Necessidades energéticas em gatos adultos.

Transcrição

Necessidades energéticas em gatos adultos.
Revista
Pet Food Brasil
Ano 4 / Edição 22 / Set-Out de 2012 / www.editorastilo.com.br
Palatabilizantes
Editorial
2
Prezado Leitor
Um setor dinâmico, vinculado às tendências do segmento de alimentação
para os animais de companhia, que visa agregar atratividade ao pet food e
está empenhado em apresentar constantes inovações. Estas são algumas das
características que definem o mercado de palatabilizantes, um dos assuntos
abordados neste mês na Revista Pet Food Brasil.
O Brasil está totalmente alinhado com o mais alto nível mundial em
termos de palatabilidade. O que já era esperado para quem ocupa atualmente
o segundo maior mercado de pet food do mundo, sendo responsável por 9% da
produção global.
A indústria voltada para este segmento trabalha para superar limites da
performance e neste sentido, alguns aspectos mostram-se mais evidentes
como, por exemplo, a humanização, que promove a aproximação do pet food
aos conceitos da alimentação humana e assim permite levar funcionalidades
ao palatabilizante. Também contamos com soluções que possibilitam alcançar
melhores resultados na aparência final de snacks e ossinhos, propiciando uma
boa aceitação do produto.
O uso de corantes na alimentação animal é outro destaque nesta
edição. Considerados aditivos sensoriais, assim como os aromatizantes,
palatabilizantes, f lavorizantes e pigmentantes, eles são usados na alimentação
para melhorar ou modificar as características visuais dos alimentos ou as
propriedades organolépticas (como a cor, o brilho, o paladar, o odor etc).
Embora tenha um custo mais elevado, os corantes naturais vêm ganhando
destaque, como observaram os executivos das empresas pesquisadas, Vogler e
Doce Aroma.
Médica veterinária e atual consultora nas áreas comercial e de marketing
para empresas do setor pet, Mariana Galvão que contabiliza passagens em
CAPA ed 22.pdf
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04/10/12
12:19
Revista
Pet Food Brasil
importantes companhias como Kemin, Basf, Merial e Granfood é a nossa
Ano 4 / Edição 22 / Set-Out de 2012 / www.editorastilo.com.br
entrevistada do mês. A especialista expõe a sua opinião sobre o segmento de
nutrição animal, aponta as tendências, enumera os gargalhos deste setor e
C
M
Y
destaca as particularidades do nosso mercado.
CM
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Boa Leitura!
Daniel Geraldes
Edição 22
Setembro/Outubro 2012
Palatabilizantes
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Sumário
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06
Notícias
14
Caderno Científico
16
Capa
Diretor
Daniel Geraldes
Editor Chefe
Daniel Geraldes – MTB 41.523
[email protected]
Jornalista Colaboradora
Lia Freire - MTB 30222
Publicidade
[email protected]
22
Entrevista
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Informe Técnico
28
Em Foco
1
30
Em Foco
2
32
Em Foco
Fontes Seção “Notícias”
Anfal Pet, Pet Food Industry, Sindirações, Valor
Econômico, Gazeta Mercantil, Agência Estadão,
Cepea/Esalq, Engormix, CBNA
3
Impressão
Intergraf Ind.Gráfica Ltda
36
Segurança Alimentar
42
Pet Food Online
44
Pet Market
46
Caderno Técnico 1
54
Caderno Técnico 2
60
Caderno Técnico 3
Direção de Arte e Produção
Leonardo Piva
Denise Ferreira
[email protected]
Conselho Editorial
Aulus Carciofi
Claudio Mathias
Daniel Geraldes
Everton Krabbe
Flavia Saad
José Roberto Sartori
Vildes M. Scussel
Distribuição
ACF Alfonso Bovero
Editora Stilo
Rua Sampaio Viana, 167 - Conj. 61
São Paulo (SP) - Cep: 04004-000
Fone: (11) 2384-0047
A Revista Pet Food Brasil é uma publicação bimestral
da Editora Stilo que tem como público-alvo empresas
dos seguintes mercados: Indústrias de Pet Food,
Fábricas de Ração Animal, Fornecedores de Máquinas
e Equipamentos, Fornecedores de Insumos e Matérias
Primas, Frigoríficos, Graxarias, Palatabilizantes, Aditivos,
Anti-Oxidante, Embalagens, Vitaminas, Minerais,
Corantes, Veterinários e Zootecnistas, Farmacologia,
Pet Shops, Distribuidores, Informática/Automação
Industrial, Prestadores de Serviços, Equipamentos de
Segurança, Entidades da cadeia produtiva, Câmaras de
Comércio, Centros de Pesquisas e Universidades, Escolas
Técnicas, com tiragem de 10.400 exemplares.
Distribuída entre as empresas nos setores de
engenharia, projetos, manutenção, compras, diretoria,
gerentes. É enviada aos executivos e especificadores
destes segmentos.
Os artigos assinados são de responsabilidade de seus
autores e não necessariamente refletem as opiniões da
revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial
das matérias sem expressa autorização da Editora.
Notícias
6
Formula Foods inicia produção com secador
Manzoni msc-4000
A empresa Formula Foods, indústria de ração para cães e gatos e fabricante da marca registrada Premiatta,
sediada em Campinas-SP, colocou em operação o secador Manzoni de 4 ton/h da linha MSC-4000.
Visando atender as exigências de um processo rigoroso, a fim de manter um constante controle de qualidade
na performance e rendimento dos produtos e sempre levando em conta a BPF (Boas Práticas de Fabricação),
optaram pela Manzoni devido à confiabilidade, qualidade dos equipamentos, à estabilidade dada ao processo e
um suporte técnico presente e disponível.
“O secador permitiu um aproveitamento melhor da área produtiva, pois se trata de um equipamento vertical.
A ração passou a ter uma maior uniformidade com a estabilidade da umidade, gerando um produto com uma
qualidade superior. Além da facilidade de operação do secador através do monitor touch screen, o software de
controle do equipamento facilitou o treinamento e operação por parte dos funcionários”, afirma Marcos Roberto
Nicoletti, diretor da Premiatta.
A Premiatta é uma empresa formada por ideias inovadoras que proporcionam aos clientes e parceiros
vantagens visíveis.
Compartilhando da mesma filosofia, de respeito ao cliente, a Manzoni Industrial consolida mais uma parceria
e se fortalece como uma das principais fabricantes de máquinas para a indústria de ração do mercado brasileiro.
Para contatar a Premiatta, acesse o site www.premiatta.com.br
Biorigin apresenta resultados positivos sobre a
inclusão de beta‐glucanos nas dietas de cães
A Biorigin divulga novos estudos que comprovam os benefícios do MacroGard® - beta 1,3/1,6 glucanos purificados, na saúde de cães
quando incluído na dieta.
Felipe Horta, Especialista Técnico da Biorigin comenta: “Após comprovar eficácia do MacroGard® em minimizar sinais clínicos e a melhorar
a qualidade de vida de cães acometidos por afecções crônicas como osteoartrite e atopia, também obtivemos excelentes resultados em gatos
com doença periodontal, onde observou‐se redução de perda óssea e um melhor equilíbrio de citocinas em animais alimentados com o
produto”. Buscando explicar as bases desses efeitos, em um primeiro estudo, notou-se uma maior atividade de neutrófilos em cães tratados
com beta‐glucanos e, em um segundo estudo, um aumento da fagocitose de leucócitos e da produção de anticorpos em cães alimentados
com MacroGard® ‐ mecanismos fundamentais para o suporte de cães acometidos mas também de susceptíveis a afecções semelhantes e para
manutenção da resistência, saúde e bem estar a animais saudáveis em suas atividades diárias.
A Biorigin, reforçando ainda mais os investimentos na geração de informações que possam beneficiar todo o mercado pet, está fortalecendo
parcerias com importantes centros de referência em pesquisa clínica, nutrição pet e fisiologia, como a UNESP – Jaboticabal, a Universidade Livre
de Berlim (Alemanha) e Universidade de Louisville (EUA). O principal foco dos investimentos é ampliar ainda mais os conhecimentos a respeito
dos benefícios do uso de beta‐glucanos purificados – MacroGard® em cães.
Segundo Lineu Padovese, Gerente de Produtos, “em breve traremos novidades sobre os benefícios do consumo de MacroGard® durante
períodos pré e pós vacinal e na composição de dietas especiais e terapêuticas, entre outras situações, constituindo um novo e promissor
horizonte para a saúde e bem estar dos animais de companhia”.
MacroGard é composto por beta 1,3/1,6 glucanos purificados, produzidos a partir de uma cepa especialmente selecionada de Saccharomyces
cerevisiae, sendo a fonte de beta‐glucanos mais estudada do mundo.
Sobre a Biorigin
Comprometida com o aumento do valor agregado dos produtos de seus clientes, a Biorigin desenvolve e produz, através de processos
biotecnológicos, ingredientes 100% naturais para saúde e nutrição dos animais. Com Centro de Pesquisa e Desenvolvimento próprio e controle
total da cadeia produtiva, a Biorigin garante a segurança e qualidade de seus produtos, através das certificações ISO 9001:2008, ISO 22000:2005,
PDV, Kosher e Halal.
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Notícias
DSM vai adquirir a Tortuga para fortalecer o
negócio de nutrição animal
A Royal DSM, empresa global de Ciências da Vida e Ciências dos Materiais, anunciou hoje que celebrou um acordo definitivo para adquirir a Tortuga
Companhia Zootécnica Agrária (Tortuga). Sujeita às condições usuais, a transação deverá ser concluída no 1º trimestre de 2013. A Tortuga, uma empresa
privada brasileira, é líder em suplementos nutricionais com foco em ruminantes. A empresa tem sede em São Paulo, Brasil e cerca de 1.200 funcionários.
A Tortuga tem três fábricas no Brasil.
Fundamentação estratégica
O gado de corte e de leite criado em pastagens passa uma parte significativa da vida se alimentando de vegetação natural, o que significa que,
com frequência, carecem de minerais para compor uma boa dieta. Portanto, são necessários suplementos nutricionais para melhorar o desempenho
zootécnico e a saúde do animal. O tamanho do mercado global de suplementos nutricionais para ruminantes está estimado em aproximadamente €
4 bilhões, crescendo cerca de 3% ao ano e com crescimento significativamente mais forte (7-10%) em minerais orgânicos (quelatos). A Tortuga é uma
das líderes globais em minerais orgânicos (quelatos), apesar de até agora só operar ativamente na América Latina.
A aquisição da Tortuga permite que a DSM agregue valor com a sua grande presença na cadeia de valor com um portfólio abrangente de
ingredientes nutricionais para nutrição animal, aproveitando sua forte posição internacional. Mais especificamente, o valor será criado através das
sinergias de receita, introduzindo os ingredientes da DSM nos produtos e premixes da Tortuga e em seus canais de distribuição para ruminantes, como
também levando os produtos exclusivos da Tortuga, especialmente o portfólio completo de produtos com minerais orgânicos (quelatos), para clientes
de nutrição animal da DSM do mundo inteiro. A aquisição também fortalecerá a capacidade da DSM para oferecer soluções nutricionais integradas,
capturando valores crescentes a partir do conhecimento técnico e serviços de consultoria em nutrição animal.
A aquisição da Tortuga ampliará o portfólio de ingredientes da DSM por incluir os minerais orgânicos (quelatos) e permitirá que a DSM se torne
um completo provedor de soluções em nutrição animal. A Tortuga vai fortalecer a presença da DSM em suplementos nutricionais e aditivos para
ruminantes e é esperada a aceleração do crescimento da receita, através da alavancagem do know-how e da forte posição da Tortuga na suplementação
de ruminantes, em outros mercados na América Latina e no mundo.
A DSM poderá também utilizar a forte posição da Tortuga em minerais orgânicos (quelatos) em outros segmentos do mercado global como solução
nutricional para produtores de suínos e aves.
A operação também fortalecerá a presença da DSM no Brasil, maior produtor e exportador global de carne bovina com um atrativo crescimento
esperado, e disponibilizará à DSM canais de vendas adicionais no mercado brasileiro. A aquisição também é consistente com o foco global da DSM em
economias de alto crescimento, um dos quatro pilares da estratégia de crescimento da DSM.
A DSM espera que a transação gere imediato aumento do lucro por ação. Eficiências operacionais usuais também serão obtidas no processo de integração.
A aquisição da Tortuga é a sétima aquisição na divisão de Nutrição desde que a DSM divulgou sua estratégia corporativa DSM in motion: driving
focused growth (DSM em movimento: impulsionando o crescimento focado) em setembro de 2010. Essas aquisições são parte integrante da estratégia
da DSM para sua divisão de Nutrição e contribuirão para o crescimento atual e futuro do atrativo portfólio da DSM em Saúde, Nutrição e Materiais.
Feike Sijbesma, CEO e Presidente do Conselho de Administração da DSM, disse: “Com a aquisição da Tortuga, anunciamos € 2,2 bilhões em
aquisições para reforço do nosso crescimento, dos quais € 1,8 bilhão na nossa divisão de Nutrição desde que iniciamos com o nosso atual plano
estratégico, há menos de dois anos. Após a conclusão das aquisições anunciadas, a divisão de Nutrição da DSM deverá, em termos pro forma, superar
€ 4 bilhões em vendas líquidas anualmente, resultando em crescimento mais forte e estável, e maior lucratividade para a DSM como um todo. Esta
aquisição se ajusta integralmente à estratégia da DSM à medida que continuamos a gerar valor para todas as partes interessadas, fornecendo soluções
inovadoras e sustentáveis para os maiores desafios mundiais da atualidade e futuros.”
Leendert Staal, Presidente e CEO da DSM Nutritional Products, comentou: “A aquisição da Tortuga é um marco muito importante para a DSM.
Ela fortalecerá a nossa posição em suplementos e aditivos nutricionais para ruminantes e a nossa presença no Brasil, um dos maiores mercados para
ruminantes no mundo. A Tortuga também amplia o nosso portfólio de ingredientes de nutrição animal com os minerais orgânicos e oferece muitas
sinergias para geração de valor. Será um prazer receber na DSM a altamente qualificada equipe de funcionários da Tortuga.”
Creuza Fabiani, presidente da Tortuga, comentou: “Após quase 60 anos de atividades, a Tortuga ainda apresenta um enorme potencial de
crescimento e tem muito a oferecer para o setor de produção de proteínas animais. A DSM fará esse papel e dará continuidade ao que construímos
até aqui. A DSM foi cuidadosamente escolhida por mim por ter uma operação que não conflita com a da Tortuga no mercado brasileiro e pelo grande
sinergismo das duas empresas, que oferecerá oportunidade de crescimento a toda equipe da Tortuga”.
Fonte: Assessoria de Imprensa DSM
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Gatos patrocinados pela Royal Canin são favoritos na
disputa pelo título mundial da FIFe World Cat Show 2012
A Royal Canin do Brasil, empresa especialista na alimentação de cães e gatos,
levará 4 felinos para a disputa da próxima edição do FIFe World Cat Show, a maior
competição de gatos de raça do mundo. O evento, que acontecerá nos dias 27 e 28
de outubro de 2012 na Croácia, reúne criadores de 32 países e é o mais conceituado
do gênero, levando cerca de 1500 gatos anualmente.
Nesta edição, gatis patrocinados pela Royal Canin representam o Brasil no mundial como a filhote persa Tequila, que busca seu primeiro título, e o gato persa
Bon Jovi, vencedor do último mundial na categoria Melhor Macho Persa Adulto, do gatil Garfiel Cat Home. Além disso, a empresa está patrocinando a presença dos
felinos Tigerlilly e Excalibur. Ambos são do Gatil Triunfo, criadores da Maine Coon Diana Ross, vencedora em 2011 na categoria Melhor Maine Coon Fêmea Neutra.
Mariana Rocha, Gerente de Produtos para Criadores da Royal Canin do Brasil, afirma que a presença dos felinos no mundial representa o compromisso
da empresa com os criadores de gatos no País. “A Royal Canin acredita no potencial dos criadores parceiros. Este público sempre colaborou com o
desenvolvimento de alimentos para felinos e, para nós, é motivo de orgulho patrocinar gatos que são exemplos de beleza e, ainda mais importante, de
saúde, mostrando a relevância de oferecer alimentos com alta precisão nutricional às suas criações”.
Para os criadores, a parceria com a Royal Canin é de extrema importância para o crescimento da participação brasileira em campeonatos
internacionais. “A vitória do Bon Jovi, como Melhor Macho Persa Adulto no mundial do ano passado, consagrou a primeira conquista de um
título mundial por um país latino e, nesta edição, ele é um dos favoritos, o que lhe daria o bicampeonato. Isso mostra que criadores brasileiros
de felinos são tão qualificados quanto os europeus e americanos, que têm mais tradição. Isso se deve, em grande parte, aos cuidados diários de
alimentação e saúde que temos”, conta Dayan Pereira, do Gatil Garfiel Cat Home.
Hugo Cavalheiro, do Gatil Triunfo, destaca a visibilidade trazida pelo evento para um número maior de raças. “A raça Maine Coon vem
progredindo desde 2005, quando tínhamos apenas quatro gatos dessa espécie no Brasil. Hoje, já são mais de 60. Por causa da competição, os
criadores estão mais antenados e buscam mais qualidade. Exemplo disso é que, ano passado, fomos vencedores na categoria Melhor Maine
Coon Fêmea Neutra com a Diana Ross. Este ano, levaremos dois gatos da raça Maine Coon para o Mundial”, explica.
O FIFe World Cat Show é realizado pela Federação Internacional de Felinos (Fédération Internationale Féline – FIFe). Neste ano, a Royal Canin estará
presente nos dois dias de evento com um estande exclusivo, trazendo diversas informações sobre nutrição felina. Saiba mais sobre a competição pelo
site www.worldcatshow2012.com.
Fonte: Royal Canin | LVBA Comunicação
Ferraz monta fábrica Evialis em Goiás
A Ferraz Máquinas (www.ferrazmaquinas.com.br) foi responsável pela linha de montagem da fábrica da Evialis em Inhumas,
Goiás. Segundo Angelo Vezzozo, do Departamento de Projetos da Ferraz, a nova linha de produção de rações extrusadas da Evialis
tem capacidade de 10t/h, e será utilizada para produção de rações para peixes. O grupo Evialis, de origem francesa, é um dos
maiores fabricantes de ração animal do mundo, com 9 fábricas no Brasil. A fábrica de Inhumas atenderá principalmente os estados
da Região Centro Oeste e Nor deste.
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Notícias
Guabi marca presença na maior feira russa
voltada para o segmento pet
Centro de pesquisas em saúde animal WALTHAM®
lança novo site
O Grupo Guabi – um dos maiores produtores de rações e suplementos do país
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O Centro de Pesquisas WALTHAM®, iniciativa da Mars, Incorporated que, há quase 50 anos, fornece suporte científico a marcas como PEDIGREE®
estará presente em St. Petersburg (Rússia), entre os dias 11 e 13 de outubro, na
e ROYAL CANIN®, lançou em 05 de setembro o seu novo site www.waltham.com, totalmente reformulado para atender ainda melhor à comunidade
Zoosphere - maior feira do segmento pet do país. A Empresa levará ao cenário
científica e veterinária. Entre os destaques, estão um tour virtual pelas instalações de WALTHAM® Centre for Pet Nutrition, que fica em Londres
internacional seu portfólio de produtos voltados para cães e gatos: linhas Guabi
(Inglaterra), uma seção de recursos em que é possível fazer download de publicações e pesquisas desenvolvidas por WALTHAM® e uma área dedicada
Natural e Sabor & Vida. “É a quarta vez que a Guabi estará presente na Zoosphere
às notícias e eventos mais recentes relacionados ao tema.
para buscar novas oportunidades de negócios e consolidar a imagem da Empresa no
ramo de nutrição animal. A Rússia é um importante mercado para as exportações
e eventos, além de dados sobre a abordagem de ciência compassiva, subsídios e o financiamento à instituição, afirmando a liderança de WALTHAM®
do Grupo e há uma demanda crescente por produtos premium e super premium”,
no campo de cuidados e nutrição de animais de estimação.
ressalta Robson Fonseca, gerente de comércio exterior da Guabi.
Compatível com dispositivos móveis, como smartphones, o novo site de WALTHAM® oferece as informações mais atuais sobre pesquisas, conferências
Para obter mais informações sobre o novo site de WALTHAM® acesse www.waltham.com
A alimentação saudável é uma tendência mundial que tem sido transferida para os animais de estimação. Os produtos Guabi Natural
possuem em sua composição ingredientes nobres (carne e fígado fresco de frango), conservantes naturais (extrato de alecrim, vitamina E
Sobre o Centro de Pesquisas WALTHAM®
e ácido cítrico), fontes de proteína e carboidratos integrais como o arroz. A esta formulação foram adicionados ingredientes funcionais
O Centro de Pesquisas WALTHAM® é a Maior Autoridade Mundial no Cuidado e Nutrição dos Animais de Estimação e vem avançando as fronteiras da
para oferecer mais benefícios aos pets. Para combater os radicais livres foram incluídos antioxidantes - beta caroteno, vitamina C e E e
pesquisa científica sobre nutrição e saúde de animais de estimação há quase 50 anos. Localizado em Leicestershire, na Inglaterra, o renomado instituto
taurina, já para a redução de odores foi adicionado o extrato de yucca. Para facilitar a eliminação das bolas de pelos dos gatos foram
científico de última geração concentra seu foco nas necessidades nutricionais e comportamentais dos animais de estimação e em seus benefícios para
acrescentados fibras especiais como polpa de beterraba e psyllium. A condroitina e glucosamina garantem articulações mais saudáveis,
os humanos, o que permite o desenvolvimento de produtos inovadores que atendem de maneira prática a tais necessidades. WALTHAM® foi pioneiro
enquanto o óleo de peixe, linhaça e canola, fontes de ômega 3 e 6 essenciais, proporcionam pelagem mais saudável e bonita.
de muitos importantes progressos revolucionários em termos de nutrição de animais de estimação e, em colaboração com os institutos científicos mais
proeminentes do mundo, oferece embasamento científico às principais marcas da Mars, como PEDIGREE®, WHISKAS® e ROYAL CANIN entre outras.
A linha Guabi Natural foi desenvolvida em parceria com a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) de
Jaboticabal, onde a Empresa mantém parceria desde 1999 para analisar a influência da nutrição como método coadjuvante no tratamento
de doenças. Através destes estudos foi possível chegar também a linhas que auxiliam no tratamento de diabetes e de obesidade em cães
e gatos.
A linha Sabor & Vida possui também ingredientes selecionados, ricos em proteína e fibras. Para garantir que o animal continue ativo e
jovial as rações contêm vitamina C e E, zinco e selênio, que atuam como antioxidantes do organismo amenizando os efeitos dos radicais
livres. Para os gatos, a fórmula balanceada dos nutrientes e minerais ajuda a formação de uma urina com o pH adequado para auxiliar na
saúde do trato urinário. A versão Sabor & Vida Cães Sênior é indicada para animais a partir dos sete anos, com ingredientes equilibrados
que mantêm a composição corporal e ajudam a aumentar a longevidade e a qualidade de vida.
Com 38 anos no mercado, o Grupo Guabi é hoje um dos maiores produtores de rações e suplementos do país e conta com oito
unidades fabris localizadas em Campinas (SP), Bastos (SP), Sales Oliveira (SP), Pará de Minas (MG), Anápolis (GO), Além Paraíba (MG),
Goiana (PE) e São Gonçalo do Amarante (CE).
Fonte: LN Comunicação
Governo anunciará Plano Safra do Peixe
Foi lançado pelo governo o plano safra para a área do pescado, que deverá destinar R$ 6 bilhões para estímulo à produção,
capacitação e comercialização de peixes. O anúncio foi feito nesta segunda, dia 3, pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo
Crivella. O objetivo é que o Brasil deixe de ser importador de pescados para se tornar exportador. Segundo Crivella, nos países
desenvolvidos o peixe é a carne mais consumida, enquanto que no Brasil está em último lugar. Acompanhado pelo governador
Agnelo Queiroz, o ministro participou do lançamento da Semana do Peixe em Brasília, que, em sua nona edição, divulga o slogan
“Pescado: dá água na boca e faz bem para a saúde”. O Distrito Federal é uma das unidades da federação onde mais se consome
pescado no país, chegando a 12kg por pessoa ao ano, enquanto que a média nacional é de nove quilos no período. A Semana do
Peixe é uma temporada de promoções para despertar o interesse da população pelo alimento. O ministro Marcelo Crivella destaca
que a carne de peixe pode ser feita de diversas maneiras e tem a vantagem de apresentar baixo teor de gordura e contém ômega
3, que é muito bom para a saúde.
Fonte: Agência Brasil
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Caderno Científico
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Necessidade
energética em gatos adultos .
Resumo: Uma meta-análise foi conduzida com o propósito de se estabelecer as
necessidades energéticas de gatos adultos. Publicações nas quais foi identificado o peso
corporal de gatos foram usadas para gerar relações alométricas entre necessidades
energéticas e peso corporal em gatos adultos, usando regressão log-log linear. As
necessidades energéticas foram expressas em kcal/kg de peso corporal para serem
compatíveis com aquelas reportadas pelo NRC. A necessidade energética média de
manutenção foi 55,1±1,2 kcal/kg (115 grupos de animais). Três equações alométricas
foram identificadas para predizer as exigências energéticas para a manutenção do
peso corporal em gatos: magros (53,7*peso1,061 kcal/dia); peso ideal (46,8*peso1,115
kcal/kg) e acima do peso (131,8*peso0,366). Quando expressa pela massa magra, a
equação alométrica revelou uma necessidade de manutenção de 58,4*massa magra1,14
(36 estudos, R2= 0,697). A presente revisão sugere que equações de necessidade
energética de manutenção somente baseadas no peso corporal podem não ser exatas
na predição e informações mais detalhadas sobre sexo, idade, condição sexual, peso e
composição corporal podem melhorar a habilidade destas equações em interpretar as
necessidades energéticas de manutenção para gatos.
Necessidades energéticas
em gatos adultos
O
Por: Ricardo Souza Vasconcellos
British Journal of Nutrition, 103(8): 1083-1093,2010.
Autores: Emma N. Bermingham, David G. Thomas, Penelope J. Morris, Amanda J. Hawthorne.
Energy
requirement and food intake behaviour in
young adult intact male cats with and without
predisposition to overweight.
Resumo: Obesidade é um problema comum em gatos. No Instituto de Nutrição Animal,
a família de gatos epxperimentais apresenta um fenótipo magro e outro fenótipo de
gatos com predisposição ao ganho de peso. O objetivo deste estudo foi investigar as
necessidades energéticas e padrão de ingestão alimentar de gatos machos intactos de
s valores de necessidade energética de
uma diferença de acordo com o status sexual, em gatos
diferentes fenótipos, seis gatos normais (GL) e seis gatos com sobrepeso (GO). No início
manutenção para gatos descritos na literatura variam
castrados (machos – 50,1 kcal/kg, n=4 e fêmeas – 49,6
do estudo todos os gatos tiveram o escore de condição corporal 5, considerado ideal.
de 20-100 kcal de energia metabolizável por kilograma
kcal/kg, n=3 estudos) e inteiros (machos – 56,2 kcal/kg,
A necessidade energética dos gatos foi determinada usando a câmara respiratória,
de peso corporal por dia (kcal/kg/dia). Esta ampla
n=5 e fêmeas – 57,2 kcal/kg, n=4 estudos). Com relação
na qual a quantidade e frequência da alimentação foi medida usando um sistema
variação depende de fatores como castração, idade, sexo,
ao sexo e outros fatores, estas diferenças ainda são pouco
automático. A necessidade energética para manter o peso, baseando-se na massa
condição corporal, atividade física, entre outros, além de
estudadas, embora alguns estudos tenham sugeridos
magra, foi significativamente menor (p=0,02) nos gatos com sobrepeso (162,6 kJ/kg
fatores individuais. De acordo com as recomendações
diferenças entre machos e fêmeas. No entanto, à
do National Research Council (2006), atualmente
semelhança de seres humanos, em gatos e cães, os fatores
de massa magra/ dia) do que nos gatos magros (246 kJ/kg de massa magra/dia). Os
são empregadas duas equações para necessidades
sexuais, raciais, etários, entre outros, embora ainda
energéticas de manutenção (NEM) para gatos adultos,
pouco pesquisados, possivelmente serão considerado na
sendo 100*peso0,67 kcal/dia para gatos com peso ideal
elaboração de futuras equações de predição para estas
ou abaixo do peso e 130*peso0,4 kcal/dia para gatos
espécies, tornando-as cada vez mais exatas.
acima do peso. Apesar da recomendação destas equações,
Considerando a necessidade de pesquisas nesta
considerando apenas a condição corporal, independente
área, devido à literatura escassa sobre o assunto e a
dos fatores inerentes ao sexo e condição sexual, pode-
atualidade do tema, nesta edição foram selecionados
se verificar no próprio NRC (2006) que parece haver
dois artigos sobre NEM em gatos.
gatos GO também apresentaram maior ingestão de alimentos (34,5 gramas de matéria
seca/kg0,67) quando comparados aos gatos magros (24,0 gramas de matéria seca/
kg0,67). Como conclusão, foram encontradas diferenças quantificáveis na ingestão de
alimentos e comportamento de gatos predispostos à obesidade quando comparados aos
gatos magros.
The scientific World Journal, 2012, p.2-8, 2012.
Autores: Brigitta Wickert, Julia Trossen, Daniel Uebelhart, Marcel Wanner, Sonja Hartnack.
16
Capa
O
food através da solução que melhor se adequa à sua matriz, expectativa
de performance, limitações de custo e recursos disponíveis para sua
país desde 2003, segue as diretrizes do seu posicionamento global,
aplicação industrial. O Brasil está totalmente alinhado com o mais alto
ou seja, investir forte em alta tecnologia e performance de seus
nível mundial em termos de palatabilidade. O que já era esperado para
palatabilizantes. Aliado a isso, atender as necessidades específicas de
quem ocupa atualmente o segundo maior mercado de pet food do mundo,
cada cliente, desenvolvendo soluções personalizadas são prioridades
sendo responsável por 9% da produção global.
para a empresa, que contabiliza o ano de 2012 como muito bom para
Palatabilizantes
Agregando valor ao pet food
Por: Lia Freire
Um setor dinâmico, vinculado às tendências do
mercado de alimentação pet e empenhado em
apresentar constantes inovações
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Tecnologia e alta performance
conceito do palatabilizante é agregar atratividade ao pet
No Brasil, a AFB International, companhia que está presente no
A indústria voltada para este segmento trabalha para superar limites
os seus negócios. “Embora tivéssemos que enfrentar as dificuldades
de performance e acompanhar as tendências que são apontadas pelo setor
do mercado, como por exemplo, o aumento dos preços das matérias-
de alimentação animal. Neste sentido, algumas características mostram-
primas, usamos a nosso favor todo o know how e tecnologia que
se mais evidentes, como por exemplo, a humanização, que promove a
dispomos para desenvolver novas matérias-primas, reações químicas
aproximação do pet food aos conceitos da alimentação humana e assim
e processos, resultando em novos palatabilizantes, competitivos
permite levar funcionalidades ao palatabilizante. Também contamos com
comercialmente. A partir desta nossa expertise as expectativas
soluções que permitem alcançar melhores resultados na aparência final
de negócios que projetamos para 2013 são bastante otimistas,
de snacks e ossinhos, propiciando uma boa aceitação do produto, não só
continuaremos investindo em tecnologia e conhecimento”, afirma
por parte do animal de estimação, como também de seu proprietário.
Marcelo Beraldo da Costa, gerente da operação no Brasil.
Com a crescente demanda por produtos que beneficiem a saúde de
O executivo da AFB afirma que ao longo dos anos o
cães e gatos, a funcionalidade do pet food se tornou um importante fator
conceito dos palatabilizantes não se alterou, mas a visão sobre a
de sucesso na conquista do market share. Desta forma, apelos de claims
palatabilidade sim. “Tenho notado que na busca por uma melhor
voltados para a saúde e o bem-estar se tornaram valores importantes
palatabilidade ou para manter uma determinada palatabilidade, as
e defendidos pelos fabricantes de pet food. Marcas que são capazes de
empresas de rações estão sendo muito mais rigorosas na escolha
oferecer benefícios precisos, eficientes e compreensíveis para o pet e seu
das matérias-primas, nos processos produtivos e ao adquirirem
dono, acabam se sobressaindo neste mercado.
equipamentos de melhor desempenho, resultando em produtos
O Brasil tem sido o principal foco de crescimento para a Kemin,
finais melhores. A palatabilidade de um alimento não diz respeito
que continua a aumentar as suas vendas e presença no mercado de
apenas ao palatabilizante, mas é um conjunto de fatores e os nossos
palatabilizantes. “Desde que os animais domésticos se tornaram parte
clientes perceberam isso e têm trabalhado muito forte os aspectos
integrante das vidas das pessoas, o relacionamento entre animais e
relacionados aos processos e aplicações”, opina Beraldo.
seus donos agora cruza todas as fronteiras culturais e regionais. Como
tal, o prazer que um animal tem com seu alimento é uma preocupação
e a alta competitividade estão forçando as empresas do segmento
primária para seus donos, fazendo com que a palatabilidade seja uma
pet a discutirem sobre planejamento estratégico. “As companhias
parte essencial do alimento”, observa Barb Howe, Ph.D.,P.A.S., gerente
estão percebendo que aqueles que têm planejamento, compram
comercial senior – América do Sul da Kemin.
mercadorias de alta qualidade por um preço mais baixo ao longo
As pesquisas conduzidas pela equipe da Kemin Research &
do ano e com menos trabalho operacional e financeiro para atingir
Development são lideradas pelo Dr. Gordon Hering, que passou a
o objetivo definido. Tão importante quanto o planejamento é a
integrar o time da companhia em maio de 2012.
execução, pois implementar o que foi planejado é crucial para o
Beraldo também comenta que o aumento das matérias-primas
Sob o seu comando e guiado pelo seu próprio know how em técnicas
sucesso financeiro. Particularmente, sou um grande crítico do
de sabores, a Kemin está preparada para maximizar os sabores em
excesso, seja de planejamento ou execução, porém na dose certa
qualidade e desempenho, com novos produtos que conduzirão a indústria
é uma ferramenta altamente lucrativa. Considero ainda não ser
a novos conceitos em palatabilizantes. “Estes novos produtos trarão
difícil verificar se uma reunião de planejamento foi excessiva ou
soluções que resultarão não apenas em questão de palatabilidade, como
não: os participantes têm que sair com tarefas bem definidas e
também em funcionalidade”, destaca Barb.
não com a sensação de que “graças a Deus” terminou. Correções
A executiva lembra que neste ano, a crise global de proteínas
de curso no planejamento central durante a execução são
desafiou os produtores de alimentos para animais e os fornecedores
necessárias, porém sem perder o foco no objetivo definido e de
de ingredientes a atingirem altos quesitos de qualidade. “Este
maneira ordenada, todos devem correr com a mesma magnitude
desafio não atemorizou a Kemin, como tem demonstrado a
e direção. Também não enxergo como algo negativo quando um
competência de nossos cientistas e pesquisadores, entregando aos
planejamento efetuado não atingiu plenamente seus objetivos,
nossos clientes produtos da mais alta qualidade. As expectativas
embora a execução tenha sido impecável. Muitas vezes, temos
para 2013 são as melhores. Estamos preparados para expandir
que fazer “mais com menos” para atingir o mesmo resultado e,
parcerias na indústria de alimentos para animais domésticos, tanto
acreditem; sem planejamento, trabalharíamos ainda mais ou o
no Brasil como em todo o mundo.”
resultado não seria satisfatório.”
Capa
18
19
“Investimos forte em alta tecnologia e performance dos palatabilizantes,
oferecendo soluções customizadas”, Marcelo Beraldo da Costa, da
AFB International.
“Desenvolvemos projetos inovadores que objetivam agregar valor e
diferenciação ao fabricante de pet food”, George Ben Josef, do Grupo
Diana.
Ingrediente nobre e estratégico
melhor a complexidade dessas interações. É por isso, que há mais
De acordo com Charles Boisson, diretor da SPF do Brasil,
de dez anos a SPF criou uma atividade de investigação e serviço
A unidade de negócios do Grupo Diana, Vit2Be, através de uma profunda
em Descalvado (SP) no ano de 2003 as suas atividades para disponibilizar
análise e compreensão dos aspectos e funções fisiológicas de cães e
aos clientes do mercado de pet food, de toda a América Latina, múltiplos
gatos, desenvolve uma abordagem específica, por meio de ingredientes
serviços relacionados à mensuração da palatabilidade, além de consultoria
funcionais, para trazer aos fabricantes de pet food novos meios de
em sua área de atuação. É estudado o comportamento alimentar de cães e
diferenciar os seus produtos e deixá-los alinhados a tendência global.
gatos, desde a atratividade do produto até sua taxa de consumo, passando
Boisson, diretor da SPF do Brasil, destaca alguns dos aspectos
por outras muitas variáveis que fazem parte da complexa metodologia
responsáveis por tornar a empresa uma das principais a atuar neste ramo
empregada no centro. Os canis e gatis do complexo são amplamente
de negócios. “Primeiramente, graças a nossa presença mundial temos a
utilizados por empresas do mercado de pet food, realizando testes
possibilidade de compreender a competitividade global do segmento, que
cegos com o propósito de manter-se isento da indústria e conservar sua
varia em função das particularidades de cada mercado; segundo o nosso
credibilidade. Com esta ferramenta, os fabricantes de alimentos para
know how adquirido através de anos de pesquisa avançada e tecnologia
animais de companhia podem atestar como os pets reagem às mudanças
restrita a um seleto grupo de empresas nos permite disponibilizar aos
de formulação, bem como, mensurar a atratividade dos palatabilizantes
fabricantes de pet food produtos inovadores em termos tecnológicos e
utilizados, garantindo uma boa aceitação dos produtos no mercado”,
mercadológicos. Terceiro, o nosso profundo conhecimento dos clientes,
destaca Juliana Werneck, responsável pelo Panelis América Latina.
que chamamos de know how mercadológico, conquistado através da
proximidade, constitui-se em outra força competitiva. Somos a única
palatabilidade de produtos em desenvolvimento ou mesmo para
empresa do mercado brasileiro que dispõe de um centro de provas
o controle de diferentes variáveis de produtos em linha, como a
de palatabilidade local, permitindo a consolidação do processo de
repetibilidade da performance ou o contínuo monitoramento do
desenvolvimento de nossos produtos, sem o qual seria praticamente
desempenho dos seus produtos, por exemplo. “Não poderíamos deixar
impossível desenvolvermos soluções locais de alto padrão.”
de avaliar o comportamento alimentar de cães e gatos, buscando
evidências que nos levem a entender e decifrar sinais subjetivos
Panelis e a sua atuação no brasil
empresa do Grupo francês Diana, uma das principais companhias a
dedicado exclusivamente à orientação da aplicação do palatabilizante, o
produzir palatabilizantes, a função deste ingrediente é aumentar a
Aplicalis, que propõe às indústrias de pet food algumas ações dirigidas
Comportamento Animal – Panelis, pertencente ao Grupo Diana, iniciou
atratividade do alimento e o desejo nos animais em ingeri-lo. Assim,
que têm se mostrado bastante eficientes ao longo dos anos, através de
o ingrediente objetiva garantir a aceitação do pet food pelo animal
uma oferta de múltiplos serviços: conferências e treinamentos técnicos,
e, consequentemente, propiciar ao proprietário a satisfação perante
auditorias, apoio operacional e ensaios feitos sob medida em parceria
o produto adquirido. “Este vínculo entre a aceitação do alimento
com os clientes, com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho do produto
pelo pet e a satisfação do proprietário faz do palatabilizante um
adquirido, maximizar seu resultado, eliminar perdas e desperdícios e
ingrediente nobre e estratégico. Podemos concluir desta forma que
reduzir o impacto do palatabilizante no custo final do produto.”
este ingrediente constitui-se um item de diferenciação para o mercado
A “tropicalização” nas formulações
pet food, permitindo ao fabricante utilizá-lo de forma estratégica na
busca por uma maior participação em determinado segmento, ou
mesmo, de forma defensiva, buscando manter sua atual posição através
Descalvado (SP). Essa “tropicalização” nas formulações permite à SPF
A SPF do Brasil conta com um centro de P&D em sua planta de
deste diferencial. Trata-se, portanto, de um ingrediente de alto valor
do Brasil atender as necessidades e expectativas do mercado brasileiro
agregado uma vez que a palatabilidade está diretamente relacionada
com soluções específicas. “Um entrosamento que só é conseguido pela
com a percepção de valor do consumidor com relação ao produto e marca.”
proximidade com o cliente, um dos pilares da empresa, juntamente com
O gerente de marketing do Grupo Diana, George Ben Josef,
o suporte da estrutura da matriz francesa, trabalhando para aumentar
acrescenta que a palatabilidade não é alcançada exclusivamente com
os conhecimentos da percepção olfativa e paladar de cães e gatos.
a utilização de um intensificador de palatabilidade (ou palatabilizante).
Essa proximidade com o cliente nos permite ter um conhecimento
Pesquisas desenvolvidas pelos centros de P&D da SPF demonstram
profundo do mercado e suas necessidades. Partindo desse conhecimento,
que a melhor palatabilidade é alcançada através da sinergia de um
desenvolvemos projetos inovadores que objetivam agregar valor e
conjunto de fatores, que inclui o resultado de interações entre as
diferenciação para o fabricante de pet food”, reforça o gerente, Josef.
matérias-primas, variáveis no processo de fabricação, a estrutura do
kibble (extrusado), o palatabilizante propriamente dito e, finalmente,
linhas: D’Tech - destinada aos cães, atendendo as premissas de
a sua correta utilização no processo produtivo. Além disso, outros
competitividade e desempenho; C’sens - desenvolvida para as necessidades
aspectos como diferentes inclusões de palatabilizantes ou mesmo
de diferenciação do mercado de alimentos para gatos e a Delice criada
a combinação correta entre as várias opções de produto podem
para assegurar a melhor palatabilidade para os treats e medicamentos.
melhorar significativamente a performance do pet food. “Dessa forma,
Indicadas para biscoitos, snacks semiúmidos e extrusados, bebidas e
concluímos que uma abordagem sistêmica nos permite entender
molhos, além de produtos específicos para inclusão em comprimidos.
Atualmente, a gama de produtos da SPF é dividida nas seguintes
O Panelis fornece o suporte necessário na mensuração da
emitidos pelos animais, demonstrando, por exemplo, sua satisfação
O Centro de Pesquisas em Mensuração da Palatabilidade e Estudo do
ao se alimentar. A interpretação dos resultados pode apresentarse de forma bastante complexa, sendo muitas vezes necessário um
Capa
20
21
“Os testes realizados diariamente
no Panelis são com alimentos
secos, placebos e petiscos dos
mais variados tipos”, Juliana
Werneck, responsável pela
Panelis América Latina.
O Centro de Pesquisas Panelis, que pertence ao Grupo Diana, já
realizou mais de 50 mil provas de palatabilidade.
conhecimento estatístico para uma perfeita análise. Dessa forma,
secos, placebos e petiscos dos mais variados tipos. Com os alimentos
o Panelis contribui na interpretação dos resultados junto ao cliente,
secos acontecem durante as refeições nas quais os cães ou gatos
para que seu perfeito entendimento possa conduzi-lo à decisão mais
sempre terão duas opções de alimento para escolha. Os animais
adequada. Por fim, entendemos que a disponibilização de informações
são assistidos um a um durante as refeições para que um protocolo
sobre palatabilidade e comportamento alimentar é uma de nossas
pré-definido seja rigorosamente seguido. Observações como o
atribuições. Dessa forma, buscamos sempre que possível, interagir
comportamento do animal durante os testes são relatados, assim
com o mercado através de publicações e artigos técnicos nos meios de
como um conjunto de outras informações pertinentes são analisadas
comunicação, além de palestras proferidas sobre o tema em reuniões,
e consideradas nas interpretações de dados daquele animal. Para
congressos e simpósios”, explica Juliana.
os petiscos, são oferecidos dois tipos de testes, com a metodologia
Monadic, na qual se avalia a aceitação do produto e o teste versus,
Infraestrutura
no qual ocorre a mensuração da palatabilidade de petisco. “O
O Panelis América Latina está instalado em uma área de 37
tratamento estatístico aplicado aos resultados necessita contar com
hectares, possui 10 parques arborizados com bebedouros automáticos
um número mínimo de animais e, caso haja alguma demonstração de
e brinquedos, onde os cães permanecem em grupos definidos de acordo
inquietude ou incômodo por parte dos cães ou gatos, seus dados não
com a melhor afinidade e porte dos animais. “Vale ressaltar que os
são contabilizados para a interpretação dos resultados. As análises
cães passam em média 6 horas por dia em passeios nos diferentes
estatísticas bem feitas podem surpreender, apontando para direções
locais do Panelis, como a trilha arborizada para passeios, uma pista
imperceptíveis a uma análise realizada de forma amadora. O software
ao ar livre ou na pista de agility. Na hora de dormir, permanecem em
responsável por este tratamento estatístico, desenvolvido com
casais da mesma raça em suas confortáveis baias. Animais mantidos em
exclusividade pelo Panelis para atender às necessidades específicas
condições de estresse apresentam comportamento alimentar alterado
deste centro de palatabilidade nos garante uma análise detalhada e
e os resultados dos testes não demonstram a repetibilidade necessária
precisa dos dados obtidos”, afirma Juliana.
que o tornam confiáveis, um dos motivos pelo qual esta grande
estrutura foi criada”, afirma Juliana.
provas de palatabilidade realizadas ao longo de sua história. Para
O Panelis está respaldado por uma experiência de mais de 50 mil
Com relação aos gatos, o Panelis conta com quatro parques,
que se tenha uma ideia do volume de informações tratadas, para um
onde os animais encontram fontes com pontos de água fresca,
estudo conduzido com felinos, mais de 450.000 dados individuais
redes e sombra em abundância. Também são mantidos em grupos
de 2007 a 2011 foram coletados e organizados por critérios, tais
separados por afinidade. Em ambiente interno permanecem em locais
como, o tipo de revestimento de gordura ou a natureza e processo
adequados ao seu descanso e distração, na companhia de funcionários
de fabricação de aditivos palatabilizantes. Com essas características
dedicados à socialização destes animais, como por exemplo, sua
foram traçadas a experiência alimentar exata de cada gato. O grau
escovação diária. O centro ainda conta com consultório veterinário,
de exposição foi processado estatisticamente utilizando duas formas
sala de banho e tosa com capacidade para três pessoas trabalharem
de análises multivariadas de dados: ACP (análise de componentes
ao mesmo tempo, além do prédio administrativo e operacional.
principais) e AHCP (agrupamento hierárquico em componentes
principais). “Ao realizar os testes no Panelis, o cliente terá condições
Os Testes
Os testes realizados diariamente no Panelis são com alimentos
de avaliar o resultado final do trabalho”, conclui Josef, gerente de
marketing do Grupo Diana.
22
Entrevista
23
Revista Pet Food Brasil - Qual é a análise atual
sobre o mercado brasileiro de nutrição para
animais de estimação?
Marina Galvão - O mercado pet cresce de maneira
constante aumentando a diversificação de produtos
e serviços. O setor de nutrição para pequenos animais
representa 64% do mercado PET e esse índice por si
só já mostra a importância do segmento, que fatura
em torno de 11 bilhões de reais por ano no Brasil.
Outra informação relevante é que apesar do
crescimento do mercado brasileiro, ainda temos mais
de 50% dos animais de estimação não consumindo
alimentos industrializados, o que demonstra o
potencial deste setor.
Revista Pet Food Brasil - Qual é a tendência de
mercado quando focamos no setor de nutrição
animal? Ou seja, o que o mercado está consumindo?
“Destaco como as principais tendências do mercado, os ingredientes funcionais, naturais e antioxidantes.”
Marina Galvão
Por: Lia Freire
Médica veterinária formada pela Universidade Paulista, com pós-graduação em marketing na ESPM e
especialização em negócios pela FGV, Marina Galvão atua no ramo de Agronegócio há 16 anos, tendo
passagens nos setores farmacêutico, alimentício e ingredientes para Pet food.
Atualmente, por meio da sua empresa Mgalvão, presta serviços como consultora nas áreas comercial
e marketing para empresas do setor PET. Seu foco está no desenvolvimento de produtos, negócios e
de marketing. Marina contabiliza passagens em importantes companhias como Kemin, onde atuou como
diretora comercial para a América Latina, além de Basf, Merial e Granfood, nestes como gerente de
produtos e responsável comercial pelos negócios PET.
Nossa entrevistada deste mês expõe a sua opinião sobre o setor de nutrição animal, aponta as
tendências, enumera os gargalhos deste setor e destaca as particularidades do nosso mercado.
““Meus últimos trabalhos
têm sido no segmento de
aditivos e posso afirmar que
vem aí uma nova geração
de antioxidantes com
efeitos inovadores que irão
revolucionar o mercado.”
Marina Galvão - Apesar de ainda 60% do mercado
uma
consumir alimentos standard, com o aumento
superpremium, assim como mercados especializados,
da renda média do brasileiro, a tendência para a
como por exemplo, alimentos específicos para
humanização dos animais e a posse responsável
raças, obesidade, snacks, hipoalergênicos, alimentos
contribuem para que haja, ainda que lentamente,
funcionais etc. Automaticamente isso gera uma
migração
para
mercados
premium
e
24
Entrevista
25
“Existem no Brasil
excelentes faculdades
de agronomia,
veterinária e zootecnia
e boa parte destas
universidades têm
enfatizado o estudo
e pesquisas em
nutrição animal.”
esse é um foco da indústria, pois os centros de
de negócios?
de marketing das indústrias brasileiras que atuam
pesquisa em universidades possuem filas de espera
Marina Galvão - O principal motivador para o
neste setor? O que poderia ser melhorado?
para realizar testes e experimentos. Isso prova que as
crescimento do mercado é o potencial existente
Marina Galvão - Há um trabalho bem desenvolvido
empresas PET têm trabalhado muito em Pesquisa e
entre
consome
e estruturado pela indústria, porém nem sempre
Desenvolvimento.
alimento industrializado. Outro ponto importante
essa mensagem é percebida pelo consumidor, pois
a
população
que
ainda
não
é a conscientização dos proprietários com relação
há uma lacuna no ponto de venda. Isso ocorre em
Revista Pet Food Brasil - Sobre o nível técnico-
a uma boa nutrição e a praticidade dos alimentos
virtude do posicionamento de alguns distribuidores
científico dos profissionais brasileiros, qual é hoje
industrializados, isso sem contar com a boa
que não estão preparados para repassar a mensagem
a situação?
orientação vinda dos médicos veterinários.
ao público-alvo, estando mais focados na venda
Marina Galvão - Existem no Brasil excelentes
imediata, ao invés de estabelecer a marca e o produto
faculdades de agronomia, veterinária e zootecnia
Revista Pet Food Brasil - Quais pontos você
no ponto de venda. Não podemos generalizar esta
e boa parte destas universidades têm enfatizado
apontaria como os mais problemáticos no mercado
situação, afinal há ótimos trabalhos desenvolvidos
o estudo e pesquisas em nutrição animal, sendo
brasileiro?
pelos distribuidores, mas nesta relação comercial
excelentes
ainda encontramos muitos gargalhos.
“fornecedores” de profissionais para o
Marina Galvão - Sobre o alimento PET produzido
mercado de trabalho. O crescimento e o destaque do
no Brasil incide uma carga tributária em torno de
mercado PET por sua vez também atraem o interesse
49%, enquanto na Europa essa carga é de 18% e
Revista Pet Food Brasil - Como analisa o futuro
e talentos para a área.
nos EUA de 7%. Outro desafio da indústria é no
deste mercado?
desenvolvimento de fornecedores de ingredientes,
Marina Galvão - O mercado brasileiro ainda está em
Revista Pet Food Brasil - Você destacaria qual
pois não é raro encontrar barreiras ao buscar
crescimento e acompanha as tendências mundiais. O
segmento como sendo a “bola da vez” dentro da
empresas que atendam as especificações técnicas de
futuro, sem dúvida, é a prevenção da saúde animal
nutrição animal? Quais as razões para este cenário?
alguns produtos.
e o desenvolvimento de produtos segmentados,
Marina Galvão - Sem sombra de dúvidas o de
ingredientes funcionais, naturais e antioxidantes.
Meus últimos trabalhos têm sido nesse segmento
procura e um desenvolvimento no segmentos de
de aditivos e posso afirmar que vem aí uma nova
aditivos, embalagens e ingredientes.
geração de antioxidantes com efeitos inovadores
que irão revolucionar o mercado. Outro ponto de
Revista Pet Food Brasil - Em termos de qualidade,
destaque são alguns novos ingredientes funcionais
variedade e inovação, qual é a sua opinião sobre o
que vêm para atender o novo perfil de consumo do
mercado brasileiro?
mercado brasileiro e mundial de nutrição animal
Marina Galvão - No passado, o mercado brasileiro
com foco na prevenção da saúde animal.
estava distante dos mercados americano, europeu
e asiático. Hoje o cenário é outro. Gradativamente
Revista Pet Food Brasil - Quais as particularidades
evoluímos e sempre pautados na qualidade e
da indústria brasileira de nutrição animal para
variedade. Prova disso é a taxa de crescimento de
animais de estimação?
nossas exportações, assim como, o crescimento do
Marina Galvão - O mercado brasileiro conta há
mercado de snacks, enlatados e saches. Ainda não
muitos anos com a presença de marcas e fábricas
temos uma linha completa de produtos como, por
globais que representam 50% do volume vendido de
exemplo, alimentos veganos, 100% orgânicos e
alimento PET. O restante da produção é atendido
etc, mas ano a ano há um esforço da indústria no
por empresas nacionais com alta capacidade de
lançamento de novos produtos e é grande a aposta
adaptação e flexibilidade no lançamento de produtos.
na diversificação.
Há uma concorrência forte em todos os segmentos,
o que torna o mercado extremamente dinâmico e
Revista Pet Food Brasil - O que tem a dizer a
diversificado. Isso se reflete nas gôndolas onde é
respeito das pesquisas, desenvolvimento de novas
possível encontrar produtos e marcas conhecidos
soluções e formulações?
mundialmente até itens regionais, com variações de
Marina Galvão - É difícil quantificar esses resultados,
preço, apresentação e formulação.
pois por questões estratégicas várias empresas
mantêm os resultados de seus centros de pesquisa
Revista Pet Food Brasil - Sob quais aspectos
em confidencialidade, porém é correto afirmar que
obtivemos importantes evoluções neste segmento
sustentáveis e naturais, assim como, a migração para
Revista Pet Food Brasil - Como está o trabalho
produtos premium.
Informe Técnico
26
27
Fibras insolúveis em
alimentos para cães e gatos
A
fibra dietética pode ser definida como a soma dos
rápida expansão, amparada pela forte tendência de consumo de
polissacárides não amídicos, constituintes da parede celular vegetal
produtos funcionais e fortificados. Segundo dados do GNPD, na
mais a lignina, compostos indigeríveis pelas enzimas do trato
América Latina aproximadamente 75% dos produtos lançados para
digestório dos animais monogástricos. O conceito antigo de que
cães e 90% para gatos possuem algum tipo de claim funcional ou
fibras são desnecessárias para carnívoros e onívoros como o cão e
são fortificados com vitaminas e minerais.
o gato está ultrapassado, pois hoje é de domínio público que fibras
Os números demonstram oportunidades neste mercado,
são necessárias à sua saúde e digestão.
corroborando com a forte tendência de humanização do segmento
Por sua fermentabilidade desprezível, as fibras insolúveis
pet. A busca por produtos diferenciados reforça o crescimento de
podem ser usadas em concentrações elevadas sem ocasionar efeitos
fatias de mercado como o terapêutico, por exemplo, que apresentou
digestivos adversos. Fibras insolúveis apresentam uma série
crescimento de aproximadamente 60% em seu faturamento nos
de benefícios na nutrição de cães e gatos, podendo ser inclusive
últimos três anos no mercado nacional (Euromonitor).
consideradas como ingredientes funcionais, uma vez que podem
colaborar na prevenção e/ou auxilio da obesidade, na manutenção
da renda da população brasileira, impactando positivamente nos
do escore fecal e na eliminação das bolas de pelos dos felinos. Além
números dos mercados de bens de consumo, como o alimento pet.
disso, são ingredientes que podem e devem ser contemplados no
A busca por produtos de maior valor agregado pode ser observada
tratamento de várias doenças gastrintestinais e metabólicas.
nos quase 300 lançamentos de produtos com claims funcionais
apontados pela Mintel entre 2009 e 2011.
Atualmente, uma das principais utilizações das fibras insolúveis
Outro ponto importante a ser considerado é o incremento
é na luta contra a obesidade. A prevalência desta enfermidade em
cães e gatos tem aumentado em proporções epidêmicas e a taxas
soluções tecnicamente confiáveis aos seus clientes, o grupo Diana
alarmantes. A fibra insolúvel é uma grande aliada para o controle
apresentou ao mercado o Vit2Be Fiber que atualmente apresenta-
de peso, agindo na redução da densidade energética do alimento e
se como a melhor opção para o uso de fibras insolúveis na dieta de
ao mesmo tempo mantendo níveis ótimos de escore fecal, bem como
cães e gatos. Produzido nos padrões de segurança do alimento e
ajudando a manter sob controle os níveis de glicemia e da lipidemia.
qualidade assegurada do grupo Diana, o Vit2Be Fiber possui alta
Outra questão de grande importância na nutrição de cães e
concentração de fibras insolúveis. Clinicamente testado, possui boa
gatos é a formação dos tricobenzoares, popularmente conhecidos
aceitação pelos cães e gatos, sendo a sua utilização respaldada por
como bolas de pelos em felinos. A eficiência de determinadas fontes
trabalhos científicos que garantem sua eficiência e segurança.
de fibras como, por exemplo, o Vit2Be Fiber na dissolução e/ou na
prevenção da formação dos tricobenzoares é comprovada.
Atualmente o mercado de produtos funcionais apresenta uma
Sendo assim, e ciente de sua obrigação de implementar e oferecer
Autor: André Buck, DVM, M.Sc – abuck@diana-petfood.
com - Fone +55 (19) 3583-9404
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Em Foco 1
29
D
Por : Saul Jorge Zeuckner
Bacharel em agronegócios
e Diretor Comercial-Algomix
Eleições
urante esses últimos dias, tivemos algumas lições
tapinha nas costas, somos atenciosos, nos preocupamos
de vendas e atendimento relacionadas às eleições, aproveitei
com eles, mas depois que vendemos, na grande maioria
para observar como os seres humanos são capazes de
dos casos, abandonamos nosso eleitor (nosso cliente).
mudar, conforme sua necessidade e isso me fez lembrar as
Vejam que nossa analogia, faz sentido: somos movidos por
nossas profissões de vendas.
necessidades, conseguimos nos adaptar conforme o que
queremos, mas porque quando estamos vendendo bem,
Os políticos ou candidatos a políticos, seriam , na sua
grande maioria, bons vendedores, não que a profissão de
mudamos nossa característica?
vendas seja de pessoas falsas, não é isso que quero dizer, na
Acredito que podemos manter esse mesmo nível
verdade, estou tentando analisar a capacidade de se adaptar
de atendimento o tempo todo. Isso seria o ideal, mas e
às condições adversas e fazer um excelente atendimento,
os políticos teriam capacidade e condições de fazer esse
porque na verdade os políticos são em essência, vendedores,
atendimento o tempo todo? Já imaginaram como seria?
pois necessitam “vender suas ideias”, fazer as pessoas
acreditarem que aquele “produto” que estão oferecendo,
nos motivarmos, nos esforçarmos acima da média,
é a melhor opção que o “cliente” tem. Como os políticos
para que nosso atendimento seja melhorado a cada dia,
conseguem tamanha melhoria na qualidade de seus
como se estivéssemos em busca da reeleição, ou que o
atendimentos, conseguem ser gentis, cativos, dedicados,
período de eleições estivesse sempre próximo, para que
atendem a todos, cumprimentam todos que encontram,
fôssemos essa pessoa de atendimento especial em todos
dão tapinhas nas costas, procuram se preocupar com
os momentos em que estivermos com nossos clientes,
os eleitores(clientes)! Isso facilmente podemos observar
independente se já vendemos ou se vamos realizar
durante as campanhas políticas, Porque após as eleições
uma venda. Sempre teríamos que tratar nosso cliente
esse atendimento ao cliente( eleitor), acaba?
como um eleitor único, especial e decisivo para o nosso
Isso ocorre conosco em nossa profissão de vendas,
sucesso, seja em vendas , ou em eleições.
quando precisamos de nosso cliente, damos atenção,
Pensem nisso e boas vendas( boas eleições).
Todos temos condições de nos adaptar, cabe a nós,
Em Foco 2
30
31
Investimento,
crescimento e
reconhecimento.
IMEVE S.A. está entre as 250 pequenas e médias
empresas que mais crescem no país
E
m setembro passado, em São Paulo, aconteceu a
“É um imenso orgulho ver nossa empresa crescendo e se
apresentação do ranking das 250 Pequenas e Médias Empresas
destacando no cenário nacional. Tivemos que preencher vários
que mais crescem no país e a IMEVE S.A., indústria de
requisitos, em meses de avaliação. Trabalhamos muito, nos
medicamentos veterinários, ficou com a 106ª posição.
esforçamos e conseguimos atingir este objetivo”, explica Daniel
Nacata Garcia, diretor executivo da empresa.
Segundo os organizadores, o ranking é baseado na expansão
da receita líquida entre 2009 e 2011. Se inscreveram as
companhias com faturamento entre R$ 3 e 300 milhões, com
IMEVE S.A. tem um faturamento aproximado de R$ 6 milhões/
Com um crescimento de mais de 90% nos últimos dois anos, a
sede no Brasil e que operaram ao longo dos últimos cinco anos.
ano e tem investido pesado em pesquisa, desenvolvimento de
Para participar, as empresas responderam a um questionário com
novos produtos, contratação de profissionais e ampliação da
dados atuais e planejamentos futuros, elaborado pela consultoria
estrutura física.
Deloitte e por Exame PME.
“Com a entrada do fundo investidor, a empresa cresceu. Tivemos
Apenas duas empresas do segmento de produtos veterinários
injeção de recursos e com isso planejamos um crescimento agressivo,
figuraram no ranking. Destas, a IMEVE foi a que teve melhor
porém, consciente. Temos por meta crescer significativamente em,
colocação, reforçando seu espírito empreendedor e mostrando
no máximo, três anos. Em 2013, com certeza, estaremos melhor
um novo posicionamento mercadológico.
ranqueados na pesquisa”, conclui Nacata.
Em Foco 3
3232
33
antibióticos, anticoccidianos, oligoelementos, emulsificantes,
que se refere à formulação de novas tonalidades para atender
aromatizantes, palatabilizantes e etc.”
às novas tendências de mercado. A Doce Aroma possui três
Visando garantir a cadeia produtiva e as autoridades de
laboratórios sendo um deles voltado exclusivamente para
fiscalização o efetivo controle sobre seu uso, os aditivos são
aplicação e desenvolvimento dos corantes naturais e artificiais;
classificados no Brasil (IN n° 13 de 30/11/2004, do MAPA,
onde realiza todos os testes de aplicação antes dos lançamentos.
seguindo as orientações do Codex Alimentarius) da seguinte forma:
“Para meados de 2013 ampliaremos nossas instalações, com uma
Aditivos nutricionais - vitaminas, provitaminas e substâncias
nova planta, que já está em fase adiantada de construção. Esta
quimicamente definidas de efeitos similares; oligoelementos
unidade triplicará nossa capacidade produtiva e nos possibilitará
ou compostos de oligoelementos (microminerais); aminoácidos,
maior área de armazenagem, além de contarmos com novos
seus sais e análogos; ureia pecuária e seus derivados. Aditivos
laboratórios de pesquisa e desenvolvimento”, afirma Helo.
tecnológicos - adsorventes; glomerantes; antiaglomerantes;
Corantes
As cores na nutrição animal
Por: Lia Freire
Neste complexo processo de humanização observado na relação entre os animais
de estimação e os seus donos, os corantes ganham destaque na alimentação para pets
C
antioxidantes; antiumectantes; conservantes; emulsificantes;
A DEMANDA PELOS CORANTES NATURAIS
estabilizantes; espessantes; gelificantes; regulador da acidez e
A Vogler dentro da divisão Vogler Systems desenvolve
umectantes; e Aditivos sensoriais - corantes e pigmentantes;
misturas de corantes de acordo com as necessidades do mercado e
aromatizantes e palatabilizantes.
das exigências de seus clientes. “Trabalhamos com os Innocolors
Os corantes são substâncias que conferem ou intensificam
de tonalidades marrom e verde. Também oferecemos opções
a cor dos produtos destinados à alimentação, podendo ser:
como os corantes amarelos (crepúsculo e tartrazina), vermelhos
naturais, corante caramelo e artificiais. Segundo o artigo 10 do
(amaranto, ponceau e alura), azul (indigotina e brilhante),
Decreto n°55 871, de 26 de março de 1967 (BRASIL, 2002b),
dióxido de titâneo, corantes lipossolúveis, corante caramelo,
considera-se corante natural o pigmento ou corante inócuo
clorofila, antocianina, betacaroteno, luteína, cantaxantina etc.
extraído de substância vegetal ou animal. Corante caramelo é o
Observamos uma procura crescente por corantes naturais.
produto obtido a partir da reação de Maillard de açúcares. Já o
Esta demanda deve-se, sobretudo, à tendência da população
corante artificial é a substância obtida por processo de síntese
por uma alimentação mais saudável o que ref lete de maneira
(com composição química definida). Muito utilizados pelos seres
direta no alimento dos animais de estimação, visto que estes são
humanos, os corantes têm cada vez mais significativa presença
na alimentação animal devido à forte tendência de humanização
na relação entre os pets e os seus donos.
Atenta à evolução e às tendências do segmento de nutrição
A Doce Aroma produz e comercializa
corantes artificiais e naturais. São eles:
animal, que busca melhorar a aparência e qualidade dos produtos,
a Doce Aroma Ind. E Com. Ltda atua misturando as cores
Corantes Naturais
primárias, buscando novas tonalidades e nuances que aproximam
Urucum: possibilita uma variedade que vai do tom alaranjado ao
ao máximo o alimento industrializado do alimento in natura.
avermelhado
“Para atingirmos este objetivo, disponibilizamos ao mercado
Cúrcuma: tonalidade amarelada
os corantes naturais que agregam maior valor nutricional e os
Clorofila: tom esverdeado
corantes sintéticos ou artificiais, que auferem uma coloração
Carmim de cochonilha: tonalidade que vai do vermelho ao rosa
mais intensa
Caramelo: variação do marrom escuro ao caramelo claro
e “viva” aos alimentos industrializados. Cada
corante apresenta vantagens e desvantagens, portanto, um breve
onsiderado um aditivo sensorial, assim como os
Administration (FDA), órgão regulatório dos EUA, define
estudo do processo de fabricação, bem como das características
C orantes S intéticos
aromatizantes, palatabilizantes, f lavorizantes e pigmentantes, os
“aditivo é a substância adicionada ao alimento dos animais com a
do item a ser fabricado, deve ser feito para verificar qual o melhor
Amarelo crepúsculo
corantes são usados na alimentação para melhorar ou modificar
finalidade de melhorar seu desempenho, passível de ser utilizada
tipo de corante a ser adicionado na formulação do alimento
Amarelo tartrazina
as características visuais dos alimentos ou as propriedades
sob determinadas normas e desde que não deixem resíduo no
industrializado a fim de obter o melhor resultado final. Observo
Azul brilhante
organolépticas (como a cor, o brilho, o paladar, o odor etc).
produto de consumo humano”. Enquanto isso, a European Food
que no caso dos corantes naturais, houve um considerável
Azul indigotina
ou
A rtificiais
Os aditivos podem ser classificados de diversas formas, de
Safety Autorithy (EFSA), órgão de regulação de alimentos
aprimoramento em termos de sua resistência e estabilidade
Vermelho bordeaux ou amaranto
acordo com os critérios estabelecidos por órgão reguladores de
da Comissão Europeia, descreve “aditivos são substâncias ou
durante o processo de industrialização do alimento. Dentro
Vermelho eritrosina
cada país. Por exemplo, o MAPA – Ministério da Agricultura,
preparados dessas substâncias que, incorporados nos alimentos
do contexto dos corantes naturais, o carmim de cochonilha é
Vermelho ponceau 4R
Pecuária e Abastecimento – diz que “aditivos são substâncias
dos animais, são suscetíveis de inf luenciar as características
um dos mais consumidos no mundo por sua versatilidade e boa
Vermelho 40
ou
que
desses alimentos ou a produção animal”. Finalmente, a
estabilidade ao calor, luz e oxidação”, esclarece Helo Blanco,
Verde folha
normalmente não se consomem como alimento, tenham ou
Organização Mundial do Comércio (OMC), em texto aceito pela
executiva da Doce Aroma.
Marrom M
não valor nutritivo, que afetem ou melhorem as características
Receita Federal do Brasil, diz “aditivos são elementos nutritivos
Para a produção dos corantes naturais, a empresa tem
Roxo açaí e roxo uva
do alimento ou dos produtos animais”. Já o Food and Drug
funcionais, que incluem vitaminas ou provitaminas, aminoácidos,
realizado
micro-organismos
adicionados
intencionalmente,
significativos
investimentos,
especialmente
no
34
35
“A Doce Aroma tem realizado significativo investimento na produção dos
corantes naturais, especialmente no que se refere à formulação de novas
tonalidades”, Helo Blanco.
“Observamos uma procura crescente por corantes naturais. Esta demanda
deve-se, sobretudo, a tendência por uma alimentação mais saudável”,
Tatiane Graciano Domingues, da Vogler.
considerados membro da família. É importante salientar apenas
segmento da Vogler.
o alto custo para aplicação dos corantes naturais nos alimentos
para animais de estimação. Estes corantes são extremamente
se analisa a aplicação dos corantes na nutrição animal: primeiro
sensíveis e o processo de extrusão é bastante agressivo, além de
que nas linhas Premium e Super Premium, já não se utilizam
terem o custo bem mais elevado quando comparado aos corantes
mais corantes; segundo, nos alimentos econômicos e standard
artificiais”, analisa Tatiane Graciano Domingues, gerente de
têm tido um crescimento do uso de corantes, em busca de
A Vogler comercializa as seguintes opções
em corantes:
Innocolors de tonalidades marrom e verde
Amarelo crepúsculo
Amarelo tartrazina
Vermelho amaranto
Vermelho ponceau
Vermelho alura
Azul indigotina
Azul brilhante
Dióxido de titâneo
Corantes lipossolúveis
Corante caramelo
Clorofila
Antocianina
Betacaroteno
Luteína
Cantaxantina, entre outros.
A gerente da Vogler acrescenta que há duas vertentes quando
tonalidades mais fortes em relação ao que se utilizava no passado
e, com isso, a inclusão de corantes por tonelada de alimento
produzido aumentou consideravelmente.
Os cuidados com a qualidade dos corantes oferecidos levou
a Vogler à Índia para conferir pessoalmente os produtos da
Roha, marca que representa atualmente. “Para homologar este
fornecedor fomos conhecer a sua planta e ficamos atentos para
verificar a concentração dos corantes e se havia a presença
de impurezas. A Vogler exige teores de chumbo, arsênio e
metais pesados inferiores aos da legislação brasileira vigente,
sempre nos baseando nas leis mundiais mais restritas. Além
disso, esporadicamente enviamos os corantes para análise em
laboratórios, a fim de garantirmos e assegurarmos a qualidade
dos produtos que fornecemos”, acrescenta Tatiane.
Para o seu futuro neste segmento de corantes, a Vogler
deseja crescer com responsabilidade, fornecendo ao mercado um
produto que agregue qualidade e, sobretudo, que proporcione ao
animal de estimação segurança ao consumi-lo. “Este é o grande
diferencial da nossa empresa”, reforça Tatiane.
Segurança Alimentar
36
37
Contaminação por metais pesados
Chumbo
1. Metais Pesados
Metais pesados são elementos químicos com pesos atômicos entre
63.6 a 207.9 e densidade >5.0 g/cm3 (Tabela 1). Entre os principais
Tabela 1 – Exigência de vitaminas para cães por 1000 kcal
de energia metabolizável
metais pesados que podem contaminar os alimentos, a água e o meio
ambiente (inclusive alimentos para pets, produzidos com ingredientes
Tabela 2. Fontes
Metais
de contaminação e toxicidade de alguns metais pesados em alimentos pets
Fontes
Principais
de contaminação
sinais de intoxicação
CHUMBO (Pb)
Alimentos enlatados, vegetais tratados com agrotóxicos, fígado
bovino, poluição do ar, utilização de agrotóxicos com residuos
na pastagem, fertilizantes, tintas, combustíveis, gás contendo Pb,
papel de jornal e anúncios coloridos.
Danos ao sistema nervoso central, rins, fígado e sistema reprodutivo.
Alterações dos processos celulares básicos e funções cerebrais. Podem
provocar anemia, insônia, dor de cabeça, tontura, irritabilidade,
fraqueza muscular, alucinação e danos renais (SALGADO, 1996).
CÁDMIO (Cd)
Alimentos, efluentes gasosos industriais, fertilizantes, agrotóxicos,
frutos do mar, farinha de ossos, materiais cerâmicos, solda.
Provoca elevação da pressão sanguínea e aumento de órgãos (coração
e próstata). Redução da imunidade. Carcinogênico. Enfraquecimento
ósseo, dores nas articulações, anemia, enfisema pulmonar,
osteoporose e perda de olfato. Danos renais e em altos níveis é letal
(NASEEM; TAHIR, 2001).
MERCÚRIO (Hg)
Açúcar, tomate e pescado contaminados, Termômetros,
agrotóxicos, água, polidores, ceras, tintas, lâmpadas fluorescentes
de Hg, derivados de petróleo.
Causa danos no SNC, disfunção pulmonar e renal, dor torácica e
dispneia (NAMASIVAYAM; KADIRVELU, 1999).
COBRE (Cu)
Indústria de refratários e química, efluentes gasosos industriais,
pilhas de rejeito.
Provoca vômitos, cólicas, convulsões e até a morte (PAULINO et al.,
2006).
CROMO (Cr)
Efluentes gasosos industriais, curtume, indústria de refratários
e química, soldagens, produção de ligas ferro-cromo, cromatos,
dicromatos, pigmentos e vernizes.
Causa acumulo na cadeia alimentar, provoca graves irritações na pele
a carcinoma de pulmão (KHEZAMI; CAPART, 2005).
contaminados) e causar sérios danos à saúde, estão o chumbo (Pb),
arsênico (As), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), cromo (Cr), cobre (Cu) e
manganês (Mn). As principais fontes de exposição de animais e humanos
a esses metais são os alimentos. Através deles os metais são absorvidos
IUPAC, (2005)
pelo organismo sendo difícil eliminá-los. Ao contrário dos contaminantes
orgânicos, os metais pesados não são biodegradáveis e tendem a se
acumular nos organismos vivos, sendo tóxicos e carcinogênicos quando
encontrados em alimentos para pets.
abordados separadamente na Coluna da presente Revista. O primeiro a
ser abordado nessa edição será o Pb, seguido pelo Hg, Cd, Cu e Cr, nos
Considerando que os metais pesados possuem características
diferenciadas, bem como efeitos tóxicos variados (Tabela 2), serão
em diferentes concentrações (Srivastava; Majumder, 2008).
Os metais são considerados os agentes tóxicos mais antigos
conhecidos pelo homem. Há aproximadamente 2000 a.C., grandes
quantidades de Pb eram obtidas de minérios, como subproduto da fusão
da prata e isso provavelmente tenha sido o início da utilização e causa
de intoxicação por esse metal. Os metais pesados ocorrem naturalmente
* ponto de fusão: 327°C
IUPAC, (2005)
* ponto de fusão: 327°C
no ecossistema com grandes variações na concentração e diferem de
2. Metais Essenciais e Micro-contaminantes de Alimentos
outros agentes tóxicos porque não são sintetizados nem destruídos. Sua
presença pode estar associada à localização geográfica, nestes casos, a
potássio, cálcio, ferro-Fe, Zn, Cu, níquel-Ni e Mg; (2) micro-
contaminação pode ser controlada, limitando o uso de produtos agrícolas
contaminantes ambientais (As, Pb, Cd, Hg, alumínio, titânio, estanho
e proibindo a produção de alimentos em solos contaminados (Salgado,
e tungstênio) e (3) elementos essenciais e simultaneamente micro-
1996; Salazar et. al., 2012).
contaminantes (Cr, Zn, Fe, Co, Mg e Ni). Os metais contaminantes não
Os metais são classificados em: (1) elementos essenciais (sódio,
Portanto todas as formas de vida são afetadas pela presença de metais,
são necessários para as atividades metabólicas normais e são tóxicos para
dependendo da dose e da forma química. Alguns metais são essenciais para
célula, mesmo em baixas concentrações. Esses metais são reconhecidos
o crescimento dos seres vivos (cobalto-Co, Cu, Mg, molibdênio, vanádio,
como os mais agressivos e são geralmente chamados de metais pesados.
estrôncio e zinco-Zn) para a realização de suas funções vitais. Porém
níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos.
aguda são anúria e diarreia sanguinolenta, decorrentes da ingestão.
Por outro lado, outros metais, denominados pesados (tais como: Hg, Pb
Atualmente, ocorrências de intoxicação a médio e longo prazo com níveis
e Cd) não possuem nenhuma função no organismo e a seu acúmulo pode
menores do metal (intoxicação sub-aguda e crônica, respectivamente)
provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos (pets, animais de
têm sido as mais observadas e as relações causa-efeito podem ser pouco
produção, humanos). Além disso, níveis elevados de metais pesados em
evidentes e quase sempre sub-clínicas. Os efeitos são difíceis de serem
resíduos do descarte de alimentos e outros dejetos eliminados no ambiente
distinguidos, pois podem ser provocados por outras substâncias tóxicas
(pilhas, lâmpadas, baterias, ligas metálicas) são pontos importantes na
ou por interações entre agentes químicos. A manifestação dos efeitos
poluição ambiental (Cayir; Coskun, 2010). Quando lançados através de
tóxicos está associada à dose e pode distribuir-se por todo o organismo,
resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser
afetando vários órgãos, alterando os processos bioquímicos, organelas
absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves
e membranas celulares (Fu; Wang, 2011). A Tabela 2 apresenta fontes
intoxicações ao longo da cadeia alimentar (Tabela 2).
de contaminação e toxicidade de alguns metais pesados que podem ser
Os distúrbios causados por metais pesados (Hg) na intoxicação
próximos números.
Grupo BC
Segurança Alimentar
38
Organizações Empresariais Baltazar de Castro
3. CHUMBO
39
O Pb tem largo uso industrial devido as suas características físico-
químicas (ponto de fusão elevado, maleabilidade, altamente dielétrico,
resistência a radiações ionizantes e formação de ligas com outros metais).
Higiene e Limpeza
Portanto muito utilizado na fabricação de pilhas, baterias, ligas metálicas,
fertilizantes, alguns agrotoxicos, combustíveis, pigmentos cerâmicos,
inclusive em papel de jornal e anúncios coloridos. Pode, portanto, chegar
Produtos de Higiene e Limpeza
Sabão e Derivados
ao alimento animal e humano através da contaminação do ambiente em
que (a) esse alimento (vegetal) é produzido e (b) animais de produção se
alimentam de pastagens da região (Iupac, 2005; Reilly, 1991).
É extremamente tóxico, acumula-se no organismo principalmente
nos ossos e os compostos de Pb são igualmente nocivos aos animais.
Desde 400 a.C., Hipócrates descreveu uma doença a qual chamou de
saturnismo, com sintomas de cólica à paralisia, contraído por homens que
Figura 2. Contaminação de rio por chumbo e cádmio próximo a
fábrica de baterias com vazamento na província de Zhejiang, China.
3.1 Mecanismo de Ação do Chumbo
trabalhavam com Pb (Reilly, 1991). O Pb é encontrado no meio ambiente
como resultado da sua ocorrência natural e da sua utilização industrial,
apesar de não ser um elemento comum nas águas naturais é facilmente
em episódios isolados, acarreta em uma diversidade de prejuízos ao
A intoxicação por Pb, tanto por exposições a longo prazo quanto
introduzido no meio ambiente por uma série de processos e produtos
organismo do animal. Devido a sua habilidade de inibir ou imitar minerais
humanos como: plásticos, tintas, pigmentos, indústrias metalúrgicas,
como o cálcio e o Zn (ambos importantes para a funcionalidade das
incineradores e aditivos da gasolina. As Figuras 1 e 2 apresentam as
células), altera os níveis desses elementos no organismo. Causa, portanto,
vias de contaminação e caso especifico de rio contaminado por Pb e Cd
distúrbios relacionados ao metabolismo celular afetando diversos órgãos
C
devido a vazamento de fábricas de baterias na China, respectivamente.
e sistemas do organismo. A toxicidade do Pb resulta, principalmente, de
M
Mesmo em baixas concentrações pode comprometer o sistema
sua interferência no funcionamento das membranas celulares e enzimas,
nervoso, o sangue e os rins. Durante os últimos anos fontes de
formando complexos estáveis com ligantes contendo enxofre, fósforo,
contaminação ambiental por Pb têm diminuído tanto pela abolição do
nitrogênio ou oxigênio (grupamentos -SH, -H2, PO3, -NH2 e -OH) que
seu uso na gasolina, como também pelo fato de serem banidas as soldas
funcionam como doadores de elétrons (Saryan; Zenz, 1994).
em embalagens de alimentos e bebidas (Nascimento et al., 2006).
Após absorvido, o Pb não é distribuído de forma homogênea no
Alimentos tais como frutas, vegetais, carnes, visceras (figado), grãos,
organismo. No sangue, esse contaminante está quase sempre associado aos
frutos do mar, bebidas leves e vinhos podem conter Pb, originado da
eritrócitos, sendo em seguida distribuído aos tecidos moles (fígado e rins)
água de preparo ou plantas e animais criados em locais contaminados. A
e aos minerais (ossos e dentes). As maiores concentrações são encontradas
alimentação com estes contaminantes pode provocar o acúmulo na cadeia
nos ossos, onde o metal fica estocado na forma de trifosfato, porém os
alimentar por ingestão pelos animais e pelo homem. Muitos vegetais,
efeitos de sua exposição têm maior impacto no sistema nervoso, medula
grãos e carnes presentes nas rações para pets podem estar contaminados
óssea e rins. A principal manifestação clínica do efeito da intoxicação no
por este elemento químico e ocasionar graves problemas de saúde.
sistema hematopoiético é a anemia, acarretada pela inibição da síntese da
Gordura Animal
Sebo Industrial
Óleo de Frango e Óleo de Peixe
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Nutrição Animal
Farinha de Carne Esterilizada
Farinha de Sangue
Farinha de Ossos Calcinado
Farinha de Penas
Farinha de Vísceras
Farinha de Peixe
BC Participações e Empreendimentos
Goiânia (GO) - Administração Geral
Fone: (62) 3243-5100
Transportadora Sta Edwiges
Animais/Humanos
Figura 1. Rota de contaminação pelo Pb na exposição animal e humana (IPCS, 1995).
Reciclagem - Amiga da Natureza
[email protected]
[email protected]
Repar
[email protected]
[email protected]
ReBras - Reciclagem Brasileira de Resíduos Animais
[email protected]
[email protected]
AR Nutrição Animal
[email protected]
[email protected]
[email protected]
Nordeste Industrial
[email protected]
Sabao Geo
[email protected]
Segurança Alimentar
40
hemoglobina e diminuição do tempo de vida dos eritrócitos circulantes,
41
assim a contaminar as rações ao se fortificar as mesmas. Outras fontes de
testes rápidos e específicos (kits) baseados em métodos colorimétricos,
4. Referências (recomendação para leitura)
Cayir, A; Coskun, M. The heavy metal content of wild edible mushroom samples collected in
Canakkale Province, Turkey. Biological Trace Elemental Research, 134, 212-219, 2010.
Fu, E; Wang, Q. Removal of heavy metal ions from wastewaters: A review. J. Environ.
Management, 92, 407-418, 2011.
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and equilibrium studies. J. Hazardous Materials, 123, 223-231, 2005.
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Nascimento, LFC; Filho,HJI; Baltazar, E. O. Níveis de chumbo em colostro humano: um
estudo no Vale do Paraíba. Rev. Brasileira de Saúde Maternidade Infantil, Recife, 6, 69-74,
2006.
Naseem, R, Tahir, SS. Removal of Pb(II) from aqueous solution by using bentonite as an
adsorbent. Water Research, 35, 3982-3986, 2001.
PAULINO, A.T.; MINASSE, F.A.S.; GUILHERME, M.R.; REIS, A.V.; MUNIZ, E.C.;
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SALGADO, P. E. T. Metais em alimentos. In: OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São
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Toxic Trace Metals in Pet Foods Using Cryogenic Grinding and Quantitation by ICP-MS,
Part I. Spectroscopy. 2011.
resultando na estimulação da eritropoiese. Contudo é observada somente
contaminação já detectadas são grãos, vegetais devido a combinação de
que irão ajudar o seu veterinário para determinar os níveis de Pb no
quando o nível de Pb no sangue é significantemente elevado por períodos
fatores incluindo as condições do solo onde são cultivadas, utilização de
sangue e tecidos do corpo do animal. O diagnóstico definitivo deve
prolongados (Mavropoulos, 1999).
agrotóxicos e fertilizantes, além de poluição ambiental. Alguns alimentos
ser confirmado através da determinação dos níveis deste elemento no
destinados a gatos que contém ingredientes derivados de produtos do
sangue ou vísceras do animal afetado.
3.2. Sinais Clínicos da Intoxicação por Chumbo em Pets
mar, que são capazes de bioacumulação de metais pesados presentes em
Sendo o Pb um elemento tóxico que acumula-se no organismo,
sistemas aquáticos, podem apresentar também contaminação.
deve ser considerada uma emergência que requer cuidados imediatos.
dependendo do nível e duração da exposição pode afetar vários sistemas
Fonte: o solo é considerado um dos depósitos principais de Pb, pois ao
O tratamento para esse tipo de contaminação é pouco eficiente, mas
orgânicos. Os sinais clínicos de envenenamento por Pb em pets, em sua
alcançá-lo, este contaminante pode permanecer indefinidamente, sendo
recomenda-se a administração intravenosa de agentes quelantes como
maioria, estão relacionados com o sistema gastrointestinal e nervoso
uma das fontes importantes de contaminação de pastagem e cultivares. O Pb
o versenato de cálcio e edetato dissódico de cálcio. Outros tratamentos
central e vai depender da intensidade e tempo de exposição ao metal: na (a)
no solo pode estar sob diversas formas: (a) relativamente insolúvel (sulfato,
incluem a penicilamina ou tiamina. Também pode ser realizada uma
intoxicação crônica: alguns sinais gastrointestinais são perceptíveis devido
carbonato ou óxido); (b) solúvel; (c) adsorvido; (d) adsorvido & precipitado
lavagem gástrica para remover e limpar o conteúdo do estômago se o
a constante exposição dos tecidos com baixas concentrações de Pb e na
como sesquióxido; (e) adsorvido em matérias orgânicas coloidais ou ainda
Pb foi ingerido dentro de pouco tempo (até 2 horas). Existem também
(b) intoxicação aguda: os sinais nervosos se sobressaem e, portanto mais
(f) complexado no solo (IPCS, 1995). O pH do solo influencia a mobilidade
alguns medicamentos disponíveis que podem ajudar na redução da
perceptíveis, principalmente em animais jovens. Os sinais clínicos mais
do metal, que pode sofrer modificações, formar compostos menos solúveis
carga corporal de Pb, especialmente nos casos em que as concentrações
comuns durante contaminação aguda são vômitos, diarreia, letargia, falta de
e tornar-se menos disponível. Em solos cultivados, os níveis de Pb podem
de Pb no sangue são muito elevadas. Após o tratamento, novos testes
apetite, dor abdominal, regurgitação, fraqueza, convulsões e cegueira. Deve
variar de 20 a 80 mg/g (AAS, 1985). O regulamento da União Européia para
laboratoriais sanguíneos devem ser realizados para verificar o nível de
suspeitar-se de intoxicação por Pb em todos os casos nos quais se observam
controle de Pb estabelece o limite máximo de 5 mg/kg de Pb em alimentos
contaminação pelo agente em questão.
sinais nervosos incluindo cegueira. Nestes casos é necessário procurar
com teor de umidade de cerca 12%, sendo a mesma uma legislação bastante
as fontes de intoxicação por Pb em que o animal se expos. Além do citado
atualizada - de agosto de 2012 (EU, 2012).
3.5 Como Evitar e Reduzir a Contaminação de Alimentos
para Pets com Chumbo
acima, estudos demonstram que em animais o Pb produz tumores.
3.3 Resíduos de Chumbo em Alimentos para Pets
Tratamento: com relação ao tratamento, a contaminação por Pb
3.4 Diagnóstico e Tratamento de Intoxicação por Chumbo
Diagnóstico: o diagnóstico da intoxicação por Pb é baseado
ingestão de água/alimentos, inalação do ar/fumaça e absorção pela pele
Uma vez que o Pb pode ser introduzido nos tecidos vivos pela (a)
Os níveis de Pb em alimentos, seja nos ingredientes e/ou no produto
inicialmente, na anamnese (questionário) e exame físico realizado pelo
[provenientes de descartes de resíduos industriais lançados na água/ar)
final, destinados a pets, além de serem muito variáveis, podem ser
clínico veterinário, onde o histórico de contato ou ingestão de produtos/
e (b) produção de alimentos para pets que utilizem ingredientes (origem
parcialmente removidos por processos físicos antes de serem processados
materiais/alimentos contendo Pb será averiguado, assim como início
animal e vegetal) provenientes de áreas poluídas, há necessidade de
quando de origem vegetal (lavagem ou descasque). Embora organizações
do quadro sintomatológico e sinais observados. Testes laboratoriais
estabelecer medidas de controle especificas e níveis máximos de resíduos
internacionais propõem limite de tolerância para humanos (ingestão
como hemograma completo, perfil bioquímico, e exame de urina
para assegurar a saúde do consumidor (pets).
semanal) de 3 mg de Pb para adultos (400 a 450 m g/dia), para animais,
podem auxiliar no diagnóstico inicial. Exame de sangue pode revelar
incluindo pets, ainda não há limite estabelecido. Os alimentos, tanto de
células vermelhas de tamanho desigual (anisocitose), forma anormal
ingredientes (animal/vegetal), bem como das matérias-primas/aditivos
origem vegetal quanto animal (Figura 3), além da água, são as maiores
(poiquilocitose), variações na coloração (policromasia, hipocromasia) e
minerais utilizadas na produção de suplementos minerais inclusos nesses
fontes de exposição animal e humana ao Pb. Importante salientar que
aumento do número de neutrófilos (Fig. 4). Parte do Pb ingerido pode
produtos. Existem certos órgãos que realizam fiscalização do uso somente
animais e crianças podem ter exposição adicional vindas de solo e poeiras,
ser excretado pelas fezes, quando transformado em sulfetos insolúveis no
de matérias-primas minerais registradas, aplicação de Boas Práticas de
já que entram em contato direto com essas fontes de contaminação. Pela
trato gastrintestinal e parte pela urina. Apesar do nível de Pb na urina
Fabricação e que apresentem garantia de rastreabilidade (Sindirações,
via digestiva temos a maioria das intoxicações domésticas.
ter sido um indicador de exposição ao metal, é importante ressaltar que
2010). Contudo é necessário que essa fiscalização seja periódica e efetiva.
Medidas de controle de Pb em rações incluem a avaliação dos
Os resíduos desse metal pesado podem estar presentes na dieta, além
esta concentração não representa com fidelidade o grau de absorção,
Visando à proteção da saúde animal e humana, órgãos
da ingestão de alimentos contaminados, através da adição de auxiliares
já que os rins excretam quantidades elevadas de Pb somente quando a
ambientais e de saúde vêm realizando proposições de medidas
de tecnologia e/ou minerais. Pesquisadores afirmam que os minerais
concentração do metal no sangue for alta. Para pequenas concentrações
direcionadas à redução e prevenção da exposição ao Pb, buscando
essenciais e outros aditivos podem conter concentrações significativas de
do metal, a determinação da concentração na urina será útil quando
a diminuição do uso do metal e de seus compostos, além da
metais pesados devido à presença dos mesmos, como impurezas, vindo
acompanhada de outros parâmetros. Também como alternativa no
redução das emissões de substâncias que o contenham. Por outro
diagnóstico rápido de intoxicação por Pb, estão disponíveis no mercado
lado, é importante a implantação de programas que promovam o
entendimento e conscientização das indústrias quanto aos efeitos
do Pb, extensivo aos outros metais pesados, na saúde de animais,
os quais dependem/consomem raçoes diariamente. Inclusive,
conscientização sobre os perigos da sua exposição e as formas de
minimizar os efeitos do metal no organismo. Mais estudos são
necessários para obter informações de intoxicações características
Figura 3. Ingredientes de origem vegetal e animal utilizados, na íntegra
ou seus resíduos na produção de ração para pets e que podem estar/ser
contaminados por chumbo.
(a)
(b)
Figura 4. (a) Glóbulos vermelhos do sangue susceptíveis a alterações por
intoxicação devido a ingestão de alimentos contaminados com (b) chumbo.
em pets e principalmente especificando suas diferentes raças e
idades, os quais poderão servir como subsídios para estabelecimento
de níveis tolerados.
No próximo exemplar será abordado outro elemento
do grupo dos metais pesados que pode contaminar pet
food – o mercúrio.
Profa. Vildes M Scussel, Med.Vet. Karina K de Souza,
MSc Geovana D Savi, Menithen Bieber, Laura P Garcia,
Vinícius Vitorino, Sheron Bitencourt, Kin A da Costa
Laboratório de Micotoxicologia e Contaminantes
Alimentares - LABMICO, www.labmico.ufsc.br
Depto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro
de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC – Brasil.
42
Pet Food Online
43
Normalmente, o grau de enchimento dentro de um
condicionador é controlado pela configuração do batedor ou
pás. Por exemplo, um maior grau de enchimento pode ser
realizado no interior do condicionador através do aumento do
número de batedores ou pás configuradas na posição inversa.
Por outro lado, para diminuir o nível de um enchimento é
necessário configurar o condicionador com os batedores
ajustados para a posição positiva ou para frente. Para aumentar
o nível de mistura, os batedores precisam estar na posição zero
ou ponto morto. Para melhor qualidade no tempo de retenção
de um condicionador é necessário seguir orientação do
fabricante mas como orientação basica é ideial trabalhar com
os condicionadores com o maior tempo de retenção possivel,
pois quanto melhor for o processo do condicionamento melhor
e mais vantagens haverá na extrusão.
CLAUDIO MATHIAS
ANDRITZ FEED & BIOFUEL
EXTRUSION DIVISION
[email protected]
[email protected]
Condicionamento de alimentos para
animais de estimação e aquáticos
D
Como discutido, o tempo de retenção é um parâmetro
crítico para o processo de extrusão. Isso impacta diretamente
nas características do produto final, como a palatabilidade,
e modo a calcular o tempo de permanência
densidade e textura. Ele também pode variar de produto para
médio dos condicionadores, há necessidade de obter
produto. No passado, a fim de alterar o tempo de retenção
conhecimento em duas variáveis: a massa ou o peso do
de um produto diferente, seria preciso desligar e alterar a
material no interior do condicionador e a taxa de fluxo
configuração do batedor para optimizar o sistema. Como isso
total através do condicionador ou seja qual a alimentação
leva tempo e torna-se caro por causa do tempo de parada da
de matéria prima estava sendo processada. Assumindo que
residencia é principalmente uma função do rendimento
linha de extrusão nos ultimos anos foi adotado padrãoes fixos
o condicionador não está montado sobre células de carga,
geral, logicamente que há outros fatores envolvidos, tais
de tempo de retenção e não se altera as configurações mas
o seguinte procedimento pode ser usado para calcular o
como, forma e qualidade de fabricação do equipamento
diante de tantas variedades de matéria prima e da necessidade
tempo de retenção médio de um dado sistema. Primeiro,
e etc, mas normalmente o grau de enchimento em um
de novos produtos e juntando a isso os avanços tecnológicos
deve-se operar o sistema em estado de equilíbrio e deve
condicionador
atmosférico operam normalmente com
atualmente é possivel alterar o tempo de retenção e grau de
medir ou calcular a taxa de fluxo total de alimentação.
40 a 50% do seu volume livre sendo preenchido pelo
preenchimento com a linha em operação, sem ter que desligar
Deve se parar o sistema cheio e fazer a retirada de todo
material a ser condicionado. Conforme discutido por anos,
e alterar as configurações dos batedores. Além disso, com os
produto, inclusive raspando as paredes do condicionador e
com o avanço da tecnologia, este grau de preenchimento
atuais controles de tempo de retenção um condicionador pode
assim obter o peso exato de todo produto. Assim tomamos
pode ser elevado para 80% do volume livre de alguns
utilizar de 20 a 80% do volume livre, enquanto que um típico
o valor retido no condicionador dividido pelo fluxo total
condicionadores. Sabemos que o tempo médio de retenção
condicionador opera de 40 a 50% de enchimento.
de alimentação do sistema, o qual é igual ao tempo médio
é afetado pela alteração do grau de preenchimento e vazão
de retenção no sistema.
em um condicionador. O tempo médio de retenção diminui
Tempo de permanência médio ou o tempo de
com o aumento da taxa de transferência.
Continuação sobre condicionadores
na proxima edição....
44
Pet Market
45
Meu cão sabe surfar
H
Limma Júnior
Diretor da Nutridani
Alimentos
á alguns domingos, parei em frente a
isopor. Estranho? Pode até ser, mas essa atividade
televisão da minha sala para assistir ao jogo do
esportiva existe e faz sucesso nos Estados Unidos.
meu time de futebol. Como ainda faltavam alguns
minutos para iniciar a partida, comecei a procurar
que sem muita coisa para fazer em um dia de sol na
em outros canais algum programa para me entreter.
praia) resolveu colocar seus cães em pranchas de
Demorei bastante e quando quase estava desistindo
surfe e mandá-los para a água. O passatempo deu
achei uma atração inusitada: surfe para cães. Sim,
certo. Mais donos de cachorros resolveram testar as
é isso mesmo. Cães de coletes e sobre pranchas de
habilidades de seus animais nas ondas do mar e dessa
Um grupo de americanos californianos (creio
forma criaram um campeonato.
Um dos últimos realizados nas areias de
como os realizados nos Estados Unidos. Existem
Califórnia reuniu 80 competidores de todas as raças
algumas pessoas que levam seus cães para surfarem,
e tamanhos e cerca de quatro mil espectadores. O
mas fazem isso de forma isolada. Além da prática de
evento arrecadou cerca de 100 mil dólares. Dinheiro
surfe, já vi cães jogarem futebol, andarem de skate e
que foi revertido para cuidados aos cães abandonados.
acompanharem seus donos em corridas em parques.
As cenas dos cães pegando ondas são hilárias.
No Brasil, não há notícias de eventos parecidos
Comentei sobre a prática de esportes (mesmo as
Os seus donos os levam sobre a prancha até o local
exóticas) porque essas atividades são importantes
determinado no mar e os empurram no momento
para
certo para surfar as ondas. Os tombos são comuns,
exercícios, além de unirem os donos e seus animais,
mas uma equipe de salva-vidas monitora todo o
ajudam os cães a praticarem exercício e saírem do
andamento das provas para evitar acidentes com os
sedentarismo.
animais.
o
desenvolvimento
dos
animais.
Esses
Esse mal (preguiça) que af lige grande parte da
Depois de ver bulldog , schnauzer e até um
população também chega até os cães domésticos.
pinscher pegando onda como seus donos, esqueci
Cada vez mais acostumados a compartilharem
do jogo do meu time (foi até bom porque o meu
nossos hábitos e manias, eles sofrem com a falta de
time perdeu). Além da prancha, todos usam coletes
atividades físicas.
para f lutuarem, caso caiam na água e os socorristas
demorem a chegar.
para manter o cão em forma. Existem pesquisas que
Alguns animais levam jeito para o esporte.
mostram que aproximadamente 30% da população
Ficam concentrados sobre a prancha e chegam até o
canina sofrem com o sobrepeso. Por conta disso,
final da onda, como se fossem surfistas profissionais.
além das atividades, deve-se, principalmente, cuidar
Existem juízes que julgam a coragem diante do mar,
da dieta, com alimentação saudável e indicada por
tempo sobre a prancha e o estilo de pegar a onda.
um médico veterinário.
Apenas correr pelo quintal de casa não serve
Caderno Técnico 1
46
47
Ingrediente Ativo
Tabela 1 – Exigência de vitaminas para cães por 1000 kcal de energia metabolizável
Mínimo Recomendado
Vitaminas
Unidade
Adulto
Crescimento¹
Máximo
A
UI
1250
1250
100.000
D
UI
125
125
800
E
UI
9,00
12,50
Tiamina
mg
0,56
0,35
Riboflavina
mg
1,50
1,31
Ácido Pantotênico
mg
2,50
3,75
Piridoxina
mg
0,38
0,38
B12
µg
5,50
8,75
Niacina
mg
2,75
4,25
Ácido Fólico
mg
45,0
67,5
Colina
mg
300
425
¹ Animais com idade igual ou superior a 14 semanasAdaptado de FEDIAF (2011)
Nutrientes essenciais para cães e gatos
Parte III – Vitaminas
Bruna Ponciano Neto e Cláudio Scapinello
Introdução
ingestão de alimentos ricos em vitaminas ou suplementos
As vitaminas são moléculas orgânicas, necessárias em
vitamínicos (NRC, 2006).
pequenas quantidades na dieta e desempenham diferentes funções
Assim, nesta edição serão abordadas as exigências, funções,
metabólicas. Ainda que sejam classificadas como moléculas
metabolismo e sinais de deficiências das vitaminas, bem como aspectos
orgânicas, as vitaminas, não são utilizadas como fonte energética
práticos para a sua suplementação em dietas para cães e gatos.
ou estrutural, porém são essenciais ao desenvolvimento normal
Exigências de Vitaminas
dos tecidos, ao crescimento, a manutenção e saúde dos cães e gatos
(Lehninger, 2011).
tabelas 1 e 2 respectivamente.
Para o melhor entendimento das suas funções nutricionais e
A exigência de vitaminas para cães e gatos encontram-se nas
fisiológicas é interessante considerar as vitaminas como um grupo,
Vitaminas lipossolúveis
apesar de não estarem relacionadas quimicamente. As vitaminas
são classificadas em dois grandes subgrupos de acordo com a sua
solubilidade em lipossolúveis e hidrossolúveis. Entre as vitaminas
juntamente com as micelas formadas pelos ácidos biliares e produtos da
As vitaminas lipossolúveis são absorvidas no intestino delgado,
lipossolúveis incluem-se as vitaminas A, D, E e K e entre as
digestão lipídica e transportadas até o fígado, onde são armazenadas.
hidrossolúveis as vitaminas do complexo B e vitamina C.
Diferentemente das vitaminas hidrossolúveis, as vitaminas lipossolúveis
Poucas destas substâncias podem ser sintetizadas pelo
podem ser armazenadas em quantidades satisfatórias pelo organismo,
organismo animal ou a sua síntese ocorre em níveis subótimos.
deste modo os sinais de deficiência desenvolvem-se tardiamente.
Desta forma, as vitaminas na sua forma ativa ou em alguns casos,
As vitaminas lipossolúveis não assimiladas pelo organismo animal
seus precursores devem ser fornecidos na dieta.
ou os metabólitos destes componentes são excretadas nas fezes
Quando ausentes na dieta, ou presentes em quantidades
via bile. Ocorrendo falhas neste mecanismo, o acúmulo excessivo
inferiores a exigência, produzem sinais de deficiência específicos
(hipervitaminose) leva a sintomas de toxidez, principalmente para as
(hipovitaminoses). Estas carências podem ser corrigidas pela
vitaminas A e D (Combs, 1998).
Vitamina A
ocorrer por baixo aporte dietético desta vitamina ou por problemas na
A vitamina A é o termo que denomina os compostos retinol, retinal e
mobilização das reservas no fígado. Para a mobilização da vitamina A
ácido retinóico; sendo que o retinol é a sua forma ativa. Est es compostos
é necessária a proteína ligadora de retinol que apresenta o Zn como
são essenciais para várias funções no organismo como: diferenciação
cofator, portanto a deficiência de Zn pode acarretar em deficiência de
celular, resposta imune, crescimento e visão.
vitamina A concomitante e seu acúmulo no fígado.
A deficiência desta vitamina pode resultar em dermatose, podendo
Casos de deficiência da vitamina A são raros em cães, uma vez
Caderno Técnico 1
48
49
que esta vitamina é adicionada no alimento via premix, em sua forma
Vitamina E
termoestável, garantindo a oferta mínima desta vitamina ao animal.
A deficiência de vitamina A afeta principalmente a reprodução, visão
como os tocoferóis e tocotrienóis, sendo o alfatocoferol a forma
e o funcionamento do epitélio digestório, respiratório especialmente,
mais ativa, capazes de participar de reações que envolvem trocas
levando a um quadro conhecido por metaplasia escamosa.
de elétrons. Assim, estes compostos são potentes antioxidantes
principais quinonas são a K1 (filoquinona) e a K2 (metaquinona). A vitamina K atua como cofator
principalmente as protegidas que garantem maior estabilidade após o processo de extrusão.
A vitamina E é composta por um grupo de substâncias similares
Vitamina K
A vitamina K é constituída por um grupo de compostos químicos denominados quinonas. As
A toxidade de vitamina A não é frequente, pois o precursor da
celulares e combatem os radicais livres, produtos intermediários do
para a enzima carboxilase, que atua sobre o ácido glutâmico para a formação de protrombina,
vitamina é atóxico e a mucosa intestinal regula a hidrólise do betacaroteno
metabolismo animal, transformando-os em compostos menos tóxicos
essencial para a coagulação sanguínea. As principais fontes de vitamina K são de origem vegetal
e a subsequente absorção como retinol. Como os gatos apresentam baixa
ao organismo. Isto confere a vitamina E propriedades nutraceuticas
como espinafre, porém, ingredientes utilizados em pet food como fígado, ovos e peixes são boas
atividade da enzima dioxigenase, essenciais para o desdobramento dos
e possibilidade de prevenção de doenças degenerativas, causadas pela
fontes desta vitamina. A microbiota intestinal de cães e gatos é capaz de sintetizar parte ou a
betacarotenos necessitam de vitamina A pré-formada (retinil palmitato
ação dos radicais livres.
totalidade da exigência vitamina K. A principal fonte sintética é a K3 (menadiona) que apresenta
ou retinol livre) na dieta. A mucosa intestinal não é capaz de regular
alta biodisponibilidade.
a absorção destes componentes que, uma vez em excesso, na dieta
ácidos graxos poliinsaturados (AGP), como os da série ômega três e seis.
podem resultar em sinais de toxidez, que leva a alterações ósseas como a
Estes ácidos graxos, quando oferecidos em grandes quantidades na dieta
sanguínea e são raros em cães e gatos consumindo alimentos comerciais convencionais.
espondilose cervical deformante.
podem aumentar a necessidade nutricional de vitamina E pelo animal.
Vitamina D
Os compostos mais susceptíveis a ação dos radicais livres são os
Os sinais de deficiência desta vitamina são, basicamente, transtornos ligados à coagulação
Vitaminas hidrossolúveis
A gordura dietética influencia na gordura corporal do animal.
A camada basal da epiderme é constituída basicamente de lipídeos.
A vitamina D é essencial ao metabolismo do cálcio e fósforo. A
Em dietas contendo altos teores de AGPs e carentes em vitamina
maioria dos casos, por transporte dependente de sódio ou difusão facilitada. Como são
principal atuação da vitamina D é na correta calcificação e formação
E ocorre o acúmulo de ceróide no tecido da hipoderme. O ceróide é
hidrossolúveis, sua capacidade de retenção no organismo é baixa e pode levar a sinais de
óssea. Sem essa vitamina, o organismo é incapaz de utilizar corretamente
um produto formado durante a peroxidação lipídica e o seu acúmulo
deficiência mais rapidamente, em comparação as vitaminas lipossolúveis. Os excessos de
o cálcio e o fósforo. A vitamina modula a concentração de cálcio e fósforo
leva a processos de necrose e inflamação tecidual resultando em
vitaminas hidrossolúveis são excretados facilmente via urina, desde modo estas, em sua
no organismo, atuando no intestino, rins e esqueleto.
panesteatites, principal sintoma de deficiência severa da vitamina E.
maioria, não são tóxicas aos animais (Lehninger, 2011).
Pode ser produzida pelo organismo desde que haja incidência de luz
As vitaminas do complexo B e vitamina C são absorvidas no intestino delgado, na
Estudos têm demonstrado que a suplementação com doses supra
Tiamina (B1)
solar na pele, partindo-se de provitamina D encontrada no alimento. Sua
fisiológicas de vitamina E aumentam o poder de fagocitose e a resposta
carência leva a deformações ósseas e problemas reprodutivos. Gemas de
imune humoral e celular dos animais. Este efeito é mais acentuado em
ovos, óleos de fígado de peixes (em especial de bacalhau) são algumas
populações de idosos.
para as reações de descarboxilação e acetilação, principalmente no metabolismo dos
fontes dessa vitamina. A adição de vitamina D em excesso nas dietas para
As principais fontes de vitamina E são o gérmen de trigo, óleo de
carboidratos para sua conversão em energia ou lipídeos. Também é importante no
cães e gatos pode ser tóxica. O principal sinal de toxidez é a calcificação
bacalhau, soja, algodão e girassol. As matérias-primas de origem animal
metabolismo dos ácidos graxos, esteroides, ácidos nucleicos e certos aminoácidos. Devido
excessiva dos tecidos moles, anomalias esqueléticas, deformações nos
fornecem quantidades limitadas de tocoferóis. As fontes sintéticas de
à importância da tiamina no metabolismo dos carboidratos, sua exigência aumenta de
dentes e mandíbula, além de prejudicar o crescimento de animais jovens.
vitamina E são rotineiramente utilizadas em rações para cães e gatos,
acordo com o nível de carboidratos na dieta.
Ingrediente Ativo
Tabela 2 - Exigência de vitaminas para gatos por 1000 kcal de energia metabolizável
A tiamina é um componente da coenzima pirofosfato de tiamina, que é necessária
As principais fontes de tiamina são fígado, gérmen de trigo e cereais integrais. Apesar da
sua abundância em alimentos comumente utilizados em alimentos para cães e gatos, a tiamina é
Mínimo Recomendado
muito sensível ao aquecimento, e sofre perdas durante o processo de extrusão. Por este motivo é
Vitaminas
Unidade
Adulto
Crescimento¹
Máximo
A
UI
833
2250
100.000
afeta principalmente o sistema nervoso e esta relacionada com o consumo de peixes crus. Estes
D
UI
62,5
188
7500
alimentos apresentam a enzima tiaminase que degrada a tiamina, porém é um composto termo
E
UI
9,50
9,50
Tiamina
mg
1,40
1,38
Riboflavina
mg
1,00
1,00
Ácido Pantotênico
mg
1,44
1,43
metabolismo intermediário. Faz parte de diversos sistemas enzimáticos que atuam
Piridoxina
mg
0,63
1,00
principalmente na cadeia respiratória nas formas FMN (flavina-mono-nucleotídeo) e
B12
µg
5,63
5,00
Niacina
mg
10,0
10,0
Ácido Fólico
µg
200
200
altos teores de riboflavina, principalmente na córnea.
Biotina
µg
18,8
17,5
Colina
mg
600
600
e são libertadas durante a digestão; no entanto, há casos em que as ligações são mais
K
µg
25,0
25,0
indicado a suplementação de tiamina na dieta, para assegurar que o produto final apresente uma
concentração de tiamina suficiente para atender as exigências do animal. A deficiência de tiamina
Adaptado de FEDIAF (2011)
lábil e facilmente desnaturado em temperaturas normais de cozimento.
Riboflafina (B2)
A riboflavina exerce papel importante nas reações de redução e oxidação do
FAD (flavina-adenina-dinucleotídeo), na transferência de átomos de hidrogênio.
A riboflavina é distribuída uniformemente por todos os tecidos, armazenada em pequena
quantidade e fixada principalmente sob a forma de flavoproteínas. No globo ocular são encontrados
Nos alimentos, muitas flavinas estabelecem ligações não covalentes com proteínas
fortes e não se verifica a sua ruptura completa como no caso de cereais que apresentam
baixa biodisponibilidade desta vitamina. A farinha de vísceras apresenta-se como uma
Caderno Técnico 1
50
51
boa fonte de riboflavina para cães e gatos e a síntese microbiana
Cães e gatos apresentam uma baixa exigência de cobalamina,
unidades simples de carbono é gerada, principalmente, durante
são capazes de sintetizar biotina e a vitamina é absorvida no cólon. Esta
também contribui com a demanda de riboflavina. A riboflavina é
apresentam capacidade para armazenar uma pequena taxa desta
o metabolismo de aminoácidos e são utilizadas na biossíntese
fonte de biotina atende aos requerimentos dos cães e gatos não sendo
relativamente estável ao processamento térmico, porém é muito
vitamina no fígado, além de eficaz absorção através da circulação
da purina e pirimidina, componentes de ácidos nucléicos que
essencial sua suplementação rotineiramente.
susceptível à luz e radiação. Sua deficiência resulta em crescimento
entero-hepática. Desta forma, a deficiência de B12 não é comum em
são necessários para divisão celular. O ácido fólico também é
retardado, problemas reprodutivos, distúrbios no trato digestivo,
cães e gatos, assim como outros animais domésticos. Entretanto,
essencial para a síntese protética e participa da interconversão de
pode induzir a carência de biotina por redução da sua produção
dermatite seca e escamosa e visão danificada como cataratas e
estudos indicam que cães Schnauzer gigantes apresentam um
aminoácidos como a serina e glicina. A vitamina B12 é intimamente
intestinal. Outro fator é o consumo de ovo “in natura”, como
opacidade do cristalino.
transtorno hereditário caracterizado por fraca absorção de B12
associada com a folacina. A vitamina B12 é necessária para a
em sucedâneos caseiros fornecidos a filhotes. O ovo apresenta
relacionados ao receptor do complexo B12-FI nos enterócitos (NRC,
retenção do TFH no tecido.
a avidina, substância que inibe a ação da biotina. Nestes casos a
2006). A deficiência acarreta em letargia, déficit de crescimento,
suplementação oral de biotina é recomendada.
Seu nome vem do grego “phantos” que significa “de todos os lugares”,
anemia, queda da imunidade, principalmente em animais jovens. O
é sintetizado pelas bactérias presentes no intestino grosso e,
isso porque o ácido pantotênico está amplamente distribuído na natureza.
tratamento consiste em administração intramuscular de cobalamina.
segundo Case (1998), uma grande parte, ou senão a totalidade
estão a alopecia, pelagem áspera, lesões nos coxins plantares,
das exigências para cães e gatos pode ser supridas desta
face e hiperceratose. Estes sintomas podem estar relacionados
forma. Os sinais de deficiência incluem anemia, diminuição do
com a síntese insuficiente de ácidos graxos para a manutenção
crescimento e leucopenia.
da sanidade da pele e pelagem, uma vez que, a biotina atua
Ácido Pantotênico (B5)
Após sua absorção, o ácido pantotênico é fosforilado e convertido em
Niacina (B3)
coenzima A, enzima essencial no processo de acetilação, principalmente
A niacina também é conhecida como vitamina B3, vitamina PP
A deficiência de folacina é rara, uma vez que, o ácido fólico
Em casos específicos, como a administração de antibióticos,
Dentre os sinais de deficiência de biotina em cães e gatos
no ciclo do ácido cítrico. Assim, apresentam importante função no
metabolismo energético, participando diretamente da conversão de
ou ácido nicotínico. Após a sua absorção no intestino, é transformada
carboidratos, proteínas e lipídeos em energia. É essencial também para a
em nicotinamida, sua forma metabolicamente ativa. A nicotinamida
formação de anticorpos e produção dos hormônios suprarrenais.
é um dos constituintes da molécula do NAD (nicotinamida-adenina-
Como o ácido pantotênico está amplamente distribuído nas
dinucleotídeo) e NADP (nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato).
reações de carboxilação, participando da síntese de aminoácidos, purinas
matérias-primas utilizadas para a produção de alimentos para cães
Estas duas coenzimas são os mais importantes redutores biológicos
e ácido graxos. Na síntese de ácidos graxos a biotina atua como cofator
diversas rotas metabólicas; é precursor do neurotransmissor acetilcolina;
e gatos, sinais da sua deficiência são raros. Segundo Combs (1998),
que atuam nas mais diversas reações metabólicas, principalmente
enzimático para a elongação da cadeia de ácidos graxos na mitocôndria.
e é necessária para o transporte de ácidos graxos para o lúmen celular
o ácido pantotênico, presente nos derivados de trigo e soja, são
no metabolismo energético. O NAD e o NADP atuam transferindo
(Bertechini, 2006).
altamente disponíveis, em contrapartida o milho e o sorgo apresentam
hidrogênio em várias vias enzimáticas que intervêm na utilização dos
para cães como cereais, carne e derivados são pobres em biotina ou
baixa biodisponibilidade. Isso porque somente o isômero D do ácido
lipídeos, carboidratos e proteínas para a produção de energia no ciclo do
apresentam baixa disponibilidade. Entretanto, as bactérias intestinais
partir do aminoácido serina, com a presença do ácido fólico. A deficiência
pantotênico é biologicamente ativo. O isômero D do pantotenato de
ácido cítrico.
cálcio apresenta 92% de atividade enquanto no DL-pantotenato de
cálcio somente 46% de ácido pantotênico está disponível para o animal.
nicotinamida dietética e também mediante o precursor triptofano.
As necessidades de niacina podem ser supridas pelo consumo de
Diferentes espécies animais, incluindo o cão, podem sintetizar niacina a
Piridoxina (B6)
partir do triptofano. A relação de transformação é de 50mg de triptofano
Esta vitamina é formada por três compostos quimicamente similares:
para 1mg de niacina (McDowell, 1989). Porém, os gatos apresentam a
piridoxina, piridoxamina e piridoxal. O piridoxal é cofator enzimático da
atividade da enzima picolinato descarboxilase 30 a 50 vezes superior
enzima piridoxal-5-fosfato, que participa de reações de transaminação
aos outros animais domésticos convertendo a rota do triptofano para a
e deaminação no metabolismo dos aminoácidos e também participa em
produção de energia e não niacina.
menor grau no metabolismo da glicose e ácidos graxos (Case, 1998).
De acordo com Case (1998), a incapacidade de conversão de
A exigência de B6 pelo animal está relacionada com a ingestão
triptofano em niacina pelos gatos tem pouca importância prática. Isto
de proteínas. Como gatos exigem mais proteína na dieta e utilizam
porque a nicotinamida está amplamente distribuída entre os ingredientes
grande parte desta para a produção de energia, sua exigência de
utilizados para a formulação de dietas para gatos.
piridoxina é superior a dos cães. Sintomas de deficiência de piridoxina
são raros em cães e gatos, devido a utilização de fontes sintéticas
mais encontrada no organismo dos animais, enquanto o ácido nicotínico
desta vitamina nas formulações.
prevalece nos alimentos de origem vegetal. Leveduras e fontes proteicas
Entretanto, Bertechini (2006), salienta que nicotinamida é a forma
de origem vegetal e animal são ricas nesta vitamina, em contrapartida
Cobalamina (B12)
o milho é pobre em niacina. Cereais de forma geral apresentam baixos
A cobalamina apresenta um mecanismo de absorção complexo.
teores de niacina e com pequena biodisponibilidade. Deste modo, a
Na grande maioria dos alimentos a vitamina B12 está conjugada as
suplementação de niacina, deve ser indicada principalmente para dietas
proteínas. Após sua ingestão, o pH ácido do estômago promove a
de cães e gatos que apresentam elevada inclusão de cereais.
liberação da vitamina, que por sua vez se ligam com as proteínas
Ácido Fólico (B9)
R, derivadas da saliva. O quimo, no intestino é hidrolisado pelas
proteases pancreáticas e a cobalamina, na forma livre se liga ao
O ácido fólico (folacina) é absorvido pela célula intestinal e
fator intrínseco (FI) produzido pelas células parietais. O complexo
reduzida a tetrahidrofolato (TFH). Este é liberado na corrente
B12-FI é então reconhecido pelos transportadores da membrana
sanguínea e está envolvido nas reações de transferência do
epitelial e absorvido no íleo.
grupo metil em numerosas reações metabólicas. Uma destas
diretamente na síntese de ácidos graxos.
Biotina (B7)
Colina
A biotina, também conhecida como vitamina H, é importante para as
Os alimentos geralmente utilizados como ingredientes em rações
A colina atua no organismo transportando grupamentos metil em
A colina é biossintetizada normalmente no organismo dos animais a
Caderno Técnico 1
52
53
de ácido fólico pode ocasionar em uma deficiência de colina, que acarreta
(AAFCO, 2004). Semelhantemente, em dietas para perda de peso, na
em distúrbios hepáticos (McDowell, 1989). De acordo com Case
qual os animais serão submetidos à restrição energética, geralmente
(1998), não é assegurado que os cães e gatos produzam colina em níveis
de 40% em relação a manutenção é recomendado que sejam elevadas
suficientes para atender suas exigências.
as concentrações de vitaminas proporcionalmente, visando corrigir a
ingestão das vitaminas em função da restrição calórica.
Como a colina e a metionina apresentam funções semelhantes
como doadores de grupamentos metil no organismo, a metionina pode
Como compostos biologicamente ativos, as vitaminas são
substituir parte da demanda de colina. As principais fontes são vísceras,
bastante sensíveis e instáveis às alterações físico-químicas quando
derivados do leite, cereais e gema de ovos. Os sinais de carência desta
submetidas às condições impróprias durante seu armazenamento e
vitamina não são comuns e por este fato pouco descritos na literatura.
inclusão nas rações. A estabilidade de uma determinada vitamina
presente em premixes vitamínicos pode ser comprometida devido
Vitamina C
a fatores desencadeados pela umidade, alta temperatura, reações de
A vitamina C (ácido ascórbico) possui um grande potencial de
oxidação e redução, luminosidade, pH, tempo de armazenamento,
hidroxilação. Este fato confere a vitamina C um papel importante
além de antagonismos recíprocos físico-químicos. O processamento
como antioxidante natural e também no metabolismo do tecido
de extrusão é fator adicional que compete para a perda da estabilidade
conjuntivo ligado, principalmente, à síntese de colágeno. O colágeno
das vitaminas. Alta pressão, fricção, calor e umidade, colaboram
é o principal constituinte dos osteóides e da dentina e é produzido
para a maior exposição das vitaminas à destruição química e perda
em grande quantidade durante o crescimento. O colágeno também
de sua qualidade nutritiva.
confere elasticidade à pele.
Normalmente é adicionada às rações uma quantidade de
A carência de vitamina C leva a alterações no processo de
vitaminas superior à exigência, considerando as eventuais perdas
cicatrização, hemorragias, anemia e formação óssea anormal. Os cães
durante o processamento e armazenamento das rações. Isto ocorre
bem como os gatos podem sintetizar vitamina C no fígado a partir
porque há necessidade de se garantir uma ingestão adequada em
da glicose em quantidades suficientes para atender sua exigência. A
vitaminas considerando as variações esperadas no consumo em
suplementação de vitamina C não é feita rotineiramente em alimentos
consequência do ambiente, energia da dieta, presença de alguma
destinados para cães e gatos. O processo de produção das rações, em
enfermidade subclínica, stress ou qualquer outro fator que venha
sua maioria extrusadas, dificulta a inclusão do ácido ascórbico, uma
comprometer a obtenção dos níveis mínimos exigidos pelos
vez que, o composto é termo lábil e durante a extrusão o produto
animais. Apesar disto, ainda são escassas as pesquisas acerca
passa por diversas fases de exposição ao colar e umidade.
destes nutrientes para cães e gatos e pouco se conhece sobre as
concentrações ótimas vitamínicas nas dietas comerciais.
A literatura relacionada à suplementação de vitamina C em cães é
escassa, porém, alguns nutrólogos recomendam a suplementação de
vitamina C para cães em fase de crescimento. Acredita-se que animais
Referências
neonatos e jovens não são capazes de produzir ácido ascórbico suficiente
AAFCO. Association of American Feed Control Officials. Dog and cat food
para atender suas exigências. A suplementação é indicada para cães de
substantiation methods. Canada, 2004. 444 p.
raças grandes e gigantes, que apresentam rápido crescimento.
BERTECHINI, A.G. Nutrição de Monogástricos. Lavras: Editora UFLA.
2006. 301p.
Considerações finais
Devido à participação quantitativa bastante reduzida numa
CASE, L. P.; CAREY, E. P.; HIRAKAWA, D.A. Nutrição canina e felina:
manual para profissionais. Madrid: Harcourt Brece, 1998. 424p.
ração, as vitaminas tem que ser muito bem diluídas para haver
COMBS, G.F. The vitamins – Fundamental aspects in nutrition and health.
distribuição uniforme em toda a mistura. Para que ocorra essa
2nd ed. New York/USA: Academic Press, 1998. 618p.
distribuição uniforme na ração, diluentes ou veículos das vitaminas
FEDIAF. European Pet Food Industry Federation. Nutritional guidelines for
sintéticas devem ser utilizados e exemplos de veículos são: a casca
complete and complementary pet food for cats and dogs. Belgica, 2011. 75p.
de arroz, calcário, óleos, cascas de soja entre outros. Geralmente
LENINGHER, A.L. Princípios de Bioquímica. 5.ed. São Paulo (SP):
nas formulações ignoram-se os teores vitamínicos dos ingredientes
Savier; 2011
e considera-se apenas as quantidades adicionadas nas rações pelo
McDOWELL, L.R. Vitamins in animal nutrition – comparative aspects to
premix vitamínico, adicionadas em sua forma protegida (beadlet,
human nutrition.London:Academic Press, INC,1989.486p.
cross-linked, entre outros).
NRC - Nutrient Requirements of Dogs and Cats. National Research Council.
The National Academy Press: Washington, D.C. 2006. 398p
O teor de energia na ração é um fator determinante para o
consumo de alimentos. Em dietas com altos teores energéticos
Bruna Ponciano Neto – doutoranda do Programa de pós-graduação
o consumo de alimento tende a reduzir e, consequentemente, o
em zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (PPZ/UEM)
consumo de vitaminas. Assim em dietas com maior densidade
calórica recomenda-se aumentar a concentração das vitaminas
Ricardo Souza Vasconcellos – professor adjunto do Departamento de
Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (DZO/UEM)
54
Caderno Técnico 2
55
Avaliação espermática
(AXNÉR AND LINDE FORSBERG, 2007).
Infertilidade do gato adulto
Diversos agentes podem ser causadores de baixa fertilidade, entre os
quais traumas físicos e químicos ou genéticos. Para casos não congênitos
existem estudos avaliando alguns nutrientes como preservadores da
função reprodutiva do macho, atuando principalmente na manutenção
da espermiogênese e na qualidade seminal nos diversos parâmetros
demonstrados na Tabela 1.
Um gato pode ser considerado infértil por diversos motivos como
problemas de desenvolvimento, baixa libido, degeneração testicular,
hipoplasia testicular ou patologias associadas, outras características
encontradas são a baixa concentração espermática, defeitos espermáticos
dos mais variados (Figura 1) ou até azoospermia, que é a ausência de
espermatozóides.Tanto a hipoplasia testicular quanto a sua degeneração
são causas comuns de baixa qualidade seminal (AXNÉR AND LINDE
FORSBERG, 2007).
Tabela 1 – Parâmetros
Nutrição e reprodução de gatos
Fernanda Sayuri Ebina, Rosana Cláudio Silva Ogoshi e Flávia M. O. Borges Saad
1. Introdução
A nutrição animal é uma ciência que vem sendo amplamente estudada
por ser fator decisivo no bom desempenho de um animal nos diversos
aspectos como o produtivo, de bem estar e reprodutivo.
A reprodução assistida é a via utilizada para seleção de indivíduos
geneticamente valiosos de populações específicas, como no caso de
animais de conformação ou produção, animais com genética específica
para trabalhos de pesquisa ou mesmo animais ameaçados de extinção. No
caso de felídeos, essa última função tem grande importância, uma vez que,
com o avanço da biotecnologia, tem-se enfatizado a preservação genética
de espécies como o gato do mato, gato maracujá, suçuarana, jaguatirica,
tigres, onças, linces e cheetas, espécimes classificadas como ameaçadas.
Como a realização de estudos em animais selvagens é uma prática
pouco viável, os felinos domésticos podem ser utilizados como modelos
experimentais (LUVONI, 2003).
No caso de raças domésticas de genética pura e de alto valor, algumas
raças são mais predispostas aos problemas reprodutivos, dentre estas
encontram-se os Persas e Himalaias (POVEY, 1978)
A nutrição pode ser considerada uma maneira de assistência á
reprodução uma vez que sua modulação pode alterar o desempenho
reprodutivo.
2. Características reprodutivas de felinos machos
Os felinos domésticos atingem sua maturidade sexual dos seis aos
oito meses de idade, quando inicia a espermatogênese, desenvolvimento
testicular e a produção de testosterona. Não se tem informações exatas
sobre a sazonalidade desses animais, mas sugere-se maior porcentagem
de espermatozoide em épocas de reprodução (AXNÉR AND LINDE
FORSBERG, 2007). Assim como demonstrado por Blottner and
Jewgenow (2007) que encontraram diferença na produção de testosterona
e qualidade seminal entre as estações de primavera e outono.
A taxa indicativa para teratozoospermia é a presença de <40% de
espermatozoides normais (HOWARD et al. 1990).
Além da porcentagem de espermatozoides normais, a proporção de
defeitos é importante na fertilidade sendo que, normalmente, os defeitos
de cabeça são subestimados em preparações úmidas, já em avaliação feitas
com coloração ocorre subestimação na avaliação de gotas citoplasmáticas.
A quantidade de defeitos de cauda e presença de gota pode variar muito
entre coletas do mesmo animal no mesmo dia; já patologias de cabeça e
defeitos de acrossoma e de peça intermediária não variam muito do sêmen
encontrado nos testículos. Porém, devido a essa grande variação, é muito
difícil ter um padrão para o controle e manejo da fertilidade de felinos
Para determinar se um sêmen é de qualidade ou não existem alguns
parâmetros que devem ser observados (Tabela 1), o conhecimento da
qualidade do sêmen é fundamental nos casos de reprodução assistida, pois
pode auxiliar na escolha do procedimento a ser realizado. O tipo da coleta
ou de inseminação pode interferir muito no sucesso do trabalho e obtenção
de maior número de crias ou maior qualidade de material para bancos de
gametas.
3. Influência da nutrição sobre parâmetros reprodutivos de
felinos
Um dos principais focos da nutrição assistindo a reprodução é
o combate a radicais livres que reduz drasticamente a produção de
testosterona pelas células de Leydig. Alguns nutrientes utilizados como
função antioxidante e promotoras da qualidade seminal não possuem um
mecanismo de ação estabelecido e daí a necessidade de mais estudos na
área.
seminais de felinos obtidos por eletroejaculação.
Média (90% faixa central)
Variação
Volume ( µl)
60 (20-150)
<10-160
Motilidade (%)
60 (20-150)
0-95
Cabeça espermática anormal (%)
14,2 ((5,6-27,6)
5,2-41,6
Gota proximal (%)
5,0 (1,0-31,5)
0,5-59,0
Gota distal (%)
8,8 (0,5-57,5)
0-74,5
Cabeças soltas (%)
1,5 (0-17,5)
0-75,5
Defeito de acrossoma (%)
0,5 (0-8,5)
0-18,0
Acrossoma anormal (%)
1,0 (0-4,5)
0-6,0
Defeito em peça intermediária (%)
2,5 (0-18,0)
0-27,5
Defeito de cauda (%)
14,8 (3,5-48,0)
2,5-64,5
Normal (%)
44,0 (7,0-81,0)
1,0-91,0
Adaptado (AXNÉR, 2007)
56
Caderno Técnico 2
Omega 3, Omega 6 e Omega 9
Na nutrição pet óleos de peixe e de linhaça são fontes comuns de ômega
3, nutriente muito utilizado como suplemento alimentares no combate a
inflamação, uma vez que inibe a ação enzimática do ácido araquidônico
produzido naturalmente pelo metabolismo de ácidos graxos.
A membrana espermática é composta por altas concentrações
de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) dentre os quais o ácido
docosahexanóico (DHA, 22:6 n-3), docosapentanóico (DPA, 22:5 n-6) e
ácido araquidônico(C20:4n 6), a proporção dos AG é espécie específica
sendo que não se sabe a proporção presente na membrana seminal de cães
e gatos. Estes lipídeos de membrana são importante para a integridade
e fluidez da mesma e os torna extremamente susceptível a peroxidação
lipídica por espécies reativas ao oxigênio (ROS). Sua utilização sem
apropriada associação com antioxidantes podem causar danos sérios a
membrana e alterar a taxa antioxidante/pro-oxidante (GEE, 2010).
O ácido araquidônico e seus metabólitos estão envolvidos na formação
do AMPc que regula a liberação e produção do hormônio luteinizante
(LH) que é responsável pelo funcionamento das células de Leydig. Sabe-se
57
que o bom funcionamento destas células, está diretamente correlacionado
com a espermatogênese (MARINERO ET al. 1996) e com a produção
de testosterona induzida pela elevação de concentrações plasmáticas de
GnRH (DIX et al. 1984).
A suplementação com os diversos ácidos graxos deve ser feita de
maneira criteriosa já que , devido a diferença de composição da membrana
espermática das diversas espécies a maior proporção de ômega 3 ou
ômega 6 incorre em efeitos diferenciados. Em aves, as quais possuem
maior proporção de Omega 6 na composição normal do espermatozoide, a
suplementação com óleo de peixe fez com que aumentasse a concentração
espermática de ácido docosahexanóico o que, no geral, produziu efeitos
negativos na qualidade seminal apesar de melhorar sua motilidade
(CERULINI, 2006).
A suplementação com ácidos graxos da série 3 aumenta a produção
de hormônios relacionados com a função testicular e melhora a qualidade
seminal, aumentando a capacidade de produção de sêmen, a concentração
de espermatozoides e reduzindo a taxa de defeitos morfológicos em cães
(ROCHA, 2009).
A linhaça é uma boa fonte desses ácidos graxos; ao utilizar uma dieta
com 5% de linhaça extrusada com 56% de ácido alfa-linolênico, podese observar um aumento na concentração de DHA e ácido oleico na
estrutura espermática de coelhos, tendo um bom efeito sobre a viabilidade
e integridade de membrana (MOURVAKI, 2010).
Em estudo com cães suplementados durante 60 dias com Omega 6 e
Omega 3 na relação de 3,5:1, ácido oléico (10,1,g/kg) e vitamina E (1UI/
kg), com apenas 15 dias, observou-se melhora na qualidade do sêmem, com
maior termoresistência e aumento no vigor e concentração espermática já
no primeiro mês de suplementação (ROCHA, 2009)
Vitamina E
Tipos de espermatozoides: (a)normal; (b)macrocéfalo; (c)microcefalia com
aplasia de bainha mitocondrial; (d)bicefálico; (e)tricefálico; (f)cauda enrolada;
(g)peça intermediária dobrada com gota citoplasmática; (h) peça intermediária
dobrada sem gota citoplasmática; (i)cauda dobrada com gota citoplasmática; (j)
cauda dobrada sem gota citoplasmática; (k)gota citolasmática proximal; (l)gota
citoplasmática distal. (HOWARD ET AL. 1990).
Figura 1 – Morfologia espermática de sêmen obtido por eletroejaculação de
felinos .
Por ser lipossolúvel, a vitamina E, após sua absorção, é incorporada
a quilomicrons, armazenada e carreada por lipoproteínas de baixa
densidade. Assim, é na bicamada lipídica da membrana espermática
que a vitamina está presente na proporção de 1 mol de vit. E/1000mol
de fosfolipídeos, sendo que a suplementação via oral é mais efetiva que a
adição do alfa-tocoferol á diluentes de sêmen devido a maior incorporação
da molécula adquirida via dieta na membrana espermática. (SURAI, 1992
in CASTELLINI 2000).
A vitamina E é um dos mais importantes antioxidantes de membrana
que previne danos oxidativos causados por espécies reativas ao oxigênio
(ROS). Esse micronutriente atua complexando-se a ácidos graxos
poliinsaturados, mimetizando o efeito físico do colesterol na dupla camada
lipídica e inibindo a fosfolipase A2 (CEROLINI, 2006).
Ela é normalmente é suplementada junto com ácidos graxos e é uma
vitamina com função antioxidante por inibir a peroxidação lipídica e,
consequentemente, diminuir danos celulares. Com isso é capaz de manter
viável as espermátides e permitir uma adequada diferenciação de células
epiteliais do epidídimo (BENSOUSSAN et al., 1998), assim como a sua
deficiência pode levar a danos degenerativos irreparáveis sendo que, mesmo
com o retorno da sua suplementação, não é possível o reestabelecimento
da normalidade morfológica dos espermatozoides (MARIN-GUZMAN
et al., 2000). A deficiência também é capaz de inibir a conversão de ácido
araquidônico á docosapentanóico modulando a composição da membrana
espermática (BIERI, 1964).
Em bovinos, aA suplementação com altas doses de vitamina foi capaz
de reduzir a concentração de prostaglandina F2, prostática e da vesícula
seminal (MARIN-GUZMAN et al, 2000). Estudos foram realizados
provando a eficácia da suplementação dessa vitamina em parâmetros
reprodutivos (300mg vE/kg) em aves (CERULINI, 2006), em coelhos
(YOUSEF, 2003; CASTELLINI, 2000) e bovinos (MARIN-GUZMAN,
2000), contudo sempre associado á ácidos graxos poliinsaturados ou, no
caso de Castellini (2000), com a vitamina C.
Vitamina C
Essa vitamina é associada á fertilidade há muitos anos (MILLAR,
1992) o que pode ser confirmado por Dawson et al. (1992) que encontrou
maior viabiliadade e motilidade espermática, menor quantidade de
anormalidades morfológicas, redução na aglutinação e maior quantidade
de espermatozóides normais, em humanos.
Em animais sadios a suplementação com vitamina C apresentou um
efeito de redução da peroxidação lipídica seminal linear com a crescente
dose de ácido ascórbico fornecida (SÖNMEZ et. al, 2005) e foi capaz
de inibir a produção de ROS induzida pela intoxicação por cadmium
(GUPTA, 2004), o que demonstra um efeito protetor sobre as células
germinativas testiculares garantindo, assim, a espermatogênese normal.
Além disso, pode-se obter melhores parâmetros seminais, enzimas
antioxidantes, como a catalase e a superóxido dismutase dos testículos, que
apresentaram melhores níveis com a administração oral de 4mg de ácido
ascórbico/kg por 8 semanas em ratos com queimaduras de terceiro grau
(JEWO, 2012).
Porém a suplementação isolada pode decorrer em menor taxa de
espermatozoides vivos quando comparado a suplementação conjunta de
ácido ascórbico e vitamina E. Aliás, essa combinação é muito favorável, não
apenas pela maior porcentagem de espermatozóides vivos, mas também
por diversas outras vantagem sobre a suplementação isolada de vitamina
C e E. O sinergismo dessas vitaminas melhorou a ação antioxidante e a
motilidade espermática (CASTELLINNI, 2000).
Zinco
O zinco é um mineral que tem grande importância para diversas
funções no organismo não sendo diferente para o sistema reprodutivo.
Ele é essencial para síntese e secreção do hormônio luteinizante (LH) e
folículo estimulante (FSH), para a diferenciação gonadal, crescimento
testicular, formação e maturação espermática, estereidogênese testicular e
fertilização. Além disso, os hormônios reprodutivos são zinco dependentes
para atuação (SALGUEIRO, 2000).
São encontradas altas concentrações de zinco na próstata e no sêmen
(APGAR, 1985). Esse microelemento atua como cofator de mais de 80
metaloenzimas envolvidas na transcrição de DNA, expressão de receptores
de esteroides e síntese proteica (HANDI, 1997 in WONG 2002).
Homens subférteis suplementados com sulfato de zinco apresentaram
melhor concentração espermática sendo que, associado ao ácido fólico,
levou a um aumento de 74% de espermatozoides normais (WONG, 2002).
Omu (1998) também encontrou resultados positivos em humanos com
suplementação do zinco observando maior capacidade reprodutiva, melhor
motilidade, redução do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) no sêmen
e aumento de interleucina 4 (IL-4). O mineral efeito na estabilidade de
membrana e em imunidade celular e humoral, já que também é capaz de
inibir anticorpos antiespermatozoides, além de atuar como antibacteriano
58
Caderno Técnico 2
do plasma seminal.
Envolvido com a produção de hormônios, a falta do zinco leva a baixa
produção das gonadotrofinas e andrógenos (AGTE, 1994). Segundo
Apgar (1985) a deficiência de zinco leva ao hipogonadismo.
Ácido fólico
Folatos são compostos que estão presentes em folhas verdes e
por essa via podem ser suplementados. Eles fazem parte da síntese de
proteínas, DNA e transferência de RNA, podendo ser importante para a
espermatogênese.
Quando utilizado em coelhos (8,5µg/kg) promoveu o aumento de
peso testicular e epididimário, aumentou a concentração de enzimas
antioxidantes (YOUSEF, 2006) e, quando associado ao zinco, o ácido fólico
proporcionou aumento na concentração espermática, de espermatozoides
normais e reduziu a porcentagem de anormais (WONG, 2002).
O ácido fólico tem ação sinérgica com o zinco, porém sua atuação no
trato reprodutivo ainda não é bem esclarecida; supõe-se que pode alterar
parâmetros endócrinos ao estimular as células de Sertoli que irão proporcionar
um desenvolvimento adequado das espermatogônias, porém essa hipótese
ainda é questionável uma vez que, em um mesmo estudo, foi observado o
aumento da concentração espermática em homens subférteis que recebiam a
suplementação desse composto mas não apresentaram alterações de alguns
hormônios envolvidos com a reprodução (EBISCH, 2005) .
Taurina
É um ácido beta aminosulfônico presente em maiores concentrações
nos tecidos animais e apresenta várias funções biológicas tais como o
controle da frequência cardíaca, excitabilidade neuronal, participação
no metabolismo energético e osmorregulação (HUXTABLE, 1992)
e também tem sido relatado comprometimento da reprodução na sua
deficiência (NRC, 2006).
Níveis significativos de taurina e hipotaurina foram encontrados no
trato reprodutivo masculino como, por exemplo, em homens, hamster,
rato, touro, javali (MARTINS-BESSA et al. 2007), gatos (BUFF et al.,
2001) e cães (VAN DER HORST, 1966).
Em gatos foi encontrada no plasma seminal e líquido de lavagem do
epidídimo, no entanto não foi encontrada hipotaurina em amostras de
soro, indicando que esta pode ser sintetizada em testículos ou epidídimos
de gatos (BUFF et al., 2001).
A função da taurina no trato reprodutivo de machos, embora não
esteja clara, deve-se, provavelmente, as propriedades protetoras desta
junto a hipotaurina que agem contra a peroxidação lipídica. A hipotaurina
se liga avidamente ao íon hidroxil (HO-) e assim pode desempenhar
papel de proteção já que a membrana lipídica dos espermatozóides possui
alto teor de ácido graxo insaturados suscetível a peroxidação lipídica
(HUXTABLE, 1992). Além disso, há uma provável ação da taurina no
aumento da motilidade espermática.
A suplementação de taurina tem demonstrado importante ação na
regulação hormonal. Yang et al. (2010) observaram a inclusão de 1% de
taurina em água para ratos machos de diferentes idades comparados ao
tratamento controle, constituído de água com 1% de taurina + 1% de βalanina (inibidor de transportadores de taurina). Encontraram aumento
nos níveis de testosterona e hormônio luteinizante (LH) nos animais que
receberam a taurina. No entanto, os animais que ingeriram β- alanina
59
tiveram redução desses mesmos hormônios. Xiao et al. (1997) encontraram
um efeito promotor no desenvolvimento de testículos de frangos, uma vez
que esses órgãos apresentaram maior peso relativo, e também níveis de
testosterona e LH.
Há uma escassez de trabalhos que concerne nos efeitos da
suplementação dietética de taurina na reprodução, entretanto, a partir dos
indícios de sua importância, torna-se necessária a sua avaliação.
Selênio
É um mineral essencial na formação do espermatozoide uma vez
que este é dependente do bom desenvolvimento das células de Sertoli, as
quais são responsáveis pela produção de andrógenos ligados a proteínas,
hormônios e carreamento de nutrientes para as espermatogônias, que
irão determinar o número de células germinativas. Outras funções, de
igual importância, é que estruturalmente participa na formação da peça
intermediária do espermatozóide e da formação da enzima glutationa
peroxidase (GSH-Px).
Devido a estas funções, a deficiência deste nutriente, em bovinos,
resultou em baixa maturidade de espermátides e da reserva espermática
testicular, além da diminuição de espermatozoides normais e aumento
de motilidade anormal, efeitos esses que podem ser revertidos com a
suplementação do selênio (MARIN-GUZMAN 2000).
A levedura rica em selênio é uma opção que pode ser explorada como
fonte desse mineral antioxidante, pois tanto fontes inorgânicas (como o
selenito) como orgânicas demonstraram-se eficientes na preservação
de sêmen. Contudo fontes orgânicas são mais vantajosas, pois são mais
absorvidas e retidas pelo organismo (ORTEMAN AND PEHRSON,
1997 in SHI, 2010) e se mostraram mais eficazes para essa função no
sêmen a fresco, diluído em extensores comerciais ou mesmo amostras
coletadas e processadas para fertilização in vitro (SPEIGHT, 2011),
além de melhorar a espermatogênese produzindo um sêmen de melhor
qualidade (BARBER, 2005)
O selênio é outro elemento muito utilizado no combate aos radicais
livres devido a sua atuação como cofator da GSH-Px que é responsável
pela degradação de peróxidos. A glutationa é ativa em sêmen de diversas
espécies promovendo maior estabilidade contra oxidação e melhorando
as características seminais. Além disso, este é um mineral que compões
a membrana mitocondrial afetando diretamente a estrutura do
espermatozoide e suas funções (CASTELLINI, 2002)
A utilização de fontes orgânicas tem se ampliado nas mais diversas
espécies, principalmente devido ao uso pela ação antioxidante, entretanto,
em felinos, não encontrou-se dados sobre a influência desse mineral em
parâmetros reprodutivos.
A deficiência desse mineral altera a absorção e metabolismo da
vitamina B dietética (QUINN, 1990).
Vitamina A
A vitamina A também exerce importante papel na produção
espermática, pois é fundamental para a proliferação e crescimento
de epitélios (MEDEIROS & PAULINO,1999), sendo assim, a sua
deficiência pode levar á inibição da espermatogênese e a presença de
somente alguns tipos celulares no túbulo seminífero, como células de
Sertoli, espermatogônia e alguns espermatócitos (UNNI et al., 1983 in
MARTINS, 2009).
L-carnitina
A L-carnitina é importante na homeostase do organismo por estar envolvida no mecanismo de
beta-oxidação. Os ácidos graxos, após ultrapassarem a membrana externa da mitocôndria, devem ser
ativados e, para isso, devem se complexar com o grupamento acil, formando a acil-CoA. Contudo, nesse
formato, os ácidos graxos não podem ultrapassar a membrana interna da mitocôndria sendo que para
isso necessita de um transportador enzimático. O grupamento acil é carreado para o interior da organela
na forma de acil-carnitina, sendo subsequentemente dissociados, ficando a carnitina livre para realizar
novo transporte (FRENKEL AND GARRY, 1984).
A carnitina pode ser armazenada na forma livre ou complexada (FRENKEL AND GARRY, 1984;
PELUSO ET AL, 2000), atuando no DNA celular e membranas como antioxidante, prevenindo a
oxidação proteica e lesões causadas pelo piruvato e lactato.
A concentração de carnitina no sêmen é bastante alta, podendo ser explicado devido ao grande
gasto de energia pelos espermatozoides durante o processo reprodutivo (LENZI, 2003). Como se sabe,
a L-carnitina atua no metabolismo energético ao realizar o transporte transmembrana de ácidos graxos
(GRANDJEAN, 2006), além disso possui ação antioxidante (RUIZ-PESINI, 2001).
Na reprodução existe a suposição de que a suplementação dietética aumenta os níveis de carnitina
intracelular não afetando a concentração dessa substância no sêmen (LENZI, 2003).
Em humanos, Lenzi (2003), encontrou maior motilidade de espermatozoides de pacientes que
recebiam a carnitina, obtendo um resultado bastante interessante já que a suplementação pareceu ser
mais eficaz em pacientes que inicialmente apresentavam as mais baixas taxas de motilidade.
Coenzima Q10
A coenzima Q10 é encontrada em altas concentrações nas mitocôndrias da peça intermediária dos
espermatozoides, logo sua principal atividade é promover o fornecimento de energia para uma atuação
espermática normal. Além disso, também é responsável pela reciclagem da vitamina E melhorando
a ação antioxidante (THOMAS, 1996). Sua forma reduzida, o ubiquinol, também atua combatendo
espécies reativas ao oxigênio como o peróxido de hidrogênio prevenindo a peroxidação lipídica
(ALLEVA, 1997) .
Com o uso de 400mg/dia via oral da coenzima por seis meses foi possível observar a melhora da
motilidade espermática em homens inférteis (BALERCIA, 2004). Utilizando uma dose mais baixa
(300mg/dia) por 26 semanas foi capaz de levar a melhora nos parâmetros de qualidade seminal, alterar a
produção de hormônios, mas de maneira muito sutil, não apresentando diferença significativa. Contudo,
os parâmetros de motilidade e densidade foram relevantes, acreditando-se que isso possa ter sido devido
a uma possível ação antioxidante dessa coenzima (MOHAMMAD, 2009).
4.Outros
Atualmente tem-se avaliado a utilização de novos compostos com função antioxidante. Em estudo
com ratos onde foi induzida uma toxidade reprodutiva por cloreto de alumínio (AlCl¬3) e um o grupo
tratado com própolis (50mg/kg de PV/ dia), conseguiu combater parte dos efeitos deletério causados
pelo AlCl3, melhorando ação de enzimas antioxidantes e lesões do tecido testicular, produção de
testosterona e qualidade de sêmen. Esses efeitos também puderam ser observados nos animais que não
foram intoxicados e apenas receberam a suplementação de própolis (YOUSEF, 2009).
Em contra partida, alguns componentes alimentares podem ser utilizados com a função inversa,
a de contracepção. Atualmente são estudados meios menos invasivos de reduzir a taxa de fertilidade
de cães buscando evitar ninhadas indesejáveis. O extrato de sementes de papaya é um exemplo, sua
suplementação promoveu redução na motilidade e concentração espermática, porém não de forma
permanente (ORTEGA-PACHECO, 2011).
Considerações finais
O manejo nutricional na reprodução é um tema que ainda requer muitos estudos, já que não
existem níveis nutricionais estabelecidos para a ótima eficiência reprodutiva de várias espécies e
muito menos de felinos.
Fernanda Sayuri Ebina é Médica Veterinária e Mestranda em Nutrição de Não ruminantes pela Universidade Federal de Lavras(UFLA)
Rosana Cláudio Silva Ogoshi é Zootecnista e Doutoranda em Nutrição de Não ruminantes pela Universidade Federal de Lavras(UFLA)
Flávia M. O. Borges Saad é Professora Adjunta da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Caderno Técnico 3
60
61
e possuir papel imunomodulador e farmacológico. Ela está presente
completo da arginina está ilustrado na Figura 2.
no metabolismo do oxido nítrico, de poliaminas, da ornitina, da
creatina, do glutamato, glutamina, prolina, além de ser componente
fundamental do ciclo da uréia, realizar transaminação de proteínas e
participar como substrato no balanço energético. Por isso, atribuise a ela grande importância sobre o paciente hospitalizado em
estado crítico, que passa por perda de massa corpórea e caquexia. O
aminoácido ainda tem papel na liberação de hormônio do crescimento,
indução na liberação de insulina e IGF (Fator de Crescimento Insulina
Símile), que tem importância na liberação de colágeno e fibroblasto
(BARBUL, 1990; FAINTUCH, 1995; COHEN K, 1999 citado por
PENAFORTE, 2002).
Atualmente, torna-se mais evidente as funções e papéis endógenos
desse nutriente no organismo de mamíferos, no entanto, para cães e
gatos carecem ainda de mais estudos para que se tenha uma melhor
visualização dos efeitos sobre a suplementação ou algum erro no
metabolismo desse aminoácido. Diversos trabalhos estão elucidados
*
nesse artigo para mostrar a importância da arginina na manutenção
Figura 2 – Metabolismo da arginina:
indica inibição;
indica
estimulação. Abreviaturas: ADC, arginina descarboxilase; A:GAT,
arginina:glicina aminotransferase; DAO, diamino oxidase; Glusintetase, GMT, guanidinoacetato-N-metiltransferase; NOS-1, óxido
nítrico sintetase-1; NOS-2, óxido nítrico sintetase 2; NOS-3, óxido
nítrico sintetase 3; OAT, ornitina aminotransferase; ODC, ornitina
descarboxilase;
P-5-C
desidrogenase,
pirrolina-5-carboxilase
desidrogenase; P-5-C redutase, pirrolina-5-carboxilase redutase e TP,
transportador de poliaminas.
Fonte: NIEVES JR & LANGKAMP-HENKEN (2002) citado por QUIRINO
(2006)
da homeostase, principalmente em quadros de estresse. Na Figura 1
está ilustrada a estrutura química da arginina.
Figura 1 – Estrutura química da arginina
Fonte: TAPIERO et al., 2002 citado por VIANA, 2010.
Arginina para cães e gatos:
um aminoácido funcional
André Pires de Lima Miranda, Rosana Claudio Silva Ogoshi, Flávia Maria de Oliveira Borges Saad
1. Introdução
em citrulina (aminoácido precursor de arginina) ocorre pela ação da
Arginina é um aminoácido essencial para cães e gatos, assim
enzima ornitina – cabomoiltransferase(OCT). Em gatos, essa enzima
como triptofano, lisina e histidina, de um total de 12 aminoácidos
não está presente o que impossibilita a manutenção plasmática pela
essenciais para o cão e 13 aminoácidos essenciais para o gatos. São
falha na retroalimentação da arginina. Por outro lado, para cães, a
considerados essenciais por não apresentarem síntese endógena
OCT se faz presente e, em condições normais, o organismo é capaz
que atenda as necessidades de manutenção da saúde do animal. Já o
de prover suas necessidades de arginina. Entretanto, em casos de
conceito “funcional” pode ser aplicado àquele nutriente que age além
trauma e septicemia, faz-se necessária a suplementação em doses
da sua essencialidade, gerando efeitos metabólicos e/ou fisiológicos
elevadas desse aminoácido, pois atua como substrato para a correção
e/ou benéficos à saúde quando suplementados acima das exigências
das injurias. Assim, sem que haja suplementação na dieta ocorre um
do animal.
decréscimo de metade nos níveis séricos da arginina circulante.
Para a maioria dos mamíferos, a conversão de aminoácido ornitina
A função da arginina é variada por atuar em rotas metabólicas
A arginina é um aminoácido de absorção íleo-jejunal e pequena
absorção no cólon. Durante a absorção, as células da microvilosidades
2. METABOLISMO DA ARGININA
intestinais utilizam-na, em nível de 40% da dieta, como fonte energética
A síntese de arginina ocorre em muitos mamíferos em
para os enterócitos, sendo o restante carreado pós-absorção para a
quantidades suficientes para atender todas as necessidades desse
circulação porta. Outra via de manutenção de arginina circulante é
aminoácido; uma variedade de espécies incluindo humanos,
por meio da citrulina, sua precursora. A citrulina é formada nas células
ruminantes, ratos adultos e suínos (ROGERS, 1994 citado por
intestinais a partir de aminoácidos dietéticos (prolina, glutamato e
NRC, 2006). Entretanto tem mostrado ser essencial para cães e
glutamina) e de glutamina circulante e é levada aos rins onde atuarão
gatos em todas as fases da vida (CASE et al., 2011). O metabolismo
as enzimas arginosuccinato sintetase e argininosuccinato liase (Figura
Caderno Técnico 3
62
63
2). Sendo esta via a mais importante para a manutenção dos níveis
envolvem as proteínas. Nessa situação, o cortisol (hormônio do
uma baixa conversão de citrulina em arginina nos rins (Tabela 2).
• NO do que as formas construtivas endotelial (eNOS) ou neuronal
plasmáticos da arginina.
estresse) e glucagon (hormônio do jejum) elevam sua concentração
Este mecanismo pode ser devido ao processo evolutivo de adaptação
(nNOS). A produção de • NO após a indução da iNOS em um fagócito
Arginina pode originar creatina que é um composto de três
plasmática, levando a um aumento na concentração de aminoácidos
a um regime estritamente carnívoro, onde a arginina está presente
ativo é limitada principalmente pela disponibilidade de arginina livre.
aminoácidos presente nos músculos, o qual é responsável pelo carreamento
no citosol celular. Estes serão destinados a produção de energia,
em quantidades muito superiores às necessidades. Estas adaptações
Portanto, qualquer aumento da arginina disponível irá aumentar o • NO
de fosfato e regeneração da adenina trifosfato nos músculos. A creatina é
para a manutenção da homeostasia, por meio da gliconeogênese, ou
encontram-se também em outras espécies carnívoras, como em Visons e
produzido por qualquer estímulo inflamatório (EISERICH et al., 1998).
formada pela ação da enzima arginina-glicina aminotransferase.
seja, produção de glicose a partir de substrato não carboidrato.
Ferrets (BELL, 1999).
Outro composto resultante do metabolismo da arginina são as
A desaminação retira nitrogênio do aminoácido e fornece α-cetoácido
poliaminas, como purrescina, espermidina e esperminas. Elas atuam no
ao metabolismo energético. Esse metabólito nitrogenado é tóxico
arginina; uma única refeição sem arginina pode causar o aparecimento
transporte, crescimento, proliferação e diferenciação celular, no entanto,
para as células de mamíferos, pois está na forma de amônia e deve
de sinais clínicos ligados a uma intoxicação amoniacal: salivação,
altos níveis dessas substâncias resultam em efeitos tóxicos. Por isso,
ser excretado. Para que isso ocorra, haverá a eventual transferência
vômitos, ataxia e, às vezes, coma e morte. Os primeiros sinais aparecem
outro metabólito da arginina, proveniente da ação da enzima arginina
do grupo amino (NH3) para a uréia. Como gatos têm uma intensa
na primeira hora seguinte à ingestão do alimento e culminam 2 a 5 horas
descarboxilase, a agmatina, regula a concentração intracelular de
desaminação, o ciclo da uréia é extremamente ativo nestes animais
depois. A ingestão de arginina diminui rapidamente a intensidade dos
poliaminas. (YEH, 2004 citado por QUIRINO, 2006).
(CASE et al., 2011; NRC, 2006; SAAD & FERREIRA, 2004).
sintomas (SAAD & FERREIRA, 2004).
No fígado haverá a maior formação da uréia por meio da detoxicação
Além dos já citados metabólitos, pode-se mencionar também o oxido
nítrico, que é um importante agente anti-microbiano, efetivo contra
da amônia, através do denominado ciclo da uréia.
antígenos intracelulares, parasitas e bactérias extracelulares, originado
As etapas do ciclo da uréia estão resumidas na Tabela 1, bem como
pelo catabolismo da arginina pela ação da enzima oxido nítrico sintetase,
as enzimas envolvidas.
Desta maneira, gatos são extremamente sensíveis à deficiência de
Tabela 2 - Síntese
de arginina com atenção para os gatos.
Reação
Maioria dos
Gatos
animais
que é ativada pela ação de citocinas presente em quadro de septicemia,
Glutamato+ prolina
como INF-γ (interferon-γ) e TNF-α (fator de necrose tumoral-α).
Ornitina
(ZALOGA et. al., 2004 citado em QUIRINO, 2006). O óxido nítrico
atua também como vasodilatador e neurotransmissor (NIEVES JR
& LANGKAMP-HENKEN, 2002 citado por QUIRINO, 2006). As
Normal
Citrulina
Normal
argininosuccinato
Ida da citrulina ao rim
Ocorre
Arginina + fumarato
Citrulina
Ocorre
uréia + ornitina
ornitina (intestino)
citrulina (intestino)
Arginina (rim)
Adaptado (AXNÉR, 2007)
funções do óxido nítrico encontram-se detalhadas no tópico 4 desta
revisão enquanto que as vias e produtos do metabolismo da arginina
As exigências de arginina preconizadas pelo NRC (2006) foram feitas
pela capacidade da inclusão de arginina prevenir a acidúria orótica, sendo
Figura 4 – Síntese de arginina. (1)Arginase, (2) ornitina – cabomoiltrnsferase,
(3) argininosuccinato sintetase, (4) argininosuccicinase liase, (5) óxido
nítrico sintetase, (6) ornitina descarboxilase, (7) ornitina transaminase,
(8) glutamina sintetase e (9) glutaminase.
Fonte: CYNOBER et al., 1995 citado em QUIRINO, 2006)
Tabela 1 – Parâmetros
seminais de felinos
obtidos por eletroejaculação.
Figura 3 – Vias e produtos da degradação da arginina
Fonte: SUCHNER et al., 2002 citado por VIANA, 2010)
No citosol dos hepatócitos ocorre a retirada do grupo guanidino
gerando amônia, tóxica para mamíferos. Ela é produzida pela ação
para o crescimento em cães é de cerca de 4 – 5,6g/Kg de dieta para uma
dieta contendo cerca de 4,2 Kcal EM/g. As exigências mínimas de 6,3g/
Kg de dieta para filhotes de 4 a 12 semanas de idade e 5,3 para filhotes
acima de 14 semanas são sugeridas. E devido a trabalhos mostrarem
agravamento de sintomas quando ingerida uma dieta com baixa ou livre
de arginina foi oferecida, é recomendado que 10mg de arginina sejam
adicionadas para cada g de proteína bruta acima da exigência. Não há
ETAPAS
ENZIMAS
PRODUTOS
PRIMEIRA
Ornitina-carbamoil tranferase
Citrulina
SEGUNDA
Argininosuccinato sintetase
argininosuccinato
TERCEIRA
Argininosuccinato liase
Arginina + fumarato
em uma dieta que contém 4,0 kcal/g e concentração de PB de 200 g/kg
QUARTA
arginase I
uréia + ornitina
é de 7,7 g/kg com aumento de 20 mg de arginina para cada kg de PB
Adaptado (AXNÉR, 2007)
limite máximo estabelecido.
Já para gatos em crescimento é de cerca de 8-8,3 g/kg de dieta
quando a dieta contém 4,7 kcal EM/g. Para adultos exigência mínima
acima de 200 (NRC, 2006). Também não há limite máximo estabelecido.
da enzima arginase I na detoxicação da amônia. Na mitocôndria
4. ARGININA, ÓXIDO NÍTRICO E RESPOSTA
INFLAMATÓRIA
de enterócitos e células renais a enzima arginase II está envolvida
na síntese de ornitina, prolina e glutamato. Além disso, ela serve
de cabamoil-fosfato, pela utilização de bicarbonato e NH4+, que irá
de substrato para a síntese de proteínas, pela transaminação e ação
reagir com a ornitina, formando citrulina.
A arginina também é precursora do óxido nítrico (NO), um
de uma cascata de enzimas para sintetizar prolina, glutamato e
neurotransmissor envolvido em muitos sistemas, desde regulação da
glutamina, como mostra a Figura 4.
para o citosol, recebendo aspartato e formando arginossuccinato.
pressão sanguínea via relaxamento dos vasos sanguíneos até participação
A terceira etapa do ciclo é uma reação de quebra (liase) da
na atividade dos macrófagos na destruição dos antígenos (por exemplo,
argininosuccinato, liberando fumarato e formando arginina.
bactérias e vírus) (NRC, 2006).
2.1. ARGININA E O CICLO DA URÉIA
Quando a via catabólica ou de degradação está instalada no
Existem 3 formas de NOS:
3. EXIGÊNCIAS DE ARGININA PARA CÃES E GATOS
estão sintetizados na Figura 3.
Figura 6 - Origem do oxido nítrico (NO): reação catalisada pela enzima
óxido nítrico sintetase (NOS).
Fonte: CAVE (2008)
Na primeira etapa do ciclo, na mitocôndria dos hepatócitos á síntese
Na segunda etapa do ciclo ocorre a saída da citrulina da mitocôndria
Na quarta etapa ocorre a ação da arginase I, formando uréia pela
A L-arginina é oxidada a L-citrulina + • NO pela óxido nítrico
organismo, por uma situação qualquer que o organismo esteja
adição de água e renovando a ornitina para que o ciclo ocorra novamente.
sintetase (NOS) (CAVE, 2008) (Figura 2). A forma de NOS induzível
passando, várias reações de lise estão ocorrendo, inclusive as que
dentro de leucócitos (iNOS) produz quantidades muito superiores de
Em gatos a capacidade de síntese de ornitina é limitada e existe
• NOS endotelial: eNOS é requerida para manutenção do tônus muscular e
como um mensageiro fisiológico
• NOS neuronal (nNOS): eNOS e nNOS são formas construtivas e sempre
produzidos em baixos níveis.
• NOS induzível (iNOS); iNOS é induzida por uma variedade de mediadores
inflamatórios incluindo a cistoquinina, fator necrose tumoral (TNF), e
interleucina 1 (IL-1), e radicais livres.
O óxido nítrico é um radical livre, no entanto, em comparação com
outros tipos de radicais livres, em condições fisiológicas a molécula é
relativamente estável, reagindo apenas com o oxigênio e seus derivados
radical, metais de transição, e outros radicais. Esta baixa reatividade,
combinada com a sua lipofilicidade, permite que a molécula possa se
difundir atingindo grande distância de seu lugar de síntese, e funcione
como uma molécula sinalizadora ao nível intracelular, intercelular e,
talvez, sistêmico. O óxido nítrico é necessário para a maturação normal
do epitélio intestinal. Pode ser o principio neurotransmissor inibitório da
motilidade intestinal, e é essencial para a manutenção do fluxo sangüíneo
normal da mucosa (CAVE, 2008).
Além disso, • NO inibe a expressão celular de moléculas de adesão
limitando a entrada de leucócitos desnecessários, principalmente para os
tecidos da mucosa. O óxido nítrico inibe a proliferação excessiva de células
T, diminui a ativação de NF-kB, e induz as vias de respostas locais Th-2.
No entanto, em contraste com o paradigma de que o • NO inibe a chave
de transcrição pró-inflamatória de fator NF-kB, alguns estudos têm
sugerido que a inibição da iNOS pode aumentar produção de citocinas próinflamatórias (CAVE, 2008).
O • NO pode também reagir com superóxido (O2 • -) para formar
64
Caderno Técnico 3
peroxinitrito (ONOO-) que não é um radical livre, mas é um oxidante
poderoso e foi mostrado provocar uma ampla gama de efeitos tóxicos
que vão desde a peroxidação lipídica, oxidação de proteínas levando
à inativação de enzimas e canais iônicos, danos ao DNA e inibição da
respiração mitocondrial (VIRAG et al., 2003).
O efeito celular de oxidação por ONOO- é dependente da sua
concentração, por exemplo, quando em concentrações muito baixas
os efeitos serão reparados pelo turnover de proteínas e lipídeos e da
capacidade de reparação do DNA, porém as concentrações mais elevadas
podem induzir a apoptose, enquanto que concentrações muito elevadas
induzem à necrose. Uma vez que ambos • NO e O2 • são produzidos nos
locais de inflamação, é razoável propor que ONOO- pode-se envolver na
patogênese de muitos casos (CAVE, 2008).
A iNOS é capaz de gerar O2 • - quando L-arginina não está
disponível. Isto tem sido demonstrado em macrófagos, onde limitando
a disponibilidade de L-arginina resultou na produção simultânea
de quantidades significativas de O2 • - e NO, e a formação imediata
intracelular de ONOO- (XIA & ZWEIER, 1997). Assim, atualmente há
um grande número de estudos conflitantes avaliando o papel do • NO na
doença inflamatória, aonde há em uma polarização de pontos de vista entre
aqueles que argumentam • NO é protetor, e aqueles que argumentam que
contribui para a patogênese.
Em casos de sepse grave (resposta inflamatória sistêmica), o aumento
da produção de NO • pode ser prejudicial devido a seu efeito negativo no
inotropismo (força de contração) e cronotropismo (freqüência) cardíaca, sua
capacidade de inibir a coagulação e seu potente efeito dilatador venoso e
arterial (SUCHNER et al., 2002). Desta maneira, pode haver casos em
que a suplementação com arginina, além da fornecida por uma fonte de
proteína convencional pode ser benéfica, enquanto em outros casos pode
ser prejudicial.
Em geral parece que a suplementação de arginina, seja administrada
por via oral ou parenteral, aumenta a resposta do sistema imunológico
dos indivíduos que sofrem de trauma, cirurgia, desnutrição ou infecção.
Esta ação é presumivelmente através da sua capacidade para aumentar
os neutrófilos e macrófagos (CAVE, 2008). A maioria das dietas enterais
consideradas adequadas para alimentação de gatos internados contêm 1,5
a 2 vezes o requerimento mínimo de arginina para o crescimento (CAVE,
2008).
A suplementação em dietas tem sido freqüentemente recomendada
e amplamente utilizada na medicina humana e também veterinária para
o aprimoramento do sistema imunológico em cuidados críticos. Assim
os tópicos descritos a seguir serão baseados apenas nos efeitos benéficos
encontrados para esse aminoácido.
5. ARGININA E OUTROS NUTRIENTES PARA
ANIMAIS ENFERMOS
Animais hospitalizados precisam ter um adequado suporte nutricional
com intuito de evitar supressão do sistema imune, disfunção orgânica,
fraqueza, promover redução de infecções e reduzir a mortalidade.
Nutrientes específicos afetam a imunocompetência e alguns deles agem
diretamente no sistema linfóide e nas funções imunes das células, alterando
a resposta do hospedeiro à patogenos. Como exemplo, além da arginina, se
encontram ácidos graxos n-3, glutamina e nucleotídeos dietéticos (SILVA
JR et al., 2005).
65
Remillard et al. (2000) citam que a arginina é essencial a animais
hospitalizados uma vez tem apresentado efeito imunopreservador frente a
imunossupressão induzida por má nutrição protéica e câncer. Em pacientes
recém operados, a suplementação com arginina têm aumentado a resposta
dos linfócitos T e aumenta o numero de células de ajuda T quando
comparado com um grupo controle. Ainda segundo Remillard et al.
(2000), enriquecimento arginina estimula o sistema imunológico, melhora
a cicatrização e diminui a morbidade e mortalidade em pacientes com
queimaduras. Como exemplo, esses autores alegam que regime alimentar
com arginina como 9% da fonte de proteína tem sido proposto e testado
em pacientes com queimaduras, sendo que aqueles que receberam a dieta
enriquecida com arginina tiveram uma redução significativa na incidência
de infecção da ferida e menor tempo de internação.
Bower et al. (1995) avaliaram os efeitos de uma dieta enteral para
humanos enriquecida com arginina, ácido graxo n-3 e nucleotídeos sobre
parâmetros imunológicos de pacientes submetidos a cirurgia abdominal de
grande porte e encontrou que aqueles que receberam alimento enriquecido
tinha imunocompetência maior e menos complicações infecciosas do que
os pacientes de outros grupos.
Outros estudos se centralizam no efeito imunoestimulador e
antiinfeccioso da glutamina combinada com a arginina. A glutamina tem
ação nutritiva no enterócito e é utilizado pelas células de rápida velocidade
de troca, demonstrando um efeito específico estimulador sobre sínteses
de DNA (PUPA, 2004 citados por SILVA JR et al., 2005). Assim, a
glutamina exerce efeito benéfico ao sistema imunológico de diversos tipos
de pacientes.
O aumento dietético da ingestão de arginina, combinados com a
ingestão dietética de acido graxo n-3, melhora os sinais clínicos, qualidade
de vida e tempo de sobrevivência em cães com câncer. Por exemplo,
um grupo de cães, recebendo quimioterapia devido a um linfoma,
suplementados dieteticamente com arginina e acido graxo n-3, resultou
em elevações nos níveis plasmáticos de arginina, acido eicosapentanóico
(EPA) e acido docosahexaenóico (DHA), sendo este fato correlacionado
positivamente ao tempo de sobrevivência desses animais. (OGILVIE
& MARKS, 2000). A sobrevivência de pacientes com câncer pode ser
atribuído ao fato da arginina inibir o crescimento tumoral e metastases
(TACHIBANA et al., 1985).
Pupa et al. (2004) citados por Silva Junior et al. (2005) relatam que
um aumento no consumo de arginina e nucleotídeos aumentam a resposta
imune, em particular, nos períodos de estresse.
Na Figura 3 está um esquema de como a arginina, glutamina,
nucleotídeos e ácidos graxos n-3 podem interferir no sistema imune.
Para animais hepatopatas é recomendado o aumento nos níveis de
arginina dietética de 1,2-2% de arginina (em base na matéria seca) para
cães e 1,5-2% (em base na matéria seca) para gatos (ROUDEBUSH et al.,
2000).
É possível ainda que a arginina desempenhe importante função da
redução de peso, se tornando um aliado para saúde de animais obesos.
Com objetivo de avaliar essa hipótese, Fu et al. (2005) avaliaram ratos
genéticamente selecionados para obesidade e diabetes mellitus do tipo
II. Os tratamentos foram água potável com arginina-HCl (1,51%) ou o
controle com alanina (2,55%) durante 10 semanas. Foram mensuradas
as concentrações de arginina e NOx (oxidação de produtos de NO) e
estes foram 261 e 70% maior, respectivamente, em ratos suplementados
Figura 7 - Participação dos aminoácidos na resposta imune, GSH
(glutationa), n-3 PUFAs (ácidos graxos poliinsaturados da série 3).
Fonte: Adaptado de GRIMBLE, 2001.
com arginina comparados aos animais do controle. O consumo de água,
comida e energia não diferiu durante esse período, no entanto os pesos
dos animais suplementados com arginina foram 6, 10 e 16% inferior na
4ª, 7ª e 10ª semanas. Foi encontrada também nesses animais uma redução
serica também na glicose e triglicerídeos. Esses efeitos foram atribuídos
ao fato do NO estimular um aumento global na oxidação de glicose e
ácidos graxos, desta maneira diminuindo a deposição de gordura.
cálcio-calmodulina que libera pequenas quantidades de óxido nítrico em
resposta à estimulação de receptores (ALLEN et al., 2000). Ativação de
células endoteliais por estímulos (fluxo, por exemplo, pulsátil e tensão de
cisalhamento) parece manter o tônus vasodilatador dependente de óxido
nítrico.
A administração de arginina impede o desenvolvimento de
hipertensão em animais de laboratório suscetíveis a essa patologia. A
arginina também produz uma rápida diminuição da pressão arterial
quando infundida em pessoas normais e pacientes com hipertensão
essencial (CHEN & SANDERS, 1991). Alguns dos efeitos da enzima
conversora de angiotensina (ECA) podem ser devido ao prolongamento
da duração efetiva da bradicinina, o que estimula a liberação de óxido
nítrico.
Derivados de arginina que inibem a enzima óxido nítrico sintase se
acumulam no plasma de pacientes com insuficiência renal e a inibição
da enzima óxido nítrico sintase pode contribuir para a hipertensão em
pacientes acometidos por essa enfermidade (ALLEN et al., 2000).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos efeitos benéficos da arginina já são conhecidos, entretanto o
mecanismo exato desses efeitos ainda precisa ser avaliado e também são
necessários mais estudos para determinação dos níveis mínimos eficazes
para a resposta desejada em cães e gatos.
5.1 ARGININA NA INSUFICIÊNCIA RENAL
O óxido nítrico produzido a partir da L-arginina pela ação da
eNOS é responsável pelo tom de vasodilatador que é essencial para
a regulação da pressão arterial. A eNOS é uma enzima é dependente
André Pires de Lima Miranda é Graduando em Medicina Veterinária UFLA
Rosana Claudio Silva Ogoshi é Doutoranda em Zootecnia UFLA
Flávia Maria de Oliveira Borges Saad Professora Associada DZO/UFLA
66
Serviços
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3ª Capa
Aboissa
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BCQ
(11) 3586-8918
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(48) 3279-4000
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