tumor carcinóide sincrônico das papilas duodenais major e minor
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tumor carcinóide sincrônico das papilas duodenais major e minor
XXV Congresso Brasileiro de Patologia, 2005, Natal, RN, Brasil J. Bras. Patol. Med. Lab. vol. 41, no 3 (suppl): pág. 87 (resumo 11.45), junho 2005 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE MEDICINA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO TUMOR CARCINÓIDE SINCRÔNICO DAS PAPILAS DUODENAIS MAJOR E MINOR EM PACIENTE COM NEUROFIBROMATOSE TIPO I: RELATO DE CASO. Nobre AB1; Correia AHP1; Valiante PMN1,2; Caldas CR1; Paschoal JVMP1; Manso JEF3; Eulálio JMR3; Costa MD4; Chagas VLA1,2 1- Serviço de Anatomia Patológica HUCFF; 2- Departamento de Patologia, Faculdade de Medicina UFRJ; 3- Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina UFRJ/Serviço de Cirurgia HUCFF; 4- Faculdade de Medicina/UFRJ RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 29 anos, negro, natural do Rio de Janeiro, portador de neurofibromatose tipo I, apresentando icterícia e prurido intenso, principalmente em membros inferiores. Relatou emagrecimento de 16 kg em oito meses associado a acolia fecal e colúria. Atendido em outra instituição, foi submetido à tomografia abdominal que evidenciou dilatação de vias biliares intra-hepáticas, dilatação de ducto de Wirsung e de colédoco intra-pancreático e à endoscopia digestiva que mostrou área protrusa e avermelhada ao nível da papila major. A – Carcinóide em papila minor: 8- Células neoplásicas dispostas em arranjo glandular(), com psamomas(). HE X250 9 – Disposição em ninhos () e cordões (). HE x 160 8 1 -Tomografia computadorizada evidenciando dilatação das vias biliares intra-hepáticas. 2 -Tomografia computadorizada evidenciando dilatação do ducto de Wirsung () e do colédoco intrapancreático (). 9 3 -Tomografia computadorizada mostrando dilatação do ducto de Wirsung (). Foi encaminhado ao HUCFF/UFRJ e internado. O exame clínico evidenciou icterícia de 2+/4+, fígado palpável a 1cm do rebordo costal direito, hepatimetria de 10 cm e vesícula biliar palpável, algo dolorosa. Associavam- se manchas hiperpigmentadas e nódulos cutâneos, de diâmetros variados, distribuídos em tórax e membros superiores e inferiores. Realizada colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPER), com biópsia de tumoração visualizada em papila major e colocação de prótese em vias biliares. Macroscopia: Vários fragmentos irregulares de tecido pardacento, ora elástico, ora friável, medindo em conjunto 0,6 x 0,4 x 0,2 cm. 10 – Positividade das células neoplásicas à reação com antiNSE.IHQ x400 11 - Células neoplásicas positivas à reação com anti-cromogranina A. IHQ x250 11 10 Microscopia: Mucosa duodenal modificada pela presença de projeções papilares recobertas por epitélio pseudoestratificado com núcleos hipercromáticos, por vezes aumentados de volume, com cromatina grosseira, nucléolo proeminente e figuras de mitose. Diagnóstico: Adenoma da papila major. B- Carcinóide em papila major: 5 4 4 – Adenoma da papila major: Projeções papilares recobertas por epitélio pseudoestratificado. HE x100 12 5 – Detalhe de projeções papilares: pseudoestratificação do epitélio, com núcleos aumentados de tamanho, hipercromáticos e freqüentes mitoses. HE x 250 13 14 12 - Células neoplásicas em arranjo glandular() ou em fileiras() em meio a muscular. HE x160 Após um mês, ainda apresentando síndrome colestática, foi submetido a colecistectomia e duodenotomia com ressecção de duas lesões tumorais arredondadas, medindo cerca de 2,0cm cada, localizadas em papilas minor (A) e major (B). 13 - Grupamentos pseudoacinares neoplásicos permeando a muscular(). HE x160 14 –Células neoplásicas agrupadas () na profundidade da mucosa papilar. HE x160 15 – Positividade das células neoplásicas à NSE. IHQ x250 15 7 A B 6 6 -Tumorações visíveis nas papilas: major(azul) e minor(verde). 7 – Tumorações de papilas minor(A) e major(B) Macroscopia: (A): Fragmento nodular pardacento e elástico, parcialmente seccionado, medindo 1,4x1,2x1,0cm. Superfície de corte pardo-amarelada e homogênea. (B): Fragmento nodular pardo-acastanhado e elástico, medindo 1,5 x 1,5 x 1,0 cm. Superfície de corte pardo-amarelada e homogênea. Microscopia: (A) e (B): Neoplasia constituída por células de amplo citoplasma anfofílico, núcleos arredondados, vesiculosos e uniformes que se dispõem em ninhos ou formando arranjo glandular, comprometendo da profundidade da mucosa até a muscular própria. A neoplasia localizada na papila minor exibe, ainda, múltiplos focos de calcificação(psamomas). Diagnóstico: Sugestivo de tumor carcinóide, em ambas as lesões. O estudo imunohistoquímico(IHQ) com recuperação antigênica pelo calor e aplicação de anticorpo anti-cromogranina A(Dako, diluição1/100) e anti-enolase neurônio específia (NSE, Dako, diluição 1/100), utilizando-se o método da Avidina-Biotina-Peroxidase, mostrou positividade nas células tumorais aos anticorpos utilizados, confirmando o diagnóstico de tumor carcinóide em papilas major e minor. 16 16 – Anti-cromogranina A positiva em células neoplásicas. IHQ X400 EVOLUÇÃO: Apresentou evolução satisfatória, tendo sido submetido um mês depois a gastroduodenopancreatectomia . No ato operatório, foi evidenciada tumoração em nervo vago. O exame histopatológico evidenciou neurofibroma de nervo vago, ausência de neoplasia residual em topografia de papilas duodenais e linfonodos livres de neoplasia. COMENTÁRIOS: Carcinóides são neoplasias neuroendócrinas com características histológicas, clínicas e biológicas próprias. São comumente associados com o trato gastrointestinal e o sistema respiratório, com incidência de 1,6 a 2,0 casos/100.000 pessoas/ano. Sessenta por cento dos tumores carcinóides do trato gastrointestinal são localizados no apêndice, seguidos do intestino delgado, reto e estômago, sendo relacionados à neurofibromatose tipo I em 26%dos casos.Tumor carcinóide da papila duodenal major é extremamente raro, correspondendo a menos de 0,3% de todos os carcinóides gastrointestinais (somente 105 casos relatados na literatura). Quanto à papila minor, os estudos realizados em necrópsias e peças cirúrgicas e direcionados para o diagnóstico destes tumores evidenciaram uma alta freqüência dos mesmos, que entretanto não eram associados com sintomas clínicos. Em pacientes com neurofibromatose tipo I e icterícia de padrão colestático, o diagnóstico de tumor carcinóide da papila major deve ser considerado, embora o quadro clínico não seja específico uma vez que a maioria não apresenta síndrome carcinóide, ressaltando-se a importância de biópsias amplas e profundas para o correto diagnóstico da natureza histológica da neoplasia. A relevância deste caso deve-se à presença destes tumores tanto na papila major quanto na minor, caracterizando tumores carcinóides sincrônicos, um deles diagnosticado, inicialmente, como adenoma em biópsia superficial da papila major. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1 – Hartel M, Wente, MN, Sido B et al. J Gastroenterol Hepatol 2005; 26:676-81 2 – Godwin JD. Cancer 1975; 36:560-9 3 – Cheek RC, Wilson H. Curr Probl Surg 1970; 7: 4-31 4 – Walton GF, Gibbs ER, Spencer GO, Laws HL. Am Surg 1997; 63: 302-4 5 – Hatzitheoklitos E, Buchler MW, Friess H et al. Cancer 1994; 73:1580-8 6 - Warren WK, McDonald MW, Humelogan JC. 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