história dos antibióticos
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história dos antibióticos
ANTIBIÓTICOS MIRIAN FAJARDO CERDEIRA CROTY Conteúdo retirado do trabalho de Monografia apresentada à Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia Faculdade de Odontologia da da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Especialista. Área de concentração: Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Faciais. Título: Indicações, Contra-indicações e Complicações no uso da Clindamicina na Prevenção de Infecção Sediada no Sistemas Estomatognático em Pacientes Alérgicos a Penicilina – revisão de literatura. Orientador: Prof. Almir Alves Feitosa SÃO PAULO 2012 3.1 - Definição dos antibióticos e sua importância São substâncias naturais ou sintéticas que agem sobre os micro-organismosinibindo o seu crescimento ou causando a sua destruição. Os antibióticos podem ser definidos como uma variedade de substâncias derivadas de fontes de bactérias que controlam o crescimento ou matam outras bactérias. No entanto, os antibióticos sintéticos, geralmente são quimicamente relacionados com antibióticos naturais, pois já foram produzidos para realizar tarefas semelhantes.1 De acordo com pesquisas de (WALSH, C, 2003) os antibióticos são compostos naturais ou sintéticos capazes de inibir o crescimento ou causar a morte de fungos ou bactérias. 3.1.1 - Podem ser classificados como bactericidas, quando causam a morte da bactéria, ou bacteriostáticos, quando promovem a inibição do crescimento microbiano. 3.1.2 - Formas farmacêuticas dos antibióticos 3.1.2.1 - Sólida • Comprimidos - obtidos a partir da compressão de pós de substâncias medicamentosas secas, podendo ser formulados para dissolver na cavidade oral, no estômago, no intestinoou em água antes de ser ingerido. • Drágeas - são comprimidos com um ou mais revestimentos externos, com polimento, que evitam a ação ulcerativa de princípios ativossobre a mucosa gástrica além de eliminar o sabor e odor possivelmente desagradáveis. • Cápsulas - apresentam substâncias sólidas, líquidas ou pastosas, com revestimento de natureza gelatinosa (ANDRADE ED, 2006). 3.1.2.2 - Líquida • Suspensões - são líquidas, viscosas, constituindo-se de uma dispersão grosseira, composta por uma parte líquida e um sólido insolúvel, que é o princípio ativo da medicação. O fato de ficar suspenso explica a recomendação do fabricante de “agite antes de usar’, devendo, portanto, ser obedecida (ANDRADE ED, 2006)”. 3.2 – Biodisponibilidades dos antibióticos Uma característica importante que deve ser de conhecimento dosprofissionais de saúde é a biodisponibilidade dos antibióticos, que consiste na proporção de determinada dosedo medicamento que atinge a corrente sanguínea, sendo dependente da degradação e dissolução da forma farmacêutica (ANDRADE ED, 2006). • A escala decrescente de biodisponibilidade é: Suspensão> cápsula>comprimido>drágea 3.3 -Droga -Fármaco - Medicamento A farmacologia é a ciência voltada para o estudo das drogas sob todos os aspectos, desde as suasorigens até os seus efeitos no homem. Droga pode ser definida como qualquer substância capaz depromover alterações fisiológicas ou farmacológicas ou, ainda, modificação de quadros patológicos,com ou sem a intenção de beneficiar o indivíduo (Campos S 2004). Droga -Segundo a OMS, o conceito de droga restringe-seàs substâncias usadas no homem para diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças. (Campos S,2004). Fármaco:Segundo a definição oficial dada pela portaria ministerial nº 3.916/MS/GM, de 30 de outubro de 1998, é a substância química que é o princípio ativo do medicamento. É uma substância definida, com propriedades ativas, produzindo efeito terapêutico (ME RJ Costa, 2010). Medicamento é uma droga utilizada com fins terapêuticos ou de diagnóstico. Segundo a lei 5991, de 17 de dezembro de 1973, medicamento é produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico (BRASIL, 1973). Assim é possível dizer que medicamento é o fármaco beneficiado, de maneira industrial ou em manufatura, em dose ou concentração terapêutica. O mesmo vale para formulações semi-sólidas ou líquidas. Aquele creme que possui um princípio ativo com finalidade de prevenir, curar, tratar ou servir de diagnóstico para patologias, também éconsiderado um medicamento. (MERJ Costa, 2010). O conceito de medicamento ou fármaco é mais limitado, pois diz respeito, unicamente, a drogas de ação preventiva ou de ação paliativa ou curativa no organismo doente. Contudo, por serem habituais no meio médico, os termos droga, fármaco e medicamento serão usados como sinônimos, nesta revisão (Campos S, 2004). 3.4 - O que são bactérias? – Qual a sua relação com os antibióticos? Estudos de (PATRICK GL, 1995) relatam que as bactérias são organismos unicelulares, identificados pela primeira vez por Van Leeuwenhoek por volta dos anos 1670, após a invenção do microscópio. Porém, somente no século XIX a possibilidade destes micro-organismos serem causadores de processos infecciosos começou a ser aventada. Esta hipótese surgiu após os experimentos de Louis Pasteur, demonstrando que algumas linhagens de bactérias eram importantes para processos de fermentação e, também, que as bactérias eram de ampla distribuição pelo meio ambiente. 3.5- Respostas Biológicas Individuais A chave do sucesso da terapêutica. Uma vez enunciado o conceito de receptor, fica mais fácil entender o conceito de resposta biológica individual. Pacientes respondem diferentemente ao mesmo medicamento porque têm receptores diferentes, tanto no aspecto quantitativo como no qualitativo. (CORTEZZIW, CORTEZZIABE, 2010). Como superar a dificuldade oferecida pela resposta biológica individual aos medicamentos? A resposta é a anamnese: o melhor medicamento é aquele que o paciente informa que já fez uso e teve boa resposta. Na falta de uma resposta incisiva, podemos associar com um grupo de medicamentos. Novamente surge a diferença entre o conceito farmacológico e o conceito de terapêutica: - No conceito farmacológico, quanto mais específico for o medicamento menos efeitos colaterais adversos(CORTEZZI W, CORTEZZI ABE, 2010). -No conceito de terapêutica, quanto mais específico maiores as chances deste medicamento não ter resposta biológica individual. Desta forma, paradoxalmente medicamentos inespecíficos tem maiores chances de terem resposta clínica do que os medicamentos modernos altamente seletivos (CORTEZZI W, CORTEZZI ABE, 2010). 3.6 - Receptor Não é a célula inteira o alvo da ação de uma droga, mas pequenos sítios altamente especializados localizados na membrana citoplasmática denominados de receptores. Uma vez estimulados, os receptores modificam todo o funcionamento da célula e esta todo órgão ou sistema. Os receptores apresentam alta especificidade para cada droga(CORTEZZI W, CORTEZZI ABE, 2010). Figura 2 3.7 - Absorção x Biodisponibilidade: eficácia x potência Comumente nos confundimos com o que é potente com o que é mais eficaz. A indústria farmacêutica se beneficia grandemente desta confusão(CORTEZZI W, ALBUQUERQUE EB, 2003). - Absorção é a velocidade com que o fármaco deixa seu local de administração. (Ex-medicação administrada por viaintravenosa é muito rápida diferente da medicação em drágeas ou cápsulas administrada por via oral) - Biodisponibilidade é a extensão com que isto ocorre. Quanto mais biodisponível mais eficiente (não mais potente) será um fármaco. Drogas de absorção integral (estômago e intestino) têm baixa biodisponibilidade por causa da via de administração. Deve-se isto ao fato de terem de passar pela circulação porta (circulação entre o intestino delgado e fígado via veia porta) produzindo um fenômeno de retenção de parte das drogas denominado de efeito da 1ª passagem. (CORTEZZI W, ALBUQUERQUE EB, 2003). Drogas de absorção sublingual, parenterais e inalatórias têm alta biodisponibilidade, pois não passam pelo sistema porta. Exemplos práticos comuns na odontologia: a amoxicilina é 2,5 vezes mais biodisponível do que a ampicilina; por isto ela é indicada para via oral enquanto a ampicilina é reservada para via parenteral. Ressalte-se: a amoxicilina não é mais potente que a ampicilina, é mais biodisponível (CORTEZZI W, ALBUQUERQUE EB, 2003). Na administração por via oral ou outra via que não a intravenosa, a absorção nunca é total e, portanto, a substância não ficará 100% disponível, pois é certo que parte não conseguirá chegar à corrente sanguínea. Em termos clínicos, biodisponibilidade é a fração da droga não alterada que atinge seu local de ação após a administração por qualquer via(CORTEZZI W, CORTEZZIABE, 2010). A alta biodisponibilidade é frequentemente confundida com potência. Naturalmente a eficácia pode ser uma arma extremamente útil em terapêutica, especialmente em casos agudos. Mas, há de se fazer a importante correlação de custo financeiro/benefícios. O custo de um medicamente burilado farmaceuticamente é cerca de 10 a 20 vezes maior, além de ser protegido pela lei das patentes, ou seja, não pode ter genérico. (CORTEZZI W, ALBUQUERQUE EB, 2003). Isto tem que ser levado em conta em quadros crônicos ou simples como um pós-operatório de rotina, em especial nos ambulatórios onde se atende população de baixa renda. Finalmente qual o critério farmacológico para um medicamento ser classificado como potente? (CORTEZZI W, ALBUQUERQUE EB, 2003) A potência relaciona-se com a lipossolubilidade da droga. As membranas citoplasmáticas são fosfolipídicas. Quanto maior o coeficiente de lipossolubilidade maior a permeabilidade da droga na membrana, maior quantidade penetra na célula e mais receptores serão sensibilizados. (CORTEZZI W, ALBUQUERQUE EB, 2003) A Clindamicina tem melhor absorção oral; é mais lipofílica (mais potente por ser mais lipossolúvel, atravessa as membranas das bactérias que é lipoproteica). (YAGUI CR). 3.8 – Farmacocinética A farmacocinética estuda o caminho percorrido pelo medicamento no organismo, desde a sua administração até a sua eliminação. Pode ser definida, de forma mais exata, como o estudo quantitativo dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e eliminação dos fármacos ou dos seus metabólitos(CORTEZZI W, CORTEZZI, ABE, 2010).O fármaco não cria ações no organismo, ele atua aumentando ou diminuindo o metabolismo em determinada situação. (CORTEZZI W, CORTEZZIABE,2010).O principal conceito da farmacocinética refere-se ao que é chamado de biodisponibilidade: a quantidade de uma substância que, introduzida no organismo, ganha a circulação e, portanto, torna-se disponível para exercer sua atuação terapêutica. 3.8.1 - Farmacocinética da Clindamicina5: É absorvida por vias oral (90%) e intramuscular. Alimentos retardam a absorção oral, sem alterar a quantidade total absorvida. Pode ser usada intravenosa e topicamente (10%).Após a administração oral de 150 mg em adultos, o nível sérico alcançado em uma hora varia entre 1,9 e 3,9 mg/ml, com média de 2,1 mg/ml.A duração da atividade terapêutica é inferior a 8 horas. Por via intravenosa, o Fosfato de Clindamicina é rapidamente hidrolisado, liberando a Clindamicina base em seis a dez minutos e atingindo nível sérico entre 6 e 19mg/ml, com média de 16 mg/ml. Por via intramuscular, 300 mg produzem pico sérico de 4 mg/ml em cerca de duas horas. Pela via Intravenosa a indicação é20 mg/kg sendo a dose máxima de600mg.5 O fármaco, Clindamicina, é bem distribuído nos líquidos corporais, com exceção do líquido cefalorraquidiano. Penetra a placenta e aparece no leite materno. Metaboliza-se no fígado, sendo excretado sob a forma de derivados inativos e ativos. Da dose administrada, cerca de 10% eliminam-se pelo rim e 3,6 %, pelas fezes. Devido à metabolização hepática e à excreção de metabólitos principalmente por via biliar, a dose da Clindamicina deve ser reduzida e5. Em pacientes com insuficiência renal anúrica, recomenda-se que o fármaco seja administrado em doses correspondentes à metade da dose normal ou que o fracionamento das doses habituais se faça de 12/12 horas. A hemodiálise e a diálise peritoneal não removem de modo significativo a Clindamicina do sangue5. 3.8.2. – A Farmacodinâmica A farmacodinâmica estuda a inter-relação da concentração de uma droga e a estrutura alvo, bem como o respectivo mecanismo de ação. No que concerne ao mecanismo de ação, os fármacos podem ser classificados em dois grandes grupos: Fármacos estruturalmente inespecíficos, cuja atividade resulta da interação com pequenas moléculas ou íons encontrados no organismo. As ações dessas drogas dependem, em última análise, de suas propriedades físico-químicas tais como a solubilidade, o coeficiente de ionização – pKa -, o potencial oxi- redutor e a capacidade de absorção. Os antibióticos são os exemplos típicos deste aspecto. (CORTEZZI W, CORTEZZI ABE, 2010). 3.20- Há três indicações principais em odontologia para uso dos antibióticos: -Tratamento das infecções dentais agudas e/ou crônicas; -Profilática em pacientes de risco para impedir o desenvolvimento de endocardite bacteriana (BARRETO RC, PEREIRA GAS, 2008) –Profilática para pacientes com algum grau de comprometimento do sistema imunitário e de defesas Nos casos das infecções dentais, o uso de antibióticos é indicado quando há comprometimento sistêmico diante de trismo, febre, calafrios, fraqueza, vertigem, taquipneia, celulite (BARRETO RC, PEREIRA GAS, 2008). 3.21- Prevenção de infecção pós-cirúrgica em odontologia com a Clindamicina Havendo a necessidade de intervir preventivamente em infecções pós-cirúrgicas, o antibiótico deve ser administrado intraoperatório, ou seja, iniciar antes e terminar logo depois da cirurgia. Esse procedimento é utilizado, principalmente, em pacientes com desordens sistêmicas, como, por exemplo, portadores de diabetes, transplantados renais, com anemia aplástica, lúpus e em uso de quimioterápicos (MIZIARA ID, 1998). De acordo com os princípios mais modernos de profilaxia, a primeira dose do antibiótico deve ser administrada antes do início da cirurgia e em dose maior que a dose terapêutica padrão para que esteja no sangue e tecidos no momento da contaminação (SEABRA FRG, SEABRA BGM, SEABRA EG, 2004). 3.22. - Prevenção da endocardite bacteriana A endocardite bacteriana não é uma doença comum na população geral, sendo rara em crianças com idade inferior a dois anos. Sua incidência na população geral é de 5 casos de endocardite por 100.000 pessoas/ano, mas esse índice eleva-se para 50 a 2.400 casos por 100.000 pessoas/ano portadoras de cardiopatia, com altos índices de morbi-mortalidade. A taxa de morbidade situa-se entre 50 e 60% pelas complicações precoces e tardias do processo infeccioso e pelo desenvolvimento de lesão valvar grave e insuficiência cardíaca (MEIRA, AMZ, MOTTA CCC) . O diagnostico precoce da endocardite infecciosa é desejável para minimizar as complicações. Melhor ainda seria prevenir sua instalação pela instituição de medidas profiláticas. Na profilaxia da endocardite infecciosa, o objetivo principal é impedir a implantação de microorganismos na superfície endocárdica. Sendo assim, a profilaxia da endocardite infecciosa está indicada para as pessoas portadoras de lesão cardíaca estrutural, na vigência de procedimentos cirúrgicos ou propedêuticos invasivos que possam provocar bacteremia. (Tabela 1 p. 36) (MEIRA, AMZMOTTA CCC). 3.23- Indicações de antibióticos nas infecções do sistema estomatognático As infecções que acometem a cavidade bucal são um problema de saúde pública e constantemente utiliza-se a antibioticoterapia como auxiliar ou seu principal tratamento. Apesar desta afirmação ser um consenso na literatura,existe muita controvérsia em relação à classificação destas infecções, suasterminologias e condutas terapêuticas(BASCONES ET al., 2004). O conceito de quimioterapia foi originalmente formulado por Paul Ehrlich, em 1906: A quimioterapia pode ser definida como o uso de substâncias químicas naturais, semissintéticas e sintéticas, que inibem seletivamente microorganismos específicos causadores de doenças infecciosas ou possuem eficácia no tratamento do câncer. A Infecção é conceituada como: A penetração de micro-organismos patogênicos em tecidos vivos, acompanhado de manifestações mórbidas resultantes da multiplicação e atividade metabólica dos agentes etiológicos (SIMAS, 1989). O termo antibiótico significa “contra a vida” é uma substância produzida por micro-organismos ou como derivados semissintéticos de uma substância natural que inibe o crescimento e provoca a morte de outros micróbios. O antibiótico ideal necessita reunir uma série de características como: 1. Efetividade frente ao micro-organismo causador da infecção; 2. Adequados padrões farmacocinéticos (boa penetração e difusão no tecido afetado pela infecção); 3. Boa tolerância e poucos efeitos adversos (LINARES e MARTIN-HERRERO, 2003); 4. Não interagir com outras substâncias; 5. Baixo custo; 6. Fácil de estocar; 7. Possuir efeito residual longo; O tratamento com antibióticos iniciou com o primeiro uso clínico da penicilina em 1941. Embora Fleming tivesse descoberto essa substância em 1929. Hoje em dia quase todas as doenças de origem microbiana podem ser tratadas, com grau variado de sucesso através do uso de antibióticos. O desenvolvimento de novos antibióticos é necessário em virtude do aumento daresistência das bactérias a essas drogas. Embora antibióticos mais novos tenham sido eficazes contra esses germes resistentes, eles são frequentemente mais tóxicos para o hospedeiro. Vários procedimentos odontológicos levam a bacteremia, em alguns casos, o paciente pode apresentar um quadro séptico, principalmente quando este paciente estiver imunodeprimido (ANDRADE e SPERANÇA, 2002), portanto, a administração de agentes antibacterianos deve ser realizada de maneira correta e adequada em muitos destes procedimentos e estados infecciosos relacionados com a odontologia. A utilização pré-operatória de antibióticos, impede o desenvolvimento de processos infecciosos associados ao aumento da morbidade do procedimento, aumento do uso total de antibióticos e elevação da possibilidade do surgimento de bactérias resistentes. (MARTINS DA SILVEIRA ET AL., 2003). Existem inúmeros antimicrobianos e novos são descobertos e comercializados, todos com indicações específicas para um grupo de bactérias e mostrando potencialidade variável frente uma determinada infecção Alguns antibióticos, como as penicilinas, cefalosporinas, macrolídeos e tetraciclinas são largamente empregados em odontologia, pois são efetivos contra a maioria das colônias bacterianas da flora bucal normal; outros como a Clindamicina e o metronidazol, possuem aplicação específica quando microorganismos anaeróbios estão envolvidos ou em pacientes alérgicos (MONTGOMERY, aos 2001). antibióticos Porém, citados utilização anteriormente indiscriminada da antibioticoterapia pode ocasionar sérios problemas como modificação da microbiota normal, desenvolvimento de micro-organismos resistentes, reações de toxicidade aos antibióticos (PETERSON, 1990). Tem-se observado um aumento da resistência bacteriana a muitos antibióticos e um aumento do número de micro-organismos produtores de enzimas, capazes de inativá-la estes antibióticos, como as beta-lactamases (BASCONES et al., 2004). Ainda segundo esses autores, várias enfermidades sistêmicas podem ter origem em infecções e procedimentos odontológicos na cavidade bucal. Nestes casos, a antibioticoterapia é importante, para uso profilático e terapêutico, como já foi descrito. 3.23.1 - Princípios da terapia antimicrobiana (MONTGOMERY, 2000). De acordo com o conceito fundamental de toxicidade seletiva, os antimicrobianos devem ser tóxicos para os micro-organismos invasores, mas não devem possuir nenhum efeito sobre as células do hospedeiro. O grau de toxicidade seletiva dos antibióticos é determinado principalmente pelo seu mecanismo de ação e esse ocorre de duas maneiras: 1. O antibiótico bloqueia uma reação vital ao micro-organismo invasor, masnão ao hospedeiro, ou. 2. O antibiótico bloqueia uma reação vital tanto para a bactéria como para ohospedeiro, sendo que os efeitos são sentidos em maior quantidade no micro-organismo. No primeiro caso podemos citar como exemplo a penicilina que age na parede celular presente somente nas bactérias. As sulfonamidas são exemplo do segundo conceito, quando o antibiótico impede a formação de ácido fólico no interior da célula microbiana, porém as células normais conseguem aproveitar o ácido fólico pré formado. Em todos os casos em que o quimioterápico bloqueiauma reação vital para o micro-organismo e para o hospedeiro, a concentraçãoin vivo, torna-se um fator importante na determinação de sua toxicidade seletiva.Os antibióticos são geralmente agrupados de acordo com seu mecanismo de ação: 2.1 - Que atuam na membrana celular (Azólicos, Nistatina, Polimixinas, Anfotericina. 2.2 – Naruptura da membrana celular ou a alteração na sua permeabilidade resultam na inibição do crescimento ou morte da célula. Como as diferenças entre as membranas celulares dos mamíferos e as microbianas são sutis, os antibióticos que afetam estas estruturas exibem pequena toxicidade seletiva, sendo destrutivos para as células normais. 2.3 - Inibidores da síntese de proteínas (Aminoglicosídeos, Cloranfenicol, Clindamicina, Macrolídeos, Tetraciclina). Isso ocorre através da ligação dos antibióticos aos ribossomos bacterianos. Geralmente, os antibióticos que impedem a síntese das proteínas exibem atividade bacteriostática, sendo bactericida no caso de alta concentração de aminoglicosídeo ou eritromicina (a ação bactericida dos aminoglicosídeos pode estar relacionada na lise da membrana celular mal formada por proteínas danificadas). Inibidores da síntese da parede celular (Penicilina, Bacitracina, Vancomicina, Cefalosporina). Estes fármacos são eficazes apenas durante a fase do ciclo celular bacteriano em que está sendo produzido novo material da parede celular. Possuem toxicidade seletiva máxima pois as células dos mamíferos não possuem parede celular. Portanto para serem eficientes estes antibióticos precisam atuar durante a formação da célula bacteriana e em meios onde há uma diferença osmótica entre o meio e o micro-organismo, pois em seu interior há hipertonicidade com ganho constante de água; com a parede celular danificada ocorrerá lise dessa. 2.4- Inibidores da síntese dos ácidos nucleicos (Metronidazol, Rifampicina, Fluorquinolonas)causam alterações estruturais em toda célula microbiana. As células normais dos mamíferos são inúmeras vezes menos sensíveis à ligação dos antibióticos às enzimas precursoras dos ácidos nucleicos. 2.5 - Antimetabolismo (Sulfonamidas, Trimetropina). O antimetabólico pode ser definido como um substrato falso. Em virtude de sua semelhança com o substrato normal compete pela ligação a uma enzima específica envolvida em determinada via metabólica, não sendo funcional na formação do produto final, sendo a via metabólica inibida. O sucesso do tratamento antimicrobiano depende de diversos fatores incluindo o hospedeiro, as bactérias e os fármacos. 3.23.2 - Escolha do antibiótico Não se pode selecionar o antibiótico mais eficaz sem primeiro determinar a sensibilidade do micro-organismo infectante à droga. No paciente agudamente enfermo, é impossível adiar o tratamento em virtude do tempo necessário para a obtenção dos resultados do antibiograma. Nesses casos deve-se instalar a terapêutica antimicrobiana contra os mais habituais agentes causadores daquela infecção. 3.23.3 - Antibióticos bactericidas ou bacteriostáticos para uso em odontologia Os antibióticos não erradicam uma infecção, mas produzem uma redução do número de micro-organismos viáveis, ao inibir sua proliferação ou causar sua morte celular. A erradicação final resulta da função dos processos imunes, leucócitos e macrófagos. Os antibióticos bactericidas diminuem a quantidade de bactérias facilitando o trabalho do sistema imunológico. Mesmo assim, o tratamento clínico tem por objetivo eliminar todos os patógenos, portanto no tratamento de doenças como a endocardite, com quadro de septicemia, em infecção grave ou em pacientes imunodeprimidos os bactericidas apresentam melhores resultados (FONSECA, 1982). O antibiótico bacteriostático atua somente impedindo a multiplicação do germe, não ocorrendo sua destruição. Portanto, a resolução do processo infeccioso depende da resistência orgânica (fagocitose e imunidade). Em pacientes imunocomprometidos, o antibiótico bacteriostático pode ser ineficiente. A não utilização da antibioticoterapia com um bacteriostático na posologia correta ou a interrupção precoce da mesma, podedeterminar a volta do quadro infeccioso. Os antibióticos considerados bacteriostáticos são as tetraciclinas, clorafenicol,tianfenicol, macrolídeos, lincosamidas, sendo que em doses elevadas alguns destes antibióticos podem ser bactericidas. Geralmente os antibióticos bactericidas necessitam de células em multiplicação para atuarem. As infecções mais antigas e bem estabelecidas evoluem lentamente de forma crônica, e nestes casos a ação dos antimicrobianos tanto bactericidas como bacteriostáticos é diminuída. Quanto maior a extensão da lesão, menos eficiente será a ação dos antibióticos. No início da infecção o número de bactérias é menor portanto o tratamento terá melhores resultados se o processo infeccioso for tratado o mais rápido possível. 3.23.4 - Quanto ao espectro de ação, os antibióticos podem ser classificados: Estreito- Antibiótico principalmente eficaz contra bactérias gram-positivas ou gram-negativas, mas não geralmente eficaz contra ambos. Eficazes portanto, contra gruposespecíficos de patógenos, produzindo menos alteração da microflora normal, reduzindo assim, a incidência de superinfecção. A microflora normal da cavidade oral, e as maiorias das bactérias que causam infecção dentária consistem em aeróbios grampositivos e anaeróbios gram-negativos e gram-positivos, sendo esses microorganismos sensíveis à penicilina V. Desta maneira os antimicrobianos de espectro estreito devem ser os ideais. AmpliadoAfetam uma variedade de bactérias gram-positivas e gram-negativas Amplo- Inibem tanto bactérias gram-positivas como gram-negativas e frequentemente outros micro-organismos também. 3.23.5 – Aconcentração do antibiótico no local da infecção 1 - Fatores que interferem na concentração do antibiótico alcançada no local da infecção: - Via e horário de administração: Com poucas exceções, a absorção dos antibióticos administrados por via oral é reduzida na presença de alimentos (eritromicina, azitromicina, lincomicina, cefaclor – a cefalexina tem absorção um pouco retardada). Alguns antibióticos são instáveis em meios ácidos (por exemplo: penicilina G), e portanto menos ativos na presença de suco gástrico. Desta maneira, geralmente, os antibióticos devem ser ingeridos no mínimouma hora antes e duas horas depois de uma refeição. 2 - Dose, posologia e duração do tratamento: De acordo com a eficácia clínica, a cobertura antibiótica deve durar no mínimo 48 horas após a remissão completa dos sintomas clínicos. De acordo com BASCONES e MANSO (1994), a duração do tratamento em infecções odontogênicas, varia de 5 a 10 dias e depende do tipo e extensão da infecção e do antibiótico escolhido, devendo estender-se por 3 a 4 dias depois do desaparecimento dos sinais clínicos. A dosagem deve ser correta para se evitar ineficácia do tratamento ou superdosagem ocasionando toxicidade. O tratamento das infecções orais habituais de origem bacteriana requer, em média cinco a sete dias de antibioticoterapia; o tratamentodas infecções orais graves ou de infecções em pacientes imunocomprometidos podeexigir mais tempo. 3 - Início e término: Antibioticoterapia profilática - do pré-operatório até 72 hs pósoperatório Antibioticoterapia curativa Imediato 72 hs após desaparecimento dos sintomas 4 - Metabolismo e excreção dos antibióticos A velocidade de metabolismo e excreção de uma droga é que vai determinar o período de concentração deste fármaco no local da infecção. Desta maneira a dose deve ser repetida de maneira específica. A via de excreção também pode determinar a toxicidade de um antibiótico. Uma droga excretada principalmente pelos rins não deve seradministrada (ou ter sua dosagem diminuída) em pacientes com insuficiência renal, o mesmo ocorre com drogas metabolizadas pelo fígado em pacientes com problemas hepáticos. 5-A eficácia dos antibióticos relacionada com fatoresdo paciente 5.1- Idade: A idade do paciente influencia a velocidade de excreção de uma droga e, portanto pode determinar sua toxicidade. Pacientes com mais de 50 anos podem apresentar diminuição da função renal e metabolismo. Em recém nascidos o processo de biotransformação das drogas e a função renal não estão completamente desenvolvidos. Desta maneira se não adequar a dose de cloranfenicol diminuindo-a, o recém nascido pode apresentar a síndrome do bebê cinzento por exemplo. 5.2 - Gravidez: A utilização de drogas durante a gravidez pode ocasionar graus variáveis de risco. Desse modo o cirurgião dentista deve analisar o custo benefício em se administrar determinada droga. A estreptomicina está relacionada com lesão do oitavo par craniano e a defeitos esqueléticos do feto; astetraciclinas causam hipoplásica do esmalte dentário e ossos do feto quando administradas na segunda metade de gestação (FACO FSE, 2006). 5.3 - Alergias: Pacientes que relatam alergia à poeira, pólen e medicamentos são mais susceptíveis a apresentarem alergia aos antibióticos. 5.4 - Peso:A dose do antibiótico deve ser determinada de acordo com o pesocorporal do paciente, principalmente em pacientes menores de 12 anos e pacientes obesos. No paciente obeso, modificações na constituição do corpo, com alto percentual de gordura, pode causar alterações na farmacocinética das drogas administradas. Não se observa aumento do volume dos antibióticos beta lactâmicos, altamente hidrofílicos, em pacientes obesos, portanto, a dose recomendada deve corresponder ao peso ideal do paciente. Porem segundo WURST ET AL EM 1997, sugerem um ajuste na dose destes antibióticos de acordo com a seguinte fórmula: peso ideal mais a diferença entre o peso ideal e o peso real multiplicado pela constante 0,3. Para outros antibióticos existem outras fórmulas para adequação da dosagem correta. 3.23.6 – A resistência bacteriana A resistência bacteriana a determinado antibiótico ocorre em conseqüência de alterações estáveis na composição genética da célula bacteriana, existindo dois tipos principais: a resistência natural e a adquirida. A natural já existia antes da administraçãodo medicamento e a adquirida ocorre após a administração do fármaco. A antibioticoterapia não provoca a mutação, apenas causa a seleção genética, destruindo micro-organismos mais sensíveis e permitindo o crescimento de patógenos maisresistentes. ocorrer devido a troca A resistência a múltiplos antibióticos pode de materialgenético entre as bactérias, determinando a resistência infecciosa às drogas. O desenvolvimento de resistência a uma determinada droga pode causar a resistência cruzada à todos antibióticos pertencentes ao mesmo grupo. Na aquisição de resistência, as células bacterianas ou sintetizam enzimas que inativam o antibiótico, ou alteram a permeabilidade da parede celular, não permitindo a penetração da droga (FACO FSE, 2006). Para minimizar o surgimento de cepas resistentes pode-se: 1. utilizar antibiótico somente quando realmente necessário; 2. seleção de antibióticos através do antibiograma; 3. administração sistêmica em substituição à aplicação tópica; 4. utilização de doses e tempo de duração adequados. 4.1 – Indicações dos antibióticos Os antibióticos devem ser administrados, observando-se certos cuidados, pois, segundo (CASTRO WH,1998) a profilaxia antibiótica para uma cirurgia buco-maxilo-facial não pode ser considerada um fato rotineiro, já que o efeito da droga pode ser nocivo tanto quanto o próprio risco da instalação da infecção, sendo necessário, portanto, fazer uma avaliação de cada caso em particular. Ver tabelas (1,2,3,4 e 6). Conforme dito, os antibióticos são auxiliares relevantes na terapêutica das infecções, destruindo os microrganismos ou impedindo sua proliferação para limitar o processo e criar condições para que o hospedeiro possa eliminar o agente etiológico rapidamente e de forma eficaz, por meio do sistema imunológico. Uma exceção é justificada para não prescrição de antibióticos bacteriostáticos para pacientes com AIDS, visto que o sistema imunológico desses estará comprometido e não responderá de maneira satisfatória (CASTRO WH, 1998, MOELLERING, R. C. JR.; 1998). 4.2 - Resistência bacteriana A resistência pode ser considerada um fenômeno ecológico que ocorre como resposta da bactéria frente ao amplo uso de antibióticos e sua presença no meio ambiente (LEVY, S. B.; 2002). As bactérias multiplicam-se rapidamente, sofrem mutação e são promíscuas, podendo trocar material genético entre linhagens de mesma espécie ou de espécies diferentes. São consideradas micro-organismos de alta capacidade de adaptação a diversos fatores, como a exposição a agentes químicos potentes (PRABHAVATHI, 2006;LEVY, S. B.; 2002). Algumas estratégias podem ser adotadas para evitar o desenvolvimento de resistência bacteriana: prevenção de infecções bacterianas com o uso de vacinas, uso racional de antibióticos, controle e prevenção da disseminação de micro-organismos resistentes. A descoberta e desenvolvimento de novos antibióticos.Além disso, a caracterização dos genes responsáveis pela resistência, assim como sua localização e diversidade são de grande importância para o entendimento dos fatores envolvidos na resistência (CASTRO WH,1998, MOELLERING, R. C. JR.; 1998,GUIMARÃES OD, MOMESSO LS; PUPO TM, 2010 ) Atualmente, há apenas cerca de três compostos antibióticos com novos mecanismos de ação em estudos pré-clínicos Fase I, sendo que estes compostos são de amplo espectro para microorganismos Gram positivo ou para infecções do trato respiratório. O cenário para bactérias Gram negativo é ainda mais alarmante, pois não há nenhum composto com novo mecanismo de ação em ensaios préclínicos (GUIMARÃES OD, MOMESSO LS; PUPO TM, 2010PAYNE, D. J.; GWYNN, M. N.; OLMES, D. J.; PAMPLIANO, D. L, 2007 ). Aspectos econômicos são também preocupantes. As indústrias farmacêuticas desejam receber o retorno financeiro investido ao longo do processo de desenvolvimento após terem um antibiótico lançado no mercado. Entretanto, o aumento do uso de agentes antibióticos gera também o rápido aumento da resistência bacteriana, o que contribui para diminuir o tempo da patente. O investimento na busca de agentes antibióticos fica mais complicado, pois a descoberta de um antibiótico pode levar cerca de 7-10 anos e o desenvolvimento de resistência pode levar 7-8 anos (PRABHAVATHI F,2006) Referências: ABRAHAM,DJ; Burger's Medicinal Chemistry & Drug Discovery. Chemotherapeutic Agents, John Wiley & Sons: San Francisco, 2003, (5). ALFTER, G.A., SCHWENZER, N., FRIESS, D. Perioperative antibiotic prophylaxis with cefuroxime in oral and maxillofacial surgical procedures. J. Craniomaxillofac. Surg. 23:3841, 1995. ALVES DF. Avaliação clínica da eficácia de algumas drogas antimicrobianas no tratamento do abscesso periapical em evolução. 2000 CRO-PE. 2000; 3(1):15-19. AMERICAN CHEMICAL SOCIETY, “A descoberta e desenvolvimento da Penicilina”. Disponível :http://acswebcontent.acs.org/landmarks/landmarks/penicillin/penicillin.html AMUI RF, POI WR, CARVALHO PSP, OKAMOTO T. A influência da ciprofloxacina sobre o processo de reparo em alvéolo dental infectado. 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