a importância da meditação na saúde

Transcrição

a importância da meditação na saúde
Informativo
do Instituto
Camiliano
de Pastoral
da Saúde
e Bioética
outubro de 2009
Ano XXVI – no 279
Província Camiliana Brasileira
❒ Pastoral
❒ bioética
❒ humanização
A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO NA SAÚDE
TÂNIA NOGUEIRA, SUZANE FRUTUOSO E RENATA LEAL
P
esquisas de instituições respeitadas do mundo inteiro
sugerem que os mais modernos
antidepressivos podem, em muitos casos, ser substituídos — ou
pelo menos complementados —
por uma das mais antigas práticas
do budismo: a meditação. “Há
vários estudos demonstrando que
a meditação é muito útil no tratamento da depressão, da ansiedade
e do stress”, afirma Sara Lazar,
neurocientista do Massachusetts
General Hospital, afiliado à Universidade Harvard.
Nos Estados Unidos, meditar
virou uma mania. Várias escolas
de medicina transformaram a meditação em disciplina. Hospitais
oferecem espaços e orientação
para tranqüilizar pacientes antes
de cirurgias, pois, de acordo com
pesquisas, quem medita necessita de doses menores de anestesia.
Instrutores ensinam a técnica nas
cadeias para tentar reduzir os índices de
violência. Funcionários de repartições
públicas e de grandes empresas como o
Google e a Hughes Aircraft interrompem
o trabalho para meditar porque, segundo
consultores, isso aumenta a produtividade. Entre os 10 milhões de adeptos americanos estão celebridades como Richard
Gere, Madonna, Goldie Hawn, o cineasta
David Lynch e políticos como Al Gore.
Dois fatores explicam a atual onda
de meditação. O primeiro é o descontentamento do homem moderno diante
de uma rotina de trabalho cada vez mais
desgastante. Meditar é uma boa oportunidade para dar um tempo, desligar, ou,
numa palavra, desacelerar. O segundo
fator é o aval que a prática milenar de
monges tibetanos tem recebido de gente
séria ligada à ciência ocidental. O neurocientista americano Richard Davidson,
da Universidade de Wisconsin-Madison,
afirma que a meditação altera as estruturas cerebrais e muda o padrão de suas
ondas, protegendo contra a depressão, a
ansiedade e os efeitos do stress.
Davidson apresentou uma pesquisa
feita com monges tibetanos sobre medita­
ção. Por meio de imagens de ressonância
magnética, demonstrou que a intensidade das ondas nessa região aumentava
mais nos monges que mais meditavam.
“Isso indica que, aparentemente, é possível exercitar o cérebro da mesma maneira como exercitamos os músculos”, disse
Davidson. “Quem sabe, um dia, as pessoas praticarão educação mental como
hoje se pratica educação física.”
Outro estudo, coordenado por Sara
Lazar, de Harvard, verificou que a massa cinzenta de quem praticava meditação
havia cerca de oito anos era mais densa.
De acordo com esse estudo, para obter tal
efeito não era necessário passar dez ho-
ras por dia meditando, como os
tibetanos - bastavam 40 minutos
por dia, em duas sessões. As diferenças de densidade apareciam
nas áreas do cérebro responsáveis pelo raciocínio, pela atenção
e pela tomada de decisões. Sara
observou também uma redução
na deterioração natural dos neurônios provocada pelo envelhecimento. Os cientistas suspeitam
que a meditação, como o exercício físico, possa ser uma das
atividades capazes de criar novas células cerebrais - o que, até
poucos anos atrás, era tido como
impossível.
Trabalhos como os de Sara
e Davidson são inovadores por
mostrar indícios concretos de que
a meditação interfere no cérebro.
Unindo observação e estatística,
outros cientistas também fizeram
descobertas interessantes. John
Teasdale, da Universidade de
Cambridge, estuda há mais de dez anos
os efeitos da meditação em pacientes deprimidos. Seus estudos mostram que a
prática reduz pela metade o risco de recaídas da doença - que, em geral, são cada
vez mais graves. Outros tentam medir os
efeitos da técnica por meio de exames de
sangue. “Pesquisas na bioquímica da depressão têm demonstrado que estados depressivos são acompanhados não apenas
por uma diminuição nos níveis da substância serotonina no cérebro, mas também por um aumento na secreção do hormônio cortisol”, afirma Susan Andrews,
psicóloga da Universidade Harvard especializada em biopsicologia.
Problemas de saúde que freqüentemente possuem fundo emocional, como
hipertensão, distúrbios gastrintestinais
e dores crônicas, também podem ser
amenizados com a meditação, de acordo
com algumas pesquisas. Um estudo da
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expediente
pesquisadora Elisa Cozasa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),
comprovou a redução da ansiedade pela
combinação de exercícios de meditação
e respiratórios. O consultor de recursos
humanos Roberto Wong, de 57 anos, diz
que sofria com enxaquecas, dores de estômago e nas costas. “Além de ajudar na
saúde física, a meditação desenvolve a
autoconfiança”, afirma.
O que torna a técnica da meditação
atraente é uma coincidência de princípios
entre a filosofia oriental e a psiquiatria
moderna. Para os monges, a meditação
põe em prática um princípio filosófico
- fixar-se no presente, desprender-se do
passado e não alimentar preocupações
inúteis sobre o futuro. Para a psiquiatria,
os distúrbios que afetam o maior número
de pacientes são caracterizados pela insistência em remoer frustrações passadas
— caso da depressão — ou pela angústia
exagerada diante do futuro - caso da ansiedade. Em princípio, qualquer um pode
aprender a meditar. Resumidamente, basta
concentrar toda a atenção num único pensamento, objeto ou som ao mesmo tempo
que se relaxa o corpo. Na descrição mais
comum, meditar é “esvaziar” a mente.
Quem medita tenta aumentar cada vez
mais a duração dos intervalos entre um
pensamento e outro. Só assim, segundo os
praticantes, é possível acessar por breves
instantes aquilo que o escritor e médico
indiano Deepak Chopra chama de “campo do potencial puro”, momento em que
a mente parece estar totalmente limpa. O
pediatra Mauro Tarandach, um dos defensores do uso clínico da meditação no
Brasil, afirma que, nesse estado, as áreas
do cérebro que controlam as emoções, o
raciocínio lógico e as funções fisiológicas mais básicas, como respiração ou digestão, formam uma espécie de “ponte”
elétrica. É esse fenômeno que explicaria,
em tese, como os monges e os faquires
conseguem manipular reações do corpo
normalmente automáticas, enfrentando a
fome, a dor ou o medo.
“A meditação em nada prejudica o
tratamento de depressão e outros trans-
tornos psiquiátricos”, afirma Uriel Halbreich, diretor de pesquisas comportamentais e professor da Universidade de
Buffalo, em Nova York. “Certamente
ajuda como método de relaxamento em
deprimidos e ansiosos. Mas não substitui
medicação em casos graves.”
É nesse ponto que a ciência ocidental
e a tradição oriental entram em choque.
A eficácia real da prática, segundo muitos especialistas, ainda tem de ser medida em estudos mais extensos, ainda não
realizados. “Nos casos de depressão e
transtorno do pânico, há medicamentos
eficazes para 97% dos casos “, diz o psiquiatra Marcio Bernick, da Universidade
de São Paulo. “Se um paciente me pergunta o que acho de meditação, digo que
aprovo. Mas, se disser que um instrutor o
mandou largar o remédio, direi que isso é
irresponsável.” O psiquiatra Joel Rennó
Junior, do Hospital das Clínicas de São
Paulo, considera a meditação importante para a saúde mental, mas suspeita que
parte do efeito atribuído a ela se deve a
falhas dos próprios médicos. “Há uma
onda de diagnósticos errados de depressão para quem passa simplesmente por
tristeza”, diz Rennó.
Essas considerações são importantes
para evitar que a meditação seja aceita
cegamente como uma crença. Embora
seja uma prática comum em várias religiões, o ato em si independe da fé - e essa
é uma de suas principais vantagens.
Qual é a principal conclusão de sua
pesquisa? Por meio da meditação, podemos intensificar os circuitos cerebrais
responsáveis por regular as emoções e a
atenção. O mais impressionante é que o
tempo de treinamento, o número de horas
praticadas ao longo da vida, influencia a
magnitude da reação.
Todos os tipos de meditação surtem o mesmo efeito no cérebro?
As diferentes técnicas provavelmente
produzem diferentes alterações, isso precisa ser estudado.
O Boletim ICAPS é uma publicação do
Instituto Camiliano de Pastoral da Saú­­de­e
Bioética – Província Ca­miliana Brasileira.
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A longo prazo, a meditação pode
melhorar o funcionamento das sinapses nervosas? Como isso se reflete na
saúde? Praticar meditação por longos
períodos parece interferir tanto na conectividade e na funcionalidade do cérebro
como em sua estrutura. Os circuitos alterados, ao que tudo indica, têm um impacto geral no funcionamento cerebral que
beneficia a saúde. Nossa pesquisa sugere
que a resposta à vacina de gripe melhora
com a meditação.
Que tipo de doenças a meditação
pode curar? Eu não diria que a meditação cura. A pesquisa mostra que sua prática pode ser um complemento útil para
outros tipos de tratamento. Há boas evidências de que a meditação pode prevenir a reincidência de crises depressivas.
Psicoterapeutas usam há anos a
meditação como relaxamento. Qual a
novidade? Não há nada de misterioso a
respeito da meditação. O que muda é que
a maioria das pessoas não pratica o exercício cerebral tão regularmente quanto
pratica os exercícios físicos. As pessoas
abandonam qualquer exercício mental
depois que se consideram curadas. É importante persistir na prática.
Exercício de meditação básico – Foque em uma palavra, frase curta, som ou
oração; sente-se em silêncio e numa posição confortável; feche os olhos; relaxe
os músculos, dos pés à cabeça; respire
devagar e naturalmente. Ao mesmo tempo, diga sua frase, som ou palavra silenciosamente, para você mesmo; tenha uma
atitude passiva. Não se preocupe se está
indo bem. Quando outro pensamento vier
à mente, retorne com calma a seu tema de
repetição; concentre-se assim por dez a 20
minutos; não se levante imediatamente.
Continue sentado e em silêncio por algum
tempo, permitindo que outros pensamentos retornem. Só então abra os olhos.
Artigo extraído da Revista Época, Nº
403 de Fevereiro de 2006.
Assinatura: O valor de R$15,00 garante
o recebimento, pelo Correio, de 11 (onze)
edições (janeiro a dezembro). O pagamento
deve ser feito mediante depósito bancário em
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A reprodução dos artigos do Boletim ICAPS é
livre, solicitando-se que seja ci­tada a fonte.
Pede-se o envio de publicações que façam
a transcrição.
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RELIGIOSIDADE, DOENÇAS FÍSICAS
E MORTALIDADE
ANDRÉ STROPPA E ALEXANDER MOREIRA ALMEIDA
D
oenças graves estão freqüentemente relacionadas a comportamento e
estilo de vida. Religiosidade desestimula comportamentos e hábitos nocivos
como tabagismo, uso excessivo de álcool, consumo de drogas e comportamento sexual de risco. Estudos têm revelado
que atividades religiosas, como envolvimento em cultos ou atividades voluntárias, estão associadas a melhor saúde
física, particularmente quando ocorrem
no ambiente da comunidade. Quando
atividades religiosas não modificam o
curso de doenças físicas ou prolongam
a vida, elas podem melhorar a qualidade
de vida e o propósito de viver.
Os principais artigos publicados entre os anos de 2001 e 2005 correlacionando religião e saúde foram revisados
por Weaver e Koenig. A maior parte desses estudos confirma a conexão positiva
entre envolvimento religioso e saúde física e mental, além de bem-estar social,
qualidade de vida, atitudes e comportamentos saudáveis. Crenças religiosas
influenciam também decisões médicas
como indicação de quimioterapia, “estados de não-ressucitação” e cuidados
no final da vida. Alguns estudos, em
menor número, têm apontado uma associação negativa. “Religião mobiliza alguns dos mais profundos e apaixonados
sentimentos humanos, e não se constitui
surpresa o fato de influenciarem a saúde”. Por essa razão, médicos devem ter
conhecimento dos principais avanços
do conhecimento nessa área.
Religiosidade e Mortalidade
Nas décadas de 1970 e 1980, o foco
das investigações a respeito de religião
e mortalidade recaiu sobre membros de
subgrupos religiosos com normas e estilos diferentes de vida, como mórmons
e adventistas.
Membros dessas denominações,
principalmente aqueles ativos, apresentavam menor risco de mortalidade
quando comparados com a população
em geral. Comunidades rurais com
predomínio de católicos e evangélicos
conservadores, nos Estados Unidos, têm
taxas de mortalidade por câncer menores que comunidades rurais com predomínio de protestantes liberais e pessoas
sem envolvimento religioso, mesmo que
estatisticamente controladas por numerosas co-variáveis. Mais recentemente, a
ênfase tem sido dada ao estudo do grau
de envolvimento religioso sobre a mortalidade, enfatizando-se menos as diferenças entre as diversas denominações
religiosas. Uma revisão sistemática com
meta-análise envolvendo 42 amostras e
mais de 125 mil indivíduos concluiu que
um maior envolvimento religioso foi associado com menor mortalidade.
O mecanismo pelo qual o envolvimento religioso poderia influenciar a
mortalidade parece incluir aspectos de
integração e regulação social e recursos
psicológicos. Muitos desses trabalhos
sugerem que religiosidade e espiritualidade podem ter um impacto significativo sobre a saúde física. Isso se faz tanto
como recurso de prevenção em pessoas
saudáveis quanto de estratégias utilizadas por uma pessoa para se adaptar as
circunstâncias adversas por pessoas enfermas. Por outro lado, crenças e atividades religiosas extremadas podem produzir efeitos negativos sobre a saúde de
uma pessoa, como proibição de vacinas,
medicamentos, transfusões de sangue e
ênfase em casamentos endogâmicos.
Extraído da Revista de Psiquiatria
Clínica – Espiritualidade e Saúde
Vol. 34 Ano - 2007
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GRAVIDEZ E CALOR
TALVANES FERRARI PARÍZIO
D
urante as altas temperaturas, gestantes
devem evitar efeitos nocivos do sol e
privilegiar alimentação leve.
Se para qualquer um, os dias quentes
de verão exigem maior proteção e hidratação da pele e do organismo, para as gestantes, a preocupação deve ser redobrada.
“A mulher abriga um ser em formação,
por isso é preciso ter boas condições físicas para o bem-estar do bebê”, ressalta o
obstetra Talvanes Ferrari Parizio, do Hospital Belo Horizonte.
Os cuidados envolvem a hidratação, a
alimentação, a higiene pessoal, o uso de
cosméticos e de roupas apropriadas, bem
como a redução à exposição aos raios solares e a ida a piscinas e praias.
O primeiro passo para manter a saúde,
durante a estação, é se hidratar. Além de
deixar a pele mais bonita, a hidratação contribui para a regulação da temperatura corporal. A água é primordial, mas a gestante
pode ingerir também sucos e chás gelados,
e não deve abrir exceção para o refrigerante,
que causa celulite e leva ao sobrepeso.
Outro passo é evitar os efeitos nocivos
do sol, pois gestante e raios ultravioletas não
combinam. No período gestacional, a pele
da mulher tende a estar mais esticada, o que
potencializa os danos causados pelos raios,
como queimaduras, insolação e desidratação. A indicação é evitar exposição entre 9h
e 17h. O uso do filtro solar com alto fator de
proteção é obrigatório, mesmo quando ela
estiver na sombra ou em dias nublados.
Devido à umidade, principalmente nas
partes íntimas e nas dobras da pele, é preciso muito cuidado para evitar infecções na
pele; crescimento de fungos, como os que
causam a cândida, e as micoses. Talvanes
aconselha que, ao ir ao banheiro, o melhor é
se lavar em detrimento do uso de papel higiênico. “É necessário secar rigorosamente
a região. O papel é mais abrasivo e, quando
fica algum resíduo, é mais propícia a proliferação de gérmens e fungos”, diz.
Para evitar os danos causados pela
transpiração e o suor, uma boa pedida é o
uso de roupas de algodão em detrimento de
peças sintéticas, que retêm o calor. “Já o algodão absorve e dissipa o calor. As mulheres devem usar roupas confortáveis e adequadas ao tamanho, de acordo com a idade
da gravidez”. Porém, os cuidados com as
roupas vão além da escolha do material. Ao
lavá-las não deixe nenhum resíduo químico
de sabão ou de amaciante. Ao irem a praias e piscinas, as grávidas
devem se proteger ainda mais, pois esses
locais são propícios ao crescimento de
fungos e bactérias. Elas devem sempre se
sentar em toalhas, evitando o contato direto com a areia, bancos e piscinas. Como ficam mais sensíveis, podem se contaminar
mais facilmente. Se o contágio é facilitado, o tratamento pode ser mais complicado, porque elas não podem tomar todos os
medicamentos.
Leves
Para ter um verão agradável e saboroso, as gestantes devem ter bastante cuidado com a alimentação. Devem privilegiar
as saladas, frutas e verduras e evitar combinações e pratos muito exóticos. O sal
deve ser usado com parcimônia, já que o
condimento provoca retenção de água no
espaço intracelular, o que pode resultar em
edemas e inchações.
O calor é bastante desconfortável e, principalmente na gestação, pode levar à dilatação de veias e artérias. “Por isso, a tendência
das gestantes é a queda de pressão. Muitas
vezes, elas têm tonturas e desmaios. Já a
pressão alta está ligada aos meses de inverno.” Para evitar o desconforto, no verão, é
melhor procurar ambientes ventilados.
Grandes inimigas da beleza facial, as
manchas do rosto tendem a aparecer principalmente no verão, dada à exposição aos raios
solares. “As grávidas estão com os hormônios
à flor da pele, por isso aumentam as chances
de aparecerem os cloasmas gravídicos, aquelas manchas marrons ou mais escuras. Elas
são mais difíceis de serem tratadas.
Então, quanto menor o efeito do sol,
mais fácil a recuperação”, alerta Talvanes.
O conselho é proteger colo, braços e rosto.
As limpezas de pele estão liberadas, mas
não é indicado fazer tratamentos como esfoliação ou qualquer outro que tenha produtos a base de isotretinoína e derivados
– comum no combate a acnes. Com esses
cuidados, a gestante poderá curtir todo o
verão de forma saudável e agradável.
Piscinas, praias e saunas
• Procure sempre forrar com a toalha os
locais onde for se sentar • Evite contato direto com locais úmidos
• Evite contato com a areia que pode estar
com fezes de animais
• Cosméticos - Não faça nenhum tratamento com produtos que tenham isotretinoína e derivados.
• Cuidado com o sol - Use sempre protetor solar com alto fator de proteção,
mesmo na sombra ou em dias nublados e procure lugares arejados.
• Hidratação - Beba bastante líquido.
Preferencialmente água, mas também
sucos e chás gelados. Evite, porém, tomar refrigerantes, que causam celulite e
resultam em ganho de peso.
• Alimentação - Dê preferência a saladas,
frutas e verduras. Evite comidas pesadas.
Em locais duvidosos, procure tomar água
mineral. Use o sal com parcimônia. Não
coma comidas estranhas e pesadas. Não
coma carne nem peixe crus.
• Higiene - Ao ir ao banheiro, prefira lavar e secar bem as partes íntimas, em
vez do papel higiênico. Mantenha seca
as partes íntimas e as dobras da pele
para evitar fungos e bactérias. Ao lavar
as roupas retire os resíduos químicos do
sabão em pó e amaciantes.
• Roupas - Use roupas de algodão em vez
de peças sintéticas. Procure usar peças
confortáveis condizentes com o tempo
de gestação.
Talvanes Ferrari Parízio é obstreta e trabalha
na cidade de Belo Horizonte – MG.
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lanina, o pigmento natural do cabelo.
Ao identificar os químicos envolvidos, os pesquisadores podem estar perto de entender se o
embranquecimento é influenciado pelo estresse.
“Agora é possível entender se o estresse está envolvido no processo. Antes disso, não sabíamos o
que investigar”, disse Gerald Weissman, professor
de pesquisa da Escola de Medicina da Universidade de Nova York.
Os cientistas esperam que, identificando o mecanismo que mata as células de pigmento do cabelo,
possam desenvolver novos tratamentos. Mas, mesmo se os cientistas encontrarem uma ligação entre
o estresse psicológico e o embranquecimento do cabelo, é bem provável que fatores genéticos acabem
determinando quem é suscetível a essa condição.
Claramente nossa composição genética entra em
jogo”, disse a autora principal do estudo, Karin Schallreuter, professora de dermatologia clínica e experimental na Universidade de Bradford na Inglaterra.
Mistério. O papel do peróxido de hidrogênio
provavelmente é apenas uma peça do quebra-cabeça dos cabelos grisalhos. Um dos muitos mistérios
sobre cabelos brancos é o motivo de algumas pessoas terem cabelo preto e grisalho ao mesmo tempo.
“Se a causa está puramente baseada em um
sistema antioxidante ou na habilidade de se lidar
com o estresse oxidante, então ainda é necessário
explicar por que alguns folículos podem produzir
cabelos perfeitamente pigmentados em um mar de
cabelos brancos”, disse Desmond Tobin, reitor de
pesquisa e transferência de conhecimento da Universidade de Bradfor.
Tobin destaca que a pele é o único órgão importante que está diretamente exposto ao estresse ambiental fora do corpo e ao ambiente em mutação
dentro do corpo. “A pele e os folículos de cabelo são
muito importantes como um tubo de ensaio acessível para se
analisar o envelhecimento”, disse.
Envelhecimento. Surpreendentemente, porém, os cientistas
não encontraram ligação entre sinais de envelhecimento no cabelo e o envelhecimento real do corpo.
Um grande estudo com 20 mil homens em Copenhagen,
Dinamarca, não encontrou quaisquer ligações entre a mortalidade por doença cardíaca e sinais físicos do envelhecimento
como cabelo grisalho, calvície e rugas faciais.
Acho que o estudo mostra que o cabelo branco tem algo
a ver com sua genética e muito pouco a ver com o envelhecimento precoce”, diz Leo Cooney, professor de geriatria da
Escola de Medicina da Universidade Yale.
Resistência. Apesar da maior parte das células do corpo estar programada para se desativar quando expostas a estresse prejudicial, certas células da pele e do cabelo são mais resistentes.
As pessoas consideradas brancas, ou caucasianas, tendem
a ficar grisalhas primeiro, aos 35 anos. Cerca de metade das
pessoas de 50 anos é, pelo menos, 50% grisalhas.
OS SEGREDOS DOS
CABELOS BRANCOS
Q
uando começam a aparecer os cabelos brancos, costumamos culpar o estresse. Mas a ligação entre o cabelo
branco e o estresse psicológico ainda não tem a sustentação
de estudos científicos. Apesar de a chegada dos cabelos brancos ser previsível, a forma como e por que o cabelo envelhece
ainda não é bem conhecida.
Em recente pesquisa, uma equipe de pesquisadores europeus alcançou uma espécie de momento “eureca”. Eles estavam estudando um defeito genético chamado vitiligo, que
faz com que pedaços da pele não tenham pigmento. Pessoas
com vitiligo têm atividade baixa de catalase, uma enzima que
decompõe o peróxido de hidrogênio, resultando em níveis
elevados dessa substância na nele.
Como o cabelo grisalho surge da ausência de pigmento, os
cientistas supuseram que o peróxido de hidrogênio e a catalase podem ter um papel crítico no processo. Toda célula capilar produz um pouco de peróxido de hidrogênio, mas, com
o tempo, a quantidade aumenta. A equipe européia descobriu
que esse aumento acabou impedindo a síntese normal de me-
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SAÚDE MENTAL E LEITURA
ROSA MARIA ANDRADE GRILLO BERETTA
O
uso da leitura como recurso terapêutico chama-se biblioterapia. Com certeza quanto mais longe voltarmos
na História, mais encontraremos o uso da leitura como recurso terapêutico.
Na Antiguidade os terapêutas acreditavam que a mente e
o corpo podiam ser tratados através da “leitura sagrada”. No
Antigo Egito as Bibliotecas eram chamadas de “Remédios da
alma” e instaladas nas “Casas da vida” (Templos). Os gregos
conceberam as bibliotecas como a “Medicina da alma”.
Na década de 40 do século passado a biblioterapia foi
definida como: “emprego de livros e de sua leitura no tratamento de doenças mentais”. Vinte anos depois definiu-se
a biblioterapia como “Uso da leitura de textos selecionados,
como recurso terapêutico complementar na medicina, na
psiquiatria e na psicologia”.
Para explicar objetivamente a Biblioterapia podemos
traçar um paralelo com a Psicoterapia. Ambas são encontros, a psicoterapia é o encontro do paciente com o psicoterapeuta e a biblioterapia é o encontro do ouvinte com o
leitor onde o texto desempenha o papel do terapeuta.
A Biblioterapia baseia-se no princípio de que a visão de
mundo do leitor ou ouvinte dá a cada história um colorido,
um movimento e até um entendimento próprio. E é justamente neste momento que a leitura passa a ter um valor
preventivo, terapêutico e curativo.
A leitura tem a capacidade de fazer bem à nossa mente no
momento que o texto cria a oportunidade de projetar nossos
sentimentos e emoções. Um bom texto pode nos levar a formular melhor algumas questões emocionais de forma segura
pois iremos enfrentá-las de maneira impessoal, como se falássemos dos personagens e não de nós mesmos….
As Histórias nos ensinam que não estamos sozinhos nos
nossos sentimentos, misturam razão e emoção produzindo
sabedoria. Através de um conto por exemplo, podemos criar
imagens mentais construtivas, desenvolver nossa criatividade, refletir sobre nossas experiências, compartilhar nossos
sentimentos.
Nossa mente se utiliza das histórias para responder nossas questões e para refletir sobre as nossas emoções através
dos fatos, problemas e questões dos personagens. Outras
vezes uma história pode permitir a descoberta ou liberar
sentimentos que desconhecíamos ter dentro de nós.
A saúde mental depende da capacidade de suportar dificuldades e procurar recursos e potencialidades internas de
superação dos problemas nos momentos críticos. Porém temos o costume de encará-los como se fossem os únicos. As
histórias nos ensinam que todo problema tem um antes e um
depoís, o herói enfrenta e aprende, o herói tem esperança e
age, cria soluções com seus próprios recursos.
As atividades de leitura adequada e sua interpretação
são instrumentos que conduzem o leitor a caminhos ricos
e livres, uma vez que não há barreiras morais ou sociais.
Sendo assim a leitura amplia os horizontes e possibilita ao
homem redimensionar e refletir sobre sua própria vida.
A Biblioterapia vem sendo aplicada em diferentes programas de apoio. Entre eles podemos citar: — Programas de Apoio
a portadores de Deficiência Visual como método de motivação,
vivência e adequação ao seu ambiente psicossocial.
— Programas de Apoio para Idosos oferecendo melhorias no estado emocional, diminuindo a ansiedade e a depressão. Auxiliando ainda na preservação de habilidades e
da memória ao longo do processo de envelhecimento.
— Em tratamentos de problemas psicológicos como
exemplo Síndrome do Pânico. Esta técnica consiste em indicação de leitura sobre o problema. Após discutir sobre a
leitura o paciente terá conhecimentos e esclarecimentos. A
informação tem como consequência o alívio da ansiedade,
engajamento no tratamento e fortalecimento da relação
com o terapêuta.
— Programas para pais e alunos em escolas, através da
indicação de leitura para discussão com o objetivo de solucionar problemas familiares.
— Programas de apoio a crianças e adolescentes hospitalizados através de apresentação da hora do conto oferecendo uma oportunidade de lazer e ao mesmo tempo proporcionando retornos psicológicos positivos.
Rosa Maria Andrade Grillo Beretta é supervisora de bibliotecas
Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde
Tel. (11) 3862-7286, ramal 3
e-mail: [email protected]
Rua Barão do Bananal, 1.125
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