Geoparque Arouca Final - Câmara Municipal de Arouca

Transcrição

Geoparque Arouca Final - Câmara Municipal de Arouca
Projecto Geoparque Arouca
PROJECTO PARA CANDIDATURA DO
GEOPARQUE AROUCA
À REDE EUROPEIA DE GEOPARQUES
Introdução
Este projecto pretende desenvolver os estudos e trabalhos conducentes à
formalização da candidatura do Geoparque Arouca à Rede Europeia de Geoparques
(figura 1 e quadro 1).
Um Geoparque Europeu (GE) é um território que inclui um património geológico
específico e uma estratégia de desenvolvimento territorial, sustentada por um
programa europeu para a promoção do seu desenvolvimento. Deve ter fronteiras
claramente definidas e uma área suficientemente alargada de forma a permitir o seu
desenvolvimento económico. Um GE deve compreender um certo número de
geossítios (locais de interesse geológico e paisagístico), caracterizados pela sua
qualidade científica, raridade, apelo estético ou valor educativo. A maioria dos
geossítios do Parque deve ser parte do Património Geológico do país, uma vertente
importante do Património Natural. Podem e devem ser também incluídos locais com
interesse arqueológico, ecológico, histórico e cultural.
Figura 1 - Localização dos geoparques integrados na Rede Europeia (dados de 2005).
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Quadro 1 - Membros da Rede Europeia de Geoparques em 2005.
Geoparques Europeus
1. Réserve Géologique de Haute Provence (França)
2. Vulkaneifel European Geopark (Alemanha)
3. Petrified Forest of Lesvos (Grécia)
4. Maestrazgo Cultural Park (Espanha)
5. Rochechouart Chassenon Astroblème (França)
6. Psiloritis Park (Grécia)
7. Nature Park Terra Vita European Geopark (Alemanha)
8. Copper Coast (Irlanda)
9. Marble Arch Caves & Cuilcagh Mountain Park (Reino Unido)
10. Madonie Natural Park (Itália)
11. Rocca di Cerere Cultural Park (Itália)
12. Kamptal Geopark (Austria)
13. Nature Park Eisenwurzen (Austria)
14. Bergstrasse-Odenwald Geopark (Alemanha)
15. North Pennines Geopark (Reino Unido)
16. Abberley and Malvern Hills Geopark (Reino Unido)
17. North West Highlands – Scotland (Reino Unido)
18. Park Naturel Régional du Luberon (França)
19. Geopark Swabian Alps (Alemanha)
20. Geopark Harz Braunschweiger Land Ostfalen (Alemanha)
21. Mecklenburg Ice Age Park (Alemanha)
22. Ateg Country Dinosaurs Geopark (Roménia)
23. Beigua Geopark (Itália)
Os geossítios devem beneficiar de medidas específicas de protecção e gestão,
levadas a cabo por uma estrutura claramente definida capaz de promover uma política
de protecção, promoção e desenvolvimento sustentada no interior do GE.
Um GE tem um papel activo no desenvolvimento económico do seu território através
quer da promoção de uma imagem relacionada com o Património Geológico, quer do
desenvolvimento do Geoturismo. Um GE tem um impacto directo no território
influenciando as condições de vida dos habitantes e do ambiente. Neste caso o
objectivo é transmitir e permitir aos habitantes a revitalização dos valores do
património regional ou local e a sua participação activa na sua revitalização.
Um GE também suporta a educação ambiental, o treino e desenvolvimento da
investigação científica nas várias disciplinas das Ciências da Terra, valorização do
ambiente natural e políticas de desenvolvimento sustentado. Deve colaborar com
empresas e entidades locais para promover e suportar a criação de novos produtos
relacionados com o Património Geológico e num espírito de complementaridade com
os outros membros da Rede Europeia. Actualmente, esta rede é reconhecida
oficialmente pela UNESCO, que se associou a esta iniciativa de conservação do
património natural, concedendo por isso o seu patrocínio institucional (figura 2).
Figura 2 - Logotipos em uso pelos Geoparques Europeus.
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Objectivos gerais
Com este projecto, pretendem-se alcançar os seguintes objectivos gerais:
1. Conhecer e conservar o património geológico da região de Arouca, reconhecido
pela Câmara Municipal como uma mais-valia importante para o Concelho;
2. Promover e valorizar este património junto das populações locais e do grande
público;
3. Sensibilizar a população escolar para a importância do património geológico no
âmbito da Conservação da Natureza;
4. Promover um turismo sustentável de qualidade, suportado nos valores naturais e
culturais da região, englobando as múltiplas actividades turísticas em curso;
5. Potenciar o desenvolvimento de actividades económicas tradicionais relacionadas
com o património natural;
6. Divulgar um exemplo de boas práticas de cooperação entre a actividade industrial
extractiva, o conhecimento científico e a conservação.
O Património Geológico de Arouca
A região de Arouca reúne um conjunto de ocorrências geológicas que, pela sua
singularidade e espectacularidade, podem constituir a base para a criação de um
Geoparque de relevância nacional e internacional. Um destaque especial é merecido
para as seguintes ocorrências:
1. O afloramento de nódulos de biotite em rochas graníticas, localmente conhecidos
como “Pedras parideiras”, um dos pontos de interesse na Serra da Freita e da
geologia portuguesa (figura 3).
2. Fósseis de invertebrados do Ordovícico Médio de Canelas, onde pontifica uma
assinalável quantidade de trilobites de dimensões extraordinárias que conferem a esta
jazida um inegável valor científico de nível mundial (figuras 4 e 5).
3. Mineralizações de ouro, antimónio, estanho e tungsténio, em alguns casos
exploradas desde a época de ocupação romana da Península Ibérica, que se integram
no importante distrito mineiro Dúrico-Beirão.
4. A Frecha da Mizarela associada a um contacto granito/xisto que, pelo seu elevado
valor estético, é um dos locais mais visitados da região, constituindo uma das quedas
de água com maior desnível na Europa (figura 6).
5. Os múltiplos miradouros dispersos pela área permitindo a observação da paisagem
circundante onde se divisam diversos aspectos geomorfológicos de grande interesse.
6. Os rápidos do Rio Paiva que evidenciam um importante fenómeno de dinâmica
fluvial e que, actualmente, adquiriram redobrado interesse pela sua utilização pelas
empresas de desporto de aventura.
7. Os férteis solos resultantes da meteorização e erosão das montanhas envolventes,
responsáveis pela riqueza agrícola que caracteriza a região.
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Figura 3 – Nódulos biot íticos nas “Pedras Parideiras”
Figura 4 – Hungioides bohemicus
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Figura 5 – Asaphellus toledanus
Figura 6 – Frecha da Mizarela
Salientam-se ainda valores patrimoniais de interface entre a Geologia e a Arqueologia
mineiras, cuja actividade se terá desenvolvido na região desde o tempo dos Romanos
(figura 7) até meados do século XX. Para além destes valores, existem na região de
Arouca outras ocorrências de grande valor arqueológico e cultural, nomeadamente
gravuras rupestres e um rico património construído, entre muitos outros exemplos.
Acrescem ainda inúmeros valores culturais expressos pela existência de uma
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gastronomia reconhecida, uma raça bovina autóctone (Arouquesa) e um folclore rico e
diversificado.
Figura 7 - Vestígios de exploração mineira romana.
Instituições envolvidas
Câmara Municipal de Arouca (CMA);
Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro (UA);
Departamento de Geologia da Universidade de Lisboa (UL);
Núcleo de Ciências da Terra da Universidade do Minho (UM);
Centro de Geologia da Universidade do Porto (UP);
Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD);
Instituto de Geología Económica (CSIC - Universidad Complutense de Madrid);
Museo Geominero - Instituto Geológico y Minero de España (IGME);
Empresa Ardósias Valério & Figueiredo, Lda (AVF).
Equipa
José Artur Tavares Neves (CMA);
Jorge Medina (UA);
Mário Cachão (UL);
José Brilha (UM);
Daniela Rocha (UM);
Helena Couto (UP);
Artur Sá (UTAD) - Coordenador;
Juan Carlos Gutiérrez Marco (CSIC-UCM);
Isabel Rábano (IGME);
Manuel Valério (AVF).
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Actividades/Acções a desenvolver
O desenvolvimento do dossier de candidatura à Rede Europeia de Geoparques
implicará a realização de um inventário e caracterização detalhados do património
geológico da região. Igualmente, será necessário reunir a informação sobre o restante
património natural e valores culturais. Neste sentido, está prevista a realização de uma
tese no âmbito do curso de Mestrado em Património Geológico e Geoconservação da
Universidade do Minho. Este trabalho deverá estar concluído em finais de 2007 de
modo a permitir a apresentação oficial da candidatura no primeiro trimestre de 2008
(foi recentemente aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a proclamação
de 2008 como Ano Internacional do Planeta Terra).
Figura 6 - Centro de Interpretação Geológica de Canelas (em fase final de construção).
Na fase de implementação do Geoparque, as actividades serão fundamentalmente
centradas no Centro de Interpretação Geológica de Canelas (CIGC) (figura 6). Este
encontra-se em fase final de construção (com inauguração prevista para a Primavera
de 2006), sendo integralmente propriedade da Empresa AVF. Esta infraestrutura
proporcionará um conjunto de exposições e actividades relacionadas com o
conhecimento paleontológico e estratigráfico dos afloramentos ordovícicos onde se
insere a pedreira. Está prevista a montagem de uma exposição paleontológica
permanente, a projecção de videogramas temáticos num mini-auditório, a existência
de oficinas de experimentação, a organização de eventos como congressos e
seminários, a produção de material didáctico e a produção e venda de moldes de
fósseis e artesanato relacionado com esta temática. Além disso, estão previstas como
actividades outdoor, a implementação de um percurso pedestre interpretativo (Rota do
Paleozóico) e a realização de actividades supervisionadas de escavação e recolha de
fósseis.
Modelo de gestão
De acordo com as directivas da Rede Europeia de Geoparques, cada Geoparque
deverá ser gerido por uma entidade que promova políticas de protecção, divulgação e
desenvolvimento sustentadas. Neste sentido, considera-se a possibilidade de criação
de uma Associação, que englobe parceiros institucionais e empresariais, para além
daqueles já veiculados a este projecto.
Apoios
Este projecto possui, desde já, um conjunto de entidades que o apoiam a diversos
níveis. A Câmara Municipal de Arouca garante o apoio institucional e administrativo
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imprescindível num projecto com intervenção directa no território. As Universidades e
Centros de Investigação envolvidos garantem o apoio científico ao desenvolvimento
do projecto. A Empresa Ardósias Valério & Figueiredo Lda terá uma grande relevância
neste projecto. Por um lado, a actividade extractiva da empresa permitirá uma
contínua obtenção de informação paleontológica e estratigráfica. Por outro lado,
disponibilizando as suas instalações do CIGC, proporcionará uma sede ao futuro
Geoparque Arouca.
O projecto procurará estabelecer as necessárias parcerias com vista à obtenção de
apoios de empresas de desporto aventura (já em actividade na região) e empresas
ligadas ao turismo em espaço rural. Serão ainda estabelecidos contactos com a
Região de Turismo Rota da Luz, com a Grande Área Metropolitana do Porto, com a
CCDRN, com a Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica - Ciência
Viva e com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
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