Pacote de Projeto 2008/9 – ART PROJECT.
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Pacote de Projeto 2008/9 – ART PROJECT.
Pacote de Projeto 2008/9 – ART PROJECT Projeto Internacional de Arte na Escola da Unilever Bem-vindo ao Projeto Internacional de Arte na Escola da Unilever O projeto tem dois objetivos principais: convidar crianças do mundo inteiro a criar arte baseada no tema Espaços e Lugares; e fornecer aos professores um conjunto de anotações que continuarão a inspirar discussões e trabalho criativos em torno desse tema durante o ano letivo e além. O tema do projeto desse ano se inspirou no trabalho de Dominique Gonzalez-Foerster, a artista que criará a instalação de 2008/9 da Série Unilever de obras comissionadas para a galeria Tate Modern de Londres. As notas incluem duas folhas de trabalho. Cada uma focaliza quatro artistas. Esperamos que estas folhas de trabalho forneçam um ponto de partida para discussões e atividades de segmento e também que sirvam de fonte de inspiração para a produção continuada de arte depois da conclusão do projeto. Tate e a Unilever Tate Tate é o nome de um grupo mundialmente famoso de galerias de arte no Reino Unido. São quatro galerias: duas em Londres (Tate Modern e Tate Britain); Tate Liverpool, no Noroeste da Inglaterra; e Tate St Ives, no Sudoeste do país. Juntas abrigam um acervo de arte britânica que abrange desde o século 16 até hoje, e a coleção mais significativa de arte moderna internacional do Reino Unido. A Tate Modern, que foi inaugurada no ano de 2000, abriga uma das principais coleções de arte moderna do mundo e está no mesmo patamar do Museum of Modern Art, em Nova York, EUA, e o Centre Pompidou, em Paris, França. A Série Unilever A Série Unilever é um patrocínio contínuo da Tate Modern pela Unilever, que se iniciou por ocasião da inauguração da Tate Modern no ano 2000. Cada ano, permite o comissionamento de uma nova obra de arte para o imenso espaço do Turbine Hall da galeria. O Projeto Internacional de Arte na Escola da Unilever surgiu dessa colaboração entre as duas organizações, proporcionando um recurso criativo e educativo que é utilizado ao redor do mundo. Notas do Professor: Olhando a Arte Nem sempre é fácil olhar a arte. Algumas pessoas acham que não têm os conhecimentos ou qualificações necessárias para entender aquilo que vêem. Outros pensam que fazer e olhar arte é uma coisa natural para todo mundo. Todo mundo pode ter sua resposta pessoal à arte. É por isso que a arte é tão importante. Permite a todos ter uma voz e a encontrar sua própria maneira de dizer algo sobre sua pessoa, as pessoas com quem convive e o mundo à sua volta. As seguintes sugestões podem ser úteis quando estiver olhando obras de arte. A abordagem pessoal Todo mundo tem uma resposta diferente a obras de arte e cada resposta é moldada por experiência pessoal. Isso faz com que olhar arte seja tão rico quanto fazê-la. Nós todos acrescentamos nossa maneiras individuais de olhar e entender arte àquilo que o artista resolveu revelar ao público. O que nós trazemos para cada obra de arte é: • Nosso eu • Nosso mundo • Nossa experiência O que a arte nos diz? Cada obra de arte nos diz alguma coisa - em sua história, seu conteúdo, seu título ou o tipo de trabalho (a arte abstrata e a arte conceitual, por exemplo, nos dizem o que o artista pensa). As seguintes categorias lhe ajudarão a decidir sobre o objetivo de uma obra de arte: • Qual é seu título? • Qual é a história? 1 • • • Quais são suas mensagens? Quais são suas idéias? Quais são seus temas? O que eu vejo? Cada obra de arte, seja uma pintura, escultura, vídeo ou fotografia, tem suas próprias qualidades, personalidade e caráter, expressos na maneira como é feita - sua superfície, linhas, tom, cores e espaço. O visual de uma obra de arte afetará a maneira como respondemos a ela e muitas vezes nos ajudará a entendê-la melhor. Pode ser útil examinar uma obra de arte com as seguintes perguntas em mente: • Quais as cores que o artista utilizou? • Quais as formas que o artista utilizou? • Que marcas ou linhas você consegue ver? • Qual é o tamanho? (muitas vezes as reproduções enganam) • Como você acha que foi feita? (lembre-se, pode ser um vídeo, filme, escultura, instalação ou pintura) • Quais as habilidades que você acha que o artista empregou na criação da obra? Olhando o Contexto É sempre importante descobrir quando e onde uma obra foi feita. Pesquisar o contexto dentro do qual uma obra foi produzida (por exemplo, o clima político, localização geográfica, história social e cultura da época) lhe dará mais informações sobre a obra e ajudará a contextualizá-la. Pode ser útil fazer as seguintes perguntas: • • • • Quando foi feita? Onde foi feita? O que estava acontecendo no mundo nessa época: guerras e conflitos; mudanças de lideranças religiosas / monárquicas; grandes descobertas científicas? Quem eram os amigos do artista (também eram artistas?), seus parentes e colegas? Anotações do Professor: Anotações do Projeto Dominique Gonzalez Foerster Cada ano o tema do Projeto Internacional de Arte na Escola da Unilever se inspira no trabalho de um artista que é escolhido para assumir um dos maiores desafios do mundo: criar uma obra de arte para o vasto Turbine Hall da Tate Modern como parte da Série Unilever. Esse ano, a artista escolhida é Dominique Gonzalez-Foerster. Para refletir os interesses e métodos de trabalho da artista escolhida desse ano, escolhemos como tema geral desse pacote de projeto os conceitos vinculados Espaços e Lugares. Este pacote inclui duas folhas de trabalho. Cada folha de trabalho convida você a examinar o trabalho de quatro artistas diferentes. Comparar e contrastar esses trabalhos é uma maneira interessante de identificar conteúdo, sujeito, expressão e simbolismo em arte. Espaços e Lugares É comum ouvir as pessoas pedirem mais espaço. Muitas vezes, pedem porque precisam refletir ou ter mais privacidade, ter um tempo só para elas. Evidentemente, não se trata somente do desejo de ter mais espaço ‘físico’, e sim da necessidade de encontrar espaço dentro de sua cabeça, espaço para pensar, para ser criativo e para buscar clareza em suas idéias. Portanto, a necessidade de espaço, além de físico, muitas vezes é espiritual. O espaço é importante para o ser humano, e precisamos encontrar nossa própria maneira de conquistá-lo. O espaço nos ajuda a ter ciência de nossa própria identidade, a nos diferenciar dos outros, a estar feliz com nosso próprio corpo, a nos sentir bem em relação a nós mesmos, e a ter tempo para explorar nossos pensamentos e sonhos. Também precisamos sentir que temos espaço em nossa volta. 2 Anotações do Professor: Anotações do Projeto Imagine se vivêssemos num mundo sem nenhum espaço, todo mundo espremido junto, com quase nenhum espaço para respirar, se esticar ou se movimentar, uma situação extrema que dificilmente sentimos, a não ser num trem ou ônibus lotado. No entanto, às vezes podemos nos sentir espremidos mesmo dentro de uma sala com poucas pessoas ou com uma pessoa só. Nosso espaço é intensamente pessoal e se relaciona aos limites externos de nosso corpo. A maneira como sentimos em relação ao espaço varia de acordo com nossos sentimentos sobre nos mesmos, portanto, o espaço é muito pessoal, íntimo e variável. O espaço também exerce um papel muito importante na criação de uma obra de arte: sua aparência, a maneira em que é criada, sua leitura e como é montada. Narrativa, forma, cor e espaço são muito importantes, mas é o espaço que define o objeto. Portanto, é estranho que pensemos tão pouco sobre o que há no meio, nos espaços negativos, além dos positivos. Na primeira folha de trabalho, focamos em quatro artistas que têm maneiras muito diferentes de pensar o espaço: Pablo Picasso, René Magritte, Fernand Léger e Barbara Hepworth. Na conhecida pintura de Picasso, As Três Dançarinas, o espaço é composto de maneira justa, fazendo com que as figuras pareçam quase inseparáveis. Este aperto reflete os sentimentos de Picasso em relação ao evento que escolhe nos mostrar e em relação a suas preocupações artísticas. Na composição incomum de Homem do Jornal, de René Magritte, somos convidados a espiar, mas talvez não penetrar, um ambiente um tanto estático que sugere um sonho. Este aposento tem objetos posicionados cuidadosamente e a figura de um homem com um jornal, que em um momento está e em outro não, deixando um espaço vago que leva os contornos de uma pessoa que sumiu de repente. Pela maneira surreal em que Magritte resolve compor seu quadro com quatro cenas, nós nos encontramos induzidos a adentrar um lugar de imaginação e fantasia, realidade e sonho. Em contraste com Picasso e Magritte, Léger e Hepworth constroem um tipo particular de lugar utilizando formas abstratas, Léger com motivos sobre lona, e Hepworth com madeira sólida e talhada. Por outro lado, o conceito de lugar é bastante diferente. Pode ser pessoal e íntimo e muitas vezes associado a memórias, mas durante a maior parte do tempo será habitado também por outros e continuará a existir independente de nossa presença ou não. Como espaço, o conceito de lugar também é muito importante para o ser humano. Podemos lembrar de alguns lugares durante toda nossa vida: o lugar onde nascemos, nossa primeira escola, a casa onde moramos ou a casa de nossos avós, nosso quarto, a cena de um evento memorável ou simplesmente uma árvore ou um bosque. Os artistas pensam muito em ambos espaço e lugar. Precisam de espaço para trabalhar, pensar e criar e precisam de um lugar em que podem expor seu trabalho. Às vezes um artista pode criar sua arte sem saber onde será exposta. Às vezes, se a obra for comissionada, como é o caso de Dominique Gonzalez-Foerster, o artista criará a obra já pensando em um espaço definido. Os quatro artistas da segunda folha de trabalho são Bodo, Louise Bourgeois, Cornelia Parker e Eileen Agar. É possível ver nas obras desses quatro artistas que lugar exerce um papel importante. Bodo está pensando especificamente na África, Cornelia Parker utiliza seu trabalho com instalações como maneira de relembrar um lugar no tempo e uma história bíblica. Louise Bourgeois está explorando o lugar dentro de sua cabeça que armazena imagens de sua infância, e o lugar especial de Eileen Agar é dentro do útero. 3 Folha de Trabalho 1: Espaços e Lugares Pablo Picasso 1881-1973. Les Trois Danceuses, 1925. As Três Dançarinas. Óleo sobre lona. Suporte: 2153 x 1422 mm, moldura 2232 x 1507 x 107 mm © Sucessão Picasso DACS 2008 Introdução Pintores, escultores, artistas de vídeo, filme e instalações pensam bastante sobre a articulação de espaço em suas obras. O espaço é importante para artistas porque é o espaço que possibilita que o espectador veja e entenda como a superfície funciona. Portanto, é um elemento fundamental em sua produção e, embora pintores possam utilizar linhas, formas e cores para criar suas obras, muitas vezes é através do espaço que conseguem organizar suas idéias. Na folha de trabalho 1, você verá quatro artistas que pensaram o espaço de suas composições de maneiras muito diferentes. Pablo Picasso é provavelmente um dos artistas mais famosos do mundo. Nasceu em Málaga na Espanha em 1881, mas viveu a maior parte de sua vida em Paris. Picasso criou pinturas, cerâmicas, esculturas e objetos prontos. O espaço era sempre um elemento importante de seus trabalhos. A reprodução da folha de trabalho 1 é uma pintura intitulada As Três Dançarinas. A pintura não só se tornou uma imagem icônica ao redor do mundo, como sabemos que era muito importante para o artista, que a manteve durante quarenta anos. Embora seja bidimensional com tinta a óleo sobre lona, o que pode ser vista neste trabalho pode ser entendido em muitos níveis. Foi pintada em 1925, mas de fato lembra um evento que ocorreu muitos anos antes, a morte de um grande amigo. Pela maneira emaranhada e entrelaçada que Picasso escolhe para compartilhar sua memória do evento e do envolvimento de seus amigos na época, “sentimos” a natureza claustrofóbica dessas amizades e os laços estreitos que caracterizam esses relacionamentos. O espaço dentro da lona é concebido de maneira justa com três (ou quatro) figuras colocadas contra um fundo de azul escuro, que nos lembra uma noite mediterrânea. As figuras que vemos não estão paradas, mas engajadas numa dança frenética e uma explosão de energia, especialmente a da esquerda. Picasso não se preocupou em pintar os personagens de maneira realista. 4 Folha de Trabalho 1: Espaços e Lugares René Magritte, 1898-1967. Homem do Jornal (L´homme au jornal), 1928. Óleo sobre lona.© ADAGP, Paris e DACS, Londres 2008 Fernand Léger. 1881-1955. Folhas e concha. (Feuilles et coquillage). 1927, Óleo sobre lona ©, ADAGP, Paris e DACS, Londres 2008 Dame Barbara Hepworth, 1903-1975 Formas em Echelon (Forms in Echelon), 1938, Madeira. Objeto: 1080 x 600 x 710. © Bowness, Hepworth Estate 5 Em comparação, a ambientação em Homem do Jornal de René Magritte é muito diferente. Nessa obra, vemos 4 imagens muito semelhantes de uma sala estranha, fria e quase vazia. Olhar essas imagens nos lembra uma história em quadrinhos ou um jogo onde é preciso apontar as diferenças. O homem do título da pintura só aparece em um dos painéis e parece ter sido ‘plantado’ em posição e depois discretamente removido. No geral, essa pintura tem tudo a ver com espaço e lugar, objetos e pessoas isoladas e uma ambientação estranhamente surreal e perturbadora. Artistas nem sempre escolhem figuras ou cenas realistas como seu sujeito; muitas vezes se inspiram na natureza ou em padrões abstratos. Fernand Léger é um desses artistas e sua obra Folhas e Concha combina objetos naturais com formas e padrões geométricos, criando uma imagem majestosa e intrigante. O posicionamento cuidadoso dos objetos individuais na tela os reserva o espaço que precisam para trabalhar dinamicamente e em harmonia. A harmonia é também de extrema importância para Barbara Hepworth, e ela também se inspira em formas naturais em sua escultura Formas em Echelon. Hepworth está pensando tanto em espaço positivo quanto em espaço negativo e como as formas se relacionam entre si. Ela descreveu essa obra como tendo um crescimento para cima, mas as curvas também formam uma composição fechada que cria um silêncio, uma pausa no progresso do olho. Conseguir uma pausa no progresso do olho é mais uma maneira de encontrar espaço, mas nesse caso, o espaço certo para olhar e contemplar uma obra de arte. Todos os quatro artistas na folha de trabalho 1 pensam em espaço de maneiras diferentes e produziram trabalhos muito diferentes. Se exprimir através de arte permite ao artista (e você!) o espaço para encontrar seu próprio caminho, seu próprio espaço, explorar idéias e empenhar sua própria viagem. Folha de Trabalho 1: Espaços e Lugares Atividades que podem ajudar na confecção da obra Espaço em sua cabeça Pablo Picasso utiliza seu trabalho para lembrar um evento importante. Faça uma pintura ou colagem de imagens ou fotografias sobre um evento importante em sua vida. Natureza e Espaço Folhas e Concha de Fernand Léger é um trabalho inspirado nos objetos naturais. Escolhe cerca de seis objetos naturais e uma seleção de formas diferentes e os organize em um desenho ou padrão. Você poderá fotografar o trabalho e depois reorganizar os componentes. Conversação no Espaço Formas em Echelon de Barbara Hepworth é uma escultura calma e magnífica feita de madeira polida. Pergunte a seu professor se pode fazer uma escultura de madeira, barro ou massa de modelagem ou qualquer outro material. Faça sua escultura em duas metades e faça com que as partes “se falem” ou se relacionem entre si. Os Espaços do meio Faça uma escultura ou instalação utilizando objetos feitos ou encontrados. Ao mostrá-los, pense tanto no espaço do meio quanto nos próprios objetos. Fotografe seu trabalho. Agora desenhe em torno dos espaços. 6 Folha de Trabalho 2: Lugar e Lugares Bodo, Nascido 1953 Monde en tourbillon!!! Oú lón va? (Mundo Turbulento!!! Para onde nós vamos?, 2006 Acrílico sobre lona. 1530 x 4400 © Bodo Cortesia de C.A.A.C – Coleção Pigozzi, Genebra. Cornelia Parker, nascida 1956 Thirty pieces of silver (Trinta Peças de Prata), 1988-9. Prata e metal. Escultura. © Cornelia Parker A folha de trabalho 2 examina artistas que pensam no conceito de lugar em termos físicos além de espirituais. Em sua pintura, Mundo Turbulento!!! Para onde nós vamos? 2006, o artista Bodo, exprime sua ansiedade sobre o estado atribulado do mundo e sobre a infra-estrutura e ecologia da África e seu futuro desconhecido. Nesse trabalho, Bodo mostra uma figura central militar, e o título que escolhe é uma referência a De Onde Viemos? O que Somos? Para Onde Vamos? 1898, de Paul Gauguin, uma pintura que, como Bodo, faz perguntas fundamentais sobre o significado da vida. Cornelia Parker também escolhe uma referência específica para sua instalação e levanta questões importantes sobre a vida. Trinta peças de prata usa como tema uma história bíblica conhecida que ilustra fraqueza e fala de dinheiro, traição e ressurreição. O trabalho é composto de mais de mil objetos de prata esmagados, incluindo pratos, colheres, candelabros, bules de chá e trombones, cada um pairando em cima do piso de maneira fantasmagórica. Nessa obra, Parker destaca o papel comemorativo de prata e a maneira como objetos de prata se tornam marcos na vida das pessoas. Ao esmagá-los, todos os objetos se tornam iguais e seu significado e visibilidade mudam. São transformados e, portanto, re-avaliados. Folha de Trabalho 2: Lugar e Lugares Eileen Agar, (acima) 1899-1991. The Autobiography of an embryo (A Autobiografia de um Embrião), 1933-4. Óleo sobre tábua. Suporte:914 x 2130 mm moldura: 1010 x 2225 x 80 mm. © Espólio de Eileen Agar. 7 Louise Bourgeois, nascida 1911. Célula (Olhos e Espelhos), 1989 – 93. Mármore, espelhos, aço, e vidro. Não confirmado: 2362 x 2108 x 2184. © DACS, Londres / VAGA, Nova York 2008 Muitos artistas escolhem como centrais a sua obra aspectos de moralidade ou mortalidade pessoal ou receios relacionados a questões globais mais abrangentes. Em seu trabalho, Autobiografia de um Embrião, Eileen Agar literalmente escolhe a vida como seu tema central. Nesse trabalho, utiliza uma gama de símbolos como uma ‘comemoração da vida’, não uma única vida, mas a vida em geral. Agar, que nunca teve filhos, via a pintura em termos universais e explicou “Queria criar uma história como se fosse contada para uma criança.” (citado em Illustrated Catalogue of Acquisitions 1986-88, pág. 240). Agar nos leva a um lugar muito especial, o lugar que nós todos habitamos antes de nascer. A última artista da folha de trabalho 2 é Louise Bourgeois. O ‘lugar’ de Bourgeois está localizado dentro de sua própria memória e dentro dessa peça. Centrais à obra são dois olhos, que convidam o espectador a olhar, a penetrar, ao mesmo tempo impedindo a entrada física e resistindo ao olhar. As ambigüidades inerentes aos atos de olhar e ser olhado são um tema comum em muitos dos trabalhos de Bourgeois. O trabalho, Célula (Olhos e Espelhos), faz parte de uma série de instalações feitas de portas, janelas, grades de arame e outros objetos antigos. Os olhos estão presos dentro de uma estrutura e ocupam um lugar específico de frustração e sofrimento. Bourgeois já disse: “Meu negócio é a dor”. Segundo ela, as células representam tipos diferentes de dor: física, emocional, psicológica, mental e intelectual. Através de seu trabalho, ela tenta dar significado e forma à frustração e ao sofrimento; também pergunta quando o emocional se torna físico e o físico emocional, para ela um problema circular. A folha de trabalho 2 focalizou quatro artistas com interesses e métodos de trabalho muito diferentes. Bodo, Parker, Agar e Bourgeoise exploram suas ansiedades pessoais e empreendem sua própria viagem especial a seu lugar especial. Folha de trabalho 2: Lugar e Lugares Sugestões de pontos de discussão e atividades que podem ajudar seus alunos Para discussão Em pequenos grupos, cada um deve descrever um lugar especialmente importante para si. Tente não dar dicas sobre o lugar exato que você está pensando e veja se seus colegas conseguem descobrir através de perguntas. Bodo está pensando no futuro da África em seu trabalho. Se você tivesse que descrever o lugar do mundo onde mora, como começaria? Você pode utilizar palavras ou poesia ou ações silenciosas. Atividades que podem ajudar na confecção da obra Jogo Americano Desenhe um jogo americano. Cada peça do conjunto deve ser diferente e deve mostrar um lugar diferente. Esses lugares podem ser especiais para você ou podem ser cartões postais de seu país. Você pode escolher mostrá-las juntas em uma colagem. 8 Mudar de lugar Escolha um conjunto de objetos; organize os objetos de maneira que crie conexões entre cada. Pode ser uma pintura, colagem ou peça fotográfica. Agora mude suas posições e veja se as conexões ainda funcionam. Lugar dentro de sua cabeça Para muitos artistas, o sujeito de seu trabalho é uma expressão de uma idéia, um sonho ou uma experiência imaginativa. Estão permitindo que nós vemos dentro de sua cabeça. Você pode criar uma obra de arte que exprima um sonho ou uma idéia mágica? A obra final pode ser uma instalação parecida com o trabalho produzido por Louise Bourgeoise, ou pode ser uma pintura ou escultura. Se quiser, poderá acrescentar algumas palavras ao lado do trabalho para que seus amigos saibam do que se trata ou poderá manter a privacidade da interpretação. 9