9. exemplos de aplicação de dispositivos facts - DSCE
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9. exemplos de aplicação de dispositivos facts - DSCE
Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio 9. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DE DISPOSITIVOS FACTS Neste capítulo são apresentadas algumas simulações de dispositivos que atuam como compensadores para regular o nível de tensão, amortecer oscilações de velocidade ou de potência, variações angulares, etc, que são funções típicas de dispositivos FACTS. 9.1 Simulação de CCT e RCT no meio de linha Consideremos o seguinte sistema constituído de uma máquina síncrona alimentando uma carga resistiva através de uma linha com baixas perdas, conforme mostrado na Figura 9.1: L H H Compensado r(CCT/RCT ) Figura 9.1 Sistema exemplo. No meio da linha iremos testar diferentes tipos de compensação, com capacitores shunt fixos ou dispositivos controlados, do tipo CCT ou RCT, para ver a sua forma de atuação. 9.1.1 Caso básico: sem compensação Considerando inicialmente que a chave no meio da linha esteja aberta, as tensões resultantes nas três barras são mostradas na Figura 9.2. 100 50V 0V -5 0 V VL Vm - V1 0 50m 100m 150m T im 200m Figura 9.2 Tensões nas três barras. Notar que a magnitude da tensão se reduz no sentido fonte → carga, conforme seria de se esperar. Pode-se também constatar que a abertura angular entre as tensões nodais aumenta no mesmo sentido, devido ao carregamento da linha. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-1 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio 9.1.2 Caso 2: Capacitor fixo no meio da linha L C=100uF Figura 9.3 Capacitor fixo no meio da linha. Ligando-se um capacitor fixo no meio da linha, a tensão nesse ponto tende a subir devido à sobre-compensação de reativos injetados pelo capacitor. O resultado é mostrado na Figura 9.4. Observar que o efeito de correção da tensão no meio da linha também se manifesta no terminal da carga. 200 100 0V V1 - VL Vm - 40m 60m 80m 100m 120m 140m 160m 180m 200m Tim Figura 9.4 Tensões nas barras com capacitor fixo no meio da linha. 9.1.3 Caso 3: CCT atuando e saída de 50% da carga Inicialmente, com toda a carga ligada, o CCT está fora, sendo ligado na passagem da tensão por zero em t=80ms. Em t=150ms metade da carga resistiva é desligada. L C=100uF R3 40 R4 40 Figura 9.5 Entrada de CCT seguido de redução da carga. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-2 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio O resultado é mostrado na Figura 9.6. Nota-se a elevação da tensão e um pequeno transitório no momento da conexão (a tensão no meio da linha em 80ms não é exatamente zero). Notar também o surto de tensão que aparece sobre a carga, devido à indutância da linha. Ao conectar o CCT, as correntes nos dois ramos das linhas tornam-se distintas em amplitude e fase, o que fica ainda mais acentuado com a saída parcial da carga. Observar a corrente capacitiva (adiantada) que o CCT injeta. 132.93 V1 - VL Vm 100m 50m 150m Tim 200m 10 I(L1 I(L2 - 50m 100m 150m Tim 200m Figura 9.6 Tensões nas barras (acima) e correntes nas linhas (abaixo). 9.1.4 Caso 4: CCT atuando, saída de carga e atuação de RCT. Uma vez que a tensão sobe com a redução da carga, vamos ligar um RCT para compensar o efeito de variação da carga, como mostrado na Figura 9.7. O controle do RCT será fixo, com ângulo de disparo tal que a tensão se mantenha no nível anterior à variação da carga. L C=100uF RCT R3 40 R4 40 100mH Figura 9.7 Conexão de RCT no meio da linha. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-3 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio As curvas resultantes são mostradas na Figura 9.8. Pode-se notar a entrada do RCT a partir de aproximadamente t=160ms, restabelecendo a tensão que havia antes da carga sair em t=100ms. As formas de onda descontínuas da corrente no RCT provocam elevado nível de distorção harmônica, perceptível até mesmo na tensão. 200 V1 VL Vm 20m 50m 100m 150m 200m 250m Tim 300m 250m Tim 300m 10 I(L1 I(RCT I(L2 20m 50m 100m 150m 200m Figura 9.8 Tensões e correntes com RCT atuando após t=160ms. Para ver melhor o que está ocorrendo, a Figura 9.9 mostra detalhes da distorção harmônica introduzida pelo RCT. 4 .0 I(L 1 I(L 2 I(R C T 200 V1 VL Vm 250m 260m 270m 280m 290m 300m Figura 9.9 Detalhe da distorção introduzida pelo RCT (correntes acima, tensões abaixo). LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-4 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio 9.1.5 Caso 5: Conexão de filtro sintonizado A presença de 3a. Harmônica no caso anterior é nítida. As demais harmônicas ímpares, associadas com a operação do RCT estão com nível mais baixo. Para observar o efeito de um filtro sintonizado, vamos acrescentar um filtro de terceira harmônica, junto ao RCT. L R3 40 RCT R4 40 Filtro 3h 100mH Figura 9.10 Inserção de filtro sintonizado na 3a. harmônica. Com atuação do filtro de terceira harmônica a partir de t=250ms resultam as curvas da Figura 9.11. Notar a presença da corrente de 3a. harmônica no gráfico superior. 10 i(RCT i(L1 i(L2 i(h3 200 Vm VL V1 220m 240m 260m 280m 300m 315m Figura 9.11 Efeito do filtro de 3a. harmônica após t=250ms. A atuação do filtro não é instantânea, mas as ondas de tensão e de corrente tornam-se praticamente senoidais após t=300ms. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-5 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio 9.2 Amortecimento de oscilações eletromecânicas 9.2.1 Modelos Lineares para Estudos Dinâmicos em Sistemas Elétricos No Capítulo 1 foi deduzida a relação dinâmica linearizada entre as variações da potência gerada pela máquina síncrona e as variações de velocidade ou de ângulo do rotor da máquina. Esse modelo permite, por exemplo, simular a resposta dinâmica da máquina a um degrau de carga, mostrando o modo eletromecânico de oscilação da máquina. Normalmente se trata de um modo de oscilação pouco amortecido, com freqüência na faixa de 0.5 a 2Hz. Essas oscilações de baixa freqüência requerem um esquema de controle especial para amortecimento rápido. Normalmente isso é conseguido através de uma malha de realimentação das variações de velocidade (∆ω) para modular a tensão do gerador (∆Vref). Esse controle é conhecido como PSS (Power System Stabilizer). Para estudar a atuação dinâmica de um PSS precisamos acrescentar ao modelo eletromecânico a característica do controle de excitação do gerador. Existem dois modelos lineares descritos na literatura: Modelo Heffron-Phillips (MHP) [1], no qual apenas as principais variáveis estão explicitadas, Modelo de Sensibilidade de Potência (MSP) [2], no qual todas as variáveis nodais estão explicitadas. A vantagem do MHP é a sua simplicidade para incluir o PSS. A desvantagem é a dificuldade em incluir a representação de dispositivos FACTS. Para isso, o MSP é mais conveniente, já que o modelo é baseado no balanço nodal de potência ativa e reativa da rede. As figuras seguintes mostram respectivamente os modelos MHP e MSP. Maiores detalhes podem ser encontrados nas referências apresentadas. K1 ∆ Pm + ∆Pg ∆Pa 1 M.s + D ∆ω ωo s ∆δ K4 K2 ∆Eq K5 K3 ’ 1+ s.Tdo .K3 - + ∆Efd Ke 1+s.T e - + ∆Vre f - K6 Figura 9.12 Modelo Heffron-Phillips de gerador ligado a barra infinita. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-6 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio 9.2.2 Estabilizador de oscilações (PSS) Como já foi dito, a ação do PSS é introduzida através da realimentação das variações de velocidade do gerador (∆ω) para modular a tensão de referência do sistema de excitação. Uma função de transferência adequada deve permitir o ajuste do ganho e a compensação do atraso de fase introduzido pelo sistema de excitação. Para isso é usado um circuito de avanço/atraso (lead/lag) de segunda ordem. Além disso, um filtro passa-alta (washout) também é necessário para eliminar o efeito de desvios em regime permanente. ∆Vref + Ke 1+s.T e ∆Pm ∆Pac + - 1 M.s + D ∆ω ωo s ∆Efd ∆δ + KV ∆Pg - + KA ’ X d / Xd ’ ’ 1+s.T do.X d / Xd A1g + + ∆E q + + - + ’ A2g lento ∆δ ∆θ rápido R2g A3g A1g 1 A1 + A1e g ∆θ + - A2e ∆P ∆Vt 1 R2e - R3g + ∆(Q/V) + R1g - R1e ativo reativo Figura 9.13 Modelo de Sensibilidade de Potência para gerador ligado a barra infinita. A Figura 9.14 representa a função típica de um PSS: ∆ω KPSS ganho Tw.s 1+Tw.s 1+T1.s 1+T2.s wash-out lead-lag1 1+T3.s 1+T4.s ∆Vtpss lead-lag2 Figura 9.14 Função de transferência de um PSS. Os valores dos parâmetros devem ser ajustados cuidadosamente para proporcionar a ação de amortecimento desejada. Em geral Tw é da ordem de 10s, enquanto que T1 e T2 dependem do LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-7 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio avanço de fase requerido na freqüência de oscilação pela malha de controle de atuação. Para haver avanço de fase, é necessário que a relação T1 a = (9.1) T2 seja maior do que 1 (T1>T2). Nessa condição, o avanço de fase φ será dado por: sen φ = a−1 a+1 (9.2) 9.2.3 Exemplo: Gerador ligado a barramento infinito Para mostrar como esses processos de compensação dinâmica são eficazes, vamos utilizar um sistema simples para simular uma perturbação de torque mecânico em um gerador síncrono de polos lisos com reatância transitória X'd, ligado a um sistema infinito por meio de uma linha sem perdas e com reatância Xe. V0∠0 Vt∠θt jX'd jXe E'q∠δ Figura 9.15 Gerador ligado a barramento infinito. Para uma dada condição de operação, o modelo Heffron-Phillips resulta nos seguintes parâmetros para simulação no PSpice: Pm Pe Pss Figura 9.16 MHP para obter a resposta em malha aberta. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-8 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio A figura 9.17 mostra a resposta em freqüência do modelo H-P em malha aberta (∆Pe/∆Pm). Fica claro que se trata de um modo característico com freqüência de ressonância em torno de 1Hz. Figura 9.17 Resposta em malha aberta do MHP. A figura 9.18 mostra as oscilações de velocidade e ângulo do rotor em relação ao valor de regime. Figura 9.18 Modo eletromecânico de oscilação devido a degrau de carga. Para mostrar a atuação do PSS vamos acrescentar a malha de realimentação necessária entre ∆ω e ∆Vref. A figura 9.19 mostra o esquema que será utilizado. Para ajustar os parâmetros dos blocos lead-lag temos que saber qual a resposta em freqüência do sistema através do caminho de atuação do controle. A figura 9.20 mostra o MHP com o PSS. A figura 9.21 representa as diversas respostas em freqüência para a compensação de fase requerida. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-9 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio Lead-lag2 Lead-lag1 ∆ω > ∆ Pss < Ganho W ash-out Figura 9.19 Esquema para representar o PSS. ∆ω ∆ Pm ∆δ ∆ Pe ∆ Pss Figura 9.20 Modelo H-P com malha do PSS. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-10 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio G raus ∆ Pe / ∆ω Figura 9.21 Resposta em freqüência, malha aberta, do sistema com compensação. A figura 9.22 mostra a resposta ao degrau com e sem a atuação do PSS. Notar que tanto a velocidade como a posição angular se estabilizam rapidamente com a ação do PSS. Figura 9.22 Atuação do PSS Esse método de controle é eficiente para as oscilações dos geradores ou seja para os modos locais. No entanto, existem também modos de oscilação inter-áreas (entre conjuntos de máquinas). Esses modos em geral são de freqüência ainda mais baixa (0.2-0.5Hz) e para amortecer esses modos, que envolvem máquinas distantes entre si, é necessário instalar compensadores nas linhas de interligação sujeitas às oscilações de potência. Essa é uma das aplicações dos compensadores série controlados. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-11 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio 9.3 Compensação série As primeiras aplicações de compensação série de linhas de transmissão utilizaram capacitores fixos e serviam para "encurtar" eletricamente as linhas longas. Essas estruturas de compensação fixa acarretavam algumas dificuldades de proteção durante transitórios decorrentes das grandes variações de corrente durante curto-circuito, que se convertiam em sobretensões na rede. Com o uso de tiristores surgiu a possibilidade do chaveamento rápido, permitindo desviar as correntes através de chaves eletrônicas, como no compensador série chaveado por tiristores (CSChT): I I C1 Cn Figura 9.23 Módulos de capacitores série chaveados por tiristores. Da mesma forma que no compensador "shunt", os tiristores só podem ser chaveados sob tensão nula para evitar picos de corrente. Isto restringe a operação desse tipo de compensador a variações dinâmicas lentas. Por outro lado, modos de oscilação de baixa freqüência podem ser excitados por esse chaveamento, tais como ressonância sub-síncrona (10-30Hz) e mesmo oscilações eletromecânicas (1-2Hz). Uma maneira de se melhorar a resposta de um CSChT é acrescentar um reator em série com os tiristores. Nessa configuração sabemos que os tiristores podem ser controlados continuamente na faixa entre 90 e 180°, resultando o compensador série controlado por tiristores (CSCoT). L I C Figura 9.24 Compensador série controlado por tiristores. Neste caso pode-se dimensionar o par capacitor/indutor de forma que resulte uma compensação reativa nos dois quadrantes (indutivo ou capacitivo), dependendo do ângulo de disparo dos tiristores. Por exemplo, supondo que para disparo em 120° a reatância indutiva equivalente seja igual à reatância capacitiva, resultará compensação capacitiva para disparos acima (entre 120 e 180°) e compensação indutiva para disparos abaixo (entre 90 e 120°). Devido à faixa de controle contínuo, esse tipo de compensador série não apresenta os problemas de sobretensões e pode amortecer as oscilações de potência na linha. Por outro lado, são produzidos harmônicos pelo RCT dessa estrutura. Sistemas práticos mostraram, no entanto, que as indutâncias das linhas e transformadores atuam como filtros, evitando que tais harmônicos se manifestem em níveis significativos ao longo da rede. Isso torna LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-12 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio essa estrutura bastante atraente como compensador série reativo controlado em altas potências devido à já consagrada tecnologia dos tiristores. 9.3.1 Compensação da reatância série As aplicações de dispositivos FACTS como estabilizadores prevêem a instalação de compensadores série controlados (CSC) que tenham a capacidade de modular a reatância série da linha de modo a atenuar as oscilações do fluxo de potência através da mesma. No nosso exemplo é inserido um CSCT no meio da linha com a função de amortecer as oscilações de potência ativa, de origem eletromecânica. XL V0∠0 Vt∠θt X'd Xe/2 Vm1 Xc Vm2 Xe/2 E'q∠δ CSCT Figura 9.25 Sistema teste para compensação série. Sabemos que a potência ativa na linha sem compensador é dada por: Pe = Vt .Vo sin ( θ t ) Xe (9.3) Com compensador reativo teremos uma variação da reatância série ∆Xe, resultando: Pe = Vt .Vo sin ( θ t ) Xe + ∆Xe (9.4) onde ∆Xe é a variável de controle usada para amortecer as oscilações de potência através do CSCT. Como sintetizar esse controle? Da equação (9.3) podemos obter a relação de sensibilidade entre o fluxo de potência na linha e a reatância série: S PX = ∂Pe Vt .Vo Pe =− sin ( θ t ) = − 2 ∂Xe Xe Xe (9.5) que permite estabelecer uma lei de controle linearizada em torno do ponto de operação, da seguinte forma: ∆Pe = − S PX .∆Xe ∆Xe = − ∆Pe Xe0 = . ∆Pe S PX Pe0 LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP (9.6) (9.7) 9-13 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio isto é, para um ponto de operação específico {Xe0, Pe0}, a correção da reatância série será proporcional à variação da potência na linha. O compensador deverá introduzir uma susceptância equivalente que é o inverso de ∆Xe: Bγ = 1 = B( σ ) − B C ∆ Xe (9.8) onde Bc corresponde a uma parcela fixa de compensação capacitiva série. Portanto, a susceptância a ser sintetizada pelo compensador vale: B( σ ) = Bγ + B c = Pe 0 1 . + ωC Xe 0 ∆Pe (9.9) 1/∆Pemin αmax Kγ = 1/∆Pe Pe0 Xe0 Bγ Bσ + 1/∆Pemax σ Função linearizadora + Geração dos pulsos α α α+π αmin Bc Figura 9.26 Controle do CSCT para amortecer oscilações de potência. Esse controle requer uma zona morta para não atuar quando as variações de potência são muito pequenas. Além disso, devido à função inversa na entrada, é preciso limitar o sinal na passagem de ∆Pe por zero. Com isso resulta uma característica interessante que é um controle tipo bang-bang. O controle faz com que o compensador chaveie ±∆Xe até que a oscilação seja eliminada. Em aplicações práticas se verificou que basta chavear 2 a 3 vezes para amortecer as oscilações. Além disso, basta uma pequena compensação (∆Xe da ordem de 5%) para obter o amortecimento necessário. o s c ila ç ã o 0 .1 1 δ2 δ- 0 .0 5 d o a n g u lo d o ro to r se m c o m p e n sa d o r c o m c o m p e n sa d o r 1 0 -0 .0 5 -0 .1 2 -0 .1 5 -0 .2 -0 .2 5 0 2 4 6 8 1 0 s e c Figura 9.27 Oscilações do ângulo do gerador sem/com estabilizador. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-14 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio Variável de controle 0.05 Pu 0 ∆ Xe (CSC) -0.05 -0.1 0 2 4 6 8 sec 10 Figura 9.28 Variação da reatância da linha durante estabilização. Neste exemplo a reatância da linha era Xe = 0,4pu. Da Figura 9.28 se observa que a variação máxima de ∆Xe foi de 0,02pu, ou seja de 5%. Após 4 chaveamentos a oscilação foi eliminada. Como o ganho de controle utilizado foi baixo, não ocorreu a ação do limitador. Ao se utilizar tiristores para chavear elementos reativos na linha, consegue-se praticamente mudar a reatância equivalente e portanto afetar apenas a abertura angular sem mudar significativamente o perfil de tensões da linha. Já vimos anteriormente essa situação através dos diagramas vetoriais das Figuras 5.24a e b. 9.3.2 Controle da abertura angular Uma outra forma de amortecer as oscilações inter-áreas é fazer o controle da abertura angular da linha. A vantagem desse controle é que se pode estabelecer o valor médio do fluxo de potência através da linha , porém é necessário medir a diferença angular das tensões nas extremidades da linha (medição remota). Para ilustrar como esse controle atua vamos usar o esquema de simulação da Figura 9.29. A idéia é introduzir um capacitor série (CSC) na linha que compense as variações angulares medidas. Neste exemplo, as oscilações de potência na linha serão impostas pela modulação da carga ativa. Um esquema de medição da abertura angular e filtragem é usado para gerar o sinal de realimentação ao CSC. Detetor de defasagem Filtro passa-baixas Carga modulada Figura 9.29 Controle da abertura angular usando CSC. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-15 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio A Figura 9.30 mostra o efeito de modulação da carga sobre a tensão. Essa variação da amplitude em 1Hz pode provocar o efeito flicker. Figura 9.30 Variação da tensão devido à modulação da carga. A Figura 9.31 mostra as tensões nas duas extremidades da linha sem a compensação série. Figura 9.31 Tensões terminais da linha sem compensação. A figura 9.32 mostra como evolui a abertura angular antes da compensação e depois. Notar que desapareceram as oscilações, porém o ângulo de operação mudou. Abertura angular zero corresponde aproximadamente a 500mV do sinal. A Figura 9.34 mostra as tensões terminais após a compensação série total. O fato da abertura angular ter-se reduzido e as magnitude serem quase iguais mostra que de fato houve compensação total da reatância da linha. Pode-se modificar o controle para absorver apenas as oscilações da potência, de modo que a abertura angular média seja mantida constante. O resultado desse controle é mostrado na Figura 9.35. Notar que a oscilação neste caso particular é de 0.5 Hz. Observando-se o que ocorre com as tensões terminais da linha, percebe-se que apenas a oscilação angular foi eliminada. Tomandose dois casos extremos separados de meio período da oscilação, por exemplo, em 0.5 e 1.5 segundos, percebe-se que a compensação atuou no sentido de manter a abertura angular constante. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-16 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio Figura 9.33 evolução angular com e sem compensação série. Figura 9.34 Tensões terminais da linha após compensação total da reatância série. Figura 9.35 Compensação série para amortecer as oscilações angulares da linha. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-17 Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S.M.Deckmann e J.A.Pomilio t=0,5s Tensão de entrada Tensão s/ compensação Tensão c/ compensação Figura 9.36 Tensões terminais para ponto de mínima abertura. t=1,5s Tensão de entrada Tensão s/ compensação Tensão c/ compensação Figura 9.37 Tensões terminais para máxima abertura angular. 9.4 Referências Bibliográficas [1] De Mello, F.P. e Concordia, C. "Concepts of Synchronous Machine Stability as Affected by Excitation Control". IEEE Transactions on Power Apparatus and Ssystems, Apr. 1969 [2] Deckmann, S.M. e da Costa, V.F. “Power Sensitivity Model for Eletro-mechanical Oscillation Studies”. IEEE Trans. Power System, Vol 9, No. 3, May 1994. LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 9-18
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