comunidade fitoplanctônica de lagoas de altitude
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comunidade fitoplanctônica de lagoas de altitude
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA DE LAGOAS DE ALTITUDE NA AMAZÔNIA THIAGO MARTINS DE SOUSA 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E CONSERVAÇÃO – PPGCIAC COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA DE LAGOAS DE ALTITUDE NA AMAZÔNIA THIAGO MARTINS DE SOUSA DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E CONSERVAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E CONSERVAÇÃO. Orientador: Prof. Dr. Francisco de A. Esteves Co – orientadores: Prof. Dr. Reinaldo L. Bozelli Prof. Dr. Marcos Paulo F. de Barros Macaé – RJ Abril, 2015 2 COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA DE LAGOAS DE ALTITUDE NA AMAZÔNIA Thiago Martins de Sousa Orientador: Prof. Dr. Francisco de A. Esteves Co – orientadores: Prof. Dr. Reinaldo L. Bozelli & Prof. Dr. Marcos Paulo F. de Barros Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós – Graduação em Ciências Ambientais e Conservação, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais e Conservação. Aprovada por: Presidente, Prof. Dr. Francisco de A. Esteves Prof a. Dra. Lísia M. de Souza Gestinari Prof a. Dra. Marina Satika Suzuki Macaé – RJ Abril, 2015 3 Ficha catalográfica Sousa, Thiago Martins de. Comunidade Fitoplanctônica de Lagoas de Altitude na Amazônia/ Thiago Martins de Sousa. Macaé / RJ: UFRJ/ Campus Macaé – NUPEM, 2015. xi, 79f.: il.; 31cm. Orientador: Francisco de Assis Esteves Dissertação (Mestrado) – UFRJ / Campus Macaé – NUPEM / Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais e Conservação, 2015. Referências bibliográficas: f. 61 – 71. 1. Fitoplâncton. 2. Lagoas. 3. Altitude. 4. Heterogeneidade. I. Esteves, Francisco de Assis. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós – Graduação em Ciências Ambientais e Conservação. III. Comunidade Fitoplanctônica de Lagoas de Altitude na Amazônia. 4 RESUMO COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA DAS LAGOAS DE ALTITUDE NA AMAZÔNIA Thiago Martins de Sousa Orientador: Prof. Dr. Francisco de A. Esteves Co – orientadores: Prof. Dr. Reinaldo L. Bozelli & Prof. Dr. Marcos Paulo F. de Barros Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós – Graduação em Ciências Ambientais e Conservação, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais e Conservação. A região Amazônica tem notável heterogeneidade ambiental e compreender esta grande variedade é um permanente desafio à ecologia. Dentre estes ambientes estão aqueles englobados na Floresta Nacional (FLONA) de Carajás, na qual podem ser encontrados diversos ecossistemas aquáticos. A comunidade fitoplanctônica, é a principal porta de entrada da matéria e da energia na cadeia trófica aquática por meio da produção primária, constituindo – se um importante indicador para a avaliação das condições ambientais. Neste estudo, avaliamos a estrutura do fitoplâncton de 12 lagoas, sendo seis rasas e seis profundas, relacionando seus atributos estruturais, com as variáveis limnológicas e a presença de macrófitas aquáticas, com a finalidade de definir padrões de riqueza, composição e variação desta comunidade. Os resultados revelaram que nas lagoas estudadas ocorreu um predomínio da classe Zygnemaphyceae, indicando condições oligotróficas nesses ambientes. Não foi detectado padrão de endemismo, mas foram identificadas espécies raras e não registradas na região Norte. Não foi possível determinar um único fator determinante de padrões de riqueza, composição e variação na comunidade fitoplanctônica das lagoas na FLONA de Carajás. Disto se conclui que a composição e variação ficoflorística resultam, provavelmente, da interação de fatores locais, que exercem efeito sinergético e estocástico sobre a comunidade fitoplanctônica, decorrentes da heterogeneidade estrutural desses ambientes. Palavras – chave: Fitoplâncton – Lagoas – Altitude – Heterogeneidade Macaé – RJ. Abril, 2015 5 ABSTRACT PHYTOPLANKTON COMUNNITY OF LAKES OF ALTITUDE IN THE AMAZÔNIA Thiago Martins de Sousa Orientador: Prof. Dr. Francisco de A. Esteves Co – orientadores: Prof. Dr. Reinaldo L. Bozelli & Prof. Dr. Marcos Paulo F. de Barros Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós – Graduação em Ciências Ambientais e Conservação, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais e Conservação. The Amazon region has remarkable environmental heterogeneity and understand this variety is a constant challenge to ecology. Among these environments are those within the National Forest of Carajás, in which many aquatic ecosystems can be found. The phytoplankton community is the main port of matter and energy intake in the aquatic food chain through primary production and are important indicator for the assessment of environmental conditions. In this study, the structure of 12 lakes phytoplankton, six shallow and six deep, relating its structural attributes, with the limnological variables and the presence of aquatic weeds, in order to define richness patterns, composition and variation of this community. The results revealed that the studied lagoons there, was a predominance of Zygnemaphyceae class, indicating oligotrophic conditions in these environments. There was no pattern of endemism detected, but they have been identified and rare species not recorded in the region North. Could not determine a single factor determinant of wealth patterns, composition and variation from phytoplankton community lakes in the National Forest of Carajás. It was concluded that the composition and variation phytoplankton probably result, from the interaction of local factors that exert synergistic and stochastic effect on the phytoplankton community, arising from the structural heterogeneity of these environments. Key – words: Phytoplankton – Lakes – Altitude - Heterogeneity Macaé – RJ Abril, 2015 6 “Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura”. Pe. Fábio de Mello “O valor das palavras não está no que elas estão escritas, mas sim nas ideias, sentimentos e a quem desperta a essência dentro de mim para escrevê-lás”. Cristiano Martins 7 Aos meus Pais & Orientadores: Esteves, Marcos Paulo & Reinaldo Bozelli Dedico; 8 Agradecimentos Ao meu orientador: Francisco Esteves, pelo apoio, incentivo, orientação, ensinamentos, conversas e por ser esse grande exemplo de cientista, por me abrir as portas e me receber de forma tão confiante e acolhedora, por todas as oportunidades e por contribuir de maneira tão significativa na minha formação, serei eternamente grato. Ao meu co-orientador, professor e amigo: Marcos Paulo, muito obrigado, pela orientação, pelas conversas construtivas, amizade, oportunidades e por toda a confiança. Muito Obrigado. Á Profa. Dra. Valéria Fernandes; pelo auxílio nas identificações do fitoplâncton e por todas as sugestões para a culminação deste trabalho. Agradeço honrosamente a Paloma Marinho; pelo auxílio em todas as análises estatísticas, contribuições, sugestões, ensinamentos, ajuda e prontidão para a realização e finalização desse trabalho, serei sempre muito grato. Ao Laboratório de Limnologia / Ecologia Aquática da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Núcleo de Pesquisas Ecológicas e Desenvolvimento Sócio Ambiental de Macaé – NUPEM/ UFRJ. Aos membros da banca: Profa. Dra. Lísia Gestinari e Profa. Dra. Marina Suzuki, por aceitarem participar e contribuir de maneira tão valiosa para a finalização deste trabalho. Ao membro suplente da banca: Frederico Meireles. Ao Professor Maurício Mussi, membro da pré-banca; pelas contribuições na fase final da Dissertação. Aos Professores Ana Cristina Petry e Rodrigo Lemes, pelas valiosas contribuições e sugestões na melhoria do trabalho desta Dissertação. Aos meus Pais: Maria José Martins e Joaquim Sousa e minha Irmã: Tamires Martins meu porto seguro. 9 Ao Cristiano Martins pela grande amizade, apoio, compreensão, ajudas e todas as conversas e momentos compartilhados desde sempre. Aos meus Familiares pelo incentivo, apoio, acolhimento, por vezes mesmo de longe. A minha eterna orientadora e grande amiga: Janaína Andrade dos Santos. A Família de Ubiratan Souza, Helena, Fabiana e Daniel; por todo acolhimento, apoio, por hoje me fazer sentir um membro da família – (filho postiço), pessoas estas que serei eternamente grato pela convivência, compreensão, ajudas e por participarem dia a dia na concretização desta etapa de minha vida. Aos meus amigos do Laboratório de Limnologia / Ecologia Aquática: Maria Silvina, Mariana, Rodrigo, Fabrício, Daniely Flávia, Leonardo, Letícia,Thiago Benevides, Maycon, Paula Portilho, Roberto (O gaúcho), Antonella , Luciana (Lucy), Lúcia, Izabela , Bruno(Carijó), Rayanne e Rafaela e a todos os membros do laboratório do qual faço parte, muito obrigado, por toda a convivência, aprendizados, churrascos, festas, mesas de bares, conversas, almoços, caronas, camaradagem e enfim pela amizade e companheirismo cotidiano. Ao PPGCIAC (corpo docente, coordenação, secretaria e turma 2013.1). CAPES e VALE por todo o apoio e suporte, logístico e financeiro. Por fim e não menos importante, mas peça chave e fundamental desse trabalho: Reinaldo Bozelli – ao professor, orientador serei eternamente grato por todas as orientações, ensinamentos, conselhos, oportunidades, confiança, dedicação e atenção sempre prestada, por todas as ajudas e por sempre orientar- me para os melhores caminhos, me ajudando e contribuindo de maneira tão gratificante, humana e enriquecedora na minha formação; Muito Grato hoje e sempre. E enfim a todos que de alguma forma contribuirão nessa etapa de minha vida! 10 SUMÁRIO 1. Introdução......................................................................................................15 2. Objetivos........................................................................................................19 3. Material e Métodos........................................................................................20 4. Resultados e Discussão..................................................................................32 5. Conclusões.....................................................................................................60 6. Referências.....................................................................................................61 7. Anexo.............................................................................................................72 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Mapa do Brasil em destaque o estado do Pará e das lagoas estudadas, onde está situada a Floresta Nacional de Carajás................................................21 Figura 2:(a)Lagoa rasa – lagoa N1C e (b) lagoa profunda – lagoa S11D-F(b) localizadas na FLONA de Carajás.......................................................................22 Figura 3: Imagem da Savana Metalófila vegetação típica de coberturas ferruginosas que cobrem as rochas ferríferas......................................................24 Figura 4: Análise de componentes principais (ACP) das variáveis limnológicas e clorofila – a das lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 e 2013)............................................................................................34 Figura 5: Riqueza total de táxons e contribuição de cada classe de 12 lagoas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 e 2013)....................................37 Figura 6: Riqueza total de táxons e contribuição de cada classe de seis lagoas rasas e seis profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 e 2013)....................................................................................................................38 Figura 7: Valores da riqueza total fitoplanctônica das lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período de estudo entre (2005 e 2013)....................................................................................................................39 Figura 8: Valores da mediana da riqueza fitoplanctônica de seis lagoas rasas: N1C, N1G, N4A, N4C, S11A-C e N1E e seis lagoas profundas: S11A- C, S11A –A, S11A-B, ETA I, S11D-E e S11D-F da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013)............................................................................................39 12 Figura 9: Curva de rarefação comparativa entre a riqueza de táxons das lagoas rasas e profundas estudadas na FLONA de Carajás para a comunidade fitoplanctônica.....................................................................................................41 Figura 10: Valores da medidana da Diversidade de Shannon (H) da comunidade fitoplanctônica de 12 lagoas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 e 2013)....................................................................................................................42 Figura 11: Valores da mediana da variação da diversidade de Shannon (H) da comunidade fitoplanctônica de seis lagoas rasas: N1C, N1G, N4A, N4C, S11AC e N1E e seis lagoas profundas: S11A- C, S11A –A, S11A-B, ETA I, S11D-E e S11D-F da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013)....................................................................................................................42 Figura 12: Valores da mediana da Equitabilidade de Pielou (J) da comunidade fitoplanctônica de 12 lagoas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 e 2013)....................................................................................................................43 Figura 13: Valores da mediana da variação da equitabilidade de Pielou (J) da comunidade fitoplanctônica de seis lagoas rasas: N1C, N1G, N4A, N4C, S11AC e N1E e seis lagoas profundas: S11A- C, S11A –A, S11A-B, ETA I, S11D-E e S11D-F da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013)..................43 Figura 14: Abundância relativa das classes fitoplanctônicas de 12 lagoas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 e 2013)....................................47 Figura 15: Abundância relativa das classes fitoplanctônicas de seis lagoas rasas da FLONA de Carajás no período de estudo (2010 e 2013)................................48 Figura 16: Abundância relativa das classes fitoplanctônicas de seis lagoas profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 e 2013)....................................................................................................................48 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Localização, profundidade (m), ano e período de coleta - chuva (C) e estiagem (E) - dos ecossistemas aquáticos estudados na Floresta Nacional (FLONA) de Carajás............................................................................................23 Tabela 2: Valores das variáveis limnológicas medidas no período de estudo (2005 – 2013) nos ecossistemas aquáticos estudados na FLONA de Carajás.................................................................................................................33 Tabela 3: Lista de espécies fitoplanctônicas cujo primeiro registro para a região Norte foi feito neste trabalho (Não Registradas na Região Norte - NRG) e de espécies raras que ocorrem em ecossistemas aquáticos na FLONA de Carajás no período estudado (2005 a 2013)..........................................................................50 Tabela 4: Similaridade da composição de táxons da comunidade fitoplanctônica pelas análises non-metric multi - dimensional (NMDS) entre lagoas rasas e profundas no período estudado (2010 e 2013) da FLONA de Carajás pelo índice de similaridade de Jaccard...................................................................................54 Tabela 5: Similaridade da composição de táxons da comunidade fitoplanctônica pelas análises non-metric multi-dimensional (NMDS) entre lagoas rasas e profundas no período estudado (2010 e 2013) da FLONA de Carajás pelo índice de similaridade de Bray - Curtis..........................................................................54 Tabela 6: Análise de Redundância – (RDA) na variação da composição na comunidade fitoplanctônica (dados de presença e ausência) das lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período estudado (2007 e 2013)...............56 Tabela 7: Análise de Redundância – (RDA) na variação da composição na comunidade fitoplanctônica (dados de abundância) das lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período estudado (2007 e 2013).................................57 14 1. INTRODUÇÃO A Amazônia é uma das regiões mais ricas em biodiversidade do globo, apresentando diversos ecossistemas (Mittermeier et al. 2003). A extensa área e a variação latitudinal e longitudinal comporta uma variedade de ambientes. Entre estes ambientes encontram-se inúmeras bacias lacustres ou lagos, formados sobre crostas lateríticas, que onduladas e abatidas, são e foram acumuladores preferenciais de águas pluviais e coletores de águas fluviais, denominadas de áreas de canga (Costa et al. 2005). As Cangas são áreas de afloramentos rochosos ricos em ferro, solos geralmente muito ácidos e com reduzidos índices de fertilidade e altas temperaturas na superfície, formados há milhões de anos, por chuvas, enxurradas, calor e ventos. Compõem geoambientes que abrigam centenas de espécies raras, e fornecem serviços ecológicos vitais, como a recarga hídrica (Carmo et al. 2012). Pertencentes a esta classe de ambientes estão alguns dos ecossistemas aquáticos da FLONA de Carajás, com suas lagoas que abrigam comunidades diversas. Nesta região ocorrem atividades de mineração que correspondem a cerca de 30% da produção nacional e também as maiores lagoas de área de canga no Brasil (Carmo et al. 2012). Os ecossistemas aquáticos são particularmente susceptíveis a alterações ambientais naturais e antropogênicas, e seus efeitos resultam em perda da qualidade d’água que, por consequência, está relacionada à perda de diversidade aquática (Dudgeon et al. 2006). Ecossistemas aquáticos continentais são sistemas de grande importância, por diversas características, tais como: qualidades para recreação, paisagísticas e por serem reservatórios naturais de água e de biodiversidade. A condição hidroquímica de uma lagoa, em um dado momento é o resultado da interação de vários fatores, incluindo bacia de drenagem, clima, geologia, influência antrópica e morfometria (Barros, 2010). 15 De acordo com Dodson et al. (2000), lagoas são ótimos modelos para o estudo da composição, estrutura e riqueza de comunidades, em relação aos gradientes ambientais. A riqueza de espécies e a composição taxonômica de uma comunidade representa um dos principais componentes da diversidade biológica e são características importantes dos ecossistemas. O conhecimento e avaliação das alterações na organização estrutural e funcional das comunidades nos ecossistemas aquáticos são importantes, pois podem ser utilizados como medidas do impacto de atividades humanas. Além disso, possibilitam uma estimativa de perda de diversidade de espécies decorrentes das diferentes alterações naturais e antropogênicas (Buss et al. 2003). O conhecimento sobre padrões de riqueza e composição de espécies é de fundamental importância para a formulação de hipóteses sobre os seus fatores controladores e suas consequências para o ecossistema e, assim, para proposição de estratégias de monitoramento e conservação da biodiversidade (Declerck et al. 2005; Nogueira et al. 2008). O entendimento dos processos responsáveis por padrões de riqueza e a composição de espécies permite antecipar os efeitos das mudanças ambientais sobre estes padrões (Lopes, 2008). MacArthur & MacArthur (1961) afirmam que, o aumento no número de habitats leva a um aumento na diversidade de espécies devido à expansão no número de nichos. O desenvolvimento da região litorânea (presença de macrófitas aquáticas, diversos sedimentos, pedras e etc.) em ecossistemas aquáticos continentais são determinantes na formação de microhabitats e influenciam na riqueza, composição e estrutura de espécies (Paterson, 1993). 16 A hipótese dos efeitos de segunda ordem sobre a biodiversidade afirma que para alguns grupos de organismos, ecossistemas aquáticos continentais pequenos e isolados podem abrigar mais espécies do que ecossistemas aquáticos maiores e mais profundos (Scheffer et al. 2006; Lopes, 2008). Para os ambientes aquáticos profundos, a riqueza pode ser influenciada pela profundidade, pela maior disponibilidade de espaço, para a segregação vertical de nichos (Drakare et al. 2006). Outros fatores também podem influenciar a riqueza, composição e estrutura de espécies em uma comunidade, tais como: dispersão (Beisner et al. 2006); variabilidade climática (e.g., latitude e altitude; Dodson, 1992); fatores ambientais (Schartau et al. 2001); intensidade dos distúrbios (e.g., hidroperíodo; Floder & Sommer, 1999) e interações bióticas (e.g., predação, competição; Longmuir et al. 2007). A comunidade fitoplanctônica é uma porta de entrada da matéria e da energia na cadeia trófica, por meio da produção primária. Assim se constitui em um componente ecológico importante na caracterização dos ecossistemas aquáticos. Devido ao curto tempo de geração de seus componentes, o fitoplâncton pode funcionar como um refinado sensor de mudanças ambientais, sendo uma ferramenta eficiente na avaliação de alterações antrópicas ou naturais dos recursos hídricos (Margalef, 1983). O fitoplâncton é um grupo polifilético, de indivíduos microscópicos e fotossintetizantes (algas, cianobactérias e algumas poucas bactérias), adaptados a viverem parcial ou continuamente em águas abertas (Brasil & Huszar, 2011; Cunha et al. 2013). As algas fitoplanctônicas de águas continentais são importantes indicadores das condições ambientais (Gentil et al. 2008). Nos últimos anos, a implementação de muitos programas de monitoramento tem utilizado o fitoplâncton como um dos principais parâmetros na avaliação ambiental (Stevenson & Smol, 2003). Com isso, tem sido realizados estudos sobre a composição, estrutura e a diversidade da comunidade fitoplanctônica para avaliar a saúde de ecossistemas aquáticos e inferir prováveis causas de danos ecológicos (Gentil et al. 2008). 17 Os ecossistemas aquáticos continentais brasileiros apresentam uma considerável biodiversidade fitoplanctônica, com aproximadamente 25% das espécies do mundo (Agostinho et al. 2005). Segundo Bicudo & Menezes (2010), o conhecimento da biodiversidade do fitoplâncton é, contudo, bastante heterogênea em relação à região geográfica, aos grupos taxonômicos e ao tipo de ecossistema aquático (Soares et al. 2007). No Brasil, estudos sobre a estrutura, composição e ecologia do fitoplâncton lacustre são particularmente numerosos, ajudando a revelar importantes padrões biológicos e ecológicos em relação ao efeito antropogênico local e as próprias causas naturais (Araújo et al. 2000). Assim, a identificação e quantificação do fitoplâncton são de grande interesse para avaliar as condições ecológicas de um ecossistema aquático (Gentil et al. 2008). Estudos do fitoplâncton têm sido feitos principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, seguida da região Nordeste. Contudo, pouco se sabe sobre a biodiversidade e ecologia do fitoplâncton na região Norte do Brasil, onde está localizada a maior bacia hidrográfica do mundo (Bicudo & Menezes 2010). Para a região amazônica, especificamente, poucos estudos têm abordado o fitoplâncton dentre os quais podem ser citados: Huszar & Reynolds 1997; Ibanez 1998; Melo & Huszar 2000; Melo et al. 2005; Paiva et al. 2006; Aprile & Mera 2007; Monteiro et al. 2009; Pereira et al. 2010; Almeida & Melo, 2011. O presente estudo desenvolveu-se no âmbito do Programa de Estudos Limnológicos na FLONA de Carajás, e representa um esforço para ampliar o conhecimento sobre a comunidade fitoplânctonica em parte desses ecossistemas aquáticos continentais. Tendo em vista que a FLONA de Carajás abriga comunidades caracterizadas por altas taxas de endemismo e raridade (Carmo et al. 2012), aliado à exiguidade de informações biológicas referentes aos ecossistemas aquáticos amazônicos, em especial sobre o fitoplâncton, essa pesquisa pretende avaliar a riqueza e composição desta comunidade em lagoas de altitude, bem como identificar a alteração da sua estrutura frente às variações ambientais. 18 2. OBJETIVOS i. Caracterizar ecossistemas aquáticos lênticos da FLONA de Carajás através de variáveis limnológicas básicas d´água como fósforo total (PT), nitrogênio total (NT), turbidez, condutividade elétrica, pH e também quanto a presença de macrófitas aquáticas. ii. Descrever a estrutura da comunidade fitoplanctônica de ecossistemas aquáticos lênticos da FLONA de Carajás através de alguns de seus atributos como: riqueza de táxons, composição, densidade, diversidade, equitabilidade, abundância e biomassa (clorofila – a). iii. Avaliar a relação entre a composição da comunidade fitoplanctônica com as variáveis limnológicas e as macrófitas aquáticas em ecossistemas aquáticos lênticos da FLONA de Carajás. 19 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Área de Estudo O presente estudo foi realizado na FLONA de Carajás, localizada nos municípios de Parauapebas e de Canaã dos Carajás no estado do Pará (Figura 1). A FLONA de Carajás apresenta uma variedade de ecossistemas aquáticos (e.g. buritizais, brejos, lagoas perenes, temporárias e igarapés) que ocorrem nos topos e vertentes das serras, a uma altitude aproximada de 700m. Neste estudo foram incluídos apenas ambientes lênticos, que podem ser separados em dois grupos: lagoas rasas (˂ 2,5 metros de profundidade) que são, em geral, totalmente colonizadas por macrófitas aquáticas e lagoas profundas (≥ 2,5 metros de profundidade), que apresentam escassa colonização por macrófitas aquáticas (algumas pequenas áreas mais rasas) (Figuras 2a e 2b). 12 lagoas foram estudadas na FLONA de Carajás, sendo seis lagoas rasas e seis lagoas profundas. As coordenadas geográficas, a profundidade e ano / período de coleta de cada lagoa estudada podem ser encontradas na Tabela 1. Seis campanhas de amostragens foram analisadas para cada lagoa, três para o período chuvoso (entre abril / maio) e três para o período de estiagem (entre setembro / outubro). As siglas das lagoas estudadas foram elaboradas de acordo com a sua localização na FLONA de Carajás (serra, corpo – parte da serra pertecente ao platô) e com a ordem de amostragem. Por exemplo, na Lagoa S11D-E, S significa Serra Sul, 11 significa um platô da Serra Sul, D significa um corpo deste platô e E que esta foi a quinta lagoa amostrada no corpo D. Outro exemplo, lagoa N1C, N significa Serra Norte, 1 significa um platô da Serra Norte e C que esta foi a terceira lagoa amostrada no corpo. 20 Figura 1: Mapa do Brasil e em destaque o estado do Pará, e mapa do Pará onde está situada a Floresta Nacional de Carajás e o mapa das lagoas estudadas. Coordenadas geográficas centrais: 06º 00’ S e 50º 30’W. Fonte: (Lopes, 2008; Carmo et al. 2012). As coordenadas de cada lagoa constam na tabela 1. Elaboração do mapa das lagoas: Roberto Nascimento. 21 (a) (b) Figura 2: (a)Lagoa rasa – lagoa N1C e (b) lagoa profunda – lagoa S11D-F(b) localizadas na FLONA de Carajás. Fonte: Estudos Limnológicos da FLONA de Carajás – Relatório Final 2004 – 2013. 22 Tabela 1: Localização, profundidade (m), ano e período de coleta - chuva (C) e estiagem (E) - dos ecossistemas aquáticos estudados na Floresta Nacional (FLONA) de Carajás. (*) primeira linha – profundidade mínima, segunda linha – profundidade máxima. Fonte: Estudos Limnológicos da FLONA de Carajás – Relatório Final 2004 – 2013. Lagoa Localização N1C 22M 0578868 UTM 9333904 22M 0579575 UTM 9333016 22M 0590034 UTM 9325422 22M 0590208 UTM 9325538 22M 0579232 UTM 9333452 22M 0567823 UTM 9295222 22M 0560937 UTM 9298148 22M 0560946 UTM 9297854 22M 0561440 UTM 9297584 22M 0571619 UTM 9292652 22M 0569501 UTM 9292632 22M 0593997 UTM 9292214 N1G N4A N4C N1E S11C-A S11A-A S11A-B S11A-C S11D-E S11D-F ETA I Área (ha) 1,96 1,90 2,40 0,65 0,68 3,68 7,33 12,81 26,6 29,6 13,96 16,61 Prof. (m*) 0,1 0,4 0,2 0,6 0,0 2,0 0,2 0,6 0,0 0,8 0,0 1,5 2,5 3,7 0,5 2,7 14,5 17,0 7,5 11,9 5,0 7,8 0,1 4,7 Profundidade Rasa Rasa Rasa Rasa Rasa Rasa Profunda Profunda Profunda Profunda Profunda Profunda Ano / Período de coleta 2010: E 2012: C / E 2010: E 2012: C/ E 2010: E 2012: C / E 2010: E 2012: C/ E 2010: E 2012: C / E 2010: E 2012: C/ E 2010: E 2012: C / E 2010: E 2012: C/ E 2010: E 2012: C / E 2010: E 2012: C/ E 2010: E 2012: C / E 2005: E / C 2007: E 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2011: C / E 2013: C 2006: C / E 2008: C 23 A vegetação da FLONA de Carajás é caracterizada por uma savana metalófila no topo das serras, por florestas ombrófilas abertas e densas e por uma floresta aluvial (Figura 3). A savana metalófila é uma formação vegetal exclusiva de ambientes com afloramento rochoso de ferro (Porto & Silva, 1989), onde estão presentes um estrato graminoso bem evidente e muitas espécies herbáceas (Silva, 1991). O clima da região caracteriza-se como tropical chuvoso, com forte período de estiagem. A precipitação anual varia entre 2000 e 2400 mm, a umidade relativa média do ar é de aproximadamente 80% e a temperatura média gira em torno de 24ºC anual (Carmo et al. 2012). Figura 3: Imagem da Savana Metalófila vegetação típica de coberturas ferruginosas que cobrem as rochas ferríferas. Fonte da Imagem: (Carmo et al. 2012). 24 3.2. Variáveis Limnológicas Em campo foram medidos para cada lagoa os valores de profundidade (m) e de transparência da água (m). A profundidade foi determinada a partir de uma guia com escalas de 50 cm presa a um peso e a transparência da água com um disco de Secchi. Também foram medidas as temperaturas (°C) e a porcentagem de saturação de oxigênio dissolvido na água, através de perfis verticais em intervalos de 20 cm até 2,5 m e de 50 cm a partir dessa profundidade. A temperatura da água e a porcentagem de saturação de oxigênio dissolvido na água foram medidas com o auxílio de um termístor digital YSI 30 e de um oxímetro YSI 95, respectivamente. As amostras de água coletadas nas lagoas foram acondicionadas em frascos de 5 litros, previamente lavados com HCl 10% para análises posteriores em laboratório. Nas lagoas com profundidade acima de 1,5 m a coleta das amostras foi realizada na superfície e no fundo com garrafa de Van Dorn. A partir dessas amostras foram determinados em laboratório: os valores de pH e de condutividade elétrica (µS/cm), as concentrações de nitrogênio total (µmol/L) e de fósforo total (µmol/L), os valores para a turbidez da água (NTU) e as concentrações de clorofila-a (µg/L). Os valores de pH foram obtidos através de um peagâmetro digital, os de condutividade elétrica foram medidos com o auxílio do Salinômetro/Condutivímetro YSI 30 (termístor), a concentração de nitrogênio total (NT) foi determinada pelo método proposto por Golterman et al. (1978) e a concentração de fósforo total (PT) foi obtida pelo método colorimétrico do ácido molibídico, mensurado por espectrofotômetro Beckman (Mackereth et al. 1978). Os valores de turbidez foram determinados com o Turbidímetro / Fluorímetro de campo da Turner Designs e a concentração de clorofila-a foi determinada a partir do método de Nusch & Palmer (1975). 25 As áreas das lagoas foram calculadas a partir de imagens de satélite (escala 1: 50000) no software ArcView versão 9.2. A partir da observação em campo e das imagens de satélite, concluiu-se que a cobertura vegetal é muito semelhante entre as lagoas colonizadas por macrófitas aquáticas (aproximadamente 100% de cobertura). Sendo assim, as lagoas foram classificadas qualitativamente entre aquelas com ou sem macrófitas aquáticas. As coordenadas das lagoas e as distâncias foram demarcadas com o auxílio de um GPS eTrex Vista da Garmin. O volume das lagoas foi estimado multiplicando a área × profundidade × 0.43 [constante hiperbólica segundo Post et al. 2000]. 3.3. Comunidade Fitoplanctônica Determinação Qualitativa e Quantitativa As amostras qualitativas dos organismos fitoplanctônicos foram realizadas em diferentes pontos de cada lagoa, com o objetivo de abranger maior heterogeneidade espacial das lagoas e apresentarem uma melhor estimativa da riqueza (número de táxons em cada amostra) de cada ecossistema aquático. As amostras quantitativas foram coletadas na parte central de cada lagoa. As amostras qualitativas de fitoplâncton foram coletadas através de arrastos verticais e horizontais sucessivos com uma rede de plâncton com abertura de malha de 15μm, acondicionados em frascos de 100 mL e fixada com solução de Transeau (Solução de 6:3:1 de água : álcool : formol, concentração final no frasco – 50% Bicudo & Menezes, 2006). Para as identificações taxonômicas foram preparadas, no mínimo, cinco (5) lâminas para cada amostra, as quais foram analisadas com auxílio de microscópio binocular marca OLYMPUS BH-2, com câmara clara, ocular de medição e utilizando como referência os trabalhos de Smith (1950), Prescott (1970), Bicudo & Menezes (2006), Reynolds (2006), Sant’Anna et al. (2006), Bellinger & Sigee (2010), Sant´Anna et al. (2012), objetivando sempre alcançar o menor nível taxonômico possível. 26 As amostras quantitativas de fitoplâncton foram coletadas diretamente em frascos de 100 mL (volume padronizado) e fixadas com Lugol (solução de iodo e ácido acético - Utermöhl 1958). Nas lagoas profundas foram realizadas amostragens quantitativas adicionais, no meio e no fundo da coluna d’água devido à maior heterogeneidade vertical. A contagem dos organismos foi realizada de acordo com o método de sedimentação em câmaras (Utermöhl 1958), e em microscópio invertido da marca Leica, em aumento de até 400x, sendo cada célula, colônia, cenóbio ou filamento, considerado como um indivíduo. Em cada contagem foram traçadas duas linhas perpendiculares, a partir do centro da câmara, e os campos contados foram determinados de acordo com cada amostra, considerando-se campos alternados. O número de campos contados foi definido com base em dois critérios: a contagem de 100 indivíduos da espécie mais abundante e a estabilização da curva de rarefação de espécies (Sant’Anna et al. 2006). 3.4. Índices Ecólogicos Riqueza de táxons: foi determinada pelo número total de táxons presente na amostra (Margalef 1958). Diversidade: foi determinada pelo Índice de Diversidade de Shannon (H’), que é uma função da densidade de espécies em uma comunidade e da uniformidade dos indivíduos entre as espécies (Shannon & Weaver 1963), calculado pela seguinte fórmula: H’ = ∑ pi x log2 x pi pi = Ni/N Onde: Ni = número de indivíduos de cada espécie e N = número total de indivíduos. Os resultados são expressos em bits.cél¹, considerando-se que 1 bit equivale a uma unidade de informação (Valentin 2000), cujos valores podem ser enquadrados nas seguintes categorias: 27 Alta diversidade: ≥ 3,0 bits.cél¹; Média diversidade : ˂ 3,0 ≥ 1,0 bits.cél¹; Baixa diversidade : ˂ 1,0 bits.cél¹. Equitabilidade: foi calculada segundo Pielou (1977), através da seguinte fórmula: J = H’ / log2 S Onde: H’ = índice de Shannon e S= nº total de táxons de cada amostra. Este índice apresenta valores entre 0 e 1, sendo considerado alto ou equitativo os valores superiores a 0,50, o qual representa uma distribuição uniforme dos táxons na amostra analisada. Abundância relativa: foi calculada de acordo com Lobo & Leighton (1986), utilizando a seguinte fórmula: A = Nx 100/n Onde: N = nº de espécies na amostra; n = nº total de táxons Sendo estabelecidos os seguintes critérios: Dominante: ocorrência maior que 50% Abundante: ocorrência entre 50 e 30% Pouco abundante: ocorrência entre 30 e 10% Rara: ocorrência menor que 10% 28 3.5. Análises Estatísticas Uma análise de ordenação de componentes principais (Principal Component Analysis - PCA), baseada em uma matriz de correlação, foi realizada com as variáveis limnológicas, para observar gradientes ambientais entre os ambientes estudados. O valor de cada variável limnológica por lagoa consistiu na média de todas as medições das campanhas de amostragem. Curvas de rarefação foram utilizadas como método para avaliar diferenças significativas da diversidade de espécies entre os dois principais tipos de ambientes (rasos e profundos). As curvas de rarefação são constituídas pelo acúmulo do número de espécies em função do número ou biomassa de indivíduos amostrados. O número esperado de espécies é calculado por sucessivas amostragens sobre uma distribuição que assume que indivíduos de cada espécie são aleatoriamente distribuídos entre as amostragens (Gotelli & Colwell, 2001). Desta forma, curvas de rarefação permitem calcular a riqueza de espécies de diferentes comunidades extraindo a interferência relacionada ao esforço de amostragem e as diferenças entre a densidade de indivíduos (Gotelli & Colwell, 2001). As curvas de rarefação do presente estudo foram construídas através do programa EstimateS versão 8.0 (Colwell 2006) considerando a riqueza e a densidade dos táxons, por data de coleta e por lagoa, como réplicas espaço temporais. A riqueza de táxons em cada lagoa (diversidade alfa) foi avaliada com base no número de táxons encontrados no período de estudo, considerando os dados qualitativos e quantitativos. A riqueza de espécies para a região amostrada (diversidade gama) foi estimada através do índice de extrapolação Jackknife de 1ª ordem (Nabout et al. 2007) através do software EstimateS versão 8.0 para Windows (Colwell 2006). 29 Uma análise multivariada NMDS (non-metric multi-dimensional scaling) foi utilizada para testar a similaridade composicional (padrão de semelhança na composição de espécies) da comunidade fitoplanctônica entre os ambientes rasos e profundos. A NMDS para dados qualitativos (presença e ausência) foi calculada através do índice de similaridade de Jaccard enquanto para dados quantitativos (dados de abundância) foi utilizado o índice de Bray-Curtis. Uma análise de redundância (RDA) com partição de variância (Borcard et al. 1992) foi utilizada a fim de definir os determinantes da variação da composição de espécies da comunidade fitoplanctônica. Para isso, quatro matrizes de dados foram organizadas. A matriz resposta consistiu nos dados de presença e ausência e na abundância fitoplanctônica. As matrizes explanatórias foram formadas pelas variáveis ambientais: variáveis limnológicas, presença de macrófitas aquáticas; espaciais: dados de latitude e longitude e temporais: datas de coletas. Para minimizar interferências relacionadas à autocorrelação espacial na análise (evitando análises tendenciadas), as variáveis da matriz de variáveis espaciais foram calculadas pelo método Principal Coordinates of Neighbor Matrices, PCNM (Borcard & Legendre, 2002) os quais descrevem as relações espaciais entre os ecossistemas aquáticos. As variáveis da matriz de variáveis temporais também foram calculadas pelo método PCMN para criar preditores temporais que representem diferentes dinâmicas temporais e que minimizem a autocorrelação temporal. As variáveis abióticas da matriz de variáveis ambientais foram previamente transformadas em logaritmos (log+1). Modelos ambientais, espaciais e temporais foram obtidos com o uso do método de seleção de variáveis. Utilizando as variáveis selecionadas, uma RDA, com partição de variância (Borcard et al. 1992), foi utilizada para estimar a contribuição exclusiva das variáveis ambientais, espaciais e temporais, assim como o efeito compartilhado dessas variáveis na variação da composição da comunidade fitoplanctônica. 30 Essa análise produz variáveis espaciais ortogonais (autovetores) calculadas a partir das coordenadas geográficas dos pontos de coleta (Dray et al. 2006). As variáveis espaciais ou filtros espaciais podem refletir indiretamente, a importância da dispersão na estrutura das comunidades ou o efeito das variáveis ambientais não mensuradas, que são espacialmente autocorrelacionadas. Para as análises subsequentes foram utilizados apenas autovetores associados com autovalores positivos, indicando autocorrelações positivas (Griffith & Peres – Neto 2006) já que eles, potencialmente, melhor descrevem os padrões de limitação por dispersão. A significância das frações ajustadas (i.e., efeitos únicos e compartilhados das variáveis ambientais e espaciais) foi testada através de testes de Monte Carlo com 999 permutações (Peres - Neto et al. 2006). Os dados quantitativos (dados de densidade) da comunidade fitoplanctônica, foram previamente transformados (transformação de Hellinger). A análise de redundância - RDA foi realizada no pacote estatístico R 2.15.1(R Development Core Team 2011), utilizando o pacote PCNM (Legendre et al. 2012) para o cálculo das variáveis espaciais, o pacote packfor (Dray et al. 2011) para a seleção das variáveis ambientais e espaciais, e o pacote vegan (Oksanen et al. 2011) para as análises de partição de variância. Para avaliar relações entre as variáveis ambientais e riqueza, densidade, diversidade e equitabilidade do fitoplâncton, foram realizadas testes de KruskalWallis e Mann-Whitney uma vez que os dados obtidos não apresentam a normalidade e homocedasticidade necessárias para testes paramétricos. As análises foram realizadas utilizando o software Statistic 7 e Past versão 1.9 (Hammer et al. 2001) e o pacote estatístico R 2.15.1 utilizando o pacote MASS (Venables & Ripley 2002). Um nível de significância de p≤ 0,05 foi utilizado para todas as análises. 31 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Variáveis Limnológicas As variáveis limnológicas medidas durante o período de estudo, considerando todas as lagoas estudadas apresentaram alterações consideráveis. Nas lagoas rasas a concentração de fósforo total (PT) variou de valores não detectáveis a 7,52 (µmol/L), os valores de nitrogênio total (NT) variaram de 8,68 a 156,14(µmol/L), os valores de pH variaram de 4,30 a 6,10, os valores de condutividade elétrica variaram de 5,30 a 22,00 (µS/cm), os valores de turbidez variaram de 0,11 a 32,70 NTU e os valores de clorofila - a de 0,36 a 49,84 (µg/L) (Tabela 2). Nas lagoas profundas a concentração de fósforo total (PT) variou de 0,12 a 6,66 (µmol/L), os valores de nitrogênio total (NT) variaram de 11,9 a 109,3 (µmol/L), os valores de pH variaram de 4,55 a 6,14, os valores de condutividade elétrica variaram de 3,80 a 17,80 (µS/cm), os valores de turbidez variaram de 0,01 a 5,78 NTU e os valores de clorofila - a variaram de 0,06 a 226,80 (µg/L) (Tabela 2). A análise de componentes principais (ACP) para as variáveis limnológicas e clorofila – a resumiu 53% da variação total dos dados nos dois primeiros eixos. O primeiro eixo explicou 34,7% e o segundo eixo explicou 18,9% da variabilidade dos dados. As lagoas rasas apresentaram maiores concentrações de nitrogênio total (NT), fósforo total (PT) e maior condutividade elétrica. As lagoas profundas apresentaram uma maior concentração de clorofila - a e pH mais elevado (Figura 4). 32 Tabela 2: Valores das variavéis limnológicas medidas no período de estudo (2005 – 2013) nos ecossistemas lênticos da FLONA de Carajás. Fósforo total (PT - µmol/L), nitrogênio total (NT - µmol/L), pH, Condutividade elétrica (Cond - µS/cm), Turbidez d’ água (Turb = NTU) e Clorofila – a (Clor- a- µg/L). Máx = valores máximos e Min = valores mínimos. ND = não detectável. Lagoa Tipo N1C Rasa N1G Rasa N4A Rasa N4C Rasa N1E Rasa S11C-A Rasa S11A-A Profunda S11A-B Profunda S11A-C Profunda S11 D-E Profunda S11 DF ETA I Profunda Profunda Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min PT NT (µmol/L) (µmol/L) 6,53 105,00 1,11 35,55 3,12 90,67 0,38 22,77 1,87 63,18 ND 8,68 7,52 124,66 0,35 13,08 5,74 115,23 1,69 11,28 5,17 156,14 0,81 35,77 1,89 72,63 0,31 14,56 4,82 109,3 0,12 11,9 2,31 85,71 0,63 33,92 2,15 91,79 0,56 14,63 6,66 23,18 1,01 41,25 2,70 101,45 0,82 13,52 pH 5,58 5,00 6,00 4,30 6,10 4,50 6,00 4,80 5,60 5,00 5,67 4,55 6,14 5,00 5,31 4,55 5,30 4,77 6,08 5,12 5,86 4,78 6,03 5,30 Cond (µS/cm) 9,73 5,30 12,27 7,60 15,00 5,58 14,30 7,85 22,00 6,77 17,00 5,89 6,13 5,00 11,90 6,60 7,45 5,86 6,10 3,80 8,71 5,74 17,80 10,60 Turb (NTU) 14,50 3,20 10,70 4,37 8,22 0,90 32,70 2,85 12,70 0,12 2,11 0,11 5,78 3,59 4,88 2,53 2,69 0,01 3,59 2,73 3,92 0,92 4,14 1,97 Clor – a (µg/L) 49,84 0,62 6,43 1,49 26,21 1,19 41,85 3,37 42,45 1,21 8,63 0,36 87,10 7,85 226,80 1,13 223,20 1,57 38,00 0,07 9,77 0,06 155,31 8,18 33 Figura 4: Análise de componentes principais (ACP) das variáveis limnológicas e clorofila – a das lagoas rasas e lagoas profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 e 2013). PT: fósforo total; NT: nitrogênio total. 34 Através da análise de componentes principais (ACP), foi possível identificar a formação de um gradiente ambiental nos ambientes estudados, daqueles com altos valores de PT, NT, pH, clorofila – a, condutividade elétrica e turbidez para aqueles com menores valores dessas variáveis no primeiro eixo e a separação de ambientes com maiores valores de clorofila – a e pH daqueles com menores valores de nutrientes, turbidez e condutividade elétrica no segundo eixo. No entanto, em termos gerais, em relação às variáveis limnológicas, não houve uma separação clara entre ambientes rasos e profundos. No que diz respeito às variáveis limnológicas as lagoas rasas caracterizaram pelos maiores valores das concentrações de nutrientes, de condutividade elétrica e pela presença de macrófitas aquáticas. As lagoas profundas caracterizaram-se pelas altas concentrações de clorofila - a, valores de pH mais elevados e em geral ausência de macrófitas aquáticas. A explicação para este padrão nas lagoas rasas pode ser em virtude da redução do volume da água durante o período de estiagem, provocando mudanças em suas variáveis limnológicas, principalmente nas concentrações de nutrientes totais. Além disso, a presença de uma densa comunidade de macrófitas aquáticas nestas lagoas também pode ser responsável pela maior concentração de nutrientes, já que a mortalidade e decomposição destes organismos e comunidades associadas a estas, principalmente no período de estiagem, podem fomentar a reciclagem e liberação de nutrientes para a coluna d’água, favorecendo a comunidade fitoplanctônica. Scheffer (1998) afirma que, em baixas profundidades, as macrófitas aquáticas conseguem se desenvolver na coluna d'água em maior proporção, devido ao menor efeito do sombreamento pelo fitoplâncton e material em suspensão. A maior densidade de macrófitas aquáticas em lagoas rasas, quando comparadas com as lagoas profundas deve estar relacionada à menor profundidade, permitindo penetração de luz até o sedimento (Lopes 2008). Esse fato possibilita o desenvolvimento de macrófitas aquáticas por extensas áreas dos ecossistemas conforme observado, principalmente nas lagoas rasas. 35 Mcroy & Barsdate (1970) mostraram a importância da excreção de fósforo pelas macrófitas aquáticas, apontando que estas podem promover o enriquecimento da coluna d’ água com este nutriente o que resulta no aumento da produtividade primária do ambiente e também no aumento da riqueza de espécies fitoplanctônicas. Sondergaard et al. (2003) relatam que a interação entre compartimentos pelágico e bentônico, é maior em ambientes aquáticos rasos, pois apresentam uma alta relação entre superfície do sedimento e coluna d'água, o que resulta em uma reciclagem mais rápida dos nutrientes, devido, provavelmente, a relação volume e profundidade. Os valores de pH caracterizaram, em geral, as lagoas estudadas como ácidas. Nogueira (2003) afirma que os valores de pH em lagos tendem a ser ácidos devido à presença dos ácidos húmicos provinientes da decomposição de fitoplâncton e macrófitas aquáticas, esse padrão pôde ser observado nesse estudo, principalmente, nas lagoas rasas onde os valores de pH foram menores e há uma maior ocorrência de macrófitas aquáticas quando comparados com as lagoas profundas. Os maiores valores de turbidez encontrados nas lagoas rasas, quando comparados com as lagoas profundas também podem ser também explicados através da maior associação entre o sedimento e a coluna d´água, que permite a ressuspensão do sedimento. Lopes (2008) associou ainda que esse fato pode se dever à também pela dominância de argila e silte na composição mineral do sedimento. 36 4.2. Comunidade Fitoplanctônica 4.2.1. Riqueza, Densidade, Diversidade e Equitabilidade Foram observados 610 táxons nas 12 lagoas estudadas. Os táxons registrados distribuíram-se entre 11 classes: Zygnemaphyceae (191 táxons); Chlorophyceae (133 táxons); Cyanophyceae (131 táxons); Bacillariophyceae (57 táxons); Euglenophyceae (32 táxons); Dinophyceae (28 táxons); Oedogonophyceae (18 táxons); Ulothricophyceae (07 táxons); Chrysophyceae (06 táxons) Chlamydophyceae (04 táxons) e Cryptophyceae (03 táxons) (Figura Cryptophyceae Chlamydophyceae Chrysophyceae Ulothricophyceae Oedogonophyceae Dinophyceae Euglenophyceae Bacillariophyceae Cyanophyceae Chlorophyceae 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Zygnemaphyceae Riqueza de Táxons 5). Classes Fitoplanctônica Figura 5: Riqueza total de táxons e contribuição de cada classe em 12 lagoas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). Nas lagoas rasas a riqueza total foi de 483 táxons durante o período estudado. Os táxons registrados distribuíram-se entre 11 classes: Zygnemaphyceae (160 táxons); Cyanophyceae (108 táxons); Chlorophyceae (85 táxons); Bacillariophyceae (45 táxons); Euglenophyceae (29 táxons); Dinophyceae (21 táxons); Oedogonophyceae (18 táxons); Chrysophyceae (06 táxons); Ulothricophyceae (04 táxons); Chlamydophyceae (04 táxons) e Cryptophyceae (03 táxons) (Figura 6). 37 Já nas lagoas profundas a riqueza total foi de 362 táxons que se distribuíram em 11 classes: Zygnemaphyceae (108 táxons); Chlorophyceae (95 táxons); Cyanophyceae (74 táxons); Bacillariophyceae (37 táxons); Euglenophyceae (13 táxons); Dinophyceae (22 táxons); Oedogonophyceae (05 táxons); Ulothricophyceae (04 táxons); Chlamydophyceae (02 táxons); Chrysophyceae (01 táxon) e Cryptophyceae (01 táxons) (Figura 6). Em geral os grupos mais representativos foram os mesmos tanto para as lagoas rasas, quanto para as profundas: Zygnemaphyceae > Chlorophyceae > Cyanophyceae. 180 Riqueza de Táxons 160 140 120 100 80 60 40 20 Cryptophyceae Chlamydophyceae Ulothricophyceae Chrysophyceae Oedogonophyceae Dinophyceae Euglenophyceae Bacillariophyceae Chlorophyceae Cyanophyceae Zygnemaphyceae 0 Rasas Profundas Figura 6: Riqueza total de táxons e contribuição de cada classe de seis lagoas rasas e seis lagoas profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). A riqueza total fitoplanctônica para as 12 lagoas variou entre 6 e 67 táxons (Figura 7). As lagoas rasas apresentaram riqueza mediana de 29 táxons / lagoa (Figura 8), enquanto as lagoas profundas apresentaram mediana de 23 táxons / lagoa, variando de 9 a 43 táxons (Figura 8). 38 70 Riqueza de Táxons 60 50 40 30 20 Mediana 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremos 10 0 Rasas Profundas Figura 7: Valores da mediana da riqueza total fitoplanctônica entre as lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). 70 Riqueza de Táxons 60 50 40 30 20 S11D-F S11D-E ETA I S11A-B S11A-A S11A-C N1E N4C S11C-A N4A N1C 0 N1G 10 Mediana 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremos Figura 8: Valores da mediana da riqueza fitoplanctônica de seis lagoas rasas: N1C, N1G, N4A, N4C, S11A-C e N1E e seis lagoas profundas: S11A- C, S11A –A, S11A-B, ETA I, S11D-E e S11D-F da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). 39 A densidade fitoplanctônica nas lagoas rasas durante o período estudado variou entre 985 ind/mL a 207.537 ind/mL, apresentando uma mediana de 2.759 ind/mL. As lagoas profundas apresentaram uma densidade fitoplanctônica que variou entre 313 ind/mL a 430.395 ind/mL com uma mediana de 9.735 ind/mL ao longo do período estudado. A densidade por classe fitoplanctônica das lagoas rasas e profundas mostrou que a classe Cyanophyceae foi a que apresentou maior densidade com 1337.191 ind/mL, seguida das classes Zygnemaphyceae 313.271 ind/mL, Dinophyceae 135.735 ind/mL, Chlorophyceae 60.860 ind/mL, Bacillariophyceae 23.131 ind/mL, Euglenophyceae 11.780 ind/ mL, Crysophyceae 287 ind/mL, Ulothricophyceae 202 ind/mL, Oedogonophyceae 151 ind/mL e Chlamydophyceae 59 ind/mL ao longo do período de estudo. As análises das curvas de rarefação através da densidade e riqueza mostraram diferenças no acúmulo de táxons nos ambientes estudados, em função do número de indivíduos contabilizados. A curva de rarefação dos ambientes estudados para a comunidade fitoplanctônica não estabilizou durante o período de estudo, significando que o esforço amostral pode não ter sido suficiente. As lagoas rasas foram mais ricas em termos de táxons quando comparadas com as lagoas profundas (Figura 9). No entanto, as lagoas profundas contribuem com espécies diferentes daquelas encontradas nas lagoas rasas, sendo importante para a manuntenção da diversidade fitoplanctônica regional. 40 500 Riqueza de espécies estimada (A) Fitoplâncton 400 300 200 100 Ecossistemas rasos Ecossistemas profundos 0 0 500 1000 1500 2000 Densidade (103 células L-1) Figura 9: Curvas de rarefação comparativa entre a riqueza de táxons de ecossistemas rasos e profundos estudados na FLONA de Carajás para a comunidade fitoplanctônica. A diversidade de táxons entre os tipos de ambientes é comparada analisando a sobreposição das barras erros (intervalo de confiança de 95%) de cada ponto das curvas até o limite de densidade da menor curva (linha pontilhada) durante o período estudado (2005 a 2013). A diversidade calculada através do índice de Shannon (H) para as lagoas rasas e profundas variou entre 0,02 bits.cél¹ e 3,27 bits.cél¹ , respectivamente. A mediana foi de 1,05 bits.cél¹ para lagoas profundas enquanto, para as lagoas rasas a mediana foi de 0,62 bits.cél¹ (Figura 10), evidenciando uma maior diversidade específica para as lagoas profundas (Figura 11). A equitabilidade calculada através do índice de Pielou (J) das lagoas rasas e profundas variou entre J = 0,00 / lagoa rasa e J= 0,86 / lagoa profunda. A mediana para as lagoas profundas foi de J = 0,34 e para as lagoas rasas a mediana foi de J= 0,19 (Figura 12), evidenciando um padrão não equitativo entre as lagoas em geral (Figura 13). 41 3.5 Diversidade de Shannon (H) 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 Mediana 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremos 0.5 0.0 Rasas Profundas Figura 10: Valores da mediana da Diversidade de Shannon (H) da comunidade fitoplanctônica de lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 S11D-F ETA I S11D-E S11A-B S11A-A N1E S11A-C N4C S11C-A N1C 0.0 N4A 0.5 N1G Diversidade de Shannon (H) 3.5 Mediana 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremos Figura 11: Valores da mediana da variação da diversidade de Shannon (H) da comunidade fitoplanctônica de seis lagoas rasas: N1C, N1G, N4A, N4C, S11AC e N1E e seis lagoas profundas: S11A- C, S11A –A, S11A-B, ETA I, S11D-E e S11D-F da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). 42 Equitabilidade de Pielou (J) 1.0 0.8 0.6 0.4 Mediana 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremos 0.2 0.0 Rasas Profundas Figura 12: Valores da mediana da Equitabilidade de Pielou (J) da comunidade fitoplanctônica de lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). 0.9 Equitabilidade de Pielou (J) 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 S11D-F S11D-E ETA I S11A-B S11A-A S11A-C N1E S11C-A N4C N4A N1C 0.0 N1G 0.1 Mediana 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremos Figura 13: Valores da mediana da variação da equitabilidade de Pielou (J) da comunidade fitoplanctônica de seis lagoas rasas: N1C, N1G, N4A, N4C, S11AC e N1E e seis lagoas profundas: S11A- C, S11A –A, S11A-B, ETA I, S11D-E e S11D-F da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). 43 As classes fitoplanctônicas que apresentaram maior contribuição para a composição, riqueza e diversidade ficoflorística em todos os ambientes estudados foram: Zygnemaphyceae, Chlorophyceae e Cyanophyceae ao longo de todo o período estudado. A classe Zygnemaphyceae foi dominante em todos os ambientes estudados, rasos e profundos, em especial as desmídias dos gêneros Closterium, Cosmarium, Euastrum, Micrasterias, Staurastrum e Xanthidium (ver em anexo – lista de táxons). Uherkovich (1981) e Coesel (1982) afirmam que a riqueza das desmídias é geralmente atribuída a ambientes aquáticos de águas ácidas, baixa condutividade elétrica, com presença de macrófitas aquáticas e oligotróficos. Tais características foram observadas nesse estudo e também em outros estudos em ambientes aquáticos amazônicos (Keppeler et al. 1999; Huszar 2000, Melo et al. 2005; Melo et al. 2009 e Silva et al. 2010). Bárbara et al. (2010) e Cunha et al. (2011) verificaram que a riqueza de desmídeas estava associada à presença de macrófitas aquáticas. A Classe Chlorophyceae foi a segunda classe mais representativa nas lagoas profundas e a terceira mais representativa nas lagoas rasas. Outros estudos referentes à comunidade fitoplanctônica demonstram que a classe Chlorophyceae é comum em ambientes aquáticos tropicais, constituindo um grupo importante dentro deste ecossistema e muitas vezes o grupo dominante (Huszar 1996; Nabout et al. 2006). A Classe Chlorophyceae foi representada principalmente por espécies de Chlorococcales, como Scenedesmus spp. (ver em anexo – lista de táxons), as quais se desenvolvem melhor em águas com baixa transparência, além de apresentarem bom desenvolvimento em águas ligeiramente ácidas ou neutras e moderadamente alcalinas, fato este observado nas lagoas estudadas na FLONA de Carajás. 44 As Chlorophyceae normalmente são registradas como uma classe importante na composição da comunidade fitoplanctônica. Esse grupo apresenta grande capacidade de se desenvolver em grande variedade de hábitats. Normalmente são registradas em ambientes com diferentes graus de trofia, mas em maior número em ambientes eutróficos (Sant’Anna & Martins 1982). No entanto, nas lagoas da FLONA de Carajás, a classse Chlorophyceae não foi dominante; esse fato se deve, provavelmente, por se tratar de ambientes oligotróficos, sendo registrado nesse estudo um predomínio de táxons pertecentes a classe Zygnemaphyceae, principalmente, desmídias, que são organismos típicos de ambientes oligotróficos. Em termos quantitativos, a classe que mais contribuiu para a densidade ficoflorística foi a Cyanophyceae. As Cyanophyceae habitam a quase totalidade dos hábitats e nichos ecológicos, incluindo os mais extremos (Franceschini et al. 2010). Diversas estratégias adaptativas podem explicar a plasticidade ecológica do grupo de cianobactérias, tais como: maior capacidade de armazenar fósforo; muitas espécies são capazes de fixar nitrogênio atmosférico, através de heterócitos e são capazes de produzir acinetos, células diferenciadas que garantem a sobrevivência em condições ambientais desfavoráveis (Fernandes et. al. 2009). Além disso, apresentam extensa variedade de pigmentos, os quais lhes permitem que permaneçam em maiores profundidades com menor intensidade luminosa (Fernandes et. al. 2009). Este grupo compreende organismos unicelulares, picoplanctônicos, que são muito frequentes em ecossistemas aquáticos dulcícolas, salobros e marinhos (por ex., Synechocystis e Synechococcus); organismos coloniais (por ex., Aphanocapsa, Microcystis) e filamentosos (por ex., Anabaena, Phormidium e Lyngbya), sendo todos estes gêneros registrados nos ecossistemas estudados (ver em anexo – lista de táxons). 45 Microcystis aeruginosa foi registrada nas lagoas estudadas e é uma espécie potencialmente tóxica, geralmente encontrada em ambientes eutróficos; no entanto, esta espécie foi encontrada nas lagoas da FLONA de Carajás que apresentam um padrão de águas oligotróficas. Os valores do índice de diversidade de Shannon (H) para as lagoas rasas podem ser considerados baixos, enquanto nas lagoas profundas a diversidade foi média. Os valores do índice de equitabilidade de Pielou (J) evidenciaram que as lagoas rasas e profundas apresentaram uma baixa equitabilidade, não sendo possível detectar um padrão uniforme de distribuição dos táxons nas lagoas estudadas. Esse fato pode ser ocasionado, provavelmente, pelo tempo de residência d’água e hidroquímica local que ocorrem nestas lagoas afetando a diversidade e distribuição das espécies fitoplanctônicas. 4.2.2. Abundância e Composição A abundância relativa das classes fitoplanctônicas evidenciou que a classe Zygnemaphyceae (31%) foi a mais abundante, as classes Chlorophyceae (22%) e Cyanophyceae (21%) foram pouco abundantes e as classes Bacillariophyceae (9%), Euglenophyceae (5%), Dinophyceae (5%), Oedogonophyceae (3%), Chrysophyceae (1%), Chlamydophyceae (1%), Cryptophyceae (1%) e Ulothricophyceae (1%) foram raras durante o período estudado (Figura 14). 46 Figura 14: Abundância relativa das classes fitoplanctônicas de seis lagoas rasas e seis lagoas profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). Quanto à abundância relativa das classes fitoplanctônicas das lagoas rasas, a classe Zygnemaphyceae (33%) foi a mais abundante, as classes Cyanophyceae (22%) e Chlorophyceae (18%) foram pouco abundantes e as classes Bacillariophyceae (9%), Euglenophyceae (6%), Dinophyceae (4%), Oedogonophyceae (4%), Chrysophyceae (1%), Ulothricophyceae (1%), Chlamydophyceae (1%) e Cryptophyceae (1%) foram raras durante o período estudado (Figura 15). Nas lagoas profundas quanto à abundância relativa das classes fitoplanctônicas a classe Zygnemaphyceae (30%) foi a mais abundante, as classes Chlorophyceae (26%) e Cyanophyceae (21%) foram pouco abundantes e as classes Bacillariophyceae (10%), Dinophyceae (6%) Euglenophyceae (4%), Oedogonophyceae (1%), Chrysophyceae (1%), Ulothricophyceae (1%), Chlamydophyceae (1%) e Cryptophyceae (1%) foram raras durante o período estudado (Figura 16). 47 Figura 15: Abundância relativa das classes fitoplanctônicas de seis lagoas rasas da FLONA de Carajás no período de estudo (2010 a 2013). Figura 16: Abundância relativa das classes fitoplanctônicas de seis lagoas profundas da FLONA de Carajás no período de estudo (2005 a 2013). 48 Foi registrado no período estudado para os ecossistemas aquáticos rasos e profundos da FLONA de Carajás um total de 81 espécies ainda não registradas na região Norte e/ou espécies fitoplanctônicas raras nos ecossistemas aquáticos brasileiros (Tabela 3). É importante ressaltar que, em relação à comunidade fitoplanctônica, pouco se sabe sobre padrões de endemismo e espécies raras. Muitos estudos apontam que a maioria das espécies destes grupos pode ser considerada cosmopolita e que a ocorrência em determinado ambiente é ditada pelas condições ambientais locais (Hillebrand et al. 2001; Finlay & Fenchel 2002). Neste escopo, cabe ressaltar que foi evidenciado um maior número de espécies raras nas lagoas rasas quando comparado com as lagoas profundas. Um fator que deve proporcionar esse resultado pode estar associado ao fato das lagoas rasas apresentarem uma grande heterogeneidade estrutural de ambientes decorrentes da presença de macrófitas aquáticas. 49 Tabela 3: Lista de espécies fitoplanctônicas cujo primeiro registro para a região Norte foi feito neste trabalho (Não Registradas na Região Norte - NRG) e de espécies raras que ocorrem em ecossistemas aquáticos na FLONA de Carajás no período estudado (2005 a 2013). n = número de espécies para cada classe fitoplanctônica. Classe / Espécie Fitoplanctônica Bacillariophyceae: n=15 Aulacoseira ambigua Aulacoseira granulata Eunotia curvata Eunotia sudetica Eunotina tenella Frustulia rhomboides Navicula halophila Navicula pupula Pinnularia acrosphaeria Pinnularia latevittata Pinnularia maior Pinnularia stauroptera Pinnularia viridis Surirella engleri Synedra ulna Chlorophyceae: n= 15 Characium rostratum Chlorellla neustomica Chlorococcum infusionum Closteriopsis longissima Dictyosphaerium elegans Dictyosphaerium tetrachotomum Monoraphiidum griffithi Monoraphidium minutum Scenedesmus armatus Scenedesmus caribeanus Scenedesmus bijugatus Scenedesmus circunfusus Scenedesmus denticulatus Scenedesmus dispar Scenedesmus magnus Ocorrência NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG Rara NRG NRG NRG NRG NRG NRG Ecossistema Lagoas Rasas / Profundas Rasas / Profundas Rasas / Profundas Rasas Rasas Rasas / Profundas Rasas Rasas / Profundas Rasas / Profundas Profundas Profundas Profundas Rasas Rasas / Profundas Profundas Rara / NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG Rara / NRG NRG NRG NRG Rasas Rasas Rasas Rasas Profundas Profundas Profundas Rasa / Profundas Rasa / Profundas Profundas Profundas Rasas Rasa / Profundas Profundas Rasa / Profundas 50 Cyanophyceae: n= 28 Aphanotece stagnina Chroococcus cohaerens Chroococcus minutus Coelosphaerium kuetzingianum Geitlerinema amphibium Hapalosiphon stuhlmannii Lyngbya circuncreta Lyngbya contorta Lyngbya limnetica Lyngbya martensiana Lyngbya orienalis Lyngbya perelegans Lyngbya putealis Lyngbya taylorii Lyngbya tchadensis Merismopedia elegans Merismopedia insignis Merismopedia warmingiana Oscillatoria acuta Oscillatoria guttulata Oscillatoria subbrevis Oscillatoria tenuis Oscillatoria terebriformis Planktolyngbya limnetica Pseudanabaena cf. catenata Pseudoanabaena minima Rhabdogloea cf. linearis Synechococcus nidulans Dinophyceae: n= 3 Peridinium africanum Peridinium bipes Peridinium cinctum Ocorrência NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG Rara / NRG Rara / NRG Rara / NRG NRG Rara / NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG NRG Ecossistemas Profundas Rasas / Profundas Rasas / Profundas Profundas Rasas / Profundas Rasas / Profundas Rasas Profundas Rasas / Profundas Rasas Rasas Rasas Rasas / Profundas Rasas Rasas Rasas Rasas / Profundas Profundas Rasas Rasas / Profundas Rasas Rasas Rasas Rasas Rasas / Profundas Rasas / Profundas Rasas / Profundas Rasas / Profundas NRG NRG Rara Rasas / Profundas Rasas / Profundas Rasas / Profundas 51 Euglenophyceae: n= 10 Euglena anabaena Euglena variabilis Lepocinclis salina Phacus onyx Strombomonas fluviatilis Trachelomonas hexangulata Trachelomonas parvicolis Trachelomonas spinosa Trachelomonas volvocina Trachelomonas volvocinopsis Ulothricophyceae: n= 1 Ulothrix tenerrima Zygnemaphyceae: n= 9 Actinotaenium cordanum Cosmarium punctulatum Spondylosium desmidiiforme Spondylosium planum Staurastrum arachner Staurastrum cuspidatus Staurastrum hirsutum Staurodesmus spinarianus Xanthidium dilatatum Ocorrência NRG NRG NRG NRG Rara NRG NRG NRG NRG NRG Ecossistema Rasas Rasas / Profundas Rasas Rasas Rasas Rasas Rasas Rasas Profundas Rasas / Profundas NRG Profundas NRG NRG NRG Rara / NRG NRG NRG NRG NRG Rara / NRG Rasas / Profundas Rasas / Profundas Rasas / Profundas Rasas Profundas Profundas Rasas Profundas Rasas 52 As análises de similaridade da composição da comunidade fitoplanctônica evidenciou que em todos os períodos de coleta nas lagoas rasas e profundas a comunidade foi dissimilar (média - Jaccard: 0,81 e Bray – Curtis: 0,73). Analisando separadamente as lagoas rasas e profundas, podemos evidenciar que, em geral, também houve dissimilaridade entre elas. As lagoas profundas são, em média, mais dissimilares entre si do que as lagoas rasas (Jaccard: 0,72 / rasas e 0,75 / profundas) (Tabela 4) e (Bray – Curtis: 0,62 / rasas e 0,65 / profundas) (Tabela 5). Isso significa que, levando em consideração tanto os dados de abundância como os de presença e ausência, para cada período, as lagoas apresentaram uma dissimilaridade em relação a composição da comunidade fitoplanctônica. As análises de similaridade mostraram que não foi possível observar um padrão de similaridade entre as lagoas rasas e profundas, evidenciando assim, que a composição da comunidade fitoplanctônica das lagoas de altitude da FLONA de Carajás, diferem entre si, sejam elas rasas ou profundas, provavelmente, devido a fatores locais como o hidroperíodo e hidrodinâmica e a heterogeneidade estrutural das lagoas estudadas. Alguns estudos em lagoas (Barros 2010; Nogueira et al. 2010) têm evidenciado como os fatores locais atuam mais fortemente sobre a dissimilaridade da comunidade fitoplanctônica do que fatores regionais tais como hidroperíodo e hidrodinâmica. A dissimilaridade das lagoas estudadas pode ser atribuída às variações físicas e ambientais que é espacialmente mais variável entre lagoas rasas do que em profundas (De Meester et al. 2005). Por outro lado, as lagoas profundas, por apresentarem um maior volume d’água, são mais estáveis às variações físicas e ambientais. Maiores variações ambientais em lagoas rasas refletem diretamente na maior diferença na composição de espécies entre estes ambientes (De Meester et al. 2005). No entanto, esse fato foi observado tanto nas lagoas rasas quanto nas profundas da FLONA de Carajás no que diz respeito à dissimilaridade da comunidade fitoplanctônica, embora as lagoas profundas sejam mais estáveis às variações físicas e ambientais. 53 Tabela 4: Similaridade da composição de táxons da comunidade fitoplanctônica pelas análises NMDS entre ecossistemas rasos e profundos no período de chuva (C) e estiagem (E) no período de 2010 a 2013 nos ambientes estudados da FLONA de Carajás pelo índice de similaridade de Jaccard. Foi utilizado para o cálculo de similaridade entre os ambientes os dados de presença e ausência (PA) das espécies/ táxons fitoplanctônicos. (Valores ≥ 0,50 foram considerados - alta dissimilaridade). Ano Período 2010 2011 2011 2012 2012 2013 E C E C E C Ecossistema Rasa + Profunda 0,82 0,83 0,65 0,84 0,89 0,82 Ecossistema Rasas 0,84 0,85 0,42 0,64 0,74 0,82 Ecossistema Profundas 0,67 0,51 0,64 0,84 0,97 0,87 Tabela 5: Similaridade da composição de táxons da comunidade fitoplanctônica pelas análises NMDS entre ecossistemas rasos e profundos no período de chuva (C) e estiagem (E) no período de 2010 a 2013 nos ambientes estudados da FLONA de Carajás pelo índice de similaridade de Bray – Curtis. Foi utilizado para o cálculo de similaridade entre os ambientes os dados de abundância (AB). (Valores ≥ 0,50 foram considerados - alta dissimilaridade). Ano Período 2010 2011 2011 2012 2012 2013 E C E C E C Ecossistema Rasa + Profunda 0,75 0,73 0,52 0,78 0,84 0,73 Ecossistema Rasas 0,78 0,77 0,28 0,53 0,63 0,72 Ecossistema Profundas 0,50 0,34 0,55 0,77 0,94 0,81 54 4.2.3. Relação entre as variáveis ambientais, presença de macrófitas aquáticas e comunidade fitoplanctônica As análises de redundância com partição de variância com os dados de presença e ausência apontaram que fatores diferentes parecem afetar na variação da composição da comunidade fitoplanctônica das lagoas estudadas. O espaço foi um fator significativo, seja para os dados de abundância quanto para os dados de presença e ausência (Tabela 6). Considerando os dados de presença e ausência das espécies, a condutividade elétrica foi uma variável significativa (p= 0,04) juntamente com o espaço (p= 0,03 e 0,04) que atuaram em momentos distintos sobre a variação na composição da comunidade (Tabela 6). No entanto, considerando apenas os dados de abundância das espécies, a turbidez d´água foi a variável significativa (p = 0,01) juntamente com o espaço (p = 0,02) que atuaram em momentos distintos na variação da composição da comunidade fitoplanctônica (Tabela 7). É provável que a variação na composição da comunidade fitoplanctônica explicada pelo espaço, turbidez e a condutividade elétrica d’água como evidenciada pela RDA, tanto para os dados de presença e ausência como de abundância. Declerck et al. (2005) afirmam que dados de abundância podem ser mais sensíveis às respostas da comunidade a gradientes ambientais pois eles enfatizam mudanças relativas ao sucesso de espécies, que são diferentes ao longo de um gradiente ambiental quando comparados com dados de presença e ausência, já que esses parecem evidenciar efeitos de um maior número de variáveis ambientais, o que não foi observado nas lagoas estudadas. As lagoas estudadas apresentaram variáveis como a turbidez, condutividade elétrica e o espaço atuando sobre a variação na composição fitoplanctônica, para os dados de abundância e presença e ausência. No entanto, seja pelos dados de presença e ausência ou de abundância, estes resultados mostram a importância de fatores locais na composição e variação da comunidade fitoplanctônica das lagoas estudadas. 55 Tabela 6: Análise de Redundância – (RDA) na variação da composição na comunidade fitoplanctônica (dados de presença e ausência) das lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período estudado (2007 e 2013). R² ajustado do ambiente (variáveis limnológicas e presença de macrófitas aquáticas) e do espaço (lagoas). (a) fração explicada exclusivamente pelo ambiente. (b) fração compartilhada entre ambiente e o espaço. (c) fração explicada exclusivamente pelo espaço. (d) resíduos. Estiagem (E); Chuva (C). (p≤ 0,05). Ano Estação Variáveis Filtros selecionadas espaciais R² ajustado a b c p d 2007 E nenhuma nenhum 2008 C nenhuma nenhum 2010 E nenhuma 1 filtro 2011 C 2011 E nenhuma 2 filtros 0,03 0,05 0,11 0,81 2012 C nenhuma 2 filtros 0,04 0,00 0,14 0,81 2012 E nenhuma 1 filtro 2013 C nenhuma nenhum condutividade nenhum a 0,01 0,10 b c 0,03 0,04 0,03 0,04 56 d Tabela 7: Análise de Redundância – (RDA) na variação da composição na comunidade fitoplanctônica (dados de abundância) das lagoas rasas e profundas da FLONA de Carajás no período estudado (2007 e 2013). R² ajustado do ambiente (variáveis limnológicas e presença de macrófitas aquáticas) e do espaço (lagoas). (a) fração explicada exclusivamente pelo ambiente. (b) fração compartilhada entre ambiente e o espaço. (c) fração explicada exclusivamente pelo espaço. (d) resíduos. Estiagem (E); Chuva (C). (p≤ 0,05). Ano Estação Variáveis Filtros selecionadas espaciais R² ajustado a b c p d a b c 2007 E nenhuma nenhum 2008 C nenhuma nenhum 2010 E turbidez nenhum 2011 C nenhuma nenhum 2011 E nenhuma 3 filtros 0,32 0,02 2012 C nenhuma 2 filtros 0,15 0,02 2012 E nenhuma nenhum 2013 C nenhuma nenhum 0,32 0,01 As lagoas da FLONA de Carajás são ambientes dinâmicos em termos das variáveis limnológicas mensuradas neste estudo, as quais podem atuar na regulação da diversidade de espécies. Tilman (1982) afirma que a diversidade de espécies em um dado momento é proporcional ao número de recursos limitantes, de modo que as flutuações ambientais são percebidas como distúrbios, sendo capazes de promover o aumento da diversidade (Hutchinson 1961). Além disso, fatores como variações nos níveis de turbidez d’ água e condutividade elétrica podem ser caracterizados como distúrbios nos ambientes aquáticos, afetando as condições de equilíbrio entre as espécies (Figueiredo & Giani 2001). Fatores como variações nos níveis de turbidez, condutividade elétrica e a heterogeneidade estrutural das lagoas da FLONA de Carajás, parecem ser fatores que afetam a composição e diversidade das espécies fitoplanctônicas. 57 d Os resultados deste estudo sugerem que variáveis ambientais como fósforo total (PT) e presença de macrófitas aquáticas influenciam na riqueza de táxons fitoplanctônicos das lagoas estudadas. A turbidez, condutividade elétrica d´água e o espaço, parecem influenciar na composição e estruturação da comunidade fitoplanctônica. Silva et al. (2010) e Nogueira et al. (2010) estudando lagos amazônicos também evidenciaram que a turbidez d’água e o espaço parecem ser os fatores que influenciam na composição e estruturação da comunidade fitoplanctônica. A heterogeneidade estrutural, encontrada principalmente nas lagoas rasas, proporcionada pela maior ocorrência de macrófitas aquáticas e as maiores concentrações de nutrientes, pode ter sido um fator importante que contribuiu para maior riqueza de táxons fitoplanctônicos. Em contrapartida, a maior diversidade de espécies nas lagoas profundas pode ter sido influenciada pelo maior volume e tempo de residência d’ água. Fatores locais como a hidroquímica e o tempo de residência d’água das lagoas na FLONA de Carajás parecem estar atuando na seleção de espécies da comunidade fitoplanctônica, principalmente nas lagoas profundas já que estas apresentaram uma diversidade específica maior quando comparada com as lagoas rasas. Barros (2010) estudando 18 lagoas naturais observou que os fatores locais como a hidroquímica e o espaço foram mais atuantes na composição e diversidade de espécies fitoplanctônicas do que fatores regionais. Os resultados aqui obtidos parecem demonstrar que, embora não havendo um padrão que determine a composição e estrutura da comunidade fitoplanctônica nas lagoas de altitude de Carajás, esses ambientes são importantes para a manutenção dos organismos fitoplanctônicos, principalmente pelo fato de serem ambientes diferentes entre si. 58 As lagoas rasas apresentam uma considerável riqueza de táxons, proporcionando uma maior probabilidade de descoberta de espécies endêmicas. No entanto, as lagoas profundas apresentam uma considerável diversidade de espécies. Como demonstrado neste estudo, estes ambientes contribuem para a diversidade local e regional, apresentando espécies fitoplanctônicas ainda não registradas na região Norte e raras nestes ecossistemas aquáticos de altitude. 59 5. CONCLUSÕES A composição da comunidade fitoplanctônica apresenta um grande predomínio da classe Zygnemaphyceae, evidenciando condições oligo/mesotróficas nas lagoas de altitude da FLONA de Carajás. As lagoas rasas da FLONA de Carajás apresentam uma considerável riqueza de táxons fitoplanctônicos, provavelmente, devido à presença de macrófitas aquáticas e concentrações de fósforo total. As lagoas profundas apresentaram uma maior diversidade específica fitoplanctônica quando comparadas com as lagoas rasas, isso se deve, provavelmente, ao maior tempo de residência d’água nestes ambientes profundos. As lagoas da FLONA de Carajás não apresentaram padrão de endemismo, mesmo apresentando espécies raras e não registradas na região Norte para a comunidade fitoplanctônica, esse fato parece estar associado a fatores como a hidroquímica e a heterogeneidade estrutural destes ambientes que parecem proporcionar uma renovação constante de espécies fitoplanctônicas. Concluímos não haver um único fator determinante de padrões de riqueza, composição e variação na comunidade fitoplanctônica das lagoas na FLONA de Carajás; a composição e variação ficoflorística resultam da interação de fatores locais que exercem um efeito sinergético e estocástico sobre esta comunidade decorrente da heterogeneidade estrutural desses ambientes. 60 6. REFERÊNCIAS Agostinho, A. A., Thomaz, S. M. & Gomes, L.C. 2005. Conservação da biodiversidade em águas continentais do Brasil. Megadiversidade. 1: 71 – 78. Almeida, F. F. & Melo, S. 2011. Phytoplankton community structure in an Amazon floodplain lake (Lago Catalão, Amazonas, Brazil). Neotropical Biology and Conservation. 6(2): 112 - 123. Aprile, F. M. & Mera, P. A. S. 2007. Fitoplâncton e fitoperífiton de um rio de águas pretas da Amazonia Periferica do Norte, Brasil. Brazilian Journal Aquatic Science and Technology. 11(2): 1-14. Araújo, M. F. F.; Costa, J. A. S. & Chellapa, N. T. 2000. 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Coscinodiscus sp.1 Cymbella sp.1 Cymbella sp.2 Eunotia curvata Eunotia intermedia Eunotia pectinales Eunotia probupta Eunotia sp.1 Eunotia sp.2 Eunotia sp.3 Eunotia sp.8 Eunotia sp.9 Eunotia sp.10 Eunotia sudetica Eunotina tenella Fragillaria cf. capucina Frustulia rhomboides Frustulia sp.1 Frustulia sp.3 Frustulia sp.4 Navicula cf. halophila Navicula pupula Navicula cf. rostellata Navicula sp.1 Navicula sp.3 Navicula sp.4 Navicula sp.5 Navicula sp.6 Navicula sp.7 Pennales 1 Pennales 2 Pennales 4 Pennales 6 Pennales 7 Pennales 8 Classe / Táxon Rasas 45 Profundas 37 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Rasas Profundas I. Bacillariophyceae Pennales 9 Pennales 11 Pinnularia acrosphaeria Pinnularia interrupta Pinnularia latevittata Pinnularia maior Pinnularia sp.1 Pinnularia sp.3 Pinnularia sp.6 Pinnularia sp.8 Pinnularia sp.9 Pinnularia sp.11 Pinnularia stauroptera Pinnularia viridis Surirella engleri Synedra sp. Surirella sp.1 Surirella sp.2 Synedra ulna x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x II. Chlamydophyceae 4 2 Chlamydophyceae 1 Chlamydophyceae 2 Chlamydophyceae 3 Chlamydophyceae 5 x x x x x III. Chlorophyceae 85 95 Ankistrodesmus densus Ankistrodesmus gracilis Ankistrodesmus sp. Botryococcus braunii Botryococcus sp.1 Characium obesum Characium rostratum Characium sp.1 Characium sp.2 Characium sp.3 Chlamydomonas cf. sordida Chlamydomonas sp.1 Chlorella sp.1 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 72 Classe / Táxon Classe / Táxon Rasas Profundas III. Chlorophyceae Chlorella sp.2 Chlorella vulgaris Chlorellla neustomica Chloroccocum sp.1 Chlorococcales 1 Chlorococcales 2 Chlorococcales 4 Chlorococcales 5 Chlorococcales 6 Chlorococcales 7 Chlorococcales 10 Chlorococcales 11 Chlorococcales 14 Chlorococcum infusionum Chlorococcum sp.1 Chlorococcum sp.2 Chlorophyceae 1 Chlorophyceae 2 Chlorophyceae 4 Chlorophyceae 5 Chlorophyceae 6 Chlorophyceae 7 Choricystis sp.3 Choricystis sp.4 Choricystis sp.5 Chorycistis sp.6 Chorycistis chodatti Closteriopsis acicularis Closteriopsis longissima Coelastrum cambricum Coelastrum indicum Coelastrum proboscideum Coelastrum pulchrum Coelastrum reticulatum Coelastrum sp.1 Coelastrum sp.2 Coenocystis sp. Coenodibris planconvexa Cruciginea sp.1 Cruciginea sp.2 Desmodesmus cf. armatus Desmodesmus brasilienses Desmodesmus cf. denticulatus Desmodesmus maximus Rasas Profundas III. Chlorophyceae x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Desmodesmus quadricauda Desmodesmus spinosus Dictyosphaerium ehrenbergianum Dictyosphaerium elegans Dictyosphaerium pulchellum Dictyosphaerium sp.1 Dictyosphaerium tetrachotomum Elakatothrix gelatinosa Elakatothrix gelifacta Elakatothrix viridis Eremosphaera eremosphaeria Eremosphaera sp.2 Eutetramorus fotti Eutetramorus globosus Eutetramorus planctonicus Eutetramorus sp.1 Eutetramorus sp.2 Glaucocystis sp.1 Golenkinia radiata Kirchneriella dianae Kirchneriella lunaris Kirchneriella obesa Koliella longiseta variabilis Microspora sp.1 Monoraphidium convolatum Monoraphiidum griffithi Monoraphidium minutum Monoraphidium sp.2 Nephrocytium sp.1 Oocystis novae-semliae Oocystis elliptica Oocystis lacustris Oocystis naegelli Oocystis pusilla Oocystis sp.1 Oocystis sp.2 Oocystis sp.3 Oonephris obesa Pediastrum duplex Pediastrum obtusum Pediastrum simplex Pediastrum sp. Pediastrum tetras Radiococcus cf. planktonicus x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 73 Classe / Táxon Classe / Táxon Rasas Profundas III. Chlorophyceae Rasas Profundas V. Cyanophyceae Scenedesmus acuminatus Scenedesmus aldavei Scenedesmus arcuatus Scenedesmus armatus Scenedesmus caribeanus Scenedesmus bijugus Scenedesmus bijugatus Scenedesmus brasiliensis Scenedesmus circunfusus Scenedesmus denticulatus Scenedesmus dispar Scenedesmus ecornis Scenedesmus lunatus Scenedesmus magnus Scenedesmus opoliensis Scenedesmus quadricauda Scenedesmus spinosus Scenedesmus sp.1 Scenedesmus sp.2 Scenedesmus sp.4 Scenedesmus sp.6 Scenedesmus sp.7 Selenastrum bibraianus Selenastrum rinoi Selenastrum sp. Sphaerocystis schroeteri Sphaerocystis sp.1 Sphaerocystis sp.3 Tetraedron sp. Tetraedron gracile Tetraedron minimun Tetraedron trigonum Tetrachlorella alternans Tetrallantos lagerheimii x IV. Chrysophyceae 6 Dinobryon sp. Dynobrion sertubaria Dinobryon sp.1 x x x Mallomonas sp.7 Synura uvella Synura sp.1 x x x x V. Cyanophyceae 108 74 Anabaena austro-africana Anabaena cf. affinis x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 1 Anabaena cf. inaequalis Anabaena planctonica Anabaena solitaria Anabaena sp.1 Anabaena sp.2 Anabaena sp.3 Anabaena sp.4 Anabaena sp.6 Anabaena wisconsinense Aphanocapsa conferta Aphanocapsa delicatissima Aphanocapsa elachista Aphanocapsa elebens Aphanocapsa incerta Aphanocapsa cf. koordersi Aphanocapsa planctonica Aphanocapsa sp.1 Aphanocapsa sp.2 Aphanotece clathrata Aphanotece nidulans Aphanotece saxicola Nageli Aphanotece smithii Aphanotece stagnina Aphanizomenon sp.1 Chroococcus cohaerens Chroococcus cf. dispersus Chroococcus cf. membraninus Chroococcus limneticus Chroococcus minor Chroococcus minutus Chroococcus prescottii Chroococcus sp.1 Chroococcus sp.2 Chroococcus sp.3 Chroococcus sp.4 Chroococcus sp.5 Chroococcus turgidus Coelosphaerium kuetzingianum Cyanophyceae 9 Cyanophyceae 10 Cyanophyceae 11 Cyanothece sp.2 Cylindrospermum sp.1 Cylindrospermum sp.2 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 74 Classe / Táxon Classe / Táxon Rasas Profundas V. Cyanophyceae Eucapsis parallelepipedon Geitlerinema amphibium Hapalosiphon stuhlmannii Hapalosiphon sp.1 Hapalosiphon sp.2 Hapalosiphon sp.3 Leptolyngbya cf. lagerheimii Leptolyngbya sp. Limnothrix sp.1 Limnothrix sp.2 Lyngbya allorgei Lyngbya circuncreta Lyngbya contorta Lyngbya limnetica Lyngbya martensiana Lyngbya orienalis Lyngbya perelegans Lyngbya putealis Lyngbya sordida Lyngbya sp.1 Lyngbya sp.2 Lyngbya sp.3 Lyngbya taylorii Lyngbya tchadensis Merismopedia elegans Merismopedia glauca Merismopedia insignis Merismopedia marsonni Merismopedia tenuissima Merismopedia cf. trolleri Merismopedia sp.2 Merismopedia warmingiana Microcystis aeruginosa Microcystis smithii Microcystis sp. Nodularia sp. Oscillatoria acuta Oscillatoria amoena Oscillatoria amphibia Oscillatoria chlorina Oscillatoria geminata Oscillatoria guttulata Oscillatoria granullata Oscillatoria homogenea Rasas Profundas Oscillatoria irrigua Oscillatoria lacustris Oscillatoria cf. nitida Oscillatoria cf. ornata Oscillatoria quadripunctulata Oscillatoria subbrevis Oscillatoria simplicissima Oscillatoria sp.1 Oscillatoria sp.2 Oscillatoria sp.8 Oscillatoria tenuis Oscillatoria terebriformis Phormidium chlorinum Phormidium puteale Phormidium tenue Planktolyngbya cf. crassa Planktolyngbya limnetica Planktothrix sp.1 Pseudoanabaena articulata Pseudanabaena cf. catenata Pseudoanabaena limnetica Pseudoanabaena minima Pseudoanabaena sp.1 Pseudoanabaena sp.3 Pseudoanabaena sp.4 Pseudoanabaena sp.5 Rhabdogloea cf. linearis Scytonema sp.2 Spirulina sp.1 Stigonema sp.2 Stigonematales 1 Stigonematales 2 Stigonematales 3 Synechococcus linearis Synechococcus nidulans Synechococcus sp.1 Synechococcus sp.2 Synechococcus subsalsus Synechocystis aquatilis Synechocystis sp.1 Synechocystis sp.2 x x x x x x x x x x x VI. Cryptophyceae 3 1 Cryptomonas sp.1 Cryptomonas sp.2 x x V. Cyanophyceae x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 75 Classe / Táxon Classe / Táxon Rasas Profundas Cryptomonas sp.4 x x VII. Dinophyceae 21 22 Amphibium sp.1 Ceratium sp. Dinophyceae 1 Dinophyceae 2 Dinophyceae 3 Dinophyceae 4 Dinophyceae 7 Dinophyceae 8 Dinophyceae 10 Gymnodinium sp.2 Gymnodinium sp.3 Gymnodinium sp.4 Gymnodinium sp.5 Peridiniopsis sp.1 Peridiniopsis sp.2 Peridinium africanum Peridinium bipes Peridinium cinctum Peridinium cunningtonii Peridinium sp.1 Peridinium sp.2 Peridinium sp.3 Peridinium sp.4 Peridinium sp.5 Peridinium sp.6 Peridinium sp.7 Peridinum sp. 8 Peridinium sp. 9 x x x x x x x x x x x x x VIII. Euglenophyceae 29 13 Euglena acus Euglena anabaena Euglena sp.1 Euglena sp.2 Euglena sp.4 Euglena sp.5 Euglena sp.6 Euglena variabilis Euglenophyceae 2 Euglenophyta 1 Lepocinclis ovum Lepocinclis salina Lepocinclis sp.1 x x x x x VI. Cryptophyceae Rasas Profundas VIII. Euglenophyceae x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Phacus longicauda Phacus onyx Phacus suecicus Phacus sp.4 Strombomonas fluviatilis Trachelomonas abrupta Trachelomonas armata Trachelomonas globularis Trachelomonas hexangulata Trachelomonas hispida Trachelomonas kellogii Trachelomonas lacustris Trachelomonas parvicolis Trachelomonas sp.1 Trachelomonas sp.2 Trachelomonas sp.3 Trachelomonas spinosa Trachelomonas volvocina Trachelomonas volvocinopsis IX. Oedogonophyceae Bulbochaete sp.2 Bulbochaete sp.3 Bulbochaete sp.4 Oedogonium acrosporum Oedogonium sp.1 Oedogonium sp.3 Oedogonium sp.5 Oedogonium sp.7 Oedogonium sp. 8 Oedogonium sp.9 Oedogonium sp.11 Oedogonium sp.12 Oedogonium sp.13 Oedogonium sp.14 Oedogonium sp.16 Oedogonium sp.17 Oedogonium sp.18 Oedogonium sp.19 X. Ulothricophyceae Koliella sp.1 Microspora sp.1 Ulothrix tenerrima Ulothrix subtilissima Ulothrix sp.1 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 5 x 18 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 4 x 4 x x x x x x 76 Classe / Táxon Classe / Táxon Rasas Profundas X. Ulothricophyceae Rasas Profundas XI. Zygnemaphyceae Ulothrix sp.2 Ulothrix sp.3 x XI. Zygnemaphyceae 160 108 Actinotaenium cordanum x x Actinotaenium cf. cruciferum Actinotaenium curcubita Actinotaenium globosum Actinotaenium sp.3 Actinotaenium wollei Arthrodesmus mucronulatus Arthrodesmus sp. Bambusina borreri Bambusina brebissonii Bambusina sp.1 Bambusina sp.7 Closteriopsis acicularis Closteriopsis sp.2 Closterium acutum Closterium abruptum Closterium archerianum Closterium cf. calosporum Closterium cf. closterioides Closterium cynthia Closterium dianae Closterium gracile Closterium leibleinni Closterium cf. lumila Closterium parvulum Closterium rostratum Closterium sp.1 Closterium sp.2 Closterium sp.4 Closterium sp.6 Closterium sp.10 Closterium sp.12 Closterium sp.13 Closterium sp.16 Closterium striolatum Cosmarium amoenum Cosmarium blyttii Cosmarium contractum Cosmarium depressum Cosmarium exiguum Cosmarium globosum x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Cosmarium inartum Cosmarium minimum Cosmarium pseudoconnatum Cosmarium pseudopyramidatum Cosmarium punctulatum Cosmarium sexangulare Cosmarium sp.1 Cosmarium sp.2 Cosmarium sp.3 Cosmarium sp.4 Cosmarium sp.8 Cosmarium sp. 9 Cosmarium sp. 11 Cosmarium sp. 12 Cosmarium sp.15 Cosmarium sp.17 Cosmarium subspeciosum Cosmarium cf. tatricum Cosmarium trilobulatum Cylindrocystis brebissoni Desmidiaceae 1 Desmidiaceae 2 Desmidiaceae 3 Desmidium cylindricum Desmidium coarctatum Desmidium sp.1 Desmidium sp.2 Desmidium swartzii Docidium sp.1 Docidium sp.3 Euastrum ansatum Euastrum binale Euastrum brasiliense Euastrum sinuosum Euastrum cf. sublobatum Euastrum sp.1 Euastrum sp.2 Euastrum sp.3 Euastrum sp.4 Euastrum sp.5 Euastrum sp.6 Euastrum sp.7 Euastrum sp.8 Gonatozygon sp.2 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 77 Classe / Táxon Classe / Táxon Rasas Profundas XI. Zygnemaphyceae Gonatozygon sp.3 Hyalotheca dissiliens Ichthyocerus sp.1 Micrasterias arcuata Micrasterias cf. borgei Micrasterias furcata Micrasteria papillifera Micrasterias sp.4 Mougeotia sp.1 Mougeotia sp.2 Mougeotia sp.3 Mougeotia sp.5 Mougeotia sp.7 Mougeotia sp.8 Mougeootia sp.9 Mougeotia sp.10 Mougeotia sp.12 Netrium digitus Netrium cf. interruptum Netrium sp.1 Netrium sp.2 Netrium sp.4 Netrium sp.5 Pleurotaenium cf. burmeuse Pleurotaenium sp.1 Pleurotaenium sp.2 Pleurotaenium sp.3 Pleurotaenium trabecula Spirogyra sp.1 Spirogyra sp.2 Spirogyra sp.3 Spirogyra sp.7 Spondylosium desmidiiforme Spondylosium planum Spondylosium pulchellum Staurastrum arachner Staurastrum branchiatum Staurastrum cingulum Staurastrum cuspidatus Staurastrum furcatum Staurastrum cf. gemelliparum Staurastrum gladiosum Staurastrum cf. hagmannii Staurastrum hirsutum Rasas Profundas x x x x x x x x x x x x x x x x XI. Zygnemaphyceae x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Staurastrum laeve Staurastrum leptacanthum Staurastrum octangulare Staurastrum paradoxum Staurastrum pseudotetracerum Staurastrum quadrangulare Staurastrum rotula Staurastrum spencerianus Staurastrum sp.1 Staurastrum sp.4 Staurastrum sp.5 Staurastrum tectum Staurastrum tetracerum Staurastrum thomassonianum Staurastrum trihedrale Staurastrum cf. trifidum Staurastrum tryssos Staurodesmus dejectus Staurodesmus extensus Staurodesmus glaber Staurodesmus incus Staurodesmus leptodermus Staurodesmus omearae Staurodesmus phimus Staurodesmus sp.1 Staurodesmus sp.2 Staurodesmus sp.3 Staurodesmus sp.4 Staurodesmus sp.5 Staurodesmus spencerianus Staurodesmus spinarianus Staurodesmus subpygmaeum Staurodesmus teliferum Teilingia sp.1 Tetmemorus laevis Xanthidium dilatatum Xanthidium fasciculatum Xanthidium fragile Xanthidium regulare Xanthidium sexangulare Xanthidium sp.1 Xanthidium sp.2 Xanthidium sp.4 Xanthidium sp.5 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 78 Classe / Táxon Rasas Profundas x x x x x x x x x x x XI. Zygnemaphyceae Xanthidium sp.6 Xanthidium sp.7 Xanthidium sp.8 Xanthidium sp.9 Xanthidium sp.10 Xanthidium trilobum Zygnema sp.1 Zygnema sp.2 Zygnema sp.3 Zygnemopsis sp. x x 79