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ARTIGO CURVA DE DESEMPENHO FÍSICO E MOTOR DE ACADÊMICOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA NO PERÍODO DE 1995 A 2000 Rodrigo Eduardo Schneider* Ronaldo Sérgio Giannichi** RESUMO O objetivo deste estudo foi comparar o desempenho em testes de força, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, coordenação, percepção cinestésica e velocidade de membros inferiores, bem como peso e estatura, dos acadêmicos matriculados na disciplina Medidas e Avaliação do curso de Educação Física (EFI) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no período de 1995 a 2000. Esta pesquisa permitiu avaliar capacidades físicas e motoras importantes para o exercício dessa profissão. Participaram da amostra 238 estudantes do curso de EFI da UFV no período de 1995 a 2000, sendo 111 do sexo masculino e 127 do sexo feminino, todos submetidos a uma bateria de testes padronizados. Quando considerados os valores médios dos testes em questão, pôde-se perceber certo equilíbrio entre a performance dos seis anos analisados, tanto na amostra masculina quanto na feminina. Essa similaridade não pôde ser corroborada quando analisada cada ano separadamente, uma vez que os valores de desvio-padrão refletiram turmas heterogêneas para a maioria dos testes. Tais resultados permitem concluir que no período de 1995 a 2000 o desempenho físico-motor dos acadêmicos de EFI da UFV tendeu a um padrão estável. Assim, sugere-se o aprofundamento desta análise, através de outros procedimentos estatísticos, controlando outras variáveis relevantes na performance, como faixa etária e nível de atividade física habitual, a fim de traçar um perfil físico-motor dos acadêmicos de EFI. Palavras-chave: capacidades físicas e motoras, desempenho, educação física. Introdução Durante todo o ciclo da vida humana o homem se defronta com situações que requerem respostas a serem expressas pelo seu desempenho físico e motor. Desde os mais simples afazeres cotidianos até a execução de atividades * Professor de Educação Física. ** Professor do Departamento de Educação Física - UFV. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 57 mais complexas não poderiam ser realizados com êxito se capacidades físicas e motoras como força, equilíbrio, coordenação, flexibilidade e agilidade não fossem desenvolvidas. No curso de Educação Física (EFI) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) esse fato torna-se ainda mais relevante, uma vez que cerca de um terço das disciplinas obrigatórias requerem boa performance físico-motora para que se obtenha plenitude em seus resultados e conseqüente destaque acadêmico. Devido à importância das capacidades físico-motoras, em 1975, foram inseridos no processo seletivo para ingresso no curso de EFI da UFV testes de aptidão física, com o objetivo de classificar os candidatos postulantes ao curso. No entanto, desde 1985 estes testes foram abolidos do concurso, ocasionando a perda de um referencial físico e motor dos alunos que ingressam no curso de EFI. Um grande incentivo para o ingresso nesse curso é a prática esportiva nas escolas e nos clubes durante a infância e adolescência, onde geralmente são detectadas as habilidades e afinidades com a educação física. Atentando para esse fato, torna-se relevante estruturar um processo de avaliação das capacidades físicas e motoras envolvidas no contexto esportivo que permita avaliar o maior número possível de crianças e jovens através de um mesmo procedimento. Esse processo, conforme WEINECK (2000), deve ser feito por meio de uma bateria de testes, cujos resultados devem ser avaliados como um todo, o que poderia auxiliar na detecção e instrução de talentos, como também servir de indicativo para um possível ingresso no curso de EFI. Objetivo O objetivo deste trabalho foi comparar a curva de desempenho físico e motor em testes de força, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, coordenação, percepção cinestésica e velocidade de membros inferiores, bem como peso e estatura, dos acadêmicos do curso de Educação Física da UFV no período de 1995 a 2000. Justificativa Considerando a importância de obter dados acerca do desempenho físico e motor de estudantes do curso de EFI para que se possa comparar e avaliar certas capacidades físicas e neuromusculares importantes para o exercício 58 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 dessa profissão, torna-se notória a relevância deste estudo, já que a comparação dos testes físico-motores aqui propostos servirá de indicativo para esse fim. Revisão de Literatura O desempenho físico apresentado em determinadas tarefas poderá determinar o nível de aptidão físico-motora do indivíduo, ou seja, sua eficiência para execução de condições básicas nos esportes, bem como em inúmeras situações do dia-a-dia. Torna-se importante salientar que aptidão física, de acordo com GHORAYEB e BARROS (1999), (…) "é a capacidade de um indivíduo desempenhar suas funções cotidianas sem prejuízo ao equilíbrio biopsicossocial." FARINATTI e MONTEIRO (1992) ainda enfatizaram essa questão, afirmando que o desempenho é resultado de uma complexa relação de variáveis fisiológicas, biomecânicas e psicológicas, refletidas pela interação de fatores genéticos e ambientais, os quais possuem papel fundamental na prática do exercício. Embora os fatores fisiológicos, psicológicos e sociais sejam igualmente importantes na indicação do desempenho físico-motor, existe na literatura mais informação sobre os fatores fisiológicos. Conforme GHORAYEB e BARROS (1999), dentre as variáveis antropométricas indicativas de performance, as mais utilizadas são peso e estatura, enquanto as neuromusculares são a força muscular de membros superiores, inferiores e tronco, velocidade, tempo de reação, agilidade, flexibilidade e equilíbrio. É notório que o bom desempenho em qualquer atividade física não se deve apenas a uma variável, mas a um conjunto delas, o que ressalta novamente a importância da utilização de uma bateria de testes para que se possa avaliar com maior precisão o desempenho físico-motor. Para GHORAYEB e BARROS (1999), essas baterias devem procurar incluir medidas que não exijam material sofisticado ou método complexo, além da necessidade de apresentarem altos coeficientes de validade, reprodutibilidade e objetividade. Dessa forma, os profissionais de Educação Física prestam importante auxílio no processo de avaliação, já que os teste físicos e motores são, em sua maioria, instrumentos de fácil aplicação, além do baixo custo, servindo, portanto, como diretriz no planejamento e na execução dos objetivos que se almeja alcançar. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 59 Torna-se necessário, por conseguinte, caracterizar a importância de cada capacidade física testada e analisada por este estudo, bem como suas implicações na aptidão motora do indivíduo. Peso e Estatura O peso e a estatura são as duas medidas mais utilizadas no processo de avaliação antropométrica. MONTEIRO(1999) afirma que: "É importante citar que as medidas do peso e estatura são influenciadas pela hora do dia. A ação da gravidade, no caso da estatura, bem como o estado de alimentação, no caso do peso corporal, podem influenciar na obtenção dos resultados". Equilíbrio O equilíbrio "é a qualidade física conseguida por uma combinação de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da gravidade." (TUBINO, 1980). "Esta capacidade é muito usada em nosso cotidiano, como também na maioria dos jogos e atividades desportivas." (MARINS e GIANNICHI, 1998). JOHNSON e NELSON (1979) salientaram que "há evidências de que a habilidade de equilibrar-se depende da função do mecanismo nos canais semicirculares, da sensação cinestésica nos músculos, tendões e articulações, da percepção visual do corpo em movimento e da habilidade de coordenar estas três fontes de estímulo". Coordenação A coordenação é conceituada por WEINECK (1999) como "ação conjunta do sistema nervoso central e da musculatura esquelética, dentro de uma seqüência de movimentos objetiva". TUBINO (1980) afirmou que coordenação "é a qualidade física que permite o homem assumir a consciência e a execução, levando a uma interação progressiva de aquisições, favorecendo-o a uma ação ótima dos diversos grupos musculares na realização de uma seqüência de movimentos com uma máxima eficiência e economia". 60 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 Percepção Cinestésica Outra importante capacidade motora é a percepção cinestésica ,que, segundo JOHNSON e NELSON (1979), "é a habilidade de perceber a posição, esforço e movimento das partes do corpo, ou do corpo inteiro, durante uma ação muscular". Segundo MARINS e GIANNICHI (1998): "Os indivíduos que podem observar uma demonstração e perceber a significância da seqüência dos movimentos são capazes de aprender um movimento com mais rapidez que os indivíduos que não têm essa capacidade desenvolvida". Flexibilidade A flexibilidade, enfocada por FARINATTI e MONTEIRO (1992), é um componente importante da performance e aptidão humanas, sendo, conforme WEINECK (1999), " a capacidade e a característica de um atleta de executar movimentos de grandes amplitudes sob forças externas, ou ainda que requeiram a movimentação de muitas articulações". GUEDES e GUEDES (1998) afirmaram que flexibilidade é "a capacidade de amplitude de uma articulação isolada, ou de um grupo de articulações, quando solicitada na realização dos movimentos". Segundo esses autores, a flexibilidade é resultado de uma combinação entre a elasticidade muscular e a mobilidade das articulações. A flexibilidade é, em conformidade com WEINECK (2000), um prérequisito elementar para a execução qualitativa e quantitativamente boa do movimento. FOX et al. (1991) ainda observaram que um alto grau de flexibilidade numa articulação não indica necessariamente alta flexibilidade nas outras articulações. "Por exemplo, os ginastas possuiriam flexibilidade acima da média no quadril e abaixo da média no tornozelo". 4.6. Agilidade Em qualquer atividade desportiva e/ou cotidiana, estamos sujeitos a ter que realizar trocas rápidas de direção, sentido e deslocamento da altura do centro de gravidade do nosso corpo. Essa capacidade é o que Stenziolla e Prado (1983), citados por MARINS e GIANNICHI (1998), denominam agilidade. Esses autores enfatizaram a importância da agilidade particularmente em esportes como voleibol, basquete e ginástica olímpica, bem como em situações da vida cotidiana, como se desviar de um automóvel. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 61 Deve-se salientar que a agilidade é uma das capacidades físicas mais importantes na prática da EFI; na maioria das baterias de testes de aptidão física, está incluído um teste para medir esta capacidade física. Velocidade de Membros Outra capacidade física abordada por MARINS e GIANNICHI (1998) é a velocidade de membros, que, conforme estes autores, "é utilizada em esportes que exigem a velocidade do corpo fragmentada, ou seja, apenas é utilizado um segmento do corpo". De acordo com JOHNSON e NELSON (1979) (…) "é o tempo gasto por um indivíduo para impulsionar seu corpo ou parte dele, no espaço". TUBINO (1980) ainda ressaltou que "o grau de velocidade dos membros estará relacionado à agilidade do sistema neuromuscular, à dinâmica dos processos nervosos, à coordenação dos movimentos e à composição dos músculos nos atos motores". Força Explosiva BARBANTI (1979) afirmou que a "força é a capacidade de executar tensão muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos, que determinam a força em algum movimento particular". Segundo SUÁREZ (1998), força muscular "é a máxima tensão que um músculo pode desenvolver quando em estado de repouso é excitado por um estímulo máximo". Segundo JOHNSON e NELSON (1979), força explosiva é identificada como a habilidade de desenvolver força em um menor intervalo de tempo. MARINS e GIANNICHI (1998) ainda ressaltaram a presença desta capacidade física em inúmeros esportes, como "atletismo (corridas, saltos, arremessos), ginástica olímpica, futebol (chute), handebol (arremesso), basquetebol (rebote e arremesso), voleibol (saque e cortada) e outras". Conforme MATHEWS (1980), existem quatro boas razões para medição da força: "(1) a força é necessária para uma boa aparência; (2) a força é básica para um bom desempenho nas técnicas; (3) a força é altamente considerada quando da medida de aptidão física e (4) a manutenção da força pode servir como uma profilaxia contra certas deficiências ortopédicas". 62 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 Metodologia Amostra A amostra deste estudo foi composta por 238 estudantes do curso de EFI da UFV nos anos de 1995 a 2000, sendo 111 do sexo masculino (M) e 127 do sexo feminino (F). A amostra foi ainda subdividida entre os cinco anos avaliados, adotando - se a seguinte distribuição: no ano de 1995 foi constituída por 17 (M) e 26 (F); em 1996, 15 (M) e 18 (F); em 1997, 15 (M) e 19 (F); em 1998, 25 (M) e 27 (F); em 1999, 20 (M) e 15 (F); e em 2000, 19 (M) e 22 (F). A coleta dos dados foi realizada no período de 1995 a 2000 pelos acadêmicos de EFI matriculados na disciplina Medidas e Avaliação, sendo treinados e monitorados pelo professor desta disciplina. Instrumentos de Testagem Para avaliação das capacidades físicas e motoras, foi aplicada uma bateria de testes composta dos itens que se seguem. Peso e estatura Para medida da massa corporal e estatura, foram utilizados uma balança da marca ARJA, com precisão de 100 g, e um estadiômetro do tipo HARPEND, com precisão de 1 mm, respectivamente, seguindo padronização descrita por LOHMAN et al. (1988). Equilíbrio A mensuração do equilíbrio estático geral seguiu padronização do Flamingo Balance Test (MARINS e GIANNICHI, 1998). Coordenação Para a capacidade coordenativa geral entre movimento de tronco e membros inferiores e superiores, foi utilizada a padronização do teste Burpee, de JOHNSON e NELSON (1979). Percepção cinestésica O Distance Perception Jump (JOHNSON e NELSON, 1979) foi utilizado para medir a percepção cinestésica em saltos. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 63 Flexibilidade Entre os testes usados para medir a flexibilidade, o escolhido para este estudo foi o Seat and Reach Test (JOHNSON e NELSON, 1979), que visa mensurar a flexibilidade de quadril, dorso e musculatura posterior dos membros inferiores. Agilidade A padronização do Shutte Run Test (JOHNSON e NELSON, 1979) foi usada para medir a agilidade de corrida com mudança de direção do corpo. Velocidade de membros inferiores A velocidade de elevação, adução e abdução dos membros inferiores no plano horizontal foi medida pelo Tapping Test (Fleishman, 1964), com adaptação proposta por Giannichi, citado por MARINS e GIANNICHI (1998). Força explosiva Foram ainda mensuradas a força explosiva de membros inferiores, através do Vertical Jump (Johnson e Nelson, 1979), e a de membros superiores e cintura escapular, com padronização do Two Hand Medicine Ball Put Test (JOHNSON e NELSON, 1979). Resultados e Discussão Os resultados dos testes foram devidamente tabulados e, após calculadas as médias e os desvios-padrões de cada ano, foram expostos sob a forma de gráficos, tanto na amostra feminina quanto na masculina. Peso e estatura Ao considerar os valores médios de peso e estatura na amostra estudada, foram observados os maiores valores nos anos de 1996 e 2000 para a amostra masculina, com médias de 76,9 kg/180,1 cm e 76 kg/178,9 cm, respectivamente, enquanto a média mínima foi de 64,7 kg para peso, no ano de 1997, e de 173,6 cm para estatura, no ano de 1995. Na amostra feminina, as médias de peso e estatura foram mais homogêneas que na amostra masculina entre os seis anos avaliados. Os valores de desvio-padrão para ambos os sexos variaram de ±5,4 a ±11,1 para a medida de peso, sendo o valor mínimo observado na amostra feminina no ano de 1996 e o máximo na masculina no ano de 1996. 64 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 Massa Corporal Masculino Massa Corporal Feminino 60 56,7 55,7 55,7 54,7 57,8 56,8 40 Peso (kg) peso (kg) 80 Média Desv. Padr. 20 8,6 0 8,6 5,4 7,4 7,6 6,6 100 80 60 40 20 0 66,9 76,9 76 64,7 69,3 69,9 Média Desv. Padr. 6,4 11,1 6,8 8,7 8,6 8,2 1995 1996 1997 1998 1999 2000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Ano Ano Figura 1 - Massa corporal feminina e masculina. Estatura Feminino Estatura Masculino 200 164,1 163,7 200 164,8 163,5 Média 100 50 6,3 0 6,3 4,8 1995 1996 6,3 1997 1998 4,5 1999 173,6 180,1 176,4 175,7 176,4 178,9 150 Desv. Padr. 4,5 cm cm 168 162,1 150 Média 100 Desv. Padr. 50 2000 5,8 0 Ano 9 8,5 6,5 6,3 6,8 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Ano Figura 2 - Estatura feminina e masculina. Equilíbrio O melhor desempenho neste teste foi no ano de 1997, com média 3 para ambos os sexos, o que, conforme MARINS e GIANNICHI (1998), teoricamente, destacaria os alunos deste período em atividades como ginástica olímpica, por exemplo. O pior desempenho foi no ano de 1996 para o sexo feminino e no ano de 1998 para o masculino, refletindo valores médios de 10,5 e 6, respectivamente. O desvio-padrão da amostra masculina oscilou entre os extremos +-1,5 e +- 4,4 e entre +-1,6 e +-5 para a amostra feminina. Equilíbrio Masculino 15 10,5 10 5 0 4 4,1 1,6 1995 1996 Média 3 1,5 1997 o5 3,9 1998 3,9 3,1 1999 4,5 3,7 Desv. nº de testativas nº de tentativas Equilíbrio Feminino 10 9 8 6 4 2 4,4 3,2 6 3,9 Média 3 1,5 3,6 4,6 4,1 4,4 3,3 Desv. Padr. 0 2000 Anos 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Anos Figura 3 - Equilíbrio feminino e masculino. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 65 Coordenação Em relação à coordenação, a amostra masculina teve uma distribuição com pequena variação entre as médias. Esses valores flutuaram entre 17,4 e 22,1 nos anos de 1997 e 1995, respectivamente; nos demais anos, as médias foram bastante similares, variando entre 18,1 e 18,8. Para o sexo feminino, ocorreu maior variação entre as turmas: de 15,5 a 23,5 em 1999 e 1995, respectivamente. Os desvios-padrões variaram entre 0,9 e 4,4 para ambos os sexos. Considerando TUBINO (1980), poderíamos afirmar que os alunos do período de 1995 teriam melhores condições de se destacarem em relação aos demais, na maioria dos esportes praticados. Coordenação Masculino 25 20 15 10 5 0 25 23,5 18,5 17,4 16,7 17,3 15,9 Média Desv. Padr. 1,9 2,5 4,4 3,1 1,5 0,9 nº de cíclos nº de ciclos Coordenação Feminino 20 22,1 15 18,5 17,4 18,8 18,9 18,1 10 5 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Média Desv. Padr. 2,3 2,8 4,4 1,7 3,3 2,9 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Ano Ano Figura 4 - Coordenação feminina e masculina. Percepção cinestésica O ano de 1998 obteve média de 14,2, sendo o maior valor para este teste entre os indivíduos do sexo masculino, enquanto o ano de 1999 obteve o melhor resultado, com média de -6,4, porém com maior desvio-padrão (+-29,2). Na amostra feminina, o desempenho variou entre 13,8 e 34,6, sendo o valor mínimo para o ano de 1997 e o máximo para o ano de 2000. O maior desvio-padrão foi de 43,9, encontrado no ano de 1999, e o mínimo foi de 21,9, nos anos de 1995 e 1997, todos na amostra feminina. Percepção Cinestésica Masculino 50 40 30 20 10 0 43,9 21,9 17,7 27,9 23,6 23,6 10,7 24,8 16,9 28,1 35,9 34,6 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Ano Figura 5 66 Média Desv. Padr. cm nº de ciclos Percepção cinestésica Feminino 40 30 29,2 26,2 22,4 24,1 23,6 23,6 20 14,2 11,7 10 7,1 7,9 10,7 0 -10 1995 1996 1997 1998 1999-6,4 2000 Média Desv. Padr. Ano Percepção cinestésica feminina e masculina. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 Flexibilidade Destacou-se neste teste a amostra masculina do ano de 1998, cuja média foi de +17,5, enquanto nos demais anos manteve-se uma variação entre +5,7 e +9,4. Na amostra feminina, a variação foi de +4,6 a 13,4 nos anos de 1998 e 1999, respectivamente. O desvio-padrão para ambos os sexos oscilou entre +-5,8 e +-9,6. Flexibilidade Masculino Flexibilidade Feminino 20 10 7,8 7,2 5 13,4 12 9,6 6,9 6,8 8,3 Média 6,9 4,6 5,9 17,5 15 11,3 Desv. Padr. cm cm 15 9 8,1 10 5 8,4 5,7 6,9 6,8 5,9 8,8 7 8,9 9,4 Média Desv. Padr. 0 0 1995 1996 1997 1998 1995 1996 1997 1998 1999 2000 1999 2000 Ano Ano Figura 6 - Flexibilidade feminina e masculina. Velocidade de membros inferiores As menores médias para este teste foram advindas do ano de 1999, tanto para a amostra masculina quanto para a feminina, refletindo valores de 26,3 e 23,6. A maior média foi mensurada no ano de 1995 para o sexo feminino e em 2000 para o masculino (27,7 e 29,5, respectivamente). No que se refere ao desviopadrão, não foram detectadas grandes variações entre os anos analisados (variação: 1,9 A 3,7). "Tapping" Masculino nº de ciclos 30 27,7 27 28,1 25,5 20 23,6 26,2 Média Desv. Padr. 10 2,9 0 2,2 3,1 2,5 1,9 3,1 nº de ciclos "Tapping" Feminino 40 30 29 27 28,1 26,5 26,3 29,5 3,7 2,3 3,1 20 0 2,5 3,1 2,4 1995 1996 1997 1998 1999 2000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Ano Ano Figura7 - Média Desv. Padr. 10 Tapping feminino e masculino. Força explosiva de membros inferiores A distribuição das medidas nos anos de 1995 a 2000 mostrou-se bastante homogênea. A turma feminina obteve valores mínimo e máximo de 32,5 e R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 67 36,7 nos anos de 1999 e 2000. O desvio-padrão variou de 4,4 a 7,1. No masculino, os valores extremos de média para este teste foram de 49,5 em 1999 e 53,3 em 1997, com desvio-padrão oscilando entre 5,9 e 7,3 em 2000 e 1995. No período de 1997, no entanto, pôde-se observar média de 53,3 para a amostra masculina, superior a algumas médias femininas, o que, conforme MARINS e GIANNICHI (1998), sugere melhor desempenho esportivo daqueles em modalidades como ginástica olímpica, atletismo, voleibol, entre outras. Força explosiva (MI) Força explosiva (MI) Feminino 60 60 53,3 34 34,5 33,1 32,5 36,7 Desv. Padr. 20 0 Média 4,5 7,1 5,9 5,2 5,1 cm cm 40 6,1 51,4 49,7 53,3 52,2 49,5 52,9 40 Média Desv. Padr. 20 0 7,3 6,5 5,9 7,1 6,9 5,9 1995 1996 1997 1998 1999 2000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Ano Ano Figura 8 - Força explosiva de membros inferiores (MI) feminina e masculina. Força explosiva de membros superiores Com médias entre 399,1 e 565,5 e desvio-padrão entre +-45,2 e +-82,6, assim foi caracterizada a amostra masculina para este teste, sendo o desempenho médio do ano de 1997 o menor valor encontrado, enquanto no ano de 2000 obteve-se o melhor desempenho. Para o sexo feminino, a pior média foi 183,5 no ano de 1998 e a melhor no ano de 1997, com variação de desvio-padrão de 32,9 a 73,9 em 1997 e 2000. Esse resultado reflete similar padrão de desempenho do teste de FEMI, ou seja, tanto para membros superiores como para membros inferiores, destacou-se o período de 1997 entre os alunos do sexo feminino. Força explosiva (MS) Masculino 500 400 300 200 100 0 600 399,1 329,6 318,5 305,8 324,4 183,5 73,9 32,9 36,7 54,8 42,7 35,8 Média Desv. Padr. 400 494,5 468,5 535 528,7 565,5 399,1 cm cm Força explosiva (MS) Feminino 200 0 Média Desv. Padr. 45,2 64,2 54,8 73,3 74,1 82,6 1995 1996 1997 1998 1999 2000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Ano Ano Figura 9 -Força explosiva de membros superiores (MS) feminina e masculina. 68 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 Agilidade Os anos mais ágeis foram os de 1997 e 1998 para a amostra masculina, com valores médios de 9,8 segundos, enquanto na feminina foram os anos de 1999 e 2000, com médias de 10,82 segundos. O ano em que se obtiveram as menores médias foi de 1996 na amostra masculina; na amostra feminina a média foi de 11,7 segundos. O desvio-padrão teve a menor variação de todos os testes analisados, oscilando entre 0,4 e 0,9. Agilidade Masculino segundos 15 10 11,3 11,4 10,3 11,7 11,3 11,3 Média Desv. Padr. 5 0 0,6 1995 0,5 1996 0,5 1997 0,8 1998 0,9 1999 segundos Agilidade Feminino 15 10,6 10,8 10 5 0 0,7 10,3 9,8 9,8 9,7 0,5 0,7 0,6 0,5 Média Desv. Padr. 0,4 0,5 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2000 Ano Ano Figura 10 - Agilidade feminina e masculina. Considerações Finais Ao analisar a bateria de testes em sua totalidade, pode-se perceber similaridade nos desempenhos físico e motor entre os anos de 1995 e 2000, tanto na amostra feminina quanto na masculina. Pôde-se ainda constatar certa heterogeneidade das turmas ao verificar os desvios-padrões, tanto no masculino quanto no feminino. Considerando, conforme COSTA (1998), que "a elasticidade e a capacidade de estiramento da musculatura, assim como dos tendões e ligamentos, portanto da mobilidade toda, são um pouco aumentadas no sexo feminino" (…), foi constatado resultado inesperado no teste de flexibilidade nos anos de 1995, 1997 e 1998, período em que as médias da amostra masculina foram superiores às da amostra feminina, fato Conlcusão Pela análise da curva de desempenho, pode-se inferir que, no período de 1995 a 2000, o desempenho físico-motor dos acadêmicos da UFV tendeu a um padrão de performance, o que se refletiu em uma manutenção na característica físico-motora dos indivíduos que ingressam no curso de EFI desta universidade no decorrer dos anos em questão. Essa análise permitiu avaliar algumas das R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 69 principais capacidades neuromusculares envolvidas no exercício dessa profissão, abrindo um precedente para que novos estudos possam aprofundar esta análise, através de outros procedimentos estatísticos, bem como no controle de outras variáveis importantes nesse contexto, como faixas etárias, nível de atividade física habitual e outros, a fim de que se possa talvez traçar um perfil físico-motor dos futuros professores de EFI. ABSTRACT CURVE OF PHYSICAL AND MOTOR PERFORMANCE OF PHYSICAL EDUCATION ACADEMICS FROM THE FEDERAL UNIVERSITY OF VIÇOSA FROM 1995 TO 2000 The objective of this study is to compare the tests performance of force, flexibility, agility, balance, coordination, cinestesic perception and speed of inferior members, as well as corporal mass and stature of academics of measures and Evaluation course of Physical Education (PE) in the Federal University of Viçosa (FUV), from 1995 to 2000. This research evaluated important and motive capacities physical for this profession. 238 students participated of the sample of the course (PE) of (FUV) from 1995 to 2000, being 111 from masculine sex and 127 from feminine sex, submitted to a series of standardized tests. When the medium values of the tests are considered a certain balance is noticed among the of performance six years in the masculine sample as in the feminine. This similarity could not be corroborated when analyzed every year separately, once the standard deviation values reflected heterogeneous groups for most tests. Such results allow to conclude that from 1995 to 2000, the academics' physical-motor performance of (PE) in the (FUV) tended to a stable pattern. New studies on this analysis are necessary, through other statistical procedures, controlling other important variables in the physical and motive performance, as age group and level of habitual activity, in order to show a profile physicalmotor of the (PE) academics . Key words: Physical and motive capacities, performance, physical education. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBANTE, V. J. Teoria e prática do treinamento desportivo. São Paulo: Edgard Blücher, 1979. 70 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 57-72, 2001 GHORAYEB e BARROS, T., N. O exercício - preparação fisiológica, avaliação médica - aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999. COSTA, M. G. Ginástica localizada. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998. FARINATTI, P. T. V. ;MONTEIRO, W. D. Fisiologia e avaliação funcional. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1992. FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. 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