Novos produtos e novas tecnologias. Você pode
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Novos produtos e novas tecnologias. Você pode
A argamassa que libera você e a obra muito mais rápido. Não pinta o rejunte, recupera. Novos produtos e novas tecnologias. Você pode esperar sempre mais da Weber Quartzolit. Argamassa colante impermeável que reforça im a proteção em ambientes ccom presença de água. Para a Weber Quartzolit, mais que atender às necessidades do mercado, é preciso encontrar soluções e estabelecer elevados padrões de qualidade e resultados todos os dias. Foi assim que nasceram os mais novos produtos da linha Weber Quartzolit: Rejunte sobre Rejunte Quartzolit, Cimentcola Libera Rápido Quartzolit, Cimentcola Mais! Quartzolit. Aguarde, isso é só o começo! Afinal, buscar sempre mais é o nosso maior desafio. www.weberquartzolit.com.br • [email protected] 0800 709 6979 Sumário Editorial Paixão pela cerâmica 08 Coverings 2007 Maior feira de cerâmica das Américas, a Coverings reforçou a posição do porcelanato em suas inúmeras possibilidades bem como belas composições com rochas A revista para quem vende revestimentos TILE BRASIL II/2007 - Outubro/2007 fotos - LM e divulgação. Publisher: Lazzaro Menasce [email protected] (jornalista responsável) 30 Competição 2008 Itália promove, há 15 anos, premiação para os melhores projetos norte-americanos que empregam suas cerâmicas em obras residenciais e comerciais Conselho Editorial: Adriano Lima - Pres. da Anfacer José Armani Paschoal- Pres. do CCB Editora Selma Menasce [email protected] Auxiliar de Pesquisa Albino Cheganças Junior [email protected] Assistente Administrativo Caroline Sperandio Florio [email protected] Arte e Diagramação Oggi Estúdio Gráfico Publicidade Brasil - SP Marcel Israel fone +(11) 3822 4422 [email protected] Impressão: Prol Editora e Gráfica Distribuição: Lobra Serv-Press Publicação trimestral de Alameda Olga, 422 cj 108 - Barra Funda 01155-040 - São Paulo - SP Fone + (11) 3822 4422 Fax + (11) 3663 5436 e-mail: [email protected] http: www.menasce.com.br Registro no INPI sob número 825.874.254 As opiniões de Tile Brasil não são necessariamente as de seus articulistas. Autorizada a reprodução de artigos desde que citada a fonte. Exposição a ‘Concha’ realizada na ‘Triennale de Milão’ pelo arquiteto suiço Mario Botta apresentou o evento “Sente-se, por favor”, realizado com cadeiras em cerâmica 46 Casa do futuro Caro leitor 32 Argamassas A indústria de argamassas teve, nos últimos 10 anos, uma evolução meteórica que supera, em alguns momentos, a própria indústria de revestimentos da qual é a principal coadjuvante Se você, como nós, é um apaixonado pela cerâmica, pelo produto que vende, então Tile Brasil é a sua revista. É aqui que você vai encontrar as informações mais efetivas para estar atualizado em sua atividade. 38 Porcelanato De nossa parte iremos procurar o que há de mais relevante em revestimentos cerâmicos e a gestão deste produto em sua loja, trazendo, inclusive, idéias e conceitos vitoriosos de outros países como inspiração. Um profissional informado sempre vale mais. Por isso, não hesite em nos acionar para aquilo que julgar relevante e que gostaria de ver nas páginas das próximas edições de Tile Brasil. A construção civil como nunca se viu - princípios para uma reflexão por Lourenço Gimenes 48 Gestão do negócio Por que um produto que é o topo de linha da indústria cerâmica mundial começa a ser vendido somente pelo apelo de preço baixo? 42 Piso aquecido Renato Bernhoeft preconiza que a empresa familiar se transforme em família empresária para ser um ‘ativo’ que gera riqueza para todos Comuns na Europa e nos Estados Unidos os pisos radiantes elétricos e à água quente chegam ao Brasil, colocando o conforto térmico a seus pés Boa leitura! 50 Entrevista Associada à: Fernando de Castro, diretor geral da rede Telhanorte: os modelos de varejo de material de construção ainda não são tão claros no Brasil Lazzaro Menasce 44 Arquitetura outubro 2007 outubro 2007 Mosaico Leroy promove cursos de bricolagem A Leroy Merlin, em parceria com 30 fornecedores nacionais, vai promover cursos de hora em hora em todas as lojas do país, entre os dias 2 e 15 de novembro. Os cursos serão realizados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e também no Distrito Federal. A duração será de 45 minutos à 1h45min, e abordará temas dos mais variados, indo desde aplicação de papel de parede e renovação de banheiros até economia de energia e limpeza e manutenção de pisos e porcelanatos. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas em qualquer loja da rede, como também no site www. leroymerlin. com.br ou no telefone (11) 5506-1144. Durante os eventos, a Leroy Merlin colocará à disposição produtos com ofertas especiais. Mosaico Vidro para parede Conselho se reúne A Prismatic, empresa especializada na área de vidro de diversos segmentos, lança o Revestimento de Vidro para Parede, nova opção em acabamentos internos que proporciona efeitos inusitados e harmonia aos ambientes. O novo produto pode ser usado em residências, hotéis, lojas, escritórios, escolas, além de sinalização de interiores e personalização. Os símbolos podem ser gravados no vidro de forma que a sombra projetada na profundidade do vidro proporcione um efeito tridimensional. O revestimento está disponível em 6 cores básicas, podendo personalizar as cores e modelos sob encomenda. A reunião do Conselho editorial da revista Tile Brasil ocorreu em 4 de setembro, na sede da editora. Participaram Lilian Dias, representando José Octávio Armani Paschoal, presidente do CCB, Adriano Lima, presidente da Anfacer, Fernando de Castro, diretor geral da Telhanorte, Mauro Tadeu Florio, representando Jorge Gonçalves, diretor geral da C&C, Antoine Faugères, gerente de produto-cerâmica da Leroy Merlin e William Norberto Aloise, diretor de marketing da Weber Quartzolit, além do staff da revista. A função do conselho é definir a estratégia editorial da publicação. Decisão Cartas Informações Encontrei na estante de um amigo um guia 97/98 muito bom e que tem o emblema Menasce. Quero saber se vocês ainda publicam este guia anual, quanto custa e se enviam para Curitiba. Fábio Salles Sou TCel do Corpo de Bombeiros da PMESP e aluno de engenharia civil na UnG (Guarulhos). Estou realizando trabalho monográfico sobre revestimento cerâmico em fachadas de edif. residencial. Solicito colaboração: valor comparativo pastilhas x pintura e comentários técnicos sobre o assunto (preparação e aplicação) para que eu possa inserir em meu trabalho. Coronel Neves Edição nº 1/2007 Agradeço o recebimento da excelente revista Tile Brasil. Estava faltando este tipo de publicação do setor, haja vista que a última recebida há muitos anos atrás era a Show Room. Como nem sempre conseguimos comparecer em eventos reais relacionados ao tema, a revista nos preenche de informações, sugestões e aplicabilidades diversas. Além dos serviços que ela nos presta, vem elegante, fácil de entender, com várias fotos e é objetiva. Fernando Nogueira Barbosa, arquiteto Sou arquiteto e paisagista Evandro Ziemann de Oliveira de Campo Grande, MS, e pretendo receber os exemplares da Revista Tile Brasil, pois sou professor universitário dos cursos de decoração de interiores cuja a disciplina é tecnologia dos materiais, e na pós-graduação do curso de avaliação imobiliária com ênfase em direito Imobiliário cuja a disciplina é arquitetura e urbanismo, ambas direcionadas em revestimentos e acabamentos. “Pois a revista traz para mim matéria de desenvolvimento”. O meu currículo pode se encontrar no site: www.cnpq.br em busca de currículo lates. Equipe Tile Brasil, Parabéns pela edição, está repleta de informações realmente valiosas para os envolvidos com o mundo cerâmico. Favor informar se é possível a compra de 20 unidades diretamente com a editora e qual seria o valor. Solange Marinelli - Porcebras Revestimentos Recebi a ed. 1 / 2007 da revista Tile Brasil, ao que agradeço. Nesta oportunidade desejo cumprimentálo pela excelência da publicação o que traz orgulho para a comunidade cerâmica brasileira. Urames Pires dos Santos A todos, nossos agradecimentos pelas gentis palavras. Esperamos continuar em nossa tarefa de surpreendê-los a cada edição. Os pedidos acima já foram todos atendidos e continuamos à disposição A Redação outubro 2007 Reunião do conselho de Tile Brasil; 4 de setembro de 2007, na Editora unânime do conselho foi de que a revista deve se dedicar à parte comercial do negócio instrumentando em especial os vendedores para que desempenhem seu trabalho de forma mais eficaz. Adriano:não basta ser bonita, a revista tem de juntar o lado técnico e comercial Fernando: é vital definir exatamente quem é o leitor visado pela revista Tile Brasil Mauro: a revista deve ser instrumento para a melhoria e aumento de vendas Antoine: seria interessante mostrar técnicas de venda e gerenciamento de gama William: os perfis e preocupações dos funcionários no varejo são diferentes Lilian: questiona o formato revista e propõe folhetos para falar com o vendedor Portobello Shop realiza evento A Portobello Shop, rede de franquias especializada em revestimento cerâmico, organizou através do seu programa SER – Sistema de Especificação e Relacionamento, um encontro de arquitetos que foi realizado em São Paulo, dia 21 de setembro, no Buffet Torres. O objetivo do Programa SER, que está em sua 3a edição e possui outubro 2007 14 mil arquitetos cadastrados, é estreitar o relacionamento destes profissionais, que hoje representam 65% das vendas da empresa. No encontro foram eleitos os 95 profissionais que mais se destacaram em cada loja. A empresa também contou com a presença de 500 pessoas, sendo 350 arquitetos de oitenta cidades do país. Kit Clean Gyotoku A Gyotoku elaborou o Kit Clean. Quatro produtos da família Gyoclean, para a limpeza pós-obra e manutenção de pisos cerâmicos e pedras naturais. São três kits: o Kit Clean Pós-Obra para porcelanatos polidos, o Kit Clean Pós-Obra para cerâmicos esmaltados e o Kit Clean Manutenção. Isto garante a durabilidade de seus produtos. Coverings 2007 A Cerâmica em Chicago à direita Spectrum Award- Primeiro Prêmio Comercial. Projeto do Wing Lunk Bank Mural, em Alhambra, Califórnia, com riqueza no emprego de gradiente de cores do arcoíris. Becoming Tile, LLC. A empresa Creative Edge Mastershop, especializada em design e manufatura de revestimentos com jato d’água, apresentou este mural de 5 x 4 metros com a vista de Chicago Maior feira de cerâmica das Américas a Coverings reforçou a posição do porcelanato em suas inúmeras possibilidades bem como belas composições com rochas A Coverings, feira dedicada a revestimentos cerâmicos e rochas ornamentais, realizada em abril último em Chicago, até pela natureza da cidade considerada o berço da arquitetura norte-americana, foi muito focada nos materiais e temas dedicados a estes profissionais. Itália, Espanha, Brasil, Turquia, Portugal, apresentaram suas mais recentes novidades a um dos maiores consumidores de revestimentos do mundo. A organização da feira realiza dois concursos que premiam as melhores aplicações com cerâmica - Spectrum, e rochas - Prism. Veja os vencedores nas páginas a seguir, bem como as novidades mais instigantes que foram apresentadas aos visitantes de todo mundo presentes ao evento. Tile Brasil esteve lá também. outubro 2007 outubro 2007 Coverings 2007 Prism Award - Prêmio de Mérito Comercial. Fletcher Allen Health Care. Em Burlimont, Vermont. Belas misturas de rochas e do antigo com o moderno. Tsoi/ Kobus & Associates, Inc. abaixo Spectrum Award - Primeiro Prêmio Residencial. The Ablitt House em Santa Bárbara, Califórnia. O uso de temas mouros que remetem a Gaudi, por Jeff Shelton Architecth. 10 à direita. Prism Award - Prêmio de Mérito Residencial. Vineyard Residence em Sonoma County, Califórnia. Emprego harmonioso de pedras em residência rural. Adilin Darling Design. outubro 2007 outubro 2007 11 Coverings 2007 Lea Ceramiche acima - banheiro Paprika Vanigli, com a linha Progetto 14 à esquerda - peças Pelle Noir e Pelle Blanc da linha Haute Couture à direita - banheiro Grigio com a linha de mosaicos Masterplan 12 outubro 2007 outubro 2007 13 Coverings 2007 Cerim Rex Ceramiche Artistiche à esquerda - linha MaTerre, com superfície texturizada, disponível em três cores, Noir, Coquille e Amande, nos formatos 40 x 40 cm, 12 x 80 cm e 60 x 80 cm 14 outubro 2007 outubro 2007 acima - ambiente com a linha Le Stuoie, porcelanato que permite efeito de profundidade, com peças no formato 48 x 96 cm à direita - ambiente com Le Pietre di Cerim, também no novo formato de 48 x 96 cm 15 Coverings 2007 Florim O grupo, que tem as cerâmicas Rex, Cerim, Floor Gres, Esquire e AFI, exibe uma grande variedade de porcelanatos com texturas que imitam tecidos, rochas, pele, couro e metais Rex Ceramiche Artistiche Linha MaTouche. Imitação perfeita do couro, é um porcelanato apresentado em 4 diferentes texturas: Cuir, Peau, Eleph and Croco (foto), cada um com um efeito diferente e profundidade e qualidades de sensação ao toque 16 outubro 2007 outubro 2007 17 Coverings 2007 Supergres A empresa do grupo Concorde lança a coleção P_ELLE. são produtos que reproduzem o suave toque do couro. Feitos em corpo único de porcelanato apresentam uma variada combinação de cores que permitem seu uso em ambientes comerciais e residenciais. Disponíveis em 8 cores e decorações diferenciadas, podem ser utilizados em pisos e paredes 18 outubro 2007 outubro 2007 19 Coverings 2007 até parece a fase azul e rosa de Picasso. acima - banheiro azul da Edilcuoghi e abaixo banheiro rosa da Ceramiche Capri Peronda A empresa espanhola apresenta suas novas linhas de porcelantos ao fundo - a linha Hermitage, com o brilho espelhado do produto Glam Gris, no formato 44 x 44 cm, inspirada no mármore clássico para grandes ambientes. à esquerda - a série Met.Talica apresenta o porcelanato metálico Metrópolis no formato 60x 60 cm 20 outubro 2007 outubro 2007 21 Coverings 2007 acima - piscina da Appiani abaixo - pastilhas da Bisazza Kerlite A empresa do grupo Cotto D’Este apresenta seus mais novos produtos da linha Lamina, produzidos pela System italiana. São porcelanatos de 300 x 100 cm, com espessura de apenas 3 mm, que permitem novas aplicações sobre superfícies ligeiramente curvas e também em piso sobre piso como nesta foto 22 outubro 2007 outubro 2007 23 Coverings 2007 A Imib, Istanbul Mineral Exporters Associtaion, apresentou as rochas da Turquia, com uma variedade extraordinária de mármores e rochas ornamentais Kerlite linha Buxy, nas cores Amande e Noisette, utilizando os revestimentos Lamina da System, cortados em formatos 100 x 100 e 40x 100 cm, que permitem aplicações bastante versáteis com bancadas, pias tanto para áreas internas quanto externas 24 outubro 2007 outubro 2007 25 Coverings 2007 acima - a Cerâmica Portobello apresentou sua linha básica White Home com piso e parede coordenados ao lado e abaixo - a Lepri Ceramicas que acabou não indo à Coverings, havia preparado sua nova linha de pastilhas bem como sua linha Branca Orgânica, de placas extrudadas nas cores fendi e cottone, para áreas externas à esquerda - Gyotoku apresentou seus porcelanatos com imitação de couro, pedras, tecidos (foto) e outros com a inovadora tecnologia Chroma acima - a Portinari investe bastante no desenvolvimento de seus porcelanatos e apresentou várias linhas entre elas com os produtos metalizados 26 outubro 2007 outubro 2007 27 Coverings 2007 Rotozip Uma ferramenta de alta versatilidade que permite inúmeras aplicações para o instalador de cerâmica. Permite cortar porcelanatos, fazer cortes curvos, cortar cerâmicas aplicadas além de remover rejuntes antigos Granada Tiles A Echo Collection é produzida empregando uma técnica desenvolvida na França em meados de 1800 com cimentos coloridos em moldes de metal 28 outubro 2007 outubro 2007 29 Prêmio Debi Fox Photography Courtesy of Architectural Alliance Competição para 2008 Menção honrosa institucional: Architectural Alliance com o projeto SkyHarbor Airport em Phoenix 30 Ken Hayden Menção honrosa comercial: Division 1 Architects com o projeto Charlie Chiang’s Restaurant Prêmio Comercial: Testani Design Troupe inc/CMD Architects, Inc. com o projeto Evensong Spa A cada ano, Ceramic Tiles of Italy premia os melhores projetos que empregam os revestimentos cerâmicos italianos. A competição de 2008 completa 15 anos desse prêmio. Foi composto um juri internacional para selecionar entre os vários projetos, que observa o desenho do espaço como um todo bem como os revestimentos cerâmicos atendem os requisitos técnicos e funcionais. Entre os arquitetos norte-americanos que ganharam este ano, estão novos profissionais como Bernard Tschumi, Stanley Tigerman e Laurinda Spear. Os organizadores avisam aos profissionais de projetos residenciais e comerciais com produtos italianos, sejam estes projetos de construção ou reforma dos últimos cinco anos, que as inscrições para o prêmio do próximo ano já estão abertas. A data limite para o envio de projetos é 11 de janeiro de 2008. Não há limites ou taxas para envio de projetos. Os ganhadores recebem um prêmio de US$ 5,000 mais uma viagem de 5 dias à Itália para visitar a Cersaie 2008. Maiores informações podem ser obtidas no site www.italiantiles.com. outubro 2007 Divulgação Itália promove, há 15 anos, premiação para os melhores projetos norte-americanos que empregam suas cerâmicas em obras residenciais e comerciais George Heinrich Prêmio Comercial: Ellerbe Becket, Inc. com o projeto Target Northern Campus Prêmio Residencial: Vanessa De Leon Associates com Old Tappan Residence em Nova Jersey outubro 2007 31 Argamassas Sofisticação e tecnologia A indústria de argamassas teve, nos últimos 10 anos, uma evolução meteórica que supera, em alguns momentos a própria indústria de revestimentos da qual é a principal coadjuvante Fabiana: Mãos à obra é um projeto piloto para treinar o pedreiro na própria fábrica da Quartzolit demanda de diversos públicos e o alvo a ser alcançado. Para isso, palestras, cursos e campanhas de divulgação fazem parte das atividades que visam a obtenção de uma relação próxima entre os membros do setor, que inclui fabricantes, varejistas, trabalhadores da construção civil e consumidores finais. Variedade de produtos A indústria de argamassas colantes e de rejuntamento teve um grande desenvolvimento nos últimos anos. Esta indústria é de suma valia para a aplicação dos revestimentos cerâmicos convencionais, os porcelanatos e também os mármores e granitos, nas mais diversas aplicações e especificações técnicas. A sofisticação é tamanha, que chega-se quase à situação de ter um produto para cada tipo de aplicação. E o vendedor da loja tem de estar a par dos últimos lançamentos para poder orientar adequadamente o seu cliente, que voltará para comprar outros produtos. Esses produtos aparentemente simples, feitos em seus primórdios a partir da mistura de cimento e areia, ganharam atualmente em sua composição sofisticados aditivos de forma a garantir desempenho para várias situ32 Orlando, da Quartzolit: ouvimos o mercado para lançar o sem-poeira ações. Existem hoje argamassas até para a correção de espessuras irregulares de mármores e granitos, como aquelas que já funcionam como rejunte colorido para a colocação de pastilhas, facilitando a vida do colocador. Em agosto passado a Weber-Quartzolit acabou de lançar a tecnologia sem-poeira, desenvolvimento mundial da empresa feito a partir das solicitações dos consumidores brasileiros. Esta tecnologia permite, além da redução do pó em obra, uma melhor trabalhabilidade da argamassa. São dois os produtos lançados no Brasil: o Rebofin, argamassa para aplicação direta sobre a alvenaria, que elimina o chapisco e o emboço, com um ganho de tempo na aplicação e a Cimentcola Mais!, que tem também a característica de ser impermeável. Segundo William Norberto Aloise, diretor de marketing da Weber-Quartzolit, a empresa detectou que as obras e reformas em sua maioria apresentam problemas de impermeabilização. Tudo é pensado para facilitar a aplicação e a vida do aplicador. Tanta vantagem não é obtida de forma fácil. As empresas e associações relacionadas com esta indústria têm de “dançar conforme a música’’ para corresponder à outubro 2007 Acompanhamento com o mercado de revestimentos. Essa é a constatação de grande parte dos fabricantes, gerentes e varejistas, quando perguntados sobre o porquê da existência de uma vasta gama de argamassas específicas disponíveis hoje em dia no mercado. “A evolução das argamas- Marcelo Lass, da Votomassa: lançamento da Maxi-cola branca outubro 2007 sas seguiu o mercado cerâmico. Antes haviam erros de dosagem e dependia-se de fatores como matérias-primas. Havia muito desperdício’’, relembra Fabiana Castro, chefe de produtos da Quartzolit. Ela também avisa que existem muitos fatores que não podem ser incluídos em uma só argamassa. Segundo ela, se isso acontecesse, os consumidores seriam penalizados. Vale lembrar que a Quartzolit possui uma gama com 53 produtos. O carro-chefe é o Cimentcola interno, mas hoje a empresa registra boa demanda, em lojas de material de construção e homecenters em todo país, de produtos mais específicos como o Piso-sobre-piso, uma tendência que começa a se firmar no mercado que evita o transtorno de quebrar tudo para recolocar, o Cimentcola Libera Rápido em que a obra fica pronta em 3 horas, Argamassas específicas para porcelanato, Rejuntamento flexível, Rejuntamento de piscinas, Rejunte sobre rejunte e o novo Cimentcola Mais!, o lançamento recente da linha sem-poeira. Tamanha diversidade de produtos fez com que a Weber francesa lançasse o “Guia Weber”, com o intuito de facilitar a escolha por parte do consumidor. Lançado no Brasil em 2000 o guia já circulou mais de 13 milhões de exemplares e hoje tem uma versão em CD para os especificadores. Tudo visando auxiliar o cliente a encontrar a solução ótima para sua obra. Uma mudança e tanto desde o lançamento do único produto da empresa em 1972. Por outro lado, a linha de produtos da Votomassa é bem mais enxuta. As argamassas da Votorantin estão disponíveis nos tipos AC-I, AC-II, Múltiplo Uso e Maxi-Cola, essa última, a 4 em 1, segundo a empresa, serve para assentar porcelanatos, piso-sobrepiso, ardósia e granito. Agora em novembro, a empresa de Antônio Ermínio de Morais vai lançar a Maxi-cola branca, específica para mármores, porcelanatos claros, como também para pedras claras. Para Marcelo Lass, gerente geral do negócio de argamassas da Votomassa, uma gama de produtos Cerâmica e argamassa: um casamento desde a entrada na loja 33 Argamassas William Aloise, da Quartzolit: áreas molhadas com problema de impermeabilização representam 25% do negócio e são uma oportunidade para a nova argamassa sem-poeira Cimentcola Mais! menor em relação à concorrência existe para quebrar uma prática existente que preconiza argamassas específicas para cada tipo de assentamento. “Não vamos abandonar essa linha de raciocínio”, diz o gerente que apóia a existência de argamassas que sozinhas atendam diversas aplicações, pois segundo ele, elas ocupam pouco espaço nas revendas, são de fácil explicação, além de serem economicamente viáveis, além de atender à demanda dos consumidores. Já a Tecnocola Rejuntes e Argamassas, possui uma gama mais ampla com 19 produtos no mercado, que incluem argamassas colantes, rejuntamentos, aditivos e impermeabilizantes. “Na verdade todos os produtos são bem aceitos no mercado, alguns tem maior demanda, outros menor, em volume. No geral, o que mais se vende são as argamassas para assentamento de revestimentos cerâmicos em ambientes internos, que é a AC-I”, explica Cesar Marcon Dandolini, gerente comercial da Tecnocola. Já a Portokoll, empresa adquirida pela multinacional francesa Parex Group, comercializa 33 produtos, entre eles os três novos produtos da linha epóxi, o epóxi porcelanato, epóxi cerâmica e o epóxi piscina. O grupo Parex adquiriu recentemente a operação da Eliane Argamassas. Outra empresa que fabrica grande variedade de produtos é a Rejuntabras, com 27 ítens, que vão desde argamassas colantes e rejuntamentos até hidrofugantes e selantes. Desenvolvimento Com o intuito de corresponder às expectativas dos clientes, as empresas desta indústria possuem centros de desenvolvimento, em que os consumidores, principalmente da revenda e da construção civil participam efetivamente do processo de desenvolvimento dos variados produtos, através de sugestões e críticas. Na Quartzolit, existem grupos de discussão em que associações e construtoras discutem junto à empresa aquilo que o mercado precisa. Depois de filtradas, as informações vão para um comitê do grupo, que é composto por diretores das áreas técnica, comercial, de marketing, de recursos humanos e financeira. As principais questões são estudadas e em seguida a empresa realiza ensaios técnicos para avaliar a performance dos novos produtos. São testes de tração, em condição de ambiente, submersão e calor, em que há simulação de temperaturas. “Buscamos conhecer cada grupo de interesse, e identificar suas necessidades. Para isso utilizamos os diversos modelos de prospecção e investigação oferecidos por institutos de pesquisa do mercado”, informa Willian Aloise, da Quartzolit. A Tecnocola, por sua vez, também ouve os clientes. São eles que priorizam, segundo Dandolini, produtos que facilitem o trabalho e que tornem os custos mais baixos. Ele também destaca a questão tecnológica, e ressalta que sua empresa importa tecnologia de outros países, como Itália e Alemanha. A ajuda dos clientes é mesmo imprescindível para a maioria das empresas do setor. A Votomassa, por exemplo, possui O grupo francês Parex, que já havia adquirido a Portokoll, agora é dono também da Eliane argamassas 34 outubro 2007 20 conselhos de clientes em todo o país, formados em sua maioria por proprietários de revendas indicados pelas Acomac’s regionais. “Eles ajudam a escolher representantes do setor que possam representar os revendedores, nos trazendo a opinião sobre diversos aspectos”, informa Marcelo Lass. Para Lass, as revendas querem que os produtos ocupem pouco espaço, sejam de fácil explicação e economicamente viáveis. cinco unidades está prevista para 2008, e o valor do investimento é de R$100 milhões. No momento a Votomassa representa 35% do mercado de argamassas, segundo Lass, que espera aumentar a capacidade de produção Desafios em 30% por conta das novas fábriFato é que esta indústria está em cas. O número de Josué Rocha, promotor da Quartzolit: principais dúvidas franca expansão, tudo para agradar clientes em todo o são sobre aderência e tempo de cura da argamassa e atender da melhor maneira pos- setor é de 30.000, sível às demandas de nosso país a empresa também possui 200 e cinco anos depois, a empresa que está em franco crescimento no vendedores especializados, e mantém sua participação de 50% setor da construção civil. Para se conta também com uma parcela de do mercado de argamassas com ter uma idéia, o grupo Votorantim engenheiros para atender as con- 2 milhões de toneladas anuais. Cimentos, que está no negócio strutoras. A Votomassa, que revisa A Quartzolit tem 22.000 clientes de argamassas desde 1997, fará anualmente seu plano estratégico ativos. Ela conta hoje com sete fános próximos três anos um sig- para os próximos cinco anos, bricas, sete centros de distribuição nificativo investimento de R$ 1,6 tem como desafio conciliar sua e 4 áreas de mineração. A empresa bilhão para a instalação de novas linha básica de produtos com as recentemente investiu R$ 3 milexigências da in- hões em sua fábrica de Jandira, dústria cerâmica. para que pudesse se adaptar ao Para que a indús- processo dos produtos sem-poetria possa crescer ira. E o futuro? Em relação a isso mais, Lass avisa a Quartzolit espera em 2008 fazer q u e é p r e c i s o investimentos em mais três fábrimaior contribuição cas, em um Centro de Distribuição do mercado, este e três minerações. que, segundo ele, não consegue abCursos sorver produtos de alta tecnoloTendo em vista uma divulgação gia. “Nós já temos mais eficaz das qualidades e a tecnologia , a características de seus produtos, parte mais difícil é as grandes empresas do setor o mercado absor- realizam freqüentemente curWeber-Quartzolit, aplicações específicas: rejunte coloriver esse conheci- sos e palestras destinados tanto do e argamassa num só produto facilitando aplicação mento tecnológ- para funcionários, vendedores, fábricas, moagens, reativação e in- ico, como nos Estados Unidos”, representantes como também para cremento de produção em fábricas explica ele, para quem é preciso os aplicadores. Antes de lançar de cimento e argamassas. Haverá absorver as exigências desse mer- algum produto, os funcionários da a inauguração de cinco novas fá- cado, porém sem ter problemas Quartzolit são sempre treinados bricas de argamassas nas cidades de abastecimento. Já a Quartzolit, acerca dos lançamentos. Já para de Pecém, CE, Aratu, BA, Goiânia, empresa do Grupo Saint-Gobain, atender os revendedores, a emGO, Esteio, RS, e São Paulo, lançou sua primeira argamassa col- presa, pertencente ao Grupo SaintSP. O início das operações nas ante em 1972, o Cimentcola. Vinte Gobain, possui 200 vendedores e outubro 2007 35 Argamassas Lilian Dias, do CCB: atender à norma é requisito mínimo que se espera de uma argamassa de boa qualidade representantes que dão palestras nas maiores redes de varejo nacionais. Para os aplicadores, a empresa faz treinamentos dentro de suas dependências, cujo os pedreiros estudam parte teórica durante quatro dias. Após outros quatro dias existe uma avaliação, e depois estes profissionais são credenciados pela Quartzolit. Também está a caminho, o projeto “Mãos à Obra”, em que haverá treinamentos para pedreiros que trabalhem com rejuntes, piso-sobre-piso, e argamassas colantes em todo o país. Pelo visto, as revendas são a “escola” para aplicadores. Por exemplo, a Votomassa tem um programa de palestras, em que alguns revendedores e pedreiros são convidados. Segundo Marcelo Lass, são realizadas no Brasil 300 palestras por mês. A empresa ministra cursos em que são abordados o histórico do grupo, questões de fábrica e produtos. Mas não são apenas as empresas que realizam esse tipo de trabalho. O CCB, Centro Cerâmico do Brasil, também costuma ministrar palestras técnicas para assentadores, vendedores, engenheiros e arquitetos, em que apresentam aos alunos características do sistema de revestimento cerâmico. Lilian Dias, engenheira de materiais do CCB, Votomassa lança Maxicola branca AC-III para porcelanato, mármores e pedras claras 36 afirma que é fundamental mostrar a importância de uma correta especificação destes materiais, como também os cuidados que se deve ter nas etapas e no pósobra. A engenheira informa que no final das palestras é distribuído entre os Porcelanato exige produtos especiais conforme tamanho participantes um questionário de avaliação sobre o e adequação ao atual mercado conteúdo, que segundo ela trazem e necessidades do consumidor”, informações preciosas para a in- relembra Lilian. Até o momento dústria. as argamassas de rejuntamento da Quartzolit foram as primeiras a Certificação receber certificado do CCB. Quem também acompanha o setor é o Constituído em 1993, o Centro Sinaprocim, Sindicato Nacional da Cerâmico do Brasil, CCB, como Indústria de Produtos de Cimento, organismo certificador, OCC, é cre- em que possui o Programa Setodenciado para certificar a qualidade rial de Qualidade para Argamassas de produtos relacionados com Colantes. O programa, iniciado em cerâmica, inclusive argamassas. setembro de 2001, acompanha o No caso das argamassas, a certi- setor através de auditorias da qualificação pelo centro é feita após o dade em revenda, cujo foco são as preenchimento das propostas de argamassas colantes do tipo AC-I, solicitação da certificação. Após por serem, segundo Anderson de isso são realizadas uma pré-audi- Oliveira, gerente do programa, o toria, que é opcional, uma auditoria produto mais popular, o de menor inicial e uma auditoria de segui- valor agregado, além de ser o tipo mento, conforme informa Lilian de argamassa que apresentava os Dias, do CCB. Mas o processo não menores índices de conformidade pára por aí. Posteriormente são no início do programa. Os requisicolhidas duas amostras do produto tos de análise de conformidade que são enviados para a realização são: tempo em aberto, resistência de ensaios laboratoriais de acordo à aderência e deslizamento. No com as normas. Em seguida é feita geral, as empresas enxergam os a análise estatística dos resultados órgãos certificadores com bons dos ensaios e finalmente é conce- olhos, visto que eles ajudam a dida a certificação das argamas- nivelar a qualidade dos produtos. sas. “Não podemos esquecer que Contudo, para Cesar Dandoloni os requisitos técnicos da norma são da Tecnocola, a fiscalização não os mínimos que um produto deve atinge todos os produtos. Dandolini apresentar. Em função das novas também critica o INMETRO, ao exigências dos consumidores e dizer que ele não avalia o produto dos novos produtos que surgem no como um todo. “O INMETRO avalia mercado, tais normas necessitam apenas os conteúdos das embalapassar por um processo de revisão gens, mas não avalia a qualidade outubro 2007 Rebofin, que elimina chapisco e emboço: sucesso no lançamento dos produtos, deveria ser feita uma fiscalização mais apurada das características dos produtos, se há uma norma a ser cumprida ela deveria ser seguida”, conclui. Para Flávio Eckermann, diretor de marketing da Rejuntabras, deveria haver uma maior divulgação dos centros fiscalizadores, para que o consumidor pudesse saber exatamente quem está dentro da norma. Argamassa e Cerâmica Um precisa do outro. Esse é a constatação óbvia acerca da relação entre cerâmica e argamassa, materiais que compõem o sistema de revestimento cerâmico. Para que essa união seja bem feita é preciso levar em conta aspectos como a correta especificação das placas cerâmicas e argamassas, como também do projeto e execução da obra e sua manutenção. Para Cesar Dandolini, da Tecnocola, as parcerias entre os fabricantes de argamassas devem existir e continuar. Ele afirma que de nada adianta uma empresa cerâmica lançar um revestimento sem saber se há uma argamassa capaz de colocá-lo em um piso ou parede, e vice-versa. Para Marcelo outubro 2007 Lass, a indústria cerâmica é parceira das argamassas, por serem exigentes, visto que antigamente algumas delas foram donas de empresas de argamassas. “A grande variedade de produtos para revestimento disponíveis para o mercado, levou o segmento de argamassas a também ofertar uma gama bastante diversificada”, informa Fernando de Castro, diretor geral da Telhanorte. Segundo ele a Telhanorte que trabalha com as marcas Quartzolit, Eliane, Portokoll, Fortaleza e Argatex, disponibiliza em suas lojas argamassas para diversas finalidades tais como: pedras, fachadas, flexível, para ferro, porcelanatos, cerâmicas, pastilhas, refratários, piscinas. Todas com variação de cor de acordo como produto a ser aplicado. Na ponta Todo este trabalho tem de chegar na ponta do consumo para surtir o efeito de todos estes investimentos. Segundo Carlos Silva, promotor da Portokoll na Telhanorte na marginal do Tietê em São Paulo, os clientes costumam ter dificuldade em distingüir assentamento de áreas externas e internas. Ele confirma a preocupação da fábrica que promove reuniões mensais para explicar o funcionamento de cada produto da empresa. Para Roberto Souza Carvalho, promotor da Quartzolit na Telhanorte, 99% dos pedreiros já estão adaptados às mudanças. Ainda segundo ele os clientes não gostam de ler instruções sobre os produtos. Já para Josué Rocha, promotor da Quartzolit na Leroy Merlin da marginal Tietê, as principais dúvidas são relativas à aderência e ao tempo de cura. As argamassas para ardósia e pedras não são tão procuradas e as áreas interiores vendem mais. Rocha parece não ter muita dúvida sobre o acerto da Quartzolit com o lançamento sem poeira. Logo após o lançamento, mesmo com a campanha publicitária ainda esquentando em três dias foram vendidos 6 pacotes, o que é um sinal de que a novidade interessou o consumidor. Este é afinal um dado muito importante, pois a indústria de argamassas investe bastante para oferecer um produto adequado ao consumidor o que é muito bom para todos os envolvidos na revenda. A Quartzolit lançou recente- William Aloise, diretor de marketmente o Cimentcola Mais!, arga- ing, estima que o potencial deste massa específica para banhei- mercado seja de 25 a 26% do ros e áreas internas molhadas. mercado total de argamassas. Primeira argamassa colante sem-poeira do mercado, o produto apresenta as seguintes vantagens: maior resistência à umidade, facilidade para misturar e aplicar, maior leveza e maior durabilidade. O Cimentcola Mais! impede a penetração de umidade em paredes e pisos cerâmicos. No ramo da argamassa colante impermeável Investimento de R$ 3 milhões somente numa fábrica para o lançamento do produto sem-poeira 37 Porcelanato Até o santo desconfia Por que um produto que é o topo de linha da indústria cerâmica mundial começa a ser vendido pelo apelo de preço baixo? O professor Michael Porter costuma dizer que este é o caminho mais curto para a redução das margens, lucratividade e sobrevivência. Ainda mais quando o consumidor entende que vale mais se alguém se dispuser a explicar isto para ele O crescimento do consumo de porcelanato no Brasil chega a ser assustador. Quase todos fabricantes de revestimentos têm um projeto para o material, seja importando, seja fabricando, seja Promotora e vendedor: a dobradinha que pode valorizar o produto 38 num esquema misto. A Anfacer, Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento aponta um vertiginoso crescimento do produto. Como estar atento para comercializar um produto que vai de R$ 30 a R$ 400 o metro quadrado na revenda? O porcelanato, surgido na Itália, utiliza matérias-primas mais sofisticadas: além da argila que o gres convencional emprega, o porcelanato dito técnico utiliza feldspato (um mineral que vem das rochas naturais) e corantes. O material sofre uma compactação superior à cerâmica tradicional e é queimado a altas temperaturas superiores a 1250ºC. Com isso tem baixa absorção de água e permite aplicações mais exigentes do ponto-de-vista técnico. Pode ser polido, também chamado de técoutubro 2007 O consumidor está à procura de algo exclusivo que só ele tenha e está disposto a pagar por isso Uma boa venda inclui complementos e peças especiais outubro 2007 Produtos a mais de R$ 200 m2 39 Porcelanato nico, ou não. Também pode ser esmaltado, tendência cada vez mais crescente com diversas aplicações que permitem uma gama quase inacreditável de possibilidades (veja os materiais apresentados nesta edição). Chega a confundir. Há porcelanatos que colocados ao lado de madeiras naturais, metais, tecidos, pedras, diversos tipos de pele, são quase indistinguíveis. Ou seja, não dá para diferenciar a cópia do original. Gato ou lebre? Mas, tome muito cuidado, pois como tudo na vida o barato pode sair caro demais. Num porcelanato Crystalato da Eliane, por exemplo, uma única peça grande pode custar o preço de um metro quadrado: mais de R$ 400! Mesmo os produtos na faixa dos R$ 30 a R$ 60 podem lhe trazer dores de cabeça muito grandes. Principalmente se forem produtos de baixa qualidade importados da China. Sem garantia, sem assistência técnica da fábrica. Já imaginou? É certo que a China é um continente e tem a maior produção de porce- lanato do mundo. Portanto, tem os bons e os maus produtos. Mas o diabo é que no Brasil somente se importam os baratinhos. A Anfacer tomou uma importante iniciativa neste sentido e juntamente com o CCB, Centro Cerâmico do Brasil, organismo que controla a qualidade e certifica os revestimentos cerâmicos brasileiros, elaborou a ABNT NBR 15.643, a primeira norma específica para porcelanato no mundo. Este trabalho irá ajudar a organizar o mercado para evitar que se compre gato por lebre. Lucro é pecado? Além desta norma que está em vigência, desde março deste ano, a Anfacer está realizando um importante trabalho com a Receita Federal no sentido de impedir a entrada de produtos não conformes. Mas tudo isto não basta se a revenda não estiver alinhada com estes propósitos. E percebendo que todos podem ganhar com isto. Várias pesquisas indicaram que o valor percebido da cerâmica pelo consumidor que põe os pés em sua loja são superiores em 30 a 40% em média aos preços praticados. Uma destas pesquisas foi realizada pela Anfacer no estacionamento das lojas com clientes que iriam comprar cerâmica, antes de entrar na loja. Estamos falando de cerâmica convencional. Imagine quando se trata de porcelanato. Alguém está deixando de ganhar dinheiro com isso. Os porcelanatos Faugères afirma que cliente não entende diferenças 40 são produtos nobres que conferem grande beleza aos ambientes além de proporcionar desempenho superior. Rogério Sampaio, presidente da Cecrisa Portinari, costuma dizer que o consumidor faz uma reforma de duas a três vezes na vida, e que, se bem convencido está disposto a pagar um pouco a mais por isso e ter um produto que satisfaça seu desejo e gosto estético. lin, para quem os clientes que procuram porcelanato são de classes A/B com estética mais sofisticada e maior durabilidade. A Leroy também investe em treinamento com seus vendedores através de palestras do CCB ou do Senai, além de possuir um book de auto-formação sobre cerâmica para ser consultado por seu corpo de vendas. Diferenciação Dúvidas Estamos falando de porcelanato. Um produto nobre que não perde para nenhum outro revestimento. É rápido e fácil vender barato. Não exige conhecimento e convencimento do cliente, que, repetimos, está disposto a pagar mais para ter algo melhor. Fernando de Castro, diretor geral da rede Telhanorte afirma: “ Os clientes que procuram o porcelanato na Telhanorte estão em busca de um produto que agregue, simultaneamente, beleza e garantia técnica superiores à cerâmica”. Ele aponta também o fato de que sua equipe é formada por profissionais treinados para atender o cliente plenamente em suas necessidades, composta de vendedores técnicos que conhecem profundamente os produtos comercializados pela empresa, e complementa: “Ajudar cliente na composição da sua compra é um serviço necessário e importantíssimo, uma vez que a compra do produto principal requer uma série de complementos que impossibilitam a instalação se não forem adquiridos juntamente”, conclui Castro. É certo que uma argamassa incorreta (veja matéria anterior) é dor de cabeça na certa. Porcelanatos necessitam, além de um serviço de instalação adequado argamassa e rejuntes corretos para sua colocação. Com ele faz coro Antoine Faugères, gerente de produto - cerâmica da rede Leroy Mer- Para Fernando de Castro as principais dúvidas dos clientes estão nas questões de especificação técnica, composição do material e processo fabril. Já Antoine Faugères, aponta além das questões de especificação, também recorrentes, as diferenças entre os vários tipos, técnicos e esmaltados. Devido ao aumento da popularidade, o porcelanato é agora, ao contrário de alguns anos atrás, peça acessível para grande parte dos consumidores, que vão desde construtores e arquitetos até pessoas que buscam praticidade e durabilidade. Apesar das vantagens técnicas, o cliente ainda prioriza o aspecto visual, e como não outubro 2007 Gyotoku apresenta tecnologia Chroma, a mais avançada do mundo poderia deixar de ser, o preço. Luci Helena, promotora da Portinari na Telhanorte marginal Tietê em São Paulo, informa que o comprador procura primeiro o preço barato. Ela procura explicar as vantagens de um produto com maior valor agregado. Para ela o porcelanato está roubando fatias da cerâmica pois é mais compacto e fiel à cópia. Ela participa mensalmente de reuniões para conhecer o produto. Projeto de paginação e instalação podem ajudar na venda do produto outubro 2007 Valor percebido Carlos Eduardo, geógrafo, afirma não querer perder muito tempo com detalhes e longas pesquisas: “ Busco praticidade e dados técnicos, e minha esposa o lado estético”, afirma. Para os revendedores os clientes têm dificuldades para entender informações sobre diferenças entre o produto polido e esmaltado, como diz Alan dos Santos Cavalcante, gerente de vendas da Dicico. Alan afirma ainda que os formatos 60x60 cm são os mais procurados e ressalta os cursos que Gyotoku, Eliane, Décor e Portinari oferecem na Dicico. Para ele, os picos de compra ocorrem em agosto e setembro e as pessoas determinam a compra devido à três aspectos: durabilidade, estética e preço. E os preços estão cada vez mais parecidos com os de cerâmica comum. Faugères, da Leroy, vai mais longe: “Alguns clientes não sabem o porquê da variação de R$ 20 a R$ 40 entre dois porcelanatos rústicos similares”. Se o consumidor não percebe estas diferenças, ou elas não existem, ou ele não as entende. Quem é que vai explicar isso ao cliente? 41 Piso aquecido Conforto térmico não é luxo Piso aquecido da Emmeti: tubos de alumínio multicamadas e controle de temperatura por ambientes e pelo celular Comuns na Europa e nos Estados Unidos os pisos radiantes elétricos e à água quente chegam ao Brasil, colocando o conforto térmico a seus pés Disponível no mercado americano há bastante tempo, a calefação para pisos cerâmicos chega ao país. São basicamente dois sistemas. Um que propaga o calor através de uma manta com resistência elétrica e outro através de água quente que circula por tubos especiais. São duas as empresas a fornecer a solução: A Astra e a Emmeti, sendo que esta última fornece apenas o sistema através de água quente. O piso radiante elétrico da Astra é ideal para pequenas áreas pois dispensa a instalação de sistemas para aquecimento de água, diminuindo o custo inicial com in42 fraestrutura. O sistema é composto por mantas de aquecimento autoadesivas, com instalação simples e rápida e em tamanhos pré-determinados; cabos de aquecimento mais econômicos e cronotermostato que permite programação de tempo e temperatura semanal, controlando a temperatura do piso e do ambiente. O piso radiante elétrico tem uma resposta rápida de aquecimento, é limpo pois não há combustão, fumaça nem odores, é de fácil instalação e baixo consumo de energia elétrica (100 a 160 W/m2) . O piso radiante da Astra é um sistema de aquecimento con- fortável adotado nos países mais desenvolvidos. É utilizado em mais de 50% de todas as residências novas. O produto funciona com circuitos de tubos de polietileno reticulado, embutidos no piso, anexo a um sistema de regulagem térmica, que permite controlar a temperatura ambiente por intermédio da circulação de água quente. Esses tubos, fabricados em plástico de alta tecnologia, denominados Polietileno Reticulado, suportam com total segurança a circulação de água quente. O piso radiante utiliza a superfície da residência como elemento radiador de calor, outubro 2007 eliminando os radiadores e aparelhos de ar condicionado. Isso permite manter a temperatura do piso perfeitamente distribuída por todo o ambiente. Este sistema por piso radiante é mais confortável do que o ar condicionado ou por irradiador de parede uma vez que proporciona aquecimento agradável do piso, com temperaturas mais amenas na região da cabeça, onde o calor causa incômodo. Além disso, este sistema de distribuição de calor é mais econômico e saudável, pois garante uma distribuição ideal de calor no ambiente e diminui a circulação indesejável de ar e pó no ambiente. A Emmeti fornece o sistema de calefação por circulação de água quente, central de controle que auto-regula o aquecimento no ambiente e cronotermostato para programar à longa distância a hora do aquecimento. É indicado para construções novas. Formado outubro 2007 por um circuito fechado de água quente, utilizando-se tubos de alumínio multicamadas com alta resistência ao calor e dispositivos que deixam o ambiente na temperatura desejada pelo usuário. O destaque é a Control Box, uma Piso radiante Astra: recomendável para obras novas caixa inteligente que controla e distribui a água de aquecimento tradicionais, que quente nos vários ambientes. Não filtram o ar e acumulam partículas há desperdício de energia. Outra provocando reações alérgicas, o inovação é o cronotermostato, um piso aquecido evita a circulação dispositivo moderno que, além de da poeira prevenindo alergias e a medir a temperatura do ambiente, proliferação do mofo, sem ressecar ligar e desligar sozinho quando o o ambiente, pois a água transmite local estiver aquecido, pode ser o calor por irradiação, não por programado, pelo computador ventilação. A tubulação Emmeti ou celular, para aquecer a casa trabalha normalmente a tempeou apartamento nos raturas de até 95 graus centígrahorários programa- dos. O sistema pode ser adaptado dos. O piso se in- a qualquer fonte de energia, solar, tegra à arquitetura gás e outras. Além do controle de do ambiente e pode energia proporcionada pela Control ser instalado sob Box (que reaquece apenas 1/3 da qualquer tipo de água que circula pela tubulação, o revestimento, grani- suficiente para deixar o ambiente to, mármore, porce- aquecido), o usuário tem a opção lanato e carpete. Dif- de economizar mais energia deerente de aparelhos pendendo da fonte usada. 43 Arquitetura Cadeiras em cerâmica Exposição a ‘Concha’ realizada na ‘Triennale de Milão’ pelo arquiteto suiço Mario Botta apresentou o evento “Sente-se, por favor”, realizado com cadeiras em cerâmica A ‘Concha’, do arquiteto suiço Mario Botta: estrutura concebida para dar a idéia de um ritual de passagem Saindo da ‘Concha’, o Mario Botta, arquiteto visitante encontrava no suiço, idealizou a mostra mezanino nove cadeiras “Sente-se, por favor”, cerâmicas criadas por organizada por Ceramic nove designers e nove Tiles of Italy, iniciativa empresas cerâmicas: inédita no salão da ‘TrienMichela e Paolo Balnale de Milão’, que ocordessari pela Aquileia, reu na cidade em abril Riccardo Blumer pela passado. Esta mostra Casalgrande Padana, Diressaltou o valor e verego Grandi pela Lea Cesatilidade da cerâmica. ramiche, Giulio Iacchetti Ao longo da escada que pela Cedir, Massimo Iosa levava à Exposição, os Ghini pela Ceramica Del visitantes podiam apreConca, Michael P. Johnciar a “Concha” feita por son pela Etruria Design, Mario Botta, enquanto Setsu & Shinobu Ito pela que no mezanino estava Settecento Ceramica sendo realizada a exd’Arte e Paolo Ulian pela posição com inusitados A mostra ‘Concha’ organizada por Mario Botta em Milão Ragno. usos de cadeiras feitas A exposição visou uma experiência com cerâmica. de materias às formas. Desenhada Segundo o curador da mostra pelo aclamado Mario Botta, com com o uso de objetos novos e foi para Ceramic Tiles of Italy, Aldo projetos vencedores em todo o precedida por uma apresentação de Colonetti, a passagem pela ‘Con- mundo, a mostra foi construída todos os designers juntamente com cha’ feita pelos visitantes ao subir com materiais da Floor Gres e res- o arquiteto Mario Botta, Aldo Coloas escadas equivalia a um ritual de salta as características estéticas e netti e Alfonso Panzani, presidente da Cofindustria Ceramica. passagem da terra aos produtos, arquiteturais deste material. 44 outubro 2007 nove projetos, de nove cerâmicas e designers foram apresentados por ocasião da Triennale de Milão outubro 2007 45 Casa do futuro Cerâmica em 2015 A construção civil como nunca se viu - princípios para uma reflexão por Lourenço Gimenes Louis Armstrong eternizou a canção What a Wonderful World como um hino de esperança num mundo melhor, mais pacífico e positivo. Mas, através dessa letra, ele cantou o mundo que todos queriam ver, e não o que se via. 46 A ingênua poesia, então, pode também ser lida como crítica? Sim, uma crítica a uma realidade de guerras como a do Vietnam, ao racismo escancarado por Luther King e outros abusos que deram linha a um período contestatório no mundo todo. Guardada a devida distância ao momento político e ao gênio musical, pergunto-me se seria possível adaptar um pouco da ingenuidade e da acidez para propor uma reflexão sobre um assunto que, embora cinzelado por dificuldades, é permeado de possibilidades. Nosso cenário de reflexão é o Brasil. Nosso objeto, a cerâmica vermelha. Uma técnica milenar de construção, presente no mundo todo, mas que se encontra no limite de sua obsolescência em terras tupiniquins. Com pouquíssimas exceções, o retrato da nossa indústria é fácil de descrever: desorganizado e atrasado. Desorganizado pela mentalidade antiquada dos produtores, que insistem em competir por centavos em peças sem diferencial, baixando o preço e sacrificando o lucro e a qualidade. O atraso é conseqüência. Sem dinheiro para investir em maquinário, treinamento, pesquisa, desenho, qualidade e divulgação, vicia o processo e contamina os próprios consumidores. Resultado: cerâmica virou sinônimo de má qualidade e falta de inovação. Não sou eu quem o diz, são as pesquisas de mercado. Já que não tive a sutileza de deixar a crítica subentendida, gostaria de compensar a acidez convidando os leitores a um exercício de imaginação ingênua por um mundo imaginário de produtos que nunca deram as caras por aqui, ou que simplesmente não existem – ainda! Nada contra os blocos de vedação, eles não devem ser banidos. Se sobreviveram, é porque contam com uma inércia do mercado que deve ser aproveitada. Mas tentemos enxergar um Brasil mais cerâmico em 2010: Eu vejo uma indústria oferecendo maior diversidade, surpreendendo o mercado com novidades o tempo todo. Vejo a indústria apostando na comunicação e revertendo, com a qualidade dos produtos, a imagem de atraso. Vejo produtos que nem sei a forma, mas sei que são funcionais. E vejo produtos que conseguem aliar a praticidade a desenhos bonitos, outubro 2007 custando mais por isso. Eu vejo placas pré-moldadas para uma construção limpa. Vejo um canteiro otimizado, com pouca perda e muita eficiência de mãode-obra. Vejo rapidez, respeito ao meio ambiente e atendimento a um mercado de construção que vai continuar aumentando se o governo mantiver a economia estável. Eu vejo customização de acabamentos, vejo novidades de cores e materiais. Vejo inclusão social, parcerias com entidades de apoio à criança com câncer e ao autista. E vejo selos que mostrem essa preocupação para um mercado cada vez mais exigente – e que paga mais caro. Vejo também mais seriedade nas relações com fornecedores de matéria-prima, respeito ao meio ambiente e uso de tecnologias mais limpas. Tem consumidor que paga mais por isso, isso é certo. Mas é mais certo que essa mentalidade preserva as jazidas, a natureza e garante um futuro melhor. Vejo incorporação de tecnologia de ponta à cerâmica. Telhas com fotocélulas, blocos com recheio de fibras termo-acústicas, acabamentos outubro 2007 com tinta fluorescente para economia de luz. Vejo lâminas para fachada que se movem conforme o sol. Eu vejo um resgate do melhor da arquitetura tradicional. Atualizada e inovadora, pode usar empenas de elementos vazados bons e bonitos para proteger a construção do sol tropical, ventilando-a. Eu vejo arquitetos criativos usando caixilhos de cerâmica e vidro, sistemas componíveis de fachada ventilada, telhas com inclinação reduzida. Vejo painéis corta-fogo, forros de cerâmica, bordas de piscina, capas para muro, soleiras, rodapés, guarnições. Produtos simples, mas úteis. E, claro, customizáveis, bonitos. Vejo casas de tijolo esmaltado. Uma casa de cada cor, mostrando a cerâmica como estrutura, vedação e acabamento ao mesmo tempo. Vejo os tamanhos e peças variadas desses tijolos, quinas agudas e arredondadas, requadros de janelas. Vejo produtos versáteis, criando sistemas entre si. Vejo calhas cerâmicas que se encaixam nas telhas, vejo fôrmas para concretagem que já são o acabamento e proteção contra fogo. E vejo funcionários mais treinados, mais educados, mais aptos a fazer um controle pulverizado de qualidade, mesmo que sem se dar conta. Claro que nenhum desses produtos é possível ou viável da noite para o dia. É necessário muito trabalho, pesquisa. É preciso pegar o mercado pelos chifres e fazê-lo ver que a cerâmica pode ser mais que um bloco de vedação. E é fundamental a conscientização de cada produtor para o fato de que, sozinho, ninguém faz nada. É na figura das associações que as experiências poderão ser trocadas, acordos costurados e benefícios garantidos. Há espaço para todos os produtores e para todos os produtos. Basta querer e engajar-se. Lourenço Gimenes é diretor da empresa de projetos e consultoria Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz. Graduado, mestre e doutorando pela FAU USP, é também professor universitário. Recentemente, coordenou consultoria sobre inovação no setor cerâmico para a FIESP e SEBRAE. 47 Gestão do negócio Agregando valor Renato Bernhoeft preconiza que a empresa familiar se transforme em família empresária, deixando de ser um ‘passivo’ que retira valor para ser um ‘ativo’ que gera riqueza para todos As análises e visões que são apresentadas sobre a Empresa Familiar têm sido, na sua grande maioria, feitas com maior ênfase nas críticas e alertas para as fragilidades e riscos que ela apresenta nos desafios da sua perpetuidade. Sendo que a grande maioria se concentra ainda numa visão simplista de olhar a mesma, exclusivamente, na perspectiva dos negócios, suas estratégias e estrutura. por Renato Bernhoeft A proposta deste artigo é destacar a importância que a família tem neste processo, especialmente na medida em que ela torna-se um “ativo” que agrega valor, tanto à sociedade como à própria empresa. E desta forma rompe o círculo vicioso de ser encarada, preconceituosamente, apenas como um “passivo” que retira valor do patrimônio. Para tanto é indispensável que, da mesma forma como muitos pri- 48 orizam a necessidade de “profissionalizar” a empresa, também a própria família desenvolva um processo educativo que a torne uma “família empresária”. Em nossa experiência de algumas décadas de relacionamento e aprendizagem com empresas familiares, no Brasil e América Latina, é possível concluir que este processo é uma das determinantes para o sucesso destas organizações, de forma que possam assegurar sua continuidade através das gerações. Examinemos alguns pontos chave na direção de tornar-se uma família empresária que passa a agir como um “ativo” que adiciona valor, tanto à sociedade controladora como à própria empresa. Eles têm se mostrado úteis para o tratamento de grupos familiares preocupados com o seu futuro: - Compreender que a herança cria um vínculo acionário, outubro 2007 complexo e delicado, que ao longo do tempo deverá sofrer um processo de diluição. Sendo que esta pulverização terá efeitos sobre as proporções que cada herdeiro terá no patrimônio. Ou seja, a partir da segunda geração desaparece a figura típica que engloba os papéis e responsabilidades de “dono”, patriarca e gestor. Emerge então uma sociedade de pessoas que não tiveram a liberdade de se escolherem para este novo papel. - Compreender e confrontar a típica cultura familiar que busca a igualdade e eqüidade, com a diversidade das participações acionárias emergentes. Ou seja, dar início a um processo de separação entre os afetos e sentimentos familiares – que devem ser preservados e desenvolvidos – de um conjunto de critérios e procedimentos que possam estabelecer, de forma participativa, compromissos com um conjunto de direitos e obrigações para os envolvidos no papel e responsabilidades de Acionista. - Educar-se para um competente desempenho do papel de acionista, interessado em agregar valor ao seu patrimônio de forma profissional. Isto significa ter clareza que a empresa não deve ser olhada como centro de alocação dos familiares. Mas sim, como um local onde devem estar profissionais – familiares ou não – capazes de agregar valor ao patrimônio e atender as demandas do mercado. Mas, paralelamente, é vital compreender que o Acionista que está fora dos quadros executivos da organização também pode adicionar valor, na medida em que se prepara para valorizar sua participação acionária de forma profissional. - Aceitar que possam existir – ao longo de cada geração – “podas” nas participações acionárias que permitam reduzir o número de minoritários. É bom lembrar que, embora estes acionistas possuam outubro 2007 pequenas participações no capital, eles não deixam de ter expectativas altas devido seu vínculo e influência familiar. Sair de uma sociedade familiar, de forma negociada e transparente, não exclui o acionista do vínculo familiar. Esta liberdade de transacionar a participação acionária pode ser encarada como uma forma prática e gradativa de conseguir separar estes dois universos que são a família e a sociedade nos negócios. - Obter um equilíbrio entre as necessidades de capitalização da sociedade/empresa e as demandas de liquidez dos acio- Os mais jovens da família têm de entender que a empresa não significa apenas “bônus”, mas que há também os “ônus” e que herança não vem com manual de instruções nistas. Vale lembrar que estas demandas, individuais e familiares, tendem a crescer de forma mais intensa e rápida do que os lucros dos negócios. - Comprometer os acionistas – e suas famílias – com a criação de fontes alternativas de liquidez como forma de reduzir o grau de dependência financeira, muitas vezes excessivamente concentrada nos rendimentos do patrimônio da sociedade e das empresas. - Educar os mais jovens da família, desde muito cedo, na sua relação com o dinheiro e poder, procurando torná-los responsáveis em relação aos “bônus” e “ônus” que a herança representa. Vale lembrar que herança não vem com manual de instruções. - Assumir que cada acionista e familiar deve conscientizar-se que é sua responsabilidade desenvolver um Projeto de Vida que contemple seus sonhos pessoais e busca da realização profissional. Para tanto é fundamental não olhar a empresa da família como sua única alternativa de vida. Ela pode ser uma delas, mas, em qualquer hipótese deve ser encarada com muita cautela. - Cultivar e conhecer a história da família e empresa é também uma forma como os herdeiros, e futuros acionistas, podem se preparar para fazer crescer e valorizar o patrimônio. Ninguém ama o que não conhece. Portanto, a consciência da história é instrumento útil para compreender que se, a cada nova geração não houver agregação de valor e a dependência financeira não for reduzida, os riscos de um fim trágico aumentam. É evidente que esta relação de ações preventivas não se esgota. Outras tantas existem e se tornam necessárias. Mas o principal objetivo deste texto é funcionar como alerta e reflexão sobre um tema tão importante e delicado. E quanto mais cedo isto puder ser discutido e implementado – preferencialmente com o fundador ainda presente – maior será a eficácia destas ações. Renato Bernhoeft, consultor de empresas, é presidente da Bernhoeft Consultoria, membro do FBCGi - The Family Business Consulting Group International na América Latina [email protected] www.bernhoeft.com 49 Entrevista Somos multiespecialistas Diante deste fato o varejo se estruturou para atender ao consumidor final, uma vez que as grandes construtoras normalmente se abastecem diretamente nos fornecedores. As construções também são muito diferentes entre os países; as construções americanas utilizam matérias-primas como madeiras e materiais mais leves e de média durabilidade; as européias investem em materiais mais sofisticados e de grande durabilidade; já no Brasil, os consumidores optam por produtos mais simples e genéricos, com necessidade de pouca tecnologia para aplicação, fato este, pela baixa qualificação dos profissionais. TB - A venda assistida é mais rentável? O que a rede faz neste sentido? Castro - Não é assim. O que existe são modelos de negócio. Algumas redes são estruturadas dentro de um conceito de auto-atendimento com foco em um determinado perfil de clientes e podem ser extremamente rentáveis com este modelo. Outras redes, como é o nosso caso, tem um conceito de especialista, portanto a venda assistida se impõe. O sucesso do modelo está na adaptação ao perfil do cliente que pretende ser atendido. O melhor exemplo disso está no setor alimentício. Na Europa o modelo “hard discount” na distribuição é um grande exemplo de sucesso. Fernando de Castro foi diretor de desenvolvimento e estratégia do grupo Saint-Gobain para o Cone Sul. A partir da aquisição da rede Telhanorte pelo grupo, passou a responder pela direção geral da rede. Tile Brasil ouviu suas opiniões a respeito do varejo da construção. TB - Por que é pequena a concentração do varejo da construção comparada ao varejo de alimentos? Castro - O mercado da construção civil, após a década de 80, passou por um período de pouco investimento e por conseqüência, baixo desenvolvimento. O varejo da construção civil está em um novo ciclo, novos movimentos estão acontecendo: a entrada de redes internacionais, desenvolvimento técnico, novos hábitos de consumo, oferta de produtos, a melhoria de qualidade de vida e um aumento de renda da população e a valorização da casa. TB - Se as mulheres é que decidem, por que os vendedores são homens? Castro - Não concordamos com a afirmação. A compra é da família, portanto o processo de decisão é compartilhado. Quanto à mão-de-obra, há uma maior disponibilidade de homens para a função de vendedor de materiais de construção. TB - Como é o varejo brasileiro em comparação a outros países? Castro - No mercado europeu o trabalho do profissional da construção é valorizado e reconhecido; normalmente este profissional gerencia a obra para o seu cliente. Neste mercado, os principais atores são os profissionais da construção, portanto o varejo foi desenvolvido para atendê-los. No Brasil, por uma questão cultural, o mercado da construção caminhou de forma diferente. Quem administra a obra ou são as grandes construtoras ou o consumidor final em um processo de auto-gestão. Neste caso, o profissional é apenas o executor do trabalho. TB - Qual é o foco da Telhanorte em seu mix de produtos e o que a cerâmica representa? Castro - Somos a única rede brasileira com o conceito de multiespecialista, ou seja, oferecemos num único espaço uma profundidade de gama, todos os produtos necessários para uma construção ou reforma através da venda de produtos duráveis, que se integram à casa. Também queremos ser reconhecidos como uma rede inovadora em conceitos e um modelo de excelência em qualidade e atendimento. Neste sentido o setor cerâmico está totalmente incorporado aos objetivos e metas da empresa. Fernando de Castro, diretor geral da rede Telhanorte: os modelos de varejo de material de construção ainda não são tão claros no Brasil 50 TB - Quais as tecnologias do futuro para o varejo de construção? Castro - Novos desenvolvimentos estão sendo feitos e disponibilizadas para este mercado, entre eles alguns muito importantes em logística, apresentação dos produtos no ponto de venda, RFID e em gestão de negócios. TB - Em que regiões do Brasil a rede aponta seu crescimento? Castro - Estamos presentes em três estados brasileiros, SP, MG, PR e pretendemos consolidar nossa presença nestas regiões, mas a Telhanorte estrategicamente estuda outras oportunidades. TB - Grandes ou pequenas lojas? Castro - Nós operamos com três tipos de loja: megaloja, média e compacta a exemplo do setor alimentar. outubro 2007