teste de autenticidade em ceramicas arqueológicas através do
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teste de autenticidade em ceramicas arqueológicas através do
TESTE DE AUTENTICIDADE EM CERAMICAS ARQUEOLÓGICAS ATRAVÉS DO MÉTODO DA TERMOLUMINESCÊNCIA (TL) Camila F. Santos*, Davinson M. Silva*, José Francisco S. Bitencourt*, Paulo H. Silva*, Sonia H. Tatumi** * Aluno de graduação do curso de Materiais, Processos e Componentes Eletrônicos (MPCE – FATEC-SP). ** Professor Pleno da FATEC-SP, PhD em ciências pelo IFUSP. Introdução A termoluminescência pode ser usada na datação de materiais arqueológicos e geológicos e também na dosimetria da radiação ionizante. No presente trabalho usaremos a TL para autenticar peças de cerâmicas pré-históricas oriundas das culturas Mochica e Virú peruanas. Parte Teórica Quando uma cerâmica permanece enterrada por um período prolongado de tempo, esta fica exposta a um fluxo de radiação nuclear emitida por impurezas radioativas inseridas na cerâmica e no ambiente ao seu redor, temos como exemplo dessas impurezas: os isótopos 238U, 235U, 232Th e 40K. Além dessas radiações temos aquela oriunda raios cósmicos. Essas impurezas radioativas possuem longa meia-vida, e desta forma, o fluxo de radiações é considerado constante. A radiação é constituída por partículas-α, partículas- e radiação-γ. Parte desta radiação provoca ionização por efeito fotoelétrico, efeito de Compton e produção de pares elétrons-lacunas, podendo os elétrons liberados produzir defeitos pontuais ou vários tipos de centros. No caso do teste de autenticidade a intensidade TL da cerâmica irá indicar se a mesma é legitima. Quando a cerâmica é falsa a intensidade de TL será praticamente nula. O método de TL abrange um intervalo de datação de algumas centenas até 1.000.000 anos. A idade da cerâmica é zerada no ato da queima durante o seu processo de manufatura. Parte Experimental As amostras foram coletadas de duas peças mostradas nas Figuras 2 e 4, sendo a peça denominada Jaguar e Ídolo respectivamente. Estas foram fornecidas pelo Sr. Tito Camargo, colecionador de obras. Essas peças são de povos précolombianos, mais precisamente estas fazem parte da cultura peruana. A cultura mochica é encontrada principalmente no litoral norte do Peru e foi desenvolvida entre os séculos I e II, até o século VIII. A cultura Virú teve seu apogeu em 100 anos antes de Cristo e é localizada principalmente entre o litoral e o Vale do Rio Virú [2], como pode ser visto na Figura 1. Os defeitos atuam como armadilhas que capturam cargas, as que capturam elétrons se encontram mais próximas à Banda de Condução, enquanto que as que aprisionam lacunas, estão próximas à Banda de Valência. As armadilhas quando capturam uma carga tornam-se estados metaestáveis que se encontram na Banda Proibida.[1] Quando a amostra é aquecida, os elétrons aprisionados são liberados e podem recombinar-se com uma lacuna, emitindo luz termoluminescente. Portanto, a intensidade de TL é proporcional à quantidade de estados metaestáveis criados na rede. A concentração desses centros e estados metaestáveis, dentro de certos limites, cresce proporcionalmente à dose de radiação incidente e ao tempo em que o cristal ficou submetido à radiação. E é a partir daí podemos determinar a idade da amostra. Figura 1 – Mapa do Peru Algumas miligramas das peças foram retiradas e moídas. Depois selecionou-se os grãos com diâmetro entre 88 µm e 180 µm. Elas foram submetidas a um tratamento químico com HCl (10%) durante 30 minutos para retirar os carbonatos. E desta forma praticamente sobraram grãos de quartzo. Para as medidas de TL, foi utilizado Sistema de TL/OSL, Modelo 1100-Series da Daybreak Nuclear and Medical Systems Incorporated com o filtro óptico 7-59 Kopp. A partir desses resultados é possível dizer se eram autênticas ou não as cerâmicas em questão. Quanto maior a intensidade de termoluminescência pode-se dizer, primeiramente, que mais antiga é esta amostra. As amostras foram testadas pelo método de TL, nas Figuras 3 e 5 podemos observar a curva termoluminescente da peça Jaguar e Ídolo Funerário respectivamente. Figura 4 – Peça de Cerâmica denominada Ídolo Funerário (Cultura Mochica) 35000 Figura 2 – Peça de Cerâmica denominada Jaguar (Cultura Virú) Intensidad e de TL (u.a) 30000 25000 20000 15000 10000 5000 7000 0 0 Intensidade de T.L (u .a) 6000 100 200 300 400 500 Temperatura(ºC) 5000 Figura 5 – – Curva de Emissão Luminescente da peça Ídolo (Cultura Mochica) 4000 3000 2000 1000 0 0 100 200 300 400 500 Temperatura(ºC) Figura 3 – Curva de Emissão Luminescente da peça Jaguar (Cultura Virú) Ídolo Funerário (Cultura Mochica) – A amostra natural exibiu uma curva de emissão TL com pico proeminente em torno de 325°C. A contagem média neste caso foi de 2,8 x 104 fótons. O colecionador das peças nos informou suas idades prováveis caso as peças sejam autenticas: • Jaguar (Cultura Virú) – A amostra natural exibiu uma curva de emissão TL com um pico proeminente em torno de 360°C e outro menor em 300°C. A contagem média do pico de 360°C foi de 5,9 x 103 fótons. • Cultura Virú (Jaguar): Entre 200 aC e 500 dC. Cultura Mochica (Ídolo Funerário): Entre 200 dC e 800 dC. Através das Figuras 3 e 5 podemos observar que a contagem do Ídolo é superior a do Jaguar, indicando que provavelmente que o Ídolo é mais antigo que o Jaguar. Alem disso podemos afirmar a autenticidade das duas peças por apresentarem estas contagens. Conclusões Através deste trabalho constatamos que a termoluminescência é um método eficiente para autenticar peças pré-históricas. Devido a grande quantidade de fótons emitidos pelas amostras naturais, foram comprovadas as autenticidades das peças, confirmando a importância do método no combate do comércio de peças falsas. Agradecimentos Agradecemos ao Sr. Tito Camargo por ter cedido as amostras usadas neste estudo. Referências [1] M. J. Aitken, “Thermoluminescence Dating”, Academic Press, 1985. [2]www.ccerqueira.hpg.ig.com.br/Misturas_Culturai s.htm