Veículos Pesquisados
Transcrição
Veículos Pesquisados
Edição número 1841 quinta-feira, 09 de junho de 2011 Fechamento: 09h00 Veículos Pesquisados: Clipping CUT é um trabalho diário de captação de notícias realizado pela equipe da Secretaria Nacional de Comunicação da CUT. Críticas e sugestões com Leonardo Severo ([email protected]) Isaías Dalle ([email protected]) Paula Brandão ([email protected]) Luiz Carvalho ([email protected]) William Pedreira ([email protected]) Secretária de Comunicação: Rosane Bertotti ([email protected]) Estadão _____________________________________________________________________ Dilma terá de recorrer a Temer para articulação Daiene Cardoso (Política) Em nome da governabilidade, a presidente Dilma Rousseff terá de se render ao PMDB e às habilidades políticas de seu vice Michel Temer. A avaliação é do cientista político Rubens Figueiredo, que vê dificuldades do governo em equilibrar administração e política. "O Temer seria o melhor nome, ele tem mais vocação para isso. Mas não adianta ter apenas vocação, a eficácia do articulador depende do trânsito no governo", ponderou. Com a saída de Antonio Palocci e a chegada de Gleisi Hoffmann na Casa Civil, muda-se radicalmente o perfil da pasta, que deixa de ser política e passa a ser gerencial. "Um governo é a equação entre política e administração, senão não se aprova nada no Congresso. E onde está o político deste governo?", questionou. Figueiredo lembrou que a dobradinha Lula e Dilma foi bem sucedida porque o expresidente tinha o perfil político, enquanto Dilma na Casa Civil era a técnica. "Ela podia bater na mesa porque tinha respaldo político", disse. Na busca pelo equilíbrio entre gestão e política, Dilma terá de rever sua relação com a base e abrir espaço para os aliados, diz o cientista. Isso não significa que ela terá condições de se dedicar à trabalhosa tarefa de negociar. "A articulação política é um pepino, não é uma tarefa das mais agradáveis", afirmou. _____________________________________________________________________ Palocci se afasta de Conselho da Petrobrás Decisão foi tomada mesmo após manifestação pública de apoio feita pelo presidente da estatal João Domingos e Kelly Lima (Política) Além de pedir demissão da Casa Civil, o ex-ministro Antonio Palocci solicitou afastamento do Conselho de Administração da Petrobrás, segundo fontes do governo. Como conselheiro da estatal, ele participava de reuniões e recebia cerca de R$ 6 mil por mês. Interlocutores de Palocci disseram que ele pretende voltar para São Paulo e passar um período sabático, antes de retomar suas atividades privadas - no ano passado, o petista não disputou nenhum cargo eletivo. O ex-ministro não foi ao gabinete, no quarto andar do Palácio do Planalto, e deixou para seus auxiliares a missão de limpar suas gavetas. Palocci decidiu deixar o conselho da Petrobrás mesmo tendo em defesa de sua permanência o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. Pela manhã, no Rio, o executivo disse que Palocci não teria motivos para deixar o assento no conselho, cargo para o qual havia sido eleito no fim de abril. Segundo Gabrielli, os convites feitos para integrar o conselho são direcionados às pessoas físicas e não estão atrelados ao cargo que elas ocupam no governo. "O ex- ministro Palocci foi eleito por um ano", afirmou, destacando que a eleição acontece na assembleia geral ordinária de acionistas, um evento anual. "Não cabe à Petrobrás qualquer decisão sobre isso." Gabrielli defendeu Palocci, a quem qualificou como "pessoa de alta competência". "A Procuradoria arquivou as denúncias e ele renunciou para não prejudicar o governo. Se ele decidir ficar ou não (no conselho), é com ele." Precedente. Já houve outro episódio em que um ex-ministro afastado do governo sob suspeitas de irregularidades foi mantido no conselho da Petrobrás. O engenheiro Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia do governo Luiz Inácio Lula da Silva, foi conselheiro até abril deste ano, mesmo tendo deixado o ministério em maio de 2007, acusado de favorecer empreiteiras em licitações públicas. Rondeau fora eleito para o conselho logo após assumir a pasta no lugar da então ministra Dilma Rousseff. O atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, não foi indicado para o cargo por ter mandato de senador. Com mínimo de cinco e máximo de dez membros, o conselho é um órgão autônomo. Cada conselheiro recebe em média R$ 6 mil para ir a reuniões mensais. Está entre suas atribuições definir o plano estratégico de investimentos e indicar a forma de desenvolvimento de projetos. _____________________________________________________________________ Nova ministra da Casa Civil também deu consultoria empresarial Gleisi firmou sociedade com irmã na área de gestão, entre 2007 e 2009; ao contrário de Palocci, ela revelou os clientes atendidos Leandro Colon e Evandro Fadel (Política) Assim como outros colegas de Esplanada e seu antecessor Antonio Palocci, a nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também atuou no ramo de consultoria nos últimos anos. Entre 2007 e 2009, ela foi dona de 90% da GF Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda em sociedade com sua irmã, Francis Mari. A sede da empresa virou, até mesmo, escritório político da campanha de Gleisi à prefeitura de Curitiba em 2008, quando ela ficou em segundo lugar. A GF foi aberta no dia 1.º de junho de 2007, segundo dados da Junta Comercial do Paraná. A nova ministra da Casa Civil ficou com 90% das cotas da sociedade e como "administradora" dos negócios da empresa perante órgãos públicos, instituições financeiras e entidades privadas. Segundo os registros da Junta Comercial, a GF foi criada para atuar no ramo de "assessoria, consultoria, orientação e assistência operacional para a gestão do negócio e apresentação de palestras prestados a empresas e a outras organizações". A empresa foi aberta um ano depois de Gleisi deixar a diretoria financeira de Itaipu Binacional, período em que se aproximou de Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia. Na direção de Itaipu, comandou um orçamento anual de US$ 3 bilhões. Partiu da equipe dela a criação do sistema de gestão integrada com o Paraguai. Ela deixou o cargo para disputar, sem sucesso, o Senado em 2006. Prestação de contas. Apesar da existência da consultoria entre 2007 e 2009, a empresa não aparece na declaração de bens de Gleisi enviada à Justiça Eleitoral em 2008, quando ela foi candidata à prefeitura de Curitiba. Procurada pelo Estado, a ministra informou, por meio de sua assessoria, que abriu empresa para prestar assessoria em gestão empresarial. Alegou que não a declarou à Justiça Eleitoral em 2008 porque seus rendimentos começaram apenas a partir daquele ano. A assessoria argumenta que a declaração entregue à Justiça Eleitoral em 2008 buscou repetir a declaração do IR referente ao exercício de 2007, quando a empresa não teria recebido recursos. Informou ainda dois clientes que teriam contratado os serviços de Gleisi: Fusão Assessoria Empresarial e Combraseg Logística e Serviços. De acordo com dados da Junta Comercial, uma alteração de endereço ocorreu em 2009 na GF Consultoria e no dia 10 de dezembro daquele ano a empresa encerrou suas atividades, segundo registro firmado em cartório em 3 de março de 2010. O distrato informa que a ministra ficou responsável pela "conservação do livro e demais documentos da sociedade". Gleisi foi candidata à prefeitura de Curitiba em 2008 pelo PT - ficou em segundo lugar com 18% dos votos. Na época, informou ter um patrimônio de R$ 623 mil, incluindo dois imóveis, um veículo e dinheiro aplicado em banco. Em 2010, quando disputou e conseguiu uma vaga no Senado, o valor dos bens de Gleisi subiu para R$ 693 mil, mas com apenas um imóvel. O antecessor de Gleisi na chefia da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu demissão após a revelação de que aumentou em 20 vezes seu patrimônio com uma empresa de consultoria, a Projeto. Pressionado, o ex-ministro negou-se a revelar a lista de seus clientes. Pelo menos 20 empresas contrataram os serviços de Palocci, que, somente no ano passado, faturou R$ 20 milhões, sendo metade entre novembro e dezembro, após a eleição de Dilma à Presidência da República. O Estado revelou no mês passado que pelo menos cinco ministros têm empresas de consultoria que continuam ativas em pleno exercício do cargo: Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Comércio e Indústria), José Eduardo Martins Cardozo (Justiça), Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), Leônidas Cristino (Portos) e Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional). Todos negaram conflito de interesse com a função pública. _____________________________________________________________________ Dilma só troca Luiz Sérgio após armistício no PT Ministro diz à presidente que não tem apoio e entrega os pontos; Planalto avalia que o próprio partido atrapalha articulação política Tânia Monteiro, Denise Madueño, Andrea Jubé e Adriana Fernandes (Política) A presidente Dilma Rousseff decidiu enfrentar o PT no Congresso e exigir que as bancadas parem de brigar antes de substituir o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. Para Dilma, o partido que mais atrapalha a coordenação política é o próprio PT, hoje dividido em várias alas. A presidente sabe que os petistas estão por trás da insistência na demissão de Luiz Sérgio. Numa conversa que teve nesta quarta-feira, 8, com o ministro das Relações Institucionais, Dilma o informou que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, empossada nesta quarta no lugar de Antonio Palocci, não cuidará da coordenação política. A própria presidente fará os contatos com os partidos. Abandonado pelo PT, Luiz Sérgio reconheceu que não reunia mais apoio da bancada para se manter no cargo. Quando questionado sobre a crise da articulação política do governo, após reunião no Ministério da Fazenda nesta quarta, Luiz Sérgio foi enigmático: "Há dias de falar e há dias de calar". Emparedados, e sem conseguir decifrar os próximos passos de Dilma, os petistas decidiram pedir ajuda ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem deverão reunir-se na próxima semana. Eles acham que Lula terá a capacidade de acabar com as brigas internas que não cessam desde que o deputado Marco Maia (RS) derrotou o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), na disputa pela presidência da Câmara. O papel de Lula será buscar a conciliação entre os grupos ou, então, promover um mínimo de união entre os deputados, a fim de viabilizar a indicação do sucessor de Luiz Sérgio. A avaliação é de que a escolha de um nome que não represente a maioria não resolverá os problemas da articulação política do governo. Vaccarezza é um dos nomes cogitados para a pasta, mas hoje o parlamentar não tem respaldo da maioria da bancada petista. Beligerantes, mas na busca de um consenso, os grupos do PT no Congresso estão levantando os nomes que poderão substituir o ministro. Para o lugar de Luiz Sérgio está cotado, além de Vaccarezza, o senador Wellington Dias (PT-PI). A bancada da Câmara é contra a escolha de outro senador para o ministério. Caso Vaccarezza seja escolhido, o PT pretende indicar para a liderança do governo na Câmara os nomes do deputado Pepe Vargas (RS) ou do ex-presidente da Casa Arlindo Chinaglia (SP). PMDB. O vice-presidente Michel Temer, presidente licenciado do PMDB, disse nesta quarta que seu partido está de fora da disputa pela articulação política. Mas o partido sentiu-se no direito de vetar o nome da atual ministra da Pesca, Ideli Salvatti, defendido por setores do PT do Senado para o lugar de Luiz Sérgio. No PMDB, a avaliação é de que Vaccarezza é um bom nome para suceder Luiz Sérgio, apesar das duas derrotas seguidas do líder do governo - a disputa pela presidência da Câmara e a votação do Código Florestal. Os peemedebistas gostam de Vaccarezza e veem nele um bom negociador. Acham que, na coordenação política, ele teria diálogo certo com todos os partidos. O PMDB diz que o êxito de um coordenador no Planalto não depende de nomes, mas de uma reordenação de espaços. Enquanto titular da Casa Civil, Palocci não deixou que o titular da coordenação atendesse os pleitos feitos pelos partidos. Como Gleisi Hoffmann já disse que a coordenação política não será sua função central, quem ocupar o cargo terá de fazer as negociações com o Congresso. Para o presidente do PT, Rui Falcão, agora a atuação de Luiz Sérgio será avaliada. _____________________________________________________________________ Planalto buscar corrigir 'imperfeições' de novo Código Rafael Moraes Moura (Política) Depois da maior derrota sofrida até agora na Câmara, o Palácio do Planalto pretende conciliar interesses e corrigir as "imperfeições" do texto do Código Florestal, que tramita no Senado. Em encontro hoje com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC) reforçaram a promessa de que as comissões da Casa pretendem trabalhar de forma articulada na expectativa de construir um relatório conjunto. "Essa é a nossa busca. Se um ponto ou outro numa comissão ficar divergente, o plenário do Senado vai ter maturidade de votar", disse Viana. Na avaliação de Luiz Henrique, é preciso fazer "aperfeiçoamentos" para garantir que o projeto aprovado pelo Congresso não seja alvo de ações de inconstitucionalidade. Os dois senadores são relatores do Código Florestal na Comissão de Meio Ambiente e da Agricultura, respectivamente. No mês passado, a ministra apresentou à bancada de senadores do PT 11 pontos que o governo pretende alterar no projeto do novo Código Florestal. Na ocasião, destacou a preocupação do Planalto em retirar do texto a emenda que concede anistia aos desmatadores. O Planalto avalia que um dos motivos para a derrota na Câmara foi a demora para entrar no debate, algo que espera reverter agora no Senado. _____________________________________________________________________ Em palestra, Lula ressalta queda da inflação Gustavo Uribe (Política) O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, em palestra a fornecedores e executivos da Tetra Pak, um diagnóstico bastante otimista do atual momento da economia brasileira. Em discurso, o petista ressaltou a ampliação do crédito, a queda gradual da inflação e os investimentos do governo federal. "Poucos países no mundo podem exibir hoje uma carteira de investimentos tão robusta como o Brasil", destacou o ex-presidente que, minutos antes, lembrou do que chamou de "queda expressiva do IPCA". "O momento é excepcional", disse, sendo aplaudido pelos presentes. O ex-presidente elogiou iniciativas do governo da presidente Dilma Rousseff, como o programa Brasil Sem Miséria. Como é de praxe em suas palestras, Lula citou projetos de sua gestão como presidente e listou uma série de dados. O petista destacou, por exemplo, a melhoria da distribuição de renda, a oferta de crédito para as classes mais baixas e os avanços na oferta de empregos. Lula comparou ainda o Nordeste à China, por conta do crescimento da demanda interna. "O Nordeste é hoje a China brasileira", afirmou. O ex-presidente assegurou aos presentes que o atual governo irá acelerar os investimentos no País. Ao fim de sua palestra, defendeu uma maior aproximação do Brasil com os países da América Latina e brincou com os empresários. "Se algum de vocês levantar de mau humor com a América Latina, ligue para mim", disse, arrancando risos. _____________________________________________________________________ Copom eleva juro em 0,25 ponto porcentual, para 12,25% ao ano BC mantém estratégia de 'ajuste por período prolongado' em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado; taxa continua no nível mais alto desde o período de 22/1 a 11/3 de 2009 Fábio Graner (Economia) O Comitê de Política Monetária (Copom) seguiu exatamente o roteiro previsto pelo mercado financeiro e decidiu hoje elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. Com o movimento, o colegiado do Banco Central dá sequência ao processo de aperto monetário que tem por objetivo reverter a tendência dos indicadores de preços em 12 meses e colocar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de volta na meta de 4,5% em 2012. Com a alta, a taxa continua no nível mais alto desde o período de 22/1 a 11/3 de 2009, quando o juro básico vigente foi de 12,75% ao ano. Essa é a segunda elevação seguida dessa magnitude promovida pelo BC. Com o movimento, o aperto monetário neste ano já chega a 1,5 ponto porcentual. A próxima reunião do Copom será nos dias 19 e 20 de julho. Ao anunciar a decisão, o BC manteve o teor do comunicado da decisão de abril. "Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012", disse o colegiado do BC no comunicado de anúncio da decisão desta noite. A elevação da taxa de juros busca conter o ímpeto da demanda de bens e serviços na economia brasileira, que tem sido apontado como um dos fatores por trás da escalada dos preços no País. Com juros mais altos, não só o crédito fica mais caro (especialmente em um ambiente no qual medidas adotadas pelo governo restringem o alongamento de prazos) para os consumidores, mas também se cria um incentivo para as pessoas guardarem dinheiro ao invés de aproveitarem seus ganhos de renda para gastar mais. Coerência O ex-diretor do BC e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, explicou que, diante da sinalização dada em abril, o Copom não tinha alternativa a não ser subir o juro em 0,25 ponto porcentual. Segundo ele, as condições da economia, com desaceleração do crescimento e redução nos índices de preços, até permitiriam manter a Selic, mas diante da mensagem passada pelo BC e das expectativas para 2012 ainda acima do centro da meta, a alta do juro básico é uma questão de coerência. Segundo Freitas, o aperto monetário de 0,25 ponto porcentual agora tem maior potência do que vinha ocorrendo. Isso porque a taxa de juros real, que desconta a inflação, a partir de agora deve ser maior, já que o País entrou em uma fase de "surpresas deflacionárias", depois de um início de ano em que a inflação ficou acima do que todo mundo esperava. "O juro real maior pode levar o BC a repensar novos aumentos da Selic", disse o economista, para quem uma sinalização mais clara deverá ser dada na ata do Copom na semana que vem ou no relatório de inflação no final deste mês. "Se expectativas de inflação continuarem caindo, não há motivo para o juro subir mais", completou. Para o economista-chefe do banco cooperativo Sicredi, Alexandre Barbosa, a situação da economia brasileira exige juros maiores, pois a inflação não decorre só de choques de oferta (como a alta de preços de alimentos), mas também de um excesso de demanda por bens e serviços. Ele espera pelo menos mais uma alta de 0,25 ponto porcentual em julho na Selic. E avalia que a economia precisa crescer menos de 4% por algum tempo para que a inflação seja colocada de volta na meta. Barbosa recordou que a inflação é difícil de ser reduzida no Brasil. Em 2009, por exemplo, ano de recessão, o índice oficial de preços ficou em 4,3%, ante 5,9% em 2008. Ou seja, em um ano muito ruim para a economia, a inflação foi colocada no centro da meta. O economista explica que não é necessário produzir uma recessão para trazer o IPCA de volta à meta, mas é preciso crescer em ritmo menos intenso do que no início do ano, quando a taxa anualizada de expansão do País ficou acima de 5%. _____________________________________________________________________ Indústria, comércio e sindicatos criticam alta dos juros (Economia) Segundo a Fiesp, decisão prejudica as contas públicas, atrai capital estrangeiro especulativo, sobrevaloriza a moeda e diminui a competitividade da indústria nacional O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse, em nota, que o aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic, para 12,25% ao ano, foi "muito mal recebido" pelo setor produtivo, uma vez que a economia já mostra sinais de desaceleração. "Depois de cinco semanas de queda consecutiva na expectativa de inflação, da queda de 3,8% na produção da indústria paulista e de 2,1% da (produção) brasileira de abril ante março, eu gostaria de saber por que os juros ainda subiram", afirmou. Skaf questionou os motivos que levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a elevar os juros mais uma vez e afirmou que a decisão prejudica as contas públicas, atrai capital estrangeiro especulativo, sobrevaloriza a moeda e diminui a competitividade da indústria nacional. "Tenho certeza que a sociedade brasileira também não compreendeu as razões desse aumento inadequado e inoportuno, que prejudica todo o País", afirmou. O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Abram Szajman, considerou a decisão do Copom uma "ação exageradamente conservadora". Em nota, ele afirmou que há uma clara tendência de desaceleração da economia e da inflação. "O comportamento do governo federal, aliado às atitudes conservadoras do Banco Central, só faz atrair capital especulativo em demasia", afirmou Szajman, na nota. "Apenas com uma forte dose de vontade política o País vai se livrar dos tempos de taxas de juros extremamente elevadas e, ao mesmo tempo, manter a economia crescendo a um ritmo adequado e a inflação dentro da meta." Szajman também disse que o excesso de gasto público canibaliza os efeitos de uma taxa de juros elevada. "Isso é preocupante, pois não percebemos esforços para aumentar a eficiência da máquina pública, nem ao menos reduzir seus gastos", afirmou. "Se o Banco Central faz política monetária olhando para o futuro, é bom ter em conta que provavelmente as taxas de crescimento da produção e do consumo no segundo semestre vão ficar muito abaixo do potencial de nossa economia. Portanto, é salutar se antecipar e iniciar um ciclo de redução dos juros que hoje são em termos reais os maiores do mundo." Força Sindical O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, também criticou a decisão do Copom. Em nota, ele classificou a medida como "um grande equívoco", uma vez que a inflação tem dado sinais de desaceleração. Na avaliação dele, o aumento dos juros consumirá recursos que poderiam ser investidos em educação, saúde e infraestrutura. "O aumento é desnecessário, visto que o cenário econômico está mais favorável, com sinais evidentes de controle inflacionário. Infelizmente, o impacto recai unicamente no setor produtivo, afetando negativamente a atividade e o emprego", afirmou, na nota. "O governo, mais uma vez, atende aos interesses do capital especulativo, com uma clara demonstração de que o espírito conservador continua orientando a política monetária. A alta dos juros é mais uma péssima notícia para quem defende o desenvolvimento nacional." _____________________________________________________________________ Telebrás fecha 1º contrato de banda larga de 1 mega a R$ 35 Contrato nos moldes do Plano Nacional de Banda Larga foi assinado com Sadnet, de Santo Antônio do Descoberto (GO), que pretende começar a comercializar o plano em 30 dias Karla Mendes (Economia) A Telebrás assinou nesta quarta-feira, 8, o primeiro contrato com um provedor de internet para a oferta de banda larga de um mega a R$ 35, nos moldes do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). O contrato foi assinado com a Sadnet, provedor de Santo Antônio do Descoberto (GO), que pretende começar a comercializar o plano em cerca de 30 dias. "É mais um momento histórico da Telebrás", afirmou o presidente da estatal, Caio Bonilha, que assumiu o cargo há exatamente uma semana. Por razões de confidencialidade, Bonilha disse que o valor do contrato não pode ser revelado. Ele informou, porém, que a Sadnet contratou um link de 100 megabits (MB) com preço abaixo de R$ 200 por MB. Segundo Bonilha, atualmente, a Sadnet paga mais de R$ 500 para comprar o link de outras empresas. Ele explicou que a Telebrás vai monitorar a oferta de banda larga de 1 mega a R$ 35. Segundo ele, a Sadnet terá que registrar, no mínimo, cinco usuários por MB do link adquirido, o que representa um mínimo de 500 usuários atendidos. "É mandatório. Isso nós vamos monitorar", disse. Está previsto no contrato que a Sadnet poderá usar a logomarca da Telebrás como parceira no lançamento do produto. Junto com a logo, porém, estará explícito o número do call center da estatal por meio do qual os usuários poderão registrar reclamações em relação ao serviço ofertado. Segundo o diretor administrativo da Sadnet, Luiz Tomaz, a empresa atende mais de mil clientes em Santo Antônio do Descoberto e espera dobrar essa base nos próximos seis meses, a partir do contrato com a Telebrás. "A grande vantagem do PNBL para a gente é o valor do link", afirmou. Segundo ele, hoje, mais de 76% da receita da empresa provêm das assinaturas de banda larga com velocidade de até 300 Kbps, voltadas para a baixa renda. A partir do contrato com a Telebrás, porém, ele explicou que esses clientes terão acesso a um serviço de maior velocidade por um preço menor. Hoje, a empresa oferece planos de 100 Kbps a R$ 29,90 e de 200 Kbps a R$ 39,90. A Sadnet tem contratação de link com a Embratel e a Unotel que, segundo Luiz Tomaz, serão cancelados. Folha de S.Paulo _____________________________________________________________________ Dilma demitiu Palocci no "momento certo", diz Lula Ex-presidente defende afastamento e escolha de senadora para Casa Civil Petista tentou primeiro convencer sucessora a manter ministro no cargo, mas depois aprovou sua decisão Bernardo Mello Franco e Valdo Cruz (Poder) O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a demissão do ex-ministro Antonio Palocci, que chefiou a Casa Civil nos primeiros cinco meses do governo Dilma Rousseff. Ele afirmou que Dilma agiu "no momento certo", deixando claro que a decisão de sair do governo não foi de Palocci. "É sempre triste tirar um companheiro. Eu tive que tirar companheiros, e é um sofrimento muito grande. Mas acho que a presidente tem autoridade e fez no momento certo", disse o petista. A declaração contraria a versão oficial de que Palocci teria decidido abrir mão do cargo para proteger Dilma. O ex-ministro entregou carta de renúncia à presidente e disse ontem, no discurso de despedida, que saía para preservar o diálogo do governo com a sociedade. Sobre a escolha da nova ministra Gleisi Hoffmann, senadora novata do PT paranaense, Lula foi conciso: "Se a companheira Dilma escolheu, está certa." Dilma levou 23 dias para demitir o aliado desde que a Folha revelou o aumento do seu patrimônio, multiplicado por 20 em quatro anos. Durante as mais de três semanas de agonia, Palocci se recusou a divulgar a lista de clientes que teria atendido como consultor. Lula quebrou o silêncio sobre o caso ontem à noite, antes de dar palestra remunerada a convidados da fabricante de embalagens Tetrapak, em São Paulo. Ele evitava declarações à imprensa, mas agiu intensamente nos bastidores e negociou com Dilma os termos da demissão de Palocci. As conversas de Dilma e Lula ocorreram em duas etapas, no fim de semana e na segunda-feira. A princípio, o ex-presidente avaliava que Dilma deveria tentar manter Palocci caso a Procuradoria-Geral da República arquivasse as denúncias contra ele. Ele já havia trabalhado por Palocci na semana retrasada, quando foi a Brasília para se reunir com aliados. No telefonema de segunda-feira, porém, Dilma disse a Lula que não podia mais manter Palocci na sua equipe diante do desgaste que ele estava provocando no seu governo. Lula, então, elogiou a escolha de Gleisi. A atuação ostensiva do ex-presidente na crise gerou críticas a Dilma pela suposta existência de duplo comando no Palácio do Planalto. Após as reações, ela pediu ao aliado que se afastasse da capital nesta semana, na qual daria desfecho à crise. Atendendo a essa estratégia, Lula programou compromissos em outras cidades nos dias finais de Palocci. _____________________________________________________________________ Estilo solitário de Dilma decidir deixa aliados no escuro Além da presidente, grupo de somente cinco pessoas atuou na operação de substituição de Palocci por Gleisi Estratégia reservada visou evitar pressões de última hora; nem vice-presidente Michel Temer sabia da troca Valdo Cruz (Poder) A demissão de Antonio Palocci revelou um estilo quase solitário da presidente Dilma Rousseff na hora de trocar um ministro de sua equipe. Além dela, apenas cinco pessoas participaram da operação que levou à primeira troca no primeiro escalão, deixando aliados no escuro. Segundo assessores, Dilma fez questão de restringir o número de pessoas para evitar vazamentos e pressões de última hora. Ela sabia que as maiores resistências viriam sobretudo de seu partido -e não estava disposta a recuar. Na tarde de anteontem, quando tudo já estava definido, petistas e peemedebistas ainda reagiam com descrença sobre a possibilidade de a senadora Gleisi Hoffmann (PTPR) substituir Palocci. Nem o vice-presidente Michel Temer nem o ministro demissionário sabiam da operação. Temer só foi informado da escolha quase no início da noite de terça. Dilma escalou o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e seu chefe de gabinete, Giles Azevedo, para sondarem a senadora. Na segunda, aproveitando a presença no Planalto do ministro Paulo Bernardo (Comunicações), marido de Gleisi, os dois enviaram mensagem à senadora: ela deveria ficar de sobreaviso pois seria chamada a uma conversa. Horas depois, Gleisi estava com Carvalho e Azevedo. A senadora ouviu dos dois que Palocci deveria pedir demissão e que Dilma gostaria de conversar com ela. No dia seguinte, Gleisi foi chamada à tarde para uma conversa com a presidente. Dilma foi direta e a convidou para substituir Palocci. Dali, a senadora foi ao gabinete de seu marido para dar detalhes da conversa. Além de Carvalho, Azevedo, Bernardo e da própria nova ministra, o ex-presidente Lula foi contatado por Dilma para tratar da troca do seu então principal ministro. Fora esse grupo restrito que participou da operação, Dilma partilhou sua decisão com a ministra Helena Chagas (Secretaria de Comunicação). Na manhã de anteontem, ela foi chamada ao gabinete da presidente para traçar a estratégia da divulgação das mudanças. Ficou decidido que somente seria divulgado o nome da nova ministra quando Palocci tivesse soltado uma nota informando sobre sua saída do governo. Logo depois de convidar oficialmente Gleisi na tarde de terça-feira, Dilma se reuniu com Palocci, Chagas e Carvalho para definir os detalhes do anúncio da saída do ministro demissionário. O então chefe da Casa Civil, porém, saiu dessa conversa ainda sem saber da escolha da senadora. _____________________________________________________________________ Troca na Casa Civil abre disputa por cargos (Poder) A troca de comando na Casa Civil abriu uma disputa entre alas do PT pelo poder no Planalto e intensificou cobranças do principal partido aliado da presidente Dilma Rousseff, o PMDB. Com a substituição de Antonio Palocci por Gleisi Hoffmann em uma Casa Civil menos política e mais gestora, como quer Dilma, grupos do PT passaram a fazer forte pressão pela troca do petista Luiz Sérgio (Relações Institucionais), que pode ser substituído nos próximos dias. Embora a função da pasta das Relações Institucionais seja fazer a articulação com o Legislativo, era Palocci o principal interlocutor do governo com parlamentares. Entre as principais forças que disputam o comando da articulação política estão o grupo que apoiou a eleição do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o do líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Há dois nomes fortes para a pasta. O do deputado Pepe Vargas (PT-RS), que tem boa relação com Dilma, e o da ministra Ideli Salvati (Pesca), que tem a simpatia do expresidente Lula, mas não o apoio da bancada do PT. Enquanto petistas disputam a vaga de articulador político, o PMDB pedia ontem mais poder para a pasta. Como resumiu o presidente do Senado, José Sarney (AP) Dilma precisará encontrar "um novo jeito de governar". Apesar das cobranças, peemedebistas negam que o partido dispute o ministério. O PMDB espera ser contemplado com a liderança do governo no Congresso. O deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS) é citado para o posto. _____________________________________________________________________ Gleisi faz afagos na oposição e diz a Aécio que precisará de sua ajuda Com perfil técnico, ministra afirma que não descuidará da política Ana Flor, Gabriela Guerreiro e Márcio Falcão (Poder) Ao assumir a Casa Civil e se despedir do Senado, a ministra Gleisi Hoffmann indicou que não deixará de lado a atuação política, apesar de ter recebido a incumbência da presidente Dilma de cuidar da gestão do governo. A nova ministra fez afagos no PT e no PMDB, principal aliado do governo no Congresso, e também na oposição -a quem prometeu uma "convivência respeitosa". Gleisi afirmou que sua escolha "manifesta o apreço [de Dilma pelo] Congresso". Citando o exemplo da petista -que era um quadro técnico e acabou se tornando presidente- disse acreditar que "a política dá sentido à técnica e esta qualifica a política". Em uma sinalização de diálogo com a oposição, Gleisi afirmou que "viver exposta a pontos de vista contraditórios" é uma "condição" da vida política. "Todos foram adversários duros no debate, mas prevaleceu sempre a convivência democrática." Antes de subir à tribuna do Senado para seu discurso de despedida, Gleisi fez um apelo ao senador: "Vou precisar de ajuda aqui no Congresso". O tucano sorriu, fez elogios a sua competência e prometeu diálogo. No discurso de posse no Palácio do Planalto, Gleisi citou o nome da presidente Dilma 11 vezes. Lembrou ainda de quanto trabalharam lado a lado na transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva, no fim de 2002. A ministra citou ainda seu antecessor, Antonio Palocci, afirmando que era um desafio continuar seu trabalho. Não mencionou, no entanto, as acusações que levaram à demissão do petista. _____________________________________________________________________ Ministra pagou advogado com verba do gabinete Gleisi usou recursos para pagar escritório que a defende na Justiça Eleitoral Gabinete diz que banca auxiliou então senadora só na área legislativa, na preparação e na discussão de projetos Ranier Bragon (Poder) Nos pouco mais de quatro meses em que atuou como senadora, Gleisi Hoffmann (PTPR) destinou parte de sua verba de custeio de mandato para o escritório que a representa eleitoralmente e que prestou serviços de advocacia nas suas campanhas ao Senado, em 2010, e à Prefeitura de Curitiba, em 2008. Os R$ 15 mil pagos ao Escritório Guilherme Gonçalves & Advogados Associados -R$ 7,5 mil em março e R$ 7,5 mil em abril- se deram na rubrica que cobre "contratação de consultorias, assessorias, pesquisas, trabalhos técnicos e outros serviços de apoio ao exercício do mandato parlamentar". O valor representa nesses dois meses a metade do que cada senador têm direito na chamada "verba indenizatória", que repõe gastos com aluguel de escritório nos Estados, alimentação, hospedagem e contratação de trabalhos técnicos. A atuação eleitoral do escritório para a petista se dá no Paraná e em Brasília. No site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a banca figura como representante de Gleisi nos seis recursos em tramitação, relativos às duas eleições. Tanto o gabinete de Gleisi quanto o advogado Guilherme de Salles Gonçalves, sóciomajoritário do escritório, negam que a contratação da consultoria tenha se dado em decorrência dos serviços eleitorais prestados. Eles afirmam que o escritório auxiliou Gleisi exclusivamente na área legislativa, em preparação e discussão de projetos que ela apresentou ou estudava apresentar no Senado, como a limitação de gastos do funcionalismo público e a discussão sobre a reforma política. PROJETOS O site do Senado registra 12 proposições e 7 requerimentos apresentados pela senadora, entre eles texto que extingue o pagamento dos chamados 14º e 15º salários aos deputados e senadores. Por sua proposta, esse pagamento só ocorreria uma vez na legislatura -4 anos- e não a cada ano, como acontece hoje. Ela apresentou também, entre outras propostas, projeto para limitar a possibilidade de reeleições consecutivas de senadores e para regulamentar o teto de remuneração dos agentes públicos. Além do trabalho eleitoral para Gleisi, o escritório de advocacia e o seu sóciomajoritário também figuram como doadores de R$ 35 mil para a campanha da petista ao Senado, que, ao todo, declarou à Justiça Eleitoral receitas de R$ 8 milhões. Segundo Salles Gonçalves, esse valor se refere a um "desconto" na cobrança dos serviços prestados, que teriam somado R$ 85 mil. Na parte das despesas da campanha, Gleisi declarou pagamento de R$ 50 mil ao escritório de advocacia. Em 2010, o escritório foi o responsável por defender a coligação a qual Gleisi estava inserida e que continha também o senador Roberto Requião (PMDB-PR). _____________________________________________________________________ Bancos estrangeiros lamentam saída de ex-ministro do cargo Em notas divulgadas a clientes, eles destacam desde postura "pró-mercado" a "visão equilibrada" de Palocci Apesar de comentários, mercados de ações, câmbio e juros ontem não reagiram mal ao anúncio da demissão Mariana Carneiro (Poder) A demissão de Antonio Palocci não passou em branco na avaliação de analistas do mercado financeiro. Em relatórios enviados ontem a clientes e comentários feitos à Folha, eles lamentaram a saída do ministro, tido como um "defensor" da austeridade fiscal do governo. "Ele sempre teve uma visão sobre política econômica equilibrada, favorecendo também a retomada de reformas estruturais", disse o diretor de mercados emergentes do Goldman Sachs, Paulo Leme, por e-mail. David Becker, da Merrill Lynch, escreveu em nota que "a notícia é claramente negativa". Para ele, Palocci era "ator-chave em eventual deterioração macroeconômica" e os mercados não estão reagindo porque já vinham "digerindo a notícia. Também em relatório feito por seus economistas, o banco de investimento português Banif disse que Palocci é "insubstituível" nas políticas pró-mercado". Para o banco, não está claro se a nova ministra Gleisi Hoffmann será habilidosa o suficiente. A biografia de Gleisi foi tema da corretora japonesa Nomura. O economista Aloísio Teles lembra que, embora ela tenha se filiado ao PT em 1989 e ocupado a diretoria financeira de Itaipu, é "relativamente uma novata". MERCADO Apesar dos comentários, o mercado ontem quase não reagiu à queda do ministro. Segundo Paulo Leme, do Goldman Sachs, não deve haver nenhuma mudança na política econômica. O Ibovespa fechou em queda de 0,29%, e o dólar subiu 0,32%. Mas a avaliação era de que os investidores respondiam ao cenário negativo no exterior. Pregões nos Estados Unidos e em Londres também fecharam em queda. Já o dólar ganhou força sobre diferentes moedas, como o euro e o dólar australiano. Representantes de bancos e consultorias brasileiras se mostraram menos preocupados com a saída de Palocci do ministério da Casa Civil. Ex-diretor do Banco Central e sócio da Mauá Investimentos, Luiz Fernando Figueiredo acredita que o BC deverá ganhar força. Ele acha que a tendência é o governo sinalizar que o combate à inflação é uma estratégia ditada pela presidente Dilma Rousseff e não por seu ex-ministro: "Nessas ocasiões, a tendência do governo é ser conservador". Para o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, o combate à inflação não mudará sem Palocci. "A nova ministra me parece muito comprometida com o equilíbrio macro saudável. Ela tem perfeita noção de restrição orçamentária", diz, ressaltando que não acredita que o BC aja sob pressões políticas. O economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, diz que a saída de Palocci "deixa o governo mais fraco", mas não afeta o combate à inflação. _____________________________________________________________________ Após 4 anos, Cesare Battisti deixa prisão Supremo valida decisão de Lula do ano passado e nega pedido da Itália para que reconsiderasse extradição Italiano foi libertado por volta da meia-noite; caberá ao Ministério da Justiça regularizar a sua situação no Brasil Felipe Seligman e Nádia Guerlenda Cabral (Poder) Por 6 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal validou ontem a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negar a extradição do italiano Cesare Battisti e determinou que ele seja solto. Com o resultado, Battisti ficará no Brasil e caberá ao Ministério da Justiça regularizar sua situação. O alvará de soltura foi expedido por volta de 21h30 e perto da meianoite ele foi solto, mas não quis dar entrevistas. A maioria dos ministros entendeu que não caberia ao Supremo analisar o ato de Lula. Eles disseram que a decisão do ex-presidente é "soberana" e que, sem extradição, não existiam mais motivos para Battisti ficar preso. O Supremo já havia decidido não acatar ao pedido da Itália para que a decisão de Lula não fosse reconhecida. O ministro Luiz Fux, por exemplo, chegou a dizer que a Itália deveria questionar isso em tribunais internacionais, e não no Supremo. É a quinta vez que o caso Battisti é debatido pelo STF. O italiano fez parte do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), grupo terrorista de extrema esquerda que atuou na Itália dos anos 70. Foi condenado em seu país a prisão perpétua por participar em quatro assassinatos. Ele sempre negou a autoria dos crimes e disse que sofreu perseguição política. O exministro da Justiça brasileiro Tarso Genro concedeu a ele, no final de 2008, o status de refugiado político. O ato foi considerado ilegal pelo STF, que em 2009 autorizou a extradição, deixando a última palavra para Lula. Dias depois, o tribunal afirmou que Lula deveria seguir o Tratado de Extradição entre Brasil e Itália. VOTOS Ontem, o clima entre os ministros esquentou quando Marco Aurélio Mello tentou argumentar que o debate sobre a extradição de Battisti havia se encerrado após a votação sobre o pleito da Itália e foi criticado por colegas. Além de Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto negaram o pleito da Itália e votaram pela libertação de Battisti. Gilmar Mendes, Cezar Peluso e Ellen Gracie defenderam a análise do pedido, alegando que qualquer ato da presidência está submetido ao exame do tribunal. E votaram pela revisão da decisão de Lula e a extradição. _____________________________________________________________________ Cassação de Jaqueline Roriz é aprovada Decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, no entanto, ainda precisa ser analisada em plenário Deputada, filmada recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM, é acusada de quebra de decoro parlamentar Filipe Coutinho (Poder) Depois de quase seis horas de discussão e uma tentativa de pedir vistas, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou ontem a cassação da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), filmada recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM. Por 11 votos a três, os deputados entenderam que Jaqueline Roriz quebrou o decoro parlamentar ao "arranhar a honra" da Câmara dos Deputados. "O que está em jogo é a dignidade do parlamento. O conceito de vantagem indevida deve ser entendido de forma ampla. Vantagem imoral ou injustificada é indevida e, por isso, atentatória ao decoro parlamentar", disse o relator do processo, Carlos Sampaio (PSDB-SP). A decisão deve ser referendada pelo plenário da Câmara dos Deputados. Antes, porém, o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) promete levar o caso à presidência da Câmara -ele tentou pedir vista, mas o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PDT-BA), vetou. DEFESA Em sua defesa, Jaqueline Roriz argumentou que, apesar de o dinheiro ser de caixa dois, ela não era deputada quando recebeu o montante e, por isso, não quebrou o decoro parlamentar. "Não existe fato que possa ser capitulado como atentatório à dignidade do parlamento e ao decoro parlamentar. Não é possível alguém que não seja parlamentar atentar ao decoro parlamentar", afirmou o advogado da deputada, José Eduardo Alckmin. Jaqueline Roriz foi filmada, junto com seu marido, Manoel Netto, recebendo R$ 50 mil de Durval Barbosa, operador e delator do mensalão do DEM. As imagens são de 2006, quando ela era candidata a deputada distrital, mas foram divulgadas apenas em março. Além da cassação de Jaqueline Roriz, está em jogo se o Conselho de Ética abrirá precedente para julgar fatos ocorridos antes do mandato parlamentar. Foi com essa tese, por exemplo, que deputados acusados de participaram do mensalão, em 2005, escaparam de cassação. Para o relator, é possível julgar casos anteriores ao mandato quando há prejuízo à imagem da Câmara e os fatos eram desconhecidos ao eleitor. _____________________________________________________________________ Relator pede veto à união Sadia-Perdigão Julgamento do Cade é suspenso e deve ser retomado na quarta; tendência é que demais conselheiros votem contra fusão Ações da BR Foods fecham o dia em queda de 6%; empresa afirma esperar "solução que não seja tão radical" Lorenna Rodrigues (Mercado) Em um dos votos mais duros da história do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o relator da fusão entre Sadia e Perdigão, Carlos Ragazzo, pediu ontem que o negócio seja desfeito. Após quase sete horas, um pedido de vista do conselheiro Ricardo Ruiz adiou o julgamento, que deverá ser retomado na próxima quarta. Ruiz disse que acompanhará o relator e votará contra a fusão. Outros três conselheiros ainda darão seus votos, mas, segundo a Folha apurou, a tendência é que a maioria vete a operação. "Raramente se vê, na análise antitruste, uma operação na qual a probabilidade de danos de mercado ao consumidor se mostra de maneira tão evidente. A aprovação desse ato tem o condão de causar aumento de preço e danos extremos aos consumidores", criticou Ragazzo. Em nota, a BRF (Brasil Foods), empresa resultante da união Sadia-Perdigão, disse discordar do posicionamento do relator e considerar o pedido de vista positivo, pois os demais quatro conselheiros "terão mais tempo para avaliar a questão". Se o Cade reprovar o negócio, a Perdigão terá um prazo determinado para vender toda a sua participação na Sadia e desfazer a operação. A empresa poderia recorrer à Justiça, mas mais de 80% das decisões do órgão são mantidas pelo Judiciário. Fechada em 2009, a compra da Sadia pela Perdigão resultou na terceira maior exportadora brasileira e em uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Logo após o negócio ser fechado, as empresas assinaram com o Cade um termo se comprometendo a manter as atividades separadas, para garantir que a operação seja revertida após decisão final. Enquanto Ragazzo lia o voto, a ação da BR Foods caía -fechou em queda de 6,27%. A Folha apurou que a empresa poderá, diante da perspectiva de ter o negócio vetado, propor um acordo. A BR Foods chegou a apresentar uma proposta -que previa a alienação de marcas menores-, considerada insuficiente pelo Cade. SOLUÇÃO NEGOCIADA "A empresa continua acreditando que exista argumentos para uma solução negociada. Quatro opiniões ainda precisam ser trabalhadas no sentido de encontrar uma solução que não seja tão radical", disse o vice-presidente de Assuntos Corporativos da BR Foods, Wilson Mello. Nas mais de 500 páginas de seu voto, Ragazzo ressaltou a concentração de mercado gerada pela fusão, que ultrapassa 60% de participação na maioria dos produtos. Ele chegou a analisar restrições que poderiam ser impostas à operação, como alienar uma das duas marcas principais, mas concluiu que nem assim o consumidor estaria protegido. Segundo estudos do conselho, a operação daria um poder de mercado tão grande que possibilitaria à BRF elevar os preços em até 40%. A empresa diz que, mesmo em 2010, quando a fusão já havia ocorrido, a alta média de seus produtos foi de 3%. Valor Econômico __________________________________________________________________ STF deve julgar reajuste anual para servidores Marta Watanabe O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar hoje ação judicial na qual se discute o direito de revisão anual de salários por servidores públicos. Relatado pelo ministro Marco Aurélio, o processo que chegou ao STF tem como origem ação judicial de policiais militares que questionaram o fato de o governo estadual de São Paulo não ter enviado à Assembleia Legislativa projeto de lei prevendo a revisão anual para a categoria. Participam formalmente do processo como interessados a federação que reúne servidores da Justiça Federal, além do sindicato de policiais civis de Londrina e do sindicato dos policiais federais de Santa Catarina. O processo tem aplicação da repercussão geral, o que significa que a decisão do STF no caso específico será aplicada a todos os processos judiciais que discutem o mesmo assunto. A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Fenajufe), que participa do processo como interessada, calcula que cerca de 2 milhões de servidores federais podem ser beneficiados com a decisão. Contabilizando também servidores estaduais e municipais, há em torno de 10 milhões de funcionários. O que o Supremo Tribunal Federal deve decidir é sobre a aplicabilidade ou não de um dispositivo constitucional sobre a remuneração dos servidores. Segundo a Constituição Federal, a remuneração dos servidores públicos pode ser fixada ou alterada por lei, assegurada a revisão anual, sempre na mesma data. O argumento dos Estados tem sido o de que o dispositivo não é auto-aplicável, porque precisa ser regulamentado por legislação própria em cada um dos Estados. Na ação contra o Estado de São Paulo, policiais militares pediram indenização porque o governo estadual deixou de enviar o projeto de lei para regulamentar e viabilizar a revisão anual de salários dos servidores. Procurada, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo informou por meio da assessoria de imprensa que deve comentar o assunto somente depois do julgamento do STF. Na ação, os policiais militares pedem indenização com reposição de inflação pelo IGPM desde 1997. Caso a decisão do STF seja favorável aos servidores públicos, o resultado do julgamento deverá ser aplicado para pedidos judiciais de indenização para repor a falta de revisão salarial por períodos relativamente longos. Saulo Arcangeli, coordenador geral da Fenajufe, diz que os servidores da Justiça Federal estão sem a revisão de salário considerada devida pela Fenajufe praticamente desde 1998. Segundo Arcangeli, os salários estão defasados em 130%. A Justiça Federal tem hoje cerca de 120 mil servidores. No caso dos policiais civis de Londrina, cujo sindicato também atua como interessado no processo, o período de indenização pleiteado pela categoria refere-se a um total de oito anos, de 1994 a 2001. Segundo o vice-presidente do Sindipol Londrina, Eli Almeida de Souza, que reúne a categoria da cidade, os policiais tiveram apenas um reenquadramento em 1994, devido à adoção de um novo plano de cargos e salários, mas ficaram até 2001 sem a revisão anual. "A iniciativa privada tem a discussão de reajuste salarial todo ano, na data-base. É justo que o servidores públicos também tenham." _____________________________________________________________________ Greve de servidores ameaça Kassab em ano pré-eleitoral Raphael Di Cunto A pouco mais de um ano da eleição de seu sucessor, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (que saiu do DEM para fundar o PSD), pode ter que lidar com a primeira grevegeral dos servidores municipais desde a gestão do ex-prefeito e hoje deputado federal Paulo Maluf (PP), que governou a cidade de 1993 a 1996. O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e Autarquias do Município de São Paulo (Sindsep), ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), decidiu anteontem entrar em "estado de greve" após não ter as reivindicações atendidas pela Prefeitura. "Há sete anos nós temos o salário reajustado em apenas 0,01%. É ridículo", afirmou a presidente da Federação dos Trabalhadores Municipais do Estado de São Paulo (Fetam-SP), Paula Leite. Os trabalhadores pedem aumento de 39%, referente as perdas dos últimos dez anos, mudanças na lei salarial e revisão do plano de carreira, além de questões referentes a carreias específicas. A Prefeitura propôs estender gratificações salariais para categorias que ainda não recebiam o benefício, como os bibliotecários, apresentar um calendário de negociações para os funcionários da área da saúde e aumentar o piso mínimo dos servidores de R$ 545 para R$ 630, já incluídos bônus e benefícios - medida que, segundo o sindicato, só afetará os novos funcionários e parte dos aposentados. Desde 1º de abril, o salário mínimo brasileiro é de R$ 545 e de R$ 600 em São Paulo. Para a presidente do Sindsep, Irene Batista de Paula, as propostas foram insuficientes. "Vamos voltar ao local de trabalho e conversar com os companheiros para aderirem a greve", disse. A manifestação, realizada em frente à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão na terça-feira, reuniu mais de 3 mil pessoas, nas contas do sindicato, e cerca de 450, segundo a Polícia Militar, mesmo com a forte chuva que caiu em São Paulo. Nova assembleia foi agendada para o dia 21 de junho, desta vez em local fechado, para decidir se os trabalhadores entram em greve, como pretende o Sindsep. Apesar de o sindicato ter ligação com o PT, não eram vistas camisas ou faixas do partido na manifestação de ontem. Com a criação do PSD, Kassab ensaiou uma aproximação com o PT, prejudicada pela denúncia de colaboração de assessores seus na quebra do sigilo fiscal do ex-ministro Antonio Palocci. PT e Kassab deve se enfrentar em 2012, pelo menos no primeiro turno. A greve-geral, se realmente ocorrer, deve virar novo palco de embate entre os dois adversários. ______________________________________________________________ Nova política industrial quer elevar taxa de investimento para 23% do PIB Sergio Leo Só as indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus terão incentivos fiscais para a fabricação de telas maiores que as usadas nos tablets, computadores no estilo do Ipad, informou ao Valor o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Ele adiantou que será editada em breve uma medida provisória para evitar que fabricantes de TV usem indevidamente os benefícios da Lei de Informática. Pimentel informou também, que, na próxima semana, devem ser acertados os detalhes da nova política industrial, em reunião ministerial que poderá ter a presença da presidente Dilma Rousseff. A nova política industrial, por enquanto chamada de Política de Desenvolvimento Competitivo (PDC) terá um novo nome, no estilo de outros programas de governo, como o Minha Casa, Minha Vida. E terá, como metas, aumentar os investimentos em capital fixo no país, dos atuais 18,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para 23% até 2014; elevar, nesse período, o dispêndio privado com ciência e tecnologia, de 0,55% para 0,9% e reverter a tendência de perda de importância da produção industrial na economia, ampliando a parcela da indústria no PIB, de 18,3% para 19,5%. A edição da medida provisória para atender às preocupações da Zona Franca de Manaus e a própria divulgação do regulamento com o processo produtivo básico para os beneficiários dos incentivos fiscais aos tablets fazem parte da política do governo de divulgar, antecipadamente, medidas que comporão a PDC, à medida que são definidas pelos ministérios do Desenvolvimento, da Fazenda e da Ciência e Tecnologia. As linhas gerais do plano, com o conjunto das medidas e metas, devem ser divulgadas oficialmente até o fim de julho, previu Pimentel. Na próxima semana deve ser anunciado o novo Supersimples, com simplificação de impostos para pequenas e médias empresas. O Supersimples enquadrará como beneficiárias do sistema de tributação simplificada as empresas com faturamento de até R$ 3,6 milhões (hoje o teto é R$ 2,4 milhões) e excluirá desse limite as receitas com exportações, para estimular aumento nas vendas ao exterior, antes contidas pelas restrições do programa. Pimentel descarta, porém, a ampliação do programa para todas as empresas de setores inteiros, como o têxtil, que reivindica a ampliação do benefício para aumentar a escala de produção. O PDC segundo confirmou o ministro, terá forte ênfase no incentivo a inovações e tecnologia, com o favorecimento, nas compras de governo, de firmas que investem em conteúdo e pesquisa tecnológicas no país. Como antecipou o Valor, será regulamentada a medida provisória que concede preferência a essas empresas, autorizadas a praticar preços até 25% maiores que a concorrência nas licitações para o setor público, e os órgãos de governo serão autorizados a encomendar a consórcios de empresas projetos de desenvolvimento tecnológico em setores como defesa, saúde e elaboração de programas de computador. Entre as medidas de redução de tributos, reivindicadas pelas empresas, a principal será a desoneração da folha de pagamentos, que será um dos temas principais da reunião da próxima semana. "A medida vai sair, falta discutir o formato, os detalhes", comentou. A desoneração virá com o fim da cobrança de contribuição à Previdência, mas o governo ainda não decidiu como compensar a perda dessa receita, o que deve ser feito provavelmente com o aumento da tributação sobre o faturamento de empresas. Pimentel informou que também estão em discussão com o Ministério da Fazenda a possibilidade de as empresas creditarem-se imediatamente do PIS e do Cofins pago pelas máquinas adquiridas para produção (hoje o prazo para esse crédito é de até 12 meses) e a redução, de até cinco anos para 12 meses, do prazo para descontar do lucro tributável o valor com as compras de máquinas e equipamentos (depreciação acelerada). Além disso, será assegurada a isenção de IPI sobre todos tipo de bem de capital, de máquinas e equipamentos a material de transporte e bens de informática usados na produção pelas indústrias. "São medidas que estão sendo decididas no âmbito do ministério da Fazenda", adiantou o ministro. _____________________________________________________________________ Gleisi era a escolha de Dilma para Casa Civil antes de Palocci Raymundo Costa A escolha da senadora Gleisi Hoffmann para substituir Antonio Palocci na Casa Civil foi uma decisão solitária da presidente Dilma Rousseff. Ela consultou na segunda-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desde a transição de governo sabia que Gleisi era a opção de Dilma para o cargo. Na transição, Dilma já falara em Gleisi para a Casa Civil, numa composição que teria Palocci na Secretaria Geral da Presidência. Lula sugeriu a Dilma que o melhor seria contar com Palocci, seu ex-ministro e uma espécie de guardião das conquistas econômicas do governo do PT, enquanto Gleisi ganharia experiência no Senado. Embora em primeiro mandato, Gleisi não é propriamente uma novata: em sua primeira disputa eleitoral, em 2006, quase derrotou o veterano Álvaro Dias (PSDB), na disputa pelo Senado, em 2006. Em 2008 concorreu à Prefeitura de Curitiba e em 2010, ao disputar novamente o Senado, obteve a maior votação do Estado para o cargo. Gleisi é respeitada no PT e deve compor com Dilma e com o ministro das Relações Institucionais o triunvirato palaciano que vai se ocupar mais da coordenação política do governo, a partir de agora. Por enquanto, fica na coordenação política o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), mas seu nome não é aposta de longo prazo. O ministro permanece porque nem Dilma nem Gleisi pretendem cobrar dele a fatura que é de Palocci - o estrangulamento da articulação política do governo. A prioridade do Planalto, agora, é acabar com o clima de guerra aberta no PT da Câmara e reconciliar o vice Michel Temer com a presidente. A relação ficou abalada com a ameça de demissão dos ministros do PMDB na votação do Código Florestal. Temer é considerado no Planalto o pemedebista mais acessível ao diálogo. Em seu discurso de posse, Gleisi mencionou pelo menos duas vezes o nome do pemedebista. Numa delas, disse que estaria sempre "à disposição para decidir com todos, de acordo com as prioridades" de Dilma e de Temer. A vaga de Gleisi no Senado será de um pemedebista. No PT a maior preocupação é com a conflagração entre os deputados: o presidente da Câmara, Marco Maia (RS), o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP) e o líder da bancada, Paulo Teixeira (SP), disputam espaço. A situação é mais grave entre os líderes Teixeira e Vaccarezza. No caso do PT, especificamente, a presidente deve acionar o presidente do partido, Rui Falcão, e ministros como Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) para tentar conter as divergências internas. Mas Dilma também prometeu estar mais presente na condução dos assuntos políticos, a partir de agora. Quando foi escolhida por Lula para disputar a sucessão, muitos no PT duvidaram da capacidade e da habilidade da presidente para enfrentar uma campanha eleitoral. Agora ela promete participar da coordenação política com a mesma disciplina que conduziu sua campanha, em 2010. Os ministros também devem ser acionados. Um exemplo é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ex-secretário-geral do PT. Cardozo deve ser acionado quando PEC 300 (aumento dos policiais militares e bombeiros), por exemplo, voltar a ser tratada no Congresso. A própria Dilma tratou de especificar a agenda de Gleisi no discurso de posse da ministra: inflação, rigidez fiscal, investimento em educação, geração de empregos, distribuição de renda. Todos assuntos que requerem articulação política, coisa que Dilma fazia na Casa Civil, e Palocci, quando estava na Fazenda. Para o Ministério das Relações Institucionais, como de praxe, deve ficar o varejo da política congressual. Luiz Sérgio pode até permanecer no cargo, se demonstrar desenvoltura no cargo. De qualquer forma, a presidente não deve mexer na coordenação política antes de resolver a crise interna do PT na Câmara. Nos 23 dias de crise, Dilma e Lula tiveram o cuidado de agir sem passar a impressão de interferência e tutela do ex-presidente sobre a afilhada que ajudou a eleger em 2010. Há pouco mais de uma semana, antes de viajar para Cuba, Lula disse a Dilma que na volta iria a Brasília para conversar com a presidente. Dilma concordou, mas pediu que fosse evitada a situação ocorrida da última vez em que Lula esteve em Brasília, logo após a derrota do governo na votação do Código Florestal, quando se reuniu com líderes do e passou a impressão de tutelar o governo de sua ex-ministra. Na volta, Lula preferiu não viajar a Brasília. Os dois conversaram por telefone depois da entrevista que Palocci concedeu explicando a evolução de seu patrimônio pessoal. Para a presidente já ficara claro, então, que Palocci não reunia mais condições políticas para permanecer no cargo - pesquisas mostravam que a crise atingira o governo e Dilma tinha notícias segundo as quais a oposição conseguiria reunir o número necessário de assinaturas para instalar uma CPI. A presidente procurara dar sustentação a Palocci, mas já não havia como mantê-lo. Na segunda-feira, Dilma disse a Gilberto Carvalho, atual secretário-geral da Presidência e ex-chefe de gabinete de Lula, que escolhera Gleisi para a Casa Civil e perguntou o que ele acha. "Ótimo", teria sido a resposta do ministro à presidente. Lula não ficou surpreso. Com a escolha de Gleisi, a presidente demonstrou autonomia que fora posta em dúvida com o agravamento de uma crise que ainda é latente na coordenação política. Gleisi, por seu turno, é vista como representante da renovação há muito buscada pelo PT, uma espécie de retomada dos valores mais caros ao partido, antes da crise o mensalão: integridade moral, ética e eficiência administrativa. Na reunião da bancada dos senadores do PT com Lula, Gleisi foi quem chamou a atenção de que o problema Palocci tratava-se era pessoal e não justificava o engajamento do partido em sua defesa. Quem conhece a presidente e a nova ministra diz que engana-se quem diz ser Gleisi" a Dilma da Dilma". Se fosse para ser assim a escolhida seria Miriam Belchior, ministra do Planejamento: a senadora é um ser essencialmente político. _____________________________________________________________________ Gleisi vai acelerar votação do código sem emenda 164 Mauro Zanatta e Raymundo Costa Se depender da nova ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a reforma do Código Florestal será acelerada no Senado e talvez ocorra já em agosto, como deseja a presidente Dilma Rousseff. Ambas estão preocupadas com as pressões internacionais em razão da falta de avanço na aprovação da nova lei ambiental, mas também com as incertezas vividas pelos produtores brasileiros. A substituição de Antonio Palocci por Gleisi Hoffmann deve significar uma distensão nas negociações. De um modo geral, a nova ministra concorda com o parecer do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP), alvo de críticas de organizações não governamentais e de ex-ministros do Meio Ambiente. Gleisi entende que o problema é a Emenda 164, apresentada e defendida pelo PMDB no plenário da Câmara por ampla maioria. A ministra estimula o entendimento entre os relatores da reforma na comissão de Meio Ambiente, senador Jorge Viana (PT-AC), e nas comissões de Agricultura e de Constituição e Justiça, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), com o deputado Aldo Rebelo. E entre eles próprios. A inquietação do PMDB, que se sente diminuído na composição política do governo, é um dos problemas que a nova ministra terá de contornar para cumprir o cronograma que ela e a presidente consideram ideal. A reunião do ex-ministro Palocci com os ex-ministros do Meio Ambiente foi considerada um erro do antigo chefe da Casa Civil. Ela deixou a impressão de que o governo ficara contra a grande maioria do Congresso, que votou favoravelmente ao relatório de Aldo Rebelo, quando o que Gleisi acha efetivamente ruim para a causa ambiental é a Emenda 164, que permite "anistia" a desmatamentos ilegais. Em meio à acirrada disputa entre parlamentares ambientalistas e ruralistas no Congresso, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entrou ontem no debate sobre a reforma do Código Florestal ao criticar duramente os impactos da proposta aprovada por 410 votos contra 63 na Câmara dos Deputados. Em um amplo estudo divulgado ontem, os pesquisadores do Ipea, vinculado ao comando do ministro pemedebista Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), defendem a manutenção da atual legislação para as áreas de reserva legal (RL). E enumeram as oportunidades que seriam perdidas pelo Brasil no caso de aprovação da reforma pelo Senado. Pelos cálculos dos especialistas do Ipea, a proposta de isenção de recuperação de RLs em propriedades rurais até quatro módulos fiscais ofereceria "anistia" a 29,6 milhões de hectares de "passivo ambiental". A maior parte disso, cerca de 18 milhões de hectares (ou 61%), estão situados na Amazônia. Se a isenção de RLs fosse estendida a todas as propriedades, o "passivo" subiria a 48 milhões de hectares. A Caatinga seria o bioma mais prejudicado. Mata Atlântica, Pampa, Cerrado, Amazônia e Pantanal completariam a lista. Cada módulo fiscal tem entre 5 e 100 hectares, segundo o município. O Ipea calcula que o Brasil deveria ter atualmente 258 milhões de hectares de reserva legal, mas apenas 160 milhões estão de pé hoje - 62% do exigido pela lei atual. "Os resultados obtidos neste estudo indicam que a alteração proposta no PL 1876/99 para as áreas de RL impactarão significativamente sobre a área com vegetação natural existente nos biomas brasileiros e sobre os compromissos assumidos pelo Brasil para redução de emissões de carbono", afirmam os especialistas do Ipea ao pedir a conciliação do desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. "Temos um potencial florestal enorme e somos um dos países com a maior biodiversidade do mundo. O Brasil não tem nenhuma política efetiva para desenvolver esse potencial, principalmente nas pequenas propriedades", afirmou a especialistas de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Ana Paula Moreira. Para defender a recomposição das RLs hoje em desacordo com o atual Código Florestal, o Ipea calcula que a recuperação poderia contribuir com a redução de 18,6 gigatoneladas de CO2 equivalente nas emissões de gases do efeito estufa. Isso significaria cerca de 18 anos do compromisso brasileiro assumido pela então ministra Dilma Rousseff na Cúpula do Clima da ONU em Copenhague. O Ipea avalia, ainda, que, sem a recomposição das reservas legais, o país deixaria de ganhar entre US$ 93 bilhões a US$ 141,5 bilhões em créditos de carbono. Por esse cálculo, seriam perdidas de 17,4 bilhões a 28 bilhões de toneladas de carbono nessas áreas de RL. "Defendemos que sejam mantidos os dispositivos que se têm hoje para recuperar as áreas de passivo ambiental. Assim, contribuímos para aumentar o sequestro de carbono e cumprir essas metas", afirmou o especialista em Políticas Públicas do Ipea, Fábio Alves. O Globo _____________________________________________________________________ Taxa Selic: com a quarta alta seguida, BC mira na inflação de 2012 O Globo, com Valor e Reuters Desde o início do governo da presidente Dilma Rousseff, em janeiro, a taxa básica de juros do país já foi elevada em 1,5 ponto percentual, mas o impacto no crédito ao consumidor final foi ainda maior. Isso porque, em dezembro passado, o BC divulgou medidas denominadas "macroprudenciais" que encareceram e limitaram o crédito de longo prazo. Para o mercado, esse movimento correspondeu a uma alta de 0,75 ponto da Selic. Dentro do BC, a avaliação é que a inflação perderá força a partir de agora, com o IPCA podendo ficar muito próximo de zero em junho e julho. No acumulado em 12 meses, no entanto, o indicador somente começará a ceder a partir de agosto e, até lá, deve ultrapassar 7%, estourando de longe o teto da meta do governo, de 6,5%. Isso ocorrerá, acredita o BC, pela desaceleração dos preços de alimentos e sobretudo pelos efeitos das ações já adotadas, incluindo as elevações da Selic. O IPCA de maio, divulgado na última terça-feira e que mostrou uma alta de 0,47%, menor do que a de 0,77% vista em abril, já foi um primeiro sinal desta trajetória, na avaliação do BC. Juros básicos passam de 12% para 12,25% ao ano Analistas argumentam que outras ações foram tomadas pela equipe econômica nos últimos meses e que também ajudam a fortalecer o aperto monetário. Entre elas, as novas regras para cartões de crédito, que começaram a valer neste mês e que estabeleceram, por exemplo, pagamento mínimo da fatura em 15%, patamar que subirá para 20% em dezembro. - Mas é bom lembrar que o BC tem deixado claro que a Selic é o principal instrumento de política monetária e esse ritmo pequeno (com altas de 0,25 ponto) pode ser bom porque ele pode ir testando (a eficiência da ação) - afirmou o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Telles, para quem o Copom elevará a Selic até 12,75% em agosto. O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, elevou a taxa Selic de 12% para 12,25% ao ano, repetindo o movimento de abril. A decisão foi unânime e era amplamente esperada pelos agentes econômicos. O Copom afirmou, em nota, que "considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional", (...) "a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012". No mercado é dado como certo que o Copom repetirá a dose e elevará a Selic novamente em 0,25 ponto percentual em julho, quando se reúne novamente. A partir daí, as expectativas estão difusas e existem instituições que entendem que ela vá até a 13% até o fim do ano, caso também do Santander. Essa dispersão mostra que ainda há dúvidas sobre a condução da política monetária e se ela é, de fato, suficiente para segurar a inflação. Empresários e trabalhadores criticam nova alta A elevação da taxa em 0,25 ponto recebeu críticas de segmentos do comércio e sindicatos de trabalhadores. Embora considere a política monetária como principal meio de combate à inflação, a Fecomércio-Rio classificou a elevação dos juros como "um revólver para matar um mosquito". Segundo a associação, a atividade econômica já perdeu fôlego diante de medidas tomadas pelo Banco Central. "O país já vive desacelerações visíveis no consumo das famílias, na atividade econômica e no avanço da massa salarial. Essas desacelerações são frutos de elevações já realizadas na Selic, entre outras ações. Além de encarecer ainda mais o crédito, elevar a taxa em 0,25 p.p. onera a despesa com juros do setor público e pressiona o já frágil quadro fiscal brasileiro. Isso sem falar no efeito sobre o câmbio, por conta da atração do capital estrangeiro", afirma nota assinada por Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ. Para Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), o Copom já deveria começar a reduzir a taxa Selic. - Os indicadores da economia mostram que não há motivos que justifiquem a elevação da taxa Selic, mas sim para retomar o processo de queda dos juros. Cada ponto percentual da Selic representa aproximadamente R$ 19 bilhões no crescimento da dívida pública - diz o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. As ações do BC, elevando a Taxa Selic, também acabam afetando a dívida pública interna. Isso porque, segundo o economista-chefe da corretora Prosper, Eduardo Velho, cerca de 60% dela estão atrelados à taxa, incluindo os papéis prefixados. Só a alta de ontem deve representar um desembolso de R$ 3 bilhões em um ano. Mas, se forem levados em consideração a alta desde janeiro (1,5 ponto no total), a fatura é ampliada em R$ 14 bilhões. Copom O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros. O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e pelos diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração. No primeiro dia da reunião participaram também os chefes dos seguintes Departamentos do Banco Central: Departamento Econômico (Depec), Departamento de Operações das Reservas Internacionais (Depin), Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), além do gerente-executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin). A próxima reunião do Copom ocorrerá nos dias 19 e 20 de julho. Diário do Grande ABC ______________________________________________________________ Sindicato dos Químicos do ABC faz debate na sexta Terá início nesta sexta-feira, 10 de junho, a primeira etapa do projeto "A indústria química 2020 - um outro rumo é possível", de iniciativa do Sindicato dos Químicos do ABC. Esse primeiro debate de um ciclo de três, abordará aspectos da dimensão econômica da indústria química. O evento de sexta-feira, que será no auditório do sindicato (avenida Lino Jardim, 401, Santo André), terá início às 9h, com o painel: 'Situação atual da indústria química no Brasil e no mundo, perspectivas e ameaças'. Terá como debatedores Marilane Oliveira Teixeira, economista da Confederação dos Trabalhadores no Ramo Químico da CUT, Fernando Figueiredo, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química e Gabriel Lourenço Gomes, chefe do departamento de Indústria Química da Área de Insumos Básicos do BNDES. Às 11h está previsto o painel ABCD da indústria química: possibilidades e limitações, com a presença de José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, Thomaz Ferreira Jensen, economista da subseção do DIEESE no Sindicato dos Químicos do ABC, e Mario Reali, prefeito de Diadema e presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. PROJETO - O projeto "A indústria química em 2020 - um novo rumo é possível" foi lançado no dia 3 pelo Sindicato dos Químicos do ABC, com apoio da CUT, sindicatos, prefeituras e empresários da indústria química da região. A proposta procura inserir o trabalhador nas discussões deste Ano Internacional da Química e contribuir com as discussões da Rio+20 para o alcance da chamada Meta 2020 para uma gestão segura e saudável das substâncias químicas. Serão realizados aqui na região um ciclo de debates, com início em 10/06, e uma conferência internacional, no fim de setembro. Diário Catarinense ______________________________________________________________ Estado pede ao Sinte que apresente sua proposta Professores têm até hoje para formular uma alternativa que fique dentro do limite de R$ 22 milhões Sem avanços nas negociações, a greve deve continuar na rede estadual de ensino. A decisão sai, hoje, da assembleia estadual dos professores. Ontem, o governo afirmou que as alternativas foram esgotadas e pediu que o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) apresente, até hoje de manhã, uma proposta dentro dos limites financeiros do Estado ou escolha uma das três opções dadas até agora. As propostas foram apresentadas entre 23 de maio e a última segunda-feira (ver quadro). Todas foram rejeitadas pelos professores, que não abrem mão dos valores da regência de classe de 40% sobre o salário-base para professores do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, e de 25% para docentes do 6º ao 9º ano do fundamental e do ensino médio. O secretário-adjunto da Educação, Eduardo Deschamps, disse que a manutenção do índice aumentaria os gastos mensais em R$ 34 milhões. O limite do governo era de R$ 20 milhões, e chegou a R$ 22 milhões. – Os recursos não virão mais apenas da pasta da Educação. Precisaremos recorrer ao tesouro do Estado – observou Deschamps. Para ele, até agora apenas o governo fez concessões. – Estamos há duas semanas fazendo melhorias. O Sinte não cedeu em nada. Isso não é negociar. O documento entregue ontem aos professores, e que passou pela revisão do governador Raimundo Colombo, informa que se o sindicato não aceitar nenhuma proposta, elas serão retiradas e será mantida a medida provisória (MP) que paga o piso para 35 mil docentes que recebiam salário-base menor do que R$ 1.187. Pedidos só depois da assembleia A coordenadora estadual do Sinte, Alvete Bedin, afirmou que o sindicato apresentará a proposta após discussão na assembleia estadual das 14h, na Passarela Nego Quirido, na Capital. Eles pedirão que o Estado mostre como vai repassar o reajuste do primeiro nível (de 94%) para o restante da tabela, como a categoria pede. – Queremos saber como ele vai complementar essa aplicação do piso que ele fez. Em quantas parcelas e até quando isso será feito? – questionou. Alvete disse que as propostas do governo serão discutidas, mas que dificilmente alguma será aceita e, por isso, a greve continua. – Não aceitamos perder os valores da regência de classe. Estamos cedendo nossos direitos há dois anos e meio. A categoria não aguenta mais. Ontem, o secretário da Educação, Marco Tebaldi, ressaltou que a lei não fala em progressão de carreira e que o cumprimento da lei – que prevê reajuste de 22% para 2012 – vai exigir a reestruturação da tabela atual. – O plano atual é defasado. É preciso discutir a nova tabela. Por isso, propomos o grupo de trabalho – disse. Correio Braziliense _____________________________________________________________________ Servidores em greve da UnB fecham setores da instituição O comando de greve dos servidores técnicos-administrativos da Universidade de Brasília fechou, na noite de terça-feira (7/6), alguns setores da instituição devido à paralisação da categoria. Entre os locais, o Restaurante Universitário, a Biblioteca Central, o Almoxarifado Central, a Prefeitura do campus e a garagem da UnB. De acordo com o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação da Universidade de Brasília (Sintfub), Antônio César de Oliveira Guedes, outros setores ainda serão fechados. A decisão foi aprovada em reunião na tarde de terça-feira realizada na Praça Chico Mendes horas depois de os servidores aderirem, por unanimidade, o movimento de greve nacional proposto pela Federação de Sindicato de Trabalhadores em Educação das Universidade Brasileiras (Fasubra). Durante a reunião, os servidores decidiram fechar alguns setores da UnB e também definiram políticas de greve. Como a garantia dos serviços essenciais, 50% dos vigilantes e 30% dos técnicos-administrativos trabalhando enquanto durar o movimento. "Fechamos esses setores porque faz parte da política de greve do movimento. Vamos fechar ainda outros setores hoje. Inclusive estamos pedindo a compreensão da comunidade universitária durante esse período", explica Guedes. Adesão Os integrantes do Sintfub seguem nesta manhã para o Hospital Universitário de Brasília (HUB) onde vão convocar uma reunião com os servidores para discutir a paralisação. "Queremos informar aos servidores como será a greve e que eles podem aderir ao movimento, mas garantindo sempre o atendimento de 30% dos serviços", afirma o coordenador-geral do sindicato. Para isso, o comando de greve se reúne com servidores e também com a direção do hospital. O encontro estava previsto para iniciar às 9h de hoje. Mais tarde, o comando se reúne novamente. Desta vez, às 14h30 em um auditório da universidade. Reivindicação Os servidores querem o reajuste do piso de três salários mínimos e pontos da carreira discutidos desde 2007, como a racionalização dos cargos e o reposicionamento aos aposentados. Eles ainda pedem a abertura imediata de concursos públicos para substituir a mão de obra terceirizada nas áreas administrativas e nos hospitais universitários. Além da UnB, outras universidades federais aderiram ao movimento nacional. São elas, a do Rio Grande do Sul (UFRGS), a de Pernambuco (UFPE), a rural de Pernambuco (UFRPE), a de Santa Catarina (UFSC), a do Rio Grande do Norte (UFRN), a de Tocantins (UFT) e a de São Carlos (UFSCAR). Estado de Minas _____________________________________________________________________ Câmara de BH consegue brecha para contratar terceirizados Manobra da Mesa Diretora amplia quadro de funcionários terceirizados com abertura de 74 cargos, que vão custar R$ 1 milhão por ano aos cofres públicos Juliana Cipriani Na contramão de acordo firmado com o Ministério Público de Minas Gerais há sete anos – para reduzir cargos sem concurso público na Casa –, a Câmara Municipal de Belo Horizonte está abrindo 74 cargos terceirizados de diversas funções, que vão custar aos cofres públicos anualmente cerca de R$ 1 milhão. Licitação em andamento na Casa aumenta o quadro de funcionários não concursados sem interferir no limite de gastos do Legislativo com pessoal, fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A contratação é permitida graças a uma manobra da Mesa Diretora, que aproveitou a reforma administrativa da Câmara em abril para mudar artigo de uma lei de 2004 que limitava os terceirizados a 80% do número de contratados. À época, foi firmado um termo de ajustamento de conduta com o MP, que considerou alto o número de cargos não concursados no Legislativo municipal. O acordo foi para cortar cargos de recrutamento amplo e transformar e manter, como terceirizados, os que fossem de extrema importância. Pela concorrência em andamento, serão 74 terceirizados, alguns dos cargos já existentes em um contrato prorrogado até março de 2012, como desenhista, secretário de cerimonial e fotógrafo. A Câmara também está contratando 20 auxiliares de secretaria, 42 recepcionistas, dois técnicos em edificação, dois garçons e um programador visual. Os salários variam de R$ 900 a R$ 3,4 mil. As contratações por terceirização são uma forma de driblar a Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo a qual os gastos do Legislativo municipal com pessoal não pode ultrapassar 6% da receita corrente líquida do município. Pela lei, os contratos de terceirização de mão de obra são contabilizados como “outras despesas de pessoal”, não esbarrando no limite. Além do contrato para funções diversas, a Câmara lançou edital para contratar 35 funcionários na área de segurança com salários variando de R$ 1.232,22 a R$ 1.3334,90. Com adicionais e benefícios, eles custarão aos cofres públicos mais cerca de R$ 61 mil mensais. O presidente da Câmara, vereador Léo Burguês (PSDB), alega que apenas 17 cargos novos estão sendo criados com a licitação e que eles custarão R$ 28 mil a mais por mês. Segundo o tucano, a Casa tem atualmente três contratos para as mesmas funções que está contratando e, com a conclusão da licitação, será extinto um contrato com a Átima e, parcialmente extintos dois contratos com a Método. “Esses contratos atuais serão extintos porque eu não posso ter mais de um com o mesmo objeto”, alega. HORA EXTRA De acordo com Léo Burguês, a Casa pagou pelos três contratos atuais em abril R$ 269,63 mil, incluindo hora extra. Com a tomada de preço, o novo contrato custará R$ 232 mil por mês. “Isso é administração. Eu pago mais caro com hora extra do que se contratar novos funcionários. Teremos mais gente pagando praticamente a mesma quantia”, afirma. De acordo com o parlamentar, os contratos vigentes não foram extintos ainda para que a Casa não fique nenhum período sem os funcionários. Também segundo o tucano, a casa pretende economizar com o programa de aposentadoria voluntária, que vai atingir até 34 funcionários. “Com isso, vamos economizar R$ 4 milhões no primeiro ano e R$ 7 milhões no segundo. As novas contratações, segundo Burguês, são para adequação das necessidades da Casa. Ele afirma que a mudança na reforma administrativa libera a contratação de terceirizados de apenas alguns cargos, como garçons, motoristas e fotógrafos. Hora do Povo ____________________________________________________________________ Universalização das teles é deixar 60,9% do Brasil sem banda larga Segundo estudo da LCA & Associados feito para o SindiTelebrasil, acesso aumentaria de 20,5% para 39,1% da população em 2014 No 55º Painel Telebrasil, evento promovido pelas teles, elas apresentaram um interessante “estudo”, contratado com a consultoria LCA & Associados. Por ele, descobrimos que as teles não são capazes, não querem e não vão universalizar a banda larga. Dirá o leitor arguto: qual a vantagem de descobrir o que já sabíamos? Bem, leitor, acreditamos que o ministro Paulo Bernardo poderá tirar proveito da leitura desse levantamento – cuja ligação com a realidade é o interesse das teles, que é o que ele reflete. Disse o ministro, ao abrir o 55º Painel Telebrasil: “Precisamos elevar substancialmente o investimento em redes de alta velocidade em nosso país. Isso passa por medidas legais e regulatórias que induzam o investimento privado, como é o caso das licitações de radiofrequência com compromissos de abrangência, da liberalização das outorgas da TV a Cabo, da desoneração tributária dos tablets que fizemos há poucos dias”. Bernardo, portanto, acha que para “induzir” o investimento das teles em banda larga, o Estado tem que mudar suas leis e regulações – que são mais do que frouxas – a favor delas; que é preciso doar a elas mais parcelas do espectro eletromagnético; que é preciso abrir a TV por assinatura para elas – que já têm, ilegalmente, as duas maiores empresas do ramo; e, além disso, que o Estado tem que conceder isenções de impostos, parciais ou totais, a elas. Não se sabe por que, desta vez, ele esqueceu a doação do dinheiro dos fundos de telecomunicações – que são dinheiro público, dinheiro do povo. As teles têm o maior faturamento entre todos os setores empresariais presentes no país – R$ 150 bilhões. Têm também uma margem de lucro alucinada. Não precisaram investir na construção das empresas, recebidas via privatização. Porém, Bernardo acha que é pouco para “induzi-las” a investir. Então, vejamos o “estudo” da LCA & Associados que elas apresentaram no Painel TeleBrasil. A depender das teles, e de seu colossal investimento, a penetração da banda larga na população brasileira passará dos atuais 20,1% para 28,7% em 2014. Somente sobrarão 71,3% dos brasileiros... O que, naturalmente, é apenas uma previsão de uma consultoria paga para fazê-la (cf. Telebrasil/LCA, “Contribuições para o Plano Nacional de Banda Larga”). Segundo as teles, é impossível fornecer a velocidade de 1 Mbps a R$ 35, como determinou a presidente Dilma, pois as teles querem garantir uma entrada de caixa operacional (ou seja, somente explorando o usuário, fora seus ganhos financeiros) de 25% da receita líquida – mais ou menos a margem da maior empresa do Hemisfério Sul, a Petrobrás, sexta empresa do mundo em lucros, com a exploração, refinamento e distribuição de quase todo o petróleo do país e mais com os seus negócios internacionais e em outras áreas. O leitor não deve se espantar: isso é uma concessão aos pobres, pois, no ano passado, essa margem foi de 35%, e, nos anos anteriores, em torno de 44% portanto, proporcionalmente, muito maior que a da Petrobrás, que, em 2010, chegou a 28%. Como em todo “estudo” de consultoria, este não é o único cenário. Existe outro, em que o governo paga a conta. As teles, aliás, apresentaram no Painel Telebrasil o valor dessa conta ao governo: R$ 144 bilhões (!) nos próximos 10 anos. No entanto, nem assim elas conseguiriam universalizar a banda larga. No mesmo “paper” da Telebrasil/LCA, dizem elas que se o governo pagar, a penetração da banda larga aumentará de 20,5% para 39,1% em 2014. Logo, haverá 60,9% da população sem acesso. Não reproduziremos aqui as projeções para 2020, pois admitimos que a paciência do leitor tem seus limites, já que nem lá elas chegariam à universalização da banda larga – e, também, porque em 2020 pretendemos estar discutindo qualquer outra coisa. O ministro Paulo Bernardo fez o diabo para atacar a Telebrás, bloqueou suas verbas, difamou-a pela imprensa, demitiu o idealizador do PNBL da presidência da empresa, instalou um “homem de mercado” no lugar, para conceder às teles o privilégio de achacar sem que os usuários tivessem alternativa (ou, em suas as palavras, para tirar a Telebrás da “disputa”). Entre suas ações nesse sentido, juntou-se à Anatel para dar às teles, sem licitação, a faixa de freqüência de 450 Mhz, que a Telebrás usaria para a banda larga no interior do país. Mas as teles foram ingratas. Como disse Bernardo durante o Painel Telebrasil, “as teles não estão interessadas muito, não [na faixa de 450 Mhz], ou não demonstram”. Quando alguém perguntou se não era a vez da Telebrás usar essa faixa, Bernardo esbravejou: “Não. Não há vez. Isso foi um delírio”. Delírio nos parece acreditar que as teles estão interessadas em fornecer banda larga aos pobres por preços racionais (aliás, por preços racionais, muito menos estão interessadas em fornecer banda larga para os ricos). Mas o ministro, depois de perguntar, também no Painel Telebrasil, “como as empresas se conformam em oferecer serviços que só atendem a cerca de 20% da população?”, exibiu a sua genialidade, ao responder: “Isso se deve à renitente opção das empresas de oferecer serviços caros e atender pouca gente”. Um economista português, o Conselheiro Acácio, aventou a hipótese de tal se dar porque elas são um cartel, ou seja, porque agem como um monopólio. E, refletiu Acácio, monopólios cobram preços de monopólio – por isso achacam uma faixa restrita do mercado, já que a maioria não tem dinheiro para pagar os seus preços. Agência Brasil _____________________________________________________________________ Alteração do Código Florestal terá impactos significativos, diz estudo do Ipea Danilo Macedo Brasília - Um comunicado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicado ontem (8) informa que a alteração do Código Florestal Brasileiro, aprovada na Câmara, terá impactos significativos “sobre a área com vegetação natural existente nos biomas brasileiros e sobre os compromissos assumidos pelo Brasil para a redução de emissões de carbono”. Por conta disso, o estudo indica a importância de serem buscadas alternativas para viabilizar a aplicação efetiva das leis ambientais, com o objetivo de “conciliar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental”. De acordo com o Ipea, o comunicado tem o objetivo de fornecer subsídios para a discussão de alteração do código no Senado, onde se encontra a proposta votada na Câmara. O estudo tem como foco as áreas de reserva legal em propriedades de até quatro módulos fiscais (entre 20 e 440 hectares, dependendo da localidade), que serão dispensadas de recuperação caso as mudanças se tornem lei. Um levantamento com base no Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), apresentado no texto, indica que o país tem 5,18 milhões de imóveis rurais, ocupando 571 milhões de hectares. Aqueles com até quatro módulos fiscais são 4,6 milhões, ou 90% do total. No entanto, elas ocupam apenas 24% da área total das propriedades do campo, com 135 milhões de hectares. Segundo o Ipea, os produtores rurais, principalmente os familiares, deveriam ser estimulados a preservar e recuperar as reservas legais de suas propriedades, recebendo pelo uso sustentável da floresta. “Esse incentivo poderia vir por meio de políticas de estímulo ao uso sustentável da reserva legal”, conclui o comunicado. _____________________________________________________________________ Atual proposta do Código Florestal poderá prejudicar metas brasileiras de redução de carbono, diz Ipea Roberta Lopes Brasília – Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) mostra que, se a atual proposta de mudança do Código Florestal for aprovada tal como saiu da Câmara dos Deputados para o Senado, o Brasil poderá atrasar o compromisso na redução da emissão de gás carbônico. Segundo o estudo, com a dispensa de recomposição de reserva legal – áreas de mata nativa que devem ser protegidas dentro da propriedade –, o Brasil vai desperdiçar 18,6 gigatoneladas de gás carbônico. Esse volume, diz o Ipea, poderia ser estocado caso a floresta fosse mantida. Isso porque, quando há desmatamento, as árvores deixam de absorver gás carbônico. “Defendemos que sejam mantidos os dispositivos que se têm hoje para recuperar as áreas que estão em passivo [ambiental], de modo que se contribua com essa recuperação para aumentar o sequestro de carbono e, com isso, ajudar ao Brasil no cumprimento dessas metas”, afirmou o especialista em Políticas Públicas do Ipea, Fábio Alves, referindo-se a metas estabelecidas pelo Protocolo de Quioto, do qual o país é signatário. Alves defendeu ainda que é possível conciliar as áreas de reserva legal com atividades econômicas. “Mantendo a reserva legal e aplicando os dispositivos que se tem hoje na legislação, é possível conciliar preservação ambiental e atividades economicamente sustentáveis e viáveis para a agricultura brasileira”, explicou. A técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Ana Paula Moreira, defendeu que a discussão do novo Código Florestal deveria trazer à tona o debate sobre o uso sustentável das áreas de reserva legal. “Temos um potencial florestal enorme e somos um dos países com a maior biodiversidade do mundo. O Brasil não tem nenhuma política efetiva para desenvolver esse potencial, principalmente nas pequenas propriedades”, afirmou. Ana Paula disse que é importante manter as áreas de reserva legal não só para preservação, mas para incentivar o uso sustentável dos recursos naturais. “Eles podem trazer, principalmente para os pequenos agricultores, uma grande lucratividade no seu uso”. A proposta do novo Código Florestal está em discussão no Senado e prevê que, nas propriedades rurais com até quatro módulos fiscais (medida que varia de 20 a 400 hectares, dependendo da região), não há a obrigatoriedade de recompor a área de reserva legal desmatada. Para esses casos, não haverá obrigatoriedade de percentual mínimo de preservação, sendo válida, para o cálculo, qualquer quantidade de vegetação nativa existente até julho de 2008. A proposta também tira do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) a prerrogativa de definir atividades em áreas de preservação permanente (APPs), que podem ser consideradas de interesse social, utilidade pública ou de baixo impacto. Elas passam a ser definidas pelos estados, pelo Distrito Federal – por meio do Programa de Regularização Ambiental – e pela União. _____________________________________________________________________ Ministério do Meio Ambiente trabalha para alterar Florestal no Senado, diz Izabella Teixeira Código Paula Laboissière Brasília – A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse ontem (8) que a pasta trabalha para alterar o texto do novo Código Florestal, aprovado na Câmara dos Deputados. A afirmação foi feita após reunião com senadores para tratar da ida da ministra ao Senado. “Não podemos ter um texto que possa gerar contradições, que não seja recepcionado pela sociedade, que não esclareça para o agricultor familiar e para o agronegócio quais os seus direitos e como se regulariza a situação do passado e, mais do que isso, como avançamos em uma agenda ambiental sólida”, explicou Izabella, sem detalhar os pontos que devem ser alterados. Ao lado dos senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Jorge Viana (PT-AC), Luiz Henrique (PMDB-SC), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Delcídio Amaral (PT-MS), a ministra avaliou o clima de discussão sobre o Código Florestal como extremamente positivo e de entendimento. “Temos a oportunidade não só de fazer ajustes das imperfeições, mas também de criar novas condições em torno do debate político sobre o código em relação ao clima, à biodiversidade, à agricultura de baixo carbono. Há um leque de temas que deverão ser objeto, pelo menos no que depende do ministério, para ampliar o debate político e favorecer o diálogo para um relatório conjunto”, destacou. A ida de Izabella Teixeira ao Senado estava agendada para hoje (9), mas, devido a um compromisso do senador Luiz Henrique, relator do projeto na Comissão de Agricultura do Senado, foi remarcada para a semana que vem. Após a reunião, o senador Rodrigo Rollemberg declarou estar convicto de que será possível construir um entendimento em torno do novo texto do Código Florestal. _____________________________________________________________________ Greve de técnicos já tem adesão de 24 universidades federais, diz federação de trabalhadores Amanda Cieglinski Brasília – A greve dos técnico administrativos de universidades públicas, iniciada na segunda-feira (6), já conta com a adesão de 24 instituições federais, de acordo com a Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra). As últimas adesões foram na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Universidade Federa da Bahia (Ufba), Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Universidade Federal de Viçosa (UFV). A paralisação foi aprovada no último fim de semana em uma votação apertada durante plenária nacional da categoria, em Brasília. A federação pede que o piso da categoria seja reajustado em pelo menos três salários mínimos. De acordo com a coordenadorageral da entidade, Léia Oliveira, hoje o vencimento desses servidores é R$ 1.034. O comando de greve ainda não tem um levantamento do percentual de servidores que aderiram ao movimento. De acordo com Léia, as atividades consideradas “essenciais” não serão interrompidas, como as pesquisas e o atendimento nos hospitais universitários. “Mas as áreas administrativas estão fechadas. De certa forma, os estudantes foram prejudicados porque fechamos os restaurantes universitários e as bibliotecas.” Desde que a greve foi declarada ainda não houve nova reunião com o Ministério do Planejamento para que as negociações sejam retomadas. O risco, no caso de uma greve prolongada, é que o início do próximo semestre fique comprometido, já que não há como processar as matrículas se as áreas administrativas estiverem fechadas. “Por isso, esperamos que essa negociação seja rápida. Hoje, conversamos com os reitores para que eles nos ajudem nessa intermediação com o governo”, disse Léia. _____________________________________________________________________ Governo lança plano para combater crimes nas fronteiras Pedro Peduzzi e Yara Aquino Brasília - Com o objetivo de enfrentar o crime praticado nos mais de 16 mil quilômetros de fronteiras, o governo federal lançou ontem (8) um plano que pretende intensificar o patrulhamento nessas regiões. O Plano Estratégico de Fronteiras terá operações integradas e coordenadas pelos ministérios da Justiça (MJ) e da Defesa – em especial as Forças Armadas e os órgãos de segurança pública federais, como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria Nacional de Segurança Pública e a Força Nacional de Segurança Pública. O plano tem por base duas operações: a Sentinela e a Ágata. De acordo com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Operação Sentinela “será remodelada e terá caráter permanente com elevação de 100% do efetivo empregado atualmente pelo MJ”. Nela, atuarão em conjunto as polícias Federal, Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança com apoio logístico das Forças Armadas. “A Operação Ágata será realizada de forma pontual e com duração determinada em locais definidos como áreas que necessitam de ações naquele momento”, acrescentou. Será criado também um Centro de Operações Conjuntas (COC) onde estarão reunidos comandantes das forças que atuam nas operações Ágata e Sentinela para fazer o planejamento e acompanhamento das ações desenvolvidas. Esse centro de gestão integrada funcionará no Ministério da Justiça. “As operações pontuais serão acompanhadas online pelo centro de controle onde estarão operando em conjunto os comandantes”, explicou o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Segundo ele, já foram identificados 34 pontos vulneráveis na região de fronteira que servirão de base para que o COC planeje as operações. Segundo Cardozo, os tipos de crimes mais comuns nas regiões fronteiriças são o tráfico de drogas, de armas e de pessoas. “Há também grande incidência de crimes fiscais e financeiros, como exportação ilegal de veículos, crimes ambientais e homicídios. Motivados por essas ações criminosas, os homicídios em municípios de região de fronteira ocorrem com maior incidência”, informou. Jobim destacou que o Brasil respeitará a soberania dos países fronteiriços. “Podemos nesse primeiro momento buscar a troca de informações com países vizinhos e, num segundo momento, pensar em operações conjuntas envolvendo diferentes países”, disse. A área de atuação do plano abrangerá mais de 2,3 milhões de quilômetros quadrados, o que equivale a 27% do território nacional. As ações cobrirão os principais pontos da linha de fronteira, cuja extensão é de 16.886 quilômetros. A faixa de fronteira brasileira se projeta por 150 quilômetros para dentro do território nacional, a partir da linha divisória com os dez países vizinhos, compreendendo 11 estados, 710 municípios e abrangendo uma população de 10,9 milhões de pessoas. _____________________________________________________________________ Ministério Público fluminense volta denunciar Siderúrgica do Atlântico por crimes ambientais Companhia Cristiane Ribeiro Rio de Janeiro - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro voltou a denunciar ontem (8) a Thyssenkrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) por crimes ambientais. O gestor técnico da empresa, Luiz Cláudio Ferreira Castro, também responderá ao processo na 2ª Vara Criminal de Santa Cruz. A denúncia afirma que mesmo já respondendo a outra ação penal por danos causados ao meio ambiente durante testes no alto-forno 1, em junho de 2010, os réus não adotaram medidas de precaução ao acionar o alto-forno 2, em dezembro do ano passado. A CSA também é acusada de não comunicar aos órgãos competentes os impactos ambientais gerados desde então, incorrendo em seis crimes previstos na Lei 9.605/1998, que trata de crimes contra o meio ambiente. A lei prevê prisão e multa a serem definidas pela Justiça Estadual. G1 ______________________________________________________________ Veja a repercussão da decisão do Copom de elevar novamente a Selic Selic teve alta de 0,25 ponto percentual, para 12,25%, na 4ª alta seguida. Decisão era amplamente esperada por analistas de mercado. Analistas de mercado já esperavam a nova alta da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, anunciada nesta quarta-feira (8). O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pelos diretores e pelo presidente da autoridade monetária, decidiu elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Com isso,os juros permanecem no patamar mais alto desde janeiro de 2009. Este é o quarto aumento consecutivo da taxa de juros, que vem subindo desde o início deste ano com o objetivo de conter pressões inflacionárias. Em 2011, os juros brasileiros avançaram 1,5 ponto percentual, visto que estavam em 10,75% ao ano no final de 2010. Veja o que analistas de mercado e entidades civis acharam da decisão do Copom: Otto Nogami, professor de Economia do Insper "Este aumento de 0,25 ponto percentual se dá em função do arrefecimento da atividade econômica. É uma ação preventiva do Banco Central, que está subindo a taxa de juros para não ter surpresas no meio do processo, para se proteger contra eventual aquecimento da economia. Mas há um detalhe importante: o que levou a essa queda na demanda? As análises estão mostrando que essa queda no consumo se dá em função do aumento da inadimplência. À medida que o consumidor começa a se ajustar financeiramente, vai voltar ao consumo. Este período até a próxima reunião será decisivo, nos próximos 45 dias a atenção vai estar sobre o comportamento do consumidor, a tendência desta linha de inadimplência e o nível de empregabilidade da economia. É sobre esses três indicadores que os analistas vão se debruçar para poder imaginar qual será a ação do governo na próxima reunião." Miguel Daoud, consultor da Global Financial Advisor "O Banco Central ainda vai por um bom tempo monitorar o comportamento inflacionário. Talvez até o final do ano, dependendo do comportamento da inflação no último trimestre, [o BC] pode ainda fazer dois aumentos de 0,25 ponto percentual. A inflação deu uma acomodada, mas, a partir do mês que vem, deve ter novo impulso, principalmente pela questão do etanol, que deve voltar a subir. Hoje, quando olhamos nossa economia, em torno de 90% de nossa atividade está nas mãos de micro e pequenos empresários, que geram muitos empregos. Esses micro empresários – que são o carpinteiro, o padeiro, o marceneiro, o dono do bar – têm acesso a juro muito caro. O que atrapalha a política monetária são as grandes empresas que têm dinheiro subsidiado pelo governo. A política monetária acaba perdendo efeito porque você tem os grandes da economia com dinheiro barato, do BNDES. É o pequeno empresário que acaba arcando com o prejuízo. Quem perde é a grande maioria dos brasileiros, que não tem como se defender dessa política. A taxa de juros no Brasil não é uma vontade do Banco Central. Ela reflete as nossas deficiências estruturais. Hoje, não temos nem no curto prazo, nem no longo prazo, nenhum projeto de nação que vai eliminar essas deficiências. Enquanto não tiver um projeto que passe pelo ajuste do governo, investimento em setores produtivos, carga tributária civilizada, taxa de juros civilizada, sempre vamos receber a medalha de ouro no ranking mundial da taxa de juros. Quem perde somos todos nós, mortais." Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical "O aumento é desnecessário, visto que o cenário econômico está mais favorável, com sinais evidentes de controle inflacionário. Infelizmente, o impacto recai unicamente no setor produtivo, afetando negativamente a atividade e o emprego. O governo, mais uma vez, atende aos interesses do capital especulativo, com uma clara demonstração de que o espírito conservador continua orientando a política monetária. A alta dos juros é mais uma péssima notícia para quem defende o desenvolvimento nacional." Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) “Depois de cinco semanas de queda consecutiva na expectativa de inflação, da queda de 3,8% na produção da indústria paulista e de 2,1% da brasileira de abril ante março, eu gostaria de saber por que os juros ainda subiram. Para prejudicar ainda mais as contas públicas, comprometendo com serviços da dívida um valor equivalente a três vezes o orçamento da saúde? Para atrair ao Brasil ainda mais capital especulativo estrangeiro, sobrevalorizar o Real e roubar a competitividade do produto brasileiro? Para esfriar ainda mais a economia, que já dá sinais claros de desaceleração? Tenho certeza que a sociedade brasileira também não compreendeu as razões desse aumento inadequado e inoportuno, que prejudica todo o país.” Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) “Considero negativa a decisão do Copom de aumentar 0,25 pontos percentuais a taxa SELIC, pois diversos indicadores apontam para a desaceleração do crescimento da economia e da inflação. Considero que o Banco Central deveria aguardar um pouco mais e continuar a monitorar a evolução da economia, antes de aumentar os juros ou adotar novas medidas de contenção do crédito.” Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) “A nova alta da taxa Selic já era de conhecimento da sociedade desde o final de semana. Todos já conhecem o final, essa transferência de renda concentra riqueza e empobrece a nação. Além das metas de inflação, o BC deveria fixar também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país. A alta da inflação é um problema e deve ser combatida, pois penaliza os mais pobres. Para cada ponto percentual de aumento nos juros, ocorre um aumento de cerca de R$ 19 bilhões na dívida pública, prejudicando a todos. Além disso, os juros altos pressionam o câmbio, reduzindo o valor das exportações brasileiras e prejudicando nossa indústria. É preciso acabar com esse nefasto programa de transferência de renda da sociedade brasileira para os rentistas detentores de títulos da dívida pública. O Copom trabalha contra o processo de desenvolvimento econômico e geração de empregos – agenda escolhida pela população brasileira nas eleições de 2010, quando elegeu a presidenta Dilma.” Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ “Enquanto a tarefa de conter a inflação for exclusiva do BC, os juros serão o principal instrumento de combate. Mas é como usar um revólver para matar um mosquito. O governo precisa atentar para a complexidade do tema, se quiser chegar a um ciclo virtuoso de redução da carga tributária, ampliação da produtividade e maior eficiência do gasto público. O país já vive desacelerações visíveis no consumo das famílias, na atividade econômica e no avanço da massa salarial. Essas desacelerações são frutos de elevações já realizadas na Selic, entre outras ações. Além de encarecer ainda mais o crédito, elevar a taxa em 0,25 p.p. onera a despesa com juros do setor público e pressiona o já frágil quadro fiscal brasileiro. Isso sem falar no efeito sobre o câmbio, por conta da atração do capital estrangeiro.” Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) “Isso é preocupante, pois não percebemos esforços para aumentar a eficiência da máquina pública, nem ao menos reduzir seus gastos” Artur Henrique, presidente nacional da CUT “A decisão do Copom de elevar a taxa Selic em 0,25% é lamentável. Todos os indicadores mostram que a inflação está sob controle, a despeito do catastrofismo de parte da imprensa, inflada pelos únicos interessados na alta da taxa, que são os banqueiros e os ricos que têm aplicações financeiras nos papéis da dívida pública. Estamos aqui tratando de algo muito mais complexo do que decisões técnicas ou „expectativas‟ de mercado. Falamos de emprego, de salário, de políticas públicas e sociais – todos duramente golpeados a cada aumento da Selic. Falamos também de uma promessa de campanha do atual governo federal, a de que trará a taxa básica de juros a um patamar decente. Por enquanto, essa promessa é uma miragem.” Agência Diap _____________________________________________________________________ Terceirização: Trabalho aprova projeto de Mabel; texto vai à CCJ Marcos Verlaine Nesta quarta-feira (8), o movimento sindical sofreu grave derrota na Comissão de Trabalho, que, aliás, tem se pautado, na gestão do deputado Silvio Costa (PTB-PE) como o colegiado dos patrões, do capital. A Comissão aprovou o PL 4.330/04, do deputado Sandro Mabel (PR-GO), que trata sobre a terceirização. O parecer ao projeto de Mabel recebeu 17 votos favoráveis e apenas sete votos contrários: Daniel Almeida (PCdoB-BA), Vicentinho (PT-SP), Mauro Nazif (PSB-RO), Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), Bohn Gass (PT-RS), Assis Melo (PCdoB-RS) e Rogério Carvalho (PT-SE). O projeto vai agora ao exame da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. E, se for aprovado neste colegiado e não houver recurso contrário à decisão terminativa vai ao exame do Senado sem a necessidade de votação em plenário. O projeto de Mabel é nefasto, pois, em linhas gerais, permite contratações terceirizadas tanto para as atividades-meio quanto para as atividades-fim, revogando norma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que limita a terceirização das atividades-fim. Permite, também, a subcontratação em atividade especializada. Ou seja, quarteriza essa mão de obra. A terceirização, nos moldes atuais, determina relação de emprego estabelecida pelos artigos 2º e 3º da CLT, que posiciona o empregado e o empregador, se faz entre a empresa prestadora de serviços e o trabalhador, ficando a empresa tomadora em princípio isenta de qualquer responsabilidade. Eventualmente, o vínculo empregatício pode ser reconhecido em juízo nos casos em que a prestação de serviços se mistura entre a atividade-fim e a atividade-meio, ou quando a contratação é feita de forma irregular ou fraudulenta, passando até pelo mau posicionamento do trabalhador dentro da empresa tomadora em relação a subordinação e cumprimento de horários. Crítica ao PL 4.330 A falta de limites para contratação de trabalhadores terceirizados recebeu críticas de deputados como Vicentinho (PT-SP), que promete lutar contra o projeto como ele está. "Em média, segundo o Dieese, hoje o salário de um trabalhador terceirizado é 1/3 do que ganham os trabalhadores das empresas formais. Do jeito que está o projeto, tudo pode ser terceirizado. O ideal seria acabar [com a terceirização], mas, como isso não é possível, regulamentar para garantir dignidade e direitos aos trabalhadores. Por isso, a nossa posição é contrária", afirmou Vicentinho. Segundo estudos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), nos moldes atuais do trabalho terceirizado, se um assalariado trabalhar a vida toda sob essa relação ou vínculo empregatício só poderá se aposentar quando completar 82 anos. Estilo Silvio Costa Com aparência de atabalhoado, o deputado Silvio Costa vai atropelando a agenda sindical, em sintonia fina com a bancada empresarial, que é majoritária na Comissão. E para isso conta ainda com apoio ostensivo e efetivo das entidades patronais no colegiado, tendo à frente a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Previdência complementar do servidor O deputado pegou a relatoria do PL 1.992/07, que trata sobre a previdência complementar do servidor, cujo objetivo é privatizá-la. O parecer sobre a matéria é favorável e só não foi ainda votado em razão da intervenção do deputado Policarpo (PT-DF), que propôs que o texto fosse retirado de pauta para realização de audiência pública, já que o projeto nunca foi efetivamente debatido na Casa. Demissão imotivada Costa também chamou para si a relatoria do PLP 8/03, do deputado Maurício Rands (PT-PE), que regulamenta o inciso I do artigo 7º da Constituição, que protege a relação de emprego contra a despedida arbitrária ou sem justa causa. Ele pretende apresentar parecer para derrotar a matéria na principal comissão de mérito sobre esta proposição. Código de Trabalho ou fim da CLT Por fim, apresentou na semana passada projeto de lei (PL 1.463/11) que cria o Código de Trabalho e flexibiliza os direitos trabalhistas. Sob o pretexto de modernizar as relações de trabalho e com o argumento de que "o protecionismo exagerado na legislação laboral brasileira é, hoje, um óbice ao dinamismo do mercado de trabalho, além de contribuir para reduzir as perspectivas de entrada no mercado de trabalhadores já discriminados como mulheres, jovens e idosos", o deputado propõe a flexibilização dos direitos trabalhistas no Brasil. A continuar com esta atuação, se o movimento sindical não 'baixar' na Comissão toda quarta-feira, no plenário 12, quando abrir os olhos terá sido tarde demais. Agenda da CNI A pauta mínima da CNI, composta de 21 itens é contrária à agenda do movimento sindical no Congresso. E o PL 4.330/04 faz parte dessa pauta. Depois de aprovado na Comissão, o presidente da confederação patronal Robson Braga de Andrade, saudou como "passo importante para se ampliar a competitividade das empresas". "As empresas brasileiras lidam com uma legislação trabalhista anacrônica e de alto custo. A regulamentação da terceirização não só dá agilidade à empresa numa economia globalizada, de transformações rápidas e de concorrência feroz, como permite incorporar novas tecnologias, ampliar a produtividade e melhorar a qualidade de produtos e serviços. A terceirização é uma antiga bandeira da CNI que caminha para se tornar realidade, modernizando o país", enfatizou Andrade. Poderia ser pior Enquanto a bancada empresarial se movimenta pelos seus interesses no Congresso, haja vista a mobilização para aprovar o projeto de Mabel, a bancada sindical "bate cabeça". Mesmo tendo aprovado a constituição de comissão especial para debater uma posição de consenso sobre a terceirização, com o consequênte sobrestamento de todas as proposições que versam sobre o assunto, permitiu que a bancada empresarial aprovasse o PL 4.330. Mas, a situação poderia ter sido muito pior. A assessoria parlamentar do DIAP descobriu e informou com antecedência que o PL 4.302/98 estava pautado, com parecer favorável do relator, deputado João Paulo Lima (PT-PE), na Comissão de Constituição e Justiça. Se por acaso este projeto fosse aprovado na CCJ estaria pronto para sanção presidencial, já que retornou do Senado, e já foi aprovado pela Comissão de Trabalho. Prevendo essa desarticulação, o DIAP pediu ao relator que retirasse de pauta a matéria, já que o acordo mediado pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), era para não permitir que esta e outras proposições com esse escopo fossem aprovadas sem antes haver amplo debate. Agora o movimento sindical precisa correr atrás! Carta Maior ______________________________________________________________ O superávit primário e as prioridades do governo Durante os 4 primeiros meses do governo Dilma o resultado do superávit fiscal atingiu a incrível marca de R$ 57,3 bilhões! Ou seja, apenas entre janeiro e abril, o governo restringiu os gastos, fechou os torniquetes e conseguiu realizar mais de 50% do esforço previsto para todo o ano de 2011. Paulo Kliass A intensidade do destaque nas manchetes dos jornais ou nas chamadas das redes de televisão costuma variar de acordo com as exigências políticas do momento do anúncio. Nestes últimos dias, por exemplo, pouco se ouviu falar a respeito da divulgação dos números da execução fiscal e monetária do governo. Mas não nos deixemos enganar pelas aparências. A firmeza com que as autoridades econômicas e a Presidenta resolveram encaminhar a solução ortodoxa para nossa economia, desde o começo de janeiro, continua a todo vapor. Mas o momento da apresentação dos resultados do superávit primário exigia um pouco mais de cautela. E assim foi feito. Afinal, tratava-se de período fortemente abalado pela crise de seu Ministro da Casa Civil envolvido em denúncias de súbito enriquecimento milionário, marcado pelo anúncio da inesperada privatização do sistema aeroportuário com o argumento de falta de recursos orçamentários e também lembrado pela divulgação do programa do governo federal destinado a eliminar a miséria. Falar em cifras bilionárias para usos tão obscuros, como os juros, não cabia muito bem no figurino recomendado. Mas o superávit fiscal primário continua firme e forte! Os operadores do mercado financeiro e os interesses das grandes instituições bancárias não têm muito com o que se preocupar! O compromisso do governo com a transferência de vultosos recursos do orçamento público para a finalidade de pagamento de juros da dívida pública está mais do que assegurado. Na verdade, ele continua se realizando no nosso dia-a-dia, fazendo com que a drenagem de recursos arrecadados de toda a população por meio dos impostos seja direcionada para as contas de muito poucos - as elites que continuam a se locupletar com a irresponsabilidade de um governo que fala para muitos e beneficia, de fato, a bem poucos. Apenas para recordar, o conceito de “superávit fiscal primário” corresponde a um eufemismo, criado pelos especialistas do mundo financeiro para assegurar que o esforço dos governos na manutenção do necessário equilíbrio entre suas receitas e suas despesas ganhasse uma sutil armadilha. Não basta mais apenas ser eficiente na gestão fiscal pura e simples. É necessário sempre gerar um superávit (nada contra, em princípio), mas o detalhe da perversidade vem depois: que estes recursos sejam direcionados para gastos com o pagamento de juros da dívida pública. Ou seja, tudo se passa como esse tipo de gasto orçamentário não fosse uma despesa.... Corta-se em educação, em saúde, em transporte, em infra-estrutura, enfim faz-se um grande esforço fiscal para ... acumular recursos e dirigi-los para a mais estéril de todas as despesas – a de natureza financeira. Não nos esqueçamos que estamos ainda sob a égide do corte de R$ 50 bi no Orçamento federal, anunciado no começo de fevereiro. Os dados são oficiais. Durante os 4 primeiros meses do governo da Presidenta Dilma o resultado do superávit fiscal atingiu a incrível marca de R$ 57,3 bilhões! Ou seja, apenas entre janeiro e abril, o governo restringiu os gastos, fechou os torniquetes e conseguiu realizar mais de 50% do esforço previsto para todo o ano de 2011. Estamos destinando para essa rubrica o equivalente a 4,5% do nosso Produto Interno Bruto. Mas os números que mais entristecem, ou nos indignam, são os relativos ao pagamento de juros. Ali, o relatório do Banco Central parece não ter problema algum de consciência ao informar que, ao longo dos mesmos 4 meses, o governo transferiu o montante de R$ 78,6 bi para o pagamento de juros da dívida pública, equivalente a 6,2% do PIB. Pois é, pelos valores envolvidos e pela obstinação em atingir as metas, como bom aluno esforçado, tudo indica que essa continua a ser a verdadeira prioridade dos que estão no comando do nosso aparelho de Estado: transferir recursos para o setor financeiro! Mas como governar exige também outras decisões e medidas para além de satisfazer as necessidades dos poderosos do mercado financeiro, a equipe da presidenta vai tocando o barco do jeito que pode. A ampliação e a modernização da rede aeroportuária é exigência antiga. A polêmica e arriscada decisão de trazer a Copa do Mundo para cá em 2014 só sublinhou o atraso de nossas instalações. Mas como o governo insiste em afirmar que “não tem recursos”, optou-se pelo modelo da privatização dos aeroportos. O fato que ninguém menciona é que as tais “vultosas” necessidades de investimento seriam tranquilamente cobertas por um desvio de rota dos recursos do pagamento de juros. Os valores dos investimentos necessários para o setor variam de acordo com a paternidade dos estudos considerados, mas em geral oscilam entre R$ 8 bi e R$ 30 bi ao longo de vários anos, com uma média de dispêndio anual não superior a R$ 3 bi. Ora, apenas durante o mês de março o governo transferiu R$ 21 bi para o setor financeiro sob a forma de juros. Isso equivale a quase R$ 1 bi por dia útil. É incrível, mas bastariam apenas 3 dias para assegurar à Infraero os recursos para as obras necessárias ao longo do ano todo! Mas, não! Com o falacioso argumento de que não há recursos, o governo optou por ceder a concessão por 20 anos aos consórcios privados. Fico só imaginando, aqui com meus botões, como vão se dar as pressões e chantagens pela obtenção de reajustes das tarifas lá em 2029... No dia seguinte à divulgação dos resultados do superávit primário, a Presidenta anunciou com muita pompa um de seus compromissos de campanha, a política de erradicação da miséria. Perfeito! Excelente medida, um mínimo que o nosso País tinha mesmo que fazer no caminho da redução das desigualdades. Mas, nos aprofundemos um pouco mais, para além das aparências. O novo Programa incorpora as políticas do já existente Bolsa Família e as amplia, incorporando mais famílias beneficiadas e atingindo outras áreas, com complementação de programas em educação, saúde, capacitação profissional, agricultura familiar, preservação ambiental etc. Porém, os números apresentados são referentes aos programas consolidados. Ao longo dos 4 anos de governo, a equipe de Dilma pretende alocar R$ 80 bilhões. Ou seja, entre 2011 e 2014 deverá um gasto anual de R$ 20 bilhões. Ora, mas apenas o Bolsa Família já tinha previsão orçamentária superior a R$ 16 bi para o presente ano. E esses valores pretendem atingir um universo de mais de 16 milhões de pessoas. Quem tiver a curiosidade de comparar os valores, chegará à conclusão que, apenas nos 4 primeiros meses deste ano, o governo já gastou na esfera financeira o equivalente a esse programa quadrienal. Sim, pois já transferiu quase R$ 80 bi para o pagamento de juros, que beneficiam uma parcela substancialmente mais reduzida que aqueles milhões de famílias. Ao invés de sinalizar com mudanças de orientação, o governo parece só confirmar suas verdadeiras prioridades, aquelas que consomem as quantias expressivas de seus recursos. Dias 7 e 8 de junho teremos a nova reunião do COPOM, que deverá decidir sobre a SELIC, a taxa de juros oficial. Atualmente ela está definida no patamar de 12%. Com o valor da dívida pública federal em R$ 1,65 trilhão, caso não haja redução da taxa, os valores gastos com pagamento de juros ao longo do presente ano certamente serão superiores a R$ 200 bi. Por outro lado, no governo concreto e real, aquele que deve lidar com pessoas, escolas, hospitais, estradas, reforma agrária, etc a coisa é bem diferente. A cada pleito na definição de novas políticas públicas voltadas para a maioria, os interessados pouco conseguem fazer, pois os ministérios têm suas verbas contingenciadas. A resposta é sempre a mesma: “não há recursos disponíveis”... Como vimos, cada qual escolhe suas prioridades. Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10. Rede Brasil Atual _____________________________________________________________________ Copom não surpreende, aumenta taxa de juros e sinaliza mais aperto Com a decisão, Selic foi a 12,25% ao ano, na quarta alta seguida e no nível mais alto em mais de dois anos. Sindicalistas e empresários criticam Vitor Nuzzi São Paulo – Sem surpresas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na noite desta quarta-feira (8) elevar em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, para 12,25% ao ano. Foi a quarta alta seguida, todas já com Alexandre Tombini à frente do BC. A taxa está agora em seu nível mais alto desde o início de 2009, quando, durante a crise econômica internacional, chegava a 12,75%. Nas quatro últimas reuniões, a Selic subiu em 1,5 ponto. A decisão foi unânime e sem viés. Na nota divulgada ao final da reunião, o Copom sinaliza que o aperto deverá continuar, ao falar em "processo de ajuste gradual" das condições monetárias. "Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012", afirma. Entre cenários que vão dos riscos do crescimento ao desaquecimento excessivo, ainda prevalece a tese de que é preciso moderar o ritmo da economia. Na visão do Copom, ainda há dúvida sobre o "ritmo de moderação" da atividade doméstica. Quanto à inflação, nas últimas semanas o mercado tem reduzido suas projeções para este ano, com as preocupações já se voltando para 2012. "Decisão lamentável" A primeira reação negativa, como costuma ocorrer, foi do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias (Ciesp), Paulo Skaf. "Depois de cinco semanas de queda consecutiva na expectativa de inflação, da queda de 3,8% na produção da indústria paulista e de 2,1% da brasileira de abril ante março, eu gostaria de saber por que os juros ainda subiram", questionou. "Tenho certeza que a sociedade também não compreendeu as razões desse aumento inadequado e inoportuno, que prejudica todo o país." Já o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, considerou "lamentável" a decisão. "Todos os indicadores mostram que a inflação está sob controle, a despeito do catastrofismo de parte da imprensa, inflada pelos únicos interessados na alta da taxa, que são os banqueiros e os ricos que têm aplicações financeiras nos papéis da dívida pública", afirmou o sindicalista, para quem a questão é muito mais complexa do que uma mera discussão técnica. "Falamos de emprego, salários, de políticas públicas e sociais – todos duramente golpeados a cada aumento da Selic." Artur também cobrou promessa do atual governo, de levar a taxa básica de juros a um nível considerado "decente": "Por enquanto, essa promessa é uma miragem". Por sua vez, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf, filiada à CUT), Carlos Cordeiro, recorreu ao escritor colombiano Gabriel García Márquez. "Com o atual modelo de definição das taxas de juros, em que o Banco Central ouve apenas o mercado financeiro, a nova alta da taxa Selic já era de conhecimento da sociedade desde o final de semana. Parece a ´crônica de um morte anunciada´", citou. "Todos já conhecem o final. Essa transferência de renda concentra riqueza e empobrece a nação." Para Cordeiro, o BC precisa ter "coragem" de enfrentar o sistema financeiro. "Além das metas de inflação, o BC deveria fixar também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país. Para isso, é fundamental amplicar o Conselho Monetário Nacional, de forma a contemplar a participação da sociedade civil organizada na discussão dos rumos da economia." O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), também criticou a decisão do Copom que considerou "um grave equívoco", com reflexos negativos na criação do emprego e aumento do gasto público. "O aumento (da taxa básica) é desnecessário, visto que o cenário econômico está mais favorável, com sinais evidentes de controle inflacionário. Infelizmente, o impacto recai unicamente no setor produtivo, afetando negativamente a atividade e o emprego." Opovo.com.br (Ceará) _____________________________________________________________________ O reincidente de infidelidade O relatório do Conselho de Ética do PSDB que sugere a expulsão do deputado estadual e secretário de Esportes, Gony Arruda, deverá ser apreciado pelo Diretório Estadual do partido nos próximos 15 dias. A informação é do presidente regional Marcos Cals, que recebeu todo o processo na última terça-feira. No documento consta a defesa, por escrito, do secretário. Ele, inclusive, apontou testemunhas ouvidas durante a análise da matéria no Conselho. Gony é alvo de expulsão por ter assumido, por duas vezes, a pasta sem ter consultado a executiva. Ou seja, segundo o deputado federal Raimundo Gomes de Matos, então dirigente na época, virou “reincidente de infidelidade”. GRITO DOS EXCLUÍDOS O Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), com apoio do Sintaf, divulga hoje, às 15 horas, na sede do Caen-UFC, o documento A quem se destina o Plano Brasil Sem Miséria?. Nele, um perfil do quadro da pobreza no Estado. PAUTA QUENTE Eunício Oliveira (PMDB) assumiu compromisso com membros da CCJ do Senado para que todos os itens referentes à Reforma Política sejam aprovados até o fim deste mês. Na lista, o fim das coligações partidárias e a PEC que aumenta para cinco anos o mandato de presidente, governador e prefeito. COTAÇÃO O nome do presidente do Sine-IDT, Francisco Diniz, entrou na lista de sugestões para chefiar a SER VI, depois que o grupo do deputado federal José Guimarães (PT) desistiu da vaga. Diniz, no entanto, pode disputar vaga de vereador, o que atrapalharia a convocação. RACHA Pré-candidata do PSB à Prefeitura, Eliane Novais disse, na TV O POVO, que seu partido, em Fortaleza, é partido o ano todo e faz reuniões, congressos e seminários. Ao contrário do PSB estadual. Que quem preside é o governador Cid Gomes. SÓ O MILHO Da safra recorde cearense, que ultrapassou 1,3 milhão de tonelada de grãos, uma certeza: só o milho superou 1 milhão de tonelada de grãos, informa o secretário Nélson Martins (Desenvolvimento Agrário). PT X PT A CUT-CE divulgou nota se solidarizando aos professores municipais grevistas, alvos de ação da Guarda Municipal, que é comandada pela petista Luizianne Lins. À frente da CUT, o também petista Jerônimo Nascimento. FOCO FINANCEIRO Longe do fica ou não fica, o presidente do BNB, Roberto Smith, anuncia: o banco cresceu de 6% a 8% suas aplicações no primeiro quadrimestre do ano, comparado ao período de 2010. DANÇA SUPERIOR Tudo pronto para a I Mostra Universitária de Dança. Vai ocorrer amanhã, a partir das 19h30min, no Teatro Marista da Faculdade Católica do Ceará. No palco, 12 grupos de instituições de ensino superior do Estado. GARIBALDI VEM AÍ O ministro Garibaldi Alves (Previdência Social) agenda visita ao Ceará para este mês. Na programação, inauguração da agência do INSS de Senador Pompeu. A obra custou R$ 1,18 milhão. HORIZONTAIS Fórum Unificado dos Servidores Públicos continua cobrando audiência com Cid Gomes para tratar de pendências da categoria. Pendências ainda do então candidato a governador. O humorista Augusto Bonequeiro, com seu boneco Fuleiragem, é atração hoje, a partir das 19h30min, no BNB Clube - Aldeota. Dentro do projeto Moleque de Pé. Escritora Lucíola Limaverde lança hoje, às 19 horas, na sede da Adufc, o livro Ciro Colares: A Crônica Paixão por Fortaleza. Só lembrando: “O Palocci caiu. Agora falta a inflação.” SOBE JORGE HÉLIO, cearense aprovado pela CCJ do Senado para novo biênio como conselheiro do CNJ DESCE TIM, operadora que continua deixando a clientela surda e muda. E a Anatel faz ouvido de mercador? Giro pelos blogs Arturcut.wordpress.com _____________________________________________________________________ A elevação da Selic é uma decisão lamentável A decisão do Copom de elevar a taxa Selic em 0,25% é lamentável. Todos os indicadores mostram que a inflação está sob controle, a despeito do catastrofismo de parte da imprensa, inflada pelos únicos interessados na alta da taxa, que são os banqueiros e os ricos que têm aplicações financeiras nos papéis da dívida pública. Estamos aqui tratando de algo muito mais complexo do que decisões técnicas ou “expectativas” de mercado. Falamos de emprego, de salário, de políticas públicas e sociais – todos duramente golpeados a cada aumento da Selic. Falamos também de uma promessa de campanha do atual governo federal, a de que trará a taxa básica de juros a um patamar decente. Por enquanto, essa promessa é uma miragem. Artur Henrique, presidente nacional da CUT ______________________________________________________________ Bombeiros do Rio de Janeiro: questão salarial não é caso de polícia. Negocia, Cabral! Acredito que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, deveria abrir negociações formais e amplas com os bombeiros do Estado, inclusive para tratar da situação daqueles que estão detidos. Não acho que o enquadramento de bombeiros que tentavam fazer uma mobilização por melhorias salariais seja a melhor alternativa. Temo inclusive que a medida possa levar a radicalizações como a que ocorreu em São Paulo, em 2008, com policiais civis e militares trocando tiros a poucos metros de distância da sede do governo estadual, ocupado por um José Serra avesso ao diálogo com os servidores públicos. No entanto, com a experiência acumulada de muitos anos na atividade sindical – inclusive no comando de greves em setores públicos e estratégicos, como o de energia elétrica, de onde vim – aprendi que há um limite que a prudência recomenda para não prejudicar a comunidade. Ao assistir as imagens pela TV, pensei que os líderes do movimento dos bombeiros, ao tentarem impedir a saída de viaturas do quartelgeneral, por exemplo, demonstraram inexperiência nesse tipo de mobilização. Mais não conheço. Não sei sobre bastidores da relação entre as corporações Bope e Corpo de Bombeiros. Porém tenho certeza de que questões salariais não podem ser tratadas como caso de polícia. Por fim, quero lembrar que a CUT não defende o uso de armas brancas ou de fogo em campanhas salariais. Viomundo.com.br ______________________________________________________________ Bloco Minas Sem Censura pendura Sarney e ACM no pescoço de Aécio Neves Rádio Árco-Íris e Aécio, um relacionamento de mais de duas décadas do Bloco Minas Sem Censura A rádio Arco-Íris é um dos questionamentos da representação ao Ministério Público Federal (MPF) do Bloco “Minas Sem Censura” contra o senador Aécio |Neves (PSDB-MG). PS do Viomundo: O Bloco “Minas Sem Censura” conta que Aécio Neves votou a favor dos cinco anos de mandato para o então presidente da República, José Sarney. Na época, seus adversários políticos passaram a chamá-lo de “Aecinco”. Tijolaco.com _____________________________________________________________________ As experiências “nazistas” dos EUA Perdoem-me, é terrível e chocante. Por isso mesmo precisa ser lida esta reportagem publicada hoje pelo jornal inglês The Guardian. Repugnante, enojante, mas real e até oficialmente reconhecida. Leiam, me perdoem a má tradução, mas era impossível deixar no silêncio. “Marta Orellana diz que estava brincando com amigos no orfanato, quando o chamado soou: “Orellana à enfermaria Orellana para a enfermaria..” Esperando por ela foram vários médicos que ela nunca tinha visto antes. Os homens altos, com pele clara, que falou que ela imaginou que seria inglês, além de um médico da Guatemala. Eles tinham seringas e frascos pequenos. Eles ordenaram que ela se deitar e abrir as pernas. Constrangida, ela trancou joelhos unidos e abanou a cabeça. O médico guatemalteco deu um tapa em seu rosto e ela começou a chorar. “Eu fiz o que foi mandado”, lembra ela. Hoje, a menina de nove anos de idade é uma bisavó de 74 anos e de olhos remelentos, mas a angústia do momento que perdura. Foi assim que tudo começou: a dor, a humilhação, o mistério. Era 1946 e os órfãos na Cidade da Guatemala, juntamente com os prisioneiros, recrutas e prostitutas, tinham sido selecionados para um experimento médico que atormentam muitos, e permaneceu em segredo por mais de seis décadas. Os EUA, preocupados com soldados voltando para casa (da 2ª Guerra) com doenças sexualmente transmissíveis, infectou cerca de 1.500 guatemaltecos com sífilis, gonorréia e cancro mole para testar um dos primeiros antibióticos, a penicilina. “Eles nunca me disseram o que estavam fazendo, nunca me deram a chance de dizer não”, disse Orellana esta semana, sentada em seu barraco na Cidade da Guatemala. “Vivi quase minha vida inteira sem saber a verdade. Que Deus os perdoe.” O governo dos EUA admitiu a experiência em outubro, quando a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o secretária de Saúde, Kathleen Sebelius, emitiram uma declaração conjunta pedindo desculpas por “pesquisas tão reprováveis” sob o pretexto da saúde pública. Barack Obama, telefonou para seu colega guatemalteco, Álvaro Colon, também para pedir desculpas. Susan Reverby, professor da Faculdade Wellesley, em os EUA, descobriu a experiência enquanto pesquisava o “Estudo Tuskegee” sobre sífilis, em que centenas de homens afro-americanos não foram tratado,s durante 40 anos a partir da década de 1930. O estudo da Guatemala foi mais longe por terem infectado deliberadamente estas pessoas. Não só violam o juramento de Hipócrates não causar males, mas aproximaram-se dos crimes nazistas expostos, nesta mesma época,nos julgamentos de Nuremberg. As vítimas permaneceram em grande parte desconhecidas, mas o The Guardian entrevistou as famílias dos três sobreviventes identificados até agora pela Guatemala. Eles narraram suas vidas destruídas por doenças, negligência e perguntas sem resposta. “Meu pai não sabia ler e o tratavam como um animal”, disse Benjamin Ramos, 57, filho de Federico, 87, um ex-soldado. “Esta foi a experiência do diabo.” Mateo Gudiel, 57, disse que seu pai, Manuel, 87, outro ex-recruta, tem infecções de sífilis ligadas à demência, e dores de cabeça. “Parte disso pode ter sido passada para mim, meus irmãos e nossos filhos.” As crianças podem herdar a sífilis congênita. Mais da metade dos indivíduos eram soldados de baixa patente, entregues por seus superiores a médicos americanos, trabalhando a partir de uma base militar na capital. Os norte-americanos, inicialmente infectavam prostitutas ao manterem relações sexuais com os presos, antes de descobrirem que era mais “eficiente” para infectar soldados, pacientes psiquiátricos e órfãos com a bactéria da sífilis. Na Guatemala, o inquérito oficial, chefiado pelo seu vice-presidente, deve publicar seu relatório em junho. “O que mais me impactou foi como pouco valor era dado a estas vidas humanas. Eles eram vistos como coisas a serem usadas”, disse Carlos Mejia, membro da comissão de inquérito e chefe do Colégio de Médicos da Guatemala. Os cientistas dos EUA trataram 87% dos infectados com sífilis, mas perderam o rasto dos outros 13%. Dos tratados, um décimo teve uma infecção recorrente.(…) “Eles não me disseram porque me escolheram”, disse Orellana, que tinha quatro anos quando foi enviados a uma instituição depois que seus pais morreram. Depois da sondagem ginecológica inicial, quando ela supõe que ela foi infectada, recebeu penicilina semanalmente. “Meu corpo doía e eu estava com sono, eu não queria brincar.” Pelo menos 10 outras meninas também foram escolhidas para o estudo, acrescentou. O tratamento falha – e mesmo como adulta, quando ela trabalhava como empregada doméstica e nas fábricas, os médicos diziam apenas que ela tinha “sangue ruim”, deixando seus males como um mistério. Um marido “amoroso e paciente” a ajudou a superar problemas de intimidade. Ela tem cinco filhos, 20 netos e oito bisnetos. Quando os EUA finalmente reconheceram o escândalo,em 2010, Maria Orellana estava muito lesada fisicamente , mas ainda que lúcida, estava como que hipnotizada. Ela testou positivo para a sífilis, disse Rudy Zuniga, um advogado que representa as alegadas vítimas de uma ação coletiva nos EUA. Apenas um punhado das 1500 pessoas originamente infectadas ainda podem estar vivas, mas pode haver dezenas se não centenas de crianças infectadas e netos, disse ele.” _____________________________________________________________________ Oportunismo faz Serra elogiar Palocci Enquanto PSDB, seu partido (será que ainda é o seu partido?) desce o sarrafo no ministro Antonio Palocci, o senhor José Serra, oportunista como sempre, o elogia para, é claro, atacar Dilma Rousseff. Ele diz em seu blog que “Palocci era, sem dúvida, o personagem forte de um governo hesitante e fraco do ponto de vista político e administrativo”. E que Dilma precisa de um “primeiro-ministro”. Serra deve ser um homem muito hábil nas suas relações políticas. Tanto que cultivou uma relação de mal-disfarçado ódio com Geraldo Alckmin e atirou fora, com os piores métodos, qualquer possibilidade de aliança com Aécio Neves, na eleição passada. Ele é um homem grande habilidade. Habilidade de ser politicamente cínico. Seus elogios a Palocci são puro oportunismo. Até uma criança vê que seu objetivo é Dilma, a mulher “despreparada” que deu um baile eleitoral no “mais preparado dos brasileiros”, isto é, ele próprio. Blogdosakamoto.uol.com.br _____________________________________________________________________ Qual a função de um servidor público? A “lista suja” do trabalho escravo, mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, é considerada um dos principais instrumentos de combate a esse crime. Desde 2003, publiciza os infratores e garante ao mercado uma ótima ferramenta para gerenciamento de riscos, protegendo nossa economia e a dignidade de nossos trabalhadores. Por isso, é defendida por tanta gente, de movimentos sociais a grandes corporações. Quem nela entra, tenta sair a todo o custo. E gera as situações interessantes, capazes de mostrar muita coisa. Vou dar um exemplo. A empresa Energética do Cerrado Açúcar e Álcool foi incluída na “lista suja” devido a 77 trabalhadores libertados na Usina Itarumã, Goiás. Conseguiu ser excluída por liminares na Justiça, mas a ação firme da Advocacia Geral da União devolveu-a para a lista. Há algumas semanas, foi solicitada uma reunião com o Ministério do Trabalho e Emprego para falar do seu caso – até aí, tudo ok, transparência é tudo e diálogo, essencial. No encontro, não houve nenhum pedido estranho, apenas solicitações de esclarecimentos. O MTE reafirmou que a empresa deveria continuar na lista até cumprir dois anos corridos, conforme prevêem as regras do cadastro (o ministério constuma ser duro com isso, me lembro de um outro caso em que o então ministro Ricardo Berzoini expulsou um grão-lobista de seu gabinete por tentar interferir em nome de uma usina de etanol). Mas, desta vez, havia a presença de assessores do Ministério da Agricultura acompanhando a empresa. Não são raros pedidos para rediscutir a permanência na “lista suja”. Até porque estar lá significa perder crédito em bancos ou clientes, principalmente os que assinam o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. A Petrobras, grande compradora de etanol, por exemplo, tem sido dura com fornecedores que entram para a “lista suja”. Sabe que o mundo e a imprensa estão de olho nela. Raro é ver esse tipo de escolta de luxo ocorrer por parte de outro ministério. O que me leva a crer que preciso aprender mais sobre a Lei 8112/1990, que rege o funcionalismo público federal. Rodrigovianna.com.br _____________________________________________________________________ Palocci: é a política, estúpido! Rodrigo Vianna A queda de Palocci gerou debates acalorados na internet. Recapitulemos. O principal ministro do governo, acuado por denúncias de ter enriquecido 20 vezes enquanto exercia o mandato de deputado federal pelo PT, manteve-se calado por 20 dias. Quando resolveu falar, escolheu: entrevista exclusiva para a Globo. O meio é a mensagem. Muita gente discutiu os argumentos do ministro naquela entrevista, as explicações, o tom “sóbrio”. O recado principal ali era outro: Palocci indicou que tinha (e tem) aliados poderosos no “establishment”. O meio é a mensagem. Falar à Globo – com exclusividade – é uma forma de dizer: eu sigo forte entre aqueles que mandam ou imaginam que mandam no Brasil. Isso era fundamental para que Palocci se sentisse mais “protegido” ao sair do governo. Na segunda-feira, veio a decisão da Procuradoria Geral da República (PGR): o procurador não enxergou motivos (jurídicos) para investigar Palocci. Em alguns blogs e no twitter, choveram conclusões apressadas: “aí está a prova de que os detratores de Palocci estavam errados, ele é inocente, não há sequer indícios contra o ministro”. Espalharam-se ataques contra o jornalista Ricardo Kotscho, que havia escrito no blog dele, no dia da entrevista pra Globo: ”Palocci escolheu a guilhotina”. Kotscho errou feio, diziam alguns. Errou?? Outros blogueiros (entre eles esse escrevinhador), que escolheram o caminho da crítica (política) a Palocci, foram acusados de “traidores” e “oportunistas”. Um certo stalinismo de botequim espalhou-se por aí: quem não defende o governo unilateralmente é “traidor”. Hehe. Nessa, eu não caio. Quem achou que a decisão da PGR era uma “vitória definitiva” de Palocci, desculpeme, mas não entende muito de política. Palocci permaneceu no cargo durante mais de 20 dias justamente com esse objetivo: usar o cargo para evitar estragos maiores (especialmente na área judicial). Na segunda-feira, diante das conclusões apressadas dando conta da ”vitória jurídica” de Palocci, escrevi no twitter o que me parecia o óbvio ululante: a questão era – e continua a ser – política. Agora que Palocci caiu, alguns blogueiros e tuiteiros que respeito muito dizem que “o governo acabou”. Bobagem… Esse é um governo em disputa – ainda mais agora, com o rearranjo de forças. De minha parte, acho que o problema de Dilma não foi a queda de Palocci, mas sua nomeação numa função tão importante. Quando digo que a questaõ era, e é, política, refiro-me justamente a isso: a escolha de Palocci simbolizava a escolha de um nome completamente comprometido com o mundo financeiro e o grande capital. Em 2003, Lula precisava de um nome assim. FHC entregara o país à beira da bancarrota. Palocci cumpriu essa tarefa. Depois, foi derrubado pela soberba – no vergonhoso episódio do caseiro. Dilma não precisava e não precisa disso. Ah, mas foi o Lula que indicou Palocci. E daí? Lula é um ser iluminado que não erra? Sigo a entender que Lula foi o melhor presidente da República, ao lado do Getúlio Vargas dos anos 50. Nem por isso deixaram (Vargas e Lula) de cometer erros. A escolha de Palocci para a Casa Civil soma-se a outras escolhas da presidente Dilma – que apontam num rumo claro: o governo caminhou alguns graus rumo ao centro, na comparação com o segundo mandato de Lula – que foi razoavelmente avançado, um governo social-democrata clássico. A saída de Palocci pode abrir caminho para um novo arranjo. Ninguém espera um governo “socialista” ou de “esquerda” na gestão Dilma. Claro está que a correlação de forças no Brasil exige acordos. Mas quem vai estar ao leme? Quem vai ter a hegemonia do processo? Num texto recente, escrevi sobre os risco das últimas escolhas de Dilma. Dizem por aí que as pesquisas já mostrariam certa queda no apoio à presidenta. Por conta do desgaste gerado pelo caso Palocci no noticiário. Isso é conjuntural. Mais grave pra mim é a corrosão de longo prazo: setores de esquerda sentem-se longe desse governo que prometia ser a continuidade de Lula. O portal “Sul21″, que tem certa proximidade editorial com o governador petista Tarso Genro (RS), é muito claro na avaliação da queda de Palocci: “Soberba x Prestação de Contas”. Blogueiros como Idelber Avelar e Renato Rovai também escreveram texto curtos e precisos sobre o significado da queda de Palocci. Nenhum deles pode ser apontado como “traidor”, “oportunista”, ou “agente infiltrado do PIG”. A idéia de que a queda de Palocci significa a “capitulação” de Dilma ao PIG é simplista. Foi Dilma quem tentou um acordo com a velha imprensa, no início do mandato: foi à “Folha”, à Globo, e deu sinais indiretos de que não iria avançar na “Ley de Medios” preparada por Franklin Martins. Escolhas. Palocci, no centro do governo, certamente tinha muito a ver com essas escolhas. Essas escolhas criaram certo mal-estar entre gente que apoiou e/ou votou em Dilma durante a dura batalha de 2010. A queda de Palocci pode ser o símbolo de uma fase nova no governo. O PT e o governo, se deixarem de lado o medo e os acertos “por cima”, podem usar o episódio Palocci contra a oposição. Se Palocci caiu por “enriquecer sem explicações convincentes”, o que dizer de Aécio e sua frota de carros na rádio? O que dizer da filha de Serra? Não é por outro motivo que Serra (e muitos tucanos) ficaram ao lado de Palocci nesse episódio. Palocci era uma ponte com os tucanos e o empresariado atucanado. A ponte ruiu. Isso não quer dizer que o governo Dilma vai avançar nas áreas onde tropeça e cede ao conservadorismo (Cultura, Relações Internacionais, MeioAmbiente). Mas a chance existe. Alatamiroborges.blogspot.com _____________________________________________________________________ A perigosa direitização da Europa Altamiro Borges Enquanto a vitória de Ollanta Humala no Peru confirma a guinada à esquerda na América Latina, na Europa, cada vez mais velha e devastada pela crise capitalista, a direita continua vencendo eleições. Na maioria dos casos, ela assume abertamente posturas de extrema-direita, fascistizantes. Responsável direta pela grave crise econômica na região, ela utiliza oportunisticamente os efeitos destrutivos e regressivos do neoliberalismo para jogar trabalhadores contra trabalhadores – europeus contra imigrantes. O resultado da eleição em Portugal, na semana passada, confirma esta tendência altamente perigosa. Com um discurso racista e xenófobo, o ultraconservador PSD venceu o pleito. Entre outras propostas, ele defende cortes nos gastos sociais, nova rodada de privatizações, enrijecimento na relação com o movimento sindical e medidas duras contra os imigrantes. Pedro Passos Coelho, novo primeiro-ministro, promete acelerar a aplicação do receituário neoliberal, antes já bancado pelos neoconvertidos do PS. Os efeitos da crise capitalista A direitização de Portugal é expressão de uma tendência que já corrói boa parte da Europa. A própria Folha, tão avessa às forças de esquerda, registrou esta guinada de direita em editorial recente. “Hoje, em apenas cinco dos 27 países que compõem a União Européia (UE) persistem governos que podem ser rotulados como de centroesquerda. No principal remanescente, a Espanha, os socialistas parecem enveredar para uma derrota nas próximas eleições gerais, cuja data-limite é março do ano que vem”. Dois fatores explicam este fenômeno altamente negativo. O primeiro é o agravamento da crise capitalista no velho continente. A Europa, que já patinava em taxas declinantes de crescimento economia, foi duramente atingida pelo colapso nos EUA a partir de 2008. Bancos e indústrias entraram em falência; o desemprego bateu recordes históricos; a renda do trabalho foi arrochada. Na operação de socorro aos capitalistas, o Estado desembolsou bilhões de euros e comprometeu ainda mais a saúde da economia. A conversão da social-democracia O segundo fator é político. Diante da violência da crise capitalista, governos hegemonizados pela social-democracia, cada vez mais centrista, acabaram se curvando de vez diante do “deus-mercado” e aplicaram receitas neoliberais. Essa traição deu brechas para a ofensiva da direita européia. Demonizando os imigrantes e apresentando-se como melhor gestora da crise – o que é uma baita falsidade, como indica o desastre dos governos da França e Itália –, a direita surgiu como alternativa para os desesperados. O velho continente está na encruzilhada. A crise inferniza a vida dos trabalhadores. Em Portugal, o desemprego já supera os 12% da população economicamente ativa, o mais alto em 20 anos, e deve piorar – em 2011, o PIB deve sofrer uma retração de 2%. Na Espanha, a situação também é grave – com mais de 40% dos jovens sem emprego. Isto para não falar da Grécia e da Irlanda, que já sucumbiram à crise econômica e hoje são vítimas das humilhações impostas pelo FMI e pelo Banco Central Europeu. O espectro da fascistização A crise até aguça os protestos populares – como nas oito greves gerais na Grécia, nas combativas paralisações em Portugal ou na “revolução dos indignados” na Espanha. Mas estas revoltas ainda não conseguiram alterar a correlação de forças e produzir alternativas de poder efetivamente comprometidas com a superação do neoliberalismo, expressão do capitalismo na fase atual. Neste vácuo, a direita apela para o discurso xenófobo e racista para galgar postos. O espectro da fascistização ronda a Europa!