revisão de psoríase - International Psoriasis Council

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revisão de psoríase - International Psoriasis Council
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REVISÃO DE PSORÍASE
RECURSOS
O Conselho Internacional de Psoríase
tem o prazer de levar a você novas oportunidades educativas para aprimorar
seus conhecimentos sobre como tratar
pacientes com psoríase.
Nesta edição
P1
P2
P6
P15
PRÓXIMOS EVENTOS DO CIP
P33
7 de maio de 2013
IPC Scientific Workshop
Edimburgo, Escócia
International Investigative Dermatology
4 de julho de 2013
Encontro com especialistas do CIP
Paris, França, 4º Congresso da Psoriasis
International Network
8 a 13 de junho de 2015
Vancouver, Canadá,
23º Congresso Mundial de Dermatologia
Revisão dos cinco principais artigos clínicos
Carta do Presidente
Continuando o diálogo: A psoríase no futuro
Seção de educação médica continuada
- Revisão do EADV
- Progresso em escalas
Notícias do CIP
REVISÃO SEMESTRAL DOS CINCO PRINCIPAIS ARTIGOS
JANEIRO - JUNHO 2012
Drogas que agem na sinalização por IL-17 mostram
bons resultados em estudos clínicos de fase 2
1. N Engl J Med. 2012; 366(13):1181-9. Brodalumab, an anti-interleukin-17-receptor
antibody for psoriasis. Papp KA, Leonardi C, Menter A, Ortonne JP, Krueger JG,
Kricorian G, Aras G, Li J, Russell CB, Thompson EH, Baumgartner S.
Resumo
NOVOS PROGRAMAS DE EMC
Webseminário: Encontro com
especialistas em Huntington Beach,
Califórnia
Webseminário: Encontro com
especialistas em Praga, República
Tcheca
Os webseminários estão disponíveis em
nosso site no endereço
www.psoriasiscouncil.org/resources/cme.htm
Para mais informações, acesse
nosso site em
www.psoriasiscouncil.org
O brodalumabe (AMG827) é um anticorpo monoclonal humano antagonista do
receptor da interleucina 17 (IL-17). O artigo de Papp et al. apresenta os resultados de
um estudo de fase 2 em 98 pacientes que investigou o potencial do brodalumabe
no tratamento de psoríase em placas moderada a grave. Um subconjunto de células
T-helper Th-17 vem sendo cada vez mais associado às manifestações inflamatórias da
psoríase em placa. O brodalumabe se liga com elevada afinidade ao receptor da IL-17
humana, bloqueando a ação da IL-17A, da IL-17E e da IL-17F. O estudo foi controlado
com placebo e avaliou doses de 70, 140 e 210 mg de brodalumabe administrado nas
semanas 0, 1, 2, 4, 6, 8 e 10, com uma dose adicional de 280 mg nas semanas 0, 4
e 8. Na avaliação inicial na semana 12, a meta PASI 75 foi atingida em 33% (70 mg),
77% (140 mg) e 82% (210 mg) e 67% (280 mg divididos em 3 doses) dos pacientes,
respectivamente. O resultado foi estatisticamente significativo em comparação com
placebo para todas as doses. Além disso, 18% (70 mg), 72% (140 mg), 75% (210 mg)
e 57% (280 mg divididos em 3 doses) dos pacientes atingiram PASI 90 e as taxas de
PASI 100 foram 10% (70 mg), 38% (140 mg), 62% (210 mg) e 29% (280 mg divididos em
três doses), respectivamente.
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Carta do presidente
Prezados colegas,
Em nome do Conselho Internacional de
Psoríase (CIP) e dos coeditores deste
número, a Drª. Marieke Seyger, da
Universidade Radboud (Nijmegen, Países
Baixos) e o Dr. Brian Kirby, do St. Vincent’s
University Hospital (Dublin, Irlanda), tenho o
prazer de apresentar a edição de dezembro
de 2012 da Revisão de Psoríase do CIP.
Neste número, o CIP apresenta uma revisão semestral dos cinco
principais artigos clínicos e de pesquisa publicados na primeira metade
de 2012. Para participar, os artigos tinham que ter sido publicados
em forma impressa ou eletrônica (epub) entre 1º de janeiro e 30 de
junho de 2012. Os conselheiros do CIP escolheram artigos relevantes e
votaram naqueles que consideraram mais importantes para a literatura.
A seleção deste número inclui dois artigos do New England Journal
of Medicine sobre tratamentos que agem sobre a via da citoquina
IL-17 (brodalumabe e ixekizumabe). Essas duas publicações mostram
como a pesquisa em psoríase vem adquirindo importância junto à
comunidade científica como um todo. Para demonstrar esse conceito,
os conselheiros do CIP escolheram outros dois artigos publicados no
American Journal of Human Genetics que descrevem duas variantes
patogênicas de psoríase (CARD14), que contribuem para nossos
conhecimentos sobre a base genética da doença. Nossa seleção
final apresenta algumas evidências, observadas em um modelo de
mimetismo molecular, de que a psoríase é iniciada e/ou exacerbada por
um componente infeccioso relacionado a colonização estreptocócica
da garganta. Esperamos que você goste de nossos resumos desses
importantes artigos na literatura.
Também neste número, apresentamos uma série de artigos de futuros
líderes do CIP.
1.
Caitriona Ryan fala sobre o Evento Pré-Congresso do CIP,
realizado no 3o Congresso Mundial de Psoríase e Artrite
Psoriática em 2012 em Estocolmo, na Suécia.
2.
O Relatório Firas, editado por Firas Al Niaimi, tem como foco
o 21º Congresso da Academia Europeia de Dermatologia e
Venereologia, realizado de 27 a 29 de setembro de 2012 em
Praga, na República Tcheca.
3.
Ivie Manalo e Benjamin Stoff apresentarão novos tratamentos
que estão sendo desenvolvidos para psoríase.
Durante todo o ano de 2012, o CIP promoveu um vigoroso programa
para influenciar o tratamento da psoríase. Os Encontros com
Especialistas do CIP foram realizados em Huntington Beach, Califórnia;
Praga, na República Tcheca; Durban, na África do Sul; e Buenos Aires,
na Argentina. Também apresentamos um simpósio no 3º Congresso
Mundial de Psoríase e Artrite Psoriática em Estocolmo, na Suécia, e uma
oficina de mecanismos da doença no 42ª Reunião Anual da ESDR em
Veneza, Itália.
Em novembro de 2012, o CIP realizou seu 3º “Think Tank” anual em
Amsterdã, nos Países Baixos. O Think Tank foi criado para reunir os
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membros do conselho para elaborarmos uma agenda eficaz para
programas de pesquisa e tratamento da psoríase. A agenda deste ano
é eclética e tem como foco a estratificação da psoríase, comorbidades
cardiovasculares, necessidades educativas e terapêuticas não atendidas
e diretrizes médicas. O ponto alto foi a Primeira Aula Anual do CIP,
apresentada pelo Professor Enno Christophers. Tenho orgulho de dizer
que foi um evento bastante produtivo, que destacou várias áreas que
receberão atenção do CIP nos próximos anos.
Em 2012, o CIP recebeu 17 novos membros de dez países diferentes.
Os novos conselheiros são apresentados na seção de Notícias, no final
deste número da Revisão de Psoríase. Para o CIP, é muito bom contar
com a participação de líderes de opinião em psoríase do mundo inteiro.
Esperamos que esta publicação traga informações relevantes e que os
conhecimentos, experiências e insights de nossos membros ajudem
você a tratar seus pacientes com psoríase.
Para obter mais cópias da Revisão de Psoríase do CIP ou saber mais
sobre o CIP, acesse www.psoriasiscouncil.org.
Atenciosamente,
Professor Peter van de Kerkhof, MD, PhD
Presidente do Conselho Internacional de Psoríase
Uma notícia de tom mais pessoal: é com grande pesar que
comunico o falecimento de Karen Baxter Rodman, ex-CEO
e Diretora Executiva do CIP, que faleceu em outubro. Karen
liderou nossa associação com entusiasmo e dedicação de 2008
a 2012. Durante seu mandato, o CIP obteve muito mais recursos,
a programação mais que dobrou e a organização ganhou
reconhecimento internacional ao promover pesquisas, tratamento
e educação em psoríase. Sentiremos muitas saudades de nossa
colega, líder e amiga.
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Cont. da capa
Os resultados em pacientes que receberam doses mais
elevadas indicam que o grupo que recebeu 70 mg apresentou
relação dose-resposta. Os dados indicam incidência mais
elevada de eventos adversos nos grupos tratados com
brodalumabe. Houve dois casos de neutropenia grau 3 (0,5-1 ×
109/L) assintomática. O mecanismo pelo qual o brodalumabe
causa neutropenia ainda é desconhecido. Os eventos adversos
descritos com mais frequência nos grupos tratados com
brodalumabe foram nasofaringite (8%), infecção do trato
respiratório superior (8%) e eritema no local de injeção (6%).
Observou-se que o estudo não foi grande o suficiente para
permitir uma avaliação válida do risco de infecção ou de
eventos cardiovasculares em comparação com placebo.
COMENTÁRIO Os resultados validaram o importante
papel da IL-17, e presumivelmente das células Th-17, na
patogênese da psoríase. O resultado mais impactante
foi a curva de probabilidade cumulativa (ou curva
populacional), que mostrou a resposta da coorte
como um todo. A grande maioria dos pacientes
apresentou acentuada supressão da psoríase. O
brodalumabe mostrou-se altamente eficaz em
pacientes com psoríase em placas moderada a grave e
apresentou início rápido de ação. Deve-se proceder a
uma avaliação mais detalhada em estudos de fase 3.
Conselho Diretor do CIP
Peter van de Kerkhof,
Presidente, Países Baixos
Alan Menter,
Antecessor do Presidente,
Estados Unidos
Alexa B. Kimball,
Vice Presidente,
Estados Unidos
Christopher E.M. Griffiths,
Secretário e PresidenteEleito, Reino Unido
Craig L. Leonardi, Tesoureiro,
Estados Unidos
Hervé Bachelez, França
Jonathan Barker,
Reino Unido
Robert Holland III,
Estados Unidos
Wolfram Sterry, Alemanha
Conselheiros do CIP
África
Gail Todd, África do Sul
Ásia
Murlidhar Rajagopalan,
India
Arnon D. Cohen, Israel
Hidemi Nakagawa, Japão
Vermén Verallo-Rowell,
Filipinas
Wai-Kwong Cheong,
Cingapura
Colin Theng, Cingapura
Austrália
Peter Foley, Austrália
Europa
Georg Stingl, Áustria
Robert Strohal, Áustria
Lars Iversen, Dinamarca
Knud Kragballe, Dinamarca
Claus Zachariae, Dinamarca
J.P. Ortonne, França
Carle Paul, França
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Matthias Augustin,
Alemanha
Ulrich Mrowietz,
Alemanha
Alexander Nast, Alemanha
Jorge Prinz, Alemanha
Kristian Reich, Alemanha
Robert Sabat, Alemanha
Diamant Thaçi, Alemanha
Brian Kirby, Irlanda
Sergio Chimenti, Itália
Alberto Giannetti, Itália
Giampiero Girolomoni, Itália
Luigi Naldi, Itália
Carlo Pincelli, Itália
Menno Alexander de Rie,
Países Baixos
Elke MGJ de Jong,
Países Baixos
Errol Prens, Países Baixos
Marieke B. Seyger,
Países Baixos
Esteban Dauden, Espanha
2. N Engl J Med. 2012; 366(13):1190-9. Anti-interleukin-17
monoclonal antibody ixekizumab in chronic plaque
psoriasis. Leonardi C, Matheson R, Zachariae C, Cameron
G, Li L, Edson-Heredia E, Braun D, Banerjee S.
Resumo
Os autores apresentaram os resultados de um estudo clínico
de fase 2 em 142 pacientes, no qual o ixekinumabe (anticorpo
monoclonal humanizado anti-IL-17) para tratamento da
psoríase. O estudo foi iniciado em razão do papel patogênico
sugerido das células T tipo 17 na psoríase. A hipótese
experimental fio que a inibição da interleucina A (IL-17A)
melhoraria a inflamação causadora da psoríase. O estudo
consistiu de um grupo placebo e quatro grupos tratados
com ixekinumabe (10, 25, 75 ou 150 mg), administrado após
0, 2, 4, 8, 12 e 16 semanas. Na primeira avaliação, realizada
após 12 semanas, os grupos tratados com 25, 75 e 150 mg
apresentaram proporções maiores de pacientes que atingiram
PASI 75, com diferença estatisticamente significativa; no
grupo 10 mg, a diferença não foi significativa. Além disso, a
porcentagem de pacientes com PASI 90 foi 150 mg (71,4%),
75 mg (58,6%) e 25 mg (50,0%). A meta PASI 100 foi atingida
nos grupos tratados com 150 mg (39,3%) e 75 mg (37,9%). Os
resultados observáveis foram descritos a partir da semana 1
e se mantiveram durante as 20 semanas do estudo. Foram
Carlos Ferrandiz, Espanha
Luis Puig Sanz, Espanha
Mona Ståhle, Suécia
Wolf-Henning Boehncke,
Suíça
Michel Gilliet, Suíça
Jean-H. Saurat, Suíça
Ian Bruce, Reino Unido
Arthur David Burden,
Reino Unido
Robert Chalmers,
Reino Unido
Andrew Finlay, Reino Unido
Ruth Murphy,
Reino Unido
Frank O. Nestle, Reino Unido
Tony Ormerod, Reino Unido
Nick Reynolds, Reino Unido
Catherine Smith,
Reino Unido
Richard Warren,
Reino Unido
América do Norte
Robert Bissonnette, Canadá
Marc Bourcier, Canadá
Wayne Gulliver, Canadá
Charles W. Lynde, Canadá
Richard Langley, Canadá
Kim Papp, Canadá
Yves Poulin, Canadá
Ronald Vender, Canadá
Andrew Blauvelt,
Estados Unidos
Kevin Cooper,
Estados Unidos
Charles Ellis, Estados Unidos
Joel Gelfand, Estados Unidos
Kenneth Gordon,
Estados Unidos
Alice Gottlieb,
Estados Unidos
Francisco “Pancho” Kerdel,
Estados Unidos
Gerald Krueger,
Estados Unidos
James Krueger,
Estados Unidos
Mark Lebwohl,
Estados Unidos
Amy S. Paller,
Estados Unidos
David Pariser,
Estados Unidos
Mark Pittelkow,
Estados Unidos
Bruce Strober,
Estados Unidos
América do Sul
Edgardo Chouela,
Argentina
Fernando M. Stengel,
Argentina
Gladys Aires Martins, Brasil
Ricardo Romiti, Brasil
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observadas houve melhoras na psoríase ungueal e do escalpo
nos grupos que receberam 75 e 150 mg. A dor articular
apresentou melhora estatisticamente significativa no grupo
tratado com ixekizumabe 150 mg. Não foram observados
eventos adversos sérios nem eventos cardiovasculares graves.
Também não houve eventos adversos evidentes relacionados
à dose, incluindo infecções.
COMENTÁRIO Os resultados deste estudo clínico de
fase 2 indicam que a ação sobre a IL-17A poderá servir
como uma nova estratégia terapêutica na psoríase.
O ixekizumabe apresentou eficácia elevada, início de
ação rápido e eficácia prolongada durante os estudos.
Portanto, a ação do ixekizumabe sobre a IL-17 constitui
um método mais específico de ação sobre a via IL-23. O
estudo foi de boa qualidade, bem projetado e produziu
resultados convincentes. Além de eficaz, o ixekizumabe
também mostrou-se excepcionalmente seguro. Não
houve nenhum EAS no estudo e apenas poucos pacientes
apresentaram alguns sintomas constitucionais leves.
Nenhum EACG foi relatado durante o estudo. Se
este padrão for confirmado em estudos de fase III, o
ixekizumabe se tornará uma nova opção terapêutica no
arsenal dos dermatologistas.
Gene CARD é possível base genética da
psoríase
3. Am J Hum Genet. 2012; 90(5):784-95. Epub 2012 Apr 19.
PSORS2 is due to mutations in CARD14. Jordan CT, Cao L,
Roberson ED, Pierson KC, Yang CF, Joyce CE, Ryan C, Duan S,
Helms CA, Liu Y, Chen Y, McBride AA, Hwu WL, Wu JY, Chen
YT, Menter A, Goldbach-Mansky R, Lowes MA, Bowcock AM.
4. Am J Hum Genet. 2012; 90(5):796-808. Epub 2012 Apr 19.
Rare and common variants in CARD14, encoding an epidermal
regulator of NF-kappaB, in psoriasis. Jordan CT, Cao L,
Roberson ED, Duan S, Helms CA, Nair RP, Duffin KC, Stuart
PE, Goldgar D, Hayashi G, Olfson EH, Feng BJ, Pullinger CR,
Kane JP, Wise CA, Goldbach-Mansky R, Lowes MA, Peddle L,
Chandran V, Liao W, Rahman P, Krueger GG, Gladman D, Elder
JT, Menter A, Bowcock AM.
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Resumo
Jordan et al. publicaram, em uma edição exclusiva do American
Journal of Human Genetics, informações sobre a base genética
da psoríase e suas repercussões funcionais. O trabalho inicial
identificou mutações do membro 14 da família CARD (caspase
recruitment domain) no lócus cromossômico 17q25, que são
responsáveis pelo lócus PSOR2, que finalmente foi identificado.
Os autores identificaram mutações do CARD14 em duas
famílias numerosas na Europa e em Taiwan. Em seguida, uma
mutação esporádica (de novo) do CARD14 foi identificada em
uma criança com psoríase pustulosa generalizada grave.
O CARD14 codifica uma proteína com 1004 aminoácidos,
expressa em queratinócitos e em células imunes. As mutações
familiares e esporádicas foram mutações de ganho de função
com características específicas, que produzem suprarregulação
do NF-kB, um fator de transcrição com importantes efeitos
sobre a inflamação e a apoptose, cuja expressão é exacerbada
em pele psoriática. O grupo também mostrou que as mutações
psoriática com ganho de função ativam a expressão de
genes associados à doença em queratinócitos, incluindo as
quimioquinas CCL20 e IL-8. Postula-se que este mecanismo
induza o recrutamento inflamatório observado em pele
psoriática e, enfim, ao ciclo vicioso associado à doença.
Observou-se que o CARD14 localiza-se nas camadas basal e
suprabasal da epiderme saudável, mas sua concentração é
reduzida na camada basal e ocorre suprarregulação difusa nas
camadas suprabasais da epiderme na pele psoriática.
Na segunda publicação, os autores realizaram um estudo
populacional de mutações CARD14. A análise abrangeu 7
coortes de pacientes com psoríase, com mais de 6.000 casos e
mais de 4.000 controles. Foram identificadas variantes raras de
CARD14, algumas das quais apresentavam efeitos patogênicos
através de sua ação sobre o NF-kB. Algumas mutações do
CARD14 não produziam efeitos ou eram apenas polimorfismos
comuns. Portanto, algumas outras variantes raras do
CARD14 também predispõem à psoríase. Em conjunto, uma
meta-análise das principais variantes revelou uma associação
entre psoríase e uma substituição de arginina por triptofano no
gene CARD14, que aumenta o risco de psoríase na população
geral.
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COMENTÁRIO Identificar a base genética de uma
doença é difícil, pois muitos polimorfismos neutros
podem exercer pouco ou nenhum efeito funcional.
Neste trabalho, os autores identificaram uma série de
variantes patogênicas raras na psoríase, contribuindo
para se compreender melhor as bases genéticas da
doença. O estudo mostrou que as mutações causam a
doença ao ativar uma proteína (NF-kB) que regula vários
dos genes envolvidos na inflamação e proliferação. As
mutações causam psoríase ao aumentar a ativação de
NF-kB ou tornando-a mais sustentada. Neste mecanismo,
um evento desencadeante (p.ex. uma lesão ou infecção
da epiderme) poderia iniciar uma cascata inflamatória
comandada por queratinócitos em indivíduos com
determinadas alterações do CARD14, induzindo o ciclo
característico de inflamação e regeneração da epiderme
que é a característica fundamental da psoríase. Portanto,
esses estudos contribuem para o conhecimento da
base genética da psoríase e apresentam uma hipótese
plausível para a patogênese da doença.
Novos dados clínicos indicam que o
mimetismo molecular pode ser um dos
mecanismos patogênicos de iniciação e
propagação da psoríase
5. J Immunol. 2012; 188(10):5160-5. Epub 2012 Apr 9.
Improvement of psoriasis after tonsillectomy is associated
with a decrease in the frequency of circulating T cells that
recognize streptococcal determinants and homologous
skin determinants. Thorleifsdottir RH, Sigurdardottir SL,
Sigurgeirsson B, Olafsson JH, Sigurdsson MI, Petersen H,
Arnadottir S, Gudjonsson JE, Johnston A, Valdimarsson H.
Resumo
Após analisar relatos de casos de associações entre infecções
de garganta e exacerbação de psoríase e identificar
células T específicas para proteínas M estreptocócicas e
queratinas de pele, Thorleifsdottir et al. realizaram o primeiro
estudo controlado prospectivo para avaliar os efeitos
da tonsilectomia sobre a psoríase. De 29 pacientes com
psoríase crônica, 13 apresentaram melhora prolongada após
Saber mais | Cuidar melhor
tonsilectomia, com melhora clínica entre 30% e 90%. Para medir
a frequência de células T patogênicas, células mononucleares
foram isoladas do sangue periférico e cultivadas com diversos
peptídios sobrepostos derivados de citoqueratina 17 humana
ou proteína estreptocócicas M6, que apresentam alto grau
de homologia. Os resultados indicaram que a tonsilectomia
foi associada a uma acentuada redução da frequência de
células T específicas capazes de reconhecer citoqueratinas
ou proteínas M estreptocócicas. Não se observou nenhum
efeito em pacientes controle com psoríase que não foram
submetidos a tonsilectomia. Ainda é preciso investigar se os
pacientes nos quais não houve piora associada a infecções de
garganta também melhorarão após tonsilectomia.
Apesar disso, as células T efetoras encontradas nas tonsilas
são capazes de reconhecer determinantes de queratina na
pele e migrar para epiderme, coordenando assim o fenótipo
da psoríase.
COMENTÁRIO Os resultados indicam que agentes
infecciosos podem causar ou contribuir para a psoríase.
Estudos anteriores mostraram que a psoríase crônica em
placas pode se exacerbar após infecções estreptocócicas
da garganta causadas por estreptococos -hemolíticos
A, C e G que expressam a proteína M em suas superfícies.
O estudo aqui apresentado é o primeiro ensaio clínico
prospectivo controlado a avaliar o impacto clínico e
imunológico da tonsilectomia na psoríase crônica. Os
autores também apresentaram dados indicando que as
células T ativadas específicas para proteína M contribuem
para a patogênese da psoríase, pois sua concentração
diminui quando a atividade da doença cai para níveis
mais brandos. Em conjunto, esses resultados apontam
para novas possibilidades terapêuticas que poderão vir
a ser desenvolvidas, como a imunoterapia específica
para antígenos. Alguns desses tratamentos mostraram
potencial curativo em modelos animais ou outras doenças
autoimunes.
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CONTINUANDO O DIÁLOGO: A PSORÍASE NO FUTURO
O CIP apresentou um evento pré-congresso na 3ª Conferência Mundial de Psoríase
e Artrite Psoriática de 2012, realizado em Estocolmo, na Suécia
Caitriona Ryan, MB BAO BCh
Departamento de Dermatologia,
Baylor University Medical Center,
Dallas, Texas, EUA
Baylor Institute of Immunology
Research, Dallas, Texas, EUA
O CIP promoveu um evento
pré-congresso na Conferência
Mundial de Psoríase e Artrite
Psoriática, realizada em Estocolmo, na Suécia, sob a
direção de Peter van de Kerkhof em 27 de junho de
2012. Foi a terceira Conferência Mundial de Psoríase e
Artrite Psoriática. O evento é realizado a cada três anos
pela International Federation of Psoriasis Associations
(IFPA) e conta com a participação de dermatologistas
e reumatologistas conceituados do mundo inteiro.
A conferência procura integrar dermatologistas e
reumatologistas para promover o entendimento dos
aspectos clínicos e científicos da doença. O tema da
terceira edição do evento foi “Psoríase, um desafio de
saúde global”. Alan Menter, que foi presidente do CIP,
presidiu os trabalhos. A conferência concentrou-se
nas perspectivas dos pacientes sobre a psoríase,
especialmente o impacto psicossocial da doença sobre s
qualidade de vida relacionada à doença.
O CIP patrocinou um evento pré-congresso no qual foram
realizados dois simpósios: um voltado para pacientes,
intitulado “Diálogo entre pacientes e dermatologistas”,
e outro científico voltado para pesquisa, intitulado
“Continuando o diálogo: A psoríase no futuro.”
Diálogo entre pacientes e dermatologistas
O primeiro simpósio foi “Diálogo entre pacientes e
dermatologistas” e contou com a participação de
dermatologistas e representantes de associações de
pacientes. O simpósio buscou promover a participação dos
pacientes na tomada de decisões e obter feedback sobre
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metas de tratamento e iniciativas para abordar o impacto
psicossocial da doença. O painel deste simpósio incluiu três
dermatologistas e três representantes de pacientes.
1. Metas do tratamento da psoríase
Professor Ulrich Mrowietz, conselheiro do CIP, Alemanha
Na primeira sessão, o Dr. Ulrich Mroweitz falou sobre
a importância de determinar metas para se tratar
eficazmente a psoríase. As expectativas dos pacientes às
vezes são muito distantes daquilo que o dermatologista
pode proporcionar em termos de controle da doença. Da
mesma forma, as expectativas sobre o tratamento podem
variar muito, mesmo entre pacientes com o mesmo nível
de gravidade, dependendo dos efeitos do tratamento
sobre a qualidade de vida. As metas de tratamento devem
ser definidas claramente antes do início do tratamento
para balizar expectativas e melhorar a relação entre o
dermatologista e o paciente para o tratamento a longo
prazo da doença, que é crônica e dura a vida inteira na
maioria dos casos. Definir metas de tratamento pode ser
difícil e depende da gravidade da doença, do impacto
sobre a qualidade de vida e das comorbidades do paciente.
Dermatologistas e psicólogos podem colaborar para
otimizar o tratamento global da psoríase e reduzir o
impacto da doença. O feedback dos pacientes é essencial
para verificar se os pacientes estão satisfeitos com
todos os aspectos do tratamento da doença e se suas
necessidades são bem compreendidas. A identificação de
metas de tratamento também é importante para garantir
que sejam tomadas medidas apropriadas para melhorar
o tratamento se essas metas não forem atendidas. A
comunicação é essencial para esclarecer expectativas e
limitações dos tratamentos. A falta de informação pode
impedir que as metas do tratamento sejam atingidas.
Deve-se explicar ao paciente quando a resposta ao
tratamento deve ocorrer e mencionar outras opções
disponíveis se o resultado ficar aquém do esperado.
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CONTINUANDO O DIÁLOGO: A PSORÍASE NO FUTURO
Muitos pacientes apresentam psoríase antes dos 18 aos
de idade, e a doença pode causar impacto psicossocial
significativo durante a maior parte da vida. Um artigo
publicado recentemente mostrou uma relação direta
entre a gravidade dos sintomas, o desconforto cutâneo e
a estigmatização, mas a relação com a qualidade de vida
relacionada à pela foi inversa.1 Em outro estudo recente,
um grupo italiano avaliou 936 pacientes e constatou
que mesmo pacientes com doença moderada segundo
o Physician’s Global Assessment (PGA) apresentaram
aumentos estatisticamente significativos de vergonha,
preocupação, incômodo, raiva e interações pessoais.2
Na última década, houve grandes avanços nas opções
de tratamento para psoríase. Há 25 anos atrás, as únicas
opções de tratamento para doença moderada a grave
eram etretinato, metotrexato, PUVA e, em alguns poucos
casos, corticoides sistêmicos. Uma geração depois,
surgiram novos agentes biológicos , como os inibidores
de TNF-, o ustekinumabe, inibidor de IL-12/23, e, na
Europa, os ésteres do ácido fumárico. Com o aumento dos
conhecimentos sobre a imunopatogênese da psoríase,
diversos novos tratamentos direcionados vêm sendo
estudados, como os anticorpos anti-IL-23p19, anticorpos
anti-IL-17A, antagonistas do receptor IL-17 e anticorpos
anti-IL-22, o dimetilfumarato, inibidores da Janus quinase
(tofacitinibe) e inibidores da fosfodiesterase 4 (apremilast).
Como as opções de tratamento disponíveis no passado
eram poucas e algumas delas produziam efeitos tóxicos
com o uso crônico, nem sempre era possível manter a
doença controlada. De modo geral, uma resposta PASI 75
era considerada um limiar aceitável para definir uma
resposta aceitável ao tratamento. Agora que dispomos de
tratamentos novos e mais eficazes e um leque mais amplo
de opções, as metas de tratamento devem ser mudadas?
Sabe-se atualmente que a psoríase está associada com
inflamação sistêmica crônica, que acarreta aumento da
morbimortalidade cardiovascular.3 Portanto, é possível
que o tratamento eficaz da doença cutânea e articular
reduza a inflamação sistêmica e a morbidade cardiovascular
associada. Observou-se um efeito cardioprotetor em
Saber mais | Cuidar melhor
pacientes com artrite reumatoide tratados com inibidores
de TNF- e metotrexato no registro CORRONA (2001-2006).4
São necessários mais estudos para verificar se isto também
ocorre em pacientes com psoríase.
Em seguida, o Prof. Mrowietz conduziu uma reunião de
consenso com especialistas em psoríase de 19 países
europeus para identificar metas de tratamento para psoríase
moderada a grave.5 O grupo identificou várias metas de
tratamento além das mencionadas nas diretrizes atuais e
promoveu o uso de tratamentos orientados por metas.
Primeiro, a psoríase em placas foi subdividida em apenas
duas categorias: leve e moderada a grave. A doença leve
foi definida como área de superfície corporal (ASC), PASI
e DLQI todos iguais ou menores que dez. Este grau de
psoríase geralmente pode ser controlado por agentes
tópicos, adicionando-se fototerapia conforme necessário.
A psoríase moderada a grave foi definida como BSA, PASI
ou DLQI maiores que dez. A maioria desses pacientes
requer tratamento sintomático. O grupo descreveu um
sistema de “promoção”, onde algumas apresentações
clínicas “promovem” formas leves da doença à categoria
“moderada a grave”, com indicação de medicamentos
sistêmicos ou agentes biológicos. Foram incluídas entre as
apresentações envolvimento de áreas visíveis como a face
ou áreas extensas do escalpo ou genitália, acometimento
palmoplantar não pustuloso, onicólise ou onicodistrofia das
unhas dos dedos, prurido intenso e debilitante ou placas
recalcitrantes isoladas.
O grupo de consenso também concordou que o momento
de avaliação das metas de tratamento pode variar de
acordo com o agente utilizado. A fase de indução, na qual
se espera que o tratamento produza o efeito máximo, é
geralmente definida como o período de tratamento até a
semana 16 para agentes como infliximabe, adalimumabe e
ustekinumabe. O grupo concordou que a “fase de indução”
pode ser estendida até a semana 24, dependendo do agente
em questão. Mostrou-se, por exemplo, que o metotrexato
atinge eficácia máxima em torno de 20 semanas e que
outros agentes também podem demorar mais a produzir
a resposta máxima, incluindo o etanercepte, sobretudo
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quando usado em esquemas de doses baixas, e a acitretina.
O período após a fase de indução foi classificado como fase
de manutenção, durante a qual o dermatologista precisa
garantir que a resposta ao tratamento se mantenha e
monitorar o paciente para verificar a presença de efeitos
adversos e toxicidade cumulativa.
O Prof. Mrowietz salientou que é preciso agir quando as
metas de tratamento não são atingidas em momentos
predeterminados aumentando a dose ou reduzindo os
intervalos, associando-se agentes tópicos ou outros
tratamentos sistêmicos ou modificando a conduta se a
estratégia falhar. Um algoritmo de tratamento foi proposto
para ajudar a orientar metas de tratamento, incluindo o
uso da avaliação subjetiva da resposta pelo paciente no
processo decisório. Se o DLQI do paciente indicar baixa
qualidade de vida, isto deve ser abordado e o tratamento
deve ser modificado para atingir as metas. De modo geral, o
consenso do grupo foi que o tratamento deve ser mantido
se a resposta PASI 75 for atingida. Se a PASI 50 não for
atingida ao final do período de indução do medicamento,
deve-se iniciar outro plano de tratamento. Se a resposta
objetivo ao tratamento estiver entre PASI 50 e PASI 75 mas
o DLQI for inferior a 10, o tratamento deve ser mantido. Se o
DLQI for igual ou maior que 10, indicando baixa qualidade de
vida relacionada à doença, deve-se indicar outro esquema
terapêutico.
O Prof. Mrowietz concluiu que a definição de metas de
tratamento e a colaboração entre dermatologistas e
pacientes são essenciais para otimizar o tratamento da
psoríase.
2. As possibilidades que a internet oferece pra
consultas sobre psoríase
Dr. Chris Bundy, Manchester, Reino Unido
A segunda sessão do simpósio voltado para pacientes foi
conduzida pelo Dr. Chris Bundy, de Manchester, e discutiu a
saúde online, ou e-health. As opiniões dos pacientes sobre
essa nova tecnologia e seu papel no tratamento da psoríase
foram discutidos.
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Saber mais | Cuidar melhor
Existem evidências significativas de que o estresse e níveis
elevados de ansiedade podem desencadear exacerbações
de psoríase. Sabe-se que a doença reduz significativamente
a qualidade de vida relacionada à saúde, tanto quanto
outras doenças crônicas como câncer, artrite, diabetes
e depressão.6 O constrangimento social, o estigma e
sentimentos de rejeição são comuns, e a doença influencia
negativamente decisões sociais e pessoais, incluindo
decisões sobre carreira, participação no mercado de
trabalho e relacionamentos pessoais.7,8 A psoríase prejudica
significativamente a função psicológica, emocional e social,
e seus efeitos psicológicos podem ser mais importantes
para a vida do paciente que os sintomas físicos. A psoríase
está associada a altos níveis de morbidade psicológica,
ansiedade, depressão e piora da ideação suicida.9 Pacientes
com psoríase também apresentam altos níveis de alexitimia,
que é a incapacidade de reconhecer ou discutir os próprios
sentimentos ou estados emocionais.
Existe uma escassez de profissionais treinados para cuidar
de problemas psicossociais em ambulatórios e falta de
conhecimentos específicos sobre dermatologia nos atuais
serviços de saúde mental. O encaminhamento para serviços
de saúde mental também pode ser estigmatizante para
o paciente. Vários mecanismos, incluindo técnicas de
relaxamento e terapias cognitivas, mostraram-se eficazes
em reduzir a angústia associada à psoríase, mas sua
eficácia em controlar os sintomas foi limitada.10 Entretanto,
uma intervenção baseada em meditação e mentalização
mostrou-se eficaz tanto contra os sintomas como para a
angústia. A associação dessa técnica de meditação com
fototerapia e PUVA foi mais eficaz que a fototerapia
isolada.11
A internet pode ser um meio de dar apoio psicológico
a pacientes com psoríase. O e-health tornou-se uma
ferramenta complementar de tratamento de saúde, que é
utilizada em muitas disciplinas e possui diversas vantagens,
pois proporciona mais flexibilidade aos pacientes quanto
à marcação de consultas e o nível de movimento, não
requer deslocamento e custos e reduz o tempo e recursos
necessários para consulta. As intervenções psicológicas
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também pode ajudar o paciente a enfrentar a ansiedade
social e o evitamento. Entretanto, existem uma série de
limitações, pois alguns pacientes não possuem acesso
constante à internet e alguns acham a interação muito
impessoal.
A terapia cognitivo-comportamental é uma intervenção
sistemática para identificar e modificar crenças básicas
prejudiciais e modificar pensamentos automáticos
específicos para determinadas situações. Algumas
plataformas computadorizadas e baseadas na web vêm
sendo utilizadas para diversos transtornos psicológicos,
e a natureza estruturada dessa metodologia é facilmente
adaptável a programas administrados por computador. O
Dr. Bundy discutiu um estudo que avaliou um programa
baseado na web para pacientes com psoríase leve a
moderada. Os principais objetivos do estudo foram avaliar
se o programa na web seria eficaz em reduzir a morbidade
psicológica e melhorar a psoríase e determinar como os
pacientes interagiriam com o programa interativo online.
O estudo foi comunitário e controlado com 135 pacientes
com psoríase em placas leve a moderada diagnosticada por
médico e comparou tratamento interativo online imediato
(n = 67) e retardado (n = 68). Os pacientes receberam seis
módulos interativos sobre autocuidado, modificação de
crenças ou modificação de comportamentos, incluindo
informações gerais sobre psoríase, estresse e tensão
(autocuidado), módulos para humor reduzido e formas
de pensar depressivas (modificação de crenças) e
módulos para ajudar a lidar com a doença e abordagem
da autoestima (modificação comportamental).12 Cinco
participantes saíram do estudo, houve um óbito no grupo
experimental e cinco indivíduos do grupo controle não
concluíram os procedimentos de acompanhamento.
Após o método interativo, a escala Anxiety and Depression
Scale (HADS) diminuiu (p < 0,01) mas os escores HADS de
depressão não diminuíram (p = 0,92). Embora a psoríase
tenha sido relatada pelos próprios pacientes em ambos os
grupos, o grupo experimental não apresentou resposta
melhor que o grupo controle segundo o Self Administered
Psoriasis Area and Severity Index (SAPASI; p = 0,67) ou
o DLQI (p = 0,92). São necessários estudos maiores para
comprovar esses achados.
Continuando o diálogo: A psoríase no futuro
O segundo simpósio foi um evento exclusivo para convidados, intitulado “Continuando o diálogo: O futuro da psoríase”,
do qual participaram conselheiros e membros do conselho do CIP e dermatologistas que haviam comparecido a um dos
simpósios de 1,5 dia sobre psoríase promovidos pelo CIP. O simpósio promoveu um diálogo interativo entre as atividades
atuais e planejadas do CIP, sobretudo quanto a programas genéticos e sobre doenças sistêmicas patrocinados pelo CIP.
1. Apresentação das atividades do CIP
Professor Peter van de Kerkhof, Presidente do CIP, Países Baixos
A primeira sessão foi apresentada pelo Professor Peter van de Kerkhof, atual presidente do CIP, que discutiu a missão,
histórico e atividades propostas do CIP no presente e no futuro.
O CIP foi fundado em 2004 como uma organização internacional sem fins lucrativos, dirigida por dermatologistas e
dedicada à inovação em todos os aspectos da psoríase através da educação, pesquisa e tratamento. Sua direção consiste
em um conselho com 10 diretores e 59 conselheiros (17 conselheiros foram adicionados em 2012), que são considerados
líderes formadores de opinião na área de psoríase e representam 20 países do mundo inteiro. Os conselheiros do CIP são
selecionados pelo Conselho Diretor do CIP em função de sua competência em psoríase. Os candidatos a conselheiro são
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nomeados e aprovados por um membro do conselho ou
conselheiro do CIP, que devem ser de países diferentes.
Os conselheiros participam de projetos, dão consultoria
e atuam como embaixadores do CIP. O orçamento
operacional da organização é de US$ 1 milhão. Os objetivos
da organização são levar informações oportunas e
relevantes à comunidade de dermatologia, ajudar os
dermatologistas e melhorar o padrão de tratamento,
criar um fórum para a colaboração de profissionais e
compartilhamento das melhores práticas, obter mais
conhecimentos sobre psoríase por meio de pesquisa
e educação, documentação de reuniões de consenso,
priorização de projetos de pesquisa direcionados,
identificação de lacunas importantes em pesquisa e
definição de padrões de excelência em pesquisa e conduta
médica. A principal atividade do CIP é criar programas de
suporte para que os dermatologistas atinjam e superem os
padrões definidos pela organização.
O CIP também interage com outras sociedades de
dermatologia que atuam na área de psoríase, como
a International League of Dermatological Societies
(ILDS), European Dermatology Forum (EDF), European
Academy of Dermatology and Venereology (EADV),
European Society of Dermatological Research e a Society
of Investigative Dermatology; autoridades regulatórias
e agências de saúde pública, sobretudo a FDA e a
EMA; associações de pacientes com psoríase como a
International Federation of Psoriasis Associations (IFPA),
Europso e a National Psoriasis Foundation (NPF); e
empresas que atuam na área de psoríase. As informações
e recursos gerados pelo CIP são disponibilizadas a médicos
responsáveis por tratar psoríase ou com interesse na
doença, assistentes de médico, enfermeiras clínicas,
enfermeiras, cientistas e biólogos que trabalham com pele,
pacientes e todos aqueles que procuram informações
imparciais e bem fundamentadas sobre psoríase.
Um dos principais objetivos do CIP é a educação e
pesquisa. Os simpósios são realizados em vários países
para promover avanços no tratamento da doença no
mundo inteiro. O simpósio CIP dura 1,5 dia e consiste em
10 Saber mais | Cuidar melhor
treinamento intensivo sobre psoríase e seu tratamento,
sob orientação de especialistas de renome mundial e
projetados para levar aos dermatologistas as informações
mais atualizadas sobre a doença e os tratamentos
disponíveis. Neste ano, haverá eventos nas Filipinas,
Califórnia, Veneza, Praga, Joanesburgo e Buenos Aires.
Um dos principais recursos educativos fornecidos pelo CIP
é o programa Encontro com especialistas, que aborda o
tratamento de casos difíceis e complexos. O CIP publica
uma newsletter semestral (junho e dezembro), onde
apresenta os cinco principais artigos para promover o
conhecimento sobre a psoríase. A publicação é traduzida
para o espanhol e português e enviada a membros do CIP
por e-mail e correio, distribuída em congressos e a grupos
de psoríase e dermatologia.
O CIP também acaba de lançar seu novo website, que
está mais fácil de navegar e de acessar e contém recursos
educativos sobre psoríase, como uma biblioteca de
imagens, webcasts, vídeos e edições anteriores da Revisão
de Psoríase do CIP. O website também serve como
interface para promoção e divulgação de eventos sobre
psoríase por outras organizações, além de disponibilizar
acesso a materiais sobre encontros. Na próxima fase dessa
iniciativa, criaremos uma comunidade online onde os
conselheiros do CIP poderão interagir uns com os outros.
O grupo de tratamentos sistêmicos do CIP é liderado pelo
Prof. Jonathan Barker, Prof. Christopher Griffiths, Dr.
Alan Menter e Dr. Bruce Strober. O grupo visa destacar
a natureza sistêmica e a complexidade dos efeitos da
psoríase sobre a saúde, definir a utilização apropriada de
tratamentos sistêmicos tradicionais ou novos e melhorar
a pesquisa clínica ao promover uma compreensão melhor
da doença e desenvolver novos mecanismos de pesquisa.
Em 2012, diversos programas foram realizados. Uma oficina
de biossimilares da EMA foi realizada em 2011 e descrita
na última publicação do CIP. A Drª. Amy Paller também
organizou, com patrocínio do CIP, um banco de dados
pediátrico para examinar os efeitos da psoríase pediátrica
sobre o índice de massa corporal e outros fatores de
risco para comorbidades na infância e para correlacioná-
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los com a gravidade da doença. O grupo de tratamento
tópico é liderado pelo Prof. Peter van de Kerkhof, Prof.
Knud Kragballe, Dr. Mark Lebwohl e Dr. Alan Menter. Seu
principal objetivo é investigar inovações e desenvolver
recomendações de tratamento envolvendo agentes
tópicos, incluindo recomendações para tratamento de
longo prazo da psoríase no escalpo e investigação de novos
mecanismos de administração tópica. Outros projetos em
andamento são o de padronização de estudos clínicos,
dirigido pela Drª. Alexa Kimball, o projeto de suscetibilidade
genética à psoríase, comandado pelo Prof. Jonathan
Barker, e o projeto mecanismos da doença, do Prof. Hervé
Bachelez. Os resultados e objetivos futuros da oficina de
genética do CIP, que foi realizada em Montreal em outubro
de 2011 e é descrita na próxima sessão, também serão
discutidos. Outros projetos planejados para 2013 são o
projeto de resultados clínicos, comorbidades e tratamento,
dirigido pela Drª. Alexa Kimball.
O CIP criou seu comitê científico em maio de 2010. Liderado
pelo Prof. Jonathan Barker, o comitê é formado pelo
Prof. Wolfram Sterry, Drª. Alexa Kimball e Dr. Paul Tebbey,
diretor médico do CIP. Como especialistas de renome
internacional, os membros do CIP estão bem posicionados
para identificar lacunas em pesquisas e elaborar pareceres
sobre os principais assuntos. O objetivo deste grupo de
trabalho é coligir todas as informações sobre psoríase,
documentar as opiniões de grupos de consenso e priorizar
projetos de pesquisa direcionados para promover
estratégias de prevenção e tratamento da doença. As
maiores prioridades identificadas pelo grupo de trabalho
são criar o mapa genético dos genes de suscetibilidade
à psoríase, definir relações entre fenótipo e genótipo,
desenvolver estudos epidemiológicos populacionais
robustos e de longo prazo a fim de determinar a verdadeira
prevalência e a história natural da psoríase, examinar
os efeitos de intervenções agressivas e precoces sobre
a história natural da doença, realizar estudos genéticos
e epidemiológicos de variantes fenotípicas da doença,
examinar os efeitos de fatores ambientais sobre o início
e a exacerbação da doença e realizar estudos genéticos e
epidemiológicos da psoríase em todos os grupos étnicos.
Saber mais | Cuidar melhor
Outro importante objetivo da comunidade científica é
saber mais sobre os mecanismos da doença, incluindo a
identificação de antígenos e autoantígenos de psoríase,
identificação e validação de biomarcadores da gravidade
da doença, resposta e toxicidade do tratamento,
caracterização dos papéis de subpopulações de células
inflamatórias, definição de vias moleculares e da biologia
funcional da psoríase, determinação dos mecanismos entre
a patogênese da psoríase cutânea e da artrite psoriática,
definição dos principais mediadores e vias distais da
patogênese da psoríase, elucidação de vias moleculares em
outros fenótipos de psoríase e definição de alterações na
barreira epidérmica da pele psoriática.
O outro foco do comitê científico é a economia em saúde,
terapêutica e comorbidades, que trata de questões como,
como determinar o custo cumulativo da psoríase para o
paciente, para o sistema de saúde e para a sociedade em
geral, desenvolvimento de métricas melhores de resultados
clínicos para mensurar a carga total da doença em termos
de gravidade clínica, sintomas, qualidade de vida e do
tratamento, implementação de objetivos, implementação
e objetivos, descrição dos resultados de registros de
pacientes, determinação da eficácia e segurança de vários
novos tratamentos que estão em uso e desenvolvimento
clínico e propostas de combinações de tratamentos. Outro
importante tema é o acesso, cobertura e reembolso de
tratamentos para psoríase no mundo inteiro, sobretudo
em países mais pobres, a fim de otimizar o tratamento da
doença no mundo inteiro.
2. Novas iniciativas de genética do CIP
Professor Hervé Bachelez, Membro do Conselho do CIP,
França
Na próxima sessão, o Prof. Hervé Bachelez apresentará a
nova iniciativa de genética do CIP, que visa influenciar a
educação, pesquisa e tratamento promovendo avanços
na genética da psoríase. Esta iniciativa procura incentivar
e desenvolver a colaboração internacional para concluir
o mapa genético da psoríase. O fórum de genética foi
realizado em Montreal em outubro de 2011 em parceria
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com o Congresso Internacional de Genética Humana,
liderado por Gonçalo Abecasis (Ann Arbor) e Richard
Trembath (Londres). Foi elaborada uma proposta para
permitir a implementação de um projeto abrangente
de consórcio. Os resultados foram publicados no British
Journal of Dermatology e no JAAD, com conselheiros
do CIP de várias partes do mundo como autores, o que
demonstra a natureza global do tema.
As técnicas GWAS (Genome-wide Association Scan) já
haviam levado à identificação de mais de 20 regiões
de suscetibilidade à psoríase, como o lócus HLA-C, que
responde por mais de 50% do potencial hereditário da
doença, lócus relacionados à ativação de Th-17 (IL-23R,
IL-12B, IL-23A e TRAF3IP2), indução de interferon
tipo I (IFIH1, RNF114 e TYK2), sinalização NF-kB (REL,
NFKBIA, TNFAIP3 e TNIP1) e função de barreira da
pela (cluster gênico LCE3 no cromossomo 1q21). O
Psoriasis Immunochip Consortium foi um projeto
multicêntrico, conduzido nos EUA e na UE, para
validar lócus possivelmente associados á psoríase e
identificar outras regiões de suscetibilidade à doença. A
plataforma imunochip continha 200.000 polimorfismos
de nucleotídeo único (SNP) em 10.000 casos e 24.000
controles. Os resultados permitiram identificar 17 SNPs
novos e independentes com associações significativas
e mapeamento para diversas regiões do genoma. O
próximo passo é o mapeamento de alta resolução dos
vários sinais associados para identificar genes individuais.
O PsA Genetics in Europe (PAGE) Consortium mostrou
sinais de associações significativas em vários lócus de
suscetibilidade à psoríase, com vários sinais de associação
com a região MHC e com IL-12B. Mostrou-se que os
marcadores de suscetibilidade para PsA são independentes
da psoríase e que não existe um determinante genético
específico para PsA.
O fórum de genética também discutiu a possibilidade
de modelos nocaute humanos com a identificação de
indivíduos portadores de alelos de suscetibilidade raros,
que poderiam permitir novas observações sobre a doença
por meio da análise da função gênica (p.ex. mutações
12 Saber mais | Cuidar melhor
de perda de função na psoríase pustulosa generalizada).
A nova geração de tecnologias de sequenciamento
deverá permitir a criação de redes de colaboração mais
amplas, que poderão recrutar mais recursos entre
pacientes e desenvolver métodos para análise de dados
de sequenciamento de genomas inteiros. A proposta
atual do CIP consiste em concluir o mapeamento genético
da psoríase para identificar variantes raras e com
repercussões proteicas entre 10.000 casos de psoríase
e 10.000 controles. O chip de exoma Illumina (Illumina,
CA) será utilizado para aumentar a cobertura de genes
e regiões implicados em suscetibilidade à psoríase e
examinar variações no exoma de genótipos em 10.000
casos de psoríase e 10.000 controles, permitindo uma
avaliação sistemática da contribuição de variantes de
codificação raras e sua contribuição para a suscetibilidade
à doença em lócus previamente definidos e o estudo da
contribuição de variantes de codificação raras e comuns
à suscetibilidade à doença em todo o genoma para
identificar novos lócus de suscetibilidade. A iniciativa
utilizará técnicas novas e custo-eficientes de genotipagem
para avaliar sistematicamente as contribuições de
variantes que codificam proteínas raras. Dados de
sequenciamento de mais de 12.000 indivíduos serão
utilizados para analisar a maioria das variações existentes.
O projeto deverá identificar genes em que uma ou mais
variantes de codificação raras produzem nítido impacto
funcional e estão associadas com psoríase trazendo novas
perspectivas sobre mecanismos e suscetibilidade à doença.
O compartilhamento e a publicação de dados serão
realizados de acordo com políticas e diretrizes
internacionais de ciência aberta (National Institutes of
Health dos EUA, o MRC/Wellcome Trust do Reino Unido
e o NRC canadense)13 a fim de promover a colaboração, o
compartilhamento de dados e a disseminação de novos
conhecimentos para promover o progresso científico,
cumprir objetivos humanitários e maximizar o impacto
da pesquisa. Os investigadores responsáveis também
poderão publicar artigos primários e colocar a informação
em domínio público imediatamente em um website de
acesso irrestrito.
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CONTINUANDO O DIÁLOGO: A PSORÍASE NO FUTURO
3. Psoríase e doença sistêmica
Dr. James Krueger, Conselheiro do CIP, Estados Unidos
A sessão de encerramento foi apresentada pelo Dr. James
Kruger, um imunodermatologista de renome mundial, que
discutiu a associação entre psoríase e inflamação sistêmica
e os conhecimentos sobre a base imunológica dessa
relação.
Novas pesquisas clínicas vêm demonstrando que a
psoríase está associada a diversas comorbidades, das quais
a obesidade parece ser a mais comum, seguida da artrite
psoriática. Outras associações significativas são diabetes
melito, doença cardiovascular e aumento da mortalidade.
O Dr. James Kruger sugeriu que as principais vias que
podem explicar essa associação são duas: uma é a noção
de que ambos os problemas estão associados com formas
complexas de suscetibilidade genética , e a outra é que
pode haver herança concomitante de genes associados
à psoríase e dos genes associados à obesidade, diabetes
e aterosclerose prematura. Entretanto, a análise dos
genes de suscetibilidade publicados para essas doenças
mostrou pouca sobreposição. Outra possibilidade é uma
associação psicológica, em que a psoríase pode alterar
a função de outros tecidos e subpopulações de células
de fora da pele. A “marcha da psoríase” é mencionada
frequentemente. Um modelo teórico sugere que a
psoríase promove sobretudo desregulação metabólica,
que promove dislipidemia e, com isso, aumenta o risco
cardiovascular. O grupo de pesquisa do Dr. James Kruger
vem propondo esta outra possibilidade. Segundo este
modelo, a inflamação da pele pode influenciar de forma
independente a função de outras células e órgãos e
não ser causada por disfunção metabólica, mas por
efeitos imunológicos diretos da psoríase. Também foi
apresentado um longo artigo de revisão do Journal of
Investigative Dermatology, que descreve as complexas
vias moleculares que participam da complexa relação
entre psoríase e comorbidade cardiovascular.14 Algumas
possíveis relações entre inflamação cutânea e obesidade e
doença cardiovascular também foram descritas.
Saber mais | Cuidar melhor
Os principais tipos de célula no tecido adiposo são os
adipócitos e os macrófagos. Em pacientes obesos, a
infiltração do tecido adiposo por macrófagos inflamatórios
cria um microambiente inflamatório, estimulando a
produção de mediadores inflamatórios por adipócitos, que
mantém um estado inflamatório crônico em indivíduos
obesos. Os adipócitos são proteínas produzidas pelo
tecido adiposo. Quando o tecido adiposo inflama, pode
haver liberação de adipoquinas na circulação, o que pode
afetar outros tecidos. As adipoquinas desempenham um
importante papel na patogênese da resistência à insulina
e na síndrome metabólica ao agir no sistema monócito/
macrófago e produzir citoquinas pró-inflamatórias como a
TNF-, que atenua a sinalização de receptores de insulina
e induz um estado de hiperinsulinemia. As adipoquinas
também podem afeta o endotélio vascular e aumentar a
expressão de moléculas de adesão em células do endotélio
vascular.
Pacientes com psoríase grave apresentam níveis de TNF-
mais elevados na circulação sistêmica. Isto sugere que o
TNF- encontrado em lesões de psoríase cutânea pode
extravasar para a circulação. Outra possibilidade é o
infiltrado de macrófagos observado em lesões cutâneas
se estender para a derme profunda, podendo chegar
ao tecido adiposo subcutâneo. O infiltrado linfocitário
é mais superficial e não alcança regiões profundas. O
Dr. Krueger e seu grupo no Rockefeller Institute vêm
conduzindo um projeto para definir o papel da psoríase na
inflamação sistêmica. Como parte desta iniciativa, exames
de PET-TC vêm sendo usados para obter imagens de placas
psoriáticas ativas em pacientes com formas graves da
doença e avaliar os efeitos do tratamento sistêmico sobre
essa inflamação. Um estudo de um ano de duração vem
acompanhando pacientes com psoríase moderada a grave
nos quais foi iniciado tratamento com etanercepte. Os
pacientes estão sendo avaliados com biópsias de pele e
tecido adiposo no início e após vários intervalos de tempo,
exames de função cardiovascular, PET-TC de lesões
psoriáticas no início e após um ano e coleta de amostras de
soro para ensaio de citoquinas e adipoquinas séricas.
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CONTINUANDO O DIÁLOGO: A PSORÍASE NO FUTURO
Outro conceito que vem sendo explorado é a associação entre psoríase e inflamação cardiovascular. O aumento do
risco cardiovascular em pacientes com psoríase possui imunopatogênese complexa, que ainda não foi totalmente
elucidada. Uma possibilidade é a liberação sistêmica de citoquinas de origem cutânea e mediadores inflamatórios de
lesões psoriáticas e a suprarregulação de moléculas de adesão celular em leucócitos periféricos expostos a pele inflamada
causar deslocamentos de células inflamatórias entre áreas da pele, sangue periférico e placas de ateroma em vasos
coronários. O perfil pró-inflamatório das citoquinas em lesões psoriáticas é bastante semelhante ao observado em lesões
ateroscleróticas, e um infiltrado de células inflamatórias contendo um padrão semelhante de células T, macrófagos e
monócitos foi descrito em ambas as doenças.14 Ao analisar o perfil transcricional de lesões de pele, o Dr. James Kruger e
seu grupo identificaram sobrexpressão de diversos produtos de transcrição gênica na pele de pacientes com psoríase.
Esses produtos de transcrição podem participar dos mecanismos do aumento observado de inflamação cardiovascular. Os
dados em questão ainda não foram publicados.
Referências
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“Perceived relationships between severity of psoriasis
symptoms, gender, stigmatization and quality of life.” J Eur
Acad Dermatol Venereol 2012.
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rejection and stigma feelings in psoriasis patients.” Int J
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of depression, anxiety, and suicidality in patients with
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moderate to severe psoriasis undergoing phototherapy
(UVB) and photochemotherapy (PUVA).” Psychosom Med
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acessada pela última vez em 8 de julho de 2012. In.
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Esta seção da Revisão de Psoríase do CIP foi escrita especificamente para permitir a obtenção de até 1,0 crédito AMA
PRA categoria 1 através do Annenberg Center for Health Sciences. Ao final desta seção, você encontrará perguntas e
instruções sobre como enviar as respostas e receber crédito de EMC.
Data de liberação: 31 de janeiro de 2013
Data de vencimento: 31 de janeiro de 2014
Destaques Científicos do 21º Congresso da EADV e Progresso em escalas
Autores
Declarações de conflito de interesse de cada autor
Firas Al Niaimi, MD
Especialista
Salford Royal NHS Foundation Trust
Manchester, Inglaterra, Reino Unido
Firas Al-Niaimi, MD
O Dr. Firas Al-Niaimi nunca atuou como palestrante ou
consultor de nenhuma empresa farmacêutica.
Brian Kirby, MD
Dermatologista
St. Vincent’s Hospital
Dublin, Irlanda
Iviensan F. Manalo, MS2
Estudante de Medicina
Medical College of Georgia na Georgia Regents University
Augusta, Georgia, EUA
Marieke Seyger, MD
Dermatologista
Nijmegen Medical Center, Universidade Radboud
Nijmegen, Países Baixos
Benjamin K. Stoff, MD
Professor Assistente de Dermatologia e Patologia
Emory University School of Medicine
Atlanta, Georgia, EUA
Objetivos Didáticos
Ao concluir esta atividade, os participantes serão capazes de:
• Descrever e analisar as diferenças de risco e benefícios
entre agentes terapêuticos aprovados para psoríase e
incorporar os achados à prática clínica.
• Discutir os mecanismos de ação relativos de tratamentos
recém-aprovados ou em desenvolvimento.
• Aplicar novos conhecimentos e aprender a utilizar
técnicas para cuidar dos pacientes de forma mais eficaz
e otimizada.
Saber mais | Cuidar melhor
Brian Kirby, MD
O Professor Brian Kirby recebeu bolsas e verbas de
pesquisa da Abbott Ltd, Pfizer e Janssen. atuou como
consultor ou palestrante para a Pfizer, Abbott e Janssen
e como membro de conselhos para a Pfizer e Janssen; e
recebeu honorários da Abbott, Pfizer e Janssen.
Iviensan F. Manalo, MS2
Iviensan F. Manalo nunca atuou como investigadora,
palestrante ou consultora para nenhuma empresa
farmacêutica.
Marieke Seyger, MD
A Professora Marieke Seyger recebeu verbas e apoio
à pesquisa da Pfizer e da Leo Pharma e participou de
conselhos consultivos como consultora ou palestrante
para a Pfizer.
Benjamin K. Stoff, MD
O Dr. Benjamin K. Stoff nunca atuou como investigadora,
palestrante ou consultora para nenhuma empresa
farmacêutica.
Declaração de acreditação médica
Esta atividade foi planejada e implementada de acordo
com as Essential Areas and Policies do Accreditation
Council for Continuing Medical Education, com patrocínio
conjunto do Annenberg Center for Health Sciences em
Eisenhower e do Conselho Internacional de Psoríase. O
Annenberg Center for Health Sciences em Eisenhower é
acreditado pelo ACCME como fornecedor de educação
médica continuada para médicos.
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EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA
Público alvo
Esta atividade foi projetada para atender necessidades educativas de dermatologistas, assistentes de médico e
enfermeiras clinicas responsáveis por cuidar de pacientes com psoríase.
Declaração sobre metas
O principal objetivo destes materiais fixos é fornecer informação sobre como integrar o as informações mais recebes
sobre tratamento da psoríase à prática clínica a fim de otimizar os resultados do tratamento de pacientes com psoríase.
Atribuição de créditos
O Annenberg Center for Health Sciences classificou estes materiais duráveis para um máximo de 1,0 AMA PRA Category 1
CreditTM. Os médicos devem reivindicar apenas o crédito proporcional á sua participação na atividade.
Para receber créditos:
• Assimile o conteúdo de todo o artigo, realize o pós-teste e obtenha nota 70%.
• Termine a avaliação e solicite documentos de crédito, incluindo assinatura, validação do tempo gasto e data de
preenchimento.
• Envie todas as páginas ao Annenberg Center for Health Sciences em Eisenhower pelo fax 760.773.4550.
Declaração de conflito de interesses
Todos os responsáveis e indivíduos que participaram do planejamento e apresentação de atividades de educação
continuada patrocinadas ou fornecidas pelo Annenberg Center for Health Sciences são obrigados a revelar ao público
toda e qualquer afiliação comercial, real ou aparente, relacionada ao conteúdo de suas apresentações incluído neste
material durável. A revelação de interesses comerciais deve ser encaminhada por escrito ao público antes do início da
atividade. Os funcionários da Focus Medical Communications, do Conselho Internacional de Psoríase e do Annenberg
Center for Health Sciences declaram não ter interesses a revelar.
Declaração sobre indicações não aprovadas ou medicamentos experimentais
Esta atividade educativa pode conter discussões sobre indicações publicadas ou experimentais que não foram aprovadas
pelo FDA. Todas as opiniões expressas nesta atividade educativa são dos responsáveis pela atividade. Consulte as bulas
oficiais de todos os produtos para obter informações sobre indicações aprovadas, contraindicações e advertências.
Os participantes ou congressistas deverão avaliar as informações aqui apresentadas de forma crítica, e sugere-se que
procurem fontes apropriadas sobre quaisquer produtos ou dispositivos mencionados neste programa.
Termo de responsabilidade
O conteúdo e as opiniões apresentados nesta atividade educativa são de seus autores e não correspondem
necessariamente aos do Conselho Internacional de Psoríase ou dos patrocinadores desta monografia. Embora tenham
sido preparados a partir de uma revisão de informações de diversas fontes, os materiais não esgotam o assunto. Portanto,
profissionais de saúde e outros indivíduos devem analisar e considerar outras publicações e materiais sobre o tema antes
de utilizar as informações contidas nesta atividade educativa.
Acreditação: Annenberg Center for Health Sciences
Patrocinador do programa: Conselho Internacional de Psoríase
Este material recebeu apoio de uma verba educativa da Janssen Biotech Inc.
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Relatório Firas:
Destaques científicos do 21o Congresso Anual da EADV, realizado em Praga, República Tcheca
O autor
Firas Al-Niaimi é formado pela Universidade de Amsterdam e concluiu residência em
dermatologia em Manchester, no Reino Unido. É autor de mais de 50 publicações e trabalhou em
alguns dos melhores centros de psoríase do mundo sob a supervisão do Professor Christopher
Griffiths. Atualmente é fellow do St. John’s Institute of Dermatology em Londres.
A Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia realizou sua 21ª reunião anual em Praga,
uma bela cidade histórica, e capital da República Tcheca. A psoríase teve destaque na agenda,
com vários palestrantes internacionais apresentando sus experiências e perspectivas sobre doença. Esta edição do
relatório Firas resume os principais tópicos e últimas notícias do evento.
Tratamentos imunobiológicos
Imunogenicidade de tratamentos imunobiológicos
Segurança dos tratamentos imunobiológicos
A imunogenicidade dos tratamentos imunobiológicos
recebeu grande destaque durante todo o congresso. Uma
descoberta interessante foi que a resposta humoral contra
o adalimumabe ocorre apenas em determinados idiotipos
de anticorpo terapêutico. A especificidade para a região que
se liga ao antígeno TNF- é uma possível explicação para
a eficácia neutralizante desses anticorpos imunogênicos
(van Schouwenburg PA, Ann Rheum Dis, 2012). Em um
estudo, a formação de anticorpos contra o adalimumabe
foi medida durante 24 semanas em que o medicamento
foi administrado a 29 pacientes. Os anticorpos contra o
adalimumabe foram encontrados em 45% dos pacientes
e houve correlação direta entre o nadir da concentração
de adalimumabe e o título de anticorpos. Portanto, a
redução da eficácia do adalimumabe pode ser explicada
pela formação de anticorpos neutralizantes que inibem os
efeitos terapêuticos da droga induzindo sua degradação e
retirada por fagocitose (Lecluse LL, Arch Derm, 2010). Dados
de observações clínicas mostraram que a formação de
anticorpos contra medicamento anti-TNF- tende a induzir o
máximo de anticorpos durante o primeiro ano de exposição
ao medicamento (Ducoureau E, Arthritis Res Ther, 2011).
Portanto, o tratamento de pacientes durante este período
crítico com monitoramento constante de anticorpos pode
melhorar os resultados de longo prazo.
Os tratamentos imunobiológicos vêm sendo
comercializados já quase 15 anos e há cada vez mais dados
disponíveis sobre segurança a longo prazo. Durante o
congresso, várias apresentações indicaram que os agentes
imunobiológicos disponíveis atualmente são seguros.
Em geral, esses medicamentos parecem ser seguros,
com baixas taxas de complicações quando usados em
pacientes apropriados. Uma revisão recente sobre a
segurança de agentes biológicos em pacientes com
psoríase ou artrite psoriática mostrou ligeiro aumento da
incidência de infecção e linfoma em pacientes tratados
com os anticorpos monoclonais anti-TNF- infliximabe
e adalimumabe que com etanercepte (Girolomoni G,
Immunopharmacol Immunotoxicol, 2012). Ainda não se
sabe se os agentes imunobiológicos anti-TNF- são os
únicos responsáveis por esses efeitos ou se eles ocorrem
porque os pacientes já receberam imunossupressores.
Saber mais | Cuidar melhor
Entretanto, o uso de imunobiológicos em pacientes
com psoríase também mostrou outros efeitos benéficos
além da erradicação da doença. Um grande estudo com
8.845 pacientes analisou a associação entre tratamento
com inibidores de TNF- e risco de infarto. Após
ajuste para fatores de risco relacionados a infarto do
miocárdio, a coorte tratada com TNF- apresentou risco
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significativamente menor de infarto do miocárdio que os
pacientes que receberam tratamento tópico. A coorte
que recebeu tratamento sistêmico apresentou incidência
menor de infarto do miocárdio, mas a diferença não foi
estatisticamente significativa. Os dados sugerem que os
tratamentos anti-TNF- proporcionam redução global da
inflamação sistêmica e do risco de infarto do miocárdio em
pacientes com psoríase moderada a grave (Wu JJ, Arch
Dermatol, 2012).
10 mg/kg e 30/10 mg/kg, mas não no grupo tratado com
3 mg/kg. Os perfis de segurança foram semelhantes
nos dois grupos de tratamento. Os resultados mostram
que a dose utilizada atualmente de 10 mg/kg (na artrite
reumatoide) pode ser uma opção eficaz para tratamento
da artrite psoriática. Nenhuma informação sobre a eficácia
do abatacept contra o componente cutâneo da psoríase
foi apresentada.
Artrite psoriática
Foram apresentados dados sobre técnicas de tratamento
dessas formas graves e relativamente raras de psoríase.
O primeiro estudo clínico de um agente imunobiológico
contra psoríase eritrodérmica foi realizado com
etanercepte. Desde então, vários outros agentes foram
empregados para tratar essa forma da doença. Os
resultados de um estudo retrospectivo e multicêntrico
realizado em um único país do uso de imunobiológicos
em pacientes com psoríase eritrodérmica na França foi
apresentado. Ao todo, 28 pacientes e 42 exacerbações de
psoríase eritrodérmica foram acompanhados. Os pacientes
receberam adalimumabe, infliximabe, etanercepte,
ustekinumabe ou efalizumabe. Os resultados mostraram
melhora em torno de 50% entre os pacientes tratados
com adalimumabe e infliximabe e 40% nos que receberam
etanercepte. Ao total, os agentes imunobiológicos
mostraram boa eficácia de curto prazo, mas houve muitas
modificações do tratamento devido a eficácia insuficiente
por períodos prolongados ou efeitos colaterais. Um ano
após a primeira administração do medicamento, apenas
um terço dos pacientes ainda estavam recebendo o
mesmo medicamento. O problema de segurança mais
significativo foram infecções graves (Viguier M, Br J
Dermatol, 2012).
A artrite psoriática é um importante componente
da doença e vem recebendo muita atenção devido á
importância do papel do dermatologista em identificar
e tratar pacientes com artrite psoriática. A Liga Europeia
contra o Reumatismo (EULAR, European League Against
Rheumatism) publicou novas recomendações para
tratamento da artrite psoriática. É a primeira diretriz que
reconhece a importância da intervenção dermatológica no
tratamento da doença (Gossec L, Ann Rheum Dis, 2012).
Dados de estudos de fase II duplo-cegos e controlados
com placebo do abatacept também foram apresentados
(Mease P, Arthritis Rheum, 2011). O medicamento é usado
atualmente para tratamento da artrite reumatoide juvenil
e é um modulador seletivo da coestimulação de células T.
Um grupo de 170 pacientes com psoríase que já havia
recebido drogas antirreumáticas modificadoras da doença
(incluindo bloqueadores do fator de necrose tumoral) foram
randomizados para tratamento com placebo ou abatacept em
doses de 3 mg/kg, 10 mg/kg ou 30/10 mg/kg (2 doses iniciais
de 30 mg/kg seguidas de 10 mg/kg) nos dias 1, 15 e 29 e depois
a cada 28 dias. O principal critério de avaliação foi o critério
de 20% de melhora do American College of Rheumatology
(ACR20 response) na semana 24. Outros critérios utilizados
foram os escores em ressonância magnética (RM) de erosão
articular, osteíte e sinovite. Os resultados mostraram que
a proporção de pacientes que obtiveram resposta ACR20
foram 19% com placebo, 33% com abatacept 3 mg/kg, 48%
com abatacept 10 mg/kg e 42% com abatacept 30/10 mg/kg. As
melhoras foram significativamente mais acentuadas com
abatacept que com placebo nos grupos que receberam
18 Saber mais | Cuidar melhor
Psoríase eritrodérmica e pustulosa generalizada
Os resultados no tratamento da psoríase pustulosa
generalizada foram apresentados (ainda não publicados).
Um total de 16 pacientes foram tratados com infliximabe
10 mg/kg, adalimumabe 3 mg/kg ou etanercepte 3 mg/kg.
Três quartos dos pacientes responderam ao tratamento,
com tempo médio de eliminação das pústulas de
6,5 dias, sendo que os resultados mais rápidos foram
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observados no grupo do infliximabe (dois dias em média).
A utilização de terapia anti-TNF também mostrou-se
eficaz em prevenir exacerbações posteriores de psoríase
pustulosa generalizada. Cerca de 80% dos pacientes não
apresentaram novas exacerbações quando acompanhados
por 11 meses após o primeiro tratamento. Esses dados
mostram que o tratamento anti-TNF é eficaz contra a
psoríase pustulosa generalizada.
Ustekinumabe
O ustekinumabe é um agente imunobiológico anti-IL-12/23
e foi muito debatido no congresso. Foram apresentados
dados sobre a sua utilização em psoríase e em
outras doenças como ptiríase rubra pilar, sarcoidose,
hidradenite supurativa e pioderma gangrenoso. Algumas
apresentações mencionaram a utilização de esquemas
de tratamento contendo ustekinumabe para diversas
doenças. A combinação de metotrexato e ustekinumabe
não pareceu proporcionar mais benefícios. Embora
ainda não haja dados robustos sobre a associação de
ciclosporina e ustekinumabe, alguns relatos sugerem que
ela proporciona benefício adicional. Em geral, ainda não há
dados sobre a segurança do tratamento prolongado com
esquemas contendo ustekinumabe.
Dados de segurança do ustekinumabe durante cinco anos
obtidos nas fases de extensão dos estudos PHOENIX 1,
PHOENIX 2 e ACCEPT (P965) foram apresentados. A análise
incluiu 3117 pacientes (8998 pacientes-ano), dos quais 1482
(47,5%) foram tratados continuamente durante pelo menos
quatro anos, sendo que 838 (26,9%) haviam recebido o
medicamento por pelo menos 5 anos. As taxas globais
de eventos adversos e infecções diminuíram de forma
consistente ao longo do tempo entre o primeiro e o quinto
ano. Ao mesmo tempo, as taxas de eventos adversos
sérios ou com necessidade de interrupção do tratamento
permaneceram estáveis ao longo do tempo. As taxas
cumulativas de infecções graves por 100 pacientes-ano nos
grupos tratados com ustekinumabe 45 mg ou 90 mg foram
0,98 (0,69 a 1,35) e 1,19 (0,91 a 1,52), respectivamente. As
taxas cumulativas de câncer de pele não-melanoma por
100 pacientes-ano de ustekinumabe 45 mg ou 90 mg foram
Saber mais | Cuidar melhor
0,64 (0,41 a 0,95) e 0,44 (0,28 a 0,66), respectivamente.
Os investigadores descreveram taxas de eventos adversos
cardiovasculares graves (EACG) por 100 pacientes-ano
de ustekinumabe 45 mg ou 90 mg de 0,45 (0,26 a 0,72) e
0,31 (0,17 a 0,50), respectivamente. Não houve casos de
tuberculose nem reações de hipersensibilidade graves.
As taxas de infecções graves, malignidade e EACG
permaneceram estáveis ao longo do tempo e foram
compatíveis com taxas descritas anteriormente e com
observações da população de pacientes com psoríase
em geral. Os dados concluíram que a exposição contínua
por até 5 anos com cerca de 9000 pacientes-anos não
influenciou o perfil de segurança de longo prazo do
ustekinumabe e foi consistente com relatos anteriores
após quatro anos de tratamento.
A IL-17 na patogênese da psoríase
O papel da IL-17 na psoríase foi apresentado. A IL-17
é produzida por células Th-17 (sob influência do IL-23
produzido por células dendríticas ativas) e participa
da migração de neutrófilos, angiogênese, proliferação
de queratinócitos, erosão óssea e danos a cartilagem.
Sabe-se atualmente que a psoríase é uma doença em
que se observam altos níveis circulantes de células
produtoras de Th-17 (Auriemma M, J Invest Dermatol,
2012). Portanto, o controle da IL-17 pode influenciar esses
mecanismos patogênicos. Isso foi demonstrado com
novos tratamentos que agem sobre essa citoquina. O uso
de ciclosporina trouxe novas evidências da participação
da IL-17 na psoríase. A droga mostrou-se capaz de reduzir
os níveis de IL-17A (Lowes MA, J Invest Dermatol, 2008).
Avanços terapêuticos recentes vêm focando receptores
da IL-17, a IL-17A e a IL-17F. Até agora, estudos em
camundongos mostraram que a IL-17A tem participação
mais ativa na autoimunidade que a IL-17F e que a IL-17A se
liga com muito mais afinidade do IL-17RA que ao IL-17F.
Dados sobre um novo anticorpo monoclonal contra
IL-17A (ixekizumabe) foram apresentados. Em um estudo
duplo-cego de fase II e controlado com placebo, um
total de 142 pacientes com psoríase em placas moderada
a grave foram randomizados para tratamento com
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injeções subcutâneas de ixekizumabe (10, 25, 75 ou 150
mg) ou placebo (Leonardi CL, N Engl J Med, 2012). Após
12 semanas, o porcentual de pacientes com diminuição
do escore PASI em pelo menos 75% foi significativamente
maior nos grupos tratados com ixekizumabe nas doses
de 25 mg (76,7%), 75 mg (82,8%) ou 150 mg (82,1%) que
com placebo (76,7, P < 0,001 para todas as comparações).
Da mesma forma, uma redução de 100% do escore PASI
foi obtida em um número significativamente maior de
pacientes tratados com 150 mg (39,3%) ou 75 mg (37,9%)
que com placebo (0%). Houve diferenças significativas
a partir de uma semana, que se mantiveram durante 20
semanas.
Os resultados de um estudo de fase 2 que avaliou o
brodalumabe, uma nova droga em desenvolvimento,
também foram apresentados (Papp KA, Br J Dermatol,
2012). O brodalumabe é um anticorpo monoclonal
totalmente humanizado contra IL-17RA. O estudo contou
com 198 pacientes, que foram randomizados para
tratamento com placebo ou brodalumabe em doses de 70,
140 ou 210 mg no dia 1 e nas semanas 1, 2, 4, 6, 8 e 10, além
de um grupo que recebeu 280 mg por mês. O principal
critério de avaliação foi a porcentagem de melhora do
escore PASI entre o início do tratamento e a semana
12. Após 12 semanas, os resultados mostraram melhora
porcentual média dos escores PASI de 45% (70 mg), 85,9%
(140 mg), 86,3% (210 mg), 76,0% (280 mg) contra 16,0%
com placebo. Dois casos de neutropenia grau 3 foram
descritos no grupo tratado com brodalumabe 210 mg.
Os eventos adversos descritos com mais frequência nos
grupos tratados com brodalumabe foram nasofaringite
(8%), infecção do trato respiratório superior (8%) e eritema
no local de injeção (6%).
Outro tratamento que age sobre a IL-17A é o
secukinumabe, que também mostrou-se promissor no
tratamento de psoríase crônica em placas moderada a
grave. O secukinumabe é um anticorpo neutralizante de
IL-17A totalmente humanizado, que é aplicado por injeção
subcutânea. Em um estudo fase II controlado com placebo
em 404 pacientes randomizados para tratamento com
20 Saber mais | Cuidar melhor
placebo ou secukinumabe em um dos seguintes esquemas:
em “dose única” (semana 0), “precoce” (semanas 1, 2 e 4)
ou “mensal” (semanas 0, 4 e 8), O principal endpoint foi
o PASI 75 na semana 12. Depois de 12 semanas (período
de indução), os respondedores que apresentaram PASI 75
foram randomizados em dois esquemas de manutenção:
intervalos fixos (n = 65 recebendo secukinumabe
150 mg nas semanas 12 e 24) ou tratamento no início da
recorrência (n = 67 recebendo secukinumabe 150 mg na
consulta onde o início da recorrência foi observado). Na
semana 12, os esquemas de indução precoce e mensal
obtiveram respostas PASI 75 estatisticamente significativas
em comparação com placebo (55% e 42% contra 2%). As
respostas PASI 90 também foram significativamente mais
frequentes nos grupos de tratamento precoce ou mensal
que no grupo placebo (32% e 17% contra 2%). Após mais 12
semanas de tratamento no período de manutenção, 71%
dos pacientes no grupo de tratamento em intervalos fixos
apresentaram resposta PASI 75. Os resultados sugerem
que o secukinumabe pode ser útil no tratamento da
psoríase em placa.
Novas drogas orais
Alguns dados sobre futuros novos tratamentos com
moléculas pequenas foram apresentados. Foram usadas
moléculas que agem sobre as vias intracelulares de
transdução de sinais. O tofacitinibe é um novo inibidor
da Janus quinase (JAK) administrado por via oral que,
segundo os dados, mostrou-se eficaz no tratamento
da psoríase. Em um estudo de fase 2 de 12 semanas de
duração com 197 pacientes, foram observadas respostas
PASI 75 dose-dependentes, sendo que a dose mais elevada
(15 mg) foi a mais eficaz (Papp KA, Br J Dermatol, 2012).
O apremilast é um inibidor da fosfodiesterase 4 via oral. O
estudo foi um ensaio multicêntrico de fase 2 randomizado
e controlado com placebo com 89 pacientes tratados com
10 mg 2x/dia, 87 pacientes com 20 mg 2x/dia e 88 pacientes
com 30 mg dia e 88 recebendo placebo. Na semana 16,
o PASI 75 foi observado em cinco pacientes no grupo
placebo, 10 no grupo de 10 mg, 25 no grupo de 20 mg e
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36 nos grupos de 20 mg. As diferenças em comparação
com o placebo foram significativas tanto no grupo que
recebeu 20 mg como no que recebeu 30 mg. A maioria dos
eventos adversos foi leve a moderada e os parâmetros
hematológicos e bioquímicos não foram afetados.
Tratamentos sistêmicos tradicionais
Metotrexato
Uma pesquisa global sobre a utilização do metotrexato
em psoríase foi apresentada. O estudo foi realizado
entre abril e agosto de 2012 e contou com a participação
de 481 dermatologistas dos cinco continentes. Quando
perguntados se consideram o metotrexato um tratamento
sistêmico contra a psoríase, mais de 80% dos entrevistados
responderam que sim. Houve uma nítida variação da dose
empregada em cada continente. Na América do Norte,
a maioria dos dermatologistas inicia o tratamento com
2,5 mg, enquanto na América do Sul a dose inicial varia
de 7,5 a 10 mg. Outro dado interessante foi que 25% dos
entrevistados no mundo inteiro inicial com uma dose
de 12,5 a 15 mg. No total, a maioria dos dermatologistas
converge para uma dose de 12,5 a 15 mg na semana 4.
Os dermatologistas homens tendem a iniciar com
doses maiores e a aumentar a dose em intervalos mais
frequentes.
Quando a dose de manutenção é usada por períodos
prolongados, os resultados parecem ser bastante
semelhantes aos observados após quatro semanas.
Constatou-se também que os dermatologistas asiáticos
tendem a usar doses de manutenção menores, às vezes
inferiores a 10 mg. Quanto à dose máxima utilizada, a
Saber mais | Cuidar melhor
maioria dos participantes respondeu que não utilizaria
doses maiores que 25 mg. No mundo, cerca de 20% dos
dermatologistas não utilizariam doses maiores que 15 mg.
Quanto à via de administração, a maioria utiliza a via oral.
Na África, porém, a via intramuscular é preferida em cerca
de 25% dos casos. O metotrexato subcutâneo é usado
principalmente na Europa continental, mas a porcentagem
é baixa.
O momento da avaliação de eficácia do tratamento
varia entre as semanas 8 e 12. Na Europa e na América
do Norte, a tendência é avaliar após doze semanas,
enquanto na África e em um subgrupo de entrevistados
na Ásia o período era de oito semanas. Na maioria dos
casos, o PASI 75 era considerado indicador de tratamento
bem-sucedido, mas na Ásia a maioria considera PASI 50 um
bom resultado.
Quanto à avaliação clínico-laboratorial antes do uso do
metotrexato, quase todos os dermatologistas pediram
exames de hematologia e provas de função hepática,
seguidos de eletrólitos e sorologia para hepatite. Para
monitoramento prolongado de patologia hepática,
a maioria dos dermatologistas emprega exames de
bioquímica para avaliação da função hepática. Ainda
segundo a pesquisa, a biópsia de fígado ainda é bastante
utilizada, e a utilização de exames de pró-colágeno e
fibroscan é mais elevada entre dermatologistas europeus.
Por outro lado, cerca de um terço dos dermatologistas
norte-americanos realiza biópsias hepáticas seriadas para
detectar alterações hepáticas induzidas pelo metotrexato.
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EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA
Progresso em escalas: Novidades no tratamento da psoríase
Por Iviensan F. Manalo and Benjamin K. Stoff, MD
Iviensan F. Manalo, MS2
(estudante do 2º ano de medicina)
Medical College of Georgia da
Georgia Regents University
Augusta, Georgia, EUA
[email protected]
Apremilast, inibidor via oral da PDE-4
O apremilast (CC-10004) é um inibidor específico da
fosfodiesterase 4 (PDE-4) administrado por via oral.
A PDE-4 é uma das principais enzimas que degradam
o cAMP, criando um ambiente pró-inflamatório entre
células epiteliais, células T e outros tipos de célula. O
mecanismo pelo qual o apremilast inibe a PDE-4 aumenta
a concentração intracelular de cAMP, diminuindo
seletivamente a produção de citoquinas pró-inflamatórias
(p.ex. TNF- e IL-23) que normalmente são encontradas
em níveis elevados em tecido psoriático. O apremilast
também promove a expressão de mediadores antiinflamatórios (p.ex. IL-10) (Schafer P).
A droga possui várias características que contribuem
para um perfil de efeitos colaterais mais favorável que
o do cilolimast e outros compostos inibidores da PDE-4.
Por exemplo, o apremilast não é tão seletivo quanto o
cilolimast para a subfamília PDE-4D, que está associada a
êmese em camundongos. Isso provavelmente explica por
que a tolerância gastrointestinal ao apremilast foi melhor
que a de outros inibidores de PDE-4 em estudos clínicos.
(Schafer P, Parton A, et al.; Robichaud A).
Um estudo de fase 2, duplo cego e controlado com
placebo mostrou aumento estatisticamente significativo
do número de pacientes que atingiram PASI 74 no grupo
tratado com apremilast 20 mg 2x/dia, sendo que 24,4%
dos pacientes desse grupo apresentaram melhora de pelo
menos 75% em relação ao escore PASI após 12 semanas
22 Saber mais | Cuidar melhor
Benjamin K. Stoff, MD
Professor Assistente de
Dermatology e Pathology
Emory University School of
Medicine
101 Woodruff Circle, Suite 5001
Atlanta, Georgia
[email protected]
(contra 10,3% no grupo placebo) e 57% dos pacientes no
grupo tratado com apremilast obtiveram melhora de pelo
menos 50% em relação ao PASI inicial (contra 23% no grupo
placebo) (Papp K, Zeldis JB, et al.). Um estudo de fase 2b,
duplo cego e controlado com placebo de identificação
de dose em pacientes com psoríase moderada a grave
mostrou que 11,2%, 28,7% e 40,9% dos pacientes tratados
com apremilast 10, 20 ou 30 mg 2x/dia obteve PASI 75
ou melhor, contra 5,7% no grupo placebo (Papp K, Hu A,
Day RM). Os pacientes com psoríase e artrite psoriática
apresentaram eventos adversos como náusea, infecção
do trato respiratório superior, nasofaringite, diarreia
e cefaleia. Nenhum desses eventos necessitou de
redução de dose ou retirada do tratamento. Atualmente
o apremilast está em estudos clínicos de fase 3. foram
iniciados seis estudos clínicos multicêntricos internacionais
para psoríase e artrite psoriática e estudos de fase 2 para
artrite reumatoide e espondilite anquilosante (Celgene
Corporation; Schafer P). Devido à sua eficácia clínica,
tolerabilidade e segurança dentro das metas com poucos
efeitos colaterais, drogas como o apremilast poderão
complementar ou até substituir alguns agentes sistêmicos.
O inibidor de fosfodiesterase 4 AN-2728
O AN-2728 é um novo anti-inflamatório tópico que
mostrou-se seguro e eficaz em sete estudos clínicos
de psoríase (3 de fase 1b e 4 de fase 2). A droga inibe a
fosfodiesterase 4, inibindo a liberação de citoquinas como
TNF-, IL-12 e IL-23, que são os principais promotores de
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inflamação na psoríase e alvos de agentes sistêmicos
(Nazarian R). O AN-2728 parece não causar efeitos
adversos bem definidos observados com outros
tratamentos tópicos disponíveis atualmente para psoríase,
tais como a atrofia de pele observada com corticoides
tópicos potentes e irritação de pele com derivados da
vitamina D e retinoides. Em todos os 12 estudos de fase
1 e 2 concluídos para psoríase e dermatite atópica, o
AN-2728 mostrou-se bem tolerado e não foram observados
eventos adversos graves (Anacor Pharmaceuticals, Inc).
Em junho de 2011, foram descritos do segundo estudo
de fase 2b do AN-2728, que será o último dessa fase, em
que 145 pacientes adultos com psoríase em placas leve
a moderada receberam tratamento para determinar a
segurança e eficácia de vários esquemas terapêuticos. Dos
quatro esquemas testados, o AN-2728 em pomada a 2%
proporcionou o maior benefício terapêutico, sendo que
54,1% do grupo de tratamento obteve melhora do Escore
Global de Gravidade nas Placas Tratadas (Overall Target
Plaque Severity Score) a partir do início do estudo. O
OTPSS mede a gravidade das placas em uma escala de 0 a
9, onde 0 significa ausência de doença e 8 significa doença
muito grave, contra 2,7% no grupo que recebeu apenas
veículo. O AN-2728 parece ser seguro e bem tolerado
em pacientes adultos com psoríase em placas leve a
moderada. O grupo tratado apresentou apenas efeitos
colaterais leves como prurido, dermatite de contato e
resfriado comum. A maioria desses eventos foi classificada
como não relacionada com o medicamento do estudo
(Zane LT). Além disso, estudos de toxicidade reprodutiva e
sobre o desenvolvimento de ratos e coelhos sugerem que
o AN-2728 não é teratogênico (Chen CW). A Anacor acaba
de concluir as discussões de conclusão da fase 2 com o
FDA e foi autorizada a realizar estudos clínicos de fase 3.
O CT-327 não é apenas mais um JAK
Outro novo tratamento que vem sendo desenvolvido é
o CT-327, um inibidor de tirosina quinase para pacientes
com psoríase vulgar e dermatite atópica. O CT-327 concluiu
um estudo clínico de fase 2a para tratamento de psoríase
vulgar e estão sendo recrutados pacientes para um estudo
Saber mais | Cuidar melhor
de fase 2b. os resultados do estudo de fase 2a concluído
mostraram que o CT-327 em creme a 0,1% aplicado duas
vezes por dia produz boas respostas em endpoints como
o Physician Global Assessment (PGA). A análise de PGA
mostrou que a porcentagem de pacientes com doença
controlada aumentou de 8% no início do estudo para
33% ao final do período de tratamento de 8 semanas. No
grupo placebo, esses números foram 6% e 7%. O número
de pacientes com doença grave ou muito grave também
diminuiu em 50% durante o período de tratamento. O
CT-327 também é bem tolerado e não houve relatos de
problemas no local de aplicação (Creabilis SA).
O mecanismo de ação da droga não é o mesmo que o dos
outros inibidor de JAK tópicos. Em vez disso, ela age ao
nível dos queratinócitos, prevenindo a hiperproliferação
através da inibição da tirosina quinase A especificamente
associada ao receptor do fato de crescimento neural. O
fator de crescimento neural (NGF) é sintetizado e liberado
por queratinócitos humanos e atua como substância
neurotrófica, estimulando o crescimento de fibras
nervosas e a síntese de neuropeptídios. O NGF participa
da inflamação neurogênica em várias dermatoses,
incluindo a psoríase. Foram descritos níveis mais elevados
em pele psoriática (Pincelli; Wickramasinghe, Traversa e
Roblin; Creabilis, SA). O CT-327 também foi desenvolvido
utilizando-se a tecnologia Low Systemic Exposure (LSE),
que é propriedade da Creabilis, que consiste em conjugar
moléculas e polioxietileno de baixo peso molecular para
aumentar as concentrações locais e reduzir a exposição
sistêmica. A via tópica otimizada teve sua eficácia
confirmada no estudo de fase 2a, em que a análise
farmacocinética não conseguiu detectar CT-327 no plasma.
O estudo fase 2b de determinação de dose começou no
início deste ano e avaliará a eficácia e a segurança do
CT-327 em uma nova formulação em pomada (0,05%, 0,1%
ou 0,5%) administrada por até oito semanas. Os resultados
deverão ser publicados até o final de 2012 (Creabilis SA).
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O tofacitinibe (CP-690550) é um inibidor de JAK
quinase administrado por via oral
O CP-690550 (tofacitinibe) é um novo medicamento oral
para tratamento da psoríase. Muitos efeitos adversos
dos tratamentos comuns para psoríase devem-se a
imunossupressão não seletiva. O CP-690550 possui uma
mecanismo mais direcionado, pois inibe seletivamente
a JAK3 quinase. Comparada com outros membros da
família JAK (JAK1, JAK2, tirosina quinase 2), a JAK3
quinase é geralmente expressa apenas em células
hematopoiéticas, sobretudo células T e NK, e associa-se
especificamente com as cadeias gama compartilhadas
por receptores teciduais das interleucinas 2, 4, 7, 9, 15 e
21. A ausência genética ou mutação da JAK3 produz um
fenótipo de imunodeficiência combinada grave (SCID),
o que demonstra que a enzima é uma peça centra da
imunidade (West; Vincenti F). Embora o mecanismo exato
seja desconhecido, acredita-se que a inibição potente da
JAK3 quinase com o CP-690550 suprime a transmissão de
sinais intracelulares gerados pelos receptores de cadeia
gama acionados pelas interleucinas 2, 4, 7, 9, 15 ou 21,
desacoplando a sinalização mediada por receptores de
células T em uma etapa precoce e bloqueando eventos
pró-inflamatórios mais distais (Borie DC). Portanto, o
CP-690550 é capaz de suprimir seletivamente as células T
com um mínimo de imunossupressão global (Boy MG).
Atualmente, apenas um estudo clínico de fase 2 de
avaliação do uso de tofacitinibe para psoríase foi
concluído. Dele participaram 197 adultos com psoríase
em placas moderada a grave. Os resultados mostraram
uma proporção maior de pacientes com PASI 75 na
semana 12 em todas as doses em comparação com
placebo. Mais especificamente, o tofacitinibe 2, 5 e 15
mg 2x/dia proporcionou PASI 75 e 25%, 40,8% e 66,7%,
respectivamente, contra apenas 2% com placebo. Os
eventos adversos relacionados ao tratamento descritos
mais frequentemente foram infecção do trato respiratório
superior e cefaleia. Três pacientes comunicaram um total
de cinco eventos adversos. Também foram observadas
diminuições ligeiras e dose-dependentes na contagem
média de neutrófilos e hemoglobinemia, aumentos da
24 Saber mais | Cuidar melhor
LDL-C, HDL-C e colesterol médios (Tofacitinib; Pfizer, Inc.).
Pelo menos seis estudos clínicos de fase 3 estão avaliando
os efeitos do tofacitinibe oral sobre a psoríase em placas
crônica moderada a grave. Quatro dos estudos deverão
ser concluídos até o início ou meados de 2013, incluindo
um estudo de avaliação da eficácia, retirada do tratamento
e retratamento de 660 pacientes com psoríase. Os outros
dois estudos de fase 3 vêm avaliando a eficácia a longo
prazo do tofacitinibe em pacientes com psoríase em placas
moderada a grave e/ou artrite psoriática.
Tratamentos orais em desenvolvimento e seus
possíveis benefícios cardiovasculares: o VBL-201
O VB-201 é um análogo oxidado de fosfolipídios,
desenvolvido a partir de moléculas de anti-inflamatórios
orais da classe lecinoxoide. O mecanismo de ação do
VB-201 é diferente da inibição da JAK3 pelo tofacitinibe e
inclui inibição da produção de IL-12/23p40 (uma subunidade
encontrada na IL-12 e na IL-23) por células dendríticas e
macrófagos. Essa subunidade está fortemente implicada
na patogênese da psoríase, conforme demonstrado pelo
sucesso do agente injetável ustekinumabe (Elliot M;
Business Wire; Kurjeza M).
A VBL Therapeutics concluiu quatro estudos de fase 1
bem-sucedidos, em que o medicamento foi tão seguro
e bem tolerado quando o placebo e não houve eventos
adversos graves relacionados ao tratamento. A empresa
também completou recentemente um estudo de fase 2
em que os pacientes receberam o agente uma vez por
dia por 12 semanas. O estudo avaliou o tratamento de
pacientes com psoríase moderada a grave e aterosclerose,
e o VB-201 apresentou efeitos anti-inflamatórios em
ambas essas doenças. Com a doença cardiovascular
aterosclerótica é reconhecidamente uma importante
causa de morbimortalidade em pacientes com psoríase,
este novo tratamento pode ser eficaz para ambos (Horn).
Todos os cinco grupos tratados com VB-201 apresentaram
aumentos estatisticamente significativos (p = 0,019) nas
escalas Physician Global Assessment e Patient Global
Assessment de psoríase, e houve relação dose-resposta
significativa em todos os grupos tratados com VB-201
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(p = 0,04). No 70º congresso da Academia Americana de
Dermatologia, a empresa comunicou resultados positivos
para aterosclerose nos estudos de fase 2 de segurança e
eficácia em pacientes com psoríase moderada a grave. O
VB-201 80 mg/dia produziu redução média estatisticamente
significativa de 12,7% na inflamação associada a lesões
vasculares endoteliais, medida por exames de PET-TC,
durante um período de administração de 12 semanas. Yael
Cohen, MD, vice-presidente de desenvolvimento clínico da
VBL, anunciou um novo estudo com doses mais elevadas e
mais prolongado (VBL Therapeutics; Business Wire).
Por que agir sobre a IL-17 pode não ser o mesmo que
agir sobre a IL-23
Estudos mostraram que a administração de IL-23, uma
importante citoquina que induz células T indiferenciadas
a se diferenciarem em células Th-17, produz um meio
inflamatório semelhante ao observado em lesões
psoriáticas. A subunidade p40 da IL-23 também se mostrou
um alvo interessante para o tratamento da psoríase.
Segundo um editorial recente no New England Journal of
Medicine, agir sobre a IL-17, que é o produto das células
Th-17, pode ser ainda mais eficaz contra a psoríase que agir
contra a IL-23 (Waisman), pois a IL-23 parece participar
de diversos processos inflamatórios, da angiogênese à
quimiotaxia de neutrófilos à tumorigênese (Langowski,
Zhang e Wu). Portanto, os novos agentes que agem sobre
IL-17 podem reduzir os efeitos indesejados sobre processos
imunes essenciais.
Secukinumabe (AIN457), um bloqueador de IL-17
injetável
A Novartis está desenvolvendo o secukinumabe (AIN457),
um bloqueador injetável da IL-17A, para tratamento da
psoríase e de outras doenças inflamatórias como a artrite
psoriática, artrite reumatoide e uveíte. O secukinumabe é
um anticorpo monoclonal totalmente humanizado contra
a IL-17A, uma citoquina pró-inflamatória importante na
patogênese da psoríase e da artrite psoriática (Kurjeza M).
Saber mais | Cuidar melhor
A Novartis concluiu cinco estudos clínicos de fase 2
com o secukinumabe para tratamento de psoríase
moderada a grave e está realizando sete outros estudos.
Em outubro de 2011, os resultados de três estudos de
fase 2 concluídos foram anunciados no congresso anual
da Academia de Dermatologia e Venereologia. Os três
estudos clínicos mostraram que o secukinumabe foi
mais eficaz que o placebo em produzir melhora de 50%
ou 75% no escore PASI em 12 semanas (Sivamani RK;
Hueber W). A porcentagem de pacientes com melhora
de pelo menos 75% do escore PASI na semana 12 foi de
81% entre os pacientes que receberam AIN457 150 mg
subcutâneo (contra 9% com placebo), 83% para pacientes
que receberam AIN457 intravenoso no mesmo período
(contra 10% com placebo) e 55% em pacientes que
receberam AIN457 150 mg subcutâneo apenas no primeiro
mês (contra 2% com placebo). Em todos os três estudos,
a incidência de eventos adversos no grupo de tratamento
foi semelhante ao placebo nos três grupos (60% no grupo
secukinumabe e 61% no grupo placebo), e os efeitos
adversos mais comuns foram infecções e cefaleia (Novartis
International AG; Papp KA; Rich PA; Papp; Waisman).
Em outro pequeno estudo clínico, a eficácia e a segurança
do secukinumabe foram investigadas em pacientes
com distúrbios inflamatórios, inclusive envolvendo
a pele e outros órgãos. A infusão de secukinumabe
proporcionou melhora média de 63% do PASI em relação
ao início, contra apenas 9% com placebo. O secukinumabe
também melhorou os sintomas de pacientes com
artrite reumatoide e uveíte. Nenhuma infecção grave
foi observada, e as incidências de eventos adversos no
grupo AIN457 foram semelhantes às observadas no grupo
placebo (Hueber W).
A Novartis já começou estudos de fase 3 em pacientes com
psoríase em placas moderada a grave. Além disso, três
outros estudos de fase 2/3 estão sendo realizados para
investigar a eficácia e a segurança do secukinumabe no
tratamento da artrite psoriática a curto e a longo prazo.
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10(5):491-504.
Wickramasinghe, Rochana, Silvio Traversa and David
Roblin. “Topical Kinase Inhibitors for Treating Psoriasis and
Atopic Dermatitis.” 12 Jun 2012. <http://www.dddmag.com/
articles/2012/06/topical-kinase-inhibitors-treating-psoriasisand-atopic-dermatitis>.
Zane LT, Toledo-Bahena M, Hughes MH, Heerinckx FA.
“Safety and efficacy of AN-2728 ointment in a phase 2b
dose-ranging, bilateral study of mild-to-moderate plaque
psoriasis.” Pôster apresentado em: 71st Annual Conference
of the Society of Investigative Dermatology. Phoenix, AZ,
EUA: Anacor Pharmaceuticals, Inc, 2011.
Schafer P, Parton A, Gandhi AK, Capone L, Adams M, Wu L,
et al. “Apremilast, a cAMP phosphodiesterase-4 inhibitor,
demonstrates anti-inflammatory activity in vitro and in a
model of psoriasis.” Br J Pharmacol 2010; 159:842-55.
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ANOTAÇÕES
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REQUEST FOR CREDIT
Destaques científicos do 21º congresso da EADV e progresso em escalas
A criação deste material foi apoiada por uma verba educacional da Janssen Biotech, Inc.
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EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA
1.
2.
Segundo observações clínicas, a formação de
anticorpos contra medicamentos anti-TNF- tende
a atingir concentrações máximas em qual fase da
exposição ao medicamento?
a. Fase de indução
b. Primeira dose
c. Primeiro ano
d. Fase de manutenção
Quais dos agentes a seguir mostraram-se eficazes no
tratamento da psoríase pustulosa generalizada em
estudos clínicos de pequeno porte [assinale todas as
opções válidas]?
a. Adalimumabe
b. Infliximabe
c. Ustekinumabe
d. Etanercepte
3. Qual dos agentes biológicos a seguir NÃO AGE
diretamente sobre a via da IL-17?
a. Brodalumabe
b. Ixekizumabe
c. Secukinumabe
d. Tofacitinibe
4. O mecanismo de ação de qual das drogas a seguir
envolve inibição dos efeitos do fator de crescimento
neural sobre a tirosina quinase A?
a. CT-327, um tratamento tópico
b. AN-2728, um tratamento tópico
c. Apremilast, um tratamento oral
d. VBL-201, um tratamento oral
Este material recebeu apoio de uma verba educacional da Janssen Biotech, Inc.
Número do projeto: ACHS 5046
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POST-TEST
5. Qual dos tratamentos a seguir mostrou efeitos
anti-inflamatórios tanto na psoríase como na
aterosclerose?
a. AN-2728
b. Secukinumabe
c. Tofacitinibe
d. VBL-201
6. Qual a diferença entre o apremilast e o cilolimast?
a. O apremilast produz mais efeitos adversos
gastrointestinais que o cilolimast
b. O apremilast é mais seletivo para a subfamília
PDE-4D que o cilolimast
c. O apremilast é menos seletivo para a subfamília
PDE-4D que o cilolimast
d. O apremilast possui um perfil de eventos adversos
menos favorável que o cilolimast
7. Qual dos estudos a seguir não empregou o agente
imunobiológico ustekinumabe?
a. REVEAL
b. PHOENIX I
c. CADMUS
d. ACCEPT
8. O tofacitinibe (CP-690550) é uma droga oral que age
seletivamente sobre qual dos seguintes?
a. Tirosina quinase
b. Janus quinase 3
c. Fosfodiesterase 4
d. Interleucina 17
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EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA
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EVALUATION
Destaques científicos do 21º congresso da EADV e progresso em escalas
Este material recebeu apoio de uma verba educacional da Janssen Biotech, Inc.
Número do projeto: ACHS 5046
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NOTÍCIAS DO CIP
Educação e alcance
Programa encontro com especialistas
Huntington Beach, Califórnia
A 64ª Reunião Anual da Pacific Dermatological Association
foi realizada em 24 de agosto de 2012. Neste evento, o CIP
apresentou o encontro com especialistas: Discussão didática
de casos. Os Drs. Alan Menter, MD, Texas; Andrew Blauvelt,
MD, Oregon; Kevin Cooper, MD, Ohio; and Amy Paller,
MD, Illinois compareceram. Cada um deles apresentou
um caso difícil de psoríase para discussão no grupo e
convidou a plateia a participar. Os tópicos abordados foram
psoríase eritrodérmica, efeitos cardiovasculares de agentes
imunobiológicos, obesidade e psoríase e psoríase pediátrica.
O fórum interativo foi gravado e o webcast está disponível
em nosso website.
Praga, República Tcheca
Em 29 de setembro de 2012, o CIP realizou o evento
Encontro com Especialistas: Discussão Didática de
Casos no 21º Congresso Anual da Sociedade Europeia de
Dermatologia e Venereologia, realizado em Praga, na
República Tcheca. O painel de apresentadores contou com
Christopher Griffiths, MD, do Reino Unido; Hervé Bachelez,
MD, da França; Paul Carle, MD, PhD, da França; e Lluis Puig,
MD, PhD, da Espanha. Vários casos foram apresentados
a uma plateia de mais de 200 médicos, incluindo casos de
impetigo herpetiforme, anomalias em provas de função
hepática na psoríase em placas e otimização dos efeitos de
agentes sistêmicos na psoríase.
Litus, MD, PhD, da Ucrânia. Os tópicos discutidos foram
agentes biológicos e sistemas clássicos, pacientes obesos
com psoríase, psoríase pediátrica e agentes sistêmicos
em crianças. Com mais de 400 médicos na plateia, este foi
nosso programa com maior público até agora.
Buenos Aires, Argentina
Em novembro, o CIP aproveitou a oportunidade de
compartilhar o programa Encontro com Especialistas
no 1º Congresso da Solapso, realizado em Buenos Aires,
Argentina. Entre os apresentadores estavam Alan Menter,
MD, do Texas; Craig Leonardi, MD, do Missouri; Claudia de
la Cruz, MD, do Chile; e Edgardo Chouela, MD, da Argentina.
Cada um apresentou tópicos para discussão, incluindo
psoríase em pacientes obesos, psoríase e ciclite, psoríase
eritrodérmica e pneumonite intersticial associada ao
infliximabe.
Novos conselheiros nomeados
Em seu último Think Tank, o conselho diretor do CIP
nomeou sete novos conselheiros. Os conselheiros do
CIP desempenham um importante papel na organização.
Os conselheiros atual como consultores e oferecem
conhecimentos sobre pesquisa, educação e tratamento
em psoríase, visando suportar todos os programas,
eventos e iniciativas do CIP. Os conselheiros são
consultores qualificados sobre temas relacionados a
psoríase e pesquisa, participam de mesas-redondas,
enviam manuscritos para revistas científicas de primeira
linha e fazem apresentações em congressos importantes
no mundo inteiro. Os novos Conselheiros são:
Durban, África do Sul
Michel Gilliet - Suíça
No dia 24 de outubro de 2012, o CIP teve outra excelente
oportunidade de compartilhar o programa Encontro com
Especialistas: Discussão didática de casos com médicos do
mundo inteiro ao participar do 3º Congresso Continental
de Dermatologia em Durban, na África do Sul. O evento
foi apresentado por Peter van de Kerkhof, MD, PhD, o
Presidente do CIP, dos Países Baixos; Alan Menter, MD,
do Texas; Gail Todd, MD, da África do Sul; e Aleksandr
Diamant Thaçi - Alemanha
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Robert Bissonnette - Canadá
Robert Strohal - Áustria
Menno Alexander de Rie - Países Baixos
Peter Foley - Austrália
Vermén Verallo-Rowell - Filipinas
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NOTÍCIAS DO CIP
Pesquisa
O CIP publicou recentemente os seguintes artigos:
Association of Pediatric Psoriasis Severity With Excess
and Central Adiposity: An International Cross-Sectional
Study. Paller AS, Mercy K, Kwasny MJ, Choon SE, Cordoro
KM, Girolomoni G, Menter A, Tom WL, Mahoney AM,
Oostveen AM, Seyger MM. Arch Dermatol. 2012 Nov 19:1-11.
doi: 10.1001/jamadermatol.2013.1078. [Epub ahead of print]
Resumo
OBJETIVO Investigar a relação entre adiposidade central e
excessiva com a gravidade da psoríase pediátrica. PROJETO,
LOCAL E PARTICIPANTES Estudo transversal multicêntrico
em 409 crianças com psoríase. A psoríase foi classificada
em leve (pior escore no Physician’s Global Assessment ≤3
e envolvendo ≤10% da área corporal) ou grave (pior escore
no Physician’s Global Assessment ≥3 e envolvendo ≥10% da
área corporal). Foram inscritas crianças de nove países entre
19 de junho de 2009 e 2 de dezembro de 2011. PRINCIPAIS
MEDIDAS DO RESULTADO Excesso de adiposidade (percentil
do índice de massa corporal) e adiposidade central (percentil
da circunferência do quadril e da relação cintura/altura).
RESULTADOS O excesso de adiposidade (índice de massa
corporal ≥85º percentil) ocorreu em 37,9% das crianças com
psoríase (n = 155), contra 20,5% dos controles (n = 42), mas
não se observou relação com a gravidade da doença. A razão
de chances (IC 95%) de obesidade (índice de massa corporal
≥95º percentil) de crianças com psoríase e em controles é de
4,29 (1,96-9,39). O valor foi maior em psoríase grave (4,92;
2,20-10,99) que em formas leves da doença (3,60; 1,56-8,30),
principalmente nos Estados Unidos (7,60; 2,47-23,34 e 4,72;
1,43-15,56, respectivamente). A circunferência do quadril
estava acima do 90º percentil em 9,3% dos controles (n = 19),
14,0% dos casos de psoríase leve (27%) e psoríase grave (n = 43)
e talvez no mundo inteiro. A incidência foi mais elevada
nos Estados Unidos (12,0% [n = 13], 20,8% [16] e 31,1% [32],
respectivamente). Em crianças, a relação cintura/peso foi
significativamente em pacientes com psoríase (0,48) que
em controles (0,46). A gravidade da doença não causou
34 Saber mais | Cuidar melhor
nenhum efeito. Crianças com história de psoríase e formas
leves no lugar da inscrição não apresentaram diferenças
significativas no excesso de adiposidade ou na adiposidade
central em relação a crianças que continuaram apresentando
psoríase grave. CONCLUSÕES Em resumo, as crianças com
psoríase apresentam excesso de adiposidade e aumento da
adiposidade central, independentemente da gravidade da
psoríase. O aumento dos riscos metabólicos associados ao
excesso de adiposidade e à adiposidade central requerem
monitoramento precoce e modificação do estilo de vida.
REGISTRO DO ESTUDO Identificador clinicaltrials.gov:
NCT00879944.
Long term management of scalp psoriasis: perspectives
from the international psoriasis council. Knud Kragballe,
Alan Menter, Mark Lebwohl, Paul W. Tebbey, Peter C.
M. van de Kerkhof & International Psoriasis Council. J
Dermatolog Treat. 2012 Jun 5. [Epub ahead of print]
Resumo
O escalpo é um local frequentemente acometido pela
psoríase. Os dados epidemiológicos sobre as várias
manifestações de psoríase no escalpo e o tratamento dessa
complicação ainda são poucos. Compreender a evolução
natural da psoríase no escalpo é importante para o tratamento
dessa complicação. Em mais de 25% dos pacientes, a psoríase
no escalpo é o primeiro sinal dessa complicação. Entretanto,
poucos dos tratamentos utilizados para a psoríase no escalpo
tiveram sua eficácia avaliada em estudos clínicos bem
projetados e bem controlados. A falta de dados comparativos
dificulta a interpretação dos resultados de estudos sobre a
psoríase do escalpo. Ainda são poucos os estudos de longo
prazo sobre a eficácia e a segurança dos tratamentos para
doença do escalpo, e os estudos clínicos geralmente não
avaliam os efeitos sobre a qualidade de vida ou mecanismos
para promover a adesão ao tratamento, dificultando o
tratamento do paciente a longo prazo. Portanto, esta
publicação analisará os dados disponíveis e fatores associados
que devem ser considerados no desenvolvimento de um
paradigma de tratamento para orientar a conduta a longo
prazo em pacientes com psoríase no escalpo.
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NOTÍCIAS DO CIP
Projeto de genética
Mecanismos da doença
O CIP iniciou um projeto para esclarecer a arquitetura
genética da psoríase, o que poderá ajudar adesenvolver
tratamentos direcionados, identificar marcadores da
progressão da doença e da resposta a medicamentos. Com
isso, será possível ajudar muitos pacientes que sofrem da
doença. O projeto surgiu em uma oficina e publicação na
edição de junho do British Journal of Dermatology, que
destacou o esforço do CIP em promover a colaboração
entre geneticistas líderes do ramo e dermatologistas
a fim de promover um entendimento melhor da base
genética da psoríase. “The quest for psoriasis susceptibility
genes in the postgenome-wide association studies era:
charting the road ahead.” Dra. Francesca Capon, Division
of Genetics and Molecular Medicine, King’s College,
London, UK and Professor Jonathan Barker of St. Johns
Institute of Dermatology, King’s College, London, UK (Br J
Dermatol, 2012 Jun;166(6):1173-5). Este resumo descreveu
o notável progresso obtido com a implementação de
estudos de associação no genoma inteiro, que destacaram
as principais vias patogênicas relacionadas à psoríase.
O CIP agora pretende usar esses conhecimentos para
implementar um estudo conjunto, com componentes
científicos, laboratoriais e clínicos, para definir melhor a
arquitetura genética da psoríase. Participaram do estudo
pesquisadores de laboratórios de pesquisa em genética dos
Professores Gonçalo Abecais (Universidade de Michigan,
USA); Richard Trembath (King’s College, London, Reino
Unido); J.T. Elder (Universidade de Michigan, USA); Andre
Reis (Universidade de Erlangen-Nuremburg, Alemanha);
Andre Franke (Universidade Christian-Albrechts, Kiel,
Alemanha); e Anne Bowcock (Universidade de Washington,
St Louis, EUA). Esta parceria deverá criar as bases para
abordagens inovadoras e novas estratégias de tratamento,
além de definir como cada paciente responderá ao
tratamento, criando uma ponte entre o genótipo e o
fenótipo da doença.
Em setembro de 2012, o CIP promoveu uma oficina
de mecanismos da doença na 42ª Reunião Anual da
ESDR, realizada em Veneza, Itália. O objetivo foi reunir
dermatologistas e imunologistas conceituados para
avaliar a situação atual da ciência por trás dos mecanismos
subjacentes ao estado inflamatório da psoríase. Ao
definir novas perspectivas e reavaliar os conhecimentos
disponíveis atualmente, espera-se identificar novas linhas
de pesquisa, que levarão a novos agentes terapêuticos.
O objetivo de cada uma das apresentações é promover a
discussão entre os especialistas participantes. Moderada
por Hervé Bachelez (Paris, França) e Frank Nestle (Londres,
Reino Unido), a agenda inclui temas como a contribuição da
família IL-1 para a inflamação na psoríase (Hervé Bachelez),
o eixo IL-23/Th-17 na psoríase (Frank Nestle), métodos
de análise do transcriptoma para estudo da psoríase
(Michele Lowes, Nova York, EUA) e vias de sinalização que
participam da desregulação da homeostase epidérmica e
sua interação com o sistema imune na psoríase (Antonio
Costanzo, Roma, Itália). Um resumo está sendo elaborado
e será publicado.
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AGRADECIMENTOS E PATROCINADORES
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O Conselho Internacional de Psoríase é uma organização global
dirigida por dermatologistas e dedicada a inovação em todos os
aspectos da psoríase através da educação, pesquisa e tratamento.
Nossa visão é promover o conhecimento científico e levar o melhor
tratamento a todos os pacientes com psoríase .
REVISÃO DE PSORÍASE DO CIP
AGRADECIMENTOS
Coeditores
Professora Marieke Seyger,
Nijmegen, the Netherlands
Professor Brian Kirby, Dublin, Ireland
O CIP gostaria de agradecer os coeditores Professora Marieke Seyger de
Nijmegen (Países Baixos) e o Professor Brian Kirby (Dublin, Irlanda) por suas
contribuições para o número de dezembro de 2012 da Revisão de Psoríase do CIP.
Autores
Paul Tebbey, PhD, MBA
Firas Al-Niaimi, MSc, MRCP
Iviensan F. Manalo
Benjamin K. Stoff, MD
Caitriona Ryan, MB, BAO, BCh
DECLARAÇÕES DOS EDITORES
MEMBROS CORPORATIVOS
EM 2012
Chairman’s Council
Abbott
Trustee’s Council
Amgen
Celgene Corporation
Eli Lilly and Company
Galderma
President’s Council
Novartis
Pfizer
Stiefel, a GSK company
Os membros corporativos oferecem
verba sem impor condições para apoio
à missão do CIP.
Conselho Internacional de Psoríase
1034 S. Brentwood Blvd., Suite 600
St. Louis, MO 63117
Tel 972.8 61.0503
Fax 214.242.3391
www.psoriasiscouncil.org
Marieke Seyger, MD, PhD
A Professora Marieke Seyger recebeu verbas e apoio à pesquisa da Pfizer e
da Leo Pharma e participou de conselhos consultivos como consultora ou
palestrante para a Pfizer.
Brian Kirby, MD
O Professor Kirby recebeu bolsas e verbas de pesquisa da Abbott Ltd, Pfizer e
Janssen; atuou como consultor ou palestrante para a Pfizer, Abbott e Janssen
e como membro de conselhos para a Pfizer e Janssen; e recebeu honorários da
Abbott, Pfizer e Janssen.
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Documentos relacionados