RELATÓRIO TÉCNICO DE PRATICABILIDADE

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RELATÓRIO TÉCNICO DE PRATICABILIDADE
RELATÓRIO TÉCNICO DE PRATICABILIDADE E EFICIÊNCIA
AGRONÔMICA
EMPRESA:
Assist Consultoria e Experimentação Agronômica LTDA ME
Endereço: Avenida Brasília, 2711 – Campo Real.
Campo Verde - MT.
CEP 78840-000.
Fone: (066) 3419 1007
FIRMA REQUERENTE:
BASF
RESPONSÁVEL:
Rita de Cássia S. Goussain, Eng. Agronôma, Doutora em Fitopatologia, CREA
nº 120048118-6
Marcio Goussain, Eng. Agrônomo, Doutor em Agronomia, CREA nº MG
082109
TÍTULO DO TRABALHO
Praticabilidade e eficiência agronômica do fungicida Abacus® HC
(Piraclostrobina 260 g/L + Epoxiconazole 160 g/L) no controle de
Cercosporiose (Cercospora zeae maydis) na cultura do milho
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do fungicida Abacus®
HC no controle de cercospora na cultura do milho. Os tratamentos consistiram
em: 1) Testemunha (sem aplicação de fungicida); 2) Abacus (0,25 L p.c/ha)
aplicado no limite do trator; 3) Abacus (0,25 L p.c/ha) aplicado no prépendoamento; 4) Nativo (0,6 L p.c/ha) aplicado no pré-pendoamento; 5) Priori
Xtra (0,3 L p.c/ha) aplicado no pré-pendoamento. O hibrido utilizado foi o Dow
2B707 e sendo cada parcela experimental de 5 hectares. As características
avaliadas foram a severidade da doença (% de área lesionada) nas folhas
Abaixo da Espiga, da Espiga e Acima da Espiga e a produção. Verificou-se que
o fungicida Abacus® HC controlou a doença em ambas as épocas testadas em
relação à testemunha. A aplicação de Abacus no pré-pendoamento foi
semelhante aos padrões Nativo e Priori Xtra tendo controle superior em relação
ao Abacus quando aplicado no limite do trator (V8). Com relação à produção
todos os tratamentos testados independente da época da aplicação produziram
significativamente mais em relação à testemunha. O incremento com a
aplicação dos fungicidas Abacus® HC foi de 14,10 e 19,74 sacas/há no estádio
fenológico V8 e no pré-pendoamento, respectivamente. O fungicida Abacus®
HC pode ser utilizado para o controle da cercosporiose na cultura do milho.
Não foi observado efeito fitotóxico dos tratamentos testados.
1 INTRODUÇÃO
O agronegócio brasileiro movimenta mais de 193 bilhões de reais.
Dentre as principais culturas do país destaca-se a cultura do milho.
Aproximadamente são plantados cerca de 15,1 milhões de hectares nas duas
safras, projetando uma produção de 72.776 mil toneladas (Conab, 2012).
Dentre as principais doenças desta cultura, destaca-se a cercosporiose,
causada pelo fungo Cercospora zeae-maydis. As lesões de cercosporiose
apresentam formato retangular e são delimitadas, na largura, pelas nervuras
principais da folha. Essa é uma característica de lesões causadas pelo gênero
Cercospora em gramíneas e que distingue a cercosporiose das outras doenças
foliares do milho. As lesões apresentam coloração marrom, até que, sob
condições de alta umidade relativa, há a formação de esporulação, que dá às
lesões a coloração acinzentada característica. As lesões apresentam
desenvolvimento mais lento, quando comparadas àquelas produzidas por
outros patógenos causadores de doenças foliares em milho, requerendo de
duas a três semanas para atingirem o seu total desenvolvimento (Nazareno et
al., 1993). Lesões plenamente desenvolvidas apresentam comprimento de 1 a
6 cm, com 2 a 4 mm de largura. Se áreas adjacentes são infectadas, duas ou
mais lesões isoladas podem coalescer, dando a aparência de uma única lesão.
As lesões mais jovens apresentam um halo amarelado característico, quando
observadas através da luz. Dentro de um período de duas a três semanas,
essas lesões se alongam, formando estrias, antes de atingirem a sua forma
retangular característica. Quando as lesões cobrem a maior parte da área
fotossintética, a perda de água resultante determina também a deterioração do
colmo e o acamamento. Isso pode ocorrer quando a infecção se estabelece
muito cedo e há formação de grande quantidade de lesões foliares (Ward et
al.,1999).
Os danos causados pela cercosporiose podem ser significativos. Nos
EUA e África do Sul as perdas na produção podem variar de 25 a 65% (Ward
et al., 1999). Analisando a eficácia de diferentes fungicidas e épocas de
aplicação na região sudoeste de Goiás em área de plantio direto, Brandão
(2002) quantificou os danos da cercosporiose utilizando o
fungicida
azoxystrobina e encontrou valores que variaram de 40 a 51% para os híbridos
suscetíveis, de 19 a 27% para os híbridos moderadamente resistentes e de 15
a 25% para híbridos resistentes. Estudando a quantificação de danos através
do uso do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina em condições de safrinha
também no sistema de plantio direto, Souza (2005) observou valores que
variaram de 32 a 44% para híbridos suscetíveis, de 18 a 24% para híbridos
moderadamente resistentes e de 13 a 16% para híbridos resistentes. Diante
disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação foliar de
Abacus® HC no controle da cercosporiose em plantas de milho.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em 08/03/2012 em condições de campo, na
fazenda Canhambora no munícipio de Campo Verde – MT. O híbrido utilizado
foi o Dow 2B707 plantado dia 05/02/2012, cultivado em espaçamento de 0,90
m entre linhas.
Cada unidade experimental foi constituída de 5 hectares Os fungicidas
em estudo, cujas descrições estão nas Tabelas 1 e 2, foram arranjados da
seguinte forma: 1) Testemunha (sem fungicida); 2) Abacus® HC (0,25 L/ha)
aplicado no limite do trator e estádio V8; 3) Abacus (0,25 L/ha) aplicado no prépendoamento; 4) Nativo (0,6 L/ha) aplicado no pré-pendoamento e 5) Priori
Xtra (0,3 L/ha) aplicado no pré-pendoamento (Figura 1).
Tabela 1. Descrição dos fungicidas utilizados para o controle de cercosporiose
em milho. Campo Verde – MT, 2012.
Tratamentos
Nome
Nome comercial
Dosagem P.C
Concentração
(L.ha-1)
i.a/L
Grupo químico
Formulação
comum
Piraclostrobina
+
Epoxiconazole
Abacus® HC*
0,25
260
+
160
Estrobilurina
+
Triazol
SC
Trifloxistrobina
+
Tebuconazole
Nativo**
0,6
100
+
200
Estrobilurina
+
Triazol
SC
Azoxistrobina
+
Ciproconazole
Priori Xtra***
0,3
200
+
80
Estrobilurina
+
Triazol
SC
*Adicionou-se Dash 0,3 L/ha
** Adicionou-se Aureo 0,5 L/ha
*** Adicionou-se Nimbus 0,6 L/ha
Tabela 2. Fungicidas utilizados para o controle de cercosporiose na cultura do
milho. Campo Verde – MT, 2012.
Tratamentos
Dosagem P.C
Data da
Time de
Estádio
(L.ha )
Aplicação
Aplicação
Fenológico
Abacus® HC*
0,25
08/03/2012
Limite do trator (LT)
V8
Abacus® HC*
0,25
22/03/2012
Pré-Pendoamento
PP
Nativo**
0,6
22/03/2012
Pré-Pendoamento
PP
Priori Xtra***
0,3
22/03/2012
Pré-Pendoamento
PP
Nome comercial
-1
Testemunha
*Adicionou-se Dash 0,3 L/ha
** Adicionou-se Aureo 0,5 L/ha
*** Adicionou-se Nimbus 0,6 L/ha
B
A
Figura 1. Época de aplicação dos fungicidas. Limite do Trator/V8 (A) e PréPendoamento (B)
Utilizou-se um pulverizador pressurizado Uniport-Jacto numa velocidade
de 19 km/h com pressão de trabalho de 90 lbf/pol2, dotado e um conjunto para
aplicação em linha composto de 70 bicos cone vazio (marrom), que
proporcionou uma diluição de 50 litros de calda por hectare. As condições
atmosféricas das aplicações podem ser observadas na Tabela 3.
Tabela 3. Data e condições climáticas das aplicações de fungicidas utilizados
para o controle da cercosporiose em milho.
Campo Verde – MT,
2012.
Datas
Umidade
Relativa %
Temperatura
ºC
24
Velocidade
do Vento
km/h
1,7
08/03/2012
78
22/03/2012
82
Horário
08:10-09:50
26
0,9
07:45-10:20
Para a avaliação de severidade da doença o delineamento utilizado foi
inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 20 repetições. A avaliação de
severidade (% de área lesionada) foi realizada em 09/05/2012 em 20 plantas
escolhidas aleatoriamente na unidade experimental, amostrando a folha abaixo
da espiga (E-1), da espiga (E) e acima da espiga (E+2). Para produção o
delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 4
repetições. Cada repetição foi constituída de 2 linhas de 5 metros em 4 pontos
aleatórios na parcela experimental, onde procedeu a colheita manual das
espigas. Posteriormente, as espigas foram debulhadas e anotou-se o peso dos
grãos sendo os resultados transformados em sacas/ha. A umidade foi ajustada
para 13%.
Os dados de severidade e produção foram submetidos à análise de
variância e as médias comparadas pelo teste de agrupamento de Scott & Knott
(1974) ao nível de 5% de probabilidade. Para o cálculo das porcentagens de
eficiência foi utilizada a Fórmula de Abbott (1925).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se diferença significativa entre os tratamentos utilizados na
severidade de cercosporiose em folhas de milho na avaliação realizada dia
09/05/2012 independente da folha avaliada (Tabela 4). Os tratamentos que
receberam a aplicação de fungicida independente da época de aplicação
diminuíram a infecção da doença em relação à testemunha.
Tabela 4. Severidade média de cercosporiose e eficiência de controle (E%) em
20 folhas/parcela nas folhas Abaixo da Espiga (E-1), da Espiga (E) e
Acima da Espiga (E+1) após a aplicação de fungicidas na cultura do
milho. Campo Verde – MT, 2012.
Severidade de doença (%) e Eficiência de Controle (%)
Tratamento
Dose
Lp.c./ha
Time de
Sev %
Aplicação
E-1
Abacus® HC
Nativo
Priori Xtra
E%
E
Sev %
E%
E+1
-1
Testemunha
Abacus® HC
E% Sev %
5,05 A
2,19 A
0,95 A
0,25
LT ou V8
1,58 B
68
0,90 B
59
0,39 B
59
0,25
PP
0,57 C
89
0,26 C
88
0,13 C
86
0,60
PP
0,72 C
86
0,31 C
86
0,07 C
93
0,30
PP
0,73 C
86
0,27 C
88
0,07 C
93
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Scott & Knott (P≤0,05).
O fungicida Abacus® HC aplicado no pré-pendoamento obteve controle
semelhante aos padrões Nativo e Priori Xtra, com controle superior ao
comparar com a aplicação de Abacus® no estádio V8 ou limite do trator. Na
folha abaixo da espiga (E-1) a eficiência de controle da cercosporiose variou de
68% para o fungicida Abacus aplicado no estádio V8 e no pré-pendoamento
esse mesmo fungicida obteve controle de 89%. Esse mesmo padrão de
eficiência foi verificado nas folhas da Espiga (E) e Acima da Espiga (E+1).
Esses resultados demonstram que a aplicação de Abacus® HC foi mais efetiva
quando aplicado no pré-pendoamento (Figuras 2, 3 e 4).
O fungicida Abacus® HC quando aplicado na fase de pré-pendoamento
obteve eficiência de controle da doença de 89% para as folhas coletadas
abaixo da espiga (E-1), 88% para as folhas da espiga (E) e 86% para as folhas
acima da espiga (E+2), porcentagens essas superiores ao mínimo exigido pelo
MAPA para registro de produtos fitossanitários.
Figura 2. Efeito da aplicação dos fungicidas no controle de cercosporiose na
folha Abaixo da Espiga (E-1). Sequência da esquerda para direita:
testemunha, Abacus® HC (V8), Abacus® HC (PP), Nativo (PP) e
Priori Xtra (PP)
Figura 3. Efeito da aplicação dos fungicidas no controle de cercosporiose na
folha da Espiga (E). Sequência da esquerda para direita:
testemunha, Abacus® HC (V8), Abacus® HC (PP), Nativo (PP) e
Priori Xtra (PP)
Figura 4. Efeito da aplicação dos fungicidas no controle de cercosporiose na
folha Acima da Espiga (E+1). Sequência da esquerda para direita:
testemunha, Abacus® HC (V8), Abacus® HC (PP), Nativo (PP) e
Priori Xtra (PP)
Em relação à produção foi detectada diferença significativa entre os
tratamentos testados e testemunha (sem fungicida) (Tabela 5). O fungicida
Abacus® HC nas aplicações realizadas em V8/limite do trator e no prépendoamento comportou-se semelhante aos fungicidas Nativo e Priori Xtra
utilizados neste ensaio. O fungicida Abacus® HC proporcionou incremento na
produção entre 14,1 a 19,74 sacas/ha ao comparar com a testemunha,
podendo ser recomendado para o controle de cercosporiose na cultura do
milho. Não foi observado efeito fitotóxico dos fungicidas utilizados nas doses e
fases fenológicas aplicadas.
Tabela 5. Produção de milho (sacas/ha) e incremento em relação à
testemunha após aplicação de diferentes fungicidas. Campo Verde –
MT, 2012.
Tratamento
Dose L p.c./ha
-1
Time
Produção
Incremento
de aplicação
Sacas/ha
Sacas/ha
Testemunha
94,00 B
Abacus® HC
0,25
LT
108,10 A
14,10
Abacus® HC
0,25
PP
113,74 A
19,74
Nativo
0,60
PP
115,62 A
21,62
Priori Xtra
0,30
PP
118,44 A
24,44
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Scott & Knott (P≤0,05).
A
B
C
Figura 5. Espigas de plantas pulverizadas com Abacus® HC no prépendoamento (A), Abacus® HC no limite do trator/V8 (B) e a
testemunha sem fungicida (C).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 A aplicação de Abacus® HC independente da fase de desenvolvimento
do milho, foi eficiente no controle de Cercospororiose;
 A aplicação de Abacus® HC no Pré-Pendoamento (PP) foi mais eficiente
no controle de Cercospororiose, quando a aplicação ocorreu no Limite
do Trator (LT) na fase V8 da cultura;
 A aplicação de Abacus® HC independente da fase de desenvolvimento
do milho, apresentou incremento de produção em relação à testemunha;
 A aplicação de Abacus® HC no Pré-Pendoamento (PP) obteve eficiência
de controle de Cercospororiose semelhante aos padrões Nativo e Priori
Xtra;
 A aplicação de Abacus® HC independente da fase de desenvolvimento
do milho, apresentou produção semelhante aos padrões testados;
 Abacus® HC pode ser recomendado para o controle de Cercospora
zeae maydis na cultura do milho;
 Não foi observado efeito fitotóxico de Abacus® HC na cultura do milho.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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