EUA: Proposta de lei para o clima e energia volta a fracassar
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EUA: Proposta de lei para o clima e energia volta a fracassar
ACTUALIDADESEMDESTAQUE por | FILIPA CARDOSO EUA: Proposta de lei para o clima e energia volta a fracassar Um ano difícil para os democratas Barack Obama tem conseguido, com muito esforço, alguns marcos históricos no seu mandato, como as reformas financeira e para a saúde, no entanto uma das promessas eleitorais que o presidente norte-americano e os democratas ainda não conseguiram cumprir é a de alterar a trajectória dos EUA no sector da energia. A verdade é que, perante a urgência e a difícil tarefa de aprovar outras medidas, como as acima referidas, a discussão séria sobre a lei para o clima e para a energia tem vindo a ser adiada, sem que por isso Obama deixe de repetir nos seus discursos a necessidade de apostar nas energias limpas para fazer face quer às alterações climáticas, quer à crise económica actual. A definição de um limite de emissões e a introdução de um sistema de “cap and trade” – no qual cada empresa tem de comprar créditos de permissão de níveis de emissões de dióxido de carbono e que podem ser comercializados num mercado regulado têm sido as principais divergências entre democratas e republicanos. As vozes Capitólio, Washington D.C. N o final de Julho, o democrata Harry Reid, representante do Nevada e líder da maioria no Senado, anunciou a “morte” da tão polémica lei para o clima e para a energia norte-americana proposta pelos senadores Kerry e Lieberman, afirmando que o Senado não iria passar o American Power Act (APA) nesta temporada política por falta de apoios. Nos dias que se seguiram a este anúncio, Reid ainda apresentou como alternativa uma proposta menos exigente que se centrava em reformas para a exploração petrolífera offshore, com especial atenção ao desastre do derrame de petróleo no Golfo do México, mas que também pretendia apostar na eficiência energética. O resultado foi semelhante, a proposta não conseguiu os apoios necessários: “Ten70 | Setembro/Outubro climatização À procura do caminho para a eficiência energética e as renováveis Tem sido comum nos discursos da administração Obama ouvir falar de energias limpas, economia verde e eficiência energética. Um dos recentes esforços nesse O calendário político não é favorável aos democratas e a pressão das eleições de 2 Novembro para o Senado, Câmara dos Representantes e Governadores já se faz sentir. Os democratas temem perder a sua maioria em ambas as Câmaras, o que torna pouco provável que, até ao final do ano, venha a existir qualquer lei neste sentido. © Architect of the Capitol Ao que parece, não será ainda este ano que os Estados Unidos da América (EUA) vão ter uma lei para o clima e para a energia que caminhe no sentido da redução das emissões de dióxido de carbono e na promoção das energias renováveis. Para além da forte divisão interna sobre o assunto, a aprovação das reformas da saúde e financeira, o incidente no Golfo do México e as eleições de Novembro tornam esta uma má altura para Obama avançar com mais uma grande mudança. críticas afirmam que esta legislação viria a introduzir uma “taxa energética nacional”, o que significaria mais despesas na factura energética dos consumidores e das empresas norte-americanos, pondo mesmo postos de trabalho em perigo. O incidente da plataforma petrolífera Deepwater Horizon da BP, em Abril, que originou o derrame de crude no Golfo do México, veio complicar a situação, alterando prioridades e trazendo para a mesa de discussão a necessidade de modificar a regulação para a actividade da perfuração petrolífera offshore. Sem a aprovação de uma proposta de lei que defina reduções para as emissões de CO2, restam apenas as limitações impostas pela Environmental Protection Agency (EPA), que, segundo a Reuters, estão já submersas em processos legais. támos jujitsu. Tentámos ioga. Tentámos tudo o que podíamos com os republicanos para que eles nos acompanhassem e fossem razoáveis”, ironizou Reid, perante a forte oposição. Numa última tentativa, o político apelou a que a proposta fosse votada quando o Senado regressasse da sua pausa em Agosto, depois de os republicanos afirmarem que precisam de mais tempo para analisar a proposta. No entanto, o calendário político não é favorável aos democratas e a pressão das eleições de 2 Novembro para o Senado, Câmara dos Representantes e Governadores já se faz sentir. Os democratas temem perder a sua maioria em ambas as Câmaras, o que torna pouco provável que, até ao final do ano, venha a existir qualquer lei neste sentido. climatização Julho/Agosto | 71 ACTUALIDADESEMDESTAQUE preso a sistemas tradicionais complicados sentido foi a integração do “Recovery Act Investments in Clean Energy” no “American Recovery and Reinvestement Act” que concedeu mais de 80 mil milhões de dólares (cerca de 63 mil milhões de euros) para a transformação de fontes de energias renováveis, aumento da capacidade de produção de tecnologias de energia limpa, criação de empregos sustentáveis, entre outros. Dentro desta estratégia, um dos resultados foi recentemente anunciado pela Casa Branca: durante o mês de Junho, foram reabilitadas a nível energético 31 mil casas e espera-se que, ao todo neste Verão, o mesmo seja feito a mais de 80 mil. O objectivo é que em 2012 esse número seja de 600 mil casas. Em análise no Senado está ainda a proposta de lei “Clean Energy Jobs and Oil Company Accountability Act of 2010” que integra o programa HOME STAR. Esta é uma iniciativa com a duração de dois anos, concebida por uma coligação independente de empresas e organizações, e que prevê incentivos directos aos consumidores residenciais para a realização de reabilitações ou melhorias energéticas. A HOME STAR Legislation pretende, através destes incentivos, criar novos postos de trabalho em indústrias já existentes. O orçamento total proposto é de 6 mil milhões de dólares (perto de 4,7 mil milhões de euros). Em Julho, a congressista Betty McCollum apresentou o “Thermal Renewable Energy and Efficiency Act”, que visa promover o uso de redes de distribuição urbanas e de sistemas de cogeração. Esta legislação propõe-se a criar uma taxa de crédito para a transformação de energia térmica renovável, funcionando como incentivo para apostar nestes sistemas, e alargar a isenção de impostos aos seus componentes. Nos EUA existem mais de 2500 redes de distribuição, incluindo em grandes cidades e em vários campus universitários, o que, de acordo com a International District Energy Association, representa uma “oportunidade para integrar a cogeração em redes existentes ou ligá-las a energias térmicas renováveis”. No entanto, apesar de uma tendência nos últimos anos para adoptar este tipo de iniciativas, são muitos os que consideram que os EUA ainda não estão seriamente empenhados – ou mesmo interessados – em investir numa “economia limpa”, como lhe chama Empire State Building está mais eficiente É um dos símbolos mais emblemáticos de Nova Iorque e vai, segundo os seus responsáveis, nos próximos anos, tornar-se num edifício com melhor desempenho energético. Trata-se do Empire State Building (ESB) e está, desde o ano passado, a sofrer obras de renovação para melhorar a sua eficiência energética e sustentabilidade ambiental. O programa, no valor total de 500 milhões de dólares (perto de 395 milhões de euros), vai permitir a redução de até 38% do consumo energético. A primeira fase da reabilitação, respeitante aos sistemas do edifício, deverá estar concluída no final deste ano e o restante em 2013. No exterior, o edifício vai levar 6500 módulos isolados de janelas triplas, de forma a melhorar significativamente a sua eficiência no Verão e Inverno. Já no interior, a iluminação vai ser substituída, assim como o projecto de iluminação e os controlos da mesma, e as condutas, chillers e unidades de tratamento de ar vão ser modernizados ou melhorados. Para além disso, vão promover-se os sistemas de gestão de energia, permitindo aos arrendatários alcançar uma maior eficiência. Com um custo inicial de projecto estimado em 20 milhões de dólares (cerca de 15 milhões de euros), espera-se que o ESB passe a poupar anualmente 4,4 milhões de dólares (3,4 milhões de euros) em despesas energéticas. A reabilitação do ESB faz parte de um programa levado a cabo pela Clinton Climate Initiative, do antigo presidente dos EUA Bill Clinton, em conjunto com o Rocky Mountain Institute, a Johnson Controls Inc. e a Jones Lang LaSalle. Para além da redução de emissões de CO2, o objectivo deste projecto é “criar um modelo replicável para outras reabilitações totais de edifícios”. 72 | Setembro/Outubro climatização Senador Harry Reid Obama. Uma das vozes críticas é a de Al Gore, que, numa entrada no seu blogue [www.blog.algore.com], afirmou que o fracasso de uma proposta de lei para o clima e para a energia já está a custar ao país milhares de milhão de dólares, fazendo referência a um artigo da Reuters, onde Kevin Parker, membro do grupo executivo do Deutsche Bank, afirma que “as perspectivas de investimentos em energias alternativas murcharam nos EUA depois de o Senado ter sido incapaz de quebrar o impasse para enfrentar o aquecimento global”. Acrescenta: “[Os EUA] Estão a dormir ao leme das alterações climáticas, do crescimento de emprego e da revolução industrial que está a ter lugar na indústria energética”. Em conversa com a Reuters, Parker apontou que, nesta matéria, os “EUA ainda não entraram sequer na corrida” e, a comprovar isso, refere que dos quase 7 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros) de investimentos “verdes” que fazem parte do fundo com que trabalha, apenas 45 milhões dólares (35 milhões euros) têm origem nos EUA. Por todo o país, os defensores da existência de uma lei para o clima e para a energia temem que a inactividade dos EUA leve os investidores a apostar noutros países, como, por exemplo, a China. precisa de ajuda? PENSE rooftop UTA compacta mais fácil de instalar que UTAs e chiller • menor custo de investimento • menor custo no ciclo de vida do sistema www.lennoxeurope.com