Intervenções Psicoterapêuticas com Crianças

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Intervenções Psicoterapêuticas com Crianças
Saiba mais sobre Luto
Intervenções Psicoterapêuticas com Crianças Enlutadas: Psicoterapia em Grupo1
Valéria Tinoco
Estudos revelam que é efetivo para a criança enlutada conviver com
outras na mesma situação (Griffith, 2003; Pennels e Smith,1995; Webb, 1993).
Em crianças enlutadas que participam de grupos com crianças nesta mesma
condição o sentimento de isolamento e diferença parecem ser menos intensos,
há a sensação de segurança de poder encontrar ajuda e apoio, além de
estarem num local onde podem lembrar e dividir suas dores e fazer perguntas.
Os grupos psicoterapêuticos com crianças enlutadas têm como objetivo
oferecer apoio, oferecer educação sobre o luto e facilitar o processo de luto.
Isto sendo realizado num ambiente acolhedor facilita a expressão dos
sentimentos e pensamentos e proporciona uma melhor capacidade presente e
posterior de lidar com a perda.
Estes grupos podem variar quanto suas características de funcionamento,
podendo ser:
y aberto/fechado
y tempo limitado / permanente
y divisão por faixa etária: respeitar diferenças de desenvolvimento.
y vivência de perdas semelhantes (separar grupos por perdas)
1
Seminário apresentado em 11 de setembro de 2003 na aula Seminários Temáticos I: Psicoterapia de Pessoas Enlutadas do
Núcleo Família e Comunidade do Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Clínica da PUC –SP.
Quatro Estações - Instituto de Psicologia
R. Caçapava, 130 01408-010 São Paulo - SP
www.4estacoes.com [email protected] (11) 3891-2576
Saiba mais sobre Luto
y momento do luto: semelhante ou não
y idade mínima: 4 anos (ficar sem os pais; melhor articulação dos sentimentos;
compreensão cognitiva)
y trabalho paralelo com os cuidadores;
y uma vez por semana; 1 hora e meia a duas horas;
y entrevista (dados a respeito da perda; saber se o enlutado está pronto para
uma experiência em grupo)
Alguns pontos devem ser observados durante a realização dos grupos:
y Deve ser feito um contrato com as crianças incluindo sigilo, pontualidade,
assiduidade e outros combinados.
y No início do grupo devem ser feitas apresentações e dinâmicas de
aquecimento, tomando-se cuidado especial com novos participantes.
y Abordar este tema: momentos engraçados ou felizes podem fazer parte do
grupo pois ainda que estejam tristes podem brincar e se divertir.
y Nem todas as crianças podem querer participar de todos os momentos com
o grupo. Assim deve-se prever um espaço ou profissional para ficar com
estas.
y Utilizar dinâmicas de abertura e finalização a cada encontro.
y É importante ter um intervalo durante os encontros, quando deve ser servido
lanche às crianças.
y Deve-se prever tempo suficiente para fechamento e término do grupo.
y Após a finalização do grupo é interessante ter um programa de follow-up.
Há algumas contra-indicações para a participação de crianças enlutadas
em grupos. São elas:
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Saiba mais sobre Luto
y Crianças enlutadas por suicídio: devido a uma maior dificuldade de entender
o que aconteceu; tendência a evitar falar sobre o ocorrido; dificuldade de
expressão em grupo.
y Crianças enlutadas por morte traumática: necessitam de uma atenção
individual para lidar com o trauma (Griffith, 2003).
y Crianças que perderam um ente abusador/violento: nem sempre o ente
perdido era um “ente querido” e estas crianças necessitam de uma atenção
individual para processar esta vivência (Webb, 1993).
Há também alguns pontos a serem observados quanto ao preparo do profissional que
trabalha com grupo de crianças enlutadas. É necessário que os terapeutas discutam sobre
morte, luto, falar de morte com criança (terapeutas não podem ter tabus!) e tenham uma
formação específica para este tipo de trabalho.
É também importante que o terapeuta esteja preparado para providenciar suporte para
pais/cuidadores e para dar-lhes informações.
Quanto à condução do grupo é desejável:
y Preparar grupo com antecedência (prever o máximo possível!);
y Ter disponibilidade de materiais diversos (estruturados e não estruturados);
y Avaliar a efetividade do grupo (não há muitos grupos realizados).
Por fim, é muito importante que o terapeuta tenha capacidade de avaliar
constantemente a efetividade da participação da criança no grupo e qual é a
melhor indicação para ela e sua família em cada momento.
Comparando as opções de terapia (Webb, 1993)
Vantagens
Desvantagens
Indicações
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Saiba mais sobre Luto
Especiais
Familiar
do
da não
papel
pode y luto
y Criança
y Observação
ser
ouvida estabelecer
criança
na pelos adultos;
família;
y Família
y Avaliar
com oferecer
próprio luto: não psicológica
dos membros da olhar
com
aliança; ajudar a
muito incluir a criança;
a envolvida
disponibilidade
família
recente:
para
ajuda
e
a educativa.
a criança;
criança;
y Membros
da
família
compartilham
realidade
a
da
perda;
y Educar
membros
da
família: crianças
passam
pelo
processo de luto
de
forma
diferente.
Grupo
y Alivia
sensação
a y Crianças
de podem
y Mais
ouvir apropriado para
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a
da histórias
isolamento
dos com
impactantes
criança;
y “Normaliza” a outros
y Pode
y Crianças
sobrecarregada
ficar (meio
observam
que pela
intensidade
há
que dos
sentimentos
passaram
questões
processo de luto
morte;
outras
lidar
que permeiam o
de participantes;
experiência
criança
do
processo).
pelo dos outros;
mesmo processo y Crianças
e sobreviveram.
tímidas
podem
não
querer
participar.
Individual
y Criança
y Necessidade
da
criança
pode y luto
traumático;
de sentir-se
receber atenção estigmatizada ou y luto
culpada por estar suicídio;
individual;
y luto
y Terapia pode sozinha;
de y Engajamento
caminhar
acordo
com
a pode
ser
complicado.
mais
necessidade da difícil se a criança
estiver sozinha.
criança;
y Permite maior
exploração
dos
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por
Saiba mais sobre Luto
sentimentos
vividos por ela.
Bibliografia:
y Bromberg, M.H.P.F., Mazorra, L. e Tinoco, V. (1998) Intervenções
preventivas e terapêuticas com crianças enlutadas, Iniciação Científica, São
Paulo, Fapesp.
y Griffith, T. (2003) Assisting with the “Big hurts, little Tears” of the youngest
grivers: working with 3, 4, 5 years-old who have experienced loss and grief
because of death, in Ilness, Crisis and Loss, vol. 11, n.3, 217-225.
y Pennells, S. M., Smith, S.C.S. (1995) Interventions with Bereaved Children,
Londres, Jessica Kingsley Publishers, 342 p.
y Webb, N. B. (1993) Helping Bereaved Children: a Handbook for Practioners,
Nova Iorque, Guilford, 304 p.
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