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É verdade que a União Europeia (UE) está a atravessar uma crise económica que deixou mais de 24 milhões /XķV5RVD de pessoas no desemprego. E é óbvio que isto provoca problemas políticos Ontem voltamos à normalidade. Depois das declara- na opinião pública de cada estado-membro da UE ções de choque dos chefes para impor uma política de governo da União de imigração demasiado Europeia sobre o desastre expansiva. Mas daí a aceique vitimou mais de 900 tar apenas 5 mil mil pesimigrantes ilegais desessoas por ano, repatriando perados no Mediterrâneo, mais de 150 mil que tenvoltamos à normalidade tam entrar através do das declarações redondas, Mediterrâneo, transforma meio vazias e opostas a oficialmente a Europa qualquer decisão firme. numa fortaleza praticaO momento pedia uma mente impenetrável. É Europa solidária que resnecessária uma política gatasse a superioridade mais pragmática. moral perdida no tempo, A prova de que os dirigentes mas o resultado final preeuropeus não estão interesparava-se para ser, no sados nessa política é o foco fecho desta edição, uma que Angela Merkel e outros mão cheia de quase nada. dirigentes coloEm cima da mesa dos líde$FHLWDUDSHQDV caram à entrada para a reures europeus PLO que se reuniLPLJUDQWHVSRU nião do Conseram ontem à DQRÒSRXFR lho Europeu no à iminoite de emer0XLWRSRXFR combate gração ilegal e gência em Bru(LPSOLFD aos grupos crixelas estava a UHFRQKHFHU minosos que abertura para TXHD(XURSD exploram o receber apenas TXHU desespero des5 mil imigrantes por ano – WUDQVIRUPDUVH sas pessoas medida claraQXPDIRUWDOH]D para ganhar mente insufi)D]IDOWDXPD dinheiro. Admiciente face à SROķWLFDPDLV tir acções militares contra dimensão do SUDJPÀWLFD esses grupos êxodo migratónão é uma solurio africano. ção para o problema. Pode São mais de 400 imigranatenuá-lo, mas não resolverá tes ilegais por mês, mais nada. de 1600 só nos primeiros Já aumentar os fundos disquatros meses de 2015. poníveis para a vigilância Em 2014 apenas, mais de naval do Mediterrâneo, aju150 mil pessoas tentaram entrar no continente euro- dando a Itália com meios peu dessa forma. E no últi- militares de outros países da União Europeia (a Grã-Bremo ano e meio morreram tantas pessoas como aque- tanha já disponibilizou esses meios), parece ser a única las que os líderes euromedida claramente positiva. peus querem agora deixar É de facto a única maneira entrar – o que implica que a Europa só deverá aceitar de evitar mais tragédias como a do último fim-deum em cada 30 dos imi-semana. Mas o problema de grantes desesperados que fundo mantém-se: a Europa tentam escapar à pobreza continua a não existir. Ainda e aos conflitos militares ontem a marinha italiana que devastam a Líbia, a resgatou mais 220 emigranSíria ou o Iémen. tes ilegais, sendo certo que o É pouco. Muito pouco. E fluxo diário vai aumentar e implica reconhecer uma agravar-se com o bom tempolítica de portas fechapo dos próximos meses de das. Bastava ouvir os líderes europeus à chegada ao Verão. Até quando? "CSJM 'HWHQÄÀRGH DGPLQLVWUDGRU UHIRUÄDWHVHGH TXHRJUXSR /HQDGHX GLQKHLURD 6ÐFUDWHV 4³-7*"$"/&$0 TJMWJBDBOFDP!JPOMJOFQU *OWFTUJHBËÊPBQFSUBDFSDPBPHSVQP-FOB +PBRVJN#BSSPDBVNEPTBENJOJTUSBEPSFTGPJ JOUFSSPHBEPQPS$BSMPT"MFYBOESF&NDBVTB FTUÊPPCSBTQÛCMJDBTFUSBOTGFSÍODJBTQBSBBT DPOUBTTVÐËBTEF4BOUPT4JMWB Cinco meses depois da detenção de José Sócrates e de Carlos Santos Silva, depois de várias peças processuais em que o grupo Lena era dado como o “corruptor” do ex-primeiro-ministro, depois das análises bancárias que mostravam que os administradores do grupo Lena tinham feito transferências para as contas suíças de Santos Silva, Joaquim Barroca Rodrigues, um dos administradores do grupo de Leiria, foi detido para interrogatório. A detenção aconteceu quartafeira à noite, no âmbito da Operação Marquês, depois de buscas a sua casa e à sede da empresa, na Quinta da Sardinha, Leiria. Ao fim da tarde de ontem continuava a ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre no Tribunal Central de Instrução Criminal, hora a que ainda não eram conhecidas as medidas de coacção a que ficará sujeito. Durante o interrogatório, o procurador Rosário Teixeira e o juiz de instrução terão tentado esclarecer várias dúvidas, desde logo a razão por que terão sido feitas transferências para as contas que o empresário e ex-administrador do grupo Lena tinha na Suíça. A informação !! 2JUXSR/HQDWHP QHJDGRWHUSDJRTXDQ WLDVD6ÐFUDWHVRX6DQ WRV6LOYDHPWURFDGH DOHJDGRVIDYRUHFLPHQ WRVHPQHJÐFLRV 0RVFDPOTUBOPBDÕSEÊPEF SFTQPTUBB4BOUPT4JMWB TPCSFPHSVQP-FOB 1"6-0$6/)"-64" sobre os montantes destas transferências e as datas em que terão sido feitas terá chegado nas respostas às cartas rogatórias enviadas para a Suíça. Santos Silva afirma que esses montantes terão sido pagos a título de prémios, mas a tese tem sido rebatida pelo Ministério Público e até pelos juízes da Relação de Lisboa. No acórdão de resposta ao recurso do empresário, datado de Fevereiro deste ano, e a que o i teve acesso, os desembargadores argumentam que se Santos Silva foi administrador de empresas do grupo Lena até finais de Agosto de 2009, e se aquelas transferências foram feitas, como admitiu, entre 2007 e 2009, não haverá outra justificação para aqueles pagamentos que não a sua “origem ilícita”: “Ainda que se entendesse que a sua intervenção extravasara os limites da diligência devida no exercício da sua função de administração, o recorrente, por um lado, e o grupo, por outro, dispunham de toda uma panóplia de justificativos legais possíveis para a atribuição de uma remuneração extra, com o inerente suporte documental.” Mesmo que Santos Silva já não fosse administrador, tendo continuado a prestar serviços ao grupo Lena, “nada obstava – e a lei impunha – à escrituração dos valores transferidos, ainda que a título de luvas o fossem”. Apesar dos desmentidos do grupo Lena – que ontem voltou a garantir, em comunicado, que sempre trabalhou no “mais escrupuloso respeito pela legalidade e boas práticas” –, a verdade é que desde o início da investigação que a equipa liderada pelo procurador Rosário Teixeira alega que o acervo financeiro que Santos Silva constituiu no estrangeiro deriva de “atribuições patrimoniais injustificadas” que visavam “o enriquecimento indevido” do ex-primeiro-ministro e dá o grupo Lena como o corruptor de José Sócrates, em troca de alegadas vantagens na adjudicação de obras. Na fundamentação enviada à Relação de Lisboa, o MP explicou que em Novembro, altura em que Sócrates e Santos Silva foram interrogados e ficaram em prisão preventiva, ainda não dispunha de informação sobre os actos concretos de adjudicação “vantajosos para o grupo Lena” e que teriam sido “venalmente decididos”. Mas já conseguia identificar que só entre 2007 e 2010 (anos em que Sócrates estava no poder) o Estado terá adjudica- do obras ao grupo Lena num montante superior a 200 milhões de euros. E que projectos foram esses? “Projectos da Parque Escolar, do TGV e das parcerias rodoviárias, por exemplo”, assume o MP. Em Março, o i já tinha avançado que os investigadores estariam a recolher informações desses inquéritos, já abertos no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). A empresa de construção civil foi a principal beneficiada nas obras da Parque Escolar: em consórcio com as construtoras Abrantina e Manuel Rodrigues Gouveia arrecadou pelo menos cerca de 137 milhões de euros através de nove contratos para fazer obras em escolas públicas de Portalegre a Felgueiras, passando por Lisboa e Marinha Grande. No caso das PPP rodoviárias, a construtora integrou o consórcio liderado pela Brisa que venceu a concessão do Baixo Tejo e o agrupamento que venceu a concessão Litoral Oeste. De acordo com uma auditoria do Tribunal de Contas, esta última terá sido a PPP dos tempos de Sócrates que mais dinheiro deu às construtoras. Outro dos indícios recolhidos pela investigação, que tem o grupo Lena no epicentro, diz respeito ao encontro entre Sócrates e o vice-presidente de Angola que terá sido agilizado pelo embaixador de Portugal em Nova Iorque e teria como fim pedir favores para o grupo de Leiria, conforme o i avançou. O ex-primeiro-ministro e Manuel Vicente terão chegado a encontrar-se na cidade de Nova Iorque, em Setembro, por ocasião de uma sessão da assembleia geral das Nações Unidas. O encontro terá sido promovido pelo embaixador de Portugal em Nova Iorque, Álvaro Mendonça e Moura, e terá reunido à volta da mesma mesa, além de Sócrates e Manuel Vicente, Santos Silva e representantes do grupo Lena. Antes do encontro terá existido uma conversa telefónica, interceptada durante as escutas da Operação Marquês. “Tal constituição desse acervo financeiro, por acordo entre o ora recorrente [Carlos Silva] e o grupo Lena, não pode assim, ser desligado do facto público que se traduz na dimensão dos contratos celebrados por empresas daquele grupo, quer com o Estado português, que adjudicou ao grupo Lena contratos de valor superior a 200 milhões de euros entre 2007 e 2011, quer a nível internacional, tendo o grupo Lena obtido a adjudicação pelo governo venezuelano de 50 mil casas pré-fabricadas no ano de 2008, quando o arguido José Sócrates visitou a Venezuela enquanto primeiro-ministro.” “O arguido Carlos Santos Silva reconheceu a existência dos fundos colocados no exterior – em nome das entidades off-shore Brickhurst International Ltd e Pinehill Finance, Ltd, ambas com contas junto da UBS de Zurique – e procurou justificar esses fundos, quer no seu interrogatório quer na motivação, pelo menos uma parte equivalente a 14 ou 15 milhões de euros, como sendo pagamentos de serviços prestados para o grupo Lena, mas ao que se afigura em sede pessoal e não das empresas por si controladas.” “Os fundos que foram colocados nas contas na Suíça das entidades Brickhurst International, Ltd e Pinehill Finance, Ltd não estão directamente relacionados, ao contrário do que o arguido ora recorrente quis fazer crer, com o negócio das salinas de Angola, mas sim com fundos originados em contas na Suíça dos administradores do grupo Lena.” “A imputação e a discussão em interrogatório abrangeram a origem do conjunto de fundos que, encontrando-se inicialmente em contas suíças, em nome de entidades off-shore, foram trazidos para contas em Portugal, aproveitando o regime dos RERT’s I e II, afirmando-se claramente na imputação que esse património financeiro, formado na Suíça, em particular entre 2005 e 2010, teve origem, pelo menos em parte – traduzida em vários milhões de euros -, em fundos transferidos de contas pessoais dos responsáveis do grupo Lena.” “Não dispunha a investigação, na data dos interrogatórios, de informação sobre os actos concretos de adjudicação, vantajosos para o dito grupo Lena, que tenham sido venalmente decididos, mas foi possível identificar e quantificar a sua existência no global, sendo imputada a realização de obra para o Estado, no referido período de 2007 a 2010, superior a 200 milhões de euros – projectos da Parque Escolar, do TGV e das Parcerias Rodoviárias, por exemplo.” Fevereiro 2015 "CSJM "CSJM 01&3"®0 ."326°4 '×YLGDDGHQVDVH 6HLVPHVHV FKHJDPSDUD DFXVDU6ÐFUDWHV" 2FULPHHFRQʼnPLFRÒGRVPDLVGHPRUDGRVGH LQYHVWLJDU$FXVDÍÂRGH6ʼnFUDWHVH6DQWRV6LOYD WHUÀGHVHUGHGX]LGDGHQWURGHVHLVPHVHVPDV KÀTXHPGXYLGHTXHVHMDSRVVķYHO "CSJM 304"3".04 SPTBSBNPT!JPOMJOFQU A detenção de Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena, marca um novo capítulo na Operação Marquês, vem alargar a investigação a novos arguidos e reforça a dúvida: estando em causa suspeitas de que o grupo foi o corruptor de José Sócrates e perante os inúmeros contratos de adjudicação assinados pelo Estado, ainda será possível concluir a investigação nos próximos seis meses? O ex-primeiro ministro e o empresário Carlos Santos Silva foram detidos a 24 de Novembro do ano passado e, a manterem-se em prisão preventiva, terão de ser acusados no prazo máximo de um ano – ou seja, até Novembro. Com os novos desenvolvimentos de ontem, adensam-se as dúvidas sobre se o prazo será cumprido, tratando-se de um processo complexo. Basta olhar para alguns dos mais mediáticos casos de crimes económicos para concluir que este tipo de investigação é quase sempre demorada: entre a abertura de inquérito do caso Tagus Park e a dedução da acusação, por exemplo, passou um ano. No processo das contrapartidas dos submarinos, foram precisos três. As suspeitas de corrupção na Câmara da Amadora exigiram 11 anos de inquérito e, no caso do BPN em que um dos arguidos é Arlindo de Carvalho, a investigação começou em 2009 e a acusação só foi deduzida em 2014, cinco anos depois. No processo Homeland, que envolvia Duarte Lima, a fase de inquérito levou mais de um ano e até em casos em que ainda não foi deduzida acusação, como o Processo Monte Branco, o inquérito corre há já três anos. Meio ano chegará então para que haja uma acusação num processo que envolve a detenção de um antigo primeiro-ministro por suspeita de crimes como corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais? João Medeiros, que já trabalhou em vários processos ligados a crimes económicos, recorda que a defesa de José Sócrates 2H[SULPHLURPLQLVWUR -RVÆ6ÐFUDWHVIRLGHWLGR QRGLDGH1RYHPEUR GRDQRSDVVDGR .¨3*0$36;-64" 065304$"404 $0$'25$ 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHVHQWUHH $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HVSDFKRGH DUTXLYDPHQWR 3URQ×QFLDQÀRDSOLF¾YHO ,QÊFLRGHMXOJDPHQWRQÀR DSOLF¾YHO 6LWXDÄÀRDFWXDODUTXLYDGR )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDLQTXÆULWR DQRV 7$*863$5. 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHV $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HGXÄÀRGHDFXVDÄÀR 3URQ×QFLD ,QÊFLRGHMXOJDPHQWR 6LWXDÄÀRDFWXDOWU¿QVLWR HPMXOJDGRHP )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDHQWUHD SURQ×QFLDHRMXOJDPHQWR alega que a investigação terá começado em Julho de 2013. “A fazer fé nessas declarações, pode acreditar-se que muita da prova já estará feita”, sublinha. Seja como for, processos desta natureza, que implicam actos como pedidos de cooperação internacional e obtenção de dados bancários, são especialmente “demorados” e “complexos”. E a detenção de ontem do "UÌPTFOWPMWJEPT OPQSPDFTTPUÍN EÛWJEBTi¯QPVDP QMBVTÐWFMwEJ[VN EPTBEWPHBEPT %FUFOËÊPEF POUFNNPTUSB RVFBJOWFTUJHBËÊP BJOEBFTUÅ QBSBEVSBS administrador do Grupo Lena vem mostrar que a investigação não está de modo algum terminada. Por isso João Medeiros duvida que seja possível deduzir a acusação contra Santos Silva e Sócrates dentro do prazo legal: “Em teoria é possível, mas não acredito.” O advogado sublinha, por outro lado, a importância do caso – capaz de pôr em causa a “sobrevivência e a seriedade do sistema português”, pelo mediatismo que assume. “É de evitar qualquer tipo de escândalo”, defende o advogado. De resto, até os envolvidos no processo começam a duvidar que seja possível deduzir a acusação no próximo meio ano: um dos advogados ligados ao caso confessa ao i que essa possibilidade é já “pouco plausível”, perante a “dimensão e a especial complexidade” do caso. Apesar de tudo, há quem ainda acredite, como o antigo bastonário da Ordem dos Advogados Rogério Alves: “Provavelmente será preciso um trabalho intensivo, mas é possível”, defende. $PN4ÐMWJB$BOFDP 68%0$5,126 &RPSUD 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHV $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HVSDFKRGH DUTXLYDPHQWR 3URQ×QFLDQÀRDSOLF¾YHO ,QÊFLRGHMXOJDPHQWRQÀR DSOLF¾YHO 6LWXDÄÀRDFWXDODUTXLYDGR )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDLQTXÆULWR 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHVHQWUHH $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HGXÄÀRGHDFXVDÄÀR 3URQ×QFLD ,QÊFLRGHMXOJDPHQWRQÀR DSOLF¾YHO 6LWXDÄÀRDFWXDOHP MXOJDPHQWR )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDLQTXÆULWR 0217(%5$1&2 %31'XDUWH/LPD 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHV $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HGXÄÀRGHDFXVDÄÀR 3URQ×QFLDQÀRIRLSHGLGD LQVWUXÄÀR ,QÊFLRGHMXOJDPHQWRHP 6LWXDÄÀRDFWXDO FRQGHQDÄÀRHP 1RYHPEURGHDLQGD QÀRWUDQVLWDGDHPMXOJDGR )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDLQTXÆULWR %31t$UOLQGR&DUYDOKR )$&(2&8/7$ 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHVDQWHULRUHVD $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HGXÄÀRGHDFXVDÄÀR 3URQ×QFLD ,QÊFLRGHMXOJDPHQWR 6LWXDÄÀRDFWXDO FRQGHQDÄÀRHP 6HWHPEURGHDLQGD QÀRWUDQVLWDGDHPMXOJDGR )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDMXOJDPHQWR 68%0$5,126 FRQWUDSDUWLGDV 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHVHQWUHH $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HGXÄÀRGHDFXVDÄÀR 3URQ×QFLD ,QÊFLRGHMXOJDPHQWR 6LWXDÄÀRDFWXDO7ULEXQDO GD5HODÄÀRFRQILUPRX DEVROYLÄÒHV )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDLQTXÆULWR 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHVHQWUHH $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HGXÄÀRGHDFXVDÄÀR DLQGDQÀRKRXYH 3URQ×QFLDGHSHQGHGD DFXVDÄÀR ,QÊFLRGHMXOJDPHQWR QÀRVHDSOLFD 6LWXDÄÀRDFWXDOHP LQYHVWLJDÄÀR )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDLQTXÆULWR )5((3257 'DWDGRVDOHJDGRV FULPHV $EHUWXUDGHLQTXÆULWR &RQVWLWXLÄÀRGHDUJXLGRV 'HVSDFKRGH DUTXLYDPHQWR 3URQ×QFLDQÀRIRLSHGLGD LQVWUXÄÀR ,QÊFLRGHMXOJDPHQWR 6LWXDÄÀRDFWXDOWU¿QVLWR HPMXOJDGR )DVHSURFHVVXDOPDLV GHPRUDGDLQTXÆULWR "CSJM 3RUWXJDO $ 5DGDU 0DGHLUD$VVHPEOHLD YROWDDFRPHPRUDU RGH$EULO )81&+$/ A primeira conferên- cia de líderes da Assembleia Legislativa deliberou ontem voltar a comemorar o 25 de Abril, permitindo que todas forças políticas usem da palavra. A comemoração da Revolução tem sido um assunto polémico ao longo dos anos. Na última década, a maioria do PSD liderada por Alberto João Jardim recusou a celebração no parlamento e negou dar a palavra aos partidos com assento parlamentar. &DUHQFLDGRVFRQWLQXDPDSDJDUHQHUJLDDSUHÄRVGHPHUFDGR "'0/401"-." (QHUJLD7DULIDVVRFLDLVVÐ DEUDQJHPGDVIDPÊOLDV 0HPWFSOPEFDSFUPVRVFNJMDPOTVNJEPSFTUFSJBNEJSFJUPBQBHBS NFOPTQFMBFMFDUSJDJEBEFFHÅTNBTBUÌBHPSBTÕNJMFTUÊPBQBHBSPT NÐOJNPT$PNFSDJBMJ[BEPSFTF4FHVSBOËB4PDJBMOÊPTFHVFNBTSFHSBT ."3("3*%"#0/%&4064" NBSHBSJEBCPOEFTPVTB!JPOMJOFQU Milhares de consumidores não estão a conseguir aceder à tarifa social de energia, quer porque os comercializadores não as atribuem quer porque a Segurança Social não passa os documentos necessários por desconhecer a nova lei aprovada o ano passado pelo governo, que estabelece um patamar de 500 mil famílias carenciadas para terem gás e electricidade a preços mais baixos. Actualmente, e de acordo com os dados da Entidade Reguladora do Sector Energético (ERSE), há apenas cerca de 45 mil contratos deste tipo na electricidade e 5 mil no gás. As queixas já chegaram ao regulador e também à Associação Portuguesa de Direito do Consumo. Mário Frota, o presidente, explicou ao i que, embora a Segurança Social esteja agora mais receptiva, “houve famílias que ficaram meses à espera porque eram desincentivadas quando se dirigiam aos balcões dos serviços daquele organismo, onde lhes diziam que não "CSJM estavam em condições de se candidatar a estas tarifas por não reunirem condições para isso. Mas o que na realidade acontecia era que os funcionários desconheciam a lei”. Mário Frota acrescenta que as empresas que comercializam o gás e a electricidade também estão a cometer irregularidades quando os consumidores pedem a tarifa social. “Há outra característica no plano das exigências que nos repugna em absoluto”, acrescenta. “Alguns distribuidores obrigam à celebração de um novo contrato por ocasião do requerimento desta tarifa, o que é manifestamente ilegal. Sobretudo quando o novo contrato é mais gravoso que o anterior.” Para a Associação Portuguesa de Direito do Consumo, o governo também tem culpas no cartório. “Anunciou há mais de um ano uma campanha informativa para que todos fossem esclarecidos com rigor sobre o acesso às tarifas sociais e, a poucos meses do fim da legislatura, nada está feito”, refere. Há ainda inúmeros casos em que o abono de família está a ser- vir de pretexto para limitar a atribuição de tarifas. “Os consumidores em situação de carência e que recebam abono de família têm todos direito à tarifa social, independentemente do escalão em que estão inseridos. Mas temos queixas de pessoas que dizem que já não os aceitam por estarem neste ou naquele escalão. É inadmissível a contra-informação”, acusa o jurista. Também a ERSE anunciou esta semana que abriu um processo de investigação a várias empresas comercializadoras de energia por não estarem a agir dentro da legalidade. Um dos temas investigados pelo regulador prende-se com a aplicação da tarifa social aos consumidores economicamente mais vulneráveis. A ERSE inspeccionou a situação na EDP Comercial e na Galp Power no início de Fevereiro nas instalações das duas empresas para concluir que há “situações que indiciam a não atribuição, indevida, da tarifa social e o incumprimento do dever de informação aos beneficiários, nomeadamente na factura de fornecimento”. ([DPHV8PWHUÄR GRVSURIHVVRUHV VHPFHUWLILFDGR /,6%2$ A Fenprof revelou ontem que um terço dos professores indicados para corrigir os exames de inglês da Cambridge ainda não tem a certificação necessária. A Fenprof acusa ainda o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) de pressões para que seja concluída, apesar do pré-aviso de greve vigente. Mas “de dia para dia há mais professores a aderir à greve”, garante Anabela Sotaia, da Fenprof. 0$,JDUDQWHTXH WRGRVRV.DPRYYÀR HVWDURSHUDFLRQDLV /,6%2$ O Ministério da Admi- nistração Interna (MAI) garantiu ontem que os três helicópteros Kamov parados para operações de manutenção e testes vão estar disponíveis para a época de incêndios florestais. Dos cinco Kamov, dois estão operacionais, outros dois em operações de manutenção e reparação e um ainda em testes depois de ter sido reparado. O esclarecimento surge após o INEM ter anunciado que deixou de ter disponíveis os dois helicópteros Kamov de transporte de doentes e que essa suspensão durará as próximas seis semanas. (OHLÄÒHV &REHUWXUD MRUQDOÊVWLFD WHU¾GHVHU HQYLDGD SUHYLDPHQWH 1BSUJEPTEBNBJPSJB BQSFTFOUBNQSPKFDUP EFSFHVMBNFOUBËÊP Os órgãos de comunicação social terão de enviar a uma comissão mista, composta por membros da Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) e da Comissão Nacional de Eleições (CNE), “antes do início do período da pré-campanha, o seu plano de cobertura”. É isto que consta no projecto-lei que introduz alterações ao “regime jurídico da cobertura jornalística em período eleitoral e regula a propaganda eleitoral através de meios de publicidade comercial”. O plano de cobertura terá de identificar “ o modelo de cobertura das acções de campanha das diversas candidaturas que se apresentem a sufrágio, a realização de entrevistas, de debates (...) de reportagens alargadas, de emissões especiais ou de outros formatos informativos”. O projecto, a que o i teve acesso, é da autoria do PSD e do CDS, mas fontes da maioria garantem que o PS também assina por baixo este acordo. O i tentou confirmar esta informação, mas os socialistas remetem uma tomada de posição para hoje. Quem já reagiu foi o PCP, garantindo que votará contra a proposta no parlamento. “Daquilo que nos foi dado a conhecer, é um texto que votaremos contra porque contém aspectos dos quais discordamos, desde logo a comissão mista. Não seremos parte nessa negociação”, afirmou o deputado António Filipe. Em comunicado, o partido LIVRE/Tempo de Avançar, sem assento parlamentar e por isso excluído de debates televisivos no período de pré-campanha, considerou tratar-se de um “inaceitável ataque à liberdade de imprensa”. A polémica já vem do tempo das eleições autárquicas, quando uma divergência entre a ERC e a CNE levou à não transmissão de debates televisivos entre os candidatos. +PTÌ$BQVDIP 38% "CSJM $ 5DGDU 'LQKHLUR 1PTUJU 1034¸/*"1&3&41*/50 ¯QSFDJTP SFVOJSBMHVOT SFRVJTJUPT QBSBFTUBS EJTQFOTBEPEFTUF QBHBNFOUP *TFOËÊPEBTUBYBT NPEFSBEPSBT 2%DQFRGH3RUWXJDOHVW¾DID]HUXPDDXGLWRULDDREDQFR "3563#03(&4 0RQWHSLR'H]HQDV GHFOLHQWHVWHPHP ILFDUVHPSRXSDQÄDV 5PNÅT$PSSFJBHBSBOUFRVFBTDPOUBTEBJOTUJUVJËÊPiTÊPEBTNFMIPSFT EPTJTUFNBGJOBODFJSPwOBDJPOBMFRVFOÊPIÅiRVBMRVFSSJTDPw 4¸/*"1&3&41*/50 TPOJBQJOUP!JPOMJOFQU ."3("3*%"7"26&*30-01&4 NBSHBSJEBMPQFT!JPOMJOFQU Os planos mutualistas vendidos pelo Montepio como alternativos aos tradicionais depósitos envolvem “algum risco”. A garantia é dada ao i pelo especialista da Associação de Defesa do Consumidor (Deco), António Ribeiro. A Deco diz ainda que, desde o início desta semana, tem recebido em média 30 chamadas por dia de investidores preocupados com o risco que correm as suas poupanças no banco, havendo casos em que os associados têm 80% a 90%” do seu património alocado a estes produtos. António Ribeiro lembra ainda que estes produtos da Caixa Mutualista são “vendidos” com taxas mais atractivas, mas apresentam garantias diferentes dos depósitos a prazo. “Os primeiros estão sob a tutela do Ministério da Soli- "CSJM dariedade, Emprego e Segurança Social e a supervisão a que estão sujeitos é claramente insuficiente e levanta muitas dúvidas sobre a sua segurança, já que que é não é uma entidade reguladora comum, enquanto os depósitos estão sob abrigo do Banco de Portugal (BdP) e beneficiam do fundo de Garantia de Depósitos, que assegura até 100 mil euros por titular de conta”. A Deco chamou a atenção dos investidores que, ao resgatarem os valores investidos, “vão ser confrontados com fortes penalizações porque os produtos estão muito armadilhados”. “Se nas primeiras séries o Montepio penalizava apenas quem resgatasse no primeiro e no segundo ano, nestas últimas há sempre uma perda de uma grande parte do rendimento nem que seja ao quarto ano de uma série que tem validade de cinco anos”, acrescentando ainda que, em casos extremos, “não existe qualquer garantia em termos de capital”. Para já, o responsável aconselha os investidores a manterem os seus produtos até ao final do prazo, uma vez que, de acordo com as contas do Montepio referentes a 2014, a instituição cumpre os rácios exigidos. &217$6 No mesmo sentido, Tomás Correia, presidente do Montepio, garante que “as contas da instituição são das melhores do sistema financeiro português”. Em declarações ao i, o responsável salienta ainda que “todos os bancos tiveram prejuízos e os do Montepio são muito inferiores aos que seriam correspondentes à sua quota de mercado”. E lembra que as contas depósito dos clientes “estão todas protegidas, nomeadamente até cem mil euros. No Montepio como nos outros bancos. Não há qualquer risco”, assegura. Fonte da instituição financeira declarou ao i que, enquanto o BdP não se pronunciar, o banco deverá continuar a sofrer danos reputacionais, sobretudo por estar a ser comparado com o BES. “É uma vergonha a onda de boatos que se instalou e enquanto o BdP não puser cá fora os resultados da auditoria [que o supervisor iniciou no ano passado], o mercado vai estar instável.” A mesma fonte sublinhou que “o Montepio é o único banco não intervencionado, não pediu CoCo [obrigações de capital contingente], não precisa de CoCo, não é um caso BES, como alguns aventam, e as autoridades têm obrigação de o dizer para acalmar as tensões que resultam dos boatos”. Na última semana o Montepio tem estado sob os holofotes, depois de ter vindo a público que Teixeira dos Santos é um nome possível para suceder a Tomás Correia na liderança da associação mutualista (AM), uma vez que as novas regras do BdP estão a apertar e deixam de permitir que os administradores acumulem funções na AM e no banco. O facto de muitos clientes e associados terem subscrito planos mutualistas ao longo dos anos, e não se terem apercebido de que estes produtos não estão sob a garantia do fundo de Garantia de Depósitos, a juntar ao recente colapso do BES, está a criar alguma agitação no mercado. Até agora o Banco de Portugal ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto. $SHVDUGRVFRUWHVPXL WRVXWHQWHVFRQWLQXDPD EHQHILFLDUGDVLVHQÄÒHV GRSDJDPHQWRGDVWD[DV PRGHUDGRUDVQRVVHUYL ÄRVGHVD×GH 4XHP"8WHQWHVHP VLWXDÄÀRGHFRPSURYDGD LQVXILFLÇQFLDHFRQÐPLFD EHPFRPRRVPHPEURV GHSHQGHQWHVGRUHVSHF WLYRDJUHJDGRIDPLOLDU JU¾YLGDVFULDQÄDVDWÆ DRVDQRVGHLGDGHM¾ IRLSXEOLFDGRHP'L¾ULR GD5HS×EOLFDXPQRYR GLSORPDTXHSUHYÇD H[WHQVÀRGDLVHQÄÀRD WRGRVRVPHQRUHVGH DQRVXWHQWHVFRPJUDX GHLQFDSDFLGDGHLJXDO RXVXSHULRUD GRHQWHVWUDQVSODQWDGRV PLOLWDUHVHH[PLOLWDUHV GDV)RUÄDV$UPDGDV TXHHPYLUWXGHGDSUHV WDÄÀRGRVHUYLÄRPLOLWDU VHHQFRQWUHPLQFDSDFL WDGRVGHIRUPDSHUPD QHQWHHGHVHPSUHJDGRV FRPLQVFULÄÀRY¾OLGDQR FHQWURGHHPSUHJR JDQKDQGRVXEVÊGLRGH GHVHPSUHJRLJXDORX LQIHULRUD,$6 HXURV $OÆPGHVWHVWDPEÆPRV GDGRUHVGHVDQJXHHRV GDGRUHVGHFÆOXODVWHFL GRVHÐUJÀRVSRGHP EHQHILFLDUGDLVHQÄÀRGR SDJDPHQWRGDVWD[DV PRGHUDGRUDVDSHQDV QRVFXLGDGRVGHVD×GH SULP¾ULRVFHQWURVGH VD×GH (TXHUVDEHUFRPRTXHL [DUVHGREDQFR" 7HUÄDIHLUDUHVSRQGR 38% 7$3*UHYHVHP UHTXLVLÄÀRH6LWDYD TXHUGLXWXUQLGDGHV Ì 32578*$/ O governo não irá avançar com a requisição civil para responder à greve dos pilotos da TAP entre 1 e 10 de Maio, ao contrário do que quis fazer na paralisação agendada para o final de 2014 e que foi suspensa. Ontem também o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos veio criticar o governo e a TAP, por “quererem roubar cinco anos de antiguidade na empresa”, prometendo não abdicar da luta, tal como os pilotos. %HQILFD3RUWRSRGH JHUDUUHFHLWDVGH PLOKÒHVGHHXURV 32578*$/ O jogo deste domin- go entre o Benfica e o FC Porto vai gerar um volume de receitas de 23 milhões de euros, segundo um estudo do Instituto Português de Administração de Marketing. O estudo prevê um encaixe de 3 milhões da venda de bilhetes e de 20 milhões em restauração, acções promocionais, publicidade, direitos televisivos, segurança e hospitalidade. 'D[ .FSDBEPT 36, (XUR 6WR[[ ªQGLFH 9DULDÍÂRHP $QR ªQGLFH 9DULDÍÂRHP $QR )76( ,%(; ªQGLFH 9DULDÍÂRHP $QR ªQGLFH 9DULDÍÂRHP $QR 63 '$; ªQGLFH 9DULDÍÂRHP $QR ªQGLFH 9DULDÍÂRHP $QR 6+ 3RUWXJXHVD*HW(DV\ OHVRXPLO SHVVRDVQRPXQGR 0HOKRUHVGR36,9DUHP *DOS(QHUJLD $OWUL %3, 7HL[HLUD'XDUWH )5$1¤$ O esquema em pirâmi- de GetEasy, uma empresa que trabalhava a partir de Portugal, com sede em Macau, lesou dezenas de milhares de pessoas em França. Segundo o jornal “Le Figaro”, há cerca de 300 mil vítimas deste esquema em todo o mundo. A companhia utilizava os pagamentos dos novos participantes para pagar os rendimentos prometidos aos membros mais antigos. SRXVDGDV GDMXYHQWXGH FRQFHVVLRQDGDV 32578*$/ O governo vai con- cessionar até Junho e por 15 anos a gestão de 14 pousadas da juventude, num valor de 2,8 milhões de euros, anunciou o secretário de Estado do Desporto e Juventude. O concurso público estará aberto por 45 dias, para estar concluído a 8 de Junho. À concessão pode candidatar-se qualquer entidade, empresa ou particular que cumpra as exigências do caderno de encargos. 6RQDH6*36 3LRUHVGR36,9DUHP %DQLI ,PSUHVD 0RWD(QJLO &77 126 PSI-20 30 dias 6900 6660 6420 6180 5940 5700 5460 5220 4980 4740 4500 5672,93 10/03/15 5984,51 +5,49% 23/04/15 (XURYVGʼnODU HXUROLEUDVHVWHUOLQDV HXURIUDQFRVVXÊÄRV "CSJM $ 5DGDU 0XQGR )UDQÄDHYLWRXFLQFR DWHQWDGRVWHUURULVWDV QRV×OWLPRVPHVHV 3$5,6 O primeiro-ministro fran- cês, Manuel Valls, revelou ontem que cinco ataques terroristas foram “frustrados” em França nos últimos meses. “Inúmeros ataques foram frustrados – cinco se se tiver em conta o ataque que felizmente não teve lugar em Villejuif”, nos arredores de Paris, no passado domingo, disse Manuel Valls à rádio France Inter. /X[OHDNV-RUQDOLVWD IUDQFÇVDFXVDGR QR/X[HPEXUJR /8;(0%85*2 O jornalista francês Édouard Perrin, que revelou o escândalo Luxleaks de concessão de benefícios fiscais a multinacionais pelo Luxemburgo, foi ontem formalmente acusado de vários delitos, entre os quais furto doméstico, informou o Ministério Público luxemburguês. As acusações decorrem de uma queixa apresentada pela PwC em Junho de 2012. IULFDGR6XO 0LOKDUHVQDUXD FRQWUD[HQRIRELD &KLQHVHVTXHUHPPXLWRVPLOLRQ¾ULRVFRPRHVWH'HYHUGHRXYHUPHOKR &KLQDSUHFLVDGH PDLVPXOWLPLOLRQ¾ULRV -2$1(6%85*2 Vários milhares de pessoas desfilaram ontem à tarde no centro de Joanesburgo para mostrar a sua rejeição da violência xenófoba, depois de uma nova operação da polícia e do exército num bairro problemático. Desde o final de Março, uma nova vaga de ataques xenófobos, em Durban e Joanesburgo, causou pelo menos sete mortos e milhares de deslocados. *XLQÆ&RQDFUL 0DQLIHVWDQWHPRUWR &21$&5, Um manifestante foi morto e quatro outros foram feridos pelas forças de segurança da Guiné-Conacri que tentavam impedir uma manifestação em Labé, feudo da oposição no Norte do país, afirmaram uma fonte hospitalar e testemunhas. “A vítima foi espancada com cassetetes pela força de segurança”, declarou à agência FrancePresse a fonte hospitalar. "CSJM 0BQFMPÌEFVNKPSOBMEP1BSUJEP$PNVOJTUBRVFDPOTJEFSBB BDVNVMBËÊPEFSJRVF[BDPNQBUÐWFMDPNBKVTUJËBTPDJBM "/5¸/*03*#&*30'&33&*3" BOUPOJPGFSSFJSB!JPOMJOFQU Uma boa notícia para Portugal, que nos últimos anos se transformou numa plataforma importante para a entrada da China na União Europeia. Os investimentos chineses são os mais importantes e os grandes grupos continuam à espreita de bons negócios em Portugal. Um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) defendeu ontem que “a China precisa de ter mais multimilionários”, argumentando que “a acumulação privada de riqueza não é incompatível com a justiça social” preconizada pelo sistema socialista. “Se um dia metade dos mais ricos do mundo forem chine- ses, isso evidenciará os enormes sucessos alcançados pela China no seu processo de desenvolvimento económico e social”, disse o “Global Times”, jornal de língua inglesa do grupo do “Diário do Povo”, o órgão central do PCC. 5,&26&20%2$,0$*(0Num editorial intitulado “Ressentimento contra os ricos é exagerado”, o jornal sustenta que a maioria dos ricos chineses “tem uma imagem positiva na China” e “são adorados como ídolos pelos jovens”. O editorial reconhece que “o ódio à riqueza é particularmente virulento na internet”, mas considera que “a inveja e a insatisfação não são os sentimentos dominantes em relação ao crescen- te número de chineses multimilionários”. Na lista mundial dos multimilionários divulgada em março passado pela revista norteamericana “Forbes”, correspondente a fortunas superiores a mil milhões de dólares, a China continental tinha 213 nomes, mais 61 que em 2014. Um dos chineses mais bem classificados, Wang Jianlin, presidente do Wanda Group, com uma fortuna avaliada em 24 200 milhões de dólares (22 600 milhões de euros), é também membro do Partido Comunista Chinês. De acordo com os dados do Gabinete Nacional de Estatísticas da China, o rendimento anual disponível per capita no país aumentou 84 vezes nos últimos 35 anos, 3&65&34 atingindo 28 844 yuan (cerca de 4400 euros) em 2014. Constitucionalmente, a China define-se como “um estado socialista liderado pela classe trabalhadora e baseado na aliança operário-camponesa”. O marxismo-leninismo continua a ser “um princípio sagrado” do PCC. Contudo, há cerca de duas décadas, o PCC passou a defender a “economia de mercado socialista” e a encorajar a iniciativa privada. Vistos outrora como “inimigos de classe”, os empresários já podem filiar-se no PCC e muitos deles fazem parte dos órgãos de Estado. /ª'(5'$)2681¦ O mais conhecido em Portugal é Guo Guangchang, presidente do grupo Fosun Group, o consórcio chinês que já comprou a companhia de seguros Fidelidade, o grupo Espírito Santo Saúde e é apontado como um dos candidatos mais fortes à compra do Novo Banco. Delegado à Conferência Política Consultiva do Povo Chinês, o principal órgão de consulta do Partido Comunista e do governo chineses, Guo Guangchang ocupa o 25.o lugar da lista dos mais ricos da China elaborada pela revista “Forbes”, com uma fortuna de 4300 milhões de dólares. $PN-VTB 38% (8$PDWDUDPGRLVUHIÆQV GD$O4DHGDQXPDWDTXH IDOKDGRFRPGURQHV 0QFSBËÊPOBGSPOUFJSB EP1BRVJTUÊPDPNP "GFHBOJTUÊPNBUPV VNJUBMJBOPFVN OPSUFBNFSJDBOP A Casa Branca informou ontem que dois reféns ocidentais da AlQaeda, um norte-americano e um italiano, foram mortos durante uma operação norte-americana antiterrorista na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão em Janeiro passado. Outros dois norte-americanos, Adam Gadahn e Ahmed Farouq, ambos membros da Al-Qaeda, foram mortos em operações norte-americanas antiterroristas na mesma zona, indicou ainda a Casa Branca. O presidente norte-americano, ainda de acordo com a Casa Branca, “assume a total respon- sabilidade por estas operações”. Os dois reféns em questão eram Warren Weinstein, um cidadão norte-americano que foi feito refém pela rede terrorista em 2011, e o italiano Giovanni Lo Porto, mantido em cativeiro desde 2012. As operações com drones para abater terroristas acontecem em diversos países em que a presença de organizações terroristas é forte, como é o caso do Afeganistão, do Paquistão, do Iémen e da Somália. No caso em concreto, a presença terrorista é bastante significativa na região fronteiriça entre o Paquistão e o Afeganistão, um santuário fortemente protegido pelas tribos locais que se opõem aos governos de Cabul e de Islamabad. As operações de drones são normalmente autorizadas por Barack Obama. "3'DPN-VTB 3ÛTTJB "-&9"/%&3;&.-*"/*$)&/,0"1 1VUJOi(FOPDÐEJPBSNÌOJPGPJVN EPTBDUPTNBJTUSÅHJDPTEBIJTUÕSJBw 2SUHVLGHQWHUXVVR9ODGLPLU 3XWLQDILUPRXRQWHPTXHD FRPXQLGDGHLQWHUQDFLRQDO GHYHLPSHGLUDUHSHWLÄÀRGH XPDFRQWHFLPHQWRFRPRR JHQRFÊGLRDUPÆQLRqXPGRV PDLVWU¾JLFRVGDKLVWÐULDGD KXPDQLGDGHrq&HPDQRV GHSRLVLQFOLQDPRQRVDQWH DPHPÐULDGDVYÊWLPDV GDTXHODWUDJÆGLDTXHQD 5×VVLDÆVHPSUHUHFRUGDGD FRPGRUHWULVWH]DrDFUHV FHQWRXRSUHVLGHQWHUXVVR 3XWLQSDUWHKRMHSDUDD $UPÆQLDSDUDSDUWLFLSDUQDV FHULPÐQLDVGRDQLYHU V¾ULRGDGHSRUWDÄÀRH DVVDVVÊQLRGHFHUFDGH PLOKÒHVGHDUPÆQLRVSHOR ,PSÆULR2WRPDQRUHFRQKH FLGRFRPRJHQRFÊGLRSRU FHUFDGHSDÊVHVPDV QHJDGRSRUGH]HQDVGH RXWURVLQFOXLQGRD7XUTXLD TXHDGPLWHDSHQDVDH[LV WÇQFLDGHPLOqYÊWLPDV GHJXHUUDr0DLVTXHLVVR DOHLWXUFDSUHYÇSHQDVGH FDGHLDSDUDTXHPIDODURX HVFUHYHUVREUHRJHQRFÊGLR DUPÆQLR "CSJM % 2SLQLÒHV #-*/, "10$"-*14& $FMFSJEBEFEBKVTUJËBo BMJËÊPFTQBOIPMB +04¯%*0(0 ."%&*3" 2VPDJLVWUDGRVQÂRHVWÂRLVHQWRVGRVGHYHUHVTXHREULJDPWRGRV RVVHUYLGRUHVSŜEOLFRVHQWUHRVTXDLVRGHGHYROYHU¿FRPXQLGDGH DFRQWUDSUHVWDÍÂRGHYLGDSHORHVWLSÓQGLRTXHDXIHUHP 6DUDJRÍDGD0DWWD Durante 2012 um Juiz espanhol colocado num Juízo do Tribunal Criminal de Tarragona proferiu 107 Sentenças. No ano de 2012 a média de Sentenças proferidas pelos Juízes dessa comunidade autónoma foi de 451 Sentenças e a de todo o País foi de 464. Pior: o mesmo juízo em que este Magistrado foi colocado a 9/11/2011 tinha produzido 396 decisões judiciais no ano anterior. I.e., este Juiz, em 2012, causou, por comparação com 2011, uma redução de produtividade de 73%. Ou seja, produziu 23,7% da média dos demais Juízes da Comunidade e 23% da média dos Juízes espanhóis. Perante tal produtividade, o Conselho Geral do Poder Judicial impôs-lhe uma sanção disciplinar a 15/10/2013: um ano de suspensão de funções - com consequências remuneratórias, obviamente, e de contagem de tempo de serviço. 1.a conclusão: o poder disciplinar da magistratura espanhola aplica sanções disciplinares duras pela falta de produtividade dos magistrados judiciais. LLQIRUPDÄÀR ZZZLRQOLQHSW 13013*&5¨3*"&%*503" ,&(175$/1(:66$ 6HGH5XD&HV¾ULR9HUGH$ /LQGDD3DVWRUD 4XHLMDV 1,3& &5&/LVERDVRERQ &DSLWDO6RFLDOb 'HWHQWRUHVGHPDLVGH GRFDSLWDO1HZVKROG6*366$ $0/4&-)0%&"%.*/*453"®0 -RVÆ0DUTXLWRVDGPLQLVWUDGRU×QLFR %*3&$503 /XÊV5RVD %*3&$503"%+6/50 /XÊV2VÐULR &%*503&4&9&$65*704 $QD.RWRZLF] .¾WLD&DWXOR "CSJM 2.a conclusão: o poder disciplinar da magistratura espanhola tardou 10 meses para avaliar e sancionar o comportamento relativo ao ano anterior. Adiante... Inconformado com a sanção, o magistrado recorreu para a Secção de contencioso administrativo do Supremo Tribunal. Este, a 26/03/2015, veio a confirmar a condenação. 3.a conclusão: o Supremo tardou cerca de um ano a encerrar este caso. Da decisão do Supremo, como difundida na imprensa espanhola a 21 de Abril último, respiga-se o seguinte: “não se trata de sancionar o incumprimento dos módulos de trabalho, nem tão pouco o facto de que não alcançasse o número médio de Sentenças dos juízos criminais na Catalunha ou em toda a Espanha”. O que o Supremo censura “é a constatação de que, em termos absolutos, ponderadas as circunstâncias do próprio juízo, a actividade desenvolvida pelo Recorrente no labor fundamental como juiz criminal de proferir sentenças (…), resulta manifestamente insuficiente e escasso, atendendo ao seu número e características, com a consequente incidência no atraso da administração da justiça”. Tudo o que leva à 4.a conclusão: apesar de num juízo existirem casos muito diversos, é possível fazer uma avaliação eficaz, objectiva e rápida do número e características das decisões que têm de ser proferidas pelos juízes, avaliação da qual decorre a apreciação do mérito profissional para efeitos de progressão na carreira, mas também para os censurar através de sanção disciplinar efectiva quando incumprem os deveres de produtividade. Este caso legitima um argumento que publicamente venho defendendo há anos: o fundamental para evitar o estado de calamitoso atraso da justiça portuguesa, é implementar um controlo de work-flow nos tribunais. A legitimação não é apenas jurídica e racional. É também prática, de exequibilidade e de celeridade, posto que o poder disciplinar foi lesto, e o poder judicial no recurso também. Ou seja, é juridicamente sustentável, logicamente defensável e pragmaticamente exequível exigir a quem desempenha a função de julgar, que tenha um padrão de produtividade alinhável pela média dos demais Colegas. Idem para a função de fiscalizar o cumprimento de tais deveres. A 5.a conclusão a tirar é a de que os Magistrados não estão isentos dos deveres que obrigam todos os servidores públicos, de entre os quais o de devolver à Comunidade a contra prestação devida pelo estipêndio que mensalmente auferem, e, o que mais é, a contra prestação devida pela dignidade que lhes reconhecemos por exercerem tais funções. Um dia em que a Lei e a Praxe portuguesas alinhem por estes padrões… 3&%"$503&413*/$*1"*4 $QD6¾/RSHV $QWÐQLR5LEHLUR)HUUHLUD &%*503&4 /XÊV&ODUR1PSUVHBM$QWÐQLR5LEHLUR)HUUHLUD*OUFSOBDJPOBM$QD 6RDUHV(SBGJTNP$QWÐQLR3HGUR6DQWRV'PUPHSBGJB&DUORV 0RQWHLUR*OGPHSBGJB7LDJR3HUHLUD.BJT5XL0LJXHO7RYDU %FTQPSUP6ÐQLD3HUHV3LQWR0OMJOF &%*503"%+6/50 -RÀRGp(VSLQH\1PSUVHBM $003%&/"%03&4 0DULD5DPRV6LOYD.BJT5XL3HGUR6LOYD%FTQPSUP-RÀR3DXOR 5HJR(SBGJTNP5RGULJR&DEULWD'PUPHSBGJB 3&%"$®0 $QD7RP¾V$XJXVWR)UHLWDVGH6RXVD%¾UEDUD0DULQKR&DUORV 'LRJR6DQWRV&DWDULQD&RUUHLD5RFKD&ODUD6LOYD&O¾XGLD 5HLV'LRJR9D]3LQWR)LOLSH3DLYD&DUGRVR)UDQFLVFR&DVWHOR %UDQFR,VDEHO7DYDUHV-RDQD$]HYHGR9LDQD-RUJH*DUFLD 0DUJDULGD%RQGH6RXVD0DUJDULGD9DTXHLUR/RSHV0DUWD &HUTXHLUD0DUWD)5HLV0LJXHO%UDQFR3HGUR0LJXHO1HYHV 3HGUR5DLQKR5LWD7DYDUHV5RVD5DPRV6ÊOYLD&DQHFR 6RODQJH6RXVD0HQGHV6XVHWH)UDQFLVFR "44*45&/5&&%*503*"-0DULD/XUGHV$EUHX %&4*(/(3¨'*$0 /LOLDQD6LOYD5LFDUGR(VWHYHV 1¸4130%6®0%&*."(&. )¾WLPD$OEXTXHUTXH6ÆUJLR0DWHXV %*3&$®¼&4'6/$*0/"*4 'XDUWH9LFHQWH%JSFDUPS$PNFSDJBM.BSLFUJOHF%JTUSJCVJËÊP %&1"35".&/50"%.*/*453"5*70&'*/"/$&*30 6XVDQD3LUHV5FTPVSBSJBF$POUBCJMJEBEF 0DUWD6DOJXHLUR3FDVSTPT)VNBOPT TFSWJDPTBENJOJTUSBUJWPT!JPOMJOFQU %&1"35".&/50$0.&3$*"-."3,&5*/( &130%6®0 &ULVWLQD&DUDWÀR5XL5RGULJXHV6DQGUD(VWHYHVHGLÄÀR SDSHO6ÐQLD$OPHLGD9DQGD0DFKDGRHGLÄÀRRQOLQH,FZ "DDPVOUT 6WHIIDQ\&DVDQRYD(FTUPSBEF1SPEVUP$QD6LOYD"TTJTUFOUFEF .BSLFUJOH5LFDUGR-RÀR"TTJTUFOUFEF1SPEVËÊP DPNFSDJBM!JPOMJOFQU]NBSLFUJOH!JPOMJOFQU %&1"35".&/50%&4*45&."4%&*/'03."®0 ETJ!JPOMJOFQU $0/5"$504 LQIRUPDÄÀR5XD&HV¾ULR9HUGHQ$/LQGDD3DVWRUD 4XHLMDV 7HO)D[ BHFOEB!JPOMJOFQUDPSSFJPMFJUPSFT!JPOMJOFQU SBEBS!JPOMJOFQU[PPN!JPOMJOFQUNBJT!JPOMJOFQU EFTQPSUP!JPOMJOFQU "44*/"563"4BTTJOBUVSBT!JPOMJOFQU 4&37*®0%&"10*0"0-&*5037HO DPSSFJPMFJUPSFT!JPOMJOFQU *.13&4406RJDSDO%*453*#6*®09DVS 0HPEURGD 5*3"(&..¯%*"H[HPSODUHV %&1-&("-3&(*450&3$ "EWPHBEPFTDSFWFÈTFYUBGFJSB "SGSFTDP As propostas económicas do PS, divulgadas no início desta semana, são – para lá do seu valor intrínseco – saudáveis. Primeiro, porque se apresentam como uma fórmula alternativa e não de alternância. É bom que os portugueses possam escolher entre duas estratégias económicas distintas, promovidas pelos dois maiores partidos e não apenas entre um mesmo modelo económico defendido por um “bloco central” e as propostas mais radicais das franjas mais extremistas do espectro político. Segundo, porque depois das generalidades das instituições internacionais terem reconhecido que a austeridade falhou os seus objectivos, precisamos de formas inovadoras de retomar o crescimento económico. No plano político, não interessa que escolher entre o PSD e o PS seja apenas escolher o nome do novo primeiro-ministro, mantendo o mesmo modelo económico da eternum – isso apenas favorece a emergência de modelos mais ou menos radicais, que acabarão por conduzir à syrização da república portiguesa. Na esfera económica, depois de uma legislatura de austeridade, é preciso encontrar uma maneira de acelerar o crescimento económico, estancar a imigração e criar emprego e isso não se consegue mantendo as mesmas premissas e obsessões deste governo. Se há coisa que os portugueses sabem fazer bem, é enfrentar problemas complexos com soluções imaginativas e maneiras originais de dar a volta às coisas. Poucos saberão se as propostas do PS são exequíveis ou não, se são um mero wishful thinking ou uma abordagem efectiva para resolver os problemas que enfrentamos, ou se mesmo em caso de vitória dos socialistas serão implementadas e não remetidas para uma gaveta. Mas vão no sentido certo – pensar out of the box. E, só por isso, já merecem ser consideradas. &TDSFWFÈTFYUBGFJSB 7*450%&'03" ."*4%&1&350 *OWFTUJNFOUPFNJOPWBËÊPFTBÛEF EFQSPYJNJEBEFHFSBQPVQBOËB 1RÁPELWRGDGRHQÍDUHVSLUDWʼnULDFUʼnQLFDPXLWRVHWHPIHLWRUHFHQWHPHQWHHPXLWRKÀ DLQGDSDUDID]HU2VGRHQWHVHRVFXLGDGRUHVPRYHPVHQXPFLUFXLWRGHVDFWXDOL]DGR PXLWRFHQWUDGRHGHSHQGHQWHGRVKRVSLWDLV Nos últimos anos, Portugal tem registado ganhos significativos em saúde com indicadores a aproximarem-se da média europeia, como a esperança de vida e a redução da mortalidade infantil. No entanto, o contínuo envelhecimento da população lança-nos para um aumento significativo das doenças crónicas, complicando-se com a diversidade de comorbilidades, com impacto extremamente negativo na qualidade de vida das pessoas e das famílias. Se juntarmos a esta tendência os efeitos do tabagismo e os factores ambientais, confrontamo-nos com um aumento preocupante das doenças respiratórias crónicas. Segundo o Relatório do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da Direção-Geral da Saúde, de Dezembro de 2014, as doenças respiratórias excluindo o cancro do pulmão são a terceira principal causa de morte em Portugal e no mundo. Esta realidade, geradora de custos elevados dos cuidados de saúde, representa para o sistema de saúde um desafio importante do ponto vista da necessidade de modernização dos modelos de prestação de cuidados. No âmbito da doença respiratória crónica, muito se tem feito recentemente e muito há ainda para fazer. Os doentes e os cuidadores movem-se num circuito desactualizado, muito centrado e dependente dos hospitais de agudos, os quais nem sempre estão articulados com os cuidados de saúde primários, por vezes distantes da comunidade e da sociedade civil. Este panorama tende a agravar-se com algumas desigualdades na sociedade, nomeadamente com a iliteracia e potencia-se com as limitações de meios e de recursos da saúde em diversas regiões do país. Este cenário torna premente investir em Inovação, implementando meios tecnológicos e sistemas de informação 0OEFFTUÅP DSFTDJNFOUP Os CRD permitem a redução de custos associados aos múltiplos internamentos relacionados à doença crónica, que em 2012 atingiram 232 milhões de Euros e 70.000 pessoas, contribuindo para uma prestação de cuidados com uma estrutura de custos mais baixa e sustentável. O investimento na telemedicina e nos cuidados domiciliários aplicados à área das doenças respiratórias apresenta-se como solução inovadora que beneficia a tendência global que visa tratar os doentes estáveis fora do ambiente hospitalar. Este tipo de acompanhamento inovador através de sistemas de telemonitorização permite o seguimento clínico atempado, disponibilizando apoio permanente aos doentes por profissionais de saúde que fazem de elo de ligação com o médico, 24 horas por dia. Desta forma a telemedicina permite a redução dos custos em consultas nas urgências, em internamentos e transporte dos doentes, ou seja, a poupança dos contribuintes e do Estado. O sector privado tem assumido um papel relevante na introdução de novas tecnologias na Saúde, demonstrando cada vez mais o compromisso de contribuir para a sustentabilidade a longo prazo do SNS, agilizando a mudança e posicionando Portugal numa plataforma competitiva de captura de valor dos avanços da ciência. )PNFDBSF#VTJOFTT.BOBHFS1PSUVHBM -JOEF4BÛEF 3PESJHP$BCSJUB 0DULD-RÂR9LWRULQR e comunicação adequados; em Prevenção para a saúde através da educação para a autonomia do indivíduo na gestão da sua condição; em Reabilitação, nomeadamente a reabilitação respiratória, como meio de prevenção da exacerbação da doença e aumento da sobrevida; e na criação de modelos de prestação de cuidados de proximidade que gerem poupança, ganhos em saúde e aumento da qualidade de vida. Este investimento requer visão, liderança, decisões e um plano de acção que integre os maiores activos que Portugal tem: - um Serviço Nacional de Saúde com reconhecidos padrões de qualidade; - diversidade de profissionais de saúde experientes; - uma comunidade estudantil ávida de saídas profissionais desafiantes e diferenciadas; - um sector social com tradição na prestação de cuidados de saúde; - um sector privado robusto, ágil, disponível para o intercâmbio e partilha das melhores práticas internacionais, baseadas na evidência científica e no custo-efectividade. A aposta em Cuidados Respiratórios Domiciliários (CRD) adequados às necessidades do doente respiratório crónico é um excelente exemplo de inovação e proximidade que vence distâncias e atenua as dificuldades que decorrem da limitação de meios técnicos e humanos, em geral, com particular relevância nas zonas de maior dispersão geográfica. 2VFXLGDGRVUHVSLUDWÐULRVGRPLFLOL¾ULRVVÀRXPERPH[HPSORGHLQRYDÄÀR +00 '&3/"/%0 3".04 A Cáritas revelou esta semana dados chocantes sobre o risco de pobreza, que já chega a praticamente um quarto da população portuguesa, sendo as crianças agora as principais vítimas da falta de pão em casa dos pais. No Jornal 2 de quarta, o presidente da Cáritas do Porto contou-me como vivem muitas dessas famílias que eram da desaparecida classe média, depois entraram no grupo dos endividados, para mergulharem a seguir no alargado caldeirão dos desesperados. Começam por ter vergonha de pedir ajuda, tentam ainda encontrar o que falta na família, nos avós, nas poupanças dos amigos, mas depois acabam por chegar, de olhos perdidos, à porta de organizações como a Cáritas onde recebem praticamente de tudo. As estatísticas indicam que há muitas famílias que conseguem superar estes dias e voltam a sorrir, mas por cada uma que sai chegam duas com novos problemas. Na conversa, Barros Marques considerou positivos os sinais de crescimento do país, mas confessou que ainda não sentiu essa retoma nos que lhe pedem apoio todos os dias. Esta dura estatística da Cáritas chegou no mesmo dia em que o a Antena 1 fez as contas, com base nos dados do INE, concluindo que os salários dos licenciados, mestrados e mesmo doutorados caíram substancialmente desde a chegada da troika, estando agora abaixo dos 1200 euros, e que há mesmo 80 mil licenciados que depois de três ou quatro anos de universidade levam para casa menos de 600 euros. Os partidos começam a apresentar os caminhos para os próximos quatro anos, numa altura em que os portugueses deveriam estar também a prepararse para votar e decidir que rumo querem dar à sua vida. O desalento leva muitos a ficar em casa, deixando para os outros a decisão daquilo que nos deveria sempre motivar, o futuro e os sonhos dos nossos filhos. Esta é a hora de ouvir as propostas, de fazer as contas e de escolher, sem medos nem ameaças. A democracia começa no dia em que livremente podemos votar e decidir quem nos governa. +PSOBMJTUBEB351$PPSEF OBEPS+PSOBM&TDSFWFÈTFYUBGFJSB "CSJM % 2SLQLÒHV '"$5039FMBT 4&44¼&4 $0/5³/6"4 .BSFOPTUSVN -"630 "/5¸/*0 4XDQGRVHROKDSDUDRPDSDGR0HGLWHUUÁQHRRPDUTXHXQH HQÂRRTXHVHSDUDVXUJHFRPQDWXUDOLGDGHDTXHVWÂR SRUTXHÒTXHQÂRKÀGHVHPEDUTXHVGHUHIXJLDGRVHP3RUWXJDO" Quando se olha para o mapa do Mediterrâneo, o mar que une e não o que separa, surge com naturalidade a questão: porque é que não há desembarques de refugiados em Portugal? Por duas ordens de razões. Em primeiro lugar, como lembrou o primeiro-ministro marroquino esta semana durante a cimeira luso-marroquina, porque Marrocos controla as suas fronteiras e não permite a operação das redes de tráfico de migrantes. Em segundo lugar, porque Portugal, dada a sua pobreza no contexto europeu, não é o destino de eleição dos imigrantes económicos (muitos) ou exilados políticos (em crescendo). Nestas duas ordens de razões encontramos todas os elementos da complexidade do problema da imigração em direcção à Europa. O fenómeno não ocorre onde há um Estado organizado e funcional que controla as suas fronteiras (Marrocos, mas também a Argélia e, com intermitências, a Tunísia). O destino final dos imigrantes económicos e dos exilados é função da riqueza e da capacidade de absorção de mão-de-obra por parte das economias dos países mais ricos e, em menor grau, da generosidade do respectivo sistema de asilo (daí o maior número de exilados recebidos por países com sistemas “generosos” de reconhecimento do direito ao asilo: Alemanha, Suécia, Bélgica). A conjugação destes factores faz com que Portugal se situe no Conselho Europeu numa zona neutra de não protagonismo nesta questão, nem se alinhando com os países que sofrem a pressão das vagas de imigrantes (Itália, Malta, Grécia, Bulgária) nem com os que os acolhem de forma mais generosa (supra) nem com os que, por razões de política interna (Reino Unido, Holanda, França, mas também a oposição italiana com um crescimen- "CSJM 0TVJDÐEJPEP0DJEFOUF insuficiências quando são os estadosmembros que têm sempre recusado votar a maior ambição dos sucessivos planos de acção propostos pela Comissão Europeia. O pré-Conselho Europeu que ontem reuniu na REPER italiana em Bruxelas Renzi, Merkel, Hollande e Cameron também não augura nada de bom para a colegialidade do processo de decisão na UE. E será preciso lembrar que em matéria de uso da força ainda vigora a Carta da ONU e que, face ao vazio de poder na Líbia e na Síria, será preciso obter um mandato do Conselho de Segurança para destruir em terra e nas águas territoriais daqueles “estados” as embarcações dos traficantes de seres humanos (à semelhança do que acabou, por fim, por se fazer na Somália para combater a pirataria). Aos amantes das belas palavras recomendo a não leitura do comunicado do Conselho Europeu mas sim a recitação da oração laica escrita por Erri De Luca para os migrantes: “Mare nostro che non sei nei cieli...” &TDSFWFÈTFYUBGFJSB /JLPMBT/BOFW"1 0ÀULR-RÂR)HUQDQGHV to exponencial de uma Lega Nord capitaneada por Matteo Salvini) temem o populismo dos discursos xenófobos e anti-imigração. Mas os factores que têm protegido Portugal podem mudar. Não há muitos anos Espanha assistiu a vagas de desembarques nas Canárias provenientes do Senegal, desembarques que só diminuíram depois de algum desgaste da imagem das Canárias como destino turístico e de um forte investimento europeu na África ocidental e que fez melhorar os mecanismos locais de controlo de fronteiras. Não ter voz activa nas discussões europeias também nunca é boa política. A preguiçosa e acéfala política do “juntamo-nos à maioria” é ainda mais perigosa numa área em que somos destinatários potenciais de maiores fluxos migratórios dada a extensão das nossas fronteiras marítimas e em que devemos ajudar os nosso parceiros, com Marrocos à cabeça, a perseverar nos esforços de controlo fronteiriço. Não vale também a pena apontar Bruxelas como a fonte de todas as 0DUHQRVWURFKHQRQVHLQHLFLHOL O mundo ocidental caracteriza-se por aquilo a que vulgarmente se chama democracia parlamentar. Por mim estou com Winston Churchill: “A democracia é a pior forma de governo imaginável, à excepção de todas as outras que foram experimentadas.” Mas a democracia, para lá de todos os seus vícios e defeitos, apresenta uma fragilidade notória: porque se baseia na liberdade e na tolerância, está muito exposta às ameaças exteriores e interiores. Sistemas políticos contrários ao seu normal funcionamento, é dos livros, procuram debilitar as democracias criando anticorpos internos. Todas as ditaduras do século XX tentaram enfraquecer a moral da democracia ocidental, para mais facilmente a combaterem. A guerra psicológica foi uma das armas, mas muitas outras foram testadas com imenso êxito: foram injectadas drogas leves e pesadas na juventude, desenvolveram-se campanhas de descredibilização dos valores ocidentais, e sobretudo, entre muitas outras estratégias de guerrilha larvar, procurouse desarmar o Ocidente, intelectualmente por um lado, militarmente por outro. A ideia foi sempre, aproveitando a permeabilidade do sistema, destruí-lo por dentro. Desvalorizando o que de essencial possui a democracia, e sublinhando ad nauseam o que outros sistemas ostentam. Muitos ditadores são elevados à categoria de heróis, e alguns governos que se baseiam na tortura, na corrupção, na maior desigualdade social, são poupados a qualquer tipo de críticas, com base nas chamadas “diferenças culturais e civilizacionais”. Não surpreende depois que apareçam partidos e movimentos xenófobos e fascizantes no interior do Ocidente. A democracia tem vícios e fomenta alguns de forma dramática. Mas os democratas, aqueles que acreditam verdadeiramente que “a democracia é a pior forma de governo imaginável, à excepção de todas as outras que foram experimentadas”, têm de compreender que não é proclamando que todos os políticos são corruptos, que todo o sistema está contaminado, que nada se salva no actual estado de coisas, que conseguem regenerar a democracia e preservar o essencial. Claro que os maus governantes, sobretudo os corruptos, mas também os incompetentes, têm de ser punidos de uma forma ou de outra. Mas há que acreditar que se pode melhorar o que está mal e o que ainda não está bem. Senão leia “Submissão”, de Michel Houellebecq. Eu, que nunca simpatizei muito com o homem, a quem sempre reconheci, todavia, uma escrita límpida e fascinante, não me canso de citar esta inquietante “submissão”. &TDSFWFÈTFYUBGFJSB "4304"4$"&.04&41*/)04'*$". 0TBQÕTUPMPTFDPOÕNJDPT EF"OUÕOJP$PTUB 3HUDQWHHVWHVGDGRVUHVWDUÀDRVSRUWXJXHVHVDLQWHUURJDÍÂRFDSLWDO ì6HUÀR'U&RVWDVHJXUR"ú(VHDUHVSRVWDIRUì7ÂRVHJXURFRPRRRXWURú" Não se trata de um programa, como ficou dito. Trata-se de uma proposta subscrita por um grupo de economistas que pode ou não vincular o programa do Partido Socialista. Entendamo-nos, portanto. Os 12 magníficos reuniram-se, pensaram em conjunto, reflectiram sobre o país e o seu futuro e alvitraram soluções. O Dr. Costa pedia-lhes um outro caminho, diferente do do actual governo, farto como estava de se fingir de morto e de desconversar quando lhe pediam alternativas, cansado como estava de procurar dentro do seu partido quem as sugerisse. Aliás, era difícil a tarefa e não parecia promissora. Dois documentos anteriores, a “Agenda para a Década” e as “55 Propostas”, passaram perante a indiferença geral e o Dr. Costa precisava urgentemente de alguma coisa que aproximasse o povo do Rato e o Rato do povo. Terá pensado que à terceira era de vez. No rescaldo do caldo entornado grego e perante o novo texto, “Eureka”, exclamou o Dr. Costa dentro da banheira, “Achei”, espantou-se o Dr. Costa de lamparina na mão. No Dr. Costa convergiam Arquimedes e Diógenes. É certo que o pensamento reduzido a escrito, depois de meses e meses, provinha de uma elite académica, de metropolitas, de iluminados perante a escuridão geral. Os jornais do dia seguinte não foram muito pródigos com o acontecimento em manchetes. O professor Mário Centeno, ao apresentar as propostas, exagerando, porventura, na dose de humildade de quem se dedica ao conhecimento, foi a tradução do “só sei que nada sei”, engasgou-se com a enunciação de números capitais, precisou de um ponto (ou vários). Diz a esquerda que este conjunto de conclusões é mais do mesmo em tom soft. Toda a direita destaca o ilusionismo das suas previsões. riam a baixa do desemprego, impossibilitariam a descida da dívida. Pois bem, o cenário económico traçado pelos seus sábios é mais optimista que o do governo e de algumas instituições internacionais. A economia cresce daqui a dois anos para os 3,1%, o desemprego baixa para quase metade (7,4%) e a dívida pública cairá para 117% já em 2019. Parece um autêntico milagre das rosas. Mas afinal parece que o governo tinha razão na tendência apontada para a evolução da economia. Isto é, o Dr. Costa, perante a manifesta impossibilidade de traçar um verdadeiro cenário alternativo essencial, faz 0DFOÅSJPFDPOÕNJDP USBËBEPQPSTÅCJPTÌ NBJTPUJNJTUBRVFPEP HPWFSOPFEFJOTUJUVJËÙFT JOUFSOBDJPOBJT do optimismo solução para conquistar o povo sofredor e procura, tal como Hollande, descobrir nichos de mercado de rendimentos sobrantes aos quais possa aplicar mais impostos. Perante estes dados restará aos portugueses a interrogação capital: “Será o Dr. Costa seguro?” E se a resposta for: “Tão seguro como o outro”? Eis a questão. Qual o verdadeiro programa do Partido Socialista? Um programa Centeno ou um programa sem tino? A verdadeira diferença deste programa reside no seu percurso. A estrada das propostas desta maioria foi desenhada há muito tempo. Uma estrada sem buracos e sem sobressaltos. O Dr. Costa prefere ir pelo carreiro com a ideia de chegar lá mais depressa. Normalmente a pressa é má conselheira. Este caso, assim o prova. %FQVUBEPEP14% &TDSFWFÈTFYUBGFJSB "OB#SÐHJEB 1XQR(QFDUQDÍÂR Descendo ao texto, descobre-se que o Dr. Costa foi forçado a aceitar a revisão de muitas das suas afirmações próximas passadas. Os seus apóstolos obrigaram-no a recuar em todas as suas grandes ideias. Dizia o Dr. Costa que, quando governo, iria repor na íntegra os salários dos funcionários públicos. Afinal a proposta é repor 40% ao ano. Dizia o Dr. Costa que o salário mínimo devia aumentar para 522 euros já no decorrer deste ano. Sobre isto, silêncio absoluto. Dizia o Dr. Costa que o tema pensões era intocável. Sugere-se agora que baixe a TSU dando mais dinheiro às pessoas no imediato, com a consequência de menores pensões no futuro. Admite este grupo, agora, que o problema de sustentabilidade da Segurança Social fará com que as pensões sejam congeladas e plafonadas depois. Dizia o Dr. Costa que as políticas em curso arruinavam o país, compromete- 2'U&RVWDSUHFLVDYDXUJHQWHPHQWHGHDOJXPDFRLVDTXHDSUR[LPDVVHRSRYRGR5DWRHR5DWRGRSRYR "CSJM &RPSRUWDPHQWR & =220$7 ,'$'(-8/*$ 0$1'$5(0 6HSHQVDTXHRVHQWUDYHVOHJDLVVREUHRTXHSRGH HQÂRSRGHID]HUWHUPLQDPDRVDQRVHVTXHÍD 6HTXLVHUDGRSWDUXPDFULDQÍDRXVHUFDQGLGDWRD 3UHVLGHQWHGD5HSŜEOLFDSRUH[HPSORDOHLSHGHOKH PXLWRVPDLVTXHDPDLRULGDGH .BSUB$FSRVFJSB 5&9504 "CSJM 7¦48( $648(9 2 7," ! 'HVDILR)D]DWXDDSRVWDHGHVFREUH DUHVSRVWDFRUUHFWDQDVS¾JLQDVVHJXLQWHV "CSJM & =RRP &RPSRUWDPHQWR 0DLRULGDGH 2¾OFRROSDVVDD FKHJDUDRPHVPR WHPSRTXHRYRWR 0TKPWFOTBDBCBSBNEFWFSBVNFOUBEBBMJTUBEF DPJTBTRVFTÕBNBJPSJEBEFMIFTUSB[0HPWFSOP BQSPWPVPOUFNBMFJRVFQSPÐCFPTNFOPSFTEF BOPTEFDPOTVNJSFNRVBMRVFSUJQPEFÅMDPPM ."35"$&326&*3" NBSUBDFSRVFJSB!JPOMJOFQU Até aos 18 anos é possível trabalhar, abortar, perfilhar uma criança, escolher uma religião, depor de forma válida em tribunal e até ser julgado como um adulto. Mas, com a aprovação da nova lei, um jovem de 18 anos não pode comprar álcool. Com esta alteração, o governo deixa de fazer diferença entre o tipo de bebidas, tendo em conta que, até agora, os menores de 18 anos não podiam comprar bebidas espirituosas mas tinham livre acesso a vinho e cerveja. Os 18 anos ganham, assim, mais um item que engrossa a lista de direitos e deveres só atingidos com a maioridade. Mais do que um número ou um aniversário comemorado de forma especial, os 18 marcam a viragem para a vida adulta. “Tendo em conta que o comportamento é tão variado de jovem para jovem, teve de se chegar a um limite”, refere Daniel Sampaio, lembrando que esta é a idade em que, do ponto de vista psiquiátrico, se considera que a personalidade está formada. No entanto, o psiquiatra considera que a maioridade é mais “uma convenção social” com um “significado simbólico”, do que fenómeno fisiológico. “Pensar que aos 18 s7LUDURFDUWÀRGRFLGDGÀR s3DUDQÀRGDUKLSÐWHVHGHKDYHUGHVYLRV IXWHEROÊVWLFRVÆSRVVÊYHOID]HUXPEHEÆVÐFLR GHXPFOXEH3DUDLVVREDVWDTXHWHQKDFDUWÀR GRFLGDGÀR s2UHJLVWRQR6HUYLÄR1DFLRQDOGH6D×GHSRGH DFRQWHFHUDWÆDQWHVGREHEÆVDLUGD PDWHUQLGDGH&RPRSURMHFWRq1DVFHU8WHQWHr DFULDQÄDILFDDXWRPDWLFDPHQWHLQVFULWDQR FHQWURGHVD×GHDVVRFLDGDDRPÆGLFRGH IDPÊOLDGDPÀH "CSJM s$SDUWLUGRVDQRVÆSRVVÊYHOYLDMDUFRPR qPHQRUQÀRDFRPSDQKDGRrDSHGLGRGRVSDLV 3RGHVHWDPEÆPDFRPSDQKDUXPDFULDQÄD FRPPDLVGHFLQFRDQRVGHVGHTXHFRQVLJD UHVSRQGHUDWRGDVDVIRUPDOLGDGHV DHURSRUWX¾ULDV s6ÐDSDUWLUGRVDQRVÆTXHDFULDQÄDSRGH SDVVDUDYLDMDUQREDQFRGDIUHQWHGRFDUUR s6HHVSHUDUPDLVXPDQRDRVM¾VHU¾SRVVÊYHO DEULUXPDFRQWDQR)DFHERRNHQR7ZLWWHU s$VORMDVGHWDWXDJHPDVVXPHPRVDQRV FRPRLGDGHPÊQLPDSDUDTXHXPMRYHPSRVVD ID]HUXPDWDWXDJHPH[LJLQGRWDPEÆPXPD DXWRUL]DÄÀRGRVSDLV s6HPSUHTXHXPGRVSDLVUHFRUUHDWULEXQDOSDUD GLVFXVVÀRGRSRGHUSDUHQWDORILOKRPDLRUGH DQRVWHPGHVHURXYLGRDQWHVTXHRWULEXQDO SURILUDXPDGHFLVÀR s3RGHPID]HUSDUWHGHMXYHQWXGHVSDUWLG¾ULDV SHVVRDVHQWUHRVHRVDQRV $WÆDJRUDDOHLSUHYLDXPD GLIHUHQFLDÄÀRHQWUHDVEHELGDV HVSLULWXRVDVSHUPLWLGDVDSDUWLU GRVDQRVHDVUHVWDQWHVEHEL GDVDOFRÐOLFDVTXHSRGLDPVHU FRQVXPLGDVDSDUWLUGRV #36/04*.¼&4$"45"/)&*3" posso fazer coisas importantes como tirar a carta ou votar dá-me mais sentido de responsabilidade. Além disso, coincide com uma altura de mudança, que pode vir, por exemplo, com a entrada na universidade”, refere. Entre os 16 e os 18 anos passam apenas 24 meses. Mas é esse intervalo que marca a diferença entre ter ou não a necessidade de autorização dos pais para uma série de acções do dia-a-dia. Em modo de resumo, lembramos que aos 16 é preciso autorização para casar ou fazer uma tatuagem, coisa que aos 18 já se assume como responsabilidade própria. “Parece pouco tempo”, salienta, “mas aos 16 estamos em plena adolescência e aos 18 já estamos a entrar na vida adulta”. Fazendo uma análise superficial ao comportamento das últimas gerações, Daniel Sampaio não duvida na hora de dizer que os 18 anos de agora não são os mesmos dos vividos pelos nossos pais ou avós. “Há muito menos maturidade, sobretudo nos países da Europa do Sul, em que os pais são demasiado protectores.” Apesar das diferenças, o psiquiatra acredita que o número se vai manter. “Os 18 são um dado já muito consagrado pelo uso, não é coisa que se mude facilmente.” s2VPHQRUHVDSDUWLUGRVDQRVGHLGDGHWÇP RGLUHLWRGHUHDOL]DUSRUVLDVHVFROKDVUHODWLYDVD OLEHUGDGHGHFRQVFLÇQFLDGHUHOLJLÀRHGHFXOWR s$SDUWLUGRVDQRVDPXOKHUJU¾YLGDQÀR SUHFLVDGHDXWRUL]DÄÀRSDUHQWDOSDUDDERUWDUHP 3RUWXJDO s$LGDGHPÊQLPDSDUDWUDEDOKDUÆDQRVPDV H[LVWHPWUDEDOKRVOHYHVTXHSRGHPVHU H[HFXWDGRVSRUSHVVRDVFRPLGDGHLQIHULRU s3HVVRDVFRPPDLVGHDQRVM¾SRGHP SHUILOKDU s¦SRVVÊYHOFDVDUDRVDQRVPDVDSHQDVFRP DXWRUL]DÄÀRSDUHQWDO s6HRFRPSDQKHLURIRUPDLRUGHLGDGHRVH[RVÐ ÆFRQVLGHUDGROHJDODSDUWLUGRVDQRV 6HJXQGRR&ÐGLJR3HQDOqTXHPVHQGRPDLRU SUDWLFDUDFWRVH[XDOGHUHOHYRFRPPHQRUHQWUH HDQRVrÆSXQLGRFRPSHQDGHSULVÀRDWÆ GRLVDQRVqRXFRPSHQDGHPXOWDDWÆGLDVr s'XDVSHVVRDVGHVH[RGLIHUHQWHVHIRUHP FDVDGDVRXYLYHUHPHPXQLÀRGHIDFWRK¾PDLV GHDQRVSRGHPDGRSWDUDSDUWLUGRVDQRV s&RPSUDUWDEDFR s&RPSUDU¾OFRROLQGHSHQGHQWHPHQWHGHVHU FHUYHMDYLQKRRXEHELGDVHVSLULWXRVDV s9RWDU s'RDUVDQJXH s9LDMDUVR]LQKRSDUDRXWURSDÊV s6HUHOHLWRSDUDGHSXWDGRRXSDUDÐUJÀRV DXW¾UTXLFRV s7LUDUDFDUWD½H[FHSÄÀRGDFRQGXÄÀRGH FLFORPRWRUHVHPRWRFLFORVDWÆFPTXH SRGHPVHUFRQGX]LGRVDSDUWLUGRVDQRV s3DUDFKHJDUD3UHVLGHQWHGD5HS×EOLFDÆ SUHFLVRXPPÊQLPRGHDVVLQDWXUDVD SURSRUDFDQGLGDWXUDSUHVLGHQFLDO0DVDQWHV GLVVRÆSUHFLVRWHUQRPÊQLPRDQRV "CSJM & =RRP /HJLVODÄÀR 0RVFWBJNVEBS FRVBOEP $QRLWHYDLGHL[DUGHVHUDVVLPSHORPHQRVQDSLVWDGHGDQÄD )XPDUHPHVSDÄRV IHFKDGRV"1RIXWXUR VÐHPDTX¾ULRV GHIXPDGRUHV (PWFSOPBQSPWPVPOUFNBMUFSBËÙFTOBMFJTEPUBCBDPF ÅMDPPM.FOPSFTEFJYBNEFQPEFSCFCFSOBTQSÕYJNBT TFNBOBT&TUBCFMFDJNFOUPTUÍNDJODPBOPTQBSBTFBEBQUBS ."35"'3&*4 NBSUBSFJT!JPOMJOFQU Acabou a imperial para quem ainda não tem 18 anos ou a sangria nos jantares de aniversário (pois, é, leva gasosa e fruta mas também vinho). Vai acabar de vez o cigarro à mesa do restaurante ou na pista de dança. Mas também à frente da slot machine ou na mesa do bingo. O governo aprovou ontem alterações nas leis do tabaco e do álcool que há muito estavam em cima da mesa mas que nunca foram consensuais dentro do próprio executivo. Venceu o argumento da saúde pública e os menores deixam de poder adquirir e consumir bebidas alcoólicas. Já o fumo vai ser proibido em espaços fechados, mas não totalmente. A partir de 2020, vai ser possível continuar a fumar dentro de portas mas apenas em aquários de fumadores. "CSJM Para já, o certo é que a proibição do acesso a álcool por parte de menores deverá ser a primeira mudança a entrar em vigor. Como se trata de uma alteração ao decreto-lei de 2013 que proibiu menores de 18 anos de adquirir bebidas brancas, o diploma ontem aprovado vai ser enviado para o Presidente da República, que tem 45 dias para fazer a promulgação. Com a luz verde de Cavaco, os dias de liberdade no consumo de cerveja e vinho após o 16º aniversário podem terminar ainda este mês, pelo que o próximo fimde-semana poderá ser o último de carta branca. Em muitos países europeus a idade mínima para consumo de álcool já são os 18 anos e, em alguns casos, estão previstas multas. Em Portugal, a nova legislação vai punir apenas quem venda álcool a menores. Mas os pais de jovens que sejam apanhados serão notificados, #36/04*.¼&4$"45"/)&*3" o que de acordo com a lei de 2013 só acontecia em situações de intoxicação. Já às alterações no tabaco terão de ser aprovadas no parlamento, o que pode demorar um pouco mais tempo. A medida mais emblemática é a interdição do fumo em espaços fechados, mas está em causa a transposição de um directiva comunitária com um conjunto de medidas que visam reforçar as advertências sobre os perigos do tabagismo. Os maços passam a ter imagens dissuasoras de órgãos tolhidos pelos químicos dos cigarros como já acontece no estrangeiro e deixa de ser possível haver menções como “light” ou “slim”, consideradas enganadoras uma vez que não há indícios de que estes produtos sejam menos nocivos para a saúde. E os cigarros electrónicos passam também a ser regulados. A proibição de fumo em espaços fechados será gradual. Até 31 de Dezembro de 2020 todos os estabelecimentos que desde 2007 fizeram obras de adaptação para terem zonas de fumadores ou que são na totalidade para fumadores poderão manter-se como estão. Mas já não será possível abrir um restaurante para fumadores ou uma discoteca onde se possa fumar. A partir de 2020, o fumo continuará a ser permitido dentro de portas mas apenas em compartimentos separados e compartimentados, como hoje já acontece por exemplo em alguns aeroportos. Só estabelecimentos com determinadas dimensões poderão erguer estes aquários para fumadores, tudo regras que terão de ser aprovadas pelos ministérios da economia, do ambiente da saúde. Nestes aquários só poderão haver mesmo cinzeiros e, quando muito, mobiliário de apoio. Não poderão possuir qualquer serviço de base ou restauração, esclareceu ontem o ministério da saúde. OFRRO s&DYDFR6LOYDWHPGLDV SDUDSURPXOJDURXYHWDUD DOWHUDÄÀRDRGHFUHWROHL s¦SURLELGDD GLVSRQLELOL]DÄÀRYHQGDH FRQVXPRGHEHELGDV DOFRÐOLFDVHPORFDLV S×EOLFRVSRUPHQRUHVGH DQRV s2VMRYHQVQÀRVÀRSXQLGRV PDVKDYHU¾VDQÄÒHVSDUD TXHPOKHVYHQGDRXIDFLOLWH RDFHVVRD¾OFRRO s2VHQFDUUHJDGRVGH HGXFDÄÀRVHUÀRQRWLILFDGRV (PFDVRVGHLQWR[LFDÄÀR HPTXHKDMDXPD UHLQFLGÇQFLDQRFRQVXPR SRUSDUWHGHPHQRUHVM¾ HVW¾SUHYLVWRGHVGH TXHVÀRWDPEÆPQRWLILFDGDV DVFRPLVVÒHVGHSURWHFÄÀR GHFULDQÄDVHMRYHQV 7DEDFR s$SURSRVWDGHOHLGR JRYHUQRYDLDJRUDGDU HQWUDGDQD$VVHPEOHLDGD 5HS×EOLFD7HU¾GHVHU DSURYDGDHPSOHQ¾ULRHQD HVSHFLDOLGDGH s2VPDÄRVGHWDEDFRYÀR SDVVDUDWHUPDLVDYLVRV LQFOXLQGRLPDJHQV s1XPDDOWXUDHPTXHKDYLD FDGDYH]PDLVWLSRVGH FLJDUURVFRPF¾SVXODVGH DURPDVHVWHVSDVVDP WDPEÆPDVHUSURLELGRV1R FDVRGHDURPDVFXMR YROXPHGHYHQGDVVHMD VXSHULRUDQD8(FRPR ÆRPHQWROSRGHUÀR FRQWLQXDU½YHQGDDWÆ s6ÀRSURLELGDVH[SUHVVÒHV FRPRqEDL[RWHRUGH DOFDWUÀRrqOLJKWrqXOWUD OLJKWrRXqVXDYHr s2VFLJDUURVHOHFWUÐQLFRV SDVVDPDVHU UHJXODPHQWDGRV&DVR WHQKDPQLFRWLQDWDPEÆP QÀRSRGHPVHUXVDGRVHP HVSDÄRVIHFKDGRV s$SHUPLVVÀRGHIXPDUQRV HVWDEHOHFLPHQWRVTXHM¾ WHQKDP]RQDVGH IXPDGRUHVGHDFRUGRFRPD OHLGHVHU¾Y¾OLGDDWÆ GH'H]HPEURGH s$SDUWLUGHVVDGDWDVÐVHU¾ OHJDOIXPDUHPHVSDÄRV SDUDIXPDGRUHVVHSDUDGRV HFRPSDUWLPHQWDGRV )HVWLYDO,1 6WDUW,13UHSDUHVHSDUDLUDR 6KDUN7DQNFRPFXUVRLQWHQVLYR 5FNFTQÐSJUPFNQSFFOEFEPSFBUÌUFNVNBJEFJBEFOFHÕDJPNBTOÊP TBCFDPNPQPEFEFTFOWPMWÍMB 1SPHSBNB4UBSU*/WBJBKVEÅMP .&-*44"-01&4 NFMJTTBMPQFT!JPOMJOFQU Lisboa é por esta altura a cidade mais iluminada do país. E não por causa da luz especial da capital. O encontro de empreendedores e investidores na FIL, integrado no Festival IN, promete transformar aquele espaço num autêntico laboratório de ideias, uma espécie de tubo de ensaio para futuros negócios. Inovação e tecnologia são as palavraschave deste curso intensivo que pretende ajudar os empreendedores a levar a sua ideia de negócio a bom porto. Se tem espírito empreendedor e uma ideia que pode vir a ser rentável, mas não sabe como desenvolvê-la, o programa Start IN, que está a decorrer até amanhã na FIL, pode ajudá-lo a arrancar essa ideia da cabeça para o papel, através da criação de um plano de negócios, e do papel para o mercado. Em Portugal, muito por força das circunstâncias da crise económica, os portugueses têm sido obrigados a “arranjar alternativas” ao desemprego, como nos explica José Soares, especialista em inovação e tecnologia e um dos mentores desta iniciativa. Mas o empreendedorismo é como um “estado de espíri- to” e, por isso, muito susceptível a riscos. Eliminá-los é precisamente o objectivo do programa Start IN, dividido em três módulos com uma sequência lógica. O empreendedor escolhe se quer participar nos três ou apenas num. Se já tem uma ideia mas ainda não executou o plano de negócios, deverá começar pelo primeiro módulo, no qual os participantes desenvolvem o conceito inicial: “Ideias há muitas e a primeira não é a melhor de certeza.” Nesta fase pretende-se descobrir qual é a melhor, aproveitando os visitantes do festival – potenciais clientes – para testar um primeiro protótipo. Através das reacções dos possíveis clientes, os empreendedores vão perceber se estão no caminho certo ou se precisam de ajustar as ambições à realidade. Depois desse exercício, devem procurar o melhor 0TFNQSFFOEFEPSFT BQBJYPOBNTFQFMBJEFJB NBTFTRVFDFNTF EFDPMPDBSBRVFTUÊP UFSFJDMJFOUFT 8PDLGHLDERDQÀRÆVXILFLHQWH¦SUHFLVRVDEHUFRQVWUXLUXPSODQRGHQHJÐFLR “comprimido para minimizar a dor do cliente ou então que cure a doença”, percebendo qual será o produto/serviço mais viável. A etapa intermédia é considerada a mais importante de todo o processo. José Soares explica porquê: “O que geralmente acontece é que os empreendedores apaixonam-se pela ideia e pela tecnologia em que estão a apostar, uma app por exemplo, mas não colocam as questões primordiais: terei clientes? Quais são as dores mais fortes do meu cliente, nas quais devo apostar numa primeira fase? São perguntas que os participantes devem fazer”. Na eventualidade de já estar numa fase mais avançada, ou seja com um modelo de negócio elaborado, ser-lheá mais conveniente participar apenas no terceiro módulo, onde o produto ou serviço e o respectivo modelo serão testados no Festival IN. Aqui, o empreendedor define a forma como fazer chegar o produto ou o serviço ao cliente, através de campanhas publicitárias e processos de fidelização, definindo custos e receitas e procurando parcerias. Por fim, os empreendedores estão prontos para apresentar o negócio aos investidores. 5SÍTFUBQBT EPQSPHSBNB 3ULPHLURPÐGXOR s(VWXGDUDLGHLDLQLFLDO s9HULILFDUVHÆDPHOKRULGHLD SRVVÊYHOSDUDRSUREOHPD GHWHFWDGR s9HULILFDUVHÆXPDLGHLD LQRYDGRUD s([SRUDLGHLDDSRWHQFLDLV FOLHQWHVSDUDSHUFHEHUDV SULPHLUDVUHDFÄÒHV 6HJXQGRPÐGXOR s'HILQLUHYDOLGDUDSURSRVWD GHYDORUPÊQLPR s'HILQLUTXHPVÀRRVFOLHQWHV VHJPHQWDÄÀRGHPHUFDGR s$YDOLDUTXDLVVÀRDV SULQFLSDLVQHFHVVLGDGHVGRV FOLHQWHV s7HVWDUTXDQWRÆTXHRV FOLHQWHVHVWÀRGLVSRVWRVD SDJDUSHORVHUYLÄRSURGXWR 7HUFHLURPÐGXOR s'HVHQYROYHUDSURSRVWDHR GRSODQRGHQHJÐFLRV s'HILQLURVFDQDLVGH GLVWULEXLÄÀR s'HILQLUFDPSDQKDVGH ILGHOL]DÄÀRHFDPSDQKDV SXEOLFLW¾ULDV s$YDOLDUFXVWRVHUHFHLWDV s'HILQLUUHFXUVRVFKDYH s3HUFHEHUVHRQHJÐFLRÆ UHSOLF¾YHODPÆGLRORQJR SUD]R s'HVHQYROYHUSDUFHULDV HVWUDWÆJLFDV ,QIRUPDÄÒHV×WHLV s6HVVÒHV½VK½VKH ½VK s/LPLWHGHSDUWLFLSDQWHVHP FDGDVHVVÀR s$VLQVFULÄÒHVSRGHPVHU IHLWDVQRVLWHGR)HVWLYDO,1 RXQRSUÐSULRIHVWLYDO $0635/&:,&"5*/((&55:*."(&4 "CSJM & =RRP (QWUHYLVWD Vasco Lourenço não vai estar amanhã nas comemorações oficiais do 25 de Abril na Assembleia da República, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos. O homem que era para ter sido o comandante operacional do 25 de Abril está agora envolvido numa nova batalha: a candidatura a Belém de Sampaio da Nóvoa "CSJM !! 9DVFR/RXUHQÄRq6DPSDLR GD1ÐYRDSRGHDMXGDUD DFDEDUFRPRSDQWDQDOHP TXHHVWDPRVVXEPHUVRVr "/"4¨-01&45FYUP BOBMPQFT!JPOMJOFQU 30%3*(0$"#3*5"'PUPHSBGJB SPESJHPDBCSJUB!JPOMJOFQU Vasco Lourenço foi o primeiro a anunciar publicamente o seu apoio à candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa. Pensa que Nóvoa pode inspirar novas alianças, fora do “centrão”. Se o capitão de Abril acredita que o PS vai apoiar Nóvoa nas presidenciais, ele próprio ainda não está convencido a votar PS nas legislativas. Simpatizante desde sempre do Partido Socialista, o coronel acha que Costa “defraudou as expectativas” e que tem de “romper com quem o cerca e está ligado à corrupção”. “Ou o PS é capaz, tem a coragem, a força e a lucidez para perceber que tem de ser diferente daquilo que tem sido até agora ou já ninguém acredita nele!”, diz. Uma entrevista que começa com o 25 de Abril, como não podia deixar de ser. Afinal o maior desgosto da vida de Vasco Lourenço foi ter sido enviado compulsivamente para os Açores. Era ele, e não Otelo Saraiva de Carvalho, o homem que estava destacado para comandante operacional do golpe. O coronel Vasco Lourenço não estava em Lisboa no 25 de Abril, estava em Ponta Delgada. Era para ser o comandante operacional do 25 de Abril, mas como o mandaram para os Açores acabou por ser Otelo a comandar as operações... Fui enviado compulsivamente para os Açores. Recebi ordem para ir no dia 9 de Março. Acontece que o movimento decidiu “raptar-me” a mim e a mais dois transferidos nas mesmas circunstâncias. Estivemos raptados quase esse dia todo, mas entregaram-nos no fim do dia no quartel-general. Raptados como? Chamou-se rapto para nós nos podermos defender e podermos dizer “nós até queríamos ir, o movimento é que não nos deixou”. Isso foi simulado e nós passámos a usar esse argumento. “Eu até queria cumprir as ordens que recebi e decidi embarcar, mas o movimento não me deixou.” Já estava assumida perante a hierarquia militar a existência do movimento dos capitães… Já tínhamos assumido há muito tempo que existia o movimento dos capitães, perante a estrutura militar e política, que andava a lutar pela recuperação do prestígio das Forças Armadas. Não era nada político. O movimento surge na sequência do decreto. Há reacções várias. Aqui em Portugal foram tomadas atitudes individuais, na Guiné foram os primeiros a fazer um documento colectivo, um abaixo-assinado com 51 ou 52 assinaturas. No dia 9 de Setembro de 1973, na reunião que fizemos em Alcáçovas, fizemos também um documento que enviámos a várias entidades, Presidente da República, presidente do Conselho de Ministros, ministro da Defesa… Começámos a recolher assinaturas de apoio aqui e nas colónias e fazíamo-las chegar às mesmas entidades. Fui chateado várias vezes, chamado ao quartel-general mais de uma vez, chamado ao secretário de Estado do Exército uma vez. Nós assumíamos sempre que andávamos a reunir porque estávamos a lutar pela recuperação do prestígio das Forças Armadas junto da população portuguesa. Política? Qual política? Nessa altura, em reclamar, não vou aceitar.” E o comandante disse-me: “Pois, mas o embarque é amanhã.” “O quê? Amanhã não vou.” E ele fica aflito. Nós temos uma regra nos militares que quando um superior dá uma ordem a um inferior, se ele não a cumprir é obrigado a usar todos os meios que estiverem ao seu alcance, mesmo coercivos, para o obrigar a cumprir a ordem. E o comandante disse-me: “Eu tenho que te obrigar a cumprir a ordem. Vais para casa e amanhã vens buscar a guia de marcha e o bilhete de avião.” E eu disse: “Então eu vou.” Ele olhou para mim: “Mas vais mesmo?” Eu olhei para ele e disse: “Não faça perguntas estúpidas para não ouvir respostas que não quer ouvir. A minha posição formal, perante si, é que eu vou e amanhã venho aqui buscar o bilhete de avião.” No dia seguinte fui raptado e não o fui buscar. Mas como é que convenceu a instituição militar de um rapto? Eles não ficaram convencidos! Eu tinha um processo que estava a correr para me expulsarem do Exército. E acontece aquilo que talvez seja o que mais me custou ao longo da vida. A minha ida para Ponta Delgada retira-me das funções que tenho no movimento. Eu era o responsável operacional. Se eu não tivesse ido para os Açores quem comandaria as operações seria eu e não Otelo. O Otelo substituiume. Eu costumo dizer que com Otelo correu muito bem, comigo não se sabe como é que teria corrido. Se teria corrido tão bem, pior ou melhor. Mas é uma mágoa que tem… É talvez o maior desgosto que tenho na vida. Costumo dizer que não perdoo isso aos fascistas. Essa não perdoo, o não ter estado aqui. E depois como não aconteceu aquilo que nós prevíamos que fosse possível, que era o Marcelo conseguir fugir para Ponta Delgada para lá pedir apoio aos americanos para intervirem… Era um plano que nós sabíamos que o Salazar tinha e admitíamos que o Marcelo também tivesse. Se isso tivesse acontecido, também me teria dado gozo receber o Marcelo no aeroporto e prendê-lo à chegada. Estava tudo previsto para isso. Mas não aconteceu [risos]. Foi o primeiro a declarar publicamen- i0NBJPSEFTHPTUPEBNJOIBWJEBÌ OÊPUFSFTUBEPDÅOPEF"CSJM /ÊPQFSEPPJTTPBPTGBTDJTUBTw i"NJOIBDPOWJDËÊPÌRVF4BNQBJP EB/ÕWPBWBJTFSBQPJBEPQFMP14F WBJUFSPBQPJPEP1$1w i4FP14DPOUJOVBSOPDBNJOIPFN RVFBMHVOTRVFSFNJSQPEFUFSVN SFTVMUBEPDPNPPEBTFVSPQFJBTw Março de 74, isso estava mais que assumido. Mas porque é que o mandaram para os Açores? Eu sou chamado ao comandante da minha unidade no dia 9 – por acaso estava a treinar tiro de pistola lá numa carreira de tiro dentro do quartel para concorrer aos campeonatos militares de tiro de pistola. Chegou lá um soldado e disse: “Meu capitão, o senhor comandante pede para ir falar com ele.” Eu chego lá e o comandante, um bocado aflito, estende-me um papel. Eu pego no papel e era uma mensagem que tinha vindo pela rádio – naquela altura não havia emails – que dizia: “Capitão Vasco Correia Lourenço é transferido por razões de serviço para o quartel-general de Ponta Delgada.” Eu perguntei: “Razões de serviço, mas quais? Isto não se faz assim. Eu vou reagir, vou ì&RVWDHVWÀD GHIUDXGDUDV H[SHFWDWLYDVTXH FULRXúGL]9DVFR /RXUHQÍR VLPSDWL]DQWH DVVXPLGRGR36 te apoio à candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa. Acha que Sampaio da Nóvoa é um homem que pode fazer a ruptura de que falou no seu discurso no Congresso da Cidadania em Março? Não tenho a ideia de que uma pessoa, por mais importante que seja o cargo que desempenhe, tenha a possibilidade de fazer isso sozinha. O que eu penso é que o Sampaio da Nóvoa, como Presidente da República, poderá contribuir de forma decisiva para que se acabe com aquilo que tem sido o pantanal em que nós estamos submersos há bastante tempo. E de que forma? Influenciando as forças políticas de forma a encontrarem novas saídas, novas soluções, novas alianças. Não o fazendo directamente, mas se Sampaio da Nóvoa vier a ser apoiado – o que se está a tentar que venha a ser – por diversas forças do centro-esquerda e da esquerda será mais fácil depois essas forças chegarem a entendimentos para novas alianças. E novas alianças não quer dizer coligações. Pode haver alianças parlamentares, alianças pontuais em muitas coisas. Nós temos é de ser capazes, porque senão não saímos da pescadinha de rabo na boca, de romper com o que se tem passado nestes 40 anos, com os tabus destes 40 anos. Primeiro, o tabu de que é impossível fazer alianças à esquerda do PS, porque o PS não quer e essas forças também não querem. A primeira experiência que resultou de forma muito boa foi aqui na Câmara de Lisboa, a frente à volta da eleição de Jorge Sampaio. Participei nela de forma muito activa, não posso dizer que fui o pai da criança, mas fui em certa medida um dos padrinhos. Tinha sido contactado pelo PCP para me candidatar à Câmara de Lisboa e disse-lhes que não, que não me passava isso pela cabeça. Defendi que se encontrasse uma solução de coligação à esquerda para ganhar a Câmara de Lisboa, mas cheguei a dizer que se para que essa coligação seja possível tiver de ser eu a dar a cara admito essa hipótese. Entretanto surgiu a hipótese Jorge Sampaio e eu de imediato contactei o PCP e disse: “Aqui está a solução.” E fez-se a coligação, eu participei activamente e resultou. E o PS mais dia menos dia vai apoiar a candidatura de Sampaio da Nóvoa… A minha convicção é que Sampaio da Nóvoa vai ser apoiado pelo PS. O que eu penso é que ou o PS é capaz – eu sei que eles não gostam muito que se fale sobre eles – mas ou o PS é capaz, tem a FRQWLQXDQDS¾JLQDVHJXLQWH !! "CSJM & =RRP (QWUHYLVWD 9DVFR/RXUHQÄRHVWHYHSDUDVHUR FRPDQGDQWHRSHUDFLRQDOGRGH $EULOPDVIRLWUDQVIHULGRFRPSXOVL YDPHQWHSDUDRV$ÄRUHV(IRLSRU LVVRTXHRSDSHOGHFLVLYRGDVRSH UDÄÒHVIRLGHSRLVHQWUHJXHD2WHOR 6DUDLYDGH&DUYDOKR3DUDRFRUR QHOQÀRWHUHVWDGRHP/LVERDÆR qPDLRUGHVJRVWRrGDVXDYLGD !! FRQWLQXDÄÀRGDS¾JLQDDQWHULRU coragem, a força e a lucidez para perceber que tem de ser diferente daquilo que tem sido até agora, ou já ninguém acredita nele! Não é com propostas de intenções que eles vão convencer o eleitorado a dar-lhes novamente confiança. E se continuarem pelo caminho em que alguns estão a querer ir vão claramente ter um resultado semelhante ao que tiveram nas europeias. Mas está a falar de que caminho? De se fecharem entre eles! Quando fizeram as primárias para escolha do candidato a primeiro-ministro aquilo resultou e de uma forma extraordinária. Se agora acharem que tem de ser, como eu já ouvi alguém dizer, que se não for apoiado um candidato militante do PS significa que os outros 80 mil militantes do PS não têm condições para ser Presidente da República… Mas de facto não têm! Não têm mesmo, na minha opinião! Mas porque é que um militante do PS não tem condições para ser candidato? Eles têm lá muita gente que daria bons presidentes. Mas isso não chega. Neste momento, para os socialistas serem diferentes e ganharem a confiança do eleitorado de que podem ser diferentes, têm de dar sinais concretos. Na minha opinião, uma hipótese de dar um sinal concreto é terem a coragem e o bom senso de apoiar para a Presidência da República um candidato que não saia da tribo deles! Têm de ser capazes disso. Se não forem capazes, pergunto-me: mas porque é que eu vou votar no PS? Eles só funcionam em circuito fechado! E eu vou votar no PS para eles fazerem o mesmo que têm feito até aqui? O PS é o partido com o qual eu me tenho identificado permanentemente ao longo destes anos, portanto estou à vontade para dizer isto. O PS é um dos grandes responsáveis pelo estado a que chegámos! Existem máfias de defesa dos interesses dos grupos pequenos e a corrupção desbragada que esteve na origem desta crise. Eu já disse que mesmo se António Costa conseguir a maioria absoluta teria de romper com quem o cerca e está comprometido com a corrupção. O último governo do PS esteve muito ligado à corrupção! Temos o primeiro-ministro desse governo preso. O primeiro-ministro está preso! Eu não me manifesto sobre isso, tenho a minha opinião, mas não me manifesto. A única coisa que eu posso criticar é a forma "CSJM quer mediática quer pouco transparente como o processo tem sido conduzido. Se ele for responsável, acho muito bem que seja responsabilizado. Mas quanto ao PS depois aparecem pessoas a dizer “esta não é a minha esquerda”. Mas quem diz estas frases é de esquerda? Eu não tinha dado por isso! O que é a esquerda dele? É que a esquerda dele também não é a minha! Esta maneira de fazer política atirando poeira para os olhos dos cidadãos é uma coisa com a qual eu não concordo. Eu vejo o Sampaio da Nóvoa como uma pessoa impoluta, com provas dadas. É honesto, sério e com dignidade, que é uma coisa que infelizmente hoje em dia tem vindo a rarear cada vez mais na sociedade portuguesa. Acredito que Sampaio da Nóvoa seja capaz de obter apoios diversos. As candidaturas presidenciais não são de partidos, são de grupos de cidadãos, mas acredito que Sampaio da Nóvoa seja capaz de obter apoios diversos que o levem à Presidência da República e ajudem a criar o ambiente para que se rompa com o centrão, o chamado arco da governação! É preciso encontrar outras fórmulas ou daqui a dois anos estamos todos à bofetada. E quem diz à bofetada diz aos tiros! E é isso que eu gostaria de evitar, que eu gostaria que não viesse a acontecer, que não viesse a haver a tal ruptura violenta. Ou somos capazes de fazer uma ruptura democrática, usando os métodos democráticos para encontrar novas soluções, ou, apesar de o homem do BPI [Fernando Ulrich] dizer que o povo aguenta, aguenta, aguenta até certo ponto. A história de Portugal mostra-nos que o povo português tem i"OUÕOJP$PTUBUFSJBEF SPNQFSDPNRVFNP DFSDBFFTUÅ DPNQSPNFUJEPDPNB DPSSVQËÊPw i¯QSFDJTPFODPOUSBS PVUSBTGÕSNVMBTPV EBRVJBEPJTBOPT FTUBNPTUPEPTÈCPGFUBEB PVBPTUJSPTw uma grande capacidade de encaixe, mas quando rebenta rebenta a sério. E é tão violento como os nossos vizinhos espanhóis ou mais. Não nos fiemos na Senhora de Fátima! Eu estou a apostar a sério na candidatura de Sampaio da Nóvoa e estou convencido que ele vai obter apoios de forças que percebam o que está em jogo. Acha que além do PS, onde o apoio, apesar de polémico, vai acabar por acontecer, é possível que exista o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda? Penso que Sampaio da Nóvoa vai ter o apoio do PCP. Estou absolutamente convencido. Mas o PCP apresenta sempre um candidato próprio… E provavelmente apresentará. O PCP tem as suas características próprias. Mas também já mostrou que é um partido que face a problemas graves sabe distinguir o que é essencial. Nem sempre o fez, mas já mostrou que é capaz de o fazer. E já houve situações em que o Cunhal mandou tapar a fotografia do Soares mas pôr a cruzinha no sítio certo [segunda volta das presidenciais de 1986]. Mas acha que o PCP pode apoiar Sampaio da Nóvoa numa primeira volta? Admito que, se houver necessidade, se houver sinais de que Sampaio da Nóvoa pode ganhar à primeira volta, admito que o PCP tenha a lucidez de fazer desistir o candidato que apoia e apelar ao voto em Sampaio da Nóvoa. Esta é a minha convicção tendo em conta o que conheço da forma de funcionar do PCP, que nos habituou, ao longo destes anos, a distinguir o acessório do essencial. E quanto ao Bloco de Esquerda? Aquilo é um “saco de gatos”, não é tão homogéneo. Provavelmente haverá facções do Bloco de Esquerda que irão apoiar o Sampaio da Nóvoa… Vejo mais dificuldade em o Bloco de Esquerda ter uma posição uniforme de apoio a um candidato, seja ele qual for, que o PCP. Mas também depende dos candidatos que estiverem no terreno. Carvalho da Silva nunca será apoiado pelo PCP, mas já pode ser pelo Bloco… Não por todo o Bloco, mas uma parte do Bloco poderá apoiar Carvalho da Silva. Tudo vai depender de haver capacidade dos candidatos ditos de esquerda de perceberem também, eles próprios, que devem pôr de lado as suas vaidades pessoais, o marcar terreno, o ganhar 10%, 15% de votos para irem até ao fim, ou vão ter capacidade de perceber que há um único candidato que tem condições para vencer, que é o Sampaio da Nóvoa, e desistirem a favor do Sampaio da Nóvoa. Essa é outra questão que se vai levantar quando forem as presidenciais. Isto é: vai haver uma feira de vaidades ou não? Eu estou à vontade, porque tenho pelos três candidatos – Henrique Neto, Paulo Morais e Carvalho da Silva – muita consideração e boas relações com todos. E qualquer deles se passar à segunda volta terá o meu apoio. Agora não vejo é que nenhuma dessas três candidaturas tenha condições para ser vencedora, que tenham capacidade de concitar os apoios necessários para passar à segunda volta. Mas pensa que perante o que pode ser uma vantagem de Sampaio da Nóvoa na primeira volta eles deviam desistir mesmo antes da primeira volta? Se esse cenário se verificar a certa altura, como eu penso que o PCP pode decidir de forma lúcida fazer desistir o seu candidato e apoiar Sampaio da Nóvoa na primeira volta, também penso que os outros candidatos deviam fazê-lo. Se isso se verificar. Agora sabe-se lá se, com o desenvolvimento da campanha, em vez de ser Sampaio da Nóvoa que tem vantagem é um dos outros três que pode ter a vitória... Também não tenho dúvidas em afirmar o seguinte: se isso se verificar eu também defenderia que o Sampaio da Nóvoa devia desistir a favor de um deles. Mas não acredito que isso aconteça. Penso que Sampaio da Nóvoa i$PTUBFTUÅBEFGSBVEBS BTFYQFDUBUJWBTRVF DSJPV&EFRVFNBOFJSB /ÊPTFJQPSRVÍ GSBODBNFOUFw i&TUPVDPOWFODJEPRVF QFSBOUFTJUVBËÙFTDPNP BRVFWJWFNPT4BNQBJP EB/ÕWPBKÅUFSJB EFNJUJEPPHPWFSOPw é o que reúne melhores condições para vencer. Mas há quem diga que Sampaio da Nóvoa tem pouca experiência política… Por um lado apontam a Sampaio da Nóvoa como pecado maior não ter um passado político-partidário. Eu acho que uma das grandes virtudes que ele apresenta para as próximas eleições é não ter esse comprometimento político. Por outro lado, dizem que é um ilustre desconhecido e que ninguém sabe o que ele pensa. Dêem-lhe tempo que ele vai dizer o que pensa! Ninguém sabe o que pensa? As atitudes que tem mostrado e a vida que tem levado até agora são garantias de que está no lado certo. Sendo um independente da área do PS, o que está a pensar da liderança de António Costa? Costa está a defraudar as expectativas que criou. E de que maneira! Não sei porquê, francamente. Cheguei a dizer que acreditava que se Costa se afirmasse como homem de Estado podia ser a pessoa de que o país precisava. Queria acreditar que podia ser, era necessário que pudesse ser. Hoje acho que ele tem de mostrar mais alguma coisa do que tem mostrado até agora como secretário-geral para me convencer que vai ser. Para o convencer a votar nele? Sim, para me convencer a votar nele. Tem de tomar algumas atitudes, nomeadamente quanto ao Memorando de entendimento. Não sei, não sei como é que eles lá vão. Na minha opinião eles estão a fechar-se. Estão mais preocupados com a ocupação de terreno para a disputa dos lugares dos deputados que propriamente a discutir um candidato, e daí os ataques ao Sampaio da Nóvoa. O PS tinha de facto um candidato natural que, se avançasse, secava tudo à volta dele. O Guterres se avançasse seria consensual dentro do PS e impediria que fora do PS surgisse um candidato com condições para vencer. Ao dizer isto, não estou a dizer que Guterres pudesse ser o Presidente da República de que nós precisamos. Pelo contrário. Precisamos de um Presidente da República que não venha a ser presidente de outro partido qualquer. Estamos a acabar o segundo mandato de um Presidente que tem sido uma lástima, um desastre, é presidente de uma facção, acabou com aqui- lo que Eanes, Soares e Sampaio protagonizaram. Uma vez eleitos foram presidentes de todos os portugueses. Não podemos agora correr o risco de ter um presidente que seja o presidente de outro partido qualquer. Agora é do PSD, a seguir é do PS. Não pode ser! Temos de ter um Presidente que seja capaz de ser o Presidente de todos os portugueses. No seu discurso no Congresso da Cidadania disse que Portugal precisava de um Presidente que fosse capaz de demitir um governo que não cumprisse as promessas. Acha que Sampaio da Nóvoa seria capaz de fazer isso? Não tenho a certeza. Admito que sim. Penso que Sampaio da Nóvoa é mais determinado que o Sampaio – o Jorge. E Jorge Sampaio demitiu Santana Lopes por muito menos do que este primeiro-ministro já fez. As instituições não estão a funcionar. Apesar de eu não ver o Sampaio da Nóvoa tão decidido como pessoalmente gostaria que ele fosse, estou convicto que perante situações como a que estamos a viver o Sampaio da Nóvoa já teria actuado, já teria demitido o governo e já teria provocado eleições. "CSJM & =RRP +HUÐLVGRGH$EULO 4XDUWHOGR&DUPR $VDQJULDTXHWHULD PDQFKDGRD5HYROXÄÀR "IJTUÕSJBEPRVFOÊP DIFHPVBBDPOUFDFS "TQBMBWSBTEFVN DPNBOEBOUFEB(/3 FBiQBTTJWJEBEF BDUJWBwEPTNJMJUBSFTOP RVBSUFMFWJUBSBNVN CBOIPEFTBOHVFOB DBMËBEBEPMBSHP "CSJM 1&%303"*/)0 QFESPSBJOIP!JPOMJOFQU O 25 de Abril deu ao país a liberdade. E com a Revolução vieram também os heróis. Alguns, fruto do acaso. Outros, forjados no calor do momento, porque tomaram a decisão acertada. Têm um rosto, um nome e uma história. Quase todos. Quase, porque ainda hoje, 41 anos depois do golpe dos capitães que derrotou uma das mais longas ditaduras da Europa, há heróis sem nome e sem rosto. Mas com uma história para contar. Não foi um erro de cálculo que levou Marcello Caetano a refugiar-se no Quartel do Carmo, ainda madrugada, quando os capitães já controlavam pontos estratégicos de Lisboa e do Porto. O chefe do governo quis jogar com a imprevisibilidade. Precisamente 40 dias antes, foi para Monsanto que correu em busca de protecção quando, a partir das Caldas da Rainha, os militares ensaiaram um “levantamento” que acabaria frustrado às portas da capital. Agora era preciso agir de outra forma, e o próprio director da Direcção-Geral de Segurança (a PIDE, rebaptizada) tinha chegado com as garantias necessárias: “A Guarda Republicana está fixe”, assegurou Silva Pais. Foi dito desta forma, ipsis verbis. Ficou gravado nas escutas às comunicações. +(5°,66(0120( Os heróis improváveis nasceram desta casualidade. É que, quando Marcello Caetano chega ao Comando-Geral da GNR, no Quartel do Carmo, havia trabalho a fazer. Todas as ligações ao Largo do Carmo deviam ser protegidas de imediato. “A Guarda fez a segurança interior, mas não fez a exterior.” Nuno Andrade chamou-lhe uma “passividade activa” no seu livro “Para além do Portão”. O tenente-coronel da GNR – que estudou a fundo os acontecimentos daquele dia, pelo olhar de quem estava no lado de dentro do quartel – chama a atenção para uma omissão importante. “A guarda tinha forçosamente de bloquear os acessos ao Quartel do Carmo. Não o fazer significa que não cumpriu o planeamento. E se isso aconteceu foi porque alguma ordem houve para que isso fosse feito nesses termos. Garantidamente, Salgueiro Maia não chegava cá com facilidade.” 0LOLWDUHVDSRSXODÄÀRLQV SHFWRUHVGD3,'('*6PLV WXUDGRVHQWUHDPDVVD 7RGDDJHQWHTXLVDVVLVWLU GHSHUWRDRFRQIURQWRFRP RUHJLPH)DOWDPDVLPD JHQVGRODGRGHGHQWURGR TXDUWHOtRVPLOLWDUHVGD *15HVWDYDPPDLVSUHRFX SDGRVFRPDSUÐSULDYLGD -64" 0DUFHOOR&DHWDQRFHGHXPDV RSRGHUQÀRFDLXQDUXD6SÊ QRODIRLDR4XDUWHOGR&DUPR UHFHEHUDUHQGLÄÀRGRFKHIH GRJRYHUQRTXHDEDQGRQRXR ORFDOGHQWURGHXPDFKDLPLWH %XODSDUDHYLWDURFRQWDFWR FRPDSRSXODÄÀR -64" A coluna que o capitão de Abril conduziu do Terreiro do Paço chegou às portas do quartel sem quaisquer dificuldades. O caminho estava livre, e isso só aconteceu porque algum elemento da GNR tomou a decisão consciente de não levantar a defesa do quartel – e do governo, que já se resguardava em peso entre os muros do edifício – como previam os planos de acção. Quem falhou o protocolo de segurança? Nuno Andrade investiga há dez anos o 25 de Abril do lado dos que saíram derrotados da história, mas ainda não chegou a um nome. Aquele “esquecimento” foi apenas o primeiro de dois actos heróicos e incógnitos, ao longo do dia. O segundo ocorreu sob enorme tensão. Dentro do quartel estavam, além de Marcello Caetano e de vários elementos do governo, as famílias de muitos dos oficiais da GNR. Quando tiveram consciência de que estavam cercados, o medo instalou-se. Para o bem e para o mal, para o resto do país eram eles a força que estava a proteger da capitulação um regime condenado. As mulheres correram a esconder-se. Temiam uma inva- são anárquica do edifício. Acreditavam que no final do dia poderiam acabar a ser violadas pelos revoltosos. $PTUB1JOUPFTUFWFOP RVBSUFMEFNBESVHBEB DPNVNBNFOTBHFN QBSBPTTFVTIPNFOT i/JOHVÌNGB[GPHPw 0DPNBOEBOUFHFSBMEB (/3EFVBPSEFN i3FTQPOEBNBPGPHPw /FOIVNEPTNJMJUBSFT EJTQBSPVVNBCBMB 25'(03$5$1 2',63$5$5 Na primeira carga de fogo sobre o edifício, curta, foi possível manter alguma calma. Mas à segunda investida foi impossível. Durante dois minutos e 15 segundos, os militares estacionados em frente aos portões do quartel carregaram sobre os andares superiores. O Largo do Carmo, cheio de populares, estava vazio no segundo seguinte. Durante aqueles 135 segundos, houve gritos no interior do edifício. O ruído dos enormes projécteis era de tal forma ensurdecedor que os familiares dos oficiais talvez tenham acreditado por um momento que tinha chegado a hora final. Até o comandante-geral do quartel chega ao limite. De uma varanda interior, virada para a praça do quartel, o general Augusto Pires ordena entre os gritos e silvos das balas e o cheiro a pólvora que enchia o lado poente: “Respondam ao fogo.” A ordem foi dada – Nuno Andrade confirmou-o com dezenas de militares que se encontravam do lado de lá dos portões naquele dia. Mas nenhum militar, das centenas que se encontravam no quartel, respondeu. A cadeia de comando não funcionou e os capitães, novamente engolidos pelas centenas de lisboetas que assistiam em directo à Revolução, ficaram sem resposta. Teria havido um banho de sangue. Será que os militares da GNR não ouviram o seu comandante? Se ouviram, terão ficado com dúvidas? Ou alguém interveio para que, daquele lado, ninguém respondesse às investidas dos capitães? “O coronel Costa Pinto, comandante do batalhão da GNR de Santa Bárbara, vem aqui às três da manhã, reúne com os oficiais dele – incluindo o comandante da segurança do quartel, que era quem tinha capacidade para dar as ordens de acção – e diz-lhes: ‘Aconteça o que acontecer, ninguém faz fogo.’” Essa ordem, dada a viva voz quando a Revolução estava já a espalhar-se pela cidade, foi fundamental. Não apenas para garantir o êxito do golpe, mas também para que o dia 25 de Abril chegasse ao fim sem uma gota de sangue derramado no Largo do Carmo, onde o poder acabou derrubado. "CSJM =RRP 7UDJÆGLDQR0HGLWHUU¿QHR "MFTTBOESB5BSBOUJOPBQ & 0LJUDQWHV 6ÐXPHPFDGD UHIXJLDGRV ILFDQD8QLÀR (XURSHLD -ÐEFSFTFVSPQFVTMJNJUBNBNJMPOÛNFSP EFSFGVHJBEPTQPSBOP0TPVUSPTTÊPFYQVMTPT SBQJEBNFOUF&NFOUSBSBNNJM "CSJM "/5¸/*03*#&*30'&33&*3" BOUPOJPGFSSFJSB!JPOMJOFQU A Europa tinha dois caminhos a seguir depois das sucessivas tragédias no Mediterrâneo e da cimeira extraordinária de ontem à tarde em Bruxelas: fechar-se como uma fortaleza ou mostrar que é um continente em que a solidariedade e a humanidade são princípios fundamentais a defender. Seguiu o primeiro com a imposição de uma quota de 5 mil felizardos por ano que podem ganhar o estatuto de refugiados e viver longe da guerra e da morte. Cinco mil refugiados num continente que o ano passado recebeu 150 mil. Sem esquecer que o número dos que querem entrar na Europa por mar e terra está a aumentar todos os anos; feitas as contas, a quota agora estabelecida significa que só um em 30 refugiados ficará na Europa. Os outros serão rapidamente expulsos para os seus países de origem, sejam eles quais forem, com o Frontex, aparelho europeu responsável pela segurança das fronteiras, a ser dotado de meios humanos e financeiros para desempenhar rapidamente a sua tarefa. Nesta matéria de refugiados, a questão das quotas divide naturalmente os líderes europeus, que querem ao máximo empurrar os refugiados para os seus vizi- nhos. O ano passado, por exemplo, Itália, Malta, Chipre e Espanha, as portas da Europa, foram os que receberam os muitos milhares de migrantes. No entanto, quatro estados-membros receberam quase dois terços de todos os pedidos de asilo: Alemanha, Suécia, Itália e França e, destes, a Alemanha foi o principal país de acolhimento. É por isso que agora, na discussão sobre quem fica com o quê, os países que recebem mais refugiados querem ver reduzido esse número em troca do envio de mais forças navais para o mar Egeu e o mar Mediterrâneo para controlar a sua chegada à Europa. Foi isso que disse ontem à tarde David Cameron, primeiro-ministro inglês: Londres vai disponibilizar navios e helicópteros para o Mediterrâneo, na condição de os imigrantes resgatados não terem automaticamente direito a pedir asilo no Reino Unido. Precisando melhor a proposta, Cameron adiantou que, como o país da Europa com maior orçamento de Defesa, podemos dar um contributo de vulto. “O que vou oferecer é o navio da marinha real HMS Bulwark, e ainda três helicópteros e dois outros navios de patrulhamento”, disse. Mas como não há bela sem senão, Cameron acrescentou que a oferta britânica está “naturalmente sujeita a condições”, entre as quais que os imigrantes resgatados “sejam &DL[ÀRQ(VWH PLJUDQWHQÀRLGHQWLILFDGR IRLRQWHPHQWHUUDGRHP 0DOWDSDÊVGD8QLÀR (XURSHLD1ÀRIRLH[SXOVR FRPRVHUÀRRVYLYRV $JUBËÙFT i"-ÐCJBOÊP ÌEJSJHJEB OÊPÌHPWFSOBEB FTUÅVNDBPTw 'SBOËPJT)PMMBOEF 35(6,'(17()5$1&§6 i/FNUPEPTPT QBTTBHFJSPTRVF FTUBWBNBCPSEPFSBN GBNÐMJBTJOPDFOUFTw .BUUFP3FO[J 35,0(,520,1,6752'(,7/,$ i03FJOP6OJEP BKVEBDPNVNB DPOEJËÊPRVFPT JNJHSBOUFTTFKBN MFWBEPTQBSBPQBÐT TFHVSPNBJTQSÕYJNP RVFTFSÅNVJUP QSPWBWFMNFOUF*UÅMJBw %BWJE$BNFSPO 35,0(,520,1,6752%5,71,&2 i"SFTQPTUB EB&VSPQB ÌWFSHPOIPTBw "NOJTUJB*OUFSOBDJPOBM &2081,&$'2 levados para o país seguro mais próximo, que será muito provavelmente Itália”, e não tenham automaticamente direito a pedir asilo ao Reino Unido. Além de discutir a quota de refugiados e a sua distribuição pelos estados-membros da União Europeia, a cimeira decidiu duplicar os financiamentos para 2015 e 2016 das operações de resgate e salvamento de migrantes, mantendo a vigilância numa aérea que vai até às 30 milhas das costas italiana e maltesa. Por outro lado, muito embora não se saiba nem como nem com que forças, os líderes europeus estão decididos a atacar os traficantes de seres humanos e a destruir as suas embarcações nas praias líbias. Ainda ontem o procurador de Palermo, que investiga o naufrágio de domingo, revelou que os migrantes pagaram entre 700 e 7 mil dólares cada um pela viagem para a morte e estiveram um mês retidos numa quinta perto de Tripoli antes de embarcarem na traineira pilotada por um tunisino. Mas atacar os traficantes e as suas embarcações em território líbio ou de outros países não será com certeza uma tarefa fácil e implica correr riscos que podem levar a novas tragédias. Com os líderes reunidos de emergência, a marinha italiana resgatou ontem mais 220 migrantes no Mediterrâneo e espera-se que nos próximos meses o fluxo diário aumente com o bom tempo no mar nesta Primavera e no Verão. Mas para além dos pontos que a cimeira de ontem abordou durante a tarde em Bruxelas há muitas decisões que a pesada máquina da União Europeia vai pôr em prática. O presidente do Conselho Europeu, o polaco Donald Tusk, foi pondo alguma água na fervura. Além de descartar uma posição definitiva para ontem, Tusk afirmou que um dos temas mais difíceis na agenda é o do “reforço da solidariedade europeia e da responsabilidade comum”. Por isso mesmo, adiantou, a cimeira não chegou a nenhuma solução. “Temos de debater assuntos complicados, como a instalação, o acolhimento e as políticas de asilo, o sacrifício de interesses nacionais em nome de um bem comum”, disse, acrescentando que “é uma questão europeia e não apenas um problema dos países do Sul da Europa.” “Salvar pessoas é a prioridade, mas não passa só por resgatá-las do mar, mas também pelo combate aos contrabandistas e pela prevenção de fluxos de imigração ilegal”, nomeadamente “desmantelando as redes de contrabando de pessoas e destruindo os seus modelos de negócio”, salientou Tusk. Tudo questões que a Europa conhece há muitos anos e pouco fez para ultrapassar. $PN-VTB /ÊELD+ROODQGHODPHQWD TXHD)UDQÄDWHQKD GHUUXEDGR.DGKDIL /JDPMBT4BSLP[ZF %BWJE$BNFSPO PSEFOBSBNFN BUBRVFTBÌSFPTDPOUSB PSFHJNFMÐCJP Quatro anos depois de muitos mortos e refugiados e da instalação de grupos terroristas no país, o presidente francês, François Hollande, considerou ontem que para pôr fim às mortes no Mediterrâneo é preciso “corrigir os erros do passado” na Líbia, referindo-se aos ataques internacionais decididos nomeadamente pelo seu antecessor, Nicolas Sarkozy. “Se o mundo ficar indiferente ao que se passa na Líbia, mesmo que avancemos com mais meios, mais vigilância, mais presença no mar, mais cooperação e mais combate ao terrorismo, haverá sempre esta causa terrível que é o facto de esse país não ser dirigido, não ser sequer governado, estar no caos”, disse Hollande à chegada à cimeira europeia extraordinária sobre imigração. “A questão está em saber o que se faz quando, depois de uma intervenção (realizada) há mais de três anos e meio, não houve nenhuma reflexão sobre o que devia acontecer depois”, acrescentou. Nicolas Sarkozy, antecessor e adversário de Hollande, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tiveram um papel central no lançamento da intervenção internacional na Líbia em 2011 que pôs fim ao regime de Muammar Kadhafi. 1(072'26(5$0,12&(17(6E se Hollande bate a mão no peito pelos erros cometidos na Líbia, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, escreveu um texto para o “New York Times”, citado pelo “Observador”, em que afirma que nem todos os 800 migrantes mortos no domingo no Mediterrâneo eram inocentes. “Nem todos os passageiros que estavam a bordo eram famílias inocentes”, escreveu Matteo Renzi. O chefe de governo italiano lembra que a região do norte de África é devastada pelo terrorismo. Matteo Renzi justifica a afirmação com o caso da Líbia. “Cerca de 90% dos migrantes que chegam a Itália passam pela Líbia. É um país preso, não só à instabilidade, como também ao terrorismo internacional. O Estado Islâmico opera lá.” Por isso, sustenta, a União Europeia deve reunir esforços para superar esta ameaça, que cria em África um terreno fértil para o tráfico humano. Enquanto os líderes europeus se desmultiplicam em declarações depois da tragédia de domingo, com Portugal a dizer que a Europa não se pode transformar numa fortaleza, exactamente o contrário do discutido na cimeira de ontem, com a limitação fortíssima à entrada de refugiados, cerca de mil manifestantes protestaram ontem em Bruxelas contra a resposta da União Europeia ao drama dos naufrágios de navios transportando imigrantes ilegais, num “cortejo fúnebre” convocado por organizações não-governamentais. No cortejo fúnebre, convocado por ONG como a Amnistia Internacional (AI), a Médicos do Mundo e a Associação Europeia de Defesa dos Direitos Humanos, os manifestantes transportaram em silêncio três caixões simbolizando as vítimas dos naufrágios. Segundo um comunicado da Amnistia Internacional, os manifestantes denunciaram “a resposta vergonhosa da Europa à espiral de mortes no Mediterrâneo”. "3'DPN-VTB +ROODQGHDWDFRX6DUNR]\H&DPHURQ 3&65&34 "CSJM 5HSRUWDJHP ' 0DLV 'LDVGD0×VLFD 0HVPRQRV HQVDLRV%HOÆP ÆXPIHVWLYDO 4BMBTEFSFVOJÙFTBVEJUÕSJPTFHBCJOFUFTUVEPTF USBOTGPSNBOP$$#BQBSUJSEFIPKFFBUÌEPNJOHP 'PNPTDPOIFDFSPRVFNVEBOPTCBTUJEPSFT +04¯$"16$)05FYUP KPTFDBQVDIP!JPOMJOFQU ."/6&-7*$&/5&'PUPHSBGJBT GPUPHSBGJB!JPOMJOFQU Visto de fora não é ainda perceptível o que vai acontecer este fim de semana no CCB. É preciso entrar para dar conta de que os Dias da Música estão aí à porta, sob o tema “Luzes, Câmara... Música!”, onde as partituras farão uma viagem por toda a história do cinema. Logo na recepção, onde antes estavam sofás e pequenas mesas, estão agora cabos, microfones, um estrado de palco e um piano. Que ninguém estranhe, este é só um dos muitos espaços que vira recinto de concerto para receber o público que vem ao festival. São mais de 1800 pessoas envolvidas na produção deste evento, entre técnicos, artistas, produtores, departamentos de comunicação e marketing e, claro está, afinadores de piano. “As coisas começam a mudar muitos meses antes. A partir de Janeiro, a DAE, Direcção de Artes e Espectáculos, começa a pensar em termos físicos, para saber o que é que vai cá aterrar,” contou ao i Pedro Rodrigues, coordenador da equipa de direcção de cena, no CCB desde 1993. Na semana decisiva que antecede o início do festival “já não há mais tempo para reuniões, passamos à prática e isso "CSJM é muito bom”, afirma. Esses dias preenchem-se em pouco tempo e cheios de pressão – e música que se ouve pelas paredes. Não acredita? Ora leia: num curto passeio pelas diferentes salas do CCB, os géneros e as vozes chegam aos ouvidos de quem por ali vagueia. São os ensaios que começam nesta semana e que, para Patrícia Costa, também da equipa da DAE e no CCB há nove anos, são o alerta de que “tudo está a funcionar”. Começando pela sala Almada Negreiros, habituada a receber conferências, palestras e eventos comerciais, encontramos um homem ao piano. É uma espécie diferente de artista, um dos afinadores contratados, que aplicam a respectiva mestria nos pianos que nos vão acompanhar. Neste caso, o instrumento que será utilizado pelo pianista italiano Giovanni Bellucci, com concerto marcado para sábado às 22 horas. Camisa preta, casaco no piano e dedos nas teclas, o músico ensaia a Sinfonia n.o9 de Beethoven, que vai relembrar a carismática personagem de bengala e copinho de leite que tinha um encanto especial pela violência. “Aaaah”, disse o caro leitor? Sim, esse mesmo, Alex, de “Laranja Mecânica” ( 1971) de Stanley Kubric. Jill Lawson, de dupla nacionalidade (americana e portuguesa), foi a artista que se seguiu no nosso percurso pelos bastidores. Grávida, ao piano, tocava “para embalar o bebé, a calma terá de vencer a pressão” nos dois concertos que tem agendados: “O Violino no Cinema” às 14 horas, com o violinista Carlos Damas, e “Debussy e Chopin no Cinema”, a solo, às 18 horas. 126&255('25(6 Por entre camarins improvisados e salas de arrumações empilhadas com material, chegamos à Sala Luís de Freitas Branco, virada do avesso para mais um espectáculo. “The refrão, just the refrão”, ouvimos. Um dos elementos do grupo Ludovice Ensemble pede a outro músico que toque só aquela parte. Este grupo especializado em música antiga, terá dois concertos, o primeiro no sábado, “Bach no Cinema – Bach goes to the movies” às 22 horas, e outro no Domingo, “Tous les matins du 2SLDQLVWDLWDOLDQR*LRYDQ QL%HOOXFFLGXUDQWHR HQVDLRQD6DOD$OPDGD 1HJUHLURV 2UTXHVWUD6LQIÐQLFD 0HWURSROLWDQDFRPR PDHVWUR3HGUR$PDUDOQR *UDQGH$XGLWÐULR °SHUDQD6DOD6RSKLDGH 0HOOR%UH\QHUFRPD VRSUDQR$OH[DQGUD%HU QDUGRDSURIHVVRUDGH FDQWR(OHQD'XPLWUHVFX 1HQWZLJHRSLDQLVWD%HU QDUGR0DUTXHV /XGRYLFH(QVHPEOHFRP DGLUHFÄÀRGH0LJXHO -DOÑWRQD6DOD/XÊVGH )UHLWDV%UDQFR $SLDQLVWD-LOO/DZVRQQD 6DOD$OPDGD1HJUHLURV monde”, às 13h. O ensaio decorreu num clima leve, entre risos e pausas, a pressão de estarem num festival parece ter ficado do lado de fora da sala. E ópera no cinema? Também estará no CCB para ser ouvida. Os agudos da soprano Alexandra Bernardo impõem-se uns degraus acima na Sala Sophia de Melo Breyner, corrigidos pela sua professora de canto, Elena Dumitrescu Nentwig, que a acompanhou com ges- tos e expressões fortes, dando a certeza de que no concerto com o pianista Bernardo Marques, “Ópera no Cinema” (amanhã às 18 horas), este género estará também presente. Mas não é só nas salas de reuniões que tudo muda. Subindo para o terceiro piso, que estará restrito para o público, vemos os gabinetes da administração do CCB. O trabalho de escritório é interrompido para dar lugar a salas de ensaio. Em alguns chegam a estar dois pianos, outros servem como espaço de descanso, para quem precisar de relaxar do ambiente frenético que habitualmente se instala nestes Dias da Música. A Orquestra Sinfónica Metropolitana, que estará no Concerto de Abertura no Grande Auditório, hoje às 21h30, foi a última a ensaiar, com um imponente “Assim Falou Zaratustra”, de Richard Strauss. No meio do caos improvisado de afinação de instrumentos, houve ainda tempo para cantar os parabéns – com direito a palmas com pés – a um dos membros. Festa é festa, pois claro. Pedro Amaral, o maestro da OMS, depois da interrupção, pediu silêncio e pôs ordem na sala: “Vamos ao início, por favor.” Assim fizemos. ●❚ ● 3URJUDPDFRPSOHWRHPZZZFFESW "CSJM ' 0DLV 7HOHYLVÀR 1HLO'H*UDVVH7\VRQ &RQYHUVDVIRUDGH ÐUELWDJUDYLGDGH]HUR 1HLOHQWUHRVSODQH WDVRQGHRKRPHP JRVWDUGHHVWDU ¦GHL[¾OR (&55:*."(&4 "CSJM 0BQSFTFOUBEPSEPSFNBLFEFi$PTNPTwÌPBTUSPGÐTJDPBNFSJDBOP NBJTQPQVMBSEPNPNFOUP"PDPOIFDJNFOUPDJFOUÐGJDPKVOUB VNBDBQBDJEBEFSBSBQBSBDPNVOJDBS1SJNFJSPGPJQPEDBTUBHPSB i4UBS5BMLwÌPOPWPQSPHSBNBEFUFMFWJTÊPEF/FJM%F(SBTTF 5ZTPOVNUBMLTIPXTPCSFBTFTUSFMBTOPQBSUJDVMBSFBNBUFNÅUJDB OPHFSBMDPNVOTRVBOUPTGBNPTPTÈDPOWFSTB&TUSFJBIPKF OP/BUJPOBM(FPHSBQIJDNBTBOUFTFTUJWFNPTBPUFMFGPOF DPNPBQSFTFOUBEPSFDJFOUJTUB q6WDU7DONrSDVVDDVHUXPSURJUDPDGH79 5*"(01&3&*3" UJBHPQFSFJSB!JPOMJOFQU A lógica manda que fiquemos nervosos se está em causa uma conversa com Neil DeGrasse Tyson. É uma questão de bom senso: trata-se do mais famoso astrofísico do mundo, um tipo que ainda não mudou o pensamento científico, que não fez nenhuma descoberta revolucionária, mas que sabe tudo sobre o que se passa entre este planeta que é o nosso e tudo o resto, que não sabemos bem a quem pertence. Percebe tanto de lei da gravidade como de matéria negra – e alguém que sabe tudo isto sobre uma coisa que ninguém vê merece o nosso respeito. A conversa aconteceu pelo telefone, com mais três jornalistas de outros tantos países europeus. Cada um fazia as suas perguntas à vez, tudo muito democrático, e do outro lado da linha estava DeGrasse Tyson, tal qual o costumamos ver na televisão: um génio simpático, um pedagogo cativante, um cientista que nasceu para comprovar as maravilhas das matemáticas na televisão. Hoje chega a Portugal o seu novo programa, “Star Talk”, e é a própria da celebridade que dá início à conversa, com a categoria de sempre: “Então, vamos falar de estrelas?” Falemos pois. A primeira curiosidade a esclarecer é a mais óbvia: Neil, que programa é este? “É um programa em que convido pessoas que não pertencem necessariamente ao circuito científico para falar de coisas da ciência. Claro que a conversa depois não se fica por aí, mas a piada é essa. Porque a ciência faz parte da nossa vida normal, a matemática faz parte da nossa vida normal, está em tudo. Falar do dia-a-dia com átomos pelo meio não tem nada de especial, não deveria ter.” É ele, é DeGrasse Tyson que nos diz isto. Se duvidávamos que o homem teria tempo para este telefonema, estamos agora esclarecidos. É que mais ninguém poria a questão desta maneira, Neil faz questão de guardar boa parte do seu tempo público para desfazer o mito do investigador que só pensa nas fórmulas, raramente nas pessoas. “Foi por isso que vim aqui parar, porque visitei um dia o Planetário de Nova Iorque e vi as estrelas num passeio. No meio do meu dia o universo estava ali à minha mão. Não podia escapar a isso.” Não escapou e tornou-se presidente do mesmo planetário – se é para resolver os assuntos então que se resolvam em grande estilo. “‘Star Talk’ é mais ou menos como um planetário”, conta. “Não se i/ÊPTFWÍFNBTFTUSFMBT NBTBDPOWFSTBNPTUSB DPJTBTRVFOVODB FYQFSJNFOUÅNPTQPOUPT EFWJTUBEJGFSFOUFTw vêem as estrelas mas a conversa dá-nos visões de coisas que nunca experimentámos, pontos de vista diferentes. Não é um Hubble, não é uma sonda Voyager, mas faz parte da mesma missão final.” Como cientista ou como apresentador, esta coisa da missão está-lhe sempre na ideia. Quando apresentou a versão actualizada de “Cosmos” não quis ser um novo Carl Sagan – “como é que poderia alguma vez ser um dos heróis que me fizeram vir aqui parar?”, pergunta. Antes, procurou dar bom uso ao que de melhor temos para tornar sedutora a divulgação científica: “A tecnologia faz milagres. E por fazer milagres temos de ter consciência de que mesmo quem não está à primeira vista interessado nestes temas, ou em quaisquer outros, vai querer sempre ver imagens fantásticas, efeitos especiais, vai querer viajar sem sair do lugar. A ciência faz isso só que às vezes é preciso um empurrão para que tal maravilha se perceba.” &219(56$6 “Star Talk” vai convidar cele- bridades para uma espécie de sala de estar num estúdio de televisão. Um dos visitantes mais célebres, logo ao segundo episódio, é Christopher Nolan, realizador de “Interstellar”. “O Christopher é um visionário, que deu às teorias dos buracos negros e da relatividade um corpo que nunca tínhamos visto”, conta DeGrasse Tyson. “Claro que há ali fantasia, é um filme, nunca vou esperar ver uma obra de ficção como espero ver um documentário. Mas ‘Interstellar’ fez melhor que muitos documentários.” Estas conversas, contudo, não terão como objectivo nenhum trabalho de evangelização científica. Neil, ainda e sempre entusiasmado neste telefonema a cinco, diz-nos que não quer “impor nenhum tipo de verdade a ninguém”. Questionado sobre os negacionistas que, sobretudo nos EUA, o têm contestado como porta-voz de falsidades, De Grasse Tyson é simples na resposta: “Percebe que cada pessoa acredite no que quiser, que cada um de nós escolha um caminho. O que não me parece correcto é que tomemos tais escolhas como verdades universais. É o que não fazemos com o método científico. Nunca sabemos se o que pensamos hoje vamos ter por certo amanhã.” Já agora, um última pergunta: e isso não é uma angústia, caro Neil? “Nada disso. É um desafio.” i$MBSPRVFIÅBMJ GBOUBTJBA*OUFSTUFMMBSÌ VNGJMNFNBTGF[ ❚ NFMIPSRVFNVJUPT ● 6WDU7DONHVWUHLDKRMHQR1DWLRQDO*HRJUDSKLF EPDVNFOUÅSJPTw ½VK # +XEEOH 3RQKDPRVDTXHVWÀR GDIRUPDPDLV VLPSOHVVHR+XEEOH QÀRH[LVWLVVHDLQGD HVWDUÊDPRVDTXLD LPDJLQDUQHEXORVDV DGHVHQKDUOXDV GLVWDQWHVHPSDSHOD LPDJLQDUFRPRVHULDP GHIDFWRDVH[SORVÒHV VRODUHV2PDLV LPSRUWDQWHWHOHVFÐSLR FULDGRSHORKRPHP IRLODQÄDGRSDUDR HVSDÄRK¾ SUHFLVDPHQWH DQRV8PTXDUWRGH VÆFXORFRPRVROKRV SRVWRVQRFRVPRV XPDPDUDYLOKDGD HQJHQKDULDTXHDLQGD KRMHVXUSUHHQGH(P GLDGHDQLYHUV¾ULR HVSHFLDOR1DWLRQDO *HRJUDSKLFHPLWH q$-RUQDGD&ÐVPLFD GR+XEEOHrXP GRFXPHQW¾ULRQDUUDGR SRU1HLO'H*UDVVH 7\VRQHTXHFRQWDD KLVWÐULDGR+XEEOH GRVSULPHLURV SURMHFWRV½VPDLV UHFHQWHVLPDJHQV GDFRQVWUXÄÀRHGR ODQÄDPHQWR½V YLDJHQVTXHOHYDUDP DVWURQDXWDVH PDTXLQDULDVDÊGDGH XPILOPHGHILFÄÀR FLHQWÊILFDSDUDFRUULJLU IDOKDVHPRGLILFDU OHQWHV(VW¾VÐD TXLOÐPHWURVGH GLVW¿QFLDHFRQVHJXH YHURTXHQXQFD QLQJXÆPQHP QHQKXPRXWUR WHOHVFÐSLRWLQKDYLVWR ●❚ ● +RMH½VKQR 1DWLRQDO*HRJUDSKLF ● "CSJM ' 0DLV 0×VLFD '656%0-0(*" ' 103"/"."3,1 ES $BQJUÊP'BMDÊP $ODVGDLU5REHUWVXPGRVFRQYLGDGRHVSHFLDLV )HLUDGRGLVFR PDLVLQGLHQÀRK¾ 01SÐODJQF3FBMSFDFCFBUÌEPNJOHPBQSJNFJSB FEJËÊPEP.FSDBEPEB.ÛTJDB*OEFQFOEFOUF ."3*"3".044*-7" NBSJBSTJMWB!JPOMJOFQU Editoras, concertos, DJ sets e comes e bebes. Diferentes agentes da indústria, sempre com carimbo indie. Se não foi a tempo de apanhar o Record Store Day – ou se o apanhou e não foi pouco (nas gomas como nos discos nunca se compra só um), estas linhas são para si. O primeiro Mercado da Música Independente passa este fim-de-semana por Lisboa. Onde em particular? No bairro mais mainstream dos últimos tempos: o Príncipe Real. Sem mais cantigas orelhudas, vamos já despachar as coordenadas exactas: Picadeiro Real do Antigo Colégio dos Nobres, integrado no complexo do Museu de História Natural, na Rua da Escola Politécnica). As celebrações começam já hoje, com a festa que antecipa o fim-de-semana de todas as comemorações (isso, o 25 de Abril). Ao vivo, com passaporte português, apresentam-se a guitarra de Tó Trips e a psych folk dos Beautify Junkyards, com novidades no bolso. Para mais os Junkyards tanto fazem versões de Os Mutantes como de Zeca Afonso, para ficar descansado quanto à devida evocação da efeméride. No mesmo dia, há ainda o concerto do escocês Alasdair Roberts, que tem álbum lançado em Janeiro deste ano, homónimo, para mostrar ao mundo. "CSJM Uma escala à beira Tejo, em vésperas da digressão pelo Reino Unido, do guitarrista folk editado pela norte-americana Drag City, a mesma de nomes como Bill Callahan, Royal Trux, Joanna Newson ou Bonnie Prince Billy, e o selo convidado para esta primeira edição do Mercado. A boa nova, e indie mais indie não há nos dias que correm, é que a entrada para qualquer dos dias, promovidos pela Junta de Freguesia de Santo António, é livre. Quanto às editoras presentes, anote as referências que se seguem. Banzé, Ananana, Chili Con Carne, AmorFúria, Monster Jinx, Traineira, Lux Records, Tink, Groovie Records, Hey Pachuco, Chaputa, Groovement, Metrónomo, Cafetra, Mbari, Principe, Shhpuma, Lovers & Lollips, D.I.S.C.OTexas, Pontiaq, Kimahera, FlorCaveira, Dromos, Meifumado, Sombra e One Eyed Jacks. Também os portuenses Dealema vão ter a sua banca e mostrar novidades. Amanhã, a rodar discos a partir das 17h, há set de Sombra, Dgtldrmr, Groovement, Tink! Music, e Xungaria No Céu. Domingo, entre as 14h e as 16h30, é a vez de GI Joe, Spark + JK, Savanna e PZ + Corona. ●❚ ● )HVWDGHDEHUWXUDKRMH½VKDWƽPHLD QRLWH6¾EDGRGLDGDV½VK'RPLQ JRGLDGDVK½VK(QWUDGDOLYUH Se o Batman e o Vasco Santana combinassem ir ao cinema hoje, escolheriam ver “Capitão Falcão”. Não sei qual seria o tema de conversa à mesa do jantar que antecederia este encontro, provavelmente um balanço da época do Benfica. Quero crer que o Batman, meu super-herói favorito, seja do meu clube (ainda que o Bruce Wayne seja obviamente um beto do Sporting) e o Vasco Santana, por ter nascido em Benfica, não tivesse tido outro remédio. Sei, no entanto, do que iriam falar estes compinchas à saída da sala: de como este filme, que o realizador e argumentista João Leitão fez com meios que tinha e não tinha, é uma pequena maravilha. O amor move montanhas – e por cá não são poucas as cordilheiras que se atravessam entre a paixão e a execução. É por isso revigorante sair de uma sala de cinema com a sensação de que o amor à cultura pop, o amor a uma ideia, o amor a uma personagem, até o amor transviado à história de um país, pode parir um filme tão arriscado, tão 0QSPUBHPOJTUBÌ VNIFSÕJGBTDJTUB FNUFNQPTFNRVF PQPMJUJDBNFOUF DPSSFDUPBOEBBEBS DBCPEPTSFDVSTPT FTUJMÐTUJDPT particular e tão fixe. E eu posso dizer “fixe” porque já não sou crítica de cinema há alguns anos. “Capitão Falcão” foi inicialmente pensado para a televisão mas foi parar ao cinema, o que talvez o condene a ser destratado pela crítica como um subproduto que não merece ecrã grande. Não sei se nos tempos que correm o tamanho ainda importa, tendo em conta que o melhor do cinema está cada vez mais na televisão. Mas admito que os críticos apreciem mais “cinema” do que “filmes”, por isso não espero outra coisa senão que o metam no mesmo saco que um “Sei Lá”, ainda que talvez não utilizem tanto a palavra “inane” para o avaliar. “Capitão Falcão” é um filme para... olhem: para mim, por exemplo, que me estou sempre a queixar de que não se faz nada porque não se consegue fazer nada, o que me dá uma óptima desculpa para não fazer efectivamente nada. Mas não é só um magnífico labour of love, do coração, para o coração. É também uma comédia que acaba por se insurgir contra o fim iminente da ironia ao ser protagonizado por um super--herói fascista (Gonçalo Waddington, és incrível), que conta com a inteligência do público – coisa rara – para ser devidamente saboreado e compreendido, nestes tempos terríveis em que o politicamente correcto anda a dar cabo de uns quantos recursos estilísticos. Vesti-vos e ide ver. (VJPOJTUBBQSFTFOUBEPSB FQPSUFJSBEPGVUVSP &TDSFWFÈTFYUBFBPTÅCBEP 38% "CSJM ' 0DLV &LQHPDV 4"-"4 /,6%2$ &(1752 $/9$/;,$=21/862081'2 &,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW $3URPHVVDGH8PD9LGD06DE 6DE'RP $V6RPEUDVGH*UH\06DE6DE'RP &DSLWÀR)DOFÀR06DE6DE'RP &LQGHUHOD9306DE'RP ([0DFKLQD06DE6DE'RP )D]WH+RPHP06DE6DE'RP +RPH$0LQKD&DVD9306DE'RP ,QVXUJHQWH06DE6DE'RP 0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO93'0 0RUWDGHODH6DODPÀR0LVVÀRQÀR3RVVÊYHO930 6DE'RP 1RLWHHP)XJD06DE6DE'RP 2(IHLWR/D]DUXV06DE 25DSD],QYLVÊYHO0 26HJXUDQÄDGR6KRSSLQJ/DV9HJDV06DE 3DGGLQJWRQ9306DE'RP 6DPED06DE 8PD9LGDDRWHX/DGR06DE 9HORFLGDGH)XULRVD06DE 6DE'RP $025(,5$6=21/862081'2 &,1(0$KWWSFLQHPDVQRVSW $3URPHVVDGH8PD9LGD0 $PRU$FLGHQWDO0 ([0DFKLQD0 +RPH$0LQKD&DVD930'RP /DELULQWRGH0HQWLUDV0 2&RUR0 6DPED0 7DO3DL7DO0ÀH0 8PD9LGDDRWHX/DGR0 9HORFLGDGH)XULRVD0 9LQJDGRUHV$(UDGH8OWURQ'0 &$0323(48(12&,1(0$&,7< KWWSZZZFLQHPDFLW\SW $,GDGHGD$GDOLQH0 $3URPHVVDGH8PD9LGD0 $PRU$FLGHQWDO0 $V&LQTXHQWD6RPEUDVGH*UH\0 &DSLWÀR)DOFÀR0 &LQGHUHOD920 &LQGHUHOD9306DE'RP ([0DFKLQD0 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1HYH "CSJM (QWUHYLVWD ' 0DLV 'HVSRUWR “Never try, never know [nunca tentar, nunca saber].” A frase na camisola de Telma Monteiro não podia assentar-lhe melhor. Adora desafios e quando falha os objectivos não é por não tentar. De resto, é uma ganhadora nata. Basta olhar para o seu palmarés "CSJM 7HOPD0RQWHLURq6HDV SHVVRDVVRXEHVVHPRV SUREOHPDVFRPTXHOLGR ID]LDPPHXPDYÆQLDr 1&%30.*(6&-/&7&45FYUP QFESPOFWFT!JPOMJOFQU 30%3*(0$"#3*5"'PUPHSBGJBT SPESJHPDBCSJUB!JPOMJOFQU Começou aos 14 anos no Construções Norte/Sul, de Almada, por insistência da irmã. O futebol perdia uma avançada, o judo ganhava a sua melhor atleta. Como mulher, diz sentir que os resultados de excelência são relativizados em relação aos competidores masculinos. Mas Telma Monteiro não se preocupa muito com isso. Aos 29 anos fala com a serenidade de quem já ganhou quase tudo o que havia para ganhar: quatro Europeus, Masters, Grand Slam. Só a medalha de ouro no Mundial lhe está atravessada (quatro segundos lugares). Esteve em três Jogos Olímpicos (JO), onde ainda tenta um resultado que se adeqúe ao seu estatuto. Mudou de categoria, dos -52kg para os -57kg, mas continuou a ganhar. Em Fevereiro voltou a n.o 1 do ranking mundial. Sempre que lhe auguram o fim, ela regressa mais forte. O i aproveitou a pausa competitiva para conhecer melhor a carreira da judoca. Telma fala sobre as vitórias, os fracassos e o Rio 2016. Elogia o Benfica, o clube para onde se mudou aos 21 anos, e critica duramente a federação de judo por entender que não lhe proporciona as condições que merece. Recentemente operada ao braço, espera voltar à competição no Masters, em Rabat, a 23 e 24 de Maio. Falta pouco mais de um ano para os JO e Telma quer estar no seu melhor. Quando era miúda o judo não estava nos planos… A primeira modalidade que pratiquei inscrita num clube foi atletismo. Havia um pequeno clube lá na minha rua, o Clube da Manobra se não me engano. Ainda fiz algumas provas mas também gostava muito de jogar futebol, jogava na escola e na rua. Uma amiga começou a jogar no Monte Caparica e eu comecei a ir assistir aos treinos. O treinador disse que eu podia integrar a equipa. Motivou-me mais seguir o futebol. Joguei lá e no Beira-Mar de Almada. Como era muito nova, tinha 12 anos, as raparigas na altura já tinham 18, só fazia torneios para a minha idade. Havia o torneio da Coca-Cola nos campos do Benfica, lembro-me de termos ganho esse. Qual era a posição em campo? Jogava à frente. Acho que era boa a fintar, era um bocadinho egoísta, mas não tinha grande pontaria. Jogava bem mas acho que não ia ser uma boa avançada. Tinha de treinar mais os remates. A sua irmã desafiou-a para experimentar o judo? A minha irmã entretanto inscreveu-se no judo, uma modalidade que também havia lá no clube da rua. Fui experimentar e acabei por me interessar. Ela já tinha um grupo de amigas que faziam estágios e viajavam, às vezes estavam uma semana fora. Eu sentia que ficava sozinha, então ela incentivou-me mais por esse lado, se eu fosse treinar também podia ir aos estágios. Foi a primeira motivação para ir para o judo, viajar e estar com as amigas. A paixão pelo desporto cresceu consigo. Sim, sempre fiz muito. Tinha uma tabela de basquetebol mesmo à porta de casa, portanto passava a vida a jogar, era só abrir a porta. Saltar muros, era tudo uma diversão. Sempre fui muito competitiva, até a jogar à macaca era competitiva. Depois consegui trazer isso para o judo. O que a atraiu para ficar no judo? Acho que é uma modalidade complexa, -me que o meu treinador me tinha dito “mais dois anos e podes ser campeã nacional”. E pronto, ganhei logo nesse ano e depois integrei a equipa nacional sénior. O treinador queria dar-nos uma oportunidade de ganhar ritmo. Só que nesse ano em que a ideia era rodar e ganhar ritmo comecei a ganhar medalhas e apurei-me para os Jogos Olímpicos. Foi tudo muito rápido. Foi por ser muito competitiva? Não pensava se os outros eram melhores ou no estatuto. Pensava que eu queria ser a melhor e ganhar, estava mais preocupada com aquilo que queria atingir do que com quem tinha de vencer. Aquele sentimento que à partida a pessoa pode ter de que as coisas parecem muito difíceis não existia na minha cabeça. Chega a Atenas apenas com 18 anos. Foi um salto muito grande? Gostava de ter percebido mais o que estava a fazer. Estava tão empenhada em fazer bons resultados que não percebia que era apenas uma jovem de 18 anos que tinha conseguido em três meses aquilo que muitos trabalham anos para conseguir. Desfrutei dos Jogos Olímpicos como se fosse natural estar lá. Gostei de estar lá e competir, como é óbvio. Mas lembro-me de ter chorado bastante quando fiquei em 9.o lugar porque para mim não fazia sentido ter perdido, na minha cabeça podia ter ganho uma medalha. Lembro-me de ter ficado muito triste como se não fosse espectacular aos 18 anos ter ido aos Jogos Olímpicos. Acho que vivi tudo com demasiada maturidade. Deixou muita coisa para trás para ter esta carreira? Deixei algumas, mas não considero isso um sacrifício. Quando gostamos muito daquilo que fazemos e é o caminho para vencer, não pensamos no sacrifício. O principal factor é mesmo estarmos menos tempo com a família, desde muito novas. Normalmente ia para o treino a seguir à escola, tinha pouco tempo para os amigos. De resto, não gosto muito de sair à noite e nunca me habituei muito a isso. Comecei a fazer judo cedo e tive essa disciplina desde logo, portanto fiz muitos sacrifícios entre aspas; tive de trabalhar muito e ser resiliente em muitas situa- i+PHBWBCFNNBTBDIPRVFOÊPJB TFSVNBCPBBWBOËBEB5JOIBEF USFJOBSNBJTPTSFNBUFTw i5JOIBVNBUBCFMBEFCBTRVFUF NFTNPÈQPSUBEFDBTB4FNQSFGVJ NVJUPDPNQFUJUJWBBUÌÈNBDBDBw i&N"UFOBTDIPSFJDPNPMVHBS $PNPTFOÊPGPTTFFTQFDUBDVMBSBPT BOPTJSBPT+PHPT0MÐNQJDPTw temos sempre muita coisa para aprender. O que puxa é querer saber mais técnicas, ainda por cima os nomes são em japonês. Há sempre aquela coisa de querer ir no dia a seguir para aprender mais técnicas. Ter um grupo de amigas lá também foi uma grande motivação para continuar a ir. Começou logo a ganhar títulos? Foi tudo tão rápido... Sei que aquilo que fiz não foi normal. Normalmente as pessoas começam a fazer judo com quatro ou cinco anos e eu comecei dez anos mais tarde. O que fiz foi fora de série mas na altura pareceu-me tudo muito normal. Era muito competitiva, já tinha muita destreza física e coordenação motora que tinha trazido dos outros desportos. E é campeã nacional sénior quando ainda estava nos juniores... Sim, era júnior de segundo ano. Lembro- 6HLVDQRVGHSRLV YROWRXDVHUOķGHU PXQGLDO$PHOKRU MXGRFDSRUWXJXHVD HORJLDR%HQILFD DUUDVDDIHGHUDÍÂR HIDODVREUHRV -RJRV2OķPSLFRV ções. Não me arrependo de nada, o judo deu-me muitas coisas positivas. E a alimentação? Agora já não, mas se tiver de dizer que fiz um sacrifício foi na alimentação. Houve uma altura que tive muitos problemas de peso, cheguei a ter dez quilos a mais para participar no Mundial de 2007. Aí foi um sacrifício enorme, não poder comer quase nada, passar sede. Estar a treinar e sentir que gostava de beber mais água. Como geriu em 2008 a morte do seu treinador, António Matias? Foi um golpe muito duro, tínhamos uma excelente relação. Estávamos a preparar os Jogos Olímpicos. Agarrei-me ao facto de saber que o desejo dele seria que continuássemos a trabalhar bem e a fazer bons resultados. Foi um ano muito negativo, perdi o treinador, lesionei-me, os JO correram mal, fui supercriticada na comunicação social, tive um problema com o meu agente na altura. Aos 21 anos já tinha passado por tudo e mais alguma coisa, estava preparada para a vida. Tem uma carreira notável e ganhou inúmeras medalhas. Alguma lhe deu mais prazer ou foi mais especial? Quando ganhei o Grand Slam de Paris as circunstâncias fizeram com que fosse um momento muito especial. É uma competição no Palácio de Bercy, que leva 16 mil pessoas. No Mundial anterior, em 2011, tinha perdido o primeiro combate e em Paris fui à final com a actual campeã do mundo. Mal entrei, passados sete segundos, tinha ganho. Foi uma explosão de alegria no torneio mais conceituado do circuito mundial. Mas houve muitos momentos bons. Como é que alguém que é quatro vezes campeã europeia gere mentalmente o facto de ser quatro vezes segunda no Mundial? Quando analisamos passado muito tempo, achamos que podíamos ter ganhado. Mas quando estamos lá… é tão difícil ser vice-campeã do mundo... O judo é ingrato porque chegamos a uma final e perdemos, e às vezes é só isso que as pessoas vêem na televisão. Às vezes só passa o combate. Só que para lá chegarmos já ganhámos a quatro ou cinco adversárias muito fortes, que também eram candidatas ao título. Chegar à final é tão difícil que naquele dia estamos muito felizes. Obviamente fiquei sempre triste por perder, mas depois passou-me esse sentimento e fiquei contente porque ao longo da competição fiz tantas coisas positivas para ser vice-campeã do mundo que acabo por FRQWLQXDQDS¾JLQDVHJXLQWH !! "CSJM ' 0DLV (QWUHYLVWD 7HPWDWXDGRQRDQWHEUDÄRHVTXHU GRRVDQÆLVROÊPSLFRV-¾SDVVRX SRU$WHQDV3HTXLPH /RQGUHV3DUDRDQRQR5LR GH-DQHLURSRGHU¾WHUD×OWLPD RSRUWXQLGDGHGHFRQVHJXLUDWÀR DPELFLRQDGDPHGDOKD !! FRQWLQXDÄÀRGDS¾JLQDDQWHULRU não ver a derrota. Já pensei que podia ter sido quatro vezes campeã mundial, mas naquele momento a outra pessoa foi mais forte que eu. Claramente no ano passado merecia ter ganho. Mas pronto, não aconteceu. Ainda está farta do hino japonês? Acho que os japoneses perderam algum poder no último ciclo olímpico. Agora as regras mudaram e isso veio favorecer o judo japonês. Estava farta porque no dia em que ganhei o Grand Slam, das sete categorias, só eu e outra europeia é que ganhámos. Tinha vindo do Masters, onde as japonesas tinham vencido quase tudo, e já estava farta da situação. Normalmente vou à final com japonesas e queria uma oportunidade de ouvir o meu hino e consegui. Como foi passar dos -52 para os -57kg? Foi mais fácil do que pensava na altura. As adversárias são mais altas, o judo é mais físico. Adaptei-me muito facilmente. No primeiro ano em que subi de categoria fui n.o 1 do ranking mundial, fui campeã da Europa, vice-campeã do mundo, ganhei praticamente tudo. Não quero dizer que foi fácil, senão parece que é tudo fácil. Mas adaptei-me bem, foi mais difícil quando deixámos de poder agarrar as pernas, que era o meu estilo de judo, e tive de readaptar tudo. Muita gente dizia que eu não ia continuar, porque ia ter de fazer tudo ao contrário. Era tudo muito complexo. Felizmente consegui, tive de trabalhar bastante e ainda hoje tenho de trabalhar mais que algumas adversárias. Gosto desses desafios. E depois quando dizem que eu não vou conseguir eu tenho quase a certeza que vou. Apesar das críticas, continua a ganhar. É n.o 1 do mundo. Como se adapta às diferentes situações? Acredito sempre que sou capaz pelo que faço nos treinos. As pessoas avaliam um resultado imediato, conseguem avaliar-nos para o resto da vida pelo momento. Quando me vêem perder, ainda para mais em competições mediáticas, as pessoas têm sempre um pensamento negativo sobre o que podemos fazer. Eu avalio o que posso fazer, não o que os outros dizem. Acho que é uma fonte de motivação, quanto mais dizem que eu não conseguir, pior. Ainda me dá mais força. O ano passado comecei como 12.a e este ano sou n.o 1. Sentia que as pessoas já não acreditavam que pudesse chegar a este nível porque tinha perdido o primeiro combate no Mundial. "CSJM Depois de tudo o que já ganhou, ainda significa muito ser n.o 1? Já fui noutras alturas, mas esta foi talvez a que me deu mais gozo. Foi pensado, queria mesmo ser a n.o 1, a última vez tinha sido em 2009. Tinha esse objectivo. Adoro ganhar qualquer coisa, até a jogar ténis de mesa a brincar é uma competição, como se fosse a Liga dos Campeões. Ser n.o 1 é um orgulho. Sei que se não for eu será uma adversária e vou ficar chateada. Quais os objectivos para o próximo ano e meio, tendo em vista o Rio 2016? Tenho três grandes competições este ano, o Masters (será a primeira depois da lesão), o Europeu e o Mundial. O Masters será para tentar perceber o que posso fazer e no Mundial espero estar já a 100%. Em 2016 vou competir menos e quero estar 100% centrada nos Jogos, que é o meu principal objectivo. O que diferencia este ciclo olímpico dos outros é que não estou só preocupada com ganhar a próxima competição, mas com melhorar para chegar lá no meu melhor e vencer as adversárias. Sente que lhe falta um Mundial e uma medalha nos JO para completar uma carreira com tantas conquistas? Acho que enquanto continuar a competir tenho de pensar nisso. Tenho lidado com algumas situações que me dão von- i4FSOÌVNPSHVMIP "EPSPHBOIBSRVBMRVFS DPJTBBUÌBCSJODBSOP UÌOJTEFNFTBÌDPNPTF GPTTFB$IBNQJPOTw i4FDBMIBSRVBOEP BDBCPV-POESFTBT QFTTPBTBDIBWBNRVFJB TFSBNJOIBÛMUJNB PQPSUVOJEBEFw tade de não falar em medalhas em mais nenhuma entrevista. Quando falo nisso, parece que está tudo feito para eu ter a melhor preparação para que isso aconteça. Não acho que seja verdade. No Benfica tenho excelentes condições, fisioterapia, ginásio, treinadores, os melhores médicos, tudo. A nível da federação acho que não tenho sido muito apoiada, não tenho tido o apoio que merecia. Acho que há um certo tabu em tratar-me de forma diferente dos meus colegas e há esse medo. Mas a verdade é que tenho sido diferente. O facto é que esse medo de me tratar de forma diferente me priva de condições que eu acho que devia ter para estar no top. Eu sou n.o 1 do mundo mas é só graças ao Benfica e ao meu trabalho. A federação proporcionou-me um bom treinador, o japonês Go Tsunoda, e por minha insistência quis que ele passasse mais tempo comigo por achar que seria uma mais-valia na minha carreira. Mas de resto tenho sentido muitas dificuldades em coisas básicas. Quando falo em medalhas não quer dizer que não acredite que as vou ganhar. Parece é que estão todos a fazer o possível para que eu as ganhe e isso é uma mentira e uma ilusão. As pessoas têm o direito de saber e eu tenho o direito de me pronunciar. A federação não me dá as melhores condições para eu ser uma atleta de topo, embora eu seja uma atleta de topo. Mas muito por trabalho meu e do clube. As pessoas cobraram muito as derrotas nos JO? Sim, e é normal, porque com os resultados que tenho… Quando falo da forma como viajo, as pessoas não acreditam. Isto não é como no futebol. Acham que temos todos os apoios e mais alguns e isso não é verdade. Nos últimos anos tenho lidado com mais problemas da parte da federação do que com coisas positivas, sinceramente. Se as pessoas soubessem isso tudo, faziam-me uma vénia por eu ter alcançado tão bons resultados nessas circunstâncias. Mas acho que é normal exigirem. Tento ter uma abordagem positi- va e nem costumo falar disto, mas também já estou um pouco cansada e aqui está o meu desabafo. Já saiu de combates a criticar as arbitragens. Agora, com mais experiência, sente-se mais tranquila para o Rio? Tenho preparado este ciclo olímpico especificamente, de forma a evoluir e chegar ao dia dos Jogos e saber que posso vencer qualquer adversária. Essa preparação vai dar-me confiança para chegar lá e ter possibilidade de ganhar uma medalha. Vou ter 30 anos, se calhar quando acabou Londres as pessoas achavam que ia ser a minha última oportunidade. Fez uma tatuagem dos anéis olímpicos. Era uma grande mágoa acabar a carreira sem uma medalha em JO? Depende de como as coisas acontecerem. Tenho de estar preparada para as duas situações. Se sentir que dei tudo, vou ter de lidar com isso. Ainda falta algum tempo, por agora só tenho de pensar que vai correr tudo bem. É a melhor judoca portuguesa de sempre. Tem ambição de treinar e ajudar os jovens quando acabar a carreira? Gostava de ter uma escola de judo e ficar ligada à modalidade. Para já estou concentrada nos JO e depois logo farei um balanço e uma reflexão. Depois dos JO serão 13 anos ao mais alto nível. Se continuar tenho de ter a certeza que tenho a motivação para me manter no topo, não tenho personalidade para ser uma atleta média. Estudou Educação Física. Foi para preparar o futuro ou ainda não sabe o que pretende fazer quando acabar a carreira? Não sei porquê, mas no 7.o ano dizia que ia ser professora de Português. Por estar tão ligada ao desporto, comecei a sentir que era isso que queria. Acabei por tirar Ciências do Desporto e depois Educação Física. Gostava de estudar treino de alto rendimento ou gestão de desporto. Para já é impossível porque não posso faltar aos treinos. Percebi aos 15 anos que queria ficar ligada ao desporto. )XWVDO 6SRUWLQJ7RGRVPHUHFHP XPILPGHVHPDQD HPRFLRQDQWH 5SÍTBOPTEFQPJTEBÛMUJNBQSFTFOËBOB6&'"'VUTBM$VQ'JOBMT FN-ÌSJEBPDMVCFEF"MWBMBEFOÊPRVFSWPMUBSBGJDBSOPÛMUJNPMVHBS +03(&("3$*" KPSHFHBSDJB!JPOMJOFQU Domingo o país vai parar para assistir ao Benfica-FC Porto. É certinho e dificilmente o conseguiremos convencer a entreter-se com outro jogo, ou modalidade. Mas vamos tentar e, caso seja adepto do Sporting, ou aguente a emoção de ver dois jogos em simultâneo, ou de empreitada, esperamos ter sucesso. Tudo isto para dar o pontapé de saída na UEFA Futsal Cup Finals, cujas meias-finais são disputadas hoje. Depois de um interregno de dois anos sem uma presença portuguesa, o Sporting corrigiu a situação, preparando-se para discutir o acesso à final contra o campeão em título. Lisboa recebe a prova pela terceira vez, depois de acolher as edições de 2002 e 2010, esta última coroada com uma vitória do Benfica, a única de um clube português na competição. Se ainda não comprou bilhete, pode esquecer, já que os mais de 10 500 ingressos voaram em 20 dias. Para chegar a esta fase, o Sporting, como campeão português, apenas integrou a prova na ronda de elite, onde estavam presentes 12 equipas. E não fez a coisa por menos, com um apuramento perfeito, com três vitórias em outros tantos jogos. Num grupo com o Varna, da Bulgária, o Charleroi, vencedor da prova em 2005, e o Inter, campeão espanhol, onde actuam Ricardinho e Cardinal, e equipa mais condecorada da prova com vitórias em 2004, 2006 e 2009. O Varna foi presenteado com um 8-2, o Charleroi com um 5-3, e o Inter com um 1-0. Das restantes três equipas que chegaram à Final Four, apenas o Dínamo Moscovo teve de disputar a fase principal, com seis grupos, onde se apuravam os dois primeiros de cada. Os russos venceram o seu e, ao chegarem à ronda de elite, foram considerados cabeças-desérie, juntamente com Sporting, Barcelona e Kairat. Estas quatro equipas foram precisamente aquelas que venceram os seus grupos, acabando por se apurar para as finais da Meo Arena. As quatro equipas chegam a Lisboa invictas, mas hoje duas vão conhecer o sabor da derrota pela primeira vez Paulo Futre é o embaixador da UEFA Futsal Cup Finals e, não tivesse sido ele um craque do futebol de 11, relembrou que embora a final se dispute em dia de clássico, o tal Benfica-FC Porto, vai ser “super interessante” e com um impacto a nível mundial. Mas a final é apenas no domingo, sendo que as meias-finais se disputam hoje. O primeiro jogo, entre o Dínamo Moscovo, finalista vencido da prova há três anos consecutivos, e o Kairat, do Cazaquistão, disputa-se às 19h00. Depois é a vez do Sporting e Barcelona entrarem em campo, às 21h30. Sábado não há nada para ninguém, mas no dia seguinte, domingo, serão disputados o jogo de atribuição do terceiro e quarto lugares e a final. O último lugar do pódio será discutido às 15h00 e o jogo decisivo às 17h00, onde o Sporting espera marcar presença e vingar a final perdida em 2011, para os italianos do Montesilvano. Hoje não há desculpas para ignorar o futsal. Domingo, a ver vamos. 1BSBDIFHBSÈGJOBMEF EPNJOHPP4QPSUJOH UFSÅEFWFODFSPT FTQBOIÕJTEP#BSDFMPOB ●❚ EFUFOUPSFTEPUÐUVMP 6SRUWLQJ%DUFHORQDK(XURVSRUW ● $JUBËÙFT i+PHBSDPN TQPSUJOHVJTUBTWBJ EBSOPTGPSËB RVBOEPOÊPB UJWFSNPTFWBJ BKVEBSOPTRVBOEP BTDPJTBTOÊP FTUJWFSFNBDPSSFS UÊPCFNw i7JNVJUPTKPHPT EP#BSDFMPOBFÌ EJGÐDJMNFODJPOBS BQFOBTVNBDPJTB RVFFMFTGBËBN CFN4ÊPVNB FRVJQBDPNNVJUB RVBMJEBEFTUPEPT PTTFVTKPHBEPSFT TÊPJOUFSOBDJPOBJT IBCJUVBEPTBFTUF UJQPEFKPHPT EJGÐDFJTw /VOP%JBT 75(,1$'25'263257,1* i$PNUPEPP SFTQFJUPQFOTPRVF FTUF4QPSUJOHÌ NFMIPSEPRVF BRVFMBFRVJQBRVF EFGSPOUÅNPTFN -ÌSJEBw i&NBMHVNBT PDBTJÙFT<KPHBS DPNPBOGJUSJÊP> QPEFGB[FSUFGJDBS NBJTOFSWPTP.BT QFOTPRVFJTTPOÊP TFSÅVNGBDUPS EFDJTJWPw .BSD$BSNPOB 75(,1$'25'2%$5&(/21$ /HÒHVJDUDQWLUDPOXJDUQDIDVHILQDOFRPWUÇVWULXQIRVHPWUÇVMRJRVQDURQGDGHHOLWH */¨$*0304"-64" "CSJM ' 0DLV /LJD(XURSD 6HYLOKD.HYLQ*DPHLUR DSDJDHUURVGH%HWR 'SBODÍTNBSDBHPMPRVFBQVSBFTQBOIÕJTBDJODPNJOVUPTEPGJNEFVN KPHPQBSBFTRVFDFSEPHVBSEBSFEFT$BSSJËPFTUBCFMFDFVOPWPSFDPSEF +0(0 =(1,7 6(9,/+$ (VW¾GLR3HWURYVNL6DPSHWHUVEXUJR UELWUR1LFROD5L]]ROL,W¾OLD =HQLW/RG\JLQ6PROQLNRY1HWR /RPEDHUWV&ULVFLWR-DYL*DUFÊD :LWVHO'DQQ\6KDWRY+XONH 5RQGÐQ.HU]KDNRYp 6HYLOKD%HWR&RNH3DUHMD,ERUUDp &DUULÄR7UÆPRXOLQDV.U\FKRZLDN 0ELD%DQHJD9LGDO9ÊWROR6X¾UH] pH%DFFD*DPHLURp *RORV%DFFDpJS 5RQGÐQp+XONp *DPHLURp 36*1&%304*-7" SVJTJMWB!JPOMJOFQU Há um Zenit sem Hulk e Danny e um completamente diferente com os dois. Para Villas-Boas e para os adeptos russos, a contribuição da dupla seria decisiva para conseguir a reviravolta da eliminatória dos quartos-de-final frente ao Sevilha. Se em Espanha, a equipa que lidera o campeonato russo foi mais expectante, em Sampetersburgo era obrigatório procurar o caminho da baliza de Beto. Hulk não ignora o sentido de responsabilidade. Vive bem com ele. Gosta de ter a bola e partir para cima dos defesas mesmo quando há linhas de passe. Mas nem sempre corre bem e às vezes perde a bola. E tudo se torna mais complicado quando no seguimento desse lance o adversário parte para o contra-ataque e conquista um penálti. E se Bacca consegue bater Lodygin da marca dos onze metros logo aos seis minutos, o cenário torna-se ainda mais pesado. Ou leve, no caso do Sevilha. Com Daniel Carriço a fazer história com a presença no 45.º jogo da Liga Europa – tudo começou num Heerenveen-Sporting a 17 de Setembro de 2009 – a equipa de Unai Emery teve um início próximo da perfeição. Mas quando Pareja confirmou a falta de sorte em confrontos contra o Zenit (duas expulsões e uma saída por lesão em seis jogos pelo Spartak Moscovo) e saiu de maca aos 15 minutos após apoiar mal a perna direita, a apreensão aumentou. Não era tanto por deixar de contar com um elemento da defesa, mas porque não havia uma alternativa de raiz. Emery decidiu lançar Iborra depois de jogar seis minutos com dez e esperou que a equipa se adaptasse dentro da estratégia que não fugia um milímetro da inicial: atenção defensiva e contra-ataques perigosos. Do outro lado, só dava Danny e Hulk. Cada um à sua maneira, empurravam a equipa para a frente com mudanças de velocidade e triangulações que desmontassem a defesa andaluz. E se o internacional brasileiro apareceu mui- to trapalhão, o português encarregou-se de assustar Beto: aos 18’ surgiu em boa posição pelo lado direito e obrigou-o a uma defesa apertada para canto; mais tarde, em cima do intervalo, flectiu da esquerda para o meio e acertou em cheio no poste. O Sevilha resistiu aos sustos mas falhou na altura de matar a eliminatória. Primeiro foi Aleix Vidal (29’) a permitir o corte de Lombaerts quando estava isolado, depois foi Smolnikov a negar o bis de Bacca, já depois de o avançado colombiano ter ultrapassado Lodygin. A segunda parte ficou marcada, para o bem e para o mal, por Beto. O guarda-redes não jogava desde 4 de Fevereiro e acusou a falta de competição. Aos 48 minutos, não conseguiu segurar um cruzamento de Shatov e largou a bola em cima da linha para Rondón fazer o empate. E aos 72’, já depois de ter rematado contra Rondón e quase sofrer o segundo, foi surpreendido por um remate de longe de Hulk a aproveitar o posicionamento adiantado. Por outro lado, acusou o toque e a partir daí tornou-se numa muralha, somando duas grandes defesas a remates de... Hulk e Rondón, precisamente os beneficiários das ofertas. A eliminatória estava empatada e o prolongamento já pairava no ar quando Kevin Gameiro, que foi aposta de Unai Emery no segundo tempo, decidiu a eliminatória aos 85 minutos, coroando com êxito um contra-ataque brilhante conduzido por Vítolo. A precisar de dois golos, o Zenit de Villas-Boas ficou sem tempo e caiu por terra. Para o Sevilha, mantém-se o sonho de revalidar o título alcançado em 2014. Dnipro, Nápoles e Fiorentina garantiram as outras três vagas. O sorteio é esta sexta-feira. 26"3504%&'*/"- .BYJN4IFNFUPW3FVUFST 35,0(,5$0 2 6HYLOKD=HQLW &OXE%UXJJH'QLSUR 'LQ.LHY)LRUHQWLQD :ROIVEXUJR1¾SROHV =HQLWFDUUHJRXPXLWRQDVHJXQGDSDUWHHSDUHFHXSHUWRGRDSXUDPHQWRPDV6HYLOKDDJXHQWRXILUPH "CSJM 6(*81'$0 2 $SXUDGR 6HYLOKD 'QLSUR )LRUHQWLQD 1¾SROHV 1%$ '".04'&3 10336*.*(6&-507"3 $ISJT$BSMTPO"1 3PUFSEÊP PÛMUJNPSFDPSEF EF$BSMPT-PQFT ([WUHPRSRVWHWHUPLQRXRMRJRFRPSRQWRVHRQ]HUHVVDOWRV 7LP'XQFDQ 2YLQKRGR3RUWR ÆTXHÆFRPRHOH +PHBEPSRVFGB[BOPTBNBOIÊEFTFRVJMJCSPV KPHPBGBWPSEPT4QVSTFFNQBUPVFMJNJOBUÕSJB 36*1&%304*-7" SVJTJMWB!JPOMJOFQU Os grandes jogadores estão destinados a aparecer nos grandes momentos e Tim Duncan continua a ser decisivo no sucesso dos San Antonio Spurs. Kawhi Leonard pode ter sido o MVP das finais no título do ano passado e o prémio ter ido para Tony Parker em 2007, mas o extremo-poste é a base sólida de todo o sucesso, numa ligação com Gregg Popovich que começou em 1997. A perder na primeira ronda dos playoffs frente aos LA Clippers por 0-1, os Spurs apoiaram-se em Tim Duncan e mantiveram-se de pé, derrotando o adversário em Los Angeles por 111-107, após prolongamento. O veterano jogador, que faz 39 anos este sábado, continua a mostrar que a idade passa muito devagar por ele e respondeu com 28 pontos, 11 ressaltos e quatro assistências. Mas o cenário chegou a ser muito delicado para a equipa do Texas. Tony Parker saiu lesionado a 5’09’’ do fim do quarto período quando a equipa ganhava 88-83 e pouco tempo depois, a 3’51’’ da buzina, Manu Ginobili foi excluído por faltas. Nessa altura, a vantagem era apenas de dois pontos (88-86). Sobrava Tim Duncan, que acumulou a quinta falta 39 segundos depois e ficou aparentemente limitado em campo. A onze segundos do final, a vantagem (94-92) e a posse de bola eram dos Clippers mas Blake Griffin permitiu o roubo a Boris Diaw e abriu oportunidade para Patty Mills forçar o prolongamento. Tim Duncan continuou a ser o farol da equipa. “Foi espectacular”, afirmou Gregg Popovich. “Ele continua a maravilharme com todas as coisas que é capaz de fazer. Sabia que tinha de continuar em campo e arranjou uma maneira para fazer. E continuou a ser agressivo, o que é impressionante.” O jogador, cinco vezes campeão da NBA, tinha uma honra a defender. No quarto período converteu apenas um lançamento em cinco tentativas e somou erros defensivos, “Fui horrível”, desabafou. Mas recompensou no prolongamento, com quatro pontos, apesar de o contributo de Patty Mills, com oito, ter sido maior na construção do triunfo por 111-107. Os San Antonio Spurs roubaram uma vitória a jogar fora de casa e agora a pressão está do lado dos Clippers de Doc Rivers, que jogam no Texas nos dois próximos encontros. “Eles estão preparados para a batalha”, admitiu Jamal Crawford, base suplente da equipa de Los Angeles. “Eles perdem o Parker e o Mills ocupa a posição. Eles perdem o Manu e o Danny Green assume sem problemas. Tenho de lhes tirar o chapéu.” Só Tim Duncan se mantém sem dar espaço a incógnitas. E parece estar cada vez melhor com a idade. Homer Simpson está deitado no sofá à frente da televisão, a ver um programa sobre os feitos mais extraordinários na história dos Jogos Olímpicos. No terceiro e último exemplo de heroísmo, surge o nome de Carlos Lopes. Diz o narrador com um tom muito solene e entusiasta... — E em 1984, o português Carlos Lopes tornou-se o mais velho corredor da maratona de sempre, com 38 anos. Homer reage com aquela voz de bêbado-quase-sóbrio. — 38? Essa é a minha idade! Maaarge! Depois de pensar muito, decidi correr a maratona de Springfield. A partir daqui, o 40.º episódio do 12.º ano da série, lançado em Fevereiro de 2001, desenvolve-se com Homer a tentar emagrecer para ser igual ao herói português. Carlos Lopes, de seu nome. A sua vitória na maratona dos Jogos Olímpicos-84 é uma espécie de 25 de Abril no desporto nacional, uma afirmação a roçar a revolução. É o primeiro ouro de Portugal nos Jogos Olímpicos. Pois, amanhã é o 25 de Abril. O de 2015, pois claro. E simultaneamente o da revolução, ora essa. Mas é mais-que-recorrente a pergunta sobre o 25 de Abril de 1974. Aquela do “onde é que você estava?”, editada em CD-ROM (ò tempo, volta para trás) pela SIC no início dos anos 90. É da autoria de Armando Baptista Bastos. E é possível este senhor conhecer o corredor? Absolutamente, os craques conhecem-se a léguas. )ÅBOPT $BSMPT-PQFTÌP QSJNFJSPBGB[FS BNBSBUPOBFN NFOPTEFI Há anos e anos, antes mesmo de ser corredor, Carlos Lopes cruza-se com Baptista Bastos no “Diário Popular”, ali no Bairro Alto. O seu treino passa por correr cinco vezes por dia entre o jornal e a comissão de censura, na Calçada da Glória. Outros tempos em que a censura tem de ver e rever o jornal – o ‘Diário Popular’, pois claro, não foge à regra. E como o Carlos Lopes é o contínuo mais rápido, a opção agrada às duas partes – à do jornal e à dele. Carlos Lopes é rapidíssimo e faz aquele trajecto num instante. Depois desse trabalho, ainda trabalha no Crédito Predial, no Banco do Algarve e no BPA. Só depois de chegar aos trinta anos é que ganha aquelas medalhas todas. Aquelas medalhas todas, sim. A olímpica, em 1984, e ainda a de ouro na Maratona de Roterdão-85, quando tira 53 segundos ao melhor tempo de sempre e pela primeira vez baixa da fasquia das duas horas e oito minutos. O jornal francês L’Équipe escreve: “Fantástico, extraordinário. Não há adjectivos fortes o suficiente para caracterizar a vitória de Carlos Lopes. Há 20 anos, quem diria que um homem correria uma maratona a uma média de 20 km por hora?” Nos jornais da Holanda, o nome de Carlos Lopes é endeusado. “Com o seu mágico talento e a sua passada fantástica, só um homem consegue acabar uma maratona em duas horas sete minutos e 12 segundos: Carlos Lopes.” E agora a pergunta que se impõe: onde é que o Baptista Bastos estava a 20 de Abril de 1985 quando Lopes ganha o seu último grande título? A ver o Homer Simpson é que não... &EJUPSEFEFTQPSUP &TDSFWFÈTFYUBFBPTÅCBEP "CSJM 0DLV &DUURV ' #3&7&4 0HUFHGHV%HQ] &RQFHSW*/&&RXSÆ ;FRPFY &283¦77 A combinação de um SUV multifuncional com o segmento de coupés da Mercedes-Benz, é agora repetida com o Concept GLC Coupé. Uma grelha do radiador com lâmina dupla, capot com design desportivo e um sistema de escape de quatro saídas, criam um contraste estético com a harmoniosa secção principal da carroçaria. Por outro lado, elementos do segmento todo-o-terreno são indicativos do potencial desempenho em todo-o-terreno do Concept GLC Coupé. 9HQGDGHDXWRPÐYHLV OLJHLURVHPDOWDQD 8QLÀR(XURSHLD 9(1'$6 Segundo a ACAP, em Março, as vendas de veículos ligeiros de passageiros na União Europeia aumentaram pelo 19.o mês consecutivo (+10,6%), totalizando 1 604 107 unidades. O maior crescimento foi em Espanha (+40,5%) e Itália (+15,1%), seguidos pela França (+9,3%), Alemanha (+9,0%) e o Reino Unido (+6,0%). Em valores absolutos, Alemanha e Reino Unido lideraram, com cerca de 750 mil unidades vendidas. No primeiro trimestre deste ano, as vendas de veículos ligeiros de passageiros aumentaram 8,6%, totalizando 3,5 milhões unidades. 1RYR5HQDXOW(VSDFH QRWHVWH(XUR1&$3 #.89%4%3*7& &RPRWHUXP689GHOX[R SRXSDUQRVLPSRVWRVHOHYDU DIDPÊOLDWRGDDSDVVHDU 0#.89E9ESJWFUSBDËÊPÈTRVBUSPSPEBT DVTUBNJMFVSPT "WFSTÊPBQFOBTDPNUSBDËÊPUSBTFJSB4ESJWF QBHBNJMFVSPT$PN PTTFUFMVHBSFTF7JB7FSEFBJOEBUFNVNEFTDPOUPOBTQPSUBHFOT "/5¸/*0.&/%&4/6/&4 NFOEFTOVOFT!JPOMJOFQU 0;,02 O novo Renault Espa- ce obteve as 5 estrelas (o máximo) nos testes de segurança passiva realizados pelo organismo independente Euro NCAP. Com uma nota global de 81%, o Renault Espace torna-se o 16.o modelo da gama Renault a atingir as 5 estrelas nos testes Euro NCAP. Além deste resultado sobre o seu nível de segurança passiva, o novo Espace oferece um bom comportamento dinâmico graças, nomeadamente, às tecnologias de alerta e de protecção, que garantem também um alto nível em termos de segurança activa. "CSJM Os construtores de automóveis não produzem só os melhores automóveis de que são capazes, também têm de pensar nas ajudas que poderão dar aos condutores para fintar os impostos, as taxas e taxinhas que os governos dos vários países lhes atiram para cima. O automóvel que testámos, o BMW X5 Sdrive, é disso exemplo acabado. A série X do construtor alemão é um SUV, isto é, um automóvel com características de viatura todo-o-terreno mas mais aligeirado que os verdadeiros TT, puros e duros, com o objectivo de serem também confortáveis automóveis familiares. Por essa razão foi pensada para ter tracção às quatro rodas, logo bom desempenho em estradões de terra bastante esburacados e estradas cobertas de neve. Esta última característica é o que a torna tão estimada e desejada nos países mais a norte da Europa, onde circular durante o Inverno não é fácil. Pensando na fiscalidade (portuguesa e provavelmente não só) e no facto de a maior parte dos possuidores deste tipo de automóvel raramente os meterem em sítios demasiado difíceis, a BMW pegou no X5 25d, retirou-lhe a tracção dianteira, acrescentou-lhe uma terceira fila de bancos tornando-o um sete lugares (sacrificando espaço na bagageira, quando em uso) e conseguiu reduzir a metade o ISV e fazer com que nas portagens, se equipado com Via Verde, só pague como classe 1 quando na verdade, por ter mais de 1,10 de altura à vertical do eixo dianteiro, é, em condições normais, um classe 2. Porquê? Comecemos pelo ISV. A legis- lação portuguesa determina que automóveis com peso bruto superior a 2,5 toneladas e com lotação igual ou superior a sete lugares e que não possuam tracção às quatro rodas estão sujeitos a uma taxa de 50% da tabela do imposto. Logo aqui há uma redução do 25d Xdrive para o 25d Sdrive de cerca de 4 mil 8PLQWHULRUGHJUDQGHH[FOXVLYLGDGH ,*"403&/50 $WHUFHLUDJHUDÄÀRHXURSHLDWUD]QRYDV OLQKDVPDLVFRQIRUWRHPRWRUHVUHQRYDGRV &N1PSUVHBMTÕFTUÅ EJTQPOÐWFMDPNP $3%JEFDWTFUF MVHBSFTFDPNBQSPNPËÊP DVTUBȃ euros. Acrescentando que o S, por ter apenas tracção traseira, tem menos emissões de CO2, lá se vai mais uma redução no ISV CO2, que chega aos tais menos cerca de 5 mil euros. Quanto à questão das portagens, pelo Decreto-Lei 39/2005, de 17 de Fevereiro, os “veículos ligeiros de passageiros e mistos, tal como definidos no Código da Estrada, com dois eixos, peso bruto superior a 2300 kg e inferior ou igual a 3500 kg, com lotação igual ou superior a cinco lugares e uma altura, medida à vertical do primeiro eixo do veículo, igual ou superior a 1,1m e inferior a 1,3m, desde que não apresentem tracção às quatro rodas permanente ou inserível, pagam a tarifa de portagem relativa à classe 1 quando utilizem o sistema de pagamento automático”. É por isto que o BMW 25d S Drive custa 71 580€, contra os pouco mais de 76 000€ do Xdrive. A versão que testámos custa 83 760€, por causa de alguns extras, nomeadamente a cor específica azul imperial (825€), as jantes de liga leve de 19”, os estribos de alumínio (415€), as barras no tejadilho e os vidros com protecção solar (700€), o pack de luzes (321€), o sistema de navegação profissional (2179€) e a versão Confort, que inclui a tal terceira fila de bancos, estofos de pele e sistema de ventilação adicional (3960€). Os 218 cv do bloco diesel 2 litros de quatro cilindros são suficientes para proporcionar andamentos vivos, também graças à generosa caixa de oito velocidades. Com cinco pessoas e bagagem, com muita auto-estrada, mas também estradas regionais e alguma cidade conseguimos uma média de 7,8 l aos 100/km, longe dos 6,6 anunciados pelo fabricante, mas mesmo assim bastante bons para um carro de 2,5 toneladas e daquele tamanho. A terceira geração do Kia Sorento, já disponível no mercado nacional, apresenta-se com novidades e argumentos que o podem tornar mais apetecido dos clientes europeus. Isto além da imbatível garantia de sete anos. Como pontos principais, o desenho renovado e moderno, desenvolvido no centro de estilismo de Namyang, na Coreia, mas em estrita colaboração com os centros europeu de Frankfurt (responsável pelo interior) e norte-americano de Irvine (Califórnia). Também tem mais espaço, novas tecnologias e motores renovados, no caso o 2.2 CRDi, o que nos interessa por ser o único que estará à venda em Portugal. Embora mantendo a potência de 197 cv, é menos poluente e obviamente também menos gastador. Estilisticamente não se pode dizer que tenha havido um corte radical em relação ao seu antecessor da segunda geração (lançada em Maio de 2009 com um face lift em Julho de 2012), mas antes uma evolução, com uma cercadura metálica à volta da grelha, esta com um enchimento em forma de diamante, novo desenho dos faróis principais e de nevoeiro, bem como da tomada de ar inferior. O estilo lateral também teve pequenos retoques, como o baixo relevo em conjunto com os pilares a preto e a linha metálica a criarem efeito de maior leveza. O interior foi modernizado, tem materiais de melhor qualidade e pormenores de maior requinte, mostrando um gosto bastante mais europeu, além dos sete lugares de série. A nova geração cresceu 9,5 cm em comprimento, tendo agora 4,780 m, e tem também mais 8 cm de distância entre eixos. Aumentou 0,5 cm em largura e diminuiu 1,5 cm em altura. Apesar de estar disponível na fábrica com três motorizações, 2.4 a gasolina com injecção directa (200 cv) e com duas versões turbo diesel (2.0 e 2.2), que deverão representar a principal fatia das vendas na Europa, no nosso mercado só estará disponível normalmente a 2.2, podendo, por encomenda, ser comprada a versão 2.0 de 185 cv, neste caso sempre com tracção 4X4. O motor 2.2 tem um binário de 441 $WUDVHLUDFRPRVQRYRVIDUROLQVHDSURWHFÄÀRWUDVHLUD Nm plano entre as 1750 e as 2750 rpm, e pode ser acoplado a uma caixa de seis velocidades de comando manual ou automático, com sistema start & stop. Há um único nível de equipamento, o TX, que na versão de caixa manual custa 44 387€ e a versão de caixa automática, que custa 47 990€. No entanto, na campanha promocional que se vai estender pelos próximos meses haverá um desconto de 5400€, pelo que o preço será de 38 990€ e 42 560€, respectivamente. Como únicos opcionais, a pintura metalizada (381€) e o tecto panorâmico (950€). O pack navegação custa 1150€ e no preço está incluída a possibilidade de fazer seis actualizações. No equipamento de série constam sensores de chuva e luz, sensores de estacionamento, hill assist control, monitorização de pressão de pneus e controlo de estabilidade, ar condicionado automático, cruise control, banco do condutor com regulação eléctrica, áudio com ecrã táctil de 4,3“, câmara de estacionamento, travão de mão eléctrico, bancos de pele, ligação USB e iPod, espelho electrocrómico, luzes LED, faróis de xénon e jantes de liga leve de 17”. ,QWHULRUDSULPRUDGRHPDLVDRJRVWRHXURSHX 2QRYR.LD6RUHQWRQÀRDSUHVHQWDXPFRUWHUDGLFDOFRPRSDVVDGRPDVIRLDOYRGHPRGLILFDÄÒHVPXLWRSRVLWLYDV "CSJM :::,21/,1(37 )DÄDGRZQORDGGDDSOLFDÄÀRL2QOLQHSDUD6PDUWSKRQH'LVSRQÊYHOQD$SS6WRUHH*RRJOH3OD\ )DFHERRNLRQOLQH7ZLWWHULWZLWWLQJ )OLFNULQRIOLFNU<RX7XEHLQRWXER $0$1+ 12L80$(175(9,67$ &203('520(;,$20$,65(&21+(&,'2 3(16$'25'$68$*(5$¤ 2 q6RXXPDSHVVRDTXHH[WHULRUL]DSRXFRHFRQYLYHDLQGDPHQRV6HDOJXPGLDIL]HUDOJXPD FRLVDUHDOPHQWHSRSXODUVHWDODFRQWHFHUVHU¾GUDP¾WLFRSDUDPLP8PDGDVFRLVDVTXHPDLV JRVWRGHYLYHUQXPDFLGDGHÆDLGHLDGHDQRQLPDWR*RVWRPXLWRGHID]HUDPLQKDYLGDVHP QLQJXÆPGDUSRUPLP6HPSUHIRLDVVLP1XQFDPHVHQWLDWUDÊGRSRUXPDLGHLDGHMXYHQWXGH 1RVWDOJLDGRWHPSRSHUGLGRVLP'RTXHQÀRYLYLGHPRGRQHQKXPr 2QRVVRFRPSURPLVVRÆFRQVLJR (FRPRMRUQDOLVPR ZZZLRQOLQHSW +PTÌ'FSOBOEFT -RUQDO