O que o Cérebro tem a dizer sobre a Biodanza

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O que o Cérebro tem a dizer sobre a Biodanza
ESCOLA DE BIODANZA SISTEMA ROLANDO TORO DE BELO HORIZONTE INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION MONOGRAFIA PARA FACILITADOR DE BIODANZA BELO HORIZONTE, BRASIL ‐ 2011 O que o Cérebro tem a dizer sobre a Biodanza: Um paralelo entre estudos de Neurociência e o Sistema Biodanza
Júlio Santos Viotti Orientadora: Liliana Santos Viotti [email protected] 13/08/2011 13/08/2011 Erro! Estilo não definido. Para Paula, Bruno, Liliana e Carlô. 2 Resumo Erro! Estilo não definido. “Há mais sabedoria no seu corpo do que nas suas mais profundas filosofias.”
Friedrich Nietzsche
Resumo Apesar de possuir atualmente fortes bases científicas, a Biodanza –um método de desenvolvimento pessoal e humano pessoalque combinação de música, movimento e emoção de forma a promover integração fisiológica e psicológica– foi criada de forma bastante intuitiva. Por esta razão, novos achados científicos devem ser aliados ao Sistema Biodanza. Esta obra pretende delinear correlações entre evidências da Neurociência e mecanismos e efeitos propostos da Biodanza. Estudos que mostram aprendizado sem percepção consciente, mudanças corporais que passam despercebidas e efeitos da autoestima implícita atestam em favor dos efeitos da Biodanza poderem ocorrer sem a consciência imediata do participante, como é frequentemente relatado. Experimentos mostram um papel central da amígdala –um componente do sistema límbico– na empatia, e enfatiza a importância do olhar nos olhos, um elemento muito encorajado nas sessões de Biodanza. A importância da expressão também é realçada em achados que demonstram que emoções não expressas são menos sentidas e que posturas e movimentos influenciam os sentimentos. A teoria do feedback‐facial e as teorias de cognição incorporada dão suporte a estas ideias e ainda situam as experiências vividas e as memórias nos sistemas sensoriais e no corpo, e não em símbolos abstratos dentro da mente, o que vai de acordo com as propostas da Biodanza de mudanças através da corporeidade. O Princípio Biocêntrico e o Inconsciente Vital são também correlacionados com dados mostrando preferências corporais a estímulos positivos, independente de avaliação consciente, e preferência por ações cooperativas em crianças de 6 e 10 meses. 3 Resumo Erro! Estilo não definido. Palavras‐chave: Biodanza, neurociência, inconsciente, empatia, feedback‐facial, cognição incorporada, Princípio Biocêntrico 4 Conteúdo Erro! Estilo não definido. Conteúdo Objetivos .................................................................................................................................... 6 Introdução .................................................................................................................................. 7 Sobre a Biodanza.................................................................................................................... 7 Sobre a Neurociência .......................................................................................................... 11 Sobre esta Monografia ........................................................................................................ 11 Capítulo 1 Evoluindo sem Perceber..................................................................................... 15 1.1 Percepção Inconsciente do Mundo........................................................................... 16 1.2 Aprendizagem Inconsciente e Biodanza.................................................................... 20 Capítulo 2 Empatia............................................................................................................... 24 2.1 A Participação da Amígdala na Empatia .................................................................... 24 2.2 A Hipótese do Feedback Facial ................................................................................. 30 Capítulo 3 Potenciais Incorporados..................................................................................... 36 3.1 Teorias da Cognição Incorporada e Biodanza ........................................................... 36 3.2 Potenciais Corporais e o Princípio Biocêntrico......................................................... 42 Discussão Geral ........................................................................................................................ 46 Índice ........................................................................................................................................ 47 Bibliografia ................................................................................... Erro! Indicador não definido. 5 Objetivos Erro! Estilo não definido. Objetivos A sustentação científica que esclarece os mecanismos de ação ou os efeitos de determinado método não apenas concede maior credibilidade a este método, mas também abre o caminho para novas descobertas e aperfeiçoamentos, seja no campo científico, seja no próprio método. Consequentemente, esta monografia almeja estabelecer correlações entre achados da Neurociência e o sistema Biodanza. Isto pode também ajudar a entender como são deflagrados alguns dos efeitos da Biodanza já evidenciados e talvez possa contribuir para a aceitação geral da Biodanza como um método intervencional por organizações, sistemas de saúde e comunidade científica. 6 Introdução Erro! Estilo não definido. Introdução Sobre a Biodanza Um olhar simultaneamente científico e afetuoso foi necessário para prever a enorme crise que o mundo estava prestes a viver. A percepção de que elementos essenciais para a manutenção e preservação da vida estavam sendo gradualmente substituídos por valores antivida levou o chileno Rolando Toro – antropólogo, psicólogo, poeta e pintor – a buscar um novo jeito de transformar a consciência. Tal mudança não deveria ser feita através de discurso ou racionalismo reducionista, mas por outros caminhos: o corpo, o movimento, a música e a emoção. Nascida enquanto Rolando Toro ocupava a cadeira de antropologista médico na Pontifícia Universidade Católica do Chile, a Psicodanza –como a Biodanza foi previamente chamada– foi progressivamente se delinenando, ganhando uma base e um arcabouço teórico que desse sustentação aos exercícios que Toro testava para acordar potenciais adormecidos ou desviados.. Posteriormente, de modo a não endossar a separação entre corpo e alma, implicada no uso da palavra “psico”, Rolando propôs o termo “Biodanza”, que direciona o foco para o lugar certo, isto é, a vida (em grego, bios). O foco na vida foi então alicerçado por um novo paradigma: o Princípio Biocêntrico. Rolando Toro afirma: “A Biodanza nasceu da minha experiência pessoal e logo percebi que sua estrutura poderia ser baseada nas ciências da vida, particularmente na Biologia. Muitas forças se manifestariam dentro de mim para me conduzir a idealizar esta conjunção de arte, ciência e amor. (1 pág. 9). A definição oficial de Biodanza como um “sistema de integração humana, renovação orgânica, reeducação afetiva e reaprendizagem das funções originárias de vida” (1 pág. 33) está agora complementada, devido às descobertas científicas e à reavaliação metodológica do sistema, com o seguinte: Biodanza é um sistema que acelera processos integrativos em diferentes níveis: celular, metabólico, neuroendócrino, imunológico e existencial. O método 7 Introdução Erro! Estilo não definido. é baseado em um ambiente enriquecido com música específica, movimentos integrativos e contato, que deflagram vivências que estimulam a plasticidade neuronal. As vivências criam a possibilidade de gerar novas redes sinápticas que despertam potenciais adormecidos, que não tinham anteriormente qualquer forma de expressão. Trata‐se de um processo altamente integrativo com efeitos curativos e profiláticos (2). A metodologia da Biodanza utiliza música como elemento deflagrador da vivência. Todas as obras musicais são cuidadosamente selecionadas com base no estudo de ritmo, melodia e harmonia; e então associadas a exercícios específicos. A instrução (Consigna) dada pelo facilitador cria a atmosfera e o ambiente para a vivência, conduzindo a movimentos restauradores da saúde e de melhoria de humor. Todos estes elementos se unem em harmonia para compor a experiência plena que é a vivência. O conceito de vivencia vem do termo alemão Erlebnis, que pode ser traduzido literalmente por “experiência vivida” e foi investigado por Wilhelm Dilthey (3). Erlebnis pode ser definido como “uma experiência pré‐reflexiva e imediata de algo, uma experiência na qual há identidade virtual entre a pessoa consciente e aquilo do qual esta está consciente, uma espécie de consciência inconsciente” (…) A realidade que é experimentada vivencialmente está presente para mim pelo fato de eu estar internamente consciente dela, que eu imediatamente processo como algo pertencente a mim de certa forma. (…) Erlebnis não pode ser definida ou entendida logicamente” (3 pág. 23; 55). Toro recria o conceito de vivência como “experiência vivida com grande intensidade por um indivíduo no momento presente, que envolve cenestesia e funções viscerais e emocionais” (1 pág. 30). Os exercícios propostos pela Biodanza pretendem induzir vivencias harmonizadorass, baseadas no desenvolvimento do potencial de saúde existente em todos os seres vivos. Assim como não enfatiza emoções negativas, o método terapêutico não envolve nem resgate de memórias traumáticas e nem mudanças baseadas em sintomas. Inversamente, as 8 Introdução Erro! Estilo não definido. vivencias objetivam trazer mais luz e mais beleza para as qualidades da pessoa, enfatizando os potenciais de saúde supracitados. Toda sessão de Biodanza é realizada em um grupo que tem o importante papel de constituir um continente afetivo, que vem da noção de continente de Wilfred Bion (4). O resultado é um ambiente de segurança e confiança, onde cada participante sabe que será carinhosamente encorajado e reconfortado com respeito e afeto. Uma das bases estruturais deste sistema é a profunda conexão com a vida, seja a conexão com a vida interior em cada um de nós, a conexão com a vida no outro, ou a conexão com a vida no planeta. Quando um participante atinge uma conexão verdadeiramente profunda com a vida, um caminho para a sabedoria da natureza se abre. Trata‐se de uma sabedoria que foi perdida há muito tempo quando a humanidade se desconectou da natureza, criando a sociedade e a civilização. Fabricantes de cultura, os humanos começaram a construir o seu mundo com base em conceitos, preconceitos, julgamentos e análises que criam expectativas de determinado comportamento social. A cultura nos tornou previsíveis, controláveis e funcionais, de um modo que nos desconectou desta teia de informações intrínsecas que é o inconsciente vital. O modelo teórico da Biodanza, além de ser um elegante modelo de trabalho para a prática de Biodanza, propõe uma nova visão sobre o ser humano e a vida: propõe uma integração do ser humano, em todos os seus aspectos existenciais. Numa visão simplificada do modelo teórico (Figura 1), há um eixo onde a existência pulsa entre consciência intensificada de si mesmo (identidade) e a fusão com a vida (regressão) e outro eixo representando a ontogenia do indivíduo, com cinco linhas diferentes e complementares de expressão de potenciais: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. Ecofatores, elementos do ambiente, atuam no organismo e facilitam ou reprimem a expressão de potenciais. Circulando o eixo está a representação dos quatro aspectos do inconsciente: o inconsciente pessoal, proposto por Freud; o inconsciente coletivo, proposto por Jung; o 9 Introdução Erro! Estilo não definido. inconsciente vital e o inconsciente numinoso propostos por Toro. Na base estão os potenciais genéticos, que são a fundação do desenvolvimento em cada ser vivo. A Biodanza vem para estimular nossa conexão com os valores básicos e naturais da existência, vem para nos convidar a ousar viver nossas vidas com intensidade e plenitude. 10 Introdução Erro! Estilo não definido. Figura 1: Modelo teórico da Biodanza. V, S, C, A e T representam, respectivamente: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. Sobre a Neurociência 11 Introdução Erro! Estilo não definido. Neurociência pode ser definida como “qualquer e todas as ciências, tais como neuroquímica e psicologia experimental, que lidam com a estrutura ou o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso” (5). Portanto, Neurociência é um domínio amplo e uma ciência que se comunica com outras disciplinas tais como linguística, matemática, ciência da computação, engenharia, filosofia, química, física, psicologia e medicina. Outras obras relacionando Biodanza e Neurociência já foram publicadas e debatidas. Um exemplo é o estudo de Gittith Padilla, que discute a teoria de sistemas adaptativos complexos e o impacto de um ambiente enriquecido na neuroplasticidade, neurogênese e expressão de genes (6). Particularmente, o tema referente a neurônios espelho é, no momento, um tema da Neurociência que está sendo amplamente discutido por facilitadores de Biodanza (por ex. (7)). Sendo um tópico já dominante na comunidade da Biodanza, este trabalho não vai enfatizar o papel dos neurônios espelho objetivando abrir espaço para outras reflexões. Mesmo assim, haverá referências a neurônios espelho ao longo do texto, uma vez que participam de teorias aqui apresentadas. Sobre Esta Monografia Este trabalho relata dados empíricos e teóricos em diferentes campos do conhecimento que nos ajudam a entender, e fornecem evidências adicionais que apoiam alguns dos mecanismos e dos efeitos da Biodanza. Neuroimagem, psicologia, farmacologia, genética, ciências cognitivas e outros campos geraram as evidências citadas nesta tese. As correlações aqui estabelecidas são sugestões de teorias que poderiam, por extensão, explicar algumas das teorias propostas ou evidenciadas no sistema Biodanza. Isto não implica que trabalho empírico não deva ser realizado, como exemplificado na obra de Marcus Stück e Alejandra Villegas (8). Pelo contrário, uma vez que esta monografia não apresenta dados para tentar fornecer evidência anedótica como prova científica da eficácia da Biodanza, mas apenas mostra que é essencial reunir mais informação empírica, tais como 12 Introdução Erro! Estilo não definido. as que acabam de ser mencionadas, de modo a confirmar as associações sugeridas entre a Biodanza e as teorias apresentadas. Portanto, este trabalho não pretende apresentar respostas inquestionáveis para incertezas científicas no sistema Biodanza, mas tentar jogar luz sobre certos aspectos do sistema Biodanza que ainda poderiam adquirir uma base científica mais forte. É importante afirmar, então, que a escolha de temas tratados nesta pesquisa não reflete uma ordem implícita dos tópicos mais importantes na Biodanza nem as questões mais relevantes em Neurociências. Os temas escolhidos apenas refletem um caminho natural que foi sendo revelado ao autor durante a pesquisa, onde um tema conduziu a outro. Portanto, apesar desta obra ser dividida em capítulos e subseções, ela pode ser entendida como um contínuo, visto que os assuntos aqui discutidos estão interconectados e, em muitos casos, são complementares e interdependentes. Assim sendo, notações referentes a uma parte específica podem ser reencontradas por todo o texto; e um índice de algumas palavras e conceitos relevantes está disponível na página 48. A Biodanza, apesar de ter bases científicas sólidas, foi criada de forma bastante intuitiva. Entretanto, não contar empiricamente com forte sustentação científica não descredencia o valor da idéia ou do método. Um bom exemplo disto é a acupuntura, uma prática de medicina alternativa que foi por muito tempo ridicularizada por profissionais de medicina convencional. Esta prática tem sua reputação prejudicada pela falta de um mecanismo aceito cientificamente que descreva como o tratamento funciona e críticos argumentam que não há nenhuma eficácia além de efeitos placebo. Contudo, estudos científicos agora são capazes de explicar certos mecanismos e efeitos da acupuntura (veja (9) e referências), recuperando o status da acupuntura não apenas na comunidade científica, mas também junto ao público leigo, visto que ganham mais confiança no método. Em particular, um estudo neurocientífico explicou o neurotransmissor específico que atua na modulação da dor através da acupuntura (10). Paralelamente ao mostrar a importância da sustentação científica para a aceitação do método, isto também demonstra que a falta de evidência 13 Introdução Erro! Estilo não definido. empírica não desqualifica a eficácia do método; e este é o caso da Biodanza, na qual os efeitos já vêm sendo observados nos últimos 40 anos. 14 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. Capítulo1 Evoluindo sem Perceber “Quando o carvalho é derrubado toda a floresta ouve ecos, mas cem sementes são semeadas em silêncio por uma brisa despercebida." Thomas Carlyle A história nos trouxe a noção de corpo e espírito como sendo duas entidades diferentes, da Teoria das Formas de Platão ao conceito cristão de corpo e alma e o dualismo de Descartes. Um hipótese básica na intervenção proposta pelo sistema Biodanza é que cérebro, mente e corpo não podem ser considerados separados (11). Um dos mecanismos de ação propostos pela Biodanza é, através de experiências corpóreas, a secreção de hormônios e neurotransmissores específicos, relacionados às emoções, para promover a expressão de potenciais latentes. Estes hormônios e neurotransmissores são parte das redes que envolvem o sistema límbico e o hipotálamo, assim como o sistema nervoso autônomo, de modo tal que os efeitos não necessariamente se traduzem em consciência (12). Isto implica que muitos efeitos da Biodanza agem sobre o inconsciente e podem acontecer sem o conhecimento do participante (11)(13). Embora a idéia de que muito da informação do ambiente e até mesmo uma grande parte da informação sobre o auto‐conceito permaneçam cognitivamente inacessível (ou inconsciente), já é amplamente aceito pela comunidade científica, e também por uma grande parte da população não‐científica, ainda persiste a crença popular que se baseia na idéia de que as decisões têm raízes na ponderação consciente da informação disponível sobre opções e, portanto, que nossas escolhas se baseiam exclusivamente em informação conhecida. No entanto, estudos recentes mostram que muitos atributos tais como a tomada de decisão podem resultar de processos que podem ser inconscientes ou, pelo menos, não tão racionais como esperado. Na tomada de decisões por exemplo, estes processos podem ser interpretados como associações mentais automáticas (14) ou heurística de decisão 15 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. rudimentar como a que as crianças usam (15). É concebível que uma grande parte dos acontecimentos relacionados com a mente, a alma e o corpo sejam invisíveis. É importante salientar que o conceito de inconsciente utilizado aqui se correlaciona com tudo que permanece cognitivamente inacessível a alguém, sendo uma percepção inconsciente do mundo, uma aprendizagem e memória inconsciente, ou influências inconscientes na tomada de decisões. 1.1 Percepção Inconsciente do Mundo Uma quantidade considerável de estímulos que entram no nosso sistema nervoso atravessa a consciência, e portanto, é cognitivamente percebida pelo indivíduo. Entretanto, outra quantidade substancial é processada no cérebro sem a consciência do indivíduo, mantendo‐
se, então, inconsciente (por ex., (16)). Podemos comparar nossa percepção do mundo a uma ilha; acima da superfície, temos a clareza da nossa consciência, nós podemos obter um vislumbre do horizonte, admirando formas e imagens; não obstante, há uma grande parte da ilha que é subaquática, fora do nosso alcance. Apesar disso, alguns mergulhos podem nos trazer alguma noção dessa realidade submersa. Um pequeno exemplo desta ausência de percepção pode ser visto no conteúdo da voz de uma pessoa, independente das palavras que estão sendo ditas. O som da voz parece ser um importante meio de transmissão de informação biológica significativa. Parece levar informações sobre atributos da personalidade, características corporais e fase do ciclo menstrual (veja (17) e referências). A atratividade da voz feminina aumenta juntamente com o risco de concepção no ciclo feminino natural. Em mulheres usando contraceptivos hormonais nenhum efeito foi observado. Além de oferecer suporte a uma importante comunicação não‐verbal, 16 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. acontecendo sem consciência, estes resultados apontam para uma comunicação acontecendo através de mudanças nos níveis hormonais. As evidências indicam alterações na laringe em resposta aos esteróides como sendo responsáveis pela diferença na atratividade da voz (17). Também é razoável afirmar que quando a atratividade da voz muda a reação do ouvinte também não será a mesma. Paralelamente à demonstração de alterações no som da voz às diferentes reações devidas a esta alteração, experiências de Pipitone (17) também mostram fortes evidências de que essas alterações são atribuíveis aos níveis hormonais. Sabe‐se também que alterações nos níveis hormonais e modificações de comportamento inconscientes são efeitos provocados pelo sistema Biodanza (8). A conexão feita neste trabalho, entre estas experiências e o sistema de Biodanza, não sugere que a Biodanza atua exatamente da mesma forma; mas exemplifica uma maneira como as alterações hormonais podem modificar o comportamento individual e o comportamento dos outros em relação a este indivíduo, que é um dos mecanismos de ação da Biodanza (11). Durante os anos em que a Biodanza vem sendo praticada, vários relatórios vinculam alterações obvervadas no comportamento a alterações hormonais. Mulheres que tinham ciclos menstruais irregulares começam a ter ciclos regulares, e mulheres que tinham entrado na menopausa começam novamente a menstruar. Essas alterações são geralmente seguidas de atitudes em relação à disponibilidade para relacionamentos, melhoria no humor geral e revitalização da libido e do desejo. Outra conexão notável que pode ser estabelecida entre efeitos da Biodanza e comportamentos inconscientes envolve a identidade e autoestima. Um dos principais pilares do mecanismo terapêutico da Biodanza está nos seus efeitos sobre a identidade e, portanto, suas conseqüências na autoestima (11)(18). Experiências feitas com autoestima explícita e implícita podem ajudar a entender como o desenvolvimento da autoestima pode promover mudanças comportamentais inconscientes, bem como melhorias no bem‐estar. Estas melhorias são frequentemente resultantes do amadurecimento emocional perante determinadas situações, tais como a ansiedade sentida em tarefas onde o “self” é 17 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. relevante(19). Autoestima implícita difere da autoestima explícita pelo fato de que, na primeira, há ausência de consciência das autoavaliações, enquanto na segunda, indivíduos são capazes de avaliá‐las. A autoestima implícita pode ser definida como associações avaliativas e cognitivas inacessíveis introspectivamente para o sujeito. É hipotétizado que, no cenário das interações autorrelevantes, a autoestima implícita influencia o comportamento não‐verbal, enquanto a autoestima explícita não o faz. Por outro lado, autoestima implícita também influencia comportamentos tais como self‐
handicapping, que podem estar sujeitos a controle consciente (19). Comportamentos de self‐handicapping são estratégias para externalizar motivos de mau desempenho e para internalizar causas de bom desempenho (20); é o método de criação ou reivindicação de obstáculos para desviar a culpa de si mesmo, evitando se tornar responsável pelo fracasso (21). O exemplo típico é o aluno que sai para beber na noite antes do exame e, em seguida, culpa a ressaca pelo fraco desempenho. Neste caso, o estudante poderia ter ficado em casa e estudado, mas caso ele falhasse no exame, ele não teria nenhuma desculpa para seu fraco desempenho, a não ser suas próprias habilidades. Dessa forma, self‐handicapping parece proteger a autoestima, uma vez que a culpa é dirigida a algo diverso de si mesmo. No entanto, estas estratégias geralmente acarretam uma restrição no desempenho para a preservação da autoestima e, então, impedem o pleno desenvolvimento das potencialidades do indivíduo. Os estudos com autoestima implícita e self‐handicapping ilustram um cenário muito interessante que está de acordo com os mecanismos propostos pela Biodanza. O inconsciente reforço da identidade e, consequentemente, da autoestima, repercutem não apenas em aumento do contentamento de cada participante consigo mesmo, mas também em desenvolvimento de potenciais e na diminuição de comportamentos autodestrutivos, que são esperados na Biodanza (11)(13). Evidências também suportam o fato de que a autoestima implícita é, de fato, inconsciente e as tentativas de auferir a própria autoestima implícita na verdade se correlacionam com a autoestima explícita, e apenas 18 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. insignificantemente com a autoestima implícita real (22). É igualmente importante colocar que embora o comportamento de self‐handicapping esteja ligado à autoestima implícita, a autoestima explícita representa uma influência ainda maior (19). Isso não diminui a importância da autoestima implícita, uma vez que desempenha um papel relevante; além do mais, esta estende o impacto no reforço da identidade também para o componente consciente. Também no tema da percepção inconsciente pode ser acrescentado o tema da percepção de emoção, que será ainda mais explorado no Capítulo sobre Empatia (pág. 23). Expressões faciais de emoções podem ser facilmente reconhecidos pela maioria dos seres humanos; contudo, nem o reconhecimento das emoções expressas por outra pessoa, nem a contração dos músculos faciais realizada em resposta a essa percepção, necessariamente despertam a consciência. A obra de Dimberg et al (23) dá provas que demonstram o mencionado acima. Entre outros resultados, mostra que as primeiras respostas a estímulos emocionais podem surgir sem processos cognitivos conscientes. A exposição a estímulos positivos e negativos mascarados, e portanto inconscientes, suscitou contrações musculares distintas, que foram evidenciadas através de eletromiografia. Estas reações foram semelhantes em forma e rapidez a reações em estudos onde os participantes foram capazes de perceber conscientemente a apresentação de rostos felizes (positivos) e rostos com raiva (negativos). Isto sugere que, independentemente da atenção ou consciência, a percepção dos estados emocionais produz um efeito no organismo. As evidências aqui apresentadas coincidem com o método da Biodanza, pelo qual os participantes são inspirados a não evitar olhar nos olhos do outro, como uma forma de se comunicar e de compreender o outro. Assim, é notável que, mesmo que essa interação permaneça desconhecida para o participante e ele não perceba conscientemente a emoção sentida pelo outro, significativos aspectos de comunicação emocional face‐a‐face estão ocorrendo em um nível inconsciente. Estes dados também podem ser relacionados às experiências mostrando mimetismo inconsciente de expressões faciais, postura e maneirismos de outros (conhecido como o efeito Camaleão) 19 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. (24). Ademais, a empatia é ainda possível mesmo na falta de experiência visual consciente, tal como verificado em experiências com um indivíduo detentor de cegueira cortical (25) (ver pág. 24). Para obter mais informações sobre a relação entre a empatia e o inconsciente, veja Capítulo 2: Empatia. 1.2 Aprendizagem Inconsciente e Biodanza Um aspecto notável da Biodanza, que é a sua atuação sobre o inconsciente, tem grande sustentação nas recentes descobertas sobre sistemas de aprendizagem inconsciente e memória não‐declarativa. Um estudo com pacientes que sofrem de amnésia anterógrada mostra aprendizagem na ausência de memória consciente (ou declarativa). Pacientes cuja lesão no hipocampo prejudicou completamente sua capacidade de adquirir novas memórias declarativas tiveram uma robusta melhora nos resultados de uma tarefa de aprendizagem discriminativa. Este aprendizagem de tarefas pode ser independente do hipocampo e pode ter o apoio dos gânglios basais. É importante reiterar que a aprendizagem ocorreu sem consciência e, portanto, os indivíduos não lembravam (conscientemente) do que consistia a tarefa (26). Esta tarefa consistia em diferenciar entre dois objetos, um dos quais era correto, enquanto o outro estava errado. Estes objetos foram apresentados em pares durante várias sessões. Antes das sessões foi perguntado aos pacientes se sabiam do que se tratava a tarefa. Como eram incapazes de formar novas memórias declarativas, eles frequentemente respondiam com suposições que não correspondiam à descrição real da tarefa. Mesmo assim, os sujeitos apresentaram um aumento na escolha do objeto correto. Quando questionados sobre o motivo de ter escolhido os objetos corretos, e não os errados, os pacientes responderam que apenas tiveram a sensação de que era a escolha correta. 20 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. Participantes de Biodanza frequentemente relatam que acabaram de perceber que as alterações em seus hábitos ou comportamentos haviam ocorrido algum tempo antes. A observação muitas vezes não parte da pessoa propriamente dita, mas de alguém que participa da vida cotidiana do participante. Estudos mostrando a aprendizagem de hábitos sem consciência podem fornecer dados importantes para a compreensão dos mecanismos pelos quais alterações comportamentais surgem inconscientemente como proposto e evidenciado no método de Biodanza. A maioria da literatura atual sobre os seres humanos, macacos e roedores permite chegar à conclusão de que a capacidade de realizar tarefas que exigem memória declarativa depende do hipocampo e de estruturas relacionadas, enquanto tarefas que podem ser executadas através de memória não‐declarativa dependem de outras áreas do cérebro (27). Embora a localização dos diferentes tipos de memória em diferentes áreas do cérebro seja ainda incerta, dados disponíveis apoiam o fato de que algumas tarefas de memória que os seres humanos adquirem através de memorização, ou seja, memória declarativa, também podem ser não‐declarativamente adquiridas por animais experimentais (28) e por seres humanos com lesões no hipocampo (26). Assim, é razoável supor que seres humanos sem lesões cerebrais também experienciem considerável aprendizagem inconsciente (não‐declarativa). A tendência do uso de memória declarativa pode parecer se sobrepor ao uso de memória não‐declarativa em seres humanos com hipocampo não danificado. Contudo, também é possível considerar que as memórias não‐declarativas desempenham um papel que passa despercebido ao próprio ator ou aos observadores, e estão, portanto, tendo sua participação subestimada. A aprendizagem de hábito experimentada na Biodanza pode ser, então, independente do hipocampo, ou pelo menos, não inteiramente dependente deste. Entretanto, a ignorância acerca de mudança no seu comportamento, observada em participantes de Biodanza, bem como a aprendizagem de hábito inconsciente parecem se dirigir a um ponto comum. Mesmo que os participantes estejam cientes e formem uma memória declarativa de sua sessão de 21 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. Biodanza, a incorporação da prática e dos valores da Biodanza no comportamento rotineiro muitas vezes não é notada conscientemente por eles. A experiência de Bayley et al (26) mostra também que esta memória não‐declarativa, formada por aprendizagem de hábitos, é rigidamente organizada e mais acessível quando a tarefa é estruturada tal qual foi durante o treinamento. Embora os sujeitos continuem a dar respostas estatisticamente corretas quando os objetos foram reordenados em outros pares (ou seja, cada objeto correto foi emparelhado com um incorreto, diferente da combinação anterior); quando a configuração experimental foi alterada, as respostas corretas não foram observadas. A mudança foi a seguinte: os participantes foram instruídos a classificar os mesmos objetos anteriormente utilizados em dois grupos, um que contém os objetos corretos e outro contendo os errados. Então, os sujeitos não lograram êxito. Isso pode indicar que a aprendizagem inconsciente que acontece na sessão de Biodanza só seja manifestada durante as sessões semelhantes de Biodanza, e não na vida cotidiana. Porém, não é isto que é geralmente observado. Uma conjectura pode ajudar a resolver esta aparente contradição, que um cérebro sem danos seja capaz de vincular a aprendizagem de hábito com a flexibilidade de casos nos quais estas memórias são acessíveis. Esta hipótese também encontra sustentação em estudos que mostram que macacos com lesões hipocampais tinham mais dificuldade em aprender a tarefa do que macacos normais, mesmo que ambos os grupos pareçam usar memória não‐declarativa (28). Desta forma, podemos formular a suposição de, nas sessões de Biodanza, os participantes são capazes de aprender sem consciência e formar memórias não‐declarativas. Esse aprendizado poderia ser mais flexivelmente usado e aplicado no dia‐a‐dia, uma vez que a maioria dos participantes da Biodanza não apresentam lesões hipocampais. Também sobre o assunto de aprendizagem, foi apurado que um polimorfismo do gene receptor de dopamina D2 prejudica a capacidade de se aprender com os resultados negativos de uma ação. Neste caso, mesmo que o sujeito esteja ciente dos efeitos nocivos da sua ação, ele tem dificuldades em aprender com as consequências; o que também é 22 Capítulo1 Evoluindo sem Perceber Erro! Estilo não definido. muito interessante, uma vez que este polimorfismo também foi relacionado a comportamentos compulsivos e viciantes (ver (29) e referências). Ao considerar o fato de que a Biodanza propõe a aprendizagem através de experiências positivas, com foco no potencial de saúde (11), pode‐se perceber, para pessoas com este tipo de polimorfismo, a importância de aprender com os resultados positivos. A Biodanza é um sistema no qual todo o seu método está sustentado em potenciais de saúde e em aspectos positivos, ao invés de patologia e doença. Enquanto a maioria dos processos terapêuticos se concentram no diagnóstico e na cura de traumas e aspectos negativos dos pacientes, Toro propõe a cura através da iluminação de elementos saudáveis, qualidades e potenciais existentes. Por essa razão, todos a apredizagem e desenvolvimento pessoal (consciente ou inconsciente) que se realiza em Biodanza ocorre através de reforço positivo, e não através do “aprender com os erros". A expressão de todos estes elementos positivos, centrados na saúde e no continente afetivo do grupo, torna possível aos participantes jogar luz na sombra dos aspectos negativos, mesmo sem se centrar na cura destes. 23 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. Capítulo 2 Empatia "Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face. E quando estiveres perto, arrancar‐te‐ei os olhos e colocá‐los‐ei no lugar dos meus; E arrancarei meus olhos para colocá‐los no lugar dos teus; Então ver‐te‐ei com os teus olhos e tu ver‐me‐ás com os meus." J. L. Moreno Empatia é entendida como "a capacidade de entender e partilhar os sentimentos do outro" (30). O sistema Biodanza apoia uma reavaliação dos mecanismos não‐verbais para alcançar uma maior compreensão de nós mesmos e dos outros. Esse entendimento é vinculado a um aumento do interesse em nossas próprias emoções. Um contato mais profundo com os sentimentos permite aos participantes atingir uma maior sensibilidade e, portanto, uma melhor compreensão e compartilhamento dos sentimentos dos outros. Além disso, esta relação funciona em ambas as direções, visto que o contato com os sentimentos do outro também permite um contato mais profundo com os próprios sentimentos e uma maior compreensão de si mesmo. A Biodanza propõe o desenvolvimento de uma comunicação não apenas efetiva, mas também afetiva, onde a comunicação não‐verbal não é subestimada e é fortemente levada em conta quando se trata de compreender completamente a menssagem (11)(31), sendo a empatia uma condição sine qua non para a consciência ética (32). Rolando Toro considera a empatia como a base principal de todo relacionamento afetivo. Como um dos objetivos principais em Biodanza é o desenvolvimento de amor verdadeiro e universal, a empatia é a pedra angular para essa conquista. 2.1 A Participação da Amígdala na Empatia Com uma participação vital na memória e nas reações emocionais, a amígdala, localizada no lobo temporal do cérebro humano, certamente desempenha um papel no processamento 24 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. emocional durante as sessões de Biodanza, uma vez que tem fortes ligações recíprocas com o hipotálamo e regiões envolvidas no controle autônomo no tronco cerebral (12). A literatura sobre o Sistema Biodanza já reconhece a amígdala como uma estrutura vital no despertar dos efeitos propostos nas sessões, como reações de luta ou fuga (33) e em Transcendência (34), por exemplo. O que ainda precisa ser esclarecido é a sua participação na empatia. A visão participa fortemente na empatia, pois pode ser através da visão do outro –
geralmente do rosto– que se percebe os seus sentimentos. No entanto, a presença da percepção visual consciente não é indispensável para a percepção das emoções através da visão. O trabalho de Pegna et al.(25) mostra o caso de um paciente com cegueira cortical que, quando apresentado a imagens de rostos emocionalmente expressivos, conseguiu diferenciar significativamente as emoções, mesmo sendo totalmente desprovido de qualquer percepção visual. O paciente conseguiu distinguir pares de rostos retratando felicidade versus raiva, felicidade versus tristeza e felicidade versus preocupação a um nível significativamente superior ao acaso. Por outro lado, o paciente não conseguiu estabelecer uma diferença significativa entre as imagens de rostos variando conforme gênero, ou entre rostos normais (e emocionalmente neutros) versus imagens de rostos embaralhados, entre animais ameaçadores versus não ameaçadores, entre cenas agradáveis versus desagradáveis, entre quadrados versus círculos. Dessa forma, os experimentos indicam apenas a percepção de rostos emocionados, mas não a sensibilidade aos outros estímulos testados, indicando a possibilidade de empatia através de estímulos visuais inconscientes, enquanto que esta possibilidade não parece provável para os outros estímulos. O artigo de Pegna também aponta a participação da amígdala direita nesta percepção emocional, onde ativação seletiva da amígdala direita é demonstrada através da ressonância magnética funcional (fMRI). Este resultado corrobora estudos de imageamento mostrando ativação da amígdala direita, em cérebro sem danos, de indivíduos expostos à percepção inconsciente de rostos emocionados (35)(36). Também implica que a amígdala participa no 25 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. processamento do significado emocional do rosto como um todo, e que não é só o medo que tem relevância, mesmo que o medo promova uma ativação mais forte do que outros estímulos. Isso pode ocorrer porque trata‐se da emoção mais primitiva, necessária à sobrevivência ao enfrentar o perigo. Outra evidência ligando a amígdala ao reconhecimento de sentimentos vem da deficiência na capacidade de reconhecer o medo em expressões faciais após dano na amígdala (37). Experiências com um paciente com danos bilaterais na amígdala mostram que, embora esta deficiência no reconhecimento do medo seja observada, outras emoções tais como felicidade, surpresa, raiva, desgosto e tristeza são facilmente reconhecíveis. Esta investigação chegou à interessante conclusão de que o paciente não podia usar pistas visuais da região dos olhos para reconhecer a emoção do rosto. Em adição, contrariamente ao que se pensava, esta deficiência não era devido à incapacidade de processar a informação visual da região ocular do rosto, mas à incapacidade para dirigir o olhar para os olhos. Além disso, quando instruído a olhar para os olhos, o paciente perdeu completamente sua deficiência no reconhecimento de medo, mostrando que esta capacidade havia sido perdida devido à falta de uma fixação espontânea sobre a região dos olhos. No entanto, esta melhoria durou apenas enquanto a instrução permaneceu explícita. Mesmo que outros pacientes com danos na amígdala também mostrem reconhecimento deficiente de tristeza e raiva, isso é explicável pelo fato de que o reconhecimento destas emoções também requer o uso substancial da região ocular. No primeiro caso, o paciente pode ter usado informações compensatórias de outras regiões faciais para ser capaz de identificar a emoção expressa. Os resultados aqui descritos ilustram não só um importante papel da amígdala na empatia, mas também a importância de se olhar –espontaneamente ou não– nos olhos. Vários dos exercícios da Biodanza envolvem contato com os olhos e o sistema reconhece isso como um contato necessário para entrar em conexão com o outro, e as experiências descritas demonstram esta importância uma vez que esta ligação se torna necessária para que o resgate da empatia, possibilitando a compreensão dos sentimentos do outro. 26 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. Outras experiências demonstraram uma atividade amigdalar maior quando se observa rostos emocionalmente expressivos e um aumento ainda maior durante a imitação dessas caras. O mesmo padrão de aumento é observado na insula e nas áreas fronto‐temporais relevantes para a representação da ação (38). A insula, portanto, parece apresentar a forma através da qual o circuito de representação de ação modula as áreas límbicas. Estes resultados destacam o fato de que a representação da ação pode ser um passo cognitivo para a empatia, uma vez que um aumento na atividade durante a imitação pode ser um sinal de modulação da rede de representação de ação na atividade do sistema límbico. Na rede de representação de ação estão presentes os neurônios espelho, que são um tema atual na Biodanza (e.g.(7)). Neurônios espelho são células que foram descobertas quando um macaco executou uma ação ou viu outro fazê‐la, de tal forma que esses neurônios podem estabelecer correspondências entre o que é observado e o que é sentido ou feito (39). O neurocientista V. S. Ramachandran descreve‐os como "neurônios da empatia" e argumenta que poderiam ajudar a dissolver a barreira "eu versus o outro", ajudando a entender a ética em termos racionais (40). Neurônios espelho, portanto, podem contribuir significativamente para a compreensão da empatia e apresentar uma base biológica para a partilha dos sentimentos que se sente em muitos dos exercícios da Biodanza. Eles também podem contribuir para os conceitos de afetividade e transcendência, bem como o Princípio de Biocêntrico, onde a distância entre eu e o outro é dissipada. Experiências na obra supramencionada (35) também adicionam informações valiosas a este tópico. As infromações coletadas neste trabalho colocam em evidência uma lateralização dos efeitos mascarados. Estímulos que são mascarados e, portanto, inconscientes, provocam uma ativação significativa da amígdala direita, enquanto estímulos não‐mascarados (conscientes) reforçam a atividade da amígdala esquerda. Estes resultados também contribuem para a idéia de uma segregação de processamento consciente e inconsciente no cérebro. Quando comparado com o trabalho realizado com representação de ação (38), o conjunto destas informações apontam para a idéia de que a ressonância empática induzida 27 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. por imitação não requer a presença de conteúdo representacional explícito e que a empatia pode ser gerada por uma forma de "espelhamento" via mecanismo experiencial. Ademais, experiências com lesões reversíveis em músculos faciais mostraram uma atenuação na atividade da amígdala esquerda durante a imitação de faces com raiva (41). Mais sobre o assunto será discutido na próxima seção: A Hipótese do Feedback Facial. A pesquisa feita com hormônio e neuropeptídio ocitocina (conhecido por muitos como o "hormônio do amor") também adiciona dados para a compreensão da ligação amígdala‐
empatia (42). A esta altura torna‐se necessário explicar uma distinção proposta entre empatia cognitiva e empatia emocional. Enquanto a primeira está relacionada com o reconhecimento de estados dos outros, a segunda está associada com o compartilhamento de experiências de estados emocionais percebidas em outros. Neste estudo, gêmeos que tiveram danos bilaterais seletivos na amígdala, devido a uma doença genética, foram capazes de identificar as emoções por estratégias cognitivas em imagens apresentando aspectos faciais, linguagem corporal e contexto social. Contrariamente a essa capacidade de empatia cognitiva, eles apresentaram severa deficiência em empatia emocional, demonstrando que a amígdala funcional é necessária para responder com conseqüências emocionais ao reconhecimento dos sentimentos. No entanto, os gêmeos tinham diferentes níveis de empatia emocional entre si, o que os autores correlacionam a um possível efeito de fatores epigenéticos diferencialmente influenciando as funções emocionais. Esta afirmação é bastante interessante, visto que a epigenética é um tópico em voga nas discussões de Biodanza. Mecanismos epigenéticos regulam a expressão genética sem alterar a seqüência de DNA e esta regulação pode alterar durante a ontogenia. Eles agem, portanto, na ênfase ou na supressão da expressão do gene, o que poderia ser correlacionado com a expressão de potenciais genéticos em Biodanza e a maneira pela qual os ecofatores podem agir. Um exemplo é a regulação epigenética que ocorre em casos de abuso infantil (43). Se a Biodanza 28 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. atua por mecanismos epigenéticos, esta poderia hipoteticamente reverter a repressão acarretada pelo abuso. As conclusões de Hurlemann et al. (42) também sugerem que os níveis de empatia emocional da mulher são mais elevados do que os do homem, e este último pode ter seu nível aumentado ao patamar feminino através da administração de ocitocina. Isso pode ser uma consequência da liberação de ocitocina endógena mais alta em mulheres do que em homens. Trata‐se de fato curioso, considerarando que Biodanza trabalha com aspectos do feminino e propõe uma percepção mais feminina da vida para alcançar interações sociais mais fortes e uma conexão mais profunda com os outros, no qual partilhar os sentimentos do outro parece crucial. Adicionalmente, o mesmo estudo também indica dificuldade na aprendizagem através de reforço social em indivíduos sem uma amígdala funcional, e que a ocitocina melhora a aprendizagem socialmente reforçada em homens normais, modulando direta ou indiretamente a função amidalar. Reforço social é "o fortalecimento da resposta com uma recompensa social como um aceno de aprovação, o amor ou atenção de um pai " (44). Pode‐
se, portanto, aprender que uma ação específica ou comportamento teve um bom resultado, que se torna aparente na felicidade expressa no rosto de alguém, ou que uma determinada conduta não deve ser repetida uma vez que não foi uma boa idéia, conforme expresso no rosto com raiva do pai. O reforço utilizado na experiência foi um rosto sorridente (positivo) ou com raiva (negativo). Além disso, o experimento destaca a importância do reforço social na aprendizagem. Como a Biodanza é sempre praticada em grupos e envolve interações sociais, a realização de um desafio ou uma autêntica expressão da identidade é constantemente confortada por meio de gestos e olhares. Estes atos dão apoio para a autoexpressão dos participantes, uma vez que também são formas de reforço social. 29 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. 2.2 A Hipótese do Feedback Facial Como mostrado anteriormente, além de produzir uma comunicação efetiva com o sentimento do outro (por ex. (25),(37)), a empatia também permite compartilhar este sentimento (por ex. (42)) e induzir mimetismo da expressão facial observada (por ex. 23)). Sabe‐se também que pessoas empáticas apresentam expressivo mimetismo inconsciente para expressões faciais e posturas dos outros (o efeito Camaleão), enquanto indivíduos não‐
empáticos não (24). Estes resultados podem levar ao questionamento: as emoções promovem as respostas corporais ou são as contrações musculares que causam o surgimento das emoções? Embora a segunda ideia possa soar estranha à primeira vista, já faz tempo que se supõe que a atividade muscular facial modula as respostas afetivas das pessoas: a hipótese de feedback facial (por ex. (45)). Nesse sentido, o sistema Biodanza tem em seu núcleo conceitual a expressão como forma de se chegar às emoções, e incentiva os participantes a expressarem suas emoções para melhorar a conexão entre o pensar, sentir e agir (46). Por conseguinte, evidências em favor da hipótese do feedback facial apoiam o conceito da Biodanza de intensificação de emoções através de sua expressão. Uma afirmativa que poderia ser feita a respeito da vinculação entre Biodanza e feedback facial é que a expressão intensifica a emoção e, portanto, é uma condição essencial para uma vida plena. Embora o feedback facial não esteja necessariamente vinculado à empatia ‐como expressões faciais podem surgir da observação de um acontecimento engraçado, por exemplo‐, será tratado neste capítulo pois pode ser o resultado da imitação de um rosto emocionalmente expressivo. Aliás, esta seção não tenta alegar que as emoções se originam de contração do músculo facial, mas mostra dados recentes, sugerindo que a modulação de emoção pode acontecer através de sua expressão. Obras previamente abordadas mostraram evidências de que reações musculares faciais inconscientes ocorrem quando se observa expressões faciais (23), no entanto, não 30 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. esclareceram em que medida as reações faciais originam da imitação de comportamento ou de leituras do estado emocional. De qualquer forma, o acoplamento da reação com a observação das emoções pode estar relacionado à alegação de que atividade muscular facial contribui para a ocorrência da experiência emocional. Aumento na atividade da amígdala também foi notado durante a imitação, comparativamente à mera observação de expressões faciais emocionais dos outros (38). Como a amígdala faz parte do sistema límbico e é uma estrutura crítica para comportamentos emocionais (12), é possível supor que sua ativação intensificada possa levar a um estado emocional aumentado, ligando‐se, então, ação (através da imitação) e sentimento. Os autores sugerem que o aumento observado reflete a influência da representação de ação na atividade do sistema límbico. Notavelmente, dificuldade na imitação de expressões faciais emocionais está relacionada a problemas graves no comportamento social, como o autismo (47). Na Biodanza, é possível perceber ressonâncias expressivas, em danças e rodas, em pessoas que fazem contato com os olhos e são capazes de transformar‐se com base na percepção da expressão do outro. Experiências com temas julgando o conteúdo emocional de palavras concretas (como "sorriso", "lesma" e "torturador") e palavras abstratas (tais como "feliz", "enjoado" e "furioso") mostram atividade eletromiográfica, revelando a contração de músculos faciais (48). Por outro lado, quando os participantes foram instruídos a julgar um aspecto não‐
emocional da palavra, ou seja, se a palavra está escrita em letras maiúsculas ou não, a contração dos músculos não foi comprovada. Isso não só apoia a teoria do feedback facial, mas também aponta para uma exigência de foco emocional, a fim de sentir a emoção no processamento da palavra. A Biodanza lida com a expressão de emoções e sentimentos, e cria um ambiente onde os participantes podem se sentir seguros e dar foco às emoções. Os resultados mostrados aqui apontam para a idéia de que foco emocional no processamento de texto aumenta a emoção sentida, o que está em ressonância com os princípios usados em Biodanza, tanto na parte verbal da sessão e, por extensão, na vivência, através das instruções poéticas e direcionadas para a emoção (31). 31 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. Pode ser especulado que o feedback facial possa acontecer através da informação vinda de músculos e pele conectados a regiões límbicas, tais como a amígdala (como abordado anteriormente), que se conectam mutuamente com as regiões do hipotálamo e o tronco cerebral de controle autonômico (12). Esta hipótese foi testada usando uma lesão reversível para induzir denervação do músculo corrugator supercilii (41), que participa na expressão facial de raiva (como visto em (23)) e tristeza. Foi avaliada em seguida a modulação da resposta aferente proposta na amígdala e seu acoplamento com circuitos neurais, participando de manifestações autônomas de estados afetivos. Os resultados obtidos com a imitação intencional de expressões faciais de raiva exibiram uma diminuição na resposta da amígdala esquerda e tronco cerebral autonômos em indivíduos com paralisia muscular facial. Além disso, a atenuação da atividade amigdalar variou significativamente com a intensidade da contração ondular do supercílio nas pessoas sem lesão. Postas em conjunto, essas informações sugerem uma ligação funcional entre o feedback dos músculos durante imitação e modulação da atividade neural em redes emocionais. A constatação de significativas ativações na Insula durante a imitação de expressões de raiva e tristeza, e a ausência de efeito significativo da paralisia na ativação insular, apoiam a ideia que os neurônios que seriam responsáveis pelo movimento estavam modulando a resposta da amígdala (como sugerido anteriormente em (38)) juntamente com o feedback periférico do rosto. Durante a imitação de tristeza, a paralisia não foi associada com a atividade da amígdala, provavelmente porque a contração do supercílio é significativamente mais fraca durante a manifestação de tristeza em comparação com expressões de raiva. No entanto, uma correlação foi evidenciada na ativação do córtex orbitofrontal, que é fortemente ligado à amígdala e está associado com a representação do valor emocional de estímulos somatossensórios. Isto sugere que a imitação de tristeza também encadeou modulação na atividade do sistema límbico. A diminuição da atividade da amígdala esquerda foi associada à atenuação no engate funcional entre a amígdala e a ponte, mostrando uma ligação importante entre a regulação autônoma e cérebro límbico. Isto é especialmente importante tendo em conta que a ponte está envolvida na regulação homeostática (49) e que a 32 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. Biodanza apoia o reforço da vitalidade através da ativação dos centros de homeostase (11)(50). Na verdade, o papel da homeostase é central na Biodanza, uma vez que é responsável pela resiliência do organismo. A Biodanza propõe a ativação simpática seguida de ativação do sistema nervoso parassimpático como uma forma de estimular as respostas do corpo e permitir uma intensificação e concentração da presença na sessão. Portanto, a correlação aqui apresentada entre centros autônomos, amígdala e expressão salienta uma real influência dos exercícios de Biodanza nas emoções, no sistema nervoso autônomo e na homeostase. Os autores discutem que embora as emoções “sentidas” não foram avaliadas diretamente na experiência, a entrada de informação da atividade muscular facial pode afetar e reforçar as emoções sentidas em resposta à expressão facial de alguém, pela modulação na atividade do cérebro límbico. Abordagens sobre as emoções sentidas também foram feitas. Experiências inibindo ou facilitando a atividade muscular normalmente associada ao sorriso avaliaram a influência da contração muscular na resposta emocional (51). Os participantes foram solicitados a segurar uma caneta na boca em duas maneiras diferentes, uma que facilita e outra que inibe a contração do músculo necessário para formar um sorriso (Figura 2), ao mesmo tempo em que assistiam a desenhos animados. Sob condições facilitatórias, os participantes relataram resposta emocional mais forte do que a daqueles em condições inibitórias. Diferentes condições não pareciam afetar a graça dos desenhos animados, mas a resposta emocional em relação a estes se alterou, mostrando que a predisposição para formar um sorriso intensificou o estado emocional das pessoas envolvidas (mesmo que eles não tivessem idéia da intenção real da experiência). É importante destacar que a emoção não foi evocada pelas condições facilitatórias ou inibitórias, mas foi intensificada ou amortecida por elas. 33 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. Figura 2: Exemplo de condição inibitória (esquerda) e facilitatória (direita) para a contração dos músculos usados no sorriso. Adaptado de (51). Adicionalmente, participantes julgando o valor emocional de palavras tinham sua exatidão prejudicada quando músculos específicos da emoção estavam inibidos (também por segurar uma caneta na boca), enquanto que a precisão de julgar o valor emocional de palavras como "raiva" não foi diminuída quando os músculos usados não foram inibidos por segurar a caneta (48). Relacionando estes resultados à Biodanza, é possível ver uma correspondência entre expressão e sentimento, uma vez que os participantes não puderam responder corretamente devido à incapacidade de sentir a emoção relacionada. A Biodanza incentiva a a expressão e espera aumentar as emoções sentidas. Também foi apresentada a idéia de que a falta de expressão pode levar a equívocos, neste caso, a decisão errada sobre o valor emocional de palavras. Isso tem um relevante significado uma vez que mostra a importância que exercícios de Biodanza na expressão de emoção têm para habilidade de fazer julgamentos e tomar decisões na vida cotidiana, dado que a falta de expressão pode ser enganosa. A soma dos resultados aqui ilustrados aponta para uma facilitação do surgimento da emoção através da expressão (principalmente a expressão facial), e que deriva de conexões entre o tronco cerebral e o sistema límbico, neste caso a amígdala. Estas descobertas sintonizam‐se e continuam a apoiar o esforço da Biodanza para permitir uma adequada homeostase do organismo e o desenvolvimento das potencialidades humanas, criando um ambiente enriquecido onde é possível expressar as emoções. Em adição, forte correlações podem ser 34 Capítulo 2 Empatia Erro! Estilo não definido. estabelecidas com teorias de cognição personificada, que vão ser elucidadas no próximo capítulo: Potenciais Incorporados. 35 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. Capítulo 3 Potenciais Incorporados "O homem pode incorporar a verdade mas ele não pode conhecê‐
la”. William Butler Yeats Corpo e Mente, Matéria e Espírito, Corpo e Alma são termos que são frequentemente usados como partes opostas referindo‐se à nossa existência física e à entidade incorpórea que a controla. Este dualismo tem influenciado em grande medida a maneira de pensar ao longo da história humana. Posteriormente, a ciência foi gradualmente colocando a mente no cérebro. Mesmo assim, o cérebro e o corpo continuaram sendo normalmente vistos como entidades bastante distintas, uma exercendo total controle sobre o outro, numa relação completamente unilateral. Em se tratando de teorias cognitivas ou modelos de processamento de informações, muitos foram inspirados pela idéia da "mente como um computador". Em muitos modelos cognitivos clássicos, a informação é recebida pelos sistemas sensoriais e armazenada na memória como uma representação abstrata. O Sistema Biodanza baseia‐se na noção de que nosso cérebro e corpo não funcionam de uma forma apenas, e que, portanto, o corpo influencia o cérebro e vice‐versa. Com efeito, o cérebro deve não ser pensado como algo separado do corpo (11). Na Biodanza, propõe‐se que movimentos e contato físico influenciem nossa psique e nossa saúde, permitindo‐nos reformular experiências e expressar potenciais, tudo ocorrendo com a modulação de nossas emoções. As teorias previamente referidas de cognição não parecem apoiar qualquer uma dessas idéias sugeridas pelo sistema Biodanza. No entanto, algumas teorias recentes propõem que informações adquiridas são armazenadas em um símbolo motor‐sensorial relevante, e que a recuperação desta informação envolve uma reexperimentação parcial de contato com essa informação, para reativar partes dos estados motor‐sensoriais que haviam ocorrido durante a experiência. Estas são as teorias de Cognição Incorporada (ver (48) e referências) e se correlacionam fortemente com a idéia de feedback facial discutida anteriormente (ver pág. 28). 36 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. 3.1 Teorias de Cognição Incorporada e Biodanza Algumas descobertas recentes sustentam a idéia da cognição incorporada e corroboram ainda mais algumas das propostas da Biodanza. Em um estudo foi testada a influência da entrada proprioceptiva nas respostas emocionais (52). Os resultados fornecem evidência que a postura de uma pessoa pode influenciar seus sentimentos. Os participantes adotaram uma de duas posturas diferentes e, em seguida, foram informados do seu sucesso em um teste concluído anteriormente. Aqueles que receberam a boa notícia em posição ereta se sentiram mais orgulhosos do que aqueles que a receberam com o corpo curvado. Estes resultados ampliam o apoio à noção de feedback facial, mostrando que esse feedback não está limitado a expressões faciais (por ex., (51)), mas também se aplica a posturas e movimentos com o corpo todo, neste caso, a postura. Experimentos adicionais dos mesmos autores também revelam a influência de fatores proprioceptivos, tais como aqueles provenientes de um sorriso ou uma carranca, sobre o esforço mental e julgamentos, demonstrando, em seguida, diferenças também em aspectos não‐emocionais (52). Também foi investigado que sentimentos podem ser influenciados mesmo sem interpretação cognitiva, reforçando a idéia de que não é preciso compreender o significado da reação corporal para sentir a reação afetiva. A soma desses resultados mostra que a adoção de posturas específicas de emoção ou gestos suscita as emoções associadas a estes. Paralelamente ao suporte da Biodanza à adopção de posturas corporais refletindo potenciais de saúde e integridade, o sistema também possui em sua metodologia posturas denominadas Posições Geratrizes. Estas são posturas de emoção específicas ‐ou arquetípicas‐ com um profundo significado psicológico e são realizadas com a finalidade de desenvolver a conexão do participante com essa emoção ou arquétipo (53). Estas são posições generalizadas culturalmente, que podem ser encontradas em muitos registros históricos de diferentes eras e lugares. É possível acreditar que estas posições são, então, 37 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. posturas que podem evocar o sentimento relacionado, tais como aqueles evidenciados na experiência acima referida, que descreveriam informações empíricas interessantes que se encaixam, e confirmam ainda mais um efeito observável na Biodanza. Além das Posições Geratrizes, muitos outros exercícios estão relacionados com movimentos ou posições de emoção específica, tais como a alegria, a coragem, a ternura, a força para alcançar os sonhos e trilhar novos caminhos. Adicionalmente, as informações fornecidas exemplificam a relação recíproca entre a expressão corporal e a emoção, relação que é apoiada pelas teorias de cognição incorporada. Vários outros estudos verificam as teorias propostas pela cognição incorporada e uma relação entre as emoções e movimentos ou posições. Em um experiência, os participantes foram instruídos a acenar em sinal de acordo ou abanar a cabeça em desacordo ao testar alegadamente diferentes fones de ouvido. Durante esse teste falso, uma caneta foi colocada sobre a mesa. Mais tarde, um pesquisador veio e pediu ao participante que escolhesse, como presente, uma caneta que já estava sobre a mesa ou outra caneta. Verificou‐se que os participantes que balançaram suas cabeças em desacordo preferiram a caneta diferente, enquanto os participantes que estavam acenando positivamente preferiram a caneta sobre a mesa (54). Isso significa que o ato de discordar superou a avaliação dos fones de ouvido e também foi inconscientemente aplicado no ambiente, nesse caso, a caneta. Isto dá provas suplementares sobre a ligação entre a emoção e movimento, salientando também a influência sobre o julgamento. No início do avanço da Biodanza no Brasil, havia muita discussão acerca de forma e conteúdo, isto é, os movimentos provocam as emoções ou as emoções provocam movimentos? Muitos declararam que, o corpo só responde a uma emoção sentida e as emoções não são produzidas ou moduladas por ações corporais e, portanto, exercícios da Biodanza não conseguem deflagrar emoções. Os experimentos apresentados argumentam a favor da ideia oposta, que a forma influencia o conteúdo. O que as teorias de cognição incorporada prevêm é que, quando nós pensamos ou falamos, ocorre uma reativação parcial nos sistemas sensoriais, motores e afetivos, de tal forma que 38 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. lembrar algo (ou usar o conhecimento anterior) é reviver isto parcialmente. Quando aplicado à emoção, isso significaria que para sentir uma emoção, reconhecer uma emoção e lembrar‐se de uma memória emocional, tudo coincidiria em processos mentais em grande medida. Para entender melhor essa sobreposição de processos mentais, um exemplo é mostrado na Figura 3: a experiência de um estímulo emocional, como observar alguém tocando um solo de Primavera de Vivaldi em um violino, levaria à resposta de várias populações de neurônios. A percepção incluiria ver, ouvir e talvez sentir a excitação, entre outras respostas. Os sistemas sensoriais, motores e afetivos têm populações de neurônios que estão muito interligadas e a experiência multimodal da música é possibilitada pela sua ativação. Depois, a lembrança da Primavera de Vivaldi irá reativar parcialmente as populações de neurônios que foram ativadas durante a experiência. Esta reativação pode acontecer em uma cascata na qual a interligação entre as populações pode levar à ativação sequencial dos outros sistemas depois que um deles foi ativado. O sujeito pode, por exemplo, lembrar a música e essa recordação auditiva conduzir à lembrança da pessoa tocando violino e à comoção. Uma vez que há uma reexperiementação nos sistemas motor‐
sensoriais implicados, embora incompleta, ocorre uma recriação como se o sujeito estivesse lá naquele momento ou nesse exato estado emocional (ver (55) e referências), como Proust e Madeleine em "Em Busca do Tempo Perdido". Desta forma, ouvir uma composição musical na Biodanza pode remeter o participante a um momento vivido anos antes, em uma sessão de Biodanza ou fora dela. 39 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. Figura 3: (Esquerda) populações de neurônios ativados no momento da percepção do violinista tocando a música. (Direita) Populações de neurônios reativados no momento da recordação, onde o sistema auditivo leva à ativação do sistema visual e afetivo. Adaptado de (55). Em paralelo ao apoio da idéia de "incorporação" proposta pelas teorias de cognição incorporada e pelo sistema Biodanza, a recriação descrita também dá sustentação a uma parte relevante da sessão de Biodanza na qual sentimentos experimentados nas sessões anteriores são compartilhados verbalmente. Como previsto por Rolando Toro e, agora demonstrado pelas teorias citadas, a recordação e a expressão verbal da sessão anterior 40 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. conduz os participantes a uma reexperiementação das emoções que foram sentidas, potencializando seus efeitos (56) (57). O fato de que perceber e sentir uma emoção usa os mesmos sistemas pode também nos ajudar a compreender os mecanismos da empatia. Pode‐se afirmar que, compartilhar os sentimentos do outro (ou seja, a empatia emocional) é uma recriação corporal do estado percebido. Aliás, muitas conclusões relatadas no Capítulo sobre Empatia atestam tal idéia, particularmente a obra de Carr et al (38) mostrando áreas similares do cérebro respondendo à observação e à imitação de rostos emocionalmente expressivos. Estas descobertas são claramente suportadas pelos neurônios espelho (ver página 26), que podem desempenhar papel na evocação desta simulação. É importante relacionar aprendizagem com essa ressonância emocional entre as pessoas. Especialmente a aprendizagem observacional obtém uma nova perspectiva quando vista à luz desses estudos. O que é sugerido é que a observação dos resultado (ou o resultado emocional) do comportamento específico do outro, desencadeia uma recriação corporal da experiência da pessoa observada (ver (55) e referências). Como a Biodanza é sempre praticada em grupos e a comunicação visual afetiva é encorajada, experienciar os sentimentos do outro e aprender com eles pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento pessoal. Isto é particularmente importante quando se considera o fato de que cada pessoa no grupo tem movimentos, performances e habilidades distintas. A maioria dos exercícios em uma sessão permitem que um participante compartilhe seu exercício com muitos outros participantes e uma diversidade de encontros é encorajada, o que aumenta as possibilidades de se aprender com os outros e revela a importância de abraçar a diversidade, um conceito central no Princípio Biocêntrico. Embora tenha sido sugerido que a recriação emocional também acontece através de instruções verbais –uma vez que há ativação da amígdala (58) tal como na observação de um rosto emocionado (38)– ainda não está definido se esta recriação é tão forte como a 41 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. derivada da observação. Então, o que parece estar claro é que toda aprendizagem experiemental, observacional e instruída compartilham semelhanças significativas. 3.2 Potenciais Corporais e Princípio Biocêntrico A Biodanza defende a idéia de que cada ser vivo nasce com inúmeros potenciais, e que alguns deles começam a ser expressos e alguns não, dependendo do ambiente. Os determinantes que influenciam se os potenciais serão ou não expressos são chamados ecofatores, que são características como aquelas que criam um ambiente enriquecido (11). Também prevê que cada ser vivo tem em seus potenciais o conhecimento inconsciente de preservação e manutenção da vida. Isso significa que há uma força inconsciente em cada ser, orientando‐o para a preservação da vida. No entanto, alguns dos constrangimentos contemporâneos impostos pela sociedade e a desconexão humana com a natureza impedem sua expressão, tornando‐se algo confuso para muitas pessoas diferenciar o certo do errado. Isso não implica em dualismo romântico entre estes dois conceitos, mas o Princípio Biocêntrico define o terreno para evitar um relativismo completo. De acordo com o Princípio Biocêntrico, ações podem ser consideradas boas quando contribuem para a manutenção da vida, em qualquer aspecto (59). Das numerosas implicações que o Princípio Biocêntrico acareta, duas serão salientadas aqui. A primeira é que as pessoas inconscientemente podem trazer em si mesmas o que é bom e tentar evitar o que não é, mesmo se o contato com esses estímulos nunca tenha ocorrido antes. A segunda é que, uma vez que as restrições da sociedade não tenham tido tempo para atuar na primeira infância, é de se esperar que as crianças neste estágio possam decidir a favor de ações positivas, tais como a cooperação. Provas serão apresentadas em favor destas duas alegações. 42 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. Em um experimento particular, participantes tinham que avaliar imagens como "positivas" ou "negativas", que ganharam tal status ao serem previamente avaliadas por outros participantes como boa ou ruim, respectivamente (60). Tratava‐se de fotos de arte abstrata que foram distorcidas e reconfiguradas para serem irreconhecíveis. Deste jeito, os estímulos foram completamente novos para os participantes da experiência. Alguns participantes foram instruídos a puxar uma alavanca para perto de si tão rapidamente quanto possível, sempre que uma imagem aparecesse na tela (condição de aprozimação), enquanto outros deviam empurrar a alavanca para longe deles (condição de evasão). Os resultados mostraram que os participantes na condição de aproximação responderam mais rápido aos estímulos positivos, enquanto aqueles na condição de evasão responderam mais rapidamente a estímulos negativos. Estes dados indicam que os participantes estavam inconscientemente relutantes em fazer um movimento de aproximação ao se defrontar com uma imagem negativa, mesmo que não tivessem nenhum objetivo consciente para avaliar a imagem, que era completamente nova para eles. Por outro lado, fotos de romances positivos foram mais facilmente aproximadas e mais relutantemente evitadas. Isso mostra que, de modo corporal, as pessoas tendem a involuntariamente aproximar‐se do que é bom e a repelir o que é ruim. O conceito de Inconsciente Vital refere‐se à predisposição dos seres vivos de gerarem mais vida, estando intimamente associado aos fenômenos abordados acima (59). Estes resultados também conectam a tendência para o bem com uma reação corporal, dando sustentação adicional à idéia de cognição incorporada. Além do mais, a realização deste tipo de julgamento não requer o desenvolvimento de uma mente complexa. Crianças pré‐verbais mostram predileção por personagens que são colaboradores em comparação com dificultadores (61). Crianças de seis e dez meses assistiram a uma cena onde um alpinista foi ajudado ou impedido por outro personagem. Todos esses personagens foram representados por figuras geométricas coloridas; e após a observação os bebês foram encorajados a pegar um dos dois personagens, o colaborador ou o dificultador. Os infantes significativamente escolheram o colaborador, demonstrando que 43 Capítulo 3 Potenciais Incorporados Erro! Estilo não definido. foram capazes de distinguir entre as ações dos dois personagens e preferiram o cooperador. Experimentos adicionais também mostraram que eles preferem o colaborador a um indivíduo neutro (que não participa de uma interação social) e preferem um indivíduo neutro do que indivíduo dificultador. Testes também foram feitos para demonstrar que a preferência é devido à interação social e não devido às preferências de percepção gerais, tais como movimento ascendente em comparação com o movimento descendente. Isto demonstra que bebês em um estágio inicial de desenvolvimento cognitivo e encefálico foram capazes de distinguir e preferem ações para a manutenção da vida, tais como uma ação cooperativa. Os autores concordam com a idéia de que o julgamento sobre atos cooperativos é um passo para uma concepção do que é certo ou errado, e que essas distinções parecem ser essenciais e intrínsecas para os seres vivos, como no trecho: “A capacidade de julgar diferencialmente aqueles que realizam atos sociais positivos e negativos pode formar ainda uma base essencial para qualquer sistema que eventualmente irá conter conceitos mais abstratos de certo e errado. (…) Nossas descobertas indicam que os seres humanos se envolvem no desenvolvimento da avaliação social muito antes do que se pensava anteriormente, e sustentam a visão de que a capacidade de avaliar indivíduos com base nas suas interações sociais é universal e inata"(pág. 559, ref (61)). Embora os autores afirmem que a capacidade de avaliar indivíduos não é aprendida, parece possível que seja desaprendida, uma vez que é comum ver tantos enganos que podem ocorrer nas interações sociais, por exemplo, devido a pressões da sociedade. Também é notável que os bebês tomem suas decisões sem ter qualquer envolvimento anterior com os personagens e sem terem sentido qualquer consequência das ações dos personagens. A criança é, portanto, um observador livre e independente, decidindo sobre o valor de um ato social. Isso significa que o desenvolvimento da avaliação social ocorre bastante cedo na ontogênese e provavelmente também cedo filogeneticamente. Um experimento que dá uma noção de que a capacidade de diferenciar entre o bem e o mal não está limitada aos seres humanos é um estudo feito com macacos rhesus. Os macacos 44 Erro! Estilo não definido. tinham que mover uma alavanca para receber alimentos, mas o movimento da alavanca também poderia causar um choque elétrico em um macaco companheiro na gaiola próxima (62). A maioria deles preferiam passar fome do que ser responsável por um eletrochoque em um semelhante. Esse comportamento "altruísta" indica que perceber a importância de cuidar dos outros não é um atributo exclusivamente humano, e que um cérebro complexo, como um possuído pelo Homo sapiens não é requerido para se comportar de forma ética. É possível imaginar é que esta forma de comportamento possa estar espalhada entre os seres vivos, manifestando‐se de muitas maneiras diferentes, traduzindo essa tendência de cooperação entre as formas de vida em uma maneira de preservar a própria vida, tal como sugerido no Princípio Biocêntrico. Discussão Geral A neurociência tem gerado muitas evidências nos últimos anos e é um campo que está crescendo continuamente. Por conseguinte, é enorme a quantitade de paralelos que podem ser estabelecidos entre este domínio e o sistema Biodanza. Neste trabalho, algumas conexões foram propostas a fim de permitir uma maior reflexão sobre algumas questões. 45 Discussão Geral Erro! Estilo não definido. Algumas declarações gerais podem ser destiladas a partir das informações apresentadas. A primeira é que uma grande quantidade de informações que acontece no ambiente pode passar despercebida, mantendo‐se, então, inconsciente, e ainda, mesmo assim, pode promover alterações (que incluem a aprendizagem) em um indivíduo que está envolvido neste ambiente. Dessa forma, nem um mecanismo de Biodanza nem seus efeitos são necessários para acionar a consciência de um participante para as consequências a ocorrer. A empatia, uma faculdade que pode entrar em ação com ou sem consciência, tem fortes ligações com o sistema límbico e envolve a observação de determinadas regiões faciais, que são geralmente um objeto do olhar em sessões de Biodanza, visando a compreensão e a conexão com o outro. A empatia também é reforçada pela possibilidade de expressão e reação aos sentimentos percebidos, da mesma forma como emoção também é influenciada, apontando para a eficácia do despertar de emoção nos exercícios de Biodanza. Sentimentos também foram vivenviados quando foram adotadas posturas específicas de emoção, como proposto nas Posições Geratrizes de exercícios na Biodanza. A impossibilidade de expressão originou deficiência em julgamentos emocionais, o que aponta para o significado e a importância da expressão, que é um dos principais pilares do sistema Biodanza. A hipótese do feedback facial e as teorias de cognição incorporada dão sustentação à proposição da Biodanza de que experiências vivenciadas permanecem incorporadas e à premissa de que uma mudança no corpo conduz a uma mudança no indivíduo como um todo. A conexão de memórias, processos e emoções com o corpo, proposta nas teorias de cognição incorporada, vai ao encontro da idéia da Biodanza de mudar o corpo para mudar a vida. É evidente que Biodanza não transforma o que acontece na vida, mas permite uma reflexão diferente sobre momentos vividos e reações diferentes para o que ainda está por vir. O inconsciente vital e o Princípio de Biocêntrico encontram suporte em experimentos que mostram uma tendência corporal inconsciente de aproximar‐se de estímulos positivos e de evitar estímulos negativos. Pesquisas também apoiam a idéia de que os seres humanos, 46 Discussão Geral Erro! Estilo não definido. como outros seres vivos, têm uma predisposição para ações que preservam a vida, tais como ações cooperativas. Os paralelos aqui estabelecidos abrem novas possibilidades para outras pesquisas empíricas serem feitas sobre a Biodanza, de modo a verificar as correlações sugeridas. Seria também interessante se, uma vez empiricamente comprovados, os efeitos da Biodanza inspirassem experiências e teorias da neurociência, levando a uma compreensão mais completa do cérebro e o corpo. 47 Índice Erro! Estilo não definido. Índice Amígdala, 24, 25, 28, 29, 31—33, 35, 41 Hormônios, 15, 28 Autoestima, 17, 18 Identidade, 8, 9, 17, 19, 30 Autoestima explícita, 17, 18, 19 Insula, 27, 33 Autoestima implícita, 17, 18 Memória Cognição Incorporada, 4, 37, 38, 40, 43, 46 Memória declarativa, 21, 22 Dopamina, 23 Memória não‐declarativa, 20, 21, 22, 23 Efeito Camaleão, 20, 30 Neurônios espelho, 12, 27, 41 Epigenética, 29 Neurotransmissores, 14, 15 Empatia, 18, 39, Consulte Capítulo 2 Ocitocina, 28, 29, 30 Empatia Cognitiva, 28, 29 Ponte, 33 Empatia emocional, 28, 29, 41 Posições Geratrizes, 37, 38, 46 Feedback facial, 4, 28, 30, 31, 32, 37, 46 Princípio Biocêntrico, 4, 7, 41. 42, 45 Hipocampo, 20, 21 Reforço social, 29, 30 Hipotálamo, 15, 25, 32 Tronco cerebral, 25, 32 Homeostase, 33, 35 Vivência, 8, 32 Bibliografia 1. Toro, Rolando. Biodanza. São Paulo, Brasil: Olavobrás, 2002. 48 Bibliografia Erro! Estilo não definido. 2. Adaptado e traduzido do discurso de Rolando Toro. 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