A Revista Corrente Continua no. 238

Transcrição

A Revista Corrente Continua no. 238
III Seci: uma turnê científica e cultural
Pioneirismo em sistemas
especiais e torres de
transmissão de energia
Página 4
GERAÇÃO
Tecnologias modernas e
tradicionais se unem para uma
melhor segurança das barragens
Página 27
Página 34
Amazônia e Nós
Diário de Joaquim Neto
de Rezende Junior
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TRANSMISSÃO
Nas linhas do Madeira,
tecnologia vai resultar em
economia de R$ 50 milhões
Página 20
correio contínuo
Página 45
fotolegenda
Página 47
Eletrobras
Eletronorte
SCN - Quadra 6 - Conjunto A
Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2
CEP: 70.716-901
Asa Norte - Brasília - DF.
Fones: (61) 3429 6146 / 6164
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Prêmios 1998/2001/2003
2 correntecontínua
Diretoria Executiva: Diretor-Presidente - Josias Matos de Araujo - Diretor de Planejamento e
Engenharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone - Diretor
Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Corporativa - Tito Cardoso - Coordenação
de Comunicação Empresarial: Isabel Cristina Moraes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre
Accioly - Equipe de Jornalismo: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Michele Silveira (DRT 11298 - RS)
- Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Estagiário: Higor Sousa Silva - Fotografia:
Alexandre Mourão Roberto Francisco - Rony Ramos - Assessorias de Comunicação das unidades
regionais - Revisão: Dimensão Comunicação e Marketing - Arte gráfica: Jorge Ribeiro - Arte da
capa: Cláudia Maria Pereira Carvalho sobre foto de Rony Ramos, de um eletrodo de uniformização
de potencial da fonte de alta tensão CA do divisor de tensão de mil kV. - Impressão: Brasília Arte
Gráficas - Tiragem: oito mil exemplares - Periodicidade: bimestral
Construindo
e consolidando
a cultura da inovação
Nesta edição da revista Corrente Contínua vamos falar de inovação. De pesquisa e desenvolvimento. De tecnologia e sustentabilidade. Vamos falar da Eletrobras Eletronorte, pois esses temas resumem a nossa história.
Nas páginas seguintes, apresentamos a Semana Eletrobras Eletronorte do
Conhecimento e Inovação, a Seci. Em sua terceira edição esse é o maior evento
de compartilhamento de boas práticas de gestão do conhecimento da Empresa. Certamente ele está entre os maiores eventos do gênero no País e no Setor
Elétrico brasileiro, um dos que mais investem em inovação.
A Seci é um processo de incentivo à produção e ao compartilhamento de
conhecimento. Realizada no Centro de Tecnologia da Empresa, na cidade de
Belém (PA), sob o macrotema “Criatividade para a Sustentabilidade Empresarial”, a III Seci congregou quatro eventos: V Prêmio Muiraquitã de Inovação
Tecnológica; XV Painel Integrado da Qualidade – PIQ; V Feira de Inovação Tecnológica; e II Seminário Eletronorte de Tecnologia da Informação.
A posição estratégica de única Empresa do Setor Elétrico brasileiro entre as
vinte mais inovadoras no Brasil também pode ser observada nas matérias que
tratam das novas tecnologias aplicadas à segurança de barragens e às linhas
de transmissão em ultra-alta tensão.
Enfim, tecnologia faz parte da história da Eletrobras Eletronorte desde a sua
fundação, em 1973. São 38 anos buscando fomentar o surgimento de pesquisadores internos, gerentes de projetos de P&D, inventores, inovadores e
especialistas em melhorias contínuas, de forma a alavancar os resultados corporativos.
Ao longo dos anos a Empresa tem incorporado conceitos de pesquisa, tecnologia e inovação em muitos dos seus processos e, mais do que isso, tem
contribuído para que cada empregado desenvolva “seu lado cientista”. O certo
é que a marca da inovação está impregnada na cultura empresarial da Eletrobras Eletronorte.
Nestas páginas contamos um pouco dessa história. Confira.
Eletronorte
história
Eletrobras
Sumário
tecnologia
correntecontínua 3
Eletrobras
Eletronorte
Byron de Quevedo e
César Fechine
4 correntecontínua
A III Semana Eletrobras Eletronorte do Conhecimento e Inovação - Seci, realizada entre
os dias 15 a 17 de junho de 2011, no auditório do Centro de Tecnologia da Empresa, em
Belém (PA) foi uma viagem pelos caminhos da
criatividade de um mundo cultural refinado. Assim como um turista coloca a bermuda, tênis e
chapeuzinho típico para uma
temporada feliz; os estudiosos
e curiosos que queiram vestirse de humildade e aprender
se divertindo poderão incluir
este evento em sua rota de
turismo científico. Nesta III
SECI, além da Feira de Inova-
ções e das 47 demonstrações do Prêmio Muiraquitã, foram apresentadas 45 teses científicas, com suas aplicabilidades mostradas no XV
Painel Interno da Qualidade - PIQ, e mais 15
palestras no II Seminário Eletronorte de Tecnologia da Informação, neste que já está sendo
considerado um dos mais importantes fóruns
de antevisão do País. Não só para a indústria da
eletricidade, mas também para a informática, a
biodiversidade, a ecologia, o preservacionismo
ambiental, as energias renováveis, a nanotecnologia etc.
Vamos embarcar nessa turnê
e conhecer um pouco do que
aconteceu por lá.
A abertura do evento contou com as presenças do diretor- presidente da Eletrobras
Roberto França
Francisco Neto
Eletronorte
III Seci: uma turnê
científica e cultural
Afinal, o que é a Seci? – Quem nos explica é o gerente de Gestão do Conhecimento da
Eletrobras Eletronorte e coordenador do evento,
Francisco Fernandes Neto: “É a realização simultânea de vários eventos que
já aconteciam ou em sendo criados e
renovados. Em 2006 nasceu o Prêmio Muiraquitã, para os inovadores,
os inventores e os gerentes de
projetos de P&D. Há duas
modalidades no Muiraquitã:
o Prêmio Inovação de P&D e
o de Inovação de Colaborador,
sobre alvos inéditos. O primeiro se atém ao conhecimento
desenvolvido em universidades ou institutos de pesquisa. O segundo envolve o Pai-
Eletrobras
Tecnologia
Josias Matos abrindo o evento, acima. A direita, ao lado de Wady Charone (primeiro à direita), e Roberto França (primeiro à esquerda)
Eletronorte, Josias Matos de Araujo; do diretor
de Produção e Comercialização, Wady Charone
Júnior; do coordenador regional da Presidência,
Yvonaldo Nascimento Bento; da representante
do diretor de Gestão Corporativa, Tito Cardoso
de Oliveira Neto, a superintendente de Educação e Desenvolvimento, Eden Damasceno;
do representante do diretor de Planejamento
e Engenharia, Adhemar Palocci, Paulo Maurício Peixoto Vasconcelos; do gerente da Regional de Transmissão do Pará, Airton Leopoldo;
e do anfitrião, o superintendente do Centro de
Tecnologia, Francisco Roberto Reis França. No
total participaram da III Seci aproximadamente
350 pessoas, entre colaboradores da Empresa,
representantes de empresas públicas e privadas, universidades e centros de pesquisa,
entre outras instituições. Desses, 92 apresentaram trabalhos.
Roberto França destacou ser
grande a satisfação de promover o megaencontro e ressaltou que é por meio de fóruns
como a Seci que os colaboradores deixam o seu
marco, extraído ao longo
de anos de dedicação
à tarefas específicas,
um legado para mui-
tas gerações e para cultura de instituição. “É
gratificante verificar a quantidade de trabalhos
apresentados pela nova geração, que já supera
a quantidade dos trazidos pela geração mais
experiente, o que demonstra o interesse dos jovens no evento. A semente lançada lá no I PIQ
germinou, cresceu, floresceu e dá ótimos frutos
para a Empresa e para o País”.
Wady Charone (ao centro) afirmou que aquele era o momento de reconhecer as pessoas
que saem de seu quadrado, que não se limitam
pelo mundo do “falta disto ou daquilo” e partem em busca de novas soluções. “São pessoas
que estão vivendo o mundo novo da expansão:
aproveitam a oportunidade para crescer, implementando reduções de custos e melhorias
na produção. Esse evento é um exemplo claro
disto. Estava orçado em R$ 250 mil e o realizamos com menos de 80% desse valor. Outra
meta importante é o que está sendo apresentado nesta Seci, que seja algo sistematizado na
Empresa, que haja replicação, para que as boas
ideias sejam promotoras de melhoramentos e
de inovação para o bem de todos”.
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nel Integrado da Qualidade – PIQ, surgido em
1996, que é a melhoria de processos e de boas
práticas, abrigando as teses que não requeiram
proteção industrial. Aquelas suscetíveis a patentes são apresentadas no Prêmio Muiraquitã. No
PIQ o trabalho é avaliado no ato da apresentação
e no Muiraquitã ele é estudado e pontuado por
uma banca, antes de ir a público”.
Antes da Seci acontecem os painéis internos
de melhorias (PIM), que este ano selecionou 56
trabalhos em toda a Empresa. Ao final, os PIMs
selecionaram 47 trabalhos que concorreram no
XV PIQ. O PIM está estruturado nas modalidades de trabalhos consolidados e inéditos, e nas
categorias de processos de apoio e processos
finalísticos. Os trabalhos consolidados devem
estar com a solução (melhoria) implementada,
apresentando uma série de resultados de, pelo
O Diretor-Presidente fez ainda um paralelo entre a visão
e missão das empresas Eletrobras com a área de atuação
mais direta da Eletrobras Eletronorte, a Amazônia, a região
com o maior potencial de energia renovável do mundo:
“Chegaremos em 2020 sendo a maior Empresa de energia
renovável, com rentabilidade, competitividade, responsabilidade e sustentabilidade. Temos esse potencial nas mãos e
por isso podemos ajudar a construir um mundo ideal. Somos
parceiros na construção de Belo Monte, empreendimento no
qual temos 20% de participação acionária. Este é um projeto
em que acreditamos. Primeiro, porque foi iniciado por nós;
segundo, porque temos a certeza de que ele trará grandes
benefícios para a Região Norte e será importante ao Brasil
e ao mundo. Temos como exemplo Tucuruí, a maior usina
genuinamente nacional. Lá está a amostragem da nossa
força quando queremos construir algo bom para o País. As
populações que vivem no entorno de Tucuruí conhecem
os benefícios gerados pelo empreendimento e Belo Monte
trará outros idênticos e até melhores, pois, se a forma de se
fazer negócio mudou, também temos que repensar quais
são os novos caminhos e seguir em frente”.
menos, dois anos, ou terem participado de versões anteriores do PIQ. Os trabalhos inéditos
devem apresentar uma solução já implementada, com resultados evidenciados, mesmo em
estágios iniciais.
Os processos de apoio são aqueles que dão
suporte às atividades meio da Empresa, tais
como gestão, finanças, sustentabilidade, comunicação, responsabilidade social, contabilidade, treinamento, suprimento, serviços gerais
e tecnologia da informação. E a categoria de
processo finalístico engloba a atividade fim, os
trabalhos implementados em equipamentos,
sistemas ligados aos macroprocessos de geração e transmissão de energia, estruturação de
negócios, planejamento da expansão, estudos
e projetos, operação do sistema e engenharia
de operação e manutenção.
Muiraquitã foram oito trabalhos de P&D, e 48
de inovação. O evento tem surpreendido pessoas da Empresa e de fora, que se dizem maravilhadas. O resultado extraído é intangível, pois
seus efeitos se projetam no tempo. O grande
ganho é o elevado moral das equipes. É a demonstração de uma Empresa que se respeita,
num cenário em que os atores são os próprios
empregados. Aqui eles são recebidos com glórias, pois vêm apresentar seus melhores pensamentos, como um presente: ‘aí está o que eu
penso, aproveitem’!”.
O homem-aranha e as curicacas - Comecemos com as ideias menos complexas. Os trabalhadores das linhas de transmissão, subestações, usinas e até as lavadeiras da beira dos rios
têm problemas com aves migratórias, no caso
as curicacas, que vêm aos bandos e deixam,
em várias regiões do País, resíduos ricos em
potássio e cálcio, bons para a agricultura, mas
terríveis para sistemas elétricos e lençóis nos varais. Matá-las, nem pensar! Criou-se, inclusive,
um belo gavião de papelão, em forma de inimigo natural, que as espantou por alguns anos,
mas elas foram tomando intimidade com aquele
espantalho alado e algumas, de acordo com relatos de observadores, chegaram a darem-se ao
desfrute de defecarem na cabeça do boneco. E
voltaram a sujar os antigos locais de pouso.
Aí então, o Jaider da Silva Esbell (abaixo),
um artista plástico e escritor meticuloso das
lendas indígenas amazônicas, colaborador da
Regional de Transmissão de Roraima, saiu-se
com uma solução meio tribal, mas que está evitando que milhões de reais sejam gastos com
limpeza, sem prejudicar as aves. O invento foi
apresentado no XV PIQ sob o título “Eliminação
das perdas por desligamento com o controle da
ação de aves no sistema de isolação da linha de
transmissão BVSELI6-01”. Ele construiu uma
malha de três níveis de linhas finas, como se
fossem teias de aranha, de maneira que quando as aves pousam sobre ela, não conseguem
Eletronorte
Eletrobras
Eletronorte
O diretor-presidente da Eletrobras Eletronorte, Josias Matos
de Araujo (foto), fez a abertura da III Seci com a palestra magna
“Os Novos Rumos da Eletrobras Eletronorte”, destacando a
importância do evento para ajudar a superar os desafios empresariais: “Nós percebemos neste auditório uma integração
de inteligências de diferentes áreas de atuação da Empresa.
Isso é importante para que possamos continuar buscando a
inovação para crescer, superar os desafios para que o País
tenha uma matriz energética cada vez mais limpa, renovável
e sustentável, e para fazer dessa Empresa uma referência no
cenário nacional e internacional. Isso aqui é um conjunto e
só funcionará se todos nós estivermos alinhados com a nossa
missão e com aquilo que estabelecemos em nosso planejamento estratégico. Estamos vivendo uma nova revolução
industrial com a nanotecnologia. Grandes passos tecnológicos
deverão acontecer nas próximas décadas. Cada vez mais a
medicina se aproxima da engenharia. Cada vez mais a engenharia passa a ser um elo de ligação entre todas as áreas
de pesquisa e desenvolvimento do mundo. Quem sabe logo
teremos a longevidade, com qualidade de vida bem maior do
que temos atualmente”.
Josias destacou a presença de Luis Cláudio da Silva Frade,
um dos pioneiros de P&D no Setor Elétrico brasileiro, e dos
idealizadores do PIQ e do Prêmio Muiraquitã, e hoje chefe do
Departamento de Gestão da Tecnologia da Eletrobras. “Frade
deixou para nós esse legado que estamos levando em frente.
Vejo aqui outros pioneiros das nossas primeiras investidas em
pesquisa e desenvolvimento. Eles estão agora com os cabelos
brancos ou carecas, mas ainda são importantes para fazer com
que esta Empresa tenha a merecida ressonância. No entanto,
todos precisamos fazer a nossa parte nesse projeto. Isso aqui
só funcionará se estivermos alinhados com o que estabelecemos como meta”.
Neste ano, a III Seci trouxe como novidades
alguns processos que foram apresentados pela
primeira vez, como um trabalho da área jurídica e outro da área financeira. Onze inovações
foram classificadas como segredo de indústria.
“Na categoria P&D, nós premiamos o esforço
que o gerente do projeto tem em conduzir a
pesquisa. E como inovadores, são selecionados
os projetos que têm potencial de proteção da
propriedade intelectual”, explica Álvaro Raineri,
gerente dos Programas de Pesquisa e Desenvolvimento.
Outra novidade da III Seci é o prêmio para a
unidade com a maior cultura de inovação. Foi
utilizada uma variável de volume, com a quantidade de participações nos painéis internos, projetos de P&D e inovações, proporcionalmente à
quantidade de empregados. A outra variável foi
a qualidade dos trabalhos, com os prêmios efetivamente distribuídos em outras edições.
Mas vamos aos resultados! E o Prêmio de
Unidade com Maior Cultura de Inovação ficou
com a... Superintendência de Produção Hidráulica. Em segundo lugar ficou o Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte e, em terceiro,
a Regional de Produção do Amapá. A partir de
agora, as áreas mais inovadoras da Empresa
compõem um ranking com 22 unidades.
Em tempo: o V Prêmio Muiraquitã distribuiu
R$ 234 mil em prêmios, nas categorias Ouro,
Prata e Bronze. Somados aos R$ 60 mil em
prêmios do XV PIQ, foram distribuídos R$ 294
mil aos empregados mais criativos da Empresa.
Na Faixa Ouro do V Prêmio Muiraquitã foram
premiados cinco trabalhos, nas categorias de
Pesquisa e Desenvolvimento e de Inovações.
Na Faixa Prata, foram premiados 16 trabalhos,
e, na Faixa Bronze, 31 trabalhos. O XV PIQ premiou 12 trabalhos nas modalidades de processos consolidados e inéditos.
Os trabalhos apresentados tiveram como
foco a gestão de processos, tecnologia da informação, operação de sistemas elétricos, manutenção de equipamentos e linhas de transmissão, preservação e mitigação de impactos
socioambientais, telecomunicações, além da
melhoria de produtos e serviços.
Segundo Francisco Neto, “as premiações variam de acordo com as classificações por faixas:
Ouro, R$ 6 mil; Prata, R$ 5 mil; e Bronze, R$
4 mil, para trabalhos inéditos ou consolidados.
Esta edição da Seci foi pródiga em trabalhos
inéditos: somaram 30. Os consolidados, 15.
A maioria dos apresentadores tem até quatro
anos de casa. Isso mostra o interesse da nova
geração em propor novas soluções. No Prêmio
Eletrobras
“Inovação para crescer”
correntecontínua 7
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Uma cadeira no céu – Os eletricistas reparadores de linhas energizadas gostam de ser chamados de ‘ponta da flecha’. Orgulham-se em
fazer um tipo de serviço que poucos se aventuram sequer chegar perto: a dezenas de metros
de altura e em contato com correntes elétricas
de até 500 mil Volts. Mas, infelizmente, após
alguns anos de trabalho, muitos já não podem
mais ser levados às alturas, pois, conforme a
idade chega, os riscos com acidentes elétricos
aumentam. Pois bem, Márcio Robert da Silva Ribeiro (ao lado) e
seu colega Ozias Xavier Neves,
ambos da Regional de Transmissão do Pará, com o trabalho “Redução do esforço físico
e aumento da segurança do
eletricista, no serviço de
troca de espaçadores
em linha viva”, estão
revolucionando essa
área
profissional
com o uso de uma
grua montada sobre a carroceria de
um caminhão, que
iça o eletricista confortavelmente sentado
Seminário de Tecnologia da Informação
destaca a governança corporativa
Boa parte da tecnologia da informação da Empresa foi posta em revisão nas
palestras do Seminário de Tecnologia da
Informação, que aconteceu em paralelo à
III Seci. O superintendente de Tecnologia
da Informação, Eduardo de Oliveira Lima
(ao lado), abriu o encontro discorrendo
sobre o tema “Governança de Tecnologia
da Informação”. Segundo Eduardo, a governança é uma base estrutural para se
abraçar os processos de forma eficiente,
eficaz e transparente, tornando as áreas
capazes de responder agilmente às demandas. “A TI é uma área prestadora de
serviços e deve ser aprimorada para atender melhor aos usuários. Sem a governança de TI, a inovação não consegue ter
uma base estruturada para prosperar e dar sequência aos
trabalhos, evidenciando o que está sendo feito. Portanto,
esse evento é uma oportunidade para as áreas de inovação
das unidades regionais avaliarem, entenderem e verificarem o que a TI corporativa está fazendo atualmente”.
Eduardo observou ainda que governança corporativa
não se restringe a projetos técnicos, mas atua também na
gestão da TI, com base nas melhores práticas mundiais,
seja na parte de produção, processamento, armazenamento e gerenciamento. “Para que um projeto de governança de TI tenha sucesso não se deve ter medo de errar.
É fazer coisas fáceis de serem entendidas, coerentes e
não tentar reinventar a roda. Se der errado, deve-se tentar
novamente. Utilizar primeiro aquilo que se tem dentro de
casa, pois é mais barato e nos leva a ganhar apoio, dando
tranquilidade na execução”, afirma Eduardo.
A governança de TI vem ganhando status e está se
tornando parte da estratégia empresarial. A prova disso é
que a diretoria tem chamado a área para agregar valor,
aumentar as receitas e ajudar a alcançar os objetivos tan-
numa cadeira até o local com danos na linha.
Pelo antigo método, muitos eletricistas idosos
eram forçados a trabalhar só em terra. Agora estão felizes de voltar às alturas e convivendo com
aquele perigo todo que eles amam. A Empresa
tem 12 mil espaçadores em 751 torres. Daí dá
para se ter uma ideia da economia que a nova
técnica está gerando. Eles já estão pensando
em usá-la para outros serviços penosos, como
a troca de sinalizadores nos vãos das linhas altíssimas próximas a aeroportos e rodovias.
gíveis e intangíveis da Empresa. “Podemos
auxiliar a reduzir custos mediante melhorias
processuais e evitar perdas. Nos aspectos
intangíveis, podemos instruir as pessoas a
usar as ferramentas de TI, ajudando-as a obter os objetivos específicos e a conseguirem
a chamada horizontalidade, com as áreas
falando a mesma linguagem”, complementa
Eduardo.
Gestão de Contratos - A palestra “Sucesso
na gestão de contratos” apresentou a ferramenta Share Point, um portal de colaboração
em que se pode extrair, compartilhar informações e reelaborá-las com novos dados,
promovendo a disseminação. A palestrante,
a administradora de empresas Mariana Barros Fernandes de Oliveira (abaixo), afirmou que com o Share
Point foi possível padronizar a gestão de contratos tornando-a
muito mais ágil, categorizando o que é custeio e investimento,
e com acesso democrático. Ela lembra que o programa SAPR3 tem todas as informações financeiras do contrato, mas é
uma interface um pouco mais complicada que o Share Point.
O fato é que o processo de gestão de contrato envolve mais
que apenas o pagamento e a execução financeira. Há outros
marcos contratuais a gerenciar,
como data de entrega do material,
de pagamento e de encerramento. “São estas lacunas que o SAP
não prevê e o Share Point supre,
desde o recebimento das propostas, passando pela execução, as
penalidades, garantias técnicas,
extensões e termos aditivos. Ele
envia alerta por e-mail avisando
que o contrato precisa ser renovado, por exemplo.
“Antes, a troca dos espaçadores era feita
com uma escada pesada. Os mais hábeis percorriam os cabos andando. Em seguida, veio
o uso de uma grade com roldanas, a bicicleta,
que era puxada com uma corda pela equipe
de solo. Uma solução ainda penosa. A bicicleta
melhorou a lida, mas os equipamentos de troca dos espaçadores, as vestimentas isolantes,
aquilo tudo era uma pesada parafernália, e com
as altas temperaturas locais, logo o eletricista
estava molhado de suor. Sem falar que a velha
Eletronorte
Ouvido eletrônico - Agora vamos a um invento mais complexo: o “Localizador de faltas em
linhas de transmissão de energia elétrica por
meio de ondas viajantes: aplicação no sistema
Tramo-Oeste do Pará”, de autoria de Joaquim
Américo Pinto Moutinho (abaixo), do Centro de
Tecnologia da Eletrobras Eletronorte. As linhas
de transmissão são tagarelas: contam tudo que
se passa com elas. O cientista percebeu que as
linhas de transmissão repercutem até os menores distúrbios (pedradas, quebras de isoladores, rompimentos de fios do cabo, vandalismos
etc), por meio de ondas características, que
aguçam esse equipamento especializado em
ouvir até os mais íntimos murmúrios e fuxicos
eletrônicos. O benefício imediato: evitar blecautes. O método dele é importante, pois quando
se resolvem rapidamente os problemas numa
linha de transmissão, reduzem-se custos e se
evitam as penalidades da Agência Nacional de
Energia Elétrica - Aneel. Para se ter uma ideia,
a multa por uma hora programada para conserto de linha é de R$ 17.200,00; para as paradas
intempestivas sobe para R$ 158.208,00.
Veja como é ‘fácil’ o tal método, é
quase um papo de boteco! “Provocamos alguns curtos-circuitos na
linha para coletar dados e fazer os
cálculos. Foram momentos emocionantes. Até o povo lá de casa que
estava dormindo acordou. Eu
disse ‘calma gente’: isso
foi necessário para termos informações para o
chamado ‘fator K’, pois
quanto mais previsão
nesse fator, mais precisas serão as informações sobre onde
está o ponto de falta na
linha. Essas informações
chegam com diferenças de tempo. Usando a
fórmula chegamos ao erro de 0,2%, ou seja,
para uma linha de 200 km, esse erro estará no
espaço de quatrocentos metros. Analisando as
emissões dos fechos de ondas, na mesma situação, o erro foi de 0,067%. Então, comparando
os algoritmos de ondas com os algoritmos atuais existentes na Empresa para a localização de
faltas, podemos dizer que numa linha com 305
km de extensão, teríamos entre 19 km e 32 km
a vasculhar”, explica Moutinho.
E continua: “Isso significa que teríamos que
varrer de 75 ou até 109 torres para encontrar
a falta. Usando o método de ondas viajantes
o erro cai entre um e três km, uma distância
bem mais fácil de ser percorrida para eliminar
o problema. Então procuraremos o local da falta entre quatro torres. Por exemplo, no trecho
entre Altamira a Rurópolis (PA), com 302 km
de extensão, o erro apontado pelo método de
ondas viajantes foi de 0,063%, ou seja 422 metros ou a procura de uma falta entre duas torres
apenas. Conclusão: chego mais rápido ao local
do problema e o resolvo, com resultados positivos no cálculo da chamada Parcela Variável e
melhores ganhos na Remuneração Anual Permitida - RAP”, finaliza.
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
manter o equilíbrio e giram ficando de cabeça
para baixo. Ora, quem descansa de cabeça para
baixo é morcego, então elas vão embora. A tese
de Jader é simples: não é necessário espantálas das suas milenares rotas migratórias, temos
que, como manda a regra da boa vizinhança,
conviver com elas. A teia de Jader isola apenas o local específico que se quer manter limpo. “Numa torre de transmissão, por exemplo,
pode-se isolar a parte superior em que estão os
cabos e permitir que as aves façam seus ninhos
na parte inferior sem problemas. O custo evitado, por desligamento da rede por 20 minutos
para limpezas das linhas, é de R$ 800 mil”.
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Softwares - É da Usina Hidrelétrica Tucuruí,
única planta de energia no mundo a receber o
Prêmio Especial de Execução de TPM, e que
faz parte da unidade mais inovadora, que vem
um dos trabalhos premiados na Faixa Ouro do
Prêmio Muiraquitã. O engenheiro eletricista
Davi Carvalho Moreira apresentou o trabalho
“Desenvolvimento de um sistema computacional para análise dos efeitos da expansão e modernização da UHE Tucuruí”, feito em parceria
com a Universidade Federal do Pará - UFPA.
O que motivou o trabalho foi o fato de o Sistema Interligado Nacional - SIN estar em constante expansão, tanto em unidades geradoras,
como na parte de transmissão, com novas linhas, transformadores, reatores, uma vez que
os parâmetros elétricos do sistema mudam a
cada expansão, causando alterações nos reguladores de velocidade de tensão e nos estabilizadores de potência.
Essa necessidade de atualização dos parâmetros elétricos tornou-se premente a partir de
2003, com a entrada em operação comercial
das 11 unidades geradoras da segunda casa
de força de Tucuruí. “Os parâmetros reguladores dessas unidades precisavam ser atualizados. Nós verificamos que não havia um estudo
desses parâmetros e por isso foi proposto esse
projeto”, explica Davi.
O objetivo do trabalho foi desenvolver um
sistema computacional para a realização de estudos dinâmicos e a proposição dos ajustes nos
parâmetros dos reguladores de velocidade e
tensão de Tucuruí. A primeira etapa do trabalho
foi a criação do software DynaPower, que está
registrado no Instituto Nacional de Propriedade
Intelectual - Inpi.
Depois de feita toda a modelagem dos sistemas elétricos, os ajustes e os diversos ensaios em campo, foi confirmada a aplicação
do software. “O resultado foi a confirmação da
proposição dos ajustes dos reguladores, o que
Newton Teixeira
Davi Carvalho
vai aumentar a capacidade operacional, evitar
desligamentos indevidos e aumentar a confiabilidade da nossa Usina”, acrescenta Davi.
Outro software, desenvolvido na Regional de
Transmissão do Maranhão, o “Sistema de informação da operação em tempo real - SioTr”,
possibilitou a criação de um banco de dados e a
análise do histórico de desligamentos, alarmes
emitidos, número de manobras em disjuntores
e carregamento de equipamentos, entre outros.
“As informações agora estão concentradas em
um único sistema, que permite adicionar outros relatórios importantes para a operação e
manutenção.”, informa o analista de sistemas
Newton Teixeira.
Óleo e névoa - Da Regional de Produção do
Amapá vêm mais dois vencedores do Muiraquitã: Raimundo Barros e Fernando Jansen.
Raimundo representou a equipe que criou o
“Simulador de teste do módulo eletrônico do
detector de névoa (água ou óleo)”, criado depois da identificação de falhas entre 2008 e
2010 nas unidades Wärtsilä que integram o sistema térmico de Macapá. Numa determinada
ocasião, houve a queima de todos os aparelhos
de detecção de névoa do motor, ocasionando
um blecaute temporário na região.
Eletronorte
Medidores unidos - Dimitri Ramos Rodrigues
(acima, o segundo da direita para a esquerda,
com a equipe de TI) é formado em tecnologia da
informação e trabalha na Superintendência de
Tecnologia da Informação. Ele apresentou o “Sistema de medição para faturamento na Eletrobras
Eletronorte”. O método de sua equipe é semelhante ao feito pelos medidores residenciais, só
que medem a quantidade, a qualidade e outras
informações sobre a energia transmitida nas linhas. De 2008 para cá, os medidores passaram
a ser integrados a uma rede de comunicação de
dados. Em cada medidor foi instalada uma placa
de rede IP para que a coleta das informações pudesse ser feita por meio da rede de dados. A tecnologia possibilita o repasse de dados, pela área
de comercialização, à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE, em São Paulo.
Transformadores, reatores e perplexidade
– Já em relação aos trabalhos inéditos do PIQ,
durante a apresentação do tema “Melhoria no
controle da condição operacional dos transformadores e reatores de potência da Eletrobras
Eletronorte”, por Fernando de Souza Brasil, da
Divisão de Tecnologia de Ensaios; o membro da
Banca Examinadora, o engenheiro eletricista e
gerente do laboratório de metrologia da Chesf, e
professor especializado em engenharia de produção da Universidade Federal de Pernambuco,
Joel de Jesus Lima Souza (abaixo), emocionouse, pediu a palavra e fez uma observação importante sobre manutenção das
buchas dos transformadores.
“O colega disse que houve
o estouro de quatro transformadores em 2002 e 2005,
e, então, em 2008, foi solicitada uma solução para o
problema, mas ficou
faltando uma verba
pequena. Pareceme um valor muito
baixo em relação
ao que já havia
acontecido, pois
tanto os transformadores, quanto
os ensaios sempre
são caros. Achei interessante que essa equipe
tenha conseguido convencer o pessoal de que
eles poderiam fazer aquele ensaio ali no local.
Estou admirado. São coisas assim que trazem
uma grande economia para a Empresa. O custo evitado, a economia de dinheiro público, o
tempo ganho revitalizando e testando as peças
no seu local de uso e ainda a regionalização da
tecnologia são fatores relevantes nessa questão. A iniciativa trouxe uma tecnologia de ponta e pioneira para as regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste. Esse trabalho tem méritos sob
vários aspectos”.
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
guarda dos eletricistas tem problemas de coluna. A grua com cadeira melhorou a postura e
a forma de se trabalhar é tranquila, pois o eletricista faz a aproximação do potencial elétrico,
equaliza com a fita, chega onde está o problema e faz a troca dos espaçadores, com a linha
ligada. Caso ele passe mal, pode-se recolher a
grua de forma rápida e prestar o socorro rapidamente. Antes, outro eletricista tinha que subir
na torre para salvar o colega. Com a escada se
levava até 30 dias para trocar 50 espaçadores;
com a corda e a bicicleta, caiu para seis dias de
trabalho, e agora com a grua, são 25 minutos
para trocar um espaçador. O custo médio para
se trabalhar com seis eletricistas era de R$ 28
mil; para se trabalhar com a corda e a gaiola, o
custo caiu para R$ 15 mil; e com o uso da grua,
caiu para R$ 12 mil. E a grua já se pagou”,
afirma Márcio Robert.
“As premissas para ajudar a CCEE no processo eram inserir os medidores na rede de
dados; criar o gerenciamento dos medidores;
e mapear a estrutura de rede com acesso à
CCEE, passando por Brasília, e de lá até os medidores das unidades regionais, usando a rede
de dados. A Eletrobras Eletronorte é obrigada
por lei a enviar os dados. Para se ter uma ideia,
apenas um medidor fora de ação por quatro
dias gera uma multa e de R$ 312 mil. Com
o mapeamento da estrutura de rede, quando
surgem interferências, informamos ao pessoal onde o problema está. Antes não tínhamos
um software que permitisse esse acompanhamento. Hoje, a Empresa tem tudo mapeado e
as áreas afins, das regionais e da Sede, conseguem visualizar o problema. No passado só
sabíamos que um medidor tinha caído quando
a CCEE nos avisava. Agora, a coisa está mais
transparente, temos medidores interligados até
em Santa Elena, na Venezuela. De 2008 para
cá nunca mais fomos multados. Quando levantamos da cadeira para conhecer a Empresa
vemos que podemos melhorá-la e percebemos
como ela é grandiosa”, enfatiza Dimitri.
correntecontínua 11
Baterias e medidores - O superintendente do
Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte,
Francisco Roberto Reis França, participou do
projeto de “Desenvolvimento de sistema integrado e automatizado de equipamentos para
medição de impedâncias, para monitoramento
de banco de baterias”, também chamado de
WebAcumuladores. O objetivo é fazer o monitoramento das baterias utilizadas nas instalações
da Eletrobras Eletronorte, utilizando a internet
para a transmissão de dados.
O projeto surgiu há dois anos, quando um
blecaute atingiu Belém e outros municípios do
Pará após um problema no banco de baterias
da Subestação Vila do Conde. Agora, o sistema
é capaz de monitorar e diagnosticar o estado
de cada elemento dos bancos de baterias das
instalações da Empresa. Os dados são enviados
para a intranet da Empresa.
E nós podemos pensar no futuro sem baterias? Segundo França (abaixo à esquerda),
não. “Sem bateria não adianta nem pensar em
energia eólica, nem solar, porque esse tipo de
energia precisa, necessariamente, ser armazenada. Ainda é preciso fazer muita pesquisa em
bateria. A tendência é instalar esse sistema de
monitoramento em todos os bancos de baterias
utilizados em nossos sistemas.”
É, também, do Centro de Tecnologia que
vem o projeto do “Medidor de campo elétrico”,
criado para atender a resolução normativa da
Aneel nº 398/2010, que define os limites à exposição humana a campos elétricos e magnéticos nas subestações. A Empresa não possuía
instrumentos para esse tipo de medição. Com
prazos apertados para atender à lei de licitação,
decidiu-se por construir um equipamento.
“Nós construímos um medidor experimental,
depois fizemos uma segunda versão e, finalmente, chegamos à versão atual, menor e mais leve.
Nós utilizamos uma vara de manobras, acoplamos o medidor na extremidade e desenvolvemos
também uma bobina e duas placas paralelas
para fazer a medição”, explica o engenheiro de
manutenção elétrica Júlio Salheb (acima).
Depois que o medidor foi construído, foi preciso calibrar o instrumento, o que só foi possível após o desenvolvimento de um sistema de
campo elétrico e magnético no Laboratório de
Calibração de Grandezas Elétricas. Detalhe: o
custo do projeto foi de apenas R$ 700,00 e o
preço de um instrumento desses no mercado é
de aproximadamente R$ 50 mil.
Fadiga de materiais - Em parceria com a Universidade de Brasília - UnB, foi desenvolvido o
projeto de “Identificação das condições de falhas
por fadigas em materiais usados na fabricação
de pás de turbinas hidráulicas”. Apresentado
pelo gerente do projeto, o engenheiro mecânico
Menezes Ferreira de Lima (abaixo, à direita), o
Eletronorte
Redes inteligentes - Para inserir a Empresa
no contexto em que todo o Setor Elétrico brasileiro busca definir as novas tecnologias para
a distribuição e medição de energia elétrica, e
formar as chamadas redes inteligentes de energia, ou smart grids, foi desenvolvido o “Software
para o centro de medição fasorial síncrona da
Eletrobras Eletronorte”.
Os centros de operação recebem milhares
de informações todos os dias sobre os sistemas
elétricos, enviadas por instrumentos que estão
no campo. “Todo o sistema da Eletrobras Eletronorte recebe em torno de 128 mil variáveis
como tensão, corrente, potência, estado dos
disjuntores, relé de proteção, posição de válvula, entre outros. O problema é que essas informações precisam ser sincronizadas”, afirma
o engenheiro de manutenção eletrônica Daniel
Augusto Martins (abaixo).
Com o sistema de medição fasorial síncrona
é possível fornecer o estado do sistema elétrico
como uma fotografia real e instantânea. Hoje,
isso é possível por meio de um instrumento de
medição digital denominado PMU, juntamente
com a tecnologia do GPS, que permite sincronizar a informação.
“O nosso objetivo foi oferecer
essas informações sincronizadas para a Empresa. Como o
GPS tem a hora padrão com a
precisão de um milésimo
de segundo, ele sincroniza as unidades de medição e
toma a mostra
precisa das grandezas elétricas. Esse é o estado
da arte e permitirá a reavaliação de parâmetros
e a precisão do monitoramento dos sistemas”,
acrescenta Daniel.
Eletrobras
Eletronorte
Eletrobras
12 correntecontínua
O motor da unidade geradora contém um detector
de névoa (ao lado), que realiza a análise da presença
de vapor ou de água no óleo
lubrificante. O vapor de óleo
é formado se a temperatura
no interior for muito alta, significando anormalidade no
funcionamento do motor. “O
óleo lubrificante com temperatura muito alta passa a ser
combustível. Se houver névoa, qualquer centelha pode
transformar o equipamento
numa verdadeira bomba”,
diz o técnico instrumentista
Raimundo Barros (acima),
lotado na Divisão de Geração
Térmica do Amapá.
O projeto constitui-se de
uma placa e de um módulo
eletrônico, com a utilização
de um recipiente para simulação de névoa em
laboratório. O simulador possibilitou a recuperação de três módulos eletrônicos com
defeito, gerando uma economia para
a Empresa de aproximadamente R$
120 mil. Mas os resultados mais
importantes foram a diminuição
da indisponibilidade de unidades
geradoras e a redução de 25% no
consumo de combustível, além
do aumento da segurança
do colaborador.
O técnico de manutenção de equipamentos
eletrotécnicos Fernando
Jansen (ao lado), da
Divisão de Transmissão do Ama-
pá, participou do projeto da “Plataforma virtual
de simulação do funcionamento operacional
e gerenciamento de subestações e processos
industriais”. Um dos principais problemas enfrentados na proteção e controle da Subestação
Santa Rita era a impossibilidade de realização
de testes de funcionamento da planta em regime de operação. Para realizar esses testes
seria necessário solicitar uma ordem especial
de serviço.
Com o objetivo de simular as funcionalidades
da subestação, padronizar os procedimentos de
manutenção e auxiliar na análise preventiva de
falhas, o projeto foi iniciado por meio da conversão das lógicas existentes nos projetos originais
em lógicas do programa Microsoft Excel. “Esse
projeto possibilitou a integração da gestão da
manutenção, operação e funcionalidades da
planta e a redução do homem-hora com manutenção”, declara Jansen.
correntecontínua 13
14 correntecontínua
Feira de ideias - Realizada em paralelo às
apresentações da III Seci, a V Feira de Inovação Tecnológica expôs várias inovações desenvolvidas por colaboradores, com potencial para
serem comercializadas ou utilizadas em outras
empresas.
São tecnologias como o “Dispositivo de abertura mecânica de emergência em disjuntores a
gás SF6 Siemens”, desenvolvido pelos técnicos
de manutenção elétrica Heitor Lindholm de Oliveira e Ivaldo Muniz, da Regional de Produção
do Amapá. A motivação do trabalho foi um curto-circuito num dos estatores de uma unidade
geradora da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes.
Apesar da atuação das proteções, o disjuntor
principal estava bloqueado, causando o desligamento das outras duas unidades da Usina e das
unidades da Usina Térmica Santana, ocasionando blecaute no sistema elétrico do Amapá.
Com o projeto, o desligamento do disjuntor,
que era feito somente por comando elétrico,
agora pode ser feito também com o acionamento manual de emergência. “Essa é mais
uma opção de abertura do disjuntor, garantindo a confiabilidade do sistema. No entanto,
quando a abertura remota falhar, o dispositivo
de emergência poderá ser acionado imediatamente com toda a segurança, evitando perdas,
como já ocorreu, do estator e do enrolamento
do amortecedor do rotor”, explica Heitor.
Ferramentas “simples” - Às vezes, as inovações são simples, porém com um imenso potencial de utilização, como o “Dispositivo de troca
de válvulas (registro) de dreno enchimento ou
coleta de óleo de reatores e transformadores”.
O técnico de operação e instalação Adolfo Alves
dos Santos, lotado na Regional de Transmissão
do Tocantins, diz que o principal problema enfrentado era a indisponibilidade dos equipamentos por vários dias, podendo ocorrer a incidência
José Lima, primeiro à esquerda, demonstra seu invento
da Parcela Variável, se houvesse a indicação da
necessidade da drenagem do óleo.
A introdução do dispositivo (abaixo, ao centro) pelo interior da válvula permite estancar e
realizar a drenagem do óleo, reduzindo, consideravelmente, o tempo de manutenção. “O dispositivo permite a substituição da válvula tipo
gaveta ou esférica em menos de 30 minutos,
sem a necessidade de drenagem do compartimento e reduz o custo de eventuais obras”,
afirma Adolfo (abaixo à esquerda).
O indefectível Jessé Lima de Assunção, atualmente lotado na Divisão de Transmissão do
Maranhão, possui vários prêmios do PIQ e do
Muiraquitã. Técnico de manutenção mecânica,
ele trouxe para a III Seci o “Kit limpador interno
de cilindros acumuladores de
diversos tipos de equipamentos” e participou do projeto do
“Dispositivo para montagem e
desmontagem de êmbolo de
cilindro acumulador de equipamentos”.
O kit limpador é constituído por um manípulo ligado a um motor elétrico com uma manta
de feltro que executa a limpeza dos cilindros. O
segundo dispositivo evita o emperramento do
êmbolo dentro do cilindro, quando é necessário
fazer a limpeza e a montagem ou desmontagem da peça. “Essas ferramentas promovem
a melhoria e a garantia da limpeza do equipamento, a redução do esforço físico e do tempo
de reparo, e a precisão da manutenção”, afirma
Jessé.
Na Regional de Transmissão de Mato Grosso, o especialista de manutenção João Leandro
Sobrinho (abaixo à direita), participou da “Confecção de suporte metálico para retirada de
chave seccionadora em serviço de potencial e
com desligamento em subestações”. A falta de segurança
para a execução do serviço
nas chaves seccionadoras,
feita com cordas, era o principal problema enfrentado. O
desenvolvimento de um su-
Eletronorte
Eletrobras
Eletronorte
Heitor
Lindholm e
o dispositivo
inovador
O trabalho contribuiu para a consolidação
da pesquisa na área de materiais, fadiga e
fratura e já possibilitou a capacitação de seis
teses de doutorado, além da publicação de artigos técnicos em diversas publicações e congressos. O projeto resultou na adequação de
um amplo laboratório e na modernização das
máquinas de ensaio, que estão à disposição da
Eletrobras Eletronorte na UnB. A tecnologia de
projeto contra fadiga em determinados tipos de
aço também está disponível para utilização em
novos projetos, bem como a tecnologia de reparos de rotores hidráulicos utilizando materiais
inoxidáveis.
Eletrobras
trabalho foi iniciado após o surgimento de trincas
com dez mil horas de funcionamento das unidades geradoras de Tucuruí.
Durante a manutenção preditiva, foram realizadas análises utilizando-se a metalografia
e a fractografia, que constataram um perfil típico de falha por fadiga, podendo ocasionar a
propagação de trincas e de uma fratura, com a
consequente perda de funcionalidade da unidade e enormes prejuízos financeiros. O projeto
foi iniciado para melhorar os procedimentos e
eliminar o problema nas novas máquinas, além
de aumentar a confiabilidade do sistema de
geração, por meio da identificação de modelos
mecânicos para a previsão da vida útil e da resistência à fadiga de pás de hidrogeradores.
Com os dados obtidos foram levantadas hipóteses sobre as causas das falhas, bem como
possíveis medidas que minimizassem o aparecimento de trincas. “Os reparos foram feitos,
tiramos os corpos de prova e as máquinas voltaram a funcionar normalmente. Isso também
nos possibilitou discutir melhor os problemas
com os fabricantes”, declara Menezes.
correntecontínua 15
Eletrobras
Eletronorte
Empresas estatais superam privadas em inovações
O Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE divulgou, em abril
de 2011, os resultados da Pesquisa de
Inovação nas Empresas Estatais Federais 2008 – Pintec 2008. A Pesquisa de
Inovação nas Estatais, realizada com o
apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, é a primeira iniciativa do IBGE no
que se refere à mensuração do investimento em P&D pelas empresas do setor
de energia elétrica.
Ela envolveu uma lista de 118 empresas estatais federais acompanhadas
pelo Departamento de Coordenação e
Governança das Empresas Estatais – Dest. Depois de excluídas 47 empresas as quais não se enquadravam nos requisitos, o âmbito final contou com 71 empresas.
A gerente da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE,
Fernanda Vilhena (foto), explica que “o Dest teve importância na mobilização das empresas e na seleção do informante;
o Ministério de Ciência e Tecnologia auxiliou na delimitação
conceitual e treinamento dos informantes; e o IBGE se responsabilizou pelo planejamento, treinamento, coleta de dados, crítica dos dados e divulgação dos resultados”.
A pesquisa revelou que entre 2006 e 2008, 68,1% das
empresas estatais federais foram inovadoras contra 38,6% de
empresas privadas. “A análise da taxa de inovação segundo
o referencial de mercado mostra que 27,8% das empresas
estatais federais realizaram inovação de produto para o mercado nacional e 29,2% implementaram processo novo para
16 correntecontínua
o setor no Brasil. Esses percentuais
são bem superiores aos verificados
na Pintec 2006 (4,4% e 2,4%, respectivamente), o que pode ser explicado pelo fato de que grande parte
das empresas estatais federais tem
a característica de serem as únicas
produtoras de determinado bem ou
única ofertante daquele serviço”, esclarece Fernanda.
Em relação às dificuldades encontradas pelas empresas públicas e
privadas nos processos de inovação,
Fernanda afirma que as empresas
inovadoras, excluídas as estatais federais, listaram como
principais entraves para a inovação os elevados custos,
riscos econômicos excessivos, falta de pessoal qualificado
e escassez de fontes apropriadas de financiamento. Já as
empresas estatais federais inovadoras destacaram que os
principais obstáculos enfrentados foram a rigidez organizacional e a dificuldade de se adaptar a padrões, normas e regulamentações, bem como a falta de pessoal qualificado.
Para Fernanda Vilhena, “as empresas estatais federais
foram, em sua maioria, inovadoras entre 2006 e 2008,
sendo essa inovação baseada, sobretudo, no investimento
em P&D realizado dentro ou fora das empresas. Essas inovações ocorreram principalmente por meio de cooperação
com universidades, em que o objeto da cooperação foi a
realização de P&D; e fornecedores, no qual o objeto foi
treinamento e assistência técnica”.
Na maioria dos casos, as melhorias interessam à Empresa como compradora. Nestes casos não se pode buscar a patente e nem auferir
royalties. Entretanto, poderão ser negociadas
vantagens e abatimentos nas próximas aquisições, ou mesmo um pagamento em dinheiro.
O indicado é que o fornecedor peça a patente
para si e a Empresa ganhe pelas inovações introduzidas por meio de um contrato de transferência de tecnologia. “E o inventor vai levar
20% do que for levantado. Assim, todo mundo
ganha. Essa será, em breve, a nova revolução
em matéria de incentivos à iniciativa pessoal na
Eletrobras Eletronorte. Nós já temos um contrato de transferência de tecnologia averbado pelo
Inpi, portanto é possível”, reforça Neusa.
Examinadores. A Banca Examinadora foi
composta por avaliadores externos e internos
com experiência no Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ e na certificação ISO. O nível
profissional dos examinadores mostrou o respeito da Empresa pelos colaboradores. A professora Terezinha Pereira de Oliveira disse que
veio para avaliar, mas que também aprendeu:
“Agradeço as sugestões e ideias. Foi difícil chegar ao término com tantos trabalhos excelentes.
A experiência contribuiu para eu dar um passo
a frente na minha forma de ver as coisas. Tenho
a tendência em ser acadêmica. Aqui pude ver
como que, com a multidisciplinaridade, e até
com as diferenças, se consegue obter grandes
resultados. Estou estarrecida com a criatividade, com o nível de informação, a inovação, a
inteligência e o espírito de cooperação entre as
pessoas”.
Não seria possível realizar os projetos da Empresa sem a parceria de diversas instituições
como a Universidade Federal do Pará – UFPA,
Universidade de Brasília – UnB, Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia – Coppe,
Instituto de Tecnologia para o
Desenvolvimento – Lactec e
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações – CPqD.
O doutor em engenharia
elétrica José Rossi (ao lado),
pesquisador do CPqD-Campinas (SP), explica que a instituição está começando um
projeto com a Eletrobras Eletronorte de pesquisa de borrachas de vedação
utilizadas em transformadores e geradores. O
CPqD também está iniciando outro projeto de
sensor ótico de proximidade de eixo e gerado-
Banca Examinadora
res, e já finalizou três projetos, em parceria com
a Empresa, de sensores óticos de hidrogeradores, monitoramento de linhas de transmissão e
degradação de materiais de isoladores.
“Nós temos uma parceria longa e bem frutífera, sempre com parcerias locais. Eu já participei de outros eventos da Empresa, desde os
primeiros PIQs e acho muito interessante essa
lógica de premiar a pesquisa e as soluções inovadoras, o que só incentiva a criatividade dos
colaboradores e pesquisadores.”
Esses moços! - Eden Damasceno ressalta
que o PIQ tem 15 anos e, portanto, é um adolescente inquieto, mas que a cada ano inova.
E que não poderia deixar de falar com emoção
das outras ‘crianças’: o Prêmio Muiraquitã, com
cinco anos; e os outros com dois, o Seminário de Tecnologia da Informação e a Feira de
Inovação. “Estão presentes aqui todos os inovadores, criativos, inquietos e competidores da
nossa Empresa. Esse é um encontro de mentes
criativas, demonstrando processos de inovação
com resultados efetivos, ajudando nas questões estratégicas, que permite a sobrevivência
da Empresa. Aqui entendemos a essência da
Empresa. Quando se entra nos espaços dos
trabalhos e nota-se a melhoria, a eficiência
dos processos empresariais, da produtividade.
Essas conexões vão atender aos objetivos empresariais estabelecidos no Plano Estratégico
2011-2020. O que está se mostrando aqui é o
resultado de várias iniciativas de vanguarda em
que a Eletrobras Eletronorte é referência”.
Eden fez ainda uma breve síntese das três
edições da Seci: “A primeira veio com as oportunidades do PIQ e do Prêmio Muiraquitã, num
momento no qual nasceram vários trabalhos
inéditos de inovação e de criatividade, e foi
realizada tendo como apresentadores os traba-
Eletronorte
Patentes - Este é um tema que tem tirado o
sono da superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Eficiência Energética,
Neusa Maria Lobato Rodrigues. Quem inventa
alguma coisa têm que ser recompensado pelo
seu esforço, mas nem sempre é assim. Muitos
inventores queixam-se de que criaram melhorias que os fabricantes introduziram nos seus
equipamentos e máquinas, gratuitamente. Além
disso, várias vezes a própria Eletrobras Eletronorte comprou esses itens já com as modernizações inseridas sem obter nenhum tipo de
compensação nem para si, nem para os inven-
tores. Ademais, perante o
mercado, os fabricantes
ainda eram reconhecidos
como inovadores.
Neusa, (ao lado), acredita poder destravar a
questão: “Estamos buscando os caminhos para
viabilizar a divisão dos ganhos com os inventores.
Há melhorias que não
são passíveis de pedido
de patente. Mas, há situações em que se pode
pedir o reconhecimento da autoria da melhoria
por meio do modelo de utilidade, ou seja, são
inovações dentro de um equipamento, de interesse do próprio fabricante. Estamos tratando a
questão como segredo de indústria. Vamos chamar as indústrias e colocar a questão na mesa:
nós sabemos como melhorar a sua máquina,
vai querer saber como é? E vai pagar quanto?”.
Eletrobras
porte metálico com três pontos de travamento
na chave seccionadora resolveu o problema.
“Com esse equipamento nós conseguimos
achar o centro de peso da chave e descer o
equipamento com eficiência na posição horizontal, o que garante a qualidade do serviço e a
segurança da equipe.”
correntecontínua 17
Resultado Final V Prêmio Muiraquitã - Colaboradores
Regional
de Produção
do Amapá
Plataforma virtual de
simulação do funcionamento
operacional de subestação
e processos industriais
Software
de Apoio a
Engenharia
Fernando da Silva Jansem
Faixa Ouro
Regional
de Produção
do Amapá
Simulador de teste
do modulo eletrônico
do detector de névoa
(Água ou óleo)
Geração
Térmica
Raimundo da Merces
Oliveira de Barros João
Bosco Pureza da Silva
Afonso Celso Viana Abreu
José Carlos da Silva Theles
Faixa Ouro
Regional de
Transmissão
do Maranhão
Sistema de informação
da operação em tempo
real - SIO@TR
Software
de Apoio a
Engenharia
Newton Teixeira
do Nascimento Júnior
Faixa Ouro
Regional de
Transmissão
do Pará
Software desenvolvido para
o centro de medição fasorial
síncrona da Eletronorte
Software
de Apoio a
Engenharia
Daniel Augusto
Martins Joaquim Américo
Pinto Moutinho
Faixa Ouro
Resultado Final V Prêmio Muiraquita - P&D
Superintendência
de Produção
Hidráulica
Eden e Álvaro;
e o grande
público
da III Seci
Desenvolvimento de um sistema
computacional para análise dos efeitos
da expansão e modernização da UHE Tucuruí
Davi Carvalho
Faixa Ouro
Resultado XV PIQ
18 correntecontínua
mica da Inovação”. O modelo inovador japonês de Gestão do Conhecimento de Nonaka
e Takeuchi é composto por quatro estágios de
conversão entre o conhecimento tácito e o explícito, denominado SECI, a saber: Socialização,
Externalização, Combinação e Internalização.
Acredito que juntos conseguimos, durante a III
SECI, promover os quatro estágios de Nonaka e
Takeuchi, tanto na dimensão profissional quanto na pessoal: socializamos, externalizamos,
combinamos e internalizamos”.
É isso aí, fomos de Seci a saci, de Peri ao
hi-tech.
Modalidade Trabalho Inédito - Categoria Apoio - 1º Lugar
Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte
Medição de campo elétrico visando atender a resolução Aneel nº 398/2010.
Júlio Antônio Salheb do Nascimento, Manuel Joaquim da Silva Oliveira,
Fernando Wilson Sousa Conceição, Ipojucan Lopes de Carvalho, Oswaldo Gonçalves dos Santos Filho,
Gecivan de Sousa França, Olavo Pedro Pereira
Modalidade Trabalho Inédito - Categoria Finalístico - 1º Lugar
Regional de Transmissão do Pará – Redução do esforço físico
e aumento da segurança do eletricista, no serviço de troca de espaçadores em linha viva.
Marcio Robert da Silva Ribeiro e Ozias Xavier Neves
Eletronorte
lhadores mais antigos. A II Seci foi o momento
rico do encontro de duas gerações. A III Seci
foi a consolidação dessa integração: o entrelace
do pensamento científico extraído das equipes
mescladas de pensadores novos e outros mais
vividos”.
Ao final da III Seci, Álvaro Raineri descobriu
uma feliz coincidência: “Analisem e concluam
se é uma coincidência ou predestinação. Nonaka e Takeuchi revolucionaram e se tornaram
os papas da gestão do conhecimento ao lançar
o livro “Criação de Conhecimento na Empresa:
Como as empresas Japonesas Geram a Dinâ-
Modalidade Trabalho Consolidado - Categoria Finalístico - 1º Lugar
Regional de Transmissão de Rondônia / Acre – Sistema de ventilação eólica para galeria
de cubículos de disjuntores de 13,8 kV na subestação Alfaville.
Salomão David de Araújo Alves Pereira, Moacir Ferreira Rios Jr, José Francisco Rabelo,
Manoel de Jesus Privado, Francisco Chagas Silva, Décio Cavallieri, Salustiano Ribeiro Duarte,
Grigório Pacheco, Laércio Souza Vieira, Lúcio Caetano da Silva, Walmy Carvalho José Luiz Sampaio,
Raimundo Nonato Lemos da Silva, Manoel Melo
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
Modalidade Trabalho Consolidado - Categoria Apoio - 1º Lugar
Superintendência de Finanças – Retenção de Tributos na fonte: procedimentos
adotados na Superintendência de Finanças da Eletrobras Eletronorte.
Henrique Moreira Campos
correntecontínua 19
Michele Silveira
Excêntrico. Louco. Mágico.
O búlgaro Nikola Tesla ficou
conhecido como o “homem
que queria levar energia gratuita a todos”. Acreditava
que poderia levar energia
para todos e sem custos. O
sobrenome faz companhia
nas aulas de física na escola,
mas há quem considere ainda
uma injustiça o abandono de
seu legado. Tesla inventou a
corrente que sai da tomada, a alternada. Sua
excentricidade rendeu a inovação que tornou
a vida muito melhor. Suas patentes e seu trabalho teórico formam as bases dos modernos
sistemas de potência elétrica em corrente alternada, incluindo os sistemas polifásicos de
distribuição de energia.
Tesla viveu entre 10 de julho de 1856 e 7 de
janeiro de 1943. Aos 35 anos, em 1891, desen-
20
volveu a sua invenção de referência: a bobina Tesla, a base
para o rádio, televisão e meios
modernos de comunicação
sem fio. O cientista ficou famoso por suas apresentações
teatrais nas quais os leigos
pouco compreendiam os assuntos, mas maravilhavamse com os raios elétricos que
saíam de bobinas brilhantes
e lâmpadas sem fio que se
acendiam ao entrarem em
contato com a mão.
Não é à toa que o rótulo de “cientista maluco” lhe caía bem. Mas são os próprios cientistas que afirmam: “Criatividade e loucura são
primas próximas”. A afirmação é do especialista em robótica Daniel Wilson. Ele pesquisou
a biografia de alguns dos mais famosos cientistas da história – fictícios ou reais - e identificou depressão, bipolaridade e outros distúrbios
psicológicos como alguns dos problemas mais
comuns enfrentados por mentes brilhantes que
figuram tanto nos livros de história como em
romances, filmes e histórias em quadrinhos.
A pesquisa foi publicada no livro ‘A galeria da
fama dos cientistas malucos’ que, com bom
humor, mostra que sanidade e genialidade nem
sempre andam juntas.
Foto: Wikipédia
Transmissão
Nas linhas do Madeira,
tecnologia vai resultar em
economia de R$ 50 milhões
21
22 correntecontínua
comparadas quatro alternativas de cabos condutores: a primeira delas a solução de referência indicada no edital da Agência Nacional de
Energia Elétrica – Aneel: cabo de alumínio com
alma de aço (CAA); cabo de liga de alumínio
(CAL); cabo de alumínio com alma de liga de
alumínio (ACAR); e cabo de alumínio (CA)”,
explica Marcos César, citando o trabalho realizado em parceria com as outras integrantes
do consórcio.
Vibração eólica - Na primeira fase dos estudos, os cabos CAA e CAL foram descartados
em face da grande desvantagem econômica
imediatamente constatada em relação às outras
duas opções. A partir daí, foram aprofundados
os estudos e comparações técnicas entre os
cabos, com ênfase nos condutores CA e ACAR,
concluindo-se pela vantagem técnico-econômica do cabo CA associada à viabilidade de sua
utilização com tracionamento mecânico diferenciado. “Essa possibilidade está sendo utilizada tanto no bipolo I como no bipolo II. Tivemos muita atenção com a vibração eólica, com
estudos específicos para o amortecimento dos
cabos para evitar a fadiga e um possível rompimento. A diferença no tratamento mecânico
do cabo resultou num processo que poderá ser
reproduzido em outras situações”, explica.
A vibração eólica é mais um desafio das tecnologias de transmissão. Numa parceria com
pesquisadores do Departamento de Engenharia
Elétrica da Universidade Estadual de Londrina,
a Eletrobras Eletrosul desenvolveu o protótipo
de um vibrógrafo (abaixo) – equipamento que
mede as vibrações eólicas e o esforço que elas
A transmissão
a longas
distâncias
é o desafio
das novas
tecnologias
Eletronorte
É aquela velha história: de médico e louco...
E há quem garanta: é esse pouco que faz a diferença. Na Eletrobras Eletronorte, esse pouco
é muito. A Empresa leva a sério seus cientistas
e investe em invenções que já foram levadas
a diversos agentes do setor. O cenário é desafiador.
Até 2014 o Brasil terá um excedente de cinco mil a seis mil MW de energia. A declaração
do presidente da Empresa de Pesquisa Energética - EPE, Maurício Tolmasquim, foi dada
no início do mês de junho de 2011 e, segundo
ele, há muito tempo o País não convivia com
uma situação hidrológica tão favorável. A previsão é promissora. Mas a pergunta do momento
é: nossas linhas de transmissão estarão prontas para o crescimento da oferta de energia?
Licenças ambientais, reduzir perdas e vencer
grandes distâncias, algumas delas em áreas de
difícil acesso, são alguns dos desafios dos sistemas de transmissão.
Para Marcos César de Araújo, gerente de
Projeto e Linhas de Transmissão da Eletrobras
Eletronorte, a inovação é o diferencial no futuro da tecnologia de transmissão. “Temos aí
os grandes desafios da transmissão em longas
distâncias e precisamos ser também cada vez
mais competitivos”. César é um dos autores
da tecnologia que vai resultar na economia de
aproximadamente R$ 50 milhões nas linhas do
Complexo do Madeira. “Trabalhando a forma
de tracionamento mecânico, poderemos usar
cabos de alumínio nessa linha”.
Um dos dois circuitos do linhão do Madeira será construído pela sociedade de propósito específico (SPE), Norte Brasil Transmissora
de Energia, formada por Eletrobras Eletronorte,
Eletrobras Eletrosul e Abengoa. Os 2.375 quilômetros a serem percorridos de Porto Velho, em
Rondônia, até a cidade paulista de Araraquara,
fazem das linhas do Madeira o maior sistema
de transmissão do mundo.
Segundo Marcos César (abaixo), por sua
grande extensão, assim como por suas demais
características técnicas, os vultosos custos de
implantação e manutenção da linha de corrente contínua demandaram estudos e avaliações
especializadas na busca
da solução técnico-econômica mais adequada,
vislumbrando-se a opção
de utilização de cabos
condutores de alumínio
(CA) como tecnicamente
viável e economicamente
vantajosa.
“O emprego desses
condutores de alumínio
no Brasil, até então se
restringiu a aplicações
em linhas de distribuição e subtransmissão
de energia. A pré-definição, na fase de projeto
básico, de um cabo de alumínio com elevada
bitola e tracionamento mecânico correspondente ao EDS de 26% de sua carga de ruptura
requereu o aprofundamento das avaliações técnicas relativas à viabilidade da solução pretendida. O valor de tensão EDS - Extreme Ductile
Strength é o valor da tensão de ruptura. Foram
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
Tecnologias
como
amortecedores
e contrapesos
têm sido
usadas nos
cabos de
alumínio
correntecontínua 23
24 correntecontínua
Modelo - Ao longo dos últimos anos o Cepel
vem desenvolvendo programas digitais capazes
de otimizar arranjos de linhas de transmissão,
calcular os parâmetros e as interferências no
meio ambiente, tanto no que se refere aos aspectos elétricos, quanto aos mecânicos. Os
modelos desenvolvidos permitem que os pesquisadores desenvolvam configurações de
linhas de transmissão com essas características. Agora o Cepel se prepara para inaugurar
o Laboratório de Ultra-Alta Tensão (UAT). “Até
o presente momento todas as fontes de tensão
que farão parte da nova infraestrutura laboratorial para UAT foram entregues pelo fabricante
e estão aguardando a montagem para serem
comissionadas, dependendo ainda de obras civis que estão em fase de contratação”, explica
Fernando Dart.
Já são R$ 62 milhões investidos pela Eletrobras, Finep e Cepel e, até a conclusão do
projeto, serão necessários recursos da ordem
de R$ 30 milhões. O Laboratório de Ultra-alta
Tensão - LabUAT (acima, na maquete) está
sendo construído em duas fases. A previsão inicial de conclusão da primeira fase é para o final
de 2011. Essa fase inclui a construção de um
pórtico, a casa de controle, a base do gerador
de impulso de 6,4 MV e a respectiva canaleta,
além de uma área de armazenamento.
A segunda fase deverá estar concluída em
meados de 2012. Essa contempla o restante
do Laboratório: dois pórticos, demais bases
e canaletas, estruturas de tração, arruamento, iluminação e drenagem, além de todos os
equipamentos necessários para a realização de
ensaios disruptivos em equipamentos elétricos
de UAT.
A iniciativa é pioneira no continente americano e terá papel essencial no apoio às atividades
de pesquisa aplicada do Cepel, para vencer os
desafios tecnológicos do desenvolvimento de
novas concepções de linhas de transmissão de
alta capacidade, tanto em corrente alternada
quanto em corrente contínua, a serem utilizadas
na transmissão de grandes blocos de energia,
como aquelas envolvidas nos aproveitamentos
hidrelétricos da região amazônica, notadamente os futuros empreendimentos de Belo Monte
e Teles Pires, por exemplo.
Segundo Fernando Dart, futuras interligações com outros países que fazem fronteira
com o Brasil também podem adotar linhas de
transmissão com características inovadoras.
“Cabe ressaltar que qualquer inovação tecnológica deve ser testada em todos os aspectos
antes de ser adotada comercialmente. É nesse
nicho que o Laboratório do Cepel se enquadra”,
afirma.
Para Marcos César, o desafio dos especialistas em transmissão é desenvolver tecnologias
capazes de reduzir custos e mitigar os impactos
ambientais para agilizar a liberação das licenças
ambientais, ainda um entrave aos processos de
construção das linhas. “A Eletrobras Eletronorte
vive de ganhar um empreendimento e investir
nele por pelo menos 30 anos, e esse é o diferencial maior das estatais. Investimos aqui e apostamos em tecnologias para ficar cada vez mais
competitivos. Nesse contexto, toda inovação é
um diferencial na hora de ganhar um leilão”.
Com uma demanda que não pretende reduzir intensidade, a inovação é a alternativa não
convencional que fará a diferença na história
da transmissão a longas distâncias. É o caminho da energia para todos. Sob as bênçãos de
Nikola Tesla.
Eletronorte
Corrente contínua, alternada, meia-onda ou
ultra-alta tensão são alguns dos termos ouvidos
por quem se debruça sobre o tema. De acordo
com o engenheiro eletricista Fernando Chaves
Dart, pesquisador do Departamento de Linhas
e Estações do Centro de Pesquisas de Energia
Elétrica- Cepel, e gerente do projeto de implantação do Laboratório de Ultra-Alta Tensão do
Cepel. Linhas de transmissão em corrente alternada com níveis de tensão acima de 800 kV
e linhas de transmissão em corrente contínua
com tensões iguais ou superiores a 800 kV são
consideradas linhas de ultra-alta tensão.
Segundo ele, a taxa de utilização de linhas
de transmissão é avaliada em função de desempenho do sistema elétrico como um todo.
Para a transmissão de um bloco de energia a
uma determinada distância, quanto maior a
tensão da linha de transmissão, menor a corrente que circula por ela e, consequentemente,
menores serão as perdas na
transmissão.
Dart (ao lado) explica ainda
que a redução do custo de um
empreendimento, garantindo
a sua confiabilidade, leva em
conta, também, o impacto
ambiental, que está incluído
no custo do empreendimento,
e a integração regional propiciada por um empreendimento que atravesse regiões
distantes uma da outra cerca
de 2.500 km, seja qual for o nível de tensão
da linha de transmissão. “A tecnologia é fundamental para a definição da melhor alternativa
de transmissão a ser adotada. O Cepel dispõe
de ferramentas que permitem avaliar o custo e
o desempenho de linhas de transmissão tanto
em corrente alternada quanto em corrente contínua”, afirma.
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
exercem sobre as linhas de alta tensão. O aparelho foi instalado no cabo para-raios da linha
de transmissão de 525 kV Londrina-Ivaiporã,
associada a Itaipu, para testes. As informações
obtidas a partir do uso desse tipo de medidor
podem ajudar a estimar o tempo de vida útil
dos cabos de energia e indicar medidas preventivas ou corretivas em locais onde as linhas
estejam mais vulneráveis à ação dos ventos.
O coordenador geral do projeto, professor
José Alexandre de França (abaixo), explica que
o objetivo é desenvolver um sistema de aquisição de dados que monitore o estresse nos cabos das linhas de transmissão. “Conhecendose esse estresse, é possível prever quando há
grandes chances de ruptura nos cabos e, para
evitar problemas maiores, agendar uma manutenção preditiva”. Segundo ele, o protótipo foi
desenvolvido para superar as limitações dos vibrógrafos atuais. “Um dos diferenciais é o uso
de baterias recarregáveis via indução magnética, isto é, capazes de retirar energia do cabo no
qual o aparelho está instalado, garantido maior
autonomia de funcionamento. Outra vantagem
é a transmissão on line de dados, que permite
enviar informações diariamente ao servidor localizado no campus da Universidade, pela rede
GPRS (Serviço de Rádio de Pacote Geral) do
celular”, explica. A expectativa é que o projeto
esteja pronto até dezembro de 2011.
Segundo Marcos César, a tecnologia de corrente contínua foi usada em Itaipu, mas lá, assim como em vários outros lugares do mundo,
o cabo mais usado é o de alumínio com alma
de aço. “Nas linhas de transmissão do Madeira serão utilizados cabos com fios de alumínio,
sem a alma de aço. Isso significa mais economia num processo competitivo em que a inovação é fundamental”, explica.
correntecontínua 25
26 correntecontínua
Érica Neiva
“As barragens são monitoradas por uma
espécie de pronto-socorro, semelhante ao que
estamos acostumados nos hospitais. Mas os
profissionais que entram em ação, ao contrário
de médicos e enfermeiros, são especialistas em
solo, concreto e sismos”, explica o engenheiro
civil da área de instrumentação de auscultação
e segurança de barragens, Ruben José Ramos
Cardia. Assim como a medicina passa por intensas descobertas com a evolução tecnológica, o mesmo acontece na área de segurança
de barragens. No Brasil, o uso de inovações
tecnológicas nessa área encontra obstáculos,
sobretudo devido aos altos custos. “Tomamos
conhecimento de inovações, mas nem sempre
conseguimos implementá-lo devido ao custo e
dificuldade de importação de equipamentos”,
afirma Cardia.
Entre as inovações, Cardia (abaixo), cita o
uso da fibra ótica nas barragens do Rio Iguaçu para medida de temperatura e controle da
segurança. As barragens fazem parte do Complexo Energético Fundão Santa Clara, consórcio
da Companhia Paranaense de
Energia - Copel. Um exemplo
de tecnologia ainda pouco encontrada no País são os usos
de dispositivos sem fios, tecnologia wi-fire, para substituir
o trabalho com o piezômetro,
equipamento selado no interior do subsolo para responder à variação da pressão. Em
vez de carregar um cabo de
50 metros é usado um equipamento mais leve e portátil.
Na fase de projeto de uma barragem há o desenvolvimento de várias tecnologias na área de
metodologia de cálculos por meio da evolução
de softwares e de equipamentos de hardware
capazes de prever comportamentos futuros
como deslocamentos, tensões e temperaturas, facilitando a construção e possibilitando
economia sem prejuízo da segurança. Outro
segmento de segurança de barragens no qual
acontecem inovações periódicas é a área de
concreto. As melhorias envolvem, sobretudo, a
composição química, a exemplo de aditivos nos
cimentos que vêm melhorando a qualidade da
área construtiva.
Para o engenheiro civil da área de concreto, Selmo Chapira (ao lado), “nesse âmbito estão ocorrendo muitas inovações graças ao suporte dos programas de P&D que as
empresas têm adotado. Infelizmente,
isso só ocorre com as empresas de
geração e distribuição de energia elétrica. Seria bom que o mesmo ocorresse com as empresas de abastecimento de água e irrigação, que estão
sob responsabilidade da Agência Nacional de Águas – ANA”.
Algumas técnicas usadas no exterior e que ficam caras quando chegam
ao Brasil, são passíveis de serem reproduzidas no País, graças aos investimentos
em P&D. “As técnicas são ‘tropicalizadas’, ou
seja, são desenvolvidos produtos nacionais
similares aos estrangeiros, mas com preços
menores, além do diferencial da facilidade de
técnicas de reparos por se tratar de produtos
nacionais”, diz Chapira.
O consultor considera importante que a
Aneel fiscalize a execução dos projetos de
P&D e exija o investimento em P&D não só
das grandes empresas, mas dos investidores
e proprietários de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). “As empresas maiores têm um
orçamento que possibilita o investimento em
pesquisa. Os proprietários de PCHs muitas vezes não possuem um faturamento capaz de realizar projetos, mas podem formar consórcios
que invistam em pesquisa e desenvolvimento
e beneficiem a sociedade”.
Em relação à sua experiência de consultoria na Eletrobras Eletronorte e sobre a evolução
dos usos das tecnologias na Empresa, Chapira
declara: “Participei do projeto de construção e
Eletronorte
é ± 600 kV. “No entanto, as características
da China e do Brasil são muito diferentes.
Podemos trabalhar em conjunto, mas devemos ter nossas próprias soluções no tocante tanto a linhas de transmissão quanto a equipamentos para geração e para
subestações”, afirma.
Para Fernandez, a Amazônia poderá
ensejar alternativas muito atrativas de expansão da transmissão com o emprego
da tecnologia de UAT, seja em corrente
alternada ou em corrente contínua. “O
emprego da tecnologia de UAT é interessante sob os pontos de vista técnico, econômico e ambiental, já que a supressão da vegetação é significativamente
menor que nas tecnologias de transmissão convencionais,
quando considerado o transporte de uma mesma quantidade elevada de potência”, afirma.
Ele avalia ainda que o Brasil pode se beneficiar de uma
cooperação técnica nesse campo de conhecimento. “A China está interessada em uma cooperação técnica com o Brasil na tecnologia de transmissão não convencional chamada
de “meia onda +”, uma linha de transmissão em corrente
alternada com cerca de 2,5 mil km ponto a ponto, o que é
impossível de se conseguir com a tecnologia convencional
de transmissão em corrente alternada em extra alta tensão –
até 800 kV, ou mesmo em UAT acima de 1.000 kV.
No Seminário foram discutidos ainda os chamados sistemas hexafásicos, constituídos de seis fases derivadas do
sistema trifásico existente, para ensejar maior possibilidade de compactação e consequente redução de custos; a
aplicação de supercondutividade na transmissão de energia elétrica (não aplicável a grandes distâncias, mas para
zonas de alta urbanização e de alto custo do terreno); e a
transmissão em corrente contínua utilizando a tecnologia
não convencional VSC (Voltage Source Converter). Embora essa última tecnologia já esteja disponível no mercado
mundial, apresenta ainda custos mais elevados e maiores
perdas por efeito Joule.
Mas as “Alternativas Não-Convencionais para a Transmissão de Energia Elétrica em Longas Distâncias” não param por aí. Durante o Seminário também foram apresentados estudos sobre o armazenamento de energia elétrica
sob a forma de gás hidrogênio, a partir de utilização de
energia de vertimento do SIN em plantas de eletrólise para
produção, armazenamento e transporte de gás hidrogênio,
para posterior utilização em células combustíveis, produzindo novamente eletricidade. Apesar de tecnicamente viável, a tecnologia ainda tem um custo muito elevado.
Foto: Jorge Coelho/Eletrobras
Em abril de 2011 a Eletrobras e a estatal chinesa State Grid assinaram memorando de entendimento para compartilhar experiências gerenciais, técnicas e comerciais em transmissão
e geração de energia. A ideia é que a Eletrobras
ganhe acesso à tecnologia de transmissão de ultra-alta tensão, dominada pela chinesa, e prevê
a possibilidade de atrair investimentos externos
para seus projetos. Para o assessor da Presidência da Eletrobras, Paulo César Fernandez (foto),
o seminário “Alternativas Não-Convencionais
para a Transmissão de Energia Elétrica em Longas Distâncias”, realizado em fevereiro de 2011,
na Universidade de Brasília, como parte de um projeto de
P&D institucional da Aneel coordenado pela Eletrobras Eletronorte, mostrou que, atualmente, a potência instalada em todo
o sistema elétrico chinês é nove vezes a potência instalada
no Brasil: cerca de 980 GW, contra os 115 GW brasileiros.
Tal número precisaria dobrar até 2020. Isso significa colocar
em funcionamento, a cada ano, uma capacidade instalada
praticamente igual à capacidade total de geração existente no
Sistema Interligado Nacional - SIN.
O grande potencial hidrelétrico a ser explorado na China
está na região sudoeste, onde ficam as cadeias de montanhas
da cordilheira do Himalaia. “Em função dessas características territoriais e da necessidade de grande crescimento da
capacidade instalada a taxas anuais muito elevadas, não há
alternativa para a expansão do sistema de transmissão chinês
a não ser a utilização das novas tecnologias de UAT em corrente alternada – acima de 1.000 kV – ou em corrente contínua – igual ou acima de 800 kV. Isso porque essas tecnologias
têm uma capacidade significativamente maior para transmitir
grandes blocos de potência a longas distâncias do que as alternativas convencionais de transmissão”, explica Fernandez,
em artigo publicado logo após o seminário.
Para Fernando Chaves Dart, pesquisador do Cepel, (ver
matéria principal), a troca de experiência entre equipes é, sem
dúvida, uma boa alternativa para encurtar etapas de desenvolvimento. “Hoje os nossos desafios são únicos, mas pode-se
trabalhar em conjunto”.
Segundo ele, a China possui quatro laboratórios de UAT
em operação: um de corrente alternada, um de corrente contínua, um de ensaios mecânicos e um para avaliar o efeito
de grandes altitudes no Tibet. Possuem ainda uma linha de
transmissão de 1.000 kV, duas linhas de ± 800 kV em operação e planejam ainda desenvolver linhas de corrente contínua
em ± 1.000 kV.
No Brasil, desde a década de 1980, a maior tensão em corrente alternada em operação é 765 kV e em corrente contínua
Geração
Tecnologias modernas e
tradicionais se unem para uma
melhor segurança das barragens
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
Transmissão a longas distâncias:
os desafios da parceria Brasil - China
correntecontínua 27
28 correntecontínua
Tucuruí, Samuel, à direita,
e Curuá-Una, acima na
página ao lado: usinas com
monitoramento sismológico
dos países com o menor índice proporcional de
sismicidade em toda a América Latina. O Japão, equivalente em área ao Maranhão, muitas
vezes, em apenas um ano, sofre maior número de terremotos dos que os já catalogados no
Brasil desde o início da colonização”, explica o
gerente de Segurança de Barragens da Eletrobras Eletronorte, Gilson Machado da Luz.
A instalação de equipamentos sismográficos,
de acordo com Gilson (ao lado), não irá prevenir nem evitar a ocorrência de sismos, mas o
monitoramento é fundamental para registrar e
acompanhar o histórico dessas ocorrências e
Eletronorte
Eletrobras
Eletronorte
Abalos sísmicos - O monitoramento de abalos sísmicos começou a ser feito pela Eletrobras Eletronorte em 1979. Atualmente encontram-se monitoradas as usinas hidrelétricas
Tucuruí (PA), Samuel (RO) e Balbina (AM).
Com a chegada dos recentes equipamentos
adquiridos pela Empresa, será iniciado o monitoramento nas usinas Coaracy Nunes (AP) e
Curuá-Una (PA), e também nas estações de
áreas de futuros aproveitamentos hidrelétricos, como Belo Monte.
O monitoramento sismológico em usinas hidrelétricas tem como objetivo avaliar a atividade
sísmica na área circunvizinha ao reservatório,
bem como verificar as eventuais mudanças
no nível da sismicidade devido à influência do
lago, isto é, validar e analisar quando for o caso,
a ocorrência de sismos induzidos por reservatórios. O processo de instalação das estações
sismográficas inicia-se antes da fase de construção das usinas, pois visa a verificar se existe
atividade sísmica antes do início do enchimento
do reservatório.
Após um tremor de terra de significativa importância em Tucuruí, em 2007, iniciou-se a
modernização e a expansão da rede sismográfica da Eletrobras Eletronorte. Os equipamentos
de última geração na técnica de processamento
digital de sinais foram encomendados de uma
fornecedora inglesa. Em agosto de 2009 foram
importados 22 conjuntos de aparelhos constituídos por sismógrafo, sismômetro, acelerômetro,
cabos e instrumentos auxiliares, com investimentos que chegaram a quase R$ 800 mil.
As grandes empresas do Setor Elétrico começaram a monitorar a Sismicidade Induzida por
Reservatório – SIR principalmente após o sismo na barragem de Koyna, na Índia, em 1967,
com magnitude 6.3, que causou 200 mortes e
severos danos na sua estrutura. A Sismicidade
Induzida por Reservatório ocorreu pela primeira vez no Brasil em 1972, no reservatório de
Carmo do Cajuru, em Minas Gerais “Somos um
Eletrobras
operação da barragem da Usina Tucuruí, na
década de 1970. Na época foram usadas as
melhores tecnologias existentes. Também nas
eclusas de Tucuruí foram usadas umas das primeiras versões de concreto compactado com
rolo no Brasil, sinônimo de uma experiência
pioneira (ver box). A Eletrobras Eletronorte, no
momento de construção das suas obras, sempre procura estar à frente do desenvolvimento
tecnológico. Isso gera mais confiabilidade no
processo, seja na construção ou na operação,
uma vez que as pesquisas possibilitam uma
melhoria no processo de reparos e recuperações de obras”.
correntecontínua 29
Eletrobras
Eletronorte
orientar a adoção de procedimentos futuros,
no que diz respeito à redução dos impactos
ambientais, sociais e econômicos. Também é
necessário obter dados que possam contribuir
para o conhecimento técnico sistêmico dos fenômenos sísmicos naturais ou induzidos por
reservatórios.
30 correntecontínua
Estações sismográficas - O reservatório da
Usina Hidrelétrica Tucuruí é monitorado por
uma rede composta por quatro estações sismográficas e quatro acelerográficas. As estações
Equipamentos digitais - O Observatório
Sismológico da UnB mantém parceria com diversas empresas energéticas, principalmente
com as empresas do Sistema Eletrobras, como
Eletronorte e Furnas, e também Cemig e Itaipu, desde o final da década de 1970. “De lá
para cá, o Observatório desenvolveu-se muito,
graças aos recursos financeiros obtidos com as
parcerias e, principalmente, devido aos dados
produzidos pelas estações sismográficas dessas empresas. Isso permitiu conhecer melhor
a realidade sísmica do País. No caso da Eletrobras Eletronorte, por exemplo, foi possível
conhecer a sismicidade da Amazônia”, afirma
Darlan.
Os equipamentos digitais produzem dados
mais exatos e permitem o uso de técnicas de
análise mais modernas, diferentemente dos
equipamentos de tecnologia analógica, que
Estações de dados estão ligadas à sala de registro da UnB
Eletronorte
Sismógrafo
sismográficas localizam-se nas proximidades
do reservatório e possuem tecnologia moderna,
contando com digitalizador e sismômetro triaxial de banda larga, ambos do fabricante inglês
Guralp Systems.
As estações acelerográficas realizam a medida das acelerações em três pontos da estrutura
da barragem e em um ponto de referência distante da estrutura. Contam com equipamentos
de tecnologia digital e são compostas de digitalizador e de acelerômetro triaxial do mesmo
fabricante inglês. Os dados são adquiridos em
cada estação remota a uma taxa de 100 amostras por segundo e enviados, inicialmente, via
rádios digitais para uma central de registro no
escritório da Usina e depois para a Sede da Empresa em Brasília.
Para tanto, utiliza-se o sistema de transmissão por fibras óticas instalado na linha de transmissão de energia em alta tensão. Em Brasília,
após a recepção dos dados no computador
servidor, é realizada a tradução do endereço
IP (protocolo de internet) local para o endereço IP público, permitindo o acesso aos dados
pelo computador do Observatório Sismológico
da Universidade de Brasília - UnB, no qual os
dados são recebidos em tempo real.
O coordenador técnico do Observatório da
UnB, Darlan Portela Fontenele (abaixo), diz que
Tucuruí é a primeira Usina
no Brasil a ter uma rede de
acelerógrafos instalada e
enviando dados em tempo
real para a Universidade.
“O monitoramento permite
saber imediatamente qual a
aceleração máxima que um
possível evento causou na estrutura da barragem. Isto dá suporte ao pessoal de segurança
de barragem para empreender ações de mitigação dos possíveis efeitos provocados por tais
eventos. Os dados que chegam ao Observatório
geravam dados nem sempre de boa qualidade,
o que induzia a possíveis erros de interpretação.
Uma característica da tecnologia analógica era
não poder utilizar ferramentas computacionais
modernas. Tudo era feito ‘no braço’.
Segundo Darlan, “a própria coleta dos dados
requeria a ida de um operador a cada dois dias
para trocar o sismograma. De forma prévia, o
operador precisava preparar o papel que iria
gerar o sismograma. Isto era feito a partir de
um processo de esfumaçamento. Precisava-se
impregnar o papel com a fumaça oriunda de
uma lamparina, criando uma fina camada de
fuligem sobre o papel para poder, então, ser riscado pela pena do sismógrafo. Depois, no processo de retirada do sismograma, era necessário banhar o papel em uma solução de álcool
e goma laca, o que fazia com que a fumaça
impregnada não se soltasse do papel. Tinha-se
um sismograma pronto para poder ser manuseado pelo analista”.
Sobre os recursos dispostos nos equipamentos digitais, o coordenador do Observatório explica que eles permitem desde a obtenção do
tempo, com precisão de milésimos de segundos, a partir de receptor GPS, até a gravação
Eletrobras
Sismômetro
Acelerômetro
são analisados para que se saiba se houve a
ocorrência de eventos sísmicos de qualquer
natureza. Uma vez catalogados e classificados,
são determinados parâmetros acerca da fonte
que os originou: localização (coordenadas geográficas); profundidade (eventos tectônicos); e
magnitude”, esclarece Darlan.
A utilização de equipamentos digitais e modernos, instalados nas estações sismográficas
e acelerográficas, permite obter respostas mais
precisas, empregando-se técnicas computacionais modernas. A diferença entre estações sismográficas e acelerográficas está relacionada à
quantidade de dados produzidos. “As estações
sismográficas, devido à natureza de suas aplicações, produzem uma quantidade de dados
maior que estações acelerográficas. Isto se explica pelo fato delas serem capazes de perceber desde os pequenos até os grandes eventos.
Estações acelerográficas são desenhadas para
perceber apenas os eventos que geram acelerações maiores na estrutura em que estão instaladas”, explica Darlan.
correntecontínua 31
32 correntecontínua
A construção das eclusas de Tucuruí tem como objetivo dar continuidade à navegação no trecho da hidrovia
interrompido com a construção da barragem, vencendo
um desnível de 69 metros. A tecnologia empregada na
sua operação, conforme explica o gerente da Coordenação da Obra das Eclusas de Tucuruí, Waldo Ferraz, além
de ser eficiente, conta com uma situação operacional
não só no que diz respeito à segurança de pessoas e
embarcações, mas também em relação ao reservatório
da Usina.
O sistema de transposição de Tucuruí inclui duas
eclusas: uma inserida no corpo da barragem e outra a
jusante, de retorno à calha do Rio Tocantins. Entre elas,
um canal intermediário com 5.580 km de extensão, permitirá a navegação de embarcações com calado máximo
de 4,5 metros. As eclusas de Tucuruí têm capacidade
para dar passagem a 40 milhões de toneladas de cargas
por ano em cada sentido da navegação. Cada eclusa
constitui um degrau na “escada” que os barcos têm que
vencer. Ela atua como um verdadeiro elevador aquático,
ajudando as embarcações a transpor o desnível, visto
que a eclusa nada mais é que uma grande câmara de
concreto com duas enormes portas de aço. Depois que a
embarcação entra, as comportas são fechadas e o tempo
de transposição dos comboios de jusante a montante ou
vice e versa é de 1h30.
As eclusas funcionam segundo o princípio dos vasos comunicantes, ou seja, quando dois recipientes são ligados pelo
fundo, o nível da água dentro deles tende a ser o mesmo.
“Assim, quando a comporta de enchimento estiver aberta e a
de esvaziamento fechada, o nível da água no interior da eclusa
se iguala ao mais alto. E quando a comporta de enchimento
estiver fechada e a de esvaziamento aberta, o nível da água no
interior da eclusa se iguala ao mais baixo. A eclusa funciona
sem necessidade de bombas. A energia gasta para erguer ou
descer a embarcação é a da gravidade, ou seja, tudo é feito
aproveitando o peso da própria água”, explica Waldo.
As eclusas possuem um monitoramento digitalizado para o
controle das atividades, um Sistema de Controle e Supervição
- SCS, que juntamente com os sistemas de circuito fechado
de TV - CFTV, central de rádio VHF, sistema de telefonia e
sistema de alta voz e gravação, possibilitam o controle e monitoramento de todas as atividades desenvolvidas. De acordo
com Waldo, “esse sistema atua por meio de uma rede digital
que interliga todos os equipamentos de cada uma das eclusas
e também interliga a eclusa 1 com a eclusa 2. Dessa forma, é
possível monitorar e operar qualquer equipamento das duas
eclusas estando o operador na eclusa 1 ou na eclusa 2. A tecnologia empregada na construção das eclusas de Tucuruí é
moderna e conta com as inovações atualmente existentes no
mercado, principalmente nas áreas de supervisão, controle,
proteção, sinalização e telecomunicações”.
Eletronorte
dos dados em mídia de grande autonomia. Hoje
não mais é preciso ir à estação a cada dois dias.
“Uma grande vantagem é poder utilizar sistemas de telefonia celular, satélite, rádio, ou mesmo a internet, para transmitir os dados de uma
estação. A Eletrobras Eletronorte saiu na frente,
ao adquirir para todas as suas estações equipamentos digitais modernos e hipersensíveis,
que permitem a obtenção de resultados mais
rápidos e acurados, acerca de eventos que possam ocorrer nas áreas das suas barragens. A
sismologia ganha com essa visão da Empresa
em modernizar as estações sismográficas, pois
permite conhecer melhor a dinâmica interna da
Terra que gera os terremotos, sobretudo na região amazônica, onde existe um número muito
reduzido de estações”, elogia Darlan.
Belo Monte - A Eletrobras Eletronorte tem o
interesse de expandir a rede de estações sismográficas na sua área de atuação, dispondo
de equipamentos para instalação de novas estações na região amazônica. Com o objetivo de
estabelecer um acordo de cooperação técnica
no qual haja o empréstimo desses equipamentos para operação, e em troca obtenha os dados
que possam contribuir para o conhecimento
dos fenômenos sísmicos naturais ou induzidos
por reservatórios na região amazônica, a Empresa firmou um acordo com a Norte Energia
S/A, empresa responsável pela construção da
Usina Hidrelétrica Belo Monte.
Conforme o acordo de cooperação, a Norte
Energia vai instalar e operar uma rede de três
estações sismográficas em Belo Monte, arcando com os custos de construção, instalação,
operação e transmissão de dados dessa rede,
cujos dados obtidos serão compartilhados com
a Eletrobras Eletronorte no domínio do conhecimento sísmico natural ou induzido por reservatório, nas condições geológicas da região amazônica. O acordo não possui valor monetário
devido à sua natureza técnica cooperativa, sem
ônus financeiro entre as partes.
É assim, investindo, cuidando, planejando,
que a Eletrobras Eletronorte está na vanguarda
tecnológica também quando se trata de segurança de barragens.
Tecnologia empregada nas eclusas de
Tucuruí garante segurança e confiabilidade
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
Exterior e
interior de
uma estação
sismográfica,
com seus
equipamentos
correntecontínua 33
História
34
Pioneirismo em
sistemas especiais
e torres de
transmissão
de energia
Durante as últimas três décadas, a Eletrobras Eletronorte foi responsável pela produção e
transmissão de energia elétrica na Região Norte
do Brasil. Portanto, não é de hoje que a Empresa tem estudado e implementado várias tecnologias destinadas a melhorar a relação custo/
benefício do sistema elétrico que opera.
Atualmente, esses sistemas são capazes de levar maior quantidade de energia elétrica com o
menor custo possível.
Nesse contexto, relembramos nesta edição especial
duas tecnologias pioneiras desenvolvidas pela Empresa: os cabos para-raios energizados e a torre
raquete. Hoje, a Eletrobras Eletronorte
tem ao todo 8.489 estruturas tipo raquete
em 3.702 km de linhas de transmissão no
Maranhão, Tocantins, Pará, Acre, Rondônia e
Mato Grosso. Os cabos para-raios energizados
não operam mais, mas chegaram a abastecer
municípios em Mato Grosso e Rondônia.
Cabo energizado - Desde meados dos anos
1940 já havia literatura sobre o assunto, mas
a aplicação só se deu em meados da década de 1980. No entanto, somente por volta
de 1990 o cabo para-raio energizado chegou
ao Brasil, com a ajuda do engenheiro elétrico
Ary D´ajuz, ex-empregado da Eletrobras Eletronorte e atualmente no Operador Nacional
do Sistema Elétrico - ONS. Ele foi um dos coordenadores do grupo responsável por implementar essa tecnologia no País, com a criação da Comissão do Projeto da Transmissão
da Amazônia.
Segundo Ary D´Ajuz, “os cabos para-raios
energizados são os sistemas de transmissão e
distribuição compartilhando a mesma infraestrutura, e aproveitando, assim, as mesmas torres e demais equipamentos. Eles funcionam da
seguinte maneira: os cabos mais elevados das
torres têm a função principal de blindar os condutores principais de uma linha de transmissão
quando de uma descarga atmosférica direta.
A partir de uma subestação, energizam-se os
35
36 correntecontínua
drelétrica Samuel, com aproximadamente 25
mil habitantes e operou até recentemente.
A demanda máxima de Itapuã do Oeste em
1997 era de 1,2 MVA e atualmente chega próximo a 4 MVA.
Ary D’Ajuz (abaixo), explica que essa tecnologia trouxe economia e luz para algumas
comunidades brasileiras. “O grande atrativo
para essa tecnologia é o custo da sua implantação. Na
época do empreendimento,
mostrou ser bastante atraente
para uma linha de transmissão em 230 kV compartilhada
com um sistema para-raios de
34,5 kV. O custo médio foi cerca de US$ 4 mil por quilômetro. Destaca-se que uma linha
de distribuição convencional,
nessa mesma época, na mesma região e com capacidade de transmissão
similar, custava na faixa de US$ 20 mil a US$
25 mil por quilômetro. Outro ponto de destaque é que o desempenho igual ou superior a
uma linha convencional de 34,5 kV na mesma
região, além de o custo da manutenção ser o
mesmo”, comenta.
des áreas verdes e transporta muito mais energia por circuito por metro quadrado. Em vez de
construir cinco linhas convencionais, podem-se
construir quatro linhas com torres raquetes”.
As técnicas de compactação de um único
mastro de estruturas estaiadas tornaram possível implementar linhas aéreas com uma capacidade de transmissão de 20% e 25% menos
dispendiosa do que os valores correspondentes
obtidos com os projetos convencionais.
Para vencer o desafio, a Eletrobras Eletronorte tem ao longo dos anos melhorado e implementado novas torres para linhas de transmissão. Além disso, está desenvolvendo novas
tecnologias que serão capazes de transmitir
mais potência, mais energia, com o menor custo por circuito e melhorando a vida dos consumidores brasileiros. Como se vê, não é tão
simples quanto o clique que acende a luz, mas
é lá aonde chega a nossa tecnologia.
Colaborou Higor Sousa Silva
A Eletrobras
Eletronorte tem
ao todo 8.489
estruturas
tipo raquete
em 3.702 km
de linhas de
transmissão
Eletronorte
dois cabos para-raios, conectando-se a terceira
fase a terra por meio de uma impedância para
o balanceamento das três fases e, próximo às
comunidades, por uma ligação adequada dos
transformadores, energizam-se as subestações
de distribuição para a alimentação da rede elétrica dessas comunidades”.
A primeira cidade a adotar esse sistema foi
Jaru, em Rondônia, no trecho entre Ariquemes
e Ji-Paraná, em 1995. Na época, Jaru tinha
apenas quatro MVA de demanda máxima e foi
suprida por um cabo para-raio energizado a
partir de Ariquemes. Como o sistema poderia
suprir no máximo 6,2 MVA e a carga da cidade
cresceu rapidamente, no ano 2000 foi implantada uma subestação convencional e o cabo
para-raios foi desativado. Ressalta-se que os
cabos para-raios de Jaru postergaram o investimento da Eletrobras Eletronorte naquela subestação por cinco anos, o que se traduziu numa
economia de alguns milhões de reais, devido ao
custo financeiro do adiamento de um empreendimento de maior porte e o retorno financeiro
bem mais rápido.
Vale ressaltar que, em 1997, essa tecnologia foi implementada em Itapuã do Oeste,
Rondônia, comunidade próxima à Usina Hi-
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
Derivação
do cabo
para-raios da
rede de alta
tensão para
a de baixa
tensão
Torres raquetes - Cerca de 50% do potencial
hidrelétrico disponível no Brasil estão situados
na Amazônia, a uma distância de milhares de
quilômetros dos grandes centros de consumo. Para aproveitar ao máximo a transmissão
em longas distâncias, a Eletrobras Eletronorte
criou, em 1984, as chamadas torres raquetes,
o que, na época, resultou numa economia de
U$$ 300 milhões, propiciando grandes interconexões do sistema elétrico brasileiro com extraordinário ganho energético.
Nas torres tradicionais, há três fases elétricas separadas por estruturas de posição plana
e de grande afastamento. Nas torres raquetes,
as fases têm a configuração delta, em forma de
triângulo, são muito mais próximas e mais compactas. Essa compactação, associada a outros
fatores e equipamentos técnicos, aumenta
em mais de 25% a capacidade de transporte elétrico do circuito. O conceito aplica-se em
linhas de 500 kV em longas
distâncias, como previsto no
sistema de expansão da Eletrobras Eletronorte.
José Henrique Machado
Fernandes (ao lado), assessor
de Coordenação de Implantação de Empreendimentos da
Eletrobras Eletronorte, um dos
coordenadores da equipe que
idealizou o projeto, explica que
“essa energia não poderia ser
usada na Região Norte, mas deveria ser exportada, ou seja, nós tínhamos uma grande capacidade de geração de energia em um determinado local, mas com pouca infraestrutura. As
futuras usinas sempre serão localizadas muito
longe dos centros de consumo, como Madeira,
Belo Monte, entre outros. Devido a essa necessidade, a energia elétrica deveria ser distribuída na Região Norte, e também levada para as
regiões Sul e Sudeste, como São Paulo, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília” explica.
A Eletrobras Eletronorte foi pioneira no conceito de compactação e pelas grandes economias que tal tecnologia proporcionou, não só
para o Brasil, mas para o mundo. As novas torres foram fabricadas a partir de uma tecnologia
genuinamente brasileira. O espaçamento médio
das torres é de 450 metros e elas devem ser suficientemente altas, para que fiquem longe do
chão, a uma altura de 38 metros, suportando
20% a mais do que as torres convencionais.
Segundo José Henrique, “além de ocupar
menos espaço, menos faixa de passagem, a
nova tecnologia evitou desmatamento de gran-
correntecontínua 37
Março de 2010
O projeto tem a particularidade
de ser em corrente contínua, área
em que até então nunca havia trabalhado. A parte que a Eletrobras
Eletronorte está acompanhando
no projeto executivo é referente ao
bipolo 1, com uma capacidade de
transmissão de 3.150 MW. No que
se refere a números de painéis do
sistema de controle e proteção
para as subestações coletoras Porto Velho e Araraquara 2, perfazem
um total de aproximadamente 114
painéis de controle.
No dia 1º de março de 2010 iniciamos nossa viagem para Estocolmo, saindo de Brasília com escalas
em São Paulo e Frankfurt. Chegamos a Estocolmo às 22h do dia 2
de março. Ao sair do aeroporto
rumo ao hotel nas proximidades, já
foi possível ver o que nos aguardava em Ludvika, que se localiza mais
ao norte e muito mais fria.
Na primeira quinzena foramnos apresentados os primeiros
relatórios referentes ao projeto
executivo do sistema de supervisão, proteção e controle para que
pudessem ser comentados em
atendimento ao edital e procedimento de rede (ONS). O dia a dia
em Ludvika era flat (backgarden)
- fábrica - flat, não tendo muito o
que se fazer numa cidade de 15
mil habitantes e num período de
inverno, com a temperatura variando entre 27 e 20 graus negativos!
Na segunda quinzena de março, foi possível fazer o primeiro contato com o software utilizado pela
ABB, empresa responsável por
todo o projeto de comando, controle e proteção, parametrização
das funções de proteção, registro
de eventos e oscilografia, sendo
a mais importante ferramenta de
trabalho para as equipes de projeto, estudos e manutenção.
Eletronorte
“Para quem não me conhece, sou Joaquim Neto de Rezende Junior, engenheiro eletricista, natural da cidade de Araguari (MG). Em 1989, graduei-me em
engenharia elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia. Ingressei na Eletrobras Eletronorte em 1989, como engenheiro de operação, trabalhando por seis
anos no Centro de Operação de Sistemas, na Sede, em Brasília, nas áreas de
pré e pós operação. Em 1995 comecei a trabalhar na Divisão de Estudos Elétricos e Proteção e iniciei um mestrado, em 1996, na Universidade de Brasília,
tendo como produto final a dissertação “Ações Corretivas de Controle de Tensão
no Sistema Mato Grosso Baseadas em Estudo de Estabilidade de Tensão”. Em
meados de 1998 foi criada a Divisão de Estudos de Automação e Proteção, área
na qual trabalho até hoje. Durante esses quase 22 dois anos de Empresa tive a
oportunidade de trabalhar em diversos projetos de proteção na área de transmissão. Nos últimos dois anos estou trabalhando, também, no projeto do chamado
linhão do Madeira, na parte que se refere à proteção e controle da transmissão
em corrente contínua (ver matéria na página 26). Nesse projeto, a nossa equipe
técnica é responsável pela engenharia do proprietário, sendo responsável pelo
acompanhamento e aprovação do projeto executivo,verificação do hardware ponto a ponto e simulação da transmissão de potência. Esses e demais testes estão
sendo efetuados no RTDS – Real Time Digital Simulator, relativo ao Sistema de
Controle e Proteção das Estações Conversoras. É um grande desafio, porque é o
primeiro projeto em HVDC que a Empresa tem participação e é a maior linha em
corrente contínua do mundo.
Em projetos desafiadores como esse, como a segunda etapa de Tucuruí, a
modernização da primeira etapa, a interligação do Acre e Rondônia ao SIN, por
exemplo, não podemos mensurar em dias e sim meses e anos. Para o linhão do
Madeira, iniciei os trabalhos em março de 2010, na cidade de Ludvika, na Suécia.
É das viagens que fizemos à Suécia que falo neste diário. Acompanhe-me.”
Eletrobras
Amazônia e Nós
Eletronorte
Eletrobras
38 correntecontínua
Diário de Joaquim Neto de Rezende Junior
correntecontínua 39
Setembro de 2010
Abril de 2010
40 correntecontínua
Na segunda quinzena de agosto nos foi apresentado o projeto já contemplando
um maior número de funções a serem utilizadas, bem como o layout da distribuição dos painéis, da sala de controle, da casa de válvulas etc. Houve uma participação dos técnicos da Empresa, com sugestões de melhorias no layout apresentado. Nesse período, também foram analisadas a filosofia de implementação das
lógicas de controle, a proteção e o paralelismo dos bipolo 1 e 2.
Outubro de 2010
Na primeira quinzena de
outubro, participamos dos ensaios com a equipe de manutenção das regionais, com o
objetivo de familiarizarmo-nos
com o hardware, a disposição
de painéis, as estações de
trabalho e o acompanhamento de ensaios. Foi o primeiro
contato com o sistema já operacional em nível de supervisão e acompanhamento do
desenvolvimento e testes das
lógicas de controle e proteção
por parte da ABB.
Eletronorte
Eletrobras
Eletronorte
Agosto de 2010
Em setembro, tiveram início os primeiros testes no sistema de
supervisão, bem como dos painéis do bipolo 1, com a participação da equipe da Eletrobras Eletronorte, composta por engenheiros das unidades regionais do Acre, Rondônia e Sede. Nessa
fase, foram testadas todas as interfaces com o campo, entradas
e saídas binárias, canais analógicos, ativação das estações de
trabalho etc. Vale ressaltar que, nessa época, a temperatura já
estava ótima em torno de 20 graus positivos. Uma maneira que
encontramos de passar o tempo foi realizando encontros movidos a feijoada e pão de queijo.
Eletrobras
No mês de abril, além da
análise dos relatórios do projeto executivo, ocorreram
diversas reuniões por videoconferência com a equipe da
Themag/ETE, empresa responsável por conduzir o projeto no Brasil. Houve, também,
a formação, por parte da Diretoria de Produção e Comercialização, de um grupo de
engenheiros de manutenção,
responsáveis por compor o
quadro de Porto Velho e Araraquara, que iniciaria os primeiros ensaios dos painéis de
comando, controle e proteção
do HVDC em maio.
correntecontínua 41
Março 2011
A nossa quarta participação no projeto executivo iniciou-se em 28 de março de
2011, com os testes da fase
1B e 2B (sem e com registro
oscilográfico) das proteções
do conversor, bem como as
correções necessárias na
modelagem do sistema para
que se pudesse dar continuidade aos ensaios e à implantação dos ajustes iniciais.
Nesse período foi necessária
a utilização de caixa de teste
‘Omicron’, para testar as proteções do transformador. Em
função desses ensaios, foram
necessárias alterações de lógicas de algumas funções de
proteção para atender à filosofia adotada pela ABB. Pudemos observar durante todas as fases de desenvolvimento do projeto, que ele é muito dinâmico e sujeito a várias alterações durante todo o processo, e cabe aos
técnicos da Eletrobras Eletronorte aproveitar ao máximo a possibilidade de poder acompanhar as
fases de desenvolvimento e, com isso, adquirir parte do conhecimento necessário de um projeto
em corrente contínua.
42 correntecontínua
Eletronorte
Na segunda quinzena de janeiro de 2011, foram analisados os ajustes a serem implantados no circuito em corrente contínua, ou seja, proteção dos conversores, polos e bipolos. Em seguida, iniciaram-se os primeiros testes da fase 1B,
(sem registro de oscilografia), dessas proteções, em malha fechada. Para tanto
foi necessária a utilização do simulador em tempo real, no qual está modelado
todo o sistema elétrico, representado por meio de um equivalente. Nesses dois meses,
basicamente foram realizadas as correções necessárias
na modelagem do sistema
e iniciados os primeiros ensaios nas proteções, sendo
necessária a modificação de
lógicas de proteção e controle
e desenvolvimento de novas
lógicas em função dos testes
iniciais. E, novamente, um
inverno rigoroso, com noites
muito longas, pois o sol dava
sua graça apenas no período
de 9h30 às 15h30.
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
Janeiro e fevereiro de 2011
correntecontínua 43
Correio Contínuo
Maio de 2011
Todo esse trabalho tem-me obrigado a passar longo tempo fora do Brasil. Foram
quatro viagens totalizando quase sete meses. Tenho estado muito tempo longe da
família e por mais que nos falemos pelo ‘skype’, sente-se muita saudade, nada
pode compensar o convívio diário. Aproveitamos a oportunidade para conhecer
a Suécia. Nos finais de semana fazemos viagens ao redor, aprimoramos o inglês,
pois falar em sueco, nem em pensamento. Também é uma oportunidade de conhecermos novos costumes e pessoas. Percebemos que o mundo está realmente
globalizado, já que nesse projeto há a participação de pessoas de várias nacionalidades, uma vez que além de brasileiros e suecos, há indianos, iranianos, portugueses e ingleses. Não sentimos falta apenas da família e dos amigos, mas também de pequenas coisas como da comida, da MPB, do futebol no fim de semana.
Sempre que podemos nos reunimos para confraternizar e improvisamos feijoada,
churrasco e até pão de queijo. Só assim mesmo para amenizar a saudade.
“Recebemos e agradecemos os exemplares da revista Corrente Contínua, da Eletrobras Eletronorte”.
Universidade Federal Rural do Semiárido - Mossoró - RN
“Prezada equipe, mais uma vez parabéns por este excelente veículo de comunicação chamado Corrente Contínua. Obrigado por terem escolhido o nosso
glorioso São José de Ribamar como capa da edição 237, março/abril 2011, ficou
dez, o Santo é forte. Só uma correção: o nome é São José de Ribamar e não São José
do Ribamar, mas pela capa creio que São José de Ribamar irá perdoar-lhes. Obrigado
também pela máquina e pela lamparina da nossa colega Maria de Nazaré Paixão Machado ter dado uma ‘luz’, inspiração para a Fotolegenda”.
Arthur Quirino da Silva Neto - Regional de Transmissão do Maranhão - São Luís – MA
N.R.: Que São José de Ribamar nos perdoe e os leitores também.
“Estamos sentindo falta das receitas nas revistas, o que houve? Acabaram as receitas do livro? É sério, as receitas que vinham nas revistas eram excelentes, por que não as vejo mais?”.
Raquel Brito Gonçalves Barros
- Superintendência de Engenharia de Operação de Sistema - Brasília - DF
N.R.: Prezada Raquel, vamos reabrir nosso velho livro de receitas. Aguarde.
“Prezada Isabel, parabéns pela belíssima reportagem da edição 237 - março/abril da revista
Corrente Contínua, sobre a gestão da eficiência energética nos municípios. Ao ler a reportagem,
muito bem escrita por César Fechine, envaideci-me por perceber o ‘recado’ dado aos gestores
municipais que, com muito pouco se consegue ajudar uma população. Isso é possível com a reversão dos custos com desperdício de energia ou com má gestão de contratos de energia com as
concessionárias distribuidoras. Com certeza, todos agradecemos as ações ao combate de desperdício de energia: o meio ambiente, com a postergação das construções de linhas de transmissão e
geração, e a população por ter a oportunidade de ver melhorar as condições de saúde e educação
com os recursos advindos das reduções dos custos nas prefeituras com a implantação da Gestão
Energética Municipal – GEM”.
Neusa Maria Lobato Rodrigues - Superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento
Tecnológico e Eficiência Energética - Brasília - DF
“Alexandre, ficou ótima a edição da coluna Amazônia e Nós. Vocês conseguiram
fazer um bom aproveitamento das fotos. Parabéns pelo trabalho e sempre que
precisarem podem contar com a Assessoria de Comunicação da Regional de
Transmissão do Tocantins”.
Vania Machado Lima Almeida - Coordenação Regional
de Representação no Estado do Tocantins - Palmas - TO
“Parabéns. A revista está fantástica e cada vez mais interessante”.
Helio Cesar Monti - Gerência de Obras de Mato Grosso
- Cuiabá - MT
44 correntecontínua
Eletronorte
Eletrobras
Eletrobras
Eletronorte
Transformador
da ABB já
chegou a Porto
Velho (RO)
“A Fundação Casa de Cultura de Marabá
agradece e acusa recebimento da publicação Corrente Contínua, a revista da Eletrobras Eletronorte, edição 235”.
Noé Von Atzingen
- Marabá - PA
correntecontínua 45
Fotolegenda
Correio Contínuo
“Senhor Josias Matos de Araujo, cumprimentando-o cordialmente,
dirijo-me a Vossa Senhoria para agradecer a gentileza de disponibilizar
um exemplar da revista Corrente Contínua, enviado ao meu gabinete em
decorrência de minha posse como senador pelo Estado do Amazonas, em
fevereiro do corrente ano. Oportunamente apresento meus votos de estima e
consideração”.
Senador Eduardo Braga - PMBD-AM - Brasília - DF
* Na foto, o engenheiro eletricista José Maria Tavares Teixeira Junior, do processo de ensaios elétricos com alta tensão, da Divisão de Tecnologia
de Ensaios do Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, realizando uma inspeção com detetor ultrasônico em buchas de transformadores
de 500 kV, por ocasião de um ensaio elétrico com alta tensão aplicada de 650 kV à freqüência industrial (60 Hz) no tempo de um minuto.
“Prezada Érica, excelente a matéria sobre o atraso na entrega das linhas de transmissão da revista Corrente Contínua, edição 237. A visão de diferentes instituições sobre
o assunto permite compreender melhor o problema e auxilia na busca de soluções.
Parabéns!”
Newton Jordão Zerbini - Gerência de Estudos e Projetos Ambientais
de Transmissão - Brasília - DF
“Agradecemos o envio da revista da Eletrobras Eletronorte, Corrente Contínua, edição 235,
de 2010, e 236, de 2011”.
Biblioteca Central Zila Mamede - Universidade Federal do
Rio Grande do Norte - Natal - RN
“Prezada Érica, a matéria sobre o atraso na entrega das linhas de transmissão publicada
na edição 237da revista Corrente Contínua ficou muito boa. A despeito da complexidade e da
abrangência do tema, você foi muito feliz nas entrevistas e no desenvolvimento do texto, que ficou
bastante claro e objetivo. Parabéns!”.
José Henrique Machado Fernandes - Assessoria de Coordenação
e Implantação de Empreendimentos - Brasília - DF
Eletrobras
Eletronorte
“Meu nome é Hermano, sou portador de deficiência física e
simples cidadão. Gostaria que os senhores me cadastrassem para receber a revista Corrente Contínua, da Eletronorte. Tive o conhecimento da revista através de um
senador da República. Eu já fui cadastrado nesta
conceituada entidade do governo. Por favor,
esperando merecer a sua generosa compreensão despeço-me com um grande abraço de solidariedade”.
Hermano Lopes Volpi Simões –-Ibitinga - SP
46 correntecontínua
“Que sinal eu enviaria para o meu pensamento?
Qual o tamanho da liberdade do meu sonho?
Que ferramenta nivela o contorno do meu conhecimento?
Certo é o infinito?
O movimento contínuo?
A alma posta nas palmas das mãos?
Errado é pensar certo...
Por distração ou acuidade
Nasce o que é melhor
Aquilo que se tece com inteligência
Ganha corpo nas ideias
O que se constrói pesquisando
Vence a altura do desenvolvimento
Um olhar mais apurado
Descobre cócegas no espaço
Avaliaremos o que nos instiga
Resolveremos como interligar
O âmago da percepção
Com o amálgama da razão
Texto: Alexandre Accioly
Que venha o próximo sonho!
Foto: Rony Ramos
É só nisso que penso”
Eletrobras
“Recebemos como doação da Coordenação do Mestrado em Geografia de nossa instituição um exemplar do periódico Corrente Contínua, Ano XXXIII, nº 236, jan./fev. 2011.
Gostaríamos de verificar a possibilidade de realização de permuta ou doação contínua deste periódico, bem como das demais publicações de sua instituição, pois
eles serão de grande importância para o enriquecimento do acervo bibliográfico de nossa Universidade. Agradecemos antecipadamente pela atenção
dispensada e aguardamos retorno”.
Adriana de Mello - Seção de Intercâmbio da Biblioteca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Francisco Beltrão - PR
Eletronorte
“Recebemos e agradecemos o envio da revista Corrente Contínua 237”.
Josemara Brito - Biblioteca Central da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia - Cruz das Almas - BA
correntecontínua 47

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