Respiração bucal e Má oclusão

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Respiração bucal e Má oclusão
Respiração bucal e Má oclusão
No dia a dia nós dentistas nos deparamos com alterações das arcadas dentárias que surgem devido
a fatores genéticos e funcionais.
Um deles é a respiração bucal que se instala por obstrução das vias aéreas superiores a qual pode
ter diversas causas.
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As principais são:
Rinite alérgica,
Hiperplasia(aumento) de adenoides,
Alterações do septo nasal,
Amígdalas inflamadas,
Conchas nasais hipertróficas e
Hábitos deletérios ou nocivos
A rinite alérgica é a principal causa da obstrução nasal, caracteriza-se por um processo inflamatório
desencadeado tanto pelo contato com os alérgenos quanto com agentes irritantes.
Define-se rinite alérgica como uma doença caracterizada clinicamente por prurido nasal intenso,
espirros em salva, obstrução nasal e coriza hialina, sintomas estes consequentes ao intenso processo
inflamatório da mucosa nasal. Acredita-se que cerca de 10% da população mundial apresente rinite
alérgica, atingindo aproximadamente 15% em crianças e adolescentes.
A “síndrome alérgica” desencadeia a respiração bucal crônica, sendo grande problema para
ortodontistas, pois é de difícil tratamento devido a sua etiologia que está associada ao ônus que se paga
pela civilização moderna, a poluição, ao ar-condicionado, etc.
Hábitos cronicamente adquiridos e mantidos, como o uso prolongado de chupeta e mamadeira com
bico inadequado, falta de aleitamento materno. A postura errada da mamadeira poderá dificultar a
respiração pelo nariz. A posição do bebê no berço, pois se ele estiver mal posicionado não conseguirá
respirar pelo nariz.
Existem ainda pessoas que conservam o hábito de respirar pela boca, apesar da possibilidade de
respirar pelo nariz, que atualmente é denominada disfunção, isto é, o paciente não respira pelo nariz devido
aos anos de obstrução real que o impediram de usar sua musculatura facial de maneira correta, seus lábios
adquiriram uma posição incorreta, ocasionada pela hipotonia(flacidez) labial. Com isso, mesmo não
havendo nada que o impeça de respirar pelo nariz ele não consegue. É frequente encontrarmos nos
pacientes com respiração bucal, interposição de língua, onicofagia (hábito de roer as unhas) e movimento
de língua como se estivesse mastigando.
Devido a todas estas alterações ocorridas na musculatura facial e esquelética, o paciente
desenvolve uma disfunção respiratória que o leva a respirar pela boca, mesmo após tratamento que libere
suas vias respiratórias, sendo necessário uma terapia fonoaudiológica que o ajude a respirar pelo nariz.
Este conjunto de sintomas e sinais característicos encontrados no respirador bucal, permitem
identificar a respiração bucal como uma síndrome, que dá ao paciente um aspecto geral de criança
abobalhada, distraída e ausente. Os sintomas frequentemente são:
•Estrutura facial alterada: a face torna-se longa e estreita.
•Lábio superior hipotônico, curto e elevado com alteração, dada à pouca irrigação sanguínea.
•Lábios separados e ressecados.
•Língua hipotônica, volumosa, repousando no assoalho bucal.
•Nariz pequeno, afilado, tenso, ou com a pirâmide alargada.
•Olheiras profundas.
A história clínica do paciente com respiração bucal é característica. Frequentemente encontrarmos
amigdalites recorrentes, rinite alérgica, hipertrofia de adenoides, etc…. É relatado também ronco, halitose,
síndrome da apneia obstrutiva do sono, irritabilidade e/ou agressividade sem causa aparente.
Assim como distúrbios de crescimento, desenvolvimento, falta de atenção na escola, estão
associados à crônica falta de oxigenação sanguínea adequada (diminuição de O 2), propiciando uma
deterioração da qualidade de vida e um processo de envelhecimento precoce.
A respiração bucal obriga o paciente a manter a boca aberta, para suprir a deficiência de ar
respirado. Com isso o equilíbrio bochechas/língua é removido, alterando o equilíbrio da musculatura facial e
é o principal fator etiológico da chamada “Síndrome da face longa”.
As alterações mais frequentes encontradas nos respiradores bucais são:
•Mordida cruzada devido ao estreitamento encontrado na maxila.
•Mordida aberta anterior, devido à falta de pressão do lábio superior sobre os incisivos e os dentes
entreabertos para facilitar a respiração, isto causa o rompimento do equilíbrio de forças
mantenedoras da oclusão.
•Palato ogival, pois a pressão negativa do ar entrando pela cavidade bucal, em vez de entrar pelo
nariz, faz com que o palato cresça para cima, provocando desarmonias oclusais e apinhamento
devido a atresia do arco.
•Mento (queixo) retraído.
•Gengivite crônica, devido ao ressecamento da mucosa oral e a um acúmulo de placa bacteriana,
em consequência do excesso de muco aderido aos dentes.
•Alto índice de cárie. As alterações características do respirador bucal como a queda da mandíbula,
musculatura labial, língua apoiada no assoalho bucal e as outras anteriormente citadas, alteram a
microbiota bucal elevando a quantidade de microrganismos cariogênicos em consequência aumenta
a suscetibilidade de cárie. A cárie é uma doença multifatorial que depende da interação de três
fatores principais: o hospedeiro, representado pela saliva e pelos dentes; a microbiota e a dieta
consumida. O respirador bucal tem o fluxo salivar diminuído pelo ressecamento ocorrido pela
respiração bucal, diminuindo sua resistência aos microrganismos cariogênicos como o
Streptococcus mutans, que é considerado agente etiológico primário da cárie.
Pacientes com o hábito da respiração bucal mantêm a boca constantemente aberta, evitando que a
língua pressione o palato. Com isso, há compressão externa da maxila pelo desenvolvimento dos sistemas
ósseo e muscular da face. O palato duro (céu da boca) tende a subir (formando o palato ogival), e a arcada
dentária superior tende a se deslocar para frente e para dentro, provocando um relacionamento errado dos
maxilares com a mandíbula atrás da maxila, além de mordidas cruzadas. Ao subir, o palato pressiona o
septo cartilaginoso para cima e para frente, desviando-o.
Com isso recomendamos que se cuide precocemente das obstruções nasais e caso se instale uma
respiração bucal que seja tratada por procedimentos médicos e fonoaudiológicos antes que cause desvios
posturais e tudo o mais descrito acima, dessa forma evitaremos todos os problemas relatados.
Um diagnóstico precoce e um tratamento alérgico moderno e eficiente, pode frequentemente
prevenir pelo menos um dos maiores fatores que contribuem para efeitos progressivos da deformação dento
facial, que é a respiração bucal. A prevenção é a maior arma contra esse problema. Consultar profissionais
comprometidos com a prevenção poderá evitar graves problemas.

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