Jornal Alavanca maio junho

Transcrição

Jornal Alavanca maio junho
Jornal Espírita
USE
Intermunicipal de
Campinas
Alavanca
Edição N. º 514 - Ano 52
União das Organizações Espíritas Intermunicipal de Campinas - USEIC
Cristo, com ponto
de apoio no amor
divino, fez-se
ALAVANCA viva
e renovou o mundo
Março/Abril/Maio de 2016
Auri-Verde
...o Brasil vai sair da barbárie para a
decadência, sem conhecer a civilização...
Claude Lévi-Strauss [1]
No dia 13 de março último,
realizaram-se em todos os quadrantes do
Brasil as maiores manifestações
populares da história do país.
Esse dia inolvidável vestiu o país
de verde-amarelo, nossas cores pátrias. E
foi emocionante ver o povo clamar por
decência e ética na política, prisão para os
corruptos e corruptores e eficiência na
administração do Estado. Nesse dia,
também extravasando a sede por Justiça,
foram ainda aclamados o juiz Sérgio Moro
e a Polícia Federal.
Políticos profissionais que lá
foram com o intento de marcar presença
e terem seus nomes lembrados em
futuras eleições tiveram que se retirar às
pressas sob o protesto de sonoras vaias.
Em resumo, o recado que as ruas
transmitiram foi este: nossa paciência
está acabando; não queremos mais ser
ludibriados por palavras bonitas e falsas e
por ações criminosas de quem tem foro
privilegiado [2].
Impossível saber quantos
espíritas estavam entre as estimadas seis
milhões de pessoas que foram às ruas em
prol de um país melhor. Entretanto,
podemos dizer sem errar que era um
número irrisório, pois espírita não se
interessa por essas “coisas mesquinhas e
sujas”!
Recordando o que dissemos
anteriormente [3], na Grécia antiga,
político era aquele que se preocupava
com o bem-estar da comunidade e o
idiota aquele que agia por si só, o egoísta.
Os espíritas têm como mantra o
não julgar, o perdoar, o amor, a
fraternidade, a reforma íntima –
fundamentos importantíssimos - e
esquecem-se que são cidadãos
brasileiros. Assim, relevam todo e
qualquer deslize ético ou administrativo
cometidos por seus governantes.
Espíritas ainda não entenderam
que não vivemos num sistema de governo
imperial, embora certos políticos tudo
façam para que sejam considerados
divinos. Vivemos numa Democracia, e
neste sistema político os governantes e
legisladores são – obrigatoriamente funcionários do povo, nossos empregados, nos devem respeito e têm que nos
dar plena satisfação de seus atos
enquanto administradores e assumir
total responsabilidade por condutas
antiéticas, deles ou daqueles que a eles
estiverem subordinados. Tal é o
entendimento e prática nas principais
Democracias do mundo.
Os espíritas se preocupam com a
lições apresentadas em Mateus nos
capítulos 5 a 8 que tratam da indulgência,
do perdão e do não julgar ao próximo.
Contudo, em O Evangelho Segundo o
Espiritismo, capítulo 10, item 21, São Luís
Nesta Edição
nos diz que “...é preferível o interesse da
maioria do que o interesse de um só.
Segundo as circunstâncias,
desmascarar a hipocrisia e a mentira pode
ser um dever; pois antes caia um homem
que vários sejam feitos suas vítimas ou
logrados por ele”.
Como espíritos em evolução que
são, assim como nós mesmos, políticos e
administradores públicos deverão ser
julgados pelas suas consciências e por
Deus. Entretanto, é como administradores do bem público que temos o dever
de julgá-los.
Assim, a análise – ou julgamento
– que devemos fazer de um agente
público, seja ele um governo (municipal,
estadual ou federal) ou um legislador, é a
sua competência em governar ou legislar
em favor do país e de sua população. Não
nos interessa o motivo, quando é o caso,
pelo qual esses agentes são corruptos ou
corruptores; não é de nossa conta se são
viciosos ou hipócritas; se são ambiciosos
ou porque não são humildes e querem ser
tratados como deuses etc. Repetindo, o
que está em seu foro íntimo e o porquê de
sua conduta antiética não é da nossa
conta.
Um exemplo bíblico de
prestação de contas encontramos na
Parábola do Servo Infiel [4], onde o
senhor rico pede que seu administrador
lhe dê satisfações pois fora denunciado
como esbanjador se seus bens.
Ou ainda, na Parábola dos
Talentos [5] e das Minas [6] onde um
homem partindo para outro país deixou
seus servos administrarem seus bens e,
ao voltar, ajustou as contas com eles.
Por esse caminho andou o
pastor Wilton Acosta ao direcionar o
“povo de Deus” [7]:
- A Bíblia Sagrada anuncia em
diversas de suas passagens o dever
profético do povo de Deus de zelar pela
conduta ética dos administradores e da
administração pública...Mais do que isso,
segundo o trecho do Livro de Josué (7:726), a missão cristã inclui apontar à justiça
divina aqueles que descumprem as
regras...
... É hora de cumprirmos nossa
vocação profética.
... O povo de Deus irá às ruas
clamar por um governo que tenha
liderança política, que seja respeitado e
respeite a sociedade, que represente de
fato e trabalhe pelos interesses dos
cidadãos, que não minta e seja, acima de
tudo, íntegro.
Para cumprir a “vocação
profética do povo de Deus”, a Frente
Parlamentar Evangélica do Congresso
Nacional, conta com 4 senadores e 199
deputados.
No plano político, pelo menos na
nossa cidade, Campinas-São Paulo, a
omissão é gigantesca. Acreditamos que
seja igual em todo o país.
Nas eleições municipais de 2008
e 2012, por exemplo, tivemos, em nossa
cidade um candidato espírita que foi
c o m p l e t a m e n t e i g n o ra d o p e l o s
dirigentes.
Afinal, segundo eles, a
política é uma atividade suja, condenável.
Mas qual setor que envolve
seres humanos neste planeta é perfeito,
ético e cristão? Devemos, então,
abandonar nossos empregos, escolas e
outras atividades ou deveremos ser aí um
exemplo de correção ética e moral, além é
claro, de um profissional eficiente e
competente?
Na edição 513, deste Alavanca, Carlos de
Paula, Vice-Presidente da USEIC, apontou
as vantagens de se fazer uma parceria
saudável entre a política e a Doutrina e
deu exemplo disso em seu artigo.
Enquanto isso, nossos irmãos
evangélicos, que acreditam serem eleitos
por Deus, vão consolidando sua vocação
profética e em breve, para o bem ou para
o mal, tomarão conta da nação e tentarão
impor ao país a sua filosofia.
E nós espíritas, que plano temos
– se é que temos algum plano - para
implantar a Pátria do Evangelho neste
país? Provavelmente nenhum, e
transferimos essa responsabilidade ao
Plano Espiritual, porque dizemos, para
adormecer nossa consciência – e nossa
inércia -, que ele sabe o que faz. Contudo,
cabe a nós, os encarnados, arregaçar as
mangas e dar cabo dessa tarefa.
É verdade que praticamos a
• Alteridade e Amorosidade - pág. 4
• Caridade para Que? - pág. 4
caridade através dos projetos sociais que
desenvolvemos, porém eles são
insuficientes, uma gota num vasto
oceano de necessitados e desvalidos de
toda sorte. E o aumento da população,
associada à incompetência éticoadministrativa de governantes que se
locupletam com a corrupção, provocam
mais desequilíbrio social, mais pobreza,
doenças, violência e ignorância.
Não sabemos se algum dia
teremos quase 200 legisladores espíritas
no Congresso Nacional ou como será o
país se algum dia os tivermos. No entanto,
fora ou dentro do Congresso, temos que
clamar e defender a Democracia, a
eficiência administrativa, a ética e a
moral, esteja quem estiver ocupando o
cargo de maior relevância do país.
E cabe a nós, espíritos
encarnados, com o coração pulsando
sempre em verde e amarelo desmentir
Lévi-Strauss e implantar por aqui um país
moderno, socialmente mais justo e
equilibrado, generoso, fraterno, pacífico,
ético, plural: a Pátria do Evangelho.
Giovanni Bruno
[email protected]
[1] Claude Lévi-Strauss (1908-2009) foi
um grande antropólogo, etnólogo e
professor belga. Formado em direito e
filosofia na França e produtor de uma
vasta obra, Lévi-Strauss foi o criador da
antropologia estrutural e um dos
maiores pensadores do século XX. Foi
professor da USP (Universidade de São
Paulo) de 1935 a 1939
[2] o chamado foro privilegiado, ou foro
especial por prerrogativa de função, é
um resquício arcaico do tempo do
Império onde os nobres tinham
privilégios diferentes daqueles que não
possuíam títulos nobiliárquicos. Hoje,
com um sistema de governo
democrático, onde a Constituição de
1988 estabelece que “todos são iguais
perante a Lei” esse instrumento odioso
de diferenciação jurídico deveria ser
abolido, tal qual o sigilo imposto a
determinados processos jurídicos que
não comprometam a segurança
nacional
[3] Brasil: Pátria de qual Evangelho?;
Alavanca, edição 506; outubronovembro 2014
[4] Lucas, 16, 1-13
[5] Mateus, 25, 14-30
[6] Lucas, 19, 11-27
[7] Wilton Acosta, Destituição de Dilma
é missão Cristã, Folha de São Paulo,
04/03/2016
• A Pesquisa no Movimento Espírita - pág. 5
• Por Uma Sociedade mais Justa e Ética - pág. 7
2
USE-Campinas
Jornal Espírita
Alavanca
Editorial
Um país moralmente doente
Causa perplexidade a pobreza
moral da classe política brasileira.
Preservando-se as exceções da regra, a
Imprensa comenta que pelo menos 60%
dos congressistas são investigados ou
sofrem processos na Justiça. São políticos
de todos os partidos.
Entre desvios de verbas,
tesoureiros e empreiteiros presos,
p r o p r i e d a d e s r u ra i s , r e l a t ó r i o s
econômicos fraudados, país em recessão
e 11 milhões de desempregados, não se
visualiza um caminho seguro pelo qual o
país possa sair dessa crise com rapidez.
A História e os fatos ensinam que
onde impera a falta de ética, a moral e a
incompetência, aí se perpetuam a
corrupção, a miséria e a ignorância.
Um médico de um importante hospital
paulistano, referindo-se a mudança de
pessoal para aperfeiçoar o tratamento de
pacientes nas enfermarias daquele
hospital, contou que lá usou-se a filosofia
do “leite coalhado”. Ante a expressão de
curiosidade de outros interlocutores,
explicou que quando o leite coalha ao ser
fervido, ele é jogado fora e substituído por
outro.
Pensemos na metáfora do leite
coalhado ao escolhermos nossos
representantes nas próximas eleições.
Século 21 d.C.
Espanta-nos que em pleno
século 21 – depois de Cristo, que se
ressalve isso – ainda haja quem acredite
em fatos que fogem completamente ao
bom senso, à observação direta e à razão.
Nos dias de hoje não se pode dar
Dos Leitores
Planeta 9: parece, mas não é!
Recebemos duas mensagens
antagônicas sobre o Planeta 9, matéria
publicada na edição anterior.
Na primeira, o Sr. Nelson Travnik,
diretor do Observatório Astronômico de
Piracicaba, SP, e Membro Titular da
Sociedade Astronômica da França, relata
ter gostado muito do artigo por traçar um
panorama excelente sobre o assunto.
Na outra missiva, o Sr. R. (sim,
estamos imitando Kardec), diz que é um
pesquisador solitário, e nos critica por
termos afirmado que são crendices
infundadas os assuntos referentes ao
planeta Hercóbulos e Nibiru.
Diz ele que Hercóbulos está
“sendo avistado a olho nu em todo mundo,
no por do Sol, ao meio-dia, à luz do dia, ao
redor do planeta; já foi visto, fotografado,
filmado...”.
O Sr. R. nos enviou o link de um
vídeo do youtube, filmado em 2009, onde,
supõe-se que New York esteja sendo
iluminada por dois sóis
(https://www.youtube.com/watch?v=J2BZ
T4yC1f4).
Enfim, afirma ele, estamos
ignorando provas e evidencias irrefutáveis,
e a NASA, a Ciência e os governos mentem
sobre sua existência; que a Ciência erra etc.
Ao apontarmos os equívocos
sobre seus conceitos, o Sr. R. nos respondeu
de forma pouco amistosa. Contudo,
rogamos a Deus, o Senhor do Amor e da
Luz, que derrame suas bênçãos sobre ele e
que ilumine seu coração e mente.
Expediente
Comissão Executiva da União das Organizações
Espíritas Intermunicipal de Campinas (USEIC)
Presidente: Cristina Helena Neves Bertuzzi
S.E.E. A Caminho da Luz
1° Vice-Presidente: Carlos de Paula – AJE-Campinas
2° Vice-Presidente: Paula Pilizario
S.E.E. A Caminho da Luz
Secretario Geral: Cláudio Silva – CEAK Campinas
1° Secretário: Luciano Mancilha – CEAK Campinas
2° Secretário: Valmir Vianna – CEAK Campinas
1° Tesoureiro: Genivaldo A. Gasparini
G.E. Nosso Cantinho-Paulínia
2° Tesoureiro: Maria Jose Antonietto – N.A.E.
Maria de Nazaré
Diretor de Patrimônio:
Vitor Ferreira – C.C. Vovô Nestor
Diretoria dos departamentos
Assessoria Adm.Jurídico: Carlos de Paula – AJE Campinas
Assessoria de Comunicação: Valmir Vianna – CAK
Campinas – Maria José Antonietto
N.A.E. Maria de Nazaré
Depto Ensino: Luciano Mancilha – CEAK Campinas
Depto Assistência Espiritual: Cláudio Silva
CEAK Campinas
Depto Mediunidade: Silvia H. B. Guimarães
Casa de Jesus
Depto Infância e Família: Paula Pilizario
S.E.E. A Caminho da Luz
Depto ESDE: James Harley – C.C. Vovô Nestor
Depto Livro: Giovanni Bruno – E.E. Armida Landini
Depto Eventos: Elaine Costa – C.E. Nosso Lar e
Genivaldo A. Gasparini – G.E. Nosso Cantinho
Depto Mocidade: Davyn Guimarães – C.E. Vovô
Nestor – Cristiane Kasi – C.E. Vovô Nestor
Depto Assistência Social – Yara Cecília Lopes
Jornal Alavanca – Editor – Giovanni Bruno
C.E. Arminda Landini
Apoio Organizacional: José Hélio – C.E. Nosso Lar
Rua Pedro Braga, 130 - Parque Itália
CEP 13036-315 Campinas - SP
Fone: 19 3028-7881
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ALAVANCA
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Registrado sob o nº 1945, Liv. A-2, Fls. 447, de
17/06/1971, no Cartório de Registro de Pessoas
Jurídicas de Campinas
Editor: Giovanni Bruno
Jornalista Resp.: Jeverson Barbieri (MTb 26774)
Expedição: Francisca Dicena
Dúvidas, comentários e sugestões:
[email protected]
Website: www.alavanca.net.br
Tiragem: 1.500 exemplares
Aceitamos colaborações. Não devolvemos originais
enviados por escrito ou e-mail. Os artigos assinados
não expressam necessariamente a opinião da USEIC.
Todos os colaboradores deste jornal, escritores ou
não, são voluntários e não recebem nenhuma
remuneração.
crédito a quem advogue que há um
planeta ameaçando a Terra, ou que haja
mais um Sol a iluminá-la, isto é, iluminada
por duas estrelas (ver a seção Dos Leitores
nesta página).
Pessoas de imaginação fértil e
pouco conhecimento creem em tudo. Há,
até, aqueles que ainda acreditam que a
Terra é plana e querem provas do
contrário!
Poderíamos pensar que aquelas
pessoas não sejam espíritas. Ledo
engano. Muitos espíritas preferem dar
ouvidos ao canto das sereias do que ao
bom senso e, sobretudo, a lógica e a
razão.
Em meio a tantos e graves
problemas em que o país foi mergulhado
e ideias trevosas que tentam voltar a
importunar a humanidade, o Espiritismo
segue luminoso, servindo de exemplo
ético e moral por se basear nas lições de
Jesus e nos ensinamentos que os espíritos
do Bem comunicaram a Kardec.
A USEIC – União das Sociedades
Espíritas Intermunicipal de Campinas –
ciente de sua responsabilidade em
educar e divulgar a Doutrina não tem
medido esforços em promover palestras,
seminários, feira do livro espírita e tantos
outros eventos com a finalidade de
entreter, esclarecer e consolidar
conceitos doutrinários em sua área de
atuação.
Você leitor, acostume-se a
participar de todas as suas atividades
para rever ou consolidar ensinamentos e,
muito importante, para compartilhar de
suas experiências com os demais
participantes.
Carta de Campinas:
seminário sobre drogas
Por ocasião do Seminário “O
Espiritismo e as Drogas: aspectos jurídicos,
clínicos e psicológicos”, ocorrido em
26/09/2015 na cidade de Campinas,
congregando Espíritas, operadores do
Direito e profissionais da Saúde (Médicos e
Psicólogos), gerou-se profunda reflexão
sobre a questão das drogas em seus
múltiplos aspectos, com abordagem
multidisciplinar pela relevância do tema.
Os principais pontos e conclusões
do evento estão reunidos abaixo, a qual
daremos ampla divulgação, em todos os
meios possíveis.
1) Não somos favoráveis à
liberação do consumo. Consideramos que
grande parte da população não teria
discernimento sobre o efeito dos
entorpecentes (inclusive maconha) para
poderem fazer uso, fazendo com que a
utilização possa crescer exponencialmente
(reduzirá a inibição de seu uso),
aumentando, inclusive, a criminalidade.
2) O uso poderia ser comparado à
receptação: não está fazendo mal somente
a si mesmo, mas para toda a sociedade. Para
se chegar no uso foi necessário o tráfico com
a consequente corrupção de agentes
públicos, participação de
c r i a n ç a s /a d o l e s c e n t e s ( m e n o re s ) ,
transporte entre países
(transnacionalidade), etc. Se para sustentar
os crimes contra o patrimônio é necessário
o receptador, para financiar o tráfico é
necessário o usuário.
3) Do mesmo modo, o risco é para
a sociedade no que tange às questões de
saúde pública. Países que liberaram o uso
estão sofrendo inúmeras dificuldades com
o sistema de saúde. Como o Brasil já padece
gravemente desse mal (problemas no
sistema de saúde), sendo a situação
complicada por natureza, mais grave ainda
se torna o problema. Inclusive porque o
usuário, futuramente doente, vai se valer de
tratamento no sistema público. Por isso,
falar em fazer mal somente a si mesmo é
uma imensa contradição. O bem jurídico
tutelado, no caso, é a saúde pública.
4) Para o Estado se estruturar,
seria necessário o acompanhamento do
dependente para atendimentos e
acompanhamentos psicológico, educativo,
além de tratamentos farmacológicos,
assistência médica, clínicas de recuperação
etc.
5) Embora o foco tenha sido as
substâncias proibidas, também foi falado do
álcool e cigarros. Por isso, ao invés de liberar
mais uma substância, seria necessário
colocar freio em todas as outras. Isso
porque a arrecadação dos tributos cobrados
não cobre todo o prejuízo que a sociedade
brasileira tem com os estragos causados por
estas mesmas drogas. Em números oficiais,
o gasto da União com doenças relacionados
ao tabagismo supera em 03(três) vezes a
arrecadação com tributos. Além disso, o
Brasil perde 7,3% do PIB por ano com
consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
6) Em casos excepcionais seria
importante a internação compulsória. Se o
ser perde a condição de se autodeterminar,
seria necessário um tratamento urgente,
mesmo contra sua vontade, para poder
fazer com que possa se restabelecer
momentaneamente.
7) Mesmo a maconha pode
desencadear inúmeros problemas físicos
e/ou psicológicos, inclusive paranóias.
Assim, não somente pode ser a porta de
entrada para drogas que criem novas
sensações físicas, como também pode ser o
início de grandes desequilíbrios.
8) Com a busca de uma
religiosidade plena e a consequente
recuperação vibratória, em conjunto ao
trabalho da Espiritualidade, seria possível
um início de reequilíbrio, pois apenas 03%
(três por cento) das pessoas que buscam o
tratamento das ciências físicas conseguem
se recuperar.
9) Por fim, considerando a
responsabilidade que se assumiu na
presente encarnação, seria muito perigoso
fazer valer, pela participação pessoal, que as
outras pessoas tenham acesso a qualquer
tipo de substância entorpecente.
Campinas, setembro de 2015.
Carlos de Paula Carmen Inês Ferretti de
Oliveira
Advogado Psicóloga
Flávio Feitoza Souto Eduardo Alencar
Thomaziello
Médico Médico
AME-Campinas AME-Campinas
Rafael Arroyo
Expositor Espírita
Fale com o ALAVANCA: [email protected]
Dúvidas sobre Espiritismo: doutriná[email protected]
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Jornal Espírita
Alavanca
USE-Campinas
Livros, Livrarias e
Bibliotecas Espíritas
O que livrarias e bibliotecas
espíritas têm em comum? Livros, claro.
Porém nem todo livro que está nas
livrarias se encontra nas bibliotecas e
vice-versa. E isso tem uma razão muito
simples. Livrarias e bibliotecas são
ambientes com características próprias e
devem ser estruturadas e administradas
considerando-se essas peculiaridades.
Allan Kardec, em 1869, ao propor um
catálogo de obras relacionadas ao
espiritismo para se montar uma
biblioteca temática, recomendou cerca
de duzentos livros de sua época, mas
tomou o cuidado de classificá-las em três
grupos: as obras fundamentais, as
diversas e aquelas realizadas fora do
espiritismo, incluindo algumas de
contraditores. Kardec sinalizou, assim, a
necessidade inicial de se conhecer as
obras fundamentais para se compreender
a cosmovisão espírita e, adicionalmente,
propôs obras que pudessem contribuir
para o estudo dos adeptos sobre como
determinados assuntos de interesse eram
tratados em obras correlatas e populares.
Kardec também demonstrou ser
relevante a reflexão sobre os argumentos
que os contraditores se serviam para
atacar a doutrina. Sinteticamente, Kardec
indicou que o papel da biblioteca espírita
era o de suporte ao estudo metódico do
espiritismo. Esse conceito permanece
válido nos dias de hoje, destacando-se
que modernamente os livros também
podem ser disponibilizados em formato
eletrônico, favorecendo a consulta e o
acesso a muitas obras.
E a livraria não teria o mesmo papel de
suporte ao estudo? Certamente que ela
também tem essa finalidade, agregandose o fato de que, aos olhos de qualquer
potencial consumidor, uma livraria
espírita oferece livros espíritas! Chega a
ser redundante explorar esse ponto, mas
lamentavelmente esbarramos em algo
muito sério e que vem prejudicando a
p ró p r i a p ro p o sta d e d i v u l ga çã o
doutrinária em alguns centros espíritas,
que é a malfadada suposição de que o
leitor deve ler de tudo e cabe a ele a
responsabilidade de separar o joio do
trigo, ou seja, identificar o que é coerente
ou não com a doutrina... Ora, mas se é um
l e i to r i n i c i a n te o u s e m m u i to s
conhecimentos doutrinários, como ele
conseguirá fazer isso? E não adianta
perguntar para o vendedor se o livro é
bom, interessante etc., pois seria péssimo
para a imagem da livraria se o atendente
dissesse que esse ou aquele livro não é
adequado, apesar de estar ali sendo
oferecido ao público. Para o consumidor,
se o livro está exposto em uma livraria
espírita é porque, logicamente, trata da
temática espírita e passou por algum
critério de escolha. Em outras palavras, os
potenciais usuários, principalmente os
iniciantes, confiam nos serviços e nos
critérios de seleção da livraria do centro
espírita.
O apelo comercial, por outro
lado, vem fazendo com que muitos
gestores de livrarias priorizem a
quantidade de títulos vendidos e não a
respectiva seleção pela qualidade
oferecida. Ninguém duvida que a livraria
possa ser uma importante fonte de
receitas para a manutenção da instituição
espírita. Mas será que se justifica a
ausência de critérios doutrinários para a
disponibilização de alguma obra ao
leitor? Supõe-se que alguém que compre
um livro deseja gastar os seus recursos em
algo útil e não para, ao final da leitura,
lamentar a insensatez da obra. O
problema é maior quando o leitor não
consegue perceber a incoerência
conceitual de que pode estar sendo
vítima em suas leituras...
Uma comparação pertinente é a
seguinte: que mãe, propositadamente,
ofereceria alimentos contaminados aos
filhos? Pois então, que dirigente espírita,
consciente de suas responsabilidades,
ofereceria livros com inconsistências
doutrinárias ao público de sua livraria?
Trata-se de uma relação de confiança e
bom senso.
Marco Milani*
Departamento do Livro e Doutrina –
USE/SP
Bibliografia
Kardec, Allan. Catálogo Racional: Obras
Para se Fundar uma Biblioteca Espírita.
São Paulo: Madras, 2004.
* texto foi publicado originalmente no
jornal Correio Fraterno, edição 448
(nov/dez 2012), p.11, sob o título "O
leitor iniciante sabe discernir o que é
um bom livro?"
lançamento de
Sidney
Fernandes
3
Pavlov, gatos e evolução
Em magnífico trabalho
denominado Cérebro - Agente ou Gerente
do Espírito?, Richard Simonetti faz
referência ao reflexo condicionado como
parte do processo evolutivo da alma.
Dirigindo-se aos contestadores da
reencarnação, que a consideram inútil por
não nos recordarmos do passado,
argumenta que a ausência de lembranças
de vidas anteriores não impede nosso
aprimoramento na vida atual.
Espírito que no passado abusou do
sexo - exemplifica - nesta vida terá
depressão, frigidez sexual, esterilidade ou
doenças relacionadas com seus órgãos de
reprodução. Com o sofrimento, o Espírito
vai aprender, por reflexo condicionado, que
a promiscuidade sexual não é interessante.
Vai reexaminar seus procedimentos.
Mesmo sem se lembrar dos erros
cometidos em outras vidas, o sofredor tem
a intuição de que as dores desta vida têm
uma causa justa.
Ocorre algo semelhante àquele
ditado machista: mulher de malandro não
sabe por que está apanhando, mas sabe que
merece.
O papel do condicionamento na
psicologia do comportamento (reflexo
condicionado) foi estudado pelo fisiólogo
russo Ivan Petrovich Pavlov.
É clássica a história do cão que,
acostumado a ouvir uma sineta antes de
suas refeições, salivava toda vez que ouvia o
seu som, independentemente de sua ração
ser servida ou não.
Pavlov descobriu que algumas
respostas comportamentais são inatas,
enquanto outras podem ser aprendidas,
criadas ou removidas, em seres humanos e
animais.
A expressão gato escaldado tem
medo de água fria mostra bem como nosso
comportamento muda quando passamos
por uma situação traumatizante.
A esse respeito há uma curiosa
história contada por Simonetti:
Um sacristão não gostava de
gatos. Mas, não conseguia se livrar deles,
porque o padre os considerava criaturas de
Deus.
Engendrou um plano. Toda vez
que ia alimentá-los, usava a expressão: “—
Deus seja louvado", acompanhada de
chibatadas que os punha a correr.
Quando os bichanos estavam bem
condicionados, escondeu as chibatas e
chamou o padre: "— Senhor padre,
precisamos nos livrar desses gatos. Eles têm
parte com o diabo."
Diante da incredulidade do padre,
desta vez sem usar os chicotes, reuniu os
gatos e passou a gritar: "— Deus seja
louvado."
É claro que os gatinhos fugiram
espavoridos, convencendo o sacerdote de
que eles realmente abominavam o nome de
Deus.
Reflexo condicionado de Pavlov!
A dor oriunda dos desvios morais
e espirituais sinaliza a necessidade de
mudança de comportamento do indivíduo.
Ela nos relembra, a fim de não
repetirmos os mesmos erros do passado.
A conservação da ordem social
também passa pelo mesmo princípio
enunciado por Pavlov.
Usando o direito que tem de punir,
quando surge o delito, o Estado pretende
evitar novos crimes através da psicologia do
comportamento.
Em resumo, seria a conclusão
lógica de uma coleção de premissas:
1) fulano foi punido por cometer
determinado crime;
2) se eu cometer o mesmo crime,
também poderei ser punido;
3) conclusão: o Estado espera que
os demais cidadãos
não cometam o
mesmo crime.
E é esse
caminho que o ius
puniendi (o direito
que o Estado tem de
p u n i r ) t e m
alcançado?
Sidney Fernandes
Ameaçar com a
pena, aplicá-la e
executá-la tem
alcançado seus objetivos?
Recentes estudos e pesquisas
realizados por especialistas penais dão
conta de que a psicologia de
comportamento do candidato ao crime
mudou.
Partindo das dificuldades do
Estado para elucidar crimes, deter o
criminoso, aplicar-lhe as penas devidas e
executá-las - o que geralmente é abrandado
por penas alternativas ou reduções -, o
indivíduo estaria fazendo mentalmente um
balanço de custo/benefício e estaria
chegando a uma triste conclusão social: o
crime compensa!
A esse respeito, vale a pena
lembrar a história de um homem que,
chegando a um posto para abastecer seu
carro, viu um cão deitado sobre uma tábua,
gemendo.
— O que tem esse cão? perguntou ao frentista.
— Sabe doutor, ele está deitado
em cima de um prego, por isso geme...
— Ué, porque ele não se levanta
dali?
Com simplicidade, mas ao mesmo tempo
com sabedoria, o frentista respondeu:
— É que não está doendo o
suficiente...
Quando voltamos à
espiritualidade, conservamos a lembrança e
a percepção da vida corpórea. Sofremos
novamente os males padecidos em vida e os
infligidos aos outros.
Daí, naturalmente, nos
preparativos para uma nova encarnação,
colocamos nossas barbas de molho, para
que essas experiências infelizes não se
repitam ou, pelo menos, sejam
minimizadas.
A nosso pedido, são criados
dispositivos preventivos, para não
repetirmos os erros anteriores. Assim,
surgem deficiências físicas, neuroses,
medos e aversões, que nos alertam quando
relaxamos ou nos esquecemos dos
compromissos assumidos.
É o reflexo condicionado de Pavlov
funcionando a nosso favor, numa autêntica
vivência do ditado cachorro mordido por
cobra tem medo de linguiça.
M e s m o co m o a b e n ço a d o
esquecimento que alivia o passado de
culpas, procuramos, mesmo sem entender
o motivo, evitar ou minimizar determinadas
atitudes ou ações.
O melhor caminho, naturalmente,
é o da educação. Mas, da mesma forma que
fazemos com crianças – e espiritualmente
ainda somos como elas – na metáfora da
pipa, a espiritualidade ora aperta, ora solta
a corda das nossas ações. Assim, preservase o livre-arbítrio do Espírito encarnado e,
ao mesmo, imprime-se uma espécie de
liberdade vigiada, para que não se percam
seus objetivos evolutivos.
Talvez o reflexo condicionado de
Pavlov ainda não esteja funcionando na
justiça da Terra, porquanto se sujeita às
imperfeições humanas. A justiça divina, no
entanto, é indefectível. E o despertar
evolutivo do Espírito, ainda que tarde por
sua inércia, jamais falha.
Sidney Fernandes
[email protected]
Livro: AMOR PURO E
Comece pelo Começo
VERDADEIRO
Conheça o Espiritismo, pélas obras básicas
da Codificação de Allan Kardec.
Desde 1857, revelando com bom senso.
Entidade Federativa, Coordenadora
e Representativa do Movimento
Espírita Estadual no Conselho
FederativoNacional da Federação
Espírita Brasileira
INFORMAÇÕES - BANCA DO LIVRO ESPÍRITA "CHICO XAVIER"
RUA BARÃO DE JAGUARA,1205 - CENTRO - CAMPINAS
TEL.: (19) 3237-1608
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USE
Intermunicipal de
Campinas
4
USE-Campinas
Jornal Espírita
Alavanca
Alteridade e amorosidade
O que significa a palavra
alteridade, que muitos de nós espíritas
temos utilizado? Ermance Dufaux (v.
indicação de livros no final deste artigo)
usa bastante esse termo. Outro dia, lendo
uma matéria de Vladimir Safatle, na
“Folha de São Paulo”, ele o empregou
também.
Alter é outro em latim. A
definição no Dicionário Aurélio é bem
sucinta. Ei-la: “s.f. filos. Qualidade do que
é outro”. Bem vaga essa definição.
Alteridade! Seu significado
reflete a nova mentalidade que irá vigorar
no mundo de regeneração, pois remete à
aceitação das diferenças, e vai além disso:
o aprender com os diferentes, o amar e
acolher o outro, aceitando e respeitando
as suas diferenças.
D o i s g ra n d e s m a l e s q u e
observamos no mundo atualmente são o
preconceito e a indiferença.
Já notaram quanto preconceito
existe nas palavras que as pessoas
empregam nas redes sociais?!
Observo muito também o que as
pessoas conversam nas ruas, outrossim
no meu balcão, no meu serviço. Eu
atendo o público na Justiça do Trabalho.
Quanta gente não perde a
oportunidade de ser mais gentil,
generosa! Custa tão pouco! Às vezes
discute-se por migalhas, noto uma
mesquinhez tão grande!
Muitos chegam até mim com
uma agressividade, uma explosão de
raiva, já rotulando, até esquecem que eu
sou um mero atendente, não trabalho nos
processos. Mas, a vontade de descarregar
é tão grande no primeiro que veem à
frente...
Sorrio, procuro responder com
calma. Noto que quando ajo assim, a
pessoa acaba se acalmando, procura se
controlar. Sei que o atendimento ao
público é um teste de paciência.
Aprendo muito com este meu
serviço.
Mas, falemos mais um pouco da
alteridade. A pessoa que a vivencia, isto é,
que aceita as diferenças, passa a ser mais
fraterna em todos os sentidos, deixa de
criticar, criticar por criticar, só pelo
simples prazer de agir assim, agredir,
excluir, desprezar, e também julgar.
Julgar! Noto essa atitude em certos
jornalistas, eles condenam com uma
facilidade!
Não imaginam o mal que fazem.
Manchetes, em certos jornais
(revistas também), nas quais são
levantadas apenas suspeitas já aparecem
em letras garrafais, na página de rosto.
Certos jornais, os meios de
comunicação de modo geral, acabam
prestando um desserviço, caçam,
demonizam pessoas e partidos políticos
com uma facilidade incrível! Certos
jornalistas se acham os donos da verdade,
por fim, acabam instigando os leitores
contra tudo e contra todos.
Observem que a ausência de
crítica, a não-agressão, o não-julgamento
acaba nos deixando em paz conosco
mesmos, também com a humanidade,
enfim, com a vida.
Mas, alguém poderia dizer –
agindo assim, sem fazer crítica nenhuma,
a pessoa poderá ficar alienada. Não!
Muito pelo contrário, há uma diferença
muito grande entre criticar de forma
construtiva e criticar por criticar, também
marginalizar, excluir, desprezar, julgar,
enviar vibrações negativas.
Não leva a lugar algum esse
criticar pelo simples prazer de agir assim.
Podemos fazer sim críticas construtivas,
usando de generosidade, medindo as
palavras, respeitando, sem agressividade.
Não quero dizer, de forma
alguma, com este meu discurso, que eu
seja um santo, às vezes me pego também
julgando, rotulando os outros, mas estou
procurando me corrigir. A verdade é que
não escrevo só para os outros, mas para
mim mesmo.
Já notaram como o ser humano
tem o péssimo hábito de rotular? Desde
criancinhas, acabamos copiando nossos
pais, nossos amiguinhos, a sociedade.
Reproduzimos muito a fala dos outros
sem reflexão alguma. Colocamos rótulos,
geralmente irreais, ilusórios, e acabamos
mantendo esses enganos, às vezes,
durante toda a vida.
Por exemplo, se em algum
momento concluímos que “aquele garoto
é um preguiçoso, não tem conserto”,
acabamos colando esses rótulos e
sempre os teremos na conta de menino
preguiçoso, a não ser que algum fato novo
venha nos provar o contrário. E se não
tomamos conhecimento desse fato,
então...
Agindo assim nos consideramos
donos da verdade, só o nosso conceito
tem valor, é a palavra final e basta.
Então, nos consideramos superiores, sem
falhas? Somos assim? Atiremos a primeira
pedra.
Aliás, sobre o preconceito, li
outro dia uma matéria onde dizem que
certos neonazistas têm preconceitos
contra outros neonazistas também,
estrangeiros principalmente. Eles se
acham mais neonazistas que os outros. O
preconceito, então, vai se estendendo,
não é só contra os judeus, mas contra eles
mesmos.
Mas, por que julgar? A troco de
que? Atirar pedras? Crucificar? Isso leva a
algum lugar? Somos todos falhos,
imaturos, evoluindo, carentes de um
crescimento interior. Indiferença e
preconceito, nessa altura do
campeonato, em pleno século XXI,
refletem um retrocesso muito grande!
É impossível extinguir esses
comportamentos? É uma utopia? Não,
claro que não.
Amar! Eis algo básico,
fundamental. Ermance Dufaux também
fala bastante sobre o amor. Ela emprega
bastante o termo amorosidade.
Alteridade e amorosidade!
Então, precisamos amar as
outras pessoas apesar das diferenças,
respeitando o seu inalienável direito de
ser o que é, de ser o que se deseja ser. Carl
Rogers foi um psicólogo que explanou
bastante sobre essa postura.
Nós aprendemos muito com os
diferentes. Não aprendemos? Podem
estar certos disso.
Outro dia, alguém postou no
facebook um trecho de um discurso do Dr.
Bezerra de Menezes. Não citam a fonte,
mas acredito que tenham extraído de
algum livro seu, onde ele assevera o
seguinte: “A diversidade é uma realidade
irremovível da seara e seria utopia e
inexperiência tratá-la como joio.
Imprescindível propalar a ideia do
ecumenismo afetivo entre os seareiros,
para que a cultura da alteridade seja
disseminada e praticada no respeito
incondicional a todos os segmentos”.
Notem! Ele também utilizou o termo
alteridade.
Sendo, pois, a diversidade uma
realidade irremovível da seara, como ele
pontifica, é importante que todos os
segmentos se deem as mãos de modo
fraterno, sem ficar se preocupando com
detalhes, com diferenças.
É mister, em primeiríssimo lugar,
desenvolver o amor, isto é o mais
importante de tudo. Ermance Dufaux
diria mais ou menos o seguinte: é preciso
ter uma conduta calcada na amorosidade.
Há um jeito pacífico, gentil, respeitoso de
se debater ideias, sem agressividade. Não
há? Esse jeito precisa ser aprendido,
praticado.
No tocante ao Espiritismo,
observo que ocorrem algumas
diversidades, pois há os chamados
divaldinos (apaixonados por Divaldo
Pereira Franco), os chiquistas (por Chico
Xavier)...
Respeitemos sempre a opinião
dos outros. Por que não respeitar?
Então, realmente, amorosidade e
alteridade tem que ser fundamentais.
Aprendamos com Ermance
Dufaux: diferenças não são defeitos.
Fabiano Possebon
INDICAÇÃO DE LEITURAS:
Todos do Espírito Ermance Dufaux, médium
Wanderley Oliveira, Editora Dufaux, Belo
Horizonte, MG: Jesus, A Inspiração das
Relações Luminosas (a mais nova
publicação); Diferenças Não São Defeitos –
A Riqueza da Diversidade nas Relações
Humanas; Lírios de Esperança; Laços de
Afeto; Escutando Sentimentos; Prazer de
Viver; Reforma Íntima Sem Martírio;
Mereça Ser Feliz; Para Sentir Deus; Lições
Para o Autoamor; Emoções Que Curam e
Receitas Para a Alma.
Nota: Neste artigo, aproveitei algumas
ideias contidas no livro ATITUDES DE AMOR,
de Saara Nousiainen, Edições Caminhos de
Harmonia, Fortaleza, CE.
Fazer Caridade Pra Que?
Desde que entrei no
Espiritismo, eu ouço de uma querida
amiga mais experiente dizendo: “Ou
trabalhamos, ou obedecemos”. Mas o
que será que ela quis dizer? Por que,
dentro de uma doutrina que respeita
tanto o nosso livre arbítrio, teria algo tão
impositivo assim? Depois de tanto
refletir sobre tal questão e de tanto (o
que nunca é o suficiente) sentir os meus
pés doerem de ter que correr nos
trabalhos voluntários, o sentido dessa
sublime frase começou a surgir.
Mas, antes de qualquer
reflexão, por que não procurar algo
parecido nas palavras do Mestre? “Jesus
disse: 'Amarás ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu entendimento, este é o
maior e o primeiro mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás ao
teu próximo como a ti mesmo. Estes dois
mandamentos contêm toda a lei e os
profetas.”1
E assim, refletindo sobre o que
este pequeno trecho do evangelho e a
questão inicial, sendo todos de essência
divina, do barro fomos criados e para o
barro voltaremos, concluímos que
podemos seguir inúmeros e diferentes
caminhos para evoluir, mas para seguir a
Deus só existe o caminho do amor e da
caridade, pois essa é a nossa essência.
É exatamente esta ideia que a
frase supracitada vem nos trazer.
Devemos fazer a Caridade, independente
das dificuldades que tivermos, pois todos
os caminhos levam a Deus, de forma que
nunca alcançaremos o nosso objetivo
sem a prática da caridade, pois
necessitamos nos identificar como iguais
ao nosso próximo e necessitamos uns dos
outros para conseguirmos entender o
nosso próprio eu, segundo o conceito de
alteridade da Antropologia.2
Com este sentido, ao praticar a
caridade, nos sentimos bem, não apenas
por ser ato bonito, mas porque vai muito
além de tudo isso: estamos cumprindo a
maior ensinamento de Cristo, nosso
maior exemplo de amor. Logo, estamos
realizando o ato mais sublime existente
no nosso Universo de conhecimento.
Deste modo, “ou trabalhamos, ou
obedecemos”, de alguma forma se faz
verdadeiro, pois em determinado
momento devemos aprender a amar,
seja pelo amor ou pela dor da
resignação, ou pelo trabalho ou pela
obediência, tal qual se refere a frase.
Assim, vamos nos dar as mãos
e seguir juntos nessa jornada, porque a
caridade é o único meio e tudo ficará
mais fácil se a gente se ajudar.
Rene Ferrari Leal
Equipe de Doutrina
DM/USE - Intermunicipal de Campinas
1
Matheus, 22: 34-40
2
Ciência que estuda a origem e o
desenvolvimento da variabilidade humana
e dos modos de comportamento sociais
através do tempo e do espaço.
Jornal Espírita
Alavanca
USE-Campinas
5
A pesquisa no Movimento Espírita:
analogias com a Engenharia e a Medicina
Uma questão interessante tem
estimulado valiosas discussões no
movimento espírita. Se trata da existência
de normas e orientações para a prática
espírita nas casas espíritas. Isso tem
gerado um certo debate porque, de um
lado, alguns estudiosos pensam que a
prática espírita deveria ser mais ampla,
envolver pesquisa e desenvolvimento de
novos conhecimentos, e ocorrer de
maneira mais similar ao que o Codificador
fa z i a a t rav é s d e ex p e r i m e n t o s ,
observações, testes, evocações, etc. De
outro lado, há duas preocupações muito
justas: uma com relação a tudo o que é
realizado e veiculado em nome do
Espiritismo; e outra com relação ao
emprego eficiente, seguro e moral da
prática espírita. Isso gerou algumas
dúvidas em ambos os lados. Alguns dos
primeiros alegam que sem desenvolver o
lado científico do Espiritismo, o
movimento espírita se estagnará, não
acompanhará o progresso do
conhecimento e se tornará apenas mais
uma religião cheia de dogmas de fé e de
prática. Alguns companheiros do
segundo grupo pensam que a realização
de pesquisas espíritas é desnecessário e
pode abrir brechas para introdução de
práticas incondizentes com o Espiritismo.
O que fazer diante desse
impasse? Algum desses dois grupos
estaria mais com a razão do que o outro?
Que postura seria mais adequada ao
desenvolvimento do Espiritismo no Brasil
e no mundo? Através de uma analogia
com a atividade profissional de duas
áreas do conhecimento humano,
Engenharia e Medicina, pretendemos
mostrar que os dois grupos estão
corretos nas suas propostas e formas de
realizar atividades espíritas, e que ambos
contribuem com o progresso do
Espiritismo. Para mostrar isso, vamos
lembrar os objetivos do Espiritismo e
descrever os dois tipos de atividades
gerais que ocorrem nas profissões acima
mencionadas. Em seguida, vamos
mostrar que esses dois tipos de atividades
são possíveis de se realizar no movimento
espírita, e que ambas concorrem para
atingir os objetivos maiores do
Espiritismo.
Na Revista Espírita de Agosto de
1865, Kardec assim se expressa a respeito
do que o Espiritismo ensina1:
“O Espiritismo tende para a
regeneração da Humanidade; (. . . ) ora,
esta regeneração não podendo se operar
senão pelo progresso moral, disto resulta
que seu objetivo essencial, providencial, é
a melhoria de cada um; (. . . ). Para admitir
ao banquete da suprema felicidade, Deus
não pede o que se sabe nem o que se
possui, mas o que se vale e o que se terá
feito de bem. É, pois, à sua melhoria
individual que todo espírita sincero deve
trabalhar antes de tudo. Só aquele que
domou seus maus pendores, realmente
tem aproveitado do Espiritismo (. . . ).”
(Grifos em negrito, meus).
Está bem claro nos comentários
acima que o propósito maior do
Espiritismo é o progresso da
Humanidade. Para atingir esse fim, o
Espiritismo adota como estratégia
esclarecer e orientar as pessoas para que
elas próprias consigam obter suas
melhorias individuais. Isso é tão
importante que está presente num dos
mais importantes lemas do Espiritismo:
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela
sua transformação moral e pelos esforços
que emprega para domar suas
inclinações más.” (Capítulo XVII de O
Evangelho Segundo o Espiritismo2). Só
aproveita o Espiritismo quem se esforça
por sua melhoria, principalmente no
aspecto moral.
O que isso teria a ver com a
Engenharia ou com a Medicina? Podemos
classificar em dois tipos gerais as
atividades profissionais tanto na área de
Engenharia quanto na de Medicina.
Chamemo-las de tipos 1 e 2, e as pessoas
que trabalham neles de grupos 1 e 2,
respectivamente. As atividades do tipo 1
consistem de pesquisar e descobrir
inovações com o objetivo de melhorar a
eficiência de tudo o que é utilizado pela
sociedade. Elas são realizadas em locais
como universidades e centros de
pesquisa. As atividades do tipo 2 ocorrem
na e para a Sociedade, isto é, para a
população. Elas envolvem a aplicação
direta dos conhecimentos de Engenharia
ou Medicina na produção de bens de
consumo, remédios, diagnósticos,
tratamentos e outras construções e
benefícios para a Sociedade. O primeiro
tipo de atividade desenvolve inovações
que serão usadas pelo segundo tipo de
atividade na produção de melhoria e bem
estar das pessoas.
Os profissionais do grupo 1 são,
em geral, menos conhecidos e tem menos
visibilidade na Sociedade pois trabalham
em ambientes específicos, de pouco
acesso ao público, além dos seus
resultados e produtos levarem mais
tempo para serem obtidos. Por lidarem
diretamente com a Sociedade, os
profissionais do grupo 2 são mais
conhecidos e reconhecidos por ela. Seus
resultados e produtos são percebidos
rapidamente.
Na Engenharia, os que
trabalham no grupo 1 empregam
métodos de pesquisa teórica e
experimental para investigar, por
exemplo, novos materiais ou novos
processos de produção e tratamento de
materiais já conhecidos, para
desenvolver novos produtos destinados à
construção civil e automobilística, novas
tecnologias que permitam maior
eficiência com menor consumo, etc.
Nesse trabalho, os engenheiros
do grupo 1 realizam testes e
experimentos com materiais e processos
diferentes do que é utilizado pela
sociedade, e testam situações e
condições bem diferentes do que as
pessoas observam no cotidiano.
Os engenheiros que trabalham
no grupo 2 empregam métodos,
materiais e processos já conhecidos da
área no desenvolvimento de projetos de
construção de bens ou construções que
visem beneficiar as pessoas. Nesse
trabalho, esses engenheiros usam a
informação já catalogada a respeito dos
melhores materiais, padrões, dispositivos
e processos para obter o produto ou
construção desejados.
Um engenheiro civil, por
exemplo, no grupo 1, pode investigar
como utilizar materiais diferentes na
composição de matérias primas
alternativas, mais baratas, mais leves e
menos agressivas ao meio ambiente, para
fins de construção civil ou pavimentação.
Um engenheiro civil do grupo 2, pode
aproveitar esse conhecimento para
projetar casas populares, edifícios ou
outros tipos de construções para
benefício direto da Sociedade. Ambos
estão fazendo o bem para a Sociedade,
embora os resultados de cada um
ocorram em tempos diferentes.
Na Medicina, a analogia é a
mesma. Os médicos do grupo 1
empregam métodos e protocolos de
pesquisa teórica e experimental para
investigar questões da área de saúde
como os efeitos de novas drogas, novos
métodos de diagnóstico e novas formas
de tratamento para a cura ou alívio de
doenças. Nesse trabalho, esses médicos
realizam testes e experimentos em
situações incomuns como, por exemplo,
usando células in vitro ou animais,
comparam com grupos de controle, etc.
Mesmo quando aplicam seus
métodos de pesquisa em pessoas, eles
utilizam substâncias, equipamentos e
protocolos diferentes do que é
empregado normalmente em clínicas e
hospitais na Sociedade. A Medicina
possui um código de ética bastante rígido
que rege a forma pela qual pesquisas são
realizadas com seres humanos e animais.
Isso torna o trabalho de pesquisa, em
geral, bastate demorado. Novas drogas
levam muitos anos até serem aprovadas
para uso pela Sociedade.
Os médicos que trabalham no
grupo 2 empregam métodos, materiais e
processos já conhecidos e bem
pesquisados pelos médicos do grupo 1,
no diagnóstico, tratamento e cura das
doenças. Nesse trabalho, os médicos
usam a informação catalogada e
normatizada a respeito dos melhores
materiais, métodos, protocolos e
s u b s t â n c i a s p a ra d e t e r m i n a r o
tratamento mais adequado para cada
tipo de paciente. Eles não podem fazer
testes e experimentos para descobrir, por
exemplo, se novos produtos podem curar
determinada doença. Nenhum paciente
que busca cura com um médico que
trabalha no grupo 2 deseja ser cobaia de
experiências sobre a saúde. Há códigos de
ética na pesquisa com seres vivos que
regulamentam como a pesquisa deve ser
feita com seres humanos e animais de
modo a resguardar os direitos das
pessoas que participam dos testes e
pesquisas realizados pelos médicos do
grupo 1.
Um exemplo típico de atividade
de um ou mais médicos do grupo 1 é
investigar o uso de substâncias menos
agressivas ao corpo físico para tratar
determinados tipos de doenças como,
por exemplo, o câncer. Outro exemplo é o
desenvolvimento de vacinas ou de
tratamento para doenças consideradas
incuráveis.
O que as atividades dos grupos 1
e 2 tem em comum? Ambas resultam em
benefícios para a Sociedade. Ambos usam
os paradigmas e fundamentos de sua área
do conhecimento para orientar e
direcionar suas atividades. Quais as
principais diferenças? O tempo que leva
para que os resultados de cada atividade
estejam disponíveis para a Sociedade. As
atividades do grupo 1 demoram bastante
porque envolvem uma série longa de
testes e verificações. As atividades do
grupo 2 não demoram porque são
aplicações diretas do conhecimento
atual, conhecimento este que foi obtido
através de atividades do tipo 1 ocorridas
anterioremente. Embora sejam
demoradas, as atividades do grupo 1 são
necessárias para garantir a qualidade do
produto final dessas atividades, bem
como inovações mais eficientes ou
d e st i n a d a s à s o l u çã o d e n ovo s
problemas. As atividades do grupo 2 são
i m p o r ta nte s p o rq u e ate n d e m e
solucionam, diretamente, as
necessidades atuais das pessoas.
Percebe-se daí, que ambas as atividades,
dos tipos 1 e 2, são importantes para o
progresso e manutenção da
Humanidade. A tabela abaixo ajuda a
resumir as características principais
desses dois tipos de atividade:
anteriormente. O movimento espírita
atual está muito bem estruturado em
torno de atividades que são similares às
do tipo 2 descrito acima. Isto é, o
movimento espírita utiliza e aplica
diretamente os conhecimentos da ciência
espírita, desenvolvidos e pesquisados por
Kardec, para orientar as suas atividades.
Em todas as atividades assistenciais e
doutrinárias, incluindo as reuniões
mediúnicas, os centros espíritas sérios
tem mantido a base kardequiana
conforme, aliás, recomendou Bezerra de
Menezes:
“A Doutrina Espírita possui os
seus aspectos essenciais em configuração
tríplice. Que ninguém seja cerceado em
seus anseios de construção e produção.
Quem se afeiçoe à ciência que a cultive em
sua dignidade, quem se devote à filosofia
que lhe engrandeça os postulados e quem
se consagre à religião que lhe divinize as
aspirações, mas que a base kardequiana
permaneça em tudo e todos, para que não
venhamos a perder o equilíbrio sobre os
alicerces em que se nos levanta a
o r g a n i za ç ã o . ( . . . ) ” ( “ U n i f i c a ç ã o ”,
mensagem de Bezerra de Menezes
recebida por Chico Xavier em 20-04-1963,
publicada em Reformador, Dezembro de
1975. Grifos em negrito, meus).
Embora numericamente menor,
há diversos grupos de trabalho de
pesquisa espírita no movimento espírita3.
Naturalmente esses grupos de pesquisa
pertencem ao grupo de atividades do tipo
1 descrito acima.
Assim, da mesma forma como as
atividades 1 e 2 em Engenharia e
Medicina trazem benefícios para a
Sociedade, os grupos espíritas que
trabalham dentro dos conceitos de
atividades 1 e 2 também agem em
benefício do Espiritismo. Mas, isso não
significa que seja necessário que toda
casa espírita realize pesquisas espíritas
pelo receio do Espiritismo se tornar
estagnado. Nem o movimento espírita
deve considerar preocupante a atividade
de pesquisa espírita daqueles que tem
capacidade de realizá-la, pois eles
também estão concorrendo para o
progresso do Espiritismo. A única
condição importante para que as
atividades do tipo 1 e 2 tragam benefícios
ao Espiritismo é a recomendação de
Bezerra de Menezes, isto é, que “a base
kardequiana permaneça em tudo e
todos”, que os fundamentos espíritas
contidos nas obras básicas da codificação
estejam presente em ambos os tipos de
atividades 1 e 2. Nas casas espíritas, isso
ocorre quando as atividades são
orientadas pela Doutrina Espírita. No
trabalho de pesquisa espírita, isso ocorre
na medida em que elas são realizadas sob
a orientação do paradigma espírita.
Portanto, o movimento espírita
não precisa (nem deve) mudar suas
atividades em nome do progresso do
Espiritismo. Assim como a Engenharia, a
Medicina e qualquer outra área do
conhecimento realizam suas atividades
com fidelidade aos seus respectivos
paradigmas, nada mais natural que as
atividades espíritas (incluindo as de
pesquisa) permaneçam fiéis à orientação
kardequiana.
Tabela 1: Principais características
dos dois tipos de atividade
descritos no texto.
Tempo Benefício Reconhe- Usam
de
para
cimento paradigma
execução Sociedade
da área
Tipo
1
Longo
Sim
Tipo
2
Curto
Sim
Nenhum
ou Pouco
Sim
Sim
Sim
Vejamos, agora, como isso se
aplica ao movimento espírita e como isso
pode resolver o impasse mencionado
Alexandre Fontes da Fonseca
Campinas – SP
Referências:
KARDEC, Allan. “O Que o Espiritismo
Ensina”, Revista Espírita, Jornal de Estudos
Psicológicos (Edicel), 8 (Agosto),
p. 219 (1865).
2
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Editora FEB, 112ª Edição,
Rio de Janeiro (1996).
3 Veja-se, por exemplo, os trabalhos da Liga
de Pesquisadores em Espiritismo (LIHPE),
http://www.lihpe.net/ (acessado em 08 de
novembro de 2015).
1
USE-Campinas
6
Jornal Espírita
Alavanca
Sentimento, ideal e arte: a força dos jovens e da 35ª COMECELESP
Com cerca de 70 jovens, o DM Intermunicipal Campinas marcou presença na
35ª COMECELESP: Sentimento - A força de um idealista!
A COMECELESP (Confraternização das Mocidades Espíritas do
Centro-Leste do Estado de São Paulo)
ocorre praticamente todos os anos, no
feriado da Páscoa, e reuniu cerca de 240
jovens da 2ª assessoria (das 4 que temos
no estado de São Paulo), com o intuito de
estudar e, sobretudo, vivenciar a doutrina
espírita. Ao mesmo tempo ocorrem
também os encontros das outras
assessorias, a COMELESP
(Confraternização das Mocidades
Espíritas do Leste do Estado de São Paulo)
d a 1 ª a s s e s s o r i a ; a CO M E N ES P
(Confraternização das Mocidades
Espíritas do Norte do Estado de São
Paulo) da 3ª assessoria; e a COMENOESP
(Confraternização das Mocidades
Espíritas do Noroeste do Estado de São
Paulo) da 4ª assessoria.
Neste ano de 2016, no período
de 24 a 27 de março, todas as assessorias
tiveram a oportunidade de estudar o
mesmo tema: Sentimento - A força de um
idealista. Isto significa que cerca de 1100
jovens estavam conectados em um
mesmo ideal ao longo desses 4 dias de
muito aprendizado, de muitos abraços e
muitos sorrisos.
Dentre esses 1100 jovens,
estavam presentes 73 do DM
Intermunicipal de Campinas, sendo 52 da
cidade de Campinas das Mocidades
Núcleo Allan Kardec (Mocidade Espirita
Alvorada de Cristo, Mocidade Espirita
Allan Kardec, Mocidade Amigos Espiritas,
Mocidade Espírita Filosófica), Mocidade
Fé e Amor, Mocidade Vovô Nestor; 15 de
Valinhos da Mocidade Foco de Luz e 6 de
Paulínia da Mocidade Nosso Cantinho.
Primeiro dia - 24.03
O primeiro dia, como sempre, é
marcado por muita alegria, com
reencontros selados por muitos abraços,
beijos e as mais variadas demonstrações
de afeto. A recepção dos confraternistas e
dirigentes de Mocidade começou às 18h,
sendo seguida pelo jantar e a atividade de
sensibilização, que tem por finalidade
introduzir o jovem no tema e no ambiente
fraterno da COMECELESP.
Após esse momento de
confraternização, as pessoas foram
guiadas para o ginásio, onde foi feita a
abertura oficial do evento com os
assessores e secretários. Em seguida,
tiveram apresentações artísticas e um
exercício de integração, encerrando,
assim, as atividades do dia.
Segundo dia – 25/03
Seguindo a nova proposta da
equipe de doutrina da COMECELESP,
tivemos uma distribuição de horários
mais pensada na convivência e no maior
conforto dos participantes, de modo que
iniciamos as atividades propriamente
ditas às 8h30, após o relaxamento e o café
da manhã.
Os primeiros momentos de
atividade doutrinária foram destinados a
compartilharmos nossas impressões
sobre a sensibilização do dia anterior e à
leitura de trechos de texto de Joanna de
Angelis e uma passagem do Evangelho
Segundo o Espiritismo, com o recorte
voltado para as sensações, emoções e
sentimentos.
E a sexta-feira transcorreu
tranquila e cheia de intervenções
artísticas entre as atividades doutrinárias
e os intervalos, contando com esquetes,
apresentações musicais e atividades de
integração com a música tema do
encontro “Arte de viver”.
No final do dia, fomos agraciados com a
apresentação de duas peças de teatro, que
além de nos fazerem refletir, nos fizeram
realmente mergulhar naquele universo e
Participantes COMECELESP 2016 – Rio Claro
s e nt i r o q u e s u a s p e rs o n a ge n s
vivenciavam, fazendo-nos ter verdadeira
experiência de empatia.
com a produção das oficinas, fomos para o
nosso merecido descanso, já preparandonos para vivenciar o último dia.
Terceiro dia – 26/03
Último dia – 27/03
Diferentemente do dia anterior, a
atividade doutrinária do sábado foi feita no
auditório, com todos os participantes
reunidos para ver um talk-show, no qual
duas pessoas foram entrevistadas acerca
da abordagem jungiana da psicologia. De
um lado, tínhamos a explicação de alguns
conceitos trazidos por Jung e do outro, a
visão espírita de Joana de Angelis sobre os
postulados desse estudioso da psiquê
humana.
Após mais momentos de convívio
e vivências artísticas, tivemos um
momento de troca de ideias sobre o talkshow e sistematizamos os conceitos ego,
self e inconsciente, a partir de mais leituras
de Joana de Angelis, em sala.
Neste dia ainda tivemos as oficinas, as
quais nos fizeram, além de vivenciar a arte
de forma mais profunda, nos fizeram
produzi-la, em forma de textos literários,
fotografias, música, esculturas, desenhos,
maquiagens entre outras.
Mas o momento mais esperado
do dia e, quem sabe da COME (como é
chamada carinhosamente), era o jantar
temático do baile de máscaras que ocorreu
à noite. Entre máscaras, fantasias, um
cardápio que contava com pizza e coxinha
e as maravilhosas músicas do grupo
CantArte, de Campinas, tivemos a
apresentação do trecho do baile de
máscaras do filme O Fantasma da Ópera,
seguido da apresentação de uma esquete
com os personagens do filme, a qual,
saberíamos mais à frente, fora
significativa.
Após dançarmos muito, nos
divertirmos muito e vermos as
apresentações do sarau, que contaram
E então chegou o domingo, que
amanheceu já com uma intervenção
artística feita pelos meninos e dedicada às
meninas, através de uma serenata, uma
tradição nos nossos encontros.
Após todo o ritual matutino,
fomos para a última abertura da
COMECELESP, na qual teve apresentação
do grupo Trabalhadores da Última Hora,
de Campinas, e atividade de integração.
Fizemos o fechamento nas salas de
estudo, conversando sobre a esquete
apresentada no baile de máscaras e
relacionando com o tema do encontro,
compartilhando impressões, sensações e
emoções, e fazendo um quadro com tinta,
a qual terminou, claramente, em nossos
rostos depois. Em um segundo momento,
n o s re u n i m o s n o j a rd i m , o n d e
encontramos os demais participantes,
igualmente pintados, e fizemos um grande
círculo, para participarmos de uma
atividade artística que envolveu música e
natureza.
Após essa incrível vivência,
reunimo-nos uma vez mais no auditório e
sabíamos que já estava chegando ao fim a
35ª edição da COMECELESP. Embalados
pelas músicas, agradecimentos e orações,
fomos dando vazão aos sentimentos de
gratidão, carinho e felicidade que nos
acometia naquele momento e que
deixávamos transparecer pelas lágrimas,
pelos sorrisos e pelos abraços, marca de
todo final de encontro de juventude
espírita.
Já mais calmos e de alma lavada,
fomos fazer a última refeição com nossos
companheiros de encontro, já sentindo
imensas saudades de tudo e todos. E
embora o momento seja um pouco triste,
é bom saber que no próximo ano tem
muito mais e, apesar de não ser
COMECELESP, teremos a X COMJESP, que
promete muitas experiências incríveis ao
reunir jovens de todo o estado de São
Paulo. Mas como ainda temos que esperar
uns bons meses para o encontro, vamos
nos despedindo de todos com um abraço,
um beijo e um aperto de mão!
Jovens de Campinas e Região na COMECESP 2016 Rio Claro
Juliana Nagaoka de Castro
Equipe de Doutrina
DM/USE - Intermunicipal de Campinas
Integrantes do grupo de Doutrina – 2ª Assessoria responsáveis pelos estudos COMECELESP 2016 Rio Claro
1 - Praticamente, pois, de 5 em 5 anos,
temos a COMJESP - Confraternização das
Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado
de São Paulo - que, inclusive, terá sua X
edição no próximo ano, na cidade de Bauru.
Jornal Espírita
Alavanca
USE-Campinas
Os caminhos da saúde
“Não acumuleis tesouros na
Terra, onde a ferrugem e os vermes os
comem e onde os ladrões os
desenterram e roubam; acumulai
tesouros no céu, onde nem a ferrugem,
nem os vermes os comem; porquanto,
onde está o vosso tesouro aí está
também o vosso coração.” ESE.Cap.
XXV, ítem 6
2000 anos se passaram e será
que estamos prontos para viver o
Evangelho de Jesus? No âmbito da
saúde ao longo de séculos estamos
passivamente trilhando caminhos
tortuosos, aplicando conhecimento e
recursos à serviço do nosso ego.
Tomamos caminhos longos com
resultados problemáticos para enfim
aprendermos com a dor e assim
buscarmos através de novas fórmulas e
análises o que aprenderíamos olhando
para nós mesmos, pelo menos é o que a
história nos ensina.
No início do século XX, na
esteira do desenvolvimento científico
renascentista proliferavam as escolas
de medicina em toda a europa e novo
mundo, notadamente EUA e Canadá, e
a força da liberdade ideológica
c a ra c t e r í s t i c a d a é p o c a v i n h a
desenvolvendo a medicina ortodoxica e
também terapêuticas não
convencionais como as precursoras da
fitoterapia e da homeopatia.
Igualmente crescia a industria
farmacêutica como forte difusora do
método científico vinculada às
publicações médicas oficiais de grande
abrangência na época. Foi neste
contexto de grande influência do
método científico aliado a interesses
econômicos que Abraham Flexner
publicou seu relatório após avaliar o
funcionamento de 155 escolas nos EUA
e Canadá. Pelos critérios de Flexner
apenas 31 destas 155 escolas
a p r e s e n t a v a m c o n d i ç õ e s p a ra
funcionamento. Das 131 escolas
americanas apenas 81 estavam ativas
após 12 anos. Das 20 escolas de
medicina homeopática existentes
apenas 4 permaneceram em
funcionamento após 1920. A medicina
a s s i m re d ef i n i d a e co m fo rça
corporativa unida ao poder econômico
influenciou governos e instituições
fortalecendo o cientificismo e
reducionismo. Se por um lado o
Relatório Flexner como ficou
conhecido, impulsionou a
regulamentação e fundamentação
teórico científica da formação
profissional médica, por outro, fechou a
medicina em critérios herméticamente
científicos e o paciente como ser
multidimensional foi reduzido a um
amontoado de órgãos, reações
químicas e sistemas, que as palavras do
professor Martins exemplificam muito
bem...”Juntem-se os órgãos e tem-se a
pessoa...Ou, pior, juntem-se os órgãos
e, se não se tem a pessoa, o problema é
dela, não da medicina.”
O d e s e nvo l v i m e nto d a s
instituições hospitalares é outro
exemplo que reflete bem a evolução do
paradigma médico - científico. Antes do
século XVIII o paciente acolhido nos
denominados hospices era o pobre que
necessitava de assistência ou os que
necessitavam exclusão por risco de
contágio. A situação ideal na época era
o tratamento no domicílio. Com o
desenvolvimento da medicina científica
as instituições foram se diferenciando,
buscando o atendimento a casos
agudos começaram a se estabelecer
como centros de cura surgindo assim os
hospitais, ávidos pela tecnologia e
ciência, locais cada vez mais
inadequados para os pacientes com
morte certa. Outras intituições
permaneceriam com a tarefa de acolher
aqueles que estavam morrendo e até
meados do século XIX estes locais eram
basicamente caritativos, com pouca
atividade médica e expostos à crescente
estigmatização como “casas para os que
morrem”.
Quase um século após o
Relatório Flexner os problemas crescem
de forma exponencial. Mesmo os paises
desenvolvidos não estão conseguindo
manter assistência à saúde adequada.
Em novembro de 1996, a equipe do
Hasting Center composta por membros
de 13 paises chefiada pelo Dr. Daniel
Callahan, após 4 anos de estudos
envolvendo análises no âmbito da ética,
direito, medicina, biologia, política,
administração e saúde pública emitiu
s e u re l ató r i o f i n a l d o p ro j eto
denominado “As Metas da Medicina”.
Entre muitas considerações
importantes o documento chama a
atenção para o fato de algumas das
tensões relacionadas à saúde serem
ocasionadas pelos êxitos da medicina e
não pelos seus fracassos.
Estudiosos experts em
estratégia culpam a perda do foco no
paciente pelo caos econômico.
Perdemos o foco no paciente, perdemos
o foco no espírito e temos que a ele
retornar. Trocamos o ser integral pelo
lucro, pelo poder econômico e pelo
desenvolvimento tecnológico. O
paciente passou a ser apenas um
componente da grande engrenagem
que mobiliza grandes industrias e cada
vez maior variedade de produtos. O
problema enfim não foi causado pelo
desenvolvimento científico e sim pela
nossa incapacidade de reconhecer o
grande instrumento em nossas mãos
para a busca dos bens celestes. Nós é
q u e t ra n s fo r m a m o s t o d o e s t e
conhecimento em um paradigma
excludente.
Mas Deus é bom e as
intituições governamentais hoje
reconhecem a dimensão espiritual do
ser. A tecnologia vem aos poucos se
rendendo ao espírito, o qual recupera
seu papel central nos objetivos de toda
ação no campo físico. O paradigma
médico espírita é hoje realidade e
contribui para esta retomada do rumo
correto pois a visão espírita da saúde é
holística, busca no espírito a causa da
doença e entende ser necessário tratar
em ambos, corpo e espírito suas
consequências. Este é o trabalho das
AMEs (Associações Médico Espíritas) no
Brasil e no mundo, unir definitivamente
ciência e espiritismo.
Eliane Sampaio Vieira de Castro
Médica Cardiologista, Intensivista e
Paliativista.
Hospital Unimed Jundiaí.
Associação Médico Espírita de Campinas.
Allan Kardec. O Evangelho Segundo o
Espiritismo
Pagliosa, F.L.,DaRoss, M.A., O Relatório
Flexner: Para o Bem e Para o Mal. Rev.
Bras. Ed. Med.; 32(4):492-499; 2008.
Martins, A.; Multi, Inter e
Transdisciplinaridade Sob um Olhar
Filosófico. In: Transdisciplinaridade em
Oncologia: Caminhos para um
atendimento integrado. ABRALE, 1ª ed.,
São Paulo, SP, HR Gráfica e Editora, 2009.
Floriani, C.A., Schramm, F.R.; Casas para
os que morrem: a história do
desenvolvimento dos hospices modernos.
História, Ciências, Saúde – Manguinhos,
Rio de Janeiro. V.17, supl.1, jul.2010,
p.165-180.
Las Metas de La Medicina. The Hastings
Center Report. Suplemento Especial,
noviembre-deciembre de 1996
7
Por uma sociedade mais justa é ética
Nosso país vem atravessando
uma crise extremamente grave,
envolvendo questões políticas,
econômicas e éticas. A ida de milhões de
pessoas às ruas de várias cidades
brasileiras no dia 13 de março último
revelou um descontentamento geral com
a forma como a política vem sendo
conduzida em nosso país e, em
contrapartida, demonstrou que a
sociedade espera que os representantes
do povo primem pela ética e justiça.
Está evidente que os anseios,
manifestados pela população, valem para
todos os que desejam exercer a política,
independente de partido. Também
evidente é o caráter pacífico das
manifestações e o fato de famílias
inteiras, pessoas de todas as idades,
crenças e raças estarem presentes.Todos
clamando por um país mais honesto e
justo.
Não tenho a intenção de acirrar
os ânimos já muito exaltados, mas fazer
um registro sobre os acontecimentos
atuais, dos quais não podemos fugir, e
propor uma reflexão: de que maneira nós,
espíritas, lidamos com tudo isso que está
acontecendo à nossa volta? E mais: de
que forma podemos contribuir para que
mudanças positivas surjam do meio desse
turbilhão que estamos vivendo?
Alguns acreditam que o
Espiritismo é contrário ao envolvimento
dos seus adeptos com a política. Na
verdade, as instituições espíritas não
devem se envolver com política. Já o
Espírita, é um ser humano como outro
qualquer e a política está inserida em sua
vida, nem que seja apenas como eleitor
( co m o s a b e m o s , a l go d e m u i ta
responsabilidade).
O Espiritismo não cita a política
de maneira direta, mas nos ensina que
nascemos para progredir e que à medida
que evoluímos, nos tornamos mais
conscientes e aptos a colaborar de forma
mais efetiva e positiva com a sociedade na
qual estamos envolvidos.
A Doutrina Espírita nos fala,
também, da necessidade de justiça e
igualdade para que possamos viver de
maneira harmoniosa e feliz e nos oferece
ferramentas para que possamos
colaborar na construção de um mundo
onde haja hábitos mais saudáveis e
fraternos.
Hábitos que deveriam nos
acompanhar, inclusive nas discussões
políticas. Nos últimos tempos tenho
acompanhado, principalmente pelas
redes sociais, verdadeiros embates sobre
a política nacional. Cada lado achando-se
mais correto do que outro, defendendo
seu ponto de vista com paixão, e nem
sempre com a imparcialidade necessária,
especialmente em momentos como os
que agora atravessamos.
Nesse cenário, até amizades
correm risco de serem desfeitas e
familiares podem se afastar por conta de
opiniões divergentes. Tudo por conta da
defesa (ou seria imposição?) de nosso
ponto de vista e de nossa dificuldade em
respeitar a opinião do próximo.
Lutemos, sim, por um país
melhor, mais igualitário, mais honesto. É
o que precisamos e merecemos. É pela
busca de uma sociedade assim que
devemos empreender nossos melhores
esforços. Mas nesse caminho não
esqueçamos de praticar os preceitos
doutrinários, bússola segura para uma
existência pautada pela ética.
Corroborando essa afirmativa,
citamos Allan Kardec (em A Gênese,
capítulo XVIII, item 25). Um apontamento
de 1868, mas extremamente atual: “O
Espiritismo não cria a renovação social; a
madureza da humanidade é que fará
dessa renovação uma necessidade. Pelo
seu poder moralizador, por suas
tendências progressistas, pela amplitude
de suas vistas, pela generalidade das
questões que abrange, o Espiritismo é
mais apto do que qualquer outra
doutrina, a secundar o movimento de
regeneração, por isso, é ele
contemporâneo desse movimento”.
Martha Rios Guimarães
USE-Campinas
8
Jornal Espírita
Alavanca
Aceitação
Perguntavam a Chico como
conseguia conservar a tranquilidade ante
tantas solicitações de multidões ávidas
de consolo e conforto que o procuravam.
O médium respondia com uma
única palavra: aceitação.
Se bem analisarmos,
verificaremos que muitas de nossas
perturbações e desajustes nascem de
reações negativas, ante as situações que
se sucedem no cotidiano:
– O trânsito lento.
– A agressividade do familiar.
– A sobrecarga no serviço.
– As críticas do companheiro.
– O problema inesperado.
Em situações mais graves, a não
aceitação gera sérios problemas,
passíveis de nos desajustarem.
– A morte de um ente querido
– A doença grave.
– O prejuízo financeiro.
– A deserção de um amigo.
– A traição de um afeto.
Chico nos oferece a chave
mágica para não nos perturbarmos:
aceitar.
Eu diria, leitor amigo, que
noventa por cento de nossos sofrimentos,
tensões e angústias, ante os desafios da
existência, desde os simples
contratempos às cobranças cármicas,
sustentam-se em reações negativas,
quando nos irritamos ou nos rebelamos.
Toneladas de tranquilizantes e
analgésicos são consumidas no Mundo
por pessoas inquietas, irritadas, em face
de situações que fogem ao seu controle.
Crimes, agressões,
desentendimentos, afligem multidões
atormentadas porque não admitiram
algo que lhes aborreceu ou prejudicou.
Há o desastroso suicídio,
cometido por aqueles que não se
dispõem a enfrentar uma situação difícil.
A cruz simboliza,
tradicionalmente, a carga das
atribulações que devemos carregar na
jornada humana.
No Espiritismo aprendemos que
ela representa, acima de tudo, o resgate
de nossos débitos do pretérito, quando
infringimos as Leis Divinas que nos regem
na intimidade da própria consciência.
Considerando que jamais Deus
colocaria sobre nossos ombros peso
insuportável, é óbvio que a
transportadora celeste jamais comete
equívocos na entrega dos madeiros.
Nossa cruz é exatamente aquela
que nos foi destinada.
Ocorre que sentimentos
negativos – revolta, irritação, desespero,
funcionam como sobrecarga indevida,
p e s o s q u e s u b t ra e m m é r i to s e
acrescentam deméritos que complicam a
jornada.
Ao cultivar a aceitação, livramonos desses indesejáveis adicionais e a
cruz nos parecerá bem leve, tolerável.
***
Considere, entretanto, leitor
amigo, duas nuances importantes no ato
de aceitar.
A primeira é a aceitação passiva
de quem simplesmente se dispõe a
carregar sua cruz sem murmúrios e
queixas.
A segunda é a aceitação ativa de
quem faz dela um arado para fertilizar o
solo dos corações, com exemplos de
dedicação ao Bem, conservando a
Circular 001– 11/03/2016
Caros companheiros,
referente à contribuições para o livro
70 Anos de Unificação, até
30/06/2016.
O 17º Congresso Estadual de
Espiritismo – na cidade de Atibaia, em 23,
24 e 25 de junho de 2017 – é um marco
importante para o movimento espírita
paulista e também para a própria história
da USE, já que estaremos completando
70 anos de serviços em prol da
Unificação. Diríamos que a efeméride
encerra um ciclo, ao tempo que inicia
outro, de grandes desafios e mudanças.
Por essa razão, a Comissão
Organizadora sugeriu a elaboração do
livro USE -- 70 Anos de Unificação, que
deve ser escrito a muitas mãos, com
participação das 24 Regionais. É um livro
para resgatar a história do movimento
espírita em todo o Estado, ilustrado com
imagens, fac-símiles de documentos
raros, inaugurações, lançamento de
jornal, selo comemorativo,
personalidades, enfim, os fatos
relevantes para a história do movimento
espírita. Cada Regional está
contemplada com até sete páginas nessa
edição comemorativa, o que
corresponde a 23.900 caracteres no
corpo 12 e na fonte New Times Roman.
Fizemos esta solicitação no CDE
e CA de dezembro de 2015 e na própria
convocação do CA de 13/3/2016;
divulgamos também pelo jornal
Dirigente Espírita, que é órgão de
divulgação da USE. Estamos reiterando o
convite para que todas as regionais, e
respectivos órgãos locais, estejam no
livro comemorativo dos 70 anos da USE.
Para esse trabalho, que é de
caráter coletivo (prazo máximo para
entrega é 30 de junho próximo), a
Regional contará com o apoio e
envolvimento total dos órgãos locais sob
sua esfera de atuação. Certamente, essas
pesquisas vão trazer à luz muitas
histórias, fatos e personagens que
passarão a fazer parte do USE Memória,
mais um dos frutos desse 17º Congresso
Estadual.
Obras sociais e Campanhas
A contribuição espírita na
Saúde, Educação e Assistência Social,
preenchendo em muitos casos a
ausência do estado nessas áreas, é
reconhecida pelos próprios governos e
foi enaltecida pelo saudoso sociólogo
Herbert de Souza. Com efeito, nas
décadas de 40 e 50, os hospitais de saúde
m e nta l , d e o r i e nta çã o e s p í r i ta ,
tornaram-se referência no País. E ainda
hoje, apesar das mudanças nas políticas
públicas, continuam prestando
excelentes serviços. O mesmo se pode
dizer dos centros educacionais e as
numerosas obras assistenciais de
socorro à pobreza e de amparo à infância
e à velhice, erguidos sob a inspiração
espírita.
Também constituem fatos de
interesse para a História do Movimento
Espírita as campanhas encetadas pelos
órgãos de unificação em favor da paz, dos
valores da família, com a instituição da
prática do Evangelho no La, e pela Vida.
Como exemplo, podemos citar as Feiras
do Livro Espírita, as comemorações de
efemérides importantes, como o
centenário e sesquicentenário das obras
básicas e ainda as palestras públicas.
Também merecem destaque os
programas de rádio e televisão a serviço
da divulgação dos postulados espíritas.
Enfim, eis aí o grande desafio,
que vai requerer de todos nós, espíritas
useanos, muito entusiasmo e também
esforço e renúncia, como, aliás, requer a
obra de unificação. Como bem asseverou
Emmanuel, “trabalhar, além dos limites
do próprio dever, será sempre a nossa
maior pregação de virtude”. Contamos
com vocês!
Julia Nezu Oliveira
Rubens Toledo
Presidente
Diretor do Depto. de Comunicação
P.S. Conteúdos devem ser
encaminhados para o e-mail
presidê[email protected] com cópia
para [email protected] e
[email protected]. Ou ainda na
forma de CD/DVD, via Sedex, para
Secretaria USE – Rua Gabriel Pizza, 433
– Santana, São Paulo, SP.
Richard Simonetti
disposição de servir.
Na primeira, acertamos nossas
contas com o passado.
Na segunda, investimos para o
futuro.
Exatamente como fazia Chico.
Aceitava de forma positiva os
percalços de sua condição de missionário
sem contas do passado, para investir em
favor do futuro de todos aqueles que têm
a felicidade de conhecer os livros que
psicografou e de mirar-se em seus
exemplos de dedicação ao Bem.
Richard Simonetti
[email protected]
CULTIVE
A
PAZ
LEIA
O JORNAL
ALAVANCA
TAMBÉM VIA
WEB
alavanca.net.br