
Udop
Resolved question:
while other
countries search for
raw materials to
extract the pulp, in
Brazil the bagasse
is already inside the
plant
than half of what it was at the beginning of Proalcool;
the same will occur with the enzyme. All it takes is
to establish its market, demand, need and
competition.”
In Brazil, Novozymes (see section “Modern
Companies”) is dedicated to researching and
developing enzymes viewing second-generation
ethanol. The work derives from a five-party
consortium, with resources from Cordis, an European
commission for research and development, formed
by the Danish headquarters, the Brazilian branch,
the University of Paraná, the University of Lund, in
Sweden, and the CTC. The purpose is to obtain an
economically viable model for producing biofuel
which has to be concluded by the first quarter of
2010. Finguerut stresses the scientific challenge of
making second-generation ethanol and the importance
of financial support for continuing the process.
INVESTING IS PARAMOUNT
Researches towards producing second-generation
ethanol occur over the world, but in no country is
investment greater than in the United States. “One
cannot compete with them. Just to have an idea, the
budget of the University of California is practically
the same of the whole Science and Technology budget
in Brazil”, exemplifies Szwarc, from Unica. “This
alone does not guarantee their success, though.
Sometimes here, with a tighter budget, we invent
more.”
As stated by Finguerut, in the last years, the
DOE, the American Department of Energy, invested
over US$ 1 billion in researches on biofuels. In the
European Union, the renewable energy framework
16
programme dedicates billions of euros to the theme.
“The interest in obtaining second-generation ethanol
is general and the same great players in the world
also have eyes for Brazil. They do not invest more
here because in Brazil, contrary to the United States,
there is not a public policy for the new ethanol”,
states the CTC manager, remarking that, for the
Americans, second-generation ethanol is the only
biofuel alternative with potential to stay. “They are
carrying out their second-generation ‘Proálcool’.
There, the investment is more attractive and the
government guarantees a series of benefits that cannot
be guaranteed here. It is pure competition: the best
ones prevail, the ones that are not the best do not
succeed in producing. Therefore, we have to be very
good at developing our technology and we have to
have partnerships, risk view, besides entrepreneurs.”
Taking into account industrial indicators for
assessing technologies, there are significant
differences between the maturity stages at which the
different concepts are for the next biofuels generation,
confirms Franziska, from DBFZ. “It is also necessary
to point out that none of them can be considered
proven technology, ready to be bought off the shelf.
Some are promising, justifying the construction of a
demonstration plant. Others need further
development and pilot-scale tests.”
THE LAST BARRIER
“We know that, in laboratory, many things
work”, says Szwarc. “The technological process has
to be good and robust, to keep working well in the
pilot plant as well, at a bit larger scale, and in the
demonstration plant, which would be the precommercial phase, the first step to reach commercial
production”, proceeds the Unica Emissions and
Technology consultant. Second-generation ethanol
production at pilot scale is another of the projects
which Elba Bon participates in. “It involves the
enzyme production, biomass pre-treatment,
enzymatic hydrolysis and alcoholic fermentation
stages, from the present development stage at bench
scale, 1 liter, for pilot scale, 100 liters”, says the
biochemist. “This one counts on the participation of
the National Council for Scientific and Technological
Development (CNPq) and the cooperation from the
Dedini Company.”
In Brazil, the first demonstration plant – in which
the process for second-generation ethanol will
undergo production conditions closer to reality,
despite not yet at commercial scale – will be ready
between 2012 and 2013. “The project already exists.
Later, the most difficult barrier will be building the
first plant scale”, says Finguerut. “The American
Government has a specific program for financing first
plants. It is necessary to explain the importance of
these plants to the Brazilian financing sources, we
cannot leave this decision to the market alone.”
Agosto/August 2009
Empresas Modernas
NOVOZYMES: ENZIMAS PARA A
PRÓXIMA GERAÇÃO DOS
BIOCOMBUSTÍVEIS
Em Araucária (PR), cientistas trabalham para encontrar a forma mais
competitiva de produzir etanol a partir do bagaço de cana
Fotos: Novozymes
iotecnologia é o ramo de atuação da Novozymes, empresa multinacional com sede
na Dinamarca que produz enzimas para as
mais diversas aplicações industriais, da fabricação de
cerveja à panificação, de detergentes mais eficientes
ao tratamento de tecidos. Nos últimos tempos, porém, a empresa enfrenta um desafio: produzir uma
enzima que permita a produção de combustíveis a
partir de biomassa, como o bagaço de cana-de-açúcar, o chamado etanol de segunda geração, a um custo
competitivo.
Da sede da Novozymes Latin America, em
Araucária, Paraná, o químico Pedro Luiz Fernandes,
presidente da filial sul-americana da empresa, conta
que a Novozymes integra um consórcio de cinco
partes que trabalham para obter um modelo economicamente viável de produção do biocombustível de
segunda geração. Além da matriz e da Novozymes
aqui no Brasil, participam desse projeto a Universidade de Lund, na Suécia, a Universidade Federal do
Paraná (UFPR) e o Centro de Tecnologia Canavieira
(CTC), de Piracicaba. “Os recursos, =
C 1,6 milhão,
vieram da Cordis, uma comissão europeia para pesquisa e desenvolvimento que fomenta projetos. Este
ano, um dos projetos é na área de biocombustíveis”,
esclarece o dirigente da filial.
A tecnologia para a produção de etanol de segunda geração já existe, segundo Fernandes. O desafio,
explica, é refiná-la para tornar o produto competitivo. Ao lançar mão da rota enzimática, que é a utilizada pela empresa, o primeiro passo é tratar o bagaço
de forma que ele libere a maior quantidade possível
de celulose. Existem vários tipos de tratamento. “Nós
apostamos no tratamento a vapor. Aí entra a enzima,
que vai hidrolisar a celulose, ou seja, vai quebrar a
estrutura da celulose em partículas menores, de forma a obter açúcares fermentáveis.” A partir daí, é
possível chegar ao etanol de segunda geração por um
B
processo de fermentação, como já é feito com o de
primeira. “É simples assim”, diz Fernandes. “Obviamente, há toda uma pesquisa em cima disso e ajustes tecnológicos e financeiros para ver se vale a pena,
pois estaremos competindo com o etanol de primeira geração, por exemplo. É preciso mostrar que é
viável economicamente produzir etanol de segunda
geração.”
No Brasil, os cientistas que trabalham no laboratório de pesquisa da Novozymes têm como missão
principal, a partir do bagaço pré-tratado que recebem do CTC, encontrar a melhor enzima (ou mistura
de enzimas), a melhor tecnologia, o melhor procedimento para a produção do etanol de bagaço de cana,
considerando sempre o custo-benefício. É o modelo
econômico que vai determinar a implementação da
Consórcio: cinco
instituições
trabalham para
obter modelo
economicamente
viável de produção
do biocombustível
de segunda
geração
17
Empresas Modernas
tecnologia. Para Fernandes, a eficiência será o fator
determinante do sucesso, só que não adianta criar
uma tecnologia extremamente cara – ninguém vai usála. “Mas números preliminares já indicam que o processo será economicamente viável.” E quanto poderia custar 1 L de etanol de segunda geração? O executivo prefere não falar de valores, ao menos por enquanto. “Vou poder responder até, no máximo, o
primeiro trimestre de 2010. Hoje, o que posso dizer
é que o consórcio das cinco partes está trabalhando e
um dos pontos mais importantes desse processo é
justamente chegar a um modelo econômico inicial.”
PROCESSO INTEGRADO
Uma das vantagens
de se utilizar o bagaço
de cana-de-açúcar é
poder aumentar a
produção com a
mesma área plantada
18
Outro aspecto do trabalho do consórcio é integrar o novo processo ao já existente, do etanol de
primeira geração. A usina vai poder orientar a produção segundo a demanda do mercado, nacional e global. Se o açúcar estiver em alta, pode-se produzi-lo e
usar o bagaço para fazer etanol. “Se houver grande
demanda de etanol, para a Europa, por exemplo, podese fazer o de primeira geração para consumo interno
e exportar o de segunda geração. Tudo isso vai diminuir os custos”, diz Fernandes, acrescentando que a
utilização do bagaço para a geração de energia não
pode ser esquecida. “Não fazemos nosso estudo para
dizer que é melhor usar o bagaço para a produção de
etanol do que para produzir energia. É o mercado que
vai determinar isso”, afirma. “Até 2020, o Brasil tem
potencial para produzir 17 bilhões de L de etanol de
bagaço. Tenho números que mostram que a disponibilidade de bagaço pode chegar a 428 milhões de t em
2020”, afirma. “O principal desafio está relacionado
a alcançarmos a compatibilidade da produção do
etanol de segunda geração com as plantas já existentes, além de tornar esse processo simples e barato.
Acredito que até 2012 já poderemos ter uma planta
de demonstração.”
Uma das vantagens de se utilizar o bagaço é poder aumentar a produção com a mesma área plantada. “Não será necessário plantar um único m2 a mais
de cana-de-açúcar”, ressalta o executivo. “Hoje, quem
é contra diz que vai impactar, que vamos ter de plantar mais cana, que a demanda vai ser maior. É conversa isso.” Fernandes fortalece ainda mais seu argumento frisando que viu, já estudou e já participou de
seminários e simpósios sobre o tema. “É verdade o
que a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica),
uma entidade respeitada no mundo inteiro, fala. Já
está mais do que provado que não é preciso invadir a
Amazônia ou o Pantanal para se ter mais etanol. Vai
ter biomassa para produzir energia, para produzir o
etanol de segunda geração, vai ter biomassa, esse é o
ponto.”
Envolvida em projetos para a obtenção de combustíveis renováveis, a empresa leva a sério os princípios de sustentabilidade e preservação do meio
ambiente em todos os países em que opera. “É obrigatório saber a origem de cada matéria-prima, todos
os fornecedores são certificados”, exemplifica
Fernandes. Os paletes em que embalam algumas de
suas enzimas têm de vir de madeira de reflorestamento. Segundo ele, a política global da empresa determina que se procure usar o máximo possível de
matéria-prima de fontes renováveis e garantir que
não tenha origem em mão-de-obra escrava e infantil.
Para isso, em todo o mundo, a companhia realiza
auditorias dos fornecedores in loco. A empresa também se preocupa com quem compra a sucata que
produz – o dinheiro arrecadado vai para a associação
dos funcionários.
Antigamente, 28 t de restos de jardinagem da
Novozymes em Araucária iam para o aterro. Hoje,
vão para a compostagem. Cortes de grama e aparas
de árvores são tratados em uma central. Lá, com a
ajuda de “superminhocas”, produzem húmus que é
depois distribuído entre os funcionários e usado no
próprio jardim da empresa.
PELO MEIO AMBIENTE
“Sustentável também é a maneira como produzimos”, diz Fernandes. “Isso inclui a análise do ciclo
de vida do nosso produto, desde a matéria-prima até
a hora da venda, o chamado life cycle assessment.
Vamos ver quanto de CO2 é emitido para produzir 1
kg de enzima e/ou quanto de CO2 a indústria que
utiliza nossas enzimas deixa de emitir. Temos isso
para 85% dos nossos produtos.” No ano passado, as
enzimas da Novozymes foram utilizadas pelas mais
diferentes indústrias, os mais diferentes segmentos
no mundo todo. “Pelo fato de esses clientes terem
usado nossas enzimas, foi como se 7 milhões de carros tivessem parado de circular por um ano sem emitir CO2”, conta o executivo da empresa.
Entre 13% e 14% do rendimento bruto da empresa é aplicado em pesquisa e desenvolvimento –
nos últimos cinco anos, a Novozymes lançou 43
novos produtos oriundos de pesquisa. No mundo
inteiro, a empresa emprega mil cientistas, dos quais
150 se dedicam aos biocombustíveis. “Hoje, vendemos para mais de 130 países, para mais de 40 segmentos industriais diferentes. Em 2008, o faturamento
da empresa no total foi em torno de US$ 1,6 bilhão,
com a Novozymes Latin America responsável por
7% disso, ou US$ 112 milhões”, diz Fernandes. “Isso
não é nada, significa que no Brasil ainda temos muito espaço para trabalhar.”
Agosto/August 2009
Modern Companies
NOVOZYMES:
ENZYMES FOR THE
NEXT BIOFUELS GENERATION
In Araucária (PR), scientists work to find the most competitive way of producing
ethanol from sugar cane bagasse
Photos: Novozymes
B
iotechnology is Novozymes’ field of
action; the multinational company,
headquartered in Denmark, produces
enzymes for the most different industrial applications, from beer brewing to bread making, from
more efficient detergents to fabric treatment.
Lately, however, the company has faced a challenge: to produce an enzyme that allows producing fuels from biomass, such as sugar cane
bagasse, the so-called second-generation
ethanol, at a competitive cost.
From the Novozymes Latin America central
office, in Araucária, Paraná (Brazil), chemist Pedro
Luiz Fernandes, president of the company’s
South-American branch, says that Novozymes
integrates a five-party consortium that works
to achieve an economically viable model to
produce second-generation biofuel. Besides the
headquarters and the Novozymes here in Brazil,
also participating in this project are Lund
University, in Sweden, the Universidade Federal do Paraná (UFPR – Federal University of
Paraná) and the Sugar Cane Technology Center
C 1.6
(CTC), in Piracicaba. “The resources, =
million, came from Cordis, an European
Commission for research and development that
fosters projects. This year, one of the projects
is in the biofuels area”, explains the branch CEO.
The technology for producing secondgeneration ethanol already exists, claims
Fernandes. The challenge, he explains, is to refine it to make the product competitive. When
opting for the enzymatic route, which is the one
used by the company, the first step is to treat
the bagasse so that it liberates the largest
amount of pulp possible. There are several types
of treatment. “We bet on the steam treatment.
There comes the enzyme, which hydrolyzes the
pulp, that is, breaks the pulp down into smaller
particles, so as to obtain fermentable sugars.”
From then on, it is possible to get to secondgeneration ethanol by means of a fermentation
process, as it is done with the first-generation
one. “It is as simple as that”, states Fernandes.
“Obviously, there is a whole research on that
and technological and financial adjustments to
see whether it is worth it, as we will be competing
with first-generation ethanol, for example. It is
necessary to show that producing secondgeneration ethanol is economically viable.”
In Brazil, the main mission of the scientists
working in the Novozymes research laboratory
is to find the best enzyme (or enzymes mix), the
best technology, the best procedure for
producing ethanol from sugar cane bagasse, as
from the pre-treated bagasse they receive from
CTC, always considering the cost-benefit ratio.
The economic model will be the one to determine the technology implementation. For
Fernandes, efficiency will be the success
determining factor, yet it is no use creating an
extremely expensive technology if no one will
use it. “However, preliminary numbers already
Consortium: Five
institutions work to
achieve an
economically
viable model to
produce secondgeneration biofuel
19
Modern Companies
indicate that the process will be economically
viable.” And how much could 1 L of secondgeneration ethanol cost? The CEO prefers not
to discuss values, at least for now. “I’ll be able
to answer that by the end of the first quarter of
2010. Today, what I can say is that the fiveparty consortium is at work and one of the major points of this process is exactly to reach an
initial economic model.”
INTEGRATED PROCESS
One of the
advantages of using
bagasse is being
able to increase
production with the
same planted area
20
Another aspect of the consortium work is
to integrate the new process to the existing one,
of the first-generation ethanol. The plant will
be able to guide the production according to
the domestic and global market demand. If sugar is in an upward trend, it can be produced
and bagasse used to make ethanol. “If there is a
great demand for ethanol, for Europe, for
example, first-generation ethanol can be
produced for domestic consumption and the
second-generation one can be exported. All of
this is going to reduce costs”, says Fernandes,
adding that the use of bagasse for power
generation cannot be neglected. “Our study is
not conducted to state that it is better to use
bagasse for ethanol production than for
producing energy. The market is going to determine that”, he claims. “Until 2020, Brazil has
the potential to produce 17 billion L of bagasse
ethanol. I have numbers showing that the
availability of bagasse can reach 428 million tons
in 2020”, he states. “The major challenge is
related to our attaining production compatibility
of second-generation ethanol with the existing
plants, besides making this process simple and
low-cost. I believe that by 2012 we will be able
to have a demonstration plant.”
One of the advantages of using bagasse is
being able to increase production with the same
planted area. “It will not be necessary to plant
one single m2 more of sugar cane”, stresses the
CEO. “Today, those who are against say it is
going to cause impacts, that we will have to
plant more sugar cane, that the demand will be
greater. This is nonsense.” Fernandes
strengthens his argument even more by
stressing that he has seen, has studied and has
participated in seminars and symposiums on
the theme. “What the Brazilian Sugar Cane
Industry Association (Unica), an entity
acknowledged worldwide, says is true. It has
been more than proved that it is not necessary
to invade the Amazon or the Pantanal for
obtaining more ethanol. There will be biomass
to produce power, as well as second-generation
ethanol; there will be biomass, that is the point.”
Involved in projects for obtaining renewable
fuels, the company takes sustainability and
environment preservation principles seriously
in all the countries in which it operates. “It is
mandatory to know the origin of each raw material, all suppliers are certified”, exemplifies
Fernandes. The pallets carrying some of its
enzymes have to originate from reforested wood.
According to him, the company global policy
provides that raw materials from renewable
sources should be used as much as possible
and that they must not derive from slave or child
labor. For this, all over the world, it conducts
audits of the suppliers in loco. The company is
also concerned about who purchases the waste
it produces – the money collected goes to the
employees’ association.
Formerly, 28 tons of gardening waste from
the Novozymes in Araucária went to a landfill.
They are now composted. Grass chips and tree
splinters are treated at a central. There, with the
aid of “superworms”, humus is produced which
is later distributed among the employees and
used in the company’s gardens.
FOR THE ENVIRONMENT
“Sustainable is also the way in which we
produce,” says Fernandes. “This includes our
product life cycle analysis, from the raw material up to the sales counter, the so-called life cycle
assessment. We follow up how much CO2 is
emitted to produce 1 kg of enzyme and/or how
much CO2 the industry which uses our enzymes
stops emitting. We have this for 85% of our
products.” Last year, the Novozymes enzymes
were used by the most different industries, by
the most different segments over the world.
“Owing to the fact that these clients used our
enzymes, it was as if 7 million cars had stopped
circulating for a year, without emitting CO2”,
reports the company executive.
Between 13% and 14% of the company bulk
revenue is invested in research and development – in the past five years, Novozymes
launched 43 new products deriving from
research. All over the world, the company employs a thousand scientists, of whom 150 are
dedicated to biofuels. “Today, we sell to over
130 countries, to over 40 different industrial
segments. In 2008, the overall company revenue
was about US$ 1.6 billion, with Novozymes
Latin America accounting for 7% of that, i.e.
US$ 112 million”, says Fernandes. “This is not
negligible; it means that there is still much room
for us to work in Brazil.”
Agosto/August 2009
Projetos do Cenbio
O
GRANDE ENCONTRO
BRASILEIRO DE BIOENERGIA
Acadêmicos, cientistas e autoridades estiveram no ‘workshop’ que discutiu
teorias e práticas sobre o assunto em todo o mundo
Fotos: Meryellen Duarte e Fernando Saker
A
conteceu nos dias 26 e 27 de agosto, no
Biênio da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o workshop
Bioenergia: desafios e oportunidades de negócios,
organizado pelo Centro Nacional de Referência em
Biomassa (Cenbio) do Instituto de Eletrotécnica e
Energia (IEE) da USP. Financiado pelo Ministério de
Minas e Energia (MME), por meio do convênio Fortalecimento Institucional do Cenbio, o evento contou com a presença de diversos nomes importantes
da área de bioenergia do Brasil e se dividiu em seis
painéis: Biocombustíveis; Perspectivas das tecnologias de segunda geração; Sustentabilidade dos biocombustíveis; Perspectivas de projetos de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL); Oportunidades de negócios; e Políticas públicas. Todos foram
presididos por um chairman do setor e compostos
por uma série de palestras com especialistas em cada
área.
As apresentações e os resultados de cada painel
podem ser conferidos em resumos preparados pelos
seus respectivos chairmen, disponíveis no site (http://
cenbio.iee.usp.br).
ABERTURA
O evento foi oficialmente aberto pelo professor
José Aquiles Baesso Grimoni, diretor do IEE da USP.
Coube a ele apresentar o IEE aos participantes do
workshop, contando um pouco da história e da missão. Também reforçou a vocação para pesquisas do
instituto, citando projetos em andamento, bem como
as dissertações de mestrado e teses de doutorado.
Em seguida, Hamilton Moss de Souza, diretor
do Departamento de Desenvolvimento Energético
21
Projetos do Cenbio
PALAVRA DA EXPERIÊNCIA
José Aquiles B. Grimoni
22
do MME, falou sobre Biomassa: pilar da sustentabilidade. Ele abriu sua explanação reforçando o papel da biomassa dentro do conceito de energia sustentável e apresentou números que comprovam o
crescimento do setor. Segundo ele, em 2007 e 2008,
a oferta interna de energia era de 238,8 milhões de
toneladas equivalentes de petróleo (tep), dos quais
110 milhões eram de energia renovável. Com o inevitável crescimento da demanda mundial de energia, a
biomassa pode ganhar um papel crucial no futuro.
Para isso, será preciso cuidar de alguns aspectoschave, como segurança no abastecimento, modicidade
tarifária e universalização do atendimento. “A
biomassa deverá representar 3% da matriz energética
brasileira até 2030. O Brasil é um país renovável,
nosso papel é passar isso para quem está chegando”,
afirmou o palestrante.
Encerrando a abertura do evento ouviu-se a palestra Etanol de 1ª geração: o “estado da arte”, apresentada pelo professor José Goldemberg, do IEE,
profissional considerado como o grande patrono do
Cenbio.
Goldemberg apresentou um panorama do cenário atual da energia no mundo. Os combustíveis fósseis, explicou, são problemáticos porque não são
inexauríveis, ficam com acesso cada vez mais difícil e
têm grande impacto ambiental. Apesar disso, 80% da
energia global hoje vêm de fontes não renováveis,
enquanto a biomassa responde por apenas 1,83%.
As emissões globais de CO2, por consequência, crescem 4% ao ano. Isso configura um problema que
precisa ser resolvido ainda neste século.
“O etanol é uma das soluções”, expôs o professor. “O etanol brasileiro é competitivo com a gasolina em termos de preço e em nível internacional”,
frisou ele. Goldemberg também combateu a ideia de
que a expansão do etanol leva ao desmatamento. “Os
dados mostram que o crescimento da agricultura está
tomando a área de pastagens, e não de mata nativa”,
argumentou, lembrando que o crescimento anual de
área cultivada no Brasil, desde 1968, é de 0,68%.
“As discussões contra o etanol são todas em relação
à expansão da agricultura, mas isso é um argumento
reacionário, contrário ao desenvolvimento. Até porque, para a África e Ásia, essa expansão significa
comida”, afirmou.
Para encerrar sua exposição, Goldemberg disse
estar contente com a realização do evento e confirmou a importância de formar e informar as próximas
gerações para que elas continuem desenvolvendo os
trabalhos na área de bioenergia. “Cabe a vocês levar
esse barco para frente”, disse.
José Goldemberg
Suani Teixeira Coelho
Hamilton Moss de Souza
Agosto/August 2009
Projetos do Cenbio
PAINEL 1: BIOCOMBUSTÍVEIS
O painel sobre biocombustíveis, que teve como
chairman o professor José Roberto Moreira, do Cenbio,
deu início à programação de palestras técnicas. A apresentação inicial foi Bioeletricidade – Reduzindo emissões
e agregando valor ao setor elétrico, ministrada por Carlos
Silvestrin, vice-presidente executivo da Associação da
Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
Silvestrin falou sobre como os resíduos têm deixado
de ser um problema para se tornar parte da solução.
“Hoje, o bagaço é usado como adubo e na produção de
energia elétrica”, explicou o professor, chamando a atenção também para o aumento de projetos oficialmente
registrados na Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) sobre o assunto.
Silvestrin discorreu ainda sobre o processo de présecagem do bagaço em vez de este ser transportado direto da moenda. “Isso ainda é muito inicial”, opinou o
professor. “É uma rota de desenvolvimento, mas não é
ainda uma área de pesquisa comercial pronta”, disse.
O painel continuou com a palestra Panorama dos
biocombustíveis no Brasil: Norte/Nordeste, apresentada
pelo professor Sérgio Peres Ramos da Silva, da Universidade de Pernambuco (UPE). Sobre a falta de investimentos para produção de álcool na região, Peres afirmou:
“No Nordeste, temos regiões montanhosas que não permitem a colheita mecanizada, o que aumenta o custo de
todo o processo”.
Em contraste, Peres falou sobre o “novo Nordeste”
que deverá surgir com a transferência do curso do rio São
Francisco, expandindo a irrigação de terras para dezesseis
municípios. “Prevemos a construção de sete usinas de
açúcar e álcool.”
O professor também apontou o uso de matériasprimas alternativas na região para produção de energia,
como o sebo bovino e o óleo de frango. E lembrou que
64,5% da produção de etanol a partir da mandioca está
no Norte e no Nordeste.
Em seguida, Suani Teixeira Coelho, coordenadora do
Cenbio, editora da Revista Brasileira de Bioenergia e
uma dos idealizadores do evento, apresentou a palestra
Panorama dos biocombustíveis no Brasil: Centro/Sul.
Seu tema apontou os biocombustíveis como “a única
solução viável e comerciável na substituição das fontes
não renováveis”.
Suani explicou que o crescimento do etanol no Brasil
só foi possível devido aos incentivos governamentais no
início do Proálcool, na década de 1970, os quais permitiram que os custos de produção fossem reduzidos de
forma significativa. Ela apresentou o índice de crescimento anual de 4% na produtividade do etanol, que também tem ajudado a reduzir os custos.
A coordenadora do Cenbio também discutiu a expansão do cultivo de cana: com o zoneamento agrícola, será
possível, no futuro, ter 64 milhões de ha de área para
cultivo sem que a mata nativa seja atingida. Além de
beneficiar o etanol, esse zoneamento produzirá uma
agropecuária menos extensiva e mais eficiente.
Por fim, Suani falou sobre certificação. “Nós não
podemos querer nem aceitar que os mesmos critérios de
certificação usados no Brasil, um país avançado na área,
sejam usados na África, por exemplo”, argumentou. “Pensar em fazer colheita mecânica na África, onde não há
estrada, sob o custo de milhões, é algo intrigante quando
a colheita manual ajudaria a gerar emprego no campo.”
Marcelo Khaled Poppe, conselheiro da equipe técnica do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE)
apresentou a palestra Potencial dos biocombustíveis no
Brasil. Segundo ele, em 2010, a produção mundial de
gasolina deverá chegar aos 80 bilhões de L: uma área
cultivada de 20 a 30 milhões de ha seria suficiente para
substituir 10% desse montante por etanol.
Economicamente, esse não é um sonho distante. “A
produção de etanol é uma atividade de grande impacto na
economia brasileira e pode ser de outras também. Hoje
em dia, em termos de volume, consome-se mais etanol do
que gasolina no Brasil”, disse o palestrante, lembrando
que, desde a década de 1920, os carros no Brasil só utilizam gasolina com pelo menos 25% de álcool. Essa tendência ao etanol, ponderou, configura uma “rota de
sustentabilidade agroecológica” que o país tem seguido.
José Roberto
Moreira
Carlos
Silvestrin
Sérgio Peres
Ramos
PAINEL 2: PERSPECTIVAS
DA TECNOLOGIA DE
SEGUNDA GERAÇÃO
O segundo painel foi presidido por Antônio Maria
Francisco Luiz José Bonomi, do Centro de Ciência e
Tecnologia do Bioetanol (CTBE). Quem deu início aos
trabalhos foi Marco Aurélio Pinheiro Lima, diretor do
CTBE, com a palestra Estratégias do CTBE para
Tecnologia de 2ª Geração.
Lima iniciou questionando: em que circunstâncias o
álcool de segunda geração se torna atraente para ingressar
no mercado? “O desafio brasileiro para o álcool de segunda geração é maior que o do resto do mundo porque o
de primeira geração é muito forte”, explicou. Segundo o
professor, na hora em que a demanda mundial por etanol
se equiparar à do petróleo, o papel do Brasil será fundamental.
Complementando essa explanação, Lima apresentou
um software desenvolvido pelo CTBE que é capaz de
estimar a produtividade do etanol de segunda geração, a
partir de um cálculo que abrange todos os processos da
cadeia produtiva. Ele permite verificar o avanço
tecnológico e avaliar se a produção do etanol de segunda
geração é ou não compensadora. “O desafio do CTBE é
fazer com que engenheiros e cientistas trabalhem juntos
numa mesma missão para conseguir criar um programa
próprio para o etanol de segunda geração”, concluiu o
palestrante.
Quem tomou a palavra na sequência foi Suleiman
José Hassuani, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), com a
apresentação Desafios da gaseificação na geração de
Marcelo Khaled
Poppe
Antônio Maria
Bonomi
Marco Aurélio
Pinheiro Lima
Suleiman José
Hassuani
23
Projetos do Cenbio
Ademar
Ushima
Maria Filomena
A. Rodrigues
Oswaldo Lucon
Robert
Boddey
energia do setor sucroenergético. Ele explicou que a
gaseificação é um processo vantajoso de geração de energia porque pode utilizar diferentes matérias-primas e diminui a formação de resíduos. Suleiman afirmou que é
possível adicionar outras biomassas, como a palha de
cana, ao tradicional bagaço, para a gaseificação, o que
rende mais energia. Também falou de avanços na área,
como a estocagem de vapor (produzido a partir do calor
da queima do bagaço) para uso na entressafra. Esse sistema, disse, já está começando a ser introduzido em alguns
lugares do Brasil.
Ademar Ushima, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), apresentou, em seguida, a
palestra Gaseificação do bagaço de cana: rota BTL (Biomass to liquid). Ushima expôs o ciclo de gaseificação de
biomassa para combustíveis líquidos, com quatro partes
essenciais: unidade de preparação de biomassa –
gaseificador – sistema de limpeza e tratamento de gases –
reator catalítico.
O painel foi encerrado por Maria Filomena de Andrade
Rodrigues, também pesquisadora do IPT, com a palestra
Produção de etanol via hidrólise enzimática de bagaço.
O processo, basicamente, consiste em inserir enzimas na
biomassa para extrair moléculas de açúcar, convertendo
esse açúcar em etanol.
Maria Filomena também falou sobre a submissão do
bagaço a um processo prévio para aumentar a produtividade da hidrólise enzimática. “Nós do Brasil ainda não
temos um modelo padrão de pré-tratamento. Isso é uma
carência da comunidade científica”, ponderou.
PAINEL 3: SUSTENTABILIDADE
DOS BIOCOMBUSTÍVEIS
Isaías de
Carvalho Macedo
Carlos
Cerri
Demóstenes
Barbosa da Silva
24
Encerrando as atividades do dia 26, o painel sobre
sustentabilidade foi presidido por Oswaldo Lucon, assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. A palestra inicial, ministrada pelo professor Robert Boddey, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi Balanço
energético e as emissões de gases efeito estufa na produção de bioetanol da cana-de-açúcar em comparação com
outros biocombustíveis.
Boddey apresentou pontos polêmicos da produção
do etanol, a partir da ideia de que, para ser realmente sustentável, é preciso contabilizar as emissões de CO2 e trabalhar para minimizá-las. “Se é utilizada mais energia
fóssil do que se produz de energia renovável, algo está errado”, apontou e exemplificou: uma plantação de canade-açúcar emite mais CO2 do que outro tipo de cultura,
mas impede a emissão de toneladas de CO2 que seriam
emitidos pela combustão da gasolina. Na mesma medida,
a queima da cana emite mais CO2 do que a colheita mecanizada.
A palestra seguinte foi Balanço energético e emissões de carbono na produção de etanol, com Isaias de
Carvalho Macedo, pesquisador associado do Núcleo
Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universi-
dade de Campinas. A apresentação se dedicou a explicar
as três metodologias pelas quais é possível calcular os
balanços de energia que são vistos no setor. Macedo apontou problemas como o fato de algumas metodologias utilizarem dados generalistas para toda a América do Sul (no
que diz respeito à eficiência do transporte, por exemplo).
Fechando o painel, o professor Carlos Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqUSP), discorreu sobre O papel do carbono no solo na
redução de gases do efeito estufa no agronegócio produtor de bioenergia. O professor dedicou-se a explicar como
a absorção de CO2 pelo solo pode ajudar no combate ao
efeito estufa.
Segundo Cerri, o carbono é absorvido do ar, pelas
plantas, e passa para o solo por meio da decomposição
dessas plantas quando elas morrem. Esse carbono se fixa
no solo e, em um sistema nativo, esse estoque é constante. Na ocasião de um desmatamento por meio de queimada, ocorre a transformação de parte da biomassa em gás,
o que faz com que o solo deixe de absorver esse carbono.
É por isso que a chamada agricultura conservacionista
prega o uso de métodos em que o solo absorva sempre o
máximo de carbono que é capaz. Na produção do etanol,
essa prática poderia ser aplicada na colheita da cana sem
queima, por exemplo, porque, além do carbono que deixa
de ser emitido com a não transformação da biomassa em
gás, há também o carbono que iria ao solo devido à decomposição da palha de cana. “Quanto mais limpo for o
processo, maior será o valor agregado do etanol”, fez
notar o palestrante.
PAINEL 4: PROJETOS
DE MECANISMOS DE
DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL)
O segundo dia do workshop (27) foi aberto com um
painel dedicado aos MDLs, presidido por Demóstenes
Barbosa da Silva, diretor de Gestão de Meio Ambiente e
Créditos de Carbono do grupo AES Tietê. Luiz Gylvan
Meira Filho, pesquisador visitante do Instituto de Estudos Avançados (IEA), abriu os trabalhos com a palestra
Como incluir os biocombustíveis no regime futuro de mudança do clima. “Quero desafiar os senhores a pensar
como o regime interno sobre mudança do clima pode ajudar a promover o aumento do uso de biocombustíveis na
matriz mundial”, disse Gylvan ao iniciar sua conferência.
Acordo recente entre os líderes mundiais, explicou,
gerou um pacto para limitar o aumento da temperatura a
2oC até o fim deste século, o que implica cortar em 60%
as emissões de carbono em relação aos índices apurados
em 1990. “Não há solução mágica”, avaliou. “Os
biocombustíveis são parte dessa solução”.
Segundo Gylvan, o conceito de “adicionalidade financeira”, acrescentado recentemente às discussões sobre sustentabilidade, visa a maximizar os ganhos financeiros com os investimentos na área. Isso é mau para o
setor de MDL porque as iniciativas na área são mais
caras e menos interessantes comercialmente. “Hoje, te-
Agosto/August 2009
Projetos do Cenbio
mos uma necessidade desesperada de achar um mecanismo econômico que incentive os MDLs”, disse.
O próximo conferencista, Ricardo Esparta, sóciodiretor da empresa Ecopart, que falou sobre Projetos
MDL no setor sucroalcooleiro – Problemas recentes de
projetos brasileiros, explicou que “não basta um projeto
reduzir as emissões de carbono. Ele tem de apresentar
como, e esse ‘como’ precisa ser aprovado segundo critérios metodológicos”.
As duas metodologias internacionais atuais para o
setor sucroalcooleiro têm criado problemas para o Brasil. De todos os projetos do País submetidos às
metodologias AM15 (cogeração de energia a partir de
bagaço) e ACM6 (geração de energia a partir de resíduos
de biomassa), apenas um foi aprovado. “A metodologia é
muito abrangente, vale para o mundo inteiro, sendo que
os critérios não se aplicam ao Brasil. Ou seja, somos barrados por problemas burocráticos”, alertou o palestrante.
Magno Botelho Castelo Branco, coordenador de
Meio Ambiente da organização não governamental Iniciativa Verde, deu prosseguimento ao painel com a apresentação Recomposição florestal e geração de energia
no âmbito do MDL. Segundo Botelho, o território brasileiro apresenta altas taxas fotossintéticas que geram um
volume de biomassa ainda altamente inexplorado. É preciso, então, na hora de calcular a emissão de carbono de
um projeto, sempre levar em conta a taxa de sequestro de
carbono – mas os cálculos atuais de sequestro em áreas
florestais ainda são imprecisos, o que precisa ser melhorado.
Finalizando o painel, a palestra Apresentação dos
projetos de MDL dos aterros Bandeirantes e São João
foi apresentada por Antônio Carlos Delbin, diretor técnico da empresa Biogás Energia Ambiental que explicou
como são e funcionam as usinas que exploram gás a partir de aterros sanitários.
“O maior desafio, hoje, é administrar a saída de água
e gás do aterro”, explicou Delbin, lembrando também
que, em geral, a empresa que opera o aterro não é a mesma que explora o gás – e isso pode gerar conflitos eventuais. Os custos maiores são em relação à rede de captação do gás: no aterro Bandeirantes, ela soma 26 km de
dutos, extensão monitorada diariamente para checar se o
gás não está sendo contaminado pelo ar. O resultado,
porém, compensa: juntas, as usinas do Bandeirantes e
São João já geraram 4,5 milhões de créditos de carbono.
PAINEL 5: OPORTUNIDADES
DE NEGÓCIOS PARA
BIOCOMBUSTÍVEIS
O quinto e penúltimo painel discutiu as condições
do mercado de biocombustíveis no mundo atualmente. A
mesa foi presidida por Francisco Nigro, pesquisador da
Secretaria de Desenvolvimento de São Paulo.
Martinho Ono, diretor da empresa SCA Etanol, começou as atividades com a palestra Oportunidades de
negócio: mercado externo e logística. Sua apresentação
mostrou a carência do Brasil com relação a um sistema de
transporte mais adequado para os biocombustíveis. “Ain-
da dependemos de transporte rodoviário, enquanto países como os Estados Unidos possuem redes de pipelines
que tornam a logística mais eficiente”, declarou Ono. Essa
carência é contrastada com o potencial do País nesse
mercado. “Exportamos só 15% da nossa produção e ainda assim somos o segundo maior produtor do mundo”,
apontou Ono, salientando que, de todo o etanol
comercializado hoje no mundo, 68% é brasileiro.
Luiz Gonzaga Bertelli, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), abriu sua palestra O presente e o futuro da produção de biocombustíveis
no Brasil mencionando o engenheiro urbano Ernesto
Stumpf, criador do Proálcool. Segundo ele, “todo empresário do setor de álcool deveria ter um busto de Stumpf
na sua empresa”. Ele lembrou que, desde a década de
1970, o Brasil não constrói nenhuma refinaria e classificou como “propaganda enganosa” a ideia de que o país
será autossuficiente em petróleo com o Campo de Tupi.
Bertelli também argumentou que o governo federal deveria investir mais em etanol, já que seu biocombustível é o
mais ecológico e mais barato do mundo.
Eduardo Leão de Sousa, diretor executivo da União
da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), apresentou o
tema Oportunidades e desafios nos mercados nacional e
internacional. Para ele, o mercado de etanol cada vez
mais pede o envolvimento do setor privado, e este já não
pode mais ser considerado um assunto “do governo”.
Por outro lado, o mercado para os biocombustíveis,
diferente do que acontece com outras commodities, não
surge espontaneamente, o que leva à necessidade de políticas públicas para estimular seu desenvolvimento. E
isso dá resultado, como pode ser visto nos Estados Unidos, onde o consumo de biocombustíveis é seis vezes
maior que o brasileiro. Como conclusão, Sousa argumentou que o etanol é capaz de diminuir em 90% a emissão
de CO2 em toda sua vida útil, em relação à gasolina, e que
esse motivo, por si só, permite estimar um crescimento
da demanda no futuro.
Virginia Parente, professora do IEE, encerrou o painel com a palestra Ganhadores e perdedores no comércio mundial de biocombustíveis: o que nos ensina a teoria econômica. A conferencista explicou que o consenso
de que as políticas macroeconômicas eram a principal
variável no crescimento do PIB per capita já não é mais
válido. Estudos mostram que a qualidade institucional
tem assumido o papel mais importante nessa conta. Além
disso, Virgínia também sugeriu que o Brasil busque investir e replicar iniciativas de bioenergia em países menos favorecidos, como algumas nações africanas, como
forma de se estabelecer no mercado internacional de
biocombustíveis.
Luiz Gylvan
Meira Filho
Ricardo
Sparta
Magno Botelho
Castelo Branco
Antônio Carlos
Delbin
Francisco
Nigro
Martinho
Ono
PAINEL 6: PROPOSTAS DE
POLÍTICAS PÚBLICAS
Encerrando os trabalhos do primeiro workshop do
Cenbio, o sexto painel, apontado por Suani Coelho como
fundamental para nortear as políticas públicas que precisam ser criadas para o crescimento e desenvolvimento do
setor de bioenergia no Brasil, levou o público a refletir
Luiz Gonzaga
Bertelli
25
Projetos do Cenbio
Eduardo Leão
de Sousa
Virgínia
Parente
Emílio Lebre
La Rovere
Carlos Henrique
de Brito Cruz
Fernando
Cardoso Rei
Alexandre B.
Strapasson
Maria Cecília
Wey de Brito
26
sobre os temas discutidos até então. A mesa foi presidida
por Emílio Lèbre La Rovere, professor associado da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Quem abriu o painel foi Carlos Henrique de Brito
Cruz, membro do Conselho Superior da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com
a palestra Desafios para a pesquisa em bioenergia em São
Paulo. Brito apontou que, no Brasil, as políticas em relação
à pesquisa ainda estão muito focadas na cana-de-açúcar.
De fato, o Brasil possui hoje “grande produção científica” nesse campo. No entanto, em 2005, após o presidente americano (George W. Bush) falar sobre bioenergia,
o assunto começou a receber atenção de outros países e
foi gerada uma competição internacional na área científica. Com isso, o Brasil, que foca suas pesquisas na cana,
está ficando defasado em pesquisas sobre sustentabilidade,
LUC, ILUC e outros. “Isso é grave. A disputa política e
comercial requer ciência”, afirmou o professor, chamando a atenção para o fato de que, atualmente, as pesquisas
giram em torno de dois temas principais, produtividade e
sustentabilidade, e que nossa estratégia de pesquisa precisará estar voltada a eles também.
Fernando Cardoso Rei, diretor-presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), assumiu a palavra em seguida com a apresentação Políticas
públicas para as mudanças climáticas no Estado de São
Paulo e declarou: “O primeiro passo para uma política
pública eficiente sobre as mudanças climáticas é reconhecer que elas afetam todos os níveis da sociedade”.
Rei também citou o Projeto ambiental estratégico
município verdeazul, realizado pela Secretaria do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo, que estabeleceu 21
projetos ambientais estratégicos. Segundo o palestrante,
os paulistas são líderes na criação de políticas públicas
ambientais independentes desde 1995. “Por que fazemos uma política independente? Porque São Paulo é praticamente um país próprio”, definiu.
Para exemplificar, Rei lembrou que Francisco Graziano Neto, secretário do Meio Ambiente de São Paulo,
é também vice-presidente para América Latina e Caribe
do Grupo The Network of Regional Governments for
Sustainable Development (NRG4SD), que promove o
desenvolvimento sustentável em todo o mundo. A palestra foi finalizada com a prospecção de que a meta atual de
20% na redução de emissões de carbono no Estado,
estabelecida para 2020, será atingida já em 2010.
A palestra Políticas públicas para a expansão sustentável dos biocombustíveis no Brasil veio em seguida.
Apresentada por Alexandre Betinardi Strapasson, diretor do Departamento da Cana-de-açúcar e Agroenergia
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
seu conteúdo apontou a importância do ordenamento
territorial no crescimento da produção de etanol.
De acordo com Strapasson, são três as principais ferramentas para realizar esse ordenamento: zoneamento ecológico-econômico, zoneamento agrícola e zoneamento agroecológico. Não há relações significativas entre os biocombustíveis e o aumento nos preços dos alimentos: “O Brasil é o maior produtor de etanol de cana do mundo e só
utiliza 1% do seu território para isso”, apontou o palestrante.
Strapasson concluiu dizendo que é importante esti-
mular a produção mundial de biocombustíveis, prioritariamente em países com culturas eficientes, aptidão agrícola e disponibilidade de terras. O zoneamento agrícola
pode contribuir para que essa expansão seja feita de forma ordenada. Além disso, frisou o palestrante, as próximas gerações de biocombustíveis serão mais produtivas,
o que reduzirá as pressões sobre novas áreas de cultivo.
Por fim, ele afirmou que os fundos internacionais poderiam estimular de forma mais eficiente a transferência de
tecnologias agrícolas aos países em desenvolvimento, o
que aumentaria a produção e diminuiria a pobreza.
A tarefa de encerrar o ciclo de palestras técnicas do
painel e de todo o workshop ficou a cargo de Maria Cecília Wey de Brito, secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente: Políticas públicas
para proteção ao meio ambiente no governo federal foi
o seu tema. Alguns desafios que o governo federal precisará enfrentar nos próximos anos foram listados pela
conferencista: a contínua perda da biodiversidade, as
mudanças climáticas, a questão do desmatamento da Amazônia, o crescimento da demanda por combustíveis, a
falta de informação e o aumento da demanda por
biocombustíveis para ajudar a suprir as metas de redução
de emissões mundiais.
Em seguida, Maria Cecília citou algumas medidas
adotadas pelo governo para superar esses desafios: a
adesão à Convenção de mudanças climáticas, ao Protocolo de Quioto, à Convenção de diversidade biológica e
ao Plano nacional de mudanças climáticas, que tem como
objetivos fomentar aumentos de eficiência no desempenho dos setores produtivos; manter elevada a participação de energia renovável na matriz energética; fomentar o
aumento sustentável da participação de biocombustíveis
na matriz de transportes nacional; reduzir as taxas de
desmatamento; e fomentar o desenvolvimento de pesquisas científicas.
Maria Cecília ainda falou de outros projetos e afirmou que, em relação ao etanol, o objetivo do governo é
fomentar a indústria para que o consumo cresça 11% ao
ano nos próximos dez anos.
ENCERRAMENTO
Patrícia Matai, professora da Escola Politécnica da
USP, fez o primeiro discurso de encerramento. Elogiou a
iniciativa do Cenbio e espera ver o workshop ganhar
novas edições no futuro. José Goldemberg lembrou que
o poder público precisará cada vez mais das universidades, de tecnologia e conhecimento. E disse ainda que a
própria realização do evento já é uma grande conquista.
“Dez, vinte anos atrás, esse tipo de interação não apenas
era incomum, como também não era bem-vinda”, afirmou ele.
Por fim, Suani Coelho tomou a palavra para fazer os
agradecimentos finais. “Tivemos a ambição de organizar
um programa com grandes nomes da área e ficamos honrados, pois conseguimos a presença de todos”, disse ela.
Agosto/August 2009
Meio Ambiente
EM DISCUSSÃO, O EFEITO
INDIRETO DA MUDANÇA
DO USO DA TERRA
Tema tornou-se supervalorizado ao ser incluído por EUA e UE na legislação que
trata de biocombustíveis e da redução de emissões de gases do efeito estufa
Fotos: Amorim Leite
setor de energia está no centro dos esforços para a redução das emissões de
gases do efeito estufa em todo o mundo. Com o aquecimento global e as mudanças
climáticas, os biocombustíveis ganharam força
como opção de energia renovável em substituição aos combustíveis fósseis e viram crescer
sua importância estratégica pela possibilidade
de garantir suprimento energético independente do petróleo. Em defesa do meio ambiente, a
Comunidade Europeia e os EUA estabeleceram
metas de redução para o setor de transportes –
responsável por cerca de 25% das emissões
mundiais de CO2, de acordo com o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente –,
por meio de leis que exigem, ou aumentam, a
participação de combustíveis renováveis em
suas frotas. A legislação trouxe à tona um tema
que até então não merecia grande atenção: o
efeito indireto da mudança do uso da terra para
a produção de biocombustíveis sobre a emissão de CO2.
“Sempre se achou que não fazia sentido
medir isso”, diz o engenheiro agrônomo André
Nassar, diretor-geral do Instituto de Estudos
do Comércio e Negociações Internacionais
(Icone), organização que se dedica a estudos e
projetos sobre agricultura e agronegócio. “Hoje,
devido principalmente à legislação americana –
a europeia ainda está em negociação –, que diz
ser necessário medir as emissões de CO2 dos
biocombustíveis levando em conta os efeitos
das mudanças diretas e indiretas, há uma grande discussão mundial sobre o assunto. O problema é que essa discussão mundial levou a
uma supervalorização do tema.”
Nassar explica a diferença entre efeito direto e indireto da mudança do uso da terra. “Em
O
Em pauta: efeito
indireto da mudança
do uso da terra para a
produção de
biocombustíveis sobre
a emissão de CO2
27
Meio Ambiente
Nassar, do Icone: “Se
alguém quiser usar o
efeito indireto para
barrar o etanol
brasileiro por critério
técnico, não vai
conseguir”
determinada região, alguém plantou cana e uma
usina se instalou. O que a cana substituiu? Ela
cresceu sobre pastagem, grãos, laranjal? O efeito direto considera as emissões antes e depois
de a cana se instalar, levando em conta também
quanto carbono foi emitido na produção de
etanol, por exemplo, quanto combustível o trator usou e a quantidade de adubo e de herbicida.”
Medir o efeito indireto é mais complexo. “A
cana substituiu grãos. Se a produção de grãos
do Brasil cresceu, essa área de grãos que diminuiu por causa da cana foi para algum lugar. A
cana deslocou uma atividade produtiva que, num
efeito cascata, pode estar contribuindo, lá na
fronteira agrícola, para a conversão da Floresta
Amazônica ou do cerrado em áreas agrícolas. O
efeito indireto é a tentativa de medir esse impacto, digamos assim, de algo que foi deslocado pela cana.”
RESULTADOS DIFERENTES
Como se vê, medir os efeitos indiretos da
mudança do uso da terra é complicado e, dependendo dos parâmetros usados, os resultados podem ser bem diferentes. Segundo Nassar,
uma forma que tem sido comumente utilizada é
fazer um modelo econômico de projeção da área
da matéria-prima agrícola que vai dar origem ao
biocombustível. “Depois, faz-se uma projeção
para o futuro, em razão da demanda esperada
por biocombustível, e se mede, no modelo eco-
28
nômico, quanto houve de mudança no uso da
terra.” O engenheiro agrônomo chama a atenção para a importância de levar em conta as
características de cada país para não se chegar
a “números absurdos”. Em maio, por exemplo, a
Agência de Proteção Ambiental Americana
(EPA) considerou o etanol brasileiro, de canade-açúcar, 46% mais eficiente que a gasolina
para a redução de emissões de gases do efeito
estufa, incluído aí o efeito indireto. “Pelo nosso
cálculo, utilizando o nosso modelo econômico,
chegamos a 69% de eficiência, mesmo considerando o efeito indireto”, diz Nassar. “Tentamos
mostrar que, se os Estados Unidos querem que
o efeito indireto entre na conta, que ele seja
medido corretamente.”
No Brasil, explica Nassar, a maior parte do
efeito indireto ocorre internamente. “Aqui, o
deslocamento de atividades produtivas pela
cana é pequeno porque existe a intensificação
de pastagens, por exemplo. Então, se alguém
falar que a expansão da cana no Brasil deslocou 1 milhão de ha de floresta tropical na
Indonésia, não dá para dizer que é verdade”,
argumenta. Já nos Estados Unidos, onde grande parte da área disponível para a agricultura já
está sendo usada, o caso é diferente. “Se a demanda por etanol aumenta, crescem a produção de milho e a área plantada de milho. Como o
país já não tem muita terra livre, o crescimento
do milho vai deslocar alguma cultura – soja, por
exemplo. E aí, na cabeça dos defensores do efeito
indireto, Brasil ou Argentina ou Indonésia vão
produzir soja para suprir a produção menor
americana. Cria um efeito indireto internacional, que vai pulando de país para país.”
Nassar não acredita que a inclusão do efeito indireto da mudança do uso da terra nos cálculos que medem a eficiência dos biocombustíveis esconda algum tipo de barreira ao etanol
brasileiro. “Acho que essas questões ambientais não são deliberadamente contra o Brasil,
apesar de baterem de frente com o nosso etanol.
Há quem ainda tenha dúvida se biocombustível
de base agrícola é a melhor opção para reduzir
emissões. Há pessoas que são contra as políticas para os produtores locais, como os subsídios, por exemplo. Há quem prefira seguir com
o petróleo e quem considere o carro elétrico
como a melhor opção tecnológica”, enumera o
engenheiro agrônomo. “Em todo o caso, se alguém quiser usar o efeito indireto da mudança
do uso da terra para barrar o etanol brasileiro
por critério técnico, não vai conseguir.”
Agosto/August 2009
The Environment
UNDER
DISCUSSION,
THE INDIRECT EFFECT OF
LAND USE CHANGE
The theme was overvalued when it was included by the USA and the EU in the
legislation on biofuels and on the reduction of greenhouse gases emissions
Photos: Amorim Leite
he energy sector is in the center of the
efforts for reducing greenhouse gases
emissions all over the world. With global warming and climate changes, biofuels
gained momentum as an alternative renewable
energy to replace fossil fuels and witnessed their
growth in strategic importance for the possibility
of ensuring energy supply independently of oil.
Advocating the environment, the European
Community and the USA established reduction
goals for the transportation sector – accounting
for about 25% of the world CO2 emissions,
according to the United Nations Environment
Program –, by means of laws that require, or
increase, the participation of renewable fuels in
their fleets. The legislation raised an issue that,
until then, had not attracted much attention:
the indirect effect of land use change for
biofuels production on CO2 emission.
“It was always thought that measuring that
was nonsense”, says agronomic engineer André Nassar, general director of Icone (Institute
for International Trade Negotiations), an
organization dedicated to studies and projects
on agriculture and agribusiness. “Today, mainly
due to the American legislation – the European
one is still under negotiations –, which states
that it is necessary to measure the biofuels CO2
emissions, taking into account the effects of
direct and indirect changes, there is a wide world
discussion on the subject. The problem is that
this world discussion caused the theme to be
overvaluated.”
Nassar explains the difference between
direct and indirect effect in land use change.
“In a certain region, someone planted sugar
cane and a plant was established. What did
sugar cane replace? Did it grow over pastures,
T
In discussion: the
indirect effect of
land use change
for biofuels
production on CO2
emission
29
The Environment
Nassar, from Icone: “If
someone wants to use
the indirect of land
use change to halt the
Brazilian ethanol by a
technical criterion, will
not succeed”
grain fields, orange groves? The direct effect
considers the emissions before and after sugar
cane is installed, also taking into account how
much carbon was emitted in ethanol production,
for example, how much fuel the tractor used as
well as the amount of fertilizer and herbicide.”
Measuring the indirect effect is more
complex. “Sugar cane replaced grains. If the
grain production in Brazil grew, this grain area
that decreased because of sugar cane must have
gone somewhere. Sugar cane displaced a
productive activity which, in a domino effect,
may be contributing, there, in the agricultural
boundaries, to convert the Amazon Forest or
the cerrado into agricultural areas. The indirect
effect is the attempt to measure this impact, let
us say, of something that was displaced by sugar cane.”
DIFFERENT RESULTS
As can be seen, measuring the indirect
effects of land use change is complicated and,
depending on the parameters used, the results
can be quite different. According to Nassar, a
form that has been commonly used is to make
an economic projection model of the area of the
agricultural input that will originate the biofuel.
“Later, a future projection is made, due to the
expected demand for biofuel, and a measure is
30
made, in the economic model, of how much land
use change there has been.” The agronomic
engineer calls attention to the importance of
considering each country’s characteristics so
as not to reach “absurd numbers”. In May, for
example, the American Environment Protection
Agency (EPA) considered the Brazilian sugar
cane ethanol 46% more efficient than gasoline
for reducing greenhouse gases emissions, there
including the indirect effect. “By our calculations, using our economic model, we reached
69% efficiency, even considering the indirect
effect”, states Nassar. “We try to show that, if
the United States want the indirect effect to be
accounted, it should be correctly measured.”
In Brazil, explains Nassar, most of the indirect
effect occurs domestically. “Here, the displacement of productive activities by sugar
cane is small since there is an intensification of
pastures, for example. Hence, if someone says
that the sugar cane expansion in Brazil displaced
1 million ha of tropical forest in Indonesia, this
cannot be considered true”, he argues. In turn,
in the United States, where a large portion of
the area available for agriculture is already being
used, the case is different. “If the demand for
ethanol increases, corn production and the area
planted with corn grows. As the country no
longer counts on much available land, corn
growth will displace some culture – soybean,
for example. Then, for those who advocate the
indirect effect, Brazil or Argentina or Indonesia
will produce soybean to supply the smaller
American production. It creates an international
indirect effect that spills from one country over
another.”
Nassar does not believe that the inclusion
of the indirect effect of land use change in the
calculations that measure biofuels efficiency
may disguise some kind of barrier to the Brazilian
ethanol. “I think these environmental issues are
not deliberately against Brazil, despite clashing
with our ethanol. There are also those who
doubt that the agriculture-based biofuel is the
best option to reduce emissions. There are
people who are against the policies for local
producers, such as subsidies, for example. There
are those who prefer to go on using oil and
those who consider the electric vehicle the best
technological option”, lists the agronomic
engineer. “Anyway, if someone wants to use
the indirect effect of land use change to halt the
Brazilian ethanol by a technical criterion, he/
she will not succeed.”
Agosto/August 2009
Cenbio Projects
THE
GREAT BRAZILIAN
BIOENERGY MEETING
Scholars, scientists and authorities attended the workshop which discussed
bioenergy theories and practices all over the world
Photos: Meryellen Duarte and Fernando Saker
O
n August 26th and 27th, the workshop Bioenergy: challenges and business opportunities was held at the Polytechnic School
of the University of Sao Paulo (USP), organized
by the Brazilian Reference Center on Biomass
(Cenbio) of the Institute de Electrotechnics and
Energy (IEE) of USP. Financed by the Brazilian
Ministry of Mines and Energy (MME), by means
of the Cenbio Institutional Strengthening covenant,
the event counted on the presence of several
important names in Brazil’s bioenergy area and was
divided into six panels: Biofuels; Perspectives of
second-generation technologies; Biofuels
sustainability; Perspectives of clean development
mechanism (CDM) projects; Business opportunities; and Public policies. They were all conducted
by a sector chairman and composed of a series of
lectures by specialists in each area.
The presentations and the results of each panel
can be examined in summaries prepared by their
respective chairmen, available at the site (http://
cenbio.iee.usp.br).
OPENING
The event was officially opened by Professor José
Aquiles Baesso Grimoni, director of IEE of USP, unit
which houses the Cenbio. He was responsible for
presenting the IEE to the workshop participants, telling
a bit of its history and its mission. He also remarked
the Institute vocation for researches, mentioning
ongoing projects, as well as the MSc dissertations and
doctoral theses.
31
31
Cenbio Projects
Brazil is a renewable country, our role is to pass this
on to those who are coming”, stated the speaker.
WORD OF EXPERIENCE
José Aquiles B. Grimoni
32
Next, Hamilton Moss de Souza, director of the
Department of Energy Development of the Ministry
of Mines and Energy, presented Biomass: pillar of
sustainability. He opened his lecture stressing the
role of biomass within the sustainable energy concept
and presented numbers that prove the growth in the
sector. According to him, in 2007 and 2008, the
domestic energy supply was 238.8 million tons of
oil equivalent (toe), 110 million of which were
renewable energy. With the inevitable growth in the
world demand for energy, biomass can play a crucial
role in the future. For this, it will be necessary to see
to some key aspects, such as supply safety, tariff
modicity and service universalization. “Biomass will
represent 3% of the Brazilian energy matrix by 2030.
Closing the opening of the event, the lecture First
generation ethanol: the “state-of-the-art” was presented by professor José Goldemberg, from IEE, a professional considered the great Cenbio patron.
Goldemberg presented an overview of the present
energy scenario in the world. Fossil fuels, he
explained, are problematic because they are not
inexhaustible; it is increasingly more difficult to access
them and they produce great environmental impact.
Nevertheless, 80% of the global energy comes from
non-renewable sources, whereas biomass accounts
for only 1.83%. The global CO2 emissions, as a
consequence, grow by 4% a year. This configures a
problem that has to be solved still in this century.
“Ethanol is one of the solutions”, stated the professor. “The Brazilian ethanol is competitive with
gasoline in terms of price and at international level,”
he stressed. Goldemberg also countered the idea that
ethanol expansion leads to deforesting. “Data show
that the growth in agriculture is taking pasture areas,
and not native forest ones”, he argued, observing
that the annual growth in cultivated area in Brazil,
since 1968, is 0.68%. “The discussions against the
ethanol are all related to agriculture expansion, but
this is a reactionary argument, contrary to
development. Even because, for Africa and Asia, this
expansion means food”, he stated.
So as to close his speech, Goldemberg claimed to
be happy with the conduction of the event and
confirmed the importance of forming and informing
the next generations so that they keep developing
works in the bioenergy area. “It is up to you to keep
that boat going”, he said.
José Goldemberg
Suani Teixeira Coelho
Hamilton Moss de Souza
Agosto/August 2009
Cenbio Projects
PANEL 1: BIOFUELS
The panel on biofuels, chaired by professor José
Roberto Moreira, from Cenbio, started the technical
speech program. The initial presentation was Bioelectricity
– Reducing emissions and adding value to the power
sector, made by Carlos Silvestrin, vice-CEO of the Power
Cogeneration Industry Association (Cogen).
Silvestrin talked about how wastes have ceased to be
a problem to be part of the solution. “Today, bagasse is
used as a fertilizer and in electric power production”,
explained the professor, also pointing out the increase in
projects on the subject officially registered at the Brazilian
Electric Power Agency (Aneel).
Silvestrin also discussed the bagasse pre-drying
process instead of transporting it straight to the mill.
“This is still very incipient”, said the professor. “It is a
development route, but it is not yet a ready commercial
research area”, he said.
The panel proceeded with the talk Biofuels scenario
in Brazil: North/Northeast, presented by professor Sérgio Peres Ramos da Silva, from the University of
Pernambuco (UPE). On the lack of investments for ethanol
production in the region, Peres affirmed: “In the
Northeast, there are mountainous regions that do not
allow mechanized harvesting, which increases the cost
of the whole process”.
By contrast, Peres talked about the “new Northeast”
which will emerge after the transfer of the course of the
River São Francisco, expanding the irrigation of lands to
sixteen municipalities. “We foresee the construction of
seven sugar and ethanol plants.”
The professor also pointed out the use of alternative
input in the region for power production, such as bovine
fat and chicken oil. He remarked that 64.5% of the ethanol
production as from manioc lies in the North and in the
Northeast.
Next, Suani Teixeira Coelho, coordinator of Cenbio,
editor of the Revista Brasileira de Bioenergia and one of
the event organizers, presented the talk Biofuels scenario
in Brazil: Center/South. Her theme focused on biofuels
as “the only viable and tradable solution for replacing
non-renewable sources”.
Suani explained that the growth of ethanol in Brazil
was only possible due to the governmental incentives
from the beginning of Proalcool, in the 1970s, which
allowed the production costs to be significatively reduced.
She also presented the 4% annual growth rate in ethanol
productivity, which has also helped to reduce costs.
The Cenbio coordinator discussed the expansion of
sugar cane growth, as well: with the agricultural zoning,
in the future it will be possible to have 64 million ha of
area for growing crops without harming the native
vegetation. Besides benefitting ethanol, this zoning will
provide less extensive and more efficient stockbreeding.
Finally, Suani talked about certification. “We cannot
wish or accept that the same certification criteria used in
Brazil, an advanced country in the area, are used in Africa,
for example”, she argued. “To think of mechanical
harvesting in Africa, where roads are scanty, which would
cost millions, is something intriguing when manual harvest
would help to generate jobs in the fields.”
Marcelo Khaled Poppe, counselor of the technical
team of the Center of Management and Strategic Studies
(CGEE) presented the talk Biofuels potential in Brazil.
As stated by him, in 2010, the gasoline world production
will reach 80 billion L: a cultivated area from 20 to 30
million ha would be enough to replace 10% of this amount
with ethanol.
Economically, this is not a distant dream. “Ethanol
production is an activity with great impact on the
Brazilian economy and may impact others, too.
Nowadays, in terms of volume, more ethanol is consumed
than gasoline in Brazil”, said the lecturer, remarking that,
as from the 1920s, vehicles in Brazil only use gasoline
with at least 25% ethanol. This trend towards ethanol,
he pondered, configures an “agricultural-ecological
sustainability route” which the country has followed.
PANEL 2: PERSPECTIVES
FOR SECOND-GENERATION
José Roberto
Moreira
Carlos
Silvestrin
Sérgio Peres
Ramos
TECHNOLOGY
The second panel was chaired by Antônio Maria
Francisco Luiz José Bonomi, from the Bioethanol Science
and Technology Center (CTBE). The person to open the
session was Marco Aurélio Pinheiro Lima, CTBE director,
with the talk CTBE Strategies for Second-generation
Technology.
Lima started by inquiring: in what circumstances does
second-generation ethanol get attractive to enter the
market? “The Brazilian challenge for the secondgeneration ethanol is greater than in the rest of the world,
because the first-generation one is very strong”, he
explained. According to the professor, when the world
demand for ethanol gets equivalent to that of oil, Brazil’s
role will be crucial.
Complementing this explanation, Lima presented a
piece of software developed by the CTBE which can
estimate the second-generation ethanol productivity, from
a calculation that comprehends all the productive chain
processes. It allows verifying the technological
improvement and assessing whether the secondgeneration ethanol production is or is not worthwhile.
“The CTBE challenge is to make engineers and scientists
work together in the same mission so as to create their
own program for the second-generation ethanol”, the
lecturer concluded.
The next to speak was Suleiman José Hassuani,
Research and Development coordinator of the Sugar Cane
Technology Center (CTC), with the presentation
Challenges of gasification in power generation of the
sugar-energy sector. He explained that gasification is an
advantageous power generation process because it can
use different inputs and decreases waste formation.
Marcelo Khaled
Poppe
Antônio Maria
Bonomi
Marco Aurélio
Pinheiro Lima
Suleiman José
Hassuani
33
33
Cenbio Projects
Ademar
Ushima
Maria Filomena
A. Rodrigues
Oswaldo Lucon
Suleiman stated that it is possible to add other biomasses,
such as sugar cane straw, to the traditional bagasse, for
gasification, which yields more power. He also talked
about enhancements in the area, such as steam (produced
from the heat of bagasse burning) storage for using
intercrops. This system, he said, is already beginning to
be introduced in some places in Brazil.
Ademar Ushima, researcher of the Institute for
Technological Research (IPT) next presented the talk
Sugar cane bagasse gasification: BTL (Biomass to liquid)
route. Ushima presented the biomass gasification cycle
for liquid fuels, with four essential parts: biomass preparation unit – gasificator – gases cleaning and treatment
system – catalytic reactor.
The panel was closed by Maria Filomena de Andrade
Rodrigues, also an IPT researcher, with the talk Ethanol
production via bagasse enzymatic hydrolysis. The process
basically consists in inserting enzymes in biomass to
extract sugar molecules, converting this sugar into ethanol.
Maria Filomena also talked about submitting bagasse
to a previous process to increase enzymatic hydrolysis
productivity. “In Brazil, we still do not count on a pretreatment standard model. This is a lack in the scientific
community”, she pondered.
PANEL 3: BIOFUELS
SUSTAINABILITY
Robert
Boddey
Isaías de
Carvalho Macedo
Carlos
Cerri
Demóstenes
Barbosa da Silva
34
Closing the activities that day, the panel on sustainability was chaired by Oswaldo Lucon, technical advisor
of the State of São Paulo Secretariat for the Environment.
The initial lecture, given by Professor Robert Boddey,
researcher of the Brazilian Agricultural Research
Corporation (Embrapa), was Energy balance and greenhouse gases emissions in sugar cane bioethanol production as compared to other biofuels.
Boddey presented polemic points of ethanol
production, from the idea that, so as to be really
sustainable, it is necessary to account for the CO2
emissions and to work towards minimizing them. “If
more fossil energy is used than renewable energy
produced, there is something wrong”, he pointed out and
exemplified: a sugar cane plantation emits more CO2 than
some other crops, but it prevents the emission of tons of
CO2 that would be emitted in gasoline combustion. In
the same measure, burning sugar cane emits more CO2
than mechanized harvesting.
The next talk was Energy balance and carbon emissions
in ethanol production, by Isaias de Carvalho Macedo, an
associate researcher of the Interdisciplinary Nucleus of
Energy Planning of the University of Campinas. The
presentation was dedicated to explaining the three
methodologies by which it is possible to calculate the
energy balances found in the sector. Macedo pointed out
some problems, such as the fact that some methodologies
use generalist data for the whole of South America
(concerning the efficiency in transportation, for example).
Closing the panel, Professor Carlos Cerri, from the
Higher School of Agriculture Luiz de Queiroz (EsalqUSP), discussed The role of carbon in the soil in reducing
greenhouse gases in the bioenergy production agribusiness. The professor concentrated on explaining how
the absorption of CO2 by the soil can help to fight the
greenhouse effect.
According to Cerri, carbon is absorbed by the air, by
plants, and goes into the soil by means of the decomposition of these plants when they die. This carbon is
fixed to the soil and, in a native system, this stock is
constant. When there is deforesting by means of burning,
there is the transformation of part of the biomass into
gas, which makes the soil stop absorbing this carbon.
This is why the so-called conservationist agriculture
recommends the use of methods in which the soil always
absorbs the most carbon it can. In ethanol production,
this practice could be applied in sugar cane harvesting
without burning, for example, because, besides the carbon
that fails to be emitted with the non transformation of
biomass into gas, there is also the carbon that would go
into the soil due to the decomposition of the sugar cane
straw. “The cleaner the process, the greater will be the
ethanol added value”, the lecturer remarked.
PANEL 4: CLEAN
DEVELOPMENT MECHANISM
(CDM) PROJECTS
The second day of the workshop (27th) was started
with a panel dedicated to CDMs, presided by
Demóstenes Barbosa da Silva, Environment Management
and Carbon Credit Director of the AES Tietê group. Luiz
Gylvan Meira Filho, visiting researcher of the Institute
of Advanced Studies (IEA), opened the works with the
talk How to include biofuels in the future climate change
regime. “I would like to challenge you to think of how
the domestic regime on climate change can help to promote
an increase in the use of biofuels in the world matrix”,
said Gylvan when he started his lecture.
A recent agreement among world leaders, he explained,
generated a pact to limit the increase in temperature to
2oC by the end of this century, which implies cutting the
carbon emissions by 60% in relation to the rates
accounted for in 1990. “There is no magic solution”, He
pondered. “Biofuels are part of this solution”.
According to Gylvan, the “financial additionality”
concept, recently added to the discussions on
sustainability, aims to maximize the financial gains from
investments in the area. This is bad for the CDM sector
because the initiatives in the area are more expensive and
less commercially interesting. “Today, we have a desperate
need to find an economic mechanism that stimulates the
CDMs”, he said.
The next lecturer, Ricardo Esparta, partner-director
of the Ecopart company, who spoke about CDM Projects
in the sugar-ethanol sector – Recent problems of Brazilian
34
Agosto/August 2009
Cenbio Projects
projects, explained that “it is not enough for a project to
reduce carbon emissions. It has to present how, and this
‘how’ has to be approved according to methodological
criteria”.
The two present international methodologies for the
sugar-ethanol sector have created problems for Brazil.
Of all the projects in the country submitted to AM15
(power cogeneration as from bagasse) and ACM6 (power
generation as from biomass wastes) methodologies, only
one was approved. “The methodology is very comprehensive, it is valid for the whole world, yet the criteria do
not apply to Brazil. That is, we are halted for bureaucratic problems”, warned the lecturer.
Magno Botelho Castelo Branco, Environment
Coordinator of the non-governmental organization Iniciativa Verde, proceeded with the panel with the presentation Forest recomposition and power generation in
the CDM ambit. According to Botelho, the Brazilian
territory presents high photosynthetic rates which
generate a biomass volume still highly unexplored. It is
thus necessary, at the time of calculating the carbon
emission of a project, to always take into account the
carbon sequestration rate – but the present sequestration
calculations in forest areas are still imprecise and have to
be improved.
Closing the panel, the lecture Presentation of the CDM
projects of the Bandeirantes and São João landfills was
presented by Antônio Carlos Delbin, technical director
of the Environmental Biogas Energy company who
explained how the plants that explore gas as from landfills
are and work.
“The greatest challenge, today, is to manage the
outflow of water and gas from the landfill”, explained
Delbin, also observing that, in general, the company that
operates the landfill is not the same that explores the gas
– and this may generate occasional conflicts. The greatest
costs are those concerning the gas capture network: at
the Bandeirantes landfills, it has 26 km of ducts, extension
which is daily checked to verify whether the gas is not
being contaminated by the air. The result, however,
compensates: together, the Bandeirantes and São João
plants have already generated 4.5 million carbon credits.
PANEL 5: BUSINESS
OPPORTUNITIES FOR BIOFUELS
The fifth panel discussed the biofuels market
conditions in the world today. The session was chaired
by Francisco Nigro, researcher from the São Paulo State
Secretariat for Development.
Martinho Ono, director of the SCA Ethanol company,
started the activities with the talk Business opportunities:
foreign market and logistics. His presentation showed
the gap in Brazil concerning a more adequate transport
system for biofuels. “We still depend on road transport,
whereas countries such as the United States have pipeline
networks that make the logistics more efficient”, declared
Ono. This lack is a contrast with the Brazilian potential
in this market. “We export only 15% of our production
and even so we are the second largest producer in the
world”, pointed out Ono, stressing that, of all the ethanol
traded in the world today, 68% is Brazilian.
Luiz Gonzaga Bertelli, director of the São Paulo State
Industry Federation (Fiesp), opened his talk The present
and the future of biofuels production in Brazil mentioning
urban engineer Ernesto Stumpf, who created Proalcool.
According to him, “every entrepreneur in the ethanol
sector should have a sculpture of Stumpf in the
company”. He observed that, since the 1970s, Brazil has
not built any refinery and classified as “deceitful propaganda” the idea that Brazil will be self-sufficient in
petroleum with the Tupi Oilfield. Bertelli also argued
that the federal government should invest more in ethanol,
since its biofuel is the most ecological and the cheapest
in the world.
Eduardo Leão de Sousa, CEO of the Brazilian Sugar
Cane Industry Association (Unica), presented the theme
Opportunities and challenges in the domestic and foreign
markets. For him, the ethanol market asks for more and
more involvement from the private sector, and this can
no longer be considered a “government” issue.
Conversely, the market for biofuels, differently from
what occurs to other commodities, does not emerge
spontaneously, which leads to the need of public policies to stimulate its development. This works out, as can
be seen in the United States, where the biofuels
consumption is six times as great as the Brazilian one. As
a conclusion, Sousa argued that the ethanol can reduce
CO2 emission by 90% all along its service life, in relation
to gasoline, and that this reason, by itself, allows
estimating a future growth in demand.
Virginia Parente, IEE professor, closed the panel with
the talk Winners and losers in the biofuels world trade:
what does the economic theory teach us? The lecturer
explained that the consensus that the macroeconomic
policies were the main variable in the per capita GDP
growth is no longer valid. Studies show that the
institutional quality has taken on the most important
role in this account. Also, Virgínia also suggested that
Brazil should seek to invest and to replicate bioenergy
initiatives in poorer countries, such as some African
nations, as a way of getting them established in the
international biofuels market.
PANEL 6: PUBLIC
PROPOSALS
POLICIES
Closing the works of the first Cenbio workshop, the
sixth panel, pointed out by Suani Coelho as fundamental
to guide the public policies that have to be created for the
growth and development in the bioenergy sector in Brazil,
made the audience reflect on the themes discussed until
then. The session was chaired by Emílio Lèbre La Rovere,
associate professor of the Federal University of Rio de
Janeiro (UFRJ).
Luiz Gylvan
Meira Filho
Ricardo
Sparta
Magno Botelho
Castelo Branco
Antônio Carlos
Delbin
Francisco
Nigro
Martinho
Ono
Luiz Gonzaga
Bertelli
35
35
Cenbio Projects
Eduardo Leão
de Sousa
Virgínia
Parente
Emílio Lebre
La Rovere
Carlos Henrique
de Brito Cruz
Fernando
Cardoso Rei
Alexandre B.
Strapasson
Maria Cecília
Wey de Brito
36
The panel was started by Carlos Henrique de Brito
Cruz, a member of the Higher Council of the State of São
Paulo Research Foundation (Fapesp), with the lecture
Challenges for the research on bioenergy in São Paulo.
Brito pointed out that, in Brazil, the policies related to
research are still very much focused on sugar cane.
Actually, Brazil today has “broad scientific
production” in this field. Nonetheless, in 2005, after the
American President (George W. Bush) talked about
bioenergy, the issue started to gain attention from other
countries and an international competition in the scientific
area was generated. With this, Brazil, which focuses its
researches on sugar cane, is getting outdated in researches
on sustainability, LUC, ILUC and others. “This is
serious. The political and commercial competition
requires science”, stated the professor, calling attention
to the fact that, nowadays, researches revolve around
two main themes, productivity and sustainability, and
that our research strategy will have to take them into
account, too.
Fernando Cardoso Rei, President of the São Paulo
State Environmental Agency (Cetesb), took the floor next
with the presentation Public policies for climate change
in the State of São Paulo and declared: “The first step for
an efficient public policy on climate change is to recognize
that they affect all levels of society”.
Rei also mentioned the Strategic environmental
project green-blue municipality, conducted by the State
of São Paulo Secretariat for the Environment, which
established 21 strategic environmental projects. As stated
by the lecturer, the paulistas are the leaders in creating
independent environmental public policies since 1995.
“Why do we practice an independent policy? Because
São Paulo is practically a country in itself”, he defined.
In order to exemplify, Rei observed that Francisco
Graziano Neto, the State of São Paulo Secretary for the
Environment, is also vice-president for Latin America
and the Caribbean of The Network of Regional
Governments for Sustainable Development Group
(NRG4SD), which promotes sustainable development
all over the world. The talk was concluded with the
prospection that the annual goal for 20% carbon
emissions reduction in the State, established for 2020,
will be met as early as 2010.
The lecture Public policies for the sustainable
expansion of biofuels in Brazil came next. Presented by
Alexandre Betinardi Strapasson, director of the Sugar
Cane and Agro-Energy Department of the Ministry of
Agriculture, Livestock and Supply, the content stressed
the importance of territorial ordination in the ethanol
growth production.
As stated by Strapasson, three are the main tools for
conducting this ordination: ecological-economic zoning,
agricultural zoning and agricultural-ecological zoning.
There are no significant relationships between biofuels
and the increase in food prices: “Brazil is the greatest
sugar cane ethanol producer in the world and only uses
1% of its territory for that”, remarked the lecturer.
Strapasson concluded by saying that it is important
to stimulate the world production of biofuels, especially
in countries with efficient crops, agricultural aptitude
and land availability. The agricultural zoning may
contribute for this expansion to be made in an ordinated
way. Moreover, stressed the lecturer, the next biofuels
generations will be more productive, which will reduce
the pressures on the new cultivation areas. Finally, he
stated that the international funds could more efficiently
stimulate agricultural technology transfer to the
developing countries, which would increase production
and reduce poverty.
The task of closing the technical talks cycle of the
panel and of the whole workshop was incumbent to
Maria Cecília Wey de Brito, Secretary of Biodiversity
and Forests of the Brazilian Ministry for the Environment:
Public policies for protecting the environment in the federal government was her theme. Some challenges the federal government will have to face in the next years were
listed by the lecturer: the continuous loss of biodiversity,
climate change, the Amazon deforesting issue, the growth
in demand for fuels, the lack of information and the
increase in demand for biofuels to help meet the world
emission reduction goals.
Next, Maria Cecília mentioned some of the measures
adopted by the government to overcome these challenges:
the adherence to the Convention on Climate Change, to
the Kyoto Protocol, to the Biological Diversity Convention
and to the Brazilian Plan for Climate Change, which
aims to foster increases in performance efficiency of the
productive sectors; to keep the high participation of
renewable energy in the energy matrix; to foster the
sustainable increase of biofuels participation in the
Brazilian transport matrix; to reduce the deforesting rates;
and to foster the development of scientific researches.
Maria Cecília also talked about other projects and
stated that, concerning ethanol, the government purpose
is to stimulate the industry so that consumption rises by
11% a year in the next ten years.
CLOSING
Patrícia Matai, professor of the Polytechnic School
of USP, made the first closing speech. She praised the
Cenbio initiative and hopes to see the workshop have
new editions in the future. José Goldemberg remarked
that the public sector will need more and more universities,
for technology and knowledge. He also said that the very
existence of the event was already a great achievement.
“Ten, twenty years ago, this kind of interaction was not
only uncommon, but also unwelcome”, he stated.
Finally, Suani Coelho took the floor to make the final
acknowledgements. “We had the ambition of organizing
a program with great names in the area and were honored,
as we managed to have the presence of all of them”, she
said.
Agosto/August 2009
Entrevista
‘PRECISAMOS
DE UMA MATRIZ
ENERGÉTICA BEM-DEFINIDA’
irigente da União da Indústria de Canade-açúcar (Unica) desde junho de
2007, Marcos Sawaya Jank é ex-presidente e idealizador do Instituto de Estudos do
Comércio e Negociações Internacionais (Icone)
e professor associado da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). É também livre
docente e engenheiro agrônomo pela Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqUSP), Ph.D pela FEA e mestre em Políticas Agrícolas em Montpellier, França. Atuou na Divisão de Integração, Comércio e Assuntos Hemisféricos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, Estados Unidos (EUA), e foi professor visitante nas universidades de Georgetown e Missouri-Columbia
(EUA), consultor e coordenador de projetos em
instituições como Banco Mundial, Banco
Interamericano de Desenvolvimento e outros
órgãos ligados à Organização das Nações Unidas (ONU). É também diretor do Departamento
de Agronegócios da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp). Com mais de
duzentos trabalhos publicados e cerca de quinhentas palestras realizadas em eventos no País
e no exterior, Jank trabalha desde 1987 com temas ligados ao setor sucroenergético. À Revista Brasileira de Bioenergia (RBB) deu a seguinte entrevista por e-mail.
D
RBB – Ao assumir a Unica, em 2007, o senhor
disse que a palha e o bagaço de cana virariam
luz. Falta muito para isso acontecer?
Marcos Jank – É algo que já deveria estar acon-
tecendo com muito mais intensidade e não está
devido a dificuldades regulatórias envolvendo
a conexão de usinas fornecedoras de bioeletricidade à rede e à definição dos preços a serem
pagos por essa energia. A bioeletricidade produzida pela queima de bagaço de cana em caldeiras representa hoje cerca de 3% da eletricidade consumida no País. A Unica estima que
esse percentual vai chegar aos 14% até 2020.
Hoje, a maioria dos novos projetos de usina já
nasce equipada para produzir mais eletricidade
do que apenas suprir as necessidades da própria usina e fornecer o excedente para a grade
de distribuição. É um aspecto do setor que tem
tudo para crescer, pois a energia é limpa e complementar à hidroelétrica, por ser produzida
durante a colheita da cana, que acontece durante o período mais seco, justamente quando
caem os níveis dos reservatórios.
RBB – As empresas estão prontas para a produção de etanol de segunda geração?
Jank – O etanol de segunda geração tem sido
alvo de grandes esforços e investimentos significativos, principalmente nos Estados Unidos,
que precisam bem mais dessa solução do que o
Brasil. Já existem algumas empresas anunciando a possibilidade de produção comercial de
etanol de segunda geração, ou celulósico, em
um ou dois anos. Por enquanto, não há produção comercial de etanol dessa forma e ainda
falta algum tempo para que se tenha um quadro
mais claro sobre o que efetivamente vai acontecer, quais as tecnologias que vão prevalecer e,
principalmente, qual a viabilidade comercial
Fotos: divulgação
Marcos Jank, presidente da Unica, defende marco regulatório para o etanol, a
exemplo do que já existe para outras áreas do setor energético
“
A maioria
dos novos
projetos de
usina já nasce
equipada
para produzir
mais
eletricidade
”
37
Entrevista
“
Temos de
continuar
trabalhando
para
conscientizar
a opinião
pública
americana
sobre os
benefícios
do etanol
brasileiro
para os
Estados
Unidos
”
38
desses processos. No laboratório, o etanol celulósico já existe faz um bom tempo. O que falta é
torná-lo viável comercialmente. O Brasil tem uma
situação privilegiada, pois nosso processo produtivo gera também biomassa que pode ser
transformada em mais etanol. Falamos, claro,
do bagaço de cana, que é o que sobra após o
esmagamento da cana, e da palha, que antes
era queimada e agora, com o avanço da colheita
mecanizada, pode ser recuperada e também utilizada para produzir mais etanol ou bioeletricidade. Isso vai permitir ao Brasil ampliar sua
produção de etanol utilizando a biomassa disponível sem aumentar a área cultivada com cana.
RBB – Como está a balança de oferta e procura do biocombustível? Está sobrando etanol
no Brasil?
Jank – Houve uma aceleração nos últimos anos,
com forte expansão na capacidade de produção desse setor, que, aliás, segundo o BNDES
[Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], comparado com outros setores, o sucroenergético investiu o maior percentual de seu próprio faturamento em expansão.
Esse processo foi freado, mas não interrompido, pela crise mundial que começou a ser sentida nos últimos meses de 2008. A expansão, que
ocorria mais intensamente até então, de fato
gerou uma abundância de etanol no mercado,
pois as expectativas que o setor tinha quanto à
expansão das exportações não se materializaram. Isso redundou em preços internos para o
etanol muito baixos, às vezes até abaixo dos
custos de produção. Agora, atravessamos um
momento em que isso deve se alterar, principalmente devido aos problemas de chuva enfrentados durante a atual safra na região CentroSul, que é a grande produtora de cana do Brasil,
respondendo por 88% de toda a produção nacional. Até a metade de setembro, foram 44 dias
de colheita perdidos, o que significa menos cana
processada e transformada em etanol. O setor
está fazendo sua parte, pois, mesmo com o problema das chuvas, estamos produzindo mais
etanol nesta safra do que na anterior. Mas a
demanda também cresce, devido principalmente à venda de carros flex em ritmo acelerado.
Eles já respondem por mais de 90% das vendas
nacionais de veículos leves, e a grande maioria
dos compradores desses carros utiliza o etanol
e não a gasolina. Não há, portanto, sobra de
etanol, assim como não há nem haverá falta. As
oscilações sempre vão ocorrer e o mercado sempre vai se ajustar a elas.
RBB – O governo, quando intervém na produção, faz isso corretamente?
Jank – A intervenção governamental direta na
indústria da cana terminou ao longo da década
de 1990, quando houve a desregulamentação e
a retirada de controles governamentais não só
da produção como de outras fases do processo. Desde então, o setor opera e é regulado estritamente pelas leis de mercado, da oferta e procura, sem envolvimento ou intervenção governamental. O problema é que, enquanto nós,
aparentemente, estamos sujeitos às leis de mercado, a principal concorrente do etanol, a gasolina, tem seu preço fixado por critérios políticos, que nada têm a ver com o preço do barril
do petróleo. Enfrentamos também um sistema
de comercialização arcaico, cheio de falhas, em
que mais de quatrocentas usinas vendem seu
produto por meio de menos de uma dezena de
distribuidoras que controlam cerca de 80% da
distribuição de combustíveis no País. O atual
sistema pune os produtores de etanol em momentos de produção acelerada, pune o produtor quando a produção é afetada por intempéries ou variações mercadológicas, impedindo que
ele se capitalize, e gera instabilidade no mercado, o que desagrada principalmente o consumidor. É uma situação que precisa ser revista com
urgência. Aliás, essa revisão seria fortemente
beneficiada se o País buscasse uma matriz
energética bem-definida, com um marco
regulatório para o etanol, a exemplo do que já
existe para outras áreas do setor energético.
RBB – Como o senhor analisa as políticas
públicas para os biocombustíveis quando com-
Agosto/August 2009
Entrevista
paradas com as de outros países?
Jank – Apesar de o etanol já estar presente na
vida dos brasileiros desde a chegada do
Proálcool na década de 1970, não podemos dizer que as políticas públicas instaladas no Brasil levem em conta essa realidade. Pelo contrário, a Unica luta hoje para que o País reveja e
organize sua matriz energética, para que o setor
funcione de forma mais eficaz e os investimentos sejam feitos com maior confiabilidade. A
verdade é que, mesmo com o etanol sendo, na
prática, peça importante de nossa matriz
energética, não há nada que afirme que ele tem
lugar assegurado. Veja o exemplo dos Estados
Unidos: apenas recentemente, em 2007, tomou
a decisão de investir na produção e uso em larga escala do etanol – e fez isso já com um plano
que apontou, com clareza, quanto etanol será
produzido e consumido ao longo de décadas.
Precisamos pensar da mesma forma no Brasil e
evitar os extremos que temos observado. Olhando apenas a questão dos combustíveis que utilizamos, o Brasil foi da gasolina para o etanol na
década de 1970 devido à alta do petróleo. Voltou à gasolina na década de 1980, com a queda
dos preços do petróleo. Decidiu investir no gás
natural veicular, voltou ao etanol com a chegada do carro flex em 2003 e, enquanto isso ocorria, os usuários do gás natural foram prejudicados quando o suprimento do combustível se
revelou pouco confiável. Recentemente, com o
carro flex no auge de seu sucesso, vimos pressões para que o país liberasse o uso do diesel
em veículos leves, o que mais uma vez ilustra a
natureza instável de nossa matriz, algo que precisa ser equacionado e estabilizado o quanto
antes. Não há qualquer desejo de uma volta ao
que acontecia nos anos 1970 e 1980, quando
tudo era controlado, pois o nosso setor só se
desenvolveu fortemente e ganhou eficiência
quando os controles foram finalmente removidos. Mas um grau maior de previsibilidade e
estabilidade é certamente desejável, dentro de
uma proposta organizadora e não de impor controles sobre o setor.
RBB – Como estão as exportações de biocombustíveis? Temos demanda?
Jank – As exportações diminuíram este ano,
ilustrando mais uma vez a volatilidade que tem
caracterizado esse mercado. O Brasil exporta
etanol devido a questões pontuais, que em um
momento afetam o resultado positivamente e
em outro, negativamente. Não há confiabilidade
no mercado externo, pois ele é fortemente protegido para biocombustíveis, o que não deixa
de ser um contrassenso, já que não há proteções, tarifas ou obstáculos para o livre trânsito
do petróleo e dos combustíveis fósseis. Esse é
um dilema que o mundo terá de resolver em breve se de fato pretende enfrentar os desafios
trazidos pelo aquecimento global e as mudanças climáticas que vêm como consequência.
RBB – A crise econômica mundial chegou a afetar a produção de biocombustíveis no Brasil?
Jank – Afetou o setor como um todo, pois houve um enxugamento do crédito num momento
em que várias empresas haviam feito fortes investimentos na expansão da produção. Isso,
naturalmente, impactou as atividades do setor,
reduziu a velocidade de expansão e levou algumas empresas a procurar a renegociação de
suas dívidas. Das 23 novas usinas previstas
para este ano no Centro-Sul, 17 já estavam em
atividade ou com início de atividades previsto
para o mês de setembro, mas a maioria dos projetos sofreu atrasos. É importante frisar que,
apesar das dificuldades por causa da crise, o
futuro do setor é positivo, com bons fundamentos e perspectivas positivas para médio e
longo prazos. Houve, sim, um período com dificuldades que precisaram ser superadas, mas o
ritmo ainda acelerado de vendas de carros flex
mostra que a demanda interna vai continuar não
só elevada como em ascensão. Estamos trabalhando muito para que as perspectivas para
ampliar as exportações para os principais mercados mundiais também se concretizem. Temos
ainda o mercado global de açúcar que atravessa um bom momento para o Brasil, que é o maior
produtor e exportador de açúcar do mundo. A
quebra da safra em outros países produtores
criou uma oportunidade importante para o setor, que tende a não se esgotar a curto prazo.
“
O Brasil tem
uma situação
privilegiada,
pois nosso
processo
produtivo
gera
também
biomassa que
pode ser
transformada
em mais
etanol
”
39
Entrevista
Por fim, temos diversas frentes em que haverá
expansão nos próximos anos, como a produção
de bioeletricidade, já citada. Temos os bioplásticos também em ascensão e, mais adiante, a produção de hidrocarbonetos a partir da cana, com
várias empresas indicando que estão próximas
da produção comercial de querosene de aviação, diesel e gasolina a partir da cana. As perspectivas são realmente as mais positivas.
“
Não há
confiabilidade
no mercado
externo,
pois ele é
fortemente
protegido
para
biocombustíveis
”
RBB – O mercado americano se alterou com
relação à importação de biocombustíveis com
a entrada de Barack Obama?
Jank – O diálogo com a administração do presidente Obama é bom e positivo, mas a questão
da tarifa que os Estados Unidos impõem sobre
o etanol importado não é algo que dependa exclusivamente dele. Qualquer alteração nisso
depende do Congresso americano e não do presidente do país. Hoje, esse assunto é discutido
abertamente nos Estados Unidos. Vários setores, entidades, políticos e empresários já se manifestam publicamente a favor de uma redução
ou até da eliminação da tarifa de importação. O
etanol brasileiro de cana-de-açúcar também tem
sido muito bem avaliado por órgãos públicos
americanos como o California Air Resources
Board (Carb) e o principal órgão ambiental em
nível federal do país, o Environmental Protection
Agency (EPA). Temos de continuar trabalhando para conscientizar não só os que têm o poder de decidir, mas a própria opinião pública
americana sobre os benefícios que a importação sem obstáculos de etanol brasileiro pode
significar para os Estados Unidos. Acreditamos
que, aos poucos, com os fatos se tornando mais
conhecidos dos americanos, as coisas podem e
devem mudar na questão da tarifa.
RBB – Como dirigente da Unica, como o senhor analisa a aprovação recente de venda
de carro a diesel?
Jank – A ideia passou por apenas um estágio
de análise, no Senado, mas ainda depende de
outras aprovações para ser efetivamente colocada em prática. Não acreditamos que isso vá
ocorrer. Uma série de motivos tem sido ampla-
40
mente expostos na mídia – esta vem refletindo
muito bem a forte oposição que existe, em diversas frentes, à liberação de carros a diesel no
Brasil. À medida que tenhamos uma opção melhor com os carros flex, que dão ao consumidor
o poder de decidir qual o combustível que querem utilizar, não há o menor sentido em efetivamente subsidiar o uso de um combustível que
ainda tem de ser importado para carros de passeio. Isso tudo sem falar na questão ambiental,
já que o diesel não produz bons resultados nesse sentido, resultados que seriam ainda piores
no Brasil devido à baixa qualidade do diesel
comercializado no País e da tecnologia defasada que seria utilizada nos carros a diesel eventualmente colocados no mercado brasileiro, pois
os mais modernos não poderiam operar com o
diesel disponível aqui.
RBB – O que é o Compromisso Nacional para
Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na
Cana-de-Açúcar assinado recentemente?
Jank – O Compromisso foi uma realização histórica, pela própria forma final do processo iniciado a pedido do presidente Lula. Não há outro exemplo no Brasil em que empresas, trabalhadores e o governo se reuniram e desenvolveram cerca de trinta práticas com que todos
concordam, todos assinam embaixo. Trata-se
de um ineditismo raro e muito positivo. O que o
compromisso faz é valorizar as melhores práticas trabalhistas já existentes no setor sucroenergético brasileiro, transformando-as em patamares a ser atingidos por todos. São patamares de
desempenho empresarial que vão além do que
determina a lei, efetivamente nivelando por cima
as práticas do setor como um todo. A adesão
chegou a algo como 80% de todas as empresas
do setor sucroenergético do País, o que mostra
que o compromisso é real e vai além do nome
dado a esse documento. Ficamos muito orgulhosos por participar do processo que gerou esse documento, um processo conduzido pelo ministro Luiz Dulci [chefe da Secretaria-geral da
Presidência da República] com grande habilidade e sensibilidade e que, por isso mesmo, gerou
um produto final muito positivo e construtivo.
Agosto/August 2009
Interview
‘WE
NEED A WELL DEFINED
ENERGY MATRIX’
anaging the Brazilian Sugar Cane
Industry Association (Unica) since
June 2007, Marcos Sawaya Jank is
the ex-CEO and creator of the Institute for
International Trade Negotiations (Icone) and
associate professor at the Faculty of Economics,
Business Administration and Accounting of the
University of São Paulo (FEA-USP). He is also
a Professor and an agronomical engineer of the
Higher School of Agriculture Luiz de Queiroz
(Esalq-USP), and holds a Ph.D from FEA, and a
Master’s degree in Agricultural Policies from
Montpellier, France. He acted at the Interamerican Bank of Development (BID) Integration, Trade and Hemispheric Affairs Division,
in Washington, United States (USA), and was
a visiting professor of the universities of
Georgetown and Missouri-Columbia (USA), a
consultant and a project coordinator in
institutions such as the World Bank, InterAmerican Bank of Development and other
organisms connected to the United Nations
(UN). He is also a director at the Agribusiness
Department of the São Paulo State Industry
Federation (Fiesp). With over two hundred
works published and about five hundred
lectures delivered in events in Brazil and abroad,
Jank has worked since 1987 with themes related
to the sugar-energy sector. He gave the
following interview to the Revista Brasileria
de Bioenergia (RBB) by e-mail.
M
RBB – When you took over Unica command,
in 2007, you said sugar cane straw and bagasse would turn into light. Will it be long till
that happens?
Marcos Jank – It is something that should be
occurring much more intensively but is not, due
to the regulatory difficulties involving connecting plants that supply bioelectricity to the grid
and to the definition of prices to be paid for this
power. Bioelectricity produced by burning sugar cane bagasse in boilers represents about
3% of the power consumed in Brazil today. Unica
estimates that this percentile will rise to 14% by
2020. Today, most of the new plant designs are
from the start equipped to produce more power
than just supplying the needs of the plant itself
and to supply the surplus to the distribution
grid. It is an aspect in the sector that has what it
takes to grow, since the energy is clean and
complementary to hydropower, as it is produced
during sugar cane harvest, which occurs during
the driest period, exactly when the reservoirs
levels fall.
RBB – Are companies ready to produce
second-generation ethanol?
Jank – Second-generation ethanol has been
the target of great efforts and significant investments, mainly in the United States, which need
this solution much more than Brazil. There are
already some companies announcing the
possibility of producing second-generation, or
cellulosic, ethanol commercially in one or two
years. So far, there has not been commercial
ethanol production in this way and it will take
some time before we can have a clear picture of
what will effectively happen, which technologies will prevail and, mainly, what the
Photos: dissemination
Marcos Jank, Unica CEO, advocates a regulatory mark for ethanol, following the
example existing in other areas in the energy sector
“
Most of the
new plant
designs are
from the start
equipped to
produce more
power
”
41
Interview
“
We have to
keep
working to
make the
American
public
opinion
aware of the
benefits of
Brazilian
ethanol to
the United
States
”
42
commercial viability of these processes is.
There has been cellulosic ethanol in laboratory
for quite a while. What is missing is to make it
commercially viable. Brazil has a privileged
situation, as our productive process also generates biomass that can be turned into more
ethanol. We are surely speaking of sugar cane
bagasse, which is what is left after sugar cane
milling, and of the straw, which used to be burnt
and now, with the advancement of mechanized
harvest, it can be recovered and also used to
produce more ethanol or bioelectricity. This will
allow Brazil to expand its ethanol production
using the biomass available without increasing
the area planted with sugar cane.
RBB – How is the supply and demand balance
for biofuel? Is there too much ethanol in
Brazil?
Jank – There has been an acceleration in the
last years, with strong expansion in the
production capacity of this sector, which, by
the way, according to BNDES [Brazilian
Development Bank], as compared to other
sectors, the sugar-energy sector invested the
highest percentile of its own revenue in
expansion. This process was slowed down, but
not interrupted, by the world crisis which
started to be felt in the late 2008. Expansion,
which occurred more intensely until then,
actually generated an abundance of ethanol in
the market, since the expectations the sector
had as to the expansion of exports did not materialize. This caused the domestic ethanol
prices to be very low, sometimes even below
production costs. We are now undergoing a
phase in which this will be altered, mainly due
to the rain problems faced during the present
harvest in the Center-South region, which is
the great sugar cane producer in Brazil, accounting for 88% of all the Brazilian production. By
mid-September, 44 harvesting days had been
lost, which means less sugar cane processed
and transformed into ethanol. The sector is
doing its share, as even with the rain problem,
we are producing more ethanol in this harvest
than in the previous one. Demand also grows,
mainly owing to the accelerated sales of flex
vehicles. They already account for over 90% of
the national sales of light vehicles, and the vast
majority of those who buy those cars use
ethanol and not gasoline. Therefore, there is no
excess ethanol, nor will there be a shortage.
Oscillations will always occur and the market
will always adjust to them.
RBB – Does the government act correctly when
it interferes with the production?
Jank – Direct governmental intervention in the
sugar cane industry ended along the 1990s,
when deregulation occurred and governmental
controls were removed not only from production
but from other phases of the process. Since then,
the sector operates and is regulated strictly by
market laws, of supply and demand, with no
governmental involvement or intervention. The
problem is that, whereas we are apparently
subjected to market laws, the main ethanol
competitor, gasoline, has its price set by political
criteria, which have nothing to do with the oil
barrel price. We also face an archaic trade
system, full of flaws, in which over four hundred
plants sell their product by means of less than a
dozen distributors that control about 80% of
the fuel distribution in Brazil. The present system
punishes ethanol producers at accelerated
production periods, punishes the producer
when production is affected by bad weather or
market variations, preventing it from getting
capitalized, and generates instability in the
market, which displeases mainly the consumer.
It is a situation that has to be urgently revised.
In fact, this revision would be strongly
benefitted if Brazil sought a well defined energy
matrix, with a regulatory mark for ethanol,
following what already exists for other areas in
the energy sector.
RBB – How do you analyze the public policies
for biofuels as compared to those of other
countries?
Jank – Although ethanol has been present in
Agosto/August 2009
Interview
the Brazilians’ lives ever since the advent of
Proalcool in the 1970s, it cannot be said that the
public policies established in Brazil take this
scenario into account. On the contrary, Unica
now fights for the country to revise and organize its energy matrix, so that the sector operates
more effectively and that investments are made
with greater reliability. The truth is that, even
though ethanol is an important piece in our
energy matrix in practice, there is nothing
affirming that it has a secured place. See the
example of the United States: only recently, in
2007, did it take the decision of investing in
ethanol production and its large-scale use – and
made this already with a plan that clearly defined
how much ethanol will be produced and
consumed along decades. We have to think in
the same way in Brazil and prevent the extremes
which have been observed. Looking only at the
issue of the fuels we use, Brazil went from
gasoline to ethanol in the 1970s due to the rise
in oil prices. It went back to gasoline in the 1980s,
with the falling oil prices. It decided to invest in
vehicular natural gas, went back to ethanol with
the advent of flex vehicles in 2003 and, while
this occurred, natural gas users were harmed
when the fuel supply showed to be little reliable.
Recently, with the flex vehicle at the peak of
success, we witnessed pressure for the country
to liberate the use of diesel for light vehicles,
which once more illustrates the unstable nature
of our matrix, something that has to be equated
and stabilized as soon as possible. No one is
willing to experience what occurred in the 1970s
and 1980s, when everything was controlled,
since our sector only strongly developed and
gained efficiency when controls were finally
removed. Yet a greater degree of foreseeability
and stability is certainly desirable, within an
organizing proposal, and not one of imposing
controls on the sector.
RBB – How are the biofuels exports? Is there
a demand?
Jank – Exports decreased this year, once more
illustrating the volatility that has characterized
this market. Brazil exports ethanol due to punctual issues which, at one point, positively affect
the result and negatively at another. There is
no reliability in the foreign market, as it is heavily
protected concerning biofuels, which is
ultimately a misconception, since there are no
protections, tariffs or barriers for the free transit
of petroleum and fossil fuels. This is a dilemma
the world will have to solve soon if it actually
means to face the challenges brought about by
global warming and climate change that comes
as a consequence.
RBB – Has the world economic crisis managed
to affect biofuels production in Brazil?
Jank – It has affected the sector as a whole, as
there was less credit at a moment when several
companies had made heavy investments in
production expansion. This naturally impacted
the sector activities, reduced the speed of
expansion and made some companies seek the
renegotiation of their debts. Of the 23 new
plants planned for this year in the Center-South,
17 were already operating or were to begin
operating in September, yet most of the plans
were delayed. It is worth stressing that, despite
the difficulties owing to the crisis, the future of
the sector is positive, with sound foundations
and positive perspectives for the medium and
long terms. There was surely a period with
difficulties that had to be overcome, but the
still accelerated pace of flex vehicles sales shows
that the domestic demand will not only remain
high, but will also rise. We are working hard so
that the perspectives to expand exports to the
main world markets also come true. We still have
the global sugar market that undergoes a good
moment for Brazil, which is the greatest world
sugar producer and exporter. The harvest failure
in other producing countries created a major
opportunity for the sector, which tends not to
be exhausted in the short term. Lastly, we have
several fronts in which there will be expansion
in the next years, such as bioelectricity production, already mentioned. We have bioplastics which are also rising and, further on,
“
Brazil has a
privileged
situation, as
our
productive
process also
generates
biomass that
can be turned
into more
ethanol
”
43
Interview
hydrocarbons produced from sugar cane, with
several companies indicating that they are close
to commercially producing aviation kerosene,
diesel and gasoline from sugar cane. Perspectives are really the most positive.
“
There
is no
reliability
in the
foreign
market,
as it is
heavily
protected
concerning
biofuels
”
44
RBB – Has the American market altered
concerning biofuels imports with the entrance
of Barack Obama?
Jank – The dialog with President Obama’s office
is good and positive, but the issue of the tariff
the United States impose on imported ethanol
is not something that depends exclusively on
him. Any alteration on this depends on the
American Congress and not on the country’s
President. Today, this issue is openly discussed
in the United States. Several sectors, entities,
politicians and businessmen speak publicly in
favor of a reduction or even of banning the
import tariff. The Brazilian sugar cane ethanol
has also been very well assessed by public
American organisms such as the California Air
Resources Board (Carb) and the main
environmental organism at federal level in the
country, the Environmental Protection Agency
(EPA). We have to keep working to make not
only those who have decision power, but the
very American public opinion aware of the
benefits that unrestrained import of Brazilian
ethanol may mean to the United States. We
believe that facts are gradually better known
by Americans; things may and must change
towards the tariff issue.
RBB – As a Unica leader, how do you analyze
the recent approval of diesel automobile sales?
Jank – This has not yet been approved. The
idea only passed one analysis stage, at the
Senate, but it still depends on other approvals
to be effectively put into practice. We do not
believe this is going to happen. A series of
reasons have been widely exposed in the media
– this has very well reflected the fierce opposition, in different fronts, to the liberation of diesel light vehicles in Brazil. As long as we have a
better alternative with flex vehicles, which give
the consumer the power to decide which fuel to
use, there is absolutely no sense in effectively
subsidizing the use of a fuel that has to be
imported for light vehicles. All this without
mentioning the environmental issue, since diesel does not yield good results in this sense,
results which would be even worse in Brazil
due to the low quality of the diesel traded in the
country and of the outdated technology that
would be used in the diesel light vehicles to be
possibly sold in the Brazilian market, since the
more modern ones would not be able to operate
with the diesel available here.
RBB – What is the National Commitment to
Enhance Conditions for Sugar Cane Work,
recently signed?
Jank – The Commitment was a historical event,
for the very final form of the process started
under President Lula’s request. There is no other
example in Brazil in which companies, workers
and the government gathered and developed
about thirty practices which all agree to, which
all undersigned. It happens to be a rare and
very positive originality. What the commitment
does is to value the best working practices
already existing in the Brazilian sugar-energy
sector, transforming them into levels to be
achieved by all. These are companies performance levels that go beyond what is provided
by the law, effectively providing higher levels
to practices in the sector as a whole. The adhesion was as high as about 80% of all the
companies in the sugar-energy sector in Brazil,
which shows that the commitment is real and
excels the name given to the document. We were
very proud of participating in the process that
generated this document, a process conducted
by Minister Luiz Dulci [Head of the Secretariatgeneral of the Republic Presidency] with great
ability and sensitivity and that, for this very
reason, generated a very positive and constructive end product.
Agosto/August 2009
Artigo
ÉSTERES DE ÁCIDOS GRAXOS
NA EUROPA
Tendências de mercado e perspectivas tecnológicas
Laurent Bournay, Jean-Alain Chodorge, Vincent Coupard e Daniel Pioch
RESUMO
Com base em incentivos governamentais de peso, a produção de
biodiesel (ésteres de ácidos graxos) cresceu rapidamente na Europa e se
expandiu pelo mundo. A meta da União Europeia (UE), de utilizar
5,75% de combustíveis de transporte a partir de fontes renováveis,
parece muito difícil de ser alcançada, mas tendências recentes mostram
que ela está disposta a estabelecer metas mais realistas para preservar
o benefício previsto inicialmente com biocombustíveis.
Entre outros fatores-chave para a promoção de combustíveis verdes, destaca-se a necessidade de custo competitivo e baixo, além de
processos de pouco impacto ambiental para a produção de biodiesel.
Antecipando essa evolução necessária, organizações de pesquisa francesas contribuem para a mudança para tecnologias inovadoras. De fato,
vários exemplos são analisados, de um novo processo catalítico heterogêneo sem resíduos para a fabricação de estearato de metila, até antigos
motores a diesel movidos a óleos vegetais. Também se inclui a dificuldade de obter estearato de etila e de recuperar glicerina crua de alta
pureza com exemplos que atendam a necessidade de um novo setor de
química industrial C3, devido à crescente disponibilidade de glicerol,
uma oportunidade para a química verde.
1. INTRODUÇÃO
A crescente preocupação com o ambiente, especialmente com as
emissões de CO2, juntamente com políticas agrícolas e o alto preço do
petróleo levaram a UE a reabrir o arquivo do biodiesel.
Nafta
7%
GLP
5%
Diesel
41%
Querosene
8%
B
Outros do mundo
12%
Brasil 1%
Alemanha
41%
14%
Estados
Unidos
Outros
11%
11%
Combustível
residual
A
13%
Outros da
Europa
17%
Gasolina
9%
Itália
10%
França
FIGURA 1. (A) Refino de petróleo na Europa Ocidental 2006;
(B) Produção mundial de biodiesel 2006
Fonte [25]
Uma vez que o consumo de combustíveis líquidos na Europa é
orientado para o diesel, (Figura 1A), o mercado de biodiesel foi o
primeiro lançado com base na tecnologia desenvolvida no final da década de 1980. Apesar de sua parcela ter baixado para 70% (Figura 1B),
devido aos negócios iniciados nos Estados Unidos e Brasil, a produção
de biodiesel da UE ainda cresce rapidamente, passando de 3,6 a 5,4
milhões de t (Mt), respectivamente, em 2005 e 2006. O desenvolvimento do biodiesel na UE – líder na área – pode ser um exemplo útil
para outros países. Mesmo sendo uma questão de estratégia política, a
competitividade do biodiesel também depende do progresso técnico e
este artigo mostra contribuições de organizações de pesquisa francesas
para auxiliar no uso de óleos vegetais como combustíveis.
2. POLÍTICA E DESENVOLVIMENTO DO BIOCOMBUSTÍVEL EUROPEU
2.1 PANORAMA DA LEGISLAÇÃO
A lei de biocombustíveis da UE de 2003 (EC 2003/30) estabeleceu
a meta inicial de substituir 2% de combustíveis fósseis por combustíveis de origem renovável em 2005. A próxima meta foi de 5,75% até
2010 e uma possível meta de 10% até 2020 (em termos de unidades de
calor; ésteres de ácidos graxos (EAG) contêm átomos de oxigênio não
envolvidos na combustão [1]; 1 t EAG = 0,86 tep). Devido ao debate
atual de alimentos versus combustível, estão sendo discutidos: a meta
para 2010 e que produto pode ser classificado como biocombustível.
A Lei UE 2003 pode ser adaptada para cada estado membro. A
Alemanha, normalmente na frente “verde”, primeiro promoveu isenção total de imposto para o biodiesel. Em 2007, um nível obrigatório de
4,4% foi estabelecido como o mínimo de adição e não há mais isenção
de imposto para o B5, que ainda existe parcialmente para o B100. A
Alemanha agora exclui a palma e a soja da lista do biodiesel e os fornecedores que não conseguem atingir o nível obrigatório de adição estão
sofrendo penalidades. A França aumentou a meta para 7, 8% e 10% até
2010, 2012 e 2015, inicialmente com o auxílio (i) do corte de imposto
na parcela de biodiesel, e (ii) novo imposto, com base na poluição de
escapamento para penalizar combustíveis que não incluíssem a quantidade exigida [2].
2.2 PLANOS PARA EXPANSÃO DA CAPACIDADE DE
PRODUÇÃO DE ÉSTER DENTRO DA UE
Os números iniciais (2005) mostraram uma capacidade de produção de biodiesel de 4,3 Mt na UE-25, principalmente na Alemanha
45
Artigo
Número total de plantas
(Figura 2) – a produção de biocombustíveis (3,2 Mt) representou 1%
dos combustíveis de transporte. A capacidade de produção aumentou
em quatro vezes até o final de 2008, chegando a 16 Mt – o biodiesel
permaneceu o principal biocombustível produzido na UE, com uma
parcela de 70% [3] – e um importante desenvolvimento de negócio
ocorrerá na Alemanha e na França [4-6] (Figuras 2 e 3).
Na França, a capacidade EAG atual é de ~2 Mt e está planejada
para chegar a 2,9 Mt até 2010 [2,4], enquanto a produção foi de 0,87
Mt em 2007; assim, os óleos vegetais podem ser importados até o final
da década [4,5]. Diester-Industrie, o ator principal, instalou plantas de
EAG em importantes áreas agrícolas, perto de grandes pontos do mercado, ao lado de portos e de refinarias de petróleo (compradores reais).
A logística, assim, assume um papel relevante na escolha de um local de
produção.
Além disso, o tamanho nominal das novas plantas de EAG na UE
está aumentando, de cerca de 10 mil t por ano, para o hoje economicamente viável tamanho acima de 150 mil t e até 250 mil t anuais (Figura
4). Dessa forma, EAG agora atinge um estágio onde a racionalização da
produção bruta demanda inovações tecnológicas.
10 3 toneladas
Alemanha
França
3.000
Itália
UE-15
UE-15
2.000
UE-15 UE-15
Outros da UE
UE-15
Total da UE
1.000
0
1998
2000
2002
2003
2004
2005
2006
10
0
<50.000
50.000 - 150.000
t/ano de biodiesel
>150.000
DE PROCESSO DE CATÁLISE HOMOGÊNEA
Quando comparado aos óleos vegetais, o EAG apresenta uma viscosidade mais baixa e um número de cetano mais alto – portanto, mais
perto do diesel fóssil – e pode ser utilizado como aditivo para compensar a perda de lubricidade devido ao menor conteúdo de enxofre no
combustível de petróleo.
O uso do EAG como combustível foi proposto há 25 anos pelo
IFP e pelo Cirad [7,8]; a primeira unidade industrial dedicada ao biodiesel
passou a operar na França, em 1992, com base em um processo do IFP
(20 mil t anuais).
EAG é produzido por transesterificação, uma reação reversível
(Figura 5). Assim, o excesso de metanol é necessário para se atingir a
alta conversão, além de um catalisador para acelerar a cinética da reação. Catalisadores básicos são utilizados em processos industriais
(hidróxido de sódio ou metilato; 0,5-1,0 % peso) e isso é problemático
com traços de ácidos graxos livres (AGL) na alimentação.
UE-27
UE-25
2007
2008
20
3. ASPECTOS TECNOLÓGICOS DA PRODUÇÃO DE EAG
3.1 ÉSTERES DE METILA DE ÓLEOS VEGETAIS POR MEIO
5.000
4.000
30
FIGURA 4. Capacidade de mudança de novas instalações
Fonte [25, 26]
UE-27
6.000
40
2007
FIGURA 2. Evolução da capacidade de produção de Biodiesel na UE
Fonte: [26]
Capacidade das instalações de biodiesel europeias
6 000 000
Toneladas/ano
5 000 000
4 000 000
2006
3 000 000
2007
2008
2 000 000
1 000 000
Macedônia
Reino Unido
Suíça
Suécia
Eslovênia
Rússia
Eslováquia
Romênia
República Tcheca
Portugal
Polônia
Holanda
Noruega
Malta
Lituânia
Letônia
Itália
Hungria
Grécia
França
Finlândia
Espanha
Dinamarca
Bulgária
Bélgica
Áustria
Alemanha
-
FIGURA 3. Capacidade europeia em 2006-2007 com base em declarações
Fonte [25]
46
Agosto/August 2009
Artigo
Metanol 10,8%
Óleo vegetal
parcialmente
refinado
100,5%
catalisador
3
triglicéride
metanol
ésteres de metila
glicerol
com R1, R2, R3 = cadeia de hidrocarboneto de 15 a 21
átomos de carbono
FIGURA 5. Esquema geral de reação para transesterificação
de óleos vegetais
Fonte: [20]
Ácido
Mineral
Reator
Decantador
Biodiesel
(Diéster)
100%
Lavagem de
Neutralização
Evaporação
Catalisador
Glicerina
10,4%
Ácido
Mineral
Base de peso para matéria-prima pré-tratada
Purificação
de
Glicerina
Ácidos Graxos
0,9%
FIGURA 6. Fluxograma simplificado de planta de transesterificação com catalisador homogêneo
Fonte: [27]
Processos com base nos catalisadores solúveis acima são conhecidos como “catálise homogênea”. No entanto, o meio de reação é heterogêneo no início devido à baixa miscibilidade do óleo vegetal e do
metanol. Depois, graças aos surfactantes recém-formados – sabão,
glicerídeos parciais –, o meio se torna monofásico. Porém, as condições
finais são escolhidas para permitir o depósito de glicerina, assim alterando o equilíbrio da reação. A água – proveniente do catalisador, óleo,
metanol – que age contra a transesterificação é retirada na fase de
decantação, juntamente com as espécies de catalisador, diminuindo a
pureza do glicerol e exigindo mais etapas à jusante (Figura 6). O
catalisador recuperado como glicerato, metilato e sabão na fase de
decantação é então neutralizado com HCl, produzindo 80% de glicerol
puro contendo sal e água.
O metanol é evaporado do éster cru e reciclado; os traços de
catalisador são retirados (Na+K < 5 ppm) e o EAG é seco a vácuo
(produção de 98,5-99,5 % peso). Todas as fases de lavagem acima são
enviadas para a seção de purificação de glicerina: qualquer processo
que permita simplificar essa etapa crítica será bem-vindo.
Esse processo pode ser operado em batelada ou em modo contínuo. No processo de batelada de EsterFip [9], a transesterificação
ocorre em um único reator de tanque agitado, para minimizar o equipamento, enquanto a purificação do produto (EAG, glicerina) é feita de
modo contínuo; seis plantas desse tipo foram construídas pelo IFP
(1,2 Mt/ano). Os processos de transesterificação contínua ou (i) incluem dois ou três reatores de batelada em série (processos Ballestra,
Connemann CD e Lurgi PSI [9]) ou (ii) necessitam de um reator tubular
longo (Cognis, France).
3.2 PONTOS
FORTES E FRACOS DA ROTA HOMOGÊNEA
A “catálise homogênea” apresenta vantagens reais: catalisadores
bastante ativos, eficiência térmica, baixo consumo de energia, ampla
gama de escala de produção (mil –250 mil t/ano). Porém, ela sofre de
vários problemas: manipulação de ácidos e bases fortes, muitas impurezas no glicerol (4 kg de sal/t de óleo; traços de sabão e de éster),
deixando assim apenas usos de baixo preço para essa glicerina crua
(queimada em fornos, alimentação animal [10]), devido ao alto custo de
polimento (múltiplas etapas de destilação e branqueamento para atender os padrões farmacêuticos e cosméticos). Há, portanto, necessidade
de soluções tecnológicas inovadoras.
3.3 APERFEIÇOAMENTO
DA ROTA DE
TRANSESTERIFICAÇÃO POR CATÁLISE HETEROGÊNEA
A rota “clássica” descrita acima sofre com a difícil purificação do
glicerol. Catalisadores ácidos, como os ácidos minerais [11], têm muitas vantagens, entre elas a capacidade de converter tanto triglicérides e
AGL. Mas, além de cinética mais lenta, apresentam corrosão e problemas de segurança. Uma forma simples de evitar a maioria dos problemas acima é optar pela catálise heterogênea. Há dezenas de artigos que
tratam dessa mudança [12] e esse novo processo está sendo desenvolvido pelo IFP e Axens [13] (Esterfip-H™). A primeira unidade passou
a operar em 2006 (Sète, France). Aqui, uma alta produção de transesterificação é promovida por uma combinação estável e insolúvel de
óxidos [14] (Figura 7): sem adição de novo catalisador, sem neutralização
de catalisador nem lavagem com água; teor reduzido de água e esterificação
de traços de AGL.
Metanol 10,8%
Óleo vegetal
parcialmente
refinado
100,5%
Ácido
Mineral
Reator
Decantador
Biodiesel
(Diéster)
100%
Lavagem de
Neutralização
Evaporação
Catalisador
Glicerina
10,4%
Ácido
Mineral
Base de peso para matéria-prima pré-tratada
Purificação
de
Glicerina
Ácidos Graxos
0,9%
FIGURA 7. Fluxograma simplificado do Processo Éster Fip-H
Fonte: [27]
Há duas etapas sucessivas de “reação+separação da glicerina”. O
excesso de metanol é parcialmente evaporado após cada reator, para
permitir a decantação da glicerina, alterando, assim, o equilíbrio (Figura 8).
O metanol residual das fases de decantação da glicerina é evaporado e a
47
Artigo
pureza fica normalmente acima dos 98%, com 0,5% peso de água em
vez de 13%, como na maior parte da glicerina crua atual. A seção de
polimento inclui evaporação de metanol e adsorção de glicerina solúvel
através da resina de troca iônica.
3.4 APLICAÇÃO INDUSTRIAL, VANTAGENS E PROBLEMAS
DO PROCESSO DA CATÁLISE HETEROGÊNEA
Baixo consumo de energia (não há necessidade de agitação mecânica);
Só se consomem óleo e metanol estequiométrico, não há lixiviação de catalisador ou correntes de resíduos;
Traços de AGL que entram no processo devem ser monitorados
para evitar formação de água;
Glicerol cru isento de sal (mais de 98%), o que permite aplicações químicas;
Produção de EAG próxima a 100%, uma vez que não há perda de
éster devido à formação de sabão;
EAG de alta qualidade, em conformidade com a especificação da
UE (EN 14214 Fame).
Temperatura e pressão altas ainda são necessárias devido à atividade mais baixa do catalisador sólido. A primeira planta em Sète está operando há mais de dois anos com uma carga de 160 mil t por ano com vários óleos vegetais industriais – e o catalisador ainda está bastante ativo. A segunda planta (160 mil t anuais) começou a operar em 2007, em
Perstop (Suécia), e seis plantas com base no processo Esterfip-H estão
sendo implementadas pelo mundo, devido à sua habilidade de expandir
o mercado se comparado ao dos atuais 85% de glicerina crua.
4. ROTAS ALTERNATIVAS E OUTROS DESENVOLVIMENTOS
TECNOLÓGICOS
4.1 QUÍMICA COM BASE NO GLICEROL
A glicerina chega a 1/10 da produção de EAG que cresce rapidamente. Por isso, há uma necessidade urgente de novas saídas industriais, como a química C3, atualmente com base no propileno fóssil
[15,16]:
para propileno e etilenoglicóis (cf ADM (2006), Cargill&Ashland,
Dow (2007));
para epicloridina projetada pelas Solvay & Diester Industries;
Dow;
para 1,3-propanediol por reação enzimática, como plastificante,
da MetEx (empresa francesa);
para poliglicerol e acroleína também relatados;
para éteres de glicerol terbutil, como aditivos de combustíveis,
também investigados.
Esses novos mercados dependem da qualidade e do preço da
glicerina.
4.2 OPÇÃO
ÉSTER ETÍLICA
A substituição do metanol fóssil por etanol de biomassa pode abrir
o mercado de diesel para esse álcool, para compensar seu limitado
mercado devido ao declínio da proporção de motor a gasolina/diesel na
UE. No entanto, isso apresenta desafios tecnológicos [17,18]:
alta concentração de catalisador e de temperaturas mais altas
48
Evap.
Parcial
MeOH
Evap.
Parcial
Evap.
Total
Metanol
Óleo vegetal
> 99%
Ésteres de Metila
(biodiesel)
Rico
em
Glicerina
98%
Glicerina
FIGURA 8. Fluxograma simplificado do novo processo de catálise heterogênea, Éster Fip-H
Fonte: [27]
para compensar a reatividade mais baixa do etanol;
o glicerol sendo mais solúvel em meio de etanólise comparado à
metanólise, limita a conversão do óleo sob catálise homogênea,
mas não sob condições monofásicas do EsterFipH;
o etanol faz a extração do glicerol a partir de ésteres etílicos mais
complexos e caros;
a desidratação do etanol (azeotropo) torna a reciclagem mais
complexa.
4.3 BIOCOMBUSTÍVEIS ALTERNATIVOS DERIVADOS DE
BIOMASSA OLEAGINOSA
O uso direto de óleos vegetais em motores a diesel padrão, documentados durante um século [18,19], leva à deposição de coque em
câmaras de combustão modernas, resultando em desempenho reduzido
de motor, maiores emissões, devido a [1,20]:
Viscosidade do óleo, excedendo 30 mm²/s a 30°C, dez vezes o
valor do diesel padrão, produzindo propriedades de injeção inadequadas;
Número de cetano mais baixo (colza 42; diesel 50), apesar de
alguns óleos apresentarem pequeno atraso de ignição;
Ponto de fluidez -5-10°C/colza, acima de 20°C/óleo de palma,
contra -20°C para o diesel combustível.
Entretanto, é possível superar esses problemas. Seguindo as
especificações do Cirad, há dezenas de motores adaptados na ilhas do
Pacífico movidos a óleo de coco cru, com garantia total do fabricante do
motor. A adaptação (bomba adicional, aquecedores na tubulação e no
tanque, tanques duplos em caso de óleos sólidos, revestimentos específicos para a câmara de combustão) pode ser diminuída a um custo
razoável se considerada a demanda mundial, especialmente em países
muito pobres que não podem arcar com o alto preço do petróleo. O uso
direto de óleos vegetais pode ser a solução em áreas remotas – pequenas ilhas (agora já testadas pelo Cirad); regiões insulares – distantes de
refinarias de petróleo e de portos, que sofrem com o alto custo do
transporte de combustível. Projetos de demonstração são necessários
para se começar a desenvolver essa alternativa.
Agosto/August 2009
Artigo
A produção de hidrocarbonetos também tem sido investigada no
Cirad, por meio do craqueamento catalítico [18,21-24]. Esse processo
pode permitir a operação em todos os tipos de motor – a gasolina e a
diesel – a partir de uma única biomassa. Pode ser aplicado em pequenas
plantas em locais remotos como a Amazônia, em razão da simplicidade
desse processo monofásico.
Por fim, composições formuladas a partir de vários óleos básicos
(diesel combustível, etanol, óleo vegetal, etc.), sejam soluções ou
emulsões, também podem ser alternativas, desde que os insumos físico-químicos (aditivos) auxiliem a melhorar as propriedades de pulverização e combustão da fração de óleo [12].
5. CONCLUSÃO
A sustentabilidade e o desenvolvimento de óleos vegetais como
combustíveis dependem de muitos fatores que se deparam com questões técnicas, ambientais e econômicas bem como éticas – do fornecimento de óleo e da competição entre alimento e combustível à análise
do ciclo de vida, também incluindo tecnologias limpas apropriadas e
eficientes e valorização dos subprodutos, glicerol, bagaço e resíduo de
extração. Conforme apresentado nos vários exemplos de novos usos
dos supracitados (química C3), também haverá oportunidades para se
obter produtos de alto valor a partir da torta, para atingir a viabilidade
econômica da linha de produção, livres de quaisquer incentivos fiscais
que agora são as principais forças motrizes na UE.
Entre outros fatores-chave para promover a sustentabilidade dos
biocombustíveis, a necessidade de custo baixo e competitivo e processos de baixo impacto ambiental é enfatizada. É chegada a hora de mudar
para tecnologias inovadoras. Várias alternativas são apresentadas a
partir de resultados obtidos pelas organizações de pesquisa na França
– um dos países líderes no uso de óleos vegetais como combustíveis,
especialmente um processo eficiente para a produção de estearato de
metila com base na catálise heterogênea, enquanto tecnologias antigas
continuam a ser implementadas em todo o mundo.
comme carburant Diesel, IFP, French patent 2560210, 1983.
[10] KIJORA C., KUPSCH R.D., Fett/Lipid 98 v.7-8, p.240-245, 1996.
[11] GRAILLE J., LOZANO P., PIOCH D., GENESTE P., FINIELS A., MOREAU C., Rev.
Fse Corps Gras, v.32, p.311 316, 1985.
[12] KNOTHE G., VAN GERPEN J., KRÄHL J. The biodiesel Handbook, AOCS Press
Champaign USA, 2004.
[13] BOURNAY L., CASANAVE D., DELFORT B., HILLION G., CHODORGE J.A.,
Catalysis Today, v.106, p.190-192, 2005.
[14] STERN R., HILLION G., ROUXEL J.J., US Patent 5,908,946, 1999.
[15] M.HEMING HBI, S.CLAUDE, ONIDOL InfoChimieMagazine n.474 Sep/Oct, 2006.
[16] PAGLIARIO, M.A. Chem. Int Ed, v.46, p.4434-4440, 2007.
[17] GRAILLE J., LOZANO P., PIOCH D., GENESTE P., Oléagineux, v.41, p.457-464,
1986.
[18] PIOCH D., VAITILINGOM G., OCL, v.12-2, p.161-169, 2005.
[19] HAWKINS C.S., FULS J., HUGO F.J.C., Engine Durability Tests with SunFlower Oil
in an Indirect Injection Diesel Engine, SAE 831357,
[20] BALLERINI D., Les biocarburants: états des lieux, perspectives et enjeux du
développement, p.226. Paris: Technip, 2006.
[21] BILLAUD F., TRAN MINH A.K., LOZANO P., PIOCH, D., Chimie, v.7, p.91-96,
2004.
[22] BILLAUD F., GUYTARD Y., TRAN MINH A.K., ZAHRAA O., LOZANO P., PIOCH
D., J. Mol. Cata. A: Chemical, v.192, p.281-288, 2003.
[23] BILLAUD F., TRAN MINH AK., LOZANO P., PIOCH, D., Journal of Analytical
and Applied Pyrolysis, v.58-59, p.605-616, 2001.
[24] PIOCH D., LOZANO P., RASOANANTOANDRO M.C., GRAILLE J., GENESTE
P., GUIDA A., Oléagineux, v.48, p.289-292, 1993.
[25] IFP, disponível em http://www.ifp.fr/information-publications
[26] EBB, disponível em http://www.ebb-eu.org/stats.php
[27] BLOCK, M. et al. Fatty Acid Esters in Europe: Market Trends and technological
Perspectives, Oil & Gas Science and Technology - Rev. IFP, v.63, n.4, p.405-417,
2008.
6. REFERÊNCIAS
[1] MITTELBACH M, REMSCHMIDT C. Biodiesel the Comprehensive Handbook,
Austria: M. Mittelbach, p.87-88, 2004.
[2] BERNARD, F. PRIEUR, A. Biofuel market and carbon modeling to analyse French
BioFuel policy, IFP School 2006.
[3] Biofuels Barometer; J. Energies Renouvelables, v.179, May 2007.
[4] VAN WALWIJK, M. BioFuels in France 1990-2005, Premia report TREN/04/FP6EN/
S07, 31083/503081.
[5] The availability of raw material for the production of BioFuels in Germany and in
the EU-25, Prof. Dr. Juergen Zeddies, Univ Hohenhein, Oct 2006.
Laurent Bournay e Vincent Coupard
IFP-Lyon A7 - BP3 69390 Vernaison Cedex, France
[6] The German Biodiesel Market recent developpements, Task 39 Subtask Biodiesel
Workshop. Potsdam June 12-14, 2006, Karin Retzlaff VDB - Germany Biofuels Industry
Association.
[7] GRAILLE J., LOZANO P., PIOCH D., GENESTE P., GUIDA A., Oléagineux, v.37,
p.421 424, 1982.
[8] STERN R., GUIBET J.C., GRAILLE J., Revue Institut Français du Pétrole, v.38, p.121136, 1983
[9] STERN R., HILLION G., GATEAU P., GUIBET JC., Procédé de fabrication d’un ester
Jean-Alain Chodorge
Axens, 89, bd F.Roosevelt, BP 50802, 92508 Rueil Malmaison,
France
Daniel Pioch
Cirad, UMR Process Engineering, B40/16, Cirad 34398
Montpellier Cedex, France
[email protected]
méthylique, éthylique, propylique ou butylique d’acide gras adapté à l’utilisation
49
Article
FATTY
ACID ESTERS IN
EUROPE
Market trends and technological perspectives
Laurent Bournay, Jean-Alain Chodorge, Vincent Coupard and Daniel Pioch
ABSTRACT
Based on strong governmental incentives, biodiesel (fatty acid esters)
production has rapidly increased in Europe and expanded worldwide.
The EU target to use 5.75% of transportation fuels from renewable
origins looks very difficult to reach, but recent trend shows that EU is
willing to set more realistic target to preserve initially foreseen benefit
of biofuels.
Among other key factors for promoting green fuels, the need for
competitive, low cost and low environment impact processes for
biodiesel production is highlighted. Anticipating this necessary
evolution, French research organizations do contribute to the shift
toward breakthrough technologies. Indeed several examples are
discussed, from a new heterogeneous catalytic zero-waste process for
methyl ester manufacture, to long standing Diesel engines fueled with
vegetable oils; also included, the difficulty to get ethyl ester, and high
purity crude glycerin recovery with examples answering the need for a
new C3 chemistry industrial sector, owing to the increased availability
of glycerol, a chance for green chemistry.
1. INTRODUCTION
Increasing environment concern, especially CO2 emissions, together
with agricultural policy and high petroleum price have led the European
Union to re-open the biofuel file.
European liquid fuels consumption being Diesel oriented (Figure1A),
the biodiesel market was the first launched based on technology
developed in the late 80's. Although its share was lowered to 70%
(Figure 1B) due to business started in the USA and Brazil, EU biodiesel
production is still fast growing, passing from 3.6 to 5.4 million tons
(Mt) respectively in 2005 and 2006. Biodiesel development in EU -
A
11%
Residual
Fuel
Initial figures (2005) showed a 4.3 Mt of biodiesel production
capacity in EU-25, mostly in Germany (Figure 2), and biofuel
production (3.2 Mt) accounted for 1% of transportation fuels.
EU-27
6,000
Germany
41%
Brazil 1%
14%
United
States
13%
Other
Europe
17%
Gasoline
2.2 ESTER PRODUCTION CAPACITY EXPANSION PLANS
WITHIN EU
Other World
12%
Diesel
41%
Other
11%
The EU 2003 law on biofuels (EC 2003/30) established the initial
goal of substituting 2% of fossil fuel by fuels from renewable origin in
2005. The next goal was 5.75% by 2010 and a possible target of 10%
by 2020 (in terms of heat units; fatty acid esters (FAME) contain
oxygen atoms not involved in combustion [1]; 1 ton FAME = 0.86
toe). Due to the current food vs fuel debate, the 2010 goal, and which
product to be classified as a biofuel, are under discussion.
The EU 2003 Law can be adapted by each member state. Germany,
often on the "green" forefront, first promoted biodiesel by full tax
exemption. In 2007 a mandatory level of 4.4 % was set as the minimal
blend and there is no more tax exemption on B5, while still partially on
B100. Germany now excludes palm and soy from the biodiesel list and
suppliers who cannot achieve their mandatory blend are facing penalties.
France increased the target to 7; 8; 10% by 2010; 2012; 2015, initially
helped by (i) tax cut on biodiesel share, and (ii) new tax, based on
exhaust pollution to penalize fuels not including the required amount [2].
B
GLP
5%
Kerosene
8%
2. EUROPEAN BIOFUEL POLICY AND DEVELOPMENT
2.1LEGISLATION BACKGROUND
EU-27
5,000
10 3 tons
Nafta
7%
leader in the field - could be a useful example for other countries.
Although a matter of political strategy, biodiesel competitiveness
depends also on technical progress and this paper shows contributions
of French research organizations to help using vegetable oils as fuels.
EU-25
4,000
France
3,000
EU-15
EU-15 EU-15
10%
France
50
Others EU
EU-15
Total EU
1,000
0
1998
FIGURE 1. (A) Western Europe petroleum refining 2006;
(B) World biodiesel production 2006
Source: [25]
Italy
EU-15
2,000
9%
Italy
Germany
2000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
FIGURE 2. Evolution of Biodiesel production capacity within EU
Source: [26]
Agosto/August 2009
Article
6 000 000
Tons/year
5 000 000
4 000 000
2006
3 000 000
2007
2008
2 000 000
1 000 000
Macedonia
UK
Switzerland
Sweden
Slovakia
Slovenia
Russia
Roumania
Czech Republic
Portugal
Poland
Norway
Netherlands
Malta
Lithuania
Latvia
Italy
Hungary
France
Greece
Finland
Spain
Denmark
Bulgaria
Austria
Belgium
Germany
-
FIGURE 3. 2006-2007 European capacity breakdown based on announcements
Source: [25]
Production capacity then increased fourfold by late 2008, being at 16 Mt biodiesel remaining the main biofuel produced within EU, with a 70%
share [3] - and major business development will take place in Germany
and France [4-6] (Figures 2 and 3).
In France, current Fame capacity is ~2 Mt and planned at 2.9 Mt
by 2010 [2,4], while production was 0.87 Mt in 2007, thus vegetable
oil might be imported by the end of the decade [4,5]. Diester-Industrie,
the major player, has located Fame plants in major agricultural areas,
close to big market spots, near harbors and petroleum refineries (actual
customers). Thus logistics play a large role when choosing a production
site.
Also, the nominal size of new EU Fame plants is increasing, from
about 10,000 t/y, to today economically viable size above 150,000 t/y
and up to 250,000 t/y (Figure 4). Thus Fame now reaches a step where
rationalization of bulk production is asking for technical innovations.
3. TECHNOLOGICAL ASPECTS OF FAME PRODUCTION
3.1 METHYL ESTERS OF VEGETABLE OILS THROUGH
HOMOGENEOUS CATALYSIS PROCESS
When compared to vegetable oils, Fame show a lower viscosity
and a higher cetane number, thus closer to those of fossil Diesel fuel,
and they can be used as an additive to compensate the loss of lubricity
because of decreasing sulfur content in petroleum fuel.
The use of Fame as fuel has been proposed 25 years ago by IFP
and Cirad [7,8], and the first industrial unit dedicated to biodiesel was
started in France in 1992, based on an IFP process (20,000 t/y).
Fame are produced through transesterification, a reversible reaction
(Figure 5), thus an excess of methanol is needed to achieve a high conversion, and a catalyst to speed up reaction kinetics. Basic catalysts
are used in industrial processes (sodium hydroxide or methylate; 0.51.0 wt%) and this is troublesome with traces of free fatty acids (FFA) in feed.
Processes based on the above soluble catalysts are known as "homogeneous catalysis". However, the reacting medium is heterogeneous at
beginning due to low miscibility of vegetable oil and methanol. Then,
thanks to neoformed surfactants - soap, partial glycerides -, the medium
becomes monophasic; but final conditions are chosen to allow settling
Total plant number
40
30
3
2007
2008
20
triglyceride
10
0
methanol
methyl esters
glycerol
with R1, R2, R3 = hydrocarbon chain from 15 to 21 carbon atoms
<50000
50000 - 150000
t/year of biodiesel
FIGURE 4. New plant capacity shift
Source: [25,26]
>150000
FIGURE 5. General reaction scheme for transesterification of
vegetable oil
Source: [20].
51
Article
Methanol 10,8%
Methanol 10,8%
Partially
Refined
Vegetable
Oil 100,5%
Mineral
Acid
Reactor
Settler
Biodiesel
(Diester)
100%
Neutralization
Washing
Mineral
Acid
Evaporation
Catalyst
Mineral
Acid
Partially
Refined
Vegetable
Oil 100,5%
Reactor
Glycerin
10,4%
Glycerin
Purification
Weight basis for pretreated oil feedstock
Settler
Biodiesel
(Diester)
100%
Neutralization
Washing
Catalyst
Glycerin
10,4%
Mineral
Acid
Glycerin
Purification
Weight basis for pretreated oil feedstock
Fatty Acids
0,9%
Fatty Acids
0,9%
FIGURE 6. Simplifed flow chart of homogeneous catalysis
transesterification plant
Source: [27]
FIGURE 7. Simplified flow chart of EsterFip-H Process
Source: [27]
of glycerine, thus shifting reaction equilibrium. Water - from catalyst,
oil, methanol - playing against the transesterification is withdrawn in
the decanting phase, along with catalytic species, hereby lowering
glycerol purity and requiring further downstream steps (Figure 6).
The catalyst recovered as glycerate, methylate, soap, in settled phase
is then neutralized with HCl, yielding 80% pure glycerol containing
salt and water.
Methanol is evaporated from crude ester and recycled, catalyst
traces are washed out (Na+K < 5 ppm) and Fame are vacuum dried
(98.5-99.5wt% yield). All above washing phases are sent to glycerin
purification section: any process enabling to simplify this critical step
would be welcome.
This process can be operated in batch or continuous mode. In the
EsterFip batch process [9], transesterification occurs in a single stirred
tank reactor, to minimize the equipment, while product purification
(Fame, glycerin) is done in a continuous mode; six plants of this type
were built by IFP (1.2 Mt/year). Continuous transesterification processes either (i) include 2 or 3 batch reactors in series (Ballestra,
Connemann CD and Lurgi PSI processes [9]) or (ii) require a long
tubular reactor (Cognis, France).
advantages like the ability to convert both triglycerides and FFA, but,
in addition to slower kinetics, they bring corrosion and safety problems.
A simple way to avoid most of the above problems is to shift to
heterogeneous catalysis. There are dozens of papers dealing with this
shift [12], and such a new process is being developed by IFP and
Axens [13] (Esterfip-H™) and the first unit was started in 2006 (Sète,
France). Here a high transesterification yield is promoted by a stable,
insoluble oxides mixture [14] (Figure 7): no addition of new catalyst,
no catalyst neutralization nor water washing; reduced water content
and esterification of traces of FFA.
There are two successive "reaction+glycerin separation" steps,
excess methanol being partly evaporated after each reactor, to allow
glycerin decantation, thus shifting the equilibrium (Figure 8). Residual
methanol in settled glycerin phases is evaporated and purity is routinely
above 98%, with 0.5 wt% of water instead of 13% as in most current crude
glycerin. The FAME polishing section includes methanol evaporation and
adsorption of soluble glycerin through ion-exchange resin.
3.2 HOMOGENEOUS ROUTE STRENGTH AND WEAKNESS
Above "homogeneous catalysis" shows real advantages: very active
catalysts, thermal efficiency, low energy consumption, wide range of
production scale (1,000–250,000 t/year). But it suffers numerous
drawbacks: handling of strong acids and bases, lot of impurities in
glycerol (4 kg of salt/t oil; traces of soap and ester), thus leaving only
low priced uses for this crude glycerin (burned in furnaces, animal feed
[10]), due to high polishing cost (multiple distillation and bleaching
steps to meet pharmacy and cosmetics standard). Thus there is a need
for breakthrough technical solutions.
3.3 IMPROVING THE TRANSESTERIFICATION ROUTE
HETEROGENEOUS CATALYSIS
The "classical" route described above suffers difficult glycerol
purification. Acidic catalysts like mineral acids [11] display several
52
Evaporation
Partial
Evap.
MeOH
Partial
Evap.
Full
Evap.
Methanol
Vegetable Oil
> 99%
Methyl Esters
(biodiesel)
Glycerin
rich
98%
Glycerin
FIGURE 8. Simplified flow sheet of the new heterogeneous
catalysis process, EsterFip-H
Source: [27]
Agosto/August 2009
Article
3.4 INDUSTRIAL APPLICATION, ADVANTAGES, DRAWBACKS
OF THE HETEROGENEOUS CATALYSIS FAME PROCESS
Low energy consumption (no mechanical stirring required);
Only feed oil and steochiometric methanol consumed, no catalyst
leaching or waste streams;
Traces of FFA entering the process must be monitored to avoid
water formation;
Salt free 98%+ crude glycerol, thus opening chemical applications;
Fame yield close to 100%, since there is no ester loss due to
soap formation;
High quality Fame complying EU specification (EN 14214 Fame).
Still high temperature and pressure are needed due to lower activity
of the solid catalyst. The first plant in Sète has been running for more
than two years at 160,000 t/y load with various industrial vegetable
oils, and the catalyst is still highly active. A second plant (160,000 t/y)
was started in 2007 in Perstop (Sweden) and 6 plants based on EsterfipH process are being implemented worldwide, owing to its ability to
widen the market compared to that of the current 85% crude glycerin.
4. ALTERNATIVE ROUTES AND FURTHER TECHNICAL
DEVELOPMENTS
4.1 GLYCEROL BASED CHEMISTRY
Glycerin amounting 1/10 of the fast growing FAME production,
there is an urgent need for new industrial outlets, like the C3 chemistry,
today based on fossil propylene [15,16]:
to propylene and ethylene glycols (cf ADM (2006),
Cargill&Ashland, Dow (2007));
to epichlorhydrin planned by Solvay & Diester Industries; Dow;
to 1,3-propanediol through enzymatic reaction, as plasticizer,
by MetEx (French company);
to poly-glycerol and acrolein also reported;
to glycerol ter-butyl ethers with isobutene, as fuel additives,
also investigated.
These new markets will depend on quality and price of glycerin.
4.2 ETHYL ESTER OPTION
Replacement of fossil methanol by ethanol derived from biomass
would open the Diesel market to this alcohol, to balance its limited
outlet due to decreasing gasoline / Diesel engine ratio in EU. However,
this brings technical challenges [17,18]:
higher catalyst concentration and temperature to balance the
lower ethanol reactivity;
glycerol being more soluble in ethanolysis medium compared to
methanolysis, this limits oil conversion under homogeneous
catalysis, but not under EsterFipH monophasic conditions;
ethanol makes glycerol extraction from ethyl esters more complex
and costly;
dehydration of ethanol (azeotrope) makes recycling more
complex.
4.3 ALTERNATIVE BIOFUELS DERIVED FROM OLEAGINOUS
BIOMASS
The direct use of vegetable oils in standard Diesel engines,
documented for a century [18,19], leads to coke deposition in modern
combustion chambers, resulting in reduced engine performance, higher
emissions, due to the following [1,20]:
Viscosity of oil, exceeding 30 mm²/s at 30°C, 10 times the standard
Diesel fuel value, yielding poor injection spray properties;
Lower Cetane Number (rapeseed 42; Diesel fuel 50), although
some oils show a short ignition delay;
Pour point -5-10 °C/ rapeseed, higher than 20°C/ palm oil, against
-20°C for diesel fuel.
However it is possible to overcome these drawbacks. Following
Cirad specifications, there are dozens of adapted engines in Pacific
islands, fueled with crude coconut oil, with full warranty of engine
manufacturer. Adaptation (additional pump, heaters on pipe and tank,
dual tanks in case of solid oils, specific liners for combustion chamber)
could be decreased to a reasonable cost if considering the world demand,
especially in very poor countries unable to afford high petroleum price.
Straight use of vegetable oils might be the solution in remote areas – small
islands (now already tested by Cirad); inland regions – far from petroleum refineries and ports, suffering high fuel transportation cost. There
is a need for demonstration projects to start developing this alternative.
Also, the production of hydrocarbons has been investigated at
Cirad, through catalytic cracking [18,21-24]. This process would enable
to fuel all types of engines – gasoline and diesel – from a single biomass.
It could be applied in small plants in remote places, like in Amazonia,
owing to the simplicity of this one step process.
Last, mixtures formulated from various base stocks (diesel fuel,
ethanol, vegetable oil), be solutions or emulsions, could also be
alternatives, provided that physicochemical input (additives) would
help improving spray properties and combustion of oil fraction [12].
5. CONCLUSION
The sustainability and the development of vegetable oils as fuels
depend on many factors dealing with technical, environment and
economic as well as ethical issues, from oil supply and food-fuel
competition, to life-cycle analysis, also including appropriate clean
and efficient technologies and co-products valorization, glycerol,
bagasse and extraction residue. As shown through several examples of
new uses of the former (C3 chemistry), there will be also opportunities
for deriving high value products from the cake, to achieve economical
viability of the production line, free of any tax incentives, now main
driving forces within EU.
Among other key factors for promoting biofuel sustainability, the
need for competitive, low cost and low environment impact processes,
is highlighted, and time has come to shift towards breakthrough
technologies. Several alternatives are shown from results obtained by
research organizations in France - one of the leading countries for the
use of vegetable oils as fuels -, especially an efficient process for
methyl ester production based on heterogeneous catalysis, while still
old technologies are being implemented worldwide.
6. REFERENCES
[[1] MITTELBACH M, REMSCHMIDT C. Biodiesel the Comprehensive Handbook,
Austria: M. Mittelbach, p.87-88, 2004.
[2] BERNARD, F. PRIEUR, A. Biofuel market and carbon modeling to analyse French
BioFuel policy, IFP School 2006.
53
Article
[3] Biofuels Barometer; J. Energies Renouvelables, v.179, May 2007.
[4] VAN WALWIJK, M. BioFuels in France 1990-2005, Premia report TREN/04/FP6EN/
S07, 31083/503081.
[5] The availability of raw material for the production of BioFuels in Germany and in
the EU-25, Prof. Dr. Juergen Zeddies, Univ Hohenhein, Oct 2006.
[6] The German Biodiesel Market recent developpements, Task 39 Subtask Biodiesel
Workshop. Potsdam June 12-14, 2006, Karin Retzlaff VDB - Germany Biofuels Industry
Association.
[7] GRAILLE J., LOZANO P., PIOCH D., GENESTE P., GUIDA A., Oléagineux, v.37,
p.421 424, 1982.
[8] STERN R., GUIBET J.C., GRAILLE J., Revue Institut Français du Pétrole, v.38, p.121136, 1983
[9] STERN R., HILLION G., GATEAU P., GUIBET JC., Procédé de fabrication d’un ester
méthylique, éthylique, propylique ou butylique d’acide gras adapté à l’utilisation
comme carburant Diesel, IFP, French patent 2560210, 1983.
[10] KIJORA C., KUPSCH R.D., Fett/Lipid 98 v.7-8, p.240-245, 1996.
[11] GRAILLE J., LOZANO P., PIOCH D., GENESTE P., FINIELS A., MOREAU C., Rev.
Fse Corps Gras, v.32, p.311 316, 1985.
[12] KNOTHE G., VAN GERPEN J., KRÄHL J. The biodiesel Handbook, AOCS Press
Champaign USA, 2004.
[13] BOURNAY L., CASANAVE D., DELFORT B., HILLION G., CHODORGE J.A.,
Catalysis Today, v.106, p.190-192, 2005.
[14] STERN R., HILLION G., ROUXEL J.J., US Patent 5,908,946, 1999.
[15] M.HEMING HBI, S.CLAUDE, ONIDOL InfoChimieMagazine n.474 Sep/Oct, 2006.
[16] PAGLIARIO, M.A. Chem. Int Ed, v.46, p.4434-4440, 2007.
[17] GRAILLE J., LOZANO P., PIOCH D., GENESTE P., Oléagineux, v.41, p.457-464,
1986.
[18] PIOCH D., VAITILINGOM G., OCL, v.12-2, p.161-169, 2005.
[19] HAWKINS C.S., FULS J., HUGO F.J.C., Engine Durability Tests with SunFlower Oil
in an Indirect Injection Diesel Engine, SAE 831357,
[20] BALLERINI D., Les biocarburants: états des lieux, perspectives et enjeux du
développement, p.226. Paris: Technip, 2006.
[21] BILLAUD F., TRAN MINH A.K., LOZANO P., PIOCH, D., Chimie, v.7, p.91-96,
2004.
[22] BILLAUD F., GUYTARD Y., TRAN MINH A.K., ZAHRAA O., LOZANO P., PIOCH
D., J. Mol. Cata. A: Chemical, v.192, p.281-288, 2003.
[23] BILLAUD F., TRAN MINH AK., LOZANO P., PIOCH, D., Journal of Analytical
and Applied Pyrolysis, v.58-59, p.605-616, 2001.
[24] PIOCH D., LOZANO P., RASOANANTOANDRO M.C., GRAILLE J., GENESTE
P., GUIDA A., Oléagineux, v.48, p.289-292, 1993.
[25] IFP, available in http://www.ifp.fr/information-publications
[26] EBB, available in em http://www.ebb-eu.org/stats.php
Laurent Bournay e Vincent Coupard
IFP-Lyon A7 - BP3 69390 Vernaison Cedex, France
[27] BLOCK, M. et al. Fatty Acid Esters in Europe: Market Trends and technological
Perspectives, Oil & Gas Science and Technology - Rev. IFP, v.63, n.4, p.405-417,
2008.
Jean-Alain Chodorge
Axens, 89, bd F.Roosevelt, BP 50802, 92508 Rueil Malmaison,
France
Daniel Pioch
Cirad, UMR Process Engineering, B40/16, Cirad 34398
Montpellier Cedex, France
[email protected]
54
Agosto/August 2009
Agenda
10º ENCONTRO INTERNACIONAL DE ENERGIA
10 TH INTERNATIONAL ENERGY SUMMIT
Período: 5 e 6 de outubro de 2009
Local: Centro de Convenções do Hotel Unique, São Paulo,
SP, Brasil
Informações: http://www.fiesp.com.br/newsletter/
encontrodeenergia/convite01.htm
Period: From October 5th to 6th, 2009
Venue: Hotel Unique Convention Center – São Paulo, SP,
Brazil
Information: http://www.fiesp.com.br/newsletter/
encontrodeenergia/convite01.htm
CLAGTEE 2009 – 8º CONGRESSO LATINO-AMERICANO
SOBRE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA
CLAGTEE 2009 – 8TH LATIN-AMERICAN CONGRESS ON
ELECTRICITY GENERATION AND TRANSMISSION
Período: 18 a 22 de outubro de 2009
Local: Centro de Convenções do Wembley Inn Hotel –
Ubatuba, SP, Brasil
Informações: http://www.feg.unesp.br/clagtee
* Participação da pesquisadora Beatriz Lora, do Cenbio,
apresentando o trabalho Modernization Perspectives of the
São Paulo State Sugarcane Sector Through the Clean
Development Mechanism and Potential Carbon Credits
Generation
Period: From October 18th to 22nd, 2009
Venue: Convention Center at Wembley Inn Hotel – Ubatuba,
SP, Brazil
Information: http://www.feg.unesp.br/clagtee
* Participation of the researcher Beatriz Lora, from Cenbio,
presenting the paper Modernization Perspectives of the São
Paulo State Sugarcane Sector Through the Clean
Development Mechanism and Potential Carbon Credits
Generation
13º CONGRESSO FLORESTAL MUNDIAL
13TH WORLD FORESTRY CONGRESS
Período: 18 a 25 de outubro de 2009
Local: Buenos Aires, Argentina
Informações: http://www.wfc2009.org
Period: From October 18th to 25th, 2009
Venue: Buenos Aires, Argentina
Information: http://www.wfc2009.org
LATIN-AMERICAN AND CARIBBEAN WORKSHOP ON
ENERGY AND POVERTY
LATIN-AMERICAN AND CARIBBEAN WORKSHOP ON
ENERGY AND POVERTY
Período: 20 a 22 de outubro de 2009
Local: Santiago, Chile
Informações: [email protected]
* Evento ligado à Rede Global em Energia para o
Desenvolvimento Sustentável (Gnesd)
Period: From October 20th to 22nd, 2009
Venue: Santiago, Chile
Information: [email protected]
* Event linked to the Global Network on Energy for
Sustainable Development (Gnesd)
ECOCHANGE 2009 – CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE
BIOCOMBUSTÍVEIS, MEIO AMBIENTE, ALIMENTO E FOME
ECOCHANGE 2009 – INTERNATIONAL CONFERENCE
ON BIOFUELS, ENVIRONMENT, FOOD AND STARVATION
Período: 21 a 24 de outubro de 2009
Local: Ribeirão Preto, SP, Brasil
Informações: http://www.ecochange.com.br
Period: From October 21st to 24th, 2009
Venue: Ribeirão Preto, SP, Brazil
Information: http://www.ecochange.com.br
9º SHEB 2009 – 9º SIMPÓSIO DE HIDRÓLISE ENZIMÁTICA
DE BIOMASSAS
9TH SHEB 2009 – 9TH SYMPOSIUM ON ENZYMATIC
HYDROLYSIS OF BIOMASS
Período: 23 a 27 de novembro de 2009
Local: Hotel Deville Maringá – Maringá, PR, Brasil
Informações: http://www.deq.uem.br/eventos/Sheb/
IXSHEB/ptb/pagina_01.htm
Period: From November 23rd to 27th, 2009
Venue: Hotel Deville Maringá – Maringá, PR, Brazil
Information: http://www.deq.uem.br/eventos/Sheb/IXSHEB/
eng/pagina_01.htm
COP15 – CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
COP15 – UNITED NATIONS CLIMATE CHANGE
CONFERENCE
Período: 7 a 18 de dezembro de 2009
Local: Bella Center – Copenhague, Dinamarca
Informações: http://en.cop15.dk/
Period: From December 7th to 18th, 2009
Venue: Bella Center – Copenhagen, Denmark
Information: http://en.cop15.dk/
18º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ÁLCOOIS COMBUSTÍVEIS
18TH INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON ALCOHOL FUELS
Período: 9 a 12 de março de 2010
Local: The Claridges – Surajkund, Delhi NCR, Índia
Informações: http://www.isaf2010.org
Period: From March 9th to 12th, 2010
Venue: The Claridges – Surajkund, Delhi NCR, India
Information: http://www.isaf2010.org
55