Pedro Maia – pERSONAL tRAINER
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Pedro Maia – pERSONAL tRAINER
PEDRO MAIA FITNESS & CYCLING BIKE PERSONAL TRAINER O TREINO DEPOIS DOS 50 ANOS PLANEAMENTO OS PRINCÍPIOS DE TREINO Quando treinamos, temos como principal objetivo melhorar alguns dos aspetos das nossas performances, sejam elas a Resistência, a Força ou a Velocidade. E cada um destes componentes requer uma estrutura de treino capaz de criar aumentos na nossa boa forma física. Claro que todo o ciclista de uma forma ou de outra, consegue aumentar a sua capacidade só que, se os treinos forem planeados de certeza que se conseguirão formas aumentadas de acondicionamento físico que irão de encontro às suas necessidades com menos perca de tempo e menor esforço. E para termos uma planificação ajustada, teremos que utilizar os seguintes princípios: Sobrecarga e Adaptação O nosso corpo quando submetido a uma sobrecarga, tende a adaptar-se e tornar-se mais forte. Num treino de ciclismo esta sobrecarga benéfica pode ter a forma de um treino com uma distância maior que a habitual, um treino forte em subida ou treinar com mais frequência. Em termos de boa forma física, a sobrecarga é só metade da equação, sendo outra metade a recuperação. É durante este período que a adaptação ao esforço tem lugar a nível celular sendo este um processo mais lento para aqueles com mais de cinquenta anos de idade. É durante a recuperação que ocorrem inúmeras transformações tais como um aumento dos enzimas que ajudam a metabolizar as gorduras e aumentar as células musculares. Sem descanso não existe adaptação ao esforço, de facto se não se recupera até se pode perder condição física. Resumindo, um treino bem estruturado deverá ser composto por uma alternância entre fases de intensidade elevada com fases de intensidade mais baixa tendo sempre o cuidado de aplicar as intensidades maiores na altura certa pois se não, os resultados podem ser desastrosos e este é um erro cometido muita vezes por atletas altamente motivados que como se sentem bem exageram chegando mesmo a passar pelo pior pesadelo do atleta, o sobre treino. Os períodos de melhor acondicionamento físico ocorrem nas alturas onde a duração e a intensidade são moderadas. Esses períodos de “descanso relativo” permitem ao organismo adaptar-se e tornar-se mais forte. Depois da Fadiga surge a Adaptação e finalmente a Sobrecompensação. A Sobrecompensação resulta da regularidade de períodos de descanso seja durante uma semana, um mês ou durante uma época. Individualização Depois de aprendermos que temos que criar um estímulo fora do comum ao nosso organismo de forma a ele adaptar-se e tornar-se fisicamente mais capacitado, temos que calcular a altura em que vamos aplicar as sobrecargas e, como na maior parte das questões www.maia-fitness.com [email protected] relativas ao treino, isso será uma questão individual e vai depender da forma como iniciou o período de fadiga e como foram os dias e as semanas que antecederam esse período, também da maneira como o seu corpo recupera, que técnicas de recuperação é que utiliza e que tipo de treino é que faz entre o período de fadiga e de adaptação. Somando a tudo isto temos os outros fatores extra bicicleta que podem influenciar a próxima sobrecarga, que podem ser horas extraordinárias no trabalho, problemas pessoais, problemas financeiros e isto só para enunciar alguns pois a lista do que pode provocar atrasos na adaptação é extensa. Depois temos outro aspeto muito importante uma vez que há atletas que respondem de maneira diferente aos mesmos estímulos uns com mais facilidade outros nem tanto. No entanto e relação à recuperação podemos mesmo assim generalizar que para a maior parte dos ciclistas acima dos 50 anos o tempo de recuperação entre dois treinos mais intensos deve centrar-se entre 48 a 72 horas, considerando as variáveis apontadas. Dito isto chegamos mais uma vez à conclusão que treinar para o ciclismo (ou outra atividade) é uma experiência pessoal e intransmissível. Fazer o que outra pessoa faz, mesmo o maior dos campeões ou campeãs, não quer dizer que se conseguirá atingir o mesmo nível de performance. O que temos sobretudo que fazer é estar muito atentos às reações que o nosso organismo vai tendo como reflexo do treino. Especificidade O terceiro princípio prende-se com o que temos em mente fazer pois, mesmo dentro da mesma modalidade existem vários tipos de objetivos, e é necessário ter um bom plano para os conseguir atingir. Se não tivermos uma noção muito concreta daquilo que queremos fazer, é meio caminho andado para não chegarmos a lado nenhum ou então a um sítio onde não queremos estar. Isto quer dizer que para atingirmos os nossos objetivos no ciclismo, precisamos de um “destino” e de um mapa sobre a forma de um plano de treinos para lá chegarmos. Saber o que queremos vai facilitar a maneira de como vamos treinar uma vez que o treino irá refletir-se numa aplicação extrema. Por exemplo a ciclista sabendo a duração da prova vai treinar de forma a cumprir as durações aproximadas, se a prova tiver subidas, irá incluir esse género de perfis no treino e se houver a perspetiva que a corrida terminará ao Sprint, também será benéfico treinar a técnica de Sprint. A ideia é aproximar os treinos o mais possível das características da prova e a isto chama-se o princípio da Especificidade. Isto não quer dizer que outras modalidades de treino como o atletismo, a natação, o trabalho funcional de ginásio, etc. não sejam benéficos para alcançar uma boa forma física no entanto estas atividades devem são incluídas como complemento noutras fases da preparação. A rotina de treino Depois de termos abordado os aspetos necessários para montar um esquema de treino apropriado, vamos passar à prática e elaborar uma rotina onde treine da forma mais eficaz possível de maneira a permitir-lhe terminar o evento que tem em mente competir. Depreende-se que nesta altura já tenha uma base de treino aeróbico que lhe permita suportar treinos com durações e intensidades mais elevadas. E se for possível ocupar aproximadamente 12 a 13 semanas na preparação. Tenha presente que o treino mais longo é o núcleo do seu treino e é mais importante que o volume semanal ou o tempo total na bicicleta. No entanto deverá fazer um número de treinos semanais onde opte pela qualidade pois se não o fizer, não irá aumentar a sua forma física e fá-lo-á ficar cansado para quando chegar à altura do treino longo. Se treinar corretamente, o treino semanal mais longo não só aumentará a sua resistência como também servirá de ensaio para o Evento onde vai competir. A ideia é aproximarmo-nos o mais possível das condições reais de prova. www.maia-fitness.com [email protected] Se possível treine com um parceiro ou melhor ainda com um grupo que tenha os mesmos objetivos e simule o ambiente de prova em termos de tática de corrida e menos em termos de intensidade. Número de horas anuais de treino aconselhadas para atletas com mais de 50 Anos Nível Acabar confortável No meio do pelotão Competitivo Ganhador Ciclismo de Estrada 200->300 300->400 400->600 500->700 BTT 200->300 300->400 400->500 500->600 Rotina de treino para Eventos longos +100 km (Primeiras provas) Treino Semanal Construtivo 2ª Feira Dia de descanso 3ª Feira Treino de Força 60 a 90 minutos com várias subidas em todas as Zonas. 4ª Feira Treino de Recuperação 45 a 60 minutos na Zona 1 e 2 em terreno plano, cadência confortavelmente alta + 90 RPM ou dia de descanso se estiver cansado ou desmotivado para treinar. 5ª Feira Treino Intervalado 60 a 90 minutos 4 X 6 min levando a pulsação até à Zona 4 – 5 recuperação 3 min. Na Zona 1. Pode ser feito num dia em subida (+/- 4%) e noutro em plano. 6ª Feira Dia de descanso Sábado Treino de Recuperação 45 a 60 minutos na Zona 1 e 2 confortavelmente alta + 90 RPM em terreno plano, cadência Domingo Treino Longo + de três horas Zonas 2 e 3, ensaio da prova, da tática, do equipamento, da alimentação, e outros fatores importantes para o dia do Evento. Tente ir amentando a duração/distância em 5 -> 10% todas as semanas e até duas semanas antes do evento. Treino Semana de Recuperação www.maia-fitness.com [email protected] Aproximadamente de 4 em 4 semanas dever-se-á fazer uma semana de recuperação. Descanso ativo é o lema. 2ª Feira Dia de descanso 3ª Feira Treino Intervalado 60 minutos 2 X 6 min levando a pulsação até à Zona 4 – 5 recuperação 3 min. na Zona 1. Em subida (+/- 4%) ou e plano. 4ª Feira Dia de descanso 5ª Feira Treino de Recuperação 45 a 60 minutos na Zona 1 e 2 em terreno plano, cadência confortavelmente alta + 90 RPM ou dia de descanso se estiver cansado ou desmotivado para treinar. 6ª Feira Dia de descanso Sábado Treino de Recuperação 45 a 60 minutos na Zona 1 em terreno plano, cadência confortavelmente alta + 90 RPM Domingo Treino Longo + de três horas Zonas 2 e 3. Treino Semanal antes do Evento 2ª Feira Dia de descanso 3ª Feira Treino Intervalado 60 minutos 2 X 6 min levando a pulsação até à Zona 4 – 5 recuperação 3 min. na Zona 1 em subida (+/- 4%) ou e plano. 4ª Feira Dia de descanso 5ª Feira Treino de Resistência 45 minutos na Zona 2 e 3 em terreno confortavelmente alta + 90 RPM mantendo-se sentado nas subidas. plano, cadência 6ª Feira Dia de descanso www.maia-fitness.com [email protected] Sábado Treino 45 min em Zona 1 depois de bem aquecido fazer 3 a 4 Sprints. Últimas afinações no equipamento e na bicicleta. Domingo Dia do Evento 2ª Feira Treino de Recuperação 45 a 60 minutos na Zona 1 em terreno plano, cadência confortavelmente alta + 90 RPM ou dia de descanso se estiver cansado ou desmotivado para treinar. 3ª Feira Dia de descanso Depois do Evento fazer uma Semana (ou mais, conforme o seu grau de cansaço) igual à Semana de recuperação. Também aqui é essencial recuperar e é como diz o meu pupilo Nuno Rapaz: “Treinar como um Campeão e recuperar como um Guerreiro”. No próximo artigo abordaremos a prescrição de treino para não só terminarmos uma prova longa com um certo conforto mas também melhorarmos ainda mais as nossas prestações. www.maia-fitness.com [email protected]