História das Comunicações e das Telecomunicações

Transcrição

História das Comunicações e das Telecomunicações
História das comunicações
e das
telecomunicações
Prof. Pedro de Alcântara Neto
Universidade de Pernambuco - UPE
Escola Politécnica de Pernambuco - POLI
Departamento de Engenharia Elétrica - DEE
Curso de Engenharia de Telecomunicações
Em trabalhos desta natureza,.é possível
que imprecisões históricas tenham distorcido
detalhes de ordem cronológica. O empenho e o
bom senso procuraram superar tais senões que,
no entanto, podem surgir e para os quais pedimos
a benevolência dos leitores.
Desejando imprimir ao conteúdo um
caráter, sempre que possível, didático popular,
foram
omitidas
do
texto
as
citsções
demasiadamente técnicas; o fato, porém, não tem
influência na compreensão daquilo que visamos
expor, que é destinado principalmente paia os
estudantes da nossa região.
Fotografia e esquema do telefone em forma de forca, utilizado
por Bell em 1876
REVERÊNCIA
AOS
COMUNICAÇÕES
GIGANTES
Por:
primeiro símbolo comunicador, a Cruz de Cristo,
citada na Bíblia.
Nos tempos passados a comunicação
caminhava a cada década; hoje, o futuro cresce a
cada segundo, conforme a concepção dos que
pensam
o
aparentemente
impensável
e
conseguem realizar o que deixa a humanidade
aturdida, apesar do já acostumada às
maravilhosas investidas da ciência. Assim, a
comunicação caminha célere no século XXI e esta
será o começo do outra etapa cronológica da
história, não apenas de prosaicos calendários,
mas início de um novo século que propiciará o uso
de novas descobertas que a mente humana
somente ousará pensar amanhã.
Já existe equipamento que fotografa,
filma, toca musica e fala...alem de transmitir
imagem, dados e áudio no mesmo acesso
telefônico. Ainda existem mais dezenas de outros
incríveis equipamentos, associadas ao telefone,
que já estão já disposição dos usuários, nas
vitrinas. Como os leigos não têm acesso aos laboratórios dos cientistas, não podem avaliar a
grandiosidade do que já se realizou o está em vias
de ser realizado. A cada dia o mundo é
literalmente sacudido com notícias de descobertas
até a pouco constante apenas nas estórias de
ficção das revistes em quadrinhos.
DAS
Antes que a tinta que imprimiu este
exemplar seque, é possível que novas
descobertas no campo das comunicações tenham
abalado e desatualizado o texto que aqui se
imprimiu, objetivando reverenciar aos inventores
do campo das comunicações e relatar os mais
recentes recursos do setor, colocados à
disposição da nossa era.
No fundo de qualquer laboratório, em
qualquer parte do mundo, é possível que neste
minuto alguém tenha conseguido dar forma
material a uma idéia, a princípio julgada inviável,
mas que surpreendentemente funciona!
Desde quando a memória das nossas
avoengas alcança, pode-se avaliar a préponderável atuação da comunicação ao preservar
e divulgar os dados históricos, desde os tempos
do papiro e da pedra da roseta, esta
magistralmente decifrada por Champollion, até o
1
Satélite de comunicações típico
Com este trabalho nós pretendemos
reverenciar a todos aqueles que deram a sua
contribuição em favor das comunicações, desde
as tarefas mais humildes até as mais gigantescas
e complexas. Consignamos nosso débito a todos
os inventores e a todas as invenções descritos
nas páginas seguintes. É evidente que nomes de
importantes personagens não foram olvidados
pelo fato de não serem aqui mencionados; cabe
também a eles, a reverência de todos os que hoje
usufruem
dos
benefícios
da
moderna
comunicação.
DESDE O INÍCIO DOS TEMPOS
Suponham que fosse possível acionar a
máquina do tempo e retornar ao passado.
Impossível? Não... A ciência tem ofertado tantas
novidades que não devemos duvidar anta certas
concepções; há alguns poucos anos muitos
inventores foram chamados de "loucos" e, no
entanto os seus legados para os pósteros estão
funcionando ao nosso lado. Vamos então à
prateleira buscar aquela caixinha, rotulada como
História da Comunicação. Ela, a caixinha, não é
maior do que um dedal, mas parte da História lá
esta preservada, devidamente escrita e ilustrada
em micro filme. Antigamente, os homens
primitivos tencionaram deixar mensagens para os
pósteros e gravaram nas pedras das cavernas.
Conseguiram... Hoje o CD-ROM e o DVD, por sua
vez, possibilitam preservar os sons e imagens de
épocas atuais e já passadas...
O meio de comunicação mais natural é a
voz humana. Os homens da pré-história
comunicavam-se
pela
fala,
passando
a
mensagem de boca em boca. Estudiosos, dizem
que na antiga Pérsia as mensagens eram
transmitidas por via oral, de pessoa para pessoa e
assim chegavam ao seu destino. Com o passar
dos tempos, séculos após séculos, muitos outros
métodos foram encontrados, mas a intuição nos
diz que as batidas do nativo no tambor podem ter
sido o primeiro passo para a comunicação à distância, onde a voz humana não conseguia
alcançar. As mensagens eram transmitidas por
uma combinação de batidas, conforme o código
estabelecido pelas tribos; para melhor distinguir as
batidas, os nativos encostavam a orelha no chão.
Outros instrumentos, além daqueles de
percussão, foram e ainda são usados; por
exemplo, mesmo em nosso País, o chifre do boi,
quando adaptado convenientemente (berrante),
ao ser soprado leva longe a mensagem do
boiadeiro.
Mandavam-se
mensagens,
também,
através do que hoje chamaríamos "telégrafo
visual", usando tochas acesas em lugares altos,
as quais, levantando e abaixando transmitiam a
notícia desejada. Conta-se que nos tempos de
Alexandre Magno as mensagens da Grécia
chegavam à índia em cinco dias.
No ano 490 a. C., na Grécia, o soldado
Felípides foi encarregado de anunciar a vitória dos
gregos sobre os persas; correu 37 quilômetros,
desde o campo de batalha de Maratona até a
cidade de Atenas. Comunicou a vitória e morreu.
É possível que as mensagens gravadas
nas cavernas tenham sido o método utilizado pelo
homem para transmitir recados para os outros
moradores ausentes, fornecendo detalhes sobre a
sua ausência do local, com a finalidade de irem
caçar, ou guerrear ou, ainda, que tinham seguido
determinado caminho. As mensagens gravadas
nas rochas, representando animais, rios, árvores e
outras figuras formavam a notícia que desejavam
transmitir.
Depois, deve ter sido o cavalo o meio
mais veloz para as comunicações; utilizando o
cavalo e depois as carruagens o homem
conseguiu obter mais velocidade na transmissão
das notícias.
Um mensageiro chinês, no século XIII,
trocando animais a cada etapa de 40 a 50
quilômetros, chegava a percorrer 400 quilômetros
num dia. Este método, das carruagens, satisfez,
até o século XVIII.
Muitos métodos e instrumentos foram
inventados, buscando reduzir o tempo de
transmissão das mensagens e também dar as
mesmas a segurança do recebimento, sem haver
quebra do sigilo. Em 1667 o físico inglês Robert
Hooke sugeriu o emprego do fio esticado para
transmitir o som. Muitos leitores, na sua infância
terão brincado de telefonar, usando um fio de
barbante preso a latas de massa de tomate nas
duas extremidades. Foi esse o princípio de
transmissão sugerido por Hooke.
Em 1684, Dom Gauthier, monge francês,
realizou experiências de telefonia acústica,
utilizando tubos pneumáticos.
E assim, sucessivamente, o homem veio
pesquisando métodos de transmissão. Ao mesmo
tempo,
em
campos
diversos,
outros
pesquisadores
obtinham
sucessos
em
experiências que, mais tarde, viriam ter estreitas
relações com invenções realizadas muitos anos
depois. Foi o caso de Robert Fulton, nascido em
14 de novembro de 1765, na Pensilvânia (Estados
Unidos). Ele inventou a máquina a vapor que,
entre outros usos, viria a dar propulsão aos
2
navios, que passaram não só a transportar
passageiros como também para levar mensagens
através dos continentes, estenderem cabos
submarinos ou, ainda, servirem de antenas em
alto mar.
Em 1809 ó cientista alemão Von
Soemmerring demonstrou a possibilidade de
funcionamento de seu telégrafo "eletroquímico",
que aplicava a energia produzida por uma pilha de
Volta.
JÁ ERA UM COMEÇO: TELÉGRAFO ÓTICO
No ano seguinte, um dinamarquês, o
físico
Hans
Christian
Oersted
descobriu
casualmente que a corrente elétrica gera sempre
um "misterioso campo magnético" em seu redor.
Vê-se, assim, que as invenções anteriores
conduziam a outras; Fulton tomou conhecimento
desta invenção. Faleceu a 24 de fevereiro de
1815.
MICHAEL FARADAY
Telégrafo de Claude Chappe
Até a metade do século XIX o
desenvolvimento da comunicação deu-se muito
lentamente. Em 1791, em Paris, Claude Chappe
efetuou as primeiras demonstrações do "telégrafo
ótico". A sua construção foi concluída em 15 de
agosto de 1724, ligando Paris - Lilíe. Era um
conjunto de hastes móveis que transmitiam letras
e sinais de um código. Colocada em lugares altos,
ou torres, essa máquina podia mandar
mensagens a distancia de 700 km em 20 minutos.
O sistema deixou de ser usado quando surgiram
os aparelhos elétricos.
Os pesquisadores continuavam nas suas
experiências até que em 1801, Alexandre Volta
inventou a pilha elétrica que propiciou largos
recursos durante muito tempo, no campo das
comunicações. Nesse mesmo ano, Joseph
Jacquard desenvolveu a idéia básica de um
comando de tear, com a utilização de cartões
perfurados, para tecer complexos desenhos e
amostras. O sistema de Jacquard inspirou a
aplicação
dos
cartões
perfurados
em
processamento de dados (mais tarde, Hermann
Hollerith, dos Estados Unidos 1870-1929) viria a
inventar as leitoras dos computares de cartões
perfurados. O seu nome passou, assim, a
designar o sistema Hollerith, hoje chamado IBM.
Como se constata, os inventos viriam a ter
utilidade nos dias de hoje. Assim também
aconteceu com a invenção do barco a vapor, de
autoria de Robert Fulton, em 1803. A 9 de agosto
daquele ano, Fulton conseguiu navegar com êxito
num segundo barco (o primeiro partira-se em
dois); mas, a proeza não convenceu a ninguém e
muito menos a Napoleão Bonaparte, que não
aceitou os seus inventos de submarinos e barcos
a vapor. Fulton começou a ser compreendido
somente em 1807, quando conseguiu a primeira
longa viagem, num barco a vapor, o "Clermont"
que navegou 185 quilômetros em 24 horas no Rio
Hudson.
Em 1831, Michael Faraday, físico inglês,
demonstrou a possibilidade de produção de uma
corrente elétrica a partir da indução magnética (é
a comprovação da reciprocidade eletricidademagnetismo).
A partir de então, o mundo começou a ser
invadido por uma série de invenções que viriam
dar ao homem uma noção daquilo que Júlio Verne
prognosticou em seus inesquecíveis livros de
ficção.
O homem de hoje está de tal maneira
habituado com os serviços prestados pelo
telefone, rádio, televisão e demais meios de
telecomunicação que se esquece das grandiosas
e benéficas influências que estas invenções
propcaram e continuam provocando na civilização.
À velocidades incríveis as mensagens faladas ou
escritas e respectivas imagens assim dados de
computadores chegam em todos os lugares,
simultaneamente, transformando o mundo numa
"aldeia global". Miihões de pessoas dependem
dos seus meios para a sua convivência e para a
própria sobrevivência dos sistemas sociais onde
convivem.
1837
ANO HISTORICO
COM O TELEGRAFO TEM INICIO AS
TELECOMUNICAÇÕES
Desde o início dos tempos, a necessidade
de transmitir palavras a grandes distâncias
conduziu o homem à busca de meios mais rápidos
de fazê-lo. No século XVII, um monge da abadia
de Citeaux propôs um sistema capaz de transmitir
a palavra, baseado na utilização de tubos. Mas,
dificuldades
econômicas
impediram
o
desenvolvimento do seu projeto, que era muito
caro.
Na mesma época, um inglês imaginou
uma espécie de telefone de barbante, que
permaneceu em uso durante algum tempo, em
regiões mais afastadas. Para compreender o
3
princípio e para os que não estão familiarizados
com a técnica de percepção da palavra, os sons
resultam de vibrações do ar produzidas pelas
cordas vocais: as ondas atingem o tímpano e o fazem vibrar. Esta membrana transmite então a
mensagem recebida para o cérebro.
Assim, o que o imaginoso inglês fez foi
fixar em cada extremidade de um barbante um
cone fechado por uma membrana de pergaminho.
Bastava falar diante de um deles para que suas
vibrações fossem transmitidas pelo barbante até a
outra membrana, que reproduzia os sons. Este
engenhoso aparelho foi utilizado em diversos
países do mundo, até se tornar um brinquedo para
as crianças. No entanto, a distância era
obrigatoriamente limitada.
SAMUEL MORSE - 7837
TELÉGRAFO ELÉTRICO
Eis que chega 1837, quando o "telégrafo
ótico" de Claude Chappe já tinha se estendido 5
mil quilômetros, na França. Nesse ano, Samuel
Morse inventou o telégrafo elétrico, a partir das
descobertas e estudos do já citado Christian
Oersted e de André M. Ampere; este último tinha
criado a eletrodinâmica em 1827.
Naquele mesmo ano, 1837, um físico
americano, de sobrenome Pagge descobriu a
música galvânica, depois aperfeiçoada pelo
genovês Auguste de La Rive; a descoberta foi
baseada no fato de que a emissão de notas
musicais depende do número de vibrações
imprimidas no ar. O ouvido humano só pode
perceber acima de 16 vibrações por segundo. Dai
surgiu à idéia de induzir corrente num eletroímã
com um número de interrupções superior àquele
limite. Houve a surpresa: a barra imantada
produziu sons. Esta invenção logo provocou
inúmeras experiências no mesmo campo e
sensibilizou Philippe Reis, mestre de escola
alemão, em 1860; ele imaginou transmitir os sons
musicais
à
distância,
usando
processo
semelhante ao do telefone elétrico. Construiu, então, um aparelho parecido com uma orelha
humana, cujo tímpano era um pedaço de bexiga e
aparelhou o engenho. Foi desse modo que seus
alunos puderam ouvir deslumbrados, as músicas
que ele tocava na outra sala. Aquele aparelho,
rudimentar, pelo fato de também transmitir a voz
humana, embora de maneira imperfeita e quase
inaudível, foi chamado pelo seu inventor de
telefone "filosófico" (anos mais tarde, quando
Graham Bell registrou como seu o termo
"Telefone" Philippe Reis reclamou a prioridade,
embora nenhum dos seus aparelhos realmente
pudesse transmitir a palavra).
A precariedade da transmissão talvez
explique porque as autoridades científicas não
deram atenção ao invento de Philippe Reis; no
entanto, os seus trabalhos tiveram a sua utilidade.
O mesmo aconteceu com um tipógrafo, Leon
Scott, que inventou o "fonoautógrafo", aparelho
capaz de traçar, com um ponteiro metálico, o perfil
dos sons da voz humana.
O telégrafo através de fio elétrico de
Samuel Morse só teve a sua primeira linha
inaugurada a 24 de maio de 1844, ligando
Baltimore a Washington (EUA), aplicando um
código de sinais, também inventado por ele; o
código de Morse ainda hoje é usado.
Anos depois, em 1847, nascia em
Edimburgo, na Escócia, Alexander Graham Bell, o
inventor do telefone, largamente comentado e
reverenciado nas páginas seguintes.
O advento do telégrafo elétrico facilitou
bastante as comunicações, mas só efetuava
transmissões em terra firme. Foi a 17 de agosto
de 1850, graças à instalação do primeiro cabo
submarino do mundo, que França e Inglaterra
puderam ligar seus portos de Calais e Dover. Tais
acontecimentos eram um prosaico aperitivo do
que estava para vir. Aqui no Brasil, a primeira
linha de telégrafo elétrico nacional foi inaugurada
em 11 de maio de 1852, ligando a Quinta Imperial
e o Quartel de Campo, no Rio de Janeiro; a
segunda linha, ligando Rio de Janeiro e Petrópolis
foi inaugurada em 1857. Nesse mesmo ano, outra
invenção de grande alcance chegou ao
conhecimento do mundo: o físico inglês David
Hughes inventou o telégrafo impressor (ou
teletipo) precursor do fabuloso telex.
Estes acontecimentos tiveram lugar numa
época em que as teorias ganhavam o nome de
"concepção fantástica". Mas eram construídas e,
surpreendentemente, funcionavam.
Chegamos, assim, ao dia 5 de maio de
1865, quando nasceu em Mimoso, Estado de
Mato Grosso, aquele que viria a ser "Patrono das
Comunicações do Brasil", Marechal Cândido
Mariano da Silva Rondon. É em homenagem a
data de nascimento do ilustre brasileiro que em
nosso País se comemora o Dia da Comunicação,
todos os anos, no dia 5 de maio. Mais tarde
falaremos da a importância do homem que tinha
por lema: "Morrer, se necessário for; matar,
nunca".
Com a telegrafia elétrica já espalhada pelo
mundo, a 17 de maio de 1865 é fundada a União
Telegráfica Internacional, que se transformou na
atual União Internacional de Telecomunicações
(ITU), com Sede em Genebra. A data de fundação
da União é comemorada todos os anos, no dia 17
de
maio
como
o
Dia
Mundial
das
Telecomunicações.
TELEGRAFIA LIGA A
EUROPA ÀS AMÉRICAS
No ano seguinte, 1866, é inaugurado o
telégrafo ligando a Europa às Américas. A partir
4
de então as transmissões telegráficas passaram a
ser usadas mundialmente, só cedendo primazia,
mais tarde, para o rádio e o telex. Naquele ano de
1866 também aconteceu à inauguração da linha
telegráfica que ligou Rio de Janeiro e Porto
Alegre.
A telegrafia já ligava alguns Estados
brasileiros quando em 1874, no dia 1 de janeiro a
Western Telegraph Co. Ltd. inaugurou a linha por
cabo submarino entre Rio, Bahia, Pernambuco e
Pará.
NASCE MARCONI - 1874
A 27 de abril, daquele mesmo ano de
1874, nasceu em Bologna, Itália aquele que seria
o inventor da radiotelegrafia sem fio: o cientista
Guglielmo Marconi. Nesse ano, a 22 de junho
aconteceu nova fase nas comunicações do nosso
País; naquele dia o Brasil inaugurou o seu
primeiro cabo submarino, que cruzando o
Atlântico Sul ligando a América do Sul à Europa. A
ligação, entre Recife e Lisboa, foi idealizada pelo
Barão de Mauá; o cabo foi construído por uma
companhia inglesa e funcionou até 1973, ano em
que se inaugurou o "Brascan", moderno cabo
submarino construído pela Embratel, ligando o
Brasil às Ilhas Canárias e, daí em diante, por meio
do trecho espanhol, à Europa.
No
ano
seguinte,
1875,
estava
acontecendo a corrida dos inventores contra o
relógio: eram muitos perseguindo a invenção de
um aparelho diferente do telegrafo, que permitia
uma mensagem de cada vez; eles queriam
inventar a transmissão da voz simultânea. E eis
que Elisha Gray e Alexander Graham Bell
descobrem que estavam trabalhando no mesmo
projeto: a invenção do telefone. Bell, naquele ano,
aceita a colaboração de Thomaz A. Watson, um
eletricista que decidiu a ajudá-lo. A partir dessa
data Watson esteve sempre ligado a Bell e na
invenção do telefone. Era um homem muito
inteligente e otimista e acerca dele muito
falaremos a seguir.
nome era atribuído, eram empíricos e assim não
obtinham reconhecimento público e nem apoio
financeiro.
No dia 7 de março, porém, Alexander
Graham Bell, um escocês que vivia nos Estados
Unidos, patenteou o desenho de um aparelho
chamado de telefone, que viria alterar as
comunicações de forma tão substancial que em
seu abono pode-se afirmar ter sido aquele dia o
início de uma nova era. Outro cidadão norteamericano, Elisha Gray, duas horas depois,
também pretendeu registrar os desenhos do seu
próprio aparelho telefônico.
A
sucessão
de
acontecimentos
posteriores à introdução da telefonia e a sua
influência no mundo estão descritos nas páginas
seguintes; é uma história em que os Gigantes da
Comunicação certamente serão aplaudidos à
medida que a leitura for se desenvolvendo.
TELEFONE CHEGA AO BRASIL
No ano seguinte, 1877, por influência do
nosso Imperador Dom Pedro II (que teve decidida
atuação na implantação da telefonia) teve início a
instalação de telefones em nosso País. A loja "O
Grande Mágico" instalou o primeiro telefone
comercial, ligando-o ao do Corpo de Bombeiros
(Rio de Janeiro).
Um engenheiro da Corte, Morris Kohn,
realizou em agosto de 1877 a primeira ligação
telefônica interurbana entre a Estação da Estrada
de Ferro Paulista, em Campinas, com a Estação
Inglesa (hoje Estação da Luz} em São Paulo.
Em 1878, o gênio Thomaz Alva Edison fez
funcionar o aparelho projetado por Cros, o
fonógrafo, e também aperfeiçoou o telefone.
Hughes inventou o microfone de carvão, cujo
princípio é utilizado até hoje nos telefones. Sir
Willtam Crookes, na Inglaterra, conseguiu realizar
a válvuia a vácuo e demonstrar a produção de
raios catódicos, invenção que viria conceder novo
caminho nas pesquisas.
Enquanto o mundo aguardava melhores
meios, a comunicação telegráfica ia se
estendendo: os cabos telegráficos submarinos
chegavam também a São Paulo, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul naquele ano de 1875.
E então chegou o ano, no qual, com
rápida
seqüência,
muitos
acontecimentos
marcariam o advento de uma nova era no campo
das comunicações: 1876.
A PRIMEIRA PROPAGANDA DO TELEFONE
1876
O GRANDE ANO
NOVA ERA
SURGE O TELEFONE
Naquele ano a palavra "telefone" já era
citada; porém, os aparelhos para os quais tal
A primeira propaganda pública do telefone
foi feita em maio de 1877, em Nova Yorque. Uma
Circular intitulada "O telefone", anunciava que a
palavra falada podia ser transmitida por meio do
telefone a uma distância de até 20 milhas (cerca
de 32 quilômetros). A Circular era bastante
5
honesta e procurava demonstrar que poderiam
existir falhas nos produtos anunciados.
"A conversação podo ser facilmente
estabelecida após uma ligeira prática e com a
eventual repetição do uma palavra ou frase. Logo
que se começa a ouvir ao telefone, se bem que o
som seja perfeitamente perceptível, a articulação
parece indistinta; mas após algumas tentativas o
ouvido se acostuma ao som característico e
encontra pouca dificuldade em compreender as
palavras".
ANUNCIO DO "TELEPHONIO"
Uma das primeiras citações no Brasil, a
respeito do telefone, foi feita no jornal "A Província
de São Paulo", no dia 20 de fevereiro de 1878
(antes mesmo, portanto, da invenção ter sido
patenteada no dia 7 de março daquele ano).
A MAIOR DE TODAS AS
INVENÇÕES DO
GÊNIO EDISON
No ano de 1879, memorável para a
humanidade, o incrível Thomaz Edison conseguiu
a concretização do invento pelo qual tanto
batalhara: a primeira LÂMPADA ELÉTRICA, de
filamento incandescente, que ficou acesa durante
140 horas: 21/10/1879, esse foi o dia em que o
"bruxo" de Menlo Park começou a iluminar o
mundo, graças à sua genialidade.
1884 quando o jornal "Correio Paulistano" noticiou
a abertura dos serviços da Companhia de
Telegraphos Urbanos.
COMO VIAM O TELEFONE EM 1877
Em 1877 um jornal da Grã-Bretanha ainda
ironizava, dizendo que o telefone de Alexander
Graham Bell era uma brincadeira e seu inventor
um excêntrico. E embora muitos julgassem o
telefone de Bell como a coisa mais espantosa que
havia nos Estados Unidos, o jornal dizia que o
invento era tratado em Londres, antes de tudo
como a última fraude americana.
OS GÊNIOS CONTINUAM
INVENTANDO
Outra grande invenção viria dar novo
impulso às comunicações no ano de 1886: Otto
Mergenthaler inventou o linotipo, revolucionando a
imprensa escrita. O linotipo imprimiu nova
velocidade à composição de texto, superando o
antigo método manual da compor letra a letra.
HERTZ DÁ INÍCIO AO "SEM FIO"
Em 1887, outra descoberta colossal viria
abrir
caminho
principalmente
para
as
comunicações hoje chamadas "sem fio". O físico
alemão Heinrich Rudolph Hertz, desenvolvendo a
teoria formulada por James Maxwell, descobriu as
ondas eletromagnéticas (hoje denominadas ondas
hertzianas); outros cientistas imprimiriam novo
caminho às suas pesquisas, culminando com a
maior de todas elas quando Lua e Terra
mantiveram comunicação peio rádio em 1969.
Por sua vez, naquele ano, o incrível
Edison inventava o Kinotoscope, projetor de
fotografias em movimento. Muitas invenções
seriam mais tarde usadas conjuntamente, como
no caso da máquina de escrever x telefone (telex).
Àquele tempo, telegrafia e telefonia já
começavam a disputar nos Tribunais uma luta que
se prolongaria por muitos anos. A questão: a
telefonia era ou não uma telegrafia diferente,
apenas sofisticada, mas sempre telegrafia?
A 21 de agosto (1881) foi editada a
primeira Lista Telefônica do Brasil, no Rio de
Janeiro, contendo apen3s telefones comerciais.
Em 18 de março de 1882, o Decreto 8457
autorizava a Companhia Telephonica do Brasil a
fornecer serviços telefônicos a outras cidades
brasileiras, tais como Salvador, Maceió, Porto
Alegre, Pelotas e Petrópolis. Estava sendo
iniciada, naquele ano a implantação da telefonia
em nosso território, o que aconteceu rapidamente.
O Rio de Janeiro já contava com 300 telefones.
Ao mesmo tempo as linhas telegráficas
internacionais também eram estabelecidas. A
primeira informação concreta sobre a implantação
de telefones em São Paulo data de janeiro de
Em 1890 o norte-americano Herman
Hollerith inventou 3 "máquina de recensear",
capaz de computar informações do 240 diferentes
áreas, o que deu origem ao Sistema IBM dos
nossos dias, verdadeiramente revolucionário.
Foi um ano muito importante para a
telefonia o de 1892: Alrnon Brown Strowger
inaugurou, a 3 de novembro, nos EUA, a primeira
central telefônica automática do mundo, uma
inovação sensacional para os 56 assinantes de La
Porte (Indiana). Por sua vez, na Suécia, Lars
Magnus Ericsson criava o primeiro aparelho
"Monofone" acoplando numa só peça o fone e o
bocal.
6
1893
PADRE
LANDELL DE MOURA
Um padre brasileiro, de nome Landell de
Moura
também
fazia
experiências
de
comunicação e, em 1893 realizou com êxito, em
São Paulo, as primeiras transmissões no mundo
de sinais telegráficos e de voz humana em
telefonia sem fio.
Em 1834, Guglielmo Marconi dá início, na
Itália, às experiências da telegrafia sem fio,
conseguindo, em 1895, transmitir sinais que
transpuseram uma colina. A história de Marconi
mereceu também significativas referências nas
páginas seguintes, onde se Será o incrível
progresso havido no mundo, graças ao telefone e
ao rádio sem fio.
Em 1897, o inglês Oliver Joseph Lodge
inventou um dispositivo, o coesor, que consistia
num tubo de vidro dentro do qual eram colocadas
limalhas metálicas, suavemente comprimidas por
dois pequenos pistões de metal. A Patente desse
invento, que permitia uma melhor sintonia nas
emissões radiofônicas, selecionando um sinal
entre vários e impedindo que os diversos
transmissores interferissem entre si, foi adquirida
por Marconi, que por sua vez nesse mesmo ano, a
13 de julho, conseguiu enviar sinais telegráficos
através das ondas hertzianas, isto é, sem fio, a
uma velocidade de 300 mil quilômetros por
segundo.
O ano de 1901 encontrou Porto Alegre
implantando o 1º Centro Telefônico à Bateria
Central, com rede de cabos subterrâneos, sistema
pioneiro na América do Sul (quinta cidade no
mundo). No dia 12 de dezembro daquele ano pela
primeira vez a comunicação radiotelefônica ligou
dois continentes: América do Norte e Europa; dois
anos após (1903), um telegrama daria a volta ao
mundo peta primeira vez, gastando nove minutos.
Em 1904, o inglês John A. Fleming
inventou a válvula termiônica, que permitiu
"detectar" sinais de rádio.
Em 1905, o mundo pode comprova um
dos ângulos em que o telégrafo sem fio passaria a
participar do salvamento de vidas: o comandante
do navio "Republic" possibilitou o salvamento dos
seus passageiros graças ao primeiro dramático
pedido de socorro (CDQ — hoje SOS) de que se
tem notícia. A comunicação sem fio / telegrafia
teve
participação
histórica
quando
do
afundamento do luxuoso "Titanic", transatlântico
considerado inafundável, no dia 15 de abri de
1912).
Em 1906, aconteceu uma novidade:
Regjnald A. Fossenden, físico norte-americano,
fez a primeira autêntica demonstração de emissão
radiofônica, transmitindo não só a sua voz como
também o som de um violino que ele próprio tocou
para seus raros ouvintes. Foi o primeiro programa
de "broadcasting" da história. Enquanto isso, na
Alemanha, Karl F. Braun (que ganhou o Prêmio
Nobel com Marconi, em 1909), viu a sua válvula
de raios catódicos ser aplicada no primeiro
aparelho de televisão construído no mundo.
O físico russo Boris Rosing foi o primeiro a
pensar na utilização dos raios eletrônicos para
transmissão de imagens (televisão), em 1907,
Auxiliado por Vladimir K. Kworykin conseguiu
reproduzi-las num tubo de Braun (trinta anos
depois, Kworykin inventou uma câmara de
televisão constituída por um tubo sob vácuo, no
qual a imagem era projetada sobre uma tela
composta de um mosaico de minúsculos
elementos). Vladimir, a partir de 1919, fixou-se
nos Estados Unidos onde, em 1929, entrou para a
Radio Corporation of América - RCA, da qual se
tornou diretor de pesquisa.
E o incansável Lee de Forest inventava,
também em 1907, a válvula de três pólos, que
também facilitaria a introdução de aparelhos mais
modernos.
CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA
COMEÇA A
RADIODIFUSÃO NO BRASIL
Porto Alegre, a 29 de abril de 1922,
instalou a primeira estação de telefonia
automática no Brasil. A 29 de maio a Radiobrás
(Cia. Radiotelegráfica Brasileira) iniciou os
serviços de telegrafia e telefonia via rádio entre
Rio de Janeiro, Nova Yorque, Roma, Paris,
Londres e Berlim. No dia 7 de setembro daquele
ano
comemorava-se
o
Centenário
da
Independência do Brasil; Roquete Pinto e
7
Henrique Morize transmitem o discurso de
Epitácio Pessoa pelo rádio, fazendo com que
centenas de paulistas ouvissem a voz do
Presidente da República por meio de alto-falantes
instalados na Praça da Sé. A estação
transmissora foi instalada no alto do Corcovado;
era a primeira transmissão radiofônica no Brasil.
Naquele dia também houve troca de
saudações, por transmissão radiofônica, entre os
Presidentes Epitácio Pessoa e Herbert Hoover,
dos Estados Unidos.
na hora da sua morte, dezenas de jornalistas
recebiam boletins médicos. Às 3 horas e 24
minutos veio o último boletim: "A LUZ SE
APAGOU".
O ano de 1935 encontra a BBC iniciando
transmissões regulares de TV. Também a França
instalou sua primeira estação na Torro Eiffel.
Em 1937, dia 20 de julho, morreu outro
gônio: Guglielmo Marconi.
O MUNDO COMEÇA A MUDAR
Em
1923,
num
laboratório
da
Westinghouse, o cientista Vladimir Kosma
Zworykin (nascido na Rússia, mas naturalizado
norte-americano) desenvolve o iconoscópio,
elemento básico para a futura realização da
televisão.
A 22 de setembro daquele ano, a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro (atual Roquete
Pinto) iniciava suas transmissões normais, com o
"slogan" "Pela cultura dos que vivem na nossa
Terra, pelo progresso do Brasil".
No dia 28 de novembro o Decreto nº
16.222 autorizava a "Rio de Janeiro and São
Paulo Telephone Co." a continuar a funcionar na
República, sob a denominação de "Brazilian
Telephone
Co."
(Companhia
Telefônica
Brasileira).
1931
EMOÇÃO
DA ITÁLIA MARCONI INAUGURA
O CRISTO REDENTOR NO CORCOVADO
No dia 11 de julho de 1928, São Paulo
inaugurava o serviço telefônico automático,
quando a Capital contava com 25 mil telefones.
Ano 1931: são feitas ligações telefônicas
entre França e Inglaterra por meio de microondas.
Naquele ano, a 12 de outubro, Marconi enviou um
impulso elétrico hertziano da Itália e acendeu as
luzes da estátua do Cristo Redentor, no alto do
Corcovado.
Em 1934, a 18 da outubro, morre Thomaz
Alva Edison. "O Bruxo de Menlo Park". Edison,
decididamente foi um dos maiores gênios;
lâmpada elétrica e fonógrafo são apenas duas das
1200 invenções que ele patenteou. Aos 84 anos,
Então, numa impressionante rapidez,
novas investidas da ciência viriam conceder ao
mundo outros tipos de máquinas e aventuras que,
no tocante ao tempo e inventividade, nem mesmo
renomados futurólogos ousaram prever: em rápida
sucessão chegaram o transistor em 1947 e o
"laser", em 1953, que vieram modificar métodos e
introduzir diversificada fabricação de novos
aparelhos para as comunicações e, inclusive, para
a medicina, com o emprego desses condutores.
Obtida a miniaturização nos componentes
eletrônicos, teve início a era dos satélites de
comunicação, em 1962, dos quais desfrutamos
soberba eficiência no campo da telefonia,
telegrafia, telex, televisão, meteorologia e outros
usos.
Os fatos mais recentes, muitos deles de
grandeza
e
repercussão
idênticas
aos
mencionados até aqui, deixam de ser catalogados
porque, usando linguagem fantasiosa, podem
praticamente sarem "palpados" pelos que nos
lêem. No entanto, deve ser mencionado que o
excelente
avanço
e
desempenho
das
telecomunicações em nosso País, deve ser
creditado a três fatores: o primeiro foi a iniciativa
do Governo Brasileiro ao criar a Empresa
Brasileira de Telecomunicações AS - EM8RATEL,
em 16 de setembro de 1955 e posterior instalação
do Ministério das Comunicações MINICOM
(15/3/1957). Em 1973, a 9 da novembro, o
MINICOM criou a Telecomunicações Brasileiras
SA — TELEBRÂS — empresa "holding" do setor
até a década de 90 quando foram privatizadas
todas as companhias que compunham o sistema
Telebrás dando lugar ao aparecimento da Agencia
Nacional de Telecomunicações – ANATEL..
Nosso Pais, desde o início da implantação
dos modernos meios de comunicação não
conseguia libertar-se da deplorável estagnação
que tolhia seus anseios da progredir. Com o
advento das salutares medidas tomadas pelo
Governo, em poucos anos nossa Nação começou
a desfrutar de eficientes serviços permitindo-nos
declarar, inclui-se entre aqueles de mais elevado
padrão no mundo.
8
EVOLUÇÃO DA TELEFONIA NO MUNDO
NOSSO IMPERADOR – D. PEDRO II – INFLUIU
A fim de festejar o Centenário da
Independência dos Estados Unidos, em 1876,
uma monumental Exposição Internacional foi
instalada em Filadélfia, o Presidente daquela
nação,
General
Grant,
convidou
muitas
personalidades famosas para as comemorações.
Entre elas, a Imperatriz Tereza Cristina e o
imperador Dom Pedro II, que fizeram prolongada
visita àquele País.
Naquele ano, Bell obtivera a patente do
telefone e o desenvolvera razoavelmente mas não
conseguira expor o seu invento no pavilhão de
eletricidade, tendo que se conformar em expor
seu invento em local nada privilegiado daquela
imponente Exposição.
O invento de Bell estava exposto há seis
semanas sem que ninguém lhe desse atenção.
Checou, então, um domingo em que a Comissão
Julgadora analisaria os produtos expostos, a fim
de conceder os prêmios. Nosso Imperador fazia
parte da Comissão.
Dom Pedro II havia conhecido Graham
Bell quinze dias antes, quando de uma visita à
Escola de Surdos de Boston. O Imperador
estivera na Exposição, mas lá voltou, no dia 25 de
junho, não como visitante mas como integrante da
Comissão Julgadora. Naquele domingo a vistoria
da Comissão já estava para ser encerrada quando
Bell acenou para o Imperador. Abraçaram-se e
Bell sugeriu que Sua Majestade examinasse a
"máquina falante". Uma voz qualquer ironizou e
chamou o aparelho de "brinquedo infantil", mas o
imperador aceitou o convite de Bell e insistiu que
todos os membros da Comissão Julgadora deviam
examinar o aparelho. Apesar de já ser tarde, cerca
de 19 horas, houve a demonstração, com muitos
assistentes — mais interessados no Imperador do
que no aparelho.
por chamar a atenção da Comissão Julgadora. E
após testarem o aparelho, o reconheceram
oficialmente e concederam ao seu inventor um
certificado especial de mérito.
O telefone da Graham Bell ganhou o mundo, nas
noticias dos jornais e no respeito dos cientistas.
Até então, ninguém havia atribuído maior
importância ao telefone, considerado um
brinquedo "Infantil" ou, na melhor das hipóteses,
"Filosófico".
A presença da D. Pedro II conferiu novo
sentido e talvez a força extraordinária que faltava
para a promoção do invento.
TELEFONIA NO BRASIL
Em 1876, ano da invenção do telefone,
tudo aconteceu muito rapidamente no mundo,
com relação ao invento; inclusive no Brasil, aonde
o telefone chegou logo no ano seguinte, por
iniciativa do Imperador Pedro II.
Hoje o povo conversa com a maior
naturalidade peto telefone (do grego: "tele" =
longe e "fone" = voz, isto é, voz transmitida ao
longe) sem se aperceber que milhares de anos
foram necessários para chegar aos aparelhos de
hoje.
Como se sabe, nosso Imperador, Dom
Pedro II, era um homem muito decidido e, não
fora ele, talvez a história da telefonia tivesse
tomado caminho diverso e adverso.
NO RIO DE JANEIRO
Dom Pedro ficou numa ponta do fio e Bell
ficou na outra, cerca de 150 metros distantes.
Subitamente, aconteceu o grande momento; Dom
Pedro ouviu Bell, que disse: "To be or not to be" e
por sua vez exclamou a frase histórica: - MEU
DEUS, ISTO FALA! (My God, it speaks).
D. Pedro demonstrou tal entusiasmo, ao ouvir,
através do fio, a voz de Graham Bell, que acabou
As informações sobre o início da telefonia
no Brasil não são precisas. Sabe-se que em
janeiro de 1877, um ano após a invenção do
telefone uma empresa de telegrafia (Western)
construiu alguns aparelhos telefônicos na sua
oficina do Rio de Janeiro, dos quais um foi
instalado na residência de D. Pedro II (Palácio de
São Cristóvão) e outro no escritório da própria
Western (outros historiadores dizem que o
telefone instalado no Palácio teria sido presente
de Alexander Granam Bell (o inventor) para o seu
amigo Imperador). Outro aparelho foi instalado na
casa comercial "O Grande Mágico" de Antônio
Ribeiro Chaves (no Beco do Desvio, atual rua do
9
Ouvidor), que por sua vez implantou outra ligação
com o Corpo de Bombeiros. O público ia à casa
das mágicas para apreciar o aparelho...
No mesmo ano a firma Rhode & Co. ligou
seus escritórios com os armazéns e também o
Jornal do Commercio já possuía o seu
aparelho...e assim o telefône começou a causar
sensação.
A 15 de novembro de 1879, com o
Decreto 7539, o imperador outorgou a primeira
permissão "para construir e operar linhas
telephonicas nesta Capital do Rio de Janeiro e
seus subúrbios e na cidade de Nictheroy"; a
permissão foi concedida a Charles Paul Mackie,
que representava a Bell Telephone Co. Paul
organizou a Brazílian Telephone Co. a 13 de
outubro de 1880. Um dos diretores da primeira
concessionária, Theodore Vail, era homem
talentoso, que ajudara Granam Bell a construir A
Bell System nos EUA (que hoje é detentora de
cerca de 25% dos telefones de todo o mundo). Já
no mesmo ano de 1880 foram construídas as três
primeiras linhas distantes, com 1600 metros de
extensão. No final de 1883 já estavam instalados
no Rio de Janeiro 1000 telefones e uma linha
interurbana de 100 quilômetros ligava a Capital
Federal a Petrópolis.
Em 1885 a "Tropical American Telephone"
(de Boston} obteve os direitos da Brazilian e a
incorporou, em fins de 1886, a uma recente
empresa que acabara de formar:.a Cia. União
Telephonica do Brasil, que passou a operar sete
estações com 2195 assinantes (três estações no
Rio, com 1675 assinantes; duas estações em
Pernambuco com 275 assinantes e duas estações
na Bahia com 245 assinantes).
Em 1889 caducou a concessão para a
exploração dos serviços telefônicos da empresa, e
o Governo Provisório passou os direitos para a
municipalidade do Distrito Federal, pelo decreto
199 de 6/2/1890.
De 1879 a 1890 as concessões de
serviços telefônicos para qualquer ponto do
território nacional eram exclusivas do governo
monárquico e provisório. De 1891 em diante (após
a promulgação da Constituição da República, em
24 de Fevereiro), tornou-se de competência do
governo municipal permitir os serviços telefônicos
nos municípios; do estadual, os serviços
intermunicipais; e do federal, os serviços
interestaduais.
para um telefone instalado em São Paulo, na
Estação de Trens Inglesa {hoje Estação da Luz}
diante de grande entusiasmo e admiração dos
presentes.
No mesmo ano, ainda em Campinas,
Leon Rodde fez propaganda do telefone e do
fonógrafo, utilizando para isso o palco do Teatro
Rink, ao mesmo tempo que Ferdinand Rodde &
Co. Ltd. publicava na imprensa campineira artigo
assinalando que era a única agente encarregada
pelo inventor do telefone a introduzir o aparelho
na América do Sul.
As primeiras concessões no Estado foram
dadas a Arthur Teixeira de Macedo, pelo decreto
8.458, de 18 de março de 1882 (São Paulo e
Campinas); a Morris Kohn, em 1882 (Santos);
Ferdinand Rodde & Co. Ltd., em 1884 (São Paulo
e Campinas); João Carlos Eugênio da Silva
Ruella. em 1884 ( São Paulo e Campinas).
A 1ª PAULISTA
"Os primeiros serviços telefônicos de São
Paulo foram os da Empreza Telephonica
Campineira, criada em 5 de Janeiro de 1884, pela
firma Ferdinand Rodde & Co. Ltd. Logo após a
autorização da Câmara Municipal de Campinas
para o seu funcionamento (31-3-1884), a empresa
campineira providenciou a instalação de postes e
fios pelas ruas e praças da cidade, e até mesmo
nas estradas mais próximas. Enquanto esse
trabalho
ia
sendo
desenvolvido,
alguns
proprietários da região, receosos de choques
elétricos, começaram a protestar. A "Gazeta de
Campinas", entretanto, se encarregou de desfazer
o medo, mostrando as maravilhas do novo
invento. Os serviços telefônicos foram logo
inaugurados, com mais de 20 assinantes. "Eis
alguns nomes extraídos quando a relação de
"assinantes" já contava 328 deles:
Barão Geraldo de Rezende
Baroneza de Anhumas
Eléctrico Philarmonico Castro Ferraz
Desinfectório Central
Algum tempo depois a Empreza
Telephonica Campineira foi vendida para a firma
Olympo Rodrigues & Cia.
EM SÃO PAULO
As primeiras notícias sobre telefonia em
São Paulo mencionam a propaganda do invento
que Morris N. Kohn, engenheiro da Corte, fez em
agosto de 1878, em Campinas. Na presença de
muitos convidados, numa das salas da Estação da
Estrada de Ferro Paulista. Morris fez uma ligação
Em 1884 proliferavam as empresas a elas
se digladiavam pela exclusividade, como se
constata em um anúncio da Companhia de
10
Telegraphos Urbanos, publicado no "Correio
Paulistano" de 6 de janeiro daquele ano, onde
comunicava a abertura dos ' seus serviços. No dia
seguinte houve o protesto da firma Alvares Pereira
& Cia. que reclamava ter privilégio exclusivo dos
serviços telefônicos, tanto assim | que já contava
com muitos pedidos, embora não houvesse,
ainda, instalado os telefones. A Companhia de
Telegraphos Urbanos, mais eficiente, 24 horas
depois, no dia 8-1-1884, instalava os 11 primeiros
telefones residenciais e comerciais na Capital
paulista, conforme Lista Telefônica (a primeira...)
que os jornais publicaram:
paulista de Bragança Paulista em 17-7-1896.
Aquela empresa, após 22 anos de existência
possuía 1641 quilômetros de linhas telefônicas,
cinco vezes mais que a pioneira "Campineira" que
tinha 370 quilômetros. A história da Bragantina
marcou, como outras empresas de outros setores,
a vitória de homens otimistas e dedicados ao
trabalho, cujas realizações dão destaque aos
nomes das firmas, olvidando os nomes dos
pioneiros. Mas, por terem sido os maiores, é
devida a citação dos seus nomes: Nicolino
Nacaretti, capitão Gabriel da Silveira e João
Baptista de Britto.
1. Lebre, Irmão & Sampaio
2. Hotel de França
3. Moreira & Abílio Soares
4. Banco Mercantil
5. Clube dos Girondinos
6. Correio Paulistano
7. Dona Veridiana Prado
8. Dr. Eduardo Prates
9. Dr. Martinho Prado
10. Dr. Falcão Filho
11. Dr. Vicente de Queiroz
Sobre os primórdios da telefonia nesta
região da Borda do Campo, pouco se sabe, a não
ser que a Cia Telefônica do Estado de São Paulo
(CTESP) andou instalando alguns telefones, em
data imprecisa, na antiga região de São Bernardo.
Em 1884 surgiu outra empresa telefônica
em São Paulo: a Companhia Telephonica do
Estado de São Paulo (CTESP) que obteve
concessões para operar os sistemas telefônicos
locais e interurbanos, nos municípios de São
Paulo, Santos, Campinas e São Vicente, bem
como para explorar as linhas interurbanas de São
Bernardo e Santo Amaro. A CTESP teve suas
origens nas concessões feitas a Morris N. Kohn,
em 1882 (para operar em Santos), e a João
Carlos Eugênio da Silva Ruella (para operar em
São Paulo e Campinas conforme decreto imperial
nº 9.116 do dia 5 de janeiro de 1884, a mesma
data do decreto 9.114 que dava permissão para a
Campineira operar).
Em 1911 a CTESP comprou a
"Campineira" (que era de Olympo Rodrigues &
Cia) e em junho de 1914 a "Brazilian Traction"
adquiriu o controle acionário da CTESP. Em
dezembro de 1915, quando a "Brazilian Traction"
já possuía 95% da CTESP, esta empresa operava
os serviços telefônicos interurbanos entre São
Paulo, Santos e Campinas e os seguintes serviços
locais (a maioria dos telefones eram comerciais):
São Paulo
Santos
Campinas
TOTAL
A AUTOMATIZAÇÃO
E AS
TELEFONISTAS
Voz suave e clara, boa audição,
paciência, destreza manual e urbanidade. Essas
são as características das telefonistas que,
acompanham passo a passo a evolução da
telefonia.
Em 1929, quando surgiu a automatização
dos telefones do Brasil, surgiram diversas
crônicas na imprensa sobre o papel da telefonista
na vida da cidade. Todos pensavam que a nova
tecnologia em comunicação causaria a sua
dispensa em massa.
Mesmo com a automatização dos serviços
em 1929 e mais tarde com a implantação
gradativa do sistema de Discagem Direta à
Distância, em 1969, a telefonista continuava
insubstituível em sua função de facilitar o diálogo
entre as pessoas.
6.131 assinantes
1.019 assinantes
753 assinantes
7.903 assinantes
Em 1915 a "Braziiian Traction" decidiu
construir na rua Sete de Abril um prédio para
atender às necessidades das principais empresas
telefônicas paulistas, já sob o seu controla
acionário, desde 1914: a CTESP e a Bragantina.
A "Bragantina", na verdade, foi a Empreza
Telephonica Bragantina,' instalada na cidade
A GUERRA AO MOSQUITO
Um dos fatos mais lembrados ocorreu
durante o surto de febre amarela, em maio de
1929. A Companhia Telefônica Brasileira uniu-se,
11
nessa ocasião, a campanha empreendida pela
Saúde Pública, no sentido de alertar a população
contra o mosquito transmissor. E nos dias 13, 14 e
15 de maio daquele ano, quando atendiam aos
assinantes, as telefonistas diziam a seguinte
frase: "Guerra ao mosquito. Número faz favor?".
Isso foi repetido cerca de 1.500.000 vezes. E virou
até título de uma revista teatral.
Em 1906, um incêndio destruiu as instalações da
Companhia, na Praça Tiradentes, interrompendo
durante sete meses todo o serviço telefônico da
cidade. Reconstruiu-se o prédio e os aparelhos
antigos foram substituídos por novos, já sem
manivela, importados dos Estados Unidos.
Bastava levantar o fone do gancho, para a
telefonista atender.
A introdução do serviço automático, além
do protesto da população, que pensava ser o fim
das telefonistas, trouxe a necessidade de uma
campanha de reeducação da empresa para esta
mesma população. A operação de discar, tão
simples nos dias de hoje, foi ensinada vezes e
mais vezes às pessoas, acostumadas com a
intervenção da telefonista.
EM 1900 O
TELEFONE JÁ AJUDAVA
A POPULAÇÃO
A SE PROTEGER
Mas o advento do serviço automático não
traria a eliminação das telefonistas: elas seriam
reaproveitadas em ligações interurbanas e em
serviços internos. O aumento de facilidade nas
ligações trouxe um número maior de usuários, e
com eles, mais telefonistas para chamadas
interurbanas. Além disso, o crescimento industrial
do Brasil já era significativo e muitas empresas
começavam a solicitar estas moças. As escolas
especializadas preparavam telefonistas e assim a
profissão se aprimorou. Hoje, ficou sendo uma
profissional muito procurada pelas empresas que
expandem seus serviços. Todos os anos, em 29
de junho, público e autoridades externam o
carinho mantido por essas profissionais, enviando
flores e cumprimentos pelos serviços recebidos. É
o dia da telefonista.
1906 - TELEFONE
SEM MANIVELA
No Inicio do século já existia um sistema
telefônico - telegráfico implantado exclusivamente
para garantir a proteção e segurança da
população na então tranqüila São Paulo. Era o
Telégrafo Policial, que tinha a mesma finalidade
dos telefones ligados diretamente com a polícia.
O Telégrafo Policial nº 321, por exemplo,
foi instalado em 1900 na rua Aurora e possibilitava
ao público contato direto coro os departamentos
encarregados da Segurança Pública da cidade
para comunicação de algum acidente (desastre,
crime, resistência à polícia etc).
Para isso, bastava colocar s seta
indicadora no local desejado e puxar a alavanca,
solicitando conforme o caso, o carro de preso, a
ambulância etc.
O sistema era provido, ainda, do código
Morse, no caso do telefone falhar; ao usuário
cabia, então, abrir a peça do mostrador e através
do telégrafo acoplado internamente comunicar o
desejado. Hoje, o Telégrafo Policial faz parte do
acervo do Museu do Telefone da Telefônica.
Depois de passar alternadamente de
firmas particulares para o Governo, o serviço
telefônico do Rio foi adquirido em 6 de junho de
1889, peta Brasilianische Elektricitate Gesellchaft,
com um prazo de concessão de 30 anos. Iniciavase com isso a estabilização do serviço telefônico
na capital da República.
A nova firma, com sede em Berlim,
possuía aparelhagem de fabricação alemã e o tipo
de equipamento era a magneto. Os telefones
ficavam ligados à central apenas por um fio. Na
caixa do aparelho havia uma manivela, que o
assinante movia para chamar a telefonista na
central; esta, então, fazia a ligação. Ao terminar, o
assinante movia a manivela em sentido contrário e
a telefonista recebia na central o sinal para
desligar.
UM ANUNCIO DE 1881
Enquanto aguardava a autorização
imperial para funcionar, a Companhia tratou de
divulgar as vantagens da telefonia. Para isso,
12
publicou no Jornal do Comrmercio do dia 28 de
fevereiro de 1881 uma nota informativa: "Esta
Companhia propõe-se a estabelecer nesta cidade,
seus subúrbios e Niterói, em virtude da concessão
feita a Charles Paul Nackie, o sistema de
comunicação telefônica geral, que é hoje o
característico tão notável nas comunicações
comerciais e oficiais em Nova-Yorque, Londres e
Paris".
Muitas experiências foram feitas pelo
homem; mas, foi somente no século XVIII que se
iniciou
o
período
revolucionário
nas
comunicações, que viria entregar às populações
os devidos recursos para satisfazer às suas
necessidades e não só; se uma análise coerente
for feita, ver-se-á que a oferta da ciência, de hoje,
no campo da comunicação, já ultrapassou as
fantasias escritas há poucos anos pelos
futurólogos. O telefone é uma dessas ofertas.
Mais adiante, o anúncio explicava: "Por
este sistema estabelece-se comunicação verbal e
confidencial imediata entre quaisquer dos assinantes, dentro do território em que funcionarão as
linhas.
A Companhia fornecerá todos os
aparelhos, construirá as linhas e as conservará a
sua custa. Os assinantes pagarão por essas
linhas um aluguel fixo correspondente à distância
das estações centrais.
FANTASIAS ULTRAPASSADAS
DOS GROTESCOS APARELHOS AOS
TELEFONES DE HOJE, PODE-SE ANTEVER O
QUE VIRÁ...
A palavra "comunicação" se transformou
nos dias que correm em algo que faz parte do ser
humano, na forma mais sensível de todos os
tempos; é um fenômeno social importante. Há
muitos e muitos séculos a palavra, os desenhos
nas cavernas e posteriormente a escrita, deram
início a uma infinidade de meios que o homem
arranjaria para se expressar melhor e para se
entender com outros homens. Aliás, a
necessidade de comunicar nasceu antes mesmo
da palavra. Antes de aprender a falar, o Homem
era pouco mais inteligente do que os macacos.
Mas, nos primórdios do ser humano na
terra, o homem das cavernas começou a criar a
linguagem articulada, dando a cada grunhido, a
cada som de sua garganta ou à combinação
deles, um significado. Muito depois, há pouco
mais de 8 mil anos, inventou a escrita. Dos
desenhos que ainda podemos encontrar nas
paredes das cavernas, o homem ria antiguidade
passou aos sinais gráficos, que representam sons
ou idéias.
O homem foi inventando meios para
comunicar-se à distância. Mais modernamente,
aparelhos grotescos serviram de trampolim para
inventos
mais
eficientes,
satisfazendo
razoavelmente às necessidades da cada época.
Porém, houve certo período em que a civilização
começou a crescer e necessitou caminhar mais
depressa na busca de recursos mais adequados,
pois os negócios exigiam informações que deviam
ir depressa e retornar depressa dos seus destinos.
O mundo começou a necessitar da
comunicação de massa, em larga escala.
13
ALEXANDER GRAHAM BELL
THOMAZ WATSON
INVENTORES DO TELEFONE
O telefona foi inventado a desenvolvido
por um professor de surdos-mudos, chamado
Alexander Graham Bell, com a ajuda de um
eletricista de nome Thomaz Watson.
Alexander Graham Bell
Thomas J. Watson
No início do século passado, havia um
sapateiro na Escócia, de nome Alexander Graham
Bell, que enquanto batia solas, recitava
Shakespeare. E fazia isto tão bem que um dia
acabou partindo para o teatro. Lá, porém,
descobriu outra profissão: como professor teatral
de dicção desenvolveu considerável prática no
tratamento dos defeitos da fala, tornando-se
especialista em foniatria. Seu filho, Alexander
Melville Bell, interessou-se também pela
linguagem
humana
e
tornou-se
médico,
especializando-se nos órgãos da fala. E um
terceiro Alexander, neto do sapateiro-artista e filho
do médico já internacionalmente famoso,
continuaria o trabalho iniciado pelos dois. Foi ele
Graham Bell nascido a 3 de março de 1847, em
Edimburgo, na Escócia. Até os 11 anos de idade,
Granam Bell chamava-se simplesmente Alexander
Bell, como o avô. Na escola, a professora sugeriulhe que escolhesse um nome "intermediário" para
distinguir-se dos ascendentes: depois de consultar
os familiares, optou por Graham, em homenagem
a um grande amigo de seu genitor.
Seu pai ganhava a vida dando aulas sobre
um método por ele criado, e que é utilizado até
hoje para a recuperação de surdos-mudos:
"Alfabeto ou Fala Visível". Por isso, uma das suas
preocupações passou a será de criar aparelhos
que facilitassem o treinamento de surdos ou
deficientes da voz (a invenção do telefone,
quando ele tinha apenas 29 anos, confirmou a
intensidade desse interesse}. Sua escolaridade
não foi muito grande: um ano numa escola
particular, dois anos na Edinburgh's Royal High
School (onde concluiu o curso ginasial), algumas
aulas como ouvinte na Universidade Edimburgo e,
finalmente, um ano em Londres, no University
College, para onde fora enviado.
Permaneceu durante um ano na GrãBretanha, morando em casa do avô; foi um ano
exaustivo, mas de muito proveito. O avô era
talentoso, de fina educação e exigia muito do
menino; o garoto Bell queixavá-se muito, porém o
convívio com o avô foi-lhe muito útil: ele aprendeu
piano e passou a interessar-se para sempre peta
música. Esse gosto ele o havia adquirido de sua
mãe, também muito talentosa. Mas a mãe ficou
surda quando Bell estava com 12 anos, muito
jovem; a surdez parecia perseguir a vida de
Alexander Graham Bell, desde muito cedo. Sua
primeira e grande vocação estava voltada,
portanto, para a solução dessa deficiência.
Inteligente e estudioso, ele conseguiu assumir o
primeiro posto de trabalho profissional numa
escola de Elgin, na Escócia. Ali, preparou crianças
em educação musical e dicção. Em 1864, na
mesma cidade, tornou-se mestre-residente na
Academia Weston, e desenvolveu seus primeiros
estudos sobre a surdez. Tornou-se o professor
mais dedicado do método da "Faia visualizada",
sistema que utiliza desenhos dos lábios, garganta,
língua, dentes e palato, para que os alunos
repitam os movimentos e os sons indicados pelo
professor.
Alexander Graham Bell foi um dos
maiores personagens da humanidade, possuidor
de uma curiosidade insaciável e um espírito
criador incomum.
Em 1868 tornou-se assistente do pai, em
Londres, assumindo o cargo em tempo integral
durante as ausências do velho Melvilie Bell,
quando este viajou aos Estados Unidos para dar
cursos. Ocorreu nessa época, o primeiro grande
choque emocional da família; seu irmão mais
velho morreu de tuberculose, doença que um ano
depois matou também o irmão caçula. Havia
dificuldades econômicas. Bell também estava
doente e na ânsia de salvá-lo a família mudou-se
para Ontário, no Canadá, em 1870. A "Casa
Meiville", onde moraram, é até hoje conservada
como relíquia histórica com o nome de "Solar dos
Bell".
Graham Bell curou-se e em 1871, com 24
anos, mudou-se para Boston, onde continuou
dando autos e palestras, divulgando o método do
pai para o ensino de surdos.
Bell trabalhava muito e nas poucas horas
de lazer que lhe sobravam, comprava material de
14
eletricidade e estudava suas aplicações. Durante
as férias desenvolveu seus projetos de
experimentos
acústicos,
especialmente
os
relacionados com a voz humana. Em 1872, abriu
sua própria escola em Boston para treinar
professores de surdos. Publicou nesse ano o
livreto "O pioneiro da fala visível", uma
continuação dos trabalhos do pai.
Em 1873, deu aulas de Fisiologia da Voz
para surdos na Universidade de Boston. Lá
conheceu Mabel Gardiner Hubbard, uma aluna
que inspirou-lhe grande afeição; ela ficara
totalmente surda aos quatro anos de idade, em
conseqüência da escarlatina.
Bell considerou muito agradável ensinar
tão linda aluna e ao que parece ambos
pressentiram desde os primeiros momentos que
uma união duradoura lhes estava reservada. Em
três meses Mabel já falava.
Nessa época, 1874, Bell conheceu o
eletricista Thomas Watson, na loja de Eletricidade
Charles Williams, onde fora fazer compras.
Ficaram amigos e num quarto abandonado da
loja, durante muitos anos, Bell e Watson
trabalharam juntos, às vezes até alta madrugada.
No período 1872-1875, Bell e Elisha Gray
(1835-1901) trabalharam nos Estados Unidos
cada um por si, em projetos semelhantes. Essa
simultaneidade só foi conhecida num Congresso
em São Petersburgo (Rússia}, de 1875.
Gray dispunha de maiores recursos;
desde jovem, em Chicago já pesquisava a solução
do problema pela aplicação da corrente elétrica.
Alexander Graham Bell tentava aperfeiçoar o
telégrafo para a transmissão deu mais de duas
mensagens simultâneas pelo mesmo fio, mas
tentava resolver o problema pelo lado acústico.
Ele ouvira dizer que a Companhia telegráfica dera
três quartos de milhão de dólares por um invento
que transmitia duas mensagens simultâneas" e
andara trabalhando na teoria de um diapasão que
permitisse a transmissão de seis a oito
mensagens sincrônicas por um único fio.
IMAGINAÇÃO CRIADORA
A habilidade inventiva de Graham Bell era
surpreendente;
uma
de
suas
primeiras
experiências, quando jovem, foi um crânio dotado
de um sistema vocal, com articulação quase
perfeita, que ele fabricou junto com seus irmãos.
Um dia, com um fole, os garotos conseguiram
fazê-lo balbuciar "mama" com tanta perfeição, que
os vizinhos se amedrontaram...
Bell também inventou o disco de cera para
gravação sonora, aprimorando, assim, o fonógrafo
de Edison. E mais: criou as primeiras sondas
tubulares para exames médicos; construiu um
"colete a vácuo", isto é, uma forma primitiva de
pulmão-de-aço; selecionou uma raça curiosa de
carneiros; foi ele quem mais estimulou a menina
Helen Keller (depois famosa) a aprender a falar;
desenvolveu um sistema de "eco sonoro", para
localização de icebergs, muito semelhante ao
sonar; foi um dos precursores na descoberta dos
raios "laser"; inventou o fotofone, sistema de
transmissão de mensagens pelos raios luminosos,
há cerca de 90 anos; construiu os barcos mais
velozes de seu tempo, capazes de superar os 100
quilômetros por hora; foi um dos pioneiros da
aviação, sendo o primeiro homem a voar num
aparelho mais pesado do que o ar em todo o
Império Britânico, no ano de 1907.
Os projetos, de Bell e Gray, apresentaram
a similaridade das lâminas ou diapasões vibrantes
ligados a eletroímãs. Ao que parece, ambos
devem ter chegado à idéia do telefone ao mesmo
tempo, isto é, no ano de 1874.
Nesse ano, Elisha Gray concluiu seu
projeto mais extraordinário: com um diafragma de
aço diante de um eletroímã, ele havia construído
um receptor igual ao dos telefones atuais. Mas
não dispunha de transmissor.
Nesse mesmo tempo, Bell tentava a
construção de transmissores e receptores
baseado nos complicados diapasões. No verão de
1874, ele imaginou construir um receptor de
membrana, semelhante ao de Gray, mas usando
couro esticado. Sobre a membrana, ele colou uma
placa metálica. O transmissor, contudo, era mais
difícil. Depois, Bell teve a idéia de usar a força de
indução de um pedaço de ferro numa membrana
vibrante junto a uma bobina.
Em março de 1875 Bell viajou a
Washington para falar com o diretor do Instituto
Smithsoniano, Sir Joseph Henri Smithson, que
ficou impressionado com os projetos do jovem e
aconselhou-o a melhorar seus conhecimentos de
eletricidade para poder levar avante as
experiências. Bell, mais tarde, diria: "Não fora
Joseph e eu nunca teria inventado o telefone".
Bell e Watson continuaram trabalhando
juntos, noite a dentro. Watson construiu dois
aparelhos idênticos - um para ser usado como
transmissor e outro como receptor - utilizando
membrana de couro com placa metálica colada,
bobina, núcleo de ferro etc. As primeiras
experiências falharam, talvez em conseqüência
apenas do barulho ambiente existente no sótão da
Rua Court nº: 109, em Boston, onde trabalhavam.
O problema financeiro provocou a
interrupção das pesquisas por algumas semanas
e assim Bell retornou aos alunos, cursos e
conferências.
Graham Bell expôs suas dificuldades a
amigos e obteve o apoio financeiro de um rico
negociante, Thomaz Sanders, pai de um seu
15
aluno, e também de Gardiner G. Hubbard, pai de
Mabel, a menina surda que Bell ensinara a falar (e
com quem Bell se casou a 11 de junho de 1877).
Hubbard era grande acionista do telégrafo.
Bell
e
Watson
acreditavam
na
probabilidade da teoria dar certo. A 2 de julho de
1875, um curto-circuito provocado pelas lâminas
dos diapasões produziu um efeito que poderia
passar despercebido a um homem comum; mas
não a Bell. Ao soltar a lâmina presa, Watson fê-la
vibrar com intensidade. O som foi transmitido para
o outro aparelho, de Bell, na sala vizinha. Bell
alertou a Watson para não mexer em nada e
juntos eles redesenharam totalmente os
aparelhos.
determinada; 3º o aparelho que recebe os sons
transmitidos."
Bell intensificou seus trabalhos para
aperfeiçoar o invento. Gray, por outro lado,
pareceu considerar-se derrotado pela diferença de
duas horas na primazia do registro. Embora
dotado de boas idéias, ele nada faz para
desenvolver os projetos. A 7 de março, é deferida
a patente do telefone para Alexander Graham
Bell, sob número 174.465.
Elisha Gray, o grande concorrente,
também trabalhava com afinco em seu projeto; já
tinha desenvolvido um transmissor no qual a
membrana faz uma agulha vibrar junto de outra,
mergulhada em água acidulada. Gray está
providenciando, também as especificações
exigidas pelo U.S. Patent Ofíice.
Bell e Watson trabalham com entusiasmo
redobrado, agora numa sala, da "Exeter Place nº
5, uma casa sossegada. Eles também estão
preparando o pedido de registro da patente e, na
última
hora,
Graham
Bell
incluiu,
providencialmente, uma cláusula, descrevendo
uma resistência variável como parte do processo.
Mas sua ênfase maior era, de fato, o princípio da
indução eletromagnética.
No dia 14 de fevereiro de 1876, por
extrema coincidência, Bell e Gray ingressaram
com o pedido de patente. Com apenas uma
vantagem para Graham Bell: seu requerimento
chegara ao "U.S. Patent Office" duas horas antes
do de Gray.
Até esse dia nenhum homem havia
realmente falado pelo telefone. A notícia das
experiências, entretanto, já corria o mundo. No
Brasil, uma das primeiras referências ao telefone
está no jornal A Província de São Paulo de 20 de
fevereiro de 1876, com o título "Ouvir música pelo
telegrapho": "A telegraphia eléctrica que tem sido
já origem de tantas maravilhas, acaba de servir
para uma nova e bem notável invenção. Um
cidadão de Chicago {Estados Unidos), chamado
Elisho (sic) Gray, descobriu o meio de pelos fios
eléctricos transmitir os sons de um plano para a
sala de um concerto na distância de 2,4 milhas,
assegurando que poderia transmiti-los muito mais
longe. A maior parte dos physicos da America
considera esse maravilhoso resultado, como o
primeiro passo para descobrir-se a via eléctrica
que poderá ser usada para a transmissão dos
sons produzidos por muitos instrumentos
reunidos. O aparelho inventado por Gray, o qual
foi denominado telephonio, compõe-se de três
partes: 1º o instrumento que transmite os sons; 2º
os fios condutores, que vão a uma distância
O primeiro telefone do mundo.
DESTA VEZ...
O primeiro dinheiro que Bell recebeu com
a invenção: mil dólares. Por mais de 45 anos,
após a invenção do telefone, Bell demonstrou
criatividade em tudo o que fazia. Do Governo
francês, recebeu o Prêmio Volta, equivalente a 50
mil francos, com os quais conseguiu montar um
laboratório em Washington, para desenvolver o
processo de fabricação de registros fonógrafos em
discos de cera. No campo da Medicina, ele
publicou vários livros e no setor de construção civil
sugeriu que as casas fossem dotadas de ar
condicionado. Tinha também interesse pela
aviação.
Inventividade e personalidade forte foram
as grandes características de Graham Bell. Pelas
suas invenções, pelo seu espírito pioneiro, tornouse ainda cidadão norte-americano, fato de que
muito se orgulhava.
No dia 1º de janeiro de 1915, nos Estados
Unidos, houve a solenidade de inauguração da
ligação telefônica "costa a costa" (Nova Yorque São Francisco). Granam Bell pegou o telefone e
repetiu para Thomaz Watson a famosa frase que
proferira no dia 10 de março de 1803 quando o
telefone falou pela primeira vez: "Mr Watson,
come here, I need you". Na outra ponta da linha, a
mais de 4 mil quilômetros, Watson, seu amigo,
colaborador e agora sócio, respondeu: "Desta vez,
o senhor terá que esperar um pouco mais.
E depois da ligeira pausa: — Dentro de
uma semana estarei aí em Nova Yorque.
16
O CÃO QUE BELL FEZ FALAR...
Graham Bell era fino no humorismo. Certa vez,
Graham Bell disse a Thomaz Watson: ”Eu já
ensinei um cachorro a falar!” Watson deve ter
pualado da cadeira. Bell continuou: “como você
sabe, sou professor de mudos...Certo dia, assim
como se aperta as cordas de um violão, eu
tateava a garganta do cão e tentava modificar o
som das cordas vocais. Por meio de pancadas
consegui
fazer
com
que
meu
cão
“Sheyie”dissesse: “Au-ah-luu-mé”, ou seja, “Howare-you-grand-mather”. (como vai vovó).
A amizade entre Bell e Watson permitia
tais brincadeiras.
PROVIDENCIAL ACIDENTE
Três dias após a concessão do registro da
patente ocorreu um providencial acidente; Belll
derrubou um pouco de "Líquido Transmissor" na
roupa e no aparelho, que estava ligado.
Thomas Watson recordaria o fato numa
conferência pronunciada a 17 de outubro de 1913:
"Bell, no decorrer da experiência, tendo
necessidade de minha presença na sala, disse
com simplicidade: Mr. Watson, come here. I need
you! (Senhor Watson, venha aqui. Preciso do
Senhor). Na sala vizinha, junto ao outro aparelho,
a frase chegou-me límpida e completa ao ouvido.
Era a primeira vez que isso acontecia no mundo.
E eu, por felicidade, era a primeira pessoa que
podia ouvir um recado completo transmitido por
telefone, sem interrupção."
Essa é, portanto, a data histórica do
nascimento do telefone: 10 de março de 1876.
Os três inventores, Bell, Watson e Gray,
devem ser reverenciados. Os projetos de Elisha
eram até melhores que os de Bell. Mas houve a
primazia de Bell no registro da Patente. No
entanto, o invento não obteve imediato
reconhecimento de "aparelho de utilidade".
Foi
necessária
outra
providencial
circunstância e, desta vez envolvendo nos
acontecimentos o Imperador do Brasil, Dom Pedro
II. A intervenção do nosso Imperador deu início à
evolução do Telefone, iniciada no ato memoravel
do dia 25 de junho de 1876, com uma frase
igualmente memorável: "MEU DEUS, ISTO
FALAI".
Um homem lúcido e trabalhador
incansável, Graham Bell, acompanhava como
cientista, em 1922, a todos os eventos que a
telecomunicação proporcionava ao mundo; no dia
2 de agosto, no Canadá, Alexander Graham Bell
morreu aos 75 anos de idade, deixando para a
posteridade o inestimável legado do seu esforço,
traduzido em tantas invenções, a principal das
quais resultou na telefonia e todas as suas
ramificações.
HELEN KELLER, A MAGNIFICA
Na história da comunicação, a tenacidade
esteve sempre presente mas, o caso de Helen
Keller é talvez o mais apaixonante e
impressionou, como impressionam todos aqueles
que fazem de sua vida um digno ideal.
O esforço constante, bem intencionado e
otimista pode sobrepujar as estocadas cruéis do
destino, isso a maravilhosa Helen Keller
demonstrou.
Nascida em Tuscumbia, Alabama, nos
Estados Unidos, Helen era uma robusta menina;
porém foi atacada por urna congestão cerebral
aguda, antes de completar a idade de dois anos e
ficou cega, surda e muda. Tinha seis anos quando
Graham Bell, o inventor do telefone, a conheceu.
Bell, que tinha a mãe surda, era casado
com Mabel Hubbard, também surda; portanto,
interessava-se bastante pelos atacados de
surdez. Era professor de mudos.
Alexander Graham Bell não esqueceu
nunca dos surdos; já rico, no ano de 1900, doou a
apreciável quantia de 300 mil dólares à
Associação Americana de Ensino dos Surdos.
Bell fez com que os familiares de Helen,
seus amigos, entrassem em contato com o
Instituto Perkins, expondo o problema. O Instituto
enviou à cidade de Tuscumbia uma jovem de vinte
anos, chamada Anne Sullivan. Graças à
prodigiosa Anne, que ensinou à aluna a linguagem
das mãos, a antes triste Helen praticamente
ressuscitou.
Anne Sullivan também sabia que o seu
trabalho teria do ser orientado por três aspectos
básicos: coragem, paciência e perseverança.
Presenteou Helen com uma boneca, feita pelas
alunas cegas da Escola Perkins. Anne tentou
relacionar o objeto com quatro sinais querendo
significar d-o-l-l. Estes sinais foram transmitidos
das mãos da professora para as mãos da Helen.
A primeira tentativa não teve sucesso
imediato. Dias mais tarde, quando estavam perto
da uma bomba de água, surgiu uma ocasião
melhor para nova tentativa. Miss Sullivan tomou
uma das mãos da menina e a colocou sob a
torneira aberta. Enquanto isso, a outra mão
recebia sinais que soletravam a palavra w-a-t-e-r.
Desta vez, Helen entendeu as intenções
de sua professora. Percebeu que aqueles sinais
indicavam algo fresco, úmido e corrente. Em
seguida, a menina aproximou o rosto da terra,
enquanto miss Sullivan imediatamente soletrava a
palavra correspondente. Helen parecia fascinada
17
com a sua descoberta e, antes de dormir naquela
noite, já havia aprendido mais de 30 palavras com
os seus significados.
GENEROSA LIÇÃO DE TENACIDADE DA
MAGNÍFICA CEGA, SURDA E MUDA HELEN
Ao atingir os dez anos, conseguiu
aprender a falar e, em 1904, portanto aos 24
anos, doutorou-se em Filosofia, no Radcliffe
College.
Proferiu numerosas
conferências,
revelando-se uma extraordinária animadora das
gerações novas; uma lição viva de coragem, de
tenacidade e de amor ao próximo: "Os que
pensam que a vista e o ouvido são os únicos
meios pelos quais as nossas sensações se
despertam, declarava ela, ficam surpreendidos
com o fato de eu diferençar o caminhar nas ruas
do caminhar no campo. Esquecem que estou
impregnada de ambiências. Quem ousará negar,
depois disto, que, mau grado as minhas
imperfeições físicas, eu seja acessível às belezas
do mundo exterior? Por toda parte se encontram
maravilhas, mesmo nas trevas e no silêncio e, por
mais incompleta que eu seja, conformo-me com
as circunstâncias." Para comunicar-se com as
demais pessoas, ela recorreria ao alfabeto táctil,
ao alfabeto de Braille e ao contato dos seus dedos
com os lábios de quem falava.
Escreveu
diversas
obras
(algumas
traduzidas para outros idiomas) e criou várias
instituições de proteção e reeducação dos cegos,
surdos e mudos. Escrevia corretamente o idioma
inglês e também o alemão e o francês. Foi
doutora "honoris causa" por duas Universidades
norte-americanas.
Suas aparições em público constituíramse num espetáculo inesquecível; elas nunca mais
se separaram, até à morte de Anne, em 1936.
Deram ao mundo luminosa lição de estoicismo e
de exemplo para os que são atingidos pelo
destino com a cegueira, a surdez e a ausência de
voz.
Helen ainda estava empenhada, perto dos
88 anos de idade, ao trabalho assistência, pouco
antes de morrer de causas naturais, em 1968.
SILENCIO O GÊNIO MORREU
Graham Bell morreu no dia 2 de agosto de
1922, em Baddeck, no Canadá. Seu último
diálogo com a filha foi este:
— Não tenha pressa, nem se agite papai.
— Eu tenho que ser apressado, filha. Até para
morrer.
E morreu. Em seu túmulo, a seu pedido,
está uma placa simples para um homem
incomum: "Alexander Graham Bell, Inventor,
nascido a 3 de março de 1847.. morreu na
condição de cidadão dos Estados Unidos, em 2 de
agosto de 1922."
E no dia em que Bell morreu, todos os
telefones servidos pela Bell System silenciaram
durante dois minutos. A seu pedido, seu epitáfio
diz: "Nascido em Edimburgo. Morto cidadão dos
Estados Unidos".
IMPRESSÕES DA RAINHA VITÓRIA
O primeiro dinheiro que Graham Bell
ganhou com o telefone foram 10 mil dólares,
provenientes
de
conferências
sobre
o
funcionamento de sua invenção. Casou-se, então,
a 11 de julho de 1877 com sua ex-aluna surdamuda, Mabel Hubbard; Mabel é dez anos mais
nova. Bell tinha então 30 anos. Foram passar a
lua-de-rnel na Inglaterra, onde, aproveitando a
oportunidade, Bell pretendeu promover o telefone.
A rainha Vitória, a quem Bell apresentou o
aparelho, escreveu, em seu diário: "Um professor
Bell explicou todo o processo (sobre o telefone),
que é o que existe de mais extraordinário".
Os esforços de Bell na Inglaterra, contudo,
não foram muito animadores, pois, apesar das
Patentes, uma empresa rival já estava
implantando um sistema telefônico naquele País,
a Electric Telephone Co.
Entretanto, aproveitou o contato com os
investidores ingleses para explicar-lhes que, da
mesma maneira que havia uma rede subterrânea
para a distribuição de água e gás nas cidades, o
mesmo poderia ser feito com a rede telefônica,
que teria uma central de distribuição à qual
estariam ligadas as linhas auxiliares instaladas em
lojas, casas particulares, fábricas e outros locais.
Em 1877 a Bell Telephone Co. era uma
Empresa pequena, nascente. Naquele ano a
Western Union Telegraph Co. era um gigante no
serviço de telegrafia. Em março daquele ano a
Western fez uma oferta de aquisição da Patente
do telefone de Graham Bell por 100 mil dólares,
mas Bell recusou. A Western, então, comprou as
Patentes de Elisha Gray e Thomaz Alva Edson,
com a intenção de aperfeiçoar e explorar
comercialmente o telefone. Assim, a Western e
Elisha Gray fundaram primeiro a American
Speaking Telephone Co. para enfrentar a
Empresa de Bell, que em dezembro de 1877 já
possuía três mil telefones em funcionamento.
A ação lesiva da Western Union
recrudesceu e a Bell Co. iniciou naquele ano,
1877, a primeira ação judicial reivindicando sua
participação na venda de todos os telefones
fabricados segundo suas Patentes, Decorrido um
ano inteiro de depoimentos e provas, a Justiça
reconheceu que Alexander Graham Bell era o
indiscutível inventor do telefone e tinha direito à
participação nos lucros da exploração do aparelho
pela Western Union.
18
Então, Bell, que havia recusado a venda
da Patente nº 174.465 (a do telefone) em favor da
Western, recebeu nova oferta daquela Empresa:
25 milhões de dólares! Quantia fabulosa, mas Bell
recusou novamente. Por isso, as batalhas judiciais
sucederam-se pelos anos afora; foram seiscentas,
mas Bell venceu todas as demandas.
a
solução
hydraulicos."
almejada
pelos
engenheiros
A PRIMEIRA LIGAÇÃO INTERURBANA
Depois do reconhecimento público do
telefone, Bell e Watson passaram a fazer uma
série de demonstrações públicas e ao mesmo
tempo começaram a fazer experiências com a
conversação telefônica a distâncias cada vez
maiores. Encorajados, procuraram os diretores da
companhia telegráfica de Boston, pedindo-lhes a
instalação de uma linha entre Boston e Salem,
distanciadas entre si de 25 quilômetros.
Na tarde de 26 de novembro repórteres e
cientistas rodeavam tanto o receptor instalado no
laboratório de Graham Bell, em Boston, quanto o
transmissor instalado num auditório de Salem, de
onde Graham Bell passou a transmitir para
Watson as primeiras palavras interurbanas, pela
primeira vez no mundo.
Na manhã do dia seguinte, e por dias a
fio, os jornais publicaram notícias e as infinitas
possibilidades do emprego do telefone.
Menos de um ano depois, já estava
organizada, em Boston, a primeira empresa
telefônica do mundo, a Bell Telephone Company,
para 800 telefones. Tendo como presidente
Gardner Hubbard, sogro de Graham Bell, a
Empresa iniciou pioneiramente a exploração
comercial dos aparelhos telefônicos.
"TELEPHONE PARA ESCAPHANDRO"
Para constatar o entusiasmo causado pela
invenção do telefone no mundo, convém ler o que
aconteceu em nosso País, apenas um ano depois.
No dia 23 de dezembro de 1877, o jornal A
Província publicou uma curiosa notícia sobre a
aplicação do telefone em São Paulo:
"O Sr. barão de Teffé, que desde as primeiras
notícias sobre o telephone começou a estudá-lo,
conseguiu realizar uma das suas mais úteis
aplicações, ate agora ainda não lembrada por
ninguém,
empregando-o
como
meio
de
comunicação fácil, breve e seguro entre o
mergulhador ocupado em trabalhos no fundo do
mar e o engenheiro que de bordo ou da terra
dirige o serviço. As grandes vantagens resultantes
deste importante melhoramento não carecem de
encômios. Hoje o homem do escaphandro não é
mais forçado a subir a embarcação ou plataforma
de cada vez que tem uma comunicação a fazer ou
uma explicação a pedir e do fundo do mar pôde
descrever tudo quanto vê em torno de si, o que é
19
MARCONI
O ANIMADOR DO SILÊNCIO
postes já se espalhavam pelo mundo, naquela
época, levando longe os fios telegráficos.
Gluglielmo Marconi
“Ficar-lhe-ei grato se quiser transmitir ao
conhecimento do nobre povo brasileiro que me
sinto altamente honrado e comovido em poder
realizar, de Roma, a cerimônia da iluminação da
estátua do Cristo Redentor, erigida sobre o monte
Corcovado.
Através
das
ondas
elétricas
comandadas de Roma, será efetuada a ligação
das lâmpadas do Rio de Janeiro. Este importante
evento contribui para revigorar e exprimir, através
de uma das mais modernas conquistas da ciência,
os laços de simpatia e de sincera amizade
existentes entre a Itália e esse grande Pais.
Aos quatorze anos, Guglieimo era aluno
do Instituto Cavallero, de Florença. Suas
preferências por física e química o absorviam;
mesmo nas férias Marconi estudava com afinco.
Ele acreditava na realização da sua teoria. Ele
queria! E obtinha do seu professor Rosa
inestimáveis ensinamentos sobre os trabalhos de
outros cientistas. Marconi interessou-se pelo
trabalho de Calzeechi-Onesti: aquele cientista
fechara as extremidades de um tubo de vidro com
tampas metálicas e soldara cada extremidade
com um fio metálico. O tubo continha limalha de
ferro, etc e etc; Marconi analisava todos os
detalhes e... fazia perguntas que os professores
não sabiam responder ...
Aos vinte anos Marconi não tinha obtido
ainda qualquer título escolar: dedicara-se só à
química e física, e pouca atenção dava às outras
matérias. Fazia parte do seu trabalho de pesquisa
ir às lojas para adquirir fios de cobre, bobinas...
Guglielmo Marconi.
Esse telegrama foi transmitido (sem fio)
de Roma para o Rio de Janeiro, através das
ondas hertzianas, e lido no rádio pelo embaixador
italiano no Brasil. Foi um dia memorável, em que a
estátua do Cristo Redentor foi inaugurada: 12 de
outubro de 1931. Um rápido toque de dedo e um
impulso eletro-magnético, à velocidade da luz
(300.000 km por segundo), enviado de Roma,
iluminou o Cristo Redentor e milhares de
peregrinos ovacionaram.
"Marconi, o animador dos silêncios". Foi
com essas palavras que D’Annunzio, o grande
poeta, saudou ao inventor da radiotelegrafia.
Nascido em 25 de abril de 1874 em
Pontecchio, arredores de Bolonha, Itália,
Guglielmo Marconi, muito cedo, aos vinte anos de
idade, entregou-se às experiências que o levariam
à descoberta da telegrafia sem fio.
Quando menino, Marconi já estava
interessado em livros de física. Sabia das
previsões de Michel Faraday, cinquenta anos
atrás, que afirmara não ser preciso o contato de
dois circuitos elétricos para a energia atravessar o
espaço entre eles. E Marconi acreditava também
nas teorias do "maluco" Heinrich Hertz. Acreditava
que não só os sinais Morse poderiam ser
transmitidos sem fio: a voz também! Milhares de
Baseando suas experiências nas ondas
hertzianas descobertas por Heinrich Hertz (1887)
e à invenção da antena (Aleksandr Popov, 1895)
e, ainda, num tubo de vidro contendo finas
limalhas entre dois elétrodos, construído em 1890
pelo francês Edoard Branly, Marconi insistia nos
estudos. Aperfeiçoou o tubo de Branly e fez a
memorável experiência.
Em 1894, na sua velha casa de Bolonha,
Marconi conseguiu enviar do sótão um sinal
radioelétrico para seu irmão que se encontrava
além de uma colina, a 800 metros; um tiro de
espingarda dado por seu irmão Alfonso foi o sinal
de mensagem recebida. Aos vinte anos de idade
dera o primeiro passo para a sua grande
invenção; quando desejou aperfeiçoar o sistema,
não conseguiu obter apoio na sua Pátria, naquela
época sem recursos financeiros, Marconi obteve
os recursos que precisava na Grã-Bretanha e lá
instalou seu laboratório de pesquisas. Aperfeiçoou
tubo do francês Branly e em 1895 obteve uma
transmissão entre dois pontos distanciados de
uma centena de metros.
A 1896, em Londres, Marconi conseguiu a
primeira patente mundial para o telégrafo sem fio sim redigida: "Aperfeiçoamento na transmissão a
impulsos e sinais elétricos e nos aparelhos
correspondentes".
A 15 de maio de 1897, na Grã-Bretanha,
com Pernath e Weston, Marconi consegue uma
20
transmissão de 15 quilômetros. A partir de então,
os capitalistas deram ajuda ao infatigável inventor
e no dia 15 de maio do mesmo ano foi fundada a
Companhia Marconi de Radiotelegrafia. Porém,
Marconi não esqueceu da sua querida Itália e
impôs a condição de conceder a sua Pátria de
origem Pátria de origem o livre uso das suas
invenções.
A
Itália
sensibilizou-se
ante
o
desenvolvimento da radiotelegrafia e colocou à
disposição do inventor o couraçado "S. Martino"
para que as experiências se robustecessem.
Uma transmissora foi montada no arsenal,
La Spezia e os respectivos receptores foram
instalados no "S. Martino". Àquela época (1897)
Marconi estava em serviço militar na Itália, na
condição de simples marujo. E aconteceu a
transmissão
terra–mar
ultrapassando
18
quilômetros. Estava longe o dia em que o jovem
Marconi, a exemplo de Benjamin Franklim, não
fazia experiências utilizando grandes papagaios
que subiam para elevar antenas...
Em 1898 foi inaugurado o primeiro serviço
regular de radiotelegrafia, ligando a Ilha de Wight
a Bournemouth numa distância de 23 quilômetros.
Naquele ano também aconteceu à primeira
transmissão esportiva, precursora das demais: a
bordo de um barco, Marconi acompanhou a regata
do Kingston e transmitiu todos os seus detalhes
para a redação do Jornal "Daily Express", de
Dublin.
A introdução da radiotelegrafia fora
vitoriosa,
mas
havia
o
derrotismo.
"A
radiotelegrafia, dizia o Jornal North Americano
Review", jamais poderá substituir completamente
o telégrafo, pois não garante o segredo da
comunicação. O telégrafo sem fios parece uma
carta aberta; o com fio cumpre as funções de uma
carta fechada".
Marconi trabalhou alguns anos em busca
de uma solução e, ao início do novo século,
consegue empregar transmissões em circuitos
fechados e freqüências determinadas que
eliminaram os ruídos e obtiveram a sintonização
da estação receptora com a transmissora. E assim
aconteceu a famosa patente 7777 em favor de
uma das grandes vitórias da radiotelegrafia.
As críticas continuam a visar o inventor
boloonhês: na França dizia: Marconi era plagiário
e que Edoard Branly sim, era o legítimo inventor.
O próprio Branly encarregou-se de conceder o
mérito a Marconi. Pouco depois de La Spezia,
Marconi estabeleceu comunicação com as
estações italianas e com Calvi, na Córsega.
Mas, havia agora outro entrave a desafiar
a radiotelegrafia. Apesar ter conseguido estabecer
comunicações com 300 quilômetros havia que
vencer a curvatura da terra.
O ponto mais próximo entre a Europa e a
América está respectivamente entre Saint John's
e Terranova. Marconi dirigiu-se para Terranova, e
lá instalou uma torre. Por telegrama via cabo
submarino, combinou com um ajudante em Saint
John's que faria transmissões durante três horas
seguidas, numa hora pré-determinada.
No terceiro dia (12-12-1901), com a
emoção própria dos obstinados eles vencem as
batalhas, a transmissão contínua dos três pontos
(equivale as letra “S", "S", "S", "S" fez-se ouvir),
graças a um "papagaio que pairava a poucos
metros de altura, que serviu de antena. Estava,
em princípio, vencido o problema da curvatura da
terra!
Marconi
defrontou-se,
com
outro
problema. A Companhia de cabos submarinos
alegava exclusividade e tentava impedir as
transmissões sem fio... o que, de certa forma, deu
ao inventor a alegria de ter reconhecida a sua
vitória por parte dos próprios adversários. O
próprio Marconi advogou em causa própria e
venceu o entrave no Tribunal que decidiu: "Os
direitos dos que empregam cabos submarinos não
podem ser usados por estranhos; porém, a
telegrafia sem fio, é óbvio, lançou um sistema
diferente de transmissão".
E essa vitória foi referendada pelo gênio
Thomaz Alva Edison, que no princípio das
experiências de Marconi estava pessimista quanto
aos resultados. Edison mandou este cabograma
ao inventor: "O senhor desmontou os aparelhos,
mas permanece o fato de ter tido a ousadia de
lançar as ondas elétricas através do Atlântico pela
primeira vez". Os aplausos de todo o mundo
seguiram-se ao de Edison.
Em 1902 é aperfeiçoado o "detector"; do
primitivo aparelho de Calzecchi-Onesti, ajustado
com um telefone comum, pode-se "ouvir" os sinais
Morse. A bordo do "Filadélfia" Marconi
aperfeiçoou o pequeno telefone obtendo a
eliminação
dos
ruídos
das
descargas
atmosféricas, tornando possíveis as transmissões
com alta seletividade de som.
E Marconi prenunciou: "Qualquer dia a
voz humana também será ouvida".
Sucederam-se as instalações de antenas,
na terra; nos navios, complicadas redes de fios
formavam antenas no alto-mar. Mas, restavam as
rnontanhas: elas impediam a propagação normal
das ondas hertzianas.
Marconi,
agora
acompanhado
de
competentes auxiliares, a 20 de outubro embarcou
no navio "Cario Alberto", da Inglaterra para "Glace
Bay", no Canadá. Lá a temperatura chega a 30
graus negativos. É naquele local que o cientista
espera manter mensagens entre Poldhu, na
21
Rússia e Glace Bay. Os dias decorreram sem que
o sucesso chegasse. Marconi tinha estabelecido
um código entre os colaboradores: "Standard"
significará "não recebemos nada"; "Greentime"
(recebemos alguns sinais); e "Yellowtime"
(recebemos com perfeição). Até que, no dia 15 de
dezembro, 55 dias depois do embarque, chegou o
almejado "Greentime". Três dias depois chegou a
informação que equivalia a "Vencemos as
montanhas", ou seja: "Yellowtime".
outros navios sobre "icebergs" na redondeza não
sensibilizaram imediatamente os tripulantes do
Titanic, o navio que "Nem Deus conseguiria
afundar" como afiançavam. Apesar de tudo, a
radiotelegrafia conseguiu amenizar a tragédia
daquela viagem deplorável onde os telegramas
sociais tiveram prioridade mesmo após a colisão
pois o "Senhor do Atlântico era inafundável". Os
sobreviventes conferiram a Marconi uma plaqueta
de ouro, em reconhecimento.
O inventor passou a ser reverenciado pelo
seu rei que lhe conferiu a cidadania italiana. Foi
acolhido triunfalmente nos Estados Unidos e na
Inglaterra.
Em 1909, dia 23 de janeiro, foi conferido a
Marconi o Prêmio Nobel de Física; naquele
mesmo ano ele divorciou-se da esposa Beatrice
O'Brian, com quem casara em 1905 e lhe dera
três filhos. O motivo: a ciência roubava do lar o
homem que preferia viver nas pesquisas.
Um jornalzinho foi editado por Marconi, a
bordo do navio "Lucânia" com material de redação
recebido peia telegrafia sem fio, chegado de
vários pontos; foi o precursor dos jornais editados
pela maioria dos navios. Hoje, porém graças à
descoberta do "sem fio" as notícias chegam pelo
rádio, televisão, telefone; o que concede ao jornal
impresso mera função de "lembrança de bordo".
Novas descobertas em favor do sistema
telegráfico foram aparecendo; em 1904, o inglês
Fleming, que assistira às primeiras experiências
de Marconi, inventou a válvula termiônica. O
americano Lee de Forest transformou o diodo de
Fleming em triodo.
SOS... SOS... SOS...
Aconteceu, assim, um colossal avanço
que proporcionou ao inventor, a satisfação de
saber que no dia 25/1/1909 os passageiros do
luxuoso navio inglês "Republic", que colidiu com o
Flórida, navio italiano, salvaram-se graças ao
desesperado apelo de CDQ (hoje SOS), o
primeiro lançado no mundo em operação de
salvamento.
Cinco outros navios chegaram para
socorrer; com isso houve a lamentar a perda de
seis vidas. Poderia ter sido diferente a tragédia.
Anos mais tarde, em 14/4/1912, o
telegrafista do navio "Carpathia" captou os
desesperados
CDQ
(SOS)
partidos
do
transatlântico inglês "Titanic".
Lamentavelmente, naquele naufrágio,
morreram 1503 das 2207 pessoas a bordo.
Marconi tinha sido convidado de honra
naquela
viagem
inaugural
do
chamado
"transatlântico inafundável", mas seus afazeres o
impediram de viajar. Quando o radiotelegrafista do
"Carpathia" e de outros navios receberam os
apelos já era tarde. O Titanic já ia ao fundo
salvando-se apenas aqueles que puderam obter
lugar num insuficiente número de botes salvavidas. Lamentavelmente, também, alertas de
Em 1911 a Companhia Marconi inaugurou
perto de Piza (Itália) a maior e mais avançada
estação de quantas a Empresa já tinha instalado e
conseguiu aumentar as transmissões de 4000
para 10000 quilômetros.
E veio a guerra, que começou em 1914.
Já era possível transmitir a própria voz sem o uso
de fios. Dos aviões e dos navios também partiam
mensagens sonoras. Marconi estuda, ainda; está
interessado nas ondas curtas e as domina, em
1915.
Em 1922, em sessão solene, Marconi
apresentou no Institute of Radio Engineers, Nova
Iorque, a sua "Memória" sobre as ondas curtas.
Ele continuou estudando no laboratório do navio
"Elettra", que adquirira do Almirantado Inglês. O
navio foi praticamente a sua casa e nele
conviveram também sua nova esposa, uma
condessa, e a filha, nascida em 1930; à qual foi
dado o mesmo nome do navio que ficaria famoso
em todo o mundo: Elettra.
Daquele barco, Marconi transmitiu e
recebeu mensagens de todo o globo. Em 1930,
com um toque elétrico do Elettra, ancorado em
Gênova, acenderam-se as luzes de uma
Exposição na Austrália, proeza repetida em 1931
quando do mesmo modo acenderam-se as luzes
que inauguraram a imagem do Cristo Redentor,
no Rio de Janeiro.
O toque elétrico que fez iluminar o Cristo
Redentor nada teria de extraordinário se não
fosse por um detalhe; conforme Marconi
predissera anos antes ele conseguira mandar o
impulso da Lua...
O dedicado cientista, incansável, fazia
novas predições e perseguia as realizações.
Estava
aplicado
ao
estudo
das
microondas quando seu coração, do qual exigira
esforços em excesso, parou.
22
Homens como Marconi jamais estarão
mortos. Suas obras os tornam perenes.
HERTZ... MORSE... MARCONI..;
CERTAMENTE PREVIRAM ALÉM DOS SEUS
INVENTOS
(MAS, NÃO CONTARAM...)
23
amigo desvelado dos índios, militar dedicado à
causa da integração do País, sacrificou-se pelo
MARECHAL RONDON
O COMUNICADOR
Cândido
Rondon
Mariano
da
Silva
"Ao mesmo tempo que introduzia no
sertão a linha telegráfica, a sonda do progresso,
como digo eu, a "'língua do Mariano", como dizem
os maus amigos índios esforcei-me para que a
sociedade se interessasse pelos irmãos primitivos
que lembram a modéstia de sua origem, não há
dúvida, mas sem os quais não teria sido possível
levar a cabo minha tarefa".
(Cândido Mariano da Silva Rondon)
No dia 5 de maio de 1865, na Sesmaria
do Morro Redondo, em Mimoso, Mato Grosso,
nasceu Cândido Mariano da Silva Rondon, em
cujas veias corria o sangue índio-guaná e bororó
de duas bisavós maternas e, por parte do pai,
paulista, sangue espanhol. Antes do seu
nascimento, o pai, Cândido Mariano, já doente e
prevendo morte próxima, por causa da varíola,
escreveu ao seu irmão Manoel Rodrigues,
pedindo-lhe para levar o filho de Mimoso, pois
dizia ele, na carta ao irmão, que "aqui em Mimoso
será um vaqueiro ignorante; na cidade poderá se
preparar para servir melhor a nossa terra".
Morreu sem conhecer o filho, mas estava,
com essas palavras, predestinando o futuro para
seu filho, glória de nosso povo.
Até 1878, o menino Cândido Rondon fez
os estudos primários. Em 1879, em Cuiabá,
matriculou-se no Liceu Cuiabano, onde ficou até
formar-se professor, com 16 anos de idade.
Seguiu para o Rio de Janeiro em 1881,
matriculando-se na Escola Militar, onde ficou até
janeiro de 1889, quando se formou.
GLÓRIA DE UM POVO
Rondon, comunicador e integrador por
excelência, símbolo dos pioneiros que construíram
o Brasil, está na consciência do povo brasileiro e
no mapa nacional, onde Rondônia o imortaliza. O
velho desbravador. Bandeirante dos Sertões,
Brasil humilde e longínquo, lutando para que a
cultura substituísse pacificamente o primitivismo.
Cândido Mariano da Silva Rondon morreu a 19 de
janeiro de 1958, com 93 anos, mas ainda vive
para o Brasil e para seu povo. Sua obra, no setor
das comunicações, serviu de base para os
trabalhos hoje realizados pelo Ministério das
Comunicações em todo o País, Fronteiras fixadas
por ele, com imensas dificuldades, foram
definitivamente delimitadas pelo Ministério das
Relações Exteriores.
Cândido Mariano da Silva Rondon,
pioneiro na construção de linhas telegráficas em
locais considerados inatingíveis, delimitador de
fronteiras difíceis de equacionar e defensor
ardoroso dos costumes e direitos indígenas é,
sem dúvida, o símbolo da Integração Nacional. O
sonho de Rondon é um legado à posteridade e
sua obra, a glória de nosso povo. A sua biografia
pertence à humanidade.
Elevado ao Marechalato, por Lei Especial
do Congresso Nacional, vê-se festejado quando,
ao completar 89 anos, a Universidade de
Sorbonne, em Paris, promoveu sessão solene em
sua homenagem, com a participação de todas as
demais universidades francesas. Secundou-a a
Sociedade de Geografia de Nova Iorque, que
expôs seu nome em letras de ouro entre Pearry
(descobridor
do
Pólo
Norte),
Amundsen
(descobridor do Pólo Sul), Charcot (explorador
que mais devassou terras árticas) e Byrd
(explorador que mais devassou terras antárticas),
considerando-os os cinco maiores exploradores
do mundo.
A máxima consagração viria, entretanto,
através do "Explore's Club" de Nova Iorque, com
apoio de entidades científicas e culturais do
mundo inteiro ao lançar a candidatura de Cândido
Mariano da Silva Rondon ao Prêmio Nobe da Paz.
Não viveu, porém, o bastante para receber a
honraria.
Numa tarde de sol em Copacabana, Rio
de Janeiro, Rondon, cego, recebe a extrema
unção. Ao médico que o assiste, balbucia: "Viva a
República, viva a República". E morre. O
calendário marcava 19 de janeiro de 1958.
O dia 5 de maio, natalício de Rondon é
considerado o dia das Comunicações no Brasil.
24
JUSTO RECONHECIMENTO
Dele disse um dia Theodore Roosevelt: "A
América poda apresentar ao mundo duas
realizações ciclópicas: ao norte, o Canal do
Panamá, ao sul, o trabalho de Rondon. cientista,
prático, humanitário". Em entrevista a um jornal de
Nova Iorque, assinalou, ainda, o ex-presidente
americano: "O coronel tem, como homem, todas
as virtudes de um sacerdote: é um puritano de
uma perfeição inimaginável na época moderna; é,
como profissional, tamanho cientista, tão grande é
o seu conjunto de conhecimentos, que se pode
considerá-lo um sábio. Quanto mais eu o conhecia
e o estudava, em meio da contemplação da
grandeza do Brasil, mais me firmava na idéia de
que essa grandeza não era maior do que a do
filho ilustre desse recanto prodigioso da natureza.
Nunca vi, nem conheço alma igual. E também
nunca vi, nem verei obra igual. Os homens que a
estão realizando são, pela sua abnegação e
patriotismo, os maiores que existem. Um povo que
tem filhos desta ordem há da vencer. O século XX
pertence-lhe".
Landell de Moura, como poderá ficar comprovado
nestas
mesmas
páginas.
Punido
pela
incompreensão, chamados de malucos, muitas
vezes os inventores tiveram que resignar-se,
depositando o fruto das suas convicções no fundo
dos baús.
NOTÍCIA ESTRAMHÂ... (e se fosse verdade?)
Se em 1877, apesar de já ser realidade, o
telefone era chamado por um jornal londrino de
"Mais uma fraude americana", imagine-se como
um jornal de Boston (EUA) noticiou, em 1867 (dez
anos antes...) a prisão de um cidadão, em Nova
York.
"Um homem de cerca de 46 anos de
idade, que deu o nome de Joshua Coppersmith,
foi preso em Nova York por tentar extorquir
dinheiro a pessoas ignorantes e supersticiosas,
exibindo um aparelho que ela diz que levará a voz
humana a qualquer distância sobre fios metálicos,
de modo que ela será ouvida por qualquer pessoa
na outra extremidade da linha. Ele chama o
instrumento
de
"telefone",
com
o
fim,
evidentemente, da imitar a palavra "telégrafo" e
ganhar a confiança daqueles que sabem do
sucesso deste último aparelho, sem conhecerem
os princípios sobre os quais se baseia. As
pessoas bem instruídas sabem que é impossível
transmitir a voz humana sobre fios, conforme pode
ser feito com pontos e traços e sinais do código
Morse, e que, se fosse possível fazê-lo de modo
indicado, a coisa não teria valor prático. As
autoridades que prenderam este criminoso estão
de parabéns e esperamos que a punição do
impostor seja rápida e severa, para que sirva de
exemplo aos planejadores sem consciência que
enriquecem à custa de seus semelhantes"
Notícias como essas eram de molde a
desencorajar mesmo aqueles que tinham plena
convicção dos seus ideais... Talvez o cidadão
Joshua tenha sido um refinado escroque. Porém,
suponha-se que ele de fato, tivesse inventado o
aparelho... sem ao me nos ter tido a oportunidade
de demonstrar o seu funcionamento. Foi o que
aconteceu, por exemplo, com o padre brasileiro
25
PADRE LANDELL DE MOURA
INVENTOR INCOMPREENDIDO
Padre Roberto
Moura.
Landell
de
Um padre, que conhecia eletricidade e em
1893 fazia experiências extraordinárias, tão
avançadas quanto aquelas que Marconi apenas
iniciaria dois anos depois, merece que a história
das telecomunicações lhe faça justiça. O padre
Landell sofreu muito ante à incompreensão que
cercou seus inventos.
Roberto Landell de Moura nasceu em Porto Alegre a 21 de janeiro de 1861. Estudou no
colégio dos Jesuítas e sempre gostou tanto da
Ciência quanto da Religião. Ordenou-se sacerdote
em 1886, depois de ter estudado na Escola
Politécnica do Rio de Janeiro, onde aprendeu
Física e desenvolveu seus primeiros estudos
sobre a "Unidade das forças físicas e a harmonia
do Universo". Transferido de Porto Alegre para
São Paulo em 1892, o padre Landell fez suas
experiências extraordinárias na capital paulista.
PQR QUE LANDELL NÃO ENTROU
PARA A HISTÓRIA?
Perseguido
até
pelas
autoridades
religiosas da época, algumas das quais o
acusavam de herege, temido por paroquianos
ignorantes, que o tinham como bruxo e espírita,
Roberto Landell de Moura morreu em Porto
Alegre, pobre, ignorado, incompreendido, com a
fama de louco e lunático.
Sacerdote um tanto fora dos padrões comuns da época, Landell dedicava grande parte de
seu tempo à ciência. Foi em Campinas, onde era
pároco de urna igreja, que suas invenções tiveram
grande impulso, e ele descobriu princípios da
física absolutamente inéditos. Entre eles estavam
aqueles que, anos mais tarde, seriam empregados
na modulação de ondas para a radio transmissão
e na emissão de ondas entretidas - (ondas
contínuas de freqüência constante).
O padre Landell inventou o primeiro
aparelho para a transmissão e recepção da
palavra falada sem fio, testando-o com êxito, em
1893, quando conseguiu transmitir sinais e sons
musicais a uma distância de oito quilômetros,
entre a Avenida Paulista e o Alto de Santana, num
sistema de telefonia sem fios.
O invento assombrou a população e à própria Igreja, que não tardaram a chamá-lo de louco,
bruxo e espírita. Mas, perseverante, padre Landell
prosseguia. Logo inventou o teleauxifono (uma
espécie de telefone), o caleofono (atual
intercomunicador), o anematono (telefone sem fio,
que reproduzia com igual nitidez as palavras), o
teletiton (telegrafia sem fio, onde as pessoas
podem se comunicar sem ser ouvidas por outra) e
o edifono (aparelho para neutralizar ruídos e
interferências na voz humana).
Na realidade, como provam seus
desenhos e esquemas, foi ele o verdadeiro
inventor da válvula de três pólos, ou triodo, com a
qual era possível modular uma corrente elétrica e
transmiti-la, sem fios, a longas distâncias.
Marconi em 1896, três anos mais tarde,
patenteou a telegrafia sem fio; Brighton fez o
mesmo, em 1900, para a radiotelefonia.
AS PATENTES DE UM "MALUCO"
Em julho de 1901, padre Landell
embarcou para os Estados Unidos para patentear
seus inventos. Mas não foi bem sucedido: os
americanos exigiram modelos, e ele teve que
improvisar um laboratório passando fome e
privações; além disso, os norte-americanos
pretendiam rotular os aparelhos como obras dos
EUA, pagando uma insignificância ao brasileiro.
Mesmo assim, em outubro do mesmo ano
seu invento foi protocolado com o nome de
telefone sem fio. Um ano depois, era registrado o
telégrafo sem fio e o transmissor de ondas. Todos
estes inventos, com suas patentes e números
comprovados estão assombrando professores e
cientistas brasileiros, que só agora tomam
conhecimento
de
sua
existência:
seus
equipamentos utilizam luz composta de radiações
claras e radiações actínicas, estabelece princípios
de amplificação com ar comprimido (o que foi
utilizado na década de 40) e especificam noções
do aumento da distância e das ondas curtas,
fundamentais para o sistema de microondas.
O padre Landell de Moura nunca aplicou,
entretanto, as suas invenções mais complexas.
De volta ao Brasil, pediu ao presidente da
República, Rodrigues Alves, dois navios de
guerra, onde demonstraria seus equipamentos.
Quando o assessor do presidente
perguntou a que distância queria os navios de
terra obtendo a resposta "a quantas milhas quiser,
pois meus aparelhos podem funcionar a qualquer
26
distância e poderão servir no futuro para
comunicações interplanetárias", a presidência
mudou de idéia e resolveu arquivar o pedido.
Motivo:
Padre
Landell
foi
considerado
positivamente maluco não só pelo assessor, mas
pelo próprio Rodrigues Alves (o governo italiano,
com relação a Marconi, também não colocou os
navios de guerra à disposição do prematuro
inventor, que precisou ir buscar recursos na GrãBretanha).
DOCUMENTO
OS
DOCUMENTOS,
DESENHOS
E
ESQUEMAS QUE O PADRE LANDELL DE
MOURA DEIXOU FORAM ANALISADOS NA
ATUALIDADE E A CONCLUSÃO FOI ESTA;
REALMENTE ELE DIZIA A VERDADE!
27
SAMUEL MORSE
Samuel Morse
A telegrafia, técnica de comunicação à
distância, é conhecida desde a antiguidade,
através de sinais de fogo, fumaça, tambores e
vários outros. Mas o telégrafo de cunho realmente
prático surgiu na França, em 1791, com as
experiências de Claude Chappe, inventor de
aparelhos elétricos e acústicos. Seu principal
invento foi um aparelho de sinalização óptica
composto de um poste com uma barra transversal
superior, em cujas extremidades giravam duas
barras menores. As posições dessas barras
simbolizavam palavras ou letras.
eletroímã e fazia um lápis mover-se sobre uma
folha de papel apoiada em um cilindro. À medida
que a fita avançava sobre o cilindro, o lápis ia
riscando um gráfico irregular, cujo traçado
correspondia aos sinais de um código, também
criado por Morse.
No entanto, esse sistema não funcionava
bem em grandes distâncias, e naquele tempo, 30
quilômetros era uma distância considerada
enorme. Os sinais tornavam-se fracos, quase imperceptíveis. Para suprir essa falha o inventor
desenvolveu um dispositivo auxiliar que, instalado
em pontos intermediários repetia automaticamente
os sinais, fazendo-os chegar com a devida
intensidade ao seu destino.
Estava, assim, aberta a possibilidade de
instalação de redes telegráficas atingindo grandes
distâncias, o que ocorreu por volta de 1920.
O emprego da eletricidade tornou possível
a transmissão quase instantânea de sinais. O
primeiro telégrafo data de 1774, criado em
Genebra, por Lesage. A seguir, foram utilizadas
pilhas e, em 1820, Ampere utilizou a agulha
imantada sob a ação da corrente elétrica. O
aparelho de Steinheil, em 1837, foi o primeiro a
registrar sinais em uma tira de papel. Anos depois,
ele descobriria o importante desempenho da terra
como condutor o que permitiu a supressão do fio
de retorno.
Nesse mesmo ano de 1837, o americano
Samuel Morse (1791-1872) requeria, na América,
patente de um aparelho que utilizava o eletroímã e
o código de traços e pontos (usado ainda hoje), do
qual derivam direta ou indíretamente, todos os
aparelhos que vieram depois. Ainda em 1844
Morse organizou uma empresa para construção
de uma linha regular entre Nova Iorque, Baltimore
e Washington.
Aparelho telegráfico – 1837
O BRASIL CONTOU COM OS
MELHORES SERVIÇOS TELEGRÁFICOS
DO MUNDO
UM APAIXONADO
Foi na Europa, em 1823, que Samuel
Morse se apaixonou pela telegrafia, ficando tão
impressionado com as possibilidades dos
telégrafos da época que até abandonou sua
profissão (era pintor - retratista, para se dedicar
inteiramente à telegrafia.
O telégrafo elétrico foi inaugurado no
Brasil no dia 11 de maio de 1852; quando, para
comemorar o evento, o Imperador dom Pedro II,
do Paço de São Cristóvão, trocou mensagens
com o ministro Euzébio de Queirós e o professor
Capanema, que se encontravam no Quartel
General.
Três anos depois ele criaria um modelo
experimental que funcionava da seguinte maneira:
a corrente elétrica de uma pilha passava por um
Guilherme
Schuch
de
Capanema,
professor de Física na Escola Central (hoje Escola
Nacional
de
Engenharia),
cedeu
uma
28
aparelhagem que possuía do então ministro da
Fazenda, Euzébio de Queirós e do professor
Paulo Cândido da Faculdade de Medicina. Eles
resolveram, então, iniciar a instalação da rede
elétrica. Não tendo obtido os resultados
esperados,
devolveram
a
Capanema
o
equipamento e ele resolveu reiniciar as
experiências. Foi então incumbido pelo Ministro de
executar a instalação da nossa primeira linha
telegráfica, que iria unir o Quartel General do
Campo de Santana a Quinta da Boa Vista.
Para isso, Capanema encomendou na
Europa toda a aparelhagem necessária e com
ajuda dos presos da Casa de Correção, fez a
primeira linha subterrânea, medindo 4.300 metros
em linha reta.
Finalmente, em maio de 1352
inaugurado o telégrafo elétrico no Brasil.
entre os países do mundo que melhor ofereceram
os serviços telegráficos.
Essa rede nacional DDD, operada pela
ECT, admite como suporte somente meios de
transmissão de alta confiabilidade, como
microondas ou UHF, e seus terminais se
encontram
instalados
em
cidades
cujas
potencialidades sócio-econômicas justifiquem a
sua integração à rede. Tratava-se da chamada
Rede Nacional Gentex - RNGTX - ou seja, a rede
de primeiro nível da empresa interligada, existiu a
rede secundária de linhas físicas, instalada em
algumas localidades ainda remanescentes das
linhas estendidas pelo marechal Rondon, pioneiro
das Comunicações no Brasil e uma rede de rádio
com estações centralizadoras em localidades
privadas de terminais RNGTX.
foi
Em 1857, uma linha telegráfica ligou o Rio
de Janeiro a Petrópolis e, ao longo da Guerra do
Paraguai, por razões militares, o Rio foi conectado
com ai cidades de Porto Alegre, Rio Grande e
Pelotas.
Nos anos seguintes, novos contatos se
fizeram, integrando a Nação. Assim, a Paraíba
obteve contato telegráfico com a Capital em 1875,
Fortaleza obteve-o em 1881, Belém em 1886,
Goiás em 1890 e, finalmente, Mato Grosso em
1831.
O ano de 1874 marcou a inauguração do
primeiro cabo submarino no Brasil (quase cem
anos depois, 1973, novo cabo submarino ligaria o
País
às
Ilhas
Canárias, ampliando as
possibilidades de comunicação com a Europa, via
Espanha).
Em dezembro de 1900 já havia 390
estações telegráficas no Brasil e a extensão das
linhas federais atingiram 21.065 quilômetros.
Nesse ano foram expedidos no território nacional
cerca de 1.310 mil telegramas (20 milhões de
palavras). E o movimento geral dos telegramas
internacionais transmitidos a recebidos foi de
1.354 mil (21 milhões de palavras); a Repartição
de Telégrafos teve uma renda de 6.719 contos de
réis, acusando déficit, como nos anos anteriores e
posteriores. Nessa época, Marconi já fazia
experiências na Inglaterra com a radiotelegrafia.
A Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, ECT, opera atualmente uma rede
nacional DDD de computação telegráfica
constituída de várias centrais locais e de trânsito,
localizadas nas principais Capitais do País, bem
como
de
equipamentos
multiplex
e
fonotelegráficos, canalizando as comunicações
entre os assinantes dessas centrais locais.
Esse dinamismo no campo da telegrafia,
precursora das telecomunicações, coloca o Brasil
As cidades servidas por essas redes
secundárias
geralmente
possuem
baixa
densidade populacional e reduzido volume de
tráfego.
Sob o ponto de vista da comutação e
transmissão, as mensagens veiculadas na
RNGTX não apresentam diferença alguma de
uma mensagem de telex comum. As diferenças
estão justamente na operação, que na RNGTX foi
feita através de operadores, mensageiros e
demais funcionários da ECT, enquanto na antiga
Rede Nacional de Telex, a operação (perfuração,
preparação, transmissão e recepção) foi
inteiramente exercida pelo usuário da rede.
A utilização da RNGTX se deu através
dos balcões das agências dos Correios e
Telégrafos, onde são taxadas as mensagens do
público em geral, bem como através do serviço de
fonogramia - terminais telefônicos de uma central
da ECT, com o código de chamada 135, cujo
acesso era livre a todos os usuários da rede
telefônica local e, finalmente, através de terminais
da própria Rede Nacional de Telex (RNTX)
instalados nos Correios.
SISTEMA SIMPLES
A transmissão dos sinais elétricos era feita
por meto de uma chave, isto é, uma pequena
alavanca de metal com um contato em cada
extremidade e um pivô ao centro. Pressionada a
chave, sua parte dianteira locava um contato
metálico, ligando a pilha à linha. Com isso,
estabelecia-se o circuito e a corrente seguia para
o receptor.
Se a chave era baixada por um instante
apenas, o receptor traduzia sob a forma de um
ponto; uma pressão mais prolongada originava um
traço. E assim, as letras iam sendo representadas
por uma combinação diferente de pontos e traços,
que mais tarde seria conhecida como "Código
Morse".
29
PONTO E TRAÇO: UMA LINGUAGEM
A 24 de maio de 1844, num prédio na
cidade de Washington, nos Estados Unidos,
Samuel Morse acionou a pequena alavanca de
um curioso engenho que ele mesmo construíra.
No mesmo instante, na cidade de Baltimore, a 64
quilômetros de distância, um colaborador do
cientista, sentado diante de um engenho
semelhante, notou que seu dispositivo entrava em
funcionamento. Interpretando os traços irregulares
que a agulha do mecanismo traçava numa fita de
papel, ele pôde ler: "What hath God Wrought" (Eis
o que Deus realizou). Este foi o primeiro
telegrama da História. E com a transmissão desse
versículo da Bíblia, Samuel Morse mereceu o
título de inventor do primeiro telégrafo realmente
prático.
meios de comunicar-se. A origem da palavra
telégrafo vem do grego "tele" que quer dizer
longe, a "graphein", escrever.
Em 1344, o então presidente da República
Getúlio Vargas, através do Decreto n.° 6.522,
dedicou o dia 24 de maio ao Telegrafista.
OUTROS SISTEMAS
O sucesso das transmissões telegráficas
foi absoluto. No princípio do século seguinte eram
exigidas novas opções para barateamento dos
custos, pois só era possível transmitir uma
mensagem por vez.
Começaram a surgir novos métodos: a
transmissão duplex, que veio permitir o envio
simultâneo de duas mensagens ao mesmo tempo.
A seguir foi criado o quadriplex, possibilitando o
manejo de duas mensagens em cada direção.
HOMENAGEM A MORSE
Mais tarde foi desenvolvido o eficiente
aparelho multiplex, capaz de transmitir quatro
mensagens simultâneas de cada estação, sendo
que oito mensagens trafegam ao mesmo tempo
em sentidos opostos da linha.
Usando o Código Morse, é possível
decifrar
a
singela,
porém
emocionante
homenagem abaixo, nesta página dedicada s
Samuel Morse, o inventor da telegrafia.
SOS
SOS... SOS... SOS... Ao contrário da
crença geral, tais letras emitidas pelos
radiotransrnissores que pedem socorro não são
iniciais da "Save our ship" (Salvem nosso navio)
nem de "Sava our Soufs" (Salvem nossas almas).
Foi em 1912 que o Congresso Radiotelegráfico
Internacional escolheu um sinal em Morse para
ser usado por todos os navios e aviões em casos
de perigo. O sinal SOS é composto de três batidas
curtas, três longas e novamente três curtas. Este
código foi escolhido por ser fácil de ser enviado
mesmo para um leigo que nunca tenha manejado
um manipulador telegráfico. É fácil de reconhecer
quando captado e pode ser repetido durante um
tampo indefinido. Foi pela circunstância rio pedido
de socorro constituir-se de três batidas curtas para
o S e trás batidas longas para O, que o sinal de
perigo ficou sendo identificado pelas letras SOS.
Tais letras são agora, de domínio público mundial
e exprime sinônimo de "emergência", "socorro".
O homem sempre teve necessidade de
manter contato com seus semelhantes. Com esse
objetivo, criou os mais diferentes e sofisticados
30
CABOS SUBMARINOS
O QUE É?
Cabo submarino é um cabo telefônico
especial, que recebe uma proteção mecânica
adicional, própria para instalação sob a água, por
exemplo, em rios, baías e oceanos. Normalmente
dispõe de alma de aço e de um isolamento e
proteção mecânica especiais. Este tipo de cabo
telefônico é utilizado principalmente em redes
internacionais
de
telecomunicações,
que
interligam países e continentes. No Brasil, pelo
seu tamanho continental, o cabo submarino é
utilizado para interconectar toda a sua costa. Seu
tipo pode ser metálico, coaxial ou óptico, sendo
este último o mais utilizado atualmente.
Muito embora existam divergências
quanto às datas, o primeiro cabo submarino de
que se tem notícia foi um cabo telegráfico lançado
em 1851 no Canal Inglês de Dover. Em 1858 foi
lançado o primeiro cabo submarino metálico
transatlântico interligando a América do Norte e a
Inglaterra. O sistema era lento com uma largura
de banda capaz de transportar apenas duas
palavras por minuto. Seu funcionamento, no
entanto, foi efêmero. O primeiro cabo submarino
transatlântico lançado com sucesso só correu em
1866. O número de cabos submarinos metálicos
continuou crescendo, mas ainda se limitavam à
transmissão de mensagens telegráficas.
O cabo submarino coaxial surgiu em 1956
e permitiu a comunicação de várias pessoas ao
mesmo tempo. No início dos anos 70, com o
desenvolvimento do cabo óptico e a sua aplicação
na comunicação submarina, este meio de
transmissão tornou-se a melhor opção. O primeiro
sistema óptico, precursor dos sistemas de cabos
submarinos atuais, foi implantado nas Ilhas
Canárias em 1982. A era do cabo óptico
submarino de longa distância teve início
efetivamente em 1988 com o lançamento de um
cabo óptico submarino transatlântico entre os
oceanos Pacífico e Atlântico (interligando USA,
França e Inglaterra) com capacidade de
transmissão em massa.
A primeira rede de fibra ótica projetada
para utilização da técnica DWDM (Dense
Wavelength Division Multiplexer) foi implementada
em 1988 e interligou os Estados Unidos com a
Grã Bretanha, a Alemanha e a Holanda. Este
cabo era associado ao sistema TAT-8 e elevou a
capacidade de tráfego entre os EUA e a Europa
para 20.000 circuitos de voz.
No final do século XX e início do século
XXI o mundo viu um aumento efetivo de oferta de
banda através dos novos sistemas de cabos
submarinos que foram lançados neste período no
Oceano Pacífico, Oceano Atlântico, Sudeste da
Ásia, e América do Sul. Neste período as
Américas vivenciaram o lançamento de três novas
redes ópticas submarinas de grande capacidade e
alta tecnologia que interligam as três Américas
circundando-as pelo Atlântico e o Pacífico: SAM1
da Emergia, o South American Crossing da Global
Crossing e o 360 Network (Globenet).
Uma
combinação
de
fatores
foi
responsável por este aumento de banda, como a
demanda reprimida, o aumento de tráfego
telefônico e de TV internacional, a Internet, a
desregulamentação do setor de telecomunicações
em vários países, a competição e o avanço
tecnológico como o DWDM, técnicas de
amplificação óptica (amplificador óptico em linha,
pós-amplificador, pré-amplificador, amplificação
remota, etc.). Tais fatores permitiram ampliar as
bandas e reduzir os custos de equipamentos,
cabos e os serviços de instalação e lançamento,
tendo sido determinantes para que os preços de
banda passassem a um novo patamar.
Em
paralelo
implementaram-se
mecanismos de proteção mecânica (dos cabos
submarinos) e de sistema (por exemplo, estrutura
em anel de autocorreção), conferindo aos
sistemas ópticos submarinos novos paradigmas
de confiabilidade e disponibilidade. Hoje se tem
vários sistemas com capacidade de terabits e
técnica de DWDM com 60 – 90 lambdas
(comprimentos de onda). O tempo de transmissão
de um sinal, que nos primórdios da telegrafia
ainda era medido em minutos, caiu para
milissegundos com o emprego da fibra ótica.
Atualmente o maior cabo óptico submarino do
mundo em extensão é o SEA-ME-WE 3, que
mede 38 mil quilômetros e interliga 32 países do
Sudeste Asiático, do Oriente Médio e da Europa.
No Brasil, o primeiro cabo submarino fez
parte da primeira linha telegráfica brasileira. Foi
inaugurado em 1857 e interligava a Praia da
Saúde no Rio de Janeiro com a cidade de
Petrópolis. A linha tinha extensão total de 50km,
sendo 15km em cabo submarino.
Os
primeiros
cabos
totalmente
submarinos foram inaugurados por D. Pedro II em
1874, interligando o Rio de Janeiro, Salvador,
Recife e Belém. A linha Recife, João Pessoa,
Natal foi estabelecida em 1875. A primeira ligação
31
internacional por cabo foi feita no mesmo ano,
com Portugal, tendo sido concluída por meio de
contrato com a empresa British Eastern Telegraph
Company. A ligação com a Europa foi resultado
do espírito empreendedor de Irineu Evangelista de
Souza, Barão e depois Visconde de Mauá, que
participou da organização e financiamento da
instalação do cabo submarino.
em cada par de fibra, com uma velocidade de 2,5
Gbps por lambda.
O Americas I segue o mesmo caminho do
Americas II (Brasil, Trinidad & Tobago, Porto Rico
e Estados Unidos). Foi inaugurado em setembro
de 1994 e sai de Fortaleza rumo à Flórida.
ATLANTIS-2
Em 1893 a companhia inglesa South
American Cables Ltd instalou um cabo submarino
em Fernando de Noronha. Posteriormente, em
1914, a concessão deste cabo foi transferida para
a França. Um segundo cabo submarino em
Fernando de Noronha foi lançado pelos italianos
da Italcable em 1925.
Principais
Cabos
presença no Brasil:
Submarinos
com
Este cabo submarino pertence a um
consórcio internacional formado por 25 grandes
empresas
de
telecomunicações
e
que
representam
as
maiores
operadoras
de
telecomunicações do mundo. Exigiu recursos da
ordem de US$ 370 milhões. Setenta por cento do
empreendimento foi feito pelas operadoras
Embratel, Deutsche Telecom, Telecom Itália,
STET - France Telecom, e Telefônica de
Espanha.
Com cerca de 12 mil quilômetros de
extensão e em operação desde o inicio de 2000,
liga o Brasil (de Natal até o Rio de Janeiro) à
Europa, África e América do Sul. O cabo possui
dois pares de fibras óticas sendo um utilizado para
serviço e o outro para restauração. É o único cabo
submarino transatlântico que interliga diretamente
a América do Sul à Europa. A capacidade atual
deste cabo é de 20 Gbps, sendo a sua
capacidade final prevista de 40 Gbps. Possui 8
lambdas no par de serviço, com uma velocidade
de 2,5 Gbps por lambda.
Utilizando a infra-estrutura do Atlantis 2, a
Embratel implantou ainda, para seu uso exclusivo,
dois pares adicionais de fibras óticas com
capacidade de 40 Gbps, entre Fortaleza e Rio de
Janeiro.
AMERICAS II
O cabo submarino Américas II entrou em
operação em setembro de 2000, interligando o
Brasil (Fortaleza) aos Estados Unidos. Resultado
de um consórcio formado por diversas operadoras
internacionais (Embratel, WorldCom, Sprint,
CANTV, entre outras), opera com a tecnologia
SDH (hierarquia digital síncrona), que permite que
o sinal seja transmitido e recebido com
sincronização.
Com 9.000 km de extensão, quatro pares
de fibras óticas e capacidade de transmissão de
80 Gbps, o Américas II interliga o Brasil, a Guiana
Francesa, Trinidad e Tobago, Venezuela,
Curaçao, Martinica, Porto Rico e Estados Unidos.
O Américas II tem a capacidade de transmitir
151.200 ligações simultâneas e possui 8 lambdas
Através do cabo submarino Atlantis 2, o
Brasil participa da rede digital que conecta os
cinco continentes e que será composta pela
interligação de 73 sistemas de cabos de fibras
óticas, totalizando uma extensão de 385 mil
quilômetros. Esta rede irá formar a infra-estrutura
global da sociedade da informação.
EMERGIA – SAM 1
O cabo submarino SAM 1 da Emergia é um
sistema construído pela Telefônica S.A., que
investiu US$ 1,6 bilhão na sua realização. Ele
interliga as três Américas por meio de cabos que
somam 25 mil quilômetros de extensão. Possui
quatro pares de fibras óticas, 48 lambdas em cada
par de fibras, com uma velocidade de 10 Gbps por
lambda o que lhe garante uma capacidade de
transmissão final igual a 1,92 Tbps.
Diferente dos outros cabos submarinos
que tocam o Brasil, o SAM 1 é um anel óptico que
circunda as Américas através dos oceanos
Atlântico e Pacífico. Ele é auto-restaurável o que
permite garantir maior qualidade, velocidade e
32
segurança ao tráfego de voz e dados entre as
principais cidades do continente. Devido ao
emprego
da
tecnologia
DWDM
(Dense
Wavelength Division Multiplexer), o circuito pode
ser restabelecido caso haja interrupção em algum
trecho do cabo submarino. Assim, a informação
percorre o caminho inverso, já que o anel possui
capacidade de auto-restauração para reagir a
possíveis falhas em menos de 300 milissegundos,
sem queda de transmissão.
A capacidade inicial do cabo da Emergia
que entrou em operação em fevereiro de 2001 é
de 40 Gbps, expansível até 1.92 Tbps. Os
serviços de comunicações de banda larga
permitem a conexão porta a porta, na América
Latina, América Central e os Estados Unidos,
atendendo ao Brasil, Argentina, Chile, Peru,
Guatemala, Porto Rico e Estados Unidos.
No Brasil, o cabo interliga as cidades de
Santos, Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador.
Além disso, um dos centros de operação em rede
mundial da Emergia (eNOC) localiza-se na cidade
de Santos, Brasil.
de fibras ópticas, 34 lâmbdas em cada par de
fibras, com uma velocidade de 10 Gbps por
lambda o que lhe garantirá uma capacidade de
transmissão final igual a 1,36 Tbps. A capacidade
inicial do cabo SAC é de 40 Gbps.
UNISUR
Inaugurado oficialmente em 1 de
novembro
de
1994,
o
sistema
de
telecomunicações UNISUR interconecta os países
do Mercosul, Argentina (La Plata), Brasil
(Florianópolis) e Uruguai (Maldonado).
Resultado de um consórcio formado pelas
operadoras
internacionais
Embratel,
Antel
(Uruguai) e Telintar (Argentina), compõe-se de um
cabo submarino de fibra ótica com 1.741
quilômetros de extensão, 10 repetidores e 15.120
canais. Permite o tráfego de todos os tipos de
meios de comunicação, como televisão, telex,
telefonia, dados, etc.
CABO SUBMARINO:
ESTRUTURA BÁSICA DO SISTEMA
GLOBAL CROSSING – SAC
Em operação comercial desde o início de
2001 o SAC da Global Crossing teve um custo
estimado da ordem de US$ 2 bilhões. O cabo
submarino tem 15 mil quilômetros e interliga os
principais países da América do Sul, Central e
Norte (Brasil, Argentina, Chile, Peru, Panamá e
USA).
O SAC é um anel óptico auto-restaurável
que circunda as Américas através dos oceanos
Atlântico e Pacífico. Esta configuração garante ao
sistema uma qualidade que permite o
fornecimento de um serviço em alta velocidade
com qualidade e segurança entre as principais
cidades do continente.
A principal característica dos sistemas de
comunicações de cabos ópticos submarinos, além
da sua alta capacidade de transmissão é a
distância que se pode atingir, chegando a até
9.000 km sem necessidade de regeneração do
sinal.
Nos sistemas que utilizam fibras ópticas
de terceira geração (1300nm) consegue-se atingir
espaçamentos de até 60km entre repetidores. Já
nos sistemas que utilizam cabos com fibras óticas
de quarta geração (1550nm), estes espaçamentos
podem atingir até 100 Km.
Em sua configuração final, o SAC terá
quatro pares de fibras ópticas, 32 lâmbdas em
cada par de fibras, com uma velocidade de 10
Gbps por lambda o que lhe garantirá uma
capacidade de transmissão final igual a 1,28 Tbps.
A capacidade inicial do cabo SAC é de 40 Gbps.
Além disso, o cabo óptico, amplificadores
e regeneradores
utilizados
em
sistemas
submarinos são projetados para resistirem a
pressão de água de até 8.000m de profundidade
(pressão igual a 800 atmosferas). A estrutura dos
componentes, incluindo os componentes ópticos,
é de altíssima confiabilidade, normalmente
assegurando 25 anos de vida útil.
GLOBENET/360 NETWORK
ESTRUTURA EM ANEL
Recentemente adquirida pela Brasil
Telecom, o cabo da Globenet entrou em operação
comercial no início de 2001. Diferente dos cabos
da Emergia e da Global Crossing o da Globenet
não circunda as Américas. Seu anel se fecha pelo
próprio Atlântico interligando os Estados Unidos,
as Ilhas Bermudas, a Venezuela e o Brasil. No
Brasil os pontos de entrada são as cidades do Rio
de Janeiro e de Fortaleza.
As redes que utilizam cabos submarinos
são normalmente construídas em anel o que
permite que a mesma circunde um continente, um
país, uma ilha, oferecendo conectividade em toda
a sua extensão e garantindo redundância, através
do uso de sistemas SDH padrão para proteção e
auto-restauração de tráfico da rede em caso de
falha. Através da característica de autofechamento e da bidirecionalidade do anel podese partir de qualquer ponto do anel e chegar-se a
qualquer outro ponto, trafegando-se com os dados
em qualquer direção.
Com 22,5 km e 303 repetidores, o cabo da
Globenet terá em sua configuração final 4 pares
33
A detecção de falhas é realizada através
do equipamento de roteamento de tráfego. Ao
detectar uma falha ele redireciona o tráfico
automaticamente possibilitando uma reparação
instantânea. O padrão ITU tem sido utilizado com
sucesso nos principais sistemas submarinos do
mundo inteiro, conferindo aos sistemas ópticos
submarinos novos paradigmas de confiabilidade e
disponibilidade.
Apresenta-se a seguir os principais
componentes de um sistema de comunicação de
longa distância utilizando cabos submarinos.
MULTIPLEXAÇÃO POR DIVISÃO DE ONDA
DENSA (DWDM).
Os sistemas submarinos atuais têm capacidade
de transmitir vários sinais ópticos independentes,
cada um com um comprimento de onda
característico (lambda). O método pelo qual vários
sinais em diferentes comprimentos de onda são
combinados numa única fibra é conhecido pelo
nome de multiplexação por divisão de onda densa
(DWDM).
Os
DWDM
atualmente
em
funcionamento nos cabos submarinos trabalham
com comprimentos de onda com velocidade de
transmissão de 2,5Gbps e 10Gbps.
Os equipamentos de DWDM ficam nas
Estações Terrenas. Seu projeto, normalmente,
permite um crescimento gradual, desde um único
comprimento de onda até múltiplos comprimentos,
a medida que aumentem as necessidades de
capacidade.
EQUIPAMENTO SDH
ESTAÇÃO TERRENA
Na
Estação
Terrena
estão
os
equipamentos responsáveis pela regeneração do
sinal óptico e pela demultiplexação dos sinais
separando-os em canais e posteriormente
disponibilizado-os para a distribuição aos usuários
finais. É na Estação Terrena que o cabo
submarino chega quando entra no continente.
Além da Estação Terrena, os sistemas
submarinos completam-se com os Pontos de
Presença (POP). Normalmente as Estações
Terrenas situam-se em pontos distantes dos
centros consumidores dos serviços. Assim, para
permitir que se tenha uma distribuição eficiente
dos serviços, criam-se os POPs para onde são
levados os sinais da Estação Terrena.
Tanto a Estação Terrena como os POPs
são dotados de sistemas de energia e segurança
com redundância de 100% incluindo a entrada de
energia da concessionária, geradores, sistema
ininterrupto de energia (no-break) e ar
condicionado. Os sistemas de prevenção,
proteção e combate a incêndio também são itens
cuidadosamente estudados e implementados.
O centro de gerência do sistema (NOC –
Network Operation Center) geralmente é
construído em uma Estação Terrena ou POP.
Através de alarmes e sistemas de monitoração, o
NOC permite o controle de tráfego, a vigilância
dos sinais, identificação de problemas e a
manutenção do sistema, 24 horas por dia, 7 dias
na semana.
O equipamento SDH oferece às redes
ópticas funções de multiplexação e proteção.
Todas as interfaces são de padronizadas de
acordo com normas internacionais, permitindo a
sua interligação com outras redes submarinas,
terrestres e de satélite. Podem estar instalados
tanto na Estação Terrena como no POP.
AMPLIFICADORES ÓPTICOS
Os amplificadores ópticos compensam as
perdas no cabo submarino devidas à atenuação
do sinal. Eles são conectados ao cabo a intervalos
de distância apropriados e devolvem aos pulsos
óticos a sua amplitude original, sem necessidade
de ter que convertê-los à sua forma eletrônica nos
repetidores submarinos. Eles não realizam a
regeneração do sinal, que é feita na Estação
Terrena.
Os amplificadores ópticos são projetados
de modo a poder transportar a capacidade da fibra
através dos vários milhares de quilômetros entre
as Estações Terrenas.
Cabo
Submarino Típico 1 – Uso no oceano
34
A alimentação dos amplificadores ópticos
de um sistema óptico submarino é feita
remotamente a partir das Estações Terrenas. A
voltagem necessária para a alimentação dos
amplificadores gira em torno de 4.000V.
O cabo submarino acompanha a
topografia do fundo do oceano e fica praticamente
“estacionado” no leito submarino. Isto se deve ao
próprio peso do cabo e ao peso dos
amplificadores (em torno de 500 kg cada um).
Assim, na parte oceânica o cabo submarino não
necessita de uma maior proteção além da
utilizada para resistir à pressão de água em
grandes profundidades.
Pode-se utilizar vários tipos de cabo de
acordo com as condições do leito oceânico e as
funções da rede. O cabo tronco normalmente
possui quatro pares de fibras e os ramais dois. Em
águas profundas o tronco e ramais são leves, não
havendo a necessidade de uma blindagem mais
pesada. Perto da costa utilizam-se cabos
blindados de vários tipos para minimizar as
ameaças externas das âncoras das embarcações
e barcos pesqueiros.
A fibra é desenvolvida especificamente
para aplicações submarinas e produzida
especialmente para transportar a capacidade da
fibra através dos vários milhares de quilômetros
entre as Estações Terrenas.
1. Proteção externa
2. Cabos de aço galvanizado responsáveis pela
resistência do cabo
3. Camada de cobre (condutor da energia da
alimentação remota dos amplificadores)
4. Fibras óticas
Cabo Submarino Típico 2 – Uso já na plataforma
Por estar mais exposto e sujeito a danos,
ao chegar à plataforma continental o cabo
submarino passa a ser enterrado a uma
profundidade média de 1m. Para lhe conferir mais
confiabilidade no sentido da proteção mecânica, o
cabo submarino instalado na plataforma possui
uma proteção extra.
4. Segunda camada de aço galvanizado para a
resistência do cabo.
5. Camada de cobre (condutor da energia da
alimentação remota dos amplificadores).
6) Fibras ópticas
As fibras ópticas podem ser do tipo:
monomodo (single mode), dispersion shifted
(dispersão alternada), non-zero dispersion shifted
ou outra, dependendo do tipo de aplicação,
distância entre os amplificadores e da eletrônica
utilizada no sistema.
Por questões técnicas, num mesmo cabo
óptico submarino pode-se ter diferentes tipos de
fibras, ou seja, a dispersão das fibras pode variar
em cada trecho do trajeto, dependendo da
distância entre as estações terrenas e dos
amplificadores.
Nos últimos anos foram construídos vários
cabos submarinos que interligam o Brasil às
varias partes do mundo. A implantação de um
cabo submarino é um projeto complexo. A
estrutura para o lançamento de um sistema óptico
submarino baseia-se em três pontos:
1. Fabricante / fornecedor do cabo óptico
submarino /equipamentos;
2. Companhia especializada no lançamento do
cabo;
3. Operadora de telecomunicações.
A
operadora
de
telecomunicações
(consorciada a outras empresas ou não)
geralmente é a responsável pela encomenda de
um sistema de rede óptica submarina.
O fornecedor do cabo é o principal
contratado, que recebe a incumbência de fabricar
os cabos ópticos e os equipamentos de
transmissão.
A terceira empresa envolvida nesta
estrutura é a especializada no lançamento do
cabo. Através de um navio especialmente
desenvolvido e equipado para esta operação,
realiza um minucioso estudo das características
do leito oceânico como as suas zonas de
profundidade, perfil topográfico e geológico, bem
como as suas características físicas e químicas. A
partir destes dados traça a rota mais segura para
o lançamento e a instalação do cabo óptico
submarino. Posteriormente, esta empresa também
pode ser a responsável pela manutenção da rede.
1. Proteção externa.
2. Cabos de aço galvanizado responsáveis pela
a resistência do cabo.
3. Proteção interna.
35
TELEVISÃO
A invenção da televisão está ligada a
descobertas anteriores ligadas à radiodifusão,
quais sejam: a descoberta das ondas de rádio por
parte de Rudolf Hertz, em 1887; da invenção da
antena para captá-las, por parte de Aleksandr
Popov em 1895; e por parte de Guglielmo
Marconi, que, ao inventar a radiotelegrafia Sem
fios, em 1896, conseguiu emitir sons e captá-los a
centenas de metros.
Já em 1873, Willoughby Smith, inglês,
comprovara a propriedade do selênio de
transformar energia luminosa em energia elétrica,
provando que era possível transmitir imagens
eletricamente. Já neste século, à altura da década
de 20, baseando-se em trabalhos de Paul Nipkow,
alemão, John Logie Baird conseguira realizar as
transmissões pioneiras, concluindo com um acordo com a BBC, em 1926, para emissões
experimentais. As pesquisas tiveram continuidade
pelo russo-americano Vladimir Zworykin e peio
alemão Ferdinand Braun; mas, em 1930, foi o
francês René Barthelemy que conseguiu fazer
funcionar um transmissor.
A primeira estação de TV regular foi
montada na Torre Eiffel, em 1935; seguiram-se as
estações de Londres (1936), Moscou.(1938) e
Nova Iorque em (1939}. Durante a guerra mundial
somente a Alemanha manteve a televisão em
funcionamento, até 1943. Coube à BBC fazer a
primeira transmissão de TV para o continente, em
1950; então, foi criada a Eurovisão, naquele
mesmo ano, quando o número de pessoas
possuidoras de televisores não chegava a um
milhão. A guerra teve grande influência nessa
lentidão inicial.
Frei José Mojica – 1º programa da TV brasileira
ASSIS CHATEAUBRIAND, DA
"CADEIA JUPÃ" DE JORNAL, RÁDIO E
TELEVISÃO, A 4 DE JULHO DE 1950
INAUGUROU A 1ª TV BRASILEIRA
COM ESTA IMAGEM
Como já tinha acontecido com a
introdução do rádio, foi também nos Estados
Unidos, nação não afetada pela guerra, que a
televisão desenvolveu-se mais rapidamente; na
década de 50 a nação americana era a única em
que havia um televisor em quase todas as casas.
Esse desenvolvimento deveu-se ao fato das
transmissoras de TV americanas terem obtido
logo de inicio substanciais quantias dos
anunciantes; também teve influência a rapidez
com que puseram à disposição do público o
encadeamento das estações possibilitando a um
Estado assistir a programas de outros, fato hoje
corriqueiro, mas que naquela época foi
considerado
animador
pelos
que
ainda
duvidavam.
Também na Inglaterra aconteceu o
mesmo, quando a televisão BBC implantou as
transmissões em cadeia, levando som e imagem
para as províncias mais distantes. Posteriormente
a transmissão passou a ser feita entre países por
intermédio da Eurovisão, entidade nascida da
união das nações da Europa Ocidental, As nações
do leste europeu também criaram a sua entidade
sob o nome de Intervisão. Em 1961 houve a
transmissão Intercontinental de Moscou para a
Grã-Bretanha, mostrando a chegada
do
cosmonauta Gagarin.
O sucesso da televisão recrudesceu com
o lançamento dos satélites artificiais, notadamente
o "Pássaro Madrugador", em 1965, que permitiu a
transmissão para o mundo inteiro, pela
Mundovisão, de imagem e som notavelmente
límpidos.
.
A notícia de que a descida do primeiro
foguete tripulado na Lua seria transmitida pela TV
fez com que literalmente se esgotassem os
estoques de aparelhos na maioria das lojas; no
dia 20 de julho de 1969 milhões de
telespectadores puderam assistir, maravilhados, a
um espetáculo que viria ligar definitivamente as
transmissões televisivas à vida do homem. A
imagem passou a viajar pelo espaço e a entrar
nos lares, modificando usos e costumes dos
homens e dos meios sociais.
No início, as transmissões eram feitas em
branco e preto e estas deixavam muito a desejar;
mas a tecnologia encarregou-se de introduzir as
melhorias até chegar os soberbos espetáculos a
cores que hoje são transmitidos com formidável
nitidez, de qualquer parte da terra.
A primeira transmissão da América Latina
foi feita pelo Brasil, na cidade de São Paulo, no
36
dia 4 de julho de 1950; o programa inicial
apresentou o cantor Frei José de Guadalupe
Mojica, pelo Canal 3 da TV Tupi, que depois
passou a usar o Canal 4. Naquele dia, cerca de 5
mil
pessoas
foram
assistir
à
primeira
demonstração em vários televisores instalados na
Praça Dom José Gaspar e no hall dos Diários
Associados, na Rua Sete de Abril. Aquela
demonstração foi feita diretamente das câmaras
de TV ligadas aos receptores por um cabo coaxial.
A recepção da imagem deixou muito a desejar se
comparada à que hoje é oferecida. Mas o público
paulista naquele dia e nos dois meses seguintes
teve uma idéia do que seria uma transmissão
televisionada. Assim, algumas lojas já expunham
aparelhos para venda.
do Interior daquele Estado, o fornecimento de
energia é periodicamente interrompido em torno
da 23 horas. Certo dia estava sendo transmitido
um jogo de futebol entre Remo e Paissandu; mas,
a partida havia começado um pouco tarde e o final
do jogo não seria assistido se os geradores
fossem desligados.
Terminada a partida, minutos depois o
Registro Policial do Distrito recebeu queixa por
parte do operador da Empresa, que fora vítima de
um inusitado "seqüestro" quando não só foi
impedido de desligar o sistema de força como
também foi "obrigado" a assistir o jogo...
A 18 de setembro daquele ano, 1950,
deu-se a inauguração oficial; a antena
transmissora foi instalada no alto da torre 6o
edifício do Banco do Brasil.
A primeira transmissão do Interior
aconteceu diretamente de Santos para São Paulo,
no dia 18 de dezembro de 1955. Foram cinco
anos de espera. Naquele Dia, com um "link-relay"
instalado no Alto da Serra, a "1.100 m acima do
mar, foi televisionado o jogo de futebol entre
Santos e Palmeiras. A partir de então, as
transmissões foram para lugares cada vez mais
distantes.
A segunda estação de TV brasileira foi
instalada no Canal 5, também em São Paulo, no
ano de 1952, sob o nome "Televisão Paulista"
(hoje TV Globo).
No ano seguinte, coube ao Rio de Janeiro
inaugurar o Canal 6 (Tupi) e em 1954 novamente
São Paulo contou com mais uma estação: a TV
Record, Canal 7. A partir de então, todas as
Capitais de Estados brasileiros e algumas grandes
cidades do Interior também instalaram seus
transmissores e a Televisão brasileira passou a
pensar em colorir suas telas, já que nos EUA a
televisão colorida já estava no ar desde 1954, o
mesmo acontecendo com alguns poucos países
europeus no início da década de 70. O Governo
brasileiro encarregou uma Comissão para verificar
qual, dentre os vários sistemas usados no mundo
seria o mais adequado ao nosso País e qual seria
aquele que melhores resultados obtinha nas
transmissões. Dessa forma, em 31/3/1972 deu-se
início à era da televisão colorida em nosso País,
com a adoção do Sistema Pall (alemão).
De acordo com dados extraídos do
Anuário estatístico do IBGE (1977), funcionavam
no Brasil, naquele ano, 75 emissoras de televisão,
sendo 9 ceias instaladas em São Paulo.
A TV E O FUTEBOL
Há um fato pitoresco, ligado à televisão,
acontecido no Para: Em algumas cidades e vilas
37
RADIODIFUSÃO
PREVISÃO ACERTADA
Na Inglaterra, Arthur Burrows escreveu na
época com grande perspicácia:
"Não existe razão para que dentro de alguns
anos os discursos dos políticos no Parlamento, por
exemplo, não sejam retransmitidos pelo rádio e
captados simultaneamente nas salas de redação de
todos os jornais do Reino Unido. A mesma idéia poderia
ser estendida para a retransmissão de concertos
oferecidos nas salas privadas de Albert Hall ou de
Queen's Hall, ou de importantes recitais do mundo
musical. Também não haveria dificuldade para que uma
agência de publicidade preenchesse os intervalos de
um programa musical com anúncios publicitários
audíveis, apelos patéticos ou vigorosos, enaltecendo os
méritos de tal sabão ou tal molho de tomate".
A descoberta da radiodifusão foi resultado
da aplicação de vários fatores ligados à
radioeletricidade: a circunstância do alemão
Rudolfo Hertz ter descoberto as ondas de rádio
(chamadas hoje de ondas hertzianas) em 1887,
aliadas à invenção da antena para captá-las
(Aleksandr Popov — 1885) e ao fato de Guglielmo
Marconi ter conseguido emitir sinais e captá-los a
centenas de metros, criando a telegrafia sem fios.
Gluglielmo Marconi foi inventor do rádio.
Em 2 de junho de 1896 Marconi patenteou
em Londres um sistema prático de telegrafia sem
fio por meio de ondas elétricas, inventando, desta
maneira, um novo e revolucionário meio de
comunicação: o rádio.
A evolução do rádio nos seus primeiros
anos foi rápida: em 27 de março de 1839 enviou
ondas radioelétricas através do Canal da Mancha.
Dois anos depois, 12 de setembro de 1901, emitiu
sua primeira mensagem através do Atlântico, da
Grã Bretanha para Terra Nova na América.
Lee de Forest inventou o emissor,
produzindo onda regular e contínua e também a
válvula, melhorando a qualidade da reprodução e,
em 1908 realizou uma emissão do alto da Torre
Eifel que foi captada em Marselha.
O rádio veio evoluindo: a 1909 a voz do
célebre cantor Enrico Caruso foi transmitida do
Metropolitan Opera House. Em 1916, novamente
Lee de Forest instalou uma radio emissora
experimental em Nova Iorque. Porém; a primeira
emissora regular seria inaugurada em 1919, em
Roterdã.
O rádio, tal qual o conhecemos hoje, com
sua variedade de aplicações e modelos, nasceu
bem diferente e mais simples, e foi sendo
aperfeiçoado conforme foi ganhando importância.
Contribuiu para isso a 1ª Guerra Mundial: um
grande número de soldados e marinheiros
passaram a utilizar-se das transmissões do rádio
para enviar ou receber mensagens militares. Nos
Estados Unidos, David Sarnoff construiu uma
caixa que conseguia captar diversos tamanhos de
ondas, bastando para isso pressionar um botão ou
girar uma manivela. Como captava também os
sons musicais, a caixa radiofônica passou a
chamar-se "caixa de música".
Somente a partir de 1920 é que as
estações de rádio começaram a desenvolver-se; o
novo meio de comunicação modificou a vida da
sociedade. Os Estados Unidos entraram na vida
radiofônica de forma decidida: de uma estação,
inaugurada em 2 de novembro de 1920 (KDKA)
em Pittsburg, passou para 4 estações de 1921,
que se transformaram em 382 no fim de 1922. Em
1927 contavam os estadunidenses com 7 milhões
de receptores.
Quando surgiu a proliferação de
emissoras, o problema de interferências de
freqüência impôs a regulamentação de faixa e de
horário:
foi
então
criada
a
Union
Radiotelégraphique Internationale, em 1925.
Àquela época, década de 20, a
humanidade
já
passava
por
profundas
transformações que facilitaram a formação de
uma massa de ouvintes. O poder de compra
aumentou e todos começaram a ter acesso à
educação e aos divertimentos.
Os lucros canalizados para as radio
emissoras começaram a aparecer e os homens de
negócios logo compreenderam até onde poderiam
aumentá-los. Menos afetados pela guerra, os EUA
abriram o caminho e o número de ouvintes
cresceu devido às novas atrações ofertadas: lutas
de box, futebol, noticiários e demais programas,
capazes de prender os ouvintes ao lado do rádio.
Durante a 2ª guerra, 1942/45, o rádio foi o
principal instrumento de informação e, depois
dela, os países colonizadores montaram extensa
programação de âmbito intercontinental dirigida à
transmissão de propaganda ideológica.
Não foi fácil a introdução do rádio; mesmo
depois de consagrado pelos ouvintes ainda eram
38
apontadas
inconveniências
sobre
ele:
reabilitavam-se concepções antigas como, por
exemplo, aquela de que as antenas de rádio
seriam usadas apenas "nas regiões pouco
povoadas, onde uma ligação por cabo não é útil e
onde as comunicações pelo telégrafo com fio são
ameaçadas
pelas
tempestades,
animais
selvagens ou pelos seres humanos ignorantes".
"Mais tarde, enquanto uns diziam que o
rádio levaria ao declínio da leitura e à degradação
do gosto, outros proclamavam-no como arte".
"Enquanto isso, o invento seguia seu
próprio caminho, fornecendo a seus ouvintes
diversas experiências: não somente veiculava as
notícias como as enriquecia, introduzindo-se na
intimidade do lar com reportagens de testemunhas
oculares dos acontecimentos, acompanhadas de
comentários de pessoas abalizadas; estimulou a
atividade criadora no campo do drama e da
poesia; revolucionou os divertimentos, levando
aos locais mais variados os programas com os
mais caros e talentosos artistas; enfim, encorajou
uma reflexão mais séria sobre o mundo em seu
conjunto e sobre os problemas que o turbulavam".
"Logo após a II Guerra o rádio defrontouse com a televisão. Acreditava-se que o rádio
sucumbiria.
Um
dos
numerosos
termos
empregados para significar o seu fim era "rádio a
vapor". Mas o aparecimento das fitas magnéticas,
o desenvolvimento do comércio dos discos e,
principalmente, a descoberta do transistor, em
1956, deram-lhe novas forças, ampliando seu
campo de ação. A utilização das fitas revolucionou
novamente a elaboração dos programas musicais
e a difusão dos debates; com a subida das vendas
de discos, o rádio preparou caminho para novas
técnicas sonoras; novos estilos surgiram, sobre os
assuntos e a moda do dia-a-dia. Atualmente, os
rádios transistores estão espalhados pelo mundo
todo, desde as selvas até as praias mais
movimentadas, tornando a civilização mais móvel
e flexível".
As primeiras experiências de radiodifusão
no Brasil foram realizadas em 1892 pelo padre
gaúcho Roberto Landell de Moura; em Mogi das
Cruzes (SP), Landell, utilizando-se de urna válvula
transmitiu e recebeu a palavra através do espaço.
Em 1394, tornou a repetir a experiência na Capital
e, seis anos mais tarde, patenteou seu sistema
sob o nº 8.279. Em outubro de 1904 o padre
viajou para os Estados Unidos, onde patenteou
um transmissor de ondas.
Voltou ao Brasil e não conseguindo apoio
financeiro, abandonou suas experiências.
A primeira transmissão oficial de
radiodifusão ocorreu no Rio de Janeiro, no dia 7
de setembro de 1922, durante a inauguração da
Exposição do Centenário da Independência, na
praia Vermelha, com transmissor instalado pela
Westinghouse Electric. A radiotelefonia, como o
povo chamava o sistema, era um dos atrativos da
Exposição. Todos falavam no que era considerado
a "última descoberta da ciência" "passatempo
preferido das populações de Nova Iorque,
Londres, Paris e outras capitais. Os grandes
concertos, os espetáculos de ópera, a voz dos
cantores, discursos, aulas e conferências e muita
música, através das últimas chapas fonográficas,
podiam ser ouvidos, simultaneamente e por toda
parte "graças a essa maravilhosa invenção que
permite transmitir a voz, a palavra, o som, por
meio das ondas hertzianas".
Quando se pensa na eficiência do rádio
ou do telefone, não é licito que seja olhado
somente a parte do diletantismo, o prazer dos
bons momentos que podem ser obtidos ao lado
deles. Há que pesar na balança a utilidade de
ambos, intervindo decididamente nos salvamentos
de vidas. A radiotelegrafia fez a sua primeira
intervenção nesse campo em 14 de abril de 1912,
quando do naufrágio do transatlântico Titanic,
considerado o "navio inafundável": o navio colidiu
com um íceberg, em sua viagem inaugural e a
emissão de sinais de socorro pelo rádio
possibilitou o salvamento de 704 pessoas. Quanto
ao telefone é só parar um momento a leitura deste
texto e recordar quantas vezes o leitor e os que o
cercam tiveram ocasião de usa-lo em situações
aflitivas.
"A aglomeração aumentava e todos,
instintivamente, como fascinados por uma força
misteriosa e irresistível, erguiam a cabeça. Súbito,
houve um silêncio. As atenções voltaram-se para
um ponto onde estava colocada uma enorme
corneta. E as notas da "Canção do Aventureiro"
da ópera "O Guarani" encheram o ambiente com
sua melodia. Os acordes vinham um tanto
imprecisos, lembrando às vezes a sonoridade dos
fonógrafos primitivos. Mas permitiam que se
distinguissem nitidamente a ópera que, naquele
mesmo instante, em espetáculo de gala, estava
sendo cantada no Teatro Municipal.
Soube-se então do que se tratava: era um
aparelho de radiotelefonia (T.S.F. Telegrafia sem
fio, como também lhe chamavam), cuja estação
transmissora de 1 kw fora montado no alto do
Corcovado pela Westinghouse Electric Co., em
colaboração com a Light e à Companhia
Telephonica Brasileira, em homenagem ao nosso
País."
"Outra estação, montada na exposição
pela Western Elétric, foi adquirida pelos Correios e
Telégrafos
que
passaram
a
transmitir
regularmente um programa sobre a cotação do
açúcar e café, nas bolsas, previsão do tempo,
números musicais e declamação. Operou até o
funcionamento da Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro: criada como entidade jurídica no dia 20
de abril de 1923, suas transmissões começaram
em 1924. Era presidida por Roquete Pinto e
39
Henrique Morize. Operando inicialmente na
Livraria Científica Brasileira a Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro instalou-se definitivamente, com
transmissor Marconi, de 2.000 watts (o mais
potente da América do Sul), no pavilhão que a
Tchecoslováquia construiu na Exposição do
Centenário".
Roquete Pinto
"Em São Paulo, surgiu a Sociedade Rádio
Educadora Paulista, também em 1924, presidida
por Vergueiro Steidel. No mesmo ano foi criada
em Recife a Rádio Clube de Pernambuco, cujo
registro público é o mais antigo do país. A primeira
coluna especializada em assuntos de rádio surgiu
em 1922, na "Gazeta de Notícias", do Rio. E o
primeiro noticiário radiofônico oficial do Governo
foi a "Hora do Brasil", iniciada em julho de 1935. A
primeira novela transmitida pelo rádio brasileiro foi
"Em busca da felicidade", de Leandro Blanco"
"O sistema rádio é amplamente utilizado
na telefonia para as ligações interurbanas
realizadas através do sistema rádio UHF (Ultra
High Frequency) que, em linhas gerais, consiste
na transmissão e recepção de vozes no espaço
mediante antenas. Um equipamento auxiliar
(multiplex) converte a linguagem comum nos
sinais transmitidos pelo rádio e reconverte ou
"traduz" os sinais recebidos novamente na
linguagem comum".
Segundo dados obtidos no Anuário
Estatístico do IBGE, de 1977, o número de
emissoras de rádio no Brasil, naquele ano, era de
977, funcionando 240 delas no Estado de São
Paulo.
40
SATÉLITES
POR QUE O SATÉLITE ARTIFICIAL NÃO CAI
Como pode um Satélite manter-se no
espaço?
Muita gente já fez a experiência curiosa
de girar velozmente um balde de água,
descrevendo com ele uma órbita circular. A água
não cai, porque a força da gravidade, no caso, é
anulada pela força centrífuga do movimento
circular do balde de água. Comparando sempre
de forma simplista, a Lua é atraída pela Terra (ou
seja, pela força de gravitação ou gravidade
terrestre) mas tende a se afastar (força centrípeta)
por estar girando com grande velocidade (quase
32 km por segundo). Na distância em que se
encontra da Terra (cerca de 440 mil km), a Lua
permanece em órbita praticamente circular porque
há equilíbrio entre essas duas forças (a atração da
gravidade e força centrífuga).
A história dos satélites é fascinante. No
dia 4 de outubro de 1957, o milagre do rádio
permitiu captar um estranho "bip-bip", pela
primeira vez no mundo transmitido de um satélite
artificial. Até certo ponto, a transmissão assustou
à população: afinal, aquela transmissão era feita
do espaço nunca antes devassado por qualquer
ser humano ou aparelho... Os jornais destinaram
grandiosas reportagens sobre o evento dos
satélites, que proporcionaram a seguir, os
mirabolantes espetáculos, nem de longe
imaginados dez anos antes, inclusive a inolvidável
proeza de pouco depois transportar homens até a
Lua!.
O Sputnik dera apenas uma volta ao redor
da Terra, mas aquele fato serviu para confirmar a
exatidão das teorias e encorajar os cientistas para
novas investidas, dando início a uma colossal
revolução
universal
no
campo
das
telecomunicações.
Em 31 de janeiro de 1958 coube aos
Estados Unidos lançar o seu primeiro satélite, o
Explorer I. Depois, foi um festival nos céus:
Sputniks, Explorers, Vanguards e Pioners, com
aparelhagens de alta precisão, vararam o espaço
para medir radiações, temperaturas e confirmar
que o espaço é escuro ou que a Terra tem um
formato que lembra ligeiramente uma pêra e
muitas outras teorias.
No ano de 1958, a 18 de dezembro, os
Estados Unidos lançaram o primeiro satélite de
comunicações, o Score I, que transmitiu uma
mensagem de Natal pelo Presidente Eisenhower.
Depois, subiu o ECO I, em agosto de 1960,
quando ficou provado que as comunicações
podiam ser transmitidas através de um refletor em
órbita.
E o mundo, maravilhado, foi descobrindo
que uma generosa dose de progresso estava
sendo ofertada para as comunicações. Os
cientistas previam, divulgavam, e logo depois
precisavam ratificar suas previsões: havia sempre
mais do que o previsto. Muito mais... A dez de
julho de 1962, por exemplo, subiu o Telstar I,
equipado para permitir transmissões telefônicas,
radiofônicas e televisivas... Começava um crescimento
explosivo, de dimensões inacreditáveis.
Em agosto de 1964 o Sincrom III permitiu a
transmissão do outro lado do mundo: o povo americano
pôde assistir aos Jogos Olímpicos transmitidos
diretamente de Tóquio. A grande novidade do Sincrom
III foi a de estabelecer uma rotação contrária à Terra,
para que pudesse durante sua vida útil (cerca de cinco
anos), ficar "parado", cobrindo quase 1/3 da superfície
terrestre.
O Early Bird (Pássaro Madrugador) posto em
órbita em 6 de abril de 1955 foi o primeiro de uma série
de satélites estacionários de comunicação. O sistema
permitiu significativa melhora das transmissões.
Depois, seguiram-se os Intelsat, três dos
quais no período de 1967/8. Em 1969, o Intelsat III
permitiu ao Brasil testemunhar o exato instante
41
em que Neil Armstrong pisou na Lua. A voz do
astronauta e a valsa "Danúbio Azul" chegaram
sem interferências no Brasil, pela estação
terrestre de Tanguá (Niterói). Em 1970 a
transmissão do Campeonato Mundial de Futebol,
no México, chegou aos lares do Brasil pelo
Intetsat IV, o que proporcionou a inesquecível
imagem dos nossos futebolistas desfilando...
campeões que foram...
Depois, mais dois anos passados, a
televisão colorida internacional chegou ao nosso
País de onde quer que fosse transmitida.
Os satélites da série Intelsat são
geoestacionários, isto é, dão uma volta em torno
da Terra em 24 horas. Assim, eles parecem ficar
parados sobre um ponto do Equador, a 35.800 km
de altura.
Os satélites possibilitam ao Brasil
comunicar-se pelo DDD {(discagem direta à
distância) e pelo DDI (discagem direta
internacional) com 100% dos telefones do mundo.
Quando Neil Armstrong pisou na Lua,
transmitiu para a Terra um vaticínio para a
posteridade que já começou a realizar-se: "E um
pequeno passo para o homem, mas um grande
passo para a humanidade".
EVOLUÇÃO DO SISTEMA VIA SATÉLITE
O sistema via satélite é uma alternativa
para resolver problemas em comunicações digitais
face as características de flexibilidade de
interconexão entre vários pontos de uma rede,
facilidades de expansão e reconfiguração de
tráfego, facilidades de instalação, operação e
manutenção, acesso direto de terminal de usuário
a um canal de alta velocidade, custos cada vez
menores dos terminais das estações terrenas,
acesso múltiplo por vários terminais ao mesmo
tempo. Hoje vem sendo a opção para projetar
redes de telecomunicações com alta qualidade e
confiabilidade.
De forma geral, as características e
aplicações deste tipo de serviço mudaram ao
longo dos anos de forma radical.
Inicialmente, o serviço via satélite foi
usado como meio possível de comunicações
transoceânicas de faixa confiável. O número de
canais internacionais aumentou de maneira
inimaginável e transmissões de TV ao vivo para
todo
o
mundo
tornaram-se
possíveis.
Basicamente, o satélite era usado então como
repetidor ativo e transparente de microondas
situado na órbita geoestacionária o que lhe
conferia características ímpares como a cobertura
de quase 1/3 do globo terrestre e capacidade
insuperável de radiodifusão de informação
(broadcast).
Entretanto com o aparecimento de outros
recursos de transmissão faixa larga (fibra óptica),
as características do serviço via satélite foram
mudando e hoje suas características básicas
podem ser resumidas como segue:
1. Crescimento das faixas alocadas inicialmente
(500 MHz) para 650MHz;
2. Alocação de novas bandas para serviço
público satélite em nível mundial;
3. Aproveitamento do satélite para uso
doméstico,
com
o
conseqüente
congestionamento da órbita geoestacionária;
4. Redução drástica de custos provocada pelo
aumento da oferta de transponders, pelo
aumento de produção de satélites e foguetes,
e pela constante inovação tecnológica
incorporada nos satélites;
5. Uso intensivo dos satélites como único meio
de transmissão economicamente viável que
permite a oferta de faixa larga com ampla
cobertura geográfica e possibilidade de
broadcast. Graças a estas características,
surgiram em larga escala as redes
corporativas privadas de dados (bancos,
jornais e indústrias) a distribuição doméstica
de TV e Som (FM), a geração de imagens ao
vivo
para jornalismo, as
redes
de
comunicação rurais para localidades de difícil
acesso, e mais atualmente a radiodifusão
direta de TV (DBS-TV).
6. Aparecimento dos serviços móveis via satélite
com a criação do INMARSAT, possibilitando
serviços de rádio-determinação global e
comunicação telefônica pessoa a pessoa em
navios e aviões em movimento, graças à
alocação de uma nova faixa na banda L (1,6
GHz) exclusiva para o serviço móvel satélite.
7. Utilização de novas arquiteturas de payload
do satélite, que permitem hoje novas
aplicações não disponíveis nos satélites do
tipo “bent pipe” (repetidor de microondas).
Consegue-se isto principalmente através de:
7.1. Adoção intensiva de transmissão digital e
processamento a bordo (OBP), que
proporciona qualidade de enlace superior
através da regeneração dos sinais
digitais antes de retransmiti-los de volta à
terra;
7.2. Enlaces entre satélites (intersatellite
links) e comutação entre transponders e
entre feixes (alimentador da antena de
saída diferente do da entrada) que
proporcionam verdadeiras matrizes de
comutação situadas no espaço;
7.3. Adoção intensiva de feixes conformados
para aumentar a potência disponível na
região de cobertura de interesse, aliada à
disponibilidade de maior potência de sinal
no sentido Espaço-Terra, conseguida
através de amplificadores de microondas
mais lineares que permitem a redução de
back-off de saída e através de células
solares e baterias de maior eficiência.
42
Assiste-se
hoje
no
mundo
uma
proliferação de propostas de sistemas de
transmissão via satélite alternativos, voltados à
oferta de novos serviços não oferecidos pelos
sistemas atuais, com intenção de estarem
operacionais na virada do século.
O sistema de comunicações militares em
sua maioria utiliza criptografia e técnica de
espalhamento de espectro, para obtenção de
segurança máxima. Quando da operação com a
2ª geração de satélites Brasilsat em 1994, a rede
conhecida como SISCOMIS passou a utilizar
também banda X.
O SATÉLITE GEO-ESTACIONÁRIO SUSPENSO
•
Banda Ku – possui faixa de passagem de 500
MHz e é exclusiva para comunicação via
satélite, não sendo compartilhada pelos
sistemas de microondas terrestres. Este fato
facilita e simplifica a coordenação de
freqüências e análise de interferências. Tem
como desvantagem a atenuação devido a
chuvas. Freqüências utilizadas:
- Subida: 14 GHz
- Descida: 12 GHz
•
Banda Ka – possui largura de faixa de
2.500MHz e é exclusiva para comunicações
via satélite. São utilizadas as seguintes
freqüências:
- Subida: 30 GHz
- Descida: 20 GHz
O satélite suspenso, também conhecido
como “TETHERED SATELLITE”, foi durante anos
visto como a solução para minimizar as perdas de
potência decorrentes da distância entre a Terra e
a órbita geoestacionária. Consiste de dois
satélites unidos por um fio de forma que um deles
pode ficar em uma distância menor em relação ao
solo terrestre.
Apesar da experiência não ter sido bem
sucedida, relata-se que sistemas deste tipo
continuarão a ser testados e podem ser uma
solução atraente em futuro próximo, porque o fio
de união entre os dois satélites funcionará como
gerador de energia.
SATÉLITE GEO-ESTACIONÁRIO
No caso de satélites geoestacionários, por
suas características básicas, a rede de
comunicação pode se dar por Múltiplo Acesso ou
através de Transponder. Para cada transponder a
largura da faixa varia de 19 MHz a 90 MHz. As
faixas de freqüências utilizadas são alocadas pela
União Internacional de Telecomunicações (UIT).
Em comunicações via satélite são usadas
as seguintes bandas:
•
Banda L – mais utilizada para comunicações
móveis com as seguintes faixas de
freqüências:
- Subida (Up Link): 1,6 GHz
- Descida (Down Link): 1,5 GHz
•
Banda S – utiliza as seguintes freqüências:
- Subida (Up Link): 2,6 GHz
- Descida (Down Link): 2,5 GHz
•
Banda C – é a mais utilizada comercialmente
e já se encontra praticamente saturada. A
largura da faixa de 500 MHz é utilizada
simultaneamente pelos sistemas via satélite e
pelos sistemas terrestres. A transmissão não
é afetada pelos efeitos de propagação tais
como atenuação por chuvas e despolarização.
- Subida: 6 GHz (de 5925MHz a 6425Mz)
- Descida: 4 GHz (de 3700 a 4200MHz)
•
Banda X – de uso exclusivo para sistema
militares, utiliza as faixas:
- Subida: 8 GHz
- Descida: 7 GHz
Esta banda é severamente afetada por
atenuação devido a chuvas e efeitos de
propagação, sendo uma faixa de difícil conquista
de domínio tecnológico. Os satélites de órbita
estacionária são basicamente divididos quanto
aos serviços prestados: - serviços meteorológicos
(GMS – Japonês. COSMOS – Russo); - serviços
de radio determinação (GEOSTAR – USA,
LOCSTAR – Europa); - serviços de broadcasting; serviços móveis (INTELSAT V. INMARSAT); serviços fixos; - serviços militares; - serviços
científicos. Existe, ainda, uma série de sistemas
desenvolvidos, dentre os quais destacam-se:
SATÉLITES RECARREGÁVEIS
O início da era das estações espaciais
nos próximos anos apresentará uma oportunidade
para redução significante do custo dos serviços de
telecomunicações fornecidos pelos satélites
comercias. Um ônibus espacial, uma estação
espacial e planos de contingência espaciais darão
oportunidade
para
o
uso
de
satélites
recarregáveis.
BRASILSAT
É o satélite de comunicação empregado
no
Brasil
para
prover
serviços
de
telecomunicações domésticas. Na sua 1ª geração
opera na faixa de freqüências de 6 / 4GHz, com
24 transponders utilizando re-uso de freqüência. É
do tipo geo-estabilizado, isto é, mantido em sua
posição pelo princípio de conservação do eixo do
momento, que é resultante da rotação de parte do
corpo do satélite sobre seu eixo.
O satélite de 2ª geração Brasilsat B1 e B2,
foram lançados em 1994. Terão uma vida útil de
43
12 anos no mínimo, 28 canais em banda C e um
canal banda X, tendo a largura do transponder
36MHz na banda C e 60 MHz na banda X.
As antenas tem grande refletor parabólico
para banda C e corneta irradiante para banda X,
confiabilidade de 79% depois de 12 anos.
•
•
•
STM
NEC
PHT/HUGHES
SATÉLITES NÃO GEO-ESTACIONÁRIO
O PAS 1 é um satélite de comunicação
híbrido com 24 transponders operando na banda
Ku e C. Mantém posição orbital geoestacionária
de 45 graus W, utiliza o Centro de Controle do
South Florida International Gateway.
Diversos sistemas de transmissão via
satélite de órbitas não geoestacionárias estão
sendo considerados para prover o serviço de
comunicações pessoais. Ainda não existe uma
definição sobre uma proposta a ser adotada como
padrão mundial e cada sistema apresenta
características peculiares que precisarão ser
analisadas com extremo cuidado por qualquer
entidade
que
queira
participar
destes
empreendimentos. Apresenta-se a seguir as
diversas alternativas trazidas a público até o
momento:
VSAT (Very Small Aperture Terminals)
Sistemas IRIDIUM
São estações terrenas de transmissão de
satélites de baixo custo e muito pequenas que
estão provocando um recente e emergente
impacto em comunicação de dados.
O sistema IRIDIUM é composto por uma
nuvem de 77 satélites em órbita polar de baixa
altitude (700 km), com 7 órbitas de 11 satélites
cada, capazes de dar cobertura celular a todo o
globo terrestre, com acesso TDMA em banda L
para os terminais portáveis, acesso em banda Ka
para os operadores de Gateways e comunicação
entre satélites em banda Ka. Atualmente, devido
às restrições orçamentárias o sistema será
composto por 66 satélites distribuídos em 6 planos
com 11 satélites cada.
Sensibilidade de recepção 40% superior a
do Brasilsat A.
PANAMSAT (Pan American Sattelite)
Em todos os sistemas VSAT utilizam-se,
na direção estação central-mini estação, uma
portadora de transmissão contínua para
comunicação com uma determinada quantidade
de mini-estações.
Esta portadora, modulada em fase, tem
sua base formada pela multiplexação temporal
(TDM) dos diversos pacotes de dados
provenientes de computadores Host.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Volume de tráfego adotado;
Número de transações por terminal: 0,02
mensagens/s;
Número de terminais por VSAT: 10;
Comprimento da mensagem;
100 bytes saindo do terminal;
2.000 bytes entrando no terminal;
Alternativas de aplicação da tecnologia VSAT;
Hotéis;
Sistemas de reservas em empresas aéreas;
Bancos;
Sistemas de franchise;
Rede de agência de automóveis, etc.
Os equipamentos de gerência e controle
da rede são parte fundamental do sistema VSAT,
uma vez que toda a operação, gerenciamento e
controle da rede são processados por eles, além
de realizarem monitoração e controle de grande
número de mini-estações com possibilidades de
telecomando e supervisão de alarmes/status.
Sistemas VSAT:
•
•
•
VICOM/GTE SPACENET
MODDATA/SCIENTIFIC ATLANTA
VILLARES/ATT/TRIDOM
Foi necessário porque as margens de
sistema contra os desvanecimentos que ocorrem
em comunicações pessoais exigiram um aumento
de potência para cada transponder de 16 dB,
tornando mais caro o custo de cada satélite.
Não deverá haver problemas de cobertura
associados com a diminuição do número de
satélites
porque
estes
haviam
sido
superdimensionados inicialmente, ou seja, em
muitas regiões, mais que uma célula estaria
disponível simultaneamente.
Sistemas ODISSEY
O sistema ODISSEY consiste em uma
nuvem de 12 satélites dispostos em 3 planos com
4 satélites cada, colocados a órbitas de 10.600
Km com inclinação de 55 graus. A cobertura
prevista seria todas as regiões terrestres exceto a
Antártica e Groelândia.
Sistemas GLOBALSTAR
O sistema GLOBALSTAR consiste em
uma nuvem de 48 satélites de baixa altitude
(1.390Km) dispostos em 8 planos de órbitas
inclinadas a 52 graus, com 6 satélites por plano. A
cobertura prevista inicialmente seria os EUA
continental, aumentando posteriormente.
44
Sistemas ARIES (Constellation)
O sistema ARIES consiste em uma nuvem
de 48 satélites de baixa altitude (1.020Km)
dispostos em 4 planos de órbitas polares com 12
satélites por plano. A cobertura prevista
inicialmente seria mundial.
Sistemas ELLIPSO
O sistema ELLIPSO consiste em uma
nuvem de 24 satélites de baixa altitude (430Km de
perigeu e 2900Km de apogeu) dispostos em 3
planos de órbitas inclinadas a 63,4 graus, com 6
satélites por plano mais um plano equatorial com
6 satélites. A cobertura prevista inicialmente seria
os EUA continental, aumentando posteriormente.
de P&D dos países membros (ex.: CDOT da Índia,
Austrália e etc.).
ECO 8
Foi desenvolvido pelo INPE, com uma
constelação de 8 satélites em órbita circular LEO
e área de cobertura entre 30 graus N e 30 graus
S. É um sistema bastante similar ao Constellation,
mas ainda está em fase inicial de estudos. Suas
características são de um sistema para
provimento de infra-estrutura de comunicações a
regiões isoladas (telefonia rural) e ainda
carecendo de detalhamento técnico, estudo de
viabilidade comercial e sem conhecimento das
fontes de recursos e dos prazos reais de sua
construção.
Projeto 21
O projeto 21 introduz uma família de
serviços de comunicação pessoal via satélite que
podem ser classificados em 4 serviços principais:
1 – INMARSAT-C para comunicação de dados
portátil a 600 bit/s, com terminais tipo maleta em
ambientes abertos;
2 – INMARSAT-M para comunicação de voz
através de um terminal portátil do tamanho de
uma mala 007 (pasta de negócios), com voz a 4,8
bit/s, dados e fax a 2,4 kbit/s em ambientes
abertos. A cobertura global está prevista para este
ano;
3 – PAGING (BIP) via satélite para receptores de
bolso com penetração em edifícios;
4 – INMARSAT-P, telefone portátil global via
satélite (handset), previsto para a virada do
século, suportando voz digital mais fax e dados a
2,4 kbit/s. Devido às atuais preocupações com
níveis de radiação, ainda não se sabe se poderá
oferecer operação em ambientes muito fechados.
Para os dois últimos serviços o
INMARSAT ainda não definiu qual o tipo de
constelação de satélites deverá ser usado.
Analisando-se hoje 3 possibilidades:
satélites geo-estacionários (GEO), nuvem de
satélites a baixa altitude (LEO) e conjunto de
satélites de órbitas circulares equatoriais de média
altitude (ICO). Entidade estruturada como
operadora e organizada na forma de consórcio de
países, as atividades andam de forma mais
vagarosa que em empresas, porém sustentada
amplamente pelo Conselho Diretor do Consórcio,
composto por países membros de maior peso na
estrutura de capital do INMARSAT. Além disso,
observa-se que o INMARSAT contrata diversos
serviços de pesquisa de mercado voltados ao
atendimento a todos os membros do consórcio,
bem como pesquisa tecnológica em laboratórios
45
A FIBRA ÓTICA
Há 5 milhões de anos homens primitivos
iniciaram as comunicações ópticas com sinais e
gestos visuais:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Século VI a.C.: Ésquilos informou a Argos da
queda de Tróia por meio de uma cadeia de
sinais de fogo.
Século II a.C.: Polibio propôs um sistema de
transmissão do alfabeto grego por meio de
2
sinais de fogo (dois dígitos e cinco níveis (5 =
25 códigos).
100 a.C.: Vidros de qualidade óptica somente
apareceram após o surgimento dos famosos
cristais venezianos, na Renascença. Os
princípios da fibra óptica são conhecidos
desde a antigüidade e foram utilizados em
prismas e fontes iluminadas.
200 d.C.: Heron da Alexandria estudou a
reflexão.
1.621: Willebrod Snell descobriu que quando
a luz atravessa dois meios, sua direção muda
(refração).
1.678: Christian Huygens modela a luz como
onda.
1792: Claude Chappe inventou um sistema de
transmissão mecânica para longas distâncias
B<1 bps).
1.800: Sr. William Herchel descobriu a parte
infravermelha do espectro.
1.801: Ritter descobre a parte ultravioleta do
espectro.
1.830: Telégrafo com código Morse (digital)
com repetidores chegava a 1000 km (B=10
bps).
1.866: Primeira transmissão transatlântica de
telégrafo.
1.870: John Tyndal mostrou à Royal Society
que a luz se curva para acompanhar um
esguincho d'água.
1.876: Invenção do telefone analógico por
Graham Bell que existe até hoje.
Século XX: O mundo se enreda de redes
telefônicas analógicas:
1.926: John Logie Baird patenteia uma TV a
cores primitiva que utilizava bastões de vidro
para transportar luz.
1.930-40: Alguns guias de luz foram
desenvolvidos de Perplex para iluminar
cirurgias.
1.940: 1º cabo coaxial transporta até 300
ligações telefônicas ou um canal de TV com
uma portadora de 3 MHz.
1.948: Os cabos coaxiais apresentam perdas
a
grandes para f >10 MHz. Assim surgiu a 1
transmissão por microonda com portadora de
4 GHz.
•
•
•
•
•
•
1.950: Pesquisadores começam a sugerir o
uso de uma casca em volta da fibra para guiar
a luz. Os primeiros "fibrescopes" foram
desenvolvidos, mas o custo ainda é proibitivo.
1.952: O físico indiano Narinder Singh
Kanpany inventa a fibra óptica.
1.964: Kao especulou que se a perda da fibra
for somente 20 dB/km, seria possível, pelo
menos teoricamente, transmitir sinais a longa
distância com repetidores. 20 dB/km: sobra
apenas 1% da luz após 1 km de viagem.
Objetivos: menor custo e melhores para o
transporte da luz.
1.968: As fibras da época tinham uma perda
de 1000 dB/km. The Post Office patrocina
projetos para obter vidros de menor perda.
- 1970: Corning Glass produziu alguns metros
de fibra óptica com perdas de 20 db/km.
- 1973: Um link telefônico de fibras ópticas foi
instalado no EEUU.
1.976: Bell Laboratories instalou um link
telefônico em Atlanta de 1 km e provou ser
praticamente possível a fibra óptica para
telefonia,
misturando
com
técnicas
convencionais de transmissão. O primeiro link
de TV a cabo com fibras ópticas foi instalada
em Hastings (UK). Rank Optics em Leeds
(UK) fabrica fibras de 110 mm para iluminação
e decoração.
1.978: Começa em vários pontos do mundo a
fabricação de fibras ópticas com perdas
menores do que 1,5 dB/km. para as mais
diversas aplicações
1.988: Primeiro cabo submarino de fibras
ópticas mergulhou no oceano e deu início à
superestrada de informação.
2.001: A fibra óptica movimenta cerca de 30
bilhões de dólares anuais.
Como Surgiu Cabo de Fibra Óptica
A comunicação com fibra óptica tem suas
raízes nas invenções do século XIX. Um
dispositivo denominado Fotofen convertia sinais
de voz em sinais óticos utilizando a luz do sol e
lentes montadas em um transdutor que vibrava ao
entrar em contato com o som.
A fibra óptica em si foi inventada pelo físico
indiano Narinder Singh Kanpany, ela se tornou
mais prática durante os anos 60 com o surgimento
das fontes de luz de estado sólido, raio lazer e os
LEDs (do inglês light-emitting diodes), e das fibras
de vidro de alta qualidade livres de impurezas. As
companhias telefônicas foram as primeiras a se
beneficiar do uso de técnicas de fibra ótica em
46
conexões de longa distância, em meados da
década de 1980, foram estendidos, nos Estados
Unidos e no Japão, milhares de quilômetros de
cabos de fibra óptica para estabelecer
comunicações telefônicas.
As fibras ópticas são usadas em vários
equipamentos médicos projetados para examinar
o interior do corpo, uma vez que as imagens
transmitidas podem ser ampliadas e manipuladas
para permitir uma observação mais detalhada de
cavidades do organismo. Recorre-se também à
fibra óptica nos estudos de física e engenharia
nuclear para a visualização das operações que se
realizam na inspeção do núcleo dos reatores.
As fibras ópticas são atualmente as
maiores responsáveis pelas revoluções ocorridas
nas telecomunicações. Elas têm tomados os
lugares dos cabos metálicos na transmissão de
dados e têm capacidade de transmitir uma
quantidade enorme de informações com
confiabilidade e velocidade incríveis.
Cabo de Fibra Óptica
As Fibras Ópticas são finos fios feitos de
sílica, silicone, vidro, nylon ou plástico, que são
materiais dielétricos (isolantes elétricos) e
transparentes para a faixa do espectro da luz
visível e infravermelho próximo.
São guias de onda, e podem ser
informalmente entendidas como "encanamentos
de luz": a luz aplicada a uma das extremidades
percorre a fibra até sair pela outra extremidade,
podendo este percurso atingir centenas de
quilômetros sem a necessidade de que o sinal
seja regenerado.
Cada metade do cabo de fibra óptica é
composta de camadas de material. Na parte
externa, uma cobertura plástica deve obedecer às
normas de construção no prédio e aos códigos de
proteção contra incêndio para que o cabo inteiro
fique protegido. Sob a cobertura, uma camada de
fibras Kevlar (também usada em coletes à prova
de bala) amortece impactos e proporciona maior
robustez. Sob as fibras de Kevlar, outra camada
de plástico, denominada capa, dá proteção e
amortece impactos. Alguns cabos de fibra óptica
projetados para entrarem em contato com o solo
devem conter fios de aço inoxidável ou de outro
material que proporcionam maior robustez. Todo
esse materiais protegem o fio de vidro, que é tão
fino quanto um fio de cabelo.
As fibras ópticas podem ser consideradas
basicamente como guias de luz, luz a qual
transmite a informação no sistema binário, ou
seja, pulso de luz ou não. Para entendermos
como funciona o sistema digital de comunicação,
vamos entender inicialmente a diferença entre ele
e o sistema analógico: Um toca-discos funciona
através do método de transmissão de sinal
analógico, pois há uma agulha que é colocada
sobre os sulcos do disco e transmite ao
amplificador as vibrações que nela estão
gravadas. Se você quiser experimentar, pode
colocar nos sulcos de um disco, bem velho de
preferência, uma lâmina afiada e você vai
perceber que a música do disco começará a ser
reproduzida num volume bem reduzido através
das vibrações da lâmina. Se analisarmos agora
um toca-CD, veremos que a informação dele é
digital, ou seja, é dada apenas pela informação 0
ou 1 do código binário, e portanto tem de ser
traduzida antes de ser amplificada.
Nas fibras ópticas é isto o que acontece,
pois transformamos sinais contínuos, como por
exemplo nossa voz, que varre freqüências desde
poucos Hz até um máximo de 4000Hz, em sinais
discretos na forma binária. Temos então que cada
zero corresponde a uma ausência de pulso
luminoso e o um corresponde a um pulso
luminoso, pulso luminoso o qual pode ser devido a
um laser ou a um diodo emissor de luz (LED).
A moderna tecnologia encontrou na fibra
ótica um meio de transmissão de informações que
apresenta
notáveis
vantagens
sobre
os
tradicionais,
com
vasta
aplicações
nas
telecomunicações, na medicina e na engenharia.
Os dados percorrem o centro de cada fio
de fibra de vidro, denominado núcleo. A luz de um
diodo ou lazer entra no núcleo através de uma das
extremidades do cabo e é absorvida por suas
parede (um fenômeno denominado reflexão total
interna).
Os dados percorrem o centro de cada fio
de fibra de vidro, denominado núcleo. A luz de um
diodo ou lazer entra no núcleo através de uma das
extremidades do cabo e é absorvida por suas
parede (um fenômeno denominado reflexão total
interna).
47
sensores comerciais feitos com Fibras Ópticas,
para medição de temperatura, pressão, rotação,
sinais acústicos, corrente, fluxo, etc.
Emprego de Fibras Ópticas na construção de
sensores:
Áreas de Utilização
a. Uso de Fibras Ópticas na Medicina:
•
•
•
•
•
•
Confecção de endoscópios com feixes de
Fibras Ópticas para iluminação;
Uso de Fibras como ponta de bisturi óptico
para cirurgias a laser, como:
Cirurgias de descolamento de retina;
Desobstrução de vias aéreas (cirurgias na
faringe ou traquéia);
Desobstrução de vias venosas ("limpeza" de
canais arteriais, evitando pontes de safena);
Uso odontológico: aplicação de selantes.
Vantagens do uso das Fibras:
•
•
•
•
São pequenas (5mm);
Evitam conexões elétricas no paciente;
São
livres
de
interferências
eletromagnéticas;
Podem ser esterilizadas.
b. Fibras Ópticas na Instrumentação:
•
Sensores
Um sensor é um dispositivo que atua
como um transdutor: "traduz" o sinal causado pela
propriedade física do meio em estudo (como
pressão ou temperatura) em um tipo de sinal cujas
características têm informações sobre o fenômeno
ocorrido.
A sensitividade dos sensores a fibra, ou seja, o
distúrbio menos intenso que pode ser medido
pode depender de:
•
•
Variações
infinitesimais
em
algum
parâmetro de caracterização da fibra usada,
quando a fibra é o próprio elemento sensor;
Mudanças nas propriedades da luz usada,
quando a Fibra é o canal através do qual a
luz vai e volta do local sob teste.
Os sensores a Fibras Ópticas são
compactos
e
apresentam
sensitividades
comparáveis ou superiores ao similares
convencionais. São usadas tanto Fibras
monomodo como multimodo. Existem muitos
Sensores interferométricos utilizando Fibras
monomodo. São usados dois "braços" de Fibras
com comprimentos iguais aos quais é acoplada
luz. Um dos braços atua como referência e o
outro vai ser submetido a algum distúrbio do
ambiente. A luz de saída das duas Fibras é
recombinada, formando um padrão de
interferência. À medida em que o braço sensor
sofre as influências do distúrbio, as franjas de
interferência se deslocam a uma razão que é
proporcional à intensidade do distúrbio cuja
magnitude se deseja medir; Se a intensidade de
luz acoplada a uma fibra quase monomodo é
medida em um certo instante de tempo após o
qual submete-se a fibra a micro-curvaturas
(geradas por variações de pressão de ondas
acústicas, por exemplo) espera-se uma
diminuição na intensidade de saída porque os
modos de ordens mais altas encontrarão o seu
corte, devido às variações na diferença de
índices de refração entre o núcleo e a casca
induzidas pelas micro-curvaturas.
Exemplos de sensores construídos com
Fibras Ópticas:
Micro pontas de prova para medição de
temperatura: as pontas de prova são equipadas
com transdutores nas pontas, os quais possuem
um cristal cuja luminescência varia com a
temperatura (-50 a +200oC);
Sensores de pressão construídos com o
emprego de uma membrana móvel numa das
extremidade da Fibra. A Fibra é encapsulada
em um cateter e a membrana se movimenta de
acordo com a pressão (0 a 300mm de Hg);
Sensores químicos construído com o
emprego de uma membrana permeável numa
das extremidades da Fibra. A membrana
contém um indicador reversível que responde a
um estímulo químico mudando sua absorção ou
luminescência.
c. Laser de Fibra:
Emprega-se uma Fibra a base de sílica
dopada em seu núcleo com algum elemento
terra-rara, como o érbio ou o neodímio. A
presença destes elementos em algumas partes
por milhão é o bastante para que, após o
bombeio, a Fibra fluoresça com picos intenso
em vários comprimentos de onda de extremo
interesse como, por exemplo, a 1,55mm
(comprimentos de onda onde as Fibras de sílica
"normais" podem apresentar mínimos em
atenuação e dispersão materiais. A Fibra
48
dopada, adequadamente bombeada, pode ser
usada como meio amplificador (o sinal a ser
amplificado coincide com algum pico de
fluorescência) ou como um laser, se inserida
entre
dois
espelhos
convenientemente
selecionados.
d.
Uso
de
Fibras
Telecomunicações
Ópticas
em
A Fibra monomodo é a opção preferida
para comunicação a longa distância. Ela permite
que a informação seja transmitida a altas taxas
sobre distâncias de dezenas de quilômetros sem
um repetidor. Sua capacidade de transmissão
superior é possível devido a seu pequeno núcleo entre 5 e 10 mm de diâmetro. Isto limita a luz
transmitida a somente um modo principal, o que
minimiza a distorção dos pulsos de luz,
aumentando a distância em que o sinal pode ser
transmitido.
Praticamente todas as aplicações de telefonia
e CATV (TV a cabo) utilizam a Fibra monomodo
em função das maiores taxas de transmissão e
menores atenuações do sinal. Redes de dados
que requeiram taxas de transmissão de gigabits
também precisam utilizar a Fibra monomodo.
A Fibra multimodo é usada em sistemas de
comunicação como LANs (Local Area Networks) e
WANs (Wide Area Network) em campi
universitários, hospitais e empresas. O diâmetro
de seu núcleo é largo em comparação ao
comprimento de onda da luz transmitida. Por isso,
a Fibra multimodo propaga mais que um modo de
luz. Com seu relativamente grande núcleo, a Fibra
multimodo é mais fácil de conectar e unir; é a
Fibra escolhida para aplicações de curta distância
consistindo de numerosas conexões.
Fibras multimodo de índice gradual também
são preferidas quando o bom acoplamento com a
fonte de luz é mais importante do que a atenuação
do sinal na Fibra, ou ainda quando há
preocupação com radiação, uma vez que estas
Fibras podem ser construídas com núcleo de pura
sílica que não é grandemente afetado pela
radiação.
Comparações
Apesar do cabo de fibra óptica custar 10
vezes mais do que o cabo de cobre, ele transporta
39 mil vezes mais informações, ou seja, apresenta
relação custo-benefício 3.900 vezes superior.
As fibras ópticas têm capacidade muito
grande de transmissão de sinais, pois a taxa de
transmissão de sinais é proporcional a freqüência
do sinal. A faixa de freqüência de rádio é da
ordem de 106Hz, a faixa das microondas está
entre 108 e 1010 Hz, enquanto a luz tem uma
freqüência entre 1014 e 1015Hz. A capacidade de
uma fibra óptica também corresponde a cerca de
400 fios metálicos duplos. Desta forma, um cabo
com 400 fios de cobre permite a realização de
3000 conversas telefônicas, enquanto um cabo
com 12 fibras ópticas permite 9600 conversas.
Veja a qualidade incomparável do cabo de
fibra óptica:
Enquanto os fios de cobre transportam
elétrons, os cabos de fibra óptica (cabos de fibra
de vidro) transportam luz. Dentre as vantagens
dos cabos de fibra óptica estão a imunidade total
contra a diafonia e contra interferências
eletromagnéticas e de radiofrequência. A falta de
ruídos internos e externos significa que os sinais
tem um alcance maior e se movem mais rápido,
além da melhor qualidade, o que proporciona uma
velocidade e uma distância maiores do que as
obtidas com cabos de cobre. Como não transporta
eletricidade, a fibra é o meio mais adequado para
conectar prédios com diferentes aterramentos
elétricos, além disso, os cabos de fibra não
atraem raios como cabos de cobre. Além disto,
cabos ópticos usados em transmissões telefônicas
são impossíveis de serem grampeados por
curiosos ou por profissionais. Por que ainda
usamos o cabo de cobre?
A resposta está nos dispositivos de interface e
no custo das conexões. Por ser uma interface
ótica, um conector de fibra ótica deve criar um
ângulo reto preciso em relação &a grave;
extremidade do cabo, estabelecendo com ela uma
conexão perfeita, o que dificulta a instalação.
São necessários vários minutos para que um
instalador treinado estabeleça uma conexão.
Portanto, o custo da mão-de-obra é alto, e o
responsável pela instalação necessita de um
conjunto de ferramentas caras, mesmo que seja
necessário estabelecer apenas uma conexão.
Por fim, os tranceptores de fibra ótica
localizados em cada extremidade do cabo são
muito caros.
Refração e Reflexão
Na experiência observam-se dois itens
importantes da óptica geométrica; refração e
reflexão da luz.
O primeiro ocorre quando a luz passa do ar,
um meio menos refrigente, para água, mais
49
refrigente. Ou seja, quando a luz se dirige de um
meio ambiente onde o índice de refreção é menor
para outro onde o índice de refração é maior,
ocorre assim uma mudança do sentido e
velocidade da luz, que consiste a refração.
Agora a luz que está na água, como tende
a se expandir vai em direção a parede do
recipiente, mas como a luz não passa por essa,
deduzimos que o índice de refração do recipiente
é menor que o da água pois acontece o fenômeno
de reflexão total que para acontecer precisa de
duas exigencias: do sentido da propagação da luz
seja do meio mais para o menos refrigente e que
o ângulo de incidência da luz seja maior que o
ângulo limite.
apropriado, ser submetida à um arco voltáico que
eleva a temperatura nas faces das fibras, o que
provoca o derretimento das fibras e a sua
soldagem. O arco voltáico é obtido a partir de uma
diferença de potencial aplicada sobre dois
eletrodos de metal. Após a fusão a fibra é
revestida por resinas que tem a função de
oferecer resistência mecânica à emenda,
protegendo-a contra quebras e fraturas.
Após a proteção a fibra emendada é
acomodada em recipientes chamados caixa de
emendas. As caixas de emendas podem ser de
vários tipos de acordo com a aplicação e o
número de fibras. Umas são pressurizáveis ou
impermeáveis, outras resistentes ao sol, para
instalação aérea.
A CLIVAGEM é o processo de corte da ponta
da fibra óptica. É efetuada a partir de um pequeno
ferimento na casca da fibra óptica (risco) e a fibra
é tracionada e curvada sob o risco, assim o
ferimento se propaga pela estrutura cristalina da
fibra. A qualidade de uma clivagem deve ser
observada com microscópio.
Emenda Mecânica
Como a luz não tem por onde sair, quando
libera-se a água, está sairá com a luz que tentara
expandir-se, sendo que o ar possui (como já se
falou) menor refrigência que a água ocorrendo o
fenômeno de reflexão total novamente, e a luz
ficará se refletindo na correnteza d'água.
A fibra óptica consiste em um núcleo central,
cujo índice de refração é maior do que o índice de
refração do material que o reveste. Há também
uma jaqueta revestindo e protegendo o núcleo e o
revestimento contra a abrasão e outros efeitos. Há
uma fonte de luz na entrada do núcleo da fibra
que emite um cone de luz para dentro dela. A luz
é então conduzida então somente se o núcleo
satisfaz a condição de reflexão interna total. O
feixe de luz que entra na fibra, começa a percorrer
um caminho de ziguezague entre as paredes do
núcleo.
Emendas
Este tipo de emenda é baseado no
alinhamento das fibras através de estruturas
mecânicas. São dispositivos dotados de travas
para que a fibra não se mova no interior da
emenda e contém líquidos entre as fibras ,
chamados líquidos casadores de índice e
refração, que tem a função de diminuir as perdas
de Fresnel (reflexão). Neste tipo de emenda as
fibras também devem ser limpas e clivadas. Este
tipo de emenda é recomendado para aqueles que
tem um número reduzido de emendas a realizar
pois o custo desses dispositivos é relativamente
barato, além de serem reaproveitáveis.
Conectores
Os conectores utilizam acoplamentos frontais
ou lenticulares, sendo que existem três tipos de
acoplamentos frontais:
•
•
•
quando a superfície de saída é maior que a de
entrada.
quando a superfície de saída é igual à de
entrada.
quando a superfície de saída é menor que a
de entrada.
Existem dois tipos básicos de emendas
que podem ser efetuadas: emenda por fusão ou
emenda mecânica.
E também existem dois tipos de acoplamentos
lenticulares:
Emenda por Fusão
- simétrico
- assimétrico
Neste tipo de emenda a fibra é introduzida
numa máquina , chamada máquina de fusão,
limpa e clivada, para, após o alinhamento
Os requisitos dos conectores são:
- montagem simples;
50
- forma construtiva estável;
- pequenas atenuações;
- proteção das faces das fibras.
John Tyndall em 1854. A luz fica praticamente
presa no feixe de água por causa da reflexão total.
Mão-de-obra
Os fatores que influenciam na qualidade de um
conector são:
- alinhamento
- montagem
- características de transmissão das fibras
Existem conectores:
- para fibra única
- para várias fibras (múltiplo)
Experiência - Condutores de Luz
Objetivo
Simular os efeitos de uma fibra ótica.
Ilustrar efeitos de pressão.
Material
•
•
•
Lata vazia de leite longa vida ou lata grande
de metal.
Canudos de papel ou plástico.
Lanterna ou luminária com lâmpada de uns 60
W.
Descrição
Use uma caixa grande de leite longa vida
(vazia, é claro) aberta no topo. Faça um pequeno
furo a uns 2 centímetros do fundo. Enfie, com
cuidado, a ponta de um canudo de refresco nesse
furo, até entrar cerca de 1 cm. Corte o canudo de
modo a sobrar uns 2 cm para fora. Vede em torno
do canudo com chicletes ou massa de moldar.
Encha a caixa com água tampando a ponta do
canudo com o dedo. Coloque uma lâmpada no
topo da caixa, acenda-a e solte a água. Em um
ambiente escurecido vemos claramente o feixe de
água como um conduto de luz.
Fazendo o mesmo com três furos vemos o
efeito da pressão em profundidades diferentes
sobre a velocidade com que a água sai da caixa.
As principais Universidades do País com
centros de pesquisa na área vêm contribuindo
para a formação de profissionais especializados.
Além disso, com a reestruturação do Sistema
Telebrás - STB, grande contingente de
profissionais especializados entrará no mercado,
possibilitando, assim, um incremento substancial
na oferta de mão-de-obra.
Mercado Brasileiro
O Brasil é um dos principais consumidores
de banda larga da América Latina e, no futuro,
será responsável por metade da demanda no
continente.
O país produz mais de 1 milhão de quilômetros
de fibra óptica por ano, o que atende 50% das
necessidades de consumo do país. A demanda é
completada com importações dos Estados Unidos
e Japão. De acordo com a Yankee Group
consultoria especializada em tecnologia da
informação, o país terá em torno de 9,5 milhões
de quilômetros de fibras ópticas antes de 2003.
Em 1998, o Brasil tinha apenas 2,4 milhões de
quilômetros, o que não é muito, levando-se em
conta o tamanho do país, mas é um volume
razoável comparado com os países de expansões
territoriais semelhantes, como China, Rússia e
Índia. Porém fica muito atrás dos Estados Unidos
e da Europa.
Este cenário, no entanto, vai passar por
algumas transformações. Serão investidos,
segundo a Yankee Group, em 2001 e 2002, cerca
de US$ 3 bilhões na expansão das redes de
comunicação brasileira.
Regulamentação
Já está concluído o regulamento conjunto
das três agências reguladoras (Anatel, Aneel e
ANP) normatizando o uso compartilhado dos
meios (telecomunicações, energia elétrica e
petróleo) pelas empresas que atuam nos três
setores. Entre outros, o objetivo é resolver com
urgência pendências técnicas nos casos de usos
dos cabos de fibra óptica das instalações de um
setor pelo outro, bem como evitar discriminação
quanto ao aproveitamento de redes ou dutos,
podendo refletir em redução de tarifas. O texto do
regulamento está sendo objeto de Consulta
Pública Conjunta (nº 001/99, de 13 de abril de
1999), por meio dos sites das respectivas
agências.
Análise
Esse fenômeno que é utilizado hoje em
dia nas fibras óticas foi primeiro demonstrado por
Devido à política de exclusividade de compras
do Sistema Telebrás, vigente entre anos de 1984
e 1989, apenas a ABC XTAL produzia fibra óptica
no Brasil, enquanto os demais fabricantes
51
atuavam na produção do cabo óptico. A partir do
término da reserva de mercado, alguns
fabricantes licenciaram a tecnologia do CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Telebrás)
e começaram a produzir a fibra óptica, como foi o
caso da Pirelli Cabos e Bracel, que ainda
continuam pagando royalties ao CPqD.
•
•
Regulamentação da implantação de redes de
fibra óptica
Britadeiras e retro escavadeiras abrindo o
asfalto para a construção de redes subterrâneas é
uma cena que se torna cada vez mais comum nas
grandes cidades. O fim do monopólio estatal das
telecomunicações provocou uma corrida para a
instalação de infra-estrutura.
Assim, aumenta o risco de um crescimento
desordenado torne os subterrâneos urbanos ainda
mais caóticos, pois a fibra óptica disputa espaço
com redes de esgoto e telefonia. Para evitar um
quadro mais grave, os municípios já definem
regras para o uso do solo.
•
vidro
desse
ponto,
com
intensidade
proporcional à luz existente nesse ponto.
Como o espalhamento é homogéneo em
todas as direções, parte dessa energia
luminosa retorna à fonte (OTDR).
A luz que retorna à fonte também é atenuada.
É importante observar que a atenuação do
retorno à fonte é igual à atenuação do sinal
até o ponto X, pois o caminho de propagação
é o mesmo.
O OTDR mede a potência de luz que retorna à
fonte, bem como o tempo gasto para que o
impulso gerado vá até o ponto X e retorne ao
início da fibra. Para que o OTDR possa
calcular a localização do ponto X, é
necessário fornecer-lhe o índice de refração
da fibra sob teste.
As vantagens deste tipo de medida é que
necessitamos de apenas uma ponta da fibra, não
é destrutivo, possibilita medir comprimentos,
atenuação das emendas, atenuação nos
conectores, localiza defeitos, etc.
Como desvantagens, podemos citar:
Uma normatização severa regula a instalação
de redes subterrâneas de telecomunicações. As
regras foram definidas para favorecer a
organização do espaço subterrâneo e construir
uma infra-estrutura pública de fibra óptica. Para,
as empresas devem incluir, no projeto, a
construção de uma rede que fique em poder do
município.
•
A cada dois dutos implantados, a empresa
deve construir um adicional para o poder
público. Assim, quando outra companhia
quiser implantar uma rede no mesmo local,
poderá alugar a rede da prefeitura.
Em locais como o centro da cidade, o sistema
vai otimizar o espaço.
Analise de Reflectometria da Fibra (OTDR)
TESTE DE ATENUAÇÃO POR ANALISE DE
REFLECTOMETRIA
Este teste é realizado com um instrumento
chamado
OTDR
(optical
time
domain
reflectometer), que significa refletômetro óptico no
domínio do tempo.
O instrumento faz uso do fenômeno do
espalhamento de Rayleigh, que é a irradiação da
luz das moléculas de vidro, proporcional à luz
incidente. O instrumento faz uso deste fenômeno
da seguinte forma:
•
•
•
•
•
•
•
Possui pequena faixa dinâmica de medidas
A atenuação só é precisa se o espelhamento
de Rayleigh for homogêneo em toda a fibra
óptica
Necessita do índice de refração
Não mede atenuação espectral Sua utilização
é muito comum em todas as fases de
implementação dos sistemas ópticos.
TESTE DE ATENUAÇÃO
Este tipo de teste mede a atenuação da
fibra óptica numa faixa de comprimentos de onda,
normalmente contendo o comprimento de onda
em que a fibra operará.
O teste utiliza dois instrumentos portáteis
(Power Meter): o medidor de potência e a fonte de
luz.
O teste divide-se em duas etapas, na
primeira é efetuada uma calibração dos dois
instrumentos, para conhecermos a potência de luz
que será lançada, na fibra óptica, e na segunda é
efetuada a medida de potência após a luz
percorre toda a fibra óptica. A diferença entre as
duas será o valor de atenuação.
Gera-se um impulso luminoso que é inserido
na fibra óptica sob teste.
Ao percorrer a fibra até um ponto X, a luz é
atenuada.
Ao chegar no ponto X, a luz provoca o
espelhamento de Rayleigh das moléculas de
52
TELEMÁTICA
Telemática é a comunicação a distância de um
conjunto de serviços informáticos fornecidos
através de uma rede de telecomunicações.
Telemática é o conjunto de tecnologias de
transmissão de dados resultante da junção entre
os recursos das telecomunicações (telefonia,
satélite, cabo, fibras ópticas etc.) e da informática
(computadores, periféricos, softwares e sistemas
de redes), que possibilitou o processamento, a
compressão, o armazenamento e a comunicação
de grandes quantidades de dados (nos formatos
texto, imagem e som), em curto prazo de tempo,
entre usuários localizados em qualquer ponto do
Planeta.
A telemática pode ser definida como a
área do conhecimento humano que reúne um
conjunto e o produto da adequada combinação
das tecnologias associadas à eletrônica,
informática e telecomunicações, aplicados aos
sistemas de comunicação e sistemas embarcados
e que se caracteriza pelo estudo das técnicas
para geração, tratamento e transmissão da
informação, na qual estão preservadas as
características de ambas, porém apresentando
novos produtos derivados destas.
Quem é o Profissional de Telemática
Muito se tem pesquisado, apresentado e
debatido sobre a globalização da informação e
seus efeitos nos diversos segmentos da
sociedade moderna. O próprio fenômeno da
globalização é, em grande parte, atribuído a uma
revolução na forma, rapidez e facilidade com que
as informações são trocadas, difundidas e
manipuladas nas diversas áreas do conhecimento
humano.
Claramente, uma das áreas de maior
interesse e expansão dos últimos anos, tanto no
Brasil como no resto do mundo, é a área das
redes de comunicação. As diversas empresas do
setor, principalmente aquelas envolvidas com o
desenvolvimento de novas tecnologias, encaram
esse mercado como um terreno único, permeado
por estruturas que se integram em grandes redes,
interligadas em nível global e capazes de prover
uma gama de novos e diferenciados serviços.
Afinal, o que é telemática?
Uma das características marcantes desse
novo
mercado
de
constantes
evoluções
tecnológicas está na forma como é tratada a
informação e na exigência cada vez maior por
profissionais com competência para lidar com as
diferentes situações que se apresentam.
Encontramos aí um mercado propício para os
profissionais
com
conhecimentos
em
telecomunicações e redes de computadores.
A telemática pode ser definida, então,
como a área do conhecimento humano que reúne
um conjunto e o produto da adequada
combinação das tecnologias associadas à
eletrônica, informática e telecomunicações,
aplicados aos sistemas de comunicação e
sistemas embarcados e que se caracteriza pelo
estudo das técnicas para geração, tratamento e
transmissão da informação, na qual estão
preservadas as características de ambas, porém
apresentando novos produtos derivados destas.
Por sistema embarcado entendemos o
sistema de informática que foge do que é
considerado convencional (um computador, por
exemplo), mas onde ocorre processamento,
armazenamento e transferência de dados, a
exemplo de aparelhos celulares, controles de
fornos de microondas, satélites, aeronaves e
embarcações, caixas eletrônicos, redes de
telefonia, TV a cabo, entre outros.
A telemática combina a utilização dos
computadores e dos meios de telecomunicação
para tratar convenientemente essa informação,
sendo essa combinação também conhecida por
"teleinformática". Neste contexto, a telemática
encontra na internet a sua representação máxima,
se considerarmos que uma das definições
clássicas para a rede mundial é ser um "conjunto
de computadores ligados mundialmente através
de vários sistemas de telecomunicação".
Transporte da informação
Uma das características principais da área
telemática é o estudo e o desenvolvimento de
técnicas para o transporte da informação, tendo
associada a ela a comunicação de dados e o
conjunto de enlaces que interligam dispositivos
que permitem a comunicação entre os diversos
sistemas.
Esse estudo compreende também as
novas arquiteturas de redes de transporte (SDH,
WDM, etc) e seus protocolos, o desenvolvimento
de sistemas de transmissão utilizando enlaces por
fibras ópticas, a codificação e a criptografia em
sistemas de comunicação de dados, estudo e
desenvolvimento de software para análise e
simulação de sistemas e simulação de
53
dispositivos
para
telecomunicações.
equipamentos
de
Nas redes de computadores, tem como
proposta a interligação dos dispositivos que se
encontram junto ao processo produtivo como um
todo, de acordo com as propostas de
padronização dos organismos internacionais. A
telemática envolve, assim, o domínio das técnicas
necessárias para o desenvolvimento de protocolos
e algoritmos de acordo com a filosofia do modelo
RM-OSI e o desenvolvimento de dispositivos
eletrônicos como sensores e atuadores,
fornecendo dessa forma, a base necessária para
a construção de sistemas e aplicativos
distribuídos.
O perfil do profissional
Com a presença marcante da informática
em várias áreas tecnológicas, especialmente nas
redes de computadores e sistemas de
telecomunicações, surge a necessidade de um
profissional apto a convergir informações comuns
a essas áreas, e, por conseguinte, capacitado a
desempenhar um papel de elemento de ligação
entre esses segmentos.
O campo de atuação desse profissional
encontra-se em ambientes que requerem
soluções de conectividade e segurança, inclusive
em ambientes heterogêneos, que vão desde
ambientes de processamento de dados, redes de
telecomunicações, administração e segurança de
redes locais de computadores, entre outras.
Competências
O profissional em telemática deve ser
capaz de compor equipes de projetos
multidisciplinares e estar apto para:
1. Elaborar e implantar projetos lógicos e físicos
de redes locais de computadores e redes de
comunicação de longa distância;
2. Prover a conectividade
heterogêneos;
entre
O
escopo
das
atividades
desse
profissional também inclui o levantamento de
necessidades, dimensionamento, especificação
técnica e avaliação de equipamentos de
informática, tais como computadores, dispositivos
de
comunicação
remotos,
roteadores,
concentradores, interfaces e outros dispositivos de
conexão à rede, além é claro, da especificação
técnica e avaliação de softwares, tais como
sistemas operacionais de rede, protocolos de
comunicação, servidores
de comunicação,
aplicações
cliente/servidor,
sistemas
gerenciadores de bancos de dados e outras
soluções.
Não menos importante é uma formação
para o exercício da cidadania e adaptação às
novas modalidades do exercício do trabalho e
gestão empresarial. Nesse aspecto, o profissional
deve estar apto a atuar, de forma ética e
empreendedora, individualmente ou em equipe.
O profissional de telemática poderá atuar
em empresas que lidam com sistemas
embarcados (montadoras de automóveis, por
exemplo), empresas de telecomunicações em
geral, prestadores de serviços de TV a cabo e por
assinatura, provedores de acesso à Internet,
empresas que utilizam redes de computadores,
entre outras.
Conclusão
Os profissionais em telemática devem
possuir um perfil que inclua conhecimentos
técnicos suficientes para atender à crescente
demanda de um mercado de trabalho cada vez
mais especializado, que tem seu foco nas áreas
de
comunicação
de
dados,
redes
de
computadores, sistemas distribuídos e de
telecomunicações, além de uma formação
humana que os habilite a encarar as constantes
mudanças por que passam essas áreas,
permitindo sua permanente atualização e
favorecendo a sua adaptação às novas
tecnologias.
sistemas
3. Diagnosticar
e
solucionar
problemas
relacionados à comunicação de dados;
4. Especificar e implementar soluções de rede,
envolvendo
definições
de
topologias,
equipamentos, arquiteturas e protocolos de
comunicação, observando as normas e
padrões vigentes;
Essa postura possibilita, ao mesmo
tempo, um contato com as novas tendências
emergentes de um mundo globalizado e atende as
exigências dos novos padrões, tornando o
profissional capacitado a agir como agente
transformador,
trabalhando
em
prol
do
permanente desenvolvimento tecnológico.
5. Desenvolver
protótipos
de
sistemas
embarcados, móveis, telecomandados, e de
comunicação de dados, entre outros;
6. Aceitar e certificar projetos de redes de
comunicação em geral;
54
COMUNICAÇÕES MÓVEIS
As ondas eletromagnéticas foram primeiramente
descobertas como meio de comunicação no final
do século XIX. Os primeiros sistemas a oferecer
serviço de telefonia móvel (telefone de carro)
foram introduzidos no final dos anos 40 nos
Estados Unidos e no início dos anos 50 na
Europa. Estes primeiros sistemas celulares eram
muito limitados quanto à mobilidade e serviços,
com baixa capacidade e má qualidade de voz.
Além disso, o equipamento era pesado, caro e
sensível à interferência. Devido a isso, havia
menos de um milhão de usuários de telefonia
móvel no início dos anos 80 em todo o mundo.
1ª Geração: Celular Analógico
A introdução de sistemas celulares no final da
década de 70 e no início da década de 80
representou um grande salto nas comunicações
móveis: a tecnologia dos semicondutores e
microprocessadores permitiu o desenvolvimento
de telefones menores, mais leves e mais
sofisticados, tornando-os uma realidade prática
para mais usuários. Estes sistemas 1G ainda
transmitiam apenas informação de voz analógica.
Os sistemas de 1ª Geração englobam: Advanced
Mobile Phone System (AMPS), Nordic Mobile
Telephone (NMT), e Total Access Communication
System (TACS). Com a introdução dos sistemas
de 1ª Geração, o número de usuários cresceu
para aproximadamente 20 milhões em 1990.
2ª Geração: Sistemas Digitais Múltiplos
O desenvolvimento dos sistemas celulares 2G foi
impulsionado pela necessidade de se melhorar a
qualidade de transmissão, a capacidade do
sistema e a cobertura. Os avanços quanto à
tecnologia dos semicondutores e dispositivos de
microondas levaram ao uso da transmissão digital
nas comunicações móveis. A transmissão de voz
ainda dominava, mas a demanda por serviços de
fax, short messages e transmissão de dados
crescia rapidamente.
Serviços suplementares
como prevenção de fraudes e encriptação
tornaram-se um padrão característico dessa
geração. A taxa de transmissão de dados para
2G não excedia 9,6 Kbps. Os sistemas 2G
incluem: Global System for Mobile Communication
(GSM), Digital AMPS (D-AMPS), Code Division
Multiple Access (CDMA), e Personal Digital
Communication (PDC). Ainda hoje, sistemas 1G e
2G são usados no mundo. Diferentes padrões
oferecem aplicações com diferentes níveis de
mobilidade, capacidade e área de serviço. Muitos
são usados em apenas um país ou região, e a
maioria deles é incompatível. GSM é o padrão
celular mais usado (GSM900, GSMrailway
[GSMR], GSM1800, GSM1900 e GSM400),
suportando aproximadamente 250 dos 450
milhões de usuários no mundo, com roaming
internacional em aproximadamente 140 países e
400 redes.
2G para 3G: Geração intermediária
A transição de 2G para 3G seria extremamente
desafiadora, além de muito cara, por isso, faz-se
essa
transição
através
de
um
padrão
intermediário: 2.5G.
As redes 2.5G (GPRS,
CDMA2000 1x, EDGE) são as versões avançadas
das redes 2G com taxas de dados de
aproximadamente 144 Kbps.
A tecnologia 2.5G é radicalmente diferente da 2G
pois esta usa comutação por pacotes. Esta nova
tecnologia General Packet Radio Service (GPRS)
é o padrão europeu 2.5G (upgrade do GSM). O
GPRS substitui a comutação de circuitos do GSM
por comutação por pacotes, sendo um passo útil a
caminho da 3G, pois dá às operadoras de
telecomunicações experiência em comutação por
pacotes.
O Enhanced Data for Global Evolution (EDGE) é
outro upgrade do GSM. O EDGE é interessante
às operadoras americanas pois possibilita o
upgrade a partir tanto do EDGE quanto do TDMA
(IS 136). A padronização do EDGE vem sendo
feita
através
do
Universal
Wireless
Communication (UWC 136).
As taxas de
transmissão no EDGE chegam a ser 3 vezes mais
rápidas do que no GPRS. O upgrade a partir do
sistema EDGE é um tanto complexo, pois implica
não somente em atualização de software, mas
também mudanças aos subsistemas de hardware
das estações base e antenas e a construção de
novas estações base. Por estas razões, algumas
operadoras GSM optaram por não adotar o
EDGE, mas sim diretamente do GSM ou GPRS
para o padrão 3G (WCDMA).
3ª Geração: Altas taxas de transmissão
O padrão 3G, conforme visto anteriormente foi
criado pela ITU e é normalmente conhecido como
IMT 2000.
Os principais objetivos da 3G é
fornecer acesso global, roaming internacional, uso
em todas as aplicações móveis, altas taxas de
transmissão (2 Mbps), alta eficiência e suporte
tanto a comutação por circuitos quanto por
pacotes. O IMT 2000 engloba cinco padrões, que
55
são: W-CDMA, CDMA2000,
SCDMA, DECT e UWC-136.
TD-CDMA/TD-
Desses cinco, apenas três fornecem rede com
cobertura total, podendo ser considerados como
plenamente de 3G: WCDMA, CDMA2000 e TDSCDMA. Dentre os outros, DECT é usado para
os telefones sem fio caseiros, podendo ser
utilizado em 3G de pequena escala, mas não
fornece cobertura total de rede. E o UW 136,
conforme visto anteriormente é outro nome dado
ao EDGE, que é genericamente considerado
como 2.5G. Através do diagrama abaixo, pode-se
ver a evolução dos sistemas de comunicações
móveis, desde a 1ª Geração.
4ª Geração: (?)
A 4G atualmente não passa de uma palavra de
especulação de marketing. Algumas pesquisas
vêm sendo feitas, mas nenhuma faixa de
freqüências foi alocada, nem o trabalho de
especificação foi feito ainda. A 4ª Geração poderá
estar pronta para ser implementada em 2012.
56
CURIOSIDADES
NOSSO IMPERADOR DOM PEDRO II SEM
DINHEIRO...
Como é óbvio, um Imperador não andava com
dinheiro no bolso; Dom Pedro II sempre linha ao
seu lado uma pessoa encarregada de pagar as
despesas. Certo dia, nos Estados Unidos, Dom
Pedro foi sozinho visitar o Monumento Bunker Hill,
instalado numa colina; como estava fora do
horário normal para visitas, encontrou o cicerone
dormindo. Despertou-o e disse da sua intenção de
subir ao mirante ao que o encarregado respondeu
que o custo da subida era meio dólar. Dom Pedro
foi ao cocheiro do carro que o trouxera, e pediulhe o dinheiro emprestado; pagou a entrada, subiu
ao mirante e deixou sua assinatura no Livro de
Visitantes. Quando o famoso historiador Richard
Fothingham viu a assinatura, perguntou ao
cicerone qual fora a impressão que tivera do
Imperador.
— Imperador? — admirou-se. — Aquele sujeito
era um miserável e não tinha sequer meio dólar
para pagar o ingresso...
OS PRIMEIROS TELEFONES PÚBLICOS
Não foi fácil a implantação do telefone público; ela
aconteceu por volta da 1382, mas o método usado
na arrecadação do dinheiro era diferente do
sistema que usamos hoje. Foi colocado um
telefone dentro de uma cabina, cuja porta só
fechava automaticamente, logo que alguém nela
entrasse para telefonar. Depois de fazer a ligação
telefônica só podia sair se depositasse uma
moeda num local da porta fechada (algo
semelhante talvez ainda esteja em uso em certos
elevadores da Itália, que funcionam apenas se a
pessoa colocar uma moeda numa caixa junto da
porta do elevador).
O sistema não foi adiante porque mesmo sem
conseguir fazer a ligação a pessoa era obrigada a
gastar a moeda para poder sair da cabina. Vários
outros processos foram adotados para resolver o
problema da evolução da moeda. Primeiramente,
adotou-se o princípio de que o cliente colocaria a
moeda antes de falar. Depois, ficou estabelecido
que o pagamento só se faria após o cliente pedir a
ligação à telefonista e obtê-la. A idéia da moeda
produzir o próprio sinal na descida deve-se a um
operário da "Gray Telephone Pay Station Co."
Desde 1911 o Sistema Bell adotou para seu uso
um coletor de moedas fabricado pela "Western
Electric Company".
Em 13 de fevereiro de 1877, o jornal Boston
Globe, dos Estados Unidos, registrava uma notícia
histórica: "Recebida por telefone - a primeira
mensagem jornalística pelo fio. Temos o prazer de
apresentar aos nossos leitores, esta manhã, as
primeiras notícias recebidas em um jornal, por
meio do recém-descoberto telefone, o sistema de
transmissão de som pelo fio, inventado pelo
professor Alexander Graham Bell. (...)"
DEFUNTOS NA AUTOMATIZAÇÃO
A automatização do telefone chegou em 1892,
com a ajuda indireta dos defuntos. Em Kansas
City (Estados Unidos) havia àquela época duas
principais empresas funerárias que disputavam
preparar as pompas fúnebres. Almon B. Strowger,
um dos empresários funerários, percebeu que os
seus negócios não iam tão bem quanto o do seu
competidor. Averiguou e apurou o seguinte:
quando os clientes de Strowger pediam para que
a telefonista fizesse uma ligação para a funerária
do empresário de sua preferência (Strowger), a
telefonista, que era esposa do seu concorrente, se
"equivocava" e ligava para a funerária do marido...
Ao perceber a manobra, Strowger procurou
construir um aparelho que fizesse os telefones
funcionarem sem o auxílio ou intermediação da
telefonista, acabando por inventar, em 1892, o
primeiro quadro comutador telefônico automático.
OUVIR MUSICA PELO TELEGRAPHO
"A telegrafia eléctrica que tem sido já origem de
tantas maravilhas, acaba de servir para uma nova
e bem notável invenção. Um cidadão de Chicago
(Estados Unidos), chamado Elisha Gray,
descobriu o meio de pelos fios eléctricos
transmittir os sons de um piano para a sala de um
concerto na distância de 2,4 milhas, assegurando
que poderia transmitti-los muito mais longe. A
maior parte dos physicos da América consideram
esse maravilhoso resultado, como o primeiro
passo para descobrir-se a via eléctrica que poderá
ser usada para a transmissão dos sons
produzidos por muitos instrumentos reunidos. O
apparelho inventado por Gray, e que foi
denominado telephonio compõe-se de três partes:
1º o instrumento que transmitte os sons; 2º os fios
conduetores, que vão a uma distância
determinada; 3º o apparelho que receba os sons
transmittidos.
CORREIOS E TELÉGRAFOS
USO DO TELEFONE NA IMPRENSA (1377)
57
O serviço de correio é conhecido desde a
antiguidade. Sabe-se da existência de cartas, na
antiga Babilônia, que datam de 1850 aC.
Na antiguidade greco-romana as cartas eram
escritas em folhas de papiro que eram enroladas e
amarradas com cordões.
A instituição dos serviços de correios na Europa
deve ter-se iniciado na França, ao tempo de
Alexandre Magno. Na Inglaterra, o primeiro
serviço postal foi estabelecido em 1635. O serviço
de correio começou a funcionar no Brasil a partir
de 25 de janeiro de 1663 quando o alferes João
Cavaleiro Cardoso foi nomeado para exercer o
cargo de "Correio-mor do mar" e "Correio-mor da
Terra" tendo o mesmo sido qualificado para o
recebimento e envio de todas as cartas, dentro e
fora do Reino. O Dia do Carteiro é comemorado
na data e mês da fundação, 25 de janeiro, em
nosso País.
As telecomunicações são intensamente usadas
pelo nosso Correio, no setor de telegrafia e telex,
nacional e internacional. Moderna maquinaria
também está sendo usada no setor de
correspondência, imprimindo, sobretudo, muita
rapidez no trânsito da correspondência.
O primeiro selo de carta emitido no Brasil (o
terceiro emitido no mundo) foi o chamado "Olho
de Boi", lançado em 1º de agosto de 1843, através
de uma lei do Imperador D. Pedro II. Eram
impressos nos valores de 30, 60 e 90 réis e assim
chamados porque de forma Iongínqua, lembraram
os olhos do boi.
A SECRETÁRIA ELETRÕNICA MAIS MODERNA
Foi mais uma contribuição as telecomunicações a
criação de um aparelho que grava os recados
quando o telefone toca e a casa está vazia.
De acordo com o texto extraído da Enciclopédia
Universo — Vol VII — do Instituto de Agostini, o
verdadeiro inventor do telefone foi António Meucci,
nascido em Firenze, Itália, no ano de 1808.
Meucci teve a ideia de construir o telefone em
1849 e completou o invento em 1857, quando já
estava vivendo nos Estados Unidos. Nos anos
seguintes, as dificuldades financeiras impediramno de registrar a Patente mas, em 1871 ele
registrou o seu invento. Como a Lei determinava
que a Patente devia ser renovada anualmente,
Meucci conseguiu meios de renová-la nos dois
primeiros anos; porém, a crescente miséria
impediu as renovações anuais posteriores.
Meucci, então, procurou a empresa Western
Telegraph e foi encorajado por um breve período
mas depois viu seus planos naufragarem por força
de uma ação pouco limpa de um diretor daquela
empresa, chamado Grant.
Finalmente, num mesmo dia, 6 de fevereiro de
1876, e com apenas duas horas de diferença
Alexander Granam Bell e Elisha Gray deram
entrada de pedidos de Patentes de aparelhos
telefônicos. Tais fatos, divulgados pelos jornais,
originaram violenta polémica e o nome de Meucci
veio novamente à tona.
No ano de 1886, uma sentença da Suprema Corte
dos Estados Unidos reconheceu a prioridade de
Meucci na invenção do telefone; ele foi
reintegrada moralmente nos seus direitos de
inventor porém esse reconhecimento não
concedeu qualquer vantagem material à Patente,
cancelada em 1873 por falta de renovação.
Meucci morreu numa casa doada aos italianos de
Long Island (EUA) por Giuseppe Garibaldi, ao
qual Meucci conheceu quando aquele guerreiro
refugiou-se numa fábrica onde Meucci trabalhava
e com o qual viria a colaborar.
TRANSÍSTOR
Ao ausentar-se a pessoa pode de qualquer
telefone distante, acionar o emissor que transmite
um sinal da gravação dos recados deixados na
sua ausência.
REVOLUÇÃO
NA GRAVAÇÃO DE TV VIDEOCASSETE O VlDEO-TAPE NA SUA CASA
Em 1956, três cientistas dos Laboratórios Bell
(EUA) receberam o Prémio Nobel de Física:
William Shockley, Walter Brattain e John Bardeen.
Eles foram laureados por terem inventado o
transístor, em 1947.
Com o "videocassete" portátil as pessoas que
por qualquer motivo não podem assistir a um
programa especial de televisão na hora em que é
exibido, poderão, enquanto se ausentam, deixar o
gravador de "videocassete" acoplado no aparelho
de TV. A gravação era feita durante seis horas de
programa. Atualmente os DVD’s RW (DVD ROM)
substiuem os videocassetes que eram a fita
magnética.
MEUCCI TERIA SIDO O PRIMEIRO INVENTOR
DO TELEFONE?
Descobridores do transistor em 1947.
58
Para dar uma ideia da importância do transístor
basta lembrar a máquina chamada ENIAC
(Eletronic Numerical Integra-tor and Calculator)
monstruoso computador eletrònico construído em
1944, ao preço de 19 milhões de dólares; aquela
máquina tinha 18 mil válvulas que exigiam intensa
refrigeração, o que não impedia que algumas
dezenas se queimassem a cada poucos minutos,
não só interrompendo o funcionamento como
também lançando sérias dúvidas quanto à
confiabilidade dos resultados que apresentava.
O transístor possibilitou a fabricação das
corriqueiras calculadoras de bolso ou de pulso, de
alta precisão, que realizam muito mais e hoje
custam menos do que se paga por uma só
válvula. 0 transístor principalmente tornou viável a
microele-trônica, capaz de armazenar milhares de
memórias
condensadas
em
minúsculos
componentes, menores do que o tamanho de uma
cabeça de alfinete.
MILAGRE DA CIENCIA
A microetrônica tornou viável armazenar milhares da
memórias em minúsculos componentes que passam no
buraco de uma agulha.
TELEFONE SEM FIOS
A pessoa que ouve o telefone tocar, mas está
longe, já não precisa correr para atender. O
aparelho sem fio que usa bateria recarregável de
nome "Tote&Talk", permite que se atenda à
chamada a uma distância de até 100 metros.
FICCIONISTAS LOGRADOS
COMPONENTES ELETRÔNICOS CABEM NO
BURACO DE UMA AGULHA
A descoberta do transístor, em novembro de
1947, surpreendeu a todos os que se dedicavam a
prever o futuro dos meios de comunicação e
frustrou violentamente àqueles que escreviam
ficções para o futuro. Eles confessam que foram
logrados pelo transístor. Suas fantasias eram
baseadas nas válvulas, superadas pelo transístor;
por isso não puderam prever a existência de
componentes eietrônicos, que cabem no buraco
de uma agulha de costura, o que limitou, de uma
forma brutal, as suas concepções.
59
O BRASIL SE ORGANIZA
MINICOM – TELEBRÁS - EMBRATEL
Os serviços dos Correios e Telégrafos eram os
mais desorganizados e a entidade, inteiramente
desmoralizada, era a mais decadente das nossas
Repartições Públicas.
Edifício
cede
da
Telebrás em Brasília.
Até 1965, a situação das
telecomunicações no Brasil era o
que podia ser chamada de caótica
e simplesmente não acompanhava
o desenvolvimento do País: faltava
assistência
dos
órgãos
governamentais; havia restrições à importação de
equipamentos; os níveis tarifários obsoletos
provocavam déficit crítico e, portando profundo
desinteresse das concessionárias por novos
investimentos; havia crescente demanda não
atendida, que no setor telefónico chegava a
igualar o número de aparelhos instalados; havia
falta de apoio às indústrias de equipamentos de
telecomunicações. As cidades cresciam, exigia-se
maior número de comunicações mas as centrais
telefónicas operavam com carga de tráfego
superior ao seu dimensionamento; sequer havia
condições de executar convenientemente a
manutenção das redes de cabos e os problemas
multiplicavam.
O País todo contava com a exígua quantidade de
1.326.000 telefones cujo serviço interurbano
dispunha de apenas três sistemas de microondas
(São Paulo x Rio, Rio x Belo Horizonte e Rio x
Beío Horizonte x Brasília (instalado para
inauguração da atual Capital Federal). São Paulo
dispunha de apenas metade dos aparelhos que
necessitava (282 mil para 4.350.000 habitantes)
com um índice de 6,4 aparelhos por 100
habitantes; em quantidade de telefones o Brasil
estava lamentavelmente nivelado aos mais pobres
Países africanos, muito distante do índice mínimo
de 15 aparelhos, estebelecido pela ONU.
Naquele tempo, mais de 800 empresas telefnicas
operavam em nosso Território gerando caos
técnico-administrativo. O serviço de telex, também
não atendia à demanda e oferecia serviço
precário.
A situação estava num ponto insustentável em
todos os setores, aguardando que chegasse a
coragem para dar o grande passo.
Em 1962 o Congresso havia discutido o projeto do
Código Brasileiro de Telecomunicações, que se
transformou na Lei 4.117 de 27 de agosto daquele
ano,
criando
o
Conselho
Nacional
de
Telecomunicações (Contel) órgão diretamente
subordinado ao Presidente da República.
Pela primeira vez no País, eram traçadas linhas
de conduta nas telecomunicações, atribuindo-se
tarefas e responsabilidades a cada setor. A
telefonia, o telex, a telegrafia e as comunicações
de grande distância e internacionais ficariam a
cargo de empresas estatais; o rádio e a televisão
ficariam a cargo das empresas particulares.
Entrando em vigência o citado Código Brasileiro
de Comunicações criou-se, o CONTEL - Conselho
Nacional de Telecomunicações - órgão federa! que, não obstante atuar quase como um
verdadeiro ministério, não obteve pleno êxito ao
defrontar-se com a obsoleta infra-estrutura então
existente.
Enfrentando os problemas do setor, que se
mantinha estagnado, o Governo instalado após 31
de março traçou um plano ambicioso e, a 16 de
setembro de 1965 constituiu a Empresa Brasileira
de Telecomunicações - EMBRATEL (prevista peio
Código de 1962), destinada a implantar e operar
industrialmente os serviços de telecomunicações
postos sob o regime de exploração da União (leia
sobre a EMBRATEL em outro local deste
caderno).
Em 1967 foi criado o Ministério das Comunicações
- MINICOM que, verificando o déficit telefnico
ainda existente: no País, apesar dos razoáveis
avanços já alcançados, enviou à Presidência da
República a Exposição de Motivos Nº 57 (15-71971) solicitando aprovação para o Plano
Nacional de Telefonia e para um Plano de
Emergência, visando instalar 10 milhões de
telefones em todo o Território Nacional e mais 1
milhão de novos terminais na Região Sudeste.
Posteriormente, o MINICOM elaborou a Exposição
de motivos nº 118 (25-8-1971), com o objetivo de
criar uma política nacional de telecomunicações,
capaz de gerar recursos financeiros, meios
60
materiais, pessoal especializado, dinamizar o
setor nacional de componentes e atingir um alto
desenvolvimento tecnológico, proporcionando à
nação um sistema integrado de comunicações. A
Exposição de Motivos nº 118 destacava, também,
a criação de uma entidade pública encarregada da
coordenação, planejamento, e desenvolvimento
das atividades de telecomunicações no País,
exercendo o controie acionário das empresas da
área e reduzindo as concessionárias a uma por
Estado ou região geoeconómica, ou seja, era
proposta a implantação de uma empresa holding
para o sistema nacional de telecomunicações.
Em 14 de março de 1972 o anteprojeto de lei que
criava a Empresa de Telecomunicações S.A.
TELEBRÁS foi enviado à Presidência da
República que por sua vez encaminhou-o ao
Congresso onde foi examinado e aprovado num
curto prazo de 19 dias. E assim foi sancionada, a
11 de julho daquele ano -1972- a Lei 5.972 que
concedeu à União competência para garantir e
controlar o permanente funcionamento dos
serviços de telecomunicações. A mesma Lei também autorizava a constituição da TELEBRÁS que
ficava credenciada a participar do capital das
empresas concessionárias, visando a pretendida
unificação dos serviços e o cumprimento de um
planejamento geral.
Brasília foi escolhida como sede da nova
empresa. Devendo integralizar um capital inicial
de Cr$ 5 bilhões, a TELEBRÁS foi constituída
como uma das três maiores empresas do País.
Em cumprimento às diretrizes traçadas pelo
Ministério das Comunicações a TELEBRÁS pôde
participar do capital até assumir o controle das
concessionárias de serviços públicos de
teíecomunícações estaduais, municipais ou
particulares.
No dia 9 de novembro de 1972 a TELEBRÁS foi
implantada, como empresa de economia mista
controlada pelo Governo Federal. A partir da
junção de todos os investimentos governamentais
no setor - inclusive Fundo Nacional de
Telecomunicações - que era utilizado pela
EMBRATEL - a TELEBRÁS teve como principais
objetívos: "a promoção de medidas capazes de
expandir as telecomunicações no País e com o
exterior; reduzir os gastos operacionais e obter
maior produtividade dos investimentos; controlar
os recursos investidos pela União; efetivar a
integração dos sistemas urbanos em todo o País,
controlando a operação e expansão de todo o
sistema telefónico nacional, diretamente ou
através das subsidiárias; promover a captação e
propor a aplicação de recursos financeiros
oriundos de fontes internas e do FNT - Fundo
Nacional de Telecomunicações. Coube, ainda, à
TELEBRÁS, avaliar a demanda da telefonia,
telegrafia, telex e de ligações interurbanas,
interestaduais e internacionais, propondo soluções
para o seu atendimento; prever a quantidade de
mão-de-obra especializada em todos os níveis,
que deverá ser formada anualmente em cada
Estado e propor medidas para a obtenção, em
tempo útil, de todo o pessoal necessário; estimular
e acelerar a produção nacional de equipamentos
para o setor entre as fábricas que cumpram as
exigências determinadas pelo Ministério das
Comunicações de preços adequados, alta
qualidade e cumprimento dos prazos contratuais;
e, finalmente, coordenar e controlar a execução
de att-vidades da EMBRATEL e das empresas
estaduais, de forma que a expansão do Sistema
Nacional de Telecomunicações se processe com
equilíbrio, atendendo peculiaridades de cada
região e estimulando o crescimento nas áreas
menos providas".
A leitura dos textos contidos neste caderno dará
aos leitores uma noção das transformações
havidas no País, após 1364, nos campos da
telefonia, telegrafia e teíex; as diretrizes postas
em prática fizeram nosso País ganhar nova
dimensão. Abrimos estradas de comunicações
sob o chão e sob o mar, acima, do chão e no
espaço, pelas ondas hertzianas.
Os serviços prestados pela Embratel compõem o
Sistema Brasileiro de Telecomunicações, ligando
os 8.511.965 km2 do nosso País nos seus pontos
mais distantes entre si e com o mundo. Os meios
de transmissão são realizados, basicamente,
através de quatro meios diferentes: microondas
em visibilidade, constituído por estações terminais
e repetidoras; microondas em tropodifusão,
implantado para vencer as grandes distâncias da
região amazônica: rádio em ondas curtas,
empregado nas transmissões com o Território de
Fernando de Noronha; e satélite continental,
estações terrenas de pequeno porte, instaladas
em localidades com expressiva demanda de
tráfego, mas sem facilidade de acesso rodoviário.
SERVIÇOS PRESTADOS PELA EMBRATEL
Área Nacional
Telefonia,
Telex,
Transmissão de Dados — TRANSDATA,
Aluguel Permanente de Circuitos de Voz,
Aluguel Eventual de Circuitos de Voz,
Aluguel de Circuitos Telegráficos,
Comutação Privativa de Mensagens - SICRAM,
Televisão (transmissão e/ou recepção de
programas),
Radiodifusão (transmissão e/ou recepção de
programas).
Serviço Móvel Marítimo,
TV Executiva Assinante Distante (em implantação)
Área Internacional
Telefonia,
Telex,
Aluguel de Circuitos de Voz,
Aluguel de Circuitos Telegráficos
61
Boletim de Imprensa,
Fototelegrafia
Televisão (transmissão e/ou recepção de
programas),
Comutação Privativa de Mensagens - SICRAM
Serviço Móvel Marítimo
Serviços Especiais para Administração e
Organismos Internacionais
MEIOS DE TRANSMISSÃO
Comunicações Domésticas
MICROONDAS EM VISIBILIDADE
Os troncos de microondas em visibilidade,
totalizam cerca de 18000 km de extensão,
constituindo-se
de
estações
terminais
e
repetidoras, operando com equipamento rádio de
alta capacidade, basicamente em duas faixas de
frequência, de 4000 e 6000 mega-hertz; as
microondas são retiansmitidas peias estações
repetidoras, instaladas em pontos elevados e
intervaladas de 50 km, em média, até atingir as
estações terminais existentes no centro das
grandes cidades brasileiras e permitem os
serviços
de
telefonia,
telex,
fac-símile,
transmissão de dados, transmissão de programas
de rádio, em alta fidelidade, e de programas de
televisão.
Comunicações Internacionais
As comunicações internacionais são realizadas,
atualmente, via satélite, cabo submarino e
microondas em visibilidade.
SATÉLITE
O Brasil participa, com outros 58 Países, do
Consórcio Internacional Intelsat - organização
mundial que controla a comunicação via satélite.
Para a sua implantação, a Embratel instalou em
Tanguá, município de Itaboraí, a 47 quilômetros
de Niterói, a Estação Terrena de Comunicações
por satélite - Tanguá interligando-a com todos os
Estados do Brasil; através deste sistema, o País
mantém contato com todo o mundo.
Em 1975, a Embratel inaugurou a Tanguá II,
dobrando a capacidade de comunicação e
situando o País entre as cinco maiores nações
usuárias do sistema internacional de satélites;
consequentemente, tem assento na Junta de
Governadores daquele organismo internacional.
Em 1979, a Estação Terrena Tanguá II
incrementou, ainda mais, as comunicações
domésticas por satélite, notadamente, na região
amazônica. Em fevereiro de 1980 foi inaugurada a
antena Tanguá III para, em especial, atender à região amazônica.
SATÉLITE
MICROONDAS EM TROPODIFUSÃO
A complementação do sistema nacional, em
localidades com grande demanda de tráfego, mas
sem facilidade de acesso rodoviário mesmo para
a implantação de troncos de microondas em
tropodifusão, foi também, resolvida mediante o
aluguel de um subsistema de transmissãorecepção ("transponder") do satélite INTELSAT,
para uso exclusivo do Brasil.
ONDAS-CURTAS
A Embratel utiliza a técnica de ondas-curtas (que
só permite transmissões de telefonia, telegrafia,
telex e fac-símile) na. ligação com Fernando de
Noronha e na Rede Nacional de Estações
Costeiras.
DISCAGEM DIRETA À DISTÂNCIA
A discagem direta à distância (DDD), inaugurada
em julho de 1970 (entre Porto Alegre e São Paulo)
permite ligações telefónicas interurbanas, sem o
auxílio de telefonistas. Não havendo nenhum
canal livre, no momento da ligação entre duas
localidades envolvidas, a própria central de
trânsito irá endereçar a ligação, automaticamente,
através de outra rota que esteja desocupada e
que, indiretamente possa completar a ligação
desejada. No ano de 1979, de um total de 287
milhões de chamadas interurbanas completadas
em todo o País, 85% foram processadas pela
discagem direta.
A técnica de tropodifusão baseia-se no fenômeno
de difusão na primeira camada atmosférica
(troposfera). Em cada estação, um transmissor
equipado com uma antena muito diretiva envia um
feixo eletromagnético estreito, que se difunde ao
alcançar a camada troposférica. Um receptor,
também equipado com uma antena de alta
diretividade, recolhe o sinal espalhado pelo
volume, comum ao campo das duas antenas,
estabelecendo-se um lance do tronco desejado
para ligar dois pontos.
Em virtude da inexistência de facilidade de acesso
indispensável à operação das estações dos troncos em visibilidade, a EMBRATEL implantou, na
Amazónia, microondas em tropodifusão, com
estações repetidoras localizadas a cerca de 300
km umas das outras, sendo utilizadas antenas
"billboard", algumas com área de 700 m2.
62
A tropodifusão opera os serviços de telefonia,
telegrafia, telex, fac-símile, transmissão de dados
e de programas de rádio em alta fidelidade.
CABO SUBMARINO
Outro meio utilizado pelo Brasil, em suas
comunicações com o exterior, é o sistema de
cabos submarinos Bracan-1 (BRAsil-CANárias),
inaugurado em 1973 e operando em regime de
consórcio com a Espanha, sendo 80% nossa
participação acionária.
fundado na competição e orientado para o
crescimento da universalização dos serviços.
A aprovação pelo Congresso Nacional da Emenda
nº 8 à Constituição Federal, em 8 de agosto de
1995, permitiu ao Governo Federal outorgar
concessões para exploração de serviços de
telecomunicações ao setor privado.
A Lei nº 9.295/96 permitiu a licitação de
concessões de telefonia celular da banda B.
Atingindo Las Palmas, o Sistema BRACAN 1, cuja
inauguração oficial ocorreu no dia 4 de maio de
1973, está interligado com a rede internacional de
cabos
submarinos,
podendo
alcançar
praticamente qualquer outro país.
Em julho de 1997 o Congresso Nacional aprovou
a Lei Geral das Telecomunicações (Lei nº 9.472),
a base regulatória para o setor, que também
continha as diretrizes para a privatização do
Sistema Telebrás.
O Sistema BRACAN 1 tem a extensão de cerca
de 5000 km e capacidade para 160 circuitos
telefônicos, podendo, também, ser utilizado para
telegrafia, teiex e transmissão de dados,
Segundo a Lei Geral, o processo decisório relativo
à privatização do setor ficou a cargo de uma
Comissão Especial de Supervisão, ligada
hierarquicamente
ao
Ministério
das
Comunicações, e não sob a alçada do Conselho
Nacional de Desestatização - CND, ao qual o
BNDES se reportava em assuntos de privatização,
como
Gestor
do
Fundo
Nacional
de
Desestatização - FND.
A 8 de janeiro de 1980 o cabo submarino Brasil
Estados Unidos — Brus teve o lançamento
completado com a chegada de uma das suas
extremidades a Fortaleza.
MICROONDAS EM VISIBILIDADE
A EMBRATEL implantou um tronco de microondas
em visibilidade, de alta capacidade ligando o
Brasil à Argentina e ao Paraguai e fazendo a
conexão de Foz do Iguaçu a Puerto Iguazu e
Presidente Stroessner.
DISCAGEM DIRETA INTERNACIONAL
Em novembro de 1975, foi introduzida a Discagem
Direta Internacional, sistema pelo qual um usuário
pode completar uma ligação telefônica com o
exterior, sem a necessidade de auxílio de
telefonista.
Das 4,4 milhões de chamadas internacionais
completadas durante o ano de 1979, 75% foram
feitas via DDI.
Em fevereiro de 1998, foi assinado Contrato entre
o BNDES e o Ministério das Comunicações
atribuindo-se ao Banco a coordenação da
modelagem de venda e do próprio leilão do
Sistema Telebrás.
A privatização do Sistema Telebrás ocorreu no dia
29 de julho 1998 através de 12 leilões
consecutivos na Bolsa de Valores do Rio de
Janeiro – BVRJ, pela venda do controle das três
holdings de telefonia fixa, uma de longa distância
e oito de telefonia celular, configurando a maior
operação de privatização de um bloco de controle
já realizada no mundo. Com a venda, o governo
arrecadou um total de R$ 22 bilhões, um ágio de
63% sobre o preço mínimo estipulado.
Telecomunicações 1991-2002
US$ milhões
A PRIVATISAÇÃO DO SISTEMA TELEBRAS
A ORDEM É PRIVATIZAR, É MATAR A
GALHINA DE OURO...
Privatizações Federais - Telecomunicações
Uma profunda reforma do aparato legal que
regulava o setor tornou possível areestruturação
das telecomunicações brasileiras. O traço
fundamental foi a transformação do monopólio
público,
provedor
de
serviços
de
telecomunicações, em um novo sistema de
concessão pública a operadores privados,
Empresa
Resultado
dos Leilões
Dívidas
Transferidas
Resultado
Geral
1. Empresas Federais:
19.237
2.125
21.362
-Telefonia fixa e serviços de longa
distância
11.970
2.125
14.095
6.974
-
6.974
293
-
293
2. Concessões:
9.813
-
9.813
-Telefonia Celular Banda B
7.613
-
7.613
-Telefonia Celular - Banda D
1.334
-
1.334
-Telefonia Celular - Banda D
(sobras)
18
-
18
-Telefonia Celular - Banda E
482
-
482
-Telefonia Celular - Banda E
(sobras)
238
-
238
-Empresas Espelho
128
-
128
29.050
2.125
31.175
-Telefonia celular - Banda A
-Oferta Empregados
Total
63
Telefonia Fixa e Serviços de Longa Distância
US$ milhões
Empresa
Resultado dos Leilões
Telesp
4.967
Tele Centro Sul
1.778
Tele Norte Leste
2.949
Embratel
2.276
Total
11.970
Empresas de Telefonia Celular Banda A
US$ milhões
Empresa
Telesp Celular
Resultado dos Leilões
3.082
Tele Sudeste Celular
1.168
Telemig Celular
649
Tele Celular Sul
601
Tele Nordeste Celular
567
Tele Leste Celular
368
Tele Centro Oeste Celular 378
Tele Norte Celular
161
Total
6.974
Este é o preço da Telebrás.
Concessões de Telefonia Celular Banda B
US$ milhões
Agora,
a
tarefa
de
revolucionar a telefonia está
com o setor privado.
Área de Concessão Resultado dos Leilões
Área 7
314
Área 1
2.453
Área 9
232
Área 2
1.223
Área 10
512
Área 3
1.327
Área 4
457
Área 5
729
Área 6
315
Área 8
51
Total
7.613
Concessões de Telefonia Celular Banda D
US$ milhões
Área de Concessão Resultado dos Leilões
Área 1
556,2
Área 2
274,1
Área 2 (sobras)
18,7
Área 3
503,2
Total
1.352,2
Concessões de Telefonia Celular Banda E
US$ milhões
Área de Concessão Resultado dos Leilões
Área 1
481,7
Área 1(sobras)
65,9
Área 2(sobras)
53,4
Área 3(sobras)
118,5
Total
719,5
Concessões para Empresas Espelho
US$ milhões
Área de Concessão
Resultado dos Leilões
Região II (Tele Centro Sul)
0,1
Região I (Tele Norte Leste)
45,5
Região IV (Embratel)
41,7
Região III (Telesp)
Total
Última atualização em: 31/12/02
41,1
128,4
Uma das melhores piadas sobre o antigo regime
soviético conta a história de um habitante de
Moscou que, em 1975, foi até a loja comprar uma
geladeira. Na hora de pagar, foi informado de que
o eletrodoméstico seria entregue em 1981. Ao
anotar a data anunciada num caderninho,
pergunta:
— De manhã ou de tarde?
— Que diferença faz? — quis saber o funcionário
da loja.
— É que eu comprei um fogão no ano passado,
eles marcaram a entrega para o mesmo dia e
quero organizar a minha agenda.
Para os brasileiros, fica difícil ouvir uma piada
dessas e não se lembrar da Telebrás, a estatal
que demora mais de dois anos para entregar os
telefones que vende, cuja privatização está
marcada para esta quarta-feira, na Bolsa de
Valores do Rio de Janeiro. Se o leilão da Telebrás
não for adiado por uma daquelas ações judiciais
apresentadas à última hora pelos adversários da
privatização, o brasileiro estará assistindo a uma
mudança histórica que terá ampla repercussão na
vida de milhões de pessoas. Quem já não viu ou
entrou numa daquelas imensas filas das teles
estaduais para garantir o direito de comprar uma
linha residencial? Quando chega diante do
64
funcionário, o consumidor finge que está pagando
por um serviço que vai receber e o funcionário
finge que está recebendo por um serviço que vai
entregar. Como na prática todo mundo sempre
soube que a instalação ia levar anos, quem pôde
adotou uma saída alternativa. Alguns alugaram
uma linha, pagando mensalidades quase tão altas
quanto a taxa do condomínio. Outros compraram
a sua linha no mercado paralelo, a prazo,
bancando o equivalente a um segundo telefone a
título de juros. E muita gente formou grupos para
comprar um telefone em sociedade. O aparelho
fica instalado na casa de um deles e assim todos
têm um meio de dar e receber recados. Sem
alternativas, os mais pobres dependem dos
telefones comunitários, aqueles orelhões que,
além de discar, também recebem ligações.
O resultado é que um telefone já entregue passou
a valer ouro. Em 1995, a empresa telefônica de
São Paulo, a Telesp, vendia uma linha residencial
por 970 reais. Como não havia oferta, quem
quisesse um telefone tinha de pagar mais de
4.000 reais no mercado paralelo. Em alguns
bairros da periferia paulistana, o telefone no
paralelo saía por 9.000 reais — um ágio de 850%
sobre a tabela oficial. Comprar e vender telefones
se transformou num negócio que ocupou os
classificados dos jornais e criou algumas grandes
fortunas. O telefone tornou-se um artigo tão raro
que jamais foi considerado um serviço, como o
acesso à água ou à energia elétrica, algo que se
pede para ligar e desligar. O telefone do brasileiro
é um bem, pertence à sua família.
Está listado no imposto de renda na coluna do
patrimônio, declarado em testamento e lembrado
na hora do divórcio. Ter duas ou três linhas em
casa já foi considerado indicativo de prosperidade.
Em tempos de crise, houve quem vendesse a sua
linha para pagar uma dívida. Ou procurasse um
agiota para dar o telefone como garantia de um
empréstimo. Até bem pouco tempo atrás, os
recém-casados faziam conta para comprar três
bens a prazo: o imóvel, o carro e o telefone.
Mudanças para o consumidor — Esse pesadelo
pode estar chegando ao fim. Com a privatização
desta quarta-feira, a Telebrás será totalmente
esquartejada e remontada. Os pedaços serão
vendidos para a iniciativa privada. Seu nome será
apenas uma lembrança, ao lado da Siderbrás e
Eletrobrás, três retratos de uma época que já não
existe mais. A responsabilidade de oferecer
serviços públicos está trocando de mãos — e na
troca desta semana se estará concretizando o
meganegócio deste fim de século. Os consórcios
vencedores terão de pagar pelo menos 13,5
bilhões de reais (preço mínimo do leilão) e investir
outras dezenas de bilhões de reais nos próximos
cinco anos, para atender às exigências do edital
de privatização. O Brasil, que tem alguns de seus
Estados com padrão africano de distribuição de
telefones, estará em patamar quase europeu num
prazo máximo de nove anos. De todas as vendas
que o governo já fez até aqui, esta é a primeira
que mexe diretamente com o consumidor. "Vamos
promover uma mudança gigantesca neste país
com a privatização da Telebrás", diz o ministro
Luiz Carlos Mendonça de Barros, das
Comunicações, que está comandando o processo
de venda.
A Light, empresa de eletricidade do Rio de
Janeiro, assim como as outras companhias de
distribuição de energia, lida com o consumidor,
mas não é muito próprio falar em qualidade de
fornecimento de luz. A eletricidade é a mesma em
Botsuana e na Suécia. Com os telefones, é
diferente. O estudante quer se conectar à Internet,
mas a transmissão de dados é lenta e ele demora
a acessar seu site preferido. No meio daquela
ligação internacional importante, a linha fica muda.
O carro entra numa ladeira e o sinal do celular
oscila até cair. Isso tudo vai mudar. Não porque a
iniciativa privada, à qual será entregue a telefonia
brasileira, seja uma espécie de Madre Teresa de
Calcutá dos serviços públicos. Nada disso. Os
consórcios vencedores melhorarão o serviço
telefônico porque serão obrigados a fazer isso por
contrato. As penalidades serão pesadas para
aquele que não cumprir o combinado. As
empresas que deixarem de atender às metas
estipuladas nesse contrato poderão receber
multas milionárias ou até perder a concessão — e
o dinheiro que pagaram por ela.
Para o governo não poderia haver negócio
melhor. Ele abandona a responsabilidade de
gerenciar um negócio em que seu desempenho é
burlesco e assume uma atividade nobre e típica
do Estado: a fiscalização das novas companhias
telefônicas, por meio da recém-criada Agência
Nacional de Telecomunicações, Anatel. Todo o
chamado sistema Telebrás estará sendo vendido.
Ele
é
composto
pelas
26
empresas
concessionárias que exploram a telefonia nos
Estados, e também vai a leilão uma empresa da
65
qual todo mundo já ouviu falar mas não sabe
exatamente o que faz, a Embratel. Toda vez que
alguém manda um telegrama, transmite um fax,
conecta-se à Internet, liga a televisão ou ouve
rádio, está usando os serviços da Embratel.
Estatal responsável pela comunicação de longa
distância, a Embratel mantém uma rede de
satélites e cabos de fibras óticas que liga o Brasil
ao resto do mundo. Antes de sua criação, em
1965, conseguir um interurbano podia demorar até
um dia inteiro. Hoje, a ligação é feita em
segundos. É uma das jóias do sistema.
aparelho, funcionam hoje 500.000 telefones
públicos, o que é uma insuficiência óbvia. Por
exigência da Anatel, os consórcios vencedores
deverão dobrar o número de orelhões nos
próximos três anos.
Sala de controle a Telesp: além das melhorias, a
privatização trará mais investimentos, empregos e
nova tecnologia
Central telefônica da década de 70: o modelo
estatal produziu filas, mercado paralelo, ágio e
péssimos serviços para a população
O
sucateamento
da
Telebrás
afetou
tremendamente a qualidade dos serviços. De
acordo com padrões internacionais, aceita-se que
6% das chamadas não sejam completadas em
horários de pico. Nos dois grandes centros
urbanos brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro,
esse índice às vezes passa de 30%. Isso quer
dizer que, quando três pessoas discam, só duas
conseguem a ligação. Ou que é preciso tentar três
vezes até fazer uma chamada. O monopólio
governamental das telecomunicações conseguiu
alguns feitos dignos de registro. Vende poucos
telefones para uma freguesia ávida por comprálos, demora para entregá-los e cobra por um
serviço de sofrível a ruim. O alemão que quer o
celular consegue a linha de graça, o aparelho de
graça e até descontos nas primeiras semanas de
uso. É que na Alemanha as empresas telefônicas
tiram o lucro da cobrança de tarifas, competem
aos tapas, e por isso facilitam a vida dos
consumidores. Na Inglaterra, se a empresa atrasa
a entrega do telefone, instalado normalmente em
dois dias, o cliente ganha um crédito na sua conta
como forma de compensação.
Serviço sofrível — A questão é que a Telebrás
foi perdendo potência no decorrer dos anos, até
chegar ao estado atual. Para atender a clientela
de maneira adequada, precisaria instalar 11.000
terminais por dia, mas só está instalando 5.700.
Para atingir essa meta, necessitaria investir 10
bilhões de dólares por ano, mas só tem fôlego
para gastar 3,5 bilhões. Basicamente, é essa falta
de investimento que sacrifica os brasileiros, num
item em que a maior parte dos países está bem
suprida. Nos últimos vinte anos, para cada
telefone instalado, apareceram duas pessoas
querendo comprar um aparelho. Somente metade
dos estabelecimentos comerciais tem telefone e
nas propriedades rurais o número é estarrecedor:
apenas 2% delas são servidas pela Telebrás.
Para socorrer a massa de quem não tem um
66
Em mais de meio século de existência do
monopólio, as estatais de telefonia engordaram
em tamanho. O sistema Telebrás opera,
proporcionalmente, com o dobro do número de
funcionários das grandes empresas americanas. A
produtividade dos trabalhadores brasileiros é
metade da existente nos Estados Unidos,
segundo um estudo concluído no início do ano
pela consultoria McKinsey. De acordo com esse
trabalho, o sistema Telebrás paga mais pelos
equipamentos que adquire. Em alguns casos,
como o das centrais de computação, o preço
verificado é 500% mais alto do que equipamentos
semelhantes vendidos no mercado internacional.
Há outros custos que podem diminuir com a
venda da Telebrás. A empresa privada não
precisa atrelar-se a um teto de investimentos
estabelecido pela área econômica do governo
nem é restringida pelas regras das leis de
licitação. São fatores que, no Brasil, tornam os
investimentos de uma empresa pública 30% mais
altos e o custeio 35% mais elevado.
Empregos gerados — Entre as várias exigências
que a Anatel fez no edital, a que interessa
diretamente às pessoas é o aumento do número
de linhas a toque de caixa. Há 17 milhões de
telefones fixos atualmente. O número crescerá
para 50 milhões até 2007. Assim, um terço dos
brasileiros terá telefone em casa ou na loja dentro
de nove anos. Esse índice, de trinta telefones para
cada grupo de 100 habitantes, aproxima o Brasil
dos níveis internacionais. O prazo de espera para
a instalação do telefone cairá dos dois anos atuais
para apenas uma semana em 2005.
É curioso notar que as empresas privadas estão
sendo chamadas a consertar um sistema
destruído pela gestão estatal. Para alguns é de
entortar a cabeça e subverter certos valores
enraizados. Um dos principais argumentos
contrários à venda da Telebrás é que a iniciativa
privada não se interessa pelo pobre e só vai dar
telefone aos mais ricos. De acordo com este
raciocínio, só a empresa estatal, com sua genuína
preocupação social, pode levar o telefone até o
rincão e os bairros mais pobres. De acordo com
uma análise feita pela Anatel, 81% dos telefones
residenciais instalados no país pela Telebrás
estão nas mãos dos 16% mais ricos. E os 57%
mais pobres dividem apenas 2% dos telefones. A
classe A tem duas linhas por família. A classe D,
uma linha a cada 100 famílias.
O leilão das empresas do sistema Telebrás, além
de melhorar a vida das pessoas, pode estimular
grandes negócios no Brasil. Um sistema telefônico
moderno cria uma rede de empresas fornecedoras
a seu redor, dos fabricantes de celulares e fibras
óticas às empresas de informática. O investimento
dos consórcios vencedores será de 45 bilhões de
reais até o ano 2001 (sem contar o que pagarão
pelas ações do governo). A quantia deve beirar os
100 bilhões de reais até 2007. Nesta conta estão
incluídos os investimentos em infra-estrutura,
propaganda e comercialização. Segundo uma
estimativa do banco carioca Stock-Máxima,
instituição especializada em privatizações, serão
gerados 40.000 empregos diretos nos próximos
anos. O banco nem consegue calcular o número
de empregos indiretos, mas há indicações de que
podem ser mais de 50.000. As empresas
telefônicas fornecem empregos com qualidade
superior à da média, por envolver muito trabalho
com tecnologia. O empuxo dado pela privatização
pode, portanto, criar uma boa massa de
trabalhadores com qualificação. "Ele terá o
mesmo efeito daquele que ocorreu na década de
50, quando as indústrias automobilísticas
chegaram ao país", recorda Gilberto Geraldo
Garbi, presidente da NEC do Brasil.
Dívida abatida — Com as suas velhas estatais,
equipamentos antigos e poucos telefones, o Brasil
ficou afastado da atividade em que mais se ganha
dinheiro no mundo, ao lado da indústria de
informática. A exploração dos serviços de
telecomunicações movimenta 800 bilhões de
dólares por ano e cresce ao ritmo anual de 7%.
Investimentos em telefonia rendem às empresas
18% ao ano. É três vezes mais do que os juros
internacionais. Os resultados são tão bons que
ofuscaram velhas minas de dinheiro, como a
exploração de petróleo ou de minério. Há mais
uma vantagem em desenvolver o setor. Ninguém
investe em país onde é difícil arrumar telefone,
fax, celular ou Internet. Portanto, neste momento
em que o Brasil está recebendo investimentos
diretos em doses elevadas, a privatização ocorre
em boa hora.
Pode parecer um paradoxo, mas a demora
excessiva em privatizar o setor de telefonia
acabou resultando em várias vantagens. O país
pode queimar etapas na renovação de seu parque
telefônico, reequipando-o de maneira mais barata
e com tecnologia mais moderna à disposição.
Pôde-se evitar os erros de outras privatizações e
copiar suas vantagens. Na privatização inglesa, o
governo
preocupou-se
em
proteger
os
consumidores do aumento de tarifas, mas
esqueceu-se de exigir melhorias do serviço. A lista
de exigências feitas pelo Ministério das
Comunicações aos consórcios procura contornar
esse problema. Na Argentina, a privatização
transferiu o monopólio estatal para o privado,
perdendo-se assim as vantagens da competição.
Como resultado, os preços explodiram. A forma
de venda da Telebrás permitirá uma enorme
competição. Ela foi dividida em doze pedaços,
transformados em empresas (veja quadro). Nas
regiões em que operam essas companhias,
surgirão "empresas espelho" para competir com
as ex-estatais.
Uma das questões que aborrecem as pessoas
sobre a venda da Telebrás é o destino do
dinheiro. Ele não irá para novos investimentos que
gerem empregos, mas para o abatimento da
67
dívida pública. Parece que isso é queimar o
dinheiro, mas não é. Seria ótimo que o governo
pudesse pegar o que arrecada com a privatização
para construir casas populares ou escolas. Mas
qualquer um que já tomou dinheiro emprestado ou
está pendurado no cheque especial sabe que as
dívidas só param de crescer quando são
amortizadas e só desaparecem quando são
quitadas. Uma simulação feita pelo BNDES
mostra que, graças à privatização, o governo
reduziu a dívida em 34 bilhões de reais de 1996
para cá. Faça as contas. Embora a Telebrás seja
superavitária, o maior retorno que a empresa deu
para a União na forma de pagamento de
dividendos foram 156 milhões de reais neste ano.
A média dos anos 90 foi bem mais baixa: apenas
50 milhões. Usando o dinheiro arrecadado com a
venda da Telebrás para amortizar essa dívida,
estima-se que a União possa economizar 850
milhões de reais por ano em juros. Portanto,
também desse ângulo, vender a Telebrás é mais
vantajoso do que mantê-la sob comando estatal.
Com isso, sobra mais dinheiro para educação,
saúde e até casa popular.
existir crédito no cartão. É um artifício para quem
não quer gastar muito.
Durante muito tempo o Brasil teve o Estado no
papel de empresário, controlando até empresas
de navegação. Esse modelo, em que o setor
público investe e gerencia atividades típicas da
iniciativa privada, acabou na maior parte do
mundo, mas ainda resiste em países como Itália e
França. O Brasil já vendeu todo o seu parque
siderúrgico, empresas de fertilizantes, grande
parte de suas empresas petroquímicas e sua
grande empresa de mineração, a Vale do Rio
Doce. Agora está passando adiante, por meio de
concessões à iniciativa privada, a administração
de serviços públicos como saneamento básico,
produção e distribuição de energia ou o
gerenciamento de ferrovias e rodovias. Essas
áreas, que pareciam sem solução, agora
começam a ser transformadas em benefício do
contribuinte. Vendendo a Telebrás, o governo
pode abater sua dívida e transformar o telefone de
sonho para poucos em comodidade para muitos.
Tecnologia à disposição
A partir da privatização, as novas concessionárias
terão de investir alto para aumentar a oferta de
linhas e serviços. Esse esforço exigirá o uso de
novas tecnologias. Um exemplo é o número de
linhas digitais, que vai saltar dos atuais 30% para
100% até o início de 2006.
Linhas ISDN Uma pequena caixa instalada na
parede da residência ou do escritório permite falar
ao telefone ao mesmo tempo que se usa o fax ou
se navega na Internet. Funciona como se a
pessoa tivesse duas linhas. Identificador de
chamadas As centrais telefônicas mais modernas
permitem que o telefone de quem está chamando
seja identificado sem necessidade de aparelhos
adicionais, do tipo Bina.
Veja o que mais está vindo por aí:
Celular pré-pago Funciona com um cartão,
parecido com cartão de crédito, com capacidade
para determinado tempo de conversação. Recebe
ligações normalmente, mas só liga enquanto
68
Linhas de banda larga
Empresas podem solicitar linhas de grande
capacidade. Com elas será possível usar
videofones com qualidade perfeita de imagem.
Usando máquinas especiais, pessoas em dois
pontos distantes do país podem manipular textos
e imagens simultaneamente.
Acesso à Internet pelo celular
Dispensa o computador. O visor de cristal líquido,
o mesmo em que aparece o número do telefone
discado, substitui o monitor. Serve para conferir o
correio eletrônico e ver páginas com poucos
detalhes gráficos
As armas contra as liminares
Escaldado por mais de uma centena de ações
judiciais movidas contra a venda da Vale do Rio
Doce, no ano passado, o governo opera em alerta
máximo para o leilão de privatização do sistema
Telebrás. Dez advogados do BNDES e mais de
cinqüenta da Telebrás vêm sendo treinados para
reagir o mais rápido possível contra os inevitáveis
pedidos de liminar para o cancelamento do leilão
desta quarta-feira. A equipe conta com o apoio
dos 400 advogados que integram o corpo da
Advocacia-Geral da União. Esse exército de
advogados recebeu orientações da consultoria
jurídica do BNDES. Uma delas foi atrair a atenção
de todos para o "conflito de competência" — um
expediente muito útil quando começam a pipocar
ações nos quatro cantos do mapa nacional.
Ocorre o "conflito de competência" quando se
detectam duas ou mais ações espalhadas pedindo
a mesma coisa à Justiça. Os advogados do
governo podem pedir que todas elas sejam
centralizadas nas mãos de um único juiz, o que
facilita o trabalho da defesa.
Em privatizações anteriores, o governo chegou a
fretar jatinho para deslocar seus advogados
quando surgia uma liminar concedida em local
sem vôo direto. Para tentar evitar esse correcorre, haverá pelo menos dois advogados de
plantão em cada um dos 27 tribunais de Justiça. A
missão deles é recolher as ações contra o leilão e
despachá-las para Brasília. Definido um modelo
de defesa, o que preocupa o governo é que o
volume de ações contrárias à privatização da
Telebrás está bem menor do que o esperado.
Faltando dez dias para o leilão da Vale, o governo
já se debatia com mais de 150 ações judiciais. No
caso da Telebrás, houve 45 ações contra o
rearranjo administrativo da empresa, e apenas
quatro tentando bloquear a privatização. "Está
tudo tranqüilo demais", diz Cláudio Neves,
superintendente jurídico do BNDES. A suspeita é
que a calma possa ser uma estratégia da
oposição para entrar na Justiça com um caminhão
de ações na última hora.
Algumas das dúvidas mais recorrentes sobre a
venda da Telebrás, acompanhadas das respostas.
Por que vender uma empresa como a Telebrás,
que dá lucro?
Estatais privatizadas normalmente fazem crescer
a receita, baixam os custos, conseguem aumentar
o lucro e pagam mais imposto ao Tesouro. Além
disso, a Telebrás deveria investir 10 bilhões de
dólares por ano para melhorar os serviços que
oferece. Só consegue aplicar pouco mais de um
terço dessa soma. Com a venda, o governo
economiza nos investimentos e ganha mais nos
impostos — podendo aplicar onde realmente
interessa: saúde e educação.
As empresas privadas, ao contrário da estatal,
não terão interesse em atender às cidades
distantes e pobres. Isso não pode deixar sem
serviço uma fatia da população?
O governo impõe às compradoras um programa
mínimo. Quem vencer terá sete anos para
oferecer telefone residencial em todas as
comunidades com mais de 300 habitantes e
orelhões nas cidades com mais de 100 habitantes.
As empresas que não cumprirem as metas
poderão ser advertidas, multadas em até 50
milhões de reais e, por fim, ter cassadas as
concessões.
Por que o governo vai vender o sistema de
uma só vez, em vez de fazê-lo empresa por
empresa?
Se vendesse uma por uma as companhias, quem
iria querer comprar certas teles como as de
Roraima e Amapá? Essas empresas, devido à
baixa densidade populacional da área em que
atuam e ao atendimento quase pleno da
demanda, são pouco promissoras. Os consórcios
privados tentariam arrematar os filés do mercado,
como a Telesp, e deixariam os ossos com o
Estado. De acordo com o edital, quem comprar
uma empresa-filé leva junto uma empresa-osso.
O Estado não está apenas trocando monopólio
estatal por monopólio privado?
A partir de 2003 o governo vai conceder a novos
grupos privados o direito de explorar as chamadas
"empresas espelho". Ou seja, haverá duas
concessionárias em cada região. O mesmo vale
para a Embratel. Havendo concorrência, deverá
acontecer uma guerra em torno dos preços dos
serviços oferecidos. A tendência é de que caiam.
Explorar as telecomunicações é um serviço
estratégico. Por que o governo abre mão
disso?
Dúvidas em torno da venda da Telebrás
69
Estratégico não é explorar a telefonia, mas
garantir que a população tenha telefone disponível
e de boa qualidade. O sistema Telebrás não
conseguiu fazer isso.
Como será o leilão das teles
O leilão da Telebrás está marcado para as 10
horas desta quarta-feira. É nesse momento que o
gerente do pregão vai receber das corretoras
representantes dos mais de cinqüenta consórcios
privados os envelopes com as propostas de preço
para a compra das estatais. Primeiro serão
vendidas as estatais que exploram a telefonia fixa
e a Embratel. São as empresas do chamado
grupo A. Desta lista, a primeira empresa a ser
vendida será a telefônica de São Paulo, a Telesp.
Nenhum consórcio pode explorar duas empresas
do grupo A, nem duas empresas do grupo B, nem
duas do grupo C. Quem já explora hoje em dia a
telefonia celular privada, a chamada banda B, só
pode comprar empresa do grupo C. Para garantir
que o governo arrecade o máximo possível, ficou
definido que sempre que a diferença de preço
constante dos envelopes entre o primeiro e o
segundo colocados ficar abaixo de 5% os dois
resolvem a disputa por lance, como num leilão
tradicional.
Com reportagem de:
Franco Iacomini, de São Paulo,
Alexandre Oltramari, de Brasília, e
Manoel Fernandes, do Rio de Janeiro
Depois serão abertos os envelopes para duas
outras empresas do grupo A, a Tele Norte-Leste e
a Tele Centro-Sul, criadas como resultado da
fusão das demais teles existentes (mapa acima à
esq.). Caberá a essas três empresas explorar a
telefonia fixa no país. Em seguida será oferecida a
quarta empresa do grupo A, a Embratel.
Haverá um intervalo de uma hora, depois do qual
será feita a venda das novas companhias de
telefonia celular. Os departamentos das atuais
teles estatais que cuidam da exploração da
telefonia celular serão transformados em oito
empresas e vendidos em separado (mapa acima à
dir.). As quatro mais rentáveis (Telesp Celular,
Telesudeste Celular, Telemig Celular e Telecelular
Sul) são as empresas do chamado grupo B. As
quatro menos rentáveis (Telecentroeste Celular,
Telenordeste Celular, Teleleste Celular e
Telenorte Celular) formam o grupo C.
70

Documentos relacionados