SANTOS, Maria Gilvaneide dos.1 (UFPB) E
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SANTOS, Maria Gilvaneide dos.1 (UFPB) E
COMO O PODCAST PODE AUXILIAR NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA EJA SANTOS, Maria Gilvaneide dos.1 (UFPB) E-mail: [email protected] OLIVEIRA, Maria Selma Teotônio de.2 (UFPB) E-mail: [email protected] RESUMO: A evolução tecnológica vem dando muitas contribuições para a sociedade, influenciando de forma significativa o modo de pensar e de viver de cada um, propiciando melhorias em vários aspectos sociais, culturais e nos processos educativos. Neste sentido a EJA vem ganhando fortes aliados tecnológicos e os professores tendo a possibilidade de através dos recursos existentes, estarem sempre melhorando suas práticas educativas como também a melhoria na relação entre professor e aluno pois, deste modo, a qualidade do ensino dependerá da boa relação bilateral. Este artigo surgiu através de pesquisa realizada com os ensinamentos do curso de extensão “Ensino e aprendizagem com as Tecnologias e Mídias na Educação”, realizado através do Programa de Extensão Universitária - PROEXT/UFPB e através de estudos feitos nas disciplinas em área de aprofundamento na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no curso de Pedagogia/UFPB, tendo por objetivo mostrar a importância do podcast como instrumento didático capaz de contribuir com a alfabetização e o desenvolvimento dos alunos da EJA. Metodologicamente, este artigo foi pautado em documentos, livros, webgrafia, tecnologias (midiáticas e digital) entre outros. PALAVRA-CHAVE: Educação de jovens e adultos, Tecnologias, Mídias, Podcast INTRODUÇÃO Com a evolução tecnológica a humanidade vem beneficiando-se de forma significativa, tendo influências modificadoras não apenas no cotidiano, mas também na forma de pensar e no modo de viver de cada um, propiciando melhorias em vários aspectos nos processos educativos. Sabe-se que as características do aluno da educação de jovens adultos são distintas do aluno proveniente do ensino regular, tendo necessidade de concluir sua formação básica de forma mais rápida, com o intuito de recuperar não só tempo o perdido, mas de conquistar uma educação sólida ao longo da vida, tendo uma “função reparadora, equalizadora e qualificadora”, conforme pautado em Brasil (2002), daí a importância de elaborar um currículo diferenciado, capaz de preencher as lacunas deixadas por uma má formação inicial. Muitas são as dificuldades encontradas pelos jovens e adultos na sua retomada a sala de aula ao longo da história da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Tais problemas partem desde a conciliação entre trabalho e escola, como também tocam as metodologias tradicionais exaustivas, e currículos distantes da realidade do aluno, refletindo diretamente no desempenho da sua aprendizagem (BRASIL, 1988). Neste contexto, cabe ao professor criar estratégias diferenciadas, diversificando sua metodologia e recursos pedagógicos, a fim de tornar suas aulas mais atrativas e consequentemente alcançar o objetivo almejado. Libâneo (2002) afirma que “O papel do professor, portanto, é o de planejar, selecionar e organizar os conteúdos, programar tarefas, criar condições de estudo dentro da classe, para [...] que estes se tornem sujeitos ativos da própria aprendizagem”. Porém, é sabido que nem todos os professores da EJA têm formação adequada para exercer tal função. O professor deve ter conhecimento da importância de um plano de aula bem elaborado para a promoção do desempenho dos alunos e por isso é de fundamental relevância o conhecimento de todas as abordagens de ensino para poder identificar qual delas melhor irá favorecer o processo de construção do conhecimento do estudante. Segundo Faheina (2008) “[...] a formação do pedagogo, no contexto da cultura midiática, exige dele a ampliação de suas habilidades e competências, no que tange ao domínio das novas linguagens e das tecnologias de comunicação de massa”. É papel do professor procurar uma formação de qualidade, contribuindo para melhoria do processo de ensino e aprendizagem levando em consideração a realidade, as diversidades e dificuldades encontrados em sala de aula por esses estudantes. Segundo Freire (2005), “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou sua construção”. Assim, o professor alfabetizador de jovens e adultos deve refletir e repensar sua prática de ensino, visando intervir na realidade do aluno, de modo a não se resumir à mera transmissão de conteúdo, mas existindo interações capazes de modificar esta realidade. Serafim e Sousa (2011, p. 20) afirmam que: É essencial que professor se aproprie da gama de saberes advindos com a presença das tecnologias digitais da informação e da comunicação para que estes possam ser sistematizadas em sua prática pedagógica. A aplicação e mediação que o docente faz em sua prática pedagógica do computador e das ferramentas multimídias em sala de aula, depende em parte, de como ele entende esse processo de transformação e de como ele se sente em relação a isso, se ele vê todo esse processo como algo benéfico, que pode ser favorável ao seu trabalho, ou se ele se sente ameaçado e acuado por essas mudanças. Consequentemente, esta prática e ação resultará em boa relação entre professor e estudante, fazendo com que este aproprie-se melhor da troca de informações propulsoras da construção do conhecimento, ocorrendo sua transformação nos processos de ensino e aprendizagem. Muitos são os recursos existentes quando fala-se em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para auxiliar o formador da EJA, conforme Kalinke (1999), “Os avanços tecnológicos estão sendo utilizados praticamente por todos os ramos do conhecimento. As descobertas são extremamente rápidas e estão à nossa disposição com uma velocidade nunca antes imaginada”, para Lévi (1999), “Ao interagir com o mundo virtual, os usuários o exploram e o atualizam simultaneamente. Quando as interações podem enriquecer ou modificar o modelo, o mundo virtual torna-se um vetor de inteligência e criação coletivas”. Contudo, só o esforço do professor não será capaz de garantir a aprendizagem e a permanência desses alunos em sala de aula. É preciso presença e participação da equipe gestora, de forma assídua, com compromisso e ética, pois a ela compete promover a criação e sustentação de um ambiente propício à formação do estudante. Para isso a equipe gestora deverá estar fundamentada no princípio da Gestão Democrática, visando a participação de toda a comunidade escolar nas relações e processos, onde cada membro desta comunidade possa opinar e contribuir significativamente para a melhoria da qualidade pedagógica do processo educacional. Para Freire (2005, p. 90): A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformam o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar. Desta forma, falar da perspectiva da educação de jovens e adultos nos dias de hoje é, de certo modo, recorrer aos recursos tecnológicos existentes, ou seja, espera-se dos professores desta realidade movida à tecnologia o conhecimento para pensarem e repensarem suas práticas de ensino. Silva (2001, p. 37) lembra que “O impacto das transformações de nosso tempo obriga a sociedade, e mais especificamente os educadores, a repensarem a sua temporalidade”. O podcast, arquivo digital de áudio, é um dos meios pelos quais os professores podem utilizar para transmitir conhecimento de maneira criativa e produtiva. Paulo Freire fala de uma educação libertadora e inovadora, ou seja, com as tecnologias disponíveis, principalmente na área da educação, onde o professor enquanto facilitador do conhecimento deve apropriar-se de recursos para inovar sua práxis. Freire (2005, p. 79) afirma que: Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os ‘argumentos de autoridade’ já não valem. Partindo do pressuposto freireano, entende-se que a escola, enquanto instituição de ensino, deve estar aberta à mudanças que venham a ser significativas nos processos de ensino e aprendizagem. Entretanto sabe-se o quanto é importante a mobilização conjunta de toda a comunidade escolar para haver de fato mudanças, visando a melhoria físico estrutural e externo da instituição, alcançando com êxito a educação de qualidade e libertadora proposta por Freire. Deste modo criam-se expectativas em políticas públicas capazes de beneficiar e modificar a educação de jovens e adultos. Além desta seção de introdução, este artigo apresenta outras três seções, discutindo a EJA no Brasil, como o podcast pode auxiliar na educação da EJA e as considerações finais. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL Historicamente, a Educação de Jovens e Adultos tem sido um desafio tanto para o Governo quanto para os educadores, principalmente para os próprios educandos, mesmo nos dias atuais, tendo sido delimitada a partir dos anos 30, conforme BRASIL (2001, p. 19): A educação básica de adultos começou a delimitar seu lugar na história da educação no Brasil a partir da década de 30, quando finalmente começa a se consolidar um sistema público de educação elementar no país. Neste período, a sociedade brasileira passava por grandes transformações, associadas ao processo de industrialização e concentração populacional em centros urbanos. A oferta de ensino básico gratuito estendia-se consideravelmente, acolhendo setores sociais cada vez mais diversos. A ampliação da educação elementar foi impulsionada pelo governo federal, que traçava diretrizes educacionais para todo o país, determinando as responsabilidades dos estados e municípios. Tal movimento incluiu também esforços articulados nacionalmente de extensão do ensino elementar aos adultos, especialmente nos anos 40. Ao longo da história, vivencia-se vários processos nesse sentido, tendo por exemplos o MEB (Movimento de Educação de Base), o SIREPA (Serviço de Radiodifusão da Paraíba), o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) e outros. Tais processos tentam assegurar e estabelecer o direito daqueles que não conseguiram estudar na idade certa, saindo assim dos padrões da escola regular, tendo sido pautados em direitos através das legislações vigentes no Brasil, passando por momentos de tensões e déficit de aprendizagem. De acordo com a LDB (1996, p. 15): Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1o Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. § 2o O poder público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. 28§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. Entende-se que essa modalidade de ensino deveria ter atenção maior devido às inúmeras dificuldades, a princípio pelo desafio de como chegar a esse público, tornando-se um processo deveras complicado em muitos casos. A título de exemplo, há casos onde o Estado abre vagas para educadores, entretanto, tais educadores de EJA, para serem aceitos, precisam formar turmas com no mínimo vinte alunos e, além disso, estabelecer um local de estudo. Ora, entende-se ser esse o dever do Estado, formando e qualificando os educadores para tais funções tão importantes para o meio social, não levando em consideração a falta de qualificação e de vivência em sala de aula anterior, não devendo ser fator de indeferimento de contratação ou de formação de turmas de EJA. No entanto, acordando com Oliveira (2009), o Governo prioriza as crianças e adolescentes, deixando a educação de jovens e adultos em segundo plano. Além de toda essa dificuldade, um possível futuro educador dessa provável turma de EJA ainda precisa perceber um “salário” medíocre, retomando os pensamentos sobre o descaso com a educação, principalmente para a EJA, contradizendo os escritos das Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA quando descreve que as funções da EJA devem ser “reparadora, equalizadora e qualificadora”. Segundo Di Pierro (2005, p. 24): A educação de jovens e adultos ocupou um lugar marginal na reforma da educação brasileira empreendida na segunda metade da década de noventa, pois os condicionamentos do ajuste econômico levaram o governo a adotar uma estratégia de focalização de recursos em favor da educação fundamental de crianças e adolescentes. Ainda nesses termos, não se pode deixar de catalogar o índice de analfabetismo no Brasil e, principalmente, no Nordeste como sendo um dos mais altos do país. Mostra-se na Figura 1, retirada do sítio do R7.com e do sítio da Revista EXAME, com embasamento nos dados do IBGE. Figura 1: Taxa de analfabetismo no Brasil em 2011. É possível verificar a disparidade com relação ao analfabetismo no Brasil, tendo como maiores índices, as maiores regiões, sendo a região Sul com 4,9% do total da população analfabeta e a região Norte e Nordeste com 10,2% e 16,9%, respectivamente. A evasão escolar também é notória e faz parte de um contexto de aprendizado que ainda não se tornou inovador, claro, reparador, equalizador e qualificador. É preciso restaurar a visão freireana, a qual está na atualidade propagada na maioria das universidades, em artigos científicos e livros acadêmicos como uma teoria exemplar, capaz de transformar o homem e permitindo ter uma visão de mundo a partir da sua própria história e seu contexto social. Para Freire (2005, p. 95) “Finalmente, não há diálogo verdadeiro se não há nos seus sujeitos um pensar verdadeiro. Pensar crítico. Pensar que, não aceitando a dicotomia mundo-homens, reconhece entre eles uma inquebrantável solidariedade”. Assim, deve-se utilizar de todas as estratégias para alavancar a EJA, principalmente com o uso das TICs, tão presentes no cotidiano da população, tendo nos podcasts um excelente instrumento para esse fim. O PODCAST COMO AUXILIO NA EDUCAÇÃO DA EJA É bem sabido que a educação brasileira já não é mais a mesma. As tecnologias antigas como o livro didático, o giz, o quadro negro, ainda são importantes mas não são mais as únicas ferramentas que podem surtir efeito de aprendizagem na vida o aluno. Na atualidade, as novas tecnologias já fazem parte da vida social do cidadão, seja nas indústrias, empresas de pequeno, médio e grande porte, seja no dia-a-dia do aluno, através do celular, televisão, software de livros e aplicativos. Tais instrumentos são realidade na vida do brasileiro e nesse processo, a sala de aula acaba tornando-se um ponto intermediário entre o aluno e essa sociedade informatizada, sendo o professor diante desses fatores, o responsável pela integração e mediação dessa conexão. Almeida (2000, p. 12) comenta que: Por meio da manipulação não linear de informações, do estabelecimento de conexões entre elas, do uso de redes de comunicação e dos recursos multimídia, o emprego da tecnologia computacional promove a aquisição do conhecimento, o desenvolvimento de diferentes modos de representação e de compreensão do pensamento. Os computadores possibilitam representar e testar ideias ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato e simbólico, ao mesmo tempo que introduzem diferentes formas de atuação e de interação entre as pessoas. Essas novas relações, além de envolverem a racionalidade técnico operatória e lógico formal, ampliam a compreensão sobre aspectos sócio afetivos e tornam evidentes fatores pedagógicos, psicológicos, sociológicos e epistemológicos. O Ministério da Educação (MEC) refletindo sobre essa vinculação entre a tecnologia e educação de qualidade, além de criar programas de inclusão do professor em uma formação continuada como o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO), visando qualificar o professor para ensinar de forma a haver uma práxis, também planeia e lança o Guia de Tecnologia Educacionais 2008, o qual descreve em seus objetivos específicos (BRASIL, 2008): • Pré-qualificar tecnologias educacionais como referencial de qualidade, para utilização por escolas e sistemas de ensino; • Disseminar padrões de qualidade de tecnologias educacionais que orientem a organização do trabalho dos profissionais da educação básica; • Estimular especialistas, pesquisadores, instituições de ensino e pesquisa e organizações sociais para a criação de tecnologias educacionais que contribuam para elevar a qualidade da educação básica; • Fortalecer uma cultura de produção teórico. Nesse contexto o podcast é um instrumento que pode ser utilizado para facilitar a construção do conhecimento de maneira criativa e produtiva. Com base na Revista Feed comentado no sítio http://www.podpods.com.br/ “O conceito de podcast foi reforçado pelo antigo apresentador do canal da MTV Adam Cury, ao desenvolver o primeiro agregador de podcast em 2004”. De acordo com Foschini e Taddei (2006) “O podcast tem vários programas, ou episódios, como se fosse seriado. Os arquivos ficam hospedados em um endereço na Internet e, por download, chegam ao computador pessoal ou tocador”. Foshini e Taddei (2006, p. 12) afirmam que: As universidades de Harvard e Stanford estão entre as pioneiras a usar o podcast como ferramenta educacional. O Brasil rapidamente também aderiu às entrevistas com especialistas ou trechos de aulas e palestras oferecidas como material de apoio ao estudante. A partir dessa concepção percebe-se a possibilidade e a probabilidade de ser trabalhado com o podcast dentro da escola pública e em especial na modalidade de EJA de forma objetiva e tendo bons resultados para os educandos, elevando o censo crítico como também aguçando sua visão cidadã e construtiva do mundo ao seu redor. Um dos tipos de arquivo de áudio usado com frequência pelo podcast é o MP3, pelo fato de ser também o mais usado no mercado, encontrado na maioria dos celulares, tocadores e também no próprio computador, onde boa parte da população faz uso diário. Nesse contexto também mencionamos o RSS como sendo primordial para o podcast, conforme Foshini e Taddei (2006, p. 18): O RSS é um tipo de arquivo que segue os padrões de formato ainda mais genérico, o XML, e traz uma lista de endereços de arquivos na internet, ou seja, links para estes arquivos, algumas informações relacionadas a eles. Os arquivos podem ser de vários tipos: fotos, vídeos, áudios, textos, entre outras coisas. Desta forma, é notória as inúmeras possibilidades no processo de ensino e aprendizagem que alunos e professores podem dispor face à variedade de tecnologia e conteúdo disponível na grande rede, facilitando e auxiliando a educação da EJA e outros. CONSIDERAÇÕES Considerando as questões históricas e socioculturais, não é difícil perceber suas influências até hoje em torno da educação de jovens e adultos. É de extrema relevância ter políticas públicas voltadas à docência, enfatizando na qualificação dos professores atuantes dessa modalidade de ensino, oferecendo uma educação de qualidade com ideais inovadores e transformadores. A sociedade vem modificando-se em ritmo acelerado, deixando para trás seus princípios de modo alienado e ganhando novos aliados em nome de novas tecnologias. Percebe-se uma sociedade que facilmente levanta um olhar negativo sobre seus jovens, sem perceber sua imagem sendo refletida nos mesmos. Desta forma, percebe-se que é dentro das escolas que ocorrem a soma de todos esses fatores políticos e sociais, crendo erroneamente no fracasso escolar dos jovens serem advindos apenas do meio institucional. Entretanto, concorda-se que a escola está à margem de seus jovens, muitas vezes por medo de lidar com o novo, por desconhecimento ou até mesmo por ser mais cômodo, conforme Andrade (2004, p. 1) descreve: De um modo geral, os sujeitos da EJA são tratados como uma massa de alunos, sem identidade, qualificados sob diferentes nomes, relacionados diretamente ao chamado "fracasso escolar". Arroyo (2001) ainda chama a atenção para o discurso escolar que os trata, a priori, como os repetentes, evadidos, defasados, aceleráveis, deixando de fora dimensões da condição humana desses sujeitos, básicas para o processo educacional. Ou seja, concepções e propostas de EJA comprometidas com a formação humana passam, necessariamente, por entender quem são esses sujeitos e que processos pedagógicos deverão ser desenvolvidos para dar conta de suas necessidades e desejos. Preferir acreditar na ausência de mudanças e na inércia do perfil dos alunos da EJA é retrógado e antiquado. A EJA vem sendo composta por alunos com aspectos diferenciados, mesmo sendo mais jovens, com direito à educação de qualidade. Essa visão negativa existente em torno do aluno da EJA precisa ser revisto e definitivamente desarticulado, devendo-se rever conceitos e métodos utilizados em sala de aula e perceber esses jovens não tão somente como alunos, mas principalmente como “seres humanos”, possuidores de histórias, de expectativas, dificuldades, sonhos e desejos. Sobre isto, Arroyo (2004) afirma que “se os professores exigem que os alunos respeitem a imagem dos mestres, estes também terão de começar rever a imagem que se fazem dos alunos educados” (p.36). Neste sentido é necessário que a escola se organize para que exista harmonia na relação entre professore e aluno. Portanto, é chegada à hora dos professores da EJA mudar seus olhares sobre seu educando, e principalmente se auto avaliar, tomando consciência de sua responsabilidade quanto à escolarização e vida desses jovens e adultos. Desta forma é oportuno ressaltar que a sociedade deve intervir juntamente com a esfera publica por politicas que venham beneficiar significativamente a modalidade EJA, visando a valorização tanto dos alunos quando dos professores, como também apoiar em vez de discriminar os alunos que estão terminando seus estudos através dessa modalidade de ensino, pois esses alunos como qualquer um outro esperam através dessa educação ampliarem seus conhecimentos. 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