Colchagua - Sociedade da Mesa
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Colchagua - Sociedade da Mesa
Seleção Mensal: De Gras Gran Reserva Carmenère 2015 e Cabernet Sauvignon + Garnacha + Syrah 2015 Chile c l u b e d e v i n h o s sociedade da mesa do livre exercício dos prazeres Junho/2016 R$ 16,00 Seleção Grandes Vinhos: Las Perdices Ala Colorada Ancellotta 2013 e Cabernet Franc 2013 ingredientes: alho poró Almanaque: críticos gastronômicos 159 1 2 3 DIREÇÃO GERAL Dario Taibo [email protected] DIREÇÃO TÉCNICA capa final Dario Taibo [email protected] DIREÇÃO DA REVISTA Paula Taibo Morales [email protected] PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO JUN.16 Agência Criadoria [email protected] REDAÇÃO Joan Miró, Estrela da Manhã, 1940 bra-prima. m. [email protected] ATENDIMENTO AO CLIENTE [email protected] REVISÃO Paulo Samá PUBLICIDADE Rua Branco de Moraes, 248/11 Chácara Santo Antônio - São Paulo - SP - Brasil - CEP 04718-010 tel.: 55 11 5180 6000 • 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br [email protected] IMPRESSÃO 15.000 exemplares Comércio, importação e exportação Ltda www.racevix.com.br Responsabilidade Social: www.criancaracevix.com.br 4 5 Vinhos únicos , de alto prestígio e produtores consagrados. Apresentados por valores excepcionais. s e l e ç ã o o b r a s - p r i m a s Conheça www.sociedadedamesa.com.br/obrasprimas 6 159 sociedade da mesa í n d i c e Comida é Arte Miniaturas Seleção Mensal De Gras Gran Reserva 2015, Chile Seleção Grandes Vinhos Las Perdices Ala Colorada 2013, Argentina comidinhas juninas Agenda Números na Mesa: Quilômetros de Comida Na Ponta da Língua: Que Língua é Essa? Ingredientes Alho Poró Química dos Alimentos Coco Na Cozinha Tem História Chaleira Almanaque Críticos Gastronômicos 8 14 20 22 23 24 26 28 30 32 Em Alta Comfort Food Dica de Quem Sabe Cheiro de Tempero Alimento Surpresa Mão de Buda Drinks Exóticos Objetos de Desejo Fashioneira e Cooktop Gaggenau Nem Mais Nem Menos: Ceviche de Polvo e Saint Peter Receita 1, 2, 3 Bruschetta de Brie, Mel e Amêndoas Um Prato no Tempo: Cleópatra Programa Saca-Rolha 35 35 36 37 38 42 44 45 46 48 Saca Só Ragu de Linguiça Coisa Nossa Tacacá Gostinho de Curiosidade Bolos Agridoces Nosso Estoque Toque Tech Menu for Tourist Além da Garrafa Meu Momento Próxima Seleção Mensal Las Perdices Signature Cabernet Sauvignon e Petit Verdot 2015, Argentina 52 53 53 54 55 56 60 63 7 s e l e ç ã o T e x t o : m e n s a l A l b e r t o P e d r a j o De Gras Gran Reserva Carmenère 2015 D.O. Valle de Colchagua | Chile De Gras Gran Reserva Cabernet Sauvignon + Garnacha + Syrah 2015 D.O. Valle de Colchagua | Chile O vinho no Chile Superfície de vinhedo: 208.000 hectares Ranking mundial de superfície de vinhedo: 9º Volume de vinho produzido: 12.800.000 hl Ranking mundial por produção de vinho: 6º Dados OIV 2015 8 Colchagua, o vale vitivinícola mais reconhecido do Chile O Valle de Colchagua, no centro do Chile, é uma se expandido em direção à costa, ampliando o das regiões vinícolas mais promissoras da América repertório de vinhos para incluir as variedades de do Sul. Trata-se de uma região de primeira linha. clima fresco. Ao pé de suas infinitas colinas estão plantados vinhedos, a partir dos quais bodegas modernas elaboram alguns dos melhores vinhos tintos do Chile, em sua maioria com as uvas Cabernet Sauvignon, Carmenère e Syrah, como os que estamos apresentando neste mês. Este vale é, sem dúvida, uma das regiões vitivinícolas mais conhecidas do Chile. Situado a 130 quilômetros ao sudoeste de Santiago, tem seus vinhedos protegidos naturalmente pela Cordilheira dos Andes ao Leste e a Cordilheira da Costa ao Oeste, onde fluem os rios Cachapoal e Tinguiririca (Colchagua). A maioria dos vinhedos estão plantados no centro do vale, mesmo que também haja plantações nas encostas e, recentemente, tenham Colchagua, na língua indígena mapuche, significa vale de pequenas lagoas. A riqueza agrícola deste vale é conhecida desde a época pré-colombiana. O clima mediterrâneo, a terra fértil e suas reservas de água permitiram à indústria vitivinícola um impressionante desenvolvimento, com uma produção de vinhos que alcançou os melhores standards mundiais. Predomina o clima temperado mediterrâneo, com as quatro estações marcadas. As temperaturas médias no verão ficam entre a máxima de 28ºC e a mínima de 12,5ºC. No inverno, variam entre 12 e os 4ºC. Este tipo de clima, que se caracteriza por verões cálidos e secos, e invernos frios e chuvosos, gera a oscilação térmica necessária para o crescimento dos vinhedos. Isso, junto às características geográficas, cria microclimas únicos e ideais para a produção de diferentes variedades, o que hoje em dia se vê refletido na alta qualidade de seus vinhos, agraciados com importantes prêmios internacionais e reconhecidos por publicações de prestígio especializadas na indústria dos vinhos. 9 Colchagua Os primeros vinhedos MontGras foram plantados em 1993 em San José. Começando com 50 hectares MontGras Em 1993, os irmãos Hernán e Eduardo Gras, junto com o sócio Cristián Hartwig, uniram-se para dar vida à MontGras. A inspiração de Hernán, com uma longa trajetória vitivinícola no Canadá, junto com a e hoje, depois da aquisição de terras adicionais com características especiais, soma-se um total de mais de 900 hectares, plantados principalmente com Cabernet Sauvignon, Carmenère, Merlot, Syrah, Malbec, Zinfandel, Chardonnay, Viognier e Sauvignon Blanc. visão empresarial de Eduardo e Cristián, criaram a No ano de 2007, iniciaram uma plantação em combinação perfeita, que faz da MontGras um dos Pumanque, situada a somente 65 quilômetros grupos mais importantes do Chile, com presença em do mar, recebendo toda a sua influência fria algumas das regiões vitivinícolas mais importantes do diretamente. Seu solo pobre e pouco profundo país, marcada por uma incessante busca para elaborar de granito permite ter plantas equilibradas e vinhos da mais alta qualidade. Para isso localizaram de baixo vigor. Nesta zona, o Merlot e as cepas seus vinhedos nos principais vales vitivinícolas do mediterrâneas como a Garnacha e a Tempranillo Chile, como o Colchagua, Maipo e Leyda. desenvolvem-se particularmente bem. 10 Maipo Os vinhedos de Maipo, Vale da Cuenca de Santiago, são famosos por seus vinhos tintos bem equilibrados, e se estendem para o Leste em direção à Cordilheira dos Andes, e para o Oeste em direção à costa, formando três setores bem diferenciados. As principais cepas plantadas são Cabernet Sauvignon, com mais de 70% dos hectares, Merlot, Carmenère, Syrah, Cabernet Franc e Malbec. São vinhos com alma. Assim é a MontGras e assim forjou-se desde o princípio, com o objetivo de elaborar vinhos para o mundo, a partir dos Leyda melhores “terroirs” do Chile. E assim são os dois Em Leyda, a região vitivinícola mais nova e Um varietal da uva chilena por excelência, a com um clima radicalmente frio, começa-se a Carmenère, e outro multivarietal, de Cabernet elaborar grandes vinhos brancos e tintos de clima Sauvignon, Garnacha e Syrah, pouco habitual e frio do país. Nesta região, os vinhedos parecem surpreendente pela sua deliciosa fruta. Vinhos estar imunes ao clima frio do Oceano Pacífico, tintos saborosos, suaves e sedutores, criados aproximando-se cada vez mais em direção à costa, durante 6 meses em barris de carvalho francês e com os brancos finos de acidez pungente e grande americano, para dar a eles mais complexidade e frescor mineral, e com os tintos, que ressaltam estrutura, e definir mais ainda o estilo particular da especiarias que chamam cada vez mais a atenção. bodega MontGras. vinhos que apresentamos nesta Seleção Mensal. 11 Desfrutem destes dois excepcionais de Gras – Gran Reserva com uma inigualável relação de qualidade preço, onde a madeira aportada pela sua crianza equilibra perfeitamente com a fruta que é a verdadeira protagonista de ambos os vinhos. f i c h a t é c n i c a De Gras - Gran Reserva Carmenère 2015 Este Gran Reserva Carmenére 2015 é um excelente exemplo do quão podem ser saborosos, suaves e sedutores os vinhos elaborados com esta varietal clássica do Chile. País: Chile Região: Valle de Colchagua Indicação Geográfica: D.O. Valle de Colchagua Uvas: 100% Carmenère Crianza: 70% do vinho com 6 meses de crianza em barris de carvalho francês e americano Álcool: 13,5% vol. Produtor: MontGras Bem armado, com final de boca longo. Harmonização: um prato de coelho cozido ou um escabeche de ave serão excelentes combinações. O coelho, sem ser gorduroso, porém com uma O vinho: as uvas são vindimadas ao longo do contundência de cozido, equilibrará com o toque mês de abril, respeitando o ponto de maturidade de crianza e de fruta madura. Por outro lado, a desejada de cada varietal. Toda a vindima realizou- combinação com um leve escabeche de ave nos se de maneira manual em áreas especialmente permitirá alongar na boca este vinho tão saboroso. selecionadas dentro dos diferentes vinhedos da bodega em Colchagua. Maceração pré-fermentativa a frio durante 24 horas. A duração total da fermentação alcoólica e posterior maceração é de 17 dias, com temperatura controlada entre 28 e 30ºC, com três remontados diários. Crianza de 70% do vinho durante 6 meses em barris de carvalho francês e americano. Terminada a crianza, o vinho Serviço: a temperatura de consumo deve estar entre os 15 e 17ºC. Não é necessária a decantação nem abrir a garrafa antes do consumo, pelo menos não nos próximos meses. Se optarmos pela guarda, será recomendável abrir a garrafa com 30 minutos de antecedência do momento de consumo, ou oxigená-lo em um decanter. é ensamblado com 30% de vinho jovem, procurando Guarda: para ser consumido agora, mesmo que a harmonia entre a fruta e a crianza suave. ainda se espere um desenvolvimento positivo na Cata: de cor vermelho-cereja, limpo e brilhante. Apresenta um nariz doce com claras lembranças de ameixa madura, moka e chocolate. Boca saborosa com um amplo e redondo centro, onde aparecem as notas de crianza e novamente a ameixa madura. 12 garrafa pelos próximos meses. Por essa razão é interessante ter um pouco de paciência para logo poder desfrutar plenamente dos matizes deste vinho. Estima-se um consumo ótimo dentro dos próximos quatro anos. selecionado p o r De Gras - Gran Reserva Cabernet Sauvignon + Garnacha + Syrah 2015 D a r i o T a i b o País: Chile Região: Valle Colchagua Indicação Geográfica: D.O. Valle de Colchagua Uvas: 70% Cabernet Sauvignon, 15% Garnacha e 15% Syrah Crianza: 70% do vinho com 6 meses de crianza em barris de carvalho francês e americano. Álcool: 13 % vol. Produtor: MontGras Este interessante “emsamblage” de Cabernet com taninos maduros que aportam longitude na Sauvignon, Garnacha e Syrah, potente e ao passagem pela boca. mesmo tempo elegante, é um delicioso exemplo da polivalência vitivinícola do vale de Colchagua, onde a diversidade de variedades encontrou o seu lugar. Harmonização: um prato de porco com molho suave, acompanhado com cogumelos salteados e magret de pato, ou um rosbife acompanhado de O vinho: as uvas são vindimadas manualmente uma deliciosa salada, serão perfeitos para desfrutar no início de maio, em áreas selecionadas dentro deste vinho. dos diferentes vinhedos que a bodega possui em Colchagua. Maceração pré-fermentativa a frio durante 24 horas. A fermentação alcoólica é realizada com temperatura controlada entre 28 e 30 ºC, com 3 remontados diários. Breve crianza de 70% do vinho por 6 meses em barris de carvalho francês e americano. Terminada a crianza, ensambla-se com 30% de vinho jovem, buscando a harmonia entre fruta e a suave crianza. Cata: de intensa capa vermelho-cereja, limpo e brilhante. Nariz rico em aromas elegantes e de especiarias, com ligeiros balsâmicos que vão se abrindo em notas de fruta vermelha madura. Sua entrada na boca é redonda, aparecendo notas de café, balsâmicos e mentolados. Bem estruturado, Serviço: a temperatura de consumo deve estar entre 15 e 17 ºC. Não é necessária a decantação ou abrir a garrafa antes do consumo – ao menos durante os próximos meses. Mas se optamos por guardar o vinho, é recomendável abrir a garrafa com 30 minutos de antecedência ao momento de consumo, ou oxigenar ligeiramente em decanter antes do consumo. Guarda: para consumir já. Espera-se um desenvolvimento positivo na garrafa nos próximos meses, razão pela qual recomendamos um pouco de paciência para desfrutar plenamente de seus matizes. Estima-se um consumo ótimo dentro dos próximos 4 anos (2016 – 2020). 13 S e l e ç ã o T e x t o : g r a n d e s A l b e r t o v i n h o s P e d r a j o Las Perdices Ala Colorada Ancellotta 2013 Lujan de Cuyo | Argentina Las Perdices Ala Colorada Cabernet Franc 2013 Lujan de Cuyo | Argentina O Vinho na Argentina Superfície de vinhedo: 224.000 hectares Ranking mundial superfície de vinhedo: 8º Volume de vinho produzido: 15.000.000 hl Ranking mundial por produção de vinho: 5º Dados OIV 2015 14 Mendoza além da Malbec Mendoza parece viver uma nova juventude, onde os novos varietais e os vinhos de coupage começam a se destacar sobre o tradicional monovarietal Malbec - dono e senhor dos vinhos de Mendoza até então. Muitos produtores e organizações da UVAS TINTAS HECTARES Malbec 34,27% 38.485,56 Bonarda 17,11% 19.214,31 Cabernet Sauvignon 14,12% 15.858,83 uma ação louvável e compreensível a de defender Syrah 11,60% 13.028,78 o Malbec como o varietal argentino, mas não Merlot 5,35% 6.011,52 Tempranillo 5,66% 6.357,34 país andino, mas sim a velha Europa. Certamente Pinot Noir 1,76% 1.975,41 que sua adaptação ao clima do país faz com que Tannat 0,73% 814,49 Cabernet Franc 0,67% 749,51 Petit Verdot 0,52% 588,05 Outras 8,19% 9.201,59 região continuam potencializando o Malbec como o vinho distinto e emblemático da Argentina, procurando a melhora contínua nos vinhos monovarietais e avançando no desenvolvimento da expressão “terroir” com o Malbec. Sem dúvida é podemos esquecer que, como todos os varietais do novo mundo, sua origem, infelizmente, não é o apresente características muito concretas e que o Malbec argentino tenha tipicidade e singularidade frente aos outros países produtores, mas o mesmo ocorre e poderia continuar acontecendo com outros varietais. Segundo o Instituto Nacional de Vitivinicultura da Argentina, no ano de 2014 o Malbec representava 34,27% da uva tinta plantada no país. Então, por que não continuar explorando outras possibilidades? Sem dúvida essa frase é ouvida há anos em Mendoza. Existe vida depois da Malbec e, com os vinhos que estamos apresentando neste mês, queremos precisamente reivindicar o potencial que outras uvas, não tão cultivadas na Argentina, podem ter. E têm. A riqueza varietal da Argentina é grande, graças a seus imigrantes franceses, espanhóis e principalmente italianos, que colocaram o seu grãozinho de areia ao trazer lembranças de sua terra de origem em forma de videiras. Hoje em dia, o motor que move as novas plantações, a experimentação e a busca de novas fronteiras enológicas, não tem esse ponto de nostalgia que 15 outrora teve: agora se baseia no conhecimento do comportamento das variedades de uva em climas e condições similares, que nos permite avançar, em certa medida, por experiências próximas, sejam quais forem os resultados do cultivo. É nisso que a indústria vitivinícola argentina trabalha há anos, na busca por novos vinhos, que hoje podem ser considerados modernos, mas que não demoraram para ser considerados clássicos do país. Porque a Argentina é, sem dúvida nenhuma, mais que o Malbec. Itália geralmente é para o coupage com outras Dessa maneira, e como é habitual no nosso clube uvas, sendo pouco habitual elaborá-la como - já fizemos isso em outras ocasiões, apresentando monovarietal. É conhecida por vários nomes como: vinhos argentinos e de outras regiões que fogem do Ancellota, Ancelotta di Massenzatico, Balsamina convencional, porém, sem descuidar da qualidade Nera, Lancellotta, Uino ou uvino. - nesta ocasião temos o prazer de lhes apresentar dois monovarietais soberbos, dois Monovarietais com letra maiúscula, elaborados a partir das uvas Ancellota e Cabernet Franc. As uvas Ancellotta e Cabernet Franc ANCELLOTA CABERNET FRANC Variedade de origem francesa, da região de Bordeaux, onde é muito popular, assim como na região do Loire. Durante os séculos XVIII e XIX esta variedade teve seu máximo esplendor e seu cultivo popularizou-se na França. Junto com outras variedades, como por exemplo a uva Cabernet Sauvignon, a Cabernet Franc converteu-se em Esta variedade, originária da região de Emilia- matéria-prima apreciada para elaborar vinhos de Romagna, ao norte da Itália, é cultivada em alta qualidade. menor medida em outras regiões daquele país, como Piemonte, Véneto, Friuli-Venecia Julia e na Toscana. Do seu cruzamento com a Sauvignon Blanc surge a Cabernet Sauvignon. Por essa razão geralmente a Cabernet Franc tem muitas semelhanças com a Não teve grande difusão internacional, porém Cabernet Sauvignon. As uvas são muito pequenas, recentemente despertou o interesse de alguns têm cor azul escuro e pele muito fina, o que aporta produtores, principalmente argentinos. De ao vinho uma coloração intensa. Seus aromas grande intensidade colorante, potentes aromas marcados de frutas vermelhas aparecem quando de fruta vermelha madura, sua utilização na a uva está madura, contrastando com notas de 16 ervas e vegetais quando não está. No seu momento vendendo a uva diretamente para outras bodegas, máximo de maturidade pode confundir-se com o durante os primeiros 20 anos. No ano de 1977, Cabernet Sauvignon. construíram a primeira bodega, que comercializou Os vinhos da variedade Cabernet Franc costumam ser utilizados em misturas com variedades como a Cabernet Sauvignon e a Merlot, colaborando nos coupages com a aptidão para o barril e posterior crianza na garrafa. seus vinhos a granel também para outras bodegas, até que finalmente, no ano de 2004, Don Juan Muñoz López, sua esposa Rosario e seus filhos Nicolas, Estela e Carlos começaram a construção de sua bodega Viña Las Perdices, na finca de Agrelo, comercializando seu primeiro vinho em meados de Conhecida principalmente como Cabernet Franc, 2006. Dez anos depois, esta jovem marca continua existe um grande número de sinônimos, graças crescendo, destacando-se por ser uma bodega à sua antiguidade: Bouchet, Veronais, Veron, diferente e criativa, que não deixa de surpreender, Plant Breton, Kaberne Frank, Capbreton Rouge, ano após ano, com seus vinhos. Cabernet Bresciano, Breton, Cabernet Franco, Kaberne Fran, Gros Vidur, Gros, Cabernet, Carmenet, Carbonet, Franc. Seu enólogo inquieto e rebelde, Juan Carlos Muñoz, tem a capacidade de surpreender com apostas originais e até arriscadas. Esta bodega, Viña Las Perdices que se manteve em constante desenvolvimento de Viña Las Perdices é um projeto familiar, que se como a que estamos apresentando este mês, leva destaca por estar sempre na vanguarda dos vinhos a inovação no seu DNA. E como nos identificamos argentinos com propostas sugestivas, atrevidas com esse estilo, essa maneira de elaborar vinhos e elegantes, como as que vocês poderão degustar onde a imaginação, o sonho e a capacidade de nesta seleção. Esta família de imigrantes procedente surpreender estão sempre presentes -, escolhemos, da Espanha chegou a Mendoza em 1952, e anos para esta Seleção Grandes Vinhos, dois vinhos depois começou sua plantação de vinhedos, únicos, originais e, é claro, deliciosos. variedades originais e minoritárias na Argentina, 17 Descubram os vinhos que Juan Carlos Muñoz elabora e comecem a se apaixonar por eles. Será inevitável. f i c h a t é c n i c a Las Perdices Ala Colorada Ancellotta 2013 País: Argentina Região: Mendoza Indicação Geográfica: Lujan de Cuyo Uvas: 100% Ancellotta Crianza: 15 meses de crianza em barris novos de carvalho, 50% francês e 50% americano Álcool: 14,5 % vol. Produtor: Viña Las Perdices Las Perdices – Ala Colorada Ancellotta 2013, esta de cortiça e fruta seca. Na boca, destacam-se os uva originária do norte da Itália, era uma grande taninos notáveis e uma perfeita integração entre a desconhecida da enologia argentina, ainda que, fruta e a madeira, que definem uma boca elegante e nos últimos anos, venha sendo apresentada como de passagem envolvente. novidade. São poucas as bodegas que elaboram com essa cepa, e menos ainda as que a apresentam como monovarietal. Uma boa oportunidade para descobrir um vinho que poucas vezes terão a oportunidade de degustar como monovarietal. O vinho: vindima no final de março em caixas. Maceração pré-fermentativa a frio durante 10 dias, entre 6 e 8ºC. Leveduras selecionadas. Fermentação alcoólica durante 10 a 12 dias, com temperatura controlada entre 24 e 26ºC, protegendo o caráter varietal da uva com suaves remontados diários, com delestage no início da fermentação. Maceração pósfermentativa durante 7 dias. A crianza prolonga-se Harmonização: trata-se de um vinho para carnes, para o qual necessitamos de um prato contundente como acompanhamento, como um assado de carnes vermelhas na brasa. Um queijo curado de pasta dura pode ser ideal para finalizar o vinho, antes da sobremesa. Serviço: sua temperatura de consumo deve estar em torno dos 16 a 18ºC. Não é necessária sua decantação nem abertura prévia ao momento de consumo, ao menos durante os próximos meses. Mas se a guarda for a opção, então será necessária a decantação a partir do próximo ano. durante 15 meses em barris novos, 50% franceses e Guarda: para consumir já, mesmo que se espere 50% americanos. um desenvolvimento positivo na garrafa pelos Cata: cor profunda - vermelho-cereja. No nariz, apresenta uma destacada carga de fruta com uma marcante e integrada madeira. Necessita que se abra, para respirar e podermos apreciar as notas 18 próximos meses. Por isso, recomendamos um pouco de paciência para desfrutar plenamente dos seus matizes. Estima-se um consumo ótimo dentro dos próximos sete anos (2016 – 2023). selecionado p o r Las Perdices Ala Colorada Cabernet Franc 2013 D a r i o T a i b o País: Argentina Região: Mendoza Indicação Geográfica: Lujan de Cuyo Uvas: 100% Cabernet Franc Crianza: 12 meses de crianza em barris novos de carvalho francês Álcool: 14,5 % vol. Produtor: Viña Las Perdices Las Perdices - Ala Colorada Cabernet Franc 2013 destaca a cor impressionante de cereja, opaca e com é o tipo de vinho que, quando tomamos, temos a lágrima densa. No nariz inicialmente apresenta- necessidade de ler novamente o rótulo para saber se tímido, mas logo o vinho vai se abrindo na taça realmente o que estamos bebendo. Acontece que e aparecem as notas de ervas, frutas vermelhas, esta varietal de origem francesa e minoritária em cacau e especiarias. Boca agradável, densa mas Mendoza é capaz de surpreender quando alcança ao mesmo tempo fluida, onde se mantém um leve a maturidade plena nessas latitudes – graças a domínio de sua madeira fina sobre a fruta, junto seu nariz perfumado e, principalmente à sua fina com um tanino redondo e maduro. Final longo, com estrutura. Habitual em muitos dos grandes vinhos bom retrogosto, onde aparecem as notas de fruta de Bordeaux, sua presença nos vinhos de Mendoza antes notadas no nariz. começa a ser cada vez mais comum, graças às suas qualidades para a integração em vinhos multivarietais e, principalmente, sua excelente integração nos coupages com Malbec. O vinho: vindima em caixas com a seleção dos melhores cachos. Maceração pré-fermentativa a frio durante 7 dias entre 6 e 8ºC. Leveduras selecionadas. Fermentação alcoólica durante 12 dias, com temperatura controlada entre 24 e 26 ºC, protegendo o caráter varietal da uva com suaves remontados diários, com delestage no início da Harmonização: champignons salteados junto a uma carne na brasa ou um prato de legumes como acompanhamento para a carne serão perfeitos para desfrutar deste vinho. Serviço: a temperatura ideal para o consumo deste vinho fica entre 16 e 18ºC. É recomendável oxigenálo ao menos uns minutos antes do consumo, para desfrutar de sua fruta. Se optarmos pela guarda, cada vez mais será necessária a decantação ao menos meia hora antes do consumo. fermentação. Maceração pós-fermentativa durante Guarda: para consumir já, porém este vinho tem aptidão 12 meses em barris novos de carvalho francês. para envelhecer, por isso recomendamos que guardem A Cata: ao servir-se o vinho, imediatamente se ao menos uma garrafa. Estima-se um consumo ótimo dentro dos próximos sete anos (2016 – 2023). 19 comidinhas juninas no Brasil 20 C o m i d i n h a s T e x t o : J u n i n a s P r i s c i l a U r b a n o A festa junina é a segunda maior comemoração triângulo. A mandioca, o milho e seus derivados são no Brasil, ficando atrás apenas do Carnaval. os dois ingredientes mais presentes na festa junina É considerada uma mescla multicultural entre dos aracajuanos. tradições europeias e indígenas. Durante a Idade Média, na Europa, a festa junina surge no calendário cristão para celebrar os três santos padroeiros: Santo Antonio, São João Batista e São Pedro, que inspiram muitas rezas e simpatias, principalmente Santo Antonio, conhecido • Bahia – A festa junina tem duração de cinco dias, similar às demais festas do Nordeste, com barraquinhas de comidinhas rurais, artefatos artesanais, muito forró e danças tradicionais. Vale a pena conferir! popularmente como o “Santo Casamenteiro”. • Campina Grande (PA) – Conhecida como “O Maior Há quem acredite que as festas juninas surgiram São João do Mundo”, Campina Grande atrai turistas para celebrar e agradecer a colheita. Por esse de todo o Brasil e são 30 dias de muita festa. motivo, muitas das comidas típicas no Brasil são O evento conta com caminhadas, corrida de jegue, à base de grãos e raízes sazonais cultivadas pelos corrida dos namorados, corrida de carroças, passeio índios, como o milho, amendoim, batata doce e ciclístico, pau-de-sebo, cavalgada e casamento mandioca. Nesse sentido, encontramos pratos como coletivo. Acompanham comidinhas típicas como curau, pamonha, bolo de mandioca ou de milho, baião de dois, bode guisado, macaxeira e galinha paçoca, pipoca, cuscuz, canjica e outros derivados. caipira, que é de dar água na boca! No Brasil, a região Nordeste destaca-se nas • São Luiz (MA) – É o tradicional Bumba Meu Boi, comemorações típicas das festas juninas, com festas em um festival marcado por danças e ritmos. que tradicionalmente se estendem por muitos Não dá para deixar de provar os tradicionais peixes dias, atraindo muitos turistas. Veja algumas das fritos, a patinha de caranguejo, o arroz de cuxá e a principais festas juninas do nordeste brasileiro: torta de camarão. • Caruaru (PE) – É a maior festa junina do Nordeste, • Caboclada (AM) – São festas de arraial que com atrações como literatura de cordel, quadrilhas, começam no décimo dia depois das novenas e nas desfiles e muita música. Um prato que gera bastante quais estão presentes as fogueiras, o foguetório, o confusão é o pé de moleque. Diferente daquele mastro, os banhos, muita comida como bolo podre conhecido no Sudeste (por paulistas e cariocas), no (farinha de mandioca), mingau de mungunzá (milho Nordeste é uma espécie de bolo que reúne massa branco ou canjica), mingau de banana e tacacá de mandioca, açúcar mascavo, café, leite de coco, (caldo nutritivo geralmente servido com camarão manteiga, cravo, erva-doce e castanha de caju seco e folhas de jambu – erva amazônica que causa (ralada e inteira, para decorar). Imperdível! formigamento nos lábios). • Aracaju (SE) – O forró é predominante, deixando Agora você já pode escolher seu próximo destino, ao vento o som da sanfona, da zabumba e do para provar uma dessas delícias. 21 Por aí Agenda Canteiro A g e n d a T e x t o : Saca só - Saca Rolha A m a n d a agenda Dica Saca só - Saca Rolha I v a n o v 14 a 16 | julho California Wine Festival Evento de vinhos mais aguardado da Califórnia acontece à beira mar Realizado em Santa Barbara, o California Wine Química Instagram Entrevista Ingredientes 14 a 17 | julho Victoria’s Festival of Food and Wine Gastronomia e vinho são destaques do festival que acontece no Canadá Festival acontece de 14 a 16 de julho e é considerado Em Victoria, capital da Colúmbia Britânica localizada um dos maiores festivais ao ar livre da Califórnia, no sul de Vancouver, acontece o Victoria’s Festival regado a muito vinho, comida, música e diversão à of Food and Wine, que de 14 a 17 de julho mostra aos beira mar. participantes as novidades relacionadas ao universo dos O evento atrai visitantes de diversas regiões vinhos e da gastronomia em pleno verão canadense. do mundo, que passam alguns dias na praia O festival foca em produções artesanais, locais, sazonais degustando vinhos ilustres produzidos na e sustentáveis, destacando os produtos regionais, com a Califórnia, o que torna o festival um dos mais participação de vinícolas, chefs e restaurantes, apoiando procurados do ano. o crescimento do comércio local. Mais de 40 vinícolas participam do evento. Cerca de 30 vinícolas participam do evento e Destacam-se a Martin Ray, Kendall-Jackson e a prometem apresentar vinhos impressionantes para Ahnfeldt Wines, entre outras. A gastronomia ficará o público conhecer mais sobre as particularidades por conta de renomados restaurantes locais, que do terroir da região. E no primeiro dia de atividades, apresentarão comidas típicas da região e outras acontece a Trade Tasting, degustação de vinhos das iguarias, como quitutes italianos e argentinos. marcas participantes, sendo uma das atrações mais Serviço: California Wine Festival Período: de 14 a 16 de julho Mais informações: www.californiawinefestival.com aguardadas do festival. O destaque fica também para as criações dos chefs, que vão preparar pratos com ingredientes cultivados em pequenas produções, ressaltando o sabor dos alimentos e possibilitando mais conhecimento gastronômico ao público. Serviço: Victoria’s Festival of Food and Wine Período: de 14 a 17 de julho Local: Hotel Grand Pacific Endereço: 463 Belleville Street - Victoria Mais informações: www.victoriataste.com 22 N ú m e r o s T e x t o : n a F á b i o m e s a A n g e l i n i 23 a 24 | julho Salon des Vins d’Aniane – Languedoc Quilômetros de comida Salão de Vinhos reúne rótulos produzidos na histórica região de Aniane, na França Sabe aquelas mesas de família Nos dias 23 e 24 de julho acontece o Salon des Vins d’Aniane, na cidade localizada em Languedoc, conhecida mundialmente pela produção de vinhos na França. No evento, os participantes podem conhecer um pouco mais dos terroirs da região, com as produções de vinhos expostas pelas vinícolas participantes, além de provar especialidades da gastronomia local. Exposições de arte, degustações, palestras e workshops também fazem parte do evento. A programação inclui ainda visitas aos vinhedos de Aniane, introdução à degustação de vinhos e um jantar ao som de jazz, que promete animar o público com muita música. italiana, que a gente mal enxerga a outra ponta, onde cabem até 4 gerações? Não passam de mesinhas de canto, comparadas à mesa de jantar encomendada pela Rainha Vitória, hoje no Palácio de Buckingham: 55 metros de comprimento, 9 de largura, capacidade para 160 pessoas. Um rival de peso está em outro palácio, no hotel indiano Taj Falaknuma Palace, que acomoda 101 convivas. Agora, em matéria de instalações, ninguém ainda superou a inauguração da Ponte Vasco da Gama, em Lisboa, no dia 22 de março de 1998: sobre ela, prepararam uma mesa de 5.050 metros de extensão para 15.000 pessoas. Diferente do evento de integração multinacional e cultural realizado na Alemanha: Serviço: fecharam 60 km de estrada, reunindo Salon des Vins d’Aniane – Languedoc cerca de 20.000 mesas e 2.000.000 de Período: de 23 a 24 de julho participantes, entre ciclistas, cidadãos, Mais informações: www.salondesvinsdaniane.com curiosos e mortos de fome. Também em prol da interação, um shopping de Curitiba postou nas redes sociais que iria criar a maior mesa de alimentação do mundo, no ano passado. Deu o que falar: era pegadinha de 1º de abril. 23 Que língua é essa? RECENTEMENTE, LÍNGUAS DE FOGO PUSERAM ABAIXO O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA, EM SÃO PAULO. PARA O CONSOLO DE TODOS, A NOSSA LÍNGUA PERMANECE FIRME E FORTE. OU MELHOR, AS NOSSAS LÍNGUAS. 24 samirP sarbO oãçeleS sohniV sednarG oãçeleS osomaF od otarP airótsiH meT ahnizoC aN lasneM oãçeleS atieceR ojeseD ed sotejbO N a p o n t a T e x t o : d a F á b i o an arvalaP A L gní íLnadgatnuoPa au A n g e l i n i Graças a esse potente músculo e órgão sensorial da boca, os vertebrados podem degustar, deglutir e mastigar. Na sua ausência, o paladar humano seria reduzido praticamente a zero, e a sola do sapato acteria imíuQ o mesmo gosto deacum iD vitel tonné. As papilas orietnaC presentes na língua estão conectadas a terminações nervosas que captam os estímulos de sabor. e gema. Assim batizado pelo mesmo motivo que o ía roP sknirD brinquedo de papel que se assopra: é comprido como “língua de sogra”. A informação chega ao cérebro, que a decodifica em Por falar em massa, vamos falar do linguine. O que cinco sensações gustatórias: doce, azedo, amargo, significa? Pequenas línguas. É um tipo de macarrão salgado e umami. Dessas sensações combinadas, oriundo de Gênova, apresentado em tiras finas e nascem infinitos sabores. amassadas, de extensão semelhante ao espaguete. atsivertnE ahloR acaS - ós acaS ahloR acaS - ós acaS A língua também entra na articulação dos sons. Sem ela, não haveria mandarim, tupi- adnegA saicítoN Bastante tradicional por lá, é a receita de linguine alle vongole. guarani, hindi e nenhum dos outros 7000 Dos mares, pescam um ser da família dos idiomas conhecidos. Não haveria a fala e nem a pleuronectídeos, popularmente cozido, frito, comunicação via voz, tal como as conhecemos. servido e denominado linguado. Possivelmente, Não se falaria sequer a língua do pê. A escrita, por causa do seu corpo delgado. O apelido bem que existindo, teria outra base. E, muito provavelmente, poderia ser mais criativo, pois trata-se de um peixe a língua dos sinais seria mais desenvolvida e fora da curva: corpo assimétrico, nadadeira dorsal comandaria a maioria das conversas. única e ambos os olhos de um lado só da cabeça. “Língua” vem do latim lingua. E dela vêm outras tantas expressões e palavras – muitas delas habitando o mundo das comidas. Há várias receitas Não que isso importe no prato. Carne branca, macia e nobre. À la meunière. Ou com banana e compota de tomate. nacionais e internacionais de língua de boi ou O lingueirão fala a mesma língua dos peixes de vitela, em geral utilizando algum vinho como exóticos. Peixe navalha entre nós, razorfish em ingrediente. A língua suína, por sua vez, é mais inglês, navalheira em Portugal. É um molusco apreciada nos caldeirões fumegantes de feijoada bivalve com mais ou menos 10cm, que mora em brasileira. Não são unanimidade, mas é bom morder uma concha castanha, alongada e estreita. Lembra a língua antes de criticar ou provar um desses uma navalha fechada. Arroz e sopa de lingueirão pratos, bem feitinho. são típicos da culinária portuguesa. Opostamente, há iguarias que até deixam a língua E linguiça, seu prefixo também viria de língua? formigando, quase não têm rejeição. Como a língua Quem tem a língua solta pode dizer de pronto que de gato, chocolatinho achatado e espichado que sim, mas vai queimá-la: mais provável que tenha aumenta a produção de saliva das crianças e de nascido do latim lucanica (do original longus), cuja muitos crescidinhos. Ou a língua de sogra (mesmo tradução é salsichão; ou mesmo de “luganega”, aquela exibida em vitrine de padaria), um rolinho em referência ao antigo povo da Lucânia, atual de massa coberto com açúcar, coco ralado fresco Basilicata italiana. No mapa, o tornozelo da bota. 25 I n g r e d i e n t e s T e x t o : F á b i o A n g e l i n i alho poró 26 For I am Welsh, you know, my good countryman”. al dente, diga-se de passagem, para não perder a textura e o sabor delicados. “Porque sou galês, bem sabes, meu caro Uma das virtudes dele é não mascarar o sabor de compatriota”. Esta frase é da peça Henrique V, de outros alimentos, e sim apurá-lo. Os talos brancos Shakespeare, dita pelo rei ao capitão Fluellen, logo e compridos, levemente adocicados, é que são após os ingleses vencerem os franceses na Batalha comestíveis e bastante explorados em receitas de Azincourt. A passagem é alusiva à tradição sem fim. Como recheio de tortas, carnes, cremes, galesa de envergar o alho-poró em suas armas. empadinhas, massas e suflês. Em risotos, saladas, Ele é, realmente, o símbolo e orgulho nacional do vinagretes e farofas. Acompanhando entradas, País de Gales. Segundo a lenda, isso vem desde lanches e refeições. Vai muito bem em sopas, quando seu povo bateu os invasores saxões num porque a sua consistência ajuda a encorpar os campo de alhos-porós, por volta do século VII. caldos. Como a famosa vichyssoice, sopa americana O vegetal ganhou citação até na Bíblia, onde é mencionada a falta que fez aos judeus que com batatas servida fria, e a escocesa cock-a-leekie, com frango. atravessavam o deserto. Mas as raízes históricas do Seja numa providencial quiche, ou num sofisticado alho-poró são bem mais antigas. Ele já era cultivado farfalle com alho-poró, vodca e presunto cru, o no Oriente Médio há 5 mil anos. Foi utilizado por prazer da degustação está garantido. Porém, na egípcios, gregos e romanos, que o disseminaram em hora de escolher, é essencial que a sua parte branca diversas áreas da Europa. No Velho Continente, é esteja lisa, firme e sem manchas escuras. Na hora mais conhecido como alho-francês, nome nascido de armazenar, até duas semanas na geladeira, possivelmente por causa da sua forte ascendência no máximo, ou três meses de freezer. Congelado, na culinária francesa. perde-se algo do gosto e da qualidade nutricional, O Allium porrum é da mesma família das cebolas e dos alhos, só que mais suave e nobre. Um tipo de “cebola gourmet”, apreciado pelos amantes da nouvelle cuisine. Foi durante muito tempo um ingrediente quase que exclusivo dos chefs, nada mas mesmo assim, ela não deve ser desprezada: além das baixas calorias, o alho-poró é rico em vitaminas B e C, fibras, cálcio e potássio. Funciona como bom diurético, abre o apetite e melhora a atividade do fígado. barato e difícil de achar. Hoje, você dá de cara Alguns acreditam, ainda, que o alho-poró faz bem com ele em feiras livres, supermercados e até à garganta. O próprio Nero era um consumidor no canteiro do vizinho. A popularização deve- assíduo. Dizem que comia religiosamente o vegetal, se principalmente à sua simplicidade de uso e todos os dias, para que a sua voz ficasse mais versatilidade: pode ser preparado inteiro ou fatiado, possante. Por isso, o imperador romano foi apelidado cru, refogado, cozido ao vapor ou assado. Sempre de “Porrophagus”. O “comedor de alho-poró”. 27 a Rolha Almanaque Na Cozinha Tem História Nesta coluna você encontrará fatos e curiosidades sobre a química e composição de alimentos, além de algumas de suas contribuições para o organismo, sempre de forma leve e gostosa, no espírito de enaltecer o viver bem, com prazer e alegria. Química q u í m i c a T e x t o : Entrevista F á b i o Instagram d o s a l i m e n t o s A n g e l i n i Ingredientes Coco Em sânscrito, o nome do coqueiro significa “árvore que fornece todas as necessidades da vida”. Realmente, o fruto da Cocos nucifera é muito bem aproveitado. Polpa. Água. Óleo. Leite. Também conhecido como coco da bahia, palma de coco, coco da praia e palma indiana, é um dos alimentos mais saudáveis que se conhece, em suas diversas formas e composições. De provável origem indiana, do sudeste asiático ou das ilhas do Pacífico, o coco chegou na Bahia em 1553. Hoje, além de serpentear pela costa nordestina e por mais de 80 países, compõe uma infinidade de delícias doces e salgadas: cocadas, vatapás, moquecas, baba-de-moça, canjica, cuzcuz de tapioca, bolos, mingaus, xinxim de galinha. Se bem que já basta a sua polpa branquinha para seduzir o paladar; a sua água, para refrescar e hidratar; o seu leite, para marcar uma receita; e o seu óleo, a sua farinha, as suas qualidades nutricionais invejáveis. 28 UM SUPERALIMENTO DE VÁRIOS ELEMENTOS Pela sua natureza saudável e seu alto rendimento existentes e vira energia rapidamente. (até 250 frutos anuais por árvore), o coco é Também regula a tireoide e é dotado de importante economicamente. Existem até países propriedades antivirais. E por fim, o leite de que usam macacos treinados para colhê-lo. A altura coco, vedete de inúmeros pratos afro-brasileiros, da planta varia entre 12 e 35 metros de altura, asiáticos, caribenhos, uma alternativa livre de e é geralmente cultivada em terras arenosas e lactose. É obtido processando-se pedaços de polpa profundas sob sol pleno. Morfologia: ovalado, com (ou coco ralado) com água quente, possui cerca de aquela casca verde e fibrosa, dentro da qual há 17% de gordura e fortalece a imunidade. um “caroço”, o endocarpo lenhoso. Aquele mesmo, arredondado e cheio de fiapos, que exibe três Coco é bom como sobremesa infantil ou repositor marquinhas escuras, os poros de germinação. de eletrólitos de atletas, para convalescentes É através de um deles que emerge a pequena raiz, e pessoas de todas as idades. Mas consuma o embrião. ocasionalmente e sem abusos... se você puder. Outras frutas precisam ralar bastante para • Fibras: atuam no bom funcionamento intestinal e na redução de gordura, promovendo a saciedade. igualar os prazeres e a • Potássio: propriedades polivalência do coco, e diuréticas que ajudam não é pra menos. Além de gostosa, a água de coco a reduzir a pressão assemelha-se a um soro, arterial e controlar a mais rico com o fruto frequência cardíaca. • Ferro: formação da ainda verde. Possui hemoglobina do sangue vitaminas e minerais, e transporte de oxigênio. ação antioxidante, e Bom para a saúde muscular ajuda a regular o intestino. e cerebral. Muito indicada para gestantes. Geralmente adocicada, mas pende para o salgado se a palmeira • Acido láurico: ação anti-inflamatória, antibiótica estiver mais próxima do mar. Por sua vez, a polpa e imunológica. branca e carnuda é repleta de flavonoides. Diminui • Cálcio: fundamental para a formação óssea o colesterol ruim, mantém a pressão arterial e tem e prevenção da osteoporose. ação cicatrizante e anti-inflamatória. Dessa polpa • Vitamina A: crescimento infantil e combate aos é extraído o óleo de coco, que apesar de calórico, radicais livres. é termogênico: acelera a queima das gorduras já • Vitamina B3 (niacina): essencial para o metabolismo, transforma os alimentos em energia. • Vitamina C: ação imunológica, desintoxicante e antioxidante. Boa para a pele. 29 eção Obras Primas olha Almanaque Na Cozinha Tem História n a c o z i n h a T e x t o : F á b i o t e m h i s t ó r i a A n g e l i n i chaleira Química Instagram Entrevista Ingredientes O pai do futebol brasileiro, Charles Miller, criou um Concebeu-se o modelo convencional (arredondado, lance no qual o jogador trança as pernas e acerta a bojo mais largo, tampa no topo e bico lateral) para bola de pé trocado. A jogada foi batizada de “charles”; aquecer a água sem evaporá-la e ser depositado com o tempo, transformou-se em “chaleira”. sobre o fogo direto. Os primeiros desenhos, Muitos, em algum momento da manhã, já foram despertados por aquele apito agudo peculiar, precedido do aroma de café tirado na hora. A alguns, o silvo da chaleira irrita; outros decodificam o som como familiar e apetitoso. Durante décadas, ninguém soube explicar tecnicamente como se produzia o ruído estridente. Até que dois japoneses, datam de 1517. Também eles inauguraram as chaleiras termorresistentes de porcelana. Os russos, de seu lado, bolaram um tipo de samovar com caldeira central embutida, que esquentava a água sem precisar de fogão. pesquisadores de Cambridge descobriram que Assim que o chá chegou à pequenos vórtices de vapor, formados no bico corte francesa do século XVII, do aparelho, é que disparam o assovio a certas a chaleira pegou carona e frequências. Mas, e antes dele ser inventado? ganhou impulso. Quase A chaleira não nasceu do chá, foi mais o oposto. Seu conceito surgiu com antigos viajantes e soldados chineses, que ferviam a água para purificála. A infusão veio depois, quando se passou a adicionar folhas de chá verde à água quente, para sentir qualquer gosto que fosse. Outro registro arqueológico – um vaso de bronze de forma quase idêntica às chaleiras atuais – vem da Mesopotâmia de 5.500 anos atrás, provavelmente usado como recipiente de filtragem. 30 todas fabricadas em ferro fundido ou cobre, pois acreditava-se que os metais incrementavam o sabor da bebida. Já entre os ingleses, nem é preciso dizer: o casamento entre os chás e as chaleiras (de ferro, esmaltadas ou pintadas) Entraves da chaleira da época: o difícil manuseio parecia coisa do destino. do ferro, a suscetibilidade do cobre às manchas, a Vem o século XVIII, e a prata vira a matéria- demora da fervura. Aos poucos, as matérias-primas prima queridinha da nobreza. Muitas das adquirem mais leveza, durabilidade, segurança. E o chaleiras antigas, inclusive, eram assinadas por utensílio passa a não depender só do aquecimento artesãos. Entre eles, a ourivesaria de “Revere”, externo: em 1891, a Compton&Co trouxe a chaleira chancela cobiçada e duplamente valiosa: o elétrica, símbolo de sofisticação e praticidade. Muito fundador, Paul Revere, é figurinha carimbada na cara e ainda lenta, no entanto. Pelo menos até 1922, Guerra de Independência dos Estados Unidos. ano em que a The Swan Company introduz sua Ficou famosa a sua viagem frenética de Boston a variante elétrica dotada de um aquecedor interno. Lexington em 1775, para comunicar o avanço das Mais rápida, conquistou logo. tropas britânicas aos compatriotas. Com a escassez de ferro provocada pela Segunda Avanços mais significativos borbulharam mesmo no século XIX. Guerra Mundial, as chaleiras de cerâmica tiveram seu momento. A próxima inovação ocorre em 1956, com o lançamento da K1 da Russel Hobbs (“K” de kettel, chaleira em inglês): a primeira totalmente automática, desligava no ponto de ebulição da água. Nos anos 1980, o produto ganhou design do arquiteto pós-modernista Michael Graves. A classe média americana disputou a novidade a tapas. Seja para fazer chá, café ou chimarrão, a chaleira tornou-se essencial no ambiente doméstico, das feitas de barro até as mais arrojadas. Com design colonial, retrô ou futurista, com ou sem tampa e apito. De inox, vidro, teflon, alumínio, microondas. Existe a iKettle, que ferve a água e regula a temperatura remotamente. A KettleCharge, que converte o calor em energia e recarrega baterias de celulares, tablets e outros dispositivos USB. Todas bem diferentes da maior versão do mundo, que está em Santa Catarina, tem 12 metros de altura, e serve de portaria da ervateira Mazutti. A família frequenta o interior da sua chaleira nos fins de semana. 31 a l m a n a q u e T e x t o : P a u l o C R Í T I C O S GASTRONÔMICOS S a m á ONDE SE GANHA O PÃO, SE COME A CARNE. E O PEIXE, E A PASTA, E OS LEGUMES... Ego entrando no Restaurante Gusteau’s, na ...E TUDO COMEÇOU COM UM ADVOGADO animação Ratatouille? A presença dele provoca Existem registros antigos de escritos sobre calafrios no jovem Linguini e até mesmo no “piloto” alimentação, como o De Honesta Voluptate, do escondido sob seu chapéu, o ratinho Remy. italiano Bartolomeu Sacchi (1475), e A Arte da Quem não se lembra da cena (já clássica) de Anton Anton Ego faz parte do seleto grupo dos críticos gastronômicos, profissionais especializados no prazer de comer. Prazer este que os torna rigorosos Cozinha, de Domingos Rodrigues (Portugal, 1680). Entre uma e outra, há publicações esparsas na Alemanha, França, Espanha e Inglaterra. e, por vezes, sisudos. Suas palavras incitam sonhos O marco inicial da crítica, no entanto, é creditado e pesadelos, libertam ou condenam, como os antigos ao advogado francês Grimod de la Reynière, imperadores romanos, cujo simples gesto com o que publicou o Almanach des Gourmands em polegar para cima ou para baixo livrava ou não o 1803. O guia de restaurantes lançou a moda de infeliz de seu algoz na arena. analisar pratos e serviços com tanto sucesso, que 32 se tornou anual. E o emérito jurista, obviamente, pagamento? Outro detalhe: ninguém paga para passou a colecionar admiradores e desafetos. Suas trabalhar, e o trabalho do crítico é justamente esse: recomendações elevavam alguns cozinheiros e comer. Portanto, a lógica e o bom senso eximem restaurantes às alturas com a mesma velocidade qualquer sentimento de culpa ou dúvida. que seu sarcasmo e falta de papas na língua destruíam a imagem de outros. Tudo isso lhe trouxe pechas como a de glutão, vulgar e outros adjetivos menos pomposos, segundo a historiadora Rebecca L. Spang. Mas também fez com que seu nome ficasse famoso. “Falem mal, mas falem de mim”? UM OFÍCIO DE DAR ÁGUA NA BOCA. SERÁ? Costumam dizer que o trabalho do crítico gastronômico é “suave”. O ofício dos sonhos, onde se viaja com tudo pago, come-se bem, dorme-se nos melhores hotéis, toma-se os melhores vinhos e ainda se recebe por isso. Na cidade de origem, então, a coisa fica ainda mais deliciosa e divertida, afinal o crítico pode levar os amigos e a família para almoçar e jantar “na faixa”. Uma festa, não? Nem sempre: o pagamento pode ser feito pelo próprio crítico, quando este tem salário fixo, ou pode ser reembolsado posteriormente. Há críticos também que fazem questão de pagar a conta e recusar cortesias do restaurante, para não ficarem presos a favores e se sentirem livres para canonizar Quanto à vida boa, a coisa não é bem assim. Não se trata apenas de levantar, decidir onde vai comer e fazer cara de mau para o espelho. Para o crítico, refeição é ganha-pão. Um ofício onde o bom profissional visita várias vezes o mesmo estabelecimento, antes de emitir uma opinião ou escrever uma linha. A responsabilidade, afinal, é grande: a partir de suas impressões, percebe-se o que é necessário mudar na operação; da simples troca de pratos ou de cardápio, até modificações mais substanciais, como troca de pessoal, decoração, fachada e, muitas vezes, até o endereço do restaurante. Além disso, não é qualquer um que pode ser crítico. Pense nas pérolas sobre comida que lemos todos os dias na Internet. Você confia em tudo que lê? Nem eu. A profissão exige sensibilidade, erudição e estudos, entre eles história e geografia da culinária. Tudo isso para analisar, interpretar e comparar com propriedade, sem falar ou escrever bobagens. Só assim é possível emitir julgamentos legítimos. Existe ainda uma faceta romântica na profissão. Segundo Gilles Pudlowski, crítico do Le Point, no ou esmagar uma reputação, se assim acharem necessário. Para completar, as cortesias são oferecidas apenas quando o crítico é reconhecido, e boa parte deles prefere manter-se incógnito. E neste caso, ir acompanhado da família ou dos amigos até ajuda e contribui com o trabalho, no sentido de experimentar mais pratos, trocar ideias e interagir com os outros comensais. A reserva, quando necessária, é feita no nome de outra pessoa. Deu água na boca, bateu uma pontinha de inveja? Talvez sim, talvez não. Pense com a gente: não é absolutamente a mesma coisa nas empresas que oferecem vale-refeição sem desconto em folha de 33 JAMES BOND E MATA HARI NO RESTAURANTE O modus operandi dos críticos gastronômicos varia bastante, e tem nuances de filmes policiais. Temos os discretos, que nunca reservam mesa no próprio nome, chegam sem estardalhaço, sentam no canto mais escondido do restaurante e fazem seu trabalho. E do outro lado, os críticos-desfilede-escola-de-samba, que preferem a ribalta, os holofotes da avenida que se abre até a mesa reservada. Deleitam-se com a fama e com o esmero livro “Para que serve um crítico gastronômico”, a função deste profissional “não é só a de apontar a boa cozinha, mas de entreter o leitor, fazêlo sonhar, dar água na boca.”. E para chegar ao paladar deste leitor, valem artifícios como contar curiosidades sobre o restaurante, história do estabelecimento, formação dos chefs e muito mais. dos chefs em agradá-los. Entre os primeiros, podemos incluir o português José Quitério, um crítico avesso a simplesmente tudo. Não dá entrevistas, não aceita convites para eventos e faz questão de aparecer o mínimo possível - pouca gente conhece seu rosto. Além disso, só resenha estabelecimentos que Tudo isso envolve, sem dúvida, a arte da escrita. oferecem a tradicional culinária portuguesa, e usa Para chegar ao estômago do leitor, é bom não um jargão particular, onde mistura conhecimento esquecer que o caminho se inicia nos olhos. Ou o de causa e doses cavalares de sarcasmo: o termo crítico domina plenamente as letras, ou sua crítica científico “gadídeo” refere-se ao bacalhau; fica sem sal. E a concorrência, impiedosa, devora-o “palmípede” é pato; “galináceo” é frango. Já “setor como prato principal. carnário” é usado para pratos com carne, e “posta Como vimos, nem tudo é saboroso na vida do tunídea” para atum. “Manducantes” são os clientes crítico gastronômico. Nem todos têm a felicidade dos restaurantes e por aí vai. de trabalhar para jornais, revistas e guias famosos Ruth Reichl, do New York Times, por sua vez, tem como o Michelin. Muitas vezes as viagens são um lado Mata Hari: faz coleção de disfarces: aparece cansativas e demoradas, e o trabalho de “garimpeiro como executiva, hippie, esportista... E quem a do sabor” nem sempre dá bons frutos - aliás, alguns acompanha é obrigado a se vestir no mesmo estilo, estabelecimentos visitados nessas andanças são de para não gerar suspeitas. Comer de graça tem seu tirar o apetite do maior entusiasta dos prazeres da preço, pelo jeito. boa mesa. É por isso que o crítico não escreve sobre todos os lugares por onde passa. Em geral, quando a experiência é muito ruim, não dedica sequer uma linha ao restaurante. Vale a pena pensar nisso antes de dizer que esse trabalho é moleza. Aqui, cai como uma luva o ditado que diz: “Todo mundo vê as Por último, e também na categoria “Top Secret”, temos os especialistas do Guia Michelin: ninguém sabe quem são, de onde vêm e nem quando vão aparecer. Se você está lendo este artigo no restaurante, pode ter um aí na mesa do seu lado, inclusive. cachaças que eu tomo, mas ninguém vê os tombos E este, aliás será nosso assunto dentro de dois meses: que eu levo”. prepare-se para degustar a história do Guia Michelin. 34 Miniaturas que saltam aos olhos c o m i d a T e x t o : F á b i o é a r t e A n g e l i n i Anel de wafer. Pingente de nachos. Brincos de cornetos. As cores, texturas e formatos atraentes dos alimentos são, de fato, um prato cheio como fonte de inspiração artística. No campo da Food Art, a criatividade parece não ter limites. Nem tamanho. Uma das últimas invenções é criar joias e bijus com modelos miniaturizados e incrivelmente realistas de comida. Nada de pendurar a melancia no pesçoco para aparecer, nem usar o macacão de pizza da Kate Perry. Há uma infinidade de acessórios belos e discretos, que já caíram até nas graças das passarelas. Como o colar de frutas frescas de Norihito Nakata, o colar de cupcake de Sofia Molnar, ou os petitplates de Stéphanie Kilgast (veja em www.petitplat.fr). As peças, feitas artesanalmente com o auxílio de bisturis, polímeros, tinta acrílica e lupa, podem ser encomendadas de acordo com o gosto do cliente. Muitas vão para colecionadores. Outras são para desfilar pelas ruas mesmo, deixar a vida mais fashion, leve e divertida. Ainda que seja com uma incrível tiara de macarronada. e m a l t a T e x t o : F á b i o A n g e l i n i Comfort Food Ingrediente: sensibilidade. Quando estamos pra baixo, é meio instintivo buscar alguma coisa que nos faça sentir bem. Muitas vezes, tal coisa é uma guloseima, que vem nos socorrer, animar e alegrar. Esse pensamento deu origem à gastronomia conhecida como Comfort Food. A união da poderosa memória palatável com a simplicidade da alimentação mais saudável. O cardápio não precisa necessariamente apresentar receitas sofisticadas. A ideia é resgatar o prazer da comida caseira e gostosa, temperada com valores sentimentais. Um bolinho de chuva da vó. Um picadinho de infância. Um aroma qualquer que evoque lembranças agradáveis. A Comfort Food coloca-se praticamente como uma terapia culinária e contraponto do fast food. Tudo preparado com delicadeza para remeter ao aconchego do sabor familiar. É a viagem no tempo que sacia o corpo e o coração, o brigadeiro de colher dos dias sem compromisso ou preocupação, a saudade que acaricia a língua e se desvanece em sensações gustativas, particulares a cada um. 35 Prato do Famoso Na Cozinha Tem História Dica d i c a T e x t o : d e A m a n d a Saca só - Saca Rolha Química q u e m s a b e Almanaque Instagram I v a n o v Entrevista Ingredientes tempero Sem cheiro de Listamos alguns truques para deixar que o aroma das especiarias fique apenas nas comidas das mãos Apreciadores de boa comida, na maioria das vezes, também gostam de colocar a mão na massa e mostrar os dotes culinários, preparando um prato especial para as pessoas que gostam. Mas, constantemente, surgem dúvidas sobre como inibir o cheiro dos temperos das mãos, que mesmo após um tempo de ter ido à cozinha, persistem em ficar na pele. A chef Alessandra Belliny, que há dez anos comanda a cozinha do Lorenzo Bistrô, no Rio de Janeiro, conta algumas dicas para inibir o odor de tempero das mãos após cozinhar. Para a chef, um truque infalível é passar as mãos em um objeto de inox embaixo d’água, como uma colher, após lavá-las com água e sabão. Optar por utensílios que descascam e picam os temperos sem utilizar as mãos também é uma boa pedida, já que os ingredientes vão deixando mais cheiro na pele por causa quantidade do tempo em que ficam em contato com as mãos. Vinagre e limão também podem ser passados nas mãos para inibir o cheiro dos temperos. O alho é uma das especiarias que tem o cheiro que demora mais tempo para sair. Outra dica é aquecê-lo no micro-ondas e descascá-lo quente. 36 A L I M E N T O T e x t o : S U R P R E S A F á b i o A n g e l i n i MÃO DE BUDA A CÍTRICA MÍSTICA Quem acredita já ter visto e provado de tudo vai se surpreender com a Citrus medica var. Sarcodactylis, estranha fruta asiática milenarmente conhecida como Mão de Buda. A variedade cítrica, que lembra uma mão estendida de dedos longos (ou cachos de bananas mutantes), acompanhar pratos com peixe. Embora não forneça tem aroma forte e agradável, similar ao do limão. suco nem semente, a casca grossa fica muito boa Por isso, é bastante explorada por chineses e cristalizada, e as indicações terapêuticas incluem japoneses para perfumar ambientes e objetos alívio da dor e inflamação, reforço imunológico pessoais. Em mãos orientais, tornou-se também e redução da pressão arterial. É possível que a oferenda budista e presente de Ano Novo, por Mão de Buda tenha sido a primeira fruta cítrica simbolizar felicidade e longevidade. Sua diminuta apresentada ao paladar europeu, onde não é tão polpa agridoce converte-se em doce ou licor, mas difícil encontrá-la. Por aqui, só importada e olhe lá. os ousados usam-na crua, para temperar saladas ou Mais garantido na China, Índia ou Califórnia. 37 d r i n k s T e x t o : P a u l o S a m á e.xó.ti.co adj (gr exotikós) 1 Diz-se do animal ou da planta que não é natural do país onde vive. 2 Procedente de país estranho. 3 De mau gosto. 4 Desajeitado. 5 Esquisito, extravagante. Já parou para pensar como o significado do dicionário é diferente do que a maioria das pessoas pensa sobre o conceito de exótico? O mais próximo que se vê por aí é “extravagante”. De resto, tem os que ligam o exótico ao chique ou ao brega com a mesma intensidade (ou ironia); os que vão para o lado do fora do comum; aqueles que entendem como “esquisito” e os que simplesmente acham que exótico é “diferente”. 38 açúcar a um espanhol. É provável que a reação não seja das melhores. É que, para ele, abacate se come. Com cebola, azeite, sal etc. O que se come é o que se bebe No fundo, ninguém está errado. Semanticamente as palavras agregam significados com o passar dos anos, e vão além de seu significado literal. Aliás, a questão “é de comer ou de beber”, ao que parece, também está com os dias contados. A fronteira entre uma coisa e outra já não é tão Quando falamos de drinques, no entanto, tudo bem delimitada. Que o digam os simpatizantes de depende do ponto de vista. Já falamos disso em drinques que foram invadidos por ingredientes um Almanaque lá em outubro de 2014, quando que, até pouco tempo, a gente só encontrava em abordamos pratos exóticos do mundo todo, e agora pratos. A vodka com bacon é uma das preferidas dizemos o mesmo em relação às bebidas. Não é para drinques mais fortes e gordurosos. Quem porque não estamos acostumados a tomar, digamos, já experimentou, diz que o sabor fica levemente vinho de cobra, que os habitantes de algumas defumado. E o que dizer da caipirinha de limão e regiões da Ásia são malucos ou algo assim. Esta mel que vem com um simpático alho assado com bebida, que talvez nenhum de nós tomasse nem casca e tudo flutuando na bebida? O mixologista sob tortura, é originária do Vietnã, e o pessoal Marco De La Roche ensina que ela pode ser tomada de lá atribui a ela propriedades de uma espécie de duas formas: com o alho inteiro só pra dar um de remédio contra queda de cabelo, fadiga e até gostinho ou, para os mais ousados, esmagando-o impotência. A cobra - venenosa - é colocada dentro para intensificar sabores e aromas. De qualquer da garrafa, para o veneno ser dissolvido na bebida. jeito, fica a dica: se for beijar, é bom que seu partner Este, por sua vez, perde o efeito em contato com o in crime também aprecie a bebida. álcool. Assim como o vinho de cobra, encontra-se na China e na Coréia o vinho de arroz fermentado com ratinhos recém-nascidos durante dois anos, e também um licor que leva nada menos que três sim, três - lagartos na garrafa. Acredita-se, por lá, que um lagarto tem muita energia. Imagine três. Estranho? Talvez. Mas o que será que um chinês “O exótico está no imaginário” ou vietnamita acharia de um brasileiro pedindo a um barman a conhecida “farmácia”, que junta Como essa, há muitas misturas inusitadas, mais simplesmente tudo o que há de alcóolico no bar, em leves ou nem tanto. apenas um drinque? Coragem ou insanidade? Começando por um mais ingênuo, porém com um O pessoal da Indonésia gosta de tomar água quente. toque interessante, temos o Bellini: criado com base E que se atreva a colocar a primeira pedra de gelo nas técnicas da gastronomia molecular, o curioso no copo quem discorda. Falando em discordar, drink é feito de espumante com pérolas de suco de experimente oferecer abacate batido com leite e pêssego e cálcio. Um detalhe interessante: as tais pérolas “explodem” na boca. 39 E que tal um licor de cenoura com espumante? Ou o Martini de pimentão e limão do bartender Renan Tarantino, do Estônia? O limite para a criatividade, nesse sentido, não existe. O drinque americano batizado de Dirty Nap leva vermute seco infundido com cogumelos Porcini, que também decoram o copo, e o Koreatown, criado em um hotel de Los Angeles, leva nada menos que um ouriço do mar e algas mergulhados em Quem te batiza te bebe? Brasileiro é criativo, você sabe. Confira alguns nomes de drinques inventados por aqui: tequila. Também há drinques com couve, como • Os Sobreviventes: inspirado no filme de a Marguerita Verde; com grãos de tremoço e mesmo nome, é cremoso e cítrico ao mesmo um toque de vinagre adicionado ao Martini; tempo. Feito à base de pisco, traz na mistura com manjericão, ervilha e até foie gras, como nada menos que... claras de ovos. O que no Martini servido no Ox, em Portland, que também faz sentido em relação ao nome, leva raspas congeladas da iguaria. E para fechar pensando bem. a sessão “prato no copo” com chave de ouro, já • Prostituta Maia*: tequila e licor de Kahlua existem cervejas de pizza e até de donut com suco de abacaxi e soda limonada compõem de chocolate. esta cortesã das taças criada no CB Bar, da Como vimos, o exótico está no imaginário. Zona Oeste de SP. Os exemplos são infindáveis e vão dos mais • Alligator Sperm*: também do CB, este leva simples aos mais esdrúxulos, dependendo, é o sêmen só no nome (ufa!). É feito de licor de claro, de quem você é, de qual é a sua cultura melão, suco de abacaxi, creme de leite e vodka. e de onde você está. Pense no quanto nossa • Sex in the Toilet*: do pub O’Malley’s, o nome corriqueira caipirinha é amada pelos turistas é quente e o drink promete: licor de maracujá, de todo o mundo. Da mesma forma, há quem aguardente de pêssego e soda limonada. aprecie o Apple Horse Sperm, servido num pub neozelandês - a singela bebida é uma mistura de sêmen de cavalo com suco de maçã. Só para os fortes. Cheers! • Cérebro de Rato: Saint Remy, Baileys, Contreau, Absinto e Grenadine. Servido em chamas. Criação do Bar Exquisito. • Viagra Assalariado*: clássico do Favela Bar, é feito de pinga, paçoquinha e leite condensado. Deu vontade? Vá na fé. E na coragem. * FONTE: DIA A DIA (DANIEL BORK) 40 compre online www.gregory.com.br 41 Seleção Mensal Seleção Grandes Vinhos Seleção Obras Primas Utensílios modernos e inusitados, gadgets interessantes, um vinho raro, ingredientes exóticos... Sim, existem objetos de desejo também na cozinha, dos mais simples aos mais sofisticados, capazes de fazer gastrônomos, chefs, simpatizantes e até curiosos da arte de cozinhar sonharem acordados. Aqui nesta coluna, nossos associados terão a oportunidade de conhecer alguns objetos assim todos os meses. Bem-vindo à wish list da Sociedade da Mesa. a na íngua Objetos de Desejo o b j e t o T e x t o : & rinks R e n a t o R a f a e l Por aí Notícias d e Agenda Receita d e s e j o Prato do Famoso Almanaque Na Cozinha Tem História S o a r e s S o u z a Pano de prato fashion. é da Canteiro Saca só - Saca Rolha Dica Saca só - Saca Rolha Química Instagram Entrevista Ingredientes fashioneira A Fashioneira nasceu pra levantar a bandeira da liberdade nas cozinhas brasileiras. Seguindo o raciocínio (as vovós que os perdoem) de que aqueles panos de prato do tempo da vovó estão... digamos... datados, e portanto não combinam com o criativo design das cozinhas atuais, alguns publicitários tiveram a ideia de criar a empresa, que faz panos de prato com design e conceito, além de comercializar outras peças inusitadas para cozinhas. Os panos esbanjam criatividade e bom-humor, variando de estampas com piadas inteligentes, trocadilhos com fatos do cotidiano, celebridades e bordões famosos, placas de ruas e uma porção de outras estampas. As referências são as mais diversas e trazem, quando olhamos para qualquer um dos panos, aquele sorrisinho de canto de boca que significa: “Boa! Curti.” Uma ótima opção pra sua cozinha virar vitrine, com panos de prato que, como diz a empresa em sua página do Facebook, têm Panos de prato Fashioneira Preço médio: R$ 25,00 Venda só pelo Facebook: www.fashioneira.com.br 42 talento pra outdoor. Claro que você não precisa aposentar o pano de prato do tempo da vovó, mas vai gostar de ter este sucesso pendurado no fogão. Seleção Me mesa? A Palavra na Ponta da Língua Objetos de Desejo Drinks Não, é um cooktop muito top Notícias Por aí Agenda Elegante é pouco para falar do Cooktop CX 491, da aquecem em 17 níveis e ainda contam com a função alemã Gaggenau. Ele é muito mais do que isso e, Booster, que aumenta em 50% a potência de cada aliás, faz muito mais do que esquentar ou cozinhar uma delas. alimentos. Ele facilita sua vida. Como se não bastasse tudo isso, o produto ainda Completamente preto, você nota na imagem que tem indicador de calor residual, trava de segurança ele não tem os habituais círculos dos cooktops de e o completíssimo display TFT: um poliglota de 18 indução. Por quê? Simplesmente porque ele tem idiomas, completamente touch. É top. indutores por toda a superfície vitrocerâmica. Isso quer dizer que você pode colocar qualquer tamanho Cooktop de indução CX 491 Gaddenau de panela, que os indutores reconhecem e aquecem. Onde achar: lojas de artigos de luxo E por falar em aquecer, as zonas de aquecimento do Preço médio de R$ 12 mil CX 491 são um show à parte. Todas têm timer, se 43 Sa É melhor sobrar do que faltar? Claro que não. Menos é mais? Nada feito. Bom mesmo é não sobrar nem faltar. O chef Eugenio Lorainev tem as medidas certas para você, que ama cozinhar, receber e servir os amigos e a família, mas não aceita desperdícios. Delicie-se! n e m T e x t o : m a i s P a u l o n e m m e n o s S a m á Ceviche de Polvo e Saint Peter By chef Eugenio Lorainev Antenadíssimo no que é tendência, neste mês o chef Eugenio traz uma receita de ceviche para você. Aprenda a preparar um ceviche único, de polvo e Saint Peter, e arrase ao receber e surpreender 20 amigos com esta iguaria. Sem desperdícios, como sempre. Deu água na boca? Arregace as mangas e mãos à obra, que vai ser sucesso. Ingredientes para 20 convivas: 600g de filé Saint Peter; 1,2Kg de polvo; 180g de cebola roxa em meia-lua; 5g de alho muito bem espremido; 300ml de suco de limão siciliano; 200ml de suco de laranja-lima; 100ml de vinho branco; 30g de coentro picado; pimentas preta, rosa e branca em grãos - 5g de cada ou 10g de pimentavermelha (opcional); 5g de sal e 200ml de azeite extra virgem. Preparado para preparar? Comece cortando o polvo e o Saint Peter em pequenos pedaços (lascas ou cubos) e coloque numa travessa. Acrescente a cebola em meia lua, o coentro picado, os grãos de pimenta, o alho, os sucos de limão e laranja, o vinho e o azeite. Mexa tudo delicadamente de baixo para cima e acrescente o sal. Se achar necessário, acrescente-o a gosto. I l u s t r a t i v a Deixe marinando por duas horas na geladeira, mexendo de baixo para cima de 30 em 30 minutos. Pronto, agora é só servir em porções individuais I m a g e m de 200g. Eugenio Lorainev é Head chef no Buffet Nectar Gastronomia. Como cozinha para grupos de pessoas, tem sempre os números na ponta da língua. 44 r e c e i t a T e x t o : 1 , J o ã o 2 , 3 B e l e z i a w w w. jo ao b e l ez i a .c om .br BRUSCHETTA DE BRIE, MEL E AMÊNDOAS RENDIMENTO: 12 porções DIFICULDADE: fácil INGREDIENTES: 12 fatias de pão italiano 360g de queijo brie fatiado 75g de amêndoas picadas 30ml de mel 50g de manteiga sem sal PREPARO: Passe a manteiga num dos lados do pão, doure em uma grelha e reserve. Em uma frigideira, doure as amêndoas com um pouquinho de manteiga e reserve. Espalhe o queijo em um dos lados do pão e leve ao forno para derreter. Retire, distribua as amêndoas e o mel. Sirva em seguida. 45 u m p r a t o T e x t o : F á b i o n o t e m p o A n g e l i n i Ave, Cleópatra Um dos banquetes mais caros da história aconteceu em uma barcaça, às margens da cidade de Tarso, atual Turquia. Ali, a então refugiada Cleópatra recebeu pela primeira vez Marco Antônio e com todas as pompas e regalias, o pano de fundo perfeito para o charme e para a inteligência superiores da rainha das rainhas. Para convencer Roma de que o Egito tinha tradição e riqueza imbatíveis em conquistas militares, e ganhar a aposta do triúnviro romano, Cleópatra utilizou um estratagema pra lá de dispendioso: dissolveu um de seus brincos de pérola na taça de vinagre e bebeu. Segundo o historiador Plínio, a enorme pérola teria valor equivalente a 800 quilos de ouro, ou dezenas de milhões de sestércios, a moeda da época. A bordo, o menu ainda listava a sopa de fava ou cevada, prato nacional obrigatório. Um contraste total com o padrão refinado da última rainha da Dinastia ptolomaica e sua corte. E, de certa forma, com a própria vivacidade da cozinha faraônica: além de inventarem o foie gras e o escargot, os egípcios foram os precursores da culinária mediterrânea. Usavam óleo de oliva, queijos leves, legumes, ervas, grãos, peixes e carnes. Embora algumas carnes fossem, digamos, um pouco além do extravagante para nós: línguas de flamingos 46 do Nilo, miolos de pavão, tromba de elefante e pés de porco. Este último, apreciado pela soberana que, segundo dizem, não dispensava uma boa porção de alcachofras (e suas pretensas qualidades afrodisíacas). Mais vinhos gregos e cerveja, bolos de nozes e figos. Muitos ingredientes, porém, Cleópatra preferia para alimentar a beleza, ela que foi uma das primeiras mulheres a empregar produtos com fins cosméticos. O mel, “lágrima do deus Rá”, era usado tanto no banho quanto como cera para depilação. A rainha Pombos com legumes ao vinho fazia imersão em leite de cabra azedo, para hidratar, INGREDIENTES clarear e rejuvenescer a pele. Hoje, sabemos que o • 2 pombos (ou 1 frango de leite em substituição) ácido lático faz exatamente isso. • Sal a gosto E também sabemos que a senhora não era nenhuma • 6 colheres (sopa) de manteiga • 1 cebola média, 1 cenoura e 1 talo de salsão (picados) miss universo: antigas moedas de bronze revelaram • 300g de carne de vitela nariz adunco, cabelos encaracolados (possivelmete • 100g de cogumelos em conserva, escorridos e lavados ruivos, não negros) e queixo marcante. Seu poder • 1/4 de xícara de creme de leite fresco de atração provinha da cultura, espirituosidade • 1/2 xícara de vinho branco seco e determinação que exalava, e dos hábitos sofisticados, incluindo festins fartos e ecléticos. • 1/2 xícara de água Para decorar, folhas de agrião Neles, uma comida jamais poderia faltar: pombo MODO DE PREPARO recheado com vegetais da estação, o xodó da rainha. 1. Limpe e tempere os pombos (frango) com sal e Até hoje, a ave é bastante apreciada especialmente em comunidades italianas, com muitas variações de preenchimento: pão, cebola, cebolinha, salsa, alecrim, reserve. 2. Numa panela, coloque 2 colheres (sopa) de manteiga, a cebola, a cenoura, o salsão e a carne de vitela. 3. Refogue bem por uns 15 minutos, até dourar, alho, queijo parmesão, ovos, carne moída, pimenta. mexendo de vez em quando. Parece que pombo com nozes, língua, fígado e 4. Retire do fogo, junte os cogumelos e passe aos pistaches era a iguaria predileta de outra famosa poucos pelo liquidificador, acrescentando o creme liderança: Adolf Hitler. de leite. Cativar convidados e imperadores com cenografias costure. luxuosas e modos envolventes, conhecimentos 6. Aqueça a manteiga restante numa panela e junte o astronômicos e rituais gastronômicos não era frango recheado. segredo para a rainha. O que permanece um 7. Frite de todos os lados. mistério até hoje, é de que forma Cleópatra cometeu suicídio, aos 39 anos de idade, imitando seu amado Marco Antônio no mesmo dia. Não há 5. Recheie os pombos (frango) com essa mistura e 8. Quando começar a dourar, junte aos poucos o vinho e deixe evaporar. 9. Junte a água, tampe a panela, abaixe o fogo e cozinhe até a carne ficar macia. relatos categóricos de qualquer víbora presente 10. Retire do fogo e coloque numa travessa. nos aposentos reais, só conjecturas. Foi encontrada Sirva com os legumes cozidos ao ponto e decore com apenas uma vasilha com figos. Pela metade. o agrião. 47 Química Instagram esejo Dica Aqui nesta coluna, publicamos bares e restaurantes onde você, associado da Sociedade da Mesa, poderá desfrutar de bons ambientes e boa gastronomia, com a liberdade de levar seu próprio vinho sem pagar a rolha! * Saca só - Saca Rolha Entrevista Ingredientes Prato do Famoso Dica ARGENTINA Sociedade da Mesa é muito bem-vinda e não paga rolha Canteiro São Paulo - Capital Saca só - Saca Rolha saca rolha Receita s a c a - r o l h a Saca só - Saca Rolha ha Por aí da eiro São Paulo Rua Dr. Sodré, 241A, Vila Olímpia (11) 3845-7743 CHE BÁRBARO São Paulo Rua Harmonia, 277, Vila Madalena (11) 2691-7628 ESTAÇÃO LEOPOLDINA SBC Avenida Imperatriz Leopoldina, 420 (11) 2564-7445 011 GASTRONOMIA São Paulo Rua Artur de Azevedo, 613, Pinheiros (11) 3459-4282 CASUAL MIL São Paulo Rua Hungria, 1.000, Jardim Europa (11) 2579-1029 CENA SBC SBC Rua Doutor Fláquer, 571, Centro (11) 4123-2799 TÊTE À TÊTE São Paulo Rua Melo Alves, 216, Jardins (11) 3796-0090 VIA CASTELLI São Paulo Rua Martinico Prado, 341, Higienópolis (11) 3662-2999 CONTEMPORÂNEA Química Entrevista ESPANHOLA CALÀ DEL GRAU São Paulo MARIPILI São Paulo PAELLAS PEPE São Paulo Rua Bom Pastor, 1.660, Ipiranga (11) 3798-7616 TORERO VALESE São Paulo Rua Horácio Lafer, 638, Itaim Bibi (11) 3168-7917 MUSEO VERONICA São Paulo Rua Tuim, 370, Moema (11) 5051-2654 Rua Joaquim Távora, 1.266, Vila Mariana Rua Alexandre Dumas, 1.152, Chácara Sto Antônio (11) 5549-3210 (11) 5181-4422 Na Cozinha Tem História BÁRBARO FRANCESA FREDDY São Paulo Rua Pedroso Alvarenga, 1.170, Itaim Bibi (11) 3167-0977 LIMONN São Paulo Rua Manuel Guedes, 545, Jardim Europa (11) 2533-7710 L’ENTRECÔTE DE PARIS São Paulo Av. Magalhães de Castro, 12.000, 3° andar (11) 3198-9465 48 São Paulo Rua Mato Grosso, 402, Higienópolis (11) 3214-0079 Almanaque ANTONIETTA - Shopping Cidade Jardim - SP Instagram ITALIANA Ingredientes Participe! Indique um restaurante ou faça seus comentários enviando um e-mail para [email protected] BRÁZ TRATTORIA São Paulo Av. Magalhães de Castro, 12.000, Shop. Cidade Jardim (11) 3198-9435 COSI São Paulo Rua Barão de Tatuí, 302, Santa Cecília GRAZIE A DIO! São Paulo Rua Girassol, 67, Vila Madalena (11) 3031-6568 GENOVA São Paulo Rua Lisboa, 346, Pinheiros (11) 3064-3438 LA GRASSA São Paulo Av. Juriti, 32, Moema (11) 3053-9303 (11) 3826-5088 NICO São Paulo Rua Costa Aguiar, 1.586, Ipiranga (11) 2068-3000 BOTTEGA PARADISI São Paulo Rua Pirapora, 218, Paraíso (11) 3052-1473 SPADACCINO São Paulo R. Mourato Coelho, 1267, Vila Madalena (11) 3032-8605 ZEFFIRO São Paulo Rua Frei Caneca, 669, Consolação (11) 3259-0932 São Paulo Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr., 524 Itaim Bibi (11) 2691-8003 Rua Padre Lustosa, 388, Centro (11) 4123-5651 Rua Conselheiro Brotero, 903, Santa Cecília (11) 3664-8313 JAPONESA KAPPA & KANASHIRO PORTUGUESA BACALHAU & VINHO VERDE SBC URUGUAIA EL TRANVIA São Paulo VARIADA SACRA ROLHA São Paulo Rua Rio Grande, 304, Vila Mariana (11) 4304-0300 PRAÇA SÃO LOURENÇO São Paulo Rua Casa do Ator, 608, Vila Olímpia (11) 3053-9300 Brotas Estrada Municipal BRO 040, Km 15 (14) 99121-8040 Campinas Rua Coronel Quirino, 1.682 – Cambuí (19) 3252-5333 São Paulo - Interior e Litoral BRASILEIRA BROTAS ZEN BISTRÔ CHURRASCO CENÁRIO CHURRASCARIA CONTEMPORÂNEA CEDRO Sto. Ant. do Pinhal Estrada do Pico Agudo, km 5 (12) 3666-1713 ESPAÇO W Ubatuba Av. Atlântica, 2.244, Praia Grande (12) 3835-1374 RONCO DO BUGIO Piedade Estrada PDD, 128, Bairro dos Pires (11) 9 8259-7788 Rua Dr. Tolentino Filgueiras, 16, Gonzaga (13) 3284-1893 Ilhabela Av. Pedro Paula de Morais, 703 (12) 3896-5241 São Roque Estrada do Vinho, km 2,5 (11) 4711-3001 Hotel Fazenda & Ecoturismo Areia que Canta (14) 3653-1382 LION ESPAÇO GASTRONÔMICO Santos ITALIANA PASTA DEL CAPITANO PORTUGUESA VILA DON PATO TRADICIONAL DE FAZENDA AREIA QUE CANTA Brotas Rod. Engº Paulo Nilo Romano (SP 225) KM 124,5 URUGUAIA EL TRANVIA Campinas 3º piso do Shopping Iguatemi (19) 3294-1345 EL TRANVIA Sorocaba Ala Sul do Shopping Iguatemi Esplanada (15) 3243- 9221 49 Outros Estados BRASILEIRA CASA COUPÊ Paraty/RJ Praça Monsenhor Hélio Pires, 6, Centro Histórico (24) 3371-6008 DIVINA GULA Maceió/AL Av. Eng. Paulo Brandão Nogueira, 85 (82) 3235-1016 Av. Sete de Setembro, 4.211, Batel (41) 3340-4000 CONTEMPORÂNEA CATANZARO RISTORANTE Curitiba/PR DEL BARBIERE Porto Alegre/RS Rua Jerônimo Coelho, 188, Centro (51) 3019-4202 DIVINO Nova Lima/MG Quinta Avenida, 144 - Loja 6, Vale do Sol (31) 3541-4272 MARGARIDA CAFÉ Paraty/RJ Praça Macedo Soares, 1.829, Centro Histórico (24) 3371-2441 ORIGENS Curitiba/PR Av. Sete de Setembro, 5190, Batel (41) 3351-2222 CARMELA CAFÉ & BISTRÔ Curitiba/PR Rua Conselheiro Araújo, 90, loja 02, Centro (41) 3779-3979 TRIO GASTRONOMIA Brasília/DF CLS 213, Bloco A, Loja 27 - Asa Sul - Brasília - DF (61) 3346-2845 FRUTOS DO MAR REI DO CAMARÃO Curitiba/PR Rua Lívio Moreira, 215, São Lourenço (41) 3252-9051 ROSSO RESTÔ Florianópolis/SC Rodovia Gilson da Costa Xavier, 201, Centro (48) 3206-7665 ARTUSI RISTORANTE Florianópolis/SC Rua Bocaiúva, 2090, Centro (48) 3037-2228 DEGLI ANGELI Belo Horizonte/MG Rua Francisco Deslandes, 156, Anchieta (31) 3281-7965 DOMENICO Porto Alegre/RS Rua Pe. Chagas, 293/20, Moinhos de Vento (51) 3389-2731 PANTUCCI TRATTORIA Curitiba/PR Rua Barão de Guaraúna, 553, Juvevê (41) 3205-3883 ITALIANA VILA RICA Belo Horizonte/MG Av. Fleming, 900, Pampulha (31) 3646-9946 LA TAMBOUILLE Brasília/DF (61) 3047-5925 Park Shopping, Espaço Gourmet, SAI/SO, área 6580, CCCV, loja 249 K1, Guará 68 LA PIZZERIA Belo Horizonte/MG Rua Felipe dos Santos, 68, Bairro de Lourdes (31) 3291-7466 CAMPANIA RISTORANTE Curitiba/PR Alameda Prudente de Morais, 1.265, Centro (41) 3013-2009 TAYPÁ Brasília/DF QI 17, Comercial, Bloco G - Fashion Park, Lago Sul (61) 3248-0403 DON RALF Goiânia/GO Alameda Couto Magalhães, 685, Setor Pedro Ludovico (62) 3255-6185 TOUJOURS BISTROT Brasília/DF CLS, Quadra 405 sul, Bloco D, Lojas 16-18, Asa Sul L’ENTROCOTE DE PARIS Belo Horizonte/MG Rua Marília de Dirceu, 189, Bairro de Lourdes (31) 3327-4959 Curitiba/PRRua Desembargador Costa Carvalho, 151, Batel (41) 3244-2574 Curitiba/PRAv. Sete de Setembro, 4838, Batel (41) 3042-8228 PERUANA FRANCESA (61) 3242-7067 FRANCO-ITALIANA DUO CUISINE JAPONESA YOKOHAMA INTERNACIONAL CAFÉ COM LETRAS LIBERDADE Belo Horizonte/MG Praça da Liberdade, 450 - Bairro Funcionários (dentro do CCBB-BH) (31) 3267-9929 CAFÉ COM LETRAS SAVASSI Belo Horizonte/MG Rua Antônio de Albuquerque, 781 - Bairro Funcionários (31) 3225-9973 CHURRASCO RESTAURANTE MOURÃO Goiânia/GO Av. C-231, Qd. 501, Lt. 01, nº 10, Jardim América (62) 3285-2288 * O nosso Programa Saca-Rolha possibilita que você, associado, leve até 2 garrafas de vinho para acompanhar sua refeição, sem a cobrança de rolha. 50 a Drinks Agenda Canteiro Saca só - Saca Rolha Saca só - Saca Rolha Notícias Por aí Dica Saca só - Saca Rolha s a c a - r o l h a saca rolha Campos do Jordão/SP Restaurante Gato Gordo Saca só - Saca Rolha Tipo de culinária: Contemporânea Endereço: Rua Glicinias, 70 – Descansópolis – Campos do Jordão/SP Novidades no Programa Saca-Rolha Telefone: (12) 3663-2973 / (12) 99661-7571 Horário de funcionamento: Sexta, sábado, domingo e feriados, das 12 às 18h Capacidade: 120 pessoas Site: - Instagram: - Facebook: restaurante.gatogordo Wi-fi: não São José dos Campos/SP Vallet: estacionamento no local Le Palmier Restaurante e Bar Tipo de culinária: Internacional Endereço: Av. Heitor Villa Lobos, 821, Mezanino Vila Ema, São José dos Campos/SP Salvador/BA Oui Restaurante Tipo de culinária: Francesa Horário de funcionamento: segunda a sábado, das Endereço: Rua Dom Marcos Teixeira, 25, Barra – 19h às 23h30 Salvador/BA Capacidade: 80 lugares Telefone: (71) 3321-4765 Site: www.lepalmier.com.br Horário de funcionamento: sexta a domingo, das Instagram: não 12 às 16h. Terça a sábado, das 19 à 0h Facebook: Le Palmier Restaurant Capacidade: 80 lugares Wi-fi: sim Site: - Vallet: sim Instagram: OUI RESTAURANT Entrevista Telefone: (12) 3911-2778 / (12) 3923-6805 Facebook: https://www.facebook.com/ OuiRestaurant Wi-fi: sim Vallet: sim 51 E In Neste espaço colocaremos receitas especiais de restaurantes que participam do nosso Programa Saca-Rolha. Seja muito bem vindo e bom apetite. s a c a - s ó saca só Ragu de Linguiça MODO DE PREPARO Re cei ta faca, picar a carne. Aquecer o azeite numa caçarola B ráz Trat t oria Rendimento: 8 porções Retirar a pele dos gomos de linguiça e, com uma e nele refogar bem a carne da linguiça, até começar a dourar. INGREDIENTES: Juntar a cebola e, quando ficar transparente, Para o ragu: acrescentar o alho, o salsão e a cenoura. Deixar - 600g de linguiça suína de pernil ou calabresa fresca refogar, sem que o alho escureça. Despejar o vinho - 120g de cebola fatiada finamente branco e deglacear (fazer com que o fundo do - 35g de alho picado finamente refogado se desprenda da panela com o vinho, - 80g de salsão em cubos pequenos usando uma colher para ajudar). Deixar o vinho - 100g de cenoura em cubos pequenos evaporar por completo, adicionar os tomates e o - 200ml de vinho branco seco caldo de carne (usar caldo caseiro, de preferência). - 80ml de azeite extra virgem Tampar a panela, deixando uma pequena abertura, - 1,2l de caldo de carne caseiro (sem sal) baixar a chama do fogo e deixar cozinhar por uma - 600g de tomates frescos maduros, sem pele e sem hora, mexendo sempre que necessário. O líquido sementes, cortados em cubos grandes tem que evaporar e o ragu, encorpar. Se necessário, - 1 ramo de manjericão fresco durante o cozimento, pode-se adicionar mais caldo. - Sal fino - Pimenta-do-reino moída Ao final do cozimento, ajustar o sal e temperar com pimenta-do-reino moída na hora, preferencialmente. Desfolhar um ramo de PARA A FINALIZAÇÃO: manjericão, juntar ao ragu e desligar o fogo. - 800g de radiatori di grano duro (ou outro formato de Cozinhar a massa curta em abundante água massa curta) fervente e salgada (com sal grosso) até que esteja - Sal grosso “al dente”. Misturar ao ragu. 52 c o i s a T e x t o : n o s s a P a u l o S a m á Amazônia: o tacacá é de lá camarões e o jambu você come com os palitinhos Por Amazônia, entenda-se a região, não o estado gentilmente oferecidos pelas tacacazeiras, as do Amazonas. Até porque o tacacá é mais típico de tradicionais vendedoras de rua. Elas têm pontos Rondônia, Amapá, Acre e Pará (necessariamente fixos nesses locais, que são passados de mãe pra nessa ordem, pra rimar com “á”). O prato é feito à filho, com freguesia fiel. E veja que interessante: base de tucupi - aquele caldo amarelo delicioso - e embora turisticamente muitos de nós já tenhamos da goma de tapioca, os dois extraídos da mandioca almoçado ou jantado um tacacá em algum passeio brava, além de jambu, camarão seco salgado, sal, pelas regiões Norte ou Nordeste, para os locais alho, pimenta-de-cheiro e chicória. Os experts nunca é prato principal. Os amazonenses gostam indicam tomar bem quente, direto na cuia, em mais dele como aperitivo, no finalzinho da tarde. pequenos goles, pra apreciar com calma. Os Happy-hour com tacacá é coisa de lá. É coisa nossa. g o s t i n h o d e c u r i o s i d a d e T e x t o : P a u l o S a m á Doces + Estatísticas Amargas = Bolos Agridoces É tudo meio contraditório e, por isso mesmo, interessante. Imagine você uma rede de padarias francesa que criou bolos agridoces para distribuição comercial na Romênia, tematizados com gráficos que mostram as estatísticas da desigualdade de gêneros daquele país. Panfletário? Talvez. Uma grande ideia? Com toda a certeza. O conceito dos produtos e a campanha de comunicação foram criados em parceria pela rede de padarias Paul e a agência MRM / McCann Romênia. A iniciativa tem ainda um lado social: 5% da renda Curioso? O nome dos bolos é mais ainda: “Exclusão serão revertidos para uma fundação que visa de Start-up”, “Diferença Salarial”, “Teto de Vidro desenvolver projetos que reduzam a desigualdade de Duplo” e por aí vai. O sabor? Dizem eles que é bem gêneros no mercado de trabalho romeno. mais gostoso que as estatísticas. 53 e s t o q u e nosso estoque Seleção Mensal Seleção Especial Seleção Grandes Vinhos Seleção Obras Primas Castelvero Le Stelle 2012 Three French Hens 2014 FRANÇA Magnesia 2013 Kalecik Karasi Itália Uvas: 60% Merlot e 40% Mourvédre (Monastrell) Álcool: 13,5% Turquia Uva: 100% Barbera Álcool: 14,5% Uva: 100% Kalecik Karasi Álcool: 14% Uva: 100% Öküzgözü Álcool: 13,5% R$ 51,15 R$ 67,50 R$ 61,16 R$ 62,48 Nit Del Foc (Espumante) Partal de Autor 2005 Espanha Uvas: 60% Monastrell, 20% Syrah, 10% Tempranillo, 7% Cabernet Sauvignon e 3% Merlot Álcool: 14,5% Uvas: 90% Macabeo e 10% Chardonnay Álcool: 13% R$ 61,60 Espanha R$ 102,30 Principe del Sole 2013 Magnesia 2013 Öküzgözü Turquia Château Lalande D’Auvion 2012 Itália FRANÇA Uvas: 50% Sangiovese e 50% Merlot Álcool: 13% Uvas: 50% Merlot e 50% Cabernet Sauvignon Álcool: 13% R$ 63,69 R$ 145,00 Taste 2014 Chenin Blanc Taste 2013 Shiraz / Cabernet Sauvignon Tetramythos Agiorgitiko 2013 Tetramythos Retsina 2013 África do Sul África do Sul Grécia Grécia Uva: 100% Chenin Blanc Álcool: 12,6% Uvas: 60% Shiraz e 40% Cabernet Sauvignon Álcool: 13,6% Uva: 100% Agiorgitiko Álcool: 13% Uva: 100% Roditis Álcool: 12% R$ 54,89 R$ 54,89 R$ 57,81 R$ 57,90 Vinhos em consignação 54 Se você vai fazer um evento, festa ou jantar, e precisa de vinhos, consulte-nos. Consignamos o vinho para você. Assim, não sobrará nem faltará. Sem contar que será um prazer ajudá-lo a escolher o vinho mais adequado para a ocasião. Pedido mínimo de 10 garrafas. t o q u e Faça suas compras por telefone (0800 774 0303) ou site até o último dia do mês, e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. Pedidos sujeitos à confirmação no estoque. T e x t o : F á b i o t e c h A n g e l i n i MENU FOR TOURIST ITÁLIA ESTANCIA LOS CARDONES TIGERSTONE 2012 Uva: 100% Nero D’Avola Álcool: 14% ARGENTINA Uva: 100% Malbec Álcool: 14% R$ 66,00 R$ 249,00 COLOMA ROSADO 2015 COLOMA SELECCIÓN 2014 O apetite bem traduzido ESPANHA ESPANHA Uvas: 100% Pinot Noir Álcool: 12,5% Uvas: 100% Garnacha Tintorera Álcool: 14,5% Às vezes, fazer o garçon, waiter ou cameriere CA DI’ PONTI NERO D’AVOLA 2014 R$ 59,80 R$ 73,80 entender o que queremos do menu vira uma maratona de gestuais frenéticos e tropeços fonéticos, que só terminam quando somos vencidos pelo cansaço ou pela fome. Foi dessa dificuldade de comunicação dos turistas, Il Brecciolino 2011 – FRANÇA Uvas: 40% Sangiovese, 40% Merlot e 20% Petit Verdot Álcool: 14,5% R$ 231,00 Lidio Carraro Tannat Grande Vindima 2011 detectada principalmente em eventos esportivos, BRASIL o Menu for Tourist. O aplicativo nacional Uvas: 100% Tannat Álcool: 16% R$ 186,00 e da proximidade da Rio-2016, que nasceu gratuito pode ser baixado da Apple Store e do Google Play, e funciona como um localizador de restaurantes (via GPS), tradutor e intérprete de cardápios. Além de disponibilizar inglês, italiano, espanhol, alemão, francês, mandarim, japonês e russo, o app tem como virtude respeitar as WEST LANE WINERY 2012 E.U.A. Uva: 100% Carignane Álcool: 14,5% R$ 59,00 particularidades de cada idioma, evitando traduções literais que resultem em imbróglio linguístico. O Menu for Tourist ainda tem filtros de busca por cidade, distância, bairro e tipos de culinária. Alívio para os garçons, visibilidade para os estabelecimentos, e praticidade para os turistas, que poderão experimentar, sem sustos, as peculiaridades gastronômicas de cada pedaço do mundo. 55 além da garrafa SEM FRETE Linha Vacu Vin ADICION AL o até o eu pedid s o a ç a F eba ês e rec m o d ia último d com sua a junto r p m o c sua vinhos* aixa de c a im x pró Conhecida mundialmente após lançar a inédita bomba a vácuo para vinhos, a marca Vacu Vin é presença obrigatória no mundo do vinho e gastronomia. JOGO 12 MARCADORES TAÇAS FESTA TERMÔMETRO DE ENCAIXE SILICONE CORTADOR DE LACRE VACU VIN Preço para associado: Jogo de 2 tampas Preço para associado: Preço para associado: R$ 39,00 Preço para associado: R$ 37,00 R$ 55,00 VACU VIN Bomba a vácuo com 2 tampas. Preço para associado: R$ 21,00 SACA-ROLHA TWISTER PRETO BLISTER Sacar-rolha Modelo Sommelier BICO DOSADOR BICO DOSADOR ABS/TPR p/ vinho para espumante Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 60,00 R$ 28,00 R$ 19,00 R$ 51,00 R$ 52,00 56 *Pedidos sujeitos à confirmação no estoque. Linha Cristal Linha Cristal TAÇA PORTO TAÇA BORDEAUX Par de taças de cristal 228 ml Par de taças de cristal 180 ml Par de taças de cristal 660 ml Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 52,00 (o par) R$ 63,00 (o par) R$ 50,00 (o par) TAÇA BORGONHA TAÇA DEGUSTAÇÃO DECANTER BOHEMIA Par de taças de cristal 500 ml Par de taças de cristal 255 ml 1500 ml Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 50,00 (o par) R$ 58,00 (o par) R$ 65,00 Linha bolsas TAÇA DE ESPUMANTE 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br Bolsa “SEIS” De lona, modelo engradado, para até 6 garrafas. Preço para associado: R$ 84,00 Faça suas compras por telefone ou site até o último dia do mês e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. sociedade da mesa c l u b e d e v i n h o s 57 Sociedade da mesa apresenta: Promoção U m e Amigo u q i d In Oi, José! Tudo bem? E aí, aproveitou a promoção “Indique um Amigo” ?! Aproveitei Paulo! E sempre aparece um amigo novo para indicar, é ótimo, ainda mais agora com a edição especial de inverno! Como é? Nos meses de Maio e Junho, quem indicar ganha o presente em dobro! Para todo amigo indicado que se associar, eu ganho dois pares de taça e ele ganha um par! Que legal! Vou indicar meu cunhado. Todo inverno ele começa a me visitar mais pra tomar um vinho... A promoção chama “Ïndique um Amigo”, mas acho que vale pra cunhado também! fim Como indicar: Acesse www.sociedadedamesa.com.br/indique ou Em Maio e junho associados ganham o presente em dobro! Seu amigo pode se cadastrar diretamente: www.sociedadedamesa.com.br/amigo Basta que ele preencha o campo “Quem me indicou foi” com seu nome completo! ou Ligue para nós no 0800 774 0303 ou Envie um e-mail com nome, telefone ou e-mail do seu amigo para [email protected] e Nós entraremos em contato com ele. Promoção válida para amigos indicados que se associarem ao clube. 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br Siga a Sociedade da Mesa nas redes sociais: Facebook sociedadedamesa I nstagram @sociedadedamesa B l og do Dar io tudoconformeeumesmo.com R e vist a Socie dade da Me sa revista.sociedadedamesa.com.br m o m e n t o s meu momento sociedade da mesa Bons vinhos, bons pratos e boas companhias proporcionam momentos especiais, que chamamos de Momentos Sociedade da Mesa. Compartilhe conosco. Seu momento pode ser selecionado e aparecer nesta coluna. Compartilhe seu Momento Sociedade da Mesa Conosco. Poste no Instagram suas fotos que traduzem melhor este momento com a #meumomentosociedadedamesa e marque nosso perfil #sociedadedamesa. As fotos escolhidas por nossa equipe serão publicadas aqui na revista. 60 @claudianpd: #meumomentosociedadedamesa #wine #domingao #familia #sociedadedamesa @claudiombueno: Vive lá France!! #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa @Cristinagmc: #meumomentosociedadedamesa @fer_nasuk: Nada como um bom vinho para terminar bem uma semana estressante! Las Perdices – Bonarda @jfernandorigo: #sociedadedamesa #meumomentosociedadedamesa @soniavallebarros: #meumomentosociedadedamesa @robertapessoajorge: Tucunaré, coberto de laminas de amêndoas, molho de gengibre, arroz vermelho picante com cenoura, aspargos frescos ..... E ótimas companhias!!!!! #micrvengs #3R @rafaelneyfonseca: Don’t you wanna come with me? Don’t you wanna feel my bones on your bones? @fla_coelhodafonseca #boneshaker #meumomentosociedadedamesa @Vanialm: caldo de batata doce, inhame e mandioquinha com dadinhos de tapioca com chia #cozinhaterapia #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa 61 CONHEÇA O BLOG DO DARIO. Acesse o blog para ler e consultar mais de uma centena de artigos técnicos sobre v inho e histór ias ou reflex õ es escr itas por Dar io Taibo - fundador da Sociedade da Mesa e responsável pela seleção dos v inhos apresentados no clube. Tudo conforme ele mesmo ( ou quase. . . ex iste um pequeno filtro da área j ur ídica no caso das frases mais polêmicas e políticas ) . WW W.T UDOCONFOR MEEUMES MO.COM Para artigos técnicos digite a # atsm no campo de busca ou procure pelo tema que dese j a saber mais, como por exemplo “ D ióx ido de enxofre ” ou “ Rolha de cortiça ” 62 julho próxima seleção mensal selecionado p o r D a r i o T a i b o Se a seleção Grandes Vinhos do mês passado nos Las Perdices - Signature Cabernet Sauvignon 2015 Lujan de Cuyo | Argentina deixou deslumbrados com dois vinhos magistrais da Viña las Perdices, neste mês voltamos para essa bodega para desfrutar de outros dois vinhos deliciosos. Nesta ocasião apresentamos um Cabernet País: Argentina Sauvignon e um Petit Verdot de Mendoza, para Região: Mendoza continuar descobrindo as novas propostas dessa Indicação Geográfica: Lujan de Cuyo Uvas: 100% Cabernet Sauvignon Crianza: 50% do vinho com 8 meses de crianza em barril francês e americano. região que já nos tinha muito acostumados com o Malbec. Quando temos a oportunidade de entender o potencial vitivinícola dessa região, de mãos dadas Álcool: 14,5 % vol. com enólogos como Juan Carlos Muñoz, que é capaz Produtor: Viña Las Perdices de abrir a porta para novas experiências enológicas, ficamos gratos. Estamos muito satisfeitos com esta Valor para Associado: R$ 59,00 Valor aproximado de mercado: R$ 80,00 seleção dupla Las Perdices Signature, que recebeu seu nome por ser uma seleção pessoal do enólogo. Estes varietais de Petit Verdot e Cabernet Sauvignon, têm o estilo de sua alma mater, Juan Carlos Muñoz, que é um incansável defensor do caráter varietal de seus vinhos, em contínua busca pelo equilíbrio entre Las Perdices - Signature Petit Verdot 2015 Lujan de Cuyo | Argentina País: Argentina Região: Mendoza Indicação Geográfica: Lujan de Cuyo a fruta e a madeira, com seus vinhos suaves, amáveis, redondos, fáceis de beber e de se desfrutar. Como dissemos com a seleção anterior dessa bodega, apaixonar-se por seus vinhos será inevitável. Seu jovem enólogo busca, desde o início, a essência dos vinhedos localizados em Agrelo-Lujan de Cuyo e Uvas: 100% Petit Verdot em Barrancas - Maipu. Graças à sua capacidade de Crianza: 50% do vinho com 8 meses de inovação e energia, conseguiu, em poucos anos, crianza em barril francês e americano o reconhecimento internacional - mais do que Álcool: 14,5 % vol. merecido - pelos seus vinhos. Produtor: Viña Las Perdices Valor para Associado: R$ 59,00 Valor aproximado de mercado: R$ 80,00 Lembre-se de nos comunicar quaisquer alterações no envio do mês de julho, tais como alteração de quantidades, pedidos adicionais ou suspensão até o último dia deste mês de junho. Pedidos sujeitos à confirmação no estoque. 63 64