1 DIOCESE DE GUAXUPÉ

Transcrição

1 DIOCESE DE GUAXUPÉ
JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ
DIOCESE DE GUAXUPÉ
ANO XXIX - 285
AGOSTO DE 2013
1
editorial
“Cristo ‘bota fé’ nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: ‘Ide, fazei
discípulos’. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem
um mundo de irmãos. Também os jovens ‘botam fé’ em Cristo. Eles não têm medo
de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.”
Papa Francisco, durante discurso de chegada ao Brasil para JMJ 2013
Agosto é o mês dos ventos. As folhas
maduras caem das árvores, fertilizam o
solo para novas e robustas plantas. As
árvores são movimentadas de um lado
para o outro, o que faz delas mais resistentes, porque foram provadas pela
força dos ventos. O sopro cumpre sua
missão: despoja a vida de seus excessos
e a rejuvenesce.
Próximo a agosto, chegou Francisco
ao Brasil. O papa trouxe novos ventos
à Igreja. Veio para ver os jovens. Mas
ninguém é capaz de negar que este homem é, para a Igreja, tão jovem quanto
a juventude. Sua presença rejuvenesce a
todos. Não é homem de excessos. Quer
o essencial. Porém, com o necessário
movimento.
A Jornada Mundial da Juventude,
com a evangélica inspiração “Ide e fazei
discípulos entre todas as nações” (Mt 28,
19), invocou o necessário e urgente Sopro do Espírito para reanimar a Igreja em
sua missão. A juventude, hoje, sente-se
vocacionada a transformar o mundo em
casa de irmãos. Sabe que é discípula de
Jesus Cristo e que sua jornada vai além
das fronteiras impostas pelos sistemas
sociais. Quer botar fé no mundo, porque
o próprio Cristo veio para botar fé na hu-
manidade.
Um mês para pensar sobre a força dos ventos... que leva, que traz, que
renova. Mês vocacional. Oportunidade
para olhar com amor a vida consagrada. A Diocese de Guaxupé teve e tem a
alegria de acolher a presença de religiosos e religiosas, homens e mulheres que
fazem a jornada do vento do Espírito.
Alguns vindos de longe, de lugares diversos e aqui deixam suas marcas, rejuvenescem os espaços sem grandes pretensões, motivados simplesmente pelo
chamado que receberam do Cristo: “Ide
e fazei discípulos...”
Dom José Lanza Neto
voz do pastor
MARIA VOCACIONADA, AQUELA QUE SERVE
Maria, a vocacionada por excelência! Sua vocação distinguiu-se pelo seu
generoso serviço. O serviço é uma das
exigências da evangelização. Servir de
forma gratuita, sem olhar a quem.
Estamos no mês de agosto, mês
vocacional. Refletiremos sobre as mais
diversas vocações. O que pensar depois de passada a Jornada Mundial da
Juventude? Tantos jovens foram marcados pelo Senhor, ainda mesmo antes
da jornada. Quantas reflexões, caminhadas, orações, missões... Esperamos
que a juventude seja generosa em dizer ao Senhor que está disponível para
segui-Lo mais de perto, consagrando
sua vida numa entrega total. Será que
vale a pena darmos todo esse incentivo, encorajando-a em tal seguimento?
Não seria um desperdício entregar sua
juventude, sua força física, sua beleza
e expressão maior de sua vida a algo
sem muito brilho? É claro que vale a
pena e o Senhor merece o que temos
de melhor, de mais bonito e de mais
sério.
Por ocasião do 50º Dia Mundial de
Oração pelas Vocações, 21 de abril,
nosso Papa Emérito, Bento XVI, numa
mensagem dizia: “Amados jovens, não
tenhais medo de seguir Jesus e de percorrer os caminhos exigentes e cora-
josos da caridade e do compromisso
generoso. Sereis felizes por servir, sereis testemunhas daquela alegria que
o mundo não pode dar, sereis chamas
viva de um amor infinito e eterno,
aprendereis a dar a razão da Vossa Esperança.”
Invoquemos a mãe de todas as
vocações para que desperte entre os
jovens muitas e santas vocações. Lembremo-nos sempre de que o melhor
meio de suscitar boas vocações, após
orações, é a pregação do bom exemplo, a edificação da caridade mútua,
da alegria serena e da paz da vida em
comum.
Um belo trabalho está sendo desenvolvido, em nossa diocese, pelo
Serviço de Animação Vocacional (SAV),
tendo à frente um padre jovem, juntamente com jovens seminaristas. A eles,
nosso apoio e oração. Esse trabalho se
destaca pelas visitas aos jovens vocacionados em suas famílias e a formação das equipes paroquiais. Grande
parte de nossa diocese encontra-se
bem servida vocacionalmente, graças
à ação daqueles e daquelas que acreditam que Jesus continua chamando.
Que não nos faltem força e coragem,
vamos em frente!
expediente
Diretor geral
DOM JOSÉ LANZA NETO
Editor e Jornalista Responsável
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JORNAL COMUNHÃO
opinião
VIDA RELIGIOSA CONSAGRADA
Por Pe. Luiz Caetano, religioso rogacionista, responsável pela Obra Social e Setor Econômico do Educandário em Passos
BREVE HISTÓRICO
Desde o princípio do cristianismo,
sempre, homens e mulheres, por amor
ao Reino dos Céus, “abriram mão do casamento”. Gradativamente, esta forma
de vida, como novidade na Igreja, foi-se
expandindo por várias regiões. Passou
pelo Egito, pela Palestina, principalmente depois da chamada Paz Constantina
(313), quando o Cristianismo deixou de
ser uma religião perseguida, visto que o
Edito de Milão outorgou liberdade religiosa a todos os cidadãos do Império.
Como no início os cristãos eram muito perseguidos, podemos dizer que a primeira tipologia de Vida Religiosa surgiu
apenas no final do século III com o Monaquismo. Os chamados “ascetas” viviam
o celibato, possuíam uma intensa vida de
oração, praticavam jejuns, abdicavam-se
de seus bens e ajudavam os mais necessitados, colocando-se assim, em relevo,
o despojamento do próprio Jesus Cristo.
Com o passar do tempo, apareceu a
tendência para a vida em comum, de maneira mais ordenada. Assim, nasceram os
múltiplos Institutos de Vida Consagrada,
através de Ordens, Congregações, posteriormente Institutos e Sociedades de
Vida Apostólica. Alguns ainda permanecem, mesmo com o passar de tantos
anos e muitos outros continuam sendo
gestados.
CARISMA
Podemos dizer que a Vida Religiosa
Consagrada tem por finalidade a essên-
DIOCESE DE GUAXUPÉ
cia de viver a primeira Consagração, na
Aliança do Sacramento do Batismo, a
qual todos os cristãos leigos assumem
igualmente. Depois, por opção, consagram-se especificamente à vivência dos
Conselhos Evangélicos: Pobreza - vivência da partilha e da solidariedade; Castidade - vivência do amor indiviso, dedicado radicalmente a Deus e ao próximo, no
serviço à comunidade; Obediência - vivência na fidelidade ao diálogo e na missão da igreja, Povo de Deus. Muitas congregações adotam seus votos próprios.
Neste caso, os Rogacionistas possuem o
Quarto Voto – o Rogate – ou seja, rezar e
zelar pelas vocações.
É muito importante lembrar que o
carisma da Vida Religiosa Consagrada é
essencialmente eclesial, por isso, a consagração a ela adquire seu pleno significado, quando vivida na comunidade
eclesial.
PRESENÇA DO REINO
Para melhor compreendermos a
Vida Religiosa como presença do Reino,
as celebrações da CNBB para o mês de
agosto deste ano de 2013 elencaram recordações e propostas, definindo-as em
um tríplice eixo:
1 – Consagração: todos Religiosos
Consagrados devem ter momentos privilegiados para encontrar-se com Deus,
pertencer totalmente a Ele. Através da
intimidade com Ele, as motivações são
purificadas e a fé reabastecida. Quando
falta esta intimidade e amizade, a Vida
Religiosa vai perdendo o sentido de sua
consagração. E a comunhão com Deus,
com os outros e consigo mesmo vai se
deteriorando.
2 – Comunhão: todos Religiosos
Consagrados devem colocar-se como
operários a serviço da grande messe,
oferecendo tudo o que são e fazem inseridos na comunidade e na Igreja local,
sendo presenças vivas do Reino na vida
fraterna e em comunhão com a Igreja.
3 – Missão: todos os Religiosos Consagrados devem colocar-se a serviço do
Reino, anunciando e denunciando qualquer forma de injustiça. Não podemos
deixar de elencar que discipulado e missão não são dois momentos diferentes.
Em Mc 3,13-14, Jesus convida os doze
para ficarem com Ele, isto é, estarem
em comunhão com Ele. Depois são enviados a pregar. Por isso, podemos dizer
que todo discípulo é missionário, pois
Jesus o faz partícipe de sua missão, ao
mesmo tempo que o vincula a Ele como
amigo e irmão (Documento de Aparecida, 144). Um olhar de atenção para os
principais momentos de instrução de
Jesus aos discípulos acontece nas diversas circunstâncias da missão: encontros
(Mt 19,23), conflitos (Mc 9,33), parábolas
(Mc 4,34), oração (Lc, 11,1) e envio (Mt
10,1). Assim, a missão torna-se uma verdadeira escola para a comunidade do
discipulado.
(Cf. Celebrações para mês vocacional
– agosto 2013, CNBB)
CONTRIBUIÇÕES
Houve, por parte de nossos fundadores, um esforço enorme para encararem,
apaixonados, os desafios de suas épocas
e criarem comunidades que estivessem
em sintonia com as causas emergentes,
tendo em vista os contextos em que
eram chamados a atuar. Muitos tiveram
que adaptar-se às circunstâncias, aceitarem novas formas de estruturas para encaixarem os carismas.
O importante de tudo isso é saber, ao
longo dos séculos, que a Vida Religiosa
Consagrada foi, no seio da Igreja, sinal e
presença, testemunho vivo de oração e
caridade, de contemplação e apostolado.
No entanto, a prioridade da Vida Religiosa não é somente a convivência através
da vida compartilhada, mas a missão assumida em comum, formando uma verdadeira comunidade de irmãos.
O mundo de hoje exige um testemunho de comunhão, de fraternidade e de
diálogo (VC 51) não apenas como autêntico serviço evangélico, mas, sobretudo,
como sinal. Por isso, precisamos estar
sempre adequando nossas estruturas,
nossas relações, estilos de vida, espiritualidade, planejamentos, missão, segundo
o carisma.
O desafio atual, mais do que nunca, é
descobrir a vontade de Deus num tempo
de “mudanças de época”, tempos desnorteadores (cf. DGAE, 2011-2015, nº 20,
CNBB) e colocar os pés a caminho, sendo
presença do Reino de Deus na vida de todos os seres humanos.
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ESPECIAL: JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
Por Sérgio Bernardes
CLIMA DE EXPECTATIVA
NAS RUAS DO RIO,
ANTES DA JMJ
Mesmo antes do início oficial da Jornada Mundial da Juventude
(JMJ Rio 2013), um expressivo número de peregrinos de todo o mundo já preenchia as ruas do Rio de Janeiro com suas cores, idiomas e
expectativas pela chegada do papa Francisco para a JMJ, no dia 22 de
julho.
Em vários pontos da cidade, era possível deparar-se com grupos
de peregrinos de diversas nacionalidades, que aproveitavam o evento para conhecerem as atrações turísticas oferecidas pelo Rio. Os visitantes também percorriam toda a cidade, criando oportunidades de
evangelização, através de músicas, orações, conversas com os moradores locais, inclusive, participando das missas em diversas comunidades cariocas. Há um grande anseio dos grupos entrevistados em
relação à Jornada Mundial da Juventude. O padre Andres Espinoza
Duran, do México, traça algumas perspectivas para o evento, “estamos
muito contentes por termos um papa latino-americano, nos preparamos espiritualmente para este momento. Acredito que será uma oportunidade de compartilhar a alegria da fé”.
4
JOR
RNAL COMUNHÃO
JORNAL
A PASSAGEM DO PAPA FRANCISCO
Desde sua chegada, o papa Francisco se mostrou bastante próximo da
multidão que se deslocava por toda
a cidade para presenciar de perto a
passagem do sucessor de Pedro pelo
Brasil. Em seu primeiro discurso, junto
às autoridades do país, do estado e da
cidade do Rio de Janeiro, pronunciou
que a juventude é a “pupila dos olhos”
da sociedade. Sem esta luz, não haverá
futuro e, portanto, o mundo não verá
seus próprios caminhos. Com muito
afeto, que é próprio do pontífice, pediu licença para entrar no país e saudou a todos com a paz. “Aprendi que
para ter acesso ao povo brasileiro, é
preciso ingressar pelo portal do seu
imenso coração; por isso, permitam-me que nesta hora, eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença
para entrar e transcorrer esta semana
com vocês. Não tenho ouro nem prata,
mas trago o que de mais precioso me
foi dado: Jesus Cristo! Venho em Seu
nome, para alimentar a chama de amor
fraterno que arde em cada coração e
desejo que chegue a todos e a cada
um, minha saudação: ‘A paz de Cristo
esteja com vocês!’”
Em Aparecida (SP), no dia 24, mesmo debaixo de chuva, os peregrinos
se mantiveram às portas do Santuário
Nacional para ver o papa, que saudava incansavelmente a todos e beijava
algumas crianças pelo trajeto. Em sua
homilia, disse que o cristão não vive
sem as essenciais virtudes - esperança
e alegria. Depois, ternamente, carregou a imagem de Nossa Senhora Aparecida para saudar o povo e pedir que
por ele rezasse.
A sensação que ele transmitiu foi
de muita tranquilidade e alegria, mesmo diante de um engarrafamento na
cidade do Rio, nas visitas ao Hospital
São Francisco da Providência de Deus,
na inauguração da ala psiquiátrica que
dará assistência a dependentes químicos e à comunidade da Varginha,
na qual o papa exortou a todos num
discurso forte e enérgico: “Nenhum esforço de ‘pacificação’ será duradouro,
não haverá harmonia e felicidade para
uma sociedade que ignora, que deixa
à margem, que abandona na periferia
parte de si mesma.” Ainda na manhã
do dia 25, fez questão de um encontro
com os jovens argentinos que participavam da JMJ. Uma multidão de peregrinos lotou a Catedral Metropolitana
para este encontro inesperado com o
Sumo Pontífice.
A cidade do Rio de Janeiro, há algum tempo em tons de cinza – da
violência, da morte, do tráfico, da injustiça, das guerrilhas, durante a JMJ,
em tons de festa – cores continentais,
cores de esperança, de alegria, de coragem, de fé. O papa reuniu-se com a
juventude para celebrar a vida e a força
da fé cristã, capaz de contagiar o mundo e destruir os esquemas opressores
do mal. Em eucaristia, vigília, confissões e via-sacra, o papa e a juventude
rejuvenesceram não só o Rio, como a
Igreja no mundo.
O evento contou com números
grandiosos, cerca de 60 mil voluntários nacionais e estrangeiros que
contribuíram decisivamente na organização da JMJ. As atividades foram
inúmeras, como cordão de isolamento
nos eventos oficiais, assessoria de imprensa, atendimento aos peregrinos e
socorristas. Quem revela a importância do trabalho voluntário durante o
evento é o espanhol Abel Cobos que
atuou no balcão de informações na rodoviária Novo Rio: “Muitos peregrinos
vieram sem conhecer a cidade. Quando se encontraram conosco, ficaram
mais felizes, porque viram que tudo se
soluciona.”
Além dos eventos denominados
‘Atos Centrais’, a JMJ ofereceu uma
grande quantidade de atividades paralelas, como o Festival da Juventude,
repleto de atrações musicais, apresentações cinematográficas, teatrais e de
dança. E, no período da manhã, os peregrinos puderam participar de catequeses com bispos e cardeais em seus
respectivos idiomas. Numa destas catequeses ministradas na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Méier, o
cardeal dom Geraldo Magela Agnelo
recordou aos jovens a importância do
encontro pessoal com Cristo, que se
manifestou durante a JMJ. “Sentir-se
enviado é algo que devemos acolher
no coração, por ser discípulo de Cristo, eu me coloco à disposição deste
envio.”
EVENTOS EXTRA-OFICIAIS
DIOCESE DE GUAXUPÉ
5
reportagem
MÃOS DE MULHERES CONSAGRADAS
Mulheres com rostos de Igreja... consagradas para servir! enviadas a diferentes
missões. Sentem-se obreiras do apostolado. De mãos postas à oração, com mãos
na massa, na messe, no mundo – em nome do amor, de Jesus Cristo!
O Cristo viveu momentos precisos de sua missão na companhia de mulheres.
Nasceu pelo sim de Maria, aproximou-se da samaritana à beira do poço, vivenciou a amizade de Marta e Maria, teve os pés lavados por uma suposta pecadora
– gesto mais tarde repetido por Ele mesmo na última ceia, anunciou a Boa Nova
da Ressurreição a Maria Madalena.
A Igreja navega pelas águas tumultuosas do mundo, muitas vezes remada pelas mãos corajosas e firmes de várias mulheres. Recorda-se de Joana D’Arc, Teresa
D’Ávila, Rita de Cássia, Teresa de Calcutá, Nhá Chica... Tantos nomes podem ainda
ser lembrados! Uma Igreja também de mãos femininas.
A Diocese de Guaxupé, em seus quase 100 anos, edificou-se com a participa-
Por Pe. Gilvair Messias
ção ativa de muitas mulheres. Um mutirão de consagradas passou pela história
diocesana. Sejam em trabalhos diocesanos ou paroquiais, elas atuaram e atuam
em diferentes carismas, urgências da missão em cada tempo. Já em 1914, com a
chegada de Dom Antônio Augusto de Assis a Guaxupé, para fixar moradia, elas
foram convidadas pelo prelado, que via a necessidade de trabalhar a educação,
as primeiras religiosas Concepcionistas do Ensino.
Várias são as congregações femininas que fizeram parte da história da Diocese de Guaxupé. Outras continuam na missão, muitas vezes silenciosas como
as mãos de uma mulher sobre a massa de pão. O COMUNHÃO abriu este espaço
para ouvir algumas comunidades religiosas, momento oportuno para também
louvar e agradecer o serviço evangélico de todas. E fica à disposição para publicar, em edições futuras, suas experiências pastorais.
ORDEM DAS CARMELITAS DESCALÇAS
Há 62 anos, no Carmelo São José, na
cidade de Passos, hoje com 15 irmãs, o
carisma da Ordem das Carmelitas Descalças é o “da amizade com Deus, buscando vivê-lo numa vida de oração,
fraternidade, imolação pela Igreja, trabalho, silêncio, solidão, intercessão, espalhando ao nosso redor o perfume da
intimidade com Deus. Fomos fundadas
por Santa Teresa de Ávila em 1562 e estamos presentes nos 5 continentes, num
total de cerca de 12 mil carmelitas”, relata a Irmã Maria Elizabeth da Trindade.
“
tado, também atendemos às pessoas
para aconselhamento, direção espiritual,
escuta.”
Viver o silêncio da oração e afastadas do barulho do mundo não significa
desconhecer a realidade. As irmãs manifestam clareza e consciência nítida dos
desafios que lhes são impostos. “Permanecermos fiéis ao chamado de Deus e ao
carisma diante dos contravalores que a
sociedade atual apresenta e quase impõe. Manter nosso estilo de vida de simplicidade e pobreza; viver a comunhão
Como Moisés no monte, com os braços levantados,
enquanto o povo batalha pelo Reino”, as irmãs
carmelitas são mãos unidas em oração
“Como Moisés no monte, com os
braços levantados, enquanto o povo
batalha pelo Reino”, as irmãs carmelitas
são mãos unidas em oração, mãos de
Igreja que suplica pelo Reino, pelo Povo
de Deus. Diz irmã Elizabeth “que nosso
único ‘trabalho apostólico’, previsto em
nossas constituições, é aquele inerente à
nossa vocação, ou seja, rezar por todos
os que trabalham diretamente com o
povo, ser o sustentáculo dos evangelizadores, fermentar a sociedade de maneira
silenciosa e escondida com o fermento
do amor de Deus. Além deste acima ci-
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fraterna no amor numa comunidade e
num mosteiro onde convivemos 24 horas por dia, numa partilha de vida e de
ideal. Saber conduzir e formar as novas
gerações de carmelitas segundo o carisma, mas atentas às novidades do Espírito para o hoje de nossa história, caminhando com a Igreja.” E, por saberem dos
desafios, mantêm a força da esperança
que, segundo a comunidade, é a de “vivermos a unidade querida por Jesus,
sendo instrumentos de transformação e
de provocação na sociedade hedonista e
secularizada.”
CONGREGAÇÃO DAS IRMÃZINHAS DA
IMACULADA CONCEIÇÃO (CIIC)
Atualmente situadas em Passos,
com 03 religiosas, mas há 96 anos na
Diocese de Guaxupé, as Irmãzinhas da
Imaculada Conceição já exerceram valioso apostolado na história diocesana:
pastorais paroquiais; serviço de enfermagem; direção das Santas Casas em
São Sebastião do Paraíso, Guaranésia,
Guaxupé, Cássia, Itaú de Minas, Fortaleza de Minas, Campestre e Passos;
presença nos asilos de Cássia e Guaranésia; atuação nos Conselhos Tutelares
em Passos; assistência à Casa da Criança de Guaxupé.
“
que atuam nas visitas e alimentação
dos pacientes e familiares; assistência
às famílias e aos doentes através da eucaristia, orações, visitas, chamando o
padre para assistência pastoral-sacramental e o pastor para atendimento ao
seu fiel; presença de uma irmã na Pastoral Vocacional – SAV; irmã cursando
Enfermagem.
O trabalho é vasto, a messe é grande, porém os trabalhadores são poucos. As irmãs assumem como desafios
o número pequeno de religiosas para
esta missão. E ainda “atender as necessidades das pessoas quando pedem
os sacramentos. Por não termos um
Confiai sempre e muito na Divina Providência; nunca,
jamais desanimeis, embora venham ventos contrários.
Identificadas pelo carisma: “Sensibilidade para perceber os clamores da
realidade e disponibilidade para servir
aos mais necessitados e aos que estão
em situação de maior injustiça”, as irmãzinhas exercem hoje os trabalhos:
Pastoral da Saúde; Departamento de
Assistência Religiosa na Santa Casa de
Misericórdia de Passos e Hospital Regional de Câncer - com 102 voluntários
Santa Paulina
Capelão, nem sempre conseguimos
um padre.” E esperam: “um dia ter um
capelão ou um padre designado para
esta missão; Paróquias que assumem
o apostolado para com os doentes e
com a Pastoral da Saúde; que a Santa
Casa também tenha interesse por esta
missão.”
JORNAL COMUNHÃO
megatroper
IRMÃS CISTERCIENSES DA CARIDADE
Há 23 anos, em Claraval, hoje com
05 religiosas, as Irmãs Cistercienses da
Caridade participam dos benefícios e
da espiritualidade cisterciense, sobretudo na união ativa e contemplativa,
na liturgia e no empenho apostólico.
“Nosso carisma tem sua raiz no amor a
Cristo Crucificado”, dizem as irmãs. Inspiradas pela fundadora, madre Claudia, no caminho da cruz, as religiosas
creem que a caridade se modela pela
educação. “Educar não é apenas instruir, ensinar, transmitir ideias, mas é,
nefício sócio-cultural e religioso, especialmente da juventude.
Em 1994, vendo a necessidade das
famílias, a Congregação, com a ajuda
de benfeitores italianos, contribuíram
para a fundação da Creche Claudia
De Ângelis da Cruz, com o objetivo de
acolher as crianças, dando uma educação fundamental, possibilitando às
mães trabalharem. Atualmente a mesma acolhe cerca de 90 crianças.
Cuidam naturalmente da animação
litúrgica, da catequese e do percurso
de discernimento vocacional, propon-
“
Educar não é apenas instruir, ensinar,
transmitir ideias, mas é, essencialmente para
nós, Irmãs Cistercienses, formar ao amor,
tentando trazer para fora o melhor que existe
em cada pessoa. Concretamente, nossa
atenção é voltada, de modo particular, ao
mundo jovem, na educação, nas atividades
apostólicas nas paróquias e na missão.
essencialmente para nós, Irmãs Cistercienses, formar ao amor, tentando trazer para fora o melhor que existe em
cada pessoa. Concretamente, nossa
atenção é voltada, de modo particular, ao mundo jovem, na educação, nas
atividades apostólicas nas paróquias e
na missão.” Falam ainda que “tudo isso
é possível se todos os dias mantivermos em pé os três pilares que nossa
fundadora deixou: comportar-se bem
com Deus; comportar-se bem consigo
mesmo; comportar-se bem com o próximo.”
Desde a fundação em 1990, as irmãs se dedicam a trabalhar para o be-
DIOCESE DE GUAXUPÉ
do a Palavra evangelizadora às pessoas de diversas idades, envolvendo
crianças, jovens, pastoral da saúde e
da esperança. Acompanham também
as famílias ameaçadas pelo perigo do
alcoolismo e drogas, exploração de
menores e ao combate à prostituição
de adolescentes e jovens.
Atualmente destaca-se na atuação
das irmãs o Projeto “CRESCER” - Educando para vida, que acolhe cerca de
40 crianças e adolescentes. O objetivo
é educar para a vida, através do artesanato, da arte, música e de diversas
outras atividades formativas.
CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS DA NOVA
BETÂNIA
Inspiradas pelo carisma de cuidar de padres idosos, auxiliar nas
paróquias, nas diversas pastorais,
divulgar a boa leitura por meio de
livrarias católicas, trabalhar em hospitais, escolas, faculdades – surgiram, há 28 anos, em Guaxupé, as
Irmãs da Nova Betânia. Hoje, com
03 religiosas, atuam na Santa Casa
de Misericórdia de Guaxupé, Casa
da Criança, Centro Universitário da
Fundação Educacional de Guaxupé
(UNIFEG), Livraria Católica Nova Betânia e pastorais da Paróquia Nossa
Senhora do Rosário.
fim de despertar cada vez mais jovens dispostas a dar continuidade
ao Serviço do Reino de Deus.”
Às lideranças pastorais, neste
mês dedicado às vocações, as irmãs
rogam “despertar em nossas comunidades e nossas famílias uma renovada consciência vocacional.” “Nós,
como membros vivos da Igreja, somos também responsáveis em alimentar o chamado de Deus no meio
da Juventude.”
Em uma comunidade nova, as irmãs da Nova Betânia dizem o que
é importante recordar sempre para
manter o espírito religioso: “Nós, religiosas, vivemos em comunidade e
“
A vida, por si mesma, é uma resposta minuto
a minuto. Viver, escolher proporcionar a vida,
é um constante desafio. Em um mundo
marcado pelo crescente consumismo e
secularismo, tornam-se ainda mais difíceis
pessoas que se disponham a consagrar
suas vidas. O constante desafio é manter um
trabalho vocacional intenso, a fim de despertar
cada vez mais jovens dispostas a dar
continuidade ao Serviço do Reino de Deus.
Sobre os desafios da vida religiosa, as irmãs dizem que a vida, por si
mesma, “é uma resposta minuto a
minuto. Viver, escolher proporcionar
a vida, é um constante desafio.” Em
um mundo marcado pelo crescente
consumismo e secularismo, tornam-se ainda mais difíceis pessoas que
se disponham a consagrar suas vidas. “O constante desafio é manter
um trabalho vocacional intenso, a
procuramos nos ajudar mutuamente numa verdadeira unidade fraterna. Procuramos viver o espírito das
bem-aventuranças, dando ao mundo testemunho da felicidade eterna, garantida a todos, pelo Cristo.
É tempo de despertar e comprometer-se por meio da oração, a todos
os religiosos, a fim de perseverarem
na vocação.”
7
ponto de vista teológico
REDESCOBRIR A VOCAÇÃO NOS DIAS DE HOJE!
Por Pe. José Augusto da Silva, pároco da Matriz São Domingos (Poços de Caldas) e Professor na FACAPA (Pouso Alegre)
Grande desafio que se nos impõe é
recuperar a arte da atenção diante da
voz que chama! Acossados por uma
realidade polifônica e polissêmica,
sentimos nossa atenção esmorecer e
diluir-se. Afinal, quem chama? Como
discernir Aquele que chama, o Senhor,
Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos
variados chamamentos internos e externos a nós?
Creio que o primeiro passo é recuperar aquela ancestral atitude e, por
isso mesmo, basilar e determinante: a
atenção da fé. Conforme nos lembra o
Papa Francisco em sua primeira Encíclica, Lumen Fidei, a fé é uma conjugação dos verbos “ouvir” e “ver”: ouvir os
apelos de Deus Pai nos semblantes humanos, nos caminhos e descaminhos
da história! Dessa efetiva conjugação,
maturamos nossa fé e, por decorrência, sentimo-nos mais autorizados na
resposta aos apelos do Senhor.
“
Ouvir e, ao mesmo tempo, enxergar
a realidade presente nos capacita
a responder com mais inteireza o
chamamento do Senhor. Com os
ouvidos atentos ao que diz a Palavra e
com os olhos voltados para a história,
reencontramos a paz necessária do
discernimento.
Shemá, Israel (cf. Dt 6,4)! O povo
é convidado a ficar na escuta do que
o Senhor tem a dizer. Amá-Lo sobre
todas as coisas e ao seu semelhante
como a si mesmo é o cumprimento da
Lei. O distanciamento da “escuta” conduziu o povo ao desterro, ao desastre.
Não obstante a riqueza teológica produzida no Exílio, o povo amargurou
as consequências da não atenção aos
apelos de Deus. O profeta Zacarias
relembra: “Eles, porém, não quiseram
escutar: voltaram-me as costas, revoltados, e taparam os ouvidos para nada
ouvir” (Zc 7,11).
Ouvir e, ao mesmo tempo, enxergar a realidade presente nos capacita
a responder com mais inteireza o chamamento do Senhor. Com os ouvidos
atentos ao que diz a Palavra e com os
olhos voltados para a história, reencontramos a paz necessária do discernimento. Diz Isaías: “Vistes muitas
coisas sem lhes dar atenção, tivestes
os ouvidos abertos sem escutar” (Is
42,20). Realidade polifônica e polissêmica! Como outrora, vemos a superficialidade das coisas, temos medo de
8
atentar aos fatos. Ouvimos, mas não
captamos o essencial. O desafio cresce: como discernir os apelos do Senhor
numa realidade caleidoscópica? A arte
da atenção nos coloca em sintonia fina
com a vontade de Deus.
O chamado à existência e, por conseguinte, o chamado à vocação cristã,
só pode ser respondido com a consciência de que ainda não somos aquilo
que Deus nos propôs desde o início:
imago Dei. Vivemos a dialeticidade do
pecado e da graça. Não há como fugir
desse fato. É bem verdade que Deus é
sempre fiel e paciente conosco; espera ternamente nossa resposta generosa ao Seu amor. No entanto, ainda não
adquirimos a completude daquela
graça iniciada no dia do Batismo. Temos um longo caminho a percorrer,
especialmente na vivência comunitária! Sem essa consciência, podemos
nos equivocar na resposta.
Viver a vocação cristã nos dias de
hoje significa, após ter recuperado
a arte da atenção, “ouvir e ver”, colocar-se à disposição dos apelos, nem
sempre claros, porém constantes do
Senhor da Vida. Significa experimentar o amor transfundo do Deus vivo e
verdadeiro, que se verga sobre o caído; é experimentar em nossa carne a
bondade que naõ teme sujar-se com
as vicissitudes de nossa condição humana. Vale dizer: é fazer a experiência
do encontro que nos recorda nossa
verdadeira altura. Um exemplo forte
e atual é aquele narrado pelo quarto
evangelho: “Vinde e vede um homem
que me contou tudo o que tenho feito. Não seria ele, porventura, o Cristo?”
(Jo 4,29). A mulher samaritana reencontrou seu caminho: reencontrou-se
consigo mesma, com Deus e com os
irmãos.
A consequência natural de quem
descobre e vive sua vocação é tornar-se mensageiro do amor de Deus.
Como a samaritana, compartilha com
os irmãos o que viu e ouviu no gracioso encontro.
JORNAL COMUNHÃO
bíblia
VOCAÇÃO É DESAFIO
Por Pe. José Luiz Gonzaga do Prado, professor de Teologia Bíblica no Centro de Estudos Superiores da Arquidiocese de Ribeirão Preto. Reside em Nova Resende
O Papa Francisco vem repetindo, com frequência, que é preciso sair, que é preciso arriscar-se, que ele prefere uma Igreja acidentada a uma Igreja trancada em casa, doente e
deprimida. O Documento de Aparecida, sem dúvida, por influência do Cardeal Jorge Bergoglio que fazia parta da equipe de redação do documento, insiste em que não basta ser
discípulo, é preciso também ser missionário. A vocação para sair de si é para todos.
Ninguém é vocacionado para se acomodar. Ninguém é vocacionado para garantir a própria vida e subsistência com tranquilidade e conforto. É vocacionado para remar contra a
corrente – também palavras do Papa Francisco – para esquecer a segurança de casa e sair, ir, “como ovelha no meio de lobos”, anunciar a salvação que se encontra no Messias Jesus.
AMÓS
Amós era “um dos pastores de Técua”
(Am 1,1), aldeia de Judá, ao sul de Jerusalém. Mais adiante (7, 14), ele se diz também “vaqueiro e cultivador de sicômoros”.
Tomando conhecimento do que se passava no reino norte, o reino de Israel, sente-se chamado por Deus para denunciar a
exploração dos pobres e o culto falso que
tentava encobrir a exploração dos mais
fracos no economicamente próspero e
convencido Israel.
Ele faz suas denúncias no Santuário
Nacional de Betel (2,6-7): “Eles vendem o
justo por dinheiro; o sofredor, por um par
de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam mais penosa
a vida dos oprimidos.” “Escutai esta palavra, vacas de Basã, do planalto de Samaria,
vós que explorais os fracos e esmagais os
carentes, que só sabeis dizer aos maridos:
‘Traze, vamos beber!’” “Sou contra, detesto
vossas festas, não sinto o menor prazer
nas vossas celebrações!” “Afasta de mim
a algazarra de teus cânticos, a música de
teus instrumentos nem quero ouvir. Quero
apenas ver o direito brotar como fonte, e
correr a justiça qual regato que não seca.”
Evidentemente ele foi expulso do Santuário e também do país. Amasias, o sacerdote chefe do Santuário, imaginou que
DIOCESE DE GUAXUPÉ
ele fosse dos “profetas profissionais”. Esses
ganhavam a vida fazendo profecias para
agradar os poderosos ou para cobrar a fim
de modificar o sentido de suas palavras.
Assim, disse-lhe que o Santuário era uma
dependência do palácio do rei e que Amós
deveria ir ganhar a vida dessa forma lá na
sua terra, o reino de Judá. Aí ele nega ser
desses profetas e se diz vaqueiro e cultivador de sicômoros.
JEREMIAS
Jeremias não gostou de ser vocacionado. Disse: “Maldito o dia em que fui gerado! Jamais seja abençoado o dia em que
minha mãe me deu à luz!” (Jr 20,14) “Minha
mãe poderia ter sido minha sepultura, ter
ficado grávida para sempre! Por que fui eu
sair do seu ventre? para só ver tristeza e
aflição? para gastar minha vida em fracassos?” (Jr 20,17)
Ele tentou resistir. Veio a mim a palavra do Senhor: “Antes de formar-te no seio
de tua mãe, eu já contava contigo. Antes
de saíres do ventre, eu te consagrei e fiz
de ti profeta para as nações.” Eu respondi:
“Ah! Senhor Deus, não sei falar, sou uma
criança.” O Senhor respondeu-me: “Não
me digas: ‘Sou uma criança’, pois a todos
quantos eu te enviar, irás e tudo o que eu
te mandar dizer, dirás. Não tenhas medo
deles, pois estou contigo para defender-te.”
Mas não foi capaz. “Tu me seduziste,
Senhor, e eu me deixei seduzir! Foste mais
forte do que eu e me subjugaste! Tornei-me a zombaria de todo dia, todos se riem
de mim. Sempre que abro a boca é para
protestar! Vivo reclamando da violência
e da opressão! A palavra de Deus tornou-se para mim vergonha e gozação todo
dia. Pensei: ‘Nunca mais hei de lembrá-lo,
não falo mais em seu nome!’ Mas parecia
haver um fogo a queimar-me por dentro,
fechado nos meus ossos. Tentei aguentar,
não fui capaz.”
PAULO
O Apóstolo se diz chamado, como
Jeremias, desde o ventre de sua mãe (Gl
1,15). Foi fariseu fanático e inimigo dos
primeiros discípulos, mas quando lhe caiu
a ficha que o crucificado Jesus era mesmo
o Salvador enviado por Deus, abandonou
tudo o que sabia e que praticava, tudo virou prejuízo e lixo para ele (Fl 3,8).
“Pela Lei (pelo fanatismo com que seguia a Lei escrita e oral) morri para a Lei” (Gl
2,19), disse ele. Pela sua pregação de uma
fé em Jesus totalmente desvinculada das
observâncias judaicas, ele ganhou muitos
inimigos. Diziam que não era verdadeiro
apóstolo, que outros que se diziam enviados pelos Apóstolos que estavam em Jerusalém eram superapóstolos, mais apóstolos do que ele.
Ele, então, desabafa: (2Cor 11,22-27)
“Eles são hebreus? Eu também! São israelitas? Eu também! Descendentes de
Abraão? Eu também! São ministros de
Cristo? Fora do juízo, eu digo: Eu sou mais!
Muito mais pelos trabalhos, muito mais
pelas prisões, muitíssimo mais pelas chibatadas, muitas vezes perto da morte, cinco
vezes recebi dos judeus as quarenta chibatadas menos uma, três vezes dos romanos
apanhei de varas, uma vez fui apedrejado,
três vezes eu naufraguei, fiquei uma noite
e um dia perdido em alto mar. Sou mais
ministro de Cristo pelas muitas caminhadas, pelos perigos dos rios, pelos perigos
dos bandidos, perigos da parte dos compatriotas, perigos da parte dos gentios, perigos na cidade, perigos no descampado,
perigos no mar, perigos dos falsos irmãos,
pela labuta e pelo cansaço, muitas noites
sem dormir, pela fome e pela sede, muitas
vezes fazendo jejum forçado, pelo frio e
falta de agasalho.”
É por esses desafios todos, não por
qualquer outro motivo que ele se pode dizer mais ministro de Cristo do que tantos
outros.
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notícias
EQUIPES DE FORMAÇÃO CRISTÃ EM COMUNIDADE ENCONTRAM-SE
Por Vera Lúcia R. Brazão
Foto: Secretariado Pastoral
Em Guaxupé, no dia 06 de julho, reuniram-se representantes das Equipes de Formação Cristã da Diocese, com a presença
de 109 pessoas.
Segundo a programação proposta para
este ano, seriam dois momentos abordando o Ano da Fé: primeiro, sobre o Concílio
Vaticano II e o segundo, sobre Catecismo
da Igreja Católica, com enfoque na Formação Cristã em Comunidade.
Padre José Luiz Gonzaga do Prado discorreu sobre o Ano da Fé e ressaltou a necessidade de uma transformação interior,
que leve da oração à ação. Destacou a importância do Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII, na reestruturação
da Igreja Católica. Pode-se falar em Igreja
antes do Vaticano II e Igreja pós Vaticano
II. Propôs ao grupo a leitura de trechos das
Constituições Dogmáticas: Sacrosanctum
Concilium (sobre a Sagrada Liturgia), Lumen Gentium (sobre a Igreja), Dei Verbum
(sobre a Revelação Divina), Gaudium et
Vaticano II e Catecismo da Igreja foram assuntos abordados
Spes (sobre a Igreja no mundo de hoje) e
finalizou com plenário.
Padre Francisco Carlos Pereira abordou o Catecismo da Igreja Católica (CIC) e
a Formação Cristã em Comunidade (FCC).
Quanto ao CIC, deu ênfase à necessidade
de se buscar um verdadeiro encontro pessoal com Jesus Cristo, partindo da experiência de vida de cada um e inserir-se na
caminhada do Povo de Deus. Para isso, há
que se possuir formação doutrinária com
estudo da Bíblia Sagrada e conhecimento do CIC, atualizado e publicado 30 anos
após o Vaticano II. Com o tema “Catecismo
da Igreja Católica e Formação Cristã em
Comunidade: sem rivalidades”, explanou a
respeito das quatro partes do CIC e os cinco
Módulos da FCC. Ficou claro aos presentes
que há sintonia entre teoria – CIC – e módulos – FCC. Finalizou com a apresentação
de tópicos comuns, mostrando os paralelos e, mesmo com abordagem e didática
diferentes, que a coesão está mantida.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA,
EM PASSOS, REALIZA SEMANA MISSIONÁRIA
A Paróquia Nossa Senhora de Fátima,
em Passos, realizou entre os dias 14 e 20
de julho a V Semana Missionária, que
marcou os trabalhos do projeto das Santas Missões Populares (SMPs).
Em avaliação realizada em novembro
de 2012, as lideranças da paróquia decidiram realizar em 2013 o projeto das Santas Missões Populares, que foi definido
como prioritário.
Com a coordenação da Equipe de
Formação e de representantes dos cinco Regionais da Paróquia, realizaram-se
em fevereiro, março e abril, três dias de
formação com as lideranças da Comunidade para sensibilização, formação e divulgação das SMPs.
Após a missa de envio dos missionários, aconteceram três semanas de visitas
missionárias que contemplaram todas as
ruas do território paroquial, nos meses
de abril, maio e junho.
Como 3ª etapa do projeto das SMPs,
teve lugar entre os dias 14 e 20 de julho
a V Semana Missionária. Há cinco anos,
são acolhidos nas casas da Comunidade
seminaristas diocesanos que realizam
um trabalho de visitas, celebração e acolhimento das famílias. Porém, em ocasião da Jornada Mundial da Juventude,
a Semana Missionária deste ano contou
com a presença de 21 jovens franceses
(Pauline Gatard, Charlene Boreau, Kevin
Tessandier, Antony Rabald, Claire Raynal, Pauline Valentin, Freddy Marileau,
Hugo Morand, Nicolas Arduino, Laurence
Manesse, Chloé Camilleri, Kevin Dupré,
Marie Pierre, Simon Parcot, Paul Fradet,
Lucie Raynal, Marie Sarah, Charles Mar-
10
chand, Maxime Petit, Marie Disko, Caroline Dumont) e também o padre Benoit,
além dos queridos seminaristas diocesanos, Hudson, Michel, Wallisson, Mathias e
Silas. A vinda dos franceses à Paróquia foi
articulada pelo Ir. Marcos, da Congregação São Gabriel, atual coordenador pedagógico do CAPP.
Como todos os anos, os seminaristas,
bem como os franceses, se hospedaram
em casas de famílias da própria comunidade e durante toda a semana, fizeram
visitas, bênçãos e participaram das celebrações.
A comunicação, antes vista como dificuldade para realização das visitas, não
foi empecilho à missão. O amor fraterno
e a acolhida fizeram franceses e brasilei-
Por Andressa Cristina Santos
ros sentirem-se em um só lugar, a Igreja.
A presença dos seminaristas é sempre essencial. Eles abdicam de suas férias
para estar na paróquia.
As SMPs ainda terá uma 4ª etapa, que
serão os trabalhos desenvolvidos na Semana da Família, Mês da Bíblia, Mês do
Dízimo e Novena de Natal.
Foto: Paróquia N. Sra. de Fátima
Com apoio do pároco e participação da comunidade, seminaristas e missionários franceses foram acolhidos para a missão
JORNAL COMUNHÃO
saicí ton
SETOR POÇOS REALIZA ENCONTRO SOBRE GRS
Foto: Doralice Scassiotti
Aproximadamente 200 pessoas participaram do evento, com objetivo de articular os GRs nas paróquias do setor
No dia 22 de julho houve o Encontro
do Conselho Pastoral de Setor (CPS), no
Salão Paroquial da Paróquia de São Sebastião de Poços de Caldas, com o tema
“Grupo de Reflexão – O que é?”. Os Grupos de Reflexão (GRs) estão em consonância com o objetivo aprovado na IV
Assembleia Diocesana de Pastoral, realizada em 2009, afirmando que a renovação das comunidades eclesiais deve ser
à luz do jeito antigo/novo de ser Igreja.
Os Grupos de Reflexão formam comunidades como há muito deixaram de ser (
jeito novo) semelhantes às comunidades
primitivas, as Igrejas que se reuniam nas
Por Doralice Scassiotti
casas ( jeito antigo). Durante o evento, foi
também mencionado sobre o cuidado
que se deve ter com os grupos, porque
possuem uma estrutura muito simples,
mas também muito frágil. “Criar é muito
fácil, o difícil é manter a chama que se
acendeu quando da sua criação. Sendo
assim, com a mesma facilidade com que
são formados, podem morrer.”
O encontro contou com mais de 200
participantes de todo o setor, sendo ministrado e coordenado pela Irmã Terezinha – OP, da paróquia de São Domingos
e padre Francisco Carlos Pereira, da Paróquia Nossa Senhora da Saúde.
SETOR GUAXUPÉ PROMOVE ENCONTRO DE MECES
Foto: Maria de Fátima Dias
Aconteceu em 21 de julho, no Instituto Federal do Sul de Minas/Campus Muzambinho, o 5º Encontro de
Meces do Setor Guaxupé. O evento
contou com a participação de 400
Meces.
Durante o dia houve palestras.
Padre Gilvair Messias falou sobre o
tema “Deus esse desconhecido”. Padre José Milton disse sobre “Fé, um
dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar”. “Concílio Vaticano II e Catecismo da Igreja Católica”
Atividade setorial anual oportuniza espiritualidade e confraternização do grupo de MECES
Por Maria de Fátima Dias
foi o assunto discorrido por padre
Célio Laurindo.
Momento de Espiritualidade,
Adoração ao Santíssimo Sacramento,
teve a condução de padre Donizetti
Brito, da Paróquia Sagrada Família e
Santo Antônio de Machado. Presidiu
a celebração eucarística, dom José
Lanza Neto.
A animação do Encontro ficou por
responsabilidade do seminarista Juliano Vasconcelos e do Coral da RCC
de Muzambinho.
comunicação
NOMEAÇÃO
Nomeado pároco, no dia 09 de julho, para a Paróquia São José de Capetinga, padre Julio César Martins.
COMEMORAÇÕES DE AGOSTO
5
7
15
18
19
20
NATALÍCIO
Pe. André Aparecido da Silva
Pe. Edson Alves de Oliveira
Pe. João Pedro de Faria
Pe. Júlio César Martins
Pe. Antônio Donizeti de Oliveira
Pe. Marcos Luiz Silva Rezende
Pe. Sebastião Marcos Ferreira
Pe. Carlos Virgílio Saggio
29
30
1
10
11
13
20
24
Pe. João Batista da Silva
Pe. Alfredo Máximo da Silva
ORDENAÇÃO
Pe. Irineu Viana
Pe. Gladstone Miguel da Fonseca
Dom Messias dos Reis Silveira (presbiteral)
Pe. Adirson Costa Morais
Pe. José Ronaldo Neto
Pe. Riva Rodrigues de Paula
AGENDA PASTORAL DE AGOSTO
Diocese: Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral em Guaxupé
22º Um dia com Maria no Santuário em Poços
Diocese: Reunião da Pastoral Presbiteral
Diocese: Reunião do Setor Juventude em Guaxupé
Reunião da Coord. Diocesana de Catequese em Guaxupé
Reunião da Coord. Diocesana dos Grupos de Reflexão em Guaxupé
Reunião da Equipe de Comunicação em Guaxupé
11-17 Semana Nacional da Família
3
4
8
10
DIOCESE DE GUAXUPÉ
12
16-18
17
21
25
31
Diocese: Reunião do Conselho de Formação Presbiteral em Guaxupé
Diocese: Encontro Vocacional no Seminário São José em Guaxupé
Setores: Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPSs)
Diocese: Encontro com os Presbíteros até 05 anos de ministério
Dia do Catequista
Diocese: Encontro Diocesano de Coord. de Grupos de Jovens em Guaxupé
Diocese: Reunião do Conselho Diocesano do ECC em Guaxupé
Reunião Diocesana do Serviço de Animação Litúrgica em Guaxupé
11
educação e vida
SONHOS
Por Neusa Maria Figueiredo, psicóloga em Cabo Verde, Botelhos e Guaxupé
Há sonhos que se sonha só, há os que
sonhamos a dois e os sonhos comunitários. Em todos eles, almejamos encontrar
a realização de nossos desejos mais íntimos, nas diversas esferas da vida.
Sabe-se que o sonho alimenta a alma,
a solidão, as noites de insônia, a ausência
da pessoa amada, os projetos mais desejados e os próprios sonhos, pois sempre que se alcança ou se desiste de um,
saímos em busca de outro. É como se os
sonhos fossem a própria necessidade de
vida.
A medicina sabe que o sonho noturno é uma necessidade da mente. Sem
ele, o ser humano se desestrutura psiquicamente, podendo mesmo desenvolver
doenças mentais. Acordado, o sonho
permite que nossa imaginação seja continuamente exercida, bem como trabalha nossa mente para desenvolver projetos que satisfaçam nosso Eu.
Os sonhos fazem parte dos acervos
dos poetas, dos escritores, dos artistas,
dos estadistas, dos humanistas como se
fossem uma linguagem universal, estimulando os homens a continuarem e a
humanidade a sobreviver.
Os sonhos que se sonha só são os
pessoais e individuais. São aqueles que
vamos tendo por toda a vida e acreditando que darão certo. Se sou pequeno, sonho em ser grande para poder executar
coisa que “criança” não faz. Se cresci, sonho em realizar coisas que façam de mim
uma pessoa realizada e de sucesso. Se o
tempo passa... e o ingrato tempo passa,
sonho que os meus herdeiros realizarão
os sonhos que não realizei e assim, continuo sonhando.
Os sonhos a dois – ah! os sonhos a
dois! Estes são sempre coloridos, planejados e com a certeza de que tudo terá
sempre um final feliz. Normalmente fazem parte dos casais enamorados, de
amigos que escolhem seguirem, juntos, a
caminhada escolar, profissional ou social.
Os sonhos a dois são alimentados por
projetos a curto, médio e longo prazo.
Os sonhos comunitários, como o
próprio nome diz, são de muitos, são
ambiciosos e quase sempre têm por finalidade a realização do outro e não de si
mesmo. É um desejo ardente que acomete pessoas com um mesmo objetivo solidário, social, humanitário ou mesmo de
satisfação universal, como paz mundial,
acabar com a fome ou a miséria, sustentação do planeta e tantos outros projetos
já em andamento ou ainda em forma de
sonhos...
E os sonhos noturnos? teriam eles
alguma relação com os sonhos vividos
acordados? A psiquiatria e a psicologia
sabem que sonhamos os desejos mais
profundos e também as experiências vividas durante o dia.
Os sonhos fazem parte da humanida-
12
de desde o princípio da civilização. São
citados em textos bíblicos, literatura e expressos em telas. A psiquiatria utiliza-se
da manifestação dos sonhos desde que
foi reconhecida como uma especialidade
da medicina e ganhou força com Freud,
quando o mesmo começou a interpretar
os sonhos de seus pacientes e percebeu
que muitas doenças psíquicas apresentadas eram decorrentes da insatisfação,
frustração e decepção vividas quando
seus sonhos, sonhados acordados, não
eram satisfeitos.
Hoje, sabe-se que as pessoas que
perdem a vontade de viver são aquelas
que perderam a capacidade de sonhar,
de acreditar que o amanhã pode ser diferente, que há um dia após o outro e que
somos nós os idealizadores de nossas
vontades e de nossas conquistas.
Diz a música: sonhar é preciso... Sonham os jovens, que mesmo diante de
um mundo conturbado, ganancioso e
corrupto não se calam e saem às ruas
em protesto; sonham que o amor, a solidariedade e a fé movem montanhas
e caminham, juntos, independente de
raça, religião ou cor, como aconteceu na
Jornada Mundial da Juventude, crédulos
que Deus é por todos, mas cada um tem
de fazer sua parte.
Sonham os doentes, que mesmo com
suas dores e suas feridas acreditam que a
medicina é por eles e para eles e que com
fé conseguirão o alívio ou a cura.
Sonham os pais que seus filhos serão
bons o suficiente para sonharem e trabalharem pela humanização do mundo.
Sonham os avós que seus netos poderão voltar a correr livremente pelas
ruas sem serem abordados ou mortos
por causa de um tênis.
Sonham os namorados em poderem
sentar num banco de jardim ou na mesa
de um barzinho sem serem assaltados ou
maltratados pela falta de amor entre os
homens.
Sonham os homens em poderem voltar a ter trabalho digno e poderem ser
provedores de suas famílias, com remuneração suficiente para que suas esposas
possam sonhar em voltar a ser esposas e
mães que contam histórias a seus filhos,
sem precisar ficar fora de casa oito horas
por dia para ajudarem no sustento da
casa.
Sonha-se com matas verdejantes, rios
límpidos, abundância de alimentos, felicidade plena. Sonha-se com o Paraíso,
enquanto não conseguimos perceber
plenamente que ele já nos foi dado gratuitamente, no dia em que Deus, corajosamente, criou o mundo e nos colocou
nele. Enfim, sonhamos todos e sonhamos muito. E os sonhos que sonhamos
acordados só se tornam pesadelos se
perdermos o controle deles.
Tem razão o poeta - sonhar é preciso.
JORNAL COMUNHÃO

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