Instrução Pratica para Cultura da Mandioca
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Instrução Pratica para Cultura da Mandioca
Modulo 1 Abril, 2010 INSTRUÇÕES PRÁTICAS PARA A CULTURA DA MANDIOCA Antonio Carlos Souza, José R. Ferreira Filho e Jaeveson da Silva APRESENTAÇÃO Esta cartilha foi elaborada com a finalidade de orientar os agricultores da Região de Presidente Tancredo Neves (PTN), quanto ao emprego de algumas práticas recomendadas para o cultivo da mandioca. Aipim Manteiga e Aipim Peixe ambos variedades para mesa Espera-se com a adoção dos conhecimentos, o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos, diversificação de uso, conseqüentemente, aumento da renda familiar e melhoria das condições de vida dos agricultores. Importância A mandioca é cultivada em praticamente todas os Regiões do Brasil. Ela é o pão do Nordeste. É o alimento básico da humanidade e dos animais. A goma ou fécula é usada para fazer beijus, biscoitos, pães, cuscuz, bolos, mingaus. É matéria prima para fabricar remédios, colas, cosméticos e papel e de tecidos, entre vários outros usos. Beiju de Tapioca com queijo Tapioca Escolha e Preparo do Solo Dê preferência aos terrenos profundos, com pelo menos 1,0 m de profundidade, e pouco inclinados. As terras arenosas e “mistas” são mais apropriadas, facilitam a drenagem da água, o engrossamento das raízes e a colheita. Evite plantar nas seguintes condições: •Ladeira ou morro abaixo; •Em terreno com muito barro (argiloso); •Em área sujeita a enxarcamento; •Terras fracas por natureza ou esgotadas por outras culturas; •Em áreas com três cultivos seguidos usando mandioca; “Evite fazer queimadas pois empobrece o solo” Adubação Antes de plantar faça análise da terra. Se for necessário aplicar calcário, utilize 1 t/ha, no mínimo 30 dias antes do plantio Os solos de Presidente Tancredo Neves requer uma adubação média de 300 kg de superfosfato simples por ha. Após 30 e 45 dias de brotação das plantas, faz-se uma adubação de cobertura, utilizando 50 kg de uréia e 50 kg de cloreto de potássio por ha. Adubação de plantio Adubação de cobertura Poda e Conservação Evite fazer poda. Ela só deve ser feita em casos especiais como danos severos de pragas e doenças, necessidade de material para plantio e alimentação de animais. Neste caso, a colheita só deve acontecer a partir de quatro meses depois da poda. Evite armazenar material para o próximo plantio. Poda da mandioca Conservação de hastes Seleção de Material Use manivas maduras (10 a 14 meses de idade). Elimine as extremidades (pé e ponta) da planta. A parte do meio brota melhor e produz mais. Ponta da planta Meio da planta Pé da planta Antes de cortar em pedaços de 15 a 20 cm de comprimento, verifique se o material está sadio, isto é, sem sinais de pragas ou doenças. Veja se as raízes não estão podres. Plante o mais rápido possível. As manivas armazenadas devem estar com boa umidade. Dê algumas picadas de leve com o facão e, observe se o leite “látex” sai rápido e se o miolo “medula” está úmido. Espaçamento Não plante de qualquer maneira. Plante em linhas (em rua) e coloque as manivas na cova, com a gema ou o olho sempre no mesmo sentido. As terras mais férteis e as variedades mais esgalhadas exigem maior espaço. Mandioca plantada em linhas Época de plantio e variedades Na Região de Presidente Tancredo Neves, onde o índice pluviométrico fica em torno de 1.800 a 2.000 mm por ano, planta-se mandioca em quase todos os meses. As Variedades mais plantadas na região são: Mané Roque, Mané Miúdo, Aipim prato cheio, Peru, Gravetinho, Vassoura preta, entre outras. . Variedades promissoras para Industria (IAC 90, Bonita, etc. ) A Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical em parceria com a Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN) tem introduzido genótipos promissores com características excelente para a indústria de farinha. Entre essas variedades estão: Vermelhinha, kiriris, Aramaris, Paraguai, Flor do Brasil, Bonita e Aipim Brasil e Valença. Controle do Mato O mato em Pres. Tancredo Neves, pela abundância de chuvas compete muito com a cultura da mandioca, que se não capinado ou manejado reduz a produção de raízes. O controle geralmente é feito de forma manual, utilizando enxada, em que é necessário a utilização de muitos trabalhadores. Outras formas de controlar o mato é utilizando coberturas vegetais, com culturas comerciais em consórcio, como milho e feijão, ou adubos verdes, como o feijão de porco. Palha de capim Vetiver pode também ser espalhado nas entrelinhas da cultura da mandioca, logo após a primeira capina. No CDTM, com a aplicação desse capim, foi preciso apenas uma capina na mandioca. Feijão como cobertura vegetal Capim vetiver como cobertura morta Doenças Em algumas localidades da Região de Presidente Tancredo Neves há chances de ocorrência de antracnose. O controle químico não é economicamente vantajoso. Aconselha-se eliminar os restos culturais, queimar o material afetado e fazer rotação de cultura. No caso da “podridão radicular”, deve-se plantar variedades resistentes a doenças, tais como Aramaris , Kiriris e Amansa Burro, encontras no Campo Demonstrativo de Tecnologia da Mandioca (CDTM), na Fazenda Novo Horizonte, da CFR/PTN. Planta infectada pela Antracnose Raiz de mandioca com sintoma de Podridão radicular Pragas O ataque de pragas na cultura da mandioca, como por exemplo o “mandarová”, pode prejudicá-la. Essa praga consumo rapidamente as folhas. O controle mais eficiente é utilizando agente biológico, o Baculovírus, que matam as lagartas, e aplicando-o quando se encontra de cinco a sete lagartas pequenas por planta. No controle com inseticidas deve-se antes consultar o técnico. Formigas cortadeiras também desfolham plantas de mandioca, reduzindo o rendimento de raízes. O uso de iscas granuladas, tais como Mirex-S, é o mais indicado, próximo ao formigueiro. Em épocas de chuva utilizar formicida em pó, aplicando com bomba de foliar. Brocas perfuram hastes e raízes de mandioca. Rotação de cultura é o método mais eficaz no controle desta praga. Lagarta de Mandarová adulta Broca na raiz de mandioca Cultivo da Mandioca em Associação com outras Culturas De uma maneira geral pode-se caracterizar a consorciação em dois tipos: consorciação com culturas de ciclo anual (amendoim, feijão e milho) e consorciação com culturas semiperenes (banana da terra, maracujá, abacaxi, etc.) Mandioca x feijão Esse é o tipo de consórcio mais usado pelos agricultores. A escolha do tipo de feijão varia com o local e região. No município de PTN a variedade mais utilizada é o carioquinha e o caupi “feijão de corda”. No CDTM o espaçamento utilizado é de 2,0 x 0,80 x 0,80 m para o plantio em fileiras duplas e quatro fileira de feijão. Consorciação de mandioca x feijão Em uma área de 1 ha temos uma população de 9.000 mil plantas de mandioca e 100.000 plantas de feijão, quando plantados no espaçamento 2,0 x 0,80 x 0,80m e 0,50 x 0,20m respectivamente. Na região de PTN realizamos primeiro o plantio de mandioca, após 20 a 30 dias é que fazemos o plantio das outras culturas. Mandioca x Milho O consorcio mandioca x milho é bastante utilizado. O plantio do milho é feito entre as linhas de mandioca, mantendo-se de uma a duas fileiras de milho entre duas de mandioca. O espaçamento utilizado no CDTM é 2,0 x 0,80 x 0,80 m . Em uma área de 1,0 ha temos uma população de 9.000 mil plantas de mandioca e 20.000 mil plantas de milho (espaçamento 0,60 x 0,40m) Consorciação de mandioca x milho Mandioca x Banana “da Terra” O consorcio mandioca x banana da terra é promissor em Pres. Tancredo Neves, principalmente na implantação do bananal, em que o custo de instalação é pago com o cultivo da mandioca nas entrelinhas de bananeiras. A mandioca é colhida com 12 meses após o plantio, e as bananas colhidas sempre que atingem a maturação adequada O espaçamento utilizado no CDTM foi, para banana da terra, variedade Maranhão, 4,0 x 3,0 x 2,0 m ou 4,0 x 3,0 x 3,0 m. No espaço maior, de 4,0 m, planta-se mandioca, com duas a três fileiras, com espaçamento de 1,0 x 0,80 m. Consorciação de mandioca x banana Anexo I - Insumos, mão de obra, sementes e hora trator utilizados para plantio de mandioca solteira, em 1,0 ha. ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE I. INSUMOS m3 kg kg kg kg Maniva - semente Cloreto de potássio Superfosfato simples Uréia Formicida 5 50 300 50 2 II. PREPARO DE SOLO Roçagem Aração Gradagem (2) Sucamento Coveamento h/t h/t h/t h/t d/h 3,5 6 3 2,5 7 III. PLANTIO Transporte de manivas Sel. e prep. de manivas Plantio em covas Adubação cobertura d/h d/h d/h d/h 2 1,5 5 2 IV. TRATOS CULTURAIS Capinas manuais (04) Aplicação de formicida d/h d/h 48 2 V. COLHEITA Colheita d/h 20 Quando utilizamos o espaçamento 1,0 m x 1,0 m, que é igual a 10 mil covas/ha, colocamos 30 g de superfosfato simples por cova. Na adubação de cobertura colocamos 10 g da mistura de cloreto de potássio (5 g) e uréia (5 g ), por planta Anexo II - Insumos, mão de obra, sementes e hora trator utilizados para um plantio de mandioca consorciada com milho, em 1,0 ha . ESPECIFICAÇÃO UNIDADE I. INSUMOS QUANTIDADE Maniva - semente Semente de milho Cloreto de potássio Superfosfato simples Adubo A para milho m3 kg kg kg Kg 5 15 50 300 200 Uréia Formicida kg kg 50 3 II. PREPARO DE SOLO Roçagem Aração Gradagem (2) Sucamento Coveamento h/t h/t h/t h/t d/h 3,5 6 3 2,5 7 III. PLANTIO Transporte de manivas Sel. e prep. de manivas Plantio em covas Plantio de milho Adubação cobertura d/h d/h d/h d/h d/h 2 1,5 5 6 2 IV. TRATOS CULTURAIS Capinas manual mandioca (04) Capina manual do milho (04) Aplicação de formicida (milho) Aplic.de formicida (mandioca) Adubação de cobertura d/h d/h d/h d/h d/h 48 24 3 2 4 V. COLHEITA Colheita (mandioca) Colheita(milho) d/h d/h 20 4 Anexo III - Insumos, mão de obra, sementes e hora trator utilizados para um plantio de 1 ha de mandioca consorciada com feijão. ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE I. INSUMOS m3 kg kg kg kg kg kg Maniva - semente Semente de feijão Cloreto de potássio Super simples Adubo A para feijão Uréia Formicida 5 15 50 333 200 50 3 II. PREPARO DE SOLO Roçagem Aração Gradagem (2) Sucamento Coveamento h/t h/t h/t h/t d/h 3,5 6 3 2,5 7 III. PLANTIO Transporte de manivas Sel. e prep. de manivas Plantio em covas Plantio de feijão Adubação cobertura d/h d/h d/h d/h d/h 2 1,5 5 6 2 IV. TRATOS CULTURAIS Capinas manual mandioca (04) Capina manual do feijão (02) Aplicação de formicida (feijão) Aplic.de formicida (mandioca) Adubação de cobertura d/h d/h d/h d/h d/h 48 16 3 2 4 V. COLHEITA Colheita (mandioca) Colheita(feijão) d/h d/h 20 6 Pudim de Mandioca Ingredientes: 500 gramas de massa de mandioca (descascada e ralada ou processada) 5 ovos, levemente batidos 50 gramas de manteiga ou margarina derretida 2 xícaras (chá) de açúcar 200 gramas de coco ralado fresco 1 vidro pequeno de leite de coco 3 colheres (sopa) de polvilho doce Modo de fazer: Bata os ovos e reserve. Numa tigela funda, coloque os ovos e junte o leite de coco e o polvilho. Acrescente o coco ralado, depois o açúcar. Junte a mandioca previamente ralada e a margarina derretida. Mexa muito bem com colher de pau, incorporando todos os ingredientes. Unte uma fôrma e enfarinhe. Despeje a mistura dessa massa e leve para assar em forno médio (220º C) até ficar levemente dourada. Deixe esfriar e corte em pedaços. Passe os pedaços no açúcar e canela. REFERÊNCIAS EMBRAPA, Sistemas de Produção para os Lençoes Maranhense – outubro, 2008. EMBRAPA, Circular Técnica Nº 37, Cultivo da mandioca, – dezembro, 2000. EMBRAPA, Circular Técnica Nº 36, Cultivo da mandioca em Associação com outras culturas – dezembro, 1999. AGRADECIMENTOS A todos os Técnicos, colaboradores e a equipe do Campo Produtivo e Demonstrativo da Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo(CFR-PTN), em especial a Isabelly Assunção (CFR-PTN), pela contribuição na confecção desta cartilha. Esta cartilha foi produzida por Antonio Carlos de Souza Técnico em Agropecuária (Responsável pelo Campo Demonstrativo de Tecnologia do Cultivo da Mandioca/ Campo Produtivo da CFR-PTN), com a colaboração de Jaeveson Silva e José Raimundo Ferreira Filho, pesquisadores da Embrapa.
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