tumores odontogênicos

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tumores odontogênicos
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TUMORES ODONTOGÊNICOS
Classificação:
Inúmeras são as classificações propostas para os tumores odontogênicos, mas nenhuma
universalmente aceita, principalmente em decorrência das dúvidas ainda existentes quanto à
histogênese dessas lesões.
Contudo, consideramos a classificação proposta pelo Prof. Ney Soares de Araújo simples e
prática. Nela, dois aspectos foram correlacionados para a sua formulação: as características
histológicas e suas propriedades - ambas as condições dependentes diretas do tecido de
origem e do comportamento biológico.
ORIGEM BENIGNOS MALIGNOS
Epitelial Ameloblastoma
Tumor odontogênico adenomatóide
Tumor de Pindborg
Ameloblastoma maligno
Carcinoma intra-ósseo
Mesenquimal Mixoma
Fibroma odontogênico
Cementoblastoma benigno
Fibroma cementificante
Displasia cementária periapical
Misto Fibroma ameloblástico
Fibro-odontoma ameloblástico
Odontoma
Odontoameloblastoma
Fibrossarcoma ameloblástico
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Odontossarcoma
AMELOBLASTOMA
O ameloblastoma é uma neoplasia benigna, mas localmente invasiva, consistindo de epitélio
odontogênico proliferativo, em meio a um estroma fibroso. Não tem potencial indutivo sobre
o estroma. Usualmente os ameloblastomas são diagnosticados na 4ª e 5ª décadas. Em 80%
dos casos, o tumor está na mandíbula e 20% na maxila. Na mandíbula, 70% localizado na
região molar e no ramo ascendente, 20% na região pré-molar e 10% na região anterior.
Diversas são as hipóteses quanto à origem dos ameloblastomas. A mais aceita é aquela que
aponta a lâmina dentária como provável tecido de origem dos ameloblastomas. As outras
possibilidades são representadas por estruturas epiteliais originárias do epitélio de
revestimento bucal do órgão de esmalte, restos de Malassez e lesões císticas. Ao epitélio de
revestimento bucal, tem sido atribuída a origem do ameloblastoma extra-ósseo, que se
desenvolveu no rebordo alveolar.
O ameloblastoma é um tumor de crescimento lento, assimétrico, podendo provocar
deformidade facial devido a distensão da cortical adjacente à lesão e, nos casos mais
avançados, romper o limite ósseo e aflorar na boca.
A imagem radiográfica dos Ameloblastomas é muito variável. Para fins de entendimento, o
Ameloblastoma pode apresentar-se, basicamente, nos dois aspectos radiográficos :
1 - Um aspecto unilocular ou unicavitário, formando no osso uma loja, cavidade,
compartimento ou cripta única bem delimitada.
2 - O aspecto multilocular ou pluricavitário, o mais comumente descrito, para identificar
radiograficamente o Ameloblastoma, formado por várias lojas, cavidades, compartimentos ou
criptas, ou seja, um conjunto de áreas radiolúcidas, de tamanho e formas variáveis, separadas
entre si por septos ou linhas radiopacas.
Alguns dados devem ser buscados como indício radiográfico de Ameloblastoma:
a) Aspecto Unilocular
a1) Interrupção da cortical;
a2) Formação de imagens monocísticas pequenas;
a3) Presença de septos ósseos ainda que incompletos, dentro da área radiolúcida;
a4) Dentes adjacentes podem apresentar reabsorção radicular;
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a5) Associação com dentes inclusos no interior da lesão.
b) Aspecto Multilocular
A imagem multilocular pode ser de dois tipos: multicística ou em “bolhas de sabão” e
multimicrocística ou em “favos de abelha”.
b1) Multicística
b1.1) Presença de inúmeras lojas de tamanho e formas diferentes, que variam de um até
vários centímetros, com septos finos e bem marcados, arranjados anarquicamente, lembrando
formas de bolhas.
b1.2.) Os septos divisórios podem parecer desde uma estreita e bem marcada linha
radiopaca, idêntica à imagem da cortical cística, até uma faixa óssea de pequena espessura,
radiopaca, lembrando a imagem do osso esclerosado.
b1.3.) Associação com dentes inclusos no interior da lesão.
b2) Multimicrocística
b2.1.) Presença de um grande número de pequenas cavidades, de forma aparentemente
idêntica e tamanho uniforme.
b2.2.) Paredes do tumor são indefinidas, e as margens podem aparecer lobuladas.
b2.3.) Têm o nome de “favos de abelha” ou “favos de mel”, por apresentarem um aspecto
semelhante à da estrutura do favo de mel.
b2.4.) Dentes inclusos podem estar presentes.
O padrão histológico dos ameloblastomas varia bastante, e os seguintes tipos ou variantes
são comumente descritos.
1 - Folicular :
O epitélio tumoral está na forma de ilhas mais ou menos discretas, com uma camada
periférica de células cuboidais ou colunares, imitando o epitélio interno do esmalte ou
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preameloblastos, envolvendo uma massa central de células poliédricas ou angulares,
frouxamente unidos, imitando o retículo estrelado. Formações císticas são muito comuns
dentro dessas massas.
2 - Plexiforme :
O epitélio tumoral está arranjado em massas irregulares ou como uma rede de cordões. Cada
massa ou cordão é limitado por uma camada de células colunares e inclui células, imitando o
retículo estrelado, mas estas são muitas vezes menores em número, do que no tipo folicular.
Formações císticas ocorrem, mas comumente isto é o resultado de degeneração do estroma,
mais do que uma alteração cística dentro do epitélio.
3 - Acantomatoso :
Este termo é aplicado quando há uma extensiva metaplasia escamosa, algumas vezes com
formação de queratina, dentro das ilhas de células tumorais. Usualmente o padrão geral do
tumor é semelhante àquele do tipo folicular.
4 - Tipo de Células Basais :
Alguns tumores que aparecem dentro dos maxilares ou no epitélio superficial, em áreas
associadas a dentes, são muito semelhantes em estruturas ao carcinoma da pele. Desde que o
epitélio odontogênico é um anexo epitelial da boca, é razoável olhar este tipo de
ameloblastoma como uma contraparte histológica do carcinoma de células basais, embora o
ameloblastoma usualmente tenha aspectos estruturais distintos e, evidentemente, uma
localização diferente.
Quando um crescimento de células basais ocorre dentro dos maxilares, é preciso um cuidado
especial para distinguir entre o ameloblastoma de células basais e o carcinoma adenóide
cístico intra-ósseo.
5 - Tipo de Células Granulares :
Alguns ameloblastomas mostram uma transformação granular das células epiteliais e,
ocasionalmente, um tumor é visto, no qual quase todo epitélio é deste tipo. As células são
grandes, cuboidais, colunares ou redondas, e o citoplasma está preenchido com grânulos
acidófilos.
6 - Outras variações :
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Em qualquer ameloblastoma, mas, especialmente no tipo folicular, pode haver marcada
hialinização do tecido conjuntivo adjacente ao epitélio.
Um ameloblastoma pode mostrar um considerável número de grandes espaços cheios de
sangue, e alguns exemplos com estes aspectos têm sido chamados hemangioameloblastomas.
Entretanto, aceita-se que estes espaços com sangue resultam da dilatação dos vasos como
resultado da degeneração do estroma.
Os Ameloblastomas são tratados por remoção cirúrgica. No entanto, ainda existe certa
controvérsia quanto ao tipo de cirurgia.
A curetagem é o procedimento menos recomendado porque restringe-se apenas à área
lesada, não sendo possível agir com margem de segurança diante de uma possível (e comum)
infiltração, além da parte curetada, devido ao poder invasivo local do tumor.
Dependendo do tamanho e da localização do Ameloblastoma, recomenda-se ressecção em
bloco ou a ressecção radical. Nos casos em que a lesão já envolveu grande parte da mandíbula,
a conduta cirúrgica seria a hemimandibulectomia. Quando o tumor ainda não atingiu grande
proporção, a ressecção em bloco com margem e segurança é a opção cirúrgica recomendada.
TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATÓIDE – TOA (Adenoameloblastoma)
É um tumor do epitélio odontogênico com estruturas semelhantes a ductos (estruturas
canaliculares), e com variados graus de alterações indutivas no tecido conjuntivo (é capaz de
induzir modificações no tecido conjuntivo subjacente). O tumor pode ser parcialmente cístico,
e em alguns casos, a lesão sólida pode estar presente somente como massas na parede de um
grande cisto. Acredita-se que a lesão não é um neoplasma.
O T.O.A., ocorre tipicamente em pacientes jovens, usualmente na 2ª década, sem predileção
por sexo. A maxila é envolvida mais freqüentemente que a mandíbula, na proporção de 2:1. A
parte anterior da maxila é o lugar mais comum de incidência, especialmente a região de
caninos.
O tumor está freqüentemente associado com um dente não erupcionado, e pode, muitas
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vezes, simular em cisto dentígero tanto radiograficamente como durante a cirurgia, mas
algumas vezes, a presença de material calcificado dentro do tumor, pode ser muito útil no
diagnóstico.
Alguns aspectos radiográficos mais significantes podem ser citados, tais como :
• Radioluscência unilocular com expansão da cortical, semelhante a cisto;
• Margem bem definida com halo esclerótico;
• Dente impactado dentro da lesão;
• Focos de calcificações radiopacas.
Histologicamente, pode haver formações císticas mais ou menos extensas. O epitélio pode
se apresentar como cordões, como camadas ou massas espiraladas. Anéis de células colunares
dão um aspecto de ductos, mas estes podem ser escassos. Entre fileiras de células colunares,
oposta, muitas vezes, existe um material acidófilo, que é usualmente PAS positivo.
O tecido conjuntivo inclui variáveis quantidades de material hialino acidófilo, contendo
cordões de epitélio no seu interior.
Este material hialino parece ser dentina displástica e, ocasionalmente, um padrão tubular são
visto em algumas áreas. Muito raramente, formação de esmalte tem sido observada.
Calcificação pode ser encontrada algumas vezes, e pode ser extensiva. O T.O.A. tem
comportamento benigno, não recidivando após enucleação simples. A terapêutica preconizada
para o tumor, consiste na curetagem da lesão.
TUMOR ODONTOGÊNICO EPITELIAL CALCIFICANTE
(Tumor de Pindborg)
Neoplasma epitelial localmente invasivo, caracterizado pelo desenvolvimento de estruturas,
provavelmente de natureza amilóidea, que pode se tornar calcificado e liberada quando as
células se rompem.
O T.O.E.C., também chamado tumor de Pindborg, tem sido encontrado aproximadamente
com a mesma freqüência nas 4 décadas entre os 20 e 60 anos. Em 2/3 dos casos, a mandíbula
é afetada, e, 1/3 a maxila. A maioria das lesões está localizada na região pré-molar e muitas
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delas estão associadas com a coroa de um dente não erupcionado. O tumor pode também
ocorrer fora do osso em áreas de inserção dos dentes.
A aparência radiográfica é de uma área radiolúcida irregular, contendo massas radiopacas de
tamanhos variáveis. Essas massas tendem a estar localizadas junto à coroa de um dente não
erupcionado. Na periferia da lesão há, muitas vezes, uma zona radiolúcida, que pode estar ou
pode não estar claramente demarcada, do osso normal. Histologicamente o tumor de
Pindborg é composto de células epiteliais poliédricas, algumas vezes com proeminentes
pontes intercelulares (tonofibrilas), arranjadas em camadas ou cordões em um estroma
fibroso que pode mostrar alterações degenerativas.
As células epiteliais são algumas vezes multinucleadas e podem também mostrar um
acentuado pleomorfismo, mas, mitoses são vistas muito raramente. Dentro das massas de
células tumorais, existem massas homogêneas, acidófilas e arredondadas; estas massas
homogêneas comumente calcificam e mostram os anéis de Liesegang.
Técnicas especiais de coloração, tais como tioflavina T, Congo Red e Cristal violeta,
mostram que este material homogêneo dá reações similares àquelas de amilóide.
As células epiteliais associadas podem degenerar, liberando as massas acidófilas e
calcificadas. Além disso, o estroma pode conter corpos fortemente basófilos que são
irregulares ou angulares, e estes, podem se fundir e formar complexas massas. Raramente,
este tipo de tumor aparece fora do osso, em áreas associadas a dentes. Em tais casos, o
epitélio neoplástico parece menos ativo, e, há menos focos de calcificação que no tipo intraósseo.
Do ponto de vista do diagnóstico diferencial, o fibroma odontogênico com proliferação de
epitélio odontogênico, pode mostrar aspectos similares. O tumor odontogênico epitelial
calcificante (TOEC), que ocorre fora do osso, pode também apresentar dificuldades no
diagnóstico.
A experiência advinda da literatura, mostra que esse tumor é menos infiltrativo que o
ameloblastoma e, por esta razão, a terapêutica indicada é a remoção cirúrgica com pequena
margem de segurança.
Nota :
Lesões radiolucentes semelhantes a cisto com inclusões de objetos calcificados.
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1 - Cisto odontogênico epitelial calcificante (Cisto de Gorlin).
2 - Tumor odontogênico epitelial calcificante (Tumor de Pindborg).
3 - Adenoameloblastoma (tumor adenomatóide odontogênico).
4 - Odontoma ameloblástico.
5 - Displasia cementária periapical.
MIXOMA
É um neoplasma localmente invasivo, originário, provavelmente do mesênquima
relacionado à odontogênese, consistindo de células redondas e angulares, espalhadas num
estroma mucóide abundante.
Os mixomas podem ocorrer no tecido mole e no tecido ósseo. Aqueles que ocorrem no
tecido mole não têm relação nenhuma com a odontogênese, e são de ocorrência muito rara na
boca.
Os mixomas de tecido ósseo são, segundo consenso geral, exclusivos dos maxilares e de
origem dentária.
A ocorrência restrita aos maxilares e a semelhança de seus elementos componentes com a
papila dentária, são fatos concretos a apontar para a origem odontogênica do tumor.
Radiograficamente, o mixoma, comumente mostra múltiplas áreas radiolúcidas de variável
tamanho, separadas por septos ósseos retos ou curvos, dando uma aparência de bolhas de
sabão ou de “favos de abelhas”. Esta aparência pode ser indistinguível daquela, de um
ameloblastoma.
O mixoma odontogênico é um tumor que não se apresenta muito encapsulado, extendendo,
muitas vezes, através do osso, ou no tecido mole, sem qualquer definição de suas margens, de
tal forma que a sua erradicação é difícil, e, por isso, no tumor, as recorrências são muito
comuns.
Clinicamente o mixoma ocorre mais comumente entre a segunda e terceira décadas, sem
predileção por sexo, e na mandíbula. O tumor apresenta-se como lesão intra-óssea expansiva,
de crescimento lento, usualmente indolor, e comumente associado a dentes inclusos.
Ocasionalmente, núcleos atípicos têm sido relatados, mas estes tumores não produzem
metásteses.
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A maioria dos mixomas odontogênicos contém pouco colágeno, entretanto, em alguns casos,
uma quantidade moderada pode ser encontrada na forma de espessas bandas hialinizadas.
Alguns desses tumores podem conter esparsos cordões de células similares e epitélio
odontogênico inativo, os quais podem estar circundados por uma zona de hialinização.
O tratamento do mixoma é a excisão cirúrgica com margem de segurança. Deve-se evitar a
curetagem como terapêutica desses tumores, devido ao alto índice recidivante (25%).
CEMENTOMAS
As lesões, contendo tecido semelhante a cemento, formam um grupo complexo, com
características mal-definidas.
Quatro tipos de cementoma podem ser identificados :
a) Cementoblastoma Benigno (Verdadeiro Cementoma).
b) Fibroma Cementificante.
c) Displasia cementária periapical.
(*)d) Cementoma Gigantiforme (Cementomas familiares múltiplos).
A - Cementoblastoma Benigno ( verdadeiro Cementoma)
Neoplasma caracterizado pela formação de camadas de tecido igual a cemento, que pode
conter um elevado número de linhas justapostas e não ocorrer a mineralização na periferia
desta massa tecidual, ou nas áreas de mais ativo crescimento.
A histogênese do tumor, parece estar relacionada aos elementos do ligamento periodontal.
Estes, durante a odontogênese, respondem pela formação de cemento, e na condição
patológica, são capazes de originar as massas mineralizadas que lembram o tecido normal.
Clinicamente, a lesão ocorre mais na mandíbula, na região de molares e pré-molares, mais
no sexo masculino e abaixo de 25 anos de idade. O tumor é de crescimento lento e contínuo,
determinando na sua evolução, expansão óssea das corticais.
Radiograficamente, o tumor é bem definido, e a parte radiopaca principal é comumente
circundada por uma zona radiolúcida de uniforme espessura, representando o tecido
periférico não mineralizado, e as camadas celulares formativas. Este tipo de tumor é distinto, e
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quase sempre encontrado ao redor do ápice de um pré-molar ou molar, usualmente na
mandíbula, e o tecido tumoral duro pode estar fundido à raiz.
Nas partes mais maduras do crescimento, o tecido duro contém um pequeno número de
células encravadas, e as numerosas linhas, justapostas basófilas, dão uma aparência
semelhante àquela da doença de Paget.
O componente tecidual mole, consiste um tecido vascular, de textura fibrosa frouxa,
contendo tanto osteoclastos como células grandes mononucleares, fortemente coradas. Na
periferia e em outras áreas de crescimento ativo, extensivas camadas não exibem sinais de
remodelação.
A lesão parece ser um neoplasma benigno, e é facilmente enucleado. Histologicamente,
entretanto, ela pode se assemelhar a um osteosarcoma atípico.
O cementoblastoma pode também ser indistinguível de um osteoma osteóide ou
osteoblastoma. Entretanto, o cementoblastoma não mostra tendência para recorrer,
enquanto o osteoblastoma é recorrente.
B - Fibroma Cementificante
No estágio mais facilmente reconhecível, esta lesão consiste de tecido fibroblástico celular,
contendo massas redondas ou lobuladas de tecido semelhante a cemento, fortemente
calcificadas e bastante basófilas.
A histogênese, a partir das células do ligamento periodontal, enquadra a lesão no grupo dos
tumores odontogênicos.
Clinicamente, o tumor é mais comum em adolescentes ou adultos jovens, e na mandíbula. É
de crescimento lento, normalmente assintomático, causando deformidade óssea e, nos casos
de longa evolução, assimétria facial. Inicialmente, há uma destruição óssea com o
desenvolvimento de uma área radiolúcida e, gradualmente, esta área se torna radiopaca,
conforme o “tecido similar a cemento” é depositado. Finalmente, uma massa densa é
formada, e, provavelmente, o crescimento pára, ou então é muito lento.
O padrão histológico também varia com o estágio do desenvolvimento, sendo
predominantemente fibroblástico nos estágios iniciais, tornando-se progressivamente mais
similar a cemento, conforme as massas arredondadas crescem e se fundem.
Radiograficamente, a lesão apresenta variações diretamente relacionadas à formação de
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substância mineralizada no seu interior. É fácil entender-se, portanto, a apresentação do
tumor desde a lesão radiolúcida a radiopaca. De importância é a observação de que o tumor é
sempre bem delimitado e separado do osso circundante.
O tratamento preconizado é o cirúrgico conservador.
C - Displasia Cementária Periapical (Disp. Fibrosa Periapical)
É uma lesão similar em estrutura ao fibroma cementificante e principalmente, fibroblástica
nos seus estágios iniciais, e com crescentes quantidades de tecido, semelhante a cemento,
ocasionalmente misturado com trabéculas de osso fibroso.
Esta lesão ocorre mais comumente na região dos incisivos inferiores em mulheres de meia
idade, e, muitas vezes, envolvem vários dentes.
A patogenia da lesão pode ser entendida como uma proliferação de fibroblastos de região
próxima ao periápice, que determina a reabsorção do tecido ósseo, e na sua evolução
posterior, vai se mineralizando na forma de glóbulos, que posteriormente coalescem e formam
as massas maiores cementiformes. Após atingir um certo tamanho, estaciona o seu
crescimento, não apresentando usualmente, nenhuma relação com o dente próximo.
A lesão é assintomática, e, na maioria das vezes, passa despercebida por toda a vida do
paciente. Em alguns pacientes, o que chama atenção sobre a lesão, é a infecção secundária por
exposição da massa tumoral. Pacientes portadores de prótese total ou parcial que tenham a
lesão, são mais aptos a apresentar o quadro descrito.
O exame radiográfico guarda relação direta com o estágio evolutivo da lesão. Nas fases
iniciais é radiolúcida, vão aparecendo pontos de radiopacidade, e no final, a lesão passa a ser
radiopaca.
O paciente portador da lesão, descoberta em exame radiográfico de rotina, deve ser seguido
e radiografado periodicamente. Os dentes porventura presentes e localizados próximos à lesão
não devem sofrer tratamento endodôntico por essa razão.
Nos casos de sintomatologia associada à exposição da lesão ao meio bucal , e conseqüente
infecção secundária, a terapêutica recomendada é a remoção da massa, diretamente
relacionada ao problema. Nos casos de massas maiores, por vezes, só a curetagem local
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associada à cobertura por antibiótico é suficiente. As lesões em outros locais, não diretamente
associadas ao quadro de infecção, não necessitam ser removidas.
D - Cementoma Gigantiforme (Cementoma Familiar Múltiplo)
(*)Embora este tumor não conste da classificação apresentada (Ney Soares de Araújo),
incluímos agora como conteúdo para o diagnóstico diferencial.
É uma massa lobulada, densa, altamente calcificada, de cemento quase acelular, tipicamente
ocorrendo em várias partes dos maxilares.
Nas radiografias são observadas densas massas, algumas vezes distribuídas mais ou menos
simetricamente nos maxilares, suportando a idéia de que elas representam alguma forma de
displasia ou de anomalia do desenvolvimento. Entretanto, o cementoma gigantiforme pode
atingir um tamanho considerável, e causar expansão dos maxilares.
O cementoma gigantiforme é diferente da hipercementose, na qual, quantidades anormais de
cemento secundário são depositadas de maneira ordenada nas razões dos dentes. É preciso
também notar que massas similares ao cementoma gigantiforme podem ser formadas nos
maxilares, em alguns casos da doença de Paget.
ODONTOMA COMPOSTO
É uma malformação na qual todos os tecidos dentais estão representados de maneira muito
mais ordenada que no odontoma complexo, de tal forma que a lesão consiste de muitas
estruturas semelhantes a dentes. Muitos deles assemelham morfologicamente aos dentes da
dentição normal.
A distinção dentre odontoma composto e odontoma complexo é arbitrária, sendo baseada
mais na preponderância de dentículos bem organizados ou de tecidos dentais desorganizados,
do que em qualquer diferença absoluta.
ODONTOMA COMPLEXO
É uma malformação na qual todos os tecidos dentais estão representados, num padrão mais
ou menos desordenado, mas no qual os tecidos individuais são, principalmente, bem
formados.
A lesão ocorre mais comumente nas regiões de pré ou de molares. A fase de crescimento
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ativo é durante a formação da dentição, e, aqueles casos que causam expansão do osso, são
usualmente diagnosticados durante as primeiras duas décadas.
Radiograficamente, a lesão começa como uma área radiolúcida bem definida, na qual há
progressiva deposição de material radiopaco, de natureza modular.
Embora o odontoma complexo consista de uma desordenada mistura de tecidos dentais,
alguns casos incluem estruturas semelhantes a dentes, melhor ordenadas. Já foi dito que é
difícil diferenciar o odontoma complexo, de um fibroma ameloblástico ou de um fibroodontoma.
O odontoma representa um distúrbio de desenvolvimento que se apresenta sob a forma de
dentículos ou massas, sem formas constituídas de todos os tecidos dentários. Em razão dessa
apresentação, duas denominações são utilizadas : Odontoma Composto e Odontoma
Complexo.
Pode haver recorrência do crescimento se o O. Complexo for removido incompletamente,
durante os estágios iniciais , principalmente no estágio dos tecidos moles, mas nos últimos
estágios, o crescimento cessa.
A obtenção experimental de odontomas em animais por traumatismo durante a
odontogênese, nos faz admitir que embora o resultado final seja sempre uma malformação, no
odontoma complexo, o agente deve atuar sobre um dente em formação, e no odontoma
composto, diretamente sobre a lâmina dentária, resultando por essa razão, em múltiplos
dentículos.
A manifestação clínica mais comum é a de falta de um dente que permanece incluso.
Aumento de volume local e deslocamento de dentes também podem ocorrer.
Os Odontomas Compostos ocorrem mais na porção anterior da maxila; os Odontomas
Complexos ocorrem mais na região posterior dos maxilares.
Radiograficamente, o Odontoma pode aparecer como lesão radiopaca densa (Odontoma
Complexo), ou densa não uniforme, revelando múltiplos corpos “semelhantes a dentes”, mas,
em ambos os casos, a lesão tem um halo ósseo esclerótico ao seu redor.
O tratamento recomendado para os Odontomas (Composto e Complexo) é a remoção
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cirúrgica, sendo usualmente excelente o prognóstico.
ESTUDO DIRIGIDO:
1- Defina ameloblastoma.
2- Qual a provável origem dos ameloblastomas
3- Cite as principais características epidemiológicas dos ameloblastomas.
4- Cite as características clínicas e/ou radiográficas do ameloblastoma.
5- Cite as características histológicas do ameloblastoma.
6- Defina qual o tratamento de escolha para ameloblastoma.
7- Defina tumor odontogênico adenomatóide (TOA).
8- Qual a provável origem dos TOA.
9- Cite as principais características epidemiológicas dos TOA.
10- Cite as características clínicas e/ou radiográficas do TOA.
11- Cite as características histológicas do TOA.
12- Defina qual o tratamento de escolha para TOA.
13- Defina tumor odontogênico epitelial calcificante (TOEC).
14- Qual a provável origem dos TOEC
15- Cite as principais características epidemiológicas dos TOEC.
16- Cite as características clínicas e/ou radiográficas do TOEC.
17- Cite as características histológicas do TOEC.
18- Defina qual o tratamento de escolha para TOEC.
19- Defina mixoma.
20- Qual a provável origem dos mixoma
21- Cite as principais características epidemiológicas dos mixomas.
22- Cite as características clínicas e/ou radiográficas do mixoma.
23- Cite as características histológicas do mixoma.
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24- Defina qual o tratamento de escolha para mixoma.
25- Defina cementoma.
26- Cite os quatro tipos principais de cementoma.
27- Qual a provável origem dos cementomas.
28- Cite as principais características epidemiológicas dos quatro tipos de cementoma.
29- Cite as características clínicas e/ou radiográficas dos quatro tipos de cementoma.
30- Cite as características histológicas dos cementomas.
31- Defina qual o tratamento de escolha para os quatro tipos de cementoma.
32- Defina odontoma.
33- Defina odontoma composto.
34- Defina odontoma complexo.
35- Qual a provável origem dos odontomas.
36- Cite as principais características epidemiológicas dos dois tipos de odontoma.
37- Cite as características clínicas e/ou radiográficas dos dois tipos de odontoma.
38- Cite as características histológicas do odontoma.
39- Defina qual o tratamento de escolha para odontoma.

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