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Handout Capítulo 2 – Dennett, D. Tipos de mentes: rumo a uma compreensão da consciência
Simples começos: o nascimento da ação
Macromoléculas são autônomos que se replicam e formam subsistemas mais sofisticados. As
macromoléculas replicantes são a base fundamental de toda a ação.
É importante para Dennett termos em mente que somos constituídos por “robôs elegantemente
projetados”.
A mente surge da grandiosidade de células macromoleculares. Somos constituídos (necessário e
suficiente) por esse robôs, mas disso não segue que somos robôs.
Dualismo (extensão é necessária, mas não suficiente)
Vitalismo (extensão é necessária, mas não suficiente)
Alma nutrititva: organização autorreguladora e autoprotetora, como sistema imunológico, sistema
metabólico.
Esses sistemas parecem com ações intencionais, como se fossem agentes diminutos dotados de mentes
simples. Esses podem ser naturais e artificiais.
As entidades são sistemas intencionais e a perspectiva das ações (pseudo ou genuínas) se tornam
visíveis através da postura intencional.
Adotando a postura intencional
A postura intencional é a estratégia de interpretar o comportamento de uma entidade (pessoa, animais,
artefatos) tratando-a como se fosse um agente racional que governa suas “escolhas”, “crenças”,
“desejos”, etc. Como fazemos para prever o comportamento de outras pessoas.
Postura física – método laborioso padrão das ciências físicas. Ex: pedra largada de um local alto.
Postura de planejamento – arriscar que aquela entidade funciona segundo um projeto x e, através
disso, predizer seu comportamento. Esse método serve tanto para artefatos, quanto para elementos da
mãe natureza. Ex: planejamento do despertador e agricultura.
Postura intencional – quando voltamos o olhar para uma entidade e supomos que esta é um tipo de
agente racional. Ex: jogo de xadrez de computador.
Pressuposto para um sistema intencional
Seja válido ou não, para ser considerado um sistema intencional a entidade em questão deve evitar o
mal e procurar o bem. Se a entidade realmente procura isso, não importa, o essencial para nós é
encontrar os aspectos que são predizíveis, caso se considere a entidade como sistema intencional ao
aplicar a postura intencional.
Função
Mesmo os organismos mais simples se favorecem do que é bom para eles e, para tal, necessitam de
órgãos sensoriais ou poderes discriminatórios, comutadores simples (liga e desliga), e portanto, esses
simples organismos necessitam e tem uma função.
Postura intencional rudimentar
animismo – tudo que se move possui mente. Por que o rio quer desaguar em determinado ponto? Por
que as nuvens se dissipam e não nos dão chuva?
Intencionalidade
O termo filosófico significa relacionalidade. Quando algo sob certo aspecto fala sobre outra coisa.
Ex: chave e fechadura (exemplo rudimentar). Elemento de planejamento básico, onde a natureza
“modela” os tipos mais sofisticados de subsistemas. Por mais que sejam mais sofisticados, a ideia
ainda é capturada pelo esquema chave-fechadura, por exemplo, a bola metálica do termostato
representa algo.
Intencionalidade (intedere arcum in) – escolásticos. O termo significa a flecha que aponta para outra
coisa, a saber, o alvo.
Para onde a flecha é apontada está o objeto do pensamento, o objeto intencional.
Os sistemas intencionais, de modo prático, exploram falhas, uma vez que predizem algumas reações
de outros sistemas. Na natureza esse é o caso mais corriqueiro. Camaleões se camuflam, peixes se
escondem ou imitam determinada coloração de pedra para escapar de investidas de caçadores.
Intensionalidade x extensionalidade
Palavras lógicas (“se”, “ou”, “então”, “todo”, alguma”) são conectivos e quantificadores.
Predicados (“velho”, “novo”, “brasileiro”)
Cada termo ou predicado possui uma extensão, a coisa ou conjunto de coisas a que se refere o termo e
possui também uma intensão, a maneira particular pela qual esta coisa (ou conjunto de coisas) é
selecionada ou determinada.
Transparência referencial - quando é possível referenciar com troca os termos coextensivos. Ex:
algarismos.
Opacidade referencial – quando não é possível referenciar a troca de termos. Ex: estados mentais, já
que possuem intensões distintas, isto é, são ditos de maneira particular.
O objetivo mal dirigido da precisão proposicional
Para predizer a ação de um S.I., você deve saber, minimamente, como as crenças e desejos do agente
são e deve saber, pelo menos aproximadamente, como essas crenças e desejos se relacionam, assim é
possível dizer se as conexões cruciais foram ou serão percebidas.
Exemplo do cão e como apreendemos e predizemos seus hábitos.
O cão deve ter suas maneiras particulares de discriminar coisas, e essas maneiras são compostas por
“conceitos” bastante particulares e idiossincráticos. Se pudermos perceber como essas maneiras
funcionam, e descrever como funcionam juntas, então saberemos tanto sobre o conteúdo dos
pensamentos do cão quanto sobre o conteúdo dos pensamentos de outro ser humano por meio da
conversação, ou mesmo no caso de um recém-nascido que não possui linguagem.
Com a postura intencional somos muito exatos na predição, e, portanto, Dennett nos alerta para termos
cuidado com isso.
Exemplo do Sol e Vênus que remete à quantidade ilimitada de crenças que nós, seres humanos,
podemos ter.
Estrela matutina (Fósforo)
Estrela vespertina (Héspero)
Mesmo corpo celeste
(Vênus)
Atitudes proposicionais
Atitudes proposicionais são uma unidade de pensamento no formato:
x acredita que p
y deseja que q
z julga que r
Atitudes proposicionais são formadas por Sujeito + verbo psicológico + proposição.
Proposição é todo o conteúdo depois do que … do formato acima. Conceitualmente, dois sujeitos têm
a mesma crença caso eles acreditem na mesma proposição.
Intencionalidade original e derivada
De acordo com John Searle, a intencionalidade se apresenta sob duas formas: intrínseca ou derivada.
Intencionalidade intrínseca é a relacionalidade de nossos pensamentos, crenças, desejos e intenções.
Ela é a fonte óbvia do tipo distintamente limitado e derivado de relacionalidade exibida por alguns de
nossos artefatos: palavras, frases, livros, mapas, computador, etc.
Intencionalidade derivada é aquela que é representada através de nossos artefatos e é parasitária da
intencionalidade intrínseca, que está por trás da criação.
Dennett conjectura um pensamento sobre Paris. Depois de pensarmos, quando formos escrever um
relato sobre como é a cidade luz, a primeira ação está vinculada a intencionalidade intrínseca – já que
esta está no âmbito do mental e interno - enquanto a segunda possui apenas derivações da
intencionalidade intrínseca – uma vez que é o resultado do pensamento realizado por um determinado
sujeito.
É certo que as marcas no papel não possuem significado próprio e que necessitam de um agente para
interpretá-las, dentro das convenções de uma comunidade linguística. Dennett não nega este ponto,
contudo o filósofo está interessado em descobrir, ainda, de onde e como é gerada a intencionalidade
intrínseca. A pista talvez seja a linguagem do pensamento, o mentalês.
O mentalês é a tese de que a intencionalidade intrínseca advém de uma linguagem singular do cérebro.
Entretanto isso também causa problemas à intencionalidade. A expressão da linguagem teria, então,
que ser derivada desse sistema físico do mentalês. Onde ficaria, então, o significado da linguagem do
pensamento? Qualquer resposta dada suscitará circularidade no argumento. O mesmo acontece com a
teoria das imagens para as ideias.
A solução para o problema da nossa intencionalidade é abdicarmos da busca metafísica da
intrinsecalidade. Uma lista de compras escrita em um pedaço de papel possui apenas a
intencionalidade derivada, da mesma forma que a lista de compras na memória.
O cérebro é um artefato e obtém sua intencionalidade a partir do papel que desempenha na economia
cognitiva em funcionamento de um sistema maior no qual faz parte, ou, em outras palavras, das suas
intenções de seu criador, o processo evolutivo (a mãe natureza).
Por fim, Dennett apresenta um exemplo de um robô e sua intencionalidade derivada. Os projetistas
podem, indiretamente, até ter instalado algumas diretrizes, mas o mecanismo de autoconsciência é
sensível a muitos estados para aquele robô “decidir” a partir de sua “experiência”. Quanto mais
elaborado o sistema de controle, com seus subsistemas de coleta de informação e de avaliação da
informação, maior a contribuição do próprio robô. Portanto, é possível conceber mais plausivelmente a
reivindicação de “autoria” das ações do robô e de seus próprios significados (que podem ficar
ininteligíveis para o projetista do robô).

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