inter-relação periodontia e ortodontia
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inter-relação periodontia e ortodontia
1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO DE PERIODONTIA INTER-RELAÇÃO PERIODONTIA E ORTODONTIA SIDNEY LUÍS FOSS CURITIBA (PR) 2005 2 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO DE PERIODONTIA INTER-RELAÇÃO PERIODONTIA E ORTODONTIA Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Periodontia sob a orientação da Professora Dra. Karima Yustra Jaber. CURITIBA (PR) 2005 ii 3 Dedicatória Dedico à minha esposa, pela compreensão e amor, À minha filha, pela alegria e paz de espírito. Ao Prof. Dr. e amigo, Écio Soares, pela inestimável ajuda na Ortodontia. iii 4 Agradecimentos Aos colegas do curso, por compartilharem seus conhecimentos. E em particular ao colega Dr. Marlus Drulla pela ajuda e companheirismo. A vocês, mestres, por nos mostrarem os caminhos do conhecimento, em especial à Professora Dra. Karima Jaber pela sabedoria e dedicação. iv 5 SUMÁRIO RESUMO - INTER-RELAÇÃO PERIODONTIA E ORTODONTIA........................ vi ABSTRACT........................................................................................................... vii INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8 REVISTA DA LITERATURA...................................................................................11 DISCUSSÃO...........................................................................................................45 CONCLUSÕES.......................................................................................................52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................56 6 RESUMO - INTER-RELAÇÃO PERIODONTIA E ORTODONTIA FOSS, Sidney L. Orientador: Dra. Karima Yustra Jaber. Defesa: Março de 2005 O objetivo deste trabalho foi avaliar, através de uma literatura pertinente, a viabilidade do tratamento ortodôntico em pacientes com comprometimento periodontal. O tratamento ortodôntico realizado de uma forma inadequada em pacientes periodontais, pode certamente contribuir para futuro colapso dos tecidos de suporte periodontal. A combinação de inflamação, forças ortodônticas e trauma oclusal, pode produzir uma destruição mais acelerada dos tecidos de suporte periodontal, do que quando tivermos a inflamação isoladamente. É clinicamente essencial que o tratamento periodontal, com a eliminação da placa bacteriana, seja realizado antes do tratamento ortodôntico. Os pacientes devem ser orientados quanto à higiene oral durante todo o tratamento ortodôntico. Observações clínicas e radiográficas confirmam e nos levam a acreditar que todo o paciente, seja ele saudável ou portador de doença periodontal, possam ter um tratamento ortodôntico, desde que os princípios básicos sejam executados e mantidos. Nos dias atuais a cooperação entre periodontia e ortodontia é estimulada por dispositivos de ancoragem, permitindo um melhor tratamento para os pacientes, pois a ortodontia tinha dificuldade na ancoragem de pacientes periodontais, com perda de elemento dentário. Desta maneira, a cooperação interdisciplinar, periodontia e ortodontia, pode transformar pacientes que apresentam problemas dentários e gengivais esteticamente não atraentes, em pessoas com um sorriso bonito e saúde bucal, tornando clinicamente mais sociável. Palavras-chaves: Periodontia; Ortodontia. vi 7 ABSTRACT This study aims at evaluating the feasibility of the orthodontic treatment of a patient with a periodontal condition, through pertinent bibliographical reference. The orthodontic treatment performed inadequately in periodontal patients can certainly contribute to the future collapse of the periodontal support tissues. The combination of inflammation, orthodontic forces and occlusal trauma can produce a more accelerated destruction of the periodontal support tissues than when the inflammation occurs isolated. It is clinically essential that the periodontal treatment be performed before the orthodontic treatment, thus eliminating the bacterial plaque. Patients must be instructed on the oral hygiene during all the orthodontic treatment. Clinic and radiographic observation confirm and make us believe that every patient, healthy or with a periodontal condition, can be treated if the basic principles can be performed and kept. Nowadays anchoring devices, allowing a better treatment for patients, stimulate the cooperation between periodontics and orthodontics, once orthodontists used to have difficulties when anchoring patients with periodontal diseases and loss of dental element. Therefore, the interdisciplinary cooperation of orthodontics and periodontics can transform patients who present dental and gum diseases esthetically non-attractive when they have a beautiful smile and a healthy mouth, making them more clinically sociable. Key-Words: Periodontal; Orthodontic. vii 8 INTRODUÇÃO Atualmente, houve um considerável aumento dos pacientes em busca de satisfação pessoal, incluindo a saúde bucal associada à estética. Diante desta nova exigência dos pacientes, o tratamento ortodôntico tem-se destacado como especialidade (GOTTLIEBE e cols, 1991; SALOMEN e cols, 1992). Porém, o tratamento ortodôntico em adultos com o periodonto reduzido, tem exigido uma cooperação interdisciplinar, transformando pacientes que apresentam espaços interdentais esteticamente não atraentes, extrusões, ou ainda migração dentária no periodonto inflamado e reduzido, em pessoas com dentições esteticamente melhoradas (MCKIERMAN e cols, 1992; LINDHE 1999). O tratamento ortodôntico inadequado feito em pacientes periodontais pode certamente contribuir para futuro colapso dos tecidos de suporte, visto que forças ortodônticas, trauma oclusal e tecido periodontal inflamado podem destruir o periodonto de uma forma mais acelerada que quando temos uma Inflamação isolada( KESSLER, 1976). A perda localizada de inserção periodontal pode fazer com que estes pacientes apresentem graus variados de extrusão, inclinação, deslocamento e rotações predominantemente observadas no segmento Ântero-superior (HESMAN e cols. 1994). Durante todo o tratamento ortodôntico, mas principalmente na fase ativa, o trauma oclusal e a placa bacteriana devem ser identificados e eliminados, visto que doença periodontal e movimento ortodôntico associado, levam a uma perda de 9 inserção de uma forma mais acelerada (REITAN, 1967: 1999; VANARSDALL 1997; ZACHRISSON). Previamente a qualquer tratamento ortodôntico, os tecidos periodontais devem ser estabilizados pela criação um periodonto sadio, livre de qualquer doença inflamatória ativa. Há a necessidade de um programa de manutenção profissional durante o tratamento ortodôntico, objetivando especificamente a prevenção da repopulação de bolsas com organismos periodontopáticos (LISGARTEN: LEVIN, 1981). Com o aumento de demanda de pacientes adultos para o tratamento ortodôntico, o planejamento da ancoragem pode ficar comprometido devido à rejeição destes pacientes em usar dispositivos extrabucais. A freqüente ausência de algumas unidades dentárias dificulta utilizá-los como unidade de suporte e o desconforto de dispositivos convencionais de ancoragem da mecânica ortodôntica, leva a um aumento de interesse por dispositivos como implantes e mini-implantes, sendo que a utilização destes dispositivos está embasada em bibliografia específica comprovando suas vantagens e limitações, assim como sua aplicabilidade clínica e procedimentos de instalação. O uso de mini-implantes como dispositivo para ancoragem direta, simplifica a aparatologia ortodôntica e minimiza os efeitos indesejados das forças devido à possibilidade de se escolher o local mais conveniente para sua instalação, sendo que, algumas das suas indicações clínicas serão exemplificadas com casos clínicos que surgem no cotidiano da clínica ortodôntica (CHENG, 2004). 10 Desta maneira, este trabalho tem por finalidade uma revisão breve da literatura, assim como analisar a inter-relação periodontia e ortodontia, e suas relações com os problemas de estética, oclusão e saúde bucal. 11 REVISTA DE LITERATURA REITAN em 1967 mencionou que durante a movimentação ortodôntica inicial ocorre uma hialinização das fibras periodontais e reabsorção óssea do lado da pressão, ocorrendo um aumento do espaço periodontal. Durante a manutenção o lado da tensão os feixes de fibras sofre um estiramento, resistência adicional ao movimento ortodôntico. Relatou que é muito importante a manutenção de forças de tensão leves e contínuas, causando um alongamento dos feixes de fibras, facilitando a neoformação óssea. A recidiva pós-tratamento é causada não somente pela função muscular, também por uma tendência natural de reposição dos feixes de fibras periodontais. Durante a contenção ortodôntica, fase essencial, as fibras principais se restabelecem após um certo período de tempo. Já o grupo de fibras supra-alveolar demora um período maior para se restabelecer, facilitando desta forma uma acomodação tardia dos dentes no alvéolo. Desta maneira, a contenção ortodôntica deverá ser mantida por um período bastante longo, senão as chances de recidiva pós-tratamento ortodôntico aumentarão. Segundo KESSLER, 1976 o tratamento ortodôntico inadequado feito em pacientes periodontais, pode certamente contribuir para futuro colapso dos tecidos periodontais. Em particular, a combinação de inflamação sem conseqüente deterioração periodontal. Forças ortodônticas e trauma oclusal podem produzir uma destruição mais rápida que a que ocorreria com a inflamação isoladamente. Entretanto, com o desenvolvimento de um tratamento adequado, movimentação 12 ortodôntica extensiva pode ser alcançada em adultos com um periodonto reduzido, mas sadio, sem conseqüente deterioração periodontal. ERICSSON e cols. em 1977 publicaram um estudo sobre os efeitos dos movimentos ortodônticos de inclinação sobre os tecidos periodontais de dentições infectadas e não infectadas de cães. Os autores realizaram experimentos em 5 cães da raça Beagle, mantendo uma dieta que permitisse o acúmulo de placa bacteriana. Quando havia sinais clínicos de doença periodontal, foram realizadas cirurgias para eliminação de bolsas periodontais e adotou-se um controle rígido de higiene bucal, com escovações diárias de 2x ao dia e especial atenção à região de furca. Restabelecida a saúde periodontal, foram instalados aparelhos ortodônticos com forças de inclinação e intrusão do dente 4 pré-molares inferiores, eliminando-se interferências oclusais. Durante 180 dias em que as forças ortodônticas estiveram ativas, os prémolares e molares inferiores do lado esquerdo foram mantidos livres de placa bacteriana, através de escovação diária 2x ao dia. Os dentes do lado direito da mandíbula não foram escovados, para provocar um acúmulo de placa bacteriana. Após este período os cães foram sacrificados e realizaram-se análises clínicas, radiográficas e histológicas da região esquerda e direita da mandíbula. As análises mostraram que a movimentação ortodôntica de inclinação e intrusão pode induzir a migração de uma placa supragengival para uma posição subgengival. O movimento de inclinação em dentes infectados por placa bacteriana resulta na formação de bolsas infra-ósseas com migração apical do tecido conjuntivo de inserção. 13 Quando estas mesmas forças ortodônticas são aplicadas em dentes com saúde periodontal, sem presença de placa bacteriana, não há formação de bolsas infra-ósseas. ERICSSON e THILANDER em 1978 investigaram o efeito de forças ortodônticas sobre tecidos periodontais acentuadamente reduzidos, mas livres de doenças periodontais. A experiência foi realizada em 5 cães beagle. Os animais forma mantidos inicialmente com alimentação pastosa que permitisse o acúmulo de placa bacteriana. Os terceiros pré-molares inferiores foram extraídos e a fase experimental de indução da doença periodontal foi iniciada com instalação de ligaduras de algodão em volta do colo dos dentes. Após 210 dias, os tecidos periodontais com doença foram cirurgicamente eliminados. Após 60 dias da eliminação da doença com um controle rígido de placa, instalaram aparelhos ortodônticos nos quartos pré-molares direito e esquerdo e estas forças foram induzidas na direção mesial, movimento de corpo. Durante 100 dias estas forças foram mantidas, permitindo um acúmulo de placa no dente do lado esquerdo (teste) e o dente do lado direito sem acúmulo de placa (controle). Os animais foram sacrificados e análises microscópicas realizadas. Durante este estudo as forças ortodônticas foram mantidas dentro de um padrão fisiológico de 1mm ao mês e sem interferências oclusais. Sempre foi mantido o movimento de corpo para não modificar a posição da placa bacteriana de supragengival para subgengival (forças de inclinação e intrusão). Os resultados microscópicos mostraram que forças de movimento de corpo nos dentes com perda de inserção acentuada, mas com saúde periodontal, não são 14 capazes de provocar nova doença periodontal (dente controle). Já nos quarto prémolares esquerdos (teste) houve reinfecção, isto é, a presença de placa bacteriana subgengival determinou uma nova perda de inserção. ERICSSON, THILANDER E LINDHE em 1978 pesquisaram em 50 cães beagle de 10 a 12 meses de idade, as condições periodontais após movimentação ortodôntica. Antes da ortodontia os cães foram submetidos a um programa de remoção de placa. No dia 0 do experimento o 3 pré-molares direito e esquerdo foram extraídos. Doença periodontal foi induzida em 4 pré-molares direito e esquerdo, desta forma diminuindo o suporte ósseo e fio de algodão foi introduzido ao redor destes dentes. Este método foi descrito originalmente por Swenson (1947) e modificado por Ericsson e col. em 1975 e 1977. No dia 210 do experimento os cães foram divididos em 3 grupos: A, B e C. Os cães do grupo A foram sacrificados neste estágio. Os cães do grupo B foram tratados periodontalmente eliminado-se as bolsas periodontais, usando a técnica de Widman modificada. Uma cavidade foi preparada nos 4 pré-molares determinando a altura óssea após tratamento periodontal Os cães deste grupo tiveram uma manutenção periodontal intensa pós terapia periodontal. Os cães do grupo C tiveram os fios de algodão removidos, mas não foi instituído tratamento periodontal até o dia 370. No dia 270 foram aplicados aparelhos ortodônticos nos grupos B e C, realizando forças horizontais e mesiais, movimento de corpo, de 50 a 70 gm. Forças oclusais foram removidas e os canais tratados com guta-percha. 15 No dia 370 os animais foram sacrificados (grupos B e C ), e analisados histologicamente e radiograficamente. Os resultados desta pesquisa demonstraram que, na ausência de placa, forças ortodônticas em dentes individuais, movimento de corpo em cães, não apresentaram gengivite. Na presença de placa, forças similares não foram capazes de converter tecido gengival inflamado em periodontite progressiva. ERICSSON e THILANDER em 1980 realizaram estudo experimental em cães com suporte periodontal reduzido reincidente, e aplicando forças ortodônticas. O experimento foi realizado em 5 cães beagle. No dia zero os terceiros prémolares foram extraídos e o 4 pré-molares tiveram fios de algodão colocados ao redor do colo radicular. Após 180 dias houve formação de placa e os fios de algodão removidos. A doença periodontal foi cirurgicamente removida nos 4 pré-molares e marcas brancas foram usadas nas raízes mesiais e distais para referência e futura análises. Durante as 34 semanas seguintes, os dentes dos cães foram escovados 3x por semana. No dia 225 até o dia 300, aparelhos ortodônticos foram aplicados e ativadas forças tanto nos 4 pré-molares direito e esquerdo. Após o dia 300 até dia 360 os aparelhos ortodônticos ficaram estabilizados. Nos dia 360 a doença periodontal em volta do 4 pré-molar direito foi removida cirurgicamente e as marcas prateadas estavam no lugar descrito anteriormente. Neste mesmo dia os aparelhos foram removidos e os cães sacrificados no dia 420. Os dentes foram radiografados nos dias 300, 360 e 420 e registrados a retenção de placa e a reincidência da doença periodontal, não havendo diferenças significativas entre os dois lados da mandíbula dos cães. 16 Esta investigação demonstrou não haver diferença significativa, em cães, durante movimentação ortodôntica, entre doença periodontal supragengival e doença periodontal recorrente. HIRSCHFELD, 1981 determinou que as más posições dentárias, com indicação de pequenos movimentos ortodônticos, aparecem após a erupção e são causadas por doença periodontal e extração, não por substituição natural dos dentes, força oclusais ou outros hábitos. Durante o acompanhamento clínico foi observado que há necessidade de uma inter-relação básica entre a periodontia e ortodontia para que pequenos movimentos dêem resultado positivo. Alguns cuidados devem ser levados em consideração: deve existir espaço suficiente para a movimentação ortodôntica; depois da movimentação deve haver contenção, evitando trauma oclusal; todos os fatores da má oclusão devem ser eliminados, hábitos como deglutição atípica deve ser levado em consideração, porque são difíceis de serem corrigidos. NYMAN e cols. em 1982 observaram a regeneração óssea em deiscência do osso alveolar produzidas por forças ortodônticas mesial e distal. Este estudo foi realizado em dois macacos adultos machos da espécie Macaca cynomolgus. Durante as pesquisas os macacos foram sedados. Foram instalados os aparelhos nos incisivos laterais e primeiro pré-molar na maxila e na mandíbula foi utilizado o segundo pré-molar. Durante todo o estudo foi preconizado um controle de placa com escova e aplicação tópica de 0,2 de clorexidine duas vezes por semana. Conjuntamente foram realizadas raspagem e alisamento radicular dos dentes durante três semanas. 17 Após cinco meses de continuas forças ortodônticas, deiscências ósseas foram produzidas, os elásticos do aparelho ortodôntico foram removidos. Os dentes foram reposicionados e imobilizados. Em um dos lados da mandíbula as deiscências ósseas são removidas cirurgicamente e na contralateral dos dentes as deiscências ósseas foram mantidas. Os macacos foram sacrificados após seis meses da cirurgia. Os blocos teciduais contendo espécimes teste e controle foram dissecados e preparados para análises microscópicas. Deiscências ósseas podem ser produzidas no osso alveolar por movimentação excessiva dos dentes na direção mesial/distal e quando ocorre a reposição normal dos dentes, um novo osso é formado. POLSON e cols. em 1983 realizaram um estudo para verificar as conflitantes evidências relativas ao efeito da movimentação de dentes com níveis diferentes de inserção. Bolsas infra-ósseas foram produzidas ao redor dos incisivos de quatro macacos Rhesus. Aparelhos ortodônticos colocados e ativados para posterior avaliação dos efeitos três dentes incisivos foram extraídos, sobrando apenas um incisivo na maxila e 1 na mandíbula, estes incisivos foram mantidos na posição original durante a produção de bolsa periodontal, usando elástico ao redor do colo dos dentes. Após cinco meses as bolsas criadas tinham de 7 a 8 mm e aproximadamente 50% da perda de inserção e radiograficamente havia existência de defeitos ósseos angulares. Um programa eficiente de higiene foi instituído com escova dental e aplicação tópica de clorexidine 2%, três vezes por semana. Três semanas após início da higienização, forças ortodônticas foram aplicadas no sentido mesial ou 18 distal e diretamente para o defeito ósseo. Três meses após o inicio da movimentação os dentes haviam se deslocado aproximadamente 6mm e foram mantidos na posição por dois meses. O grupo controle não foi movimentado. Depois desta etapa os animais foram sacrificados e cortes histológicos realizados para obter resultados. O grupo controle apresentava epitélio juncional longo para o interior do defeito ósseo justaposto a raiz, já no grupo teste o osso alveolar adjacente ao movimento ortodôntico estava inalterado. Neste mesmo grupo na zona de pressão o epitélio juncional estava presente até o limite apical da instrumentação e na zona de tensão a crista óssea estava localizada apicalmente ao nível instrumentado com formação de epitélio juncional longo. Durante este estudo foi concluído que se mantivermos a de higiene oral satisfatoriamente, não encontraremos diferenças nos níveis de inserção dos dentes teste e controle. O movimento ortodôntico por si só não promove seqüelas ou lesões nos tecidos de inserção mesmo com defeitos ósseos angulares existentes. LASCALA e MOUSSALLI em 1983 determinaram que a periodontite apresenta um aumento patológico do fundo do sulco gengival decorrente da perda de inserção de fibras periodontais e da migração do epitélio juncional longo em direção apical. Conseqüentemente, esta perda de inserção leva a destruição do tecido de suporte ósseo, proporcionando a migração e mobilidade dos dentes. O tratamento ortodôntico realizado nesta situação provoca uma aceleração neste processo destrutivo dos tecidos de suporte, portanto, antes da terapia interceptiva, deve-se realizar tratamento periodontal com a finalidade de remover ou eliminar todo e qualquer tecido inflamatório. Além de terapia curativa, deveremos fazer um 19 tratamento preventivo, para que durante o tratamento ortodôntico, o paciente tenha orientação de higiene oral e acompanhamento profissional de um periodontista. THILANDER e cols. em 1983 em experimento realizaram estudo em seis cães, tentando avaliar as deiscências ósseas produzidas durante a movimentação ortodôntica. Os cães foram divididos em dois grupos, três cães formaram o grupo experimental e três formaram o grupo controle. Aparelhos foram instalados no grupo experimental e durante cinco meses os dentes incisivos superiores foram movimentados em direção vestibular, resultando na perda óssea até a metade da raiz dos dentes. Houve uma nova movimentação durante mais cinco meses, devolvendo os dentes à sua posição original. Durante mais cinco meses os dentes foram contidos na posição final durante os quinze meses de experimento os cães tiveram um rígido controle de placa. Os animais foram sacrificados para análises e o resultado mostrou que podem ocorrer deiscências ósseas quando os dentes são movimentados em direção vestibular, porém quando o dente for movido para sua posição natural, pode ocorrer neoformação óssea. BARACK e cols. 1985 estudaram as complicações periodontais durante o tratamento ortodôntico em adultos, porém em alguns casos de tratamento em pacientes adolescentes pode ocorrer alteração patológica do periodonto. Durante tratamento interceptivo ortodôntico de onze meses em jovem de 13 anos de idade, houve alteração clínica gengival entre os molares superiores. Foi realizado tratamento periodontal inicial com raspagem, profilaxia, controle de placa e orientação de higiene oral, porém não foi obtido resultado positivo. Uma segunda 20 etapa foi realizada com tratamento periodontal cirúrgico e eliminação do processo inflamatório no local, redução de bolsa periodontal, com a seqüela houve perda de inserção e destruição do suporte ósseo. Restabelecida a saúde, o tratamento ortodôntico teve continuidade, porém houve um acompanhamento clínico e radiográfico mais intenso. Este estudo determinou que o tratamento em pacientes adultos com problemas periodontais é de alto risco, porém pode ser realizado desde que o paciente se submeta ao acompanhamento clínico e radiográfico com periodontista regularmente. MELSEN em 1986 estudou a reação dos tecidos após a aplicação de forças intrusivas e extrusivas em dentes de três macacos adultos (fêmeas). Três molares de cada segmento foram usados nesta pesquisa e foi soldado um tubo retangular duplo na vestibular do segundo molar. Os incisivos e pré-molares da mandíbula receberam brackets. Um fio de aço ortodôntico foi colocado passivamente dentro dos brackets conectando os quatros incisivos superiores e inferiores respectivamente. Um fio ortodôntico foi conectado aos pré-molares de cada lado da mandíbula. No início do estudo foram aplicadas forças extrusivas nos incisivos e nos prémolares por 12 semanas, 80g e 40g respectivamente, e depois foram intruídos por 12 semanas. Antes e depois das duas semanas de extrusão o comprimento das coroas clínicas foi medido. Após a extrusão, deixaram os dentes sem direcionamento de forças por uma semana antes do início da intrusão. Durante o período das forças ortodônticas, foi instituído um programa de higiene dental e 21 controle de placa, somente do lado direito da boca. Os animais foram sacrificados e análises microscópicas realizadas. Os resultados mostraram que os incisivos inferiores foram inclinados para vestibular, dificultando as análises. As coroas tiveram durante extrusão, cerca de 0.9mm em média, mínimo de 0.5mm para os pré-molares e máximo de 1.5mm para os incisivos superiores. Durante a intrusão a gengiva apresentou-se bastante inflamada no lado esquerdo, sem higiene. O comprimento da coroa clínica diminuiu de 3 a 4mm mas bolsas tinham sido formadas em alguns casos. Mesmo com o programa de higiene para o lado direito não foi possível manter gengiva sem inflamação. A coroa clínica deste lado também diminuiu 1.5 a 2mm, uma grande diferença entre os dois lados. Durante o período de anulação de forças, o lado direito (higiene) parecia melhorar espontaneamente, enquanto que o lado esquerdo (sem higiene) permanecia com gengivite acentuada. Histologicamente, em alguns dentes, sinais de formação óssea estiveram presente durante a extrusão, com uma linha clara de separação entre o osso novo e o osso pré-existente. Houve uma grande diferença entre o lado com controle de placa e o lado sem controle de placa. Do lado esquerdo a atividade de reabsorção óssea também comprometeu a margem gengival reduzindo a altura do processo alveolar, já do lado direito, a reabsorção tinha envolvido somente o osso em contato com o ligamento periodontal, produzindo uma mínima redução da altura óssea. É possível promover formação óssea na extrusão dentária e mantida na intrusão. A intrusão pode ser considerada um método terapêutico no tratamento ortodôntico do adulto desde que haja saúde periodontal. Nos macacos, a intrusão 22 não resulta em diminuição do osso marginal, em condições de saúde periodontal. A presença de inflamação gengival pode provocar perda de altura óssea. THILANDER em 1986 realizou estudo experimental em 30 cães da raça Beagle, 10 a 12 meses de idade, com o objetivo de mostrar o papel da ortodontia associada à terapia periodontal. Os objetivos deste estudo eram: 1-Determinar se o tratamento ortodôntico, em presença de placa supragengival, torna subgengival (ERICSSON e cols. 1977; 1978); 2-Avaliar os efeitos de forças ortodônticas na redução marcante da doença periodontal (ERICSSON e THILANDER, 1978); 3-Determinar a inserção dos tecidos supra-alveolar após cirurgia periodontal, recidiva de doença como conseqüência dos movimentos ortodônticos (ERICSSON e THILANDER, 1980). Durante o presente estudo forças ortodônticas foram aplicadas em dentes com presença de placa bacteriana, resultando em formação de bolsas infra-ósseas. Em dentes livres de placa, com forças similares, não houve formação de bolsas infra-ósseas. Foram também aplicadas forças ortodônticas de intrusão na tentativa de mostrar o deslocamento de placa supragengival para subgengival. Por último o estudo demonstrou haver perda de inserção dos tecidos periodontais, quando aplicadas forças ortodônticas em presença de placa, o mesmo não acontece quando forças similares são aplicadas na ausência de placa bacteriana. O resultado deste estudo experimental em cães demonstrou algumas recomendações clínicas durante tratamento ortodôntico. Deve-se realizar terapia periodontal determinada para cada caso específico, seja a remoção de placa 23 supragengival ou cirurgia para eliminação de bolsas infra-ósseas. Somente após a eliminação da doença, poderá ser realizada a ortodontia. ALEXANDER e cols. 1986 em pesquisa clínica observaram um aumento do número de pacientes adultos que procuraram tratamento ortodôntico, e também que o tratamento periodontal em pacientes adultos é um fator limitante para o sucesso ortodôntico. Antes de se iniciar um tratamento ortodôntico, paciente com problemas periodontais, devem se submeter à avaliação de um periodontista, em presença de processo inflamatório, o tratamento deve ser realizado. Se o tratamento ortodôntico for realizado em presença de placa bacteriana, caracterizando processo inflamatório, o risco de lesões periodontais surgirem é grande e com comprometimento de inserção periodontal. A perda óssea pode ser acelerada. WENNSTRÖM e cols. em 1987 pesquisaram em 5 macacos algumas reações dos tecidos periodontais aos movimentos dentários ortodônticos. Os parâmetros foram medidos e radiografias tiradas antes do experimento, e nenhum animal apresentava doença periodontal. Aparelhos ortodônticos foram instalados nos incisivos e pré-molares e foi Instituído um programa de higiene somente na região dos incisivos, com escova e solução de clorexidine 0,2% 2x por semana. O estudo começou com um período preparatório para estabelecer áreas com diferentes espessuras de gengiva. Usando um retalho mucoperióstico foi removida toda a gengiva queratinizada na região do incisivo central e lateral direito ou esquerdo e reposicionado o retalho coronal a junção cemento esmalte (JCE). Os dois pré-molares superiores foram extraídos. De um lado, a área da extração era deixada cicatrizar sem terapia cirúrgica adicional. No outro lado, todo o tecido 24 queratinizado presente entre o primeiro pré e primeiro molar eram removidos. Após 6 meses era feito um exame inicial e os aparelhos ortodônticos colocados na maxila. O movimento de corpo era estabelecido para labial nos incisivos centrais e direção distal para os pré-molares. As forças foram aplicadas durante três a quatro meses. Após a fase ativa, os aparelhos ortodônticos mantiveram os dentes em sua nova posição durante 30 dias. Os incisivos laterais e os primeiros molares da maxila serviram como dentes controle. Os animais foram sacrificados e exames microscópicos realizados para determinar a largura gengival, localização da margem gengival e nível de inserção clínico. O movimento ortodôntico em macaco pode acarretar recessão gengival e perda de inserção conjuntiva. Os efeitos indesejáveis ocorreram quando o dente era movimentado para fora do envelope ósseo, mas parece não estar envolvido com a espessura de gengiva queratinizada, pois a perda de inserção foi similar para dentes movidos com e sem gengiva queratinizada. Isto significa que o movimento ortodôntico deve estar limitado ao envelope ósseo, desta maneira não haverá recessão gengival. Neste estudo, dois entre 10 incisivos movimentados labialmente perderam inserção conjuntiva, o que demonstra claramente que movimentos resultantes em grandes deiscências nem sempre são acompanhados de perda de inserção e recessão. Em presença de gengivite, a gengiva fina é mais suscetível a destruição do que uma mais espessa. Porém, mesmo na área com gengivite, o movimento ortodôntico per se não pode acelerar o processo destrutivo. ẴRTUN e URBYE, 1988 realizaram pesquisa em 24 pacientes, três homens e 21 mulheres. O objetivo desta pesquisa foi determinar os efeitos do tratamento 25 ortodôntico em pacientes com doença periodontal avançada e perda óssea marginal. Foi realizado levantamento periapical para posterior análise do tratamento. Todos os pacientes foram tratados da doença periodontal e receberam instruções de higiene oral. O tratamento ortodôntico foi realizado com instalação de brackets nos dentes da região anterior da maxila e ancorado nos dentes do segmento posterior com bandas e tubos ortodônticos. Forças leves foram aplicadas durante 16 meses; 23 pacientes receberam o tratamento ortodôntico somente na maxila e apenas um dos pacientes na mandíbula. Durante todo o tratamento ortodôntico os pacientes foram submetidos à limpeza dentária profissional e nova orientação de higiene oral. Após 45 meses de tratamento foi realizado novo levantamento periapical e mensurado. Os resultados mostraram que não houve perda óssea marginal durante o tratamento ortodôntico em pacientes que mantiveram a higiene oral satisfatória. Em pacientes que não houve uma melhora significativa da doença periodontal, houve um aumento da perda óssea marginal. Neste caso, o estudo não detectou se a falha ocorreu durante o tratamento periodontal ou ortodôntico (durante o movimento de intrusão dos dentes poderia ocorrer um deslocamento da placa supragengival para subgengival). Frente à dificuldade das variáveis: diferentes tipos de doença, variação da angulação das radiografias periapicais, higiene dos pacientes, tratamento periodontal este estudo teve os resultados prejudicados. MELSEN e cols. 1988 investigaram em estudo, a reação dos tecidos periodontais durante intrusão ortodôntica de dentes com o periodonto reduzido. 26 Foram utilizados cinco macacos adultos que tiveram bolsas periodontais criadas artificialmente, realizou-se tratamento periodontal e os macacos foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo recebeu um programa de higiene oral usando solução de 0,2% de digluclonato de clorexidine. O segundo grupo, não recebeu controle de higiene oral. Os aparelhos ortodônticos foram instalados nos dois grupos e forças semelhantes aplicadas. Após o tratamento ortodôntico os animais foram sacrificados para análises histológicas. O resultado mostrou que houve regeneração dos tecidos periodontais de inserção no grupo de macacos com o controle de higiene oral, nestes casos houve durante intrusão dentária, uma significativa melhora na quantidade da nova inserção de aproximadamente 0,7 a 2,3 mm. No grupo de macacos sem controle de higiene os resultados não foram bem definidos entre formação e perda óssea marginal. BOYD e cols. 1989 em estudo longitudinal acompanharam o estado periodontal em 20 pacientes adultos, idade entre 23 e 54 anos, e 20 adolescentes, idade entre 10 e 16 anos, objetivando avaliar os efeitos do tratamento ortodôntico sobre o periodonto reduzido ou normal de pacientes adultos e compará-los com os dos pacientes jovens. Dez pacientes adultos apresentavam periodontite e receberam tratamento periodontal não cirúrgico e cirúrgico em alguns casos; e também instrução de higiene oral. Estes pacientes tiveram manutenção periodontal durante o tratamento ortodôntico de três em 3 meses. A avaliação periodontal ocorreu antes do tratamento ortodôntico, durante (um, três, seis, nove, 12 e 18 meses) e após tratamento ortodôntico (um, três, seis e 12 27 meses). Os dentes examinados para todos os pacientes foram: primeiro molar superior direito, canino superior direito, incisivo central superior esquerdo e incisivo central inferior direito, canino inferior esquerdo e primeiro molar inferior esquerdo. Os índices anotados para placa bacteriana, inflamação gengival, profundidade de bolsa, e perda de inserção óssea. Este estudo conclui que não houve diferenças clínica e estatisticamente significantes entre os grupos analisados quanto à perda de inserção óssea. A perda de inserção foi maior nos paciente com índices mais altos para placa e inflamação gengival. Portanto, pacientes adultos com periodonto reduzido, mas com saúde e manutenção periódica, podem se submeter ao tratamento ortodôntico. LILJENBERG, LINDHE e cols. 1991 em estudo experimental usaram cinco cães da raça beagle com 12 meses de idade para determinar as reações dos tecidos periodontais durante extrusão dentária. Os dentes usados neste experimento foram os segundos, terceiros e quartos pré-molares que tiveram tratamento endodôntico e as raízes mesias foram seccionadas quatro semanas antes da instalação dos aparelhos ortodônticos. Também neste período, foi realizado um controle de placa, período de preparação do periodonto. Forças ortodônticas de extrusão foram aplicadas conjuntamente com fibrotomia durante oito semanas e a cada duas semanas reativação das forças, período de ativação do periodonto. Num último período foi realizada a retenção do periodonto, isto é, as forças ortodônticas cessadas e as raízes mantidas na posição. Após este período os animais foram examinados clinicamente e os resultados obtidos através de biópsia. 28 Tanto os resultados clínicos quanto o histológico demonstraram que houve durante a extrusão das raízes mesiais associada a fibrotomia um acompanhamento dos tecidos periodontais de 4mm verticais, isto é, um remodelamento ósseo. WANG e WANG, 1992 demonstraram alternativa para tratamento cirúrgico de dentes comprometidos na região do terço cervical como: cáries, perfurações endodônticas, reabsorções e fraturas radiculares. Como conseqüência, ocorrem lesões ósseas e perda de inserção. Em regiões que comprometem a estética a opção seria a extrusão dentária através de ortodontia simples parcial com aparelhos fixos ou móveis. Após extrusão dentária, estabilidade do dente e restabelecimento protético sem comprometimento dos tecidos periodontais e da estética. AXELSSON e ZACHRISSON, 1992 em experiência clínica verificaram as vantagens do uso de pequenos contensores colados nas superfícies vestibulares de dentes posteriores quando comparados com contensores fixos linguais e contensores removíveis. Este acompanhamento clínico foi realizado num prazo bastante longo com 25 pacientes adultos com média de idade de 35,7 anos. Os aparelhos ortodônticos foram instalados e os paciente tiveram orientação de higiene oral. Os resultados mostraram que os contensores parciais são eficazes, não houve acúmulo significativo de placa bacteriana, nem processo inflamatório gengival localizado, embora tenha sido observado um aumento do espaço interdental. THILANDER, 1992 em estudo de alguns casos clínicos e revisão da literatura durante tratamento ortodôntico, avaliou as suas complicações em relação ao dente e 29 aos tecidos de suporte (descalcificação e gengivite) ou reabsorção radicular, dano pulpar, reações alérgicas ou disfunção craniomandibular. A placa bacteriana deve ser controlada durante tratamento ortodôntico com acompanhamento profissional, uso de substâncias químicas para redução de processo inflamatório gengival. Especial consideração médica foi revista em consideração a ciclosporina e drogas imunossupressora usadas durante o tratamento ortodôntico, pois ocorre caso de hiperplasias gengivais dificultando diretamente o tratamento ortodôntico. Durante o tratamento ortodôntico ocorre movimentação dentária, seja ela de extrusão, intrusão, movimento de corpo, inclinação lingual e vestibular, podendo haver alterações dos tecidos periapicais e conseqüentemente dano pulpar e reabsorção externa radicular. Análise de 213 ortodontistas do Canadá revelou que 13% tinham lesões nas mãos e 18% da sua equipe também, tudo indica que materiais dentários foram responsáveis (ALTUNA e cols. 1991). Alguns casos de pacientes alérgicos foram publicados, casos esses com sensibilidade aos brackets de níquel (GRIMSDOTTIR e cols. 1992). Relacionado a disfunção craniomandibular não houve conclusão que o tratamento ortodôntico possa afetar adolescentes e crianças. TZUR e cols. 1992 realizaram estudo para observar a extrusão de dentes com recurso para restabelecer os defeitos gengivais locais. A grande preocupação durante este trabalho foi com recessão gengival em áreas estéticas, principalmente em pacientes com sorriso alto. Outro tratamento para recessão é enxertos gengivais livres, mas este trabalho tentou evitar cirurgia para o paciente. 30 Durante a movimentação de extrusão ortodôntica forçada, mas controlada, ocorre um deslocamento coronal da gengiva e dos tecidos de sustentação. Este trabalho concluiu que na maioria dos casos de recessão gengival, a cirurgia é necessária, porém em regiões com pequenas recessões o tratamento ortodôntico é uma alternativa eficaz. WENNSTRÖM e cols. 1993, em estudo avaliaram a resposta dos tecidos periodontais durante o movimento ortodôntico em dentes com bolsas infra-ósseas. O experimento foi realizado em quatro cães beagle. O segundo e o quarto pré-molares foram extraídos. Após cicatrização, foram criados defeitos ósseos angulares na mesial dos terceiros pré-molares. A raiz exposta foi tratada com raspagem e alisamento e uma marca instalada. Durante dois meses houve acúmulo de placa bacteriana e só então o movimento ortodôntico foi iniciado. Em cada cão, um pré-molar foi movimentado para fora do defeito ósseo, e um pré-molar foi movimentado para dentro do defeito ósseo. Como dente controle foi usado o terceiro pré-molar da maxila, sem sofrer movimentação ortodôntica. Após tratamento ortodôntico de cinco para seis meses, os dentes foram estabilizados por dois meses e realizada posterior biópsia. Avaliação clinica, radiográficas e histológicas revelaram ser possível à manutenção de bolsas infraósseas angulares, em presença de placa induzida durante o curso deste estudo. Houve uma ligeira perda de inserção periodontal durante a movimentação ortodôntica. Conclui-se neste experimento que a movimentação de corpo de um dente para uma região aonde temos perda óssea angular, tecido gengival inflamado pela 31 presença de placa bacteriana, talvez seja um risco desnecessário para um maior comprometimento dos tecidos periodontais. STOKLAND e cols. 1993 realizaram outro estudo para observar a movimentação ortodôntica de dentes para áreas edêntulas e com redução de altura óssea. Durante o pré-experimento, áreas foram marcadas na mandíbula de quatro cães beagle, os 4 pré-molares foram extraídos e cirurgicamente foi reduzido a altura óssea nas áreas dos 4 pré-molares correspondendo a metade da raiz do 3 prémolar. Após cicatrização da região, aparelhos ortodônticos foram instalados e o 3 pré-molar movimentado em direção distal, ou seja, em direção à área com redução óssea. Um dente controle foi estabelecido sem movimentação ortodôntica. Após seis meses de movimentação ortodôntica, o dente que foi movimentado e retido em sua nova posição por durante dois meses. Posterior biópsia feita na região do dente movimentado e no dente sem movimentação ortodôntica. Avaliação radiográfica mostrou que o movimento de corpo do dente foi bem aceito, porém com pequena perda vertical em relação ao dente. A análise histológica revelou que nenhum dos dentes, ortodônticamente movimentado ou não, teve experimentalmente perda dos tecidos de inserção. Embora tenha havido um aumento da distância entre a junção cemento esmalte em relação ao osso do lado do dente movimentado ortodônticamente quando comparado com o dente teste. Este estudo determinou que dentes podem ser movimentados para uma região de perda óssea periodontal, com manutenção dos tecidos periodontais de suporte. 32 HEINTZ e cols. 1996 estudaram três tipos diferentes de escova dentárias elétricas durante o tratamento ortodôntico e compararam com a técnica manual (escova normal, escova interdentária e fio dental). Foram utilizados 38 pacientes em tratamento ortodôntico e distribuídos casualmente em grupos. Um grupo passou a higienizar somente com a escova elétrica e outro grupo de paciente que usaram a técnica manual de escovação, estes usaram as escovas alternadamente. As escovas foram usadas por um período de quatro semanas e a higiene avaliada no início do teste e após duas e quatro semanas. As avaliações para índice de placa bacteriana em locais específicos e análises estatísticas mostraram não haver diferença significativa entre as escovas elétricas e o procedimento manual. Para o índice de sangramento gengival o resultado foi estatisticamente igual ao índice de placa, não houve diferença significativa. Pacientes que não tiveram boa higiene oral, que usaram escovas elétricas, tiveram uma diminuição significativa nos índices de placa e sangramento quando comparados com pacientes pobre em higiene oral e que usaram escovas manuais. Já para os pacientes com boa higiene oral, os resultados foram estatisticamente insignificantes. A pesquisa concluiu que escovas elétricas são uma alternativa eficiente para uma manutenção de higiene compatível com saúde. Durante o tratamento ortodôntico, pacientes com pouca higiene oral podem se beneficiar deste instrumento. 33 LAINO e MELSEN, 1997 em estudo da revisão de literatura confirmaram que o deslocamento impróprio de dentes através do osso alveolar pode resultar no desenvolvimento de deiscências ou defeitos periodontais, se o dente for movido para fora do processo alveolar. Em casos específicos, a reconstituição do processo alveolar poderá ocorrer através de movimentação ortodôntica, respeitando os princípios biomecânicos. Distúrbios sistêmicos do paciente deve ser levado em consideração durante o tratamento ortodôntico, pois a resposta óssea não será normal. Nestes casos o tratamento ortodôntico deve ser acompanhado com uso de medicamentos específicos. Pacientes que sofrem de alterações da tireóide, como hipertireoidismo, devem tomar medicamento para o controle da disfunção metabólica. O hipertireoidismo diminui as taxas de formação óssea e conseqüentemente diminuição nos níveis dos ciclos de remodelação óssea, podendo ser importante para o insucesso do tratamento ortodôntico. Segundo VANARSDALL, 1997 durante a movimentação ortodôntica pode ocorrer uma ligeira modificação no sítio-especificidade da doença periodontal. Desta forma deve-se ressaltar a importância de uma manutenção periódica durante o tratamento ortodôntico. Antes de iniciar o tratamento ortodôntico de um paciente, deve-se analisar a inter-relação periodontia/ortodontia e assim traçar objetivos em comum. Existem fatores que indicam a terapia ortodôntica como auxiliar: topografia gengival adversa, proximidade radicular, contatos abertos, dentes apinhados, disfunção labial, mordida cruzada anterior e posterior, curva de Spee acentuada e trauma oclusal. 34 Outros fatores são contra-indicados, como: falta de manutenção de saúde periodontal, traumatismo oclusal em pacientes com predisposição à periodontite, raízes com reabsorções radiculares. Estes fatores mostram que o tratamento de um paciente é complexo e na maioria das situações clínicas deve ocorrer uma inter-relação periodontia e ortodontia. ONG e cols. 1998 numa revisão de literatura descreveram a importância da inter-relação entre o tratamento periodontal e ortodôntico em pacientes adultos. A saúde periodontal é essencial para todos os tramentos dentários. Pacientes adultos devem receber orientação de higiene oral e tratamento periodontal de manutenção durante todo o tratamento ortodôntico a fim de manter os tecidos periodontais saudáveis. A movimentação ortodontia poderá ser realizada em pacientes com periodontite avançada, aonde houve perda de suporte periodontal sem comprometimento mais significativo aos tecidos de suporte e dentários, desde que princípios básicos sejam seguidos: forças fisiológicas devem ser aplicadas, rígido controle da doença periodontal e controle de placa. A obtenção de um método apropriado para ancoragem ortodôntica é um problema, principalmente em pacientes que apresentam lesões periodontais, devido a perda de dentes e à redução de suporte ósseo. Nestes casos os implantes ósteointegrados seriam uma solução para substituir os dentes perdidos e serviria como ancoragem ortodôntica. CARRANZA e MURPHY, 1998 relataram que o movimento ortodôntico pode ser considerado como parte da terapia periodontal: diminuir o apinhamento dentário 35 que dificultam a higienização e o controle de placa bacteriana; melhorar em casos específicos a condição periodontal e a estética em casos de migração patológica de dentes. Uma manutenção periodontal trimestral se faz necessária para que ocorra a redução dos tecidos inflamados e reforçar a orientação de técnica de higiene oral. Os procedimentos cirúrgicos são realizados pós-tratamento ortodôntico porque a ortodontia poderá modificar a topografia óssea, reduzindo a necessidade da cirurgia ou diminuindo a sua extensão. Por outro lado à cirurgia periodontal antes da terapia ortodôntica poderá abrir as ameias, eliminando por completo os agentes irritantes da inflamação gengival, o paciente poderá higienizar melhor. Em 1999, ZACHRISSON relatou que o elemento-chave no tratamento ortodôntico de pacientes adultos com doença periodontal é a eliminação, ou redução, do acúmulo de placa e da inflamação gengival. Isto implica em uma grande ênfase nas instruções de higiene oral, no planejamento da construção do aparelho ortodôntico e em revisões periódicas durante todo o tratamento ortodôntico. As manutenções ortodônticas devem ser acompanhadas de uma revisão periodontal num intervalo de três em 3 meses, para pacientes mais críticos e intervalos maiores para pacientes com higiene oral melhor. Nestas consultas deverá ser feito um tratamento profissional em relação à orientação de higiene oral. Os reexames devem conter exames e sondagem clínica de profundidade de bolsa, mobilidade e sangramento durante a sondagem. Em casos mais críticos o profissional deve fazer tratamento de raspagem radicular, principalmente em casos de intrusão ortodôntica, aonde pode ocorrer deslocamento de placa supragengival 36 para sub-gengival. Paciente que não cooperam devem ser alertados e o tratamento ortodôntico interrompido imediatamente. ABUNDO e cols. 2000 realizaram um trabalho clínico de 12 anos, aonde reportaram o tratamento ortodôntico em pacientes com periodontite. Neste estudo 267 pacientes (78 homens e 189 mulheres), idade entre 29 e 66 anos, foram afetados por doença periodontal severa com migração patológica dos dentes anteriores (204 casos na maxila, 15 casos na mandíbula, 47 casos em ambos). Todos os pacientes receberam tratamento periodontal, 129 cirurgicamente e 128 pacientes foram tratados sem cirurgia. Os dentes foram mensurados e as profundidades de bolsas, a porcentagem de sangramento à sondagem antes do tratamento periodontal; antes do inicio do tratamento ortodôntico e durante o tratamento ortodôntico os valores foram mensurados no segundo, quarto, sexto, 10 e 12 anos. Os resultados de profundidade de bolsa e sangramento foram comparados entre o pré-tratamento e pós-tratamento, sendo bastante significativos estatisticamente. Já os valores avaliados no pós-tratamento e durante não tiveram diferença estatisticamente significativa. Estes resultados sugerem que o tratamento ortodôntico não está contraindicado em pacientes com periodontite severa em adultos. MABUCHI e cols. em 2002 estudou a resposta celular do ligamento periodontal durante a movimentação ortodôntica. O estudo foi realizado com 28 ratazanas, usados anéis elásticos entre os primeiros e 2 molares dos dois lados. Exame de imunohistoquímica foram realizados 37 para avaliar os lados da tensão e pressão após inserção dos anéis nos dias três, sete, 10, 14, 21 e 28. Os resultados indicaram que o ligamento periodontal no lado da tensão é capaz de responder mais prontamente as forças ortodônticas do que no lado da pressão. Sugerem que a proliferação e morte celular estão intimamente relacionada à regeneração e reconstrução do ligamento periodontal o qual reflete a força ortodôntica. CELENZA 2003 determinou que a ancoragem é decisiva para o sucesso do tratamento ortodôntico, existindo vários recursos intra e extrabucais a serem utilizados. Os dispositivos intrabucais podem ser limitados quanto ao seu potencial de ancoragem e os recursos extrabucais dependem da colaboração do paciente, que facilmente pode rejeitar seu uso, comprometendo o resultado final do tratamento. Em pacientes adultos é freqüente a perda de unidades dentárias, o que pode inviabilizar o uso dos próprios dentes como ancoragem. Dentro deste contexto, os mini-implantes podem contribuir de forma valiosa para uma ancoragem intrabucal estável, sem risco de movimentação recíproca da unidade ativa como reação à ação de forças ortodônticas geradas na unidade de ancoragem. Podem ser colocados em diversas áreas do osso alveolar e basal, facilitando o direcionamento da linha de ação de forças em relação ao centro de resistência. Desta maneira, pode-se obter movimentos de dentes e de grupos de dentes sem os efeitos colaterais presentes nas mecânicas ortodônticas convencionais. A utilização dos mini-implantes como ancoragem pode facilitar a mecânica e até mesmo modificar o planejamento que antes seria inviável sem cirurgia, sendo que os mesmos podem ser indicados para 38 intrusão de molares, intrusão de dentes anteriores, correção de mordidas cruzadas dentárias, retração anterior com ancoragem máxima, correção de linha média e distalização de dentes, entre outras. O procedimento cirúrgico de instalação é simples, com cicatrização rápida e remoção fácil após a tração ortodôntica. As vantagens da utilização dos mini-implantes como ancoragem no tratamento ortodôntico são exemplificadas nos casos clínicos apresentados neste artigo. Caso clínico nº 01 Paciente do gênero feminino, com 17 anos, padrão facial de Classe II suave com harmonia dos terços faciais. Apresenta má oclusão de Classe II, apinhamento moderado ântero-superior e desvio de linha média superior para direita (fig.02). O planejamento inicial consistiu em exodontia dos primeiros pré-molares e ancoragem moderada até correção da linha média (fig.03). No entanto, ocorreram problemas periodontais que inviabilizaram a permanência dos anéis ortodônticos sendo removidos todos os dispositivos de ancoragem (fig.04). Com a correção das relações de caninos e molares, e persistindo a necessidade da correção da linha média superior, o mini-implante foi escolhido como ancoragem para retração assimétrica. A fim de corrigir a linha média sem modificar esta relação de caninos e molares do lado esquerdo (fig.05). 39 Para ajudar o posicionamento do parafuso entre as raízes, foi construída uma alça que permitiu a confirmação radiográfica da correta localização para a perfuração e instalação do mini-implante (fig.06 e 07). Fig.02: Má oclusão de ½ classe II com desvio da linha média superior. 40 Fig.03: Fase inicial da mecânica após exodontia dos primeiros pré-molares superiores. Fig.04: Problemas periodontais obrigaram a remoção dos anéis ortodônticos bem como dispositivos de ancoragem. 41 Fig.05: Retração assimétrica para correção da linha média sem alterar a relação de caninos e molares do lado esquerdo. Fig.06: Detalhe da alça que serviu de guia para posicionar o parafuso de miniimplante entre as raízes dos dentes. Fig.07: Radiografias periapicais com a alça e com o parafuso instalado 42 Caso clínico nº 02 Paciente do gênero feminino, 37 anos de idade, padrão facial Classe II protrusão maxilar e retrusão mandibular. Terço inferior da face aumentado devido ao excesso vertical maxilar e sorriso gengival. Apresenta má oclusão de Classe II, perda de algumas unidades dentárias, presença de prótese parcial fixa na região anterior superior, inclinação excessiva dos incisivos superiores e incisivos inferiores ligeiramente inclinados (fig.22). O planejamento ideal para este tipo de má oclusão consiste em tratamento ortodôntico combinado com cirurgia ortognática. Necessitando de descompensação dentária para uma futura impacção maxilar combinada com avanço mandibular. Esta opção foi rejeitada pela paciente que preferiu um tratamento de compensação dentária. Foram instalados mini-implantes entre os primeiros molares e segundos pré-molares superiores para servir de ancoragem para retração com componente de intrusão, sem efeito colateral em dentes posteriores, o que seria inviável com mecânica ortodôntica convencional (fig.23 e 24). Fig.22: Má oclusão de Classe II total com trespasse vertical e horizontal aumentados. Presença de prótese parcial fixa anterior e ausência de algumas unidades dentárias. 43 Fig.23: Retração ântero-superior com componente intrusivo com ancoragem nos mini-implantes localizados na distal dos segundos pré-molares. Fig.24: Detalhe dos mini-implantes posicionados na mesial das raízes dos segundos pré-molares. CHENG em 2004 determinou que utilização de micro-implantes para ancoragem direta tem se constituído em uma das áreas mais promissoras para o incremento da terapia ortodôntica corretiva, apesar da falta de estudos longitudinais prospectivos bem controlados e que atestem a eficiência deste método através de protocolo para aplicabilidade em diferentes situações clínicas. Torna-se necessária à avaliação dos fatores de risco que devem ser considerados, como: sistemas de implantes, indicações ortodônticas, tipos de ancoragem, comprimento dos mini-implantes, magnitude das forças ortodônticas, localização (maxila x mandíbula), características do tecido mole no local de emergência dos implantes, saúde sistêmica, tabagismo e higiene oral. 44 Comparando-se implantes osseointegráveis, para os quais já foram estabelecidos critérios de avaliação de sucesso, com os implantes ortodônticos, o fator tempo tem um papel importante. Implantes osseointegráveis devem permanecer na boca o maior tempo possível, enquanto implantes ortodônticos permanecerão apenas por poucas semanas ou meses até a conclusão do tratamento. Outro fator a ser considerado é a qualidade de osseointegração, preponderante nos implantes dentais e não fundamentais em implantes ortodônticos, que podem receber carga logo que suficientemente estáveis e capazes de sustentarem a função de ancoragem. Os critérios de sucesso para os mini-implantes descritos por Cheng foram: a) ausência de inflamação; b) ausência de mobilidade clínica e c) capacidade de suportar as cargas para ancoragem durante o período de tratamento. 45 DISCUSSÃO ALEXANDER e cols. 1986 em pesquisa clínica observaram e confirmaram haver um aumento de pacientes adultos que procuraram tratamento ortodôntico, porém concluiu ser o tratamento periodontal destes pacientes fundamental para o controle das doenças gengivais, e conseqüentemente o sucesso da ortodontia. O resultado de estudo em cães demonstrou que são necessárias algumas recomendações clínicas durante tratamento ortodôntico. Deve-se realizar terapia periodontal para cada caso específico, seja a remoção de placa supragengival ou cirurgia para eliminação de bolsas infra-ósseas, somente após eliminação de doença poderá ser realizada a ortodontia (THILANDER, 1986; ZACHRISSON, 1999). Já ONG em 1998 sugeriu que o tratamento periodontal de manutenção fosse realizado concomitante com a terapia ortodôntica. Tratamento ortodôntico inadequado associado à inflamação e trauma oclusal pode certamente contribuir para futuro colapso dos tecidos periodontais mais rapidamente do que ocorreria com uma inflamação isoladamente (KESSLER, 1976). O elemento-chave no manuseio ortodôntico de pacientes adultos com doença periodontal é a eliminação, ou redução, do acúmulo de placa e da inflamação gengival. Isto implica numa grande ênfase nas instruções de higiene oral, no planejamento do tratamento ortodôntico e em revisões periódicas periodontais (ẴRTUN e URBYE, 1988). Um reforço nas instruções de higiene oral e na motivação do paciente é feito após a colocação do aparelho ortodôntico e durante o tratamento visitas a cada três meses devem ser feitas ao periodontista (BOYD e cols. 1989; ZACHRISSON, 1999). 46 Forças ortodônticas isoladamente não parecem transformar uma gengivite em uma periodontite destrutiva. As lesões induzidas pela placa bacteriana em uma gengivite são confinadas ao tecido conjuntivo supra-alveolar, ao passo que as reações às forças ortodônticas ocorrem no tecido conjuntivo entre a raiz e o osso alveolar. Entretanto na presença de bolsas infra-ósseas com tecido conjuntivo inflamado, a ortodontia pode acelerar o processo destrutivo. Bolsas infra-ósseas podem ser resultantes de movimentos ortodônticos de inclinação e/ou intrusão de dentes que possuem placa bacteriana aderida (ERICSSON e cols. 1977). Os efeitos da movimentação ortodôntica em grupo através de defeitos ósseos foram estudados experimentalmente (POLSON e cols. 1984; WENNSTROM e cols, 1993), e determinaram que uma vez eliminada a infecção subgengival, antes do tratamento ortodôntico ser iniciado, nenhum efeito nocivo é produzido pela ortodontia. Os resultados microscópicos mostraram que forças de movimento de corpo nos dentes com perda de inserção acentuada, mas com saúde periodontal, não são capazes de provocar nova doença periodontal, porém em presença de placa houve uma nova infecção gengival (ERICSSON e THILANDER 1978). Em estudo experimental em cães e periodonto reduzido reincidente e aplicação de forças ortodônticas, não houve diferença significativa entre doença periodontal supragengival e doença periodontal recorrente (ERICSSON e THILANDER 1980). O movimento ortodôntico por si só não promove seqüelas ou lesões nos tecidos de inserção mesmo com defeitos ósseos angulares existentes, foi o que determinou o estudo em macacos (POLSON e cols. 1983). Porém em estudo em macacos (WENNSTROM e cols 1987) estudaram o comportamento dos tecidos 47 periodontais durante movimentação ortodôntica, concluíram que os movimentos em grandes deiscências nem sempre são acompanhados de perda de inserção e recessão gengival. Em presença de gengivite, a gengiva fina é mais susceptível a destruição do que uma mais espessa. Porém, mesmo na área com gengivite, o movimento ortodôntico per se não pode acelerar o processo destrutivo. Já THILANDER e cols. 1993 em estudo com bolsas infra-ósseas e movimentação ortodôntica de corpo concluiu ser um risco desnecessário para um maior comprometimento dos tecidos periodontais. Novamente THILANDER e cols. 1993 em outro estudo para observar a movimentação ortodôntica em áreas edêntulas e com redução de altura óssea, concluiu em avaliação radiográfica que dentes podem ser movimentados para uma região com perda óssea e mantendo os tecidos periodontais de suporte. ERICSSON e cols. 1977 estudaram a movimentação ortodôntica de inclinação e tiveram a mesma conclusão dos autores da pesquisa anterior. Em estudo experimental em macacos (MELSEN, 1986) determinou ser possível a formação óssea durante movimentos ortodônticos de extrusão, porém mantida na intrusão, isto é, a intrusão pode ser considerada como um método terapêutico no tratamento de adultos desde que se mantenha saúde periodontal. MELSEN e cols. 1988 em novo estudo experimental a fim de determinar a reação dos tecidos frente à movimentação ortodôntica de intrusão, concluíram em análises histológicas que a intrusão melhorou a inserção em aproximadamente 0,7 a 2,3mm, isto é houve regeneração dos tecidos periodontais. Já BOYD e cols. 1989 em estudo longitudinal em vinte pacientes adultos, concluiu não haver diferenças 48 clínica e estatisticamente significantes entre os grupos analisados quanto à perda de inserção. Em estudo experimental em cães para determinar as reações dos tecidos periodontais durante extrusão dentária (LILJEMBERG, LINDHE e cols. 1991) concluíram tanto clinicamente quanto histologicamente que houve durante a extrusão das raízes associada a fibrotomia um acompanhamento dos tecidos periodontais de 4mm verticais, isto é, um remodelamento ósseo. TZUR e cols. 1992 realizaram estudo para analisar a extrusão de dentes com o recurso de estabelecer os defeitos gengivais localizados, levando-se em consideração áreas estéticas, concluíram que na maioria dos casos com recessão gengival, a cirurgia se faz necessário, porém áreas com pequenas recessões o tratamento ortodôntico é uma alternativa eficaz. WANG e WANG 1992 definiram que a extrusão é eficaz em regiões estéticas sem comprometimento dos tecidos periodontais, uma alternativa do tratamento cirúrgico o qual provoca alterações dos tecidos periodontais. LAINO e MELSEN 1997 em revisão da literatura confirmaram que o deslocamento impróprio de dentes através do osso alveolar pode resultar no desenvolvimento de deiscências ou defeitos periodontais, se o dente for movido para fora do processo alveolar. Em virtude das diferenças anatômicas e biológicas da reação tecidual entre adultos e crianças (MELSEN, 1991), concluiu que os adultos necessitarão de um tratamento ortodôntico mais extenso, fase maior de contensão que aquela determinada por adolescentes. Porém o uso de contensão pode e deve ser 49 necessário à maioria dos casos que tem aumento da mobilidade após terapia periodontal (RAMFJORD 1984). Experimentos em cães demonstraram que, quando uma movimentação experimental de dentes for interrompida, um remodelamento de osso alveolar ocorreu (LILJIMBERG, LINDHE e cols. 1991; NYMAN 1982). A recidiva pós-tratamento ortodôntico é causada não somente pela função muscular, também por uma tendência natural de reposição dos feixes de fibras periodontais, por isso a contenção ortodôntica é essencial (REITAN, 1967). Em estudo clínico e revisão de literatura (THILANDER, 1992) avaliou durante tratamento ortodôntico as complicações em relação ao dente e os tecidos de suporte periodontal. Considerações médicas foram analisadas e as conclusões são: o movimento durante tratamento ortodôntico, qualquer que seja sua natureza, pode trazer conseqüências para as estruturas de suporte e para o dente, como reabsorção externa e alterações pulpares, associado ou não a doenças sistêmicas. Segundo VANARSDALL, 1997 durante a movimentação ortodôntica pode ocorrer uma ligeira modificação no sítio-especificidade da doença periodontal, ressaltando a importância para uma manutenção periodontal periódica. HEINTZ e cols. 1996 estudaram três tipos diferentes de escovas elétricas e compararam com as escovas manuais, durante o tratamento ortodôntico, na tentativa de diminuir o acúmulo de placa bacteriana. Os resultados mostraram que a escova elétrica é uma alternativa eficiente para manutenção de higiene compatível com saúde, pacientes com pouca higiene oral podem se beneficiar deste instrumento durante o tratamento ortodôntico. AXELSSON e ZACHRISSON, 1992 em experiência clínica verificaram as vantagens do uso de pequenos contensores 50 colados na vestibular quando comparado com contensores colados na lingual dos dentes ocorreu uma melhor higiene dos pacientes e conseqüentemente menor acúmulo de placa. ONG e cols. 1998 numa revisão de literatura determinaram que a saúde periodontal é essencial para todos os tratamentos dentários, em especial ao tratamento ortodôntico, aonde deve receber acompanhamento periodontal periódico, isto é, de manutenção. A movimentação ortodôntica poderá ser realizada em pacientes com periodontite avançada desde que se tenha um rígido controle de placa. Assim não haverá comprometimento maior do periodonto de inserção. A obtenção de ancoragem em paciente periodontais é um problema para a ortodontia, mas os implantes ósteointegrados seriam uma solução para substituir dentes perdidos. ABUNDO e cols. 2000 em trabalho clínico de doze anos em pacientes com periodontite avançada e tratamento ortodôntico concluíram que a ortodontia não é contra-indicada em pacientes com periodontite severa em adultos. CARRANZA e MURPHY 1988 relataram que o tratamento ortodôntico pode ser considerado como parte de terapia periodontal diminuindo fatores que aumentam a dificuldade de higiene oral e um aumento no acúmulo de placa bacteriana. MABUCHI e cols 2002 observaram em estudo que a proliferação e morte celular durante a movimentação ortodôntica está intimamente ligada à regeneração e reconstrução do ligamento periodontal. CHANG em 2004 avaliou percentual de sucesso dos mini-implantes e observou que os mini-implantes em áreas de maxila permaneciam por maior tempo sem inflamações, enquanto os instalados na região posterior da mandíbula foram 51 mais susceptíveis à inflamação devido à pequena quantidade de gengiva inserida, sendo que, resultados estatisticamente significativos provaram que implantes situados em mucosa queratinizada têm uma sobrevida maior do que os instalados em tecidos não queratinizado. Idade e genética dos pacientes e a magnitude das cargas ortodônticas não interferiram no sucesso dos tratamentos e o comprimento dos mini-implantes parecem não influenciar os resultados. De acordo com os critérios de sucesso a taxa encontrada foi de 89%, sendo que dois terços dos implantes perdidos foram detectados antes de serem carregados ou durante o período de um mês após o início do tratamento ortodôntico. A realização de estudos prospectivos longitudinais avaliando este método de ancoragem é necessária para comprovação científica de sua performance em diferentes situações clínicas que se apresentam na ortodontia moderna. 52 CONCLUSÕES O propósito desta revista da literatura foi analisar as pesquisas e interrelacionar as áreas de Periodontia e Ortodontia, concluiu-se: 1. Tratamento ortodôntico realizado de uma forma inadequada em pacientes periodontais pode certamente contribuir para futuro colapso dos tecidos de suporte periodontal. 2. A combinação de inflamação, forças ortodônticas e trauma oclusal pode produzir uma destruição mais acelerada dos tecidos de suporte periodontal do que quando tivermos a inflamação isoladamente. 3. É clinicamente essencial que o tratamento periodontal com a eliminação da placa periodontopatogênica seja executado antes do início do tratamento ortodôntico. 4. Pacientes devem ser orientados quanto à higiene oral, antes, durante e pós-tratamento ortodôntico. 5. Observações clínicas e radiográficas confirmam e nos levam a acreditar que todo paciente seja ele saudável ou portador de patogenia periodontal, possam ter um tratamento ortodôntico, desde que os princípios básicos sejam executados e mantidos. 6. Em pacientes com periodontite avançada, isto é, bolsas infra-ósseas, o tratamento ortodôntico deve ser realizado com forças brandas e movimentos curtos mantendo-se os níveis de placa bacteriana sempre baixos, com acompanhamento de um periodontista, a cada três meses. 53 7. Em pacientes com deiscências ósseas, poderemos ter reparação tecidual através de ortodontia, quando estes dentes são recolocados na posição original e mantidos por um longo período. 8. Pacientes com mobilidade dentária acentuada pode-se esperar reparação desde que ocorra estabilidade e controle de placa bacteriana. 9. Movimento de extrusão esta indicada para diminuir efeitos infra-ósseos e aumentar o tamanho da coroa clínica de um dente isoladamente. 10. Da mesma forma a intrusão é recomendada como um aliado na terapia periodontal para dentes com perda óssea horizontal e vertical e para dentes que necessitem aumento de coroa clínica isoladamente. 11. O trauma oclusal isoladamente não altera os tecidos periodontais, não agrava uma periodontite pré-existente, nem perda de inserção, porém associado às forças ortodônticas e condição periodontal agravada o resultado pode ser desastroso. 12. Dentes com gengiva fina, resultante de posição proeminente dos dentes, não há necessidade de procedimentos que visam ao aumento da faixa de gengiva em um estágio pré-ortodôntico, porém um controle de placa maior. 13. Em alguns casos de recessão gengival, pode-se visar a cirurgia de enxerto para uma melhor condição de tratamento ortodôntico. 14. Nas maiorias das recessões assim como nas deiscências ósseas, durante o tratamento e reposicionamento do dente no alvéolo, ocorre uma condição mais favorável, não havendo necessidade de tratamento cirúrgico. 54 15. Durante tratamento de pacientes com perdas de dentes, a ortodontia necessita de ancoragem, os implantes osteointegrados foram utilizados, porém hoje se recomendam os microimplantes, devido sua técnica simples e uma maior eficiência. 16. Em relação ao tratamento cirúrgico e não cirúrgico, devemos realizar o tratamento necessário para cada caso, objetivando sempre a saúde periodontal antes do tratamento ortodôntico. 17. Pacientes periodontais ou não, durante tratamento ortodôntico, não está cooperando com a orientação do periodontista e do ortodontista, deve-se interromper a terapia ortodôntica. 18. Antigamente um dente considerado desfavorável ao tratamento ortodôntico era extraído, pois poderia destruir o periodonto interproximal adjacente, hoje sabemos que estes dentes podem e devem ser mantidos sem alterar os tecidos de suporte do dente vizinho, desde que mantidos os níveis de placa controlados. 19. O tratamento ortodôntico em pacientes jovens é mais rápido, porém deve-se orientar de uma maneira mais efusiva, pois o acúmulo de placa é maior do que em pacientes adultos. 20. A contenção ou manutenção pós-tratamento ortodôntico, principalmente para pacientes periodontais deve ser mantida por um longo período de tempo, principalmente na região dos incisivos inferiores, aonde se tem o crescimento terceário do processo mentoniano. 21. O tratamento ortodôntico corretivo depende diretamente do estabelecimento de um sistema de ancoragem estável e que idealmente 55 não apresente movimentação recíproca em relação à unidade ativa, o que pode gerar perda de ancoragem, indesejável em várias situações clínicas.Apesar da possibilidade de utilização de diversos métodos convencionais de ancoragem intra ou extrabucais, intra ou intermaxilares, a utilização de mini-implantes possibilita a obtenção de um sistema de ancoragem direta simples, eficaz, de baixo custo e com grande aplicabilidade clínica. 22. A cooperação interdisciplinar, periodontia e ortodontia, podem transformar pacientes que apresentam problemas dentários e gengivais esteticamente não atraentes em pessoas com um sorriso bonito e eficiente, tornando este paciente clinicamente mais sociável. 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUNDO, R.; CORRENTE, G.; CARDAROPOLI, D. e RE, S. Orthodontic treatment in periodontally compromissed patients: 12- year report. Int. J. Period. 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