Jun 24, 2013 Rendição à Ogilvy — O feito histórico do

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Jun 24, 2013 Rendição à Ogilvy — O feito histórico do
Jun 24, 2013
Rendição à Ogilvy — O feito histórico do escritório brasileiro da Ogilvy & Mather é um daqueles cases de
mudança de perfil que merece atenção, gostem ou não os concorrentes. A realidade é que a
contratação de Anselmo Ramos, em 2007, como vice-presidente de criação, e sua afinidade com
Fernando Musa, que logo depois se tornou presidente da agência (em sucessão a Sergio Amado, alçado
ao posto de presidente do Grupo Ogilvy no Brasil), foram o grande ponto de inflexão na trajetória do
desempenho da Ogilvy em Cannes. O desafio da agência agora será diminuir o gap entre este
desempenho e o seu trabalho no dia a dia para os maiores clientes.
Abandono das origens — Não resta dúvida que o Festival se agigantou e seu perfil mudou. Nesta 60ª
edição, 12 mil delegados de 90 países disputavam espaços nas ruas, hotéis e no Palais para assistir a 60
seminários, 30 fóruns, 16 workshops e dez master classes. Uns poucos heróis que ainda tentaram ver
projeções de long lists de Film Craft e Film — a origem do Festival — passaram por um grande
perrengue. As exibições ficaram restritas a salas pequenas, com som ruim, luz acesa e uma ridícula tarja
branca com ficha técnica que dividia a tela, dificultando muito a vida de quem queria conferir categorias
específicas. O fato de o Festival ter mudado de foco e hoje se centrar muito no conteúdo não justifica
esse desrespeito com delegados que pagam muito caro para estar lá. Afinal, com 16 categorias de
premiações que geraram 35,7 mil peças inscritas, a premiação ainda é o grande ganha-pão da
organização.
A força dos filmes para a rede — Pouco mais de uma década após a BMW subverter as regras do jogo
com sua campanha “The hire”, filmes e campanhas criados para a internet deixaram de ser foco de
pouco investimento. Muito pelo contrário, projetos como “Retratos da real beleza”, da Ogilvy para
Dove; “Beleza interior”, da Pereira & O’Dell para Intel e Toshiba; e “Alma”, da F/Nazca para Leica, não só
são produções arrojadas e muito bem acabadas como demonstram o grande potencial criativo que este
tipo de filme propicia.
As armadilhas do tempo — Astro Teller, capitão do Google X, o laboratório responsável pela criação do
Google Glass, fez uma analogia interessante em sua palestra. Contou que, certa vez, visitou uma
exposição sobre a história do aço e no meio da exibição se deparou com um cabideiro de madeira com
um chapéu em cima. Achou estranho, pois aquilo não fazia parte do contexto da mostra. No entanto,
aquela peça era de aço pintado de cor de madeira e ilustrava a dificuldade de aceitação que o metal
teve no seu início. Ficar muito preso ao passado, fazendo coisas velhas sob plataformas novas,
disfarçando que os tempos mudaram, pode ser uma armadilha fatal para quem precisa inovar.
O Brasil pegando fogo e dá-lhe vinho rosé — Para a enorme delegação brasileira que todos os anos
enche o Palais esta edição do Festival teve um sabor estranho. Enquanto o glamour, festas e a fartura de
Leões rolavam soltos por aqui, as manifestações que estão literalmente incendiando grandes capitais do
País eram acompanhadas a distância. Um misto de culpa, incompreensão e estranha sensação de
acompanhar a cobertura pela imprensa internacional causou um incômodo como se alguém estivesse
mexendo na sua própria casa durante sua ausência. Quem assistiu à palestra da grande dama da moda
inglesa, Vivienne Westwood, convidada da SapientNitro, teve a sensação de que ela estava falando
sobre os acontecimentos recentes do Brasil. “Lute por alguma coisa. Hoje em dia tudo está conectado, e
qualquer movimento por menor que seja faz um efeito que nem podemos imaginar.” Parece que os
brasileiros, enfim, estão descobrindo na prática o que essa mulher de 72 anos está dizendo.
Este editorial faz parte da edição 1565 do Meio & Mensagem, com data de 24 de junho de 2013.

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