courrier/courrier 16-06-06
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courrier/courrier 16-06-06
c onvidado GENTE D’AMANHÃ LEWIS HAMILTON Sentido da fórmula Vitórias pírricas O DR NATO vai aumentar de nove mil para 17 mil efectivos (incluinanúncio da morte de al-Zarqawi na semana passada do portugueses) e visa também acelerar programas de reconsnão deve ter deixado ninguém indiferente. Foi um detrução económica das províncias do sul (ao contrário das forças senvolvimento importante contra a Al-Qaeda e um americanas, afectas apenas a tarefas militares). Mas, mesmo asdos seus ramos mais sanguinários. Mas, dias depois, a sim, só vão estar no sul 2400 tropas de combate NATO, a cobrir organização logo anunciou um sucessor. A atenção uma vastíssima área. Sem falar na falta de helicópteros de transdesproporcionada concedida à eliminação de um só porte, essenciais para a agilidade numa região de emboscadas e homem revela a ânsia da Coligação liderada pelos EUA em apreatentados à bomba. sentar sucessos perante a catastrófica situação no Iraque — seSe os EUA não tivessem desviado agulha do Afeganistão e gundo a BBC, só em Bagdade já morreram seis mil (!) pessoas embarcado na desastrosa aventura iraquiana que hoje os tem ali em combates e atentados sectários desde o princípio do ano. de corda na garganta, o combate contra os talibãs e a reconstruDe vitória pírrica em vitória pírrica, os EUA vão-nos assim ção do Afeganistão — dois elefazendo perder a guerra contra o ANA GOMES mentos fundamentais na luta terrorismo. Por três razões prinEurodeputada socialista e ex-dirigente do PS global contra o terrorismo — escipais: Iraque (tropas a mais), com Ferro Rodrigues, nasceu em Lisboa há 52 anos. tariam muito mais avançados. Afeganistão (tropas a menos) e Diplomata formada em Direito, foi consultora Mas, simultaneamente, a AdGuantánamo (a violação do Estade Eanes em Belém e representou Portugal ministração Bush está a causar do de direito e dos direitos humana ONU, Tóquio e Londres. Destacou-se na secção danos, talvez irreversíveis, à lunos). de interesses de Portugal na Indonésia (e tornou-se ta global contra o terrorismo, A situação de segurança da embaixadora), pela defesa do povo de Timor-Leste. com o desdém que demonstra Europa e do mundo degradou-se em relação ao Direito Internacom a aventura militar no Iracional e ao Direito Humanitário (os direitos humanos mínimos que. Num artigo de Janeiro deste ano no «Financial Times», na guerra). Guy de Vries, o coordenador da luta contra o terrorismo da UE, Como recuperar a legitimidade perdida nas masmorras de sublinhou «é evidente que o conflito no Iraque complicou a Abu Ghraib e Guantánamo ou na «deslocalização» da tortura luta da Europa contra o terrorismo». O Iraque é, para o princíatravés das «extraordinary rendition» (os chamados «voos da pio do século XXI, o que o Afeganistão foi para o fim do século CIA»)? Como disse Javier Solana diante da Comissão de Inquéripassado: uma espécie de estágio profissional para todo o tipo de to do Parlamento Europeu: «Eficácia e moralidade apontam terroristas internacionais. Sendo verdade que a maioria dos na mesma direcção; o uso de tortura ou de tratamento cruel, atentados à bomba e ataques às forças da Coligação são levados desumano ou degradante é chocante e destrói a nossa legitia cabo por iraquianos, a presença de algumas centenas de terromidade; temos que provar que praticamos aquilo que pregaristas estrangeiros garante a disseminação pelo mundo do mos em relação aos direitos humanos.» «know how» assassino, mesmo se, e quando, o Iraque estiver Baixar a fasquia moral e legal na luta contra o terrorismo pacificado. significa capitular diante dele. Significa fazer o jogo dos terrorisOs 130 mil soldados americanos agora no Iraque contrastam tas: afinal de contas, o combate contra eles é político — são os com os apenas 23 mil no Afeganistão, a combater uns talibãs a nossos valores da democracia, do Estado de direito e dos direireorganizar-se, ajudados pelas plantações de ópio (verdadeiras tos humanos que eles querem destruir. As democracias muitas ADM assestadas à Europa). A situação degrada-se, mas os EUA vezes só podem lutar com uma mão atada atrás das costas — planeiam retirar três mil soldados no Outono, apesar de ser conjustamente porque são democracias e não se rebaixam ao nível sensual que faltam botas no terreno para dar um sentimento de dos terroristas. segurança aos afegãos. É verdade que a partir de Julho a missão ECOREM bem este nome, aconselha The Guardian. Dentro de alguns anos, será o primeiro negro campeão mundial de Fórmula 1. Já é descrito como o Tiger Woods das pistas de automobilismo, o que não lhe agrada particularmente: este jovem de 21 anos prefere ser comparado com Michael Schumacher ou Ayrton Senna. A sua vitória espectacular em duas corridas de GP2 (novo ‘one’ da Fórmula 3000) no Grande Prémio de Nürburgring, em Maio passado, valeram-lhe um elogio de «absolutamente assombroso», lançado pelo patrão da McLaren, que o contratou há nove anos. Piropo raro no meio automobilístico. Lewis Hamilton sempre teve a corrida no sangue, além da sorte de ter um pai — modesto, imigrante de Trindade e Tobago — que acumulava empregos para satisfazer a onerosa paixão do filho. Lewis conheceu o seu primeiro grande desgosto aos 9 anos: numa competição de «karts», enquanto esperava a sua vez para entrar, sentado ao lado do pai, a madrasta veio anunciar-lhe a morte de Senna. O pai é hoje agente do filho, a tempo inteiro. O irmão mais novo, Nicholas, é quem faz Lewis manter os pés na terra, como afirma o condutor. E o seu melhor amigo, Keke Rosberg, é também um adversário. Já passou pela Fórmula 1, onde Lewis Hamilton não tardará a surgir. E a ultrapassá-lo, sem dúvida. D MONA JASSEM AL KAWARI Juíza excepcional PALAVRAS DITAS l Paranóico «Para estes homens, a vida humana não tem qualquer valor, seja a deles ou a nossa. Não penso que se trate de um acto de desespero, mas antes de um acto de guerra contra nós». A propósito do suicídio de três detidos na base americana de Guantánamo, no passado 10 de Junho. The Christian Science Monitor, Boston (Ver tema de capa, páginas 8 a 13) RADEK SIKORSKI, ministro da Defesa polaco l Satisfeito «Abu Mussab al-Zarqawi foi finalmente para o inferno onde era esperado há muito tempo». Reacção à morte do chefe da Al Qaeda no Iraque, em 7 de Junho, morto num ataque aéreo americano perto de Bagdade. As tropas polacas estão presentes no Iraque ao lado do exército dos Estados Unidos da América. PAP, Varsóvia PETE TOWNSHEND, guitarrista britânico l Provocador «Vocês já têm mais do que o suficiente. Então, bolas, sejam generosos!», gritou o líder dos The Who aos quatro mil financeiros reunidos na campanha inglesa, em 7 e 8 de Junho, para um festival «alternativo» baptizado de «Hedgestock». Reservado aos profissionais dos fundos de cobertura («hedge funds»), tinha um duplo objectivo: favorecer os encontros informais num ambiente de concertos «rock» e apoiar financeiramente o «Teenage Cancer Trust», uma associação de beneficiência britânica. Le Temps, Genève WALID JOUMBLATT, dirigente da oposição libanês LIZ TAYLOR, actriz americana l Petulante «Estou morta, estou viva? Tenho o aspecto de uma moribunda? Pareço ter a Íx Ilustração doença de Alzheide Jones, EUA mer?», exclamou a actriz ao microfone de Larry King, na CNN. Certos boatos davam-na como doente e reclusa na sua casa de Los Angeles. The Daily Telegraph, Londres SOREN JESSEN-PETERSEN, chefe da missão da ONU no Kosovo l Inflexível l Modesto «Não há pacto de honra nem reconciliação com os tiranos- -carniceiros de Damasco e os seus esbirros Íx ‘Ilustração libaneses». Perande Bleibel, te os militantes da Líbano sua formação, o Partido Socialista Progressista (PSP), o chefe druzo atacou abertamente o regime sírio e proferiu ameaças veladas contra o Hezbollah. L’Orient-Le Jour, Beirute «Recuso-me a considerar-me como o rei do Kosovo. É certo que é um belo título, mas na Dinamarca já temos uma rainha», disse o dinamarquês Jessen-Petersen, o muito popular representante especial da ONU no Kosovo. Será substituído dentro de pouco tempo pelo seu adjunto, o americano Steven Schock, que dirigirá a Missão de administração provisória das Nações Unidas no Kosovo (MINUK) antes da fixação do estatuto definitivo da província, actualmente em fase de negociação. Express, Pristina DR HARRY HARRIS, comandante da base de Guantánamo NTROU para a História ao tornar-se a primeira juíza dos países do Golfo!», exclama o Bahrain Tribune. Foi nomeada na semana passada por um decreto assinado pelo rei do Bahreïn, Hamad bin Issa al Khalifa. Já em 2002 fora uma das primeiras três mulheres a ascender ao cargo de procuradora. Em princípio, o Islão nega à mulher a capacidade de ser imparcial — parece que são demasiado emotivas para tal — e considera-as, por conseguinte, inaptas para a função de juiz. «O Bahrein é um precursor regional na promoção do acesso das mulheres ao aparelho judiciário», recorda o diário Al-Ayyam, de Manamá, capital do país. Esta nomeação fez eco nas restantes «petromonarquias» da Península Arábica. O kuwaitino Al-Seyassah sublinha que é «o resultado de um século de esforços por parte dos reformadores árabes. Quem acreditaria, há dez anos, que as mulheres do Golfo iriam poder ser juízas, ministras, eleitoras e mesmo deputadas?». Mona Al Kawari diz-se «muito orgulhosa de ser a primeira juíza do Bahrein, mas não surpreendida, pois Sua Majestade, o rei, sempre encorajou as mulheres, desde que lançou o seu plano de reformas». «E