Programação Detalhada e Resumos

Transcrição

Programação Detalhada e Resumos
Programação e Resumos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
Alex Bolonha Fiúza de Mello
Reitor
Regina Fátima Feio Barroso
Vice-Reitora
Licurgo Peixoto de Brito
Pró-Reitor de Ensino e Graduação
Roberto Dall’Agnol
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Ney Cristina Monteiro de Oliveira
Pró-Reitora de Extensão
Simone Andréa Lima do Nascimento Baía
Pró-Reitora de Administração
Sibele Maria Bitar de Lima Caetano
Pró-Reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal
Sinfrônio Brito Moraes
Pró-Reitor de Planejamento
INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO
Luiz Roberto Vieira de Jesus
Diretor Geral
Rosa Maria de Sousa Brasil
Diretora Adjunta
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
Myriam Crestian Chaves da Cunha
Coordenadora
Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Vice-Coordenador
Línguas e Literaturas:
Diversidade e Adversidades na América Latina
Programação e Resumos
De 06 a 08 de abril de 2009
Belém-Pará-Brasil
COMISSÃO ORGANIZADORA
Dr. José Guilherme dos Santos Fernandes
Presidente da comissão organizadora
Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras
Dra. Myriam Crestian Cunha
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras
Dra. Carmen Reis Rodrigues
Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras
Dra. Gessiane Lobato Picanço
Bolsista de Desenvolvimento Científico Regional (FAPESPA/CNPq),
afiliada ao Programa de Pós-Graduação em Letras
Dra. Valéria Augusti
Bolsista de Desenvolvimento Científico Regional (FAPESPA/CNPq),
afiliada ao Programa de Pós-Graduação em Letras
Secretaria do Mestrado EM LETRAS
Eduardo Antonio Ribeiro de Brito (Secretário)
Antelmo Vigílio Barros de Nascimento (Secretário)
Amanda Faustino de Pinho (Bolsista)
Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Programa de Pós-Graduação em Letras
Cidade Universitária Professor José da Silveira Netto
Rua Augusto Corrêa, 01, Guamá
CEP 66.075-900, Belém - PA
Fone-Fax: (91) 3201-7499
E-mail: [email protected]
Site: www.ufpa.br/mletras
Apresentação
O
Congresso Internacional de Estudos Linguísticos e Literários na Amazônia (CIELLA) é um evento bianual
que resultou do bom desenvolvimento e projeção de
um tradicional encontro intitulado Jornada de Estudos Linguísticos e Literários (JELL), promovido pelo Programa de PósGraduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA)
durante 10 anos consecutivos.
O II CIELLA tem como tema principal “Línguas e Literaturas:
diversidade e adversidades na América latina”. O objetivo
do encontro é integrar os pesquisadores da área de estudos
linguísticos, literários e culturais implicados na discussão de
problemas característicos do contexto latino-americano e na
busca de soluções diferenciadas, oportunizando o diálogo com
os demais atores sociais envolvidos, de modo a favorecer a
elaboração de propostas político-educacionais diversificadas.
Como evento acadêmico, o II CIELLA volta-se para professores universitários, pesquisadores, estudantes de Graduação e
Pós-Graduação de instituições locais, nacionais e internacionais. Assinalamos que o evento caracteriza-se também por
estabelecer um diálogo com profissionais e gestores interessados nas repercussões econômicas, políticas e sócio-culturais
dessas pesquisas. Além disso, abre-se, de forma pioneira, na
Região Norte, para estudantes de Ensino Médio, participantes
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará.
Essa dinâmica, congregando vários atores sociais, pretende
estabelecer intercâmbio efetivo entre a academia e as comunidades envolvidas, garantindo maior circulação dos resultados
de pesquisas.
Comissão Organizadora do II CIELLA
COMISSÃO CIENTÍFICA
Abdelhak Razky, UFPA
Ana Carla dos Santos Bruno, INPA
Andrea Ciacchi, UFPB
Christophe Golder, UFPA
Daniel dos Santos Fernandes, IDEPA / Faculdade Ipiranga
Germana Maria Araújo Sales, UFPA
Heraldo Maués, UFPA
Joel Cardoso da Silva, UFPA
José Carlos Chaves da Cunha, UFPA
José Carlos Paes de Almeida Filho, UnB
Lindinalva Messias do Nascimento Chaves, UFAC
Luís Heleno Montoril del Castilo, UFPA
Maria Aparecida Lopes Rossi, UNITAU
Maria do Socorro Galvão Simões, UFPA
Maria Risolêta da Silva Julião, UFPA
Mário César Leite, UFMT
Marcello Moreira, UESB
Marília de N. de Oliveira Ferreira, UFPA
Marilúcia Barros de Oliveira, UFPA
Marli Tereza Furtado, UFPA
Sidney da Silva Facundes, UFPA
Sílvio Augusto de Oliveira Holanda, UFPA
Simone Cristina Mendonça de Souza, UF de Viçosa
Thomas Massao Fairchild, UFPA
COMISSÃO DE APOIO
Coordenação: Thayana Albuquerque.
Adriana Oliveira, Adrielson Barbosa, Alex Moreira, Alice Oliveira, Aline Silva,
Aline Souza, Ana Maria de Jesus, Ana Paula Silva, Anny Linhares, Brenda
Lima, Bruna Pimentel, Carla Guedes, Crystian Alfaia, Daniele Chaves, Edimara
Santos, Eduardo Lopes, Elma Lima, Eveline Nascimento, Fabiana Silva,
Gézika Ferreira, Glaciane Serrão, Jonatas Silva, Josemare da Silva, Joyce
Costa, Jucineide Ribeiro, Kelly Souza, Layse Oliveira, Maria Elisabete Blanco,
Maria Iracema Lima, Marla de Abreu, Martha Luz, Maxwell Maciel, Mayara
Rocque, Michela Garcia, Natália Magno, Nathalia Carvalho, Nilsineia Simões,
Ordilene Souza, Patrícia Martins, Patrick Pimenta, Paulo Alberto dos Santos,
Phillippe Souza, Priscila Castro, Rafaela Margalho, Raicya Coutinho,Samara
Queiroz, Sara Costa, Shirlene Ribeiro, Shirley Silva, Tayana Barbosa, Thiago
Nascimento, Thiago Souza, Wladimilson Mota.
WEBMASTER
Samuel Marques Campos ([email protected])
PROJETO GRÁFICO, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA E CAPA
Jorge Domingues Lopes ([email protected])
S u má rio
9
_________________________________
Atividades
13
_________________________________
Minicursos
17
_________________________________
Programação
55
_________________________________
Resumos
225
_________________________________
Normas para publicação
de trabalhos nos Anais
FOTO: Jorge D. Lopes
Theatro da Paz – Belém-PA
Atividades
De 06 a 08 de abril de 2009
Belém-Pará-Brasil
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Horários
06/04 - SEGUNDA-FEIRA
CREDENCIAMENTO (08h às 12h30)
8h30 às 10h30
ABERTURA SOLENE (10h às 10h30)
10h30 às 11h
Pausa
11h às 12h30
CONFERÊNCIAS
12h30 às 14h
Almoço
SESSÕES DE COMUNICAÇÕES
14h às 16h30
PAINÉIS
10
16h30 às 17h
Pausa
17h às 18h30
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
17h às 19h
MINICURSOS
19h em diante
PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL
Cronograma de Atividades
07/04 - TERÇA-FEIRA
08/04 - QUARTA-FEIRA
DEBATES
DEBATES
MESAS-REDONDAS
MESAS-REDONDAS
Pausa
Pausa
CONFERÊNCIAS
CONFERÊNCIAS
Almoço
Almoço
SESSÕES DE
COMUNICAÇÕES
SESSÕES DE
COMUNICAÇÕES
PAINÉIS
PAINÉIS
Pausa
Pausa
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
LANÇAMENTO DE LIVROS
MINICURSOS
PROGRAMAÇÃO
ARTÍSTICO-CULTURAL
ENCERRAMENTO (18h)
COM PROGRAMAÇÃO
ARTÍSTICA
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FOTO: Jorge D. Lopes
Chalé de Ferro – Núcleo do Meio Ambiente UFPA – Belém-PA
Minicursos
06 e 07 de abril de 2009
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
ENSAIO DE NARRADORES NA LITERATURA LATINO-AMERICANA
Ministrante: Dra. Ana Cecília Olmos (USP)
Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC)
HARMONY
Ministrante: Dr. Douglas Pulleyblank (University of British Columbia - EUA)
Local: Auditório da Reitoria
A PRODUÇÃO CULTURAL NO CONTEXTO DA
INTEGRAÇÃO REGIONAL
Ministrante: Dr. Jorge Carlos Guerrero (University of Ottawa - Canadá)
Local: Auditório do Atelier de Artes (ICA)
APRESENTANDO UM AUTOR NOSSO
Ministrante: Dr. José Edilson de Amorim (UFCG)
Local: Auditório de Biológicas (ICB)
PRODUÇÃO LITERÁRIA SOBRE O CICLO DA BORRACHA
NA AMÉRICA LATINA
Ministrante: Dr. Leopoldo Bernucci (University of California at Davis – EUA)
Local: Auditório do pavilhão K
IDENTIDADES E REGIÃO
Ministrante: Dr. Mário Cezar Silva Leite (UFMT)
Local: Auditório do CAPACIT
OS ESCRITORES VÃO AO CINEMA (1897-1930)
Ministrante: Dra. Miriam Vivane Garate (Unicamp)
Local: Auditório Setorial Básico 1
ANALOGICAL CHANGE, GRAMMATICALIZATION,
AND LEXICALIZATION
Ministrante: Dr. Paul Kiparsky (Stanford University – EUA)
Local: Auditório de Filosofia (IFCH)
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Minicursos
ENSINAR O ORAL PELOS GÊNEROS E AVALIÁ-LO:
O DEBATE PÚBLICO E A ENTREVISTA RADIOFÔNICA
Ministrante: Prof. Serge Erard (Institut Universitaire de Formation à
l’Enseignement de l’Université de Genève - Suíça)
Local: Auditório Setorial Básico 2
TIPOLOGIA DIACRÔNICA: PARA UMA EXPLICAÇÃO
DE PADRÕES COMUNS
Ministrante: Dr. Spike Gildea (University of Oregon).
Local: Auditório de Geociências (IGC)
IDENTIDADES, MIGRÂNCIAS E HIBRIDAÇÕES
Ministrante: Dra. Zilá Bernd (UFRGS)
Local: Auditório do ITEC
15
FOTO: Jorge D. Lopes
Borboletário do Mangal das Garças – Belém-PA
Programação
Belém-Pará-Brasil, de 06 a 08 de abril de 2009
Programação sujeita a alterações
Credenciamento
06/04 (das 8h às 12h30) – Pátio externo da Reitoria da UFPA
(próximo ao “Vadião”)
07 e 08/04 – Secretaria do Curso de Mestrado em Letras
(prédio atrás do Instituto de Letras e Comunicação)
Segunda-feira
06 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
ABERTURA SOLENE – 10h às 10h30
Local: Espaço de lazer “Vadião” – UFPA (na beira do rio Guamá)
6
CONFERÊNCIAS – 11h às 12h30
DIÁLOGOS LITERÁRIOS NA AMÉRICA LATINA
Conferencista: Dr. Leopoldo Bernucci
Local: Auditório Setorial Básico 1
MUDANÇA DE SOM
Conferencista: Dr. Paul Kiparsky
Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC)
PARA UM ENSINO DA MODALIDADE ORAL EM LÍNGUA MATERNA
Conferencista: Dr. Serge Erard
Local: Auditório Setorial Básico 2
POESIA COMO ENCANTARIA DA LINGUAGEM
Conferencista: Dr. João de Jesus Paes Loureiro
Local: Auditório Setorial Profissional (ITEC)
SESSÕES DE COMUNICAÇÕES – 14h às 16h30
SESSÃO 01 (Sala Fb2)
Maria Lucilena Gonzaga Costa – Jornal Gazeta Official e
a (in)formação do literário na Belém do século XIX
14h20 às 14h40 Edimara Ferreira Santos – Literatura no Pará oitocentista:
os romances folhetins como “riquezas” na Belle Époque
14h40 às 15h
Patricia Carvalho Martins – As folhas literárias do Jornal
do Pará (1862-1878)
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Patrícia Aparecida Beraldo Romano – Monteiro Lobato:
um escritor a ser redescoberto na sala de aula
15h35 às 15h55 Maricilde de Oliveira Coelho – Entre livros e leitores:
o livro escolar Alma e coração
15h55 às 16h15 Maria Auxiliadora Cunha Rossi – Leitura literária e
informação estética: poesia e música, palavra e voz
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms Maria Lucilena Gonzaga Costa
14h às 14h20
18
Programação do II CIELLA
SESSÃO 03 (Sala Fb4)
Otávio Rios – A experiência estética de Raul Brandão:
variantes textuais e construção narrativa em Uns – UEA
14h20 às 14h40 Sandra Regina Marcelino Pinto – A língua medieval –
cantigas de Santa Maria
14h40 às 15h
Eliana Pires de Almeida – Esboço de uma cartografia
literária paraense: 1908-1952
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Juliana de Souza Gomes Nogueira – O sujeito moderno:
tensões e fragmentações na poesia de Iderval Miranda
15h35 às 15h55 Loíde Leão dos Santos – O leitor, a metamorfose e o
silêncio em Meu tio, o Iauaretê
15h55 às 16h15 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. Otávio Rios
14h às 14h20
SESSÃO 04 (Sala Gb1)
14h às 14h20
14h20 às 14h40
14h40 às 15h
15h às 15h15
José Victor Neto – Narrativas orais de Castanhal:
do nordeste brasileiro ao nordeste paraense
Antonio José Rodrigues Xavier – Musas e moscas
nos repentes urbanos de Lucy Brandão: contracultura,
modernidade e performance
Ana Maria de Carvalho – Cordel: entre um verso e outro,
rastros de oralidade
COMENTÁRIOS
19
Segunda-feira
Gilson da Conceição Vitor Farias – Ciclo da castanha e
latifúndios da Amazônia em Safra, de Abguar Bastos
14h20 às 14h40 Marisa de Assis Souza – A representação típica da pobreza
social na prosa brasileira do Oiapoque ao Chuí
14h40 às 15h
Paolo Targioni – Direitos humanos da contemporaneidade
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Assunção de Maria Sousa e Silva – Maíra – tradição e
identidades
15h35 às 15h55 Sylvia Maria Trusen – A abertura do Amazonas, canto de
Joaquim Serra: a visão do próprio e do alheio
15h55 às 16h15 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Sylvia Maria Trusen
14h às 14h20
06 / 04 / 2009
SESSÃO 02 (Sala Fb3)
Segunda-feira
06 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
Daniel Glaydson Ribeiro – Altazor, de Vicente Huidobro:
o gesto político numa das epopeias de XX
15h35 às 15h55 Jovelina Maria Ramos de Souza – Desvendando Homero
15h55 às 16h15 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. José Victor Neto
15h15 às 15h35
SESSÃO 05 (Sala Gb2)
Luis Filipe de Andrade Sousa – Behold this harlot here:
dupla sujeição de gênero no contexto colonial em Visions of
Daughters of Albion, de William Blake
14h20 às 14h40 Marcelo de Cassio Colares da Silva – Relações de poder
na narrativa Os anões, de Haroldo Maranhão
14h40 às 15h
Solange da Luz Rodrigues – Escrita feminina: lócus
de subversão
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Paulo Jorge Martins Nunes – A cachoeira de Dalcídio,
ou o devaneio sobre a Capital da República Bolivariana
15h35 às 15h55 Francisco Ewerton Almeida dos Santos – Colagem,
subversão e antropofagia no romance Galvez Imperador
do Acre, de Márcio Souza
15h55 às 16h15 Maria Luiza Teixeira Batista – Julio Cortázar:
um antropófago latino americano?
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Dr. Paulo Jorge Martins Nunes
14h às 14h20
SESSÃO 06 (Sala Gb3)
Nelma Silva Milhomen – Paratopias
Lilian Reichert Coelho – Paul Auster em trânsito pela
literatura e pelo cinema
14h40 às 15h
Davina Marques – Nas trilhas do Ritornelo em Rosa
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Tânia Sarmento-Pantoja – Olhares da infância na
narrativa pós-ditatorial latino-americana: literatura e cinema
15h35 às 15h55 Claudio Cledson Novaes – Glauber Rocha e o pensamento
liminar Riverão Sussuarana
15h55 às 16h15 Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues – Macunaíma:
a obra fílmica em seu caráter parodístico em relação à obra
literária
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Nelma Silva Milhomen
14h às 14h20
14h20 às 14h40
20
Programação do II CIELLA
SESSÃO 08 (Sala Hb2)
Ana Maria Leal Cardoso – As questões de poder na obra
de Alina Paim
14h20 às 14h40 Daniele Barbosa de Souza Almeida – As relações de poder
em A sombra do patriarca, de Alina Paim
14h40 às 15h
Ana Rita Santiago da Silva – Vozes diferenciadoras em
poéticas afro-femininas
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Anita Martins Rodrigues de Moraes – Notas sobre a
presença da teoria de Antonio Candido nos estudos de
literaturas africanas de língua portuguesa
15h35 às 15h55 Alessandra Greyce Gaia Pamplona – Revista Amazônia:
a concretização de um projeto periodístico
15h55 às 16h15 Carolina Duarte Damasceno Ferreira – A crítica
biográfica na berlinda: conflitos entre o biografismo e
teorias recentes sobre a figura do leitor
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Anita Martins Rodrigues de Moraes
14h às 14h20
21
Segunda-feira
Marinilce Oliveira Coelho – A crítica literária:
novos horizontes
14h20 às 14h40 Ricardo Meirelles – Baudelaire no Brasil: Ignácio de
Souza Moitta e as Flores do mal
14h40 às 15h
José Francisco da Silva Queiroz – O Estado do Pará
no contexto modernista
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Adna Candido de Paula – Paul Ricoeur, Michael Riffaterre
e Gérard Genette: considerações acerca do duplo regime do
objeto literário
15h35 às 15h55 Alessandra Carlos Costa Grangeiro – O som e a fúria:
identidade, tempo e história
15h55 às 16h15 Sebastião Alves Teixeira Lopes – Os entre-lugares
das narrativas pós-coloniais: reflexões para o contexto
latino-americano
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Marinilce Oliveira Coelho
14h às 14h20
06 / 04 / 2009
SESSÃO 07 (Sala Gb4)
Segunda-feira
06 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
SESSÃO 09 (Sala Hb3)
Mariana Samos Bicalho Costa Furst – As tecnologias
da informação como grandes aliadas das aulas de Língua
Portuguesa
14h20 às 14h40 Terezinha Fatima Martins Franco Brito – Uma análise
sóciodiscursiva de uma coleção didática para o ensino de
português no Ensino Fundamental
14h40 às 15h
Marcos dos Reis Batista – Análise do aspecto (inter)cultural em um manual de Português Brasileiro para estrangeiros
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Maria Amélia Carvalho Fonseca – Selecionar livros didáticos para uso em escolas de idiomas: uma tarefa nada fácil
15h35 às 15h55 Marília dos Santos Borba – O ensino de língua inglesa:
a leitura dos gêneros textuais como proposta de letramento
15h55 às 16h15 Layra Patricia Moy de Abreu – A Gramática nos materiais
de FLE (5ª série) e sua transposição nas práticas de ensino
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Maria Amélia Carvalho Fonseca
14h às 14h20
SESSÃO 10 (Sala Hb4)
Eneida Lúcia Garcia Klautau / Suely Claudia Lobato
Maciel – O texto como atividade humana interativa:
a importância de se desenvolver no aluno as capacidades
de ação, enunciativa e lingüístico-textual
14h20 às 14h40 Girlene Lima Portela – Ler para compreender; escrever
para interagir: o papel dos processos e das estratégias de
escrita no ensino-aprendizagem
14h40 às 15h
Dircilene G. Batista – A modalização na produção de texto
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Marcus de Souza Araújo / Mônica Maria Montenegro
de Oliveira – As competências do professor no ensino de
língua estrangeira instrumental
15h35 às 15h55 Renata de Cássia Dória da Silva – Propostas de atividades
da modalidade escrita em aulas de Português Língua
Estrangeira (PLE)
15h55 às 16h15 Kelly Cristina Marigliani Melo – Modalidades de
avaliação e suas implicações para o ensino/aprendizagem de
português LM
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. Marcus de Souza Araújo
14h às 14h20
22
Programação do II CIELLA
SESSÃO 12 (Sala Hb6)
Raimunda Benedita Cristina Caldas / Tabita Fernandes
da Silva / Márcia Goretti Pereira de Carvalho – A dêixis
espacial em Ka’apór e Tembé
14h20 às 14h40 Antonio Almir Silva Gomes – Notas sobre o sistema de
caso em Mebêngôkre
14h40 às 15h
Marília Fernanda Pereira de Freitas – Revisitando os
Verbos em Parkatêjê: questões relevantes para um estudo
morfossintático
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Dennis Albert Moore – Construções causativas em Gavião
de Rondônia
15h35 às 15h55 Hein Van Der Voort – Possessive expressions in the
Southwestern Amazon
15h55 às 16h15 José Pedro Viegas Barros – Problemas en la determinación
del tipo de relación existente entre lenguas en contacto:
el caso Guaicurú-Mataguayo (Gran Chaco)
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Márcia Goretti Pereira de Carvalho
14h às 14h20
23
Segunda-feira
José Nilson Santos da Costa Filho – O gênero de discurso
notícia policial em Teresina: algumas considerações sóciodiscursivas
14h20 às 14h40 Leila Patricia Alves Dantas – O gênero “aviso” em uma
perspectiva sócio-discursiva
14h40 às 15h
Lafity dos Santos Silva – O papel axiológico dos nomes
próprios em editoriais de jornal
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Amaurícia Lopes Rocha Brandão / Letícia Adriana Pires
Teixeira – A oralidade do discurso radiofônico da Tempo
FM: uma perspectiva pragmática
15h35 às 15h55 Maria Lourdilene Vieira – A questão dos gêneros híbridos:
considerações a partir de uma análise de casos em gêneros
promocionais
15h55 às 16h15 Ana Cleide Guimbal de Aquino – O discurso midiático de
Belém Nova
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ana Cleide Guimbal de Aquino
14h às 14h20
06 / 04 / 2009
SESSÃO 11 (Sala Hb5)
Segunda-feira
06 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
SESSÃO 13 (Sala Ib1)
Olga Alejandra Mordente – Identidade cultural e
linguística nas falas dos italianos imigrantes
14h20 às 14h40 Sandra Regina Garcia Leite – Quando o trem passa:
retratos em 3x4 de imigrantes italianos no sul fluminense
14h40 às 15h
Ernâni Getirana de Lima – Usos linguísticos como
elementos construtores da identidade social de Bamburristas
de Gema de Opala no Município de Pedro II – PI
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 José Sena da Silva Filho – Imagem e discurso social:
processos identitários na cultura superpop
15h35 às 15h55 José Ribamar Lopes Batista Júnior – Identidades
docentes nas práticas de letramento inclusivo
15h55 às 16h15 Nilma do Socorro Nogueira Machado – Contradições
e encontros em autobiografias: marcas linguísticas do
professor de leitura em língua materna
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: José Sena da Silva Filho
14h às 14h20
SESSÃO 14 (Sala Lb1)
Juliana Geórgia Gonçalves de Araújo – Estudo sobre
os advérbios modalizadores em “–mente” em artigos de
opinião da Folha de São Paulo
14h20 às 14h40 Márcia Cristina Romero Lopes – Gramática operatória e
uso da língua: estudo semântico do verbo “quebrar”
14h40 às 15h
Ediene Pena Ferreira – Aspectos do processo de
gramaticalização: um olhar sobre o verbo “chegar”
15h às 15h20
Benedito José Brabo Pantoja – Papéis semânticos do
sujeito em orações com verbos considerados da voz ativa
pelas gramáticas tradicionais
15h20 às 15h40 Francisco Ednardo Pinho dos Santos – Traços categoriais
na predicação e padrões de adequação explanatória da
Gramática Funcional
15h40 às 16h
Althiere Frank Valadares Cabral – Retomada do pronome
16h às 16h30
COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Ediene Pena Ferreira
14h às 14h20
24
Programação do II CIELLA
PAINÉIS – 14h às 16h30
Local: Corredor do pavilhão Gb
Adriana Gerlandia Ferreira – O despertar para o si mesmo e para o outro no
conto Amor, de Clarice Lispector
Alan Douglas Moura dos Santos – O papel do intelectual em Caliban, de
Fernandez Retamar
Alessandra Pantoja Paes – Bibliotecas privadas das elites paraenses (1870-1890)
Alex Dax de Sopusa / Natasha de Queiroz Almeida – A memória e tradição
amazônica na composição das narrativas do acervo IFNOPAP
Allan Victor Flor da Silva – A produção de Marques de Carvalho na província
do Pará
Ananias Agostinho da Silva – O humanismo de Miguel Torga no herói
Garrinchas: a pureza e a ironia dum patriarca no conto Natal
Camilla da Silva Souza – As meninas, de Lygia Fagundes Telles: da literatura
ao cinema
Cristiana Mota – Viagens pelo mundo lusófono: literatura e sebastianismo
Danielle dos Reis Blanco – Entre Cultura Popular e Indústria Cultural:
práticas do Boi de Máscaras “Veludinho” em Belém-PA
25
Segunda-feira
Nilsa Brito Ribeiro – Sentidos de leitura de educadoras e
educadores do campo
14h20 às 14h40 Maria Cristina Macedo Alencar – Representações de
mulheres do campo sobre o letramento escolar
14h40 às 15h
Tereza do Carmo Bentes de Vasconcelos – Leituramento:
uma ferramenta alternativa aplicada as aulas de língua
portuguesa nas regiões ribeirinhas
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Tavifa Smoly Silva – Letramento: aproximações e diferenças
entre uma escola urbana e uma rural de Rio Branco-AC
15h35 às 15h55 Mariza Andrade Guedes Alves – O professor fomentador
de autonomia: um olhar sobre a prática pedagógica da EJA
15h55 às 16h15 Renata dos Santos Lameira – O ensino de língua materna:
o professor em foco
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Nilsa Brito Ribeiro
14h às 14h20
06 / 04 / 2009
SESSÃO 15 (Sala Lb2)
Segunda-feira
06 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
Débora Renata de Freitas Braga – O Portugal de Garret: Viagens na minha
terra e memória nacional
Elizandra Fernandes Reis – Franklin de Oliveira: uma contribuição para
análise crítica do simbolismo epigráfico em Sagarana
Érika Guiomar Martins de Aquino – José Veríssimo, Historiador e crítico
da literatura brasileira
Jorge Luís Ferreira Pantoja – O envelhecer em Uma estória de amor
Local: Corredor do pavilhão Hb
Adriana Alves de Oliveira – A transposição de gêneros em situação de
trabalho: uma reflexão sobre os fenômenos linguísticos recorrentes nas
Revistas Natura
Alegna Thallita Silva Nunes – O ensino dos gêneros nas práticas da
educação média
Ana Ester de Negreiros da Silva – A posição de morfemas pós-verbais
em Xipaya (Tupi)
Andréia Meireles de Oliveira – La langue en ligne – As tecnologias
favorecendo a prática e a elaboração didática em aulas de FLE
Anna Mayra Araújo Teófilo – Repetição como fator interacional atuante no
processo de aquisição do inglês como segunda língua
Cyntia de Sousa Godinho – A ocorrência de anglicismos nos nomes de
estabelecimentos comerciais na cidade de Santarém-PA
Daniela Silva de Oliveira / Wilker Melo da Silva – Distribuição
Geo-sociolingüística de /l/ nos dados do ALiB-Norte
Daniela Moraes de Jesus – O Tempo, Modo e Aspecto no crioulo guianense
de Caiena: notícia do Projeto Características lingüísticas do crioulo guianense
de Caiena
Eliane Oliveira da Costa – Variação Lexical na Região Norte do Brasil: uma
abordagem geolinguística
Elisa Mara de Bittencourt Furtado – Requiescat in pace: análise discursiva
de inscrições tumulares no cemitério Santa Isabel
RELATOS DE EXPERIÊNCIA – 17h às 18h
RELATO 01 (Sala Fb2)
17h às 17h20
26
Gerliane Andrade Pereira – O poder da palavra: narrativas
míticas sobre Frei Hermes em Capanema-PA
Programação do II CIELLA
Luciana Kinoshita da Silva – Criação de manual didático
de PL2 para o contexto amazônico
17h20 às 17h40 Edirnelis Moraes dos Santos – A produção escrita em
português como língua estrangeira por meio dos gêneros
textuais
17h40 às 18h
Marcos de Almeida Matos – A Comissão Pró-Índio e
as línguas indígenas no Acre
18h às 18h20
Cinthia de Lima Neves – A tecnologia da documentação
18h20 às 18h50 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Profa. Luciana Kinoshita da Silva
17h às 17h20
RELATO 03 (Sala Fb4)
Claudia Arantes Batista – Tongue Twister on line
Josenilda Brandão Costa – Trabalhando a intertextualidade
através da música
17h40 às 18h
Tavifa Smoly Silva – Desenvolvendo o interesse pela
leitura a partir das histórias em quadrinhos, numa turma de
segundo ano do Ensino Fundamental
18h às 18h30
COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Esp. Claudia Arantes Batista
17h às 17h20
17h20 às 17h40
RELATO 04 (Sala Gb1)
17h às 17h20
Lorena Bischoff Trescastro / Cilene Maria Valente da
Silva – Blog: instrumento de aprendizagem interativa de
formadores de alfabetizadores
27
Segunda-feira
RELATO 02 (Sala Fb3)
06 / 04 / 2009
José Victor Neto – A “presença do corpo”: do gravador
à filmadora, um percurso metodológico na coleta de
narrativas orais
17h40 às 18h
Nataly de Moura Silva – Povo indígena: mito da teoria de
Rousseau ou luta pela sobrevivência cultural?
18h às 18h30
COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. José Victor Neto
17h20 às 17h40
Segunda-feira
06 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
Maricilda Nazaré Raposo de Barros / Isabel Cristina
França dos Santos Rodrigues – Constituição de saberes na
formação continuada de professores alfabetizadores
17h40 às 18h
COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Lorena Bischoff Trescastro
17h20 às 17h40
RELATO 05 (Sala Gb2)
José Carlos Gonçalves – Projeto comunicação é saúde:
transformando encontros de serviços da saúde em contextos
para a cura
17h20 às 17h40 Alan Victor Flor da Silva / Kelly Andresa Leite Souza /
Tayana Andreza de Sousa Barbosa – O jogo discursivo
no jogo de cartas: o resgate de antigas tradições na pósmodernidade
17h40 às 18h
COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Esp. José Carlos Gonçalves
17h às 17h20
28
Programação do II CIELLA
7
PRESERVAÇÃO DE LÍNGUAS/CULTURAS MINORITÁRIAS
Debatedores: Dra. Ana Carla Bruno, Dr. Denis Moore, Dr. Hein Van Der Voort
Mediadora: Dra. Lucy Seki
Local: Auditório Setorial Básico 2
MESAS-REDONDAS – 8h30 às 10h30
Literatura oral na Amazônia
Dra. Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões – Um percurso de história,
memória e tradição da narrativa oral
Dra. Josebel Akel Fares – Matrizes narrativas orais em obras literárias
Dr. José Guilherme dos Santos Fernandes – Literatura oral e populações
tradicionais
Coordenadora da mesa: Dra. Marlí Tereza Furtado
Local: Auditório de Ciências Biológicas (ICB)
Memória, Política, História e Crônica
Dr. Eduardo José Tollendal – A literatura política de Jorge Amado e
Alejo Carpentier
Ms. Giane da Silva Mariano Lessa – Oralidade e escrita na Nueva Crônica
y bien gobierno de Felipe Guamán Poma de Ayala – um gênero que emerge
nas dobras da Conquista da América
Dr. Paulo Bungart Neto – A guerra do Paraguai nas Memórias do Visconde
de Taunay: drama e apreensão da construção da identidade nacional
Ms. Jane Adriane Gandra – Historiografia da Imagem: Pinheiro Chagas
entre tempos
Coordenadora da mesa: Dra. Germana Maria Araújo Sales
Local: Auditório de Filosofia (IFCH)
29
Terça-feira
NARRATIVA CONTEMPORÂNEA NA AMÉRICA LATINA
Debatedores: Dra. Miriam Garate, Dr. Marcos Natali, Dra. Ana Cecília Olmos
Mediador: Dr. Luís Heleno Montoril del Castilo
Local: Auditório Setorial Básico 1
07 / 04 / 2009
DEBATES – 8h30 às 10h30
Terça-feira
07 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
Escrita e interação
Dra. Rosa Maria de Souza Brasil – Como abordar língua e discurso em textos
publicitários
Dr. Thomas Massao Fairchild – Entre o periódico e o permanente:
o papel das revistas na produção de sentidos e circulação de impressos de
role-playing game (RPG)
Dra. Maria Eulália Sobral Toscano – O jogo da polidez nas interações virtuais
Dr. Francisco Alves Filho – Referenciação e gêneros do discurso: o que um
tem a ver com o outro?
Coordenadora da mesa: Dra. Lívia Barbosa
Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC)
Ensino/Aprendizagem de línguas: perspectivas atuais
Dra. Rosalina Maria Sales Chianca – Relações interacionais interindividuais
e intergrupais e ensino de línguas estrangeiras
Dra. Walkyria Magno e Silva – Um modelo processual da motivação
Dra. Izabel Cristina Rodrigues Soares / Dra. Lilia Silvestre Chaves –
Escrever na era da Internet
Coordenador da mesa: Dr. José Carlos Chaves da Cunha
Local: Auditório do CAPACIT
CONFERÊNCIAS – 11h às 12h30
O ROMANCE HISTÓRICO CONTEMPORÂNEO E A GUERRA DO PARAGUAI
Conferencista: Dr. Jorge Carlos Guerrero
Local: Auditório Setorial Básico 1
INTERAÇÃO RESTRITA
Conferencista: Dr. Douglas Pulleyblank
Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (Instituto de Letras e Comunicação)
GÊNEROS DISCURSIVOS E A TEXTUALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
HUMANA EM SOCIEDADE: CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO E O
ENSINO DE LÍNGUAS
Conferencista: Dra. Désirée Motta-Roth
Local: Auditório Setorial Profissional (Instituto Tecnológico)
FILOSOFIA E POESIA
Conferencista: Dr. Benedito José Viana da Costa Nunes
Local: Auditório Setorial Básico 2
30
Programação do II CIELLA
07 / 04 / 2009
SESSÕES DE COMUNICAÇÕES – 14h às 16h30
SESSÃO 16 (Sala Fb2)
Henrique Silvestre Soares / Andréa Maria Lopes
Dantas – Entre sal, jabá e cordéis: a leitura singra os rios
amazônicos
14h20 às 14h40 Valéria Augusti – O livreiro e o gabinete: histórias em
torno de uma parceria
14h40 às 15h
Izenete Garcia Nobre – Godinho Tavares & Cia:
livros à vista e pelo menor preço
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Maria do Socorro Pereira Lima – Objetos de leitura:
para quê e para quem?
15h35 às 15h55 Suani Trindade Corrêa – O estudo comparativo dos
personagens Dodó e Valério na era da internet
15h55 às 16h15 Almir Pantoja Rodrigues – Manifestações literárias
portuguesas em jornais paraenses na segunda metade do
século XIX
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra.Valéria Augusti
14h às 14h20
Terça-feira
SESSÃO 17 (Sala Fb3)
Augusto Sarmento-Pantoja – Discurso, poder e resistência
no Qorpo Santo
14h20 às 14h40 Alcione Corrêa Alves – Análise da obra El reino de este
mundo, de Alejo Carpentier, sob a perspectiva das formas de
mobilidade próprias da resistência ao poder
14h40 às 15h
Abílio Pacheco de Souza – Aspectos de resistência,
relações familiares e relações de poder em Verdes anos
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Jairo José Campos da Costa – Mulheres à frente de seu
tempo: Conceição, Noemi e Maria Moura
15h35 às 15h55 Alleid Ribeiro Machado – Tessituras do discurso feminino
15h55 às 16h15 Jane Pinheiro de Freitas – A outra face de Vênus: escritura
como transgressão na literatura de mulheres
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. Abílio Pacheco de Souza
14h às 14h20
31
Terça-feira
07 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
SESSÃO 18 (Sala Fb4)
Vinícius Carvalho Pereira – Da página de papel ao papel
higiênico: textos fecais na obra de Rubem Fonseca
e Patrícia Melo
14h20 às 14h40 Aldo José Barbosa – O pioneirismo crítico de Tereza Fite
14h40 às 15h
Rosalina Albuquerque Henrique – A recepção crítica em
Darandina e Os cimos, de Primeiras estórias
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Wanúbya do Nascimento Moraes Campelo – A recepção
crítica de Tutaméia
15h35 às 15h55 Marcellus da Silva Vital – A legalidade da violência em
A hora e vez de Augusto Matraga
15h55 às 16h15 Ingred Lourdes Pereira – Estilística e evolução na crítica
rosiana
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ingred Lourdes Pereira
14h às 14h20
SESSÃO 19 (Sala Gb1)
Elaine Pastana Valério – A presença da oralidade no
romance Três casas e um rio, de Dalcídio Jurandir
14h20 às 14h40 Marinei Almeida – Oralidade e escrita na poesia de
Manoel de Barros
14h40 às 15h
Nildecy de Miranda Bastos – Samarica e Karolina: musas
do Olimpo Sertanejo
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Lauro Roberto do Carmo Figueira – A rapsódia de
Os contos amazônicos
15h35 às 15h55 Sarah Maria Forte Diogo – O contador de histórias em
tempos modernos: considerações sobre o narrador de
estórias no projeto estético-literário de Guimarães Rosa
15h55 às 16h15 Luciana Aparecida Silva – O trabalho com o insólito
no microrrelato de Augusto Monterroso
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Dr. Lauro Roberto do Carmo Figueira
14h às 14h20
32
Programação do II CIELLA
07 / 04 / 2009
SESSÃO 20 (Sala Gb2)
Décio Torres Cruz – Literatura pop: mídia, cinema e
outras artes
14h20 às 14h40 Francisco Osvanilson Dourado Veloso – O terrorismo
quadro a quadro: análise multimodal de HQs pós 11-9
14h40 às 15h
COMENTÁRIOS
15h às 15h15
Mara Rodrigues Tavares – Amarelo manga: o filme em
carnavais bakhtinianos
15h15 às 15h35 Denize Helena Lazarin – Da palavra de Humbert à
imagem de Lolita: o cinema como mitificador da obra
Nabokov
15h35 às 15h55 Raphael Bessa Ferreira – A travessia do Mutus em
Mutum: do hipotexto literário ao hipertexto fílmico
15h55 às 16h15 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Esp. Denize Helena Lazarin
14h às 14h20
Terça-feira
SESSÃO 21 (Sala Gb3)
Márcia Mani Miguel Feitosa – Paisagem e literatura em
Mia Couto: o viés da identidade
14h20 às 14h40 Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa –
Dos lagos da Lunda ao mar de Itaparica: uma geografia
identitária
14h40 às 15h
Antonio Marcos Moreira da Silva – Identidade e culpa em
Dom Casmurro
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Sérgio Afonso Gonçalves Alves – A memória e a nação em
Milton Hatoum
15h35 às 15h55 Robert Madeiro Dias – Viagem à Amazônia sob os olhares
de Brasilidade: Waldemar Henrique e Mário de Andrade,
o lugar e o intelectual
15h55 às 16h15 Ivone dos Santos Veloso – Sob o traçado do imaginá(rio):
narrando a identidade amazônica
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Dr. Sérgio Afonso Gonçalves Alves
14h às 14h20
33
Terça-feira
07 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
SESSÃO 22 (Sala Gb4)
Enéias Farias Tavares – O satã, de Milton, e O guesa, de
Sousândrade: a emergência do anti-herói moderno?
14h20 às 14h40 Afrânio Gurgel de Lucena – O mito do amor medieval
em O guarani
14h40 às 15h
Jorge Luiz Mendes Júnior – Interação com o arquivo:
Saramago se apropia de Ricardo Reis
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Carlos Alberto Corrêa Dias Júnior – Os significados do
baile: a crítica e o mistério em Corpo de baile
15h35 às 15h55 Sílvio Augusto de Oliveira Holanda – Guimarães Rosa e
a crítica italiana: o caso de Ettore Finazzi-Agrò
15h55 às 16h15 Iandra Fernandes Pereira Caldas – Os múltiplos ecos de
narciso no conto Laços de família, de Clarice Lispector
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
14h às 14h20
SESSÃO 23 (Sala Hb2)
Rodolfo Rorato Londero – O próprio e o alheio em
El delírio de Turing: realismo mágico e ficção cyberpunk
no romance de Edmundo Paz Soldán
14h20 às 14h40 Luciana Ornelas Martins Assis – Olhares e lugares da
literatura latino-americana na pós-modernidade
14h40 às 15h
Aline de Souza Muniz – Culturas periféricas: repetição e
diferença
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Ingrid Sinimbu Cruz – A estrutura das narrativas de
enterro do acervo IFNOPAP
15h35 às 15h55 Luciano Fussieger – A antropofagia entre a escrita e
a oralidade: o caso de Benedicto Monteiro
15h55 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. Rodolfo Rorato Londero
14h às 14h20
SESSÃO 24 (Sala Hb3)
14h às 14h20
34
Francisco Wellington Borges Gomes – Percepções
discentes sobre disciplinas on line em cursos presenciais
Programação do II CIELLA
Aline de Souza Brocco – Discussão sobre forma e
comunicação no ensino e aprendizagem de português como
língua estrangeira em um contexto virtual
14h20 às 14h40 Greice da Silva Castela – Estratégias de leitura
hipertextual on line em uma aula de espanhol como língua
estrangeira
14h40 às 15h
Luciana de Oliveira Alves – A leitura hipertextual: em
busca de autonomia na compreensão escrita em francês
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Naira Augusta Pedroso de Sousa – Polifonia no
hipertexto: uma análise discursiva
15h35 às 15h55 Marcela da Silva Amaral – Using voicethread in English
classes
15h55 às 16h15 Ana Lilia Carvalho Rocha – Technology in the
Anglophone Literature Class
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Esp. Marcela da Silva Amaral
14h às 14h20
SESSÃO 26 (Sala Lb2)
14h às 14h20
Aline Maria Rezende Freitas – Editorial das revistas:
uma análise discursiva na perspectiva social do discurso
35
Terça-feira
SESSÃO 25 (Sala Hb4)
07 / 04 / 2009
Maria Cristina Ataide Lobato – Atividades discursivas de
professores em fórum educacional de licenciatura em Letras
14h40 às 15h
Ana Lygia Almeida Cunha – A construção da identidade
no gênero fórum de discussão de curso on line
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Jerônimo Coura-Sobrinho / Roberto Márcio dos Santos
– O professor de Inglês diante do mundo tecnológico
15h35 às 15h55 Márcio Oliveiros Alves da Silva / Herodoto Ezequiel
Fonseca da Silva – Ensino de Língua Materna: trabalhando
o fazer e o aprender das novas tecnologias educacionais
15h55 às 16h15 Cristhiane Miranda Vaz – O uso de novas tecnologias
aplicadas ao ensino de PLE
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Ana Lygia Almeida Cunha
14h20 às 14h40
Terça-feira
07 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
Valéria Viana Sousa – O comportamento dos imperativos
em outdoors
14h40 às 15h
Juliene do Socorro Cardoso Rodrigues – O ethos no
discurso de comemoração dos 50 anos das Universidade
Federal do Pará – Ano de 2007
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Leonardo Rodrigues de Souza – Estudo da linguagem
jurídica sob a ótica da visão performativa de Austin
15h35 às 15h55 Amaurícia Lopes Rocha Brandão / Letícia Adriana Pires
Teixeira – A utilização de implícito no discurso radiofônico:
mudanças de significados no contexto social e educacional
15h55 às 16h15 Ângela de Oliveira Rodrigues – A diversidade cultural nas
políticas curriculares educacionais
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Esp. Aline Maria Rezende Freitas
14h20 às 14h40
SESSÃO 27 (Sala Hb6)
Antônia Alves Pereira – Subordinação em Asuriní do
Xingu: a oração complemento
14h20 às 14h40 Ana Carla Bruno – Educação indígena e questões
linguísticas: quando a ortografia torna-se um problema –
a experiência waimiri atroari
14h40 às 15h
Eneida Alice Gonzaga dos Santos – L1 X L2:
Análise contrastiva como base para ensino de português
nas escolas waimiri atroari
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Rogério Vicente Ferreira – O falar ofayé: um estudo
lexicográfico
15h35 às 15h55 Ana Sousa da Silva – O acervo linguístico da fauna e flora
araweté: a formação dos lexemas
15h55 às 16h15 Lucy Seki – Levantamento de nomenclatura da avifauna e
identificação de espécies
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Lucy Seki
14h às 14h20
SESSÃO 28 (Sala Ib1)
14h às 14h20
36
Luciana Kinoshita da Silva – Variação linguística:
come com farinha?
Programação do II CIELLA
Jorge Augusto Alves da Silva / Maristela Alves da Silva
– Mulheres, negras, quilombolas: uma incursão sobre
o comportamento social e linguístico das mulheres de
Cinzento-BA e Velame-BA
14h20 às 14h40 Sandra Carneiro de Oliveira – Aspectos sócio-históricos e
sociolinguísticos de uma comunidade afro-brasileira
14h40 às 15h
Giselda da Rocha Fagundes – RAP: o movimento de
reação do negro na sociedade brasileira contemporânea
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Marcilene de Assis Alves Araújo – Linguagem e
identidade cultural: estudo das variações linguísticas em
músicas regionais
15h35 às 15h55 Tadeu Luciano Siqueira Andrade – A Sociolinguística e
Dialectologia no estudo da língua: algumas reflexões
15h55 às 16h15 Patrícia Goulart Tondineli – Um olhar semiolinguístico
sob o manto da princesa do Norte: história oral e
dialetologia
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Esp. Patrícia Goulart Tondineli
14h às 14h20
37
Terça-feira
SESSÃO 29 (Sala Lb1)
07 / 04 / 2009
Francisca Natália Sampaio Pinheiro – Atos de comando
codificados pelo Imperativo na fala de professores de
Fortaleza-CE: Uma análise variacionista
14h40 às 15h
Jeane Maria Alves de Mendonça – A expressão de
obrigação na fala culta de Fortaleza-CE
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Maria da Guia Taveiro Silva – A construção de sentido
na interação entre pessoas de competências comunicativas
distintas
15h35 às 15h55 Zilda Laura Ramalho Paiva / Betânia Rocha de Sousa
– O ensino da língua portuguesa na formação cidadã dos
educandos
15h55 às 16h15 Yana Liss Soares Gomes – Livros didáticos de português:
instrumentos de naturalização ou mudança linguística?
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Zilda Laura Ramalho Paiva
14h20 às 14h40
Terça-feira
07 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
SESSÃO 30 (Sala Hb1)
Maria Eneida Pires Fernandes – A realização variável da
palatal lh nos estados do Amapá e Pará
14h20 às 14h40 Eliane Pereira Machado Soares – Variação
geosociolinguística da nasal palatal no estado do Pará
14h40 às 15h
Marilucia Barros de Oliveira – Mapeamento Geosociolinguístico da variação de /l/ no Estado do Pará
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Natália Cristina Prado – Haplologia na formação de
palavras das Cantigas de Santa Maria
15h35 às 15h55 Doriedson do Socorro Rodrigues / Giussany Socorro
Campos dos Reis – Escola-Educação: ações e reações na
linguagem dos amazônidas
15h55 às 16h15 Soélis Teixeira do Prado Mendes – A concordância
variável como marca de oralidade em manuscritos
setecentistas de Minas Colônia
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Marilucia Barros de Oliveira
14h às 14h20
PAINÉIS – 14h às 16h30
Local: Corredor do pavilhão Gb
Bruno Neves Rati de Melo Rocha / Evandro Landulfo Teixeira P. Cunha –
Texto e imagem em manuscritos medievais: iluminuras, miniaturas e capitulares
Flávia Rodrigues de Melo / Antonia Marly Moura da Silva – Devaneio
e embriaguez duma rapariga: uma análise da figura feminina no conto de
Clarice Lispector
Francisco Aedson de Souza Oliveira / Antonia Marly Moura da Silva –
Aqueles dois: a representação da identidade cindida
Francisco Rafael Silva Barros – O processo tradutório: as traduções de
Orlando para o português
Geraldo Magella de Menezes Neto – Cordel e oralidade no Pará no período
da segunda guerra mundial
João Fábio Bittencourt – Teatros e Salões: uma reportagem teatral de Oswald
de Andrade
Jonatas Alves da Silva – Cartas do [des]cobrimento do Brasil em O Tetraneto
Del-Rei: a paródia e o pastiche de Haroldo Maranhão
Kelly Andressa Leite Souza – Agradecemos aos jornais...: a permuta de
informações entre os jornais oitocentistas. Uma prática de leitura?
38
Programação do II CIELLA
Bruno Neves Rati de Melo Rocha / Evandro Landulfo Teixeira Paradela
Cunha – A oralidade na escrita: reflexões acerca do “internetês”
Camilla Mendes Batista – Um estudo da história, do estatuto teórico e dos
princípios de gramaticalização
Estêvão Domingos Soares de Oliveira – As relações interacionais na
elaboração do conhecimento
Fabiana Almeida dos Santos – O marcador Yadï da língua xipaya (Tupi)
Glaciane Felipe Serrão – O ethos no discurso ambiental sobre a Amazônia:
uma abordagem da revista Atitude da Vale
Laura Viviani dos Santos Bormann – WebQuest: uma alternativa para o
ensino de língua portuguesa
Leila Rachel Barbosa Alexandre / Bruno Diego de Resende Castro –
Uma análise semântica, discursiva e de gênero da ambiguidade em
anúncios publicitários
Marcela de Lima Gomes – O uso dos diminutivos derivacionais no gênero música
Mílton Ribeiro da Silva Filho – Quando “fritar” e porque “dar close”? Um
olhar sobre a sociabilidade e a formação de identidades LGBT´s em Belém-PA
Wilson Alexandre Gonçalves – O dialogismo bakhtiniano e semiótica:
um construto para uma interpretação do discurso
39
Terça-feira
Local: Corredor do pavilhão Hb
07 / 04 / 2009
Leidiane Maciel Leal – O valor social da literatura para a qualidade de vida
de escritores idosos da Academia Paraense de Letras e do Movimento Literário
Extremo Norte
Marcel Franco da Silva – A dialogia polifônica presente no conto:
O precipício, de Benedicto Monteiro
Maria Zilvania Gomes Rabelo – A participação de Raquel de Queiroz no
primeiro tempo modernista do Ceará
Natasha de Queiroz Almeida – A memória e tradição amazônica na
composição das narrativas do acervo IFNOPAP
Rafaella Gomes Monteiro / Mayla Trindade Diniz – Paisagem e estética em
Milton Hatoum: o conflito entre o amazonas e o Oriente
Rafhaelle Claudine da Paixão Vilhena – A coluna folhetim do periódico
Diário do Gram-Pará do século XIX
Ricelly Jáder Bezerra da Silva – To The Lighthouse e suas traduções para o português
Shirley Laianne Medeiros da Silva – Inglês de Souza ou Luís Dolzani: dos
jornais aos portais
Stéfanie dos Prazeres Gaia – Diário do Gram-Pará, periódico noticioso e
literário do século XIX
Veridiana Valente Pinheiro – As intercessões entre literatura e cinema a partir
de uma leitura do romance Em câmera lenta
07 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
RELATOS DE EXPERIÊNCIA – 17h às 18h
RELATO 06 (Sala Fb2)
Max de Souza Pinheiro – A biblioteca digital e os estudos
literários e culturais na América Latina
17h20 às 17h40 Alice Áurea Penteado Martha – Leituras na prisão:
coerência no caos
17h40 às 18h
Dulcilene Rodrigues da Silva Barreto – A mediação do
professor e as práticas leitoras pelo viés da contação de
histórias na formação do leitor: uma experiência para além
da leitura
18h às 18h30
COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Max de Souza Pinheiro
Terça-feira
17h às 17h20
RELATO 07 (Sala Fb3)
Gustavo Cândido Pinheiro – O preconceito e as
construções dos sentidos da violência no repente
17h15 às 17h30 Maria Mônica Ramos de Melo – O discurso machista no
forró pé de serra
17h30 às 17h45 Marília Pinheiro Ribeiro – A construção de ideologias
machistas na prática cultual do Forró
17h45 às 18h
Ana Malba Araújo de Queiroz – Jogos designativos na
Literatura de Cordel
18h às 18h30
COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Gustavo Cândido Pinheiro
17h às 17h15
RELATO 08 (Sala Fb4)
Greice da Silva Castela – O chat no ensino-aprendizagem
de espanhol para universitários: estratégias e possibilidades
17h20 às 17h40 Jorge Domingues Lopes – Francês Instrumental:
considerações sobre a práxis
17h40 às 18h
Deborah Edds – Experiences with young Spanish as
Second Language learners
18h às 18h30
COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. Jorge Domingues Lopes
17h às 17h20
40
Programação do II CIELLA
07 / 04 / 2009
RELATO 09 (Sala Gb1)
Vania Maria Batista Ferreira / Cilene Valente da Silva
– Práticas de produção escrita na escola: uma experiência
de trabalho com professores alfabetizadores na Ilha de
Mosqueiro, Belém/PA
17h20 às 17h40 Rita de Cássia Macedo Leal – Professor de Língua
Portuguesa: do discurso à pesquisa que fomenta a prática
docente
17h40 às 18h
Rivanda dos Santos Nogueira – A linguagem na escola:
entre falas e escritas
18h às 18h30
COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Vania Maria Batista Ferreira
17h às 17h20
Terça-feira
RELATO 10 (Sala Gb2)
Marilia de Melo Costa – Alunos gerenciando a sala de
aula: um caminho possível
17h20 às 17h40 Nelma do Socorro Santana Queiroz – As práticas voltadas
para a motivação e autonomia dos aprendentes na leitura e
escrita em língua materna
17h40 às 18h
Deborah Batista Marques – Estratégias para o fomento de
autonomia
18h às 18h30
COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Marilia de Melo Costa
17h às 17h20
RELATO 11 (Sala Gb3)
Marcos dos Reis Batista – Planejamento e execução
de atividades interculturais na aula de português para
estrangeiros
17h20 às 17h40 Estêvão Domingos Soares de Oliveira – As metáforas na
aquisição de português como língua estrangeira
17h40 às 18h
Gilmara dos Reis Ribeiro – Língua portuguesa como uma
língua estrangeira: reflexões de uma experiência com um
aluno indiano
18h às 18h30
COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Marcos dos Reis Batista
17h às 17h20
41
Quarta-feira
08 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
DEBATES – 8h30 às 10h30
8
REGIONALISMOS, TRANSFERÊNCIAS CULTURAIS E HIBRIDAÇÃO
LITERÁRIA NA FICÇÃO BRASILEIRA E LATINO-AMERICANA
Debatedores: Dra. Zilá Bernd, Dr. Mário Cezar Leite, Dr. José Edilson de Amorim
Mediador: Dr. José Guilherme dos Santos Fernandes
Local: Auditório Setorial Básico 1
A RENOVAÇÃO DO ENSINO DO PORTUGUÊS NO BRASIL:
AVANÇOS, OBSTÁCULOS E PERSPECTIVAS
Debatedores: Dra. Désirée Motta-Roth, Dr. José Carlos Chaves da Cunha,
e o Representante da Secretaria de Ensino Básico – MEC
Mediadora: Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa
Local: Auditório Setorial Básico 2
MESAS-REDONDAS – 8h30 às 10h30
Construção de novas identidades na América Latina
Dra. Laura Masello – Lenguas dominantes-lenguas dominadas en narrativas
identitárias latinoamericanas
Dra. Idalia Morejón Arnaiz – Nativos excéntricos: literatura cubana y
subversión de la nacionalidad
Dra. Elisabeth Baldwin – Guiana, Guianas, centro cultural da América Latina
Dr. Luís Heleno Montoril del Castilo – A construção de identidade na
literatura latino-americana da Amazônia
Coordenador da mesa: Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Local: Auditório de Filosofia (IFCH)
As faces de Artur Azevedo
Dra. Larissa de Oliveira Neves – Artur Azevedo e o teatro
Ms. Elen de Medeiros – Artur Azevedo e a defesa da nacionalidade:
a caminho do teatro brasileiro moderno
Ms. Tatiana Oliveira Siciliano – Artur Azevedo e os seus Contos ligeiros:
cotidiano e (in)fidelidade na Belle Époque fluminense
Coordenadora da mesa: Dra. Valéria Augusti
Local: Auditório do Pavilhão K
42
Programação do II CIELLA
08 / 04 / 2009
Quarta-feira
Questões Gramaticais em Línguas Indígenas
Dra. Walkíria Neiva Praça – De demonstrativos espaciais a partículas
de segunda posição: um caso de gramaticalização em Tapirapé
Dra. Marilia de Nazare de Oliveira Ferreira – Aspectos do sistema de
marcação de caso em Parkatêjê
Dra. Ana Vilacy Galucio – Causativização em Sakurabiat
Dra. Cristina Martins Fargetti / Dra. Carmen Lúcia Rodrigues –
Orações relativas em xipaya e juruna
Coordenadora da mesa: Dra. Alzerinda de Oliveira Braga
Local: Auditório do CAPACIT
Questões de Semântica, Pragmática e Cognição
Dr. Magdiel Medeiros Aragão Neto – Metáfora Regular e Translinguística
Dr. Kilpatrick Müller Bernardo Campelo – O estatuto conceitual e funcional
das proformas. Pronome: o protótipo das proformas
Dra. Elena Godoi / Ms. Sebastião Lourenço dos Santos – Análise da
interpretação de piadas: uma abordagem pragmática
Ms. João Carlos Alves dos Santos – Análise Semântica Latente: uma
introdução
Coordenadora da mesa: Dra. Maria Eulália Sobral Toscano
Local: Auditório da Reitoria
Dalcídio Jurandir: diversidade e adversidade na Amazônia
Dra. Marlí Tereza Furtado – Dalcídio Jurandir: a Amazônia na construção
de um projeto estético-ideológico
Dr. Paulo Jorge Martins Nunes – Dalcídio Jurandir, devaneios
panamazônicos: Cachoeira, a simbólica capital da República bolivariana
Dra. Josebel Akel Fares – A escola na Amazônia de Dalcídio Jurandir:
o professor moquém e outros mestres
Coordenadora da mesa: Dra. Elizabete de Lemos Vidal
Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC)
CONFERÊNCIAS – 11h às 12h30
AS OUTRAS MARGENS: LÍNGUAS E IDENTIDADES EM CONFRONTO
Conferencista: Dr. Patrick Dahlet
Auditório do Setorial Básico 2
43
Quarta-feira
08 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
MUDANÇA HISTÓRICA NA MARCAÇÃO DE PESSOA
NA FAMÍLIA CARIBE
Conferencista: Dr. Spike Gildea
Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC)
RELIGIÃO E MEDICINA POPULAR NA AMAZÔNIA:
A ETNOGRAFIA DE UM ROMANCE
Conferencista: Dr. Heraldo Maués
Local: Auditório Setorial Básico 1
SESSÕES DE COMUNICAÇÕES – 14h às 16h30
SESSÃO 31 (Sala Fb2)
Edwiges Conceição de Souza Fernandes – Filmes e
programas de TV na elaboração de material didático:
incentivo e motivação ao ensino-aprendizagem de
língua estrangeira
14h20 às 14h40 Nilton Varela Hitotuzi – Educação global através do
ensino de línguas
14h40 às 15h
Cleuma de Almeida Matos Nascimento – Motivação em
língua estrangeira através do gênero teatro
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Claudia Valeria França Vidal – Motivação e representação
cultural em um livro didático de inglês como língua
estrangeira
15h35 às 15h55 Margarete de Oliveira Santos Nogueira / Isabel Patrícia
Mercado de Faustino – De instrutor a educador – uma
abordagem multicultural
15h55 às 16h15 Luciana Martins Amoras – Ensino-aprendizagem a
distância
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Edwiges Conceição de Souza Fernandes
14h às 14h20
SESSÃO 32 (Sala Fb3)
14h às 14h20
44
Austria Rodrigues Brito – Os saberes construídos na
formação acadêmica/profissional e suas teceduras com a
prática docente: um olhar sobre as práticas de leitura
e escrita
Programação do II CIELLA
Alice Áurea Penteado Martha – Mercado editorial e
efeméride: Machado de Assis para crianças e jovens
14h20 às 14h40 Juliana Maia de Queiroz – A carteira de meu tio:
circulação, ficção e história
14h40 às 15h
Germana Maria Araújo Sales – O mapa do romance na
Belém do século XIX
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Alexandre Ranieri Ferreira – “Caminhos do romance”: o
valor dos romances brasileiros do século XIX na internet
15h35 às 15h55 Cláudio Augusto Carvalho Moura – Hipertexto literário:
uma experiência estética anterior à informática
15h55 às 16h15 Karina Chianca Venâncio – O poema e seu movimento
corporal
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Germana Maria Araújo Sales
14h às 14h20
SESSÃO 34 (Sala Gb1)
14h às 14h20
14h20 às 14h40
14h40 às 15h
15h às 15h15
Edilberto Cleutom dos Santos – Memória e oralidade no
romanceiro de Dona Militana
Elizabete de Lemos Vidal – Nas pegadas de Ulisses, Marajó,
minha vida: retorno da memória pelo caminho das águas
Carlos André Pinheiro – As marcas da tradição oral na
poesia de Zilá Mamede
COMENTÁRIOS
45
Quarta-feira
SESSÃO 33 (Sala Fb4)
08 / 04 / 2009
Herciliza Maria Celso de Castro – Disciplina Pedagógica
como ferramenta para a formação específica (leitura e
produção textual) do professor de língua materna
14h40 às 15h
Maria de Fátima Ribeiro da Rocha – Professores e suas
provas: concepções de letramento na formação de professor
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Ronaldo Barros Ripardo – Por que o professor de
matemática precisa saber produzir textos?
15h35 às 15h55 Gilmar Ferreira de Souza Filho – O ensino de Língua
Portuguesa para alunos com surdez: uma proposta inclusiva
Coordenadora da sessão: Ms. Austria Rodrigues Brito
14h20 às 14h40
Quarta-feira
08 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
Rodrigo Márcio Gomes Monteiro – Valorização da cultura
mazaganense: origem e simbologia da dança do sairé no
distrito do Carvão
15h35 às 15h55 Ricardo Postal – Do povo ao palco: Malazarte de Mário de
Andrade
15h55 às 16h15 Riovaldo Maia Barroso – Barracas de ervas do Ver-o-Peso:
práticas de magia ou crença popular
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Elizabete de Lemos Vidal
15h15 às 15h35
SESSÃO 35 (Sala Gb2)
Daiana Nascimento dos Santos – A foice e o martelo na
escrita de Jorge Amado
14h20 às 14h40 Manoel Freire Rodrigues – O imaginário popular nas
crônicas de Lima Barreto
14h40 às 15h
Thales Branche Paes de Mendonça – ...e foi quando
Shakespeare caiu no boi-bumbá: no limiar entre arte e
cultura popular
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Carmen Izabel Rodrigues – Hortência: natureza, desvio e
diferença em um romance amazônico
15h35 às 15h55 Marcelo Vieira da Silva Dias – Rio de raivas: literatura,
história e paródia em Haroldo Maranhão
15h55 às 16h15 Lívia Sousa da Cunha – A representação histórica e social
no conto O rebelde, de Inglês de Souza: relação entre o
fantástico e o maravilhoso
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Marcelo Vieira da Silva Dias
14h às 14h20
SESSÃO 36 (Sala Gb3)
14h às 14h20
14h20 às 14h40
14h40 às 15h
15h às 15h15
15h15 às 15h35
46
Evaneide Araújo da Silva – O realismo de Memórias de
um sargento de milícias
Maria Rita Santos – Marcas de ironia no Jornal de Timon,
de João Lisboa
Johann Raphael Gomes Guimarães – O “espelho”:
a dúvida como método
COMENTÁRIOS
Antonia Marly M. da Silva – Identidade e transgressão
no romance Em liberdade, de Silviano Santiago
Programação do II CIELLA
08 / 04 / 2009
Everton Luís Farias Teixeira – A lógica dos nomes:
pessoa, indivíduo e a antropologia da literatura em
Guimarães Rosa
15h55 às 16h15 Brenda de Sena Maués – “A volta do marido pródigo” e
as narrativas greco-romanas e judaico-cristãs
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. Everton Luís Farias Teixeira
15h35 às 15h55
Quarta-feira
SESSÃO 37 (Sala Gb4)
João Costa Gouveia Neto – Vivências musicais relatadas
nos romances Vencidos e degenerados, de Nascimento
Moraes, e O mulato, de Aluízio Azevedo, na São Luís do
final do século XIX
14h20 às 14h40 Junia Regina de Farias Barreto – Victor Hugo e Gama
Malcher: a saga do Bug-Jargal: da literatura à ópera
14h40 às 15h
Rodrigo de Albuquerque Marques – Poesia brasileira e
música atonal
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Maria Stella Faciola Pessôa Guimarães – Chico Buarque
queria ser Guimarães Rosa
15h35 às 15h55 Christophe Golder – O tradutor entre o som e a imagem
15h55 às 16h15 Melissa da Costa Alencar – A visualidade na obra de Max
Martins
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Dr. Christophe Golder
14h às 14h20
SESSÃO 38 (Sala Hb2)
14h às 14h20
14h20 às 14h40
14h40 às 15h
15h às 15h15
15h15 às 15h35
15h35 às 15h55
Marcos Vinícius Scheffel – Às margens do jornal, às
margens do diário
Denise Santos de Figueiredo – Ficção e documentalidade
em À margem da história, de Euclides da Cunha
Danilo de Oliveira Nascimento – A crítica diletante e
militante de Raul Pompéia
COMENTÁRIOS
Elielson de Souza Figueiredo – Considerações sobre
a poética de Max Martins
Lilia Silvestre Chaves – Dulcinéia Paraense, Ruy Barata e
Manuel Bandeira: gestos e raízes
47
Quarta-feira
08 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
José Denis de Oliveira Bezerra – Memórias cênicas:
poéticas teatrais na Amazônia paraense
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Lilia Silvestre Chaves
15h55 às 16h15
SESSÃO 39 (Sala Hb3)
Renata Ferrreira Rios – Estratégias discursivo-interacionais
em interação de compra x venda em feira de Palmas-TO
14h20 às 14h40 Patrícia de Castro Joubert – A hesitação e a construção
de imagem no gênero entrevista
14h40 às 15h
Suzana Pinto do Espírito Santo – As marcas da presença
do locutor no texto falado: um caso de parentização
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Paulo Leôncio da Silva – Sistemas lexicogramaticais,
macrofunção relacional e metafunção interpessoal:
interação social desativada no texto científico
15h35 às 15h55 Candida Jamile dos A. do Rosário – O estudo da modalidade
na interação professor x aluno em um contexto universitário
15h55 às 16h15 Rita de Cássia Macedo Leal / Eunice Braga Pereira /
Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva – Estratégias de
(im)polidez: o caso de uma reunião de professores
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Renata Ferreira Dias
14h às 14h20
SESSÃO 40 (Sala Hb4)
14h às 14h20
14h20 às 14h40
14h40 às 15h
15h às 15h15
15h15 às 15h35
15h35 às 15h55
48
Teresa Cristina Nascimento – O ensino de língua portuguesa e o desenvolvimento de competências e habilidades
Jordana Tavares Silveira – Práticas de ensino e produção
de textos escritos na 8ª série do Ensino Fundamental:
o Quadro Europeu Comum de Referência como ferramenta
Patrícia Sousa Almeida – A escrita que se ensina –
o trabalho docente em uma turma de alfabetização
COMENTÁRIOS
Débora Cristina do Nascimento Ferreira – Aula de
português no Ensino Médio: o processo de construção de
objetos gramaticais no trabalho docente
Bruno Sousa dos Santos – Ensino-aprendizagem da língua
portuguesa no Ensino Fundamental: da marginalidade à
cidadania
Programação do II CIELLA
Jorge Domingues Lopes – A inter-relação do ensinoaprendizagem de FLE e a exploração didática da literatura
14h20 às 14h40 Gabriela Delia Leighton – La interpretación, el mapeo pragmático y la connotación en la enseñanza de Español como
lengua 2da. y extranjera en zonas de vulnerabilidad social
14h40 às 15h
Rosamaria Reo Pereira – Adaptações de contos literários
nas aulas de inglês
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Raimundo Nonato de Oliveira Falabelo – A leitura
literária como acontecimento interdiscursivo entre jovens:
práticas teórico-metodológicas em sala de aula
15h35 às 15h55 Maria do Perpétuo Socorro Dias Pastana – Pensando a
poesia na Escola
15h55 às 16h15 Nelivaldo Cardoso Santana – Atividade de compreensão com
poemas no livro didático de 5a série do Ensino Fundamental
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenador da sessão: Ms. Jorge Domingues Lopes
14h às 14h20
SESSÃO 42 (Sala Hb6)
14h às 14h20
14h20 às 14h40
14h40 às 15h
15h às 15h15
15h15 às 15h35
15h35 às 15h55
Maria Helena Rodrigues Chaves – O gênero seminário
escolar: ser ou não ser um objeto de ensino? Eis a questão...
Luís de Nazaré V. Valente – O oral também se ensina: modos
de ensino e apropriação do gênero exposição oral na escola
Jane Miranda Alves – A seleção de informações e o
tratamento dos temas no discurso dos alunos da 3ª série do
ensino fundamental
COMENTÁRIOS
Paula de Carvalho Ferreira – Oralidade e escrita em
contextos diversos
Rita de Nazareth Souza Bentes – O trabalho docente:
as atitudes ético-discursivas e os instrumentos didáticos
do professor face ao objeto de ensino
49
Quarta-feira
SESSÃO 41 (Sala Hb5)
08 / 04 / 2009
Jacqueline Jorente – O exercício com léxico em sala de aula:
uma reflexão enunciativa
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Débora Cristina do Nascimento Ferreira
15h55 às 16h15
08 / 04 / 2009
15h55 às 16h15
Quarta-feira
Programação do II CIELLA
SESSÃO 43 (Sala Lb1)
Karina Figueiredo Gaya – Produção Oral em Aulas de
Português como Língua Estrangeira (PLE) – Preparação
para o exame de Proficiência CELPE-Bras
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Ms. Maria Helena Rodrigues Chaves
Stella Virginia Telles de Araujo Pereira Lima –
Nasalidade em Latundê e Lakondê
14h20 às 14h40 Gessiane Picanço – Consoantes parcialmente nasalizadas
em línguas Tupi
14h40 às 15h
Cláudio André C. Couto – Estudo preliminar da Fonologia
da língua dos índios Jamináwa (Pano) do Igarapé Preto
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Nayara da Silva Camargo – Aspectos Fonológicos da
língua Tapajúna-Goronã
15h35 às 15h55 Elissandra Barros da Silva – Palatalização de /d/ em Kuruaya
15h55 às 16h15 Ana Carolina Ferreira Alves – Análise acústica das vogais
nasais de Sakurabiat
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Gessiane Picanço
14h às 14h20
SESSÃO 44 (Sala Lb2)
14h às 14h20
14h20 às 14h40
14h40 às 15h
15h às 15h15
15h15 às 15h35
15h35 às 15h55
15h55 às 16h15
50
Telma Domingues da Silva – Divulgação científica e
meio ambiente: o sujeito do uso e o sujeito do manejo
Fátima Cristina da Costa Pessoa – A forma de
organização informacional e tópica em periódicos
empresariais
Paulo da Silva Lima – O processo argumentativo/
discursivo em editoriais
COMENTÁRIOS
Dylia Lysardo-Dias – Citações de cultura: um estudo das
representações na mídia
José Carlos Gonçalves – Representações da doença e
percepções do serviço na interação profissional-cliente
Gustavo Biasoli Alves – Memória e projetos políticos:
os Conselhos Gestores Municipais: História e contexto na
tríplice fronteira
Programação do II CIELLA
08 / 04 / 2009
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa
SESSÃO 45 (Sala Ib1)
LANÇAMENTO DE LIVROS – 17h às 18h
(ver páginas 52-53)
ENCERRAMENTO – 18h
COM PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA
Local: Espaço de lazer “Vadião” – UFPA (na beira do rio Guamá)
51
Quarta-feira
Rosana Rodrigues Almeida – Estudo etnotoponímico e
histórico do município de Dianopólis
14h20 às 14h40 Luiz Eduardo Neves dos Santos – A Toponímia
Ludovicense: os logradouros centrais e sua identidade
14h40 às 15h
Genésio Seixas Souza – Aspectos toponímicos em Notícia
do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa
15h às 15h15
COMENTÁRIOS
15h15 às 15h35 Zuleide Ferreira Filgueiras – A presença da identidade
italiana na antropotoponímia de Belo Horizonte
15h35 às 15h55 Rosana Ferreira Alves – Análise de obra lexicográfica:
aspectos linguísticos – texto crítico – glossário
15h55 às 16h15 Elias Mendes Gomes – Proposta para a elaboração de um
compreensivo léxico de verbos árabe-portugueses
16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS
Coordenadora da sessão: Zuleide Ferreira Filgueiras
14h às 14h20
08 / 04 / 2009
Programação do II CIELLA
Quarta-feira
INTERCÂMBIOS BRASIL QUÉBEC:
CIRCULAÇÃO DE SABERES
Claudio Cledson Novaes / Lícia Soares de Sousa (orgs.)
Local: Sala Hb3
VEM DO BAIRRO DO JURUNAS:
SOCIABILIDADE E CONSTRUÇÃO
DE IDENTIDADES EM ESPAÇO URBANO
Carmem Izabel Rodrigues
Local: Sala Hb2
L’AMOUR EN ÉCHEC:
LYRISME ET MÉLANCOLIE CHEZ GUILLAUME
APOLLINAIRE ET VINICIUS DE MORAES
Karina Chianca Venâncio
Local: Sala Gb1
LINHA LITERÁRIA:
COLETÂNEA DE TEXTOS DO MULTICAMPIARTES
Jorge Domingues Lopes (org.)
Local: Sala Hb6
52
Programação do II CIELLA
08 / 04 / 2009
Quarta-feira
LE TESTAMENT DU PEUPLE DES ARBRES.
O TESTAMENTO DO POVO DAS ÁRVORES
Rosalina Maria Sales Chianca
Local: Sala Gb2
L´INTERCULTUREL :
DECOUVERTE DE SOI MEME ET DE L´AUTRE
Rosalina Maria Sales Chianca
Local: Sala Gb2
O POP:
LITERATURA, MÍDIA E OUTRAS ARTES
Décio Torres Cruz
Local: Sala Hb4
INTERAÇÃO, CONTEXTO E IDENTIDADE
José Carlos Gonçalves
Local: Sala Hb5
53
FOTO: Myriam Crestian Cunha
Vitórias-régias no Museu Paraense Emílio Goeldi – Belém-PA
Resumos
O conteúdo e a redação dos resumos deste livro são de inteira
responsabilidade de seus respectivos autores.
Eventuais modificações dos textos originais devem-se unicamente à
necessidade de adequação técnica da publicação.
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Abilio Pacheco de Souza
ASPECTOS DE RESISTÊNCIA, RELAÇÕES FAMILIARES E RELAÇÕES DE
PODER EM VERDES ANOS
Resumo: A partir do texto de Luiz Fernando Emediato, Verdes Anos, e tendo por
base aspectos do Novo Historicismo e pressupostos da Análise do Discurso, em
especial no que tange as relações de poder, pretende-se discutir o vínculo entre a
produção literária e a história brasileira recente, colocando em destaque o impacto
da imigração interna e a influência dos atos do poder público (militar) nas relações
familiares, bem como aspectos de resistência na (con)vivência do protagonista sob
o poder autoritário.
Palavras-chave: Novo Historicismo; Análise do Discurso; relações de poder;
resistência política.
Adna Candido de Paula
PAUL RICOEUR, MICHAEL RIFFATERRE E GÉRARD GENETTE:
CONSI-DERAÇÕES ACERCA DO DUPLO REGIME DO OBJETO LITERÁRIO
Resumo: O projeto institucional Teoria Literária em Foco: uma Investigação
Epistemológica dos Processos Hermenêuticos está sendo desenvolvido, sob
minha coordenação, na Universidade Federal da Grande Dourados. Com base nas
pesquisas já realizadas e considerando a importância da construção de uma rede
dialógica entre as teorias literárias, esta comunicação tem por objetivo apresentar
a articulação entre os pressupostos teóricos de três autores: Paul Ricoeur, com suas
proposições hermenêuticas do conflito das interpretações e da dialética entre explicar
e compreender; Michael Riffaterre, com sua defesa do sentido da explicação dos
fatos literários, e Gérard Genette, com sua distinção entre os modos de existência da
arte – os regimes de imanência e os modos de transcendência.
Palavras-chave: Teoria Literária; Hermenêutica; Epistemologia.
Adriana Alves de Oliveira
A TRANSPOSIÇÃO DE GÊNEROS EM SITUAÇÃO DE TRABALHO:
UMA REFLEXÃO SOBRE OS FENÔMENOS LINGUISTICOS
RECORRENTES NAS REVISTAS NATURA
Resumo: As pesquisas linguísticas atuais consideram a linguagem uma forma de
interação e reconhecem que é também por meio dela que os sujeitos produzem o
contexto histórico, social, cultural e ideológico no qual estão inseridos. Bakhtin
afirma que os enunciados são acontecimentos concretos e únicos que emergem
de uma dada esfera da atividade humana e refletem as condições específicas e
as finalidades desta esfera na qual foram produzidos. Os estudos realizados pelo
filósofo e seu círculo muito têm contribuído em diversas pesquisas, em várias áreas
de conhecimento. Dentre essas áreas, encontra-se a Análise do discurso de linha
francesa, que tem por objetivo associar o linguístico às suas condições de produção.
Este trabalho consiste em investigar o uso da linguagem e seu funcionamento no
contexto do trabalho, considerando seus aspectos históricos e sociais, o que implica
dizer que busca elementos que caracterizam e individualizam os escritos nesse meio
social. A adoção dessa perspectiva permite que o corpus seja analisado como uma
atividade enunciativa ligada a gêneros de discurso. A análise das Revistas Natura
56
Resumos de trabalhos
surge como significativo para análise, uma vez que a empresa não apresenta mais
apenas os catálogos de vendas, mudando, assim, o suporte nesse tipo de situação de
trabalho. A Revista Natura é uma ferramenta estratégica de comunicação da empresa
com suas promotoras, consultoras e consumidores da marca. A publicação tem
sempre um tema central e trazem diversos gêneros de discurso, tais como: matérias,
entrevistas, cartas, serviços e produtos da marca, além das principais crenças e
valores da empresa.
Palavras-chave: Análise do discurso; gênero do discurso; Revista Natura.
Adriana Gerlandia Ferreira
O DESPERTAR PARA O SI MESMO E PARA O OUTRO NO CONTO AMOR,
DE CLARICE LISPECTOR
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar a construção da identidade feminina
no conto Amor, integrante de Laços de Família, de Clarice Lispector, destacando
o processo de conhecimento de si mesmo e do outro experimentados por Ana, a
personagem central da história. Ao longo de toda a narrativa, é bastante visível
o estado de estranhamento vivenciado pela figura feminina e o despertar mágico
para o auto-conhecimento. No conto, a personagem encena um momento de êxtase
decorrente de seu despertar para si mesma e para a vida. Nessa perspectiva, com a
finalidade de perceber o caráter dual que marca a caracterização da mulher na obra
clariciana, bem como o modo de configuração desse despertar, é que esse estudo se
lança à análise da ação da personagem e do espaço – a casa e a rua – por entendermos
que esses elementos funcionam como eixos condutores para a compreensão do
conteúdo narrado. Tomaremos como referência os conceitos de narcisismo e de
estranhamento formulados por Freud, além da significação contida na metáfora do
duplo. Vale destacar que no conto, o cego, é o desencadeador de todo o processo de
estranhamento e de autorreconhecimento de uma realidade nunca antes percebida e
da inserção da mulher em um novo mundo, emblematizado na imagem do Jardim
Botânico. As responsabilidades domésticas, o cuidado com os filhos e o cotidiano
representam um mundo que começa a se romper no ato metafórico de quebrar os ovos.
Palavras-chave: duplo; estranhamento; identidade.
Afrânio Gurgel de Lucena
O MITO DO AMOR MEDIEVAL EM O GUARANI
Resumo: Apresentamos uma análise do texto literário que contempla a constituição
mítica da personagem feminina. Em O Guarani (1857), de José de Alencar,
observamos Cecília como uma adaptação “estática” de uma jovem senhora medieval,
nesta, encontraremos os vestígios do mito medieval do amor como fonte temática
que equilibra as personagens opostas. Para apoio teórico, temos: Moisés (20042005), com mythos e as demarcações e relações das personagens planas e redondas;
Spalding (1973) e Brunel (1988), as dicionarizações temáticas; Samuel (2000), a
literariedade mítica de um povo; Candido (2000-2002) e Coutinho (1988-2004), a
gênese literária e o romantismo brasileiro. Assim sendo, compreendemos que há
uma contextualização de temáticas da Idade Média (amor cortês/amor servil e outras
características) na composição do romance indianista.
Palavras-chave: mito; adaptação; personagem feminino.
57
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Alan Douglas Moura dos Santos
O PAPEL DO INTELECTUAL EM CALIBAN, DE FERNANDEZ RETAMAR
Resumo: Retamar vê em Caliban o símbolo ideal para representar a América Latina,
levando em consideração a própria metáfora de A tempestade, que representaria
o processo colonizatório da América. “Nosso símbolo, então, não é Ariel, como
pensou Rodó, mas Caliban” (RETAMAR, 1988, p.29). Caliban é o nativo colonizado
oprimido e escravizado pelo colonizador europeu, que luta agora para construir sua
identidade e manifestar-se de forma mais independente em relação ao colonizador.
Assim, o trabalho em questão visa refletir sobre como Retamar em seu ensaio,
Caliban, vê a identidade latino-americana, e como essa identidade é influênciada
pelo domínio norte-americano. Além de repensar toda a história latino-americana,
agora não mais a partir do colonizador, mas a partir da raízes da nação.
Palavras-chave: Identidade; pós-colonial; Caliban.
Alan Victor Flor da Silva
A PRODUÇÃO DE MARQUES DE CARVALHO NA PROVÍNCIA DO PARÁ
Resumo: O escritor e jornalista paraense João Marques de Carvalho (1866 – 1910)
é conhecido, principalmente por ter ajudado a fundar, no ano de 1900, a Academia
Paraense de Letras e por sua obra Hortência, publicada no ano de 1888, cujo enredo
narra o incesto entre dois irmãos. No entanto, pouco foi divulgado a respeito do seu
trabalho nos periódicos de Belém. O autor foi colaborador em vários jornais como,
por exemplo, A Província do Pará, na qual foi autor dos contos A cereja, A comédia
do amor e Que bom marido! e do romance A leviana: História de um coração, além
de publicar outros gêneros. O objetivo deste trabalho, por conseguinte, é apresentar
e analisar as peculiaridades da estrutura narrativa das obras do escritor paraense
presentes nos periódicos A Província do Pará, a fim de divulgar o seu trabalho nos
jornais que circularam pela capital paraense no século XIX. Vale ressaltar que os
gêneros conto e romance são definidos pelo próprio autor, uma vez que a definição
de tais gêneros, no século XIX, não estava bem delimitada. Este trabalho é resultado
do projeto Lendo o Pará: a publicação do Romance-folhetim nos jornais de Belém
do Pará na segunda metade do século XIX (1850-1900) (UFPA/CNPq), coordenado
pela Profa. Dra. Germana Maria Araújo Sales.
Palavras-chave: Marques de Carvalho; contos; romance; periódicos; análise narrativa.
Alan Victor Flor da Silva / Kelly Andresa Leite Souza /
Tayana Andreza de Sousa Barbosa
O JOGO DISCURSIVO NO JOGO DE CARTAS:
O RESGATE DE ANTIGAS TRADIÇÕES NA PÓS-MODERNIDADE
Resumo: O homem pós-moderno, em meio a tantas contradições e conflitos, sentese desorientado, sem rumo, sem referência, por conseguinte, procura no jogo de
cartas de baralho, assim como em outras práticas, um porto seguro onde possa se
apoiar para não se sentir naufragando junto ao mundo no qual está inserido, devido
à inconstância emocional, psicológica e ideológica – características surgidas na pósmodernidade –, que moldam o ser humano como um sujeito angustiado, permeado
de incertezas, inseguro de si mesmo e do mundo que o cerca. Alvo de uma procura
constante, porque o homem sempre teve curiosidade em conhecer o seu futuro e
58
Resumos de trabalhos
ter consciência das melhores opções que lhe avizinham, a cartomancia não tende a
desaparecer, mas a expandir-se, como, aliás, todo tipo de oráculo, pois o acesso à
informação é cada vez maior e as publicações disponíveis no mercado são igualmente
crescentes. Este trabalho, por conseguinte, tem a pretensão de fazer um estudo sobre
a construção discursiva entre indivíduos praticantes da cartomancia e as pessoas
que buscam seus serviços, dando ênfase aos traços de identidade pós-moderna
presentes nessa relação, de tal modo que se tomará como base teórica a perspectiva
enunciativa de Bakhtin (1997), expondo de maneira sucinta noções vinculadas a
ela. Convém ressaltar que não se objetiva provar se a cartomancia é uma prática
cientificamente comprovada, mas apontar o jogo discursivo existente nesse processo
de “negociação” discursiva e os fatores que levam o homem pós-moderno a utilizar
esse serviço, mesmo sendo este de tradição antiga.
Palavras-chave: Discurso; cartomantes; pós-modernidade; dialogismo; identidade.
Alcione Corrêa Alves
ANÁLISE DA OBRA EL REINO DE ESTE MUNDO,
DE ALEJO CARPENTIER, SOB A PERSPECTIVA DAS FORMAS
DE MOBILIDADE PRÓPRIAS DA RESISTÊNCIA AO PODER
Resumo: Ao propor uma análise da obra El reino de este mundo (1949), cabe
ressaltar que este trabalho não visa ao estudo de quaisquer aspectos concernentes
ao real maravilhoso, categoria a qual Alejo Carpentier é amiúde associado e acerca
da qual inúmeras pesquisas têm sido consagradas. Esta proposta mostra-se afim ao
subtema Literatura, diferenças culturais e relações de poder, visto que se atém a
um episódio do romance supracitado – o envenenamento da comida dos senhores
pelos escravos lotados na cozinha das fazendas – a partir da metáfora do panóptico,
segundo leituras da Microfísica do poder e da quarta conferência de A verdade e as
formas jurídicas, de Michel Foucault. A hipótese norteadora aposta na interpretação
do envenenamento, do gado e da comida dos senhores, como uma forma de
resistência móvel dos escravos ao poder imposto pelos colonizadores sob a forma
do estabelecimento de não-lugares aos escravos ou, dito de outro modo, através do
estabelecimento de lugares panópticos aos escravos – como, por exemplo, a senzala,
o pastoreio e a cozinha. O processo de apropriação e significação da cozinha,
de tal modo que esta aceda à condição de lugar provido de identidade, história e
relação (Augé), é interpretado como ato de resistência ao poder instituído, enquanto
insubmissão ao estabelecimento de lugares e, portanto, insubmissão a práticas de
dominação do espaço pelos colonizadores.
Palavras-chave: poder; mobilidade cultural; lugar.
Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues
MACUNAÍMA: A OBRA FÍLMICA E SEU CARÁTER PARODÍSTICO
EM RELAÇÃO À OBRA LITERÁRIA
Resumo: Este artigo tem como objetivo fundamental comparar dois corpora −
Macunaíma herói sem nenhum caráter (1928), romance de Mário de Andrade, e o
filme Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade − considerando a relação
entre os objetos artísticos de forma não hierárquica. A película seria um tipo de paródia
do romance-rapsódia, ele mesmo sendo já um tipo de paródia. Tal releitura é uma
59
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
tradução intersemiótica que pressupõe uma revalorização do romance em decorrência
das atualizações presentes no filme. Em decorrência desse fato, o filme não é uma
obra menor que o livro, pelo contrário, pois sua linguagem híbrida permite incorporar
valores de outras artes. Neste caso, a música: o Tropicalismo − um movimento musical
brasileiro dos anos de 1960, que influenciou o cinema do país. A ‘intertextualidade das
diferenças’ é um conceito útil usado por nós nesta análise. O Modernismo (o livro)
e o Tropicalismo (o filme) mantêm um diálogo construtivo, principalmente quando
pintam a realidade brasileira com cores carnavalescas. Macunaíma é, por isso, um
herói trapaceiro, do povo, sem caráter por não ter caráter distintivo, não um mau
caráter. Às vezes, dentro da narrativa, ele vence; outras, perde. Mas continua lutando
contra o capitalista, Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, devorador de gente. E
especificamente, no filme, o herói ainda tem que enfrentar a ira reacionária do golpe
militar de 1964, quando é chamado de subversivo porque simplesmente diz em praça
pública “Pouca saúde e muita saúva/ Os males do Brasil são”.
Palavras-chave: Macunaíma; paródia; Modernismo; Tropicalismo.
Aldo José Barbosa
O PIONEIRISMO CRÍTICO DE TEREZA FITE
Resumo: Em sua Dissertação de Mestrado, intitulada As articulações do lúdico
em ‘O recado do morro’ de João Guimarães Rosa, de 1973, Tereza Fite debate
a respeito do lúdico neste conto. Ela é uma das pioneiras a fazer um trabalho de
fôlego sobre a obra. Segundo Fite, a personagem central, Pedro Orósio, tem que
juntar os elementos da cantiga, como se fosse um jogo para conseguir decifrar seu
destino, e o leitor, fazendo o papel de um jogador, tem que juntar cada peça do
recado, como se fosse um enigma ou um quebra-cabeça do tipo “o que é, o que é?”,
como é ressaltado no estudo de Maurice Capovilla (1964). A pesquisadora busca
relacionar as fases, no decorrer da narrativa, com as etapas de um jogo de cartas
chamado truco. Conforme suas palavras, a atividade literária “é, então, experiência
lúdica tanto para o autor quanto para o leitor; escrever e ler apresentam o desafio e
tensão, o divertimento e responsabilidade em trabalhar a palavra” (FITE, 1973, p.
47), segundo esse argumento, após passar por várias rodadas do jogo literário, Pedro
consegue apreender o significado de O recado do morro, o que se dá por meio de
uma canção composta pelo poeta Laudelim, intérprete do discurso da natureza.
Palavras-chave: Experiência lúdica; O recado do morro; Tereza Fite.
Alegna Thallita Silva Nunes
O ENSINO DOS GÊNEROS NAS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO MÉDIA
Resumo: Este trabalho investigou as práticas de ensino de três professoras do Ensino
Médio de uma escola pública de Belém, para saber se utilizam a prática de ensino
dos gêneros no ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa. Para essa pesquisa foi
aplicado um questionário, a fim de investigar as atividades com os textos. Com o
intuito de verificar a adequação dessas atividades ao ensino dos gêneros, foram
analisados os materiais usados por duas semanas em cada série do Ensino Médio. A
abordagem teórica dos gêneros baseou-se na visão de Michail Bakhtin, estudada em
fontes como Rojo (2005),Gomes-Santos (2003), Travaglia (2007), Dolz e Schneuwly
(em Rojo e Cordeiro, 2004). Também tomaram-se como referência os Parâmetros
60
Resumos de trabalhos
Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (Brasil,1998). Conforme os estudos de
Bakhtin (apud Rojo 2004) os gêneros são caracterizados por três elementos: conteúdo
temático, estilo e construção composicional. Travaglia (2007) acrescenta objetivos
e funções comunicativas, características da superfície linguística, condições de
produção e suporte que estão diretamente ligados a sociedade, sujeito, ideologia e
língua. O ensino baseado nas tipologias textuais toma o texto como instrumento de
uso para a interpretação textual e aplicação do conteúdo programático referente às
normas gramaticais. O ensino dos gêneros toma o texto como objeto de ensino da
linguagem em seu uso social. Após a pesquisa sobre o tema, constatamos que há
indícios do ensino dos gêneros, demonstrando fazer, as professoras, uma tentativa
de aproximação desse ensino.
Palavras-chave: gênero; ensino; texto; linguagem.
Alessandra Carlos Costa Grangeiro
O SOM E A FÚRIA: IDENTIDADE, TEMPO E HISTÓRIA
Resumo: Este artigo apresentará uma discussão acerca das relações existentes entre
identidade, tempo e história. Essa discussão se dará a partir da leitura de uma obra
literária: O Som e a Fúria, de William Faulkner. Esse estudo parte do pressuposto
de que estudos sobre o tempo sempre desencadeiam uma aporia, visto que o tempo,
como ser, é um fato, mas não possui legitimação teórica; entretanto, o tempo como
aparecer é justificável teoricamente, é utilizável e é operacional. A obra literária, nesse
contexto, será vista como uma possibilidade de solução para a aporia do tempo. Ela é
o espaço em que o tempo se configura, aparece, e, por isso, também é o espaço em que
é possível apreender as mudanças do mundo humano, interesse básico da história,
e a reelaboração constante dos processos identitários, que mantêm uma relação
com a temporalidade e com o outro. Nesse sentido, as interpretações objetivistas e
subjetivistas do tempo aparecerão de forma justaposta. Sendo assim, essas questões
serão abordadas numa perspectiva interdisciplinar, visto que percepção dessa obra
lançará olhares sobre a história, a literatura, a física, a sociologia e a antropologia. A
leitura desse romance nos demonstrará o alcance do processo de ficcionalização de
Faulkner: ascensão e queda da aristocracia do sul dos EUA. Esse percurso será feito,
a partir, inicialmente, das considerações de Ian Watt acerca da ascensão do romance,
especialmente no que diz respeito à questão do tempo. Posteriormente, discorreremos
sobre o ser do tempo e apontaremos a relação das técnicas modernistas, utilizadas por
Faulkner, com o contexto histórico norte-americano.
Palavras-chave: técnicas narrativas modernistas; história; tempo; identidade;
interdisciplinaridade; Faulkner.
Alessandra Greyce Gaia Pamplona
REVISTA AMAZÔNICA: A CONCRETIZAÇÃO DE UM PROJETO PERIODÍSTICO
Resumo: A produção realizada por José Veríssimo, em Belém do Pará, nas décadas de
70 e 80 do século XIX, foi marcada por momentos distintos, a começar pela apresentação
de temáticas relacionadas à cultura da sociedade brasileira, de maneira geral. Com esse
propósito, esse escritor paraense – conhecido no cenário nacional pela sua atividade
crítico-literária, define-se na Revista Amazônica – periódico por ele fundado, em 1883
– com um novo perfil intelectual, aquele cujo projeto periodístico estava maturado
61
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
estudos de ordem amazônida. Qual reseau de homens e de temas estaria montado por
trás da então vislumbrada Região de natureza exuberante dos oitocentos é um dos
objetivos a que me proponho discutir nesta sessão de comunicação, resultado de um
capítulo de minha dissertação de mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação
em Letras da Universidade Federal do Pará.
Palavras-chave: Século XIX; José Veríssimo; Revista Amazônica.
Alessandra Pantoja Paes
BIBLIOTECAS PRIVADAS DAS ELITES PARAENSES (1870-1890)
Resumo: O estudo de bibliotecas privadas tornou-se, no século XX, objeto de
interesse de historiadores e de críticos literários dedicados ao campo de pesquisa
da história do livro e da leitura. Tanto na Europa quanto no Brasil, investigações
têm demonstrado que a análise das obras que compõe esse tipo de biblioteca
muitas vezes fornece pistas para compreender mentalidades pessoais ou coletivas,
bem como ações dos homens no espaço público, já que via de regra as leituras são
formadoras de crenças, orientando escolhas e tomadas de decisões. Tendo isto em
vista, o presente trabalho objetiva apresentar os resultados parciais do projeto de
pesquisa Bibliotecas privadas das elites paraenses (1870-1890), que tem como
fontes primárias inventários e testamentos post mortem.
Palavras-chave: história do livro e da leitura; bibliotecas privadas; inventários;
testamentos post mortem.
Alex Dax de Sopusa / Natasha de Queiroz Almeida
A MEMÓRIA E TRADIÇÃO AMAZÔNICA NA COMPOSIÇÃO
DAS NARRATIVAS DO ACERVO IFNOPAP
Resumo: Contar histórias é o meio pelo qual as pessoas passam de geração em
geração seus hábitos, crenças, costumes e comportamentos, sendo assim a mais
antiga de todas as artes. No entanto, é importante ressaltar que na tradição oral existe
a tendência de muitas histórias se perderem com o passar do tempo. Nesse contexto,
surgiu o projeto IFNOPAP, o qual busca o resgate da valorização da memória e da
tradição amazônica paraense por meio de um de trabalho de coleta de narrativas
orais populares que, atualmente, estão no formato digital, em virtude da necessidade
de preservação deste rico material de pesquisa. Nestes tempos, no acervo IFNOPAP
tem se desenvolvido um trabalho de classificação das narrativas catalogadas, em
temáticas e tipologia. A impressionante diversidade temática das narrativas tem
somado a pesquisa e o interesse acadêmico nesta área ainda em expansão e reflete
traços marcantes e marcados da memória e tradição do amazônida paraense. Para tanto,
alguns temas merecem destaque: narrativas de enterro, bestialidade, preconceito,
drama familiar, mistério, sobrenatural, seres da floresta (curupira, matinta perera),
seres do rio (boto, cobra grande). Dentre os seguintes tipos: lendas, fábulas, conto,
canção, piadas, ditos, parábolas. Este trabalho de classificação narrativa potencializa
os estudos em função de produção de um texto sobre memória, tema ou tradição
amazônicas, viabilizando o acesso a este material tão rico e diverso, de forma
organizada e sistemática.
Palavras-chave: tradição oral; memória e tradição amazônica; narrativas orais;
temáticas e tipologia.
62
Resumos de trabalhos
Alexandre Ranieri Ferreira
CAMINHOS DO ROMANCE: O VALOR DOS ROMANCES BRASILEIROS DO
SÉCULO XIX NA INTERNET
Resumo: O presente estudo procura fazer uma análise, com base em conceitos de
valor literário, dos romances do século XIX na Internet, levando em consideração
a incidência desses romances em bibliotecas digitais e observando a com maior
atenção o site Caminhos do Romance, cujo acervo destaca-se por um juízo de valor
diferenciado: romances esquecidos do grande público, em sua maioria.
Palavras-chave: Romance; Internet; Bibliotecas Digitais; Valor.
Alice Áurea Penteado Martha
LEITURAS NA PRISÃO: COERÊNCIA NO CAOS
Resumo: Neste texto, relatamos resultados de pesquisa desenvolvida na Penitenciária
Estadual de Maringá, de 2006 a 2008, com a realização do Projeto Literatura, leitura
e escrita: a ressignificação da identidade por indivíduos em situação de exclusão
social, coordenado pela autora deste texto e pela Dra. Marilurdes Zanini (UEM),
cujos objetivos eram não só conhecer melhor a dura realidade daqueles que vivem
privados do convívio social e de seus diretos civis bem como ajudá-los de maneira
mais concreta no processo de recuperação, ou de preparação para enfrentar melhor os
desafios da vida no cárcere e mesmo depois de libertados. O projeto, fundamentado
em teorias linguísticas, literárias e sociológicas, especialmente aquelas que buscam
compreender o homem em sua relação com a linguagem do texto artístico e com a
escrita, nasceu do interesse de professores e alunos do Curso de Letras (Graduação
e Pós-graduação) em atuar junto aos detentos, possibilitando-lhes o contato com a
leitura e a produção de textos, a partir da realização de Oficinas de Leitura e Produção
que privilegiaram o lúdico e a reflexão bem como o compartilhamento de emoções
e de experiências de linguagem, com o intuito de observar como a leitura de textos
literários e de imagens artísticas pode propiciar a ressignificação de identidades
dos encarcerados. A hipótese era a de que, ao perscrutarem seus sentimentos mais
particulares, com a leitura de textos artísticos de naturezas diversas, tais leitores
pudessem reconhecer o significado de suas experiências de vida.
Palavras-chave: Literatura; Leitura; Identidade; Oficinas de Leitura.
Alice Áurea Penteado Martha
MERCADO EDITORIAL E EFEMÉRIDE: MACHADO DE ASSIS
PARA CRIANÇAS E JOVENS
Resumo: Em 2008, ano do centenário de falecimento de Machado de Assis, o
Brasil prestou homenagens ao escritor, um dos maiores expoentes da literatura em
língua portuguesa. Se, em vida, o escritor não passou por severas dificuldades para
publicação de suas obras, depois da morte e a cada data comemorativa, as edições
de suas produções se sucedem em ritmo alucinante e em modalidades e suportes
surpreendentes. Nesta comunicação, ainda que o levantamento sobre os modos como
o mercado editorial prestigiou a efeméride não seja exaustivo, pretendemos apontar
peculiaridades de projetos gráfico-editoriais das obras de e sobre Machado, voltadas
aos jovens leitores, publicadas durante o ano comemorativo. Desse modo, buscamos
enfatizar a importância do olhar que incide sobre as escolhas que definem corpo e
63
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
alma do livro e contribuem para a formação de leitores, uma vez que, de modo geral,
os mediadores de leitura, notadamente pais e professores, não têm percepção da
influência de aspectos que configuram o projeto gráfico-editorial de um livro, como
qualidade do papel, tamanho e formato da letra, encadernação, quantidade de texto e
de ilustração em cada página, bem como do conteúdo e realização de paratextos, no
processo de leitura de cada leitor.
Palavras-chave: Mercado Editorial; Efeméride; Machado de Assis.
Aline de Souza Brocco
DISCUSSÃO SOBRE FORMA E COMUNICAÇÃO NO ENSINO E
APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
EM UM CONTEXTO VIRTUAL
Resumo: Tem-se como objetivo apresentar como se realizam episódios com foco na
forma em interações em português para estrangeiros (PLE) em contexto teletandem,
um tipo de aprendizagem em tandem em que duas pessoas, cada uma proficiente
em uma língua diferente, encontram-se regularmente para aprender a língua um do
outro por intermédio do computador. Estas pessoas tentam, de forma autônoma e
colaborativa, aprender a língua e a cultura do outro em interações autênticas, sendo
que o parceiro mais proficiente ajuda o parceiro menos proficiente na língua e viceversa. As sessões compõem-se de duas partes: uma voltada para a interação na língua
de um parceiro e a outra para a interação na língua do outro parceiro, de forma que
cada parte da sessão seja realizada em uma língua apenas. Com base nos dados
coletados nas interações realizadas neste contexto, verificou-se que o contexto é
propício à negociação de significado e, por este motivo, o foco na forma ocorre
ao acaso, de modo não planejado, no curso das interações, que são primeiramente
focadas no significado.
Palavras-chave: teletandem; português como língua estrangeira; foco na forma;
comunicação.
Aline de Souza Muniz
CULTURAS PERIFÉRICAS: REPETIÇÃO E DIFERENÇA
Resumo: As descobertas marítimas não serviram apenas para alargar as fronteiras
visuais e econômicas, conforme Silviano Santiago, elas também serviram para
fazer da história europeia, História universal. Assim, nossa história, nossa cultura
e nossa literatura serão formadas desde o processo de colonização por assimilação
e imposição do europeu, posteriormente, nossa “inteligência” passará a analisar as
questões de fonte e influência sobre a produção das áreas periféricas, o que nos
faz pensar essa literatura como cópia, portanto, secundária ao original. Obviamente,
a dependência é inegável, contudo, em vez de uma simples imitação, a produção
latino-americana pode contribuir com algo de original. O diálogo entre as literaturas
é necessário e inevitável, sobretudo em se tratando da literatura brasileira; assim,
deve-se assinalar quais elementos marcam a sua diferença, o que a faz criar um entrelugar e a torna universal. Dessa forma, este trabalho pretende observar as discussões
feitas a respeito da literatura latino-americana apontados pelos trabalhos de Silviano
Santiago, Antonio Candido e Roberto Schwarz.
Palavras-chave: Literatura; repetição; diferença.
64
Resumos de trabalhos
Aline Maria Rezende Freitas
EDITORIAL DAS REVISTAS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA NA
PERSPECTIVA SOCIAL DO DISCURSO
Resumo: Este trabalho tem como objetivo dar ênfase ao discurso numa perspectiva
social focalizando as conexões entre o contexto e as estratégias textuais, sem
deixar de lado as ideologias que são naturalizadas no meio social através do uso
da linguagem. Observaremos a força que as palavras têm ao serem utilizadas como
prática discursiva no texto. Este corpus é um recorte que limita a nossa pesquisa, pois
é uma análise de uma edição da revista Capricho e uma edição da revista Atrevida,
ambas distribuídas no mesmo período. São revistas elaboradas para o público jovem
que disputam sua simpatia e fidelidade e para isso usam estratégias comunicativas a
fim de influenciar ou até transformar seus leitores em algum aspecto social. Faremos
uma análise descritiva e uma análise interpretativa dos editoriais de duas revistas
diferentes, cuja ênfase será dada à concepção tridimensional de Fairclough (2001) e
suas funções sociais.
Palavras-chave: Prática Social; prática discursiva; pressuposição; ideologias; sentido.
Alleid Ribeiro Machado
TESSITURAS DO DISCURSO FEMININO
Resumo: A mulher e sua representação social parecem-nos ser uma preocupação
recorrente nas narrativas de Júlia Nery, autora portuguesa contemporânea,
responsável por privilegiar, por meio da construção de personagens psicologicamente
densas e instigantes, a mulher portuguesa em sua vida de sentimentos e ações, em
sua maneira de lidar consigo e com o mundo. Este trabalho pretende investigar e
traçar características do discurso feminino, situado no espaço da Crónica de Brites
(2008), a partir da análise da personagem histórica Brites de Almeida, a Padeira de
Aljubarrota, que, segundo conta a tradição popular, teria matado sete mouros com
a pá de seu forno, e cuja narração de suas memórias, subliminarmente nos mostra
a resistência da protagonista ao papel de mulher e à própria “natureza feminina”,
paradigmas conferidos pela sociedade patriarcal. Por meio de um estudo que tange
o erostismo de Bataille, as contribuições da psicanálise e alguns estudos em torno
da escrita no feminino, objetivamos entender como a autora trata pontos importantes
e subliminares que falam da condição social da mulher, de seu silenciamento, da
educação recebida nos séculos passados, da imposição e do comprometimento
religioso, e os pontos de resistência que colocam a mulher em um não-lugar que
socialmente é esperado para ela.
Palavras-chave: discurso feminino; erotismo; narrativa; mulher.
Almir Pantoja Rodrigues
MANIFESTAÇÕES LITERÁRIAS PORTUGUESAS EM
JORNAIS PARAENSES NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
Resumo: A proposta de trabalho tem como objetivo apreender a relação Jornal e
Literatura na segunda metade do século XIX, na Província do Grão-Pará. Para tanto,
recorre-se a publicação de manifestações literárias de autoria portuguesa em jornais,
como por exemplo, O Diário do Grão-Pará, O Diário de Belém, A Província do Pará,
Gazeta Oficial e O Liberal do Pará. Trata-se de um estudo que além de abordar a relação
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Jornal e Literatura no Pará oitocentista, examina também as condições de leitura na
província e mostra o quanto a prática de publicação de textos literários em periódicos
jornalísticos contribuiu não somente com a circulação de textos literários na Região,
mas também com a formação da Literatura Brasileira de Expressão Amazônica.
Palavras-chave: Manifestações literárias portuguesas; jornais de Belém; século XIX.
Althiere Frank Valadares Cabral
RETOMADA DO PRONOME
Resumo: O pronome “onde” em construções relativas tem ocorrido, no Português
Brasileiro, diverso dos postulados da Gramática Normativa, segundo os quais, tal
pronome deve retomar um sintagma que assume, na oração subordinada relativa, a
função de adjunto adverbial de lugar. Partindo de pressupostos da Gramática Gerativa
e da teoria dos Espaços Mentais, analisou-se o pronome “onde” em construções
cuja retomada não se enquadra nos cânones gramaticais, procurando-se perceber nas
regularidades dessas construções os princípios e/ou mecanismos computacionais que
explicam sua realização e boa formação do ponto de vista da produção/interpretação
em estruturas enunciativas do Português Brasileiro.
Palavras-chave: Pronome Onde; Anáfora; Relativo.
Amaurícia Lopes Rocha Brandão / Letícia Adriana Pires Teixeira
A ORALIDADE DO DISCURSO RADIOFÔNICO DA TEMPO FM:
UMA PERSPECTIVA PRAGMÁTICA
Resumo: Dentro os meios de comunicação de massa, o rádio pode ser considerado
como o mais acessível, pois utiliza a oralidade para a transmissão de seus enunciados.
Talvez isso, esteja fortemente relacionado ao fato de o rádio ser percebido como o
“companheiro de todas as horas” para seus ouvintes. Dessa forma, esta pesquisa
tem como objetivo analisar como a concepção pragmática é capaz de servir como
alicerce para um melhor entendimento da oralidade do discurso radiofônico no
cotidiano de seus ouvintes. Para isso, utilizaremos como metodologia a pesquisa
bibliográfica, onde nos apoiamos nos estudo de Ferraretto, Gonzales, Kato, Koch,
Levinson, Maingueneau e Mcleish. E da pesquisa de campo, que se realizou através
de entrevistas com os profissionais da emissora de rádio Tempo FM, situada em
Fortaleza, no período de agosto a outubro de 2008. As entrevistas foram feitas com
os seguintes profissionais: a proprietária da emissora, locutores, programadores de
programação, sonoplastas. Durante a análise dos resultados, constatamos a relevância
da adequação do discurso radiofônico – ou seja, todos os elementos que compõe a
programação da emissora, como: publicidade, música, locução entre outros.
Palavras-chave: Linguagem Radiofônica; Pragmática; Programação.
Amaurícia Lopes Rocha Brandão / Letícia Adriana Pires Teixeira
A UTILIZAÇÃO DE IMPLÍCITO NO DISCURSO RADIOFÔNICO: MUDANÇAS
DE SIGNIFICADOS NO CONTEXTO SOCIAL E EDUCACIONAL
Resumo: Este relato refere-se a uma pesquisa realizada com o apoio do Programa de
Iniciação Científica da FIC, em 2008, que apresentou dificuldades, como bibliografia
insuficiente a respeito da linguagem implícito no discurso radiofônico, o que resultou
na falta de conhecimento acerca do assunto, por parte dos entrevistados, que tiveram
66
Resumos de trabalhos
muita dificuldade em identificar os anúncios que continham o implícito. Isso foi
comprovado, devido a muitas questões do questionário com esse enfoque, não terem
sido respondidas. Tal estudo tinha como objetivo analisar como ocorre a produção
dos significados da linguagem implícita em textos publicitários veiculados em rádios
de Fortaleza. Para isso, utilizamos como metodologia, a pesquisa bibliográfica,
baseada, principalmente, em Ferrarreto, Vetergaard e Portela, esta descreve a
concepção de implícito exposta por Ducrot. E a pesquisa de campo, onde realizamos
a aplicação de questionários com 50 pessoas de nível escolar e econômico diferentes.
Durante esse momento, os participantes ouviram dez anúncios exibidos em rádio de
Fortaleza do segmento adulto, jovem e popular, e a partir daí, eles respondiam um
questionários, no qual teriam que identificar os implícitos contidos nesses anúncios,
além de, expressarem suas dificuldades de entendimento. Com isso, podemos
constatar a grande influência que um anúncio é capaz de produzir, quando este
está focado adequadamente ao segmento do produto anunciado. Contudo, caso o
contrário, poderá comprometer no entendimento durante sua recepção.
Palavras-chave: Rádio; Implícito; Significado.
Ana Carla Bruno
EDUCAÇÃO INDÍGENA E QUESTÕES LINGUÍSTICAS: QUANDO A ORTOGRAFIA TORNA-SE UM PROBLEMA – A EXPERIÊNCIA WAIMIRI ATROARI
Resumo: Os Waimiri-Atroari estão dispersos numa região dos afluentes da margem
esquerda do Baixo rio Negro e do rio Amazonas, entre os Estados do Amazonas e
Roraima. Com uma população de aproximadamente 1.113 Kinja (auto-denominação
do grupo), distribuídas em 19 aldeias, os Waimiri-Atroari vivem do produto de suas
roças coletivas, da coleta de frutos silvestres, da caça e da pesca. A Língua é falada
por crianças, adultos e velhos. Linguisticamente, quando comparado com outros
grupos da Amazônia, a língua Waimiri-Atroari mostra-se numa excelente condição.
Ao pensar-se sobre que papel a língua de um grupo tem na promoção e manutenção
dos seus estilos de vida, pressupõe-se que o bem estar e a sobrevivência física da
espécie humana dependem não somente das condições biológicas, mas da existência
de uma rede intelectual de vida, de um espaço que contemple a diversidade linguística
(Krauss, 1996). Neste sentido, a existência desta rede intelectual pode estar ameaçada
quando a língua materna de um grupo de falantes não é necessariamente a língua
oficial de um país. Sistemas ortográficos não devem ser elaborados simplesmente
como uma redução da fala para escrita, mas como um processo de escolha de
símbolos que carregam significados históricos, culturais e políticos. Em minha
experiência na área Waimiri Atroari, foi observado que quando os kinja vivenciaram
as primeiras experiências nos processos de alfabetização, as ortografias utilizadas
por eles tiveram diferentes significados históricos e políticos.
Palavras-chave: Problemas Linguísticos; Educação Indígena; Escola Waimiri
Atroari; Ortografia.
Ana Carolina Ferreira Alves
ANÁLISE ACÚSTICA DAS VOGAIS NASAIS DE SAKURABIAT
Resumo: A língua Sakurabiat é falada por menos de 30 pessoas e não está sendo
transmitida às novas gerações, o que a coloca entre as línguas brasileiras em maior
67
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
risco de desaparecimento. Trabalhos vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de
salvaguardar o máximo possível dessa língua, pois além de ser parte do patrimônio
imaterial do país é um importante elemento cultural desse grupo indígena. Em estudo
anterior foi desenvolvida a análise acústica das vogais orais presentes na língua e foi
observado um interessante fenômeno: uma anteriorização da ], resultando em uma
vogal anterior alta relaxada vogal central alta [ ]. O presente trabalho visa verificar,
também por meio da análise Ι [ acústica, se o mesmo fenômeno ocorre com as vogais
nasais. Uma análise acústica consiste no estudo da onda sonora, que permite verificar
correlatos acústicos os quais são interpretados como aspectos fonéticos capazes de
fazer a distinção entre os sons vocálicos, como a qualidade vocálica, o acento, a
presença de tom etc. Neste trabalho, os correlatos observados foram os Formantes
(F1 e F2) e a Duração. Os Formantes permitem identificação da qualidade de cada
segmento vocálico e a visualização da distribuição dos mesmos no espaço acústico.
A Duração, por sua vez, torna possível a distinção entre vogais breves e longas.
Os resultados obtidos serão fundamentais tanto para o entendimento sincrônico
da língua e sua contribuição para os estudos tipológicos quanto para auxiliar o
projeto comparativo da família Tupari, além de colaborar para o conhecimento das
propriedades fonéticas das línguas indígenas.
Palavras-chave: Segmentos Vocálicos; Análise Acústica; Fonética da Língua
Sakurabiat (Mekens).
Ana Cleide Guimbal de Aquino
O DISCURSO MIDIÁTICO DE BELÉM NOVA
Resumo: Na presente pesquisa, busca-se apresentar reflexões sobre a construção
discursiva da identidade literária amazônica, a partir de um arquivo composto por
folhetins da década de 1920, intitulado Belém Nova. Com base nos pressupostos
teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, principalmente
alguns pressupostos de Foucault (A Arqueologia do saber, 1981) e Maingueneau
(Discurso literário, 2006), no que se refere aos conceitos de discursos, formação
discursiva e midium e à relação existente entre o discurso, a História e a Memória,
desenvolveu-se o estudo, com o objetivo de analisar e examinar alguns procedimentos
discursivos representativos para a constituição da identidade literária amazônica.
Sabe-se que a vida social é possível através da produção e da troca de informações,
logo, o conteúdo midiático de Belém Nova, bem como as relações existentes entre
os sujeitos produtores desse discurso, as condições de produção e o sentido que
é produzido no processo de interlocução, a partir das relações estabelecidas entre
os fatores acima elencados, é marcado também pelas questões de gênero e pelo
interdiscurso, observando, principalmente, a relação Sujeito, História e Memória.
De acordo com Maingueneau (Discurso literário, 2006), a maneira como um texto
se institui materialmente é parte integrante de seu sentido, logo, a análise dos
folhetins se faz pertinente para discutir o funcionamento discursivo do referido
objeto midiático no resgate da memória e no estabelecimento da identidade literária
regional do amazônida.
Palavras-chave: discurso; revista literária; literatura amazônica.
68
Resumos de trabalhos
Ana Ester de Negreiros da Silva
A POSIÇÃO DE MORFEMAS PÓS-VERBAIS EM XIPAYA (TUPI)
Resumo: Apresentaremos neste trabalho, a posição e distribuição dos morfemas he,
anu e de que acompanham a classe de verbos, em xipaya. Os morfemas he e anu, cuja
função sintático-semântica ainda apresenta várias lacunas, são bastante produtivos na
língua. Esses morfemas ocorrem, à primeira vista, com nuâncias aspectuais, e, estão
em distribuição complementar, pois não co-ocorrem. O morfema de só ocorre com
verbos transitivos, com a função de marcar o objeto do verbo. Normalmente, aparece
no predicado verbal quando o objeto é omitido, no entanto, pode co-ocorrer com o
objeto explícito (Rodrigues C., 1995). Interessa-nos, aqui, identificar a distribuição
desses morfemas e suas possíveis posições, no predicado verbal, em relação a outros
morfemas com os quais podem co-ocorrer, como os pronomes clíticos, por exemplo.
O levantamento dos dados para essa pesquisa está sendo feito a partir de trabalhos
já realizados, sobre a língua xipaya, pela Professora Carmen Rodrigues, orientadora
dessa pesquisa.
Palavras-chave: língua xipaya; morfema; verbo.
Ana Lilia Carvalho Rocha
TECHNOLOGY IN THE ANGLOPHONE LITERATURE CLASS
Abstract: This communication focuses on the use of technological tools to improve
Anglophone Literature teaching and learning. It is a result of the work presented in
the subject Outline of Anglophone Literature to Letras students of the third semester
and it has taken place at the Universidade Federal do Pará (UFPA) in Cametá –
Pará campus. It emphasizes the importance of virtual interaction and virtual aids
to the development of a nice atmosphere inside the classroom. The purpose of
linking Literature and Technology is make teachers and students aware of which
resources are available to promote a more attractive and more meaningful class.
Virtual resources as Youtube and Teachertube videos, audio books, power point
presentations and webpages that deal with the Anglophone Literature topic and that
were available on the internet will be presented. All these resources were applied to
different Literature styles presented in the subject. During the subject students had the
opportunity to watch and listen to some of the authors’ main works (as Hemingway,
Edgar A. Poe, Oscar Wilde and so on). Students were also recquired to follow some
assessment activities that were presented on the website developed by Lilia Rocha
and Marcela Amaral at the Specialization in Linguistics Applied to the Teaching of
English Language Course at UFPA. This webpage contains some quizzes developed
with the use of Hot Potatoes, videos and texts related to the studied topic.
Key words: Technology; Anglophone Literature; Teaching.
Ana Lygia Almeida Cunha
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NO GÊNERO FÓRUM DE DISCUSSÃO
DE CURSO ON LINE
Resumo: A ausência de interação, durante muito tempo, serviu de argumento
aos desafetos da educação a distância. O advento da Internet, porém, e, mais
especificamente, os fóruns de discussão, possibilitaram a interação de professores e
alunos dando novo impulso a essa modalidade educacional. A ferramenta passou a ser
69
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
vista como vital para o processo de ensino-aprendizagem em cursos on line. Porém,
é necessária a reflexão sobre as implicações de seu uso com o objetivo de torná-la
mais eficaz – e isso implica o estímulo à participação dos alunos nessa interação –,
o que certamente contribuirá para a construção de uma metodologia de ensino na
modalidade. Segundo Bazerman (In HOFFNAGEL e DIONISIO, 2006, p. 101), “ao
percebermos um enunciado como sendo de um certo tipo ou gênero, engajamo-nos
numa forma de vida, juntando falantes e ouvintes, escritores e leitores em relações
particulares de um tipo familiar ou inteligível.” Observar como participantes de cursos
on line se comportam na interação que se dá em fóruns de discussão no sentido de se
comprometer com a identidade que querem construir dentro desse domínio particular
é o objetivo deste trabalho. Para isso, serão levados em consideração a maneira
como se engajam com seus interlocutores, os papéis específicos que assumem nessa
interação e os recursos que utilizam para participar das experiências e atividades
desse espaço de interação. Assim será possível compreender em que sentido “os
gêneros moldam as intenções, os motivos, as expectativas, a atenção, a percepção,
o afeto e o quadro interpretativo” (BAZERMAN, In HOFFNAGEL e DIONISIO,
2006, p. 102). Pretende-se, com a pesquisa, evidenciar como o fórum de discussão
pode levar os participantes a adotar atitudes de acordo com as possibilidades de ação
deste gênero particular.
Palavras-chave: Linguagem; Gêneros; Identidade.
Ana Malba Araújo de Queiroz
JOGOS DESIGNATIVOS NA LITERATURA DE CORDEL
Resumo: Este artigo é parte de um projeto de pesquisa mais amplo intitulado “As
construções dos sentidos da violência nas práticas culturais do Sertão Central do Ceará,”
que tem como objetivo investigar as práticas discursivas e práticas sociais de violência
na chamada cultura “popular nordestina”, para entender como se dá constituição de
sentidos nos diversos jogos de linguagem reais do cotidiano e suas repercussões na
vida social. De forma especifica, procuro analisar a constituição de “identidades”
para mulher no discurso da literatura de cordel, utilizando como aparato teóricometodológico a Analise Crítica do Discurso (CHOULIARAK e FAIRCLOUGH, 1999,
FAIRCLOUGH, 1989, 19992, 2003, RESENDE e RAMALHO 2006) para questionar
de que maneira os processos semântico-descursivos de nomeação e designação de
gênero naturalizam e legitimam ideologias machistas que violentam no próprio ato de
fala, na medida em que marca o sujeito com uma identificação linguística da qual ele não
consegue se livrar. Partindo da ideia de que a linguagem corporifica a violência e de que
tais sentidos corporificados na materialidade linguística podem gerar tanto violência
física como simbólica. A análise sócio-discursiva realizada permite depreender que,
em grande parte os sentidos veiculados nas práticas culturais do cotidiano, têm caráter
ideológico e sustentam relações assimétricas de poder, por reforçar crenças, conceitos
e valores que contribuem para a construção de uma identidade social negativa para
mulheres, naturalizando a discriminação e violência sofrida pelo sexo feminino em
nossa sociedade.
Palavras-chave: literatura de cordel; identidade; discurso; violência; relações
de poder.
70
Resumos de trabalhos
Ana Maria de Carvalho
CORDEL: ENTRE UM VERSO E OUTRO, RASTROS DE ORALIDADE
Resumo: A temática desta comunicação é proveniente da pesquisa que realizo
no mestrado com folhetos de cordéis. A seu respeito é possível dizer que eles se
situam entre a fronteira da escritura e da voz, fronteira que não deve ser entendida
como separação, mas como continuidade e complementação. Nesse caso o verso
impresso seria essa continuação e complementação do oral, tendo em vista que
embora seja uma produção escrita, sua transmissão não ocorria somente por meio
da leitura silenciosa e individual. Ela também se dava através da leitura oral que se
materializava nas leituras comunitárias feitas nas rodas de terreiros. A leitura em voz
alta também era um meio do poeta vender seus folhetos nas feiras, uma vez que eram
lidos alguns trechos das narrativas para chamar a atenção do público leitor. Outras
marcas de oralidade são os chamamentos, as evocações que surgem no decorrer dos
folhetos, assim como o uso de provérbios populares, existindo quase sempre uma
relação de causa e efeito. Desta forma essa comunicação tem por objetivo discutir a
relação oral/escrito presente nos folhetos de cordéis.
Palavras-chave: Cordel; oral; escrito.
Ana Maria Leal Cardoso
AS QUESTÕES DE PODER NA OBRA DE ALINA PAIM
Resumo: A escritora sergipana Alina Paim, ainda desconhecida pela academia e
pelo público em geral, produziu uma vasta obra literária (10 romances), de temas
variados. Baseados nos aportes teóricos de Joseph Campbell, Jung e na crítica
feminista traçaremos um panorama do poder feminino no seio da família nordestina
da primeira metade do século XX, nas obras A sombra do patrarca, Estrada da
liberdade e Simão Dias.
Palavras-chave: literatura; poder; família; critica feminista.
Ana Rita Santiago da Silva
VOZES DIFERENCIADORAS EM POÉTICAS AFRO-FEMININAS
Resumo: Através da literatura afro-feminina, escritoras negras baianas deixam
suas marcas poéticas, pois narram suas experiências, trajetórias pessoais e visões
de mundo. Neste sentido, se constitui como representações e escritas de si, não
através de um Eu autoral, mas de um Eu ficcional. Isso lhes garante uma identidade
autoral, pois sua tessitura se faz, não de forma intimista, mas em meio à memória
coletiva e às discursividades, embora sua invisibilidade nos circuitos literários e de
leitura. Vale ressaltar que essa escritura se delineia por se configurar como discursos
poéticos e ficcionais, em que se imprimem afirmações e ressignificações das
africanidades e, concomitantemente, desconstruções de atributos e de pensamentos
depreciativos, racistas e excludentes às populações e culturas afro-brasileiras. Diante
disso, este texto propõe-se a compreender as vozes poéticas, ainda silenciadas e
ausentes, de autoria feminina negra, como invenções e discursos diferenciadores de
cosmovisões, histórias, vivências e culturas afro-brasileiras, em relação àqueles que
compõem a história da literatura brasileira, do período colonial ao contemporâneo.
Neles, perpassam uma representação sobre negros/as, na qual se institui a diferença
marcada pela negatividade e inferioridade. Diante disso, este texto pretende também
71
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
entender a literatura afro-brasileira, de autoria feminina, como um outro pensamento
e uma invenção diferenciada de se tornar negra/o no Brasil.
Palavras-chave: africanidades; diferenças culturais; vozes poéticas; escritoras negras.
Ana Sousa da Silva
O ACERVO LINGUÍSTICO DA FAUNA E FLORA ARAWETÉ: A FORMAÇÃO
DOS LEXEMAS
Resumo: Os Araweté, grupo constituído por um número aproximado de 400 pessoas,
vivem divididos em três aldeias vizinhas (ipixuna, Pakajã, Paissandu) às margens
do Igarapé Ipixuna, no município de Altamira, estado do Pará. A língua araweté
ainda possui uso corrente nas aldeias, mas a comunidade já caminha para um breve
bilinguismo araweté-português. Juntamente com as línguas ararandewára; anambé do
cairari e assurini do Xingu, a língua araweté está classificada como parte do subconjunto
V da família Tupi-Guarani do tronco Tupi (Rodrigues, 2002). A língua araweté é ainda
pouco divulgada na literatura ameríndia e, até o momento, pouco se conhecesse sobre
o seu funcionamento. Neste trabalho apresentaremos um estudo preliminar sobre a
formação dos lexemas da fauna e flora a desta língua. As análises se desenvolveram
sob perspectiva teórica funcional e obedeceram aos seguintes procedimentos: aquisição
de um corpus com frases e palavras; listagem das palavras com formas semelhantes;
separação por campo semântico; segmentação das palavras, identificação dos morfemas
e seus alomorfes. O corpus utilizado nas análises é constituído por aproximadamente
400 palavras e sua aquisição se deu por meio de pesquisa “in locus”.
Palavras-chave: araweté; fauna; flora; morfologia.
Ana Vilacy Galucio
CAUSATIVIZAÇÃO EM SAKURABIAT
Resumo: A língua Sakurabiat compõe a família linguística Tupari, tronco Tupi, e é
falada no estado de Rondônia por um pequeno grupo de menos de 30 pessoas. O objetivo
deste trabalho é discutir causativização em Sakurabiat, que muuma das derivações de
aumento de valência na língua. Existem três maneiras de formar causativos na língua
Sakurabiat, duas morfológicas, através da afixação de um prefixo ao verbo, e uma
sintática, através de uma construção perifrástica. Os dois causativos morfológicos,
causativo simples e comitativo causativo ou sociativo causativo, geralmente funcionam
como morfemas de aumento de valência, que adicionam um argumento à estrutura
argumental do verbo. Sendo que a distinção entre esses dois causativos morfológicos
se dá no campo semântico. O causativo sintático é semanticamente similar ao causativo
simples e também acrescenta um participante à estrutura do evento. Discutiremos
neste trabalho a tipologia da causitivização na língua Sakurabiat, especificando as
propriedades sintáticas, semânticas e morfológicas dos três causativos identificados.
Palavras-chave: causativos; mudança de valência; Sakurabiat.
Anna Mayra Araújo Teófilo
REPETIÇÃO COMO FATOR INTERACIONAL ATUANTE NO PROCESSO DE
AQUISIÇÃO DO INGLÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA
Resumo: A presente pesquisa ilustra e analisa alguns padrões da linguagem oral
identificados no discurso educacional professor-aluno como estratégias que estimulam
72
Resumos de trabalhos
e aumentam a perspectiva interacional da conversação. Este trabalho busca analisar
a conversação, sua natureza altamente organizada e como ela reflete as informações
interpretadas pelos interlocutores. O estudo seguiu uma perspectiva etnográfica visto
que os dados foram coletados em contexto real de uso, sendo levados em consideração
o contexto e o ponto de vista de cada um dos participantes envolvidos nessa pesquisa
de campo. Através de fundamentos da metodologia qualitativa, foram realizadas
gravações autênticas em áudio, as quais foram desenvolvidas em sua totalidade em
cursos de extensão em língua inglesa da Universidade Federal da Paraíba- Campus
I- João Pessoa/PB. Sendo assim, este artigo acadêmico fixa como escopo a repetição
como um recurso interacional atuante durante o processo de aquisição de língua
inglesa como segunda língua, tanto na questão de negociação de sentidos, como na
construção do próprio conhecimento. A pesquisa teve como base teórica os estudos
que envolvem a Análise da Conversação de base Etnometodológica; a Interação
Social, e, prioritariamente os estudos da Linguística Cognitiva. Desta maneira serão
privilegiados os estudos de Luiz Antônio Marcuschi (1995) e (2001), Herbert Clark
(1986); Ingedore Koch (1992); Charles Goodwin & Alessandro Duranti (1992),
Lorenza Mondada (2001) e Margarida Salomão (1997).
Palavras-chave: Cognição; interação; repetição.
Ananias Agostinho da Silva
O HUMANISMO DE MIGUEL TORGA NO HERÓI GARRINCHAS:
“A PUREZA E A IRONIA DUM PATRIARCA” NO CONTO NATAL
Resumo: O presente estudo refere-se à análise do conto “Natal”, publicado na
coletânea de contos Novos contos da Montanha, de Miguel Torga, pseudônimo
criado pelo médico otorrinolaringologista Adolfo Correia Rocha. Assim, primeiro
nos adentraremos no universo do autor, procurando compreende sua obra de
maneira geral e suas características humanistas, bastante presentes em sua obra,
abrangendo um telurismo que desencadeia uma grande discussão acerca do homem
e sua relação com o exterior (terra e mundo), a morte, a solidão e demais tragédias
pessoais. Posteriormente, procuraremos compreender a coletânea de contos Novos
Contos da Montanha, publicada pela primeira vez em 1944, composta por vinte e
dois contos, retrata o cotidiano das aldeias de Portugal, transparecendo a cultura,
os costumes, a convivência de modo geral nas aldeias. Por fim, nos deteremos à
análise do conto Natal, de Torga, atentando à crítica que o autor faz à população
transmontana, observando que o autor quebra alguns preceitos religiosos e tenta
imprimir no leitor um momento de reflexão sobre esses preceitos. O instrumento
dessa pesquisa é documental bibliográfico, assim, utilizamos autores como Ferreira
(2001), Gancho (1999), Lourenço (1994), Moisés (1960), dentre outros. Concluímos
que a intelectualidade de Torga é tão imensa que nos seus contos não encontramos
histórias acabadas em si, mas materiais com os quais devemos construir um mundo
que o texto apenas esboça.
Palavras-chave: Garrinchas; Miguel Torga; Natal.
Andréa Maria Lopes Dantas / Henrique Silvestre Soares
ENTRE SAL, JABÁ E CORDÉIS:
A LEITURA SINGRA OS RIOS AMAZÔNICOS
73
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Resumo: Para termos, hoje, no Brasil, a Biblioteca Nacional, uma longa viagem
empreenderam os livros: da Europa ao Rio de Janeiro, conforme nos dá conta Lilia
Moritz Schwarcz, construindo histórias e identidades. Distância parecida e piores
condições percorreram regatões e alguns outros aventureiros para, rompendo
interdições, levar aos mais longínquos recantos amazônicos – seringais acreanos,
além de alimentos para o corpo, um desejado e cobiçado objeto: o livro. Esta
comunicação pretende descrever e analisar alguns suportes de textos, em especial o
cordel, buscando evidenciar, além da trajetória dos livros até os seringais, práticas
de leitura instauradas, articulando-as à História do Acre e a constituição de sujeitos
leitores. Com esse fim, nossa análise é realizada à luz dos pressupostos teóricos
advindos da História Cultural, particularmente o que se refere à História do Livro,
através dos estudos de Roger Chartier, e da Análise do Discurso francesa.
Palavras-chave: Práticas de Leitura; História do Livro; Cordel; Amazônia; Acre.
Andréia Meireles de Oliveira
LA LANGUE EN LIGNE – AS TECNOLOGIAS FAVORECENDO A PRÁTICA
E A ELABORAÇÃO DIDÁTICA EM AULAS DE FLE
Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar o uso das tecnologias no ensino/
aprendizagem de línguas e mostrar como os recursos tecnológicos podem ser
suportes facilitadores na aprendizagem do francês como língua estrangeira (FLE).
Para a realização do trabalho, buscou-se não apenas conhecer, através da análise de
manuais e de relatos de experiências pessoais, os critérios de seleção do material
didático on line e a forma como as atividades são materializadas em sala de aula
de FLE, como também apresentar sugestões para um melhor aproveitamento, na
prática, das tecnologias e do trabalho de elaboração didática.
Palavras-chave: Tecnologias; ensino/aprendizagem; material didático; FLE.
Ângela de Oliveira Rodrigues
A DIVERSIDADE CULTURAL NAS POLÍTICAS CURRICULARES
EDUCACIONAIS
Resumo: Toda sociedade se organiza mediante a linguagem que é um meio de
expressão e de comunicação. A escola, percebida como instituição social, é capaz
de produzir e transmitir deveres e direitos dos cidadãos, por meio da linguagem.
Sendo assim, ela é vista como principal divulgadora e produtora do processo de
organização das sociedades. Nesta perspectiva, refletir sobre o tema da diversidade
cultural, nos documentos de políticas curriculares para a educação brasileira,
possibilita-nos identificar concepções que fundamentam aquela organização. O
estudo que ora desenvolvemos, no Curso de Mestrado em Letras: Linguagem
e Identidade, da Universidade Federal do Acre, procura, nas páginas da lei,
investigar os conceitos de diversidade cultural vistos pelo poder público. Para esse
estudo, utilizaremos referenciais teóricos advindos da Análise do Discurso de raiz
francesa, buscando descrever e analisar o modo como os discursos sobre o tema da
diversidade se incluem nas políticas curriculares, especificamente nos instrumentos
legais que organizam e regulamentam o ensino, procurando explicitar o embate
entre os diferentes discursos, a luta de poder existente entre os diferentes grupos
sociais envolvidos no processo educativo.
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Resumos de trabalhos
Palavras-chave: Linguagem; Análise do Discurso; Diversidade Cultural; Políticas
Educacionais.
Anita Martins Rodrigues de Moraes
NOTAS SOBRE A PRESENÇA DA TEORIA DE ANTONIO CANDIDO NOS
ESTUDOS DE LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo: Na Formação da literatura brasileira, Antonio Candido propõe o conceito
de sistema literário, definindo seu estudo como a investigação do processo de
constituição desse sistema no Brasil, sua “formação”. Na presente comunicação, trato
do aproveitamento da abordagem de Candido no âmbito dos estudos das literaturas
africanas de língua portuguesa. Discuto, num primeiro momento, aspectos da
proposta de Candido, a partir das contribuições de Luiz Costa Lima (Pensando nos
trópicos). Descrevo, então, como tem se dado a apropriação do conceito de sistema
literário e da ideia de formação nos estudos de literaturas africanas, especialmente
nos trabalhos de Rita Chaves (A formação do romance angolano) e Benjamin Abdala
Jr. (Literatura, história e política). Com esta estratégia, pretendo tanto notar aspectos
comuns na constituição das literaturas de países marcados pelo colonialismo
português, como flagrar um momento do percurso da crítica literária nestes países.
Nesse sentido, trata-se de avaliar a apropriação da ideia de formação e de sistema
literário nos estudos de um corpus não trabalhado por Candido, notando-se, assim,
desenvolvimentos teóricos novos. A avaliação da apropriação da teoria de Candido
nos estudos de Rita Chaves e Abdala orienta-se por algumas questões: 1) Como o
conceito de sistema literário se articula, na teoria de Candido e em suas apropriações,
à ideia de literatura nacional e de história literária? 2) Como a ideia de formação se
articula, então, à de sistema? 3) é possível notar, a partir da avaliação de aspectos
da recepção crítica, problemas comuns à produção literária de países marcados pela
experiência colonial?
Palavras-chave: literatura nacional; história literária; Antonio Candido; sistema
literário; literaturas africanas.
Antônia Alves Pereira
SUBORDINAÇÃO EM ASURINÍ DO XINGU: A ORAÇÃO COMPLEMENTO
Resumo: Este trabalho objetiva apresentar como é formada a oração complemento
na língua Asuriní do Xingu. Essa língua, conforme classificação de Rodrigues (1986),
pertencente à família Tupí-Guaraní, grupo Tupí. Nessa língua, a oração complemento
estrutura-se a partir da afixação de nominalizadores à raiz verbal. Após esse processo,
a oração nominaliza-se e passa a desempenhar a função de argumento de outra oração.
Os afixos envolvidos na nominalização desse tipo de oração são os que aparecem a
seguir:{-tap}, {-ama’e}, {-tat} e {-emi}. O uso de um ou outro nominalizador está
estritamente relacionado à natureza do complemento nominalizado. Os argumentos
nesse tipo de oração são expressos através de pronomes clíticos ou nominais e
relacionais. Assim, sujeitos e objetos são expressos da mesma forma, isto é, não
existe um critério morfológico que faça distinção entre sujeito e objeto na oração
complemento, tampouco existe distinção formal entre os diferentes tipos de sujeito,
como existe nas orações independentes. A codificação da terceira pessoa nesse tipo
de oração se distingue da codificação das demais pessoas, enquanto a primeira e a
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
segunda pessoa são codificadas por pronomes clíticos e relacionais, a terceira pessoa
não aceita um nominal ou pronome clítico e o prefixo {i-} simultaneamente, sendo
este correferencial com o nominal ou pronome clítico. Nos casos em que somente
a morfologia não é suficiente para distinguir um argumento de outro, a sintaxe é
de fundamental importância para se reconhecer que papel sintático está sendo
desempenhado por um dado argumento.
Palavras-chave: morfologia; complemento; argumento.
Antonia Marly Moura da Silva
IDENTIDADE E TRANSGRESSÃO NO ROMANCE EM LIBERDADE,
DE SILVIANO SANTIAGO
Resumo: Este trabalho pretende analisar a construção da identidade do sujeito
no romance Em liberdade (1981) de Silviano Santiago, destacando os modos de
figuração do outro, seja na questão tensa dos gêneros na ficção contemporânea,
seja na relação mimese e realidade ou no caráter ambíguo dos papéis exercidos
pelo autor e narrador. Trata-se de um livro de memórias em que o autor reinventa
e reelabora a prosa de Graciliano Ramos. Na narrativa, Graciliano Ramos é o
personagem inventado por Silviano Santiago, o pseudo-narrador que testemunha e
fala de si como se fosse o verdadeiro escritor nordestino. Em nome de uma poética
descentrada e plural, num processo de devoração antropofágica, Santiago apropriase da obra e do estilo do autor de Memórias do Cárcere numa atitude diferenciada
e recriadora. O romance Em liberdade fornece as bases para questionamentos sobre
a instância autoral e o liame entre ficção e realidade, biografia e autobiografia, bem
como literatura e história. No enfoque do “eu” e no seu desdobramento, o escritor
tece, metaforicamente, o processo construtivo do discurso autobiográfico, através de
um ato narrativo plural em que é praticamente inviável tentar localizar o conteúdo
simbólico contido nessa identificação híbrida.
Palavras-chave: Silviano Santiago; Em liberdade; Graciliano Ramos; identidade.
Antonio Almir Silva Gomes
NOTAS SOBRE O SISTEMA DE CASO EM MEBÊNGÔKRE
Resumo: Apresento neste trabalho as relações gramaticais que se estabelecem em
sentenças bêngôkre (língua Jê setentrional do Brasil falada) simples da língua Me
por aproximadamente 5 000 pessoas ao longo de terras indígenas nos estados do
Pará e do Mato Grosso). Argumento em favor de uma relação delineada basicamente
via sintaxe – especialmente no caso de sintagmas nominais plenos – e da coocorrência de um padrão de caso nominativo-acusativo com um padrão de caso
ergativo-absolutivo; sendo que o primeiro padrão ocorre basicamente com as formas
pronominais de 1ª e 2ª pessoa e o segundo padrão ocorre basicamente com as formas
pronominais de 3ª pessoa. As formas pronominais de 3ª pessoa da língua bêngôkre
evidenciam, inicialmente, um padrão ergativo, já que a)Me mia, ao passo que) posição
de argumento externo de A é preenchida por t wa, juntamente com a) a posição de
argumento interno é preenchida por t posição de S. Todavia, definir o padrão ergativo
no sistema pronominal bêngôkre não é tão simples quanto possa parecer, já) de 3ª
pessoa em Me que é possível encontrar sentenças transitivas cuja posição de wa –
própria de) argumento externo é preenchida pela forma pronominal t wa além da
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Resumos de trabalhos
posição de A e S, também ocupa,) S e O. Nesse sentido, t obrigatoriamente, a posição
de O, o que configuraria um terceiro padrão de caso na referida língua.
Palavras-chave: bêngôkre; Caso; Argumento ): Me.
Antônio José Rodrigues Xavier
MUSAS E MOSCAS NOS REPENTES URBANOS DE LUCY BRANDÃO:
CONTRACULTURA, MODERNIDADE E PERFORMANCE
Resumo: Filiado à linha de pesquisa Literatura, Cultura e Sociedade, este trabalho
investiga os diálogos estabelecidos entre a literatura e a contracultura. Pretende-se
compreender como as pulsões contraculturistas das décadas de 60, 70 e 80 marcaram
a produção poética da comunidade maceioense a partir da produção poética de
Lucy Brandão (repentista urbana e performer) – projeto inédito e marginalizado
pelas políticas editoriais da época. Essa pesquisa justifica-se pela necessidade de
empreendimentos na compreensão da construção dos imaginários do corpo social
local, seus possíveis movimentos e processos de hibridação cultural por via das
poéticas da oralidade. Do ponto de vista metodológico, qualitativo em sua natureza,
a partir de arquivo eletrônico e da leitura de alguns textos poéticos registrados em
documentos pessoais da repentista urbana Lucy Brandão, verificou-se um processo
de desterritorialização das linguagens fomentado pelas pulsões contraculturistas.
Resgatou-se eventos das operações textuais e, através de entrevistas com artistas e
intelectuais da época, verificou-se a presença estética da existência contraculturista
de Lucy Brandão.
Palavras-chave: contracultura; hibridismo cultural; repentes urbanos; poesia; Lucy
Brandão; performance.
Antonio Marcos Moreira da Silva
IDENTIDADE E CULPA EM DOM CASMURRO
Resumo: A questão da identidade perpassa toda a obra de Machado de Assis. De
forma explícita ou implícita, o tema é discutido mesmo sem a percepção de seus
leitores. Elogiado por ser um escritor grego, criticado por o ser, Machado de Assis
parece discutir o tema da identidade e do estranhamento para além da capacidade de
compreensão de sua época. Ao escrever o famoso texto sobre a Identidade Nacional,
o que menos se identifica ali é o tema que, a principio, deveria ser o central. A
identidade se diferencia a todo instante em sua obra. Escolhemos a identidade em
Casmurro para comprovar nossa teoria. Casmurro é o personagem que se diferencia,
que escapa de si mesmo e se ressente por isso. A culpa seria de Capitu, do outro, do
tempo, de si mesmo? Existe culpa? O tema da identidade é fundamental na leitura de
Casmurro para se repensar o próprio tema da culpabilidade da diferença.
Palavras-chave: Casmurrice; identidade; diferença; resentimento; culpa; Capitu;
alteridade.
Assunção de Maria Sousa e Silva
MAÍRA – TRADIÇÃO E IDENTIDADES
Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar uma leitura de Maíra, de
Darcy Ribeiro, romance revelador da condição do índio no cenário brasileiro, desde
a descoberta e fundação do Brasil, na tentativa de discutir a questão da identidade
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
nacional. Da aldeia dos índios mairuns, ligados umbilicalmente à tradição e aos riscos
e ataques da civilização branca, os personagens indígenas buscam a sobrevivência
de si e de sua comunidade, de forma que vão se revelando as contradições, as
despersonalizações e a tentativa de reapropriação de identidades. Tensões e
distensões que resultam em espaço e tempo narrativos que imprimem as relações
étnicas construtoras da identidade nacional brasileira.
Palavras-chave: Maíra; identidade nacional; personagens; indígenas.
Augusto Sarmento-Pantoja
DISCURSO, PODER E RESISTÊNCIA NO TEATRO DE QORPO-SANTO
Resumo: O teatro de Qorpo-Santo é conhecido por muitos como uma grande miscelânea
do absurdo no século XIX. No entanto, podemos dizer que é muito mais que isso, haja
vista que sua produção mesmo não tematizando os conceitos e os discurso das relações
de poder e resistência, eles estão imanentes enquanto estrutura. Neste sentido, o teatro
quorposantense revela-se como desembocadura dos conflitos humanos ligados ao uso
do discurso para construir as relações de poder e resistência.
Palavras-chave: Discurso; Poder; Resistência; Teatro; Qorpo-Santo.
Austria Rodrigues Brito
OS SABERES CONSTRUÍDOS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA/
PROFISSIONAL E SUAS TECEDURAS COM A PRÁTICA DOCENTE: UM
OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA
Resumo: O presente trabalho investiga os saberes construídos na formação
acadêmica/ profissional e a práxis docente, buscamos compreender quais as principais
contribuições do curso para a formação dos alunos; quais são os saberes e as práticas
formativas que favorecem a integração das aquisições sobre as atividades de leitura
e escrita, nas diversas ordens: saberes disciplinares, saberes didático-pedagógicos
e saberes relacionados à cultura profissional; como os saberes são produzidos no
curso, assimilados e utilizados na prática cotidiana? Esta pesquisa se desenvolve em
diálogo permanente com as atividades curriculares previstas no PPCL, sobretudo
aquelas que trazem a reflexão sistemática sobre o ensino de língua materna nos
níveis de ensino fundamental e médio, tais como as atividades curriculares: Leitura
e produção textual I e II, Estágio de Língua Materna I, II, III e IV e aquelas em que
os professores em formação passam por um processo de estágio no âmbito do ensino
fundamental e médio, tais como: Estágio supervisionado em língua materna I, II, III e
IV. As disciplinas de estágio vem como desafio para esse professor em formação para
repensar os problemas ora identificados e espera-se que, na vivência de tais práticas,
este tenha oportunidade de sistematizar os saberes até então construídos e ser capaz
de refletir sobre as situações de aprendizagem experienciadas das práticas.
Palavras-chave: Formação docente; saberes; leitura e escrita.
Benedito José Brabo Pantoja
PAPÉIS SEMÂNTICOS DO SUJEITO EM ORAÇÕES COM VERBOS
CONSIDERADOS DA VOZ ATIVA PELAS GRAMÁTICAS TRADICIONAIS
Resumo: A concepção de sujeito a partir do olhar das gramáticas tradicionais
contempla, sobretudo, o aspecto técnico de ordenação da oração, acabando por
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Resumos de trabalhos
fazer, em muitos casos, com que ela pareça uma equação matemática, até porque
a sintaxe, pela sua própria natureza e alcance, não encampa a verdadeira realidade
linguística. Os estudos linguísticos de base funcionalista, a propósito, consideram
que a sintaxe serve apenas para codificar as realizações semânticas e pragmáticas
dos fatos linguísticos. Por outro lado, no que diz respeito à concepção de sujeito a
partir da teoria linguística, não é muito simples dispor de uma definição completa
e acabada, porque, para tal, seria necessário que houvesse um padrão de sujeito
para todas as línguas, o que não é possível. No máximo, existem aproximações para
um maior ou menor grau de tendências entre as línguas. Neste trabalho, fazemos
breve consideração a respeito de alguns papéis semânticos desempenhados pelo
sujeito, conforme classifica Comrie (1981, p.58), traçando uma releitura de amostras
extraídas das gramáticas tradicionais, tidas por estas, simplesmente, como ilustrações
do sujeito da voz ativa.
Palavras-chave: sujeito; papéis semânticos; gramáticas tradicionais.
Brenda de Sena Maués
A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO E AS NARRATIVAS GRECO-ROMANA E
JUDAICO-CRISTÃ
Resumo: O ficcionista mineiro João Guimarães Rosa opera um diálogo do conto A
volta do marido pródigo — segunda narrativa de Sagarana — com a fábula esópica
e a parábola do filho pródigo. O objetivo desta comunicação é explicitar de que
maneira a figura do malandro, encarnada pela personagem Lalino de Souza Salãthiel,
é importante na representação burlesca (paródia) da Parábola do filho pródigo,
que é efetivada, no conto, pela comicidade que assume o personagem principal em
função da sua evidente procedência folclórica. Além disso, pretende-se estabelecer
a relação entre o referido conto e A estória do cágado e do sapo, tendo em vista
que Lalino pode ser apontado como correlato do sapo, animal astuto, lembre-se que
o personagem principal é malandro, sobretudo, pela linguagem, e é por meio dela
que a astúcia do protagonista pode ser observada. É pelo uso da linguagem que ele
obtém a persuasão das pessoas à sua volta, é capaz de dominar tudo por meio da
comunicação adequada a cada interlocutor. Desse modo, Guimarães Rosa absorve a
tradição da fábula greco-romana e da parábola judaico-cristã, por meio de hábitos (a
conversa) e personagens (o malandro Lalino) visceralmente brasileiros.
Palavras-chave: Guimarães Rosa; Sagarana; fábula esópica; parábola.
Bruno Sousa dos Santos
ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO
FUNDAMENTAL: DA MARGINALIDADE À CIDADANIA
Resumo: As aulas de Língua portuguesa no ensino fundamental ainda se confundem
com aulas de um conjunto confuso de regras que nada, ou quase nada, tem a ver
com o uso real da língua, com a interação linguística realizada por sujeitos falantes
e escreventes, condicionados sócio-historicamente. Os professores, principais
atores desse ensino, não assumem a responsabilidade de enfrentar a realidade
encontrada nas escolas, pois, para eles, esse enfrentamento é responsabilidade de
instâncias superiores. Essa problemática parece ter consequências devastadoras
quando as práticas de sala de aula de língua portuguesa estão situadas numa
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
região marginalizada. Questiona-se em que grau essas práticas contribuem para o
agravamento, para a simples manutenção ou para a solução das situações de exclusão
em que se encontram os alunos do ensino fundamental de uma região marginalizada.
Nesse contexto, entende-se que uma pesquisa bibliográfica e outra de campo de
caráter etnográfico dão conta da análise da situação problema. A primeira, foco dessa
apresentação, permitirá adentrar às temáticas – educação, ensino-aprendizagem da
língua portuguesa, variação linguística e marginalidade. Já a segunda, será realizada
por meio de coleta e a análise de dados qualitativos das práticas didáticas em que
possa se inferir reflexões sobre o fenômeno da variação linguística, usando como
recurso a filmagem e o diário de campo, bem como entrevistas com professores
e alunos, possibilitando, dessa forma, um estudo interpretativo, fundamentado na
teoria sociointeracionista. Esperamos, assim, contribuir com a melhoria da qualidade
da educação, mas especificamente, do ensino-aprendizagem de língua portuguesa
em escolas de regiões marginalizadas.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Língua portuguesa; Marginalidade; Cidadania.
Bruno Diego de Resende Castro / Leila Rachel Barbosa Alexandre
UMA ANÁLISE SEMÂNTICA, DISCURSIVA E DE GÊNERO
DA AMBIGUIDADE EM ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS
Resumo: O gênero anúncio recorre a toda expressividade que a língua dispõe para
apresentar seus produtos e, por ser uma atividade social muito pautada na linguagem,
tornou-se um corpus muito rico para a descrição linguística. O fenômeno linguístico
a ser descrito no presente trabalho será a ambiguidade, por exigir tanto do receptor
quanto do locutor um maior cuidado na (re)construção do sentido do enunciado. Na
produção, deve-se observar a intenção, o público a que se destina e se vai causar o efeito
esperado. Na recepção é importante salientar que o texto poderá possuir dois sentidos
e cabe ao receptor identificar o mais adequado ao contexto ou a possibilidade de dois
sentidos coexistirem. Assim, o presente trabalho, além de identificar as marcas sintáticas,
semânticas, discursivas e lexicais, procurará apresentar no contexto o que desfaz a
ambiguidade criada, isto é, se a ambiguidade pode ser desfeita através de elementos
do texto ou do contexto. Desse modo o trabalho poderá nos permitir fazer uma análise
do fenômeno linguístico e tentar apresentar as principais funções pragmáticas da
ambiguidade tendo como corpus os anúncios publicitários retirados da revista Nova
Escola, abordando aspectos já citados. O âmbito semântico será a base desse trabalho,
pois os elementos linguísticos superficiais do texto vão “denunciar” a ambiguidade e nos
permitirão observar a recorrência desses elementos relacionando-os ao discurso. Será
observado também conceitos como leis do discurso, vaguidade e gênero.
Palavras-chave: ambiguidade; gênero; discurso; estratégia; clareza.
Bruno Neves Rati de Melo Rocha /
Evandro Landulfo Teixeira Paradela Cunha
TEXTO E IMAGEM EM MANUSCRITOS MEDIEVAIS: ILUMINURAS,
MINIATURAS E CAPITULARES
Resumo: Até a invenção e a difusão da impressão, a principal forma de transmissão
dos textos escritos, na Europa ocidental, foi por meio de manuscritos em pergaminho
e papel. Tais manuscritos eram produzidos laboriosamente e, muitas vezes, contavam
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Resumos de trabalhos
com o trabalho de várias pessoas, que exerciam diversas funções a fim de obter não
apenas um texto, mas uma verdadeira obra de arte também do ponto de vista visual.
Além do autor ou do copista, trabalhavam no manuscrito também o rubricador,
inserindo os títulos e as letras capitulares, e o iluminador, que acrescentava imagens
às letras capitulares e/ou aos espaços reservados para as miniaturas (representações
pictóricas, geralmente relacionadas ao conteúdo do texto). Daí, tem-se que a
atividade do iluminador era exatamente a de ilustrar o manuscrito, criando uma
obra de arte que pode ser compreendida por si só, mas que ganha riqueza ao ser
pensada em conjunto com o texto. O objetivo deste trabalho é analisar o valor da
imagem no manuscrito medieval, versando especialmente na relação intermidiática
que estabelece com o texto ao qual está vinculada. Será apresentado um resumo da
história do manuscrito iluminado e das razões que levaram à frequente inserção das
variadas figuras nos livros mais trabalhados, além de exemplos que demonstram o
papel das iluminuras, miniaturas e capitulares como chaves de leitura dos textos.
Finalmente, concluir-se-á que o livro iluminado é composto por palavra e imagem
unidas de forma indissociável e complementar, cada uma concorrendo para o melhor
entendimento da mensagem que veiculam.
Palavras-chave: história do livro; manuscritos medievais; iluminuras; miniaturas e
capitulares.
Bruno Neves Rati de Melo Rocha /
Evandro Landulfo Teixeira Paradela Cunha
A ORALIDADE NA ESCRITA: REFLEXÕES ACERCA DO “INTERNETÊS”
Resumo: Com o objetivo de descrever as preferências estilísticas dos jovens
usuários de internet em contextos virtuais com motivação oral, foi realizada uma
pesquisa observando as escolhas ortográficas usadas em sites de relacionamento,
chats, fóruns, etc. Foram coletados dados nos quais se observou algum tipo de fuga
à norma padrão do português escrito e, a partir daí, foram analisadas as realizações
dos usuários. Entretanto, no decorrer desse processo, observou-se ainda um fenômeno
interessante que, aparentemente, passou despercebido em outros trabalhos a respeito
do “internetês”: nas realizações escritas cuja motivação é a fala, pôde-se encontrar
uma série de relações com fenômenos presentes no processo de formação histórica
das línguas românicas e dos crioulos de base românica, o que parece indicar que a
escrita baseada na oralidade segue padrões já conhecidos pela linguística e mantém
características comuns ao desenvolvimento do sistema ortográfico das línguas,
a despeito das inúmeras críticas feitas ao “internetês”. Este relato de experiência
pretende apresentar os fenômenos presentes na formação tanto do “internetês” quanto
das línguas românicas e crioulos de base românica, além de abordar questões a respeito
da rejeição e da discriminação sofridas pelo “internetês”, por parte tanto de educadores
quanto dos próprios usuários, explicitando a inconsistência teórica dessas críticas.
Serão igualmente levantadas questões metodológicas acerca da pesquisa, tais como a
escolha do corpus e a classificação dos fenômenos relevantes. Além disso, pretende-se
apontar possíveis rumos de investigação que essa e outras pesquisas podem tomar no
que tange a esse assunto ainda insuficientemente explorado.
Palavras-chave: variação e mudança linguística; oralidade e escrita; língua
portuguesa; internetês; netspeak.
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Camilla da Silva Souza
AS MENINAS, DE LYGIA FAGUNDES TELLES: DA LITERATURA AO CINEMA
Resumo: Lygia Fagundes Telles é uma grande escritora nacional, que de certa forma
é pouco lembrada pelos estudos literários das escolas de ensino fundamental e médio,
mas que a partir da apresentação da novela Ciranda de Pedra, criou-se certo interesse.
Dentre suas várias obras, têm-se o romance As Meninas, que se tornou o projeto
cinematográfico de David Neves, dirigido por Emiliano Ribeiro. A obra literária foi
inspirada no momento político do qual o Brasil passava, narrando a história de três
jovens universitárias que moram num pensionato de freiras, vivendo uma época de
guerrilhas urbanas e repressão política. Com este romance Lygia conquistou os prêmios
nacionais mais importantes: o Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras, o Jabuti,
da Câmara Brasileira do Livro e o de “Ficção” da Associação Paulista de Críticos de
Arte. Com a adaptação da obra para filme obtém-se um diálogo entre as duas artes:
literatura e cinema, demonstrando a sociedade da época, seus conflitos e a ditadura
militar sob a forma escrita e audiovisual fazendo assim, uma interligação entre ambas
as artes, frisando que o cinema não deve ser fiel à literatura. Um fator a se observar
ainda, é que o cinema propõe um novo recurso didático para o ensino-aprendizagem da
literatura. O longa-metragem é de 1996, e pode ser trabalhado nas escolas analisando
a História do Brasil, meio a ditadura militar, assim como, o comportamento dos jovens
frente aos problemas sociais. Evidenciando-se uma interdisciplinaridade. Este é um
dos trabalhos do projeto Audiovisual: “o cinema como recurso didático”.
Palavras-chave: As Meninas; Lygia Fagundes Telles; literatura; cinema; História.
Camilla Mendes Batista
UM ESTUDO DA HISTÓRIA, DO ESTATUTO TEÓRICO E DOS PRINCÍPIOS
DE GRAMATICALIZAÇÃO
Resumo: O presente trabalho intenta, em primeiro lugar, apresentar os autores que
primeiramente especularam sobre processos de gramaticalização, tal como Meillet
(1958). Em segundo lugar, apresentar as controvérsias em torno do estatuto teórico
de processos de gramaticalização. Por outras palavras, definir se a gramaticalização
representa uma subárea específica de descrição da língua ou deve ser compreendida
em processos mais gerais relativos à mudança linguística. Em terceiro lugar,
expor os princípios erigidos por Hopper (1993) e Lehmann (1995) para delimitar
a incidência de processos de gramaticalização em âmbito morfológico e sintático.
Por fim, interessa ressaltar a contribuição da noção de metáfora conceitual para a
compreensão de processos de gramaticalização.
Palavras-chave: gramaticalização; princípios; metáfora.
Candida Jamile dos Anjos do Rosário
O ESTUDO DA MODALIDADE NA INTERAÇÃO PROFESSOR X ALUNO
EM UM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar como o uso da modalidade
indica as intenções comunicativas dos falantes, em uma interação entre uma docente
e seus alunos do curso de Direito da UFPA, observando os diferentes significados
dos elementos modais no discurso. Este estudo baseia-se na concepção da Gramática
Sistêmico Funcional de Michael Halliday (1994), particularmente na metafunção
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Resumos de trabalhos
interpessoal. São levantadas as diferentes ocorrências de modalidade, para em seguida
serem analisados os significados dessas escolhas em diferentes momentos da aula. O
corpus da pesquisa é constituído de uma gravação em DVD com duração de 1h40min
de aula. Os resultados preliminares apontam que em uma interação professor-aluno
há a predominância de operadores modais e metáforas modais, com o significado de
probabilidade, nos momentos em que a professora solicita informação aos alunos, no
que se refere ao assunto da aula.
Palavras-chave: gramática sistêmico funcional; metafunção interpessoal; interação
professor-aluno.
Carlos Alberto Corrêa Dias Júnior
OS SIGNIFICADOS DO BAILE: A CRÍTICA E O MISTÉRIO
DE CORPO DE BAILE
Resumo: A proposta desta comunicação é perfilar um histórico de estudos que se
debruçam sobre os variados aspectos da hermenêutica da obra Corpo de Baile (1956)
do escritor mineiro João Guimarães Rosa. Não se trata de um estudo minucioso das
novelas que compõem o compêndio, mas da relação entre elas, ou seja, dos diversos
significados apontados pela crítica que vê, em Corpo de Baile, a verdadeira representação
da arte escrita de Rosa. Por outro viés, a discussão dos aspectos filosóficos nos revela
diversas possibilidades interpretativas para as relações que as narrativas empreendem.
O ensaísta Benedito Nunes já havia feito essa observação de forma não tão específica,
agora a crítica mais recente tenta buscar o sertão-mundo-poético de Rosa em uma
relação das narrativas vista por diversos ângulos: misticismo, recepção, linguagem,
astrologia etc. Esta comunicação vincula-se ao projeto de pesquisa EELLIP (Estudos
Estético-Recepcionais acerca da Literatura de Língua Portuguesa: Guimarães Rosa),
que se centra no exame da recepção crítica de Guimarães Rosa.
Palavras-chave: Guimaraes Rosa; recepção crítica; Corpo de Baile.
Carlos André Pinheiro
AS MARCAS DA TRADIÇÃO ORAL NA POESIA DE ZILA MAMEDE
Resumo: Zila Mamede é um dos nomes mais significativos da literatura do Rio Grande
do Norte. A autora viveu momentos expressivos da infância no sítio de seu avô, de
modo que as lembranças do passado rural estão permeadas por um componente de
gosto popular. Com efeito, as festividades, as crenças, a literatura oral e os hábitos
interioranos foram elementos decisivos para a configuração da poesia mamediana e
contribuíram para manter vivas a tradição nordestina e a memória coletiva da região.
Apesar de Zila Mamede ter tido uma bagagem cultural de cunho popular muito intensa,
essa tradição seria recriada no momento em que a autora entraria em contato com a
cultura e o modo de vida da capital potiguar. Dessa forma, as estórias, as cantigas
de roda, os causos e lendas nordestinas ganham uma nova leitura em suas mãos.
Esse encontro cultural proporcionou o nascimento de uma poesia dialética, em que
o erudito e o popular convivem em relativa harmonia. Com base no que foi exposto,
neste trabalho pretendemos analisar o substrato da cultura popular presente na obra de
Zila Mamede, atentando especialmente para o modo como a poetisa usa os elementos
da narrativa oral para compor seu texto; interessa-nos mostrar a função desempenhada
pelos elementos da tradição oral para a configuração do texto poético. O tema será
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
desenvolvido através da leitura crítica dos poemas Cantiga (construído em cima de
uma conhecida cantiga de roda) e A cruz da menina (baseado em um causo popular).
Palavras-chave: poesia; Zila Mamede; oralidade.
Carmem Izabel Rodrigues
HORTÊNCIA: NATUREZA, DESVIO E DIFERENÇA EM
UM ROMANCE AMAZÔNICO
Resumo: Este trabalho é uma proposta interdisciplinar de analisar algumas articulações
entre linguagem literária e linguagem sócio-antropológica, como duas formas de
expressão, diferentes em suas motivações e objetivos, mas complementares em seus
resultados, e através das quais os sujeitos-atores sociais buscam explicar/interpretar
as sociedades e/ou culturas – reais ou fictícias – que constituem seu objeto de análise.
Partimos de um romance naturalista, Hortência, de Marques de Carvalho, cujo tema, o
desvio social – tema antiquado, mas recorrente, tanto na literatura quanto nas ciências
sociais – nos ajuda a pensar sobre as diversas formas de representação da diferença –
social, racial, sexual – assim como sobre as diferentes “falas” através das quais uma
sociedade pode ser enfocada, seja pela via romanceada da ficção literária, seja pela
descrição pretensamente objetiva do cientista social, especialmente quando o escritorromancista pretende ser, também, um narrador de acontecimentos reais.
Palavras-chave: natureza; cultura; desvio; diferença.
Carmen Lúcia Reis Rodrigues / Cristina Martins Fargetti
RELATIVIZAÇÃO EM XIPAYA E EM JURUNA
Resumo: Apresentaremos uma comparação entre as estratégias de relativização em
xipaya e juruna, línguas remanescentes da família juruna, tronco tupi. Em trabalhos
anteriores (Rodrigues, 1995, 2006; Fargetti, 2001), as autoras apresentam descrições
que apontam para diferenças significativas entre as duas línguas (uso de partícula única
em xipaya e de dois sufixos em juruna), suficientes para questionamentos tipológicos e
comparativos, que, numa análise agora conjunta, permitem trazer contribuições novas,
inclusive redimensionando pontos obscuros já mencionados nos referidos trabalhos. A
comparação entre as línguas permite lançar luzes para a compreensão do que teria sido
o proto-juruna, numa perspectiva histórica, que tem sido ultimamente perseguida pelas
autoras (em especial quanto ao sistema fonológico).
Palavras-chave: orações relativas; língua xipaya; língua juruna.
Carolina Duarte Damasceno Ferreira
A CRÍTICA BIOGRÁFICA NA BERLINDA: CONFLITOS ENTRE O
BIOGRAFISMO E TEORIAS RECENTES SOBRE A FIGURA DO LEITOR
Resumo: Embora a crítica biográfica tenha há muito perdido sua posição de
destaque, alguns de seus ecos ainda se fazem presentes no âmbito da análise literária,
principalmente nas narrativas em primeira pessoa, em que a tendência de aproximar
autor e narrador é mais acentuada. O propósito deste trabalho é destacar o conflito
entre a interpretação biográfica e teorias recentes sobre a figura do leitor. A reflexão
proposta terá como base A rainha dos cárceres da Grécia, de Osman Lins, cujo
narrador escreve notas sobre o romance completamente inédito de sua falecida
amante, Júlia Marquezin Enone. Esse livro coloca em primeiro plano os bastidores
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Resumos de trabalhos
da leitura e configura-se, assim, como um interessante campo de reflexão sobre os
processos de atribuição de sentido, discutindo inclusive os limites da intencionalidade
do autor na interpretação da obra literária.
Palavras-chave: Osman Lins; crítica biográfica; figura do leitor.
Christophe Golder
O TRADUTOR ENTRE SOM E IMAGEM
Resumo: Leconte de Lisle não foi propriamente nem músico nem pintor, mas sua
poesia é de fato o casamento da arte dos sons com a das imagens. É notório que o
mestre do parnasianismo foi um hábil e rigoroso versificador. Sabe-se menos que sua
poesia e tão cheia de notações visuais quanto a de seu ilustre admirador, o visionário
Victor Hugo. É óbvio nos famosos poemas descritivos (cenários naturais como La
Fontaine aux lianes, ou poemas animalescos como La Panthère noire), mas verifica-se
também em poemas ideológicos, como Hypatie ou La Tristesse du Diable. O discurso
nunca se mantém abstrato; toda ideia é ilustrada, figurativizada por uma imagem,
alegórica ou não, de maneira que o texto se dirige aos sentidos: à audição diretamente,
à visaõ indiretamente. O tradutor de Leconte de Lisle (no nosso caso, para o português)
deve, portanto, além de procurar a maior fidelidade semântica, conciliar as exigências
musicais – particularmente rítmicas – com as imaginais. As tensões que resultam dessas
duas forças, muitas vezes, pelo menos na perspectiva da tradução, tão conflitantes
quanto a famigerada oposição rima/razão, são o objeto de nossa comunicação.
Palavras-chave: Tradução poética; Leconte de Lisle; imagem; versificação.
Cinthia de Lima Neves
A TECNOLOGIA DA DOCUMENTAÇÃO
Resumo: A tecnologia faz-se presente em várias facetas da contemporaneidade.
Torna-se, portanto, evidente a relevância das mediações tecnológicas em operosidades
na organização social; no que tange ao ensino, à aprendizagem e à descrição de
línguas. Este trabalho objetiva contemplar experiências da possibilidade de junção
entre aplicações tecnológicas e documentação da língua Parkatêjê, falada atualmente
em duas aldeias localizadas ao longo da BR222, no município de Bom Jesus do
Tocantins, sudeste do Pará. O estudo conta com gravações em áudio e vídeo da
cultura Parkatêjê – textos narrativos com temática de histórias de vida, mitos
e histórias do dia-a-dia – visando à preservação e viabilizando a manutenção e a
revitalização desta língua.
Palavras-chave: documentação; áudio; vídeo; Parkatêjê.
Claudia Arantes Batista
TONGUE TWISTER ONLINE
Resumo: Promover o interesse e motivação do aluno pela língua inglesa utilizando
formas divertidas de aprender, integrando as mídias digitais ao ensino-aprendizagem.
Esse projeto foi desenvolvido com alunos do ensino médio, da disciplina língua
estrangeira moderna – inglês, da escola pública de idiomas Centro de Línguas de
Brasília. Durante um bimestre, os alunos de quatro turmas com níveis de proficiência
diferentes utilizaram mídias digitais para realização deste projeto, cujo tema é o
trava-língua, ou, tongue twister. A utilização das tecnologias digitais promoveu
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
o aumento do tempo de exposição do aluno à língua-alvo fora de sala de aula,
contribuindo para o desenvolvimento das quatro habilidades básicas. A metodologia
utilizada foi a pedagogia de projetos por produzir a participação ativa do aluno
no ensino-prendizagem. Na primeira fase, a professora enviou para os alunos,
por email, um Webquest descrevendo as tarefas e procedimentos do trabalho a ser
desenvolvido. Os alunos pesquisam na internet os sites indicados, e buscaram outros,
para se familiarizarem com Tongue Twisters, em inglês. Na segunda fase, os alunos
apresentaram suas Tongue Twisters favoritas, compartilhando o conhecimento com
os demais alunos. Na terceira fase, os alunos criaram um Tongue Twister, em inglês,
tendo por base o seu próprio nome. Por exemplo: Lucas little love likes lyzard
(criação de um aluno do nível básico). Na quarta fase do projeto, com a utilização
de uma câmera digital, os alunos foram gravados, falando a Tongue Twister de sua
criação. A professora criou um blog, onde os alunos têm acesso a todas as gravações
e podem postar comentários, em inglês.
Palavras-chave: inglês; mídias; projetos.
Claudia Valeria França Vidal
ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA; MOTIVAÇÃO;
REPRESENTAÇÃO CULTURAL; MATERIAL DIDÁTICO
Resumo: Nos últimos anos a questão cultural tem ganhado cada vez mais espaço
nas pesquisas da área de ensino-aprendizagem de línguas. Uma vez que os materiais
didáticos estão entre os principais suportes no processo de ensino-aprendizagem de
línguas estrangeiras, as representações de cultura que estes materiais apresentam
podem influenciar nas crenças e atitudes dos aprendentes em relação à língua alvo e,
consequentemente, em sua motivação para aprendê-la. Compreende-se que cultura
envolve uma gama de aspectos diferentes, entretanto, ao analisar o manual didático
de inglês como língua estrangeira Touchstone, pode-se observar que as amostras
de cultura apresentadas nesse material referem-se basicamente a aspectos históricogeográficos e informações turísticas. Assim, esta pesquisa apresenta reflexões acerca
da considerável limitação da representação cultural no manual analisado, tendo como
foco principal a maneira como esta afeta a motivação do aprendente.
Palavras-chave: Motivação; representação de cultura; livro didático.
Cláudio André Cavalcanti Couto
ESTUDO PRELIMINAR DA FONOLOGIA DA LÍNGUA
DOS ÍNDIOS JAMINÁWA (PANO) DO IGARAPÉ PRETO
Resumo: Nosso estudo objetiva descrever e analisar a fonologia da língua dos índios
Jamináwa, família linguística Pano (Rodrigues, 1986), habitantes da T.I. Jamináwa
do Igarapé Preto, situada no município de Rodrigues Alves, no estado do Acre.
Essa língua é falada no Brasil, no Peru e na Bolívia, mas não teve ainda qualquer
estudo sobre sua variedade falada na mencionada Terra Indígena. Assim, nos
debruçaremos sobre os dados coletados em 2008, junto aos últimos falantes desse
idioma no Igarapé Preto. Nossa análise partirá dos procedimentos de descoberta da
fonologia tradicional, através da abordagem estruturalista distribucional, adequada
à descrição de línguas ágrafas, e terá como marco teórico a fonologia moderna.
Desse modo, demonstraremos, de forma preliminar, como se apresenta e funciona o
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Resumos de trabalhos
sistema fonológico dessa variedade da língua Jamináwa, em seu nível segmental e
suprasegmental.
Palavras-chave: Fonologia; Línguas indígenas; Línguas Pano.
Cláudio Augusto Carvalho Moura
HIPERTEXTO LITERÁRIO: UMA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA ANTERIOR
À INFORMÁTICA
Resumo: A presente comunicação se propõe a validar como fenômeno literário as
práticas hipertextuais, frequentemente atribuídas ao boom tecnológico que culmina
com a criação e desenvolvimento da internet. Partindo de um breve histórico sobre
os estudos da hipertextualidade são observadas ao longo do seu desenvolvimento
características hipertextuais elencadas por teóricos como George P. Landow e
Katherine Hayles para que uma obra se constitua como hipertexto. Dentre essas
características podem ser destacadas a feitura do texto, sua capacidade interativa e os
papéis do autor e leitor, entre outras. Por meio dos pressupostos teóricos explicitados
são feitas comparações entre as produções escritas impressas e eletrônicas a fim
de clarificar os pontos comuns referentes à manifestação da hipertextualidade nas
mesmas. Dessa forma tenta-se desconstruir a ideia de que a hipertextualidade se
atrela necessariamente a um veículo informático como condição para a sua existência,
retirando o peso conferido ao suporte na observação do fenômeno e transferindo-o
para questões referentes à textualidade das obras.
Palavras-chave: Hipertextualidade; Suporte; Livro impresso; Internet.
Claudio Cledson Novaes
GLAUBER ROCHA E O PENSAMENTO LIMINAR
EM RIVERÃO SUSSUARANA
Resumo: Analisamos o romance de Glauber Rocha, discutindo os aspectos éticos
e estéticos da tensão discursiva radical sobre a cultura, a identidades e a memória
nacional desconstruída na obra. Mapeamos as configurações e diálogos de Riverão
Sussuarana (1978) com as narrativas literárias e cinematográficas brasileiras, a
fim de discutirmos o conceito de “pensamento liminar” no discurso glauberiano,
problematizando a representação tradicional e a ruptura da política cultural brasileira
depois 1960.
Palavras-chave: literatura; cinema; identidade; cultura; contemporânea.
Cleuma de Almeida Matos Nascimento
MOTIVAÇÃO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA ATRAVÉS DO GÊNERO TEATRO
Resumo: O objetivo desta comunicação é discutir o papel da motivação no processo
de aprendizagem de língua estrangeira. Apresentaremos uma experiência realizada
por meio do gênero teatro como uma proposta inovadora que pode nortear a prática
docente de professores de língua inglesa. Acreditamos que ao trabalhar a língua, seus
códigos e expressões por meio do teatro, integrando as línguas materna e inglesa,
realizamos uma intervenção pedagógica útil e produtiva não apenas para a construção
de situações comunicativas, mas também para evidenciar que a motivação é um
esteio de qualquer experiência de aprendizagem (LILE, 2002). As diferentes facetas
da motivação no processo de aprender uma língua estrangeira ficam evidenciadas na
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
preparação longitudinal desse gênero (DÖRNYEI, 2001). O prazer proporcionado
pela dramatização motiva um maior interesse pelos estudos, dada a linguagem lúdica
e multifacetada do teatro, atuando como um importante elemento catalizador de
aprendizagem. Em seguida, outros tipos de motivação assumem papéis fundamentais
na manutenção dos esforços demandados nesse processo.
Palavras-chave: Motivação; Língua Inglesa; Teatro.
Cristhiane Miranda Vaz
O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO DE PLE
Resumo: É notório tanto para os professores quanto para os alunos que, a combinação
livro didático, explicação do professor e quadro negro, já não é suficiente no mundo
atual, onde as informações são recebidas instantaneamente e a tecnologia avança
em um segundo. Existem hoje no mundo da informática e da tecnologia, diversos
recursos e ferramentas que podem ser utilizadas pelo professor para agilizar e
auxiliar no trabalho de conseguir que seus alunos alcancem determinados objetivos
linguísticos. Essas ferramentas são extremamente úteis e profícuas principalmente
no que tange o ensino de línguas. O objetivo deste trabalho é mostrar algumas
dessas ferramentas que estão sendo utilizadas com sucesso no ensino de português
como língua estrangeira, para alunos de nacionalidades diferentes na Universidade
de Brasília.
Palavras-chave: tecnologia; ensino de português língua estrangeira; ferramentas
didáticas.
Cristiana Mota
VIAGENS PELO MUNDO LUSÓFONO: LITERATURA E SEBASTIANISMO
Resumo: O viajante, teoricamente, é possuidor de um olhar duplo: o que leva de sua
terra em relação ao desconhecido e o que passará a possuir quando chegar àquele.
Influencia e é influenciado. É esse olhar o qual se busca alcançar através do projeto
de pesquisa A Nau portuguesa: história, memória e literatura no mundo lusófono,
o qual é dividido em dois eixos, sendo um deles “Viagens pelo mundo lusófono:
literatura e sebastianismo”, a fim de se saber como foi o processo de construção da
identidade sócio-cultural tanto lusitana como suas influências no imaginário popular
nacional. Elegeram-se duas obras, para tanto. Em Viagens na minha terra, de Almeida
Garret, procura-se contemplar a visão de quem fez uma viagem pela sua própria
terra (Portugal), um reconhecimento da história do país, num misto de narrativa de
viagem, romance, novela e diário. Analisado o interior do país colonizador, dirige-se
o olhar para o exterior, o colonizado. Na obra de Ariano Suassuna, o Romance d’ A
Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, investiga-se a conservação
de um dos maiores mitos portugueses: o Sebastianismo, crença de que o rei D.
Sebastião, desaparecido na Batalha de Alcácer-Quibir, na África, irá retornar para
salvar a nação. Há, então, um diálogo entre as duas nações. A esperança do retorno
de um ser que salvará a pátria fixou-se no Brasil, principalmente no Maranhão e no
litoral paraense. Apresentar-se-á alguns traços dessa ponte existente entre o um e
outro como resultado parcial do projeto.
Palavras-chave: viagem; literatura; sebastianismo.
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Resumos de trabalhos
Cristiane Checchia
DE SARMIENTO A SAER: O HIBRIDISMO DOS GÊNEROS E
A INVENÇÃO DE UMA TRADIÇÃO
Resumo: A superação de definições atemporais de gêneros ou subgêneros literários
é já uma herança da qual todo o escritor contemporâneo está, ou deveria estar,
ciente, desde a primeira linha que escreve, depois que escritores como Mallarmé,
Proust, Joyce, e tantos outros romperam definitivamente com os limites entre prosa,
poesia, ensaio e reflexões teóricas sobre o próprio fazer textual, em um processo
de experimentação que teve desdobramentos específicos no cenário literário latinoamericano. Se isso é ponto pacífico, para a crítica passa a interessar o modo como
cada escritor contemporâneo, liberado de camisas-de-força normativas e voltado
para o trabalho com a materialidade da linguagem, pode forjar uma obra singular,
rompendo as expectativas de leitura que os gêneros ainda representam e reinventando
novos horizontes, sempre provisórios. O escritor argentino Juan José Saer trabalhou
toda sua vasta obra de ficção nesse embaralhamento de gêneros, sobretudo a partir
da mescla de registros poéticos e narrativos, mas também com a preocupação de
tecer sempre no texto uma dimensão metalinguística. Se isso é evidente em sua
ficção, o que dizer de El río sin orillas, um livro ao que o próprio autor atribui um
caráter inclassificável? A princípio, poder-se-ia denominá-lo um ensaio, mas seria
totalmente desinteressante fincar pé numa definição de gênero a priori. Mais frutuosa
parece ser a tentativa de ler o gesto do autor em reforçar o hibridismo do livro e, a
partir daí, experimentar as possibilidades de interpretação abertas por esse gesto. É
esse o objetivo desta comunicação.
Palavras-chave: Literatura argentina; Juan José Saer; tradições literárias;
hibridismo de gêneros.
Cyntia de Sousa Godinho
A OCORRÊNCIA DE ANGLICISMOS NOS NOMES DE
ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NA CIDADE DE SANTARÉM – PARÁ
Resumo: Em um mundo cada vez mais globalizado, somos absorvidos pela
ocorrência de estrangeirismos provindos de línguas de maior influência, tanto
política quanto ideológica. A Língua Inglesa é a responsável pela maior repercussão
linguística e cultural dos últimos tempos, por ser a língua adotada mundialmente
como língua internacional, pela influência, principalmente, política e econômica dos
países ingleses. No Brasil, diariamente sofremos o impacto de palavras e expressões
vindas da Língua Inglesa através da mídia, indústria, comércio, informática, filmes,
músicas, etc. No município de Santarém é possível observar esse acontecimento,
principalmente, em nomes de estabelecimentos comerciais, no centro da cidade, bem
como, na mídia local, principalmente nas rádios, através de músicas ou expressões
inglesas, nos produtos que compramos nas mercearias ou supermercados, nos
programas de TV, nas roupas etc. Este trabalho visa a análise desses empréstimos
em nomes de estabelecimentos comerciais, localizados no centro da cidade do
município de Santarém, pautado nas teorias de estudiosos como Maingueneau
(2004), Rajagopalan (2005) e outros envolvidos no estudo desse comportamento dos
contatos entre as línguas. Para isso surge a necessidade de identificarmos, através da
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
coleta de um corpus, os nomes de estabelecimentos comerciais, no centro da cidade,
de forma, a definir o tipo e a estrutura das ocorrências desses empréstimos linguísticos
e explicar o impacto dessas estruturas para os falantes nativos: comerciantes e/ou
consumidores de Santarém.
Palavras-chave: Empréstimos linguísticos; estabelecimentos comerciais; Santarém.
Daiana Nascimento dos Santos
A FOICE E O MARTELO NA ESCRITA DE JORGE AMADO
Resumo: En el pretendido trabajo partimos de las más relevantes obras de la primera
fase de la actividad literaria del escritor brasileño Jorge Amado, con la finalidad de
analizar en qué medida la ficcionalizacion de la historia en las novelas Cacau (1933),
Suor (1934), Jubiabá (1935), Seara Vermelha (1946) y la trilogía Os Subterraneos
da liberdade (1954) están orientadas por sus convicciones políticas comunistas y,
más concretamente en el ámbito literario por una adaptación del Realismo Socialista.
Revisaremos sus argumentos y la retórica socialista que se realiza desde la actuación
de los personajes. En esta medida, analizaremos el concepto de pueblo que se
presenta en la narrativa según sus conceptos políticos. Por último, retomaremos
las concepciones marxistas de Jorge Amado y analizaremos las transformaciones
significativas del Realismo Socialista en la realidad brasileña.
Palavras-chave: Realismo Socialista; Jorge Amado; Literatura.
Daniel Glaydson Ribeiro
ALTAZOR, DE VICENTE HUIDOBRO:
O GESTO POLÍTICO NUMA DAS EPOPEIAS DE XX
Resumo: A corrente proposta de comunicação ramifica-se de dissertação em curso,
intitulada Voo criacionista e épico do sentido ao ser da linguagem em Altazor de
Vicente Huidobro. O poema do escritor chileno integra a reconfiguração do gênero
épico operada no século XX, junto a obras de Marinetti, Eliot, Pound, Neruda,
Jorge de Lima e outros. Tal reconfiguração está calcada no que chamo de escritura
mitológica – ou reescritura, porque há uma mutação específica ao épico que é a do
recontar próprio à oralidade metamorfoseando-se no rescrever próprio ao intertexto,
categoria esta não essencial à palavra lírica. Este vínculo entre o épico e a tradição
oral exige ressaltar a liberdade expositiva daquele, seu caráter não obediente a uma
pura transcrição. O poeta épico maneja o Mito para expressar uma Ideologia. Mito,
agente de crítica à racionalidade, que vai deixando de ser captado do mundo oral
para ser trazido dialeticamente das outras epopeias; e Ideologia, funcionando como
modo, limitado entre limitados, de conceber o mundo. Em Altazor, o mito do “gran
poeta” posto em xeque – tendo como interlocutor o “greatest poet” de Whitman em
Leaves of Grass – engendra uma viagem pela condição filosófica e política (épica?)
da linguagem em XX e na América Latina. A desmontagem da língua em seu salto/
queda autoconsciente rumo ao mero significante faz ultrapassar ao sentido o ser,
sendo o último Canto o rito da renovação (revolução?) tribal – algo contra essa coisa
instalada que foi a língua do colonizador, ou que ainda é.
Palavras-chave: Épico; Linguagem; Política.
90
Resumos de trabalhos
Daniela Moraes de Jesus
O TEMPO, MODO E ASPECTO NO CRIOULO GUIANENSE DE CAIENA:
NOTÍCIA DO PROJETO CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS DO CRIOULO
GUIANENSE DE CAIENA
Resumo: Este projeto integra o NEALA – Núcleo de Estudos e Arquivos da
América Latina e apoia-se na linha de pesquisa Acervos da Memória Cultural. Tem
por objetivo investigar características linguísticas e sócio-históricas da formação
do crioulo guianense de Caiena e adota o conceito de Centros Culturais proposto
por Eduardo Coutinho (2004). Assim, elegemos como um dos centros culturais
da América Latina o “Centro Cultural Guiana, guianas” tendo como cidade-eixo
Caiena, um importante pólo de confluências culturais e linguísticas que culminaram
na formação de um complexo mosaico linguístico e cultural tão característico da
Guiana. Interessados no crescimento econômico da Guiana colonial, os primeiros
colonos franceses passaram a importar escravos negros para que trabalhassem em
suas grandes plantações, período conhecido como Ciclo da Plantação. As populações
africanas, deslocadas do seu mundo, passaram a lutar para sobreviver num contexto
hostil. Proibidos de usar suas línguas, os escravos tiveram como modelo a língua
do seguimento político dominante e adquiriram-na defectivamente. Estudos
crioulísticos demonstram que as entidades linguísticas surgidas nos séculos XVII,
XVIII e XIX, a partir dos contatos entre línguas mutuamente inteligíveis variam
em seus parâmetros sócio-demográficos e etno-linguísticos, podendo surgir, nesse
contexto, pidgins, crioulos e/ou variedades linguísticas da língua alvo (LUCCHESI,
2003). Assim, propõe-se, neste trabalho, expor os primeiros resultados da análise do
corpus do Projeto Características linguísticas do crioulo guianense de Caiena no
que se refere ao uso de partículas antepostas ao verbo para indicar tempo, modo e
aspecto – o sistema TMA; bem como a discussão de algumas características sóciohistóricas que influíram na formação do referido crioulo.
Palavras-chave: Contato linguístico; Crioulo; Guiana.
Daniela Silva de Oliveira / Wilker Melo da Silva
DISTRIBUIÇÃO GEO-SOCIOLINGUÍSTICA DE /L/ NOS DADOS
DO ALIB-NORTE
Resumo: Esta pesquisa visa à investigação da realização variável de /l/ diante de [i]
nos dados do ALiB-Norte, mais especificamente, no que concerne à palatalização
do fonema no estado do Pará. Sabe-se que a palatalização de /l/ é um fenômeno
descoberto e estudado muito recentemente na Língua Portuguesa. A palatalização
de /l/ tem se mostrado um caso peculiar no estado do Pará. Este segmento parece
traçar uma rota específica no espaço paraense (Oliveira, 2007). O que se verificou é
que este fenômeno da palatalização de /l/ prevocálico praticamente não foi estudado,
talvez por apresentar pouca produtividade frente a outros casos de palatalização
como a das consoantes /t/ e /d/. Daí a necessidade de se empreender este estudo com
vistas a identificar, descrever e mapear a rota traçada por esta realização dentro do
espaço paraense. Portanto, propõe-se através desta, a partir de dados do Português
falado no estado do Pará, utilizando-se uma abordagem multidimensional capaz de
proporcionar identificação das diferenças diatópicas, diastráticas e diageracionais,
intrarregião, a distribuição geo-sociolinguística do fenômeno a partir de dados
91
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
extraídos dos questionários fonético-fonológico e semântico-lexical (ALiB, 2001).
Estes dados foram transcritos grafemática e foneticamente por pesquisadores do
projeto nacional, com sede na Bahia, e posteriormente selecionados segundo os
contextos de interesse da pesquisa em andamento para análise geo-sociolinguística.
Os pressupostos teórico-metodológicos que permeiam este estudo submetem-se à
Sociolinguística Variacionista. O tratamento sistemático dos dados foi realizado
pelo pacote estatístico VARBRUL. Fatores de cunho linguístico e extralinguístico
foram considerados, tais como: posição da variável dependente na palavra, posição
do acento, sexo, escolaridade, entre outros. Pretende-se também a confecção de
cartas e disponibilização das variantes linguísticas nestas. Verifica-se então sob este
projeto uma autenticidade inovadora que constitui um fator altamente relevante para
o contínuo do projeto e a divulgação de novidades quanto ao quadro promotor de
uma certa identidade linguística do falar paraense.
Palavras-chave: mudança; sociolinguística; palatalização.
Daniele Barbosa de Souza Almeida
AS RELAÇÕES DE PODER EM A SOMBRA DO PATRIARCA, DE ALINA PAIM
Resumo: Alina Paim em A sombra do patriarca (1950) problematiza a noção simplista
e dicotômica do homem dominante e mulher dominada. Essa obra do realismo social
observa que o poder se exerce em várias direções e que os sujeitos dicotômicos são na
verdade homens e mulheres de várias classes, raças, religiões e idades. Este artigo tem
como objetivo destacar as estratégias utilizadas pela autora para criar novas identidades
de gênero não só femininas, mas masculinas também através da protagonista Raquel
e da personagem Oliveira, observando que tanto mulheres quanto homens sofrem
preconceito ao desviar das condutas privilegiadas pela sociedade enquanto norma.
Para tanto, utilizaremos como aportes teóricos escritores que privilegiem questões de
identitárias e de gênero como Bordo, Butler, Bourdieu e Foucault.
Palavras-chave: identidade; gênero; corpo.
Danielle dos Reis Blanco
ENTRE CULTURA POPULAR E INDÚSTRIA CULTURAL:
PRÁTICAS DO BOI DE MÁSCARAS “VELUDINHO”, EM BELÉM-PA
Resumo: Este trabalho apresenta como principal proposta estudar de que maneira a
cultura de um determinado povo passa à democratização de certa forma que vem a
contribuir com a identidade cultural de um Estado, através de vários fatores como, a
intervenção governamental, o trabalho e a ideia de folclore, perpetuando e difundindo
costumes de populações tradicionais e periféricas. Podemos levar em consideração
que através dessas ações, em grande parte governamentais, esta cultura, que muitas
vezes é proveniente das populações tradicionais, acaba perdendo um pouco de sua
dinamicidade e cria a tendência de tornar-se o que teóricos da Escola de Frankfurt
nomeiam como indústria cultural, termo proposto por tratar de produção em grande
escala, pausterizando determinadas práticas culturais, como em uma grande indústria,
tornando, dessa maneira, parte de um produto que passa a apresentar características
de um produto comercial. O método utilizado para esta pesquisa é a narrativa oral
das pessoas que participam do grupo folclórico Boi Veludinho do Bairro do Guamá,
criado por um conterrâneo de São Caetano de Odivelas, migrante para a periferia de
92
Resumos de trabalhos
Belém; neste contexto podemos perceber a dinamicidade de populações tradicionais
e populações periféricas, através da observação das ideologias e costumes do grupo,
bem como o estudo de conceitos como: folclore, cultura popular, antagonismos
sociais e lutas de classes.
Palavras-chave: Cultura popular; Indústria Cultural; Identidade Cultural.
Danilo de Oliveira Nascimento
A CRÍTICA DILETANTE E MILITANTE DE RAUL POMPÉIA
Resumo: Aos vinte nove anos de idade, Raul Pompéia (1863-1895) abandona a ficção
para dedicar-se integralmente à imprensa especificamente ao ‘jornalismo político’ e
ao ‘jornalismo literário’. Durantes os anos de 1893 a 1895, o cronista e escritor
publicou simultaneamente crônicas sobre fatos políticos referentes à República como
críticas de arte e literária em vários jornais. Pandora Crítica, seção mantida no jornal
A Gazeta de Notícias e também em seções do Jornal do Comércio divulgaram sua
visão, ideias e concepções estéticas e literárias de seu caderno de notas íntimas. Seu
exercício de crítica de jornal sobre romances fancarias e naturalistas, livros de contos
e livros de poesias baseou-se naquilo que o cronista rotulou de ‘impressão sintética’,
mas também em simpatias e desafetos, além da tendência a valorizar ou desvalorizar
a obra a partir do escritor ou do poeta e da recepção da obra em detrimento da análise
propriamente dita. Ao lado dessa atividade de ‘diletante’, Pompéia combateu, em
suas crônicas, a mediocridade do ambiente cultural, artístico e literário do Brasil da
segunda metade do século XIX evidente não apenas a partir dos produtos culturais
e artísticos, mas do comportamento de seus produtores: donos de jornais, literatos e
jornalistas e de seus consumidores, os leitores e interlocutores.
Palavras-chave: Jornalismo; crítica; literatura.
Davina Marques
NAS TRILHAS DO RITORNELO EM ROSA
Resumo: Reafirmando as potências que existem na filosofia e na literatura, através
de encontros entre textos de Gilles Deleuze-Félix Guattari e um dos contos de João
Guimarães Rosa, este trabalho discute o funcionamento do conceito de ritornelo
em Campo Geral. O objetivo é explorar como o autor usa a canção e uma espécie
de refrão intensivamente no enredo para, em seguida, buscar de que maneira isto
acontece na sua adaptação para o cinema em “Mutum”, de Sandra Kogut (2007).
Palavras-chave: ritornelo; literatura; cinema.
Débora Cristina do Nascimento Ferreira
AULA DE PORTUGUÊS NO ENSINO MÉDIO: O PROCESSO DE
CONSTRUÇÃO DE OBJETOS GRAMATICAIS NO TRABALHO DOCENTE
Resumo: O trabalho tematiza acerca do ensino de objetos gramaticais durante as
práticas de ensino da disciplina escolar Língua Portuguesa. O estudo busca analisar
o processo de institucionalização de tais objetos a partir do trabalho docente, isto
é, investigar quais os gestos e instrumentos utilizados pelo professor para que o
referido objeto de ensino passe a ser efetivamente ensinado. O corpus a ser analisado
consiste em aulas de língua portuguesa gravadas em vídeo e MP3, no primeiro
semestre do ano de 2007. Seguindo as orientações teóricas da pesquisa etnográfica
93
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
(Moita Lopes, 1994; André, 1995), realizamos a geração de dados, observando uma
turma do primeiro ano do Ensino Médio, de uma escola da rede particular de ensino,
da cidade de Belém-PA. Do ponto de vista teórico, assumimos uma concepção
enunciativo-discursiva de linguagem (tal como proposta em Bakhtin, 1929/1995);
adotamos as contribuições teóricas sobre o ensino de língua portuguesa referentes
ao contexto brasileiro (Britto, 1997; Batista, 1997) e os estudos produzidos pelo
grupo de didática das línguas de Genebra, coordenado por Schneuwly, Dolz e
colaboradores (2000, 2001, 2005), que tem pesquisado, atualmente, os modos de
construção de objetos de ensino no seio das práticas didáticas, processo em que tais
objetos instituem-se objetos ensinados por intermédio do trabalho do professor. A
análise dos dados permitiu ratificar o predomínio de práticas de ensino de português
consideradas tradicionais (concepção representacionista de linguagem, métodos de
ensino que privilegiam a repetição e a memorização, entre outros). A relevância da
investigação reside em discutir o processo didático que conduz ao ensino de objetos
gramaticais no Ensino Médio e como esse saber, do ponto de vista didático, passa a
ser didatizado e institucionalizado na aula de português.
Palavras-chave: Ensino Médio; ensino de Língua Portuguesa; trabalho docente;
objetos gramaticais.
Deborah Batista Marques
ESTRATÉGIAS PARA O FOMENTO DE AUTONOMIA
Resumo: Desde que a autonomia no aprendizado de línguas tornou-se um campo de
estudo, poucas evidências que mostram como professores promovem a autonomia
do aprendente, no que se refere à sala de aula, foram coletadas (VIEIRA, 2007).
As pesquisas foram centradas no aprendiz e nas suas necessidades. Assim, estudos
sobre como incitar o comportamento autônomo pela parte do aprendente são
baseados, principalmente, nas experiências pessoais de cada autor (AOKI, 2002).
Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo coletar estratégias de ensino que
promovam um ambiente de aprendizado autônomo. Para tal, fez-se uma revisão
da literatura sobre aprendizado autônomo, learner traning e o papel do professor
ao fomentar autonomia. Então, com o auxilio de um check-list, observações de
aulas foram feitas com o objetivo de coletar estratégias de ensino que promovem
as condições necessárias para haver o aprendizado autônomo. Os dados coletados
foram organizados de acordo com a frequência e tipo de estratégias.
Palavras-chave: autonomia; aprendizado autônomo; estratégias de ensino.
Deborah Edds
EXPERIENCES WITH YOUNG SPANISH AS SECOND LANGUAGE LEARNERS
Abstract: In this paper I relate my experience teaching Spanish to American students
between the ages of 3 and 9. I will discuss some methods such as vocabulary
memorization with songs, practice with TPR games, and object lessons, reflecting on
the role that maturity and age played in language learning, as well as the benefits and
drawbacks of one-on-one versus small group learning. I found age of students to be a
determining factor in the rate of acquisition of vocabulary. Older students were better
able to focus, and were able to learn more vocabulary and quicker as well. Also, certain
types of songs were able to help students remember the vocabulary more quickly than
94
Resumos de trabalhos
others. Songs that were entirely in the target language were much more difficult for
the students to learn than songs which juxtaposed the target language with the native
language. More research on the use of the native language with the target language might
shed some light on the process of second language acquisition of young learners.
Key words: Second Language Learning; Spanish as a Foreign Language; Young
Learners.
Débora Renata de Freitas Braga
O PORTUGAL DE GARRETT:
VIAGENS NA MINHA TERRA E MEMÓRIA NACIONAL
Resumo: Teresa Cerdeira, em ensaio publicado na coletânea O avesso do bordado
(2000), afirma que, na tradição portuguesa, falar de viagens é uma redundância a
que se não pode fugir. Assim, propomos analisar o livro Viagens na Minha Terra,
de Almeida Garrett, a partir da perspectiva de um texto que se constitui como uma
proposta moderna de formação da nacionalidade portuguesa, pautada na fixação à
terra, paradoxalmente, ao avesso da inclinação lusitana para viagens marítimas. À
medida que se evidencia a necessidade de redescobrir a própria casa, a narrativa
garrettiana constrói-se como possibilidade de oposição ao mar como único símbolo
da glória nacional e, segundo o filósofo Eduardo Lourenço, em Mitologia da Saudade
(1999), de instauração do país da saudade, destinado à busca de si mesmo.
Palavras-chave: Garrett e um ideal de nação portuguesa; o mar e a terra; saudade e
redescoberta.
Décio Torres Cruz
LITERATURA POP: MÍDIA, CINEMA E OUTRAS ARTES
Resumo: Este trabalho investiga a relação entre literatura, cinema, mídia e outras
artes como uma das tendências da escrita das décadas de 60 a 80, conhecida como
literatura pop. Serão abordados os aspectos que a constituem e a caracterizam: a
indústria cultural, a democratização das artes, a carnavalização da linguagem, as
técnicas cinematográficas, o kitsch, os personagens e a identidade mítica criada pelo
cinema e pela mídia. A literatura pop abrange uma variedade de obras de escritores
de diferentes partes do mundo. Trechos de obras de Roberto Drummond, Agripino
de Paula, Rogério Menezes, Manuel Puig, Ítalo Calvino, Donald Barthelme, Beatles,
dentre outros, serão destacados.
Palavras-chave: literatura; cinema; mídia; artes plásticas.
Denise Santos de Figueiredo
FICÇÃO E DOCUMENTALIDADE EM À MARGEM DA HISTÓRIA,
DE EUCLIDES DA CUNHA
Resumo: Quando encontramos citações sobre a obra de Euclides da Cunha em
diversos autores, aparece sempre uma questão dicotômica: seria ele um historiador
com pendor literário ou um romancista com olhar historiográfico? Este trabalho
procura compreender a obra À Margem da História (1909), de Euclides da Cunha,
como um gênero ficcional, ainda que dotado de um forte teor documental, próprio da
literatura naturalista do século XIX que, no Brasil, com a obra euclidiana, adentra o
século seguinte. Baseada principalmente nos estudos de Luiz Costa Lima1 e Silviano
95
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Santiago2, me proponho, neste trabalho, demonstrar a pertinência das ideias desses dois
autores — sobre o “veto ao ficcional” e o “romance de tese”, respectivamente — na
escrita euclidiana, uma vez que À Margem da História constitui-se em uma narrativa
que, apesar da formação positivista de Euclides e do cientificismo predominante na
literatura ocidental nesse período, possui uma literariedade romanesca capaz de falar
com poeticidade do sofrimento e da história do homem pobre da Amazônia.
Palavras-chave: Literatura; ficção; documento.
Denize Helena Lazarin
DA PALAVRA DE HUMBERT À IMAGEM DE LOLITA: O CINEMA COMO
MITIFICADOR DA OBRA DE NABOKOV
Resumo: O presente trabalho pretende contrastar as representações da personagem
Lolita no livro de Vladmir Nabokov, de 1954, bem como na adaptação cinematográfica
produzida por Stanley Kubrick de 1962. As duas construções da personagem serão
exploradas objetivando as múltiplas leituras entre a obra de Nabokov e a do texto
fílmico. Observa-se no texto literário, por exemplo, uma voz narradora (Humbert)
que produz um determinado discurso a respeito da personagem Lolita: uma ninfeta,
ou seja, uma criança sedutora e manipuladora; já no texto fílmico, apesar de manter o
tom irônico do texto literário, ameniza-se a noção de discurso, ou seja, de construção
de sentidos a partir de um determinado ponto de vista (Humbert), criando um efeito
de realidade. Desta forma, a imagem assume uma ideia de verdade.
Palavras-chave: Lolita; discurso; imagem.
Dennis Albert Moore
CONSTRUÇÕES CAUSATIVAS EM GAVIÃO DE RONDÔNIA
Resumo: As construções causativas na língua Gavião de Rondônia são interessantes
para a tipologia de causativos nas línguas amazônicas. A língua tem duas construções
causativas sintáticas. Na primeira, uma partícula derivacional, /matéé/, homófona
com um radical de verbo transitivo /ma-téé/ ‘mandar’ segue imediatamente ou
um radical de verbo ou um verbo, e a construção que resulta é ou um radical de
verbo transitivo sintático ou um verbo sintático. Na segunda construção causativa,
uma outra partícula causativa, /tígí/, homófona com o radical de verbo transitivo /
tígí/ ‘derrubar’ ocorre imediatamente depois de ou um radical de adjetivo ou uma
nominalização abstrata. A nominalização pode ser ou morfológica ou sintática.
A construção que resulta é um verbo sintático ou um radical de verbo transitivo
sintático. Em todas as construções causativas, o causado é opcionalmente indicado
como objeto do marcador de oblíquos, /kay/. A estrutura constituinte das construções
será demonstrada. O prefixo transitivizador, /ma-/ de larga distribuição nas línguas
Tupí, pode produzir radicais de verbos transitivos com sentido causativo.
Palavras-chave: causativo; Gavião de Rondônia; sintaxe.
Doriedson do Socorro Rodrigues / Giussany Socorro Campos dos Reis
ESCOLA-EDUCAÇÃO: AÇÕES E REAÇÕES NA LINGUAGEM DOS
AMAZÔNIDAS
Resumo: O Trabalho discute, a partir do fenômeno da nasalização vocálica pretônica
diante de consoante nasal na sílaba seguinte, no interior do português falado no
96
Resumos de trabalhos
município de Cametá, nordeste do Pará, Brasil, a atuação da escola junto ao homem
e à mulher da Amazônia cametaense, mediante as orientações da Sociolinguística
de linha laboviana e do materialismo histórico-dialético. Tem-se observado, via
linguagem, a atuação de uma escola ainda permeada pelo viés capitalista, primandose pela homogeneidade em detrimento da heterogeneidade, bem como pela atenuação
do sentimento de classe, elemento importante para uma superação do modo de
produção que prima pela exploração do homem pelo homem.
Palavras-chave: Consciência de Classe; Variação; Escola.
Dircilene Guedes Batista
A MODALIZAÇÃO NA PRODUÇÃO DE TEXTO
Resumo: O presente trabalho está inserido no campo das pesquisas sociointeracionistas
sobre leitura e produção de texto no contexto escolar, cujos propósitos são colaborar
para uma proposta de intervenção didática que tem como objetivo contribuir com
o ensino-aprendizagem de língua portuguesa, no que se refere ao uso de itens
modalizadores e seus efeitos discursivos em textos e, fornecer dados para a construção
de um corpus que possibilite a instrumentalização de recursos; está voltado para
alunos da educação básica, podendo ser adaptado a outro público alvo. O estudo
fundamenta-se numa concepção sociodiscursiva da linguagem, cujo aporte teórico
emabasa-se, entre outras, em contribuições de Vygostki (1934), Bakthin (1952),
Habermas (1987), e, sobretudo, nos estudos de Bronckart (2006).
Palavras-chave: modalização; leitura e produção de textos; interacionismo sociodiscursivo.
Douglas Pulleyblank
CONSTRAINED INTERACTION
Abstract : Natural language phonologies exhibit robust patterns of assimilation,
harmony, dissimilation, metathesis, and so forth. Such patterns exhibit different
arrays of properties, with such differences often prompting researchers to postulate
very different constraint types for different types of phenomena. A common strategy
is to build process-specific mechanisms into the constraints driving the patterns. For
example, recent work on long-distance harmony has suggested that local assimilation
and long-distance harmony should be attributed to completely different types of
constraints. This paper argues for an opposing strategy, one deriving a wide variety of
superficially distinct phenomena through instantiations of a single constraint type. The
core ideas are the following: Phonological patterns are defined by output constraints;
phonological representations are based on feature-sized units; the combination and
sequencing of feature-sized units is governed by a single set of constraints; features
and constraints on features are rooted in phonetics. These ideas are neither new nor
complex. It will be shown, however, that the surface phenomena they generate exhibit
considerable complexity. Phenomena discussed include glottalisation (Nuu-chahnulth), tonal polarity (Margi), tongue root harmony (Setswana), vowel assimilation
(Basque), vowel distribution (Tiv), nasal harmony (Moba Yoruba). The central
hypothesis is that phonological systems depend crucially on identifying a set of featural
elements, and that these elements are constrained in two related ways: Some feature
specification F may be prohibited from cooccurring with some feature G (*[F,G]);
some feature specification F may be prohibited from preceding or following some
97
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
feature specification G (*[F][G]). For example, we see in languages like Fula that high
vowels must be produced with an advanced tongue root (*[-ATR,+high]), an example
of a constraint based on coincidence; in Setswana, the same featural cooccurrence
condition operates sequentially since high vowels must be preceded by a vowel with
an advanced tongue root (*[-ATR][+high]).
Dulcilene Rodrigues da Silva Barreto
A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR E AS PRÁTICAS LEITORAS PELO
VIÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR:
UMA EXPERIÊNCIA PARA ALÉM DA LEITURA
Resumo: Este trabalho centra-se na valorização da Literatura Infanto-Juvenil, via
contação de história, como um meio de formação das competências leitoras no
Ensino Fundamental I. Buscou-se, também, identificar que fatores caracterizam os
alunos leitores sistemáticos; o entendimento dos limites que orientam a mediação do
professor no despertar do interesse da criança e do jovem para a leitura; os critérios
que definem um livro como atraente para o leitor, o conhecimento efetivo acerca do
processo de formação de leitores e de como transformar a leitura em uma atividade
prazerosa. O tratamento metodológico de eleição para a consecução dos objetivos
deste estudo, desenvolvido em etapas, alia à pesquisa empírica uma pesquisa
de campo, com alunos do 4º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede
pública municipal de ensino de Fortaleza. Por meio das descrições de cada fase
das dinâmicas de contação e das atividades correspondentes, fornece-se, assim, um
acervo instrumental pedagógico aos interessados em reproduzi-lo ou enriquecê-lo.
Os resultados permitiram concluir que uma leitura sistematizada e constante do texto
infanto-juvenil é capaz de despertar no aluno o gosto pela leitura, desenvolvendo,
consequentemente, suas habilidades intelectuais linguísticas, sua criticidade e
criatividade; o trabalho em foco sinaliza com a possibilidade de estudos que apontem
em outras direções, as quais diante da Literatura Infanto-Juvenil possam constituirse como efetivo meio de formação do leitor autônomo, maduro e sensível, perante
quaisquer textos dos quais venha a apropriar-se.
Palavras-chave: Formação do leitor; contação de histórias; mediação em leitura.
Dylia Lysardo Dias
CITAÇÕES DE CULTURA:
UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES NA MÍDIA
Resumo: O presente trabalho analisa o uso e os efeitos de sentido das citações de
cultura utilizadas, parcial ou integralmente, em notícias veiculadas por jornais
brasileiros de grande circulação. O objetivo dessa análise é (i) ampliar a compreensão
do funcionamento das citações de cultura em situações efetivas de interação verbal,
especificamente em situação de interação midiática; (ii) abordar os modos de
incorporação das formas codificadas na mídia como uma estratégia discursiva que
se baseia na mobilização do sendo comum e (iii) descrever o movimento dialógico
e polifônico instaurado pela presença das citações de cultura nos jornais impressos.
Para tanto, utilizaremos um corpus formado por notícias que utilizam diferentes tipos
de citações de cultura em diferentes momentos da sua constituição, corpus que foi
descrito/analisado qualitativamente a partir dos pressupostos teóricos da Análise do
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Resumos de trabalhos
Discurso no que se refere à polifonia, à interdiscursividade e ao jogo intersubjetivo
que se instaura na enunciação. Postulamos que a mídia mobiliza representações
coletivamente instituídas, deixando entrever sua dimensão de fenômeno social que
tanto constrói quanto reflete uma dada compreensão da “realidade” por meio da e na
atividade discursiva. O que está em jogo são saberes de crença (Charaudeau, 2006)
cuja credibilidade advém do seu status de “verdade coletiva”. Sob a forma de máximas,
ditos populares, provérbios e slogans, tais enunciados compõem o gênero proverbial,
cuja especificidade reside reunir formas breves que dependem de outro gênero que o
incorpore (Lysardo-Dias, 2001) em seu fazer comunicativo. Nossa pesquisa sinalizou
que as citações de cultura são mobilizadas pela mídia como uma estratégia discursiva
fundada na retomada de um “já-dito” amplamente difundido e que elas constituem
um material simbólico diretamente vinculado às representações vigentes. Constatamos
ainda que as formas breves promovem uma economia cognitiva devido à codificação
que lhes é inerente.
Palavras-chave: representações sociais; automatismos verbais; mídia.
Ediene Pena Ferreira
ASPECTOS DO PROCESSO DE GRAMATICALIZAÇÃO:
UM OLHAR SOBRE O VERBO “CHEGAR”
Resumo: Esta pesquisa encontra-se abrigada no paradigma do Funcionalismo, que
concebe os padrões sintáticos como resultado do uso da língua; em outras palavras,
as regularidades da língua são determinadas pelas necessidades comunicativas.
É à luz do funcionalismo linguístico que buscamos subsídios para a análise de
diferentes usos de chegar. Dentre esses diversos usos, temos particular interesse
pelo uso de chegar seguido de preposição a mais verbo no infinitivo (chegar a +
INF). Considerando esse uso, pretendemos, neste trabalho, discutir os critérios de
identificação de verbos auxiliares, para avaliar o estatuto de auxiliaridade de chegar,
observando em que medida esse item apresenta tal estatuto e analisando as funções
que esse item exerce no uso da língua portuguesa. Sabemos que é comum o processo
de auxiliação, por meio do qual os verbos se gramaticalizam para expressar categorias
gramaticais, tais como Tempo, Aspecto e Modo. A incidência de tais processos é
responsável pela fluidez nos limites da categoria, sendo o verbo atingido no seu
estatuto de predicado – elemento controlador da predicação. Em observância aos
usos de chegar, questionamos se esse verbo, ao sofrer o processo de gramaticalização,
passa a expressar categorias gramaticais como Tempo, Aspecto e Modo e/ou passa
a desempenhar funções gramaticais ligadas à construção textual-discursiva. Para
a análise, consideramos os sete estágios de gramaticalização propostos por Heine
(1993). Utilizamos como corpus amostras de textos do Corpus Mínimo de Textos
Escritos da Língua Portuguesa – COMTELPO, organizado por Figueiredo-Gomes e
Pena-Ferreira (2006), constituído de diferentes gêneros do século XII ao século XX.
Palavras-chave: gramaticalização; auxiliaridade; verbo chegar.
Edilberto Cleutom dos Santos
MEMÓRIA E ORALIDADE NO ROMANCEIRO DE DONA MILITANA
Resumo: O presente estudo visa a estabelecer relações quanto ao significado sóciocultural do fenômeno emergente de Dona Militana para a cultura potiguar. Para
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
isso tomamos suas lembranças dos romances como peças de um contexto social,
relacionados ao tempo e ao espaço, influenciando a vida material e moral do seu
grupo social. Ressaltamos, com isso, o fenômeno da memória individual em sua
relação com a memória coletiva. Propomos, nesse sentido, supor que a retenção e
a permanência desses romances na memória da romanceira revelam uma dinâmica
de seu grupo social para a constituição de sua identidade. Nesse sentido, servimonos como referencial teórico dos estudos de Maurice Halbwachs, no que tangem as
discussões relativas à memória coletiva em paralelo aos estudos de Paul Zunthor,
quando tratamos das funções da oralidade para a formação da identidade. Para a
execução do trabalho, é de fundamental importância, naturalmente, o relato de vida
da própria Dona Militana em confronto com os simbolismos culturais presentes nos
romances, em vista de flagrarmos as (co)incidências que demarquem seus vínculos
de identidade com o universo cultural em que se insere. Em função disso, tomamos
como objeto de análise desde os depoimentos apresentados em entrevistas, até os
romances em seus aspectos poéticos, linguísticos e mitológicos, passando inclusive
pelos significados que a performance da romanceira revela. Objetivamos, portanto, a
uma compreensão dialógica da relação entre a memória individual (o caso de Dona
Militana), com a memória coletiva, calcada sobre a concepção hipotética de que
subjaz à aparente singularidade desse fenômeno – até certo ponto um fato isolado –
uma razão intrínseca e complexa que se revela como a ponta de um iceberg, em que
confluem motivações históricas inconscientes de uma formação cultural.
Palavras-chave: memória coletiva; identidade cultural; oralidade.
Edimara Ferreira Santos
LITERATURA NO PARÁ OITOCENTISTA: OS ROMANCES-FOLHETINS
COMO “RIQUEZAS” DA BELLE-ÉPOQUE
Resumo: No Brasil, o Romantismo, encontrou na narrativa a forma ideal para explorar o
pensamento da sociedade de época. Assim, atrelado a este movimento literário, surgem
os chamados folhetins, os quais, mais tarde, a partir da década de 1840, passariam a ser
denominados de romances-folhetins. Para este gênero, a imprensa brasileira, no século
XIX, representou, por um lado, o principal veículo por meio do qual era difundido e,
por outro, representou uma espécie de “laboratório” para os autores que surgiram ao
longo do século; autores que passaram a publicar nos jornais suas obras “recortadas”
nas notas de rodapés. Dessa forma, a pesquisa com periódicos paraenses revelou que no
Pará oitocentista, a imprensa representou papel semelhante ao que desempenhou para
o Brasil: o de fazer circular esse gênero literário e, também, de estabelecer um espaço
para surgimento de novos autores. A “narrativa folhetinesca”, como ficou conhecida,
fez parte da nossa Literatura e teve, ao longo da história, influência europeia, como
demonstra a influência francesa nos folhetins publicados no jornal O Liberal do Pará
nos anos de 1860-1880. Este período coincide com o contexto no qual a cidade de
Belém vive uma época de grandeza cultural, chamada de “Belle-Époque” e passou
por transformações culturais, econômicas e sociais que modificaram não só o cenário
paraense como também, da região amazônica. Por esse motivo, a circulação dos
romances-folhetins atuou como mecanismo privilegiado na difusão e incorporação de
ideias, hábitos, costumes e estilos literários europeus, principalmente, as de influência
francesa, como parte das “riquezas” produzidas na Bellé-Époque belenense.
Palavras-chave: Romances; folhetins; circulação; imprensa.
100
Resumos de trabalhos
Edirnelis Moraes dos Santos
A PRODUÇÃO ESCRITA EM PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
POR MEIO DOS GÊNEROS TEXTUAIS
Resumo: O ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE) tem mostrado
um sensível crescimento no Brasil e no mundo. Acordos internacionais, de caráter
acadêmico e comercial, colocam a língua portuguesa em lugar de destaque.
Impulsionados por esses acordos, muitos profissionais e estudantes estrangeiros têm
procurado por cursos de PLE. Alguns desses se submeterão ao exame CELPE-Bras
– iniciativa do Ministério da Educação do Brasil para consolidar o ensino de PLE
no mundo. Os professores que atuam na preparação de estrangeiros candidatos a
esse exame deparam-se com dificuldades para encontrar materiais que possibilitem
o desenvolvimento da produção escrita de seus alunos. Neste trabalho, procuramos
mostrar um caminho para o ensino-aprendizagem da produção escrita em PLE
partindo dos gêneros textuais. Para tanto, adotamos uma base teórica fundamentada no
Interacionismo Sociodiscursivo (Teoria dos Gêneros, modelo de Sequência Didática)
e em uma Abordagem Comunicativa para o Ensino de Línguas, com o intuito de
propiciar o desenvolvimento da produção escrita de discentes estrangeiros.
Palavras-chave: Português Língua Estrangeira; Produção Escrita; Interacionismo
Sociodiscursivo; Gênero Textual; Sequencia didática.
Eduardo José Tollendal
A LITERATURA POLÍTICA DE JORGE AMADO E ALEJO CARPENTIER
Resumo: No horizonte intelectual dos anos 1930, na América Latina, a divulgação
do ideário marxista virá acrescentar aos projetos literários uma determinação política:
promover a reabilitação dos povos marginalizados, acompanhada de uma leitura
crítica do processo histórico. Nesta ficção, as personagens representativas do atraso
deixam de ser vistas como exóticas para serem vistas como agentes – ou não – da
própria história. Nesta comunicação – no campo dos estudos comparados de literatura
–, pretendo rever o modo como Amado e Carpentier atendem a esta determinação,
aderindo ao realismo socialista; considero, portanto, uma opção estética que faz
de suas literaturas, francamente nacionais, respostas ao colonizador engajado.
Complementarmente, pretendo repensar de que modo as diferentes trajetórias
históricas do Brasil e de Cuba, no correr do século XX, levaram à superação ou à
reiteração desta opção estética na trajetória dos dois autores.
Palavras-chave: romance latino-americano; realismo socialista; literatura comparada.
Edwiges Conceição de Souza Fernandes
FILMES E PROGRAMAS DE TV NA ELABORAÇÃO DE MATERIAL
DIDÁTICO: INCENTIVO E MOTIVAÇÃO AO ENSINO-APRENDIZAGEM DE
LÍNGUA ESTRANGEIRA
Resumo: Bons professores buscam constantemente maneiras inovadoras de
conduzir seus alunos à aprendizagem. Em nossas práticas de ensino de inglês como
língua estrangeira (EFL) temos percebido que o interesse dos aprendentes aumenta
quando utilizamos partes de filmes e de programas televisivos, em qualquer fase
do processo de aprendizagem. Além de mostrar os benefícios que os recursos
multimídia podem nos proporcionar, esta apresentação visa compartilhar algumas
101
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
das ideias desenvolvidas e praticadas em nossas aulas. Concluímos que a utilização
de tais recursos para fins didáticos facilita a compreensão, permite a prática das
quatro habilidades, oferece oportunidades para discutir aspectos culturais, além de
ser uma forma criativa e inspiradora de promover a comunicação.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de língua estrangeira; recursos multimídia;
motivação.
Elaine Pastana Valério
A PRESENÇA DA ORALIDADE NO ROMANCE TRÊS CASAS E UM RIO,
DE DALCÍDIO JURANDIR
Resumo: O Ciclo do Extremo-Norte, conjunto de obras de Dalcídio Jurandir, possui
uma ambiência regional, porém a temática é universal, daí notarmos, nos romances
dalcidianos, temáticas variadas a serem analisadas. A proposta desta comunicação é
fazer um estudo das narrativas orais presentes no romance Três casas e um rio, de
Dalcídio Jurandir, pois através delas, as personagens recriam sua realidade, dando a
ela um novo significado e um novo sentido. Isso acontece devido a relação que elas
têm com alguns elementos da natureza, principalmente o rio e a floresta. É a partir
da vivência com esses elementos que acontece a narração de mitos e lendas pelas
personagens do romance Três casas e um rio. Na obra a ser estudada, a oralidade –
que é entendida como marca cultural porque seus contos são criações coletivas – se
faz presente na ação narrativa, percebidas através de algumas particularidades, tais
como: a interlocução entre narrador e ouvinte; as marcas linguísticas próprias da
oralidade; a performance. Dalcídio Jurandir sentiu necessidade de dar voz a pessoas
simples, ao fazê-las narrar histórias que se misturam com suas vivências particulares,
pois oralidade é a união da experiência de vida e do conhecimento. Sendo assim,
essa pesquisa visa analisar a oralidade no romance Três casas e um rio, de Dalcídio
Jurandir e mostrará que as narrativas orais são marcas culturais de um povo e que
dependem da época em que foram narradas.
Palavras-chave: cultura; oralidade; narrativas; memória.
Elen de Medeiros
ARTUR AZEVEDO E A DEFESA DA NACIONALIDADE:
A CAMINHO DO TEATRO BRASILEIRO MODERNO
Resumo: As discussões e controvérsias a respeito da modernização do teatro
brasileiro se referem a um processo histórico conturbado e muitas vezes repetido,
no sentido de que houve várias tentativas de modernização, em diferentes épocas
e de diferentes maneiras. Destacando-se desse panorama histórico, Artur Azevedo
não visava propriamente à modernização do teatro brasileiro – ligado que era às
tradições –, mas buscou sobretudo valorizar a nacionalização dos temas dramáticos.
Curiosamente, foi lutando para que os dramaturgos escrevessem sobre o Brasil que
ele pôs em evidência um paradigma que, mais tarde, no século XX, será considerado
como um dos principais fatores de modernização da literatura brasileira e, por
conseguinte, do teatro nacional. Em vista disso, esta comunicação tem por objetivo
analisar alguns temas considerados nacionais e entender como isso torna o autor, em
certo aspecto, um visionário e personagem contraditória. Para tanto, analisaremos
elementos nacionalizantes em O Tribofe e A Capital Federal.
Palavras-chave: Artur Azevedo; teatro brasileiro; teatro moderno; teatro do séc.XIX.
102
Resumos de trabalhos
Elena Godoi / Sebastião Lourenço dos Santos
ANÁLISE DA INTERPRETAÇÃO DE PIADAS:
UMA ABORDAGEM PRAGMÁTICA
Resumo: Nosso objetivo neste trabalho é discutir o gênero piada pela perspectiva da
pragmática. O foco principal nesta investigação será abordar como é que se processa
a interpretação, bem sucedida ou não, da piada pelo ouvinte. Nós fundamentaremos
na Teoria da Relevância (Sperber & Wilson, 1986/95). Partiremos da abordagem das
principais teorias do humor que analisam a piada como uma incongruência (Raskin,
1985; Attardo, 1994) e discutiremos algumas propostas de análise discursiva da
piada, bem como postulamos a existência de uma estrutura prototípica da piada.
Nossa hipótese é que para processar a interpretação, ou seja, para resolver essa
incongruência, o ouvinte tem que, necessariamente, fazer uso de vários tipos de
inferências, sejam estas semânticas ou pragmáticas. Além disso, apontamos para
a ideia de que no processamento da interpretação da piada, além das inferências
e do conhecimento de mundo, que abrange crenças, valores e convenções sociais,
entra em jogo um sistema dedutivo que demanda complexos processos cognitivos
do ouvinte. Assim, diremos que, para rir de uma piada não basta o ouvinte perceber
a incongruência, como propõem Raskin e Attardo: é necessário resolvê-la. O corpus
da análise constitui-se de um repertório variado de piadas retiradas de vários sites,
livros e revistas humorísticas.
Palavras-chave: Piada; Pragmática; Teoria da Relevância; Incongruência.
Eliana Pires de Almeida
ESBOÇO DE UMA CARTOGRAFIA LITERÁRIA PARAENSE: 1908-1952
Resumo: Na literatura brasileira verificam-se parcas análises acerca da produção
literária paraense e a maioria desses estudos, considerados relevantes, centralizarem-se
no centro-sul do país, por questões históricas de força político-econômica. O presente
trabalho busca catalogar dados analíticos sobre os movimentos literários paraenses do
século XX por ser uma época marcada por diversos rompantes culturais. Entre tais
produções/ movimentos destacam-se os literatos modernistas (1908-1929) e a geração
dos novos (1946-1952). Assim, a partir da análise da trajetória dessas gerações literárias,
iremos inquirir se essa literatura transcende as fronteiras do local e do regional, se
firmando como manifestações culturais importantes para a literatura brasileira. O
diálogo com a História será relevante para o presente estudo cartográfico.
Palavras-chave: cartografia literária; literatura paraense; movimentos literários.
Eliane Oliveira da Costa
VARIAÇÃO LEXICAL NA REGIÃO NORTE DO BRASIL:
UMA ABORDAGEM GEO-SOCIOLINGUÍSTICA
Resumo: Este trabalho apresenta caráter lexical. Tem como objetivo mapear a
variação diatópica (espacial), a diastrática (sócio-cultural) e a diagenérica (referente
ao sexo dos informantes) nas capitais da região Norte do Brasil (Belém, Boa Vista,
Macapá, Manaus, Porto Velho e Rio Branco), adotando os pressupostos teóricos da
Dialetologia e o método Geolinguístico. Justifica-se pela necessidade de ampliar
os estudos de Geografia Linguística no Brasil, visando à concretização de um atlas
nacional em que os diferentes usos linguísticos são levados em consideração como
103
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
indicadores de diferença e de identidade de uma comunidade, haja vista que cada
região brasileira se caracteriza não só pelos seus aspectos físicos, econômicos e
políticos, mas também pelas suas particularidades culturais e linguísticas. Para a
realização desta pesquisa foram estudados dados das seis capitais referidas. Em
cada uma delas foi aplicado o questionário Semântico-Lexical a oito informantes,
totalizando-se 48, os quais seguem a seguinte estratificação: idade (de 18 a 30 e de
30 a 65 anos), escolaridade (fundamental e superior) e sexo (feminino e masculino),
de acordo metodologia do projeto nacional Atlas Linguístico do Brasil – ALiB. Esse
projeto objetiva descrever, por meio de cartas linguísticas, a realidade linguística
do Brasil. Os dados utilizados na pesquisa foram recortados do arquivo sonoro
construído pela equipe do projeto e organizados em arquivos que, posteriormente,
foram inseridos num programa computacional que possibilita a identificação e o
mapeamento de dados lexicais (cf. RAZKY, 2009). Por meio desse programa vaise demonstrar a distribuição geo-sociolinguística das variantes lexicais obtida na
região Norte.
Palavras-chave: Variação l; Dialetologia; Método Geolinguístico.
Eliane Pereira Machado Soares
VARIAÇÃO GEOSOCIOLINGUÍSTICA DA NASAL PALATAL
NO ESTADO DO PARÁ
Resumo: Neste trabalho realizamos uma pesquisa sobre as variantes da nasal palatal
em seis cidades do Estado do Pará, a saber, Altamira, Belém, Bragança, Marabá,
Soure, Santarém, cada uma delas localizada em uma mesorregião do estado. O
corpus é constituído de fala espontânea, obtida em forma de narrativa de experiência
pessoal junto a 24 informantes nascidos nessas cidades, totalizando 144 informantes,
selecionados de acordo com os pressupostos teóricos da Sociolinguística Quantitativa.
O tratamento dos dados leva em conta, além da origem dos falantes, as variáveis
sociais tais como sexo, escolaridade,faixa etária consideradas condicionantes do
fenômeno de variação em estudo cuja análise estatística é feita pelo uso do pacote
de programas VARBRUL (98) em rodadas ternárias, conforme a quantidade de
variantes identificadas para cada variável linguística.
Palavras-chave: variação linguística; nasal palatal; língua falada.
Elias Mendes Gomes
PROPOSTA PARA A ELABORAÇÃO DE UM COMPREENSIVO LÉXICO
DE VERBOS ÁRABE-PORTUGUESES
Resumo: Embora a língua árabe – com a prosa e a poesia altamente desenvolvida
na época da Jāhilīya – tivesse seu indiscutível lugar na Península Arábica, foi
somente com o advento e expansão do Islamismo é que ela ganhou a projeção que
a levou para além de suas fronteiras linguísticas históricas. Através dos séculos, a
religião continuou a desempenhar um papel primordial na expansão da língua árabe,
visto ser esta a língua litúrgica do islamismo, mas, ultimamente, outros fatores têm
contribuído para um interesse maior pelo idioma, pouco, porém, tem sido feito para
facilitar a sua aprendizagem, especialmente entre os lusófonos. Esta pesquisa está
particularmente preocupada com a falta de apoio didático para a aprendizagem e
104
Resumos de trabalhos
o aprofundamento no conhecimento linguistico que, via de regra, se adquire com
a leitura no idioma almejado; por isso esta pesquisa propõe a elaboração de um
dicionário de verbos árabe-português. O esteio científico será a Escola de Filologia
de Kufa que considerava o verbo como o “originador” do universo lexical árabe. O
levantamento do corpus verbal será metalexicográfico, primordialmente baseado no
trabalho de Hans Wehr (Dictionary of Modern Written Arabic) e, na existência de
deficiências, cotejar-se-á outros dicionários para uma complementação do corpus.
Devido ao escopo do árabe padrão moderno, como a “língua franca” entre todos os
países árabes, e por ser esta a vertente mais usada no ensino de árabe para estrangeiros,
escolheu-se essa variante para este trabalho.
Palavras-chave: dicionário; árabe padrão moderno; verbo árabe; Kufa.
Elielson de Souza Figueiredo
CONSIDERAÇÕES SOBRE A POÉTICA DE MAX MARTINS
Resumo: A comunicação a ser proferida constitui-se em exercício conceitual
e teórico acerca da poética de Max Martins, poeta paraense cuja produção está
principalmente delimitada entre as décadas de 50 e 80. Sua poética está aqui tomada
como construção estética norteada pela permanente auto-referencialidade e pelo
ecoar de algumas vozes cujo desvelamento constitui a tônica deste trabalho. Para
ler Max Martins e suas reflexões sobre a criação literária percorremos conceitos
acerca do Estético enunciados por Marcuse, Eagleton, Foucault, Barthes, Sartre e
Otávio Paes. O objetivo maior desta reflexão é saber o que todas essas vozes Outras
podem dizer acerca da atividade criadora de Max Martins. Pretende-se analisar os
andaimes do seu edifício poético, seu ato criador doloroso, seu laborioso trabalho
de re-presentificação do mundo através do verbo re-dimensionado e convertido em
significante táctil, arquitetônico e plástico. Assim, ao discorrer sobre os sinuosos
caminhos por onde Max Martins constrói sua trajetória como artista, esta comunicação
pretender ser mais uma peça no mosaico que procura traçar móveis contornos em
torno da poesia latino-americana contemporânea.
Palavras-chave: Estético; Poética; Max Martins.
Elisa Mara de Bittencourt Furtado
REQUIESCAT IN PACE: ANÁLISE DISCURSIVA DE INSCRIÇÕES
TUMULARES NO CEMITÉRIO SANTA ISABEL
Resumo: Este trabalho visa analisar as inscrições tumulares, agrupando os
discursos em torno de categorias como classe social, sexo e faixa etária. Para isso,
elegeu-se como local de pesquisa o Santa Isabel, por ser uma das necrópoles mais
antigas de Belém, cujas lápides, pertencentes às mais variadas épocas, permitem,
mais do que qualquer outro cemitério da cidade, um estudo mais abrangente acerca
dos discursos tumulares.
Palavras-chave: Inscrições tumulares; discurso; Santa Isabel.
Elisabeth Baldwin
GUIANA, GUIANAS, CENTRO CULTURAL DA AMÉRICA LATINA
Resumo: Com o fortalecimento da abordagem dos arquivos e o novo valor conferido
à pesquisa da memória dos povos, passou-se a desconfiar dos estudos dos documentos
105
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
como monumentos, que perpetuavam a herança de uma memória monumental e
disponibilizavam-na nos museus, acervos e bibliotecas, referendando o seu caráter
de monumentalidade. A história nova substituiu a história fundada essencialmente
no texto, no documento escrito, por uma história baseada em documentos variados
– escritos, orais, fotografias, filmes, depoimentos. Por outro lado, a história nova
vê, também, alongado seu sentido, concentrando-se não só sobre grandes homens e
acontecimentos notáveis, grandes culturas, cartografias e geografias estabelecidas,
línguas ou idiomas nacionais e padronizados, mas também sobre todos os homens,
seus cotidianos espaços e eventos, seus frágeis e variáveis idiomas. Apontando para
a construção de uma nova cartografia linguístico-cultural da América Latina sob o
ponto de vista da comunidade latino-americana, as recentes pesquisas dos Estudos
Culturais têm enfatizado a realização de um novo desenho da latinidade, mais
abrangente e mais complexo. Eduardo Coutinho (COUTINHO, 2004) propõe um
conceito fundamental para a elaboração de qualquer história literária (e acrescento:
qualquer história linguística ou cultural) da América Latina: o de Centros Culturais
que seriam tanto o ponto de difusão como o de recepção de ideias, imagens,
conceitos. Os Centros Culturais constituiriam os novos arquivos dessa latinidade
que se desenha. Dessa forma, eleger, como Centros Culturais da América Latina,
alguns espaços ampliados que ultrapassam os limites meramente geográficos,
criando um espaço imaginário, além das noções tradicionais de nação e de idioma
nacional, que misturam colonização francesa, espanhola, portuguesa, indígena,
africana e outras e que se revelam povoados com as mesmas imagens, os mesmos
conceitos e as mesmas ideias, reforça, paradoxalmente, os conceitos – diversidade,
heterogeneidade e interdisciplinaridade. Coutinho, em outro momento, sugere
também, que este Centro Cultural poderia ser constituído em torno de uma cidadeeixo, uma cidade que tenha a função de pólo estratégico de influência simbólicocultural. Nesta comunicação elegeremos Caiena como cidade-eixo do centro cultural
Guiana, guianas e descreveremos a configuração da comunidade brasileira nesta
cidade-eixo e a historia da sua formação. Assim, descrever a emergência de traços
identitários dessa cultura em diáspora reforçará o desenho de uma nova brasilidade
construtora, talvez, de uma nova latinidade. Lingua, crenças, costumes e imagens
(re)construidas nos quarenta anos de imigração de brasileiros para Guiana passam a
constituir o material de analise para este trabalho.
Palavras-chave: América Latina; Centros culturais; Guiana Francesa.
Elissandra Barros da Silva
A PALATALIZAÇÃO DO /D/ EM KURUAYA
Resumo: Neste trabalho discuto o fenômeno da palatalização gradativa da consoante
oclusiva /d/ na língua Kuruaya, família Mundurukú, tronco Tupi. As discussões
apresentadas aqui foram motivadas pelas lacunas e divergências nos estudos anteriores
sobre a língua (Costa 1998; Picanço 2005; Mendes 2007) e também com base nos
dados coletados por mim durante a pesquisa de campo. O fenômeno é examinado
tanto do ponto de vista da fonética acústica quanto de seus aspectos fonológicos,
objetivando demonstrar como o fonema /d/ é realmente realizado na língua.
Palavras-chave: palatalização; Kuruaya; fonética acústica.
106
Resumos de trabalhos
Elissandro Lopes de Araújo
LUIZ RONCARI E O CÃO DO SERTÃO:
UMA LEITURA HISTÓRICA DE DÃO-LALALÃO
Resumo: As narrativas de Guimarães Rosa, em sua história recepcional, já foram
lidas sob diversas perspectivas. Entre as interpretações mais recentes, destaca-se a de
Luiz Roncari (Universidade de São Paulo) que propõe um exame da obra rosiana que
a compreende intrinsecamente conectada ao horizonte histórico nacional. Contrário
aos primeiros críticos de Guimarães Rosa, que denunciavam a alienação histórica das
narrativas, considerando-as herméticas, alheias ao contexto brasileiro, Luiz Roncari
aponta a íntima ligação das estórias rosianas com os períodos históricos brasileiros
de instituição da República, inclusive, propondo uma possível marcação cronológica
para as obras. Diante destas breves considerações, a presente comunicação discute os
parâmetros interpretativos da crítica roncariana direcionada à novela Dão-Lalalão,
parte do volume Noites do Sertão, de Guimarães Rosa. Baseando-se na hermenêutica
literária proposta por Gadamer e Jauss, analisar-se-á a hipótese interpretativa de Luiz
Roncari, procurando destacar os principais pontos do livro O Cão do Sertão (2006),
cujo primeiro capítulo se volta para a novela Dão-Lalalão; um dos quais se refere à
relação entre o mito e a história na interpretação da narrativa do Ão. Vale destacar,
ainda, que a obra crítica de Roncari representa um marco, pois foi um dos primeiros
autores a compreender Guimarães Rosa numa dimensão histórica, considerando-o
um intérprete do Brasil.
Palavras-chave: Luiz Roncari; Dão-Lalalão; Guimarães Rosa.
Elizabete de Lemos Vidal
NAS PEGADAS DE ULISSES, MARAJÓ, MINHA VIDA:
RETORNO DA MEMÓRIA PELO CAMINHO DAS ÁGUAS
Resumo: Resulta do estudo de fragmentos de memórias individual e coletiva
reconstituídas no livro de Dita Acatauassú, Marajó minha vida, sob a perspectiva
de várias instâncias temporais que se cruzam e se confundem no discurso da
reminiscência: passado remoto, passado recente, presente e futuro, em diálogo
permanente e em constante relação com o mundo, porquanto se integra ao contexto
geral da cultura de uma determinada época. Neste sentido, as experiências do
sujeito, adquiridas em tempos diferentes, preenchem as “lembranças do tempo não
recuperado” na perspectiva do Narrador, de Walter Benjamin. Em Marajó minha
vida, a reelaboração do passado pertence à memória de um sujeito com mais de
oitenta anos. Portanto, o estudo de Ecléa Bosi em Memória e Sociedade: lembranças
de velhos dá suporte ao estudo das imagens reconstituídas no presente. Quanto à
matéria e aos fluxos da memória, no percurso da lembrança, este estudo se desenvolve
sob a orientação de Matéria e Memória, de Henri Bergson. O sujeito de Marajó
minha vida realiza a viagem de todos nós.Um retorno ao passado que se justifica,
não pelo gosto da rememoração, ou pelo culto do passado. Trata-se de uma busca
da própria identidade guardada na lembrança da jovem de dezoito anos, durante o
percurso da primeira travessia.
Palavras-chave: literatura; tempo; memória.
107
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Elizandra Fernandes Reis
FRANKLIN DE OLIVEIRA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA ANÁLISE
CRÍTICA DO SIMBOLISMO EPIGRÁFICO EM SAGARANA
Resumo: Franklin de Oliveira (1916-2000), crítico e jornalista maranhense de
renome, amigo de Guimarães Rosa, a quem destinou um artigo intitulado Guimarães
Rosa, publicado na antologia crítica A Dança das Letras (1991), extraído do ensaio
Viola d’Amore (1965), e publicado, também, no livro A Literatura no Brasil (1986),
de organização de Afrânio Coutinho, no qual recebeu o nome de Sagarana: as
epígrafes. Nesse artigo, retomado nas três publicações de Franklin de Oliveira, o
valor simbólico e a condensação ideológica das epigrafes presentes em Sagarana
(1946) são enfatizados e analisados. Pois, nesta obra, o trabalho epigráfico é um
elemento que sobressai, em virtude de seu dinamismo, esse exigido pela forma
elaborada do livro, constituído por um conjunto de novelas ou contos, nos quais a
apresentação do cenário sertanejo, a temática do trabalho pecuário, da vida dinâmica,
rural e rústica e o lirismo amoroso ganham uma nova roupagem, porquanto suscitam
questões filosóficas, míticas e psíquicas. Deste modo, as epigrafes deixam a esfera
de simples objetos inócuos, enfeites ou confissões de influência, para tornarem-se
índices que apontam para o caráter reflexivo e metafísico em Sagarana. São mais
que resumos; excitam no leitor a capacidade de meditação sobre a obra que irá ser
lida. Dessa forma, este trabalho objetiva apresentar a análise crítica de Franklin de
Oliveira a respeito das epigrafes presentes em Sagarana, e o seu conteúdo intrínseco
à obra, fundamentado na abordagem de uma nova crítica, assumida por esse crítico,
que, ao adotá-la, contribui, de forma significativa, à crítica rosiana.
Palavras-chave: Sagarana; Franklin de Oliveira; Guimarães Rosa.
Enéias Farias Tavares
O SATÃ, DE MILTON, E O GUESA, DE SOUSÂNDRADE:
A EMERGÊNCIA DO ANTI-HERÓI MODERNO?
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo que perceba as relações
temáticas no trabalho do poeta inglês John Milton (1562-1647) e do poeta brasileiro
Joaquim de Sousa Andrade (1832-1902), sobretudo no que concerne à descrição do
herói nos poemas épicos O Paraíso Perdido e O Guesa Errante. A título de contraste,
este estudo também prevê um comentário da configuração desse novo modelo de herói
em outros poemas do gênero épico anterior, como nos poemas de Homero, Virgílio,
Dante e Camões. Nesse caso, observaremos como os dois poetas em questão alteram
uma representação já canônica de um protagonista épico, modelo de uma série de
características ideais da cultura que o produziu. Tanto Satã quanto o casal edênico do
Paraíso Perdido quanto o Guesa dO Guesa Errante ao lado do primeiro homem de
Novo Éden apresentam um surpreendente contraste com essa figuração de heroísmo
épico tradicional. Para tanto, primeiramente estudaremos como essa configuração
poética se dá no caso da épica clássica, medieval e renascentista. Após, estudaremos
a inovação articulada por Milton no épico O Paraíso Perdido e no poema dramático
O Sansão Antagonista. Por fim, nos aprofundaremos na poesia de Sousândrade
sob três perspectivas: primeiramente, na sua relação tanto com a tradição clássica
quanto com a obra de John Milton; em segundo lugar, em seu contraponto com a
poesia romântica brasileira, sobretudo no ideal épico de Gonçalves Dias e de José
108
Resumos de trabalhos
de Alencar; e por fim, como um prenúncio das inovações e experimentações que
veríamos quase meio século depois, no Modernismo.
Palavras-chave: Crítica Literária; John Milton; Sousândrade; herói épico.
Eneida Alice Gonzaga dos Santos
L1 X L2: ANÁLISE CONTRASTIVA COMO BASE PARA ENSINO DE
PORTUGUÊS NAS ESCOLAS WAIMIRI ATROARI
Resumo: O Brasil é um país que se julga monolíngue. No entanto, há mais de uma
centena de outras línguas faladas em todo o território nacional. Apesar desta realidade
plurilígue, temos somente uma língua oficial, a língua portuguesa. Dominar este
código é, sem dúvida alguma, uma necessidade para os falantes de outras línguas,
principalmente, para os povos indígenas, na medida em que, necessitam negociar e
dialogar com a sociedade envolvente em vários momentos de interação. Desconhecer
a língua portuguesa causa inúmeros prejuízos aos autóctones. O ensino da língua
portuguesa como segunda língua para os Waimiri Atroari, em específico, o gênero
e o número nominal do português para os waimiri atroari é o foco deste trabalho,
que faz a análise contrastiva do gênero e do número nominal, e a partir de tal análise
das estruturas das duas línguas, em sala de aula, pretende motivar os alunos a, não
somente, estudar a língua portuguesa (língua dois) e o que ela representa (cultura
e ideologia), mas e, sobretudo, aprofundar seus conhecimentos linguísticos em
waimiri atroari (língua um), buscando a valorização do conhecimento do aluno em
sua própria língua e cultura na sala de aula, tornando este espaço, um local onde, o
conhecimento “de fora” é dosado pala necessidade do próprio povo, na tentativa de
minimizar os efeitos de uma relação assimétrica com a sociedade nacional.
Palavras-chave: ensino; análise contrastiva; língua 1; língua 2.
Eneida Lúcia Garcia Klautau / Suely Claudia Lobato Maciel
O TEXTO COMO ATIVIDADE HUMANA INTERATIVA: A IMPORTÂNCIA
DE SE DESENVOLVER NO ALUNO AS CAPACIDADES DE AÇÃO,
ENUNCIATIVA E LINGUÍSTICO-TEXTUAL
Resumo: Projeto de Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa desenvolvido com
base nos pressupostos teóricos do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART,1999),
cujos estudos se apóiam na concepção de língua como atividade humana interativa, por
meio da qual se atua sobre o mundo e sobre o outro. Para Bronckart (1999), o texto é a
unidade de produção de linguagem situada, oral ou escrita, que veicula uma mensagem
linguisticamente organizada, em relação de interdependência com as propriedades
do seu contexto de produção e que tende a produzir um efeito de coerência sobre o
destinatário. No ensino escolar de leitura e produção de textos, não se deve perder
de vista essa função sócio-interativa da linguagem, pois é a partir dela que se podem
conduzir atividades didáticas em que o aluno compreenda que a forma e o conteúdo
textuais emergem de uma situação específica de uso social da língua, ou seja, que todos
os textos, orais ou escritos, são condicionados pelas circunstâncias sócio-comunicativas
de sua produção. Sendo assim, este Projeto tem como objetivo principal a formação da
competência de leitura e escrita dos alunos por meio do desenvolvimento de suas de
capacidades de ação, enunciativa e linguístico-textual, com vistas a conscientizá-lo do
uso dessas capacidades em suas práticas linguageiras cotidianas.
109
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Palavras-chave: Atividade de linguagem; interacionismo sociodiscursivo;
capacidades linguageiras.
Érika Guiomar Martins de Aquino
JOSÉ VERÍSSIMO, HISTORIADOR E CRÍTICO
DA LITERATURA BRASILEIRA
Resumo: O estudo vai apresentar os resultados obtidos por meio da execução do
plano de trabalho que objetivou levantar os autores amazônicos e suas obras no
contexto da História da Literatura Brasileira formulada por José Veríssimo. Para que
isso fosse possível, foram relacionados os autores literários ao cânone da literatura
brasileira do final do século XIX e início do século XX e abordados conceitos estéticos
e ideológicos apoiados na história da recepção da literatura brasileira e universal.
José Veríssimo na condição de crítico e estudioso da literatura estava preocupado
em discutir os rumos da produção nacional, sempre pautado por um apelo a uma
identidade da nação. Na pesquisa foi articulada a abordagem da produção literária
da Amazônia no contexto nacional e foi constatado que os autores amazônicos da
época recortada pela pesquisa, foram excluídos da literatura brasileira por uma
questão de recepção de suas obras, poucos eram os leitores fora do contexto regional
das produções amazônicas e para estar no mérito do cânone tinham que estar na
condição de literatura nacional. Mas, tal critério, na verdade, não deixou de excluir
autores que mereciam entrar para o cânone da Literatura Brasileira. A partir disso
surge outra questão: a contraposição entre o Regional e o Universal. A valorização
do regional (não no sentido de enaltecê-lo, mas como objeto de estudo) se dá quando
este faz parte de estudos etnográficos nos trabalhos do crítico, onde surge o olhar
do viajante, com a exaltação da variedade, da grandiosidade dos rios e florestas, da
vida “sem ambição” do caboclo. Com exceção dos contos, na rápida passagem de
Veríssimo pela ficção. No entanto, excluiu do cânone sua própria obra.
Palavras-chave: José Veríssimo; História e Crítica da Literatura Brasileira;
Regionalismo.
Ernâni Getirana de Lima
USOS LINGUÍSTICOS COMO ELEMENTOS CONSTRUTORES
DA IDENTIDADE SOCIAL DE BAMBURRISTAS DE GEMA DE OPALA
NO MUNICÍPIO DE PEDRO II – PI
Resumo: Conhecido nacional e internacionalmente como “Terra da Opala” por ser
o maior exportador mundial dessa gema, o município piauiense de Pedro II possui
cerca de 600 homens (os bamburristas) que trabalham de forma precária em garimpos
locais. O artigo, fruto de minha dissertação de mestrado, procura estabelecer algumas
relações entre a lingua(gem) utilizada por este grupo socialmente invisibilizado,
inserido em uma sociedade que os ignora e a seu processo de construção identitária
a partir do garimpo como espaço simbólico. A conclusão é de que a lingua(gem) é
um dos componentes fundamentais na construção da identidade social do grupo,
perpassando os demais elementos formadores dessa identidade e os amalgamando.
Palavras-chave: opala; bamburristas; identidade social.
110
Resumos de trabalhos
Estêvão Domingos Soares de Oliveira
AS METÁFORAS NA AQUISIÇÃO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA
ESTRANGEIRA
Resumo: Alguns fatores são essenciais para que os falantes de uma determinada
língua se expressem metaforicamente: o tempo, a cultura – de uma forma mais
abrangente – e o contexto social em um aspecto mais específico. O objetivo deste
trabalho é perceber como alunos/estudantes estrangeiros de Língua Portuguesa, de
diversas nacionalidades, em fase de aquisição/aprendizagem do português brasileiro
em território nacional, conseguem construir e realizar metáforas que estão inseridas
no linguajar português. Este estudo está alicerçado na teoria da metáfora conceptual
– desenvolvida no âmbito da Linguística Cognitiva –, proposta por Lakoff e Johnson
(2002). Para os autores, nossa linguagem cotidiana está eivada de metáforas e
nosso sistema conceptual é essencialmente metafórico. Algumas metáforas foram
apresentadas aos alunos estrangeiros e foi pedido para que eles externassem o que
abstraíram delas. Assim, entendemos a metáfora conceptual como agente formador
não somente de expressões que a esta língua lhe são peculiares, mas também como
um traço sistemático que atravessa a língua em todo seu arcabouço sócio-cultural,
semântico e cognitivo.
Palavras-chave: Linguagem; metáforas conceptuais; cognição.
Estêvão Domingos Soares de Oliveira
AS RELAÇÕES INTERACIONAIS NA ELABORAÇÃO
DO CONHECIMENTO
Resumo: Segundo Marcuschi (2007), no momento de conversação, os participantes
da interação falam ao mesmo tempo, misturam e cruzam alguns tópicos da conversa,
não terminam suas observações, fazem atravessamentos no meio das histórias
contadas, pulam de um assunto para outro com muita facilidade. Essa interação
mostra um aparente caos. Como se consegue absorver algum conhecimento, alguma
informação com tantos desvios na organização da fala? Contudo, todo esse caos faz
sentido quando inserido num certo contexto, ou seja, esse sentido só é encontrado
no contexto onde foi produzido. Este trabalho se propõe a apresentar uma análise
dos efeitos da interatividade na construção conceptual de enunciados situados
contextualmente, a partir da análise de recursos linguísticos usados com as funções
comunicativas de repetições e hesitações, reparos e correções. Procura, ainda,
revelar a natureza complexa das estratégias interacionais; as características sociais
compartilhadas e negociadas da língua; sua motivação cognitiva, contextualização e
significação adotada pelos participantes da interação. Para o desenvolvimento deste
trabalho foram utilizados dados gravados em áudio coletados num contexto real de
uso. Estes dados foram transcritos e analisados. Concluímos, assim, que, como na
escrita, existem regras na conversação e há uma organização dos participantes da
interação para que haja uma compreensão dos enunciados. As descontinuidades
encontradas na fala não são resultados de falta de planejamento, e sim recursos
interacionais, que operam sócio-cognitivamente e promovem, além da comunicação
e interação, a construção de conhecimento entre os indivíduos.
Palavras-chave: Linguagem; cognição; interação.
111
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Eunice Braga Pereira / Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva /
Rita de Cássia Macedo Leal
ESTRATÉGIAS DE (IM)POLIDEZ:
O CASO DE UMA REUNIÃO DE PROFESSORES
Resumo: Nesta comunicação apresentaremos os resultados da análise realizada num
trecho de interação, extraído de uma reunião institucional entre professores. Sob a
perspectiva teórica da análise da conversação, analisamos as estratégias de polidez
utilizadas pelos interactantes para amenizarem a introdução de um ato ameaçador de
face (AAF). Nesse quadro interacional foi pertinente observar também o surgimento
de um outro fenômeno relacionado com o AAF, a saber, a impolidez, instaurada
pelo participante que teve sua face ameaçada. As estratégias mais utilizadas no
trecho analisado e por isso as mais relevantes para o nosso estudo foram: o tropo
comunicacional, o uso de “nós” na função de solidariedade, o enunciado preliminar
e o uso de modalizadores. Num sentido complementar mostramos o encadeamento
entre os atos ameaçadores de face e os atos reparadores de face (ARF). Utilizamos
como suporte teórico para empreender essa análise os trabalhos de KerbratOrecchioni e de Brown & Levinson.
Palavras-chave: Polidez; Impolidez; Ato Ameaçador de Face.
Evaneide Araújo da Silva
O REALISMO DE MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS
Resumo: O projeto neste momento está voltado para o estudo das manifestações
literárias do realismo existentes desde o surgimento da picaresca, no século XVI, até
o século XVIII na França, com ênfase em uma das características desse realismo,
qual seja, os procedimentos utilizados no romance picaresco. A partir de leituras
das teorias do realismo característico do século XVIII, nos dedicaremos mais
precisamente ao estudo das características realistas na obra de Manuel Antônio de
Almeida, Memórias de um sargento de milícias, pois pretendemos mostrar que essa
obra não está filiada à estética realista do final do século XIX, mas liga-se à tradição
realista dos séculos anteriores, que conserva alguns pressupostos básicos até o século
XVIII. É essencialmente sobre o realismo do século XVIII que vamos nos debruçar.
Nesse sentido, interessa-nos ainda determinar as semelhanças que podem existir
entre essa obra e o romance realista francês Histoire, de Gil Blas de Santillane,
publicado no século XVIII.
Palavras-chave: Realismo; Picaresca; Romance; Século XVIII.
Everton Luís Farias Teixeira
A LÓGICA DOS NOMES: PESSOA, INDIVÍDUO E A ANTROPOLOGIA
DA LITERATURA EM GUIMARÃES ROSA
Resumo: O presente trabalho propõe uma leitura hermenêutica da palavra de
Guimarães Rosa por outras abordagens interpretativas, tais como a dos Estudos
Sociais. Ligada à agenda anual do projeto EELLIP, esta comunicação adentra
as narrativas rosianas A hora e vez de Augusto Matraga, inscrita em Sagarana e
Grande sertão: veredas, sob a ótica da “antropologia da literatura” formulada por
Roberto DaMatta em seu Carnavais, malandros e heróis, ao analisar este conto
produzido pelo autor mineiro. Pela leitura desenvolvida pelo ensaísta, pode-se
112
Resumos de trabalhos
observar as incursões do personagem Matraga pelas categorias antropológicas de
pessoa e indivíduo, de acordo com os rituais de morte e renascimentos sociais por
ele encenados. O ex-jagunço Riobaldo e as transformações de seu nome sinalizam a
sua passagem pelos diversos segmentos sociais no decurso da narrativa de Grande
sertão: veredas, levando o protagonista da condição de simples sertanejo a grande
chefe do banditismo social mineiro. Segundo DaMatta, a dicotomia existente entre
pessoa (dentro do meio social) e indivíduo (excluído das obrigações civis com a
ordem) auxilia na explicação da fragilidade latente das nossas instituições sócioculturais. O objetivo deste trabalho é, portanto, examinar como a criação rosiana,
por meio de uma dessacralização da matéria ficcional, estabelece um diálogo entre a
literatura e a sociedade brasileira, recriando os objetos presentes na realidade factual.
Assim, Guimarães Rosa, em suas obras, aproxima suas personagens de figuras
históricas nacionais, como Virgulino Ferreira da Silva (o Lampião), que dentro ou
fora das esferas sociais, escreveram seus nomes na cultura do país.
Palavras-chave: Antropologia; Guimarães Rosa; Roberto DaMatta.
Fabiana Almeida dos Santos
O MARCADOR YADÏ DA LÍNGUA XIPAYA (TUPI)
Resumo: O presente trabalho desenvolveu-se com o objetivo de analisar sistematicamente o morfema yadï observando seu comportamento nos contextos em que se
encontram, para que pudéssemos descrever seus possíveis valores semânticosfuncionais no discurso da língua xipaya. Os estudos sobre o morfema yadï foram
realizados a partir de dados retirados de textos relatados pela informante Maria Xipaya,
coletados pela Profa. Carmen Rodrigues. Os resultados da pesquisa demonstraram que
o comportamento desse morfema é influenciado pelo contexto em que está inserido
de acordo com a intenção comunicativa do falante. Dessa forma, foram encontrados
mais de um valor semântico-funcional para o morfema yadï da língua xipaya. Nesta
pesquisa nos deteremos em mostrar as ocorrências de yadi em posição.
Palavras-chave: xipaya; morfema; verbo dicendi.
Fátima Cristina da Costa Pessoa
A FORMA DE ORGANIZAÇÃO INFORMACIONAL E TÓPICA
EM PERIÓDICOS EMPRESARIAIS
Resumo: Apoiados em uma abordagem modular dos discursos (ROULET;
FILLIETTAZ; GROBET, 2001), os trabalhos realizados no âmbito do projeto de
pesquisa “Linguagem e atividades de trabalho: a comunicação corporativa” partiram
de uma abordagem global na observação da organização e do funcionamento
discursivos em periódicos empresariais em direção a uma abordagem pontual
daquilo que os sujeitos dizem e fazem por meio dos discursos. Já foram alvos de
investigações anteriores as representações praxeológicas, os quadros de ação e as
estruturas operacionais que estão na base do processo de construção de sentidos
dos textos que compõem os periódicos empresariais, destinados a fortalecer a
relação entre empresas e clientes. A abordagem que se pretende neste atual trabalho
é descrever e analisar as formas de organização informacional e tópica, buscando
os índices das negociações em torno das redes conceituais construídas na interação
por meio dos periódicos empresariais. Considerando-se que na interação por meio
113
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
desses suportes ocorre a conjunção entre as ações de informar e fazer consumir, a
descrição e a análise das formas de organização informacional e tópica permitirão a
compreensão do percurso de construção dos objetos de discurso, ao mesmo tempo
que permitirão a compreensão do percurso de construção da imagem social de cada
um dos participantes da interação. Como definir os objetos de discurso, como se
posicionar diante deles, de que forma valorizá-los são movimentos discursivos que
articulam de modo bastante complexo a formação das redes conceituas ao processo
de co-construção das identidades sociais.
Palavras-chave: Abordagem modular do discurso; organização informacional e
tópica; periódicos empresariais.
Flávia Rodrigues de Melo / Antonia Marly Moura da Silva
DEVANEIO E EMBRIAGUEZ DUMA RAPARIGA: UMA ANÁLISE DA FIGURA
FEMININA NO CONTO DE CLARICE LISPECTOR
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise do modo de representação
da figura feminina em Devaneio e embriaguez duma rapariga, conto de Laços de
família de Clarice Lispector. Busca, sobretudo, enfatizar a ação da personagem,
destacando os papéis sociais assumidos pela mulher, bem como o conflito existencial
vivido pela mulher. Nas diversas culturas, a mulher é símbolo da maternidade, além
de ser vista como dona-de-casa e “rainha do lar”. Na narrativa de Clarice Lispector,
é possível visualizar essa ideologia, principalmente a conflituosa relação de gêneros.
No conto Devaneio e embriaguês duma rapariga, vemos, por um lado, a imagem
da mulher condicionada aos valores de uma sociedade patriarcal e, por outro lado,
a inquietude de quem interroga esses valores. Considerando esse recorte temático
na leitura do texto lispectoriano, tomaremos como referencial básico os estudos de
BRAIT (1985) e CANDIDO (1968), sobre a categoria personagem; CHEVALIER
e GHEERBRANT (1992), FREUD (1996) e BRUNEL (1998) sobre o narcisismo
e a simbologia do duplo, dentre outros. Os aspectos da narrativa e os elementos
temáticos que sugerem a configuração da personagem mulher, enfocando os papéis
que está desempenha na sociedade serão o foco de nossa análise.
Palavras-chave: Clarice Lispector; papel da mulher; maternidade; sociedade.
Francisca Natália Sampaio Pinheiro
ATOS DE COMANDO CODIFICADOS PELO IMPERATIVO NA FALA DE
PROFESSORES DE FORTALEZA-CE: UMA ANÁLISE VARIACIONISTA
Resumo: Seguindo a linha da Sociolinguística Variacionista e do Funcionalismo
Linguístico, fazemos uma análise do uso do imperativo associado à forma indicativa
e à forma subjuntiva numa perspectiva sincrônica e real. A primeira teoria vê a língua
como sistema social e heterogêneo, admitindo que, em uma comunidade de fala, existem
várias formas linguísticas em variação, e que estas formas podem estar em processo
de mudança; a segunda, além de se preocupar com a estrutura gramatical, busca,
no contexto discursivo, a motivação para os fatos da língua, estudando a gramática
associada ao uso, às situações reais de comunicação. Avaliamos dados obtidos através
de amostras de fala de professores do Ensino Fundamental e Médio de Fortaleza-CE.
A pesquisa tem o intuito de verificar a variação entre as referidas formas, tentando
perceber que fatores condicionam a variação nos usos do imperativo no indicativo e
114
Resumos de trabalhos
no subjuntivo. Na análise dos dados, foram verificados os seguintes grupos de fatores
linguísticos: tipo de pronome; polaridade da estrutura (sentença afirmativa e negativa);
tipos de verbo (atividade, estado, accomplishment, achievements, conforme a tipologia
adotada por Vendler); presença/ausência do vocativo; menção de formas de polidez.
Não foi possível controlar variáveis extralinguísticas, uma vez que os dados ainda
estão em processo de coleta para uma pesquisa de mestrado em andamento. A partir
da análise dos fatores linguísticos, constata-se que o uso das formas imperativas não
segue a regra de formação do imperativo prescrita pela norma gramatical.
Palavras-chave: Sociolinguística; Funcionalismo linguístico; imperativo.
Francisco Aedson de Souza Oliveira / Antonia Marly Moura da Silva
AQUELES DOIS: A REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE CINDIDA
Resumo: O tema do duplo é questão privilegiada desde a antiguidade clássica
até a contemporaneidade, aqui poderíamos lembrar o mito de Narciso e o mito do
andrógino evidenciando uma questão inquietante da condição humana: Quem sou
eu? Na poética de Caio Fernando Abreu, o duplo se apresenta como forma de revelar
a busca do Eu que se converte no encontro com o Outro. No caso especifico do conto
Aqueles dois, integrante da obra Morangos Mofados, os personagens Raul e Saul
vivenciam de maneira dramática, o esfacelamento do eu. Da cisão entre o eu e o
mundo decorre a duplicidade dos personagens, apresentando indícios com a teoria do
homem andrógino. Nessa perspectiva, considerando que a questão é tema recorrente
no conto referido, faremos uma leitura da narrativa à luz dos estudos de CHEVALIER
e GHEERBRANT (1992), ECO (1989) e BRUNEL (1998) com o objetivo de analisar
a representação do duplo. No conto, os dois homens parecem querer encontrar sua
alma gêmea, a complementação com aquele ser desconhecido que deseja conhecer.
Em Aqueles dois, o duplo habita na estrutura narrativa revelando, através da imagem
de sujeitos múltiplos e cindidos, o conflito da personalidade humana.
Palavras-chave: Caio Fernando Abreu; Aqueles dois; Duplo; Personagens.
Francisco Alves Filho
REFERENCIAÇÃO E GÊNEROS DO DISCURSO:
O QUE UM TEM A VER COM O OUTRO?
Resumo: Os estudos sobre referenciação têm oferecido contribuições bastante
importantes para a compreensão dos fenômenos sócio-cognitivos ligados à produção
e compreensão de textos e discursos, como a fabricação de referentes, o caráter
argumentativo velado das expressões referenciais, o conhecimento enciclopédico
requerido do interlocutor. No entanto, muitas dessas contribuições possuem um
caráter muito geral, subjazendo tacitamente a elas a tese de que a referenciação
poderia se manifestar de igual modo independentemente do gênero do discurso aos
quais os enunciados pertencem. Visando apresentar contribuições para o problema
acima mencionado, o objetivo desta comunicação é elencar as restrições impostas
e as possibilidades estimuladas pelos gêneros do discurso para as estratégias de
referenciação. Faz-se uma análise contrastiva de enunciados dos seguintes gêneros
do discurso: fábula, editorial, notícia e conto infantil. Foi possível perceber que, de
fato, os gêneros do discurso orientam o trabalho de referir dos locutores indicando
estratégias obrigatórias e facultativas. A análise contrastiva também evidencia que
115
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
os processos referenciais contribuem para caracterizar as convenções genéricas (dos
gêneros), de modo a se poder dizer que os gêneros do discurso são o que são também
pelo fato de marcarem a opção e/ou a recusa por certos processos referenciais.
Palavras-chave: referenciação; gêneros do discurso; enunciado concreto.
Francisco Ednardo Pinho dos Santos
TRAÇOS CATEGORIAIS NA PREDICAÇÃO E PADRÕES
DE ADEQUAÇÃO EXPLANATÓRIA DA GRAMÁTICA FUNCIONAL
Resumo: A Gramática Funcional (GF) de Dik (1997) descreve a oração por meio de uma
estrutura subjacente em camadas, em que são contemplados aspectos morfossintáticos,
semânticos e pragmáticos. Na primeira dessas camadas, a da predicação nuclear, o ponto
de partida é uma estrutura de predicado que especifica quantitativa e qualitativamente
a grade argumental do predicado. Vemos, pois, que a teoria, no tratamento dos aspectos
representacionais e morfossintáticos da frase, é largamente tributária de estudos
clássicos em teoria da valência. É dessa opção teórica que trataremos neste trabalho,
naturalmente limitados a alguns aspectos. Inicialmente, apresentamos a proposta de
descrição da oração da GF e discutiremos a necessidade de associar valência lógica e
semântica a classe vocabular. Admitimos que a estrutura de predicado, em seus aspectos
ideacionais, é determinada pela parte lexical do item vocabular, sendo de importância
secundária sua classe ou Tipo. Em seguida, procuramos demonstrar que essa possível
revisão na abordagem da predicação pode contribuir com os padrões de adequação
explanatória da GF, quais sejam, a adequação tipológica, psicológica e cognitiva
da teoria gramatical. Veremos, ainda, como a distinção entre o morfossintático e o
representacional na predicação é coerente com a Gramática Funcional do Discurso
(HENGEVELD, 2004), assentada justamente na modularidade hierarquizada dos
níveis interpessoal, representacional e estrutural. Acreditamos, assim, contribuir com
a discussão sobre o tratamento da predicação como processo básico de constituição do
enunciado de maneira tipológica, psicológica e pragmaticamente adequada.
Palavras-chave: Gramática Funcional; predicação; teoria da valência.
Francisco Ewerton Almeida dos Santos
COLAGEM, SUBVERSÃO E ANTROPOFAGIA NO ROMANCE
GALVEZ IMPERADOR DO ACRE, DE MÁRCIO SOUZA
Resumo: O presente projeto aborda o romance Galvez Imperador do Acre, lançado
em 1976 pelo amazonense Márcio Souza, observando a maneira parodística como
o mesmo retoma a Belle Époque e a extração do látex na Amazônia e sua estética
fragmentária, constituída de diversas citações de autores canônicos, investigando, assim,
o funcionamento da paródia e colagem antropofágicas como principais ferramentas
de crítica e subversão ao processo cultural de importação de valores europeus vivido
pelas capitais amazônicas.
Palavras-chave: Galvez Imperdor do Acre; antropofagia; colagem.
Francisco Osvanilson Dourado Veloso
O TERRORISMO QUADRO A QUADRO: ANÁLISE MULTIMODAL
DE HQS PÓS 11-9
Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar as representações dos eventos
e participantes envolvidos nos ataques às torres do World Trade Center, em Nova
116
Resumos de trabalhos
Iorque, em 11 de setembro de 2001. O corpus da pesquisa é composto de histórias
em quadrinhos (HQs) publicadas pelas editoras Marvel e DC Comics, a partir de
11/09/2001. Haja vista que HQs constroem significados através de linguagem visual
e verbal, adota-se neste trabalho uma abordagem multimodal (Kress & van Leewen,
2001) dos dados, considerando a função ideacional da linguagem (Halliday &
Matthiessen, 2004) como foco de interesse para verificar o processo de construção
da realidade nos textos. A dimensão social da análise é discutida com base na Teoria
da Estruturação (Giddens, 1984), conforme sugerido por Meurer (2004, 2006). Os
resultados revelam que a narrativa das HQs tendem a dispor de questões complexas
de maneira simplista e maniqueísta, promovendo um apagamento da História
e limitando a possibilidade de discussões mais profundas acerca das ações que
tornaram os eventos de 11-9 possíveis.
Palavras-chave: Multimodalidade; Linguistica Sistêmico-Funcional; História em
Quadrinhos; Terrorismo.
Francisco Rafael Silva Barros
O PROCESSO TRADUTÓRIO:
AS TRADUÇÕES DE ORLANDO PARA O PORTUGUÊS
Resumo: O presente estudo analisa o processo de tradução do romance Orlando –
A Biography (1928), da escritora moderna britânica Virginia Woolf, que, para o
contexto brasileiro, gerou dois romances com o mesmo título. Mas essas traduções
são divididas por diferentes épocas e tradutores. O título Orlando foi primeiramente
publicado em 1948, traduzido pela consagrada poetisa (ou “poeta”, como gostava de
ser chamada) Cecília Meireles e, posteriormente, em 1994, pela tradutora Laura Alves.
A escritura de Orlando (1929) acarreta em sua tecitura, além do estilo psicológico da
autora, vários conceitos e questões estilísticas de Woolf como a descrição de elementos
biográficos (que foi o gênero escolhido por ela para guiar-se na estória – A Biography),
inclusive sobre a evolução histórico-literária inglesa. Analisa-se o processo de escrita
da tradução em ambas as épocas e a recepção de cada texto, mas, principalmente,
busca-se responder a indagações tais como: o porquê da existência de duas traduções,
por dois tradutores diferentes, da mesma obra? E qual o efeito nos dois diferentes
momentos históricos do público brasileiro à leitura dos textos? Para tanto, utilizam-se
os conceitos de “reescritura” de Lefevere (1992) e de tradução como agente político e
formadora de identidades estrangeiras de Venuti (2002). Os resultados apontam para a
domesticação dos dois textos em diferentes âmbitos: a de Meireles, uma domesticação
estilística, onde a autora reconstrói o texto woolfiano dentro de uma estética poética
brasileira, comparável, por exemplo, aos textos de Clarisse Lispector; e o de Laura
Alves uma domesticação estrutural, onde a tradutora adapta a sintaxe e o vocabulário
do texto, dando-lhe um aspecto menos fluente em língua portuguesa.
Palavras-chave: tradução; literatura; domesticação/estrangeirização.
Francisco Wellington Borges Gomes
PERCEPÇÕES DISCENTES SOBRE DISCIPLINAS ON LINE
EM CURSOS PRESENCIAIS
Resumo: Atualmente, os recursos oferecidos pelas tecnologias digitais não só
viabilizam, mas, principalmente, incentivam propostas de ensino menos centradas
117
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
no professor e mais voltadas para a interação e o diálogo. A internet, por exemplo,
além de possibilitar a comunicação à distância, fornece ferramentas técnicas e
pedagógicas que facilitam a produção de conhecimento colaborativo à medida que
alunos interagem em ambientes virtuais de aprendizagem. Consequentemente, no
âmbito do ensino universitário, tais ambientes de aprendizagem vêm sendo cada
vez mais usados com resultados bastante positivos, especialmente na motivação dos
alunos e na qualidade das interações entre estes e os professores. Entretanto, poucas
pesquisas sobre o uso da internet e ambientes virtuais consideram as percepções
que os alunos têm sobre os mesmos. Este trabalho visa apresentar uma investigação
sobre as percepções acerca de uma disciplina on line por um grupo de alunos do
curso de letras da Universidade Federal do Piauí (UFPI), matriculados em cursos
presenciais regulares. Os resultados obtidos indicam percepções predominantemente
positivas, especialmente no que diz respeito à motivação e à qualidade das interações
on line, embora percepções negativas, principalmente aquelas relacionadas ao nível
de letramento digital, também estejam presentes.
Palavras-chave: Percepções; Ensino mediado por computador; Linguagem e Tecnologia.
Gabriela Delia Leighton
LA INTERPRETACIÓN, EL MAPEO PRAGMÁTICO Y LA CONNOTACIÓN
EN LA ENSEÑANZA DE ESPAÑOL COMO LENGUA 2DA. Y EXTRANJERA
EN ZONAS DE VULNERABILIDAD SOCIAL
Resumo: Abordando la enseñanza de lengua a través de la literatura, haré referencia
al área del Partido de San Martín. En el Programa de Español como Lengua Segunda
y Extranjera de la UNSAM, más de la mitad de los alumnos no ha terminado su
educación secundaria; esto nos insta a postular un nuevo modelo de enseñanza que
presentaré, seguido de un ejemplo real de aula. Luego de pasar revista a algunas de
las muchas investigaciones que se están realizando sobre la enseñanza de lengua
a través de la literatura, haré referencia en mi trabajo al área donde se encuentra
mi Universidad: el Partido de San Martín. Aunque lo desarrollaré más adelante, se
me hace necesario considerar que muchas zonas del Partido son consideradas de
vulnerabilidad social, y en el Programa, que enseña a adultos desde los 18 años,
más de la mitad de los alumnos no ha terminado su educación secundaria. Esto
necesariamente condiciona el universo simbólico de los futuros alumnos de nuestros
egresados, y su sistema de representación también se ve afectado. Es necesario,
entonces, postular métodos que se adapten a este alumno con el que tenemos que
trabajar, inmigrante más o menos reciente, que necesita ferozmente aprender español
para conseguir empleo y que tiene un nivel de análisis mucha veces muy deficiente.
Voy a postular entonces un modelo de enseñanza de lengua a través de la literatura para
alumnos de zonas vulnerables socialmente, seguido de un ejemplo real de aula.
Palavras-chave: Español como Lengua Segunda y Extranjera; Vulnerabilidad Social;
Nuevos modelos de enseñanza.
Genésio Seixas Souza
ASPECTOS TOPONÍMICOS EM NOTÍCIA DO BRASIL,
DE GABRIEL SOARES DE SOUSA
Resumo: O trabalho pretende um breve demonstrativo dos registros toponímicos
inscritos no manuscrito quinhentista Notícia do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa,
118
Resumos de trabalhos
sendo o corpus constituído de 270 capítulos segmentados em duas partes, onde na
Parte I, um <> sobre a costa do Brasil, apresentar-se-á, brevemente, alguns elementos
lexicais representativos da toponímia de origem portuguesa e indígena. Tendo o
Roteiro Geral com largas informações de toda a costa que pertence ao Estado do Brasil
e a descripção de muitos lugares della especialmente da Bahia de Todos os Santos um
vasto campo semântico que, no escopo do inventário lexicográfico, abarca as múltiplas
denominações onomásticas no que tange às especificações do delineamento geomórfico
da linha costeira marítima da Carreira do Brasil, validam a obra notável de Gabriel
Soares, tida como a “enciclopédia do século XVI”. A compilação dos dados registrados,
que compõem o glossário, mostra um pequeno recorte da minha tese de doutoramento,
que objetiva destacar, confrontar e comentar a passagem de um designativo comum
de língua à categoria de topônimo, como resultado de um mecanismo espontâneo de
nomeação, embora motivado externamente pelas conjunções do meio. Buscando uma
metodologia que comporte um ordenamento através das taxeonomias toponímicas,
utiliza-se os geomorfotopônimos, designação em que se acham situadas as formações
litorâneas, dado à natureza do códice em estudo e da terminologia específica dos
acidentes geográficos assinalados. Perseguindo a mudança toponímica que possa ser
identificada através de uma interface entre o séc. XVI e o momento atual, procurarse-á situar no Tratado e nos documentos cartográficos dos séculos posteriores, todas
as substituições que se efetivaram no decorrer dos séculos, seja no escopo roteirístico
do códice, seja na descrição da gênese da cidade da Baía, abordagens intervenções
centradas em uma perspectiva histórico-diacrônica.
Palavras-chave: Linguística Histórica; lexicografia; toponomástica.
Geraldo Magella de Menezes Neto
CORDEL E ORALIDADE NO PARÁ NO PERÍODO
DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Resumo: O presente trabalho analisa a importância da literatura de cordel como fonte
de informação das camadas populares acerca dos acontecimentos da Segunda Guerra
Mundial. Para a análise será considerada a relação oral/escrito, já que a leitura dos
folhetos de cordel era realizada na maioria das vezes de uma forma coletiva, em um
período onde a taxa de analfabetismo era elevada. A estrutura narrativa dos folhetos,
em forma de poesia, facilitava a compreensão e memorização acerca dos assuntos
tratados, sendo o cordel um mediador entre o oral e o escrito. As fontes utilizadas são
os folhetos de cordel produzidos pela editora Guajarina, editora de maior sucesso no
norte do Brasil na primeira metade do século XX, folhetos que estão disponíveis no
acervo Vicente Salles do Museu da UFPA, e os jornais da época da guerra.
Palavras-chave: Literatura de cordel; Oralidade; Segunda Guerra Mundial.
Gerliane Andrade Pereira
O PODER DA PALAVRA: NARRATIVAS MÍTICAS
SOBRE FREI HERMES EM CAPANEMA- PA
Resumo: O presente trabalho constitui um breve relato de experiências sobre minha
pesquisa, ainda em andamento, acerca das narrativas orais sobre o religioso capuchinho
Frei Hermes, ao qual se tem atribuído diversos acontecimentos sobrenaturais, que
vão desde ao rogo de maldições e profecias até ao suposto controle de fenômenos
119
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
naturais, como a chuva. Tais narrativas orais, correntes na cidade de Capanema-PA,
constituem relatos de caráter mítico, visto que, mesmo após a morte de Frei Hermes,
ainda exercem um poder coercitivo no quotidiano dos moradores da cidade.
Palavras-chave: Narrativas; Mito; Memória; Oralidade: Frei Hermes.
Germana Maria Araújo Sales
O MAPA DO ROMANCE NA BELÉM DO SÉCULO XIX
Resumo: O hábito de ler romances estava presente no cotidiano dos leitores no século
XIX brasileiro. Essa experiência pode ser comprovada tanto nas páginas das obras
escritas e publicadas nessa época, cujos enredos registram a presença de leitores,
leitoras e livros, como nos anúncios de vendas de livros em jornais do século, que
evidenciam, em especial, o comércio de romances. Ler romances, de fato, constituiu
uma febre nacional nos anos oitocentos e essa prática não ficou localizada apenas na
capital do Império ou nas vizinhanças. Ao Norte, na capital da província do Pará, o
mapa da leitura de ficção também tomou proporções significativas, fato confirmado,
principalmente, pelos reclames do comércio livreiro recorrentes nas principais folhas
periódicas da cidade. Dessa maneira, este trabalho tem como objetivo apresentar as
obras que foram noticiadas nos jornais de Belém, na segunda metade do século XIX,
assim como comparar em que medida os livros aqui divulgados equivaleram-se às
obras que circularam na Corte, no mesmo período.
Palavras-chave: Romances; comércio livreiro; folhas periódicas.
Gessiane Lobato Picanço
CONSOANTES PARCIALMENTE NASALIZADAS EM TUPI
Resumo: Na maioria das línguas Tupi, oclusivas orais e nasais exibem várias
variações alofônicas. Elas podem ser realizadas como nasais plenas, nasais
parcialmente oralizadas (pré- ou pós-oralizadas), oclusivas orais parcialmente
nasalizadas, ou simplesmente, oclusivas orais. Neste estudo, uma comparação de
alofones parcialmente nasais é elaborada para 16 línguas Tupi, com base em seus
aspectos fonéticos. O objetivo principal é determinar até que ponto esses sons são
foneticamente distintos uns dos outros nas várias línguas Tupi ou, contrariamente,
até que ponto alofones correspondentes dividem semelhanças fonéticas em línguas
diferentes. As línguas examinadas são as seguintes: Awetí, Gavião, Salamãy, Suruí,
Mundurukú, Kuruaya, Karo, Makurap, Ayuru, Tupari, Tenharim, Parintintin e
Tembé. Essa investigação demonstra que há muito mais envolvido na produção de
consoantes nasais em Tupi do que tem sido observado até o momento.
Palavras-chave: Línguas Indígenas; Tupi; Consoantes Nasais; Fonética Acústica.
Giane da Silva Mariano Lessa
ORALIDADE E ESCRITA NA NUEVA CORÓNICA Y BUEN GOBIERNO DE
FELIPE GUAMÁN POMA DE AYALA – UM GÊNERO QUE EMERGE NAS
DOBRAS DA CONQUISTA DA AMÉRICA
Resumo: Este estudo pretende mostrar algumas características do desenvolvimento
e da criação da Nueva Corónica y Buen Gobierno, de Felipe Guamán Poma de
Ayala. Trata-se de uma crônica alternativa às crônicas de autores europeus, escrita
120
Resumos de trabalhos
por um índio ladino, que ao longo de sua vida, foi intérprete, escrivão, informante
etc., viajando por todo o reino, compilando as narrativas orais de diversos povos,
cumprindo também o papel de etnógrafo. Ao escrever do lugar de indígena,
oferecendo-nos uma descrição densa das práticas culturais indígenas e mudando a
perspectiva dos objetivos unicamente pessoais para a perspectiva das necessidades
coletivas, Guamán Poma interferiu no conteúdo do gênero crônica, alterando-o e nele
instaurando outra contingência ideológica. Para cumprir sua tarefa, o autor andino se
apropriou de vários tipos de discurso que circulavam na colônia e inseriu desenhos,
feitos por ele, mesclando iconografia cristão e iconografia andina, com o objetivo
de reivindicar justiça e a implementação do que poderia vir a ser um bom governo.
Além disso, inseriu em sua obra glossas de mais de nove línguas nativas, chamando
a atenção para a diversidade cultural do mundo andino. Ao fazê-lo, Guamán Poma
inaugurou um gênero híbrido que, acima de tudo, representou um ato de resistência
e subversão à ordem colonial que se estabelecia.
Palavras-chave: oralidade; escrita; diversidade cultural; resistência; poder.
Gilmar Ferreira de Souza Filho
O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS COM SURDEZ: UMA
PROPOSTA INCLUSIVA
Resumo: O presente trabalho tem por intuito discutir, numa perspectiva inclusiva, a
importância do profissional de Letras no ensino do aluno com surdez, principalmente
quando tratamos do ensino de língua materna como segunda língua para esses. O
trabalho trata do histórico da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), passando por
tendências subjacentes à educação de pessoas com surdez e pelos mais recentes
métodos de ensino para essas. O trabalho busca ainda evidenciar todo o processo de
educação de alunos com surdez por meio do Atendimento Educacional Especializado
(AEE) – Proposto pelo Ministério da Educação/MEC – e suas etapas de funcionamento
e de aplicação nesse âmbito que são o AEE em LIBRAS na Escola Comum, o AEE
para o ensino de LIBRAS e o AEE para o ensino de Língua Portuguesa, tendo em
vista a necessidade de um planejamento, organização didática do espaço educativo e
todas outras ferramentas mais que auxiliarão/facilitarão esse trabalho de inclusão do
aluno com surdez em sala de aula comum, facilitando, assim, sua escolarização.
Palavras-chave: atendimento educacional especializado; língua portuguesa; aluno
com surdez.
Gilmara dos Reis Ribeiro
LÍNGUA PORTUGUESA COMO UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA:
REFLEXÕES DE UMA EXPERIÊNCIA COM UM ALUNO INDIANO
Resumo: O presente artigo aborda a experiência da aplicação do ensino de língua
portuguesa, para um aluno indiano, fazendo uma reflexão sobre possíveis abordagens
adotadas para essa aplicação, em um curto período de dois meses de aula. A
importância desse artigo dá-se por tecer possíveis vieses entre a teoria aprendida no
Curso de Licenciatura em Letras e a prática do ensino de Língua Portuguesa, como
uma língua estrangeira.
Palavras-chave: Língua Portuguesa; Estrangeiro; Ensino; Abordagem; Reflexão.
121
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Gilson da Conceição Vitor Farias
CICLO DA CASTANHA E LATIFÚNDIOS DA AMAZÔNIA EM SAFRA,
DE ABGUAR BASTOS
Resumo: O ciclo da borraccha na Amazônia acabou no início do século XX e deu lugar
ao Ciclo da csatanha, tempo em que os donos de castanhais ganharam muito dinheiro
com a venda do produto aos mercados internacionais. Porém o pequeno extrativista
estva ligado a uma interminável dívida ao dono do latifúndio do lugar onde trabalhava.
Abguar Bastos, escritor paraense não muito conhecida pelo grande público mas de
vasta obra na Literatura Brasileira, publicou em 1937 o romance Safra, narrativa que
focaliza a época dos altos lucros dados pela extração da castanha e mostra a situação do
coletor deste produto subjugado pela realidade local, onde os latifundiários impunham
suas leis e se tornavam donos das pessoas daquele lugar. Por isso o trabalho pretende
observar como a questão do latifúndio é apresentada na obra e a relação de compra e
venda das castanhas entre os donos de terra e seus empregados.
Palavras-chave: Literatura; Ciclo da castanha; Latifúndio; Amazônia.
Girlene Lima Portela
LER PARA COMPREENDER; ESCREVER PARA INTERAGIR: O PAPEL DOS
PROCESSOS E DAS ESTRATÉGIAS DE ESCRITA NO ENSINO-APRENDIZAGEM
Resumo: A produção escrita pode ser comparada a uma resolução de problemas, visto
que, quando lemos e escrevemos, estamos exercitando nossa apreensão do mundo e,
consequentemente, ampliando nossa capacidade de armazenar e recriar informações.
Para melhor entender a tarefa da escrita, nos apoiamos nos postulados propostos por
diferentes correntes teóricas, a saber, a psicologia cognitiva, a didática da escrita e a
linguística textual, pois estas visam, dentre outros objetivos, desvendar os mecanismos
mentais do sujeito, as etapas, os processos e as estratégias de escrita. Tais correntes
serviram de base à nossa pesquisa, no sentido em nos guiaram buscando responder
às questões que orientaram nosso estudo desenvolvido em duas escolas públicas de
Feira de Santana-BA. Durante as etapas da pesquisa, buscávamos compreender, dentre
outros aspectos, a maneira como os escritores concebiam os processos cognitivos
e seus sub-processos, assim como as estratégias implicadas no ato da escrita. Além
desses aspectos, pretendíamos conhecer como se dava a interação entre escritor/
leitor. Após a etapa diagnóstica do nosso estudo, estimulamos a troca entre os pares
para a valorização das experiências plurais de cada ator implicado na pesquisa, na
fase da intervenção. A fim de alcançarmos nossos objetivos, utilizamos o método da
observação direta e indireta, a fim de melhor compreendermos o comportamento dos
sujeitos. Nesse contexto, o presente texto sugere, a partir dos resultados obtidos ao
longo do estudo empreendido, uma proposta de melhoria do trabalho do professor e,
consequentemente, da qualidade dos textos dos nossos alunos.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de escrita; processos; estratégias.
Giselda da Rocha Fagundes
RAP: O MOVIMENTO DE REAÇÃO DO NEGRO
NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Resumo: O rap de protesto, produzido na periferia, é o elemento do Hip Hop que
mais utiliza o material verbal em sua composição, nesse sentido, a análise de sua
estrutura revela, além do conteúdo político-ideológico, uma forma de identificar
122
Resumos de trabalhos
e valorizar a história e a realidade cultural do povo afro-brasileiro. Além disso, o
rap configura-se como um gênero que muito bem ilustra a interação verbal, pois a
linguagem se apresenta como um ato social pelo qual os membros de uma sociedade
interagem. Com base na teoria dos gêneros da Mikhail Bakhtin, algumas letras de rap
nacionais foram analisadas visando identificar, por meio dos elementos linguísticos e
estratégias discursivas, como a carnavalização, de que forma se apresenta a imagem
social no negro na atualidade, acentuando os ideais que determinam o rap como
principal agente conscientizador do Movimento Hip Hop.
Palavras-chave: negro; rap; carnavalização.
Glaciane Felipe Serrão
O ETHOS NO DISCURSO AMBIENTAL SOBRE A AMAZÔNIA:
UMA ABORDAGEM DA REVISTA ATITUDE DA VALE
Resumo: A questão do meio ambiente tem sido foco de debate na sociedade.
Consequentemente, cada vez mais, grandes empresas com altos índices de impacto
ambiental têm se preocupado e investido em sua imagem perante a sociedade, de
forma a garantir a sua atuação. Isso posto, este trabalho visa compreender o processo
de construção do ethos a partir do discurso de “responsável ambiental” empreendido
pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em sua revista virtual, a Atitude, por meio
de reportagens e propagandas que tem como enfoque a Amazônia. Para tanto, esta
proposta tem como escopo os postulados da Análise do Discurso de linha francesa,
em particular, as contribuições do linguista Dominique Maingueneau.
Palavras-chave: Ethos; discurso; Amazônia e responsabilidade ambiental.
Greice da Silva Castela
O CHAT NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ESPANHOL PARA
UNIVERSITÁRIOS: ESTRATÉGIAS E POSSIBILIDADES
Resumo: Esse relato de experiência constitui um breve recorte de minha investigação
de mestrado defendida na UFRJ. Indagamos aqui quais são os recursos e estratégias
utilizadas por estudantes de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) na interação
em um Chat espanhol com hispano-hablantes. A escolha do corpus se justifica por
ser um intercâmbio comunicativo real na língua meta, na qual os estudantes não
costumam ser inseridos ao longo da graduação e que exige rapidez na compreensão
e na escrita das mensagens, o que contribui para a prática na língua alvo. Analisamos
a interação em espanhol de onze universitários do sexto semestre na graduação em
Letras (Português-Espanhol) em uma universidade pública no Rio de Janeiro com
participantes de um canal Amistad de um chat espanhol. O questionário aplicado ao
final da interação revelou que os estudantes, por unanimidade, consideram que os
graduandos em Letras devem ter contato com esse tipo de interação.
Palavras-chave: chat; estratégias interacionais; espanhol como língua estrangeira.
Greice da Silva Castela
ESTRATÉGIAS DE LEITURA HIPERTEXTUAL ON LINE EM UMA AULA DE
ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
Resumo: Este trabalho constitui um breve recorte da investigação de doutorado em
Letras Neolatinas que desenvolvo na UFRJ. Nesse artigo enfocaremos as estratégias de
123
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
leitura e interacionais utilizadas por estudantes de Espanhol como Língua Estrangeira
(E/LE) durante uma aula presencial voltada para a leitura on line de hipertextos
eletrônicos em um Centro de Estudos de Línguas Estrangeiras Modernas (CELEM)
no oeste do Paraná. Consideramos que a concepção de leitura que os alunos possuem
e presente no questionário elaborado pela docente sobre os hipertextos a serem lidos
assim como a maneira como a docente conduziu a atividade contribuíram para o uso
das estratégias observadas na aula gravada. A análise do corpus é realizada a partir de
um embasamento teórico sobre concepções de leitura, hipertexto e utilização de novas
tecnologias no ensino.
Palavras-chave: leitura on line; estratégias; espanhol como língua estrangeira.
Gustavo Biasoli Alves
MEMÓRIA E PROJETOS POLÍTICOS: OS CONSELHOS GESTORES MUNICIPAIS: HISTÓRIA, TEXTO E CONTEXTO NA TRÍPLICE FRONTEIRA
Resumo: Discute-se as concepções de sociedade civil, papel, modelo de Estado,
participação e cidadania nos discursos de Conselheiros Gestores focando a memória
das lutas pela redemocratização na construção destes conceitos. O foco é o papel que
a memória desempenha no embate entre projetos políticos (neoliberal e democráticoparticipativo) que têm ressonância nos Conselhos. O estudo tem por base a memória
discursiva, e também os conceitos de momento, elemento e articulação formulados
por Laclau e Mouffe. As perguntas e hipóteses que nos guiam são: Que conhecimento
tem os conselheiros sobre o passado e como o significam? Como concebem Sociedade
Civil, Estado, democracia e participação? Qual o papel da memória aí? Considera-se
que o posicionamento dos conselheiros será articulado por elementos do passado e que
estarão presentes resignificações dos projetos em disputa onde o passado é presente.
Como há transito de membros entre Sociedade Civil e Estado nos Conselhos, há
também a possibilidade que o discurso do Conselheiro mude conforme a posição
ocupada por este. Os estudos veem confirmando as hipóteses e também apontando
aspectos não cobertos pela pelas pesquisas, como por exemplo o papel da mídia e o
fato de que a sociedade civil da época tem sido tida pelos conselheiros mais antigos
como fonte de informação, o que não acontece hoje nos Conselhos.
Palavras-chave: memória; projetos políticos; conselhos gestores; discurso;
sociedade civil; participação; fronteira.
Gustavo Cândido Pinheiro
O PRECONCEITO E AS CONSTRUÇÕES DOS SENTIDOS DA VIOLÊNCIA
NO REPENTE
Resumo: Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa mais amplo intitulado As
construções dos sentidos da violência nas práticas culturais do Sertão Central do
Ceará que pretende investigar as práticas discursivas e práticas sociais do preconceito
e da violência vivenciadas no referido local. Nosso objetivo é analisar os processos
semântico-discursivos de nomeação e designação de gênero, para entender como
a prática cultural do repente reifica sentidos para as formas de violência cotidiana.
Neste trabalho, pretendo explorar a nomeação e designação de gênero em uma
abordagem tridimensional do discurso e tentar perceber as identidades que são dadas
discursivamente para homens e mulheres, explorarei também a pragmática levando
124
Resumos de trabalhos
em consideração os atos de fala que corporificam a violência, naturalizando ideologias
machistas. Farei também uma relação da analise do discurso com as ciências sociais,
com base principalmente no contexto da modernidade tardia em que o sujeito pôsmoderno, conceptualizado como não tendo uma identidade fixa essencial ou permanente
(HALL, 1997). A pesquisa utiliza o aparato teórico-metodológico a Pragmática
(WITTGENSTEIN, 1989) e a Análise do Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 1992,
2003). Os dados coletados até o momento mostram que a linguagem das práticas
culturais em questão corporificam a violência através dos atos de fala de nomeação
e designação, tais como: “cabra macho como eu por essas bandas não há igual”, “no
meu terreiro quem canta de galo sou eu”. Essas designações constroem e reivindicam
identificações tradicionais legitimando ideologias machistas e preconceituosas onde
diversas formas de violência são corporificadas, contribuindo para a formação das
relações sociais de poder.
Palavras-chave: Discurso; Identidade; Violência; Preconceito.
Hein Van Der Voort
POSSESSIVE EXPRESSIONS IN THE SOUTHWESTERN AMAZON
Abstract: The Southwestern region of the Amazon river basin, which covers the
Bolivian and Brazilian sides of the Guaporé, Mamoré and Upper Madeira rivers, is one
of the world’s linguistically most diverse places. The region harbours representatives
of seven linguistic stocks, including Arawak, Chapacura, Macro-Jê, Nambikwara,
Pano, Tacana and the majority of the branches of the Tupi linguistic stock. Furthermore
twelve language isolates or unclassified languages are spoken in the region. Kwazá is
a language isolate spoken by approximately 25 people in the Southwestern Amazon.
In this presentation I will sketch the types of adnominal possessive expression found
in Kwazá and discuss the similarities with possessive expressions in a genetically
and typologically diverse selection of other languages of the region: Aikanã (isolate),
Arikapú (Macro-Jê), Baure (Arawak), Kanoê (isolate), Latundê (Nambikwara),
Mekens (Tupí) and Wari’ (Chapacura). Two main types of adnominal possessive
strategies were encountered, both expressed in a wide range of different varieties. Type
I is characterised by the occurrence of a general possessive element that is attached
to the possessor. It forms the standard possessive construction in Aikanã, Kanoê and
Kwazá. Type II is characterised by the attachment of possessor agreement morphemes
or person markers to the possessum. This is the standard possessive construction in
Arikapú, Baure, Latundê, Mekens and Wari’. In addition to these structural types, I
will discuss (in)alienability effects and the different roles of classifiers. Given that
languages discussed here belong to different families, explanations for similarities
probably are either found in universals or in areal diffusion.
Key words: Possessives; Guaporé region; Areal diffusion.
Heraldo Maués
RELIGIÃO E MEDICINA POPULAR NA AMAZÔNIA: A ETNOGRAFIA DE
UM ROMANCE
Resumo : Utilizando os dados de um romance de Dalcídio Jurandir ambientado
na ilha do Marajó e considerando, também, a experiência de pesquisa de campo do
autor sobre catolicismo popular e pajelança na região do Salgado, no estado do Pará,
125
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
o artigo pretende construir uma breve etnografia a respeito dos principais aspectos
religiosos daquela ilha, na primeira metade do século XX. Tal tentativa, além de uma
justificativa teórica, que estabelece um vínculo entre antropologia e literatura, devese à relativa carência de estudos sobre o tema no Marajó, locus de grande importância
para se entender tais crenças e práticas populares, já estudadas por outros estudiosos
em várias sub-regiões da Amazônia.
Palavras-chave: Dalcídio Jurandir; ilha do Marajó; Amazônia; religião popular; pajelança.
Herciliza Maria Celso de Castro
DISCIPLINA PEDAGÓGICA COMO FERRAMENTA PARA A FORMAÇÃO
ESPECÍFICA (LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL) DO PROFESSOR DE
LÍNGUA MATERNA
Resumo: Este trabalho tem por objetivo relatar o impacto da disciplina pedagógica
como ferramenta para a formação específica, no caso, leitura e produção textual
do futuro professor de língua materna. Exercemos a função docente em uma
universidade particular de Belém (PA), ministrando disciplinas da área pedagógica
em cursos de formação de professores e vimos percebendo a dificuldade dos alunos
em ler com entendimento os textos acadêmico-científicos trabalhados na disciplina.
Esse problema não é restrito aos acadêmicos em formação, como também, está
presente nos demais níveis de ensino da Educação Básica e Superior, como nos relata
a mídia, ao falar do desempenho de alunos em diversos exames nacionais como o
Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) entre outros. O estudo foi realizado com
alunos universitários que cursam o terceiro semestre do Curso de Língua Portuguesa
de uma universidade particular do Pará, através de suas anotações em diários de
aprendizagem, no decorrer das aulas da Gestão da Sala de Aula. Ancoramos a pesquisa
no diálogo com alguns autores que abordam a temática sobre leitura, produção textual,
letramento e uso do diário, como instrumento para o autoconhecimento e, também,
nos pressupostos teóricos na construção do conhecimento dentro da perspectiva
sócio-interacionista e discursiva. A metodologia adotada na pesquisa foi do tipo
qualitativa, de natureza etnográfica e de cunho interpretativista. Dessa maneira, os
diários de aprendizagem foram instrumentos metodológicos bastante coerentes na
formação dos futuros professores, pois foram eles, os grandes responsáveis pelo
estudo em sala de aula, ou seja, o meu corpus de pesquisa.
Palavras-chave: disciplina pedagógica; formação do professor; diário.
Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva / Márcio Oliveiros Alves da Silva
ENSINO DE LÍGUA MATERNA: TRABALHANDO O FAZER E
O APRENDER DAS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Resumo: Esta seção de comunicação tem como objetivo propor o termo Tecnologia
Educacional não apenas como instrumento (ferramenta), mas também como
procedimento (modo de fazer e aprender) por meio da divulgação das ações do grupo
de estudo e de trabalho (UFPA) que trata das novas tecnologias da comunicação e
informação no processo de ensino-aprendizagem de língua materna de acordo com o
contexto amazônico. Dentre os recursos tecnológicos investigados (televisão, rádio,
jornal), observa-se o computador que disponibiliza a rede mundial de informação
(Internet) que, por sua vez, oportuniza o procedimento de ensino da Webquest (DODGE,
126
Resumos de trabalhos
1995; ABAR & BARBOSA, 2008). Outro dado importante é a nova formação que os
graduandos de Letras vêm tendo por meio da disciplina Recursos Tecnológicos no Ensino
do Português, resultando em orientação de TCC. O grupo de estudo e de trabalho, por
fim, terá um projeto de experimentação pedagógica a ser executado em escola pública de
Belém para concretizar o Programa FORTALECER (SEDUC-PA – UFPA).
Palavras-chave: Tecnologias Educacionais; Formação de Professores; Ensino de
Língua Materna.
Iandra Fernandes Pereira Caldas
OS MÚLTIPLOS ECOS DE NARCISO NO CONTO LAÇOS DE FAMÍLIA,
DE CLARICE LISPECTOR
Resumo: A sondagem interior é sem dúvida o drama das personagens de Clarice
Lispector. “Quem sou?” é um questionamento recorrente nos contos integrantes de
Laços de família (1960), constituindo-se um dos principais viés da matéria ficcional.
O interesse pela problemática existencial representada na ficção lispectoriana,
constitui, entretanto, apenas um aspecto de um vasto universo crítico. A experiência
da identidade, atrelada a da alteridade, fundamenta o suporte místico e mítico expresso
em sua obra. Nesta perspectiva, o objetivo deste trabalho é analisar os possíveis
ecos do mito de Narciso no conto Laços de Família, parte da coletânea homônima,
por reconhecermos nesta obra a expressão de sujeitos narcísicos, fragmentados e
estilhaçados. Trata-se de um enfoque crítico-analítico que tenta sublinhar algumas
questões teóricas sobre o mito de Narciso, tomando como referência a perspectiva
do narcisismo moderno. Na leitura pretendida, busca-se a figurativização do mito
de Narciso, a partir de imagens e metáforas que configuram o tema do duplo. O
propósito é identificar o modo de representação de personagens que se entrelaçam,
mas, não se reconhecem; portanto, configuram-se como personagens marcadas
por um narcisismo mal resolvido, sujeitos que não enxergam o outro com quem se
relacionam e não têm consciência de sua imagem refletida e das máscaras e papéis
que representam na sociedade.
Palavras-chave: Clarice Lispector; Laços de família; mito de Narciso; duplo;
identidade.
Idalia Morejón Arnaiz
NATIVOS EXCÉNTRICOS: LITERATURA CUBANA Y SUBVERSIÓN
DE LA NACIONALIDAD
Resumo: Si bien la literatura cubana de los últimos cincuenta años cuenta con un
vasto expediente de historias de arraigo y/o desarraigo producidas fundamentalmente
desde el exilio en los Estados Unidos, el nuevo orden mundial ha estimulado la
movilidad de los escritores cubanos por otros territorios, como es el caso los antiguos
países comunistas del Este europeo. Interesa aquí mencionar a dos autores jóvenes:
José Manuel Prieto (1962) y Carlos A. Aguilera (1970), y dos de sus novelas,
respectivamente: Livadia. Mariposas nocturnas del imperio ruso (1999) y Teoría del
alma china (2006). Estas obras no nos trasmiten la idea de que existe una nueva
residencia localizada (Cuba o los Estados Unidos), sino que se trata de una serie de
encuentros de viaje, que James Clifford ha denominado con más precisión “residencia
en viaje”. Estas obras responden a prácticas de desplazamiento diferentes una de
127
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
otra, pero tienen en común el hecho de no ser apenas extensiones o transferencias
culturales, sino un núcleo constitutivo de significado cultural: no reclaman la pertenencia
a un país o la participación civil en los marcos de la nacionalidad desde una postura
de nómadas, puesto que continúan siendo “nativos”. Sin embargo, ¿cómo probar su
identidad con la lengua y la literatura de un país, si a partir de determinado momento se
encuentran permanentemente fuera de él? Para tratar de responder a esta pregunta, este
trabajo se propone analizar algunos aspectos que tornan estas novelas representativas del
debate literario sobre (pos)nacionalismo y otredad: los lazos que estos libros postulan
con las formas tradicionales de representación de la realidad en la literatura cubana; los
modos “exóticos” de representación del poder político y/o económico; la parodia de los
clichés del orientalismo; la figura del emigrante como exota.
Palavras-chave: Exotismo; Narrativa cubana; Literaturas Posnacionales.
Ingred de Lourdes Pereira
ESTILÍSTICA E EVOLUÇÃO NA CRÍTICA ROSIANA
Resumo: Grande sertão: veredas, do escritor mineiro João Guimarães Rosa (19081967), tem recebido apreciação crítica de correntes teóricas variadas, desde o
momento de sua publicação. Uma das primeiras vertentes críticas a propor hipóteses
interpretativas para a narrativa rosiana foi a crítica estilística, que tem como
representantes nomes como Cavalcanti Proença, em Trilhas do grande sertão (1958),
e Oswaldino Marques, em Canto e plumagem das palavras (1957). Os estudos de
tais pesquisadores frutificaram e deram origem a outros, como o da professora Ivana
Gallery, Os prefixos intensivos em Grande sertão: veredas (1969), resultado de uma
tese de doutorado na época em que cursos de pós-graduação desta natureza ainda
eram parcos no ambiente universitário brasileiro. Sobre o último trabalho citado
recai a ênfase desta comunicação, cujo objetivo é o exame da recepção crítica de
Grande sertão: veredas. Como suporte metodológico, baseamo-nos na teoria da
estético-recepcional, formulada por Hans Robert Jauss.
Palavras-chave: Guimarães Rosa; crítica estilística; Grande sertão: veredas.
Ingrid Sinimbu Cruz
A ESTRUTURA DAS NARRATIVAS DE ENTERRO DO ACERVO IFNOPAP
Resumo: De acordo com Fernandes (2007), a estrutura da narrativa de enterro
compreende até seis partes: a origem, a anunciação, a manifestação, a marcação,
a provação e o desenlace. No presente estudo, verifica-se, portanto, se a estrutura
estabelecida por Fernandes (2007) para as narrativas de enterro pantaneiras é
aplicada às narrativas de enterro orais amazônicas do acervo IFNOPAP. Neste
sentido, vinte narrativas orais do acervo em questão foram selecionadas e analisadas.
Como resultado da análise, verificou-se que a estrutura estabelecida por Fernandes
(2007) é aplicável às narrativas de enterro amazônicas. Constatou-se, igualmente,
que as narrativas amazônicas analisadas se assemelham às narrativas pantaneiras
por não seguirem uma ordem linear em alguns momentos ou mesmo terem partes
da estrutura ausentes. Outra característica comum às narrativas amazônicas e
pantaneiras compreende a apresentação não direta de algumas partes.
Palavras-chave: Narrativas de Enterro; Narrativas orais; Estrutura da Narrativa;
Amazônia Paraense; IFNOPAP.
128
Resumos de trabalhos
Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues /
Maricilda Nazaré Raposo de Barros
A CONSTITUIÇÃO DE SABERES NA FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES ALFABETIZADORES
Resumo: O presente trabalho expõe as reflexões a respeito das práticas docentes
durante os assessoramentos realizados em 07 escolas da rede municipal de Belém/
PA, pautando-se nas propostas do Projeto Expertise em Alfabetização em 2008.
Ele traz à tona produções (orais e escritas) dos profissionais envolvidos no projeto.
A ideia é mostrar de que maneira os professores se apropriam dos conhecimentos
e realizam ou não a transposição didática. Assim, mostraremos as formas de
apropriação desses saberes. Partiremos do pressuposto bakhtiniano da compreensão
responsiva ativa de que os professores diante das orientações feitas nos encontros
mensais do projeto não são passivos. Por conta disso, desenvolveu-se um trabalho
que pretendia valorizar práticas sociais de contar lendas, contos de fadas, fábulas
presentes no repertório cultural dos alunos que, na maioria das vezes, são bastante
preteridas pela instituição escolar. Dessa forma, pretende-se criar um espaço para
discutirmos questões pertinentes ao processo de aquisição da leitura e da escrita,
na escola, como produto das reflexões dos docentes que participam de cursos de
formação continuada estabelecendo relações intertextuais entre os encontros do
projeto, seus conhecimentos de mundo e suas práticas pedagógicas anteriores ao
projeto, que perpassam, consciente ou inconscientemente, a elaboração e condução
das atividades de leitura e escrita propostas aos alunos durante o desenvolvimento
do projeto. Para tanto, traremos para discussão os estudos de Kleiman (1996; 2001),
Chön (2002); Mey (2001), Fiad (1997) e Soares (2000).
Palavras-chave: Saberes; produção textual; gêneros discursivos; letramento.
Isabel Patricia Mercado de Faustino / Margarete de Oliveira Santos Nogueira
DE INSTRUTOR A EDUCADOR – UMA ABORDAGEM MULTICULTURAL
Resumo: O professor de língua estrangeira muitas vezes enfatiza somente os
aspectos linguísticos ao trabalhar com seus alunos a aquisição de uma nova língua.
Esse trabalho frequentemente apresenta-se dissociado da realidade e o professor
não consegue estabelecer um vínculo entre ensino de língua e cultura. Torna-se
um mero instrutor: um repetidor de estruturas línguísticas. Em nossa comunicação
propomos mostrar aos professores que é possível trabalhar a língua estrangeira com
uma abordagem intercultural. Para isso elencaremos algumas sugestões que poderão
ajudar o professor a internacionalizar o seu ensino e, ao mesmo tempo, ajudar os
seus alunos a criar uma consciência global. As sugestões vão desde o professor
repensar seu papel como educador até modificar o ambiente de trabalho, a sala de
aula, para torná-la um local que reflita um encontro de culturas. A criação de projetos
de classe, bem como a de projetos que envolvam toda a instituição voltados para o
multiculturalismo e a consciência global também fazem parte de ações que podem
ser desenvolvidas pelo educador.
Palavras-chave: Multiculturlismo e aquisição de língua; cultura e língua; consciência
global.
129
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Ivone dos Santos Veloso
SOB O TRAÇADO DO IMAGINÁ(RIO):
NARRANDO A IDENTIDADE AMAZÔNICA
Resumo: Até as primeiras décadas do século XX, a ocupação e a urbanização da
Amazônia seguiram o traçado do rio, acompanhando, assim, a disposição geográfica
que este apresentava. Daí, a razão histórica para a relevância que o rio tem para a
região como meio de subsistência, de transporte, e, sobretudo, para a constituição do
imaginário social da/sobre essa região, imprimindo-lhes muitas vezes o seu “tempo
lento”, bem como a sua configuração labiríntica, deslizante e sinuosa. Desse modo,
emerge no imaginá(rio) amazônico a relação rio x homem na representação da
identidade amazônica, uma relação tão arraigada que quando falamos em identidade
dos povos dessa região, inevitavelmente, a imagem do ribeirinho e tão logo lembrada
como a mais típica representação da cultura da região (CRUZ, 2007), contudo, a força
dessa imagem acaba por narrar uma Amazônia homogênea, constituindo-a como uma
comunidade imaginada, visto que se assenta na ideia de um homem ingênuo, cordial,
ligado às coisas da natureza e de hábitos e crenças esdrúxulas, sendo, portanto, mais
uma peça desse cenário em que a natureza é sempre pitoresca. Tendo em vista isso,
o trabalho ora proposto tenta observar como e até que ponto a imagem do rio afeta
as representações identitárias na literatura da Amazônia, sem, contudo, homogeneizála. Para tanto me reporto ao personagem Missunga, do romance Marajó, de Dalcídio
Jurandir, cuja narrativa apresenta uma relação significativa entre o rio e a personalidade
desse protagonista, seja pela sua lassidão, melancolia, ou pelo seu caráter deslizante e
sinuoso, conformando, assim, um novo signo cultural
Palavras-chave: Rio; Identidade; Literatura.
Izabel Cristina Rodrigues Soares / Lilia Silvestre Chaves
ESCREVER NA ERA DA INTERNET
Resumo: Nesta comunicação serão apresentadas algumas reflexões sobre a escrita na
tela, particularmente sobre o papel dos recursos tecnológicos – sobretudo daqueles
que são oferecidos pela Internet – no desenvolvimento da habilidade de produção
escrita em francês língua estrangeira (FLE). Trata-se de um trabalho de investigação
desenvolvido no âmbito da pesquisa Ler e escrever na era da Internet, cujo objetivo
é identificar as especificidades da escrita na tela para, futuramente, propor, com
base em algumas possibilidades oferecidas pela informática, práticas pedagógicas
inovadoras de modo a desenvolver uma certa autonomia em situações de escrita em
alunos de FLE.
Palavras-chave: escrita; tela; internet; FLE.
Izenete Garcia Nobre
GODINHO TAVARES & CIA: LIVROS A VISTA E PELO MENOR PREÇO
Resumo: Até 1840, Belém possuía duas livrarias que não atendiam às necessidades
do público leitor. Segundo Antônio Ladislau Baena, não havia bibliotecas na cidade
e as livrarias que existiam não eram suficientes para o cultivo do intelecto. Com
a liberação da navegação pelo Amazonas, esse contexto se modifica. Nota-se a
instalação de pequenos comerciantes de livros, que, paulatinamente, tornar-se-iam
livreiros. Assim, se na primeira metade do século se vendia basicamente livros que
130
Resumos de trabalhos
“enriquecessem o espírito” como códigos de boa conduta, vida dos santos e livros
filosóficos, na segunda metade do século, a presença constante de romances, novelas
e contos anunciados nos jornais tornou-se uma realidade. Não importava o gênero
ou o formato do livro, o que os livreiros prometiam eram livros pelo menor preço
do mercado. Avaliando esse contexto de mudança no consumo livresco, o objetivo
desta comunicação é apresentar um livreiro conhecido como Godinho Tavares, que
divulgava principalmente romances entre os anos de 1857 a 1861.
Palavras-chave: Livros; romances; comércio; século XIX.
Jacqueline Jorente
O EXERCÍCIO COM LÉXICO EM SALA DE AULA:
UMA REFLEXÃO ENUNCIATIVA
Resumo: Ao observar exercícios tradicionais voltados à questão lexical, não é difícil
nos depararmos com atividades descontextualizadamente construídas, as quais
trabalham com frequência com um preestabelecimento de significações. Muitas
vezes essas atividades aparecem como mera solicitação de substituição mecânica de
termos, sem contemplar uma reflexão sobre sentidos veiculados a cada enunciação.
Pautados pela Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, de Antoine
Culioli, em iniciação científica desenvolvida ao longo do ano de 2007 e no começo
do desenvolvimento do trabalho de Mestrado a que temos nos dedicado, discutimos
um pouco tais exercícios em questão. Apresentaremos nessa comunicação tais
discussões. Antoine Culioli, autor francês que, a partir de um trabalho com o conceito
de noção, concebe a significação de forma dinâmica, permite olharmos para algumas
atividades de uma maneira diferente daquela a partir da qual são tradicionalmente
concebidas. Trata-se de pensar na necessária articulação língua/linguagem, que
tomada em relação a questões de ensino, implica uma articulação entre produção
e interpretação de textos. Tal visão vai permitir questionarmos uma abordagem de
termos tomados isoladamente quando se pensa em questões lexicais em sala de aula.
Em particular no trabalho a ser apresentado, a crítica a um exercício, tomado como
exemplo, conduz as reflexões que propomos fazer. Nosso objetivo é, a partir de
uma atividade ilustrativa, levantar uma discussão voltada ao ensino/aprendizagem
de Língua Portuguesa, tendo a ótica enunciativa como sustentação.
Palavras-chave: linguística; ensino; língua portuguesa.
Jairo José Campos da Costa
MULHERES À FRENTE DE SEU TEMPO: CONCEIÇÃO, NOEMI
E MARIA MOURA
Resumo: O presente trabalho objetiva fazer uma análise de três personagens
femininas de Rachel de Queiroz, respectivamente Conceição, em O Quinze, Noemi,
de Caminho de Pedras e Maria Moura, do seu último romance, Memorial de Maria
Moura, sob o olhar dos estudos de literatura e sociedade. Basicamente, é feito um
mapeamento dessas três personagens romanescas criadas pela escritora cearense,
observando as suas construções dentro do espaço literário em que as mesmas se
situam e, pela forma como se comportam, depreender se elas demonstram avanço
ou recuo na difícil caminhada pela igualdade dos espaços, nesse modelo de
sociedade patriarcal, excludente e que define, de forma preconceituosa, os papéis
comportamentais e as relações de poder entre os gêneros.
131
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Palavras-chave: Rachel de Queiroz; romance; personagens femininas; literatura e
sociedade.
Jane Adriane Gandra
HISTORIOGRAFIA DA IMAGEM: PINHEIRO CHAGAS ENTRE TEMPOS
Resumo: Dificilmente alguém hoje, mesmo os leitores mais vorazes de literatura
portuguesa, saiba quem foi Manuel Pinheiro Chagas (1842-1895) ou tenha lido
alguma obra sua. Depararam-se com esse nome fatalmente são quanto às suas
investidas “retrógadas” nos embates com a ínclita Geração de 70, principalmente
com Eça de Queirós – importante antagonista de Chagas em algumas polêmicas. Eça
tentou reduzi-lo à imagem caricatural de um anacrônico “Brigadeiro do tempo de D.
Maria I”, figura que depois passou a ser quase a única referência sobre esse escritor
na historiografia. Contudo, mesmo a crítica do autor do Poema da mocidade (1865)
ter sido enxovalhada por seus opositores, existem, mesmo que em minoria, estudos
como os de Maria Fernanda de Abreu (1994) que recuperam as análises desse autor
de forma positiva, considerando-as sensíveis e avançadas para as concepções de
seu tempo. Estabelecemos, a partir disso, que nem tudo que as histórias literárias
veiculam sobre Pinheiro Chagas são asseverações irrefutáveis e que esse ostracismo,
pelo menos o do crítico literário, em especial em seus estudos sobre Dom Quixote,
é imerecido. Tal evidência só corrobora a necessidade de uma revisão do conjunto
de sua obra, principalmente de sua ficção, pois só assim poderíamos de forma justa
e incontestável matizar e corrigir as avaliações restritivas as obras desse polígrafo
português, dono de um espólio literário contabilizado em cerca de uma centena de
escritos, mas que se encontra na atualidade desprezado e esquecido.
Palavras-chave: Manuel Pinheiro Chagas; Eça de Queirós; Histórias Literárias;
Polêmicas; Ultrarromantismo; Realismo.
Jane Miranda Alves
A SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES E O TRATAMENTO DOS TEMAS NO
DISCURSO DOS ALUNOS DA 3ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo: Este estudo propõe descrever e analisar o processo de apropriação do
gênero exposição oral por alunos da terceira série do ensino fundamental de uma
escola pública federal da zona urbana de Belém (PA) no contexto das práticas de
ensino-aprendizagem da língua portuguesa. Esta pesquisa se particulariza não apenas
pelo contexto específico em que os dados foram gerados, mas também pelo perfil dos
envolvidos na situação de aprendizagem, crianças cuja inserção ativa em práticas de
letramento orais formais e públicas é ainda incipiente, constituindo-se, não raro, em
estreita articulação com a inserção, essa nem sempre ativa, na cultura escolar, em
seus rituais, no tempo-espaço em que se constitui. O estudo desenvolveu-se com
base em uma perspectiva metodológica interpretativista, mais particularmente nos
procedimentos da pesquisa colaborativa, tal como encaminhada em diversos estudos
em linguística aplicada brasileiros. A base teórica, por sua vez, convocou os estudos
enunciativo-discursivos de base bakhtiniana e vygotskyana, além de contribuições
dos estudos em didática de línguas e linguística aplicada. A análise das produções dos
alunos permite reconstituir um dos traços do processo de apropriação da exposição, o
tratamento dado aos temas da exposição na ocasião do planejamento da primeira e da
132
Resumos de trabalhos
segunda exposição oral. Centrada no processo de aprendizagem do aluno, a análise
permite evidenciar alguns dos prováveis efeitos da sequência didática implementada
pelo professor. Com base ainda na reflexão sobre práticas efetivas de ensino do
português, o estudo permite problematizar as propostas curriculares que tomam os
gêneros discursivos como objetos de ensino.
Palavras-chave: ensino-aprendizagem de língua; exposição oral; sequência
didática.
Jane Pinheiro de Freitas
A OUTRA FACE DE VÊNUS:
ESCRITURA COMO TRANSGRESSÃO NA LITERATURA DE MULHERES
Resumo: Nos anos que antecedem à década de 60, momento de várias manifestações
de movimentos feministas, é possível encontrarmos já alguns vestígios de mulheres
que não se acomodavam bem dentro de sua restrita condição social. E por isso eram
vistas na época como transgressoras, rompiam com obrigações e parâmetros impostos
pelo patriarcalismo, construindo a duras penas seu próprio caminho, por onde não
havia muitas sombras, nem atalhos com flores. No viés dos estudos de literatura e
sociedade, a primeira pode também agir como espelho da segunda, refletindo os
recortes de um momento histórico com suas práticas e costumes; por isso essas
transformações são visíveis nas obras de várias escritoras da época, entre elas Clarice
Lispector e Maria Judite de Carvalho. Nos conflitos vividos pelas personagens dessas
duas escritoras encontramos o choque entre o desejo de ser livre e as regras impostas
ao comportamento da mulher, a quem era destinada uma conduta passiva e quase
sempre construída em relação a um sujeito masculino.
Palavras-chave: feminino; transgressão; sociedade.
Jeane Maria Alves de Mendonça
A EXPRESSÃO DE OBRIGAÇÃO NA FALA CULTA DE FORTALEZA-CE
Resumo: Segundo a Sociolinguística variacionista, há duas ou mais maneiras de se
dizer a mesma coisa com o mesmo valor de verdade. Assim, a partir desta teoria,
analisam-se neste trabalho as expressões de obrigação “ter que/de” e “dever”; na fala
culta de Fortaleza-CE. Para tal fim, valemo-nos de um corpus de linguagem oral, o
PORCUFORT (Português Culto de Fortaleza), e elegemos grupos de fatores pragmáticodiscursivos e extralinguísticos, os quais julgamos possíveis condicionadores do fato
linguístico em apreciação. Para esta pesquisa, usamos, como já mencionado antes,
a Teoria da Variação e Mudança, por operarmos com regra variável e, também, o
Funcionalismo, por entendermos que forma e função estão diretamente relacionadas
e que a língua é dinâmica e deve ser analisada em uso real e/ou em interação social.
Com o auxílio do programa estatístico VARBRUL, foi-nos possível averiguar como
os modais instauradores de obrigação “dever” e “ter que/de” portam-se em relação aos
grupos de fatores controlados na pesquisa. Constatamos, por exemplo, que o grupo
“pessoa do discurso” mostrou-se estatisticamente relevante, sendo a terceira pessoa
condicionadora do auxiliar “dever” e a segunda pessoa condicionadora do modal “ter”.
Porém, por esse artigo fazer parte de uma pesquisa em andamento, busca-se, ainda,
entender se o fenômeno em estudo trata-se de variação ou mudança.
Palavras-chave: Obrigação; modalidade; variação.
133
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Jerônimo Coura-Sobrinho / Roberto-Márcio dos Santos
O PROFESSOR DE INGLÊS DIANTE DO MUNDO TECNOLÓGICO
Resumo: Dependendo da forma como é utilizado, o computador apoia o professor na sua
prática, sobretudo se vier aliado aos princípios norteadores do ensino contextualizado
e com base comunicativa. No ensino de Inglês, pode-se trabalhar as habilidades
linguísticas (i.e., ouvir, falar, ler, escrever) e a diversidade de gêneros textuais,
atendendo aos PCN e às tendências do ensino contemporâneo através da tecnologia.
Esse estudo busca exemplificar a realização dessa prática na sala de aula de Inglês, no
âmbito da educação básica do sistema educacional brasileiro. A Internet e a linguagem
digital, veículos de acesso aos diversos gêneros textuais, podem ser ferramentas
importantes, cuja inclusão na escola viabiliza a utilização de materiais autênticos,
atualizados, e possibilita a prática contextualizada e próxima da comunicação real. Por
outro lado, essa inclusão deve ser consciente e adequada, de forma a não se endeusar
a tecnologia em detrimento dos saberes profissionais do docente. Para esse estudo,
foram realizadas entrevistas com professores de Inglês em serviço, das redes pública
e privada, e com formadores de professores, a fim de verificar se, na formação inicial,
há alguma preparação para lidar com o uso e as demandas geradas pela informática
no ensino. Como suporte teórico, estão as ideias de Maingueneau e Marcuschi
(gêneros textuais) e de Sharma e Barret (blended learning, combinação balanceada de
recursos tecnológicos e práticas tradicionais). Assim, esse trabalho pretende verificar a
relevância das tecnologias no ensino, na formação e na atuação do professor de Inglês,
a partir da situação profissional e visão dos professores.
Palavras-chave: tecnologia e ensino/aprendizagem de línguas; computador e ensino
de línguas estrangeiras; blended learning.
João Carlos Alves dos Santos
ANÁLISE SEMÂNTICA LATENTE: UMA INTRODUÇÃO
Resumo: O tema trata de uma abordagem introdutória sobre Análise Semântica
Latente (LSA), a qual é uma técnica que visa extrair o significado do uso contextual
de palavras de um texto em um grande corpus. A técnica LSA trás em si a ideia de que
a agregação de todas as palavras de uma unidade de discurso pelo número de vezes
que cada palavra aparece produz um conjunto de tensões que é gerado pela maneira
como as palavras estão relacionadas entre si. A técnica LSA tem sido adequada para
extrair o conhecimento humano de várias maneiras onde destacamos a pontuação
de respostas de estudantes em questões analítico-discursivas: dois textos podem ter
um alto cosseno de similaridade mesmo se eles não possuem termos em comum –
basta que seus termos sejam semanticamente similares por análise de co-ocorrência.
O procedimento da técnica é relativamente simples. Inicialmente construímos uma
matriz termo-documento onde cada entrada (i,j) da matriz representa a quantidade de
vezes em que o termo i aparece no texto j. Em seguida, obtemos uma decomposição a
valores singulares desta matriz. Em seguida, quando possível, reduz-se a dimensão do
espaço para uma melhor aproximação, frequentemente em espaços 2-dimensional ou
3-dimensional para proporcionar visualização. Finalmente, a medida de similaridade
é usualmente o cosseno entre os vetores dos documentos.
Palavras-chave: análise; matriz; espaço; cosseno.
134
Resumos de trabalhos
João Costa Gouveia Neto
VIVÊNCIAS MUSICAIS RELATADAS NOS ROMANCES VENCIDOS E
DEGENERADOS DE NASCIMENTO MORAES E O MULATO, DE ALUÍZIO
AZEVEDO, NA SÃO LUÍS DO FINAL DO SÉCULO XIX
Resumo: São Luís, capital da província do Maranhão, no último quartel do XIX, era
uma sociedade complexa e contrastante que, trazia em seu bojo todas as contradições
inerentes a sua organização social elitista e escravista. Através dos romances Vencidos
e Degenerados de Nascimento Moraes e O Mulato, de Aluízio Azevedo, ambos
escritores maranhenses que, relataram os hábitos da sociedade ludovicense, como
um todo, e em especial o ambiente cultural dos homens e mulheres que vivenciaram
aquele presente, pretendo traçar um olhar sobre as vivências musicais da sociedade
de São Luís. Utilizarei ainda, alguns jornais a fim de visualizar com maiores detalhes
a organização da cidade e seus habitantes, naquele final do século XIX.
Palavras-chave: Literatura; História; Vivências Musicais; São Luís; Século XIX.
João Fabio Bittencourt
TEATROS E SALÕES:
UMA REPORTAGEM TEATRAL DE OSWALD DE ANDRADE
Resumo: O artigo aborda possíveis influências na obra de Oswald de Andrade
baseado na coluna teatral, Teatros e Salões do jornal Diário Popular, de 14 de abril
de 1909 a 30 de agosto de 1911. Para a qual autor Modernista, em sua juventude,
trabalhava como repórter, conforme relata em seu livro de memórias Um homem
sem profissão – sob as ordens de mamãe. O objetivo é realçar o panorama cultural
da cidade de São Paulo em início do século XX através das notícias do, então, “foca”
do periódico cobrindo a movimentação artística e mundana da capital paulista. Pois,
as ocorrências refletem um espaço de ares provincianos, porém, cosmopolita ao
receber óperas, operetas, revistas, zarzuelas, vaudevilles e o cinema. Abrigando
tanto os cânones como os contemporâneos, nacionais e internacionais dos palcos.
Não desdenhando, ainda, da crônica mundana que destaca personagens históricos na
literatura, música, teatro, política. Dessa forma, a coluna testemunhou a efervescência
cultural. Logo, o estudo se propõe a iluminar a relação recíproca entre a urbis-artes
e o artista em formação. Pois, as obras ficcionais de Oswald de Andrade, tal como
classificadas por Antonio Candido no ensaio Estouro e Libertação, requerem um
olhar aos antecedentes de 22. Assim dividem-se: primeiro momento, Trilogia do
Exílio, e segundo, a dupla Memórias Sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte
Grande. As quais retratam respectivamente a atmosfera de fim de século da belle
époque e inovações audaciosas dos iconoclastas modernistas. Ainda, há a perspectiva
cinematográfica apontada por Haroldo de Campos em Miramar na Mira.
Palavras-chave: Pré-Modernismo; Panorama Cultural; Oswald de Andrade;
Reportagem; Jornalismo.
Johann Raphael Gomes Guimarães
O ESPELHO: A DÚVIDA COMO MÉTODO
Resumo: Várias imagens são vistas pelo personagem diante do espelho, na décima
primeira narrativa do livro Primeiras Estórias (1962). Diante do espelho, o narrador
não nomeado vê-se como um monstro, como uma onça, com traços que lhe lembram
135
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
seu pai e avô, como um vazio, ou simplesmente como a ausência de uma aparência,
e, por fim, ele vê, diante dos seus olhos, a imagem de uma criança. A partir da
dúvida inicial de quem ele seria por trás da máscara de ilusões sensoriais, o narrador
empreende uma jornada de especulações diante do espelho, tendo como único método
a dúvida e a negação. O conto O espelho ocupa, espacialmente, o centro de Primeiras
Estórias, uma posição estratégica segundo Heloisa Vilhena. Para ela o centro possui
grande importância para Guimarães Rosa e “quando se trata de coletâneas de contos,
o escritor costuma colocar no centro o texto que define a perspectiva de onde olhar
a obra.” (ARAUJO, 1998, p. 19). Tendo em vista tal afirmação, o estudo do conto
O espelho ganha relevância, sendo ele um definidor do modo de olhar a obra. Este
trabalho se concentrará na relação entre a filosofia e a literatura, dando atenção ao
método cartesiano que o narrador usa.
Palavras-chave: Primeiras Estórias; Guimarães Rosa; O espelho.
Jonatas Alves da Silva
CARTAS DO [DES]COBRIMENTO DO BRASIL EM O TETRANETO
DEL-REI: A PARÓDIA E O PASTICHE DE HAROLDO MARANHÃO
Resumo: Nos últimos anos, observou-se um crescente interesse, por parte da
academia, pelo estudo da obra de Haroldo Maranhão, um dos maiores prosadores do
Pará. Sua obra mais abordada na academia é justamente O Tetraneto Del-Rei, o que
confirma sua singularidade. Ao longo da graduação, e já se foram quatro anos, fez
parte de nossas leituras e pesquisas a obra de Haroldo Maranhão, escritor que nos
cativou desde o primeira leitura. Desde então, já vínhamos pensando em trabalhar com
Haroldo em nosso TCC e assim chegamos a O Tetraneto Del-Rei, depois de muitas
idas e vindas. Por necessidade, nos atemos às cartas de Jerônimo de Albuquerque,
personagem principal de O Tetraneto Del-Rei, que têm importância singular na obra
como um todo. Nelas, o protagonista relata à sua amada, de modo adulterado, as
conquistas dos lusitanos no “Novo Mundo”. Essas cartas, já numa primeira leitura,
põem em xeque os textos oficiais do descobrimento do Brasil e possibilitam uma
nova visão do contato primeiro entre europeus e os índios brasileiros, na qual toma
lugar a desconfiança. A pretensão foi esmiuçar o conteúdo de cada carta, explicitando
os recursos linguísticos utilizados por Maranhão na elaboração das mesmas, com
ênfase à paródia e ao pastiche para as quais dedicamos todo um capítulo, bem como
“escavar” os textos dos quais o autor se valeu para a construção desses escritos e
apontar os textos para os quais essas cartas fazem menção.
Palavras-chave: Paródia, Pastiche e Carta.
Jordana Tavares Silveira
PRÁTICAS DE ENSINO E PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS NA 8ª
SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL: O QUADRO EUROPEU COMUM DE
REFERÊNCIA COMO FERRAMENTA
Resumo: Trata-se de um projeto de pesquisa sobre as práticas de ensino e os
materiais didáticos utilizados em uma turma de 8ª série do Ensino Fundamental para
a produção de texto escrito. Optamos por este tema porque observamos em nossa
prática docente as dificuldades enfrentadas pelos professores para planejarem e
executarem aulas dinâmicas de produção de texto escrito, e, também as dificuldades
136
Resumos de trabalhos
que as crianças têm para produzir textos escritos quando são submetidas ao “velho”
ensino da Língua Portuguesa, ou seja, ao ensino da nomenclatura gramatical apenas.
Nossas inquietações se voltaram para o fato de que a prática de produção de texto fica
sempre presa à narração, descrição e dissertação sem uma finalidade prática e social
para essa tarefa, a não ser a avaliação bimestral e anual. Temos como objetivo geral
o desenvolvimento de um estudo sobre a produção de texto escrito em turmas de 8ª
série do ensino fundamental, visando identificar quais os procedimentos habituais
do professor observado diante de suas dificuldades para ensinar produção de texto
escrito aos seus alunos; analisar o material didático utilizado nessas aulas; propor
práticas de ensino de LM para o desenvolvimento da interação verbal através da
produção escrita; e, propor, a título de sugestão, atividades de produções escritas
desenvolvidas ao público alvo. Fui utilizado como base para o desenvolvimento
desse estudo o Quadro Europeu Comum de Referência (QECR) como ferramenta
de trabalho.
Palavras-chave: práticas de ensino; materiais didáticos; texto escrito.
Jorge Augusto Alves da Silva / Maristela Alves da Silva
MULHERES, NEGRAS, QUILOMBOLAS: UMA INCURSÃO SOBRE
O COMPORTAMENTO SOCIAL E LINGUÍSTICO DAS MULHERES
DE CINZENTO-BA E VELAME-BA
Resumo: O presente estudo analisa o comportamento social e linguístico de seis
mulheres negras oriundas de duas comunidades quilombolas situadas no interior
do estado da Bahia. A primeira comunidade, chamada de Cinzento, localiza-se a
450 km da capital do estado, Salvador. Tal comunidade foi formada nos meados do
século XIX e constitui-se de negros “fugidos” que encontraram numa terra pouco
hospitaleira o local para fixar as famílias que até hoje mantêm padrões socioculturais
atávicos, praticando a endogamia, a agricultura de subsistência e alguns ritos
religiosos ligados à sujeição. A outra comunidade chamada de Velame localiza-se
a cerca de 500 km da capital do estado. Essa comunidade foi formada no início do
século XX e para lá se dirigiram negros desbravadores que viram naquelas terras
uma tentativa de solução para os problemas gerados pela seca. Velame é constituído
por 21 famílias (num total de 126 pessoas) que vivem basicamente da agricultura de
subsistência (cultivo da mandioca, do milho e do urucum). A pesquisa demonstra que
as mulheres das duas comunidades têm seus dialetos em processo de alteração, pois
as mais velhas apresentam características linguísticas bem como comportamentais
mais ligadas aos valores atávicos que agora passam a ser questionados no que se
refere às relações sociais com outros grupos e ao conjunto das expectativas de vida.
Observa-se uma tendência à aproximação de valores linguísticos mais ligados à
vida citadina e à norma culta quando comparamos os dados das mais velhas com
os dados das mais novas moradoras da comunidade. A pesquisa demonstra que a
aprendizagem de formas prestigiadas, como as da concordância verbal, tipificam as
mudanças em curso nas duas comunidades.
Palavras-chave: Mulher quilombola; variação linguística; mudanças
comportamentais.
137
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Jorge Domingues Lopes
A INTER-RELAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FLE E
A EXPLORAÇÃO DIDÁTICA DA LITERATURA
Resumo: Partindo das definições do termo Literatura no âmbito da Teoria Literária,
da Linguística e da Didática das línguas, faz-se o estudo das relações existentes entre
o ensino-aprendizagem de Francês Língua Estrangeira (FLE) e a exploração didática
da literatura nos cursos de FLE, bem como se busca explorar aspectos linguísticos
de obras literárias nos cursos específicos de literatura francesa e francófona. A
partir dos resultados obtidos com a pesquisa de campo, apresentam-se propostas de
procedimentos metodológicos para exploração didática do texto literário em classes
de FLE, baseadas em novas tecnologias de ensino.
Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem de Língua Francesa; Literatura Francófona;
Prática de Ensino.
Jorge Domingues Lopes
FRANCÊS INSTRUMENTAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁXIS
Resumo: Nos últimos anos tenho me dedicado ao ensino-aprendizagem do francês
com objetivo específico, denominado geralmente de instrumental, nos Cursos de
Licenciatura Plena em Letras dos Campi da Universidade Federal do Pará situados
fora da Capital. Geralmente inserida no início da grade curricular desses cursos, a
disciplina Francês Instrumental contribui não somente para a “instrumentalização”
do estudante para lidar com a diversidade linguística das línguas estrangeiras, mas
principalmente para ampliar suas perspectivas acerca da diversidade cultural e das
relações de alteridade no mundo. É com base nesta experiência que apresentarei uma
reflexão sobre a práxis e o conteúdo relacionados a essa disciplina a fim de colaborar
com a formação inicial de professores de língua estrangeira.
Palavras-chave: Francês Instrumental; Ensino-Aprendizagem de Línguas;
Metodologia de Ensino.
Jorge Luís Ferreira Pantoja
O ENVELHECER EM UMA ESTÓRIA DE AMOR
Resumo: Publicadas em Corpo de Baile (1956), as novelas Uma Estória de Amor e
Campo Geral ganharam um volume independente intitulado Manuelzão e Miguilim
(1964), que traz no título os nomes das personagens protagonistas e, apesar de as duas
narrativas constituírem tramas independentes uma em relação à outra, a discussão
das descobertas do menino Miguilim, em Campo Geral, e as ponderações do idoso
Manuelzão, em Uma Estória de Amor, trazem à tona o tema de que busca tratar esta
comunicação: a vivência de experiências que enfrentamos e amaneira como lidamos
com isso no momento derradeiro de todo ser humano: a velhice. Em Uma Estória de
Amor, Manuelzão é o capataz da fazenda Samarra, propriedade de Federico Freire;
o velho boiadeiro dedicou boa parte da juventude à fazenda, deixando a vida pessoal
em segundo plano. A partir da festa que Manuelzão organiza para inaugurar a capela
dedicada à mãe, Dona Quilina, várias questões começam a fazer parte de sua rotina,
tais quais: sua condição de trabalhador há tantos anos em uma fazenda que não
é sua e a solidão que o trabalho lhe impôs, contra a qual ele, aparentemente, não
soube reagir a tempo de recomeçar uma vida conjugal. O presente trabalho procura
138
Resumos de trabalhos
analisar, fundamentado na Estética da Recepção (Jauss), a representação do velho
em Uma Estória de Amor, considerando o estudo crítico de Sandra Vasconcelos em
Puras Misturas (1997).
Palavras-chave: Uma Estória de Amor; Manuelzão; velhice.
Jorge Luiz Mendes Júnior
INTERAÇÃO COM O ARQUIVO:
SARAMAGO SE APROPRIA DE RICARDO REIS
Resumo: O trabalho pretende sugerir uma hipótese de leitura da obra O ano da
morte de Ricardo Reis, através da metáfora da ida do escritor ao arquivo, do qual
recorta elementos para reinventá-los em sua obra. Dessa forma, propõe-se repensar
a noção de arquivo, encarando-o como uma instância sempre em aberto, sujeita a
constantes visitações e acréscimos. Para tal trabalho, tem-se por principais escopos
teóricos Mal de Arquivo, de Derrida, e Arqueologia do Saber, de Foucault.
Palavras-chave: arquivo; literatura; José Saramago; Jacques Derrida; Michel Foucault.
José Carlos Gonçalves
REPRESENTAÇÕES DA DOENÇA E PERCEPÇÕES DO SERVIÇO
NA INTERAÇÃO PROFISSIONAL-CLIENTE
Resumo: O presente trabalho reporta aspectos de uma pesquisa da conversa-eminteração no contexto da saúde, envolvendo analistas do discurso/conversação,
estudantes de pós-graduação, pacientes e profissionais de saúde. O principal
objetivo da pesquisa é adquirir um entendimento mais amplo e mais documentado
das representações da doença para os pacientes e profissionais da saúde através
de um estudo envolvendo a triangulação de três tipos de dados: a) as narrativas
dos pacientes e as versões dos profissionais de saúde; b) a gravação de consultas e
atendimentos; c) entrevistas com médicos e outros profissionais de saúde. Em uma
análise microetnográfica da conversa-em-interação, descrevem-se processos, pistas
de contextualização, estratégias comunicativas e mecanismos linguísticos verbais
e não-verbais dos interlocutores no processo de negociação do significado das
interações de trabalho. O foco é posto na representação do controle ou descontrole
da própria vida, as representações do self e da identidade dos pacientes, as trajetórias
sociais nas narrativas de mudanças na vida dos pacientes, antes e após a doença, a
representação discursiva da doença no ambiente interacional clínico e não clínico
e a percepção do atendimento e do tratamento de saúde pelo paciente e pelos
profissionais em clínicas de hemodiálise, cirurgia plástica, hospital de olhos, postos
de saúde, clínicas de atendimento a dependentes químicos e adolescentes grávidas.
A análise busca também entender o conflito entre a percepção pelos pacientes do
atendimento recebido e a percepção pelos profissionais do tratamento dispensado.
Palavras-chave: interação; identidades; representação.
José Carlos Gonçalves
PROJETO COMUNICAÇÃO É SAÚDE: TRANSFORMANDO ENCONTROS
DE SERVIÇOS DA SAÚDE EM CONTEXTOS PARA A CURA
Resumo: O Objetivo do relato é informar a comunidade científica e discutir
a experiência de implantação do Projeto de Pesquisa Comunicação é Saúde:
139
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
transformando encontros de serviços de saúde em contextos para a cura. O foco do
projeto é uma pesquisa da conversa-em-interação no contexto da saúde, envolvendo
analistas do discurso/conversação, estudantes de pós-graduação, pacientes e
profissionais de saúde. O principal objetivo da pesquisa é adquirir um entendimento
mais amplo e mais documentado das representações da doença para os pacientes e
profissionais da saúde através da triangulação dos dados extraídos de as narrativas
dos pacientes e as versões dos profissionais de saúde; a gravação de consultas e
atendimentos; entrevistas com médicos e outros profissionais de saúde. Explicitase a análise microetnográfica da conversa-em-interação, que busca compreender
de maneira mais abrangente a condição de saúde do paciente e os processos de
constituição e expressão das representações da doença por pacientes e profissionais.
Discutem-se também questões cruciais para a pesquisa: a percepção dos agentes e a
causalidade da doença, a representação do controle ou descontrole da própria vida,
as representações do self e da identidade dos pacientes, as trajetórias sociais nas
narrativas de mudanças na vida dos pacientes, antes e após a doença, a representação
discursiva da doença no ambiente interacional clínico e não clínico e a percepção do
atendimento e do tratamento de saúde pelo paciente e pelos profissionais. O relato
discute ainda a necessidade de aplicação prática dos resultados da pesquisa em
iniciativas de treinamento pré e em-serviço de profissionais da saúde.
Palavras-chave: microanálise; interação; identidades.
José Denis de Oliveira Bezerra
MEMÓRIAS CÊNICAS: POÉTICAS TEATRAIS NA AMAZÔNIA PARAENSE
Resumo: O projeto em questão tem por escopo realizar um estudo das memórias
do teatro no Pará, no século XX (1950-1980), a partir de marcos históricos como a
criação da Escola de Teatro da UFPA, na década de 1960; do grupo Cena Aberta, na
década de 1970; e a criação do Teatro Experimental Waldemar Henrique, na década
de 1980, além de considerar a memória e o discurso de personalidades ligadas ao
fazer teatral, tais como Margarida Schiwazzappa, Luís Otávio Barata, Maria Silvia
Nunes, entre outros. A pesquisa pretende problematizar as temáticas da modernidade,
a modernização e o modernismo relacionadas aos estudos teatrais, na Amazônia
paraense, além de discutir o valor estético e político do fazer cênico paraense. Tal
estudo se aporta em teorias que abordam os temas da memória, velhice, oralidade,
tradição, modernidade e do teatro, em Bosi (1994), Le Goff (1992), Pollack (1989)
e Salles (1994). Dessa forma, essa proposta visa historiografar criticamente a
construção do conceito de teatro paraense a partir século XX.
Palavras-chave: memória; teatro; Amazônia.
José Francisco da Silva Queiroz
O ESTADO DO PARÁ NO CONTEXTO MODERNISTA
Resumo: A evolução do pensamento modernista, desde a Semana de Arte Moderna
até os seus desdobramentos no estado do Pará. Sua recepção entre os intelectuais
locais, bem como o esforço dos mesmos para integrar as letras paraenses ao cenário
literário nacional. Discussão da importância da Academia dos Novos e seu papel
ordenador entre o grupo de jovens que atuariam na posterior efervescência literária
local, tanto na crítica como na produção de literatura. Além de enfocarmos a
140
Resumos de trabalhos
importância da atuação de Max Martins na inovação literária que se fez presente
com publicação do livro O Estranho, do Suplemento Literário Arte & Literatura do
periódico Folha do Norte e das revistas Encontro e Norte.
Palavras-chave: Modernismo; produção e recepção; Max Martins.
José Guilherme dos Santos Fernandes
LITERATURA ORAL E POPULAÇÕES TRADICIONAIS
Resumo: As manifestações culturais de populações tradicionais são marcada pelo
viés da experiência cotidiana, objetiva em narrativas orais. Sendo assim, a transmissão
de valores, práticas e concepções de mundo ocorre mediante histórias de vida, o
que implica em grande importância da literatura oral como produção narrativa que
determina comportamentos e valores. Esta comunicação tem o objetivo de apontar
as características e a morfologia dessas narrativas, enquanto representações destas
populações.
Palavras-chave: literatura oral, populações tradicionais, história oral.
José Nilson Santos da Costa Filho
O GÊNERO DE DISCURSO NOTÍCIA POLICIAL EM TERESINA:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SÓCIO-DISCURSIVAS
Resumo: Neste trabalho, nos baseamos em Bakhtin (2003) no intuito de discorrermos
sobre a noção de enunciados, gêneros do discurso e dialogismo, buscando tratar
desses conceitos de forma entrelaçada, já que abordá-los de modo diferente parece
ser impossível, uma vez que esses conceitos aparecerem de forma bastante imbricada
na obra de Bakhtin como um todo. Para a noção de tema, nos alicerçamos também
em Bakhtin (1997) e Bakhtin (2003), ressaltando a necessidade de não confundir
tal conceito com o conceito de conteúdo ou assunto. Como aplicação desta teoria,
analisamos a notícia policial “Tribunal anula julgamento de delegado e manda a
novo júri”, que foi veiculada no dia 13 de dezembro de 2008, pelo jornal teresinense
Diário do Povo. Adotamos alguns aspectos como o dialogismo, a tematização dos
objetos de discurso referidos, o estilo e a composição desta matéria e que relação
estes aspectos têm com o posicionamento valorativo em notícias policiais. Desta
análise percebemos que a forma de construção dos enunciados – o estilo, o tema
e a composição – está intimamente ligada a interesses das esferas da comunicação
discursiva, ou melhor, da própria empresa jornalística que veicula as notícias.
Palavras-chave: Gêneros do discurso; notícia policial; sócio-discursividade.
José Pedro Viegas Barros
PROBLEMAS EN LA DETERMINACIÓN DEL TIPO DE RELACIÓN
EXISTENTE ENTRE LENGUAS EN CONTACTO:
EL CASO GUAICURÚ-MATAGUAYO (GRAN CHACO)
Resumo: Hasta el momento, los especialistas no se han puesto de acuerdo acerca de cuál
es el tipo de relación existente entre las lenguas de las dos familias Guaicurú (Kadiweu,
Abipón, Mocoví, Toba, Pilagá) y Mataguayo (Maká, Niwaklé, Chorote, Wichí). Por una
parte, existen sin duda transferencias léxicas y gramaticales, así como calcos semánticos
muy obvios, todo lo cual se puede explicar como resultado del contacto linguístico y
la difusión areal. Sin ambargo, la mayor parte de las semejanzas Guaicurú-Mataguayo
141
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
presentan características como las siguientes: (1) las semejanzas léxicas se encuentran
fuera del llamado vocabulario cultural; (2) las semejanzas no ocurren sólo en lenguas
o dialectos en contacto sino en todas o casi todas las lenguas de cada una de las dos
familias (pudiendo reconstruirse independientemente las correspondientes formas
originarias tanto en Proto-Guaicurú como en Proto-Mataguayo); (3) el isomorfismo
gramatical es de un tipo diferente al que ocurre en situaciones de Sprachbund típicas
(p. ej. en las lenguas de los Balcanes o en el caso Aimara-Quechua), dado que las
semejanzas Guaicurú-Mataguayo no solo son funcionales sino generalmente también
formales, involucrando muchas veces correspondencias fonológicas aparentemente
regulares. Al parecer, hay sólo dos conclusiones posibles: o bien existe realmente un
parentesco lejano entre las dos familias (al cual se han sumado luego fenómenos de
difusión), o bien la situación actual es el resultado de una larga relación de equilibrio
puntuado similar al que Dixon ha postulado para las lenguas de Australia. Una de las
metas de esta ponencia es evaluar ambas posibilidades.
Palavras-chave: Contacto; Parenteco; Gran Chaco; Guaicurú; Mataguayo.
José Ribamar Lopes Batista Júnior
IDENTIDADES DOCENTES NAS PRÁTICAS
DE LETRAMENTO INCLUSIVO
Resumo: Neste trabalho, analisamos a prática social de letramento inclusivo de
pessoas surdas. Nosso objetivo foi identificar os discursos docentes sobre a inclusão de
pessoas surdas no Ensino Regular e compreender as identidades docentes nas práticas
de letramento (práticas de leitura e escrita). Como base teórica, adotamos a Teoria
Social do Letramento (Street, 1984, 1995, 2001; Barton, 1994; Barton e Hamilton,
1998; Barton, Hamilton e Ivanic, 2000; Rios, 2002) e a Teoria Social do Discurso
(Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2003) e como metodologia a Etnografia.
A pesquisa foi realizada em duas escolas públicas inclusivas do Distrito Federal (DF),
no período de outubro a dezembro de 2007 e fevereiro a maio de 2008. O corpus é
formado pela entrevistas realizadas com seis professoras e um professor, bem como
pelas observações feitas em sala de aula. Obtivemos como resultados que os discursos
da Educação Especial marcam as identidades docentes de professoras e professor,
além disso, essas identidades são contraditórias e absorvem tanto o discurso tradicional
(docente e da família) sobre a educação como o discurso da educação especial, mas
que em contato com a prática de letramento inclusivo novos olhares, novos valores
emergem no contexto escolar voltados para a valorização do ser humano.
Palavras-chave: Identidades Docentes; Surdez; Práticas de Letramento Inclusivo.
José Sena da Silva Filho
IMAGEM E DISCURSO SOCIAL:
PROCESSOS IDENTITÁRIOS NA CULTURA SUPERPOP
Resumo: A sociedade contemporânea situa-se na atmosfera de Produtos Culturais e
práticas discursivas múltiplas, complexas nas formas diversas de dizer e expressar,
sempre em um processo dialógico, sendo transformada e transformando os sujeitos
nelas envolvidos. Como se trata de processos comunicacionais em um mundo
globalizado com uma política capitalista de interação, temos então fortes embates de
cunho ideológico e cultural, situados nas linhas imaginárias entre um eu e um outro.
142
Resumos de trabalhos
Nesse sentido, a questão do consumo, tratada de modo bem amplo, necessariamente
como uma maneira de apropriação simbólica de bens, materiais ou imateriais, parece
estar em foco no contexto atual. É partindo dessas questões, que o presente trabalho
intenta discutir os processos de construções indentitárias na festa de aparelhagem
Superpop, tomada aqui como Produto Cultural, a partir de práticas discursivas de
sujeitos da Amazônia Paraense no contexto pós-moderno.
Palavras-chave: Discurso; Identidade; Superpop.
José Victor Neto
NARRATIVAS ORAIS DE CASTANHAL:
DO NORDESTE BRASILEIRO AO NORDESTE PARAENSE
Resumo: As narrativas orais correntes no município de Castanhal-PA aproximamse muito de outras narrativas coletadas na região Nordeste por renomados
pesquisadores do campo da oralidade, como Jerusa Pires Ferreira, Francisco Assis
Lima e Câmara Cascudo. Tal fato pode ter relação direta com a colonização da
região nordeste do Pará, onde está situada a cidade de Castanhal, por nordestinos
cearenses, que para cá migraram durante o primeiro ciclo da borracha, no século
XIX. No decorrer da pesquisa, chamou-me a atenção o imenso número de narrativas
coletadas em Castanhal que apresentaram correspondentes oriundas da região
Nordeste do Brasil, inclusive obras escritas, como no caso de um trecho da obra
Infância, de Graciliano Ramos, e do folheto de cordel As Proezas de João Grilo,
de João Ferreira de Lima. Tal perspectiva leva-nos a lançar um novo olhar sobre
a cultura amazônica, buscando destacar a heterogeneidade cultural desta região, e
perceber a contribuição dos nordestinos que migraram para as terras Amazônicas
durante o século XIX, bem como os processos de “ressignificação” ocorridos nas
referidas narrativas, como resultado da inter-relação entre os diferentes grupos
humanos que constituem a região.
Palavras-chave: Narrativas; Oralidade; Ressignificação; Nordestinos; Migração.
José Victor Neto
A “PRESENÇA DO CORPO”: DO GRAVADOR À FILMADORA,
UM PERCURSO METODOLÓGICO NA COLETA DE NARRATIVAS ORAIS
Resumo: Este trabalho constitui uma reflexão acerca da coleta e do estudo de narrativas
orais, surgida a partir de minhas pesquisas sobre as narrativas que circulam entre os
vigias noturnos do centro da cidade de Castanhal-PA. Pretendo, portanto, descrever
o percurso metodológico e a opção pela mudança de equipamentos utilizados nas
coletas em campo realizadas em 2004 e 2007, de um mini-gravador de fitas cassete
para uma filmadora. O registro exclusivo da voz não se mostra suficiente para
aproximar-se da experiência de “performance” do narrador, de modo que elementos
não verbais (gestos, expressões faciais, ambiência, etc.) acabam por serem perdidos.
Portanto, no intuito de valorizar o “empenho do corpo”, a opção pela filmagem
surge como uma possibilidade de “mediação”, de que nos fala Paul Zumthor em
Performance, recepção, leitura (2007), sendo uma forma de aproximação da natureza
oral com que circulam essas narrativas, preservando assim alguns dos elementos não
verbais envolvidos no ato de comunicação. Pretende-se ainda abordar a relação do
tipo de equipamento de registro das narrativas com as mudanças no modo como
143
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
foram narradas as histórias pelos vigias em 2004 e 2007, respectivamente, além
de discutir problemas relacionados à transcrição das narrativas, bem como a opção
política pela anexação de narrativas orais em formato audiovisual aos trabalhos de
pesquisa científica.
Palavras-chave: Oralidade; Coleta em campo; Vídeo; Performance; Mediação;
Narração.
Josebel Akel Fares
A ESCOLA NA AMAZÔNIA DE DALCÍDIO JURANDIR:
O PROFESSOR MOQUÉM E OUTROS MESTRES
Resumo: A obra de Dalcídio Jurandir reflete sobre a cultura amazônica do século XX,
especialmente a primeira metade, infere saberes sobre diferentes aspectos, que ainda
hoje são presentes na vida da região. O espaço ficcional, que oscila entre cidades
marajoaras e Belém, registra retratos não só de paisagens fisiográficas, mas de cenas,
costumes, saberes e muitos personagens. Neste contexto, em que a incessante busca
pelo saber formal representa uma possibilidade de ascensão social de Alfredo, o
protagonista, a figura do professor é coadjuvante essencial. A comunicação pretende
mostrar alguns excertos de cenas dos romances protagonizados por professores e
apresentar o Professor Moquém, do romance Primeira Manhã.
Palavras-chave: Dalcídio Jurandir; cultura amazônica do século XX; espaço ficcional.
Josebel Akel Fares
METAMORFOSES EM MITOS AMAZÔNICOS
Resumo: A metamorfose é um tema recorrente em todas as literaturas. Das formas
mais simples as mais complexas, essas transmutações estão presentes nas literaturas
da letra e da voz em todos os tempos. Uma extensa bibliografia estuda os processos
metamórficos nos mitos gregos. Os trabalhos explicam o assunto a partir de um
ou de um conjunto de mitos, nas mais diversas abordagens, como as centradas nas
personagens, no tempo, no espaço – que implicam em conteúdo – ou demonstram que
as transformações acontecem também em nível formal do texto, ou seja, as maneiras
de dizer também sofrem metamorfose. Esta comunicação apresenta o tema a partir
da leitura de alguns textos paradigmáticos da literatura universal e do complexo
repertório mítico da Amazônia brasileira, em especial, a marajoara.
Palavras-chave: mito; metamorfose; Amazônia brasileira.
Josenilda Brandão Costa
TRABALHANDO A INTERTEXTUALIDADE ATRAVÉS DA MÚSICA
Resumo: Na perspectiva da Linguística Textual, a intertextualidade sempre foi vista
como um dos critérios de textualidade de considerável relevância por ser a referência
– explícita ou implícita – a outros textos, tomados num sentido bem amplo (orais,
escritos, visuais, música, propaganda). Por esse motivo, o educador tem de ter claro
que todo texto é resultado de outros textos orais ou escritos, os quais dialogam entre si.
A utilização da música, na sala de aula, é relevante porque além de prender a atenção
dos alunos, por causa da melodia, oferecem em suas letras riquíssimos elementos
para a análise linguística, leitura e produção de textos, bem como contribui para o
desenvolvimento cognitivo e emocional. Acrescenta-se ainda, o fato de estimular
144
Resumos de trabalhos
a criatividade enquanto descontrai o ambiente. É interessante que ao selecionar as
músicas para trabalhar em sala o professor conheça o contexto em que foram escritas
e considere a realidade de seus alunos, para não haver uma discrepância entre o que se
aborda em sala e a vivência do indivíduo. Assim, objetiva-se com o presente trabalho
relatar a experiência de trabalhar com o fator de textualidade (intertextualidade) a
partir de textos musicalizados, na turma do primeiro ano do ensino médio, mediante
a um estágio de conclusão de curso.
Palavras-chave: Música; intertextualidade; leitura.
Jovelina Maria Ramos de Souza
DESVENDANDO HOMERO
Resumo: Para os gregos, esse fenômeno estrutural do pensamento grego chamado
poesia, envolve todos os elementos constitutivos da tradicional educação aristocrática,
como a música, o canto, o coro, o teatro, o mito e tem em Homero o seu principal
representante. Nossa análise observará a influência da tradição poética no processo
constitutivo da cultura grega, tomando como base o papel educativo e normativo
da poesia, pois os poetas foram não só os primeiros educadores hegemônicos da
cidade, mas também os primeiros a tentar explicar a origem e a ordem do mundo. De
Homero a Platão, a cultura grega mostra-se completamente impregnada pelos efeitos
da poesia na formação ética, política e pedagógica das crianças e dos jovens. Nesse
sentido, pretendemos mostrar que, a poesia, entre os gregos, sempre foi norteada
por determinados valores, sendo justamente a partir destes valores e princípios
que Homero define a ação de seus personagens, assim como Platão, mais tarde,
censura a influência que a ação destes mesmos personagens exerce na educação
da cidade. Pretendemos compreender o caráter próprio da poesia grega como fato
de cultura, centrados em duas perspectivas, primeiro, a da controvérsia existente
entre os estudiosos de Homero a respeito de sua existência histórica. Em seguida,
evidenciaremos o valor do aedo como transmissor das leis e dos costumes através
de seus relatos orais. Destacaremos, sobretudo, sua importância como educador, em
uma sociedade em que a escrita ainda não é predominante e as informações, normas
e valores fundamentais são repassados através de seus cantos.
Palavras-chave: Homero; aedo; tradição oral.
Juliana de Souza Gomes Nogueira
O SUJEITO MODERNO:
TENSÕES E FRAGMENTAÇÕES NA POESIA DE IDERVAL MIRANDA
Resumo: Este trabalho faz uma leitura de alguns poemas do escritor Iderval Miranda que,
escritos no final do século XX, apontam para uma quebra das relações sociais na cidade.
Para tanto, partimos de uma reflexão sobre a modernidade, na voz de seus principais
estudiosos, a fim de, posteriormente, analisar como as composições selecionadas remetem
aos aspectos da fragmentação e da tensão, característicos da modernidade.
Palavras-chave: Modernidade; Iderval Miranda; fragmentação; tensão.
Juliana Geórgia Gonçalves de Araújo
ESTUDO SOBRE O ADVÉRBIOS MODALIZADORES EM “–MENTE”
EM ARTIGOS DE OPINIÃO DA FOLHA DE SÃO PAULO
145
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Resumo: Este trabalho pretende apresentar algumas considerações sobre os advérbios
modalizadores terminados em “–mente” nos artigos de opinião do jornal Folha de
São Paulo, considerando-se as posições que eles podem ocupar na representação
subjacente da oração e os diversos valores semânticos que emprestam aos enunciados.
Os objetivos do nosso estudo sobre os advérbios modalizadores em “–mente” foram:
identificar os tipos de advérbios em “–mente” modalizadores epistêmicos em artigo
de opinião; descrever esses advérbios modalizadores conforme a posição e seu valor
semântico-discursivo; analisar a relação entre o uso dos advérbios em –mente e o
gênero textual artigo de opinião. Para a constituição do corpus de análise, utilizamos
ocorrências desses advérbios em artigos de opinião do jornal Folha de São Paulo
na versão em CD-ROM. Podemos verificar que muitos advérbios não são, de fato,
modificadores e outros não estão, por outro lado, ligados a circunstâncias de nenhuma
natureza. Encontramos 101 ocorrências de advérbios modalizadores epistêmicos de
um total de 140 ocorrências de advérbios em “–mente”, o que já evidencia a grande
frequência desse tipo de modalizador, pelo menos no gênero analisado. As demais
ocorrências se dividiam entre advérbios intensificadores, focalizadores e qualitativos.
Observamos que os advérbios mais frequentes, com relação ao valor semântico,
foram os asseverativos, o que condiz com o gênero textual analisado. Também vale
observar que, embora no total, a posição mais comum tenha sido a intercalada, com
os advérbios quase-asseverativo e asseverativos relativos, a posição mais frequente
foi a mais próxima da esquerda da frase.
Palavras-chave: advérbio; modalizadores; artigos de opinião.
Juliana Maia de Queiroz
A CARTEIRA DE MEU TIO: CIRCULAÇÃO, FICÇÃO E HISTÓRIA
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar aspectos relacionados à
composição e circulação do romance A carteira de meu tio, de Joaquim Manuel
de Macedo, publicado em 1855, no Rio de Janeiro. Neste romance específico,
Macedo transporta para a ficção muitos fatos que marcaram a vida social e política
dos anos cinquenta do II Reinado. Em tom satírico, o autor constrói sua narrativa
repleta de críticas ao sistema político da época em que viveu, diferindo assim, tanto
em estrutura quanto em temática, de outros romances pelos quais ficou conhecido
na maioria das Histórias Literárias do Século XX. Além de discutir a apropriação
ficcional de alguns fatos históricos, procuramos também observar o quanto o papel
político e social de Macedo na sociedade imperial do século XIX foi relevante para
a produção e circulação desta obra específica.
Palavras-chave: Joaquim Manuel de Macedo; ficção; história.
Juliene do Socorro Cardoso Rodrigues
O ETHOS NO DISCURSO DE COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – ANO DE 2007
Resumo: O Campo acadêmico tem exercido um papel fundamental no contexto de
construção da sociedade brasileira, seja enquanto um espaço formador de massa
crítica seja como instrumento reprodutor de uma racionalidade capitalista. Dentro
dessa perspectiva, no âmbito de comemoração dos 50 anos da Universidade Federal
do Pará (doravante UFPA), convém fazer a seguinte indagação: De que maneira o
146
Resumos de trabalhos
discurso de comemoração dos 50 anos da UFPA, empreendido pela gestão de então,
é instrumento revelador de Ethos político-ideológico? Levanta-se a hipótese de que
há estratégias de construção de Ethos no discurso de comemoração, com o objetivo
de persuadir e buscar a adesão dos atores sociais envolvidos na construção do
conhecimento na universidade. Nesse sentido, tem-se como objetivo geral analisar o
Ethos no discurso de comemoração dos 50 anos da UFPA. Como caminho teóricometodológico o materialismo histórico e dialético, optando-se pela metodologia
qualitativo-quantitativa e o estudo de caso.
Palavras-chave: Ethos; discurso; UFPA.
Junia Regina de Faria Barreto
VICTOR HUGO E GAMA MALCHER:
A SAGA DE BUG-JARGAL DA LITERATURA À ÓPERA
Resumo: Na origem, o escritor francês Victor Hugo teria se inspirado para a construção
de seu texto do personagem real Toussaint Louverture, chefe dos negros subjugados
e revoltados no Haiti, em 1793, então colônia francesa. Seu personagem romanesco,
Bug-Jargal, príncipe africano sequestrado, escravizado e martirizado na colônia de
Santo-Domingo, é considerado o primeiro herói negro da literatura francesa moderna,
contrariando os estereótipos do negro bom ou revoltado. A primeira versão do texto
de Hugo é escrita em 1820, a segunda em 1826 e o libretto de Vicenzo Valle e a
música do compositor paraense Gama Malcher, que já trabalhava na adaptação dez
anos antes, estreiam na ópera de mesmo nome, em 1890. Nos interessa aqui confrontar
os dois textos, o romanesco e o operístico, a partir do momento político em que surgem
nos cenários francês e brasileiro, apontando as transformações ocorridas na operação
intersemiótica da tradução e ainda investigar se o material que constitui o tecido da
escritura hugoana é, de alguma forma, preservado sob a forma de ópera.
Palavras-chave: Literatura; Música; Victor Hugo; Gama Malcher; Bug-Jargal.
Karina Chianca Venâncio
O POEMA E O SEU MOVIMENTO CORPORAL
Resumo: Guillaume Apollinaire (1880-1918) e Vinicius de Moraes (1913-1980)
cantam a dor de amar um objeto perdido. As suas obras se caracterizam pelo movimento
no espaço e no tempo. No momento em que pintam o quadro da vida, é o movimento
das cores e das luzes que dá forma nas diferentes paisagens. Assim, a dança, a música e
a pintura se juntam numa mesma busca sobre a arte moderna. Escrita corporal, a dança
se inscreve numa metáfora da escrita. O corpo responde às frases líricas da música pelo
movimento que se coloca a serviço da elegância e da graça. Com as suas curvas, seus
arabescos e seus saltos, a dança pode sugerir o movimento orquestrado pela pintura e
pela música. O gesto se esvanece a cada instante, tornando-o inacessível. Esta forma
fugaz da dança, estes sinais efêmeros a ligam à figura feminina e ao amor.
Palavras-chave: amor; dança; figura feminina.
Karina Figueiredo Gaya
PRODUÇÃO ORAL EM AULAS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA
ESTRANGEIRA (PLE) – PREPARAÇÃO PARA O EXAME DE PROFICIÊNCIA
CELPE-BRAS
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Resumo: O presente trabalho insere-se no campo de ensino-aprendizagem de
línguas e trata especificamente do desenvolvimento da competência comunicativa
de alunos estrangeiros do PEC-G (Programa de Estudante-Convênio de Graduação).
Ele visa a favorecer a aprendizagem da produção oral em PLE desses alunos no
âmbito de uma preparação intensiva (20h por semana durante nove meses) para os
exames do CELPE-Bras (Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para
Estrangeiros). O referencial teórico tem por base as concepções de Hymes (1972),
sobre competência comunicativa, re-configurada por Moirand (1982) e a perspectiva
accional do ensino-aprendizagem de língua estrangeira desenvolvida no âmbito do
Conselho da Europa (Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas –
Aprendizagem, ensino, avaliação, 2001). A investigação proposta será realizada
à luz da pesquisa-ação, metodologia que pressupõe ser o pesquisador, ao mesmo
tempo, observador crítico e participante da ação.
Palavras-chave: CELPE-Bras; Produção Oral; Sócio Interacionismo; Competência
Comunicativa.
Kelly Andresa Leite Souza
AGRADECEMOS AOS JORNAES...: A PERMUTA DE INFORMAÇÕES
ENTRE OS JORNAIS OITOCENTISTAS: UMA PRÁTICA DE LEITURA?
Resumo: A realização de pesquisas desenvolvidas com periódicos circulantes em
Belém do Pará na década de 70 do século XIX permitiu observar e analisar, dentre as
diversas informações catalogadas, os dados extraídos da seção Noticiario do jornal A
Regeneração cuja circulação corresponde ao período de 1873 a 1876. Dentre essas
observações pôde-se notar a frequência com que os jornais locais, regionais e até
internacionais permutavam com o periódico. Portanto, este trabalho tem por objetivo
divulgar os dados analisados por esta pesquisa que observou, dentre outros resultados
a ocorrência da permuta de informações entre os jornais oitocentistas. Dessa forma,
este trabalho corresponderá aos objetivos do plano de pesquisa Perfil dos leitores da
sociedade belenense: uma visão panorâmica dos anúncios de livros nos periódicos
oitocentistas circulados em Belém do Pará, que faz parte do projeto Lendo o Pará:
a publicação do romance-folhetim em Belém do Pará na segunda metade do século
XIX, coordenado pela Profa. Dra. Germana Sales (UFPA/CNPq/FAPESPA).
Palavras-chave: século XIX; impressos de jornal; práticas de leitura; permuta de
informações; noticiário.
Kelly Cristina Marigliani Melo
MODALIDADES DE AVALIAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO/
APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS LM
Resumo: Nos anos 80, a crise vivenciada pela escola pública, materializada no aumento
da repetência e da evasão escolar, teve como consequência uma maior conscientização
por parte dos estudiosos da área de educação em relação à necessidade de melhorar
o processo de ensino/aprendizagem. Na área da avaliação escolar, essa crise, dentre
outros problemas, fez com que os estudiosos dessa área criticassem o tipo de avaliação
exclusivamente somativa, predominante nas práticas avaliativas tradicionais, e
valorizassem a avaliação de cunho mais formativo. Surgiram então numerosas
propostas de transformação das práticas avaliativas, dentre elas a avaliação autêntica,
148
Resumos de trabalhos
a democrática, a dialógica, a formativo-reguladora, a mediadora e a participativa,
geralmente pouco ou nada específicas no que tange ao ensino de línguas. A aparente
multiplicidade de concepções avaliativas e as dificuldades que essa variedade suscita
para o professor de português por si só justificam que seja empreendido um estudo
no sentido de oferecer a este profissional melhor clareza conceitual e condições para
integrar reflexão em língua e reflexões em avaliação. Este estudo foi realizado por meio
de uma pesquisa bibliográfica. O corpus é composto de obras impressas que apresentam
modalidades de avaliação alternativas à avaliação tradicional, favorecendo o processo
de aprendizagem. O objetivo deste trabalho é contribuir para melhor conhecer as
noções que envolvem a concepção formativa de avaliação com vistas à integração de
concepções mais atuais de avaliação no processo de ensino/aprendizagem de português
língua materna, condição sine qua non para a renovação efetiva dessa área.
Palavras-chave: Avaliação formativa; ensino/aprendizagem de português.
Kilpatrick Muller Bernardo Campelo
O ESTATUTO CONCEITUAL E FUNCIONAL DAS PROFORMAS.
PRONOME: O PROTÓTIPO DAS PROFORMAS
Resumo: Em primeiro lugar, a categorização tradicional emperra em uma série de
incongruências em virtude da ausência de um modelo epistemológico que conjugue,
de forma harmônica, o binarismo aristotélico e as escalas construídas com base em
protótipos. Para tanto, valer-nos-emos da teorização de Givón (1995), que construiu
uma aliança proveitosa entre o modelo de discretude da tradição do pensamento
ocidental e o modelo recente, mais flexível, que contempla zonas de fronteiras, em que
as noções teóricas de escalaridade e prototipia tornam-se fundamentais para categorizar
todo e qualquer referente. Em segundo lugar, é mister diferençar léxico e gramática,
a fim de determinar os traços de ordem pragmática, cognitiva, semântica, sintática,
morfológica e fonológica determinantes para a inclusão ou exclusão de um dado item
lexical no âmbito lexical ou gramatical. Para esse fim, os autores compulsados são
Hopper (1990), Lehmann (1982), Heine, Claudi & Hunnemeyer (1991), Newmeyer
(2001), Bybee (2001), inter alios. Em terceiro lugar, não há um modelo descritivo que
apresente um arcabouço coerente do trânsito de formas lexicais para a gramática em
todas as classes de palavras. Com base na tese de Campelo (2007), apresenta-se um
modelo que discute a perda dos traços de nominalidade como condição de inserção
em classes lexicais mais gramaticais e a recomposição das classes mais gramaticais
com base na incidência de processos de metaforização de formas decalcadas do léxico.
Dividem-se as classes em dois grupos de macroclasses, denominadas pleriformas
e proformas. Propõe-se, para a compreensão geral das macroclasses proformais,
a categoria da proformalidade, a qual incide em todas os níveis de manifestação da
língua. Por fim, discute-se que a tradição gramatical reconheceu a proformalidade tãosomente entre as proformas nominais, tradicionalmente chamadas de pronomes.
Palavras-chave: proformalidade; gramaticalização; prototipia.
Lafity dos Santos Silva
O PAPEL AXIOLÓGICO DOS NOMES PRÓPRIOS EM EDITORIAIS DE JORNAL
Resumo: Os discursos produzidos pelos sujeitos nas mais diferentes situações não podem
ser desprovidos de apreciação axiológica, pois para Bakhtin (2002[1929]), as palavras
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II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
não têm sentido sem uma entoação, sem um caráter apreciativo, já que, dependendo do
contexto em que nos encontremos, uma mesma palavra pode ter valorações diferentes.
Em função disso, far-se-á uma correlação da concepção valorativa de Bakhtin com as
teorias de referenciaçao de Koch (2002) e Mondada e Dubois (2003), as quais defendem
que os processos de referenciação podem ser vistos como uma atividade discursiva
responsável pela construção de objetos de discurso mediante a atribuição de valor de
juízo às coisas do mundo. Com base nesta perspectiva, o objetivo desta comunicação é
buscar explicar os juízos de valor atribuídos aos nomes próprios presentes em editoriais
de jornal. Fazendo uso de leituras de caráter explicativo e interpretativo, constatamos,
através da análise dos editoriais selecionados para essa pesquisa, que os jornais de
circulação no estado do Piauí não mencionam nomes próprios designadores de figuras
de poder, quando os temas são locais e a apreciação é pejorativa. Entretanto, há uma
certa recorrência do uso de nomes de figuras de poder que representam a esfera política
local, quando os temas são locais e a apreciação é meliorativa. A pesquisa mostra que
o observação do uso dos nomes próprios no discurso da mídia apresenta marcantes
indícios da tomada de posição por parte das instituições jornalísticas.
Palavras-chave: nomes próprios; editoriais; apreciação axiológica.
Layra Patricia Moy de Abreu
A GRAMÁTICA NOS MATERIAIS DE FLE (5ª. SÉRIE) E SUA
TRANSPOSIÇÃO NAS PRÁTICAS DE ENSINO
Resumo: Face às dificuldades do ensino de LE na cidade de Belém, em particular nas
escolas da rede pública, selecionamos duas escolas (uma federal e outra municipal) a
fim de levantar dados sobre a realidade e as perspectivas do ensino de FLE, enfatizando
a análise do ensino gramatical, o que resultou na elaboração do TCC intitulado: La
grammaire dans les matériels de FLE (classe de sixième) et sa transposition dans les
pratiques d’enseignement. Tal trabalho teve como principal objetivo a criação de um
material didático e de propostas de intervenção para os professores da 5a. série do
ensino fundamental, no sentido de auxiliar estes profissionais a melhor articular as
orientações didáticas e as necessidades do seu público às suas práticas de ensino.
Palavras-chave: Gramática; ensino-aprendizagem; FLE.
Larissa de Oliveira Neves
ARTUR AZEVEDO E “O TEATRO”
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo apresentar as crônicas teatrais de
Artur Azevedo, publicadas semanalmente no jornal A Notícia, entre os anos de 1894
e 1908. A coleção completa dos artigos, que totaliza 680 textos, virá a público pela
primeira vez em uma edição comemorativa do centenário de falecimento de autor,
patrocinada pela Petrobrás, com o incentivo do Ministério da Cultura. Nas crônicas,
Artur Azevedo, além de criticar os espetáculos em cartaz, traçou um fiel panorama
do dia-a-dia do meio teatral, com informações sobre os costumes da população e
as dificuldades vivenciadas pela gente de teatro. Podemos, também, por meio da
leitura desse rico material, determinar a postura teórico-crítica do comediógrafo
acerca da literatura dramática e dos aspectos de cena. Por fim, as crônicas, a despeito
de seguirem uma temática definida (o teatro), incluem, em diversos momentos,
comentários sobre outros assuntos de relevo à época, como as reformas urbanas
150
Resumos de trabalhos
do Rio de Janeiro, os problemas com os meios de transporte, as novas formas de
divertimento que surgiam, além de referências à vida pessoal do autor.
Palavras-chave: Artur Azevedo; teatro; crônica.
Laura Masello
LENGUAS DOMINANTES-LENGUAS DOMINADAS
EN NARRATIVAS IDENTITARIAS LATINOAMERICANAS
Resumo: Los intentos de emancipación de la dependencia cultural en las tres
Américas latinas surgieron a menudo en forma aislada, pudiendo decirse que aún hoy
las diferentes geografías del continente se caracterizan por la falta de conocimiento
mutuo. Dentro de la heterogeneidad de iniciativas y aspectos que configuran el debate,
uno de los grandes problemas fue tener que expresarse en la lengua y los esquemas
interpretativos del Otro europeo. Hubo, sin embargo, dos concepciones que se
esforzaron por revertir esa situación en regiones que aparentemente mantenían pocos
contactos entre sí: la Antropofagia en Brasil y la Creolización las Antillas. Además
de presentar elementos comunes, algunos autores han planteado que ambas posturas
representan una alternativa para superar el impasse en que se encontraría el debate
identitario latinoamericano. Así, Walter Moser propone que la Antropofagia, con su
cuestionamiento de la pureza pre-determinante y su desacralización de “lo nacional”,
podría alimentar la reflexión tanto del resto de América Latina como del norte. Sería
el principal punto de convergencia con la Creolización, desarrollada como oposición
a toda forma de integrismo, reivindicación de raíz única o mestizaje previsible. Mi
idea es establecer dinámicas entre ambas corrientes, no sólo como elaboraciones
aplicables al contexto del que emergieron, sino como instrumentos para cruzar sus
manifestaciones literarias. En este trabajo, que forma parte de mi tesis de Doctorado,
estudio la elaboración de ambos discursos estéticos-literarios, incluyendo la lucha
por espacios para las lenguas no hegemónicas y el posicionamiento frente a los
modelos literarios heredados de las culturas europeas.
Palavras-chave: Lenguas y culturas no hegemónicas; debate identitario;
Antropofagia; Creolización literária.
Laura Viviani dos Santos Bormann
WEBQUEST: UMA ALTERNATIVA PARA O ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo: Este trabalho possui como temática o uso da informática como recurso
didático nas aulas de Língua Portuguesa e pretende apresentar as conclusões da
aplicação de uma Webquest numa turma de ensino médio de uma escola pública da
região metropolitana de Belém, por meio da exposição dos trabalhos desenvolvidos
pelos próprios alunos e dos resultados dos questionários de avaliação aplicados entre
discentes e docentes da escola.
Palavras-chave: Tecnologia Educacional; Webquest; Ensino de Língua Materna.
Lauro Roberto do Carmo Figueira
A RAPSÓDIA DE OS CONTOS AMAZÔNICOS
Resumo: Os Contos amazônicos (1893), de Inglês de Sousa, constituem uma rapsódia.
Neste sentido, lenda, mito, crenças diversas e História se confundem a compor
151
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
um painel da formação do caboclo na Amazônia brasileira no decurso do século
XIX, tempo da cristalização da cultura e do homem da floresta, este, um autóctone,
produto de variada etnia. O ficcionista Inglês de Sousa se apropria de um memorial
fluente às margens da Bacia Amazônica e os desenvolve em nove narrativas cenas
cotidianas plenas de tradições ao lado de detalhamentos psicológicos e perspectivas
ideológicas em dois segmentos: narrativas de matéria histórica e narrativas de matéria
do imaginário. As “cenas” do autor perfazem um épos amazônico de teor primitivo.
Palavras-chave: rapsódia; Amazônia; Inglês de Sousa.
Leidiane Maciel Leal
O VALOR SOCIAL DA LITERATURA PARA A QUALIDADE DE VIDA
DE ESCRITORES IDOSOS DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS E
DO MOVIMENTO LITERÁRIO EXTREMO NORTE
Resumo: O presente trabalho registra uma investigação sobre o valor social da
literatura na vida de escritores idosos, tendo como objetivo verificar de que forma
as manifestações culturais e artísticas, a exemplo da arte literária, proporcionam
qualidade de vida, inclusão social e cidadania de pessoas idosas, escritoras
do Movimento Literário Extremo Norte e da Academia Paraense de Letras.
Considerando que o fenômeno do envelhecimento é caracterizado por experiências
e vivências das pessoas, foram realizados estudos e pesquisas dentro de uma
abordagem fenomenológica. Através deste método, pretendeu-se apreender o que
significa para cada um dos pesquisados a experiência da escrita literária, o sentido
que assume em suas vidas. Foram entrevistados seis idosos, e aplicados questionários
socioeconômicos a sete, totalizando treze escritores e escritoras que contribuíram
com a pesquisa. O estudo apresenta conceitos de arte, cultura, cidadania, qualidade
de vida, relacionando-os à velhice e ao envelhecimento. A partir dos dados obtidos
concluímos que a literatura é um meio que proporciona a integração social, bem
como a valorização do idoso, na medida em que, ao participarem de grupos literários,
a exemplo dos estudados, os idosos, como agentes transformadores da realidade,
têm a oportunidade de mostrarem o seu potencial, de serem reconhecidos e de
contribuírem ativamente para a preservação de nossa memória cultural, derrubando,
deste modo, estigmas e estereótipos ainda interiorizados, alcançando, assim, uma
melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: Idoso; literatura; cidadania; qualidade de vida.
Leila Patricia Alves Dantas
O GÊNERO “AVISO” EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-DISCURSIVA
Resumo: Neste trabalho, a partir da visão sócio-histórica e discursiva dos gêneros,
representada por C. Miller, Bazerman, Bhatia, entre outros, e influenciada por
Bakhtin, propomos uma análise em que se verifique a relação entre o gênero
trabalhado – aviso – e a sua contribuição na organização social e histórica em que
está inserido, além da sua funcionalidade. A partir de um corpus de trinta textos, dos
quais escolhemos quinze, demonstramos que esse gênero não só organiza a vida do
grupo observado, mas de toda a comunidade, além de tornar evidente a organização
cultural do grupo e promover a mudança social, a partir de suas ações.
Palavras-chave: gênero; ação social; funcionalidade.
152
Resumos de trabalhos
Leonardo Rodrigues de Souza
ESTUDO DA LINGUAGEM JURÍDICA SOB A ÓTICA DA VISÃO
PERFORMATIVA DE AUSTIN
Resumo: Fundamentado no pensamento de que a cultura contemporânea se
caracteriza, dentre outros aspectos, pela dificuldade de se delimitar os domínios
discursivos, este trabalho se justifica na tentativa de estudar a linguagem jurídica sob
os apontamentos da visão performativa, ou seja, da concepção de que a linguagem é
o lugar de conflito no qual se rompem as fronteiras entre o linguístico e o filosófico.
Considerando que a teoria procedimental do direito, que procura descrever a realidade
tomando a linguagem ordinária como mediadora, não se ocupa com questões de
natureza filosófica como a busca obsessiva do homem pelo fundamento das coisas,
estudei sentenças indenizatórias dos juizados especiais cíveis de Anápolis, Goiás,
a fim de observar em que medida a tentativa de abandono das questões filosóficas
propicia condições para as práticas de exclusão social em litígios que versam sobre
matéria subjetiva, como honra, dignidade, moral, bons costumes. A pesquisa ainda
é incipiente, mas até agora pude perceber que as decisões judiciais, conjunto dos
atos de fala de todo um processo, garantem o direito subjetivo nos moldes da ciência
logocêntrica, tão combatida por Austin (1976), vez que separa o sujeito do objeto,
tentando conferir status de objeto científico à ordem jurídica.
Palavras-chave: Linguagem ordinária. Linguagem jurídica. Exclusão social.
Lilia Silvestre Chaves
DULCINÉA PARAENSE, RUY BARATA E MANUEL BANDEIRA:
GESTOS E RAÍZES
Resumo: O poeta experimenta o universo, modificando-o e obrigando-o a reagir
às palavras. Nada pode ser atingido, no entanto, se não houver conhecimento e
cultura e, como uma espécie de união desses termos, se não houver experiência.
Nesta comunicação, pretende-se fazer uma leitura de três poemas de Dulcinéa
Paraense, Ruy Barata e Manuel Bandeira, do ponto de vista de suas próprias palavras
poéticas, das marcas de seu tempo e de suas cidades, enfim, do ponto de vista da
experiência que cada um desses poetas brasileiros imprime em seus versos. Trata-se,
inicialmente, de aproximar os poetas paraenses do poeta pernambucano, em busca
de diferenças e semelhanças na maneira de criar, no tema e no tom escolhidos, nas
ideias ou nas palavras de cada um, tendo o modernismo como ponto de união, para
em seguida distanciar um poeta do outro, na direção de pólos diversos, nas margens
do movimento caudaloso que foi o modernismo brasileiro.
Palavras-chave: poesia; natureza x homem; experiência; modernismo.
Lilian Reichert Coelho
PAUL AUSTER EM TRÂNSITO PELA LITERATURA E PELO CINEMA
Resumo: Reflete comparativamente sobre a construção do bairro do Brooklyn como
topofilia em duas produções contemporâneas do mesmo artista, Paul Auster, em
linguagens distintas: o romance Desvarios no Brooklyn (2005) e o documentário
Sem fôlego (1997).
Palavras-chave: espaço; topofilia; literatura; cinema.
153
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Livia Sousa da Cunha
A REPRESENTAÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL NO CONTO O REBELDE, DE
INGLÊS DE SOUSA: RELAÇÃO ENTRE O FANTÁSTICO E O MARAVILHOSO
Resumo: O conto O Rebelde, da obra Contos Amazônicos (1893), de Inglês de
Sousa, juntamente com os contos Voluntário e A Quadrilha de Jacó Patacho, tem
como conflito central um acontecimento do mundo real. Estas narrativas apresentam
um recontar e um posicionamento acerca da Guerra do Paraguai, Voluntário, dos
momentos que antecedem a Cabanagem e a Cabanagem, nos outros dois contos. É
a partir da constatação desse fato histórico no conto O Rebelde, que se desenvolve a
pesquisa em questão, atentando para o jogo estabelecido entre o real e o ficcional, ou
seja, como um fato histórico, a Cabanagem, foi recriado no plano ficcional, partindo
da leitura de textos teóricos como os de Luiz Costa Lima, Fábio Lucas, Lynn Hunt,
bem como, atentando para os conflitos raciais e sociais presente na construção da
obra. Neste sentido, observar-se-á como os personagens são caracterizados, pobres e
ricos; brancos, negros, índios e mestiços; como os espaços são (re)criados, o maior
que é a Amazônia e os menores como as casas, os sítios influenciam os personagens,
as ações e a história como um todo. Verificar a existência de duas maneiras de contar
os acontecimentos, uma que defende e aponta o porquê da luta dos cabanos, a de
Paulo da Rocha, e a outra, que por vezes condena o movimento, a voz do narrador
Luís. Outro ponto de destaque nesta pesquisa é a presença de um caráter fantástico e
maravilhoso na organização dos fatos, assim como, no imaginário dos personagens
que transitam na narrativa.
Palavras-chave: real; ficcional; imaginário.
Loíde Leão dos Santos
O LEITOR, A METAMORFOSE E O SILÊNCIO EM MEU TIO O IAUARETÊ
Resumo: Pretende-se, com a abordagem do conto Meu tio o iauaretê, da obra póstuma
Estas Estórias (1969), de João Guimarães Rosa, mostrar que o leitor, no percurso do
texto ficcional, pode assumir uma dupla postura. O conto é um texto constituído como
uma escritura vocalizada, e o leitor pode participar de sua atualização, preenchendo
as lacunas e observando atentamente os vestígios deixados pelo narrador. Isto será
feito com base no trabalho de pesquisa de Thais Tait sobre O jogo e a performance
em Meu Tio o Iauaretê (2007), assim como, nas afirmações do teórico Haroldo
de Campos no ensaio A linguagem do iauaretê (1967). Busca-se evidenciar, no
plano do discurso, a figura do leitor implícito e do leitor explícito. Enfatizam-se
as fronteiras entre a escritura e a fala na busca de uma oralidade moldada à escrita
literária. Evidencia-se o pacto metamórfico investido na experiência da metamorfose
materializada em todos os níveis narrativos. Procura-se destacar as transições do
interlocutor ao leitor; da letra à voz; da linguagem articulada à desarticulação da
linguagem primitiva e selvagem, pura presença vocal, que nos remete ao silêncio
primordial das origens.
Palavras-chave: Meu tio o Iauaretê; leitor; metamorfose.
Lorena Bischoff Trescastro / Cilene Maria Valente da Silva
BLOG: INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM INTERATIVA
DE FORMADORES DE ALFABETIZADORES
154
Resumos de trabalhos
Resumo: Este trabalho apresenta o blog como instrumento de aprendizagem
interativa que favorece a formação de formadores de alfabetizadores. O estudo é
decorrente da análise do curso Formação do Formador, destinado aos formadores
do ECOAR, que iniciou em 02 de fevereiro de 2009, na perspectiva de dialogar,
estudar, refletir e elaborar conjuntamente sobre a problemática da alfabetização nas
escolas municipais de Belém – SEMEC, utilizando novas mídias de comunicação.
O curso, mediado pelo blog, tem por objetivo estudar sobre a formação de professores
alfabetizadores, articulando os conteúdos estudados com a prática de formador.
A formação fundamenta-se no estudo, elaboração, vivência, reflexão e pesquisa com
a finalidade de refletir sobre a prática profissional e o conhecimento dos formadores
de professores alfabetizadores. Os procedimentos metodológicos utilizados são:
interação virtual assíncrona e individual; interação presencial e coletiva; retorno
reflexivo sobre as postagens; mediatização e socialização da reflexão; entrecruzamento
de resultados. Por favorecer a interatividade entre os participantes, o blog possibilita
o intercâmbio de saberes e conhecimentos, promovendo um espaço de interação
simultânea e trocas sociais que favorecem o processo de ensino-aprendizagem. Neste
caso, a situação de interatividade permite aos participantes dialogar e intervir no
processo comunicacional com ações, reações, provocações, intervenções, necessárias
à construção de conhecimentos.
Palavras-chave: blog; interatividade; formação de formadores; alfabetização.
Luciana Aparecida da Silva
O TRABALHO COM O INSÓLITO NO MICRORRELATO
DE AUGUSTO MONTERROSO
Resumo: Durante a Idade Média, as fábulas utilizaram a narrativa, por meio da retórica,
para que os ouvintes, através da atuação dos personagens ─ que geralmente eram
animais, objetos inanimados, etc. ─ refletissem como conselhos ou recomendações
sólitas as morais das histórias, após os desfechos destas. Posteriormente, apareceram
escritas na prosa por meio de autores consagrados como Esopo, La Fontaine, etc. Já
os contos apresentaram uma forma cristalizada, e eram construídos com narrativas
breves, com temas variados, com espaços e tempos imaginários e um efeito surpresa
no desfecho; e cabe a cada leitor ativo interpretá-lo, de forma subjetiva, conforme
a experiência sócio-cultural no mundo plural o qual vivemos. Através da junção
das fábulas e dos contos, o autor Monterroso através do microrrelato, apresenta um
texto insólito brevíssimo e utiliza a narrativa com o léxico de fácil compreensão aos
leitores, e por meio da paródia, humor e ironia, etc., apresenta histórias diferentes e
correlacionadas com as vidas dos seres humanos. Como exemplo, recorro ao texto
traduzido para a língua portuguesa, por Millôr Fernandes, escrito abaixo: O Fabulista e
seus críticos. Na Selva vivia há muito tempo um Fabulista cujos criticados se reuniram
um dia e o visitaram para queixar-se dele (fingindo alegremente que não falavam por
eles, mas pelos outros), na base de que suas críticas não nasciam da boa intenção, mas
do ódio. Como ele estava de acordo, eles se retiraram envergonhados, como na vez em
que a Cigarra se decidiu e disse à Formiga tudo o que tinha de dizer
Palavras-chave: fábulas; contos; microrrelato.
155
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Luciana de Oliveira Alves
A LEITURA HIPERTEXTUAL: EM BUSCA DE AUTONOMIA
NA COMPREENSÃO ESCRITA EM FRANCÊS
Resumo: Como já foi demonstrado em pesquisas sobre leitura no domínio da
psicolinguística, o ato de ler apresenta-se como uma atividade interativa, durante a qual
o leitor é convidado a elaborar hipóteses, realizar inferências, ativar seu conhecimento
de mundo ou buscar novas fontes de informação para construir o sentido do texto
que lê. Mais especificamente na leitura em língua estrangeira (LE), o aluno vale-se
dessas estratégias de leitura para compreender textos escritos em um código que ele
ainda pouco conhece. Sabe-se também que as possibilidades de situação de leitura
ampliaram-se, imprimindo ao ato de ler uma nova dimensão. Atualmente, encontramos
no ciberespaço uma nova textualidade, aquilo que se tem convencionado chamar
“hipertexto” – texto que vai além do texto –, que permite ao leitor, mais do que nunca,
construir seu próprio percurso de leitura, o que requer um domínio ainda maior de
estratégias e habilidades do leitor ainda não proficiente em LE. O propósito deste
trabalho é verificar como os alunos de Francês língua estrangeira (FLE) se comportam
diante do texto-tela, propondo intervenções e parâmetros suscetíveis de guiá-los na
busca de maior proficiência em leitura. Acreditamos que um estudo dessa natureza
poderá contribuir para o desenvolvimento da autonomia em leitura de textos em FLE,
habilidade central e imprescindível no âmbito do ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: leitura; hipertexto; FLE; autonomia.
Luciana Kinoshita da Silva
CRIAÇÃO DE MANUAL DIDÁTICO DE PL2 PARA O CONTEXTO
AMAZÔNICO: FACES DE UM DESAFIO
Resumo: É fato que não existe manual didático perfeito e jamais o professor
encontrará um que se adequa perfeitamente à sua sala de aula e aos seus alunos.
Baseada nesta angústia e também na escassez de manuais de PLE/PL2 de qualidade
no mercado, há alguns anos, decidi montar meu próprio manual, que passa por
atualizações e reformulações a cada semestre. O objetivo deste relato de experiência
é expor as dificuldades, necessidades e expectativas que um professor de língua
estrangeira tem ao criar seu próprio material didático, quando nada do que até então
existe no mercado parece estar adequado ao contexto da sua sala de aula, visando
deixar outros professores a par da situação que é ensinar língua portuguesa como
segunda língua em um contexto de imersão cultural. A pesquisa em questão justificase devido à necessidade de descrever dificuldades e facilidades relacionadas que
podem acontecer dentro de uma área de atuação no ensino-aprendizagem de línguas
que nos últimos tem se desenvolvido bastante.
Palavras-chave: Amazônia; ensino-aprendizagem de língua PLE/PL2; imersão
cultural; manual didático.
Luciana Kinoshita da Silva
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: COME COM FARINHA?
Resumo: Maneiras de trabalhar a variação linguística nas aulas de língua portuguesa
vêm sendo discutidas há algum tempo. O objetivo deste trabalho é descrever e analisar
como a heterogeneidade linguística é trabalhada no início do Ensino Fundamental
156
Resumos de trabalhos
II, além das dificuldades enfrentadas por professores de escolas públicas do Pará
em ensinar língua materna valendo-se de uma perspectiva sociolinguística, visando
apontar possíveis soluções. A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo e a
bibliográfica, tendo por base autores como Bagno (2001), Bortoni-Ricardo (2004 e
2005), Scherre (2005) e Simões (2006), entre outros. Para a pesquisa de campo foram
entrevistadas 2 (duas) professoras que ministram aulas de Língua Portuguesa para
6° ano do Ensino Fundamental em uma escola de municipal de Ensino Fundamental
e Médio de Ananindeua, região metropolitana de Belém, ambas concluíram o curso
superior no final da década de 90 e atuam neste nível de ensino a um pouco mais de
4 anos, sendo que uma possui um curso de especialização Lato Sensu e a outra não.
Os dados coletados durante as entrevistas foram gravados, com a prévia autorização
dos sujeitos, e posteriormente transcritos para que então as informações fossem
comparadas e analisadas. A pesquisa em questão justifica-se devido à necessidade de
descrever como as variantes linguísticas presentes na escola e fora dela estão sendo
trabalhadas nas aulas de Língua Portuguesa no início do Ensino Fundamental II, nível
mais baixo de ensino no qual professores com graduação em Licenciatura Plena em
Letras podem atuar, o que significa que até iniciar este nível de escolaridade, durante
todo o resto da vida escola, o aluno teve sua aprendizagem linguística orientada por
profissionais de outras áreas como pedagogos e técnicos em educação.
Palavras-chave: ensino-aprendizagem de língua portuguesa; ensino fundamental;
heterogeneidade; variação linguística.
Luciana Martins Amoras
ENSINO-APRENDIZAGEM À DISTÂNCIA
Resumo: A temática desta pesquisa se centrará nos aspectos interacionais e
motivacionais, em cursos na modalidade a distância, mais especificamente no Curso
de Especialização Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa. Nesse sentido,
abordaremos os conceitos e características dos aspectos acima mencionados para,
então, podermos analisar de que modo isso se dá no citado curso. Nesse âmbito,
iremos analisar os aspectos linguísticos presentes na ferramenta fórum, de modo a
apresentar como essa interação ocorre.
Palavras-chave: Modalidade a distância; interação; Motivação; aspectos linguísticos.
Luciana Ornelas Martins Assis
OLHARES E LUGARES DA LITERATURA LATINO-AMERICANA
NA PÓS-MODERNIDADE
Resumo: É através do olhar que a vida, o mundo e o outro são por nós capturados,
apreendidos. Desta apreensão, surge o que somos, afinal, a Psicanálise nos ensinou
que a construção do eu se dá pelas relações de semelhança e de diferença com o
outro. Assim, a partir das reflexões que nos são propostas pela troca de olhares
entre o personagem-narrador e suas vítimas no conto Olhar, de Rubem Fonseca,
objetiva-se refletir como hoje, diante da emergência dos discursos das minorias e da
demanda cultural da Pós-modernidade, o intelectual latino-americano olha para a
cultura europeia e para a literatura canônica, baseando-nos, sobretudo, nos pareceres
de Antônio Cândido, Silviano Santiago, Ricardo Piglia e Jorge Luís Borges.
Palavras-chave: Literatura latino-americana; Cânone; Crítica Literária; Pós-modernidade.
157
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Luciano Fussieger
A ANTROPOFAGIA ENTRE A ESCRITA E A ORALIDADE,
O CASO DE BENEDICTO MONTEIRO
Resumo: O presente trabalho defende que, tomadas algumas obras da moderna
literatura brasileira, há a eclosão de uma escrita anômala, fundada num espaço entre
as esferas poéticas da escrita e as da oralidade. Pensa-se em textos como Grande
Sertão: Veredas, Sargento Getúlio, Verde Vagomundo, O Minossauro, Aquele
Um e A Terceira Margem do Rio; todos propondo uma escritura que forja um ato
comunicativo nos moldes orais. Todos arquitetam a narração de uma narração, ou
melhor, de um ato narrativo. Tal ato, praticado pela personagem central, encena na
escrita um ato performático, típico dos contextos poéticos da oralidade e de seus
agentes: os contadores de histórias. Nesse ato encenado, instaura-se, nos moldes
da oralidade, uma relação intersubjetiva. O EU construído na narrativa funda, em
relação ao seu discurso, um TU fictício que recebe o narrado e interagem com o
eu via presença presumida. Essa escritura “anômala” instaura-se como forma cujo
significado deve ser buscado no conteúdo construído e veiculado pelo discurso do
eu. De fato, é notório que nas obras citadas ganham voz personagens construídas sob
bases do imaginário popular. Tais personagens se constroem pelo seu discurso-teia
que é um tecer de citações de lugares, saberes culturais, falas regionais, os quais
circunscrevem um imaginário que cristaliza uma espécie de figura-mito (os jagunços
Riobaldo e Getúlio, na obra de Rosa e Ubaldo representando o Sertão e seu povo;
o caboclo Miguel representando a Amazônia e seu povo, na obra de Monteiro)
representada sempre pelo eu que se constrói no enunciado e que se contrasta, a título
de diferença, com o outro, o tu da enunciação.
Palavras-chave: Escrita; Oralidade; Escritura anômala.
Lucy Seki
LEVANTAMENTO DE NOMENCLATURA DA AVIFAUNA
E IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES
Resumo: O relato trata da experiência em trabalho de levantamento da nomenclatura
Kamaiurá de aves e identificação de espécies, feito como parte da elaboração de
dicionário bilíngue. Pontos principais a serem focalizados são: (1) apreciação crítica
de metodologia e procedimentos geralmente adotados nesse tipo de trabalho e (2)
argumentação sobre a importância de se levar em conta questões culturais e visão de
mundo dos falantes.
Palavras-chave: Kamaiura; aves; nomenclatura; metodologia.
Luís de Nazaré Viana Valente
O ORAL TAMBÉM SE ENSINA: MODOS DE ENSINO E APROPRIAÇÃO
DO GÊNERO EXPOSIÇÃO ORAL NA ESCOLA
Resumo: A finalidade deste trabalho é descrever e analisar uma experiência escolar
concreta e situada de ensino de Português, cujo objeto de ensino foi o gênero oral
formal público exposição oral (seminário). As atenções se voltaram para os modos
de ensino e apropriação do gênero seminário durante as produções e apresentações
realizadas por alunos da quarta série de uma escola municipal de ensino fundamental
da cidade de Cametá. A pesquisa foi do tipo qualitativa etnográfica-ação (MOITA
158
Resumos de trabalhos
LOPES, 2004). O processo da coleta de dados foi realizado a partir de duas gravações
transcritas de seminário baseada na ferramenta metodológica de Dolz e Schneuwly
(2004), chamado Sequência Didática, da qual o corpus selecionado foram duas
das seis etapas: a produção inicial e a produção final. As análises mostraram que o
procedimento “sequência didática” viabiliza o ensino do oral, e que, além disso, os
alunos se apropriam gradativamente dos gêneros orais formais, uma vez que estes
se constituem de várias fases, sendo necessária a mobilização de várias habilidades,
inclusive não-linguísticas como postura, gestos, dentre outros.
Palavras-chave: Gênero exposição oral; seminário; ensino da língua.
Luis Filipe de Andrade Sousa
BEHOLD THIS HARLOT HERE: DUPLA SUJEIÇÃO DE GÊNERO NO
CONTEXTO COLONIAL EM VISIONS OF DAUGHTERS OF ALBION,
DE WILLIAM BLAKE
Resumo: Neste trabalho, pretendo investigar como William Blake, poeta britânico
do início do século XIX, no poema Visions of Daughters of Albion (1793), representa
a voracidade e a auto-indulgência do imperialismo britânico utilizando metáforas
relacionadas à questão de gênero. Parto da hipótese que Blake, ao representar o
espaço geográfico americano como um espírito feminino, representa não só a
expropriação e exploração econômica violenta (sob a metáfora do ‘estupro’) das
colônias americanas pelo império britânico, como a situação de dupla sujeição da
mulher no contexto colonial; explorada pela autoridade colonial e silenciada por
um patriarcalismo igualmente violento. Para sustentar minha análise, me utilizo
do arcabouço teórico da teoria pós-colonial e pós-moderna, principalmente das
hipóteses de Gayatri Spivak (1999), a respeito do que ela chama de “axiomática
do imperialismo”, ou o conjunto de representações discursivas que sustentam o
projeto de “civilização-como-missão”, que constrói o Ocidente como provido de
“alma” ou subjetividade, diferente do Outro habitante da margem colonial. Assim,
minha leitura segue em busca da maneira pela qual Blake representa, através da
alegoria colonial do poema, os discursos associados a “axiomática” do imperialismo
e a maneira como ele representa a posição da mulher subalterna na cena colonial.
Como conclusão, defendo como Blake critica, a partir da emergência do discurso
subalterno da personagem mulher do poema (que rejeita seu lugar estereotipado tanto
na economia simbólica patriarcalista, quanto no discurso imperial), as construções
discursivas que sustentam a empreitada imperial britânica.
Palavras-chave: Literatura estrangeira; literatura inglesa; imperialismo; sujeição;
gênero.
Luiz Eduardo Neves dos Santos
A TOPONÍMIA LUDOVICENSE:
OS LOGRADOUROS CENTRAIS E SUA IDENTIDADE
Resumo: O trabalho apresenta uma discussão acerca da Toponímia dos logradouros
da cidade de São Luís, Estado do Maranhão, no que tange a sua mais antiga área de
ocupação, o centro, composto por onze bairros. Investiga-se historicamente, de que
forma estes topônimos foram formados e por que alguns deles permanecem e outros
não. A análise das relações existentes entre a linguagem toponímica e a identidade do
159
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
grupo que se apropria dela é outra questão que merece destaque no texto. Procura-se
atestar ainda que a nomeação dos logradouros é um traço cultural inquestionável, por
isso construtor e externalizador de identidades, mas também se constitui enquanto
uma estratégia de poder, representado pela instituição de leis por parte do poder
público, que determinam a maneira como acontecerá a nomeação. O objetivo da
pesquisa é manter viva a história dos topônimos, resgatando seus antigos nomes e
procurando entender quais as reais motivações que o grupo possui na sua relação
com o seu lugar de entorno. A metodologia de classificação dos topônimos é baseada
a partir da proposta de Dick (1999). São abordados ainda os aspectos quantitativos,
com aplicação de questionários por amostragem em todos os logradouros da área
centro de São Luís. E os aspectos qualitativos, que são enfatizados a partir dos relatos
orais gravados em áudio com moradores desta parte da cidade. A aquisição de dados
e fontes históricas foram também de extrema relevância para a pesquisa.
Palavras-chave: Toponímia; Identidade; Logradouros; São Luís.
Magdiel Medeiros Aragao Neto
METÁFORA REGULAR E TRANSLINGUÍSTICA
Resumo: Este trabalho aborda a metáfora sob a perspectiva de George Lakoff &
Mark Johnson (1980, 2002), que afirmam ser a metáfora um processo de compreensão
de uma coisa em termos de outra e que tal processo é cognitivo e, em muitos
casos, ao contrário do que já se supusera, regular. Em seguida, apresenta o Léxico
gerativo, teoria linguístico-computacional de semântica lexical, desenvolvida por
James Pustejovsky (1995), que visa a organização do uso criativo da polissemia
regular no contexto sentencial através de níveis de representação (estrutura de
argumentos, estrutura de eventos, estrutura de qualia e estrutura de herança lexical) e
de mecanismos gerativos (coerção de tipo, ligação seletiva, cocomposicionalidade).
Analisa, então, seguindo a perspectiva de Lakoff & Johnson, que em alguns casos a
metáfora, especificamente aquela em que entidades inanimadas recebem adjetivação
característica de seres animados − texto generoso / generous text / texte généreux e
mercado financeiro nervoso / nervous financial market / mérchand financer nerveux,
por exemplo −, é translinguística e, devido a sua regularidade, pode ser explicada por
meio da Teoria do léxico gerativo.
Palavras-chave: Metáfora; Léxico Gerativo; semântica.
Manoel Freire Rodrigues
O IMAGINÁRIO POPULAR NAS CRÔNICAS DE LIMA BARRETO
Resumo: De acordo com a sua concepção de literatura militante, Lima Barreto
rejeita, desde logo, os modelos fundados nos preceitos clássicos que sustentam a
retórica do “bom gosto”, pois só dessa maneira, segundo a sua visão, o escritor
poderia aproximar-se do cotidiano da população marginalizada, dando expressão aos
seus anseios, crenças e angústias. Essa “opção pelo popular” define, de certo modo,
a linguagem e os temas dos romances e contos de Lima Barreto, mas é numa série
de crônicas escritas já no final da vida do autor que o imaginário popular aparece
de forma direta, não apenas definindo os temas e a expressão, mas constituindo a
própria matéria do relato. O imaginário da população suburbana torna-se agora vivo
na escrita de Lima Barreto, seja através da incursão do autor pelos subúrbios do Rio
160
Resumos de trabalhos
de Janeiro, onde recolhe, no corpo a corpo com a população humilde, o material para
compor os seus textos, seja pela via da memória, que atualiza as histórias ouvidas
no passado. Este trabalho tem por objetivo analisar a presença do imaginário poular
em algumas crônicas de Lima Barreto, tentando compreender oi modo como as
histórias contadas pelo povo no anonimato das ruas migram para o espaço do texto
literário, tranfigurando-se na forma, porém conservando o seu caráter de resistência,
ao atualizar-se como expressão e permanência de traços da identidade nacional.
Palavras-chave: Lima Barreto; literatura; imaginário pupular; identidade.
Mara Rodrigues Tavares
AMARELO MANGA: O FILME EM CARNAVAIS BAHKTINIANOS
Resumo: A bissexualidade como fuga dos papéis sexuais rígidos e socialmente
impostos; a celebração do grotesco, das partes inferiores, como recusa de qualquer
visão puritana e como agressão provocadora da estética clássica e apolínea e a ideia
de inversões sociais e subversão dos valores são elementos que se apresentam no texto
fílmico Amarelo Manga e discutidas por Robert Stam no livro Bakhtin: da teoria literária
à cultura de massa. Logo, a proposta deste trabalho, é fazer uma análise na estrutura
narrativa do texto fílmico e seus aspectos temáticos, a fim de apontar alguns aspectos
do sujeito contemporâneo por meio dos personagens presentes no filme, sob o viés
teórico da perspectiva enunciativa de Mikhail Bakhtin, bem como, na análise estrutural
da narrativa de Rolam Barthes, observando, desta forma, a diversidade de sentidos e
sensações sinestésicas que provocam no leitor/espectador um redimensionamento de
suas percepções cognitivas e posicionamentos subjetivos.
Palavras-chave: Amarelo Manga; narrativa; carnavalização.
Marcel Franco da Silva
A DIALOGIA POLIFÔNICA PRESENTE NO CONTO O PRECIPÍCIO, DE
BENEDICTO MONTEIRO
Resumo: Este estudo tem como objetivo apresentar uma perspectiva dialógica e
polifônica do conto O Precipício, do escritor paraense Benedicto Wilfred Monteiro.
O Precipício é uma das sete narrativas presente no livro O Carro dos Milagres
que revela uma atitude explícita do relato oral e a transmissão de acontecimentos
singulares extraídos da experiência comum do homem do campo (o vaqueiro). A saga
do personagem principal, Miguel dos Santos Prazeres, figura presente na tetralogia
benedictina (Verde Vagomundo, O Minossauro, A Terceira Margem e Aquele
Um), inicia-se, pois, a partir do conto O Precipício. É importante salientar que os
elementos imagéticos e sonoros evidenciados no conto em questão estão coligados
a dialogia proposta por Mikhail Bakhtin. O Precipício está marcado pela presença
dos elementos discursivos, dialógicos, polifônicos e intertextuais (estilísticos) que
permitem um estudo mais acurado sobre a narrativa, como, por exemplo, a valorização
da figura paterna, a relação intertextual entre os contos O Precipício (Benedicto) e
A Terceira Margem do Rio (Guimarães Rosa), os saberes e a diversidade cultural na
Amazônia. Além disso, a narrativa benedictina apresenta características importantes
para os estudos linguísticos e literários, como o uso da linguagem metafórica, do
anaforismo, das composições por justa-posição, dos elementos da narrativa oral (a
próclise indevida, por exemplo), o emprego das falas regionais do caboclo paraense.
161
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Por fim, Benedicto Monteiro no seu fantástico conto O Precipício reinventa a língua,
compondo o cenário de uma narrativa lírica e épica, uma lição de luta e valorização
da diversidade cultural.
Palavras-chave: Dialogia; Polifonia; O Precipício; Benedicto Monteiro; Baktin.
Marcela da Silva Amaral
USING VOICETHREAD IN ENGLISH CLASSES
Resumo: This communication focuses on the teaching project presented as the final
paper of the Specialization in Linguistics Applied to the Teaching of English Language
Course held at the Universidade Federal do Pará. The project was developed as an
attempt to improve students speaking abilities through computer technology. The
project was applied for intermediate students at Cursos Livres, an extension language
course offered by the Federal University of Pará to its students and community.
Because of the experimental character of the project, the idea was to integrate an
Internet project to one of the units of the textbook they were using in class. Blended
learning is a keyword in this project. Blended classes are a combination of face-to-face
and on line classes. The use of web tools could motivate students to participate in class
because they had opportunities to speak in a virtual environment where they were able
to build their self-confidence in order to participate and consequently strengthen their
communicative competence through oral interactions. Blended classes can offer the
opportunity to have both virtual and face-to-face interactions by using a voice web
tool like the one it was used in the project: voicethread. The voicethread is a web tool
which combines any type of media: images, documents and videos and voice that can
be recorded through a microphone, telephone or webcam. It also allows text and audio
file. A voicethread allows people to make comments and share them with anyone.
Voicethread is easy to use and no technical knowledge is required.
Palavras-chave: blended learning; computer technology; voicethread.
Marcela de Lima Gomes
O USO DOS DIMINUTIVOS DERIVACIONAIS NO GÊNERO MÚSICA
Resumo: Neste trabalho, abordamos os morfemas diminutivos, no gênero música, a
partir da teoria derivacional. Ao contrário de algumas gramáticas que os considera,
como morfemas flexivos De acordo com Laroca (1994), os linguistas dividem a
morfologia em flexional e lexical. Baseado nisso, é que propomos uma análise
dos diminutivos derivacionais (nas três dimensões, afetiva, pequena e pejorativa)
no gênero música. Já que este trabalho se pauta no estudo do léxico, julgamos
necessário a definição de morfemas, isto é, unidades mínimas de significado. É
relevante para essa pesquisa, estabelecer a distinção entre a visão da gramática e
da noção linguística em relação ao grau, pois de acordo com a primeira, o grau dos
diminutivos é flexional enquanto a segunda, o considera, como derivacional. Tal
distinção é interessante, já que nosso objetivo é mostrar a relevância e o entendimento
da abordagem linguística, no que se refere aos diminutivos. Para o desenvolvimento
desta pesquisa, construímos um corpus, para a análise dos morfemas diminutivos
derivacionais, nas três dimensões. Nosso corpus é constituído de 11 (onze) amostras
a partir do gênero música. Além de estabelecermos a distinção entre a noção da
gramática e da linguística, mostramos também a diferença entre morfemas flexionais
162
Resumos de trabalhos
e morfemas derivacionais. Baseado nessa distinção é que esta pesquisa aborda o
grau dos diminutivos de acordo com a teoria linguística. Esta pesquisa contribuiu
para aprofundarmos assuntos que aparentemente parecem ser simples, mas que na
verdade trata-se de questões extremamente complexas.
Palavras-chave: morfemas; morfemas diminutivos derivacionais; morfemas
flexionais; gênero música.
Marcellus da Silva Vital
A LEGALIDADE DA VIOLÊNCIA EM
A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA
Resumo: A violência é um elemento que está intrinsecamente relacionado ao
universo rosiano, local em que o “direito codificado”, quase sempre, cede espaço
para os códigos e para as leis instauradas por aqueles que foram empossados pelo
prestígio social ou pelo uso da “violência legalizada”, ou ainda, pelo cumprimento
de “honrados” acordos interpessoais: coronéis, jagunços, bandidos, etc. Amparado
pela influência social — herança oligárquica deixada por seu pai —, o coronel Nhô
Augusto, personagem central de A hora e vez de Augusto Matraga, nono e último
conto de Sagarana (1946), faz da violência o seu instrumento de materialização dos
desejos e, também, seu elemento mantenedor do respeito e da aceitação social. Seu
comportamento arbitrário — que não respeita sentimentos e muito menos importa-se
com posicionamentos éticos —, torna-se uma constante, e não um desvio de regra,
em uma região onde a conduta violenta é quem dita as regras a serem seguidas.
Portanto, analisar os motivos legitimadores da violência no sertão de A hora e vez
de Augusto Matraga, é o objetivo do estudo proposto, tendo como embasamento
teórico, principalmente, a análise crítica desse conto de Guimarães Rosa, realizada
pelo antropólogo Roberto DaMatta.
Palavras-chave: Guimarães Rosa; violência; A hora e vez de Augusto Matraga.
Marcelo de Cassio Colares da Silva
RELAÇÕES DE PODER NA NARRATIVA OS ANÕES,
DE HAROLDO MARANHÃO
RESUMO: O objetivo da pesquisa consiste em analisar como o escritor Haroldo
Maranhão utiliza a linguagem para abordar a temática do Poder na sua narrativa: Os
anões. Recorreremos a um corpus teórico composto de escritos do filósofo Michael
Foucault, que no decorrer de sua obra se propôs a realizar uma genealogia do poder,
na qual defende a noção de poder como relação.
Palavras-chave: Literatura e filosofia; Haroldo Maranhão (Os anões); Relações de poder.
Marcelo Vieira da Silva Dias
RIO DE RAIVAS: LITERATURA, HISTÓRIA E PARÓDIA
EM HAROLDO MARANHÃO
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo analisar as relações entre literatura
e história na obra Rio de Raivas, de Haroldo Maranhão, sob o prisma do embate
entre o poder político, do braço do Estado, simbolizado pela figura de Cagarraios
Palácio, e o poder da imprensa, da palavra, retratado em Palma Cavalão, dono e
diretor do jornal Folharal. A ideia é encontrar no discurso paródico de Maranhão
163
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
os elementos que calcados, em maior ou menor grau, em uma realidade- esses
mecanismos e formas de discurso do autor, que são indicadores de seu projeto
estético e de sua representação dos grupos sociais contemplados nestas obras. A
paródia, em particular, será um elemento destacado nesta pesquisa, uma vez que este
discurso define o tom da narrativa de Rio de Raivas e de sua representação da cidade
e do embate retratados em suas páginas. Para a consecução desta pesquisa, será
necessário ter em vista a aproximação entre a Literatura e História, compreendendo
a primeira como, para além de fenômeno estético, como uma manifestação cultural,
e a segunda como um grupo de narrativas, dentre outras possíveis, que registram os
discursos de grupos sobre uma determinada sociedade.
Palavras-chave: Literatura; história paródia; Haroldo Maranhão.
Márcia Cristina Romero Lopes
GRAMÁTICA OPERATÓRIA E USO DA LÍNGUA:
ESTUDO SEMÂNTICO DO VERBO “QUEBRAR”
Resumo: Inscrito na Teoria das Operações Enunciativas, de A. Culioli, este artigo
consagra se, por meio da descrição do funcionamento do verbo “quebrar” no português
do Brasil, à questão da identidade semântica das unidades linguísticas e ao modo como
essa identidade apreende os diferentes valores semânticos observados em discurso. Ao
propor uma definição semântica de “quebrar” sustentada por um esquema operatório
invariante que se manifesta em seus empregos, suscitamos uma reflexão que, mais
do que explicar os sentidos verificados pelo verbo no uso da língua, permite integrar,
ao processo de construção de significação do enunciado, a sistematicidade inerente
ao funcionamento gramatical. Tomando como fundamento para a busca desta
identidade as formas linguísticas e nada mais, somos levados a nos posicionar em
prol de uma gramática de natureza operatória, visto ser a invariância característica
da referida identidade não só de ordem linguística, mas relativa à própria atividade
de linguagem, i.e. às operações que sustentam o processo do dizer. Respaldado por
manipulações do material empírico, que expõe as circunstâncias e restrições referentes
ao emprego do verbo em articulação com seus contextos de inserção, nosso trabalho,
além da apresentação desse modelo de identidade lexical, propõe se ainda a repensar
classificações usuais tais como as inspiradas em categorias primitivas, para as quais os
verbos são a priori verbos de estado, processo, acontecimento ou ação, para citar uma
das tipologias mais tradicionais, ou a natureza das expressões figuradas, apreendidas
comumente como ampliação da “significação própria” às unidades.
Palavras-chave: gramática operatória; identidade lexical; verbo quebrar.
Marcia Goretti Pereira de Carvalho / Raimunda Benedita Cristina Caldas /
Tabita Fernandes da Silva
A DÊIXIS ESPACIAL EM KA’APÓR E TEMBÉ
Resumo: Este trabalho tem por objetivo investigar a manifestação de algumas
noções dêiticas espaciais nas línguas Ka’apór e Tembé, ambas pertencentes,
respectivamente, aos ramos VIII e IV da família Tupí-Guaraní, (Rodrigues 2006),
observando como o sistema dêitico dessas línguas é organizado em sua estruturação
morfológica e sintática, bem como estabelecendo comparações entre os dois
sistemas. Observam-se as implicações semânticas relacionadas às manifestações
164
Resumos de trabalhos
dêiticas por meio das considerações obtidas pelas expressões que servem para
indicar as informações locativas nessas línguas. As línguas em estudo possuem uma
variedade de representações para expressar noções dêiticas espaciais, valendo-se do
uso de demonstrativos, dos auxiliares posicionais, bem como das posposições e das
partículas dêiticas, as quais contribuem nas estruturas frasais com noções de espaço
em relação às informações locativas, assim como de demarcações posicionais do
referente. Esta descrição fundamenta-se em princípios cognitivistas, bem como em
estudos já existentes sobre as línguas indígenas da família Tupí-Guaraní.
Palavras-chave: dêixis espacial; Ka’apór; Tembé.
Márcia Manir Miguel Feitosa
PAISAGEM E LITERATURA EM MIA COUTO: O VIÉS DA IDENTIDADE
Resumo: O presente trabalho se propõe ao estudo da obra do escritor moçambicano
Mia Couto, mais especificamente dos romances produzidos no período póscolonização. O enfoque convergirá sobre a categoria espaço, lida como paisagem
vivida, lugar de encontros e desencontros, de busca e abandono. Com base nas
reflexões suscitadas por Gaston Bachelard, em sua A poética do espaço, e em YiFu Tuan, renomado geógrafo chinês, autor de Topofilia: um estudo da percepção,
atitudes e valores do meio ambiente (1980), a análise estabelecerá um diálogo sui
generis entre a ciência geográfica e o universo literário naquilo que move a condição
humana: a sua identidade. Serão abordados, portanto, e aprofundados conceitos
como paisagem, cenário, espaço e lugar, com vistas à leitura da dimensão simbólica
e imaginária da Moçambique dos anos contemporâneos, mergulhada na língua
portuguesa e nos dialetos de seu povo.
Palavras-chave: paisagem; identidade; imaginário.
Marcilene de Assis Alves Araújo / Marcélia Silva Sales de Andrade /
Noélia Pereira dos Santos
LINGUAGEM E IDENTIDADE CULTURAL:
ESTUDO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS EM MUSICAS REGIONAIS
Resumo: Esse trabalho tem por objetivo o estudo das variações linguísticas ocorridas
em três canções regionalistas, sendo uma do Estado de Goiás e duas do Tocantins.
Pretende-se identificar aspectos da identidade cultural evidenciados por meio da
linguagem utilizada na construção desses textos. Desse modo, esse estudo desenvolvese de acordo com a Teoria Sociolinguística, considerando as variações linguísticas,
demonstradas nos processos de metaplasmos quanto à supressão, acréscimo e
substituição, por meio de uma análise quantitativa e qualitativa desses processos. É
demonstrado, também, o contexto histórico, geográfico e sociocultural, mostrando
suas diversidades e mudanças, responsáveis pela constante evolução da comunicação,
a partir da análise desses textos. O corpus de análise dessa pesquisa consta de três letras
de canções interpretadas por representantes da cultura rural tocantinense e goiana.
Por se tratar de uma pesquisa analítica, esse trabalho retrata as variações linguísticas,
buscando despertar o interesse dos jovens para uma aprendizagem contextualizada,
levando ao entendimento plural da cultura valorizada nos usos e costumes do Tocantins
e região. Dessa forma, o trabalho com as variações linguísticas, por meio de textos
musicais, torna-se uma estratégia de reconstrução teórica, seja de aspectos linguísticos,
165
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
seja da cultura como um todo. A linguagem e tema presentes nas letras selecionadas
para análise aproximam-se do meio vivencial da comunidade goiana e tocantinense,
caracterizando sujeitos da cultura rural e sertaneja. Nesse sentido, esse trabalho visa
contribuir para adequação do uso da língua de forma natural, estudando, identificando
e descrevendo as variações linguísticas no gênero canção.
Palavras-chave: Sociolinguística; Variações Linguísticas; Músicas Regionais.
Marcos de Almeida Matos
A COMISSÃO PRÓ-ÍNDIO E AS LÍNGUAS INDÍGENAS NO ACRE
Resumo: Esta apresentação faz um apanhado de parte dos trabalhos recentemente
desenvolvidos pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) com as línguas indígenas
no Acre. A CPI/AC vem, desde a sua fundação em 1979, trabalhando em parceria com
os grupos indígenas acreanos, criando processos formativos e educacionais voltados
para o fomento de uma autoria indígena. Trata-se da “promoção e emergência das
ações dos membros de sociedades indígenas como coletividades e indivíduos, no
cenário local e nacional. Eles buscam otimizar e difundir o uso da palavra oral e
escrita, do desenho, das imagens, inibidas e silenciadas na história das relações com
a sociedade nacional e com o Estado ao longo de cinco séculos” (CPI/AC, Proposta
Político Pedagógica e Curricular de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas
do Acre, 2007, p. 20). Ao longo desse trabalho, a equipe da CPI/AC tem se esforçado
para conceituar e explicitar as questões de política linguística envolvidas em sua
práxis, com o objetivo de conceber e programar uma política “pró-língua indígena”.
A partir de 2006, além do espaço dedicado às técnicas e teorias da alfabetização, e
aos estudos de línguas indígenas, os Cursos de Formação oferecidos pela CPI/AC
aos professores indígenas acreanos passaram a incluir a construção de uma pesquisa
sociolinguística, voltada para incentivar uma reflexão conjunta sobre o destino das
línguas acreanas. Esta apresentação tece algumas reflexões sobre questões surgidas
ao longo desse trabalho.
Palavras-chave: política linguística; sociolinguística; línguas indígenas no Acre.
Marcos dos Reis
PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE ATIVIDADES INTERCULTURAIS NA
AULA DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS
Resumo: A sala de aula é um espaço de encontro, de pensar o mundo, de problematizálo, dentre muitas outras coisas. Quando se trata de ensino de língua estrangeira, o
espaço físico é um detalhe se comparado à viagem que se pode fazer quando se
começa a conhecer e a aprender uma nova língua. Nesse ambiente não se ensina
somente o linguístico, mas também o cultural. Este relato de experiência tem o
propósito de apresentar o planejamento e a execução de aulas de português brasileiro
para estrangeiros com ênfase no cultural, principalmente quanto às regras sociais e
quanto aos aspectos folclóricos do Brasil e dos países de origem dos aprendentes.
Assim, por meio das exposições dos alunos e do professor, percebeu-se encontros e
conflitos entre as culturas presentes e que por meio de atividades interculturalmente
planejadas, pode-se chegar ao diálogo, sem abandonar convicções a hábitos.
Palavras-chave: atividades interculturais.
166
Resumos de trabalhos
Marcos Vinícius Scheffel
ÀS MARGENS DO JORNAL, ÀS MARGENS DO DIÁRIO
Resumo: Procuro analisar as relações entre as crônicas e os relatos do Diário
Íntimo de Lima Barreto em sua produção ficcional. Esses textos são vistos como
apontamentos da realidade histórica, política e social que o autor registra para depois
utilizá-los na feitura de seus romances. Desta forma revela-se o como que o autor
tinha um projeto literário, desfazendo-se a imagem de um escritor pouco preocupado
com as questões estéticas. Os referenciais teóricos utilizados passam pelos estudos de
Antonio Candido, síntese literária e processo social, e as obras de Walter Benjamin
que analisam as relações entre história e criação literária. O presente estudo é parte
de tese a ser defendida no Curso de Teoria Literária da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Palavras-chave: Lima Barreto; crônica; diários e suas relações com a produção
ficcional; crítica literária.
Marcos dos Reis Batista
ANÁLISE DO ASPECTO (INTER) CULTURAL EM UM MANUAL DE
PORTUGUÊS BRASILEIRO PARA ESTRANGEIROS
Resumo: O manual didático (MD) tem muitas funções no ensino-aprendizagem de
línguas. Uma delas é ser fonte de informação sobre a cultura dos países em que a
língua-alvo é a língua materna. Com isso, o MD se mostra como um campo importante
para as investigações no ensino de línguas em uma perspectiva ou abordagem cultural
e, também, intercultural. Assim, este trabalho tem como objetivo apresentar uma
pesquisa que tem como propósito expor uma análise sobre como a(s) cultura(s) é (são)
abordada(s) em um MD para o ensino do português brasileiro para estrangeiros. Nesse
MD, observamos e examinamos os assuntos e as atividades presentes, assim como
apresentamos os aspectos da cultura brasileira (estereotipada ou não) veiculados nele.
Por meio de pesquisa qualitativa, expomos as considerações diante da problemática
acerca do aspecto (inter) cultural no MD analisado. A partir dessa análise, entendemos
que a cultura brasileira, nesse manual, ainda apresenta características consideravelmente
informativas quanto ao cultural e traz poucas atividades que tratam do intercultural.
Além disso, os aspectos (inter) culturais não são rígidos, isto é, são dinâmicos conforme
a sua comunidade de fala, por isso o MD do aluno não tem como abordar todos os
aspectos da cultura brasileira a não ser de modo geral, entretanto, o MD pode ser um
instrumento delineador de um programa de ensino-aprendizagem. Consideramos que
mais pesquisas nessa área são necessárias, pois devemos pensar em outras maneiras
de explorar uma abordagem (inter) cultural satisfatória para o processo de ensinoaprendizagem de uma língua estrangeira ou segunda.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de Línguas; Material didático; Português
brasileiro; Cultura; Intercultura.
Marcus de Souza Araújo / Mônica Maria Montenegro de Oliveira
AS COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR NO ENSINO DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA INSTRUMENTAL
Resumo: O ensino-aprendizagem instrumental de línguas estrangeiras trouxe novos
conhecimentos e mudanças nas práticas de sala de aula no Brasil. Não obstante,
167
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
seu desenvolvimento trouxe vários mitos o que, talvez, tenha contribuído para que
essa área seja, hoje, vista com certo descrédito em alguns currículos da academia
(RAMOS, 2005). Assim, qualquer tentativa de tratamento adequado do tema
demandaria múltiplos olhares e detalhadas análises. Esta comunicação limitar-se-á
a tratar de alguns desafios e competências da formação de professores de línguas
no ensino instrumental brasileiro, assim como habilidades de ensino que são
exigidas/esperadas desse profissional diante das novas perspectivas que se abrem no
mercado como nas ambientações de sua realização. Serão, também, apresentados e
discutidos alguns princípios fundamentais da abordagem instrumental necessários
para a formação do professor e sua realização na prática de sala de aula, além de
desmistificar mitos construídos ao longo dos anos. Daí a necessidade de uma maior
visibilidade para políticas de formação de professores de língua instrumental já que
a formação docente é um processo complexo e contínuo.
Palavras-chave: abordagem instrumental; formação de professor; competências.
Maria Amélia Carvalho Fonseca
SELECIONAR LIVROS DIDÁTICOS PARA USO EM ESCOLAS DE
IDIOMAS: UMA TAREFA NADA FÁCIL
Resumo: Selecionar livros didáticos para uso em escolas de idiomas envolve muito
mais que o domínio do idioma a ser ensinado, a experiência do professor que assume
esta tarefa e a identificação do público-alvo. Segundo Cunningsworth (1995), um
bom modo de alcançar uma avaliação efetiva é levar em consideração que devemos
fazer perguntas apropriadas e saber interpretar as respostas obtidas. Entendemos que
estabelecer critérios objetivando avaliar livros didáticos traz múltiplos benefícios,
não somente para alunos e professores, como também para a instituição de ensino
na qual o livro é utilizado. Uma avaliação criteriosa irá evitar o risco de selecionar
um livro inapropriado o que poderá comprometer tanto o processo de ensino e
aprendizagem como a motivação de alunos e professores. Nesta comunicação
abordaremos alguns requisitos e critérios que poderão ser utilizados ao avaliar e
selecionar um livro didático antes de decidir adotá-lo.
Palavras-chave: livro didático; público-alvo; critérios.
Maria Auxiliadora Cunha Grossi
LEITURA LITERÁRIA E INFORMAÇÃO ESTÉTICA: POESIA E MÚSICA,
PALAVRA E VOZ
Resumo: A presente comunicação pretende suscitar reflexões sobre os processos
de recepção e interpretação do texto literário, tomando como base experiências
educativas teóricas e práticas, desenvolvidas no Brasil e na França. Nestes diferentes
contextos e realidades, diversas pesquisas investigaram práticas cotidianas com
a leitura de poesia, a palavra e a performance vocal, bem como o trabalho com
a palavra cantada em sala de aula e diferentes espaços de cultura e educação.
Buscando fundamentações sobre tais experiências estéticas, esta comunicação
pretende explicitar e fundamentar formas pelas quais a recepção e o prazer estético
desencadeiam um conjunto de estímulos que se voltam não somente ao objeto
artístico em si, mas a relações subjetivas, de experiência humana. Para tanto, tomarei
como base algumas abordagens hermenêuticas da teoria literária e da estética da
168
Resumos de trabalhos
recepção, buscando refletir sobre realidades interpretativas e experiências de leitura
que englobam novas concepções de interação entre obra e leitor, desempenhando
importantes funções na compreensão do fato literário.
Palavras-chave: Literatura; leitura; recepção; música; poesia; voz.
Maria Cristina Ataide Lobato
ATIVIDADES DISCURSIVAS DE PROFESSORES EM FÓRUM
EDUCACIONAL DE LICENCIATURA EM LETRAS
Resumo: Em um artigo que sintetiza algumas considerações sobre elementos
comunicativos que envolvem a maioria das atividades humanas, Bazerman (2006,
p.131) afirma que “a tipificação dos procedimentos verbais e a distribuição das
tarefas verbais – tais como quem pode dar as instruções sobre o trabalho e estabelecer
o seu ritmo – ajudam a organizar a atividade e as relações sociais dos vários
participantes”. Na tarefa de produzir discurso, essa organização processual e formal
das atividades, bem como os procedimentos que a cercam, tanto modelam o produto
discursivo final como enquadram a participação de cada pessoa naquele evento
discursivo. Assim, ao entrar nos complexos discursivos de um campo específico,
cada pessoa precisa aprender a lidar com aqueles meios e processos comunicativos
que medeiam a participação com outros. Neste trabalho, objetiva-se investigar, em
fóruns de discussão do Curso de Licenciatura em Letras (Habilitação em Língua
Portuguesa) da Universidade Federal do Pará, as diferentes ações e atividades
discursivas dos professores ao interagirem com os alunos. Desse modo, pretende-se
analisar as escolhas discursivas feitas pelos professores que retratam seus interesses
comunicativos e as pistas linguísticas e discursivas que sinalizam suas performances
interacionais, moldando seus papéis e relações e orientando suas percepções e
cognições individuais para a aprendizagem dos alunos. O exame da organização
discursiva desse campo de produção de conhecimento poderá oferecer subsídios para
compreender como os professores sinalizam e controlam a condução da interação no
discurso e assim compreender como os indivíduos agem em determinados espaços
comunicativos e como obtêm êxito na realização do trabalho disciplinar.
Palavras-chave: Linguística; Discurso; Educação a Distância.
Maria Cristina Macedo Alencar
REPRESENTAÇÕES DE MULHERES DO CAMPO SOBRE
O LETRAMENTO ESCOLAR
Resumo: A pesquisa que ora apresentamos investigou os processos discursivos de
constituição de identidade(s) de mulheres do campo não escolarizadas Procurouse refletir sobre a representação que essas mulheres fazem do letramento escolar
e de suas relações com práticas de leitura. O trabalho de campo efetivou-se pela
observação das práticas sócio-discursivas através das quais essas mulheres (re) criam
a realidade (CERTEAU,1994). O paradigma indiciário norteou os procedimentos
de registro e análise dos dados coletados em campo (acampamento do MST/PA)
por meio de conversas informais, entrevistas semi-esquemáticas, além de pesquisa
bibliográfica sobre o MST, Educação do campo e letramento. A análise nos mostrou
que a identidade destas mulheres é construída a partir de representações que têm de
si como pessoas que não frequentaram a escola, condição que é representada sempre
169
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
como falta, incompletude, prevalecendo em suas representações uma concepção de
letramento acima das práticas situadas, tal como preconiza a escola que só valoriza as
práticas de leituras individuais, indiciando uma concepção de letramento autônomo
(Street apud Kleiman, 1995). Os resultados nos mostram, portanto, que a identidade
não é um dado fixo, inerente ao sujeito, mas (re) construída na relação social, é
cambiante, dependendo da posição sócio-histórica em que se encontram os sujeitos
na relação com o seu Outro. As diferentes práticas de leitura nas quais as mulheres
estão inseridas no acampamento não são identificadas ( por elas) como processos
sociais dos quais tomam parte ativamente em seu cotidiano, prevalecendo em seus
imaginários um grau zero de letramento.
Palavras-chave: Identidade; Educação do Campo; Letramento.
Maria Eulália Sobral Toscano
O JOGO DA POLIDEZ NAS INTERAÇÕES VIRTUAIS.
Resumo: As atividades humanas, em suas variadas esferas, têm suscitado a emergência
de uma quantidade inumerável de formas sociocomunicativas que se constituem nas
práticas sociais do dia-a-dia, revelando, assim, a natureza dinâmica da sociedade. Nesse
sentido, “a língua penetra na vida através dos enunciados que a realizam, e é também
através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua” (BAKHTIN, 1992, p.
282). E a vida da era cibernética penetra na língua, por meio do surgimento de situações
de interlocução possibilitadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Navegar
por mares nunca dantes navegados, para estabelecer/estreitar laços sócio-afetivos com
o outro, constitui atividade de linguagem que se tem disseminado no mundo virtual.
Essas trocas corteses instauram estruturas de participação (GOFFMAN, 1979) cujo
formato de recepção é complexo, tanto na dimensão da relação da alocução, quanto na
dimensão do valor pragmático do enunciado. Os arranjos interlocutivos, que então se
constroem, colocam à mostra o esforço do produtor do texto para lidar com o desejo de
dizer ao outro sobre sua estima e consideração, cuidando, contudo, para não “avançar”
demasiadamente nos “assuntos” desse outro. Mais ainda, demonstram o desejo de
deferência e de reforço de seu “outdoor pessoal”, conforme depoimentos de internautas.
Este trabalho investiga, portanto, como se estabelece esse jogo da polidez em interações
virtuais, com base na análise do status de participação (GOFFMAN, 1979) dos sujeitos
do evento discursivo. É uma investigação de cunho empírico-indutivo, construída na
confluência da Análise do Discurso em Interação, da Sociolinguística Interacional e da
Pragmática.
Palavras-chave: Interação virtual; polidez; estrutura de participação.
Maria da Guia Taveiro Silva
A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO NA INTERAÇÃO ENTRE PESSOAS DE
COMPETÊNCIAS COMUNICATIVAS DISTINTAS
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir a construção de sentido
no discurso de pessoas com competências comunicativas visivelmente distintas no
uso da linguagem em diferentes situações. A análise centra-se em dois fragmentos
de discursos envolvendo interlocutores com formação linguística diferente. Para
tanto nos valemos da semântica discursiva como aporte metodológico. Os dois
fragmentos mostram a interação discursiva de uma senhora com um médico e de
170
Resumos de trabalhos
um senhor com o médico em uma consulta. Os dois falantes pacientes são de origem
rural e os episódios ocorreram em duas consultas médicas distintas. A análise está
relacionada à construção de sentido estabelecida entre os interlocutores, mostrando
a importância do contexto partilhado para a construção e significação da linguagem.
Nesse contexto, tanto a cultura, o acesso a bens culturais, como a escrita, quanto as
relações de poder são variáveis determinantes para a construção de sentido.
Palavras-chave: sentido; língua materna; variação; discurso.
Maria de Fátima Ribeiro da Rocha
PROFESSORES E SUAS PROVAS: CONCEPÇÕES DE LETRAMENTO
NA FORMAÇÃO DE PROFESSOR
Resumo: Nessa dissertação, objetiva-se demonstrar em que medida a formação do
professor, suas crenças e seus letramentos incentivam o aluno a superar suas limitações
em relação ao ensino da leitura e da escrita. Por meio da observação de enunciados
de provas, objetiva-se, também, verificar se as práticas letradas acumuladas pelo
professor de Ensino Superior ao longo de sua trajetória estão presentes em sua prática
cotidiana. Para tanto, na parte teórica visa-se estabelecer os fundamentos de conceitoschave no estudo da linguística, tais como: língua, linguagem, leitura, letramento,
enunciado e gênero. A análise foi realizada com 18 enunciados de provas, de seis
diferentes professores de uma instituição de Ensino Superior de Belém do Pará. Os
enunciados das provas analisados revelam professores ainda presos a velhos padrões
de avaliação, que, por sua vez, apontam para concepções tradicionais de língua,
linguagem, leitura e letramento. Isso significa que esses docentes, responsáveis pela
formação das novas gerações de professores, ainda não assimilaram a noção de língua
como entidade viva, sempre em transformação, construída em um determinado
contexto histórico-social, em que todos os enunciadores são igualmente importantes
e em que existe respeito por todas as modalidades (da oral à escrita) e normas (padrão
e popular). Tal rigidez na concepção de língua materna, pelos docentes pesquisados,
tem raiz nas suas práticas letradas e em sua vida como alunos. A análise dos enunciados
revela, também, vários professores com posturas intermediárias, ora tendendo para
as concepções tradicionais, ora buscando alternativas contemporâneas, o que, por
sua vez, demonstra que existe vontade de mudança. Esse desejo de mudança, no
entanto, pode ser tolhido por variados fatores, como a falta de formação continuada,
a ausência de materiais de apoio, tanto didáticos, quanto paradidáticos, e/ou condição
de trabalho abaixo da ideal. Há também professores que superam práticas antigas de
letramento e conseguem oferecer a seus alunos vivência atualizada de um letramento
que considera a vida social em seu escopo.
Palavras-chave: gêneros discursivos; letramento; formação de professor.
Maria do Perpétuo Socorro Dias Pastana
PENSANDO A POESIA NA ESCOLA
Resumo: Este estudo pretende analisar como os alunos da sexta série do Ensino
Fundamental se apropriam do gênero Poesia em situação de produção oral e escrita.
A pesquisa foi fundamentada em uma concepção dialógica da linguagem tendo como
referencial teórico o estudo do gênero por meio de sequências didáticas proposto por
Dolz & Schneuwy. A partir dessa observação, foi possível planejar atividades com
171
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
o objetivo de desenvolver competências para a leitura/produção deste gênero, por
meio de uma sequência didática, no período de um bimestre escolar. A análise da
produção oral e escrita dos alunos sobre o gênero foi feita com base em elementos
que constituem este gênero. As atividades, desenvolvidas em sala de aula, tinham
como objetivo dotar os alunos de competências para uma melhor produção do
gênero, prevista como atividade final, após a sequência didática. Assim foi possível,
por meio da comparação entre a primeira e a última produção textual, observarmos
que houve mudanças importantes.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Língua portuguesa; Dialogismo, Gênero
discursivo; Sequência didática.
Maria do Rosário Girão Ribeiro dos Santos
RUMO A UMA POÉTICA INTERARTES...
Resumo: Haverá, porventura, suporte mais relevante para o mito literário do que
as artes figurativas? Longe de se reduzirem a meras ilustrações, elas conferem-lhe,
como texto outro, uma expressão inédita, passível de esclarecimento de um qualquer
detalhe que a versão literária negligenciou. Assim é que a iconografia esteve, desde
os tempos primordiais eliadianos, ao serviço da mitologia... Suportes não literários,
as inter-artes, que não deixam de se assumir, no âmbito dos estudos comparatistas,
como um veículo essencial de expansão e de modernização incessantes do mito,
tendem para os jogos interactivos, praticando um sincretismo por vezes brutal e
amalgamando substratos míticos heterogéneos. Não tenderia a especificidade da
literatura a delir-se paulatinamente se não fosse esta globalização da cultura e esta
universalização de uma linguagem plural?
Palavras-chave: Interartes; mitologia; cultura.
Maria do Socorro Pereira Lima
OBJETOS DE LEITURA: PARA QUÊ E PARA QUEM?
Resumo: Este artigo se insere nos estudos relacionados à leitura no Brasil e ousa
mostrar o resultado de um piloto realizado para a qualificação da dissertação de
mestrado na linha de Saberes Culturais e Educação na Amazônia, do Mestrado
em Educação da Universidade do Estado do Pará, que investiga objetos, práticas
e dizeres de leitura num espaço não escolar: o centro comercial de Belém- Pará.
Ainda em andamento, a investigação tem como sujeitos-leitores os trabalhadores
ambulantes que vivem, trabalham e constroem conhecimento nesse espaço discursivo.
A problemática da pesquisa está fundamentada nas práticas cotidianas de leitura
que permanecem controladas pela escola, que as reduz, as limita, ao privilegiar
apenas o livro didático como suporte de leitura, esquecendo, assim, do sujeitoleitor. Trata-se de um estudo do tipo etnográfico, cujo encaminhamento teórico está
pautado em autores que fundamentam seus estudos à luz da história cultural. Os
procedimentos metodológicos para a produção dos dados do piloto foram gerados
por meio da observação, seguida de entrevistas e registros fotográficos, e analisados
na perspectiva da Análise do Discurso.
Palavras-chave: objetos de leitura; práticas de leitura; educação.
172
Resumos de trabalhos
Maria do Socorro Simões
UM PERCURSO DE HISTÓRIA, MEMÓRIA E TRADIÇÃO
DA NARRATIVA ORAL
Resumo: O trabalho tem como objetivo mostrar a indiscutível importância sóciocultural e literária da narrativa oral, cujas manifestações e finalidades variam de
acordo com as circunstâncias, o que exige tanto do contador maneiras particulares
de relatar suas histórias, o que permitiu o surgimento de várias espécies narrativas,
quanto exige de nós, estudiosos do gênero, um esforço redobrado para tornar os
estudos, nesta sub-área, reconhecidos, na academia, em igualdade de destaque e
importância já amplamente alcançados pela literatura canônica. Vale referir que essa
diversidade narrativa promove o contato com ideias que acabam por constituir o
patrimônio cultural da humanidade. Assim sendo, destaque-se que a convivência
com a literatura oral amplia o conhecimento de mundo e da própria história do
homem. Os trabalhos, por conseguinte, encarregar-se-ão de traçar, também, um
breve histórico dos caminhos percorridos pela oralidade, com realce para narrativas
orais da Amazônia paraense.
Palavras-chave: narrativa oral; memória; cultura e imaginário.
Maria Eneida Pires Fernandes
A REALIZAÇÃO VARIÁVEL DA PALATAL LH
NOS ESTADOS DO AMAPÁ E PARÁ
Resumo: Este estudo aborda a variação do fonema palatal /lh/ em sete cidades do
estado do Pará e duas do Amapá, localidades que constituem ponto de inquérito do
Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) – Região Norte. A metodologia baseia-se
na Sociolinguística Quantitativa e no método Geolinguístico. O corpus analisado é
composto de 915 dados extraídos da fala de 44 informantes, estratificados socialmente
em idade, sexo, escolaridade, localidade e estado; consideraram-se também critérios
linguísticos que podem condicionar a variação de /lh/. Os resultados obtidos apontam
o uso quase categórico da variante palatal lateral [lh] nas nove cidades pesquisadas.
Palavras-chave: Palatal; Variação fonética; Geo-sociolinguística.
Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa
DOS LAGOS DA LUNDA AO MAR DE ITAPARICA –
UMA GEOGRAFIA IDENTITÁRIA
Resumo: O presente ensaio busca evidenciar em Luiji – O nascimento dum império,
de Pepetela, e Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, a questão da construção
identitária de que os dois romances dão conta. O espaço geográfico – a Lunda e
Luanda, do lado angolano, e o Recôncavo baiano, sobretudo, do lado brasileiro,
trazido para a ficção, é substancial para a construção das identidades angolana e
brasileira veiculadas pelas personagens Lueji, Lu e Maria da Fé. “Donzelasguerreiras”, elas portam como símbolos de poder o lukano, a rosa de porcelana e
a araçanga. Com características próprias,marcadas sobretudo pela diferença, elas
irmanam-se no cumprimento da missão que cada uma delas tem de cumprir, como
um dos princípios que regem a personalidade da donzela-guerreira. Enquanto Lueji
e Maria da Fé elegem o povo como prioridade dessa missão, Lu encarrega-se de
resgatar, no passado, os elementos essenciais que lhe permitam por em cena um
173
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
bailado, metáfora da construção da identidade nacional com base na diversidade.
Palavras-chave: literatura angolana; literatura brasileira; diversidade cultural;
identidade nacional.
Maria Helena Rodrigues Chaves
O GÊNERO SEMINÁRIO ESCOLAR: SER OU NÃO SER UM OBJETO
DE ENSINO? EIS A QUESTÃO...
Resumo: Este estudo é uma reflexão acerca das práticas tradicionais de ensino
de língua portuguesa construídas ao longo de nossa carreira na educação básica.
Partimos do pressuposto de que há mais à sombra do trabalho do professor do que
tem sido visto pelos estudos que se limitam aos procedimentos da denúncia e da
receita. Tendo por base teórica, os pressupostos de Bakhtin (1997, 2003), Chervel
(1998), Schneuwly (2000; 2001, etc.) e seus colaboradores, implementamos uma
pesquisa de cunho colaborativo-etnográfico junto a uma turma de alunos de primeiro
ano de ensino médio de uma escola pública da periferia de Belém. Tal pesquisa
consistiu na realização de duas sequências didáticas – uma sobre o gênero escrito
crônica e outra sobre o gênero oral seminário escolar – em que procuramos, a partir
da observação dos modos como professora colaboradora e alunos tomaram esses
dois gêneros, analisar o lugar que o gênero seminário ocupa no contexto escolar
enquanto objeto de ensino. Uma das reflexões a que chegamos sugere que o ensino
dos gêneros orais não tem tradição em nossas escolas, mas o diálogo entre a escola
e a academia muito pode contribuir, para que esses gêneros adquiram o estatuto de
objeto de ensino-aprendizagem em nosso país.
Palavras-chave: trabalho docente; ensino-aprendizagem; gêneros discursivos;
dialogismo.
Maria Lourdilene Vieira
A QUESTÃO DOS GÊNEROS HÍBRIDOS: CONSIDERAÇÕES
A PARTIR DE UMA ANÁLISE DE CASOS EM GÊNEROS PROMOCIONAIS
Resumo: Neste trabalho, partimos de considerações da literatura de gêneros de
discurso, utilizando dentre outros, Bakhtin (2003 [1979]), na definição de gêneros
como tipos relativamente estáveis de enunciados e na classificação entre gêneros
primários e secundários; Bazerman (2005) com a concepção de linguagem como
forma de ação social, sendo os gêneros que organizam essas ações. Na abordagem
da questão dos gêneros híbridos, tomamos por base Koch (2007 [2006]) e
Marcuschi (2008) que definem o fenômeno, respectivamente, como hibridização ou
intertextualidade intergêneros e intergenericidade; consideramos ainda Bhatia (1997)
quando trata de mistura ou imbricação de gêneros, nos gêneros promocionais. A
partir de um corpus formado por textos publicados em revistas com casos de gêneros
híbridos e que divulgam marcas, produtos etc., analisamos como se dá a construção
do sentido do texto pautada em mais de uma estrutura genérica, considerando que o
texto geralmente é definido como um todo significativo construído em satisfação de
um propósito comunicativo e que é esse propósito comunicativo que direciona o uso
de um padrão genérico em detrimento de todos os outros. No entanto, apresentamos
casos que apresentam padrões genéricos num único texto, casos em que o mesmo
texto apresenta propósitos comunicativos, diferentes funções. Assim, consideramos
174
Resumos de trabalhos
que, na propaganda ou nos textos que visam à promoção ou divulgação de algo, a
criatividade é um fator fundamental para a própria repercussão que o texto deverá
ter na sociedade, sentidos cada vez mais diferentes são construídos, baseados em
lógicas interessantes e originais voltadas para um público amplo e diversificado.
Palavras-chave: Gênero híbrido; Gênero promocional; Propósito comunicativo;
Sentido.
Maria Lucilena Gonzaga Costa
JORNAL GAZETA OFFICIAL E A (IN)FORMAÇÃO DO LITERÁRIO NA
BELÉM DO SÉCULO XIX
Resumo: A chegada da Imprensa ao Brasil colaborou significativamente para a
liberdade de expressão e a Independência dos brasileiros. Com surgimento do
Romantismo, escola literária que propunha a originalidade dos temas nacionais e
a valorização da cor local, instaurou-se o romance-folhetim entre nós. Importado
inicialmente da França, o romance-folhetim motivou os escritores brasileiros a
escreverem e publicarem suas obras em capítulos de jornais. Na província do Pará,
vários jornais auxiliaram na expansão da leitura e divulgação do conteúdo literário,
entre eles, há que se destacar a atuação da folha Gazeta Official, publicada entre
1858 a 1866. Nesse sentido, o objetivo desta comunicação é fazer a divulgação do
material literário encontrado na Gazeta, a fim de estabelecer sua importância para a
(in)formação do literário na Belém do século XIX.
Palavras-chave: Jornal Gazeta Official; Literatura; Leitura.
Maria Luiza Teixeira Batista
JULIO CORTÁZAR: UM ANTROPÓFAGO LATINO-AMERICANO?
Resumo: Neste trabalho temos a intenção de apresentar uma leitura da obra de Julio
Cortázar à luz de dois críticos brasileiros, Haroldo de Campos e Silviano Santiago.
No seu texto Da razão antropofágica: diálogo da diferença na cultura brasileira,
Haroldo de Campos retoma o conceito de antropofagia literária de Oswald de
Andrade, ampliando sua aplicação para o resto da América Hispânica. Campos
entende a antropofagia na sua dialética entre o local e o universal; denomina os
escritores latino americanos como novos bárbaros, devoradores de ouras literaturas e
culturas, antropófagos que se nutrem do alheio para fortalecer sua própria literatura.
Neste sentido, Julio Cortázar também é considerado um destes novos bárbaros que se
apropriou do legado cultural universal em busca de uma maneira própria de expressão.
Pensando no caminho que o escritor latino-americano percorreu nesta busca, vemos
que Silviano Santiago também encontrou no escritor latino-americano a presença do
antropófago literário que aqui mencionamos. Santiago entende o conceito de leitura
como um convite a praticar a escrita. O escritor latino-americano se transforma em
um devorador de livros e suas leituras estimulam seu processo de criação e é o
principio organizador da sua obra. Como é sabido, a leitura sempre esteve presente
na vida de Cortázar, por este motivo, afirma não temer que reconheçam a presença
de outros escritores nos seus textos, pois muitas de suas leituras ficaram, de uma ou
outra forma, sedimentadas na sua escrita; suas preferências literárias e sua erudição
se refletem na sua literatura.
Palavras-chave: Antropofagia; Julio Cortázar; Haroldo de Campos; Silviano Santiago.
175
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Maria Mônica Ramos de Melo
O DISCURSO MACHISTA NO FORRÓ PÉ DE SERRA
Resumo: Este trabalho é parte de um projeto mais amplo intitulado As construções
do sentido da violência das práticas culturais do Sertão Central do Ceará que é
uma proposta de investigação das práticas discursivas e práticas sociais da violência
vivenciadas no Sertão Central do Ceará. Nosso objetivo é analisar os processos
semânticos discursivos de nomeação e designação de gênero para entender como
a prática cultural do forró “pé de serra” reifica sentidos para formas de violência
cotidiana. Queremos mostrar como a mulher é representada nessas práticas culturais,
no entanto, para isso começaremos com a sua historicidade, assim, buscamos entender
esse discurso tradicional no qual a figura feminina é sempre inferior. Podemos
observar nas letras das músicas que o homem exerce autoridade total sobre a mulher
camponesa, representada como submissa isso ocorre porque a nossa sociedade tem
sustentado um discurso de discriminação a mulher. Nosso objetivo é fazer uma análise
deste discurso para que possamos refletir como esta imagem feminina foi construída
e estar presente no nosso cotidiano. A cultura também tem um poder de construir
imagens, pois as pessoas são influenciadas diretamente pelo seu conteúdo. Utilizamos
como aparato teórico e metodológico a pragmática (WITTGENSTEIN, 1988) e a
análise do discurso crítica (FAIRCLOUGH, 1992, 2003). Os dados coletados até o
momento nos levam a entender que a linguagem corporifica a violência através dos
atos de fala de nomeação e designação que constroem e reivindicam identificações
tradicionais para homens e mulheres do campo, legitimando ideologias machistas.
Palavras-chave: ideologia; cultura; forró; discurso.
Maria Rita Santos
MARCAS DE IRONIA NO JORNAL DE TÍMON, DE JOÃO LISBOA
Resumo: A ironia se irrompe do ajustamento entre atitude/situação. Por serem
ramos do mesmo tronco, os diversos processos de expressão irônica guardam um
traço comum – a evocação da ideia do riso ou do sorriso (sub-riso). Sem poder ser
diferente, o riso e o sorriso têm uma função social na proporção em que correspondem
a algumas exigências da vida em comum, de onde resulta a significação cultural
e ou as dimensões sociais. A ironia tem assim a sua marca social permeada pela
base cultural. O riso é uma ação polivalente, porque proporciona ao homem assumir
várias posições face ao mundo. Assim sendo, observa-se bem marcada/demarcada a
ironia por Tímon, no seu Jornal-pretexto com base cultural, política e social.
Palavras-chave: ironia; Jornal de Tímon; Cultura.
Maria Stella Faciola Pessôa Guimarães
CHICO BUARQUE QUERIA SER GUIMARÃES ROSA
Resumo: Muitas letras da MPB (Música Popular Brasileira) de Chico Buarque
travam enlevado diálogo com a cultura literária, fruto da sólida formação intelectual
do autor – filho do historiador e crítico literário Sérgio Buarque de Holanda. Desde
a infância e a mocidade, Chico sempre viveu cercado de livros e conviveu com
personalidades como Antonio Candido, Vinicius de Moraes, Rubem Braga, Afonso
Arinos, Manuel Bandeira, Antônio Houaiss e Antonio Callado. Na criação de Chico
Buarque de Hollanda, é comum encontrarmos vestígios e referências de obras de
176
Resumos de trabalhos
Dante, Baudelaire, Walter Benjamin, Platão, Goethe, Sófocles, Eurípides, Fernando
Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Brecht, Neruda, Nelson
Rodrigues, Gonçalves Dias e Guimarães Rosa, por exemplo. Assim, uma forma de
promover ou incentivar a leitura da literatura é partir da MPB de Chico, tirando
proveito da penetração trivial da música e da emoção que ela provoca nas pessoas.
É um caminho possível para o gaio cruzamento popular / erudito. Esta apresentação
traça paralelos entre Chico Buarque – especialmente com a análise das letras de Pedro
pedreiro, Todo sentimento, Assentamento e Imagina – e a multissignificação rosiana
que universalizou o regional e reinventou a literatura brasileira. A concatenação
Chico / Rosa objetiva ampliar as leituras da MPB de Chico e, ao mesmo tempo, recuar
intimidações de leitores diante de Guimarães Rosa – e sua fama de escritor difícil e
intransponível –, através do desfrute do prazer de comparar e associar ideias.
Palavras-chave: Chico Buarque; Guimarães Rosa; MPB.
Maria Zilvania Gomes Rabelo
A PARTICIPAÇÃO DE RAQUEL DE QUEIROZ
NO PRIMEIRO TEMPO MODERNISTA DO CEARÁ
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir o contexto do primeiro
tempo modernista no Ceará do início do século XX, contextualizando a produção
literária cearense dos anos 20 e 30. Inicialmente temos como fontes primárias os
exemplares de Maracajá, encarte cultural do jornal O Povo que circulou em abril e
maio de 1929 e a folha autônoma Cipó de Fogo (1931), bem como o livro O canto
Novo da Raça (1927), que demonstram bem as forças múltiplas que formaram o
modernismo cearense. Entre os autores que tiveram participação nas manifestações
modernistas, analisaremos a contribuição da escritora cearense Raquel de Queiroz
procurando entender o corpo poético por ela utilizado, como se deu sua atuação na
folha modernista e qual a sua proposta de regionalismo para um fator dinâmico local
na chamada dialética do universal e do particular. Utilizando como aparato teórico
o pensamento de Antonio Candido, visamos contextualizar um dos momentos
decisivos do sistema literário brasileiro, buscando compreender, sob uma perspectiva
sociológica e literária, as principais manifestações do primeiro tempo modernista nas
diversas regiões do país, em especial, no Nordeste e, mais especificamente no Ceará.
Com isto, pretende-se acrescer à bibliografia existente ensaios que reconheçam a
cultura oral na prática modernista no Ceará.
Palavras-chave: Modernismo; Regionalismo; Cultura oral.
Mariana Samos Bicalho Costa Furst
AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO COMO GRANDES ALIADAS
DAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo: Vivemos em uma época de constantes mudanças, sabemos que as novas
tecnologias levam nossos alunos a lerem cada vez mais os novos gêneros produzidos
pela mídia. Em vista disso, acreditamos existir uma grande necessidade de buscar
um novo rumo às aulas de Língua Portuguesa. Dessa forma, cabe ao professor
estar atento aos novos produtos da mídia e ser capaz de oferecer “óculos” a fim de
que seus alunos consigam compreender e questionar as novas fontes de leitura. O
presente artigo objetiva defender a importância de se trabalhar infográficos em sala
177
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
de aula a fim de desenvolvermos habilidades em nossos alunos para que se tornem
cidadãos letrados.
Palavras-chave: Infográficos; leitura; gêneros textuais; letramento.
Maricilde Oliveira Coelho
ENTRE LIVROS E LEITORES: O LIVRO ESCOLAR ALMA E CORAÇÃO
Resumo: Com a expansão da escola primária no Brasil, em meados do século XIX,
cresce a produção e venda de livros específicos para a escola, ou livros escolares. O
estudo desses livros permite ao pesquisador observar qual o projeto proposto para
a formação da infância brasileira. O objetivo desta comunicação é analisar o livro
de leitura Alma e Coração, do paraense Higino Amanajás, que teve cinco edições
publicadas entre 1900 e 1905, e era destinado aos alunos do segundo ano do curso
primário elementar, como suporte de consolidação dos valores morais e cívicos
necessários às novas gerações da recente sociedade republicana.
Palavras-chave: História Cultural; História da Educação; História do Livro Didático.
Marilia de Melo Costa
ALUNOS GERENCIANDO A SALA DE AULA: UM CAMINHO POSSÍVEL
Resumo: Este trabalho visa mostrar um caminho para o gerenciamento de uma sala de
aula pelos próprios alunos. Nossa proposta é um ensino que se volte à autonomização
do aluno, ou seja, um ensino que fomente a autonomia, de acordo com o conceito
de autonomia veiculado em Benson (2001) de que ela é “a capacidade de controlar
seu próprio processo de aprendizagem” e pode ter vários aspectos, por isso “em
outras palavras, aceita-se que autonomia seja uma capacidade multidimensional que
toma diferentes formas para indivíduos diversos, e até para o mesmo indivíduo, em
diferentes contextos ou em épocas diferentes” (BENSON, 2001, p.47). Seguindo
essa ideia, propomos um caminho para fomentar a autonomia do aluno por meio da
possibilidade de ele gerenciar a sala de aula em certos momentos, decidindo o que
fazer, como fazer e por que fazer determinada atividade, com o auxílio do professor
para alcançar esses objetivos. Partimos da teoria desenvolvida por Scharle e Szabó
(2000) e Dam (2003) para construirmos nossa proposta. Pretendemos mostrar um
caminho possível dentre múltiplos outros que existem.
Palavras-chave: Língua Portuguesa; Autonomia; Ensino; Aprendizagem.
Marilia de Nazare de Oliveira Ferreira
ASPECTOS DO SISTEMA DE MARCAÇÃO DE CASO EM PARKATÊJÊ
Resumo: A língua Parkatêjê apresenta distintos padrões em seu sistema de marcação
de caso. Com verbos intransitivos, observa-se uma cisão condicionada pela natureza
semântica das raízes verbais. Verbos cujas raízes são semanticamente ativas ocorrem
com a série de pronomes livres da língua, enquanto que os verbos não-ativos ou
estativos ou descritivos ocorrem com a série de pronomes dependentes. Dependendo
do tempo e do aspecto verbal, verbos transitivos ocorrem com diferentes tipos de
pronominais, forma do verbo também distinta morfologicamente e uma partícula
que recai sobre o sujeito A da oração, marcando-o como argumento ergativo, quando
a língua opera no sistema Ergativo-Absolutivo, a saber, no tempo passado e aspecto
completivo. São essas situações que o presente trabalho pretende discutir.
Palavras-chave: Parkatêjê; marcação de caso; tempo; aspecto; sintaxe.
178
Resumos de trabalhos
Marília dos Santos Borba
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: A LEITURA DOS GÊNEROS TEXTUAIS
COMO PROPOSTA DE LETRAMENTO
Resumo: Este artigo, de natureza exploratória e bibliográfica tem como tema central
a utilização da teoria dos gêneros textuais nas aulas de língua estrangeira em escolas
públicas brasileiras com o propósito de letramento. Apresenta reflexões acerca da
importância do trabalho da leitura nas aulas de línguas, enfatizando o papel social
da mesma, como instrumento primordial para a formação de cidadãos com postura
crítica e participativa. A fim de despertar o interesse dos profissionais de educação
desta área para novas formas de pensar e melhorar a sua prática pedagógica faz-se
uma abordagem teórica dos conceitos dos Gêneros Textuais, no intuito de mostrar
a sua relevância e utilização nas aulas de leitura em Língua Estrangeira, e o de
Letramento, a fim de enfatizar a sua importância no contexto social. Em seguida,
um paralelo entre os temas gênero textual, letramento e a função social da leitura
destacam como essas abordagens estão correlacionadas ao ensino de língua inglesa,
bem como o papel fundamental do professor no processo de ensino-aprendizagem.
Após as discussões, o texto busca reforçar a necessidade do profissional de língua
estrangeira em redimensionar os possíveis caminhos a serem seguidos com o objetivo
de contribuir de forma significativa para o letramento dos sujeitos aprendizes.
Palavras-chave: Gênero Textual; Letramento; Leitura; Língua Inglesa.
Marília Fernanda Pereira de Freitas
REVISITANDO OS VERBOS EM PARKATÊJÊ: QUESTÕES RELEVANTES
PARA UM ESTUDO MORFOSSINTÁTICO
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo central apresentar algumas das
principais características de verbos da língua parkatêjê. A comunidade Parkatêjê
vive no Km 30 da BR-222, na reserva Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins.
O referido estudo constituiu-se a partir dos dados presentes em Ferreira (2003) e
consulta ao material contido em seu acervo, o qual também contém dados de Araújo
(em diferentes momentos de sua pesquisa com a língua parkatêjê), sendo este estudo
constituído a partir de pesquisa bibliográfica. O tema foi escolhido por haver uma
necessidade de se aprofundar os estudos nesta língua, já que são poucos os trabalhos
linguísticos descritivos feitos sobre o parkatêjê. Inicialmente, tentar-se-á definir o
termo verbo, a partir da perspectiva de autores como Payne (1997), Lyons (1979),
Schachter (1985), Lehmann (1981) e Givón (1984); em seguida, será mostrada uma
visão panorâmica das principais características das línguas pertencentes ao tronco
Macro-Jê, tronco linguístico do qual faz parte a língua em estudo, com base em
Rodrigues (1999) e Ribeiro (2006); as principais características da língua parkatêjê
serão apresentadas em seguida, com base em Ferreira (2003); por fim, as principais
características dos verbos nessa língua serão focalizadas, ainda com base em Ferreira
(2003).
Palavras-chave: Verbos; língua indígena; tronco Macro-jê; Parkatêjê.
Marília Pinheiro Ribeiro
A CONSTRUÇÃO DE IDEOLOGIAS MACHISTAS
NA PRATICA CULTUAL DO FORRÓ
179
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Resumo: Este artigo é parte de um projeto de pesquisa mais amplo intitulado As
construções dos sentidos da violência nas praticas culturais do Ceará, tendo como
objetivo focalizar novas possibilidades de investigar e teorizar a linguística, enfatizando o
papel do linguista e a contribuição para a vida social. De forma especifica procuro analisar
a constituição identitária do sexo masculino na prática cultural do forró. Utilizando
como aparato teórico-metodológico a Análise do Discurso Crítico (CHOULIARAK e
FAIRCLOUGH, 1999, FAIRCLOUGH, 1989, 1992, 2003, RESENDE e RAMALHO
2006) para questionar de que maneira as nomeações e designações de gêneros contidas
no forró naturalizam e legitimam ideologias machistas. Partindo da ideia de que as
praticas culturais do Nordeste têm manifestado uma expressiva e crescente forma de
violência tanto física como simbólica, percebemos escolhas linguísticas que violentam
o próprio ato de fala, construindo sentidos negativos para homens e mulheres. A
analise sócio-discursivo nos permite depreender que o perfil identitário dos homens
presentes nas letras de forró baseia-se numa visão machista e estereotipada, reforçando
relações de poder, uma vez que, inferioriza a mulher, designando o sexo feminino
como submisso e vulgar.
Palavras-chave: ADC; Cultura; identidade; atos de fala; violência.
Marilucia Barros de Oliveira
MAPEAMENTO GEO-SOCIOLINGUÍSTICO DA VARIAÇÃO DE /L/
NO ESTADO DO PARÁ
Resumo: Trata o presente trabalho da realização variável de /l/ diante segmentos
vocálicos anteriores altos a partir de dados do falar paraense, mais especificamente
da palatalização de /l/. A orientação teórica adotada está de acordo com a Teoria
da variação e mudança linguísticas. Utilizou-se a metodologia da Sociolinguística
Quantitativa (LABOV, 1972). A ferramenta utilizada para o tratamento estatístico
foi o pacote de programas computacionais VARBRUL. Foram avaliados dados que
resultaram da aplicação do questionário fonético-fonológico a 32 falantes, sendo
oito de Belém, quatro de Bragança, quatro de Altamira, quatro de Almerim, quatro
de Soure, quatro de Marabá e quatro de Jacareacanga; todos paraenses e filhos de
pais paraenses. Na capital foram entrevistadas quatro pessoas de ensino superior
e quatro de ensino fundamental (quatro homens e quatro mulheres). Nas demais
localidades foram entrevistados apenas falantes de ensino fundamental, sendo
dois homens e duas mulheres em cada município. Os resultados fornecidos pelo
instrumental computacional revelam a significativa ocorrência de palatalização no
espaço paraense, resultado que difere do encontrado nos outros espaços brasileiros.
Palavras-chave: Geo-sociolinguística. Palatalização. Variação.
Marinei Almeida
ORALIDADE E ESCRITA NA POESIA DE MANOEL DE BARROS
Resumo: Propomos nesta comunicação algumas reflexões sobre a relação oralidade
e escrita em poemas do escritor brasileiro Manoel de Barros, reconhecido,
atualmente, como um dos mais originais do país. O trabalho poético de Manoel
de Barros resulta de uma constante experimentação poética, tendo como objetivo
maior atingir o fôlego primeiro do nascimento de uma palavra. Tal trabalho é
centrado, sobretudo, na criação de novas palavras, no reaproveitamento e resgate
de outras em desuso, e por vezes no aproveitamento da linguagem oral e costumes
180
Resumos de trabalhos
culturais da região pantaneira, espaço que comparece, em grande parte da obra desse
poeta brasileiro, como motivo de reflexão poética. Dessa maneira, a atenção deste
trabalho recairá, sobretudo, na leitura da obra Livro de Pré-coisas (1985), a qual
apresenta “releituras” de lendas e costumes da cultura oral, bem como da regional.
Apresentaremos, portanto, uma leitura de alguns elementos que comparecem nessa
obra, os quais julgamos importantes, no que concerne à discussão sobre oralidade e
escrita na poesia do poeta brasileiro Manoel de Barros.
Palavras-chave: Manoel de Barros; poesia; oralidade; escrita.
Marinilce Oliveira Coelho
A CRÍTICA LITERÁRIA: NOVOS HORIZONTES
Resumo: A crítica literária no Brasil, após 1945, fortalecia e ampliava o movimento
modernista iniciado nas décadas anteriores. Uma crítica que abriu espaço para o
debate da interpretação da literatura em seus mais diferentes gêneros textuais. Discutia
sobre a descentralização do espaço literário nacional, sobre a literatura regional e a
universal, as correntes filosóficas, sociológicas e culturais que ressoavam na literatura
da época. No Pará, o suplemento Arte Literatura (1946-1951), encarte dominical,
do jornal “Folha do Norte”, publicou artigos de críticos já reconhecidos, como por
exemplo: Alceu Amoroso Lima, Álvaro Lins, Brito Broca, Lúcia Miguel Pereira,
Otto Maria Carpeaux, Sérgio Milliet, Sérgio Buarque de Holanda, Roger Bastide
e Wilson Martins. Entre os integrantes locais nomes, como o de Francisco Paulo
Mendes, Benedito Nunes, Cleó Bernardo, Rainero Maroja e de autores como Bruno
de Menezes, Cécil Meira e Haroldo Maranhão. O objetivo desse estudo é analisar a
crítica literária divulgada neste suplemento e verificar a construção histórica de uma
crítica dedicada ao conhecimento e à elaboração do fazer literário.
Palavras-chave: crítica-literária; história literária; literatura do pós-guerra.
Marisa de Assis Souza
A REPRESENTAÇÃO TÍPICA DA POBREZA SOCIAL NA PROSA
BRASILEIRA DO OIAPOQUE AO CHUÍ
Resumo: A representação típica da pobreza social na prosa brasileira do Oiapoque ao
Chuí Marisa de Assis Souza (USP) Este estudo visa descrever a relação entre literatura
e a representação típica da pobreza social na prosa brasileira. Em alguns romances,
embora o discurso econômico esteja amenizado, não há uma separação definitiva das
consequências do sistema capitalista. Não se trata de autores regionalistas, mas da
inclusão da pobreza nas páginas literárias, às vezes, mais como parte da paisagem
humana. Em alguns como compromisso ideológico, do que qualquer outra coisa, em
outros, uma desabafo da condição em que vivenciou. Isto é, se pensarmos os anos
1930 em diante e mais contemporaneamente, é possível verificar que, às vezes, às
tentativas de ficcionalizar a pobreza, no geral, soam pouco verossímeis. Entre eles,
Erico Verissimo (O tempo e o vento), Carolina Maria de Jesus (Quarto de despejo),
Paulo Lins (Cidade de Deus), Miltom Hatoum (Relato de um certo Oriente / Dois
irmãos) – há um com um olhar e uma realidade social diferente. Desse modo, a
reordenação da tradição literária brasileira mostra-se empenhada e interessada, em
que o literato é também um historiador, um sociólogo.
Palavras-chave: Compromisso; desabafo; paisagem; pobreza; sociedade brasileira.
181
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Mariza Andrade Guedes Alves
O PROFESSOR FOMENTADOR DE AUTONOMIA:
UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA EJA
Resumo: Este artigo constitui-se de uma pesquisa-piloto sobre autonomia, em
especial, a construção da Autonomia pelo professor de Educação de Jovens e
Adultos (EJA), tema de que nos ocupamos em nossa dissertação de mestrado na
área do ensino-aprendizagem. Pretendemos, com essa reflexão inicial feita a
partir do questionário de Dam (2003), verificar se os professores desse nível de
ensino têm consciência de que a sua prática se encaminha ou não em direção a
Autonomização do Aprendente. Os resultados obtidos, por meio das respostas dos
professores, acreditamos servirão de base para se pensar o contexto, que reveste às
atitudes didáticas do professor, aproximando-as ou distanciando-as das condições de
desenvolvimento da autonomia.
Palavras-chave: Autonomia; EJA; trabalho docente.
Max de Souza Pinheiro
A BIBLIOTECA DIGITAL E OS ESTUDOS LITERÁRIOS E CULTURAIS
NA AMÉRICA LATINA
Resumo: Registro da importância da Biblioteca Digital Ayacucho no processo ensino/
aprendizagem da Literatura e da Cultura Hispano-Americanas no Instituto Natureza
e Cultura, no município de Benjamin Constant, fronteira com o Peru e a Colômbia.
Relata como se utilizou a biblioteca digital venezuelana para suprir a carência de
obras impressas no Brasil. Objetiva afirmar o quão útil é o texto digital livremente
disponibilizado na internet e discutir a possibilidade da criação de uma biblioteca
digital da Literatura da Amazônia Brasileira. Parte da experiência como docente
no curso de Licenciatura Dupla em Letras: Português e Espanhol, da Universidade
Federal do Amazonas, discutindo os conceitos de Literatura e Cultura HispanoAmericanas, expondo as dificuldades em obter no Brasil obras Hispano-Americanas
produzidas entre os séculos XVI e XIX para, finalmente, apresentar a iniciativa do
governo venezuelano em disponibilizar gratuitamente o acesso por meio da internet
a versões digitalizadas de várias dessas obras. Conclui com uma reflexão sobre a
necessidade de se democratizar o acesso a obras seminais da Literatura da Amazônia
Brasileira, não sem antes discutir tal conceito.
Palavras-chave: Biblioteca; Literatura; Cultura; Hispano-Americana; Amazônia; Internet.
Melissa da Costa Alencar
A VISUALIDADE NA OBRA DE MAX MARTINS
Resumo: O presente trabalho levanta a hipótese de considerar o poeta Max Martins
como pioneiro da visualidade na Amazônia. Buscamos através das suas poesias e
colagens avaliarmos a interface de um poeta sendo paraense, mas de linguagem
universal. Desenvolvemos a partir do percurso traçado pelo poeta tratar historicamente
do movimento modernista e sua desenvoltura no processo de rupturas, apresentamos
os principais expoentes do Modernismo. Outro movimento é o Concretismo e o
seu desenlace na nova forma de ler um texto. Tratamos também dos três pilares
do movimento concreto: Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos, possível
influência espacial da poesia de Max Martins. Logo a seguir falamos no parentesco
182
Resumos de trabalhos
da poesia com a fotografia, pintura, publicidade e artes plásticas, tendo como ponta de
lança as teorias de Philadelpho Menezes, poeta multimídia; Lúcia Santaella; e Piere
Lévy, teóricos que irão abordar conceitos da poesia intersigno, da simultaneidade e
a descompartimentalização da leitura.
Palavras-chave: Poesia e Arte; Colagem; Poesia Visual; Max Martins.
Mílton Ribeiro da Silva Filho
QUANDO “FRITAR” E PORQUE “DAR CLOSE”? UM OLHAR SOBRE A
SOCIABILIDADE E A FORMAÇÃO DE IDENTIDADES LGBT EM BELÉM
Resumo: Proposta de trabalho acerca das formas de sociabilidade e formação
de identidades LGBT’s através da análise das gírias amplamente utilizadas pela
comunidade: o bajubá. Estruturou-se o trabalho a fim de acompanhar a dinâmica
dos grupos e suas formas de sociabilidade nos “locais de pegação”. Estabelecer
uma conexão entre as referências simbólicas e a realidade da comunidade LGBT
foi o ponto de partida para construção teórica do trabalho, pois a partir desta relação
constatou-se que a utilização das gírias faz parte do rito de passagem – compondo
a “saída do armário” – para inclusão na “cosmovisão gay”. O bajubá demonstra
a marginalização que assombra esses indivíduos, pois o mesmo nasce a partir da
tentativa de se protegerem, entretanto, ele transpõe a barreira da homonormatividade,
quando passa a fazer parte do cotidiano heterossexual, e, uma vez que isso acontece
há modificação semântica dos vocábulos/expressões.
Palavras-chave: Identidade; Bajubá; Sociabilidade; Homossexualidade.
Naira Augusta Pedroso de Sousa
POLIFONIA NO HIPERTEXTO: UMA ANÁLISE DISCURSIVA
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo abordar a importância de se trabalhar
com o hipertexto, em ambiente escolar, no desenvolvimento de trabalhos voltados
para a leitura, a partir de uma concepção de língua como lugar de interação; visto
que a situação da leitura é amplamente discutida pelos estudiosos da linguagem,
assim como também, é objeto de grande preocupação no que se refere à maneira
como torná-la mais prazerosa e atrativa, especialmente no âmbito educacional. O
desenvolvimento de leitores críticos, capazes de ler qualquer texto e de desenvolver
leituras produtivas, é um desafio que se apresenta ao profissional de Letras. Entendese, para tanto, a necessidade de se criar novas formas de trabalhar com o texto, a fim de
alterar a lamentável realidade de indivíduos que não encontram prazer na atividade da
leitura, contribuindo na formação de leitores mais críticos e conscientes. Na pesquisa
bibliográfica desenvolvida, foi analisado um hipertexto eletrônico, com uma temática
polêmica: o aborto, abordando os aspectos discursivos existentes, como as formações
ideológica e discursiva, a polifonia, o sujeito e a construção do sentido. Visando
contribuir para a reflexão de práticas educacionais referentes à leitura hipertextual,
abordaremos, nessa pesquisa, aspectos relevantes dos estudos sobre a Análise do
Discurso e a Polifonia, a fim de mostrarmos em que medida esses conhecimentos
podem ajudar na produção da leitura de hipertextos.
Palavras-chave: Hipertexto; Análise do Discurso; Polifonia.
183
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Natália Cristine Prado
HAPLOLOGIA NA FORMAÇÃO DE PALAVRAS
DAS CANTIGAS DE SANTA MARIA
Resumo: O objetivo deste trabalho é observar o fenômeno de haplologia que ocorre
na formação de palavras em português arcaico. Este estudo é realizado a partir de um
corpus constituído das 420 Cantigas de Santa Maria, de autoria do rei Afonso X de
Castela (cf. Mettmann, 1986, 1988, 1989, 1972). A partir deste corpus, analisamos a
haplologia que ocorre nos nomes deverbais formados através da adjunção do sufixo
–çon. Segundo Crystal (2000 p.137), haplologia é um termo da fonologia que indica
a “omissão de alguns dos sons que ocorrem em uma sequência de ARTICULAÇÕES
semelhantes”. No geral, a literatura sobre o assunto considera o fenômeno como a
queda total de uma sílaba, como vemos em Leal (2006, p.44): “A haplologia é um tipo
de redução em que há apagamento total de uma sílaba, se estiver adjacente a outra e se
seus segmentos forem iguais ou semelhantes”; e Tenani (2002, p. 137): “A haplologia
é definida, portanto, como sendo um processo em que há a queda total de uma silaba”.
Pudemos perceber observando os casos de haplologia que o traço [+coronal] está
sempre presente nas sílabas que são suprimidas na formação do derivado, assim
como também está presente na consoante /s/ do sufixo. Esses dados indicam que este
fenômeno ocorre por conta do Princípio do Contorno Obrigatório (PCO ou OCP em
inglês) que, segundo Cagliari (1997, p.14), é um princípio que “obriga a não ocorrência
de seguimentos iguais e adjacentes” num determinado contexto fonológico.
Palavras-chave: Cantigas de Santa Maria; Fonologia; Haplologia.
Nataly de Moura Silva
POVO INDÍGENA: MITO DA TEORIA DE ROUSSEAU OU
LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA CULTURAL?
Resumo: Esse artigo tem como objetivo fazer um traçado do cotidiano indígena
numa perspectiva sociocultural e no paralelo estético-literário, utilizando o gênero
poesia em trans-semiose com a música “um índio” do cantor e compositor, Caetano
Veloso. Observamos na pesquisa realizada, a recepção dos textos em uma comunidade
indígena do Agreste de Pernambuco, assim como é dado o procedimento de políticas
públicas de leitura nessa área, no que diz respeito, ao incentivo à produção escrita ou
literária na língua falada entre os sujeitos. Posteriormente, comparamos os resultados
em oficinas de leitura com discentes do segundo ano do ensino médio da rede estadual
da região metropolitana da cidade do Recife, desmistificando a visão eurocêntrica do
povo indígena para a humanística e crítica a qual o ratifica na formação da sociedade
brasileira e o revela na pós-modernidade.
Palavras-chave: Poesia; Estética da recepção e Leitura.
Nayara da Silva Camargo
ASPECTOS FONOLÓGICOS DA LÍNGUA TAPAJÚNA-GORONÃ
Resumo: A pesquisa tem como principal objetivo a descrição de aspectos da fonologia
da língua Tapajúna-Goronã (Tronco Linguístico Macro Jê, Família Jê) e, dessa forma,
contribuir para um entendimento mais detalhado sobre a fonologia da referida língua.
Com isso, ofereceremos subsídios para a classificação da mesma dentro do Tronco
Linguístico Jê, além de permitir estudos mais seguros sobre o funcionamento interno
184
Resumos de trabalhos
das estruturas gramaticais da língua, tais como aspectos morfológicos, sintáticos e
pragmáticos. Resultados preliminares apontam para um inventario fonético de 20
vogais, (10 orais e 10 nasais) e 22 consoantes. A pesquisa insere-se na área de estudo
de línguas indígenas, mais especificamente na análise, descrição e documentação
das línguas naturais. Apresenta a metodologia a ser seguida no trabalho de campo
(tais como viagens para coleta e análise de dados), orientações teóricas utilizadas
para análise e interpretação desses dados. Espera-se obter o máximo de rigor com a
especificação de cada etapa do trabalho (tanto na identificação de fonemas, quanto
no estudo dos ambientes em que eles se apresentam), de modo que haja consistência
na análise dos dados coletados da língua. Verifica-se que a pesquisa realizada com
a língua Tapajúna-Goronã é necessária para que possamos descrever e documentar
a língua com segurança, pois sabe-se que o estudo de aspectos da fonologia é
primordial para uma sequência de estudos da gramática de qualquer língua, uma vez
que proporciona subsídios para a realização de estudos mais abrangentes, no que diz
respeito à fonética-fonologia, morfologia, sintaxe, semântica, pragmática.
Palavras-chave: fonologia; descrição; línguas indígenas.
Nelivaldo Cardoso Santana
ATIVIDADE DE COMPREENSÃO COM POEMAS NO LIVRO DIDÁTICO DE
5ª. SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo: O objetivo deste trabalho é realizar uma breve reflexão acerca das atividades
de compreensão com poemas contidas no livro de língua portuguesa de 5ª. série
do Ensino Fundamental intitulado Português: construindo consciência, das autoras
Celina Diaféria & Mayra Pinto (2006). O critério utilizado para análise foi perceber
a concepção de linguagem adotada pelas autoras e a relação dessa concepção com
as atividades de compreensão com poemas. Os resultados apontam que o livro
contempla uma diversidade significativa de gêneros textuais, entre eles os poemas,
como um grande aliado para o ensino aprendizagem de língua em sala de aula, mas
não rompem com os modelos tradicionais de ensino.
Palavras-chave: compreensão; poema; gênero textual e livro didático.
Nelma do Socorro Santana Queiroz
AS PRÁTICAS VOLTADAS PARA A MOTIVAÇÃO E AUTONOMIA DOS
APRENDENTES NA LEITURA E ESCRITA EM LÍNGUA MATERNA
Resumo: A considerar que todo e qualquer processo de ensino/aprendizagem tem
como foco o aluno e, por conseguinte, toda a prática do professor de línguas tem
por finalidade o desenvolvimento das habilidades e competências comunicativas do
mesmo, argumenta-se em favor de um elemento motivacional que os favoreçam.
Sendo assim, optou-se por voltar o olhar, neste trabalho, para o papel do professor
enquanto agente estimulador da autonomização do aluno, visto que tal trabalho versa
sobre uma intervenção didática desenvolvida com alunos da quinta série numa escola
da rede estadual de ensino do Pará. O procedimento foi realizado paralelamente aos
estudos sobre autonomia e motivação na disciplina Tópicos avançados do Mestrado
em Linguística, na Universidade Federal do Pará, disciplina esta que serviu de suporte,
juntamente com os pressupostos de Schneuwly e Dolz (2004), para o desenvolvimento
da sequência didática realizada com esses alunos. A intervenção didática teve como
185
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
impulso a problemática de leitura e escrita dos alunos da referida série e a dificuldade
dos professores em trabalhar com tais alunos que estavam em estágio avançado de
repetência. O desenvolvimento do procedimento didático não teve como foco apenas
o despertar para a motivação dos estudos em si, mais que isso, procurou-se voltar
atenção para a competência oral e escrita, bem como para o incentivo da leitura, o que
culminou na produção do livro Nossos poemas de autoria dos próprios alunos.
Palavras-chave: práticas docentes; autonomia; motivação; leitura; escrita.
Nelma Silva Milhomem
PARATOPIAS LITERÁRIAS
Resumo: Estudo comparativo entre a novela Buriti / Noites do sertão, de Corpo de
baile (1956) de Guimarães Rosa e o poema-canção Assentamento (1997), da discografia
de Chico Buarque, com base nos pressupostos da estética do posicionamento como
referência teórica para a análise da narrativa de nação contida no diálogo entre os
dois textos, em seus respectivos contextos de enunciação – a Primeira República e
a atualidade. O estudo visa aproximar aspectos ligados aos conflitos inerentes à
inserção do homem brasileiro na dimensão social de uma estrutura econômicopolítica que manteve resquícios do colonialismo lusitano e cujas transformações
decorrentes do avanço do capitalismo no Brasil e na América Latina provocaram a
desestruturação da vida provinciana e rural, tratados sob diferentes pontos de vista nas
duas obras. Tais conflitos, embora enunciados por diferentes olhares – o do “narrador /
agregado” da família patriarcal de Buriti e o do “eu lírico” do migrante / camponês em
“Assentamento” – e a partir de diferentes linguagens ficcionais, uma em prosa e outra
em versos, trazem ao leitor / ouvinte / espectador da realidade brasileira contemporânea
a densidade da visão de mundo de nossos artistas que, mesmo pertencendo a diferentes
gerações, conseguiram fazer a “fusão de horizontes” preconizada pela teoria literária e
introduzindo novas possibilidades de interpretação.
Palavras-chave: Paratopia; Buriti; Guimarães Rosa; Assentamento; Chico Buarque.
Nildecy de Miranda Bastos
SAMARICA E KAROLINA: MUSAS DO OLIMPO SERTANEJO
Resumo: A cultura urbana, no Brasil, tende a desvalorizar a poesia oral, principalmente a originada entre as camadas populares, confundindo-a com folclore. Assim
é que, muitas vezes, uma arte que não é novidade para a maioria dos brasileiros
continua a provocar reações de estranhamento. Insistindo na ideia de que a arte deve
ser buscada em manifestações orais, Zumthor salienta que um número crescente
de artistas se engaja numa busca dos valores perdidos da voz. A partir destas
ideias, retomam-se duas narrativas orais de Luís Gonzaga, para lançar luz sobre
a espontaneidade com que Luiz Gonzaga se apresenta, através de uma expressão
onde o elemento poético está efetivamente envolvido. Seus versos se preenchem
de vocalidade, e o prosaico, dentro deles, toma forma poética, traduzindo, além de
aspectos sociais, aquele lugar que, segundo Paul Zumthor (1997), “só se nomeia
por metáforas: fonte, fundo, eu, vida...”.
Palavras-chave: poéticas orais; literatura popular; cancioneiro gonzaguiano;
literatura e performance.
186
Resumos de trabalhos
Nilma do Socorro Nogueira Machado
CONTRADIÇÕES E ENCONTROS EM AUTOBIOGRAFIAS: MARCAS
LINGUÍSTICAS NA FORMAÇÃO IDENTITÁRIA DO PROFESSOR DE
LEITURA EM LÍNGUA MATERNA
Resumo: O presente trabalho, na área de Linguística Aplicada, aborda uma pesquisa
etnográfica com dados autobiográficos de seis professores de uma escola da rede pública
municipal de ensino de Belém. O estudo objetivou identificar as marcas linguísticas
que evidenciam o sucesso ou insucesso do professor de Língua Materna, bem como
confrontar a relação entre seus propósitos e a forma de agir docente, suas crenças
e valores. Os corpora da pesquisa constituem-se de narrativas autobiográficas e um
questionário, cuja análise, visou observar como esses professores de Língua Materna
de ciclo inicial do Ensino Fundamental percebem sua formação inicial/continuada, a
partir de suas lembranças dos primeiros passos rumo à escola, até constituir-se professor.
Considerando o uso da linguagem no processo de reflexão da trajetória profissional, os
dados coletados foram analisados ancorando-se na perspectiva do letramento, buscando
interpretar o processo de construção do conhecimento, a formação docente com base
no conceito de ethos, ideologia e posicionamento. Os dados demonstraram: as marcas
linguísticas que evidenciam o sucesso do ensino de leitura dos sujeitos pesquisados,
nos enunciados em que constam as circunstâncias nas quais essas práticas ocorrem,
questão que não ficou evidente no relato de um dos sujeitos; os ethé emergem de
acordo com o posicionamento dos sujeitos nas práticas discursivas; os sujeitos refletem
a questão ideológica que permeia as relações em contextos sócio-histórico, implicando
no aspecto contraditório que revela a não homogeneidade existente em todas as pessoas.
Assim, o estudo possibilitou um entendimento dos significados relativos à constituição
do sujeito e de sua identidade profissional.
Palavras-chave: Construção identitária; Formação Continuada; Letramento.
Nilsa Brito Ribeiro
SENTIDOS DE LEITURA DE EDUCADORAS E EDUCADORES DO CAMPO
Resumo: Assumimos nesta reflexão uma concepção de linguagem assentada
no princípio do dialogismo e da alteridade, conforme postula Bakhtin (1988),
compreendendo que a linguagem não se origina nem no sujeito nem na sistematicidade
da língua, mas na interação orientada pela história e pela ideologia. Desta concepção
resulta a compreensão de que a leitura também não resulta de uma prática solitária e
individual, mas do entrecruzamento de discursos em circulação e da posição que o
sujeito ocupa na esfera social. Centrando suas bases nesta concepção de linguagem, este
trabalho objetiva analisar sentidos de leitura que educadores e educadoras do campo
constroem sobre o seu próprio percurso formativo, considerando o ato de rememorar
experiências como espaço possível de re-criação e construção de novos saberes.
Palavras-chave: Linguagem; Discurso; Leitura.
Nilton Varela Hitotuzi
EDUCAÇÃO GLOBAL ATRAVÉS DO ENSINO DE LÍNGUAS
Resumo: Este trabalho visa apresentar o Modelo Dramático-Problematizador (MDP),
um “caminho” alternativo para uma educação pelas línguas em que o aprendente
transcende o mero aprendizado linguístico. A composição do MDP se deu através
187
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
de uma intervenção, nos moldes da Pesquisa-Ação, em uma escola da zona rural
do município de Tefé, estado do Amazonas. Os 16 alunos do sétimo ano do Ensino
Fundamental que participaram como co-pesquisadores durante o semestre escolar
em que o MDP foi aplicado apresentaram um elevado nível de proficiência na línguaalvo (inglês) em relação ao seu nível inicial. Também se mostraram e relataram
estar mais motivados a estudar inglês apesar de essa não ser a matéria preferida da
maioria deles. Outro fator positivo, verificado durante e ao final da intervenção, foi
a capacidade de o MDP propiciar ampla oportunidade para a reflexão sobre temas
relacionados à realidade dos participantes.
Palavras-chave: Modelo Dramático-Problematizador; educação global; ensino de línguas.
Olga Alejandra Mordente
IDENTIDADE CULTURAL E LINGUÍSTICA NAS FALAS
DOS ITALIANOS IMIGRANTES
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar nas entrevistas realizadas com os
italianos chegados após a Segunda Guerra Mundial a questão da identidade. Nas falas
dos italianos imigrantes podemos perceber elementos que formam suas identidades
culturais. A questão do sotaque, ou de ser provisório no país, retrata um pouco, como
estes sujeitos se sentem frente ao país onde moram, onde são vistos, como diferentes
das outras pessoas. Por outro lado, através dos depoimentos podemos observar que
uma pessoa como imigrante se distancia da cultura de origem ou da sua língua materna
quando tem a convicção de que a sua permanência no Brasil será definitiva. A identidade
constitui-se como um termo polissêmico: está relacionado tanto ao indivíduo num
âmbito pessoal, como às relações entre o indivíduo e a coletividade.
Palavras-chave: identidade cultural; linguística; imigrantes italianos.
Otávio Rios
A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA DE RAUL BRANDÃO:
VARIANTES TEXTUAIS E CONSTRUÇÃO NARRATIVA EM HÚMUS
Resumo: A reescrita constante dos textos e a consciência do fazer literário são marcas
da escritura de Raul Brandão, autor português do final do século XIX e primeiras
décadas do XX. Esta comunicação reproduz o texto exposto à banca examinadora
de minha Dissertação de Mestrado, defendida na UFRJ (Letras Vernáculas) em
2007, e tem como objetivo central perscrutar a modernidade de Húmus, a partir da
perspectiva de uma ruptura com a tradição do romance realista e da experienciação
de novas possibilidades estéticas de construção narrativa. Coloca-se em pauta a
problemática da narração, da crise da escrita da história e do romance, nesse que é,
nas palavras de Vergílio Ferreira, o mais atual escritor do meio-século lusitano.
Palavras-chave: cânone e margem na literatura portuguesa; história e narração;
romance moderno.
Paolo Targioni
DIREITOS HUMANOS NA CONTEMPORANEIDADE
Resumo: A Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 60 anos no
ano passado. Porém, ainda hoje, temos uma grande parte da população mundial
que não sabe o que são os direitos humanos, que vive escravizada, que vive fora
188
Resumos de trabalhos
do padrão de vida esperado pelos constitucionalistas que pensaram e escreveram a
Declaração. Uma parte do mundo ainda vive em condições, para outros, absurdas,
porém, ao mesmo tempo temos uma novidade: uma parte da população rica e bem
sucedida, que goza de todos estes direitos e que, pelo que pode parecer absurdo
abdicou voluntariamente de alguns deles. Este será, a partir do conto do escritor
boêmio Franz Kafka Na colônia penal, o incipit de uma reflexão sobre os usos e as
escolhas das liberdades no mundo contemporâneo.
Palavras-chave: Direitos humanos; Globalização; Medo.
Patrícia Aparecida Beraldo Romano
MONTEIRO LOBATO: UM ESCRITOR A SER REDESCOBERTO
NA SALA DE AULA
Resumo: Ao se estudar Literatura Infanto-Juvenil Brasileira percebemos que ela,
enquanto gênero, é vista antes e depois de Lobato. Foi ele quem encontrou o caminho
criador de que nossa Literatura Infantil estava necessitando ao romper com as ideias
de um ensino de literatura estereotipado e criar uma forma inovadora de produzir
textos para as crianças na primeira metade do século XX. As aventuras da turma do
Sítio do Picapau Amarelo e as traduções lobatianas de clássicos da literatura infantil
são, hoje, no século XXI, a redescoberta, por parte de professores e de alunos,
de que o jovem leitor continua a ter excelentes textos para lhe despertar o prazer
de ler. Compete, portanto, ao professor, leitor de Lobato, mostrar ao aluno como
descobrir, nos textos lobatianos, o lúdico mundo criado por esse artista da palavra
que influenciou toda a geração contemporânea de escritores infanto-juvenis.
Palavras-chave: Monteiro Lobato; jovem leitor; leitura.
Patricia Carvalho Martins
AS FOLHAS LITERÁRIAS DO JORNAL DO PARÁ (1862-1878)
Resumo: O presente estudo objetiva evidenciar o papel do Jornal do Pará
(1862-1878) como suporte para publicação de prosas de ficção, mostrando os
espaços reservados à circulação de um número significativo de textos ficcionais
distribuídos pelas colunas Litteratura, Variedade, Folhetim, Miscellanea, Gazetilha
e Transcripção. Teoricamente recorremos à Historiografia Literária, para auxiliar na
inserção de pesquisas à margem do cânone literário ou vistas em segundo plano. Para
o desenvolvimento deste estudo em análise, o exame de material primário, fontes do
passado literário da região, além de publicações atuais que trazem resultados do
trajeto literário no período oitocentista, nos são de grande importância para traçar
uma evolução na literatura do contexto regional paraense, possibilitando um diálogo
que envolve a literatura brasileira no século XIX, a imprensa periódica e suas relações
com o meio social.
Palavras-chave: Jornal do Pará; prosas de ficção; imprensa; século XIX.
Patrícia de Castro Joubert
A HESITAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE IMAGEM
NO GÊNERO ENTREVISTA
Resumo: Este trabalho investiga o funcionamento da hesitação em uma entrevista
televisiva. Partindo-se do pressuposto de que a hesitação, além de ser um fenômeno
189
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
de processamento, influi no andamento do discurso, assume-se que, no tipo de
interação analisada, suas diferentes formas de manifestação contribuem para a
projeção da imagem do locutor como um sujeito inseguro em seu dizer, em constante
preocupação com as suas escolhas lexicais e sintáticas, que devem ser favoráveis à
reconstituição de uma imagem nacional. Trata-se de um estudo de caráter empíricoindutivo, que assume o tratamento da linguagem em seu uso, e que se desenvolve
segundo os princípios teóricos da Análise da Conversação.
Palavras-chave: Hesitação; projeção de imagem; Análise da Conversação.
Patrícia Sousa Almeida
A ESCRITA QUE SE ENSINA – O TRABALHO DOCENTE EM UMA TURMA
DE ALFABETIZAÇÃO
Resumo: Este trabalho intenta descrever e analisar o trabalho de uma professoraalfabetizadora em uma turma de 1ª série de uma escola pública municipal localizada
no bairro Curuçambá, periferia de Ananindeua-PA. A turma é composta por 22
crianças entre oito e 11 anos de idade, todas com experiência escolar caracterizada
como fracassada. Para interpretar o modo com que ela presentifica objetos de
ensino em contexto alfabetizador, serão elencados os seus gestos profissionais,
os instrumentos dos quais se utiliza para elementarizá-los e as tarefas propostas,
tomando como pressuposto a noção de atividade docente como sendo um trabalho,
no sentido marxista do termo, em que o trabalhador lança mão de instrumentos com
a finalidade de transformar seu objeto e é também transformado em consequência
de sua intervenção. No episódio selecionado para este trabalho, a professora ensina
um objeto de ordem gramatical/morfológica – o conceito de palavra –, posto na cena
didática por ocasião de uma demanda surgida em classe. A atividade será descrita e
analisada de forma a reconstituir sua construção interativa, discursiva e didática.
Palavras-chave: trabalho docente; alfabetização; objeto de ensino; instrumentos
didáticos.
Patrícia Goulart Tondineli
UM OLHAR SEMIOLINGUÍSTICO SOB O MANTO DA PRINCESA
DO NORTE: HISTÓRIA ORAL E DIALETOLOGIA
Resumo: Comparando dados do período entre 1997 e 2006, verifica-se um crescente
desenvolvimento em Montes Claros-MG causado, conforme nosso entendimento,
pela ampliação da rede de ensino superior. Esse big-bang educacional fez com que
o perfil do montesclarense fosse (re)significado pela sua intersecção com outros
sujeitos-universos configurando, além de uma reformulação da sócio-cultura, um
novo modelo linguístico, o qual distancia-se, na mesma proporção do crescimento
educacional e populacional, do dialeto-raiz. Será que vivemos um processo de
transculturação? Ou apenas uma (re)culturação desencadeada por essa diversidade
sígnica e, por que não dizer, elevação cultural? Se assim for, e partimos do princípio
de que tal conjectura seja real, a linguagem, como consequência dessa ascendência,
modificou-se? Até que ponto? Como? Por quê? Assim sendo, este Projeto objetiva
analisar histórica e dialetologicamente o discurso oral urbano de Montes Claros. Para
tanto, coletamos depoimentos de moradores nativos, mais de 6 horas de gravação
(abrangendo as variáveis sociolinguísticas sexo, faixa etária, escolaridade e rendar),
190
Resumos de trabalhos
os quais foram transcritos pelo método NURC. Verificou-se que o convívio com outras
pessoas fez com que a linguagem do visitante fosse absorvida pelo morador nativo,
caracterizando o fenômeno da transculturação ou entrelaçamento cultural (ORTIZ,
1983) e/ou de homogenização linguística (CHAMBERS,1995). Outra prova disto é a
pouquíssima ocorrência de marcas linguísticas como indiota, porquera, troxi, catredal,
bestage, tão características da oralidade da região. Objetiva-se, agora, comparar a
verossimilhança histórica dos textos-corpus, quantificar as variáveis dialetológicas
através do VARBRUL, formando o primeiro banco de dados linguísticos da região,
proporcionando, aos pesquisadores, novas possibilidades de estudos.
Palavras-chave: dialetologia; homogeneização linguística; transculturação.
Paul Kiparsky
SOUND CHANGE
Abstract: Allophones can become independent phonemes when their conditioning
environment is lost. This simple phenomenon constitutes a long-standing theoretical
problem. From a contemporary perspective, it is the diachronic analog to the problem
of opacity in synchronic phonology. The structuralists explained the phonologization
of allophones by locating sound change outside of phonology, so that it alters the
phonetic implementation of speech blindly and structureindependently. On this view,
sound change is insulated from the phonological system, and affects it only indirectly
through reanalysis of the output. There are several things that this approach cannot
explain. (1) Allophones do not always remain: they sometimes revert. (2) Sound
change can be constrained by the phonological system, and interact with it. (3)
Sound changes never subvert phonological universals. I argue on the contrary that
phonology must be enriched with phonetic information, and that the original concept
of a phoneme as a contrastive entity has to be abandoned. I introduce the Stratal OT
framework and show how its distinction between the lexical and postlexical strata
provides independent theoretical support for this new view of phonology. I offer an
account of phonologization based on Stratal OT, which explains (1)-(3), and leads to
precise and testable predictions about the conditions under which sound change leads
to new phonemes, and under which it interacts with existing phonology. I provide
empirical evidence that these predictions are correct.
Paula de Carvalho Ferreira
ORALIDADE E ESCRITA EM CONTEXTOS DIVERSOS
Resumo: O presente artigo tem por objetivo descrever e analisar os usos de oralidade
e de escrita na escola e na comunidade. O corpus é um recorte de uma dissertação
de mestrado em desenvolvimento, e foi obtido a partir de uma pesquisa etnográfica,
por meio da técnica de observação participante. Inserido no meio social e escolar do
informante, o pesquisador grava, filme e relata em um diário de campo, os usos de
oralidade e de escrita. A pesquisa constatou que o educando nas suas relações sociais
em geral, através de um exercício constante de usos da língua ou da linguagem
expressa emoções, pensamentos e dialoga com o seu semelhante, constituindo assim
um processo sociointerativo e comunicativo. No entanto, esses usos da língua ou
da linguagem no contexto escolar restringem-se a atividades de escrita pautadas
no exercício mecânico da cópia ou de resposta do livro didático, como “verdades”
191
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
prescritas para serem digeridas por quem adentra aquele ambiente formal de ensino.
O espaço reservado às atividades de oralidade é relegado ao plano do silêncio, pois
o professor em um gesto canônico suprime essa atividade enquanto gerada pelo
aluno. Assim, o aluno adentra o contexto escolar e vivencia, apenas em silêncio, a
possibilidade de sistematização das inúmeras atividades escolares, através das quais
se trabalharia a oralidade como o seminário, o teatro, a palestra, a mesa-redonda
enquanto um ponto de partida para um estudo “consciente” da escrita. Por outro lado,
a contraface dessa ignorância dos usos de oralidade do educando, negligenciada pela
escola e extensiva a sua comunidade de fala, é constatada em eventos comunicativos
tais como, conversas de porta de rua, partida de futebol, atividades religiosas, entre
outras, tão comumente praticados na comunidade da qual participam os alunos.
Quanto à escrita, usam-na, também, no controle de estoque de mercadoria, anúncios
publicitários, preces religiosas, carta pessoal, bilhetes, receitas de bolo, de remédios
caseiros, grafites, dentre outros.
Palavras-chave: Oralidade; Escrita; Usos; Escola; Comunidade.
Paulo Bungart Neto
A GUERRA DO PARAGUAI NAS MEMÓRIAS DO VISCONDE DE TAUNAY:
DRAMA E APREENSÃO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL
Resumo: Das cinco partes em que foram divididas as Memórias (1848, obra póstuma)
de Alfredo d’Escragnolle Taunay (Visconde de Taunay, 1843-1899), três tratam
da árdua expedição à fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai (durante a
chamada Guerra do Paraguai), da qual Taunay participara como Segundo-Tenente do
exército brasileiro e membro da Comissão de Engenheiros. O contato com as terras
matogrossenses entre 1865 e 1870 (atualmente parte do território de Mato Grosso
do Sul) fez o monarquista convicto empreender uma verdadeira viagem de (re)
conhecimento de um Brasil longínquo e inóspito, mas fundamental para o processo
de construção de uma identidade, àquela altura, ainda em configuração, em um país
que se remodelava com a troca do sistema escravagista para o livre e do regime
monárquico para o republicano. Todas estas dúvidas e angústias são liricamente
retratadas nas Memórias, de Taunay, que ainda deixou um relato histórico sobre
episódio da guerra (Retirada de Laguna, 1879) e um romance romântico ambientado
na região: Inocência (1872).
Palavras-chave: Memórias; identidade nacional; Guerra do Paraguai.
Paulo da Silva Lima
O PROCESSO ARGUMENTATIVO/DISCURSIVO EM EDITORIAIS
Resumo: O processo argumentativo/discursivo em editoriais O presente trabalho
tem por objetivo analisar, com base na teoria da Argumentação e em fundamentos
da Análise do Discurso, editoriais que abordam a questão da crise aérea brasileira
entre os anos de 2006 e 2007. Para isso, exploram-se dois textos do jornal O Estado
de São Paulo e dois da Folha de São Paulo. Essa pesquisa é sustentada por autores
como Aristóteles, cuja abordagem retrata os estudos retóricos da Antiguidade e que
até hoje perduram nas pesquisas sobre argumentação. Também são usadas as teorias
de Perelman Tyteca, dando-se ênfase à nova retórica em Tratado da Argumentação,
de Olivier Reboul, que aborda as principais questões sobre o estudo da retórica. São
192
Resumos de trabalhos
utilizadas para a análise do corpus, teorias da Análise do Discurso de linha francesa
que consideram que o processo discursivo abrange tanto o aspecto linguístico
quanto o social, pois o enunciador é marcado por fatores sócio-históricos que são
determinados pelas formações discursivas e ideológicas que regem qualquer ato
discursivo. Assim, são identificados os recursos retóricos e linguísticos que servem
para demonstrar que o editorial é um gênero altamente argumentativo, já que em sua
essência há sempre a presença da ideologia pertencente à instituição jornalística.
Por isso, mostram-se quais técnicas argumentativas os referidos jornais usam na
tentativa de persuadir e propagar sua postura ideológica em relação aos problemas
da aviação brasileira.
Palavras-chave: Retórica; Argumentação; Jornalismo; Editoriais; Análise do Discurso.
Paulo Jorge Martins Nunes
A CACHOEIRA DE DALCÍDIO, OU O DEVANEIO SOBRE A CAPITAL
DA REPÚBLICA BOLIVARIANA
Resumo: Identificar na literatura de Dalcídio Jurandir, entre outros, o método
narrativo lukacsiano que ressalta o ser humano como referência fundamental da
representação. Desse modo, o autor aproximará ficto e facto e se destacará como um
dos “arquitetos” do panamazonismo histórico através do projeto literário do CEN.
Palavras-chave: ficção; história; representação literária; Dalcídio Jurandir.
Paulo Leôncio da Silva
SISTEMAS LEXICOGRAMATICAIS, MACROFUNÇÃO RELACIONAL E
METAFUNÇÃO INTERPESSOAL: INTERAÇÃO SOCIAL DESATIVADA
NO TEXTO CIENTÍFICO
Resumo: Há reduzida interação social entre escritor e leitor no gênero textual expositivo,
monológico e especializado. Objetivo comunicar resultados da distribuição de Sujeitos
como escolhas lexicogramaticais Modo Oracional e Modo Verbal que desativam a
Macrofunção Relacional e a Metafunção Interpessoal entre escritor e leitor. A síntese
de resultados foi revelada pela aplicação, em corpus textual científico, das perspectivas
teóricas de SMITH JR. (1985) e HALLIDAY (1994).
Palavras-chave: gênero textual; interação social; relações; metafunção interpessoal.
Rafaella Gomes Monteiro
PAISAGEM E ESTÉTICA EM MILTON HATOUM:
O CONFLITO ENTRE O AMAZONAS E O ORIENTE
Resumo: Relato de um certo Oriente debruça-se sobre o resgate da identidade de
um personagem a partir de sua relação com o lugar, permeado pela existência de
diversas especificidades culturais entre o Amazonas e o Oriente. De acordo com a
perspectiva teórica do geógrafo chinês Yi-Fu Tuan, em seu livro Topofilia: um estudo
da percepção, atitudes e valores do meio ambiente, publicado em 1980, no qual
evidencia a ligação dos laços afetivos do homem com o meio ambiente material,
observamos no romance de Milton Hatoum o lugar como o vetor que possibilitará
todo o desenrolar da narrativa resgatando a memória de uma infância perdida através
de relatos das mais intensas experiências estéticas a partir de uma visão topofílica.
Palavras-chave: Literatura; paisagem; identidade; experiência.
193
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Rafhaelle Claudine da Paixão Vilhena
A COLUNA FOLHETIM DO PERIÓDICO DIÁRIO DO GRAM-PARÁ
DO SÉCULO XIX
Resumo: O projeto Lendo o Pará: publicação do romance-folhetim nos jornais
de Belém do Pará na segunda metade do século XIX (1850-1900), inserido no
programa de bolsas PIBIC-JR, traz como proposta, a partir do plano de trabalho
intitulado “A coluna folhetim do periódico Diário do Gram-Pará do século XIX,
a pesquisa de romances-folhetins em jornais do século XIX no Pará. Baseado em
tais afirmações, e de acordo com a primeira etapa de realização do cronograma de
meu plano de trabalho, observar-se-á a constante e periódica publicação de obras
literárias portuguesas e brasileiras no período 1858 a 1860.
Palavras-chave: Século XIX; Diário do Grão Pará; folhetins.
Raimundo Nonato de Oliveira Falabelo
A LEITURA LITERÁRIA COMO ACONTECIMENTO INTERDISCURSIVO
ENTRE JOVENS: PRÁTICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS EM SALA
DE AULA
Resumo: Esta comunicação tem o objetivo de mostrar a relação de jovens com
textos, enquanto campo de sentidos e significados, evocando imagens, o lúdico,
o entretenimento, o prazer, num jogo em que leitura e escrita são vividas como
um acontecimento interdiscursivo. Como embasamento teórico, assume-se que o
indivíduo singulariza-se nas relações intersubjetivas, mediadas pela cultura e pela
linguagem; estas sendo vividas como processo de interação e de constituição de
nossa subjetividade. A metodologia com textos poéticos e narrativos insinuava-se a
buscar o envolvimento dos alunos e a possibilidade de articular-se a uma determinada
temática que eles poderiam explorar em suas produções textuais, tais como amor, vida,
trabalho, juventude, dignidade, direitos, preconceito, discriminação, etc. – temáticas
indissociáveis do campo de sentidos e significados de suas vivências. A leitura e a
literatura foram trabalhadas enquanto magia, sedução, ativação do imaginário. A leitura
como móvel para colocar a linguagem em funcionamento e em movimento, vivendo e
experimentando-a como prática social: desestabilização, ruptura com a vida cotidiana,
deslocamento de lugares, articulação com outros campos de sentidos – a experiência
dos leitores, isto é, a compreensão das tensões e contradições da vida e da formação
de nossa humanidade. Os alunos, assim, viveram a leitura e escritura como um tecer
em aberto num enlace de fios e pontos que se cruzam e entrecruzam-se, sem que as
urdiduras das tramas se presumam fechadas, porque inescapavelmente a enunciar-se e
deixar-se verter em muitos horizontes de sentidos possíveis... ante o leitor.
Palavras-chave: Leitura; Literatura; Interdiscursividade.
Raphael Bessa Ferreira
A TRAVESSIA DO MUTUS EM MUTUM:
DO HIPOTEXTO LITERÁRIO AO HIPERTEXTO FÍLMICO
Resumo: Devido ao espaço aberto entre linguagem verbal e linguagem audiovisual
por meio de cinema e literatura, o presente trabalho propõe-se a discutir e analisar
a transposição fílmica do conto Campo Geral, de João Guimarães Rosa por Sandra
Kogut em Mutum. Para isso, nos basearemos nos estudos de transposição fílmica
194
Resumos de trabalhos
e teoria cinematográfica de Robert Stam, que afirma ser o filme um incorporador
e modificador de vários outros textos. Os conceitos de hipertextualidade ou toda
relação que une um texto B (hipertexto) a um texto A (hipotexto) de Gerard Genette,
não deixando, ainda, de desconsiderar as contribuições das análises narratológicas de
transposições de Yannick Mouren e nas análises estilísticas de Jean-Claude Carrière.
Investigar os processos de transposição e os elementos que compõe os processos de
construção: diferenças e aproximações entre as duas expressões artísticas fazem-se
como metas do trabalho a fim de destacar as potencialidades que unem sistemas de
signos tão distintos: palavra e imagem.
Palavras-chave: Literatura; Cinema; Hipertextualidade; Guimarães Rosa; Mutum.
Renata de Cássia Dória da Silva
PROPOSTAS DE ATIVIDADES DA MODALIDADE ESCRITA EM AULAS
DE PLE
Resumo: Este trabalho visa expor algumas atividades de compreensão e produção
escrita em português que foram utilizadas durante as aulas de preparação de uma
turma de aprendizes estrangeiros para ao Exame Celpe-bras. Desta forma, procurouse desenvolver um trabalho que possibilitasse tais estudantes, se expressarem
em Língua Portuguesa por meio da modalidade escrita de comunicação nos mais
variados contextos situacionais. Para isso, fez-se: uma pesquisa bibliográfica que
permitiu aprofundar os aspectos teóricos relativos ao ensino-aprendizagem da
modalidade escrita em Línguas Estrangeiras. Em seguida, partiu-se para o estudo das
tarefas escritas do Exame Celpe-bras, e posteriormente, deu-se início a elaboração
de atividades escritas condizentes com as propostas do exame ao qual os estudantes
seriam submetidos. Vale ressaltar que, apesar de ser um público com um objetivo
bastante específico para aprender português. Também se levou em conta a necessidade
de levar para a sala de aula exemplos de textos escritos que circulam em nosso meio
social. Uma vez que estes estudantes estavam em situação de imersão no Brasil e
precisavam se familiarizar com os textos correntes em nosso dia a dia.
Palavras-chave: ensino-escrita; P.L.E.
Renata dos Santos Lameira
O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: O PROFESSOR EM FOCO
Resumo: O Ensino de Língua Materna, ao longo de décadas, vem sendo debatido e
discutido na academia. Muitas pesquisas e publicações têm o objetivo de contribuir
para um ensino de língua eficaz no que se refere à competência comunicativa.
Assim, a inquietude de saber se tais avanços acadêmicos têm chegado à escola fez
surgir essa pesquisa que tem por escopo correlacionar, ainda que com limitações, as
contribuições de alguns estudos da área da linguagem – seja nos livros especializados,
seja nos PCN’s – para a realidade da sala de aula. Para isso, utilizou-se de pesquisa
bibliográfica e de campo. A pesquisa de campo foi realizada em dois momentos e
com objetivos diferenciados. No primeiro momento, foram analisadas as concepções
e a prática docente de quatro professores e as consequências delas no entendimento
dos alunos acerca do ensino. No segundo momento, a pesquisa voltou-se para um
fazer diferente do encontrado anteriormente, foi analisada uma turma da rede pública
de ensino do Programa Aceleração da Aprendizagem. O acompanhamento da turma
195
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
foi limitado às aulas de Língua Materna. A pesquisa bibliográfica foi realizada ao
longo de toda a trajetória do processo, pois foi suporte para as questões levantadas
na pesquisa de campo. Após coleta e análise dos dados, foi constatado que as práticas
pesquisadas se contrapõem e demonstram que o ensino de Língua Portuguesa está
fadado ao fracasso ou ao sucesso a partir da prática do professor.
Palavras-chave: Ensino; Língua Portuguesa; Competência Comunicativa.
Renata Ferreira Rios
ESTRATÉGIAS DISCURSIVO-INTERACIONAIS EM INTERAÇÃO
DE COMPRA X VENDA EM FEIRA DE PALMAS-TO
Resumo: A situação social de compra e venda constitui terreno fértil para estudos
de interação. Este estudo teve como foco a fala dos vendedores de feira livre, situada
em Palmas-TO, e buscou evidenciar as principais estratégias discursivo-interacionais
verificadas nas falas desses participantes. Para isso, são adotadas algumas das
contribuições teórico-metodológicas da Sociolinguística Interacional, da Pragmática,
no que tange à Teoria da Polidez de Brown & Levinson e da Análise da Conversa
de base etnometodológica. De acordo com os Sacks (1984), os fenômenos verbais
ocorrem de maneira metódica e ordenada. Tendo em vista esta organização, o presente
estudo buscou, inicialmente, identificar as regularidades presente no discurso dos
feirantes para proporcionar melhor compreensão deste contexto social. A interação
de compra e venda na feira apresenta peculiaridades que influenciam diretamente
no enquadre que situa as falas dos participantes. Existem limitações do espaço
físico que podem apresentar dificuldades para o cliente e em decorrência dessas
possíveis dificuldades, o feirante, normalmente, recorre a atenuadores discursivos,
mitigações e trabalhos de face. Além disso, é importante ressaltar que, embora a
feira, a princípio, sinalize um contexto informal e mais pessoal, cabe ao feirante
manter a impessoalidade muitas vezes necessária à sua atividade. Desfocalização
do agente, uso da voz passiva, mitigação do preço ou da relevância das instalações
físicas na hora da venda são algumas das estratégias que promovem a manutenção
de um clima agradável entre os participantes.
Palavras-chave: Feira; compra e venda; estratégias discursivo-interacionais.
Ricardo Meirelles
BAUDELAIRE NO BRASIL: IGNÁCIO DE SOUZA MOITTA E
AS FLORES DO MAL
Resumo: Discuto a relevância da tradução na História da Literatura Brasileira,
partindo das traduções dos poemas do livro francês Les Fleurs du mal, de Charles
Baudelaire, de 1857, verdadeiro marco da literatura ocidental, traduzido por mais
de sessenta poetas brasileiros – alguns traduzindo apenas um poema, outros, o livro
todo – constituindo uma significativa recepção crítica dessa obra. Alguns desses
tradutores se destacam por suas qualidades estéticas ou sua importância literária.
Observa-se, em particular, o poeta e tradutor paraense Ignácio de Souza Moitta
como expressão proeminente dessa recepção, visto que foi um dos três poetas que
traduziram todos os poemas do livro francês. Esse ilustre jurista marabaense foi
desembargador (1956-9) e outrora havia fundado a Academia Marabaense de Letras
(1925); publicou seu livro em Belém (1971), pelo Conselho Estadual de Cultura,
196
Resumos de trabalhos
que permanece desconhecido do grande público. Além do resgate historiográfico
promovido, recuperando mais uma importante e significativa leitura dessa obra
francesa, comparando suas traduções com outras produzidas ao longo do tempo,
levanto questões sobre a possibilidade da tradução poética e tento obter respostas
junto a algumas teorias da tradução em discussão, sempre levando em conta
aspectos linguísticos, históricos e culturais. Vislumbro não uma evolução, mas
uma diferenciação entre as abordagens tradutórias, construídas sempre dentro de
seu momento ideológico. Aponto algumas considerações: não há tradução perfeita,
absolutamente correta, eterna e unanimemente aceitável; a fidelidade ao texto diz
respeito a uma interpretação do texto de partida, que será sempre produto da língua,
cultura e subjetividade do tradutor; a tradução é sempre uma recriação.
Palavras-chave: poesia; tradução; Baudelaire.
Ricardo Postal
DO POVO AO PALCO: MALAZARTE, DE MÁRIO DE ANDRADE
Resumo: Este artigo discute a apropriação da narrativa oral e do populário em Malazarte
(1928), de Mário de Andrade. Esta ópera cômica, que o autor não viu representada,
toma o tema de Pedro Malazarte, recontando uma de suas aventuras. Porém, ao invés da
forma narrativa em que tal intriga se origina, ela é apresentada ao público configurada
numa ópera, gênero erudito e europeu. Discute-se aqui de que maneira essa produção
marginal dialoga com Macunaíma, também de 1928, a qual igualmente toma por base
a temática popular, mas que em sua forma, a da rapsódia, traz parentesco com os
cantos de rua e bailados brasileiros. Pedro Malazarte já tinha sido aparecido na cena
pré-modernista pela mão de Graça Aranha em sua peça Malazarte (1911), fazendo
supor que era uma personagem brasileira relevante, já que muito popular nas narrativas
orais. Sua consequente permanência em nossas letras é insignificante, e essas duas
realizações são consideradas menores dentro das obras de seus autores. Considerando
as estratégias de nivelamento e desnivelamento entre o popular e o erudito estudadas
por Mário de Andrade, elencadas por Gilda de Mello e Souza n’O Tupi e o Alaúde,
estendemos o questionamento sobre as significações da tentativa de adequar dentro de
um projeto nacionalista do modernismo, as formas poéticas de suas realizações e os
temas da brasilidade, tomando Malazarte como estudo de caso.
Palavras-chave: Modernismo; narrativas orais; Pedro Malazarte; Mário de Andrade.
Ricelly Jáder Bezerra da Silva
TO THE LIGHTHOUSE E SUAS TRADUÇÕES PARA O PORTUGUÊS
Resumo: Esta pesquisa investiga a tradução do romance To the Lighthouse (1927),
da escritora britânica Virginia Woolf para as seguintes traduções para o português:
Rumo ao Farol (2003), Ao Farol (1993), e Passeio ao Farol (1986), todas traduções
de Luiza Lobo. Sabe-se que a narrativa de Woolf descreve os processos mentais das
personagens por meio da técnica do fluxo de consciência. Assim, investigaremos
quais estratégias foram utilizadas nas traduções em seus respectivos meios e de que
maneira os fluxos de consciência foram organizados em cada uma, indagando se
tais traduções seguem ou não um mesmo padrão ao serem produzidas. Leva-se em
consideração ainda, nesta análise, o fato de o romance, em inglês, ser primeiramente
escrito e publicado em uma época/cultura que difere notadamente dos períodos
197
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
sócio-culturais que recebem essas traduções em português. Como base teórica,
empregamos os conceitos de tradução como agente político de Lawrence Venuti
(1998) e suas definições de Estrangeirização (quando a tradução é feita de forma que
está mais aproximada do língua partida) e Domesticação (quando a tradução é feita
de forma que se adapta mais às estruturas da língua receptora); também empregamos
o conceito de tradução como Reescritura, de André Lefevere (1992).
Palavras-chave: tradução; domesticação/estrangeirização; reescritura.
Riovaldo Maia Barroso
BARRACAS DE ERVAS DO VER-O-PESO:
PRÁTICAS DE MAGIA OU CRENÇA POPULAR
Resumo: A pesquisa se propõe a suscitar uma análise sobre a religiosidade AfroBrasileira no âmbito de nossa cultura Amazônica, sendo o seu foco de estudo
principal o sincretismo. Onde vem detalhar, como os frequentadores enxergam estas
formas de cura espiritual, física e emocional. Tem-se como um dos Objetivos desta
pesquisa tornar os alunos cidadãos, capazes de garantir a igualdade de direitos entre
raças e uma melhor liberdade de culto e respeito. Ampliando o senso crítico dos
educadores. A partir de um determinado ato de benção, busca-se uma determinada
cura espiritual, para algumas pessoas apenas um ato de magia popular, para outras,
um ato de súplica, de imploração, de pedidos insistentes... Possibilitando que as
“entidades” tragam as boas novas, produzindo benefícios aos mortais como o: pena
maracá (instrumento utilizado pelo Pajé em referência aos seus ancestrais indígenas),
ou seja, o maracá é um dos elos desta ligação de duas culturas.
Palavras-chave: religiosidade afro-Brasileira; sincretismo; benzedeiras; cientistas
populares.
Rita de Cássia Macedo Leal
PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: DO DISCURSO À PESQUISA QUE
FOMENTA A PRÁTICA DOCENTE
Resumo: Na área da licenciatura plena o profissional professor de Língua Portuguesa é
um dos que se apresenta em grande número na sociedade brasileira, uma vez que o curso
de Letras é oferecido tanto nas instituições superiores públicas quanto em instituições
privadas, nestas em grande escala. Essa proliferação, assim como qualidade do ensino
são alguns dos motivos para que questões sobre a formação (inicial e continuada) desse
profissional estejam em voga. Especialistas esforçam-se para trazer à tona discussões
que favoreçam reflexões sobre a formação, como também sobre a prática docente. O
relato de experiência o qual nos propomos a apresentar refere-se ao estreitamento entre
a prática de sala de aula e as bases teóricas e metodológicas da acadêmica, ocorrido
precisamente no segundo semestre de 2006, ano em que tivemos a oportunidade de
ter participado como professora-colaboradora, de um projeto de pesquisa aplicando
uma proposta de ensino da língua materna por meio dos gêneros do discurso, proposta
esta que teve como propósito caracterizar os modos de circulação do gênero seminário
escolar pela descrição e análise tanto do trabalho do professor quando do ensino desse
gênero quanto os modos de apropriação dele pelos alunos. Aos alunos fora apresentada
uma proposta de trabalho em que os mesmos teriam que se engajar numa sequência
de atividades que os facilitaria aprender como realizar de maneira satisfatória um
198
Resumos de trabalhos
“seminário”; enquanto que para a professora fora dado o privilégio de ter contato com
os estudos sobre língua/gem e colocá-los em prática.
Palavras-chave: Pesquisa; prática docente; formação de professor.
Rita de Nazareth Souza Bentes
O TRABALHO DOCENTE: AS ATITUDES ÉTICO-DISCURSIVAS E OS INSTRUMENTOS DIDÁTICOS DO PROFESSOR FACE AO OBJETO DE ENSINO
Resumo: Este trabalho inscreve-se na área de Linguística Aplicada. Discute as formas
do trabalho docente no ensino de língua materna e faz uma reflexão breve acerca das
atitudes ético-discursivas na prática docente e do uso dos instrumentos didáticos,
destacando os modos como a professora apresenta o estudo do texto narrativo O
Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry. Esses modos de trabalho são decorrentes das trocas
interativas entre a professora e alunos envolvidos no processo de transposição desses
objetos escolares a partir desses movimentos discursivos e dos instrumentos didáticos
utilizados. A condição de existência dessas trocas encontra-se nos procedimentos
didáticos da professora, quando propõe atividades em questão. Nesse contexto, o corpus
é constituído por gravações em vídeo das aulas de português, de uma turma de 5ª série
do ensino fundamental da escola pública federal de Belém-PA. A orientação teóricometodológica dá-se à luz da concepção e dos procedimentos da pesquisa etnográfica
(MOITA LOPES, 2003; GEERTZ, 2006). A análise é fundamentada no conceito de
vozes por meio dos quais podem ocorrer discursos autoritário/internamente persuasivo
(BAKHTIN, 2002), observando os conflitos de vozes na interação na aula, baseada nas
réplicas dos diálogos entre o professor e os alunos, no estudo referente à construção do
objeto ensinado por meio dos instrumentos didáticos, estudos estes coordenados por
Schneuwly, Dolz e seus colaboradores (2000, 2001, etc.), da Universidade de Genebra,
A análise dos dados nos permitiu revelar o modo que a professora ensina este gênero,
focalizando as réplicas dos alunos jus ao uso dos diversos instrumentos didáticos e das
vozes necessárias pelo professor, para transformá-lo em objeto ensinado.
Palavras-chave: trabalho docente; atitudes ético-discursivas; instrumentos
didáticos; objeto de ensino.
Rivanda dos Santos Nogueira
A LINGUAGEM NA ESCOLA: ENTRE FALAS E ESCRITAS
Resumo: Este relato está ancorado na compreensão de que escrever não é um ato
mecânico (DURIGAN, 1987, p.13) e na observância da dicotomia presente nos textos
dos estudantes do ensino público noturrno que, muito embora demonstrem uma certa
desenvoltura em expressar-se oralmente, apresentam dificuldades em redigir. Tenho
observado no desempenho das atividades escolares, como também nos momentos
de planejamento coletivo, que há uma tendência em atribuir ao professor de Língua
Portuguesa a responsabilidade pelo baixo desempenho dos alunos no que tange à
produção textual, como se este fosse o único responsável no processo de letramento.
Nesta perspectiva, minha experiência objetiva estimular a formação de leitores e
escritores críticos, como forma de empreender um trabalho formador leitores e
produtores de textos. A opção metodológica que adoto nas disciplinas Filosofia e
Sociologia proporciona aos estudantes a produção textual sem desconsiderar os
conteúdos curriculares e as inter-relações sociais para, como orienta os PCN (1997),
199
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
formar estudantes leitores, através de diversas produções de gêneros textuais.
Acredito que os resultados poderiam ser mais exitosos se os estímulos à linguagem
oral/escrita fossem o mote dos projetos político-pedagógicos e a produção textual se
desse numa perspectiva interdisciplinar, evitando produzir/reproduzir um discurso
que pode legitimar um processo histórico de negação da cidadania.
Palavras-chave: produção textual; linguagem oral/escrita; autonomia.
Robert Madeiro Dias
VIAGEM À AMAZÔNIA SOB OS ARES DE BRASILIDADE:
WALDEMAR HENRIQUE E MÁRIO DE ANDRADE, O LUGAR E
O INTELECTUAL (1927-1945)
Resumo: O trabalho defende a ideia de que no bojo do movimento modernista a
Amazônia ganhou em força e identidade, em potencialidades simbólicas de sua
realidade constituinte. Quando comparada a um Brasil moderno foi tomada em um
mistério renovado, revelando abordagens artísticas e visões de nacionalidade. Em
Waldemar Henrique e Mário de Andrade, por meio de seus trabalhos artísticos, a
série de Lendas Amazônicas do músico paraense e no literato paulista, de modo
especial, o trabalho Macunaíma. Este trabalho perscruta cada vez mais a Amazônia
e este forte elemento de atração que exerce, em nosso enfoque, sobre o intelectual e
o artista.
Palavras-chave: Waldemar Henrique; Mário de Andrade; Amazônia; Modernismo.
Rodolfo Rorato Londero
O PRÓPRIO E O ALHEIO EM EL DELIRIO DE TURING:
REALISMO MÁGICO E FICÇÃO CYBERPUNK NO ROMANCE
DE EDMUNDO PAZ SOLDÁN
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar o romance El delirio de Turing (2003),
do escritor boliviano Edmundo Paz Soldán, principalmente a partir da sua relação com
a ficção cyberpunk, subgênero da ficção científica surgido originalmente no contexto
norte-americano dos anos 1980. Esta relação aparece, desde já, nas epígrafes da obra,
onde um escritor cyberpunk (Neal Stephenson) é citado: na verdade, duas obras deste
escritor, Nevasca (1992) e Cryptonomicon (1999), surgem como referências intertextuais
em El delirio de Turing. Mas Paz Soldán, como integrante da geração McOndo – uma
paródia globalizada a Macondo de García Márquez –, também trava um intenso diálogo
com seus antecedentes latino-americanos, os escritores do realismo mágico. É nesse
embate entre o próprio e o alheio (Carvalhal), entre as referências literárias latino e norteamericana, que buscaremos compreender a obra de Paz Soldán.
Palavras-chave: Cyberpunk; realismo mágico; Literatura Comparada.
Rodrigo de Albuquerque Marques
POESIA BRASILEIRA E MÚSICA ATONAL
Resumo: A fim de organizar os recursos que João Cabral de Melo Neto e os poetas
concretistas utilizaram para criar uma poesia “antimusical”, este trabalho analisa
o livro Serial (1961) e alguns poemas concretistas que se valeram da teorização
dodecafônica. Organizado sob o signo do número 4 e de seus múltiplos, Serial se
assemelha a uma produção em massa, como se João Cabral de Melo Neto houvesse
200
Resumos de trabalhos
encontrado uma forma para escrever poemas em série, condicionados a um rigor
matemático e técnico em que não há espaço para o improviso ou o acaso. Semelhante
sistema se afina com o serialismo de Schoenberg e com a ressignificação dos modos
de produção urbano-industrial. Por sua vez, a poesia concretista também dialogou
com a música da Segunda Escola de Viena, a participação de Stockhausen e as
contribuições teóricas de Boulez serviram de matéria prima para os voos estéticos
de Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.
Palavras-chave: João Cabral de Melo Neto; concretismo; música serial; Segunda
Escola de Viena.
Rodrigo Márcio Gomes Monteiro
VALORIZAÇÃO DA CULTURA MAZAGANENSE: ORIGEM E SIMBOLOGIA
DA DANÇA DO SAIRÉ NO DISTRITO DO CARVÃO
Resumo: O município de Mazagão, localizado na margem direita do rio Vila Nova,
ao sul do Estado do Amapá, distante 29 km da capital, é o retrato da riqueza cultural
amapaense, pois suas raízes históricas estão inseridas no processo de organização/
ocupação do espaço amazônico como estratégica de defesa dos canais de acesso ao
rio Amazonas pelos invasores estrangeiros. Assim, uma vila planejada, composta
de muitas quadras que se distribuíam nas terras firmes às margens do rio que a
partir de então recebeu o nome da vila, Rio Mazagão. Nome este, em homenagem
as famílias que deixaram a velha Mazagão, no Marrocos, em função dos conflitos
armados entre mouros e cristãos (1750-1769), que deu origem a Festa de Santiago.
Com a miscigenação dos povos, do colonizador (português), mais o escravizado
(negro e índio), o município agregou várias manifestações folclóricas, que são
cultuadas até hoje. No Distrito do Carvão, podemos comprovar a presença da cultura
quilombola através das festas religiosas, nas quais os moradores cantam e dançam ao
ritmo do Batuque, Marabaixo e Sairé. Esta última, no estado do Amapá, só pode ser
presenciada na comunidade, devido sua peculiaridade local. O trabalho visa valorizar
a dança do sairé, procurando identificar sua origem e compreender sua simbologia
como manifestação popular religiosa, através das tradições orais, representadas pelas
cantigas e ladainhas. O rito é realizado em homenagem a São Tomé no final do mês
de dezembro e dançado apenas por mulheres ao som de dois tambores, denominado
de macaxico, onde o canto é uma espécie de desafio, que retrata amores perdidos,
traição, amores correspondidos ou não, além de temas da vida cotidiana; regado a
uma bebida típica, conhecida como gengibirra.
Palavras-chave: Mazagão; Cultura; Sairé.
Rogério Vicente Ferreira
O FALAR OFAYÉ: UM ESTUDO LEXICOGRÁFICO
Resumo: O objetivo principal deste trabalho é apresentar o projeto que está sendo
desenvolvido sobre um estudo lexicográfico da língua Ofayé, mais especificamente
um Dicionário Ofayé-Português-Ofayé. O estudo lexicográfico fornecerá ao leitor
informações gramaticais, semânticas e pragmáticas. Para tal, realizaremos uma
abordagem teórica nos baseando em autores como Zgusta (1970), Landau, (1980),
Ulmann (1964), entre outros. Após a realização do projeto faremos uma adaptação
do dicionário para que possa ser utilizado pelos membros do grupo, como material
201
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
de apoio nas escolas da comunidade. A pesquisa linguística contribuirá, assim, com
a educação dos Ofayé.
Palavras-chave: lexicografia; línguas indígenas; ofayé.
Ronaldo Barros Ripardo
POR QUE O PROFESSOR DE MATEMÁTICA PRECISA SABER PRODUZIR
TEXTOS?
Resumo: É indiscutível que uma das finalidades a que se busca com a educação escolar
é potencializar o uso da capacidade para a linguagem que o ser o humano possui e que
se manifesta inicialmente com o uso da língua, cujo aluno que chega à instituição
escolar mostra-se usuário dela em sua forma oral, cabendo à escola proporcionar parte
dos meios necessários ao aperfeiçoamento desse uso e “introduzir-lhe no mundo da
escrita”. Desse modo, a instituição escolar como um todo deve caminhar em direção
a esse propósito. Contudo, tem estado presente nesse ambiente, até mesmo entre
professores, que esta é uma incumbência do professor de língua portuguesa. Somandose esse fato e outros internos ao ensino de línguas, além de outros extra-escolares, a
escola tem produzido alunos semi-analfabetos, com poucas habilidades para fazer uso
da língua e da linguagem de um modo geral nas diversas atividades de sua vida. Esse
trabalho aborda os resultados de uma pesquisa de mestrado em andamento que aborda
a temática “Na arena da produção textual: os professores de matemática em cena”,
tendo como objetivos principais: i) verificar o desempenho do professor de matemática
em atividades de produção escrita, e ii) discutir a necessidade da inserção de atividades
de produção textual no ensino de matemática. Os resultados apontam para o fato de
que os professores de matemática têm um desempenho qualitativamente baixo em
atividades de produção textual escrita e que não utilizam-se dessas práticas no ensino
de matemática, o que evidencia parte do problema dos altos índices de analfabetismo
funcional apresentados no país.
Palavras-chave: letramento; produção textual; professor de matemática.
Rosalina Albuquerque Henrique
A RECEPÇÃO CRÍTICA EM DARANDINA E OS CIMOS,
DE PRIMEIRAS ESTÓRIAS
Resumo: Esse trabalho tem como propósito realizar uma análise de narrativas
rosianas selecionadas do livro Primeiras Estórias (1962) – Darandina e Os cimos
–, abordando o tema da alteridade nelas existente. A produção literária de João
Guimarães Rosa destaca-se no cenário da Literatura Brasileira pela habilidade em
valorizar o mundo do sertanejo por meio da recriação e tradução poética de sua
linguagem, que se deve a anos de dedicação aos estudos das Letras, de contatos com
os sertanejos, mascates, garimpeiros, praças de polícia, caçadores, vaqueiros, bichos
e paisagens mineiras, transcriando-os em ficção universal a expressar a condição
humana e seus conflitos fundamentais. O autor mineiro trata o homem, seja pelo
viés da loucura, seja pelo devaneio da imaginação de uma criança, sendo um eterno
criador em contato com a realidade mágica, um entrelaçar do mundo de fantasia
e da realidade, a vitória do irracional sobre o racional, narrando o inenarrável. O
exame aqui proposto tem como base textos críticos de estudiosos já consagrados da
recepção rosiana como Paulo Rónai e Ana Paula Pacheco.
Palavras-chave: Guimarães Rosa; Darandina; Os cimos.
202
Resumos de trabalhos
Rosalina Maria Sales Chianca
RELAÇÕES INTERACIONAIS INTERINDIVIDUAIS E INTERGRUPAIS E
ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
Resumo: Sabemos que aprender uma língua viva subentende também aprender a
se comportar socialmente com esta língua. Assim o aprendente é levado a agir, a
interagir, a se deslocar, a comunicar... com a língua objeto, mesmo no caso deste se
encontrar em um meio exolingue. Parece-nos outrossim que o ensino de uma língua
dita estrangeira (LE) poderia permitir dar aos fenômenos linguageiros todo o espaço
que lhes é devido no processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido o ‘ensinador’
deveria levar os aprendentes a observar e a analisar o uso da língua materna (LM)
nas suas trocas conversacionais cotidianas visando uma tomada de consciência dos
aspectos verbais, não verbais e para-verbais que intervem em toda interação verbal; a
língua-cultura materna tornar-se-ia assim um documento pedagógico indispensável
ao fazer didático-pedagógico, viabilizando a re-descoberta da cultura de cada um e
de todos. Nessa perspectiva, os interactantes fariam vir à tona a sua identidade de
origem, dentro de uma análise contrastiva das culturas nacionais e transnacionais
em presença. As relações interindividuais intermediariam relações intergrupais
favorecendo uma competência interativa sociocultural. Este trabalho tem um enfoque
interdisciplinar apoiando-se na sociolinguística interacional.
Palavras-chave: ensino de línguas estrangeiras, competência interativa
sociocultural, didactologia.
Rosa Maria de Souza Brasil
COMO ABORDAR LÍNGUA E DISCURSO EM TEXTOS PUBLICITÁRIOS
Resumo: Há uma inquietação patente relativa à exploração de textos publicitários
como material didático utilizados no ensino de língua materna. Alguns livros didáticos
os apresentam para fins unicamente interpretativos, vinculando aspectos visuais ao
verbal e ao contexto social; outros os utilizam como pretexto para a abordagem
gramatical desvinculada do uso, do sentido e da acepção social. Na sociedade pósmoderna, na qual a imagem floresce em todos os lugares e suportes, “abrindo as
portas” para a leitura do texto verbal a ela associado, a propaganda de produtos e
serviços, no suporte impresso, particularmente em revistas, apresenta vasta fonte de
análise no campo do discurso e da língua. Evidencia o jogo dialógico bakhtiniano, no
qual é reflexo do reflexo, ou da compreensão responsiva ativa dos interlocutores. Para
persuadir, o publicitário precisa conhecer o público-alvo, suas intenções, para então
reestruturá-las, modificá-las a fim de servirem à “venda” da ideia, da “imagem”, do
produto. Para tanto, o estudo do intertexto e do interdiscurso serão foco de análise.
Por outro lado, completando essa perspectiva da ordem do discurso, será realizada
orientação para seleção e abordagem de textos publicitários na perspectiva gramatical,
de linha funcionalista, pautada em estudos de Dik (1997), Givón (1984), Du Bois
(1993), Hengeveld (2000), Neves (2006) e outros. Interessa evidenciar o “como se
faz” para trabalhar uma “gramática funcional discursiva” (Bakker, 1999; 2001) no
gênero em questão, com o intuito de desenvolver a competência comunicativa do
sujeito, considerando que o discurso “conforma” a gramática, pressiona o sistema e
é “dirigido” pelo falante.
Palavras-chave: Discurso; gramática; propaganda.
203
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Rosamaria Reo Pereira
ADAPTAÇÕES DE CONTOS LITERÁRIOS NAS AULAS DE INGLÊS
Resumo: Textos literários autênticos podem ser adaptados e utilizados como fonte de
leitura e escrita nas aulas de LE. O uso do texto literário vem sendo usado como um
instrumento no ensino e aprendizagem de uma LE. Pode-se utilizar o texto literário
com o objetivo de listening, leitura e compreensão do texto, introdução à escrita,
expressão oral, aquisição de vocabulário, etc. Embora todas as habilidades sejam
acionadas ao trabalhar com o texto literário nas aulas de LE, interessa-nos aqui,
particularmente, leitura e compreensão de textos literários adaptados. O presente
trabalho tem como objetivo apresentar uma sugestão de atividade desenvolvida pelos
alunos da graduação de Letras da Universidade Federal do Pará. As atividades foram
elaboradas em sala de aula, a partir dos contos de Kate Chopin que foram adaptados
para serem lidos pelos alunos de inglês dos cursos livres da Universidade Federal
do Pará. Tais atividades foram preparadas com atividades de pre-reading, whilereading e post- reading. Este trabalho apoia-se nas perspectivas teóricas apresentadas
por Carter e Long (1993), Lazar (1993) e Duff e Maley (2002). Eles acreditam que
língua e literatura podem interagir oferecendo ao aluno de LE a oportunidade de
aprendizagem e de crescimento pessoal.
Palavras-chave: Ensino de literatura; leitura; escrita.
Rosana Ferreira Alves
ANÁLISE DE OBRA LEXICOGRÁFICA: ASPECTOS LINGUÍSTICOS –
TEXTO CRÍTICO – GLOSSÁRIO
Resumo: Procura-se analisar a obra lexicográfica de Cunha (1949): O Cancioneiro
de Joan Zorro: aspectos linguísticos – texto crítico – glossário, tendo em vista os
critérios básicos explícitos em Mateus (1995), Cunha (1996) e Haensch, Ettinger &
Werner (1982). Assim, verifica-se, principalmente, os seguintes pontos: (i) a extensão
e apresentação do glossário (se o autor especifica para quem é destinada à obra; se
está claramente especificado o que o autor pretende realizar); (ii) se há explicitação
dos critérios a serem adotados na preparação da obra; (iii) caso os critérios estejam
explícitos, é importante observar se os mesmos são coerentemente seguidos pelo
autor. Em conclusão, evidencia-se que, o glossário em análise caracteriza-se uma obra
de grande contribuição filológica, principalmente tendo em vista a época na qual foi
escrita, ou seja, há mais de meio século. Entretanto, se a mesma dispusesse de um texto
introdutório evidenciando claramente os critérios, procedimentos adotados e constando
da explicitação de abreviaturas e símbolos utilizados, certamente seria melhor e mais
compreensível ao leitor, fato que elevaria a sua excelência em qualidade.
Palavras-chave: Crítica Textual; Lexicografia; Filologia.
Rosana Rodrigues Almeida
ESTUDO ETNOTOPONÍMICO E HISTÓRICO DO MUNICÍPIO
DE DIANOPÓLIS
Resumo: O presente artigo constitui um estudo etnotoponímico e histórico-cultural de
cunho científico do nome Dianopólis, município localizado no estado do Tocantins.
A história de seu surgimento está ligada predominantemente ao aparecimento na
204
Resumos de trabalhos
região, dos aldeamentos indígenas e das minas de ouro durante o século XVIII. Com
a pesquisa toponímica espera-se conhecer e compreender as motivações que levaram
as várias designações do topônimo: Duro, São José do Duro e finalmente Dianopólis,
tendo como subsídios teórico-metodológicos a história oficial já documentada, como
também a vivenciada pelos moradores locais registrada em entrevistas, com o intuito
de comprovar que o topônimo carrega as experiências e transformações políticas,
religiosas e sócio-culturais de uma comunidade. O resgate do processo histórico do
município inicia-se através de leituras bibliográficas, pesquisa cartográfica e de campo,
e entrevistas com moradores da comunidade. A partir dos levantamentos de dados,
serão utilizadas as taxeonomias criadas por Dick para realização propriamente dita da
pesquisa etnotoponímia e etnolinguística do topônimo Dianopólis, visando averiguar
os motivos das várias denominações e o preenchimento da ficha lexicográfica, com o
intuito de contribuir para a elaboração do Atlas toponímico do estado do Tocantins.
Palavras-chave: etnotoponímia; topônimo; Dianopólis.
Sandra Carneiro de Oliveira
ASPECTOS SÓCIO-HISTÓRICOS E SOCIOLINGUÍSTICOS DE
UMA COMUNIDADE AFRO-BRASILEIRA
Resumo: Este artigo descreve e analisa a variação dos pronomes sujeitos nós e a gente
no português falado em Caimbongo, uma comunidade rural afro-brasileira descendente
de quilombolas, localizada no município de Cachoeira-BA. O fato de ainda não haver
estudos concluídos dando conta do estágio dessa variação no português rural afrobrasileiro e o continuado aumento no uso de a gente no lugar de nós nas variedades
do português popular, principalmente urbano, e no português considerado culto
(OMENA, 1998; MENON, LAMBACH e LANDARIN, 2003; LOPES, 2003, 2007;
MACHADO, 1995; VIANNA, 2006 e outros), motivaram a pesquisa. Com base nos
pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV,
1983; 2001; SANKOFF, 1988; LEMOS MONTEIRO, 2002), foi constituído um
corpus com 12 informantes, divididos em três faixas etárias para verificar o fenômeno.
Os resultados revelam altos índices da forma a gente na comunidade, motivados por
fatores sociais como saídas da comunidade, viagens e exposição à mídia e outros como
escolaridade, faixa etária e gênero. Considerando a análise linguística, embora o nós
pareça prestes a desaparecer da fala dos mais jovens, sua permanência é assegurada,
pelo menos, em alguns contextos.
Palavras-chave: Nós; a gente; variação; sócio-história; português rural.
Sandra Regina Garcia Leite
QUANDO O TREM PASSA: RETRATOS EM 3X4
DE IMIGRANTES ITALIANOS NO SUL FLUMINENSE
Resumo: Este trabalho trata da minha pesquisa de Doutorado em Estudos Literários
Neolatinos na qual, a partir da coleta de histórias de vida de imigrantes italianos no
sul fluminense, sob um olhar da Sociolinguística Interacional, analisei a construção
de identidade de dois imigrantes italianos, em situação de pesquisa, enfocando
a organização discursiva da fala dos entrevistados e suas diferentes dimensões
identitárias, bem como apontei as estratégias de envolvimento por eles utilizadas e
suas implicações para a construção da identidade dos narradores. Além disso, após
205
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
observar em que medida as histórias de vida dos entrevistados foram orientadas por
valores da cultura italiana e por se encontrarem em condição de imigrantes no Brasil foi
elaborado um relato de apresentação das histórias dos entrevistados e do percurso da
pesquisadora levando-se em conta que as identidades constituem-se simultaneamente
nos universos da história, da interação e dos valores sócio-culturais.
Palavras-chave: narrativa; história oral; imigração italiana.
Sandra Regina Marcelino Pinto
A LÍNGUA MEDIEVAL – CANTIGAS DE SANTA MARIA
Resumo: O projeto tem como objeto de estudo as Cantigas de Santa Maria, escritas
em galego português por Afonso X. A fundamentação da pesquisa é o estudo dos
elementos técnicos e culturais que permitem esclarecer um texto literário. Sendo o
texto o objeto principal da filologia, e a Filologia a ciência que estuda uma língua,
literatura, cultura, ou civilização sob uma visão histórica, a partir de documentos
escritos, o projeto encontra embasamento necessário para sua concretização no
estudo e aprofundamento desta ciência. A Filologia não subsiste sem o texto escrito,
manuscrito e impresso, antigo ou moderno. Dessa forma, aborda, portanto, problemas
de datação, localização e edição de textos; para tanto, ela se apoia na História e
em seus ramos (como a história das religiões etc.) elementos extraordinariamente
pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa, uma vez que os textos pesquisados são
referentes ao século XIII. Para maior compreensão e conhecimento do período a ser
abordado no projeto; evocando a Filologia, vê-se que nela se encontram por tradições
acadêmicas de várias nações, uma ampla acepção desse termo, que denominam o
estudo de uma língua juntamente com a sua literatura e os contextos históricos e
culturais, que são indispensáveis para uma compreensão das obras literárias e de
outros textos culturalmente significativos, com destaque ao tema referente ao projeto
que aborda textos de língua galego-portuguesa da Idade Média. Uma vez que a
proposta deste projeto é trabalhar com textos de uma língua que foi falada durante a
baixa Idade Média, a Filologia oferece forte embasamento para a composição deste
projeto uma vez que ela não subsiste se não existe o texto (pois o texto é a razão de
ser da Filologia).
Palavras-chave: Filologia; Cantigas de Santa Maria; trovadorismo.
Sarah Maria Forte Diogo
O CONTADOR DE ESTÓRIAS EM TEMPOS MODERNOS:
CONSIDERAÇÕES SOBRE O NARRADOR DE ESTÓRIAS
NO PROJETO ESTÉTICO-LITERÁRIO DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Resumo: Esta comunicação tem por objetivo tecer considerações sobre o contador
de estórias no projeto estético-literário de João Guimarães Rosa. Para tanto,
procederemos a uma breve revisão da fortuna crítica roseana, destacando certos
clichês, para, a seguir, aprofundarmo-nos em certos aspectos desse projeto, como a
peculiar noção de regionalismo deste autor, o seu trabalho com a linguagem e a figura
do contador de estórias, de matriz oral, que, não por acaso, será por nós interpretada
como um narrador que atua em tempos modernos. Utilizaremos como aporte teórico
o texto de Walter Benjamin, acerca do narrador na obra de Nikolai Leskov. Em
relação aos aportes literários, faremos uso da figura de diversos contadores de
206
Resumos de trabalhos
estórias que surgem em obras de João Guimarães Rosa, nos fixando em especial nas
novelas Buriti e Cara-de-bronze. Nosso objeto de estudo configura-se basicamente
como uma indagação: que faz a ancestral figura do contador de estórias em uma
narrativa moderna? Nossas considerações desejam oferecer trilhas, pistas, para se
compreender o lugar que ocupa a categoria contador de estórias nos textos de Rosa,
categoria essa haurida da literatura oral.
Palavras-chave: João Guimarães Rosa; Linguagem; Estória.
Sebastião Alves Teixeira Lopes
OS ENTRE-LUGARES DAS NARRATIVAS PÓS-COLONIAIS,
REFLEXÕES PARA O CONTEXTO LATINO-AMERICANO
Resumo: As narrativas pós-coloniais se mostram libertárias em relação ao discurso
eurocêntrico de supremacia racial e moral. São também capazes de fomentar a
multiplicidades de vozes, dotando de visibilidade social e políticas identidades
até então marginalizadas por narrativas hegemônicas e centralizadoras. Nesta
comunicação, contudo, pretendo refletir sobre o espaço cultural e ideologicamente
ambíguo ocupado por essas narrativas, que também se encontram perfeitamente
inseridas em uma lógica de mercado. Trabalho especialmente com o conceito de
in-betweeness, de Bhabha, sugerindo que as narrativas pós-coloniais são produzidas
a partir de zonas de contato, a partir de um tecido híbrido, marcado por interseções
culturais. Reflito, contudo, sobre a incapacidade demonstrada por essas narrativas
de chegarem ao que chamo de margem da margem, ou seja, àquelas culturas
e identidades que não se expressam através de uma língua europeia. Lanço mão
também da noção de mercantilização do exótico como elaborada por Huggan, que nos
leva a refletir sobre o espaço mercadológico ocupado pelas narrativas pós-coloniais.
Apesar do título dessa comunicação ser por demais abrangente, baseio muito de
minhas reflexões em minha prática de ensino específica junto à Universidade Federal
do Piauí, ensino de graduação e pós, em que tenho trabalhado com narrativas póscoloniais, esperando, quem sabe, que parte dessas reflexões e preocupações possam
encontrar ecos nas práticas pedagógicas de outros colegas em outros lugares.
Palavras-chave: Pós-colonialismo; identidade; hibridismo; entre-lugares
Serge Erard
POUR UN ENSEIGNEMENT DE L’ORAL EN LANGUE MATERNELLE
Resumé : Le conférence se fixe pour objectif de présenter les conditions d’une
démarche structurée d’apprentissage de la parole publique en français langue
maternelle et un modèle de l’enseignement de l’oral dans le cadre de l’interactionisme
sociodiscursif (Bronckart& Schneuwly).
Mots-clés : Eléments historiques ; Spécificités de l’oral et démarche didactique ;
oral privé / oral public ; l’enseignement de la parole publique par les genres ; des
oraux sociaux de référence aux modèles didactiques ; dimensions enseignables et
spécificités du genre ; progression et améliorations des capacités langagières ; statut
de l’écrit dans l’oral ; réflexion sur les normes et l’évaluation de l’oral.
Sérgio Afonso Gonçalves Alves
A MEMÓRIA, A NAÇÃO EM MILTON HATOUM
207
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Resumo: A partir do conceito de nação, e de teorias da memória, segundo pensadores
da contemporaneidade, realizo uma reflexão sobre a circulação de signos outros em
um meio aparentemente reservado, favorecendo o hibridismo cultural, a superação
das dicotomias, a desterritorialização e a mobilidade de fronteira. O texto base é a
obra do escritor Milton Hatoum compreendida como um repensar de seus espaços
e tempos originais que transplanta o leitor para outros espaços e tempos graças à
mediação de elementos híbridos.
Palavras-chave: Nação; memória; hibridismo cultural.
Shirley Laianne Medeiros da Silva
INGLÊS DE SOUZA OU LUIS DOLZANI: DOS JORNAIS AOS PORTAIS
Resumo: A imprensa, no século XIX, foi o grande veículo de propagação dos mais
diversos textos, responsável pela circulação de um grande volume de obras literárias,
rompendo fronteiras e consagrando escritores, visto que os periódicos como suporte
proporcionavam maior e mais fácil acesso dos leitores aos textos. Destacamos, nesse
contexto, o autor paraense Herculano Marcos Inglês de Souza (1853-1918) que,
embora tenha publicado no formato convencional, o livro, obras como o Coronel
Sangrado (1877) e O Missionário (1891), publicou também em periódicos obras
como O Cacaualista (O baixo Amazonas, 1878) e O Sineiro da Matriz (A Província
do Pará, 1877, sob o pseudônimo Luís Dolzani. No século XXI, o papel ocupado
pela imprensa oitocentista passa a ser da Internet. A facilidade de acesso dos leitores
a qualquer tipo de texto é dada pelo grande volume de informações veiculadas e curto
espaço de tempo em que são encontradas neste suporte. A partir das informações
disponibilizadas pelo projeto Lendo o Pará: a publicação do Romance-folhetim
em Belém do Pará na segunda metade do século XIX (1850-1900) (CNPq) e
confrontando-as com dados da Internet, propomo-nos a observar, em que medida as
obras de Inglês de Souza superaram seu tempo, passando dos suportes de sua época
– jornais e livros – para o mais informativo de nossa época – internet – nesses mais
de cem anos que nos separam das suas primeiras edições.
Palavras-chave: Inglês de Souza; periódicos oitocentistas; Internet; práticas de leitura.
Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
GUIMARÃES ROSA E A CRÍTICA ITALIANA:
O CASO DE ETTORE FINAZZI-AGRÒ
Resumo: A presente comunicação é um estudo interpretativo da recepção crítica
de Guimarães Rosa pela crítica italiana recente, procurando cingir-nos ao período
compreendido entre 1998 e 2007. Nesse período, que é posterior ao lançamento das
mais importantes traduções de textos rosianos para a língua italiana, devidas ao labor
e senso poético de Edoardo Bizzarri, saíram, em Língua Portuguesa, muitos estudos
acerca da poética rosiana e suas implicações. Entre os intérpretes, destaca-se, sem
dúvida alguma, o professor Ettore Finzzi-Agrò, da Universidade de Roma. Segundo
este autor, haveria, subjacente à produção rosiana, uma espécie de lógos trágico. Com
base em George Steiner, o professor italiano rediscute a relação entre mito e romance
moderno, tema bastante comum na crítica brasileira acerca de Grande sertão: veredas,
para defini-la como a “dolorosa tomada de consciência de que aquilo que nos aguarda
é apenas o atormentado, humano aguardar” (FINAZZI-AGRÒ, 2002, p. 123). No
208
Resumos de trabalhos
livro Um lugar do tamanho do mundo (2001), relendo trecho do célebre parágrafo
inicial — “Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos...” (ROSA,
1956, p. 9) —, o pesquisador busca examinar tempos e espaços na ficção rosiana. Ao
tratar da segunda categoria, lê o espaço como oblíquo, indefinido, nun definir e abolir,
dialeticamente, de fronteiras. Então, o espaço da obra se situa no âmbito da tensão
exatidão vs. precisão e “se dispõe [...] no interstício que se recorta entre contar e ouvir,
na fenda que corre entre a pergunta e a resposta.” (FINAZZI-AGRÒ, 2001, p. 55).
Palavras-chave: Guimarães Rosa; crítica italiana; Ettore Finzzi-Agrò.
Soélis Teixeira do Prado Mendes
A CONCORDÂNCIA VARIÁVEL COMO MARCA DE ORALIDADE
EM MANUSCRITOS SETECENTISTAS DE MINAS COLÔNIA
Resumo: Serão discutidos dados referentes à concordância variável (nominal e verbal)
que fazem parte de minha tese de doutoramento, Combinações lexicais restritas em
manuscritos setecentistas de dupla concepção discursiva: escrita e oral, defendida em
2008 na Universidade Federal de Minas Gerais. Os corpora que serviram de base são
processos-crime civis, exarados, na sua maioria, por escrivães portugueses, no período
de 1724 a 1750, em Vila Rica (atual Ouro Preto) e Vila Real de Sabará (atual Sabará).
O assunto a ser discutido não foi o objeto da pesquisa, mas reforçou a argumentação
de que tais documentos são detentores de traços de oralidade. A análise desses dados se
justificou, porque, durante a transcrição dos 14 processos civis, esse fenômeno sintático
levantou-nos a seguinte questão: se, na atualidade, essa concordância variável é mais
prototípica dos gêneros orais (NARO & SCHERRE, 2007), em especial do português
não-padrão, é possível que também o fosse no português antigo? O que explicaria a
presença desse fenômeno na escrita daqueles escrivães? Amostra de dados levantados:
1) ...dera Manoel Perei rade|souza comhu facam deP ran xa na|caradocapi tan Francis
correada|silva de querezultou ofazerlheAS|FERIDA Ø quedeclaraoauto (...) (AP
–1750 Linhas: 3847-3849) 2)...foraõ|apresentadas dascoais seus nomes|ditos idades
eCostumes saõ OSQUEAODI| ANTESESEGUE Ø deque para constar fiz|estetermo;
[AP-1735 – Linhas 2548-2550] Essas e outras evidências reforçaram a nossa hipótese
de que a manifestação da oralidade se dá no corpus sob análise, não só na concepção
discursiva, mas também na estrutura linguística do texto.
Palavras-chave: oralidade-escrita; processos-crime; concordância variável.
Solange da Luz Rodrigues
ESCRITA FEMININA: LÓCUS DE SUBVERSÃO
Resumo: Quando se fala em escrita feminina, atribui-se principalmente ao
feminismo o desnudamento dos determinantes de um contexto sócio-histórico na
produção literária, como foi o caso de muitas escritoras reproduzirem a perpetuação
do seu status quo. Já em 1928, no livro Um teto todo seu, a escritora inglesa Virginia
Woolf reivindicava independência financeira e um espaço (um quarto silencioso)
para a mulher escrever. Para fundamentar essa reflexão, dialogar-se-á com as ideias
da feminista francesa Hèléne Cixous, segundo a qual o corpo da mulher e sua escrita,
se libertos da censura patriarcal heterossexual, podem-se transformar em arma que
irá desconstruir o falocentrismo. Para a teórica, a mulher é possuidora de um poder
pessoal e, a partir dele, deve compor sua própria história e ganhar a capacidade de
209
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
“voar”. Isso poderia ser feito por intermédio da voz. Dessa forma, Cixous instiga a
mulher para trazer-se para dentro da escrita, para dentro de seus corpos, a escrever
para as mulheres, colocando-se dentro do texto e, por conseguinte, para dentro do
mundo e da história com o seu próprio ato. A partir desse estudo pretende-se trazer
uma contribuição para uma discussão sobre a escrita feminina e de como ela pode
ser um espaço de ruptura e meio de mudança.
Palavras-chave: Escrita feminina; subversão; falocentrismo.
Spike Gildea
PROCURANDO UMA EXPLICAÇÃO PARA SINCRETISMO NA MARCAÇÃO
DE PESSOA NA FAMÍLIA CARIBE: GENERALIZAÇÕES, CONSTRUÇÕES E
DIACRONIA
Resumo : Na família Karíb, há uma série de prefixos pessoais que aparecem em
várias funções como, por exemplo, marcando nome inalianavelmente possuído
para a pessoa do possuidor, posposição para a pessoa do objeto, verbos para a
pessoa do absolutivo ou do acusativo, auxiliares para a pessoa do nominativo, e
como parte de um sufixo complexo, marcando verbos transitivos para a pessoa do
ergativo. Tipologicamente, tanto sincretismo morfológico é raro. Essa procura de
generalizações sincrônicas leva-nos a decidir que há uma única série de prefixos já
que todos mostram a mesma alomorfia e também alternam com sintagmas nominais
livres. Mas o sincretismo formal não se correlaciona com uma função unificada, o que
nos leva a questionar se há uma análise unificada. Resolvemos o problema analítico
sincrônico através da noção de construção, que chama a atenção para a importância
do contexto construcional na interpretação da semântica de morfemas, e que de fato
nega a possibilidade de entender o valor semântico de morfemas sem dar conta da
construção em que aparecem. Tomando a perspectiva de Gramática de Construções
(Construction Grammar), resolvemos que a parte semântica do papel gramatical vem
da construção e não está inerente no morfema. Depois, tomando uma perspectiva
diacrônica, podemos ver que esta série de prefixos tem uma origem unificada, e
assim, podemos reconstruir a fonte de cada construção que impõe um novo papel
gramatical na série. No final, podemos unificar os prefixos diacronicamente, porém,
sincronicamente, temos que separá-los em construções distintas.
Stéfanie dos Prazeres Gaia
DIÁRIO DO GRAM-PARÁ, PERIÓDICO NOTICIOSO E LITERÁRIO
DO SÉCULO XIX
Resumo: Esta proposta de painel compõe o plano de trabalho intitulado Diário do
Gram-Pará, periódico noticioso e literário do século XIX, pertencente ao projeto
PIBIC JR, vinculado ao Lendo o Pará: publicação do romance-folhetim nos jornais
de Belém do Pará na segunda metade do século XIX (1850-1900), coordenado
pela professora Germana Maria Araújo Sales. Objetiva-se, sobretudo, apresentar a
primeira etapa dessa pesquisa feita na Fundação Tancredo Neves – CENTUR, a
qual consistiu no estudo dos anúncios de livros do primeiro jornal de circulação
diária de Belém do Pará, Diário do Grão-Pará. Observa-se que a venda de livros era
constante, possibilitando que a população pudesse ter mais acesso à literatura, pois
este comércio facilitava isso.
Palavras-chave: Século XIX; Diário do Gram-Pará; anúncios.
210
Resumos de trabalhos
Stella Virginia Telles de Araujo Pereira Lima
NASALIDADE EM LATUNDÊ E LAKONDÊ
Resumo: As línguas indígenas Latundê e Lakondê (Família Nambikwára, Grupo do
Norte) são muito próximas entre si. Em nível da fonologia, as línguas apresentam
um inventário de cinco vogais orais simples, com suas correspondentes laringais
(creaky voice), /ι ,ε ,α ,ο ,υ/ /, somando um total dez vogais orais contrastivas. 0ι ,0ε
,0α ,0ο ,0υ/ Além destas, há mais uma série de seis vogais, três delas laringais, /,)0υ
,)υ ,0)α ,)α ,0)ι ,)ι que apresentam oposição pelo traço nasal, / elevando o inventário
vocálico para um total de dezesseis segmentos. A oposição da nasalidade apenas
ocorre em sílabas tônicas. Em sílabas átonas, as vogais orais podem ser nasalizadas,
como resultado de variação alofônica, decorrente da assimilação de consoante
nasal adjacente. Neste caso, a vogal oral átona realiza-se opcionalmente nasal pela
assimilação da nasalidade regressiva da consoante nasal não tautossilábica. As
vogais nasais subjacentes ocorrem, quase restritamente, seguidas por consoante nasal
tautossilábica. A ocorrência dessas vogais, em ambiente de consoante nasal contígua,
pode basear a hipótese de que o fenômeno de nasalização na língua seja resultado
de alofonia, não se constituindo em oposição válida. No entanto, ao lado dessas
restrições de ocorrência das vogais nasais, a com superfície ,/N)α/ ↔ /Nα/oposição
entre segmentos orais e nasais, ], respectivamente, em ambiente idêntico,)α ,ν)α]
e [α ,να[ apresenta-se como um forte argumento para se confirmar a subjacência
das vogais nasais. (Compare, por exemplo, as oposições ‘sangue’)./ετ∩√ν0αν∪/ ]
εδ∩0αν∪ ‘folha’ e [/ετ∩√ν)0αν∪/ ]εδ∩)0αν∪[ Neste trabalho, serão demonstrados
os processos que envolvem as vogais nasais em Latundê e Lakondê, buscandose contrastar seu comportamento, a fim de se discutir seu estatuto fonológico e a
correspondências da nasalidade vocálica em ambas as línguas.
Palavras-chave: Palavras-chaves: nasalidade; vogais; Latundê e Lakondê.
Suani Trindade Corrêa
O ESTUDO COMPARATIVO DOS PERSONAGENS DODÓ E VALÉRIO
NA ERA DA INTERNET
Resumo: Percebendo a importância do texto escrito, esta comunicação abordará
o estudo comparativo (parcial) dos personagens Dodó de O santo e a porca, de
Ariano Suassuna, e Valério, de O avarento, de Molière, ambas peças teatrais. Tal
estudo será descrito, divulgado e compartilhado com os usuários da Internet. Esses
usuários se lançam no imenso universo que ela é, desafiando as suas interfaces,
estabelecendo e criando relações com os outros usuários através dos MSNs, blogs,
chats etc., configurando uma rede/teia de interconexões de informações. Nessa
interconexão, pretendo suscitar discussões acerca desse estudo, no intuito dos
internautas compartilharem suas impressões, opiniões e sugestões sobre ele.
Palavras-chave: personagem; teatro; internet.
Suzana Pinto do Espírito Santo
AS MARCAS DA PRESENÇA DO LOCUTOR NO TEXTO FALADO:
UM CASO DE PARENTIZAÇÃO
Resumo: O estudo que ora apresentamos traz à baila uma investigação no campo da
oralidade, com enfoque para uma das estratégias discursivas usadas pelo locutor na
211
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
realização da conversação face a face: as inserções parentéticas. Frisamos que nosso
estudo não se propõe exaustivo, demonstrando, portanto, apenas um caso da inserção
parentética, o foco no locutor, de acordo com a classificação feita por Jubran (2002).
Neste tipo de parêntese, identificamos a presença do locutor no seu texto, que insere
uma estrutura parentética para qualificar-se ou não sobre o tópico discursivo, atribuir
referencia a outros discursos, manifestar interesse pelo assunto entre outras funções.
Essas inserções proporcionam uma desaceleração no tópico discursivo desenvolvido,
com isto, podemos dizer que elas exercem uma função interacional, sobre a qual
norteamos nossa análise, pois tomamos como base teórica a concepção de linguagem
como ato de interação social. Nossa investigação sobre as inserções parentéticas é o
resultado de uma pesquisa realizada na cidade de Oriximiná, localizada na Amazônia
paraense. In loco, constituímos um corpus de doze (12) narrativas de experiência pessoal.
As entrevistas constituem inquéritos do tipo diálogo entre informante e documentador
(DID), coletadas por meio de gravações e posteriormente transcritas, obedecendo a
proposta apresentada pelo NURC (Projeto Norma Culta Urbana), com duração que
varia entre vinte a cinquenta minutos. O trabalho apresenta um importante recorte da
descrição do português falado no interior da Amazônia, pois julgamos imprescindível
penetrar na comunidade de fala para pormos à mostra o verdadeiro vernáculo.
Palavras-chave: texto oral; inserção parentética; locutor; conversação; sentido.
Sylvia Maria Trusen
A ABERTURA DO AMAZONAS, CANTO DE JOAQUIM SERRA:
A VISÃO DO PRÓPRIO E DO ALHEIO
Resumo: Em 1867, é publicado no Diário do Grão-Pará poemeto da autoria de
Joaquim Serra do Maranhão, “um escriptor tão distincto como modesto”, informa
o jornal, que celebra, como parte dos festejos da independência, a abertura do Rio
Amazonas à navegação internacional de barcos a vapor. Os versos de enaltecimento
às “mattas seculares e “seu colossal mysterio” celebram simultaneamente a majestade
do cenário amazônico e a índole hospitaleira de seu povo. Assim, o canto parece
evocar um segundo texto, The Amazon River and Atlantic Slopes of South America
(1853), de Matthew Fontaine Maury, editado em português pela Typographia M.
Barreto, que pleiteia não só uma política de comércio com o país regado pelo
Amazonas, como também traça os desígnios para o lugar. O exame comparado entre
essas duas leituras da região permite ler o desenho a partir do qual Joaquim Serra
elabora, não só a imagem de sua própria terra, mas também interpreta e traduz o
projeto de desenvolvimento almejado a partir do olhar do outro.
Palavras-chave: estudo comparado; olhar; interpretação; tradução.
Tadeu Luciano Siqueira Andrade
A SOCIOLINGUÍSTICA E DIALECTOLOGIA NO ESTUDO DA LÍNGUA:
ALGUMAS REFLEXÕES
Resumo: Vivemos numa sociedade plural na qual se entrecruzam diferentes etnias,
culturas, linguagens, costumes entre outros aspectos. Como as relações se dão na, pela
e com a linguagem, é impossível analisarmos essas relações sem levarmos em conta a
língua e sua diversidade de usos. Assim, falar em variação e diversidade linguísticas
implica percorrer dois caminhos de naturezas diversas. Um que descreve a língua no
212
Resumos de trabalhos
contexto social, outro, analisa a língua no aspecto geográfico. Considerando o aporte
da Sociolinguística e da Dialetologia, esse trabalho objetivo descrever o papel dessas
duas ciências na descrição e análise da língua. Para tanto, seguiremos os estudos
de natureza sociolinguística, fundamentando-nos em Taralo (1995), Labov (1966),
Paul (1966), Scherre (2006), Mattos e Silva (2006) e outros. Do ponto de vista
da Dialectologia, seguiremos as pesquisas de Cardoso (1997, 2003, 2005), Motta
(2003), Aguilera (2002), Aragão (1985) e alguns dados do projeto Atlas Linguístico
do Brasil – ALIB que nos mostra um perfil da realidade linguística do Brasil. A
língua é o cartão postal do falante e, por isso, não pode ser descrita sem levar em
conta a relação homem e sociedade, como também homem e espaço. Dessa forma,
essas duas ciências nos dão subsídios que fundamentam toda e qualquer descrição
linguística que considere a língua como um organismo vivo e dinâmico, inseparável
do homem e do espaço onde se dão as relações sociolinguísticas.
Palavras-chave: língua; sociolinguística; dialectologia; diatópica; diastrática.
Tânia Sarmento-Pantoja
OLHARES DA INFÂNCIA NA NARRATIVA PÓS-DITATORIAL LATINOAMERICANA: LITERATURA E CINEMA
Resumo: Com o intuito de compreender aspectos relacionados ao funcionamento
das narrativas de resistência, este trabalho pretende traçar algumas reflexões sobre
universos atravessados pela emergência de estados autoritários a partir do olhar da
infância. Para tanto filmes, como Kamchatka (2002), Machuca (2004) e O ano em
que meus pais saíram de férias (2006) serão confrontados com narrativas literárias.
Palavras-chave: Narrativa pós-ditatorial; Literatura; Cinema; Autoritarismo; Infância.
Tatiana Oliveira Siciliano
ARTHUR AZEVEDO E OS SEUS CONTOS LIGEIROS: COTIDIANO E
(IN)FIDELIDADES NA BELLE ÉPOQUE FLUMINENSE
Resumo: O maranhense Arthur Azevedo (1855-1908) veio para o Rio de Janeiro
em 1873, onde fez carreira e residiu até sua morte. Mais conhecido como teatrólogo,
também foi contista, jornalista, cronista e funcionário público, sendo colega na
repartição de Machado de Assis. Assim como Machado, Arthur estava inserido no
“campo” intelectual da época e participou da fundação da Academia Brasileira de
Letras. Arthur Azevedo publicou, em vida, quatro livros de contos: Contos Possíveis
(1889), Contos Fora de Moda (1894), Contos Ephemeros (1897), Contos em Verso
(1909, que saiu após seu óbito). A coletânea Contos Ligeiros, organizada e editada
por Magalhães Jr em 1974 – que subsidia este trabalho – selecionou parte da “série”
de contos, publicadas semanalmente na coluna Contos Ligeiros, entre agosto de 1906
e outubro de 1908, em O Século. Os enredos bem humorados retratavam dimensões
da vida cotidiana, como as interações sociais e os amores – lícitos ou ilícitos – dos
habitantes da cidade do Rio de Janeiro, entre o Segundo Reinado e as duas primeiras
décadas da República. Esta comunicação privilegiará dezenove contos que exploram
situações jocosas de (in)fidelidades conjugais. Dentro dessa concepção, serão
investigados aspectos dos contos como sinais, no sentido utilizado por Ginzburg, do
padrão discursivo e performativo da relação entre gêneros nessa época e das novas
possibilidades de individualização proporcionadas pela urbanização. Ao seguir as
213
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
trilhas dos personagens, procuraremos desvendar alguns dos “indícios” da dinâmica
da ação social, interpretando o significado atribuído pelos atores sociais.
Palavras-chave: Arthur Azevedo; Contos urbanos; Infidelidades conjugais; Rio de Janeiro.
Tavifa Smoly Silva
DESENVOLVENDO O INTERESSE PELA LEITURA A PARTIR DAS
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, NUMA TURMA DE SEGUNDO ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo: O relato refere-se a uma atividade desenvolvida no Colégio de Aplicação
em Rio Branco-Acre, com a utilização de revistas em quadrinhos, como tentativa de
despertar o interesse dos alunos pela leitura. Tal atividade foi realizada no período
de maio, e à dezembro de 2008. Demonstrou que, a partir da experiência, o interesse
pela leitura, naquela turma, aumentou, fazendo com que outros gêneros textuais
literários e não literários fossem apresentados e lidos pelos alunos daquela escola.
Palavras-chave: Revista em quadrinhos; leitura; escola.
Tavifa Smoly Silva
LETRAMENTO: APROXIMAÇÕES E DIFERENÇAS ENTRE UMA ESCOLA
URBANA E UMA RURAL DE RIO BRANCO-AC
Resumo: Inserir o aluno no mundo letrado é o desafio para a escola, em todo o
mundo. Do ensino fundamental ao superior, é comum professores se queixarem
de que os alunos lêem mal e não abem usar os materiais de estudo. Por mais que
se queira admitir o contrário, é perceptível que em muitas escolas as crianças são
alfabetizadas pelos métodos tradicionais, o que pode conduzi-los ao desinteresse por
serem levadas a compreender estes conhecimentos por meios de repetição e materiais
desinteressantes. A partir dessas deficiências sempre referidas, o estudo proposto por
este projeto busca descrever e analisar os processos de alfabetização em 2 escolas de
Rio Branco – Acre, uma escola situada na zona urbana (Escola Mozart Donizete) e
outra, na zona rural (Escola Tufi Assmar). Nosso estudo será pautado nos conceitos
de Letramento proposto por Mary Kato, Ângela Kleiman e Magda Soares, buscando
evidenciar as diferentes concepções veiculadas nas escolas selecionadas.
Palavras-chave: Letramento; Leitura; Escola.
Telma Domingues da Silva
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E MEIO AMBIENTE:
O SUJEITO DO USO E O SUJEITO DO MANEJO
Resumo: O IBAMA produz materiais (cartilhas, DVDs etc.) que devem funcionar
como elementos de intermediação ou auxiliares na intermediação entre a lei ambiental
do Estado brasileiro e o cidadão ou a chamada “população local”. A nossa proposta é
apresentar as análises discursivas que estamos fazendo, e que remetem ao âmbito da
educação para populações não-urbanas. Segundo análises da legislação ambiental e
de cartilhas do IBAMA já realizadas, observa-se que o sentido da política ambiental
produz-se como “racionalização sobre o uso do meio ambiente/recursos naturais”, isto
é, um sentido administrativo e técnico de planejamento/gestão. A lei dirige-se a seus
cidadãos e, desse modo, a política ambiental identifica-se à constituição de uma posição
de sujeito do manejo (racionalização/planejamento sobre os recursos) como posição
214
Resumos de trabalhos
de tutela sobre a posição de sujeito do uso, identificado ao cidadão/ homem, gerindo
sobre esses usos (sobre o conceito de posição sujeito, cf. Pêcheux, 1988). A análise das
cartilhas do IBAMA foi significativa sobre a produção de uma diferenciação entre sujeito
do uso e sujeito do manejo, no âmbito do direito à exploração dos recursos naturais.
Nessa textualidade, uma série de paráfrases de conhecimento científico, de um lado, e
de conhecimento tradicional, de outro lado, constroem sentidos para o sujeito, a partir
da diferenciação entre “formas de conhecimento”: os termos conhecimento científico e
conhecimento tradicional constituem, assim, uma representação das partes envolvidas
na questão do manejo de áreas florestais e demais áreas ditas “de preservação”, que
autoriza alguns sujeitos e desautoriza outros.
Palavras-chave: discurso ambiental; sujeito; educação ambiental.
Teresa Cristina Nascimento
O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E O DESENVOLVIMENTO DE
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
Resumo: A partir dos anos 60, principalmente, os estudos desenvolvidos no âmbito
da Linguística passaram a influenciar debates, mudanças e diretrizes para o ensino
de Língua Portuguesa. Na última década do século XX, presenciou-se significativa
produção científica sobre Gêneros textuais. O interecionismo sócio discursivo,
proposto por Bronckart (1997/1999), seguido de ampla literatura desenvolvida nesse
âmbito, revela-se capaz de nortear a transposição didática das teorias que abordam os
gêneros textuais para seu uso na sela de aula.Nesse contexto, as posturas construtivistas
piagetianas cedem espaço às vygotskianas; o gênero textual torna-se o objeto de ensino
da língua materna; chega-se à concepção de linguagem como interação no processo
de construção do sujeito. Ao ensino de Língua Portuguesa, desse modo, subjaz a visão
de linguagem como instrumento pelo qual o homem age e se posiciona, do ponto
de vista político, social, cultural, ético e estético, frente aos discursos que circulam
na sociedade. Consequentemente, apenas codificar e decodificar textos ou lidar com
nomenclaturas e regras advindas da Gramática Normativa não se adequa como objetivo
central do ensino de Língua Portuguesa. O foco desse ensino é o desenvolvimento
de competências e habilidades de uso da língua e da reflexão sobre esse uso. Nessa
perspectiva, ao invés de conteúdos fragmentados e descontextualizados,estabelece-se
o desafio de as aulas de língua materna oportunizarem ao aluno situações que o tornem
capaz de realizar, a partir de diversos gêneros textuais, operações de contextualização,
tematização, enunciação e textualização.
Palavras-chave: ensino; Língua Portuguesa; gênero; competências; habilidades.
Tereza do Carmo Bentes de Vasconcelos
LEITURAMENTO: UMA FERRAMENTA ALTERNATIVA APLICADA AS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA NAS REGIÕES RIBEIRINHAS
Resumo: A realidade das comunidades ribeirinhas do interior da Amazônia,em
especial do Oeste do Pará,tem um aspecto singular de acordo com a região em que
se localiza.Embora o conteúdo programático elaborado pela secretaria de educação
em sua maioria não sejam adaptados,de fato,segundo as diretrizes dos PCNs,ou para
o período especial,denominação do período letivo nas regiões ribeirinhas.Aplicar
um metodologia baseada no conceito de letramento tornou-se um desafio com
215
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
resultados interessantes ,ao longo de oito meses de aula.Aprópria resistência dos
demais professores,ainda arraigados em conceitos tradicionais de educação,e a forte
influência política na nomeação de cargos foram desafios que se impuseram para que
a interação dos docentes não visasse um mesmo objetivo quanto ao aprendizado dos
alunos.A vivência destes em seu ambiente social,ao ser confrontrada com assuntos
voltados para temas e instrumentos urbanos,causava um certo estranhamento
percebido ao decorrer das aulas iniciais,o que me fez elaborar novas temáticas a
serem desenvolvidas nas aulas seguintes,de acordo com o conhecimento de mundo
que eles dispunham. Essa experiência “in loco” dos efeitos políticos e sistematizados
do ensino em nosso país, serviu de base para uma melhor preparação profissional e
acadêmica,onde em sala de aula arrisquei a criação de textos regionais para que meus
alunos pudessem ampliar suas percepções a partir do cotidiano por eles vivenciados.
Assim,considero essa uma experiência gratificante em todos os aspectos,em que pude
exercer amplamente as designações a mim atribuídas quando, em juramento,encerrei
minha graduação em Letras.
Palavras-chave: experiência; letramento; língua portuguesa.
Terezinha Fatima Martins Franco Brito
UMA ANÁLISE SÓCIODISCURSIVA DE UMA COLEÇÃO DIDÁTICA PARA
O ENSINO DE PORTUGUÊS NO ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo: O trabalho, em fase inicial, objetiva levantar questões que levem à
revisitação acerca das abordagens psicodidático-sociais envolvidas no processo
de leitura e interpretação de textos contidos nos livros didáticos, especialmente o
livro Português: Linguagens (Ensino Fundamental), de William Roberto Cereja e
Thereza Cochar Magalhães, e os discursos neles envolvidos. Nas aulas de Língua
Portuguesa, tanto quanto nas demais disciplinas da Matriz Curricular, a partir dos
ideais interdisciplinares, buscam-se, entre outros objetivos referentes à disciplina,
promover reflexões sobre valores de vida em sociedade. Podem-se dinamizar
debates, a oralidade, argumentação e reflexões sobre o papel exercido no meio em que
vivemos, bem como a identidade que se constrói através dos discursos proclamados.
Além disso, é fundamental despertar hábitos de leitura e reconsiderar a importância
da boa escolha de textos que garantam a formação identitária do indivíduo como
agente de transformações sociais e de novos textos que garantam sua identidade
cultural. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e interpretativista, através da análise
de textos e contextualização dos mesmos. As questões a serem aqui respondidas são:
os textos apresentados são de interesse da faixa etária e identitária a que se destinam
e levam a uma reflexão promotora de valores de vida que conduza os educandos a
atuarem responsavelmente nas questões da realidade em que vivem? A obra é de
caráter sócio-cultural inclusivo?
Palavras-chave: livros didáticos; identidade; discursos; contextualização.
Thales Branche Paes de Mendonça
...E FOI QUANDO SHAKESPEARE CAIU NO BOI-BUMBÁ:
NO LIMIAR ENTRE ARTE E CULTURA POPULAR
Resumo: Partindo do questionamento acerca de que maneira a cultura artística
estabelece relação com a cultura popular e considerando as diferenças relativas
216
Resumos de trabalhos
aos processos pelos quais esses dois sistemas culturais diferenciados geram seus
produtos, este trabalho de pesquisa visa discutir essa aproximação. Para tanto, será
tomado como objeto de estudos o espetáculo teatral O Boi do Romeu no curral da
Julieta, roteiro e adaptação de Wlad Lima, trabalho que integra o repertório do grupo
de teatro Palhaços Trovadores, que sob a direção de Marton Maués desenvolvem
pesquisa, fundamentalmente, na linguagem do palhaço e da cultura popular. A leitura
do espetáculo teatral será realizada considerando aspectos referentes ao projeto
estético desenvolvido pelo grupo e elementos constituintes da totalidade semiológica
do objeto estético teatral, tais como texto dramático, elementos visuais e sonoros.
Busca-se, enfaticamente, por meio da leitura do espetáculo teatral, compreender de
que maneira se estabelece o espaço limiar entre arte e cultura popular.
Palavras-chave: Arte; cultura popular; teatro.
Thomas Massao Fairchild
ENTRE O PERIÓDICO E O PERMANENTE: O PAPEL DAS REVISTAS NA
PRODUÇÃO DE SENTIDOS E CIRCULAÇÃO DE IMPRESSOS DE ROLEPLAYING GAME (RPG)
Resumo: Durante a última década passou-se a discutir no Brasil, sobretudo por
iniciativa de jogadores e autores de role-playing games (RPGs), a relação entre a
prática desses jogos e o bom desempenho escolar, com base na premissa de que os
RPGs levariam seus praticantes à assiduidade de leitura, à autonomia de estudos etc.
Neste trabalho investigo o papel exercido pelas revistas especializadas na história dos
RPGs no Brasil. Na primeira parte, caracterizo algumas revistas de RPG brasileiras e
comento algumas funções que elas buscam exercer, como as de antecipar e divulgar
lançamentos, ajudar leitores a localizar livros ou a entrar em contato uns com os
outros etc. Na segunda parte, analiso um dado que ilustra um momento inicial da
inserção do RPG no país, quando as editoras procuram formar um público apto a
praticar (e consumir) o hobby. Busco mostrar que o movimento de escolarização dos
role-playing games não está desvinculado de um movimento que é o da expansão
comercial de algumas marcas e, ao mesmo tempo, dos processos de diferenciação
identitária entre leitores que compartilham o mesmo “rótulo” de RPGistas mas
não necessariamente as mesmas leituras. As análises pautam-se teoricamente na
articulação entre Análise do Discurso e História da Leitura e buscam somar-se
às discussões sobre os efeitos da leitura de impressos periódicos, os percursos de
formação leitora que se desenham em situações extra-escolares e a incorporação de
novos materiais à escola.
Palavras-chave: Leitura de revistas; formação de leitores; comunidades discursivas;
role-playing games (RPG).
Valéria Augusti
O LIVREIRO E O GABINETE:
HISTÓRIAS EM TORNO DE UMA PARCERIA
Resumo: Aos 8 anos de idade, o português Antonio Maria Pereira tornava-se
aprendiz do ofício de livreiro-encadernador na Casa dos Vinte e Quatro, em Lisboa.
Em 18 de agosto de 1848, abria, na mesma cidade, um estabelecimento para venda
e encadernação de livros. Esse era o início de um empreendimento editorial que,
217
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
envolvendo sucessivas gerações da mesma família, seria responsável pela publicação
de um sem número de autores, entre eles Camilo Castelo Branco e Fernando Pessoa.
Do outro lado do Atlântico, fundava-se, em 1867,o Gremio Litterario Portuguez, na
Província do Pará. Entidade de “caráter cultural”, pretendia instruir os associados
nas línguas nacional e estrangeiras, bem como proporcionar-lhes distração por
meio de uma biblioteca escolhida. Foi justamente essa biblioteca a responsável
por fazer cruzarem os caminhos do livreiro português Antonio Maria Pereira com
os do gabinete de leitura recém fundado. É dessa parceria, estabelecida em 1868,
que tratará a presente comunicação, uma vez que dela resultou parcela significativa
das obras que ainda hoje constituem o acervo do gabinete de leitura, atualmente
conhecido como Grêmio Literário e Recreativo Português.
Palavras-chave: livreiro-editor; gabinetes de leitura; século XIX.
Valéria Viana Sousa
O COMPORTAMENTO DOS IMPERATIVOS EM OUTDOORS
Resumo: Na tradição gramatical do Português Brasileiro, o imperativo afirmativo para
o pronome você é prescrito a partir da terceira pessoa do tempo presente do modo
subjuntivo. Dessa forma, há um paradigma que obedeceria ao seguinte padrão: P3SbPr
→ P2IpAf, como no enunciado Que ele experimente o que for preciso → Experimente
o que for preciso! Á revelia disso, devido à dinamicidade da língua, na atualidade, a
realização do imperativo em textos orais é comumente feita a partir da terceira pessoa
do singular do presente do indicativo (3PIdPr), como em: Ele experimenta o que
for preciso → Experimenta o que for preciso! É interessante registrar que, no modo
imperativo, ao contrário dos demais modos, essa desobediência à tradição gramatical não
acarreta problema na significação do enunciado. Atentos a esse fenômeno linguístico,
pretendemos verificar se essa tendência ao comportamento do modo imperativo em
textos orais permanece nos textos escritos, constatando, dessa forma, que as variantes
linguísticas evidenciadas na fala quanto ao uso do imperativo avançam também para a
escrita. Nessa perspectiva, o presente trabalho apresenta uma análise do uso do modo
imperativo direcionado exclusivamente à segunda pessoa – pronome você, em 30
(trinta) mensagens veiculadas em outdoor, na cidade de Vitória da Conquista- BA,
nos anos de 2007, 2008 e 2009. Para tanto, fundamentaremos teoricamente a nossa
pesquisa em Alves (2004). Scherre (2005), Scherre (2008).
Palavras-chave: pronome você; imperativo indicativo;imperativo subjuntivo.
Vanessa Cristina Monteiro Tin
A CRISE DO DRAMA E A CRÍTICA TEATRAL DE ARTUR AZEVEDO
N´O PAÍS
Resumo: A partir da última década do século XIX, começaram a ser encenadas
no Brasil obras de dramaturgos inovadores, o que causou muitas discussões por
parte da crítica jornalística. Artur Azevedo se destacou nas discussões, expondo
suas opiniões acerca das inovações dramáticas presentes nessas obras. Dentre os
autores reformadores cujas obras foram encenadas entre os anos de 1895 e 1899,
todas por companhias estrangeiras, encontram-se Henrik Ibsen, Ivan Turgueniev,
Hermann Sudermann. Artur Azevedo, um dos maiores cronistas teatrais do
período, colaborou n´O país, jornal carioca, na Seção Artes e Artistas, discutindo,
218
Resumos de trabalhos
entre outros temas, as encenações e interpretações dos dramas Os espectros, de
Ibsen, O Pão Alheio, de Turgueniev, A Honra, de Sudermann. Nesse sentido, o
objetivo desta comunicação é analisar as ideias teatrais de Artur Azevedo a partir
da leitura das crônicas sobre a encenação desses dramas inovadores, que acabaram
por acarretar a crise do drama tradicional.
Palavras-chave: drama; Artur Azevedo; teatro; crítica teatral; crise do drama.
Vania Maria Batista Ferreira / Cilene Maria Valente da Silva
PRÁTICAS DE PRODUÇÃO ESCRITA NA ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA
DE TRABALHO COM PROFESSORES ALFABETIZADORES NA ILHA DE
MOSQUEIRO, BELÉM-PA
Resumo: O trabalho apresenta os resultados dos assessoramentos realizados em 07
escolas situadas em Mosqueiro. A ideia era orientar a prática do alfabetizador, visando
a garantir a aprendizagem da língua escrita baseando-se no trabalho com diferentes
gêneros. Consideramos que a prática do professor influencia na maneira como os alunos
aprendem, favorecendo a re-significação do processo de escrita na Alfabetização.
A análise das produções dos alunos incide na forma como o alfabetizador realiza a
transposição didática. Para tanto, motivamos o professor a investir na capacidade do
aluno de aprender a ler e escrever, trabalhando com leitura e escrita todos os dias,
incentivando a leitura de livros que apresentassem uma diversidade textual. Além
disso, associar a esse trabalho atividades a partir de jogos didáticos com letras e
números; escrita coletiva, em dupla e individual observando um determinado campo
semântico; planejamento de condições didáticas favoráveis a aprendizagem; conteúdos
de alfabetização, elaborando atividades que desafiassem as crianças a pensar. A base
teórica para investigar as questões mencionadas, reside nos trabalhos de Esther Grossi
(1997); Vygotsky (1994); Kleiman (2000; 1995); Rojo (1994); Lerner (2002); Souza
(1994); Soares (2000) e Schön (1992). A Metodologia utilizada pautou-se na avaliação
e sistematização mensal da aprendizagem dos alunos; encontros de formação; estudo
dos conteúdos da alfabetização; análise das condições didáticas de alfabetização;
análise coletiva do planejamento docente; intervenção didática nas turmas de CI 1º
ano. O lócus desse trabalho são 07 (sete) escolas municipais da Ilha de Mosqueiro com
02 formadores, 20 professores alfabetizadores, 07 coordenadores, 523 alunos.
Palavras-chave: alfabetização; formação; prática escrita; prática docente.
Veridiana Valente Pinheiro
AS INTERCESSÕES ENTRE LITERATURA E CINEMA A PARTIR DE UMA
LEITURA DO ROMANCE EM CÂMERA LENTA
Resumo: Com o objetivo de observar as ressonâncias de um determinado período
histórico/cultural, o da ditadura militar de 1964, o trabalho em questão parte da
relação entre literatura e cinema e de seus efeitos, na composição do romance Em
Câmera Lenta (1977), do paraense Renato Tapajós, em particular a maneira como
o autor utilizou técnicas do cinema para compor a narrativa e de que forma, essa
estratégia ficcional faz emergir a resistência na medida, em que um dos aspectos de
resistência é o discurso utilizado pelo autor para composição do romance.
Palavras-chave: Literatura; Cinema; Ficção.
219
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Vinícius Carvalho Pereira
DA PÁGINA DE PAPEL AO PAPEL HIGIÊNICO: TEXTOS FECAIS
NA OBRA DE RUBEM FONSECA E PATRÍCIA MELO
Resumo: Trombeteira do apocalipse, a mídia alardeia o fim da literatura, sendo
substituída pela apoteose do audiovisual. Todavia, a literatura, prática inerente à
condição humana, só pode ter seu fim anunciado em profecias irracionais, visto que
apenas o desaparecimento do gênero humano acarretaria a morte da arte da palavra.
De fato, há na pós-modernidade uma mudança nos paradigmas segundo os quais
concebemos o fenômeno literário, tanto no que tange à própria tessitura textual quanto
à sua produção e recepção. Porém, não está morta a literatura, tem apenas uma nova
forma de ser, em paralelo à tradicional impressão em offset sobre papel branco: os
avanços tecnológicos dão ensejo a inovadoras possibilidades literárias, prescindindo
inclusive do suporte físico do livro. Como prova disso, observa-se o crescimento da
literatura on line, ora valendo-se do digital como veículo de divulgação, ora como
mecanismo próprio do processo de enunciação. Nesse contexto, destacam-se as obras
Copromancia, de Rubem Fonseca e Jonas, o copromanta, de Patrícia Melo, as quais,
ironizando as falsas profecias do fim da literatura, são textos de papel que mostram
estar a arte da palavra em todo o lugar, inclusive nas fezes que seus protagonistas,
exegetas intestinais, tomam por literárias. Desse modo, seja no papel, na Internet ou
mesmo na latrina, este trabalho investiga de que maneira a metáfora das fezes como
sistema semiótico na obra dos autores supracitados promove uma reflexão acerca das
mudanças do literário quanto à própria materialidade do texto e sua enunciação na
contemporaneidade.
Palavras-chave: Fezes; livro; enunciação; suporte físico.
Walkyria Magno e Silva
UM MODELO PROCESSUAL DA MOTIVAÇÃO
Resumo: De maneira geral, motivação pode ser definida como “um estado alerta
cumulativo e dinamicamente mutante em alguém que inicia, direciona, coordena,
amplia, conclui e avalia os processos cognitivos e motores por meio dos quais os
desejos e vontades iniciais são selecionados, priorizados, operacionalizados e
executados (com ou sem sucesso)” (DORNYEI e OTTO, 1998 apud DORNYEI,
2001, p. 9). A busca sem cessar por alunos motivados pode ter um novo enfoque
depois de estudos teóricos sobre o tema. Trabalhos recentes (DORNYEI, 2005;
USHIODA, 2001) são produtivos para a compreensão do assunto, colocando a
motivação como um dos caminhos mais poderosos para se alcançar a autonomia na
aprendizagem de línguas. Dornyei propõe um modelo processual da motivação com
dois componentes básicos: o processo motivacional e as influências motivacionais.
Esse modelo, integrador de diversas teorias antecessoras, articula-se em torno do eixo
temporal da motivação e é capaz de dar conta das fases pré-acional, acional e pósacional da aprendizagem. A compreensão sobre os tipos de motivação envolvidos
em cada uma dessas fases é a grande contribuição do modelo, podendo subsidiar as
ações docentes. Nesta comunicação, uma breve introdução teórica sobre o modelo
será apresentada e exemplos retirados de narrativas de aprendizagem de aprendentes
de línguas estrangeiras ilustrarão elementos cruciais do processo.
Palavras-chave: motivação, autonomia, aprendizagem de línguas estrangeiras,
narrativas de aprendizagem.
220
Resumos de trabalhos
Walkiria Neiva Praça
DE DEMONSTRATIVOS ESPACIAIS A PARTÍCULAS DE SEGUNDA
POSIÇÃO: UM CASO DE GRAMATICALIZAÇÃO EM TAPIRAPÉ
Resumo: Este trabalho discute o processo de gramaticalização de demonstrativos
espaciais em morfemas que denotam aspecto/tempo em Tapirapé. O verbo, nessa
língua, recebe basicamente as marcas de pessoa. O tempo não é uma categoria
verbal, podendo ser expresso lexicalmente ou por partículas. Por sua vez, o aspecto
pode ser marcado no verbo por reduplicação ou por dois morfemas, cujas reanálises
ainda são aparentes. A recategorização de demonstrativos a partículas aspectuais
e temporais está vinculada à segunda posição da sentença, ou seja, posição
destinada aos auxiliares. O Tapirapé pertence à família linguística Tupi-Guarani,
subconjunto IV (Rodrigues (1984/1985) e Rodrigues & Cabral (2002)), e é falada
por aproximadamente 700 pessoas que vivem em duas áreas indígenas no nordeste
do Mato Grosso. Os demonstrativos espaciais são pró-formas que revelam uma
relação intrínseca entre a forma/posição e a localização do referente em relação ao
falante. Ou seja, os demonstrativos espaciais indicam a locação espacial de seus
referentes, na qual vinculam forma/posição, focando a perspectiva do falante, que é
sempre entendido como um ponto de referência dêitica, isto é, o eixo egocêntricolocalista. Segundo Leite (1998), a forma da entidade está associada e é dependente
de sua posição ‘deitado’, ‘sentado’ ou ‘em pé’. Ao mudar a posição do objeto,
automaticamente, sua forma é alterada.
Palavras-chave: gramaticalização; demonstrativos espaciais; tempo; aspecto; Tapirapé.
Wanúbya do Nascimento Moraes Campelo
A RECEPÇÃO CRÍTICA DE TUTAMÉIA
Resumo: O presente processo tem como escopo analisar a última obra em vida
de Guimarães Rosa: Tutaméia. O autor, até então consagrado por seus extensos
romances, agora experienciava uma nova forma de demonstrar sua maestria como
escritor, publicando estes contos que propiciam uma leitura mais rápida, em função
do seu tamanho reduzido. Isto de certa forma chocou a crítica que relegou ao livro
um aspecto de inferioridade em contraponto ao conjunto da obra roseana. A propósito
da dificuldade da crítica em aceitar as inovações linguísticas de Guimarães Rosa que
aproximavam a narrativa da lírica, isto é, a prosa da poesia; é interessante perquirir a
obra Tutaméia sob a óptica da Estética da Recepção, verificando se a crítica, de fato
compreendeu as inovações literárias da mesma.
Palavras-chave: Tutaméia; Estética da Recepção; Crítica.
Wilker Melo da Silva
DISTRIBUIÇÃO GEO-SOCIOLINGUÍSTICA DE /L/
NOS DADOS DO ALIB-NORTE
Resumo: Esta pesquisa visa à investigação da realização variável de /l/ diante de [i]
nos dados do ALiB-Norte, mais especificamente, no que concerne à palatalização
do fonema no estado do Pará. Sabe-se que a palatalização de /l/ é um fenômeno
descoberto e estudado muito recentemente na Língua Portuguesa. A palatalização
de /l/ tem se mostrado um caso peculiar no estado do Pará. Este segmento parece
traçar uma rota específica no espaço paraense (Oliveira, 2007). O que se verificou é
221
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
que este fenômeno da palatalização de /l/ prevocálico praticamente não foi estudado,
talvez por apresentar pouca produtividade frente a outros casos de palatalização
como a das consoantes /t/ e /d/. Daí a necessidade de se empreender este estudo com
vistas a identificar, descrever e mapear a rota traçada por esta realização dentro do
espaço paraense. Portanto, propõe-se através desta, a partir de dados do Português
falado no estado do Pará, utilizando-se uma abordagem multidimensional capaz de
proporcionar identificação das diferenças diatópicas, diastráticas e diageracionais,
intrarregião, a distribuição geo-sociolinguística do fenômeno a partir de dados
extraídos dos questionários fonético-fonológico e semântico-lexical (ALiB, 2001).
Estes dados foram transcritos grafemática e foneticamente por pesquisadores do
projeto nacional, com sede na Bahia, e posteriormente selecionados segundo os
contextos de interesse da pesquisa em andamento para análise geo-sociolinguística.
Os pressupostos teórico-metodológicos que permeiam este estudo submetem-se à
Sociolinguística Variacionista. O tratamento sistemático dos dados foi realizado pelo
pacote estatístico VARBRUL.
Palavras-chave: Mudança; Sociolinguística; Palatalização.
Wilson Alexandre Gonçalves
O DIALOGISMO BAKHTINIANO E SEMIÓTICA UM CONSTRUCTO PARA
UMA INTERPRETAÇÃO DO DISCURSO
Resumo: A semiótica é um modelo de interpretação geral que abarca em si o todo.
Peirce afirma que toda realidade faz parte de uma entidade semiótica tal fato pode ser
comprovado quando se percebe que toda ideia é um signo junto ao fato de que a vida
é uma série de ideias. O olhar semiótico tem a amplitude da totalidade, pois nada
pode ser percebido a não ser pelo seu caráter sígnico e o mundo pela visão psíquica
é um emaranhado de símbolos que se interagem. O dialogismo bakhtiniano é um
modelo que aos moldes da semiótica oferece uma chave de interpretação ao supor
que as ideias são oriundas de um diálogo entre a cultura e o próprio indivíduo em
um entrelaçamento indissociável que influenciará a percepção da realidade. Bakhtin
ao propor o modelo dialógico percebeu que o ser humano é um ser social, através
disso desenvolveu todos os seus conceitos de interpretação que são amplamente
producentes se incorporados aos ditames da semiótica. A proposta deste trabalho
é buscar as conexões entre as ideias do Dialogismo bakhtiniano e a Semiótica na
interpretação da linguagem sertaneja de Riobaldo, em o Grande Sertão: Veredas, de
João Guimarães Rosa.
Palavras-chave: Dialogismo. Interpretação; Linguagem; Semiótica; Grande Sertão:
Veredas.
Yana Liss Soares Gomes
LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS: INSTRUMENTOS DE
NATURALIZAÇÃO OU MUDANÇA LINGUÍSTICA?
Resumo: Neste artigo buscamos uma reflexão acerca dos discursos do livro didático
de Língua Portuguesa (LDP) com relação às variações linguísticas. Nosso objetivo
é analisar como o LDP, enquanto uma instância discursiva social, contribui para a
naturalização e/ou manutenção das relações hegemônicas e ideológicas com relação
222
Resumos de trabalhos
ao aspecto da variação linguística. Optamos por uma análise crítica do discurso na
perspectiva da Teoria Social do Discurso, segundo Fairclough (2001). Tal escolha
se justifica pelo fato desse tipo de análise possibilitar uma investigação descritiva
e interpretativa das condições sociais de produção discursivas, colocando em
evidência das produções ideológicas e hegemônicas expressas através dos livros
didáticos de português.
Palavras-chave: Livro didático; Discurso; Ideologia; Hegemonia.
Zilda Laura Ramalho Paiva / Betânia Rocha de Sousa
O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NA FORMAÇÃO CIDADÃ
DOS EDUCANDOS
Resumo: Este trabalho é resultado de um estudo realizado no âmbito de um Doutorado
em Didática da Língua Portuguesa – LP cujo objetivo era perceber em que aspectos
o ensino do Português poderia contribuir na formação cidadã dos educandos. Os
sujeitos envolvidos nesta pesquisa encontravam-se inseridos em cursos de formação
de adultos (EFA – Educação e Formação de Adultos) e no Ensino Fundamental (EJA
– Educação de Jovens e Adultos) em dois contextos diferentes – Portugal e Brasil.
Para alcançar os objetivos a que nos propusemos fizemos uso, principalmente, de
entrevistas semi-estruturadas, da interação direta junto ao público-alvo e da pesquisa
de elementos linguísticos que remetessem para a relação Língua e Sociedade. Entre
os resultados obtidos iremos destacar as características do Português falado em
Portugal e no Brasil que possibilitam a discussão acerca das concepções de certo e
errado na língua e o papel da sociedade na formulação desses conceitos.
Palavras-chave: Educaçao de Adultos; Ensino-aprendizagem; Língua Portuguesa.
Zuleide Ferreira Filgueiras
A PRESENÇA DA IDENTIDADE ITALIANA NA ANTROPOTOPONÍMIA
DE BELO HORIZONTE
Resumo: A Toponímia, como uma disciplina da Linguística, tem como princípio
básico a análise da relação do homem com o meio, no que se refere à designação dos
topos, demonstrando, com isso, a relação existente entre língua, cultura e sociedade.
Considerando que Belo Horizonte sofreu forte influência da imigração italiana,
no final do século XIX, época da sua construção, pretende-se analisar se – na
denominação atual de seus logradouros públicos (alamedas, avenidas, ruas, parques,
jardins, etc.) – há antropotopônimos (aqueles constituídos a partir de prenomes,
apelidos de família, sobrenomes ou alcunhas) de imigrantes italianos, objetivando
averiguar se tais personalidades deixaram marcas toponímicas na capital que
ajudaram a construir e descobrir qual foi a motivação do denominador ao escolher
tais nomes para nomear o espaço.
Palavras-chave: Toponímia; Antropotoponímia; Belo Horizonte; Imigrante Italiano;
Construção da Capital de Minas Gerais.
223
FOTO: Jorge D. Lopes
Entardecer na Baía do Guajará – Belém-PA
Normas para publicação
de trabalhos nos Anais
II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia
Para serem incluídos nos Anais do evento, os textos devem impreterivelmente
respeitar as seguintes normas:
1. Redigir o texto em português, inglês, francês ou espanhol.
2. Utilizar margens de 3 cm, à esquerda, 2 cm, à direita, 3 cm, na margem
superior e 2 cm, na margem inferior em formato de papel A4.
3. O texto digitado deve ter entre 4 mil e 8 mil palavras, incluindo
os anexos.
4. Digitar o texto em Word for Windows (versão 6.0 ou superior), fonte
Garamond, corpo 12, espaçamento simples entre linhas e parágrafos, em
modo justificado.
5. Entre partes do texto e entre texto e exemplos, citações, tabelas, ilustrações
etc., utilizar espaço duplo. Para fazer isso, basta redigi-los na segunda linha
após o parágrafo anterior.
6. Para texto citado com mais de três linhas, adentrar o texto em 2 cm e
utilizar fonte Garamond, corpo 10.
7. Para texto citado com menos de três linhas, usar aspas no próprio corpo
do texto.
8. Para notas de rodapé, usar fonte Garamond, corpo 10.
9. Utilizar paragrafação automática.
10. Apresentar o texto na seguinte seqüência:
– título do artigo,
– nome(s) do(s) autor(es),
– resumo na língua do artigo e em alemão, francês, espanhol
ou inglês,
– palavras-chave em português e na outra língua do resumo
apresentado,
– texto,
– referências e
– anexos.
11. Digitar o título do artigo centralizado na primeira linha da primeira página
com fonte Garamond, tamanho 12, em formato negrito, todas as letras
maiúsculas.
12. Digitar o(s) nome(s) do(s) autor(es) de forma completa na ordem direta,
na segunda linha abaixo do título, com alinhamento à direita, seguido do nome
completo da Instituição de filiação, entre parênteses. Letras maiúsculas devem
ser utilizadas apenas para as iniciais e para o sobrenome principal.
13. Os resumos devem ser antecedidos pela expressão RESUMO em
maiúsculas, seguida de dois pontos, na terceira linha abaixo do nome do autor
226
Normas para publicação de trabalhos nos Anais
e sem adentramento. O texto dos resumos segue na mesma linha e deve ficar
entre 100 e 150 palavras. Digitá-lo em fonte Garamond, corpo 11.
14. As palavras-chave devem ser antecedidas pela expressão PALAVRASCHAVE em maiúsculas, seguida de dois pontos, na segunda linha abaixo
do resumo e duas linhas acima do início do texto. Utilizar entre três e cinco
palavras-chave com fonte Garamond, tamanho 11, separadas por ponto e
vírgula.
15. Digitar os títulos de seções com fonte Garamond, tamanho12, em negrito.
O título da introdução deve ser redigido na terceira linha após as palavraschave. Os demais títulos, duas linhas após o último parágrafo da seção anterior
(pular linha). Os títulos de seções são numerados com algarismos arábicos
seguidos de ponto (por exemplo, 1. Introdução, 2. Fundamentação
teórica). Apenas a primeira letra de cada subtítulo deve ser grafada com
caracteres maiúsculos, exceto nomes próprios.
16. Digitar a primeira linha de cada parágrafo de texto com adentramento.
17. As referências no texto devem ser indexadas pelo sistema autor data. Para
citar, resumir ou parafrasear um trecho da página 36 de um texto de 2005 de
Pedro da Silva, a indexação completa deve ser: (SILVA, 2005, p. 36). Quando
o sobrenome vier fora dos parênteses deve-se utilizar apenas a primeira letra
em maiúscula, por exemplo, Silva (2005, p. 36).
18. Citações no meio do texto sempre devem vir entre aspas e nunca em
itálico. Use itálico para indicar ênfase ou grafar termos estrangeiros.
19. Exemplos de corpora analisados devem vir no padrão de citação.
20. Caso seja necessária transcrição fonética, o autor deve enviar a fonte utilizada
juntamente com seu artigo, a fim de que a mesma possa ser instalada para
editoração do artigo.
21. Notas devem ser digitadas em rodapé em seqüência numérica. Se houver
nota no título, marcar com asterisco (*). Não se deve usar nota para citar
referência.
22. Tabelas, quadros, ilustrações (desenhos, gráficos, etc.) devem ser
entregues prontos para a editoração eletrônica. Não se admitem ilustrações
xerocopiadas. Elas deverão ser devidamente escaneadas e inseridas no texto.
Os títulos de figuras devem ser digitados com fonte Garamond, tamanho 12,
em formato normal, centralizado. Tabelas, quadros, ilustrações devem ser
identificados por legendas.
23. Os anexos devem ser entregues prontos para a editoração eletrônica.
Para anexos que se constituem de textos já publicados, o autor deve incluir
referência bibliográfica completa.
24. As referências devem ser antecedidas da expressão REFERÊNCIAS, em
negrito. A primeira referência deve ser redigida na segunda linha abaixo dessa
expressão. As referências devem seguir a NBR 6023 da ABNT:
– os autores devem ser citados em ordem alfabética,
sem numeração, sem espaço entre as referências e sem
adentramento;
227
– o principal sobrenome do autor em maiúsculas, seguido de vírgula e
iniciais dos demais nomes do autor. Se houver outros autores devem
ser separados uns dos outros por ponto e vírgula;
– título de livro, de revista e de anais, em itálico;
– título de artigo: letra normal, como a do texto;
– se houver mais de uma obra do mesmo autor, seu nome deve ser
substituído por um traço de cinco toques;
– mais de uma obra do mesmo autor no mesmo ano, use uma letra
(a, b, ...) após a data. Ordene referências de mesmo autor em ordem
decrescente.
Exemplos:
FERREIRA, M. Morfossintaxe da Língua Parkatêjê. Munique: Lincom-Europa, 2005.
FURTADO, M. T. A visão da Amazônia em Euclides da Cunha, Ferreira de
Castro e Dalcídio Jurandir. In: XX JORNADA NACIONAL DE ESTUDOS
LINGUÍSTICOS – GELNE, 2004, João Pessoa, Paraíba. Anais... João Pessoa,
2004. p.1869-1874.
MAGNO E SILVA, W. Estratégias de Aprendizagem de Línguas Estrangeiras – Um
Caminho em Direção à Autonomia. Intercâmbio, vol. XV. São Paulo: LAEL/PUCSP, 2006. Disponível em: http://www.pucsp.br/pos/lael/intercambio/pdf/silva_w.
pdf. Acesso em: 5 set. 2007.
PESSOA, F. C. As relações interpessoais nos domínios do contar e fazer contar as
narrativas populares da Amazônia paraense. In: MARINHO, J. H. C.; PIRES, M.
S. O.; VILLELA, A. M. N. (orgs.). Análise do discurso: ensaios sobre a complexidade
discursiva. Belo Horizonte: CEFET-MG, 2007, p. 139-157.
SALES, G. M. A. Um público leitor em formação. Moara, Belém, v. 23, p. 23-42,
2006.
Mapa da UPFA
Cidade Universitária
Prof. José da Silveira Netto
Belém-PA
Patrocínio
Realização
Universidade Federal do Pará
Pós-Graduação em Letras

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