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Conselho para percebermos que não há abertura
para discutir uma política
de imigração comum –
como se impõe. É verdade
que a União Europeia
(UE) está a atravessar
uma crise económica que
deixou mais de 24 milhões
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de pessoas no desemprego. E é óbvio que isto provoca problemas políticos
Ontem voltamos à normalidade. Depois das declara- na opinião pública de cada
estado-membro da UE
ções de choque dos chefes
para impor uma política
de governo da União
de imigração demasiado
Europeia sobre o desastre
expansiva. Mas daí a aceique vitimou mais de 900
tar apenas 5 mil mil pesimigrantes ilegais desessoas por ano, repatriando
perados no Mediterrâneo,
mais de 150 mil que tenvoltamos à normalidade
tam entrar através do
das declarações redondas,
Mediterrâneo, transforma
meio vazias e opostas a
oficialmente a Europa
qualquer decisão firme.
numa fortaleza praticaO momento pedia uma
mente impenetrável. É
Europa solidária que resnecessária uma política
gatasse a superioridade
mais pragmática.
moral perdida no tempo,
A prova de que os dirigentes
mas o resultado final preeuropeus não estão interesparava-se para ser, no
sados nessa política é o foco
fecho desta edição, uma
que Angela Merkel e outros
mão cheia de quase nada.
dirigentes coloEm cima da
mesa dos líde$FHLWDUDSHQDV caram à entrada para a reures europeus
PLO
que se reuniLPLJUDQWHVSRU nião do Conseram ontem à
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gração ilegal e
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SROķWLFDPDLV tir acções militares contra
dimensão do
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esses grupos
êxodo migratónão é uma solurio africano.
ção para o problema. Pode
São mais de 400 imigranatenuá-lo, mas não resolverá
tes ilegais por mês, mais
nada.
de 1600 só nos primeiros
Já aumentar os fundos disquatros meses de 2015.
poníveis para a vigilância
Em 2014 apenas, mais de
naval do Mediterrâneo, aju150 mil pessoas tentaram
entrar no continente euro- dando a Itália com meios
peu dessa forma. E no últi- militares de outros países da
União Europeia (a Grã-Bremo ano e meio morreram
tantas pessoas como aque- tanha já disponibilizou esses
meios), parece ser a única
las que os líderes euromedida claramente positiva.
peus querem agora deixar
É de facto a única maneira
entrar – o que implica que
a Europa só deverá aceitar de evitar mais tragédias
como a do último fim-deum em cada 30 dos imi-semana. Mas o problema de
grantes desesperados que
fundo mantém-se: a Europa
tentam escapar à pobreza
continua a não existir. Ainda
e aos conflitos militares
ontem a marinha italiana
que devastam a Líbia, a
resgatou mais 220 emigranSíria ou o Iémen.
tes ilegais, sendo certo que o
É pouco. Muito pouco. E
fluxo diário vai aumentar e
implica reconhecer uma
agravar-se com o bom tempolítica de portas fechapo dos próximos meses de
das. Bastava ouvir os líderes europeus à chegada ao Verão. Até quando?
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Cinco meses depois da detenção de José Sócrates e de Carlos Santos Silva, depois de várias
peças processuais em que o
grupo Lena era dado como o
“corruptor” do ex-primeiro-ministro, depois das análises
bancárias que mostravam que
os administradores do grupo
Lena tinham feito transferências para as contas suíças de
Santos Silva, Joaquim Barroca
Rodrigues, um dos administradores do grupo de Leiria, foi
detido para interrogatório.
A detenção aconteceu quartafeira à noite, no âmbito da Operação Marquês, depois de buscas a sua casa e à sede da empresa, na Quinta da Sardinha, Leiria.
Ao fim da tarde de ontem continuava a ser ouvido pelo juiz
Carlos Alexandre no Tribunal
Central de Instrução Criminal,
hora a que ainda não eram
conhecidas as medidas de coacção a que ficará sujeito.
Durante o interrogatório, o
procurador Rosário Teixeira e
o juiz de instrução terão tentado esclarecer várias dúvidas,
desde logo a razão por que terão
sido feitas transferências para
as contas que o empresário e
ex-administrador do grupo Lena
tinha na Suíça. A informação
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sobre os montantes destas transferências e as datas em que
terão sido feitas terá chegado
nas respostas às cartas rogatórias enviadas para a Suíça.
Santos Silva afirma que esses
montantes terão sido pagos a
título de prémios, mas a tese
tem sido rebatida pelo Ministério Público e até pelos juízes
da Relação de Lisboa.
No acórdão de resposta ao
recurso do empresário, datado de Fevereiro deste ano, e a
que o i teve acesso, os desembargadores argumentam que
se Santos Silva foi administrador de empresas do grupo Lena
até finais de Agosto de 2009, e
se aquelas transferências foram
feitas, como admitiu, entre 2007
e 2009, não haverá outra justificação para aqueles pagamentos que não a sua “origem
ilícita”: “Ainda que se entendesse que a sua intervenção
extravasara os limites da diligência devida no exercício da
sua função de administração,
o recorrente, por um lado, e o
grupo, por outro, dispunham
de toda uma panóplia de justificativos legais possíveis para
a atribuição de uma remuneração extra, com o inerente
suporte documental.” Mesmo
que Santos Silva já não fosse
administrador, tendo continuado a prestar serviços ao grupo
Lena, “nada obstava – e a lei
impunha – à escrituração dos
valores transferidos, ainda que
a título de luvas o fossem”.
Apesar dos desmentidos do
grupo Lena – que ontem voltou a garantir, em comunicado, que sempre trabalhou no
“mais escrupuloso respeito pela
legalidade e boas práticas” –,
a verdade é que desde o início
da investigação que a equipa
liderada pelo procurador Rosário Teixeira alega que o acervo financeiro que Santos Silva
constituiu no estrangeiro deriva de “atribuições patrimoniais
injustificadas” que visavam “o
enriquecimento indevido” do
ex-primeiro-ministro e dá o
grupo Lena como o corruptor
de José Sócrates, em troca de
alegadas vantagens na adjudicação de obras.
Na fundamentação enviada
à Relação de Lisboa, o MP explicou que em Novembro, altura
em que Sócrates e Santos Silva foram interrogados e ficaram em prisão preventiva, ainda não dispunha de informação sobre os actos concretos
de adjudicação “vantajosos para
o grupo Lena” e que teriam
sido “venalmente decididos”.
Mas já conseguia identificar
que só entre 2007 e 2010 (anos
em que Sócrates estava no
poder) o Estado terá adjudica-
do obras ao grupo Lena num
montante superior a 200
milhões de euros.
E que projectos foram esses?
“Projectos da Parque Escolar,
do TGV e das parcerias rodoviárias, por exemplo”, assume
o MP. Em Março, o i já tinha
avançado que os investigadores
estariam a recolher informações
desses inquéritos, já abertos no
Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).
A empresa de construção civil
foi a principal beneficiada nas
obras da Parque Escolar: em consórcio com as construtoras Abrantina e Manuel Rodrigues Gouveia arrecadou pelo menos cerca de 137 milhões de euros através
de nove contratos para fazer
obras em escolas públicas de Portalegre a Felgueiras, passando
por Lisboa e Marinha Grande.
No caso das PPP rodoviárias,
a construtora integrou o consórcio liderado pela Brisa que venceu a concessão do Baixo Tejo e
o agrupamento que venceu a
concessão Litoral Oeste. De acordo com uma auditoria do Tribunal de Contas, esta última
terá sido a PPP dos tempos de
Sócrates que mais dinheiro deu
às construtoras.
Outro dos indícios recolhidos
pela investigação, que tem o grupo Lena no epicentro, diz respeito ao encontro entre Sócrates e o vice-presidente de Angola que terá sido agilizado pelo
embaixador de Portugal em Nova
Iorque e teria como fim pedir
favores para o grupo de Leiria,
conforme o i avançou. O ex-primeiro-ministro e Manuel Vicente terão chegado a encontrar-se
na cidade de Nova Iorque, em
Setembro, por ocasião de uma
sessão da assembleia geral das
Nações Unidas. O encontro terá
sido promovido pelo embaixador de Portugal em Nova Iorque, Álvaro Mendonça e Moura, e terá reunido à volta da mesma mesa, além de Sócrates e
Manuel Vicente, Santos Silva e
representantes do grupo Lena.
Antes do encontro terá existido
uma conversa telefónica, interceptada durante as escutas da
Operação Marquês.
“Tal constituição desse acervo financeiro, por
acordo entre o ora recorrente [Carlos Silva] e o
grupo Lena, não pode assim, ser desligado do
facto público que se traduz na dimensão dos
contratos celebrados por empresas daquele
grupo, quer com o Estado português, que
adjudicou ao grupo Lena contratos de valor
superior a 200 milhões de euros entre 2007 e
2011, quer a nível internacional, tendo o grupo
Lena obtido a adjudicação pelo governo venezuelano de 50 mil casas pré-fabricadas no ano
de 2008, quando o arguido José Sócrates visitou a Venezuela enquanto primeiro-ministro.”
“O arguido Carlos Santos Silva reconheceu a
existência dos fundos colocados no exterior –
em nome das entidades off-shore Brickhurst
International Ltd e Pinehill Finance, Ltd,
ambas com contas junto da UBS de Zurique –
e procurou justificar esses fundos, quer no seu
interrogatório quer na motivação, pelo menos
uma parte equivalente a 14 ou 15 milhões de
euros, como sendo pagamentos de serviços
prestados para o grupo Lena, mas ao que se
afigura em sede pessoal e não das empresas
por si controladas.”
“Os fundos que foram colocados nas contas
na Suíça das entidades Brickhurst International, Ltd e Pinehill Finance, Ltd não estão
directamente relacionados, ao contrário do
que o arguido ora recorrente quis fazer crer,
com o negócio das salinas de Angola, mas
sim com fundos originados em contas na
Suíça dos administradores do grupo Lena.”
“A imputação e a discussão em interrogatório
abrangeram a origem do conjunto de fundos
que, encontrando-se inicialmente em contas
suíças, em nome de entidades off-shore, foram
trazidos para contas em Portugal, aproveitando o regime dos RERT’s I e II, afirmando-se
claramente na imputação que esse património
financeiro, formado na Suíça, em particular
entre 2005 e 2010, teve origem, pelo menos
em parte – traduzida em vários milhões de
euros -, em fundos transferidos de contas pessoais dos responsáveis do grupo Lena.”
“Não dispunha a investigação, na data dos
interrogatórios, de informação sobre os actos
concretos de adjudicação, vantajosos para o
dito grupo Lena, que tenham sido venalmente decididos, mas foi possível identificar e
quantificar a sua existência no global, sendo
imputada a realização de obra para o Estado,
no referido período de 2007 a 2010, superior a
200 milhões de euros – projectos da Parque
Escolar, do TGV e das Parcerias Rodoviárias,
por exemplo.”
Fevereiro 2015
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A detenção de Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena,
marca um novo capítulo na Operação Marquês, vem alargar a
investigação a novos arguidos
e reforça a dúvida: estando em
causa suspeitas de que o grupo
foi o corruptor de José Sócrates
e perante os inúmeros contratos de adjudicação assinados
pelo Estado, ainda será possível
concluir a investigação nos próximos seis meses?
O ex-primeiro ministro e o
empresário Carlos Santos Silva
foram detidos a 24 de Novembro do ano passado e, a manterem-se em prisão preventiva,
terão de ser acusados no prazo
máximo de um ano – ou seja,
até Novembro. Com os novos
desenvolvimentos de ontem,
adensam-se as dúvidas sobre se
o prazo será cumprido, tratando-se de um processo complexo. Basta olhar para alguns dos
mais mediáticos casos de crimes económicos para concluir
que este tipo de investigação é
quase sempre demorada: entre
a abertura de inquérito do caso
Tagus Park e a dedução da acusação, por exemplo, passou um
ano. No processo das contrapartidas dos submarinos, foram precisos três. As suspeitas de corrupção na Câmara da Amadora exigiram 11 anos de inquérito
e, no caso do BPN em que um
dos arguidos é Arlindo de Carvalho, a investigação começou
em 2009 e a acusação só foi deduzida em 2014, cinco anos depois.
No processo Homeland, que
envolvia Duarte Lima, a fase de
inquérito levou mais de um ano
e até em casos em que ainda não
foi deduzida acusação, como o
Processo Monte Branco, o inquérito corre há já três anos.
Meio ano chegará então para
que haja uma acusação num
processo que envolve a detenção de um antigo primeiro-ministro por suspeita de crimes como
corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais? João Medeiros, que já trabalhou em vários processos ligados a crimes económicos, recorda
que a defesa de José Sócrates
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alega que a investigação terá
começado em Julho de 2013. “A
fazer fé nessas declarações, pode
acreditar-se que muita da prova já estará feita”, sublinha.
Seja como for, processos desta natureza, que implicam actos
como pedidos de cooperação
internacional e obtenção de
dados bancários, são especialmente “demorados” e “complexos”. E a detenção de ontem do
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administrador do Grupo Lena
vem mostrar que a investigação
não está de modo algum terminada. Por isso João Medeiros
duvida que seja possível deduzir a acusação contra Santos Silva e Sócrates dentro do prazo
legal: “Em teoria é possível, mas
não acredito.” O advogado sublinha, por outro lado, a importância do caso – capaz de pôr em
causa a “sobrevivência e a seriedade do sistema português”, pelo
mediatismo que assume. “É de
evitar qualquer tipo de escândalo”, defende o advogado.
De resto, até os envolvidos no
processo começam a duvidar
que seja possível deduzir a acusação no próximo meio ano: um
dos advogados ligados ao caso
confessa ao i que essa possibilidade é já “pouco plausível”, perante a “dimensão e a especial complexidade” do caso. Apesar de
tudo, há quem ainda acredite,
como o antigo bastonário da
Ordem dos Advogados Rogério
Alves: “Provavelmente será preciso um trabalho intensivo, mas
é possível”, defende.
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RGH$EULO
)81&+$/ A primeira conferên-
cia de líderes da Assembleia
Legislativa deliberou ontem voltar a comemorar o 25 de Abril,
permitindo que todas forças políticas usem da palavra. A comemoração da Revolução tem sido
um assunto polémico ao longo
dos anos. Na última década, a
maioria do PSD liderada por
Alberto João Jardim recusou a
celebração no parlamento e
negou dar a palavra aos partidos com assento parlamentar.
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Milhares de consumidores não
estão a conseguir aceder à tarifa social de energia, quer porque
os comercializadores não as atribuem quer porque a Segurança
Social não passa os documentos
necessários por desconhecer a
nova lei aprovada o ano passado
pelo governo, que estabelece um
patamar de 500 mil famílias carenciadas para terem gás e electricidade a preços mais baixos.
Actualmente, e de acordo com
os dados da Entidade Reguladora do Sector Energético (ERSE),
há apenas cerca de 45 mil contratos deste tipo na electricidade e 5 mil no gás.
As queixas já chegaram ao
regulador e também à Associação Portuguesa de Direito do
Consumo. Mário Frota, o presidente, explicou ao i que, embora a Segurança Social esteja agora mais receptiva, “houve famílias que ficaram meses à espera
porque eram desincentivadas
quando se dirigiam aos balcões
dos serviços daquele organismo, onde lhes diziam que não
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estavam em condições de se candidatar a estas tarifas por não
reunirem condições para isso.
Mas o que na realidade acontecia era que os funcionários desconheciam a lei”.
Mário Frota acrescenta que as
empresas que comercializam o
gás e a electricidade também estão
a cometer irregularidades quando os consumidores pedem a tarifa social. “Há outra característica no plano das exigências que
nos repugna em absoluto”, acrescenta. “Alguns distribuidores obrigam à celebração de um novo
contrato por ocasião do requerimento desta tarifa, o que é manifestamente ilegal. Sobretudo quando o novo contrato é mais gravoso que o anterior.”
Para a Associação Portuguesa
de Direito do Consumo, o governo também tem culpas no cartório. “Anunciou há mais de um
ano uma campanha informativa
para que todos fossem esclarecidos com rigor sobre o acesso às
tarifas sociais e, a poucos meses
do fim da legislatura, nada está
feito”, refere.
Há ainda inúmeros casos em
que o abono de família está a ser-
vir de pretexto para limitar a atribuição de tarifas. “Os consumidores em situação de carência e
que recebam abono de família
têm todos direito à tarifa social,
independentemente do escalão
em que estão inseridos. Mas temos
queixas de pessoas que dizem
que já não os aceitam por estarem neste ou naquele escalão. É
inadmissível a contra-informação”, acusa o jurista.
Também a ERSE anunciou esta
semana que abriu um processo
de investigação a várias empresas comercializadoras de energia por não estarem a agir dentro da legalidade. Um dos temas
investigados pelo regulador prende-se com a aplicação da tarifa
social aos consumidores economicamente mais vulneráveis. A
ERSE inspeccionou a situação
na EDP Comercial e na Galp
Power no início de Fevereiro
nas instalações das duas empresas para concluir que há “situações que indiciam a não atribuição, indevida, da tarifa social e
o incumprimento do dever de
informação aos beneficiários,
nomeadamente na factura de
fornecimento”.
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/,6%2$ A Fenprof revelou ontem
que um terço dos professores
indicados para corrigir os exames de inglês da Cambridge ainda não tem a certificação necessária. A Fenprof acusa ainda o
Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) de pressões para que
seja concluída, apesar do pré-aviso de greve vigente. Mas “de
dia para dia há mais professores a aderir à greve”, garante
Anabela Sotaia, da Fenprof.
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/,6%2$ O Ministério da Admi-
nistração Interna (MAI) garantiu ontem que os três helicópteros Kamov parados para operações de manutenção e testes vão
estar disponíveis para a época
de incêndios florestais. Dos cinco Kamov, dois estão operacionais, outros dois em operações
de manutenção e reparação e
um ainda em testes depois de
ter sido reparado. O esclarecimento surge após o INEM ter
anunciado que deixou de ter disponíveis os dois helicópteros
Kamov de transporte de doentes e que essa suspensão durará as próximas seis semanas.
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Os órgãos de comunicação social
terão de enviar a uma comissão
mista, composta por membros
da Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) e da Comissão
Nacional de Eleições (CNE),
“antes do início do período da
pré-campanha, o seu plano de
cobertura”. É isto que consta no
projecto-lei que introduz alterações ao “regime jurídico da
cobertura jornalística em período eleitoral e regula a propaganda eleitoral através de meios de
publicidade comercial”.
O plano de cobertura terá de
identificar “ o modelo de cobertura das acções de campanha
das diversas candidaturas que
se apresentem a sufrágio, a realização de entrevistas, de debates (...) de reportagens alargadas, de emissões especiais ou de
outros formatos informativos”.
O projecto, a que o i teve acesso, é da autoria do PSD e do CDS,
mas fontes da maioria garantem que o PS também assina por
baixo este acordo. O i tentou confirmar esta informação, mas os
socialistas remetem uma tomada de posição para hoje.
Quem já reagiu foi o PCP, garantindo que votará contra a proposta no parlamento. “Daquilo
que nos foi dado a conhecer, é
um texto que votaremos contra
porque contém aspectos dos
quais discordamos, desde logo
a comissão mista. Não seremos
parte nessa negociação”, afirmou o deputado António Filipe.
Em comunicado, o partido
LIVRE/Tempo de Avançar, sem
assento parlamentar e por isso
excluído de debates televisivos
no período de pré-campanha,
considerou tratar-se de um “inaceitável ataque à liberdade de
imprensa”.
A polémica já vem do tempo
das eleições autárquicas, quando uma divergência entre a ERC
e a CNE levou à não transmissão de debates televisivos entre
os candidatos. +PTÌ$BQVDIP
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Os planos mutualistas vendidos
pelo Montepio como alternativos
aos tradicionais depósitos envolvem “algum risco”. A garantia é
dada ao i pelo especialista da Associação de Defesa do Consumidor
(Deco), António Ribeiro. A Deco
diz ainda que, desde o início desta semana, tem recebido em média
30 chamadas por dia de investidores preocupados com o risco
que correm as suas poupanças
no banco, havendo casos em que
os associados têm 80% a 90%” do
seu património alocado a estes
produtos.
António Ribeiro lembra ainda
que estes produtos da Caixa Mutualista são “vendidos” com taxas
mais atractivas, mas apresentam
garantias diferentes dos depósitos a prazo. “Os primeiros estão
sob a tutela do Ministério da Soli-
‰"CSJM
dariedade, Emprego e Segurança Social e a supervisão a que
estão sujeitos é claramente insuficiente e levanta muitas dúvidas
sobre a sua segurança, já que que
é não é uma entidade reguladora comum, enquanto os depósitos estão sob abrigo do Banco de
Portugal (BdP) e beneficiam do
fundo de Garantia de Depósitos,
que assegura até 100 mil euros
por titular de conta”.
A Deco chamou a atenção dos
investidores que, ao resgatarem
os valores investidos, “vão ser
confrontados com fortes penalizações porque os produtos estão
muito armadilhados”. “Se nas primeiras séries o Montepio penalizava apenas quem resgatasse
no primeiro e no segundo ano,
nestas últimas há sempre uma
perda de uma grande parte do
rendimento nem que seja ao quarto ano de uma série que tem validade de cinco anos”, acrescentando ainda que, em casos extremos, “não existe qualquer garantia
em termos de capital”. Para já, o
responsável aconselha os investidores a manterem os seus produtos até ao final do prazo, uma
vez que, de acordo com as contas do Montepio referentes a 2014,
a instituição cumpre os rácios
exigidos.
&217$6 No mesmo sentido,
Tomás Correia, presidente do
Montepio, garante que “as contas da instituição são das melhores do sistema financeiro português”. Em declarações ao i, o responsável salienta ainda que “todos
os bancos tiveram prejuízos e os
do Montepio são muito inferiores aos que seriam correspondentes à sua quota de mercado”.
E lembra que as contas depósito dos clientes “estão todas protegidas, nomeadamente até cem
mil euros. No Montepio como
nos outros bancos. Não há qualquer risco”, assegura.
Fonte da instituição financeira declarou ao i que, enquanto
o BdP não se pronunciar, o banco deverá continuar a sofrer
danos reputacionais, sobretudo
por estar a ser comparado com
o BES. “É uma vergonha a onda
de boatos que se instalou e
enquanto o BdP não puser cá
fora os resultados da auditoria
[que o supervisor iniciou no ano
passado], o mercado vai estar
instável.” A mesma fonte sublinhou que “o Montepio é o único banco não intervencionado,
não pediu CoCo [obrigações de
capital contingente], não precisa de CoCo, não é um caso BES,
como alguns aventam, e as autoridades têm obrigação de o dizer
para acalmar as tensões que
resultam dos boatos”.
Na última semana o Montepio
tem estado sob os holofotes, depois
de ter vindo a público que Teixeira dos Santos é um nome possível para suceder a Tomás Correia na liderança da associação
mutualista (AM), uma vez que
as novas regras do BdP estão a
apertar e deixam de permitir que
os administradores acumulem
funções na AM e no banco. O facto de muitos clientes e associados terem subscrito planos mutualistas ao longo dos anos, e não se
terem apercebido de que estes
produtos não estão sob a garantia do fundo de Garantia de Depósitos, a juntar ao recente colapso do BES, está a criar alguma
agitação no mercado. Até agora
o Banco de Portugal ainda não
se manifestou oficialmente sobre
o assunto.
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32578*$/ O governo não irá
avançar com a requisição civil
para responder à greve dos pilotos da TAP entre 1 e 10 de Maio,
ao contrário do que quis fazer
na paralisação agendada para o
final de 2014 e que foi suspensa.
Ontem também o Sindicato dos
Trabalhadores da Aviação e Aeroportos veio criticar o governo e
a TAP, por “quererem roubar
cinco anos de antiguidade na
empresa”, prometendo não abdicar da luta, tal como os pilotos.
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32578*$/ O jogo deste domin-
go entre o Benfica e o FC Porto vai gerar um volume de receitas de 23 milhões de euros,
segundo um estudo do Instituto Português de Administração
de Marketing. O estudo prevê
um encaixe de 3 milhões da venda de bilhetes e de 20 milhões
em restauração, acções promocionais, publicidade, direitos
televisivos, segurança e hospitalidade.
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7HL[HLUD'XDUWH
)5$1¤$ O esquema em pirâmi-
de GetEasy, uma empresa que
trabalhava a partir de Portugal,
com sede em Macau, lesou dezenas de milhares de pessoas em
França. Segundo o jornal “Le
Figaro”, há cerca de 300 mil vítimas deste esquema em todo o
mundo. A companhia utilizava
os pagamentos dos novos participantes para pagar os rendimentos prometidos aos membros mais antigos.
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32578*$/ O governo vai con-
cessionar até Junho e por 15
anos a gestão de 14 pousadas da
juventude, num valor de 2,8
milhões de euros, anunciou o
secretário de Estado do Desporto e Juventude. O concurso público estará aberto por 45 dias, para
estar concluído a 8 de Junho. À
concessão pode candidatar-se
qualquer entidade, empresa ou
particular que cumpra as exigências do caderno de encargos.
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3$5,6 O primeiro-ministro fran-
cês, Manuel Valls, revelou ontem
que cinco ataques terroristas
foram “frustrados” em França
nos últimos meses. “Inúmeros
ataques foram frustrados – cinco se se tiver em conta o ataque
que felizmente não teve lugar
em Villejuif”, nos arredores de
Paris, no passado domingo, disse Manuel Valls à rádio France
Inter.
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IUDQFÇVDFXVDGR
QR/X[HPEXUJR
/8;(0%85*2 O jornalista francês Édouard Perrin, que revelou o escândalo Luxleaks de concessão de benefícios fiscais a
multinacionais pelo Luxemburgo, foi ontem formalmente acusado de vários delitos, entre os
quais furto doméstico, informou
o Ministério Público luxemburguês. As acusações decorrem de
uma queixa apresentada pela
PwC em Junho de 2012.
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-2$1(6%85*2 Vários milhares
de pessoas desfilaram ontem à
tarde no centro de Joanesburgo para mostrar a sua rejeição
da violência xenófoba, depois de
uma nova operação da polícia e
do exército num bairro problemático. Desde o final de Março,
uma nova vaga de ataques xenófobos, em Durban e Joanesburgo, causou pelo menos sete mortos e milhares de deslocados.
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&21$&5, Um manifestante foi
morto e quatro outros foram
feridos pelas forças de segurança da Guiné-Conacri que tentavam impedir uma manifestação
em Labé, feudo da oposição no
Norte do país, afirmaram uma
fonte hospitalar e testemunhas.
“A vítima foi espancada com cassetetes pela força de segurança”, declarou à agência FrancePresse a fonte hospitalar.
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Uma boa notícia para Portugal, que nos últimos anos se
transformou numa plataforma
importante para a entrada da
China na União Europeia. Os
investimentos chineses são os
mais importantes e os grandes
grupos continuam à espreita
de bons negócios em Portugal.
Um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) defendeu
ontem que “a China precisa de
ter mais multimilionários”,
argumentando que “a acumulação privada de riqueza não é
incompatível com a justiça
social” preconizada pelo sistema socialista.
“Se um dia metade dos mais
ricos do mundo forem chine-
ses, isso evidenciará os enormes sucessos alcançados pela
China no seu processo de desenvolvimento económico e
social”, disse o “Global Times”,
jornal de língua inglesa do grupo do “Diário do Povo”, o órgão
central do PCC.
5,&26&20%2$,0$*(0Num
editorial intitulado “Ressentimento contra os ricos é exagerado”, o jornal sustenta que a
maioria dos ricos chineses “tem
uma imagem positiva na China” e “são adorados como ídolos pelos jovens”. O editorial
reconhece que “o ódio à riqueza é particularmente virulento na internet”, mas considera
que “a inveja e a insatisfação
não são os sentimentos dominantes em relação ao crescen-
te número de chineses multimilionários”.
Na lista mundial dos multimilionários divulgada em março passado pela revista norteamericana “Forbes”, correspondente a fortunas superiores
a mil milhões de dólares, a China continental tinha 213 nomes,
mais 61 que em 2014.
Um dos chineses mais bem
classificados, Wang Jianlin, presidente do Wanda Group, com
uma fortuna avaliada em
24 200 milhões de dólares
(22 600 milhões de euros), é
também membro do Partido
Comunista Chinês. De acordo
com os dados do Gabinete Nacional de Estatísticas da China, o
rendimento anual disponível
per capita no país aumentou
84 vezes nos últimos 35 anos,
3&65&34
atingindo 28 844 yuan (cerca de
4400 euros) em 2014. Constitucionalmente, a China define-se
como “um estado socialista liderado pela classe trabalhadora e
baseado na aliança operário-camponesa”. O marxismo-leninismo continua a ser “um princípio sagrado” do PCC. Contudo, há cerca de duas décadas, o
PCC passou a defender a “economia de mercado socialista” e
a encorajar a iniciativa privada.
Vistos outrora como “inimigos
de classe”, os empresários já
podem filiar-se no PCC e muitos deles fazem parte dos órgãos
de Estado.
/ª'(5'$)2681¦— O mais
conhecido em Portugal é Guo
Guangchang, presidente do grupo Fosun Group, o consórcio chinês que já comprou a companhia de seguros Fidelidade, o
grupo Espírito Santo Saúde e é
apontado como um dos candidatos mais fortes à compra do
Novo Banco. Delegado à Conferência Política Consultiva do
Povo Chinês, o principal órgão
de consulta do Partido Comunista e do governo chineses, Guo
Guangchang ocupa o 25.o lugar
da lista dos mais ricos da China
elaborada pela revista “Forbes”,
com uma fortuna de 4300
milhões de dólares. $PN-VTB
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A Casa Branca informou ontem
que dois reféns ocidentais da AlQaeda, um norte-americano e
um italiano, foram mortos durante uma operação norte-americana antiterrorista na fronteira
entre o Paquistão e o Afeganistão em Janeiro passado. Outros
dois norte-americanos, Adam
Gadahn e Ahmed Farouq, ambos
membros da Al-Qaeda, foram
mortos em operações norte-americanas antiterroristas na mesma zona, indicou ainda a Casa
Branca.
O presidente norte-americano, ainda de acordo com a Casa
Branca, “assume a total respon-
sabilidade por estas operações”.
Os dois reféns em questão eram
Warren Weinstein, um cidadão
norte-americano que foi feito
refém pela rede terrorista em
2011, e o italiano Giovanni Lo
Porto, mantido em cativeiro desde 2012.
As operações com drones para
abater terroristas acontecem
em diversos países em que a presença de organizações terroristas é forte, como é o caso do Afeganistão, do Paquistão, do Iémen
e da Somália. No caso em concreto, a presença terrorista é
bastante significativa na região
fronteiriça entre o Paquistão e
o Afeganistão, um santuário fortemente protegido pelas tribos
locais que se opõem aos governos de Cabul e de Islamabad. As
operações de drones são normalmente autorizadas por Barack
Obama. "3'DPN-VTB
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Durante 2012 um Juiz espanhol colocado num Juízo do Tribunal Criminal
de Tarragona proferiu 107 Sentenças.
No ano de 2012 a média de Sentenças
proferidas pelos Juízes dessa comunidade autónoma foi de 451 Sentenças e a de todo o País foi de 464. Pior:
o mesmo juízo em que este Magistrado foi colocado a 9/11/2011 tinha produzido 396 decisões judiciais no ano
anterior.
I.e., este Juiz, em 2012, causou, por
comparação com 2011, uma redução
de produtividade de 73%. Ou seja, produziu 23,7% da média dos demais Juízes da Comunidade e 23% da média
dos Juízes espanhóis.
Perante tal produtividade, o Conselho Geral do Poder Judicial impôs-lhe
uma sanção disciplinar a 15/10/2013:
um ano de suspensão de funções - com
consequências remuneratórias, obviamente, e de contagem de tempo de
serviço.
1.a conclusão: o poder disciplinar da
magistratura espanhola aplica sanções
disciplinares duras pela falta de produtividade dos magistrados judiciais.
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2.a conclusão: o poder disciplinar da
magistratura espanhola tardou 10
meses para avaliar e sancionar o comportamento relativo ao ano anterior.
Adiante...
Inconformado com a sanção, o magistrado recorreu para a Secção de contencioso administrativo do Supremo
Tribunal. Este, a 26/03/2015, veio a
confirmar a condenação.
3.a conclusão: o Supremo tardou cerca de um ano a encerrar este caso.
Da decisão do Supremo, como difundida na imprensa espanhola a 21 de
Abril último, respiga-se o seguinte: “não
se trata de sancionar o incumprimento dos módulos de trabalho, nem tão
pouco o facto de que não alcançasse o
número médio de Sentenças dos juízos criminais na Catalunha ou em toda
a Espanha”. O que o Supremo censura
“é a constatação de que, em termos
absolutos, ponderadas as circunstâncias do próprio juízo, a actividade desenvolvida pelo Recorrente no labor fundamental como juiz criminal de proferir sentenças (…), resulta manifestamente
insuficiente e escasso, atendendo ao
seu número e características, com a
consequente incidência no atraso da
administração da justiça”.
Tudo o que leva à 4.a conclusão: apesar de num juízo existirem casos muito diversos, é possível fazer uma avaliação eficaz, objectiva e rápida do número e características das decisões que
têm de ser proferidas pelos juízes, avaliação da qual decorre a apreciação do
mérito profissional para efeitos de progressão na carreira, mas também para
os censurar através de sanção disciplinar efectiva quando incumprem os
deveres de produtividade.
Este caso legitima um argumento
que publicamente venho defendendo
há anos: o fundamental para evitar o
estado de calamitoso atraso da justiça portuguesa, é implementar um controlo de work-flow nos tribunais.
A legitimação não é apenas jurídica
e racional. É também prática, de exequibilidade e de celeridade, posto que
o poder disciplinar foi lesto, e o poder
judicial no recurso também.
Ou seja, é juridicamente sustentável, logicamente defensável e pragmaticamente exequível exigir a quem
desempenha a função de julgar, que
tenha um padrão de produtividade alinhável pela média dos demais Colegas. Idem para a função de fiscalizar
o cumprimento de tais deveres.
A 5.a conclusão a tirar é a de que os
Magistrados não estão isentos dos
deveres que obrigam todos os servidores públicos, de entre os quais o de
devolver à Comunidade a contra prestação devida pelo estipêndio que mensalmente auferem, e, o que mais é, a
contra prestação devida pela dignidade que lhes reconhecemos por exercerem tais funções.
Um dia em que a Lei e a Praxe portuguesas alinhem por estes padrões…
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As propostas económicas do PS,
divulgadas no início desta semana,
são – para lá do seu valor intrínseco
– saudáveis. Primeiro, porque se
apresentam como uma fórmula
alternativa e não de alternância. É
bom que os portugueses possam
escolher entre duas estratégias económicas distintas, promovidas
pelos dois maiores partidos e não
apenas entre um mesmo modelo
económico defendido por um “bloco central” e as propostas mais
radicais das franjas mais extremistas do espectro político. Segundo,
porque depois das generalidades
das instituições internacionais
terem reconhecido que a austeridade falhou os seus objectivos, precisamos de formas inovadoras de
retomar o crescimento económico.
No plano político, não interessa
que escolher entre o PSD e o PS
seja apenas escolher o nome do
novo primeiro-ministro, mantendo
o mesmo modelo económico da
eternum – isso apenas favorece a
emergência de modelos mais ou
menos radicais, que acabarão por
conduzir à syrização da república
portiguesa. Na esfera económica,
depois de uma legislatura de austeridade, é preciso encontrar uma
maneira de acelerar o crescimento
económico, estancar a imigração e
criar emprego e isso não se consegue mantendo as mesmas premissas e obsessões deste governo. Se
há coisa que os portugueses sabem
fazer bem, é enfrentar problemas
complexos com soluções imaginativas e maneiras originais de dar a
volta às coisas. Poucos saberão se
as propostas do PS são exequíveis
ou não, se são um mero wishful
thinking ou uma abordagem efectiva para resolver os problemas que
enfrentamos, ou se mesmo em
caso de vitória dos socialistas serão
implementadas e não remetidas
para uma gaveta. Mas vão no sentido certo – pensar out of the box. E,
só por isso, já merecem ser consideradas.
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Nos últimos anos, Portugal tem registado ganhos significativos em saúde
com indicadores a aproximarem-se da
média europeia, como a esperança de
vida e a redução da mortalidade infantil. No entanto, o contínuo envelhecimento da população lança-nos para um
aumento significativo das doenças crónicas, complicando-se com a diversidade de comorbilidades, com impacto
extremamente negativo na qualidade
de vida das pessoas e das famílias. Se
juntarmos a esta tendência os efeitos
do tabagismo e os factores ambientais,
confrontamo-nos com um aumento
preocupante das doenças respiratórias
crónicas.
Segundo o Relatório do Programa
Nacional para as Doenças Respiratórias da Direção-Geral da Saúde, de
Dezembro de 2014, as doenças respiratórias excluindo o cancro do pulmão são a terceira principal causa de
morte em Portugal e no mundo. Esta
realidade, geradora de custos elevados dos cuidados de saúde, representa para o sistema de saúde um desafio importante do ponto vista da necessidade de modernização dos modelos
de prestação de cuidados.
No âmbito da doença respiratória crónica, muito se tem feito recentemente
e muito há ainda para fazer. Os doentes e os cuidadores movem-se num circuito desactualizado, muito centrado e
dependente dos hospitais de agudos, os
quais nem sempre estão articulados
com os cuidados de saúde primários,
por vezes distantes da comunidade e
da sociedade civil. Este panorama tende a agravar-se com algumas desigualdades na sociedade, nomeadamente
com a iliteracia e potencia-se com as
limitações de meios e de recursos da
saúde em diversas regiões do país.
Este cenário torna premente investir
em Inovação, implementando meios
tecnológicos e sistemas de informação
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DSFTDJNFOUP Os CRD permitem a redução de custos
associados aos múltiplos internamentos relacionados à doença crónica, que
em 2012 atingiram 232 milhões de Euros
e 70.000 pessoas, contribuindo para
uma prestação de cuidados com uma
estrutura de custos mais baixa e sustentável.
O investimento na telemedicina e nos
cuidados domiciliários aplicados à área
das doenças respiratórias apresenta-se
como solução inovadora que beneficia
a tendência global que visa tratar os
doentes estáveis fora do ambiente hospitalar. Este tipo de acompanhamento
inovador através de sistemas de telemonitorização permite o seguimento
clínico atempado, disponibilizando apoio
permanente aos doentes por profissionais de saúde que fazem de elo de ligação com o médico, 24 horas por dia.
Desta forma a telemedicina permite a
redução dos custos em consultas nas
urgências, em internamentos e transporte dos doentes, ou seja, a poupança
dos contribuintes e do Estado.
O sector privado tem assumido um
papel relevante na introdução de novas
tecnologias na Saúde, demonstrando
cada vez mais o compromisso de contribuir para a sustentabilidade a longo
prazo do SNS, agilizando a mudança e
posicionando Portugal numa plataforma competitiva de captura de valor dos
avanços da ciência.
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e comunicação adequados; em Prevenção para a saúde através da educação
para a autonomia do indivíduo na gestão da sua condição; em Reabilitação,
nomeadamente a reabilitação respiratória, como meio de prevenção da exacerbação da doença e aumento da sobrevida; e na criação de modelos de prestação de cuidados de proximidade que
gerem poupança, ganhos em saúde e
aumento da qualidade de vida.
Este investimento requer visão, liderança, decisões e um plano de acção
que integre os maiores activos que Portugal tem:
- um Serviço Nacional de Saúde com
reconhecidos padrões de qualidade;
- diversidade de profissionais de saúde experientes;
- uma comunidade estudantil ávida
de saídas profissionais desafiantes e diferenciadas;
- um sector social com tradição na
prestação de cuidados de saúde;
- um sector privado robusto, ágil, disponível para o intercâmbio e partilha
das melhores práticas internacionais,
baseadas na evidência científica e no
custo-efectividade.
A aposta em Cuidados Respiratórios
Domiciliários (CRD) adequados às necessidades do doente respiratório crónico
é um excelente exemplo de inovação e
proximidade que vence distâncias e atenua as dificuldades que decorrem da
limitação de meios técnicos e humanos,
em geral, com particular relevância nas
zonas de maior dispersão geográfica.
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A Cáritas revelou esta semana dados
chocantes sobre o risco de pobreza, que
já chega a praticamente um quarto da
população portuguesa, sendo as crianças agora as principais vítimas da falta
de pão em casa dos pais.
No Jornal 2 de quarta, o presidente da
Cáritas do Porto contou-me como vivem
muitas dessas famílias que eram da
desaparecida classe média, depois entraram no grupo dos endividados, para
mergulharem a seguir no alargado caldeirão dos desesperados. Começam por
ter vergonha de pedir ajuda, tentam ainda encontrar o que falta na família, nos
avós, nas poupanças dos amigos, mas
depois acabam por chegar, de olhos perdidos, à porta de organizações como a
Cáritas onde recebem praticamente de
tudo. As estatísticas indicam que há
muitas famílias que conseguem superar
estes dias e voltam a sorrir, mas por
cada uma que sai chegam duas com
novos problemas. Na conversa, Barros
Marques considerou positivos os sinais
de crescimento do país, mas confessou
que ainda não sentiu essa retoma nos
que lhe pedem apoio todos os dias. Esta
dura estatística da Cáritas chegou no
mesmo dia em que o a Antena 1 fez as
contas, com base nos dados do INE, concluindo que os salários dos licenciados,
mestrados e mesmo doutorados caíram
substancialmente desde a chegada da
troika, estando agora abaixo dos 1200
euros, e que há mesmo 80 mil licenciados que depois de três ou quatro anos de
universidade levam para casa menos de
600 euros.
Os partidos começam a apresentar os
caminhos para os próximos quatro
anos, numa altura em que os portugueses deveriam estar também a prepararse para votar e decidir que rumo querem dar à sua vida. O desalento leva
muitos a ficar em casa, deixando para os
outros a decisão daquilo que nos deveria
sempre motivar, o futuro e os sonhos
dos nossos filhos. Esta é a hora de ouvir
as propostas, de fazer as contas e de
escolher, sem medos nem ameaças. A
democracia começa no dia em que livremente podemos votar e decidir quem
nos governa. +PSOBMJTUBEB351$PPSEF
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Quando se olha para o mapa do Mediterrâneo, o mar que une e não o que
separa, surge com naturalidade a questão: porque é que não há desembarques de refugiados em Portugal?
Por duas ordens de razões. Em primeiro lugar, como lembrou o primeiro-ministro marroquino esta semana
durante a cimeira luso-marroquina,
porque Marrocos controla as suas fronteiras e não permite a operação das
redes de tráfico de migrantes. Em
segundo lugar, porque Portugal, dada
a sua pobreza no contexto europeu,
não é o destino de eleição dos imigrantes económicos (muitos) ou exilados
políticos (em crescendo).
Nestas duas ordens de razões encontramos todas os elementos da complexidade do problema da imigração
em direcção à Europa. O fenómeno
não ocorre onde há um Estado organizado e funcional que controla as suas
fronteiras (Marrocos, mas também a
Argélia e, com intermitências, a Tunísia). O destino final dos imigrantes
económicos e dos exilados é função
da riqueza e da capacidade de absorção de mão-de-obra por parte das economias dos países mais ricos e, em
menor grau, da generosidade do respectivo sistema de asilo (daí o maior
número de exilados recebidos por países com sistemas “generosos” de reconhecimento do direito ao asilo: Alemanha, Suécia, Bélgica).
A conjugação destes factores faz com
que Portugal se situe no Conselho
Europeu numa zona neutra de não
protagonismo nesta questão, nem se
alinhando com os países que sofrem
a pressão das vagas de imigrantes (Itália, Malta, Grécia, Bulgária) nem com
os que os acolhem de forma mais generosa (supra) nem com os que, por
razões de política interna (Reino Unido, Holanda, França, mas também a
oposição italiana com um crescimen-
‰"CSJM
0TVJDÐEJPEP0DJEFOUF
insuficiências quando são os estadosmembros que têm sempre recusado
votar a maior ambição dos sucessivos
planos de acção propostos pela Comissão Europeia. O pré-Conselho Europeu que ontem reuniu na REPER italiana em Bruxelas Renzi, Merkel, Hollande e Cameron também não augura
nada de bom para a colegialidade do
processo de decisão na UE.
E será preciso lembrar que em matéria de uso da força ainda vigora a Carta da ONU e que, face ao vazio de poder
na Líbia e na Síria, será preciso obter
um mandato do Conselho de Segurança para destruir em terra e nas águas
territoriais daqueles “estados” as embarcações dos traficantes de seres humanos (à semelhança do que acabou, por
fim, por se fazer na Somália para combater a pirataria).
Aos amantes das belas palavras recomendo a não leitura do comunicado
do Conselho Europeu mas sim a recitação da oração laica escrita por Erri
De Luca para os migrantes: “Mare nostro che non sei nei cieli...”
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to exponencial de uma Lega Nord capitaneada por Matteo Salvini) temem o
populismo dos discursos xenófobos e
anti-imigração.
Mas os factores que têm protegido
Portugal podem mudar. Não há muitos anos Espanha assistiu a vagas de
desembarques nas Canárias provenientes do Senegal, desembarques que
só diminuíram depois de algum desgaste da imagem das Canárias como
destino turístico e de um forte investimento europeu na África ocidental
e que fez melhorar os mecanismos
locais de controlo de fronteiras.
Não ter voz activa nas discussões
europeias também nunca é boa política. A preguiçosa e acéfala política do
“juntamo-nos à maioria” é ainda mais
perigosa numa área em que somos
destinatários potenciais de maiores
fluxos migratórios dada a extensão
das nossas fronteiras marítimas e em
que devemos ajudar os nosso parceiros, com Marrocos à cabeça, a perseverar nos esforços de controlo fronteiriço. Não vale também a pena apontar Bruxelas como a fonte de todas as
0DUHQRVWURFKHQRQVHLQHLFLHOL
O mundo ocidental caracteriza-se por aquilo a
que vulgarmente se chama democracia parlamentar. Por mim estou com Winston Churchill:
“A democracia é a pior forma de governo imaginável, à excepção de todas as outras que foram
experimentadas.” Mas a democracia, para lá de
todos os seus vícios e defeitos, apresenta uma
fragilidade notória: porque se baseia na liberdade e na tolerância, está muito exposta às ameaças exteriores e interiores.
Sistemas políticos contrários ao seu normal funcionamento, é dos livros, procuram debilitar as
democracias criando anticorpos internos. Todas
as ditaduras do século XX tentaram enfraquecer
a moral da democracia ocidental, para mais
facilmente a combaterem. A guerra psicológica
foi uma das armas, mas muitas outras foram
testadas com imenso êxito: foram injectadas
drogas leves e pesadas na juventude, desenvolveram-se campanhas de descredibilização dos
valores ocidentais, e sobretudo, entre muitas
outras estratégias de guerrilha larvar, procurouse desarmar o Ocidente, intelectualmente por
um lado, militarmente por outro. A ideia foi
sempre, aproveitando a permeabilidade do sistema, destruí-lo por dentro. Desvalorizando o que
de essencial possui a democracia, e sublinhando
ad nauseam o que outros sistemas ostentam.
Muitos ditadores são elevados à categoria de
heróis, e alguns governos que se baseiam na tortura, na corrupção, na maior desigualdade
social, são poupados a qualquer tipo de críticas,
com base nas chamadas “diferenças culturais e
civilizacionais”. Não surpreende depois que apareçam partidos e movimentos xenófobos e fascizantes no interior do Ocidente.
A democracia tem vícios e fomenta alguns de
forma dramática. Mas os democratas, aqueles
que acreditam verdadeiramente que “a democracia é a pior forma de governo imaginável, à
excepção de todas as outras que foram experimentadas”, têm de compreender que não é proclamando que todos os políticos são corruptos,
que todo o sistema está contaminado, que nada
se salva no actual estado de coisas, que conseguem regenerar a democracia e preservar o
essencial. Claro que os maus governantes,
sobretudo os corruptos, mas também os incompetentes, têm de ser punidos de uma forma ou
de outra. Mas há que acreditar que se pode
melhorar o que está mal e o que ainda não está
bem. Senão leia “Submissão”, de Michel
Houellebecq. Eu, que nunca simpatizei muito
com o homem, a quem sempre reconheci, todavia, uma escrita límpida e fascinante, não me
canso de citar esta inquietante “submissão”.
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Não se trata de um programa, como ficou
dito. Trata-se de uma proposta subscrita por um grupo de economistas que pode
ou não vincular o programa do Partido
Socialista. Entendamo-nos, portanto.
Os 12 magníficos reuniram-se, pensaram em conjunto, reflectiram sobre o
país e o seu futuro e alvitraram soluções.
O Dr. Costa pedia-lhes um outro caminho, diferente do do actual governo, farto como estava de se fingir de morto e
de desconversar quando lhe pediam
alternativas, cansado como estava de
procurar dentro do seu partido quem
as sugerisse.
Aliás, era difícil a tarefa e não parecia
promissora. Dois documentos anteriores, a “Agenda para a Década” e as “55
Propostas”, passaram perante a indiferença geral e o Dr. Costa precisava urgentemente de alguma coisa que aproximasse o povo do Rato e o Rato do povo.
Terá pensado que à terceira era de vez.
No rescaldo do caldo entornado grego
e perante o novo texto, “Eureka”, exclamou o Dr. Costa dentro da banheira,
“Achei”, espantou-se o Dr. Costa de lamparina na mão. No Dr. Costa convergiam
Arquimedes e Diógenes.
É certo que o pensamento reduzido a
escrito, depois de meses e meses, provinha de uma elite académica, de metropolitas, de iluminados perante a escuridão geral.
Os jornais do dia seguinte não foram
muito pródigos com o acontecimento
em manchetes. O professor Mário Centeno, ao apresentar as propostas, exagerando, porventura, na dose de humildade de quem se dedica ao conhecimento,
foi a tradução do “só sei que nada sei”,
engasgou-se com a enunciação de números capitais, precisou de um ponto (ou
vários).
Diz a esquerda que este conjunto de
conclusões é mais do mesmo em tom
soft. Toda a direita destaca o ilusionismo das suas previsões.
riam a baixa do desemprego, impossibilitariam a descida da dívida.
Pois bem, o cenário económico traçado pelos seus sábios é mais optimista
que o do governo e de algumas instituições internacionais.
A economia cresce daqui a dois anos
para os 3,1%, o desemprego baixa para
quase metade (7,4%) e a dívida pública
cairá para 117% já em 2019.
Parece um autêntico milagre das rosas.
Mas afinal parece que o governo tinha
razão na tendência apontada para a evolução da economia.
Isto é, o Dr. Costa, perante a manifesta impossibilidade de traçar um verdadeiro cenário alternativo essencial, faz
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do optimismo solução para conquistar
o povo sofredor e procura, tal como
Hollande, descobrir nichos de mercado
de rendimentos sobrantes aos quais possa aplicar mais impostos.
Perante estes dados restará aos portugueses a interrogação capital: “Será o Dr.
Costa seguro?”
E se a resposta for: “Tão seguro como
o outro”?
Eis a questão.
Qual o verdadeiro programa do Partido Socialista? Um programa Centeno ou
um programa sem tino?
A verdadeira diferença deste programa reside no seu percurso. A estrada das
propostas desta maioria foi desenhada
há muito tempo. Uma estrada sem buracos e sem sobressaltos.
O Dr. Costa prefere ir pelo carreiro com
a ideia de chegar lá mais depressa.
Normalmente a pressa é má conselheira. Este caso, assim o prova.
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Descendo ao texto, descobre-se que o
Dr. Costa foi forçado a aceitar a revisão
de muitas das suas afirmações próximas
passadas.
Os seus apóstolos obrigaram-no a recuar
em todas as suas grandes ideias.
Dizia o Dr. Costa que, quando governo,
iria repor na íntegra os salários dos funcionários públicos.
Afinal a proposta é repor 40% ao ano.
Dizia o Dr. Costa que o salário mínimo
devia aumentar para 522 euros já no
decorrer deste ano.
Sobre isto, silêncio absoluto.
Dizia o Dr. Costa que o tema pensões
era intocável.
Sugere-se agora que baixe a TSU dando mais dinheiro às pessoas no imediato, com a consequência de menores pensões no futuro.
Admite este grupo, agora, que o problema de sustentabilidade da Segurança Social fará com que as pensões sejam
congeladas e plafonadas depois.
Dizia o Dr. Costa que as políticas em
curso arruinavam o país, compromete-
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Até aos 18 anos é possível trabalhar,
abortar, perfilhar uma criança, escolher uma religião, depor de forma válida em tribunal e até ser julgado como
um adulto. Mas, com a aprovação da
nova lei, um jovem de 18 anos não pode
comprar álcool. Com esta alteração,
o governo deixa de fazer diferença
entre o tipo de bebidas, tendo em conta que, até agora, os menores de 18
anos não podiam comprar bebidas
espirituosas mas tinham livre acesso
a vinho e cerveja.
Os 18 anos ganham, assim, mais um item
que engrossa a lista de direitos e deveres
só atingidos com a maioridade. Mais do
que um número ou um aniversário comemorado de forma especial, os 18 marcam
a viragem para a vida adulta. “Tendo em
conta que o comportamento é tão variado de jovem para jovem, teve de se chegar a um limite”, refere Daniel Sampaio,
lembrando que esta é a idade em que, do
ponto de vista psiquiátrico, se considera
que a personalidade está formada. No
entanto, o psiquiatra considera que a maioridade é mais “uma convenção social”
com um “significado simbólico”, do que
fenómeno fisiológico. “Pensar que aos 18
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posso fazer coisas importantes como tirar
a carta ou votar dá-me mais sentido de
responsabilidade. Além disso, coincide
com uma altura de mudança, que pode
vir, por exemplo, com a entrada na universidade”, refere.
Entre os 16 e os 18 anos passam apenas
24 meses. Mas é esse intervalo que marca a diferença entre ter ou não a necessidade de autorização dos pais para uma
série de acções do dia-a-dia. Em modo de
resumo, lembramos que aos 16 é preciso
autorização para casar ou fazer uma tatuagem, coisa que aos 18 já se assume como
responsabilidade própria. “Parece pouco
tempo”, salienta, “mas aos 16 estamos em
plena adolescência e aos 18 já estamos a
entrar na vida adulta”. Fazendo uma análise superficial ao comportamento das
últimas gerações, Daniel Sampaio não
duvida na hora de dizer que os 18 anos
de agora não são os mesmos dos vividos
pelos nossos pais ou avós. “Há muito menos
maturidade, sobretudo nos países da Europa do Sul, em que os pais são demasiado
protectores.” Apesar das diferenças, o psiquiatra acredita que o número se vai manter. “Os 18 são um dado já muito consagrado pelo uso, não é coisa que se mude
facilmente.”
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Acabou a imperial para quem ainda não
tem 18 anos ou a sangria nos jantares de
aniversário (pois, é, leva gasosa e fruta
mas também vinho). Vai acabar de vez o
cigarro à mesa do restaurante ou na pista de dança. Mas também à frente da slot
machine ou na mesa do bingo.
O governo aprovou ontem alterações
nas leis do tabaco e do álcool que há muito estavam em cima da mesa mas que
nunca foram consensuais dentro do próprio executivo. Venceu o argumento da
saúde pública e os menores deixam de
poder adquirir e consumir bebidas alcoólicas. Já o fumo vai ser proibido em espaços fechados, mas não totalmente. A partir de 2020, vai ser possível continuar a
fumar dentro de portas mas apenas em
aquários de fumadores.
‰"CSJM
Para já, o certo é que a proibição do
acesso a álcool por parte de menores
deverá ser a primeira mudança a entrar
em vigor. Como se trata de uma alteração ao decreto-lei de 2013 que proibiu
menores de 18 anos de adquirir bebidas brancas, o diploma ontem aprovado vai ser enviado para o Presidente da
República, que tem 45 dias para fazer
a promulgação.
Com a luz verde de Cavaco, os dias de
liberdade no consumo de cerveja e vinho
após o 16º aniversário podem terminar
ainda este mês, pelo que o próximo fimde-semana poderá ser o último de carta
branca. Em muitos países europeus a
idade mínima para consumo de álcool
já são os 18 anos e, em alguns casos, estão
previstas multas. Em Portugal, a nova
legislação vai punir apenas quem venda
álcool a menores. Mas os pais de jovens
que sejam apanhados serão notificados,
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o que de acordo com a lei de 2013 só
acontecia em situações de intoxicação.
Já às alterações no tabaco terão de ser
aprovadas no parlamento, o que pode
demorar um pouco mais tempo. A medida mais emblemática é a interdição do
fumo em espaços fechados, mas está em
causa a transposição de um directiva
comunitária com um conjunto de medidas que visam reforçar as advertências
sobre os perigos do tabagismo. Os maços
passam a ter imagens dissuasoras de
órgãos tolhidos pelos químicos dos cigarros como já acontece no estrangeiro e
deixa de ser possível haver menções como
“light” ou “slim”, consideradas enganadoras uma vez que não há indícios de
que estes produtos sejam menos nocivos para a saúde. E os cigarros electrónicos passam também a ser regulados.
A proibição de fumo em espaços fechados será gradual. Até 31 de Dezembro
de 2020 todos os estabelecimentos que
desde 2007 fizeram obras de adaptação
para terem zonas de fumadores ou que
são na totalidade para fumadores poderão manter-se como estão. Mas já não
será possível abrir um restaurante para
fumadores ou uma discoteca onde se
possa fumar. A partir de 2020, o fumo
continuará a ser permitido dentro de
portas mas apenas em compartimentos separados e compartimentados,
como hoje já acontece por exemplo em
alguns aeroportos.
Só estabelecimentos com determinadas dimensões poderão erguer estes aquários para fumadores, tudo regras que
terão de ser aprovadas pelos ministérios
da economia, do ambiente da saúde. Nestes aquários só poderão haver mesmo
cinzeiros e, quando muito, mobiliário de
apoio. Não poderão possuir qualquer serviço de base ou restauração, esclareceu
ontem o ministério da saúde.
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Lisboa é por esta altura a cidade mais
iluminada do país. E não por causa da
luz especial da capital. O encontro de
empreendedores e investidores na FIL,
integrado no Festival IN, promete transformar aquele espaço num autêntico
laboratório de ideias, uma espécie de
tubo de ensaio para futuros negócios.
Inovação e tecnologia são as palavraschave deste curso intensivo que pretende ajudar os empreendedores a levar a
sua ideia de negócio a bom porto.
Se tem espírito empreendedor e uma
ideia que pode vir a ser rentável, mas
não sabe como desenvolvê-la, o programa Start IN, que está a decorrer até
amanhã na FIL, pode ajudá-lo a arrancar essa ideia da cabeça para o papel,
através da criação de um plano de negócios, e do papel para o mercado.
Em Portugal, muito por força das circunstâncias da crise económica, os portugueses têm sido obrigados a “arranjar alternativas” ao desemprego, como
nos explica José Soares, especialista em
inovação e tecnologia e um dos mentores desta iniciativa. Mas o empreendedorismo é como um “estado de espíri-
to” e, por isso, muito susceptível a riscos. Eliminá-los é precisamente o objectivo do programa Start IN, dividido em
três módulos com uma sequência lógica. O empreendedor escolhe se quer
participar nos três ou apenas num.
Se já tem uma ideia mas ainda não
executou o plano de negócios, deverá
começar pelo primeiro módulo, no qual
os participantes desenvolvem o conceito inicial: “Ideias há muitas e a primeira não é a melhor de certeza.” Nesta
fase pretende-se descobrir qual é a
melhor, aproveitando os visitantes do
festival – potenciais clientes – para testar um primeiro protótipo. Através das
reacções dos possíveis clientes, os
empreendedores vão perceber se estão
no caminho certo ou se precisam de
ajustar as ambições à realidade. Depois
desse exercício, devem procurar o melhor
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“comprimido para minimizar a dor do
cliente ou então que cure a doença”,
percebendo qual será o produto/serviço mais viável.
A etapa intermédia é considerada a
mais importante de todo o processo.
José Soares explica porquê: “O que geralmente acontece é que os empreendedores apaixonam-se pela ideia e pela
tecnologia em que estão a apostar, uma
app por exemplo, mas não colocam as
questões primordiais: terei clientes?
Quais são as dores mais fortes do meu
cliente, nas quais devo apostar numa
primeira fase? São perguntas que os
participantes devem fazer”.
Na eventualidade de já estar numa
fase mais avançada, ou seja com um
modelo de negócio elaborado, ser-lheá mais conveniente participar apenas
no terceiro módulo, onde o produto ou
serviço e o respectivo modelo serão testados no Festival IN. Aqui, o empreendedor define a forma como fazer chegar o produto ou o serviço ao cliente,
através de campanhas publicitárias e
processos de fidelização, definindo custos e receitas e procurando parcerias.
Por fim, os empreendedores estão prontos para apresentar o negócio aos investidores.
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Vasco Lourenço não
vai estar amanhã nas
comemorações oficiais
do 25 de Abril na
Assembleia da República, à semelhança do que
tem acontecido nos últimos anos. O homem
que era para ter sido o
comandante operacional do 25 de Abril está
agora envolvido numa
nova batalha: a candidatura a Belém de Sampaio da Nóvoa
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Vasco Lourenço foi o primeiro a anunciar publicamente o seu apoio à candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa.
Pensa que Nóvoa pode inspirar novas
alianças, fora do “centrão”. Se o capitão
de Abril acredita que o PS vai apoiar Nóvoa
nas presidenciais, ele próprio ainda não
está convencido a votar PS nas legislativas. Simpatizante desde sempre do Partido Socialista, o coronel acha que Costa
“defraudou as expectativas” e que tem de
“romper com quem o cerca e está ligado
à corrupção”. “Ou o PS é capaz, tem a
coragem, a força e a lucidez para perceber que tem de ser diferente daquilo que
tem sido até agora ou já ninguém acredita nele!”, diz. Uma entrevista que começa com o 25 de Abril, como não podia deixar de ser. Afinal o maior desgosto da
vida de Vasco Lourenço foi ter sido enviado compulsivamente para os Açores. Era
ele, e não Otelo Saraiva de Carvalho, o
homem que estava destacado para comandante operacional do golpe.
O coronel Vasco Lourenço não estava
em Lisboa no 25 de Abril, estava em
Ponta Delgada. Era para ser o comandante operacional do 25 de Abril, mas
como o mandaram para os Açores acabou por ser Otelo a comandar as operações...
Fui enviado compulsivamente para os
Açores. Recebi ordem para ir no dia 9
de Março. Acontece que o movimento
decidiu “raptar-me” a mim e a mais dois
transferidos nas mesmas circunstâncias.
Estivemos raptados quase esse dia todo,
mas entregaram-nos no fim do dia no
quartel-general.
Raptados como?
Chamou-se rapto para nós nos podermos defender e podermos dizer “nós até
queríamos ir, o movimento é que não
nos deixou”. Isso foi simulado e nós passámos a usar esse argumento. “Eu até
queria cumprir as ordens que recebi e
decidi embarcar, mas o movimento não
me deixou.”
Já estava assumida perante a hierarquia militar a existência do movimento dos capitães…
Já tínhamos assumido há muito tempo
que existia o movimento dos capitães,
perante a estrutura militar e política,
que andava a lutar pela recuperação do
prestígio das Forças Armadas. Não era
nada político. O movimento surge na
sequência do decreto. Há reacções várias.
Aqui em Portugal foram tomadas atitudes individuais, na Guiné foram os primeiros a fazer um documento colectivo,
um abaixo-assinado com 51 ou 52 assinaturas. No dia 9 de Setembro de 1973,
na reunião que fizemos em Alcáçovas,
fizemos também um documento que
enviámos a várias entidades, Presidente da República, presidente do Conselho
de Ministros, ministro da Defesa… Começámos a recolher assinaturas de apoio
aqui e nas colónias e fazíamo-las chegar
às mesmas entidades. Fui chateado várias
vezes, chamado ao quartel-general mais
de uma vez, chamado ao secretário de
Estado do Exército uma vez. Nós assumíamos sempre que andávamos a reunir porque estávamos a lutar pela recuperação do prestígio das Forças Armadas junto da população portuguesa.
Política? Qual política? Nessa altura, em
reclamar, não vou aceitar.” E o comandante disse-me: “Pois, mas o embarque
é amanhã.” “O quê? Amanhã não vou.”
E ele fica aflito. Nós temos uma regra
nos militares que quando um superior
dá uma ordem a um inferior, se ele não
a cumprir é obrigado a usar todos os
meios que estiverem ao seu alcance, mesmo coercivos, para o obrigar a cumprir
a ordem. E o comandante disse-me: “Eu
tenho que te obrigar a cumprir a ordem.
Vais para casa e amanhã vens buscar a
guia de marcha e o bilhete de avião.” E
eu disse: “Então eu vou.” Ele olhou para
mim: “Mas vais mesmo?” Eu olhei para
ele e disse: “Não faça perguntas estúpidas para não ouvir respostas que não
quer ouvir. A minha posição formal,
perante si, é que eu vou e amanhã venho
aqui buscar o bilhete de avião.” No dia
seguinte fui raptado e não o fui buscar.
Mas como é que convenceu a instituição militar de um rapto?
Eles não ficaram convencidos! Eu tinha um
processo que estava a
correr para me expulsarem do Exército. E
acontece aquilo que talvez seja o que mais me
custou ao longo da vida.
A minha ida para Ponta Delgada retira-me
das funções que tenho
no movimento. Eu era
o responsável operacional. Se eu não tivesse
ido para os Açores quem
comandaria as operações seria eu e não Otelo. O Otelo substituiume. Eu costumo dizer que com Otelo correu muito bem, comigo não se sabe como
é que teria corrido. Se teria corrido tão
bem, pior ou melhor.
Mas é uma mágoa que tem…
É talvez o maior desgosto que tenho na
vida. Costumo dizer que não perdoo isso
aos fascistas. Essa não perdoo, o não ter
estado aqui. E depois como não aconteceu aquilo que nós prevíamos que fosse
possível, que era o Marcelo conseguir
fugir para Ponta Delgada para lá pedir
apoio aos americanos para intervirem…
Era um plano que nós sabíamos que o
Salazar tinha e admitíamos que o Marcelo também tivesse. Se isso tivesse acontecido, também me teria dado gozo receber o Marcelo no aeroporto e prendê-lo
à chegada. Estava tudo previsto para isso.
Mas não aconteceu [risos].
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Março de 74, isso estava mais que assumido.
Mas porque é que o mandaram para
os Açores?
Eu sou chamado ao comandante da minha
unidade no dia 9 – por acaso estava a
treinar tiro de pistola lá numa carreira
de tiro dentro do quartel para concorrer
aos campeonatos militares de tiro de pistola. Chegou lá um soldado e disse: “Meu
capitão, o senhor comandante pede para
ir falar com ele.” Eu chego lá e o comandante, um bocado aflito, estende-me um
papel. Eu pego no papel e era uma mensagem que tinha vindo pela rádio – naquela altura não havia emails – que dizia:
“Capitão Vasco Correia Lourenço é transferido por razões de serviço para o quartel-general de Ponta Delgada.” Eu perguntei: “Razões de serviço, mas quais?
Isto não se faz assim. Eu vou reagir, vou
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te apoio à candidatura presidencial de
Sampaio da Nóvoa. Acha que Sampaio
da Nóvoa é um homem que pode fazer
a ruptura de que falou no seu discurso
no Congresso da Cidadania em Março?
Não tenho a ideia de que uma pessoa,
por mais importante que seja o cargo
que desempenhe, tenha a possibilidade
de fazer isso sozinha. O que eu penso é
que o Sampaio da Nóvoa, como Presidente da República, poderá contribuir
de forma decisiva para que se acabe com
aquilo que tem sido o pantanal em que
nós estamos submersos há bastante tempo. E de que forma? Influenciando as forças políticas de forma a encontrarem
novas saídas, novas soluções, novas alianças. Não o fazendo directamente, mas se
Sampaio da Nóvoa vier a ser apoiado –
o que se está a tentar que venha a ser –
por diversas forças do centro-esquerda
e da esquerda será mais fácil depois essas
forças chegarem a entendimentos para
novas alianças. E novas alianças não quer
dizer coligações. Pode haver alianças
parlamentares, alianças pontuais em
muitas coisas. Nós temos é de ser capazes, porque senão não saímos da pescadinha de rabo na boca, de romper com
o que se tem passado nestes 40 anos,
com os tabus destes 40 anos. Primeiro,
o tabu de que é impossível fazer alianças à esquerda do PS, porque o PS não
quer e essas forças também não querem.
A primeira experiência que resultou de
forma muito boa foi aqui na Câmara de
Lisboa, a frente à volta da eleição de Jorge Sampaio. Participei nela de forma
muito activa, não posso dizer que fui o
pai da criança, mas fui em certa medida um dos padrinhos. Tinha sido contactado pelo PCP para me candidatar à
Câmara de Lisboa e disse-lhes que não,
que não me passava isso pela cabeça.
Defendi que se encontrasse uma solução de coligação à esquerda para ganhar
a Câmara de Lisboa, mas cheguei a dizer
que se para que essa coligação seja possível tiver de ser eu a dar a cara admito
essa hipótese. Entretanto surgiu a hipótese Jorge Sampaio e eu de imediato contactei o PCP e disse: “Aqui está a solução.” E fez-se a coligação, eu participei
activamente e resultou.
E o PS mais dia menos dia vai apoiar a
candidatura de Sampaio da Nóvoa…
A minha convicção é que Sampaio da
Nóvoa vai ser apoiado pelo PS. O que eu
penso é que ou o PS é capaz – eu sei que
eles não gostam muito que se fale sobre
eles – mas ou o PS é capaz, tem a
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coragem, a força e a lucidez para perceber que tem de ser diferente daquilo que
tem sido até agora, ou já ninguém acredita nele! Não é com propostas de intenções que eles vão convencer o eleitorado a dar-lhes novamente confiança. E
se continuarem pelo caminho em que
alguns estão a querer ir vão claramente ter um resultado semelhante ao que
tiveram nas europeias.
Mas está a falar de que caminho?
De se fecharem entre eles! Quando fizeram as primárias para escolha do candidato a primeiro-ministro aquilo resultou e de uma forma extraordinária. Se
agora acharem que tem de ser, como eu
já ouvi alguém dizer, que se não for apoiado um candidato militante do PS significa que os outros 80 mil militantes do
PS não têm condições para ser Presidente da República… Mas de facto não
têm! Não têm mesmo, na minha opinião! Mas porque é que um militante do
PS não tem condições para ser candidato? Eles têm lá muita gente que daria
bons presidentes. Mas isso não chega.
Neste momento, para os socialistas serem
diferentes e ganharem a confiança do
eleitorado de que podem ser diferentes,
têm de dar sinais concretos. Na minha
opinião, uma hipótese de dar um sinal
concreto é terem a coragem e o bom
senso de apoiar para a Presidência da
República um candidato que não saia
da tribo deles! Têm de ser capazes disso. Se não forem capazes, pergunto-me:
mas porque é que eu vou votar no PS?
Eles só funcionam em circuito fechado!
E eu vou votar no PS para eles fazerem
o mesmo que têm feito até aqui? O PS é
o partido com o qual eu me tenho identificado permanentemente ao longo destes anos, portanto estou à vontade para
dizer isto. O PS é um dos grandes responsáveis pelo estado a que chegámos!
Existem máfias de defesa dos interesses
dos grupos pequenos e a corrupção desbragada que esteve na origem desta crise. Eu já disse que mesmo se António
Costa conseguir a maioria absoluta teria
de romper com quem o cerca e está comprometido com a corrupção. O último
governo do PS esteve muito ligado à corrupção!
Temos o primeiro-ministro desse
governo preso.
O primeiro-ministro está preso! Eu não
me manifesto sobre isso, tenho a minha
opinião, mas não me manifesto. A única coisa que eu posso criticar é a forma
‰"CSJM
quer mediática quer pouco transparente como o processo tem sido conduzido.
Se ele for responsável, acho muito bem
que seja responsabilizado. Mas quanto
ao PS depois aparecem pessoas a dizer
“esta não é a minha esquerda”. Mas quem
diz estas frases é de esquerda? Eu não
tinha dado por isso! O que é a esquerda
dele? É que a esquerda dele também não
é a minha! Esta maneira de fazer política atirando poeira para os olhos dos
cidadãos é uma coisa com a qual eu não
concordo. Eu vejo o Sampaio da Nóvoa
como uma pessoa impoluta, com provas dadas. É honesto, sério e com dignidade, que é uma coisa que infelizmente hoje em dia tem vindo a rarear cada
vez mais na sociedade portuguesa. Acredito que Sampaio da Nóvoa seja capaz
de obter apoios diversos. As candidaturas presidenciais não são de partidos,
são de grupos de cidadãos, mas acredito que Sampaio da Nóvoa seja capaz de
obter apoios diversos que o levem à Presidência da República e ajudem a criar
o ambiente para que se rompa com o
centrão, o chamado arco da governação! É preciso encontrar outras fórmulas ou daqui a dois anos estamos todos
à bofetada. E quem diz à bofetada diz
aos tiros! E é isso que eu gostaria de evitar, que eu gostaria que não viesse a
acontecer, que não viesse a haver a tal
ruptura violenta. Ou somos capazes de
fazer uma ruptura democrática, usando os métodos democráticos para encontrar novas soluções, ou, apesar de o
homem do BPI [Fernando Ulrich] dizer
que o povo aguenta, aguenta, aguenta
até certo ponto. A história de Portugal
mostra-nos que o povo português tem
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uma grande capacidade de encaixe, mas
quando rebenta rebenta a sério. E é tão
violento como os nossos vizinhos espanhóis ou mais. Não nos fiemos na Senhora de Fátima! Eu estou a apostar a sério
na candidatura de Sampaio da Nóvoa e
estou convencido que ele vai obter apoios
de forças que percebam o que está em
jogo.
Acha que além do PS, onde o apoio,
apesar de polémico, vai acabar por
acontecer, é possível que exista o
apoio do PCP e do Bloco de Esquerda?
Penso que Sampaio da Nóvoa vai ter o
apoio do PCP. Estou absolutamente convencido.
Mas o PCP apresenta sempre um candidato próprio…
E provavelmente apresentará. O PCP
tem as suas características próprias. Mas
também já mostrou que é um partido
que face a problemas graves sabe distinguir o que é essencial. Nem sempre
o fez, mas já mostrou que é capaz de o
fazer. E já houve situações em que o
Cunhal mandou tapar a fotografia do
Soares mas pôr a cruzinha no sítio certo [segunda volta das presidenciais de
1986].
Mas acha que o PCP pode apoiar Sampaio da Nóvoa numa primeira volta?
Admito que, se houver necessidade, se
houver sinais de que Sampaio da Nóvoa
pode ganhar à primeira volta, admito
que o PCP tenha a lucidez de fazer desistir o candidato que apoia e apelar ao
voto em Sampaio da Nóvoa. Esta é a
minha convicção tendo em conta o que
conheço da forma de funcionar do PCP,
que nos habituou, ao longo destes anos,
a distinguir o acessório do essencial.
E quanto ao Bloco de Esquerda?
Aquilo é um “saco de gatos”, não é tão
homogéneo. Provavelmente haverá facções do Bloco de Esquerda que irão apoiar
o Sampaio da Nóvoa… Vejo mais dificuldade em o Bloco de Esquerda ter uma
posição uniforme de apoio a um candidato, seja ele qual for, que o PCP. Mas
também depende dos candidatos que
estiverem no terreno.
Carvalho da Silva nunca será apoiado
pelo PCP, mas já pode ser pelo Bloco…
Não por todo o Bloco, mas uma parte do
Bloco poderá apoiar Carvalho da Silva.
Tudo vai depender de haver capacidade dos candidatos ditos de esquerda de
perceberem também, eles próprios, que
devem pôr de lado as suas vaidades pessoais, o marcar terreno, o ganhar 10%,
15% de votos para irem até ao fim, ou
vão ter capacidade de perceber que há
um único candidato que tem condições
para vencer, que é o Sampaio da Nóvoa,
e desistirem a favor do Sampaio da Nóvoa.
Essa é outra questão que se vai levantar quando forem as presidenciais. Isto
é: vai haver uma feira de vaidades ou
não? Eu estou à vontade, porque tenho
pelos três candidatos – Henrique Neto,
Paulo Morais e Carvalho da Silva – muita consideração e boas relações com
todos. E qualquer deles se passar à segunda volta terá o meu apoio. Agora não
vejo é que nenhuma dessas três candidaturas tenha condições para ser vencedora, que tenham capacidade de concitar os apoios necessários para passar
à segunda volta.
Mas pensa que perante o que pode ser
uma vantagem de Sampaio da Nóvoa
na primeira volta eles deviam desistir
mesmo antes da primeira volta?
Se esse cenário se verificar a certa altura, como eu penso que o PCP pode decidir de forma lúcida fazer desistir o seu
candidato e apoiar Sampaio da Nóvoa
na primeira volta, também penso que
os outros candidatos deviam fazê-lo. Se
isso se verificar. Agora sabe-se lá se, com
o desenvolvimento da campanha, em
vez de ser Sampaio da Nóvoa que tem
vantagem é um dos outros três que pode
ter a vitória... Também não tenho dúvidas em afirmar o seguinte: se isso se
verificar eu também defenderia que o
Sampaio da Nóvoa devia desistir a favor
de um deles. Mas não acredito que isso
aconteça. Penso que Sampaio da Nóvoa
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é o que reúne melhores condições para
vencer.
Mas há quem diga que Sampaio da
Nóvoa tem pouca experiência política…
Por um lado apontam a Sampaio da
Nóvoa como pecado maior não ter um
passado político-partidário. Eu acho que
uma das grandes virtudes que ele apresenta para as próximas eleições é não
ter esse comprometimento político. Por
outro lado, dizem que é um ilustre desconhecido e que ninguém sabe o que
ele pensa. Dêem-lhe tempo que ele vai
dizer o que pensa! Ninguém sabe o que
pensa? As atitudes que tem mostrado e
a vida que tem levado até agora são
garantias de que está no lado certo.
Sendo um independente da área do
PS, o que está a pensar da liderança de
António Costa?
Costa está a defraudar as expectativas
que criou. E de que maneira! Não sei
porquê, francamente. Cheguei a dizer
que acreditava que se Costa se afirmasse como homem de Estado podia ser a
pessoa de que o país precisava. Queria
acreditar que podia ser, era necessário
que pudesse ser. Hoje acho que ele tem
de mostrar mais alguma coisa do que
tem mostrado até agora como secretário-geral para me convencer que vai ser.
Para o convencer a votar nele?
Sim, para me convencer a votar nele.
Tem de tomar algumas atitudes, nomeadamente quanto ao Memorando de entendimento. Não sei, não sei como é que
eles lá vão. Na minha opinião eles estão
a fechar-se. Estão mais preocupados
com a ocupação de terreno para a disputa dos lugares dos deputados que propriamente a discutir um candidato, e
daí os ataques ao Sampaio da Nóvoa. O
PS tinha de facto um candidato natural
que, se avançasse, secava tudo à volta
dele. O Guterres se avançasse seria consensual dentro do PS e impediria que
fora do PS surgisse um candidato com
condições para vencer. Ao dizer isto, não
estou a dizer que Guterres pudesse ser
o Presidente da República de que nós
precisamos. Pelo contrário. Precisamos
de um Presidente da República que não
venha a ser presidente de outro partido qualquer. Estamos a acabar o segundo mandato de um Presidente que tem
sido uma lástima, um desastre, é presidente de uma facção, acabou com aqui-
lo que Eanes, Soares e Sampaio protagonizaram. Uma vez eleitos foram presidentes de todos os portugueses. Não
podemos agora correr o risco de ter um
presidente que seja o presidente de outro
partido qualquer. Agora é do PSD, a
seguir é do PS. Não pode ser! Temos de
ter um Presidente que seja capaz de ser
o Presidente de todos os portugueses.
No seu discurso no Congresso da
Cidadania disse que Portugal precisava de um Presidente que fosse capaz
de demitir um governo que não cumprisse as promessas. Acha que Sampaio da Nóvoa seria capaz de fazer
isso?
Não tenho a certeza. Admito que sim.
Penso que Sampaio da Nóvoa é mais
determinado que o Sampaio – o Jorge.
E Jorge Sampaio demitiu Santana Lopes
por muito menos do que este primeiro-ministro já fez. As instituições não estão
a funcionar. Apesar de eu não ver o Sampaio da Nóvoa tão decidido como pessoalmente gostaria que ele fosse, estou
convicto que perante situações como a
que estamos a viver o Sampaio da Nóvoa
já teria actuado, já teria demitido o governo e já teria provocado eleições.
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O 25 de Abril deu ao país a liberdade. E
com a Revolução vieram também os
heróis. Alguns, fruto do acaso. Outros,
forjados no calor do momento, porque
tomaram a decisão acertada. Têm um
rosto, um nome e uma história. Quase
todos. Quase, porque ainda hoje, 41 anos
depois do golpe dos capitães que derrotou uma das mais longas ditaduras da
Europa, há heróis sem nome e sem rosto. Mas com uma história para contar.
Não foi um erro de cálculo que levou
Marcello Caetano a refugiar-se no Quartel do Carmo, ainda madrugada, quando os capitães já controlavam pontos
estratégicos de Lisboa e do Porto. O chefe do governo quis jogar com a imprevisibilidade. Precisamente 40 dias antes,
foi para Monsanto que correu em busca de protecção quando, a partir das Caldas da Rainha, os militares ensaiaram
um “levantamento” que acabaria frustrado às portas da capital. Agora era preciso agir de outra forma, e o próprio director da Direcção-Geral de Segurança (a
PIDE, rebaptizada) tinha chegado com
as garantias necessárias: “A Guarda Republicana está fixe”, assegurou Silva Pais.
Foi dito desta forma, ipsis verbis. Ficou
gravado nas escutas às comunicações.
+(5°,66(0120( Os heróis improváveis nasceram desta casualidade. É que,
quando Marcello Caetano chega ao Comando-Geral da GNR, no Quartel do Carmo,
havia trabalho a fazer. Todas as ligações
ao Largo do Carmo deviam ser protegidas de imediato. “A Guarda fez a segurança interior, mas não fez a exterior.”
Nuno Andrade chamou-lhe uma “passividade activa” no seu livro “Para além
do Portão”. O tenente-coronel da GNR –
que estudou a fundo os acontecimentos
daquele dia, pelo olhar de quem estava
no lado de dentro do quartel – chama a
atenção para uma omissão importante.
“A guarda tinha forçosamente de bloquear os acessos ao Quartel do Carmo.
Não o fazer significa que não cumpriu o
planeamento. E se isso aconteceu foi porque alguma ordem houve para que isso
fosse feito nesses termos. Garantidamente, Salgueiro Maia não chegava cá com
facilidade.”
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A coluna que o capitão de Abril conduziu do Terreiro do Paço chegou às
portas do quartel sem quaisquer dificuldades. O caminho estava livre, e
isso só aconteceu porque algum elemento da GNR tomou a decisão consciente de não levantar a defesa do quartel – e do governo, que já se resguardava em peso entre os muros do edifício
– como previam os planos de acção.
Quem falhou o protocolo de segurança? Nuno Andrade investiga há dez
anos o 25 de Abril do lado dos que saíram derrotados da história, mas ainda não chegou a um nome.
Aquele “esquecimento” foi apenas o
primeiro de dois actos heróicos e incógnitos, ao longo do dia. O segundo ocorreu sob enorme tensão.
Dentro do quartel estavam, além de
Marcello Caetano e de vários elementos
do governo, as famílias de muitos dos
oficiais da GNR. Quando tiveram consciência de que estavam cercados, o medo
instalou-se. Para o bem e para o mal,
para o resto do país eram eles a força
que estava a proteger da capitulação um
regime condenado. As mulheres correram a esconder-se. Temiam uma inva-
são anárquica do edifício. Acreditavam
que no final do dia poderiam acabar a
ser violadas pelos revoltosos.
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25'(03$5$1 2',63$5$5 Na primeira carga de fogo sobre o edifício, curta,
foi possível manter alguma calma. Mas
à segunda investida foi impossível.
Durante dois minutos e 15 segundos, os
militares estacionados em frente aos
portões do quartel carregaram sobre
os andares superiores. O Largo do Carmo, cheio de populares, estava vazio no
segundo seguinte.
Durante aqueles 135 segundos, houve
gritos no interior do edifício. O ruído dos
enormes projécteis era de tal forma ensurdecedor que os familiares dos oficiais
talvez tenham acreditado por um momento que tinha chegado a hora final. Até o
comandante-geral do quartel chega ao
limite. De uma varanda interior, virada
para a praça do quartel, o general Augusto Pires ordena entre os gritos e silvos
das balas e o cheiro a pólvora que enchia
o lado poente: “Respondam ao fogo.” A
ordem foi dada – Nuno Andrade confirmou-o com dezenas de militares que se
encontravam do lado de lá dos portões
naquele dia. Mas nenhum militar, das
centenas que se encontravam no quartel, respondeu. A cadeia de comando não
funcionou e os capitães, novamente engolidos pelas centenas de lisboetas que
assistiam em directo à Revolução, ficaram sem resposta. Teria havido um banho
de sangue.
Será que os militares da GNR não ouviram o seu comandante? Se ouviram,
terão ficado com dúvidas? Ou alguém
interveio para que, daquele lado, ninguém respondesse às investidas dos capitães? “O coronel Costa Pinto, comandante do batalhão da GNR de Santa Bárbara, vem aqui às três da manhã, reúne
com os oficiais dele – incluindo o comandante da segurança do quartel, que era
quem tinha capacidade para dar as ordens
de acção – e diz-lhes: ‘Aconteça o que
acontecer, ninguém faz fogo.’” Essa
ordem, dada a viva voz quando a Revolução estava já a espalhar-se pela cidade, foi fundamental. Não apenas para
garantir o êxito do golpe, mas também
para que o dia 25 de Abril chegasse ao
fim sem uma gota de sangue derramado no Largo do Carmo, onde o poder
acabou derrubado.
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A Europa tinha dois caminhos a seguir
depois das sucessivas tragédias no Mediterrâneo e da cimeira extraordinária de
ontem à tarde em Bruxelas: fechar-se
como uma fortaleza ou mostrar que é
um continente em que a solidariedade
e a humanidade são princípios fundamentais a defender. Seguiu o primeiro
com a imposição de uma quota de 5 mil
felizardos por ano que podem ganhar o
estatuto de refugiados e viver longe da
guerra e da morte. Cinco mil refugiados
num continente que o ano passado recebeu 150 mil. Sem esquecer que o número dos que querem entrar na Europa por
mar e terra está a aumentar todos os
anos; feitas as contas, a quota agora estabelecida significa que só um em 30 refugiados ficará na Europa. Os outros serão
rapidamente expulsos para os seus países de origem, sejam eles quais forem,
com o Frontex, aparelho europeu responsável pela segurança das fronteiras,
a ser dotado de meios humanos e financeiros para desempenhar rapidamente
a sua tarefa.
Nesta matéria de refugiados, a questão
das quotas divide naturalmente os líderes europeus, que querem ao máximo
empurrar os refugiados para os seus vizi-
nhos. O ano passado, por exemplo, Itália, Malta, Chipre e Espanha, as portas
da Europa, foram os que receberam os
muitos milhares de migrantes. No entanto, quatro estados-membros receberam
quase dois terços de todos os pedidos de
asilo: Alemanha, Suécia, Itália e França
e, destes, a Alemanha foi o principal país
de acolhimento. É por isso que agora, na
discussão sobre quem fica com o quê, os
países que recebem mais refugiados querem ver reduzido esse número em troca do envio de mais forças navais para
o mar Egeu e o mar Mediterrâneo para
controlar a sua chegada à Europa. Foi
isso que disse ontem à tarde David Cameron, primeiro-ministro inglês: Londres
vai disponibilizar navios e helicópteros
para o Mediterrâneo, na condição de os
imigrantes resgatados não terem automaticamente direito a pedir asilo no Reino Unido. Precisando melhor a proposta, Cameron adiantou que, como o país
da Europa com maior orçamento de Defesa, podemos dar um contributo de vulto. “O que vou oferecer é o navio da marinha real HMS Bulwark, e ainda três helicópteros e dois outros navios de
patrulhamento”, disse. Mas como não
há bela sem senão, Cameron acrescentou que a oferta britânica está “naturalmente sujeita a condições”, entre as quais
que os imigrantes resgatados “sejam
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levados para o país seguro mais próximo, que será muito provavelmente Itália”, e não tenham automaticamente
direito a pedir asilo ao Reino Unido.
Além de discutir a quota de refugiados
e a sua distribuição pelos estados-membros da União Europeia, a cimeira decidiu duplicar os financiamentos para 2015
e 2016 das operações de resgate e salvamento de migrantes, mantendo a vigilância numa aérea que vai até às 30 milhas
das costas italiana e maltesa.
Por outro lado, muito embora não se
saiba nem como nem com que forças,
os líderes europeus estão decididos a
atacar os traficantes de seres humanos
e a destruir as suas embarcações nas
praias líbias. Ainda ontem o procurador
de Palermo, que investiga o naufrágio
de domingo, revelou que os migrantes
pagaram entre 700 e 7 mil dólares cada
um pela viagem para a morte e estiveram um mês retidos numa quinta perto de Tripoli antes de embarcarem na
traineira pilotada por um tunisino. Mas
atacar os traficantes e as suas embarcações em território líbio ou de outros
países não será com certeza uma tarefa fácil e implica correr riscos que podem
levar a novas tragédias. Com os líderes
reunidos de emergência, a marinha italiana resgatou ontem mais 220 migrantes no Mediterrâneo e espera-se que nos
próximos meses o fluxo diário aumente com o bom tempo no mar nesta Primavera e no Verão.
Mas para além dos pontos que a cimeira de ontem abordou durante a tarde em
Bruxelas há muitas decisões que a pesada máquina da União Europeia vai pôr
em prática. O presidente do Conselho
Europeu, o polaco Donald Tusk, foi pondo alguma água na fervura. Além de descartar uma posição definitiva para ontem,
Tusk afirmou que um dos temas mais difíceis na agenda é o do “reforço da solidariedade europeia e da responsabilidade
comum”. Por isso mesmo, adiantou, a
cimeira não chegou a nenhuma solução.
“Temos de debater assuntos complicados, como a instalação, o acolhimento e
as políticas de asilo, o sacrifício de interesses nacionais em nome de um bem
comum”, disse, acrescentando que “é uma
questão europeia e não apenas um problema dos países do Sul da Europa.” “Salvar pessoas é a prioridade, mas não passa só por resgatá-las do mar, mas também pelo combate aos contrabandistas e
pela prevenção de fluxos de imigração ilegal”, nomeadamente “desmantelando as
redes de contrabando de pessoas e destruindo os seus modelos de negócio”,
salientou Tusk. Tudo questões que a Europa conhece há muitos anos e pouco fez
para ultrapassar. $PN-VTB
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Quatro anos depois de muitos
mortos e refugiados e da instalação de grupos terroristas no
país, o presidente francês, François Hollande, considerou ontem
que para pôr fim às mortes no
Mediterrâneo é preciso “corrigir os erros do passado” na Líbia,
referindo-se aos ataques internacionais decididos nomeadamente pelo seu antecessor, Nicolas Sarkozy. “Se o mundo ficar
indiferente ao que se passa na
Líbia, mesmo que avancemos
com mais meios, mais vigilância, mais presença no mar, mais
cooperação e mais combate ao
terrorismo, haverá sempre esta
causa terrível que é o facto de
esse país não ser dirigido, não
ser sequer governado, estar no
caos”, disse Hollande à chegada à cimeira europeia extraordinária sobre imigração. “A questão está em saber o que se faz
quando, depois de uma intervenção (realizada) há mais de
três anos e meio, não houve
nenhuma reflexão sobre o que
devia acontecer depois”, acrescentou. Nicolas Sarkozy, antecessor e adversário de Hollande, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tiveram
um papel central no lançamento da intervenção internacional
na Líbia em 2011 que pôs fim ao
regime de Muammar Kadhafi.
1(072'26(5$0,12&(17(6E se
Hollande bate a mão no peito
pelos erros cometidos na Líbia,
o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, escreveu um texto
para o “New York Times”, citado pelo “Observador”, em que
afirma que nem todos os 800
migrantes mortos no domingo
no Mediterrâneo eram inocentes. “Nem todos os passageiros
que estavam a bordo eram famílias inocentes”, escreveu Matteo Renzi. O chefe de governo
italiano lembra que a região do
norte de África é devastada pelo
terrorismo. Matteo Renzi justifica a afirmação com o caso da
Líbia. “Cerca de 90% dos migrantes que chegam a Itália passam
pela Líbia. É um país preso, não
só à instabilidade, como também ao terrorismo internacional. O Estado Islâmico opera lá.”
Por isso, sustenta, a União Europeia deve reunir esforços para
superar esta ameaça, que cria
em África um terreno fértil para
o tráfico humano.
Enquanto os líderes europeus
se desmultiplicam em declarações depois da tragédia de domingo, com Portugal a dizer que a
Europa não se pode transformar numa fortaleza, exactamente o contrário do discutido na
cimeira de ontem, com a limitação fortíssima à entrada de
refugiados, cerca de mil manifestantes protestaram ontem
em Bruxelas contra a resposta
da União Europeia ao drama
dos naufrágios de navios transportando imigrantes ilegais, num
“cortejo fúnebre” convocado por
organizações não-governamentais. No cortejo fúnebre, convocado por ONG como a Amnistia
Internacional (AI), a Médicos do
Mundo e a Associação Europeia
de Defesa dos Direitos Humanos, os manifestantes transportaram em silêncio três caixões
simbolizando as vítimas dos naufrágios. Segundo um comunicado da Amnistia Internacional,
os manifestantes denunciaram
“a resposta vergonhosa da Europa à espiral de mortes no Mediterrâneo”. "3'DPN-VTB
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Visto de fora não é ainda perceptível o que
vai acontecer este fim de semana no CCB.
É preciso entrar para dar conta de que os
Dias da Música estão aí à porta, sob o tema
“Luzes, Câmara... Música!”, onde as partituras farão uma viagem por toda a história do cinema. Logo na recepção, onde
antes estavam sofás e pequenas mesas,
estão agora cabos, microfones, um estrado de palco e um piano. Que ninguém
estranhe, este é só um dos muitos espaços que vira recinto de concerto para receber o público que vem ao festival.
São mais de 1800 pessoas envolvidas
na produção deste evento, entre técnicos, artistas, produtores, departamentos
de comunicação e marketing e, claro está,
afinadores de piano. “As coisas começam
a mudar muitos meses antes. A partir de
Janeiro, a DAE, Direcção de Artes e Espectáculos, começa a pensar em termos físicos, para saber o que é que vai cá aterrar,” contou ao i Pedro Rodrigues, coordenador da equipa de direcção de cena,
no CCB desde 1993.
Na semana decisiva que antecede o início do festival “já não há mais tempo
para reuniões, passamos à prática e isso
‰"CSJM
é muito bom”, afirma.
Esses dias preenchem-se em pouco
tempo e cheios de pressão – e música
que se ouve pelas paredes. Não acredita? Ora leia: num curto passeio pelas
diferentes salas do CCB, os géneros e as
vozes chegam aos ouvidos de quem por
ali vagueia. São os ensaios que começam
nesta semana e que, para Patrícia Costa, também da equipa da DAE e no CCB
há nove anos, são o alerta de que “tudo
está a funcionar”.
Começando pela sala Almada Negreiros, habituada a receber conferências,
palestras e eventos comerciais, encontramos um homem ao piano. É uma
espécie diferente de artista, um dos afinadores contratados, que aplicam a
respectiva mestria nos pianos que nos
vão acompanhar. Neste caso, o instrumento que será utilizado pelo pianista italiano Giovanni Bellucci, com concerto marcado para sábado às 22 horas.
Camisa preta, casaco no piano e dedos
nas teclas, o músico ensaia a Sinfonia
n.o9 de Beethoven, que vai relembrar
a carismática personagem de bengala
e copinho de leite que tinha um encanto especial pela violência. “Aaaah”, disse o caro leitor? Sim, esse mesmo, Alex,
de “Laranja Mecânica” ( 1971) de Stanley Kubric.
Jill Lawson, de dupla nacionalidade
(americana e portuguesa), foi a artista
que se seguiu no nosso percurso pelos
bastidores. Grávida, ao piano, tocava
“para embalar o bebé, a calma terá de
vencer a pressão” nos dois concertos que
tem agendados: “O Violino no Cinema”
às 14 horas, com o violinista Carlos Damas,
e “Debussy e Chopin no Cinema”, a solo,
às 18 horas.
126&255('25(6 Por entre camarins
improvisados e salas de arrumações
empilhadas com material, chegamos à
Sala Luís de Freitas Branco, virada do
avesso para mais um espectáculo. “The
refrão, just the refrão”, ouvimos. Um dos
elementos do grupo Ludovice Ensemble
pede a outro músico que toque só aquela parte. Este grupo especializado em
música antiga, terá dois concertos, o primeiro no sábado, “Bach no Cinema –
Bach goes to the movies” às 22 horas, e
outro no Domingo, “Tous les matins du
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monde”, às 13h. O ensaio decorreu num
clima leve, entre risos e pausas, a pressão de estarem num festival parece ter
ficado do lado de fora da sala.
E ópera no cinema? Também estará
no CCB para ser ouvida. Os agudos da
soprano Alexandra Bernardo impõem-se uns degraus acima na Sala Sophia de
Melo Breyner, corrigidos pela sua professora de canto, Elena Dumitrescu
Nentwig, que a acompanhou com ges-
tos e expressões fortes, dando a certeza
de que no concerto com o pianista Bernardo Marques, “Ópera no Cinema” (amanhã às 18 horas), este género estará também presente.
Mas não é só nas salas de reuniões que
tudo muda. Subindo para o terceiro piso,
que estará restrito para o público, vemos
os gabinetes da administração do CCB.
O trabalho de escritório é interrompido
para dar lugar a salas de ensaio. Em
alguns chegam a estar dois pianos, outros
servem como espaço de descanso, para
quem precisar de relaxar do ambiente
frenético que habitualmente se instala
nestes Dias da Música.
A Orquestra Sinfónica Metropolitana,
que estará no Concerto de Abertura no
Grande Auditório, hoje às 21h30, foi a
última a ensaiar, com um imponente
“Assim Falou Zaratustra”, de Richard
Strauss. No meio do caos improvisado
de afinação de instrumentos, houve ainda tempo para cantar os parabéns – com
direito a palmas com pés – a um dos
membros. Festa é festa, pois claro. Pedro
Amaral, o maestro da OMS, depois da
interrupção, pediu silêncio e pôs ordem
na sala: “Vamos ao início, por favor.”
Assim fizemos.
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A lógica manda que fiquemos nervosos
se está em causa uma conversa com Neil
DeGrasse Tyson. É uma questão de bom
senso: trata-se do mais famoso astrofísico do mundo, um tipo que ainda não
mudou o pensamento científico, que não
fez nenhuma descoberta revolucionária,
mas que sabe tudo sobre o que se passa
entre este planeta que é o nosso e tudo
o resto, que não sabemos bem a quem
pertence. Percebe tanto de lei da gravidade como de matéria negra – e alguém
que sabe tudo isto sobre uma coisa que
ninguém vê merece o nosso respeito. A
conversa aconteceu pelo telefone, com
mais três jornalistas de outros tantos
países europeus. Cada um fazia as suas
perguntas à vez, tudo muito democrático, e do outro lado da linha estava DeGrasse Tyson, tal qual o costumamos ver na
televisão: um génio simpático, um pedagogo cativante, um cientista que nasceu
para comprovar as maravilhas das matemáticas na televisão. Hoje chega a Portugal o seu novo programa, “Star Talk”,
e é a própria da celebridade que dá início à conversa, com a categoria de sempre: “Então, vamos falar de estrelas?”
Falemos pois. A primeira curiosidade
a esclarecer é a mais óbvia: Neil, que programa é este? “É um programa em que
convido pessoas que não pertencem
necessariamente ao circuito científico
para falar de coisas da ciência. Claro que
a conversa depois não se fica por aí, mas
a piada é essa. Porque a ciência faz parte da nossa vida normal, a matemática
faz parte da nossa vida normal, está em
tudo. Falar do dia-a-dia com átomos pelo
meio não tem nada de especial, não deveria ter.” É ele, é DeGrasse Tyson que nos
diz isto. Se duvidávamos que o homem
teria tempo para este telefonema, estamos agora esclarecidos. É que mais ninguém poria a questão desta maneira,
Neil faz questão de guardar boa parte
do seu tempo público para desfazer o
mito do investigador que só pensa nas
fórmulas, raramente nas pessoas. “Foi
por isso que vim aqui parar, porque visitei um dia o Planetário de Nova Iorque
e vi as estrelas num passeio. No meio do
meu dia o universo estava ali à minha
mão. Não podia escapar a isso.”
Não escapou e tornou-se presidente do
mesmo planetário – se é para resolver
os assuntos então que se resolvam em
grande estilo. “‘Star Talk’ é mais ou menos
como um planetário”, conta. “Não se
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vêem as estrelas mas a conversa dá-nos
visões de coisas que nunca experimentámos, pontos de vista diferentes. Não é
um Hubble, não é uma sonda Voyager,
mas faz parte da mesma missão final.”
Como cientista ou como apresentador,
esta coisa da missão está-lhe sempre na
ideia. Quando apresentou a versão actualizada de “Cosmos” não quis ser um novo
Carl Sagan – “como é que poderia alguma vez ser um dos heróis que me fizeram vir aqui parar?”, pergunta. Antes,
procurou dar bom uso ao que de melhor
temos para tornar sedutora a divulgação científica: “A tecnologia faz milagres.
E por fazer milagres temos de ter consciência de que mesmo quem não está à
primeira vista interessado nestes temas,
ou em quaisquer outros, vai querer sempre ver imagens fantásticas, efeitos especiais, vai querer viajar sem sair do lugar.
A ciência faz isso só que às vezes é preciso um empurrão para que tal maravilha se perceba.”
&219(56$6 “Star Talk” vai convidar cele-
bridades para uma espécie de sala de
estar num estúdio de televisão. Um dos
visitantes mais célebres, logo ao segundo episódio, é Christopher Nolan, realizador de “Interstellar”. “O Christopher
é um visionário, que deu às teorias dos
buracos negros e da relatividade um corpo que nunca tínhamos visto”, conta
DeGrasse Tyson. “Claro que há ali fantasia, é um filme, nunca vou esperar ver
uma obra de ficção como espero ver um
documentário. Mas ‘Interstellar’ fez
melhor que muitos documentários.”
Estas conversas, contudo, não terão
como objectivo nenhum trabalho de
evangelização científica. Neil, ainda e
sempre entusiasmado neste telefonema
a cinco, diz-nos que não quer “impor
nenhum tipo de verdade a ninguém”.
Questionado sobre os negacionistas que,
sobretudo nos EUA, o têm contestado
como porta-voz de falsidades, De Grasse Tyson é simples na resposta: “Percebe que cada pessoa acredite no que quiser, que cada um de nós escolha um caminho. O que não me parece correcto é que
tomemos tais escolhas como verdades
universais. É o que não fazemos com o
método científico. Nunca sabemos se o
que pensamos hoje vamos ter por certo
amanhã.” Já agora, um última pergunta: e isso não é uma angústia, caro Neil?
“Nada disso. É um desafio.”
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Editoras, concertos, DJ sets e comes e
bebes. Diferentes agentes da indústria,
sempre com carimbo indie. Se não foi a
tempo de apanhar o Record Store Day –
ou se o apanhou e não foi pouco (nas
gomas como nos discos nunca se compra só um), estas linhas são para si. O
primeiro Mercado da Música Independente passa este fim-de-semana por Lisboa. Onde em particular? No bairro mais
mainstream dos últimos tempos: o Príncipe Real. Sem mais cantigas orelhudas,
vamos já despachar as coordenadas exactas: Picadeiro Real do Antigo Colégio dos
Nobres, integrado no complexo do Museu
de História Natural, na Rua da Escola
Politécnica).
As celebrações começam já hoje, com
a festa que antecipa o fim-de-semana de
todas as comemorações (isso, o 25 de
Abril). Ao vivo, com passaporte português, apresentam-se a guitarra de Tó
Trips e a psych folk dos Beautify Junkyards,
com novidades no bolso. Para mais os
Junkyards tanto fazem versões de Os
Mutantes como de Zeca Afonso, para
ficar descansado quanto à devida evocação da efeméride.
No mesmo dia, há ainda o concerto
do escocês Alasdair Roberts, que tem
álbum lançado em Janeiro deste ano,
homónimo, para mostrar ao mundo.
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Uma escala à beira Tejo, em vésperas
da digressão pelo Reino Unido, do guitarrista folk editado pela norte-americana Drag City, a mesma de nomes como
Bill Callahan, Royal Trux, Joanna Newson
ou Bonnie Prince Billy, e o selo convidado para esta primeira edição do Mercado. A boa nova, e indie mais indie não
há nos dias que correm, é que a entrada para qualquer dos dias, promovidos
pela Junta de Freguesia de Santo António, é livre.
Quanto às editoras presentes, anote as
referências que se seguem. Banzé, Ananana, Chili Con Carne, AmorFúria, Monster Jinx, Traineira, Lux Records, Tink,
Groovie Records, Hey Pachuco, Chaputa, Groovement, Metrónomo, Cafetra,
Mbari, Principe, Shhpuma, Lovers &
Lollips, D.I.S.C.OTexas, Pontiaq, Kimahera, FlorCaveira, Dromos, Meifumado,
Sombra e One Eyed Jacks. Também os
portuenses Dealema vão ter a sua banca e mostrar novidades.
Amanhã, a rodar discos a partir das
17h, há set de Sombra, Dgtldrmr, Groovement, Tink! Music, e Xungaria No Céu.
Domingo, entre as 14h e as 16h30, é a
vez de GI Joe, Spark + JK, Savanna e PZ
+ Corona.
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Se o Batman e o Vasco Santana combinassem ir ao cinema hoje, escolheriam ver
“Capitão Falcão”. Não sei qual
seria o tema de conversa à
mesa do jantar que antecederia este encontro, provavelmente um balanço da época
do Benfica. Quero crer que o
Batman, meu super-herói favorito, seja do meu clube (ainda que o Bruce Wayne seja
obviamente um beto do Sporting) e o Vasco Santana, por
ter nascido em Benfica, não
tivesse tido outro remédio.
Sei, no entanto, do que iriam
falar estes compinchas à saída da sala: de como este filme, que o realizador e argumentista João Leitão fez com
meios que tinha e não tinha,
é uma pequena maravilha. O
amor move montanhas – e
por cá não são poucas as cordilheiras que se atravessam
entre a paixão e a execução.
É por isso revigorante sair de
uma sala de cinema com a
sensação de que o amor à cultura pop, o amor a uma ideia,
o amor a uma personagem,
até o amor transviado à história de um país, pode parir
um filme tão arriscado, tão
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particular e tão fixe. E eu posso dizer “fixe” porque já não
sou crítica de cinema há alguns
anos.
“Capitão Falcão” foi inicialmente pensado para a televisão mas foi parar ao cinema,
o que talvez o condene a ser
destratado pela crítica como
um subproduto que não merece ecrã grande. Não sei se nos
tempos que correm o tamanho ainda importa, tendo em
conta que o melhor do cinema está cada vez mais na televisão. Mas admito que os críticos apreciem mais “cinema”
do que “filmes”, por isso não
espero outra coisa senão que
o metam no mesmo saco que
um “Sei Lá”, ainda que talvez
não utilizem tanto a palavra
“inane” para o avaliar.
“Capitão Falcão” é um filme
para... olhem: para mim, por
exemplo, que me estou sempre a queixar de que não se
faz nada porque não se consegue fazer nada, o que me
dá uma óptima desculpa para
não fazer efectivamente nada.
Mas não é só um magnífico
labour of love, do coração,
para o coração. É também
uma comédia que acaba por
se insurgir contra o fim iminente da ironia ao ser protagonizado por um super--herói
fascista (Gonçalo Waddington, és incrível), que conta
com a inteligência do público – coisa rara – para ser devidamente saboreado e compreendido, nestes tempos terríveis em que o politicamente
correcto anda a dar cabo de
uns quantos recursos estilísticos.
Vesti-vos e ide ver.
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$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡‡
$PRU$FLGHQWDO0
&DSLWÀR)DOFÀR0
+RPH$0LQKD&DVD930'RP
.XUW&REDLQ0RQWDJHRI+HFN0‡6DE
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0
0RUWDGHODH6DODPÀR930'RP
1RLWHHP)XJD0‡‡
2&RUR0
6DPED0‡'RP‡
8PD9LGDDRWHX/DGR0‡‡
9HORFLGDGH)XULRVD0‡‡
/,1+$'(6,175$
%(/285$)$6+,216327&,1(0$&,7<
KWWSZZZFLQHPDFLW\SW
$,GDGHGD$GDOLQH0‡
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡‡‡‡‡‡
‡6DE6DE'RP‡
$UJXPHQWRGH$PRU0‡‡‡6DE
&DSLWÀR)DOFÀR0‡‡‡6DE
6DE'RP‡
&LQGHUHOD930‡‡‡6DE6DE'RP
+RPH$0LQKD&DVD930‡‡
6DE'RP‡
,QVXUJHQWH0‡‡
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0‡‡
6DE'RP‡
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930‡‡
6DE'RP‡
1RLWHHP)XJD0‡‡‡6DE
6DE'RP‡
26HJXQGR([ÐWLFR+RWHO0DULJROG0‡‡
2V)HLWLÄRVGH$UNDQGLDV930‡‡6DE'RP
3DGGLQJWRQ930‡‡6DE'RP
6DPED0‡‡‡6DE
7DO3DL7DO0ÀH0‡‡‡
9HORFLGDGH)XULRVD0‡‡‡6DE
6DE'RP‡
9LQJDGRUHV$(UDGH8OWURQ0‡
9LQJDGRUHV$(UDGH8OWURQ'0‡
=21$(67(
'2/&(9,7$7(-28&,
KWWSZZZXFLFLQHPDVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡6DE
$UJXPHQWRGH$PRU0‡6DE
$V&LQTXHQWD6RPEUDVGH*UH\0‡6DE
&DSLWÀR)DOFÀR0‡6DE
&LQGHUHOD930'RP
)D]WH+RPHP0‡6DE
+RPH$0LQKD&DVD930'RP
,QVXUJHQWH06DE‡‡6DE
.XUW&REDLQ0RQWDJHRI+HFN0‡‡6DE'RP
0RUWDGHODH6DODPÀR93'0'RP
0RUWDGHODH6DODPÀR930'RP
1RLWHHP)XJD0‡6DE
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0
‡6DE
2V)HLWLÄRVGH$UNDQGLDV930'RP
3DGGLQJWRQ930'RP
7UDFHUV1RV/LPLWHV0‡‡‡‡
8PD9LGDDRWHX/DGR0‡6DE
9HORFLGDGH)XULRVD0
‡6DE
/285(6+233,1*&$67(//2/23(6
KWWSZZZFLQHSODFHSRUWXJDOSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡6DE
&DSLWÀR)DOFÀR0‡6DE
&LQGHUHOD930
([0DFKLQD0‡6DE
+RPH$0LQKD&DVD93'0
+RPH$0LQKD&DVD9306DE'RP
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0
0RUWDGHODH6DODPÀR9306DE'RP
1RLWHHP)XJD0‡6DE
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0‡6DE
3DGGLQJWRQ930
8PD9LGDDRWHX/DGR0‡6DE
9HORFLGDGH)XULRVD0‡6DE
6DE'RP
9LQJDGRUHV$(UDGH8OWURQ0‡
2',9(/$63$548(=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡6DE
&DSLWÀR)DOFÀR0‡6DE6DE'RP
+RPH$0LQKD&DVD9306DE'RP
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930
6DE'RP
1RLWHHP)XJD0‡6DE6DE'RP
130(3"."®­0
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0‡6DE
9HORFLGDGH)XULRVD0‡6DE
0$5*(068/
$/0$'$)2580=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0
$PRU$FLGHQWDO0
&DSLWÀR)DOFÀR0
&LQGHUHOD930'RP
([0DFKLQD0
)D]WH+RPHP0
)RFXV0
+RPH$0LQKD&DVD930'RP
,QVXUJHQWH0
.LQJVPDQ6HUYLÄRV6HFUHWRV0
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930
1RLWHHP)XJD0
2&RUR0
25DSD],QYLVÊYHO0
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0
2V)HLWLÄRVGH$UNDQGLDV930'RP
3DGGLQJWRQ930'RP
8PD9LGDDRWHX/DGR0
9HORFLGDGH)XULRVD0
)2580%$55(,52&$67(//2/23(6
KWWSZZZFDVWHOORORSHVFLQHPDVFRP
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡‡‡6DE
‡
&DSLWÀR)DOFÀR0‡‡‡6DE
6DE'RP‡
&LQGHUHOD9306DE'RP
+RPH$0LQKD&DVD930‡‡6DE'RP
1RLWHHP)XJD0‡‡‡6DE‡
9HORFLGDGH)XULRVD0‡‡‡6DE
6DE'RP‡
9LQJDGRUHV$(UDGH8OWURQ0‡
9LQJDGRUHV$(UDGH8OWURQ'0‡
)25800217,-2=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡6DE
&DSLWÀR)DOFÀR0‡6DE
+RPH$0LQKD&DVD9306DE
'RP
0RUWDGHODH6DODPÀR93'0'RP
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930
1RLWHHP)XJD0‡6DE
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0‡6DE
8PD9LGDDRWHX/DGR0‡‡‡‡‡6DE
9HORFLGDGH)XULRVD0‡6DE
=21$2(67(
$5(1$6+233,1*=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡6DE
6DE'RP
.XUW&REDLQ0RQWDJHRI+HFN0‡6DE
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0
'RP
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930
6DE'RP
1RLWHHP)XJD0‡6DE
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0'RP‡
‡6DE6DE'RP
9HORFLGDGH)XULRVD0‡6DE
6DE'RP
32572
$55ž%,'$6+233,1*8&,
KWWSZZZXFLFLQHPDVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡‡
$PRU$FLGHQWDO0‡‡‡‡‡‡
$UJXPHQWRGH$PRU0‡‡
$V&LQTXHQWD6RPEUDVGH*UH\0
&DSLWÀR)DOFÀR0‡‡6DE'RP
&LQGHUHOD920
&LQGHUHOD930‡‡
([0DFKLQD0‡‡
)D]WH+RPHP0‡‡
)RFXV0‡‡‡‡‡‡‡
+RPH$0LQKD&DVD93'0‡‡‡‡
+RPH$0LQKD&DVD930‡‡
,QVXUJHQWH0‡'RP‡
.XUW&REDLQ0RQWDJHRI+HFN0‡‡6DE'RP
/DELULQWRGH0HQWLUDV0
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930‡‡
1RLWHHP)XJD0‡‡
2$WLUDGRU0
2&RUR0‡‡
26DOGD7HUUD0
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0
‡‡
2V)HLWLÄRVGH$UNDQGLDV9306DE'RP
3DGGLQJWRQ9306DE'RP
3HOD5DLQKD0‡‡‡‡‡‡‡
6DPED0‡‡
6XLWH)UDQFHVD0‡‡
7DO3DL7DO0ÀH0
7UDFHUV1RV/LPLWHV0
8PD9LGDDRWHX/DGR0‡‡
9HORFLGDGH)XULRVD0
‡‡
9LQJDGRUHV$(UDGH8OWURQ0‡
'2/&(9,7$32572=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0
$PRU$FLGHQWDO0
$UJXPHQWRGH$PRU0
([0DFKLQD0
+RPH$0LQKD&DVD930'RP
1RLWHHP)XJD0
2&RUR0
8PD9LGDDRWHX/DGR0
9HORFLGDGH)XULRVD0
)(55$5$3/$=$=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡6DE
&DSLWÀR)DOFÀR0‡6DE6DE'RP
+RPH$0LQKD&DVD9306DE'RP
,QVXUJHQWH0‡6DE
1RLWHHP)XJD0‡6DE
9HORFLGDGH)XULRVD0‡6DE
*$,$6+233,1*=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡6DE
$V&LQTXHQWD6RPEUDVGH*UH\0‡6DE
&DSLWÀR)DOFÀR0‡6DE
)D]WH+RPHP0‡6DE
)RFXV0‡6DE
+RPH$0LQKD&DVD930'RP
,QVXUJHQWH0‡6DE
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930
'RP
1RLWHHP)XJD0‡6DE
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0
‡6DE
2V)HLWLÄRVGH$UNDQGLDV930'RP
3DGGLQJWRQ930'RP
9HORFLGDGH)XULRVD0‡6DE
0$,$6+233,1*=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0‡6DE
6DE'RP
&DSLWÀR)DOFÀR0‡6DE6DE'RP
+RPH$0LQKD&DVD9306DE'RP
,QVXUJHQWH0‡6DE
1RLWHHP)XJD0‡6DE
3DGGLQJWRQ9306DE'RP
9HORFLGDGH)XULRVD0‡‡‡‡
‡6DE6DE'RP
1257(6+233,1*=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0
$PRU$FLGHQWDO0‡‡'RP‡6DE
&DSLWÀR)DOFÀR0
+RPH$0LQKD&DVD930'RP
.XUW&REDLQ0RQWDJHRI+HFN0‡6DE
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930
'RP
1RLWHHP)XJD0
2&RUR0
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0
‡‡
2V)HLWLÄRVGH$UNDQGLDV930'RP
8PD9LGDDRWHX/DGR0‡6DE‡‡
9HORFLGDGH)XULRVD0
3$548(1$6&(17(*21'20$5=21/862081'2
&,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW
$3URPHVVDGH8PD9LGD0
‡6DE‡‡
&DSLWÀR)DOFÀR0
&LQGHUHOD930'RP
([0DFKLQD0
)D]WH+RPHP0
+RPH$0LQKD&DVD930'RP
,QVXUJHQWH0‡‡
/RXFXUDVQR0Æ[LFR0‡‡
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0
0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930
1RLWHHP)XJD0
2&RUR0
26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV0
2V)HLWLÄRVGH$UNDQGLDV930'RP
8PD9LGDDRWHX/DGR0
9HORFLGDGH)XULRVD0
‡‡‡
9,9$&,1(0$,$
KWWSZZZYLYDFLQHSW
&DSLWÀR)DOFÀR0‡6DE6DE'RP
+RPH$0LQKD&DVD9306DE'RP
,QVXUJHQWH0‡6DE
1RLWHHP)XJD0‡6DE6DE'RP
9HORFLGDGH)XULRVD0‡6DE
)0+&
573
%RP'LD3RUWXJDO
$JRUD1ÐV
-RUQDO'D7DUGH
2V1RVVRV'LDV
+¾7DUGH
3RUWXJDO(P'LUHWR
23UHÄR&HUWR
'LUHLWR'H$QWHQD
7HOHMRUQDO
6H[WDV
%HPYLQGRV$%HLUDLV
žJXD'H0DU
4XHP4XHU6HU0LOLRQ¾ULR
3DUD$0HLD1RLWH
0XOKHUHV'H$EULO
0DWHUQLGDGH
$QRV'H$EULO
573
5HSÐUWHUžIULFD
=LJ=DJ
(XURQHZV
*UDQGHV3DUODPHQWDUHV
(VSOHQGRUHV'D1DWXUH]D
6RFLHGDGH&LYLO
$)Æ'RV+RPHQV
8QLYHUVLGDGH$EHUWD
,GHLDV4XH%ULOKDP
=LJ=DJ
(VSOHQGRUHV'D1DWXUH]D
-RUQDO
'LDVGD0×VLFD&&%
&RQFHUWR
GH$EHUWXUD
*UDQGHV3DUODPHQWDUHV
)LOPH$'HVLJQDU
(XURGHSXWDGRV
6RFLHGDGH&LYLO
(XURQHZV
6,&
79,
6,&1RWÊFLDV
5HSRUWDJHP(VSHFLDO
6REUHYLYHQWHV
(GLÄÀR'D0DQKÀ
$9LGD1DV&DUWDV
2'LOHPD
4XHULGDV0DQKÀV
3ULPHLUR-RUQDO
'XDV&DUDV
*UDQGH7DUGH
%DELOÐQLD
-RUQDO'D1RLWH
'L¾ULRGD0DQKÀ
9RFÇQD79
-RUQDOGD8PD
)ORUGR0DU
$7DUGHÆ6XD
7KH0RQH\'URS
-RUQDOGDV
0DU6DOJDGR
,PSÆULR
&6,
&6,
9RODQWH
-XUD
$·QLFD0XOKHU
-DUGLQV3URLELGRV
0XOKHUHV
(X5RERW
2UD$FHUWD
2OKRVGHžJXD
‰"CSJM
0DLV 3DVVDWHPSRVSRU$JÇQFLD)HULDTXH
1"-"73"4$36;"%"4
+25,=217$,6)UDVTXHLUDRXDGHJDVXEWHUU¿QHD3HTXHQRSHL[HJDGL
IRUPHGH¾JXDVDOJDGD1RPHGDOHWUD1)DOWDGHDPRU$OFDOÐLGH
H[WUDÊGRGRÐSLRQDUFÐWLFRHDQDOJÆVLFRHFXMRFRQVXPRSURGX]UDSLGD
PHQWHGHSHQGÇQFLD$XQLGDGH5HVJXDUGDGR1RWLILFD'HVORFDVH
SDUDIRUD)HFXQGR,PSRVWR$XWRPÐYHODEUHY$SOLFDURV6DQWRV
°OHRV3DUWHGRQDYLRTXHILFDHQWUHDSRSDHRPDVWUR0DQHLUDV
VRFLDLV&RQWUGDSUHSDFRPRDUWGHIRV'HVLJQDUHSXOVDRXUDLYD
LQWHUM3RUFRQVHJXLQWH&RQWUGRSURQSHVVFRPSOPHHGRSURQ
GHPR&RVHUGHQRYRRXPXLWDVYH]HV'HSULPLGRVHPIRUÄDV$QWL
JRSUHFHSWRUGHSUÊQFLSHV&RPSLODÄÀR'DUDVDVD
9(57,&$,6'H]GH]HQDV6DFULILFDU$QLYHUV¾ULRQDWDOÊFLR;DURSHRX
FRQVHUYDGHIUXWDV&RLVDVYHUGDGHLUDV2HVSDÄRDÆUHR$TXHODV
3ÊIDUR$WXDSHVVRD'H'HXVRXD(OHUHODWLYR°UJÀRH[FUHWRUTXHWHP
DIXQÄÀRGHIRUPDÄÀRGDXULQD(UYDFHLIDGDHVHFDSDUDDOLPHQWRGR
JDGR&DQWRUDPEXODQWH0HPEURJXDUQHFLGRGHSHQDVTXHVHUYH½V
DYHVSDUDYRDU)UDFDVVR&RQWUGDSUHSHPFRPRDUWGHID&ÆUHR
,QGLFDOXJDUWHPSRPRGRFDXVDILPHRXWUDVUHODÄÒHVSUHS3DVVDUGH
XPOXJDUDRXWUR3ODQWDGHILEUDWÇ[WLOGDIDPÊOLDGDV$PDULOLG¾FHDV
7RUQDUXPDWHUUDGHIHVDFRQFHGHQGROKHFHUWRVSULYLOÆJLRV7HFLGRGH
PDOKDSDUDFREULURSÆHSDUWHGDSHUQD$UUHFDGDÄÀR*UDQGHSRUÄÀR
$"-$6%0,6
*5$8'(',),&8/'$'(★★★★★
&DGDSX]]OHFRQVLVWHQXPDJUHOKDFRQWHQGREORFRVFHUFDGRVSRU
OLQKDV2REMHFWLYRÆSUHHQFKHURVEORFRVYD]LRVFRPRVQ×PHURVD1
RQGH1ÆRQ×PHURGHOLQKDVRXFROXQDVGDJUHOKDHFDGDQ×PHURVÐ
DSDUHFHXPDYH]HPFDGDOLQKDHFROXQD2VQ×PHURVHPFDGDEORFR
ID]HPDRSHUDÄÀRPDWHP¾WLFDTXHG¾UHVXOWDGRTXHHVW¾DVVLQDODGRQR
FDQWRVXSHULRUHVTXHUGRGHFDGDEORFRQRFDOFXGRNXGHXPQ×PHUR
SRGHVHUXWLOL]DGRPDLVGRTXHXPDYH]QRPHVPREORFR
‰"CSJM
401"%&-&53"4
,16758¤²(6
3URFXUHHQFRQ
WUDUQRHPDUD
QKDGRGHOHWUDV
DVSDODYUDV
UHIHULGDVQDOLVWD
DEDL[RQÀR
KDYHQGRSDOD
YUDVQDGLDJR
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s&KDPDUL]
s'UDP¾WLFR
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s+XPLOGDU
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s/HDOGRVR
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s6LO¾ELFR
s7LPELODU
s9HODGXUD
46%0,69
46%0,6'65&#0-
*5$8'(',),&8/'$'(★★★★★
&RPSOHWHMRJRFRPRXP6XGRNXFO¾VVLFRFRPRV
DOJDULVPRVGHDXPDERODHGRLVFDUWÒHVGHSHQDOLGDGH
6HFRQVHJXLUOLJDUVHLVFDVDVFRQWHQGRRVDOJDULVPRVGH
DGDERODDWƽEDOL]DPDUFDJROR6ÐVHSRGHGHVORFDU
KRUL]RQWDOPHQWHHRXYHUWLFDOPHQWHHQÀRSRGHHQWUDUPDLVGR
TXHXPDYH]QDVVHLVFDVDVSDUDFKHJDUDRJROR6HGHVFREULU
FDPLQKRVGLIHUHQWHVGDEROD½EDOL]DXPDPHVPDERODSRGH
PDUFDUY¾ULRVJRORVSDUDDVGXDVHTXLSDV$HTXLSD$PDUFD
RVJRORVQDEDOL]DGDHVTXHUGDHDHTXLSD%QDGDGLUHLWD
62/8¤²(63$/$95$6&58=$'$668'2.8;68'2.8)87(%2/&$/&8'2.8
623$'(/(75$6
3$/$95$6&58=$'$6
+25,=217$,6([DJHUR)XOPLQDU-RHOKDGD +25,=217$,6&DYH)DQHFD(QH'HVDPRU
'UDP¾WLFR2LWDYDU0LODJUH+XPLOGDU
0RUILQD8P6DOYR&LWD6DL)HUD],$
,SRPHLD5HDJHQWH6LO¾ELFR1LGÊFROD 8QJLU5Æ7UDWR$RV,UUD$VVLP0R5HFR
VHU$EDWLGR$LR5HVXPR$ODU
9(57,&$,63XOV¾WLO%XJLDULD&KDPDUL]
/HDOGRVR7LPELODU9HODGXUD$EDOLVWDU
9(57,&$,6&HP9LWLPDU$QRV$UUREH
4XHUPHV*O¾XFLFR
9HUDV$U$V)ODXWD7X'LYLQR5LP)HQR
$HGR$VD)LDVFR1D&HURVR(P,U6LVDO
&RXWDU0HLD$UPD]ÆP5RU
'
38%
0HWHRURORJLD
5&.10
Viana do
Castelo
Bragança
Braga
Vila Real
2m/16º
Porto
Viseu
Guarda
Aveiro
2m/16º
Coimbra
Castelo
Branco
Leiria
Portalegre
Santarém
Lisboa
2m/16º
Setúbal
Évora
Beja
2m/16º
Faro
1,5m/17º
Z
]
0ķQLPD
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)$52
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6(*81'$
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3$5,6
'20,1*2
]
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Z 3RXFR
X 1XEODGR W 0XLWR
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] $JXDFHLURV \ &KXYD [ 7URYRDGD - 1HYH
— ——
——
——
——
——
——
—— —— ——
—— —— —— —— —— —— —— —— —— —
‰"CSJM
(QWUHYLVWD
'
0DLV
'HVSRUWR
“Never try, never know
[nunca tentar, nunca
saber].” A frase na
camisola de Telma
Monteiro não podia
assentar-lhe melhor.
Adora desafios e quando falha os objectivos
não é por não tentar. De
resto, é uma ganhadora
nata. Basta olhar para o
seu palmarés
‰"CSJM
7HOPD0RQWHLURq6HDV
SHVVRDVVRXEHVVHPRV
SUREOHPDVFRPTXHOLGR
ID]LDPPHXPDYÆQLDr
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Começou aos 14 anos no Construções Norte/Sul, de Almada, por insistência da irmã.
O futebol perdia uma avançada, o judo
ganhava a sua melhor atleta. Como mulher,
diz sentir que os resultados de excelência são relativizados em relação aos competidores masculinos. Mas Telma Monteiro não se preocupa muito com isso. Aos
29 anos fala com a serenidade de quem
já ganhou quase tudo o que havia para
ganhar: quatro Europeus, Masters, Grand
Slam. Só a medalha de ouro no Mundial
lhe está atravessada (quatro segundos
lugares). Esteve em três Jogos Olímpicos
(JO), onde ainda tenta um resultado que
se adeqúe ao seu estatuto. Mudou de categoria, dos -52kg para os -57kg, mas continuou a ganhar. Em Fevereiro voltou a
n.o 1 do ranking mundial. Sempre que lhe
auguram o fim, ela regressa mais forte.
O i aproveitou a pausa competitiva para
conhecer melhor a carreira da judoca.
Telma fala sobre as vitórias, os fracassos
e o Rio 2016. Elogia o Benfica, o clube para
onde se mudou aos 21 anos, e critica duramente a federação de judo por entender
que não lhe proporciona as condições que
merece. Recentemente operada ao braço, espera voltar à competição no Masters, em Rabat, a 23 e 24 de Maio. Falta
pouco mais de um ano para os JO e Telma quer estar no seu melhor.
Quando era miúda o judo não estava
nos planos…
A primeira modalidade que pratiquei inscrita num clube foi atletismo. Havia um
pequeno clube lá na minha rua, o Clube
da Manobra se não me engano. Ainda fiz
algumas provas mas também gostava muito de jogar futebol, jogava na escola e na
rua. Uma amiga começou a jogar no Monte Caparica e eu comecei a ir assistir aos
treinos. O treinador disse que eu podia
integrar a equipa. Motivou-me mais seguir
o futebol. Joguei lá e no Beira-Mar de
Almada. Como era muito nova, tinha 12
anos, as raparigas na altura já tinham 18,
só fazia torneios para a minha idade. Havia
o torneio da Coca-Cola nos campos do
Benfica, lembro-me de termos ganho esse.
Qual era a posição em campo?
Jogava à frente. Acho que era boa a fintar, era um bocadinho egoísta, mas não
tinha grande pontaria. Jogava bem mas
acho que não ia ser uma boa avançada.
Tinha de treinar mais os remates.
A sua irmã desafiou-a para experimentar o judo?
A minha irmã entretanto inscreveu-se no
judo, uma modalidade que também havia
lá no clube da rua. Fui experimentar e
acabei por me interessar. Ela já tinha um
grupo de amigas que faziam estágios e
viajavam, às vezes estavam uma semana
fora. Eu sentia que ficava sozinha, então
ela incentivou-me mais por esse lado, se
eu fosse treinar também podia ir aos estágios. Foi a primeira motivação para ir para
o judo, viajar e estar com as amigas.
A paixão pelo desporto cresceu consigo.
Sim, sempre fiz muito. Tinha uma tabela de basquetebol mesmo à porta de casa,
portanto passava a vida a jogar, era só
abrir a porta. Saltar muros, era tudo uma
diversão. Sempre fui muito competitiva,
até a jogar à macaca era competitiva.
Depois consegui trazer isso para o judo.
O que a atraiu para ficar no judo?
Acho que é uma modalidade complexa,
-me que o meu treinador me tinha dito
“mais dois anos e podes ser campeã nacional”. E pronto, ganhei logo nesse ano e
depois integrei a equipa nacional sénior.
O treinador queria dar-nos uma oportunidade de ganhar ritmo. Só que nesse ano
em que a ideia era rodar e ganhar ritmo
comecei a ganhar medalhas e apurei-me
para os Jogos Olímpicos. Foi tudo muito
rápido.
Foi por ser muito competitiva?
Não pensava se os outros eram melhores
ou no estatuto. Pensava que eu queria ser
a melhor e ganhar, estava mais preocupada com aquilo que queria atingir do
que com quem tinha de vencer. Aquele
sentimento que à partida a pessoa pode
ter de que as coisas parecem muito difíceis não existia na minha cabeça.
Chega a Atenas apenas com 18 anos. Foi
um salto muito grande?
Gostava de ter percebido mais o que estava a fazer. Estava tão empenhada em fazer
bons resultados que não
percebia que era apenas uma jovem de 18
anos que tinha conseguido em três meses
aquilo que muitos trabalham anos para conseguir. Desfrutei dos
Jogos Olímpicos como
se fosse natural estar lá.
Gostei de estar lá e competir, como é óbvio. Mas
lembro-me de ter chorado bastante quando
fiquei em 9.o lugar porque para mim não fazia
sentido ter perdido, na
minha cabeça podia ter
ganho uma medalha. Lembro-me de ter
ficado muito triste como se não fosse espectacular aos 18 anos ter ido aos Jogos Olímpicos. Acho que vivi tudo com demasiada maturidade.
Deixou muita coisa para trás para ter
esta carreira?
Deixei algumas, mas não considero isso
um sacrifício. Quando gostamos muito
daquilo que fazemos e é o caminho para
vencer, não pensamos no sacrifício. O principal factor é mesmo estarmos menos
tempo com a família, desde muito novas.
Normalmente ia para o treino a seguir à
escola, tinha pouco tempo para os amigos. De resto, não gosto muito de sair à
noite e nunca me habituei muito a isso.
Comecei a fazer judo cedo e tive essa disciplina desde logo, portanto fiz muitos
sacrifícios entre aspas; tive de trabalhar
muito e ser resiliente em muitas situa-
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temos sempre muita coisa para aprender.
O que puxa é querer saber mais técnicas,
ainda por cima os nomes são em japonês.
Há sempre aquela coisa de querer ir no
dia a seguir para aprender mais técnicas. Ter um grupo de amigas lá também
foi uma grande motivação para continuar a ir.
Começou logo a ganhar títulos?
Foi tudo tão rápido... Sei que aquilo que
fiz não foi normal. Normalmente as pessoas começam a fazer judo com quatro
ou cinco anos e eu comecei dez anos mais
tarde. O que fiz foi fora de série mas na
altura pareceu-me tudo muito normal.
Era muito competitiva, já tinha muita destreza física e coordenação motora que
tinha trazido dos outros desportos.
E é campeã nacional sénior quando ainda estava nos juniores...
Sim, era júnior de segundo ano. Lembro-
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ções. Não me arrependo de nada, o judo
deu-me muitas coisas positivas.
E a alimentação?
Agora já não, mas se tiver de dizer que fiz
um sacrifício foi na alimentação. Houve
uma altura que tive muitos problemas de
peso, cheguei a ter dez quilos a mais para
participar no Mundial de 2007. Aí foi um
sacrifício enorme, não poder comer quase nada, passar sede. Estar a treinar e sentir que gostava de beber mais água.
Como geriu em 2008 a morte do seu
treinador, António Matias?
Foi um golpe muito duro, tínhamos uma
excelente relação. Estávamos a preparar
os Jogos Olímpicos. Agarrei-me ao facto
de saber que o desejo dele seria que continuássemos a trabalhar bem e a fazer
bons resultados. Foi um ano muito negativo, perdi o treinador, lesionei-me, os JO
correram mal, fui supercriticada na comunicação social, tive um problema com o
meu agente na altura. Aos 21 anos já tinha
passado por tudo e mais alguma coisa,
estava preparada para a vida.
Tem uma carreira notável e ganhou
inúmeras medalhas. Alguma lhe deu
mais prazer ou foi mais especial?
Quando ganhei o Grand Slam de Paris as
circunstâncias fizeram com que fosse um
momento muito especial. É uma competição no Palácio de Bercy, que leva 16 mil
pessoas. No Mundial anterior, em 2011,
tinha perdido o primeiro combate e em
Paris fui à final com a actual campeã do
mundo. Mal entrei, passados sete segundos, tinha ganho. Foi uma explosão de alegria no torneio mais conceituado do circuito mundial. Mas houve muitos momentos bons.
Como é que alguém que é quatro vezes
campeã europeia gere mentalmente o
facto de ser quatro vezes segunda no
Mundial?
Quando analisamos passado muito tempo, achamos que podíamos ter ganhado.
Mas quando estamos lá… é tão difícil ser
vice-campeã do mundo... O judo é ingrato porque chegamos a uma final e perdemos, e às vezes é só isso que as pessoas
vêem na televisão. Às vezes só passa o
combate. Só que para lá chegarmos já
ganhámos a quatro ou cinco adversárias
muito fortes, que também eram candidatas ao título. Chegar à final é tão difícil
que naquele dia estamos muito felizes.
Obviamente fiquei sempre triste por perder, mas depois passou-me esse sentimento e fiquei contente porque ao longo da
competição fiz tantas coisas positivas para
ser vice-campeã do mundo que acabo por
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não ver a derrota. Já pensei que podia ter
sido quatro vezes campeã mundial, mas
naquele momento a outra pessoa foi mais
forte que eu. Claramente no ano passado
merecia ter ganho. Mas pronto, não aconteceu.
Ainda está farta do hino japonês?
Acho que os japoneses perderam algum
poder no último ciclo olímpico. Agora as
regras mudaram e isso veio favorecer o
judo japonês. Estava farta porque no dia
em que ganhei o Grand Slam, das sete
categorias, só eu e outra europeia é que
ganhámos. Tinha vindo do Masters, onde
as japonesas tinham vencido quase tudo,
e já estava farta da situação. Normalmente vou à final com japonesas e queria uma
oportunidade de ouvir o meu hino e consegui.
Como foi passar dos -52 para os -57kg?
Foi mais fácil do que pensava na altura.
As adversárias são mais altas, o judo é
mais físico. Adaptei-me muito facilmente. No primeiro ano em que subi de categoria fui n.o 1 do ranking mundial, fui campeã da Europa, vice-campeã do mundo,
ganhei praticamente tudo. Não quero
dizer que foi fácil, senão parece que é tudo
fácil. Mas adaptei-me bem, foi mais difícil quando deixámos de poder agarrar as
pernas, que era o meu estilo de judo, e
tive de readaptar tudo. Muita gente dizia
que eu não ia continuar, porque ia ter de
fazer tudo ao contrário. Era tudo muito
complexo. Felizmente consegui, tive de
trabalhar bastante e ainda hoje tenho de
trabalhar mais que algumas adversárias.
Gosto desses desafios. E depois quando
dizem que eu não vou conseguir eu tenho
quase a certeza que vou.
Apesar das críticas, continua a ganhar.
É n.o 1 do mundo. Como se adapta às
diferentes situações?
Acredito sempre que sou capaz pelo que
faço nos treinos. As pessoas avaliam um
resultado imediato, conseguem avaliar-nos para o resto da vida pelo momento.
Quando me vêem perder, ainda para mais
em competições mediáticas, as pessoas
têm sempre um pensamento negativo
sobre o que podemos fazer. Eu avalio o
que posso fazer, não o que os outros dizem.
Acho que é uma fonte de motivação, quanto mais dizem que eu não conseguir, pior.
Ainda me dá mais força. O ano passado
comecei como 12.a e este ano sou n.o 1.
Sentia que as pessoas já não acreditavam
que pudesse chegar a este nível porque
tinha perdido o primeiro combate no Mundial.
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Depois de tudo o que já ganhou, ainda
significa muito ser n.o 1?
Já fui noutras alturas, mas esta foi talvez a que me deu mais gozo. Foi pensado, queria mesmo ser a n.o 1, a última
vez tinha sido em 2009. Tinha esse objectivo. Adoro ganhar qualquer coisa, até a
jogar ténis de mesa a brincar é uma competição, como se fosse a Liga dos Campeões. Ser n.o 1 é um orgulho. Sei que se
não for eu será uma adversária e vou
ficar chateada.
Quais os objectivos para o próximo ano
e meio, tendo em vista o Rio 2016?
Tenho três grandes competições este ano,
o Masters (será a primeira depois da lesão),
o Europeu e o Mundial. O Masters será
para tentar perceber o que posso fazer e
no Mundial espero estar já a 100%. Em
2016 vou competir menos e quero estar
100% centrada nos Jogos, que é o meu
principal objectivo. O que diferencia este
ciclo olímpico dos outros é que não estou
só preocupada com ganhar a próxima
competição, mas com melhorar para chegar lá no meu melhor e vencer as adversárias.
Sente que lhe falta um Mundial e uma
medalha nos JO para completar uma
carreira com tantas conquistas?
Acho que enquanto continuar a competir tenho de pensar nisso. Tenho lidado
com algumas situações que me dão von-
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tade de não falar em medalhas em mais
nenhuma entrevista. Quando falo nisso,
parece que está tudo feito para eu ter a
melhor preparação para que isso aconteça. Não acho que seja verdade. No Benfica tenho excelentes condições, fisioterapia, ginásio, treinadores, os melhores médicos, tudo. A nível da federação acho que
não tenho sido muito apoiada, não tenho
tido o apoio que merecia. Acho que há um
certo tabu em tratar-me de forma diferente dos meus colegas e há esse medo.
Mas a verdade é que tenho sido diferente. O facto é que esse medo de me tratar
de forma diferente me priva de condições
que eu acho que devia ter para estar no
top. Eu sou n.o 1 do mundo mas é só graças ao Benfica e ao meu trabalho. A federação proporcionou-me um bom treinador, o japonês Go Tsunoda, e por minha
insistência quis que ele passasse mais
tempo comigo por achar que seria uma
mais-valia na minha carreira. Mas de resto tenho sentido muitas dificuldades em
coisas básicas. Quando falo em medalhas
não quer dizer que não acredite que as
vou ganhar. Parece é que estão todos a
fazer o possível para que eu as ganhe e
isso é uma mentira e uma ilusão. As pessoas têm o direito de saber e eu tenho o
direito de me pronunciar. A federação não
me dá as melhores condições para eu ser
uma atleta de topo, embora eu seja uma
atleta de topo. Mas muito por trabalho
meu e do clube.
As pessoas cobraram muito as derrotas
nos JO?
Sim, e é normal, porque com os resultados que tenho… Quando falo da forma
como viajo, as pessoas não acreditam. Isto
não é como no futebol. Acham que temos
todos os apoios e mais alguns e isso não
é verdade. Nos últimos anos tenho lidado com mais problemas da parte da federação do que com coisas positivas, sinceramente. Se as pessoas soubessem isso
tudo, faziam-me uma vénia por eu ter
alcançado tão bons resultados nessas circunstâncias. Mas acho que é normal exigirem. Tento ter uma abordagem positi-
va e nem costumo falar disto, mas também já estou um pouco cansada e aqui
está o meu desabafo.
Já saiu de combates a criticar as arbitragens. Agora, com mais experiência,
sente-se mais tranquila para o Rio?
Tenho preparado este ciclo olímpico especificamente, de forma a evoluir e chegar
ao dia dos Jogos e saber que posso vencer qualquer adversária. Essa preparação
vai dar-me confiança para chegar lá e ter
possibilidade de ganhar uma medalha.
Vou ter 30 anos, se calhar quando acabou
Londres as pessoas achavam que ia ser a
minha última oportunidade.
Fez uma tatuagem dos anéis olímpicos.
Era uma grande mágoa acabar a carreira sem uma medalha em JO?
Depende de como as coisas acontecerem.
Tenho de estar preparada para as duas
situações. Se sentir que dei tudo, vou ter
de lidar com isso. Ainda falta algum tempo, por agora só tenho de pensar que vai
correr tudo bem.
É a melhor judoca portuguesa de sempre. Tem ambição de treinar e ajudar
os jovens quando acabar a carreira?
Gostava de ter uma escola de judo e ficar
ligada à modalidade. Para já estou concentrada nos JO e depois logo farei um
balanço e uma reflexão. Depois dos JO
serão 13 anos ao mais alto nível. Se continuar tenho de ter a certeza que tenho a
motivação para me manter no topo, não
tenho personalidade para ser uma atleta
média.
Estudou Educação Física. Foi para preparar o futuro ou ainda não sabe o que
pretende fazer quando acabar a carreira?
Não sei porquê, mas no 7.o ano dizia que
ia ser professora de Português. Por estar
tão ligada ao desporto, comecei a sentir
que era isso que queria. Acabei por tirar
Ciências do Desporto e depois Educação
Física. Gostava de estudar treino de alto
rendimento ou gestão de desporto. Para
já é impossível porque não posso faltar
aos treinos. Percebi aos 15 anos que queria ficar ligada ao desporto.
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Domingo o país vai parar para assistir
ao Benfica-FC Porto. É certinho e dificilmente o conseguiremos convencer a
entreter-se com outro jogo, ou modalidade. Mas vamos tentar e, caso seja adepto do Sporting, ou aguente a emoção de
ver dois jogos em simultâneo, ou de
empreitada, esperamos ter sucesso. Tudo
isto para dar o pontapé de saída na UEFA
Futsal Cup Finals, cujas meias-finais são
disputadas hoje. Depois de um interregno de dois anos sem uma presença portuguesa, o Sporting corrigiu a situação,
preparando-se para discutir o acesso à
final contra o campeão em título.
Lisboa recebe a prova pela terceira vez,
depois de acolher as edições de 2002 e
2010, esta última coroada com uma vitória do Benfica, a única de um clube português na competição. Se ainda não comprou bilhete, pode esquecer, já que os
mais de 10 500 ingressos voaram em 20
dias. Para chegar a esta fase, o Sporting,
como campeão português, apenas integrou a prova na ronda de elite, onde estavam presentes 12 equipas. E não fez a
coisa por menos, com um apuramento
perfeito, com três vitórias em outros tantos jogos. Num grupo com o Varna, da
Bulgária, o Charleroi, vencedor da prova em 2005, e o Inter, campeão espanhol,
onde actuam Ricardinho e Cardinal, e
equipa mais condecorada da prova com
vitórias em 2004, 2006 e 2009. O Varna
foi presenteado com um 8-2, o Charleroi com um 5-3, e o Inter com um 1-0.
Das restantes três equipas que chegaram à Final Four, apenas o Dínamo Moscovo teve de disputar a fase principal,
com seis grupos, onde se apuravam os
dois primeiros de cada. Os russos venceram o seu e, ao chegarem à ronda de
elite, foram considerados cabeças-desérie, juntamente com Sporting, Barcelona e Kairat. Estas quatro equipas foram
precisamente aquelas que venceram os
seus grupos, acabando por se apurar
para as finais da Meo Arena. As quatro
equipas chegam a Lisboa invictas, mas
hoje duas vão conhecer o sabor da derrota pela primeira vez
Paulo Futre é o embaixador da UEFA
Futsal Cup Finals e, não tivesse sido ele
um craque do futebol de 11, relembrou
que embora a final se dispute em dia de
clássico, o tal Benfica-FC Porto, vai ser
“super interessante” e com um impacto
a nível mundial. Mas a final é apenas no
domingo, sendo que as meias-finais se
disputam hoje. O primeiro jogo, entre o
Dínamo Moscovo, finalista vencido da
prova há três anos consecutivos, e o Kairat, do Cazaquistão, disputa-se às 19h00.
Depois é a vez do Sporting e Barcelona
entrarem em campo, às 21h30.
Sábado não há nada para ninguém, mas
no dia seguinte, domingo, serão disputados o jogo de atribuição do terceiro e
quarto lugares e a final. O último lugar
do pódio será discutido às 15h00 e o jogo
decisivo às 17h00, onde o Sporting espera marcar presença e vingar a final perdida em 2011, para os italianos do Montesilvano. Hoje não há desculpas para
ignorar o futsal. Domingo, a ver vamos.
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Há um Zenit sem Hulk e Danny e um
completamente diferente com os dois.
Para Villas-Boas e para os adeptos russos, a contribuição da dupla seria decisiva para conseguir a reviravolta da eliminatória dos quartos-de-final frente ao
Sevilha. Se em Espanha, a equipa que
lidera o campeonato russo foi mais expectante, em Sampetersburgo era obrigatório procurar o caminho da baliza de Beto.
Hulk não ignora o sentido de responsabilidade. Vive bem com ele. Gosta de
ter a bola e partir para cima dos defesas
mesmo quando há linhas de passe. Mas
nem sempre corre bem e às vezes perde a bola. E tudo se torna mais complicado quando no seguimento desse lance o adversário parte para o contra-ataque e conquista um penálti. E se Bacca
consegue bater Lodygin da marca dos
onze metros logo aos seis minutos, o
cenário torna-se ainda mais pesado.
Ou leve, no caso do Sevilha. Com Daniel
Carriço a fazer história com a presença
no 45.º jogo da Liga Europa – tudo começou num Heerenveen-Sporting a 17 de
Setembro de 2009 – a equipa de Unai
Emery teve um início próximo da perfeição. Mas quando Pareja confirmou a
falta de sorte em confrontos contra o
Zenit (duas expulsões e uma saída por
lesão em seis jogos pelo Spartak Moscovo) e saiu de maca aos 15 minutos
após apoiar mal a perna direita, a apreensão aumentou. Não era tanto por deixar de contar com um elemento da defesa, mas porque não havia uma alternativa de raiz.
Emery decidiu lançar Iborra depois de
jogar seis minutos com dez e esperou
que a equipa se adaptasse dentro da estratégia que não fugia um milímetro da inicial: atenção defensiva e contra-ataques
perigosos. Do outro lado, só dava Danny e Hulk. Cada um à sua maneira, empurravam a equipa para a frente com mudanças de velocidade e triangulações que
desmontassem a defesa andaluz. E se o
internacional brasileiro apareceu mui-
to trapalhão, o português encarregou-se
de assustar Beto: aos 18’ surgiu em boa
posição pelo lado direito e obrigou-o a
uma defesa apertada para canto; mais
tarde, em cima do intervalo, flectiu da
esquerda para o meio e acertou em cheio
no poste. O Sevilha resistiu aos sustos
mas falhou na altura de matar a eliminatória. Primeiro foi Aleix Vidal (29’) a
permitir o corte de Lombaerts quando
estava isolado, depois foi Smolnikov a
negar o bis de Bacca, já depois de o avançado colombiano ter ultrapassado Lodygin.
A segunda parte ficou marcada, para
o bem e para o mal, por Beto. O guarda-redes não jogava desde 4 de Fevereiro e acusou a falta de competição.
Aos 48 minutos, não conseguiu segurar um cruzamento de Shatov e largou
a bola em cima da linha para Rondón
fazer o empate. E aos 72’, já depois de
ter rematado contra Rondón e quase
sofrer o segundo, foi surpreendido por
um remate de longe de Hulk a aproveitar o posicionamento adiantado. Por
outro lado, acusou o toque e a partir daí
tornou-se numa muralha, somando duas
grandes defesas a remates de... Hulk e
Rondón, precisamente os beneficiários
das ofertas.
A eliminatória estava empatada e o prolongamento já pairava no ar quando
Kevin Gameiro, que foi aposta de Unai
Emery no segundo tempo, decidiu a eliminatória aos 85 minutos, coroando com
êxito um contra-ataque brilhante conduzido por Vítolo. A precisar de dois
golos, o Zenit de Villas-Boas ficou sem
tempo e caiu por terra. Para o Sevilha,
mantém-se o sonho de revalidar o título alcançado em 2014. Dnipro, Nápoles
e Fiorentina garantiram as outras três
vagas. O sorteio é esta sexta-feira.
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Os grandes jogadores estão destinados
a aparecer nos grandes momentos e Tim
Duncan continua a ser decisivo no sucesso dos San Antonio Spurs. Kawhi Leonard pode ter sido o MVP das finais no
título do ano passado e o prémio ter ido
para Tony Parker em 2007, mas o extremo-poste é a base sólida de todo o sucesso, numa ligação com Gregg Popovich
que começou em 1997.
A perder na primeira ronda dos playoffs
frente aos LA Clippers por 0-1, os Spurs
apoiaram-se em Tim Duncan e mantiveram-se de pé, derrotando o adversário em Los Angeles por 111-107, após prolongamento. O veterano jogador, que faz
39 anos este sábado, continua a mostrar
que a idade passa muito devagar por ele
e respondeu com 28 pontos, 11 ressaltos
e quatro assistências.
Mas o cenário chegou a ser muito delicado para a equipa do Texas. Tony Parker
saiu lesionado a 5’09’’ do fim do quarto
período quando a equipa ganhava 88-83
e pouco tempo depois, a 3’51’’ da buzina,
Manu Ginobili foi excluído por faltas.
Nessa altura, a vantagem era apenas de
dois pontos (88-86). Sobrava Tim Duncan, que acumulou a quinta falta 39
segundos depois e ficou aparentemente
limitado em campo. A onze segundos do
final, a vantagem (94-92) e a posse de
bola eram dos Clippers mas Blake Griffin
permitiu o roubo a Boris Diaw e abriu
oportunidade para Patty Mills forçar o
prolongamento.
Tim Duncan continuou a ser o farol da
equipa. “Foi espectacular”, afirmou Gregg
Popovich. “Ele continua a maravilharme com todas as coisas que é capaz de
fazer. Sabia que tinha de continuar em
campo e arranjou uma maneira para
fazer. E continuou a ser agressivo, o que
é impressionante.” O jogador, cinco vezes
campeão da NBA, tinha uma honra a
defender. No quarto período converteu
apenas um lançamento em cinco tentativas e somou erros defensivos, “Fui horrível”, desabafou. Mas recompensou no
prolongamento, com quatro pontos, apesar de o contributo de Patty Mills, com
oito, ter sido maior na construção do
triunfo por 111-107.
Os San Antonio Spurs roubaram uma
vitória a jogar fora de casa e agora a pressão está do lado dos Clippers de Doc
Rivers, que jogam no Texas nos dois próximos encontros. “Eles estão preparados para a batalha”, admitiu Jamal Crawford, base suplente da equipa de Los
Angeles. “Eles perdem o Parker e o Mills
ocupa a posição. Eles perdem o Manu e
o Danny Green assume sem problemas.
Tenho de lhes tirar o chapéu.”
Só Tim Duncan se mantém sem dar
espaço a incógnitas. E parece estar cada
vez melhor com a idade.
Homer Simpson está deitado
no sofá à frente da televisão, a
ver um programa sobre os feitos mais extraordinários na
história dos Jogos Olímpicos.
No terceiro e último exemplo
de heroísmo, surge o nome de
Carlos Lopes. Diz o narrador
com um tom muito solene e
entusiasta...
— E em 1984, o português
Carlos Lopes tornou-se o mais
velho corredor da maratona
de sempre, com 38 anos.
Homer reage com aquela voz
de bêbado-quase-sóbrio.
— 38? Essa é a minha idade!
Maaarge! Depois de pensar
muito, decidi correr a maratona de Springfield.
A partir daqui, o 40.º episódio do 12.º ano da série, lançado em Fevereiro de 2001, desenvolve-se com Homer a tentar emagrecer para ser igual
ao herói português. Carlos
Lopes, de seu nome. A sua vitória na maratona dos Jogos Olímpicos-84 é uma espécie de 25
de Abril no desporto nacional,
uma afirmação a roçar a revolução. É o primeiro ouro de
Portugal nos Jogos Olímpicos.
Pois, amanhã é o 25 de Abril.
O de 2015, pois claro. E simultaneamente o da revolução,
ora essa. Mas é mais-que-recorrente a pergunta sobre o 25 de
Abril de 1974. Aquela do “onde
é que você estava?”, editada
em CD-ROM (ò tempo, volta
para trás) pela SIC no início
dos anos 90. É da autoria de
Armando Baptista Bastos. E é
possível este senhor conhecer
o corredor? Absolutamente, os
craques conhecem-se a léguas.
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Há anos e anos, antes mesmo de ser corredor, Carlos
Lopes cruza-se com Baptista
Bastos no “Diário Popular”, ali
no Bairro Alto. O seu treino
passa por correr cinco vezes
por dia entre o jornal e a comissão de censura, na Calçada da
Glória. Outros tempos em que
a censura tem de ver e rever
o jornal – o ‘Diário Popular’,
pois claro, não foge à regra. E
como o Carlos Lopes é o contínuo mais rápido, a opção agrada às duas partes – à do jornal
e à dele. Carlos Lopes é rapidíssimo e faz aquele trajecto
num instante. Depois desse trabalho, ainda trabalha no Crédito Predial, no Banco do Algarve e no BPA. Só depois de chegar aos trinta anos é que ganha
aquelas medalhas todas.
Aquelas medalhas todas, sim.
A olímpica, em 1984, e ainda
a de ouro na Maratona de Roterdão-85, quando tira 53 segundos ao melhor tempo de sempre e pela primeira vez baixa
da fasquia das duas horas e
oito minutos. O jornal francês
L’Équipe escreve: “Fantástico,
extraordinário. Não há adjectivos fortes o suficiente para
caracterizar a vitória de Carlos Lopes. Há 20 anos, quem
diria que um homem correria
uma maratona a uma média
de 20 km por hora?” Nos jornais da Holanda, o nome de
Carlos Lopes é endeusado. “Com
o seu mágico talento e a sua
passada fantástica, só um
homem consegue acabar uma
maratona em duas horas sete
minutos e 12 segundos: Carlos
Lopes.”
E agora a pergunta que se
impõe: onde é que o Baptista
Bastos estava a 20 de Abril de
1985 quando Lopes ganha o
seu último grande título? A ver
o Homer Simpson é que não...
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&RQFHSW*/&&RXSÆ
;FRPFY
&283¦77 A combinação de um
SUV multifuncional com o segmento de coupés da Mercedes-Benz, é agora repetida com
o Concept GLC Coupé. Uma
grelha do radiador com lâmina dupla, capot com design
desportivo e um sistema de
escape de quatro saídas, criam
um contraste estético com a
harmoniosa secção principal
da carroçaria. Por outro lado,
elementos do segmento todo-o-terreno são indicativos do
potencial desempenho em todo-o-terreno do Concept GLC
Coupé.
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9(1'$6 Segundo a ACAP, em
Março, as vendas de veículos
ligeiros de passageiros na União
Europeia aumentaram pelo
19.o mês consecutivo (+10,6%),
totalizando 1 604 107 unidades. O maior crescimento foi
em Espanha (+40,5%) e Itália
(+15,1%), seguidos pela França (+9,3%), Alemanha (+9,0%)
e o Reino Unido (+6,0%). Em
valores absolutos, Alemanha
e Reino Unido lideraram, com
cerca de 750 mil unidades vendidas. No primeiro trimestre
deste ano, as vendas de veículos ligeiros de passageiros
aumentaram 8,6%, totalizando 3,5 milhões unidades.
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0ž;,02 O novo Renault Espa-
ce obteve as 5 estrelas (o máximo) nos testes de segurança
passiva realizados pelo organismo independente Euro NCAP.
Com uma nota global de 81%,
o Renault Espace torna-se o
16.o modelo da gama Renault a
atingir as 5 estrelas nos testes
Euro NCAP.
Além deste resultado sobre o
seu nível de segurança passiva,
o novo Espace oferece um bom
comportamento dinâmico graças, nomeadamente, às tecnologias de alerta e de protecção,
que garantem também um alto
nível em termos de segurança
activa.
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Os construtores de automóveis não produzem só os melhores automóveis de que
são capazes, também têm de pensar nas
ajudas que poderão dar aos condutores
para fintar os impostos, as taxas e taxinhas que os governos dos vários países
lhes atiram para cima. O automóvel que
testámos, o BMW X5 Sdrive, é disso exemplo acabado.
A série X do construtor alemão é um
SUV, isto é, um automóvel com características de viatura todo-o-terreno mas
mais aligeirado que os verdadeiros TT,
puros e duros, com o objectivo de serem
também confortáveis automóveis familiares. Por essa razão foi pensada para ter
tracção às quatro rodas, logo bom desempenho em estradões de terra bastante
esburacados e estradas cobertas de neve.
Esta última característica é o que a torna tão estimada e desejada nos países
mais a norte da Europa, onde circular
durante o Inverno não é fácil.
Pensando na fiscalidade (portuguesa e
provavelmente não só) e no facto de a
maior parte dos possuidores deste tipo
de automóvel raramente os meterem em
sítios demasiado difíceis, a BMW pegou
no X5 25d, retirou-lhe a tracção dianteira, acrescentou-lhe uma terceira fila de
bancos tornando-o um sete lugares (sacrificando espaço na bagageira, quando em
uso) e conseguiu reduzir a metade o ISV
e fazer com que nas portagens, se equipado com Via Verde, só pague como classe 1 quando na verdade, por ter mais de
1,10 de altura à vertical do eixo dianteiro, é, em condições normais, um classe
2. Porquê? Comecemos pelo ISV. A legis-
lação portuguesa determina que automóveis com peso bruto superior a 2,5
toneladas e com lotação igual ou superior a sete lugares e que não possuam
tracção às quatro rodas estão sujeitos a
uma taxa de 50% da tabela do imposto.
Logo aqui há uma redução do 25d Xdrive para o 25d Sdrive de cerca de 4 mil
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euros. Acrescentando que o S, por ter apenas tracção traseira, tem menos emissões de CO2, lá se vai mais uma redução
no ISV CO2, que chega aos tais menos cerca de 5 mil euros.
Quanto à questão das portagens, pelo
Decreto-Lei 39/2005, de 17 de Fevereiro,
os “veículos ligeiros de passageiros e mistos, tal como definidos no Código da Estrada, com dois eixos, peso bruto superior a
2300 kg e inferior ou igual a 3500 kg, com
lotação igual ou superior a cinco lugares
e uma altura, medida à vertical do primeiro eixo do veículo, igual ou superior a 1,1m
e inferior a 1,3m, desde que não apresentem tracção às quatro rodas permanente
ou inserível, pagam a tarifa de portagem
relativa à classe 1 quando utilizem o sistema de pagamento automático”.
É por isto que o BMW 25d S Drive custa
71 580€, contra os pouco mais de 76 000€
do Xdrive.
A versão que testámos custa 83 760€,
por causa de alguns extras, nomeadamente a cor específica azul imperial (825€),
as jantes de liga leve de 19”, os estribos de
alumínio (415€), as barras no tejadilho e
os vidros com protecção solar (700€), o
pack de luzes (321€), o sistema de navegação profissional (2179€) e a versão Confort, que inclui a tal terceira fila de bancos, estofos de pele e sistema de ventilação adicional (3960€).
Os 218 cv do bloco diesel 2 litros de quatro cilindros são suficientes para proporcionar andamentos vivos, também graças
à generosa caixa de oito velocidades.
Com cinco pessoas e bagagem, com muita auto-estrada, mas também estradas
regionais e alguma cidade conseguimos
uma média de 7,8 l aos 100/km, longe dos
6,6 anunciados pelo fabricante, mas mesmo assim bastante bons para um carro de
2,5 toneladas e daquele tamanho.
A terceira geração do Kia Sorento, já
disponível no mercado nacional, apresenta-se com novidades e argumentos
que o podem tornar mais apetecido dos
clientes europeus. Isto além da imbatível garantia de sete anos.
Como pontos principais, o desenho
renovado e moderno, desenvolvido no
centro de estilismo de Namyang, na
Coreia, mas em estrita colaboração com
os centros europeu de Frankfurt (responsável pelo interior) e norte-americano de Irvine (Califórnia). Também
tem mais espaço, novas tecnologias e
motores renovados, no caso o 2.2 CRDi,
o que nos interessa por ser o único que
estará à venda em Portugal. Embora
mantendo a potência de 197 cv, é menos
poluente e obviamente também menos
gastador.
Estilisticamente não se pode dizer que
tenha havido um corte radical em relação ao seu antecessor da segunda geração (lançada em Maio de 2009 com um
face lift em Julho de 2012), mas antes
uma evolução, com uma cercadura metálica à volta da grelha, esta com um enchimento em forma de diamante, novo
desenho dos faróis principais e de nevoeiro, bem como da tomada de ar inferior.
O estilo lateral também teve pequenos
retoques, como o baixo relevo em conjunto com os pilares a preto e a linha metálica a criarem efeito de maior leveza.
O interior foi modernizado, tem materiais de melhor qualidade e pormenores de maior requinte, mostrando um
gosto bastante mais europeu, além dos
sete lugares de série.
A nova geração cresceu 9,5 cm em
comprimento, tendo agora 4,780 m, e
tem também mais 8 cm de distância
entre eixos. Aumentou 0,5 cm em largura e diminuiu 1,5 cm em altura.
Apesar de estar disponível na fábrica
com três motorizações, 2.4 a gasolina
com injecção directa (200 cv) e com
duas versões turbo diesel (2.0 e 2.2),
que deverão representar a principal
fatia das vendas na Europa, no nosso
mercado só estará disponível normalmente a 2.2, podendo, por encomenda,
ser comprada a versão 2.0 de 185 cv,
neste caso sempre com tracção 4X4.
O motor 2.2 tem um binário de 441
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Nm plano entre as 1750 e as 2750 rpm,
e pode ser acoplado a uma caixa de seis
velocidades de comando manual ou
automático, com sistema start & stop.
Há um único nível de equipamento,
o TX, que na versão de caixa manual
custa 44 387€ e a versão de caixa automática, que custa 47 990€. No entanto, na campanha promocional que se
vai estender pelos próximos meses
haverá um desconto de 5400€, pelo
que o preço será de 38 990€ e 42 560€,
respectivamente. Como únicos opcionais, a pintura metalizada (381€) e o
tecto panorâmico (950€). O pack navegação custa 1150€ e no preço está incluída a possibilidade de fazer seis actualizações.
No equipamento de série constam
sensores de chuva e luz, sensores de
estacionamento, hill assist control,
monitorização de pressão de pneus e
controlo de estabilidade, ar condicionado automático, cruise control, banco do condutor com regulação eléctrica, áudio com ecrã táctil de 4,3“, câmara de estacionamento, travão de mão
eléctrico, bancos de pele, ligação USB
e iPod, espelho electrocrómico, luzes
LED, faróis de xénon e jantes de liga
leve de 17”.
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