comunicando

Transcrição

comunicando
SUMÁRIO
Editorial
CFPAS
PROSUAS-NIASSA
2 A consolidação
da marca CFPAS
Projecto de Promoção de Sustentabilidade no Abastecimento de Água,
Higiene e Saneamento Rural na Província do Niassa
Revista Água - Nº 41 - Dezembro de 2014
CFPAS NO NOVO MILÉNIO
Formação de artesão para
construção de latrinas.
3 CFPAS capacita em PEC Zonal
3 CFPAS treina mecânicos e artesãos
CFPAS actualiza técnicos da Águas da
Região de Maputo
Centro de Formação
Profissional de Água
e Saneamento
Formação e Disseminação
de Boas Práticas
Construção de furos.
4 CFPAS forma técnicos do WSUP e da AIAS
Formação de Mecânicos Locais
Tudo
pela
Sustentabilidade
COMUNICANDO
Instalação de bomba junto com o
Comité de Água e Saneamento
Apostamos em garantir a sustentabilidade no abastecimento de água, higiene e saneamento rural na Província do Niassa
desde Março de 2013, através de uma Cooperação Técnica Financiada pela Agência Japonesa de Cooperação
Internacional (JICA). Estamos a trabalhar em conjunto com a Direcção Nacional de Águas (DNA), Direcção Provincial das
Obras Públicas e Habitação do Niassa(DPOPH) e 4 Distritos (Mavago, Muembe, Majune e Mandimba). Já concluímos a
abertura de 40 furos (total 50 furos), iniciamos a construção de 4 latrinas melhoradas para escolas, criamos, revitalizamos
e treinamos 139 Comités de Água e Saneamento, formamos 33 Mecânicos Locais e 60 artesãos para construção de
latrinas. Além disso, estamos apoiando o GAS Provincial no estabelecimento da Estrutura Unificada da Província sobre a
circulação de peças sobressalentes para bombas manuais, apoiamos a capacitação institucional, actividades de PEC
Zonal até 2016 (actualmente em curso), troca de experiências dentro e fora do país, dinamizamos o GAS Provincial etc. O
período do Projecto vai decorrer até Fevereiro de 2017.
5 A sustentabilidade do Abastecimento de Água e
Saneamento, em Inhambane
14 Festival de Teatro Regional de Água e Saneamento
- Cabo Delgado
15 Incubação de Negócios em Água e Saneamento
Governo da Provincia do Niassa
Direcção Provincial da Obras Públicas
e Habitação-Niassa
MOPH
Direcção Nacional de Águas
Agência Japonesa de
Cooperação Internacional
16 Helvetas Swiss Intercooperation e Water Integrity Network realizam Curso de Capacitação em Integridade
17 Usando tecnologias dos actores locais para avaliar riscos à saude e informar planos de saneamento seguro
21 Develo: solução local para um problema local, em Ratane
22 Experiência do GoTAS no uso de Tecnologias de Informação e Comunicação no levantamento de dados de
base no sector de água e saneamento
Ficha Técnica
Propriedade:
Centro de Formação Profissional de
água e Saneamento
Editor:
Jorge Manuel da Conceição Júnior
Supervisão:
Eunice Gilda Chirindja Djedje e Celestino
Lucas
Revisão:
Lúcio Augusto Carvalho Muluana
Layout:
PubliFix, Lda.
Impressão:
CIEDIMA, LDA
Financiamento:
SDC,
Águas da Região de Maputo e CFPAS.
Periodicidade:
Semestral
Tiragem:
1 500 exemplares
Revista água:
Registada sob o número 0883/FBM/91
Avenida do Trabalho n.º 1441 - C.P. 2862
Telefax: (21) 405 481
Cell: 82 31 05 500 - www.cfpas.co.mz
Maputo - Moçambique
1
EDITORIAL
A consolidação da marca CFPAS
No segundo semestre do corrente ano, o CFPAS ministrou vários cursos para o sector de Águas. Assim, na
zona norte do país, foram realizados os cursos de Participação e Educação Comunitária de âmbito zonal (PEC
Zonal), no distrito de Chiúre, província de Cabo Delgado, de capacitação de mecânicos e artesãos e capacitação em Água Subterrânea e Furos Mecânicos, na cidade
de Lichinga, província do Niassa.
Na região sul do país, o CFPAS capacitou, em matéria
de canalização (curso actualizado), técnicos da empresa
Águas da Região de Maputo. Paralelamente, técnicos
do Programa de Água e Saneamento para a População
Pobre Urbana (WSUP) e da Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento (AIAS) foram capacitados
em Gestão de Pequenos Sistemas de Abastecimento de
Água e Gestão Comercial.
Outras actividades de destaque, no CFPAS, nesta
segunda metade do ano, foram a recolha de boas práticas, na componente de sustentabilidade do abastecimento de água e saneamento, a participação do CFPAS
no Festival de Teatro Regional de Água e Saneamento
e a realização, pela nossa instituição, do seminário de
Incubação de Negócios, na Área de Abastecimento de
Água e Saneamento.
No âmbito da capacitação institucional, graças à
parceria com a Helvetas Swiss Intercooperation (HSI) e
Water Integrity Network (WIN), o CFPAS, representado
pelo director Adjunto Pedagógico e pelo editor desta
publicação, participou, em Nampula, no curso de Capacitação em Integridade (Transparência, Responsabilização e Participação), no sector de Águas.
O acima mencionado não deixa dúvidas: o CFPAS
continua a ser marca do sector, no concernente à formação.
A terminar, aos nossos parceiros, clientes, actores do
sector Água e Saneamento e ao povo moçambicano, em
geral, desejamos festas felizes e um 2015 memorável
em realizações.
Eunice Gilda Chirindja Djedje
Directora do CFPAS
Pierre Olivier-Henry homenageado
Por ocasião da sua passagem à reforma, o CFPAS
organizou, nas suas instalações, uma cerimónia para
homenagear um grande parceiro do CFPAS, indiscutivelmente ligado à vida da nossa instituição e ao seu
crescimento. Trata-se do assessor da Cooperação Suíça,
para Água e Saneamento, o Sr. Pierre Olivier-Henry, que
após muitos anos de trabalho, em Moçambique, passa
a reforma, a partir de 2015.
O evento contou com a presença dos funcionários e
técnicos do CFPAS que enalteceram os feitos do homenageado em prol do
CFPAS. Por sua vez, Pierre fez
o historial
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A perfeição
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lic idadeque remonta de 1998.
e di çõNa
es ocada sua ligação ao
Centro,
sião, para além de um Diploma de honra, o homenageado recebeu uma obra artística retratando o trabalho por
Telefax:
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Av. Agostinho Neto nomeadamente
N.º 1070, 1º ANDAR
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sí desenvolvido,
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aposta
na promoção da componente de capacitação institucional e o resultado do seu empenhamento. A terminar foi servido
Pierre Olivier-Henry recebendo uma obra artística
um lanche de confraternização.
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CFPAS NO NOVO MILÉNIO
No distrito de Chiúre
CFPAS capacita em PEC Zonal,
no âmbito do PRONASAR
Decorreu, de 17/11 a 28/11/2014, no distrito de
Chiúre, na província de Cabo Delgado, o curso de PEC
Zonal ministrado pelo CFPAS, que contou com a presença de 23 formandos provenientes dos distritos de
Namuno, Balama, Muidumbe, Chiúre, Macomia e Mecúfe. A formação visou capacitar o pessoal das empresas da área social e ONG contratadas, na perspectiva do
Programa Nacional de Água e Saneamento Rural (PRONASAR), para implementar as actividades da área social
para o Abastecimento de Água e Saneamento Rural, em
matérias que permitam interpretar os princípios gerais
e específicos da abordagem de Participação e Educação
Comunitária de âmbito zonal (PEC Zonal) e de abordagem de Saneamento Total Liderado pela Comunidade
(SANTOLIC).
Impacto do curso
Formandos preparados para contribuirem, na melhoria da higiene e saneamento, nas suas comunidades,
através da divulgação de boas práticas, de forma sistematizada.
Na província do Niassa
CFPAS treina mecânicos e
artesãos
Decorreu, de 20 a 30 de outubro, na província de
Niassa, com a participação de formandos provenientes
dos distritos de Muembe, Mavago, Majune e Mandimba, um curso dirigido a mecânicos e artesãos ministrado
por técnicos do CFPAS. Com efeito, foram capacitados
40 mecânicos, em bombas manuais (operação, manutenção e reparação) e 49 artesãos, em matéria de construção de latrinas (diferentes opções tecnológicas). O
curso foi financiado pela JICA1.
Em Canalização
CFPAS capacita técnicos da
Águas da Região de Maputo
Mapeamento, uma das técnicas usadas no SANTOLIC
Essência do curso
O pacote de formação do PEC zonal é constituído por
4 módulos:
• Módulo 1: Participação e Educação comunitária;
•M
ódulo 2: S aneamento e Promoção de Higiene
– suas ferramentas de abordagem;
• Módulo 3:
o Bombas Manuais usadas em Moçambique;
o Tecnologias para extracção de água;
oB
omba Manual do tipo Afridev, sua composição e princípios de funcionamento.
•M
ódulo 4: A
spectos transversais no Abastecimento de Água e Saneamento Rural.
1
De 17 de Novembro a 12 de Dezembro, o CFPAS
capacitou, em matéria de canalização, 80 técnicos da
empresa Águas da Região de Maputo, divididos em 4
grupos de 20 (cada curso de uma semana teve 20 participantes). De referir que este curso de canalização
está actualizado em função das actuais necessidades do
mercado, contemplando uma componente teórica, mas
com o foco principal nas aulas práticas que culminaram
com a visita de estudo à empresa Mozapip.
Conteúdos ministrados:
• Introdução à canalização, ferramentas e materiais
de canalização;
• Tubos e acessórios de canalização;
• Manutenção e reparação de condutas de água;
• Operação e manutenção de válvulas e ventosas;
• Tubo PP-R;
• Operação e Manutenção de motobombas.
Agência japonesa de Cooperação Internacional
3
CFPAS NO NOVO MILÉNIO
Depoimentos dos formandos do curso de
canalização
Aula prática de canalização: uso do tubo PP-R
Tubo PP-R, a principal novidade do curso
de canalização
No actual curso de canalização, foi introduzida a novidade do tubo PP-R, actualmente usado para a canalização doméstica e industrial e que tem as seguintes
vantagens:
1. Pode ser usado para água quente e fria;
2. O
ferece maior segurança ao sistema de canalização, pois a probabilidade de fuga é praticamente
nula, desde que se saiba trabalhar com o material.
Após a capacitação, era importante ouvir o sentimento dos formandos, relativamente ao que aprenderam. Eis três depoimentos:
" Foi bom, os professores deram boas dicas. Estou
muito satisfeito. Tivemos explicações, aprendemos coisas novas e gostaria que a formação tivesse continuidade. Aprendemos a abrir a válvula de uma conduta geral
e como se abre e fecha a bomba de água". (Arão Salvador Tomás)
" O curso foi bom e aprendi a usar o tubo PP-R (tubo
moderno) e a abrir a bomba". (Lourino José)
" A reciclagem foi muito boa. Vi novas tecnologias
e novos materiais usados actualmente. Tivemos muita
coisa nova e espero aplicar os novos conhecimentos
nas minhas actividades diárias. Visitamos uma empresa
(Mozapipe) que se dedica à venda de materiais actuais
e recebemos muita ajuda, em termos de explicação."
(Moisés Chirindza)
Reparação e manutenção de válvulas:
a outra novidade...
Os formandos aprenderam a fazer a reparação e a
manutenção de diferentes tipos de válvulas usados nos
sistemas de Abastecimento de Água.
Da esquerda para a direita, Moisés Chirindza, Lourino José e Arão Tomás
Em Gestão de Pequenos Sistemas de
Abastecimento de Água
CFPAS forma técnicos do WSUP
e da AIAS
A nossa instituição capacitou, em Gestão de Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água PSAA), de 24
a 28 de Novembro, nas suas instalações, 32 técnicos,
sendo 16 técnicos do Programa de Água e Saneamento
4
para a População Pobre Urbana (WSUP) e os restantes
16 provenientes da Administração de Infraestruturas
de Água e Saneamento (AIAS).
De referir que, dos conteúdos ministrados, destacam-se os seguintes:
1. Como gerir um Pequeno Sistema de Abastecimento de Água;
2. Facturação;
3. Operação e Manutenção de bombas centrífugas;
4. Canalização;
5. Palestra sobre as novas tecnologias de abastecimento de Água.
COMUNICANDO
A sustentabilidade do Abastecimento de Água e Saneamento, em Inhambane
Promoção do saneamento
Director provincial das Obras Públicas e Habitação de Inhambane, Albino Novela
Durante a sua estadia, na província de Inhambane, o
editor deste periódico conversou com o Director Provincial de Obras Públicas e Habitação de Inhambane (DPOPHI), o Arquitecto Albino Novela, que se debruçou sobre
as boas práticas relativamente à água e saneamento,
no âmbito do Programa de Água e Saneamento Rural
de Inhambane (PASARI). Eis o resultado da conversa, na
forma de síntese:
Sobre o PASARI
O Programa de Água e Saneamento Rural de Inhambane (PASARI) tem a duração de 5 anos (2010-2016),
sendo financiado pela Cooperação Canadiana e está a
ser implementado pela DPOPHI, com a assistência técnica da Cowater Internacional, nos distritos de Zavala,
Inharrime, Jangamo, Homoíne e Panda.
Estratégias do PASARI
A estratégia de descentralização do programa centra-se no seguinte:
•C
apacitação institucional, formação e fornecimento de equipamento;
• Formação nas áreas que se seguem:
o Saneamento e higiene;
o Técnica (fiscalização, mapeamento de infraestruturas, Operação e Manutenção (O&M),
sustentabilidade de bombas manuais, gestão
ambiental, a nível comunitário e da base de
dados);
o Recursos Humanos;
o Procurement;
o Gestão Financeira.
"Com o financiamento específico para a zona sul de
Moçambique, dado pelo governo do Canadá, foi introduzido o PEC zonal e as comunidades estão a aderir,
sobretudo na componente de saneamento, e os resultados são bons, em Zavala, Inharrime e Panda. Muitas
latrinas beneficiam de manutenção (já vão no segundo ano de implementação e muitas comunidades são
livres do fecalismo a céu aberto - LIFECA) e o número
de comunidades que são certificadas tende a subir, a
cada ano. Neste ano, temos muitas comunidades assim
como escolas que se candidataram para serem certificadas como LIFECA. Trabalhamos com colegas da saúde,
educação e meio ambiente e isso tem dado bons resultados. Para além disso, trabalhamos com as empresas
da área social (EAS)". (Albino Novela)
Sustentabilidade do Abastecimento de Água
No âmbito da promoção da sustentabilidade, foram
criados Comités de Água (CdA), em Zavala e Inharrime,
revitalizados os que estão no activo e as comunidades
contribuem para a manutenção das fontes de água. Zavala e Inharrime são distritos com uma boa organização,
em termos de comunidade, e isso facilita o trabalho que
está a ser feito. Os CdA, na componente de sustentabildade, envolvem as lideranças locais (líderes comunitários).
O papel dos líderes comunitários
Os líderes comunitários fazem parte dos comités de
água e sensibilizam as comunidades a suportarem as infraestruturas, sobretudo a gestão do saneamento e segurança das infraestruturas, incentivando a construção
das protecções das fontes de água (cercos) e promovendo a construção de latrinas.
Comunidades LIFECA
"Em 2010, eclodiu uma epidemia de cólera, sobretudo nos distritos de Inharrime e Zavala, designadamente
nas regiões costeiras, cujos hábitos não estavam associados à questão das latrinas e o governo provincial depositou uma grande responsabilidade nos sectores da saúde
e meio ambiente, uma vez que o fecalismo a céu aberto
representa um grande problema. Foi realizado um trabalho no terreno para sensibilizar as comunidades, a fim
destas contribuirem para a construção de latrinas. Isso
teve o seu seguimento com a introdução do PEC Zonal,
em 2012/13, nos distritos já mencionados, e o resultado
é que temos nesses distritos muitas comunidades LIFECA". (Albino Novela)
5
COMUNICANDO
Latrina resultante da promoção do saneamento
Estratégia usada para a promoção da
construção latrinas
mesmo tinha um valor monetário alto, como resultado
da comparticipação comunitária. Porém, o referido CdA
sofreu um roubo de painéis solares que possibilitavam
o funcionamento da fonte de água, como recurso à falta de energia eléctrica. Perante tal adversidade, o CdA,
com os fundos disponíveis anteriormente mencionados, comprou, em 2013, um gerador que abastecia as
comunidades locais.
Outra vez, o CdA deparou-se com problemas de avarias do referido gerador que consumiu parte dos fundos
disponíveis e, por fim, o CdA teve que adquirir um novo
gerador, o qual chegou recentemente e, mesmo com
custos de operação relativamente altos, com a venda
de água da própria fonte, a pronto pagamento (a nova
estratégia usada agora, em virtude da necessidade de
se comprar combustível para se manter a bomba operacional, para além de se pagar o guarda e o controlador),
a água continua a jorrar. Este é um exemplo de sustentabilidade de uma fonte de água.
Nas comunidades actualmente LIFECA, não havia
latrinas e houve um trabalho de demonstração sobre
como fazer uma latrina a custos acessíveis, para as comunidades. Neste âmbito, foram construídas latrinas, a
título de demonstração, para algumas casas. E seguiu-se
o exemplo, dando-se aos líderes comunitários a missão
de fazerem a monitoria dos que estavam a contruir as
latrinas e os que não faziam. As lideranças locais passaram a ter o dever de monitorar o trabalho de construção de latrinas.
Formação e certificação de artesãos
Com o financiamento do Canadá, foram formados
artesãos, na componente de construção de latrinas, os
quais receberam Kits de ferramentas para a execução
do seu trabalho, em cada comunidade. Paralelamente,
foram atribuídos certificados aos artesãos formados, de
modo a terem credibilidade para trabalhar nas comunidades.
Sustentabilidade do Saneamento
Um número considerável de latrinas foram construídas usando-se material local (estacas, caniço...) e com
boa resistência, o que mostra a preocupação das comunidades com a sustentabilidade do saneamento.
Gestão de fontes de água
(sustentabilidade)
O exemplo de Zavala: CdA com valor alto
na conta bancária
No distrito de Zavala, a DPOPHI teve que apoiar na
abertura de uma conta bancária para um CdA, porque o
6
Fonte de água gerida por um comité de água
O impacto da formação, na sustentabilidade
do abastecimento de água
Os CdA foram formados e organizados para a gestão
da fontes e, no caso dos que assumem as responsabilidades, os resultados são bem visíveis.
O papel dos líderes comunitários na réplica
da formação
"A porta de entrada nas comunidades é através dos
líderes comunitários e, se os líderes receberem bem os
técnicos da DPOPHI e dos parceiros, é evidente que a
comunidade nos vai receber bem. A informação que
transmitimos aos líderes comunitários é replicada por
estes, de tal sorte que, se o líder comunitário é organizado e organiza bem a comunidade, a probabilidade
de sucesso é maior. As lideranças locais são respeitadas,
quando se fazem respeitar".
COMUNICANDO
Sustentabilidade do Abastecimento de Água
e Saneamento
Boas práticas, no aproveitamento da água
das chuvas
Na visão do Director Provincial de Obras Públicas e
Habitação de Inhambane, Albino Novela, a sustentabilidade é um grande desafio, porque existem comunidades com dificuldades. A nossa fonte considera que o PEC
zonal veio ajudar muito, sobretudo porque a questão da
activação e reactivação dos CdA aumentou, a nível dos
distritos. Agora, as empresas da área social (EAS) fazem
educação comunitária em todos os distritos. De acordo
com a nossa fonte, pensa-se que esta abordagem (PEC
zonal) vai resolver a questão de manter os CdA operacionais e promover a reabilitação e abertura de fontes
de água, em todos os distritos, e há actividades de PEC
zonal, em todo o distrito (cada distrito é abrangido na
sua totalidade) e as EAS vão intensificar a educação comunitária.
A componente de PEC Zonal trabalha na construção, para além de formar os CdA nas novas fontes, e vai
reactivar os CdA existentes nas fontes de água, porque
acontecem mudanças de membros e, onde estes não
estão no activo, as EAS actuam e reactivam os comités
e formam novos membros. É um desafio permanente e
isso resolve-se com o PEC zonal, ao contrário do PEC tradicional, em que eram formados os CdA afectos apenas
à fonte de água.
A construção de reservatórios escavados (6 metros
de profundidade, com capacidade de 35000 metros cúbicos, ou seja, 35 milhões de litros de água) foi a solução
encontrada para resolver a questão do abastecimento
de água às populações, no período da seca.
A experiência dos reservatórios escavados,
em Inhambane
Segundo o nosso interlocutor, em Inhambane, existem 6 reservatórios escavados que estão a abastecer de
água às comunidades. Tendo em conta a gestão integrada do abastecimento de água, para além de abastecer as comunidades, a água do reservatório é usada na
agricultura (irrigação de hortas) e disponibililizada nos
bebedouros, para o gado. Cada reservatório tem um comité de gestão que opera, faz a manutenção e a limpeza
(tirar impurezas na água e limpar a infraestrutura).
O reservatório escavado possui uma bomba manual
que permite transportar a água para a fonte (fontanário) e as pessoas não têm acesso (o reservatório está
vedado) e é como se fosse uma captação subterrânea e
a água que se perde, entre a bombagem e o escoamento do depósito, vai para o bebedouro de água do gado e
para a componente de rega de pequenas hortas.
Visita ao reservatório escavado de Morrumbene
Reservatório escavado de Morrumbene, construido em 2012
7
COMUNICANDO
Para ver, no terreno, um reservatório escavado, o
editor desta publicação deslocou-se ao distrito de Morrumbene, onde visitou o reservatório local e conversou
com o chefe do Departamento de Água e Saneamento
(DAS) da DPOPHI e com alguns membros da equipa de
gestão do reservatório escavado (fonte de água), tendo
obtido a informação que partilha, a seguir, com o estimado leitor.
O que é um reservatório escavado?
Reservatório escavado é uma espécie de represa
(lago artificial), em que, numa bacia natural, faz-se uma
represa para a captação da água das chuvas.
Constituição e capacidade do reservatório
escavado de Morrumbene
É uma represa revestida por uma geomembrana que
impermeabiliza as paredes e o fundo da bacia (membrana plástica especial). Tem capacidade de 35.000 metros
cúbicos (cerca de 35 milhões de litros de água).
Uso do reservatório de Morrumbene
O reservatório deve funcionar em períodos secos,
mas a população usa-o durante todo o período do ano,
isso, por um lado, por causa da salubridade da água
subterrânea , em Morrumbene, e, por outro lado, o fac-
to de muitas pessoas não terem cisternas (caso tivessem, usariam a água das chuvas) e, consequentemente,
usam a água do reservatório todo o ano.
Finalidade do uso da água do reservatório
escavado
A água é usada para os seguintes fins: consumo humano, gado e pequenas hortas.
O reservatório abastece de água mais de 3000 famílias e mais de 1000 cabeças de gado. As comunidades
beneficiárias são as seguintes: comunidade de Chissico,
Panga, Hongonhane, Goihane, Tambafane – Cocuane e
Buncane. Devido ao uso excessivo da água do reservatório, as famílias deixaram de lavar a roupa.
Gestão do reservatório
O reservatório tem um comité de gestão da água
com 12 elementos, os quais reúnem-se, dentro do possível. As avarias são reparadas por mecânicos locais que
recebem um valor simbólico. A fonte de água está aberta das 6h às 11h e das 13h às 17h.
Impacto da água do reservatório:
As famílias já não sofrem, porque o reservatório escavado fornece água . Antes, ía-se buscar água há 5 km
de distância.
A voz dos técnicos da DPOPHI
No âmbito do PASARI, o editor desta revista conversou com duas técnicas da DPOPHI, nomeadamente Teresa Pedro Catine e Adilária Joaquina Fernando (técnica
e responsável da área social, respectivamente). Eis os
depoimentos:
Teresa Pedro Catine e Adilária Joaquina Fernando (à direita)
8
Modalidades de contratação de empresas
da Área Social
"No âmbito da contratação de empresas da área
social, propomos os Termos de Referência (TdR) para
a contratação das empresas da área social e lança-se
um concurso público. Feita a avaliação, contrata-se a
empresa e, seguidamente, a DPOPH apresenta, ao Serviço Distrital de Planeamento e Infraestruturas (SDPI)
e ao governo distrital, o supervisor e o animador que
vão trabalhar no distrito. Depois da apresentação do
supervisor e do animador, faz-se um plano e, em cada
posto administrativo, é alocado um animador e um supervisor que entram nas localidades e seleccionamos os
activistas para ajudarem na promoção da higiene e saneamento. Após a selecção dos activistas (20, em cada
distrito), estes são capacitados na sede do distrito, pelo
supervisor e chefe da equipa, e recebem maletas para
facilitar a deslocação, a nível das suas comunidades".
(Teresa Pedro Catine)
COMUNICANDO
Estratégias de promoção do saneamento
"Nós envolvemos a educação, saúde e ambiente e
parceiros da DPOPHI, a nível provincial. Estas pessoas
são capacitadas em matéria de Transformação Participativa para Higiene e Saneamento (PHAST), Saneamento Total Liderado pela Comunidade (SANTOLIC) e metodologia de jogos saudáveis. Esta metodologia com a
qual trabalhamos, ajudou muito, pois não só tivemos
os técnicos dos distritos, mas também as suas direcções
estão envolvidas na província, para além do envolvimento dos líderes comunitários. O animador apresenta
o plano de trabalho ao chefe do posto e, na presença
dos lideres comunitários, temos uma supervisão feita
pelo distrito, mas os técnicos da Saúde e da Educação
sempre podem fazer a supervisão na área". (Adilária
Joaquina Fernando)
Impacto do trabalho na área social
Regista-se uma evolução grande, ao nível das comunidades, no concernente à mudança de comportamento, que se manifesta pelo facto das pessoas estarem a
construir latrinas e a usá-las, graças ao trabalho dos activistas locais (com o acompanhamento do animador) e
supervisores.
Estratégia para superar a resistência à mudança
Segundo a responsável da área social da DPOPHI, as
comunidades não têm condições para fazer latrinas e,
a nível local, a solução encontrada para este problema é o recurso ao supervisor, que mostra, na comunidade, onde há resistência à mudança. A estratégia é o
líder e o activista terem latrina, para darem o exemplo.
Em conjunto, a DPOPHI , SDPI, Direcções Provinciais de
Saúde e Educação e chefes de 10 casas deslocam-se à
comunidade para sensibilizarem as pessoas a aderirem
à construção de latrinas.
Prosseguindo com a sua explanação, a nossa fonte
enumerou três (3) fenómenos de resistência à mudança:
1. O próprio líder cria resistência, quando não é ele a
iniciar o trabalho de sensibilização;
2. "A existência de famílias dispersas (ex: 10 a resistir)
levou a reunirmo-nos com a própria comunidade,
para informá-la que está a reprovar porque não
tem latrinas. E os voluntários constroem latrinas
nas casas dos idosos, desfavorecidos e doentes e
estes criam grupos de saneamento a ser replicado
em outros lugares"; (Adilária Joaquina Fernando)
3. Famílias que não querem ter latrinas, por convicções/esteorótipos. Organiza-se uma equipa para a
casa da família, para trabalhar com esta, no sentido de promover a mudança de comportamento.
Sustentabilidade
Com relação à sustentabilidade, Adilária Joaquim informou ao editor da revista Água que, da avaliação feita
em 2013, constatou-se que as latrinas eram precárias,
mas, neste ano, a escada de saneamento subiu e as latrinas que são construídas agora são mais resistentes.
"Formamos artesãos de saneamento para trabalhar
nas comunidades (escolas e distritos), os quais são remunerados por contrato pago pelo governo. Há áreas
(por exemplo, Pande e a zona costeira de Jangamo)
onde os consultores estão a fazer latrinas revestidas
com material local (revestimento da cova feito com caniço ou estacas), abrem a cova e fazem a cobertura".
Sobre jogos saudáveis
"É uma metodologia usada para a educação de jovens e crianças, em matéria de água e saneamento, e
consiste na promoção de mudança de comportamento
- promoção de boas práticas de higiene e saneamento.
É única em Moçambique e está a ser experimentada,
a título piloto, no distrito de Zavala. A ideia é replicá-la. Fizemos a selecção e capacitação dos facilitadores
e líderes comunitários que vão implementar os jogos".
(Adilária Joaquina Fernando)
A visão da COWATER sobre o
desempenho do PASARI
Com o intuito de auscultar sobre o impacto do PASARI, o editor desta publicação conversou com o representante da COWATER, Sr. Eduardo Verdugo, cuja dissertação é apresentada, a seguir, na forma de síntese:
Sobre o sucesso do PASARI
Segundo Eduardo Verdugo, representante da COWATER, o PASARI está a ter muito sucesso, em virtude do
seguinte:
Eduardo Verdugo, representante da COWATER
9
COMUNICANDO
• A DPOPH está a mudar em relação à eficiência do
trabalho e o treinamento não é a chave, mas sim o trabalho de uma verdadeira parceria, onde há um compromisso que vai muito mais do que fazer o que diz
um acordo de cooperação e os resultados devem ser
entregues, não havendo espaço para justificações. Há
um entendimento bom entre a DPOPHI e a COWATER,
assim como com os outros intervenientes no projecto e
os resultados não são negociáveis. Esta abordagem está
a fazer resultados muito bons, traduzidos no seguinte:
•P
ela primeira vez, a DPOPH introduziu uma Auditoria externa e um contrato de obras foi objecto de
uma pré-qualificação;
• No presente ano, a DPOPHI fez uma exposição (pediu 2,3 milhões de dólares canadianos) ao Governo
do Canadá que analisou o relatório apresentado e
disponibilizou todo o dinheiro solicitado, porque a
DPOPHI fez um relatório de muito boa qualidade e
tudo o que a Cooperação Canadiana queria ver estava lá;
• O trabalho com as comunidades LIFECA é demasiado bom pelos bons resultados alcançados. Em
2013, 66 comunidades tornaram-se LIFECA e 247
comunidades LIFECA foram certificadas na primeira avaliação de 2014. Paralelamente, 100 escolas
estão livres do fecalismo a céu aberto;
• É um trabalho com restrições de recursos e, mesmo
assim, é interessante. São bons sinais e o mérito
disto é da DPOPHI, que está a trabalhar de forma
soberba. Através do Chefe do DAS e da liderança
do director, o trabalho é bom e os subordinados
seguem o exemplo (os ensinamentos e o compromisso). Há uma boa organização, seriedade, disponibilidade e muita disciplina e o governo do Canadá está rendido às evidências de sucesso.
Sobre a mudança de comportamento
Segundo a nossa fonte, o desafio da mudança de
comportamento das comunidades resistentes é um
desafio muito grande (projecto integrado) e, nesse sen-
tido, a DPOPHI tem tido uma resposta eficiente. Pela
primeira vez, no seu orçamento, a DPOPHI incluiu uma
linha para apoiar os distritos nas actividades de monitoria e supervisão do PEC, variáveis-chave para a certificação LIFECA.
Impacto das parcerias
"O trabalho feito, além de ter resultados, cada vez que
avança, abre-se mais uma janela e descobre-se que há
muito mais a fazer. Por isso, o PASARI não pode parar,
pois as comunidades rurais ainda precisam de muito
apoio. A mudança de comportamento é um trabalho titânico. Em Inhambane, há, em termos de saneamento,
5 distritos com boa evolução e outros que não estão a
evoluir muito. É preciso convencer o governo do Canadá para continuar a apoiar as comunidades nos distritos
onde o PASARI trabalha". (Eduardo Verdugo)
Género (empoderamento da mulher)
"A participação da mulher é importante e é visível
que, a nível dos Comités de Água com políticas de empoderamento das mulheres, os resultados obtidos são
os melhores". (Eduardo Verdugo)
Metodologia de jogos saudáveis (experiência
de Zavala)
"Com a DPOPHI, fomos ao Gana (Visitamos a ONG
“Right to play”, parceira da COWATER), para percebermos como funciona a metodologia dos jogos saudáveis
e quais os sucessos e desafios que a metodologia está
a ter. Neste âmbito, constatamos que a aprendizagem
através de jogos saudáveis faz com que as crianças tenham melhor conhecimento sobre aspectos de saneamento, higiene, saúde e meio ambiente e este conhecimento é transmitido para o resto da comunidade. É
um apoio ao SANTOLIC". (Eduardo Verdugo)
Depoimentos:
Após as conversas com o director provincial das
Obras Públicas de Inhambane e com os técnicos da
DPOPHI e da COWATER, o editor da revista conversou
com Pedro Magul, Técnico do SDPI e responsável pelo
Abastecimento de Água e Saneamento, no distrito de
Inharrime. Eis a síntese dos depoimentos:
"No âmbito do PASARI, o distrito está a ser beneficiado em algumas obras de construção e reabilitação de
fontes de água e saneamento do meio e também tem a
componente de reabilitação e ampliação do sistema de
Água da vila – sede. Já foram construídas cerca de 19
fontes de água e reabilitados 12 furos de água, até ao
momento (2011 – 2014)". (Pedro Magul)
10
Pedro Magul, técnico do SDPI de Inharrime
COMUNICANDO
Sobre o saneamento
Lições aprendidas:
"A componente de saneamento foi muito bem reflectida, porque o consultor está junto às comunidades,
dando uma assistência directa e, até ao momento, temos
cerca de 21 comunidades e 11 escolas LIFECA. Este sucesso deve-se à proximidade do consultor que vive o dia
a dia e torna as mentes das pessoas mais acessíveis às
mudanças". (Pedro Magul)
De acordo com nossa fonte, as principais lições
aprendidas são as seguintes:
• O consultor deve estar baseado na comunidade,
pois isso ajuda na mudança de comportamento da
comunidade;
• A formação de mecânicos locais assim como a atribuição, aos mecânicos locais, de kits de reparação
de avarias para uso é importante para resolver o
problema de avarias das bluepump.
Sobre o abastecimento de água
"Na componente de reabilitação das fontes, com
o PASARI, resolveu-se o problema da incapacidade da
bomba AFRIDEV (extrai água até 50 metros de profundidade), com a introdução da bomba azul (bluepump)
para grandes profundidades (até 105 metros), uma
vez que a profundidade maior aqui é de 60/70 metros,
onde se instala a bomba, em Inharrime. Esse problema
é mais notório na comunidade de Mahalambe, no posto
Administrativo de Mocumbi". (Pedro Magul)
Impacto do PASARI
Factos do distrito de Inharrime
mim e adequados para a construção de caleiras". (Afonso Martins)
O Inovador Afonso Martins
Na sua visita ao distrito de Inharrime, o editor deste
periódico conversou com Afonso Martins, um mecânico local capacitado pela COWATER para trabalhar com a
bomba azul (Bluepump). Ele recebeu, da DPOPHI, um
Kit de manutenção da BluePump e faz intervenções nas
bombas, como actividade de carácter social, recebendo
um valor simbólico. Eis os depoimentos:
"Aprendemos, com a organização COWATER e Engenheiros Sem Fronteiras, o uso do GPS, para o mapeamento das fontes de água e lançamento no google. É
fundamental ter um (1) banco de dados estruturado,
pois facilita a localização e a identificação do que existe,
em termos de fontes, e ajuda na planificação". (Pedro
Magul)
Impacto da formação que recebeu
Afonso Martins ajuda a comunidade a prevenir avarias e explica como esta deve manusear a bomba para
as escovas não ficarem gastas.
"A minha contribuição consiste em ajudar a comunidade a resolver os seus problemas de água e o governo
a reduzir os principais problemas". (Afonso Martins)
As inovações, na área de manutenção
As ferramentas inovadoras, segundo a nossa fonte,
resultam da sua experiência de trabalho com a comunidade e graças às capacitações em que participou, dadas
pela COWATER e DPOPH.
Ferramentas inovadoras
"Inventei uma ferramenta para a vareta quebrada,
que é um anzol para "pescar" a vareta, e ela consegue
engatar a porca da vareta. Paralelamente, desenvolvi
outra ferramenta para a solução do problema do rompimento ou quebra dos tubos, que permite "pescar" o
tubo e puxá-lo". (Afonso Martins)
Afonso Martins, mecânico local
Saneamento
"Actuo na área de saneamento, produzindo lajes
com respectivos blocos para o revestimento da cova.
Paralelamente, fabrico blocos inteiros inventados por
Construção de latrinas gratuita
"Vendo lajes para todo o distrito e ,se a pessoa tiver
dinheiro para comprar a laje e os blocos, construo uma
latrina gratuitamente". (Afonso Martins)
11
COMUNICANDO
Testemunhos sobre a sustentabilidade das fontes de água
Transparência, fiscalização, prestação de
contas e género como factores de
sustentabilidade das fontes de água
calizar o pagamento ao mecânico local. Há transparência, na prestação de contas, pois, por exemplo, quando
o presidente compra as peças, na Maxixe, traz um recibo que exibe num encontro com as famílias". (Idem)
Na conversa mantida com o editor da revista, Humberta Paulo, residente na comunidade de Chemane, no
distrito de Inharrime, informou que a fonte de água, na
sua comunidade, existe desde Agosto de 2013 , construída no âmbito do PASARI e com um CdA formado por
uma empresa da área social, no contexto do PEC zonal.
Por outro lado, a nossa fonte mencionou que as mulheres ocupam, no CdA, os cargos de fiscal e secretária e
destacou que a comparticipação mensal é de 20,00MT/
família. Presentemente, o valor disponível é de, aproximadamente, 3.000,00MT, mas já houve um periodo
que a comunidade atingiu 5.000,00MT. Outra informação facultada pela nossa interlocutora é que a água sai
das 7h às 11h e das 14h às 17 horas, com a excepção
de um dia, e todas famílias fazem limpeza semanal, nas
terças feiras de manhã.
"Quem guarda o dinheiro é o tesoureiro e este, na
companhia do presidente do CdA divulga, nos encontros com a comunidade, o valor disponível". (Humberta
Paulo)
"Já tivemos duas 2 avarias (partiu-se a vareta, em setembro, e, em outubro, partiram-se 2 tubos), que foram
reparadas por um mecânico local, o sr. Afonso Martins.
No fim das reparações, todos estão presentes para fis-
Idosos e desfavorecidos não pagam pelo
consumo de água
Quem não paga não leva água, com a excepção dos
idosos, deficientes e outros desfavorecidos.
Humberta Paulo, residente na comunidade de Chemane, distrito de
Inharrime
Ecos do Distrito de Zavala
CdA de Zavala com conta bancária
No distrito de Zavala, o editor da revista Água conversou com Ginódio Maurício, controlador de uma fonte de água, cujos depoimentos são apresentados de
seguida:
"A fonte funciona desde 2004 e, actualmente, abastece cerca de 250 famílias e o CdA possui uma conta
bancária onde guarda o dinheiro das comparticipações.
A fonte funciona das 5h às 12h e das 14h às 18h. De
realçar que chegamos a ter 54.000,00mt, na conta bancária, valor resultante da comparticipação das famílias".
(Ginódio Maurício)
A gestão da fonte era normal, até 2012, altura em
que foram rou bados os painéis solares que geravam
energia para o funcionamento da bomba de água. Ficamos 1 ano sem água e tivemos que usar o dinheiro
guardado para a aquisição de dois geradores e em reparações". (Idem)
12
Ginódio Maurício, controlador de uma fonte de água, em Zavala
COMUNICANDO
Devido aos enormes custos diários para o abastecimento de água, nomeadamente custos com combustível, a aquisição da água é a pronto pagamento (1,00Mt/
bidon/família), uma vez que tem que se comprar, diariamente, combustível no valor de 350,00Mt.
comprar peças, o presidente do comité de água levanta
o dinheiro e são 4 os assinantes. Após a compra das
peças sobressalentes, o presidente traz justificativos. É
de referir que qualquer um dos membros do CdA pode
comprar as peças.
Custos operacionais
Situação financeira da fonte
Ginódio e o Guarda auferem 1500,00Mt/mês, cada
um, o que perfaz um custo operacional de 3.000,00Mt.
Paralelamente, há custos com a compra diária de combustível, no valor de 350,00Mt/dia.
"A comparticipação das famílias chegou a atingir
54.000,00MT, mas devido aos revezes anteriormente
mencionados, a conta bancária actual deve ter aproximadamente 5.000,00mt". (Ginódio Maurício)
Prestação de contas
Qualidade da água
No âmbito da prestação de contas, são realizadas
reuniões mensais, onde se fala de valores (fundo disponível, despesas, etc). Quando há necessidade de se
"Como forma de prevenir doenças, fazemos testes
de qualidade da água e confirmamos que ela é boa para
consumo humano". (Ginódio Maurício)
O Saneamento no Posto Administrativo de Chissico
(localidade de Muane)
Promoção da mudança de comportamento
O segredo para a mudança foram as mensagens recebidas e trazidas pela empresa da área social que opera na zona. Houve um trabalho de sensibilização e as
comunidades gostaram, pois perceberam, por exemplo,
que , para depositar o lixo, é preciso abrir uma cova. Os
critérios para se abrir o furo foram explicados. (Andelane Andela)
Vieram pessoas para conversar connosco, para demonstrar que a vida do fecalismo a céu aberto não é
boa. Houve alguma resistência e o trabalho contínuo fez
surgirem latrinas. Agora, mesmo as crianças sabem que
devem usar a latrina e não praticar o fecalismo a céu
aberto. (Idem)
despertar (SANTOLIC). Com efeito, foram despertadas
220 famílias e agora todas têm latrinas.
Estratégia de mudança de comportamento
A estratégia principal para se conseguir a aderência
da comunidade às boas práticas foi o uso da técnica do
Latrina resultante da mudança de comportamento
PROGRAMA DE FORMAÇÃO 2015
Curso Técnico de Nível Médio
Gestão Operacional de Recursos Hídricos (GORH)
Curso Técnico de Nível Básico
Abastecimento de Água e Saneamento (AAS)
Diplomas Profissionais
Gestão Operacional de Recursos Hídricos (GORH)
Diploma Profissional de Água e Saneamento (DPAAS)
Diploma Profissional de Participação e Educação Comunitária (DPPEC)
Diploma Profissional de Contabilidade e Administração (DPCA)
Nível de ingresso
10 ª
Nível de ingresso
Duração
3 anos (curso diurno) e 4 anos (curso nocturno)
Duração
7ª
3 anos (curso diurno) e 4 anos (curso nocturno)
12 ª
10 ª
10 ª
10 ª
3 semestres (c. diurno) e 4 semestres (c. nocturno)
1 ano (curso diurno) e 3 semestres (curso nocturno)
1 ano
1 ano (curso diurno) e 3 semestres (curso nocturno)
Nível de ingresso
Duração
13
COMUNICANDO
Festival de Teatro Regional de Água e Saneamento - Cabo Delgado
Sob o lema " Por um teatro que promove o saneamento para todos, responsabilidade para todos " realizou-se, no Município de Chiúre, no dia 15 de Novembro do corrente ano, o sexto festival de teatro Regional
sobre Água e Saneamento, financiado pela Cooperação
Suíça (SDC) e organizado pela Fundação Wiwanana de
Chiúre, o qual contou com a participação de 7 grupos
teatrais provenientes das províncias de Nampula, Cabo
Delgado e Niassa, músicos locais e um convidado (Constâncio). Estiveram presentes cerca de 5000 espectadores. Todos os caminhos foram dar à praça local. Foi um
dia memorável.
(troféus) a alguns grupos teatrais, como reconhecimento pelo seu trabalho, e distribuidas camisetes e bonés
para os intervenientes no festival.
Discurso do representante da Cooperação
Suíça, no final do festival
O representante da Cooperação Suíça, Pierre Olivier
Henry, enalteceu que a SDC vem financiando o festival
de teatro Regional, porque os grupos de teatro que actuaram trabalham em parceria com as organizações que
implementam programas de Água e Saneamento, complementando a acção destas. "O trabalho destes grupos
de teatro consiste na transmissão de mensagens sobre
boas práticas , na área de comunicação, água, saneamento e higiene. Este é o sexto festival e os grupos mostram-se cada vez mais profissionais. Com vista a fortalecer ainda mais os grupos, neste festival, identificamos
as necessidades de formação dos actores, no sentido
de apoiá-los a ultrapassar os seus pontos menos bons",
disse, a terminar, Pierre.
Director Adjunto Provincial da Educação de Cabo Delgado procedendo a
abertura oficial do festival
Discurso de abertura
O Director Adjunto Provincial da Educação de Cabo
Delgado, na abertura oficial do evento, destacou a importância do recurso às técnicas de disseminação de
mensagens de assuntos do dia a dia, para a partilha de
conhecimento. Prosseguindo, o orador referiu que era
um momento de troca de experiências entre artistas e
de fazer novas amizades e acrescentou que o evento
enquadra-se nos esforços do governo na promoção do
saneamento. A terminar, saudou a cooperação Suíça e
a fundação Wiwanana de Chiúre, sublinhando que o
evento mostra o fortalecimento da parceria entre o Governo e as Organizações Não governamentais que representam a província de Cabo Delgado e constitui uma
contribuição significativa para o desenvolvimento do
teatro.
Premiações
Foram premiados, com equipamentos de som, alguns
grupos de teatro, segundo o critério da participação em
todos os eventos. Paralelamente, foram entregues taças
14
Peça teatral sobre água e saneamento
Conteúdos das peças de teatro
Com relação às peças de teatro, destacaram-se os
temas seguintes:
• Promoção do saneamento (uso de latrinas);
• Promoção da higiene (técnicas de lavagem das
mãos e uso adequado das latrinas);
• Combate à prática do fecalismo a céu aberto;
• Demonstração do seguinte:
o Opções tecnológicas de saneamento;
o Uso correcto das latrinas;
o SANTOLIC;
o Organização e funcionamento de um comité de Água vs sustentabilidade das fontes de
água;
COMUNICANDO
o Importância dos Conselhos de Desenvolvimento Comunitário (CDC), Conselhos Consultivos (CC) para o encaminhamento das
necessidades em Água e saneamento, nas comunidades.
Depoimentos, no final do evento:
No final do festival, o editor da revista ouviu os representantes da cooperação Suíça (financiador) e da fundação Wiwanana (organizador). Eis os depoimentos:
"As nossas metas do saneamento estão longe de ser
atingidas, por isso o foco nas peças apresentadas pelos
grupos de teatro foi a disseminação de mensagens de
boas práticas sobre o Saneamento". (Fernando Pililão
- SDC)
Lições aprendidas
"Neste tipo de evento, é preciso envolver as autoridades governamentais, em todo o processo, mantendo-as informadas, de modo a flexibilizar a resolução de
problemas e evitar constrangimentos". (Abide Nego
Dias)
Impacto social
"O festival é importante, porque divulga boas práticas em água, saneamento e higiene para a prevenção
de doenças e promove a troca de experiências. Neste
processo, a presença massiva de crianças e jovens foi
importante, pois é mais fácil as crianças mudarem de
comportamento e replicarem os seus hábitos para outras crianças do que os mais velhos. E são estas crianças, no futuro, que terão a responsabilidade de promover a erradicação do fecalismo a céu aberto". (Abide
Nego Dias)
Incubação de Negócios em Abastecimento de Água e Saneamento
O CFPAS realiza seminário
Apresentação do CFPAS
O CFPAS organizou, nos dias 3 a 4 de Dezembro de
2014, nas instalações do complexo hoteleiro "Kaya
Kwanga", um seminário sobre “ Incubação de Negócios, na Área de Abastecimento de Água e Saneamento”, com os seguintes objectivos:
•R
ecolher informação sobre várias abordagens para
incentivar o espírito de empreededorismo;
• E stabelecer Parcerias com instituições financeiras,
para o financiamento de projectos de negócios de
água e saneamento.
O Director Adjunto Pedagógico fez a apresentação
do CFPAS, nomeadamente o historial e os serviços prestados pela instituição.
Discurso de abertura
O Director Adjunto Pedagógico, Sr. Celestino Lucas,
destacou o papel do CFPAS na formação de profissionais
e convidou os participantes no evento a darem ideias,
no sentido de ajudarem o CFPAS a formar quadros preparados para o emprego e para o auto-emprego.
Sobre as outras apresentações
As apresentações podem ser divididas em duas vertentes:
1. Componente técnica de projectos (apresentações
do Sr. Hans Maltha, empresa Terra nova, Class-A,
projecto XIPOTI, Instituto Agro-Industrial de Salamanga, Young África e Water-Aid);
2. Componente financeira (apresentações dos bancos Terra e Oportunidade , GAPI e Instituto de
Promoção de Pequenas e médias empresas - IPEME).
Conclusões:
• As apresentações deram uma visão realística sobre
o seguinte:
o A arte de empreender;
o A capacidade que o CFPAS deve ter, para se tornar uma incubadora de negócios;
o As directrizes para os projectos serem aprovados e merecerem ser financiados.
Representante da empresa Terra Nova fazendo uma apresentação
15
COMUNICANDO
Com a participação do CFPAS
Helvetas Swiss Intercooperation e Water Integrity Network realizam Curso de
Capacitação em Integridade
Depoimentos:
Foto do Director Adjunto Pedagógico
No âmbito da promoção da integridade no sector de
Águas, a Helvetas Swiss Intercooperation (HSI), em parceria com a Water Integrity Network (WIN), realizou, de
4 a 6 de Novembro, no complexo Copa Cabana, na cidade de Nampula, um curso de Capacitação em Integridade (Transparência, Responsabilização e Participação),
no sector de Águas, o qual contou com a participação
de formandos provenientes da FOCADE (2), CFPAS (2),
Direcção Provincial de Obras Públicas e Habitação (DPOPH) de Cabo Delgado (1), Estamos (2), Conselho Cristão
de Moçambique (2), Centro de capacitação em Administração Pública (2), DPOPH Nampula (1), Associação dos
facilitadores para o Desenvolvimento da Comunidade
(2), AMASI Nampula (1), AMODEL (2), HSI (1), CIP (1) ,
Facilidade (1, Rádio Moçambique (1), Direcção Nacional
de Águas (1), Ara Sul (1), Jornal a verdade (1), CPS (1) e
Associação de Paralegais de Cabo Delgado (1).
No final da formação, o editor da revista Água colheu, de alguns participantes, os depoimentos seguintes:
"A discussão foi inteligente e aberta e a metodologia
usada pelos facilitadores facilitou a assimilação dos conteúdos, por parte dos formandos. A integridade é muito importante, porque é a base de entendimento entre
os governantes e os executores (empreiteiros e todos
os actores) e, quando os pressupostos da integridade
são bem aplicados, as comunidades são as grandes
beneficiadas. Percebi que a componente técnica deve
ser acompanhada da integridade". (Manuel da Costa
Muhiloli -DPOPH/DAS- Nampula)
"O curso vai ajudar na área de planificação e monitoria das nossas actividades realizadas, principalmente
nos Conselhos Consultivos e nos Comités de Água, na
prestação de contas e na área de liderança, porque há
chefes que não conhecem o seu verdadeiro papel de liderança, falhando na prestação de contas. Por exemplo,
há líderes que levam o dinheiro da comparticipação e
usam-no, em alguns casos, de forma ilícita. A formação
recebida vai ajudar a monitorar os planos e a priorizar
os problemas das comunidades". (Alide Picate - AMAZI
– Mecubúri)
"A formação foi valiosa, porque vai ajudar na promoção da responsabilidade , participação e transparência.
Vou disseminar os princípios da participação, porque
os cidadãos, para participarem, devem sentir-se como
donos daquilo que é o desenvolvimento local". (Julião
Eusébio Vessa- Conselho Cristão de Mocambique - Niassa/Lichinga)
A formação visou dotar os formandos de capacidade
de analisar e perceber, no sector de Águas, o seguinte:
o Processos de transparência;
o Prestação de contas e
o Participação.
Discurso do representante da Helvetas
A abertura da seminário foi feita pelo representante da Helvetas , Sr. Nicolas Morand, que considerou a
integridade um desafio para o sector de Água e Saneamento, uma vez que as realizações físicas, exigem transparência, participação de todos os actores envolvidos
e, fundamentalmente, uma distribuição equitativa dos
recursos disponíveis.
Uma das sessões do curso de capacitação e integridade
16
COMUNICANDO
NOTA RESUMO DO PROJECTO SPLASH
Usando o Conhecimento dos actores locais para avaliar riscos à saúde
e informar planos de saneamento seguro
Este resumo do projecto dá uma visão geral de uma
metodologia que está a ser desenvolvida pela CLASS-A
(Ciclo de Legitimação e Assessoria ao Saneamento Sustentável e Água), em parceria com Associação Internacional de Água (IWA) e outros parceiros de um projecto
de pesquisa patrocinado pela European Water Initiative
ERA-NET (SPLASH), intitulada “Redes de Serviço de Saneamento Sustentável e Resiliente na Província de Maputo, Moçambique - Acção-piloto de pesquisa para o
benefício da população urbana vulnerável"
A Metodologia Rápida e Participativa de Avaliação
de Riscos associados aos Sistemas de Saneamento (ARPRSS) usa o conhecimento dos actores locais, de forma
metódica, para avaliar de forma rápida e participativa
os riscos nas cadeias de saneamento, de modo a priorizar as intervenções para redução desses riscos. Os principais benefícios da avaliação do risco podem ser resumidos nos seguintes pontos:
•P
rovidencia uma avaliação sistemática e objectiva
dos riscos relacionados ao saneamento;
•D
estaca as comunidades que são mais vulneráveis
aos perigos do saneamento;
•P
ode ser aplicada como uma forma de melhorar os
sistemas existentes, assim como planificar novas
intervenções.
Os parceiros do projectos envolvidos nesta pesquisa em Maputo são a CLASS-A, estabelecida como uma
plataforma de parceria de actores múltiplos e aliança
de aprendizagem, University College London (UCL), que
lidera o desenvolvimento da metodologia de avaliação
de riscos, e a W-Smart, que se centra na ampla aplicação da metodologia.
Contexto
O propósito do sistema de saneamento é conter e
gerir a excreta, de modo a evitar a exposição aos residentes locais. Entretanto, os sistemas de saneamento
são muitas vezes ineficazes no desempenho desta função, resultando em eventos perigosos que podem levar
à exposição da população ao perigo (fezes). Como resultado, as doenças relacionadas com o saneamento são
extensivamente predominantes (endémicas) em cidades da África Subsahariana, particularmente em comu-
nidades pobres e em assentamentos informais, onde a
provisão de infra-estruturas é deficiente.
A inter-relação de factores físicos ambientais e sociais indicia que a resolução de problemas de saúde relacionados com o saneamento continua um desafio e
que as intervenções de saneamento podem estar muito
focadas a uma única dimensão do problema. Isto pode
levar a intervenções programáticas mal concebidas e as
decisões sobre investimentos podem não alcançar os
benefícios máximos à saúde e o benefício para toda a
sociedade.
Canais de drenagem contaminados são amplamente usados como fonte
de água
Avaliação Rápida Participativa de Riscos
nos Sistemas de Saneamento
A metodologia é baseada na premissa de que um
melhor entendimento dos riscos associados ao saneamento pode ajudar a direccionar as intervenções e desenvolver estratégias para reduzir os riscos, onde os
sistemas de saneamento são mais precários e onde os
residentes locais estão em maior risco. A metodologia
centra-se na avaliação dos eventos perigosos nos seguintes níveis:
• Comunitário – Neste nível, são os perigos que são
predominantes dentro e a volta da casa das pessoas e estão relacionados com instalações de saneamento inadequadas, falta de serviços a essas
instalações e infra-estruturas locais de recolha de
águas residuais deficientes.
17
COMUNICANDO
•M
unicipal – Neste nível, os perigos são os relacionados com a recolha de resíduos ou sistemas
de tratamento e disposição/reutilização, e o risco
é calculado de acordo com os principais eventos
perigosos que ocorrem em cada cadeia de saneamento e não de acordo com a área geográfica.
Benefícios da abordagem participativa para
a análise situacional
A abordagem participativa para a análise situacional
dá, aos actores institucionais, a oportunidade de identificar que comunidades estão em maior risco e quais
as partes da cadeia de saneamento com o maior risco. O outro benefício da abordagem participativa, para
a colecta de dados, é que dá um retorno directo para
um diagnóstico da situação actual e derivação de soluções para esses problemas. Esta abordagem pode, posteriormente, ser usada como base para discussão das
intervenções de redução do risco com as a autoridades
responsáveis, organizações comunitárias e provedores
de serviços.
Princípios da metodologia de avaliação dos
riscos
Os princípios da metodologia de avaliação dos riscos
são os seguintes:
Participativa - E ngajar os intervenientes a diferentes
níveis;
Simples- Assegurar que os actores entendam o processo;
Holística- Toma em consideração todo o sistema da
cadeia de serviços de saneamento;
Eficiência de Recursos- Ser independente de equipamento caro ou peritos especializados;
Rápido - Para ser aplicada à escala da cidade.
Quadro de Avaliação de Riscos e Indicadores
A avaliação de risco é baseada no pressuposto de
que em situações onde a excreta não é contida de forma
segura, os residentes locais estão em risco de exposição
à matéria fecal contendo patógenos, que pode levar
a doenças e maior propagação das mesmas. A figura
abaixo ilustra como as vias de exposição a doenças são
afectadas pela qualidade dos sistemas de saneamento
e como a mobilidade resultante é também dependente
da vulnerabilidade dos indivíduos em combater a doenças. A figura mostra que há três elementos principais
que se manifestam para o agravamento dos riscos associados ao saneamento:
- A cobertura e qualidade dos sistemas de saneamento;
- Os factores que agravam a exposição através de rotas de transmissão para a contaminação fecal; e
- A vulnerabilidade das populações à doença.
Rotas de transmissão de doenças relacionadas ao saneamento, destaque de aspectos de riscos relacionados
com i) eventos perigosos, ii) Factores agravantes e iii) Vulnerabilidade
18
COMUNICANDO
Componentes do Quadro de Avaliação de Riscos:
vulneráveis. Outros factores incluem a nutrição,
acesso aos cuidados de saúde e peso por idade,
que podem ser atribuídos à situação socioeconómica ou nível de pobreza. O número de crianças
por família, o nível de educação e tipo de habitação são considerados como sendo indicadores de
risco adequados.
Instalações de saneamento precárias são uma causa comum de riscos à
saúde, devido à proximidade com as comunidades
1. Sistemas de Saneamento: O principal elemento
de risco é representado pelos perigos relacionados com a excreta (principalmente contidos em
fezes) que contêm diferentes tipos de patógenos,
e resultando em doenças para a população local.
Embora a mais importante fonte de perigos sejam
as instalações de latrinas familiares/comunais e
infra-estruturas para gestão de excreta e águas
residuais, os resíduos sólidos são amplamente
considerados como sendo parte do saneamento
e parte dos serviços de saúde ambiental do município.
2. Factores agravantes: A incidência e exposição aos
eventos perigosos são, muitas vezes, agravadas
por factores adicionais e circunstâncias que, embora não directamente relacionados aos sistemas
de saneamento, têm impacto sobre esses sistemas
resultando numa maior frequência, intensidade e/
ou duração da exposição aos perigos. Os indicadores de risco que se seguem são considerados
como sendo de fundamental importância:
i) disponibilidade de água para manutenção
das condições de higiene;
ii) inundações que causam dispersão dos perigos;
iii) comportamentos higiénicos (particularmente lavagem de mãos);
iv) densidade de assentamentos;
v) partilha de latrinas;
vi) condição das latrinas;
vii) reutilização de águas residuais.
3. V
ulnerabilidade: O terceiro elemento do quadro
de riscos refere-se à vulnerabilidade ou susceptibilidade à doença. Este toma em consideração
aspectos relacionados à exposição (ex: alguns grupos sociais dentro das comunidades são mais susceptíveis à exposição em relação aos outros, devido ao seu tipo de actividade) e a sua resistência
à doença. Tomando em consideração esses dois
aspectos, está claro que as crianças são altamente
Estágios do Processo de Avaliação
de Risco
Estabelecimento de um grupo de avaliação
de risco da cidade
O estágio inicial do processo de avaliação de riscos
envolve o estabelecimento do grupo de avaliação de
riscos da cidade com representação das autoridades
cívicas relevantes, actores institucionais, da sociedade
civil e organizações não governamentais. Este estágio
implica trabalhar com actores a nível do município para
realizar uma revisão do papel e responsabilidades institucionais, e políticas relevantes que influenciam a provisão de serviços de saneamento.
Preparação da avaliação de risco
A preparação para a avaliação de riscos envolve a
identificação dos diferentes sistemas de saneamento
que servem a cidade, com enfoque na grande infra-estrutura municipal e sistemas de tratamento que vão ser
o foco da avaliação de risco, a nível municipal. Também
envolve a identificação de áreas que requerem uma
maior e detalhada avaliação de risco, a nível comunitário. Estas áreas podem ser identificadas olhando-se
para os dados existentes sobre a cobertura de serviços
de saneamento, na cidade, avaliações de pobreza que
identificam comunidades socialmente desfavorecidas
e de baixa renda, combinando com informação dos actores institucionais sobre os locais de assentamentos
informais ou bairros pobres. Além disso, este estágio
deve envolver a apresentação da metodologia para os
representantes relevantes de diferentes instituições do
grupo de avaliação, de modo que haja um entendimento comum e acordo sobre o processo de avaliação de
riscos e o papel das instituições, no processo.
Avaliação do sistema municipal
Para cada componente dos sistemas de saneamento municipais, os diferentes tipos de eventos perigosos
são identificados. Locais com os mais graves riscos associados ao saneamento são identificados e visitados e
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COMUNICANDO
indicadores do mau funcionamento do sistema e falta
de capacidade (Ex: transbordo de esgoto, drenagens
pluviais poluídas) são observados junto com os riscos
de saúde que, frequentemente, podem surgir desses
problemas.
A avaliação envolve o engajamento com técnicos,
tais como engenheiros do município, provedores de serviço que são responsáveis pela operação e manutenção
da infra-estrutura de saneamento, mas também inclui
outros actores como agricultores locais e/ou população,
no geral. Um levantamento do sistema de saneamento
é aplicado para avaliar as condições da infra-estrutura
e serviços responsáveis por cada um desses eventos e
para identificar a presença de factores agravantes que
podem aumentar a probabilidade de mau funcionamento do sistema.
Avaliação de nível comunitário
A avaliação de nível comunitário centra-se naquelas
áreas onde as condições de saneamento já são reconhecidas como sendo precárias, nomeadamente aqueles assentamentos informais e pobres que foram anteriormente identificados. A área é dividida em pequenos
blocos e o risco em cada um deles é avaliado separadamente.
O workshop é conduzido com os participantes de diferentes partes da área em avaliação, com uma mistura
Avaliação do Sistema de
Saneamento
em termos de sexo e idade entre os grupos. Aos participantes, solicita-se que avaliem o nível de risco, usando
um quadro de avaliação de riscos com um conjunto de
indicadores definidos. Cada grupo recebe 10 cartões,
para indicar as proporções sobre que tipos de latrinas e
situações agravantes ou relativas à vulnerabilidade são
predominantes, na sua área. Este exercício é repetido
para todos os indicadores do quadro de avaliação de
riscos.
Cada indicador é classificado baseado num simples
sistema de semáforos: verde, indicando o nível de risco baixo, laranja o nível de risco médio e o vermelho
o nível de risco alto. Tal como a avaliação municipal, o
risco total é calculado agregando os diferentes factores
de risco associados à qualidade de provisão de serviço,
e factores agravantes relacionados com situações físicas
e socioeconómicas.
Desenvolvimento de estratégias
de mitigação de riscos e planeamento de
saneamento seguro
Figura 4 mostra como a avaliação de riscos nos sistemas de saneamento é usada para informar as estratégias de redução de riscos.
Avaliação do Impacto
Mitigação de Riscos
Quem está exposto a esses perigos
Com frequência e quais são as
Consequências da exposição?
Desenvolvimento de estratégias
de mitigação de riscos
Desempenho operacional/
falha do sistema
Avaliação da Exposição
Avaliar estratégias de
redução de risco
Riscos ao ambiente e a
Saúde
Avaliação da
vulnerabilidade
Necessidades de
Formação
Infraestruturas de saneamento
e modelos de gestão
Avaliação de riscos no sistemas de saneamento como meio para informar estratégias de redução de riscos
Os riscos identificados e as causas são posteriormente discutidos, juntos com aspectos, na comunidade, tais
como densidade da população e nível de pobreza, que
podem agravar os problemas. Isto serve como diagnóstico para clarificar as causas de eventos perigosos particulares e indicar intervenções apropriadas.
Os resultados da avaliação de riscos vão ser usados
como base para discussão sobre o papel e responsabilidades entre a comunidade e diferentes instituições para
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a gestão do risco em diferentes partes da cadeia de provisão de serviços de saneamento.
Quem vai usar esse conhecimento?
utoridades locais - Políticas e Planeamento/PrioriA
zação.
Agentes de saúde ambiental - Função reguladora
COMUNICANDO
rovedores de serviço público - Provisão de serviços
P
melhorados.
A metodologia de avaliação de riscos a ser desenvolvida pela IWA e seus parceiros de pesquisa no projecto
financiado pelo SPASH visa apoiar a metodologia de planeamento de saneamento seguro que está a ser concebida pela Organização Mundial da Saúde, com apoio de
várias organizações parceiras, incluindo a IWA.
Para mais informações contacte: Moisés Mabote,
Secretário Executivo da CLASS-A, com sede em Maputo,
Avenida da Zâmbia no 372 (E-mail: moimabote@yahoo.
com.br Telefone: +258 826725115 ou +25 8845101572)
ou Jonathan Parkinson, Gestor do Programa da Iniciativa de Saneamento Urbano, baseado nos escritórios da
IWA em Londres (email: jonathan.parkinson@iwahq.
org ou [email protected] Telefone: + 44
20 300 48528) ou visite o site da IWA em: http://www.
iwahq.org/3x/themes/urban-sanitation-initiative.html
O programa de Saneamento do SPLASH visa lidar
com os desafios de saneamento urbano na África Subsahariana, desenvolvendo soluções que incidem sobre
toda a cadeia de provisão de serviços de saneamento. O
programa de pesquisa é financiado pela Cooperação de
Desenvolvimento Austríaca (ADC), Departamento para
o Desenvolvimento Internacional (DFID), Ministrère des
Affaires Étangères et Européenes (MAEE), Agência Sueca para Cooperação e Desenvolvimento Internacional
(SIDA), Agência Suíça para Desenvolvimento e Cooperação (SDC) e a Fundação Bill & Melinda Gates. Para mais
informações e para subscrever ao Newsletter ‘Making a
SPLASH!, visite o website do SPLASH em: www.splash-era.net/san.res.php
Develo: solução local para um problema local, em Ratane
Sustentabilidade do saneamento
As latrinas visitadas pelo editor da revista Água, em
Ratane, não apresentavam cheiro, o que se deve ao facto das pessoas, após defecarem, atirarem cinza sobre
as fezes, na cova. Paralelamente, deve-se realçar que as
latrinas são feitas de blocos, o que aumenta a sua resistência e consequente durabilidade, para além de serem
cobertas com palha e plástico, o que proteje o interior
da latrina do sol e da chuva. A infraestrutura da latrina
dá uma certa privacidade aos seus usuários.
Develo, a solução local para tapar o buraco da latrina
Em 2013, no âmbito, da recolha e disseminação de
boas práticas, o editor da revista Água visitou a província de Nampula, onde escalou três distritos, de entre
eles, o de Murrupula, onde registou a experiência daquela região do país, em matéria de saneamento. Por
falta de espaço nas edições anteriores da revista, não
foi possível divulgar o artigo que segue, mas pela sua
actualidade apresentamo-lo ao estimado leitor, nesta
edição. Ei-lo:
Em Ratane, no distrito de Murrupula, com vista a
assegurar que o buraco da latrina seja coberto, a população usa uma planta denominada “Develo” que é
extraída das montanhas, que, depois de seca, é usada
como tampa de latrinas, evitando que moscas pousem
nas fezes e contaminem os alimentos.
Latrina construida com blocos, coberta com palha e plástico
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COMUNICANDO
Experiência de GoTAS no uso de Tecnologias de Informação e
Comunicação no levantamento de dados de base no sector
de água e saneamento
Figura 1 - Inquiridor entrevistando um membro do comité de água, usando Smart Phone
O Programa “GoTAS – Governação Transparente para
Água, Saneamento e Saúde”, um programa do Governo
da Província de Niassa, com o co-financiamento da Cooperação Suíça para o Desenvolvimento (SDC), que é implementado pelo Governo, através da Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação (DPOPH), Direcção
Provincial do Plano e Finanças (DPPF), Direcção Provincial da Saúde (DPS), Governos Distritais de Chimbunila,
Lago e Sanga e pelo Consórcio SNV e Concern Universal, levou a cabo, de 21 de Agosto e 18 de Setembro
do corrente ano, um Estudo de Base sobre situação de
abastecimento de água, saneamento, higiene, saúde e
governação, nos distritos de Chimbunila, Lago e Sanga,
na província de Niassa.
A novidade que o Programa introduziu é o recurso
ao uso de Smartphones (telefones inteligentes), ao invés do uso tradicional de fichas de inquérito impressas.
Neste caso, os inquiridores fazem o levantamento de
dados no campo e, simultaneamente ou posteriormente, os dados são enviados, por internet, para uma Base
de Dados online, onde são armazenados e analisados
em tempo real. Desta maneira, o sistema não precisa
de um digitador de dados, uma vez que a análise estatística é feita de forma automática, precisando apenas
de alguém para fazer a interpretação dos resultados.
Os dados podem ser exportados para o formato Excel e
podem ser analisados em outros programas, tais como
SPSS ou Quantum GIS, para além da possibilidade dos
dados serem integrados numa Base de Dados criada em
Access. Isto faz com que o sistema seja compatível com
a Base de Dados Nacional do Sistema de Informação Nacional sobre Água e Saneamento (SINAS).
Numa segunda etapa, o GoTAS prevê a inclusão dos
formulários do SINAS, no sistema online, e o treinamento dos usuários, de maneira que nos três distritos do
Niassa, anteriormente mencionados, os técnicos dos
Serviços Distritais de Planeamento e Infraestruturas
(SDPI), chefes das localidades e dos postos administrativos usem este sistema para alimentar o SINAS. Para
além da análise estatística, o sistema permite a produção de mapas que mostram a distribuição geográfica
das infraestruturas usando o Google Map, cujas coordenadas são obtidas a partir do GPS instalado no smartphone.
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COMUNICANDO
Figura 2. Exemplo de informação estatística e de mapas produzidos pelo sistema
Para o envio dos dados para a Base de Dados online, o smartphone precisa de estar conectado à internet,
enquanto o sistema permite trabalhar offline e armazenar os inquéritos no smartphone que, posteriormente,
podem ser enviados à Base de Dados online, logo que
uma ligação à internet estiver disponível. Esta funcionalidade é muito importante para os levantamentos feitos
nas zonas rurais, onde o acesso à internet não está assegurado a 100%.
Este sistema foi desenvolvido pela AKVO, que é uma
fundação sem fins lucrativos com sede na Holanda, com
funcionários em 13 países dos cinco continentes. Informação adicional sobre esta organização e seus produtos
pode ser obtida nos seguintes links: http: //akvo.org/
about-us/ e http://akvo.org/products/akvoflow.
Figura 3.Tipos de latrinas encontrados no levantamento
A função de monitoria do sistema
Este sistema tem uma função de monitoria que é
única. Uma vez que a informação está no sistema, o
usuário pode ir a um ponto (uma fonte de água, por
exemplo) e o telefone irá identificar, automaticamente, qual é a fonte em questão. Desta maneira, pode-se actualizar a informação introduzida originalmente,
facilitando a monitoria de progresso e assim verificar
os avanços nos resultados dos projectos. O sistema irá
mostrar, também, o mapa, onde poder-se-á ver quais
são as fontes de água mais próximas e a sua respectiva
localização geográfica exacta, para continuar a monitoria nestes pontos.
Vantagens
Comparado com o uso tradicional dos inquéritos em
fichas impressas, esta metodologia tem a grande vantagem de poupar tempo e dinheiro no tratamento de da-
dos, já que o tratamento dos mesmos é feito a medida
em que a recolha está sendo feita.
Para além disso, a metodologia completa o levantamento de informação, não só com as respostas dos
entrevistados, mas também com fotos e as coordenadas geográficas das infraestruturas. Isto contribui para a
transparência dos registos apresentados por cada inquiridor, já que existem evidências do mesmo ter feito as
entrevistas no lugar onde deveriam ser feitas. O sistema
também permite fazer uma análise da produtividade de
cada inquiridor, pois o sistema regista o número de inquéritos submetidos por cada um deles.
Em termos de custos, num estudo de base efectuado em três (3) distritos da Província do Niassa, com a
duração de 24 dias, que incluiu o mapeamento de 322
fontes de água e inquéritos a 687 agregados familiares,
o custo foi de cerca de 30,000 USD (trinta mil dólares
americanos), incluindo a aquisição de dez (10) telefones
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COMUNICANDO
- smartphones, pagamento dos inquiridores e combustível para o trabalho de campo.
No que diz respeito às especificações técnicas mínimas exigidas pelo sistema para o telefone – smartphone e o respectivo custo-, podem ser consultados através
do link:http://www.xava.co.mz/catalog/product/view/
id/302/s/samsung-galaxy-pocket/category/8/.
Limitações
Os sistemas digitais são muito rigorosos no tratamento de dados. Portanto, o inquiridor deve ser muito
cuidadoso, à medida em que está a introduzir os dados,
já que a diferença numa única letra, no formulário, fará
com que o sistema reconheça a resposta como uma
nova palavra e com influência na análise estatística. Por
exemplo, se a pessoa digita Lagu em vez de Lago (digitando “u” em vez de “o”), o sistema reconhece dois
distritos diferentes.
Uma outra limitação é a dificuldade do sistema de fazer análises estatísticas, quando as perguntas admitem
respostas abertas. Portanto, esta componente deve ser
analisada muito pormenorizadamente, no momento de
elaboração dos questionários.
Embora as tecnologias de informação a baixo custo
possam ser muito úteis ,como uma ferramenta de monitoria para países em desenvolvimento como o nosso,
há uma coisa que não muda: o factor humano é determinante. Se o inquiridor comete erros na recolha de dados ou digita mal as respostas, o sistema terá erros que
deverão ser corrigidos, perdendo o valioso tempo ganho no uso do mesmo. A análise dos dados, assim como
a elaboração do relatório narrativo, deve ser feita por
um profissional que coordena o projecto e que possa
perceber o contexto dos locais em que as respostas foram dadas. Essa função é insubstituível.
Mais informação:
enício Baulo. (Oficial de Monitoria, Avaliação e AprenB
dizagem- Unidade de Gestão GoTAS) [email protected]
Virgínia Mariezcurrena. (Gestora da Unidade de Gestão
GoTAS) [email protected]
Figura 4. Fotos de tipos de fontes de água encontradas no levantamento
CFPAS encerra o ano, em festa
No dia 19 de dezembro do corrente ano, os técnicos e funcionários do CFPAS celebraram, na oficina de
electricidade, o encerramento do ano, que consistiu na
realização de um almoço de confraternização e na troca
de presentes. Na ocasião, a directora da instituição, a
Srª. Eunice Gilda Chirindja Djedje, que presidiu o evento, agradeceu o empenho dos trabalhadores e desejou
a todos festas felizes.
Momento de troca de presentes
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