sONic blAsT

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sONic blAsT
1971 - 2014
QUINZENÁRIO | 18 DE ABRIL DE 2014 | Nº 1563 | ANO XLIII | DIRECTORA: ELSA GUERREIRO CEPA | WWW.JORNALC.PT | PREÇO ANUAL: 30€
1€
FerNANdO
TOrdO e UxíA
dOis mOmeNTOs AlTOs
dAs cOmemOrAções dOs
40 ANOs dO 25 de Abril
em cAmiNhA PÁG. 2/3
mAiOr mesA de PáscOA
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JORNAL
40ANOSABRIL
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Fernando
Tordo e Uxía
dois momentos altos das
comemorações dos 40 anos
do 25 de Abril em Caminha
CAMINHA
No próximo dia
25 de Abril Portugal
comemora os 40
anos daquela que
ficou conhecida para
a história como a
revolução dos cravos.
O dia em que
Portugal conquistou
a liberdade, o dia em
que Portugal voou,
deixando para trás
um país pequenino,
cinzento, onde dizer
o que se pensava
era apanágio de
alguns, muito poucos,
onde a liberdade de
expressão não existia,
onde tudo
era proibido.
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Portugal vai no próximo dia
25 recordar este dia histórico
através de inúmeros eventos
que se vão replicar um pouco
por todo o país. A data merece
ser assinalada e revivida por
todos, ou não fosse este, segundo os portugueses, o momento mais relevante da história recente do país.
Por isso mesmo a câmara de
Caminha tem preparado um programa comemorativo que engloba múltiplas atividades que
vão desde a música ao teatro,
passando pelas exposições e
momentos mais protocolares.
Segundo o presidente da Câmara, o socialista Miguel Alves, o objetivo é que a data seja
assinalada com toda a dignidade e com a importância que
o momento merece.
“É importante que o município de Caminha possa assinalar os 40 anos da Revolução
de Abril do modo que ela merece. Nós não estamos a falar
de uma revolução que ficou lá
atrás, há 40 anos. Estamos a
falar de uma revolução que temos que fazer todos os dias, na
medida em que todos os dias
nós temos que lutar pela nossa
liberdade. Liberdade de fazermos escolhas, de lutarmos por
aquilo em que acreditamos, de
podermos afirmar uma opinião
e de podermos escolher o nosso caminho”, sublinha.
Música,
exposições
e teatro
marcam
programação
Para Miguel Alves este “é um
combate diário”, só possível
graças ao que aconteceu há 40
anos atrás, “quando um punhado de capitães imbuídos de um
espírito, representativo de todo
o país, quiseram fazer uma revolução que ficou conhecida como
a revolução dos cravos. Foi essencialmente uma revolução de
mentalidades”, considera.
Assim, e para assinalar os 40
anos da revolução de Abril, a
Câmara preparou um programa
“exaustivo” que arranca no dia
21 de Abril com a apresentação do livro “Lembro-me” de
João Pedro Mésseder,
A apresentação está marcada para as 21.30 na Biblioteca
Municipal e insere-se também
na iniciativa “Abril… Livros
1000”.
João Pedro Mésseder é o pseudónimo literário de José António Gomes. O escritor nasceu
no Porto em 1957 e do seu currículo constam vários livros.
“Em ‘Lembro-me’ “o autor
remete-nos para um exercício
de memória. A memória de alguém que, em 25 de Abril de
1974, tinha acabado de fazer
18 anos. Dirige-se, desta forma, a um público já nascido e
crescido num país onde as liberdades democráticas são uma
realidade - cada vez mais ameaçadas, é certo, apesar de duramente conquistadas pela luta
do povo ao longo de quarenta
e oito anos de ditadura salazarista e machista”.
As comemorações dos 40 anos
de Abril prosseguem no dia 22
de Abril, com a inauguração na
Galeria de Arte Caminhense, de
uma exposição sobre Imagens
de Abril em Caminha.
Trata-se de uma exposição organizada pela Câmara de Caminha e que reúne algumas dezenas de fotografias, propriedade
de alguns caminhense que, 40
anos depois da revolução, se
disponibilizaram para as mostrar ao público.
“Através desta exposição fotográfica vamos poder perceber o que aconteceu no concelho por aqueles dias, como as
ruas estavam tomadas, como
as pessoas reagiram, como se
vestiram, enfim um passar de
olhos pela forma como os caminhenses viveram a revolução”, explica Miguel Alves.
Mas será a partir de 24 de
Abril que as comemorações assumem uma maior dinâmica,
com a realização de um concerto intitulado “Cantar Liberdade”. Os alunos das escolas
do Agrupamento vão juntarse no auditório da EB2,3/S de
Caminha, durante a manhã, e
interpretar músicas de Abril.
“Estamos a falar de um concerto muito interessante que
vai juntar os alunos dos dois
vales”.
Neste mesmo dia (24 de Abril)
às 18 horas terá lugar a inauguração da exposição 40 artistas, 40 obras, 40 anos de Abril.
“Uma exposição que pretende ser uma grande manifestação de liberdade de expressão”.
A Câmara convidou 40 artistas e lançou-lhes o desafio:
Apresentarem uma obra que
representasse a sua visão pessoal daquilo que foi e representou para Portugal, a Revolução de Abril.
Orfeão canta
canções de
Abril
À noite haverá música no Auditório do Centro Cultural de
Vila Praia de Âncora a cargo
do Orfeão que irá interpretar
músicas de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Fernando Lopes Graça.
Este é, segundo Miguel Alves, “o primeiro grande momento de participação massiva que irá acontecer pela
mão de uma grande instituição como é o Orfeão de Vila
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Praia de Âncora”.
Zeca Afonso
Assembleia
Municipal
reúne em
seSSão solene
O programa do dia 25 termina com um “grande momento
musical” que terá lugar na Praça Calouste Gulbenkian. Trata-se de um concerto a cargo
da cantora galega Uxía, uma
referência forte na Península Ibérica.
“Não estamos a falar apenas
de um grande momento musical mas também de um grande
momento de exortação da liberdade. A Uxía é uma grande cantora galega, conhecida
por ter atuado com grandes artistas internacionais e vai trazer a Caminha um espetáculo
único, magnifíco, intitulado
“Abril Sempre”.
Num espetáculo que se pretende “memorável e inesquecível”, Uxía vai cantar com
Carlos Blanco músicas de
Zeca Afonso e outras do seu
reportório.
No dia 25 de Abril terão lugar
as sessões solenes em Caminha
e Vila Praia de Âncora, com o
hastear da bandeira nacional.
Será às 9.30 em Vila Praia de
Âncora, com largada de pombos e às 10.30 em Caminha.
A partir das 11 horas realiza-se uma sessão solene da
Assembleia Municipal onde
será dada a palavra a todos os
partidos, independentemente
de terem ou não representação na Assembleia Municipal.
“Queremos que todos deem
a sua opinião, mesmo que ela
possa ser menos simpática para
com aqueles que estão no poder ou para os restantes partidos. A Comissão organizadora da cerimónia, presidida
pelo presidente da Assembleia
Municipal, convidou também
o Bloco de Esquerda a estar
presente e a intervir”.
Para Miguel Alves “isto também é democracia, podermos
ouvir diferentes pontos de vista
ainda que não concordemos”,
sublinhou.
“Queremos desta forma acabar com um modo unilateral
de fazer as coisas, com um
único discurso, um pensamento único ou mensagem única.
Queremos que todos, 40 anos
depois, deem a sua opinião”,
acrescentou.
Terminada a sessão solene
será inaugurada a exposição
“Jornais de Abril”, uma mostra que conta com a colaboração do Museu Nacional de
Imprensa que, desta forma, se
associa às comemorações dos
40 anos do 25 de Abril em Caminha. “Uma exposição que
mostra as primeiras capas dos
jornais, o sentimento que se
viveu na altura, o olhar dos
jornalistas naqueles momentos quentes”.
As comemorações continuam
durante a tarde com um atelier
que vai ser instalado na Praça
Conselheiro Silva Torres onde
os visitantes terão oportunidade de dar asas à sua criatividade através da pintura.
Às 17 horas, no Teatro Valadares, será exibido o documentário “Memórias do 25 de
Abril, Portugal 1974 – 1975”,
com comentário de Paulo Torres Bento e Joaquim Diabinho.
Uxía canta
tro Valadares, com a exibição
do filme “A Sombra dos Abutres” de Leonel Vieira.
Trata-se de uma evocação
ao Portugal dos anos 60, em
tempo de repressão política.
“Em 1962 em Trás os Mon-
tes, uma greve de mineiros começa por ser reprimida pela
Guarda Nacional Republicana. Mais tarde a PIDE inicia
investigações com o objetivo de deter o mais destacado
elemento do movimento gre-
vista, Daniel, um mineiro que
apenas tentava lutar pela melhoria das vergonhosas condições de trabalho, mas que
a polícia política de Salazar
julga estar a ser manipulado
e instrumentalizado por for-
ças políticas contrárias ao regime. Daniel tenta, na companhia de um cunhado, fugir
para França mas o cerco de
uma implacável perseguição
vai-se apertando de forma brutal, sob a férrea direção ...”.
Tordo no
Valadares
Mas as comemorações dos 40
anos da revolução não se esgotam no dia 25, estemdemse pelo fim de semana, dias
26 e 27.
“No sábado à noite teremos
mais um momento alto com a
atuação do músico português
Fernando Tordo, que virá a
Caminha num registo mais intimista. O concerto, que será
pago, vai acontecer no Teatro
Valadares no sábado à noite”.
Fernando Tordo é considerado uma figura tutelar da música portuguesa pela extensão
e originalidade da sua obra.
No Valadares, Teatro Municipal, o músico, compositor
e intérprete Fernando Tordo
vai entoar clássicos de Abril.
Os bilhetes custam 10 euros
e já se encontram à venda na
Câmara Municipal de Caminha e nos Postos de Turismo
de Caminha e de Vila Praia
de Âncora.
As comemorações do 25 de
Abril continuam no domingo
(27 de Abril)) com um espetáculo de teatro e dança “Vejam
Bem, Na Sala Há 5 Meninas”
a cargo do Grupo de Teatro
“O Fantocheiro”. O espetáculo terá lugar no Teatro Valadares a partir das 16 horas.
Cinema
encerra
comemorações
O encerramento das comemorações será no dia 30 de
Abril, uma vez mais no Tea-
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25 Abril, bAlANçO
40 aos depois da revolução de Abril, o Jornal C falou com algumas pessoas que, em Caminha, assistiram e viveram de perto o momento de vir
memória. Caminha viveu intensamente e com enforia os acontecimentos do dia e dos dias seguintes. Passadas 4 décadas e apesar de alguns er
algumas das conquistas de Abril e, por isso mesmo, mais do que nunca, continua a fazer sentido recordar a data. É que, mais uma vez, todos sã
mANUel mArqUes (Psd)
“PODER LOCAL, UMA DAS MAIORES
CONQUISTAS DE ABRIL”
Ligado ao poder local nas últimas
décadas, durante as quais exerceu diversos cargos, quer de vereador quer
de presidente de Junta de Freguesia,
é com facilidade que Manuel Marques recua no tempo e recorda como
era o concelho de Caminha há 40
anos atrás.
Jovem, saído do Seminário e da Faculdades de Letras do Porto, foi precisamente há 40 anos que iniciou a
sua atividade no concelho.
“Ainda Jovem mandei fazer uma
casa em Vila Praia de Âncora onde
ainda hoje vivo e portanto a minha
vida em Caminha tem tantos anos
quantos a revolução de Abril”.
Manuel Marques recorda que na altura “os problemas eram muitos e
eram grandes” e o poder local era praticamente inexistente. “As Câmaras
eram um meros apêndices e pouco
ou nada podiam fazer pelas pessoas
porque o poder estava todo centralizado em Lisboa”.
O poder local foi portanto uma das
grandes conquistas do 25 de Abril, e
Manuel Marques não hesita em considera-lo mesmo “o grande pilar da
democracia”.
“Se recuarmos 40 anos no tempo,
rapidamente percebemos que as juntas de freguesia e as câmaras praticamente não existiam e se existiam
estavam esvaziadas de poder. Tudo
estava centralizado em Lisboa e a
maioria das pessoas nem se apercebia
que podia e devia ter um papel mais
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ativo no desenvolvimento do país”.
Democratizar, desenvolver e descolonizar foram, segundo o autarca, os
“princípios chave” que marcaram a
revolução de 25 de Abril.
Uma guerra colonial que durava há
demasiado tempo e que roubou a vida
a tantos jovens portugueses, foi a gota
de água que fez transbordar um copo
que há muito estava cheio.
“A falta de liberdade e democracia, aliada a uma guerra que já durava há demasiado tempo, levaram
a que os militares, que sentiam na
pele os efeitos da guerra, avançassem para a revolução. Nós sabemos
que quando Salazar mandou, em força, os portugueses salvarem as colónias, não foi ele nem os ministros
dele que foram para lá, foram os jovens portugueses. Quando começaram a ter que lutar contra outros seres
humanos as coisas complicaram-se.
Matar não é uma coisa muito agradável e aliado a este sentimento temos
ainda as dificuldades vividas e a ausência da pátria e da família. Ainda
me lembro das pessoas viverem agarradas ao rádio para escutarem mensagens e notícias de África, não foram tempos fáceis”.
Mas as dificuldades não se faziam
sentir apenas pelo lado humano, económica e politicamente, Portugal era
um país “orgulhosamente só” numa
Europa que olhava de lado para um
país onde tudo faltava, principalmente a liberdade.
“As portas estavam fechadas não só
de Portugal para fora, mas também de
fora para Portugal. O desenvolvimento não acontecia porque estávamos
de costas voltadas para o mundo”.
E como está Portugal ao fim de 40
anos? Houve desenvolvimento? Houve crescimento? Há democracia? Há
liberdade?
Manuel Marques diz que nem se
compara. “Mudou muito este país e
só quem não viveu esse período é
que pode dizer o contrário”.
Apesar das conquistas, e foram muitas, o autarca diz que não podemos
adormecer e pensar que tudo está
conquistado.
“É por isso que eu digo que faz todo
o sentido dizer 25 de Abril sempre,
na medida em que os ideais de Abril
têm que continuar presentes em todos nós. Estamos melhor é um facto, mas este é um processo que se
renova”, adianta Manuel Marques.
“Como está Portugal e o concelho
40 anos depois de Abril? Eu diria que
tanto o país como o próprio concelho, viraram ao contrário. Ganhámos
muito, quer ao nível social, quer da
saúde, quer da educação. O desenvolvimento que nós temos hoje, apesar das muitas carências que ainda
se fazem sentir, não tem nada a ver.
Não estamos bem, mas estamos muito melhor. A verdade é que os ideias
de Abril ainda não se cumpriram na
totalidade e por isso esta é uma luta
diária. Não podemos desanimar”.
AlberTO mAgAlhães (Psd)
“SOUBE DA REVOLUÇÃO
EM MOÇAMBIQUE”
Alberto Magalhães soube da Revolução de Abril em Moçambique, onde
se encontrava a cumprir serviço militar desde 1972.
Incorporado na Polícia Militar, o jovem, natural de Guimarães, seguiu
para Moçambique com a missão de
escoltar a chamada “carga critica”
destinada à construção da barragem
de Cabora Baça, a maior barragem
construída por portugueses no rio
Zambeze.
“ A nossa missão era escoltar essa
carga que vinha da Europa e era desembarcada no porto da Beira e seguia depois até Cabora Baça por ca-
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O 40 ANOs dePOis
ragem. Autarcas, ex-autarcas, ex-combatentes e dirigentes partidários recordaram momentos únicos que para sempre vão ficar registados na
rros as opiniões coincidem: Portugal em geral e Caminha em particular está diferente. A crise que o país atravessa parece estar a pôr em causa
ão unanimes ao afirmar: Nem tudo está conquistado e nem tudo é garantido. “Democracia é isso mesmo, lutar sempre por mais e melhor…”.
minho de ferro ou por estrada”.
O perigo de uma emboscada por
parte das forças inimigas obrigava
a uma vigilância apertada que para
Alberto Magalhães durou cerca de
oito meses.
Para além de vigiar a carga crítica, outras das missões da companhia
em que estava integrado era patrulhar a cidade.
Para Alberto Magalhães este foi um
período muito interessante da sua vida
“porque tive o privilégio e oportunidade de ver uma cidade ser construída de raiz, de contatar com gente
de todo o mundo, engenheiros, arquitetos, e muitas outras pessoas ligadas à construção daquele empreendimento”.
Episódios de perigo existiram bastantes e o ex-combatente viu, infelizmente, alguns companheiros perderam a vida em combate.
“Os ataques da Frelimo – Frente de
Libertação de Moçambique eram constantes. Lembro-me que um dia íamos
numa viatura e sofremos uma emboscada, um colega que ia ao lado
caiu abaixo da viatura e acabou por
não resistir aos ferimentos”, recorda.
A parte mais dura das emboscadas
eram sempre dirigidas aos aquartelamentos, a Polícia Militar andava
mais na retaguarda mas mesmo assim o perigo estava sempre à espreita.
“Lembro-me de um episódio de um
comboio civil que no regresso à cidade da Beira foi emboscado. Foi impressionante o nível de destruição,
provocaram uma cratera tal, que as
pessoas que iam na frente da composição, nomeadamente maquinista e
revisores, não sobreviveram. Foi uma
emboscada muito dura num dia de
chuva intensa e num morro. A Frelimo, estrategicamente, fazia esse tipo
de ataques e isso de facto foi o que
mais me marcou pela negativa, claro”.
Quando soube que tinha que seguir
para Moçambique, o agora deputado
da Assembleia Municipal de Caminha tinha pouco mais de 20 anos. A
notícia teve impacto e causou aquilo que causava a todos os jovens na
altura: medo.
“Os jovens viviam amedrontados
com a possibilidade de irem para o
ultramar e preparados ou não, tínhamos que ir. Eu estava destinado a seguir para Macau mas acabei por ter
que ir para Moçambique”.
A verdade é que os que partiam não
tinham a certeza se voltariam ou não e
isso, admite Alberto Magalhães, acabava por influenciar psicologicamente aqueles que eram obrigados a ir.
“Não era uma escolha, era uma imposição”.
“Tive sorte, correu bem, conheci
muitas pessoas interessantes”.
De regresso a Portugal e depois de
casar com a mulher que acabou por
conhecer em Moçambique, Alberto
Magalhães vem trabalhar para Viana do Castelo.
Há 38 anos a viver em Vila Praia de
Âncora, acompanhou de perto o crescimento da vila e do concelho em geral.
“A evolução, na minha perspectiva, foi bastante grande. Vila Praia
de Âncora era uma terra de pescadores, com muitas carências que ao longo dos últimos 40 anos foram sendo
colmatadas, principalmente nos últimos 12 anos”.
40 anos depois da revolução de Abril,
e apesar de todos os erros cometidos, Portugal está efetivamente melhor. “O país evoluiu, os portugueses
vivem melhor e independentemente de todos os defeitos, o balanço é
positivo”.
hUmberTO limA (Ps)
“UM DIA IMPOSSÍVEL
DE SE ESQUECER”
Foi um dos fundadores do Partido
Socialista em Caminha e, do antigo
regime, garante que só tem más recordações.
Humberto Lima, natural de Seixas,
sofreu na pele os efeitos de um regime
que perseguia quem se atrevia a pensar diferente.
Antifascista convicto, recorda com
alegria aquele dia em que, pela manhã, ficou a saber através da rádio que
a revolução estava em marcha e tinha
triunfado.
“Lembro-me que estava em casa,
em Seixas, e logo que soube vim para
Caminha. No terreiro as pessoas já se
encontravam na rua numa explosão
de alegria espontânea”.
Apesar da esperança que todos acalentavam que um dia as coisas iriam mudar, a verdade é que a notícia apanhou
todos de surpresa.
“Havia uma esperança muito grande
que alguma coisa acontecesse e ainda
bem que aconteceu. Eu, tal como muitos outros, fui apanhado de surpresa e
logo que soube da noticia vim a correr
para Caminha para festejar”.
Humberto Lima, que viveu o 25 de
Abril de uma maneira “muito própria”,
considera que foi “algo de sensacional,
extraordinário”.
“Eu nasci, vivi e fui criado num ambiente fascista que era o que se vivia
naquele tempo. Andei a estudar e embora nunca me tivesse metido na política, estava conotado como anti regime,
talvez por causa do meu pai que sempre foi contra o fascismo”.
Essa conotação acabou por lhe prejudicar a vida. “Andei muito tempo a tentar
um emprego público mas foi-me sempre negado porque diziam que eu era
contra o regime. Eles faziam o que queriam e as pessoas é que sofriam na pele”.
Mas para Humberto Lima os problemas
não terminaram com o 25 de Abril, já
depois da revolução houve quem o denunciasse como sendo contra-revolucionário e chegou mesmo a ser chamado pelo COPCOM, órgão executivo do
Movimento das Forças Armadas, para
prestar declarações em Viana.
“É claro que aquilo não deu em nada
porque eles sabiam bem que eu era um
antifascista, mas havia um certo receio
das pessoas em terem que responder
junto do COPCOM com medo de serem saneadas. Também se cometeram
alguns excessos e algumas injustiças”,
recorda.
Logo após a revolução, Humberto
Lima e um grupo de amigos “imbuídos do mesmo espírito” decidiram avançar com a criação do Partido Socialista no concelho.
“Foi logo a seguir à revolução que nós
montámos a primeira sede que ficava situada junto aos Bombeiros numa
casa que era de um alfaiate. Lembrome que na altura o Alfredo Sá nos ofereceu uma secretaria e era ali que reuníamos”.
Passado algum tempo e porque os
militantes foram aumentando, a sede
começou a ser muito pequena e tiveram
que procurar um local maior.
“Por sugestão do doutor Damião Cunha
mudamo-nos para a Rua Barão de São
Roque, para um edifício a que chamavam a fábrica, onde mais tarde construíram o Centro Comercial “Atlântic”.
O José Araújo; o Manuel Segadães; mais
conhecido por Néné; o José Verde; o
Domingos Terra; Damião Cunha; Carlos Brito; a Maria das Dores e o marido; o Jofre e o João Pinto; o Guardão de
Moledo, foram alguns dos caminhenses que, com Humberto Lima, ajudaram
a fundar em 1974 o Partido Socialista
em Caminha. “Foram ativistas muito
importantes que ajudaram a formar o
Secretariado e mais tarde a secção em
Vila Praia de Âncora”.
Nas reuniões discutia-se fundamentalmente o perigo da revolução não
vingar e a possibilidade do antigo regime voltar.
“Lembro-me dos boatos que de vez em
quando circulavam de possíveis ataques
de outros partidos e éramos obrigados
a montar guarda para proteger a sede.
Outra altura lembro-me de ter ido
para o Camarido fazer vigilância com
uma patrulha da Guarda Fiscal aos carros que passavam porque diziam que
ia haver uma contra revolução. Outra
vez fui fazer guarda ao posto da televisão a Seixas porque se diziam que
iam destruir a antena, muitos episódios verdadeiramente hilariantes.
Outra altura lembro-me que estava
um frio de rachar, nevoeiro por todo
o lado e tivemos uma informação que
se preparava um desembarque de armas na praia de Moledo. Lá fomos nós
e no fim houve desembarque nenhum.
Foi um período engraçado que eu recordo com saudade e ao mesmo tempo com muita alegria”.
O medo de voltar ao passado era uma
constante e obrigava a cuidados redobrados. “Olhos bem atentos e sentidos
bem alerta”.
Humberto Lima considera-se um felizardo por ter tido oportunidade de assistir a tudo isto mas lembra que na altura, ser socialista, não era fácil.
“Perdi alguns clientes por isso e lembro-me que uma altura fui visitar um
que me obrigou a tirar o emblema do
PS que eu levava na lapela. Nunca mais
me esqueço que me proibiu de entrar se
eu não o tirasse. Foi uma humilhação
tremenda por parte de uma pessoa que
eu até pensava que era amiga”, recorda.
Passados 40 anos Humberto Lima não
tem dúvidas que o 25 de Abril mudou
a vida das pessoas para melhor . “A sociedade, as mentalidades e a forma de
ver e sentir as coisas é diferente. O 25
de Abril só me trouxe coisas boas e é
por isso que nunca vou esquecer aqueles
momentos únicos. Não é possível…”.
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JOFRE PINTO (PS)
“CAMINHA ERA CONHECIDA
COMO A VILA VERMELHA”
Enganado, desmotivado e triste é como Jofre Pinto, um dos
fundadores do Partido Socialista de Caminha, se sente 40 anos
depois da revolução de Abril.
“Os ideias e as conquistas da
revolução dos cravos estão-se a
perder”, alerta o socialista que
defende um segundo 25 de Abril
“já hoje”.
Jofre Pinto recorda o dia 25
de Abril de 1974 como um dos
mais felizes da sua vida. “Na altura tinha 20 anos e posso lhe
dizer que não estava nada à espera que a ditadura tivesse os
dias contados”.
Oriundo de uma família antifascista, Jofre Pinto recorda a
alegria que foi lá em casa quando se soube do fim da ditadura. “O meu pai era anti-salazarista e claro o resto da família
também era. Posso-lhe dizer que
tivemos muitos problemas por
causa disso. Tivemos casos de
perseguições da PIDE na nossa família e isso era muito complicado”, recorda.
Com o 25 de Abril Jofre Pinto
explica que tudo isso ficou para
trás, no entanto este militante socialista alerta para novos perigos que parecem querer vingar.
“Eu acho que neste momento o povo está a precisar de um
novo 25 de Abril, talvez noutros moldes. Estamos a sofrer
na pele aquilo que talvez já não
pensávamos que fosse possível
voltar. Mas a verdade é que as
coisas não estão bem e as pessoas estão a ficar revoltadas”.
Euforia foi o que as pessoas experimentaram há 40 anos atrás
quando souberam da queda do
regime. “Eu era um jovem mas
lembro-me bem que as pessoas
se comoveram, algumas choraram e outras nem queriam acreditar no que estava a acontecer.
As pessoas perceberam que afinal já podiam dizer o que lhes ia
na alma, algo que até ali era impossível, pois quem abrisse um
bocadinho mais a boca já sabia
que ia levar uns agrafos”, conta.
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Conquistada a tão ansiada liberdade, os tempos que se seguiram foram de grande agitação e participação política.
Em colaboração com alguns
“camaradas de luta” caminhenses, entre eles o José Verde, o
José Araújo, Domingos Terra,
Humberto Lima, Nené Segadães, entre outros, Jofre Pinto
ajuda a fundar o Partido Socialista em Caminha.
“Foi uma grande luta, fizeram-se
muitas reuniões, passamos muitas noites em claro. Fizemos muitas fronteiras a controlar os carros que passavam para Espanha
e que se dizia que levavam as
pratas e as coisas de valor para
fora do país. Fizemos piquetes
de intervenção nas estradas, enfim foi o despertar de uma causa morta dentro das pessoas”.
Filho de Maria Alice, Jofre sente orgulho quando revela que a
sua mãe foi a primeira mulher
socialista do concelho de Caminha. “Como lhe disse em casa
do Maruga, apesar de não haver ditadura, eram todos antifascistas. Todos comungavam da
mesma opinião e a minha mãe
também”, lembra.
Com os companheiros de partido, Jofre Pinto viveu verdadeiras aventuras, histórias incríveis, numa vila que no pós 25
de Abril era conhecida como a
“Vila Vermelha”.
“Vila Vermelha porquê? Porque
pura e simplesmente a direita não
tinha guarida em Caminha. É evidente que depois as coisas mudaram e ainda bem porque eu
acho que em democracia todas
as pessoas têm direito à sua opinião, mas a verdade é que no período pós revolução quem mandava era a esquerda”.
Na altura das colagens dos cartazes eram noites inteiras a trabalhar e o espaço era todo ocupado
pela esquerda. “Nós colávamos
por exemplo 10 cartazes, deixávamos espaço para o PCP também
colar 2 ou 3 mas a direita nada”.
Jofre Pinto recorda a propósito
um episódio onde chegou a haver ameaça com arma de fogo.
“Uma altura vieram umas raparigas de Viana acompanhadas
por um homem que, segundo se
constou na altura, vinha armado. Vieram cá porque queriam
colar uns cartazes do PPD e ele
vinha armado pensando que nós
lhe tínhamos medo. Aquilo correu-lhes de tal forma mal que não
só não colaram os cartazes do
PPD, como ainda tiveram que
colar os nossos do PS. Gastaram
a cola deles e no final como já
não havia espaço para os deles
tiveram que os destruir. O sujeito que as acompanhava ainda
ameaçou de pistola mas não lhe
valeu de nada porque os nossos,
fingindo que também estavam
armados, foram mais rápidos na
ameaça. Com as mãos nos bolsos pegaram nos isqueiros bic
e fingindo tratar-se de pistolas
toca de ameaçar também. Eles
não tiveram outro remédio senão bater em retirada. Foi uma
boa noite porque tivemos gente
de Viana a trabalhar para nós”,
recorda divertido.
O 12 de Abril de 1975 é outro episódio que Jofre Pinto faz
questão de recordar como um que
irá ficar na memória dos caminhenses. “Foi quando o Galvão
de Melo foi dizer para a televisão que Caminha era uma vila
vermelha onde ele ia impôr a
ordem. Bem tentou, até trouxe
as chaimites e tudo, mas não lhe
valeram de nada porque teve que
sair com o rabinho entre as pernas, foi corrido”, recorda.
Jofre Pinto conta que “a intenção deles era impôr o poder pela
força mas Caminha soube resistir. Na altura não entrava aqui
ninguém”.
“Eram outros tempos, tempos
em que as pessoas acreditavam
nas suas convicções. Hoje já não
é nada assim. As pessoas estão
desmotivadas, desacreditadas e
é por isso que eu digo que estamos a precisar de outro 25 de
Abril”, defende.
CARLOS ALVES (CDU)
“O DESPERTAR DE UMA
NOITE ESCURA”
Emigrou para França para fugir à guerra do Ultramar mas, o
receio de nunca mais poder voltar ao país, levou-o a regressar.
De volta a Portugal ingressou
no serviço militar, obrigação
que se encontrava a cumprir
quando se deu o 25 de Abril.
Não participou na ação porque
se encontrava deslocado, mas
acabou por viver intensamente
todo o processo revolucionário dentro do próprio exército.
“Tive o prazer de conviver
com o prestigiado Capitão de
Abril Dinis de Almeida, um
grande revolucionário, de quem
tenho ainda hoje gratas recordações de liderança”.
Depois de ter estado emigrado em França e de ter contatado com um regime democrático, Carlos Alves não via com
bons olhos o que se passava em
Portugal em termos políticos.
Assim, o 25 de Abril surge
para ele como o “despertar
de uma noite escura”.
Por esta altura vivia-se muito mal em Portugal e foram
muitos os que emigraram,
sem autorização do Governo, à procura de uma vida melhor. “Havia miséria, fome e
as pessoas viviam mal, com
muitas dificuldades. Não se
conseguia ganhar para comer” recorda.
Natural de Vilar de Mouros,
Carlos Alves lembra-se muito
bem como era o concelho de
Caminha antes do 25 de Abril.
Havia muito pouco. Passados
40 anos, e com todos os erros que possam ter sido cometidos, o autarca não tem
dúvidas que o concelho está
diferente.
“Eu acho que no nosso concelho, comparado com outros,
as coisas não correram lá muito bem. Julgo que ao longo
dos anos não temos tido sorte com os executivos que nos
têm governado. Ainda assim
é lógico que temos hoje um
concelho muito diferente. Já
temos saneamento básico em
muitas freguesias, abastecimento de água em todas, já
temos uma rede viária muitíssimo diferente daquela que
existia, para além de muitos
outros equipamentos e infraestruturas que naquela altura
eram impensáveis”.
Carlos Alves recorda que
há 40 anos atrás não eram
todas as casas que tinham
eletricidade e abastecimento
de água não havia. “Eu participei, após o 25 de Abril,
numa comissão de moradores
que existiu aqui em Vilar de
Mouros, criada precisamente para construir fontanários
porque não existia abastecimento de água”.
Segundo o autarca de Vilar
de Mouros a primeira grande
conquista do 25 de Abril foi o
fim da guerra colonial. “Essa
foi, para mim e para muitos
portugueses, a grande conquista do momento. Estamos
a falar de uma guerra injusta, fratricida, que não resolvia problema nenhum nem ao
povo português nem ao povo
das colónias. Uma guerra que
sacrificou muitos jovens portugueses, alguns deles marcados para toda a vida e outros que até perderam a vida”.
Mas as conquistas não se ficaram pelo fim da guerra colonial. Carlos Alves aponta outras também muito importantes
como por exemplo a saúde, a
educação e ação social.
“Em matéria de oportunidades e de participação cívica muito se alterou. Ao nível do poder autárquico, por
exemplo, até ao 25 de Abril
as juntas de freguesia eram
nomeadas, passando depois a
ser eleitas. Foi uma conquista enorme porque as pessoas passaram a poder escolher
os seus representantes através do voto”.
A possibilidade das pessoa
poderem escolher os seus re-
presentantes foi para Carlos
Alves outras das grandes conquistas de Abril. “É um grande exemplo de democracia.
Repare que as pessoas antes
do 25 de Abril tinham que se
sujeitar a ter nas suas freguesias as pessoas que eram da
confiança do Governo. Como
e que essas pessoas podiam
defender a população?”.
Relativamente à conjuntura atual e às dificuldades que
os portugueses têm que enfrentar no seu dia a dia, Carlos Alves lembra que a culpa
não é do 25 de Abril.
“É preciso que se diga que
a culpa é dos monopólios, do
sistema capitalista que levou
o país a esta degradação que
hoje se conhece e que tem levado a que muitos portugueses vivam com muitas dificuldades”. Foram os sucessivos
governos que nos levaram a
esta situação e não o 25 de
Abril”, afirma
Por tudo isto Carlos Alves
considera que continua a fazer sentido lembrar Abril, até
porque, como refere, “não está
nem nunca estará tudo conquistado. As populações nunca se podem sentir satisfeitas
nem seguras porque muito do
que hoje esta a suceder, também é culpa de algum acomodamento de muitos trabalhadores e da população que
pensou que estava tudo resolvido. O facto de terem havido
melhorias significativas não
significava que tudo estava
seguro e isso está bem evidente. Basta ver como estamos hoje 40 anos depois. Estamos a perder muita coisa. É
certo que na história das populações há avanços e recuos , neste momento estamos
a recuar mas temos que lutar para reverter a situação.
Julgo que os trabalhadores e
o povo saberão dar a volta e
encontrar um novo caminho
de futuro melhor para todos”.
JORNAL
DISTRITOCAMINHA
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Cerimónias da Semana
Santa prosseguem com
Procissão do “Enterro”
Maior Mesa de Páscoa do
País decorre amanhã em
Vila Praia de Âncora
MANUEL AFONSO (CDU)
“FOI UM DELÍRIO COLETIVO,
UMA GRANDE EUFORIA”
Natural de Viana do Castelo,
Manuel Afonso chegou ao concelho de Caminha por volta do
ano de 1968 para exercer sacerdócio nas paróquias de Venade e Azevedo. Com a Igreja
comprometida com o regime
da altura, Manuel Afonso lembra que é a partir dos anos 70
que se começam a fazer ouvir,
dentro da igreja, algumas vozes
contra o regime vigente, principalmente contra a guerra colonial, mas também contra a situação em geral.
“Foi bem clara na altura a posição do bispo do Porto que, por
dizer o que pensava e se manifestar contra o regime, se viu
obrigado a abandonar o país,
só podendo regressar após o
25 de Abril.
Outro exemplo foi o padre Felicidade Alves, figura destacada da Igreja em Lisboa que escreveu ao próprio presidente do
Conselho e tomou inúmeras posições públicas contra aquilo
que se estava a passar na altura, todas as injustiças”.
Manuel Afonso lembra que estava em curso, desde 1965, o
Concílio Vaticano II o que permitiu que “toda a doutrina social da igreja, que nessa altura
emergiu, começasse a ser assumida pelas paróquias a nível do episcopado.”.
Em Caminha não foi diferente apesar do compromisso existente entre a Igreja e o Estado
Novo e o medo às retaliações.
Progressista convicto e com
acesso privilegiado a um tipo
de literatura diferente que vinha
do país vizinho, Manuel Afonso interrogava-se muitas vezes
sobre o que se passava na sociedade portuguesa. Como nunca se identificou com o regime,
o 25 de Abril não lhe mudou
a postura para com as pessoas
com que trabalhava diariamente.
Assistiu à fuga de muitos jovens para o estrangeiro à procura de uma vida melhor, “porque em Portugal vivia-se muito
mal”. Jovens que eram obrigados a fugir do país porque o
regime não os deixava sair livremente. “O regime precisava deles para a guerra da qual
esses jovens fugiam a todo o
custo”, recorda.
Manuel Afonso tomou conhecimento da ação militar do 25
de Abril por volta das 10 horas da manhã, antes de se dirigir para a Escola Sidónio Pais
onde dava aulas.
“Lembro-me que me levantei,
tratei do meu serviço paroquial
e dirigi-me depois para a escola. Tal como era hábito fui tomar o meu café antes, ao Café
Central em Caminha, e foi lá
que tomei conhecimento que
não havia rádio nem comunicações, e que estava em curso,
um golpe de estado”.
Manuel Afonso recorda que
durante essa manhã existiam
ainda muitas dúvidas sobre o
que realmente se estava a passar. “Começou por se pensar
que seria um golpe da direita
e por isso não se viam grande
manifestações porque as pessoas estavam com algum medo”
Só ao final do dia, é que as
pessoas se inteiraram do que
se estava realmente a passar,
que o golpe não era da direita
mas sim uma ação militar cujo
objetivo era abrir um processo
democrático no país. “Quando
as pessoas realmente se aperceberam da realidade, foi um
delírio coletivo. Eu nunca vi o
povo de Caminha e do resto do
país, tão feliz como naquele dia.
Foi uma grande festa, uma
grande euforia. As pessoas estavam verdadeiramente motivadas e interessadas em ajudar
a criar uma sociedade melhor”.
Exemplo disso mesmo foram,
segundo Manuel Afonso, as muitas comissões nascidas logo após
o 25 de Abril. “Comissões locais de trabalho comunitário que
mais tarde regrediram mas que
na altura trouxeram uma grande esperança às populações”.
Manuel Afonso lamenta que
essa esperança, com o passar
dos anos, se tenha perdido e
considera mesmo que muitas
das conquistas de Abril se estão a perder.
“Muitas das conquistas alcançadas com o 25 de Abril estão
neste momento a perder-se. A
primeira é, desde logo a questão do salário mínimo nacional, uma grande conquista de
Abril. Depois muitas outras se
seguiram como é o caso da saúde, da educação, entre outras.
O problema é que muitas dessas conquistas estão a ser postas
em causa. Não quero dizer que
o sistema de saúde, por exemplo, se vá destruir definitivamente, mas a verdade é que ele se
está a degradar e têm sido retirados benefícios às pessoas. O
mesmo acontece com a justiça. Eu pergunto que democracia é esta, em que temos uma
justiça que por meio da prescrição absolve como inocentes todos aqueles que fizeram
o que fizeram no BPN? Estamos todos a pagar e a verdade
é que ninguém é responsável.
Isto é muito negativo e revolta as pessoas”.
Passados 40 anos Manuel Afonso considera que o balanço podia e devia ser “mais positivo”.
“Tínhamos essa obrigação mas
a verdade é que houve muita
vicissitude ao longo dos últimos 40 anos. Governos que têm
sido muito idênticos na sua política, política essa que não estão ao serviço do povo mas sim
de quem explora, dos grandes
grupos”.
Apesar de tudo “o balanço não
é totalmente negativo. Temos
o poder local que ainda subsiste e que dá a possibilidade às
pessoas de escolherem os seus
representantes. Mas não temos
muito mais. A desmobilização
cada vez maior das pessoas em
relação às votações, mais uma
conquista de Abril, deve ser motivo de reflexão de todos nós”.
A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia promove, por estes dias, as habituais cerimónias da Semana Santa no concelho de Caminha.
Depois da procissão do Ecce Homo que se realizou ontem à noite (quinta-feira), as
cerimónias prosseguem hoje, sexta-feira, com a Adoração da Cruz na Igreja Matriz
de Caminha às 15 horas e mais tarde, também na Igreja Matriz, tem lugar a Missa da
Ceia do Senhor, seguida de Lava Pés. À noite sai à rua a procissão do Enterro do Senhor, acompanhada da Irmandade que enverga as opas negras. A procissão percorre
as principais artérias do centro histórico da vila de Caminha.
No sábado terá lugar a Vigília Pascal na Igreja Matriz.
Tudo a postos para a Maior Mesa de Páscoa do País
No sábado (19 de Abril), das 9 da manhã às 19 horas, Vila Praia de Âncora recebe o
evento “A Maior Mesa de Páscoa do País”, que este ano quer bater um novo recorde.
Segundo as estimativas da organização, Movimento de Empresários do Concelho de
Caminha, a mesa poderá este ano chegar aos 500 metros, aumentando também o número de expositores.
Luísa Villas Boas, porta-voz do movimento, adiantou ao Jornal C alguns pormenores do evento, que este ano espera a visita de milhares de visitantes.
“Na primeira edição conseguimos 350 metros, na segunda já atingimos os 400 e este
ano o objetivo são os 500 metros de mesa. Este evento pretende divulgar Vila Praia
de Âncora e os produtos locais. Vamos ter bastantes expositores que vêm precisamente para dar a conhecer os seus produtos ligados a esta quadra como seja a doçaria, os
vinhos, etc. Mas temos mais, vamos poder contar com as decorações pascais, enfim
tudo o que possa dar a conhecer as potencialidades do concelho”, revela.
A animação vai ser uma constante nesta Mesa de Páscoa que conta com a presença
de Quim Barreiros, artista natural de Vila Praia de Âncora.
“O Quim Barreiros vai andar pelo evento a conversas com as pessoas e, embora não
esteja prevista nenhuma atuação, quem sabe se não haverá alguma surpresa “, adianta Luisa Vilas Boas.
O evento vai contar com a atuação de diversos grupos locais que durante o dia estarão a animar as ruas 5 de Outubro, Praça da República e Rua 31 de Janeiro, as artérias
que acolhem a Maior Mesa de Páscoa do País.
Com tudo a postos, a terceira edição do evento promete fazer história tanto no número de participantes como de visitantes.
De A Guarda virá também uma representação que irá mostrar o seu artesanato e alguns costumes relacionados com a quadra festiva.
No domingo, também organizado pelo Movimento, terá lugar na Praça da República
em Vila Praia de Âncora uma representação do Compasso Pascal, tradição que se realiza em todas as aldeias do concelho.
“Será a partir das 12.15 e teremos na Praça uma mesa com toda a doçaria tradicional, como é o caso dos bolos, rebuçados, vinho do porto, enfim todos os produtos que
fazem parte da tradição minhota”.
Nesta cerimónia não vai faltar a cruz que será dada a beijar, como manda a tradição,
a todos quantos ali se deslocarem no domingo.
A Páscoa em Caminha prolonga-se até segunda-feira, feriado municipal, com o tradicional Compasso Pascal nas aldeias concelhias.
Amigos, familiares e vizinhos reúnem-se à volta da tradição e visitam as casas uns
dos outros, partilhando momentos de fé, mas também de alegria e boa disposição.
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JORNAL
DISTRITOCAMINHA
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
FOTOS : ANTÓNIO GARRIDO
Vila Praia
de Âncora em
Flor aposta em
cartaz forte
CAMINHA
Caminhadas, serenatas, exposições, workshops, ateliers de
maias e espetáculos musicais,
são alguns dos momentos de
animação que irão acompanhar
mais uma edição do Vila Praia
de Âncora em Flor, evento que
este realiza de 31 de Abril a 4
de Maio naquela vila.
O certame insere-se na tradi-
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ção das Maias, um culto bem
patente na cultura das gentes
do Alto Minho, que todos os
anos enfeitam as portas e janelas das casas das vilas e aldeias da região.
Diz a tradição nortenha que,
na noite de 30 de Abril para 1
de Maio, todas as entradas das
habitações devem ser protegi-
das das “entidades malignas”
com um ramalhete de flores
de Maio.
Reza a lenda que esta tradição remonta ao tempo de Jesus, mais concretamente ao
episódio da fuga para o Egito. Por esta altura, andavam
os Judeus à sua procura para
o matarem, quando um dia, ao
cair da noite, o viram recolher
numa casa humilde. Para o poderem prender na manhã seguinte bem cedo, apanhando-o
desprevenido, penduraram um
ramo de giestas no fecho da
porta, a fim de não terem dificuldade em reconhecer a casa
em que ele dormira. Mas, por
milagre, ao amanhecer, todas
as portas estavam enfeitadas
com ramos de giestas. E assim os Judeus, desorientados,
não puderam descobrir Jesus.
Ainda hoje há o costume de
no dia 1 de Maio se enfeitarem as casas com giestas a que
também se dá o nome de maias
por florirem em Maio.
É com esta tradição que arranca
mais uma edição do Vila Praia
de Âncora em Flor, uma festa
que envolve a comunidade local que há mais de um mês se
reúne, quase diariamente, para
confecionar as flores que irão
decorar as ruas e praças da vila.
Miguel Alves, Presidente da
Câmara de Caminha, considera
que esta é uma festividade que
se tem vindo a afirmar nos últimos anos e que projeta Vila
Praia de Âncora.
“É um evento que se distingue pela mobilização de todos.
As pessoas trabalham durante meses para que nesses dias
Vila Praia de Âncora se apresente com todo o seu esplendor. É uma grande prova de
amor à terra”.
Nesse sentido, a autarquia
aposta num programa que,
como refere o presidente do
executivo, não se esgota nas
flores.
“Temos para esta edição do
Vila Praia em Flor uma programação muito forte que pretende qualificar o evento e trazer
ao concelho mais visitantes”.
O evento arranca no dia 30 de
Abril com um atelier de Maias
onde as pessoas são convidadas a fazer a sua própria Maia.
“Traga flores e venha compor
a sua própria Maia” é o desafio
lançado pela organização. As
Maias confecionadas no atelier, ficarão expostas na Praça
da República para poderem ser
apreciadas por todos.
O Mercado da Flor é outras das
iniciativas previstas no programas e irá decorrer todos os dias
na Praça da República. “Neste mercado as pessoas vão poder comprar as mais variadas
flores, plantas e produtos associados. Este ano vamos ter
mais gente a vender e esperamos que mais gente a comprar”.
Um espaço dedicado às coletividades para que ali se possam
promover, é uma das novida-
des deste ano. “Vamos criar um
espaço na Avenida Dr. Ramos
Pereira, junto à praia, onde as
nossas coletividades, aquelas
que assim o entenderem, vão
poder estar com o seu espaço
também ele florido”.
Mas as surpresas não se ficam por aqui, o “Artesanato
em Flor” é outra das novidades
da edição deste ano. “Trata-se
de uma feira de artesanato que
vai ter lugar durante o fim-desemana (3 e 4 de Maio) junto
ao Parque Dr. Ramos Pereira.
A decoração da Praça da República é outro dos aspetos que
Miguel Alves salienta. “Vamos
ter uma atenção muito especial com a decoração da praça porque ela representa o coração daquela vila. Para além
das flores artificiais, vamos
apostar forte nas flores naturais. Temos apelado a toda a
população para que participe
connosco nesta grande festa.
Estamos a pedir para que enfeitem as janelas, as varandas
as portas com flores naturais.
Vamos todos juntos fazer com
que a Praça da República se
transforme num grande jardim
natural, num local agradável
que mereça ser visitado por todos”, apela o autarca.
A encenação do “Roubo das
Maias”, com Serenata e Cantigas ao desafio pelo Grupo de
Danças e Cantares do Orfeão
no dia 30 de Abril e um Encontro de Folclore pelo Etnográfico de Vila Praia de Âncora e o Grupo de Gaitas e Baile
Lusco ó Fusco de A Guarda,
no dia1 de Maio, são algumas
das propostas de animação para
edição 2014 do Vila Praia de
Âncora em Flor
“Queremos que este encontro entre as duas culturas, que
acabam por ser muito semelhantes uma vez que estamos
a falar de duas zonas de pescadores e com fortes ligações ao
mar, possa trazer a Vila Praia
de Âncora os nossos amigos
galegos. Julgo que vai ser um
grande momento”
A pensar no público infantil,
terá lugar no Sábado à tarde, a
partir das 15 horas na Av. Dr.
Ramos Pereira, um espetáculo
musical para crianças.
“Queremos que as crianças venham ao Vila Praia em Flor, tragam os seus pais e se divirtam.
Capicua, um
espetáculo
imperdível
Mas o grande momento de
animação do evento irá acontecer no dia 3 de Maio à noite, com a atuação de Capicua
na Praça da República a partir das 21 horas.
Capicua é Ana Matos Fernandes. Nasceu em 1982, na
freguesia de Cedofeita, cidade
do Porto. Com 15 anos descobre o Hip Hop, primeiro pelos
desenhos nas paredes, depois
pelas rimas em cassetes, até
chegar aos microfones. Mc militante desde 2004, edita dois
Ep’s em grupo (“Syzygy” em
2006 e “Mau Feitio” em 2007),
até estar pronta para a primeira aventura solitária em 2008
com a aclamada mixtape “Capicua goes Preemo”. Em 2012,
edita o seu primeiro álbum em
nome próprio, com selo Optimus Discos e consegue atingir novos públicos, surpreender a crítica e ganhar destaque
nas mais prestigiadas listas de
melhores discos do ano. O segundo LP, “Sereia Louca”, saiu
em março de 2014 pela Norte Sul. É um disco de Rap que
nos diz coisas estranhas ao ouvido e que tal como as sereias
tem duas metades. Uma que se
faz com produções de D-One,
Conductor, Ride, Stereossauro,
Xeg e Serial e que conta com a
voz cúmplice de Gisela João,
Aline Frazão e M7. E outra que
nasceu no palco e se enche de
versões acústicas de músicas
de trabalhos anteriores, feitas
com Mistah Isaac e They’re Heading West.Capicua já alcançou
vários reconhecimentos, entre
eles: o vídeo “Medo do Medo”
foi eleito o Melhor Vídeo Português do Ano, pelo canal 180;
JORNAL
DISTRITOCAMINHA
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Exposição de Maias
uma tradição com
quase 30 anos
CAMINHA
“Capicua” esteve na lista dos
10 melhores discos nacionais,
pela Actual (Expresso) e na lista
dos “melhores discos do ano”,
“melhores canções do ano” e
“melhor momento de 2012?,
pela Bodyspace; esteve tam- Evento termina com camibém no Top 10 da Sapo Mú- nhada
sica e Cotonete, entre outros.
Capicua conseguiu ainda ven- O Vila Praia de Âncora em Flor
cer na categoria de Música dos termina no domingo, 4 de Maio,
Prémios Novos 2013.
com uma “Caminhada em Flor”
pelas principais artérias de Vila
Praia de Âncora. Pelo caminho
haverá muitas surpresas.
À tarde, a partir das 15 horas,
atuam as bandas Plágio e The
Oafs na Av Dr. Ramos Pereira.
Uma Festa da e
para a comunidade…
Numa loja situada na Praça
da República, dezenas de ancorenses trabalham há mais
de dois meses na confecção de
flores que nos próximos dias
irão enfeitar as principais artérias da vila em mais uma edição do Vila Praia de Âncora
em flor.
No atelier improvisado, respira-se bairrismo e uma vontade
férrea de fazer mais e melhor
pela terra que todos amam.
Carlos Castro, presidente
da Junta de Freguesia de Vila
Paia de Âncora, é uma espécie de maestro a quem todos
vão pedindo opinião, fazendo
perguntas e tirando dúvidas.
Começaram há mais de dois
meses a preparar tudo. Fizeram
milhares de flores que depois
de concluídas foram colocadas,
uma a uma, numa espécie de
arcos que nos próximos dias
irão enfeitar as ruas da vila. Um
trabalho árduo, como explicou ao Jornal C Carlos Castro.
“Foram dois meses árduos de
trabalho tanto físico como psicológico mas, graças a Deus,
temos tudo pronto. Neste momento já só nos falta colocar
na rua as estruturas, um trabalho que não vai ser fácil pois
estamos a falar de estruturas
pesadas que exigem algum cuidado na colocação”, explica.
Sem adiantar grandes pormenores “para não estragar a
surpresa”, Carlos Castro garante que este ano Vila Praia de
Âncora vai surpreender.
“Este ano apostamos em algo
diferente, mais tradicional, algo
que tem mais a ver com a nossa zona e penso que resultou
muito bem. Julgo que as pessoas vão gostar”.
Tal como no ano passado, a
comunidade respondeu ao apelo e as ajudas não faltaram. “As
pessoas continuam a aderir e
a aparecer quando isso lhes é
pedido. Normalmente reunimo-nos depois do jantar e passamos aqui um bom bocado”.
Sem a ajuda da comunidade
Carlos Castro garante que seria impossível levar este projeto adiante. “Precisamos de
toda a gente e a verdade é que
conseguimos reunir aqui uma
equipa fabulosa. Não estamos a
falar de uma, duas ou três pessoas, somos uma equipa completa, com umas dezenas largas de pessoas a trabalhar. De
outra forma também não seria possível”.
O atelier abre depois do almoço e os que podem trabalham durante a tarde , outros vêm à noite. Uma coisa é
certa, boa disposição é coisa
que não falta no atelier e Carlos Castro diz inclusive que os
serões têm dado para aprofundar os laços entre as pessoas.
“Muitas pessoas que aqui estão só se conheciam de vista, cumprimentavam-se com
um bom dia ou boa tarde e
pouco mais. Neste momento
já lhe posso garantir que somos uma família”, confessa.
Das mãos dos artífices voluntários, saíram as mais de 25 mil
flores necessárias para elaborar
os enfeites. Uma operação que
passa por diferentes processos,
como explica Carlos Castro.
“Está a ver estes rolos de
plástico? Tivemos que cortar
tudo à medida, formar as flores,
apertá-las, separá-las por cor,
muito trabalho…”, garante.
Quanto ao programa que irá
acompanhar o evento de 30 de
Maio a 4 de Abril, Carlos Castro diz que “está muito bom”.
“A Câmara apostou em artistas de renome e é o que faz
falta para trazer mais gente a
Vila Praia de Âncora. Queremos que venha muita gente
não só do concelho, mas também de outros locais e até da
Galiza. Queremos que os jovens também participem e sei
que vão vir porque o programa
também foi elaborado a pensar neles”.
Para além dos milhares de
flores manufaturados, o evento também vai apostar muito
nas flores naturais.
“As portas, janelas e varandas
da Praça da República vão ser
todas enfeitadas com flores naturais. Lançamos o desafio às
pessoas e tenho a certeza que
vãos ser todos surpreendidos
e que a nossa sala de visitas
vai parecer um jardim florido”,
A Junta de Freguesia está a
apoiar o evento quer logisticamente quer financeiramente,
um apoio que Carlos Castro vê
como um investimento com retorno direto nas pessoas, nos
comerciantes e em toda a comunidade. O autarca conta inclusive uma história que aconteceu no ano passado e que prova
que assim é.
“No prédio do Café Central
existia um apartamento à venda há mais de 15 anos. O seu
proprietário não o conseguia
vender e no ano passado vieram
uns senhores de Braga que gostaram tanto da festa que decidiram comprar o tal apartamento.
O proprietário ficou tão satisfeito que até nos veio aqui agradecer com bolos e champanhe.
Mas isto é apenas um exemplo,
posso dizer-lhe também que
no ano passado os cafés, pastelarias e restaurantes trabalharam muito bem, alguns até
tinham fila de espera. As floristas venderam muito bem, enfim o feedback não podia ser
melhor, o Vila Praia de Âncora
em Flor é uma aposta ganha”.
Se o tempo ajudar estão reunidas todas condições para
que o evento volte a ser um
sucesso. Carlos Castro convida
toda a gente a visitar Vila Praia
de Âncora nos próximos dias.
“Para além de uma vila muito bonita, vamos ter muita animação, muitas surpresas, enfim
muitos argumentos para uma
paragem obrigatória”.
A Maia (Cytisus striatus – Portuguese broom) é originária
do Norte de Portugal e segundo a crença ou cultura popular
é tradição colocar um ramo de giesta antes do por do sol do
dia 30 de abril para ser exibido no 1º de maio, alegadamente para proteção do demónio ou do mau olhado.
Este rituais florais têm reminiscências gregas e romanas:
das “Florales” celebradas em honra de Flora, deusa da Florescência e de Maia, deusa da Fecundidade e das Eleusímias
da antiga Grécia em que os dendróforos erguiam triunfalmente arbustos e ramos floridos.
Com o Cristianismo deu-se a estes rituais o sentido do triunfo da primavera, o rito da Fecundidade, um caráter religioso
com ligação a festas, procissões, onde o elemento floral era
importante, como “A Santa Cruz” ou “O Corpo de Deus”.
A lenda que se conta e a mais habitual em todo o Alto Minho é a seguinte: “Herodes soube que a Sagrada Família na
sua fuga para o Egito pernoitaria numa certa aldeia e estaria
já disposto a mandar matas todas as crianças do sexo masculino. Perante tal morticínio, um outro Judas informa-o que
tal não seria preciso. Também não lhe diria onde estava o
Menino Jesus mas colocaria um ramo de giesta florida na
casa onde pernoitasse, assim, bastaria à soldadesca procurar a tal casa. Porém, qual não foi e espanto dos legionários
quando, na manhã seguinte, todas as casas da aldeia apareceram com o tal raminho de giesta florido”.
Em Vila Praia de Âncora e um pouco por toda a região Norte de Portugal, antes do nascer do sol no 1º de maio, põemse raminhos de giestas em flor ou mesmo coroas de flores
campestres nas portas e janelas. Mas a tradição manda também que não seja só nas casas e nas janelas. Campos, carros
de bois, tratores, automóveis, autocarros, também se enramilhentam de flores e giestas.
A “Exposição de Maias” insere-se no Programa do Vila Praia
em Flor e esta é uma inciativa que arrancou pela mão da extinta RTAM – Região de Turismo do Alto Minho, há perto
de 30 anos, como explicou ao Jornal C, Eugénia Sampaio
funcionário no Posto de Turismo de Vila Praia de Âncora.
“Estamos a falar de uma tradição com mais de 28 anos que
foi lançada pela RTAM e depois continuada pelo Turismo do
Porto e Norte. Todos os anos fazemos um concurso de Maias
onde estão representadas mis de 60 Maias elaboradas pelas
escolas, instituições e particulares que nos acompanham há
28 anos, data da primeira edição do concurso das Maias”.
O evento Vila Praia de Âncora em Flor surge portanto desta
tradição bastante enraizada em todo o Alto Minho.
“É uma forma de homenagearmos as nossas flores do campo, as nossas cores que estão representadas inclusive nos traje no Minho. No fundo é toda a nossa etnografia”.
A manutenção desta tradição ao longo dos anos prova ser
ainda possível restituir a alma às coisas do antigamente e torná-las vivas. É a mensagem que se deve deixar aos jovens –
para que inovem a tradição com mensagens de criatividade.
É nesse sentido de sensibilização e de preservação da tradição que uma vez mais a Praça da República em Vila Praia
de Âncora se vai florir com “Maias”.
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JORNAL
DISTRITOCAMINHA
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Parte da dívida
do ferry
de novo
em Tribunal
CAMINHA
“Ferry Boat
está a morrer”,
garantem autarcas de
Caminha e A GuArda
O Ferry Boat que diariamente faz a travessia entre Caminha e a localidade galega de
A Guarda poderá ter os dias
contados. O alerta foi deixado pelos presidentes das duas
autarquias que na passada semana estiveram reunidos em
A Guarda para o segundo encontro entre as duas comunidades, reunião que serviu para
discutir “assuntos de interesse”
para os dois municípios.
Na agenda dos autarcas não
poderia deixar de estar o eterno problema do ferry boat, embarcação que garante a única
ligação direta entre os dois municípios e que, devido ao forte assoreamento do rio Minho,
já se encontra neste momento
a fazer menos de 50% das travessias regulares.
José Manuel Freitas, alcaide
da Guarda, admitiu mesmo que
neste momento o ferry “está a
prestar um péssimo serviço aos
utentes” e pediu desculpa por
isso mesmo. O autarca galego
disse receber por dia muitas reclamações por causa do serviço deficiente mas também disse que neste momento já não
está nas mãos de Caminha ou A
Guarda resolverem a situação.
Uma opinião corroborada pelo
presidente da Câmara de Caminha, o socialista Miguel Alves,
que anunciou que tal como o
seu homólogo galego, também
vai escrever uma carta ao Governo a solicitar uma intervenção urgente.
“Nessa carta vamos dar conta da situação e vamos explicar
o que está em causa quer para
a economia local, quer para o
próprio relacionamento entre as
duas localidades”.
Para Miguel Alves é urgente
que tanto o estado português
como o espanhol, “assumam
que este é um investimento
prioritário”.
“Eu penso que este é o momento de falarmos claro com
a população das duas margens
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para dizermos claramente que
se os Governos Centrais de Portugal e Espanha não atuarem,
se não nos derem condições
para que se façam as dragagens e assim manter o canal
navegável, o ferry vai morrer”.
Segundo o autarca de Caminha, é preciso que os comerciantes, as instituições e a população em geral saibam que
nos últimos anos se tem feito
um esforço muito grande para
aguentar a manutenção do ferry. “Estamos disponíveis para
continuar com esse esforço de
manutenção e de recursos humanos, mas se não tivermos um
apoio para fazermos as dragagens de forma continuada não
vamos conseguir”.
Miguel Alves considera que
tal como está, o ferry está a
tornar-se insustentável. “Neste
momento temos mais de metade dos percursos suprimidos
por causa da falta de condições do canal de navegação e
se não nos ajudarem, o ferry,
repito, vai morrer e vai acabar esta passagem para Espanha”, garante.
Para o presidente da Câmara
de Caminha é importante que
os governos percebam o que
está em causa, e o que está em
causa, defende o autarca, “é
não só a economia local, mas
também o relacionamento entre as duas localidades. Precisamos que o Estado assuma
que este é também um investimento prioritário”.
Miguel Alves lembra que em
relação ao ferry Caminha tem
feito a sua parte. “Já fizemos
saber junto da CIM do Alto Minho, no documento que preparamos para o Governo a propósito das infraestruturas no
âmbito do próximo quadro comunitário de apoio, que a travessia do Rio Minho é fundamental para a nossa economia.
Somos o único concelho que
não tem ponte e, por isso, temos
que salvaguardar pelo menos
a travessia por barco”.
Em conjunto com o seu homólogo de A Guarda, Miguel Alves fez saber que vai a Madrid
e a Lisboa dizer que “o ferry
corre sérios riscos de morrer”.
Se os governos nada fizerem
será o fim de uma embarcação que há quase 20 anos assegura a travessia entre as duas
margens.
O fim do
caminho
português da
Costa
Para o alcaide da Guarda o
fim da travessia será também
o fim do histórico caminho de
Santiago pela Costa. “Eu não
quero crer que se esta travessia
morrer as pessoas que vão por
Cerveira voltem para trás. O
que vai acontecer é que a maioria dos peregrinos vão acabar
por ir para Tui e fazer o outro
caminho”.
É por isso que o município
de A Guarda pretende envolver também nesta luta o Xacobeo, bem como outras instituições.
Sobre a Semana Santa que se
aproxima e que costumava ser
“uma das melhores em termos
de receita do ferry”, o autarca lamenta não poder prestar
um bom serviço às pessoas que
por esta altura visitam a zona.
“Aproveito para pedir desculpa a essas pessoas que vêm de
fora e que gostavam de chegar
aqui e poder fazer a travessia
de barco”.
José Manuel Freitas tem esperança que no Verão a situação possa estar resolvida, “pelo
menos em parte. Não podemos
passar mais um ano sem dragar porque isso será o fim”.
E se o ferry morrer, a culpa
será dos governos de Lisboa
e Madrid, garantem os autarcas que alertam ainda para os
postos de trabalho que se irão
perder se o ferry acabar de vez.
O encontro entre os dois executivos serviu também
para tentar resolver problemas antigos, como é o da dívida de 2,6 milhões de euros que La Guardia tem com
Caminha relativa aos custos de funcionamento, durante seis anos, do ferry-boat. Por agora, ficou acordado que já no final de Maio os
galegos vão transferir mais de 47 mil euros para Caminha correspondentes à bilheteira, para começar a pagar
dívida. E ainda este ano, La Guardia vai transferir também para Caminha toda a verba correspondente aos bilhetes cobrados em 2011.
Miguel Alves diz ter sido “incompetência do passado”
o que nos levou a esta situação.
“Essa mesma incompetência fez com que durante sete
anos, até 2006, não fosse cobrada nenhuma dívida. A incompetência de quem tinha que pagar que era A Guarda e a incompetência de quem tinha que cobrar que era
Caminha, levou-nos a esta situação, a um processo judicial que confronta os dois municípios”.
Recorde-se que quando tomou posse o presidente da
Câmara decidiu suspender esse processo e tentar resolver a situação pela via do diálogo.
“Nós suspendemos o processo e a verdade é que entretanto A Guarda já está a pagar uma parte da bilheteira que
vinha recebendo. Hoje concordámos com o pagamento,
já no próximo mês de Maio, do valor de mais de 47 mil
euros, dinheiro que corresponde aos bilhetes cobrados
por A Guarda do terceiro e quarto trimestre de 2013”.
Mas segundo o presidente da Câmara os acordos em
relação a esta matéria não se ficaram por aqui. “Ainda
este ano, vamos também receber, todos os montantes arrecadados por A Guarda durante o ano de 2011.
Miguel Alves considerou que estas eram “boas notícias” para as receitas da Câmara de Caminha.
Relativamente à dívida anterior a 2006, não há acordo, pelo que o caso deverá voltar a tribunal para ser resolvido pelas instâncias judiciais. É o que diz agora o
autarca de Caminha, Miguel Alves, tal como já defendia o anterior executivo camarário liderado pelo PSD e
por Júlia Paula Costa, que pôs o caso na justiça e que o
socialista Miguel Alves acabaria por retirar com fortes
críticas à decisão dos anteriores autarcas.
“Neste momento as posições ainda não são definitivas
mas apontam para a existência de acordo em relação aos
valores de 2007 para a frente, e que Caminha defende
que devem ser assumidos por A Guarda e que A Guarda concorda. Nessa parte vamos desistir do processo”.
Já no que toca à dívida anterior, ou seja entre 2000 e
2006, Miguel Alves diz existir divergência.
“Caminha entende que A Guarda deve este dinheiro, A
Guarda entende que não deve porque Caminha deixou
prescrever. A posição de Caminha é defender os interesses de Caminha e portanto o que pode vir a acontecer,
caso não haja acordo, não é nenhum perdão de dívida,
mas sim que sejam os tribunais a resolver um problema que os políticos do passado criaram”.
O Alcaide de A Guarda, José Manuel Freitas, explica
que aquele município galego não pode, por enquanto,
pagar qualquer dívida porque a autarquia está sem tesoureiro e, por isso, não pode fazer pagamentos.
O alcaide galego espera que a situação esteja resolvida
em finais de Abril através da nomeação de um tesoureiro
que irá também analisar a dívida referente a 2000/2006.
“Se se concluir que a mesma deverá ser paga, então pagaremos”, garante.
De referir que pela lei espanhola as dívidas prescrevem
numa prazo de 4 anos, enquanto que em Portugal o prazo é muito mais dilatado, cerca de 20 anos.
José Cid, Xutos e
Pontapés, Capitão
Fausto e os
Trabalhadores do
Comércio, foram as
primeiras bandas
confirmadas para
edição 2014 do
Festival de Vilar
de Mouros que se
realiza de 31 de Julho
a 2 de Agosto.
O evento foi
apresentado em
Lisboa no passado
dia 2 abril, numa
conferência de
imprensa que
decorreu no Palácio
Sousa Leal, antiga
sede dos CTT, uma
das empresas que se
associou ao projeto.
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O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Edição 2014 do Festival de Vilar de Mouros
Um tributo à música portuguesa
Álvaro Covões, diretor da
Everyhting is New, empresa
responsável pela organização
do festival em colaboração com
a AMA (Associação dos Amigos do Autismo), referiu que
esta edição será uma tentativa de relembrar a história do
Vilar de Mouros.
“O que nós pensámos para a
edição deste ano foi relembrar
um pouco a história do festival ao longo destes anos todos.
Quando o festival se iniciou, o
mais importante para a época
era a música portuguesa, apesar de na altura o festival já ter
contado com a presença de alguns grupos estrangeiros. Por
isso mesmo este ano optámos e
achamos que faria todo o sentido, fazer o mesmo”.
Assim o modelo a seguir este
ano “será uma celebração à música portuguesa com convidados estrangeiros”, referiu.
Álvaro Covões destacou ainda a presença do ministro da
solidariedade do emprego e da
segurança social, Pedro Mota
Soares, referindo mesmo que
esta deveria ser a primeira vez to do género.
que um membro do Governo “Acho que é a primeira vez
marcava presença num even- que estou numa apresentação
de um festival com a presença
de um ministro, o que significa que finalmente, no século
XXI, a música está a assumir
um lugar importante na nossa
sociedade”, sublinhou.
Um grande
projeto social
Pedro Mota Soares considerou
o Vilar de Mouros muito mais
do que um simples festival, “é
um grande projeto social, um
projeto inovador, representativo do que se pode fazer de
novo na área da economia social, apelando aos vários setores, público e privado”.
Dirigindo-se a Março Reis, diretor da AMA, instituição para
a qual reverte a totalidade do
proveito do festival, o ministro
destacou a sua “resiliência” e
“capacidade de contagiar um
conjunto de entidades, parceiros e empresas para se associarem a esta causa. Até me
conseguiu contagiar a mim””,
disse o ministro.
Mota Soares destacou ainda
a “enorme fé” e “capacidade
de realização” de Marco Reis,
“um homem que acreditou que
era possível fazer mais e melhor pelas famílias que vivem
o problema do autismo”.
Recorde-se que o proveito do
festival será direcionado para a
construção de um edifício multifuncional na área do autismo
em Viana do Castelo.
“Uma rede de apoio que é imprescindível e que vai certamente poder contar no futuro com o
contributo de muitas mais pessoas”, sublinhou Mota Soares.
O Ministro terminou fazendo
referência “à capacidade que
hoje a economia social tem de
explorar novas frentes, com o
objetivo de chegar a quem precisa e dar uma ajuda a quem
menos tem”.
UmA espécie de
Festival Fénix
Miguel Alves, presidente da
Câmara de Caminha, considerou o Festival de Vilar de Mouros “uma espécie de festival
fénix” que ao longo dos anos
tem sabido renascer das cinzas,
“e que renascendo vai voando,
vai pairando e marcando aquilo que é o nosso imaginário,
os legados e as histórias dos
homens e das mulheres que ao
longo dos anos passaram pelo
Festival”.
Miguel Alves fez questão de
recordar “o punhado de loucos esclarecidos” que um dia
acreditaram que era possível
fazer um festival em Vilar de
Mouros.
“Eu queria aqui relembrar que
o primeiro festival, em 1971,
foi realizado em plena ditadura. Movimentaram-se milhares
de pessoas para esse evento e
nesse dia, percebeu-se que a
música arrasta multidões, almas, pensamentos e sensações”
Por tudo isto o presidente da
Câmara considerou que este
“não é apenas mais um festival, é um festival que diz respeito às pessoas”.
Miguel Alves considerou que
este é o primeiro momento do
regresso de um grande Festival, “o regresso de um velho
festival que quer ser novo”,
rematou.
Um festival
com ADN
Marco Reis, presidente da Fundação AMA, sublinhou que o
evento quer chamar as famílias, “sem perder o ADN do
festival”.
Para o presidente da AMA a
edição 2014 do Festival de Vilar de Mouros será
“um dos maiores eventos de
economia social, quer pela escala que tem, quer pelo que envolve e pelo seu fim”.
Para Marco Reis o importante
é que as famílias voltem a Vilar de Mouros, voltem a ouvir
música e que se voltem a cruzar diferentes gerações. “Que
todos, em conjunto, possamos
contribuir para uma causa solidária. Penso que é uma equação fantástica”, sublinhou.
Depois de um interregno de
oito anos o Festival de Vilar
de Mouros está de volta e espera-se que para ficar.
Os bilhetes já estão à venda
e custam 60 euros para os 4
dias. O primeiro dia, dia da
receção, será gratuito.
O bilhete diário vai custar no
segundo dia 20 euros e no terceiro e quarto, 30 euros.
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JORNAL
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O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
CAMINHA
Sonic Blast
regressa a Moledo em Agosto
em formato alargado
My Sleeping Karma
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O Sonic Blast,
festival de música
rock que se realiza
anualmente em Moledo,
está de volta para
mais uma edição que
promete dar que falar.
A organização tem
vindo nos últimos dias
a revelar algumas das
bandas que vão marcar
presença na 4ª edição
e também algumas
surpresas. Para já, a
grande novidade é
que o evento este ano
alarga-se a dois dias,
15 e 16 de Agosto, e os
festivaleiros terão à sua
disposição campismo
gratuito.
Blue Pills, My Sleeping
Karma, The Atomic
Bitchwax, Black
Bombaim, Guerrera e
Prisma Circus, são as
bandas já confirmadas
para a edição
deste ano.
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O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Ricardo Rios, o grande mentor
do projeto, recorda que a primeira edição (2011) foi uma espécie de ensaio que teve como
objetivo “perceber como corriam as coisas e até que ponto
as pessoas estavam receptivas
a um evento desta natureza.
“A primeira edição foi realmente um teste e depois, na segunda edição, já conseguimos
trazer público de Espanha, de
França e de todo o Portugal.
Tivemos bandas internacionais
como os Sumsara Blues Experiment ou os portugueses Kilimanjaro”.
A aceitação do público foi muito grande, os incentivos para
continuar também, e desde a
primeira edição, o Sonic Blast
tem vindo a crescer sendo considerado já uma referência no
panorama dos festivais de verão em Portugal. No ano passado o evento esteve nomeado
para os melhores festivais de
Portugal, uma nomeação que
deixou satisfeitos e ao mesmo
tempo orgulhosos, os organizadores do evento.
Em 2013 o Sonic Blast contou, pela primeira vez, com dois
palcos, uma prova que o evento está realmente a crescer de
ano para ano. “As bandas começam a ter um calibre maior
e isso obriga a que as condições sejam também melhores”.
Quanto ao estilo de música Ricardo Rios diz que houve também
uma evolução desde a primeira
edição, “está mais abrangente
dentro daquilo que é o Rock”.
O mesmo acontece com o
público que cada vez mais se
desloca do estrangeiro, principalmente de Espamha para vir
assistir ao evento de Moledo.
“Isso é bom porque traz mais
pessoas ao concelho”.
O Sonic Blast nasceu da vontade e de um sonho que Ricardo
Rios acalentava desde miúdo.
Este caminhense, que sempre
gostou muito de música de vários estilos, decidiu um dia passar dos sonhos à prática e em-
barcar na grande aventura de
organizar um festival.
“Acho que era um sonho que
me vinha perseguindo desde
miúdo. Eu sempre gostei muito de música rock, heavy metal e outros géneros musicais e
o meu sonho era trazer para a
minha terra, a terra onde nasci
e cresci, um evento mais dedicado a essa sonoridades, um
evento que fosse capaz ao mesmo tempo de quebrar um pouco com esta monotonia e marasmo relativamente a este tipo
de eventos.
A troca de experiências e a
prática ganha com a organização de outros eventos, nomeadamente em Barroselas, deu a
Ricardo Rios o impulso necessário para se aventurar na organização do Sonic Blast. “E
a ideia foi para a frente”.
Graças a muito trabalho, algumas ajudas e boa vontade,
o evento tem vindo a crescer
e a consolidar-se. Neste momento o grande objetivo da organização passa por conseguir
um patrocinador oficial, algo
que iria dar ao Sonic Blast ou-
tra dimensão. Até ao momento
isso ainda não foi conseguido,
mas Ricardo Rios não perde a
esperança.
“Se conseguíssemos um patrocinador oficial era o ideal porque isso iria possibilitar a contratação de bandas mais fortes
às quais neste momento ainda
não conseguimos chegar. Essas bandas arrastariam de certeza mais público e isso era
muito bom para a economia
do concelho”.
Ainda assim, Ricardo Rios não
hesita em considerar que por
Moledo já passaram, ao longo dos últimos 4 anos, bandas
consideradas de culto a nível
mundial no que diz respeito
ao Stone Rock.
A edição deste ano vai decorrer, pela primeira vez, em
dois dias e neste momento já
estão confirmados alguns nomes como revelou ao Jornal C,
Ricardo Rios. “Já temos confirmada a presença dos americanos The Atomic Bitchwax,
uma banda de referência mundial a tocar desde 1992; os Blue
Pills, considerados uma revelação ao nível da música rock;
temos os Prisma Circus e os
Guerrera de Espanha e ainda
os Black Bombaim”.
Tal como nas edições anteriores o evento vai decorrer no
recinto do Centro Cultural de
Moledo e no parque adjacente.
“Vamos ter dois palcos: o chamado palco solar junto à piscina onde as pessoas podem estar a ouvir música e ao mesmo
tempo a divertirem-se na água,
e o palco lunar onde irão decorrer os concertos da noite”.
Os bilhetes para o Sonic Blast
vão estar à venda a partir de
Maio e a organização pretende manter o lema das edições
anteriores: “uma boa relação
preço qualidade”.
A expetativa em relação à edição deste ano é grande, “são
dois dias de música que certamente irão agradar ao público que gosta de vir com cal-
ma, montar a sua tenda e ficar
a disfrutar não só da boa música mas também deste concelho magnífico, com praias e
paisagens maravilhosas para
disfrutar”.
No ano passado terão passa-
do pelo Sonic Blast cerca de
2500 pessoas, número que a organização gostava de ver crescer este ano. “Se conseguirmos chegar às 3 mil pessoas
será muito bom”, adianta Ricardo Rios.
Câmara e funcionários
preocupados com
degradação do
Canil/Gatil municipal
O Centro de Acolhimento Canil-Gatil de Caminha foi tema
de debate na última reunião
do executivo camarário caminhense. O presidente da Câmara resolveu levar o assunto a discussão, na sequência
do alerta de uma funcionária
que trabalha naquele equipamento. Em causa está o estado de degradação de uma
obra que custou aos cofres do
município cerca de 800 mil
euros e cuja gestão foi protocolada, em Junho do ano passado, com a associação Selva dos Animais Domésticos.
O presidente da Câmara anunciou que vai ser feita uma avaliação “rigorosa” do que se
gastou e porque se gastou no
equipamento, comprometendo-se a realizar algumas obras
urgentes ainda este mês. Ao Jornal C Karine Torres,
uma das funcionárias municipais afetas ao Canil-Gatil,
explicou que o estado de degradação do equipamento preocupa os funcionários. “O que nós queremos é que
os animais que estão no abrigo estejam em segurança”.
O Canil-Gatil de Caminha
há muito que tem lotação esgotada, garante Karine Torres, que lembrou que o abrigo
tem capacidade para albergar
200 cães mas neste momento
alberga 270 mais 100 gatos.
O problema do abandono dos
animais continua a ser um flagelo difícil de combater, como
refere a tratadora. “Por mais
que lutemos e tentemos aplicar regras, chegamos à conclusão que não vale a pena
porque as pessoas não respeitam. Apesar de toda a sensibilização as pessoas continuam
a abandonar os animais, uns
em muito bom estado, outros
em estado deplorável e com
grande sofrimento”.
A não aplicação de regras
como seja o registo obrigatório
dos animais nas juntas de freguesias, colocação de microchip e vacinação, contribuem
para um aumento de abandono. “Infelizmente ninguém é
responsabilizado”, lamenta.
Os problemas infra-estruturais agravaram-se com o
Inverno passado, deixando
os animais que se encontram no Canil-Gatil Municipal de Caminha numa situação precária.
“Os principais problemas são
materiais corroídos, construção mal feita, uma série de
problemas que se agravaram
com este forte inverno. Estamos a falar de portas frágeis
que com a chuva e vento se
deterioraram bastante”, explica Karine Torres.
Para já a Câmara vai avançar
com as intervenções mais urgentes, como garantiu o presidente da Câmara de Caminha.
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O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
CAMINHA
Flamiano
Martins
acusa
executivo
de estar a
caluniar e
difamar um
autarca
honesto
A distribuição de porcos, galinhas e sementes pela população do concelho de Caminha,
ao abrigo do projeto “Semear
para Colher”, lançado pelo anterior executivo liderado pelo
PSD no decorrer do último mandato, está a levantar dúvidas à
atual liderança do PS que disse
já ter aberto um inquérito para
averiguar onde e como foram
aplicados os quase 80 mil gastos neste projeto.
A alegada distribuição destas
espécies em vésperas de campanha eleitoral, uma situação
considerada por Miguel Alves
“um escândalo”, é outra das
questões que o atual executivo
quer ver esclarecida através do
inquérito que está a decorrer.
A notícia vinda a público no
Jornal de Notícias, na qual Miguel Alves dá conta da abertura deste procedimento, foi vista por Flamiano Martins, líder
da posição social democrata e
grande mentor do projeto “Semear para Colher”, como uma
forma de “caluniar, difamar,
rebaixar e ofender um autarca honesto”
A afirmação foi feita no período antes da ordem do dia da
última reunião de câmara, no
decorrer da qual o vereador social democrata fez questão de
explicar que o projeto em causa fazia parte de um programa mais abrangente de apoio à
agricultura e pesca, elencando
de seguida outros projetos relacionados, tais como o Apoio
técnico especializado, Semear
para Colher, Bolsa de Terras,
Linha de Crédito para Pescas
e Agricultura, Isenção de Taxas aos produtores locais nas
feiras, Feirões de Tradições,
Projeto PROVE, Hortas Urbanas, Hortas Pedagógicas nos
Jardins de Infância e Escolas
do 1º Ciclo e apoio às Associações de Pescadores no programa PROMAR.
Os projetos foram desenvolvidos ao longo de todo o último
mandato e tinham como principal objetivo, explica o vereador social democrata, “revitalizar o setor primário”.
“É minha convicção que temos que revitalizar a agricultura”, sustentou.
Para Flamiano Martins o que
“é escandaloso” não são programas destes, como afirmou ao JN
Miguel Alves, “mas sim o facto de não conseguirmos produzir aquilo que consumimos”.
“Mas entendo que o sr. Presidente não esteja sensibilizado para esta problemática. Tem
uma mentalidade urbana e não
consegue compreender os problemas das nossas aldeias rurais a ficarem sem população e
que veem os campos abandonados e os jovens a nem saberem pegar numa enxada. Quan-
do o sr. andava por Coimbra
nos meandros das associações
de estudantes e das juventudes
partidárias, eu estava cá a lutar
pelos agricultores que perderam
o rendimento do leite quando
a AGROS deixou de comprar
o leite nos diferentes postos de
recolha espalhados pelas freguesias do concelho”, lembrou.
O vereador do PSD recordou
que o “Semear para Colher” foi
um projeto aprovado por unanimidade na reunião de Câmara
de 20 de Fevereiro de 2013 e
pretendia acima de tudo, “pro-
Bombeiros
vão receber
apoio mensal
de 1000 euros
O executivo reconhece ainda
que as Associações de Bombeiros do concelho desempenham um papel importante na
sociedade e no serviço público que prestam junto das populações. “Este serviço público passa pelas atividades de
Proteção Civil, transporte de
doentes, fanfarras, sessões de
mergulhos, sessões culturais e
desportivas entre outras.
Mediante o protocolo aprovado, as corporações de bombeiros vão passar a receber um
incentivo mensal, no montante
de mil euros, para manutenção
das atividades dos respetivos
Corpos de Bombeiros, nomeadamente na prestação do serviço à população e na Proteção Civil”.
É de realçar que a proposta
aprovada foi alterada por sugestão não só da maioria PSmas também dos vereadores
do PSD. De facto, o protocolo inicial previa a atribuição de
um incentivo periódico a conceder trimestralmente no mon-
tante de mil euros e não mensalmente como foi aprovado.
Conforme explicou Guilherme Lagido, “o executivo depois de reunir diversas vezes
com as corporações de bombeiros, chegou à conclusão de que
as duas corporações do concelho tem dificuldades efetivas de
gestão corrente e que se deve,
entre outros fatores, ao reduzido envolvimento da coletividade na gestão corrente das
associações e à falta de apoio
do município na gestão corrente das associações”.
Assim, com o intuito de apoiar
a gestão corrente, o executivo
decidiu alterar a proposta e em
vez de conceder um apoio trimestral passar a atribuir um
apoio mensal. “Esta foi a forma
transparente de ajudar a gestão
corrente dos bombeiros. Gostaríamos muito que a Câmara Municipal pudesse aprovar
este protocolo de colaboração
com os bombeiros”, realçou o
vice-presidente.
Para além da mensalidade, o
A Câmara de Caminha aprovou, por unanimidade, a atribuição de um subsídio às associações dos bombeiros do
concelho. O valor a atribuir
será de 1000 euros por mês,
valor que se destina à comparticipação de serviços prestados,
formação e promoção de elementos dos Corpos de Bombeiros. Anualmente, a Câmara
vai atribuir às duas Corporações de Bombeiros a quantia
fixa de 24 mil euros, isto é 12
mil euros para cada uma, a que
se acrescem os subsídios e outros apoios.
Para a Câmara de Caminha,
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“as Associações Humanitárias dos Bombeiros, através
dos seus Corpos de Bombeiros, para além das suas atribuições de proteção de pessoas e
bens, dão um precioso apoio
em diversas atividades e muitas vezes suportam todos os
encargos sem qualquer compensação; constituem a principal força de atuação no terreno na área da Proteção Civil,
prestando um serviço público
importantíssimo e um valioso
contributo para a promoção da
segurança e saúde da população, e por isso a atribuição deste subsídio faz todo o sentido”.
JORNAL
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O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
mover a ocupação de terrenos
não cultivados, a promoção da
agricultura familiar e tradicional e ajudar a complementar o
orçamento das famílias. Era um
projeto desenvolvido em parceria com as Juntas de Freguesia que tinham a incumbência
de comprovar que os agregados
familiares candidatos tinham as
condições exigidas nas normas
aprovadas: terem condições para
a criação das aves, possuírem
terras para a horta ou cultivarem pelo menos 1000 metros
quadrados de milho ou outros
cereais”, explicou.
Flamiano Martins lamentou que
o atual executivo “por se achar
mais inteligente”, tenha esquecido por completo este programa
de apoio à agricultura e aconselhou a que se fizesse um estudo de impacto do programa
junto dos agregados que beneficiaram deste programa.
“O sr. declarou ao jornal que
no concelho nada frutificou, que
nenhum dos objetivos foi concretizado. Com que estudo é
que afirma tal barbaridade? Foi
avaliado o impacto do programa? Sr. Presidente, avalie junto dos cerca de 1200 agregados
abrangidos pelo projeto, dos vários estabelecimentos do concelho que forneceram as sementes e as aves se o programa é
escandaloso. Tem recursos humanos bem capazes de avaliar
o que fizemos pela agricultura
e pela pesca”.
Por último Flamiano Martins
aconselhou o executivo a retirar os jovens a voltar à terra e proo projeto do site da câmara, “já duzir mais, foram cumpridos”.
que o desprezam e classificam Miguel Alves diz que não, e
como escandaloso”, sublinhou. considera mesmo que o “Semear
para Colher” nem sequer conVereador confunde respon- seguiu animar a economia do
sabilidade com calúnia
concelho, “visto que os fornecedores não eram do concelho.
Em resposta à intervenção do Os dois últimos dizem respeito
líder da bancada social demo- a fornecedores de Valença e de
crata, o presidente da Câmara Vila Verde”, avançou.
de Caminha acusou Flamiano Flamiano Martins explicou que
Martins de estar a confundir res- isso tinha acontecido porque no
ponsabilidade de quem tem que concelho de Caminha não exisgerir dinheiros públicos, com tiam fornecedores de suínos.
calúnia.
Mas o presidente da Câma“Não houve nenhuma calú- ra aponta ainda “diversas disnia. A Câmara Municipal tem crepâncias” entre o número de
o dever de avaliar cada um dos suínos pedidos e aquilo que é
projetos e é isso que estamos a faturação.
a fazer. Aqueles que são bons “Não bate certo o número de
são para continuar, aqueles que pedidos de suínos com o númetêm um fim interessante mas ro de pagamentos; sabemos por
cuja concretização não funcio- uma análise preliminar que há
na, são para melhorar, e aque- agregados que receberam mais
les que não cumprem os seus do que um porco e mais semenobjetivos são para terminar”, tes e aves do que aquelas a que
explicou.
tinham direito; sabemos que há
Relativamente ao “Semear para agregados que não reuniam as
Colher”, Miguel Alves referiu condições exigidas e que beneque foi um programa que ao ficiaram à mesma do programa
longo dos meses que antecede- e sabemos que há relatos de disram a campanha eleitoral distri- tribuição porta a porta de vales
buiu porcos, aves e sementes por com pessoas estranhas ao funtodo o concelho, cabendo agora cionamento da câmara”.
ao executivo avaliar se foram Mas as dúvidas não se ficam
ou não cumpridos os objetivos. por aqui. Miguel Alves apon“Foram distribuídos 1162 va- ta ainda a existência de relatos
les de sementes, 1200 vales para por parte de fornecedores que
aves de capoeira e 699 suínos. garantem não terem recebido o
O que nós queremos perceber pagamento pelo fornecimento
e avaliar é se os objetivos de le- dos suínos, bem como a distrivantar a agricultura, incentivar buição porta a porta destes pro-
dutos pelo vereador e pessoas
estranhas à Câmara Municipal,
sem qualquer pedido prévio durante a campanha eleitoral. “Há
relatos que dizem que muitas
dessas pessoas que o acompanhavam eram candidatos a Juntas de Freguesia pelo PSD. A ser
verdade é escandaloso”.
Perante esta situação o presidente da câmara diz ser “obrigatório fazer um relatório verdadeiro que possa avaliar da
continuidade ou não deste projeto, e perceber onde e como
foram gastos quase 80 mil euros, dinheiro que é público”.
Relativamente às declarações
do vereador Flamiano Martins
ao Jornal de Notícias, nas quais,
segundo Miguel Alves, terá admitido que “foram distribuídos
porcos em bairros sociais e que
terá havido um grande descontrolo”, o chefe do executivo Caminhense considera “ser obrigatório abrir um inquérito e saber
aquilo que se passou”.
Flamiano Martins voltou a assumir a existência de alguns
erros na implementação do
programa, mas lembrou que
o controle deveria ter começado pelas Juntas de Freguesia, “e em alguns casos isso
não aconteceu”.
Fazer uma avaliação e posteriormente decidir se vale a
pena ou não continuar com o
projeto é grande o objetivo do
inquérito que está a ser realizado pelos serviços camarários.
documento também estipula a
comparticipação por serviços
prestados, reforçando o princípio prestador-pagador. A partir
de agora, mediante uma tabela
de preços, os serviços de prevenção em eventos de natureza
cultural; a prevenção em provas desportivas em recintos; a
prevenção em provas despor-
rão comparticipados.
O município vai ainda apoiar
o voluntariado, a formação e
a promoção de elementos dos
Corpos de Bombeiros.
Outros assuntos:
Na reunião de Câmara o vereador Flamiano Martins pediu ao
executivo que fizesse o ponto da situação em relação à reposição do leito do rio Âncora, bem como do PIP para a instalação
do Continente em Vila Praia de Âncora
Relativamente à questão do rio Âncora e duna dos caldeirões, o executivo explicou que neste momento estão a decorrer os procedimentos burocrático administrativos relacionados
com o processo.
Segundo explicou Guilherme Lagido, trata-se de uma obra que
vai obrigar a uma grande movimentação de inertes, sendo por
isso uma obra cara que obriga a procedimentos burocráticos e
concursais mais pesados.
“Estamos a falar de uma intervenção que é da responsabilidade da APA e a função do município nesta matéria é de pressionar para que as coisas se façam no tempo certo”.
Por outro lado existem questões de ordem ambiental que também têm que ser tidas em conta.
“Tivemos no fim-de-semana passado as marés vivas de Março com ondas de 4 e 5 metros. Se nós por acaso tivéssemos feito a reposição do curso normal do rio, provavelmente teríamos
tivas em vias ou percursos pedestres; a intervenção em meio
aquático; o abastecimento de
água ou rega; os exercícios e
simulacros, entre outros, se-
um novo assoreamento”, explicou.
Segundo Guilherme Lagido se as condições de tempo estabilizarem, o mês de Abril e Maio será o ideal para avançar com
a intervenção.
Relativamente à questão do PIP para a instalação do Continente em Vila Praia de Âncora, Miguel Alves diz que neste momento está a aguarda um parecer da APA.
“Os procedimentos têm sido todos seguidos com normalidade, se a APA der uma parecer favorável à implantação que está
proposta no PIP, é uma questão de dias podermos chegar ao
fim do processo”
O plano de pagamento do município de A Guarda também não
ficou esquecido, bem como a reunião anunciada para 19 de Março, entre o município de Caminha e a Guarda e na qual se iriam
discutir, além de outros assuntos, a questão do assoreamento.
Os vereadores do PSD pediram informação sobre essa reunião
e perguntaram qual a solução encontrada para o facto de o Ferry já quase não navegar.
Miguel Alves referiu que a reunião tinha sido adiada para dia
11 de Março e nesse encontro, para além da discussão da questão do assoreamento, também iriam abordar a questão da dívida do ferry e respetivo Plano de Pagamento.
Caminha
Doce visita
A Guarda
em finais
de Maio
Nem tudo foram problemas na reunião mantida entre Caminha e A Guarda. Para além da navegabilidade do ferry que está neste momento comprometida e
da divida entre os dois municípios relacionada coma
a embarcação, a reunião serviu também para anunciar que nos próximos dias 31 de Maio e 1 de Junho,
o evento Caminha Doce vai visitar A Guarda.
O certame vai decorrer na Alameda de A Guarda e
vai reunir a doçaria das duas localidades.
Entretanto foi também anunciado pelo Alcaide Manuel Freitas que La Guardia irá estar presente, no próximo fim de semana, na maior mesa de Páscoa do País
que se realiza no sábado em Vila Praia de Âncora. “Vamos marcar presença com o nosso artesanato”, referiu.
A presença de uma comitiva de A Guarda repete-se
nas comemorações dos 40 anos da revolução de Abril
que vão decorrer em Caminha.
Por sua vez Caminha far-se-á representar na Festa do Corpo de Deus que decorre em A Guarda durante a manhã.
Mas as parcerias não se ficam por aqui e foram também anunciadas algumas ao nível do desporto e da
educação.
Miguel Alves salientou o interesse por parte das escolas galegas em ensinar a língua portuguesa aos seus
alunos e nesse sentido irão realizar-se alguns encontros
e intercâmbios entre escolas de Caminha e A Guarda.
Autarca de
Seixas aposta
em governação
de proximidade
É uma forma diferente de fazer política. O presidente da Junta de Freguesia de Seixas, o socialista Rui Ramalhosa, decidiu que as promessas não
devem ser feitas apenas em período de campanha
eleitoral, e por isso decidiu ouvir, porta a porta, a
população da freguesia.
O autarca de Seixas iniciou assim, recentemente,
uma périplo pela freguesia para conhecer “in loco”
as necessidades dos cerca de 1500 habitantes daquela freguesia.
“Uma das promessas deste executivo foi que as
visitas que realizamos durante a campanha eleitoral, casa a casa, se iriam manter durante os 4 anos
de mandato. Durante o Inverno isso não foi possível fazer porque os dias são mais pequenos e é por
isso que durante a Primavera e o Verão, queremos
visitar um lugar da freguesia por mês”.
Nestas visitas, o presidente da Junta quer ouvir da
boca das pessoas quais as necessidades de cada lugar.
Esta espécie de governo aberto arrancou no Lugar
da Rabusca e de futuro seguir-se-ão outros.
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JORNAL
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
A preservação da
tradição das maias é
o que une os “Amigos
d’as maias”. Tratase de um grupo de
pessoas que, de forma
voluntária, trabalha
para perpetuar esta
tradição tão enraizada
no norte do país e, em
particular, no concelho
de caminha. com todo
o trabalho, dedicação
e companheirismo,
contribuíram para
a concretização de
importantes iniciativas
como a realização da
“maior maia do mundo”
ou o desenvolvimento
do certame Vila Praia
em Flor, atualmente
um evento que muitos
visitantes atrai ao
concelho.
A constituição
deste grupo surgiu,
precisamente, da
dedicação na elaboração
das maias. em 1989, a
região de Turismo do
Alto minho, através do
Posto de Turismo de Vila
Praia de Âncora, criou
o concurso d’as maias,
onde participavam
escolas, Associações
e particulares. Na 4ª
edição, surgiu um grupo,
oriundo de vários lugares
de Vila Praia de Âncora,
que arrebatou o Júri
devido à qualidade dos
trabalhos apresentados e
o “obrigou” a atribuir às
maias concorrentes o 1º
prémio ex aequo. estes
trabalhos, executados
conforme conta a
história e manda a
tradição, uniam a giesta
às flores campestres,
numa combinação de
cores que espelhava os
campos e a serra. de
facto, as maias são uma
tradição muito enraizada
no concelho. segundo
a crença popular, antes
do pôr-do-sol do dia
30 de abril é colocado
um ramo de giesta nas
portas de casa ou em
determinados pertences
de forma a protegê-los
do demónio ou do mauolhado.
depois deste prémio
que classificou todos
com igual mérito,
procedeu-se à alteração
do concurso, como
uma exposição anual
de maias, o que levou
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iNFOrmAçãO mUNiciPAl
Esta página é da responsabilidade do Município de Caminha
grUPO dOs AmigOs d’As mAiAs:
UNiãO e cOmPANheirismO em PrOl dA
PreserVAçãO e TrAdiçãO dAs mAiAs
a uma maior motivação e
assim, o núcleo do grupo
“Amigos d’as maias”, então
maioritariamente feminino,
foi sendo reforçando com
novos elementos. em 2010,
é pedida a colaboração
da câmara municipal de
caminha e da Junta de
Freguesia de Vila Praia de
Âncora para a realização da
“maior maia do mundo”.
Tratava-se de uma coroa
de flores campestres,
com um diâmetro de 7
metros, que foi candidata a
recorde no guinness World
records -“The Widest
suspended Wreath”,
levando além-fronteiras
esta tradição das maias.
No ano seguinte, a Avenida
dr. ramos Pereira, em Vila
Praia de Âncora, acolhe
uma exposição de 100
maias. é a partir de então,
que surge a ideia de levar
mais longe esta tradição
e realizar uma festa em
homenagem às flores do
campo e da serra. surge
assim, em 2012 a primeira
edição da Vila Praia em
Flor, que contou com 700
maias expostas pelas ruas
da vila.
em 2013, a iniciativa
cresce e aliadas às
maias surgem as flores
artificiais. mais de 10 mil,
elaboradas manualmente,
ornamentaram as
principais artérias da
vila. O sucesso que se fez
sentir na segunda edição,
aumentou a vontade de
fazer mais na seguinte.
Assim, este ano, Vila
Praia em Flor traz muitas
novidades.
20 mil flores vão colorir
Vila Praia de Âncora de 30
de abril a 4 de maio
Na verdade, este ano foi
lançado um desafio a todos
para que, ao colocar o
melhor vaso nas portas,
janelas e varandas, se faça
de Vila Praia de Âncora
um grande jardim. Além
disso, o número de flores
artificiais que ornamentam
as ruas da vila aumentou
para 20 mil. são flores, que
segundo a organização, vão
fazer lembrar as cores do
minho, do traje regional,
dos campos, da filigrana
e também da primavera.
Trata-se de um trabalho
minucioso que levou mais
de dois meses a ficar
concluído e que pretende
fazer as delícias dos
visitantes.
Também este ano, será
exposta uma maia gigante
na Praça da república.
entre as principais
iniciativas de animação
está a encenação do
“roubo das maias” com
serenata e cantigas ao
desafio, pelo grupo de
danças e cantares do
Orfeão de Vila Praia
de Âncora, o encontro
de Folclore, a Noite de
cantares Tradicionais ou
o concerto de capicua,
um dos nomes mais
emblemáticos do hip
hop nacional. mas há
muito mais. entre ateliês,
mercados e exposições, a
programação é recheada e
promete não desiludir.
com o evoluir da
iniciativa o grupo “Os
Amigos d’as maias”
dividiram o trabalho em
duas fases: a elaboração
das ornamentações e a
exposição das maias. Ainda
assim, todos trabalham
afincadamente para que
nada corra mal. desde a
ida ao monte para colher
a melhor giesta, urze,
carqueja ou o apanhar das
flores do campo, todos
se empenham. quem faz
parte do grupo destaca
o convívio, a alegria e o
companheirismo, durante
todas as horas de trabalho
conjunto. dizem que
as gargalhadas fazem
esquecer as horas de
trabalho, a amizade ajuda
a atenuar o cansaço e
que os momentos que se
vivem são únicos.
é destacado um ambiente
de respeito, de partilha
de opiniões e de ideias,
assim como de aceitação e
divisão de tarefas.
O grupo “Amigos d’as
maias” encontrase aberto a toda a
comunidade e deixa o
convite a todos aqueles
que queiram e possam
partilhar um pouco do
seu tempo disponível:
“Todos são bemvindos! é importante
dar continuidade a este
trabalho de preservação
e divulgação dos nossos
costumes e, para tal,
basta simplesmente
comparecer!”
JORNAL
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
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JORNAL
DISTRITOCAMINHA
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Junta de Freguesia
de MOledo avança com
pré-embargo judicial
por causa da Construção
de um Bar na Duna
CAMINHA
PSD: Manuel
Marques substitui
Mário pAtrício na
vereação
O vereador social democrata, Mário Patrício, renunciou
ao cargo de vereador da Câmara de Caminha.
A notícia foi avançada pela
concelhia do PSD de Caminha
justificando a decisão do vereador com motivos de ordem
pessoal e profissional
No entanto, Mário Patrício
continua ativo na concelhia,
trabalhando com a recente eleita lista, da qual faz parte.
Em declarações ao Jornal C,
Mário Patrício diz que não faz
sentido continuar depois da derrota nas últimas eleições, e entende que é altura de dar lugar a outros.
“As eleições foram ganhas pelo
partido socialista, e eu entendi por bem não integrar mais
nenhum executivo nos próximos anos e dedicar-me à mi-
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nha carreira profissional no meu
local de trabalho, que é a Câmara Municipal de Valença”.
Mário Patrício considera que
este era o “timing certo” para
tomar a decisão e garante que
ela não tem implícita qualquer
problema ou divergência.
“Isto foi tudo combinado e articulado com o partido e não
há qualquer problema, atrito
ou cisão. Foi uma decisão normal”, garante.
Mário Patrício regressa agora à Câmara de Valença, onde
tem um cargo.
O lugar de Mário Patrício vai
ser ocupado por Manuel Marques, como avançou ao Jornal
C a líder da Concelhia do PSD
Liliana Silva.
“Foi uma decisão pessoal e profissional que a concelhia do PSD
entende que deve ser respeitada
e por isso apoiamos a 100 por
cento. Apesar de deixar o cargo
de vereador Mário Patrício não
abandona o partido e vai continuar na concelhia. Em sua substituição vai assumir o professor
Manuel Marques”.
De referir que os três nomes
seguintes na lista de candidatos
do PSD, nomeadamente Pedro
Fernandes, Vanda Pego e Paulo Pereira, não mostraram interesse em ocupar o lugar.
Será Manuel Marques, ex-presidente da Junta de Freguesia de
Vila Praia de Âncora e que no
passado já foi vereador, que assumirá o cargo.
Manuel Marques entra no executivo com um apelo à união
entre o PS e o PSD.
Para o autarca existem questões que são fundamentais como
é o caso do emprego e ação social, que estão nos programas
de trabalho dos dois partidos e
que devem ser enfrentados em
conjunto.
“Não é com questões que eu
considero de mínima importância, que nós faremos algo
pelo nosso concelho. Temos
que dar as mãos até porque as
ideologias de uns e de outros,
não diferem assim tanto, que
nos impeçam de progredir no
mesmo sentido”, considerou.
A Junta de Freguesia de Moledo decidiu
avançar com o embargo pré-judicial do apoio
de praia que está a ser reconstruído na duna
primária e que foi licenciado pela Agência
Portuguesa do Ambiente (APA).
Em declarações ao Jornal C, o presidente
da Junta, Joaquim Guardão, explicou que em
causa está a propriedade do terreno onde o
bar está a ser construído, que será da autarquia, entidade que nunca foi tida nem achada durante todo o processo.
“A Agência Portuguesa do Ambiente licenciou um apoio de praia simples no topo norte do paredão, num terreno que é pertença
da Junta de Freguesia de Moledo”.
Joaquim Guardão explica que aquele terreno
foi adquirido à Câmara Municipal de Caminha
em 1870, “está registado, está matriciado”.
“Faz parte de uma série de terrenos que ao
longo dos anos a Junta foi vendendo até que
ficou esta tira até ao moinho que é também
pertença da Junta de Freguesia”, explica.
A reconstrução do apoio de praia em cima
da duna primária de Moledo tem gerado a
contestação de autarcas, ambientalistas e da
população local que não entendem como é
que as entidades tuteladas pelo Governo aprovaram aquela infra-estrutura naquele local
quando o próprio Ministério do Ambiente
anuncia que vai gastar mais de 16 milhões
de euros na demolição de 835 casas afetadas pela subida do nível das águas do mar.
Também o apoio de praia de Moledo foi
destruído pelo mar no último Inverno, tendo,
contudo, sido autorizada a sua reconstrução.
“Como aquele bar foi licenciado e nós não
fomos tidos nem achados, entendemos que
não é muito normal alguém construir uma
casa, um bar ou qualquer tipo de edificação,
num terreno de outrém sem falar com o dono.
Depois também não entendemos como é que
o Ministério está a demolir moradias e a seguir deixa construir em cima de uma duna
primária. Não se entende, tanto mais quando está prevista uma intervenção de consolidação da duna para aquela zona”.
Pressionada pela população a Junta de Freguesia decidiu agir e avançar com um pré-
embargo judicial.
A acompanhar o processo esta também o
presidente da Câmara de Caminha. Sem poder para agir, Miguel Alves diz-se preocupado com a situação.
“Estou preocupado na medida em que estão
prestes a começar obras na zona mais baixa
daquele cordão dunar, umas obras que vão
custar 300 mil euros, e agora vemos surgir
aquela obra em cima”.
Miguel Alves diz querer acreditar nos técnicos “são eles que percebem, são eles que
têm uma visão mais alargada sobre esta matéria” e por isso está confiante de que as decisões técnicas foram preparadas e decididas com todos os fundamentos. No entanto
o autarca está preocupado e considera até
ambíguo o que está a acontecer.
Miguel Alves diz estar a acompanhar o trabalho da Junta nesta matéria, “que pegou no
caso do ponto de vista da propriedade do terreno onde está implantado o bar. Neste momento o que podemos fazer é acompanhar
de perto esta questão”.
Espanha
não
draga
CAMINHA
ASSUME
MAIS UMA
DRAGAGEM
JORNAL
DISTRITOCAMINHA
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
“Rostos dos
Estaleiros Navais”
até 18 de Maio no
Museu de Artes
Decorativas de
Viana do Castelo
Junta de Vilar de
Mouros reabilita
fontanários com a
ajuda da população
Mais de duas dezenas de voluntários participaram no passado sábado, 12 de Abril, numa
ação de voluntariado promovida pela Junta de Freguesia de
Vilar de Mouros. Desta vez a
tarefa dos voluntários foi reabilitar alguns fontanários espalhados pela freguesia que se
encontravam sem funcionar e
ainda o arranjo e limpeza de das
valetas no caminho do Agrelo.
Carlos Alves, presidente da
Junta de Freguesia, explicou
ao Jornal C que estas ações
só são possíveis graças à criação de uma comissão de voluntariado.
“A ideia surgiu há alguns
meses, antes mesmo das eleições autárquicas. A Junta estava sempre a queixar-se que
não tinha dinheiro para nada e
então decidimos avançar com
este modelo”
A primeira ação de voluntariado, que envolveu uma plantação de árvores, teve lugar em
Novembro e juntou cerca de
50 pessoas.
“Estamos a ter um êxito muito
grande. As pessoas têm partici-
pado, gostam de se sentir envolvidas e sentem que a sua participação, em termos de cidadania,
é importante”.
“Uma experiência muito importante e que tem ajudado a
Junta a superar algumas dificuldades”, é como Carlos Alves define estas ações de voluntariado.
Para levar por diante a ação
de reabilitação dos fontanários
a Junta precisaria de cerca de
10 mil euros, com a ajuda da
população a Junta vai gastar
pouco mais de mil euros. “Estamos a falar de uma intervenção que envolve bastante mão
de obra. Só para ter uma ideia,
enterramos cerca de mil e duzentos metros de tubo”, explica.
Para além da reabilitação dos
fontanários e porque havia pessoal disponível, a Junta aproveitou para limpar algumas valetas de alguns caminhos.
Depois desta, a Junta está já a
preparar outras ações de voluntariado. “Temos muitos projetos para levar a cabo e as pessoas estão muito motivadas para
continuar.
Estamos a pensar avançar com
a limpeza do rio coura, com a
reconstrução de um caminho
pedonal ao longo do parque de
merendas, com a reabilitação
do centro da freguesia, enfim
um conjunto muito grande de
iniciativas que irão ser levadas a cabo pelos voluntários”.
Consciente que os tempos que
correm são difíceis em termos
de recursos financeiros, a Junta
de Freguesia de Vilar de Mouros lançou o desafio à população que prontamente se disponibilizou a ajudar.
“Foi muito fácil conseguir envolver as pessoas neste projeto e não foi preciso andar a
pedinchar. São as próprias pessoas que se vêm oferecer para
nos ajudar”.
Carlos Alves enaltece a sensibilidade da população que já
permitiu fazer algumas obras
na freguesia como é o caso de
um muro no Largo do Casal,
“que se tivesse sido feito a expensas da Junta, não estava lá
de certeza”.
No final houve um pequeno
convívio no Largo do Casal
onde não faltaram as concertinas e os cantares ao desafio.
O ferry boat que liga Caminha a A Guarda, pelo rio Minho, está agora mais vezes
parado do que em funcionamento. O assoreamento à saída do cais de Caminha impede a embarcação de navegar
normalmente e de ligar diariamente as duas margens do
rio internacional.
O presidente da Câmara de
Caminha, Miguel Alves, disse ao Jornal C que vai avançar com trabalhos de dragagem das areias no final deste
mês, quando o ferry for para
doca seca para inspeções. O
autarca admite a importância,
para Caminha, da embarcação
funcionar normalmente todos
os dias, sem falhar ligações e
deixar os passageiros apeados.
“A causal principal para que
o ferry esteja neste momento mais vezes parado do que
a navegar, tem a ver com um
assoreamento na zona da saída do ferry em Caminha. Este
assoreamento faz com que na
baixa mar e até na meia maré,
o ferry não consiga navegar”.
Esta situação vai obrigar
a uma atuação por parte da
Câmara de Caminha que vai
avançar com a limpeza daquela zona. “Vamos criar ali um
canal, enfim uma zona onde
possa haver algum acesso”.
Mas Miguel Alves lembra que
esta operação tem custos, e
essa tem sido, segundo o autarca, a batalha mais difícil.
“Eu já mobilizei todas as nossas forças para podermos encontrar uma solução, porque
a alternativa é termos um ferry parado. Nós vamos ter que
limpar toda aquela zona ali
em frente “.
No dia 28 e 29 de Abril, por
imperativo regulamentar, o ferry vai ter que ser colocado em
doca seca para ser vistoriado e é nessa altura que a câmara vai aproveitar para limpar a zona de entrada e saída
do ferry.
“Se nós conseguirmos resolver
esta situação à saída, temos o
ferry a funcionar regularmente”.
O presidente da Câmara de
Caminha admite que a responsabilidade de manter o canal do
ferry boat navegável cabe aos
espanhóis de A Guarda. Como
os galegos não o fazem, Caminha vai avançar a expensas próprias com o desassoreamento dada a importância
para a economia do concelho
da manutenção de uma ligação diária e direta a Espanha.
“Em vez de estarmos a dirimir culpas de quem deve ou
não resolver a situação, embora eu reconheça que a responsabilidade é repartida a dois,
eu vou já atuar. Temos que o
fazer rapidamente e encontrar
soluções. Aquilo que eu tenho
O Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo tem patente até 18 de Maio a exposição “ENVC –
Rostos dos Estaleiros Navais” de Egídio Santos. Trata-se de um conjunto de fotografias feitas em Viana do
Castelo nos anos 90, a que se juntam uma reportagem
durante as duas manifestações da empresa em Dezembro passado.
A exposição, patente na galeria do Museu com entrada
pela Rua General Luís do Rego, mostra o maior estaleiro naval de Portugal e um dos maiores da Europa Ocidental e os rostos, sonhos e lutas de quem passou pela
empresa. A exposição é composta por trinta imagens
que mostram momentos diversos de um dia de trabalho
dos Estaleiros e ainda por imagens realizadas nas manifestações de 7 e 13 de Dezembro de 2013, que transmitem a tristeza e desilusão que assolou toda a comunidade de Viana do Castelo ao saber da decisão de fechar
os ENVC, despedindo a totalidade dos trabalhadores.
As fotografias são da autoria de Egídio Santos. Nascido no Porto em 1970, tirou o curso de Fotografia da
Escola Superior Artística do Porto. Trabalhou em diversos jornais e publicações, com destaque para o Independente, o Jornal de Negócios e a Exame. Colabora
atualmente com diversas entidades e instituições e tem
trabalhos publicados em trinta livros, tendo participado em mais de vinte exposições individuais e coletivas.
Está representado nas coleções do Centro Português
de Fotografia e Museu do Douro.
que fazer e que é meu dever,
é fazer com que este equipamento, que é caro e tem as suas
despesas de manutenção, pos-
sa funcionar. Se isso não
acontecer, não faz sentido
nenhum estar ali o ferry”,
refere Miguel Alves.
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JORNAL
DISTRITOBREVES
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
ARCOS DE VALDEVEZ
CAMINHA
PAREDES DE COURA
PONTE DA BARCA
objetivos claros como a estruturação do cluster das energias
renováveis e da fileira da economia do mar, assim como outras fileiras.
Isto porque, desde 2010, a Câmara Municipal tem vindo a implementar um conjunto de medidas, incentivos e programas
como isenções e redições nas
PONTE DE LIMA
taxas de licenciamento, IMT
e disponibilidade de crédito
para propiciar a afirmação e
consolidação empresarial do
concelho
médicOs de FAmíliA de ViANA dO
cAsTelO VãO PrOmOVer PrOJeTOs de
PrOmOçãO de VidA sAUdáVel
miNisTrO dO AmbieNTe
VisiTOU emPresA de
ViANA dO cAsTelO
O Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, esteve recentemente em Viana
do Castelo para visitar a unidade de geradores e mecatrónica e a fábrica de pás de rotor da ENERCON. Na visita, o
autarca José Maria Costa lembrou a importância da empresa
e do porto de mar enquanto infraestrutura de apoio à exportação desta empresa.
Na visita, José Maria Costa
sublinhou que este é um projeto
âncora regional e nacional que
atraiu já novos investimentos e
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novas empresas instaladas entretanto no Parque Empresarial
de Lanheses. De acordo com o
edil, neste momento a ENERCON é uma empresa exportadora de Viana do Castelo e recordou o Ministro do Ambiente
da necessidade de melhorar os
acessos ao porto de mar para
facilitar as exportações desta
unidade empresarial.
De sublinhar que a ENERCON, uma das empresas que
mais contribui para as exportações portuguesas, já investiu, desde 2006, em Viana do
Castelo, mais de 120 milhões
de euros, com a construção das
três unidades industriais (a fábrica de pás de rotor, a fábrica
de torres de betão e a fábrica
de geradores e mecatrónica) e
criou mais de 1.700 postos de
trabalho diretos e gera cerca de
200 milhões de euros em atividade económica anual.
Este investimento foi apoiado pela Câmara Municipal de
Viana do Castelo no âmbito do
programa de incentivos e isenção de taxas com vista à fixação de empresas e criação de
postos de trabalho, uma política
desenhada de forma a cumprir
A vereadora com o pelouro da Saúde da Câmara Municipal de Viana do Castelo e a responsável pelo Gabinete Cidade Saudável reuniram com os médicos
coordenadores e equipas das unidades de saúde com o objetivo de divulgar e
promover três dos principais projetos do Gabinete Cidade Saudável, que visam
a promoção de estilos de vida saudável.
A reunião juntou à mesma mesa representantes das Unidades de Saúde Familiares Gil Eannes, Tiago de Almeida, Atlântico e Arquis Nova e das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados de Viana do Castelo, Darque, Barroselas e Santa Marta e pretendeu dar a conhecer aos profissionais de saúde
três grandes projetos do Gabinete Cidade Saudável e que agora serão divulgados junto dos utentes.
Em causa estão os projetos ABC da Caminhada, que se traduz na disponibilização de um pedómetro de forma a permitir que as pessoas em idade adulta saibam se dão os dez mil passos diários necessários para atingir os parâmetros da OMS para se considerar ativo; o PAF 65, ou seja, o acesso de técnicos
de reabilitação ao domicílio a pessoas com mais de 65 para as capacitar e dar
competências que lhes permitam a autonomia nas atividades da vida diária (os
técnicos são disponibilizados no âmbito do projeto de voluntariado empresarial
com uma bolsa de horas atualmente a cargo do Hospital Particular de Viana e
que se espera em breve vir a alargar a outras empresas); e o Programa de Treino Cognitivo, destinado a maiores de 55 anos sem défices cognitivos ou com
défices muito ligeiros e que passa por dez sessões presenciais com um psicólogo onde são realizados exercícios para treino da mente e que permitem a manutenção da capacidade cognitiva.
JORNAL
DISTRITOBREVES
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
MELGAÇO
MONÇÃO
VALENÇA
VIANA DO CASTELO
VILA NOVA DE CERVEIRA
Comunidade Portuária
preocupada com ausência
de identificação da
acessibilidade rodoviária
ao porto de mar de viana
A Comunidade Portuária, a
Administração Portuária e a
Câmara Municipal de Viana
do Castelo voltaram a reivindicar a importância dos acessos rodoviários ao porto de
mar de Viana do Castelo junto ao Secretário de Estado das
Infraestruturas, Transportes e
Comunicações e do Presidente da CCDR-Norte. A posição
foi tomada depois de conhecido o documento do governo sobre as prioridades das infraestruturas e dos transportes
em Portugal.
A reivindicação para que sejam considerados e priorizados os acessos rodoviários ao
porto de Viana do Castelo surge depois de um encontro para
analisar o documento aprovado pelo governo sobre as prioridades para os setores marítimos e portuários e tem em
conta o facto de o porto comercial ser um porto exportador e ser estratégico para um
crescente aumento das exportações na região do Minho.
Lembre-se que esta infraestrutura marítimo-portuária tem
uma capacidade instalada para
movimentar cerca de 900.000
toneladas de carga por ano, é o
elemento âncora para o desenvolvimento da região de Viana
do Castelo e se assume como a
plataforma de internacionalização do tecido económico desta região, sendo fator de atratividade de novas empresas e
indústrias para o Alto Minho.
Os acessos rodoviários são
fundamentais para o reforço
da capacidade operacional e
para garantir o crescente aumento de movimento do porto
comercial de Viana do Castelo, em especial nas exportações, derivado da dinâmica comercial da EUROPAC (fábrica
de papel), ENERCON (fábrica
de aerogeradores eólicos), da
atividade da nova fábrica de
cabos marítimos EURONET
e ainda da carga e descarga
de diversos graneis sólidos,
lembram os responsáveis que
agora reclamam junto dos governantes a ausência de qualquer investimento nos acesso
rodoviários ao porto de mar.
Projeto
Voluntariado
Empresarial
junta 39
empresas
no apoio a
instituições
sociais
A Câmara Municipal de Viana do Castelo e
39 empresas de Viana do Castelo assinaram
111 protocolos no âmbito do projeto dedicado ao Voluntariado Empresarial sob o lema
“Quem ama cuida”. O projeto, lançado em
2012, visa suprir as necessidades de instituições do concelho com os serviços prestados
voluntariamente por empresas e tem vindo a
crescer em número desde o seu lançamento.
O projeto pretende ser um espaço de aproximação entre competências das empresas
e as necessidades das instituições particulares de solidariedade social e associações do
concelho onde foram detetadas diversas necessidades que vão do simples bolo de aniversário das crianças institucionalizadas ou
do corte de cabelo à manutenção de viaturas ou de equipamento informático. Para suprir estas necessidades, várias empresas do
concelho associaram-se ao projeto e estão a
fornecer a sua boa vontade, mão-de-obra e conhecimentos neste voluntariado empresarial.
No primeiro ano, foram 27 as empresas, mas
agora são 39, incluindo inicialmente cabeleireiros, pastelarias, concessionários automóveis,
ginásio, gabinetes de design, óticas, uma rádio,
informática e uma empresa de ajudas técnicas, a que se juntam agora uma loja de roupa,
uma loja de calçado, duas clínicas oftalmológicas, seis clínicas dentárias e duas farmácias.
Na sessão de assinatura de protolocos, o
Presidente da Câmara agradeceu às empresas pela sua atitude solidária e de coresponsabilidade social demonstrada no apoio às
instituições. José Maria Costa referiu ainda estar muito sensibilizado com a iniciativa já que, apesar das dificuldades económicas que as empresas atravessam atualmente,
não deixaram de dar resposta positiva e solidária às instituições que contribuem com
o seu trabalho para construção de um mundo melhor para as crianças e jovens que estas instituições apoiam.
Refira-se que esta iniciativa inovadora em
Portugal permite também melhorar o conhecimento das instituições sociais e facilita outras formas de colaboração solidária, sendo
que a autarquia desenvolveu, a este propósito, outra iniciativa de colaboração das empresas através de “outdoors solidários” em
que empresas e colaboradores participaram,
durante um dia, em trabalhos de beneficiação, pintura e decoração em instituições ligadas à infância e à juventude.
Monção entre os melhores na taxa de abandono
escolar e taxa de escolarização média
Estudo “Atlas da Educação
– Abandono Escolar em Portugal”, realizado pelo Centro
de Estudos de Sociologia da
Universidade Nova de Lisboa
com coordenação de David
Justino, presidente do Conselho Nacional de Educação
e antigo ministro da educação, foi apresentado recente-
mente na Fundação Calouste
Gulbenkian.
O estudo “Atlas da Educação – Abandono Escolar em
Portugal”, realizado com base
nos dados obtidos nos censos
de 1991, 2001 e 2011 e apresentado recentemente numa
conferência realizada na Fundação Calouste Gulbenkian,
coloca Monção numa situação muito positiva em termos
de taxa de abandono escolar e
taxa de escolarização.
Em dois itens deste estudo,
realizado pelo Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa com
coordenação de David Justino,
presidente do Conselho Na-
cional de Educação e antigo
ministro da educação, Monção situa-se mesmo como um
dos 25 municípios do país com
melhores resultados.
Na taxa de abandono escolar
precoce (18-24 anos), o concelho de Monção encontra-se
na 10ª posição com 18,20%.
Em 1991, a taxa situava-se em
70,84% e em 2001 em 42,97
%. Assim, no prazo de uma
década, assistiu-se a uma diminuição superior a 53%.
Na taxa de escolarização média (25-44 anos), houve uma
evolução favorável de 5,41%,
em 1991, para 7,37%, em 2001,
e 10,15%, em 2011. Em duas
décadas, a taxa praticamente
duplicou, ocupando o concelho de Monção a 19ª posição
na tabela nacional.
Este estudo, pedido pela EPIS
– Empresários pela Inclusão
Social, retrata a evolução do
ensino em Portugal nos últimos vinte anos, revelando que
o abandono escolar em Portugal caiu drasticamente nas
duas últimas décadas e que a
taxa de escolarização aumentou
significativamente com maior
peso na população feminina.
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JORNAL
DESPORTO
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Juventude de Cerveira
9ª Regata Internaciona
Vila Nova de Cerveira acolheu no passado
domingo, 6 de abril, uma das regatas mais
importantes do calendário Nacional da Federação Portuguesa de Remo, nos escalões de
infantis, iniciados e juvenis, organizada pela
Associação Desportiva e Cultural da Juventude de Cerveira (ADCJC). Trata-se da Regata Internacional Ponte da Amizade que, após
9 edições, se afirma como uma das provas
mais importantes, a nível das camadas jovens,
no panorama ibérico. No total, cruzaram as
águas do Rio Minho 450 jovens remadores,
em representação de 18 clubes (10 portugueses e 8 espanhóis) e mais de 200 tripulações.
Durante a manhã decorreram as eliminatórias, ficando a tarde reservada para as finais.
A equipa da casa (ADCJC) fez-se representar por 21 jovens remadores, entre os 9 e os
15 anos, que lograram a conquista de quatro lugares no pódio:
- 1x Juvenil Masculino
– André Marques – 2º lugar;
- 4x Juvenil Masculino
– David Cerqueira, Nuno Ferreira, João
Carvalho e Nuno Gonçalves – 2º lugar;
Atletas da Desnível
Positivo concluíram
com êxito participação
na dura “Marathon
des sables”
Os atletas da equipa Caminhense Desnivel Positivo concluíram com êxito a mais dura
prova do Mundo a pé a “Marathon des Sables” na distância de 250 km.
Esta prova “extrema” decorreu no deserto do Sahara em
Marrocos entre 4 e 14 de Abril,
sendo que as etapas competitivas, num total de 5, decorreram entre 5 e 11 de Abril.
Carlos Sá, 40 anos, profissional de Trail Running, qualificou-se no 4º lugar (1º não Afri-
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cano), igualando o seu melhor
registo na prova (em 2012),
naquela que foi a sua 4ª participação.
De registar que em todas as
participações o atleta ficou sempre entre os 10 primeiros lugares.
Pedro Gonçalves, 41 anos,
bancário, ficou no 54º lugar
naquela que foi a segunda participação nesta prova.
A “Marathon des sables” é
uma das provas mais importantes do circuito mundial, cha-
mado “World Tour”, de trail
em que os atletas tem de transportar consigo toda a logística
necessária para sobreviver, comida, roupa, saco-cama, etc,
enfrentando não só as areias do
deserto como um clima hostil onde facilmente se encontram temperaturas na ordem
dos 40/50 graus durante o dia
e negativas à noite.
Uma corrida extrema que contou com cerca de 1400 atletas
à partida tendo terminado apenas 917.
Segundo os entendidos foi a
edição mais dura de sempre
com cerca de 50% do percurso constituído por dunas.
À chegada ao Porto os atletas tinham cerca de uma centena de apoiantes à sua espera no aeroporto, especialmente
da parte dos colegas e companheiros da Desnível Positivo.
A participação portuguesa ficou a cargo de 5 atletas sendo que 3 desses atletas ficaram nos 100 primeiros lugares,
Carlos Sá, Pedro Gonçalves e
João Colaço.
- 1x Juvenil Feminino
- Cláudia Figueiredo – 1º lugar;
- 1x Iniciado Masculino - José Leal
– 2º Lugar.
Juniores do Ancorense
são “Os reis da Taça”
O Centro Cultural e Desportivo Ancorense, clube do concelho de Caminha, foi o
grande vencedor da Taça de Juniores, organizada pela Associação de Futebol de
Viana do Castelo. É a segunda vez que o clube Ancorense
conquista esta taça, o que leva o coordenador geral do clube, Paulino Gomes, a classificar os jogadores como os “reis da taça”.
“Na categoria de juniores conseguimos
chegar à final que é no fundo a taça mais
importante a nível distrital. Jogamos essa
final em Valença e ganhamos por uma bola
a zero frente ao Limiano. Esta já é a segunda taça que conquistamos, já tínhamos vencido a primeira edição, e voltamos a vencer agora o que faz de nós os reis da taça”.
Paulino Gomes, coordenador geral do
Ancorense, fala no resultado de um trabalho de vários anos que agora começa a
dar frutos que se refletem nas conquistas
alcançadas por todas as equipas do clube.
“Estamos a falar de um trabalho muito rigoroso que já dura há dez anos e que tem
apostado muito na formação dos atletas
desde a idade de 4 anos. Também temos
tido um cuidado muito especial da escolha dos técnicos e formadores o que nos
tem trazido muito bons resultados”, refere.
Para Paulino Gomes ter bons treinadores
e bons formadores, faz com que as equipas tenham mais rigor, “e isso faz com
que mais crianças procurem o nosso clu-
be para aprenderam a jogar”.
Os juniores são, refere Paulino Gomes,
“uma consequência disso mesmo”.
No que toca aos Juvenis, o coordenador Geral do Ancorense destaca os bons resultados.
“Também em Juvenis conseguimos conquistar a final da taça que vamos disputar na sexta-feira santa frente ao Cerveira, no campo do Âncora Praia”.
Relativamente aos iniciados, o Ancorense está muito perto de se classificar campeão distrital.
“Se conseguirmos, para o ano já vamos
jogar, pela pontuação que temos, com equipas como o Braga ou o Guimarães. Já atingimos um patamar de excelência na medida em que vamos jogar a nível nacional”.
JORNAL
DESPORTO
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
A cONqUisTA 4 PódiOs NA
NAl “PONTe dA AmiZAde”
Nas duas últimas provas do dia
estiveram em disputa os Troféus
para o 4x Juvenil Feminino e
para o 8+ Juvenil Masculino, que
foram criados para galardoar o
clube que vença a respetiva pro-
va por 3 vezes consecutivas ou
por 5 vezes alternadas. O Clube Naval Infante D. Henrique
(Valbom) venceu, assim, o 8+
masculino e o Viana Remadores do Lima (Viana do Caste-
lo) o 4x Juvenil Feminino. Uma
vez que nenhuma destas equipas o fez pela 3ª vez consecutiva, ou 5ª vez alternada, apenas
nas próximas edições se poderá
encontrar um vencedor.
AdcJc cONqUisTA qUATrO
lUgAres NO PódiO NO
cAmPeONATO remO iNdOOr 2014
A Associação Desportiva e
Cultural da Juventude de Cerveira (ADCJC) conquistou, no
passado sábado, no Open de
Portugal em Remo Indoor /
Campeonato e Regata Nacional de Remo Indoor 2014, quatro lugares no pódio.
A ADCJC participou, assim,
com 21 atletas dos escalões infantil, iniciado e juvenil, destacando-se os seguintes resultados:
* Categoria Open Infantil Masculino (5 mts.) – Tiago Fernandes – 3º lugar
* Categoria Infantil Masculino (5 mts.) – Eduardo Pereira 5 minutos – 3º lugar
* Categoria Iniciado Masculino (5 mts.) – Ruben Alves –
1º lugar
* Categoria Juvenil Feminino (5 mts.) - Cláudia Figueiredo – 1º lugar
No período da manhã disputaram-se as provas nas categorias de Promoção, Universitário, Masters e ainda de Atletas
Portadores de Deficiência. No
período da tarde, a partir das
14:00 horas foram disputadas
as provas Jovens (Benjamins,
Infantis, Iniciados e Juvenis),
seguindo-se os Juniores e Seniores, sendo que o final do
campeonato decorreu por volta das 17:30 horas.
A iniciativa foi organizada pela
Viana Remadores do Lima e
pela Câmara Municipal de Viana do Castelo que juntou no
Centro Cultural de Viana do
Castelo cerca de quinhentos
atletas, entre eles dois atletas
olímpicos.
Cursos de línguas: diurnos e nocturnos,
em grupos e individuais, para adultos
e estudantes, em: Inglês, Francês,
Alemão, Espanhol, Italiano, Russo,
Português (para estrangeiros)
TRADUÇÕES: de toda a espécie,
por tradutores ajuramentados!
Informe-se:
INSTITUTO DE LÍNGUAS EIRAS, LDA
Rua de Santo António, 120-2º
4900-492 Viana do Castelo
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JORNAL
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Centenas de pessoas
assistiram em vila prAia de
Âncora à encenação
da via sacra
FOTOS : ANTÓNIO GARRIDO
Centenas de pessoas acorreram no passado fim de semana à marginal de Vila Praia de
Âncora, Avenida Ramos Pereira, para assistirem à Via Sacra encenada organizada pela
Paróquia daquela freguesia.
Mais de 60 figurantes, devidamente ensaiados e caracterizados, apresentaram à população as últimas horas que
Jesus passou na terra até à sua
crucifixão e morte.
A última ceia, a apresentação
de Jesus a Pilatos, o encontro
com Verónica, foram algumas
das cenas apresentadas.
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A iniciativa foi organizada
por um grupo de catequistas
que há muito acalentava este
sonho.
Os ensaios decorreram durante semanas e o resultado não
podia ter sido melhor, tal como
testemunham as fotografias.
O balanço foi muito positivo e por isso o grupo da catequese pensa já em novos projetos para desenvolver junto
da comunidade.
A Via Sacra apresentada no
passado domingo contou com
a participação das crianças da
catequese e dos seus familia-
res, bem como a restante co- “Julgamos que com esta re- sagem que a Bíblia pertende ria José que aproveitou para
munidade que ajudou não só presentação as pessoas fica- transmitir”, referiu uma das or- agradecer a todos quantos coao nível da participação dos ram a perceber melhor a men- ganizadoras, a catequista Ma- laboraram nesta iniciativa.
figurantes, mas também na
escolha e construção de alguns dos adereços utilizados.
Abrir as portas da catequese à comunidade foi um dos
objetivos desta iniciativa, a
que se junta também a possibilidade de uma maior reflexão individual e coletiva.
Ao longo de 14 cenas acompanhadas com diversos cânticos, foi possível perceber o
percurso efetuado por Jesus
ao longo do calvário.
JORNAL
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
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JORNAL
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
PODER LO
16. SOLIDARIED
Com 18 anos já aprendera com
espíritos vivíssimos: o antigo
reitor da Universidade de Coimbra e ex-Presidente da Academia de Ciências, professor Dr.
Coelho de Carvalho (jovem de
80 anos).
Entretanto, e com o que vai
de obra, conseguia já a entrega de um quadro para o Museu
Nacional do Rio de Janeiro.
Outros “serviam” para lhe atestar o mérito: Fernando Pessoa,
Afonso Lopes Vieira, Guilherme de Faria ou Adolfo Casais
Monteiro, quem lhe dedica o
poema “Europa”. Relacionouse com E. Cechi (biógrafo de
Giotto) e com Mondrian (pai
do abstracionismo); com Delaunay; Segall e o teórico Herbert
Reed. Contará com as amizades de Norton de Matos, Paiva Couceiro ou de Marinetti e
Mário de Andrade.
Dos parceiros podem-se referir “o Azevedo, o Lemos e
o Vespeira” que lhe dedicam
uma exposição em 1952.
Acrescentaria agora todo o
ambiente das exposições que
António Pedro realizou, bem
como daquelas em que os seus
trabalhos e apresentações se fizeram junto a outros artistas.
Em Portugal: 1925 – caricaturas em Viana. Em 1936, na
Casa Quintão: exposição dos
Artistas Independentes; aqui
aparecia junto a Sarah Afonso,
Vieira da Silva, Semka, Szobel,
Almada Negreiros e Arlindo
Vicente. Antes, em 1935, experimentara já os “poemas dimensionais” no SALON DES
SUPERINDEPENDANTS.
Por esta iniciativa da Revista “Clima” partia para o Rio
de Janeiro - está no Museu
de Belas Artes onde durante
1941 trabalhou com brasileiros. Daqui sairá a sua aprsetação na Exposição Industrial
de São Paulo em 1942.
Noutra altura, em Londres pertence ao “Surrealist diversity”
da ARCADE GALLERY, ponto
de contato com a pesquisa estética do surreal. Aparecem na
sua vida os grandes nomes: Planells, De Chirico, René Magrite,
Giacometti, Mewillim. De referir outros como Picasso, Paul
Klee, Delvaux e Miró.
Entre 1946 e 1947 marcara um
regresso a Portugal. Aqui também já tivera apresentações durante os anos 40: no Salão de
Artes Plásticas (Lisboa) e na Exposição Surrealista de Lisboa.
Será em 1953 que José Augusto França lhe marca uma
“retrospectiva” da pintura na
“Galeria de Março”. Neste mesmo ano, participa ainda na 2ª
Bienal de São Paulo.
Ainda se faz representar noutras exposições das quais existem possivelmente catálogos
ou simples textos à maneira
de um prestigioso espólio, ou
pré-texto esparso de estudos.
Pela zona onde viera viver impuseram-se-lhe as cerâmicas e
os azulejos. Associou a escultu-
CAMINHA
PEDRO,
Caminhou
José Domingos
Matos Araújo
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ra aos conselhos do fogo moldando o barro e a cerâmica. Em
1954 pertenceu ao grupo “Ceramistas de Viana”, vindo ainda no mesmo ano a expor individualmente. Depois de uma
digressão pelo país passa com
aquele grupo por Cannes.
Repartindo-se pelos anos, contaríamos já umas 30 exposições
que bem expressam o nível e o
ritmo da sua atividade.
Passaríamos agora a outras atividades em que a nossa curiosidade lhe descobre como se
“aguentou de dinheiro”. Fez:
ilustrações, publicidade, litografia, decorações, figurinos,
cenografia… Mas houve mais.
Antes de passaraos “Livros
de versos” ou outros possíveis
pré-textos conviria parafrasear alguns temas como : Poesia Dimensional – Cansaço
dos Sentidos; A Ate; Porque
sou surrealista?; Abstração.
Estes textos valem como chaves (as palavras) que abrem o
labirinto da cultura que a história e as ideias exigem. Interessaria ainda repassar em
escuta os olhos sobre outra
obra: Prefácio para o Dicionário Prático, datado de Abril
de 1952 e publicado inédito in
“Comércio do Porto” de 120-967; os artigos para este dicionário encontram-se ainda
na revista “Pentacórnio”, Lisboa, 31-12-956.
Volteos agora aos “Livros de
Versos” e, doutro modo ainda, considerarei outros géneros (na prosa).
Dispersos e com diferentes datas salientaria as poesias como
“Ledo Encanto” – 1927 – ou
“Distância” – com 2 edições,
a primeira de 1929.
Depois, em 1931seguem-se
Diário e Máquina de Vidro publicado em 1935.
Em 1936 já atinge uma recolha
num “I volume” de obras suas.
Em Paris, 1935, António Pedro descobre os 15 Poèmes au
Hasard. Em redundância com
paisagens e povoamento darse-á, em 1938, a publicação
de Casa de Campo.
Em toda a poética, o autor reflete o gosto pelos “cantares” e
pela poesia árabe e provençal.
A Serra d’Arga que fica perto, inspira-lhe o Proto-Poema
sa Serra d’Arga, com data de
1949.
Passaremos agora aos outros textos (em prosa); podemos distinguir uma primeira
tipologia de pendor ensaístico
- em que descobrimos a colocação e direção em várias revistas: Variante; Mundo Literário; Horizonte; Pen Club
Buletin e Freeunions. Ultimamente a Presença. Nos escritos de caráter ou pendor ensaístico são retomados com
especial predileção o Teatro
a Poesia, Literatura, a Arte.
A vasta colaboração tornase já periódica e alcança mais
publicações: Clima; Aventura,
Lusíada e Cadernos de Poesia.
Em todas elas se manifestou
e declarou o pendor e a escolha pela literatura e artes com
especial incidência nos temas
ligados ao teatro, nas revistas
literárias dirigidas por José Augusto França (Unicórnio, Bic
ornio e Tricórnio).
Os escritos vão acontecendo
e ganham forma e maior alcance com um esnsaio de estética em 1948 e uma Introdução
a uma História da Arte; a eleboração, não completada, do
Dicionário Prático Ilustrado e
a publicação em 1949 dos Cadernos surrealistas.
da sua intensa ligação com a
dramaturgia podem-se apontar os Cadernos dum Amador
de Teatro ou o Teatro e a sua
Verdade; O Teatro e a Técnica do Ator e O Teatro e a Liberdade do Ator.
Nas prosas inlcuem-se, já noutras tipologias possíveis, a colaboração na imprensa periódica. Na activiadde jornalistica
referem-se presenças no Diário
de Lisboa, República, O Século
Diário de Notícias, Comércio
do Porto e Jornal de Noticias.
Chegou a chefiar a redação do
Diário Popular.
Noutra “tipologia” das suas
prosas estão as obras que traduziu, ou refundiu, de outras
línguas para o “Português”.
O bom funcionamento, na perspetiva multidimensional, de qualquer instituição, pública ou privada, depende de vários fatores,
destacando-se, a título exemplificativo, o melhor relacionamento possível com e entre todos os
agentes que direta e/ou indiretamente mantêm contactos, negócios, acordos e relações, ainda
que informais, com a organização, revelando-se de importância fundamental as parcerias que,
entretanto, se estabelecem, desenvolvem e frutificam.
As Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia serão incluídas
nesta última dimensão, a parceria
que, natural e legalmente, podem
(e devem) manter entre elas, independentemente de quaisquer
posições pretensamente hierárquicas, preconceitos, orientações
político-partidárias, princípios
filosóficos e ideológicos.
A razão essencial, supremamente válida e dignificante, prendese com, pelo menos três objetivos fundamentais: bem-estar;
desenvolvimento sustentável e
felicidade das populações, servidas por estas duas autarquias,
sempre com esta convergência
de finalidades.
No atual quadro constitucional
da organização político-administrativa de Portugal, o Poder
Local Democrático, que integra Regiões Autónomas e Autarquias Locais, neste caso: Câmaras Municipais e Juntas de
Freguesia, tem-se revelado um
poderoso instrumento, na resolução dos muitos problemas que
envolvem as populações, principalmente nas pequenas localidades, dada a proximidade de um
poder com rosto humano, oriundo (embora nem sempre assim
aconteça) do próprio povo dessas mesmas localidades.
Neste contexto, é óbvio que
a conjugação de: esforços, recursos, solidariedade, lealdade
e cooperação entre as duas autarquias – Câmara Municipal
e Junta de Freguesia –, constitui uma das melhores fórmulas
para o sucesso das intervenções
que aquelas instituições realizam, bem como para o conforto das populações.
O desentendimento entre estes
dois tipos de autarquias, apenas
serve o divisionismo, o exacerbar
dos ânimos e o prejuízo, imediato
e incalculável, para a comunidade, porque nem a Câmara por si
só resolve todos os problemas,
nem a Junta consegue realizar
os projetos de desenvolvimento que se comprometeu executar, sem a colaboração, a todos
os níveis, da respetiva Câmara
Continua Municipal, da qual depende em
JORNAL
OPINIÃO
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Diamantino
Bártolo
OCAL DEMOCRÁTICO
RIEDADE PARA COM AS JUNTAS DE FREGUESIA
variadíssimos aspectos.
O bom relacionamento entre
os autarcas destas duas instituições – Câmaras e Juntas – é a
“Pedra Filosofal” para o sucesso do Poder Local Democrático,
e a garantia para as populações
de que as suas dificuldades, anseios e situações menos boas,
terão maiores possibilidades de
serem analisados e resolvidos.
A fórmula para tal relacionamento é constituída por alguns
valores de referência, essenciais,
genuinamente humanos, exigíveis numa moderna comunidade,
dos quais se destacam: lealdade,
solidariedade, respeito, cooperação, tolerância e amizade, embora outros se possam adicionar
como: a liberdade de expressão
e de opinião; ainda que divergentes e quando manifestadas
em local e tempo próprios, com
deferência e humildade, flexibilidade e compreensão recíprocas.
Eventualmente, poderá tratarse, à partida, de um problema
de comunicação, talvez porque:
«A comunicação é um processo
complexo, porque envolve muitas formas de manifestação e de
expressão, com diferentes finalidades. Ela é resultante da expressão do conhecimento, da inteligência e da emoção, e pode
ser afetada por diversos fatores
ambientais. A comunicação está
presente em todas as situações
da vida – na convivência familiar, no trabalho, na participação comunitária, no amor e na
amizade, nos negócios e no lazer, no ensino – e, em cada uma
delas, requer diferentes maneiras de expressão.» (RESENDE,
2000:85-86).
Partindo da realidade existente
e da análise efetuada, afigura-se
pertinente avançar para medidas concretas ao nível da reorganização ou, caso já exista, do
pelouro que contemple, de forma inequívoca e através de uma
atuação eficaz, a parceria horizontal entre a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia, que
a ela estão ligadas, institucional
e democraticamente, para cooperarem em benefício das respetivas populações.
Nesse sentido a criação e funcionamento, a tempo inteiro, do
Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas de Freguesia, parecendo não ser nada de inovador,
a verdade é que ele não existe
em muitos municípios portugueses, admitindo-se que possa haver outras formas, eventualmente mais explícitas, porém com
menos dignidade e consideração daquelas que são devidas
às Juntas de Freguesia.
Uma estrutura ao nível de
Gabinete de Apoio às Juntas
de Freguesia, seria suficiente
para melhorar as intervenções
das Câmaras Municipais e das
próprias Juntas de Freguesia, desde que os técnicos das diversas
áreas e os políticos – Presidente e Vereadores –, tivessem assento e, sempre que solicitados,
emitissem os pareceres técnicos,
necessários à tomada de decisão: quer por parte da Câmara;
quer ao nível da Junta.
O que habitualmente ocorre,
em muitas vilas e aldeias, é que
os membros da Junta, quantas
vezes têm de saber sobre economia, gestão, engenharia, direito, administração, concursos
diversos e tantas outras matérias, ou seja, têm de ser polivalentes, generalistas, e que apesar das melhorias nos sistemas:
educativo e de formação profissional, ainda não é a realidade
existente na constituição dos órgãos autárquicos, na maioria das
freguesias portuguesas.
Por outro lado, os problemas
de natureza social, com toda a
carga emotiva que por vezes os
caracterizam, levam os membros
das Juntas de Freguesia a não
decidirem ou a decidirem inadequadamente e, nesta última hipótese, eles vão arcar com todas
as críticas e violências diversas,
desde as psicológicas às agressões físicas como já tem ocorrido. (há cerca de cinco anos, verificou-se o esfaqueamento de
um Presidente de Junta de Freguesia - Fevereiro-2008).
Também nestas circunstâncias,
o Gabinete de Apoio e Solidariedade para com a Junta de Freguesia teria uma função importantíssima, até no desanuviar de
tensões populares. No entanto, o
que muito frequentemente ocorre é algum abandono da situação, deixando à sua sorte os
membros da Junta de Freguesia, justamente por alguns titulares dos restantes órgãos dos
diversos poderes, inclusivamente, por aqueles que são nomeados pelo Poder Político e nem
sequer se submetem a eleições,
não dando a cara em nome de
coisa nenhuma.
Urge, sem mais delongas nem
preconceitos hierárquico-financeiros que as duas instituições –
Câmara Municipal e Juntas de
Freguesias, em cada Concelho,
deem as mãos e, solidariamente, enfrentem as dificuldades da
governação autárquica, porque
também ocorrem atos em que
as Juntas de Freguesia acusam
a respetiva Câmara Municipal
de certas situações menos boas,
com a agravante de o fazerem em
público, desencadeando-se, de-
pois, inevitavelmente, uma troca
de acusações que só conduz ao
extremar de posições, com prejuízos diretos para o bem-estar
e tranquilidade das populações.
Cumpre aos responsáveis das
instituições tudo fazer, para que
problemas e situações resultantes das dificuldades de relacionamento sejam resolvidos no
local próprio, com lealdade e
respeito, porque, também aos
autarcas, se exige o dever de
reserva, a fim de se evitarem
conflitos institucionais.
Na verdade: «Fundar e manter a paz, equivale à criação e
ao respeito de um mínimo de
condições essenciais e favoráveis à coexistência das coletividades humanas, base do seu
desenvolvimento individual próprio e de sua cooperação útil
e fértil como resultante. Isto é,
pois, uma das múltiplas evoluções da Humanidade que conduzem da sujeição e da força
bruta, à convivência e tolerância mútuas; do egoísmo à solidariedade; (…) em resumo, da
autoridade de direito, consagrada e perpetuada nas instituições,
à liberdade vivida dentro do espírito e do coração dos homens,
para que isto se torne a alma
viva de todas as suas atividades.» (MAX NETLAU, 1929,
in RODRIGUES, s.d.:165).
Havendo um certo consenso,
segundo o qual o poder local desenvolve-se no seio do povo, a
responsabilidade dos autarcas é
assim acrescida, porque eles, na
grande parte das situações, são
oriundos da comunidade local
onde exercem as suas funções,
por isso a sua influência sobre
as populações é bem superior a
qualquer outro nível do poder.
O autarca vive com o seu povo,
para o seu povo, sente e emociona-se com as dificuldades, com
os sucessos e os fracassos. O
povo, até haver motivos para o
contrário, confia nos seus autarcas e, por isso mesmo, não pode
haver disputas político-partidárias que conduzam à desestabilização da comunidade.
Um esforço de contenção, nas
palavras e nos atos, é o mínimo que se exige aos autarcas e
candidatos aos diversos lugares das autarquias, bem como
a todos quantos exercem funções públicas de responsabilidade, extensivamente ao setor
privado que, naturalmente, continuará a ser um parceiro fundamental no desenvolvimento
e progresso da sociedade, porque: «Sem a felicidade de todos
ninguém pode ser feliz». (Ibid).
Na verdade: «Este pregão dos
redatores de “A Vida”, partin-
do do Amor Fraterno e da liberdade consciente, do bem-estar coletivo, do respeito mútuo,
era e será (se é que a humanidade quer realmente a paz) as
ferramentas capazes de forjar e
caldear os elementos humanitaristas que servirão de alicerces para um mundo novo sem
vinganças, sem ódios e sem temores.» (Ibid).
O Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas e Freguesia,
ou qualquer outro Departamento
com designação diferente, pode
constituir-se numa excelente ferramenta para: não só apaziguar
certos comportamentos entre políticos, partidos, movimentos e
instituições; como também para
relançar a esperança, recuperar
a imagem e a dignidade que são
devidas a toda a pessoa humana em geral e, na circunstância, a alguns titulares de determinadas funções em particular.
Deve-se compreender, com tolerância e consideração, que a
fragilidade da condição humana conduz, frequentemente, ao
erro, e que as probabilidades de
falhar são muito maiores naqueles que têm de tomar decisões,
naqueles que exercem uma atividade, porque quem nada faz,
também acaba por errar: primeiro, porque tinha a obrigação de
participar, colaborar, trabalhar,
produzir; segundo, porque quem
critica tem a obrigação éticomoral de apresentar melhores
alternativas e soluções exequíveis, para as situações e pessoas criticadas.
O exercício de boas-práticas
de relações humanas, a partir
da institucionalização de parcerias sólidas, leais e unidas, entre Câmaras Municipais e Juntas
de Freguesia, poderá ser parte da solução, para a maioria
dos problemas e dificuldades.
Numa postura ética e de total lealdade, nada justifica as “guerrilhas” que, por vezes, se leem
e ouvem nos meios de Comunicação Social, entre autarcas,
entre políticos de outros níveis
do poder, entre pessoas que, na
verdade e com sinceridade até
desejam o melhor para as suas
comunidades.
No que às autarquias respeita,
afigura-se, por conseguinte, da
maior utilidade, o lançamento
de um projeto de desenvolvimento de Relações Humanas,
precisamente a partir do Gabinete de Apoio e Solidariedade
às Juntas de Freguesia. Iniciado um tal projeto, este poderá
ser sustentado, por exemplo, em
ações de sensibilização a serem
ministradas a todos os autarcas
do Concelho – Executivo, Le-
gislativo, Juntas, Assembleias
de Freguesia –, bem como aos
funcionários que, livremente,
assim o desejem.
A convivência sadia, entre autarcas, funcionários e comunidade, é o método correto para
se obterem os melhores resultados, em todos os domínios da
intervenção humana. Os legítimos e justos interesses das populações não são compatíveis
com as frequentes quezílias entre políticos, independentemente das suas orientações ideológicas e filiação partidária.
Consumada a eleição devem ser
retirados dos escaparates da propaganda eleitoral todos os utensílios materiais e inscrições psico-ideológicas. O povo precisa
de paz, de bem-estar, de ver os
seus problemas resolvidos, com
justiça, compreensão, tolerância e apoio amplo.
O Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas de Freguesia,
ou qualquer outra estrutura similar, constituirá um instrumento de relações humanas de uma
mais-valia incalculável, porque
a ausência de diálogo, a inexistência de uma sã convivência,
a carência de atitudes, comportamentos e acordos leais, entre
outros aspectos, revela-se, certamente, um entrave nas boas relações que sempre devem orientar a sociedade.
Afinal, quer se queira ou não: «O
homem é um ser social que, em
sua busca do significado e orientação na vida, inevitavelmente
encontra os problemas de autorealização. Esta autorealização
como um indivíduo não depende, como pode sugerir o termo,
de uma autocontemplação solitária, mas basicamente de uma
interação com outros indivíduos. Para conhecermos a nós mesmos e sermos nós mesmos, para
pôr à prova e desenvolver nossos
valores pessoais, precisamos viver e trabalhar com outras pessoas.» (WILLIAMS, 1978:11).
Para além do objetivo primordial – desenvolver e consolidar
boas relações pessoais e institucionais, entre os membros do
executivo municipal e os autarcas das freguesias –, o Gabinete
de Apoio e Solidariedade às Juntas, funcionaria, também, como
o centro coordenador das atividades das freguesias, no qual se
centralizariam planos de atividades, projetos, controle de despesas, encaminhamento de assuntos específicos para técnicos
e entidades especializadas nos
respetivos temas.
Neste Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas de Freguesia,
conceber-se-ia toda a estratégia
que conduzisse ao cumprimento
dos respetivos manifestos eleitorais de cada Junta de Freguesia, independentemente da força política que tivesse ganho as
eleições, o que iria contribuir
para a dignificação dos políticos-autarcas, em particular, e a
credibilização do Poder Local
Democrático, em geral. É justo, e eticamente correto, que um
Executivo Municipal apoie uma
Junta de Freguesia do seu Concelho, mesmo que essa Junta tenha sido ganha, em eleições livres, justas e democráticas, por
outra força política diferente.
Numa perspectiva de maior democratização do Poder Local,
tendo por objetivo fundamental o tratamento equitativamente
proporcional para cada Junta de
Freguesia, cujos critérios e delegação de competências, bem
como as transferências das correspondentes verbas, serão estabelecidos entre, e com todos
os interessados, o Gabinete de
Apoio e Solidariedade às Juntas de Freguesia deve ser presidido, supervisionado e conetado à Presidência da Câmara
Municipal, diretamente na pessoa do Presidente.
Aos objetivos já mencionados
alia-se, assim, o facto da importância e dignidade que devem
merecer as Juntas de Freguesia e os legítimos titulares dos
respetivos cargos, incluindo-se,
aqui, os membros das Assembleias de Freguesia.
Entre outros processos, este
será um daqueles em que, inequivocamente, e de uma vez por
todas, se reconhece, pública e
legitimamente, os relevantes
serviços que as Juntas de Freguesia prestam às populações
do país, em geral, bem como
às suas comunidades em particular, logo, toda a solidariedade que lhes seja manifestada nunca será de mais.
Bibliografia
BÁRTOLO, Diamantino Lourenço
Rodrigues de, (2013). A Nobreza do
Poder Local Democrático. Lisboa:
Chiado Editora.
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das
Competências. Desenvolvimento das
Competências: A melhor Auto-Ajuda
para Pessoas, Organizações e Sociedade.
Rio de Janeiro: Qualitymark
RODRIGUES, Edgar, (s.d.). Violência,
Autoridade & Humanismo. Rio de
Janeiro: Empresa Gráfica Carioca, S.A.
WILLIAMS, Michael, (1978). Relações
Humanas. Trad. Augusto Reis. São
Paulo: Atlas
Diamantino Lourenço
Rodrigues de Bártolo
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JORNAL
SAúDE
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
A dOeNçA
de hUrler
TecidO dO cOrdãO
UmbilicAl AJUdA
A TrATAr dOeNTes
APós ATAqUes
cArdíAcOs
investigação garante
que transplante com
células mesenquimais
tem risco de rejeição
reduzido
As conclusões de uma nova
investigação portuguesa, que
assegura que a terapia celular
pode ajuda a tratar doentes após
ataques cardíacos, abre novas
perspetivas para um problema
que mata anualmente 1.300 portugueses.
A maioria dos ataques cardíacos são provocados por um
coágulo que bloqueia uma das
artérias coronárias.
Essa situação impede o sangue e o oxigénio de chegar ao
coração. Um grupo de especialistas da ECBio, empresa dedicada à investigação e desenvolvimento em biotecnologia,
publicou nos primeiros meses
de 2014 um artigo na revista
científica internacional Stem
Cell Research and Therapy, que
sublinha o potencial terapêutico das células mesenquimais
do tecido do cordão umbilical
(UCX) no tratamento de doentes com enfarte agudo do miocárdio, vulgarmente conhecido por ataque cardíaco. ??O
artigo descreve os resultados
de estudos em animais, realizados em colaboração com o
Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), que demonstram como a terapia com
estas células estaminais adultas
pode melhorar a função cardíaca, atenuar a remodelação do
ventrículo esquerdo e reduzir o
tamanho do enfarte, que surge
na sequência da chamada do-
ença coronária, que se desenvolve devido à obstrução das
artérias do coração.
A precocidade de deteção dos
sintomas pode ser fundamental
para evitar a morte. Em entrevista à Prevenir, Hélder Cruz,
investigador especializado em
biotecnologia e director-geral
da ECBio explica o que são
este tipo de células, como atuam e que tipo de patologias
ajudam a prevenir. «No futuro, a aplicação de células
estaminais pode revolucionar
ainda a terapêutica de várias
patologias neuro degenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer», assegura o especialista.
O que são células mesenquimais?
As células estaminais mesenquimais são células que apresentam um elevado potencial
de multiplicação e capacidade
de diferenciação em vários tipos celulares, como pele, osso,
músculo, cartilagem, tecido nervoso e gordura, o que as torna uma ferramenta muito útil
na medicina regenerativa. Por
serem muito imaturas imunologicamente, o risco de rejeição do transplante em familiares é muito reduzido.
A investigação científica tem
demonstrado um número crescente de potenciais aplicações
terapêuticas destas células. Mais
recentemente, o interesse pelas células estaminais mesenquimais tem-se centrado nas
suas propriedades ?anti-inflamatórias, imunossupressoras e
indutoras de regeneração endógena.
É uma doença rara, de causa genética e transmissão
hereditária de forma autosómica recessiva.
Trata-se de uma das doenças do grupo das chamadas mucopolissacaridoses, que resultam da acumulação de mucopolissacáridos, ou glucosaminoglicanos,
no sistema nervoso. Estes produtos são polímeros de
açúcares dissacáridos, ou seja, derivados aminados da
glucose ou da galactose, que, com a polimerização se
tornam mucóides, como os componentes normais do
tecido conjuntivo e cartilagíneo.
A doença de Hurler, também denominada Gargoilismo ou Mucopolissacaridose do tipo I, da mesma forma que as outras mucopolissacaridoses (Doença de
Hunter ou do tipo II e Doença de Sanfilipo ou dos tipos IIIA e IIIB) resultam da falência da degradação
normal dos mucopolissacáridos, por ausência de uma
certa enzima que seria necessária ao seu catabolismo,
com a consequente deposição desses produtos nas células nervosas e em outros elementos celulares, como
os das meninges, córnea ocular, fígado, vasos sanguíneos e válvulas do coração.
Tal acumulação anómala causa graves deformações
corporais, entre as quais o facies de gárgula, semelhante ao daqueles monstros que decoram as fachadas
das construções em estilo românico, bem como deformações ósseas e espessamento das paredes dos vasos
sanguíneos. Nos neurónios do sistema nervoso central acumulam-se além de mucopolissacáridos, também gangliósido GM2 em grande quantidade.
Admite-se que a doença de Hurler seja devida ao défice congénito e hereditário da enzima alfa-L-iduronidase por uma mutação num gene situado no locus cromossómico 4p16.3.
A doença tem uma incidência de 1 caso em 100 000
indivíduos e manifesta-se em idades precoces por atraso mental e do desenvolvimento, com nanismo, deformações ósseas dolorosas e face de gárgula, deterioração neurológica progressiva, aumento de volume do
fígado, baço e coração, alterações gastro-intestinais e
perda da visão, por opacidade da córnea e degenerescência da retina, défices esses que são mais evidentes pelo segundo ano de vida. Conduz habitualmente
à morte na primeira década de vida, devida a complicações cárdio-respiratórias.
O diagnóstico da afeção faz-se por observação clínica
e confirma-se pela quantificação do excesso de glucosaminoglicanos na urina, por teste enzimático no sangue e na pele e também por identificação da mutação
genética para a enzima alfa-L-iduronidase. Pode ser
detetada ainda no feto por exame das vilosidades coriónicas e a única solução será então a interrupção da
gravidez, pois trata-se de uma doença ainda sem cura.
Atualmente estão a ser ensaiadas terapêuticas de reposição enzimática, que podem reduzir as queixas dolorosas ósseas e a progressão dos défices neurológicos,
bem como a transplantação de medula óssea e de sangue do cordão umbilical.
TerAPiA mUsicAl
AJUdA A sUPerAr
O cANcrO
Estudo norte-americano atesta maior capacidade em lidar
com a doença
Uma equipa de investigadores da Universidade de Indiana,
nos Estados Unidos da América, concluiu que jovens submetidos a tratamento oncológico
apresentaram maior capacidade em lidar com a doença, ao
participarem num programa de
terapia musical.
O objetivos era ajudá-los a explorar e expressar pensamentos e emoções sobre a doença,
através da escrita de canções e
da produção de vídeos. A música influenciou a forma como
encontraram esperança e a intensidade com que desejaram
superar a doença.
O recurso à música como terapia tem sido amplamente utilizado em várias partes do mundo.
Nalguns hospitais britânicos,
por exemplo, realizam-se regularmente espetáculos ao vivo,
uma vez que as equipas médicas concluíram que os pacientes que assistem a este tipo de
concertos tendem a necessitar
de menos medicamentos e a recuperar mais depressa. Um estudo da Universidade de Queensland, na Austrália, sugere
mesmo a utilização de música clássica durante a realização de cirurgias, dado que esta
permite monitorizar melhor as
funções vitais do doente.
chOcOlATe
NegrO FAZ mesmO
bem à sAúde
Fibras do cacau são importantes para o combate de doenças como o cancro do colón
Muitos outros estudos já publicados mostravam os benefícios
do chocolate negro, mas as razões continuavam por desvendar.
Mas no encontro anual da
American Chemical Society,
em Dallas, John Finley, professor e investigador da Universidade do Estado do Louisiana, afirmou “que alguns dos
componentes do cacau são muito bons para saúde”.
Finley e Maria Moore, aluna e investigadora deste projeto, decidiram perceber de que
forma as fibras não digeríveis
do cacau, que vão directamente para o cólon, têm impacto
no organismo.
Desta forma, os investigadores recorreram a um modelo
de sistema digestivo similar
ao do humano e concluíram
que as fibras do cacau, depois
de fermentarem, transformavam-se em ácidos gordos de
cadeia curta, “a comida preferida das células do cólon”, explicou Finley.
“Existem dois tipos de bactérias no intestino, as boas
e as más. As bactérias boas,
tais como Bifidobacterium e a
bactéria do ácido láctico, adoram chocolate. Quando comes
chocolate preto, elas crescem e
fermentam, produzindo componentes anti-inflamatórias”,
explicou Moore no encontro.
Finley e Moore concluiram
que a combinação do teor de
fibra do cacau com os ingredientes não digeridos dos alimentos pode contribuir para a
saúde, criando maior resistência ao cancro do cólon e à doença inflamatória do intestino.
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saúde
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
Publicado no Jornal O Caminhense de 18 de Abril de 2014
Publicado no Jornal “O Caminhense” de 18 de Bril de 2014
Drª Alexandra Patrícia Lima Arriscado
EDITAL
NOTÁRIA
JOSÉ LUÍS DA FONTE LIMA, Presidente da Junta de Freguesia de Vile, torna public que se encontra aberto concurso para a concessão de um espaço no rés-do-chão
do Centro Cultural de Vile, destinado a café, totalmente equipado, conforme relação
de material a qual se encontra, para efeitos de consulta, na Junta de Freguesia de Vile,
e cujas condições são as seguintes:
Cartório Notarial em Paredes de Coura
EXTRATO PARA PUBLICAÇÃO
REVOGAÇÃO DE PROCURAÇÃO
Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que, por instrumento outorgado hoje, neste Cartório Notarial em Paredes de Coura, sito no Largo Frei Redento da
Cruz, número 99, na vila e concelho de Paredes de Coura, que se arquiva neste Cartório Notarial como Documento número três, a folhas quatro do Maço de Documentos Arquivados a Pedido das partes número Um, de dois e catorze, JOSÉ MANUEL
GONÇALVES PEREIRA, e mulher MARIA DA CONCEIÇÃO DE SOUSA BARBOSA, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ela natural da freguesia de
Rubiães, concelho de Paredes de Coura, ele natural da freguesia de S. Pedro da Torre, concelho de Valença, onde residem na Rua dos Crastos, número 85, declararam:
Que revogam e consideram nulas e sem efeito, a partir desta data, todas e quaisquer
procurações que tenham, em seu nome, passado a favor do procurador VICTOR MANUEL MONTEIRO FREITAS, solteiro, maior, natural da atual União das freguesias
de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela, anterior e extinta
freguesia de Viana do Castelo (Monserrate), concelho de Viana do Castelo, residente
no lugar de Tozende, na freguesia de Cunha, concelho de Paredes de Coura, nomeadamente revogam a procuração, que outorgaram, em 09 de Maio de dois mil e doze,
com termo de autenticação lavrado por Maria Elisabete de Freitas Ribeiro, Solicitadora com escritório na Rua Conselheiro Miguel Dantas, nesta vila e concelho de Paredes de Coura.
Está conforme o original na parte transcrita.
Cartório Notarial de Paredes de Coura, aos quatro de Abril de dois mil e catorze.
DESPORTO
A Notária,
(Alexandra Patrícia Lima Arriscado)
1- Prazo – 4 anos a partir da data em que for celebrado o contrato de cessão de
exploração.
2- PROPOSTAS – As propostas devem mencionar o nome, morada e contacto
telefónico do proponente e deverão ser entregues em carta registada via CTT ou
entregues em mão no próprio dia do concurso em carta fechada, contendo no seu
exterior a menção “Concurso Público Café do Centro Cultural de Vile”, entre as
19h00 e as 20h30, do dia 22 Abril de 2014, na sede da Junta de Freguesia de
Vile, Rua da Tapada, 4910 Vile. As cartas serão abertas pelos membros da Junta
de Freguesia, sendo que, no momento da abertura das propostas, estarão
presentes, no mínimo, dois elementos da Assembleia de Freguesia.
3- Salvo menção expressa na proposta, os valores propostos não incluem o IVA à
taxa legal em vigor à data.
4- ABERTURA DAS PROPOSTAS – A abertura das propostas será pública, e
realizar-se-á no dia 22 de Abril de 2014, pelas 21h00, na sede da Junta de
Freguesia de Vile.
5- VALOR MÍNIMO MENSAL – O valor base é de 245,00 Euros, acrescido de
IVA à taxa legal em vigor à data.
6- ACTUALIZAÇÃO DAS RENDAS – A renda será actualizada anualmente em
função do coeficiente de actualização das rendas a publicar pelo Governo.
7- CLAUSULAS ESPECIAIS –
a) Em caso de empate entre duas ou mais propostas candidatas, abrir-se-á
licitação entre elas, publicamente e logo após a sua abertura, tendo por valor
base o oferecido pelos licitantes;
b) A Junta de Freguesia de Vile reserva-se no direito de, caso nenhuma das
propostas satisfazer os seus interesses, de não cessionar o espaço agora a
concurso;
c) O cessionário deverá, findo o contrato, restituir à cedente os móveis,
máquinas e utensílios no estado em que os receberam, salvo o desgaste
d) inerente ao decurso do tempo e decorrente de uma prudente utilização,
devendo substituir tudo o que se inutilizar ou perder;
e) Será da responsabilidade do cessionário, o pagamento de todos os impostos,
taxas e licenças referentes ao estabelecimento, bem como quaisquer multas
ou coimas a ele inerentes e a obtenção dos alvarás eventualmente necessários
ao seu funcionamento;
f) São também da sua responsabilidade, todas as despesas relacionadas com a
sua exploração, designadamente água, luz e telefone;
g) O cessionário obriga-se a constituir um seguro para o local e recheio,
cobrindo o capital de 75.000 Euros;
h) O estabelecimento será entregue sem qualquer trabalhador, devendo o
cessionário restituí-lo dessa mesma forma;
i) O cessionário não poderá ceder a sua posição, sob pena de resolução do
contrato;
j) Não poderão ser realizadas obras ou benfeitorias sem a formal autorização da
Junta de Freguesia de Vile, e estas são da responsabilidade do cessionário,
sendo que as que fizer, seja de que natureza forem, se integram no espaço
concedido, não podendo por elas pedir indemnização ou alegar retenção;
k) Os sanitários serão utilizados pelo público do café e pelos utentes do Centro
Cultural de Vile, quando houver actividades nas respectivas instalações;
l) O modelo de contrato a celebrar entre a Junta de Freguesia de Vile e o
concorrente que apresente a melhor proposta poderá ser consultado na sede
da Junta de Freguesia de Vile a partir do dia 1 de Abril de 2014.
Junta de Freguesia de Vile, 25 de Março de 2014
Pel´A Junta de Freguesia de Vile
O Presidente
José Luís da Fonte Lima
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JORNAL
O CAMINHENSE, sexta-feira, 18 de abril de 2014
INFO
NECROLOGIA
HOSPITAIS | CENTROS DE
SAÚDE ENFERMAGEM
Centro Hospitalar do
Alto Minho
Viana do Castelo | T. 258802100
Centro de Saúde de caminha
Rua Eng.º Agostinho Perreira de
Castro | T. 258719300
Centro de Saúde de Vila
Praia de Âncora
Av. Pontault Combault | T. 258 911318
PARTICIPAÇÃO
DE FALECIMENTO
LENINE GONÇALVES ROCHA
MOLEDO
Filhos, netos, bisnetos e demais família, cumprem o
doloroso dever de comunicar o falecimento de Lenine
Gonçalves Rocha, natural de Moledo do Minho.
A Família agradece ainda as muitas provas de amizade
manifestadas, bem como a todos aqueles que participaram no funeral.
A Família
POEMA
INSPIRAÇÃO
Encosto as coastas ao tempo
Espraio longe o meu olhar
Desdobro as asas do pensamento
Sou gaivota livre a voar
Meu corpo mastro desafia o firmamento
De brisas me sinto embriagar
Desfraldo as velas do sentimento
Sou caravela no alto mar
Crente, num horizonte mais bonito
No meu silêncio rezo e grito
Arrebento enleios, quebro algemas
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Rasgo meu peito, abro o coração
E meus dedos por encanto ou condão
Trazem , á flor da vida os meus poemas.
Paris 1996
BOMBEIROS
Caminha
Rua das Flores | T. 258719500(1)
Vila Praia De Âncora
Rua 5 de Outubro | T. 258 911125
GNR
Caminha
R. da Trincheira | T. 258719030
Vila Praia de Âncora
Rua Miguel Bombarda | T. 258959260
CAPITANIA DO
PORTO DE CAMINHA
T. geral: 258719070
T. piquete da PM: 258719079
FARMÁCIAS
Farmácia Torres
Praça Conselheiro Silva Torres,
Caminha | T. 258922104
Farmácia Beirão Rendeiro
Rua da Corredoura,
Caminha | T. 258722181
CÂMARA MUNICIPAL
DE CAMINHA
T. 258710300
BIBLIOTECA CAMINHA
Rua Direita
segunda a sexta: 10h00 às 18h30
sábado: 10h00 às 13h00
MUSEU CAMINHA
terça a sexta: 10h00 às 19h30 /
14h30 às 18h00
sábado e domingo: 11h00 às 13h00 /
14h00 às 17h30
POSTOS DE TURISMO
Caminha
Rua Direita | T. 258921952
Moledo
Av. da Praia (em época balnear)
Vila Praia de Âncora
Av. Ramos Pereira | T. 258911384
CENTRO CULTURAL
VILA PRAIA DE ÂNCORA
segunda a sexta: 10h00 às 12h30 /
13h30 às 18h30
sábado: 11h00 às 13h00
RESIDÊNCIA PAROQUIAL
Largo. Dr. B. Coelho Rocha
T. 258921413
PUBLICIDADE:
258 921 754
OU 258 922 754
|30
RUA ALMADA NEGREIROS
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