guia básico de meditação

Transcrição

guia básico de meditação
LUIZ FRANKLIN DE MATTOS
GUIA
BÁSICO DE
MEDITAÇÃO
METODOLOGIA, FILOSOFIA E PRÁTICA.
2006
LUIZ FRANKLIN DE MATTOS
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Sem o amparo Espiritual de Deus e Cristo, além de meus Mestres, Kuthumi,
El Moria, Saint-Germain, nada me seria possível.
As páginas deste livro são uma homenagem à Narcí Castro de Souza e
todos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Francisco de Assis – Casa Bezerra de Menezes,
pelo convívio de vinte anos de aprendizado.
Agradeço aos meus amigos do Grupo de Estudos: Ana Korner, , Junior,
Marcos Povoa, Rogério Povoa, Rondinele, Rapahel Lima, Sergio May e Marcello Soto.
Luiz Franklin de Mattos
LUIZ FRANKLIN DE MATTOS
INTRODUÇÃO
O que é meditação?
Por que devemos meditar?
Como meditar?
Para quê ou para quem devemos meditar?
Qual a diferença entre meditação e concentração?
Com certeza muitas dessas perguntas já vieram a sua mente, em muitos momentos
distintos, baseadas em suas experiências individuais ou coletivas.
Vamos analisar melhor esse processo, de modo bem simples, direto e objetivo.
Num sentido amplo, nossa existência pode ser entendida em três níveis distintos,
em três planos imediatos, embora existam sete, onde nos movemos e existimos1.
Existem sete planos de existência ou de consciência na natureza ( Divino,
Monádico, Espiritual ou Atmico, Intuicional ou Búdico, Mental, Astral e Físico). Possuímos,
portanto, sete corpos, um para cada plano, são eles o Espiritual, Intuicional, causal,
Mental, Astral, Etérico e Físico.
Eles estão co-existindo agora, interpenetrando-se, um dentro do outro, numa
vibração cada vez mais sutil e intensa, quanto mais saímos dessa existência físico, rumo
ao divino, mais, luminoso, mais, vibrante, mais, intenso e poderoso, ou glorioso, será esse
corpo.
Como nosso objetivo é um curso básico, começaremos pelo Corpo Mental que é um
veículo por meio do qual o espírito se manifesta como intelecto concreto, em que se
desenvolvem poderes mentais de memória e imaginação criativa, sendo um corpo
perecível.
Num nível mais imediatamente abaixo, encontramos o Corpo Astral, também
perecível, que tem como função principal permitir ao homem que ele expresse seus
sentimentos, paixões, desejos e emoções, positivas ou não, verdadeiras ou ilusórias,
servindo de intermediário entre o corpo físico e o corpo mental.
O terceiro corpo é o que mais conhecemos, chamado de corpo físico, com qual
temos a idéia de existir, de sentir, de ver, de construir nossos sonhos materiais.
1
Narcí Castro de Souza – Projetando Luz: Um Guia de Aprendizado Espiritual. Editora Francisco de Assis. Rio de Janeiro.
LUIZ FRANKLIN DE MATTOS
Os hábitos de nossa vida física, as emoções que alimentamos e a vida mental que
construímos pelo modo de pensar, influenciam nosso corpo físico, conseqüentemente o
corpo astral e o depois o mental.
A meditação harmoniza todos os nossos corpos e nos conecta ao Cósmico.
FINALIDADES DA MEDITAÇÃO
Aquietai-vos, e sabei que sou Deus.
Salmo 46:10
Para nós, ocidentais, meditar significa refletir a respeito de alguma coisa. No
oriente, meditar é algo bem diferente. É entrar num estado de consciência onde se torna
mais fácil compreender a si mesmo.
Para a maioria das pessoas a meditação está relacionada a coisas como
relaxamento físico, redução de estresse e paz de espírito. Embora esses sejam objetivos
válidos, o verdadeiro propósito da meditação é algo superior e mais espiritual. Afinal, os
iogues e os profetas que primeiro reconheceram e aperfeiçoaram os princípios da
meditação começaram a praticar a meditação para encontrar o CRISTO INTERIRO, O EU
PROFUNDO, O SELF, A CONSCÊNCIA CÓSMICA, A PAZ PROFUNDA. Seu objetivo
não era o descanso, mas a iluminação.
Num mundo repleto de violência, conflitos de várias ordens, ansiedades, medos,
angústias e frustrações, nós perdemos a noção de quem somos, de onde viemos e para
onde vamos.
Grande parte dessa confusão é criada pela mente, mente objetiva, concreta.
Podemos dizer que ela é o instrumento de nossa consciência e contém a somatória de
nossos condicionamentos, padrões de pensamento, nossa memória e nosso lado racional.
A mente é como um lago agitado.
Quando dizemos sol, lua, marte, nossa mente vai construindo mecanismos que nos
permitam identificar e diferenciar cada astro. Mas, ao ouvirmos felicidades, amor universal,
custamos a “identificar” o que isso significa.
LUIZ FRANKLIN DE MATTOS
Quando olhamos no espelho nossa imagem sabemos que não somos nós, embora
seja algo muito parecido, movimenta-se, tem a cor de nossos olhos, nossas características
particulares de olhos, nariz, boca, cor de pele.
Da mesma forma, quando meditamos estamos saindo do “espelho” e voltando o
olhar para o reflexo do nosso Eu-Superior, Eu-Profundo ou Consciência Crística, no mais
profundo silêncio, no santuário de nosso Ser.
Meditar nada mais é do que aquietar os pensamentos, serenar a mente para que
possamos reconhecer com clareza nossa essência. Durante esse processo de aquietar a
mente nos damos conta de nossos padrões de pensamento e de ação e, assim, podemos
transformá-los por meio de métodos reflexivos, contemplativos e espirituais sem nenhum
tipo de violência ou mecanismo artificial ou com entorpecentes.
Meditar não significa ficar em uma posição exótica, em martírios corporais, em
jejuns nocivos, ou práticas físicas que nos levem a transe momentâneo e superficial. Muito
pelo contrário, meditar é encontrar-se de forma calma, serena, silenciosa, com seu Eu
Interior, sem nenhum tipo de punição moral ou física.
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO
Uma forma de fazer um relax rápido é:
Visualizar uma paisagem que você conheça ou não. Crie o máximo de detalhes
possível e sinta-se nesse lugar.
Imaginar que você está em uma sala preenchida por luz azul. Você inspira essa luz,
deixa que ela relaxe seu corpo e a devolve para o ambiente expirando.
Sentir-se flutuando no espaço tal qual uma ave.
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EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS
Para auxiliar nas práticas de meditação, apresento uma proposta que pode ser feita
semanalmente, conjugando-se um exercício de mentalização, um outro de contemplação e
um de ampliação da capacidade mental. O tempo máximo dessa prática é de 5 minutos.
Visualize um triângulo eqüilátero de aproximadamente dez centímetros diante de
sua testa (em frente ao chakra frontal), afastado uns quinze centímetros. Preencha esse
triângulo com uma das cores listadas abaixo. Essa cor é emitida e irradiada de seu chakra
frontal. Depois de ver triângulo totalmente preenchido por essa cor, mentalize e vivencie a
virtude, analise durante a semana o que ela representa em sua vida ou como você deve
aplicá-la em seu cotidiano.
TRIÂGULO / COR
BRANCO
ROSA
VERMELHO
ALARANJADO
AMARELO
VERDE
AZUL
ANIL
VIOLETA
VIRTUDE
Discernir entre o Real e o Irreal
Indiferença acerca do Irreal e aos Frutos da Ação ( Desapego)
Controle dos Pensamentos
Controle da Ação
Tolerância
Resistência (ao mal e as tormentas do cotidiano) – Paciência
Fidelidade ao Cristo (Fé)
Equilíbrio
Ânsia de Unir-se ao Divino
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TÉCNICAS DE HARMONIZAÇÃO
Respiramos cerca de 20.000 vezes num dia. Em cada respiração, absorvemos por
volta de 300 ml de ar. Mas nossos pulmões foram planejados para muito mais, pois a
capacidade pulmonar de um adulto é de cerca de 4 litros. Nossa respiração cotidiana
movimenta apenas 10% do que nossos pulmões comportam. Assim, nosso corpo e nossa
mente funcionam com uma quantidade de combustível bem menor do que necessitam e
jamais poderemos expressar plenamente nossos potenciais e viver uma vida realmente
saudável se não aumentarmos nossa absorção de oxigênio.
Para a realização de qualquer exercício abaixo faça o seguinte exercício
respiratório, sempre pelas narinas, de forma lenta, serena e calma, não faça nenhum tipo
de esforço, procure apenas inspirar profundamente, enchendo bem os pulmões, sem gerar
desconforto, prenda por alguns segundos, solte lentamente sem violência, repita a
respiração e vá relaxando, soltando os músculos, dos pés, pernas, tronco, braços,
pescoço e cabeça.
1) NATUREZA
(a) Quando estiver em contato com a natureza, sente-se diante de uma
paisagem e observe-a. Ouça os sons, veja as cores, sinta os aromas mas
não fique dando nome às coisas ou analisando-as: "esse cheiro deve ser
daquela flor", "como é bonita a forma daquela montanha", "o som desses
passarinhos me deixa tão relaxado...". Apenas ouça, veja e sinta sem
criar frases na sua mente, sem ficar tagarelando internamente.
(b) Imagine-se viajando por uma imensa floresta, verde, cercada de
montanhas, com cachoeiras, riachos, belos animais amigos, passeie pela
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paisagem, interagindo com os diversos elementos da imagem, imagine-se
recebendo as energias da natureza, curativas e harmonizadoras.
(c) Passeio pela natureza, visualize-se de pé de frente para o mar, na areia
branca, leve, solta, o sol dourado brilhante, o céu azul, o mar azul.
Mergulhe nesse mar, deixe as ondas baterem em você, agradeça os
seres cósmicos que mantém o mar como força viva e divina; saia do mar
caminhe pela areia, imagine que você está tão leve que nem deixa as
pegadas na areia, vá a um riacho de águas cristalinas, escute uma
cachoeira, banhe-se em suas águas, agradeça os seres a mantém viva.
Terminado o banho de cachoeira, atravesse uma planíce verdejante,
cheia de flores e ervas e plantas medicinais que exalam aromas
agradáveis, o sol brilhante atinge diversos cristais coloridos que refletem
raios e espectros sobre seu corpo, caminhe, indo em direção a montanha,
suba na montanha, sem se sentir cansado, vá ao topo da montanha, sinta
o vento em sua face, desça flutuando, vá pouse suavemente, veja uma
caverna, desça até o centro e imagine-se atravessando uma cortina de
fogo, que purifica e harmoniza a tudo e todos, após atravessar a cortina
de fogo, veja-se em um imenso jardim florido, com bancos brancos de
mármore, sente-se e se harmonize com a paz do lugar!
2) SOL & LUA
(a) Sente-se diante de uma janela e deixe que a claridade solar ou lunar
invada seu corpo. Sinta a luz penetrando pelo alto de sua cabeça e
fluindo por todo o corpo. Mantenha sua atenção nesse fluxo de energias
curativas.
3) MANTRAS
(a) Repita o mantra OM durante todo o tempo da sua meditação. Mantras
são sons que trazem uma determinada qualidade de energia para quem
os vocaliza. O mantra OM é um dos mais antigos do hinduísmo e sua
qualidade é o equilíbrio e a serenidade. Ele nos traz energia e ajuda a
clarear a mente. Veja abaixo outros mantras:
i.
OM MANI PADME HUM (Pronúncia em Sânscrito)
ii. OM MANI PEME HUNG (Pronúncia em Tibetano)
iii. O MANTRA – GAYATRI :OM - BHUR BHUVA SWAH /TAT
SAVITUR VARENAYAM /BHARGO DEVASYA DHIMAHI
/DHIYO YO NAH PRACHODAYAT
4) SÍMBOLOS SAGRADOS
(a) Olhe atentamente para um símbolo ou um objeto sagrado, devocional,
que lhe chame a atenção naturalmente. Olhe para esse símbolo e
envolva-se com ele. Observe-o atentamente até que você possa mantê-lo
com clareza na sua mente, mesmo de olhos fechados, receba as
sublimes vibrações que eles emitem. Harmonize-se
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5) SONS & MÚSICAS
(a) Sente-se em silêncio e preste atenção a cada som que surgir ao seu
redor. Dos pássaros, da natureza ou outros. Ouça tudo ao mesmo tempo.
Não se detenha em nenhum deles. Nenhum é mais importante do que os
outros, nenhum é melhor ou mais agradável. Não julgue, apenas ouça.
Evite relacioná-los com os objetos ou seres que os produzem. Permita-se
ouvir o som puro, o som divino, e perceber sua qualidade intrínseca.
(b) Música – ouça uma música e viaje pela historia harmoniosa de seus sons,
veja-se equilibrado e feliz, sinta e viva mentalmente a música.
6) CORES
(a) Você pode meditar com as cores também. Pergunte ao seu corpo de qual
cor ele necessita para estar em harmonia. Aceite qualquer cor que lhe
venha à mente. Imagine um grande jorro de luz dessa cor fluindo sobre
você ou mergulhe num oceano tingido com a cor escolhida. Não se
preocupe em "ver" a cor, você pode apenas senti-la com seus sentidos
interiores.
(b) Algumas cores para meditar e envolver-se: violeta, azul, amarelo
dourado, verde, branca, rosa e vermelho-rubi. Você pode circular com as
diversas cores do arco-íris pelo seu corpo, pelos seus músculo, ossos e
órgãos, harmonizando-os e curando-os.
(c) Você pode repetir o exercício anterior, depois de se banhar nas diversas
cores veja-as irradiando de seu coração para pessoas que necessitem de
equilíbrio, saúde e paz, ou envie essa luz para a humanidade.
7) OBSERVE SEUS PENSAMENTOS
(a) Observe seus pensamentos e tente perceber o espaço que existe entre
um e outro. Mesmo numa mente completamente confusa, os
pensamentos surgem e desaparecem deixando um breve espaço entre si.
Descubra esse espaço, nem que seja apenas um segundo. Observe-o e
você vai perceber que ele começará a se ampliar. Ao penetrar nesse
espaço em branco, você estará além da mente.
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PREPARANDO A PRÁTICA
A prática da meditação, embora simples, requer bastante disciplina e regularidade.
Abaixo estão algumas dicas de como iniciar sua prática de meditação.
1. Escolha um lugar sereno onde você possa sentar-se de maneira confortável e com
a coluna ereta. Pode ser numa cadeira ou no chão com as pernas cruzadas. Sentarse sobre uma pequena almofada ajuda a manter as costas eretas. Use roupas que
não apertem nem incomodem.
2. Sente-se e feche os olhos.
3. Concentre-se na respiração, mas inspire e expire normalmente. Não tente controlar
ou alterar a respiração deliberadamente. Apenas observe.
4. Um dos exercícios mais simples é observar a respiração. Sinta o ar entrando e
saindo pelas narinas. Acompanhe seu caminho por todo o corpo. Repare nos
movimentos da barriga, do peito. Veja se há movimentos ou sensações na pelve,
pernas, cabeça, etc. Esteja com o ar o tempo todo.
5. Ao observar a respiração, vai ver que ela muda. Haverá variações na velocidade, no
ritmo e na profundidade, e pode ser que ela pare por um momento. Não tente
provocar nenhuma alteração. Novamente, apenas observe.
6. Comece dando uma ordem mental e vá relaxando dos dedos dos pés, para o peito
do pé, as pernas, coxas, ventre, abdômen, costas, coluna, dedos das mãos,
antebraços, braços, ombros, pescoço, cabeça, nuca... Se quiser, relaxe também os
seus órgãos, músculo, nervos, articulações, e por aí vai.
7. Acender um incenso ou colocar uma música bem suave pode ajudar a criar um
clima de tranqüilidade no início. Depois de algum tempo, pode ser que você prefira
dispensá-los.
8. Pode ser que você se desconcentre de vez em quando, pensando em outras coisas
ou prestando atenção aos ruídos externos. Se isso acontecer, desvie a atenção
para a respiração.
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9. Se durante a meditação você perceber que está se concentrando em algum
sentimento ou expectativa, simplesmente volte a prestar atenção na respiração.
Não gere um conflito com o que vem em sua mente. Identifique, registre, apague e
esqueça, voltando a acompanhar a sua respiração.
10. Evite meditar quando estiver com sono ou muito cansado. Você se sentirá frustrado
por não conseguir se concentrar e desanimará de sua prática diária. Um bom
horário para meditar é pela manhã, quando estamos mais tranqüilos e
descansados. Porém, isso também é individualizável. Se você sentir que consegue
melhores resultados à noite, escolha esse horário.
11. Comece com quinze minutos diários. Coloque um relógio para despertar após esse
tempo, assim sua mente não poderá sabotá-lo fazendo-o acreditar que já se
passaram muito mais que quinze minutos.
12. Não se mova durante esse tempo. O corpo é como um pote e a mente é a água
dentro dele. Mover o recipiente faz com que a água também se mova e, lembre-se,
o que você quer é que sua mente permaneça quieta e imóvel.
13. A atenção deve estar voltada para o objeto da meditação (a respiração, um símbolo,
um mestre, um grande pensamento universal, numa virtude divina, etc.) sem que
isso necessite de grandes esforços. Caso você disperse, reconduza sua atenção
suavemente ao objeto escolhido.
14. Qualquer coisa que aconteça estará bem. Se houver um monte de pensamentos
desfilando pela sua cabeça, se você tiver vontade de chorar ou de rir, se você achar
que nunca vai conseguir se concentrar, tudo bem.
15. Apenas continue sentado e, sempre que possível, volte a sua atenção para o objeto
sobre o qual está meditando, criando uma situação feliz, equilibrada e serena,
pensando no Cósmico.
16. Ao final, mantenha os olhos fechados e permaneça relaxado por dois ou três
minutos. Saia do estado de meditação gradualmente, abra os olhos e assuma sua
rotina.
REGULARIDADE DA MEDITAÇÃO
LUIZ FRANKLIN DE MATTOS
Embora os resultados de uma boa meditação possam ser sentidos de imediato,
somente a regularidade, ou seja, a prática freqüente, pode contribuir de modo constante
para a ampliação dos benefícios em sua saúde física e mental, ampliação das vibrações
sutis e espirituais, estado de paz e alegria interior.
O ideal é uma prática no mesmo horário, num mesmo local. Caso isso não seja
possível, procure manter o tempo da meditação constante, ou seja, se você medita dez
minutos por dia, faça sempre dez minutos de meditação.
As pessoas perguntam sempre: Por quanto tempo devo meditar? E quando? Devo
praticar vinte minutos pela manhã e à noite, ou é melhor fazer várias sessões curtas, ao
longo do dia?
Sim, é bom meditar durante vinte minutos, mas isso não significa que vinte minutos
é o limite. A questão não é por quanto tempo você vai meditar, a questão é saber se a
meditação de fato lhe traz certo estado de presença mental em que você está um pouco
aberto e pode entrar em contato com a essência do seu coração. E cinco minutos de
prática sentado, plenamente consciente, têm valor muito maior do que vinte minutos de
cochilo!
Uma outra dúvida que surge é qual o tempo de prática da meditação?
Não existe um prazo. Pode ser por sua vida inteira, por anos, por meses. Sugerimos
que ela seja praticada por toda a sua vida, pois assim os benefícios espirituais se ampliam,
se consolidam e se mantém numa freqüência vibracional elevada e permanente.
Outra questão: é melhor dez minutos de boa meditação, do que duas horas de
meditação inconstante, não relaxada, não conectada, não inserida num contexto de
elevação espiritual.
MEDITAÇÃO E O COTIDIANO
Rinpoche (um sábio tibetano) diz que um iniciante em meditação deve praticar em
sessões curtas, ou seja, praticar por quatro ou cinco minutos e então fazer uma pequena
pausa de apenas um minuto. Durante a pausa não abandonar o estado desperto de sua
consciência. É curioso que às vezes, quando você está lutando para praticar corretamente,
no exato momento em que descansa — se ainda está alerta e no presente — é que a
meditação de fato acontece. Por isso a interrupção é parte tão importante da meditação
quanto se centrar no Cristo Interior.
Ao apresentar esse texto lembro que aos “modernos” praticantes da espiritualidade
de supermercado, iludidos com o “poder mágico”, faltam conhecimentos de como integrar
a prática da meditação com a vida de todo dia.
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Nunca será demais lembrar que você deve integrar meditação na ação diária, isto é
a base e o ponto central, o propósito da própria meditação: trazer ao cotidiano a
experiência mística. A violência e a tensão, os desafios e as distrações da vida moderna
fazem essa integração ainda mais urgente e necessária.
É comum ouvir pessoas dizerem “meditei por vários anos, mas não mudei”. Isto
porque há um abismo entre aquilo que você considera prática espiritual e seu cotidiano.
Eles parecem existir em dois mundos separados e nenhum desses mundos inspira o outro.
Como obter então essa integração, esse permear do quotidiano com o calmo estado
de espírito e o largo desapego da meditação? Não há substituto para a prática regular,
porque apenas através da prática real começaremos a experimentar de maneira
inquebrantável a tranqüilidade da natureza da nossa mente, sendo assim capazes de
sustentar essa experiência na vida de todo dia.
Então, após meditar, é importante não se entregar à tendência que temos para
solidificar o modo como percebemos as coisas. Quando você retorna à vida de todo dia,
deixe que a sabedoria, a percepção de si mesmo, a compaixão, o humor, a fluidez, o
espaço e o desapego que a meditação lhe trouxe penetrem na sua experiência
quotidiana.
Então o que importa de fato não é só a prática de sentar-se para meditar, mas muito
mais o estado da mente em que você se encontra depois da meditação.
Isso é integração. E se você quer consegui-la, o que precisa fazer não é praticar
apenas como remédio ou terapia ocasional, mas como se isso fosse seu sustento diário
ou alimentação. Por isso, um modo excelente de desenvolver a capacidade de integração
é praticar num ambiente de retiro, longe das tensões da vida urbana moderna.
Com muita freqüência as pessoas procuram a meditação com a esperança de
resultados extraordinários, como visões, luzes ou algum milagre sobrenatural. Quando
nada disso acontece, sentem-se desapontadas. Mas o milagre verdadeiro da meditação é
mais ordinário e muito mais útil. É uma transformação sutil, que não acontece apenas na
sua mente e nas suas emoções, mas também e realmente no seu corpo. E é muito
curativa. Cientistas e médicos descobriram que, quando você está em boa disposição de
espírito, até mesmo as células do seu corpo estão como se estivesse e se sentissem
mais felizes; e quando sua mente está num estado negativo, suas células podem se
tornar malignas. O estado geral de sua saúde tem muito a ver com o estado da sua
mente e com seu modo de ser.
Disse aqui que a meditação é a estrada para a iluminação e o maior empenho da
nossa vida. Todas as vezes que falo a respeito da meditação para meus alunos, sublinho a
necessidade de praticá-la com disciplina resoluta e orientada devoção; ao mesmo tempo,
sempre lhes digo como é importante fazer isso do modo mais criativo e inspirado possível.
Em certo sentido a meditação é uma arte, e você deve trazer até ela o deleite do artista e a
fertilidade da invenção.
Torne-se tão inspirado, elevado, místico no respirar para obter sua paz quanto você
está nas andanças neuróticas e competitivas do mundo. É muito simples ser destrutivo,
violento, paranóico e agressivo, embora seja muito difícil ser pacífico.
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Assim se achar que a meditação não chega fácil à sua sala na cidade, seja criativo
e saia para a natureza. Ela é sempre uma fonte infalível de inspiração. Para acalmar sua
mente, dê um passeio no parque ao nascer do sol, ou observe o sereno numa rosa do
jardim. Deite-se na grama e contemple o céu, deixando sua mente se expandir em sua
amplidão. Deixe que o céu de fora desperte o céu que há dentro de você. Entre num
riacho e misture sua mente à música da água; torne-se um com essa sonoridade
incessante. Sente-se ao lado de uma cascata e deixe seu riso purificador refrescar-lhe o
espírito. Caminhe numa praia e receba o vento do mar, em cheio, doce, em seu rosto.
Comemore e use a beleza do luar para equilibrar sua mente. Sente-se junto a um lago ou
num jardim e, respirando tranqüilamente, deixe sua mente quedar-se silenciosa enquanto
a lua sobe majestosa e lenta na noite sem nuvens.
Tudo pode ser usado como um convite à meditação. Um sorriso, um rosto no metrô,
a visão de uma pequenina flor crescendo numa rachadura do calçamento, um belo traje
numa vitrina, o modo como o sol banha vasos de flores em uma janela. Esteja desperto
para qualquer sinal de beleza e graça. Ofereça cada alegria, mantenha-se desperto em
todos os momentos para "as novidades que sempre estão chegando do silêncio".
Numa situação cotidiana lembre sempre que o humor e a atmosfera da nossa
mente têm uma grande influência sobre nós. Se sua atmosfera é “positiva” tudo será
positivo, mas se sua atmosfera for “negativa” ou “ baixo-astral” tudo ao seu redor será
ruim.
Se a situação for aparentemente ruim, pare e respire, nada é ruim, mas a sua
percepção está equivocada. Sente-se com a atenção voltada para sua mente e sinta seu
bom humor e sua atmosfera cheia de alegria. Se o humor está inquieto ou a atmosfera
está sombria, ao inspirar absorva mentalmente tudo o que é insalubre ou prejudicial; e ao
expirar dê mentalmente calma, clareza e alegria, purificando e curando a atmosfera e o
ambiente da sua mente.
Às vezes, sentimos culpa. Às vezes, somos arrogantes. Em outras, nossos
pensamentos e lembranças nos aterrorizam e nos tornam muito infelizes. Os pensamentos
cruzam nossa mente o tempo todo e, quando sentamos, estamos dando a todos eles
muito espaço para que surjam.
Como nuvens em um céu amplo ou ondas em um vasto mar, estamos dando a
todos os nossos pensamentos espaço para que apareçam. Quando um deles atrai nossa
atenção e nos arrebata, quer seja agradável ou desagradável, devemos rotulá-lo
"pensando", com toda a abertura e bondade que pudermos reunir, e deixar que ele se
dissolva no amplo céu. Não há problema se as nuvens e ondas imediatamente retornam.
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Simplesmente reconhecemos sua existência mais uma vez, com amizade incondicional,
rotulamos "pensando" e deixamos que elas se dissolvam continuamente.
Às vezes, as pessoas usam a meditação para tentar evitar mais sentimentos ou
pensamentos perturbadores. Tentamos usar o rótulo como uma forma de afastar o que
nos incomoda e, quando nos conectamos com algo prazeroso ou inspirador, podemos
achar que finalmente conseguimos e tentamos ficar nesse ponto onde há paz, harmonia e
onde não temos nada a temer.
Portanto, desde o início, é bom lembrar sempre que meditar relaciona-se com abrir
e relaxar, surja o que surgir, sem selecionar ou escolher. Definitivamente, não significa
reprimir nada e também não tem a finalidade de estimular o apego.
Não devemos rejeitar esse aspecto, mas compassivamente reconhecê-lo como
"pensando" e deixar que ele vá. Então aparece uma surpresa muito agradável. Tudo bem.
Que seja assim. Mais uma vez, não devemos nos apegar a esse aspecto, mas
compassivamente reconhecê-lo como "pensando" e deixar que ele vá. Portanto, como
meditadores, também podemos parar de lutar contra nossos pensamentos e perceber que
honestidade e senso de humor são muito inspiradores e úteis contra ou a favor de algo.
De qualquer forma, o objetivo não é tentar livrar-se dos pensamentos, mas ver sua
verdadeira natureza. Ficaremos dando voltas inúteis com nossos pensamentos se
acreditarmos em sua solidez. Na verdade, eles são como imagens de sonho. São como
uma ilusão — não são tão sólidos assim. Como dizemos, são apenas pensamentos.
No início, as pessoas acham essa meditação empolgante. É como um novo projeto
e achamos que a prática talvez nos livre de nossos aspectos indesejáveis e nos torne
pessoas alertas, isentas de julgamento e incondicionalmente cordiais. Entretanto, após um
certo tempo, essa sensação se esgota. Encontramos um tempo todos os dias e sentamos
em nossa própria companhia. Voltamos à respiração continuamente, atravessamos o
tédio, a irritação, o medo e o bem-estar. Essa perseverança e repetição — quando contêm
honestidade, leveza, humor e bondade — são a própria recompensa.
MEDITAÇÃO PARA SER BUDDHA
LUIZ FRANKLIN DE MATTOS
Buddha é uma palavra em sânscrito que significa totalmente desperto. Ele se
refere não apenas a Shakyamuni, ou Gautama, o fundador dos ensinamentos que vieram
a ser conhecidos como o budismo, mas também a qualquer pessoa que atinge a
iluminação, do mesmo modo que Cristo, o Ungido, possui o mesmo significado
Há incontáveis seres iluminados, chamados de Mestres Cósmicos ou
Ascencionados, que são seres que transformaram completamente suas mentes,
eliminaram toda a energia negativa e se tornaram completos, perfeitos.
Eles não estão confinados a um corpo físico impermanente, como nós, mas estão
livres da morte e do renascimento. Eles podem ficar em um estado de consciência pura,
ou aparecer de diversas formas — um pôr-do-sol, uma música, um mendigo, um professor
— para comunicar sua sabedoria e amor aos seres comuns. Eles são a própria essência
da compaixão e da sabedoria, e sua energia está ao nosso redor, todo o tempo.
Cada ser vivo, pela virtude de ter uma mente, é capaz de se tornar um buddha. A
natureza fundamental da mente é pura, clara e livre das nuvens de conceitos e emoções
perturbadores que a obscurecem. Enquanto nos identificarmos com os estados confusos
da mente, acreditando, "Eu sou uma pessoa raivosa, Eu sou deprimido, Eu tenho muitos
problemas, Eu sou sozinho, Eu sou doente, Eu sou sofredor", não nos daremos nem
mesmo a oportunidade para mudar.
É claro que nossos problemas são muito profundos e complexos, mas não são reais
e sólidos como pensamos. Também temos a sabedoria que pode reconhecer nosso
pensamento confundido, e a capacidade de dar e de amar. É uma questão de identificação
e desenvolvimento gradual destas qualidades, até chegar ao ponto em que elas surjam
espontaneamente e sem esforço. Não é fácil tornar-se iluminado, mas é possível.
A PREPARAÇÃO
Pense muito e irradie sempre amor e compaixão, refletindo brevemente sobre todos
os seres da humanidade, nossos irmãos de humanidade. Expresse seu desejo de
experimentar a verdadeira felicidade e seu desejo de evitar o sofrimento. Então pense que
de seu coração a compaixão se derrama para a humanidade, para ajudar a todos os seres
e conduzi-los à paz e felicidade perfeitas por meio do contato com a própria iluminação, de
Buddha, pois só assim eu poderei atingir a minha iluminação.
Por este objetivo, estou praticando esta meditação. Pelo mérito que criei através da
prática diária da generosidade e das outras virtudes, possa eu atingir o estado de
iluminação de Buddha para ajudar a todos os seres que vivem neste Universo.
LUIZ FRANKLIN DE MATTOS
A VISUALIZAÇÃO DO BUDDHA
Cada aspecto da visualização deve ser feito de pura luz dourada transparente,
intangível e radiante que sai do centro de seu coração. Veja-se completamente envolvido
nessa luz dourada dos pés até a cabeça, com um campo energético dourado de uns dois
metros.
Veja-se no Tibet, caminhando pelo Himalaia, num imenso vale verdejante, até uma
planície cercada por dois riachos de águas cristalinas. No Meio de um pequeno platô há
um grande trono dourado, adornado com jóias. Sobre a superfície plana do trono, está um
assento, constituído de um grande lótus aberto e dois discos radiantes, representando o
sol e a lua, um sobre o outro.
Sentado sobre isto, está o Buddha, que atingiu estas realizações e é a
corporificação de todos os seres iluminados. Ele está sentado na postura de lótus
completo. A palma de sua mão direita está sobre o joelho direito, com os dedos tocando o
assento de lua, significando o seu grande controle. Sua mão esquerda está sobre seu
colo, em gesto de meditação, segurando um pote cheio de néctar, que é o remédio para
curar nossos estados perturbadores e outros obstáculos.
O rosto de Buddha é muito belo. Seu olhar sorridente e compassivo está
direcionado para você e, simultaneamente, para todos os outros seres. Sinta que ele é
livre de todos os pensamentos de julgamento e crítica, e que ele aceita a você assim como
é. Seus olhos são longos e finos. Seus lábios são vermelho-cereja. Seus cabelos são
pretos.
A PURIFICAÇÃO
Sinta a presença viva do Buddha e tome refúgio nele, recordando suas qualidades
perfeitas e sua disposição e habilidade para ajudá-lo. Faça um pedido, de coração, para
receber as bênçãos e se tornar livre de toda a energia negativa, enganos e outros
problemas, e para receber todas as realizações do caminho para a iluminação.
Seu pedido é aceito. Um fluxo de luz branca e dourada purificadoras, cuja natureza
é a mente iluminada, flui do coração de Buddha e entra em seu corpo, pela topo de sua
cabeça. Assim como a escuridão de uma sala é instantaneamente eliminada no momento
em que uma luz é ligada, assim também a escuridão de sua energia negativa é eliminada
sob o contato com esta luz branca radiante.
Quando você terminar, sinta que toda a sua energia negativa, problemas e
obscurecimentos sutis foram purificados. Seu corpo sente felicidade e luz. Concentre-se
nisto por um instante. Volte à consciência objetiva lentamente.

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