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Texto de apoio
O CINEMA E A FORMAÇÃO BIOÉTICA DO MÉDICO:
UMA ODISSÉIA DE IMAGENS E CONCEITOS
PEDRO HENRIQUE NETTO CEZAR
RODRIGO SIQUEIRA BATISTA
O Cinema e a Formação Bioética do Médico:
Uma Odisséia de Imagens e Conceitos
Pedro Henrique Netto Cezar
Rodrigo Siqueira-Batista
Este material corresponde ao produto final da dissertação de
mestrado em Ensino de Ciências do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.
NILÓPOLIS
2010
C419 Cezar, Pedro Henrique Netto.
O cinema e a formação bioética do médico: uma
odisséia de imagens e conceitos / Pedro Henrique Netto
Cezar; Rodrigo Siqueira Batista. - 2010.
56f.
- (Manual para professores, produto final
da dissertação de mestrado em Ensino de Ciências do
mesmo autor - Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio de Janeiro, Nilópolis, RJ. 2010.
Bibliografia: f.50-56.
1- Ciências Humanas. 2. Educação. 3. Educação
médica. 4. Filmes e vídeos educativos. 5. Manuais. I.
Siqueira-Batista, Rodrigo. II. Título.
CDD 370
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho é destinado aos professores que se
dedicam à formação de médicos e que desejam trabalhar os
princípios da ética e da bioética através de filmes de
cinema, criando um ambiente lúdico, instigante e,
sobretudo, reflexivo para os discentes.
SUMÁRIO
I) INTRODUÇÃO........................................................ 04
II) TEMAS .................................................................. 07
II.A) Bioética e o início da vida................................... 07
II.B) Bioética e o fim da vida...................................... 16
II.C) Bioética clínica: a relação médico
paciente........................................................................ 27
II.D) Ética em pesquisa envolvendo
seres humanos............................................................. 34
II.E) Bioética e meio ambiente. ................................ 43
III) CONSIDERAÇÕES FINAIS................................. 50
IV) REFERÊNCIAS.................................................... 51
Introdução
O Ministério da Educação, através das Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Medicina - publicadas em
2001 - destacam a importância da formação de profissionais com
visão generalista, crítica e reflexiva, capacitados a atuar na
atenção, na prevenção e na promoção à saúde, pautado em
princípios éticos e bioéticos, nos diferentes níveis de atenção do
Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2001). Desta forma, a
discussão de temas relacionados à ética e à bioética se torna cada
vez mais necessária ao longo do curso médico. O aluno a ser
formado - em concordância com as Diretrizes Curriculares
Nacionais - deve estar apto a adquirir habilidades e
conhecimentos que lhe permita identificar problemas básicos de
saúde, reconhecer direitos, valores e aspectos econômicos dos
pacientes; aprender métodos científicos e postura ética visando à
tomada de decisões corretas; ter formação que o leve a aprender
fazendo e aprender a aprender, construindo, com isso, seu
conhecimento (SIQUEIRA, 2009). Com efeito, é necessário criar
métodos e estratégias pedagógicas que despertem, no estudante,
noções relacionadas com o seu dever de cuidador - o respeito
pelo outro e a compreensão do ser humano na sua integralidade permitindo com isso uma interligação de diferentes saberes.
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Baseado nestas conjecturas, por que a discussão de bioética
através do cinema?
O cinema em sala de aula leva à criação de um espaço para o
diálogo franco de questões que ocupam e preocupam o estudante
e que nem sempre encontram espaço formal acadêmico, para
serem abordadas. A conversação entre os alunos é um salutar
meio de crescimento pessoal.Os filmes podem ser utilizados para
estimular a reflexão bioética de três formas diferentes
(SHAPSHAY, 2009): a) pedagogicamente, através de ilustrações
úteis e estimulantes e dos temas apresentados aos alunos; b)
interpretativa, na qual a utilização de conceitos filosóficos pode
permitir uma interpretação mais fidedigna de natureza
cinematográfica, o que facilita seu entendimento. c)
experimental, fornecendo experiências ricas em conteúdo, as
quais podem permitir intuições de caráter moral e avançam o
pensamento ético. De fato, o cinema permite um encontro de
imagens-conceitos de diferentes áreas do conhecimento,
colocando-as em movimento, - em intercomunicação
atingindo a sensibilidade da audiência e permitindo, muitas
vezes, vivências de diferentes realidades.
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Desta feita, torna-se possível a reflexão acerca de inúmeras
questões, as quais, posteriormente, podem ser interligadas.
Com a finalidade de orientar o professor de medicina em relação à
discussão de temas atinentes à bioética, serão apresentadas, a
seguir, sugestões de filmes, acompanhados de sua ficha técnica e
sinopse, além de propostas de temas para a utilização dos mesmos
em sala de aula e opções bibliográficas para aprofundamento dos
assuntos discutidos.
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BIOÉTICA E
INICIO DA VIDA
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GATTACA
Ano de Produção: 1997 (EUA)
Diretor: Andrew Niccol
Duração; 112 minutos.
Sinopse: Em um futuro não muito
distante, quando a engenharia
genética está cada vez mais
desenvolvida - permitindo que a
ontogênese humana ocorra, de forma eugênica, em laboratório Vincent foi concebido por vias naturais. Ao nascer, porém,
apresentava perfil biológico bastante desanimador, tendo em
vista a tendência à cardiopatia e a expectativa de vida de 30 anos.
Seu irmão, Anton, ao contrário, nasceu por inseminação artificial,
sendo geneticamente superior. Sempre tratado como limitado
pelos pais, Vincent, ao atingir a maioridade, resolve sair de casa
para ganhar o mundo e tentar realizar seu sonho de ser piloto
aeroespacial. Após vários empregos, vai trabalhar em Gattaca,
uma corporação encarregada de treinar indivíduos geneticamente
superiores para viagens aeroespaciais. Como tinha importantes
limitações genéticas, Vincent torna-se faxineiro da corporação.
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Entretanto, com a ajuda de um engenheiro genético, troca de
lugar com Jerome, indivíduo geneticamente superior, mas que,
por conta de um acidente, estava em uma cadeira de rodas.
Assumindo a identidade de Jerome, Vincent volta à Gattaca como
um “astronauta.” Todavia, se vê envolvido em um assassinato. A
partir de então, para provar sua inocência, põe em risco sua
identidade verdadeira.
Comentário: O filme começa com duas citações que podem
fomentar a discussão bioética acerca das pesquisas genéticas:
“Vejam a obra de Deus. Quem pode endireitar o que ele fez
torto?” (Ecclesiastes 7:13) e “Não só acho que devemos interferir
na mãe natureza, como acho que é isso que ela deseja” (Willard
Gainly). Ambas levam a pensar sobre os limites da intervenção na
natureza - humana -, especialmente ao se ponderar sobre a
eugenia, domínio com aplicabilidade no atual debate sobre a
reprodução assistida. O filme permite uma reflexão acerca dos
avanços da ciência e da tecnologia, bem como sobre seus efeitos
no comportamento das pessoas em sociedade, além de instigar
uma discussão de cunho filosófico sobre a existência humana.
Bibliografia sugerida:
TAMAMINI, M. Novas tecnologias reprodutivas conceptivas: bioética e
controvérsias. Revista de Estudos Feministas. Florianópolis, v.12, n.1, p.73107, 2004.
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OS MENINOS DO BRASIL
Ano de Produção: 1978(EUA)
Direção: Franklin J. Schaffner
Duração: 118 minutos.
Sinopse: Cerca de 30 anos após o término da Segunda Guerra
Mundial, o médico Joseph Mengele - acusado de vários crimes
monstruosos, em nome da ciência médica, incluindo a realização
de cruéis experimentos em judeus - se reúne, no Paraguai, com
oficiais nazistas do Alto escalão, para empreender-lhes uma
missão: matar 94 homens, entre 60 e 65 anos, em dois anos e meio
em diferentes países, aspecto relacionado a experiências
genéticas em curso. Neste ínterim, Lieberman - um judeu
responsável por denunciar nazistas -, ao saber das intenções de
Mengele, dá início, juntamente com outros companheiros, a uma
desenfreada tentativa de evitar os assassinatos.
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Comentário: O filme, apesar dos anos passados do seu
lançamento, já apresenta temas como experiências genéticas e
clonagem. Os efeitos que o (mau) uso destas biotecnociências
podem ter na sociedade, de um ponto de vista ético, têm boas
possibilidades de apreciação pelos estudantes, tal qual o caso dos
debates envolvendo a clonagem humana.
Como em Gattaca, abrem-se, também, perspectivas para
instaurar debates acerca das técnicas de reprodução assistida.
Bibliografia sugerida:
ZATS, M. Clonagem e céls. tronco. Estudos Avançados. São Paulo, v.18, n.51,
p.247-256, 2004.
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O SEGREDO DE VERA DRAKE
Ano de Produção: 2004 (Inglaterra)
Diretor: Mike Leigh.
Duração: 125 minutos.
Sinopse: Vera Drake, uma
respeitável e bondosa senhora
que vive na Inglaterra dos anos
50, divide seu tempo entre sua
casa, sua família e os vizinhos doentes dos quais ajuda a cuidar.
Porém, Vera também auxilia mulheres que engravidaram e não
desejavam seus filhos, através da prática do aborto. Agindo de
forma altruísta - na sua concepção -, Vera não se dá conta do risco
aos quais mulheres estão submetidas em conseqüência dos seus
atos. Um dia, uma das garotas fica gravemente doente após o
procedimento, sendo internada no hospital. Obrigada pelo
médico a indicar quem havia realizado o aborto, a mãe da jovem
acaba revelando a identidade de Vera. Levada à justiça, ela
percebe a real dimensão dos seus atos - na medida em que os
mesmos eram passíveis de punição - por ser o aborto, na época,
ilegal na Inglaterra.
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Comentário: A película traz a possibilidade, aos estudantes, de
realizar debates enfocando a moralidade do aborto,
considerando-se, especialmente, o princípio da sacralidade da
vida e o respeito à autonomia reprodutiva da mulher ( do casal).
Outro ponto importante que pode ser considerado na discussão
deste filme é o risco que as pacientes correm quando o aborto é
realizado por pessoas não pertencentes à área da saúde, o que
permite a reflexão sobre a “desigualdade no acesso” a este
procedimento ilegal, quando se compara mulheres ricas e pobres.
É possível tentar levantar os aspectos legais do aborto e extrair
dos alunos conhecimentos relativos à legislação do mesmo ao
redor do mundo.
Bibliografia sugerida:
DINIZ, D.; MEDEIROS, M. Aborto no Brasil: uma pesquisa domiciliar com
técnica de urna. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.15 (supl.1), p.959966,2010.
REGO, S.; PALACIOS, M.; SIQUEIRA-BATISTA, R. Bioética para
Profissionais da Saúde. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2009,160 p.
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REGRAS DA VIDA
Ano de Produção: 1999 (EUA)
Diretor: Lasse Hallström
Duração: 131 minutos.
Sinopse: O filme se passa na
cidade de Maine, Estados Unidos,
à época da Segunda Guerra Mundial,
no Orfanato St. Clouds, no qual
algumas mulheres iam procurar ajuda para gestações indesejadas
(adoção após o nascimento ou interrupção da gravidez). No
orfanato trabalha o Dr. Wilbur Larch, médico, e seu fiel ajudante
Homer Wells. Nascido no orfanato, após ser rejeitado por várias
famílias, Homer acabou permanecendo em St. Clouds onde
cresceu sob os cuidados do Dr. Larch, herdando muitos
conhecimentos da área médica. Para o médico, realizar o aborto,
nestes casos, seria uma forma de ajudar as mulheres que não
desejavam seus filhos, minimizando o risco de que as mesmas
procurassem não médicos para o procedimento. Homer, ao longo
dos anos, passa a questionar as atitudes de seu mentor, até que um
evento o encoraja a sair de St. Clouds e ganhar o mundo. A partir
daí passa a vivenciar diferentes situações, como a descoberta do
amor, as quais terão decisiva influência sobre seu futuro.
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Comentário: A tônica do filme é o debate em torno do aborto,
caracterizado nas visões apresentadas pelos personagens
principais - Wilbur Larch e Homer Wells. Para Homer, a vida é
um dom divino e, portanto não deve ser interrompida sacralidade da vida - enquanto para o Dr. Larch, a mulher deve ter
o direito à liberdade sobre o que fazer em relação a seu corpo respeito à autonomia reprodutiva - podendo decidir se quer ou
não manter sua gestação. Tais posições - as quais têm sido motivo
de debates em diferentes espaços das sociedades democráticas podem ser apresentadas aos estudantes, fomentando discussões
sobre a moralidade - e a legalidade - do aborto.
Bibliografia sugerida:
REGO,S.; PALACIOS,M.; SIQUEIRA-BATISTA,R. Bioética para
Profisionais da Saúde. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2009, 160p.
SOARES, G. S. Profissionais de saúde frente ao aborto legal no Brasil: desafios,
conflitos e significados. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.19
(supl.2), p. 399-406, 2003.
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BIOÉTICA E O
FIM DA VIDA
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AS INVASÕES BÁRBARAS
Ano de Produção: 2003 (Canadá)
Diretor: Denys Arcand
Duração: 112 minutos.
Sinopse: Rémy é um professor universitário canadense,
internado em um hospital público - em decorrência de uma
doença terminal - no qual as condições de atendimento eram
precárias. Pela gravidade de sua condição, sua ex-esposa resolve
chamar o filho do casal, Sebastien, reacendendo antigas
desavenças entre ambos. Porém, Sebastien está resolvido a
esquecer tudo e dar ao pai toda a atenção e o tratamento que o
mesmo necessita. Para isto, reúne os melhores amigos de Rémy,
para ficarem com ele no hospital, em um quarto privativo. Com a
piora das dores, Rémy passa a usar heroína sendo, por fim- em
concordância com o seu expresso desejo - transferido para a casa
de campo de um dos seus amigos.
Neste ponto do filme, entende-se que o momentos da morte de
Rémy está próximo. Com todos os amigos presentes, o professor
passa a se despedir de cada um, até o momento derradeiro, no qual
consente que lhe seja aplicada uma injeção letal.
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Comentário: Da mesma maneira que o aborto, a eutanásia é um
dos temas bioéticos mais discutidos na atualidade. O debate se
estabelece, igualmente entre o princípio da sacralidade da vida de acordo com o qual a vida é sempre digna de ser vivida,
independente dos infortúnios aos quais se esteja submetido - e o
princípio do respeito à autonomia, de acordo com o qual compete
ao indivíduo as decisões sobre a manutenção de sua própria vida,
principalmente em caso de sofrimento insuportável, o que pode
levar à escolha pela boa morte, a eu-tanásia. No caso do filme, o
personagem Rémy amava a vida - principalmente a que tinha no
passado - o que, provavelmente, foi uma dificuldade para a
aceitação, de início, da eutanásia voluntária. Porém, à medida
que sua qualidade de vida piora, a opção pela boa-morte torna-se
sua decisão final. Com efeito, a eutanásia acaba sendo o ponto
chave do filme - ainda que algumas outras questões possam ser
discutidas pelos estudantes, como as precárias condições de
atendimento e dificuldade para acesso a exames de maior
complexidade - contexto semelhante ao vivenciado em várias
cidades brasileiras - e os aspectos relacionados ao uso de drogas
ilícitas.
Bibiografia sugerida:
REGO, S.; PALÁCIOS, M.; SIQUEIRA-BATISTA, R.Bioética Para
Profissionais de Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2009, 160p.
SIQUEIRA-BATISTA, R.; SCHRAMM, F.R. Eutanásia pelas veredas da morte
da autonomia. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.9, n.1,p.31-41, 2004.
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MAR ADENTRO
Ano de Produção: 2004(Espanha)
Diretor: Alejandro Amenábar
Duração; 125 minutos.
Sinopse: A película se baseia em
um caso verídico, apresentando a
história do espanhol Ramón
Sampedro, o qual se tornou
tetraplégico 28 anos antes, vivendo com sua família em uma
cidadezinha da Espanha. Muito imaginativo e inteligente,
Ramón não se conforma em continuar vivendo preso a uma cama
- mesmo com sua família tendo construído uma infra-estrutura
para melhor atendê-lo - requerendo para si, uma morte digna, do
seu ponto de vista. Para isso, recorre à uma ONG (organização
não – governamental) que ajuda pessoas a morrer. Tal fato gera
grande polêmica no país, - após exibição na imprensa - na medida
em que a eutanásia é proibida na Espanha. Mesmo contra o
posicionamento de sua família e da Igreja e a despeito da
descoberta do amor pela advogada Julia, Ramón decide
continuar firme em seu propósito. Ao conhecer a radialista Rosa,
que se apaixona por ele, Ramón começa a vislumbrar a
possibilidade de tornar seu desejo realidade, passando, de certa
forma, a persuadi-la para conseguir seu intento.
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Comentário: O caso de Ramón Sampedro remete à discussão da
autonomia para decidir sobre o próprio ocaso, tal qual o
previamente citado. Para ele - que sempre fora um homem viril,
trabalhador e forte - ficar restrito ao leito representa uma situação
que não podia suportar, mesmo com toda a atenção e dedicação
da família. Um dos pontos altos do filme é a conversa entre
Ramón e o padre católico.
O filme também permite algumas indagações, juntamente com o
debate da eutanásia: Qual é o conceito de morte com dignidade?
Quais as possíveis formas de se praticar a eutanásia? Qual é a
legislação mundial sobre este assunto? Por todos estes aspectos,
é uma ótima película para o fomento ao debate biomédico.
Bibliografia sugerida:
REGO,S.; PALÁCIOS, M.; SIQUEIRA-BATISTA, R. Bioética para
Profissionais de Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2009, p.160p.
SIQUEIRA-BATISTA, R.; SCHRAMM, F. R. Conversações sobre a “boa
morte”: o debate bioético acerca da eutanásia. Cadernos de Saúde Pública. Rio
de Janeiro, v.21, n. 1, p.111-119, 2005.
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MENINA DE OURO
Ano de Produção: 2004 (EUA)
Diretor: Clint Eastwood
Duração: 137 minutos.
Sinopse: Frankie Dunn é um
experiente treinador de boxe, dono
de uma academia, na qual começa
a praticar boxe a jovem Maggie
Fitzgerald. Após a recusa inicial de Frankie, o mesmo é
conquistado pela força de vontade e o empenho de Maggie,
tornando-se seu treinador. Já consagrada como grande lutadora,
Maggie sofre um acidente no ringue tornando-se tetraplégica e
passando a respirar por ventilação mecânica. Após brigar com
sua família, interessada apenas em seu dinheiro, Maggie sofre
outro baque, quando uma lesão em sua perna evolui para
amputação. Com a saúde cada vez mais debilitada, Maggie só
tem Frankie a seu lado e lhe pede ajuda para aliviar seu
sofrimento. Frankie, então, toma uma importante decisão.
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Comentário: O filme aborda a repentina mudança de vida de
uma atleta, a qual se vê obrigada a ficar restrita ao leito, em
ventilação mecânica e com uma perna amputada. Até que ponto
valeria a pena viver nessas condições? No âmbito do debate
bioético em torno do fim da vida faz-se importante entender o
princípio da qualidade de vida, o qual permite questionar o
quanto é suportável o sofrimento vinculado ao processo de
morrer, como no caso de Maggie, no qual as condições eram
visivelmente precárias.
Bibliografia sugerida:
REGO, S.; PALACIOS, M.; SIQUEIRA-BATISTA, R.. Bioética Para
Profissionais de Saúde. RJ: FIOCRUZ, 2009.
SIQUEIRA-BATISTA, R.; SCHRAMM F. R. Conversações sobre a “boa morte”;
o debate bioético acerca da eutanásia. Cadernos de Saúde Pública. Rio de
Janeiro, v.1, n.1, p.111-119. 2005.
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O ESCAFANDRO E A
BORBOLETA
Ano de Produção: 2007 (França/EUA)
Diretor: Julian Schnabel
Duração: 112 minutos.
Sinopse: O filme se baseia na
história real de Jean-Dominique
- um francês de 43 anos, editor de
uma importante revista de moda, o
qual um dia sofre um acidente vascular encefálico enquanto
dirigia. Jean-Do, após despertar do coma, descobre-se
praticamente sem movimentos - restando-lhe o abrir-fechar das
pálpebras esquerdas - mas com consciência de si e do mundo,
intacta, quadro conhecido como Locked-in syndrome (síndrome
do “encarceramento”). Com a ajuda de enfermeiras,
fisioterapeutas e fonoaudiólogas, o paciente desenvolve uma
linguagem especial, utilizando um alfabeto através das piscadas.
Inicialmente, Jean-Do não aceita sua situação, porém com o
tempo descobre que podia contar com sua memória e sua
criatividade, ambas intactas, fazendo uma retrospectiva de sua
vida pessoal e familiar, além de viajar pela sua imaginação. Com
sua melhora, as enfermeiras o encorajam a escrever um livro
através da linguagem aprendida, no qual parte da sua vida é
contada, juntamente com suas reflexões.
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Comentário: A figura do escafandro reflete bem a condição do
personagem principal - ou seja, um homem preso dentro de si
mesmo, em princípio incapacitado para a comunicação com o
mundo externo. À medida que resolve investir na sua existência e
passa a ditar seu livro, Jean-Dominique dá vazão à sua
imaginação e criatividade - ou seja, a borboleta sai do casulo. O
filme, também, ressalta a importância da equipe de saúde
multidisciplinar no tratamento de um paciente com inúmeras
restrições, incentivando- o e estimulando-o a buscar, dentro de si,
força de vontade para continuar vivendo. É possível discutir, com
os estudantes, a questão da qualidade de vida em pacientes com
doenças crônicas, para as quais as opções de tratamento podem
ser tentadas para integrá-lo à sociedade.
Bibliografia sugerida:
FOWLER, D. J.; SÁ, A, C. Humanização nos cuidados de pacientes com
doenças crônico-degenerativas. O Mundo da Saúde. São Paulo, v.33, n. 1, p.
225-230, 2009.
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A PARTIDA
Ano de Produção: 2008 (Japão)
Direção: Yojiro Takita
Duração: 130 minutos.
Sinopse: O jovem Kobayashi é um
músico japonês que trabalha em
uma orquestra, na qual toca
violoncelo. Com a dissolução da
orquestra - e com uma elevada dívida pela compra do
instrumento -, o músico se vê obrigado a vendê-lo. Ato contínuo,
muda-se com a esposa para uma cidade do interior, para residir
em uma antiga casa recebida como herança. Com a nova
realidade, Kobayashi passa a trabalhar em uma agência
funerária, atuando na preparação dos corpos para a cerimônia
funerária, sem, no entanto, contar para sua esposa.
Paulatinamente, Kobayashi se acostuma ao trabalho, seguindo os
passos de seu chefe, um expert no serviço, até que começa a ser
discriminado pela atividade que realiza, inclusive por sua esposa,
da qual se separa. No fim do filme uma surpresa lhe permite
pensar sobre a sua vida e sobre a própria finitude.
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Comentário: O filme apresenta, de uma maneira muito singela e
sensível, considerações sobre a finitude, mas de uma perspectiva
bastante interessante - ao se comparar com as outras películas
apresentadas - por ter seu foco no passamento já consumado. Ao
mesmo tempo em que realiza seu serviço, Kobayashi vai se
dando conta das perdas que teve ao longo de sua vida, como a
ausência do pai, a morte da mãe, a morte de seu sonho de ser um
grande músico, ou seja, pequenas “mortes” que todos sofrem ao
longo da vida. Alguns aspectos com relação ao fim da vida
podem ser trabalhados, como os conceitos de morte e de finitude
e, especialmente, a questão do respeito ao cadáver - por
exemplo, com implicações no estudo da anatomia humana.
Bibliografia sugerida:
MARTINS, A. A. Consciência de finitude, sofrimento e espiritualidade. O
Mundo da Saúde. São Paulo, v. 31, n.2, p.174- 178, 2007.
GOMES, A. P.; REGO, S. PALACIOS, M.; SIQUEIRA-BATISTA, R. Análise
bioética do uso de recém-cadáveres na aprendizagem prática em medicina.
Revista da Associação Médica Brasileira. São Paulo, v.56, n.1, p.11-16, 2010.
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BIOÉTICA CLÍNICA:
A RELAÇÃO
MÉDICO - PACIENTE
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ADEUS, LÊNIN!
Ano de Produção: 2003 (Alemanha)
Diretor: Wolfgang Becker
Duração: 118 minutos.
Sinopse: Em 1989, antes da queda
do muro de Berlim, a senhora
Kerner vive na Alemanha Oriental.
Fiel “devota” do socialismo, sofre, por ocasião das
manifestações contra o regime oriental, um infarto agudo do
miocárdio, permanecendo em coma. Desperta meses depois - em
meados de 1990 - quando a Alemanha já está unificada, vivendo
no regime capitalista. Alexander, seu filho, após conversar com
o médico, fica sabendo que a situação da mãe é bastante delicada
e, para não lhe despertar fortes emoções, decide ocultar os fatos
políticos ocorridos, durante o período em que ela esteve em
coma, evitando novo agravamento de sua saúde. Com a ajuda da
irmã e dos amigos, usa de vários artifícios, como mudar etiquetas
e embalagens de produtos, arrumar vídeos antigos da Alemanha
Oriental e pedir a um amigo que forje um vídeo com noticiários
da velha Alemanha.
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Comentário: O filme permite a abordagem da comunicação de
más notícias, possibilitando a discussão de temas bastante caros
para a bioética clínica: a veracidade, a confidencialidade e o
sigilo. É possível, também, refletir sobre o papel dos familiares
no cuidado à saúde de um enfermo com grave condição clínica.
Bibliografia sugerida:
TEITELBAUM, P. O. O consentimento informado ao paciente em relato de caso:
como está essa prática em nosso meio? Revista de Psiquiatria do Rio Grande
do Sul. Porto Alegre, v.30, n.3, p167-169, 2008.
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PATCH ADAMS
O AMOR É CONTAGIOSO
Ano de Produção: 1998 (EUA)
Diretor: Tom Shadyac
Duração: 114 minutos.
Sinopse: O filme, que se baseia
em fatos reais, retrata a história de
Hunter Adams, homem que após
um período de internação em um
hospital psiquiátrico acaba descobrindo sua verdadeira vocação:
ajudar as pessoas. Dois anos mais tarde, Hunter está no primeiro
ano da faculdade de Medicina. Brilhante aluno e firme no
propósito de auxiliar as pessoas, ele não compreende porque os
estudantes só poderiam tomar contato com os pacientes no 3º ano
do curso, o que o leva a contestações freqüentes com o Prof.
Walcott, coordenador do curso. Mesmo com a desaprovação
deste, Hunter começa a freqüentar o hospital, realizando
performances divertidas para alegrar os pacientes internados.
Um dia, Hunter tem uma idéia: criar um hospital público, sem
normas estritas, no qual os enfermos recebessem toda a atenção
necessária e onde o bom humor fosse uma tônica constante. Com
a ajuda de um ex-interno do hospital psiquiátrico, um rico
empresário, Hunter consegue alugar um espaço e uma grande
casa no campo, que passa a reformar com seus amigos, que
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dividiam seu tempo entre a faculdade e o trabalho na clínica.
Nesse ponto da história, Hunter tem sua vontade de ser médico
colocada a prova após um fato que o desestabiliza. Além disso, o
coordenador Walcott pede a sua expulsão da universidade, por
alegar que o mesmo não se encaixava nos moldes da instituição.
Comentário: O filme retrata bem a relação médico-paciente,
mostrando um hospital no qual os médicos eram distantes, não
acolhedores, interessando-se apenas em tratar as doenças,
esquecendo da visão integral do indivíduo. Esse panorama era
fruto de uma formação médica voltada para o mero acúmulo de
conhecimentos, desvinculados de uma preocupação com o
cuidado do outro. Ao entrar em contato com essa realidade,
Hunter passa a desafiá-la, uma vez que seu interesse era confortar
as pessoas e lhes trazer alegria. A película é extremamente
oportuna, em uma época em que se discute a educação médica e
suas mudanças - incluindo a necessidade de se aprofundar o
debate bioético na formação -, objetivando-se aliar teoria e
prática.
Bibliografia sugerida:
AMORETTI, R. A educação médica diante das necessidades sociais em saúde.
Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v.29, n.2, p136-146,
2005.
BRASIL. Congresso. Senado. Resolução CNE/CES,n.4, de 7 de novembro de
2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Medicina. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de novembro de 2001. Seção
1,p.38.
31
UM GOLPE DO DESTINO
Ano de Produção: 1991(EUA)
Direção: Handa Haines.
Duração: 122 minutos.
Sinopse: O Dr. Jack MacKee é um
conceituado cirurgião que tem um
modo bastante peculiar com seus
pacientes, interessando-se muito
mais em conseguir êxito nos
procedimentos do que no cuidado à pessoa, mostrando-se muitas
vezes frio e distante. O filme toma rumos bastante interessantes
quando o Dr. Mackee descobre, após procurar uma
otorrinolaringologista, que está com um tumor na laringe. A
médica o trata da mesma maneira fria com a qual Jack lidava
com os seus pacientes. A partir daí o cirurgião passa a enfrentar
uma série intensa de quimioterapia, ao passo que inicia uma
amizade com uma enferma com leucemia. Esta amizade, de certa
maneira, faz com Jack veja o quanto faltava de humanização na
sua relação médico-paciente, além de fazê-lo repensar sua vida
familiar.
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Comentário: O filme promove uma reflexão acerca da relação
médico-paciente, a partir da figura de um profissional de saúde
que exibia um comportamento superior e arrogante em relação
aos seus pares e pacientes, tratando esses últimos com distância e
não dando a importância necessária ao seu sofrimento.
A partir do momento em que descobre que tem um tumor e é
tratado por uma médica com as suas características - além de
passar por toda a burocracia pela qual os pacientes passam
durante seu tratamento -, Jack percebe o quanto deixou a desejar
nas questões humanísticas em sua profissão e o quanto poderia
ter sido melhor com sua família. Atualmente, com o ensino
médico voltado para a valorização da integralidade, da
humanização e da bioética, este torna-se um filme bastante
indicado para a discussão com os estudantes.
Bibliografia sugerida:
CAPRARA, A; FRANCO, A. L. S. A relação médico-paciente: para uma
humanização da prática médica. Cadernos de Saúde Pública. Rio de
Janeiro,v.15, n.3, p.647-654, 1999.
DESLANDES, S.F. Análise do discurso oficial sobre a humanização da
assistência hospitalar. Ciência & Saúde Coletiva .Rio de Janeiro,v.9, n.1,p.714,2004.
33
ÉTICA E PESQUISA
ENVOLVENDO
SERES HUMANOS
34
A EXPERIÊNCIA
Ano de Produção: 2001 (Alemanha)
Direção: Oliver Hirschbegel
Duração: 120 minutos.
Sinopse: Na Alemanha, um
laboratório de pesquisas
empreende um estudo com a
finalidade de avaliar os efeitos do confinamento e o
estabelecimento de relações de poder em sujeitos de pesquisa.
Para isso, são selecionados 20 homens por livre demanda, os
quais deveriam permanecer 14 dias em uma prisão simulada,
sendo monitorizados durante 24 horas por câmeras, não sendo
permitido nenhum ato de violência e sendo permitida a
desistência a qualquer momento. Após serem informados de
todos os procedimentos e regras que norteavam o experimento,
os 20 homens foram divididos em guardas e presos. Inicialmente,
o convívio entre os dois grupos era bastante amistoso, pois todos
viam aquela situação como um jogo, no qual eram meros
participantes. Orientados pelos pesquisadores a controlarem
mais seriamente o comportamento dos presos, os guardas passam
a se posicionar de modo mais severo, inclusive com punições e
situações de humilhação. Logo cria-se uma grande tensão no
local, o que acaba por causar alterações comportamentais em
alguns presos e revolta em outros.
35
Sem embargo, porém, o pesquisador chefe não aceita parar a
experiência. A situação vai num crescendo, até que os guardas
completamente fora de si acabam por dominar inclusive os
próprios organizadores da pesquisa. Ao final, o que era para
ser um procedimento sem maiores problemas, acaba se
tornando um palco de terror.
Comentário: Em relação às questões bioéticas envolvendo
estudos em seres humanos, o filme claramente mostra que a
experiência fugiu totalmente de seu propósito e do controle dos
pesquisadores, colocando a vida de seus participantes em risco. A
discussão com os estudantes deve esclarecer que antes de se
iniciar um projeto de pesquisa, este deve ser encaminhado ao
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), cuja finalidade é analisar os
interesses de todos os envolvidos, com atenção maior à
segurança dos participantes e aos riscos dos procedimentos que
serão realizados. Outra parte a ser abordada com os discentes diz
respeito ao conhecimento da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde e de como o CEP deveria ter se posicionado
em relação a este tipo de estudo.
Bibliografia sugerida:
SCHRAMM, F. R. A moralidade da prática de pesquisa nas ciências sociais:
aspectos epistemológicos e bioéticos. Ciência e Saúde Coletiva. Rio de
Janeiro, v. 9, n.3, p.773-784,2004.
BRASIL, resolução 196 de 10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário
Oficial da União. Brasília, 10 de outubro de 1996.
36
COBAIAS
Ano de Produção: 1997 (EUA)
Direção: Joseph Sargent.
Duração: 118 minutos.
Sinopse: Em 1932, no estado do
Alabama, foi observado um significativo
número de casos de sífilis,
principalmente na cidade de Tuskegee. Com a finalidade de
estudar a doença, o governo estadunidense criou um programa
nesta localidade, o qual ficou conhecido como o “Estudo
Tuskegee”. Os pacientes, após realizarem teste sanguíneo
confirmatório de sífilis, eram tratados com aplicações tópicas
de mercúrio. Após algum tempo, acabaram as verbas para o
projeto e o estudo foi interrompido, gerando insatisfação de
todos os envolvidos, principalmente da dedicada enfermeira
Miss Evers. Após novas deliberações, foi acertado que o
governo federal manteria a verba para o projeto, porém os
pacientes seriam apenas acompanhados e não tratados, pois a
intenção era provar que a sífilis se manifestava nos negros da
mesma forma que se manifestava nos brancos. Com isso,
alguns pacientes agravaram seu quadro, adquirindo
manifestações neurológicas da doença.
37
Em 1942, surge a penicilina como fármaco de escolha para o
tratamento, optando-se, entretanto por sua não administração
aos pacientes do estudo para não influenciar os resultados da
pesquisa, utilizando-se a desculpa que a mesma poderia causar
reações colaterais importantes nos enfermos com a forma
terciária da sífilis. Isso gerou uma grande indignação e revolta,
levando à denúncias públicas.
Comentário: A grande importância desse filme está em
determinar o quanto é eticamente reprovável a utilização de
seres humanos em pesquisa sem a anuência dos mesmos,
considerando-se as questões bioéticas envolvidos em trabalhos
científicos à luz da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde e das resoluções posteriores. Pode-se destacar, também,
a importância de se ter um comitê de ética em pesquisa capaz
de analisar os projetos de pesquisa envolvendo seres humanos.
Estas são importantes questões a serem refletidas pelos
estudantes.
Bibliografia sugerida:
CASTILHO, E. A.; KALIL, J. Ética em pesquisa médica: princípios, diretrizes
e regulamentações. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
Uberaba, v.38, n.4, p. 344-347, 2005.
38
O JARDINEIRO FIEL
Ano de Produção: 2005 (EUA)
Direção: Fernando Meirelles
Duração: 129 minutos.
Sinopse: Justin, um diplomata
britânico, conhece a ativista Tessa
e, ato contínuo, ambos se
apaixonam, decidindo morar no
Quênia. Tessa logo conhece Arnold, um médico envolvido no
cuidado às doenças infecciosas incidentes no continente
africano, em particular a infecção por HIV/AIDS. Ao
perceberem que os medicamentos que estavam sendo fornecidos
para a população estavam causando mortes, Tessa e Arnold se
empenham em desmascarar as transações das indústrias
farmacêuticas dentro do país, porém, são assassinados de forma
brutal. Justin, que até então desconhecia as investigações da
mulher, resolve, após a morte de Tessa, seguir seus passos para
terminar o que ela e Arnold haviam começado e acaba, por fim,
envolvido numa grande conspiração com a participação não
apenas de indústrias farmacêuticas, como do próprio governo
britânico.
39
Comentário: O filme aborda a questão do “duplo-padrão” nas
pesquisas envolvendo seres humanos. De fato, a África foi
escolhida como local para essas pesquisas, devido aos menores
custos com os encargos do projeto, além das suas desigualdades
sociais, econômicas e políticas. Temas como o descaso com a
vida alheia e os conflitos de interesse podem ser trabalhados
junto aos estudantes, permitindo conjecturas éticas, as quais
devem ser estruturantes para a execução de um projeto de
pesquisa, visando a proteção aos participantes. O sujeito de
pesquisa deve ser esclarecido sobre todas as etapas do
procedimento e principalmente com qual finalidade o mesmo
está sendo realizado. Isso é garantido através da assinatura do
Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
Bibliografia sugerida:
CASTILHO, E. A.; Kalil, J. Ética e pesquisa médica: princípios, diretrizes e
regulamentações. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
Uberaba, v.38, n.4, p.344-347, 2005.
BRASIL, resolução 196 de 10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e
normas regulamentares pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da
União. Brasiília, 10 de outubro de 1996.
40
O ÓLEO DE LORENZO
Ano de Produção: 1992 (EUA)
Direção: George Miller
Duração: 135 minutos.
Sinopse: Filme baseado na história
real do menino Lorenzo, uma
criança de quatro anos, filho de
Augusto e Micaela. A professora de Lorenzo começa a detectar
súbita mudança em seu comportamento, com episódios de
agressividade, o que leva seus pais a iniciar uma peregrinação
por vários neurologistas pediátricos, até que após exaustiva
avaliação diagnóstica, chega-se à conclusão que a criança
apresenta uma doença neurológica de cunho genético, de
prognóstico bastante limitado, chamada leucoadrenodistrofia,
por uma alteração no metabolismo lipídico, que gera uma
degeneração neurológica progressiva. O casal Micaela e Augusto
inicia, então, um profundo estudo acerca da doença, tentando
buscar uma opção terapêutica. Descobrem uma substância
chamada ácido oleico, que através da dieta poderia retardar os
efeitos da doença, porém só havia sido testada em ratos. Mesmo
sem o apoio de grande parte da classe médica, Augusto e Micaela
resolvem tratar Lorenzo com tal substância, enquanto as
condições clínicas da criança pioram cada vez mais.
41
Isso leva Augusto e Micaela a intensificarem suas pesquisas e
descobrirem outra substância que administrada junto com o
ácido oléico manteria os níveis lipídicos normais no sangue.
Desta forma, criou-se o Óleo de Lorenzo, que surgiu como
uma promissora terapêutica para crianças com essa doença.
Frente aos resultados apresentados pelo casal, médicos
neurologistas passam a considerar a possibilidade de realização
de estudos para testar a eficácia do medicamento.
Comentário: O filme foca a luta incansável dos pais para salvar a
vida de seu filho, submetendo-o a um tratamento não
cientificamente validado, mesmo sem o aval do corpo médico. O
que pode ser discutido é a questão ética do papel dos pais sobre as
decisões em relação aos filhos, como em casos da literatura onde
os pais solicitaram que a vida de seus filhos fosse abreviada, para
poupar sofrimentos maiores. Até que ponto pais podem decidir
sobre a vida - ou sobre a morte - dos seus filhos?
Bibliografia sugerida:
GAIVA, M. A. M. Pesquisa envolvendo crianças: aspectos éticos. Revista
Bioética. Brasília, v.17, n.1, p.135-146. 2009.
42
BIOÉTICA E
MEIO AMBIENTE
43
A ÚLTIMA HORA
Ano de Prdução: 2007 (EUA)
Direção: Nadia Conners, Leila
Conners Petersen
Duração: 95 minutos.
Sinopse: A película é um
documentário apresentado pelo
ator Leonardo Di Caprio, o qual enfoca o impacto das ações do
homem na biosfera, contribuindo para o surgimento de
catástrofes naturais - como maremotos, furacões, queimadas e
degelo - , os quais podem desencadear a extinção de espécies, o
surgimento de doenças veiculadas pelo ar e pela água, a
desnutrição e a emergência de epidemias. Durante o filme são
entrevistados líderes políticos, cientistas, religiosos e
ambientalistas - como ex-presidente soviético Mikhail
Gorbachev, o cientista Stephen Hawking, e os especialistas em
desenvolvimento sustentável William McDonough e Bruce Mau
- , os quais alertam para o dano que a espécie humana está
causando na natureza, através do consumo excessivo dos
recursos naturais, que excedem as possibilidades de convivência
harmônica na biosfera.
44
Comentário: O filme leva a uma profunda reflexão acerca das
ações humanas nos ecossistemas. O desenvolvimento de
recursos tecnológicos cada vez mais avançados, acaba por
produzir maior poluição ambiental, a qual aumenta os níveis
de gases poluentes, intensificando com isso o processo de
aquecimento global e todas as variações climáticas dele
provenientes. Outras formas de dano à natureza, como a
poluição das águas e a sua contaminação por substâncias
químicas, a erosão do solo, o excesso do uso de pesticidas,
também são mostrados. Através de belíssimas imagens, o filme
pretende ser um alerta ao desrespeito às questões bioéticas em
relação ao meio ambiente, mostrando que os recursos naturais
não são infindáveis. Destaca-se a discussão da bioética
ambiental no curso médico, uma vez que ela reflete sobre os
seres vivos, incluindo os seres humanos e como os mesmos se
apresentam nas relações cotidianas. O médico deve
compreender que tais ações destrutivas do meio ambiente são
primordiais na gênese do processo de adoecimento.
Bibliografia sugerida:
CARVALHO, F. M. F.; PESSINI, L.; JÚNIOR, O. C. Reflexões sobre bioética
ambiental. O Mundo da Saúde. São Paulo, v.30, n.4,p.614-618, 2006.
SIQUEIRA-BATISTA, R.; RÔÇAS, G.; GOMES A. P. et al. A bioética
ambiental e ecologia profunda são paradigmas para se pensar no século XXI?
Ensino, Saúde e Ambiente. Niterói, v.2, n. 1, p.44-51, 2009.
45
ERIN BROCKOVICH
Ano de Produção: 2000 (EUA)
Direção: Steven Soderbergh.
Duração: 130 minutos.
Sinopse: o filme se baseia em uma
história real, a trajetória de Erin
Brockovich. A protagonista vê-se
confrontada com a necessidade de ter de trabalhar para sustentar
seus filhos e, num golpe de sorte, consegue um emprego em uma
firma de advogados. Sem ter os conhecimentos de uma
verdadeira advogada, Erin começa a investigar um caso que
envolve uma poderosíssima empresa, a PGE - Gás e
Electricidade do Pacífico, pivô de crimes ambientais, dos quais
resultam inúmeras mortes, doenças e mal formações nos
habitantes de uma pequena localidade da Califórnia. Apaixonada
pelo seu trabalho, Erin passa a envolver-se com as famílias
afetadas, vivendo como se fosse sua a história de cada uma
daquelas pessoas. O caso vai atingindo proporções gigantescas,
com centenas de queixosos, acabando nos tribunais.
Comentário: A poluição ambiental por parte de fábricas de
produtos tóxicos é responsável por um grande número de
doenças e mortes e muitas vezes por questões políticas, esses
dados são omitidos.
46
Mais uma vez a questão da ética ambiental tem lugar para
discussão, pois a poluição industrial pode levar à morte de
inocentes. As práticas industriais apoiadas pelas políticas
públicas levam à exposição humana a produtos químicos
nocivos, agrotóxicos e substâncias perigosas, tornando a
população vulnerável a enfermidades, além de contribuírem para
a destruição do ambiente.
Bibliografia sugerida:
SIQUEIRA-BATISTA, R.; GOMES, A.P.; RÔÇAS, G. Ética para todos os
seres e ecologia profunda: um preliminar diálogo com relevância para a saúde
pública. Cadernos de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.17, n.3, p.558-57,
2009.
47
UMA VERDADE
INCONVENIENTE
Ano de Produção: 2006 (EUA)
Direção: Davis Guggenheim
Duração: 100 minutos.
Sinopse: Al Gore - político que
concorreu à presidência dos
Estados Unidos com George Bush apresenta, através deste documentário, fruto de suas palestras ao
redor do mundo, os riscos do aquecimento global para a
população. Deste modo, por meio da exploração sobre diferentes
gráficos, alerta para os danos ao meio ambiente provocados pela
ação humana. Além de mostrar os riscos aos quais o planeta está
exposto, Al Gore também aponta algumas saídas para se lidar
com a situação.
Comentário: Esta película tem como proposta a divulgação das
sérias conseqüências do aquecimento global, provocadas pelo
excesso de contaminação do ar por gases tóxicos, fruto de um
desarranjo no consumo dos recursos naturais, gerando o
chamado efeito estufa. Isso promove o aumento das
temperaturas, com consequências deletérias para a natureza, tais
como escassez de água, migração de espécies marinhas,
mudanças nos ecossistemas, além de problemas de saúde,
principalmente de cunho respiratório.
48
O aquecimento global é discutido no mundo todo, através de
conferências ambientais que visam limitar a emissão de gases
poluentes para a atmosfera. É uma questão de grande magnitude,
que deve ser discutida pela ética ambiental, uma vez que o
homem deve preservar a natureza e os seus recursos, para que
gerações futuras possam usufruir dos mesmos. A bioética
ambiental, mesmo não possuindo a vinculação tão estreita com o
dia-a-dia do médico - como, por exemplo, os debates sobre o
início e o fim da vida - torna-se um assunto importante para a
formação do cidadão, o que está em consonância com as
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Medicina.
Bibliografia sugerida:
GARRIDO, R. G. Da bioética clínica à bioética ambiental. Diálogo &
Ciência. Revista da Rede de Ensino FTC. Salvador, ano VI, n.13, p.1-13,
2008.
POTTER,V. R. Getting to the year 3000: can global bioethics overcome
evolution’s fatal flaw? Perspectives in Biology and Medicine. Baltimore,
v.34,n.1,p.88-98,1990.
49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste manual é auxiliar professores interessados em
despertar, em seus estudantes, a reflexão de temas relacionados à
bioética, aspectos extremamente relevantes na formação médica.
Os filmes escolhidos permitem uma importante ajuda nesse
sentido, fornecendo diferentes opções de utilização, além de
terem duração que permite seu uso em sala de aula, sem tornar a
atividade enfadonha e cansativa. O cinema desperta reflexões e
estimula o interesse pelo aprendizado. É um recurso pedagógico
que lida com atitudes humanas e os fatores que elas encerram,
como valores, virtudes e limitações.
50
REFERÊNCIAS DOS FILMES
A EXPERIÊNCIA. Direção de Oliver Hirschbiegel.
Alemanha. Samuel Goldwyn Films / Europa Filmes, 2001.
114min. Son.,color. DVD.
A PARTIDA. Direção de Yojiro Takita..Japão.Paris
Filmes,2008. 130 min. Son., color. DVD.
A ÚLTIMA HORA. Direção de Nadia Conners e Leila
Conners Petersen. Estados Unidos.Warner Independent
Pictures, 2007.95 min. Son., color. DVD.
AS INVASÕES BÁRBARAS. Direção de Denys
Arcand.Canadá. Miramax Films e Art Films,2003. 99 min.
Son.,color. DVD.
ADEUS, LÊNIN! Direção de Wolfgang Becker. Alemanha.
Sony Pictures Classic, 2003.118 min. Son,. Color. DVD.
COBAIAS. Direção de Joseph Sargent. Estados Unidos.
Warner Home Video, 1997. 118 min. Son., color. DVD.
ERIN BROCKOVICH uma mulher de talento. Direção de
Steven Soderbergh. Estados Unidos. Universal
Pictures/Columbia TriStar Pictures, 2000. 145 min. Son., color.
DVD.
51
GATTACA_ experiência genética. Direção de Andrew Niccol.
Estados Unidos. Columbia Pictures/ Sony Entertainment
Pictures, 1997. 112 min. Son., color. DVD.
MAR ADENTRO. Direção de Alejandro Amenábar. Espanha.
20th Century Fox/Fine Line Features,2004. 125min. Son.,
color. DVD.
MENINA DE OURO. Direção de Clint Eastwood. Estados
Unidos. Warner Bros/Europa Filmes, 2004. 137 min. Son.,
color. DVD.
O ESCAFANDRO E A BORBOLETA. Direção de Julian
Schnabel. França/Estados Unidos. Miramax Films/ Europa
Filmes, 2007. 112 min. Son., color. DVD.
O JARDINEIRO FIEL. Direção de Fernando Meirelles.
Estados Unidos. Focus Features/UIP, 2005. 129 min. Son.,
color. DVD.
O ÓLEO DE LORENZO. .Direção de George Miller. Estados
Unidos. Universal Pictures/ UIP, 1992.135 min. Son., color.
DVD.
O SEGREDO DE VERA DRAKE. Direção de Mike Leigh.
Inglaterra. New Line Cinema/ Fine Line Features. 2004. 125
min. Son., color. DVD.
52
OS MENINOS DO BRASIL. Direção de Franklin J. Schaffner.
Estados Unidos. 20th Century Fox Film Corp., 1978. 118min.
Son., color. DVD.
PATCH ADAMS – O AMOR É CONTAGIOSO. Direção de
Tom Shadyac. Estados Unidos. United International Pictures
(UIP), 1998. 115 min. Son., color. DVD
REGRAS DA VIDA. Direção de Lassa Hallström. Estados
Unidos. Miramax Films, 1999.130 min. Son., color. DVD.
UM GOLPE DO DESTINO. Direção de Handa Haines.
Estados Unidos. Buena Vista Pictures/ Gativideo/Warner Bros.,
1991. 122 min. Son., color. DVD.
UMA VERDADE INCONVENIENTE. Direção de Davis
Guggenheim. Estados Unidos. Paramount Classics/UIP, 2006.
100 min. Son., color. DVD.
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cadáveres na aprendizagem prática em medicina. Revista da
Associação Médica Brasileira. São Paulo, v.56, n.1, p.11-16,
2010.
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espiritualidade. O Mundo da Saúde. São Paulo, v. 31, n.2, p.
174-178. 2007.
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overcome evolution’s flaw? Perspectives in Biology and
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bioéticos. Ciência e Saúde Coletiva. Rio de Janeiro,
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4, de 7 de novembro de 2001.Institui Diretrizes Curriculares
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Oficial da União, Brasília, 9 de novembro de 2001. Seção 1,
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BRASIL, resolução 196 de 10 de outubro de 1996. Aprova as
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seres humanos. Diário Oficial da União, Brasília, 10 de
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em relato de caso: como está essa prática em nosso meio?
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