ruptura prematura de membranas - rupreme 1 introdução
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ruptura prematura de membranas - rupreme 1 introdução
Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria PROTOCOLO CLÍNICO RUPTURA PREMATURA DE MEMBRANAS - Código: PC15 RUPREME Data: Abril/2016 RUPREME Especialidade: Obstetrícia Responsáveis: Walter S. Neme, Cristine Kolling Konopka Colaboradores: Caroline Mombaque Dos Santos, Cassia Wippel, Tatiana Frehner Kavalco 1 INTRODUÇÃO Ruptura prematura de membranas (RUPREME) é o rompimento das membranas amnióticas antes do início do trabalho de parto (TP), a partir das 20 semanas de gestação, com consequente saída de líquido amniótico pela cérvice e vagina. A RUPREME pode ser a termo, quando ocorre em gestações a partir das 37 semanas ou pré-termo (RUPREME-PT), quando ocorre antes de 37 semanas. 1.1 Epidemiologia Ocorre em 10% de todas as gestações (75 a 85% em pacientes de termo). RUPREME-PT ocorre em 3% das gestações, mas é responsável por 1/3 dos partos pré-termo e por 20% das mortes perinatais neste período. Nas gestações a termo, 50% entrarão em TP nas primeiras 16 horas e 95% em até 76 horas, mesmo com condições desfavoráveis do colo. Nas gestações pré-termo, 40% das pacientes entrarão em TP nas primeiras 48 horas e 63% em até uma semana. O intervalo de tempo entre RUPREME e parto chama-se período de latência. Quanto maior o período de latência, maiores são as chances de ocorrer infecção ovular. O período de latência prolongado representa mais tempo do feto intraútero, o que permite o amadurecimento fetal, beneficiando o neonato por diminuir a frequência da síndrome do desconforto respiratório, da hemorragia intraventricular e da enterocolite necrotizante. Por outro lado, aumentam as chances de complicações por oligodramnia e infecções, colocando em risco o binômio materno-fetal. 1/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria 1.2 Fatores de Risco 1.2.1 Remediáveis Cervicovaginites; Insuficiência istmocervical; Tabagismo e drogas ilícitas (como cocaína); Procedimentos invasivos (biópsia de vilo corial, amniocentese, cordocentese); Anemia e deficiências nutricionais (vitamina C e cobre); Exame de toque intempestivo em gestante com dilatação cervical; Índice de massa corporal baixo (IMC< 19,8 kg/m2). 1.2.2 Irremediáveis Trabalho de parto pré-termo (TPPT); Sangramento genital; Útero sobredistendido (polidrâmnio, gemelaridade, macrossomia fetal); Anomalias uterinas (como septo uterino), conização cervical anterior, encurtamento do colo do útero no 2º trimestre (< 2,5 cm) e infecção intraamniótica (corioamnionite); Patologias placentárias (placenta prévia, descolamento prematuro de placenta ou inserção marginal do cordão umbilical); Doenças maternas (deficiência de alfa-1-antitripsina, síndrome de EhlersDanlos e lúpus eritematoso sistêmico eritematoso); Terapia corticosteróide crônica. 1.3 Etiologia A etiologia é multifatorial: ação de enzimas maternas, forças mecânicas, destruição de colágeno e ação bacteriana. A amniorrexe associa-se a um processo natural de amadurecimento: o colágeno do córion diminui progressivamente com o avançar da gravidez e há redução das concentrações de fosfatidilinositol (lubrificante da interface entre o 2/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria córion e o âmnion), levando a menor distensibilidade das membranas, favorecendo a ruptura. As bactérias infectantes produzem enzimas (proteases, colagenases e elastases) que atuam sobre as membranas, levando ao enfraquecimento e à ruptura das mesmas. A infecção é uma das principais causas de RUPREME-PT (32% a 35% dos casos têm cultura de líquido amniótico positiva). 2 CLASSIFICAÇÃO CID 10 O42 Ruptura prematura de membranas; O42.0 Ruptura prematura de membranas, com início do trabalho de parto dentro de 24 horas; O42.1Ruptura prematura de membranas, com início do trabalho de parto depois das primeiras 24 horas; O42.2 Ruptura prematura de membranas, com trabalho de parto retardado por terapêutica; O42.9 Ruptura prematura de membranas, não especificada. 3 DIAGNÓSTICO 3.1 Clínico Anamnese e o exame físico fecham o diagnóstico em 80- 90% dos casos. A paciente relata perda de grande quantidade de líquido via vaginal, porém, esta quantidade pode ser variável. Deve-se sempre diferenciar de outras causas de perdas líquidas como incontinência urinária, fluxos vaginais, sêmen ou perda sanguínea. Investigar o tempo de ruptura, relação com atividade física, volume de líquido perdido, odor e coloração. Ao exame físico observa-se saída de líquido pelos genitais externos, pelos pubianos umedecidos e, em gestações a termo, pode haver presença de vérnix. O exame especular permite observar a saída de líquido pelo orifício externo do colo. 3/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria Quando não se observa a saída de líquido, mobiliza-se o feto pelo abdome materno (manobra de Tarnier), enquanto se observa o colo ao exame especular. Se não ocorrer saída de líquido, deve-se tentar o diagnóstico por meio da observação clínica (forro perineal azul) ou exames complementares (descritos abaixo). O exame de toque aumenta o risco de infecção, desta forma, deve ser realizado o menor número de vezes possível. O exame de toque só deve ser realizado se a paciente apresentar dinâmica uterina e houver suspeita de modificação de colo, com assepsia vulvar adequada (clorexidina ou PVPI perineal) e luvas estéreis. 3.2 Diagnóstico Complementar Os testes abaixo descritos têm diferentes graus de sensibilidade e especificidade. Os testes de cristalização, Ianetta e determinação do pH vaginal, são testes baratos e de fácil execução. Podem ser realizados em conjunto, aumentando a acurácia do diagnóstico, nos casos de dúvida. 3.2.1 Cristalização do muco cervical (Ferning test): O líquido amniótico, coletado com um swab estéril e depositado sobre uma lâmina de vidro, após secar em temperatura ambiente, cristaliza-se, apresentando aspecto arboriforme, perceptível à microscopia. A presença da cristalização tem sensibilidade de 85% a 98% para diagnóstico de RUPREME. 3.2.2 Teste de Ianetta: Consiste na mudança de coloração (incolor para marrom) do esfregaço de amostra de líquido amniótico em lâmina, aquecida durante um minuto (com bico de Bunsen, isqueiro ou fósforo, a uma distância que não chamusque a lâmina). 3.2.3 Determinação do pH vaginal: O pH vaginal geralmente é ácido (3,8 e 4,5) e o pH do líquido amniótico varia de 7,1 e 7,3 . A fita de papel nitrazina marcando pH ≥ 6,0 sugere presença de líquido amniótico. Sangue, sêmen e vaginose bacteriana também aumentam o 4/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria pH vaginal, dificultando o diagnóstico. O pH vaginal entre 6,5 e 7,5 apresenta sensibilidade de 90% a 98% para diagnóstico de RUPREME. 3.2.4 Lavado vaginal: A pesquisa de creatinina e uréia no lavado vaginal se baseia no fato de que a creatinina e a uréia, quando presentes nos fluidos vaginais, são de origem fetal, permitindo a confirmação da presença de líquido amniótico na vagina. A presença de sangue materno pode causar falso-positivos. Segundo estudo de Sekhavat e cols, 2012, com o ponto de corte de 0,14 mg/dl para a creatinina, a sensibilidade é de 98,7%, especificidade de 100%, valor preditivo positivo de 100% e valor preditivo negativo de 98,8% e acurácia de 87,1% para o diagnóstico de RUPREME. Estudo semelhante foi realizado no Centro Obstétrico do HUSM (dados ainda não publicados) e o ponto de corte para a creatinina foi de 0,15 mg/dL e da uréia de 3,5mg/dL. Estudos com a dosagem de uréia são menos consistentes, necessitando de estudos complementares para recomendação no diagnóstico de RUPREME. Portanto, a dosagem de creatinina em lavado de vaginal deve ser realizada nos casos de suspeita de RUPREME, com o ponto de corte de 0,15 mg/dL. O lavado vaginal é coletado durante o exame especular, antes do exame de toque com vaselina ser realizado. Instila-se 5mL de SF a 0,9% em fundo de saco e coleta-se, com a mesma seringa, 3 mL para dosagem de creatininal 3.2.5 AmnioSure test®: É um teste de imunoensaio para a detecção da alfa microglobulina-1 (PAMG-1) no fluido cervical. Esta glicoproteína placentária é abundante no líquido amniótico, com diferença de 10.000 vezes em concentração entre o líquido amniótico e secreções cérvico-vaginais. Fácil de executar, rápido (5-10 minutos), minimamente invasivo, porém de alto custo. Pode ser utilizado em qualquer momento da gestação (15-42 semanas), sem interferências de sêmen, urina, sangue ou infecção vaginal. A detecção mínima é de 5 ng / mL, o que dá uma sensibilidade 99% e especificidade de 100%. Uma vez que não há evidências de que o uso do teste AmniSure no manejo de gestantes com suspeita de 5/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria RUPREME apresente benefício adicional em desfechos clínicos materno-fetais, no HUSM, para a realização deste teste é necessário indicação do preceptor da Unidade de Internação Obstétrica. 3.2.6 Ultrassonografia: Deve ser sempre realizada quando não se tem certeza da ruptura das membranas ou quando se deseja tomar a conduta conservadora; Objetivos: confirmar a idade gestacional, estimar o peso fetal e verificar o volume de líquido amniótico; A presença de oligodrâmnio associada à queixa clássica de perda de líquido ajuda no diagnóstico de RUPREME; Volume de líquido amniótico normal não confirma nem afasta o diagnóstico. Nos casos de RUPREME, o achado ultrassonográfico de oligodrâmnio acentuado persistente (ILA menor do que 5 ou maior bolsão menor que 2 cm) indica mau prognóstico (período d/e latência diminuído e menor taxa de sucesso na conduta conservadora). 3.2.7 Outros testes Outros testes descritos na literatura para o diagnóstico de RUPREME são o teste do fenol e o teste do azul de Nilo (ou de Kittrich), não disponíveis no HUSM. Em casos selecionados o diagnóstico definitivo pode ser realizado por testes invasivos, como testes de infusão de substâncias na cavidade amniótica (vitamina B12), que são realizados através da amniocentese. Visam confirmar a saída das substâncias instiladas na cavidade amniótica, através da visualização da coloração amarelada, no caso de vitamina B12, em tampões ou forro vaginais. Outras opções são o uso do corante índigo Carmin (azul) ou de substâncias radiopacas (que podem ser visualizadas nas radiografias dos tampões vaginais). 3.3 Diagnóstico diferencial Tem que se diferenciar de outras causas de perdas líquidas vaginais: incontinência urinária, fluxo vaginal, sêmen e perda sanguínea. 6/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria 4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Gestantes com bolsa rota confirmada ou com suspeita de bolsa rota. 5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Gestantes sem suspeita de bolsa rota. 6 TRATAMENTO Após o diagnóstico a internação é obrigatória. A conduta deve ser individualizada, baseada na estimativa de riscos maternos, fetais e neonatais. A idade gestacional deve ser corretamente definida (história clínica e ultrassonografia do início da gestação), uma vez que a conduta depende da idade gestacional. Pesquisar sinais sugestivos de infecção e de TP. Avaliar volume de líquido amniótico, crescimento e vitalidade fetal através da ultrassonografia. Cuidados gerais durante a internação na RUPREME-PT consistem em repouso absoluto durante 48 horas. Após este período a paciente deverá manter repouso relativo, com dieta rica em resíduos e fibras. Aumentar a ingesta hídrica. Exames na admissão: exames da rotina pré-natal, conforme a idade gestacional + hemograma + EQU + urocultura com antibiograma + cultura de estreptococo β-hemolítico do grupo B. Em casos parto iminente dispensar a cultura do estreptococo β-hemolítico do grupo B (fazer a profilaxia da infecção neonatal, conforme figura 1). Seguimento: a paciente deverá ficar internada e realizar curva térmica e hemograma diário por 3 dias. Se não houver suspeita de infecção espaçar o HMG para de 2/2 ou 3/3 dias. Outros exames que indicam infecção, como PCR e VHS, não são solicitados de rotina no HUSM, pois seus resultados não definem conduta. A avaliação fetal deve ser realizada: – Ausculta dos batimentos cardíacos diariamente; – Cardiotocografia: diária ou de 3/3 dias, conforme o caso; – Ultrassonografia para realização do perfil biofísico fetal (PBF) e medida do ILA 1 a 2x/semana, conforme o caso. 7/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria 6.1 Conduta Conforme Idade Gestacional: Intervencionista X Conservadora 6.1.1 Gestações a termo (≥37 semanas) Em gestantes com RUPREME a termo, a conduta expectante por 24 horas não aumenta a morbidade infecciosa materno-fetal, nem a taxa de cesariana ou parto instrumentado. Por outro lado, a indução imediata do parto diminui a incidência de infecções maternas (corioamnionite e endometrite) e neonatais, uso de antibióticos pelo recém-nascido e admissões na UTI Neonatal. Nas gestações a termo o parto se desencadeará de forma espontânea nas primeiras 16 horas em 50% das gestantes. Desta forma aguarda-se a evolução espontânea do TP por 12 a 24 horas e após este período, se não houver início do TP, recomenda-se a indução do parto de acordo com as condições cervicais. Se a gestante estiver em TP está indicado o uso de penicilina cristalina ou ampicilina para prevenção da infecção neonatal por estreptococo β-hemolítico do grupo B até o clampeamento do cordão, conforme indicações descritas na figura 1. O acompanhamento de TP em gestantes com RUPREME requer monitorização cardíaca fetal sistemática (maiores riscos de compressão do polo cefálico e de cordão) e menos toques vaginais. 6.1.2 34 a 36 semanas e 6 dias A interrupção da gestação é benéfica, pois os riscos de infecção são maiores que os de complicações por prematuridade. O risco materno é aumentado com a conduta conservadora (corioamnionite). Eleva também o tempo de internação hospitalar, sem alterar os resultados perinatais e há tendência de aumento de sepse neonatal. Na ausência de corioamnionite e sofrimento fetal, o TP espontâneo pode ser aguardado por 12 a 24 h, após este período iniciar a indução de acordo com as condições cervicais e disponibilidade de UTI Neonatal. Caso não esteja liberado leito de UTI Neonatal, não induzir o parto. Caso se opte por profilaxia antimicrobiana na conduta expectante da RUPREME-PT, usa-se ampicilina ou amoxacilina sem clavulanato. 8/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria Durante o TP está indicado o uso de penicilina cristalina ou ampicilina para prevenção da infecção neonatal por estreptococo β-hemolítico do grupo B, caso a cultura seja positiva ou se a pesquisa não foi realizada (vide figura 1). O antibiótico deve ser administrado durante todo o TP, até o clampeamento do cordão. Acompanhamento de TP com monitorização cardíaca fetal sistemática (maiores riscos de compressão do polo cefálico e de cordão) e menos toques vaginais. 6.1.3 24 e 33 semanas e 6 dias Mortalidade perinatal ainda é alta, cada dia dentro do útero melhora a sobrevida neonatal em cerca de 3%, favorecendo a opção pela conduta conservadora. Por outro lado conduta conservadora eleva taxas de infecção. A conduta conservadora deve ser realizada com a paciente internada (vide fluxograma) na ausência de suspeita de infecção. A curva térmica e hemogramas seriados devem ser realizados. Hemograma infeccioso, febre materna persistente >=37,8ºC, associada à taquicardia materna e/ou fetal é sugestiva de infecção e indicam interrupção da gestação, independente da idade gestacional. A via de parto vaginal é a preferível, devido aos riscos maternos da infecção em caso de cesariana, porém deve ser definida conforme indicação obstétrica. Se não houver quadro infeccioso, neste período de 24 a 33 semanas e 6 dias está indicada a corticoterapia (descrito abaixo: situações especiais). Optando-se pela conduta conservadora, esta é mantida até 34 semanas, quando o parto é induzido. Durante o TP está indicado o uso de penicilina cristalina ou ampicilina para prevenção da infecção neonatal por estreptococo βhemolítico do grupo B (vide figura 1) durante todo o TP, até o clampeamento do cordão. Além da infecção são contraindicações da conduta conservadora o descolamento prematuro da placenta, malformações fetais, óbito fetal e TP. 9/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria 6.1.4 Gestações entre 20 e 24 semanas Baixas taxas de sucesso na conduta conservadora, associadas a risco elevado de infecção materna, morte neonatal e lesão neurológica grave. A equipe de plantão deve discutir com a família a possibilidade de indução do parto, para reduzir os riscos para a mãe. Se necessário realizar discussão na reunião do Serviço de Obstetrícia (junta médica), para avaliar os prós e contras da interrupção da gestação ou manutenção da mesma. Consentimento informado deverá ser aplicado em todos os casos, independente da conduta. A via de parto preferencial, salvo contraindicações absolutas, deve ser a vaginal, devido aos riscos associados ao parto cesáreo, maiores em idade gestacional tão precoce, especialmente relacionados à infecção. 6.2 Situações Especiais 6.2.1 Uso de corticoides Em gestações entre 28 e 33 semanas e 6 dias semanas, na ausência de sinais de infecção materna e fetal, a corticoterapia reduz a mortalidade neonatal e o risco de síndrome da angústia respiratória, sem aumentar significativamente o risco de infecção materna ou neonatal. Seu uso entre 24 e 27 semanas e 6 dias tem o objetivo de prevenir hemorragia intraventricular e enterocolite necrotizante. Nos casos de uso entre 24 e 27 semanas e 6 dias, caso não ocorra o nascimento, deve-se repetir as duas doses entre 28 e 33 semanas e 6 dias, para fim de maturidade pulmonar (individualizar caso a caso). O tratamento deve ser iniciado no mínimo 24 h antes do parto (preferentemente 48 a 72 hs). As drogas de escolha são a betametasona e a dexametasona, nos seguintes esquemas posológicos: - Betametasona - 12 mg (2 ampolas de 6mg), IM, 2 doses com intervalo de 24horas, cada ampola de 6mg contém 3 mg de acetato de betametasona e 3 mg de fosfato dissódico de betametasona. - Dexametasona (6 mg, IM, a cada 12 horas, 4 doses). 10/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria O efeito máximo é conseguido de 24 a 48 horas após a primeira dose e dura pelo menos 7 dias. Após a administração do corticoide os parâmetros do hemograma podem indicar infecção. Portanto, é necessário coletar o hemograma antes de administrar o corticoide. O resultado de hemograma infeccioso após a administração do mesmo dever ser interpretado com cautela, uma vez que a leucocitose e o desvio à esquerda podem ser uma alteração transitória secundária à medicação. 6.2.2 Prevenção da infecção neonatal pelo estreptococo β-hemolítico do grupo B do grupo B (SGB) - Streptococcus agalactie Toda gestante deve ser submetida ao rastreamento do SGB entre 35 e 37 semanas. Nos casos de RUPREME com conduta expectante, coletar a cultura para SGB em dois swabs separados, um do 1/3 externo da vagina e outro da região retal. Se a cultura for positiva, o tratamento deverá ser iniciado quando a paciente entrar em TP. Se negativa não há necessidade de tratamento se o parto ocorrer nas 4 semanas seguintes, após este tempo, nova cultura deverá ser colhida. Fazer a profilaxia também se cultura desconhecida quando houver amniorrexe com duração superior a 18 horas, TPPT, febre intraparto (≥38ºC), bacteriúria por SGB na gestação atual, suspeita de corioamnionite ou gravidez anterior acometida com SGB. Conforme CDC – 2010, revisado em 2016, droga de escolha é a penicilina cristalina 5 milhões UI EV de dose de ataque, mais 2,5 milhões UI EV de 4/4 horas até o clampeamento do cordão umbilical. Na ausência desta, ampicilina 2g EV de dose de ataque, mais 1g EV de 4/4 h até o nascimento. Como terceira opção cefazolina 2g EV dose de ataque, mais 1g EV de 8/8 h até o nascimento. Outras opções ou EM CASO DE ALERGIA: clindamicina 900mg EV 8/8h até o nascimento ou vancomicina 1g EV de 12/12hs até o nascimento. 11/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria Figura 1 – Indicação de profilaxia antibiótica para prevenção de doença perinatal por Estreptococo β Hemolítico do Grupo B (SGB). Fonte: Adaptado de ALMEIDA, A.; AGRO, J.; FERREIRA, L., (2004, p.195). Obs.; em casos de dúvidas quanto à profilaxia o CDC disponibiliza o aplicativo: Prevent GBS, que orienta quanto à conduta. 6.2.3 Uso de antibióticos Nas pacientes longe do termo, optando-se por tratamento conservador, o uso de antibióticos diminui a morbidade neonatal, risco de corioamnionite e aumenta o período de latência, sem alterar a mortalidade neonatal. Os fármacos com melhores resultados são: ampicilina, eritromicina e amoxacilina. Pode ser administrado esquema de ampicilina e eritromicina endovenosa por 48 horas (porém eritromicina não é disponível na via endovenosa no Brasil), seguido de 5 dias de terapia oral com amoxacilina ou eritromicina. Em virtude de evidências contraditórias acerca do uso de antibióticos nos casos de RUPREME pré-termo com conduta expectante, não utilizamos atualmente no HUSM antibióticos nestas situações. 12/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria 6.2.4 Uso de tocolíticos Não há evidência de que o uso de tocolíticos com o objetivo de prolongar a gestação melhore a morbidade e a mortalidade neonatal nas pacientes com RPMPT. Não há diferença no período de latência nas mulheres que receberam tocolíticos profiláticos e não aumenta significativamente o período de latência no TP ativo. RUPREME-PT é uma contraindicação relativa para a utilização de tocolíticos, apesar de poderem retardar o parto por 24 a 48 horas. O benefício da tocólise limita-se a permitir a ação do uso do corticoide (aceleração da maturidade pulmonar fetal e/ou transferência da paciente para um centro de cuidados terciários). 6.2.5 Sulfato de magnésio Indicado para a neuroproteção fetal, deve ser considerado em gestações com parto pré-termo iminente antes das 32 semanas de gestação. 6.2.6 Amnioinfusão Em gestantes com RUPREME-PT e oligodrâmnio, entre 24 e 33 semanas, a amnioinfusão aumenta o período de latência, sem diferença quanto à mortalidade neonatal por hipoplasia pulmonar. A amnioinfusão intraparto, para reduzir complicações relacionadas ao oligodrâmnio (compressão de cordão e sofrimento fetal agudo), não apresenta benefícios quanto às taxas de morte fetal, índice de Apgar baixo ou índices de cesariana. Não deve ser adotada na prática clínica nos casos de RUPREME. 6.2.7 Consequências neonatais da RUPREME Infecção e/ou sepse fetal. Prematuridade 13/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria Hipoplasia pulmonar: é uma das mais graves complicações, com altas taxas de mortalidade neonatal. O risco é maior quanto menor é a IG e o volume de líquido amniótico. Hipóxia: oligodrâmnia tem associação com compressão do cordão umbilical 7 MONITORAMENTO DO TRATAMENTO 7.1 Monitoramento durante a internação no HUSM Descrito no item tratamento. 7.2 Critérios de Alta Uma vez descartado o diagnóstico de RUPREME a paciente receberá alta. Caso seja RUPREME confirmada, receberá alta após desfecho da gestação. 7.3 Contra Referencia/Retorno ao Ambulatório O retorno deverá ser no pré-natal de origem. Caso reste dúvida no diagnóstico, e se opte pela alta, a gestante deverá retornar ao PNAR. 7.4 Prevenção/Ações Educativas Evitar traumas, tratar as vaginites, fazer o pré-natal de forma adequada. 8 CONSENTIMENTO INFORMADO Deve ser aplicado em: - Casos de manutenção da gestação ou interrupção da mesma nos fetos prematuros extremos. - Casos de transferência da gestante por falta de leito na UTI-RN do HUSM. 14/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria 15/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, A. AGRO, J. FERREIRA, L. Estreptococo β Hemolítico do Grupo B: Protocolo de Rastreio e Prevenção de Doença Perinatal. Consensos em Neonatologia, 2004. Disponível em: <http://www.lusoneonatologia.com/site/upload/File/Streptococcus%20B%20hemoli tico%20do%20grupo%20B.pdf#page=1&zoom=auto,-107,848> Acesso em: Fev 2016. CAUGHEY, A. B., ROBINSON, J. N., NORWITZ, E. R. Contemporary diagnosis and management of preterm PROM. [Rev Obstet Gynecol. 2008;1(1):11-22] . COBO, T., FERRERO, S., PÉREZ, M., PALACIO, M. Protocolo: Rotura de membranas a término y pretérmino. Hospital Sant Joan de Déu – Universitat de Barcelona, 2015. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. Rotura Prematura das Membranas. Disponível em: <www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/087.pdf> Acesso em: Fev 2016. GOLINO, P. S., CHEIN, M. B. C., BRITO, L. M. O. Ruptura Prematura de Membranas: Fisiopatologia, Diagnóstico e Conduta. Femina. Outubro 2006 vol. 34 nº 10. REZENDE, J.; MONTENEGRO, C.A..B. Rezende - Obstetrícia Fundamental. 13ª Ed., Guanabara Koogan, p. 357-63, 2014. ROYAL COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNAECOLOGISTS. Preterm Prelabour Rupture of Membranes. Green–top Guideline No. 44, November 2006, Minor amendment October 2010. Disponível em: <https://www.rcog.org.uk/globalassets/documents/guidelines/gtg_44.pdf> Acesso em: Fev 2016L., FIROUZABADI, R. D., MOJIRI, P. Practicability of vaginal washing fluid creatinine level in detecting premature rupture of membranes. Arch Gynecol Obstet. 2012; 286(1):25-8. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ MATERNIDADE-ESCOLA ASSIS CHATEAUBRIAND. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Rotura Prematura de Membranas Maternidade-Escola Assis Chateaubriand. Disponível em: <http://ptdocz.com/doc/90323/rotura-prematura-de-membranas> Acesso em: Mar 2016 16/17 Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria 10 FLUXOGRAMA - ALGORÍTMO PROTOCOLO CLÍNICO RUPTURA PREMATURA DE MEMBRANAS - Código: PC15 RUPREME Data: Abril/2016 RUPREME Especialidade: Obstetrícia Responsável: Walter S. Neme, Cristine Kolling Konopka Colaboradores: Caroline Mombaque Dos Santos, Cassia Wippel, Tatiana Frehner Kavalco Fluxograma para o manejo de RUPREME entre 24 e 33 semanas e 6 dias de gestação. _________________________ Cristine Killing Konopka 17/17
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